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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM PRÉDIO ESCOLAR: UMA ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO RICARDO DE ALMEIDA SANTA MARIA, RS, BRASIL 2008

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL

    MANIFESTAES PATOLGICAS EM PRDIO ESCOLAR: UMA ANLISE QUALITATIVA E

    QUANTITATIVA

    DISSERTAO DE MESTRADO

    RICARDO DE ALMEIDA

    SANTA MARIA, RS, BRASIL 2008

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  • MANIFESTAES PATOLGICAS EM PRDIO ESCOLAR:

    UMA ANLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA

    por

    Ricardo de Almeida

    Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil, na rea de Concentrao em Construo Civil e

    Preservao Ambiental, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obteno do grau de

    Mestre em Engenharia Civil

    Orientador: Prof. Dr. Jos Mario Doleys Soares

    Santa Maria, RS, Brasil 2008

  • Universidade Federal de Santa Maria

    Centro de Tecnologia Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil

    A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertao de Mestrado

    MANIFESTAES PATOLGICAS EM PRDIO ESCOLAR:

    UMA ANLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA

    elaborada por Ricardo de Almeida

    como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Engenharia Civil

    Comisso Examinadora:

    _____________________________________ Jos Mrio Doleys Soares, Prof. Dr.

    (Presidente/Orientador)

    ______________________________________ Maria Isabel Pimenta Lopes, Profa. Dra. (UNIFRA)

    ______________________________________ Geraldo Cechella Isaia, Prof. Dr. (UFSM)

    Santa Maria, 19 de dezembro de 2008.

  • A minha querida famlia. memria de minha querida me.

  • AGRADECIMENTOS

    A todos os professores do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da UFSM

    pela magnitude das informaes e orientaes ministradas durante o curso de Mestrado;

    Aos diretores do Laboratrio de Materiais de Construo Civil da UFSM (LMCC)

    Paulo Incio Obregon do Carmo e Mauro Lichtnecker Just, bem como aos funcionrios, Joo

    Francisco Nunes Maciel e Marialva Lorensi Cezar que colaboraram no desenvolvimento desta

    dissertao;

    Ao secretrio do curso do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil Eleomar

    Pappis pela presteza e profissionalismo nos atendimentos pertinentes aos trmites legais junto

    instituio;

    Ao Prof. Dr. Geraldo Cechella Isaia por disponibilizar acesso pertinente Laudo

    Tcnico de sua autoria, amplamente referenciado nesta pesquisa, permitindo o privilgio de

    incorporar partes de seu contedo nesta dissertao e, desta forma, enriquecendo a coleta de

    dados, como tambm auxiliando na compreenso da sintomatologia relativa s patologias

    analisadas no prdio em questo;

    A Profa. Dra. Maria Isabel Pimenta Lopes pelos valorosos subsdios fornecidos nas

    orientaes preliminares;

    Ao Prof. Dr. Herbert Martins Gomes pelo incentivo e substancial apoio tcnico

    docente, orientando em parte esta pesquisa;

    E, especialmente ao Prof. Dr. Jos Mario Doleys Soares pela incansvel dedicao e

    fundamental orientao no desenvolvimento e concluso desta dissertao.

  • RESUMO

    Dissertao de Mestrado Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil

    MANIFESTAES PATOLGICAS EM PRDIO ESCOLAR:

    UMA ANLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA AUTOR: RICARDO DE ALMEIDA

    ORIENTADOR: JOS MRIO DOLEYS SOARES Data e Local da Defesa: Santa Maria, 19 de dezembro de 2008.

    Este trabalho apresenta um estudo de caso sobre manifestaes patolgicas

    caracterizadas por fissurao com aberturas excessivas, ocorrendo com incidncias e

    intensidades relevantes, tanto na superestrutura de concreto armado como nas alvenarias do

    prdio do Auditrio do Centro de Educao da Universidade Federal de Santa Maria, Campus

    Universitrio, Santa Maria, RS. No desenvolvimento desta pesquisa so analisadas as

    manifestaes no tocante aos seus sintomas, mecanismos, causas, origens e conseqncias,

    resultando na formao de um diagnstico para o problema. A partir deste diagnstico esto

    propostas sugestes para medidas teraputicas aplicveis. Para verificaes dos estados

    limites de servio, avaliando-se as intensidades das deformaes e dos esforos solicitantes a

    que esto sujeitos os elementos estruturais da edificao e, por conseqncia, as suas

    alvenarias, submeteu-se sua superestrutura de concreto armado a anlises estruturais por

    elementos finitos. Para tal utilizado o programa computacional SAP2000 Advanced 11.0.01,

    levando-se em considerao situaes de carregamentos compatveis com o uso da edificao,

    destacando-se entre estas as aes de origem nas variaes trmicas. Conseguiu-se assim um

    diagnstico baseado na interao comparativa entre os resultados obtidos e as patologias

    incidentes. Os resultados das anlises por elementos finitos encontram-se inseridos ao corpo

    deste trabalho, servindo como parmetros matemticos de boa preciso na determinao dos

    mecanismos atuantes, como tambm nas avaliaes das origens e causas a eles pertinentes.

    Palavras-chave: patologia; estruturas; variaes trmicas; fissuras; estudo de caso.

    1 Structural Analysis Program - Static and Dynamic Finite Element Analysis of Structures Advanced 11.0.0.

  • ABSTRACT

    Mastering Dissertation

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brazil

    PATHOLOGICAL MANIFESTATIONS IN SCHOOL BUILDING: A QUALITATIVE AND QUANTITATIVE

    ANALYSIS AUTHOR: RICARDO OF ALMEIDA

    ADVISOR: JOSE MRIO DOLEYS SOARES Date and Local of Defense: Santa Maria, December 19, 2008.

    This work presents a case study on pathological manifestations characterized by

    cracks with wide widths, occurring with significant incidences and intensities in the

    superstructure of reinforced concrete, as well as in the walls of the building of the Audience

    of the Center of Education of the Federal University of Saint Maria, University Campus, Saint

    Maria, RS. In the development of this research the manifestations are analyzed in its

    symptoms, mechanisms, causes, origins and consequences, resulting in the achieving of a

    diagnosis for the problem. From this diagnosis suggestions are proposed for applicable

    therapeutically solutions. For verifications of the states service limits, evaluating the

    intensities of the deformations and the solicitant efforts that may act in the structural elements

    of the construction and, by consequence, in its walls, the superstructure of reinforced concrete

    was analyzed by finite elements. For this purpose the computational program SAP2000

    Advanced 11.0.02 is used, considering compatible load situations with the use of the

    construction, emphasizing the actions of origin in the thermal variations. A diagnosis based

    on the comparative interaction between the achieved results and the incident pathologies was

    obtained. The analysis results for finite elements meet inserted to the body of this work,

    serving as mathematical parameters of good precision in the determination of the operating

    mechanisms, as well as in the evaluations of the origins and pertinent causes.

    Keywords: pathology; structures; thermal variations; cracks; case study.

    2 Structural Analysis Program - Static and Dynamic Finite Element Analysis of Structures Advanced 11.0.0.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURA 2.1 Origem dos problemas patolgicos com relao s etapas de produo e

    uso das obras civis (GRUNAU, 1981 apud HELENE, 1992, p. 22) .............................................. 27

    FIGURA 2.2 Lei de evoluo de custos (SITTER, 1984 apud HELENE, 1992, p. 24) .............. 29

    FIGURA 3.1 Fotos das fachadas sul e norte (ISAIA, 2001, p. 44) ....................................... 53

    FIGURA 3.2 Planta baixa setor Lancheria (ISAIA, 2001, p. 32) ......................................... 54

    FIGURA 3.3 Planta baixa setor Auditrio (ISAIA, 2001, p. 33) ......................................... 55

    FIGURA 3.4 Planta de formas pavimento trreo setor Lancheria (ISAIA, 2001, p. 38) ....... 59

    FIGURA 3.5 Planta de formas pavimento trreo setor Auditrio (ISAIA, 2001, p. 39) ........ 60

    FIGURA 3.6 Planta de formas forro setor Lancheria (ISAIA, 2001, p. 40) .......................... 61

    FIGURA 3.7 Planta de formas forro setor Lancheria (ISAIA, 2001, p. 41) .......................... 62

    FIGURA 3.8 - Fotos da cobertura do Auditrio (ISAIA, 2001, p. 45) .................................... 63

    FIGURA 4.1 Fotos de fissuras manifestando-se no pilar P1, fachadas sul e leste da

    lancheria (ISAIA, 2001, p. 46) ............................................................................................... 73

    FIGURA 4.2 Fotos de fissuras manifestando-se no pilar P2, fachada sul da lancheria

    (ISAIA, 2001, p. 47) .............................................................................................................. 74

    FIGURA 4.3 Fotos de fissuras manifestando-se no pilar P3, fachada sul da lancheria

    (ISAIA, 2001, p. 48) .............................................................................................................. 75

    FIGURA 4.4 Fotos de fissuras manifestando-se no pilar P8, fachada sul do auditrio

    (ISAIA, 2001, p. 59) .............................................................................................................. 76

    FIGURA 4.5 Fotos de fissuras manifestando-se no pilar P9, fachada sul do auditrio

    (ISAIA, 2001, p. 60) .............................................................................................................. 77

    FIGURA 4.6 Fotos de fissuras manifestando-se nos pilares P9 e P11, fachada oeste

    do auditrio (ISAIA, 2001, p. 61) .......................................................................................... 78

    FIGURA 4.7 Fotos de fissuras manifestando-se em paredes externas de alvenaria na

    fachada sul (ISAIA, 2001, p. 52) ........................................................................................... 79

    FIGURA 4.8 Fotos de fissuras manifestando-se em paredes internas de alvenaria na

    lancheria (ISAIA, 2001, p. 54)................................................................................................ 80

    FIGURA 4.9 Fotos de fissuras manifestando-se em paredes internas de alvenaria na

    lancheria e Diretrio de Letras (ISAIA, 2001, p. 55) .............................................................. 81

  • FIGURA 4.10 Fotos de fissuras manifestando-se em paredes internas de alvenaria na

    cabine de som do auditrio (ISAIA, 2001, p. 71) ................................................................... 82

    FIGURA 4.11 Fotos de fissuras manifestando-se em paredes internas de alvenaria na

    sala de apoio do auditrio (ISAIA, 2001, p.72) ...................................................................... 83

    QUADRO 5.1 ndices escleromtricos individuais obtidos nas reas de ensaio AE1 a

    AE18 (%) ................................................................................................................ 97

    QUADRO 5.2 ndices escleromtricos individuais obtidos nas reas de ensaio AE19

    a AE41 (%) ...................................................................................................................... 98

    QUADRO 5.3 Correo de ndice escleromtrico para impactos no horizontais ............... 98

    FIGURA 6.1 Vista em perspectiva nordeste do completo modelo estrutural ................... 111

    FIGURA 6.2 Vista superior do completo modelo estrutural ........................................... 111

    FIGURA 6.3 Vista em perspectiva nordeste do modelo estrutural apresentando somente

    os elementos de barra ....................................................................................................... 112

    FIGURA 6.4 Vista superior do modelo estrutural apresentando somente os elementos

    de barra ............................................................................................................................ 112

    FIGURA 6.5 Vista em perspectiva norte do modelo estrutural apresentando somente

    os elementos de barra ....................................................................................................... 113

    FIGURA 6.6 Vista em perspectiva noroeste do modelo estrutural apresentando somente

    os elementos de barra ....................................................................................................... 113

    FIGURA 6.7 Vista em perspectiva sul do modelo estrutural apresentando somente os

    elementos de barra ........................................................................................................... 114

    FIGURA 6.8 Vista em perspectiva sudeste do modelo estrutural apresentando somente

    os elementos de barra ....................................................................................................... 114

    FIGURA 6.9 Vista em perspectiva nordeste das lajes de forro discretizadas como

    elementos laminares de casca plana .................................................................................. 115

    FIGURA 6.10 Vista superior das lajes de forro discretizadas como elementos laminares

    de casca plana .................................................................................................................. 115

    FIGURA 6.11 Vista em perspectiva nordeste apresentando denominao atribuda aos

    elementos de barra ........................................................................................................... 116

    FIGURA 6.12 Vista em perspectiva nordeste apresentando denominao atribuda aos

    ns relacionados aos elementos de barra .......................................................................... 117

    FIGURA 6.13 Vistas em perspectiva nordeste para as deformaes resultantes das

    combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando o completo modelo estrutural .......... 129

  • FIGURA 6.14 Vistas em perspectiva nordeste para as deformaes resultantes das

    combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando somente os elementos de barra ............. 130

    FIGURA 6.15 Vistas em perspectiva norte para as deformaes resultantes das

    combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando somente os elementos de barra ........ 131

    FIGURA 6.16 Vistas em perspectiva sul para as deformaes resultantes das

    combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando somente os elementos de barra ........ 132

    FIGURA 6.17 Vistas em perspectiva leste para as deformaes resultantes das

    combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando somente os elementos de barra ........ 133

    FIGURA 6.18 Vistas em perspectiva oeste para as deformaes resultantes das

    combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando somente os elementos de barra ........ 134

    FIGURA 6.19 Vista em perspectiva nordeste para os diagramas de momentos fletores

    M3 atuantes em torno do eixo local 3 dos elementos de barra e resultantes das

    combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando o completo modelo estrutural .......... 147

    FIGURA 6.20 Vista em perspectiva nordeste para os diagramas de momentos fletores

    M2 atuantes em torno do eixo local 2 dos elementos de barra e resultantes das

    combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando o completo modelo estrutural .......... 152

    FIGURA 6.21 Vista em perspectiva nordeste para os diagramas de esforos cortantes

    V2 atuantes na direo do eixo local 2 dos elementos de barra e resultantes das

    combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando o completo modelo estrutural .......... 155

    FIGURA 6.22 Vista em perspectiva nordeste para os diagramas de esforos cortantes

    V3 atuantes na direo do eixo local 3 dos elementos de barra e resultantes das

    combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando o completo modelo estrutural .......... 158

    FIGURA 6.23 Vista em perspectiva nordeste para os diagramas de esforos axiais

    normais P resultantes das combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando o

    completo modelo estrutural .............................................................................................. 160

    FIGURA 6.24 Vista em perspectiva nordeste para os diagramas de momentos torores

    T resultantes das combinaes 1, 2 e 3 respectivamente, apresentando o completo

    modelo estrutural ............................................................................................................. 162

    FIGURA 6.25 Identificaes e orientaes de direo e sentido para tenses, foras e

    momentos fletores atuantes nos elementos laminares ....................................................... 165

    FIGURA 6.26 Vista superior demonstrando reas de influncia para momentos

    fletores atuantes na direo do eixo local 1 (M11) dos elementos laminares de forro

    e resultantes da combinao 1 de aes sobre a estrutura (kNm/m) ................................. 166

  • FIGURA 6.27 Vista superior demonstrando reas de influncia para momentos

    fletores atuantes na direo do eixo local 1 (M11) dos elementos laminares de forro

    e resultantes da combinao 2 de aes sobre a estrutura (kNm/m) ................................. 166

    FIGURA 6.28 Vista superior demonstrando reas de influncia para momentos

    fletores atuantes na direo do eixo local 1 (M11) dos elementos laminares de forro

    e resultantes da combinao 3 de aes sobre a estrutura (kNm/m) ................................. 167

    FIGURA 6.29 Vista superior demonstrando reas de influncia para momentos

    fletores atuantes na direo do eixo local 2 (M22) dos elementos laminares de forro

    e resultantes da combinao 1 de aes sobre a estrutura (kNm/m) ................................. 167

    FIGURA 6.30 Vista superior demonstrando reas de influncia para momentos

    fletores atuantes na direo do eixo local 2 (M22) dos elementos laminares de forro

    e resultantes da combinao 2 de aes sobre a estrutura (kNm/m) ................................. 168

    FIGURA 6.31 Vista superior demonstrando reas de influncia para momentos

    fletores atuantes na direo do eixo local 2 (M22) dos elementos laminares de forro

    e resultantes da combinao 3 de aes sobre a estrutura (kNm/m) ................................. 168

    FIGURA 6.32 Vista superior demonstrando reas de influncia destacando momentos

    fletores mximos (M-MAX) nos laminares de forro na combinao 1 de aes

    (kNm/m) ......................................................................................................................... 169

    FIGURA 6.33 Vista superior demonstrando reas de influncia destacando momentos

    fletores mximos (M-MAX) nos laminares de forro na combinao 2 de aes

    (kNm/m) ......................................................................................................................... 169

    FIGURA 6.34 Vista superior demonstrando reas de influncia destacando momentos

    fletores mximos (M-MAX) nos laminares de forro na combinao 3 de aes

    (kNm/m) ......................................................................................................................... 170

    FIGURA 6.35 Vista superior demonstrando reas de influncia destacando momentos

    fletores mnimos (M-MIN) nos laminares de forro na combinao 1 de aes

    (kNm/m) ......................................................................................................................... 170

    FIGURA 6.36 Vista superior demonstrando reas de influncia destacando momentos

    fletores mnimos (M-MIN) nos laminares de forro na combinao 2 de aes

    (kNm/m) ......................................................................................................................... 171

    FIGURA 6.37 Vista superior demonstrando reas de influncia destacando momentos

    fletores mnimos (M-MIN) nos laminares de forro na combinao 3 de aes

    (kNm/m) ......................................................................................................................... 171

  • FIGURA 6.38 Vista superior demonstrando vetores orientando direes e

    intensidades para foras principais de membrana mximas e mnimas nos

    laminares de forro na combinao 1 de aes (kN/m) ....................................................... 173

    FIGURA 6.39 Vista superior demonstrando vetores orientando direes e

    intensidades para foras principais de membrana mximas e mnimas nos

    laminares de forro na combinao 2 de aes (kN/m) ....................................................... 174

    FIGURA 6.40 Vista superior demonstrando vetores orientando direes e

    intensidades para foras principais de membrana mximas e mnimas nos

    laminares de forro na combinao 3 de aes (kN/m) ....................................................... 175

    FIGURA 6.41 Vista superior demonstrando reas de influncia para foras de

    membrana mximas de compresso (F-MIN) nos laminares de forro na

    combinao 2 de aes (kN/m) ........................................................................................ 179

    FIGURA 6.42 Vista superior demonstrando vetores orientando direes e

    intensidades para tenses principais de membrana mximas e mnimas nos

    laminares de forro na combinao 3 de aes (kN/m) ...................................................... 181

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 2.1 Causas de problemas na construo em alguns pases da Europa

    (CALAVERA, 1991) ....................................................................................................... 32

    TABELA 2.2 Estimativa da temperatura superficial de lajes e paredes expostas

    radiao, em F ................................................................................................................ 46

    TABELA 4.1 Localizao e intensidade das fissuras dos pilares (ISAIA, 2001, p. 12) ........ 72

    TABELA 5.1 Levantamento das temperaturas mximas e mnimas medidas na UFSM

    para o ms 02/1998, incorporando clculos associados ..................................................... 89

    TABELA 5.2 Levantamento das temperaturas mximas e mnimas medidas na UFSM

    para o ms 03/1998, incorporando clculos associados ..................................................... 90

    TABELA 5.3 Valores estatsticos dos resultados obtidos por ensaio de esclerometria

    realizado na estrutura de concreto armado do Auditrio do Centro de Educao da

    UFSM .............................................................................................................................. 100

    TABELA 5.4 Valores estatsticos sobre resultados obtidos nos ensaios de

    compresso em corpos de prova cilndricos de concreto do controle tecnolgico

    da estrutura do Centro de Educao da UFSM .................................................................. 102

    TABELA 6.1 Deslocamentos e rotaes nodais para pilares do auditrio ao nvel

    mediano das lajes de f orro e extremos superiores, consideradas as trs

    combinaes de carregamentos ........................................................................................ 120

    TABELA 6.2 Transcrio parcial da Tabela 13.2 da NBR 6118 Limites para

    deslocamentos (ABNT, 2003) ........................................................................................... 124

    TABELA 6.3 Deslocamentos tericos potenciais nos engastamentos dos pilares (mm) ...... 135

    TABELA 6.4 Reaes de apoio atuantes nas fundaes, consideradas as trs

    combinaes de carregamentos ........................................................................................ 137

    TABELA 6.5 Esforos solicitantes nos pilares, consideradas as trs combinaes de

    carregamentos .................................................................................................................. 139

    TABELA 6.6 Esforos solicitantes na viga V213, consideradas as trs combinaes

    de carregamento ............................................................................................................... 144

    TABELA 6.7 Resumo comparativo entre representativos esforos solicitantes

    calculados, consideradas as trs combinaes de carregamento ........................................ 182

    TABELA 6.8 Dimensionamento das armaduras para os pilares P1, P7, P9, P11, P12,

    P13, P16, P23, P24 e P25 e comparativo com as armaduras do projeto original ................ 184

  • LISTA DE SIGLAS, SMBOLOS E ABREVIATURAS

    ABNT: Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    CEB: Comit Euro-International du Betn

    COM: Coordenadoria de Obras e Manuteno da UFSM

    COPLAFI: Coordenadoria de Planejamento e Fiscalizao da UFSM

    CSI: Computers & Structures, Inc.

    EPUSP: Escola Politcnica da Universidade de So Paulo

    IBRACON: Instituto Brasileiro do Concreto

    IPT: Instituto de Pesquisas Tecnolgicas

    LMCC: Laboratrio de Materiais de Construo Civil da UFSM

    NORIE: Ncleo Orientado para a Inovao da Edificao

    PPGEC: Programa de Ps-Graduao em Construo Civil da UFSM

    PREF: Prefeitura da Cidade Universitria da UFSM

    PROPLAN: Coordenadoria de Planejamento Fsico da UFSM

    SAP: Structural Analysis Program

    UEP: Universidade Estadual Paulista

    UERJ: Universidade Estadual do Rio de Janeiro

    UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro

    UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina

    UFSCar: Universidade Federal de So Carlos

    UFSM: Universidade Federal de Santa Maria

    UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas

    USP: Universidade de So Paulo

    Eci: mdulo de deformao tangente inicial do concreto

    Ecs: mdulo de elasticidade secante do concreto

    F: fora de membrana

    F1: fora na direo do eixo global X

    F2: fora na direo do eixo global Y

    F3: fora na direo do eixo global Z

    Fd,sev: valor de clculo das aes para as combinaes de servio

    Fgi,k: valor caracterstico das aes permanentes diretas

    Fq1,k = valor caracterstico das aes variveis principais diretas

  • F-MAX: fora principal mxima

    F-MIN: fora principal mnima

    Fq1k: valor caracterstico das aes variveis principais diretas

    Gc: mdulo de elasticidade transversal do concreto

    H: altura total da edificao

    Hi: desnvel entre dois pavimentos vizinhos

    IE: ndice escleromtrico mdio

    IEe: ndice escleromtrico mdio efetivo

    IEe est amostra: ndice escleromtrico mdio efetivo estimado da amostra

    K7: constante dependente dos materiais

    K8: constante dependente dos materiais

    L: dimenso da edificao no plano compreendendo os pilares considerados

    M: momento fletor de placa

    M1: momento fletor em torno do eixo local 3

    M2: momento fletor em torno do eixo local 2

    M3: momento fletor em torno do eixo local 3

    M-MAX: momento fletor mximo

    M-MIN: momento fletor mnimo

    P: esforo normal atuando segundo direo do eixo local 1

    R1: rotao nodal com giro projetado em plano perpendicular ao eixo global X

    R2: rotao nodal com giro projetado em plano perpendicular ao eixo global Y

    R3: rotao nodal com giro projetado em plano perpendicular ao eixo global Z

    S: desvio-padro

    Sd: desvio-padro do lote para N-1 resultados

    T: momento toror atuante em torno do eixo local 1

    Tmx: temperatura mxima do dia

    Tmd: temperatura mdia do dia

    Tmn: temperatura mnima do dia

    U1: deslocamento na direo do eixo global X

    U2: deslocamento na direo do eixo global Y

    U3: deslocamento na direo do eixo global Z

    V: fora cortante de placa

    V1: esforo cortante na direo do eixo local 1

    V2: esforo cortante na direo do eixo local 2

    V3: esforo cortante na direo do eixo local 3

    a: coeficiente de absoro solar

  • fccj: resistncia compresso do concreto na idade de j dias

    fccm28: resistncia mdia compresso do concreto aos 28 dias de idade

    fck: resistncia caracterstica compresso do concreto

    fck28: resistncia caracterstica compresso do concreto aos 28 dias de idade

    fckest: resistncia caracterstica compresso do concreto estimada

    fck28est: resistncia caracterstica compresso do concreto estimada aos 28 dias de idade

    fck120est: resistncia caracterstica compresso do concreto estimada aos 120 dias de idade

    fck1.855est: resistncia caracterstica compresso do concreto estimada aos 1.855 dias de

    idade

    fcm = resistncia mdia compresso

    fct,m: resistncia mdia trao do concreto

    fct120,m: resistncia mdia trao do concreto aos 120 dias de idade

    k: coeficiente de correo do ndice escleromtrico

    l: vo tomado na direo em que a parede se desenvolve ou distncia entre o pilar externo e o

    primeiro pilar interno

    t: idade do concreto, em dias

    tA: temperatura do ar

    th: espessura de membrana

    thb: espessura de placa

    x3: coordenada do ponto considerado em relao linha neutra do elemento

    H: deslocamento horizontal provocado pela ocorrncia de V

    Hr: deslocamento relativo entre dois estgios distintos de carregamento

    Td: variao diria da temperatura

    Tmd: diferena entre extremos e a temperatura mdia do dia

    V: deslocamentos verticais diferenciais entre pilares adjacentes

    : ngulo da inclinao em relao posio horizontal

    f: coeficiente de ponderao das aes

    f2: parte do coeficiente de ponderao das aes

    : tenso de casca

    : coeficiente de Poisson

    : mdia

    : rotao nos elementos que suportam paredes

  • SUMRIO

    RESUMO ..................................................................................................................... 5

    ABSTRACT ................................................................................................................... 6

    LISTA DE ILUSTRAES .......................................................................................... 7

    LISTA DE TABELAS .................................................................................................... 12

    LISTA DE SIGLAS, SMBOLOS E ABREVIATURAS ............................................... 13

    1 INTRODUO ........................................................................................................... 19

    1.1 Apresentao ............................................................................................................ 19

    1.2 Objetivos ................................................................................................................... 21

    1.3 Estrutura da dissertao .......................................................................................... 22

    2 REVISO BIBLIOGRFICA ................................................................................... 24

    2.1 Consideraes preliminares ..................................................................................... 24

    2.2 Diagnstico ............................................................................................................... 24

    2.2.1 Sintomas ................................................................................................................. 25

    2.2.2 Mecanismos ............................................................................................................ 25

    2.2.3 Causas ..................................................................................................................... 26

    2.2.4 Origens ................................................................................................................... 26

    2.2.5 Conseqncias ......................................................................................................... 28

    2.3 Terapia ..................................................................................................................... 30

    2.4 Patologias originadas nas fases de planejamento e projeto .................................... 31

    2.4.1 Patologias originadas na fase de planejamento ......................................................... 33

    2.4.1.1 O planejamento no macro-zoneamento ................................................................. 33

    2.4.1.2 O planejamento e os projetos de engenharia ......................................................... 34

    2.4.1.3 O planejamento e o setor financeiro ...................................................................... 35

    2.4.1.4 O planejamento e a execuo fsica da obra .......................................................... 36

    2.4.2 Patologias originadas na fase de projeto .................................................................. 37

    2.4.2.1 Estudo de caso ...................................................................................................... 38

    2.4.2.2 Principais patologias ocorrentes na fase de projeto ............................................... 39

    2.5 Laudo Tcnico .......................................................................................................... 51

    3 DESCRIES ARQUITETNICA E ESTRUTURAL DO PRDIO E

    METODOLOGIA DE TRABALHO APLICADA ....................................................... 52

  • 3.1 Descries arquitetnica e estrutural do prdio ...................................................... 52

    3.2 Metodologia de trabalho aplicada ........................................................................... 58

    4 AVALIAO PRELIMINAR, SINTOMATOLOGIA, EXAME OCULAR

    E ANAMNESE ............................................................................................................... 64

    4.1 Avaliao preliminar da gravidade das manifestaes patolgicas ....................... 64

    4.2 Sintomatologia, exame ocular e anamnese .............................................................. 65

    4.2.1 Sintomatologia e exame ocular ................................................................................ 66

    4.2.2 Anamnese ............................................................................................................... 84

    5 EXAMES COMPLEMENTARES E TRATAMENTOS TERICOS

    ASSOCIADOS ............................................................................................................... 88

    5.1 Determinao dos gradientes trmicos de mxima e de mnima ............................ 89

    5.1.1 Parmetros complementares obtidos a partir dos dados coletados ............................ 91

    5.1.2 Clculos dos gradientes trmicos de mxima ........................................................... 92

    5.1.3 Clculo do gradiente trmico de mnima .................................................................. 94

    5.1.4 Orientao normativa .............................................................................................. 94

    5.2 Avaliaes da dureza superficial do concreto em reas da superestrutura

    objetivando correlaes complementares ..................................................................... 96

    5.3 Obteno do valor estimado da resistncia caracterstica compresso do

    concreto na idade correspondente ao incio dos problemas patolgicos ...................... 99

    5.4 Determinao do mdulo de elasticidade secante do concreto para a idade

    correspondente ao incio dos problemas patolgicos .................................................... 104

    5.5 Outras propriedades pertinentes superestrutura e s alvenarias de

    fechamento ..................................................................................................................... 105

    5.5.1 Resistncia trao do concreto .............................................................................. 106

    5.5.2 Massas especficas para o concreto simples e armado .............................................. 106

    5.5.3 Coeficiente de dilatao trmica do concreto ........................................................... 106

    5.5.4 Coeficiente de Poisson e mdulo de elasticidade transversal para o concreto ........... 106

    5.5.5 Mdulo de elasticidade das alvenarias de fechamento .............................................. 107

    5.5.6 Massa especfica das alvenarias de fechamento ....................................................... 107

    5.5.7 Coeficiente de dilatao trmica das alvenarias de fechamento ................................ 107

    5.5.8 Coeficiente de Poisson para as alvenarias de fechamento ......................................... 107

    6 TRATAMENTO MATEMTICO ATRAVS DE ANLISES ESTRUTURAIS

    PELO MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ........................................................ 108

  • 6.1 Modelo estrutural adotado ...................................................................................... 110

    6.2 Anlises estruturais para as combinaes 1, 2 e 3 de carregamentos ..................... 118

    6.2.1 Anlises dos deslocamentos .................................................................................... 118

    6.2.2 Anlises dos esforos solicitantes ............................................................................ 135

    6.2.2.1 Anlise dos momentos fletores M3 ....................................................................... 148

    6.2.2.2 Anlise dos momentos fletores M2 ....................................................................... 151

    6.2.2.3 Anlise dos esforos cortantes V2 ........................................................................ 154

    6.2.2.4 Anlise dos esforos cortantes V3 ........................................................................ 157

    6.2.2.5 Anlise dos esforos axiais normais P ................................................................... 159

    6.2.2.6 Anlise dos momentos torores T ......................................................................... 162

    6.2.2.7 Anlises dos momentos fletores de placa, tenses de placa e foras de

    membrana atuantes nos elementos finitos laminares ......................................................... 162

    6.2.2.8 Resumo comparativo entre representativos esforos solicitantes ........................... 182

    6.2.2.9 Verificaes dimensionais dos elementos ............................................................. 183

    7 DIAGNSTICO E SUGESTES PARA TERAPUTICA ...................................... 187

    7.1 Consideraes preliminares ..................................................................................... 187

    7.2 Apresentao do diagnstico .................................................................................... 187

    7.3 Recomendaes teraputicas constantes no Laudo Tcnico (Isaia, 2001) .............. 192

    7.4 Recomendaes teraputicas extradas a partir deste trabalho ............................. 193

    8 CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ....................... 194

    8.1 Concluses ................................................................................................................ 194

    8.2 Sugestes para trabalhos futuros ............................................................................. 196

    REFERCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................. 198

  • 1 INTRODUO

    1.1 Apresentao

    Construir guarda por essncia vinculao a termos altrustas como edificar, organizar,

    dar estrutura, enfim, todos associados a um signo positivista.

    No caso especfico da construo civil, sob esta tica altrusta, o ato de construir deve

    reportar-se a um conjunto criterioso de procedimentos, resultando num processo de atividades

    que envolvem planejamento, projeto e execuo. Por sua vez, o subseqente uso dever

    contemplar adequadas operao e manuteno das edificaes. Caso ocorram falhas em uma

    ou mais atividades destas etapas, passa a tornar-se iminente a surjente possibilidade de

    manifestaes patolgicas.

    A destacada evoluo da tecnologia dos materiais, bem como das pertinentes e afins

    tcnicas de projetos e execuo, induziram necessidade de inovaes nas diversas reas da

    construo e, por conseqncia, aceitao de maiores riscos implicitamente decorrentes.

    Imbudas no intuito de embasar tecnicamente esta evoluo, normas reguladoras

    diversas vm estabelecendo novos conceitos e limites aplicveis aos processos construtivos,

    prescrevendo as necessrias adequaes aos fatores e variveis de riscos envolvidos e

    derivados do crescente arrojo na arte de construir.

    Apesar deste reconhecido esforo, constata-se no ser incomum edificaes

    apresentarem desempenho insatisfatrio quanto s finalidades a que se propunham.

    Souza & Ripper (1998), referindo-se a patologias das estruturas de concreto,

    evidenciam ainda a existncia de srias limitaes a serem superadas no desenvolvimento

    cientfico e tecnolgico da Engenharia Civil, as quais associadas a falhas involuntrias,

    impercia, deteriorao, irresponsabilidade e acidentes, compem condies propcias a

    desempenhos estruturais insatisfatrios.

    Segundo Cnovas (1988), a resistncia e durabilidade de uma estrutura vo depender

    dos cuidados que se tenham com ela no apenas durante a sua gestao, entendida aqui como

    as fases de planejamento e projetos, mas tambm durante seu crescimento, caracterizando a

    fase de execuo e, posteriormente, com a sua manuteno ao longo da vida til.

  • 20

    Este conceito pode ser naturalmente estendido edificao em seu todo, abrangendo o

    conjunto de todas as suas instalaes e especificaes tcnicas pertinentes.

    Citando novamente Cnovas (1988, p. 1), a Patologia da Construo est

    intimamente ligada Qualidade e embora esta ltima tenha avanado muito e continue

    progredindo cada vez mais, os casos patolgicos no diminuram na mesma proporo,

    embora seja verdade que a diminuio tenha sido razovel, fica evidenciada a necessidade de

    um crescente e constante aprofundamento no estudo das patologias incidentes nas

    construes.

    De uma forma geral, o desenvolvimento de pesquisas e seus correspondentes

    resultados na rea da patologia das construes carecem de maior divulgao, tanto tcnica

    quanto estatstica, no tocante exposio dos diversos problemas que ocorrem neste universo.

    Anlises de casos diagnosticados, terapeuticamente tratados e estudos de estatsticas reais das

    leses envolvidas, podem evoluir a concluses que permitam, tendo em vista as falhas

    verificadas, serem aplicadas terapias mais adequadas em novas situaes apresentadas.

    Stevenson (apud CNOVAS, 1988, p. 2), ento presidente do Instituto Britnico de

    Engenharia, j recomendava por volta do ano de 1856 que: os acidentes que haviam ocorrido

    durante os ltimos anos deviam ser recopilados, analisados e divulgados, pois nada seria to

    til e instrutivo para os jovens alunos e profissionais, como o conhecimento dos mesmos e os

    meios empregados em sua reparao.

    sabido que as patologias incidentes na construo civil demonstram-se geralmente3

    atravs de manifestaes externas seguindo padres caractersticos. Atravs de anlises

    criteriosas sobre estas manifestaes, podem ser investigados os sintomas, mecanismos,

    causas, origens, bem como serem estimadas as provveis conseqncias atreladas evoluo

    de cada patologia atuante, resultando por fim na elaborao de um diagnstico. Uma vez

    formado o diagnstico, medidas teraputicas podero ento ser tomadas para o saneamento da

    patologia em questo.

    Salvo situaes especficas, pode-se afirmar que os problemas patolgicos no so

    normalmente oriundos da ao isolada de um agente causador, mas resultado de uma ao

    conjunta destes.

    3 H situaes em que a patologia incidente no traduz seu quadro evolutivo atravs de manifestaes aparentes,

    revelando-se quando somente atingindo conseqncias por vezes irreparveis (estados limites crticos).

  • 21

    Na construo, a Patologia pode ser definida como o estudo dos sintomas,

    mecanismos, causas, origens e conseqncias dos defeitos das edificaes, resultando na

    formao de um diagnstico.

    Cabe Terapia estudar a soluo e a correo dos problemas patolgicos, utilizando-

    se de um diagnstico adequado e tecnicamente fundamentado.

    Dentro deste enfoque, esta dissertao desenvolve um estudo sobre caso real de

    manifestaes patolgicas incidentes sobre o prdio do Auditrio do Centro de Educao da

    Universidade Federal de Santa Maria, Campus Universitrio, Santa Maria, RS. As patologias

    em caso demonstram-se por relevante nmero de fissuras com aberturas excessivas,

    apresentadas tanto na superestrutura de concreto armado como nas alvenarias da edificao.

    1.2 Objetivos

    O objetivo geral deste trabalho sedimenta-se na anlise das manifestaes patolgicas

    incidentes no auditrio acima nominado, apresentado estudos exploratrios no tocante aos sintomas,

    mecanismos, causas, origens e conseqncias relacionadas s referidas patologias, resultando

    na formao de um diagnstico. A partir deste diagnstico so propostas sugestes para

    medidas teraputicas aplicveis.

    Tendo esta dissertao fonte inspiradora em Laudo Tcnico (ISAIA, 2001),

    compreendendo este uma anlise das causas das fissuras no prdio em questo, direcionando

    seu foco principalmente no tangente a efeitos patolgicos provocados por aes de origem

    trmica, objetiva-se especificamente com a pesquisa aqui desenvolvida um estudo

    complementar orientado sob a tica da formao de um diagnstico embasado no clculo

    numrico, atravs da aplicao do Mtodo dos Elementos Finitos.

    almejado um diagnstico fundamentado na interao comparativa entre os

    resultados das anlises numricas e as patologias incidentes, possibilitando contribuio

    relevante na determinao dos mecanismos atuantes e nas avaliaes das origens e causas a

    eles pertinentes.

    O presente estudo visa ainda contribuir agregando informaes ao referido laudo

    (Ibid.), as quais possam servir de subsdios complementares para uma avaliao no tocante a

    teraputica a ser aplicada ao prdio danificado.

  • 22

    Pretende-se tambm contribuir para o desenvolvimento do estudo das patologias

    incidentes na construo civil, destacando-se esta como rea da engenharia sempre vida por

    informaes e subsdios cientificamente embasados.

    1.3 Estrutura da dissertao

    Esta dissertao encontra-se estruturada em oito captulos, cada qual compreendendo

    os contedos que a seguir sucintamente so descritos:

    Captulo 1: contempla um prembulo conceitual sobre o tema que embasa a

    dissertao, destaca os objetivos que norteiam a pesquisa e apresenta a estrutura do

    trabalho;

    Captulo 2: apresenta uma reviso de temas relevantes e afins ao estudo em

    questo;

    Captulo 3: descreve a arquitetura e a estrutura da edificao estudada, como

    tambm a seqncia dos procedimentos metodolgicos utilizados no trabalho;

    Captulo 4: objetiva parecer tcnico preliminar avaliando a gravidade do quadro

    patolgico constatado nas inspees, relatando tambm posicionamento pessoal do

    autor sobre possibilidades iminentes ou futuras de colapso estrutural e potenciais

    evolutivos das leses. Descreve ainda de formas qualitativa e quantitativa as

    patologias incidentes, balizando-se para tal nas inspees visuais, nos dados

    contidos no Laudo Tcnico (ISAIA, 2001) e outras documentaes pertinentes ao

    processo construtivo, como tambm nos histricos da construo e ps-

    ocupacional do prdio;

    Captulo 5: apresenta levantamento de dados, ensaios de campo e tratamentos

    tericos associados obteno de parmetros, todos visando aplicao

    matemtica do Mtodo dos Elementos Finitos nas anlises estruturais da

    edificao;

    Captulo 6: desenvolve anlises estruturais para a superestrutura do prdio em

    estudo, sendo utilizado para tal o programa computacional SAP2000 Advanced

    verso 11.0.0;

  • 23

    Captulo 7: apresenta diagnstico fundamentado na interao comparativa entre os

    resultados das anlises numricas e as patologias incidentes, a partir do qual so

    propostas sugestes para medidas teraputicas;

    Captulo 8: descreve as concluses auferidas atravs do desenvolvimento da

    dissertao, referenciando-se tambm a sugestes para trabalhos futuros.

  • 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Consideraes preliminares

    A reviso bibliogrfica a seguir compreende temas relevantes a Patologia e Terapia

    das Construes, estando apresentados conceitos, teorias, tcnicas e estudos de casos afins.

    Neste contexto integram-se estudos sobre patologias originadas tanto na etapa do

    processo construtivo como no uso, portanto, compreendendo atividades que englobam

    planejamento, projeto, execuo, operao e manuteno das edificaes.

    Conforme j referenciado, as patologias incidentes na construo civil demonstram-se

    geralmente atravs de manifestaes externas seguindo padres caractersticos. Anlises sobre

    estas manifestaes permitem investigar sintomas, mecanismos, causas, origens, bem como

    estimar provveis conseqncias vinculadas evoluo de cada patologia atuante,

    viabilizando-se ento o diagnstico que fundamentar a adequada teraputica a ser aplicada.

    Diagnstico e terapia destacam-se, portanto, como cones objetivados nesta reviso

    bibliogrfica.

    2.2 Diagnstico

    Conceitualmente diagnosticar consiste em identificar sintomas, mecanismos, causas e

    origens relacionadas determinada ao patolgica, de forma a viabilizar uma avaliao das

    suas conseqncias imediatas, assim como estimar seus desdobramentos subseqentes.

    No estgio atual do conhecimento frente s manifestaes patolgicas incidentes nas

    construes, considerando-se o grande auxlio proporcionado pelo avano tecnolgico,

    encontram-se disponibilizadas ferramentas, tanto tericas quanto prticas, permitindo hoje

    diagnosticar a grande maioria destas manifestaes.

    Conforme Helene (1992), o diagnstico adequado e completo aquele que esclarece

    todos os aspectos do problema.

  • 25

    Nos itens a seguir encontram-se apresentados conceitos sobre cada fator a ser

    investigado na composio de um correto desenvolvimento de diagnstico, ratificando-se que

    o nvel de excelncia nele obtido invariavelmente repercutir nas respostas aos desempenhos

    das profilaxias adotadas.

    2.2.1 Sintomas

    Segundo Helene (1992), as manifestaes externas das patologias geralmente

    apresentam-se seguindo padres caractersticos, passveis de classificao. A partir de

    anlises sobre os tipos e padres de sintomas apresentados, podem ser deduzidas as origens e

    causas atuantes, possibilitando a concepo de mecanismos dos fenmenos envolvidos e a

    estimativa das provveis conseqncias das evolues patolgicas. Na anlise dos sintomas,

    torna-se indispensvel minuciosa observao visual das leses, associadas a uma farta

    experincia do profissional envolvido. Assim podero ser viabilizadas descries e

    classificaes das manifestaes, orientando um diagnstico preliminar.

    2.2.2 Mecanismos

    Toda patologia ocorre a partir de um processo progressivo ou mecanismo.

    Citando-se exemplificao de Helene (Ibid.), a corroso de determinada armadura

    incorporada no concreto um fenmeno de natureza eletroqumica, o qual pode ser acelerado

    pela presena de agentes agressivos externos ou internos ao prprio concreto. Para que ocorra

    a manifestao da corroso, so necessrias as presenas de oxignio e umidade, como

    tambm o estabelecimento de uma clula de corroso eletroqumica, que s ocorre aps a

    despassivao da armadura.

    Portanto, fundamental em qualquer anlise patolgica, o perfeito conhecimento do

    mecanismo deflagrador do processo. S assim, poder ser propiciada uma teraputica

    adequada enfermidade em questo.

  • 26

    2.2.3 Causas

    So vrios os agentes causadores das manifestaes patolgicas. A ttulo de

    exemplificao podem ser destacados: carregamentos incompatveis com as capacidades

    resistivas das estruturas, variaes da umidade, variaes trmicas intrnsecas e extrnsecas

    aos materiais construtivos, aes biolgicas, incompatibilidade entre materiais, aes

    atmosfricas, entre muitos outros.

    Fica evidenciado que para cada causa corresponder uma terapia mais eficiente e

    adequada no processo de reparo.

    2.2.4 Origens

    Na existncia de uma edificao destacam-se basicamente duas etapas, quais sejam: o

    processo construtivo e o uso.

    O processo construtivo pode ser dividido em quatro fases: planejamento, projeto,

    fabricao de materiais e componentes fora do canteiro de obras e a execuo fsica

    propriamente dita.

    O uso, por sua vez, envolve a operao e a manuteno das obras civis.

    A etapa do processo construtivo envolve um perodo relativamente curto quando

    comparada com a etapa do uso. Para esta ltima, as construes devem ser executadas

    prevendo perodos longos de utilizao, em geral mais de cinqenta anos para edificaes

    prediais, mais de cem ou at duzentos anos para pontes, barragens e obras de arte.

    Apesar das manifestaes patolgicas poderem apresentar-se j na etapa do processo

    construtivo, principalmente na fase da execuo propriamente dita, elas ocorrem com bem

    maior incidncia na etapa de uso.

    As origens dos problemas patolgicos, normalmente encontram-se em uma ou mais

    fases do processo construtivo, apesar de poderem ter suas razes derivadas de uso inadequado

    no ps-ocupacional. Estudos sobre a origem dos problemas patolgicos com relao s etapas

    de produo e uso das obras civis foram desenvolvidos por Grunau (1981 apud HELENE,

  • 27

    1992, p. 22), resultando demonstrados atravs dos ndices percentuais apresentados na Figura

    2.1.

    Figura 2.1 Origem dos problemas patolgicos com relao s etapas de produo e uso das obras civis (GRUNAU, 1981 apud HELENE, 1992, p. 22)

    Atravs da Figura 2.1 fica evidenciado que significativa percentagem de problemas

    patolgicos tem origens no conjunto das fases de planejamento e projeto, resultando estes em

    conseqncias normalmente mais graves, se comparadas s derivadas dos materias, execuo

    ou uso.

    Um diagnstico dever sempre se reportar etapa da construo que deu origem ao

    fenmeno: se no processo construtivo, em qual de suas fases tal ocorreu; se no uso, o que

    motivou tal situao patolgica.

    Novamente exemplificando segundo Helene (1992), um estado de fissurao

    inaceitvel em uma viga de determinada estrutura, derivado da ao de momentos fletores,

    poder ter origem em um projeto estrutural inadequado, na qualidade inferior da armadura, na

    m execuo do concreto; ou no seu uso, atravs da incidncia de carregamentos superiores

    aos tecnicamente previstos sobre esta viga.

  • 28

    Para cada origem de leso haver uma terapia mais adequada, embora os sintomas e o

    fenmeno possam ser os mesmos.

    2.2.5 Conseqncias

    Helene (1992) destaca que um bom diagnstico deve inferir consideraes sobre as

    conseqncias advindas das aes patolgicas atuantes. Estas conseqncias so normalmente

    enfocadas sob dois aspectos considerativos distintos: situaes em que as patologias

    interferem comprometendo as condies de servio e funcionamento da construo (estados

    limites de utilizao) e as que afetam as condies de segurana da edificao (estados limites

    ltimos).

    As manifestaes patolgicas so geralmente evolutivas, tendendo a agravamentos

    com o passar do tempo, podendo desencadear outros processos a elas associados ou delas

    derivados. Quais sejam: fissuras excessivas podero propiciar corroso nas armaduras;

    deformaes exageradas em elementos estruturais podero proporcionar fissuras em

    alvenarias neles apoiadas, e outros.

    Por fim, pode-se afirmar que quanto mais cedo forem tomadas medidas tcnicas

    profilticas, realizadas correes ou aplicaes de terapias adequadas a processos patolgicos

    j atuantes, mais durveis, fceis e de menores custos sero os procedimentos envolvidos.

    Sitter (1984 apud HELENE, 1992, p. 23-25 passim) demonstrou matematicamente a

    afirmao acima, enunciando-a atravs da Lei de Sitter, a qual apresenta a evoluo dos

    custos relativos s intervenes de ordem profiltica, correes ou reparos teraputicos,

    crescendo segundo uma progresso geomtrica de razo cinco em funo do tempo

    transcorrido at a ocorrncia destas intervenes.

    A Figura 2.2 apresenta uma diviso das etapas construtivas e de uso em funo de

    quatro perodos distintos, quais sejam: projeto; execuo propriamente dita; manuteno

    preventiva efetuada antes de transcorridos os trs primeiros anos de uso; e manuteno

    corretiva efetuada aps o aparecimento de patologias.

  • 29

    Figura 2.2 Lei de evoluo de custos (SITTER, 1984 apud HELENE, 1992, p. 24)

    Cada um destes perodos pode ser interpretado como segue:

    Projeto: neste perodo, qualquer medida aplicada com a inteno de aumentar a

    proteo e a durabilidade de uma edificao, implicar em um custo referencial

    que est associado ao nmero 1 (um). Para exemplificao, podem ser destacados:

    escolhas adequadas de detalhamentos construtivos e tratamentos superficiais,

    aumentos nos cobrimentos para as armaduras da estrutura, reduo da relao

    gua/cimento do concreto, entre outros;

    Execuo: qualquer interveno feita durante o perodo de execuo propriamente

    dita, includa aqui a obra recentemente construda, implicar em um custo

  • 30

    referencial da ordem de 5 (cinco) vezes superior ao custo que seria despedido caso

    esta interveno tivesse sido realizada na etapa de projeto, estando preservadas as

    mesmas caractersticas qualitativas;

    Manuteno preventiva: uma vez em uso, qualquer medida profiltica de

    manuteno preventiva est associada a um custo referencial 5 (cinco) vezes

    menor do que o custo que seria despendido, caso esta interveno tivesse que ser

    realizada na reparao de uma manifestao patolgica derivada desta no ao

    preventiva, tomada com a devida antecedncia ao aparecimento da patologia. Por

    sua vez, est tambm associada a um investimento 25 (vinte e cinco) vezes maior

    do que o custo que seria despendido devido a uma tomada deciso realizada na

    etapa de projeto, estando preservadas as mesmas caractersticas qualitativas;

    Manuteno corretiva: correspondendo aos trabalhos de diagnstico e aplicao

    das medidas teraputicas, a manuteno corretiva pode representar um custo

    referencial correspondente a 125 (cento e vinte e cinco) vezes o custo que seria

    despendido devido a uma tomada deciso realizada na etapa de projeto, estando

    objetivadas as caractersticas qualitativas inicialmente estimadas para a obra e a

    serem por ela readquiridas a partir das correes das patologias incidentes.

    2.3 Terapia

    Diversos procedimentos destinados a recuperaes de edificaes patologicamente

    atingidas encontram-se hoje disponibilizados no meio tcnico.

    Segundo Sarkis (1995), a escolha entre aes teraputicas passveis de serem

    utilizadas em cada caso, envolve a considerao de determinados aspectos, quais sejam:

    Custo: comparao entre os recursos a serem destinados aplicao da terapia e o

    prprio valor da edificao em questo;

    Rapidez: anlise do tempo despendido para a concluso dos trabalhos, como

    tambm na conduo da edificao em uso com segurana;

    Disponibilidade: deve ser considerada a acessibilidade quanto s obtenes de

    materiais e equipamentos a serem utilizados no procedimento teraputico;

    Compatibilidade: devem ser analisados tanto os adequados condicionamentos dos

    espaos arquitetnicos para o desenvolvimento da atividade teraputica, como as

  • 31

    interferncias relacionadas ao uso destes espaos durante a realizao dos

    trabalhos de recuperao;

    Segurana: na escolha dentre as alternativas disponveis para os trabalhos de

    recuperao, devem ser considerados critrios seletivos para a obteno da que

    oferea maior confiabilidade de uso.

    Segundo Helene (1992), aps a aplicao de qualquer medida teraputica, seja ela de

    pequena, mdia ou grande envergadura, sempre recomendvel a adoo de medidas

    destinadas proteo dos setores envolvidos, sendo implantado um programa de manuteno

    peridica. Este, por sua vez, ser implementado levando-se em considerao fatores tais

    como: importncia da obra de recuperao realizada, vida til prevista, agressividade das

    condies ambientes de exposio, a natureza dos materiais e as medidas protetoras que

    foram adotadas. Alis, conforme foi destacado no subitem 2.2.5, uma manuteno preventiva

    de carter peridico deve ser implementada na edificao como um todo.

    Atravs do at aqui exposto, fica evidenciado que a opo pela mais adequada tcnica

    de recuperao ou adequao a ser adotada em cada situao, bem como a correta escolha dos

    materiais a serem utilizados no processo, dependem de variveis como: diagnsticos para as

    patologias ou adequaes; caractersticas dos setores da edificao a serem recuperados ou

    estruturalmente reforados e das necessidades de funcionamento relacionadas aos locais a

    serem corrigidos ou adequados.

    2.4 Patologias originadas nas fases de planejamento e projeto

    Considervel porcentagem das manifestaes patolgicas incidentes nas construes

    guarda origens identificadas nas fases de planejamento e projeto, pertinentes estas ao mbito

    do processo construtivo.

    As falhas de planejamento e projeto conduzem geralmente a situaes de maior

    gravidade. Sem dvida, sempre prefervel dedicar mais tempo em estudos tcnicos relativos

    a uma edificao, do que, por falta destes, ter que tomar decises apressadas e/ou adaptadas

    durante a construo.

    A qualidade do planejamento e projeto construdo, ou seja, da obra como produto

    final, pode ser entendida como o atendimento dos requisitos estabelecidos entre proprietrio,

  • 32

    projetistas e construtor. Planejamento e projeto so itens primeiros e fundamentais para a

    satisfao desta premissa.

    Estudos realizados em diversos pases europeus demonstram, conforme Calavera

    (1991 apud REVISTA TCHNE, 78 ed., set. 1993), que em mdia 42,7% de no

    conformidades e problemas ps-ocupacionais tm origem nas etapas de planejamento e

    projeto, correspondendo os de planejamento a 10% do ndice acima, ou seja,

    aproximadamente 4% (ver Tabela 2.1). Esta constatao tem reforado cada vez mais a

    necessidade de se iniciar o controle de qualidade dos empreendimentos nas etapas de

    planejamento e projeto.

    Tabela 2.1 Causas de problemas na construo em alguns pases da Europa

    (CALAVERA, 1991)

    N. de Causas (%) Pas Perodo Casos Planej. E

    Projeto Execuo Material Uso Vrias Total

    Romnia 1971 a 1978 832 37,8 20,4 23,1 10,6 8,1 100,0

    Iugoslvia 1976 a 1978 117 34,0 24,2 21,6 12,2 8,0 100,0

    Frana 1968 a 1978 1.000 37,0 51,0 4,5 7,5 - 100,0

    Gr-Bretanha At 1974 510 58,0 35,0 12,0 11,0 2,0 118,0*

    Alemanha Ocidental

    1970 a 1980 1.576 40,1 29,3 15,4 9,9 7,1 100,0

    Irlanda do Norte At l978 481 40,5 28,8 15,0 9,6 6,1 100,0

    Blgica 1974 a 1978 1.200 49,0 22,0 15,0 9,0 5,0 100,0

    Espanha 1969 a 1983 586 51,5 38,5 16,2 13,5 4,1 123,7*

    * Estes percentuais excedem a centena em virtude de terem sido constatadas mais de uma causa nas origens de determinadas no conformidades ou problemas ps-ocupacionais.

    Fonte: REVISTA TCHNE, 78 ed., set. 1993.

    H situaes em que projetistas demonstram resistncia em submeter seus trabalhos a

    algum tipo de controle. Essa reao, de ordem fundamentalmente psicolgica, pode incluir

    tanto a insegurana de ver o projeto avaliado de maneira to explcita, como exteriorao de

    excessiva vaidade pessoal. Alguns profissionais caracterizam o controle do projeto como uma

    verdadeira afronta pessoal. Procedendo desta maneira, estes profissionais deixam de receber

    preciosas informaes (retro-alimentaes) que conduziriam evoluo tcnica de seus

    trabalhos, omitindo-se de contribuir para uma evidente diminuio na incidncia de patologias

    futuras.

    O projeto permite desenvolver no s a forma do produto final, mas tambm define

    uma srie de aspectos da edificao que tm grande influncia na produtividade e qualidade

  • 33

    do processo. A partir da definio da forma geomtrica da edificao e sua localizao no

    terreno, das solues estruturais, dos materiais, do padro de acabamento e do detalhamento,

    dentre outros itens, so definidas as principais condies de execuo.

    2.4.1 Patologias originadas na fase de planejamento

    Conceitualmente, de acordo com Isaia (2001), o planejamento pode ser definido como

    sendo um mtodo de aplicao contnua e permanente, destinado a resolver racionalmente os

    problemas que afetam uma sociedade situada em determinado espao, em determinada poca,

    atravs de uma previso ordenada capaz de antecipar suas ulteriores conseqncias.

    Segundo Goldman (1986), o planejamento constitui-se em um dos principais fatores

    para o bom desempenho de qualquer empreendimento.

    Reportando-se s construes, de fundamental importncia que seja estabelecido um

    sistema eficiente de organizao, com o qual se possa agrupar informaes e conhecimentos

    dos mais diversos setores tcnicos e sociais, para aps direcion-los de forma competente e

    objetiva ao ato de construir.

    O planejamento tcnico de uma obra surge desta necessidade de organizao,

    integrando-se em todas as etapas de um empreendimento.

    Desconsiderar a importncia desta fase no processo construtivo ou negligenci-la,

    provavelmente conduzir a problemas diversos incidentes nas outras fases da construo e na

    prpria utilizao posterior desta.

    Com o intuito de destacar a importncia que fundamenta o ato de planejar todas as fases

    de uma obra, bem como eventuais deficincias de planejamento relacionam-se com todas as

    etapas na construo de qualquer obra de engenharia, esto descritas a seguir algumas destas

    inter-relaes, utilizando-se para tal contedo conceitual estabelecido em Goldman (1986).

    2.4.1.1 O planejamento no macro-zoneamento

    A deciso de realizar um empreendimento especfico tomada com o envolvimento de

    diversos setores, buscando avaliar as decorrncias na empresa como um todo; as premissas

    bsicas assumidas e as metas estabelecidas no momento da deciso de empreender ficam

    registradas e so avaliadas quanto ao seu cumprimento na vida do empreendimento.

  • 34

    Nesta etapa formulado o empreendimento identificando suas necessidades,

    estabelecendo viabilidades, identificando alternativas, preparando propostas, identificando

    equipes de trabalho, desenvolvendo oramentos e programas, etc.

    Para tanto so feitas investigaes que relacionam o empreendimento com a sua

    situao no macro-zoneamento representativo, sua localizao, tempo de construo, vida til,

    o impacto ambiental que trar, as condies geolgicas da regio, viabilidade financeira,

    infra-estrutura existente, climatologia, nvel de lenol fretico, meio agressivo existente,

    dentre outras.

    Assim nesta fase possvel evitar patologias do tipo:

    Efetuar construes sobre falhas geolgicas;

    Projetar uma construo com vida til incompatvel com os nveis de agresso.

    Exemplo: prdios construdos a beira mar com patologias de corroso de

    armaduras;

    No especificao de materiais adequados regio. Exemplo: utilizao de saibro

    como aglomerante em locais de grande umidade, criando desagregao do

    revestimento;

    Construo de unidades com fundaes que sofrero interferncia de fundaes de

    prdios vizinhos provocando fissuras;

    Fissuras provocadas por alteraes no lenol fretico;

    Desconhecimento do clima da regio da obra, dando origem a construes com

    patologias de origem trmica.

    2.4.1.2 O planejamento e os projetos de engenharia

    Nesta etapa do planejamento de fundamental importncia a definio da autoridade

    da coordenao dos projetos, evitando conflitos de gerenciamento, conflitos de egos

    profissionais, bem como definio de prazos e grau de comprometimento entre os

    profissionais envolvidos.

    A comunicao do programa estabelecido aos projetistas formalizada atravs de

    documentos de informao do produto, que vo posteriormente servir para avaliao das

    solues geradas.

  • 35

    Esta relao exercida inicialmente no tangente escolha de especificaes tcnicas

    para os materiais a serem adotados na obra. Aqui so definidos os aspectos relacionados s

    concepes arquitetnicas e funcionais, procurando-se adequao apropriada de novos

    materiais e servios, aliados economia nos custos finais.

    Um parmetro bsico a ser considerado neste estgio a vida til a ser prevista para a

    obra em questo. Esta definio est intimamente vinculada escolha adequada dos materiais

    a serem utilizados na construo, bem como a cuidados especficos em cada um dos projetos

    pertinentes, tanto nas especificaes dimensionais quanto nas tcnicas, bem como nos

    servios de manuteno e conservao.

    Deve ser sempre estabelecido um desenvolvimento integrado entre os projetos de

    concepo das formas e funes, normalmente projetos arquitetnicos, com os outros projetos

    de engenharia, quais sejam: fundaes; estrutura; instalaes, e outros.

    Os projetos em suas diversas fases passam por uma anlise crtica realizada por uma

    equipe multidisciplinar, constituda de especialistas sem relao direta com a execuo dos

    projetos em anlise.

    Como exemplos de patologias decorrentes desta etapa podem ser citados:

    Falhas por incompatibilidade de projetos;

    Falhas nas revises dos projetos;

    Falhas por insuficincia de projetos;

    Falhas por insuficincia de detalhamentos;

    Falhas na adoo de tcnicas construtivas a serem usadas em decorrncia de atraso

    na entrega dos projetos;

    Falhas devidas falta de especificaes tcnicas construtivas ou adoo de

    tcnicas erradas;

    Falhas devidas falta de especificaes de materiais ou a adoo de materiais

    inadequados.

    2.4.1.3 O planejamento e o setor financeiro

    Aqui o planejamento dever fornecer todas as informaes quanto viabilidade

    econmica do empreendimento, sendo analisado o custo da construo atravs das

    elaboraes do oramento analtico detalhado e do cronograma fsico-financeiro. O

  • 36

    planejamento financeiro tambm fornecer previses das despesas para perodos especficos

    de interesse, como tambm todo o embasamento necessrio, se for o caso, s solicitaes de

    financiamento perante instituies de fomento. Desta forma este planejamento vai impedir

    que alteraes nas especificaes sejam feitas, as quais poderiam gerar patologias devido

    escolha de solues apressadas e inadequadas.

    Sem o necessrio embasamento tcnico, um mau planejamento financeiro pode levar

    necessidade de substituies nas especificaes de materiais e servios, o que poder

    comprometer a idoneidade tcnica da construo.

    2.4.1.4 O planejamento e a execuo fsica da obra

    Durante a execuo da obra faz-se necessrio um grande nmero de dados para que se

    possa controlar eficientemente esta fase do processo construtivo. A organizao desta fase,

    refletida atravs de planejamento adequado, poder ser obtida com determinados

    procedimentos, quais sejam:

    Informaes mensais da entrada de materiais, seus gastos, locais de utilizao e

    quantidade em estoque;

    Previso de despesas a fim de no haverem discrepncias com o cronograma

    fsico-financeiro;

    Histricos tcnicos de materiais e servios, para julgar a necessidade de manter ou

    alterar servios, produtividade, empreiteiras, materiais, equipamentos e outros;

    Teste de novos materiais, assim como novas tcnicas de execuo;

    Apropriao de servios com a finalidade de otimiz-los.

    Nesta etapa produzindo tambm o cronograma de execuo, evitando que servios

    sejam realizados numa imperfeita seqncia, o que poderia produzir patologias do tipo:

    revestimentos de tetos acometidos de infiltraes de gua, feitos antes da colocao do

    telhado, induzindo a fissuras e desprendimento destes revestimentos.

    Em resumo, nunca deve ser considerada perda de tempo qualquer planejamento na

    construo. Ao contrrio, um planejamento bem elaborado em cada uma de suas etapas,

    conduz a uma obra mais rpida em sua execuo e normalmente a um produto final de melhor

    qualidade tcnica e construtiva.

  • 37

    2.4.2 Patologias originadas na fase de projeto

    A preocupao com a qualidade na construo vem assumindo, tanto no meio

    produtivo quanto junto ao consumidor final, destaque cada vez mais crescente. Cnovas

    (1988) ressalta ter-se como verdadeiro nos meios tcnicos, empresariais e nas administraes

    pblicas, a conscientizao de que a qualidade, alm de ser eticamente correta, rentvel a

    curto e longo prazo.

    Diversos avanos esto sendo implementados no campo da qualidade, o que pode ser

    verificado atravs de aprimoramentos nas normas tcnicas para edificaes, instrues para

    projeto e execuo de obras, documentos de idoneidade tcnica, selos de qualidade e de

    conformidade, entre outros.

    Entre as fases que compem o processo de construir na engenharia e arquitetura, a fase

    de projeto sem dvida uma das mais importantes. Conforme j mencionado anteriormente,

    no projeto que so estabelecidas as especificaes tcnicas para os materiais a serem

    utilizados na obra. Nele so definidos os aspectos relacionados s concepes funcionais da

    construo, procurando-se adequao apropriada de novos materiais e servios, sempre

    associando estes projeo para a vida til do empreendimento.

    No caso particular das estruturas de concreto para as edificaes, a NBR 6118 (ABNT,

    2003), em seu captulo 5 (Requisitos gerais de qualidade da estrutura e avaliao da

    conformidade do projeto), item 5.1 (Requisitos de qualidade da estrutura), estabelece que as

    estruturas de concreto devam atender a trs requisitos mnimos de qualidade durante a sua

    construo e posteriormente em servio; so eles: capacidade resistente, desempenho em

    servio e durabilidade.

    A capacidade resistente consiste basicamente na certificao da segurana ruptura.

    Por sua vez, o desempenho em servio traduz-se na capacidade de a estrutura manter-se em

    plenas condies de utilizao quanto ao uso para o qual foi projetada. Por fim, a durabilidade

    representa a capacidade de a estrutura resistir s influncias ambientais definidas na fase de

    projeto, compatibilizando-a com a vida til previamente estabelecida para a mesma.

    O subseqente item 5.2 (Requisitos de qualidade do projeto) da NBR 6118 estabelece

    que a soluo estrutural adotada em projeto deva atender aos requisitos mnimos de qualidade

    fixados em 5.1, alm de considerar as interaes arquitetnicas, funcionais, construtivas,

  • 38

    estruturais e de integrao com os demais projetos tcnicos, tais como de instalaes

    hidrulico-sanitrias, eltricas, dentre outras.

    2.4.2.1 Estudo de caso

    A seguir encontra-se apresentado um estudo feito em 1990 no Rio Grande do Sul pelo

    NORIE4 (UFRGS5), em 45 empresas de pequeno porte, que mostra os principais problemas

    encontrados na elaborao de projetos (FRUET & FORMOSO, 1993).

    Ela demonstrou que mais de 90% das empresas estudadas efetuam modificaes de

    projeto durante a obra. De um universo de 41 (quarenta e uma) empresas que tm seus

    projetos modificados, 34 (trinta e quatro) afirmaram que estas modificaes so registradas e

    as plantas obsoletas retiradas dos lugares de emisso ou uso.

    Quanto ao incio das obras, a pesquisa concluiu que 55% das empresas iniciam as

    obras aps a concluso dos projetos executivos e 22% iniciam-nas antes da concluso dos

    mesmos. Para 23% das empresas estudadas no ficou demonstrado haver tendncia

    caracterstica para o incio das obras.

    Mais da metade dos entrevistados apontou erros de cotas, nveis, alturas e

    incompatibilidade entre diferentes projetos, como problemas na elaborao destes. Tiveram a

    pontuao de 47%, os itens relacionados falta de especificaes de materiais, detalhamentos

    inadequados e falta de detalhamentos.

    Alm destes problemas, tambm foram citados:

    Falta de solues tcnicas nos projetos;

    Atraso na entrega dos projetos;

    Falta de interesse dos projetistas em conhecer elementos construtivos;

    Inadequao do memorial descritivo obra;

    Excesso de diversidade de plantas;

    Reviso feita por pessoas no habilitadas;

    Prazos e custos dos projetos.

    4 Ncleo Orientado para a Inovao da Edificao. 5 Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • 39

    Considerando-se, conforme a pesquisa, que somente 26% das empresas elaboram seus

    prprios projetos, os problemas apontados pela maioria dos entrevistados tm origem fora da

    empresa e se relacionam principalmente falta de entrosamento entre projetistas e o processo

    de construo. Apesar de 90% das empresas afirmarem que efetuam a reviso dos projetos, os

    problemas de erros de cotas, nveis, alturas e incompatibilidade entre diferentes projetos

    foram apontados por mais de 50% das empresas.

    2.4.2.2 Principais patologias ocorrentes na fase de projeto

    Os casos patolgicos causados por deficincias originadas na fase de projeto so de

    grande variedade. Cada caso especfico, necessitando de anlises tcnicas criteriosas, a fim

    de que possam ser estabelecidos os diagnsticos precisos e aplicadas as terapias adequadas.

    Em uma classificao genrica poderamos agrupar, de forma sucinta, as seguintes

    patologias decorrentes do projeto como sendo as mais freqentes:

    Erros de clculo ou dimensionamento nos projetos;

    Erros por falta de detalhamentos;

    Erros por falta ou deficincia de reviso final dos projetos;

    Erros de concepo nos projetos;

    Erros de incompatibilidade entre projetos;

    Erros de especificao de materiais;

    Erros por falta de especificaes de materiais;

    Erros devido falta de conhecimento tcnico;

    Erros devido ao excesso de informaes desnecessrias;

    Erros devido falta de clareza dos projetos (escalas, etc.);

    Erros devido a no obedincia s normas tcnicas.

    A seguir, sem a pretenso de exaurir o tema, descreve-se numa exposio mais

    detalhada sobre alguns dos principais erros cometidos na fase de projeto, tecendo-se

    comentrios sobre as patologias decorrentes e os cuidados para que tais situaes possam ser

    evitadas.

  • 40

    a) Patologias decorrentes de erros no projeto estrutural

    No projeto de uma estrutura podemos destacar quatro fatores fundamentais que

    merecem importncia relevante (CNOVAS, 1988), quais sejam:

    Cumprimento das condies de equilbrio bsicas da Esttica;

    Compatibilidade das deformaes das peas estruturais e suas unies;

    Apresentao das plantas e disposies adotadas, em escala suficientemente clara,

    principalmente no tocante a detalhamentos de armaduras;

    Redao de memoriais descritivos e especificaes tcnicas, nos quais estejam

    determinadas todas as caractersticas dos materiais empregados, com formas de

    realizao de suas instalaes e controles.

    a.1) Concepo do modelo estrutural

    Segundo Fusco (1976), para que possa ser definido o modelo do arranjo estrutural de

    uma construo, esta deve estar perfeitamente delimitada. Esta delimitao poder ser

    estabelecida por uma soluo de continuidade da matria ou, por uma transio brusca de

    materiais utilizados.

    Considerando-se o carter tridimensional das construes, de maneira geral surge a

    necessidade da introduo de simplificaes no modelo estrutural a ser adotado no

    desenvolvimento projeto estrutural. Estas simplificaes visam muitas vezes reduzir situaes

    de complexidade extrema a um conjunto de subproblemas, passveis de solues mais

    acessveis.

    Geralmente, o grau de dificuldade na elaborao do projeto de uma estrutura aumenta

    com o seu tamanho.

    A possibilidade de ser admitida uma decomposio virtual da estrutura est

    invariavelmente vinculada ao fato de que cada uma das partes dela resultantes tenha suas

    condies de apoio devidamente definidas. Normalmente, esta condio fica facilitada quando

    estes apoios aproximam-se das situaes de articulao perfeita ou de engastamento perfeito.

    A articulao pode ser admitida quando ocorre uma diferena adequada ou no mnimo

    aprecivel de rigidez entre as partes interligadas (parte mais rgida articulada na menos

    rgida). Quando esta situao estruturalmente no existe, a condio de articulao pode ser

    construda atravs da interposio de dispositivos adequadamente desenvolvidos, cujas

    eficcias sejam tecnicamente comprovadas. J, por sua vez, um engastamento depende da

    imobilidade da seo que se pretende admitir como engastada.

  • 41

    esse um dos pontos mais sujeitos incorreo nos desenvolvimentos dos projetos

    das estruturas. Freqentemente so considerados engastamentos onde a estrutura pode girar

    ou, so tomadas como articulaes unies capazes de transmitir momentos. Estes erros, de

    efeitos cumulativos ao longo da estrutura, podem gerar problemas de enormes repercusses

    nos mecanismos de estabilidade local e global da mesma.

    O clculo por computador, atravs da utilizao de programas cada vez mais

    sofisticados e abrangentes quanto s consideraes nas aproximaes aos mecanismos reais

    de funcionamento das estruturas, tem ajudado em muito o trabalho de projetar. Porm, a

    escolha final dos modelos estruturais decorre essencialmente da habilidade do projetista, e a

    reside outro motivo originrio de patologias derivadas do projeto: a falta de experincia na

    concepo mais adequada da disposio e funcionamento dos elementos estruturais

    componentes, ou seja, no delineamento do arranjo estrutural.

    Alm disto, o projeto precisa considerar as disponibilidades de materiais, mo-de-obra

    e equipamentos. Deve tambm considerar critrios de economia, exeqibilidade e as

    condies de fabricao, montagem, reparao e manuteno da estrutura, traduzindo todos

    estes fatores na meta final que o da eficincia global da construo.

    a.2) Considerao do carregamento

    As cargas atuantes em uma edificao podem ser classificadas em devidas ao peso

    prprio e de utilizao, as devidas a efeitos acidentais e as de efeitos climticos (CNOVAS,

    1988).

    Na elaborao dos projetos estruturais, torna-se fundamental a anlise criteriosa de

    todas as combinaes possveis entre os tipos de carregamentos atuantes. No

    dimensionamento dos elementos estruturais, bem como na anlise global da estabilidade da

    estrutura, devero ser verificados os valores obtidos para a envoltria de esforos resultantes

    da interao entre a atuao isolada, conjugada ou concomitante destes carregamentos.

    A no considerao de determinado carregamento poder conduzir a patologias com

    menor ou maior grau de comprometimento, podendo em situaes mais severas, levar uma

    estrutura a sua runa parcial ou at mesmo global.

    a.2.1) Aes de cargas permanentes e de utilizao

    Entre as cargas permanentes, torna-se preponderante evitar subestimaes nos pesos

    de revestimentos, enchimentos decorrentes de impermeabilizaes, camadas de terra em

    jardins elevados, etc.

  • 42

    Em relao s cargas de utilizao, a obedincia s normas tcnicas vigentes torna-se

    procedimento prudente, compatibilizando-se os carregamentos projetados ocupao futura

    da obra.

    Quando as sobrecargas de utilizao no estiverem determinadas em norma tcnica ou

    regulamento, cabe ao calculista efetuar a pesquisa e estabelecer criteriosamente estes valores.

    O projetista dever considerar tambm algumas particularidades que muitas vezes no

    so contempladas explicitamente na normalizao tcnica. Um exemplo de tal situao ocorre

    nas lajes de pisos industriais ou de garagens, nas quais devem ser consideradas, alm das

    cargas uniformemente distribudas, tambm cargas localizadas, fixas e mveis, comumente

    correntes nesses tipos de utilizao e que por sua natureza e grandeza podem ser bem mais

    crticas que as anteriores.

    Carregamentos mveis devem ser analisados, considerando-se um coeficiente de