manifestações patológicas nas fachadas

86
São Leopoldo 2012 LEVANTAMENTO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS FACHADAS DE UM GRUPO DE PRÉDIOS DA REGIÃO CENTRAL DA CIDADE DE NOVO HAMBURGO - RS RAFAEL LANZARINI LEAL UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

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Artigo sobre patologia em fachadas.

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  • 1

    So Leopoldo

    2012

    LEVANTAMENTO DAS MANIFESTAES PATOLGICAS NAS FACHADAS

    DE UM GRUPO DE PRDIOS DA REGIO CENTRAL

    DA CIDADE DE NOVO HAMBURGO - RS

    RAFAEL LANZARINI LEAL

    UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS

    UNIDADE ACADMICA DE GRADUAO

    CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

  • 2

    So Leopoldo

    2012

    Professor(a) orientador(a): Prof. Dr. Bernardo Fonseca Tutikian

    Trabalho de Concluso de Curso, apresentado como requisito parcial para obteno do ttulo de Bacharel em Engenharia Civil, pelo Curso de Engenharia Civil, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS.

    LEVANTAMENTO DAS MANIFESTAES PATOLGICAS NAS FACHADAS

    DE UM GRUPO DE PRDIOS DA REGIO CENTRAL

    DA CIDADE DE NOVO HAMBURGO - RS

    RAFAEL LANZARINI LEAL

  • 3

    Dedico a meu pai, Gilberto Dias Leal (em memria);

    minha me, Ielda Lanzarini Leal e minha esposa, Elen Fernandes Pereira.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Gostaria de agradecer a todos que, comigo estiveram no decorrer dessa

    longa jornada de estudo e dedicao. queles que de uma forma ou outra,

    tiveram uma parcela de contribuio para que este feito fosse realizado.

    Aos meus amigos e colegas de trabalho, que supriram minha falta nas

    diversas ocasies em que no pude estar presente, aos meus familiares,

    minha esposa, que esteve integralmente ao meu lado e que soube compreender

    minhas ausncias.

    Ao meu querido pai, que infelizmente no esta em corpo presente entre

    ns, mas que com certeza esta to feliz e emocionada quanto eu.

    Aos meus professores e colegas, em especial Professor Dr. Bernardo

    Fonseca Tutikian, e todos que acreditaram e continuam acreditando que tudo

    possvel.

    A todos esses, o meu muito obrigado.

  • 5

    Sua tarefa descobrir seu trabalho e,

    ento, com todo corao, dedicar-se a ele.

    (Buda)

  • 6

    RESUMO

    Assim como qualquer bem de consumo durvel, as edificaes tambm sofrem os desgastes naturais com o passar do tempo, sendo agravada pela falta de manuteno, pelo mau uso, manuteno inadequada e tambm pela mo de obra de baixa qualidade. Aliado a esses motivos, muitas vezes as origens dos insumos utilizados para o preparo das argamassas tanto as de assentamento quanto as de revestimentos, podem estar contaminadas com algum tipo de substncia qumica, contribuindo para o surgimento de manifestaes patolgicas. A origem da palavra patologia vem do Grego onde pathos significa doenas, anomalias e logia o estudo dessas doenas. Os problemas patolgicos ocorrem quando um determinado componente da edificao atinge nveis insatisfatrios de desempenho, surgindo assim as manifestaes patolgicas que so caracterizadas pelo surgimento de fissuras, manchas, bolores, desplacamento, etc. Recentemente alguns casos de colapso em estruturas de concreto armado assolaram o pas, evidenciando a falta de manuteno peridica e/ou corretivas nas edificaes. Toda estrutura edificada necessita de acompanhamento peridico, evitando incidncia das manifestaes patolgicas ou mesmo no s deixando surgir.

    Palavras-chave: Manifestao patolgica. Fachadas. Manuteno peridica. Revestimento.

  • 7

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Fissuras na parte superior da alvenaria ............................................ 22

    Figura 2 - Fissuras 45 nos vo de aberturas ................................................. 22

    Figura 3 - Eflorescncia .................................................................................... 24

    Figura 4 - Saponificao ................................................................................... 27

    Figura 5 - Desagregao .................................................................................. 28

    Figura 6 - Bolhas .............................................................................................. 29

    Figura 7 - Juntas necessria para um melhor desempenho das fachadas revestidas com cermicas ................................................................................. 31

    Figura 8 - Elementos atuantes sobre as paredes de edificaes ....................... 32

    Figura 9 - Movimentao da laje de cobertura sob ao da elevao de temperatura ...................................................................................................... 35

    Figura 10 - Propagao das tenses devido aos efeitos trmicos em uma laje de cobertura com bordos vinculados ................................................................. 35

    Figura 11 - Fissura por movimentao trmica no permetro da parede onde possui uma laje vinculada ................................................................................. 36

    Figura 12 - Destacamento entre alvenaria e estrutura, provocado pelas movimentaes trmicas diferenciais ................................................................ 36

    Figura 13 - gua escorrendo pelas frestas das pingadeiras causando manchamento ................................................................................................... 38

    Figura 14 - Efeitos da geometria no fluxo de gua superficial............................ 39

    Figura 15 - Chuva e vento na fachada de um edifcio ........................................ 44

    Figura 16 - Distribuio das edificaes analisadas .......................................... 47

    Figura 17 - Edificao em estado de conservao muito bom, sem nenhuma leso visvel ...................................................................................................... 50

    Figura 18 - Edificao em bom estado de conservao apenas uma leso ....... 51

    Figura 19 - Edificao em estado de conservao regular, 2 leses ................. 51

    Figura 20 - Edificao em estado de conservao ruim, 3 leses...................... 52

    Figura 21 - Distribuio das edificaes quanto a orientao solar ................... 53

    Figura 22 - Revestimento das fachadas da amostra .......................................... 54

  • 8

    Figura 23 - Fachada da edificao composta por mais de um tipo de revestimento ..................................................................................................... 55

    Figura 24 - Nmero de pavimentos das edificaes amostradas ....................... 55

    Figura 25 - Percentual de prdios ntegros e com algum tipo de manifestao patolgica ......................................................................................................... 56

    Figura 26 - Leses mais frequentes nas edificaes classificadas como em bom estado de conservao ............................................................................. 57

    Figura 27 - Distribuio das manifestaes patolgicas .................................... 58

    Figura 28 - Elemento construtivo onde ocorrem as leses. ............................... 59

    Figura 29 - Tipos de fissuras mais frequentes ................................................... 60

    Figura 30 - Proporo entre os tipos de fissuras encontrados nas amostras ..... 61

    Figura 31 - Fissura horizontal provocada pela dilatao da laje ........................ 61

    Figura 32 - Fissura horizontal nas sacadas do edifcio ...................................... 62

    Figura 33 - Fissura do tipo mapeamento ........................................................... 63

    Figura 34 - Fissura vertical no detalhe da fachada do edifcio ........................... 64

    Figura 35 - Distribuio por grupo de idade das edificaes com incidncia de fissuras nas fachadas .................................................................................. 65

    Figura 36 - Comparativo entre total de prdios e prdios com incidncia de fissuras nas fachadas, separados por grupo de idade ....................................... 66

    Figura 37 - Orientao solar das edificaes lesionadas por fissuras ................ 66

    Figura 38 - Orientao solar das edificaes lesionadas por fissuras ................ 67

    Figura 39 - Comparativo entre total de prdios do grupo e prdios com incidncia de fissuras, separados por estado de conservao .......................... 68

    Figura 40 - Comparativo entre quantidade total de prdios e prdios lesionados por manchas e microrganismos, separados por grupo de idade ...... 69

    Figura 41 - Comparativo entre total de prdios e prdios com incidncia de manchas e microrganismo, separados pela orientao solar ............................. 70

    Figura 42 - Prdio com manifestaes patolgicas de manchas e microrganismos ................................................................................................ 71

    Figura 43 - Prdio com incidncia de manifestaes patolgicas de manchas e microrganismos ............................................................................................. 72

  • 9

    Figura 44 - Percentual de prdios com incidncia de manifestaes patolgicas de manchas e microrganismos, separados por grupo de altura. ..... 73

    Figura 45 - Comparativo entre total de prdios do grupo e prdios com incidncia de manchas e microrganismos, separados por estado de conservao ..................................................................................................... 74

    Figura 46 - Comparativo entre total de prdios e prdios com incidncia de descolamento em placas .................................................................................. 75

    Figura 47 - Orientao solar das edificaes com incidncia de descolamento em placas. ........................................................................................................ 76

  • 10

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Classificao dos revestimentos argamassados .............................. 18

    Quadro 2 - Estimativa da temperatura superficial de lajes e paredes expostas radiao, em F ............................................................................................. 34

    Quadro 3 - Rotina de inspeo predial .............................................................. 42

    Quadro 4 - Classificao do regime de chuvas ................................................. 45

    Quadro 5 - Classificao do ambiente quanto agressividade da atmosfera local .................................................................................................................. 45

    Quadro 6 - Critrios para estado de conservao das fachadas ........................ 49

  • 11

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Relao entre abertura de fissura e danos nas edificaes .............. 33

    Tabela 2 - Quantidade de edificaes separada por grupo de idades ................ 53

    Tabela 3 - Prdios lesionados por fissuras ........................................................ 60

    Tabela 4 - Quantidade de edificaes lesionadas por manchas e microrganismos, separados por grupo de idade ................................................ 69

    Tabela 5 - Prdios com incidncia de manchas e microrganismos, separados por grupo de altura. .......................................................................................... 72

    Tabela 6 - Prdios com incidncia de manchas e microrganismos, separados por estado de conservao ............................................................................... 73

    Tabela 7 - Prdios lesionados descolamento em placas ................................... 75

    Tabela 8 - Quantidade de edificaes lesionadas por descolamento em placas, separadas pela orientao solar. .......................................................... 76

  • 12

    SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................... 15

    1.1 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 15

    1.2 OBJETIVOS ................................................................................................ 16

    1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 16

    1.2.2 Objetivos Especficos ............................................................................ 16

    1.3 ESTRUTURA DA PESQUISA ...................................................................... 16

    2 REVISO BIBLIOGRFICA .......................................................................... 18

    2.1 REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS ....................................................... 18

    2.2 MANIFESTAES PATOLGICAS ............................................................ 20

    2.2.1 Patologia das Fundaes e Alvenaria ................................................... 21

    2.2.1.1 Patologia Comum a todas as Alvenarias ............................................... 23

    2.2.2 Eflorescncia .......................................................................................... 23

    2.2.3 Manchas de Cor ..................................................................................... 24

    2.2.3.1 Manchas de Cor Castanho ou de Ferrugem .......................................... 24

    2.2.3.2 Manchas de Cor Branca com Aspecto Pulverulento .............................. 24

    2.2.3.3 Manchas de Cor Branca Escorrida ........................................................ 25

    2.2.4 Manchas de Mofo ................................................................................... 25

    2.2.5 Patologia nas Pinturas ........................................................................... 26

    2.2.5.1 Eflorescncia ........................................................................................ 26

    2.2.5.2 Saponificao ....................................................................................... 27

    2.2.5.3 Desagregao ....................................................................................... 27

    2.2.5.4 Descascamento .................................................................................... 28

    2.2.5.5 Bolhas ................................................................................................... 29

    2.2.5.6 Enrugamento ........................................................................................ 29

    2.2.6 Patologia dos Revestimentos Cermicos ............................................. 29

  • 13

    2.2.6.1 Descolamento de revestimentos cermico ............................................ 30

    2.3 FISSURAS .................................................................................................. 31

    2.3.1 Fissuras Causadas por Movimentaes Trmicas ............................... 33

    2.4 INFILTRAO ............................................................................................ 37

    2.4.1 Por Capilaridade..................................................................................... 38

    2.4.2 Higroscpica e por Condensao ......................................................... 40

    2.5 INSPEO E MANUTENO DE FACHADAS ........................................... 40

    2.5.1 Inspeo de Fachadas ........................................................................... 40

    2.5.2 Manuteno de Fachadas ...................................................................... 43

    3 MTODO DE PESQUISA .............................................................................. 46

    3.1 AMOSTRAGEM .......................................................................................... 47

    3.2 OBTENO DE INFORMAES REFERENTES EDIFICAO .............. 47

    3.3 ESTADO DE CONSERVAO ................................................................... 48

    4 ANLISE DOS RESULTADOS REFERENTES S AMOSTRAS ................... 53

    4.1 ORIENTAO SOLAR ................................................................................ 53

    4.2 TIPO DE REVESTIMENTO ......................................................................... 54

    4.3 QUANTIDADE DE PAVIMENTOS ............................................................... 55

    4.4 ESTADO DE CONSERVAO ................................................................... 56

    4.5 APRESENTAO, ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS ............. 57

    4.6 ANALISE DAS MANIFESTAES PATOLGICAS MAIS FREQUENTES .. 57

    4.6.1 Locais com maior incidncia de manifestaes patolgicas .............. 58

    4.6.2 Fissuras .................................................................................................. 59

    4.6.3 Manchas e microrganismos ................................................................... 68

    4.6.4 Descolamento em Placas ....................................................................... 74

    5 CONCLUSES .............................................................................................. 77

    5.1 CONSIDERAES FINAIS ......................................................................... 78

  • 14

    5.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................ 79

    REFERNCIAS ................................................................................................ 80

    ANEXOS

    ANEXO A - Ficha de caracterizao da edificao ............................................ 84

    ANEXO B - Ficha de caracterizao as leses na edificao ............................ 85

  • 15

    1 INTRODUO

    As fachadas das edificaes tm fundamental importncia para a

    estanqueidade e para a contribuio da harmonia visual das cidades, causando

    sensao de conforto e de bem estar quando sua integridade constatada.

    Com o passar do tempo, as deterioraes nas edificaes ficam mais

    evidenciadas nas fachadas, pois ela quem recebe ininterruptamente as

    agresses provenientes do meio agressivo em qual esto expostas.

    O grau de deteriorao das fachadas pode ser um indicador do estado de

    conservao da edificao, pois atravs delas propagam-se fissuras, umidades,

    bolor, entre outras manifestaes patolgicas. Uma fachada em mau estado de

    conservao j um forte indcio de que naquela edificao exista algum tipo de

    manifestao patolgica, pois a fachada mal conservada pode ser uma porta de

    entrada para umidade, e essa age como um agente catalisador das

    manifestaes patolgicas.

    O conhecimento das causas dessas manifestaes de extrema

    importncia para engenheiros, arquitetos, construtores e todos aqueles

    profissionais envolvidos na construo civil, contribuindo assim para que os erros

    construtivos ou qualquer outro tipo de falha executiva ou at mesmo falha em

    projetos possam ser conhecidos e difundidos entre os profissionais da rea,

    contribuindo dessa forma para a melhoria contnua do setor.

    Em algumas cidades brasileiras, j foi implantada a lei de inspeo

    predial peridica, conforme a idade da edificao e seu uso. Na cidade de Novo

    Hamburgo, a nica lei que trata sobre manuteno peridica de edificao Lei

    Complementar n 29 de 31 de maio de 1989, que aborda somente a manuteno

    ou conservao dos elementos construtivos que tenham avanos que se

    projetem sobre o passeio ou via pblica e muros de arrimo.

    1.1 JUSTIFICATIVA

    As manifestaes patolgicas existentes nas fachadas das edificaes

    podem comprometer o desempenho da edificao e tambm diminuir seu valor

    patrimonial ou ainda na pior hiptese, causar acidentes com seus usurios e

    pedestres. A elaborao deste trabalho visa relacionar os elementos construtivos

  • 16

    e as manifestaes patolgicas mais frequentes ocorridos nas fachadas dos

    prdios analisados, agregando conhecimento para o meio tcnico e para o

    melhoramento das novas construes e tambm fomentar os profissionais

    envolvidos em projetos e recuperao de fachadas.

    1.2 OBJETIVOS

    1.2.1 Objetivo Geral

    O objetivo do trabalho relacionar as manifestaes patolgicas

    existentes nas fachadas dos edifcios de uso residncias, comercial e uso misto

    em um grupo de amostras de edificaes da regio central da cidade de Novo

    Hamburgo, separando-os por idade, tipos de revestimentos das fachadas, estado

    de conservao.

    1.2.2 Objetivos Especficos

    Os objetivos especficos so:

    a) classificar as fachadas analisadas pelo seu estado de conservao;

    b) relacionar as manifestaes patolgicas mais frequentes nas

    fachadas;

    c) identificar os elementos construtivos com maior frequncia

    patolgicas;

    d) identificar as possveis causas das manifestaes patolgicas mais

    frequentes.

    1.3 ESTRUTURA DA PESQUISA

    O trabalho esta estruturado da seguinte maneira:

    Capitulo 1 contm os objetivos que se pretende alcanar com tal

    trabalho, a justificativa e estrutura do trabalho.

    No Capitulo 2 trata-se da reviso bibliogrfica, os tipos de revestimentos

    e suas funcionalidades, alm dos assuntos sobre os tipos de manifestaes

    patolgicas que podem ser encontradas nas fachadas das edificaes e as

  • 17

    ligaes entre as interface de diferentes materiais. Por fim, abordaram-se

    assuntos referentes conservao, desempenho e manuteno necessria nas

    fachadas das edificaes.

    O Capitulo 3 fala sobre o mtodo de pesquisa, e as caractersticas dos

    prdios amostrados.

    O capitulo 4 esta relacionado com o resultado das pesquisas, grficos

    comparativos agrupados por assuntos de interesse e comparao dos resultados

    aferidos em campo com as informaes pesquisadas nas referencia

    bibliogrficas.

    O capitulo 5 o final do trabalho, aborda a concluso obtida aps

    analises e comparativos e sugestes para futuros trabalhos.

  • 18

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS

    Segundo Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT 13281/2011

    (p. 3) as argamassa so misturas homogneas de agregados midos,

    aglomerantes inorgnicos e gua, podendo conter ou no aditivos ou adies

    que melhorem suas propriedades fsicas, podendo ser preparadas na obra ou

    industrializadas.

    Os revestimentos argamassados so classificados conforme Quadro 1.

    Quadro 1 - Classificao dos revestimentos argamassados

    TIPO CRITRIO DE CLASSIFICAO

    Revestimento de camada nica Nmero de camadas aplicadas

    Revestimento de duas camadas

    Revestimento com contato com o solo

    Ambiente de exposio Revestimento externo

    Revestimento interno

    Revestimento comum

    Comportamento umidade Revestimento de permeabilidade reduzida

    Revestimento hidrfugo

    Revestimento de proteo radiolgica Comportamento radiaes

    Revestimento termo isolante Comportamento ao calor

    Camurado

    Acabamento de superfcie

    Chapiscado

    Desempenado

    Sarrafeado

    Imitao travertino

    Lavado

    Raspado

    Fonte: Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT NBR 13530/1995 (p. 1-2)

    Em nossa regio frequente o uso da argamassa mista de cimento, cal e

    areia, tanto para fins de assentamentos de peas cermicas, quanto para

    revestimentos externos.

  • 19

    As funes do sistema de revestimento vo desde a proteo

    alvenaria, regularizao das superfcies, estanqueidade, at funes de natureza

    esttica, uma vez que se constitui do acabamento final das vedaes (BAUER;

    PEREIRA, 2005, p. 15).

    Sistema de revestimento :

    O conjunto formado por revestimentos de argamassa e acabamento decorativo, compatvel com a natureza da base, condies de exposio, acabamento final e desempenho, previstos em projetos (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS ABNT NBR 13529, 2001a, p. 2).

    A etapa de execuo do revestimento a principal responsvel por

    fenmenos patolgicos observados posteriormente (ASSOCIAO BRASILEIRA

    DE NORMAS TCNICAS ABNT NBR 7200, 1998a, p. 2).

    Os revestimentos argamassados podem ser constitudo por uma ou mais

    camadas, sendo composta por chapisco, emboo e reboco ou somente por

    massa nica.

    Chapisco :

    Camada de preparo da base, aplicada de forma contnua ou descontnua, com a finalidade de uniformizar a superfcie quanto absoro e melhorar a aderncia do revestimento. (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS ABNT NBR 13529, 2001a, p. 2).

    Emboo :

    Camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a superfcie da base ou chapisco, propiciando uma superfcie que permita receber outra camada, de reboco ou de revestimento decorativo, ou que se constitua no acabamento final (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS ABNT NBR 13529, 2001a, p. 2).

    Reboco :

    Camada de revestimento utilizada para cobrimento do emboo, propiciando uma superfcie que permita receber o revestimento decorativo ou que se constitua no acabamento final (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS ABNT NBR 13529, 2001a, p. 2).

  • 20

    Apesar de sabermos da grande importncia que tem a fase de execuo

    de revestimentos de fachadas, muitas empresas brasileiras ainda no possuem

    um projeto especifico de revestimento. (FACHADA, 2003).

    2.2 MANIFESTAES PATOLGICAS

    Patologia uma palavra originada do grego pathos (doena) e logia

    (estudo), este um termo muito conhecido na medicina, na construo civil

    tambm utilizada, recebendo o nome especifico de Patologia das Edificaes,

    que o estudo dos problemas (enfermidade) que podem ser: fissuras, bolor,

    fungos, desplacamento, etc., e seus consertos (terapia) (VEROZA, 1991).

    Canvas (1988) afirma que 4000 anos na Mesopotmia a patologia das

    construes j era uma cincia que preocupava o homem, pois atribua

    responsabilidades e penalidades rgidas para os construtores, caso a edificao

    sofresse algum tipo de dano, tais como:

    a) se um construtor faz uma casa para um homem e no a faz firme e

    seu colapso causa a morte do dono da casa, o construtor dever

    morrer;

    b) se causar a morte do filho do dono da casa, o filho do construtor

    dever morrer;

    c) se causar a morte de um escravo do dono da casa, o construtor ter

    que dar um escravo de igual valor;

    d) se a propriedade for destruda, ele dever reconstru-la por sua

    prpria conta;

    e) se um construtor faz uma casa para um homem e no as faz de

    acordo com as especificaes e uma parede desmorona, o construtor

    reconstruir a parede por sua prpria conta.

    O Centre Scientifique et Technique de La Construcion (Blgica), citado

    por rcio Thomaz, em 1800 manifestaes patolgicas estudadas, apresentaram

    as seguintes causas:

    a) defeito de execuo: 52%;

    b) defeito de projeto: 18%;

    c) defeito de uso: 14%;

  • 21

    d) defeito dos materiais: 6%;

    e) dutos: 16% (VEROZA, 1991, p. 8).

    2.2.1 Patologia das Fundaes e Alvenaria

    quase que evidente, que certas movimentaes na base da edificao

    podem acarretar em fissuramento de paredes, conforme Veroza (1991),

    geralmente, recalque diferencial das fundaes causam leses nas edificaes,

    tais como rachaduras, fissuras e rompimento de tubulaes.

    Segundo Veroza (1991), o problema mais comum que ocorre em

    fundaes o recalque diferencial.

    Este tipo de leso pode surgir por diversos fatores, entre eles:

    a) aplicao de cargas estruturais;

    b) rebaixamento do nvel dgua;

    c) colapso da estrutura do solo devido ao encharcamento;

    d) inchamento de solos expansivos;

    e) rvores de crescimento rpido em solos argiloso;

    f) deteriorao das fundaes.

    Conforme Veroza (1991) possvel que o recalque diferencial no afete,

    inicialmente, a viga de fundao, surgindo somente pequenas fissuras que no

    so percebidas a olho nu, e as leses se apresenta nas partes superiores das

    paredes, conforme se retrata na Figura 1.

  • 22

    Figura 1 - Fissuras na parte superior da alvenaria

    Fonte: Veroza (1991, p. 13)

    Ainda, segundo o mesmo autor, em casos mais graves de fcil

    percepo partes da alvenaria esmagada, resultando na queda do revestimento

    argamassado, tendo em vista que as alvenarias tm menor resistncia trao

    do que compresso. Fonte: Veroza (1991, p. 14)

    Caso essa alvenaria possua vo de aberturas, as fissuras se orientam

    em direo desses vos, aparecendo fissuras 45 nas quinas das aberturas,

    como ilustra a Figura 2.

    Figura 2 - Fissuras 45 nos vo de aberturas

    Fonte: Veroza (1991, p. 15)

  • 23

    2.2.1.1 Patologia Comum a todas as Alvenarias

    Para este tipo de manifestao patolgica, podemos elencar como os

    erros de construo, tais como: paredes fora de prumo ou fora de nvel, fiadas

    sem amarrao, esquadro mal executado, encunhamento precoce em prdios

    estruturados e falta de vergas e contra vergas (VEROZA, 1991).

    2.2.2 Eflorescncia

    A eflorescncia caracterizada pelo aparecimento de manchas ou por

    formao salina nas superfcies dos materiais (VEROZA, 1991).

    Esse tipo de manifestao patolgica pode ser causado pela presena de

    sais solveis de clcio, de potssio, de magnsio, de ferro ou outros, contidos no

    material que est sendo utilizado (blocos cermicos, tijolos cermico,

    argamassa, etc.), e geralmente j esto presente no material. Com a presena

    da umidade, este sal dissolvido e migra para a parte externa da superfcie.

    Estes sais tambm podem ser trazidos pelo solo ou pela atmosfera, quando h

    presena de indstrias qumicas na regio (VEROZA, 1991).

    Segundo Fazenda (2012), a eflorescncia pode tambm aparecer em

    formas de manchas esbranquiadas em paredes recentemente pintadas. Esta

    manifestao patolgica ocorre quando a tinta aplicada sem que se aguarde o

    tempo de cura do revestimento argamassado, que de no mnimo 28 dias. Com

    a secagem do revestimento argamassado, que ocorre pela eliminao da gua

    de hidratao na forma de vapor, materiais alcalinos solveis so arrastados do

    interior da parede para a superfcie pintada, onde se depositam, causando

    manchas, conforme ilustrado na Figura 3.

  • 24

    Figura 3 - Eflorescncia

    Fonte: Fazenda (2012, p. 60)

    Outro tipo de eflorescncia a criptoeflorescncia, que a formao

    salina oculta no interior dos materiais, presente nos seus poros ou nas

    capilaridades do material. A criptoeflorescncia pode ir aumentando com o

    passar do tempo, causando tenses no interior dos materiais, causando

    degradao microestrutural prxima superfcie (VEROZA, 1991).

    2.2.3 Manchas de Cor

    2.2.3.1 Manchas de Cor Castanho ou de Ferrugem

    Esse tipo de mancha mais comum que ocorra em estruturas de

    concreto armado do que em alvenarias tradicionais. Essas manchas so

    originadas da ferrugem, comum que se ocorra em estruturas com pouco

    cobrimento da armadura, sendo que o processo semelhante ao de

    eflorescncia (VEROZA, 1991).

    2.2.3.2 Manchas de Cor Branca com Aspecto Pulverulento

    Geralmente essas manchas so causadas por ataques de sulfatos

    (magnsio, potssio ou clcio), e em raras excees tambm pode ser por

    carbonatos de clcio ou de potssio.

  • 25

    Apesar de causar aspecto de degradao, em um curto prazo, a maior

    leso que pode causar a depreciao do imvel (VEROZA, 1991).

    Esses sulfatos quanto expostos por longos perodos podem comprometer

    a capacidade portante da alvenaria.

    2.2.3.3 Manchas de Cor Branca Escorrida

    Essas manchas so de difcil remoo, no sai somente com gua,

    necessrio que se faa uma remoo mecnica dessa incrustao (VEROZA,

    1991).

    A presena do carbonato de fcil constatao, basta derramar uma

    pequena quantidade de cido clordrico nas manchas, o cido clordrico com a

    presena do carbonato, forma efervescncia (VEROZA, 1991).

    Este fenmeno ocorre pela reao do hidrxido de clcio com o gs

    carbnico presente na atmosfera (VEROZA, 1991).

    Esta manifestao patolgica geralmente ocorre em paredes de tijolos

    vista onde h escorrimento da argamassa com cal e falha no processo de

    limpeza.

    2.2.4 Manchas de Mofo

    Esse tipo de manifestao ocorre pela presena de micro vegetal,

    tambm conhecido por fungos (VEROZA, 1991).

    Este tipo de manifestao patolgica necessita de um ambiente propcio

    para que os micros vegetais se desenvolvam. Esta manifestao provavelmente

    ocorrer em lugares midos e com pouca ventilao (VEROZA, 1991).

    Os micros vegetais liberam enzimas, que vo atuar como um cido,

    atacando o meio onde est presente e com o passar do tempo esse ataque pode

    causar a desagregao da superfcie (VEROZA, 1991).

    Para a eliminao desta anomalia, segundo Fazenda (2012), por se tratar

    de ser um grupo de seres vivos, basta que se acabe com o meio propcio para

    sua sobrevivncia, para tanto necessrio:

  • 26

    a) lavar a superfcie com uma soluo de cloro e gua potvel na

    proporo de 1:2; esfregue com o auxlio de uma escova de nilon ou

    pano; o uso de hidro jateamento recomendado nas reas externas;

    b) aguardar 4 horas para que a soluo aja sobre a superfcie;

    c) banhar a superfcie com gua potvel, para que se eliminem resduos

    do cloro;

    d) aguardar a secagem e repintar.

    2.2.5 Patologia nas Pinturas

    A pintura em si, no s uma questo esttica da obra, pois sua funo

    principal proteger o substrato pintado, dos efeitos danosos do meio em que

    est exposta.

    A pintura considerada um revestimento de sacrifcio, que se desgasta

    com o intemperismo, evitando assim que o material pintado no sofra a ao de

    desgaste.

    A edificao com uma pintura desgastada ou desplacada est mais

    propensa a desenvolver outras manifestaes patolgicas, visto que a

    estanqueidade do conjunto no estar ntegra, facilitando a entrada de umidade

    e ataques por poluio proveniente do meio.

    Segundo Fazenda (2012), na grande maioria dos casos, as

    manifestaes patolgicas nas pinturas esto relacionadas fase de preparao

    da superfcie. Estes problemas podem ressurgir, se os procedimentos de

    correo no forem devidamente seguidos.

    2.2.5.1 Eflorescncia

    Da mesma forma que ocorre a eflorescncia nas superfcies de cimento,

    como visto anteriormente, na pintura ocorre de modo muito semelhante.

    Segundo Fazenda (2012), a evaporao da gua contida na argamassa

    de revestimento dilui os sais solveis contidos na formulao da tinta, arrastando

    esses materiais alcalinos solveis do interior para o exterior, onde se depositam,

    causando as manchas.

  • 27

    Ainda, quando h a presena de gua por trs da pelcula da tinta,

    podendo ser por vazamento ou infiltrao, este fenmeno pode surgir mesmo

    depois da cura completa do revestimento argamassado.

    2.2.5.2 Saponificao

    Visualmente muito semelhante com a eflorescncia. Segundo Fazenda

    (2012), este fenmeno ocorre devido alcalinidade natural da cal e do cimento

    que compem o revestimento argamassado, essa alcalinidade com a presena

    de certo grau de umidade, reage com algumas resinas no adequadas, formando

    a saponificao, muitas vezes essa leso apresenta um aspecto oleoso, e

    geralmente a superfcie fica pegajosa.

    Figura 4 - Saponificao

    Fonte: Fazenda (2012, p. 60)

    2.2.5.3 Desagregao

    De acordo com Fazenda (2012), esta manifestao patolgica

    caracteriza-se pelo desprendimento de placas do filme da tinta, carregando

    junto, resduos de argamassa do revestimento, conforme ilustrado na Figura 5.

    Ainda, segundo o mesmo autor, esta anomalia ocorre quando:

    a) a pintura feita sem que se aguarde o tempo de cura do revestimento

    argamassado;

  • 28

    b) trao muito fraco do revestimento argamassado, tornando-o

    pulverulento;

    c) pintura nova sem que se lixe o substrato.

    Figura 5 - Desagregao

    Fonte: Pesquisa do autor

    2.2.5.4 Descascamento

    Esta manifestao patolgica muito semelhante ao desagregamento,

    diferenciando-se pelo fato de que o filme da tinta no traz consigo resduos de

    argamassa. Segundo Fazenda (2012), esta manifestao ocorre geralmente

    quando:

    a) pintura sobre superfcie que esteja pintada a base de cal, sem que

    fosse preparada devidamente;

    b) pinturas com sua vida til ultrapassada;

    c) na primeira pintura, a primeira demo no ter sido diluda

    suficientemente.

  • 29

    2.2.5.5 Bolhas

    Geralmente o fator causador das bolhas em pinturas a presena de

    umidade, que pode estar em diversos lugares como, por exemplo, no prprio

    material, ou adentrar por alguma fissura, etc., atingindo o filme da tinta no

    sentido de dentro para fora, causando as bolhas, a Figura 6 ilustra essa

    manifestao patolgica.

    Figura 6 - Bolhas

    Fonte: Pesquisa do autor

    2.2.5.6 Enrugamento

    Segundo Fazenda (2012), esta manifestao ocorre pela pintura ter sido

    feita com uma camada muito espessa de tinta, com excesso de material ou

    tambm pode ocorrer por no se aguardar o intervalo entre demos ou at

    mesmo pela superfcie estar muito aquecida.

    2.2.6 Patologia dos Revestimentos Cermicos

    Segundo Campante e Baa (2003) as manifestaes patolgicas dentre

    os revestimentos cermico so:

  • 30

    a) descolamento de placas;

    b) trincas;

    c) fissuras;

    d) eflorescncia;

    e) deteriorao de juntas.

    Segundo Gastasldine e Sichieri (2010), as manifestaes patolgicas

    como escurecimento e eflorescncia tambm so frequentes em fachadas

    revestidas com cermicas.

    Ainda, segundo os mesmos autores, as placas cermicas no so as

    causadoras das anomalias e sim vtimas, pois todas as manifestaes que

    ocorrem nesse tipo de acabamento so provenientes de alguma outra falha, tais

    como a umidade, que pode penetrar pelo rejuntamento e dissolver os sais

    solveis contido na argamassa e formar eflorescncia, migrando para a face

    externa da placa. O escurecimento ocorre quando a cermica no tem sua face

    externa esmaltada, ficando com a superfcie permevel e mida, formando

    condies no ambiente para que se desenvolvam microrganismos, como os

    fungos.

    2.2.6.1 Descolamento de revestimentos cermico

    Este tipo de manifestao patolgica pode ter diversas causas, e ocorre

    devido perda da aderncia da placa cermica com a argamassa colante ou

    pela falta de aderncia entre a argamassa colante e o substrato ou pela

    ausncia das juntas necessrias para que os revestimentos cermicos se

    deforme sem causar descolamento.

    Segundo apostila da cadeira de patologia, do curso de engenharia civil

    da UNISINOS, os principais motivos para os descolamento so:

    a) instabilidade do suporte;

    b) fluncia da estrutura de concreto armado;

    c) ausncia de detalhes construtivos, como vergas e juntas de

    dessolidarizao;

    d) assentamento sobre superfcie contaminada;

    e) expanso por umidade;

  • 31

    f) uso de argamassa colante com tempo em aberto vencido;

    g) mau espalhamento da argamassa colante;

    h) impercia no processo (APOSTILA DE PATOLOGIA UNISINOS).

    A Figura 7 mostra as juntas necessrias para um melhor desempenho

    das fachadas com revestimentos cermicos.

    Figura 7 - Juntas necessria para um melhor desempenho das fachadas revestidas com cermicas

    Fonte: Apostila de Patologia UNISINOS (2010)

    2.3 FISSURAS

    A fissura, alm de comprometer a vida til da edificao, tambm pode

    causar algum tipo de desconforto psicolgico para seu usurio.

    Segundo Thomaz (2001), a conjuntura socioeconmica de pases em

    desenvolvimento, assim como o Brasil, tem levado a um ritmo cada vez mais

    acelerado de conduzir as obras, baixo rigor de controle de servios e materiais, e

    baixa qualificao de mo de obra; aliado ao avano tecnolgico, que permitiu

    estudar os materiais de modo mais aprofundado, trabalhando quase sempre no

  • 32

    seu estado limite, combinados com uma arquitetura mais arrojada, com pilares

    esbeltos e estrutura menos contraventada, contribuem para o surgimento de

    fissuras.

    Segundo Paiva e Veiga (1990), as fissuras surgem nos revestimentos,

    por no suportarem as tenses, sendo que as de trao so as mais frequentes,

    devido s seguintes aes:

    a) movimentao do substrato;

    b) acomodamento das fundaes;

    c) variao de temperatura;

    d) vibrao;

    e) reaes qumicas e alteraes fsicas.

    A Figura 8 ilustra esses fenmenos.

    Figura 8 - Elementos atuantes sobre as paredes de edificaes

    Fonte: Grueger (apud GUIMARES; EPITCIO, 1997)

  • 33

    Segundo a NBR 13749/1996 (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS

    TCNICAS - ABNT, 1996), as fissuras podem ser dividias em mapeadas, quando

    se apresentam em formato de mapas, ou fissuras geomtricas, quando

    apresentadas de forma que conseguimos identificar a posio dessa fissura

    (horizontal, vertical ou inclinada), a Tabela 1 mostra a relao entre as fissuras e

    os danos nas edificaes.

    Tabela 1 - Relao entre abertura de fissura e danos nas edificaes

    Fonte: Thornburn e Hutchinson (1985 apud SOAREZ)

    2.3.1 Fissuras Causadas por Movimentaes Trmicas

    Todo elemento de uma edificao, especialmente de faces externas,

    esto sujeitos variao nas suas medidas geomtricas (expanso ou retrao),

    causada pela ao do intemperismos.

    As fissuras de origem trmica podem surgir tambm pelas diferenas de

    movimento entre os materiais constituintes de um componente ou entre regies

    distintas de um mesmo material.

    Segundo Thomaz (2001), as principais movimentaes diferencias

    ocorrem em funo de:

  • 34

    a) unio de materiais com coeficiente de dilatao trmicas diferentes,

    sujeitos ao mesmo intemperismo (por exemplo, movimentaes

    diferenciadas entre o revestimento e um componente do sistema);

    b) exposio de elementos a diferentes solicitaes trmicas naturais

    (por exemplo, cobertura em relao s paredes da edificao);

    c) gradiente de temperatura ao longo de um mesmo componente (por

    exemplo, diferena de temperatura entre a face de uma laje exposta

    ao sol e a face contraria da mesma laje).

    As amplitudes de variao das temperaturas dos componentes de uma

    edificao podem ser bem acentuadas, variando ainda pela natureza do material

    constituinte, posicionamento na edificao e a cor do elemento (Buildin Research

    Establishment apud THOMAZ, 2001).

    Sob efeito da radiao direta do sol, a temperatura de paredes com

    pouca massa entra em equilbrio em perodo inferior a 1 hora, enquanto que para

    paredes muito pesadas estes perodos podem ultrapassar 24 horas (LATTA apud

    THOMAZ, 2001).

    Segundo Yazigi (2002), as fissuras ocorrida nas argamassa devido

    variao trmica so geralmente distribudas e com aberturas bastante

    reduzidas.

    A temperatura superficial da face externa de lajes e de paredes pode ser

    estimada em funo da temperatura do ar (tA), e do coeficiente de absoro

    solar (a), de acordo com a seguinte formulao indicada no Quadro 2 (LATTA

    apud THOMAZ, 2001).

    Quadro 2 - Estimativa da temperatura superficial de lajes e paredes expostas radiao, em F

    Fonte: Thomaz (2001, p. p. 22)

  • 35

    Segue nas Figuras 9 a 10 exemplos de formao de fissuras por

    movimentao trmica.

    Figura 9 - Movimentao da laje de cobertura sob ao da elevao de temperatura

    Fonte: Thomaz (2001, p. p. 23)

    Figura 10 - Propagao das tenses devido aos efeitos trmicos em uma laje de cobertura com bordos vinculados

    Fonte: Thomaz (2001, p. p. 23)

    Normalmente este tipo de movimentao causa fissuras em todo o

    permetro da parede no bordo onde a laje vinculada, a Figura 11 ilustra esta

    situao.

  • 36

    Figura 11 - Fissura por movimentao trmica no permetro da parede onde possui uma laje vinculada

    Fonte: Thomaz (2001, p. p. 25)

    Figura 12 - Destacamento entre alvenaria e estrutura, provocado pelas movimentaes trmicas diferenciais

    Fonte: Thomaz (2001, p. p. 26)

  • 37

    2.4 INFILTRAO

    de conhecimento do meio tcnico que a umidade um dos principais

    viles para a disseminao das manifestaes patolgicas em qualquer tipo de

    construo. Alm de provocar uma degradao acelerada nos diversos

    materiais, como o revestimento argamassado, placas cermicas, pintura entre os

    principais.

    Alm da degradao acelerada da construo, o ambiente mido

    propcio para a propagao de fungos, que podem atuar maleficamente na sade

    de seus habitantes, causando doenas respiratrias e alrgicas e tambm

    constrangimentos psicolgicos.

    Segundo Ripper (1984), somente com a substituio de revestimento

    mido por outro novo com aditivo impermeabilizante no se consegue a

    eliminao da umidade, uma soluo somente de curta durao. O mesmo

    autor afirma que cada caso um caso, e para cada tipo de caso temos um

    sistema correspondente de impermeabilizao.

    Em 1980, o Instituto de Pesquisas Tecnolgicas (IPT) realizou uma

    pesquisa e constatou que nos edifcio com um a trs anos de idade 52% dos

    problemas tpicos deviam-se pela presena de umidade, e no grupo de edifcio

    entre quatro e sete anos os problemas de umidade representou cerca de 86%.

    Em 2004, outro levantamento tambm realizado pelo IPT constatou que

    58% das manifestaes patolgicas de edifcios com um a quatro anos de idade

    eram provenientes de umidade (TCHNE, 2005).

    Segundo Yazigi (2002), existem vrios mecanismos que podem gerar

    umidade nos materiais de construo, sendo os mais importantes os

    relacionados com a absoro dgua:

    a) capilar;

    b) de fluxo superficial ou de infiltrao;

    c) higroscpica;

    d) por condensao.

  • 38

    2.4.1 Por Capilaridade

    Segundo Yazigi (2002), o efeito de capilaridade ocorre devido os

    materiais da construo possurem canais capilares, por onde a gua

    conduzida pela tenso superficial para seu interior, e caso essa gua absorvida

    no seja eliminada pela ventilao, e caso a construo fique em contato direto

    com a umidade, esta ser transportada regularmente para cima.

    Segundo Tchne (2005), o fenmeno de capilaridade tambm pode

    ocorrer em fachadas, no caso de uma lamina dgua na fachada juntamente com

    a ao do vento, que force essa gua contra o revestimento.

    Para evitar esse tipo de problema, importante que o projetista atente

    para algumas questes como: projetar detalhes construtivos e colocao de

    pingadeiras fazendo com que a lamina dgua no escorra pela fachada

    conforme mostrado na Figura 13 e projetar juntas adequadas, evitando a

    fissurao dos componentes.

    Figura 13 - gua escorrendo pelas frestas das pingadeiras causando manchamento

    Fonte: Tchne (2005)

    Os detalhes construtivos como pingadeiras, peitoris, molduras entre

    outros, auxiliam no controle da gua de chuva que escorre pela fachada. As

    partes superiores de muros ou platibandas tm de ser protegidos por cumeeiras

    ou rufos, caso contrrio, a gua acumulada pode escorrer pela fachada ou

    penetrar no interior da parede, pela face superior do elemento.

    Segundo Yazigi (2002), em terrenos com fluxo superficial de gua,

    ocorrer infiltrao pelo fenmeno de capilaridade caso a construo que est

  • 39

    em contato com o solo no receba impermeabilizao vertical adequada. Neste

    tipo de situao interessante a execuo de drenos no terreno.

    Este mesmo tipo de fenmeno pode acontecer nas fachadas, pelo fluxo

    superficial das guas de chuvas.

    A Figura 14 ilustra como a geometria dos detalhes construtivos contribui

    para evitar esse fenmeno.

    Figura 14 - Efeitos da geometria no fluxo de gua superficial

    Fonte: Perez (1988 apud FAGUNDES NETO, 2008)

  • 40

    2.4.2 Higroscpica e por Condensao

    Conforme Yazigi (2002), em ambos os mecanismos a gua absorvida

    na forma gasosa. Na condensao capilar, ocorre umidade de condensao

    abaixo da temperatura de orvalho, criando assim microgotculas na superfcie do

    material. Quanto menor forem os poros do material, maior ser a quantidade de

    condensao produzida, mas no somente a dimenso dos poros que

    influencia, a umidade relativa do ar fundamental para que ocorra essa

    condensao.

    O mecanismo de absoro higroscpica desencadeado pelo ar, pelo

    grau e pelo tipo de salinizao existente no material absorvente. Esse tipo de

    fenmeno mais comum que ocorra nas reas trreas ou subterrneas.

    Segundo Tchne (2005), no caso das fachadas, a umidade geralmente

    proveniente de infiltraes de gua de chuva, podendo ser os pontos mais

    provveis de infiltrao:

    a) nas fissuras, e destacamentos da fachada;

    b) na fissura entre componentes estruturais e paredes de vedao;

    c) nas fissuras horizontais nas paredes do ltimo pavimento, prximo

    laje;

    d) no destacamento do encontro entre as paredes nos casos de juntas

    prumo;

    e) nas frestas na interface entre as esquadrias e a parede da fachada;

    f) nas fissuras no corpo da parede;

    g) nas fissuras nos revestimentos de argamassa.

    2.5 INSPEO E MANUTENO DE FACHADAS

    2.5.1 Inspeo de Fachadas

    inaceitvel do ponto de vista tcnico e financeiro, de que uma

    edificao no tenha um plano de manuteno implantado. Naturalmente, como

    qualquer outro tipo de bem de consumo durvel, a edificao necessita de

    manutenes, tanto preventivas quanto corretivas.

  • 41

    Estudos realizados em diversos pases, para diferentes tipos de edificaes, demonstram que os custos anuais envolvidos na operao e manuteno das edificaes em uso variam entre 1 e 2% do seu custo inicial. Este valor pode parecer pequeno, porm acumulado ao longo da vida til das edificaes chega a ser equivalente ou at superior ao seu custo de construo (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT 2012, p. 2).

    O descaso com os cuidados necessrio de manuteno facilmente

    observado pelo fato de diversas construes serem retiradas de uso muito antes

    de cessar sua vida til.

    Pelo valor consideravelmente relevante, como visto anteriormente, a

    manuteno no deve ser feita de modo casual ou improvisado, ela tem que ser

    encarada com um procedimento tcnico, cuja responsabilidade exige

    capacitao da parte contratada.

    Para que se obtenha um resultado satisfatrio no desempenho da

    edificao, indispensvel que haja planos de manuteno, seguindo uma

    lgica de custo e satisfao do usurio com os resultados alcanados.

    Conforme NBR 5674/2012 (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS

    TCNICAS - ABNT, 2012) define-se inspeo como sendo uma avaliao do

    estado da edificao e de suas partes constituintes, realizada para orientar as

    atividades de manuteno.

    Conforme o Manual de Inspeo Predial IBAPE/SP (2011), as inspees

    prediais podem ser separadas por nveis, que influenciam diretamente no custo

    do servio, pois os nveis so separados conforme a profundidade de inspeo,

    e consequentemente o dimensionamento da equipe necessria para a realizao

    da interveno a ser feita. Segue abaixo os nveis:

    a) nvel 1: identificao das anomalias e falhas aparentes;

    b) nvel 2: vistoria para identificao das anomalias e falhas aparentes,

    podendo ser identificados tambm com o auxilio de instrumentao;

    bem como anlise de documentos tcnicos referentes edificao

    em estudo. Neste nvel de inspeo elaborada por profissional

    habilitado em uma ou mais especialidades;

    c) nvel 3: equivalente aos parmetros definidos para a inspeo de

    NVEL 2, acrescida de auditoria tcnica conjunta ou isolada de

    aspectos tcnicos, de uso ou de manuteno predial empregada no

  • 42

    empreendimento, alm de orientaes para a melhoria e ajuste dos

    procedimentos existentes no plano de manuteno.

    Na maioria dos casos, segundo Fagundes Neto (2008), a contratao se

    dar no Nvel 2, realizada por equipe multidisciplinar, que pode ser composta por

    engenheiro civil ou arquitetos, alm de um engenheiro eletricista e engenheiro

    mecnico, preferencialmente com especialidade em engenharia de segurana.

    O IBAPE/SP (2011) sugere uma rotina de inspeo predial conforme

    Quadro 3, que pode ser til tambm na inspeo de fachadas.

    Quadro 3 - Rotina de inspeo predial

    (continua)

    Determinao do Nvel

    Nivel1

    Nivel2

    Nivel3

    Verificao de documentos existentes

    Docs. Administrativos

    Docs. Tcnicos

    Docs. Manuteno e operao

    Obteno de informaes dos usurios, gestores, administradores ou responsvel pela edificao

    Questionrio de entrevista com os usurios ou responsveis pela edificao, principalmente para reformas

    Inspeo dos tpicos da listagem de verificao

    A listagem dos componentes dos diversos sistemas a serem inspecionado, ser de acordo com a complexidade e tipo de edificao

    Classificao das anomalias e falhas

    Anomalias

    Endgenas

    Exgenas

    Natural

    Funcional

    Falhas

    De planejamento

    De execuo

    Operacionais

    Gerenciais

  • 43

    Quadro 3 - Rotina de inspeo predial

    (concluso)

    Classificao e analise das anomalias e falhas quanto ao grau de risco

    Critico Quando oferece risco a sade, ao meio ambiente, possvel paralizao, desvalorizao acentuada, comprometimento recomenda-se interveno imediata

    Regular

    Perca de funcionalidade, sem prejuzo a operao direta, perda pontual do desempenho (possibilidade de recuperao, deteriorao precoce e pequena desvalorizao, recomenda-se interveno em curto prazo)

    Mnimo

    Pequeno prejuzo esttica, sem probabilidade de ocorrncia de risco critico ou regular do sistema, baixo ou nenhum comprometimento do valor imobilirio, recomenda-se interveno em mdio prazo.

    Ordem de prioridade Recomenda-se que seja em ordem decrescente quanto ao grau de risco

    Indicao das orientaes tcnicas

    Apresentao de forma clara e de linguagem de fcil compreenso para leigos

    Classificao do estado de conservao

    Qualidade de manuteno

    Atende

    No atende

    Atende parcialmente

    Classificao da condio de uso Uso regular

    Uso Irregular

    Recomendaes gerais e de sustentabilidade

    Uso racional dos recursos naturais, preservao do conforto e segurana do usurio, preservao do meio ambiente, consignar medidas de correo e melhorias no que se diz respeito a sustentabilidade

    Responsabilidades O profissional responsvel nica e exclusivamente pelo escopo e pelo nvel de inspeo contratada. Exime o profissional de responsabilidade quando seu projeto no for obedecido pelo contratante

    Fonte: IBAPE/SP (2011)

    2.5.2 Manuteno de Fachadas

    A manuteno a atividade realizada para a conservao ou para sanar

    algum problema apresentado pela edificao, fazendo com que a mesma volte a

    recuperar seu estado inicial de desempenho. indispensvel que a manuteno

    seja feita por profissional habilitado e qualificado para a realizao do servio.

  • 44

    Segundo SINDUSCON-SP, nas manutenes em fachadas de extrema

    importncia que os responsveis tcnicos pelo servio deem especial ateno

    aos seguintes itens de segurana:

    a) sistema de ancoragem dos andaimes suspensos;

    b) ancoragem para cabo-guia;

    c) critrios na escolha, uso e manuteno de cabos de sustentao;

    d) devida e correta utilizao dos EPIs.

    Conforme Fagundes Neto (2008), as chuvas combinadas com ventos

    fortes, conhecidas popularmente como chuvas tocadas vento, so

    extremamente danosas estanqueidade da fachada, pois essa combinao

    acelera o processo de decomposio dos materiais, necessitando assim

    manutenes mais frequentes.

    Segundo o mesmo autor, apesar da pintura ser uma das ultimas etapas

    de uma obra, indispensvel que sua fase seja concebida ainda em projeto,

    atentando para fatores que possam contribuir para uma degradao mais

    acelerada do meio, reduzindo a vida til do sistema.

    A Figura 15 mostra a combinao entre chuvas e vento sobre uma

    fachada.

    Figura 15 - Chuva e vento na fachada de um edifcio

    Fonte: Bauer (1988 apud FAGUNDES NETO, 2008)

    Segundo Uemoto (2002 apud FAGUNDES NETO, 2008), as verificaes

    das condies climticas locais, tendo em vista o regime de chuvas, o grau de

    adversidade da atmosfera e a classificao do nvel de agressividade devem ser

  • 45

    considerados em um projeto de pintura, os Quadros 4 e 5 expressam essas

    consideraes.

    Quadro 4 - Classificao do regime de chuvas

    Fonte: Bauer (1988 apud FAGUNDES NETO, 2008)

    Quadro 5 - Classificao do ambiente quanto agressividade da atmosfera local

    Fonte: Bauer (1988 apud FAGUNDES NETO, 2008)

    A regio demarcada para a extrao das amostras estudadas enquadra-

    se em ambiente de alto regimes de chuvas e de baixa agressividade atmosfrica,

    visto que se trata de uma regio urbana, mas de elevado regime de chuvas.

  • 46

    3 MTODO DE PESQUISA

    Para a obteno das amostras a serem analisadas, primeiramente foi

    demarcada a regio central da cidade de Novo Hamburgo e selecionado

    aleatoriamente 8 ruas do centro da cidade, que so elas: Rua Lima e Silva,

    Mariano de Matos, David Canabarro, Corte Real, Major Luiz Bender, Marechal

    Floriano Peixoto, Quintino Bocaiuva e Lucas de Oliveira e com as fichas de

    coletas de dados, composta por duas planilhas de preenchimento, uma com a

    identificao da edificao, contendo campos como: idade, tipo de revestimento,

    orientao solar, entre outras informaes referentes sua caracterizao, e a

    segunda planilha referente s manifestaes patolgicas encontradas nas

    fachadas daquela edificao conforme podem ser observadas nos anexos, caso

    no apresentassem nenhuma leso, essa segunda ficha no era preenchida.

    A Figura 16 ilustra a demarcao das ruas e as respectivas unidades

    amostradas.

  • 47

    Figura 16 - Distribuio das edificaes analisadas

    Fonte: Google Maps (2012)

    3.1 AMOSTRAGEM

    A populao de interesse so as fachadas dos edifcios de uso

    residencial, comercial e misto que estavam inclusas nas ruas em estudo.

    Para as edificaes de esquina, foi considerada pertencente rua em

    anlise, somente aquela edificao em que a fachada principal, estava voltada

    para a rua em estudo.

    3.2 OBTENO DE INFORMAES REFERENTES EDIFICAO

    Para obter as informaes referentes idade da edificao, foi feito

    entrevista com os moradores ou responsvel pela edificao que se encontrava

    presente na hora da visita, geralmente as respostas eram fornecidas pelo

  • 48

    zelador ou porteiro do prdio, que enquadrava a edificao em um dos grupos de

    idade.

    Para obter a orientao solar correta, foi utilizada uma bssola digital e

    feita a conferncia com o mapa da cidade.

    Somente foram utilizados os pontos cardeais, deixando os colaterais de

    fora, caso uma fachada apontasse a direo nordeste, era classificada pela

    maior inclinao que se dava entre os dois pontos cardeais, norte ou leste e

    assim para as demais posies. A fachada principal foi a responsvel pelo

    enquadramento da posio solar.

    A altura da edificao foi feita de forma visual, contando o hall de entrada

    como pavimento, separando-os em quatro grupos: at 5 pavimentos, de 5 a 10

    pavimentos, de 10 a 15 pavimentos e mais de 15 pavimentos.

    Para a finalidade da classificao da edificao em residencial, comercial

    ou mista foi de forma visual, quando se tinha dvida, era solicitado a algum

    morador do prdio, ou algum trabalhador da portaria.

    Quanto ao material de revestimento, a classificao foi de forma visual,

    conforme conhecimento do autor deste trabalho. Nos casos em que as fachadas

    eram compostas por mais de um tipo de revestimento, foram marcados todos os

    revestimentos que compunham a fachada.

    Os materiais de que eram constitudas as paredes no foram

    considerados, devido a dificuldade de se obter as informaes confiveis do real

    material que foi utilizado, por este motivo optou-se por no introduzi-lo neste

    trabalho.

    3.3 ESTADO DE CONSERVAO

    Para mensurar o estado de conservao das fachadas, foram criados

    quatro divises conforme a quantidade de leses ou pelo risco que essa leso

    oferece a edificao, acelerando o processo degradativo do material e

    diminuindo sua vida til, ficando distribudo da seguinte forma:

    a) 1 - muito bom: quando a fachada da edificao no possui problema

    patolgicos visvel, fachada totalmente ntegra;

    b) 2 - bom: quando a fachada apresenta at duas manifestaes

    patolgicas que no comprometam de uma forma grave seu

  • 49

    desempenho e esttica, como manchas ou pintura com sua cor

    original levemente desmerecida;

    c) 3 - regular: quando a fachada apresentar at trs manifestaes

    patolgicas com localizao pontual ou generalizada, desde que esta

    anomalia no comprometa de forma significativa o desempenho da

    edificao;

    d) 4 - ruim: quando a fachada apresenta mais de trs manifestaes

    patolgica, independente da localizao que ocorra a leso.

    O quadro 6 ilustra a classificao das fachadas quanto seu estado de

    conservao e seus critrios para o enquadramento.

    Quadro 6 - Critrios para estado de conservao das fachadas

    ESTADO DE CONSERVAO

    QUANTIDADEMXIMA DE LESES

    DISTRIBUIO GRVIDADE DA LESO

    Muito Bom Sem nenhuma leso ------- -------

    Bom at 2 Pontual com necessidade de manuteno em mdio

    prazo Baixa

    Regular 2 a 3

    Pontual ou generalizada com necessidade de

    manuteno em mdio prazo

    Baixa - mdia

    Ruim 3 ou mais Pontual ou generalizada

    necessidade de manuteno imediata

    Alta

    Fonte: Elaborado pelo autor

  • 50

    Figura 17 - Edificao em estado de conservao muito bom, sem nenhuma leso visvel

    Fonte: Pesquisa do autor

  • 51

    Figura 18 - Edificao em bom estado de conservao apenas uma leso

    Fonte: Pesquisa do autor

    Figura 19 - Edificao em estado de conservao regular, 2 leses

    Fonte: Pesquisa do autor

    Manchas e organismo

    Fissura tipo mapeamento

    Manchas e organismo

  • 52

    Figura 20 - Edificao em estado de conservao ruim, 3 leses

    Fonte: Pesquisa do autor

    Desplacamento do revestimento

    argamassado

    Manchas e organismo

    Fissura horizontal

  • 53

    4 ANLISE DOS RESULTADOS REFERENTES S AMOSTRAS

    Aps registrar os resultados obtidos in loco das inspees das fachadas

    para uma planilha eletrnica, foram gerados grficos que contivessem

    informaes relevantes para uma futura interpretao de resultados.

    Quanto distribuio das edificaes nos grupos de idade, percebe-se

    uma concentrao maior nas edificaes enquadradas no perodo anterior a

    1980, de acordo com a Tabela 2.

    Tabela 2 - Quantidade de edificaes separada por grupo de idades

    IDADE DA EDIFICAO QUANTIDADE DE EDIFICAES

    Anterior a 1980 12

    1981 a 1990 4

    1991 a 2000 4

    2001 a 2010 6

    No disponvel 6

    Fonte: Elaborado pelo autor

    4.1 ORIENTAO SOLAR

    Conforme demonstra a figura 21 a predominncia de fachadas voltadas

    para as posies norte e sul se deu pelo motivo de que as ruas de onde se foi

    extrada as amostras, so predominantemente ruas no sentido leste-oeste ou

    vice-versa.

    Figura 21 - Distribuio das edificaes quanto a orientao solar

    Fonte: Elaborado pelo autor

  • 54

    Cabe salientar que foram consideradas somente quatro posies

    possveis (norte, sul, leste, oeste), considerando as fachadas voltadas para os

    pontos colaterais, pertencentes ao quadrante que estava mais prximo.

    4.2 TIPO DE REVESTIMENTO

    Quanto ao tipo de revestimento, o mais frequente foi a pintura, portanto

    conveniente frisar que devido alguns edifcios terem suas fachadas compostas

    por mais de um tipo de revestimento, a soma das amostras estudadas menor

    do que a soma dos tipos de revestimento. A Figura 22 mostra a quantificao

    dos revestimentos das fachadas amostradas e na Figura 23, uma amostra de

    edificao com mais de um tipo de revestimento.

    Figura 22 - Revestimento das fachadas da amostra

    Fonte: Elaborado pelo autor Revestimento a base de mineral modo (mrmore ou granito), misturado com algum tipo de resina acrlica, em alguns casos podem ser agregadas com argamassa de cimento e areia.

  • 55

    Figura 23 - Fachada da edificao composta por mais de um tipo de revestimento

    Fonte: Pesquisa do autor

    4.3 QUANTIDADE DE PAVIMENTOS

    Quanto quantidade de pavimentos, a amostra apresentou na maioria

    das vezes edificaes de baixa estatura, liderada pelas edificaes com at 5

    pavimentos, ocorrendo em 18 casos, e em 2 lugar ficou as edificaes entre 6 e

    10 pavimentos, ocorrendo em 10 casos e edificaes de 11 a 15 pavimentos,

    ocorrendo em 4 casos. A Figura 24 ilustra a proporo de edificaes de baixa

    estatura (at 10 pavimentos) e edificaes altas (mais de 10 pavimentos).

    Figura 24 - Nmero de pavimentos das edificaes amostradas

    Fonte: Elaborado pelo autor

  • 56

    4.4 ESTADO DE CONSERVAO

    Cabe salientar que o estado de conservao e as demais analise refere-

    se somente s fachadas da edificao, no se aplicando aos demais

    componentes do prdio.

    A distribuio do estado de conservao das fachadas mostrou-se bem

    desfavorvel no quesito estado de conservao muito bom, que era a edificao

    que no contivesse manifestao patolgica. A Figura 25 mostra esta diferena.

    Figura 25 - Percentual de prdios ntegros e com algum tipo de manifestao patolgica

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Como demonstrado na Figura 25, esta amostra possua 82% das

    fachadas analisadas com algum tipo de manifestao patolgica, o que

    corresponde a 26 edifcios com algum tipo de leso, dentre os 32 analisados.

    Desses 26 edifcios lesionados, 16 edificaes esto enquadradas no

    estado de conservao bom, isso quer dizer que essas edificaes necessitaro

    de uma manuteno corretiva em mdio prazo, visto que as edificaes

    enquadradas nesta classificao apresentam alguma leso sem risco eminente

    de interditar a edificao ou uma acentuada desvalorizao do imvel.

    O grfico da Figura 26 mostra as leses mais frequentes nas edificaes

    classificadas como em bom estado de conservao.

  • 57

    Figura 26 - Leses mais frequentes nas edificaes classificadas como em bom estado de conservao

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Apesar de algumas leses serem graves, a ao danosa da leso

    reduzida, pois a incidncia dela localizada, o que facilita a terapia para o

    tratamento destas, no se espalhando ao resto da fachada.

    4.5 APRESENTAO, ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS

    Com a coleta de informaes j concluda, e com os resultados lanados

    em planilhas especificas, partiu-se para o agrupamento de resultados,

    separando-os por grupos de interesse.

    4.6 ANALISE DAS MANIFESTAES PATOLGICAS MAIS FREQUENTES

    Pelo resultado obtido com a coleta de dados das amostras, percebe-se

    que a leso fissura a manifestao patolgica mais recorrente, seguida de

    manchas e microrganismo, descolamento em placas entre outras, conforme

    Figura 27.

    Optou-se por analisar as manifestaes patolgicas que aparecessem no

    mnimo em 7 casos, ficando as seguintes manifestaes patolgicas analisadas:

  • 58

    Fissuras 20 casos, manchas e microrganismos 15 casos e descolamento

    em placas que apareceu em 7 casos.

    Figura 27 - Distribuio das manifestaes patolgicas

    Fonte: Elaborado pelo autor

    4.6.1 Locais com maior incidncia de manifestaes patolgicas

    Os locais mais frequentes de ocorrncia de algum tipo de manifestao

    patolgica so as sacadas, pano cego, platibanda e marquise conforme figura

    28.

  • 59

    Figura 28 - Elemento construtivo onde ocorrem as leses.

    Fonte: Elaborado pelo autor

    conveniente salientar que as inspees foram feitas de forma visual,

    no sendo analisada a parte superior das marquises, que o local mais provvel

    para o surgimento de fissuras, pois esta a regio tracionada do elemento

    construtivo.

    O elemento construtivo onde mais ocorreram manifestaes patolgicas

    foi nas sacadas, sendo responsvel por aproximadamente 30% dos casos

    analisados.

    4.6.2 Fissuras

    Segundo Veroza (1991), as fissuras so um dos defeitos mais comum

    nas alvenarias, seja elas de tijolos cermicos, pedras ou blocos de cimento.

    Conforme Chad (1979 apud THOMAZ, 1989, p. 151): [...] uma causa

    pode provocar diversas configuraes de fissura e uma configurao pode ser

    representativa de diversas causas. No raras vezes observam-se trincas

    originadas por uma somatria de causas, [...].

  • 60

    Nas 32 amostras coletadas, 15 prdios apresentaram fissuras. A fissura

    horizontal apareceu em 13 amostras analisadas, o mapeamento em 6 casos e a

    fissura vertical em 1 caso, conforme ilustrado no grfico da Figura 29.

    Para efeito de clculo, cabe salientar que 1 edifcio apresentou os 3 tipos

    de fissuras (horizontal, vertical e mapeamento), 3 edifcios apresentaram 2 tipos

    de fissuras (horizontal e mapeamento) e 11 edifcios apresentaram 1 tipo de

    fissura (ou horizontal ou mapeamento), conforme apresentado na Tabela 3.

    Tabela 3 - Prdios lesionados por fissuras

    TIPOS DE FISSURAS QUANTIDADE DE EDIFICAES COM

    INCIDNCIA DE FISSURAS NAS FACHADAS

    Horizontal, vertical e mapeamento 1

    Horizontal e mapeamento 3

    Somente horizontal 9

    Somente mapeamento 2

    TOTAL 15

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Figura 29 - Tipos de fissuras mais frequentes

    Fonte: Elaborado pelo autor

  • 61

    Figura 30 - Proporo entre os tipos de fissuras encontrados nas amostras

    Fonte: Elaborado pelo autor

    As Figuras 31 a 34 ilustram alguns casos ocorrido nas amostra

    estudadas.

    Figura 31 - Fissura horizontal provocada pela dilatao da laje

    Fonte: Pesquisa do autor

    Segundo Thomaz (1989), a dilatao das lajes por consequncia do

    aquecimento solar, faz com que surjam tenses de trao, sendo que no centro

    da laje essas tenses so nulas, sendo crescentes no sentido dos bordos das

  • 62

    lajes, fazendo com que essa, faa surgir foras de cisalhamento ao elemento

    vinculado paralelamente, acarretando o surgimento de fissuras nas paredes no

    sentido longitudinal da laje, conforme ilustrado na Figura 31.

    Figura 32 - Fissura horizontal nas sacadas do edifcio

    Fonte: Pesquisa do autor

    As causas dos surgimentos de fissuras so de difcil constatao, pois

    como visto anteriormente na reviso bibliogrfica um tipo de fissura pode ter

    diversas causas e formatos diferentes.

    Conforme Thomaz (1989), os detalhes construtivos quando mal

    projetados ou mal executados podem contribuir para o surgimento de fissura.

    de extrema importncia avaliar quando a fissura surgiu, para que dessa forma se

    avalie com maior confiabilidade o motivo de seu surgimento, a Figura 32 ilustra

    um exemplo de fissura causada provavelmente pela gua que escorre por entre

    o rejuntamento da pea cermica da pingadeira, fazendo com que a gua infiltre

    na argamassa de revestimento, provocando expanso do material, resultando no

    surgimento de fissuras.

    Outro motivo que pode ter originado essas fissuras a diferena do

    coeficiente de dilatao trmica entre o concreto e a argamassa de revestimento.

  • 63

    Figura 33 - Fissura do tipo mapeamento

    Fonte: Pesquisa do autor

    Fissura do tipo mapeamento pode ser provocada por diversos fatores,

    segundo Thomaz (1989, p. 115), A retrao das argamassas aumenta com o

    consumo de aglomerante, com a porcentagem de finos existente na mistura e

    com o teor de gua de amassamento e muitos outros fatores. Alm desses

    fatores intrnsecos, diversos outros estaro influenciando na formao ou no de

    fissuras de retrao nas argamassas de revestimento: aderncia com base,

    nmero de camadas aplicadas, espessura das camadas, tempo decorrido entre a

    aplicao de uma outra camada, rpida perda de gua durante o endurecimento

    por ao intensiva de ventilao e/ou insolao etc..

    Na amostra estudada, se obteve 6 casos de fissuras do tipo

    mapeamento.

  • 64

    Figura 34 - Fissura vertical no detalhe da fachada do edifcio

    Fonte: Pesquisa do autor

    Nas amostras analisadas, ocorreu somente 1 caso de fissura vertical,

    essa leso foi registrada em alguns detalhes em concreto armado, nos contornos

    dos vos das janelas de um nico prdio, conforme ilustrado na Figura 34.

    Possivelmente esta leso aconteceu pela oxidao da armadura,

    conforme Thomaz (1991, p. 124),

    as reaes de corroso, independente de sua natureza, produzem xido de ferro, cujo volume muitas vezes maior do que o original de metal. Essa expanso provoca o fissuramento e o lascamento do (spalling) do concreto nas regies prximas s armaduras [...].

    A idade das edificaes lesionada por fissura ficou conforme ilustrado na

    Figura 35.

  • 65

    Figura 35 - Distribuio por grupo de idade das edificaes com incidncia de fissuras nas fachadas

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Possivelmente uma das provveis causas das fissuras encontradas nas

    fachadas amostradas, pode ser devido idade das edificaes, j que 67% das

    amostras com idade conhecida so construes anteriores a 1980 e que com a

    falta de um plano de manuteno, pode ter contribudo para a perda de seu

    desempenho, reduzindo a vida til de projeto (VUP), que de aproximadamente

    25 anos para revestimentos argamassados pintados a cada 5 anos.

    Como visto anteriormente na reviso bibliogrfica, as fissuras podem ser

    uma porta de entrada para a umidade, que com o passar do tempo podem

    catalisar o surgimento de outras manifestaes patolgicas, como

    esfarelamento, desplacamento, infiltraes entre outras.

    Separando por grupo de idade os prdios lesionados por fissuras,

    constata-se que 50% das edificaes com idade anterior a 1980 possuem este

    tipo de leso, sendo o percentual mais alto (nos quais as idades so

    conhecidas), a Figura 36 ilustra esta situao.

  • 66

    Figura 36 - Comparativo entre total de prdios e prdios com incidncia de fissuras nas fachadas, separados por grupo de idade

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Figura 37 - Orientao solar das edificaes lesionadas por fissuras

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Como visto anteriormente a orientao solar sul mais suscetvel ao

    recebimento das adversidades climticas, chuvas, ventos, etc.

  • 67

    Uma das causas de fissuramento de alguns componentes da construo

    civil a variao dimensional do substrato atingido por umidade, conhecido no

    meio tcnico com movimentao higroscpica.

    Segundo Thomaz (1989, p. 33), durante a vida da construo, as faces

    de seus componentes voltadas para o exterior podero absorver quantidades

    considerveis de gua de chuva ou, em algumas regies, at mesmo de neve.

    Tambm a umidade presente no ar pode ser absorvida pelos materiais de

    construo, quer sob a forma de vapor, quer sob a forma de gua (condensao

    do vapor sobre as superfcies mais frias da construo).

    Quando analisados pelo grupo de altura, percebe-se que as edificaes

    com at 5 pavimentos, so mais afetadas por este tipo de leso, a Figura 38

    ilustra esta situao.

    Figura 38 - Orientao solar das edificaes lesionadas por fissuras

    Fonte: Elaborado pelo autor

    O fator altura provavelmente no o fator decisivo para o surgimento

    deste tipo de leso, apesar do estudo mostrar que 61% das edificaes com at

    5 pavimentos apresentaram esta manifestao patolgica, esta semelhana se

    deu pelo motivo de que as edificaes baixas so as edificaes mais antigas.

  • 68

    A figura 39 ilustra o comparativo entre total de prdios e prdios com

    incidncia de fissuras, separados pelo estado de conservao.

    Figura 39 - Comparativo entre total de prdios do grupo e prdios com incidncia de fissuras, separados por estado de conservao

    Fonte: Elaborado pelo autor

    A distribuio das leses quando separada as amostras por estado de

    conservao, percebe-se que esta manifestao patolgica esta presente em

    todas as 3 classificaes (bom, regular ruim), isto provavelmente pelo motivo,

    como vista anteriormente nas revises bibliogrficas, que a fissura pode ser uma

    porta de entrada para a umidade e esta age como um agente catalisador das

    leses.

    4.6.3 Manchas e microrganismos

    Conforme visto na reviso bibliogrfica, as manchas e fungos so

    causados por agentes biolgicos, que entre outros fatores, necessitam

    primordialmente, de um ambiente mido para se desenvolver.

    Esse tipo de manifestao patolgica ocorreu em 15 amostras dos 32

    prdios analisados que corresponde a 48% do total das amostras.

    Quando analisados pela idade da edificao, percebemos que 67% das

    edificaes com idade entre 2001 e 2010, apresentaram este tipo de leso, a

  • 69

    Tabela 4 e a Figura 40 ilustram a quantidade e o percentual, respectivamente,

    dos prdios lesionados por manchas e organismos.

    Tabela 4 - Quantidade de edificaes lesionadas por manchas e microrganismos, separados por grupo de idade

    IDADE DA EDIFICAO QUANTIDADE DE EDIFICAES

    LESIONADAS POR MANCHAS E ORGANISMO

    Anterior a 1980 5

    1981 a 1990 1

    1991 a 2000 2

    2001 a 2010 4

    No disponvel 3

    TOTAL 15

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Figura 40 - Comparativo entre quantidade total de prdios e prdios lesionados por manchas e microrganismos, separados por grupo de idade

    Fonte: Elaborado pelo autor

    O grfico da Figura 39, sugere que este tipo de leso no depende da

    idade da edificao, podendo ocorrer em edificaes com menos idade e em

    edificaes mais antigas, ficando mais tendencioso a acreditarmos que a

    orientao solar um fator mais decisivo para o surgimento deste tipo de

    manifestao patolgica, conforme ilustrado na Figura 40.

  • 70

    A Figura 41 ilustra a quantidade e o percentual dos prdios lesionados

    por manchas e microrganismos, separados pela orientao solar.

    Figura 41 - Comparativo entre total de prdios e prdios com incidncia de manchas e microrganismo, separados pela orientao solar

    Fonte: Elaborado pelo autor

    A Figura 41 mostra que 73% dos prdios voltados para sul, apresentaram

    este tipo de leso, contra 27% dos prdios voltados para o Norte.

    As fachadas orientadas para o sul recebem maior quantidade de umidade

    provenientes de chuvas e da prpria atmosfera, o que certamente, junto com

    outros fatores contribuiu para o surgimento deste tipo de leso.

    Outro fator que pode ter contribudo para o surgimento desta leso so

    os detalhes executivos mal projetados, que no cumprem com sua funo de

    controlar e afastar das fachadas das edificaes as laminas dguas

    provenientes das chuvas, que percolam pela mesma.

    As Figuras 42 e 43 ilustram com fotos, algumas edificaes amostradas,

    que ocorreram esta manifestao patolgica.

  • 71

    Figura 42 - Prdio com manifestaes patolgicas de manchas e microrganismos

    Fonte: Pesquisa do autor

  • 72

    Figura 43 - Prdio com incidncia de manifestaes patolgicas de manchas e microrganismos

    Fonte: Pesquisa do autor

    Fachadas revestidas com argamassas comuns ou especiais devem

    receber antes da pintura um fundo impermevel, exceto no caso de argamassas

    prontas para revestimentos externos que j contenham aditivos

    impermeabilizantes. bastante recomendvel a aplicao deste tipo de pintura

    impermevel tambm nos revestimentos de fachadas com argamassas especiais

    decorativas, para evitar que depois de certo tempo, a fachada escurea e fique

    com o aspecto desagradvel de construo velha (RIPPER, 1984, p. 47-48).

    A Tabela 5 a relao de edifcios analisados, onde foi constatada a

    presena de manchas e microrganismos, separados por grupo de altura.

    Tabela 5 - Prdios com incidncia de manchas e microrganismos, separados por grupo de altura.

    ALTURA DA EDIFICAO QUANTIDADE DE EDIFICAES COM INCIDENCIA DE MANCHAS E MICRORGANISMO

    At 5 pavimentos 7

    De 6 a 10 pavimentos 6

    De 11 a 15 pavimentos 2

    TOTAL 15

    Fonte: Elaborado pelo autor

  • 73

    Os prdios de baixa estatura foram os mais atingidos por esta

    manifestao patolgica, provavelmente por serem prdios mais antigos, que

    sem as devidas manutenes peridicas, como limpeza das fachadas com

    hidrojateamento e renovao da pintura, podem ter influenciado no surgimento

    desta manifestao patolgica.

    Figura 44 - Percentual de prdios com incidncia de manifestaes patolgicas de manchas e microrganismos, separados por grupo de altura.

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Conforme Veroza (1991), este tipo de leso mais prejudicial esttica

    da edificao, que em casos mais acentuados podem acarretar uma acelerada

    desvalorizao do bem.

    Tabela 6 - Prdios com incidncia de manchas e microrganismos, separados por estado de conservao

    ESTADO DE CONSERVAO QUANTIDADE DE EDIFICAES COM

    INCIDENCIA DE MANCHAS E MICRORGANISMO

    Bom 8

    Regular 5

    Ruim 2

    TOTAL 15

    Fonte: Elaborado pelo autor

  • 74

    Figura 45 - Comparativo entre total de prdios do grupo e prdios com incidncia de manchas e microrganismos, separados por estado de conservao

    Fonte: Elaborado pelo autor

    4.6.4 Descolamento em Placas

    A leso descolamento em placas foi a terceira leso mais recorrente nas

    amostras analisadas, ocorrendo em 7 casos analisados, neste trabalho, entende-

    se por descolamento em placa, o desprendimento em partes coesas da

    argamassa de revestimento ou o desprendimento de placas cermicas ou

    plaquetas das fachadas das edificaes.

    Segundo Veroza (1991), esta manifestao patolgica pode ter diversas

    causas, podendo ocorrer devido a umidade por infiltraes, por trao muito

    pobre ou muito rico em aglomerante da argamassa de revestimento, pela

    presena de magnsio na cal, pela falta de chapisco, entre outras.

    Quanto ao revestimento cermico, conforme Campante e Baa (2003, p.

    88), os destacamentos so caracterizados pela perda de aderncia das placas

    cermicas do substrato, ou da argamassa colante, quando as tenses surgidas

    nos revestimentos cermicos ultrapassam a capacidade de aderncia das

    ligaes entre placas cermicas e argamassa colante e/ou emboo.

    Esta manifestao patolgica ocorreu em 7 casos, conforme ilustrado

    pela Tabela 7.

  • 75

    Tabela 7 - Prdios lesionados descolamento em placas

    TIPOS DE DESPLACAMENTO QUANTIDADE DE EDIFICAES

    LESIONADAS POR DESPLACAMENTO

    Descolamento do revest. Argamassado 4

    Descolamento de cermicas ou plaquetas 3

    TOTAL 7

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Quando analisado esta mesma manifestao patolgica, pelo grupo de

    idade, percebe-se que esta leso esta presente em quase todos os grupos,

    conforme ilustrado pela Figura 46.

    Figura 46 - Comparativo entre total de prdios e prdios com incidncia de descolamento em placas

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Quanto orientao solar novamente as edificaes orientadas para o

    sul foram as mais atingidas, conforme mostrado na Tabela 8 e Figura 47.

  • 76

    Tabela 8 - Quantidade de edificaes lesionadas por descolamento em placas, separadas pela orientao solar.

    ORIENTAO SOLAR QUANTIDADE DE EDIFICAES

    LESIONADAS POR DESCOLAMENTO EM PLACAS

    Norte 3

    Sul 4

    TOTAL 7

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Figura 47 - Orientao solar das edificaes com incidncia de descolamento em placas.

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Quando analisado pela orientao solar, novamente as edificaes

    orientadas para o sul so as mais prejudicadas certamente por fatores climticos

    mais desfavorveis, conforme visto na reviso bibliogrfica.

  • 77

    5 CONCLUSES

    Ao trmino dos lanamentos de dados referente s manifestaes

    patolgicas encontradas nas amostras analisadas, constata-se que as

    edificaes com orientao solar sul, foram mais suscetveis s manifestao

    patolgica. Nas 3 manifestaes patolgicas analisadas, (fissuras, manchas e

    microrganismos e descolamento em placas), 65% dos casos so de edificaes

    voltadas para orientao solar sul.

    As edificaes consideradas de baixa estatura (at 10 pavimentos) foram

    as que contiveram as maiores incidncia de manifestaes patolgicas,

    provavelmente por serem edificaes mais antigas e que com a falta de

    manutenes peridicas adequadas, favoreceu o surgimento das leses.

    As incidncias de manchas e microrganismos poderiam ter sido

    reduzidas significativamente se as edificaes contivessem detalhes construtivos

    bem projetados que afastasse de suas fachadas o fluxo dgua, mostrando como

    importante que as edificaes tenham projetos especficos de fachadas, onde

    o projetista especifique o tipo de material, os detalhes construtivos e o

    revestimento que cada edifcio receber.

    Os elementos construtivos onde mais ocorreram manifestaes

    patolgicas foram as sacadas, platibandas, panos cegos e as marquises

    respectivamente.

    As sacadas provavelmente tiveram maior incidncia de manifestaes

    patolgicas por serem elementos construtivos em balano, que com a falta de

    manuteno peridica pode ter contribudo para o surgimento dessas leses,

    juntamente com este fator, a inobservncia de pingadeiras ou o mau

    rejuntamento das peas cermicas contriburam para tal.

    As platibandas tiveram grandes incidncias de fissuras horizontais em

    seus contornos, provavelmente causados pela variao dimensional da laje de

    cobertura que esta mais exposta a grandes amplitudes trmicas.

    Os panos cegos foram os mais afetados por todos os tipos de

    manifestaes patolgicas.

    As marquises, apesar de estarem entre os elementos construtivos onde

    se constatou incidncia de manifestaes patolgicas, (4 casos), essas ainda

    apresentam resultados satisfatrios de conservao, pois a nicas manifestao

  • 78

    patolgica encontrada ne