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LUÍS FERNANDO OZAKI YOSHIDA Proposta de modelo de simulação para avaliação de expansão de uma empresa comercial varejista SÃO PAULO 2007 Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção

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LUÍS FERNANDO OZAKI YOSHIDA

Proposta de modelo de simulação para avaliação de expansão

de uma empresa comercial varejista

SÃO PAULO

2007

Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção

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LUÍS FERNANDO OZAKI YOSHIDA

Proposta de modelo de simulação para avaliação de expansão

de uma empresa comercial varejista

SÃO PAULO

2007

Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção

Orientador: Prof. Doutor Clovis Armando Alvarenga Netto

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Dedico este trabalho a minha família que sempre me apoiou em minhas decisões e lutou para que tornasse sonhos em realidade.

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Agradecimentos  

  A minha família pelo auxílio durante toda minha vida e pela presença constante

em momentos de dificuldade e alegria.

Ao meu tio Paulo Yoshida pelas inúmeras horas despendidas com valiosas

explanações e conselhos durante a execução deste trabalho.

Aos meus colegas da universidade pelo apoio durante as longas jornadas de

estudo e de trabalhos.

   

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Resumo  

Este trabalho de formatura apresenta conceitos de avaliação de empresas e fusões e

aquisições no estudo da expansão de uma empresa de comércio varejista. A partir dos

conceitos abordados desenvolve-se um software baseado em Microsoft Excel que sirva

como ferramenta para análises de empresas comerciais de varejo e sua expansão. O

objetivo da ferramenta é auxiliar um estrategista a avaliar o impacto financeiro e

econômico resultante das decisões por ele tomadas e por condições fora de seu controle.

Além disso, discutem-se alguns modelos de expansão a serem consideradas pelo

estrategista durante suas análises.

Palavras-chave: Análise de empresas, fusões e aquisições, empresa comercial de varejo.

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Abstract  

This dissertation presents concepts of valuation and mergers and acquisitions for the

study of the expansion of a retail company. Beginning with the concepts, a Microsoft

Excel based software is developed to be used as a tool for analysis of retail companies

and its expansion. The tool’s objective is to help a strategist to evaluate the financial and

economic impacts of his decisions and conditions that are beyond his control in a

project of expansion of the retail company. Furthermore, some expansion models to be

considered by the strategist in his analysis are discussed.

Keywords: company valuation, mergers & acquisitions, retail company.

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Sumário  

1. Introdução ................................................................................................................ 17

1.1. Tema de trabalho .............................................................................................. 17

1.2. Motivação do Trabalho..................................................................................... 17

1.3. Estrutura do Trabalho ....................................................................................... 18

2. A Empresa ............................................................................................................... 21

2.1. Vínculo com a empresa .................................................................................... 21

2.2. Atividades da empresa ...................................................................................... 21

3. O problema e objetivo do trabalho .......................................................................... 25

3.1. Definição e relevância do problema ................................................................. 25

3.2. Proposta de solução .......................................................................................... 28

3.3. Objetivo do Trabalho ........................................................................................ 29

4. Revisão .................................................................................................................... 33

4.1. A contabilidade ................................................................................................. 33

4.2. Contabilidade Tributária ................................................................................... 38

4.2.1. Tributos incidentes sobre o resultado de uma empresa comercial ............ 39

4.2.2. Tributos incidentes sobre o valor agregado .............................................. 40

4.2.3. Tributos incidentes sobre o faturamento ................................................... 41

4.3. Avaliação de Empresas..................................................................................... 42

4.3.1. Avaliação de valor de uma empresa.......................................................... 42

4.3.2. Avaliação de desepenho e saúde financeira .............................................. 43

4.4. Fusões e Aquisições ......................................................................................... 49

4.4.1. Incorporação .............................................................................................. 49

4.4.2. Fusão ......................................................................................................... 50

4.4.3. Motivos para fusão/incorporação .............................................................. 51

5. Estrutura do modelo de avaliação ............................................................................ 53

6. Metodologia de avaliação ........................................................................................ 57

6.1. Configurações e parâmetros iniciais do projeto ............................................... 58

6.2. Projeção do Demonstrativo de Resultado do Exercício ................................... 59

6.3. Projeção do Balanço Patrimonial ..................................................................... 64

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6.4. Montagem do Fluxo de Caixa .......................................................................... 71

6.5. Ajustes finais para a análise ............................................................................. 76

6.6. Fusão ou aquisição ........................................................................................... 77

6.7. Avaliação dos fluxos de caixa .......................................................................... 79

7. Modelos de expansão para a ECV ........................................................................... 83

7.1. Aquisição ou abertura de ECV ......................................................................... 84

7.2. Abertura ou aquisição de fornecedor ................................................................ 85

7.3. Abertura ou aquisição de exportador ................................................................ 85

8. Exemplo de funcionamento ..................................................................................... 87

9. Resultados ................................................................................................................ 97

10. Conclusão ............................................................................................................. 99

11. Oportunidades de melhoria ................................................................................ 101

Referências Bibliográficas ............................................................................................ 103

Anexos .......................................................................................................................... 105 

   

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Índice de Figuras  

Figura 1: As planilhas de avaliação possuem inúmeras planilhas. ................................. 22

Figura 2: Exemplo de planilha atualmente utilizada para a avaliação de empresas. ...... 23

Figura 3: Estrutura do Balanço Patrimonial .................................................................... 33

Figura 4: Exemplo de Balanço Patrimonial .................................................................... 34

Figura 5: Exemplo de Demonstrativo de Resultado do Exercício .................................. 36

Figura 6: Exemplo de Fluxo de Caixa............................................................................. 37

Figura 7: Ilustração do fluxo de caixa de uma empresa .................................................. 43

Figura 8: Fluxo geral de funcionamento do sistema de avaliação .................................. 56

Figura 9: Planilha InfoGeral com as configurações iniciais do projeto .......................... 58

Figura 10: Botões “Expandir” e “Esconder” para os groupos de contas da planilha de

cálculo ............................................................................................................................. 59

Figura 11: Exemplo de cálculo para a Receita Bruta ...................................................... 62

Figura 12: Exemplo de alteração da planilha de cálculos para a receita bruta ............... 63

Figura 13: Botões para controle dos imobilizados. ......................................................... 65

Figura 14: Janela de entrada de dados para compra de novo imobilizado ...................... 65

Figura 15: Detalhes das operações de compra de imobilizados ...................................... 66

Figura 16: Totais dos imobilizados ................................................................................. 68

Figura 17: Formulário para remoção de imobilizado ...................................................... 68

Figura 18: Exemplo de Aplicação financeira .................................................................. 70

Figura 19: Planilha “Operações” ..................................................................................... 71

Figura 20: Ajustes iniciais no fluxo de caixa .................................................................. 73

Figura 21: Ajustes da variação de contas do capital de giro ........................................... 74

Figura 22: Imposto de renda pago devido às operações ................................................. 74

Figura 23: Geração operacional de caixa ........................................................................ 74

Figura 24: Geração própria de caixa ............................................................................... 75

Figura 25: Entradas e saídas adicionais de caixa ............................................................ 76

Figura 26: Alerta para excedente/falta de caixa. ............................................................. 77

Figura 27: Configuração para os limites de caixa (planilha “Configurações”) .............. 77

Figura 28: Controles da planilha “Resultados” ............................................................... 79

Figura 30: Planilha “Valor” ............................................................................................ 80

Figura 29: Perpetuidade .................................................................................................. 80

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Figura 31: Caso geral da ECV ........................................................................................ 83

Figura 32: Aquisição ou abertura de ECV ...................................................................... 84

Figura 33: Abertura ou aquisição de fornecedor ............................................................. 85

Figura 34: Abertura ou aquisição de exportador ............................................................. 85

Figura 35: Dados históricos resumidos do DRE (Empresa 1) ........................................ 87

Figura 36: Dados históricos resumidos para o BP (Empresa 1) ..................................... 88

Figura 37: Indicadores para a projeção das contas de capital de giro ............................. 88

Figura 38: Formulário para criação de novo imobilizado ............................................... 89

Figura 39: Resultados da inclusão de imobilizados ........................................................ 89

Figura 40: Entrada de dados não-operacionais ............................................................... 90

Figura 41: DRE consolidado para Empresa 1 ................................................................. 90

Figura 42: BP consolidadado para Empresa 1 ................................................................ 90

Figura 43: Formulário para nova aplicação financeira ................................................... 91

Figura 44: Resultados das aplicações financeiras ........................................................... 91

Figura 45: Modificação do BP com as aplicações financeiras........................................ 92

Figura 46: Fluxo de caixa para Empresa 1 ...................................................................... 92

Figura 47: Tabela com índices de performance para Empresa 1 .................................... 93

Figura 48: DRE histórico e projetado para Empresa 2 ................................................... 93

Figura 49: BP histórico e projetado para Empresa 2 ...................................................... 94

Figura 50: Resultados da fusão (DRE) ........................................................................... 95

Figura 51: Resultados da fusão (BP)............................................................................... 95

   

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Índice de fórmulas

 

Fórmula 1: Fórmula para cálculo do valor presente ........................................................ 43

Fórmula 2: Retorno sobre patrimônio Líquido ............................................................... 43

Fórmula 3: Decomposição do RPL ................................................................................. 44

Fórmula 4: Retorno sobre ativos ..................................................................................... 44

Fórmula 5: Decomposição do ROA ................................................................................ 44

Fórmula 6: Margem líquida ............................................................................................ 44

Fórmula 7: Giro do ativo ................................................................................................. 44

Fórmula 8: Multiplicador de alavancagem ..................................................................... 45

Fórmula 9: Margem Bruta ............................................................................................... 45

Fórmula 10: Índice de despesa operacional .................................................................... 45

Fórmula 11: Margem Operacional .................................................................................. 45

Fórmula 12: Giro de estoques ......................................................................................... 46

Fórmula 13: Prazo médio de estocagem ......................................................................... 46

Fórmula 14: Giro das contas a receber ............................................................................ 46

Fórmula 15: Prazo médio de recebimento ...................................................................... 46

Fórmula 16: Giro das contas a pagar............................................................................... 46

Fórmula 17: Prazo médio de pagamento ......................................................................... 47

Fórmula 18: Giro do capital de giro ................................................................................ 47

Fórmula 19: Giro do ativo permanente ........................................................................... 47

Fórmula 20: Giro do ativo total ....................................................................................... 47

Fórmula 21: Liquidez corrente ........................................................................................ 48

Fórmula 22: Liquidez seca .............................................................................................. 48

Fórmula 23: Índice de liquidez de caixa ......................................................................... 48

Fórmula 24: Índice de fluxo de caixa operacional ......................................................... 48

Fórmula 25: Índice de endividamento geral.................................................................... 49

Fórmula 26: Índice dívida/PL ......................................................................................... 49

Fórmula 27: Índice líquido da relação dívida/PL ............................................................ 49

Fórmula 28: Fórmula para lucro bruto utilizando a taxa de markup ............................... 61

Fórmula 29: Fórmula para amortização .......................................................................... 67

Fórmula 30: Fluxo de caixa............................................................................................. 76

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Fórmula 31: Perpetuidade ............................................................................................... 80

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1. Introdução 

1.1. Tema de trabalho  

Muitas empresas são submetidas a provas de sobrevivência por mudanças

constantes nos cenário econômico, no mercado, nas tecnologias, entre outras não menos

importantes. Por essa razão, geralmente são estudadas opções de crescimento das

próprias atividades ou então da diversificação, tudo visando à redução do risco do

negócio e o aumento da lucratividade.

Desta forma é natural que surjam questões como: É melhor manter o tamanho do

atual investimento ou não? É melhor partir para outros negócios? Quais são os

resultados econômico-financeiros e o retorno do capital esperados para as diversas

opções de crescimento?

As decisões tomadas a partir desse questionamento são afetadas por inúmeros

fatores aos qual a empresa está exposta e que devem ser analisados cuidadosamente

pelos estrategistas da aplicação do capital. Toda essa análise, geralmente, toma muito

tempo devido não só à complexidade da relação entre os diversos fatores que influem no

negócio, mas também devido à diversidade de oportunidades disponíveis.

Essa dificuldade de análise cria um vasto campo para estudos e propostas de

melhoria para tornar o processo de avaliação de empresas mais rápido, confiável e

menos custoso.

O tema a ser desenvolvido neste trabalho originou-se da observação da

dificuldade dessas análises em uma empresa de consultoria especializada em avaliação

de empresas e novos negócios e pretende-se implementar o modelo aqui desenvolvido

junto a essa mesma consultoria.

 

1.2. Motivação do Trabalho 

Este trabalho de formatura é uma oportunidade de colocar em prática não só os

diversos conhecimentos adquiridos ao longo do curso de engenharia de produção

(avaliação de projetos, contabilidade, modelagem, análise operacional de empresas),

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como também, realizar pesquisa e aprofundamento em outros tópicos (contabilidade

avançada, tributação, fusões & aquisições, entre outros).

O curso de engenharia permitiu estudar os materiais e seu desempenho, as

máquinas e seu conjunto em linha de produção. Foi enfatizado o relacionamento entre

os homens e o conjunto de materiais e máquinas, que agrega valor, visando à melhoria

de desempenho desse conjunto produtivo. O meu interesse volta-se agora ao

desempenho do capital no conjunto de interação de homem-equipamento-materiais.

Esta parece ser uma oportunidade de analisar uma empresa sob o ponto de vista

do rendimento do capital aplicado, com o sistema de simulação que proponho

desenvolver. O modelo permitirá conhecer o efeito no rendimento do capital aplicado

com as diversas medidas administrativas de melhoria da produtividade seja nas

atividades de compra, seja na venda com o auxilio das ferramentas de marketing e

publicidade; assim como o efeito das medidas de melhoria operacional, de planejamento

tributário, entre outras decisões da administração.

Espera-se que com o desenvolvimento desse conhecimento, estarei com posição

para avaliar o valor financeiro da empresa. E com um pequeno complemento,

conhecerei o efeito de alocação de capital para a expansão de uma empresa.

Não tenho dúvidas que essa é uma oportunidade para conhecer a empresa sob o

ponto de vista da administração do capital na atividade produtiva, que parece ser muito

importante nesse momento de entrada na vida profissional.

1.3. Estrutura do Trabalho 

O capítulo 2 apresenta a empresa onde o trabalho foi desenvolvido, as condições

do trabalho e as atividades por ela realizadas.

No capítulo 3 busca-se definir um objetivo para o trabalho através da análise do

problema apresentado apresentando uma proposta de solução.

No capítulo 4 faz-se um levantamento bibliográfico dos principais assuntos e

conceitos abordados no trabalho com o intuito de prover um embasamento teórico para

o leitor.

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Os capítulos 5 e 6 apresentam a estrutura e as operações executadas pelo

software de simulação, de maneira a deixar claras as suas funções e a maneira de usá-lo.

No capítulo 7 discutem-se alguns modelos de expansão para a empresa de varejo

apresentando algumas opções de expansão para uma empresa de varejo e as vantagens e

desvantagens de cada uma.

O capítulo 8 exemplifica o funcionamento do software através de uma simulação

executada no software seguindo todas as etapas básicas de uma análise.

Por último, nos capítulos 9 e 10 descrevemos os resultados obtidos junto a

empresa e as conclusões finais do trabalho.

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2. A Empresa  

2.1. Vínculo com a empresa 

O presente trabalho teve como origem o acompanhamento das atividades de

avaliação econômico-financeira de empresas realizadas por uma consultoria

especializada com escritório localizado na cidade do Rio de Janeiro1 e composta de dois

sócios com experiência de mais de vinte anos em administração de empresas e

desenvolvimento e avaliação de projetos. O levantamento de dados foi feito durante as

quatro visitas realizadas no escritório da empresa, além de comunicação via internet (e-

mail, Skype e troca de arquivos). O autor não possui nenhum vínculo de estágio com a

empresa, mas foi possível acompanhar os processos de avaliação de negócios, além de

ter à disposição documentos e planilhas utilizadas no dia-a-dia do trabalho.

2.2. Atividades da empresa  

Além de desenvolver projetos próprios focando em novas oportunidades de

negócios, a empresa oferece serviços de consultoria para terceiros em diversos setores

(setores de serviços, industriais e de internet). Os estudos realizados pela empresa são

voltados a avaliação do retorno econômico-financeiro e de viabilidade de novos

negócios e projetos.

As avaliações feitas na empresa são divididas basicamente nas seguintes etapas:

1. Estudo da situação do mercado no qual o negócio atua;

2. Levantamento de dados técnicos e processos utilizados pela empresa;

3. Levantamento de dados econômicos e financeiros;

4. Construção de planilhas para projeções baseadas nos dados obtidos;

5. Avaliação de diferentes cenários para o negócio;

6. Apresentação dos dados ao cliente.

Atualmente as avaliações de novos negócios são feitas em planilhas Excel sem

uso de programação em VBA, ou seja, as planilhas são construídas apenas com as

                                                            1 Por decisão da empresa, o nome da empresa não será revelado.

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fórmulas fornecidas no programa. Devido a essa estruturação das planilhas de projeção

e avaliação, aumenta-se de forma desnecessária a complexidade para efetuar

determinados cálculos e simulações como, por exemplo, a automatização da decisão de

aplicação/financiamento de acordo com o excedente ou sobra de caixa na empresa

analisada. Outro exemplo de dificuldade é a avaliação de cenários. Há dificuldades

operacionais nas planilhas para determinados tipos de avaliação como a seleção do

melhor período para se comprar uma nova loja para que o financiamento necessário seja

o mínimo possível onde se deve fazer um deslocamento das demonstrações financeiras

no tempo. O uso de fórmulas no Excel para esses tipos de cálculo podem gerar

referências circulares que impedem seu uso de forma direta. Há muitas outras

dificuldades que poderiam ser citadas e que tornam o processo de avaliação mais

trabalhoso e demorado e que geram limitações para tornar o sistema de avaliação mais

robusto e eficiente.

A cada novo negócio avaliado, são criadas novas planilhas onde são incluídos

dados contábeis, caso existam. Uma das grandes dificuldades é o acompanhamento das

variáveis de análise e verificação de todos os pontos pertinentes à avaliação, já que,

como mostrado anteriormente, o número de variáveis é muito grande. A manipulação

das fórmulas para simulação de diferentes cenários é trabalhosa e confusa criando

dificuldade em se entender os cálculos que ficam dispersos entre inúmeras planilhas.

Para ilustrar o que foi dito, foi estudada uma planilha de avaliação de uma

empresa. O arquivo em Excel é composto de 51 planilhas (Figura 1 e Figura 2) em que

são distribuídos os cálculos relativos à avaliação.

 

Figura 1: As planilhas de avaliação possuem inúmeras planilhas.

 

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Figura 2: Exemplo de planilha atualmente utilizada para a avaliação de empresas.

Foi notado do estudo da planilha, um grande volume de dados disperso em diversas

planilhas. Para cada etapa de cálculo (custo das mercadorias, despesas administrativas,

impostos) há uma planilha específica que gera os resultados relativos àquela etapa e ao

final, os dados são consolidados em uma planilha central contendo as demonstrações

contábeis. Percebeu-se a complexidade da estruturação dos dados devido às limitações

criadas pelo uso de fórmulas como foi discutido acima.

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3. O problema e objetivo do trabalho

3.1. Definição e relevância do problema  

Ao analisar a expansão de uma empresa comercial varejista (ECV), o

estrategista deve estar atento aos diversos fatores, sejam eles endógenos ou exógenos

que atuam sobre sua empresa e às conseqüências de suas decisões sobre o resultado

final das operações.

Citamos como alguns dos fatores exógenos:

• Cenário econômico: variáveis importantes como taxas de juros, inflação,

taxa de câmbio e crescimento da economia afetam diretamente os resultados

financeiros da ECV.

• Mercado: as condições de mercado como a demanda e a concorrência podem

mudar de tempos em tempos, afetando as decisões administrativas da

empresa e moldam as estratégias de expansão a serem adotadas.

• Tecnologias: as tecnologias podem ser atualizadas, criando oportunidades de

melhoria na eficiência operacional e corte de custos.

• Tributação: Altas taxas de tributação podem impactar significativamente a

rentabilidade do capital investido e nesse caso é relevante considerá-la

durante a análise de empresas.

Como exemplos de fatores endógenos, temos:

• Custos operacionais: os custos do serviço e de mercadorias são importantes

para definição dos preços finais de revenda.

• Marketing: As propagandas que a empresa faz podem alterar o nível de

vendas e pode exigir um aumento da capacidade de atendimento da

demanda.

• Despesas não operacionais: As despesas administrativas, comerciais e

financeiras diminuem a margem de lucro da empresas.

• Capital de giro: Investimento no capital de giro para estoques, caixa e

fornecedores.

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• Nível de alavancagem financeira: podem trazer um aumento da

rentabilidade, mas o estrategista deve avaliar o custo dos financiamentos.

Como se não bastasse o grande número de variáveis, ainda encontram-se outras

dificuldades e que tornam a análise ainda mais complexa. Abaixo, exemplificamos

algumas decisões que a princípio parecem ter conseqüências triviais, mas que na prática

não são tão simples de serem analisadas.

1. Aumento de vendas decorrente de aumento da publicidade. O resultado não é

trivial, pois teremos que verificar a logística de abastecimento desses produtos, a

viabilidade do fornecedor atender o aumento da demanda, a possibilidade da

empresa suportar o aumento do capital de giro entre outras avaliações;

2. Redução dos custos operacionais com gasto de capital aplicado numa proposta

de melhoria da produtividade. Esta medida que é lógica e que deveria ser aceita

pela administração, assim mesmo tem que passar por um crivo de análise. Ela

pode ser rejeitada se depender de obtenção de novos recursos para financiar

gastos de capital adicional das modificações das instalações e da aquisição de

tecnologia, sacrificando os limites de financiamento do capital de giro. Em

suma, essa medida não pode acabar com a linha de financiamento de bens

responsáveis pela geração própria de caixa da empresa;

3. A acolhida de novo fornecedor que ofereça menor custo, mas que em

compensação não tem prazo maior que o financiamento oferecido pelos

fornecedores atuais. Essa decisão administrativa de melhoria do resultado

econômico por menor custo pode em certos casos ser inviabilizada se houver

necessidade de aumento de financiamento junto às instituições financeiras.

Ainda há inúmeros casos que poderiam ser citados. Estar atento a cada uma

dessas decisões e suas conseqüências para então consolidá-las requer grande atenção

por parte do estrategista e pode ser uma tarefa extremamente trabalhosa, principalmente

quando se trabalha com uma diversidade de cenários a serem considerados e testados.

Ao analisar possibilidades de expansão para a ECV, há a opção de se realizar

fusões, aquisições ou incorporações (F&A) com ECVs concorrentes ou outras empresas

do mesmo setor. Essas operações podem trazer alguns benefícios como, por exemplo,

obter o negócio já em andamento, mas ainda assim, exigem atenção e não diminuem o

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27  

esforço de análise, que deve deixar bem claro como essa operação vai colaborar para os

objetivos estratégicos da empresa.

Operações de F&A começaram a ganhar força na década de 90 em todo o

mundo e desde então o movimento não parou mais. Entre os períodos de 1988 e 2000,

operações de F&A já envolveram mais de 25 mil empresas em mais de 53 países2

(GUARITA, Sérgio Antônio D., 2002).

Embora tenha ocorrido um alto número de operações de F&A, estudos feitos por

consultorias mostram um elevado índice de insucesso. De acordo com a McKinsey,

74% delas não geram valor ao acionista, enquanto que para a KPMG, o índice de

insucesso é de 83% 3(HARRIS, Roy, 2002). Os motivos apontados para esse alto índice

de insucesso variam muito e vão desde choques culturais a erros de valuation4. Harbir

Singh, professor de Gestão de Wharton e especialista em F&A cita como fatores críticos

de sucesso, a objetividade e a “perspectiva realista” por parte dos executivos que podem

“se apaixonar” pela aquisição e querer que elas funcionem de qualquer forma.

Esse tipo de comportamento também é apontado pelo “Guia Ernst & Young para

a administração de fusões e aquisições” como causa de problemas e atenta para que a

análise das operações seja feita com base em critérios bem definidos (em acordo com os

objetivos estratégicos) e que sejam mensuráveis. Esses objetivos podem ser: risco

menor, aumento de produtividade operacional, redução dos riscos da concorrência

externa, diminuição dos custos pelo poder de compra que será feita numa escala maior,

e benefícios de integração tecnológica.

Resumidamente, qualquer estrategista de depara com os seguintes problemas ao

fazer a análise e o projeto de uma operação de expansão:

1. Grande quantidade de fatores endógenos e exógenos a serem

considerados no processo de avaliação;

2. Decisões simples podem gerar conseqüências não triviais que podem ser

desconsideradas pelo estrategista e trazer resultados negativos

indesejados;

                                                            2 Fusões e aquisições no Brasil: evolução do processo (GUARITA, Sérgio Antônio D., 2002) 3 A Lesson Before Buying (HARRIS, Roy, 2002) 4 Termo comumente utilizado no mercado financeiro que se refere a determinação do valor de um ativo.

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3. Necessidade de se testar diversos cenários diferentes de expansão e que

multiplica o trabalho de análise a ser realizado;

4. Falta de objetividade e clareza dos critérios a serem perseguidos durante

a análise de expansão.

3.2. Proposta de solução  

A empresa de consultoria busca na proposta de solução a diminuição do tempo

de análise, evitar que o estrategista deixe de considerar detalhes e resultados da

análise que está sendo feita. Além disso, é importante que a solução seja flexível para

que possa ser expandida e melhorada à medida que surjam demandas por novas funções

e as existentes possam ser melhoradas.

A princípio foram consideradas duas possibilidades de solução que atendessem

às demandas da empresa: a implantação de um sistema já pronto que efetuasse esse tipo

de análise, a qual a empresa está buscando e a criação de um novo sistema de análises.

A fim de fundamentar a decisão, foram entrevistados três analistas de empresas:

um analista pleno de fusões e aquisições de um banco de investimentos internacional

com operações no Brasil; um analista de empresas brasileiras de um hedge fund

especializado em mercados emergentes; e um analista americano de private equity

atuando no mesmo hedge fund e focado no estudo de empresa estrangeiras. Nessas

entrevistas, buscou-se fazer um levantamento não só das ferramentas utilizadas na

avaliação de empresas e F&A, mas também das facilidades e dificuldades no uso dessas

ferramentas.

Em seus estudos de empresas, os três analistas disseram sempre utilizar o

Microsoft Excel para cálculos. Nenhum deles utilizou outros softwares para suas

avaliações. Além disso, suas principais fontes de informação são as demonstrações

contábeis das empresas avaliadas, relatórios de outros analistas sobre empresa em

questão e jornais de economia e finanças.

Como justificativas da escolha do Microsoft Excel, foram apontadas:

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1. Facilidade de uso;

2. Fácil integração entre os cálculos realizados na planilha;

3. Possibilidade de personalização da interface e dos cálculos, que muitas vezes são

específicos para cada avaliação;

4. É software padrão para análise de empresas e de ampla utilização;

5. Pode ser utilizado por qualquer indivíduo que possua o Excel (padrão adotado na

maioria dos bancos, empresas e consultorias).

Algumas das dificuldades apontadas foram:

1. Desorganização dos dados por falta de padronização;

2. Repetição de algumas tarefas que são comuns às avaliações.

Buscou-se como exemplo de sistema pronto o Economática que faz avaliações

de empresas através da projeção de indicadores e hipóteses assumidas para encontrar

fluxos de caixa futuros esperados e trazê-los a valor presente. Ao final da análise, o

sistema da Economática indica um valor alvo para as ações da empresa. Esse tipo

software foi descartado pela consultoria devido a limitações nos cálculos realizados

(falta de flexibilidade) e por não atender suas necessidades como a análise de fusões e

aquisições.

Pode-se notar através das entrevistas que o Excel é a principal ferramenta

utilizada pelos três analistas, sendo que nenhum deles utiliza outros softwares de

avaliação. Apesar disso, citam alguns pontos que poderiam ser melhorados na utilização

do Excel a fim de melhorar sua organização e produtividade.

3.3. Objetivo do Trabalho 

A partir das constatações feitas sobre a dificuldade de se fazer avaliações de

empresas seja ela para fins gerencias ou de análise de valor, percebemos a demanda por

uma forma de minimizar os riscos aos quais o estrategista se depara quando deve tomar

decisões sobre como expandir um negócio, gerando retorno financeiro.

Dessa forma, os objetivos do desse trabalho são:

1. Elaborar um software piloto que sirva como um instrumento de

simulação computacional baseado no software Microsoft Excel que

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aplique os conceitos de contabilidade, avaliação de investimentos e

avaliação de empresa para auxiliar o estrategista no processo de

tomada de decisões sobre a expansão de uma ECV, focando os

aspectos estratégicos e econômico-financeiro-patrimoniais.

2. Estudar algumas opções de expansão disponíveis à ECV, como a

expansão para mercados no exterior, abertura ou aquisição de novas

ECVs e a abertura ou aquisição de atacadistas.

É razoável de se supor que esse instrumento seja uma das principais ferramentas

do estrategista e o auxilie em tarefa principal que é a administração do capital e do risco

envolvido. O instrumento é um modelo de simulação que quantifica o resultado das

ações dos diversos fatores exógenos e endógenos que atuam na ECV.

Esse estrategista pode ser o acionista majoritário ou minoritário, o banco

financiador, fornecedores, consultores para fusões, incorporações e aquisições (F&A) de

empresas, analista de mercado financeiro5 e por último e não menos importante

estrategista, pode ser o administrador da empresa.

O modelo computacional ajuda a administrar o capital na medida em que

consolida na forma das demonstrações contábeis6 o resultado econômico e financeiro

fornecendo o valor econômico da empresa para cada cenário com fatores exógenos e

endógenos atuando de diferentes formas na empresa.

A escolha das demonstrações contábeis como forma de apresentação dos

resultados dos estudos decorre do fato de que esses relatórios são usualmente utilizados

pelos administradores e profissionais de mercado para analisar uma empresa. Eles são

escolhidos porque dão as informações necessárias e suficientes para avaliar o que

interessa, ou seja, o resultado econômico-financeiro, o valor da empresa e o risco

envolvido. Como será notado, em todo o texto faremos referências aos termos das

demonstrações contábeis de uma ECV, que são diferentes daqueles de uma empresa

holding, de uma empresa industrial ou de uma empresa de serviços. Obviamente,

mantemos os princípios e normas da teoria contábil e que se aplicam a qualquer tipo de

empresa.

                                                            5 Caso a ECV tenha ações negociadas na bolsa de valores ou esteja em fase de abertura de capital. 6 Balanço Patrimonial (BP), Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE) e Fluxo de Caixa (FC).

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Esse modelo de simulação consiste em empregar técnicas de programação de

software com o propósito de reproduzir um processo ou operação do mundo real

impossível de ser reproduzida com a própria ECV por terem resultados imprevisíveis.

O modelo ajuda também o estrategista a avaliar o risco os riscos das operações

de expansão. Da mesma forma que o utiliza para analisar o desempenho da sua própria

ECV ele pode utilizá-lo para avaliar outras empresas do setor, sejam elas ECVs

concorrentes ou fornecedores. Com o conhecimento de desempenho das empresas do

setor, o modelo de simulação ajuda a avaliar as melhores formas de expansão da ECV,

tais como abertura de novas lojas, fusão, incorporação ou aquisição (F&A) de

concorrentes.

Através das demonstrações contábeis o modelo mostra o efeito da atuação dos

diversos fatores que atuam nas F&A. Desta forma ele permite que o estrategista teste

diversas ações e escolha a melhor diante de diversos cenários adversos ou favoráveis.

Como conseqüência ajuda a evitar os altos riscos de insucesso dessas operações tal

como se constata em diversos estudos.

O funcionamento do sistema de simulação será baseado na interação constante

entre o estrategista e o sistema, com o objetivo de obter os resultados das operações de

expansão, a identificar problemas, a avaliar diferentes alternativas e agregar

informações na medida em que forem sendo obtidas durante a análise da expansão.

É importante ressaltar que o software não tem como objetivo encontrar,

automaticamente, a melhor opção de expansão. Ele auxiliará o estrategista a consolidar

os diversos fatores que influenciarão no resultado final como expectativas futuras e

possíveis decisões a serem tomadas. Além disso, ajudará o estrategista a identificar os

fatores aos quais os resultados são mais sensíveis e assim indicará as prioridades que a

administração do processo deverá ter na implementação do projeto de expansão.

Resumidamente, o intuito do trabalho é elaborar modelos de avaliação de

expansão de uma ECV e construir um sistema-piloto que servirá como base para o

funcionamento do sistema de análise e que deverá sofrer diversas alterações posteriores

com a inclusão de funções e análises.

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4. Revisão bibliográfica  

  Nessa seção do trabalho, faremos um breve levantamento dos principais

conceitos envolvidos para a resolução do problema apresentado: contabilidade,

tributação, avaliação de empresas e fusões e aquisições.

4.1. A contabilidade

Conhecer a contabilidade é essencial quando o assunto é a administração ou a

avaliação de uma empresa, pois pode ser considerado um sistema de informação cuja

finalidade é prover informações para a tomada de decisão. Por ser extremamente

importante, faz-se aqui uma revisão de alguns conceitos contábeis, através da

apresentação das principais demonstrações financeiras, que serão importantes para a

elaboração deste trabalho.

A primeira importante demonstração contábil é o balanço patrimonial. O

balanço patrimonial é uma demonstração contábil estática que mostra a situação da

empresa em um determinado momento no tempo. Ele permite ao estrategista saber de

que forma estão alocados seus recursos, ou seja, seus ativos, e conhecer também as

fontes desses recursos, que podem se originar de instituições financeiras, fornecedores,

investidores e outros credores, e que compõe o passivo da ECV.

O balanço patrimonial é divido em dois grandes grupos: o grupo dos ativos e o

grupo dos passivos. Veja a Figura 3.

Ativo Passivo

Ativo Circulante Passivo Circulante

Realizável a Longo Prazo

Exigível a Longo Prazo

Ativo Permanente Patrimônio Líquido

Figura 3: Estrutura do Balanço Patrimonial

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O grupo dos ativos é constituído de bens e direitos organizados de acordo com a

sua liquidez, ou seja, a capacidade de se transformarem em dinheiro rapidamente. Na

parte de cima temos os ativos mais líquidos (ativo circulante), seguidos de ativos de

menor liquidez (realizável a longo prazo) e por fim os ativos de vida longa (ativo

permanente).

Já o grupo dos passivos é constituído de deveres e obrigações, que são

organizados de acordo com seus prazos de vencimento. Esse grupo inicia-se pelas

obrigações de curto prazo (passivo circulante), seguidos das obrigações de longo prazo

(exigível a longo prazo). Esses dois subgrupos também são chamados de recursos de

terceiros. O último subgrupo do passivo é o patrimônio líquido, que são obrigações com

os donos da empresa e são não-exigíveis, já que são recursos próprios.

De forma mais detalhada, ele é importante para mostrar quanto do seu capital e

de terceiros estão em caixa, contas a receber, estoques, créditos diversos, investimentos,

participações permanentes em outras sociedades e ativos imobilizados (ativos). Da

mesma forma o estrategista pode identificar a estrutura de financiamento (passivos):

empréstimos e financiamentos, debêntures, fornecedores, outras obrigações, provisões,

resultados de exercício futuro e patrimônio líquido que compõe o capital próprio.

Veja um exemplo de balanço patrimonial abaixo (Figura 4).

Exemplo de Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante Passivo Circulante Caixa Empréstimos e financiamentos Clientes Debêntures Contas a receber Fornecedores Investimentos temporários Obrigações fiscais Estoques Outras obrigações Ativos Especiais Provisões

Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo exigível a longo prazo Créditos e valores Empréstimos e financiamentos Investimentos temporários de longo prazo Debêntures Despesas antecipadas Provisões

Ativo Permanente Resultados de exercícios futuros Investimentos Patrimônio líquido

Participações permanentes em outras Capital Social Outros investimentos permanentes Reservas de capital

Ativo imobilizado Reservas de reavaliação Bens em operação Reservas de lucros Depreciação, amortização e acumulada Lucros ou prejuízos acumulados Imobilizado em andamento

Ativo Diferido

Figura 4: Exemplo de Balanço Patrimonial

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A segunda importante demonstração contábil é o demonstrativo de resultado

do exercício. Esse demonstrativo é referente a um determinado período e a ele são

transferidas todas as receitas e despesas incorridas sobre a empresa nesse período.

Através dele, o estrategista pode ter a visão clara do lucro de um período da atividade

da ECV. Por esse demonstrativo ele também tem a possibilidade de acompanhar o lucro

operacional e a distribuição dos resultados para os empregados, administradores, partes

beneficiárias e instituições etc.

Do DRE podemos medir o lucro bruto, resultado da receita bruta deduzida dos

custos das vendas; o lucro operacional, resultado do lucro bruto deduzido das despesas

operacionais de venda, administrativas e do resultado financeiro líquido; lucro líquido,

resultado do lucro operacional ao qual se adiciona ou subtrai dependendo do caso, os

ganhos e perdas em itens monetários, os resultados não-operacionais, o imposto sobre a

renda, a contribuição social, as participações e as diversas partes beneficiárias

anteriormente discriminadas (Ver Figura 5).

Com DRE e o BP pode-se medir o resultado das atividades em relação ao

conjunto de ativos e passivos que a ECV está operando. O resultado operacional deve

ser compatível com os itens do BP que estão sendo disponibilizados a ECV.

Apesar do demonstrativo de resultado e do balanço patrimonial oferecerem

diversos parâmetros de aferição do desempenho da administração, eles ainda assim não

são suficientes. Necessitamos de uma terceiras demonstração contábil: o fluxo de caixa.

Este pode ser obtido utilizando a variação das contas do balanço patrimonial.

O fluxo de caixa é importante por que mostra a defasagem das entradas e

saídas dos recursos do caixa. Ele complementa o DRE que não mostra isso. O fluxo de

caixa mostra ao estrategista a quantidade de recursos que ele precisa aplicar em ativos

permanentes (o imóvel, as instalações, transporte, no caso das empresas comerciais) e

no giro (disponibilidade de caixa, capital para financiar clientes, capital para manter os

estoques, também itens importantes de empresas comerciais) para a ECV operar no

mercado. Com esse montante definido, o estrategista terá que buscar fontes de

financiamento de terceiros ou próprio. Todo esse cálculo é visto no relatório de fluxo de

caixa cujas rubricas estão na Figura 6.

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Exemplo de Demonstrativo de Resultado do Exercício RECEITA BRUTA (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

(-) Vendas canceladas ou devolvidas (-) Abatimentos (-) Descontos comerciais (-) IPI (-) ICMS (-) ISS

(=) RECEITA LÍQUIDA (-) DEDUÇÕES DA RECEITA LÍQUIDA

(-) Custo das mercadorias para revenda (-) Custo dos serviços prestados

(=) LUCRO BRUTO (OU PREJUÍZO) (-) DESPESAS OPERACIONAIS

(-) Despesas operacionais (-) Despesas de vendas (-) Depreciação (-) Despesas administrativas (-) Encargos financeiros líquidos (-) Outras despesas ou receitas operacionais

(=) RESULTADO OPERACIONAL (+/-) RESULTADO NÃO OPERACIONAL

(+) Receitas não operacionais (-) Despesas não operacionais (+/-) Outras receitas e despesas não operacionais

(=) RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA (-) PROVISÃO PARA O IMPORTO DE RENDA (=) RESULTADO DEPOIS DO IMPOSTO DE RENDA (-) PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES

(-) Participações de debêntures (-) Participações de empregados e/ou administração (-) Participações de partes beneficiárias (-) Contribuições e doações

(=) LUCRO LÍQUIDO (OU PREJUÍZO)

Figura 5: Exemplo de Demonstrativo de Resultado do Exercício

Cabe aqui uma observação importante sobre a diferença entre o resultado

econômico (medido pelo DRE) e o resultado financeiro de uma empresa (medido pelo

FC), que são muitas vezes confundidos.

O lucro de uma empresa pode ser definido como a diferença entre a receita de

vendas obtida e os gastos incorridos para sua obtenção. Esse é o resultado econômico da

empresa.

O caixa por sua vez mostra o que a empresa efetivamente recebeu através de

suas atividades, o que é definido como resultado financeiro.

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Exemplo de Fluxo de Caixa

LUCRO OPERACIONAL (+) Depreciação (+) Amortização (+/-) Resultado de equivalência patrimonial (+/-) Variação de algumas contas de capital de giro (-) Imposto de renda pago devido às operações (=) GERAÇÃO OPERACIONAL DE CAIXA (+/-) Resultado financeiro (-) Imposto de renda pago devido às operações financeiras (=) GERAÇÃO PRÓPRIA DE CAIXA (+) ENTRADAS ADICIONAIS DE CAIXA

(+) Aumento de Capital (+) Resgate de aplicação em títulos e valores mobiliários (+) Novos financiamentos (+) Financiamento de capital de giro (+) Venda de Imobilizado

(-) SAÍDAS ADICIONAIS DE CAIXA (-) Pagamento de dividendos (-) Aplicação em títulos e valores imobiliários (-) Gasto de capital em ativo imobilizado (-) Amortização de financiamento de longo prazo

(=) FLUXO DE CAIXA

Figura 6: Exemplo de Fluxo de Caixa

Ambos os resultados podem diferir um do outro e é o que geralmente ocorre nas

empresas. Essa diferença de resultado econômico e financeiro pode acontecer, por

exemplo, quando não se recebe o pagamento de uma venda realizada. A falta de

pagamento pode ocorrer por inadimplência, atrasos ou vendas feitas a prazo.

Dessa forma, pode ocorrer da empresa mostrar um lucro grande, mas tem sua

situação financeira comprometido por não ter recebido os valores relativos às vendas

efetuadas. Daí a importância do fluxo de caixa para mostrar como estão os resultados

financeiros da empresa.

A falta de entendimento dessa diferença e dos fluxos de recursos pode ser a

causa de uma falência ou de dificuldades financeiras das empresas.

Resumindo, temos três demonstrações contábeis importantes com as quais

iremos trabalhar para a avaliação de uma ECV:

• Balanço Patrimonial: responsável por mostrar de que forma estão

alocados os recursos da empresa e de que forma esses recursos estão

sendo financiados (estrutura de financiamento).

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• Demonstrativo de Resultado do Exercício: que mostra as receitas e

despesas de um determinado período, colaborando para a avaliação da

situação econômica da empresa e da medição de sua lucratividade.

• Fluxo de caixa: mostra como estão as defasagens das entradas e saídas

de recursos do caixa, sendo importante para avaliar a situação financeira

da empresa.

Percebemos a grande importância da contabilidade para a administração de uma

empresa. Além de possibilitar o acompanhamento da evolução das diversas contas e

resultados econômico-financeiros, podemos extrair dessas demonstrações financeiras,

diversos índices que podem ser acompanhados ao longo do tempo para verificar o

desempenho da gestão da empresa. Esses índices serão mostrados e discutidos mais

adiante quando for discutida a avaliação da empresa.

A seguir veremos que a importância da contabilidade não é só essa. As

demonstrações financeiras são as bases para o cálculo dos tributos e que têm um

elevado impacto sobre os resultados das empresas.

4.2. Contabilidade Tributária

Comparando-se a carga tributária brasileira com a de outros países da América

Latina, o Brasil possui a maior carga tributária, pois nesses países a carga tributária não

chega a 25% do PIB, enquanto que no Brasil já ultrapassa 35% do PIB (OLIVEIRA,

Gustavo Pedro, 2005). A tabela a seguir mostra a evolução da arrecadação nos últimos

anos.

Tabela 1: Evolução da Carga Tributária Bruta brasileira (Fonte: Secretária da Receita Federal)

Ano %PIB 2001 34,01% 2002 35,61% 2003 34,92% 2004 35,88% 2005 37,37%

Não é de se estranhar que a elevada tributação seja responsável pelo fechamento

de muitas empresas no Brasil. Esse fato aumenta ainda mais a importância de um

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planejamento tributário adequado que vise o estudo dos impactos dos impostos sobre as

operações de empresas e quando possível, sua diminuição.

“Como ciência, a Contabilidade tem como finalidade orientar e registrar os fatos

administrativos das entidades, permitindo o controle patrimonial e as mutações

ocorridas em um determinado período, exercendo, portanto, grande importância na

questão ora apresentada, e deve ser um instrumento essencial para a elaboração de um

planejamento tributário eficaz.”7

Os principais tributos de pessoas jurídicas incidem sobre o resultado, o valor

agregado e sobre seu faturamento, como se verá mais adiante. Nota-se que as

demonstrações contábeis fornecem a base de cálculo para esses impostos.

A tributação se utiliza de alguns conceitos básicos para se calcular o montante

de imposto a ser pago. São eles:

Fato gerador: fato gerador ou fato imponível é a concretização da hipótese de

incidência tributária prevista em abstrato na lei, que gera a obrigação de pagar

tributo.

Alíquota: é um fator definido por lei que é aplicado sobre a base de cálculo para

determinar o montante de imposto a ser pago.

Base de cálculo: é o valor fixado em lei, sobre o qual se aplica uma alíquota para

determinar o montante devido de imposto.

4.2.1. Tributos incidentes sobre o resultado de uma empresa comercial

4.2.1.1. Imposto de Renda (IR) 

De acordo o Regulamento do Imposto de Renda (decreto n˚ 3.000/99), a base de

cálculo do IRPJ será determinada pelo lucro real, presumido ou arbitrado. Este deve ser

apurado trimestralmente (31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro).

A alíquota de imposto de renda é de 15% sobre o lucro (real, presumido ou

arbitrado). Soma-se a isso uma alíquota adicional que incide sobre a parcela da base de

                                                            7 BORGES, António; RODRIGUES, Azevedo; RODRIGUES, Rogério. Elementos de contabilidade geral. 16 ed. Lisboa; Áreas Editora, 1998 (pág 184 do livro contabilidade tributária)

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cálculo que exceder ao resultado da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número de

meses do respectivo período de apuração.

O Art. 249 do RIR/2004 determina os valores que obrigatoriamente devem ser

incluídos no cálculo do lucro líquido do exercício.

4.2.1.2. Contribuição Social Sobre o Lucro (CSLL) 

A contribuição social sobre o lucro foi instituída pela Lei n˚ 7.689/88. É apurada

trimestralmente (31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro) antes da

provisão de IR e com ajustes definidas na legislação. Incide sobre esse valor, a alíquota

de 9%.

Caso a empresa tenha apurado lucros negativos em períodos anteriores, pode-se

compensar o imposto atual desde que essa compensação não diminua em mais de 30% a

base de cálculo atual.

4.2.2. Tributos incidentes sobre o valor agregado

4.2.2.1. Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) 

A cada Estado brasileiro foi atribuída a competência para administrar a

arrecadação do ICMS (seguindo normas gerais da Lei Complementar ou Lei Kandir

n˚87/96).

Os fatos geradores que determinam a base de cálculo é, de maneira geral, a

transmissão de mercadorias a terceiros ou a prestação de serviços. Pelo fato de cada

Estado possuir autonomia para determinar de que forma é feita a cobrança de ICMS, as

alíquotas variam de Estado para Estado.

O ICMS é regido pelo princípio da não-cumulatividade, ou seja, o imposto

devido é compensado pelo que já foi pago relativo às operações de circulação de

mercadoria ou prestação de serviços anteriores.

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4.2.3. Tributos incidentes sobre o faturamento 

4.2.3.1. Programa de Integração Social e ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) 

O PIS/PASEP tem como base de cálculo o faturamento bruto, independente da

atividade exercida pela empresa, deduzidas de alguns itens previstos em lei (ver

Tabela 2). A alíquota de imposto é de 1,65% sobre o faturamento mensal.

Tabela 2: Deduções da base de cálculo do PIS e COFINS (Retirado de SOUZA, Acilon Batista de, Contabilidade de Empresas Comerciais)

Deduções da base de cálculo do PIS e COFINS Imposto sobre produtos industrializados Vendas canceladas Descontos incondicionais ICMS retido mediante substituição tributária Reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perdas Receita proveniente da venda de itens do ativo permanente Receita proveniente de exportações, entre outras

4.2.3.2. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)  

A base de cálculo para a COFINS é o faturamento mensal descontando alguns

itens no cálculo desse faturamento (ver

Tabela 2), conforme estabelecido na Lei n˚ 10.833/2003.

A alíquota geral para a COFINS é de 3%. A partir de 1˚ de fevereiro de 2004,

acabou a cumulatividade da COFINS para empresas que optaram pelo lucro real e a

alíquota será de 7,6%.

Pode-se notar que há inúmeros impostos com impacto significativo sobre o

resultado da empresa. Por esse motivo que se torna necessário um planejamento

tributário adequado e constante, buscando sempre uma forma de se diminuir o impacto

dos impostos. Fazendo uso de alguns conceitos de contabilidade tributária, o modelo

permitirá que o estrategista verifique os efeitos da tributação sobre o resultado da

empresa.

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42  

4.3. Avaliação de Empresas  

A avaliação de empresas é hoje muito utilizada em diversos setores para os mais

diversos fins. Para citar alguns temos as áreas de pesquisa de bancos que usam o

valuation para determinar o preço-alvo de ações de empresas negociadas em bolsa,

compará-los com a cotação atual e dar recomendações de compra ou venda para

clientes; áreas de fusão e aquisição que precisam chegar a um valor justo para a

negociação de uma empresa; áreas de crédito que procuram descobrir se a geração de

caixa do negócio vai ser suficiente para que a empresa pague suas dívidas e estabelecer

limites de crédito; avaliação econômico-financeira para novos negócios e verificar sua

viabilidade; e avaliação de desempenho para fins gerenciais.

Podemos separar a avaliação de empresas em dois tipos principais: a avaliação

do valor de uma empresa e a avaliação de sua saúde financeira através do

acompanhamento de indicadores.

4.3.1. Avaliação de valor de uma empresa  

Um dos métodos mais utilizados para avaliação financeira de empresas (e que

deverá ser utilizado no sistema de avaliação) é o fluxo de caixa descontado, que consiste

em projetar os fluxos de entrada e saída de recursos futuros e trazê-los a valor presente

por uma taxa de desconto.

Os fluxos de caixa são projetados com base em premissas e expectativas futuras

para economia, decisões administrativas, comportamento das vendas etc.

Como há inúmeros pontos a serem considerados e verificados para se fazer uma

projeção coerente, o processo de avaliação se torna trabalhoso e propício a erros. Por

esse motivo o sistema se torna uma ferramenta útil, já que pode ajudar a identificar

valores e considerações absurdas ou que tragam problemas na avaliação, alertando o

usuário para que reveja as premissas ou valores utilizados.

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43  

1 1 1   1 , 

Fórmula 1: Fórmula para cálculo do valor presente

Onde,

= Valor presente

= Fluxo de caixa do enésimo período

= taxa de desconto

4.3.2. Avaliação de desepenho e saúde financeira  

Através das demonstrações contábeis, podem-se avaliar mais de perto as

operações da empresa e identificar a evolução ao longo do tempo de indicadores, como

os que já foram apresentados anteriormente.

1. INDICADORES DE LUCRATIVIDADE

1.1. Retorno sobre patrimônio líquido (RPL)

O RPL indica o quão bem os gestores vêm empregando os recursos

investimentos pelos acionistas, medindo o retorno para cada unidade monetária

investida na empresa.

   í

ô   í

Fórmula 2: Retorno sobre patrimônio Líquido

O retorno sobre o patrimônio líquido sofre influência de dois fatores que são os

lucros gerados pelos ativos (retorno sobre ativos) e o nível de alavancagem

financeira, ou seja, a proporação entre os ativos totais em relação aos

iPV

Figura 7: Ilustração do fluxo de caixa de uma empresa

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44  

investimentos feitos pelos acionistas. Podemos então decompor o RPL da

seguinte forma:

     

Fórmula 3: Decomposição do RPL

1.2. Retorno sobre ativos (ROA)

O Retorno sobre ativos indica o quanto de lucro a empresa consegue extrair para

cada unidade monetária investida.

   í

Fórmula 4: Retorno sobre ativos

Podemos decompor o ROA através da seguinte forma:

    í    

Fórmula 5: Decomposição do ROA

1.3. Margem líquida

A margem líquida indica o quanto de lucro a empresa consegue extrair de cada

unidade de receita que foi gerada.

  í    í

Fórmula 6: Margem líquida

1.4. Giro do ativo

O giro dos ativos indica o volume de receita que a empresa consegue extrair de

cada unidade de investimento nos ativos.

   

Fórmula 7: Giro do ativo

 

 

1.5. Multiplicador de alavancagem

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45  

O multiplicador de alavancagem financeira indica quanto de investimento a

empresa consegue empregar para cada unidade monetária empregada pelos

acionistas.

   ô   í

Fórmula 8: Multiplicador de alavancagem

1.6. Margem bruta

Indica a extensão em que as receitas excedem os custos associados as receitas.

O indicador é influenciado pelo prêmio cobrado pelos produtos ou serviços e a

eficiência dos processos de compra e produção.

  

Fórmula 9: Margem Bruta

1.7. Índice de despesa operacional

Indica o custo operacional para cada unidade de receita gerada.

      

Fórmula 10: Índice de despesa operacional

1.8. Margem Operacional

Indica o quanto de lucro, antes das decisões financeiras e de investimento, a

empresa está sendo capaz de extrair para cada unidade de receita gerada.

  

Fórmula 11: Margem Operacional

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46  

2. ÍNDICES DE EFICIÊNCIA DOS INVESTIMENTOS DE CURTO PRAZO

2.1. Giro do estoque

Mede a eficiência na gestão de estoque pela empresa. Maior giro se traduz em

maior rendimento do capital investido no estoque.

        

  é

Fórmula 12: Giro de estoques

 

2.2. Prazo médio de estocagem

É o tempo médio (em dias) entre aquisição dos produtos até sua venda.

  é    365

   

Fórmula 13: Prazo médio de estocagem

2.3. Giro das contas a receber

Indica quantas vezes a empresa gira, em média, a contas a receber em um

determindo período.

              é

Fórmula 14: Giro das contas a receber

2.4. Prazo médio de recebimento

É o prazo médio de recebimento do valor das vendas pela empresa.

  é    365

       

Fórmula 15: Prazo médio de recebimento

2.5. Giro das contas a pagar

Indica quantas vezes a empresa gira, em média, as contas a pagar.

        

      é

Fórmula 16: Giro das contas a pagar

 

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47  

2.6. Prazo médio de pagamento

É o prazo médio entre a aquisição da mercadoria e seu pagamento pela

empresa.

  é          é

  365

Fórmula 17: Prazo médio de pagamento

 

2.7. Giro do capital de giro

Reflete a quantidade de capital de giro necessária para manter um determinado

nível de vendas. Somente ativos operacionais devem ser utilizados para

computar essa medida (caixa e títulos não devem ser considerados).

         

Fórmula 18: Giro do capital de giro

 

3. GESTÃO DOS INVESTIMENTOS DE LONGO PRAZO

3.1. Giro do ativo permanente

Mede a eficiência do investimento de capital de longo prazo, refletindo o nível

de vendas gerado pelos investimentos em capacidade produtiva.

       

Fórmula 19: Giro do ativo permanente

 

3.2. Giro do ativo total

Mede a eficiência de investimento geral pela agregação do impacto conjunto

dos ativos de curto e longo prazos. Se o índice for elevado, a empresa

presumivelmente estará usando seus ativos eficazmente em termos de geração

de vendas.

       

Fórmula 20: Giro do ativo total

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48  

4. ÍNDICES PARA ANÁLISE DO RISCO DE CURTO PRAZO

4.1. Liquidez corrente

Indica uma relação entre o ativo circulante e o passivo circulante, medindo a

capacidade da empresa em financiar suas necessidades de capital de giro.

     

Fórmula 21: Liquidez corrente

4.2. Liquidez seca

Mostra qual a porcentagem das dívidas de curto prazo podem ser liquidados

pela utilização de contas de maior liquidez do ativo circulante (basicamente

caixa e valores a receber).

      

 

Fórmula 22: Liquidez seca

4.3. Liquidez de caixa

É um índice de liquidez mais conservadora que o a liquidez seca.

         í   á 

Fórmula 23: Índice de liquidez de caixa

4.4. Índice de fluxo de caixa operacional

Este índice mede a liquidez pela comparação dos fluxos de caixa atuais (ao

invés do caixa atual ou potencial) com os passivos correntes. O índice evita a

previsão de conversão de ativos em caixa e a necessidade de um capital de giro

mínimo para a manutenção das operações.

         çõ

 

Fórmula 24: Índice de fluxo de caixa operacional

 

 

 

 

5. ÍNDICES PARA ANÁLISE DO RISCO DE LONGO PRAZO

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49  

5.1. Índice de endividamento geral

Mede a proporção dos ativos totais financiada pelos credores. Quanto maior for

o índice, maior será o montante de terceiros que vem sendo utilizado para gerar

lucros.

     í    

 

Fórmula 25: Índice de endividamento geral

5.2. Índice dívida/PL

Mede a relação entre os recursos de curto e longo prazo fornecidos por credores

e os recursos fornecidos pelos proprietários. É usado para avaliar a estrutura de

capital da empresa.

Í   í /    í    

ô   í

Fórmula 26: Índice dívida/PL

 

5.3. Índice líquido da relação dívida/PL

Indica o valor líquido das dívidas, após o desconto do volume investido em

caixa e seus equivalentes.

Í   í   í /    í        

ô   í

Fórmula 27: Índice líquido da relação dívida/PL

4.4. Fusões e Aquisições

4.4.1. Incorporação  

De acordo com a Lei das Sociedades por Ações no artigo 227 da Lei n˚6.404/76:

“Incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas

por outra, que lhe sucede em todos os direitos e obrigações”

Nesse caso, a empresa incorporada extingue-se e a incorporadora continua a

operar com o seu patrimônio acrescido do o valor do patrimônio da incorporada.

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50  

4.4.2. Fusão  

De acordo com a Lei das Sociedades por Ações no artigo 228 da Lei n˚6.404/76:

“Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar

sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações”

Nesse processo ocorre a extinção das empresas que se fundem, criando uma

nova pessoa jurídica. Somam-se os patrimônios das empresas fusionadas (bens, direitos

e obrigações). Devemos lembrar que a soma de patrimônios ocorrem apenas

juridicamente, ou seja, não há movimentação de bens físicos. Assim, não ocorre o fato

gerador de ICMS, por exemplo.

Ambos os processos apresentados são contabilmente idênticos, fazendo-se a

soma dos direitos e obrigações pelo valor contábil. Podemos distinguir dois casos

básicos: quando não há participação acionária da incorporadora na incorporada e

quando há. No caso de haver um investimento pela incorporadora, deve-se avaliar a

participação pelo método da equivalência patrimonial ou pelo método do custo.

O método da equivalência patrimonial atualiza o valor contábil do investimento

ao valor equivalente à participação societária da sociedade investidora no patrimônio

líquido da sociedade investida, ou seja, aplica-se uma porcentagem de participação da

controladora sobre o patrimônio da controlada para se determinar o valor de atualização

do investimento. Geralmente utiliza-se esse método quando o valor do investimento é

relevante (>20%).

O método do custo é preferível quando o investimento não for relevante (<20%)

e não houver influência na administração da empresa na qual se tem participação. Por

questões de simplificação utilizaremos apenas o método da equivalência patrimonial nas

avaliações de investimentos.

Caso o valor do investimento seja superior à quantia resultante da aplicação do

percentual de participação da investidora sobre o montante de patrimônio líquido

contábil da investida, haverá uma perda de capital decorrente do processo.

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51  

Caso o valor do investimento seja inferior à quantia resultante da aplicação do

percentual de participação da investidora sobre o montante de patrimônio líquido

contábil da investida, haverá um ganho de capital decorrente do processo.

4.4.3. Motivos para fusão/incorporação  

Um processo de fusão ou incorporação deve contribuir claramente para a

estratégia global da empresa. Ter como motivo apenas a necessidade de expansão por

haver capacidade financeira de sobra pela adquirinte é algo a ser evitado.

Como saber qual seria uma aquisição correta e que esteja em linha com os

objetivos da empresa em expansão? É necessário avaliar quais são as vantagens

resultantes do processo e estas vantagens precisam ser mensuráveis e muito bem

definidas pelos estrategistas. Para enunciar alguns desses objetivos, podemos citar risco

menor, economia de tempo, menos concorrência, custos menores.

Adquirir um negócio pode ser vantajoso. Isso porque já a uma estrutura montada

e em funcionamento o que demandaria um esforço menor por parte da administração em

lidar com um negócio em crescimento. Haveria, também, uma grande economia de

tempo. Poderiam ser citadas muitas outras vantagens e que variam de caso a caso.

Surgem aí, outras questões extremamente importantes. Que preço pagar pela

empresa a ser adquirida? Qual será o benefício líquido obtido pela empresa? Essa é uma

questão que deve ser analisada com muita cautela, já que superestimar os benefícios

decorrentes da aquisição é muito comum e é a causa de diversos insucessos nesses

processos de expansão.

É claro que avaliar somente os valores econômico-financeiros e os preços da

transação não é suficiente para definir se o processo será bem sucedido ou não. Há

outros pontos que devem ser abordados pelos estrategistas e estão relacionados às

questões mais subjetivas como conflitos de cultura empresarial, mas não faz parte do

escopo do trabalho abordar tais problemas. O sistema de avaliação, no entanto, será uma

ferramenta muito útil para definir e mensurar aspectos quantitativos como avaliar os

benefícios financeiros e o preço justo para a compra.

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52  

   

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53  

5. Estrutura do modelo de avaliação 

O sistema de avaliação será desenvolvido em Excel e baseado no VBA (Visual

Basic for Applications) para automatização de cálculos e procedimentos. Cada planilha

tem uma função específica e não necessariamente todas serão utilizadas nas análises.

Tanto nesse relatório como no software, há indicações para guiar o usuário no processo

de avaliação.

Planilhas:

1. InfoGeral

Contém informações gerais do projeto (descrição das empresas, objetivos

etc).

2. Configurações

Contém as configurações gerais para o funcionamento do sistema como

períodos de depreciação, alíquotas de impostos etc.

3. Empresa 1

Planilha onde são consolidadas as demonstrações financeiras referentes à

Empresa 1. No caso de se avaliar uma fusão ou incorporação, essa

empresa deve ser sempre a empresa-base que incorporará uma outra. Se

houver abertura de outra empresa ou loja, a empresa já existente,

também, deve ser a Empresa 1.

4. Empresa 2

Planilha onde são consolidadas as demonstrações financeiras referentes à

Empresa 2.

No caso de se avaliar uma fusão ou incorporação, essa empresa deve ser

sempre a fusionada ou incorporada à Empresa 1. Se houver abertura de

outra empresa ou loja, essa deve estar na planilha 2.

5. Resultado

A planilha Resultado mostra os dados consolidados nas demonstrações

contábeis após a realização de uma operação de fusão ou incorporação de

uma empresa.

6. “Cálculo 1” e “Cálculo 2”

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54  

Essa planilha tem a função de organizar e estruturar os cálculos do DRE

e do FC antes de consolidá-los nas demonstrações contábeis finais, as

quais servirão para avaliar a fusão ou incorporação, caso seja esse o

objetivo. A planilha “Cálculo 1” se refere à Empresa 1. A planilha

“Cálculo 2” se refere à Empresa 2.

7. “Imobilizados 1” e “Imobilizados 2”

As planilhas “Imobilizados” controlam todas as decisões relacionadas às

operações com imobilizados como sua compra ou venda e consolidam

seus resultados. Essas informações serão utilizadas nas projeção para os

balanços patrimoniais.

8. “Apl. Financeiras 1” e “Apl. Financeiras 2”

As decisões de investimentos financeiros são controladas nas planilhas

“Apl. Financeiras”. Funcionam de forma muito similar a planilha de

imobilizados. Mostrando detalhes das aplicações e o resultado final

global das operações efetuadas.

9. Plano de Contas

O plano de contas guarda um modelo geral para as contas do Balanço

Patrimonial, as entradas do Demonstrativo de Resultados e Fluxo de

caixa (lado direito). No lado esquerdo, devem-se organizar as contas que

serão utilizadas na análise atual, respeitando os códigos definidos no

plano de contas geral. As entradas para a análise serão iguais para ambas

as empresas (caso houver), portanto devem-se incluir todas as contas

necessárias para as duas empresas.

10. “Operações 1” e “Operações 2”

Nessas planilhas o estrategista define algumas operações que a empresa

pode executar como como o aumento de capital social da empresa,

pagamento de dividendos etc.

11. “Valor”

A planilha Valor faz cálculos com fluxos de caixa das empresas e

encontra seu valor presente.

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Formulários (UserForms):

1. Novo imobilizado

Nesse formulário são inseridos os dados sobre a compra de um novo

imobilizado.

2. Venda de imobilzado

Nesse formulário são inseridos os dados sobre a venda de um

imobilizado.

3. Apagar imobilizado

Exclui um imobilizado existente.

4. Nova aplicação financeira

Nesse formulário são inseridos os dados sobre uma nova aplicação

financeira.

5. Apagar aplicação financeira

Exclui uma aplicação financeira.

6. Alerta sobra/falta de caixa

Alerta o estrategista para excedentes ou faltas de caixa.

Ao abrir a planilha, o estrategista depara-se com a tela inicial do programa

(planilha “InfoGeral”), que contém as informações gerais do projeto.

A ação seguinte a ser executada pelo estrategista vai depender do tipo de análise

que se pretende desenvolver e há determinadas etapas para cada um dos diferentes tipos

de análise.

Como é mostrado no diagrama abaixo (Figura 8) há 3 análises básicas:

1. Análise de uma empresa

2. Abertura de nova loja ou empresa

3. Análise de fusão ou incorporação

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56  

Figura 8: Fluxo geral de funcionamento do sistema de avaliação

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57  

6. Metodologia de avaliação 

Nessa seção apresentamos a forma de utilização do programa com as etapas a

serem seguidas para a avaliação da empresa, seguindo o modo de funcionamento do

sistema de avaliação.

Ao se fazer uma avaliação de empresa é importante avaliar alguns detalhes

como, por exemplo:

1. Históricos do comportamento da empresa (caso seja uma empresa

existente);

2. Expectativas do comportamento da economia (juros, inflação, etc);

3. Ações futuras já determinadas ou que estarão sob avaliação;

4. Aspectos relativos à sazonalidade;

Avaliação é feita projetando o futuro, somando expectativas e possíveis

decisões que serão tomadas pelos administradores e verificando os resultados obtidos

para cada um dos conjuntos de decisão considerados. Pode-se dividir a avaliação em 6

etapas principais:

1. Configurações e parâmetros iniciais do projeto

2. Projeção do Demonstrativo de Resultados do Exercício

3. Projeção do Balanço Patrimonial

4. Projeção do Fluxo de Caixa

5. Avaliação dos indicadores e do resultado de geração de caixa

6. Criação e avaliação de possíveis cenários

É interessante repetir os procedimentos para os diversos conjuntos de

decisão que o estrategista tem em mente alterando-se os dados de entrada e fazer uma

comparação dos resultados obtidos. Essas alterações para teste de diferentes cenários

são facilitadas pelo sistema de simulação, que permite que em tempo menor, se faça a

avaliação de diversos cenários.

A seguir será descrito o procedimento de avaliação para cada uma das etapas

acima citadas, com detalhes sobre os cálculos e algumas considerações adicionais.

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58  

6.1. Configurações e parâmetros iniciais do projeto 

Antes de iniciar a avaliação do projeto, deve-se definir alguns parâmetros e

informações necessárias para iniciar um novo projeto de avalição. As informações

gerais do projeto se encontram na planilha “InfoGeral”.

 Figura 9: Planilha InfoGeral com as configurações iniciais do projeto

Acima notamos que possuimos alguns parâmetros que devem ser informados

antes de iniciar um novo projeto. Alguns desses parâmetros são os nomes das empresas;

se há históricos e quantos períodos estão disponíveis; o tipo de empresa (iremos

trabalhar apenas com empresas comerciais (varejo) entre outros.

Há também uma planilha chamada “Configurações” para definição de

parâmetros mais específicos como alíquotas de impostos, prazos para depreciação que

poderão ser alterados pelo estrategista.

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A principal planilha a ser utilizada para cálculos e projeções é a planilha

“Cálculo”. Os períodos negativos indicam dados históricos, o período zero indica o

período atual e os períodos positivos, as projeções futuras para a empresa.

6.2. Projeção do Demonstrativo de Resultado do Exercício 

A projeção da DRE deve ser feita na planilha “Cálculo” para cada uma das

empresas. Para isso será criada uma interface que facilite a manipulação e visualização

dos dados, mantendo a flexibilidade necessária para incluir novos cálculos e dados

dependendo da situação de análise do estrategista.

Ao lado de diversos itens da planilha cálculo há a opção de expandir ou esconder

grupos de contas e opções, bastando para isso clicar nas opções “Expandir” ou

“Esconder”.

Figura 10: Botões “Expandir” e “Esconder” para os groupos de contas da planilha de cálculo

A medida que forem sendo apresentada a metodologia, faremos comentários

adicionais sobre a interface que visa facilitar o trabalho e consolidação dos dados pelo

estrategista.

Determinação da receita bruta

O primeiro passo na projeção do DRE é estimar a receita bruta para a empresa.

Essa estimativa pode ser feita de diversas maneiras. Aqui é proposta uma forma de se

estimar a receita bruta, embora o usuário possa fazer seus próprios cálculos e inputar os

dados relativos à receita bruta na linha correspondente. Essa possibilidade de se utilizar

qualquer outra forma de cálculo é essencial para dar flexibilidade ao sistema e integrar

os cálculos da análise. Uma forma de estimar a receita bruta é a seguinte:

1. Definição do público-alvo e poder aquisitivo médio. Deve-se analisar a

renda média da população local, facilidade de locomoção até a loja em

questão.

2. Determinar qual a porcentagem média gasto pelas famílias no varejo

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60  

3. Determinar qual a porcentagem de participação a loja terá no gasto com

varejo das famílias. Devem-se considerar lojas concorrentes que atuem na

mesma região.

Forma alternativa:

Através da estatística de vendas por metro quadrado.

Deduções da receita bruta

Da receita bruta, deduzimos os seguintes itens para se chegar encontrar receita

líquida.

1. Impostos incidentes sobre vendas:

IPI

ICMS

ISS

2. Vendas canceladas ou devolvidas

3. Abatimentos

4. Descontos comerciais

Determinação da receita líquida

  í   çõ      

Deduções da receita líquida

1. Custo das mercadorias para revenda

2. Custo de serviços prestados

Ou retira-se da receita líquida o complemento da taxa de markup.

.   í 1 %   í

Determinação do lucro bruto

    í çõ       í

ou

1. Definir porcentagem de markup

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61  

2. Calcular o lucro bruto pela seguinte fórmula:

  %   í  

Fórmula 28: Fórmula para lucro bruto utilizando a taxa de markup 

Determinação das despesas operacionais

Fazem parte das despesas operacionais:

1. Despesas com vendas

2. Despesas administrativas

3. Encargos financeiros líquidos

4. Outras receitas e despesas operacionais

Determinação do resultado operacional

     

Determinação de resultados não-operacinais

Fazem parte das despesas não operacionais:

1. Receitas de aplicações financeiras

2. Despesas de juros de financiamentos

3. Resultado de equivalência patrimonial

4. Compra e venda de imobilizados

Resultado antes do imposto de renda e contribuição social e participações

         

    ã  

Provisão para imposto de renda e contribuição social

Caso o regime de tributação escolhido seja baseado no lucro real, o

Regulamento de Imposto de Renda (RIR/2004) permite a exclusão de alguns itens do

lucro líquido e obriga a inclusão de outros.

No caso da base de cálculo estar baseada no lucro arbitrado, para uma empresa

de comércio, a alíquota de Imposto de Renda é de 9,6%.

Participações e Contribuições

Subtrair participações e contribuições:

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62  

1. Participações de debêntures

2. Participações de empregados e/ou administração

3. Participações de partes beneficiárias

4. Contribuições e doações

Determinação do Resultado do Exercício

    í

             – ã         ções

Inclusão de cálculos na planilha de cálculos  

O sistema na planilha de cálculos será elaborado de forma que o usuário possa

modificar ou incluir seus próprios cálculos, sem afetar o funcionamento do sistema.

Como exemplo, vamos utilizar a determinação da receita bruta.

A tela base que o usuário irá encontrar será a seguinte:

 

Figura 11: Exemplo de cálculo para a Receita Bruta

Tudo o que houver entre as linhas escuras pode ser modificado. Contudo, o

resultado dos cálculos adicionados ou modificados devem ter o resultado na linha

correspondente “Projeção da receita bruta” mais escura. As linhas em vermelho são

alteradas automaticamente e não devem ser utilizadas pelo usuário, pois são cálculos

feitos automaticamente pelo sistema.

Assim, o usuário pode incluir linhas necessárias a sua avaliação, excluí-las e

escrever os cálculos que atendam às suas necessidades.

Como exemplo:

C DRE01 Projeção da receita bruta 3.341.709,00 2.789.409,00 2.066.406,00

Clientes potenciaisPoder aquisitivo médio% de gasto no varejo% participação da loja

02 Deduções da receita bruta (424.330,00) (355.706,00) (302.753,00) 02,04 IPI02,05 ICMS02,06 ISS

+

+

-

-

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63  

 

Figura 12: Exemplo de alteração da planilha de cálculos para a receita bruta

No exemplo acima, o usuário já possuía seus cálculos e projeções para sua loja e

os dividia por setores. Facilmente ele pode alterar a estrutura de cálculos do sistema. No

exemplo acima, o resultado da projeção da receita bruta é a soma do faturamento de

cada setor, assim, a linha “projeção da receita bruta” deverá conter a fórmula

“=sum(X[linha]:X[linha])”. Onde X é a coluna correspondente no Excel e a linha varia

de acordo com a estrutura da planilha.

Mostramos através deste breve exemplo a forma como fazer pequenas alterações

no sistema e gerar flexibilidade para o estrategista. As regras para alterar a planilha são:

• As linhas que contenham códigos internos do sistema (à esquerda, na

planilha) não podem ser excluídas ou modificadas.

• Podem-se incluir linhas em qualquer ponto da planilha.

• Os resultados dos cálculos devem ser colocados nas linhas

correspondentes (por exemplo, a receita bruta deve estar na linha

entitulada “Receita bruta”), pois o sistema as utiliza para finalizar os

cálculos e consolidar os dados.

• As linhas em vermelho são utilizadas pelo sistema e não precisam ser

alteradas manualmente. Toda modificação automática feita pelo sistema

nas demonstrações financeiras, devido à resultados de decisões feitas em

outras planilhas, são feitas em subcontas das contas a serem alteradas

(em vermelho). Quando há alterações manuais que podem ser feitas, há

uma subconta especial separada para esse fim. A separação das

alterações automáticas e manuais é importante para que se possam

C DRE01 Projeção da receita bruta 146.000,00 156.000,00 169.000,00

Faturamento do setor 1 50.000,00 55.000,00 60.000,00 Faturamento do setor 2 30.000,00 34.000,00 36.000,00 Faturamento do setor 3 10.000,00 15.000,00 17.000,00 Faturamento do setor 4 20.000,00 14.000,00 17.000,00 Faturamento do setor 5 24.000,00 23.000,00 25.000,00 Faturamento do setor 6 12.000,00 15.000,00 14.000,00

02 Deduções da receita bruta (424.330,00) (355.706,00) (302.753,00) 02,04 IPI02,05 ICMS02,06 ISS

+

+

-

-

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64  

desfazer as alterações com facilidade e melhorar a avaliação dos

impactos das decisões tomadas pelo estrategista.

Tomando os cuidados citados acima, o estrategista pode modificar a projeção

para atender suas necessidades.

6.3. Projeção do Balanço Patrimonial 

A projeção do Balanço Patrimonial será feita, basicamente, em duas etapas. A

primeira consiste em projetar alguns indicadores para o comportamento do capital de

giro. Na segunda etapa, incluímos as decisões não-operacionais (por exemplo, compras

e vendas de imobilizados, aumentos de capital etc).

O controle do capital de giro é de extrema importância, já que o seu mau

planejamento leva a um desequilíbrio financeiro e que pode colocar a empresa em risco.

Vários cálculos deverão ser feitos para que se projete o BP adequadamente.

Podemos exemplificar uma situação em que a empresa em questão planeja adquirir um

novo imobilizado. Haverá caixa suficiente para a compra? Se não houver, empresa

poderá financiar a compra, mas deve verificar se será possível amortizar as parcelas do

empréstimo.

Tabela 3: Indicadores para o capital de giro

Indicadores para o capital de giro

Caixa (nº dias da venda)

Clientes (nº dias de venda)

Provisão de crédito de liquidação duvidadosa (% vendas) Estoque (nº dias de mercadoria vendida)

Outros créditos (% clientes + estoque)

Fornecedores (nº dias custo de mercadorias)

Outras obrigações (% fornecedores + impostos a pagar)

Os ajustes nos imobilizados serão feitos nas planilhas correspondentes com

nome “Imobilizados”. Podem-se adicionar novos imobilizados no período desejado.

Deverão ser especificados:

• Nome do imobilizado

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• Tipo do imobilizado (Terreno, máquinas, imóveis etc)

• Valor do imobilizado

• Período em que ocorrerá a operação

• Financiamento. Se houver definir a taxa de juros e o prazo do financiamento.

• Se há depreciação acelerada e qual é o período de depreciação

Exemplo de entrada

No topo da planilha “imobilizados” há os seguintes botões:

Figura 13: Botões para controle dos imobilizados.

Selecione o botão “Inserir novo Imobilizado”.

Figura 14: Janela de entrada de dados para compra de novo imobilizado

No exemplo utilizamos os seguintes parâmetros para exemplificar a compra de

um novo terreno que servirá para a construção de uma nova loja:

• Nome do imobilizado: Terreno

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• Tipo de imobilizado: Terreno

• Valor: 1.500.000

• Período: 2

• Descrição: Terreno para a construção de nova loja

• Prazo (em meses): 36

• Juros: 1%

Figura 15: Detalhes das operações de compra de imobilizados

Acima (Figura 15) vemos a saída gerada pela entrada de dados na planilha

“Imobilizados”. Na parte superior vemos um resumo dos dados da operação de compra

do novo terreno. Logo abaixo obtemos os valores financeiros da operação: o saldo

devedor no ínicio do período; os juros do financiamento correspondentes ao período; o

valor da amortização da dívida calculado através do sistema francês de amortização

(tabela PRICE); o saldo devedor no final do período após o pagamento da parcela; e a

depreciação do imobilizado caso ela exista para o imobilizado em questão; o valor

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contábil do imobilizado (valor do imobilizado – depreciação acumulada); e por último,

as parcelas do financiamento de curto e longo prazo caso o financiamento se estenda por

mais de um ano.

A linha de juros é calculada multiplicando-se o saldo inicial pela taxa de juros

do período. A amortização é calculada pela seguinte fórmula:

 

Fórmula 29: Fórmula para amortização

Onde:

R é o valor das prestações

P é o valor do principal

i é a taxa de juros

n é o número de prestações

A depreciação é calculada com base nos períodos de depreciação mínimos

exigidos pela legislação fiscal8 conforme a tabela abaixo:

Tabela 4: Prazos de depreciação

Prazos de depreciação Vida útil

Edifícios 25 anos Máquinas e equipamentos 10 anos Instalações 10 anos Móveis e Utensílios 10 anos Veículos 5 anos Sistema de proc. Dados 5 anos

Essa tabela se encontra na planilha “Configurações” e o software a utiliza para

fazer os cálculos de depreciação através do método das quotas constantes9 (depreciação

linear). Há casos especiais em que se utilizam prazos de depreciação reduzidos

(depreciação acelarada). Se esse for o caso o estrategista pode selecionar a opção de

depreciação acelerada e indicar o novo período para a depreciação do imobilizado.

                                                            8 Regulamento do Imposto de Renda artigos 305 a 323. 9 O cálculo da deprecição no período pelo método das cotas constantes é calculada através da seguinte fórmula: çã

í      ú.

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No topo da planilha “Imobilizados” podemos ver os resultados finais para as

operações de imobilizados para cada tipo de imobilizado (terrenos, veículos, máquinas

etc) e a soma global para todas as operações registradas.

Abaixo temos uma figura ilustrando os resultados totais para cada tipo de

imobilizado e o total geral (resultados para todas as operações com imobilizados), que

são calculados automaticamente após a inclusão ou remoção de nova operação.

Figura 16: Totais dos imobilizados

Para remover uma operação de imobilizado da lista, basta acessar o botão

“Remover imobilizado” no topo da planilha. O seguinte formulário aparecerá:

Figura 17: Formulário para remoção de imobilizado

 

Após selecionar o imolizado, clique em apagar e durante a confirmação de

remoção, confirme a operação. Os totais serão recalculados para refletir a nova situação.

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Os resultados obtidos nessa planilha modificam os demonstrativos de resultado

da seguinte maneira:

1. O valor total dos novos imobilizados (das vendas dos imobilizados) é

adicionado (decrescido) no BP em conta correspondente no item de ativo

permanente.

2. Os juros e a amortização correspondentes para cada período são deduzidos

(ou acrescidos) no DRE em subcontas do resultado não-operacional

(resultado de operações com imobilizados).

3. A depreciação correspondente para cada período é deduzida no DRE em

uma subconta da Depreciação (Depreciações - resultado da planilha

imobilizado). No BP, acumula-se a depreciação dos bens na conta

“Depreciação acumulada (contra credora)”.

4. O saldo devedor correspondente para cada período são adicionados em uma

subconta dos “Financiamentos e Empréstimos” do exigível a longo prazo10.

A venda de imobilizados pode ser de ativos que foram incluídos através do

próprio sistema e estão listados na planilha de imobilizados ou ser um ativo não

discriminado no sistema.

No primeiro caso, se o imobilizado tiver um fluxo de caixa futuro devido a

financiamentos em andamento, esse fluxo de caixa é cancelado através de um fluxo de

caixa contrário às amortizações e o valor da venda é computado pelo sistema.

Além das decisões de investimento em imobilizados, devemos registrar as

decisões financeiras. Uma delas é a aplicação em mercado financeiro do excedente de

caixa que não for aplicado de imediato nas operações da empresa. Isso pode ser feito na

planilha “Apl. Financeiras” que funciona de forma muito similar a planilha de

“Imobilizados”. Pode-se adicionar e remover uma aplicação financeira através de

formulários acessados através de botões no topo da planilha.

                                                            10 Resultados de negócios não usuais na exploração do objeto da companhia, devem ser também classificados no longo prazo, ou seja, mesmo vencíveis ou com previsão de recebimento a curto prazo. Vendas de bens do ativo imobilizado serão contabilizados no exigível a longo prazo.

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Figura 18: Exemplo de Aplicação financeira

 

Na parte inferior da figura acima, na seção “Detalhes das operações”, vê-se um

exemplo de saída gerada pela inclusão de uma operação financeira. Nesse exemplo

efetuamos uma aplicação em renda fixa realizada no período 2 a uma taxa de 0,8% ao

mês e com resgate no período 10.

Para cada um dos períodos temos o saldo inicial, os juros acruados, o valor do

imposto sobre o rendimento acumulado até o período, o saldo final bruto (sem o

imposto); o resgate líquido da aplicação (caso o resgate ocorresse naquele período); o

movimento de caixa do período; e as parcelas de curto e longo prazo (caso a aplicação

se estenda por mais de um ano).

Da mesma forma que os resultados obtidos nas planilhas imobilizados alteram as

demonstrações financeiras, os resultados das aplicações financeiras geram as seguintes

modificações:

1. O resultado das aplicações financeiras (bruto) é mostrado no DRE na subconta

dos resultados não-operacionais em “Receitas das aplicações financeiras”.

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2. O valor da aplicacação financeira é contabilizado no BP em subconta dos

investimentos temporários.

3. O imposto das aplicações financeiras são mostrados em uma sub-conta dos

resultados de aplicações financeiras em “impostos de aplicações financeiras”.

Aplicações e empréstimos de curto prazo podem ser executados para controlar

sobras ou faltas de caixa na empresa, observando-se o FC. Sempre que houver uma falta

de caixa, o sistema alerta o estrategista para que um novo empréstimo seja feito. A

disponibilidade de caixa deve ser a estabelecida nos indicadores de capital de giro em

função do volume de vendas e de acordo com o número de dias de segurança para a

cobertura do caixa. Se os disponíveis estiverem abaixo desse nível, o sistema alerta para

que seja feito um empréstimo, e se os disponíveis estiverem acima desse nível, o

sistema alerta para que a sobra seja investida.

Planilha de decisões não operacionais (“Operações”)

Nas planilhas de operações podem ser incluídos dados de operações não-

operacionais como, por exemplo, o aumento de capital social. A Figura 19 mostra

algumas opções que podem ser utilizadas. Ao incluir os valores, a planilha “Cálculos” é

atualizada para mostrar o resultado das decisões.

 Figura 19: Planilha “Operações”

6.4. Montagem do Fluxo de Caixa 

Com o DRE e o BP prontos, podemos partir para a projeção do fluxo de caixa.

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A projeção do fluxo de caixa será feita pelo método indireto, que faz ligação

entre o lucro líquida apurado no DRE e o caixa que é gerado nas operações realizadas

pela empresa. A forma usual de construir o fluxo de caixa é a seguinte:

1. Fazer o registro do lucro líquido do exercício (resultado do DRE)

2. Anular (somando ou subtraindo) o efeito dos lançamentos feitos na DRE que

afetam o lucro, mas sem efeito caixa. Exemplos desses lançamentos são as

depreciações, as despesas financeiras de longo prazo, e o resultado de

equivalência patrimonial.

3. Ajustar as variações das contas de capital de giro (circulante). Quando uma

conta do ativo circulante tem uma variação positiva como, por exemplo, o

estoque, signifca que parte do caixa foi consumida para que houvesse um

aumento de estoque. Assim, a variação positiva do estoque consumiu caixa e,

portanto deve-se subtrair a variação do estoque. De forma contrária se o estoque

diminui, o estoque foi vendido e houve geração de caixa. Essa mesmo lógica

pode ser aplicada para as contas do passivo. Caso a conta fornecedores aumente,

isso significa que há mais financiamento disponível, ou seja, o caixa aumenta.

Se essa mesma conta diminuir o caixa diminui.

4. Anular os efeitos das contas que apesar de ter efeito caixa, não pertecem às

atividades operacionais, como ganhos e perdas em vendas à vista, de

imobilizados ou qualquer outra que não pertença ao grupo circulante.

5. Ajustar as variações de atividades de investimento e de financiamento. Por

exemplo, se houver uma venda de imobilizado, há um aumento de caixa. A

aquisição de um novo empréstimo também aumenta o caixa.

Fluxo de caixa usual (exemplo) Atividades Operacionais Lucro líquido (+) Depreciação (-) Lucro de venda de imobilizado (+/-) Variações de contas de capital de giro Atividades de investimento (+) venda de imobilizado (-) compras de imobilizado Atividades de financiamento (+) aumento de capital (-) empréstimos (-) pagamento de dividendos

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Com a projeção do fluxo de caixa pronta, iremos observar que teremos duas

situações possíveis: um fluxo de caixa positivo ou negativo. No caso de haver um saldo

positivo de fluxo de caixa, pode-se optar por uma aplicação financeira. Já no caso de um

saldo negativo, pode ser necessário um novo financiamento para mitigar o risco

financeiro de curto prazo.

Registro do lucro operacional

Iniciaremos a construção do fluxo de caixa registrando o lucro operacional do

período que foi apurado no DRE.

Ajustes iniciais

Devemos fazer alguns ajustes ao valor do lucro operacional, somando ou

subtraindo alguns lançamentos que afetam o lucro, mas que não afetam o caixa da

empresa. Os lançamentos a serem corrigidos são as depreciações, a amortizações, o

resultados de equivalência patrimonial, as receitas ou despesas financeiras prazo muito

longo, etc (Figura 20).

Fluxo de caixa Lucro Operacional (+) Depreciação (+) Amortização (+/-) Resultado de equivalência patrimonial (+) Despesas financeiras de longo prazo (-) Receitas financeiras de longo prazo

Figura 20: Ajustes iniciais no fluxo de caixa

Ajustes da variação de contas de capital de giro

Utilizando-se da lógica já explicada no item 3 da descrição da construção do

fluxo de caixa usual, adicionamos ou retiramos os resultados obtidos das variações das

contas do grupo circulante e que compõe o resultado operacional da empresa seguindo

as considerações abaixo:

1. Variação positiva das contas do ativo circulante reduz o caixa;

2. Variação negativa das contas do ativo circulante aumenta o caixa;

3. Variação positiva das contas do passivo circulante aumenta o caixa;

4. Variação negativa das contas do passivo circulante reduz o caixa.

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Fluxo de caixa Lucro Operacional (+) Depreciação (+) Amortização (+/-) Resultado de equivalência patrimonial (+) Despesas financeiras de longo prazo (-) Receitas financeiras de longo prazo (+/-) Resultado das variações das contas de capital de giro

Figura 21: Ajustes da variação de contas do capital de giro

Subtração do imposto de renda pago devido às operações

Como partimos do lucro operacional não foi descontado ainda o imposto de

renda pago e precisamos subtrair esse imposto. Nessa etapa, retiramos apenas o imposto

de renda pago que foi gerado do lucro das operações da empresa. Impostos pagos

devido a lucros advindos de operações financeiras serão considerados mais a frente.

Fluxo de caixa Lucro Operacional (+) Depreciação (+) Amortização (+/-) Resultado de equivalência patrimonial (+) Despesas financeiras de longo prazo (-) Receitas financeiras de longo prazo (+/-) Resultado das variações das contas de capital de giro (-) Imposto de renda pago devido às operações

Figura 22: Imposto de renda pago devido às operações

Determinação da geração operacional de caixa

O resultado dos ajustes e das variações do capital de giro e dos impostos pagos

devido às operações sobre o lucro operacional resultam na geração operacional de caixa,

ou seja, é o fluxo financeiro obtido pela empresa das suas atividades operacionais. Essa

linha é importante por medir a capacidade de geração de caixa da empresa.

Fluxo de caixa Lucro Operacional (+) Depreciação (+) Amortização (+/-) Resultado de equivalência patrimonial (+) Despesas financeiras de longo prazo (-) Receitas financeiras de longo prazo (+/-) Resultado das variações das contas de capital de giro (-) Imposto de renda pago devido às operações (=) GERAÇÃO OPERACIONAL DE CAIXA

Figura 23: Geração operacional de caixa

 

 

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Determinação da geração própria de caixa

Nessa etapa incluímos os resultados financeiros da empresa no fluxo de caixa.

Devemos apurar o resultado das aplicações financeiras e do pagamento de juros de

financiamentos e subtrair o imposto de renda devido às aplicações financeiras. Somando

esse resultado a geração operacional de caixa, chegamos a geração própria de caixa, que

é o resultado total operacional da empresa.

Fluxo de caixa Lucro Operacional (+) Depreciação (+) Amortização (+/-) Resultado de equivalência patrimonial (+) Despesas financeiras de longo prazo (-) Receitas financeiras de longo prazo (+/-) Resultado das variações das contas de capital de giro (-) Imposto de renda pago devido às operações (=) GERAÇÃO OPERACIONAL DE CAIXA (+/-) Resultado financeiro (-) Imposto de renda pago devido às operações financeiras (=) GERAÇÃO PRÓPRIA DE CAIXA

Figura 24: Geração própria de caixa

Entradas e saídas adicionais de caixa

Com a geração própria de caixa já determinada, falta incluir no cálculo do fluxo

de caixa os resultados não-operacionais, que podem ser a venda de um terreno, a

distribuição de dividendos, um novo financiamento de longo prazo, compras de

equipamentos etc. Criamos dois grupos: Entradas adicionais de caixa e o bloco de saídas

adicionais de caixa.

No grupo entradas adicionais de caixa temos:

1. Vendas de imobilizado

2. Novos financiamentos

3. Aumentos de capital

4. Outras entradas adicionais de caixa

No grupo de saídas adicionais de caixa temos:

1. Compras de imobilizado

2. Aplicações financeiras

3. Pagamento de dividendos

4. Amortização de financiamentos de longo prazo

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5. Participações e outras saídas adicionais de caixa

Fluxo de caixa Lucro Operacional (+) Depreciação (+) Amortização (+/-) Resultado de equivalência patrimonial (+) Despesas financeiras de longo prazo (-) Receitas financeiras de longo prazo (+/-) Resultado das variações das contas de capital de giro (-) Imposto de renda pago devido às operações (=) GERAÇÃO OPERACIONAL DE CAIXA (+/-) Resultado financeiro (-) Imposto de renda pago devido às operações financeiras (=) GERAÇÃO PRÓPRIA DE CAIXA (+) Entradas adicionais de caixa

Aumento de capital Novos financiamentos Venda de imobilizado Outras entradas de caixa

(-) Saídas adicionais de caixa Compras de imobilizado Aplicações financeiras Pagamento de dividendos Amortizações de financiamento de longo prazo Participações e outras saídas de caixa

(=) FLUXO DE CAIXA

Figura 25: Entradas e saídas adicionais de caixa

Determinação do fluxo de caixa

Finalmente, obtemos a variação de caixa ocorrida na empresa no período em

questão e, além disso, temos de forma clara, a origem das variações de caixa.

       çã   ó                

í        

Fórmula 30: Fluxo de caixa

6.5. Ajustes finais para a análise 

Caso aconteça do caixa se tornar negativo (ou estar abaixo de um limite de

segurança definido pelo estrategista), o sistema deverá alertar para tal fato. Nesse caso,

pode-se solicitar um financiamento para cobrir a falta de caixa. Pode ocorrer, também,

uma sobra de caixa que poderá ser investida pela ECV. O controle dessas operações

pode ser feita na planilha “Op. Financeiras”. A cada modificação o estrategista pode

recalcular a planilha até que encontre um resultado satisfatório.

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Figura 26: Alerta para excedente/falta de caixa.

 

  A Figura 26 mostra os alertas para a sobra ou excedente de caixa. Os limites

superiores e inferiores são definidos a partir da tabela de indicadores de capital de giro e

pelo item “Limite para sobra/falta de caixa” da planilha “Configurações” (Figura 27).

 

Figura 27: Configuração para os limites de caixa (planilha “Configurações”)

6.6. Fusão ou aquisição 

Tendo as projeções finais para cada uma das empresas nas planilhas “Empresa

1” e “Empresa 2”, podemos partir para o estudo do resultado da fusão ou incorporação.

Como já dito anteriormente é importante ter claro quais são os benefícios resultantes de

combinar duas empresas distintas. Por exemplo, ao adquirir uma nova loja, aumenta-se

o poder de barganha junto aos fornecedores de produtos e dessa forma consegue-se um

preço de compra mais vantajoso.

Exemplos de vantagens a serem obtidas:

1. Poder de barganha pelo aumento do volume de produtos comprados

2. Diminuição do payback time em relação à abertura de nova loja.

3. O valor de aquisição é menor do que o valor de abertura de nova loja.

Procedimentos

Com as duas planilhas “Empresa 1” e “Empresa 2” tendo as projeções prontas,

podemos obter os resultados consolidados para a fusão. Contabilmente esse

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procedimento é relativamente simples, já que é basicamente a soma das contas

correspondentes das duas empresas. No entanto, há alguns detalhes que devemos

salientar.

Há dois casos que poderíamos levar em conta no processo de fusão:

1. A Empresa 1 não possui participação na Empresa 2

2. A Empresa 1 possui participação na Empresa 2

Como o intuito do presente projeto é avaliar a expansão da empresa de uma

ECV que não possui filiais ou participações em outras empresas, não consideraremos o

segundo caso (poderá ser implementado em futuras versões do software de simulação).

No processo de fusão, o patrimônio líquido da Empresa 2 é incorporado ao

capital social da Empresa 1 e devemos fazer os lançamentos necessários como no

exemplo abaixo (Tabela 5).

Tabela 5: Exemplo de transferência de contas para uma fusão sem participação entre as empresas

Débito CréditoAtivos 2000 740 2740

Passivos 600 140 740Capital Social 1000 360 240 1600Lucros acumulados 300 180 180 300Lucro do período 100 60 60 100

Contas Empresa 1 Empresa 2Lançamentos Empresa

Resultante

A Empresa 2 a ser incorporada à Empresa 1 possui lucros acumulados (180) e

lucro do período (60) que devem ser debitadas e creditadas na conta de capital social da

nova empresa resultante. A última coluna da tabela mostra o resultado final. O DRE e o

FC são consolidados somando-se as contas correspondentes para gerar o resultado final.

Outra decisão a ser considerada pelo estrategista é o melhor período no tempo

para se adquirir ou abrir a nova empresa. Isso pode ser feito deslocando-se a Empresa 2

em diferentes períodos no tempo e avaliar qual seria o melhor momento para a

expansão, já que falta de caixa ou finaciamentos limitados entre outros fatores podem

inviabilizar a execução do investimento.

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Para deslocar a fusão da Empresa 2, usa-se um campo da planilha “Resultado”

chamado “Deslocamento” como se poder ver abaixo na Figura 28. O número indica

quantos períodos a frente pretende-se deslocar a Empresa 2. Feito isso basta clicar no

botão “Gerar Resultados”. No caso de uma fusão com uma empresa já existente, o

sistema consolida apenas os dados do período deslocado em diante. Por exemplo, se

deslocarmos a fusão da empresa 2 no período 3, apenas os dados do período 3 em diante

são incorporados à empresa 1. Se o estrategista estiver considerando a abertura de uma

nova loja, o sistema deve deslocar a matriz de dados da empresa 2 no tempo de acordo

com o deslocamente selecionado.

Figura 28: Controles da planilha “Resultados”

A apresentação dos resultados é muito similar aos dados consolidados das

planilhas “Empresa 1” e “Empresa 2”. Ao avaliar dos resultados da fusão, o estrategista

pode voltar as planilhas de cálculos para ajustar ou testar novas decisões e gerar

novamente o relatório.

6.7. Avaliação dos fluxos de caixa  

  Com as projeções das empresas prontas, podemos avaliar o valor das empresas e

também o valor da empresa resultante após a fusão. Trazendo o fluxo de caixa de cada

uma delas à valor presente e comparando os resultados para cada um dos cenários

avaliados, obtemos o valor gerado por cada conjunto de decisões tomados pelo

estrategista. Se, por exemplo, ao somar o valor da empresa resultante após a fusão e este

valor for menor que a soma das empresas iniciais, o estrategista deverá reavaliar a

decisão de expansão ou buscar outras opções.

A avaliação dos fluxos de caixa é feita na planilha “Valor” (ver Figura 30).

Nessa planilha, são apresentados os fluxos de caixa esperados para ambas as empresas e

também para a empresa resultante da operação de expansão.

O estrategista deve escolher uma taxa de desconto para os fluxos de caixa, ou

seja, o mínimo retorno que ele espera receber.

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O sistema considera a perpetuidade dos fluxos de caixa e é necessário definir

uma taxa de crescimento esperado para os fluxos de caixa futuros. O valor da

perpetuidade é calculado pela seguinte fórmula:

 

Fórmula 31: Perpetuidade

 

Onde: FC é o fluxo de caixa esperado para o período seguinte, r é a taxa de

desconto e g é o cresimento esperado para os fluxos de caixa.

O último fluxo de caixa a partir do qual se quer perpetuar os fluxos de caixa é

acrescido do valor da perpetuidade calculado pela fórmula acima. Para encontrar o valor

presente basta descontar os fluxos normalmente.

 

Figura 30: Planilha “Valor”

  A figura acima mostra um exemplo da planailha “Valor”. São mostrados os

fluxos de caixa para as empresas e o valor presente da empresa. O cálculo depende da

... ... PV 

i

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Figura 29: Perpetuidade

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81  

taxa de desconto e da taxa de crescimento da perpetuidade, que podem ser definidos na

parte superior da planilha.

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A empresa varejista pode expandir seus negócios exportando seus produtos

visando ampliação dos negócios para novos mercados (Figura 34). Há alguns pontos

positivos ao se optar por essa alternativa:

1. Expansão do mercado onde a ECV atua, gerando mais receitas.

2. Ao atingir mercados em que seu produto é mais valorizado ou onde há

maior poder aquisitivo, a empresa pode utilizar uma margem de lucro

maior do que vendendo para o mercado interno.

3. Além do aumento de receitas operacionais, há mecanismos como o ACC

(Adiantamento sobre Contrato de Câmbio) e o ACE (Adiantamento

sobre Cambiais Entregues)11 que podem ser utilizados por empresas

exportadoras que permitem receber antecipadamente (até 360 dias antes

do embarque das mercadorias) as receitas das mercadorias exportadas.

No caso do ACC, o crédito pode ser feito antes mesmo da produção da

mercadoria. Essa é uma alternativa que pode melhorar o fluxo de caixa

da empresa e também seu capital de giro. Há também a vantagem de ser

um financiamento com custos mais baixos utilizando-se de taxas de juros

internacionais.

 

                                                            11 Os financiamentos especiais para exportadores, podem ser adquiridos junto à instituições financeiras.

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87  

8. Exemplo de funcionamento  

  Ao iniciar a análise da empresa, após entrar com os dados iniciais para as

empresas e configurações iniciais, incluimos o histórico disponível das demonstrações

contábeis na planilha “Cálculos” (Figura 35, Figura 36 e Figura 37).

 Figura 35: Dados históricos resumidos do DRE (Empresa 1)

 

A segunda parte da análise é a projeção dos dados do DRE iniciando-se pela

projeção da receita bruta. A projeção é feita considerando-se as premissas e formas de

cálculos que o estrategista considerar mais conveniente. A partir da receita bruta

podemos projetar as demais deduções e resultados através da análise vertical12 do DRE.

As despesas ou qualquer entrada que seja dependente de outra, é feita automaticamente

pelo sistema como, por exemplo, os impostos que tem como base de cálculo o

faturamento da empresa. É importante lembrar que futuras decisões das planilhas

auxiliares como a planilha “imobilizados”, alterarão o DRE nas linhas em vermelho.

Para esse exemplo, a projeção da receita bruta foi feita com um incremento de 5% ao

período, mantendo para as demais deduções e resultados a média histórica obtida na

análise vertical.

                                                            12 Na análise vertical contas ou grupo de contas são comparados com um valor relacionável (expressos em porcentagem).

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   Figura 36: Dados históricos resumidos para o BP (Empresa 1)

 

A projeção do BP depende de uma tabela de indicadores para o comportamento

do capital de giro esperado, onde é determinado seu comportamento ao longo do tempo.

O sistema calcula automaticamente as contas de capital de giro. Além disso, devemos

incluir as decisões de investimentos em imobilizados se houverem.

 

Figura 37: Indicadores para a projeção das contas de capital de giro

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Para esse exemplo, compraremos uma van e um caminhão, custando 70.000,00 e

120.000,00 respectivamente e que serão financiados em 12 meses e juros de 3% ao

período. Na planilha “imobilizados” preenchemos os formulários para adquirir os

veículos conforme mostrado abaixo.

 Figura 38: Formulário para criação de novo imobilizado

Os resultados são mostrados na planilha “Imobilizados”.

 Figura 39: Resultados da inclusão de imobilizados

Para ilustrar o funcionamento da planilha de decisões não operacionais, iremos

aumentar o capital social da empresa em 200,000.00.

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 Figura 40: Entrada de dados não-operacionais

  Nesse momento o estrategista pode fazer ajustes à projeção nas linhas em preto

que julgar convenientes, de acordo com suas premissas. O sistema as incluirá nos

cálculos e mostrará os resultados para o DRE, BP e irá gerar o fluxo de caixa.

 Figura 41: DRE consolidado para Empresa 1

 

 Figura 42: BP consolidadado para Empresa 1

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O sistema mostrará um formulário caso o caixa esteja acima ou abaixo de limite

de alerta. Podemos observar nos resultados que o caixa da empresa está bastante alto e

para fins de exemplo, faremos 2 aplicações financeiras de curto prazo para os dois

primeiros períodos, cujos valores serão de 500.000,00 e 400.000,00.

 Figura 43: Formulário para nova aplicação financeira

 

 Figura 44: Resultados das aplicações financeiras

Diminuimos, assim, o excedente de caixa da empresa, caso não haja uma

aplicação dos recursos em suas operações.

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 Figura 45: Modificação do BP com as aplicações financeiras

Por fim, iremos recalcular a planilha de cálculos. Esse processo irá atualizar as

demonstrações financeiras de acordo com as decisões tomadas pelo estrategista. O fluxo

de caixa, calculado pelo método indireto é completado automaticamente.

 Figura 46: Fluxo de caixa para Empresa 1

   

  Ao consolidar os dados da planilha “Cálculo” para a planilha “Empresa”,

podemos ver alguns indicadores para avaliação do desempenho e diversos aspectos da

empresa como, por exemplo, o retorno sobre ativos, índices de liquidez etc. O

significado de cada um desses indicadores já foi apresentado anteriormente nesse

trabalho. Abaixo está um exemplo para a tabela de indicadores na planilha “Empresa”.

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 Figura 47: Tabela com índices de performance para Empresa 1

Temos agora, uma projeção pronta para a Empresa 1. Simularemos agora uma

fusão da Empresa 1 com uma segunda empresa. Para efetuar a projeção da Empresa 2,

pode-se seguir o procedimento mostrado até esta etapa. Na planilha “Valor”, podemos

obter o valor justo a ser pago pela empresa 2.

Abaixo estão os dados históricos e projetados para a Empresa 2.

 Figura 48: DRE histórico e projetado para Empresa 2

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94  

 Figura 49: BP histórico e projetado para Empresa 2

Na planilha “Resultado” escolhemos o deslocamento da empresa 2 no tempo

para simular o efeito da aquisição da empresa 2 em diferentes períodos.

Selecionando deslocamento zero, mostraremos os efeitos da compra no período

atual. Se selecionarmos deslocamento 1, a compra será efetuada no período seguinte.

Clicando em “Gerar resultados” na planilha de resultados e tendo as projeções

para ambas as empresas completas, o sistema mostra o resultado da fusão de maneira

similar as apresentadas nas planilhas mostradas anteriormente.

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 Figura 50: Resultados da fusão (DRE)

 

Figura 51: Resultados da fusão (BP)

O estrategista pode testar vários deslocamentos no tempo para determinar qual o

melhor período para abrir ou adquirir a Empresa 2, observando o valor presente da

empresa final na planilha valor.

Nessa seção mostramos de forma resumida uma aplicação completa do sistema

de simulação. Lógicamente há muitas premissas envolvidas que devem ser estudadas e

acrescentadas à avaliação e que não foram discutidas, pois não é o foco principal do

trabalho.   

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9. Resultados  

Do exemplo de funcionamento anterior, pode-se mostrar resumidamente as

principais funções executadas pelo software de simulação. Conseguiu-se criar uma base

para o funcionamento de software de simulação com o uso de programação em VBA

para automatizar a integração entre as demonstrações financeiras como resultado de

uma decisão tomada pelo estrategista. A partir dessa base, foram construídos módulos

adicionais que foram integrados ao software de avaliação como, por exemplo, o módulo

de análise de fusões permitindo a expansão de suas funcionalidades.

O software permitiu:

1. Gerenciar de forma mais adequada a questão das sobras e excedentes de

caixa que antes, com o uso de fórmulas não era possível devido às

referências circulares que impossibilitavam sua automatização.

2. Modificar de forma mais precisa as demonstrações financeiras. Nas

planilhas anteriores utilizada na empresa, caso o usuário considerasse

alguma nova decisão, deveria manualmente alterar e verificar as contas

em cada uma das demonstrações financeiras. Com a automatização de

alguns desses procedimentos, há uma garantia maior de que as

modificações serão feitas corretamente e demandando menor tempo para

verificações. Nesse processo, o tempo foi reduzido de aproximadamente

3-5 minutos para 1 minuto.

3. Testar cenários de forma quase que instantânea como no caso da escolha

do melhor período para se iniciar ou adquirir uma nova loja. Antes esse

processo era feito manualmente demandando muito tempo do usuário.

Essa análise que levava cerca de 30 minutos para ser feita, agora não

toma mais que 2 minutos.

4. A organização da planilha foi melhorada, diminuindo drasticamente o

espaço utilizado nas planilhas com cálculos complexos gerados pelas

limitações das fórmulas do software. A maioria dos cálculos repetitivos é

feita internamente pelo sistema sem que sejam mostrados dados

desnecessários. Além disso, a utilização de programação em VBA

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permite criar procedimentos muito mais robustos permitindo verificações

e controles de erros que antes eram inviáveis para se construir.

5. A utilização de um software padrão Microsoft Excel como interface do

sistema permite manter todas as vantagens apontadas anteriormente pelos

analistas e pela empresa e tornar a curva de aprendizagem do software

muito menor do que no caso da implantação de um inteiramente novo.

De acordo com os consultores da empresa, há ainda bastante espaço para a

expansão do sistema para atender plenamente às suas necessidades. Apesar disso,

consideram que o sistema atendeu satisfatoriamente o objetivo proposto ao servir como

ponto de partida para a construção de um sistema mais completo e mais confiável. Foi

evidenciada como fator importante a facilidade de operação, além da diminuição do

tempo para execução das operações de análise.

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10. Conclusão  

  Apresentamos nesse trabalho uma proposta de modelo computacional com a

finalidade de auxiliar um estrategista a agregar os dados relativos à sua empresa e uma

empresa-alvo de aquisição ou nova empresa a ser aberta.

Os procedimentos e funções em VBA, da forma como foram programadas,

proporcionam flexibilidade suficiente para expandir funcionalidades e análises para o

sistema. Cada funcionalidade presente no sistema e descrita nesse texto foi adicionada

em blocos que foram sendo incorporados a base do sistema a medida que estes eram

construídos, o que mostra na prática a facilidade da extensão do modelo.

Além disso, através do uso de macros em VBA, foram viabilizadas diversas

análises que antes eram feitas de maneira manual e que tomavam bastante tempo. No

sistema apresentado, a partir de algumas poucas operações é possível mudar decisões e

avaliar o impacto de cada uma delas de maneira mais eficiente do que era feito

anteriormente na empresa.

   

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11. Oportunidades de melhoria  

Como oportunidades de melhorias futuras, há a possibilidade de expansão do

sistema para que considere empresas industriais em que se acrescentam outros

processos como gerenciamento de matéria-prima, cálculos de custos de produtos

vendidos entre outros. Outra opção levantada pela consultoria foi a de integrar uma base

de dados para armazenar os dados das análises realizadas para fácil acesso as

informações e históricos.

 

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103  

Referências Bibliográficas

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Hastings. 1ª Edição. São Paulo: Editora Financial Times – Prentice Hall, 2006

Ernst & Young. Guia Ernst & Young para administração de fusões e aquisições.

Tradução de Nivaldo Montingelli Júnior. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editora Record,

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FABRETTI, Láudio Camargo. Fusões, aquisições, participações e outros

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GUARITA, Sérgio Antônio D. Fusões e aquisições no Brasil: evolução do processo.

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IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Manual de contabilidade das sociedades por ações. 6ª

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OLIVEIRA, Gustavo Pedro de. Contabilidade Tributária. São Paulo: Editora Saraiva,

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SANTOS, José Odálio. Avaliação de Empresas: cálculo e interpretação do valor das

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SOUZA, Acilon Batista de. Contabilidade de empresas comerciais. 1ª. Edição. São

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105  

Anexos   

 

 

   Código fonte em VBA

   

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106  

FICHA CATALOGRÁFICA 

Yoshida, Luís Fernando Ozaki Proposta de modelo de simulação para avaliação da expansão de uma empresa de comércio varejista– São Paulo, 2007.

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção.

1. Avaliação de investimentos 2.Fusões e aquisições 3. Empresa comercial.