malteria - ufrn: página inicial · outro fator incentivador desta linha de atuação na...
TRANSCRIPT
M A LT E R I A
M A LT E R I AEstruturas transitórias aplicadas ao projeto de uma micro cervejaria
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - Luiza de Melo 2010034082 -
Malteria Estruturas transitórias aplicadas ao projeto de uma micro cervejaria NATAL, NOVEMBRO DE 2016
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DOR IO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - Malteria: Estruturas transitórias aplicadas ao projeto de uma micro cervejaria -
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do titulo de Arquiteto e Urbanista.
Autora: Luiza de Melo Silva Orientadora: Profa. Dra. Glauce Lilian Alves de Albuquerque
NATAL, NOVEMBRO DE 2016
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.
Silva, Luiza de Melo.
Malteria: estruturas transitórias aplicadas ao projeto de uma micro
cervejaria / Luiza de Melo Silva. – Natal, RN, 2016.
88f. : il.
Orientadora: Glauce Lilian Alves de Albuquerque.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura.
1. Projeto arquitetônico – Cervejaria – Monografia. 2. Arquitetura
itinerante – Monografia. 3. Arquitetura pré-fabricada – Monografia.
4. Modulação – Monografia. 5. Sustentabilidade – Monografia.
6. Flexibilidade – Monografia. I. Albuquerque, Glauce Lilian Alves de.
II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE15 CDU 72.012.1
Luiza de Melo Silva - Malteria: Estruturas transitórias aplicadas ao projeto de uma micro cervejaria Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do grau em Arquiteta e Urbanista. Aprovado em 07/12/2016.
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Glauce Lilian Alves de Albuquerque
ORIENTADORA
Leila Araujo Guilhermino
AVALIADOR INTERNO - UFRN
Arq. Concita Araújo
AVALIADOR EXTERNO – ARQUITETA E URBANISTA
Aos meus pais, Carlos e Vera.
AGRADECIMENTOS
Espero fazer jus a todos aqueles que contribuíram na minha caminhada ate aqui, felizmente, tenho muito a agradecer. Primeiramente, aos meus pais, Carlos e Vera, que tanto me deram suporte, posso ate dizer que se fizeram arquitetos juntos comigo. Aos professores do departamento de arquitetura da UFRN, pelos ensinamentos dentro de sala de aula e pela amizade construída fora dela. A presidenta Dilma Rousseff pela fonte de inspiração e a oportunidade de participar do programa Ciências Sem Fronteiras. Aos professores da Leeds Beckett University, em especial Hikaru Nissanke, Jon Lopez e Teresa Stoppani, por acreditarem em mim ate mais do que eu mesma. A meus amigos boêmios, turma em que ingressei no curso e sem a qual não teria chegado ate aqui. Fonte inesgotável de apoio, companheirismo e boas risadas. A minhas queridas amigas do intercâmbio, que mesmo estando longe muito contribuíram para a minha formação. A turma nova, pela cumplicidade e união. A seu Mário, pelo café e boa companhia. Ao galinheiro, minha casa durante quase sete anos e meus amigos de corredores Manuela, Fernanda, Cleyton, Marcelle, Marcela, Fernando e outros muitos. A Renato e Dmetryus, simplesmente me faltam palavras.
A Rita, por tornar o que seriam as semanas mais difíceis da graduação em dias agradáveis de trabalho em boa companhia, café e cigarros.
“Adaptar ou perecer, agora e sempre, é o imperativo
inexorável da natureza”
(Herbert George Wells)
3
RESUMO SILVA, Luiza de Melo. Malteria: Estruturas transitórias aplicadas ao projeto de uma micro cervejaria. 2016. Trabalho final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.
A presente pesquisa, submetida como trabalho final de graduação,
desenvolvido na área de projeto de Arquitetura e Tecnologia da Construção,
tem como objetivo geral, desenvolver um projeto de uma edificação pré-
fabricada e adaptável à realidade urbana, do ponto de vista cultural, social,
econômico e climático, aliando a tecnologia da arquitetura transitória aos
princípios da arquitetura industrial. Seu caráter flexível permite expansão,
contração, reconfiguração e de certo modo o deslocamento, no entanto, para
o exercício projetual, o universo de estudo abrange a região metropolitana da
cidade de Natal, Rio Grande do Norte. A proposta foi realizada a partir de um
embasamento teórico-conceitual sobre o tema, aliado aos estudos de
referência. O resultado final é o desenvolvimento de um sistema construtivo
desmontável para uma edificação onde será implantada uma cervejaria de
pequeno porte, cujas diretrizes projetuais são a flexibilidade, a modulação, a
adaptação e a possibilidade de reutilização de materiais. Seguindo estes
conceitos, o sistema proposto é uma combinação da estrutura de aço e painéis
de madeira plástica, solução que busca leveza e a praticidade, assim como a
disponibilidade destes materiais na região, visando também o seu desmonte e
remonte. Pretende-se com esta pesquisa contribuir para o processo de
divulgação de técnicas construtivas alternativas e de baixo impacto ambiental.
Palavras-Chave: Arquitetura itinerante; Arquitetura pré-fabricada; Cervejaria; Modulação; Sustentabilidade; Flexibilidade.
4
ABSTRACT SILVA, Luiza de Melo. Malteria: Estruturas transitórias aplicadas ao projeto de uma micro cervejaria. 2016. Trabalho final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016. The present research, submitted as a final graduation work, developed in the
area of Architecture and Technology of Construction project, has as general
objective, developing a project of a prefabricated building and adaptable to
urban reality, from the cultural, social, economic and climatic point of view,
combining transient architecture technology with the principles of industrial
architecture. Its flexible nature, enables expansion, contraction, reconfiguration
and in a certain way displacement, however, moving towards the design
exercise, the universe of study encompasses the metropolitan region of the city
of Natal, Rio Grande do Norte. The proposal was made based on a theoretical-
conceptual basis on the theme, along with the reference studies. The final
result is the development of a collapsible construction system for a building
where a small brewery will be implanted, whose design guidelines are
flexibility, modulation, adaptation and the possibility of reuse of materials.
Following these concepts, the proposed system is a combination of steel
structure and plastic wood panels, a solution that seeks lightness and
practicality, as well as the availability of these materials in the region, also
aimed at dismantling and remounting. It is intended with this research to
contribute to the process of dissemination of alternative construction
techniques and low environmental impact.
Keywords: Traveling architecture; Prefabricated architecture; Brewery;
Modulation; Sustainability; Flexibility.
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 MICRO CERVEJARIA 16 FIGURA 2 ESQUEMA DO PROCESSO DE FABRUCAÇAO DE CERVEJA 18 FIGURA 3 CERVEJARIA SURLEY BREWING 19 FIGURA 4 VISTA PARA A PRAÇA DA CERVEJARIA 20 FIGURA 5 AREA DE DEGUSTAÇAO COM AREA DE PRODUÇAO AO FUNDO 21 FIGURA 6 DECK EXTERNO 21 FIGURA 7 PLANTA BAIXA PAVIMENTO TERREO MODIFICADA PELA AUTORA 22 FIGURA 8 PLANTA DO SEGUNDO PAVIMENTO MODIFICADA PELA AUTORA 22 FIGURA 9 VISTA DO DECK SUPERIOR 23 FIGURA 10 RESTAURANTE SUPERIOR 23 FIGURA 11 PAVILHAO ALEMAO DA EXPO 67 32 FIGURA 12 FEIRA DE ANANINDEIA NO PARA 33 FIGURA 13 PALCO ROCK IN RIO 2000 33 FIGURA 14 ESTADIO BC PLACE 34 FIGURA 15 ESTRUTURA DE ANDAIME 36 FIGURA 16 VISTA DI PAVILHAO DA HUMANIDADE 38 FIGURA 17 PLANTA BAIXA ESQUEMATICA DO PAVILHAO 39 FIGURA 18 VISITANTES NO PAVILHAO 40 FIGURA 19 AUDITORIO 40 FIGURA 20 SALA DE EXPOSIÇAO 42 FIGURA 21 VISTA DO CENTRO GERGES POMPIDOU 42 FIGURA 22 CORES DO CENTRO 42 FIGURA 23 ESPAÇO INTERNIO DO CENTRO 43 FIGURA 24 KNEFORUM MISBAR 44 FIGURA 25 RELAÇAO COM O ENTORNO 45 FIGURA 26 PLANTA BAIXA MODIFICADA PELA AUTORA 45 FIGURA 27 INTEGRAÇAO DO PREDIO COM A PRAÇA 46 FIGURA 28 ELEMENTOS ESTRUTURAIS 48 FIGURA 29 UTILIZAÇAO DO ESPAÇO PROJETADO 48 FIGURA 30 MFO PARK 49 FIGURA 31 CALICES 49 FIGURA 32 HALL DO MFO PARK 50 FIGURA 33 LOCALIZAÇAO DO BAIRRO DE PONTA NEGRA EM NATAL 52 FIGURA 34 LOCALIZAÇAO DOS EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS 53 FIGURA 35 CARACTERIZAÇAO DO ENTORNO 53 FIGURA 36 VISTA DO TERRENO 54 FIGURA 37 DIMENSOES DO TERRENO 54 FIGURA 38 INCLINAÇAO DO TERRENO 55 FIGURA 39 DIREÇAO DOS VENTOS 56 FIGURA 40 CARTA SOLAR 57 FIGURA 41 TRAJETORIA SOLAR 58 FIGURA 42 PRESCRIÇOES URBANISTICAS 59 FIGURA 43 FLUXOGRAMA BASICO DE UMA MICRO CERVEJARIA 63 FIGURA 44 PROGRAMA DE NECESSIDADES 64 FIGURA 45 PROGRAMA DE NECESSIDADES 64 FIGURA 46 PROGRAMA DE NECESSIDADES 65 FIGURA 47 ORGANIGRAMA 65 FIGURA 48 ESTUDO VOLUMETRICO BASICO 68
FIGURA 49 ESTUDO VOLUMETRICO AVANÇADO 68 FIGURA 50 PLANTA DE LAYOUT 69 FIGURA 51 FACHADA FRONTAL 70 FIGURA 52 VISTA INTERNA 70 FIGURA 53 ESTRUTURA DA CERVEJARIA 74 FIGURA 54 MODULAÇAO DOS ANDAIMES 75 FIGURA 55 DETALHE DA ESTRUTURA 76 FIGURA 56 CONTRAVENTAMENTO DA ESTRUTURA 76 FIGURA 57 MADEIRA PLASTICA 77 FIGURA 58 PAINES DE POLICARBONATO 78
6
SUMARIO INTRODUÇAO
CONTEXTO E JUSTIFICATIVA OBJETIVO METODO ESTRUTURA DO TRABALHO
1.A CERVEJARIA: CONTEXTO E NECESSIDADES 11 1.1 A TRADIÇAO CERVEJEIRA 11 1.2 MICRO CERVEJRIA 16 1.3 ESTUDO DE REFERENCIA 18
2.ARQUITETURA “DESMONTAVEL” 24 2.1 ARQUITETURA EFEMERA 24 2.2 FLEXIBILIDADE 27 2.3 MODULAÇAO 29
3.ANALISE DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS 31 3.1 TENSO ESTRUTURAS 31 3.2 ESTRUTURAS RIGIDAS 35
4.ESTUDOS DE REFERENCIA 37 4.1 PAVILHAO DA HUMANIDADE – CARLA JUAÇABA 37 4.2 KINEFORUM MISBAR - LASZLO CSUTORAS E MALISSA LIANDO 41 4.3 NEW MFO-PARK - BURCKHARDT+PARTNER 43 4.4 CENTRO GEORGES POMPIDOU – RENZO PIANO E RICHARD ROGERS 48 4.5 REFLEXOES ACERDA DOS ESTUDOS DIRETOS 50
5.DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA 51 5.1 CONDICIONANTES NATURAIS E LEGAIS 51
5.1.1 O ENTORNO 51 5.1.1 O TERRENO 53 5.1.1 VENTILAÇAO E ENSOLAÇAO 55
5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES, ZONEAMENTO E PRE DIMENSIONAMENTO 61 5.3 EVOLUÇAO DO PROJETO 66
6.MICRO CERVEJARIA ITINERANTE 68 6.1 ESTRUTURA 71
6.1.1 LIGHT STEAL FRAME 71 6.1.2 ANDAIME MULTIDIRECIONAL 75
6.2 VEDAÇAO 77 6.2.1 MADEIRA PLASTICA 77 6.2.2 PLACA DE POLICARBONATO CELULAR 78 6.2.3 TELA DE PVC 78
6.3 COBERTURA 79 6.3.1 TELHA ISOTERMICA 90 6.3.2 LONA SINTETICA DE PLICARBONATO (TOLDO PLANO) 79
6.4 ESQUADRIAS 79
7.CONSIDERAÇOES FINAIS 81 REFERENCIAS APENDICES ANEXOS
7
INTRODUÇAO
Os danos gerados pela construção civil em sua forma tradicional, seu processo ineficiente e ultrapassado são claramente notáveis. O consumo descontrolado de matéria prima, por não haver uma integração ou compatibilização com os demais elementos que compõe todos os setores do projeto, resulta no desperdício de materiais, recursos e tempo, além de produzir uma grande quantidade de resíduos. A problemática em questão incentiva a investigação de métodos alternativos de construção mais racionais e adequados aos ideais sustentáveis. A busca por formas alternativas de construção é uma área de pesquisa na arquitetura cada vez mais popularizada. Hora motivada pela busca de uma maior relação custo-benefício, diminuição da necessidade de manutenção e ou pela possibilidade de reutilização de materiais. Outro fator incentivador desta linha de atuação na arquitetura é a questão da especulação imobiliária. O desenvolvimento de uma técnica construtiva que permita a fácil expansão, ou até total desmonte da estrutura, favorece a utilização plena do potencial construtivo ou desmonte e revenda da gleba. Essas diretrizes projetuais são interessantes para qualquer tipo de proposta arquitetônica, desde habitações mínimas a grandes complexos esportivos como foi utilizado nas instalações esportivas das Olimpíadas Rio 2016. A intenção de se projetar uma edificação destinada à fabricação de cerveja em pequena escala se concretizou quando se notou a rápida ascensão desse setor em um pequeno intervalo de tempo. Trata-se de um das indústrias mais crescentes da economia, um campo vasto para investimentos e comprovada rentabilidade. (VALOR ECONOMICO, 2016) A familiaridade com processo, o contato com pequenas iniciativas locais e seus anseios de expansão e consolidação de um mercado consumidor potiguar, bem como suas dificuldades de crescimento e investimento, a burocratização da legalização de sua atividade e sua necessidade de adequar-se as exigências
8
sanitárias de produção e comercialização da bebida influenciou na escolha do tema. Atender a demanda específica dessa classe de jovens empreendedores se mostrou uma tarefa engrandecedora que possibilitaria o exercício das áreas da arquitetura de maior interesse, como o emprego de tecnologias e técnicas construtivas alternativas aliadas ao projeto arquitetônico, além da árdua tarefa de conceber um projeto versátil e de baixo impacto ambiental. Vale salientar que a adequação da edificação proposta ao seu entorno também é uma estratégia econômica e uma das fortes tendências construtivas mundiais:
Diante do atual quadro político-energético mundial, tornou-se indispensável pensar o projeto de arquitetura com respostas construtivas adequadas ás características climáticas do sitio. Adotar essa postura, desde a fase inicial de concepção da edificação, contribui para que o edifício seja mais confortável e eficiente do ponto de vista energético. (BITTENCOURT, MARTINS, KRAUSE, 2002, P.2)
Além disso, a proposta tem como pretensão incentivar o surgimento de novas iniciativas do ramo, massificação da cultura gastronômica potiguar e um possível aquecimento econômico em se tratando do micro empreendedorismo local. Portanto, o trabalho tem como objetivo desenvolver um anteprojeto de uma fábrica de cerveja artesanal de pequeno porte, com ênfase na arquitetura transitória e tecnologias alternativas voltada para a cidade de Natal, Rio Grande do Norte. A partir disso, foi pensada numa edificação pré-fabricada adaptada à realidade urbana, do ponto de vista cultura, social, econômico e climático, aliando a tecnologia da arquitetura pré-fabricada aos princípios da arquitetura industrial. Sendo assim, buscou-se estudar os sistemas construtivos que utilizam métodos alternativos, flexíveis e de baixo impacto ambiental, bem como explorar as vantagens bioclimáticas da utilização que essa metodologia reflete. Para isso seria necessário compreender os sistemas pré-fabricados, analisar suas vantagens e estudar a modulação, encaixes e materiais disponíveis na
9
região além de buscar soluções que englobem as premissas da arquitetura portável e industrial, atendendo as recomendações e exigências do Ministério da Agricultura. Por fim, o projeto teria que se enquadrar a proposta dentro dos padrões de arquitetura pré-fabricada e explorar suas possibilidades em relação a flexibilidade, portabilidade, expansibilidade e mobilidade. Após definido o tema e estabelecidos os objetivos, determinou-se algumas variáveis e caminhos de análise relacionados à pesquisa e projeto propostos como o estudo acerca da utilização de métodos construtivos não convencionais e o embasamento teórico sobre a dinâmica climática da região estudada (zona bioclimática 8) e arquitetura pré-fabricada, bem como suas implicações. Em seguida foi realizado um levantamento de dados relacionados à disponibilidade de materiais pré-fabricados na região e exigências sanitárias para a produção de cerveja e da arquitetura industrial de forma geral. Para além disso, foi fundamental explorar o universo da arquitetura efêmera e referenciais de projetos arquitetônicos correlatos a fim de desenvolver a proposta arquitetônica de uma micro cervejaria itinerante adaptada às variáveis posteriormente estudadas. Seguindo para processo de concepção projetual, é importante destacar que este não é um procedimento explícito ou linear, e sim guiado por aspectos subjetivos, baseados na intuição, conceitos e partidos, não seguindo uma sequência racional ou hierárquica, embora não seja inexistente a presença de métodos científicos que contribuam no processo. A metodologia utilizada para a elaboração do projeto arquitetônico de uma micro cervejaria itinerante, com ênfase na utilização de tecnologias alternativas, consistirá em levantamentos e leituras de fontes bibliográficas (nacionais e internacionais) como artigos, livros, revistas e entrevistas representantes de pequenas iniciativas locais, além de sítios na internet e consultas nem normas técnicas. Primeiramente, se faz necessário o embasamento teórico acerca da arquitetura modular e itinerante de baixo impacto ambiental e econômico. Depois, serão feitos estudos referenciais em projetos
10
correlatos, tanto conceitualmente quanto formalmente, levando em consideração também os materiais e sistemas construtivos utilizados, além de consulta a profissionais que possam dar alicerce a proposta. Em seguida, foram realizadas entrevistas com potenciais usuários para a idealização de um programa de necessidades pertinente e adequado às necessidades do utilizador do espaço, ademais serão introduzidas as diretrizes para o projeto arquitetônico com a elaboração do conceito e do partido, assim como a escolha de materiais e das tecnologias construtivas e estruturais, estudos volumétricos entre outras etapas que resultarão na proposta final. O presente trabalho divide-se em sete capítulos, o primeiro se faz uma contextualização acerca do tema cervejaria. Em seguida, são apresentados o referencial teórico metodológico, com conceitos-chaves fundamentais para o entendimento da proposta. No terceiro capitulo é feita uma analise de sistemas construtivos que foram utilizados no projeto. Logo apos, no quarto capitulo, se apresenta os referencias projetuais. No quinto capitulo se inicia a descrição do processo de criação da micro cervejaria, desde as condicionantes legais e naturais aos primeiros estudos volumétricos. Por fim, no sexto capitulo se apresenta o memorial descritivo da proposta final.
11
1. CERVEJARIA: CONTEXTO E NECESSIDADES
Diante da definição do objeto de estudo em questão: o sistema
construtivo de uma estrutura que abrigará uma cervejaria de
pequeno porte, faz-se necessário apresentar alguns conceitos e
contextualiza-los diante do problemática em que estão inseridos.
Estas etapa é fundamental para o entendimento da proposta, e,
para isso, foram realizadas revisões bibliográficas com o intuito
de esclarecer os significados utilizados durante a elaboração da
pesquisa. A produção de cerveja artesanal dentro da região
metropolitana de Natal, problemática que gerou e justifica a
execução desse trabalho será discutida a seguir.
1.1 A tradição cervejeira O consumo de cerveja é uma das tradições mais antigas da
historia da humanidade. Embora não se tenha precisão da data
em que o homem descobriu o processo de fermentação, tem-se
que o primeiro registro arqueológico dessa pratica tem cerca de
10.000 anos e mais precisamente na Suméria.
Seria uma forma primitiva da cerveja que conhecemos hoje, o
encontro da massa do pão com a água gerava a fermentação que
da origem ao álcool, uma alternativa alimentar, o pão liquido.
Acredita-se que sua nomenclatura, cervesia, foi dada pelos
romanos em homenagem a deusa Ceres da agricultura e da
fertilidade.
Apenas na idade media, esta bebida se aproximou da formula
que conhecemos hoje, a partir do acréscimo do malte e do
lúpulo, que agia como conservante natural, em sua composição.
Também se tem registros de que a cerveja foi utilizada como
mercadoria de comercio e moeda de troca.
A inovação tecnológica proveniente da revolução industrial no
Século XIX teve importância fundamental para a manutenção
12
dessa pratica, assim como o refinamento da técnica de
fabricação, controle de qualidade, capacidade de produção e
distribuição contribuindo sim para a criação de uma tradução
globalizada.
No Brasil, essa tradição iniciou-se com a vinda da família real
portuguesa que importava a bebida principalmente da Inglaterra
e a primeira publicação da fabricação de cerveja em terras
brasileiras é dada pelo Jornal do Comercio do Rio de Janeiro em
1936.
A produção de cerveja no Brasil esta intimamente relacionada a
imigração europeia ocorrida século XIX. A cultura tanto de
consume quando os saberes de produção foram também
importadas, principalmente, pela população alemã que se
instalou no sul do país.
Curiosamente, o registro da primeira fabrica de cerveja a ser
implantada em solo brasileiro se deu no nordeste, Pelo Conde
Holandês Mauricio de Nassau segundo relata o Portal Cervesia
(2013). Foi em 1637 que se instalou na cidade de Recife
uma fábrica com equipamentos desmontada trazidos da Europa.
Em 1858 já existiam 6 fábricas de cerveja no país, todas
localizadas na cidade do Rio de Janeiro onde se concentrava a
maior parte da população brasileira no século XIX. Outras
cervejarias foram criadas nas regiões de colonização europeia do
Sul do Brasil. Em 1836 iniciou-se o processo de fabricação de
cerveja na região de Nova Petrópolis no Rio Grande do Sul, Em
1852 foi criada a primeira cervejaria de Santa Catarina, em
Joinvile, com um maquinário trazido da Suíça.
Como posto anteriormente, o fator principal para a
industrialização do setor cervejeiro foi a pequena produção
mercantil transplantada da Europa no século XIX, que ocorreu
nas áreas de colonização no sul do Brasil, mas especificamente
nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Além
da importação da cultura do consume e produção da bebida, a
migração europeia trouxe uma significativa organização social do
13
trabalho, formaram-se pequenos agricultores, artesãos, operários
e pequenos comerciantes. Os imigrantes europeus além de
trazerem o saber industrial para o país, tornaram-se os primeiros
empresários e mercado consumidor, por possuírem hábitos de
consumo muito mais altos do que os antigos trabalhadores, os
escravos, conforme aponta Mamigonian (2004)
A sociedade brasileira tradicional, como existia no século XIX não possuía condições internas para se auto superar e promover o crescimento industrial. Os imigrantes europeus e asiáticos que se introduziram no Brasil constituíram-se no sangue novo que faltava: inseriram-se como classe média de considerável capacidade de produção e de consumo que cresceu mais e modificou nitidamente o conjunto da vida brasileira, provocando nosso ingresso num capitalismo de tipo europeu do século XIX. (MAMIGONIAN, 2004, p. 3)
Obviamente, houveram iniciativas advindas de empresários de
origem brasileira e luso-brasileira. Essas pequenas fábricas
passaram por sucessivas vendas, e, consequentemente, muitas
desapareceram do mercado, como a Fábrica de Cerveja Nossa
Senhora da Glória de Joaquim Antônio Teixeira, a Fábrica de
Cerveja Luso-brasileira de Carvalho & Tavares e a Cerveja
Lusitana, de Costa Bastos e Carvalho.
Registrou-se a criação de 50 cervejarias no Brasil em meados do
século XIX. Dessas, 34 estavam localizadas no Rio de Janeiro, 6
em Minas Gerais, 6 em São Paulo, 4 no Rio Grande do sul, 2 em
Santa Catarina, 2 no Paraná e 1 em Belo Horizonte de acordo
com estudos do Portal Cervesia (2013). Em geral, essas fabricas
possuíam um caráter informal e as cervejas eram produzidas
artesanalmente em oficinas de fundo de quintal com
instrumentos simples e trabalho familiar, ou empregando pouco
menos de dias dezenas de trabalhadores em média. Algumas
fábricas tiveram origem em oficinas maiores como é o caso das
cervejarias Brahma e Antárctica.
A indústria cervejeira estava entre dos 10 setores industriais com
maior valor da produção, ficava atrás somente da usinagem de
14
açúcar, produção de calçados, manuseio do charque, fiação e
tecelagem do algodão, fundição e obras de
metais, moagem de cereais e cerrarias e carpintarias. Dados
estatísticos do IBGE para o ano de 1907 demonstram que
existiam 186 fábricas de cerveja no Brasil, empregando 2.942
funcionários com valor da produção estimado em 22.686 contos
de reis. A união entre a Companhia Antártica Paulista e a Companhia
Cervejaria Brahma da AmBev – American Beverage Company em
1999 teve um papel fundamental na consolidação do mercado de
bebidas brasileiro, mais especificamente o de cervejas,
e agora, parece estar definitivamente seguindo a tendência de
concentração empresarial e de internacionalização, com a fusão da
AmBev com a Interbrew (CAMARGOS; BARBOSA, 2005). Foi a partir
dessa etapa que a produção pode sustentar o habito de consumo
entre os brasileiros. Embora esse dado remete a produção em
escala industrial, inquestionavelmente, abriu portas para a produção
em pequena escala nos moldes artesanais.
Em artigo publicado no ano de 2012, no site da Associação
Brasileira de Supermercados – ABRAS - o diretor-executivo da Fritz
Cervejaria Artesanal, Ingo Schwabe diz ainda sobre a produção de
cerveja artesanal:
“Hoje a cervejaria artesanal é um produto diferenciado porque vai mais matéria-prima por não ser uma cervejaria comercial. A cerveja artesanal é um conceito com mais malte, com cuidado e qualidade superiores aos de uma cerveja comercial, e por isso é um produto diferenciado em todo o processo, inclusive na hora que se finalize o produto. [...] Na cerveja comercial cai muita química para agilizar o processo, para diminuir a material prima [...] (SCHWABE, 2012)
A produção de cerveja nesses artesanal é bem mais custosa que
a produção em larga escala, assim como seu consumo, o que
dificulta a consolidação desse produto no mercado nacional. O
cenário atual pouco favorece tais iniciativas, para uma
agroindústria manter-se no mercado, em uma condição normal -
sem monopólios - constitui-se de uma tarefa repleta de entraves, o
que dizer de uma pequena empresa que está em um setor em que
15
quatro concorrentes detêm 99% do mercado? Esse é o cenário em
que atuam as pequenas produtoras de cerveja. No Brasil, a AmBev
tem 70,6% do mercado de cervejas no Brasil; Schincariol, 11,4%;
Petrópolis, 9,6%; e a Femsa - comprada pela Heineken -, 6,8%
(JARDIM, 2012).
Mesmo diante desse cenário, as micro cervejarias, que
respondem por pouco mais de 1% do Mercado cervejeiro no pais
produzem cervejas artesanais de alta qualidade. É valido salientar
que o aumento da renda media dos brasileiros na ultima década
se tornou fator preponderante para que os apreciadores e
produtores da bebida prosperassem em todo o pais.
O consumo per capita no Brasil é de cerca de 60 litros por ano,
ainda uma vazão tímida comparada com a media europeia. Em
países com maior tradição de consumo de cerveja, como a
Alemanha e República Checa, por exemplo, consome-se em media
134 litros anualmente. O mercado brasileiro de consumo de cerveja
é composto majoritariamente por uma população jovem, com baixo
poder aquisitivo, isto é, as classes C, D e E são responsáveis por 70
% do consumo de cerveja (ROSA;CONSENZA; LEÃO, 2006).
Em função da dinâmica do setor, a produção artesanal de cerveja
representa um lócus privilegiado para o estudo do
empreendorismo: o segmento vem crescendo 5% ao ano no Brasil,
sem levar em consideração as empresas não legalizadas do setor
(SINDICERV, 2012). Atualmente, registra-se em torno de 200 micro
cervejarias artesanais formalizadas, e ainda que a grande maioria
destas possui menos de 10 anos (SEBRAE, 2011).
A titulo de estudo, pode-se separar em dois o perfil de
produtores no país: os nano cervejeiros e os micro cervejeiros. Os
nano cervejeiros mostram-se como cervejeiros domésticos, com
produção limitada, sendo essa apenas por hobby tendo pouca
influencia financeira para sua subsistência. O nano produtor atua
de maneira tímida no mercado, em contrapartida, tem a
importante função de disseminar a cultura de consumo. Os nano
cervejeiros aparentam pouca ou nenhuma vontade de se
16
tornarem formais pela alta demanda da qual possuem por seus
produtos (que tem facilidade de escoamento devido à baixa
escala) e baixo capital que possuem, sendo este o motivo que os
impede de produzir mais (FONTES, 2012).
Já os micro cervejeiros produzem quantidades maiores em local
exclusivo para isso, fazendo disso fonte de seu sustento ou como
complementação de renda significativa, seu volume de produção se
torna difícil de escoar através de venda direta e seus métodos de
produção começam a ter que se tornar menos artesanais. O capital
para adquirir equipamento parece importante para permitir um
aumento de volume ao longo de tempo (FONTES, 2012).
O então trabalho final de graduação se propõem a trabalhar com os
micro cervejeiros a fim de oferecer uma alternativa arquitetônica
que satisfaça sua demanda tão especifica, isto é, que permita sua
especialização e inserção no mercado obedecendo as exigências
sanitárias, industriais, bioclimáticas e versatilidade de uso.
1.2 Micro Cervejaria
A microcervejaria trata-se de uma pequena unidade de produção
de cerveja com instalações que produzem poucas quantidades
para consumo local ou envasamento em barris de aço inox, latas
ou garrafas de vidro para consumo em outros locais (Figura 1). Figura 1: Micro cervejaria
Fonte: www.deinoxgroup.com.br/bier
17
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE,2015), as microcervejarias
começaram a surgir no Brasil nos anos 90, sendo hoje mais de
oitenta companhias que atuam no mercado premium.
A distribuição é bastante limitada, atendendo desde um único
estabelecimento até alguns estados, sendo que em algumas
situações é possível encontrar o produto em lojas virtuais de
bebidas.
As capacidades de produção variam entre 1000 a 2000 litros por
cozimento, e de acordo com o porte, podem oscilar entre
dezenas de milhares de litros e centenas de milhares de litros de
cerveja por ano.
O processo de produção da cerveja se inicia com a o depósito do
malte no moinho. Depois, o resultado da moagem é mergulhado
em água aquecida na Tina de Mostura, que converte o amido em
açúcares. A seguir o líquido é filtrado na Tina de Clarificação,
onde ocorre a separação da fase sólida (bagaço) da fase líquida
(mosto). O mosto resultante é fervido para que substâncias
indesejáveis sejam eliminadas. Além disso, o caldo é esterilizado,
deixando-o mais concentrado. É nesse momento que o lúpulo,
elemento responsável pelo amargor da cerveja, é adicionado. Por
seguinte, no Tanque de Fermentação/Maturação são inseridas
leveduras que convertem os açúcares do mosto em álcool.
Posteriormente, a temperatura é reduzida para ocorrer a
maturação, processo que acentua os aromas e sabores. Essa
cerveja então é filtrada no Filtro de Cerveja, e armazenada no
Tanque de Cerveja Filtrada, que poderá ser consumida
diretamente ou envasada para posterior consumo (Figura 2).
18
Figura 2: Esquema do processo de fabricação de cerveja
Fonte: www.dcomercio.com.br
É importante entender que apesar de ser uma unidade de
produção de pequeno porte, a estrutura e controle de uma micro
cervejaria permite a elaboração de qualquer tipo de cerveja.
Desta forma, um projeto para este tipo de estabelecimento deve
considerar características de cada componente, além do
desempenho do conjunto por completo, para assim obter-se um
produto de excelente qualidade e com uma boa demanda para
atender o público alvo.
1.3 Estudo De Referencia - Cervejaria Surly Brewing MSP
Desenvolvido pelo escritório HGA em 2015, esse projeto foi
pensado para aliar a produção de cerveja ao convívio de seus
19
visitantes e moradores dos arredores no bairro de Prospect Park
em Mineápolis. O projeto tem 4645,0m² e está localizado em um
terreno composto por sete terrenos individuais numa zona
industrial.
Figure 3: Cervejaria Surly Brewing
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/785142/cervejaria-surly-brewing-msp-hga/55f8a9cce58ece1017000263-surly-brewing-msp-hga-photo
Os volumes do edifício são bastante simples e têm uma
envoltória em painéis de metal corrugado com alguns detalhes
em cedro vermelho. O projeto todo foi pensado para se adaptar
totalmente ao programa de necessidades da cervejaria, com um
planejamento de crescimento em 200% no terreno. Ao chegar a
cervejaria, os visitantes são recebidos por uma praça aberta e
ampla, com jardins e espaços de convívio e estar. O conceito do
projeto é justamente esse, envolver as pessoas no processo de
fabricação da cerveja, enquanto disfrutam da companhia umas
das outras.
20
Figure4:Vistadapraçadacervejaria
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/785142/cervejaria-surly-brewing-msp-hga/55f8ab39e58ece101700026d-surly-brewing-msp-hga-photo
Ao chegar ao prédio os visitantes são apresentados à parte do
processo de fabricação, com aberturas envidraçadas do piso ao
teto e vistas para a adega de fermentação. Mais à frente, um
grande hall aberto com grandes mesas para degustação possui
vistas para a casa da fabricação - o núcleo do edifício - de um dos
lados e um deck e jardins do outro. Na porção mais ocidental
desta grande sala, uma das paredes de vidro é móvel e pode ser
deslocada para permitir uma liberação do fluxo que conduz o
visitante ao deck externo, aos jardins e anfiteatro.
21
Figura 5: Área de degustação com área de produção ao fundo.
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/785142/cervejaria-surly-brewing-msp-hga/55f8aa42e58ece1017000267-surly-brewing-msp-hga-photo Figura 6: Deck externo.
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/785142/cervejaria-surly-brewing-msp-hga/55f8aa13e58ece1017000265-surly-brewing-msp-hga-photo
Abaixo tem-se a planta baixa do pavimento térreo para um
melhor entendimento da disposição dos ambientes.
22
Figura 7: Planta baixa pavimento térreo, modificada pela autora.
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/785142/cervejaria-surly-brewing-msp-hga/55f8ab59e58ecec1f8000285-surly-brewing-msp-hga-floor-plan
Já no segundo pavimento há um restaurante mais formal, com
uma área de varanda com vista aos jardins e um centro de
eventos com vista para a área de fabricação de cerveja. Figura 8: Planta do segundo pavimento, modificada pela autora.
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/785142/cervejaria-surly-brewing-msp-hga/55f8ab59e58ecec1f8000285-surly-brewing-msp-hga-floor-plan
23
Figura 9: vista do restaurante e deck superior.
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/785142/cervejaria-surly-brewing-msp-hga/55f8aa63e58ece1017000268-surly-brewing-msp-hga-photo Figura 10: Restaurante superior.
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/785142/cervejaria-surly-brewing-msp-hga/55f8aadde58ece101700026b-surly-brewing-msp-hga-photo
Observando as imagens acima, percebemos que a estética do
projeto pode ser entendida como minimalista, a maioria da
estrutura é metálica pintada de preto, as cores ficam por conta da
madeira usada nos revestimentos e em alguns elementos do
24
mobiliário. Os destaques são mesmo os equipamentos de
produção da cerveja, que estão sempre a vista.
2.ARQUITETURA “DESMONTAVEL”
Para que o trabalho se desenvolva da melhor forma possível e pela necessidade de definição de alguns conceitos aqui abordados, julgou-se importante uma revisão bibliográfica, a partir da qual será possível o aprofundamento técnico e teórico acerca do contexto do trabalho e que tomarão as futuras etapas devidamente fundamentadas.
A partir de consultas as mais diversas literaturas, foi possível extrair discussões e conceitos de principal interesse ao tema em questão: a arquitetura efêmera, flexibilidade, modulação e adaptação.
2.1 Arquitetura Efêmera
De origem do dialeto grego, efêmeros, tem seu significado relativo a passageiro, transitório. De acordo com Sara Joana Ferreira Carnide (2012), o efêmero pressupõe uma temporalidade fugaz, uma duração consideravelmente curta e que a própria criação admite a destruição, o fim. Trata-se de um conceito delicado a se definir, não somente quando relacionado a arquitetura. Como definir algo como efêmero se nada é eterno?
Reforçando esta ideia, Celia Maria Coutinho Texeira Monasterio (2006, p. 9) diz que o conceito de efêmero é, de certa forma, relativo. A arquitetura efêmera e a duradoura ou convencional coexistem no tempo e espaço vital. Desta forma, o tempo é um elemento ambíguo, não tem uma medida exata quando traduzido em palavras, ou seja, genericamente, toda construção poderia de certa forma ser categorizada como efêmera, segundo afirma Carnide (2012).
25
Kronenburg (1998) diz ainda que a diferenca entre estruturas permanentes e temporarias e apenas uma questao de tempo, de forma que o lugar existe separadamente da paisagem. O significado que o edificio tem na paisagem e mais permanente do que a estrutura fisica que o abriga, em muitos casos os edificios permanecem mas seu significado nao, deixando para tras cascas vazias e nao tem mais a mesma importancia ou relevancia que um dia tiveram.
O primeiro tipo de arquitetura construida pelo homem foi efe mera. Ao longo da historia, a arquitetura efêmera se manifestou de varias formas, como, por exemplo, as tendas temporarias construidas com palha e peles de animais habitadas pelos nomades. Atualmente, este tipo de arquitetura pode ser exemplificado atraves das ocas dos indios nas florestas, tendas de circos, tendas arabes e africanas, e pelos iglus (KRONENBURG, 1998).
A partir dai, vemos que arquitetura efemera nao esta tanto associada ao local de sua implantacao, mas sim a sua durabilidade e estrutura. Segundo Daniel J. Mellado Paz (2008), uma construção temporária se da quando se pretende melhorar a performance de um espaço para um fim igualmente temporário. Isso posto, podemos considerar como efêmera aquela arquitetura cuja relação com seu espaço de implantação é tolerante, complacente, flexível, é quando o espaço construído se desfaz de um dado lugar com certa facilidade. O Fundamento é a mudança rápida do papel que se destina ao lugar onde está, ou seja, uma forma de obsolescência. Paz (2008) ainda declara:
O crite rio definidor da arquitetura efe mera na o e a durabilidade potencial do objeto construi do, mas sua durabilidade real. Um assentamento rural pode ser preca rio, mas pretender a permane ncia, e assim se -lo por conta de conti nuas manutenc o es. Ao contra rio, edificac o es so lidas podem ser demolidas por esgotar-se, em curto intervalo de tempo, sua finalidade. Eis o primeiro paradoxo do tema: uma arquitetura so se torna efe mera de fato quando se desfaz de um dado lugar. Conceitualmente, existe apenas quando cumprida sua efemeridade. Tudo o mais e incerteza. O segundo paradoxo e conseque ncia deste: na o ha relac a o direta entre a tecnologia construtiva e a efemeridade real da construc a o. (PAZ, 2008. Com grifos do autor)
26
Pareceu-me mais adequado, em se tratando desta pesquisa, utilizar-se da denominação de arquitetura transitória do que arquitetura efêmera. Segundo Janaina Mendonça (2001, p. 30) a diferença entre essas nomenclaturas esta no conceito de efêmero, em que existe um tempo determinado no espaço em que a obra esta inserida; logo, ela morre assim que perde sua significância. Ja em relação a arquitetura transitória, a obra não morre, continua existindo, se estabelecendo em diferentes lugares em diferentes épocas. Como exemplo clássico desta arquitetura, o circo, marcando a efemeridade dos espaços de suporte comumente encontrados nas atividades de cunho cultural.
Na atualidade, alguns edifícios assumem o caráter provisório quando o homem iniciou a utilização do ferro na construção civil a partir de elementos pré fabricados e de fácil montagem (MARTINS JUNIOR, 2008, P. 66).
Como exemplo disto, Paz (2008) destaca o famoso Palacio de Cristal, de Joseph Paxton. Construido em 1851 no Hyde Park para a Exposicao Universal de Londres, foi desmontado logo apo s o evento. Porem, tal foi sua popularidade que foi remontado em Sydenham Hill, em 1852, funcionando como museu, ate incendiar- se em 1936. O edificio pioneiro na construcao pre-fabricada, era efêmero por excelência, cada parte concebida para rapida montagem com os materiais disponíveis. No entanto, perdurou por 85 anos porque agradou ao publico, de forma que lhe foi dado um novo papel, em outro lugar. A torre Eiffel, do engenheiro Gustave Eiffel também pode ser citada como exemplo, embora com a intenção de ser temporária, se tornou a maior atração turística da cidade de Paris e se mantem em seu lugar ate os dias de hoje.
A principal importância da arquitetura efêmera, para este trabalho, é ela ser portátil, assumindo assim o caráter móvel, e por este motivo ser caracterizada como itinerante. Dessa forma, existem ainda alguns conceitos que permeiam este tipo de arquitetura, como a montagem, a desmontagem, e a remontagem, que fazem determinado objeto ser utilizado diversas vezes e em diversos lugares. De acordo com Paz (2008), existem três formas de um objeto arquitetônico ser retirado de um lugar – partição, compactação e rigidez – definidas assim por ele:
27
Na partição, o objeto é dividido em peças menores, passiveis de transporte dentro da escala admitida antes. Na compactação, o objeto assume uma configuração mais compacta, sem os espaços vazios que constituem a área de vivencia do homem, Na rigidez, o objeto ganha solidez, sendo peca inteiriça.
A tecnologia utilizada na arquitetura efêmera deve permitir 100% de reaproveitamento do material utilizado. O processo de montagem e desmontagem não deve interferir na configuração e rigidez da estrutura montada. Para tanto, o tipo de estrutura escolhido, o tempo de uso do objeto arquitetônico e o processo de transportabilidade e logística de montagem são de grande importância. No entanto, como dito anteriormente, o caráter efêmero deste tipo de arquitetura não implica na significância do objeto arquitetônico, ela pode cumprir as mesmas necessidades espaciais de uma arquitetura fixa e transmitir as mesmas emoções que este tipo de arquitetura.
2.2 Flexibil idade
Ao longo dos anos o homem passou por diversas transformações
no seu modo de ocupar edificações, começou nômade e hoje se
fixou em seu território. Acompanhando essa transformação, as
construções humanas, outrora tendas leves de tecido, hoje são
edifícios de concreto monolíticos em sua maioria.
Apesar disso, o homem contemporâneo sente necessidade de
estar em constante adaptação e explorando os avanços
tecnológicos. Dessa forma vê-se uma tendência na construção
civil de edifícios mais leves e que acompanham o caráter mutante
de seus usuários. Assim ressurge o conceito da flexibilidade na
arquitetura atual.
A terminologia da flexibilidade na arquitetura primeiro apareceu
no início da década de 1950 pelo arquiteto Walter Gropius
quando ele afirmou: Os arquitetos devem criar edifícios não como monumentos, mas como receptáculos para o fluxo da vida a que devem servir, e que sua concepção deve ser flexível o suficiente para criar um plano de fundo para absorver as características
28
dinâmicas da nossa vida moderna (GROPIUS, 1954 apud ACHARYA, 2013, p. 16-17).1
O conceito de flexibilidade é bastante vasto, pode ter muitas
interpretações e envolve várias hipóteses exploradas em diversos
campos do conhecimento. De acordo com Ana Margarida
Correia Esteves (2013, p. 39), a flexibilidade nos espaços, através
da funcionalidade, durabilidade, sustentabilidade e dinamismo
dos processos e dos usos, opõe-se à visão de edifícios como
objetos estáticos no tempo.
Em seu uso comum, “flexibilidade” traz a ideia de modificação
física para variadas finalidades e usos, mas também carrega o
conceito de liberdade, o qual segundo Esteves (2013) é um
conceito chave. O autor Nabeel Hamdi em seu livro “Housing
without houses. Participation, flexibility, enablement” (1991)
define flexibilidade da seguinte maneira:
Liberdade de escolha entre opções existentes ou a criação de programas que atendem às necessidades e aspirações específicas dos indivíduos em relação às edificações que ocupam [...]. Além disso, para os arquitetos, flexibilidade normalmente demonstra o quanto um projeto é capaz de assegurar nas edificações, nos programas ou nas tecnologias utilizadas, uma boa funcionalidade inicial, que possibilita resposta às futuras modificações (HAMDI, 1991 apud ESTEVES, 2013 p. 39).
Dentre as várias definições contidas no conceito de flexibilidade,
tais como: mobilidade, evolução, adaptabilidade, polivalência e
participação; o primeiro desses conceitos pode ser entendido
como “a rápida modificação dos espaços, segundo as horas e
atividades diárias, mediante elementos de encerramento fáceis
de deslocar, de correr ou de encolher” (ESTEVES, 2013, p.41). Já
a evolução é descrita como uma modificação que se desenvolve
a longo prazo e que está a serviço do usuário, que pode
adicionar ou retirar ambientes.
A relação entre os conceitos de adaptabilidade e flexibilidade
comumente se confundem, no entanto dentro do âmbito da
1Traduzidodo inglêspelaautora. “Thearchitectshavetoconceivebuildingnotasamonument,butasareceptaclesforthe
29
arquitetura, Adrian Forty (2000, apud ESTEVES, 2013, p. 41) trata
a flexibilidade como uma questão que requer um pensamento a
longo prazo no desenho arquitetônico. Já Steven Groak (1992,
apud ESTEVES, 2013, p. 43) define a flexibilidade como algo
capaz de permitir diferentes composições físicas nos arranjos
espaciais e a adaptabilidade como a capacidade de possibilitar
diferentes usos sociais. Sendo assim, a flexibilidade e a
adaptabilidade são conceitos distintos, em que a adaptabilidade
é baseada nas questões do uso e a flexibilidade envolve
questões da forma e técnica (ESTEVES, 2013, p.43).
A polivalência é apresentada por Herman Hertzberger (1996,
apud ESTEVES, 2013, p.43) e trata de uma forma que se presta a
diversos usos sem que ela própria tenha que sofrer mudanças, de
modo que uma flexibilidade mínima possa produzir uma solução
ótima.
Desta forma, Gerard Maccreanor (1998, apud ESTEVES, 2013, p.
45) expande a relação dos conceitos adaptabilidade e
flexibilidade, ao enfatizar o fato de que a segunda inclui a
primeira: a adaptabilidade é, portanto, uma maneira diferente de
ver a flexibilidade. O edifício adaptável pode ser tanto
transfuncional quanto multifuncional e deve permitir a
possibilidade de mudança de uso: seja do habitável para área de
trabalho, da área de trabalho para a área de lazer ou mesmo
como um contentor para vários usos ao mesmo tempo. Portanto,
Maccreanor (1998, apud ESTEVES, 2013, p. 45) define:
A adaptabilidade é uma característica da flexibilidade, tal como a mobilidade, a elasticidade, e a evolução, sendo que estas últimas requerem mudanças físicas no espaço, enquanto a adaptabilidade se relaciona com a polivalência e a multifuncionalidade de usos, sem haver arranjos físicos.
2.3 Modulação
A arquitetura requer ponderações que permeiam por diversas disciplinas, a conciliação dos variados requisitos de uma obra
30
arquitetônica envolve considerações a respeito da sua finalidade, dos seus usuários, da sua localização geográfica, dos materiais e técnicas construtivas a serem utilizados, dentre outros. Aliada a isto, a busca pela eficiência das formas de construção está presente desde os primeiros registros da arquitetura até os dias de hoje. Das colunas gregas até o processo de urbanização das cidades, a revolução industrial e as demandas da atualidade, percebe-se a busca por estratégias projetuais que favoreçam um maior rendimento produtivo, sendo a modulação, uma metodologia organizacional bastante difundida e utilizada em diferentes momentos da história.
Em todo caso, a modulação racional e a estrutura formal sensível, entendida, a primeira, como garantia de sistematicidade e disciplina construtiva e, a segunda, como princípio subjetivo de ordem, obtêm, juntas, resultado notável, mas improvável sucesso quando empregadas à parte. (GIMENEZ, 2012)
A modulação, que segundo Greven (2000), pode ser entendida como a ordenação dos espaços na construção civil, acontece através da repetição de um elemento base, o módulo, o qual estabelece uma medida de referência a ser multiplicada, auxiliando a compatibilidade dos diversos elementos do projeto e simplificando as etapas de concepção, execução e, possivelmente, desmontagem. Mais que isso, a modulação de um projeto está diretamente relacionada com a sua capacidade de expansão, sendo o resultado projetual modular um objeto com capacidade genuína de multiplicação, tornando-se também uma peça modular, podendo ser agrupada, formando módulos maiores de acordo com as necessidades ambições do projeto final. Quando se fala em modulação dentro de um sistema, significa dizer que quanto maior o número de itens funcionais que se repetem e se organizam, maiores são as condições de sua implementação e operação, viabilizando assim as reduções de tempo e de transporte e construção, reduções de custos e desperdícios, implicando no aumento da produtividade. (MARTINS JÚNIOR, 2008, p. 68).
31
Em suma, a adição de um sistema modular contribui para a sua racionalização, facilitando o manejo dos materiais a serem adotados e otimizando o uso de matéria prima e diminuindo também o seu tempo de montagem e desmontagem, diminuindo-se assim as perdas e, consequentemente, os custos.
3. ANALISE DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS
Para escolher o sistema construtivo a ser utilizado na projeto proposto, fez-se uma pesquisa mais detalhada de algumas soluções que poderiam ser utilizadas, levando em consideração a técnica utilizada, as vantagens e desvantagens de cada sistema, se é desmontável ou não, o tempo de montagem e a facilidade de obteção. Serão aqui apresentadas primeiramente as estruturas tensionadas, e posteriormente, as estruturas rígidas.
3.1 Tenso estruturas
Datadas à mais de 40.000 anos na Ucrânia, que antigamente eram feitas de pele de animais e ossos, as tensoestruturas são apontadas como uma das principais invenções que ajudaram as antigas civilizações no seu estilo de vida nômade, já que foram pensadas para serem transitórias. No entanto, sua durabilidade acabou por fazer que esse sistema fosse adotado também para construções permanentes. Os avanços tecnológicos permitiram uma melhoria na qualidade dos materiais usados. Mas foi somente no século XIX que os construtores passaram a dominar técnicas mais adequadas de execução das coberturas tensionadas, cuja difusão tornou-se mais intensa no século XX, com um grande desenvolvimento após o fim da segunda Grande Guerra, em meados dos anos 1950. Eliana Ferreira Nunes (2008, p.22) disserta que as estruturas de membrana (estruturas tensionadas ou tensoestruturas) correspondem a uma tipologia de estrutura espacial em metal, que utiliza cabos tensionados cuja cobertura é, em geral, tecido ou membrana. Devido a sua leveza e por vencerem grandes vãos, elas permitem ao projetista diversas composições plásticas, o que despertou o interesse por parte de grandes arquitetos como Frei Otto (FIGURA 11) e Le Corbusier. São consideradas estruturas leves, delgadas, móveis e bastante resistente à tração.
32
Figura 11: Pavilhão Alemão da Expo 67 / Frei Otto e Rolf Gutbrod
FONTE: http://migre.me/vBaB4
Além da leveza e resistência à tração, outra vantagem desse sistema é a sua adaptabilidade, que permite sua remoção e reinstalação de acordo com as necessidades do usuário (ALBUQUERQUE, 2013, p. 72). Oliveira (2003) afirma que essa adaptabilidade é altamente relacionada com alguns fatores de decisão na fase projetual e, posteriormente, nos cálculos de forças, como a forma plástica do conjunto, maneira a ser montada, desmontada e remontada, transporte, dimensões e modulação. Desta forma, Bruno Scalise Elias (2002) destaca como principais características das estruturas tensionadas:
• TRANSLUCIDEZ: o espaço resultante desse sistema dispõe de uma iluminação natural difusa;
• DESMONTABILIDADE: permite aos projetistas o aproveitamento/remontagem da estrutura e sua reciclagem em função da flexibilidade do sistema;
• LEVEZA ESTRUTURAL: seu peso é menor do que o de uma estrutura convencional;
• POSSIBILIDADE DE VENCER GRANDES VÃOS COM UMA ESTRUTURA DELGADA;
• VARIABILIDADE FORMAL E GEOMÉTRICA: características possíveis, caso o projetista domine os conhecimentos técnicos específicos;
• EVOCAÇÃO SIMBÓLICA: dependendo da forma, estas remetem às tendas primitivas ou às velas de navios;
• RELAÇÃO CUSTO/BENEFÍCIO: mesmo que a sofisticação tecnológica implique em altos custos iniciais de investimento, sua durabilidade, demonstabilidade e flexibilidade justificam o custo
33
A partir das características citadas acima, as tensoestruturas são classificadas por Numes (2008) em três grupos distintos: as estruturas de caráter permanente; temporárias; e conversíveis e retráteis. As estruturas de caráter permanente associam a construção convencional à elementos das estruturas móveis, é o caso da cobertura usada na Feira de Ananindeua no Pará (FIGURA 12). As de caráter temporário são intervenções que permitem a máxima flexibilidade do espaço em uso, além de serem projetadas com o intuito de serem remontadas e transportadas para novos locais conforme o interesse da proposta. Essas características são importantes e essenciais para estruturas usadas em situações de emergência, podem ser usadas também para eventos temporários (NUNES, 2008, p.25), conforme a figura 13:
FIGURA 12: Feira de Ananindeua no Pará
FONTE: http://migre.me/vBaFB FIGURA 13: Palco Rock in Rio, 2000
Fonte: http://migre.me/vBaHd
34
O terceiro tipo, as conversíveis e retráteis (FIGURA 14), associam, ao mesmo tempo, um caráter permanente e temporário em sua função e configuração espacial. Elas são aquelas em que sua forma e uso sofrem alteração quando necessário, buscando nos mecanismos de dobras ou deslizamento possibilidades de se adaptar a diferentes situações. É ideal para locais com grandes variações climáticas (ALBUQUERQUE, 2013, p.75).
FIGURA 4: Estádio BC PLace, Vancouver
Fonte: http://migre.me/vBaJZ
É importante frisar que independente do grupo a que pertençam, sejam elas permanentes, retráteis ou temporárias, as tensoestruturas permitem incontáveis variações formais, dando liberdade ao projetista para propor diversas soluções em sua composição. Ainda existem outras subclassificações para este sistema estrutural. Quanto à geometria as estruturas ainda são classificadas como parabolóides hiperbólicos, tendas cônicas ou multicônicas, suportadas por arcos e onduladas ou plissadas (TENSOR, 2013). Segundo Sasquia Hiziru Obata (2008 apud, ALBUQUERQUE, 2013, p. 76), no que se refere às “formas” dos sistemas estruturais e seus apoios, estes podem ser classificados em quatro tipos: sistemas que se apoiam através de cabos, aqueles que utilizam sistema pneumático, aquelas em forma de arco e as tendas propriamente ditas.
35
Apesar da “simplicidade” da ideia, a descrição da geometria e o cálculo das tensões e deformações de sistemas estruturais dessa natureza, só pode ser efetuado com precisão por métodos computacionais sofisticados, e o mesmo vale para a fabricação dos elementos que irão compor a estrutura tensionada. No que se refere a montagem, a instalação de estrutura de membranas é bem simples, requerendo, porém, mão de obra bastante qualificada. Portanto, o que se pode concluir através das leituras feitas sobre estruturas tensionadas é que esse sistema apresenta vantagens em comparação com outros sistemas mais convencionais, uma delas é a simplicidade na concepção, além da beleza arquitetônica, durabilidade, resistência e facilidade no transporte e montagem. Porém é um sistema bastante complexo e requer conhecimentos técnicos específicos, necessitando um pensamento mais profundo na busca de uma total funcionalidade.
3.2 Estruturas Rígidas - Andaimes
O sistema construtivo de andaime é uma estrutura montada, de caráter provisório, normalmente utilizada para sustentar os trabalhadores da construção civil para a execução de tarefas em locais de grande altura, ou difícil acesso. O avanço das tecnologias permitiu a evolução na fabricação e montagem de andaimes, o que garantiu a técnica, maior eficiência em se tratando da velocidade de montagem, da capacidade de carga, e da segurança que o mesmo oferece. Embora ainda seja extremamente necessário o acompanhamento do projeto e montagem desta estrutura por engenheiros capacitados, e o obedecimento as normas técnicas de segurança como: a NBR 18 e a NBR 6494. Atualmente, o mercado oferece diversos tipos de andaimes, de modo a se adequar as mais diferentes necessidades nos canteiros de obra, alguns exemplos são os andaimes do tipo gaiola – composto por mais de duas fileiras de tubos metálicos verticais, conectados por peças modulares ou engastes rápidos de conexão, o andaime tubular – painéis de aço galvanizado auto montáveis, o andaime fachadeiro e o andaime multidirecional –
36
sistema que possui uma grande variação de encaixe e acoplagem de forma rápida e automática, entre outros. (VOLOSKI, 2016) Os tubos e as conexões que compõe o sistema são fabricados em aço galvanizado ST – 44 ou E 275. A estrutura de andaimes é composta por um conjunto de elementos que apoiam as formas horizontais (vigas e lajes), que suporta as cargas atuantes, como o peso do próprio concreto, movimentação dos operários e equipamentos, etc., transmitindo este peso ao solo. (VOLOSKI, 2016) Figura 15: Estrutura de Andaime
Fonte: http://www.urbe.com.br/wp-content/uploads/2015/03/andaimes.jpg
A estrutura tubular é basicamente um corredor de cargas, ou seja, ela simplesmente transmite as cargas que lhe são devidamente aplicadas aos pontos de apoio devidamente estudados. Ela não é o fim, mas o meio de transmissão. Dado a elasticidade de seus componentes (braçadeiras fixas e moveis) a estrutura tubular tem tanto o caráter engastado como o articulado, dependendo do ponto em questão. É um sistema que permite ao projetista bastante liberdade e possibilidade. Seguindo as diretrizes básicas de utilização, pode ser fazer estruturas das mais diversas formas. Como foi projetado
37
para criar soluções rápidas, seu coeficiente de segurança garante autonomia projetual assim como a segurança da estrutura.
4.ESTUDOS DE REFERENCIA
Neste capítulo, serão apresentadas referências projetuais com
características semelhantes ao projeto desenvolvido neste
trabalho. Com o objetivo de embasar a concepção da Cervejaria
Malteria os projetos apresentados a seguir foram submetidos a
uma análise crítica, buscando observar seus aspectos formais,
estéticos e funcionais.
Os estudos aqui desenvolvidos foram feitos de maneira indireta,
através de pesquisas em meios eletrônicos e análises de
fotografias. O primeiro escolhido é o projeto do Pavilhão
Humanidade 2012 para conferência Rio +20, uma parceria entre
a arquiteta Carla Juaçaba e a diretora Bia Lessa. Em seguida, o
Kineforum Misbar de Laszlo Csutoras e Malissa Liand, o New
MFO Park de Burckhardt + Partners e um dos clássicos da
arquitetura mundial, o Centro Georges Pompidou, do arquiteto
italiano Renzo Piano.
4.1 Pavilhao Da Humanidade – Carla Juaçaba
Criado pela arquiteta carioca Carla Juaçaba em parceria com a
diretora Bia Lessa, o pavilhão foi criado não apenas para abrigar
exposições, mas para ser também, parte delas.
Tentamos através desse projeto realizar uma exposição onde não houvesse separação entre o que estaria exposto e o prédio propriamente dito. Não havia uma arquitetura, no sentido de um espaço desvinculado de um conteúdo expositivo. O próprio espaço era a exposição” (JUAÇABA e LESSA, 2014).
A escolha da estrutura metálica aparente veio para atender tanto a
estética pretendida – ser também uma obra de arte em exposição;
como também, pensando que a estrutura poderia – e deveria – ser
38
reutilizada. Sendo assim, o esqueleto metálico de andaimes foi
montado de maneira que pudesse ser levado a outros usos
posteriores.
Figura 16: Vista do Pavilhão Humanidade 2012.
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-166107/pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-bia-lessa/5746b283e58ece8652000182-pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-bia-lessa-foto
Além da facilidade em montar e desmontar a estrutura, os
andaimes fizeram parte de uma decisão consciente de suas
idealizadoras em aproveitar ao máximo o que o terreno poderia
oferecer ao pavilhão. Localizado no forte de Copacabana, em
uma área de ventos constantes e vista deslumbrante, os
andaimes deram ao projeto a transparência necessária para
apenas descansar sobre seu terreno e permitir aos visitantes
desfrutar de seu entorno completamente. Para nós sustentabilidade representava a utilização dos elementos que o terreno e as condições climáticas apresentavam. Como negar o vento, o mar, o sol e a chuva tão imponentes e soberanos no forte de Copacabana? [...] A Carla Juaçaba (arquiteta responsável pelo projeto) foi quem primeiro olhou a estrutura dos andaimes e pensou em deixá-los a mostra recebendo a natureza. Revelá-los em vez de escondê-los. Andaimes que já davam suporte as tendas plásticas ali montadas, seriam libertados e dariam transparência à vista já existente (JUAÇABA e LESSA, 2014).
A partir de um programa de necessidades extenso, que inclui
grandes salas para exposições, auditórios, áreas de estar e
passagem; a arquiteta desprendeu os blocos em diferentes
volumes a serem acessados por rampas em inclinações suaves,
39
de modo a possibilitar um trânsito tranquilo dos visitantes, além
de possibilitar a contemplação do espaço como um todo e seu
entorno – fazendo do pavilhão um meio facilitador das reflexões
propostas pela conferência Rio +20.
Na figura abaixo (figura 17), está a planta baixa esquemática do
nível 01 do pavilhão, com sua compartimentação em diferentes
ambientes (representados em preto) ligados pelas rampas
(representadas em vermelho).
Figura 17: Planta baixa esquemática do nível 01 do Pavilhão Humanidade 2012.
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-166107/pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-bia-lessa/5746b0bee58ecebb960001d0-pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-bia-lessa-planta-nivel-1
Já na figura seguinte, figura 18, vê-se uma fotografia do pavilhão já em uso, onde é possível observar os aspectos ressaltados anteriormente: a tridimensionalidade da estrutura, a compartimentação em diferentes níveis, a transparência do edifício e como os visitantes podem circular dentro dele e ainda conservar uma relação com o exterior.
.
40
Figura 18: Visitantes no Pavilhão Humanidade 2012
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-166107/pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-
bia-lessa/5746b1f5e58ece865200017e-pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-bia-lessa-foto
Apesar do edifício ser, em sua maioria, constituído de espaços
abertos, algumas salas tiveram que ser fechadas, para um melhor
desempenho de suas exposições e atividades internas. A
exemplo, estão os auditórios e algumas salas de exposição, como
demonstrado abaixo.
Figura 19: Auditório fechado. Figura 20: Sala de exposição fechada.
41
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-166107/pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-bia-lessa/5746b2b9e58ece8652000183-pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-bia-lessa-foto Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-166107/pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-bia-lessa/5746b003e58ece8652000173-pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-bia-lessa-foto
Todos os espaços foram pensados com um objetivo, cada sala
com seu uso, e também os corredores e rampas. No entanto,
ao decorrer da exposição os visitantes foram se apropriando
dos ambientes de maneiras inusitadas, locais de contemplação
passaram a ser de passagem e vice-versa. Sobre isso a diretora
Bia Lessa comentou o seguinte:
A visitação maciça do público transformou e reinventou o espaço. Já não era mais uma exposição dos conteúdos que tínhamos domínio, mas de uma infinidade de pessoas que interferiam com aqueles objetos e espaços criando uma vida própria e nos revelando com muita clareza a função de cada lugar (LESSA, 2014).
Ao analisar o Pavilhão Humanidade 2012 e trazê-lo para o
estudo referencial, conclui-se que sua estética industrial foi o
fator de maior influência no projeto objeto deste Trabalho Final
de Graduação. Além disso, a preocupação com a implantação
e o melhor aproveitamento dos atributos naturais do terreno
(iluminação e ventilação), foram também levados em
consideração.
4.2 Centro Georges Pompidou – Renzo Piano e Richard Rogers
O projeto para o Centro foi fruto de um concurso público
idealizado pelo então presidente da França, Georges
Pompidou no início da década de 1970. Os ganhadores foram
os arquitetos, então desconhecidos, Renzo Piano e Richard
Rogers.
A característica mais marcante desse projeto é, sem dúvida, a
estrutura metálica externa aparente, idealizada como meio de
expressão de desenvolvimento e alta tecnologia. O
42
exoesqueleto composto por tubos e cabos de metal é também
parte da estética industrial proposta pelos arquitetos.
Figura 21: Vista do Centro Georges Pompidou
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-41987/classicos-da-arquitetura-centro-georges-pompidou-renzo-piano-mais-richard-rogers/41987_42037
Além do fator estético, a decisão por uma estrutura externa
libera o interior do edifício para diversos usos sem a
preocupação dos elementos técnicos atrapalharem as
exposições ou eventos.
A estrutura metálica está organizada em cores, os elementos de
ventilação e sustentação estão pintados em branco; a parte de
estrutura de escadas e elevadores, em prata; a ventilação é
azul; as instalações de incêndio e hidráulicas são pintadas de
verde; o sistema elétrico é amarelo e laranja e a circulação dos
visitantes está em vermelho. Figura 22: Cores do Centro Georges Pompidou.
43
Fonte: http://www.arquitetoversatil.com/2016/07/centro-georges-pompidou-renzo-piano-e-richard-rogers-arquitetura-high-tech.html
Vale salientar ainda que o Centro Georges Pompidou abriga o
Museu Nacional de Arte Moderna, que é o maior
museu europeu do tipo. Há ainda a Bibliothèque Publique
d’Information e um centro para música e investigações
acústicas conhecido como IRCAM. O espaço exterior, uma
praça plana e livre, é constantemente utilizada para eventos
urbanos.
Figura 23: Espaço interno do centro Georges Pompidou.
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-41987/classicos-da-arquitetura-centro-georges-pompidou-renzo-piano-richard-rogers/courtney-traub/
Enquanto referência projetual, o Centro Georges Pompidou oferece
exemplo de estética industrial – a mistura dos materiais, as cores e
dimensões dos elementos metálicos – e organização espacial das estruturas
externas.
4.3 Kineforum Misbar - Laszlo Csutoras E Malissa Liando
Localizado em Jacarta, Indonésia, o Kineforum Misbar foi um cinema aberto e temporário, criado pelos arquitetos Laszlo Csutoras e Malissa Liando, do escritório Csutoras & Liando, como parte da Bienal de Jacarta de 2013.
44
Figura 24: Kineforum Misbar
fonte:www.dezeen.com
O projeto foi criado com a importante missão de movimentar a
atmosfera sociocultural da cidade, promovendo o cinema
nacional, resgatando a cultura de cinemas abertos na Indonésia
e, ao mesmo tempo, criando um ambiente democrático, aonde
pessoas de diferentes esferas sociais tiveram a oportunidade de
comungar experiências. Não coincidentemente, esteve
localizado em uma praça no centro de Jacarta, ao lado de um
importante monumento nacional, a torre de Monas e também
de quadras de futebol utilizadas pela comunidade.
45
Figura 25: Relação com o entorno
Fonte: www.dezeen.com)
Seu programa de necessidades incluiu, além do cinema aberto - o qual contou com uma arquibancada em níveis e uma sala de projeção - uma área de foyer, uma lanchonete e um guichê para ingressos, além da presença de um banco externo, o qual se estabeleceu como elemento de transição entre o interno e o externo, servindo de apoio também às outras atividades que da praça. Figura 26: Planta baixa - imagem editada pela autora
Fonte: www.archdaily.com
46
Figura 27:Integração do prédio com a praça e o papel de transição do banco externo
Fonte: www.dezeen.com
Com uma área de 530 metros quadrados e altura de 6 metros,
o sistema estrutural desse prédio utilizou tubos de andaimes
com fechamento em cortina de tecido agronet (tecido
translúcido de maior uso para sombreamento agrícola). Tais
materiais estabeleceram uma composição de fachada
interessante, utilizando-se da repetição ritmada dos andaimes,
e também dos efeitos de luz e sombra e cheios e vazios que
conferem movimento através do tecido de fechamento.
O piso e as paredes internas foram resolvidos com madeira
compensada, a qual recebeu pintura de triângulos coloridos
que, além de decorativos, cumpriram o papel de auxílio
direcional aos visitantes.
47
Figura 28: Elementos estruturais, vista interna e esquema de montagem
Fonte: www.dezeen.com)
O prédio foi erguido em dez dias, tempo de execução que se relaciona diretamente com a utilização de materiais de fácil comercialização, com baixo custo agregado e de rápido e fácil manuseio e instalação, os quais também puderam ser reutilizados após o término do evento e consequente desmontagem do prédio.
48
Figura 29: Utilização do espaço projetado
Fonte: www.dezeen.com)
O kineforum Misbar representa uma arquitetura transitória, que conseguiu se relacionar com a comunidade passando uma mensagem de integração e valorização da cultura local, através de uma arquitetura com grande adaptabilidade e rápido poder de transformação, refletida nas escolhas de materiais utilizados e na concepção do projeto como um todo.
4.4 New Mfo-Park - Burckhardt+Partner
A “Park House” também conhecida como “Parkhaus” ou “MFO
(Maschinenfabrik Oerlikon) park”, localizado ao centro do norte de
Zurich, é um projeto do Tasks Burckhardt+Partner AG em
colaboração com Radershall landscape architects. O projeto
mede 100 metros de comprimento, 34 metros de largura e 18
metros de altura e é considerado a maior pérgola do mundo.
49
Figura 30 - MFO Park, vista externa
Fonte: r-hafizov.livejournal.com
A obra é caracterizada por paredes duplas cobertas por uma
malha de cabos e uma treliça no velho e ornamentado estilo de
jardinagem, aberta para três lados e envolvida por plantas que
se alastram ao longo de sua estrutura. Existem quatro “cálices”
de cabo na parte posterior dentro do espaçoso hall, como um
verdadeiro bosque no meio de uma floresta de trepadeiras.
Figura 31 – “Cálices” de cabo dentro do hall
Fonte: landezine.com
50
Figura 32 – Hall do MFO Park
Fonte: myclimate-audio-adventure.ch
Tanto a praça quanto o MFO park fornecem uma miríade de
usos possíveis que valorizam os prédios residenciais e de
serviço na região. O espaço acomoda diversas atividades
como: jogos e esportes, reuniões de todos os tipos, eventos de
exibição de filmes, concertos e performances teatrais – tudo em
um cenário barroco de sebes.
Um volume arquitetônico aberto para todos os sentidos
emerge repleto de um jogo de luz verde e fragrâncias, graças à
folhagem delicada. No telhado está o terraço e entre as
paredes duplas, atravessam lances de degraus, passeios
cobertos e varandas em balanço. Um carpete de musgos reflete
a iluminação natural em quatro piscinas d’água.
4.5 Reflexões Acerca Dos Estudos Diretos
Os projetos selecionados como estudos de referencia foram selecionandos visando principalmente a analise dos sistemas construtivos utilizados. O resultado formal, os ideais imagéticos e as intenções dos mesmos também foram considerados pois condizem com a edificação proposta. O Pavilhão da Humanidade, de Carla Juaçaba, juntamente com o Kineforum Misbar de Laszlo Csutoras e Malissa Liand forneceram embasamento acerca da estrutura temporária de andaimes, sistema estrutural selecionado para grande parte da Cervejaria, tema deste Trabalho Final de Graduação. O New MFO Park, devido a sua permerabilidade e integração com o meio ambiente, contribuiu fortemente para a
51
determinação de diretrizes projetuais.
5.DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
Visando o desenvolvimento de uma proposta devidamente
embasada, se fez necessário a analise de alguns aspectos
relacionados ao terreno sugerido para implantação do projeto
de uma micro cervejaria. As condicionantes legais e ambientais
são de significativa importância para esta etapa de concepção
projetual e tem reflexos determinantes, visivelmente notados
no resultado final. Aqui se faz o descrição desse processo.
5.1 Condicionantes Naturais E Legais
5.1.1 O entorno
Por se tratar de um estabelecimento que oferece os serviços de
bar e restaurante e ainda exerce a função de uma micro
indústria, a escolha do terreno obedeceu critérios que
favoreçam a complexibilidade de seu programa. Para tanto, o
projeto sera feito na a cidade de Natal.
Considerando que o imóvel esta situado em um municipio de
grande interesse turístico, seria interessante, do ponto de vista
mercadológico, inseri-lo dentro do perímetro em que esta
atividade ocorre de forma mais intensa, assim sendo, se
assentará no bairro de Ponta Negra (figura 33), em local de fácil
acesso e infraestrutura urbana satisfatoria.
O bairro de Ponta Negra encontra na Zona Administrativa Sul e
conta com uma estrutura de serviços voltada ao público, como
correios, bares, hotéis, restaurantes, boates, paradas de ônibus,
shoppings e pontos turísticos icônicos para a cidade - o Morro
do Careca e a praia de Ponta Negra - (figura 34). Também
foram essas condicionantes importantes para a implantação da
cervejaria.
52
A infraestrutura do bairro e satisfatoria, contando com coleta de
lixo diariamente, com o abastecimento de agua em 98,57% do
bairro, saneamento em grande parte de sua extensao e acesso
a energia eletrica. Tem 4.657 linhas de telefonia publica, e 70%
drenada e 75% pavimentada. 1 unidade basica de saude. 1
delegacia distrital, 2 delegacias especializadas, 1 base
comunitaria e 11 pracas. A maior parte da populacao e alfabetizada e tem renda entre 3 e 5 salarios minimos (SEMURB,
2013).
Figure 33: Localização do bairro de Ponta Negra em Natal
Fonte: SEMURB, 2013
53
Figure34: Localização de equipamentos e serviços no bairro de Ponta Negra
Fonte: SEMURB, 2012
Figura 35: Caracteristicas do entorno dos domicilios do bairro de Ponta Negra
Fonte:SEMURB, 2013
5.1.2 O TERRENO O terreno escolhido é fruto de um remembramento e localiza-se na Rua João Rodrigues de Oliveira (Figura 41 e 42). A principal motivação pela escolha do terreno foi sua localização privilegiada com uma vista privilegiada para o maior cartão
54
postal da cidade, o morro do careca. Além disso, em um raio próximo encontra-se uma grande concertação de hotéis, pousadas, bares e restaurantes com vasta circulação de pessoas e capital. E importante destacar também, que o terreno tem duas opções de entrada, pela Rua João Rodrigues de Oliveira, e um acesso direto pela orla.
Figura36:vistaprivilegiadadoterreno
Figure4:GoogleStreetView
Figura 37: Dimensoes do Terreno
Fonte 1: Elaborado pela autora com base no mapa da SEMURB
55
Figura 28: Inclinação do terreno
Fonte 3: Elaborada pela autora com base no mapa da SEMURB
O terreno apresenta uma área total de 3483,36m2 (Figura 43),
sendo o somatório de 2432,48 do terreno A e 1050,88 do
terreno B. Em relação a topografia, apresenta uma inclinação
de 17 metros do ponto mais alto, que fica na Rua João
Rodrigues de Oliveira ao mais baixo, na orla da praia, sendo
assim, um declive em direção ao mar (Figura 44).
5.1.3 VENTILAÇAO E INSOLAÇAO Natal esta localizada na Zona Bioclima tica 8, caracterizada pela presença de um clima quente e úmido, além da abundancia de radiação solar durante todo o ano. Os ventos predominantes vem da direção sudeste, leste e sul conforme a carta dos ventos de Natal. Sabendo dessas informações e possível fazer as analises para se determinar as aberturas, de forma a receber boa parte dos ventos e proteger as que ficarem na direção do poente.
56
Figure39:Direçãodosventos
Figure5:ElaboradopelaautoracombasenomapadaSEMURB
Com base na carta solar de Natal foi possível analisar os efeitos
da insolação durante o ciclo anual.
Constatou-se pela trajetória solar que a incidência de radiação
tem rebatimentos mais determinantes para o projeto no eixo
leste-oeste (nascente-poente) – é nessa posição que a
edificação recebe mais insolação direta e precisa ser protegida.
Também é valido ressaltar que existe uma variação da
angulação deste percurso que depende da estação do ano,
sendo esta variação máxima no verão e no inverno, outros dois
períodos importantes para o estudo.
57
Figure 40: Carta solar de Natal
Figure 6: Labcon, UFRN
Com base no estudo feito, observa-se que a fachada Sudeste
que receberia maior incidência da radiação solar durante o
período da manha por estar mais voltada pro Leste, permanece
sombreada pela edificação vizinha durante todo o ano nesse
período. A Sudoeste permanece sombreada durante o verão e
no equinócio pelas edificações vizinhas no período da manha e
com maior incidência solar no período da tarde durante todo o
ano. As fachadas Nordeste e Noroeste não recebem influencia
do sombreamento das edificações vizinhas, recebendo
incidência direta da radiação solar durante todo o ano, no
entanto, por estar voltada mais para Leste, a fachada Nordeste
sofre mais com a radiação no período da manha e a fachada
Noroeste, que esta mais voltada para Oeste e mais prejudicada
com a radiação durante a tarde.
58
Figure41:Trajetoriasolarnoterreno
Figure7:ElaboradopelaautoracombasenomapadaSEMURB
5.1.4 LEGISLAÇAO
Neste capitulo serao apresentados os condicionantes legais em
vigor no municipio e que devem ser levados em consideracao
para o desenvolvimento da proposta, sendo realizado o estudo
do Plano Diretor de Natal, do Codigo de Obras de Natal, da
NBR-9050, do Codigo de seguranca e prevencao contra
incendio e panico do Estado do Rio Grande do Norte.
O macrozoneamento da cidade de Natal divide a totalidade do
territorio do Municipio em tres zonas: I - Zona de Adensamento
Basico; II - Zona Adensavel e III - Zona de Protecao Ambiental.
O bairro de Ponta Negra, onde o terreno do projeto esta
localizado e classificado como uma Zona de Adensamento
básico. No entanto, parte do bairro e classificada como Zona
59
Especial de Interesse Turístico (ZET). Existem 04 ZET’s no
Município: ZET – 1 (Ponta Negra), ZET – 2 (Via Costeira), ZET –
3 (Praia do Meio) e ZET – 4 (Redinha), que são devidamente
regulamentadas nos Instrumentos de Ordenamento Urbano, do
ano de 2009.
Dessa forma, de acordo com o Plano diretor do Município de
Natal, a parte do bairro onde esta inserido o terreno,
corresponde a Zona de Interesse Turístico I, portanto possui
legislação e prescrições urbanísticas especificas, não se
aplicando o índice de aproveitamento e recuos aplicados ao
restante do bairro.
A ZET – 1 apresenta quadro de prescrições urbanísticas
contendo usos permitidos e tolerados, área mínima de lotes,
índices urbanísticos, recuos e demais legislações especificas
para cada uso. Para o uso do projeto em questão aplicam-se as
prescrições urbanísticas da Tabela 01, referentes ao uso como
prestação de serviço
Figure42:Presciçõesurbanisticasdolote
Figure8:Elaboradopelaautora
Devido a falta de normas especificas para cervejarias, serão
consideradas as especificações gerais, independente de uso, e
algumas especificações referentes a bares e restaurantes ou
similares.
60
A consulta às normas técnicas, em especial o código de obras
vigente da cidade de natal – mais uma vez se fez necessário no
momento da definição e pre-dimensionamento do
estacionamento. A quantidade de vagas necessárias depende
do tipo de via em que o terreno se encontra e do uso da
edificação. Sendo assim, para o terreno que se localiza entre a
Rua João Rodrigues de Oliveira e a orla marítima de Ponta
Negra, categorizada como via local e em relação ao uso da
edificação, esta e caracterizada como restaurante, salão de
festas, boate e semelhantes, logo, e necessária uma vaga para
cada 20m2 de área de público, logo, temos 448,90m² de área
de publico o que resulta em 22 vagas de estacionamento.
O código de obras estabelece ainda que as dimensões mínimas
de uma vaga de estacionamento para carros são de 2,40m X
4,50m, sendo recomendadas 2,50 X 5,00m e para o
estacionamento de carros pequenos e médios, em angulo de
90o em relação a via, deve ser prevista a circulação mínima de
5,00m (Figura 49)
Ainda pelo código de obras, para efeito de insolação,
iluminação e ventilação, todos os compartimentos da
edificação devem dispor de abertura direta para logradouro,
pátio ou recuo. A superfície da abertura voltada para o exterior,
destinada a insolação, iluminação e ventilação, não pode ser
inferior a um sexto (1/6) da área do compartimento, quando se
tratar de ambientes de uso prolongado e um oitavo (1/8),
quando se tratar de ambientes de uso transitório. São
dispensados de iluminação e ventilação direta e natural os
ambientes que se destinam a: corredores e halls de área
inferior a 5m2; compartimentos que pela sua utilização
justifiquem a ausência dos mesmos, conforme legislação
própria, mas que disponham de iluminação e ventilação
artificiais; e depósitos de utensílios e despensa (NATAL, 2007)
A NBR 9050 tem o objetivo de estabelecer criterios e
parametros tecnicos a serem observados no projeto,
61
construcao, instalacao e adaptacao de edificacoes, mobiliario,
espacos e equipamentos urbanos as condicoes de
acessibilidade.
No caso da cervejaria que se destina a receber diversos
usuários e funcionários, entre eles pessoas com mobilidade
reduzida, sendo assim, e de extrema importância atender aos
requisitos dessa norma. O estabelecimento de um único nível
em todo o projeto foi determinante para garantir o direito de ir
e vir a todos os usuários do empreendimento.
Os critérios exigidos pela norma serao consultados mediante
necessidades, mas alguns dos criterios que podem influenciar a
concepca o do projeto nesse momento sao as determinacoes
referentes aos vaos livres minimos que sao de 80cm, acessos
sem barreiras, tanto social quanto servico, as dimensoes
minimas para banheiros de 1,50m por 1,70m e as inclinacoes
de rampas e dimensoes de corrimaos e guarda-corpo.
5.2 Programa De Necessidades, Zoneamento e Pré-dimensionamento
A partir dos estudos de referência e do estudo do processo de
fabricação de cerveja artesanal, elaborou-se o programa de
necessidades e pre-dimensionamento do projeto. Se fez
necessário fazer uma estimativa da capacidade de produção
diária, além de um levantamento prévio dos equipamentos
necessários para o funcionamento do estabelecimento.
Em resumo, são necessárias três etapas para a fabricação de
cerveja: a mostura, a fervura e a fermentação.
A mostura, processo que dura em media três horas, consiste na
moagem e hidratação do malte. O grão é moído e misturado a
água quente, permanecendo a uma temperatura de
aproximadamente 65º C para que dele sejam extraídas os
açucares que o compõel. Esse processo resulta em um liquido
62
(mosto) e necessita de três grandes recipientes metálicos: um
para a mostura, um para a fervura e outro para a filtragem.
(ZANCAN, 2012)
Na fervura o mosto é fervido na caldeira de fervura, o que
normalmente dura cerca de duas horas. Nessa etapa se
adiciona o lúpulo. (ZANCAN, 2012)
Após o resfriamento do liquido, este segue para os tanques de
fermentação, aqui se adiciona o levedo que inicia o processo
químico de fermentação. Este processo tem duração variada de
acordo com a receita de cerveja que esta se produzindo no
local, por exemplo, uma cerveja do tipo “Ale” precisa
permanecer nos tanques pelo tempo de cinco a dez dias a
baixas temperaturas. (ZANCAN, 2012)
Fica claro que para o bom funcionamento da cervejaria, esse
processo aconteça de forma fluida e simples, por isso,
destinou-se uma grande área livre para a produção da bebida.
O estudo do processo de fabricação de cerveja também foi
determinante no momento de se pré-dimensionar ambientes
destinados a funcionários. Como foi descrito anteriormente, a
produção da bebida é de relativa simplicidade, porem é um
processo lento. Estima-se que cinco funcionários seriam
capazes de produzir mensalmente sessenta mil litros, ou seja,
três mil litros por dia (capacidade da cervejaria proposta).
63
Figura43:Fluxogramabasicodeumamicrocervejaria
Figura 4: beerlifehttp://beerlife.com.br/portal/edicao/default.asp?edicao=6&secao=Ind%FAstria&id_materia=40
O programa foi dividido em três setores: setor de
administração, setor de cervejaria e setor de bar e restaurante.
Além de apresentar um pequeno programa de serviços de
apoio.
O setor de administração deve ficar na entrada do
estabelecimento para controlar a saída e entrada de pessoas. É
composto pela recepção, onde clientes, sócios e fornecedores
podem esperar para serem atendidos, escritório e sala de
reuniões, onde deve ficar o administrador do estabelecimento,
responsável pelas finanças, por coordenar os funcionários e
cuidar das instalações. Faz-se necessário também um banheiro
que atenda esses funcionários e possíveis visitantes, o hall de
acesso ao restaurante e bar e a loja.
O setor de cervejaria apresenta um programa mais complexo,
ele abrange as seguintes necessidades: área de produção -
onde se fabrica a cerveja – estocagem, laboratório,
almoxarifado, deposito, recepção e lavagem, câmara fria,
envase – envase, rotulação e despacho da produção,
estocagem – estoque de malte garrafas chopeiras e barris e
vestiários.
64
Estrategicamente, parte do programa da cervejaria e cozinha se
uniram de modo que algumas das instalações não precisassem
ser repetidas. Fazem parte da cozinha: o deposito, a câmara
fria, a despensa, o deposito de matérias de limpeza (DML), a
área de cocção e preparo e a gerencia.
A área de mesas e bar, banheiros masculino feminino e PNE e o
caixa compõem o setor de bar e restaurante.
Finalmente, no setor de serviços, encontram-se a casa de gás,
casa de lixo e o acesso de caminhões.
Figura44:Programadenecessidadesadministração
Fonte:Elaboradopelaautora
Figura45:Programadenecessidadescervejaria
Figura5:Elaboradopelaautora
65
Figura46:Programadenecessidadesbarerestaurante
Fonte:Elaoradopelaautora
Figura47:organogramageraldoprojeto
Figura6:Elaboradopelaautora
Para determinar o zoneamento da edificação, foi distribuindo
no terreno os setores definidos no programa, aqui
anteriormente descritos: setor administrativo, o setor da
cervejaria e o setor do bar e restaurante, juntamente com o
programa de apoio e estacionamentos. Para guiar essa
distribuição foram colocados os setores com as áreas definidas
66
no pré-dimensionamento e previsões os recuos e gabaritos
máximos permitidos. Buscou-se privilegiar a ventilação,
colocando as áreas de acesso ao publico, como o bar, em
locais onde a ventilação predominante incide e tem bom
sombreamento, a parte de produção no centro, já que esta
necessita de uma estrutura mais rígida que atenda as normas
da vigilância sanitária e suporte os esforços do peso dos
equipamentos. A parte de serviços voltada pra onde se recebe
mais radiação durante a tarde e o estacionamento voltado para
a rua de acesso.
5.3 Evoluçao Do Projeto
A elaboração do zoneamento foi importante para distribuir os
setores no terreno, no entanto, algumas ajustes foram feitos e
serão descritos na apresentação do resultado final.
Buscou-se desde o principio uma forma simples e racional, de
pouco impacto na paisagem, e que facilite o processo de
montagem do edifício.
Primeiramente, definiu-se que seria priorizada a fachada
Nordeste em decorrência da vista para o mar e para morro do
careca, de modo que os ambientes de longa permanência (área
de mesas), ficassem voltados para esse cenário. Essa posição
também garante acesso a ventilação natural e o conforto
térmico aos usuários. O sistema construtivo escolhido, bastante
permeável, contribui para a integração visual do projeto para
com o ambiente. (Figura 48)
67
Figure48:Zoneamento
Fonte:ElaboradopelaautoracombasenomapadaSEMURB
No centro, esta o núcleo rígido, responsável por amarrar a
estrutura, é nele que que se abriga o programa da cervejaria e
cozinha. Por se tratar de um uso que deve atender rigidamente
as normas da vigilância sanitária, nessa parte, a estrutura se
torna mais convencional e fixa.
O setor administrativo, juntamente com o acesso principal e
estacionamentos se colocaram na fachada voltada para a Rua
Joao Rodrigues de Oliveira.
Desde o inicio tentou-se encaixar todo o programa de
necessidades em um único nível, de modo a atender as
exigências da NBR 9050 de acessibilidade. Porem, a diretriz
colocada pelo plano diretor de controle de gabarito (7,5m
medidos em qualquer ponto da topografia) dificultou e limitou
o estudo projetual em alguns aspectos.
Como resultado desse estudo, temos, em resumo, uma
estrutura de micro cervejaria abraçada por uma área de mesas,
68
passível de expansão ou ate contração de sua área como
podemos ver na Figura x.
Figure49:Estudovolumetricobasico
Fonte:Elaboradopelaautora
Figure50:Estudovolumetricoavançado
Figure9:Elaboradopelaautora
6.MICRO CERVEJARIA
Este Capitulo descreve o processo projetual com todos os
procedimentos e decisões adotadas para a concretização do
projeto arquitetônico da Cervejaria, considerando o contexto e
69
os argumentos expressos no referencial teórico.
Simultaneamente ao processo projetual, ocorreram pesquisas
conceituais e estudos de referencia que determinaram as
diretrizes principais da proposta: a flexibilidade, a modulação e
a adaptação.
O projeto em questão trata-se de uma micro cervejaria, com
capacidade de produção de três mil litros de cerveja por dia, e
sessenta mil litros mensais. A edificação foi pensada dando
prioridade a sua função industrial de produção, envase e
distribuição de seus protos. Também abriga as atividades
administrativas da empresa, assim como oferece a
possibilidade de consumo no local, atividade que ocorre na
área de apoio de cozinha e área de mesas. Figura 51: planta de layout da cervejaria
Fonte: Elaborado pela autora
O equipamento proposto é um espaço que tem como objetivo
inserir a cultura de produção e consumo cerveja artesal local. A
ideia é aproximar o consumidor do processo de fabricação.
Além da capacidade de produção, o empreendimento conta
com um restaurante de médio porte. com capacidade para 250
pessoas.
70
Figura 52: Fachada frontal
Fonte: elaborado pela autora
Figura 53: vista interna
Fonte: elaborado pela autora
71
6.1 Estrutura Serao aqui descritos os sistemas estruturas utilizados no projeto. 6.1.1 Estrutura Metalica e Light Steal Frame
Produto resultante de interações do elemento químico Ferro
(Fe) com o Carbono (C) e outros componentes, o aço é uma
liga metálica que se encontra em processo de expansão quanto
a sua utilização em obras, sendo que as principais propriedades
do aço estão relacionadas a sua composição.
Desde o século XVIII até os dias atuais, o aço tem possibilitado
aos arquitetos, engenheiros e construtores, soluções arrojadas,
eficientes e de alta qualidade. A capacidade de ser bastante
flexível quanto a sua utilização faz do aço um produto em
destaque no cenário da arquitetura e construção civil mundial.
A utilização do aço na arquitetura é muito presente em edifícios
de escritórios, habitações populares, pontes, passarelas,
viadutos, galpões, supermercados, shopping centers, lojas,
postos de gasolina, aeroportos e terminais rodoferroviários,
ginásios esportivos, e torres de transmissão.
Segundo Domarascki e Fagini (2009), o sistema construtivo
Steel Frame já é consolidado em diversos países,
principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. No Brasil, a
aplicação das estruturas metálicas na construção civil teve início
no final da década de 1990, e desde então vem ganhando
projeção no mercado graças as vantagens que oferece.
Além disso, o aço hoje é produzido no parque siderúrgico
brasileiro, o que proporciona um salto qualitativo no processo
produtivo e posiciona a indústria nacional de construção civil
de uma forma mais competitiva frente a um mercado
globalizado (HERNANDES, 2009 apud DOMARASCKI;
FAGIANI, 2009).
72
O sistema Steel Frame é composto por três tipos de
subestruturas: os pisos estruturais, as paredes estruturais e o
sistema de cobertura (DOMARASCKI; FAGIANI, 2009), sendo
os perfis leves de aço galvanizado que formam a estrutura base
que compõe o sistema. Esses perfis são fechados com placas
cimentícias, de OSB, ou drywall e revestidos como em qualquer
casa de alvenaria tradicional. Os perfis são fixados entre si,
através de parafusos autobrocantes, compondo painéis de
paredes, lajes de piso/forro e estrutura de telhado, constituindo
assim, um conjunto monolítico de grande resistência e apto a
absorver as cargas e esforços solicitados pela edificação e
agentes da natureza.
O sistema construtivo em aço apresenta vantagens
significativas sobre o sistema construtivo convencional, que são
fatores chave para o sucesso de qualquer empreendimento.
Devido à sua comprovada resistência, o aço é capaz de vencer
grandes vãos, eliminando colunas e paredes intermediárias,
com isso, oferece maiores espaços e confere flexibilidade na
concepção e execução de projetos (DOMARASCKI; FAGIANI,
2009).
Precisão construtiva é fruto da pré-fabricação, e garante uma
estrutura perfeitamente aprumada e nivelada, facilitando
atividades como o assentamento de esquadrias, instalação de
elevadores, bem como redução no custo dos materiais de
revestimento.
Por ser uma construção seca, torna mais fácil e ágil instalação e
manutenção de utilidades como água, ar condicionado,
eletricidade, esgoto, telefonia, informática, etc.
As seções dos pilares e vigas de aço são substancialmente mais
esbeltas do que as equivalentes em outros sistemas
construtivos. Essa característica proporciona um sensível alívio
nas fundações, devido ao reduzido peso e uniforme
73
distribuição dos esforços. Além disso, resultando em melhor
aproveitamento do espaço interno e aumento da área útil.
O aço oferece a possibilidade de se trabalhar em várias frentes
de serviços simultaneamente, além das ocorrências de chuvas
não afetarem a montagem da estrutura. Esses fatores permitem
a redução de custos através da otimização do tempo de
fabricação e montagem.
Numa obra, através de processos convencionais, o desperdício
de materiais pode chegar a 25% em peso. A estrutura metálica
possibilita a adoção de sistemas industrializados, fazendo com
que o desperdício seja sensivelmente reduzido.
Como a estrutura metálica é totalmente pré-fabricada, há uma
melhor organização do canteiro de obras e preservação do
meio ambiente. O ambiente limpo com menor geração de
entulho, emissão de material particulado e poluição sonora
oferece ainda melhores condições de segurança ao trabalhador
contribuindo para a redução dos acidentes de trabalho.
Além disso, o aço é um material que pode ser reaproveitado
inúmeras vezes sem nunca perder suas características básicas
de qualidade e resistência. Não por acaso, o aço, em suas
várias formas, é o material mais reciclado em todo o mundo.
Em relação as desvantagens das estruturas metálicas, segundo
Érika Murashige (2005), a corrosão e a baixa resistência do
material em situação de incêndio são as mais desfavoráveis.
Tanto as proteções contra corrosão quanto os revestimentos de
proteção contra incêndio encarecem o preço final da estrutura.
Por ser um sistema pré-fabricado, a precisão é fundamental e a
fase de projeto e compatibilização pode levar bastante tempo.
Trabalhar com estrutura metálica requer um detalhamento
maior do projeto executivo para que nenhum detalhe seja
esquecido.
74
Podem surgir trincas nas paredes e nos pisos devido a
contração e dilatação constantes, e por isso a movimentação da
estrutura deve ser prevista em projeto.
Outras questões como dificuldade de transporte e estudo de
viabilidade econômica podem não favorecer a utilização desse
tipo de construção em determinadas situações.
Essa tecnologia é utilizada no núcleo rígido do edifício, onde se
abriga os programas da cervejaria e cozinha. Estes setores
necessitam de maior infraestrutura em relação a capacidade de
cargas, vedações e pé direito, além de ter a função de
“amarrar” toda a estrutura provisória de andaimes que o
circula.
Figure54:EstruturaCervejariaeCozinha
Fonte:Elaboradopelaautora
75
6.1.2 Andaime Multidirecional
Como já descrito anteriormente, o projeto em questão consiste em uma micro cervejaria abraçada por uma estrutura provisória que abriga a área de mesas do bar e restaurante.
Figure55:ModulaçãodosAndaimes
Fonte:ElaboradopelaAutora
O sistema de andaimes multidirecionais foi utilizado em toda esta área, com o objetivo de permitir uma possível expansão do programa, uma retração ou ate modificação da forma, partindo de uma tecnologia flexível que não agrida severamente o ambiente nem produza resíduos. Foi a estrutura de andaimes multidirecional que forneceu a modulação de 1,5m x 1,5m que guiou todo o projeto.
76
O anel que circula a cervejaria possui travamento vertical – por se utilizar um perímetro duplo, horizontal – engastado na estrutura rígida da cervejaria, e contraventado por cabos de aço que se cruzam formando diagonais. (Figuras 55, 56 e 57) Figura 56 : Detalhe da estrutura
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 57 : Contraventameto da estrutura
Fonte: Elaborado pela autora
77
6.2 Vedaçao Serao aqui descritas as soluções de vedação utilizadas no projeto. 6.2.1 Madeira Plástica
A madeira plástica, conhecida também como madeira
ecológica, é fabricada a partir de resíduos plásticos industriais e
fibras que são 100% reciclados e recicláveis. Desta forma, trata-
se de uma madeira maciça industrializada sustentável que
contém aditivos anti-UV capazes de manter sua cor original por
mais tempo (Figura x).
Figura 58 – Madeira plástica aplicada em fachada
Fonte: www.ecopex.com.br/madeira-plastica/
Dentre suas principais vantagens tem-se a baixa manutenção e,
segundo a fabricante Rewood, possui uma vida longa (cerca de
100 anos). Além disso, sua resistência é quatro vezes superior a
madeira natural; é imune a pragas e cupins; e não absorve
umidade.
78
A instalação é feita de maneira simples, não exigindo
ferramentas e acessórios diferenciados, sendo possível furar,
lixar, serrar, colar, pintar, revestir, parafusar, pregar tal qual a
madeira convencional.
6.2.2 Placa De Policarbonato Celular
O sistema de painéis de policarbonato celular corresponde a
um termoplástico claro, aplicado em interiores e exteriores de
edifícios, sendo seu principal uso em fachadas. Sua instalação
elimina a necessidade do uso de perfis de alumínio verticais,
garantindo um melhor resultado estético, além da redução de
custo. (Figura x).
Figura 59 – Painéis de policarbonato celular aplicados em fachada
Fonte: www.ironlux.es/wp-content/uploads/2015/09/thermoclick_lexan
Os painéis se caracterizam por sua boa transmissão de luz,
devido ao seu material constituinte ser translúcido com
excelentes propriedades térmicas; ter uma superfície exterior
com proteção UV; e ter uma excelente resistência a impactos.
6.3.3 Tela de PVC
A vedação da área de mesas se da pela utilização de um tecido translucido a base de PVC, resistente a radiação Ultra Violeta. Este se fixa como cortinas, sendo acionados
79
apenas quando necessário (Chuva ou vento). Todo o interior da indústria é revestido utilizando telha metálica trapezoidal.
6.3 Cobertura Serao aqui descritas as soluções de cobertura adotadas no projeto. 6.3.1 Telha Isotermica Trapezoidal
Nos locais onde não há necessidade de passagem de
luz, são usadas telhas termoacústicas que auxiliam no
conforto térmico com redução de investimento nos
equipamentos de climatização. A economia também se
dá na estrutura da cobertura, por ser possível vencer
maiores vãos, e na rapidez da montagem.
6.3.2 Lona Sintetica De Plicarbonato (Toldo Plano)
A cobertura em policarbonato de adequa facilmente às
necessidades do ambiente por possuir tamanhos e formatos
variáveis e, além de decorativa, conta com proteção anti-raios
UV, reduzindo os efeitos diretos do sol. Para uma solução mais
econômica, pode ser usada a cobertura em lona sintética, que
tem as mesmas propriedades da cobertura em policarbonato.
Os toldos são elementos fixos e protegem portas e janelas, tem
estrutura em aço ou alumínio e, assim como a cobertura,
podem ser revestidos com policarbonato ou lona sintética.
6.4 Esquadrias
A escolha das esquadrias se deu de modo a satisfazer
principalmente o programa industrial de fabricação de cerveja e
cozinha. Para esses fins, a necessidade de climatização e
controle de pragas e contaminações influenciou a escolha por
abertuas zenitais de modelo Shed.
80
Aplica-se o shed com frequência quando não é possível obter
luz lateral, ou a excessiva largura do edifício deixa escassa a
entrada de luz. Configura-se por possuir telhados em forma de
dentes de serras com algumas faces de pouca inclinação
alternadas com outras quase verticais, sendo essas últimas
envidraçadas. A cobertura necessita de uma estruturação mais
elaborada, pois precisa ser guarnecida com caixilhos para
permitir a entrada de iluminação e ventilação enquanto impede
a penetração de chuvas.
81
7.CONSIDERAÇOES FINAIS
O processo de desenvolvimento do presente estudo se
mostrou um exercício projetual engrandecedor e único, no
qual pude conciliar o estudo de áreas de maior interesse na
arquitetura, como a versatilidade projetual, a arquitetura de
baixo impacto ambiental e o emprego de tecnologias e
técnicas construtivas alternativas aliadas ao projeto
arquitetônico.
Considero que a elaboração desse trabalho foi uma experiência
interessante e desafiadora, afinal, trabalhando com a
modulação, pude adentrar no universo de uma arquitetura com
vasto poder de transformação, por seu dinamismo e também
pela sua adaptabilidade a ambientes de escalas variadas. Algo
que pode ser desmontável, mas que não é descartável, uma
estrutura leve e com um tempo de execução e capacidade de
multiplicação que acompanham o acelerado ritmo dos dias
atuais.
Também considero de grande valia a dedicação ao estudo de
sistemas alternativos de construção, ampliando a visão de
materialidade, escolha estrutural e impacto ambiental do
exercício projetual arquitetônico, além do empenho em
compreender e especificar detalhes de encaixes estruturais do
sistema escolhido, os quais resultaram em um resultado
projetual coerente com a realidade e auxiliaram em um
entendimento mais íntimo da edificação.
O objetivo do projeto de desenvolver o anteprojeto de uma
cervejaria artesanal de pequeno porte se apresentou como um
desafio a parte, afinal, apesar de estar inserido em um setor
que se encontra me pleno crescimento em nossa economia,
estamos tratando de um tema que está se popularizando
recentemente em nosso país e que, por isso, representa uma
lacuna na nossa legislação, além de se constatar uma escassez
bibliográfica a seu respeito.
82
Por fim, é importante ressaltar que, na elaboração desse
trabalho, foi possível estudar e aplicar boa parte dos conteúdos
aprendidos durante o curso de Arquitetura e Urbanismo da
UFRN, além de promover um estudo com tema, público alvo e
materialidade que fogem ao convencional.
83
REFERENCIAS
ABNT. NBR 10152: Niveis de ruido para conforto acustico. Associacao Brasileira de Normas Tecnicas. Rio de Janeiro. 1987.
ABNT. NBR 10151: Acustica - Avaliacao do ruido em areas habitadas, visando o conforto da comunidade - Procedimento. Associacao Brasileira de Normas Tecnicas. Rio de Janeiro. 2000. ABNT. NBR 15220: Desempenho termico em edificacoes. Associacao Brasileira de Normas Tecnicas. Rio de Janeiro. 2003. ACHARYA, Larissa. FLEXIBLE ARCHITECTURE FOR THE DYNAMIC SOCIETIES: Reflection on a Journey from the 20th Century into the Future. 2013. 94 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Art History, Faculty Of Humanities, Social Sciences And Education University Of Tromsø, Tromso, 2013. Disponível em: <http://munin.uit.no/bitstream/handle/10037/5462/thesis.pdf>. Acesso em: 20 out. 2016. ADMINISTRADORES, Redação. Marcas premium alavancam crescimento do mercado de cervejas no Brasil, segundo relatório. 2012. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/marcas-premium-alavancam-crescimento-do-mercado-de-cervejas-no-brasil-segundo-relatorio/68795/>. Acesso em: 24 abr. 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDUSTRIA DA CERVEJA: anuario 2014. São Paulo, 22 abr. 2014. BECK, Marcio. Após pico em 2013, registros de cervejas artesanais caem 88% em 2014. 2015. Disponível em: <http://blogs.oglobo.globo.com/dois-dedos-de-colarinho/post/apos-pico-em-2013-registros-de-cervejas-artesanais-caem-88-em-2014-560587.html>. Acesso em: 26 abr. 2016. BERGER, Horst. Light structures – structures of light: the art and engineering of tensile architecture. Bloomington: Author House, 2005. BITTENCOURT, Leonardo Salazar; MARTINS, Tathiane Angra de Lemos; KRAUSE, Claudia Mariz de Lyra Barroso. Constribuição ao zoneamento
84
bioclimatico brasileiro: reflexões sobre o semiárido nordestino. Ambiente Construido, Porto Alegre, v. 12, n. 2, p.59-75, 15 jun. 2012. Anual. BREWERS ASSOCIATION (Eua). CRAFT BREWER VOLUME SHARE OF U.S. BEER MARKET REACHES DOUBLE DIGITS IN 2014. 2015. Disponível em: <https://www.brewersassociation.org/press-releases/craft-brewer-volume-share-of-u-s-beer-market-reaches-double-digits-in-2014/>. Acesso em: 3 abr. 2016. BREWERS ASSOCIATION (Eua). CRAFT BEER IS KEY TO U.S. BEER INDUSTRY GROWTH. 2014. Disponível em: <https://www.brewersassociation.org/insights/craft-beer-is-key-to-u-s-beer-industry-growth/>. Acesso em: 2 maio 2016. CAMARGOS, M. A. de; BARBOSA, F. V. Da Fusão Antárctica/Brahma à Fusão com A Interbrew: Uma Análise da Trajetória Econômico-Financeira e Estratégica da AMBEV. Revista de Gestão USP, São Paulo, v. 12, n. 3, p.47-63, set. 2005. CARNIDE, Sara Joana Ferreira. Arquiteturas expositivas efêmeras: pavilhão temporário em Roma. 2012. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Instituto Superior Técnico. Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa, 2012. Disponível em: <https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/2589873341164/Tese.pdf>. Acesso em: 16 junho 2016 Cervejaria Surly Brewing MSP / HGA. 10 Abr 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel). Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/785142/cervejaria-surly-brewing-msp-hga Acessado 19 Nov 2016. CERVEJEIRO.COM, Mestre. A Cultura da Cerveja no Brasil. 2014. Disponível em: <http://www.mestre-cervejeiro.com/a-cultura-da-cerveja-no-brasil/>. Acesso em: 15 maio 2016. DÜLGEROGLU, Y. Design methods theory and its implications for architectural studies. Design methods: theories, research, education and practice, California: Design Methods Institute, v. 33, n. 3, p. 2870-2879, 1999. FRACALOSSI, Igor. Clássicos da Arquitetura: Centro Georges Pompidou / Renzo Piano + Richard Rogers. 07 Abr 2012. ArchDaily Brasil. Disponível em:
85
http://www.archdaily.com.br/41987/classicos-da-arquitetura-centro-georges-pompidou-renzo-piano-mais-richard-rogers. Acessado 19 Nov 2016. JARDIM, L. AmBev amplia a vantagem. Disponível em: <http://veja.abril. com.br/blog/radar-on-line/tag/nielsen/>. Acesso em: 05 jun. 2012. JUTLA, R. An inquiry into design methods. Design methods: theories, research, education and practice, California: Design Methods Institute, v. 30, n. 1, p. 2304-2308, 1996. KALNIN, Joanir Luís; CASAROTTO FILHO, Nelson; CASTRO, João Ernesto E.. ANÁLISE ESTRATÉGICA PARA IMPLANTAÇÃO DE EMPRESAS DE PEQUENO PORTE: CERVEJARIAS ARTESANAIS. Produção, Florianopolis, v. 1, n. 2, p.13-27, 14 maio 2016. Anual. KLINKE, Angela. Cerveja artesanal não é moda. 2016. Disponível em: <http://www.valor.com.br/cultura/blue-chip/4418136/cerveja-artesanal-nao-e-moda>. Acesso em: 4 maio 2016. KIRIN BREWERY COMPANY (Eua). Kirin Beer University Report Global Beer Consumption by Country in 2012. 2014. Disponível em: <http://www.kirinholdings.co.jp/english/news/2014/0108_01.html>. Acesso em: 7 maio 2016. KRONENBURG, R. Ephemeral - Portable Architecture (Architectural Design Profile). Londres: John Wiley & Son Ltd., 1998. KRONENBURG, Robert; KLASSEN, Filiz. Transportable environments 3. Abingdon: Taylor & Francis, 2006. 241 p. KOWALTOWSKI, D. C. C. K. et al. Reflexão sobre metodologias de projeto arquitetônico. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 07-19, abr./jun. 2006. LEWIS, W. J. Tension structures: form and behaviour. London: Thomas Telford, 2003. LIMBERGER, Silvia Cristina. O setor cervejeiro no Brasil: Gênese e Evolução, Rio de Janeiro, v. 7, n. 3, p.34-45, 14 nov. 2013. Anual. MAHFUZ, Edson da Cunha. Ensaio sobre a razão compositiva. Viçosa: UFV, 1995.
86
MARTINS JÚNIOR, Albano Soares. MontaDesmontaRemonta: Significação dos Sistemas de Montagem. 2008. 137 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-04032010-160503/pt-br.php>Acesso em: 16 junho 2016. MEGA, J. F.; NEVES, E.; ANDRADE, C. J. de. A Produção de Cerveja no Brasi l . Revista Citino, Mato Grosso, v. 1, n. 1, p.34-42, dez. 2011. MEDEIROS, M. Cervejaria artesanal, um delicioso hobby: Engenheiro ensina a produzir diferentes tipos de cerveja “no fundo do quintal”. Disponível em: <http://odiariodeteresopolis.com.br/leitura_noticias. asp?IdNoticia=12567>. Acesso em: 07 nov. 2012. MONASTÉRIO, Clélia Maria Coutinho Teixeira. O processo de projeto da arquitetura efêmera vinculada a feiras comerciais. 2006. 248 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006. Disponível em <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000424260>. Acesso em: 16 junho 2016. O MESTRE CERVEJEIRO (Curitiba). Dados de mercado de cervejas artesanais. 2015. Disponível em: <http://www.mestre-cervejeiro.com/dados-de-mercado-de-cervejas-artesanais/>. Acesso em: 15 maio 2016. NEWS, Giro. Cervejas Especiais Coop Projeta Incremento de 80% nas Vendas. 2015. Disponível em: <http://www.gironews.com/supermercado/cervejas-especiais-32803/>. Acesso em: 22 abr. 2016. PAZ, D. Vitruvius. Arquitetura efemera ou transitoria: esbocos de uma caracterizacao, nov. 2008. ISSN 1809-6298. Disponivel em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.102/97>. Acesso em: 04 dez. 2014. PESQUISA NACINONAL FIESP/IBOPE SOBRE O PERFIL DE CONSUMO DE ALIMENTOS NO BRASIL. São Paulo, 18 maio 2010. STEFENON, Rafael. A EMERGÊNCIA DE UM NOVO PADRÃO DE CONSUMO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A DINÂMICA COMPETITIVA DA INDÚSTRIA CERVEJEIRA. 2011. 48 f. Monografia
87
(Especialização) - Curso de Ciências Econômicas do Setor de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. RIO GRANDE DO NORTE. PREFEITURA DE PARNAMIRIM. . Estatisticas e Mapas. 2016. Disponível em: <http://www.parnamirim.rn.gov.br/mapas.jsp>. Acesso em: 18 maio 2016. ROSA, S. E. S. da; COSENZA, J. P.; LEÃO, L, T. de S. Panorama do setor de bebidas no Brasi l . B DES Setorial, Rio de Janeiro, n. 23, p. 101-150, mar. 2006. SHANE, S. A General Theory of Entrepreneurship: The Individual-Opportunity Nexus. Edward Elgar: Cheltenham, U.K., 2003. SEBRAE (Brasil). Microcervejaria - Idéias e Negócios. Minas Gerais, 2011. 38 p. Disponível em: <https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:jRVSeI 1L99cJ:www.sebrae.com.br/momento/quero-abrir-um-negocio/que-negocio-abrir/ideias-1/ideias-de-negocios/ideias_negocio_pdf%3Fid%. Acesso em: 15 maio 2012. SINDICERV (Org.). Mercado de Cerveja. Disponível em: <http://www. sindicerv.com.br/mercado.php>. Acesso em: 06 ago. 2012. THE BARTH REPORT: hops 2014/2015. Nuremberg12, 12 abr. 2014. HUMANIDADE2012 / Carla Juaçaba + Bia Lessa. 03 Jan 2014. ArchDaily Brasil. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/166107/pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-bia-lessa. Acessado 18 Nov 2016 FRACALOSSI, Igor. Clássicos da Arquitetura: Centro Georges Pompidou / Renzo Piano + Richard Rogers. 07 Abr 2012. ArchDaily Brasil. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/41987/classicos-da-arquitetura-centro-georges-pompidou-renzo-piano-mais-richard-rogers. Acessado 19 Nov 2016. SANTOS, Rafael Nascimento dos. Centro Georges Pompidou - Renzo Piano e Richard Rogers: Arquitetura High Tech. 2016. Disponível em: <http://www.arquitetoversatil.com/2016/07/centro-georges-pompidou-renzo-piano-e-richard-rogers-arquitetura-high-tech.html>. Acesso em: 19 nov. 2016. Cervejaria Surly Brewing MSP / HGA. 10 Abr 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel). Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/785142/cervejaria-surly-brewing-msp-hga Acessado 19 Nov 2016.
88
ESTEVES, Ana Margarida Correia. Flexibilidade em Arquitetura: Um Contributo Adicional para a Sustentabilidade do Ambiente Construído. 2013. 224 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Universidade de Coimbra, Coimbra, 2013. Disponível em: <https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/24866/1/F%20L%20E%20X%20I%20B%20I% 20L%20I%20D%20A%20D%20EM%20ARQUITECTURA%20- %20Margarida%20Esteves.pdf>. Acesso em: 20 out. 2016. GIMENEZ, Luis Espallargas. Construir e configurar. 2012. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.150/4508>. Acesso em: 20 out. 2016. GREVEN, Hélio Adão; BALDAUF, Alexandra Staudt Follmann. INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO MODULAR DA CONSTRUÇÃO DO BRASIL: Uma abordagem utilizada. 9. ed. Porto Alegre: Coleção Habitare, 2007. 72 p. GREVEN, H.A. Coordenação Modular. In: GREVEN, H.A. Técnicas não convencionais em edificação I. Porto Alegre: Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000. MARTINS JÚNIOR, Albano Soares. MontaDesmontaRemonta: Significação dos Sistemas de Montagem. 2008. 137 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: Acesso em: 16 maio 2014. HUMANIDADE2012 / Carla Juaçaba + Bia Lessa. 03 Jan 2014. ArchDaily Brasil. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/166107/pavilhao-humanidade2012-slash-carla-juacaba-plus-bia-lessa. Acessado 18 Nov 2016 SANTOS, Rafael Nascimento dos. Centro Georges Pompidou - Renzo Piano e Richard Rogers: Arquitetura High Tech. 2016. Disponível em: <http://www.arquitetoversatil.com/2016/07/centro-georges-pompidou-renzo-piano-e-richard-rogers-arquitetura-high-tech.html>. Acesso em: 19 nov. 2016. VOLOSKI, simão Luciano Lessa. Andaime Projeto e Execução. São Paulo: Nova, 2016. 187 p.