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Sapientíssimo Irmão Laelso Rodrigues celebra 60 anos de atuação na Maçonaria / 10 NESTE NÚMERO : Loja América 189 e a história de uma revolução Palavra do GME SOBRE A IMPORTÂNCIA DE ACREDITAR E AGIR / 04 FilosóFicas CONSIDERAÇÕES SOBRE A MAÇONARIA DE SÃO PAULO - CAP. 1 / 16 GrandEs PErsonaGEns QUINTINO BOCAÍUVA, FUNDAMENTAL PARA A REPÚBLICA / 14 luzes / 11 • ano I I Revista do Grande Oriente de São Paulo - Mar 2017

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janeiro/fevereiro 2017

Sapientíssimo Irmão Laelso Rodrigues celebra 60 anos de atuação na Maçonaria / 10

NESTE NÚMERO : Loja América 189 e a história de uma revolução

Palavra do GME • Sobre a importância de acreditar e agir / 04

FilosóFicas • conSideraçõeS Sobre a maçonaria de São paulo - cap. 1 / 16

GrandEs PErsonaGEns • Quintino bocaíuva, fundamental para a república / 14

luzes / 11 • ano I Irevista do grande oriente de São paulo - mar 2017

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janeiro/fevereiro 2017

“Que poSSamoS Semprehomenagear todaS aS mulhereS de noSSaS vidaS, fundamentaiS em noSSaS hiStóriaS e em noSSa empreitada de edificação de uma Sociedade melhor. um feliz dia internacional daS mulhereS”emInente Irmão BeneDIto marques BaLLouK FILHo Grão-mestre estaDuaL Do GosP

PoDeroso Irmão KameL areF saaBGrão-mestre estaDuaL aDjunto Do GosP

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EDITORIALunião entre os maçons

eXpediente

Jornalista Responsável: Roberto Souza (MTB: 11.408) • Editor-Chefe: Fábio Berklian • Editor: Rodrigo Moraes • Reportagem: daniella pina, madson de moraes e verônica Monteiro • Revisão: Paulo Furstenau • Projeto Gráfico: Luiz Fernando Almeida • Diagramação: leonardo fial, luis gustavo martins e Willian fernandesFoto de Capa: Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo • www.rspress.com.br

Uma das primeiras medidas anunciadas em março pelo atual prefeito de São Paulo, João Dória, foi a decisão de descontinuar a versão impressa do Diário Oficial do município - órgão que publica as respectivas decisões e ações dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A decisão segue uma tendência mundial da mi-gração das publicações do meio impresso para o digital. É apenas uma questão de custo? Talvez. Sustentabilidade? Também. Mas a ideia vai principalmente na linha de tornar mais prático e dinâmico o acesso à informação e ao conteúdo que é de interesse do leitor. Nesse sentido, compartilhamos dessa ideia e lembramos a todos os Irmãos a importante decisão que tomamos em 2015, no início do projeto da Luzes. A revista é digital e foi pen-sada para essa plataforma. Assim, qualquer Irmão pode acessá-la de qualquer lugar e em qualquer plataforma digital (smartphones, ta-

blets e desktops), sem contar a possibilidade de compartilhar o conteúdo com os Irmãos de São Paulo ou de qualquer outro lugar do País. Com-partilhar, Irmãos. Essa é a ideia! Falando especificamente sobre esta edição, celebramos as Lojas aniversariantes dos meses de fevereiro e março, assim como a história da Loja América 189, reduto de importantes nomes que participaram da revolução que culminou na proclamação da República, em 1889.A edição traz faz ainda uma homenagem ao Sapientíssimo Irmão Laelso Rodrigues. Ele, que está prestes a completar 60 anos ininterruptos de atuação na Maçonaria, contou um pouco de sua história.Confira essas e outras notícias nas páginas digi-tais a seguir. E lembremos: a Maçonaria tem história, mas ela também deve acompanhar os caminhos que levam ao futuro.Um abraço e ótima leitura!

SuStentabilidade na era digital

Secretaria de Comunicação e Imprensa do Grande Oriente de São Paulo (GOSP)

Grão-Mestre Estadual do Grande Oriente de São Paulo (GOSP): Eminente Irmão Benedito Marques Ballouk Filho • Grão-Mestre EstadualAdjunto do Grande Oriente de São Paulo (GOSP): Poderoso Irmão Kamel Aref Saab • Secretário Estadual de Comunicação eImprensa (GSCI): Poderoso Irmão Roberto Lorenzetti• Poderosos Irmãos Secretários Estaduais Adjuntos da GSCI: Sérgio ayres da Silva filho e antônio francisco mascarenhas

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Luzes4 março 2017

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Palavra do GME

a traveSSiaU m viajante caminhava pelas margens

de um grande lago de águas cristalinas e imaginava uma forma de chegar até o outro lado, onde era seu destino.

Suspirou profundamente enquanto tentava fixar o olhar no horizonte. A voz de um homem de cabelos

brancos quebrou o silêncio momentâneo, oferecendo-se para transportá-lo. Era um barqueiro.

O pequeno barco envelhecido, no qual a travessia seria realizada, era provido de dois remos de madeira de carvalho.

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Luzes 5março 2017

EMInEnTE IRMãO BEnEDITO MARquEs BALLOuk FILhO grão-meStre do grande oriente de São paulo (goSp)

O viajante olhou detidamente e percebeu o que pareciam ser letras em cada remo. Ao colocar os pés empoeirados dentro do barco, observou que eram mesmo duas palavras.

Num dos remos estava entalhada a palavra acre-ditar e no outro, agir.

Não podendo conter a curiosidade, perguntou a razão daqueles nomes originais dados aos remos.O barqueiro pegou o remo, no qual estava escrito acreditar, e remou com toda força.

O barco, então, começou a dar voltas, sem sair do lugar em que estava.

Em seguida, pegou o remo em que estava escrito agir e remou com todo vigor.

Novamente o barco girou em sentido oposto, sem ir adiante.

Finalmente, o velho barqueiro, segurando os dois remos, movimentou-os ao mesmo tempo e o bar-co, impulsionado por ambos os lados, navegou através das águas do lago, chegando calmamente à outra margem.

Então, o barqueiro disse ao viajante:Este barco pode ser chamado de autoconfiança.

E a margem é a meta que desejamos atingir.

Para que o barco da autoconfiança navegue seguro e alcance a meta pretendida, é preciso que

utilizemos os dois remos, ao mesmo tempo, e com a mesma intensidade: agir e acreditar.

Não basta apenas acreditar, senão o barco fica-rá rodando em círculos. É preciso também agir, para movimentá-lo na direção que nos levará a alcançar a nossa meta.

Agir e acreditar. Impulsionar os remos com força e com vontade, superando as ondas e os vendavais e não esquecer que, por vezes, é preci-so remar contra a maré.

Acreditar e Agir!Meus queridos Irmãos, fiz uso da metáfora acima – de autoria desconhecida – para uma reflexão sobre o momento econômico, so-cial e, principalmente, político que estamos vivendo. É claro que os problemas são diver-sos, complexos e desafiadores. É óbvio que há descontentamento, insegurança e o risco de retrocessos.

Por outro lado, não podemos perder de vista essas duas palavras: Acreditar e agir. Todos es-tamos imbuídos em dar a nossa contribuição. A Maçonaria pressupõe isso. Peço a vocês, Irmãos, que continuem acreditando, agindo e, mais, ins-pirando as pessoas por um Brasil melhor. Ajude-nos a propagar as ações que estão acontecendo no sentido de avançar por um Brasil melhor. Um Brasil que seja nosso.

Um abraço de alguém que acredita e age. Um abraço de alguém que quer seguir aju-dando e inspirando pessoas!

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LOJAS • Trabalho em todas as regiões do estado

6 Luzes março 2017

FEVEREIROLiberdade e Trabalho Nº 2242Oriente de Piracicaba01/02/1984

Solar dos Andradas Nº 4179Oriente de Santos01/02/2010

Discípulos de Pythágoras Nº 3762Oriente de São Paulo02/02/2006

Aristóteles Nº 3847Oriente de Monteiro Lobato02/02/2007

Amor da Pátria Nº 306Oriente de Bragança Paulista03/02/1833

Umuarama Nº 1621Oriente de Osasco 03/02/1965

Cruzeiro do Itapeti Nº 1725Oriente de Mogi das Cruzes 03/02/1969

L’Aquila Romana Nº 3365Oriente de São Paulo03/02/2001

Sagrada Família Nº 3561Oriente de São Paulo03/02/2004

Cavaleiros de Agharta Nº 3726Oriente de São Paulo03/02/2005

Luiz Alves de Lima E Silva Nº 3215Oriente de São Paulo04/02/1999

Nova Ordem do Século Nº 2151Oriente de Campinas08/02/1982

Fraternidade Estrela do Sul Nº 2466Oriente de São Paulo08/02/1988

Amizade Fraterna Nº 3919Oriente de São Paulo08/02/2008

Semeadores da Verdade Nº 3690Oriente de São Paulo09/02/2005

Cavaleiros de Baalbek Nº 4024Oriente de São Paulo09/02/2009

Fé, Esperança e Amor Nº 4224Oriente de São José do Rio Preto09/02/2012

Inteligência e Poder Nº 2191Oriente de Sorocaba 10/02/1983

Madras Nº 3359Oriente de São Paulo10/02/2001

Fraternitas Nº 3851Oriente de São Paulo10/02/2007

Luz do Meio Dia Nº 4234Oriente de São Paulo10/02/2012

Cavaleiros de São Jerônimo Nº 4331Oriente de São Paulo11/02/2014

Fraternidade Acadêmica Sorocaba Nº 3294Oriente de Sorocaba12/02/2000

Universitária Cavaleiros do Sol Nº 3568Oriente de Caraguatatuba 12/02/2004

Acácia de Aruã Nº 4037Oriente de São Paulo12/02/2010

Caminho do Dever Nº 2569Oriente de São Sebastião da Grama 13/02/1990

Roma Nº 425Oriente de São Paulo14/02/1889

Luz e Caridade III Nº 1174Oriente de Valparaíso14/02/1936

Pureza, Luz e Verdade Nº 2942Oriente de Ribeirão Preto14/02/1996

Loja de Pesquisas MaçônicasLuiz Frigério Nº 3390Oriente de Santos14/02/2001

Amigos da Verdade Nº 2937Oriente de Santos16/02/1996

Oito de Dezembro Nº 2285Oriente de Guarulhos17/02/1984

Treze de Junho Nº 2348Oriente de Urânia 17/02/1984

Construtores de Salomão Nº 3560Oriente de São Paulo17/02/2004

Mestre Pythágoras Nº 3134Oriente de São Paulo 18/02/1998

Direito, Liberdade e Dignidade Nº 2995Oriente de São Paulo19/02/1991

Fraternidade Acadêmica Alfa e Ômega Nº 3295Oriente de São Paulo19/02/2000

Deus e Caridade X Nº 937Oriente de Pederneiras20/02/1916

Loja 81 Nº 3753Oriente de Santo André20/02/2006

Lealdade e Sabedoria - Ricardo Strazzi Nº 4268Oriente de Mogi das Cruzes20/02/2013

Livres Pensadores Nº 2304Oriente de São Paulo21/02/1985

Lealdade a Ordem Nº 1899Oriente de São Paulo 22/02/1974

Frederico II - O Grande Nº 2781Oriente de São Paulo22/02/1994

Fraternidade AcadêmicaRui Barbosa Nº 3307Oriente de Tupã22/02/2000

Artes Liberais Nº 3781Oriente de São Paulo 22/02/2006

Heraldo Ramos Leomil Nº 3326Oriente de Santos23/02/2000

Ordem e Progresso Nº 428Oriente de São Paulo24/02/1890

União Universal Nº 463Oriente de São José do Rio Pardo 24/02/1894

Delta do Itaquerê Nº 3231Oriente de Nova Europa24/02/1999

Fraternum Astrum Lux Nº 3136Oriente de Peruíbe 25/02/1998

Libertador General San Martin Nº 3296Oriente de São Paulo25/02/2000

Águia de Haia Nº 4183Oriente de Piratininga27/02/2012

MARÇOFraternidade Acadêmica Universitária Nº 3297Oriente de São Carlos01/03/2000

Portal de Bertioga Nº 3429Oriente de Bertioga 01/03/2002

União e Caridade Nº 3746Oriente de Cesário Lange 01/03/2006

Confira quais Augustas e Respeitáveis Lojas Simbólicas fazem aniversário nos meses de Fevereiro e Março. A Revista Luzes aproveita a oportunidade e parabeniza a todas as Lojas e seus respectivos Irmãos!

*Observação: a lista pode ter alterações e Lojas que eventualmente não estejam relacionadas,em virtude de seus registros de fundação serem diferentes de seus registros de regularização.

LOjAs AnIvERsARIAnTEs DOs MEsEs DE FEvEREIRO E MARçO

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7Luzesmarço 2017

União e Fidelidade Nº 3752Oriente de Osasco01/03/2006

Ordem e Progresso Nº 4201Oriente de Ribeirão Preto01/03/2012

Bavarian Illuminati Nº 4208Oriente de São Paulo 01/03/2012

Estrela da Paz Nº 2696Oriente de São Paulo03/03/1993

Caminho das Virtudes Nº 3132Oriente de São Paulo03/03/1998

Acílio Cândido Ventura Nº 3569Oriente de Ilha Comprida03/03/2004

Cavaleiros da Luz Nº 4048Oriente de Sorocaba03/03/2010

Luz da Verdade Nº 4130Oriente de São Paulo03/03/2011

Estrela de Cerquilho Nº 2526Oriente de Cerquilho04/03/1989

Cruz Templária Nº 2848Oriente de São Paulo04/03/1995

Fidelidade Nº 2592Oriente de Itapetininga05/03/1985

Arco Íris Nº 2007Oriente de Ituverava 07/03/1977

Luz e Sabedoria Nº 2849Oriente de Piracicaba 07/03/1995

Estrela de Ilha Solteira Nº 2865Oriente de Ilha Solteira07/03/1995

União, Harmonia e Fraternidade Nº 3582Oriente de São Paulo07/03/2004

Wilhelmus Jacobus Verhagen Nº 3638Oriente de Ibiúna 07/03/2002

Fraterno Renascer de Iguape Nº 2144Oriente de Iguape08/03/1982

Reais Construtores Nº 2705Oriente de São Paulo08/03/1993

Aurora Lemense Nº 3421Oriente de Leme09/03/2002

Monteiro Lobato Nº 3867Oriente de Santos09/03/2007

Barão de Ramalho Nº 2488Oriente de Bertioga10/03/1988

Acácia de Apiaí Nº 2857Oriente de Apiaí10/03/1992

A Luz Nos Conduz Nº 3298Oriente de São Manuel 10/03/2000

Presidente Júlio Prestes Nº 3299Oriente de Campos do Jordão11/03/2000

Fraternidade Acadêmica César Lattes Nº 3667Oriente de São João da Boa Vista12/03/2005

Guardiões do Arquiteto Nº 4112Oriente de São Paulo12/03/2010

Formosa União Nº 2438Oriente de São Paulo13/03/1987

Harmonia e Solidariedade Nº 3756Oriente de São José dos Campos13/03/2006

Estrela de Davi Nº 3880Oriente de São Paulo13/03/1992

Cavaleiros Escoceses Nº 3976Oriente de Santos13/03/2009

União Nº 2465Oriente de Guarujá14/03/1988

Fraternidade Sétima Nº 4215Oriente de São Paulo14/03/2012

Estrela da Armênia Nº 2527Oriente de Osasco 15/03/1989

Arte e Imortalidade Nº 3770Oriente de São Paulo15/03/2006

Colunas de São Paulo Nº 4145Oriente de São Paulo15/03/2011

Colunas de São Sebastião Nº 2265Oriente de São Sebastião16/03/1984

Luz do Ocidente Nº 2706São Caetano do Sul16/03/1993

União Ipuanense Nº 3580Oriente de Ipuã 16/03/2004

União e Trabalho de Brotas Nº 3151Oriente de Brotas17/03/1998

Fraternidade Acadêmica Justiça e Lealda-de Nº 3302Oriente de Lins17/03/2000

Templários da Fraternidade Nº 3757Oriente de Campinas17/03/2006

Guia do Futuro Nº 2698Oriente de Itatinga 18/03/1993

Os Templários Nº 2722Oriente de São Paulo18/03/1992

Acácia do Itaim Paulista Nº 3562Oriente de São Paulo18/03/2004

Estrela do Nilo Nº 3019Oriente de São Paulo19/03/1996

Theobaldo Varoli Filho Nº 2699Oriente de São Paulo20/03/1993

De Pesquisas e Estudos Maçônicos Friedrich Ludwig Nº 3606Oriente de Santos20/03/2004

Fraternidade Universitária D. Pedro I Nº 3991Oriente de Fernandópolis20/03/2009

Luz de Thoth Nº 4074Oriente de Botucatu20/03/2010

Perseverança e Progresso Nº 2712Oriente de São Paulo 21/03/1993 Veritas Nº 2915Oriente de Santos 21/03/1995

Vinte e Um de Março Nº 2943Oriente de Várzea Paulista21/03/1996

Laurindo Chaves Nº 2164Oriente de Santos 22/03/1976

14 Bis Nº 4064Oriente de São Paulo22/03/2010

Felício Baroni Nº 2786Oriente de São Paulo23/03/1994

Arte Nova Nº 3000 Oriente de São Paulo23/03/1995

John Theron Mackenzie Nº 4113Oriente de São Paulo23/03/2010

Fraternidade Acadêmica Luz da Noroeste Nº 3337Oriente de Araçatuba 24/03/2000

Hiram Abif Nº 1071Oriente de Santos25/03/1929

União Iracemápolis Nº 2704Oriente de Iracemápolis25/03/1993

Cavaleiros de Santo Graal Nº 3229Oriente de São José dos Campos25/03/1999

Eternos Aprendizes Nº 3573Oriente de São Paulo25/03/2004

Sublime Imprensa Maçônica Nº 3999Oriente de São Paulo25/03/2009

União Sorocabana Independente Nº 1595Oriente de Sorocaba 26/03/1961

Cavaleiros da Távola Redonda Nº 4065Oriente de São Paulo26/03/2010

Esperança Nº 3570Oriente de Cravinhos 27/03/2004

Renascer Nº 2850Oriente de Pirangi 28/03/1995

União e Trabalho de Ribeirão Preto Nº 2866Oriente de Ribeirão Preto 29/03/1995

Delphos Nº 3852Oriente de Barueri29/03/2007

31 de Março II Nº 2002Oriente de Suzano31/03/1977

Conciliação e Justiça Nº 2058Oriente de Presidente Prudente 31/03/1980

Fraternidade Luz da Mantiqueira Nº 2327Oriente de São Bento do Sapucaí31/03/1985

Construtores da Geometria Áurea Nº 4391Oriente de São Paulo31/03/2015

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8 Luzes março 2017

Palavra do GMEA

agenda importante

O tempo passa rápido. Não há como escapar. Parece que foi ontem que 2017 começou e retornávamos às nossas atividades na Maçonaria.

Agora já estamos em meados de março e, consequentemente, no iminente período de preparação para as eleições nas Lojas de nossa Jurisdição, que acontecem em maio. Dirijo-me a vocês, queridos Irmãos de todo o estado de São Paulo, para pedir que fiquem atentos às suas obrigações, assim como as respectivas Lojas devem fazer o mesmo para se prepararem para o processo eleitoral que se avizinha. Como nosso Eminente Grão-Mestre do GOSP, Benedi-to Marques Ballouk Filho, ressalta em todas as

suas falas: “Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”. O fortalecimento de nossa Ordem, de nossos objetivos e anseios passa pela participação, comprometimento e planejamento de nossos Irmãos com o Grande Oriente de São Paulo (GOSP).

ICEComo responsável pelo Ilustre Conselho Esta-dual (ICE), informo aos Irmãos que ele se en-contra em plena atividade de assessoramento ao Grão-Mestrado. Em fevereiro, nós recebemos as contas e documentações referentes ao período janeiro a dezembro de 2016. Por se tratar de um órgão apenas consultivo e orientativo, assim

oS próXimoS meSeS Serão de Suma importância para o bom andamento da geStão adminiStrativa daS lojaS. irmãoS devem ficar atentoS a SeuS regiStroS e regularizaçõeS

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9Luzesmarço 2017

PODEROsO IRMãO kAMEL AREF sAAB grão-meStre adjunto do grande oriente de São paulo (goSp)

como o Tribunal Estadual de Contas, fizemos a avaliação e encaminhamos o parecer com um mês de antecedência à Poderosa Assembleia Es-tadual Legislativa (PAEL-SP), para que houves-se tempo hábil para apresentação e aprovação na próxima sessão.

Dia das Mulheres Por fim, aproveito a oportunidade para lembrar também outra data extremamente simbólica e importante: o Dia Internacional da Mulher, cele-brado em 8 de março. As conquistas ao longo das últimas décadas são inegáveis. Sabemos que ain-da há muito a ser feito. Mas às custas de grandes batalhas sociais e ideológicas, o espaço conquis-tado por elas é incontestável e irreversível. Por isso, cumprimento e saúdo todas as Cunhadas e Sobrinhas por essa data tão importante!

Um fraterno abraço!

dirijo-me a vocêS, QueridoS irmãoS,

para pedir Que fiQuem atentoS àS SuaS obri-

gaçõeS, aSSim como aS reSpectivaS lojaS devem fazer o meSmo

para Se prepararem para o proceSSo eleito-

ral Que Se avizinha

GRãO-MEsTRE EsTADuAL ADjunTO, PODEROsO IRMãO kAMEL AREF sAAB E O GRãO-MEsTRE EsTADuAL, EMInEnTE IRMãO BEnEDITO MARquEs BALLOuk FILhO, AO LADO DE suAs REsPEcTIvAs EsPOsAs DuRAnTE A FEsTA DE 95 AnOs DO GOsP

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10 Luzes março 2017

OBREIROs

A vida do Sapientíssimo Irmão Laelso Rodrigues ao longo de seus 85 anos de vida pode ser resumida em: amor integral à Maçonaria. Estamos falando de alguém que dedicou 60 anos ininterruptos à Ordem. E a idade octogenária não impede que esse sorocabano deixe de cumprir suas atividades maçônicas: toda segunda-feira é possível encontrar Rodrigues participando das atividades na Loja Per-severança III nº 0199, do Oriente de Sorocaba, em São Paulo, onde ele foi iniciado em 27 de abril de 1957. De lá para cá, o Sapientíssimo Ir.’. pôde acom-panhar a evolução e modernização da Maçonaria sem deixar de lado algo que, para ele, é fundamental entre os Irmãos: a união.

Essa história começa na década de 1940, quando o menino Laelso, junto ao irmão, ia à Loja Perseverança III. O pai, Irmão Augusto Rodrigues, era Guarda do Templo e carregava junto os meninos para ajudar na limpeza. “Eu e meu irmão ajudáva-mos nosso pai. Íamos lá trabalhar com ele, cui-dando do Templo. Desde os sete anos, eu vivia na Maçonaria junto com meu irmão. Naquele tempo, ninguém entrava no Templo, era tudo fechado”, conta. Uma recordação engraçada dessa infância que ele nunca esquece e que conta, aos risos, é de esperar ansiosamente pelos banquetes realiza-dos após as Iniciações na Loja. “É minha grande lembrança da época. Vibrávamos porque, quando terminava, a gente ia aproveitar o banquete. Sempre

Seis décadas de amor à maçonariapara o SapientíSSimo irmão laelSo rodrigueS, do oriente de Sorocaba, ‘amor’ é a palavra Que traduz bem oS 60 anoS Que dedicou à atividade maçônica no braSil

sAPIEnTíssIMO IRMãO LAELsO RODRIGuEs

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nos lembramos desses episódios rindo”, brinca.Sempre engajado ao longo desses 60 anos de

serviços prestados à Maçonaria, Rodrigues acumu-lou cargos e honrarias pelos trabalhos prestados: foi, em dois mandatos, Soberano Grão-Mestre-Ge-ral do Grande Oriente Brasil (GOB) e Grão-Mestre-Geral de Honra do GOB. Em 2007, quando comple-tou 50 anos de dedicação à Maçonaria, recebeu a Comenda da Ordem do Mérito Dom Pedro I, o títu-

POR MADSOn DE MORAES

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11Luzesmarço 2017

OBREIROslo mais importante dado pela Ordem. Já em 2013, nosso Irmão recebeu a Comenda Referencial de Ética e Cidadania, título destinado às personalida-des de Sorocaba que se dedicam ao trabalho social, cultural e empresarial. No ano seguinte, o Sapien-tíssimo Irmão foi condecorado com a medalha de Ordem ao Mérito Contábil pelo Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, sendo o primeiro sorocabano a receber tal honraria.

Para o Irmão, a Maçonaria mudou muito desde quando ele foi iniciado, em 1957. “As coisas muda-ram principalmente na comunicação. Há 60 anos, era praticamente uma Ordem fechada; hoje, tudo o que acontece na Maçonaria você sabe. Com a internet, você tem tudo on-line. Não é mais aquela Maçonaria de anos atrás, mais fechada, hermética, da qual praticamente ninguém tinha informação. E isso vai deixando a Maçonaria cada vez mais forte, com novos membros e novas ideias. Há uma modernização na Ordem que manteve seu ritual, sua filosofia, e que modernizou principalmente no trabalho social, maçônico e político. É o amor que une a Maçonaria, que une os Irmãos. Essa união continua”, afirma Rodrigues.

E, contrariando a ideia de que, com a velhice, é hora de se recolher das atividades diárias, o Sapien-tíssimo Irmão diz que viver o dia a dia maçônico o rejuvenesce. “Praticamente não senti esses 60 anos passar trabalhando pela Ordem, pela Loja Perseverança III e por diversas entidades em todos os cargos que ocupei. Quando tinha 25 anos, era o membro mais jovem da Loja. Hoje, sou um dos mais velhos, mas sinto que ainda sou aquele mesmo jovem de quando me iniciei. Eu amo a Maçonaria.”

O lado empreendedorContador por formação, ele começou a trabalhar aos 13 anos como contínuo de um armazém. Aos 19 anos, já formado, foi trabalhar na Linho Quatro Pon-tos, como diretor financeiro. Anos depois, foi para a Têxtil Metidieri. Toda essa grande experiência na indústria o ajudou a implantar o Conselho Municipal

QUANdO TiNhA 25 ANOS, ERA O MEMbRO

MAiS jOvEM dA LOjA. hOjE, SOU UM dOS MAiS vELhOS,

MAS SiNTO QUE AiNdA SOU AQUELE MESMO jOvEM

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de Desenvolvimento Industrial, quando Sorocaba começou a receber as empresas multinacionais que se instalaram na região nas décadas de 1960 e 1970.

Também instituidor da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), adquiriu, em 1963, com mais 20 Ir-mãos, as ações do jornal Cruzeiro do Sul, que foram doadas um ano depois para a criação da Fundação, onde presidiu a Diretoria Executiva por duas vezes e foi Presidente do Conselho Superior. Sempre de-dicado a seus projetos, ajudou a consolidar o jornal como um dos mais importantes do País, e a Fun-dação ser proprietária e mantenedora do Colégio Politécnico de Sorocaba. Também foi Presidente, por três vezes, do Lar Escola Monteiro Lobato.

Atualmente aposentado, Rodrigues dedica seu tempo apoiando e promovendo as entidades man-tidas pela Loja Perseverança III: Fundação Cultural Cruzeiro do Sul, Vila dos Velhinhos, Associação Pro-tetora dos Insanos, Liga Sorocabana de Combate ao Câncer e Lar Escola Monteiro Lobato. Indiretamen-te, a Loja auxilia também o serviço de obras sociais e a Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba. Quer saber como o Sapientíssimo Irmão se sente aos 85 anos bem vividos? “Sinto-me feliz. Dos meus quase 85 anos, poder ter ficado 60 deles na Maçonaria é uma satisfação muito grande porque representa uma vida”, celebra esse exemplo para a Maçonaria.

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12 Luzes março 2017

hIsTÓRIA

ideal republicanoloja américa 189 foi um doS SímboloS de comprometimento com a difuSão do ideal republicano anteS, durante e depoiS da proclamação da república

O lema acima ecoou fortemente na província de São Paulo no início da década de 1870. Em meio ao questionamento da política do governo imperial, surgia o exemplo da república norte-americana. As-sim, alguns Maçons republicanos no Brasil, influen-ciados por esse modelo, adotaram o nome América ao criarem a AUG.’. RESP.’. BEN.’. GR.’. BENF.’. CENT.’. LOJ.’. América 189 em fins de 1868. Dessa Loja, fariam parte nomes importantes para a construção do movimento republicano no Brasil, como Américo Brasiliense, Américo de Campos, Luiz Gama e Rangel Pestana. Clique aqui e veja outros nomes.

Entre fins das décadas de 1860 e 1880, os fazendeiros do Oeste Paulista buscavam uma forma de influencia-rem mais diretamente a política nacional e procuravam uma solução para isso. Ao mesmo tempo, a Maçonaria florescia no Segundo Reina-do, com as questões mais prementes do período se fazendo sentir em suas reuniões. Entre essas questões, destacavam-se as críticas à forma de organização do Governo, a situação precária da educação, a relação com a Igreja Católica, o aboli-cionismo e a situação da mão de obra.

A instabilidade política após a queda do gabi-nete de Zacarias de Góis e Vasconcelos, em 1868, influenciou a formação de novas Lojas Maçônicas, principalmente aquelas ligadas ao Oriente dos Beneditinos, ligado a Saldanha Marinho, um dos

signatários do Manifesto Republicano. Entre elas, destacou-se a fundação da Loja América, em fins de 1868, um dos polos difusores do ideal republi-cano na província.

A Loja reunia parte da liderança do mo-vimento republicano paulista, como Américo Brasiliense, a figura aglutinadora dos republica-

nos espalhados pela província. Ele ocupou o cargo de Venerável Mestre da Loja

América entre os anos de 1870 e 1874. Outra liderança foi Américo de Campos, um dos organizado-res do Clube Republicano de São Paulo e do Partido Republicano Paulista (PRP), que ocupou o cargo

de Primeiro Vigilante da Loja entre 1870 e 1874. O fato de a Loja América

ter como administradores esses republi-canos aponta que, por meio da Maçonaria, era possível estabelecer laços políticos.

A Loja América se empenhava naquela época em difundir o projeto político republicano au-xiliando na abertura de novas Lojas no Oeste Pau-lista, iniciando novos membros, fundando escolas e bibliotecas populares, sendo pioneira nesse tipo de projeto e incentivando outras Lojas a fazerem o mesmo. Em relação ao debate abolicionista, a Loja América foi presidida entre 1874 e 1880 por Luiz Gama, um dos grandes abolicionistas do pe-ríodo e que trabalhava pela libertação dos escra-vos, sendo patrocinado por Maçons da Loja.

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13Luzesmarço 2017

hIsTÓRIA

Segundo o Almanak da Província de São Paulo para 1873, a Loja América foi fundada em 9 de novembro de 1868. No entanto, só foi regu-larizada em 17 de julho de 1869, pertencendo ao Grande Oriente dos Beneditinos. Além das três figuras importantes já citadas, outros nomes de peso do cenário político do Segundo Reinado e do período republicano passaram pela Loja América, como Ruy Barbosa, iniciado em 1º de julho de 1869, quando ainda era estudante, Joaquim Nabu-co e Martinho da Silva Prado Júnior.

Para as Lojas paulistas de 1870, acabou se tornando uma prática recorrente conceder al-gumas alforrias durante suas celebrações. Outra prática que aumentava a propaganda maçônica era que algumas Lojas permitiam a participação de escravos em suas escolas populares. Por adotar essa postura, a Loja América era alvo de críticas daqueles que não compartilhavam seus ideais. A se considerar as biografias de alguns de seus luminares, pode-se dizer que, desde sua fundação, havia, entre seus membros, um comprometimento com a difusão da ideia republicana.

O fato de os principais jornais da província pertencerem a Maçons, como era o caso do Cor-

reio Paulistano, garantia à Maçonaria um espaço para divulgação de suas atividades. A influência da Maçonaria na política não terminou com o Im-pério, uma vez que o primeiro gabinete ministe-rial republicano foi composto exclusivamente por Maçons, além do fato de os dois primeiros presi-dentes civis, Prudente de Morais e Campos Salles, serem figuras de destaque dentro da Ordem.* Trechos de autoria da professora e historiadora Luaê Carregari Carneiro

Maçonaria, Política e Liberdade – A Loja Ma-çônica América entre o Império e a RepúblicaAutora: Luaê Carregari CarneiroEditora: Paco Editorial(220 páginas)A partir de uma rica análise de documentos históricos e notícias de jornais, o leitor se sur-preenderá com a publicidade que a Maçonaria teve na época do Império e com a capacidade de influência política. Num dos momentos de maior efervescência social e política da nossa história, a Loja América reuniu em seus quadros importantes nomes para a construção do movimento republicano em São Paulo e a difusão do pensamento abolicionis-ta, se tornando um centro propagador do pensamento republicano e abolicionista no Brasil Império.

suGEsTãO DE LEITuRArePr

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Ruy BARBOsA FEz PARTE DO quADRO DE OBREIROs DA LOjA AMéRIcA 189

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14 Luzes março 2017

GRAnDEs PERsOnAGEns

Quintino Bocaiúva ficou conhecido por sua atuação no processo da proclamação da República brasilei-ra. Bem quisto pela Monarquia, por republicanos, fazendeiros e militares, era braço direito do Mare-chal Deodoro da Fonseca e teve papel primordial no levante republicano. Foi jornalista, político e tam-bém se dedicou à Maçonaria, tendo ocupado o posto mais alto da Ordem: o Grão-Mestrado do Grande Oriente do Brasil (GOB).

De origem humilde, Bocaiúva nasceu em Ita-guaí, no interior do Rio de Janeiro, em 4 de dezem-bro de 1836. Ficou órfão cedo e logo começou a trabalhar para se sustentar. Aos 14 anos, semianal-fabeto, mudou-se para São Paulo (SP), começando a vida profissional como aprendiz de tipógrafo. Na capital paulista, iniciou a faculdade de direito, mas não se formou devido à falta de recursos.

Quintino bocaiúvaa trajetória de um doS principaiS perSonagenS do levante republicano foi marcada pela conciliação doS princípioS patrióticoS e maçônicoS

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“PROcLAMAçãO DA REPúBLIcA”, 1893, ÓLEO sOBRE TELA DE BEnEDITO cALIxTO (1853-1927).

Nascido Quintino Antônio Ferreira de Souza, abandonou o sobrenome português nessa época para se chamar Bocaiúva – nome dado a uma espécie de palmeira brasileira. Em voga entre os jovens do período, a prática do nativismo repre-sentava o compromisso com a valorização da cultura nacional. Naquela época, Bocaiúva tam-bém iniciou sua atividade jornalística, publicando poemas e artigos em diferentes jornais acadê-micos. A carreira de teatrólogo veio em seguida, com a encenação das peças Trovador, em 1856, Onfália, em 1860, e Os Mineiros da Desgraça, em 1861.

As informações sobre a vida maçônica de Quintino Bocaiúva são imprecisas, mas acredita-se que ele

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15Luzesmarço 2017

GRAnDEs PERsOnAGEnstenha sido iniciado em 1861, na Loja Amizade. Paralelo à carreira política e jornalística, dedicou-se à Ordem ao longo de toda a vida, tendo sido Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil (GOB) entre 21 de junho de 1901 e 21 de junho de 1904.

Ideais republicanosEm 1867, em meio ao período da Monarquia, passou a escrever para o periódico A República e, três anos mais tarde, redigiu o famoso Manifesto do Partido Republicano. Nascia, em seguida, o Partido Republicano. Após a destruição do jornal A República, escreveu para os jornais O Cruzeiro e O Globo. A influência de Bocaiúva e a aproximação de personalidades civis e militares, como Benjamin Constant e Marechal Deodoro da Fonseca, contri-buíram para o levante republicano. Ao lado deles, Bocaiúva foi o único civil a cavalgar com as tropas que se dirigiram ao quartel-general do Exército e levaram à deposição do imperador e à proclamação da República, em 15 de novembro de 1889.

Bocaiúva foi eleito chefe do Partido Republi-cano e, por ser um homem de ideias e atitudes, ficou responsável por articular a eleição do Minis-tério de Deodoro da Fonseca – que foi composto integralmente por Maçons. Depois, assumiu o Ministério das Relações Exteriores e foi também senador pelo estado do Rio de Janeiro na Assem-bleia Nacional Constituinte, onde permaneceu até a votação da Constituição em 1891.

Passado algum tempo, Bocaiúva voltou às ativi-dades na imprensa. Em 1899, foi reeleito senador e mais tarde governador do estado do Rio de Janeiro, entre 1900 e 1903. Ele foi mais uma vez senador em 1909 e ocupou o cargo de vice-presidente de 1909 a 1912. Nessa função, apoiou a candidatura do Mare-chal Hermes da Fonseca à presidência da República, em 1910 – mesmo ano em que ocupou a presidência do Partido Republicano Conservador (PSC).

Quintino Bocaiúva faleceu em 1912, na Fre-guesia de Inhaúma, onde vivia. O bairro do Rio de Janeiro foi batizado com seu nome, em homena-gem à sua relevância histórica.

“[...] se nós nos limitássemos a fazer ca-ridade, a dar pensões, a ser sociedade de beneficência, cairíamos no ridículo de uma organização tão complicada e tão aparatosa, com cerimonial tão minucioso de palavras, sinais, toques e passos, com sessões notur-nas secretas, tão prolongadas, para fins tão insignificantes plenamente preenchidos, sem tantas formalidades, por quantas associações, estrangeiras ou nacionais, que se acham, para esse fim, estabelecidas entre nós. é esta a contraprova da asserção, tantas vezes por mim afirmada nesta assembléia. – a maço-naria é uma associação altamente política. mas, qual é essa política? tendes o direito de perguntar-me. responderei, começando por definir os termos da controvérsia: – política é a arte de educar o povo e dirigi-lo nas vias do progresso e do engrandecimento, até a consecução dos seus fins no seio da huma-nidade. é isto que nós maçons chamamos de alta política; tal qual delineada na nossa constituição. (barata, 1999, p. 116).”

Trecho do livro Maçonaria, Política e Liberda-de (2016) - A Loja Maçônica América entre o Império e a República, de Luaê Carregari Carneiro.

cOnFIRA A sEGuIR O TREchO DE uM DIscuRsO FEITO POR quInTInO BOcAíuvA, EM 1897, sOBRE A ATuAçãO DA MAçOnARIA

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janeiro/fevereiro 201716 Luzes março 2017

FILOsÓFIcAs

conSideraçõeS Sobre a hiStória da maçonaria de São paulo - capítulo i

M esmo que seu enunciado não enseje o surgimento de qualquer eventual dúvida, ao apontar, claramente, para a História da Maçonaria de

São Paulo, a série que agora tem início precisa movimentar sua agulha imantada na direção do Rio de Janeiro, obrigatoriamente, porque lá, em um casarão, demolido há décadas, situado na anti-ga Rua do Fogo (futura Rua dos Andradas), entre a antiga Rua das Violas (futura rua Teófilo Otoni) e a antiga Rua Estreita de São Joaquim (futura rua Marechal Floriano), nasceu o Grande Oriente do Brasil (1), que não possuía exatamente esse nome, conforme provam suas primeiras atas, das quais, aliás, hoje só existem cópias. A data da fundação, de acordo com o Irm:. Manoel Joaquim de Mene-zes, testemunha presencial do acontecimento, na condição de um dos Grandes Cobridores, foi 28 de maio de 1822 (2), conforme ele próprio assina-lou em seu livro Exposição Histórica da Maçonaria no Brazil, publicado em 1857.

Diante do exposto, surgem, desde já, duas intrigantes dúvidas! Primeira: se o Grande Orien-te do Brasil, na data de sua fundação, tinha outro nome, qual era ele? Segunda: se uma testemunha presencial, um dos próprios Grandes Cobridores, afirmou que a data da fundação foi 28 de maio de 1822, qual a justificativa para que a data oficial seja 17 de junho do citado ano?

Resposta à primeira dúvida: na ata da fun-dação, o nome era Grande Oriente Brasiliano; na segunda e terceira atas, era Grande Oriente Brasileiro; na quinta ata, Grande Oriente Brasíli-

co; Gr:. Loj:. em quase todas as demais atas, sem outra denominação complementar, excetuando-se a 16a ata, onde consta, especificamente, “Gr:. Loj:. do Brasil”.

Resposta à segunda dúvida: no ano do cen-tenário do Grande Oriente do Brasil, ou seja, em 1922, seu Grão-Mestre, o combativo e contestador Irm:. Mário Marinho de Carvalho Behring, que, em 1927, viria a ser o criador das modernas (3) Grandes Lojas Estaduais, fez um estudo con-cernente à data ora em foco, sustentando que a referida potência maçônica foi fundada em 17 de junho de 1822. Para tanto, afirmou que seu arrimo foi o calendário maçônico que teria sido usado na elaboração das atas ora em pauta. Que estranho! Esse estudo, feito 100 anos após, teria força para derrubar a palavra de uma testemunha presencial? Acolhendo, peremptoriamente, o dia 28 de maio de 1822, levantou-se o Irm:. Manoel Arão de Oli-veira Campos, em seu livro História da Maçonaria no Brasil, publicado em 1927. Todavia, prevaleceu e prevalece, oficialmente, a discutível data de 17 de junho de 1822.

Sobre a primeira vez em que foi usado o nome Grande Oriente do Brasil, precisamos re-alçar que, antes desse uso, seu Grão-Mestre, que era o Irm:. Guatimozim, ou seja, o Imperador D. Pedro (4), suspendeu os trabalhos maçônicos em 21 de outubro de 1822, “para fazer certas averi-guações”. Esse fechamento foi determinado por desentendimentos políticos entre o Irm:. José Bonifácio de Andrada e Silva, que havia sido o primeiro Grão-Mestre (porém não estava mais

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janeiro/fevereiro 2017Março 2017 17Luzes

comparecendo às Sessões) e o Irm:. Joaquim Gonçalves Ledo, que continuava a ser o Primeiro Grande Vigilante.

D. Pedro, forçado pelas circunstâncias, ab-dicou do trono em 7 de abril de 1831. Em 23 de novembro daquele mesmo ano, a aludida potência maçônica reabriu seus trabalhos, agora já com o definitivo nome de Grande Oriente do Brasil. Coube o Grão-Mestrado, mais uma vez, ao Irm:. José Bonifácio de Andrada e Silva.

Entretanto, em 24 de junho, igualmente no ano de 1831, havia sido instalado outro Grande Oriente, que, pelos seus membros, era conside-rado a legítima potência fundada em 1822, tanto que adotaram a denominação usada na segunda e terceira atas do primitivo Grande Oriente, que era Grande Oriente Brasileiro, conforme vimos algumas linhas atrás. Contudo esse outro Grande Oriente viria a ser mais conhecido por Grande Oriente do Passeio, porque, no período áureo, sua sede estava localizada na Rua do Passeio, nº 36, Rio de Janeiro. Seu primeiro Grão-Mestre foi o

Irm:. Nicolau de Campos Vergueiro, português de nascimento, que era já Senador do Império desde 1828 (e assim permaneceu durante 10 le-gislaturas consecutivas) e havia sido integrante da Regência Trina Provisória, de 7 de abril até 17 de junho de 1831. Foi Ministro da Fazenda em 1832 e Ministro da Justiça em 1847-1848. Depois de oscilações que variaram entre en-cerramentos e reaberturas, não se encontram notícias desse outro Grande Oriente depois de 1887.

Em 20 de março de 1847, nasceu mais um Grande Oriente Brasileiro, que, posteriormente, foi conhecido por Grande Oriente de Caxias. No ano de 1854 (jamais consegui descobrir em que dia e mês, apesar das exaustivas pesquisas documentais que fiz em companhia de meu inesquecível preceptor, o Irm:. Kurt Prober), mediante iniciativa do Irm:. Luís Alves de Lima e Silva, então Marquês de Caxias (que havia recebido esse título em 20 de junho de 1852, e viria a ser o único Duque brasileiro em 23

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janeiro/fevereiro 2017

FILOsÓFIcAs

18 Luzes março 2017

IR .’. jOAquIM DA sILvA PIREs, M:. I:., GOsP, comendador da auguSta ordem de d. pedro i – gob,orador emérito da arlS eStrella da Syria e membro honorário da arlS piratininga, São paulo (Sp)

de março de 1869), esse outro Grande Oriente Brasileiro e o Supremo Conselho do Rito Esco-cês Antigo e Aceito (o então Marquês de Caxias era Grão-Mestre do primeiro e Soberano Gran-de Comendador do segundo), que formavam um corpo maçônico misto, fundiram-se com o Grande Oriente do Brasil, cujo Grão-Mestre era o Irm:. Miguel Calmon du Pin e Almeida, então Visconde de Abrantes (título recebido em 18 de junho de 1841, mas ele viria a ser Marquês em 3 de dezembro de 1854). Já havia sido Ministro das Relações Exteriores em 1829, Ministro da Fazen-da em 1837 e Conselheiro de Estado em 1843.

Entre 9 e 16 de dezembro de 1863, sete Lojas do Rio de Janeiro, rebeladas contra o Grande Oriente do Brasil, usurparam-lhe o nome e fundaram uma potência maçônica, sob a liderança do Irm:. Joaquim Saldanha Marinho, que foi escolhido seu Grão-Mestre. Político de primeira grandeza, ele viria a ser Presidente da então Província de São Paulo em 1867-1868. Era Deputado-Geral, pela segun-da legislatura (1848-1849), com repetição três vezes (1864-1866, 1867-1868 e 1878-1881). Foi um dos signatários do Manifesto Republicano de 1870 e um dos autores do projeto da Cons-tituição da então denominada República dos Estados Unidos do Brasil, de 24 de fevereiro de 1891. Não obstante os galardões de seu referido

Notas de rodapé (1) Em alguns documentos de outrora, o nome ‘Brasil’ está escrito com ‘s’, mas em outros está escrito com ‘z’. (2) Consta da primeira ata que a fundação ocorreu aos “28 dias do 3º mez do Anno da V:. L:. 5.822”.(3) Sim, modernas, pois existiram várias outras antes, sem quaisquer vínculos com as atuais. O primeiro exemplo está no próprio texto deste Capítulo, na resposta à primeira dúvida.(4) Era, simplesmente, D. Pedro, porque a denominação D. Pedro I só passou a ser justificável quando, em 7 de abril de 1831, abdicou a favor de seu filho, também chamado Pedro, que veio a ser D. Pedro II.

Grão-Mestre, a citada potência maçônica usou, indevidamente, durante quase nove anos, ou seja, até 12 de setembro de 1872, o nome, o selo e o timbre do legítimo Grande Oriente do Bra-sil. Em tal data, os próprios dissidentes reco-nheceram a errônea conduta e passaram a usar o nome de Grande Oriente Unido do Brasil, que era mais conhecido por Grande Oriente dos Beneditinos, porque sua sede estava localizada na Rua dos Beneditinos, nº 22, Rio de Janeiro. Felizmente, a dissidência terminou em 18 de janeiro de 1883, com a definitiva incorporação ao Grande Oriente do Brasil (rochedo indestru-tível, fazendo jus ao seu dignificante brasão), cujo Grão-Mestre era o Irm:. Francisco José Cardoso Júnior, que havia sido Deputado-Geral (1872-1875) e Presidente das então Províncias de Sergipe (1869-1871) e Mato Grosso (1871-1872). No tempo da guerra do Paraguai, em 1868, então no posto de Tenente-Coronel, foi Secretário do então Marques de Caxias. Alcan-çou o posto de Marechal em 1899, portanto já no período republicano.

Nossas elucidações preliminares estão encerradas. Sua importância será aferida pelos Respeitáveis Irmãos Leitores, durante o trans-correr desta série, a começar pelo próximo Capítulo, no qual já entraremos, diretamente, na História da Maçonaria de São Paulo.

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19Luzesmarço 2017

No início de março, os veículos de imprensa da região de Ibitinga (SP) anunciaram a construção de uma escola técnica na cidade. Fruto da iniciativa da Loja Estrela de Ibitinga e com o apoio do Grupo Es-tadual de Ação Política (GEAP), a escola será gerida pelo Governo do Estado de São Paulo.

Os recursos para a construção da Escola serão arrecadados com o evento CHOPICANHA, em sua 22ª edição. O evento acontece em 29 de abril, no Clube de Campo Andreza, em Ibitinga (SP).

A articulação das demandas sociais das Lojas e de seus respectivos municípios com os Irmãos da Maçonaria que estão na política ou em postos de decisão nas diversas esferas governamentais são um trabalho importante do GEAP.

Saiba mais sobre o assunto na próxima edição da Luzes.

LOjA ESTRELA dE ibi-TiNgA iNiciA pROjE-TO dE cONSTRUçãO dE EScOLA TécNicA

GME DEcRETA APOIO InsTITucIOnAL à ORDEM DEMOLAyO Grão-Mestre Estadual do GOSP, Eminente Irmão Benedito Marques Ballouk Filho as-sinou um decreto no dia 15 de março, dando restrito apoio à Ordem DeMolay(SCODB).

Clique aqui e confira a íntegra do documento.

Gerais • fique por dentro

ATOs cOnvOcATÓRIOstorna-se público, para conhecimento dos interessados que, no dia 07 de março de 2017 foram disponibi-lizados os atoS convocatórioS do projeto para construção de um edifício na rua São joaquim, 457 e 471 - São paulo - capital - bairro da liberdade. ato convocatório 007 – projetos de contenções, fundações e estruturas; ato convocatório 008 – projetos de climatização e glp;

ato convocatório 009 – projetos de instalações elétri-cas, hidráulicas e automação predial;ato convocatório 010 – projetos de drenagem;ato convocatório 011 – projetos de orçamento.

os documentos referente aos atoS acima citados estão disponíveis.

Clique aqui para acessar!

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janeiro/fevereiro 2017