lucimeire cavalcanti dias- ensino infantil

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SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES:DESAFIO DO ENSINO INFANTILSEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES:DESAFIO DO ENSINO INFANTILSEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES:DESAFIO DO ENSINO INFANTILSemear Leitura para colher leitores: desafio do Ensino Infantil.

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ESTADO DA PARABA SECRETARIA DE EDUCAO E CULTURA ESCOLA ESTADUAL DE CURSO NORMAL EM NVEL MDIO SO JOS

SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES: DESAFIO DO ENSINO INFANTIL

Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha

So Jos de Piranhas PB Dezembro de 2007

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SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES: DESAFIO DO ENSINO INFANTIL

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Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha

SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES: DESAFIO DO ENSINO INFANTIL

TCC Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Formao de Professores para o ensino fundamental (1 fase) da Escola Estadual de Curso Normal em Nvel Mdio So Jos, em cumprimento s exigncias para a obteno do ttulo de professor, orientado pela Professora Especialista Mrcia Suzette de Sousa Frana Rolim.

So Jos de Piranhas PB Dezembro de 2007

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ESTADO DA PARABA SECRETARIA DE EDUCAO E CULTURA ESCOLA ESTADUAL DE CURSO NORMAL EM NVEL MDIO SO JOS

Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha

SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES: DESAFIO DO ENSINO INFANTIL

BANCA EXAMINADORA

Prof. Esp. Mrcia Suzette de Sousa Frana Rolim

Examinador (a)

Examinador (a)

So Jos de Piranhas PB Dezembro de 2007

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A DeusPor iluminar os nossos passos, pela constante presena em nossas vidas, pelas oportunidades que nos foram dadas, por colocar ao nosso lado a Professora Mrcia Suzete (Suzy) que nos orientou com responsabilidade e respeito fazendo com que conseguissemos finalizar este trabalho, apesar de todas as dificuldades existentes, pois, aprendemos que, o importante termos a capacidade de sacrificar aquilo que somos para sermos aquilo que podemos ser.

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Aos que AmamosSe hoje comemo uma conquista, esta se deve queles que estiveram ao meu lado em todos os momentos; que fizeram de meus sonhos seus prprios objetivos e de meus objetivos sua prpria luta. Quero compartilh-la com vocs... Pessoas to especiais, que no pouparam esforos para que o sorriso que hoje trago no rosto fosse possvel. A vocs, que me ofereceram sempre o melhor que puderam me dar, atravs de seu olhar de apoio, de sua palavra de incentivo, de seu gesto de compreenso, de sua atitude de segurana, mesmo quando me veio o desnimo. Nos momentos importantes, suportaram a minha ausncia; nos dias de fracasso, respeitaram meus sentimentos e enxugaram minhas lgrimas. Se hoje estou aqui porque vocs acreditaram em meu sucesso e caminharam ao meu lado! Muito obrigado

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Voc tem que ser o espelho da mudana que est propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que comear por mim. (Gandhi)

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SUMRIOCAPA FOLHA DE ROSTO CONTRA-CAPA FOLHA PARA PARIC DA BANCA EXAMINADORA DEDICATRIA AGRADECIMENTOS EPGRAFE SUMRIO RESUMO ________________________________________________________________09 1. INTRODUO ________________________________________________________10 1.1 CONTEXTUALIZAO ____________________________________________11 1.2 - JUSTIFICATIVA __________________________________________________13 1.3 - PROBLEMA/HIPTESE/OBJETIVOS DO TRABALHO _________________ 19 1.4 - ESTRUTURA _____________________________________________________20 2. PROBLEMATIZAO _________________________________________________ 22 2.1 - ENSINO INFANTIL: O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAO DE LEITORES COMPETENTES ________________________________ 26 2.2 O APRENDIZADO INICIAL DA LEITURA E SUAS CONCEPES __________________________________________________________ 29 2.3 LITERATURA INFANTIL: O FANTSTICO MUNDO DA REALIDADE _________________________________________________________35 2.4 O PROFESSOR-LEITOR E SUA IMPLICAO NA FORMAO DO ALUNO-LEITOR __________________________________________38 3. RELATIVIZAO DA EXPERINCIA ____________________________________43 3.1 ASPECTOS HISTRICOS DA ESCOLA CAMPO_______________________44 3.2 ASPECTOS FSICOS ______________________________________________45 3.3 ASPECTOS FUNCIONAIS _________________________________________ 47 3.4 COMO A ESCOLA SE ORGANIZA PEDAGOGICAMENTE ______________50 3.5 METODOLOGIA: COMO DETECTAMOS O PROBLEMA ______________ 51 3.6 PROPOSTA DE INTERVENO ___________________________________ 53 4. PESQUISA COMO TRABALHO SCIO-EDUCATIVO ______________________ 55 5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS _____________________________________ 56

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RESUMO A reflexo sobre o ensino da leitura na escola, com um olhar apurado para o ensino infantil, muito importante nos dias de hoje. Nesta reflexo primordial analisar os fatores que impedem a formao de sujeitos leitores para que se possa apresentar caminhos de renovao e qualificao na prtica pedaggica relativa leitura. Um trabalho de leitura e de formao de leitores precisa abordar tipos diversificados de textos, pois o mundo est em mudana constante e preciso avanar de acordo com a tecnologia. No mbito escolar percebemos que os alunos cada vez mais se afastam e desinteressam pela leitura e a que se questiona a prtica pedaggica, o ensino e o incentivo da leitura em sala de aula e as propostas de ao que podem levar as crianas a se tornarem "Leitores competentes". Investir na formao de leitores uma tarefa urgente. preciso apostar que possvel ir muito alm da alfabetizao e que sujeitos leitores so capazes de olhar reflexivamente a realidade sua volta, e capazes de fazer a opo de mud-la de alguma forma. PALAVRAS CHAVE: Ensino Infantil Leitura Leitores competentes

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INTRODUO

1.1.Contextualizao

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As exigncias educativas da sociedade contempornea so crescentes e esto relacionadas s diferentes dimenses da vida das pessoas: ao trabalho, participao social e poltica, vida familiar e comunitria, s oportunidades de lazer e desenvolvimento cultural.

O mundo passa atualmente por uma revoluo tecnolgica que est alterando profundamente as formas de trabalho e de interao, onde, numa economia cada vez mais globalizada, a competitividade desponta como necessria subsistncia humana. No af de auto-superar o homem moderno terminou o sculo XX em desarmonia consigo mesmo, sem reflexo crtica sobre as suas reais necessidades, as quais deveriam permear o prximo milnio.

Sobre este prisma, torna-se oportuna a discusso sobre as formas de lidar com os novos tempos e, portanto, emergir o discurso sobre a qualidade de ensino nas escolas, atentando para a ascenso no nvel de educao de toda populao e detectando os fatores que possam atender s novas exigncias educativas que a prpria vida cotidiana impe de maneira crescente no meio social.

Neste sentido, um dos instrumentos imprescindveis para uma formao geral e que possibilite cidados crticos, autnomos e atuantes, nesta sociedade em constante mutao, seria a prtica de leituras variadas que promovam, de maneira direta ou indireta, uma reflexo sobre o contexto social em que esto inseridas, uma vez que o movimento dialtico da leitura deve inserir o leitor na histria deste milnio e o constituir como agente produtor de seu prprio futuro.

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As fracas experincias com a leitura afastam o leitor do contexto social e cultural, faz com que desconhea o que de mais profundo o homem pensou e escreveu sobre si, alienando-se das informaes e, conseqentemente obsta sua participao ativa e efetiva na sociedade em que est inserido.

Por esta perspectiva, obvia-se a necessidade da formao de leitores, pois se percebe que sua participao no contexto social depende de sua viso de mundo, de seus valores, de seus conhecimentos, de sua reflexo e viso crtica, enfim, da leitura como instrumento do conhecimento.

Nesta perspectiva, o exerccio da leitura transcende, em muito, a utilizao de materiais, muitas vezes empregados como modismos em sala de aula. A formao do leitor impese como prioridade a ser seguida, pressupondo a figura do professor como interlocutor ativo no dilogo da leitura, a fim de instigar e promover leitores que estejam procura de respostas s suas prprias indagaes e a desconfiar dos sentidos das letras impostas por textos insignificantes para, desta forma, encontrar nos livros, a fonte de sua sabedoria e inspirao, resgatando a histria do conhecimento, to necessria nos novos tempos, em que as mudanas so rpidas e atropelam o prprio saber humano.

A Escola insere-se neste contexto como instrumento hbil a implementar a leitura na Educao Infantil e Sries Iniciais, motivando os jovens leitores atravs de uma mudana de concepo, ou seja, transformando a leitura como algo agradvel, fonte no apenas de informao, mas principalmente de lazer.

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o que se pretende ao longo deste trabalho conclusivo de curso, atravs da escrita baseada numa pesquisa bibliogrfica atualizada com o tema, demonstrar aos leitores a relevncia do educador na formao de novos leitores, numa concepo de que, sem rupturas no processo ensino-aprendizagem, a leitura pode ser empregada como mecanismo de lazer, cultura e formao.

1.2 - Justificativa

A alfabetizao, a leitura e a produo textual tm sido alvo de grandes discusses por parte dos estudiosos da Educao, j que h muitos anos se observam algumas dificuldades de aprendizagem e altos ndices de reprovao e evaso escolar. Dentre as questes mais focalizadas, destaca-se o ensino da lngua materna. A dificuldade, aps anos de escola, de o aluno escrever um texto coeso e coerente culminando na insegurana lingstica demonstra o fracasso das prticas lingsticas das aulas.

A voz do professor raras vezes ouvida no coro daqueles que denunciam a situao. No de surpreender, pois faz parte do processo de diminuio do professor deix-lo sem acesso palavra escrita, seja, como leitor, porque no detm recursos financeiros suficientes para adquirir o que instrumento para seu trabalho, seja como escritor, porque no um representante social da elite formadora de opinies, embora tenha que, represent-la em sala de aula.

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A funo primordial da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciarem aos alunos caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os mecanismos de apropriao de conhecimentos. Assim como a de possibilitar que os alunos atuem, criticamente em seu espao social. Essa tambm a nossa perspectiva de trabalho, pois, uma escola transformadora a que est consciente de seu papel poltico na luta contras as desigualdades sociais e assume a responsabilidade de um ensino eficiente para capacitar seus alunos na conquista da participao cultural e na reivindicao social. (Soares, 1995:73)

Entretanto, Foucambert (1994) enfatiza que, faz-se necessrio o surgimento de dois movimentos sociais: um de reinveno da escola e outro de desescolarizao da leitura. Para que o primeiro se estabelea, faz-se necessrio uma interveno das instncias e movimentos de educao popular; e uma verdadeira mudana de postura poltica. J a concretizao do segundo passa pela conscientizao dos membros da sociedade em relao importncia e poder da leitura enquanto ato e aprendizado social possibilitador de transformao, o qual se caracteriza e se realiza a partir das prticas familiares e sociais de leitura.

Compartilhando de concepes semelhantes, Kramer (2001) tambm acredita que o acesso alfabetizao (enquanto desenvolvimento de uma postura reflexiva sobre a lngua), leitura e escrita um direito do cidado e que, portanto, exige o comprometimento com um projeto de sociedade que vise democratizao e justia social. Ela tambm defende que a escola no deve assumir sozinha o compromisso com as mudanas que precisam ser efetivadas nesta rea. Kramer argumenta que necessrio tanto o desenvolvimento de um projeto econmico como de um projeto de emancipao 14

cultural dentro e fora da escola, que favorea o contato dos indivduos com o bem cultural produzido pela humanidade em todas as reas do conhecimento. Deste modo, ela parece propor um acesso s vrias leituras, que no apenas a do escrito: a leitura da escultura, da pintura, do movimento, da dana, da fotografia, da msica...

Foucambert (1997) defende que os professores precisam apresentar aes determinantes tanto dentro como fora da escola, no esperando, de maneira passiva, que este tipo de mudana seja germinado na sociedade. Deste modo, ele parece tambm acreditar que o professor apresenta-se como uma pea fundamental deste processo, postulando que o mesmo pode engendrar o incio desta mudana. Todavia, Foucambert (1997) sustenta que:assim como acontece com o leitor-aprendiz,torna-se necessrio que o professor tenha acesso, em processo de formao inicial ou continuada, ao poder da escrita para que possa colocar-se em uma posio que lhe permita a construo de um novo ponto de vista em relao atividade de leitura e sua natureza.

Diz Foucambert (1997) que somente a aproximao do professor com a informao pertinente e, portanto, com o escrito, pode-lhe conceder a liberdade de escolha sobre o que possvel fazer em sala de aula. esta informao terica que permite a esse profissional a ampliao de sua percepo, via reflexo e distanciamento do real, e conseqente ampliao de sua ao. Para ele, formar-se professor ter acesso aos instrumentos que possibilitem a formao do leitor, compreende-los, agir sobre eles e transform-los.

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No entanto, no isso que tem sido evidenciado em nossa realidade educacional. A formao de professores por si s, hoje, no parece garantir este poder. Pelo contrrio, o que se observa em cursos de formao de professores e em professores em servio de formao com a escrita e, portanto, com a leitura uma relao tcnica, mecnica e, quase sempre, sem motivao e prazer.

Pensa-se, portanto, que a mudana deve partir de uma reestruturao dos cursos de formao inicial e continuada de professores, em que o aspecto afetivo destes seja resgatado, vivenciado e trabalhado, a fim de se possibilitar os acontecimentos, o controle das emoes, o desenvolvimento da sensibilidade e das habilidades de saber ouvir empaticamente, saber respeitar as diferenas e saber observar.

Ao adquirir essas habilidades o professor perceber que a linguagem tem como objetivo principal comunicao sendo socialmente construda e transmitida culturalmente. Portanto, o sentido da palavra instaura-se no contexto, aparece no dilogo e altera-se historicamente produzindo formas lingsticas e atos sociais. A transmisso racional e intencional de experincia e pensamento a outros requer um sistema mediador, cujo prottipo a fala humana, oriunda da necessidade de intercmbio durante o trabalho. (Vygotski, 1998:07)

Mas, freqentemente o aprendizado fora dos limites da instituio escolar muito mais motivador, pois a linguagem da escola nem sempre a do aluno. Dessa maneira percebemos a escola que exclui, reduz, limita e expulsa sua clientela: seja pelo aspecto fsico, seja pelas condies de trabalho dos professores, seja pelos altos ndices de

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repetncia e evaso escolar ou pela inadaptabilidade dos alunos, pois, a norma culta padro a nica variante aceita, e os mecanismos de naturalizao dessa ordem da linguagem so apagados. (Soares, 1995: 36)

A anlise das questes sobre a leitura e a escrita est fundamentalmente ligada concepo que se tem sobre o que a linguagem e o que ensinar e aprender. E essas concepes passam, obrigatoriamente, pelos objetivos que se atribuem escola e escolarizao.

Muitas das abordagens escolares derivam de concepes de ensino e aprendizagem da palavra escrita que reduzem o processo da alfabetizao e de leitura a simples decodificao dos smbolos lingsticos. A escola transmite uma concepo de que a escrita a transcrio da oralidade (Cagliari, 1989: 26). Parte-se do princpio de que o aprendiz deve unicamente conhecer a estrutura da escrita, sua organizao em unidades e seus princpios fundamentais, que incluiriam basicamente algumas das noes sobre a relao entre escrita e oralidade, para que possua os pr-requisitos, aprenda e desenvolva as atividades de leitura e de produo da escrita.

Mas a escrita ultrapassa sua estruturao e a relao entre o que se escreve e como se escreve demonstra a perspectiva de onde se enuncia e a intencionalidade das formas escolhidas. (Guimares, 1995:08) A leitura, por sua vez, ultrapassa a mera decodificao porque um processo de (re) atribuio de sentidos.

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Os que se baseiam em uma viso tradicional da leitura e da escrita continuam a ver o aprendizado dessas prticas como o acesso s primeiras letras, que seria acrescido linearmente do reconhecimento das slabas, palavras e frases, que, em conjunto, formariam os textos, e, aps o conhecimento dessas unidades, o aluno estaria apto a ler e a escrever. (Cagliari,1989: 48) Essa seria uma concepo de leitura e de escrita como decifrao de signos lingsticos transparentes, e de ensino e aprendizagem como um processo cumulativo.

J na viso contempornea a construo dos sentidos, seja pela fala, pela escrita ou pela leitura, est diretamente relacionada s atividades discursivas e s prticas sociais as quais os sujeitos tm acesso ao longo de seu processo histrico de socializao. As atividades discursivas podem ser compreendidas como as aes de enunciado que representam o assunto que objeto da interlocuo e orientam a interao. A construo das atividades discursivas d-se no espao das prticas discursivas.

(Matencio,1994:17)

Como dito anteriormente, estamos propondo que enfatizemos as prticas discursivas de leitura e escrita como fenmenos sociais que ultrapassam os limites da escola. Partimos do princpio de que o trabalho realizado por meio da leitura e da produo de textos muito mais que decodificao de signos lingsticos, ao contrrio, um processo de construo de significado e atribuio de sentidos. Pressupomos tambm que a leitura e a escrita so atividades dialgicas que ocorrem no meio social atravs do processo histrico da humanizao.

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Adotar esse ponto de vista requer mudana de postura, pois a diferena lingstica no mais vista como deficincia (Ceccon, 1992:62). O trabalho com a leitura e a escrita adquire o carter scio-histrico do dilogo e a linguagem preenche a representao social: a palavra est sempre carregada de um contedo ou de um sentido ideolgico ou vivencial. (Baktin, 1992:95)

Nessa perspectiva, a evoluo histrica da linguagem, a prpria estrutura do significado e a sua natureza psicolgica mudam de acordo com o contexto vivido. A partir das generalizaes primitivas, o pensamento verbal eleva-se ao nvel dos conceitos mais abstratos. (Vigotski, 1997:30). No simplesmente o contedo de uma palavra que se altera, mas o modo pelo qual a realidade generalizada em uma palavra. O significado dicionarizado de uma palavra nada mais do que uma pedra no edifcio do sentido; no passa de uma potencialidade que se realiza de formas diversas na fala. (Vigotski, 1998:156).

1.3 Problema, hiptese e objetivos do trabalho.

A falta de estmulo leitura, por parte dos educadores do ensino infantil, na E.E.E.I. F Santa Maria Gorete, na cidade de So Jos de Piranhas PB colabora para que o aluno conceitue a leitura apenas como objeto de ensino e no de aprendizado, partindo do problema exposto, levantam-se as seguintes hipteses: leitura apenas decodificar smbolos; a convivncia com pessoas letradas um estmulo leitura; a leitura um instrumento de aprendizagem; a falta de motivao por parte do professor atrapalha a aprendizagem do aluno.

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Sendo assim, objetivamos com este trabalho cientfico, provar que preciso haver estmulo por parte dos educadores para que seja desenvolvido o gosto pela leitura em seus alunos; identificar as dificuldades que o professor encontra para estimular o aluno a praticar o ato de ler; verificar se a falta de estmulo leitura provoca no aluno um retardamento em seu aprendizado; especificar mtodos que possam ser utilizados no ensino-aprendizagem no que se refere leitura para que os alunos desenvolvam suas habilidades.

1.4 Estrutura

O trabalho est estruturado em cinco captulos. O primeiro a Introduo: apresenta o assunto de forma contextualizada divida em contextualizao, justificativa, problema, hipteses e objetivos do trabalho, alm da estrutura; o segundo a Problematizaro: representando a base terica da fundamentao do trabalho. O terceiro a Relativizao da experincia: so as caractersticas histricas, fsicas, funcionais levantadas a respeito da Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete, que so os mtodos utilizados para chegar-se a definio da rea de estudo, como por exemplo, sua localidade, ponto de referencia, a rea construda, seu quadro funcional e o nmero de alunos matriculados, a metodologia que mostra como detectamos o problema, e as possveis dedues encontradas a partir da anlise de observao e uma proposta de interveno visando contribuir com a melhoria do desempenho da escola campo. O quarto a pesquisa como trabalho scio-educativo: mostrando o nosso ponto de vista com relao ao tema escolhido e citando as consideraes finais do trabalho. O quinto e

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ltimo captulo so as Referncias Bibliogrficas: apresenta as fontes de pesquisa do nosso TCC Trabalho de Concluso de Curso.

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A PROBLEMATIZAO

Semear leitura para colher leitores: Desafio do Ensino Infantil

2- A PROBLEMATIZAO: 22

Origem e Importncia da Leitura Desde os primrdios da civilizao o homem busca habilidades que lhe torne mais til a vida em sociedade e que lhe possa tornar mais feliz. A criao de mecanismos que possibilitassem a disseminao de seu conhecimento tornava-se um imperativo de saber/poder, que ensejava respeito e admirao pelos companheiros de tribo.

Da o surgimento das inscries rupestres, simbologia, posteriormente e num estgio mais avanado das civilizaes, os hierglifos e as esculturas que denotavam sua prpria e mais nobre conquista: a conquista de ser.

Nesse contexto surge a escrita e a leitura como imanentes prpria histria da civilizao.

Ao longo da histria, a leitura foi vista como uma fonte de aprendizagem e de conhecimento. Foi assim desde a antiguidade, precisamente a partir dos sculos V e VI a.C, quando a prtica da leitura em voz alta foi bastante difundida. J na Idade Mdia, no final do sculo XI at o sculo XIV, com o desenvolvimento da alfabetizao, as prticas de escrita e de leitura, antes separadas, aproximaram-se e se tornaram funo uma da outra. A escola passa, ento, a ser vista como o principal espao onde se dar o ensino de leitura. Posteriormente, na Idade Moderna, entre os sculos XVI e XVIII, as prticas de leitura estiveram condicionadas escolarizao, s opes religiosas e ao crescente ritmo de industrializao.

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J no transcorrer deste sculo a imprensa escrita desenvolveu mais nitidamente sua funo educativa, penetrando nos vrios setores da vida social, agindo intensamente na formao do imaginrio coletivo. Tornou-se, sobretudo, o principal veculo para difundir vises de mundo, normas e valores de carter ideolgico dominante. Por outro lado, aguou a capacidade crtica dos leitores, ainda que num nmero insuficiente para uma sociedade que clama por iguais condies de acessibilidade ao conhecimento. Pode-se afirmar que a imprensa ao longo da histria serviu, sobretudo, classe dominante que acreditava no papel da leitura como um elemento auxiliar do processo de inculcao ideolgica, colaborando para a reproduo das estruturas sociais excludentes.

Nas ltimas dcadas do sculo XX, a expanso da tecnologia digital e das redes de comunicao virtual por meio de computador desenvolveu novos suportes de leitura que se somaram ao formato do livro impresso. Os discos rgidos, disquetes, cd - rom, multimdia, mostraram-se como novas alternativas para o ato de leitura, pois o texto eletrnico permite que o leitor interfira em seu contedo tornando-se um co-autor.

O leitor diante da tela pode intervir nos textos, modific-los, reescrev-los, faz-los seus; ele torna-se um dos autores de uma escrita de vrias vozes ou, pelo menos, encontra-se em posio de construir um texto novo a partir de fragmentos recortados e reunidos. (CHARTIER, 1994, p. 103). Ainda assim, o progresso no possibilita iguais oportunidades de leitura e escritura maioria da populao brasileira.

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A criao dessa disponibilidade, que chamamos escrita e leitura, criam outras disponibilidades, pois ela a bsica, dela provm as demais. Atravs da leitura e da escrita o homem conseguiu estreitar os laos de afetividade com seus semelhantes, harmonizar os interesses, resolver os seus conflitos e se organizar num estgio atual da civilizao, com a abstrao a que nomeamos Estado. O homem se organizou politicamente.

Mas voltando-nos ao campo do conhecimento humano, que o que por ora nos interessa, o mito potico que sempre embalou o homem, a fantasia dos deuses, descortinaram as portas do saber, originando a busca da informao, do saber humano, do seu prazer.

Com o desenvolvimento da linguagem, a fora das mensagens humanas aperfeioou-se a tal ponto de ser imprescindvel sua prpria existncia. A busca do conhecimento tornou-se imperativa para novas conquistas e para o estabelecimento do homem como ser social, como centro de convergncia de todos os outros interesses.

Na busca desse conhecimento, que se perpetua ao longo da histria da civilizao, percebe-se que quanto mais cedo o homem iniciar, mais cedo germinar bons resultados. Ou seja, a infncia como uma fase especial de evoluo e formao do ser, deve despertar-lhe para este mundo, o mundo da simbologia, o mundo da leitura.

Podemos dizer que a imaginao humana imperiosa para a construo do conhecimento, e conhecimento tambm arte, da a importncia da Educao Infantil para enriquecer essa imaginao da criana, oferecendo-lhe condies de liberao

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saudvel, ensinando-lhe a libertar-se no plano metafsico, pelo esprito, levando-a a usar o raciocnio e a cultivar a liberdade e o hbito da leitura.

2.1- Ensino Infantil: O papel da escola na formao de leitores competentes

Numerosos estudos nos fazem supor que os livros preparados para a infncia remontam ao final do sculo XVII. Antes disso, as crianas, vistas como adultos em miniatura, participavam desde a mais tenra idade, da vida adulta.

Naqueles tempos no havia histrias dirigidas especificamente ao pblico infantil, pois a infncia, enquanto perodo de desenvolvimento humano, com particularidades que deveriam ser respeitadas, inexistia.

As profundas transformaes ocorridas no mbito social e econmico, principalmente com o advento do Capitalismo e da Supremacia burguesa, fizeram com que surgisse uma nova organizao familiar e educacional, na qual a criana passou a ocupar um espao privilegiado. Com intuito de capacitar cidados a fim de enfrentar um mercado de trabalho to competitivo j naquela poca, tornava-se imperioso o preparo eficiente das crianas para o trabalho e, consequentemente, para um desenvolvimento social sustentvel.

Nesse sentido, reorganiza-se a Escola para que atenda s novas exigncias, repensandose todos os produtos culturais destinados a infncia e, dentre eles, especialmente o livro.

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Surge assim a Literatura Infantil, criada com uma concepo ideolgica comprometida com um destinatrio especfico: a criana, embora persistissem resqucios ideolgicos amalgamados transmisso de valores da sociedade ento vigente.

Com o passar dos tempos e com o surgimento de novos autores, os livro infantis vo gradativamente sofrendo transformaes e promovendo, atravs da disseminao de uma leitura prazerosa e ao mesmo tempo vinculada construo do conhecimento, um alargamento vivencial para as crianas.

Nesta direo, a Escola, como espao socializador do conhecimento, fica com a tarefa primordial de assegurar aos seus alunos o aprendizado da leitura, devendo fazer circular em seu meio uma diversidade de materiais, com contedos ricos e variados, que promovam a formao de leitores livres. Concebe-se assim, a prtica da leitura, no como habilidades lingsticas, mas como um processo de descoberta e de atribuio de sentidos que venha possibilitar a interao leitor-mundo. Conforme FREIRE (1996): (...) O ato de ler no se esgota na decodificao pura da palavra escrita (...) A leitura do mundo precede a leitura da palavra.

Sob este prisma, o professor precisa estar capacitado e preparado para provocar em sala de aula, a partir de leituras diversificadas, discusses que conduzam os alunos ao estabelecimento de elos com outras realidades, permitindo assim, a efetivao do real sentido do que est sendo lido, em consonncia com o discurso de SOARES (1995): A

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leitura na escola, tem a funo de desacomodar o aluno, despertar-lhe o senso crtico, romper com a alienao(...) j que ler no apenas decodificar signos grficos.

Por esta perspectiva, oportuno reforar a assertiva de que o professor deve selecionar diferentes tipos de textos, literrios ou no, que projetem a vida contempornea do local onde os alunos esto inseridos, bem como de outros lugares e tempos, os diversos pontos de vistas, estimulando discusses, reflexes e confrontos entre os alunos. Com a virada do milnio a escola, visando incentivar o hbito da leitura, busca construir mecanismos eficientes a fim de competir com o advento dos recursos visuais, auditivos e multimdia, a que alguns poucos alunos j tm acesso.

O desenvolvimento intelectual da populao representa um fator poltico-social bsico para o alcance do progresso e aspirao de toda a sociedade. O Brasil intitula-se como Estado Democrtico de Direito e que tem como um dos seus fundamentos constitucionais bsicos a educao como direito de todos e dever do Estado e da famlia (...). A amplitude que enseja a formao desses agentes se inicia na Educao Infantil e Sries Iniciais, e esta no pode estar margem da modernidade.

Nesta tica, no h como negar os avanos tecnolgicos, no entanto, a Escola deve estar atenta ao uso que se faz dos recursos eletrnicos e definir com clareza quais objetivos a serem atingidos com o seu uso.

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A utilizao inadequada dos meios eletrnicos como mecanismo bsico do ensino e leitura induzem a formatao do conhecimento, ao contrrio do que ocorre na leitura do livro, quando o tempo da reflexo assegura um dilogo em que as experincias de vida so compartilhadas, como diz Brbara Vasconcelos :

(...) O livro desempenha um papel importante na vida e na formao do ser humano, pois atravs dele nos tornamos mais sensveis ao mundo e capazes de entender nossas prprias reaes. O livro incrementa a misso de educar, pois fornece as crianas informaes, lazer, cultura, propiciando ao leitor elaborar seu prprio conhecimento, enriquecer seu vocabulrio, facilitar a escrita, agilizar o raciocnio e aguar a imaginao. Assim, ao incentivarmos a leitura, estamos deflagrando um movimento para desenvolver pessoas crticas, participativas, criativas e preparadas para construir a nao do futuro .

A Escola, incumbida ento da funo de promover a formao do leitor, ter que rever as condies, muitas vezes restrita, a que impe a leitura aos seus alunos.

2.2 - O aprendizado inicial da leitura e suas concepes

preciso superar algumas concepes sobre o aprendizado inicial da leitura. A principal delas a de que ler simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreenso conseqncia natural dessa ao. Por conta desta concepo equivocada a escola vem produzindo grande quantidade de leitores capazes de 29

decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentem ler.

O conhecimento atualmente disponvel a respeito do processo de leitura indica que no se deve ensinar a ler por meio de prticas concentradas na decodificao. Ao contrrio preciso oferecer aos alunos inmeras oportunidades de aprenderem a ler usando os procedimentos que os bons leitores utilizam. preciso que antecipem, que faam inferncias a partir do contexto ou do conhecimento prvio que possuem, que verifiquem suas suposies. disso que se est falando quando se diz que preciso aprender a ler, lendo.

A escola, espao que convencionamos como sendo especfico e privilegiado do saber, no que concerne leitura, precisa rever suas prticas, mormente diante de leituras impostas em salas de aulas onde faz imperar um dualismo: de um lado algumas escolas que, ao pretenderem uma rpida atualizao com o presente, assimilam o novo sem a devida reflexo utilizando inadequadamente instrumentos modernos de ensino e tornando seus leitores passivos diante de imagens efmeras. Em contraposio, outras escolas utilizam textos fragmentados de manuais didticos como nico meio auxiliar para a leitura, objetivando o trabalho de unidades curriculares como mera fixao e memorizao de contedos, quase sempre aleatrias realidade dos alunos.

Neste sentido, esta ambigidade da prtica educativa tornam os alunos alheios a realidade que os circundam, tornando-os vulnerveis a dominao de uma minoria que pensa e se mantm bem informados. Parte-se ento do pressuposto que a prtica da

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leitura significa a possibilidade de domnio atravs de um instrumento de poder, chamado linguagem formal, pois desta forma que esto escritas as leis que regem nosso pas, e assim perceber os direitos que se tem, o direito das elites que, com um discurso ideolgico em prol da liberdade e da justia, os mantm na condio de detentores do Poder.

Prticas de leitura para as crianas tm um grande valor em si mesmas, no sendo sempre necessrias atividades subseqentes, como o desenho dos personagens, a resposta de perguntas sobre a leitura, dramatizao das histrias etc. Tais atividades s devem se realizar quando fizerem sentido e como parte de um projeto mais amplo. Caso contrrio, pudesse oferecer uma idia distorcida do que ler.

A criana que ainda no sabe ler convencionalmente pode faz-lo por meio da escuta da leitura do professor, ainda que no possa decifrar todas e cada uma das palavras. Ouvir um texto j uma forma de leitura.

de grande importncia o acesso, por meio da leitura pelo professor, a diversos tipos de materiais escritos, uma vez que isso possibilita s crianas o contato com prticas culturais mediadas pela escrita. Comunicar prticas de leitura permite colocar as crianas no papel de leitoras, que podem relacionar a linguagem com os textos, os gneros e os portadores sobre os quais eles se apresentam: livros, bilhetes, revistas, cartas, jornais etc.

As poesias, parlendas, trava-lnguas, os jogos de palavras, memorizados e repetidos, possibilitam s crianas atentarem no s aos contedos, mas tambm forma, aos

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aspectos sonoros da linguagem, como ritmo e rimas, alm das questes culturais e afetivas envolvidas.

Manter grande parte da populao escolar perto do alcance desta linguagem formal, este o grande desafio, a fim de que, com uma viso crtica e reflexiva e atravs do discernimento, no se permita a perpetuao de sua condio de dominados.

Neste sentido torna-se oportuno citar FOUCAMBERT (1994, p. 121):

(...) a leitura aparece tambm como um instrumento de conquista de poder por outros atores, antes de ser meio de lazer ou evaso. O acesso a leitura de novas camadas sociais implica que leitura e produo de texto se tornem ferramentas de pensamento de uma experincia social renovada; ela supe a busca de novos pontos de vista sobre uma realidade mais ampla, que a escrita ajuda a conceber e a mudar, a inveno simultnea e recproca de novas relaes, novos escritos e novos leitores. Nesse sentido torna-se leitor pela transformao da situao que faz que no se o seja.

Assim, a leitura como prtica social faz a diferena para aqueles que dominam, tornando-os distintos cultural e socialmente.

Faz-se necessrio que as escolas revejam as condies restritas impostas ao ensino da leitura. Entretanto mudar as condies de produo da leitura na escola no significa apenas alterar os instrumentos de sua codificao e decodificao, vai muito mais alm:

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Conforme Paulo Freire (2003, p. 11):(...) o ato de ler no se esgota da decodificao pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligncia do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra (...) linguagem e realidade se prendem dinamicamente.

Exige-se da escola, principalmente, o redimensionamento de todo o trabalho educativo que engloba: ousadia, seleo de materiais variados, espao para socializao, respeito a opinies divergentes, enfim novas propostas de trabalhos pedaggicos com leituras crticas e variadas.

Reafirmamos que o exerccio e prtica da leitura transcendem ao uso de materiais como meios auxiliares de ensino, empregados como modismos em sala de aula ou como atividade ligada a lio e a inteno didtica instrucional.

Alm da leitura como informao e, conseqentemente, como fonte de acesso ao conhecimento e ao poder, o mais importante a capacidade de se aliar isso ao prazer e entretenimento, pois de se deduzir, por essa linha de pensamento que, a contrrio senso, o prazer na prtica da leitura levar automaticamente o leitor ao conhecimento.

Assim, a leitura singular dos livros didticos deve ceder espao aos livros de literatura infantil, jornais, revistas, gibis, bulas de remdios, receitas caseiras, etc., que fazem parte dos objetos de uso cotidiano, articulado a uma leitura significativa e, portanto, compreensiva e mais agradvel como processo pedaggico.

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Leitura conhecimento, e o conhecimento um processo de construo em que o protagonista o aluno, e respaldando tal assertiva oportuno citar Paulo Freire:

Uma educao que procura desenvolver a tomada de conscincias e a atitude crtica, graas qual o homem escolhe e decide, liberta-o em lugar de submet-lo, de domestic-lo, de adapt-lo, como faz com muita freqncia a educao em vigor num grande nmero de pases do mundo, educao que tende a ajustar o indivduo sociedade em lugar de promov-lo em sua prpria linha.

H muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. Para isso, se faz mister uma mudana na postura dos educadores e tambm da conscincia de que, como enfatizamos nos captulos iniciais, exigir a quebra de alguns paradigmas no processo educativo.

Trata-se de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor ensinar, visando, sobretudo, uma educao que permita ao aluno o exerccio pleno de sua cidadania e o seu desenvolvimento como pessoa humana atravs do hbito de ler, no apenas como fonte de conhecimento, mas tambm como informao e prazer!

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2.3- Literatura infantil: O fantstico mundo da realidade

Um livro infantil, para o quarto de uma criana, um objeto to importante e mais indispensvel do que o bero

Foucambert

Uma das formas de recreao mais importante para a criana, principalmente no que se refere ao seu desenvolvimento e crescimento intelectual, psicolgico, afetivo e espiritual a leitura.

A literatura infantil, como meio de comunicao e modalidade da leitura, tambm um dos mais eficientes mecanismos de recreao e lazer, servindo como um mtodo prtico de terapia educacional.

Os condicionamentos impingidos pela vida moderna, tais como a massificao da informao pela televiso, os programas televisivos inadequados, a comunicao via ciberespao, os filmes infantis instigando violncia, dentre outros aspectos, despejam sobre a criana informaes que cercam a sua capacidade imaginativa, culminando num alheamento de perspectiva crtica.

A literatura desempenha papel fundamental na vida da criana, no apenas pelo seu contedo recreativo que desempenha, mas tambm pela riqueza de motivaes, sugestes e de recursos que oferece ao seu desenvolvimento.

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Em seu descobrimento da vida, a criana est vida por descobrir e entender a realidade circundante, deslumbrando os mistrios que a aproximam do mundo exterior atravs dos smbolos, da leitura infantil. Nessa curiosidade e deslumbramento dever encontrar estmulos sadios e enriquecedores que sero a tnica de sua motivao e crescimento como pessoa humana.

Portanto, deve-se estimular e propiciar ao alcance das crianas os livros infantis, dos Contos de Fadas, poesias, os mitos, folclore, fbulas, teatro, permitindo-lhe penetrar em seu universo mgico dos sonhos. o caminho no apenas de sua descoberta, mas tambm um dos mais completos meios de enriquecimento e desenvolvimento de sua personalidade.

Com a leitura e os livros a criana e o jovem encontraro caminhos, crescero e se desenvolvero na busca de solues para as suas inquietaes e problemas de ordem intelectual, social, afetiva, tica e moral.

A leitura infantil um dos fatores bsicos para a criana buscar a sua realizao como pessoa humana, incumbindo s novas geraes uma grande responsabilidade quanto mudana de concepo ideolgica, de maneira a que o hbito da leitura seja propugnado desde a mais tenra idade, contribuindo em sua formao sob todos os aspectos.

Por razes evidentes, no poderamos deixar de fazer aluso a um dos maiores nomes da literatura infantil: Monteiro Lobato.

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Monteiro Lobato tornou-se o maior clssico da literatura brasileira; No escreveu apenas livros para crianas, mas sim criou um novo universo para elas. Foi original em seus escritos, embora utilizasse o rico acervo da literatura clssica infantil de todo o mundo. Sua maior fonte de inspirao foi a prpria criana: os ingredientes de sua vivncia, suas fantasias, suas aventuras, seus jogos e brinquedos, e tudo que povoasse sua imaginao.

Brbara Vasconcelos, em sua obra A literatura Infantil, retrata bem a importncia da obra de Monteiro Lobato:

importante que a criana viva em seu mundo, sem ser perturbada, para que ela seja criana enquanto for criana. Lobato realizou uma obra onde a criana, desinibida e autntica, livre para ser criana. E isso que importante. Ele no mente criana, mas no lhe impe os problemas. A criana merece beleza e respeito, sem precocidade vulgares, sem permissividades, porque o nosso objetivo dar-lhes condies de crescer. isso que faz a obra de Lobato.

A criao literria de Monteiro Lobato contribuiu sobremaneira para a educao, inspirando as novas geraes para o hbito da leitura, num mundo cheio de fantasia e beleza, fazendo com que sua presena fique viva nos lares, nas escolas e, principalmente, nos coraes das crianas.

Sua obra infantil tem servido de inspirao para educadores e homens de teatro no Brasil e no exterior, motivo de orgulho nacional.

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2.4 O professor-leitor e sua implicao na formao do aluno-leitor

O trabalho direto com crianas pequenas exige que o professor do ensino infantil" 1 tenha uma competncia polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com contedos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados bsicos essenciais at conhecimentos especficos provenientes das diversas reas do conhecimento. Este carter polivalente demanda, por sua vez, uma formao bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele tambm, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prtica, debatendo com seus pares, dialogando com as famlias e a comunidade e buscando informaes necessrias para o trabalho que desenvolve. So instrumentos essenciais para a reflexo sobre a prtica direta com as crianas a observao, o registro, o planejamento e a avaliao.

A implementao e/ou implantao de uma proposta curricular de qualidade depende, principalmente dos professores que trabalham nas instituies. Por meio de suas aes, que devem ser planejadas e compartilhadas com seus pares e outros profissionais da instituio, podem-se construir projetos educativos de qualidade junto aos familiares e1

O corpo profissional de grande parte das instituies de educao infantil de todo o pas, hoje, ainda formado, em sua grande maioria, por mulheres. Este Referencial dirige-se ao professor de educao infantil como categoria genrica.

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s crianas. A idia que preside a construo de um projeto educativo a de que se trata de um processo sempre inacabado, provisrio e historicamente contextualizado que demanda reflexo e debates constantes com todas as pessoas envolvidas e interessadas.

Para que os projetos educativos das instituies possam, de fato, representar esse dilogo e debate constante, preciso ter professores que estejam comprometidos com a prtica educacional, capazes de responder s demandas familiares e das crianas, assim como s questes especficas relativas aos cuidados e aprendizagens infantis.

de suma importncia, que o professor incentive o gosto pela leitura, para que a sociedade tenha seus indivduos como sujeitos da sua histria, homens e mulheres que faam cultura e que impulsionem a transformao, fundamentados em princpios humanos de liberdade e solidariedade.

A leitura, nas escolas, tem carter secundrio ao da escrita, apesar de ambas caminharem juntas; a escrita toma todo tempo, enquanto a leitura vista como uma atividade extra na aula que, normalmente, acontece, quando os alunos terminam a lio, ou quando sobra tempo. A leitura precisa ocupar horrio nobre da aula. A escola precisa viabilizar tempo para a leitura.

Nem sempre os professores estabelecem boas relaes com os livros e com a leitura; h alguns que afirmam que no gostam de ler; outros que no vem a leitura como lazer; outros que as poucas leituras que fazem so quase que, exclusivamente, para a preparao das aulas.

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Se o professor formador de leitores no tem o gosto pela leitura, como ir despertar o interesse dos alunos pelo prazer de ler?

Talvez, esse professor no tenha tido oportunidades de se tornar um bom leitor na sua fase de escolarizao ou profissionalizao. Outros fatores, como, condies salariais ou de trabalho, falta de infra-estrutura, pouco ou nenhum tempo para ler, contribuem negativamente para a m formao do professor-leitor.

Mas se os professores no forem leitores, dificilmente podero compartilhar com seus alunos os mistrios, encantos e alegrias que se podem alcanar pela leitura.

Primeiramente, compete ao professor leitor fazer a leitura da sala de aula, como se fosse um texto a ser compreendido. Se, na leitura de textos, necessitamos de estratgias ou instrumentos auxiliares de trabalho, tambm para a leitura da classe precisamos observar, intuir, imaginar a realidade de cada aluno, suas condies sociais, culturais e econmicas para, ento, o educador ser capaz de interagir, intervir e construir criticamente o conhecimento.

Assim, o educador um elemento impulsionador, mediador da leitura, criando em sua sala de aula condies para que seus alunos possam ler. Dessa forma, ao conquistar o ato de ler, dentro das condies propcias, o professor e o aluno estaro ampliando seus conhecimentos, participando ativamente da vida social, alargando a viso de mundo, do outro e de si mesmo, o que poder ser revertido em incremento do trabalho pedaggico.

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a partir desta perspectiva que Foucambert (1994), em sintonia com Smith (1999) e Sol (1998), defende um ensino de leitura no qual se aprende a ler lendo, onde o aprendiz pode estar em contato com os mais diversos tipos de textos sociais dos quais precisa e se utiliza no cotidiano, e no qual o nico pr-requisito para este aprendizado a capacidade de questionar sobre as coisas do mundo. Por outro lado, Foucambert (1994; 1997) e Smith (1999) vo mais longe ao afirmarem que a leitura no pode ser ensinada e que a responsabilidade do professor facilitar o aprendizado desta atividade atravs do acesso da criana a uma variedade de textos. Para estes autores, as habilidades de leitura so desenvolvidas por meio da imerso na escrita e na prtica da leitura, no podendo ser ensinadas de maneira isolada e descontextualizada das prticas sociais. Deste modo, entende-se que os referidos autores diferenciam a atividade de orientao, na qual o professor-leitor experiente tem a funo de tornar possvel a aprendizagem desta atividade.

Segundo esta proposta, o professo-leitor, para facilitar a entrada da criana no mundo da leitura e escrita, deve ler pra ela, mostrando-lhe como os escritos que circulam no cotidiano podem ser usados a fim de que a mesma compreenda os sentidos. Segundo Smith (1999), a criana s capaz de compartilhar deste mundo, quando compreende o seu significado, sendo este o descobrimento da diferena entre a fala e escrita os dois insights necessrios para o aprendizado inicial da leitura.

preciso, ento, um professor-leitor, que compartilhe com os alunos o passaporte imprevisvel e maravilhoso da leitura. preciso que os professores conheam a natureza da literatura, as obras, os autores, que saibam selecionar textos e tenham se apropriado do conhecimento para estabelecer, com os alunos, as relaes possveis. Quando uma 41

criana no encontra utilidade na leitura, o professor deve fornecer-lhe outros exemplos. Quando uma criana no se interessa pela leitura, o professor quem deve criar situaes mais envolventes. O prprio interesse e envolvimento do professor-leitor com a leitura servem como modelo indispensvel: ningum ensina bem uma criana a ler bem se no se interessa pela leitura.

Lendo diversos gneros e portadores textuais, ouvindo contos, notcias, poemas, textos informativos, histrias em quadrinhos que oportunizaremos o acesso a tudo o que a escrita e a leitura representa, dentro e fora da escola. Ou seja, os alunos precisam saber que lemos por diferentes razes e que no lemos todos os textos da mesma forma.

Portanto, na formao de leitores, necessrio dominar as diferentes estratgias de leitura (antecipao inferncia decodificao verificao), pra adequ-las aos diferentes objetivos e situaes presentes no mundo letrado. O domnio das estratgias de leitura decorre de uma prtica viva do ato de ler de um lado, vivenciando os diferentes modos de ler existentes nas prticas sociais de outro, respondendo aos diferentes propsitos de quem l.

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RELATIVIZAO DA EXPERINCIA

Fonte: Arquivo pessoal

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3.1 - Aspectos histricos da escola campo

A Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete est localizada a rua Incio Lira, centro, ao lado da Igreja Matriz So Jos.

A escola foi construda pela parquia com a colaborao voluntria da comunidade no dia 10 de maro de 1962 com o objetivo de suprir as necessidades algumas famlias pobres, tendo como mentor o Padre Jos Glea, que por alguns anos supriu todas as despesas da escola.

No incio de sua fundao, a escola no possua prdio prprio, funcionava em um salo que era dividido ao meio pelas cadeiras dos alunos onde as professoras fundadoras junto com o padre ensinavam h mais ou menos 36 alunos da periferia. Raimunda Mendes Cavalcanti e Judite Incio foram as primeiras professoras a lecionarem na Escola Santa Maria Gorete que at ento no era estadual. No dia 19 de maio de 1983 com o grande apoio e esforo do Padre Antnio de Sousa a escola passou a ser realmente do estado. A partir de ento, foram contratados professores, ampliao do prdio e todas as despesas eram custeadas pelo Governo do Estado.

O nome Escola Santa Maria Gorete foi uma homenagem a uma santa a qual o padre Jos Glea, seu fundador tinha devoo religiosa. No incio de seus trabalhos educacionais a escola funcionava apenas com a primeira fase do Ensino Infantil, em virtude de sua trajetria e da grande procura por vagas, os administradores responsveis pela mesma, solicitaram ao Governo do Estado junto a Secretaria da Educao e Cultura

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a ampliao do Ensino Fundamental no ano de 2000, para possibilitar todas as sries em uma s escola.

A lei estadual que regimenta a escola a LDB (Lei de Diretrizes e Bases). Ainda hoje a escola mantm um vinculo muito grande com a Igreja catlica, pois o prdio onde funciona a mesma patrimnio da igreja e todos os meses o Governo do Estado paga o aluguel ao sacerdote representante maior da igreja na cidade local.

3.2 - Aspectos fsicos

Sala de aula: dimenso, arejamento e iluminao.

Cada sala mede aproximadamente 7x8 metros. Sistema de ventilao e iluminao precrio, pois quando se escreve na lousa faz-se necessrio fechar todas as janelas, ficando a sala de aula escura e sem nenhuma ventilao, a iluminao das lmpadas no so suficientes devido algumas estarem queimadas. As salas no dispem de ventiladores.

Salas especiais, leitura e vdeo: como so utilizadas.

Por no disponibilizar de muito espao fsico a escola no possui sala de vdeo e de leitura. Quando os professores precisam utilizar algum outro recurso (vdeo, tv, etc), o material deslocado para as salas de aula.

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Ptio para recreao, educao fsica, auditrio e outros.

A escola no possui um ptio para recreao. A recreao feita em uma quadra de esporte com dimenses favorveis e em boas condies de uso. No dispe tambm de auditrio, qualquer evento da escola feito na quadra de esportes.

Salas para o setor de administrao

A sala de administrao no apropriada, dividindo em uma mesma sala: secretaria, administrao e biblioteca.

Biblioteca

A biblioteca funciona na secretaria da escola, consultada de forma lenta, pois no dispe de livros que atendam as necessidades dos alunos.

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3.3 Aspectos funcionais

Corpo tcnico-administrativo

O corpo tcnico-administrativo formado por sete pessoas. Uma diretora formada em Letras e concursada; um secretrio com Ensino Mdio completo e concursado; um tcnico de nvel mdio com Curso Superior e concursado readaptado com Curso Superior e concursado e trs auxiliares de secretaria: um com Curso Superior e dois com Ensino Mdio, sendo todos contratados.

Quadro demonstrativo Nome Maria da Silva Lima Incio Jos Lira Neto Edna Pereira Faustino Francisca Batista de Arajo Vicente Maria Edileuda de S. Cavalcanti Edilene Alves Roberto Jaci Bento de Lira

CargoDiretora Secretrio Tcnico Nvel Mdio Professora readaptada (secretaria) Auxiliar de secretria Auxiliar de secretria Auxiliar de secretria

Situao Efetivo Efetivo Efetivo Contrato Contrato Contrato Contrato

Corpo docente e tcnico-pedaggico

O corpo docente formado por 21 professores, sendo 6 da primeira fase e 15 da segunda fase. Ir interessar-nos apenas os professores da primeira fase do Ensino Fundamental. 47

Quadro demonstrativoSrie Nome Formao Nmero de alunos

Situa o

Pr I 1 E F 1 A 2 A 3 A 4 A

Alecsandra Moreira Cavalcanti Valdenisa Pereira de Freitas Tavares Tereza Cristina Gonalves Ferreira Maria do Cu Moreira Cavalcanti Maria Pereira Lima de Assis Maria Aparecida de Sousa Cavalcanti

Superior incompleto Magistrio Magistrio Magistrio Superior completo Superior completo

18 23 19 28 32 26

Contrato Contrato Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo

Corpo de funcionrios

O corpo de funcionrio de apoio formado por sete funcionrios: cinco auxiliares de limpeza/merenda e dois vigilantes, sendo todos contratados.

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Quadro demonstrativo de funcionrios de apoio NomeMaria do Socorro da Silva Alcntara Maria Eliana de S. Lins Maria Elma G. da Silva Maria Juraci A. Amorim Eurique Cavalcanti de Sousa Antnio Bazlio Braga Jos Petrnio do Nascimento Cargo Auxiliar de limpeza e merendeira Auxiliar de limpeza e merendeira Auxiliar de limpeza e merendeira Auxiliar de limpeza e merendeira Auxiliar de limpeza Vigilante Vigilante Situao Contrato Contrato Contrato Contrato Contrato Contrato Contrato

3.4 - Como a escola se organiza pedagogicamente

Com a implantao da Lei complementar 11.274 de 06 de fevereiro de 2006 a Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete passa a ter a 9 srie do Ensino Fundamental, ficando as sries divididas em 9 anos.

Para ter um maior desenvolvimento educacional a escola desenvolve o Projeto Poltico Pedaggico (PPP) que abrange o lado pedaggico, administrativo e social da escola. Esse projeto tem como principal objetivo destacar a real situao de sua escola, buscando solues para os problemas apresentados.

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A escola no possui um orientador pedaggico, mas cada final de bimestre os professores renem-se para fazer o planejamento bimestral das atividades. Os professores so orientados por uma pessoa da 9 Regional de Ensino, que nem sempre vem aos planejamentos. A maior necessidade docente na parte pedaggica justamente essa falta de orientao, os professores desejariam ter um maior acompanhamento em suas atividades escolares.

Apesar de no ter todo um acompanhamento pedaggico o plano de ensino passado durante os planejamentos seguido ao mximo pelos professores e estes conseqentemente tentam passar o mximo de conhecimento para seus alunos no somente o que tem nos livros didticos, mas conhecimentos que eles levam para vida como cidados conscientes e crticos. Todos os dias em sala de aula os alunos esto sendo avaliados, no somente por provas escritas, mas principalmente pela assiduidade, comportamento e participao nas aulas. Assim, o tipo de avaliao adotada pela escola qualitativa, ou seja, o alvo principal no a nota e sim o aprendizado dos alunos.

3.5 - Metodologia: como detectamos o problema?

A partir de estgio feito em todas as etapas na E.E.E.I.E.F. Santa Maria Gorete, detectamos um grave problema que permeia a educao atual e conseqentemente, as salas de aula pelas quais passamos: o trabalho com a leitura. Porm, foi o Ensino Infantil que mais nos chamou a ateno por ser este o incio de toda a formao educacional.

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Desde o estgio de participao at o de regncia percebemos a grande dificuldade que os alunos tm em relao leitura. Os professores pelos quais passamos no tm o habito de ler em sala de aula, ler por prazer, quando fazem uma leitura j querem algo em troca dos seus alunos. Com isso, as crianas no incio de sua vida de verdadeiros leitores, no conseguem ler por prazer. Durante os nossos estgios tentamos fazer diferente, todos os dias no incio da aula fazamos uma roda de leitura, cada dia da semana ficavam trs alunos faziam a leitura para os colegas e todos comentavam o texto. No comeo estranharam, mas logo se acostumaram e amaram a idia e at falavam que ler melhor que escrever.

Diante desta grande problemtica onde os alunos no esto abertos leitura, vimos a grande necessidade de tentarmos amenizar este problema. Desde cedo os alunos no se sentem motivados a ler. Onde estar o problema? Em casa, na escola, no professor ou no prprio aluno? Aprendizagem, motivao e interesse tem que vir por parte de todos (famlia, escola, professor e aluno) para que juntos possam buscar reais solues para tal situao.

Um dos maiores impasses para que os alunos no gostem de ler desde as sries iniciais a no importncia que os professores do a leitura, preocupando-se apenas com a escrita. Falam que primordial aprender a escrever, claro que , mas, se a criana apenas escreve sem saber ler, ela est apenas reproduzindo o que se est vendo. Na verdade ser a partir da habilidade da leitura que o aluno ir desenvolver seu pensamento crtico e conseqentemente aprender a escrever, com uma diferena, porque se o aluno sabe ler, ele sabe o que escreve.

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Os professores por estarem sobre carregados, no buscam melhorias para a aprendizagem dos seus alunos e tambm no so verdadeiros leitores, as leituras que fazem so por obrigaes impostas pela profisso, no lem por prazer. Os alunos vem tudo isso e sentem-se desmotivados, ficando cada vez mais alheios a leitura.

As pessoas tm uma viso errnea do professor do pr-escolar, achando que a funo destes nica e exclusiva para brincar com os alunos, mas nesta fase da escola que o professor despertar o prazer dos alunos pela leitura. Eles ainda no sabem ler, mas sabem ouvir; atravs da audio, a criana passa a apreender conhecimentos com a leitura compartilhada pelo professor, roda de conversa entre colegas, desenvolvendo assim suas verdadeiras habilidades de leitores que lem por prazer e no por pura obrigao. 3.6 Proposta de interveno

Com a ideologia na prtica pedaggica de que: a sala de aula o ambiente ideal para que os alunos construam conhecimentos e consequentemente sejam bons leitores, estamos lanando E.E.E.I.F Santa Maria Gorete alternativas de promoo de leitura, objetivando despertar o interesse e a vontade de ler por parte dos alunos atravs das seguintes aes:

a) Utilizao de textos literrios somados ao trabalho com livros didticos; b) Dramatizaes com a participao dos alunos; c) Atividades com ORIGAMI, arte japonesa que constitui na dobradura artstica de papis, criando personagens das histrias; d) Feira de leitura:

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e) Manipulao de argila e construo de maquetes, fundamentados na releitura das histrias; f) Realizao de atividades com os diversos gneros textuais como, por exemplo, com bulas de remdios, para troca de informaes, experincias e conselhos; g) Criao de caixinhas de remdios e elaborao de bulas com base em algum medicamento natural conhecido; h) Explorao de receitas culinrias; i) Trabalho com jornais; j) Leitura de histrias em quadrinhos: As histrias em quadrinhos tm um efeito surpreendente como mecanismo de incentivo leitura. Tais histrias atraem os alunos pela identificao que estes fazem com alguns personagens, semelhante ao mundo ftico. A fantasia transforma a leitura em modalidade de ensino e de prazer.

A realizao destas propostas pedaggicas, como alternativas e complementares, poder estimular nos alunos vontade e o prazer da leitura.

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H muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. Para isso, faz-se necessrio uma mudana na postura dos educadores e tambm da conscincia de que, como enfatizamos nos captulos iniciais, exigir a quebra de alguns paradigmas no processo educativo.

Trata-se de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor ensinar, visando, sobretudo, uma educao que permita ao aluno o exerccio pleno de sua cidadania e o seu desenvolvimento como pessoa humana atravs do hbito de ler, no apenas como fonte de conhecimento, mas tambm como informao e prazer!

4 Pesquisa como trabalho scio-educativo Ao longo dessas linhas buscou-se inspirao, sobretudo, na crena e firme convico como educadoras, de que o futuro est na educao, principalmente na Educao Infantil e Sries Iniciais.

O desfio do novo educador, daquele adequado ao mundo contemporneo, est justamente em fazer frente s ideologias dominantes que insistem em prticas educativas tradicionais e descomprometidas com o objetivo mximo da educao, centro para onde deveriam convergir todos os interesses: o aluno.

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Nesse desiderato, comprometidos com o amanh e com o futuro de nossos filhos, de nossa histria, e porque no dizer de nossa prpria existncia, incumbe-nos, atravs de um discurso pragmtico e no meramente dogmtico, persuadir o pblico que tem compromisso com a educao, na realidade da famlia ao professor, da Escola ao prprio Estado, a implementar aes voltadas para a formao do futuro cidado, sendo o incentivo ao hbito da leitura o mais ideal dos instrumentos para essa conquista.

O nosso intuito com este trabalho de concluso de curso que este no seja apenas um documento obrigatrio para obteno do ttulo de professor, mais que seja um ponto de referncia na busca por solues no processo de leitura e escrita. Nos realizaremos ainda mais se este tema fomentar em outros educadores o desejo de continuar este nosso trabalho, fazendo dele fonte de pesquisa e inquietao. Que as vicissitudes do cotidiano nos permita avanar atravs da leitura, rumo a uma Sociedade Livre, Justa e Igualitria, valores supremos de qualquer nao! 5 Referncias Bibliogrficas

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