m elodia que dá ritmo às equipas? a relação entre os irmãos ......2 luísa sobral compôs a...

107
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA Melodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos e o Funcionamento de Equipas: o papel mediador do Enriquecimento Família-Trabalho. Carolina dos Santos Henriques MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA (Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicologia Clínica Sistémica) 2017

Upload: others

Post on 31-Dec-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

Melodia que dá ritmo às equipas?

A Relação entre os Irmãos e o Funcionamento de Equipas:

o papel mediador do Enriquecimento Família-Trabalho.

Carolina dos Santos Henriques

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicologia Clínica

Sistémica)

2017

Page 2: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

Melodia que dá ritmo às equipas?

A Relação entre os Irmãos e o Funcionamento de Equipas:

o papel mediador do Enriquecimento Família-Trabalho.

Carolina dos Santos Henriques

Dissertação orientada pela Professora Doutora Maria Teresa Ribeiro e

Co-orientada pela Professora Doutora Maria José Chambel.

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicologia Clínica

Sistémica)

2017

Page 3: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

À minha doce avó Emília.

Page 4: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

Agradecimentos

Há dias que antes de o serem, eram sonhos e há sonhos que só se tornam reais

com a ajuda de pessoas que acreditam naquilo com que sonhamos…

Professora Doutora Maria Teresa Ribeiro, obrigada pelo papel que teve na

minha descoberta da Psicologia Clínica Sistémica. Obrigada por ser um exemplo de

conciliação, pelas palavras de incentivo, pela franqueza, pela proteção e pelos desafios

lançados. Obrigada pela paciência, pela disponibilidade e atenção com que sempre me

escutou. Obrigada por ter pensado e por ter acreditado desde sempre nesta investigação

inovadora. O seu entusiasmo e a sua generosa partilha de saberes fizeram a diferença.

Professora Doutora Maria José Chambel, os nossos caminhos cruzaram-se “por

acaso” mas acho que não foi por acaso que continuámos a caminhar na mesma direcção.

Obrigada por ter reconhecido em mim algum potencial. Obrigada por ter acreditado e ter

aceitado desenvolver este projecto de investigação connosco. O seu contributo foi

fundamental! Obrigada pela sua energia, pela assertividade e simultaneamente pela

segurança que tão bem sabe transmitir.

Cláudia, obrigada por termos sido equipa. Obrigada pela tua generosidade, pela

tua verdade. Obrigada pela confiança que fomos estabelecendo. Obrigada pelas horas de

partilhas, de conversas, de gargalhadas. Obrigada pelas horas de trabalho, de discussão,

de análise, de criação de teorias. Obrigada por termos sabido sempre superar as

dificuldades. Este estudo é muito teu também. É um orgulho ter partilhado o

desenvolvimento deste projeto contigo. Conta sempre comigo. Não acaba nada aqui,

mana!

Professora Doutora Luana Cunha Ferreira, obrigada pela sua ajuda no processo da

análise qualitativa. A sua orientação e rigor foram fundamentais. Obrigada.

Às professoras do núcleo de Psicologia Clínica Sistémica, obrigada pela vossa

dedicação na transmissão de saberes. É um orgulho aprender convosco e saber que o

sucesso profissional advém da paixão pela área, da crença na interacção dos sistemas e

da dedicação dada a cada um deles.

Page 5: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

Aos professores da secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e

das Organizações obrigada pelos conhecimentos transmitidos, nas unidades curriculares

optativas que frequentei, que em muito contribuíram ao longo desta investigação.

À Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) e à Quasar Human

Capital, obrigada pelo apoio, interesse e dedicação a este projeto.

Às três empresas que acederam participar na presente investigação, obrigada.

Há pessoas que aprendem a acreditar nos nossos sonhos. E depois há aquelas pessoas

que nos incentivam a começar a sonhar…

À minha família porque são o lugar onde quero sempre voltar.

Aos meus pais, que estão comigo desde sempre. Que me acompanham e

incentivam todos os meus sonhos. São, para mim, exemplo de força, resiliência e de

assertividade. Aos dois, e a cada um em especial, obrigada por ouvirem a língua dos meus

sonhos e me terem deixado voar. Mas mais do que isso, obrigada pelo carinho e amor que

manifestam diariamente para comigo. Ao meu pai, meu porto seguro, obrigada pela tua

perserverança. Por nunca me deixares desistir.

À minha mãe, pela preocupação constante e por me mostrares que há sempre tempo para

tudo. A tua fé e energia tornam tudo mais leve.

Ao meu mano António, o meu menino para sempre. Obrigada por nunca deixares

de me admirar, obrigada por me quereres por perto e me deixares estar no teu coração.

Fui filha única durante quase 9 anos. Tenho o privilégio de ser tua irmã há mais de 14.

Não trocava isso por nada. Foste o melhor presente que a vida e os pais me deram. Tenho

por ti a maior admiração do Mundo e por isso sei que independentemente de tudo, estarei

sempre ao teu lado. Não fosse eu tua irmã e não seria a mesma.

À minha avó Emília, que é mulher, irmã de dois, mãe de doze, avó e bisavó de

dezenas de pessoas que têm a sorte de ter nascido parte desta família. Obrigada por seres

Page 6: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

a minha inspiração. Por me provares diariamente que desistir nunca se equaciona, que o

amor salva e que a boa disposição afasta as tristezas. Aprendi contigo a importância da

adaptação, descobri contigo o poder do amor. És a minha maior benção e sei que

“rebentas” de orgulho deste meu cuidado por ti. Em particular, por todos desafios ao

longo destes últimos cinco anos e por, no meio da confusão mental, nunca te esqueceres

de mim, esta investigação é dedicada a ti.

Aos meus amigos por perdoarem as ausências, por respeitarem o tempo e saberem

do meu esforço para tornar os meus sonhos reais.

Às Sistémica Power, as parceiras e amigas destes dois anos de mestrado: Lexi,

Bia, Cláudia, Jô, Nery, Sara, e Teresa. Gosto de cada uma. Gosto do que somos todas

juntas. Somos melhor em equipa e sei que vamos dar que falar.

À Lexi, que desde o primeiro ano me prova que a exigência e o perfeccionismo

pertencem a quem quer alcançar os seus sonhos: obrigada. És exemplo de dedicação. Às

vezes não é preciso falar muito para sabermos o que queremos dizer. Às vezes temos a

sorte de encontrar amigas assim. Obrigada por fazeres parte dessa sorte!

À Babi. Obrigada pela amizade na forma mais pura do termo. Obrigada pela

energia e pela música que nos liga. Este reggaeton que nunca desilude. Temos ainda o

mundo por descobrir!

Sou Grata. Isso faz a diferença.

Page 7: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

Nota Introdutória

Amar Pelos Dois

“Se um dia alguém perguntar por mim

Diz que vivi para te amar

Antes de ti, só existi

Cansado e sem nada para dar

Meu bem, ouve as minhas preces

Peço que regresses, que me voltes a querer

Eu sei que não se ama sozinho

Talvez, devagarinho, possas voltar a aprender

Meu bem, ouve as minhas preces

Peço que regresses, que me voltes a querer

Eu sei que não se ama sozinho

Talvez, devagarinho, possas voltar a aprender

Se o teu coração não quiser ceder

Não sentir paixão, não quiser sofrer

Sem fazer planos do que virá depois

O meu coração pode amar pelos dois”

Luísa Sobral

No ano em que dois irmãos portugueses levaram o nome de Portugal além-

fronteiras, através do Festival EuroVisão da Canção1 importa refletir sobre o papel da

relação entre irmãos, que na minha visão ajudou na nossa consagração como vencedores

da Europa2.

As palavras que compõem a letra “dançam” com a melodia que lhes dá vida.

Talvez a letra sem a melodia fosse diferente daquilo que é a conjugação entre ambas. E

talvez esta seja uma boa metáfora daquilo que é a vida com e sem irmãos. Os irmãos são

a melodia que dá vida às letras que compõem a vida. Talvez seja esse o segredo… Porque

a música que caracteriza a relação entre os irmãos gera uma dança que, muitas vezes, só

os dois compreendem.

1 A primeira participação de Portugal neste Festival data de 1964 e apenas este ano, 53 anos depois, o

primeiro lugar é de Portugal. 2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral.

Foi esta música, trabalhada por estes dois irmãos, que nos permitiu vencer o Festival da EuroVisão,

alcançando “(…)a pontuação máxima - 758 pontos - na votação combinada dos júris nacionais e do

público. A mais alta pontuação de sempre num Festival da Eurovisão.” in

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/salvador-sobral-venceu-o-festival-eurovisao-da-cancao_n1001416.

Page 8: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

Resumo

O presente estudo tem como objetivo explorar a possível associação entre a

relação entre irmãos na idade adulta e o funcionamento de equipas de trabalho, ao nível

da realização das tarefas e ao nível da relação estabelecida entre colegas de equipa.

Pretende ainda averiguar o papel mediador do enriquecimento família-trabalho na relação

entre essas variáveis.

O estudo recorreu a uma metodologia mista. O estudo qualitativo teve uma

amostra de 54 colaboradores de três empresas portuguesas: duas grandes empresas da

área dos serviços e uma pequena média empresa. O estudo quantitativo teve uma amostra

de 254 colaboradores dessas mesmas empresas. Os resultados indicam que a qualidade

da relação entre irmãos se relaciona com o funcionamento de equipas, tanto ao nível do

desempenho das tarefas como ao nível da relação com os colegas de equipa. O estudo

mostra que o enriquecimento família-trabalho é o mecanismo que nos permite explicar

esta relação: são os indivíduos que consideram a relação com os seus irmãos como sendo

positiva, aqueles que mais enriquecimento família-trabalho consideram ter e é este

enriquecimento que faz com que considerem também mais positivo o funcionamento da

sua equipa de trabalho. As implicações destes resultados são discutidas.

Palavras-chave: relação entre irmãos na idade adulta; funcionamento de equipas;

enriquecimento família-trabalho

Page 9: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

Abstract

The current study aimed at analyzing the relationship between adult siblings and

the team effectiveness, in terms of task reflexivity and social reflexivity. We analyzed the

mediating role of family-to-work enrichment in the link between adult siblings

relationship and team effectiveness.

We used a mixed methodology. The data was gathered through the participation

of a sample of portuguese employees from three different companies: two big and one

small. The qualitative study included 54 employees and the quantitative study included

254 employees.

The results support the hypothesis of a link relationship between the adult sibling

relationship and team effectiveness, in terms of the task reflexivity and the social

reflexivity. This study shows that family-to-work enrichment is a mechanism that explain

the link between this relation: those who have a positive relationship with their siblings,

consider to have more family to work enrichment. This enrichment is linked with a higher

perception of the effectiveness in their teams. The implications of these results are

discussed.

Keywords: siblings relationship in the adult age; team effectiveness; family-to-work-

enrichment.

Page 10: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

Índice

Introdução ..................................................................................................................... 12

I. Enquadramento Teórico .......................................................................................... 14

Relação entre irmãos ...................................................................................................... 14

Interface e Enriquecimento Família-Trabalho ................................................................ 17

Funcionamento de Equipas ............................................................................................. 19

II. Metodologia da Investigação .................................................................................. 21

1.Desenho de Investigação ............................................................................................. 21

2.Questões Iniciais .......................................................................................................... 22

3.Objetivo Geral e Objetivos Específicos....................................................................... 22

4.Mapa Concetual ........................................................................................................... 23

Parte I: Estudo Qualitativo .......................................................................................... 24

1.Questões de Investigação............................................................................................. 24

2.Metodologia ................................................................................................................. 24

Participantes ................................................................................................................... 24

Instrumentos Utilizados .................................................................................................. 25

Procedimento de Recolha, Tratamento e Análise de Dados ........................................... 26

3.Descrição dos resultados do estudo qualitativo ........................................................... 28

Parte II: Estudo Quantitativo ...................................................................................... 43

1.Hipóteses ..................................................................................................................... 43

2.Procedimento e amostra............................................................................................... 44

3.Medidas ....................................................................................................................... 45

4.Análise dos Dados ....................................................................................................... 47

5. Descrição dos resultados do estudo quantitativo ........................................................ 47

IV. Discussão dos resultados dos estudos qualitativo e quantitativo ....................... 53

V. Conclusão ................................................................................................................. 58

VI. Limitações e indicações para estudos futuros ...................................................... 59

VII. Implicações práticas ............................................................................................. 61

VIII. Referências Bibliográficas .................................................................................. 62

Índice de Abreviaturas

CFT: Conflito Família-Trabalho

EFT: Enriquecimento Família-Trabalho

GE: Grande Empresa

PME: Pequena Média Empresa

Page 11: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

Índice de Figuras

Figura 1.Mapa conceptual .............................................................................................. 23

Figura 2.Mapa conceptual dos resultados do estudo qualitativo .................................. 28

Figura 3. Modelo dos resultados do estudo quantitativo ............................................... 53

Figura 4. Modelo final com os principais resultados da investigação. .......................... 58

Índice de Quadros

Quadro 1 ......................................................................................................................... 48

Valores médios, desvios padrão e correlações entre as variáveis estudadas ................ 48

Quadro 2 ......................................................................................................................... 49

Regressão Hierárquica da Relação entre irmãos com o EFT........................................ 49

Quadro 3 ......................................................................................................................... 50

Regressão hierárquica da Relação entre irmãos com o Funcionamento de Equipa ..... 50

Quadro 4 ......................................................................................................................... 51

Regressão Hierárquica do EFT com o Funcionamento de Equipa................................ 51

Quadro 5 ......................................................................................................................... 52

Regressão Hierárquica da Relação entre irmãos Positiva e do EFT com o

Funcionamento de Equipa .............................................................................................. 52

Quadro 6 ......................................................................................................................... 82

Comparação das médias de valorização das competências consoante a existência de

irmãos ............................................................................................................................. 82

Quadro 7 ......................................................................................................................... 82

Comparação das médias de valorização das competências consoante a empresa ........ 82

Quadro 8 ......................................................................................................................... 82

Comparação das médias de valorização das competências consoante o grupo ............ 82

Apêndices

Apêndice I: Guião da entrevista semi-estruturada usada no focus group....................... 73

Apêndice II: Consentimento Informado ......................................................................... 77

Apêndice III: Questionário Sócio-Demográfico e de Avaliação de Competências ....... 79

Apêndice IV:Resultados do Questionário de Avaliação de Competências .................... 80

Apêndice V:Análise Descritiva da Amostra do estudo qualitativo ................................ 84

Apêndice VI: Árvore de categorias……………………...…..…………………………85

Apêndice VII: Questionário utilizado no estudo quantitativo ........................................ 98

Page 12: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

12

Introdução

Não só em Portugal como em todo o Mundo, a tipologia famíliar como era

conhecida há largas dezenas de anos atrás, tem vindo a alterar-se. Há hoje mais famílias

monoparentais, mais famílias adotivas e mais famílias reconstituídas (Alarcão, 2000), o

que pode estar associado ao aumento da taxa de divórcio (Rodrigues & Henriques, 2017).

As famílias têm vindo a ser caracterizadas pela sua dimensão reduzida (INE, 2014;

Rodrigues & Henriques, 2017) o que pode estar associado com a diminuição da taxa de

natalidade. Essa diminuição estará certamente relacionada com várias mudanças sociais

como por exemplo o papel da mulher na família e no trabalho (Rodrigues & Henriques,

2017).

Apesar de haver um aumento do número de casais com 1 ou 2 filhos, os casais

com 3 ou mais filhos reduziram substancialmente nas últimas duas décadas (Cunha &

Atalaia, 2014), sendo atualmente o número médio de filhos insuficiente para assegurar a

renovação das gerações (Rodrigues & Henriques, 2017). Chinchilla e Moragas (2007,

p.10) destacam a importância da existência de filhos ao referirem que “(…) se não há

filhos, não há nada. Será inclusivamente, o fim da actividade económica”. Destacando-se

assim a importância de não só haver filhos como o número de filhos por casal ter de

aumentar para que as gerações se renovem.

A par disto, o aumento da esperança de vida (INE, 2014) leva a uma maior

longevidade das relações famíliares, o que por si só justifica o estudo das relações geradas

na e através da família. Estas relações são fundamentais ao longo de todo o ciclo de vida,

já que permitem o desenvolvimento de competências transversais a outros domínios

(Chinchilla & Moragas, 2007, p.125).

A família enquanto sistema pode ser comparada com uma organização (Zedeck,

1992) e é constituída por diferentes subsistemas (e.g.conjugal, parental, filial, fraternal)

(Alarcão, 2000; Relvas, 1996) que interagem com diferentes supra-sistemas, como por

exemplo o trabalho (Bronfenbrenner, 1986).

O subsistema fraternal é gerado com o aparecimento do segundo filho (Alarcão,

2000; Goldsmid & Féres-Carneiro, 2007; Relvas, 1996), seja este biológico ou adoptado

(Ducharne & Guimarães, 2012). Este tipo de relação é considerada uma das mais

duradouras da vida de qualquer indivíduo (Bedford & Avioli, 2001; Eckstein, Šerek &

Noack, 2017; Stocker, Lanthier & Furman, 1997) sendo importante no desenvolvimento

de competências fundamentais, como a partilha, a capacidade de negociação e de gestão

Page 13: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

13

de conflitos (Alarcão, 2000). Estas competências podem ser fundamentais para a

exploração eficaz de outros contextos extra-famíliares, como a escola e o trabalho

(Alarcão, 2000; Relvas, 1996). A questão é que a maioria das mulheres em Portugal tem

atualmente, em média, 1 filho, sendo que esses indivíduos não terão irmãos (Rodrigues

& Henriques, 2017).

“Ser único ou ser irmão” (Fernandes, 2005) faz de facto a diferença mas parece

que as relações fraternas não têm recebido a mesma atenção, por parte dos investigadores,

que outras relações famíliares como por exemplo, a relação conjugal (Lee, Mancini, &

Maxwell, 1990) e a relação parental (Calvano, 2013). Esta disparidade da atenção

prestada pode, em parte, ser justificada pela complexidade inerente ao estudo das relações

entre irmãos (Cicirelli, 1991). Os estudos realizados sobre as relações entre irmãos

exploram maioritariamente a infância e a adolescência, estando as relações fraternas na

idade adulta menos exploradas. Alguns autores abordaram o conflito nas relações

fraternas na idade adulta, outros o apoio prestado em caso de doenças, por exemplo no

Síndrome de Down (Cuskelly, 2016), deficiência mental (Floyd, Costigan & Richardson,

2016) e ainda a relação entre adultos em idade avançada (Calvano, 2013). Já foi apontada

a necessidade de aprofundar o estudo sobre as relações fraternas na idade adulta (Lee et

al., 1990), uma vez que estas podem variar consoante as culturas (Conger & Little, 2010).

Neste sentido, o presente estudo procura contribuir para colmatar esta lacuna, explorando

as relações fraternas na idade adulta em Portugal.

Não foram encontrados estudos que relacionassem a qualidade das relações

fraternas na idade adulta com o domínio do trabalho, no entanto esta relação parece ser

pertinente quando consideramos o conceito de Enriquecimento Família-Trabalho

(Carlson, Kacmar, Wayne & Grzywacz, 2006; Greenhaus & Powell, 2006) que evidencia

que as competências desenvolvidas na família podem potenciar um melhor desempenho

e a qualidade de vida no domínio do trabalho (Carlson et al., 2006; Greenhaus & Powell,

2006). O presente estudo pretende dar resposta à limitação apontada por Frone (2003),

que evidencia a necessidade de se aprofundar o modo como a família gera benefícios que

podem ser usados no trabalho.

Considerando que a relação entre irmãos na infância/adolescência permite o

desenvolvimento de diversas competências relacionais (Alarcão, 2000), é importante

compreender se estas competências também são reconhecidas pelos irmãos na idade

adulta, podendo averiguar-se como afetam o domínio do trabalho, nomeadamente ao

nível do trabalho em equipa. Sabe-se que diversas variáveis potenciam esse

Page 14: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

14

funcionamento de equipa, estando a maioria dos estudos direcionada para variáveis do

funcionamento organizacional, como por exemplo a liderança (Hu & Liden, 2011) e a

coesão e composição dos grupos de trabalho (Guzzo & Dickson, 1996). O presente estudo

procura analisar este fator do domínio famíliar (i.e. relação entre os irmãos) no

funcionamento em equipa, no domínio do trabalho. Pretende-se ainda analisar o papel

mediador do Enriquecimento Família-Trabalho nesta relação.

Que seja do nosso conhecimento, este estudo é pioneiro, uma vez que ainda não

foi explorada a relação existente entre a qualidade da Relação entre irmãos e o

funcionamento de equipas, considerando-se ainda o papel do EFT nessa relação. Em

última instância, pretendemos contribuir para o desenvolvimento da literatura que analisa

a relação entre a família e o trabalho.

I. Enquadramento Teórico

Relação entre irmãos

Há entre os irmãos, a partilha da mesma família e de várias experiências

associadas (Ducharne & Guimarães, 2012; White, 2001), ao longo de toda a vida

(Bedford & Avioli, 2001; Eckstein, Šerek & Noack, 2017; Stocker et al., 1997). A

categoria de irmãos engloba os biológicos, os adotados e os meios-irmãos (Bedford &

Avioli, 2001; Cicirelli, 1991), sendo este um dos subsistemas dos quais dependem mais

relações, por exemplo o ser tio/tia e o ter primos/primas.

A relação entre irmãos tem sido considerada um dos factores que influencia a

harmonia e a desarmonia famíliar (Brody, 1998), dependendo se a qualidade da relação

entre irmãos é, respetivamente, positiva ou negativa (Cicirelli, 1991). A categorização da

qualidade da relação varia consoante os autores: alguns caracterizam a relação entre

irmãos como sendo de cooperação por oposição a ser de conflito (Dunn, Deater-Deckard,

Pickering & Golding, 1999) e outros consideram que a qualidade da relação se relaciona

com aspetos de companheirismo por oposição à rivalidade (Golsmid & Féres-Carneiro,

2007). Independentemente dos termos com que se caracterize a qualidade da relação entre

irmãos, são vários os fatores que a influenciam. Por um lado sabe-se que o ambiente

famíliar influencia a relação entre irmãos (Hashim & Ahmad, 2016) e, por outro lado,

sabe-se que a relação entre irmãos influencia a família e o próprio indivíduo, por exemplo

ao nível das suas características de personalidade (Fernandes, Alarcão & Raposo, 2007).

O número de irmãos afeta as dinâmicas famíliares no sentido em que o investimento na

educação dos filhos, diminui quando há um maior número de irmãos (Cáceres-Delpiano,

Page 15: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

15

2006). A intensidade com que a relação entre irmãos é vivida aparece associada ao tempo

de coabitação dos irmãos na infância e adolescência, sendo que a intensidade da relação

diminui na idade adulta e pode voltar a intensificar-se na idade mais avançada (Lanthier

& Campbell, 2011). A par disto, outros factores influenciam a relação entre irmãos, como:

as diferenças de idade e as posições na fratria (Riggio, 2000); as diferenças de sexo

(Cicirelli, 1991; Eriksen & Jensen, 2006); o número de irmãos (Riggio, 2006); o bem-

estar individual (Conger & Little, 2010); a interferência dos pais na relação entre irmãos

(Brody, 1998; Hashim & Ahmad, 2016; McHale, Crouter, McGuire & Updegraff, 1995),

sabendo-se que quando os pais tomam o partido de um dos filhos e/ou agem de maneira

diferente com ambos em situações semelhantes, há um aumento do conflito na relação

entre irmãos, quer quando são crianças (McHale et al., 1995), quer no início da idade

adulta (Portner & Riggs, 2016).

Quando as diferenças de idade entre os irmãos são acentuadas, a família enfrenta

simultaneamente diferentes etapas e desafios com cada um deles3 (Alarcão, 2000; Relvas,

1996). Por exemplo, a saída de um dos filhos da casa de família (Portner & Riggs, 2016),

está frequentemente relacionada com a entrada no mundo do trabalho (Larson, Wilson,

Brown, Furstenberg & Verma, 2002) e com outras etapas de vida como o casamento e o

ter filhos (Alarcão, 2000; Conger & Little, 2010; Relvas, 1996) desse filho. Estas

transições e as mudanças famíliares ocorridas na idade adulta obrigam, por vezes, os

irmãos a viverem e a estarem mais afastados geograficamente (Bailyn, Drago & Kochan,

2001). O facto de cada irmão poder constituir a sua própria família, pode melhorar a

qualidade da relação entre irmãos (Conger & Little, 2010), uma vez que se criam novas

relações famíliares (Alarcão, 2000; Relvas, 1996) que podem aproximar os irmãos.

Apesar dessa possibilidade, podem ser acentuadas as diferenças entre os irmãos e as

dificuldades da relação previamente existentes, despoletando o conflito na relação

(Conger & Little, 2010). Importa referir que o conflito aparece muitas vezes associado a

três formas de violência fraterna: psicológica, física e sexual (Relvas, Fernandes &

Alarcão, 2012) que são frequentemente desculpabilizadas e percebidas como menos

graves do que outras formas de violência famíliar (Khan & Rogers, 2015), sendo

frequentemente banalizadas (Hashim & Ahmad, 2016). Este tipo de violência aparece

relacionado com problemas de ajustamento emocional (Snyder, Bank & Burraston, 2005)

3 Para uma compreensão mais profunda ver ciclo de vida da família (Relvas, 1996).

Page 16: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

16

e de comportamento (Eriksen & Jensen, 2006) e ainda com baixos níveis de bem-estar

(Tucker & Finkelhor, 2017).

Alguns autores evidenciam que na idade adulta a qualidade geral da relação entre

irmãos melhora, havendo menos rivalidade entre irmãos (Cicirelli, 1991) visto que as

relações se tornam mais igualitárias (Stocker et al., 1997). Sabe-se também que a relação

é potenciada quando os irmãos partilham os mesmos interesses profissionais, apesar de

nesse caso as diferenças de sucesso profissional entre ambos poder ser geradora de

conflito (Conger & Little,2010). Ainda, indivíduos com meia-idade reportam sentir-se

mais próximos e mais aceitantes perante os seus irmãos (Bedford, 1989). Este facto

poderá estar relacionado com o carácter voluntário que caracteriza a manutenção das

relações fraternas nos adultos (Lee et al., 1990; Stocker et al., 1997). Vejamos: na

infância, o contacto entre irmãos é obrigatório uma vez que se vive na mesma casa e que

não se escolhe de quem se é irmão (Goldsmid & Féres-Carneiro, 2007), já na idade adulta

o contacto entre irmãos torna-se mais voluntário no sentido em que depende da vontade

dos indivíduos manter ou não essa relação (Lee et al., 1990; Stocker et al., 1997).

Quando a relação entre irmãos é positiva, representa uma fonte de apoio

emocional ao longo de todo o ciclo de vida (Bedford & Avioli, 2001; Brody, 1998),

especialmente em situações de transição (Mota, Serra, Relva & Monteiro, 2017) e em

situações de stress (White, 2001). Esta relação, quando comparada com a relação com os

amigos (Connidis, 2007; Voorpostel & Lippe, 2007), apresenta semelhanças no apoio

instrumental dado, pese embora haja diferenças ao nível do apoio emocional, que é maior

na relação entre irmãos (Voorpostel & Lippe, 2007). A relação positiva entre irmãos gera

compromisso (Myers & Bryant, 2008) o que potencia o bem-estar, através da percepção

da segurança (Bedford & Avioli, 2001), de auto-estima (Walęcka-Matyja, 2015) e de

capacidade de ajustamento emocional (Riggio, 2000) geradas pelo outro. Além disso,

como referido previamente, são desenvolvidas diversas competências interpessoais que

facilitam a relação com os outros (Alarcão, 2000) e que podem ser usadas em diferentes

contextos. Sabendo-se que as relações estabelecidas entre os irmãos podem ser

consideradas um importante recurso famíliar (Tucker, Holt & Wiesen-Martin, 2013),

percebe-se que as mesmas possam estar relacionadas, por exemplo, com um melhor

desempenho no trabalho (Carlson et al., 2006; Greenhaus & Powell, 2006).

Page 17: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

17

Interface e Enriquecimento Família-Trabalho

A relação entre o domínio da família e do trabalho tem sido alvo de muitos

estudos, confirmando-se as ideias de Grzywacz e Marks (2000) que apontavam que a

temática da interface família-trabalho seria alvo de muita atenção no novo millenium.

Sabe-se que estes domínios se influenciam mutuamente (Voydanoff, 1988), estão

fortemente relacionados (Edwards & Rothbard, 2000) e geram benefícios para o próprio

indivíduo e para as organizações onde este se insere (McNall, Nicklin & Masuda, 2010),

por exemplo ao nível do bem-estar (Greenhaus & Powell, 2006).Tal revela-se

fundamental visto que a capacidade de relacionar esses dois domínios é um importante

factor que caracteriza o bem-estar individual e a qualidade de vida do indivíduo (INE,

2016).

Edwards e Rothbard (2000), ao analisarem os diversos constructos associados às

diferentes perspectivas da relação família-trabalho, alertam o leitor para a amplitude da

definição de família, sendo fundamental considerar as mudanças ao nível da estrutura

famíliar (Bailyn et al., 2001). Importa considerar ainda que o trabalho é o domínio que

ocupa mais tempo na vida da maioria dos indivíduos o que, a par das exigências que a ele

estão associadas, gera desafios na gestão da vida famíliar, pessoal e profissional (Amstad,

Meier, Fasel, Elfering & Semmer, 2011; Greenhaus & Beutell, 1985), levando à

necessidade da gestão dessa relação (Chambel & Ribeiro, 2014).

Consoante a etapa do ciclo de vida em que o indivíduo se encontra (Relvas,1996),

os seus papéis famíliares sofrem alterações (Bailyn et al., 2001) e as suas

responsabilidades/preocupações variam, por exemplo ao nível do cuidado dos filhos ou

dos próprios pais (Dilworth & Kingsbury, 2005). Além disso, a idade do indivíduo e a

sua geração poderão ter impacto não só na família como no trabalho, ao nível dos valores

laborais privilegiados (Parry & Urwin, 2011). Por exemplo, a Geração Y, também

designada de millenials, que engloba os indivíduos nascidos entre 1980 e 2000, é

apontada como sendo aquela onde se privilegia a autonomia, flexibilidade e o equilíbrio

entre o domínio da família e do trabalho (Carlson, Grzywacz & Zivnuska, 2009; Parry &

Urwin, 2011; Perrone-McGovern, Wright, Howell & Barnum, 2014). Investigações

recentes vêm contradizer estes dados, afirmando que esta geração considera a esfera do

trabalho mais central, em detrimento da família que é mais valorizada pela Geração Baby

Boomers, que englobra os indivíduos nascidos entre 1940 e 1960 (Bennett, Beehr &

Page 18: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

18

Ivanitskaya, 2017). Estes dados revelam-se pertinentes ao considerar-se que as diferenças

individuais condicionam o grau em que os diferentes domínios se influenciam (Greenhaus

& Powell, 2006).

A relação entre o trabalho e a família pode ser agrupada em três paradigmas: o

paradigma positivo, o negativo e o integrativo (Grzywacz & Carlson, 2007; Carvalho &

Chambel, 2016a). O paradigma positivo engloba: o spillover positivo4 (Edwards &

Rothbard, 2000; Grzywacz & Marks, 2000; Hanson, Hammer & Colton, 2006); a

facilitação5 (Frone, 2003; Grzywacz & Bass, 2003) e o enriquecimento Trabalho- Família

(EF-T, Greenhaus & Powell, 2006); o paradigma negativo engloba o Conflito Trabalho

Família6 (CF-T, Greenhaus & Beutell, 1985; Michel et al., 2007) e o paradigma

integrativo engloba o equilíbrio trabalho- família7 (Grzywacz & Carlson, 2007). Tanto o

CFT como o EFT ocorrem em ambas as direções, isto é pode haver conflito e/ou

enriquecimento do trabalho para a família como da família para o trabalho (Carvalho &

Chambel, 2016a; Greenhaus & Powell, 2006; Hakanen, Peeters & Perhoniemi, 2011),

focando-se o presente estudo no Enriquecimento Família-Trabalho (EFT).

Se inicialmente se pensava e estudava a relação Família-Trabalho mais numa

perspectiva negativa, atualmente há um maior enfoque numa perspectiva positiva

(Hakanen et al., 2011). O EFT é o constructo, no paradigma positivo, com mais valor

empírico (Carvalho & Chambel, 2016a), uma vez que evidencia o modo como estes

domínios podem beneficiar e melhorar um com o outro (Carlson et al., 2006; Greenhaus

& Powell, 2006). O EFT ocorre quando os recursos existentes no domínio famíliar (por

exemplo competências geradas através da relação entre irmãos) potenciam um melhor

desempenho e a qualidade de vida no domínio do trabalho (Carlson et al., 2006;

Greenhaus & Powell, 2006). Essa transferência de recursos pode ocorrer de forma direta

ou indireta (Carlson et al., 2006). Esta ideia vai ao encontro do modelo criado por

Greenhaus e Powell (2006) que evidencia que a interação família-trabalho gera diferentes

4Os sentimentos, competências e valores desenvolvidos num domínio (família ou trabalho), podem ser

transferidos diretamente para o outro (trabalho ou família). 5 A participação num domínio (família ou trabalho) facilita a participação no outro domínio (trabalho ou

família), através das competências e experiências geradas no primeiro domínio. 6 A participação num domínio (família ou trabalho) torna mais difícil a participação no outro domínio

(trabalho ou família), dadas as exigências das diferentes participações. 7 Apesar dos autores usarem o termo balance, optou-se pelo termo equilíbrio. Esta perspectiva integrativa

está em desenvolvimento e a sua definição não é consensual. Por um lado, o equilíbrio família-trabalho é

definido como sendo referente à capacidade de negociar expectativas na família e no trabalho, permitindo

o equilíbrio das vivências em ambos os domínios (Grzywacz & Carlson, 2007).Por outro, pode ser

considerado como sendo referente à ausência de CFT e presença de EFT (Grzywacz & Carlson,2007) ou

como sendo referente ao equilíbrio entre altos niveis de EFT e baixos niveis de CFT (Frone, 2003).

Page 19: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

19

recursos que podem promover o EFT ou o ETF de duas formas: uma instrumental e outra

afectiva. Por um lado, através da forma instrumental, os autores propõem que os recursos

gerados num domínio são transferidos de forma direta para o outro domínio melhorando-

o, neste caso os recursos gerados na família podem ser aplicados diretamente no trabalho.

Por outro lado, através de uma forma afetiva, a família pode influenciar indiretamente o

trabalho de modo positivo (Greenhaus & Powell, 2006).

Sabe-se, como já referido previamente, que quando a relação estabelecida entre o

trabalho e a família é positiva, surgem benefícios não só para o indivíduo como para a

organização (Carlson et al., 2009), por exemplo ao nível do bem-estar (Chambel, 2016;

Ford, Heinen & Langkamer, 2007). Além disso, sabe-se que o indivíduo apresenta maior

satisfação com a vida e um maior nível de compromisso com a organização (McNall et

al., 2010). Por último, importa referir que o EFT está relacionado com uma melhor

capacidade de trabalhar em equipa, no sentido em que o EFT serve de mediador entre a

satisfação famíliar e alguns recursos existentes no trabalho em equipa (coesão,

similaridade e famíliaridade entre os membros) (Hunter, Perry, Carlson & Smith, 2010).

Funcionamento de Equipas

Se hoje em dia trabalhar em equipa é habitual (West, 2012), há cerca 100 anos

atrás não o era, pois foi Taylor em 1911 quem alertou as organizações para a necessidade

da divisão de tarefas, de modo a que as mesmas se tornassem mais produtivas e,

simultaneamente, mais eficazes (Locke, 1982). Na verdade, em todos os contextos da

nossa vida há grupos de pessoas que trabalham por um objectivo comum (Kozlowski &

Ilgen, 2006) justificando-se, assim, que o trabalho em equipa tenha vindo a ser estudado

em diversos contextos organizacionais, como por exemplo: no contexto industrial

(Helmreich & Davies, 2004); no hospitalar (Leonard & Frankel, 2011; Lloyd, Schneider,

Scales, Bailey & Jones, 2011); no social (Buljac-Samardzic, van Wijngaarden, van Wijk

& van Exel,2011) e no escolar (Tucker & Abbasi, 2016).

O trabalho em equipa é de facto cada vez mais requisitado pois, frequentemente,

não se consegue alcançar individualmente o que em equipa é possível (West, 2012). Além

disso, quando o trabalho em equipa é eficaz, há uma produção mais rápida e são criadas

ideias inovadoras (Fay, Shipton, West & Patterson, 2015), que servem de resposta ao

avanço tecnológico e geram uma maior eficácia organizacional (Somech, Desivilya &

Lidogoster, 2009). Trabalhar em equipa implica que dois ou mais indivíduos (Kozlowski

& Ilgen, 2006), com características distintas, se adaptem para que possam alcançar os

Page 20: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

20

objetivos pretendidos (West, 2012), trabalhando de forma interdependente (Cohen &

Bailey, 1997; Fay et al., 2015), ao nível dos objectivos, das tarefas, das responsabilidades

e até das recompensas no trabalho (Buljac-Samardzic et al., 2011; Cohen & Bailey, 1997).

Ao longo do tempo, essas pessoas que constituem uma equipa podem tornar-se uma

“família” no local de trabalho (Hunter et al., 2010), sendo possível que um indivíduo

pertença a mais do que uma equipa em simultâneo (Mathieu, Maynard, Rapp & Gilson,

2008).

O desempenho da equipa é influenciado pelo grau em que os seus membros se

identificam com a equipa em si, uma vez que quando os membros se identificam com a

equipa, desenvolvem mais competências interpessoais, como cooperação e confiança

entre os diferentes membros (Somech et al., 2009). Pese embora o referido anteriormente,

as diferenças individuais podem gerar conflitos interpessoais que afectam o

funcionamento das equipas, levando a um pior desempenho e eficácia das mesmas (Dreu

& Vianen, 2001; McEwan, Ruissen, Eys, Zumbo & BeauChamp, 2017). No entanto, além

das diferenças individuais, há outros factores que afectam o bom funcionamento das

equipas, como por exemplo as características do trabalho e a coesão e composição dos

grupos de trabalho (Guzzo & Dickson, 1996) e os líderes do grupo (Cohen & Bailey,

1997; Hu & Liden, 2011).

O bom funcionamento das equipas tem sido precisamente alvo da atenção e dos

objetivos da Gestão de Recursos Humanos das organizações (Wei & Lau, 2012), dado

que a maioria das organizações não funcionaria sem o trabalho das diferentes equipas que

as constituem (West, 2012). Segundo o modelo de West (2012) sobre o funcionamento

das equipas, o bom funcionamento de uma equipa numa organização depende de dois

grandes factores: tarefa e relação8. Os aspectos relacionados com a tarefa são a

necessidade de averiguar a adequação dos objectivos que a equipa tem de alcançar,

retificando-se os métodos de trabalho da equipa e reformulando-se os objectivos de

trabalho sempre que necessário. Os aspectos relacionados com a relação prendem-se com

a necessidade de averiguar o bem-estar dos membros da equipa, devendo ser explorada a

forma como os indivíduos se interajudam, como resolvem os conflitos e como se

relacionam uns com os outros.

Hunter et al. (2010) salientaram a existência de poucos estudos que relacionassem

as dinâmicas do trabalho em equipa com variáveis da família e do trabalho, o que vai ao

8 Os termos tarefa e relação foram a tradução usada dos termos originais: “task reflexivity” e “social

reflexivity”, respectivamente.

Page 21: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

21

encontro das ideias de Somech et al. (2009) que alertaram os investigadores para a

necessidade de compreender melhor o funcionamento das equipas.

II. Metodologia da Investigação

1.Desenho de Investigação

A decisão sobre o paradigma que orienta uma investigação implica a reflexão

sobre três aspetos fundamentais: a ontologia9, a epistemologia10 e a metodologia11 (Guba

& Lincoln, 1994; Newman, Ridenour, Newman & DeMarco, 2003,p172). Consoante as

respostas aos aspectos referidos, elege-se o paradigma que orienta o estudo, quer esse seja

quantitativo, qualitativo ou ambos (Guba & Lincoln, 1994).

O presente estudo está enquadrado no paradigma pós-positivista, já que tem como

objetivo descrever, compreender e interpretar os dados recolhidos, assumindo-se que a

informação recolhida é real e objectiva, apesar de apenas poder ser conhecida de modo

aproximado dada a natureza complexa dos constructos abordados (Guba & Lincoln,

1994). A presente investigação pretende, de forma pioneira, aumentar o conhecimento

sobre as relações entre irmãos na idade adulta e explorar a relação entre estas relações, o

funcionamento em equipas e o EFT. Dada a complexidade das variáveis em estudo, opou-

se pelo uso de uma metodologia mista. Esta opção metodológica vai ao encontro da lacuna

apontada por Greenhaus e Powell (2006) referente à necessidade de usar diferentes

metodologias para estudar o EFT. O uso do método misto, implica mais do que a

realização de um estudo qualitativo e um quantitativo, implica a integração e

complementaridade de ambos (Moghaddam, Walker & Harré, 2003). Esta metodologia

permite uma visão mais holística (Kelle, 2006; Morgan, 1993), proporcionando uma

melhor compreensão da temática em estudo (Hesse-Biber, 2010).

Numa primeira parte foi desenvolvido um estudo qualitativo e, posteriormente,

um estudo quantitativo. O estudo qualitativo permitiu a exploração, descrição e posterior

análise das narrativas que surgiram dos próprios participantes, individualmente ou em

grupo (Barbour, 2009; Bazeley, 2007). Existem diversas formas de investigação

qualitativa variando em tipo, propósito e qualidade (Patton, 2005), tendo sido escolhido

o focus group (Turner, 2010). Através das sessões de focus group realizadas em 3

9 Relacionado com a natureza do que se pretende estudar 10 Relacionado com a natureza da relação entre o investigador e o alvo da investigação 11 Relacionado com o método usado pelo investigador para obter as respostas às suas questões de

investigação

Page 22: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

22

empresas portuguesas, foi possível aceder ao contexto real de trabalho dos participantes

(Wertz et al., 2011). Nessas sessões, os participantes responderam a um questionário

sociodemográfico e a outro de avaliação de competências12.

Por sua vez, o estudo quantitativo permitiu a exploração, de forma objetiva e

mensurável, de hipóteses sobre relações entre as diversas variáveis (Newman et al., 2003).

O seu uso permitiu que fossem explorados alguns aspectos salientes das sessões de focus

group. Segundo Mason (2006) num estudo misto, podem ser usadas seis estratégias de

análise de dados. O presente estudo enquadra-se na primeira estratégia ilustrada pelo

autor, uma vez que através do estudo qualitativo foi possível obter uma visão geral do

tema e o estudo quantitativo permitiu um enfoque em aspectos específicos, que foram

levantados pela realização do estudo qualitativo (Mason, 2006).

2.Questões Iniciais

O presente estudo partiu da seguinte questão inicial: Na interface família trabalho

de que forma a qualidade da relação entre irmãos se relaciona com o desempenho dos

trabalhadores?. Posteriormente, e após uma extensa revisão da literatura, constatou-se a

existência de estudos que relacionam a qualidade da Relação entre irmãos na adolescência

com o relacionamento interpessoal e a inexistência de estudos que a relacionassem com

variáveis do funcionamento laboral. Nessa sequência surgiu uma outra questão: Será que

a qualidade da relação entre irmãos na idade adulta está relacionada com a relação com

os colegas de equipa no trabalho? Com base no modelo de West (2012) verifica-se a

relação com os colegas de equipa é uma das variáveis do funcionamento de equipas e,

por esse motivo, formulou-se uma terceira pergunta Será que a qualidade da relação

entre irmãos está relacionada com o funcionamento de equipas tanto ao nível da tarefa

como da relação?.

3.Objetivo Geral e Objetivos Específicos

O objetivo geral do presente estudo é o de compreender a relação entre a qualidade

da relação entre irmãos e o funcionamento de equipas em empresas portuguesas. Mais

especificamente pretende-se perceber se a qualidade da relação entre irmãos se encontra

associada com o EFT e com o funcinamento de equipas, tanto ao nível da tarefa como da

relação. Pretende-se ainda explorar que competências são valorizadas nas organizações e

12 Este questionário teve um caracter exploratório, já que foi desenvolvido pela equipa de investigação.

Page 23: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

23

saber se a valorização das competências varia: a) consoante se trate de Grandes Empresas

ou PME; b) consoante se trate de indivíduos com ou sem cargos de chefia; c) indivíduos

com ou sem irmãos.

4.Mapa Concetual

A Figura 1 apresenta um esquema que permite uma melhor compreensão da

presente investigação. A relação entre irmãos pode ser positiva ou negativa, podendo

variar consoante o sexo, a idade e o número de irmãos do indivíduo. Pretende.-se

compreender qual a relação existente entre a relação entre irmãos com: o funcionamento

de equipas, tanto ao nível da tarefa como ao nível da relação; com o Enriquecimento

Família-Trabalho e ainda averiguar o papel mediador do Enriquecimento Família-

Trabalho na relação estabelecida entre o relacionamento entre irmãos e o funcionamento

de equipas, tanto ao nível da tarefa como da relação.

Figura 1.Mapa Conceptual

Page 24: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

24

Parte I: Estudo Qualitativo

1.Questões de Investigação

a) Será que os participantes reconhecem a relação existente entre a família e o trabalho?

b)Como é que os colaboradores consideram que as a família e o trabalho se influenciam?

c) O que será que as empresas portuguesas fazem para promover a relação entre a família

e o trabalho?

d) Quais as competências geradas na relação entre irmãos que podem ser importantes no

trabalho?

e) Como é percepcionada a importância da relação entre irmãos na idade adulta para o

desempenho profissional?

f) De que forma a relação entre irmãos contribui para o desempenho no trabalho ao nível

do funcionamento de equipas?

2.Metodologia

Participantes

Através de uma parceria com a Associação Portuguesa de Famílias Numerosas

(APFN) e com a Quasar Human Capital, foram contactados os Recursos Humanos de 3

empresas portuguesas: 2 Grandes Empresas (GE) da área dos serviços (Empresa 1 e

Empresa 2) e 1 PME (Empresa 3) para se proceder à recolha de dados em cada uma delas.

O recrutamento dos participantes para as sessões de focus group ficou a cargo de um

elemento das equipas de recursos humanos de cada empresa, sendo que em cada GE

foram selecionados indivíduos com cargos de chefia superior, indivíduos com cargos de

chefia intermédia e técnicos e na PME foram selecionados indivíduos com cargos de

chefia e técnicos. Em todas as empresas elegeram-se indivíduos com e sem irmãos e

indivíduos com e sem filhos. A amostra do presente estudo é portanto de conveniência,

uma vez que se selecionaram indivíduos pertencentes aos três níveis hierárquicos

previamente referidos e que tivessem características socio-demográficas específicas

(Christensen, Johnson & Turner, 2011).

A amostra foi constituída por 54 participantes (29 do sexo masculino e 25 do sexo

feminino), com idades compreendidas entre os 25 e os 62 anos (M=42.37; DP=7.62). Na

Empresa 1 participaram 25 indivíduos, na Empresa 2 participaram 18 e na Empresa 3

participaram 11 indivíduos. No total das oito sessões realizadas participaram 20

indivíduos com cargos de chefia superior, 20 indivíduos com cargos de chefia intermédia

Page 25: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

25

e 14 técnicos. Relativamente às habilitações, 50% dos participantes tinham licenciatura e

29.6% tinham mestrado. A maioria dos participantes eram casados (57.4%), seguindo-se

de 22.2% solteiros, 14.8% divorciados e 5.6% a viver em união de facto. Em relação à

existência de filhos, 40 participantes referiram ter filhos (74.1%), variando o número de

filhos entre 1 (N=14; 25.9%) e 4 (N=1; 1.9%). No que diz respeito à existência de irmãos,

46 participantes referiram ter irmãos (85.2%), variando o número de irmãos entre 1

(N=29; 53.7%) e 5 (N=3;5.6%). Para mais infomações ver apêndice V.

Instrumentos Utilizados

Neste estudo foram realizadas sessões de focus group. As sessões foram

precedidas da leitura e assinatura do consentimento informado onde se questionava o

consentimento dos participantes para a gravação aúdio das sessões (ver apêndice II). No

final de cada sessão de focus group foi preenchido um questionário socio-demográfico e

de avaliação de competências com caracter exploratório (ver apêndice III).

Focus group. O focus group consiste na criação de um grupo de discussão,

dirigido com recurso a um guião de entrevista, neste caso semi-estruturado (ver apêndice

I), com o objetivo de aceder às crenças, sentimentos e experiências dos indivíduos

relativamente às temáticas apresentadas (Barbour, 2009; Vaughn, Schumm & Sinagub,

1996).

Este grupo de discussão deve ser realizado na presença de um moderador que gere

a entrevista em grupo (Morgan, 1993) e incentiva a colaboração dos participantes

(Barbour, 2009), assumindo uma posição de não saber, não criando juízos de valor sobre

aquilo que os participantes referem (Snape & Spencer, 2003). Recorreu-se a um guião de

entrevista semi-estruturada, uma vez que foram predefinidas questões, umas abertas e

outras fechadas para que, por um lado, em todas as sessões fossem abordados temas

concretos e, por outro lado, houvesse espaço para a discussão de eventuais questões que

pudessem surgir com a discussão gerada no grupo (DiCicco‐Bloom, & Crabtree, 2006).

Este último ponto relaciona-se com uma das características dos focus group, uma vez que

estes são reconhecido pelo seu efeito “bola de neve” , já que as afirmações de um

participante geram partilhas dos restantes membros do grupo, dado o ambiente interactivo

que caracteriza as sessões (Krueger & Casey, 2014), o que permite a recolha de muita

informação em pouco tempo. Este é o ponto fulcral em termos de vantagem para a

empresa e talvez por isso o seu uso nas organizações seja usual (Barbour, 2009; Krueger

& Casey,2014), uma vez que no máximo de 2h se pode aceder a diferentes opiniões dos

Page 26: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

26

membros do grupo, recolhendo-se informação de forma espontânea, visto que não há um

carácter de obrigatoridade nas respostas dos participantes (Krueger & Casey,2014). Os

grupos constituintes dos focus group do presente estudo foram artificiais, uma vez que os

participantes foram reunidos apenas para a recolha da informação (Barbour, 2009), sendo

homogéneos nas suas características, visto que foram constituídos por indivíduos dos

mesmos níveis hierárquicos, variando apenas nas questões socio-demográficas. Os

conteúdos das sessões foram analisados e comparados uma vez que se cumpriu o mínimo

de 3 focus group para que a comparação de conteúdos possa ser feita (Krueger &

Casey,2014). Essa comparação auxilia o desenvolvimento de hipóteses que podem ser

testadas posteriormente no estudo quantitativo (Morgan, 1996).

Questionário Socio-Demografico e de Avaliação de Competências . Com o

objetivo de caracterizar a amostra e posteriormente comparar as respostas ao questionário

sobre avaliação de competências, pediu-se a todos os participantes que respondessem, no

final de cada focus group a um questionário socio-demográfico com duração de

aproximadamente 5 minutos. Nesse mesmo questionário foi pedida uma avaliação,

consoante a importância atribuída, de competências que são transpostas da família para o

trabalho. Esse questionário teve um caracter exploratório já que as competências

questionadas foram seleccionadas e definidas operacionalmente a partir da literatura. Foi

pedido aos participantes que ordenassem por ordem crescente de importância a lista de

competências apresentadas. Essa lista de competências englobava a concentração/ foco

(Rothbard, 2001), a cooperação (Ruderman, Ohlott , Panzer & King, 2002), a

flexibilidade (Carlson et al., 2006), a liderança (Ten Brummelhuis, Haar & Roche, 2014),

o ser multitasking (Ruderman et al., 2002), a prestabilidade (Ten Brummelhuis, Van Der

Lippe & Kluwer, 2010) e a resiliência mental (Bakker, citado por Ten Brummelhuis et

al., 2014). Pediu-se que cada participante ordenasse as competências de acordo com a

importância que lhes atribuía: 1= Desvalorizo totalmente; 2=Desvalorizo; 3=

Desvalorizo moderadamente; 4= Nem Valorizo, nem Desvalorizo; 5= Valorizo

moderadamente; 6= Valorizo e 7=Valorizo totalmente.

Procedimento de Recolha, Tratamento e Análise de Dados

A recolha de dados do presente estudo foi feita entre Outubro de 2016 e Maio de

2017, em colaboração com a mestranda Cláudia Dias e com duas colaboradoras da

Quasar Human Capital. As alunas e as colaboradoras deslocaram-se às três empresas

Page 27: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

27

envolvidas no estudo para realizar as sessões de focus group. Cada sessão teve duas

moderadoras: uma das alunas e uma das colaboradoras da Quasar Human Capital13. Após

a recoha de dados, procedeu-se à transcrição dos audios de todas as sessões de focus

group, sendo que todos os nomes foram alterados de modo a que o anonimato dos

participantes fosse assegurado. Posteriormente, todas as gravações foram eliminadas. As

transcrições foram exportadas para o software Nvivo (versão 11 para windows) , já que

este auxilia os investigadores a gerir e a organizar os dados recolhidos ( Bazeley, 2007,

p.2). Essa organização é fundamental já que os estudos qualitativos geram muitos dados

que têm de ser relacionados e analisados (Bernard & Ryan, 2010, p.108). Foi feita uma

reflexão geral sobre as sessões realizadas e inciou-se a análise de conteúdo das mesmas.

Optou-se pela realização da análise temática (Braun & Clarke, 2006) uma vez que se

codificou a informação recolhida segundo os temas de interesse (Bardin, 2011, p145).

Esta análise foi particularmente indutiva apesar de ter sido também dedutiva, o que é

concordante com o que é habitualmente realizado nos estudos qualitativos (Bernard &

Ryan,2010, p107). Numa primeira fase foram criadas categorias prévias que incluíam

aquilo que era esperado de acordo com uma revisão da literatura efectuada e de acordo

com o guião que orientou as sessões de focus group. Foram criadas como categorias

iniciais as categorias Relação Família.-Trabalho; Família e Trabalho. Posteriormente

surgiram outras categorias14 baseadas nas temáticas abordadas nas sessões.

Na próxima secção encontra-se a descrição dos resultados. Importa, no entanto

esclarecer alguns aspectos: na análise das sessões consideraram-se 8 fontes, isto é, 8

sessões de focus group tendo em conta as diferentes empresas e os diferentes grupos

envolvidos; na análise temática efectuada, as categorias não são mutuamente exclusivas,

ou seja, a mesma ideia de um participante pode ter sido codificada em mais do que uma

categoria. Na descrição dos resultados, foram apresentadas as categorias que surgiram da

análise temática de todas as sessões. Além da categoria, foi mencionado o número de

vezes que essa categoria foi referida e foi dado um ou mais exemplos de citações dos

participantes que ilustrem a categoria. Para se poder relacionar cada citação com a

empresa e com o nível hierárquico do participante foi criado um código: categoria, [R],

“exemplo” (Nome fictício do participante, Empresa, Nível Hierárquico), onde:

13 Esta parceria foi estabelecida uma vez que se considerou que a presença das colaboradoras enriqueceria

a dinâmica dos focus group, já que estas conhecem a linguagem organizacional e as mestrandas são

inexperientes nesse campo. 14 Consultar a árvore de categorias em apêndice VI

Page 28: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

28

R=número de referências; as empresas foram diferenciadas da seguinte forma: Empresa1

foi designada de E1, Empresa2 foi designada de E2 e a Empresa 3 foi designada de E3; o

Nível Hierárquico foi considerado como sendo de 3 tipos: chefias superiores que foram

designadas de CSup, chefias intermédias que foram designadas de CInt e técnicos que

foram designados de Tec.

Relativamente ao questionário de avaliação de competências, os dados recolhidos

foram analisados através do programa estatístico IBM Statistical Package for the Social

Sciences (SPSS 24.0), tendo sido realizada uma análise da importância atribuída às

diferentes competências apresentadas, recorrendo à análise das médias. Além disso,

considerou-se alguns aspectos do questionário sócio-demográfico, como a existência ou

não de irmãos, no momento de analisar a escolha das competências mais valorizadas pelos

participantes. A apresentação e análise desses resultados encontram-se em anexo IV.

3.Descrição dos resultados do estudo qualitativo

Na figura 2 encontra-se o mapa conceptual dos resultados do estudo qualitativo.

Figura 2.Mapa Conceptual dos resultados do estudo qualitativo

Page 29: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

29

Interface Família Trabalho

Foi fortemente reconhecida pelos participantes com cargos de chefia das 3

empresas, a centralidade nas suas vidas da relação estabelecida entre a família e o

trabalho [11] “(…) tudo gira à volta da família e do trabalho” (Ana, E1CSup), sendo

que a família e o trabalho se complementam: “A família é uma das mais importantes na

minha opinião, o trabalho é o que me permite sustentar o meu modo de estar na vida, de

maneira que é impossível… eu não consigo separar as coisas” (Olavo, E2CInt). Segundo

alguns destes participantes, a importância atribuída à família e ao trabalho depende da

etapa e das experiências de vida “(…) a vida famíliar para mim é muito importante, houve

alturas em que não valorizei tanto mas depois corrigi ao fim de pouco tempo porque

percebi que as coisas não estavam bem” (Samuel, E2CSup). Vários participantes

identificaram também com facilidade a existência da influência da esfera pessoal na

relação família trabalho [16]. As chefias superiores sublinharam o facto dessa esfera

pessoal ser transversal aos domínios em que o indivíduo se envolve, tornando-se num elo

de ligação “(…) o que é estrutural, a substância, está no indivíduo, está no eu, essa é

igual (…) em casa com a minha família e ou com os meus amigos, quer eu esteja com os

meus colegas de trabalho, com parceiros, convosco (…)” (Júlia, E1,CInt). Além da

esfera pessoal ser transversal entre os domínios famíliares e profissionais, as tomadas de

decisão e os momentos de crise aparentam ser semelhantes entre a família e o trabalho,

como ilustra o participante Bruno: “(…) de facto a vida vai-nos apresentando umas crises

sempre, seja em casa seja no trabalho”( E1CSup).

Todos os participantes consideraram a existência de uma influência mútua entre

a família e o trabalho [418]: “(…) tudo aquilo que nos acontece durante o dia (…) seja

na esfera pessoal, famíliar ou profissional afeta-nos. E ao afetar-nos influencia tudo

aquilo que está à nossa volta em qualquer momento do dia. Por isso sim, tudo se

interseta.” (Gonçalo, E1CSup). Os participantes referiram que essa influência pode ser

vista de uma perspetiva positiva [81] “(…) Se estamos bem no trabalho também acaba

por se ressentir positivamente em casa” (Ricardo, E2CInt); integrativa [69] “(…) É o

equilíbrio que se quer nos dois que é fundamental para o trabalho e para a família.”

(Vicente, E1Tec) e negativa [42] “É difícil não levar o stress do trabalho para casa e de

casa para o trabalho” (Maria, E2Tec). O que reforça a ideia de ser difícil dissociar esses

dois domínios que estão muito relacionados e se influenciam mutuamente. Apesar da

família e do trabalho se influenciarem e dos participantes considerarem que a influência

Page 30: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

30

é maioritariamente positiva, importa destacar o facto da influência poder ser negativa. Se

por um lado, o bem-estar na família influencia positivamente o trabalho, e vice versa, por

outro lado as dificuldades na família influenciam negativamente o trabalho, e vice versa.

Por esse motivo, os participantes sublinham a perspetiva integrativa que alerta para a

necessidade de articular a vida famíliar e profissional, já que dessa articulação surgem

diversos recursos, tanto ao nível financeiro (no trabalho) como ao nível dos afetos e

sentimentos gerados na família.

Curiosamente, para alguns participantes das três empresas e de todos os níveis

hierárquicos, a articulação da família e do trabalho é feita através da segmentação da

esfera famíliar da profissional [10] de modo a evitar o conflito entre a família e o

trabalho: “(…) tento sempre quando chego a casa, desligo o botãozinho e estou a 100%

com eles. Quando estou aqui, estou a 100% aqui. Tento não misturar as coisas, esta

receita tem funcionado sempre muito bem (…)” (Carla, E1CInt). O que evidencia que

alguns colaboradores, de modo intencional, separam a vida famíliar do trabalho de modo

a que haja o mínimo de interferência da família com o trabalho e do trabalho com a

família, evitando a existência de conflito entre as esferas.

De forma transversal, tanto as chefias como os técnicos das três empresas

consideraram que a relação entre a família e o trabalho pode implicar um equilíbrio entre

as vivências famíliares e no trabalho. Essa perspetiva designada de conciliação família-

trabalho refere-se à articulação da vida famíliar com a vida profissional de modo a que

haja equilíbrio entre as exigências de cada uma das esferas [69]: “Tem que haver um

equilíbrio entre as duas coisas, disponibilidade para a família disponibilidade para o

trabalho e tentar conciliar as duas coisas se uma delas falhar, mais tarde ou mais cedo

vai haver problema” (Luís, E2Tec). Por outro lado, o enriquecimento família-trabalho

refere-se à articulação da vida famíliar com a vida profissional considerando que essa

articulação potencia o desempenho e a qualidade de vida do trabalhador [81].

Considerando a conciliação família-trabalho, os participantes salientam que esta

conciliação depende de diversos fatores relacionados com a empresa; outros relacionados

com a esfera pessoal; outros com a tecnologia e por último com a família. No que se refere

à empresa [57], a conciliação família-trabalho é influenciada pela cultura

organizacional [57], que incentiva o apoio entre os membros da organização [17] ao

nível das chefias [14]:

Page 31: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

31

“(…)é a cultura que é imposta pelos recursos humanos mas também muito

pelas chefias, que tem a ver com a responsabilização mas também com a

preocupação com o carácter pessoal, o ouvir o pessoal, com a flexibilidade

lá está de “ vai lá tratar do miúdo” ou “volta quando estiveres melhor ou

não sei quê” e assume uma forma se calhar mais informal do que formal”

(Pedro, E1CSup).

Este apoio também existe entre os colaboradores [3]: “(…) não é preciso ser toda a gente,

basta um colega que saiba ouvir, que saiba dizer “ok, se precisares de alguma coisa”

(Mariana, E3Tec) e a partir dos recursos humanos [3].

Para promover a conciliação da família com o trabalho, as empresas desenvolvem

políticas amigas da família, i.e. estabelecem práticas que visam a promoção da

conciliação da família com o trabalho, através da flexibilidade de horários ou da

atribuição de recompensas/benefícios, por exemplo através do estabelecimento de

parcerias com infantários para que haja um desconto na mensalidade [38]. Em todas as

empresas, houve participantes que consideraram que a existência de práticas amigas da

família depende do tipo de empresa em causa. Esta ideia foi especialmente referida pelas

chefias intermédias e técnicos das grandes empresas [12], como ilustra Júlia “Uma coisa

são grandes empresas, outra coisa são empresas famíliares, outra coisa são as PME's. A

assimetria geográfica no nosso país é imensa...” (E1CInt). Além das práticas variarem

consoante se trate de uma grande empresa ou de uma PME, alguns colaboradores das

grandes empresas envolvidas no presente estudo referem que dentro da mesma empresa

as práticas amigas da família variam consoante as funções desempenhadas, por exemplo

em termos da flexibilidade de horários. O que nos indica que dentro da mesma empresa,

a conciliação família trabalho não é promovida de igual modo entre os colaboradores.

No caso de uma das grandes empresas, na empresa 1, foi frequentemente abordada a

questão dos horários, uma vez que os colaboradores consideram que apesar de existir

flexibilidade no trabalho, isto é, os colaboradores poderem gerir o seu horário consoante

as suas necessidades [38], a aplicabilidade da flexibilidade varia de acordo com as

funções:

“(…) tenho flexibilidade para dizer "ok hoje se calhar não posso ficar da

parte da tarde, tenho que sair um bocado mais cedo para a reunião de pais

e depois compensarei de outra forma”. E nos trabalhos de linha onde

Page 32: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

32

muitas vezes até era fácil fazer isso, a máquina não está montada para ter

essa flexibilidade” (Manuel, E1CInt).

O método de controlo de horários [27] também foi referido por todos os grupos dessa

empresa como sendo gerador de injustiças uma vez que a marcação da hora de entrada e

saída na empresa, não representa o trabalho que é feito, já que os colaboradores apesar de

irem para casa podem continuar a trabalhar e isso não é contabilizado. A existência de

diferenças no controlo dos horários pode por isso ser geradora de conflitos entre os

colaboradores, como evidencia a participante Ana:

“Mas a pessoa que pica o ponto, às vezes sente-se um bocadinho

fragilizada porque “aquele não pica e porque é que eu tenho de picar? E

aquele não justifica e porque é que eu tenho de justificar?” e o que eu sinto

aqui na empresa é que não somos todos iguais nesse aspecto e às vezes isso

gera alguma angústia.” (E1CSup).

No entanto, algumas pessoas das chefias superiores dessa empresa consideram que esse

método de controlo de horários, através da “picagem do ponto”, é uma forma de proteger

o colaborador no sentido em que quando o colaborador tem de trabalhar horas extras,

essas ficam registadas e o colaborador pode ser depois recompensado.

As questões da flexibilidade de horários e a possibilidade de trabalhar a partir de casa15

[5] foram particularmente abordadas na empresa 2. Apesar dos colaboradores

considerarem que a empresa lhes dá ferramentas para trabalharem em casa, como

computador e telemóvel, na prática não é bem aceite pelas chefias que um colaborador

trabalhe fora do local de trabalho, como evidencia o participante Marco:

“(…) se calhar para muitas chefias a preocupação é chegar e dizer ‘porquê

é que não está ali o colega, o fulano tal?’ e devia de ser um líder, o trabalho

dele está todo em dia, está todo ok, não interessa se está a ser feito aqui ou

ali, tem condições porque a empresa deu condições para trabalhar. Ele não

pode é chegar ao pé do líder e dizer assim ‘ eu não tive condições para o

15 Tradução usada da expressão “ regime home office”

Page 33: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

33

fazer’ ou seja, existem duas visões: é a visão geral da empresa e existe depois

a implementação de cada chefia”(E2Tec).

A existência de políticas amigas da família nem sempre se traduz na aplicabilidade

de práticas amigas da família. As práticas amigas da família dependem, em grande parte,

das chefias diretas que determinam o que pode ou não ser feito pelos colaboradores.

Na PME, a questão da flexibilidade de horários foi também abordada e foi referida como

sendo uma boa característica da empresa, como evidencia o seguinte exemplo “(…) a

flexibilidade, desde que sou mãe, estou numa boa empresa para sê-lo.” (Paula, E3Tec).

A questão de ter filhos está muito presente nesta empresa já que os colaboradores

consideram que são desenvolvidas práticas que facilitam a parentalidade [5], uma vez que

a empresa desenvolveu um programa específico para conciliar a família com o trabalho.

Através desse programa foram estabelecidas parcerias com outras empresas de modo a

que cada colaborador tenha direito a: um seguro de saúde para os filhos; um subsídio

anual para os livros e ainda descontos em infantários e escolas.

De forma transversal a todas as empresas e níveis hierárquicos, alguns

participantes consideraram que, apesar de haver uma maior noção da importância da

família na vida das pessoas [2], as empresas portuguesas no geral ainda não implementam

muitas práticas que potenciam a conciliação família-trabalho [10] como ilustra o exemplo

seguinte:

“(…) há empresas que têm creches no mesmo sítio que a empresa, que

devem fazer convívios de pais e mães e eu não vejo isso cá, e em Portugal,

vejo muito pouco, eu sei que há países nórdicos que estão muito à frente

nas políticas de maternidade, e tenho pena que em Portugal não exista,

porque, por exemplo, eu fui mãe há 12 anos e se calhar quero ter mais

filhos, mas penso duas vezes. As políticas, em Portugal, hoje em dia, não

me permitem muito ter filhos, além que depois, mesmo a progressão da

carreia, há pouca, os ordenados não são assim…”(Luísa, E3CSup).

Apesar de alguns colaboradores considerarem que as empresas portuguesas na sua

generalidade não aplicam práticas amigas da família suficientes, nas sessões de focus

group foi evidente que a maioria dos colaboradores considera que as suas empresas

desenvolvem mais e melhores práticas do que aquelas que são hipoteticamente

Page 34: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

34

desenvolvidas pelas empresas portuguesas no geral. Este facto reforça a ideia de que a

esfera pessoal, isto é, o indivíduo e as suas motivações influenciam a sua satisfação com

as práticas desenvolvidas na empresa.

A conciliação família-trabalho além de ser influenciada por questões relacionadas

com o trabalho, é de facto influenciada pela esfera pessoal, isto é, pelas estratégias

individuais usadas pelo indivíduo [25]. Estas estratégias correspondem a mecanismos

usados pelo indivíduo para gerir o stress e são referentes a diferentes aspectos. Por um

lado à organização do indivíduo [12] na gestão das rotinas do dia-a-dia, na gestão de

tempo que está relacionado com o estabelecimento de objetivos e, no caso das chefias,

com a tentativa de não levar trabalho para casa [3]:

“(…) no início até sentia a necessidade de levar o computador para casa

porque sentia que estava a falhar, mas depois percebi que as pessoas até

me mandavam mails às 18h mas ninguém estava à espera que mandando

um mail às 6 ou às 6h30 da tarde, tivesse a resposta no próprio dia. E eu

como chego as 8h30 à empresa, às 9h da manhã quando as pessoas

começam a chegar, já lá estava a resposta. Até que comecei a deixar o

computador cá e nem sequer olho para os emails em casa porque percebi

que não havia essa necessidade” (Lurdes,E1CSup).

As chefias referiram que a conciliação da família com o trabalho é influenciada

pela tecnologia16, que desempenha um papel fundamental ao possibilitar que o

colaborador trabalhe a partir de casa. Este ponto é contraditório com o facto de as chefias

terem referido previamente que se organizam de modo a não levar trabalho para casa.

Para alguns colaboradores, levar trabalho para fazer em casa é prejudicial porque o tempo

que se dedica à família pode ficar comprometido, apesar de para outros colaboradores a

possibilidade de trabalhar em casa ser benéfica porque permite que se dedique mais tempo

à família e se cumpram tarefas do trabalho, como evidencia o participante Tiago:

“Acho que hoje todos os meios tecnológicos que existem permitem se calhar

uma maior facilidade neste tipo de equilíbrio. Depois daqui vou para casa,

dou os banhos, faço o jantar, janto com os miúdos e depois quando estão a

16 Através do uso de computadores e do estabelecimento de ligações a artigos da empresa a partir de

Virtual Private Networks (VPN).

Page 35: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

35

dormir consigo ligar o computador e ver alguma coisa mais urgente,

responder a emails (…) hoje os meios tecnológicos ajudaram, acho que hoje

há um maior reconhecimento por parte das empresas de que é importante

até para a própria produtividade das pessoas, para o próprio bem-estar das

pessoas promover esse equilíbrio, essa flexibilidade.” (Tiago, E1CSup).

Alguns colaboradores consideram que a tecnologia aliada ao trabalho a partir de

casa permite a conciliação da família-trabalho, aumentando a produtividade e o bem-estar

dos colaboradores. Outros colaboradores consideram que o trabalho a partir de casa gera

conflito entre o trabalho e a família. O que nos indica que diferentes indivíduos recorrem

a estratégias distintas que possibilitam níveis de conciliação da família com o trabalho

diferentes.

Por outro lado, para promover a conciliação da família-trabalho, os colaboradores

mencionam recorrer a um conjunto de estratégias de autorregulação emocional [5]

como por exemplo desabafar e fazer exercício físico como formas de lidar com o stress.

A família [2] também foi apontada como sendo uma fonte de apoio que despoleta uma

maior conciliação entre o trabalho e a família como evidencia o seguinte exemplo “(…)

também sempre tive apoio famíliar, portanto nunca senti que tivesse que escolher entre

uma coisa ou outra, nunca senti a corda na garganta.” (Manuel, E1CInt).

Após esta reflexão sobre a conciliação família trabalho, importa agora aprofundar

sobre uma vertente mais negativa da relação família trabalho, já que em todas as sessões

de focus group da empresa 2 e nas sessões com chefias intermédias e técnicos das outras

empresas, foi mencionado que quando a conciliação família trabalho não existe, surge o

conflito entre a família e o trabalho [31]. Este conflito leva a um aumento do stress e a

uma diminuição do bem-estar.

Alguns participantes mencionaram que o conflito pode ser causado pelo pouco

tempo que o colaborador passa com a sua família [6] e os técnicos de uma das grandes

empresas associam o conflito ao facto do colaborador levar trabalho para casa:

“(…)o tipo de pessoa que leva sempre trabalho para casa, isso eu acho

péssimo, e há muitas pessoas assim e não quer dizer que um seja muito

melhor funcionário do que o outro, até pelo contrário, para mim é bem pior,

porque não consegue organizar a sua agenda em consoante” (Maria,

E2Tec).

Page 36: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

36

Na perspectiva de alguns colaboradores, levar trabalho para casa significa que o

colaborador não se consegue organizar e que não cumpre devidamente o seu trabalho.

A importância da temática da conciliação família-trabalho foi transversal a todas

as empresas e a todos os níveis hierárquicos [8] “Tem que haver um equilíbrio entre as

duas coisas, disponibilidade para a família e disponibilidade para o trabalho e tentar

conciliar as duas coisas porque se uma delas falhar, mais tarde ou mais cedo vai haver

problemas” (Luís,E2CInt), sendo importante promover a conciliação já que esta gera um

maior bem-estar nos indivíduos [8], como é evidenciado pelo participante Mauro:

“Eu acho que aqui a família, tem um papel principal, quando nós estamos

bem a nível famíliar, ajuda muito no trabalho. Quando nós estamos estáveis

famíliarmente, quando nós saímos de casa todos os dias de manhã e

sabemos que quando voltamos à tarde as coisas estão ali, e que há aquela

estabilidade (…)” (E1Tec).

A citação apresentada evidencia a existência de spillover, já que a família gera

afectos positivos que são transmitidos para o trabalho.

Trabalho

Na sequência do exemplo dado pela participante Maria (E2Tec), surge a reflexão

sobre o que é ser “bom funcionário” para as organizações. Foi abordado em todas as

sessões de focus group, que competências os participantes destacavam como sendo as

mais valorizadas nas empresas [241]. A competência mais mencionada pelos

colaboradores foi o bom relacionamento interpessoal [92] e engloba várias

competências relacionadas com os outros como: o trabalho em equipa [30], a

capacidade de diálogo, a empatia, a entreajuda, a existência de uma atitude positiva

perante eventuais problemas e perante os colegas de trabalho. De todas as competências

mencionadas, o trabalho em equipa [30] foi a competência referida em todos os grupos

e sessões, como sendo a mais importante:

“(…) parece-me que se olharmos para todos, o bom de nós sobressai como

equipa e não como individual. Portanto, o Ronaldo acaba por ser bom,

provavelmente numa posição onde ele está mas é a equipa que faz o

Page 37: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

37

Ronaldo e vice-versa. Portanto, a importância está na equipa, a pessoa

individualmente, cada um de nós tem competências mais fortes numas áreas

e menos noutras, o facto de trabalharmos em equipa suporta-nos como um

todo (…)” (Adriana, E3CSup).

A flexibilidade cognitiva [56], isto é a capacidade de perante

problemas/mudanças o colaborador conseguir agir e adaptar-se, foi referida em todos os

focus group como sendo importante, especialmente pelas chefias, e engloba: a

capacidade de resolução de problemas; a capacidade de adaptação “(…) as empresas

estão em constante mudança, também a capacidade das pessoas se adaptarem ou não a

diferentes situações é importante” (Luísa, E1Tec); a capacidade de motivação; a

resiliência e a capacidade de negociação.

Foram também referidas competências relacionadas com a moralidade [26], isto

é ter bom senso, ter humildade “Acrescentaria algum auto conhecimento (…) porque às

vezes aqueles que se conhecem menos (…) são os que na prática pensam que têm sempre

razão e (…) acaba sempre por ser mais difícil de trabalhar com essas pessoas” (Samuel,

E2CSup); ser autêntico, honesto e ser de confiança.

Além dessas competências que são valorizadas nas empresas, foram referidas a

capacidade de coordenação, isto é a capacidade de trabalhar individualmente e

conseguir-se organizar, sendo responsável pelos prazos que se tem a cumprir [22]. Os

participantes referiram ainda: a flexibilidade [14]; a pro-atividade [13]; a

autorregulação emocional [10] e por último a coerência e a liderança que foram

referidas nas grandes empresas.

Em suma destaca-se um comentário de um participante que resume a importância

dada às diferentes competências pela empresa:

“Eu acho que o que se nota cada vez mais é que as empresas, pelo menos

dizem, que o que procuram agora é algo mais que só as competências

técnicas da pessoa, sobretudo quando estão na fase de recrutamento e de

olhar para o currículo, já não olham só para onde tirou o curso, qual foi a

média de curso, que formação adicional é que teve ou o percurso

profissional, vão à procura do outro lado do colaborador, o que é que a

pessoa faz, se está envolvida em algum tipo de voluntariado, de grupo, que

Page 38: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

38

atividades do tempo livre é que tem, que disponibilidade é que tem para os

outros (…)” (Olavo, E2CInt).

Os participantes no geral referem que o desenvolvimento destas competências

está maioritariamente relacionado com a esfera pessoal [53]; está também relacionado

com a família [50]; com o trabalho [31] onde se engloba a formação; com os pares

(colegas de trabalho e amigos) [16] e com a prática [6], “No meu caso particular, nunca

fiz desportos de equipa federados mas estive uma data de anos nos escuteiros e sei (…)

que desenvolvi um conjunto de competências enquanto estava perdido no meio do monte

(…)”(Ricardo, E2CInt). O que indica que as competências que são valorizadas no

trabalho podem desenvolver-se individualmente, fazendo parte da personalidade do

participante, como podem ser desenvolvidas ao longo da vida através de diversas relações

e/ou experiências. O desenvolvimento de competências tanto pode advir da família de

origem, através da educação dos pais e da relação com os irmãos como pode surgir na

família nuclear ou na família alargada (como os primos), como ilustra o participante

Pedro:

“Cada pessoa tem a sua forma de ser e de lidar. Há pessoas que adoram

viver em comunidade, que não conseguem passar nenhum tempo isoladas,

sozinhas em casa e há outras pessoas que valorizam imenso esse espaço, o

estar sozinho e o refletir etc. Agora em casa, o confronto de opiniões com

a pessoa com quem vivemos e depois certamente com os nossos filhos. Os

nossos pais, os outros membros da família são pessoas que também nos

ajudam a desenvolver esse tipo de competências” (E3CInt).

A relação e a influência existente entre a família e o trabalho foi assim

evidenciada. Começou por ser explorada a interface família-trabalho, tendo sido

clarificados os processos de conciliação e conflito família-trabalho a partir do conteúdo

das sessões de focus group realizadas. Importa agora refletir sobre o papel da família na

vida dos participantes, de acordo com o que foi discutido nas sessões de focus group.

Família

Transversalmente a todas as sessões de focus group, destaca-se a importância

atribuída à família: tanto a família de origem [116], como a família nuclear [104].

Page 39: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

39

Numa das grandes empresas e na PME foi mencionado em todas as sessões que a

família de origem tem um papel importante na transmissão de valores que caracterizam

cada indivíduo [13]. Três colaboradores mencionaram que esses valores são transmitidos

especificamente pelos pais “(…) os valores que os meus pais me transmitiram são aqueles

que perduram. Nós podemos depois ganhar outras competências mas os valores estão cá

desde muito novos. Não há muita alteração na nossa vida, nos nossos valores.” (Maria,

E1CSup) e dois colaboradores referiram que os valores podem ser transmitidos também

pelos irmãos: “(…) nós somos o resultado de toda uma aprendizagem, de todo um

conjunto de valores que a nossa família, pais e irmãs, nos soube transmitir ao longo da

nossa vida” (Carla,E1CInt). Alguns participantes referiram que recorrem às experiências

e conselhos dos seus pais e avós, sendo destacada uma transmissão transgeracional [2]

“O meu pai disse-me “desde que nasceste nunca mais tive uma noite descansado”, eu

agora percebo porquê” (João, E1CInt). Este comentário do participante João evidencia

que a família de origem, para alguns colaboradores, está sempre presente [3] e influencia

a relação dos participantes com os seus próprios filhos [5].

A temática da parentalidade foi abordada em todas as sessões, já que segundo a

maioria dos participantes, ser pai é uma transformação [8] como evidencia o participante

Olavo “Há vida antes de ser pai e há a vida depois de ser pai” (E2CInt).

Curiosamente numa das sessões surgiu um aspeto pertinente referente à perspetiva

dos pais relativamente ao relacionamento entre os filhos [7], já que os pais têm um papel

importante na relação que é estabelecida entre os seus filhos:

“(…) procuro sempre fomentar que eles não são unos mas também fazem

parte de um todo e esse todo é cada vez maior porque vamos alargando a

cebola mas para já começa entre eles os dois, entre eles enquanto irmãos e

depois deles perante a família e assim por daí adiante (…)” (Gonçalo,

E2CSup).

A citação reforça a ideia previamente referida de que a influência da família de origem

está presente ao longo da vida e que a fratria está na génese de quem é irmão de alguém.

A relação entre irmãos [88] foi explorada em todas as sessões excetuando a

sessão das chefias intermédias da empresa 2.

Page 40: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

40

Foi criado por alguns participantes um paralelismo entre a relação fraterna e as

relações estabelecidas com amigos [3] e com os primos [3]. Este paralelismo surgiu de

forma inesperada já que alguns colaboradores filhos únicos associaram o papel dos

amigos como sendo irmãos: “(…) já tive esta conversa com vários amigos meus e revejo

os meus irmãos nos meus amigos e espero contar com eles para sempre.” (Pedro, E3Tec)

sendo que os amigos colmatam, em parte, a ausência de irmãos: “(…) eu não sabia o que

era ter um irmão, não faço ideia. Se calhar houve uma fase que senti falta e depois noutra

já não senti. Há amigos, há muita coisa a acontecer (…)” (Vicente, E1Tec).

Segundo os colaboradores ter irmãos representa uma vantagem perante quem é

filho único: “(…) Claro que nem todos os irmãos são iguais, não é (...) estou a falar da

minha experiência, acho que para mim no caso do meu irmão é uma grande, grande mais

valia” (Mauro, E1Tec), porque permite o desenvolvimento de várias competências [22].

Este desenvolvimento de competências foi particularmente mencionado pelas chefias

superiores e pelos técnicos, tendo sido referidas as seguintes competências: entreajuda,

partilha, respeito pelas opiniões dos outros, resiliência e confiança, como sendo

desenvolvidas na relação fraterna. As chefias intermédias poderão ter referido menos

competências, uma vez que consideram que o desenvolvimento das competências pode

variar de acordo com as posições na fratria, de acordo com as etapas de vida e com o sexo

dos irmãos.

A qualidade da relação entre irmãos influencia: o significado atribuído a ser

irmã(o) [38]; as relações estabelecidas no trabalho [5]; as relações famíliares [8]; a

personalidade [3] e as relações com os pares [1].

Considerando os significados atribuídos à relação entre irmãos [38], alguns

participantes associam os irmãos a confidentes ou companheiros [10]:

“ (…) Aconteceu uma coisa engraçada que é, eu separei-me do pai da

minha filha, há muitos anos, o meu irmão separou-se recentemente e eu

acho que fui a única pessoa que o entendeu no seio da família (…) por outro

lado, isto é engraçado, porque sinto que ele dá-me apoio, aproximou-nos e

não quer dizer que tenhamos sempre que estar a falar, quando precisamos,

eu sei que ele está lá.” (Luísa, E1CSup).

Outros consideram os irmãos como facilitadores de aprendizagens [4] e transmissores

de experiências [4]; outros consideram-nos como sendo um apoio contínuo [4]

Page 41: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

41

associado à ideia de representarem um lugar insubstituível [2], dizendo mesmo que os

irmãos são “tudo” [3], sendo um “modelo a seguir” [3].

Por um lado, alguns participantes associam os irmãos como sendo seus filhos [4]:

“ (…) Ela era a irmã mais nova e única até, eu senti que tinha sempre um

dever de proteção para com ela e então a partir de uma determinada idade

senti-me na obrigação de respeitar a vida dela, ela tinha que ter

namorados, tinha que casar, tinha que ter filhos, e eu tive que me afastar,

porque eu via-a como minha filha(…)” (Edgar, E1CInt).

Por outro lado, alguns participantes associam os seus irmãos como sendo seus

pais [2] “ (…) eu sou filha de avós não é, não são avós, eram os meus pais, foi um

acidente, sou tipo neta. Aliás nunca vivi com a minha irmã mais velha em casa, ela é

como se fosse para mim, uma mãe” (Carla, E1CInt). Estas partilhas sugerem que a

posição da fratria aliada à diferença de idades entre os irmãos pode influenciar o papel

que os participantes desempenham na relação fraterna, já que no caso de Edgar o

participante refere que desempenha um papel de pai em relação à irmã mais nova e no

caso de Carla, a participante refere que se sente como filha da irmã mais velha.

Alguns participantes, dos três níveis hierárquicos, consideram ainda que a

qualidade da relação entre irmãos influencia as relações estabelecidas no trabalho [5],

no sentido em que permite uma melhor compreensão das diferenças entre colaboradores

e permite uma maior entreajuda entre colegas em caso de necessidade. O que indica que

as competências desenvolvidas na relação fraterna (neste caso a entreajuda e o respeito

pelas opiniões dos outros) podem ser úteis para o trabalho, melhorando o desempenho

dos colaboradores, o que se traduz em enriquecimento família-trabalho [251]. A

categoria do enriquecimento família-trabalho engloba três tipos de relações mencionadas

nas sessões de focus group:a relação parentalidade-trabalho [173], a relação entre

irmãos –trabalho [73] e a relação conjugal-trabalho [1].

Relação entre irmãos-trabalho. Nas sessões de focus group foi questionado que

competências desenvolvidas na relação fraterna podem ser úteis para promover o

desempenho dos colaboradores no trabalho. Nessa sequência foram referidas em todas

as sessões, exceto na sessão com as chefias superiores da empresa 1, as seguintes

competências [52]: partilha com colegas [15] “(…) se nós próprios fomos habituados a

Page 42: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

42

partilhar, a partilha com um colega, mesmo que esteja hà dois dias na empresa é muito

mais fácil, sai com muito mais naturalidade do que se nunca fomos tivemos sido

habituados a partilhar(…)” (Alice, E2G3); flexibilidade no sentido de ser tolerante e ter

capacidade de adaptação [13]; gestão de conflitos no sentido de ser resiliente [11];

prestabilidade, no sentido de ajudar o próximo e estar atento [6], o trabalho em equipa

[4] e capacidade de vinculação, isto é a capacidade se vincular aos outros [2]. Como

esperado, a partilha foi a competência destacada como sendo aquela que se desenvolve

na relação entre irmãos e que mais beneficia o desempenho da organização.

Uma vez que se pretendia perceber se de facto a relação entre irmãos influenciava

o trabalho em equipa, nas sessões de focus group questionaram-se os participantes no

sentido de clarificar a relação existente entre o relacionamento entre irmãos e o

funcionamento de equipas. Por um lado, a maioria dos participantes não reconheceu uma

influência entre a qualidade da relação entre irmãos e a qualidade da relação com os

colegas de equipa [10], uma vez que os colaboradores consideraram que os conflitos

existentes nas relações com os seus irmãos, não afetavam o relacionamento com os

colegas de equipa: “Eu por exemplo, como o meu irmão é muito mais velho, tenho um

relacionamento assim um bocadinho mais distante e às vezes complicado e não tem nada

a ver com a relação que eu tenho com os meus colegas …) ” (Inês, E1CSup). Por outro

lado, alguns participantes reconheceram a existência de uma influência entre a qualidade

da relação com os irmãos e a qualidade da relação com os colegas de equipa [6]:

“Eu tive a sorte ou o azar de ter um irmão mais velho e um mais novo e

portanto eu olhando agora para trás eu sinto que aprendi muitas coisas com

o meu irmão mais novo (…) e sinto que lhe ensinei muita coisa (…). E nós

andávamos sempre à pancada, constantemente entre irmãos mas depois se

alguém de fora vinha atacar um de nós, aquilo era uma união que

literalmente a união fazia a força. E nas equipas também acontece muito

isso, transpondo agora para a parte profissional, que é nos temos a

aprender com os nossos chefes e os nossos chefes também têm a aprender

connosco e nós temos a aprender com os nossos colaboradores e eles

connosco obviamente e o importante é a união, sentir que fazemos todos

parte de uma coisa única. Da mesma família. Da mesma equipa (…)”

(Luísa, E2CSup).

Page 43: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

43

E como evidencia outro participante “(…) as vivências que tive com o meu irmão (…)

ajudaram-me a ter certas atitudes e certos comportamentos e a ter outras diretrizes, a

saber relacionar-me com os colegas(…)” (Mauro, E1Tec). Dois outros participantes das

chefias superiores da empresa 1, apesar de reconhecerem a relação, consideraram que

essa influência seria mais forte no início da carreira do que actualmente e outros

participantes das chefias superiores e técnicos consideram que relação seria indireta [5].

Opinião sobre a pertinência do tema

É curioso destacar que surgiu a necessidade de criar uma categoria relativa à

opinião sobre a pertinência do tema [18] visto que foi transversal a todas as empresas

o interesse pela temática [10]. Os participantes consideraram a temática da relação entre

a família e o trabalho como sendo importante [4] e deram sugestões para o

desenvolvimento do estudo, como por exemplo a realização de entrevistas individuais [1]

uma vez que alguns colaboradores poderiam sentir-se inibidos de partilhar as suas

opiniões em grupo e mencionaram a importância de ter uma amostra transversal [3] aos

vários níveis hierárquicos da empresa.

Parte II: Estudo Quantitativo

1.Hipóteses

H1) A qualidade da relação entre irmãos relaciona-se com o EFT

H1A) A relação entre irmãos positiva relaciona-se positivamente com o EFT

H1B) A relação entre irmãos negativa relaciona-se negativamente com o EFT

H2) A qualidade da relação entre irmãos relaciona-se com o funcionamento de equipas

no trabalho.

H2A) A relação positiva entre irmãos relaciona-se positivamente com o

funcionamento de equipas ao nível da tarefa

H2B) A relação positiva entre irmãos relaciona-se positivamente com o

funcionamento de equipas ao nível da relação

H2C)A relação negativa entre irmãos relaciona-se negativamente com o

funcionamento de equipas ao nível da tarefa

H2D)A relação negativa entre irmãos relaciona-se negativamente com o

funcionamento de equipas ao nível da relação

Page 44: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

44

H3) O EFT medeia a relação entre a qualidade da relação entre irmãos e o funcionamento

de equipas no trabalho.

H3A) O EFT medeia a relação entre a relação positiva entre irmãos e o

funcionamento de equipas ao nível da tarefa

H3B) O EFT medeia a relação entre a relação positiva entre irmãos e o

funcionamento de equipas ao nível da relação

H3C) O EFT medeia a relação entre a relação negativa entre irmãos e o

funcionamento de equipas ao nível da tarefa

H3D) O EFT medeia a relação entre a relação negativa entre irmãos e o

funcionamento de equipas ao nível da relação

2.Procedimento e amostra

Em cada uma das três empresas que acederam participar no presente estudo, foram

realizadas reuniões no departamento de Recursos Humanos, com o objetivo de expor

algumas conclusões das sessões de focus group aí realizadas e propor a divulgação de um

questionário junto de colaboradores de cada uma delas.

Cada empresa divulgou o link do questionário online através de um email enviado

aos colaboradores onde solicitaram a participação dos mesmos no presente estudo. Os

questionários em formato online foram respondidos através da plataforma Qualtrics,

tendo sido a confidencialidade e o anonimato assegurados. No início de cada questionário,

foi disponibilizada a explicação sobre o projeto e foram fornecidos os contactos dos

respetivos responsáveis.

Obteve-se um total de 396 respostas. Apesar disso, e tendo em conta que o

presente estudo pretendia analisar a relação entre irmãos, a amostra deste corresponde aos

trabalhadores que tinham irmãos e que acederam responder à escala sobre a relação entre

irmãos, tendo-se obtido uma amostra de 254 participantes. Esta amostra incluiu

trabalhadores das 3 empresas: 1 PME (onde se recolheram 12 respostas) e 2 GE da área

dos serviços (numa recolheram-se 107 respostas e na outra 135). Relativamente à

descrição da amostra, a média de idades era de 44 anos (DP=10.90), sendo a idade mínima

de 23 anos e a máxima de 67 anos. A maioria da amostra era constituída por elementos

do sexo masculino (N=157; 61.8%). Dos 254 participantes, 252 indicaram o número de

irmãos que tinham, sendo 10 o número máximo de irmãos apresentados. A maioria da

amostra tinha apenas 1 irmão (N=138; 54.3%), seguido de 58 pessoas que tinham 2

irmãos (22.8%) e de 56 pessoas que tinham 3 ou mais irmãos (22.1%). Os participantes

Page 45: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

45

tinham como escolaridade média a licenciatura (37%) ou mestrado (24.8%) e não

desempenhavam funções de chefia (69.7%). A maioria dos participantes era casada

(N=151, 59.4%), 45 eram solteiros (17.7%), 29 viviam em união de facto (11.4%), 20

eram divorciados (7.9%), 4 ream separados (1.6%), 3 eram viúvos (1.2%) e apenas 2

participantes estavam recasados (.8%). Dos 254 participantes, 181 tinham filhos (71.3%):

das 147 pessoas que indicaram o número de filhos, 39 pessoas tinham 1 filho (15.4%), 86

pessoas tinham 2 filhos (33.9%) e 22 pessoas tinham 3 ou mais filhos (8.7%).

3.Medidas

Relação entre irmãos

Para medir esta variável foi utilizada a tradução portuguesa da escala Adult Sibling

Relationship Questionnaire (ASRQ) (Lanthier & Stocker, 1992), que tinha sido adaptada

e utilizada num estudo prévio em Portugal (Ferreira, 2008). Esta medida é constituída por

81 itens que se encontram divididos em 3 factores. Em cada factor existem itens para

avaliar a percepção do participante relativamente à sua relação com o seu irmão e itens

para avaliar a eventual percepção da relação do seu irmão em relação a si próprio. O

primeiro factor é designado de relação calorosa (e.g. Em que medida considera o seu

irmão um bom amigo?);o segundo factor é designado de conflito (e.g. Em que medida

critica o seu irmão) e o terceiro factor é designado de rivalidade (e.g. Pensa que o seu

pai o prefere mais a si ou mais ao seu irmão?).

Como, que seja do nosso conhecimento, apenas existiu uma utilização da escala

em Portugal (Ferreira, 2008), foi realizada uma análise factorial exploratória com os

dados recolhidos neste estudo. Desta análise surgiram 2 factores que explicam 46.64% da

variância: no factor 1, que explica 30.56% da variância, estão incluídos 17 itens referentes

à relação calorosa (e.g.) e no factor 2, que explica 16.08% da variância, estão incluídos

10 itens referentes ao conflito (e.g.). Os itens referentes à rivalidade foram excluídos, bem

como os itens que eram referentes à percepção que o participante tinha relativamente à

relação que o seu irmão tinha para consigo. Retirámos esses itens porque eram ambíguos,

isto é saturavam em mais do que um factor de forma idêntica. Ficámos assim com um

total de 27 itens, cujas respostas eram dadas numa escala de Likert de 5 pontos, desde 1

(pouco) a 5 (muito).A consistência interna neste estudo foi bastante elevada: o factor 1

referente à Relação positiva entre irmãos (α=.93) e factor 2 referente à Relação negativa

entre irmãos (α=.82).

Page 46: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

46

Enriquecimento Família-Trabalho

Para medir esta variável foi utilizada a versão portuguesa (Vieira, Lopez & Matos,

2014) do questionário Work Family Enrichment Scale (WFES) (Carlson et al., 2006). Esta

escala é composta por 18 itens: 9 são referentes ao enriquecimento trabalho-família (e.g.

o meu envolvimento no meu trabalho ajuda-me a adquirir competências e isso ajuda-me

a ser melhor na minha família) e os restantes 9 itens referem-se ao enriquecimento

família-trabalho (e.g. o meu envolvimento na minha família ajuda-me a adquirir

competências e isso ajuda-me a ser um melhor trabalhador), cujas respostas são dadas

numa escala de Likert de 5 pontos, desde 1 (discordo fortemente) a 5 (concordo

fortemente). Dado que o objetivo do presente estudo é analisar o enriquecimento família-

trabalho, foram apenas usados os 9 itens que medem a dimensão família-trabalho. O uso

de apenas 9 itens já tinha sido aplicado em outros estudos (Carvalho & Chambel, 2014).

O índice de consistência interna da dimensão família-trabalho neste estudo foi bastante

elevado (α=.92), comprovando que o uso de apenas uma dimensão é aceitável.

Funcionamento de Equipas

Para medir esta variável foi usada a tradução da escala do Funcionamento de

Equipas de West (2012), que tinha sido utilizada num estudo prévio em Portugal (Curral,

2005). Esta escala é composta por 16 itens: 8 são referentes à dimensão da tarefa (e.g.

Revemos muitas vezes o modo como estamos a realizar o nosso trabalho) e os restantes

à dimensão da relação (e.g. Os membros da equipa apoiam-se quando os tempos são

difíceis). Os itens são respondidos numa escala de Likert de 5 pontos, desde 1 (muito

inapropriada) a 5 (muito apropriada). Os índices de consistência interna da escala neste

estudo revelaram-se bastante elevados: a dimensão da tarefa apresentou um α=.86 e a

dimensão da relação um α=.92.

Variáveis de controlo

Estudos prévios apontam o sexo e a idade como variáveis que influenciam a

relação família-trabalho, concretamente ao nível do Enriquecimento Família Trabalho

(Aryee, Srinivas & Tan, 2005). Por este motivo, essas variáveis foram controladas

aquando da análise estatística, de modo a garantir que os resultados obtidos não pudessem

ter explicações alternativas. Antecipando-se que o número de irmãos poderia influenciar

a relação entre irmãos e sendo essa uma variável habitualmente controlada nos estudos

da relação entre irmãos (Conger & Little, 2010) procedeu-se ao controlo dessa variável.

Page 47: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

47

Consideraram-se, portanto, três variáveis controlo: o sexo (variável codificada em 1=

homem e 0= mulher), a idade (em anos) e o número de irmãos.

4.Análise dos Dados

Para a análise estatística foi utilizado o programa estatístico IBM Statistical

Package for the Social Sciences (SPSS 24.0).

Recorreu-se às análises de regressão linear para observar as relações entre as

variáveis independentes e as variáveis dependentes. Foi utilizado o método de Baron e

Kenny (1986) para testar em que medida o Enriquecimento Família Trabalho mediava a

relação entre a Relação entre irmãos e o funcionamento de equipa. Este método considera

que para existir uma mediação através de uma variável se devem cumprir quatro

condições: (1) a relação entre a variável independente e a variável mediadora deve ser

significativa; (2) a variável mediadora deve ter um efeito significativo na variável

dependente; (3) a variável independente e a variável dependente devem ter uma relação

significativa e (4) quando a variável mediadora é acrescentada no modelo, a relação entre

a variável independente e a variável dependente é significativamente mais fraca

(mediação parcial) ou não significativa (mediação total) (Baron & Kenny, 1986).

5. Descrição dos resultados do estudo quantitativo

Analisando o quadro 1 que apresenta os valores médios, desvios padrão e

correlações entre as variáveis estudadas, podemos constatar que os participantes

reconhecem a existência de Enriquecimento Família-Trabalho (M=3.98; DP=.64). É

ainda possível observar que a percepção da relação dos participantes com os seus irmãos

é mais positiva (M=3.64; DP=.73) do que negativa (M=1.66; DP=.58).

Relativamente ao trabalho em equipa, os participantes consideram apropriado o

funcionamento da sua equipa, quer ao nível da tarefa (M=3.42; DP=.69) quer da relação

(M=3.85; DP=.74).

Estes resultados indicam-nos que os participantes apresentam relações fraternas

positivas, consideram a existência de enriquecimento família trabalho e que as suas

equipas de trabalho funcionam adequadamente tanto ao nível da tarefa como ao nível da

relação entre colaboradores.

Page 48: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

48

Quadro 1

Valores médios, desvios padrão e correlações entre as variáveis estudadas

Nota: **: p < .01*; p < .05; a variável numérica contínua (idade em anos); b variável dummy (0=mulher;

1=homem); c Relação entre irmãos Positiva; d Relação entre irmãos Negativa; e Enriquecimento Família

Trabalho; f Funcionamento de Equipa ao nível da Tarefa; g Funcionamento de Equipa ao nível da Relação.

Analisando agora as correlações entre as diferentes variáveis a partir do quadro 1,

verifica-se que o funcionamento de equipa ao nível da tarefa apresenta uma correlação

positiva com o enriquecimento família trabalho (r=.28, p<.01), assim como o

enriquecimento família trabalho tem uma correlação igualmente significativa e positiva

com o funcionamento de equipa ao nível da relação (r=.25, p<.01). A relação entre

irmãos positiva apresenta uma correlação significativa e positiva com o enriquecimento

família trabalho (r=.22, p<.01) e com o funcionamento de equipa ao nível da tarefa

(r=.16, p<.01), revelando assim que quanto maior a relação entre irmãos positiva, maior

o enriquecimento família trabalho e melhor o funcionamento de equipa em ambos os

níveis (tarefa e relação). Já a relação entre irmãos negativa apresenta uma relação

significativa e negativa com o funcionamento de equipa ao nível da relação (r=-.17,

p<.01), revelando-se que quanto pior a qualidade da relação entre irmãos, isto é, quanto

mais a relação entre irmãos é negativa, pior o relacionamento do indivíduo com a equipa.

Conquanto, a relação entre irmãos negativa não tem uma relação significativa com o

funcionamento de equipa ao nível da tarefa, evidenciando-se que o cumprimento de

tarefas não é comprometido com a existência de conflito na relação entre irmãos.

Análise das Regressões Hierárquicas Múltiplas

R

Média DP 1 2 3 4 5 6 7

1. Idadea 44.43 10.90

2. Sexob - - .20**

3. Nº de irmãos 1.97 1.54 .31** .04

4. RelirPosc 3.64 .73 -.01 -.08 .13*

5. RelirNegd 1.66 .58 .02 -.04 .04 -.01

6. EFTe 3.98 .64 -.07 .03 -.02 .22** -.06

7. TarefaEquipf 3.42 .69 .16* .11 .11 .15* -.12 .29**

8. RelacaoEquipg 3.85 .74 .19** .19** .07 .16* -.17** .25** .65**

Page 49: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

49

De modo a proceder-se à análise da natureza da associação entre as variáveis

estudadas e para inferir sobre os valores das relações das variáveis independentes (relação

entre irmãos positiva e relação entre irmãos negativa) nas variáveis dependentes

(funcionamento de equipas ao nível da tarefa e funcionamento de equipas ao nível da

relação), procedeu-se à análise das regressões hierárquicas múltiplas. No primeiro passo,

foram introduzidas como variáveis de controlo o sexo, a idade e o número de irmãos.

Considerando o quadro 2, averigua-se a existência de uma relação positiva e

significativa entre a relação positiva entre irmãos e o enriquecimento família trabalho

(β=.23, p<.01). Já a relação negativa entre irmãos não apresenta, ao contrário do

esperado, uma relação significativa com o enriquecimento família-trabalho. A hipótese 1

é assim parcialmente suportada, uma vez que se corrobora a H1A e se refuta a H1B.

Quadro 2

Regressão Hierárquica da Relação entre irmãos com o EFT

**: p<.01; *: p<.05

Analisando o quadro 3, percebe-se que a relação entre irmãos tem uma relação

significativa com o funcionamento de equipa, tanto ao nível da tarefa como ao nível da

relação. Especificando, a relação positiva entre irmãos apresenta uma relação positiva e

significativa com o funcionamento de equipa ao nível da tarefa (β=.16, p<.05) e ao nível

Enriquecimento Família

Trabalho

β β

1ºPasso

Sexo .04 .06

Idade -.08 -.07

Nº de Irmãos .00 -.03

2ºPasso

RelirPos - .23**

RelirNeg - -.06

F .56 3.15**

R2 Ajus. -.01 .04

Mudança R2 .01 .05**

Page 50: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

50

da relação (β=.18, p<.01). Já a relação negativa entre irmãos apresenta uma relação

negativa e significativa com o funcionamento de equipa ao nível da relação (β=-.15,

p<.05) e não apresenta relação significativa com o nível da tarefa. Pode-se afirmar que a

relação positiva entre irmãos está correlacionada com o desempenho da equipa ao nível

da tarefa e da relação, enquanto a relação negativa apenas se correlaciona com a relação

entre a equipa e não com a tarefa, suportando-se parcialmente a hipótese 2. Isto é,

suportam-se as hipóteses 2A, 2B, 2D e refuta-se a hipótese 2C.

Quadro 3

Regressão hierárquica da Relação entre irmãos com o Funcionamento de Equipa

**: p<.01; *: p<.05.

Uma vez que as hipóteses 1B e 2C não foram suportadas, não é possível testar a

hipótese 3C e 3D. Relativamente às hipóteses 3A e 3B, que pressupõem o enriquecimento

família-trabalho como variável mediadora da relação entre a relação positiva entre irmãos

e o funcionamento de equipa, analisaram-se as condições previamente referidas por Baron

e Kenny (1986) para que exista mediação do enriquecimento família trabalho. A primeira

condição17 corresponde à hipótese 1A e foi suportada (ver quadro 2). A segunda

condição18 também foi verificada (ver quadro 4). O enriquecimento família trabalho tem

17a relação entre a variável independente e a variável mediadora deve ser significativa; 18a variável mediadora deve ter um efeito significativo na variável dependente

Funcionamento

Tarefa

de Equipa Funcionamento

Relação

de Equipa

β β Β Β

1ºPasso

Sexo .09 .09 .16* .17**

Idade .11 .12 .16* .16*

Nº de Irmãos .06 .05 .01 -.01

2ºPasso

RelirPos - .16* - .18**

RelirNeg - -.12 - -.15*

F 2.73* 3.79** 5.22* 6.30**

R2 Ajus. .02 .05 .05 .10

Mudança R2 .03* .04** .06** .06**

Page 51: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

51

uma relação positiva e significativa com o funcionamento de equipa tanto ao nível da

tarefa (β=.30, p<.01) como ao nível da relação (β=.27, p<.01).A terceira condição19

também foi satisfeita, uma vez que as hipóteses 2A, 2B e 2D foram suportadas (ver quadro

3).

Quadro 4

Regressão Hierárquica do EFT com o Funcionamento de Equipa

**: p<.01; *: p<.05.

Considerando o quadro 5, pode verificar-se que quando o enriquecimento família

trabalho foi acrescentado ao modelo, a relação entre a relação positiva entre irmãos e o

funcionamento de equipa ao nível da tarefa deixou de ser significativa, demonstrando que

o enriquecimento família trabalho é um mediador total da relação entre irmãos positiva

com o funcionamento em equipa ao nível da tarefa. Além disso, verifica-se que a relação

estabelecida entre a relação positiva entre irmãos e o funcionamento de equipa ao nível

da relação, apesar de positiva e significativa (β=.13, p<.05), é inferior à existente entre a

relação positiva entre irmãos e o funcionamento em equipa ao nível da relação na ausência

de enriquecimento família trabalho (β=.28, p<.01). Assim, há uma mediação parcial do

enriquecimento família-trabalho na relação positiva entre irmãos com o funcionamento

19 a variável dependente e a variável independente devem ter uma relação significativa

Funcionamento

Tarefa

de Equipa Funcionamento

Relação

de Equipa

β Β β Β

1ºPasso

Sexo .09 .07 .16* .15*

Idade .11 .14* .16* .18**

Nº de Irmãos .06 .06 .01 -.01

2ºPasso

EFT - .30** - .27**

F 2.73* 8.36** 5.22* 9.07**

R2 Ajus. .02 .11 .05 .12

Mudança R2 .03** .09** .06** .07**

Page 52: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

52

em equipa ao nível da relação. Neste sentido, a quarta condição20 foi satisfeita, sendo

apenas as hipóteses 3A e 3B suportadas. Apesar de se considerar a hipótese 3B suportada,

importa mencionar que a mediação do EFT é parcial, enquanto no caso da hipótese 3A a

mediação do EFT é total.

Quadro 5

Regressão Hierárquica da Relação entre irmãos Positiva e do EFT com o

Funcionamento de Equipa

**: p<.01; *: p<.05.

Por último, analisando as variáveis controlo (sexo, idade e número de irmãos),

verificamos que a idade apresenta uma correlação significativa e positiva com o

funcionamento de equipa, tanto ao nível da tarefa (r=.16, p<.05) como ao nível da relação

(r=.19, p<.01), demonstrando que os trabalhadores mais velhos são os que consideram

que as suas equipas melhor funcionam. O sexo tem também uma relação significativa e

positiva com o funcionamento de equipa ao nível da relação (r=.19, p<.01), indicando

que os homens, quando comparados com as mulheres, têm uma perceção mais positiva

20 Quando a variável mediadora é acrescentada no modelo, a relação entre a variável dependente e a

variável independente deve ser significativamente fraca, havendo uma mediação parcial da variável

mediadora, ou não significativa, havendo uma mediação total da variável mediadora.

Funcionamento

Tarefa

de Equipa Funcionamento

Relação

de Equipa

β Β β β

1ºPasso

Sexo .09 .08 .16* .16*

Idade .11 .14* .16* .18**

Nº de Irmãos .06 .05 .01 -.01

2ºPasso

RelirPos - .10 - .13*

EFT - .28** - .24**

F 2.73* 7.22** 5.22* 8.17**

R2 Ajus. .02 .11 .05 .13

Mudança R2 .03* .10** .06** .08**

Page 53: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

53

desse funcionamento. Por fim, como esperado o número de irmãos tem uma relação

positiva com a relação positiva entre irmãos (r=.13, p<.05), indicando que quanto maior

o número de irmãos melhor avaliação se faz da relação entre irmãos.

Figura 3. Modelo dos resultados do estudo quantitativo

IV. Discussão dos resultados dos estudos qualitativo e quantitativo

O presente estudo pretendeu compreender a relação existente entre a qualidade da

relação entre irmãos, o funcionamento de equipas tanto ao nível das tarefas como ao nível

da relação e o enriquecimento família-trabalho. Após a obtenção dos resultados nos dois

estudos realizados (primeiro através do estudo qualitativo e posteriormente através da

complementaridade do estudo quantitativo), conseguiu-se obter resposta às questões de

investigação inicialmente formuladas.

A primeira questão de investigação do estudo qualitativo foi rapidamente

respondida “será que os participantes reconhecem a relação existente entre a família e o

trabalho? Como é que os colaboradores consideram que a família e o trabalho se

influenciam?”. Vários estudos destacam a relação existente entre a família e o trabalho

(e.g. Grzywacz & Carlson,2007; Chambel & Ribeiro, 2014; Edwards & Rothbard,

2000;Voydanoff, 1988 ), sendo que o presente estudo evidencia a complexidade dessa

relação, já que os participantes além de terem reconhecido a relação estabelecida entre a

Page 54: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

54

família e o trabalho, exploraram diferentes mecanismos de ligação entre esses dois

domínios. Os participantes das três empresas envolvidas na presente investigação,

consideraram que a relação estabelecida entre a família e o trabalho pode ser vista numa

perspetiva positiva, negativa ou integrativa, no sentido de haver um equilibrio na gestão

da influência positiva e negativa existente entre a família e o trabalho. Estes resultados

são consistentes com resultados de estudos anteriores que apontam a existência de

diferentes paradigmas no estudo da relação entre a família e o trabalho (Grzywacz &

Carlson, 2007; Carvalho & Chambel, 2016a).

A forma como é gerida a relação estabelecida entre a família e o trabalho, aparenta

estar associada com a etapa de vida em que o indivíduo se encontra. A conciliação da

família com o trabalho aparenta ser fundamental para os participantes que têm filhos em

idade escolar/adolescência, já que o dia-a-dia dessas famílias implica uma complexa

gestão (Alarcão, 2000; Relvas, 1996). Os participantes abordaram a questão da

conciliação família trabalho numa perspectiva integrativa, onde consideraram que a

relação da família com o trabalho deve ser equilibrada. Estes resultados apoiam a

definição de conciliação apontada por Grzywacz e Carlson (2007). A definição

operacional de conciliação não foi explorada junto dos participantes mas seria

interessante fazê-lo em estudos futuros, no sentido de se averiguar se a conciliação da

família-trabalho é apenas o equilibrio das vivências, evitando a existência de conflito ou

se é uma tentativa de atenuar o conflito aliada ao aumento do EFT.

A gestão da família e do trabalho além de estar associada com a etapa do ciclo de

vida da família, aparenta estar relacionada com o próprio indivíduo, através da esfera

pessoal (Greenhaus & Powell, 2006). Este resultado é compreendido quando se considera

que o auto-conhecimento, permite uma melhor conciliação da família com o trabalho,

porque o indivíduo ao conhecer os seus limites, sabe onde termina a sua capacidade de

conciliar e onde começa o conflito entre a família e o trabalho (Chinchilla & Moragas,

2007,p.45).

A terceira questão de investigação do estudo qualitativo indagava: “o que será que

as empresas portuguesas fazem para promover a relação entre a família e o trabalho?”.

Os participantes consideraram que as empresas portuguesas no geral atentam a

esta temática e desenvolvem formas de articular a vida famíliar com a vida profissional.

As empresas designadas de Empresas Famíliarmente Responsáveis (Chinchilla &

Moragas, 2007, p.229), desenvolvem políticas que promovem a conciliação família-

trabalho através da implementação de práticas amigas da família. Os participantes

Page 55: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

55

consideram que nas empresas onde estão integrados, existem políticas amigas da família

que têm como objectivo promover a relação entre a família e o trabalho, especialmente

através do uso de medidas de flexibilidade21 e medidas de cuidado22 aos filhos (Carvalho

& Chambel, 2016a, p.197). Apesar de existirem essas políticas, alguns participantes das

grandes empresas referem que as mesmas nem sempre se traduzem na sua aplicabilidade

prática. Estes resultados coincidem com estudos prévios que evidenciam que a existência

de políticas amigas da família nem sempre determina que as mesmas sejam integradas no

funcionamento da organização (Allen, 2001).

A quarta questão de investigação do estudo qualitativo “quais as competências

geradas na relação entre irmãos que podem ser importantes no trabalho?” foi alvo de

bastante reflexão.

Os participantes consideraram que a família, particularmente a família de origem,

tem um papel importante na transmissão de valores. A par desses valores, desenvolvem-

se competências através das relações estabelecidas entre os diversos sub-sistemas

famíliares (e.g.conjugal, parental, filial, fraternal). O que é concordante com as ideias

desenvolvidas por Chinchilla e Moragas (2007, p.171) e Alarcão (2000) que evidenciam

que a família é uma “escola” onde se desenvolvem competências valorizadas ao longo da

vida e em vários contextos .

Os participantes reconheceram diversas competências como sendo desenvolvidas

na relação entre irmãos e que são importantes na obtenção de um bom desempenho do

indivíduo e das equipas em que este está inserido. Foram referidas como competências

principais: a partilha, a flexibilidade, a capacidade de gestão de conflitos, a prestabilidade

e a capacidade de se comprometer. Algumas destas competências interpessoais já tinham

sido evidenciadas em estudos anteriores (Alarcão, 2000).

Além do desenvolvimento das competências acima referidas, os participantes

referiram que os irmãos desempenham um papel fundamental nas suas vidas, já que são

confidentes e companheiros, constituindo uma fonte de apoio. Estes resultados coincidem

com estudos anteriores que evidenciam que a relação positiva entre irmãos gera

21 Medidas de flexibilidade podem ser relativas à flexibilidade de trabalho, i.e., referente ao local onde se

trabalha, ou à flexibilidade de horários (Carvalho & Chambel,2016a, p.197). De modo geral, as medidas

de flexibilidade referem-se à possibilidade de execução das tarefas laborais “como, onde e quando” o

colaborador puder, cumprindo os seus objectivos de trabalho (Kelly & Moen, 2007). 22Segundo Carvalho e Chambel (2016a, p.197), as medidas de cuidado referem-se a “Todas as práticas

que facultam a existência de serviços essenciais para os empregados durante o horário de trabalho”.

Page 56: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

56

compromisso (Myers & Bryant, 2008), segurança (Bedford & Avioli, 2001) e representa

um apoio importante ao nível afetivo e instrumental (Voorpostel & Lippe, 2007).

Os resultados do estudo qualitativo evidenciam a existência do enriquecimento

família-trabalho, já que através da relação entre irmãos se desenvolvem competências e

recursos que permitem um melhor desempenho e uma maior qualidade de vida no

trabalho. Complementarmente, através do estudo quantitativo percebeu-se que os

colaboradores que participaram no estudo quantitativo, consideravam a existência desse

enriquecimento família-trabalho nas suas vidas (M= 3.98; DP=.64).

O modelo de Greenhaus e Powell (2006) ajuda a uma melhor compreensão do

modo como opera o enriquecimento família-trabalho na relação entre as variáveis. O

relacionamento entre irmãos gera competências e recursos psicológicos, ao nível da

segurança e da capacidade de ajustamento emocional (Riggio, 2000) que podem

influenciar de forma direta ou indireta o trabalho. De acordo com os interesses das

empresas envolvidas na presente investigação, estudou-se o funcionamento de equipas,

visto que o trabalho em equipa é importante para a eficácia das organizações (Somech et

al.,2009). Por esse motivo, averigou-se junto dos participantes do estudo qualitativo se

as competências e os recursos psicológicos gerados na relação entre irmãos influenciavam

o funcionamento das suas equipas de trabalho. As respostas foram dispares e

inconclusivas, sendo que alguns participantes consideravam que a influência variava

consoante a fase da vida dos colaboradores, sendo mais forte em fases juniores da carreira,

e outros consideravam a influência inexistente. Por esse motivo, através das sessões de

focus group não foi possível obter uma resposta conclusiva à quinta pergunta de

investigação “como é percepcionada a importância da relação fraterna na idade adulta

para o desempenho profissional?”. No entanto, através do estudo quantitativo pretendeu-

se dar resposta à sexta questão de investigação: “de que forma a relação fraterna

contribui para o desempenho no trabalho, ao nível do funcionamento de equipas?”. A

resposta a esta pergunta de investigação que foi obtida através do estudo quantitativo,

reforça a complementaridade estabelecida entre o estudo qualitativo e o estudo

quantitativo.

Através do estudo quantitativo, verificou-se que quanto maior o número de

irmãos, melhor avaliada é a relação entre estes. Também Riggio (2006) evidenciou que

um maior número de irmãos se relaciona com uma melhor avaliação da relação fraterna,

já que um maior número de irmãos implica que haja mais indivíduos com quem se possa

interagir, sendo essas relações mais dinâmicas. Os resultados do estudo quantitativo

Page 57: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

57

evidenciam ainda que quanto melhor avaliada é a relação entre irmãos, melhor é a

perceção do indivíduo relativamente ao funcionamento da(s) equipa(s) em que está

envolvido, tanto ao nível da tarefa como da relação. Os resultados também evidenciaram

que quanto melhor é percecionada a relação entre irmãos, maior é a perceção da existência

de enriquecimento família-trabalho.

Esperava-se que a perceção da má qualidade da relação entre irmãos influenciasse

o funcionamento de equipas tanto ao nível das tarefas como da relação. Verificou-se que

quanto pior é avaliada a relação entre irmãos, pior é a perceção do indivíduo relativamente

ao relacionamento com os membros da sua equipa. Curiosamente esta relação não foi

reconhecida nas sessões de focus group, já que alguns participantes referiram que a

existência de relações negativas entre irmãos não influenciavam as relações estabelecidas

com os colegas de equipa.

Apesar de haver uma relação significativa entre a relação negativa entre irmãos e

o relacionamento entre colegas de equipa, a perceção da relação negativa entre irmãos

não tem uma relação significativa com o funcionamento de equipa ao nível da tarefa,

evidenciando-se que o cumprimento de tarefas não é comprometido quando um indivíduo

da equipa perceciona a relação com o(s)/a(s) seu(s)/sua(s) irmã(o)/s como sendo negativa.

Esperava-se que quando a relação entre irmãos fosse percecionada como negativa,

houvesse uma relação negativa com o enriquecimento família trabalho. No entanto,

apesar dessa relação ser negativa, não foi significativa para comprovar a relação. É

importante realçar que neste estudo a avaliação do funcionamento em equipa foi realizada

pelo próprio, podendo este “proteger-se” não reconhecendo que a relação negativa entre

irmãos poderia prejudicar a realização do trabalho da equipa. Seria interessante que em

estudos futuros a avaliação do trabalho em equipa fosse realizada pelo respetivo chefe

por forma a ultrapassar este possível enviesamento.

Percebeu-se ainda que, por um lado, o enriquecimento família-trabalho é

mediador total entre a relação positiva entre irmãos e o funcionamento de equipas ao nível

da tarefa e, por outro lado, é mediador parcial da relação positiva entre irmãos e o

funcionamento de equipas ao nível da relação. Esta mediação parcial sugere que poderão

existir outros fatores que expliquem a relação entre colegas de equipa, como por exemplo

recursos organizacionais (i.e. liderança) ou dos indivíduos (i.e. competências relacionais).

Os resultados do estudo quantitativo indicam-nos que, por um lado, a relação

positiva entre irmãos gera competências e recursos que são transferidos para o trabalho e

que melhoram o desempenho do indivíduo nesse domínio. A melhoria do desempenho

Page 58: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

58

ocorre principalmente ao nível das tarefas, i.e. na análise e reflexão sobre os objetivos da

equipa e na reflexão e discussão sobre o que pode potenciar o seu funcionamento (West,

2012). Por outro lado, indica-nos que a relação positiva entre irmãos gera competências

e recursos que são transferidos para o trabalho e que contribuem, em parte, para o bom

funcionamento de equipas ao nível do relacionamento entre colegas, no que se refere à

capacidade de cooperação (West, 2012).

V. Conclusão

Na figura 4 encontra-se um modelo final, com as principais conclusões da

presente investigação.

Figura 4. Modelo final com os principais resultados da investigação.

Em suma, pode afirmar-se que ter irmãos é uma vantagem perante quem é filho

único uma vez que a relação entre irmãos permite o desenvolvimento de várias

competências interpessoais fulcrais ao longo da vida. Destaca-se o facto de a relação entre

irmãos ser vantajosa não só na infância e na adolescência, como também na idade adulta.

A qualidade da relação entre irmãos influencia o funcionamento de equipas, tanto ao nível

Page 59: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

59

do desempenho das tarefas como ao nível da relação com os colegas de equipa. Esta

influência ocorre através do enriquecimento família-trabalho, já que as competências e

recursos gerados na relação entre irmãos potenciam a tansferência positiva de recursos e

de afetos do domínio da família para a atividade profissional e esta transferência, por sua

vez, permite aos indivíduos funcionar melhor nas suas equipas de trabalho.

VI. Limitações e indicações para estudos futuros

Importa destacar algumas limitações da presente investigação. Em primeira

instância, destacar o uso de uma amostra de conveniência a partir de empresas que são

consideradas famíliarmente responsáveis e que estão atentas à relação entre a família e o

trabalho. Além disso a amostra não é referente a um intervalo de idades específico, o que

aliado ao uso de uma amostra de conveniência, da existência de grupos homogéneos e da

reduzida dimensão da amostra do focus group (N=254) impede a generalização dos

resultados.

No estudo qualitativo os dados foram recolhidos através da realização de focus

group. O facto dos participantes pertencerem à mesma empresa e ao mesmo nível

hierárquico foi vantajoso porque permitiu a existência de grupos homogéneos, no entanto

esse facto pode ter aumentado a desejabilidade social já que os participantes se expuseram

em grupo perante pessoas que, por vezes, eram seus colegas de trabalho. Ainda

relativamente às sessões de focus group, importa referir que estas foram orientadas por

um guião de entrevista semi-estruturado que apesar de ter questões abertas que permitiam

a discussão e reflexão sobre as temáticas propostas, algumas questões eram muito

fechadas. O uso de questões mais fechadas foi motivado pela tentativa dos participantes

não dispersarem ao abordar as temáticas, dado o constrangimento de tempo de duração

das sessões de focus group. Estudos futuros devem reformular o guião, tornando as

questões mais abertas. Ainda relativamente às sessões de focus group, estudos futuros

devem ter grupos formados por menos de 10 pessoas, já que numa das sessões realizadas

estiveram 10 participantes e a sessão foi mais conturbada.

Nas sessões de focus group os participantes responderam a um questionário de

avaliação de competências, pese embora os resultados terem sido analisados e

encontrarem-se em anexo, os mesmos não foram integrados na discussão dos resultados

dado o constrangimento de espaço da dissertação. Os dados poderão ser considerados em

estudos futuros, dado o seu caracter exploratório. Este ponto está relacionado com outra

limitação, já que um dos objetivos iniciais era : “(…) saber se a valorização das

Page 60: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

60

competências varia: a)consoante se trate de Grandes Empresas ou PME; b) consoante

se trate de indivíduos com ou sem cargos de chefia; c) indivíduos com ou sem irmãos.”

e essa comparação só foi estabelecida na análise desse questionário de avaliação de

competências. Estudos futuros poderão considerar um grupo controlo constituído por

indivíduos sem irmãos, de modo a averiguar as diferenças ao nível do funcionamento de

equipas. Ainda, sugere-se que em estudos futuros se faça uma comparação de igual

número de grandes empresas e de PMEs, já que a presente investigação considerou duas

grandes empresas e apenas uma PME.

O caracter qualitativo do primeiro estudo envolve alguma subjetividade inerente

à própria análise temática e codificação das sessões de focus group. Pese embora o

referido, a análise das sessões de focus group e a respetiva codificação foram feitas em

parceria com a mestranda Cláudia Dias o que atenua o caracter subjectivo da

categorização. A partir desta característica da análise das sessões, salienta-se a

importância de em estudos futuros ser feita a análise por interjuizes. Uma limitação

associada à análise das sessões de focus group através do software Nvivo prende-se com

o facto da análise não ter sido feita considerando os diferentes participantes, o que está

associado ao facto de não terem sido cruzados dados socio-demográficos com a análise

temática efectuada. Assim, estudos futuros deverão considerar análise de conteúdo por

participante de modo a obter uma análise de dados mais aprofundada.

Relativamente ao estudo quantitativo, importa destacar desde logo o facto dos

questionários serem de auto-relato o que aumenta o risco da desejabilidade social. Além

disso, importa referir que uma das grandes empresas sugeriu que o questionário da relação

entre os irmãos fosse de resposta opcional. As correlações entre a relação entre irmãos, o

funcionamento de equipas e o EFT foram baixas, o que poderá estar relacionado com a

existência de diversos factores que explicam o funcionamento em equipa e/ou com a

qualidade da relação entre irmãos. Estudos futuros poderão reproduzir a presente

investigação, por exemplo, em call centers, uma vez que a população é mais jovem a

relação entre irmaõs poderá estar mais presente, podendo ter mais influência no

funcionamento de equipas.

Estudos futuros poderão estudar o enriquecimento trabalho-família e não só o

enriquecimento família-trabalho. Poderão também acrescentar ao modelo a variável do

conflito família-trabalho ou trabalho-família e analisar o efeito do enriquecimento e do

conflito em simultâneo, estudando assim o papel do equilíbrio família-trabalho na relação

entre a qualidade do relacionamento entre irmãos e o funcionamento de equipas.

Page 61: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

61

VII. Implicações práticas

Os resultados do presente estudo reforçam a existência de uma relação de

influência entre a família e o trabalho, nomeadamente de enriquecimento família-

trabalho. Estes resultados poderão ter aplicabilidade prática tanto no contexto clinico

como no contexto organizacional. Considerando o contexto clínico, os resultados da

presente investigação poderão ser usados em sessões de terapia famíliar, no sentido de

desenvolver a qualidade da relação entre irmãos, uma vez que evidenciam que a qualidade

da relação entre irmãos tem impacto noutras áreas das suas vidas, como o trabalho.

Também em terapia de casal, estes dados podem ser usados já que podem despertar o

casal para a importância do incentivo de relações positivas entre os seus filhos.

Considerando o contexto organizacional, estes resultados reforçam a importância

da aplicabilidade das práticas amigas da família no sentido de não só atenuar o conflito

família-trabalho como aumentar o enriquecimento família-trabalho (Carvalho &

Chambel, 2016b), dada a importância que tanto a família como o trabalho têm para os

colaboradores. Além disso, os resultados reforçam também a importância das práticas

amigas da família serem de facto aplicadas.

Os resultados da presente investigação podem ainda ser considerados na fase do

recrutamento para funções em que se tem de trabalhar em equipa ou que se tenha de

trabalhar em open spaces e onde a relação entre colegas é inevitável. Além da relação

entre irmãos e pensando particularmente nos indivíduos filhos únicos, a temática da

família também pode ser incluída na fase de recrutamento no sentido de se averiguar que

competências o indivíduo considera ter desenvolvido no ambiente famíliar e que podem

ser úteis para o trabalho.

Page 62: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

62

VIII. Referências Bibliográficas

Alarcão, M. (2002). (Des)Equilíbrios famíliares: Uma visão sistémica. Coimbra:

Quarteto.

Allen, T. D. (2001). Family-supportive work environments: The role of organizational

perceptions. Journal Of Vocational Behavior, 58(3), 414-435.

doi:10.1006/jvbe.2000.1774

Amstad, F. T., Meier, L. L., Fasel, U., Elfering, A., & Semmer, N. K. (2011). A meta-

analysis of work–family conflict and various outcomes with a special emphasis

on cross-domain versus matching-domain relations. Journal Of Occupational

Health Psychology, 16(2), 151-169. doi:10.1037/a0022170

Aryee, S., Srinivas, E. S., & Tan, H. H. (2005). Rhythms of life: Antecedents and

outcomes of work–family balance in employed parents. The Journal of Applied

Psychology, 90, 132−146.

Bailyn, L., Drago, R., & Kochan, T. A. (2001). Integrating work and family life. A

Holistic Approach, A Report of the Sloan Work-Family Policy Network: MIT,

Sloan School of Management.

Barbour, R. (2009). Grupos focais. Porto Alegre: Artmed Editora S.A.

Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo (4ªed.). Lisboa: Edições70.

Baron, R. M., & Kenny, D. A. (1986). The moderator–mediator variable distinction in

social psychological research: Conceptual, strategic, and statistical

considerations. Journal Of Personality And Social Psychology, 51(6), 1173-1182.

doi:10.1037/0022-3514.51.6.1173

Bazeley, P. (2007). Qualitative Data Analysis with NVivo. London: SAGE Publications.

Bedford, V. H. (1989). Ambivalence in adult sibling relationships. Journal of Family

Issues, 10(2), 211-224.

Bedford, V. H., & Avioli, P. S. (2001). Variations on Sibling Intimacy in Old

Age. Generations, 25(2), 34-40.

Bennett, M. M., Beehr, T. A., & Ivanitskaya, L. V. (2017). Work-family conflict:

differences across generations and life cycles. Journal Of Managerial

Psychology, 32(4), 314-332. doi:10.1108/JMP-06-2016-0192

Bernard, H.R. & Ryan G. W. (2010). Analysing Qualitative Data. London: SAGE

Publications.

Page 63: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

63

Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative

Research In Psychology, 3(2), 77-101. doi:10.1191/1478088706qp063oa

Brody, G. H. (1998). Sibling relationship quality: Its causes and consequences. Annual

Review Of Psychology, 49(1), 1.

Bronfenbrenner, U. (1986). Ecology of the family as a context for human development:

Research perspectives. Developmental Psychology, 22(6), 723-742.

doi:10.1037/0012-1649.22.6.723

Buljac-Samardzic, M., van Wijngaarden, J. H., van Wijk, K. P., & van Exel, N. A. (2011).

Perceptions of team workers in youth care of what makes teamwork

effective. Health & Social Care In The Community, 19(3), 307-316.

doi:10.1111/j.1365-2524.2010.00978.x

Cáceres-Delpiano, J. (2006). The Impacts of Family Size on Investment in Child

Quality. The Journal Of Human Resources, (4), 738. Retirado de

http://eds.a.ebscohost.com/eds/pdfviewer/pdfviewer?vid=16&sid=13167373-

afac-465c-9b18-7b82a1ead9e6%40sessionmgr4007.

Calvano, L. (2013). Tug of war: caring for our elders while remaining productive at

work. Academy Of Management Perspectives, 27(3), 204.

doi:10.5465/amp.2012.0095

Carlson, D. S., Grzywacz, J. G., & Zivnuska, S. (2009). Is work-family balance more than

conflict and enrichment?. Human Relations, 62(10), 1459-1486.

doi:10.1177/0018726709336500

Carlson, D. S., Kacmar, K. M., Wayne, J. H., & Grzywacz, J. G. (2006). Measuring the

positive side of the work–family interface: Development and validation of a

work–family enrichment scale. Journal Of Vocational Behavior, 68131-164.

doi:10.1016/j.jvb.2005.02.002

Carvalho, V. S., & Chambel, M. J. (2014). Work-to-family enrichment and employees’

well-being: High performance work system and job characteristics. Social

Indicators Research, 119(1), 373-387. doi:10.1007/s11205-013-0475-8

Carvalho, V. S., & Chambel, M. J. (2016a). A relação entre o trabalho e a família. In

Chambel, M. J. (Ed.). Psicologia da Saúde Ocupacional. Lisboa: Pactor Editora.

Carvalho, V. S., & Chambel, M. J. (2016b). Perceived high-performance work systems

and subjective well-being: Work-to-family balance and well-being at work as

mediators. Journal Of Career Development, 43(2), 116-129.

doi:10.1177/0894845315583113

Page 64: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

64

Chambel, M. J., & Ribeiro, M. (2014). A Relação entre o Trabalho e a Família. Lisboa:

RH Editora.

Chinchilla, N., & Moragas, M. (2009). Senhores do Nosso Destino. Lisboa: Alêtheia

Editores.

Christensen, L. B., Johnson, R. B., & Turner, L. A. (2011). Research methods, design,

and analysis (11ª ed.). Boston: Allyn and Bacon.

Cicirelli, V. G. (1991). Sibling relationships in adulthood. Marriage & Family

Review, 16(3-4), 291-310. doi:10.1300/J002v16n03_05

Cohen, S. G., & Bailey, D. E. (1997). What Makes Teams Work: Group Effectiveness

Research From the Shop Floor to the Executive Suite. Journal Of

Management, 23(3), 239.

Conger, K. J., & Little, W. M. (2010). Sibling Relationships During the Transition to

Adulthood. Child Development Perspectives, 4(2), 87-94. doi:10.1111/j.1750-

8606.2010.00123.x

Connidis, I. A. (2007). Negotiating inequality among adult siblings: Two case

studies. Journal of Marriage and Family, 69(2), 482-499.

Cunha, V., & Atalaia, S. (2014). A evolução da conjugalidade em Portugal: principais

tendências e modalidades da vida em casal. Famílias nos censos 2011:

diversidade e mudança, 155-175.

Curral, L.A.S. (2005). Sharedness in work team innovation: a process modelo of team

regulation (Dissertação de doutoramento não publicada). Universidade de Lisboa,

Lisboa

Cuskelly, M. (2016). Contributors to adult sibling relationships and intention to care of

siblings of individuals with Down syndrome. American Journal On Intellectual

And Developmental Disabilities, 121(3), 204-218. doi:10.1352/1944-7558-

121.3.204

Dilworth, J. L., & Kingsbury, N. (2005). Home-to-Job Spillover for Generation X,

Boomers, and Matures: A Comparison. Journal Of Family & Economic

Issues, 26(2), 267. doi:10.1007/s10834-005-3525-9

DiCicco‐Bloom, B., & Crabtree, B. F. (2006). The qualitative research interview.Medical

education, 40(4), 314-321.

Dreu, C. K., & Vianen, A. E. (2001). Managing relationship conflict and the effectiveness

of organizational teams. Journal of Organizational behavior, 22(3), 309-328.

Page 65: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

65

Ducharne, M. B., & Guimarães, S. C. (2012). Impacto da qualidade da Relação entre

irmãos no ajustamento psicológico dos irmãos: Estudo em família adotiva,

convencional e acolhimento institucional. Actas do 12. º Colóquio Internacional

de Psicologia e Educação: Educação, aprendizagem e desenvolvimento: Olhares

contemporâneos através da investigação e da prática, 1008-1022.

Dunn, J., Deater-Deckard, K., Pickering, K., & Golding, J. (1999). Siblings, parents, and

partners: Family relationships within a longitudinal community study. Journal Of

Child Psychology And Psychiatry, 40(7), 1025-1037. doi:10.1111/1469-

7610.00521

Eckstein, K., Šerek, J., & Noack, P. (2017). And What About Siblings? A Longitudinal

Analysis of Sibling Effects on Youth’s Intergroup Attitudes. Journal of Youth and

Adolescence, 1-15.

Edwards, J., & Rothbard .N. (2000). Mechanisms Linking Work and Family: Clarifying

the Relationship between Work and Family Constructs. The Academy Of

Management Review, (1), 178.

Eriksen, S., & Jensen, V. (2006). All in the Family? Family Environment Factors in

Sibling Violence. Journal Of Family Violence, 21(8), 497-507. Retirado de

https://link.springer.com/content/pdf/10.1007%2Fs10896-006-9048-9.pdf

Fay, D., Shipton, H., West, M. A., & Patterson, M. (2015). Teamwork and Organizational

Innovation: The Moderating Role of the HRM Context. Creativity & Innovation

Management, 24(2), 261-277. doi:10.1111/caim.12100

Fernandes, O. M. (2005). Ser único ou ser irmão. Cruz Quebrada: Oficina do Livro.

Fernandes, O. M., Alarcão, M., & Raposo, J. V. (2007). Posição na fratria e

personalidade. Estudos de Psicologia (Campinas), (3), 297. doi:10.1590/S0103-

166X2007000300001

Fernandes, O.M., Relva, I.C., Rocha, M., & Alarcão, M. (2016). Estudo da validade de

construto das Revised Conflict Tactics Scales - Versão Irmãos.

(Portuguese). Motricidade, 12(1), 69. doi:10.6063/motricidade.6182

Ferreira, C. C. (2008). Percepção de Conflito na Relação de Irmãos Adultos (Tese de

mestrado não publicada). Universidade do Porto, Porto.

Floyd, F. J., Costigan, C. L., & Richardson, S. S. (2016). Sibling relationships in

adolescence and early adulthood with people who have intellectual

disability. American Journal On Intellectual And Developmental

Disabilities, 121(5), 383-397. doi:10.1352/1944-7558-121.5.383

Page 66: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

66

Ford, M. T., Heinen, B. A., & Langkamer, K. L. (2007). Work and family satisfaction

and conflict: A meta-analysis of cross-domain relations. Journal Of Applied

Psychology, 92(1), 57-80. doi:10.1037/0021-9010.92.1.57

Frone, M. R. (2003). Work–family balance. In J. C. Quick & L. E. Tetrick (Eds.),

Handbook of occupational health psychology (pp. 143–162). Washington, DC:

American Psychological Association.

Goldsmid, R. & Féres-Carneiro, T. (2007). A função fraterna e as vicissitudes de ter e ser

um irmão. Psicologia Em Revista, Vol 13, Iss 2, Pp 293-308 (2007), (2), 293.

Greenhaus, J. H., & Beutell, N. J. (1985). Sources of Conflict Between Work and Family

Roles. Academy Of Management Review, 10(1), 76.

doi:10.5465/AMR.1985.4277352

Greenhaus, J. H., & Powell, G. N. (2006). WHEN WORK AND FAMILY ARE ALLIES:

A THEORY OF WORK-FAMILY ENRICHMENT. Academy Of Management

Review, 31(1), 72-92. doi:10.5465/AMR.2006.19379625

Grzywacz, J.G., & Bass, B. L. (2003). Work, Family, and Mental Health: Testing

Different Models of Work-Family Fit. Journal Of Marriage And Family, (1), 248.

Grzywacz, J. G., & Carlson, D. S. (2007). Conceptualizing work-family balance:

Implications for practice and research. Advances In Developing Human

Resources, 9(4), 455-471. doi:10.1177/1523422307305487

Grzywacz, J. G., & Marks, N. F. (2000). Reconceptualizing the work–family interface:

An ecological perspective on the correlates of positive and negative spillover

between work and family. Journal Of Occupational Health Psychology, 5(1),

111-126. doi:10.1037/1076-8998.5.1.111

Guba, E. G., & Lincoln, Y. S. (1994). Competing Paradigms in Qualitative Research. In

N. K. Denzin & Y. S. Lincoln (Eds.). Handbook of qualitative research (2th ed.)

(105-117). Thousand Oaks: Sage.

Guzzo, R. A., & Dickson, M. W. (1996). Teams in organizations: Recent research on

performance and effectiveness. Annual review of psychology, 47(1), 307-338.

Hakanen, J. J., Peeters, M. W., & Perhoniemi, R. (2011). Enrichment processes and gain

spirals at work and at home: A 3-year cross-lagged panel study. Journal Of

Occupational & Organizational Psychology, 84(1), 8-30. doi:10.1111/j.2044-

8325.2010.02014.x

Page 67: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

67

Hashim, R., & Ahmad, H. (2016). Family environment, sibling relationship and rivalry

towards quality of life. Environment-Behaviour Proceedings Journal, 1(3), 113-

122.

Helmreich, R. L., & Davies, J. M. (2004). Culture, threat, and error: lessons from

aviation. Canadian Journal of Anesthesia/Journal canadien d'anesthésie, 51, R1-

R4.

Hesse-Biber, S. N. (2010). Mixed methods research: Merging theory with practice. New

York: Guilford Press.

Hu, J., & Liden, R. C. (2011). Antecedents of team potency and team effectiveness: An

examination of goal and process clarity and servant leadership. Journferal Of

Applied Psychology, 96(4), 851-862. doi:10.1037/a0022465

Hunter, E. M., Perry, S. J., Carlson, D. S., & Smith, S. A. (2010). Linking team resources

to work–family enrichment and satisfaction. Journal Of Vocational

Behavior, 77304-312. doi:10.1016/j.jvb.2010.05.009

INE (2014). Inquérito à fecundidade 2013. Instituto Nacional de Estatística: Lisboa.

INE (2016). Índice de Bem-estar 2004-2015. Destaque - Informação à Comunicação

Social, pp. 1-26.

Khan, R., & Rogers, P. (2015). The Normalization of Sibling Violence: Does Gender and

Personal Experience of Violence Influence Perceptions of Physical Assault

Against Siblings?. Journal Of Interpersonal Violence, 30(3), 437.

doi:10.1177/0886260514535095

Kelle, U. (2006). Combining Qualitative and Quantitative Methods in Research Practice:

Purposes and Advantages. Qualitative Research in Psychology, 3, 293-311.

doi:10.1177/1478088706070839

Kelly, E. L., & Moen, P. (2007). Rethinking the clockwork of work: Why schedule

control may pay off at work and at home. Advances in Developing Human

Resources, 9, 487–506. http://dx.doi.org/10.1177/ 1523422307305489

Kozlowski, S. W., & Ilgen, D. R. (2006). Enhancing the effectiveness of work groups and

teams. Psychological science in the public interest, 7(3), 77-124.

Krueger, R. A., & Casey, M. A. (2014). Focus groups: A practical guide for applied

research. New Dehli:SAGE publications.

Lanthier, R.P., & Campbell, A.J. (2011). Sibling relationships as opportunities for

development and learning in adulthood. In C. Hoare (Ed.), The Oxford Handbook

Page 68: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

68

of Reciprocal Adult Development and Learning (2nd ed., pp. 381-395). Oxford:

Oxford University Press. 10.1093/oxfordhb/9780199736300.013.0094

Larson, R. W., Wilson, S., Brown, B. B., Furstenberg, J. F., & Verma, S. (2002). Changes

in Adolescents' Interpersonal Experiences: Are They Being Prepared for Adult

Relationships in the Twenty-First Century?. Journal Of Research On Adolescence

(Wiley-Blackwell), 12(1), 31.

Lee, T. R., Mancini, J. A., & Maxwell, J. W. (1990). Sibling relationships in adulthood:

Contact patterns and motivations. Journal of Marriage and the Family, (2), 431.

doi:10.2307/353037

Leonard, M. W., & Frankel, A. S. (2011). Role of effective teamwork and communication

in delivering safe, high‐quality care. Mount Sinai Journal of Medicine: A Journal

of Translational and Personalized Medicine, 78(6), 820-826.

Lloyd, J. V., Schneider, J., Scales, K., Bailey, S., & Jones, R. (2011). Ingroup identity as

an obstacle to effective multiprofessional and interprofessional teamwork:

Findings from an ethnographic study of healthcare assistants in dementia

care. Journal Of Interprofessional Care, 25(5), 345-351.

doi:10.3109/13561820.2011.567381

Locke, E. A. (1982). The ideas of Frederick W. Taylor: an evaluation. Academy of

Management Review, 7(1), 14-24.

Mason, J. (2006). Six strategies for mixing methods and linking data in social science

research. Real Life Methods working paper, University of Manchester.

Mathieu, J., Maynard, M. T., Rapp, T., & Gilson, L. (2008). Team effectiveness 1997-

2007: A review of recent advancements and a glimpse into the future. Journal Of

Management, 34(3), 410-476. doi:10.1177/0149206308316061

McEwan, D., Ruissen, G. R., Eys, M. A., Zumbo, B. D., & Beauchamp, M. R. (2017).

The Effectiveness of Teamwork Training on Teamwork Behaviors and Team

Performance: A Systematic Review and Meta-Analysis of Controlled

Interventions. Plos ONE, 12(1), 1-23. doi:10.1371/journal.pone.0169604

McHale, S. M., Crouter, A. C., McGuire, S. A., & Updegraff, K. A. (1995). Congruence

between mothers' and fathers' differential treatment of siblings: links with family

relations and children's well-being. Child Development, (1), 116.

McNall, L. A., Nicklin, J. M., & Masuda, A. D. (2010). A Meta-Analytic Review of the

Consequences Associated with Work–Family Enrichment. Journal Of Business &

Psychology, 25(3), 381-396. doi:10.1007/s10869-009-9141-1

Page 69: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

69

Michel, J. S., Kotrba, L. M., Mitchelson, J. K., Clark, M. A., & Baltes, B. B. (2011).

Antecedents of work-family conflict: A meta-analytic review. Journal Of

Organizational Behavior, 32(5), 689-725. doi:10.1002/job.695

Moghaddam, F. M., Walker, B. R., & Harré, R. (2003). Cultural distance, levels of

abstraction, and the advantages of mixed methods. Handbook of mixed methods

in social and behavioral research, 111-134.

Mota, C. P., Serra, L., Relva, I., & Fernandes, O. M. (2017). Do sibling relationships

protect adolescents in residential care and traditional families from developing

psychopathologies?. Journal Of Family Studies, 23(3), 260-277.

doi:10.1080/13229400.2015.1106333

Morgan, D. L. (Ed.). (1993). Successful focus groups: Advancing the state of the art (Vol.

156). Sage Publications.

Morgan, D. L. (1996). Focus Group. Annual Review Sociological, 22, 129-152.

Myers, S. A., & Bryant, L. E. (2008). The use of behavioral indicators of sibling

commitment among emerging adults. Journal of Family Communication, 8(2),

101-125.

Newman, I., Ridenour, C. S., Newman, C & DeMarco, G. M. P. D. (2002). A typology

of research purposes and its relationship to mixed methods. In Tashakkori, A &

Teddlie, C. (Eds.). Handbook of mixed methods in social and behavioral research.

(pp. 167-188). Thousand Oaks, CA: Sage

Parry, E., & Urwin, P. (2011). Generational differences in work values: A review of

theory and evidence. International Journal of Management Reviews, 13, 79-96.

doi: 10.1111/j.1468-2370.2010.00285.x

Patton, M. Q. (2005). Qualitative research. John Wiley & Sons, Ltd.

Perrone‐McGovern, K. M., Wright, S. L., Howell, D. S., & Barnum, E. L. (2014).

Contextual influences on work and family roles: Gender, culture, and

socioeconomic factors. The Career Development Quarterly, 62(1), 21-28.

doi:10.1002/j.2161-0045.2014.00067.x

Portner, L., & Riggs, S. (2016). Sibling Relationships in Emerging Adulthood:

Associations with Parent-Child Relationship. Journal Of Child & Family

Studies, 25(6), 1755-1764.

Relvas, A. P (1996). O ciclo vital da família: Perspectiva sistémica. Porto: Edições

Afrontamento.

Page 70: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

70

Riggio, H. R. (2000). Measuring attitudes toward adult sibling relationships: The

Lifespan Sibling Relationship Scale. Journal Of Social And Personal

Relationships, 17(6), 707-728. doi:10.1177/0265407500176001

Riggio, H. R. (2006). Structural features of sibling dyads and attitudes toward sibling

relationships in young adulthood. Journal of Family Issues, 27(9), 1233-1254.

Rodrigues, T. F. & Henriques, F.C. (2017). (Re)Birth. Wilfried: Martens Centre.

Rothbard N. (2001). Enriching or depleting? The dynamics of engagement in work and

family roles. Administrative Science Quarterly, 46, 655–684.

Ruderman, M. N., Ohlott, P. J., Panzer, K., & King, S. N. (2002). Benefits of multiple

roles for managerial women.. Academy Of Management Journal, 45(2), 369-386.

doi:10.2307/3069352

Snape, D., & Spencer, L. (2003). The foundations of qualitative research.Qualitative

research practice: A guide for social science students and researchers, 11.

Snyder, J., Bank, L., & Burraston, B. (2005). The consequences of antisocial behavior in

older male siblings for younger brothers and sisters. Journal Of Family

Psychology, 19(4), 643-653. doi:10.1037/0893-3200.19.4.643

Somech, A., Desivilya, H. S., & Lidogoster, H. (2009). Team conflict management and

team effectiveness: the effects of task interdependence and team

identification. Journal Of Organizational Behavior, 30(3), 359-378.

Stocker, C. M., Lanthier, R. P., & Furman, W. (1997). Sibling relationships in early

adulthood. Journal Of Family Psychology, 11(2), 210-221. doi:10.1037/0893-

3200.11.2.210

Ten Brummelhuis, L. L., Haar, J. M., & Roche, M. (2014). Does family life help to be a

better leader? A closer look at crossover processes from leaders to followers.

Personnel Psychology, 67(4), 917-949.

Ten Brummelhuis LL, Van Der Lippe T, Kluwer ES. (2010). Family involvement and

helping behavior in teams. Journal of Management, 36, 1406–1431.

Tucker, R., & Abbasi, N. (2016). Bad Attitudes: Why Design Students Dislike

Teamwork. Journal Of Learning Design, 9(1), 1-20.

Tucker, C.J. & Finkelhor, D. (2017). The State of Interventions for Sibling Conflict and

Aggression: A Systematic Review. Trauma, Violence & Abuse 18,

1524838015622438.

Tucker, C. J., Holt, M., & Wiesen-Martin, D. (2013). Inter-parental conflict and sibling

warmth during adolescence: Associations with female depression in emerging

Page 71: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

71

adulthood. Psychological Reports, 112(1), 243-251.

doi:10.2466/21.10.PR0.112.1.243-251

Turner, D. W. (2010). Qualitative interview design: A practical guide for novice

investigators. The Qualitative Report, 15(3), 754-760.

Vaughn, S., Schumm, J. S., & Sinagub, J. M. (1996). Focus group interviews in education

and psychology. Thousands Oaks: SAGE Publications.

Vieira, J. M., Lopez, F. G., & Matos, P. M. (2014). Further validation of Work–Family

Conflict and Work–Family Enrichment Scales among Portuguese working

parents. Journal Of Career Assessment, 22(2), 329-344.

doi:10.1177/1069072713493987

Voydanoff, P. (1988). Work Role Characteristics, Family Structure Demands, and

Work/Family Conflict. Journal Of Marriage And Family, (3), 749.

doi:10.2307/352644

Voorpostel, M., & Van Der Lippe, T. (2007). Support between siblings and between

friends: Two worlds apart?. Journal of Marriage and Family, 69(5), 1271-1282.

Walęcka-Matyja, K. (2015). Relationships with Siblings as a Way of Coping with Stress

in the Early Adult Hood and the Level of Self-Esteem.

Wei, L., & Lau, C. (2012). Effective teamwork at the top: the evidence from

China. International Journal Of Human Resource Management, 23(9), 1853-

1870. doi:10.1080/09585192.2011.610343

West, M. A. (2012). Effective teamwork: Practical lessons from organizational research.

John Wiley & Sons.

Wertz, F., Charmaz, K., McMullen, L., Josselson, R., Anderson, R., & McSpadden, E.

(2011). Five ways of doing qualitative analysis – Phenomenological psychology,

grounded theory, discourse analysis, narrative research, and intuitive Inquiry.

N.Y.: The Guilford Press

White, L. (2001). Sibling Relationships over the Life Course: A Panel Analysis. Journal

Of Marriage And Family, (2), 555.

Zedeck, S. E. (1992). Work, families, and organizations. Jossey-Bass.

Page 72: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

72

Apêndice I

Guião da entrevista semi-estruturada usada no focus group

Page 73: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

73

Apêndice I: Guião da entrevista semi-estruturada usada no focus group

Guião Focus Group

Texto inicial

Carolina/Cláudia: Bom dia (boa tarde). O meu nome é Cláudia/Carolina, sou

aluna da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa e a colega que vai

assistir-me na moderação deste grupo é … (a Mara/ Ana apresenta-se e diz que é

colaboradora da QUASAR).

Gostaríamos, desde já, agradecer o facto de terem aceitado colaborar connosco

neste projeto. O vosso contributo nesta sessão de focus group permite o avanço do

nosso estudo que serve de base a nossa dissertação de mestrado. O nosso objetivo

principal é explorar a relação existente entre a família e o trabalho, ou seja,

queremos perceber de que forma a família contribui para o desenvolvimento de

competências nos trabalhadores. Além disso pretendemos compreender a

importância que é dada a essas competências tanto pelas chefias como pelos

colaboradores.

Ana/Mara: O propósito desta reunião é criar um grupo de discussão em que nós,

como moderadoras, iremos colocar algumas questões. Não há respostas certas ou

erradas mas sim diferentes pontos de vista. É importante que todos participem

mesmo quando a vossa opinião está em desacordo com o resto do grupo. Pedimos

que fale uma pessoa de cada vez e visto que temos tempo limitado, é crucial não

nos dispersarmos.

Carolina/Cláudia: Antes de começarmos, pedimos que leiam o documento que

foi distribuído a cada um. É importante realçar que asseguramos a

confidencialidade de toda a informação recolhida, inclusive os vossos nomes que

não serão mencionados no estudo (dar tempo para ler). Têm alguma dúvida? Peço

que assinem o documento em como autorizam a gravação da sessão. Antes de

iniciarmos, peço que desliguem o som dos telemóveis. Obrigada.

Observações

Ligar o gravador

Page 74: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

74

Questões de

Abertura

Ana/Mara: Comecemos então pela vossa apresentação, digam-nos por favor o

vosso nome e digam-nos também se têm filhos e irmãos. Caso tenham, gostaríamos

de saber as idades dos mesmos.

Cláudia/Carolina: Vamos começar por ler uma curta afirmação e pedia para

depois dizerem se concordam ou discordam com a mesma e porquê. A afirmação

é a seguinte “O trabalho e a família são duas esferas que se intersetam e se

influenciam mutuamente” Concordam, discordam? E porquê?

Anotar o nome

dos participantes

pela disposição

na qual estão

sentados.

10 min.

Questões de

Transição

Ana/Mara: Sabemos que hoje em dia, no mundo do trabalho, cada vez mais se

procura o “colaborador perfeito”. Que competências acham que são mais

valorizadas neste tal perfil de candidato ideal? Relembramos que quando estamos

a falar de competências, estamos a falar de atitudes e comportamentos que

facilitam a relação com os outros e promovem o desempenho profissional.

Cláudia/Carolina Como acham que essas competências são desenvolvidas?

10 min.

10 min.

Caso os

colaboradores

não associem as

competências às

famílias,

questionar sobre

isso.

Questões

chave

Cláudia/Carolina Que competências aprenderam como pais e que podem usar

para melhorar o vosso papel como trabalhadores? E em relação àqueles que têm

irmãos, que competências aprenderam da vossa relação com o vosso irmão/irmãos

que podem ser usadas para melhorar o vosso desempenho no trabalho?

Cláudia/Carolina: Acham que há alguma ligação entre a forma como vocês

praticam a vossa parentalidade, ou seja, como vocês são como pais e a forma como

praticam a vossa liderança?

Cláudia/Carolina: Por outro lado, acham que há alguma relação entre a forma

como vocês se relacionam com os vossos irmãos e a forma como se relacionam

com a vossa equipa de trabalho?

Ana/Mara: Tendo em conta a relação existente entre o trabalho e a família e o

facto de serem duas esferas que estão em constante relação, acham que a maioria

10 min.

10 min.

10 min.

15 min.

Page 75: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

75

das empresas desenvolve práticas no sentido de facilitar esta relação? (esperar que

respondam)

Cláudia/Carolina: No caso concreto da (referir o nome da empresa em causa) que

práticas poderiam ser desenvolvidas? Para que a vida famíliar e profissional fosse

melhor conciliada.

Questões de

finalização

Cláudia/Carolina: Muito bem. Estamo-nos a aproximar do fim desta sessão.

Gostaríamos de vos pedir que respondam a este pequeno questionário (dar os

questionários, um a cada pessoa) que nos ajudará posteriormente a reunir alguma

informação importante.

(Esperar que preencham. Quando todos tiverem entreguado, continuar.)

Cláudia/Carolina (Ana/Mara complementa) Querem acrescentar alguma ideia

que ainda não tenha sido abordada?

Então, antes de terminarmos, sintetizando, o que falámos nesta sessão … (fazer

síntese oral da importância da família para o desenvolvimento de competências no

trabalho). Acham que este é um resumo do que foi aqui falado?

5 min.

3 min.

Conclusão Ana/Mara: Chegámos ao fim da nossa reunião, agradecemos mais uma vez a

vossa colaboração.

Page 76: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

76

Apêndice II

Consentimento Informado

Page 77: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

77

Apêndice II: Consentimento Informado

Folha de informação ao participante e consentimento informado.

O presente estudo, para o qual pedimos a sua colaboração, decorre no

âmbito de um projeto de investigação de mestrado, em Psicologia Clínica, na

Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, com o objetivo de estudar o

enriquecimento existente entre a família e o trabalho, mais especificamente,

perceber em que medida a vivência famíliar dos trabalhadores contribui para o

desenvolvimento de competências relacionais importantes para as organizações.

Esta investigação é direcionada para grupos de trabalhadores inseridos em

grandes empresas e pequenas/médias empresas.

A sua colaboração, enquanto participante deste estudo, consiste na

participação de uma sessão de focus group que durará aproximadamente 1 hora a

1h30.

Assume-se como compromisso que a sua colaboração será voluntária e a

decisão de não participar não tem qualquer consequência, podendo desistir a

qualquer momento, se assim o desejar. A equipa de investigação garantirá a

confidencialidade e o anonimato de toda a informação recebida, sendo que apenas

os elementos da equipa terão acesso aos dados recolhidos. Ainda, se aceitar a

sessão de focus group será gravada para que a informação seja posteriormente

sintetizada. Após a elaboração da síntese, a gravação será eliminada.

Todo o estudo decorrerá segundo os princípios éticos internacionais

aplicados à investigação em Psicologia. Poderá esclarecer qualquer dúvida sobre a

investigação através dos endereços de email: [email protected] e

[email protected]

Agradecemos, desde já, a sua disponibilidade e colaboração!

Aceita participar neste estudo?

Sim □ Não □

Page 78: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

78

Apêndice III

Questionário Sócio-Demográfico e de Avaliação de Competências

Page 79: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

79

Apêndice III: Questionário Sócio-Demográfico e de Avaliação de Competências

Questionário Sócio-Demográfico e de Avaliação de Competências- Focus Group

Para melhor relacionar os dados recolhidos, é importante obter algumas informações sobre os

participantes. Assim, solicita-se que preencha este questionário.

Sexo: Feminino __ Masculino___ Idade: ____ Estado Civíl: ______________

Nível de escolaridade:______________________________________________________

Nº Irmãos: ____ Sexo: ______________________________________________________

Nº Filhos: ____ Sexo:_______________________________________________________

Abaixo encontra uma lista de competências que são habitualmente desenvolvidas na família e

que são transferidas para o trabalho. Pedimos-lhe que as enumere de 1 a 7, consoante o grau de

importância para o seu trabalho.

1=Desvalorizo Totalmente; 2= Desvalorizo; 3= Desvalorizo moderadamente; 4=Nem valorizo,

nem desvalorizo; 5=Valorizo moderadamente; 6= Valorizo e 7= Valorizo totalmente.

Concentração/ foco (capacidade de se manter atento e de desempenhar as actividades a que se

propõe) ____

Cooperação (capacidade de trabalhar em equipa e de colaborar com os colegas em prol de um

determinado objectivo) ____

Flexibilidade (capacidade de adaptar ou mesmo alterar os seus objetivos/actividades consoante

as necessidades de trabalho ou dos colegas) ____

Liderança (capacidade de comandar e de tomar decisões) ____

Multitasking (capacidade para desempenhar mais que uma tarefa simultaneamente)____

Prestabilidade (capacidade para ajudar os colegas e a empresa)____

Resiliência mental (capacidade de gerir e superar dificuldades)____

Caso haja outra(s) competência(s) que considere importante(s) e que não esteja(m) acima

referida(s) pedimos por favor que a(s) mencione:

_____________________________________________________________________________

Muito obrigada pela sua colaboração!

Page 80: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

80

Apêndice IV

Resultados do questionário de avaliação de competências

Page 81: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

81

Apêndice IV: Resultados do questionário de avaliação das competências

Dos 54 questionários de avaliação de competências respondidos pelos

participantes, apenas 48 foram considerados uma vez que seis questionários se

encontravam inválidos.

Através do quadro 6, averigua-se que os 41 participantes que tinham irmãos

referiram que das sete competências apresentadas, a mais valorizada na empresa era a

cooperação (M=4.76, DP=1.85). A definição operacional no questionário de cooperação

era “capacidade de trabalhar em equipa e de colaborar com os colegas em prol de um

determinado objetivo”. Os indivíduos que não tinham irmãos (N=7) referiram que a

competência que era mais valorizada na empresa seria ser multitasking, ou seja “ter

capacidade para desempenhar mais que uma tarefa simultaneamente” (M=5, DP=1.16).

Através do quadro 7 e do quadro 8, averigua-se que na empresa 1 a competência

mais valorizada foi a liderança, que também foi a competência eleita pelas chefias

intermédias das duas grandes empresas. Na empresa 2 a competência mais valorizada foi

a cooperação, que também foi a competência eleita pelas chefias superiores das três

empresas. Já na empresa 3 a competência mais valorizada foi a resiliência mental. A

competência mais valorizada pelos técnicos foi a concentração.

Não foram encontradas competências que fossem mais ou menos valorizadas em

comum entre as grandes empresas e/ou entre os mesmos níveis hierárquicos. Além disso

a média de respostas variaram entre nem valorizo nem desvalorizo e valorizo

moderamente.

Page 82: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

82

Quadro 6

Comparação das médias de valorização das competências consoante a existência de irmãos

Nota: comp1= concentração/foco; comp2= cooperação; comp3= flexibilidade; comp4=liderança; comp5=

multitasking; comp6=prestabilidade; comp7= resiliência mental.

Quadro 8

Comparação das médias de valorização das competências consoante o grupo

Grupo comp1 comp2 comp3 comp4 comp5 comp6 comp7

Chefias superiores

n= 19

Média 3.26 5.16 5.11 4.47 3.11 3.05 3.84

D.P 1.97 1.74 1.85 1.68 1.82 2.01 1.92

Chefias

intermedias

n= 15

Média 3.67 3.80 4.20 5.00 2.67 3.93 4.67

D.P 2.09 1.52 1.78 1.73 1.91 1.83 2.58

Técnicos

n=14

Média 4.71 4.64 3.36 4.07 3.50 3.29 4.42

D.P 1.68 2.37 1.69 2.56 1.95 1.68 1.79 Nota: comp1= concentração/foco; comp2= cooperação; comp3= flexibilidade; comp4=liderança; comp5=

multitasking; comp6=prestabilidade; comp7= resiliência mental.

Irmãos comp1 comp2 comp3 comp4 comp5 comp6 comp7

Sim

n= 41

Média 4.00 4.76 4.30 4.51 2.76 3.20 4.46

D.P 1.97 1.85 1.79 1.95 1.79 1.81 2.13

Não

n= 7

Média 2.71 3.57 4.43 4.57 5.00 4.57 3.14

D.P 1.80 2.23 2.58 2.30 1.16 1.90 1.57

Nota: comp1= concentração/foco; comp2= cooperação; comp3= flexibilidade; comp4=liderança; comp5= multitasking;

comp6=prestabilidade; comp7= resiliência mental.

Quadro 7

Comparação das médias de valorização das competências consoante a empresa

Empresa comp1 comp2 comp3 comp4 comp5 comp6 comp7

Empresa1

n= 24

Média 4.00 4.38 4.21 4.88 3.33 3.29 3.92

D.P 1.93 1.95 2.11 2.05 1.83 1.97 1.95

Empresa2

n= 17

Média 3.76 5.06 4.53 4.06 2.82 3.24 4.47

D.P 1.92 1.85 1.70 1.98 1.98 1.75 2.27

Empresa3

n= 7

Média 3.29 4.14 4.14 4.43 2.86 4.14 5.00

D.P 2.50 2.12 1.77 1.72 1.95 1.86 2.24

Page 83: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

83

Apêndice V

Análise Descritiva da Amostra do estudo qualitativo

Page 84: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

84

Apêndice V:Análise Descritiva da Amostra do estudo qualitativo

Quadro

Análise Descritiva da Amostra do estudo qualitativo

N %

Sexo

Feminino 25 46.3

Masculino 29 53.7

Estado Civil

Solteiro 12 22.2

Casado 31 57.4

União de Facto 3 5.6

Divorciado 8 14.8

Nível de escolaridade

Secundário 8 14.8

Licenciatura 27 50.0

Mestrado 16 29.6

Bacharelato 2 3.7

E. técnico-profissional 1 1.9

Empresa

Empresa 1 25 46.3

Empresa 2 18 33.3

Empresa 3 11 20.4

Grupo

Chefias superiores 20 37.0

Chefias intermédias 20 37.0

Técnicos 14 26

Irmãos

Tem irmãos 46 85.2

Não tem irmãos 8 14.8

Número de irmãos

1 29 53.7

2 13 24.1

3 1 1.9

5 3 5.6

Filhos

Tem filhos 40 74.1

Não tem filhos 14 25.9

Número de filhos

1 34 25.9

2 17 31.5

3 8 14.8

4 1 1.9

Anos Média SD

Idade

Mínimo 25 42.37 7.62

Máximo 62

Page 85: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

85

Apêndice VI

Árvore de categorias

Page 86: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

86

Categorias Referências Fontes

1.TRABALHO

Os colaboradores abordaram várias temáticas associadas com o trabalho.

Exploraram que competências são valorizadas nas empresas e o modo como são

desenvolvidas.

400 8

1.1.Competências valorizadas na empresa

Os participantes das três empresas referiram um conjunto de competências que

consideram ser importantes para o bom funcionamento da empresa.

241 8

Bom relacionamento interpessoal

Capacidade de interagir com diferentes indivíduos. Relativo ao modo como o

indivíduo se relaciona com os outros.

92 7

Trabalhar em equipa

Capacidade do indivíduo trabalhar com outros indivíduos com o objetivo de

realizar uma tarefa.

30 7

Capacidade de diálogo com os colegas

Capacidade de comunicar com colegas de equipa.

21 6

Empatia

Estabelecimento de uma identificação intelectual ou afetiva com outros

indivíduos.

21 6

Entreajuda

Ajuda mútua estabelecida entre duas ou mais pessoas, perante adversidades.

13 5

Ter escuta ativa

Capacidade de enquanto se ouve, tentar interpretar e compreender aquilo que é

transmitido.

8 5

Atitude positiva

Capacidade de ser positivo, associado ao ser proactivo tanto na resolução de

problemas como no relacionamento de equipa.

4 4

Flexibilidade cognitiva

Capacidade de conseguir agir de diferentes modos perante a mesma situação. Ser

capaz de pensar em diferentes alternativas para resolver uma determinada

situação.

56 8

Capacidade de adaptação 12 6

Capacidade de motivação

Conseguir manter-se motivado e manter os membros da sua equipa com

motivação e foco nos objectivos.

12 5

Capacidade de resolução de problemas 12 6

Resiliência

Capacidade de recuperar de adversidades.

11 5

Capacidade de negociação

Ser fléxivel e conseguir colocar-se no lugar do outro com o objetivo de obter

aquilo que se pretende.

9 5

Moralidade

Referente a “ser moral”. O comportamento do indivíduo é orientado por regras

adquiridas através da sua educação e da cultura em que está inserido.

26 5

Humildade

Capacidade de reconhecer os erros cometidos.

8 4

Autenticidade

Agir em conformidade com a sua personalidade e com os seus valores.

7 4

Honestidade 6 3

Page 87: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

87

Ser justo na sua conduta.

Ser de confiança

Associado ao ser honesto. Ser de confiança é referente à esperança que outra

pessoa tem de que o indivíduo será verdadeiro.

4 3

Respeito

Ter consideração e sentir apreço pelos indivíduos.

1 1

Capacidade de coordenação

Capacidade de gerir diversas tarefas e cumprir os objectivos definidos.

22 7

Organização 8 3

Capacidade de trabalhar individualmente 4 2

Responsabilidade 4 3

Orientação 3 3

Ser competente 3 3

Flexibilidade

Capacidade de adaptar ou mesmo alterar os seus objetivos/atividades consoante

as necessidades de trabalho ou dos colegas.

14 5

Pro-atividade

Ter iniciativa para agir de modo a que uma determina situação ou tarefa se

desenvolva.

13 6

Autorregulação emocional

Capacidade do indivíduo gerir os seus próprios sentimentos e controlar os seus

impulsos.

10 5

Tolerância

Capacidade de aceitar situações que não se podem alterar.

2 2

Serenidade

Capacidade de perante a adversidade, manter a calma

3 2

Coerência

Capacidade de agir em concordância com as ideias.

5 2

Liderança

Capacidade de comandar e tomar decisões.

3 3

1.2.Desenvolvimento de competências

Os participantes referem que as competências que são valorizadas no trabalho

podem ser desenvolvidas de diversas formas.

159 8

1.2.1.Interação da família e do trabalho

As competências podem ser desenvolvidas através da família e do trabalho,

quando falamos de se ter de cumprir funções no trabalho similares as de casa. Por

exemplos ser multitasking.

3 2

1.2.2.Com a prática

As competências podem ser desenvolvidas através da realização de atividades

desportivas.

6 3

1.2.3.Com os pares

Independentemente da idade do indivíduo, há competências que podem ser

desenvolvidas através da interação com pares, sejam estes amigos ou colegas de

trabalho. Podendo ainda ser desenvolvidas em actividades de socialização, por

exemplo

16 5

com atividades de socialização 3 2

com os amigos 5 4

com a escola 8 5

1.2.4.No trabalho 31 8

Page 88: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

88

As competências podem ser desenvolvidas no trabalho através de formações que

aí sejam desenvolvidas, ou ainda através do desempenho de determinadas

funções.

1.2.5.Na Família

As competências podem ser desenvolvidas através da família.

50 7

1.2.5.1.Família de origem

Com os pais

com as experiências dos pais 2 2

com as características dos pais 2 1

Pela educação recebida dos pais 13 4

Com a relação com os irmaõs 6 4

1.2.5.2.Família nuclear

Com a parentalidade

O facto do indivíduo ser pai potencia o desenvolvimento de competências.

8 5

Com o conjuge

A relação conjugal pode potenciar o desenovolvimento de competências.

1 1

1.2.6.Pessoal

As competências podem ser desenvolvidas individualmente, uma vez que podem

fazer parte do funcionamento interno da pessoa. Podem também estar associadas

com etapas de vida específicas, como a infância.

53 8

etapa de vida 7 3

na infância 2 1

enquanto adultos 2 2

personalidade 11 6

é um processo inerente

Há competências que são desenvolvidas desde muito cedo.

9 4

com as experiências de vida 24 8

2.FAMÍLIA

Os colaboradores abordaram várias temáticas associadas com a família.

220 8

2.1.Família Nuclear 104 8

Parentalidade 104 8

ser pai é uma transformação

Os participantes falaram do que significa para eles “ser pai”

8 7

2.2.Família De Origem 116 7

2.2.1.Influência da família de origem

A família de origem influência o individuo de diversos modos.

28 5

2.2.1.1.No desenvolvimento de competencias

Como já referido, a família de origem pode influenciar o desenvolvimento de

competências uteis em diversas àreas da vida.

2 2

2.2.1.2.Transmissão transgeracional

Através da família de origem pode haver a transmissão de ideologias que podem

ser passados de geração em geração.

2 1

2.2.1.3.Está sempre presente

A família de origem influencia os comportamentos do individuo uma vez que a

família de origem pertence,de certo modo, à identidade do indivíduo.

3 3

na relação dos participantes com os próprios filhos

Há a transmissão de padrões relacionais que influenciam a relação do participante

com os seus próprios filhos.

5 2

2.2.1.4.Transmissão de valores 13 5

Page 89: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

89

A família de origem tem um papel importante em termos da educação do

indivíduo, ao nível da transmissão de valores.

Pelos irmãos

Os valores podem ser transmitidos pelos irmãos.

2 2

Pelos pais

Os valores podem ser transmitidos pelos irmãos.

3 3

2.2.2.Relação fraterna

Relação entre irmãos

88 7

2.2.2.1.Paralelismo com outras relações

Os participantes estabeleceram um paralelismo da relação entre imãos com outro

tipo de relações.

6 4

relação com os primos

Alguns participantes filhos únicos compararam o papel desempenhado pelos

primos com o papel desempenhado pelos irmãos.

3 3

relação com os amigos

Alguns participantes filhos únicos compararam o papel desempenhado pelos

amigos com o papel desempenhado pelos irmãos.

3 3

relação entre os filhos

Alguns participantes referem estar atentos à relação entre os seus filhos,

considerando a relação entre irmãos que eles estabelecem.

7 2

2.2.2.2.Qualidade da relação fraterna

A relação entre irmãos pode ser positiva ou negativa.

9 4

2.2.2.2.1.Fatores influenciadores

Fatores que influenciam a qualidade da relação entre irmãos.

3 1

partilhar o quarto 1 1

frequentar a mesma escola 1 1

brincadeiras 1 1

2.2.2.2.2.Influencia:

A qualidade da relação entre irmãos pode influenciar diversos aspectos

3 2

a personalidade do colaborador 3 1

mais forte no passado

A influência da qualidade da relação entre irmãos foi referida como sendo mais

forte em idades mais jovens.

2 1

a relação com os pares

A qualidade da relação entre irmãos pode influenciar a relação com colegas.

1 1

as relações no trabalho

A qualidade da relação entre irmãos pode influenciar as relações estabelecidas no

trabalho.

5 4

vantagens de ter irmãos para o trabalho

Alguns participantes que têm irmãos referiram que o facto de terem irmãos lhes

há algumas vantagens no trabalho.

4 3

compreender a diferença de idades

Quando as diferenças de idade entre irmãos é acentuada, existe uma melhor

compreensão das diferenças de idade entre colegas de equipa o que facilita a

relação interpessoal.

2 2

entreajuda com colegas

Como na relação entre irmãos se desenvolve a capacidade de ajuda mútua, essa

capacidade é também usada no trabalho e permite uma maior ajuda em caso de

necessidade.

2 2

Page 90: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

90

as relações famíliares

A qualidade da relação entre irmãos pode influenciar as dinâmicas famíliares.

8 1

o desenvolvimento de competências A relação entre irmãos pode influenciar o desenvolvimento de várias

competências.

22 4

entreajuda

Através da relação entre irmãos pode ser desenvolvida uma maior capacidade de

ajuda ao próximo em caso de necessidade.

7 3

partilha

Através da relação entre irmãos pode ser desenvolvida uma maior capacidade de

partilha.

6 3

de espaços

A capacidade de partilhar pode ser desenvolvida já que os irmãos podem ter de

partilhar o mesmo quarto e se habituam a partilhar o seu espaço com outras

pessoas.

4 3

da atenção dos pais

A capacidade de partilhar pode ser desenvolvida já que os irmãos têm

habitualmente de partilhar a atenção dos seus pais.

2 2

de objectos pessoais

A capacidade de partilhar pode ser desenvolvida já que os irmãos podem ter de

partilhar objectos pessoais, por exemplo roupa.

2 1

respeito pelas opiniões dos outros

Através da relação entre irmãos pode ser desenvolvida uma maior capacidade de

respeitar as opiniões de diferentes pessoas.

5 3

resiliência

Através da relação entre irmãos pode ser desenvolvida uma maior resiliência uma

vez que pode existir conflito na relação entre irmãos e os mesmos aprendem a

superá-lo.

2 2

confiança nos outros

Através da relação entre irmãos pode ser desenvolvida uma maior capacidade de

confiar nos outros.

1 1

o significado de ser irmão

A relação entre irmãos pode influenciar a importância atribuída ao irmão e

consequentemente influenciar o papel que ser irmão desempenha na vida do

participante.

38 7

Ser confidente ou companheiro

Ser amigo pode estar associado à vivência de experiências em comum e ao ser

uma relação baseada na confiança.

10 3

transmissão de experiencias

Os irmãos partilham as suas vivências e experiências significativas

4 2

facilitador de aprendizagens

A transmissão de experiências, facilita a aquisição de aprendizagens pelo irmão.

4 3

um apoio continuo

Os irmãos representam um apoio contínuo ao longo da vida

4 2

como sendo filho

Dependendo das posições da fratria e do papel do indivíduo no sistema famíliar, o

indivíduo pode desempenhar o papel de pai com o irmão. No sentido em que o

irmão mais velho pode desempenhar a figura de autoridade, que impõe regras,

que apoia e auxilia.

4 1

Page 91: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

91

modelo a seguir

Os irmãos representam um modelo.

3 3

«tudo»

Alguns participantes referem que os irmãos são tudo nas suas vidas.

3 2

um lugar substituivel 2 2

como sendo pais 2 2

3.INTERFACE FAMÍLIA-TRABALHO

Os participantes exploraram diferentes formas como a família e o trabalho se

relacionam.

446 8

3.1.Semelhanças vida famíliar e profissional

Os participantes identificaram algumas semelhanças entre as vivências e os

desafios existentes na vida famíliar e na vida profissional.

7 4

Crises 1 1

Tomadas de decisão 1 1

Comportamentos 1 1

Perspetivas 2 1

3.2.Centralidade da relação família-trabalho

A família e o trabalho representam dois dominios importantes na vida dos

participantes.

11 4

3.3.Reconhecimento da influência mutua

A família e o trabalho relacionam-se e influenciam-se.

418 8

factores influenciadores

A relação estabelecida entre a família e o trabalho depende de alguns factores

16 3

Esfera pessoal

A relação depende do domínio pessoal, no sentido em que a personalidade do

indivíduo, as suas experiências de vida e a etapa de vida em que se encontra.

16 3

Personalidade 10 2

Experiências e etapa de vida 4 2

3.3.1.Perspetiva negativa

A família e o trabalho interferem de modo negativo.

42 7

3.3.1.1.Fatores influenciadores

Factores que influenciam a interferência negativa da família com o trabalho

13 4

tipo de trabalho 4 2

ter sido mãe

Ter filhos pequenos influencia a existencia de uma interferencia negativa

2 2

3.3.1.2.Conflito Família-Trabalho

A interferência negativa traduz-se no conflito família-trabalho. Isto é, as

exigências da participação na família e em simultâneo no trabalho causa conflito.

31 6

Causas do conflito 7 2

pouco tempo passado com a família 6 4

Estar sempre a trabalhar 5 1

Inflexibilidade de horários 3 2

Consequências do conflito 17 6

aumento do stess 10 5

diminuição do bem-estar 1 1

Solução para evitar o conflito

segmentação das esferas

Separação da família do trabalho, de modo a que as esferas funcionem de modo

independente.

10 5

Page 92: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

92

Maior bem-estar

A separação das esferas gera um maior bem-estar

2 1

3.3.2.Perspetiva integrativa

A família e o trabalho interagem mutuamente e essa interacção pode ser positiva

desde que haja um equilibrio da gestão da vida famíliar e da profissional, de

modo a que nenhuma das áreas seja comprometida.

320 8

3.3.2.1.Conciliação família-trabalho

A conciliação família-trabalho corresponde à capacidade do indivíduo de gerir a

família e o trabalho, procurando o equilíbrio das vivências em ambos os

domínios.

69 8

existir conciliação é importante 8 5

Gera um maior bem-estar 8 4

3.3.2.1.1.fatores facilitadores da conciliação 58 8

a) Na família 2 2

Existência de apoio famíliar

O apoio famíliar facilita a existência de conciliação da família com o trabalho.

2 2

b) Na esfera pessoal 25 0

Estratégias individuais usadas

O uso de algumas estratégias individuais facilita a existência de conciliação da

família com o trabalho.

25 6

estratégias de autorregulação emocional

Recorrer ao uso de estratégias que permitem ao indivíduo gerir os seus próprios

sentimentos e controlar os seus impulsos.

5 2

o desabafar 3 1

o fazer exercício físico 1 1

o aceitar o stress 1 1

não levar trabalho para casa 3 3

contratar serviços de apoio a dependentes

No caso do indivíduo ter um famíliar dependente, contratar serviços externos

facilitam a existência de conciliação da família com o trabalho e diminuem a

existência de conflito família-trabalho.

1 1

Organização

A organização pessoal facilita a existência de conciliação da família com o

trabalho.

12 2

Gestão de rotinas 6 2

Gestão de tempo 1 1

c) Tecnologia

O uso de tecnologias facilita a existência de conciliação da família com o

trabalho.

1 1

na produtividade

As tecnologias permitem um aumento da produtividade aliada à possibilidade do

colaborador trabalhar a partir de casa.

3 2

d) Na empresa

Alguns aspectos relacionados com a empresa facilitam a existência de conciliação

da família com o trabalho.

57 8

d.1.) cultura organizacional

A cultura da empresa influência o grau de conciliação existente entre a família e o

trabalho.

57 8

Apoio 17 5

Page 93: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

93

O apoio emocional e instrumental prestado pelas chefias e pelos colegas parece

influenciar o modo como o participante consegue conciliar a sua vida famíliar e a

profissional.

o Apoio das chefias 11 4

o Apoio dos colegas 3 2

o Apoio dos recursos humanos 3 1

d.1.1.)Políticas Amigas da Família

A cultura da empresa influencia o desenvolvimento de políticas amigas da

família. Estas políticas são referentes a medidas que facilitam a conciliação da

família com o trabalho.

38 8

1)Empresas portuguesas no geral

Os participantes refletiram sobre a existência de políticas amigas da família nas

empresas portugesas no geral.

38 8

Reconhecimento da existencia de práticas 8 4

Maior nas grandes empresas 1 1

Empresas mais flexíveis 1 1

Consciencialização sobre a importância da família 2 2

Não reconhecimento de existencia de práticas 10 5

o Fatores influenciadores 20 7

o Características pessoais 4 2

o Cultura 4 3

o Tipo de empresa 12 6

2) EMPRESA 1

Os participantes da empresa 1 refletiram sobre as políticas amigas da família

nessa empresa.

70 3

Práticas amigas da família existentes na empresa

1

Os colaboradores da empresa 1 referiram a existência de várias práticas amigas da

família na empresa.

54 3

1.Práticas informais

Os participantes referem que de modo informal os colaboradores em conjunto

com as chefias diretas adaptam os seus horários sempre que necessário (por

exemplo pela necessidade de ir à festa de natal dos filhos).

4 1

2. Práticas relacionadas com a

maternidade

Por exemplo atenção ao horário de amamentação e a integração de colaboradoras

que estejam grávidas.

4 3

2.1. Relacionadas com os filhos

Os participantes referem existir práticas amigas da família destinadas aos filhos.

Exemplo oferta de cheques-prenda ou idas ao circo no natal; parcerias com

infantários para haver desconto na mensalidade

4 1

3.Flexibilidade no trabalho

Os participantes referem ser importante a flexibilidade de horários que a empresa

define como sendo possível

38 3

3.1.Método de controlo de horários

Apesar de haver a possibilidade dos colaboradores terem um horário flexivel, o

controlo de horário na empresa é feito através do registo dos horários de entrada e

saída na empresa.

27 3

Page 94: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

94

Vantagem do controlo de

horários

Os participantes mencionaram uma vantagem que advêm do controlo dos horários

de trabalho na empresa.

4 1

o Proteção do colaborador

Os participantes consideram que o registo dos horários é uma protecção porque

ficam registadas todas as horas cumpridas.

3 1

Desvantagens do controlo de

horários

8 3

o Existência de discrepâncias

no controlo de horários

Os participantes referem que o controlo dependente da chefia e da função

desempenhada-

12 3

o Sentimento de

injustiça

As discrepâncias do controlo de horário geram um sentimento de injustiça

porque, segundo os colaboradors, evidencia a desigualdade existente entre os

colaboradores

3 3

o Não mostra o

trabalho realizado

Apesar de ficar registado o número de horas cumprido, esse número não

representa a qualidade do trabalho realizado.

1 1

Sugestões de práticas na empresa 1

Os colaboradores da empresa 1 sugeriram a implementação de práticas amigas da

família.

16 3

1. Não marcação de reuniões ao fim da

tarde

Esta sugestão foi dada, por um lado,no sentido de haver uma maior possibilidade

de gerir a vida famíliar, por exemplo indo buscar os filhos à escola. Por outro lado

foi mencionada porque alguns participantes consideram que a produtividade é

maior a parte da manhã

3 1

2. Maior flexibilidade de horário

Os participantes mencionaram ser importante a possibilidade de trabalhar em

part-time.

2 1

3. Medidas de cuidado aos pais

Os colaboradores referiram ser necessiário a implementação de medidas que

permitam o cuidado de terceiros, neste caso dos pais.

2 1

4. Criação de um espaço onde as

crianças pudessem estar na empresa

Um espaço com supervisão onde as crianças em caso de necessidade pudessem

estar temporariamente por exemplo enquanto esperam pelos pais.

2 1

5. Estabelecimento de um dia para os

filhos virem conhecer o trabalho dos

pais

2 1

6. Implementação da possibilidade de

trabalhar a partir de casa

Os colaboradores referem que apesar dessa possibilidade fazer parte das politicas

amigas da família da empresa, na prática não se concretiza.

3 2

3)EMPRESA 2

Os participantes da empresa 2 refletiram sobre as políticas amigas da família

3 2

Page 95: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

95

nessa empresa.

Práticas amigas da família existentes na empresa

2

Os colaboradores da empresa 1 referiram a existência de várias práticas amigas da

família na empresa.

1 1

1.Existência de um ginásio

Os participantes referem que é importante haver um ginásio na empresa porque

ao fazerem exercício físico reduzem o stress e aumentam o bem-estar, o que

influencia a conciliação da família-trabalho.

3 2

2.Flexibilidade de trabalho 2 1

Flexibilidade de horário 2 2

Depende das chefias e dos

colaboradores

4 1

Trabalhar a partir de casa 5 3

Programa de conciliação F-T

A empresa desenvolveu um programa que visa a conciliação da família com o

trabalho e estabeleceu parcerias com vários infantários e escolas para haver

desconto

3 2

3.Práticas informais

Os participantes referem que de modo informal os

colaboradores em conjunto com as chefias diretas adaptam os seus horários

sempre que necessário (por exemplo pela necessidade de ir à festa de natal dos

filhos).

1 1

Dependem da chefias diretas 1 1

Dependem da função na empresa 5 2

Sugestões de práticas na empresa 2

1.Não existência do cartão de ponto

Não haver controlo dos horários.

1 1

2.Ajustar o programa existente na

empresa

O colaborador refere que os valores dos locais onde há parceria com o programa

de conciliação F-T desenvolvido pela empresa, são exurbitantes e sugere que os

protocolos devem ser feitos com infantários e escolas com mensalidades mais

acessiveis.

1 1

3. Realização de festas de natal

Realização de festas de natal onde se promovesse o contacto entre as famílias dos

diferentes colaboradores nas várias delegações da empresa e não só na delegação

principal.

2 1

4. Criação de um espaço onde as crianças

pudessem estar na empresa

Um espaço com supervisão onde as crianças em caso de necessidade pudessem

estar temporariamente por exemplo enquanto esperam pelos pais.

4 2

4)EMPRESA 3

Os participantes da empresa 3 refletiram sobre as políticas amigas da família

nessa empresa.

Práticas amigas da família existentes na

empresa 3

13 2

1.Facilitadoras da parentalidade

Existência de práticas que ajudam no suporte de custos associados a ter filhos.

5 1

Page 96: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

96

Existência de subsídio para

os filhos

Isto é, seguros de saúde e apoios para a compra dos livros escolares.

3 1

2.Flexibidade de trabalho

Os colaboradores referem ter liberdade para gerir o seu trabalho de forma

autónoma.

6 2

3.Flexibilidade de horário 5 2

Sugestões de práticas na empresa 3 5 2

1.Sessões de Teambuilding com famíliares

Um participante sugeriu a realização de sessões de teambuilding que têm como

objectivo fortalecer as relações entre os diferentes elementos do grupo. A

proposta do participante é que alguns famíliares pudessem estar presentes para

aumentar a coesão e proximidade entre os colegas de equipa.

1 1

2.Trabalhar a partir de casa 1 1

3.Banco de horas

As horas despendidas no trabalho serem contabilizadas e quando o colaborador

faz horas a mais, pode ir a esse banco de horas e usar determinado número das

horas extra realizadas, para ficar em casa.

1 1

3.3.3.Enriquecimento Família-Trabalho

As vivências famíliares potenciam um melhor desempenho do indivíduo no

trabalho. Essas vivências famíliares foram referentes à relação de parentalidade, à

conjugalidade e à relação entre irmãos.

251 8

3.3.3.1.Relação Parentalidade-Trabalho 173 8

3.3.3.2.Relação Irmãos-Trabalho 73 8

3.3.3.2.1.Relação com funcionamento de equipas

Os participantes abordaram a influência da qualidade da relação entre irmãos no

funcionamento de equipas.

21 7

Influência Indireta 5 3

Influência foi reconhecida 6 4

mais forte no inicio da carreira 2 1

equipa como uma família 1 1

Influência não reconhecida 10 5

3.3.3.2.2.Competências geradas na relação entre irmãos e que

são uteis para o trabalho

52 7

Partilha 15 5

flexibilidade 13 4

gestão dos conflitos 10 3

Prestabilidade 6 3

negociação 5 3

trabalhar em equipa 4 3

Saber ouvir 2 2

Capacidade de compromisso em relação ao próximo 2 1

3.3.3.3.Relação conjugal-trabalho 2 2

4.OPINIÕES SOBRE A PERTINÊNCIA DO TEMA 18 6

4.1.Tema interessante 10 4

4.2.Tema importante 4 2

Para os recursos humanos 2 2

Para os participantes 2 1

Page 97: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

97

Permite o contacto com outras experiências e o conhecimento de outros coelgas

de trabalho.

4.3.Sugestões para o estudo 4 2

Realização de entrevistas individuais

Um participante sugeriu a realização de entrevistas individuais porque considera

que nos focus group as pessoas se podem sentir constrangidas por partilhar as

suas opiniões.

1 1

Uso de uma amostra transversal

Os colaboradores referiram que as vivências das temáticas abordadas varia

consoante os níveis hierárquicos e por esse motivo sugeriram que as sessões de

focus group fossem desenvolvidas com mais colaboradores das empresas.

3 2

Page 98: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

98

Apêndice VII

Questionário utilizado no estudo quantitativo

Page 99: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

99

Anexo VII. Questionário utilizado no estudo quantitativo

Informação ao participante e consentimento informado

O presente estudo, para o qual pedimos a sua colaboração, decorre no âmbito de

um projeto de investigação das mestrandas Carolina Henriques e Cláudia Dias, em

Psicologia Clínica, orientadas pelas Professoras Doutoras Maria José Chambel e Maria

Teresa Ribeiro, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, com a finalidade

de estudar a relação existente entre a família e o trabalho. Pretende-se perceber em que

medida a vivência famíliar dos trabalhadores contribui para o desenvolvimento de

competências importantes para as organizações.

Esta investigação é direcionada para trabalhadores inseridos em grandes empresas

e pequenas/médias empresas.

A sua colaboração, enquanto participante deste estudo, deve ter um carácter

voluntário, e a decisão de não participar não tem qualquer consequência, podendo desistir

a qualquer momento, se assim o desejar. A sua participação consiste em responder a um

conjunto de questionários que permitirá o avanço do nosso estudo. Estima-se que demore

cerca de 10 minutos.

Garantimos o anonimato de toda a informação recolhida, não sendo registados

dados que o possam identificar.

Os resultados do presente estudo, serão divulgados à Direção de Recursos

Humanos da sua empresa, esperando-se que sirvam de base para a actuação da direcção.

Poderá esclarecer qualquer dúvida e/ou obter informações sobre a investigação através

dos endereços de email: [email protected] e

[email protected].

Obrigada desde já pela sua colaboração.

Por favor, indique os seguintes dados:

1. Sexo ____

2. Idade______

3.Desde quando trabalha na empresa? (indique o ano) ______

Page 100: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

100

4. Estado Civil/Situação Relacional_________

5. Nível de escolaridade_____________

6. Questionário do compromisso afectivo

(Meyer, Allen & Smith,1993)

Nesta secção pedimos-lhe que reflita sobre a sua ligação a esta empresa, com a qual tem

o seu contrato de trabalho. Para cada uma delas, indique qual a sua opinião.

1 2 3 4 5 6 7

Discordo

totalmen

te

Discor

do

Discordo

Moderada

mente

Nem

concord

o nem

discordo

Concord

o

moderad

amente

Concord

o

Concordo

totalmente

1.Ficaria muito contente se desenvolvesse o resto da minha carreira nesta

empresa.

1 2 3 4 5 6 7

2.Eu sinto os problemas desta empresa como meus. 1 2 3 4 5 6 7

3.Esta empresa tem um elevado significado pessoal para mim. 1 2 3 4 5 6 7

4.Eu não tenho um forte sentimento de pertencer a esta empresa. 1 2 3 4 5 6 7

5.Eu não me sinto como “fazendo parte desta família” nesta empresa.

Quando as coisas são stressantes nós enfrentamo-las juntos como uma

equipa

1 2 3 4 5 6 7

6.Eu não me sinto “ligado emocionalmente” a esta empresa. 1 2 3 4 5 6 7

7. Desempenha uma função de chefia/liderança na sua empresa?

o Sim

o Não

8. Há quanto tempo desempenha essa função?_______

9. Questionário Multifactorial da Liderança

(versão portuguesa Salanova et al. 2011)

Indique o grau em que cada afirmação melhor se adequa ao seu desempenho como

chefe/líder.

Utilize a seguinte escala:

0 1 2 3 4

Nunca Raramente Algumas vezes Muitas

vezes

Frequentemente,

quase sempre

1. As pessoas sentem-se orgulhosas por trabalharem comigo. 0 1 2 3 4

2. Falo acerca das minhas crenças e valores mais importantes. 0 1 2 3 4

Page 101: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

101

3. Falo de um modo otimista acerca do futuro. 0 1 2 3 4

4. Re-examino os principais objetivos questionando em que medida são

apropriados.

0 1 2 3 4

5. Gasto tempo ensinando e apoiando. 0 1 2 3 4

6. Dou apoio aos outros em troca dos seus esforços. 0 1 2 3 4

7. Focalizo a minha atenção nas irregularidades, erros, exceções e

desvios dos standards.

0 1 2 3 4

8. Não intervenho até que o problema seja sério. 0 1 2 3 4

9. Evito envolver-me quando surgem problemas importantes. 0 1 2 3 4

10.Vou para além dos meus próprios interesses para benefício do grupo. 0 1 2 3 4

11. Especifico a importância de ter uma missão bem definida. 0 1 2 3 4

12. Falo entusiasticamente acerca do que é necessário atingir. 0 1 2 3 4

13. Considero diferentes perspetivas quando resolvo problemas. 0 1 2 3 4

14. Trato os outros como indivíduos e não apenas como membros de um

grupo.

0 1 2 3 4

15. Discuto em termos específicos os níveis de desempenho a atingir por

cada um.

0 1 2 3 4

16. Concentro a minha atenção na resolução dos erros, falhas e queixas. 0 1 2 3 4

17. Espero que as coisas corram mal para desenvolver ações. 0 1 2 3 4

18. Estou ausente quando precisam de mim. 0 1 2 3 4

19. Ajo por forma a construir o respeito por parte dos outros. 0 1 2 3 4

20. Tomo em consideração as consequências morais e éticas das minhas

decisões.

0 1 2 3 4

21. Articulo uma visão integrada do futuro. 0 1 2 3 4

22. Faço com que os outros vejam os problemas de diferentes

perspetivas.

0 1 2 3 4

23. Considero que cada indivíduo tem diferentes necessidades,

competências e aspirações.

0 1 2 3 4

24. Torno claro o que cada um pode esperar receber quando atingir os

objetivos de desempenho.

0 1 2 3 4

25. Registo todos os erros. 0 1 2 3 4

26. Acredito firmemente na crença “Não está partido não é preciso

arranjar”.

0 1 2 3 4

27. Evito tomar decisões. 0 1 2 3 4

28. Transmito uma sensação de poder e confiança. 0 1 2 3 4

29. Enfatizo a importância de haver uma missão coletiva. 0 1 2 3 4

30. Expresso confiança de que os objetivos serão atingidos. 0 1 2 3 4

31. Sugiro novas formas de realizar as tarefas. 0 1 2 3 4

32. Ajudo os outros a desenvolver os seus pontos fortes. 0 1 2 3 4

33. Expresso satisfação quando os outros cumprem com as expectativas. 0 1 2 3 4

34. Dirijo a minha atenção para as falhas de forma a atingir os standards. 0 1 2 3 4

35. Demonstro que os problemas devem tornar-se crónicos antes de agir

sobre eles.

0 1 2 3 4

36. Adio a resposta a questões urgentes. 0 1 2 3 4

10. Questionário do funcionamento de equipa

Page 102: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

102

(West, 2013)

1 2 3 4 5

Muito

inapropriada

Inapropriada Nem

Inapropriada,

nem

desapropriada

Apropriada Muito

apropriada

Indique em que medida cada uma destas frases pode corresponder a uma boa descrição

do funcionamento da sua equipa, em função da seguinte escala:

1.A equipa revê os seus objetivos. 1 2 3 4 5

2.Nós discutimos regularmente em que medida a equipa está a trabalhar

eficazmente.

1 2 3 4 5

3.Os métodos que a equipa usa para realizar o seu trabalho, são muitas vezes

discutidos.

1 2 3 4 5

4.Nesta equipa mudamos os objetivos, quando se mudam as circunstâncias. 1 2 3 4 5

5.As estratégias da equipa são raramente modificadas. 1 2 3 4 5

6.Discutimos muitas vezes em que medida está a ser eficiente a

comunicação da informação, entre nós.

1 2 3 4 5

7.Revemos muitas vezes o modo como estamos a realizar o nosso trabalho. 1 2 3 4 5

8.O modo como as decisões são tomadas pela equipa é raramente alterado. 1 2 3 4 5

9.Os membros da equipa apoiam-se quando os tempos são difíceis. 1 2 3 4 5

10.Quando o trabalho é stressante a equipa não se apoia muito. 1 2 3 4 5

11.O conflito tende a perdurar nesta equipa. 1 2 3 4 5

12.As pessoas desta equipa ensinam aos outros novas competências. 1 2 3 4 5

13.Quando as coisas são stressantes nós enfrentamo-las juntos como uma

equipa

1 2 3 4 5

14.Os membros da equipa estão muitas vezes zangados. 1 2 3 4 5

15.Os conflitos tendem a ser resolvidos construtivamente nesta equipa. 1 2 3 4 5

16.As pessoas nesta equipa são lentas a resolver os conflitos. 1 2 3 4 5

11. Questionário do enriquecimento família trabalho

(Versão portuguesa de Vieira, Lopez, & Matos, 2014)

Relativamente à conciliação de papéis e responsabilidades nos domínios do Trabalho e

da Família, leia cada uma das afirmações seguintes e assinale a resposta que melhor a

caracteriza, de acordo com as alternativas que se seguem:

1 2 3 4 5

Page 103: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

103

Discordo

fortemente

Discordo Nem discordo,

nem concordo

Concordo Concordo

fortemente

Note que para concordar com um item deverá concordar com a totalidade da afirmação.

Vejamos um exemplo:

“O meu envolvimento no meu trabalho ajuda-me a compreender diferentes pontos de

vista e isso ajuda-me a ser melhor na minha família”.

Para concordar fortemente, teria de concordar que (1) o seu envolvimento no trabalho

ajuda-o a compreender diferentes pontos de vista E que (2) estes diferentes pontos de

vista o ajudam a ser melhor na sua família.

O meu envolvimento na minha família…

1. Ajuda-me a desenvolver conhecimentos e isso ajuda-me a ser um melhor

trabalhador.

1 2 3 4 5

2. Ajuda-me a adquirir competências e isso ajuda-me a ser um melhor

trabalhador.

1 2 3 4 5

3. Ajuda-me a alargar os meus conhecimentos sobre coisas novas e isso

ajuda-me a ser um melhor trabalhador.

1 2 3 4 5

4. Deixa-me de bom humor e isso ajuda-me a ser um melhor trabalhador. 1 2 3 4 5

5. Deixa-me contente e isso ajuda-me a ser um melhor trabalhador. 1 2 3 4 5

6. Dá-me alegria e isso ajuda-me a ser um melhor trabalhador. 1 2 3 4 5

Faz com que evite desperdiçar tempo no trabalho e isso ajuda-me a ser um

melhor trabalhador.

1 2 3 4 5

7. Incentiva-me a rentabilizar o meu horário de trabalho e isso ajuda-me a

ser um melhor trabalhador.

1 2 3 4 5

8. Faz com que esteja mais concentrado no trabalho e isso a ajuda-me a

ser um melhor trabalhador.

1 2 3 4 5

12. Tem filhos?

o Sim

o Não

13. Indique o número de filhos________

14. Indique a idade e o sexo do(s) seu(s) filho(s)

Caso tenha mais que um, indique o sexo dos seus filhos por ordem de nascimento. Ex 1º

20 anos,masculino; 2º 15 anos, feminino ...

_____________________________________________________________________

15. Questionário de Dimensões e Estilos Parentais

(versão portuguesa Pedro, Carapito & Ribeiro, 2015)

Instruções: Este questionário mede com que frequência e de que modo atua com o(a) seu

(sua) filho(a). Se tiver mais do que um filho(a), responda, por favor, no geral.

Por favor, leia cada frase do questionário e pense com que frequência atua deste modo com o(a) seu (sua) filho(a) utilizando a seguinte

escala:

Page 104: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

104

1 2 3 4

Nunca Algumas vezes Muitas

vezes

Sempre

1. Sou sensível às necessidades e sentimentos do/da meu/minha filho/a. 1 2 3 4

2. Castigo fisicamente o/a meu/minha filho/a para o/a disciplinar. 1 2 3 4

3. Tenho em conta os desejos do/da meu/minha filho/a, antes de lhe pedir

que faça algo.

1 2 3 4

4. Quando o/a meu/minha filho/a pergunta por que tem de obedecer, digo-

lhe porque “porque eu disse” ou “porque sou teu/tua pai/mãe e quero que o

faças”

1 2 3 4

5. Explico ao meu filho como me sinto quando ele se comporta bem e

quando se comporta mal.

1 2 3 4

6. Bato ao/à meu/minha filho/a quando ele/ela é desobediente 1 2 3 4

7. Encorajo o/a meu/minha filho/a a falar dos seus problemas. 1 2 3 4

8. Acho difícil disciplinar o/a meu/minha filho/a. 1 2 3 4

9. Encorajo o/a meu/minha filho/a a expressar-se livremente mesmo quando

ele/a não concorda comigo

1 2 3 4

10. Castigo o/a meu/minha filho/a retirando-lhe privilégios, com poucas ou

nenhumas explicações.

1 2 3 4

11. Realço os motivos das regras. 1 2 3 4

12. Conforto e sou compreensivo/a quando o/a meu/minha filho/a está “em

baixo".

1 2 3 4

13. Quando o meu filho se comporta mal falo alto ou grito. 1 2 3 4

14. Elogio o/a meu/minha filho/a quando ele/ela se comporta bem 1 2 3 4

15. Eu cedo quando o/a meu/minha filho/a faz birra. 1 2 3 4

16. Tenho explosões de raiva com o/a meu/minha filho/a. 1 2 3 4

17. Ameaço o/a meu/minha filho/a com castigos mais vezes do que o/a

castigo efetivamente

1 2 3 4

18. Tenho em conta as preferências do/da meu/minha filho/a quando se

fazem planos para a família.

1 2 3 4

19. Agarro o/a meu/minha filho/a com força quando ele/ela desobedece 1 2 3 4

20. Digo ao/à meu/minha filho/a que o/a castigo e depois não cumpro. 1 2 3 4

21. Mostro respeito pelas opiniões do/da meu/minha filho/a, encorajando-

o/a a expressá-las.

1 2 3 4

22. Permito que o/a meu/minha filho/a dê a sua opinião sobre as regras

famíliares.

1 2 3 4

23. Repreendo e critico o/a meu/minha filho/a para o bem dele/a. 1 2 3 4

24. Estrago o/a meu/minha filho/a com mimos. 1 2 3 4

25. Explico ao/à meu/minha filho/a os motivos porque deve cumprir as

regras.

1 2 3 4

26. Uso ameaças como castigos dando poucas ou nenhumas explicações. 1 2 3 4

27. Tenho momentos de grande afetividade e carinho com o/a meu/minha

filho/a.

1 2 3 4

28. Castigo o/a meu/minha filho/a deixando-o/a sozinho/a e dando-lhe

poucas explicações.

1 2 3 4

29. Ajudo o/a meu/minha filho/a a compreender o impacto do seu

comportamento, encorajando-o/a a falar sobre as consequências das suas

ações.

1 2 3 4

Page 105: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

105

30. Repreendo ou critico o/a meu/minha filho/a quando ele/a não se

comporta como nós esperamos.

1 2 3 4

31. Explico as consequências do comportamento do/a meu/minha filho/a. 1 2 3 4

32 Dou uma bofetada ao meu filho quando ele se comporta mal. 1 2 3 4

16. Tem irmãos?

o Sim

o Não

17. Quanto irmãos tem?_______

18. Indique, por ordem de nascimento, a idade e o sexo da/o(s) sua/seu(s) irmã/o(s) .

Ex. 44 anos, masculino; 39 anos, feminino;

________________________________________________________________

19. Sou o irmão...

▢ Mais velho

▢ Do meio

▢ Mais novo

▢ Gémeo

▢ Outra. Qual? __________________________

20. Questionário da relação de irmãos adultos

(Adaptação de Cristóvão Ferreira e Cidália Duarte, 2008)

21. Considerando a seguinte escala, responda às perguntas abaixo:

A)Pensando nos seus tempos de juventude e na relação que tinha com o (s) seu (s)

irmão (s) indique a frequência de contacto com ele (s): _____

B)Atualmente e pensando na relação que tem com o (s) seu (s) irmão (s) indique a

frequência de contacto com ele (s): _____

22. Considerando a seguinte escala, responda às perguntas abaixo:

0 1 2 3 4

Nunca Raramente Algumas vezes Muitas

vezes

Frequentemente,

quase sempre

0 1 2 3 4

Muito má Má Nem boa, nem

Boa Muito boa

Page 106: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

106

A)Se tivesse de classificar como era a relação, nos seus tempos de juventude, com o (s)

seu (s) irmão (s), classificá-la-ia como sendo ____

B) Pensando na atual relação que tem com o(s) seu(s) irmão(s), classificá-la-ia como

sendo ____

23. No presente questionário, indicam-se diferentes modos de as pessoas perceberem as

relações com os irmãos. Pedimos-lhe que pense na relação que tem com um dos seus

irmãos, pensando em si mas também naquilo que ele/ela pensa sobre a vossa relação.

24. Indique também o sexo do irmão a que se refere: _______

25. Responda a cada questão, tendo em conta as cinco alternativas que se seguem e

assinalando com um círculo a sua opção:

1 2 3 4 5

Pouco Muito

1. Em que medida tem assuntos em comum com a/o sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

2. Em que medida costuma falar com a/o sua/seu irmã/o sobre assuntos que

são importantes para si?

1 2 3 4 5

3. Em que medida você e a/o sua/seu irmã/o costumam discutir? 1 2 3 4 5

4. Em que medida considera a/o sua/seu irmã/o um/a bom/boa

amigo/amiga?

1 2 3 4 5

5. Em que medida irrita a/o sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

6.Em que medida admira o seu irmão? 1 2 3 4 5

7.Em que medida tenta animar a/o sua/seu irmã/o quando ela/ele se sente

em baixo.

1 2 3 4 5

8.Em que medida é competitivo com a/o sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

9. Em que medida pede à/ao sua/seu irmã/o ajuda para resolver problemas

não pessoais?

1 2 3 4 5

10. Em que medida exerce poder sobre a/o sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

11.Em que medida aceita a personalidade da/do sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

12.Em que medida conhece a/o sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

13.Em que medida a sua personalidade e a personalidade da/do sua/seu

irmã/o são semelhantes?

1 2 3 4 5

14.Em que medida discute os seus sentimentos ou assuntos pessoais com

a/o sua/seu irmã/o?

1 2 3 4 5

15.Em que medida crítica a/o sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

16.Em que medida você se sente íntimo da/do sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

17.Em que medida a/o sua/seu irmã/o faz coisas que o/a deixam furioso/a? 1 2 3 4 5

18.Em que medida pensa que a/o sua/seu irmã/o realizou algo importante

na vida?

1 2 3 4 5

19.Em que medida pode contar com o apoio da/do sua/seu irmã/ quando se

sente stressado/a?

1 2 3 4 5

20.Em que medida sente ciúmes da/do sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

21.Em que medida você dá conselhos práticos à/ao sua/seu irmã/o? (ex.

compra de casa ou carro…)

1 2 3 4 5

22.Em que medida é autoritário com a/o sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

Page 107: M elodia que dá ritmo às equipas? A Relação entre os Irmãos ......2 Luísa Sobral compôs a música “Amar pelos dois” que foi interpretada pelo seu irmão Salvador Sobral

107

23.Em que medida aceita o estilo de vida da/do sua/ seu irmã/o? 1 2 3 4 5

24.Em que medida conhece as relações de amizade da/do sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

25.Em que medida você e a/o sua/seu irmã/o pensam de forma

semelhante?

1 2 3 4 5

26.Em que medida entende realmente a/o sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

27.Em que medida discorda com a/o sua/seu irmã/o sobre assuntos

diversos?

1 2 3 4 5

28.Em que medida deixa que a/o sua/seu irmã/o saiba que você se

preocupa com ela/ele?

1 2 3 4 5

29.Em que medida inferioriza a/o sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

30.Em que medida se sente orgulhoso/a da/do sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

31.Em que medida discute decisões pessoais importantes com a/o sua/seu

irmã/o?

1 2 3 4 5

32.Em que medida tenta ser mais competente que a/o sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

33.Em que medida você ajudaria a/o sua/seu irmã/o financeiramente, caso

ela/ele necessitasse?

1 2 3 4 5

35.Em que medida você aceita as ideias da/do sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

36.Em que medida conhece as ideias da/do sua/seu irmã/o? 1 2 3 4 5

37.Em que medida você e a/o sua/seu irmã/o têm estilos de vida

semelhantes?

1 2 3 4 5

26. Se assim entender, deixe um comentário.

_____________________________________________________________________

Obrigada.