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LUCIANO REIS Personalidades Artísticas Século XX 1º Volume 1

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LUCIANO REIS

Personalidades Artísticas

Século XX

1º Volume

Fonte da Palavra

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À memória de Maria Helena Reise a todos aqueles que amam as

Artes do Espectaculo

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PREFÁCIO

UMA NOVA VISÃO DA HISTORIOGRAFIA

A "Enciclopédia - Personalidades Artísticas" de Luciano Reis, no carácter exaustivo da sua elaboração, configura uma nova abordagem da Historiografia do Teatro Português, mais adequada à própria realidade do seu objecto artístico e científico. Quer isto dizer que se assume, nesta obra, uma visão integral do fenómeno teatral para lá, portanto, da matriz iniciática da literatura dramática em si mesma considerada e tantas vezes delimitada. Por outras palavras, a tradição portuguesa de estudos de História do Teatro, para além de relativamente recente e escassa nas suas manifestações concretas, concentra-se predominantemente, para não dizer quase exclusivamente, na dimensão do texto dramático em si. É evidente que esse texto dramático, pela vocação para a realização através dos corpos e das vozes dos actores, se identifica desde logo com uma potencialidade da arte do espectáculo. E se não cumpre essas características dinâmicas, se se realizar fora da capacidade e da obrigatoriedade estética do espectáculo, pode ser literatura, poesia, prosa dialogada de melhor ou menor qualidade - mas teatro, só o será quando for concretizado no quadro do espectáculo. E já agora - espectáculo sem texto também não é teatro, independentemente da qualidade estética da manifestação em si.

Ora, o que tem ocorrido, desde Teófilo Braga até aos nossos dias - e nessa lista, aliás escassa, eu próprio me incluo, com muita honra mas noção exacta das limitações - é uma concentração de estudos, preponderantemente na Literatura Dramática, com menor atenção às componentes do espectáculo. Claro que as Histórias gerais ou sectoriais do Teatro também referem os aspectos a juzante, mas, insista-se, com menor incidência. Algumas excepções que se vão assinalando, são exactamente excepções mesmo quando indiciem uma nova visão da realidade histórica subjacente. Cito, a propósito, o projecto de História desenvolvido pelo Museu Nacional do Teatro, com estudos de autores diversos, algumas obras avulsas sobre Teatros ou companhias, as Memórias de actores, alguns

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textos vindos das Universidades, ou investigações sobre Ópera. Tudo somado é pouco.

A Enciclopédia que agora se edita, corresponde a uma visão integral da arte do Teatro - espectáculo, vista na contemporaneidade do universo seleccionado e na perspectiva de uma abrangência praticamente exaustiva da componente espectacular, usando agora o termo no sentido literal e no sentido figurado. Literal porque estes nomes são precisamente, nomes do espectáculo e figurado, porque a Enciclopédia constitui em si mesma um impressionante documento de pesquisa histórica e biográfica e um instrumento de trabalho extremamente abrangente, até porque integra autores, músicos, actores, cantores, bailarinos - em suma, todos os que fazem Teatro e, como tal, fazem Espectáculo!

Duarte Ivo Cruz

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INTRODUÇÃO

Desde os dezasseis anos que me interesso pelo universo teatral. O primeiro passo foi ver peças de teatro e, depois, querer saber coisas

sobre quem escreve, quem representa e quem ajuda na construção técnica de um espectáculo.

Logo no início do curso de Formação de Actores, pela Escola Superior de Teatro e Cinema, em 1977, comecei a adquirir obras de referência, como dicionários, enciclopédias, monografias, revistas e jornais, e outro material documental, por forma a enriquecer a criação de uma biblioteca específica. Surge, depois, uma fase de pesquisa e consulta em vários arquivos e bibliotecas institucionais, como no Teatro Nacional D. Maria II, Sociedade Portuguesa de Autores, Escola Superior de Teatro e Cinema e Museu Nacional do Teatro.

A ideia desta obra nasceu, portanto, há muitos anos, talvez por 1978 e o seu leit-motiv é a carência de um trabalho desta envergadura.

Depois de 30 anos de pesquisa continuam, deparei-me com o problema de decidir como apresentar a estrutura da obra. Escolhi, pois, a época contemporânea, por ser a que nos é mais próxima, fechando-a no séc. XX. Para tanto, termina o trabalho com as figuras cujo óbito decorreu até finais do século passado.

Assim, esta obra incluirá as biografias de 843 personalidades directa ou indirectamente ligadas ao teatro português. Apresentar-se-á em 3 volumes e incluirá um registo de cerca de 920 imagens.

Espero que os leitores se sintam estimulados por esta enciclopédia, quer seja como objecto de estudo – como, por exemplo, no curso de alunos de teatro -, quer ainda como ferramenta de consulta. Espero, ainda, corresponder às expectativas criadas aos futuros leitores, colocando-me desde já à v/ disposição para recolher as sugestões, informações, críticas e/ou correcção ou adição de dados que certamente me terão escapado, dada a envergadura da obra. E por ser minha convicção de que em Portugal nenhuma outra do género terá sido publicada, tratei esta “história da cultura

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teatral”, com um carinho especial pensando, assim, estar a contribuir para ampliar e melhorar o nível de conhecimento que dela temos.

Dentro deste propósito, desde já anuncio o meu projecto de publicar oportunamente um volume de biografias de personalidades teatrais do séc. XXI.

Luciano Reis

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A., Ruben

Ruben Alfredo Anderson Leitão, nome literário de A. Ruben, nasceu em Lisboa em 1920 e faleceu em Londres em 1975.

Romancista e memoralista, a obra de A., Ruben gravita na órbita do surrealismo. A sua permanência em Londres como professor de cultura portuguesa no “King’s College” fez-lhe despertar o interesse para o teatro, pondo em cena textos de Gil Vicente e Miguel Torres no âmbito universitário.

Para além de um breve apontamento dramático, O Fim de Orestes, datado de 1963, publicou nesse mesmo ano a peça em 2 actos e 4 quadros Júlia, notando-se nessa obra influência do modernismo no teatro inglês em geral e de T. S. Eliot em particular, segundo a análise de Maria Lúcia Lepecki.

Deixou inédita uma peça em 1 acto, Triângulo, e outra em 7 cenas, intitulada Relatos 1453, gravada de improviso, em fita magnética, no ano de 1965.

ABELHO, Joaquim Azinhal

O escritor Joaquim Azinhal Abelho nasceu em Orada, Borba, em 1916 e faleceu em Lisboa, a 20 de Janeiro de 1979.

Formou-se na Faculdade de Letras de Lisboa. Foi poeta de raiz popular e cineasta de feição regionalista. Dedicou-se também à ficção de cunho ruralista e ao estudo do teatro popular. Neste campo publicou seis volumes, através da Editora Pax: Teatro Popular Português (Trás-os-Montes I); Teatro Popular Português (Trás-os-MontesII); Teatro Popular Português (Entre-Douro-E-Minho, III); Teatro Popular Português (Entre-Douro-E-Tejo, IV; Teatro Popular Português (Lisboa e Seus Termos, V); Teatro Popular Português (Ao Sul do Tejo, VI). Publicou também: Auto de Alvura, 1944; Glória ao Deus Menino, 1965 e o drama pós-romântico Na Paz das Herdades, representado pela companhia do actor Alves da Cunha numa digressão pela província. Para o Teatro d’Arte de Lisboa, que fundou em 1955 com Orlando Vitorino, e em colaboração com este, traduziu obras de Grabiam, Greene, A Casa dos Vivos; de Frederico Garcia Lorca, Yerma e de Tchekov, As Três Irmãs.

O seu volume de poemas Solidão…Ai Dão, Confidências de Um Rapaz, obteve em 1936 o Prémio Antero de Quental. Com o filme Alentejo não Tem Sombra recebeu o Prémio Paz dos Reis. Publicou contos, novelas, memórias, peças de teatro, ensaios e histórias populares.

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ABRANCHES, Adelina

Margarida Adelina Abranches, nome artístico Adelina Abranches, nasceu em Lisboa, no dia 15 de Agosto de 1866 e veio a faleceu nesta cidade, a 21 de Novembro de 1945.

Com apenas cinco anos de idade deixa-se seduzir pelo Teatro e estreia-se na comédia, Os Meninos Grandes, a 10 de Janeiro de 1872, no Teatro D. Maria II, peça ensaiada pelo mestre José Carlos Santos. Já antes disso tinha tido uma pequena experiência numa peça de Carnaval, intitulada Seis Vinténs Por Cabeça, uma espécie de sátira politica onde intervinham alguns miúdos. Dentre eles, Adelina fazia um “travesti”, género que viria a repetir várias vezes ao longo da sua carreira artística.

Adelina sempre se caracterizou pela sua irreverência, e não satisfeita com os pequenos papéis que lhe eram atribuídos, metia muitas “buchas” para, assim, valorizar as suas interpretações. O seu trabalho foi, logo no início de carreira, notado por alguns empresários da época e isso valeu-lhe alguma disputa.

Adelina matriculou-se no Conservatório Nacional quando tinha apenas 11 anos de idade, mas o seu carácter indisciplinado e rebelde, dificultava-lhe a sujeição às regras ali impostas e, por isso, viria a desistir pouco tempo depois. A sua verdadeira formação passou a ser o contacto com grandes figuras do teatro daquela época, principalmente quando foi trabalhar para o Teatro D. Amélia, em 1902, na empresa “Rosas e Brasão”.

Aos 23 anos casa-se com Luís Ruas, filho do então empresário Francisco Ruas, do qual teve dois filhos, Aura e Alfredo, que seguiram a profissão da mãe.

Ao longo da sua vida representou centenas de peças, todas de assinalável êxito, em Portugal e no Brasil, e até arrojadas para a sua época.

Também nos presenteou com papéis de relevo no cinema, nos filmes de Leitão de Barros, Maria do Mar e Lisboa, realizados em 1930 e na Rosa do Adro, filme de Chianca de Garcia, com realização do ano de 1938.

Franzina de corpo, mas grande na sua condição de artista, foi considerada uma das maiores actrizes no panorama teatral português do seu tempo. Mesmo vivendo numa época em que o cinema, o box, e o futebol, ocuparam as principais atenções da multidão, Adelina Abranches conseguiu ser, ainda assim, um caso de excepcional talento e admiração. Talento esse, maleável e fulgurante pôde demonstrar grandeza nos papéis que lhe foram atribuídos.

Percorreu quase todos os teatros de Lisboa: esteve no Variedades, no Luís de Camões, em Belém, Teatro do Rato, Teatro da Trindade, Chalet da Rua dos Condes, Teatro Dona Amélia, Teatro do Príncipe Real (depois

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Teatro Apolo) e Teatro Nacional D. Maria II, tendo representado todos os géneros teatrais.

Terminou a carreira no mesmo teatro onde alcançou os seus maiores êxitos, Teatro do Príncipe Real, na temporada de 1941-1942, então no espaço já designado de Teatro Apolo. Aí representou o seu último sucesso, com a peça, A Formiga, da autoria de Alfonso Torrado.

Foi distinguida com a Ordem de Santiago e com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa.

Em resumo no seu percurso artístico participou das seguintes produções teatrais:

Os Meninos Grandes, de Enrique Gaspar, 1872; A Revista de 1878; Gaiato de Lisboa, de Bayard, 1882; A Pérola, de Marcelino de Mesquita, 1885; Rosa Enjeitada, de D. João da Câmara, 1901; À Procura do Badalo, revista de Baptista Dinis 1902; Ressurreição, de Leon Tolstoi, 1903; O Segredo de Polichinelo, de Peter Wolff, 1904; A Cruz da Esmola, de Eduardo Schwalbach, 1904/5; O Avô, de Galdós, 1905; Missa Nova, de Bento Faria, 1905 e Oresteia, de Ésquilo, em teatro de Ar Livre; Afonso de Albuquerque, de Henrique Lopes de Mendonça, 1906; As Pupilas do Senhor Reitor, de Ernesto Biester, drama extraído do romance de Júlio Dinis, 1909; Num Rufo, revista de Machado Correia, 1911; Uma Anedota, de Marcelino de Mesquita; O Grande Amor, de Niccodemi, 1920; O Lodo, de Alfredo Cortez, 1923; Fogo Sagrado, de Eduardo Schwalbach, 1924; Justiça, de Ramada Curto, 1924; A Taberna, de Zola, 1925; Auto das Barcas e Pranto de Maria Parda, de Gil Vicente; O Gebo e a Sombra, de Raul Brandão, 1926; Rosas de Portugal, revista de Silva Tavares, A. Carneiro, Feliciano Santos e José Clímaco, 1927; O Domador de Sogras, de O. Schwartz e G. Lenbach, 1928; Feira da Luz, revista de Félix Bermudes, João Bastos e Pereira Coelho, 1930; A Bisbilhoteira, de Eduardo Schwalbach, 1934; Tá-Mar, de Alfredo Cortez, 1936 e A Formiga, de Afonso Torrado 1941/2.

ABRANCHES, Aura

Aura Abranches nasceu em Lisboa no dia 9 de Maio de 1896 onde veio a falecer a 22 de Março de 1962.

Filha da actriz Adelina Abranches, seria com esta que viria a estrear-se aos 12 anos de idade, no Teatro D. Maria II, na peça em 1 acto Zefa, de autoria de Maximiliano de Azevedo.

Em 1911, numa adaptação de Coelho de Carvalho, fez uma experiência de teatro ao ar livre, designada de Teatro da Natureza, onde interpretou o Corifeu, de Orestes. Esta iniciativa levada a cabo pelo actor Alexandre de Azevedo, teve lugar no Jardim da Estrela.

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Em 1913 foi ao Brasil com a mãe, onde obteve o seu primeiro êxito, na peça, Menina de Chocolate, de Gavault. Seguem-se outros êxitos, como no ano seguinte no Teatro Politeama com A Garota. Nesse mesmo teatro, em 1917, fez o papel principal de Blanchette, ao lado do actor Chaby Pinheiro.

Com a comédia O Conde Barão, que foi à cena 100 vezes em 1918, de autoria da parceria Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e João Bastos, Aura Abranches alcança outro enorme êxito, num elenco onde figurava também Chaby Pinheiro, Jesuína de Chaby, Estêvão Amarante, Luísa Satanela, Hermínia Silva e Araújo Pereira.

Casa-se em 1916 com o actor Pinto Grijó. Em 1921 forma uma companhia com a mãe e o marido.

A sua carreira sofre alguns interregnos e só por volta de 1950 estabiliza quando integra a companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro. Aí recria alguns êxitos interpretados pela mãe e interpreta papéis noutras peças, como Outono em Flor, de Júlio Dantas, e As Meninas da Fonte da Bica, de Ramada Curto.

Aura Abranches também actuou em teatro radiofónico, na antiga Emissora Nacional e na RTP chegou a ter um programa infantil.

A sua paixão passou igualmente pela escrita: traduziu algumas peças e publicou outras de sua autoria, como: Madalena Arrependida, 1922; Aquele Olhar, 1924; Três Cães a um Osso, 1929; Comédia da Vida, 1930, escrita em colaboração com Branca de Gonta; Cinema, 1937; Quantas Vezes a Mãe Canta, escrita com Alice Ogando, 1939. Com Madalena Arrependida, em 1922 estreia em S. Paulo, no Brasil, e no ano seguinte no Teatro Sá da Bandeira no Porto. Coligiu também um volumoso livro de memórias de sua mãe.

Foi comparada pela crítica francesa à actriz italiana Anna Magnani, quando o Teatro Nacional D. Maria II levou à cena em Paris, a peça de Alfredo Cortez, Tá Mar.

Fez ainda cinema, estreando-se no filme de Leitão de Barros Lisboa, crónica anedótica e em O Primo Basílio, na versão de António Lopes Ribeiro, realizada em 1960.

Aura Abranches foi considerada uma artista culta, de grandes qualidades e boa presença.

A sua participação estende-se às seguintes produções teatrais:Zefa, de M. Azevedo, 1907; Prisão Celular; O Assalto; Esta Mascara;

Oresteia, de Ésquilo, 1911; Primerose, de Flers e Caillavet, 1912; Menina de Chocolate, de P. Gavault, 1913 e Madalena Arrependida, de sua autoria; A Garota, de P. Veber e S. Grosse, 1914; Cruz de Clarinha; O Gaiato de Lisboa, de Bayard; Blanchette, de Brieux, 1917; O Conde Barão, 1918; O Modelo; Eva, de Paulo Barreto (João do Rio), 1919; Alma Forte, de Niccodemi, 1919; O Grande Amor e A Migalha, também de Niccodemi,

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1920; A Caminho do Sol, de Niccodemi, 1921; Fogo Sagrado, de Eduardo Schwalbach, 1924; O Feitiço, de Oduvaldo Viana, 1932; A Senhora das Brancas Mãos, de A. Casona, 1950; As Meninas da Fonte da Bica, de Ramada Curto, 1950; Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, 1952; O Senhor Roubado, de Chagas Roquette, 1953; Tá-Mar, de Alfredo Cortez, 1955; Para cada um sua verdade, de Pirandello, 1955; Bruxas de Salém, de Arthur Miller, 1957; Maribel e a Estranha Família, de M. Mihura, 1960; O Pranto de Maria Parda, de Gil Vicente 1961.

No teatro de revista, integrou a remodelação da revista Sardinha Assada, de Aníbal Nazaré, M. Marques, Amadeu do Vale e Santos Carvalho, 1935.

No cinema, participou nos filmes: Lisboa, crónica anedótica, de Leitão de Barros, 1930; Rosa de Alfama, de Henrique de Campos, 1953; e O Primo Basílio, de Afonso Lopes Ribeiro, 1960.

ABREU, Carlos

Carlos de Oliveira Abreu nasceu em Lisboa em 10 de Janeiro de 1888, onde faleceu a 23 de Junho de 1932.

Filho de pais brasileiros, foi no Brasil que iniciou a carreira de actor, em 1911.

Durante várias temporadas, a partir de 1921, trabalhou em Portugal, integrado nas companhias dos actores Chaby Pinheiro e Alves da Cunha. Com Mário Duarte traduziu as peças italianas: Triste Amor, de Giacosa e O Antepassado, de C. Veneziani, esta representada no Teatro Nacional D. Maria II.

Com a sua mulher, Maria de Sottomayor e Abreu traduziu as comédias francesas de P. Géraldy e R. Spitzers, Se eu Quisesse e Meu Marido. É também de sua autoria a tradução da comédia de Shaw O Homem do Destino, representada no Teatro Politeama em 1927.

ABREU, Pepita de

A actriz Pepita de Abreu nasceu em 1889 e faleceu no ano de 1962. Estreou-se no Teatro da Rua dos Condes, numa revista de autoria de

Sousa Bastos, com música de Rio de Carvalho, intitulada Fim de Século. Na estreia entrava pelo palco adentro, montada numa bicicleta, a cantar e

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que o público fazia bisar e trisar, sob a influência carinhosa de uma desconhecida manifestação de pasmo.

Depois desta estreia Pepita nunca mais parou de representar, ao mesmo tempo que ia estudando. Representou nos teatros de Lisboa, Porto, Ilhas e Brasil, muitas peças que foram estrondosos êxitos, como: Cigana, Cega, Cigarra, Piratas da Savana, Voluntário de Cuba, Ano em Três Dias, Flor do Tojo, Noite de Núpcias, Testamento da Velha, Dragões de El-Rei, Filha do Ar e Semana de Nove Dias.

Entrou também na última revista escrita por Sousa Bastos em 1909, intitulada A Nove, levada à cena no Teatro Avenida. A música foi de Assis Pacheco e Del Negro.

ABREU, Solano de

Francisco Eduardo Solano de Abreu, nome artístico Solano de Abreu, nasceu em Abrantes em 1858 onde faleceu no ano de 1941.

É autor de uma revista académica intitulada O País das Arrufadas, levada à cena em Coimbra no ano de 1882, bem como das peças: Madrugada Redentora, em 1 acto, escrita em 1909; Do Alto da Cruz, 1924; O Espectro e Irmã da Caridade.

ABREU, Vasconcelos

O escritor Guilherme Augusto de Vasconcelos Abreu, nome artístico Vasconcelos Abreu, nasceu em 1842 e faleceu no ano de 1906.

Tendo estudado no estrangeiro, com os mais destacados professores e frequentado vário cursos, foi nomeado lente da cadeira de Língua e Literatura Sânscrita, Clássica e Védica no Curso Superior de Letras, vindo depois a representar Portugal em vários congressos internacionais, destacando-se a tal ponto, que lhe originou, em 1875, as palmas de oficial da Academia de Paris, de cujo Congresso de Ciências Geográficas, naquele ano, foi um dos Secretários Gerais. Anos depois adquiriu em Londres um dos nove únicos diplomas de honra, dados pelo Congresso Internacional de Orientalistas que ali se reuniu em 1891, que lhe foi conferido pelo seu notável trabalho, intitulado Sumário das investigações em Sânscrito desde 1886 até 1891.

Entre o grande número de obras que escreveu, contam-se: Fragmentos de uma Tentativa de Estudo Escolástico da Epopeia Portuguesa; Passos dos Lusíadas, esboçados à luz da mitologia e do orientalismo; Crestomatia Clássica; Chand-Bibi ou A Sultana Branca do Amenagara, conto indiano; Contos, apólogos e fábulas da Índia, com influência indirecta no Auto de

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Mofina Mendes, de Gil Vicente – curioso estudo sobre este autor e uma História da Literatura e da Civilização Africana em que punha todo o seu cuidado e saber, mas que ficou, infelizmente, inédita.

Encarregado pelo duque de Ávila de escrever um Curso de Literatura e Língua Sânscrita, Clássica e Védica, traduziu por essa ocasião o primeiro acto do drama Xacuntalá, que foi impresso na Imprensa Nacional em 1878 e do qual se fez uma pequena tiragem em edição de luxo, acompanhada do original em caracteres próprios.

ACÚRSIO, Óscar

O actor Óscar Acúrcio nasceu em Lisboa no dia 7 de Agosto de 1916 e faleceu também nesta cidade, a 11 de Junho de 1990.

Em 1935 iniciou a carreira cinematográfica como assistente de Leitão de Barros no filme As Pupilas do Senhor Reitor. Participou em mais de três dezenas de películas, evidenciando-se principalmente a partir de João Ratão, realizada em 1940 por J. Brum do Canto; Pão Nosso, 1940 de Armando de Miranda; e Ala-Arriba, 1942 de Leitão de Barros. Também actuou sob as ordens de realizadores estrangeiros, como Perla, José Ferrer e Clift Owen, entre outros.

Distinguiu-se sobretudo no teatro de revista.

ADELAIDE, Emília

A actriz Emília Adelaide nasceu numa aldeia próxima de Castelo Branco, no dia 1 de Novembro de 1836 e faleceu em 11 de Setembro de 1905.

Aos 18 anos veio para Lisboa. Estreou-se no Teatro D. Maria II, em 1856, na comédia A Chávena Quebrada.

Foi uma actriz de grande mérito. Trabalhou em muitos teatros de Lisboa, Porto, província e Brasil, onde permaneceu muito tempo. Representou, entre muitas outras, as seguintes peças: Caridade na Sombra, drama de Ernesto Biester; Fidalgos de Bois Doré; Vida Dum Rapaz Pobre; Nobres e Plebeus; Morgadinha de Vale Flor; Judia; Frei Caetano Brandão; Ângelo; Antony; Aventureira; Maria Antonieta; Tartufo; Amor Molhado; Sinos de Corneville; Barba Azul; Fernanda; Fortuna e Trabalho; Homens Ricos e Dama das Camélias.

Estava no apogeu da sua glória quando decidiu formar a sua própria companhia com a qual percorreu as províncias, ilhas e o Brasil. No Rio de Janeiro trabalhou na empresa de Furtado Coelho. Foi acompanhada pelo escritor dramático Ernesto Biester, seu amante durante muitos anos. Teve

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por lá grandes sucessos, mas não alcançou a fortuna que ambicionava. Quando regressou a Lisboa e foi representar nos teatros dos Recreios e Príncipe Real, deixou o público desapontado. Voltou mais tarde ao Brasil, onde nada mais fez e por lá ficou vivendo da reforma que o governo português lhe concedeu pelos serviços prestados no Teatro Nacional D. Maria.

ADELAIDE, Hermínia

A actriz e empresária Hermínia Adelaide nasceu em Braga e faleceu a 3 de Março de 1923.

Estreou-se no Teatro Príncipe Real em 27 de Setembro de 1874, na empresa de Pinto Bastos, na opereta em 1 acto Amor e Dinheiro, original de Costa Braga, com música de Alvarenga, onde obteve um sucesso formidável. Passou logo para o Teatro da Trindade, onde se estreou no mesmo ano, na opereta Três Dragões, estreada a 10 de Dezembro. No dia 29 do mesmo mês substitui a actriz Ana Pereira e Florinda no Príncipe Encantador da mágica A Gata Borralheira. Fez depois variados papéis em muitas outras produções teatrais, sobressaindo na Filha da Senhora Augot, Duquesinho, Sinos de Corneville, Gata Borralheira, Rouxinol das Salas, Barba Azul, Marselhesa, Fausto e Petiz, Paródia da Lucrécia Borgia, a comédia A Botija, e muitas outras.

Durante cinco anos, Hermínia, que cativara o público com a sua engraçada fisionomia, com a sua desenvoltura, com a sua bela voz, foi o ídolo da plateia do Teatro da Trindade. Partiu para o Rio de Janeiro em 1879 e lá alcançou grande sucesso, que se prolongou até ao momento do abandono de cena, de que esteve retirada muito tempo.

No final da sua vida reapareceu em Lisboa, no Teatro D. Amélia, mas sem conseguir mostrar o seu valor.

Morreu na miséria, no Brasil, albergada pela Casa dos Artistas.

AFONSO, José

O cantor José Afonso nasceu em Aveiro, no dia 2 de Agosto de 1929 e faleceu em Setúbal a 23 de Fevereiro de 1987.

Formou-se em Ciências Histórico - Filosóficas na Universidade de Coimbra, tendo exercido o magistério em diversos estabelecimentos de ensino particulares. É em Coimbra que começa a cantar e a compor. Integra o Orfeão Académico, a Tuna, o Coral de Letras. Tem o seu primeiro casamento, o serviço militar (1953-1955), o nascimento de dois filhos. Apesar de não fazer da canção uma actividade profissional grava alguns

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discos de baladas, o primeiro datado de 1958 e actua em público, em colectividades, em sessões de índole recreativa e cultural, actividade de militância que fez de José Afonso o primeiro andarilho da canção da resistência.

Parte para Moçambique como professor do ensino oficial (1963-1966), onde lecciona em Lourenço Marques e na Beira. Continua a compor e na Beira tem a sua primeira experiência teatral ao musicar as canções da peça A Excepção e a Regra, de Bertolt Brecht, para o Teatro de Amadores da Beira, dirigido por Cardoso dos Santos. Casa pela segunda vez em 1964. De regresso a Portugal, em 1967, fixa-se em Setúbal onde é professor do liceu. A actividade antifascista de José Afonso começa a ser notória e, para o fascismo, intolerável. É expulso do ensino e sujeito a uma atenta vigilância policial.

A partir de 1969 dedicou-se em exclusivo à actividade musical, como compositor e intérprete. Começa a gravar álbuns com regularidade, sempre com carácter de militância e recusando radicalmente transformar-se em artista de variedades.

O seu nome impôs-se com Baladas e Canções, 1964. A Casa da Imprensa galardoou-o em 1969, 1970 e 1971 como o melhor compositor de música ligeira. A sua canção Grândola, Vila Morena, utilizada como sinal para o arranque da Revolução de 25 de Abril de 1974, tornou-se uma espécie de hino do Movimento das Forças Armadas. Entretanto começa o reconhecimento internacional e José Afonso faz espectáculos em Portugal, em Espanha e em França. Em 1974 e 1975, com a Revolução na ordem do dia, José Afonso desenvolve importante actividade política na extrema-esquerda, intensifica as suas actuações de carácter militante e também os espectáculos no estrangeiro. Em 1976 apoia a candidatura de Otelo Saraiva de Carvalho à Presidência.

Para além dos espectáculos e dos discos, José Afonso teve várias incursões em música para cinema e para teatro, nomeadamente: Zé do Telhado, peça de Hélder Costa com encenação de Augusto Bual, em 1978; e Fernão Mentes?, também de autoria de Hélder Costa com encenação do próprio, levada à cena por A Barraca, em 1981 e As Guerras de Alecrim e Manjerona, de António José da Silva com encenação de João Mota, estreada na Comuna em 1979. Para o cinema fez música para: Continuar a Viver ou Os Índios de Meia-Praia, de António da Cunha Telles, 1975; Antes do Adeus, de Rogério Ceitil, 1977; e fez de actor em Ninguém Duas Vezes, de Jorge Silva Melo, 1983.

A sua discografia comercial é, entre outra: Cantares de Andarilho, 1968; Cantigas do Maio, 1971; Venham Mais Cinco, 1973; Como Se Fora Seu Filho, 1983 e Galinhas do Mato, 1985.

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AGUILAR, Eduardo de

Eduardo de Aguilar nasceu no Porto no ano de 1875 e faleceu em Lisboa em 1942.

Jornalista, crítico tauromático, romancista, escreveu para o teatro Uma Noite de Consoada, em prosa rimada, imitada da Ceia dos Cardeais; Juramento de Amor, em verso, 1920; Serenata de Arlequim, também em verso e Lágrimas e Roas, 1921; A Casa em Ruínas, drama em 3 actos, 1921 e O Toque das Trindades.

AIRES, Cristóvão

Cristóvão Aires de Magalhães nasceu em Lisboa, no dia 19 de Dezembro de 1880, onde faleceu a 16 de Janeiro de 1944.

Foi crítico teatral em vários jornais, designadamente no Jornal do Comércio, Novidades, Diário de Notícias e Século.

Colaborou com Matos Sequeira, Pereira Coelho e Vasconcelos e Sá na revista Fogo de Vistas, musicada por Venceslau Pinto e Raul Ferrão, levada à cena no Teatro Avenida em 1933, com a interpretação de Beatriz Costa, Corina Freire, Teresa Gomes, Álvaro de Almeida, Ricardo Santos Carvalho e Erico Braga.

Traduziu as peças O Senhor Sereno, de A. Vély e L. Miral, levada à cena no Teatro Nacional D. Maria II em 1913; O Príncipe João, de C. Méré, em parceria com Acúrsio Pereira, representada no Teatro de S. Carlos em 1925; D. Formiga, dos irmãos Quintero, estreada também no Teatro Nacional em 1932; e Era uma vez.., de F. de Croisset.

ALBERGARIA, António da Costa Sá de

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Escritor e jornalista, nasceu em São Miguel do Mato, Arouca, no dia 15 de Maio de 1850 e faleceu no Porto a 22 de Dezembro de 1922. Professor em diversos estabelecimentos de ensino, dedicou-se sobretudo ao jornalismo e à actividade literária. Fez parte da redacção de vários jornais humorísticos e fundou os semanários O Sorvete, 1878 e O Porto Cómico, 1880. Dirigiu diversos jornais e foi redactor do Jornal de Notícias, onde durante largos anos manteve a secção «De Raspão», muito popular pela graça do comentário e pela ironia crítica, expressa em verso. Da sua obra, referimos, entre outras publicações, o romance Os Meus Pecados, 1866; Noites do Porto, 1879; Irmã Doroteia, 1902, 3 volumes; O Segredo do Eremita, 1904, em cinco volumes e Os Filhos do Padre Anselmo, 1904. No teatro, O Porto por um Canudo, primeira revista, estreada no Porto, no Teatro Baquete em 1886, com textos de Sá de Albergaria, versos de António Cruz e música de Manuel Benjamim; O Ovo da Galinha Pinta, revista levada à cena no Porto, em 1887; As Pastilhas do Diabo, revista estreada no Teatro Chalet, Porto, em 1889; O Brasileiro Pancrácio, 1891; TimTim por Tim-Tim; O Diabo Loiro, opereta, estreada em 1870, no Porto, na inauguração do Teatro Carlos Alberto; O Século das Luzes, revista, estreada em 1900; Por Cima e por Baixo, revista com textos de Sá de Albergaria e Ferraz Brandão e música de F. Symaria; O Teso, revista com música de Carlos Calderón, estreada em 1907; Domingos, Dias, Santos & Cª; A Bicha de 7 Cabeças, revista levada à cena no Porto, em 1898; O Filho do Diabo, estreada no Teatro Avenida em 1910.

Sá de Albergaria despediu-se da cena em 1917, aos 67 anos de idade, com a revista Fantasias do Diabo, cuja composição musical esteve a cargo de M. Figueiredo e foi estreada no Teatro Carlos Alberto.

Quando morreu fazia parte da redacção do Jornal de Notícias, do Porto.

ALBERGARIA, Maria

Maria de Lurdes Santos Albergaria nasceu em 1928 e faleceu a 10 de Janeiro de 1985.

Após tirar o Curso de Teatro no Conservatório de Lisboa, ingressou no Teatro Nacional D. Maria II, tendo mais tarde participado no Teatro do Povo, na Companhia do Teatro Gerifalto e, finalmente, no Teatro Experimental de Cascais, onde terminou a sua carreira.

Maria Albergaria teve numerosas participações em peças radiofónicas e de TV.

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Na peça Antígona, representada no Teatro D. Maria II, conseguiu uma das mais brilhantes interpretações da sua carreira.

A peça Onde Vaz…Luís foi o seu último trabalho no Teatro Experimental de Cascais.

Morreu com cinquenta e sete anos no Instituto de Oncologia, após prolongada doença.

O reconhecimento das suas qualidades artísticas fez com que João Lourenço a chamasse para encarnar O Suicidário, de Kikolal Erdman, em que alcançou um enorme êxito.

ALBERTINA, Maria

A actriz e fadista Maria Albertina Soares Pai Prieto, nasceu em 5 de Janeiro de 1910, na freguesia de S. Cristóvão, concelho de Ovar, distrito de Aveiro e faleceu no ano de 1985.

Estreou-se como fadista no Teatro Maria Vitória, na peça História do Fado, através da empresa Lopo Lauer, na companhia Maria das Neves, no dia 16 de Julho de 1930. Depois desta peça, foi contratada para uma tournée que correu o país, tendo feito sucesso nas localidades por onde foi passando.

Das muitas peças em que participou referimos: Alfama; Viva a Folia, revista de autoria de Lino Ferreira, Fernando Santos e Almeida Amaral, música de Raul Portela, António Melo e Jaime Mendes, ao lado de Maria das Neves, Luísa Durão, Costinha, Ricardo Santos Carvalho e Mirita Casimiro, estreada no Teatro Maria Vitória em 1934; Vista Alegre; As Flores; Pernas ao Léu; A Feira da Alegria; Fogo de Vistas; Bola de Neve; Sardinha Assada, revista de autoria de Aníbal Nazaré e Mário Marques, música de Manuela Bonito e Raul Portela, em que actuou 65junto de Luísa Satanela, Filomena Casado, António Silva, Alfredo Ruas, Barroso Lopes e Ricardo Santos Carvalho e levada à cena no Teatro Variedades em 1935; Coração de Alfama; Feira de Agosto, escrita pela parceria “Meia Dúzia”, música de Camilo Rebocho, Fernando de Carvalho e Frederico Valério, com a actuação de Maria das Neves, Estêvão Amarante, Álvaro Pereira, Costinha, Maria Cristina, Álvaro de Almeida, Luísa Durão, Eugénio Salvador e Lina Duval, estreada no Teatro Maria Vitória em 1936; O Liró; Maria Rita, revista da autoria de Félix Bermudes, Ascensão Barbosa e Abreu e Sousa, com música de Raul Ferrão, Venceslau Pinto e B. Ferreira e levada à cena no Teatro Apolo, em 1936; e a revista Água Vai!, de T. Ribeiro e Chianca de Garcia, música de Frederico de Freitas e António Melo, estreada no Teatro da Trindade em 1937.

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Trabalhou nos teatros Maria Vitória, Variedades, Avenida, Politeama, Ginásio, Trindade, Apolo, Capitólio, Sá da Bandeira, Teatro República do Rio de Janeiro e Teatro Santana em S. Paulo.

No cinema participou como fadista no filme Canção de Lisboa, realizado em 1933 por Cotinelli Telmo, filme com diálogos de José Galhardo, música de Jaime Silva (Filho), Raul Portela e Raul Ferrão, interpretando ao lado de Beatriz Costa, Vasco Santana, Manuel dos Santos Carvalho, Teresa Gomes e Silvestre Alecrim, entre outros artistas.

ALBERTY, Ricardo

Ricardo Eduardo Rios Rosa Alberty nasceu em Lisboa, no dia 22 de Agosto de 1919, onde faleceu a 28 de Abril de 1992.

Frequentou o Curso Superior de Letras e o Conservatório Nacional. Concluiu o curso de Desenho e Pintura na Sociedade Nacional de Belas-Artes.

Estreou-se como actor em 1947, ainda como aluno da Faculdade de Letras de Lisboa, num agrupamento experimental de efémera existência, onde interpretou o Pierrot das Três Máscaras, de José Régio. Integrou depois, até à sua extinção em 1950, o Teatro Estúdio do Salitre, onde desempenhou importantes papéis em obras clássicas e modernas.

Em 1954, no Conservatório Nacional de Lisboa, fez exame de Arte de Representar, com a peça de Pirandello, O Homem da Flor na Boca.

Especializou-se na criação de peças infantis, género em que atingiu merecido prestígio. Estreou-se como autor em 1950, com a peça em 3 actos Era Outra Vez, que apresentou no Estúdio do Salitre. Traduziu obras de grandes autores, como a peça de William Shakespeare, Hamlet, e Dança da Morte, na versão original de Strindberg e na versão de Durrenmartt, Velhos Tempos, de Harold Pinter.

Foi galardoado com prémios de prestígio, como o Prémio Amália Vaz de Carvalho, em 1960. Das muitas obras de autoria é de referir Flor Sem Par; A Terra Natal; A Galinha Verde, 1959; Os Quatro Corações, 1968; Relógio de Sol, 1969; Brincos de Cerejas, 1970; O Príncipe de Ouro, 1971; Fábulas Que Ninguém me Contou, 1978; Eu também Sou Gente, 1982 e A Cozinha Barulhenta, 1987. As peças infantis O Menino e o Papagaio de Papel, 1951; O Segredo da Abelha, representada pela primeira vez no Teatro Nacional D. Maria II, no dia 28 de Maio de 1955, com encenação de António Manuel Couto Viana e a interpretação de Alexandre Vieira, Eduardo Quinhones da Silva Pereira, Manuel Amado, Maria do Carmo Fonseca, Alda Rodrigues, Catarina Avelar, Eduardo de Mello, Alina Vaz e Alfredo da Palma Vaz; O Soldadinho Medroso e O Rei Tem Orelhas de Burro, 1961; A Pastorinha e o Comboio e Os Dois Meninos Traquinas,

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1966; Presépio Sem Pastor. As pantomimas O Guarda-Chuva e a Pomba, 1960; Silêncio de Ouro. As peças para fantoches O Dinheiro do Polichinelo, 1955 e Desapareceu a Camisa à Ti Cochicha, 1958.

Das muitas peças infantis que escreveu a partir de 1950, grande parte das quais levadas à cena pelo Teatro do Gerifalto, destaca-se O Segredo da Abelha, publicada em 1979, na colecção de Repertório da Sociedade Portuguesa de Autores, com desenhos de Catarina Rebello.

Paralelamente à actividade de autor para crianças, Ricardo Alberty desenvolveu a de actor profissional no Teatro Nacional D. Maria II, onde se estreou na reposição de O Regente, de Marcelino Mesquita. Destacou-se também como autor de contos e de poemas para a infância, bem como de numerosas adaptações de textos clássicos.

ALBUQUERQUE, Henrique de

Henrique Fausto Carcomo Lobo de Albuquerque nasceu em Lisboa, no dia 9 de Novembro de 1880 e faleceu em Coimbra a 9 de Janeiro de 1942.

Frequentava o Curso Superior de Letras quando abraçou a carreira de actor, estreando-se no Teatro do Ginásio em 1904, em O Comissário de Polícia, de autoria de Gervásio Lobato. Ali se manteve vários anos, entrando na distribuição das comédias: O Olho da Providência, de Xavier da Silva e João Bastos; O Rei dos Gatunos, de F. de Croisset, entre outras.

Depois deste teatro passou para o Teatro da República, onde interpretou, além de outras peças: A Tomada de Berg-Op-Zoom, de S. Guitry e Aljubarrota, de R. Chianca. De 1914 a 1921 fez parte do elenco do Teatro Nacional D. Maria II onde, numa carreira ascendente, desempenhou papéis de índole diversa, em peças como A Dama das Camélias, Frei Luís de Sousa e Hamlet.

Em 1918-1919, em épocas intercalares, representou no Teatro do Ginásio e Avenida, algumas peças de maior repertório, como A Morgadinha de Vale Flor, Leonor Teles, de Marcelino Mesquita e Marionettes, de P. Wolff e Sua Majestade, de M Wachel, num agrupamento de que faziam parte Brazão, Palmira Bastos e outros elementos do Teatro Nacional D. Maria II.

Propondo-se por várias vezes para societário do Teatro Nacional D. Maria II sem que as circunstâncias o favorecessem, mas sempre por motivos alheios ao seu mérito, ingressou em 1921 na companhia de Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro, que então se formara, interpretando no Teatro de S. Carlos, Sedutores, de Vasco de Mendonça Alves e Jerusalém, de Georges Rivolete. Depois no Teatro Politeama, para onde a companhia

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transitara, em A Rival, de Henry Klestmaeckers e Eugène Delard; O Regresso, de Flers e Croisset, entre outras peças.

No Verão de 1924, fez no Teatro Apolo uma época de repertório popular, entrando no desempenho de O Comboio nº 6, traduzida por João Soler, que encenou e nos dramas sociais O Capital, de E. da Silva e Os Mineiros, de Dicenta. Voltou ao Teatro Nacional D. Maria II para interpretar o protagonista de O Regente, de Marcelino Mesquita, seguindo-se O Desejo, de C. Méré e, já em 1925, Náufragos, de Fernanda de Castro. Nesse mesmo ano, ingressou na companhia teatral do Teatro do Ginásio, antes destruído por um incêndio e interpretou com Palmira Bastos Vida e Doçura, de S. Russiñol e Martinez-Sierra, seguindo-se em 1926 Banca à Glória, de A. Savoir; A Noite do Casino, de Ramada Curto e Eva Nua e Crua, de P. Nivoix. Ainda com Palmira Bastos, interpretou em 1927, no Teatro de S. Carlos Entre Lobos, de G. Toudouze e Mulher, de E. Guirand e, em 1930, no Teatro do Ginásio, Os Revoltados, de E. Fabre.

Em 1931-1932 voltou a fazer parte da companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, já então instalada no Teatro Nacional D. Maria II.

As facetas principais do seu talento foram as de galã cómico. A sua versatilidade interpretativa teve ocasião de se manifestar também nos filmes O Destino, 1922; O Táxi 9.297, 1927; Maria Papoila, de Leitão de Barros, realizado em 1937; A Rosa do Adro, de Chianca de Garcia; e Os Fidalgos da Casa Mourisca, de Artur Duarte, ambos realizados no ano de 1938.

ALBUQUERQUE, Mafalda Mouzinho de

Mafalda Mouzinho de Albuquerque nasceu em Lisboa, no ano de 1874, onde faleceu em 1952.

Poetisa de inspiração tradicionalista, escreveu um drama em 3 actos, O Ciúme, que foi levado à cena em 1918 no Teatro Nacional, sob o pseudónimo de Ruben de Lara, que também utilizou ao publicar, em 1929, a peça Resignação.

ALBUQUERQUE, Orlando de

O escritor Orlando de Albuquerque nasceu em Maputo, no ano de 1925 e faleceu em Braga em 1997.

Foi médico em Angola, onde casou com a poetisa e médica angolana Alda Lara. Em Portugal foi um dos pioneiros do estudo e da divulgação da arte e da literatura africana.

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Estreou-se nas letras com Batuque Negro, 1947. Obteve o Prémio Fernão Mendes Pinto com a novela O Homem Que Tinha a Chuva, 1968. É de sua autoria a peça de teatro Ovimbanda e O Grande Capitão, ambas datadas do ano de 1967; o livro de contos Crioulismos e Mulatismos, 1975, São Nicolau, 1995 e Maxaquene, 1996.

ALCAIDE, Tomás

Tomás de Aquino Carmelo Alcaide nasceu em Estremoz, no dia 16 de Fevereiro de 1901 e faleceu em Lisboa a 9 de Novembro de 1967.

Abandonou os estudos em Medicina para se dedicar ao canto. Artista lírico de reputação internacional, estreou-se no ano de 1924 no

Teatro de São Carlos de Lisboa, cantando a Bohème e o Rigoletto. Já no ano seguinte cantava no Teatro Carcano, de Milão, a Mignon, e em 1930 fazia a sua apresentação no Scala com As Preciosas Ridículas, de F. Lattuada, que nesse ano estreara no Teatro Real da Ópera de Roma. Desde então e até 1948, ano em que abandonou a carreira musical, exibiu-se nos mais importantes palcos de ópera da Europa e da América, alcançando os seus maiores êxitos no Fausto, de Gounod, no Werther, nos Pescadores de Pérolas, na Manon, no Rigoletto, e, numa eventual incursão pela opereta, no País dos Sorrisos, de F. Lehar, em 1939, no Teatro Alhambra, no de Bruxelas e T. de l’Empire, em Paris.

Tentou também o teatro declamado, interpretando no Teatro Monumental, no espectáculo inaugural, a opereta As Três Valsas. Participou também nas peças As Mulheres de quem se Fala, de V. R. Iriarte, em 1953 e Sua Alteza, de Ramada Curto, em 1955.

Em 1963 iniciou a sua actividade como encenador da Companhia Portuguesa de Ópera, de que era professor de canto desde o ano anterior e a que consagrou os últimos cinco anos da sua vida, pondo em cena no Teatro da Trindade a Bohème, em 1963, o Rigoletto, O Amigo Fritz e La Traviata, 1965, Lúcia de Lamermoor, 1966 e Werther, 1967, para cujos cenários desenhou as maquetas.

No cinema teve uma episódica intervenção no filme de Leitão de Barros, Bocage, em 1974. Publicou em 1961 um livro de memórias, intitulado Um Cantor no Palco da Vida.

ALEGRIM, Silvestre Augusto

O actor Silvestre Augusto Alegrim nasceu em Lisboa, no dia 10 de Março de 1881, onde faleceu a 17 de Outubro de 1946.

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Estreou-se aos 9 anos de idade no teatro infantil da Rua D. Pedro IV. Foi tipógrafo antes de entrar no Conservatório Nacional, onde obteve o 1º Prémio de Comédia. Dotado de agradável voz de tenor, desempenhava nas operetas o papel de galã, chegando a cantar trechos do Trovador e da Traviata. Interveio em muitas peças de teatro ligeiro, e estreou-se no cinema, no primeiro filme sonoro português, realizado por Leitão de Barros, A Severa, 1931. Actuou também nas películas A Canção de Lisboa, 1933, realizada por Continelli Telmo, com diálogos de José Galhardo; Bocage, de Leitão de Barros, 1936; A Rosa do Adro, realizado por Chianca de Garcia e Fidalgos da Casa Mourisca, de Artur Duarte, ambos realizados em 1938; A Varanda dos Rouxinóis, de Leitão de Barros, 1939; Pão Nosso, de Armando Miranda, 1940; Amor de Perdição, de António Lopes Ribeiro, 1943; e A Vizinha do Lado, realizado também por António Lopes Ribeiro em 1945.

ALEIXO, António

António Fernandes Aleixo nasceu em Vila Real de Santo António, no ano de 1899 e faleceu em Coimbra em 1949.

Poeta popular de rara espontaneidade, exerceu as profissões de tecelão, guardador de gado, servente de pedreiro e cauteleiro. O exercício desta profissão levou-o de terra em terra, favorecendo-lhe o cultivo da sua veia poética. Os seus versos de tom dolorido reflectem bem a vida amarga que lhe coube por sorte. Deixou versos cheios de sabedoria popular, reunidos em Este Livro Que Vos Deixo, 1969, e em Inéditos de António Aleixo, 1978.

O seu teatro que no dizer de Maria Aliete Galhoz “revela um moralista para quem a justificação é posta numa moral do próprio homem, cuja orientação se baseia na razão e cuja esperança está no bem que a ciência trará ao mundo para todos”, compreende três autos, o último dos quais deixou incompleto, em que a forma vicentina revive com uma fluência e uma naturalidade de que poucos epígonos de Mestre Gil terão sido capazes, o que tornou a sua presença quase obrigatória nos repertórios dos agrupamentos de amadores, sobretudo na província: Auto da Vida e da Morte, editado em 1948; Auto do Curandeiro e Auto do Ti Joaquim, editados postumamente em 1950 e 1960.

ALMADA NEGREIROS, José Sobral de

José Sobral de Almada Negreiros, escritor e artista plástico, nasceu em São Tomé, no dia 7 de Abril de 1893 e faleceu em Lisboa a 15 de Junho de 1970.

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Filho de um alto funcionário ultramarino, estudou no Colégio de Campolide (1900-1910) e na Escola Nacional de Belas-Artes, em Lisboa. Em 1911 escreveu a sua primeira peça de teatro.

Foi um dos fundadores da revista Orpheu, lançado no ano de 1915. Expôs pela primeira vez em 1912, tendo posteriormente estudado pintura em Paris (1919-1920). De 1917 a 1932 viveu em Espanha. A pujança da sua arte surge em 1938, com os mosaicos e pinturas da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa. Trabalhou em desenho, pintura a óleo e a fresco, mosaico, vitral, tapeçaria, decorações incisas e gravura, tendo recebido os mais conceituados prémios artísticos em 1942, 1945, 1957 e 1959. Entre as suas obras plásticas destacam-se murais das gares marítimas do porto de Lisboa – a de Alcântara e a da Rocha do Conde de Óbidos – e o retrato de Fernando Pessoa.

Foi conferencista, novelista, crítico panfletário, ensaísta, dramaturgo, romancista e poeta. Muita da sua obra escrita ficou dispersa em revistas e jornais. O romance Nome de Guerra é um dos mais significativos no panorama literário português. Escrito em 1925, só foi publicado em 1938.

Na poesia destacou-se em A Invenção do Dia Claro, publicado em 1921.

No Teatro do Salitre representou-se, pela primeira vez, em 1949, uma das suas peças, Antes de Começar, escrita exactamente trinta anos antes, já anunciada em 1925, para inauguração do Teatro Novo. Trinta e cinco anos teve de esperar outra peça sua, Deseja-se Mulher, peça em 3 actos e 7 quadros, para subir à cena na Casa da Comédia em 26 de Novembro de 1963, numa encenação de Fernando Amado e com interpretação de Norberto Barroca, Manuela de Freitas, Fernanda Lapa, Maria do Céu Guerra, Santos Manuel, Miguel Mendonça, Maria Odete Lopes, Deta Martins, Eládio Clímaco, Orlando Marta, Marcelo de Brito, Fernando Ferro, Teles Ribeiro, Alberto Sampaio, José d’Orey e Alexandre Passos. Do seu restante teatro publicou-se em 1924 os dois «ensaios de diálogo (cómico e trágico)» Pierrot e Arlequim; em 1935, na revista Sudoeste, (de que foi director) dois quadros de S.O.S. – que, com Deseja-se Mulher, deveria constituir a Tragédia da Unidade, originariamente escrita em castelhano sob o título El Uno, «tragédia documental da la colectividad y el indivíduo»; em 1946, e em tradução inglesa de Charles David Ley, o acto O Público em Cena; e posteriormente, 1971, acompanhados dos seus textos teóricos sobre teatro, o diálogo Aquela Noite, três quadros de uma paráfrase de Apuleio, O Mito de Psique, e duas peças num acto, Galileu, Leonrado e Eu e Aqui Cáucaso, variações sobre o mito de Prometeu.

Almada Negreiros desenhou também cenários e figurinos para diversos espectáculos.

ALMADA, Joaquim

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O actor Joaquim Almada nasceu em Lisboa, no dia 1 de Dezembro de 1893, onde faleceu a 11 de Dezembro de 1934.

Teve a sua primeira educação na Casa Pia de Lisboa, matriculando-se em 1908 no Conservatório Nacional onde obteve o primeiro prémio de composição em 1911.

Excelente actor de composição, estreou-se em 1911 no Teatro Apolo, na opereta O Chico das Pegas, de autoria de Eduardo Schwalbach e Filipe Duarte. Em 1912 foi escriturado para o Teatro Nacional D. Maria II, onde se manteve durante duas épocas, entrando no desempenho de Peraltas e Sécias e Noites do Calvário, de Marcelino Mesquita, Marcha Nupcial, de Bataille, Honra Japonesa, de P. Anthelme.

Em 1914 entrou para o Teatro do Ginásio, fazendo parte da companhia Maria Matos-Mendonça de Carvalho, com a qual depois se deslocou ao Brasil em 1919-1920, adaptando-se com a mesma facilidade ao repertório alegre, nomeadamente em Os 3 Noivos da Germana, de G. Berr e L. Verneuil, O Olho da Providência, de X. da Silva e João Bastos, Sherlock, de C. Roquete e Álvaro Lima, Champignol à Força, de G. Feydeau, Reservado para Senhoras e O Anjo do seu Amigo, ambas de Hennequin e Veber, e muitas outras.

Na época de Verão de 1920, toma parte no desempenho de Os Lobos, de F. Lage e J. Correia de Oliveira, estreada no Teatro Nacional D. Maria II. Em 1923 foi contratado para a companhia Lucília Simões-Erico Braga, onde ocupou um lugar de primeira fila no Teatro de São Carlos e mais tarde, em 1926, no Teatro da Trindade, distinguindo-se nas comédias A Vinha do Senhor, de Flers e Croisset; Madame Flirt, de P. Gavault e G. Berr; O Sinal de Alarme, de Hennequin e Coolus; Os 3 Anabaptistas, de Bisson e Berr; O Homem das 5 Horas, de Hennequin e Veber; O Senhor Prior, de P. Chaine e C. Vautel e no repertório sério: A Rajada e O Ladrão, de Bernstein; A Casa em Ordem, de Pinero; Mademoiselle Pascal, de M. Piechaud; O Príncipe João, de Méré; A Verdade, de F. Lage e Correia de Oliveira; Salomé, de Renato Viana; A Garçomne, de V. Margueritte; Sua Alteza e A Cadeira da Verdade, de Ramada Curto; Tosca, de Sardou, entre outras.

Novamente com Maria Matos, entrou no Teatro Avenida em 1932, onde representou em O Noivo das Caldas e O Escorpião de João Bastos.

Escreveu duas comédias originais de recorte convencional, O Senhor Professor, comédia em 3 actos representada em 1933 no Teatro Avenida, em cujo desempenho tomou parte e O Amor é o Diabo, representada pela actriz Maria Matos, dois dias depois do falecimento do autor.

Deu também o seu contributo ao cinema, estreando-se em Os Lobos, de Rino Lupo, em 1923 e interpretou o papel de Reitor no filme As Pupilas

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do Sr. Reitor, de Leitão de Barros, cuja actuação terminou dias antes da sua morte.

ALMEIDA, Álvaro

O actor Álvaro Augusto de Almeida nasceu em Lisboa, no dia 21 de Outubro de 1888, onde faleceu a 2 de Novembro de 1945.

Estreou-se como actor em 1908, interpretando a revista: Garotices & Cª, de A. Arriegas, com música de Hugo Vidal, estreada no Chalet Avenida, seguindo-se a revista Trapos & Trapaças, levada à cena em 1909 no Teatro Chalet. Neste mesmo ano o empresário Afonso Taveira contratou-o para o Teatro da Trindade, onde se estreou na revista O País do Vinho, escrita por André Brun e Leandro Navarro e música de Luís Filgueiras e Filipe Duarte. Nesta companhia permaneceu até 1918. Actor característico especializado na criação de personagens de opereta e revista, abordou também o teatro declamado, como em 1922-1923, no Salão Foz; em 1924 no Teatro Nacional, fez, com êxito, o Timpanas da Severa; em 1924-1925 na companhia de Rey Colaço-Robles Monteiro e 1926-1927 na companhia de Nascimento Fernandes no Teatro Politeama; em 1929 no Teatro Apolo na companhia de Adelina Abranches e, em 1931, na Teatro do Ginásio, na companhia de Ester Leão.

Participou no desempenho do filme O João Ratão, de Brun do Canto em 1940 ao lado de Óscar Lemos, Maria Domingas, António Silva, M. Santos Carvalho, Teresa Casal, Costinha, António Maia e Aida Ultz.

Foi casado com a actriz Teresa Gomes.

ALMEIDA, Augusto César de

Augusto César de Almeida nasceu no dia 20 de Julho de 1835 e faleceu em 19 de Março de 1904.

Estreou-se no ano de 1855 no Teatro da Rua dos Condes, representando na comédia A Ramalheira, ao lado de Queirós, com quem depois contracenou durante largos anos no Teatro da Trindade. Além de Queirós, no Teatro da Rua dos Condes teve companheiros como Simões Carlos de Almeida Domingos de Almeida, Rolão, Luísa Fialho, Luísa Cândida, Maria Joana e Joana Carlota, entre outros.

Da Rua dos Condes transitou para o Teatro do Ginásio, até que o empresário Francisco Palha o foi buscar para o Teatro da Trindade, onde se apresentou a 25 de Setembro de 1868 na peça A Flor de Chá. A partir de então Augusto estabeleceu-se definitivamente no Teatro da Trindade, onde prosseguiu com glória a sua carreira de artista, sempre muito querido do

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público, que não se fartava de o aplaudir. Na época de 1895 a 1896 a companhia foi para o Brasil e, Augusto, não querendo acompanhá-la, representou durante a sua ausência no Teatro do Príncipe Real.

Foi um dos mais populares e dos mais engraçados artistas da cena portuguesa. O traço caricatural com que compunha as personagens que tinha de interpretar, em muito concorria para o seu êxito. Entre muitas outras, referimos a actuação nas seguintes peças: Os Aspirantes da Marinha; Tribulações e Ventura; Coronel no Reinado de Luís XV; Rei dos Criados; Feia no Corpo Bonita na Alma; Marina Serenos; Sapateiro Industrioso; Luísa e Augusto; Joaquim; O Terra Nova; Tio Brás; Mancílio; Bela Helena; Canção de Fortúnio; Gata Borralheira; Princesa de Trebizonda; Rosa de Sete Folhas; Rouxinol das Salas; Ilha de Tulupana; Pepe Hilo; Só Morre Quem Deus Quer; Amar Sem Conhecer; Amor e Mistério; Amazonas de Tormes; Três Rocas de Cristal; Sargento Frederico; Nini; Campanone; Cruz de Ouro; Duende; Três Dragões; Lucrécio Bórgia; Néné; Giroflé-Giroflá; Fausto; O Petiz; Marselheza; Sinos de Corneville; Viagem à Lua; Milho da Padeira; Filha do Enfermo; Perichole; Barba Azul; Último Figurino; Mascote; Volta ao Mundo em 80 Dias; Bocácio; Toutinegra do Templo; Moleiro de Alcalá; Amor Molhado; Cigana; Gato Preto; Pato de Três Bicos; Falote, opereta; Princesa Colombina, opereta; Ponte do Diabo; Brasileiro Pancrácio (onde desempenhou o célebre Cabo de Ordem, uma das mais pitorescas figuras da sua carreira); Sal e Pimenta; O Grão Mogol, entre outras interpretações. No princípio da sua carreira celebrizou-se nas cenas cómicas: O Pilha; O Pilhado; O Sebastianista e Ferro e Fogo.

Por norma era conhecido pelo Augusto da Trindade.

ALMEIDA, Avelino de

Avelino de Almeida, nome jornalístico de Avelino de Almeida Pereira nasceu em Sintra, no dia 10 de Novembro de 1873 e faleceu em Lisboa a 2 de Agosto de 1932.

Foi um jornalista conceituado, servido por vasta cultura e apurado estilo. Repórter, crítico teatral de autorizada opinião que não excluía a vivacidade polémica que travou, quer em questões relacionadas com os destinos do Teatro Nacional D. Maria II, quer com António Ferro em torno da iniciativa do «Teatro Novo». Cursou preparatórios no Seminário de Santarém, mas não seguiu a carreira eclesiástica. O primeiro jornal a que deu a sua colaboração foi A Aurora, de Sintra, quando ainda tinha apenas 18 anos, seguindo-se mais tarde outras colaborações designadamente, no Correio Nacional, na Capital, no Século, na Ilustração Portuguesa, na Palavra, no Jornal de Notícias, no Jornal Primeiro de Janeiro, e ainda a

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revista cinematográfica Cinéfilo, que planeou e fundou e da qual era director quando morreu. Como jornalista cinematográfico, bateu-se denodadamente em notáveis e sucessivos artigos, pela produção de filmes falados em português. Também figurou entre os colaboradores do Mundo Católico onde adoptou o pseudónimo de «Pedro Fabro», que evocava o beato Pedro Fabro.

Nos últimos anos da Monarquia, Avelino de Almeida, desavindo com os dirigentes católicos, passou-se totalmente para o lado anticlerical, sendo um trabalhador profundamente anticatólico. Nesse sentido fundou então A Lanterna, semanário de violento ataque aos católicos e à hierarquia eclesiástica. A imprensa católica replicou com veemência e mesmo com violência não inferior ao ataque. É inegável que Avelino de Almeida contribuiu muito com os seus ataques para que a República viesse furiosamente anticatólica. Depois da proclamação da República combateu em vários artigos o que na Lei da Separação lhe parecia excesso e iniquidade. E foram célebres e causaram «escândalo», nos meios anticatólicos, os artigos que em Outubro de 1917 publicou no Século sobre as aparições de Fátima. Que Avelino de Almeida acreditava nas aparições, é o que se infere dos artigos publicados nas colunas de um jornal tantas vezes anticatólico. Ele apenas conta o que viu: a chuva suspender-se no momento anunciado, o bailado aparente do Sol. E conclui, numa carta inserta na Ilustração Portuguesa de 29.10.1917: «O resto é com a ciência e com a Igreja».

Como repórter, fez entrevistas sensacionais e revelou ao público o desenrolar de acontecimentos de grande vulto, entre os quais ficou célebre o julgamento dos marinheiros que, em 1908, se revoltaram a bordo do cruzador “Vasco da Gama”.

Ao nível da profissão teatral, traduziu individualmente ou em parceria com o actor Robles Monteiro, Dias Costa ou António Portalegre, um grande número de peças do repertório francês, do primeiro quartel deste século, entre as quais Pecados da Juventude, de A. Bisson, representada no Teatro do Ginásio em 1918; A Garra, de Bernstein, também apresentada no Teatro Ginásio, em 1920; Guardado Está o Bocado, de L. Verneuil, levada à cena no Teatro Avenida em 1921; A Vertigem, de Charles Méré, peça em 4 actos, representada no Teatro Nacional, nas temporadas de 1923-24 e 1924-25, num total de 23 representações, com as seguintes interpretações em ambas as temporadas: Clemente Pinto, Rafael Marques, Ribeiro Lopes, Carlos de Sousa, José Henriques, António Nascimento, Carlos Shorce, Ilda Stichini, Emília Fernandes, Maria P., Teixeira Soares e Raquel Costas; Raparigas de Hoje, de Armonte e Gerbidon e Quando o Amor Acaba, de P. Wolff e H. Duvernois, apresentada no Teatro Politeama, em 1925; Os Filhos, de L. Népoty, peça em 3 actos, representada no Teatro Nacional, no Verão de 1926, com 40 representações; O Nono Ídolo, de Curel, também

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apresentada no Teatro Nacional, em 1927; Os Dois Maridos da Senhora, de F. Gandéra, levada à cena no Teatro da Trindade, em 1927; Os Três Ratões, de Armont e Gerbidon, representada igualmente no Teatro da Trindade, no ano de 1928; Mamã, de P. Moncousin, representada no Teatro Politeama, em 1929; O Autoritário, de H. Clerc, estreada no Teatro Avenida, no ano de 1930 e O Mestre, de autoria de Henry Rotschild, peça em 3 actos, levada à cena no Teatro Nacional, na temporada de 1933/34, com 16 representações e interpretada por Álvaro Benamor, Maria Brandão, Brumilde Júdice, Alves da Cunha, José Morais, Raul de Carvalho, Maria Clementina, Amélia Rey Colaço, José Cardoso, Delmiro Rêgo, João Lopes, João Villaret, Emília de Oliveira, J. Morais, e J. Cardoso.

A sua ligação ao Teatro Nacional D. Maria II dá-nos bastante informação, relativa a diversas áreas da sua actividade teatral. Como sabemos, existiram neste teatro diversas sociedades de exploração artística, originando tumultuosas contestações contra o governo e exaltações do meio intelectual lisboeta. Além destas sociedades de “exploração artística” existia o Cofre de Subsídios e Socorros. No ano de 1918, o decreto que mantinha o Cofre com as receitas estavam consignadas e garantia os direitos adquiridos pelos societários contribuintes, permitia a reentrada na nova sociedade dos artistas que o requeressem e que, com vantagens iguais às que tinham, não renunciassem à nova situação que se lhes proporcionava. Além disso, aumentava-se as quotas de lucros em um décimo e um terço, com dois terços de décimo às actrizes, para as «toilettes». Os licenciamentos foram anulados e aqueles que se não apresentassem perderiam os direitos que lhes estavam garantidos. A comissão nomeada para o estudo da Reforma ficou composta por seis dramaturgos: Júlio Dantas, Eduardo Schwalbach, Marcelino Mesquita, Augusto de Lacerda, Vítor Mendes e Bento Mântua, pelo Comissário do Governo, Dr. Augusto de Castro, pelo Director-Geral de Belas-Artes, Dr. Augusto Gil, pelo antigo Comissário Alberto Pimentel, pelos críticos Acácio de Paiva e Avelino de Almeida, pelos empresários Ricardo Jorge, filho e Lino Ferreira, pelos artistas Lucinda Simões, Eduardo Brazão e Carlos Posser e por delegados da Associação dos Trabalhadores dos Teatros e da Sociedade Artística dissolvida.

Na temporada de 1923-24, o Teatro Nacional levou à cena A Virgem, de Charles Mèré, traduzida por Avelino de Almeida, tendo agradado ao público, embora tivesse tido só dezoito representações.

Como crítico teatral era era considerado um mestre. E tão considerado entre os demais críticos que, ao constituir-se a Associação da Crítica, foi nomeado, por aclamação, seu presidente honorário.

Era Oficial da Ordem de S. Tiago. Quando o Presidente da República, Dr. António José de Almeida, foi ao Brasil, Avelino de Almeida, que fazia parte da missão jornalística que o acompanhava, foi, pelos seus colegas,

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escolhido para chefiar essa missão. Desempenhou o cargo de presidente da mesa da assembleia geral da Associação de Classe dos Trabalhadores da Imprensa, da Casa dos Jornalistas e do Sindicato dos Profissionais da Imprensa de Lisboa e ocupou as funções de redactor do Diário das Sessões da Câmara dos Deputados. Possuía diversas condecorações que não usava.

ALMEIDA, Beatriz

A actriz e empresária Beatriz Almeida nasceu em Lisboa, no dia 10 de Setembro de 1896, onde faleceu a 3 de Abril de 1979.

Ainda aluna do Conservatório Nacional de Lisboa, estreou-se em 1912 no Teatro Nacional D. Maria II, participando no desempenho de O Reposteiro, de Júlio Dantas. No ano seguinte, a 16 de Novembro de 1913, integra a companhia do Teatro do Ginásio, de que era primeira figura Lucinda Simões, na peça A Conspiradora, de Vasco de Mendonça Alves. No mesmo teatro interpretou depois ao lado de Maria Matos, A Vizinha do Lado, de André Brun; A Madrinha de Charley, de B. Thomas, em 1913 e Não Largues a Amélia, de Feydeau, em 1914.

Fez parte da companhia do Teatro República, quando esta, após o incêndio que o destruiu, actuou no Teatro de São Carlos, acompanhando-a no regresso àquele teatro em 1916. De 1917 a 1920 foi contratada da companhia que Chaby Pinheiro organizada para o Teatro Politeama com a qual foi ao Brasil de onde voltou em 1922, reaparecendo no Salão Foz à frente de uma companhia que pôs em cena peças de Niccodemi, Hennequin, Arniches e o acto de Marcelino Mesquita A Menina. Em 1925, na inauguração do Teatro Joaquim de Almeida, fez a Marquesa da Severa e a seguir a Marcolina da Rosa Enjeitada.

A partir de 1928 foi empresária do antigo Teatro Salão-Foz, em Lisboa. Por motivos de saúde retirou-se do palco, ao qual regressou em 1919, integrada no elenco que Maria Matos encabeçava no Teatro Avenida em Os Anjinhos, de F. Arnold e E. Bach e que, no ano seguinte, acompanhou ao Brasil.

De 1942 a 1952 integrou o elenco do Teatro do Povo. Em 1953 substituiu Palmira Bastos numa digressão da companhia do Teatro Nacional às Ilhas. Nas temporadas de 1956-1957 e 1958-1959 trabalhou no Teatro Avenida, destacando-se nas suas interpretações nas peças Gebo e a Sombra, de Raul Brandão e Seis Personagens, de Pirandello. Fez parte depois do elenco do Teatro Popular de Lisboa, companhia dirigida por Augusto de Figueiredo, onde pautou pela caracterização de grandes personagens.

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Despediu-se do teatro, actuando na peça O Processo de Jesus, 1960-1961. Deu recitais de poesia e representou papéis de relevo nos filmes como A Maluquinha de Arroios, 1970 e Os Demónios de Alcácer- Quibir.

ALMEIDA, Carlos Augusto

Carlos Augusto Almeida nasceu em Coimbra, no ano de 1854, onde faleceu em 1933.

Foi uma figura de relevo no meio teatral amador de Coimbra. Fundou e dirigiu vários grupos de teatro, para os quais escreveu revistas, operetas, comédias e peças burlescas destacando-se, entre outras: O Carnaval Conquistado, 1907; Guerra aos Homens e Proezas da Rita, 1908.

ALMEIDA, Fialho de

José Valentim Fialho de Almeida nasceu em Vilar de Frades, Alentejo, no dia 7 de Maio de 1857 e faleceu em Cuba do Alentejo a 4 de Março de 1911.

Filho de um professor primário a ensinar em Lisboa, Fialho de Almeida, frequentou, de 1875 a 1878 o Liceu Francês e a Escola Politécnica, onde fez os preparatórios de Curso Superior. Em 1879 matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica, completando o curso de Medicina só aos 38 anos, não chegando a defender tese e apenas exerceu uns dias na Pampilhosa, em comissão oficial e cerca de dois anos (1886-1887) no Alentejo.

Cultivou a boémia jornalística e literária lisboeta, o que o ajudou a caracterizar nas suas crónicas, depois de ter colaborado com jornais de província (Barcelos, Leiria e Viseu). Em 1880 fundou e dirigiu a revista literária A Crónica, publicando vários textos assinados com o pseudónimo de «Valentim Demónio». Em 1881 publicou o primeiro livro de Contos, dedicado a Camilo Castelo Branco. Começa a tornar-se famoso, quer como contista, quer como cronista, pela colaboração em periódicos como o diário Novidades, onde publica um folhetim intitulado «Os decadentes – Romance da vida contemporânea», projecto de um romance que nunca terminou O Repórter, Pontos nos II (aqui sob o pseudónimo de «Irkan» e de colaboração com Rafael Bordalo Pinheiro). Colaborou também nos periódicos Correio da Manhã, O Contemporâneo, Museu Ilustrado, Os Dois Mundos, A Renascença, Revista Académica Literária, O Ocidente, Diário de Portugal, A Ilustração e Ilustração Portuguesa.

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O ponto mais alto da sua fama atingiu-a com a publicação mensal, iniciada em Agosto de 1894, de uma série de folhetins panfletários de inquérito à vida portuguesa, (57 números, depois reunidos em seis volumes) intitulada Os Gatos.

Em 1893 casa com uma abastada proprietária alentejana de Cuba, para onde vai residir, ficando viúvo 10 meses depois e herdando a fortuna da mulher, vítima de tuberculose.

Nos últimos anos da sua vida consagra-se à lavoura. Viaja muito pelo estrangeiro, sobretudo Espanha. Politicamente, vem a opor-se ao republicanismo e a exaltar João Franco, o que lhe cria muitas inimizades e provoca crítica dos próprios amigos. Morre desiludido com o país e com a sociedade portuguesa, como se compreende por este passo de Saibam Quantos…, datado de Novembro de 1910: «Dada a ignorância e o desmazelo relaxado, que foi o que a Monarquia legou às classes médias, dadas as tendências vaziamente exibicionistas, que foi o que o partido republicano deu às multidões, a República, como forma de governo, há-de reproduzir todos, absolutamente todos os fracassos da Monarquia… Na essência o País ficará o mesmo. Que digo eu? Ficará pior».

Da sua obra destacamos: Contos, Porto, 1881; A Cidade do Vício, contos, Porto, 1882; O País das Uvas, contos, Lisboa-Porto, 1893, colectânea de textos publicados nos anos 80 do século XIX, em jornais e revistas; Os Gatos, 1889-1893; Pasquinadas (Jornal dum vagabundo), Porto, 1890; Lisboa Galante (Episódios e aspectos da cidade), Porto, 1890; Vida Irónica (Jornal dum vagabundo), Lisboa, 1892; Madona do Campo Grande, 1896 e À Esquina (Jornal dum vagabundo), Coimbra, 1903. Postumamente foi publicado: Barbear, Pentear (Jornal dum vagabundo), Lisboa, 1911; Saibam Quantos…(Cartas e artigos políticos), Lisboa, 1912; Estâncias de Arte e de Saudade, Porto, 1921; Aves Migratórias, Porto, 1921; Figuras de Destaque (Artigos vários sobre homens notáveis como Camilo, Herculano, entre outros), Porto, 1924; Actores e Autores (Impressões sobre teatro), Lisboa, 1925 e Vida Errante, Lisboa, 1925.

Traduziu para teatro um drama em 3 actos de João Darlot, que se representou no Teatro da Trindade em 1898 e outro, levado à cena no Teatro Nacional D. Maria II em 1899.

ALMEIDA Jerónimo

Jerónimo António de Almeida nasceu em Guimarães, no ano de 1886, onde faleceu em 1975.

Publicou as seguintes peças: O Cego da Colegiada, 1943; Rosas do Milagre, drama lírico em 3 actos e em verso; O Sonho de Maria, cena

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rústica minhota escrita em 1949; Auto de Frei Gualter, 1955 e Auto da Beira-Mar, 1955. Deixou inédita a peça Casto Véu.

ALMEIDA, Joaquim de

Joaquim de Almeida nasceu em Aldegalega (hoje Montijo) a 5 de Outubro de 1838 e faleceu em Lisboa, no dia 22 de Julho de 1922.

Joaquim de Almeida, que estudava pilotagem, deixou os estudos para se dedicar inteiramente à arte de representar, começando a carreira artística no antigo Teatro das Variedades. Era ali o velho Salitre, um barracão a meio do Salitre, que uma associação formada no ano de 1857 transformou completamente, restaurando o edifício o mais possível conforme as condições permitiam, abrindo as suas portas ao público em 1 de Fevereiro de 1858, inaugurando os seus espectáculos com a mágica espalhafatosa, em 3 actos e 19 quadros, A Lotaria do Diabo, tradução de Francisco Palha e Joaquim Augusto de Oliveira. Nesta peça que metia muita gente e obteve um enorme sucesso, estrearam-se auspiciosamente dois principiantes que depois se tornaram actores distintos, dois vultos gigantescos da arte de representar, duas glórias da cena portuguesa: Joaquim de Almeida e António Pedro. O empresário contratou os dois com o ordenado mensal de quatro mil réis.

Continuando no Teatro Variedades, Joaquim de Almeida começou a desempenhar papéis de maior importância, revelando sempre muita inteligência e muita vocação para a cena. Entrou então em muitas peças, como, entre outras Filha da Noite; Mateus o Gajeiro; Piratas; Glórias do Trabalho; O Duende; Lição aos Maridos, etc. A convite do empresário teatral Francisco Palha, então comissário régio junto ao Teatro Nacional D. Maria II, Joaquim de Almeida, entrou naquele teatro, para preencher o lugar que ficara vago pela morte do actor Marcolino, que fazia parte da companhia. Joaquim de Almeida debutou no drama Pedro, de Mendes Leal, desempenhando o papel de Manuel Maria, que fora criado por aquele falecido actor. Apesar do confronto ser um tanto difícil, Joaquim de Almeida apresentou-se perfeitamente e o público dispensou-lhe os mais justos aplausos. Projectando-se construir o Teatro da Trindade, Francisco Palha, seu futuro director, tomou inteiramente o antigo Teatro da Rua dos Condes para os espectáculos da nova companhia que se organizara e em que figurava parte dos actores do Teatro D. Maria II, conservando-se a outra parte naquele palco, continuando as representações. Joaquim de Almeida seguiu Francisco Palha. A nova empresa inaugurou os espectáculos em 7 de Junho de 1866. Uma das peças ali representadas A Família Benoiton, em que Joaquim de Almeida se tornou bastante notável.

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Mais tarde, no Teatro da Trindade, cuja inauguração se verificou em 30 de Novembro de 1867, criou o papel tipo do conde Óscar no Barba Azul.

Joaquim de Almeida percorreu todos os teatros de Lisboa e Porto, mesmo os de menor importância. Tão depressa aparecia no Teatro Nacional D. Maria II como no Dona Amélia, como no Ginásio, no Príncipe Real, Avenida ou Rua dos Condes e Alegria, não escapando o extinto teatrinho dos Restauradores, que se improvisou na esplanada dos antigos Recreios, Rato e Alegria. Também pisou o palco do Coliseu dos Recreios, sendo difícil vê-lo duas épocas seguidas no mesmo teatro.

Em Setembro de 1876 acompanhou Eduardo Brasão a Pernambuco, ambos contratados pela notável actriz brasileira Isménia dos Santos e dali continuando a digressão para o Rio de Janeiro, contratados pelo grande actor cómico José António do Vale. Rafael Bordalo Pinheiro, que também se encontrava no Rio de Janeiro à frente do semanário de caricaturas, O Mosquito, deixou brilhantemente marcada, numa das suas páginas a passagem dos dois artistas pelos palcos daquela cidade.

A grade prática de representação e o reconhecimento do público constituíram o segredo do seu permanente sucesso, quer no drama, quer na comédia, no burlesco, na tragédia, na opereta, ou quer ainda na revista. O seu repertório foi vastíssimo e genérico. Teve criações magníficas e, tanto no género dramático como no cómico, foi sempre um artista correcto e distinto. Pela dificuldade de enumerar todas as peças em que representou sublinhamos a sua participação em: O Anjo da Meia Noite; O Fidalguinho; A Torre de Babel; A Estrangeira; Gabriel e Lusbel ou o Dramaturgo; Vulgo Santo António; Luís XI; Uma Bola de Sabão; Os Campinos; As Duas Bengalas; O Marido de Duas Mulheres; O Criado Brioso; Viagem à Suiça; Os Lazaristas, de António Enes; Nitouche; O Saltimbanco; O Papá Lebonnard, de Jean Aicard, traduziada em conjunto por Manuel Penteado e Luís Galhardo, com estrondosa interpretação de Joaquim de Almeida; Miguel Strogoff; O Solar dos Barrigas; O Ferrabraz de Alexandria; João Brandão; Louco da Serra; Capitão Fantasma; O Homem das Barbas Brancas; O Homem da Bomba; A Órfã do Aldoar; Opinião Pública; Debaixo da Máscara; A Boceta de Pandorra; O Bobo, de Alexandre Herculano, numa récita de homenagem a este realizada no Teatro Nacional, a 4 de Dezembro de 1877; Nas Armas do Touro; Ave Agoireira; A Família Mongrol; Quem Muito Fala; Dar no Vinte; O Romance Duma Mulher Honesta; A Galinha da Vizinha; A Chave do Trinco; O Homem dos Suspensórios; Nº 1 Ali à Esquina; Joana a Doida; O Camões do Rossio; Coração e Arte; Ângelo; Tirano de Pádua; O Cavalheiro da Indústria; Guerra ao Nunes; Por Causa Dum par de Botas; As Fidalgas de Pontalec; À Procura do Badalo, revista cujo título depois foi alterado para Num Sino, de Baptista Dinis e música de Miguel Ferreira, levada à cena do Teatro do Príncipe Real, tendo também excelente interpretação de Adelina

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Abranches; Fruta do Tempo; O Lenço Branco; Moços e Velhos; O Lobo no Redil; Laços de Família; A Pérola Preta; Positivo; O Caminho Mais Comprido; Nobreza do Trabalho; Guerrilheiro; Mulheres à Solta; O Demónio do Jogo; A Redenção; O Suplício Duma Mulher; A Mãe do Enjeitado; Como se Conhece o Vilão; FF e RR, revista e que subiu à cena a 11 de Janeiro de 1890 em Lisboa, por iniciativa de um jornalista e um militar, no Teatro da Alegria interpretado por Joaquim de Almeida e Elisa Aragonez, uma das muitas actrizes espanholas que se fixaram em Portugal, Conde e Augusto de Melo, da autoria de Baptista Machado e a música de F. Symaria; A Mana do Conselheiro; A Primeira Pedra; Zig-Zag, revista que subiu à cena em 1891 no Teatro da Alegria, interpretada por um elenco encabeçado por Joaquim de Almeida e Madalena Delgado, actriz espanhola, da autoria de Ludgero Marques e música de Daniel Lacueva; Sarilhos; O Desaparecido e Cabeça de Burro, comédia em 4 actos.

Joaquim de Almeida foi casado com Adelaide Pessoa, que também se dedicou à arte dramática durante algum tempo, debutando no Teatro do Ginásio em 24 de Julho de 1862, na comédia em 1 acto, Minha Mulher Perturba-se e, depois, no antigo Teatro da Rua dos Condes, onde representou no drama marítimo em 5 actos, O Corsário, escrito pelo falecido José Romano.

Joaquim de Almeida foi agraciado pelo Presidente da República Dr. António José de Almeida, com o oficialato da Ordem de Santiago.

No dia 20 de Dezembro de 1917 foi acometido duma congestão cerebral, tornando-se quase cego, dias depois.

Em sua homenagem os actores Casimiro Tristão e Francisco Judicibus construíram um teatro no Largo do Rato, que se chamou Teatro Joaquim de Almeida, inaugurado em 1924 sendo, alguns anos depois, demolido para alargamento da Avenida Álvares Cabral.

ALMEIDA, Maria Pia de

A actriz Maria Seabra da Cruz, nome artístico Maria Pia de Almeida, nasceu no Porto, no dia 22 de Junho de 1860 e faleceu em 1940.

Estreou-se no Teatro da Rua dos Condes, na empresa de Lucinda Simões, a 28 de Fevereiro de 1895, na peça Os Cabotinos, de Pailleron. Em 1897 foi contratada para o Teatro do Príncipe Real, do Porto. A seguir tomou parte numa tounée realizada por alguns artistas do teatro de D. Maria II e, de regresso, entrou como societária de uma empresa artística do Teatro da Trindade.

Passou em seguida para o Teatro Dona Amélia, empresa Rosas & Brasão, onde permaneceu bastante tempo com imensa evidência. Em 1905 entrou como societária no Teatro D. Maria II e acompanhou a companhia

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Rosas & Brasão para o Teatro D. Amélia. Em seguida voltou à D. Maria II, sendo nomeada societária de primeira classe em 1907.

Foi brilhante a sua carreira no destacando-se, entre outras, as interpretações, nas seguintes peças: Marquês de Villemer, Preciosas Ridículas, A Madrugada, João José, Bibliotecário, Coração Manda, Hamlet, O Leque de Lady Margarida, Fédora, Tosca, Reposteiro Verde, Salão de Madame Xavier, Um Serão nas Laranjeiras, Morgadinha de Valflor, A Cruz da Esmola, O Crime de Arronches, O Sol da Meia-Noite, A Clareira e O Íntimo.

Mais, Maria Pia evidenciou-se, principalmente, em papéis de alta comédia.

ALMEIDA, Mário de

Mário de Almeida nasceu em Lisboa, no ano 1889, onde faleceu em 1922.

Oficial do exército, jornalista e filho da actriz Maria Pia, escreveu duas peças em 1 acto: o episódio em verso, intitulado Dó Sustenido, representado no Teatro Nacional em 1910 e Saber Amar. A primeira foi publicada no mesmo ano com um prefácio de Fialho de Almeida.

ALMEIDA, Matias de

Matias de Almeida nasceu no dia 24 de Março de 1885 e faleceu a 16 de Outubro de 1922.

Estreou-se no Teatro da Trindade em 1905, na empresa de Afonso Taveira, numa reposição da opereta Musa dos Estudantes, tendo feito depois parte das companhias Luís Galhardo, Alfredo Miranda, Chaby Pinheiro e Cremilda de Oliveira.

Trabalhou em quase todos os teatros de Lisboa, Porto, Províncias, Ilhas e nalguns estados do Brasil, em estilos como dramas, comédias e revistas.

Foi casado com a actriz-cantora Isabel Fragoso.

ALMEIDA, Mercedes de

Mercedes de Almeida nasceu no ano de 1901 e faleceu em 22 de Outubro de 1926.

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Estreou-se em 1926 no Teatro S. Luís, na companhia teatral de Armando Vasconcelos.

As principais peças onde actuou foram: A Intrusa, Sol e Moscas, Magda, Duplo Embuste, Casa de Boneca, A Castelã, A Dama das Camélias, Apaixonada, O Lodo, A Tia Andreza, O Az, Fogueiras de S. João, e Vida e Doçura.

ALMEIDA, Teixeira de

Artur Teixeira de Almeida nasceu em Lisboa no dia 17 de Março de 1894 e faleceu a 6 de Dezembro de 1925.

Estreou-se em 1912 no Teatro da Rua dos Condes. Fez parte da companhia de Dora Vieira que actuou em 1915-16 no Porto. Entrou em várias peças, entre elas Alma da França, no papel de Didier e na revista A Ferro e Fogo.

ALMEIDA, Vieira de

Francisco Lopes Vieira de Almeida nasceu em Castelo Branco, no ano de 1888 e faleceu em Cascais em 1962.

Filósofo, poeta, estudioso do teatro de Camões e Pirandelo, publicou em 1956 a fábula trágica em 4 actos e em verso, Judite, obra de inspiração clássica escrita em 1920.

ALVARES, Patrício

Augusto Patrício Alvares nasceu no ano de 1896 e faleceu em Lisboa a 23 de Novembro de 1969.

Ligado aos primeiros passos do cinema português, Patrício Alvares frequentou o Instituto Superior Técnico e a Escola Politécnica, tendo sido oficial do exército entre 1917 e 1919 e, sucessivamente funcionário do Ministério da Justiça, empregado bancário, professor do ensino particular da Marconi e da Emissora Nacional.

Foi sobretudo o campo artístico aquele que mais o interessou, diplomando-se pelo Conservatório Nacional de Lisboa em 1925. Patrício Alves organizou recitais poéticos e actuou como actor profissional nas peças Rosa Enjeitada, Mouraria, Cabeça de Pau e A Vida de Cristo.

No cinema tomou parte nos filmes A Voz do Operário, Catedral do Bem, Severa, Porto de Abrigo, José do Telhado, Noiva do Brasil, Um Pedaço de Terra, A Morgadinha dos Canaviais, Sol e Toiros e A Volta do José do Telhado. Foi também assistente de realização em Capas Negras e

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Aqui Portugal e autor dos diálogos em Cais do Sodré e Serra Brava e dos versos nos filmes Porto de Abrigo, Cais do Sodré e Serra Brava.

Deve-se a esta personalidade a primeira tentativa de teatro radiofónico, em Portugal, com a peça Inauguração de um Teatro de Bairro, em 1931. Posteriormente, realizou vários recitais na Emissora Nacional e colaborou em várias peças radiofónicas, nomeadamente o Auto do Viúvo, de Gil Vicente e Envelhecer, de Marcelino Mesquita. Foi também autor de diversos programas radiofónicos e colaborou em jornais e revistas. Ainda como autor, dedicou-se ao teatro e foi eleito Príncipe dos Poetas, nos Jogos Florais da Emissora Nacional em 1937. Da sua bibliografia salientam-se os títulos: Raça, versos publicados em 1939; os inéditos Poemas de Alma e da Vida e Sonetos e Poemas Vários. Para teatro escreveu O Erro e a Tela.

ÁLVARO

Álvaro, nome artístico do actor Álvaro Filipe Ferreira nasceu em Vieira de Leiria, no dia 29 de Janeiro de 1848, onde faleceu a 21 de Junho de 1929.

Empregado no comércio em Lisboa, veio a estrear-se como actor em 16 de Setembro de 1868, numa comédia em 1 acto traduzida em verso por Eduardo Vidal, com o título O Que Fazem as Rosas. Agradou imensamente. Foram grandiosos os progressos que Álvaro fez em poucos meses, no Teatro do Príncipe Real e depois no Teatro D. Maria II, retomando o papel criado por Tasso na Morgadinha de Vale Flor. Entrou também nas peças: Luís XI e O Poeta, de Banville, em 1883; A Cruz de Madalena, de E. Souvestre, em 1875; Demi-Monde, de Dumas Filho; e Henriqueta Coverlet, de Augier em 1876.

A ambição fê-lo aceitar o contrato oferecido por Emília Adelaide e com ela partir para o Porto, logo depois para os Açores e, em seguida, para o Brasil. No regresso, tornou ao Teatro do Príncipe Real, especializando-se no repertório melodramático. Foi particularmente aplaudido no drama de Marcelino Mesquita, A Pérola, em 1885 e em O Grande Galeoto, de Echegaray, em 1886.

O seu nome aparecia em letras gordas nos cartazes do Teatro do Príncipe Real ou nos anúncios dos jornais do Brasil e o público não se cansava de o festejar.

Tendo arranjado uma pequena fortuna, em 1893 retirou-se para a sua quinta, entregando-se à vida da lavoura e aos prazeres da pesca e da caça. A nostalgia do palco fê-lo regressar em 1908. Despediu-se dos palcos, interpretando, em 1915, o papel de Romeiro na peça Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, A Vida dum Rapaz Pobre e, na temporada seguinte, O Marquês de Villemer, de G. Sand e Os Novos Apóstolos de Lacerda, última

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peça em que apareceu em cena. Galã romântico, foi o ídolo das plateias amantes do género melodramático.

ALVES, Carlos

O actor Carlos Alves nasceu em Lisboa, no dia 23 de Agosto de 1889 e faleceu em 6 de Fevereiro de 1964.Começou a actividade como amador de teatro dramático em várias colectividades de cultura e recreio, designadamente no Grupo Recreativo Lusitano, que, durante muitos anos, esteve instalado na Rua da Academia das Ciências, antiga Rua do Arco a Jesus. Deixou depois a actividade comercial para cumprir contrato numa sociedade artística que explorava o Teatro Nacional, com Eduardo Brasão em primeira figura. Transitou para a companhia de Lucinda Simões, onde desempenhou papéis de índole dramática que o acreditaram junto do público e da crítica da época. No teatro declamado participou em inúmeras peças do repertório de então. A estima que Lucinda Simões tinha por este actor, fez com que o contratasse durante várias épocas.Instalou-se também no género de revista, por volta de 1920, com intercadência em operetas populares e comédias. Nos palcos de revista e das operetas bairristas, o actor criou tipos de pitoresco irresistível. Foi ídolo das plateias populares de muitas gerações, ficando inesquecível a dupla que criou com Álvaro Pereira, e que ao longo de quinze anos, entre 1925 e 1940, animou mais de meia centena de peças, principalmente nos teatros localizados no Parque Mayer e no Teatro Apolo. Representou em todos os palcos deste género. Viajou muito pelas províncias, incluindo as ex-colónias portuguesas e foi várias vezes ao Brasil com director de várias companhias, nomeadamente as de Alves da Cunha e do empresário António Macedo.É impossível enumerar os títulos das peças em que Carlos Alves participou. Em meio século de actividade entrou em mais de duas centenas de obras, além de algumas incursões nos estúdios de cinema, com papéis de relevo. A última peça em que participou foi Aqui Há Fantasmas, levada à cena no Teatro Variedades. Foi, também presença frequente na televisão e notável a figura que criou no programa de variedades “Café Concerto”. Os espectadores da televisão viram-no pela última vez no programa “Tempo de Teatro”, na edição de Janeiro de 1964.Das muitas produções teatrais em que colaborou, referimos: A Mulher Artificial, A Raça, Emigrantes, A Máscara, Mulher que Passa, Os Mineiros, A Cabana do Pai Tomaz, A Grande Noite, O Homem que Assassinou, A Severa, No País, No País do Tirismo, Onze Mil Virgens, O

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Mártir do Calvário, O Dia das Romarias, O Zé dos Pacatos, Maria Cachucha, A Volta a Portugal, Miss Lisboa, Bombo da Festa, Cantiga Nova, Cabeças no Ar, O Sete e Meio, Café com Leite, Pernas de Pau, Olha o Balão, Mouraria, Há Festa na Mouraria, Estrelas de Portugal, Ó Graxa, Maria Rita, A Praça da Alegria e Pega-me ao Colo.

ALVES, Fernanda

A actriz Fernanda Alves nasceu em Lisboa, no dia 5 de Junho de 1930 e faleceu no Porto a 6 de Janeiro de 2000.

Diplomada pelo Conservatório de Lisboa em 1958, fez parte do elenco do Teatro do Gerifalto (1956-1961) e da Companhia Nacional de Teatro (1961-1963). Transitou depois para o Teatro Moderno de Lisboa e daí para o Teatro Experimental do Porto, tendo posteriormente integrado vários agrupamentos, onde prosseguiu uma carreira dedicada à renovação da cena portuguesa. Teve também assinalável passagem pelo Teatro Nacional D. Maria II, Teatro de Sempre, Teatro Experimental de Cascais e Teatro Estúdio de Lisboa. Foi societária do Teatro Moderno de Lisboa e fundadora do Grupo de Teatro Independente “Os Bonecreiros” e “A Barraca”.

No Teatro Experimental do Porto entrou, entre outras, nas seguintes peças: Desperta e Canta, de Clifford Odets; O Gebo e a Sombra, de Raul Brandão e O Novo Inquilino, de Ionesco. Ainda nesta companhia, encenou a peça infantil O Mistério da Fábrica de Chocolates, de José António Ribeiro.

A convite do Círculo Portuense de Ópera, encena a ópera Rita, de Donizetti, sob a direcção musical do maestro Günther Arglebe.

Em 1968 e 1969 conquistou, sucessivamente, o 1º Prémio do Concurso de Artes Dramáticas do SNI com as peças Os Velhos Não Devem Morrer, de Alfonso Castelãs e O Santo e a Porca, de Ariano Suassuma.

Colaborou em dezenas de peças dos autores mais representativos da dramaturgia mundial tais como Shakespeare, Gil Vicente, Kleist, Goldoni, Tchekov, Pirandelo, Adamov, Ionesco, Almeida Garret, Clifford Odetts, Yeats, Osborne, Bueno, Vallejo, Gombrowicz, Arthur Kopitt, Ruzzante, Tankred, Dorst e Gorki. Conquistou o Prémio da Casa da Imprensa com a interpretação da peça A Grande Imprecação das Muralhas da Cidade, de Tankred Dorst.

Ingressou no elenco do Teatro Nacional D. Maria II em 1978, no qual interpretou várias peças, nomeadamente Auto da Geração Humana, Felizmente Há Luar, Filhos do Sol, Lodo, Três Irmãs, Jardim Zoológico de Cristal, A Casa de Bernarda Alba, Auto de Vicente Anes Joeira, Fígados de Tigre, O Gebo e a Sombra, Anatole e Romance de Lobos. Como artista

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cedida pelo Teatro Nacional, participou também nas peças: Quase por Acaso uma Mulher, de Dário Fo, apresentada na Casa da Comédia em 1986; As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, de Fassbinder, levada à cena pelo Grupo de Teatro Hoje, em 1986 e Seis Personagens em Busca de um Autor, de Luigi Pirandello, representada no Teatro de S. Luís em 1987.

Noutros grupos de teatro, sublinhamos a sua participação em: Ivone, Princesa de Borgonha, de Witold Gombrowicz, levada à cena pelo Teatro Experimental de Cascais ao lado de Zita Duarte, Cecília Guimarães, António Marques, João Vasco, Graça Lobo, Maria Albergaria, Mário Viegas e José Campeão; Noite de Verão, de Ted Willis, representada pela Teatro Estúdio de Lisboa, numa encenação de Luzia Maria Martins, e com a interpretação, entre outros, de Fernanda Alves, Vasco de Lima Couto e Joaquim Rosa; O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna, levada à cena pelo Teatro do Arco da Velha, encenada pela própria Fernanda Alves, com a interpretação de Rui de Carvalho, Graça Vitória, Canto e Castro e Lisete Frias. Teve música original, composta por Jorge Constante Pereira; O Circo Imaginário de Super-Basílio, de Beatrice Tanaka, representada por “Os Bonecreiros – Teatro-Laboratório de Lisboa”, grupo constituído pela Fernanda Alves, Glicínia Quartin, João Mota e Mário Jacques. Neste grupo integrou, também, o elenco da peça A Grande Imprecação diante das Muralhas da Cidade, de Tankred Dorst, peça encenada por Mário Barradas.

Paralelamente à sua actividade teatral participou em inúmeras realizações de televisão, cinema e rádio.

ALVES, Henrique Alfredo

O actor Henrique Alfredo Alves nasceu em Lisboa, no dia 20 de Julho de 1872, onde faleceu a 21 de Abril de 1934.

Estreou-se no Teatro Avenida, em 31 de Janeiro de 1891, na revista em 1 acto, Sonho do Citado Autor, de João Soler e José Inácio de Araújo. Actuou pela última vez no Teatro Maria Vitória, em 1 de Janeiro de 1934, mas a sua despedida do teatro ocorreu no Porto, em 13 de Fevereiro de 1934, actuando no Teatro de Carlos Alberto.

Manteve-se durante 26 anos na empresa teatral Rosas & Brasão. Trabalhou em quase todos os palcos portugueses e ainda no Brasil. Galã cómico de apreciáveis recursos, actuou também na opereta, na revista e no cinema, em A Morgadinha de Vale Flor, de Ernesto Albuquerque, 1924, e no filme A Canção de Lisboa, de Cottinelli Telmo, 1933, tendo sido um dos últimos actores da sua geração.

Além de outras, participou nas seguintes peças: A Madrugada, de Fernando Caldeira, 1892; A Primeira Seta, de Blumenthal, 1895; Cyrano

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de Bergerac, de Rostand; Blanchette, de Brieux; O Ladrão e A Raljada, de Bernstein, 1907; O Botequim do Felizardo, de T. Bernard; Zazá, de P. Berton e C. Simon; A Cruz da Esmola, de Eduardo Schwalbach; Madame Flirt, de P. Gavault e G. Bert; O Rei da Gafanha de Flers, Caillavert e Arène; A Casa em Ordem, de Pinero; Viúva Alegre; Sonho de Valsas; Amores de Príncipe; Solar dos Barriga; Dama Roxa; Mulher de Mármore; Hamlet, de William Shakespeare; Kean; Zázá; Leonor Teles; Aljubarrota, de Rui Chianca, adaptada de Alexandre Herculano; O Camarim, de Urbano Rodrigues e Vítor Mendes, 1910; Num Rufo!, revista de Machado Correia e Baptista Coelho, 1911; Ladrão, A Mulher do Juiz, Silêncio Calado; O Salto Mortal; A Caixeirinha; Lagartixa; A Severa; Alcácer Kibir, de D. João da Câmara; O Outro Eu; D. César de Bazã; O Leque; Amor Não Dorme; O Capote e Lenço, revista de autoria de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e João Bastos, 1913; Anos do Papá; O Apóstolo; Salão Tesouro Velho; Primeira Causa; O Fado, de Bento Mântua, 1913; Auto…Aqui!, revista de Lino Ferreira, Pereira Coelho e Matos Sequeira, 1913; Tango Cordial, revista de Eduardo Schwalbach, 1914; Ditosa Pátria, revista de Luís Galhardo, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães e Lourenço Rodrigues, 1925; O Papá de Lebonnard, de J. Aicard; O Turbilhão, de Faria de Vasconcelos, 1924; Bibliotecário; Amigo Fritz; Menino Ambrósio; Feijão Frade; Madame Fliert; Abade Constantino; Minha Mulher Noiva de Outro; Toque de Recolha; Postiços; Afonso VI; Duque de Viseu; Luís XI; Diabo a Quatro e Santa Inquisição.

ALVES, José Monteiro Correia

O escritor e actor teatral José Monteiro Correia Alves nasceu no Porto no ano de 1922, onde faleceu em 1982.

Licenciou-se em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Fez parte do Teatro de Estudantes da mesma universidade e do Teatro Experimental do Porto, a partir de 1952, no qual assumiu funções de director artístico.

Como autor teatral estreou-se em 1949 com Sombras. Depois de se ter inspirado numa temática neo-realista com antecedentes no teatro de Raul Brandão, a partir de 1957 passou a ser solicitado por tendências experimentalistas. Outras obras de sua autoria: Trevas, 1949; Até Logo, 1950; Náufragos, 1954; Variações sobre o Mesmo Tom, 1957; Tudo Pode Acontecer, 1958 e Ensaio Interrompido, 1963.

Quase todas estas peças (além das que escreveu para crianças, rádio e televisão) foram levadas à cena por agrupamentos universitários, nomeadamente na Cidade do Porto. Deixou inédita uma adaptação cénica

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do romance de Almeida Garrett O Arco de Santana, que a censura proibiu em 1957.

A peça Variações Sobre o Mesmo Tom, obteve o Prémio de Teatro do Centro de Estudos Humanísticos, em 1956. Foi publicada em separata da revista Vértice, em Junho de 1961 e representada, pela primeira vez, em 5 de Maio de 1957, pelo Teatro Universitário do Porto, numa encenação do autor.

ALVES, Laura

A actriz Laura Alves Magno nasceu em Lisboa, no dia 8 de Setembro de 1921, onde faleceu a 6 de Maio de 1986.

Estudou até ao quarto ano na Escola Machado de Castro e frequentou o curso de dança do Conservatório Nacional.

Estamos perante uma artista de grande versatilidade, da alta comédia ao teatro de boulevard e à revista, passando pela opereta. O seu talento vencia todas as dificuldades, como a de aprender a dançar em pontas para As Três Valsas, no Teatro Monumental, que inaugurou em 1951. Era também dotada duma certa faceta cómica que facilmente transmitia ao público, não só no teatro como no cinema.

Estreou-se na peça As Duas Garotas de Paris, adaptada por Eduardo Schwalbach, no Teatro Politeama, em 1935, na Companhia de Alves da Cunha.

Casou em 1948 com o empresário Vasco Morgado, o grande amor da sua vida, que passara a ser seu empresário e que por isso, não teve o acompanhamento orientador que o talento requeria.

Há quem diga que Laura Alves nunca mais viria a ser a actriz popular de outras épocas enquanto integrada em grandes companhias nos velhos teatros do Parque Mayer, Avenida ou Apolo, apesar do jovem marido lhe ter proporcionado um teatro construído de raiz, que habitou até 1972 e outro a que foi dado o seu próprio nome, no antigo Cinema Rex, inaugurado em 29 de Dezembro de 1969. O primeiro, o Teatro Monumental, ela própria o viu ruir, em 1983, após a última representação da sátira política Um Zero à Esquerda.

Foi até 1972 primeira figura da Companhia do Teatro Monumental, alcançando grandes êxitos com as peças: Boa Noite Betina, de Pietro Garinei, 1960; Criada para Todo o Serviço; Meu Amor É Traiçoeiro, de Vasco de Mendonça Alves 1962; A Rapariga do Apartamento, de M. Rednick 1963; A Fera Amansada, de W. Shakespeare 1952; A Promessa de Bernardo Santareno 1967; A Flor do Cacto, de Barillet e Grédy 1967; Gata em Telhado de Zinco Quente, de Tennessee Williams 1959; e A Querida Mamã, entre outras.

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Em 1962 foi-lhe concedido o Óscar da imprensa para a melhor actriz de teatro ex-aequo com Eunice Muñoz. Recebeu ainda o prémio Lucinda Simões-63, do SNI, pelo seu trabalho na peça A Rapariga do Apartamento.

É no ano de 1948 que se inclina definitivamente para o teatro declamado, com a peça Fanny e os seus criados, de Jerome, tendo passado a fazer comédia e alta comédia. Em 1950 interpreta, no Odeon, uma série de peças em 1 acto, escritas expressamente para ela. Em 1967 divorcia-se de Vasco Morgado.

Participou em vários filmes portugueses, como: O Pai Tirano, de António Lopes Ribeiro, 1941; O Pátio das Cantigas, de Francisco Ribeiro, 1942; O Leão da Estrela, de Artur Duarte, 1947 e Perdeu-se um Marido, de Henrique Campos, 1956.

Participou ainda em muitas outras produções, designadamente: Lisboa 1900, opereta, 1941; A Formiga, de A. Torrado, 1942; O Senhor da Pedra, revista 1942, Margarida Vai à Fonte, revista, 1943.

No Teatro Apolo: O Zé do Telhado, opereta, 1944; Casei com Um Anjo, de J. Vaszary, 1948; Enquanto Houver Santo António, revista, 1950; Lisboa Nova, revista, 1952; A Sereia do Mar e da Terra, 1952; Viva o Luxo! revista, 1953; Ele Não Gostava do Patrão, 1953; A Menina Feia e Perdeu-se um Marido, 1954; A Rainha do Ferro Velho, 1958.

Laura Alves tinha alguns sonhos, talvez o mais significativo fosse interpretar My Fair Lady. Infelizmente a doença não se compadeceu e Laura Alves bem merecia tê-los realizado.

ALVES, Sebastião

O actor Sebastião Alves nasceu em Lisboa, no ano de 1871 e faleceu em Pará, Brasil, em 1903.

Tendo-se dedicado desde muito novo ao comércio, aplicava as horas vagas ao teatro amador. Representou pela primeira vez em 1887, no Teatro Garrett, aos Anjos, na comédia Os Advogados e na cançoneta Do Outro Lado. Fez, depois, parte do grupo dramático Tasso.

Em 1890 abandonou o comércio para entrar como discípulo no Teatro do Ginásio, fazendo pequenos papéis no Piperlim, Patifa da Primavera, entre outras produções teatrais.

Em 1891, tendo mostrado aptidões, a empresa deste teatro escriturou-o e ali se conservou alguns anos. Integrou os elencos em: Genro do Caetano, Madrinha de Charley, Receita dos Lacedemonios, Filho da Carolina, Roça de Valentim, Padre-Filho-Espírito Santo, Zaragueta, Hotel Luso-Brasileiro, Comissário de Policio, Sôra Francisca, Huguenotes, entre outras.

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Foi casado com a actriz Adélia Soler que, também morreu no Brasil pouco tempo depois do marido.

ALVES, Vasco de Mendonça

O dramaturgo Vasco de Mendonça Alves nasceu em Lisboa, no dia 19 de Abril de 1883, onde faleceu a 4 de Dezembro de 1961.

De 1904 a 1905 frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

Atraído pelo teatro, a sua primeira peça subiu à cena em 1909 no Teatro Apolo (então Teatro do Príncipe Real) e intitulava-se Último Amor, peça em 3 actos, apresentando uma visão romântica do mundo, próxima da linguagem aderente ao naturalismo.

As peças deste autor abordam temas que se podem dividir em três grupos bem definidos: drama ou comédia sentimental, drama histórico e patriótico e comédia de costumes populares.

Dessa obra regista-se os dramas sentimentais: Os Filhos, 1910; A Promessa, 1910; Noite de Santa António, 1916; Sedutores, peça encenada por António Pinheiro e estreada no Teatro nacional em 30 de Julho de 1921, com a interpretação de Amélia Rey Colaço, Maria Júdice, Robles Monteiro e Constança Navarro; Bodas de Ouro, 1923; Perdoai-nos Senhor, escrita em 1927, reposta em Novembro de 1917 no Teatro Nacional, com a interpretação de Lucília Simões, Samuel Diniz, Raul de Carvalho e Adelina Campos; Sonho de Madrugada, 1932; Os Hóspedes de D. Epifânia, 1933; Meninas, peça encenada por Robles Monteiro para o Teatro Nacional e estreada em 18 de Janeiro de 1935 com Palmira Bastos, Amélia Rey Colaço, Maria Clementina e Álvaro Benamor; A Hora do Dinheiro, 1940 e A Senhora Doutora, 1957, os dramas históricos, A Conspiradora, peça em 4 actos, representada pela primeira vez no Teatro do Ginásio em 28 de Março de 1913, com Lucinda Simões, Zulmira Ramos, Adélia Pereira, Maria Matos, Elvira Basto, Maria Frazão, Alice Teixeira, Virgínia Farrusca, Alves da Cunha, Mário Duarte, Mendonça de Carvalho, Joaquim Silva, Silvestre Alegrim, Telmo Larcher, Cardoso, José Azambuja, António Palma, João Lopes e Mário Veloso; Os Marialvas, 1914; Um Bragança, 1931; Vila Viçosa, 1941 e Pátria, 1943; as peças de costumes populares, Meu Amor é Traiçoeiro, peça em 3 actos, estreada no Teatro Capitólio em 13 de Dezembro de 1935, interpretada por Ilda Stichini e Alves da Costa; Ao Peso da Cruz, 1939, reposta em cena quatro anos depois com o título de Rompia a Manhã; À Porta da Rua, 1943 e Perdida no Mundo, 1946.

Foi um dos fundadores, conjuntamente com Gino Saviotti e Luiz Francisco Rebello do Teatro-Estúdio do Salitre, em 1946, do qual representou a tendência mais conservadora e onde foram levadas à cena

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algumas das suas comédias em um acto, como Viúvos, 1946; Sonho, 1947 e Vésperas de Exame, 1950.

Das peças em um acto, indicamos: Flores que se Desfolham, 1912; A Neta, 1919; Quando Canta o Pintassilgo, 1937; Provas Públicas, 1938; A Volta; Sorte Grande; Quem Fizer Juras de Amor; Um Chá; Quero Casar; Antigas Relações; És Tu?; Lá no Céu Combinaram; Duas Noivas; Um Beijo; Primeiras Impressões; Arlete e Estefânia; Um para o Outro e Com Pressa.

As suas peças que tiveram mais reposições foram A Conspiradora e Meu Amor é Traiçoeiro.

Vasco de Mendonça Alves recebeu o Prémio Gil Vicente em 1936, com a peça Meu Amor é Traiçoeiro. Durante quatro décadas foi um dos autores mais assíduos nos palcos nacionais.

ALVIM, Miguel de Sousa

Miguel de Sousa Alvim, poeta e jornalista açoriano, nasceu em Ponta Delgada, no dia 20 de Junho de 1882, onde faleceu a 9 de Maio de 1915.

Após ter terminado os estudos secundárias serviu no Exército de 1900 a 1902. Depois disso consagrou a sua breve vida à literatura e ao jornalismo. Com F. de Carvalho fundou, em 1904, o semanário Interesse Público e o bissemanário O Arauto (1905-1906). Foi também chefe de redacção do Diário dos Açores e director do diário A República, de 1911 a 1914.

Para o teatro escreveu o entreacto Duas Dores, estreado em 1911 no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada. Na sua produção literária é a poesia que sobressai e nela se reflectem a estética realista e parnasiana ainda com ressaibos de romantismo e influência de Antero de Quental.

AMADO, Fernando

Fernando Alberto da Silva Amado nasceu em Lisboa, no ano de 1899, onde faleceu em 1968.

Entrou no mundo literário aos 17 anos sob a influência de Almada Negreiros e do movimento Orpheu. Para teatro escreveu uma peça futurista, O Homem Fatal, compondo em seguida um ambicioso poema dramático de inspiração fáustica, O Pescador, publicada em 1925. Dez anos mais tarde, a actividade dramatúrgica torna-se mais regular a partir de O Retrato de César, a que se seguem várias peças num acto, que designou por «debuxos teatrais». Destas peças, indicamos A Caixa de Pandora,

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peça-manifesto com que se iniciaram, em 1946, as actividades da Casa da Comédia, por ele fundada, e O Iconoclasta ou o Pretendente Imaginário, estreada em 20 de Maio de 1955 (sob o pseudónimo de Alberto Rui) no Teatro Avenida, pelo Teatro Universitário de Lisboa; O Casamento das Musas, peça em 2 actos, levada à cena em 1949 no Estúdio do Salitre; D. Quixote e o Outro; A Máscara; Caiu Um Anjo; O Meu Amigo Barroso; Sua Excelência Não Atende Mais; Descobri Uma Estrela; O Pensador; O Ladrão; Música na Igreja; Novo Mundo; Véspera de Combate; O Livro; O Aldrabão (as duas últimas escritas para a campanha de educação de adultos, no ano de 1955) e a peça infantil O Segredo do Polichinelo. Muitas destas peças ainda estão inéditas.

AMARAL, Abílio do

O actor Abílio do Amaral nasceu no dia 21 de Novembro de 1885 e faleceu a 6 de Março de 1923.

Abílio do Amaral era actor amador no Clube Estefânia, ao lado de Mário Duarte e outros, acabando por ser actor profissional. Sendo reclamista no Teatro da Rua dos Condes onde se representava a revista Ele ali está, adoeceu repentinamente o primeiro actor da Companhia Eusébio de Melo, que tinha um papel de responsabilidade. Os responsáveis vestiram Abílio Amaral à força e “atiraram” com ele para o palco. Saíu-se bem! Depois disso nunca mais parou, progredindo ora em Lisboa, ora em teatros da província e em teatros de feira. Também no Porto foi bem conhecido e aplaudido.

Em Lisboa fez parte da Companhia de Afonso Taveira, no Teatro da Trindade. Dos muitos espectáculos teatrais onde representou, destacamos: Sem Garantias; Adeus Ó Mota; Papas e Bolos; Já Vi Tudo; Rebola a Bola; Espiga; O Diabo na Terra; Mira Encantada; Uma Hora no Porto; Homem das Mangas; Pupilas do Sr. Reitor; Niniche; Dragões de El-Rei; Tosca; Dia de Juízo; Verdades e Mentiras; Amor de Perdição; Avante Franceses; Ovo de Colombo e Enfim Sós.

AMARAL, Almeida

O escritor teatral José de Almeida Amaral nasceu em Lisboa, no dia 10 de Novembro de 1901 e faleceu em Colares, a 25 de Setembro de 1964.

Assentou praça na Escola de Guerra, em 1918, tendo tirado o curso de Administração Militar.

Estreou-se como escritor teatral em 1929 e daí em diante firmou o seu nome em mais de trinta peças de vários géneros, sendo um vasto número de revistas e operetas populares. Entre estas, conta-se A Senhora da Saúde,

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levada à cena no Teatro Maria Vitória em 1931 e Nazaré, estreada em 1940.

De traduções do repertório do teatro espanhol comercial escreveu com Fernando Santos, seu assíduo colaborador, três comédias que a actriz Maria Matos levou à cena com a sua companhia, no Teatro Variedades, em 1933 e 1944: Os Vizinhos do Rés-do-Chão, representada em 28 de Outubro de 1943, com a participação de Maria Matos, Maria Helena, Maria Shultz, Humilta de Macedo, Elvira Velez, Hortense Risso, Assis Pacheco, Erico Braga, Luísa de Campos, Vital Santos e Álvaro Benamor. Esta comédia foi transposta para o cinema por Alexandre Perla, em 1947, com a interpretação de António Silva, Costinha, Eunice Muñoz, Teresa Gomes, Milita Meireles, Carlos Otero, Curado Ribeiro, Luísa Durão, Óscar Acúrcio, Hortense Luz, Vital dos Santos, Maria Bernardo, Rosária Meireles, Maria Olguim e Sales Ribeiro e ainda Três Camaradas e Pobreza Envergonhada.

Com o mesmo colaborador e com Leitão de Barros, escreveu a peça em 3 actos Prémio Nobel, representada pela primeira vez no teatro nacional em 8 de Maio de 1954, com a representação de Raul de Carvalho, Manual Correia, Rogério Paulo, Paiva Raposo, Costa Ferreira, Luís Filipe, Álvaro Benamor, Erico Braga, António Palma, Pedro Lemos, Gabriel Pais, José Cardoso, Amélia Rey Colaço, Helena Félix e Meniche Lopes. Foi das peças mais vezes reposta em cena e traduzida em vários idiomas.

Em 10 de Junho de 1935, sobe à cena no Teatro Nacional a comédia em 3 actos, O Pai da Menina, peça com arranjos de Lino Ferreira, Fernandes Santos e Almeida Amaral, interpretada por Amélia Rey Colaço, Palmira Bastos, Adelina Abranches, Maria Clementina, Maria Lalande, Estêvão Amarante, Robles Monteiro, Raul de Carvalho, João Silva e Vital dos Santos.

Também no campo da tradução e com a colaboração de Fernando Santos, é responsável pela comédia em 4 actos, O Espelho de Três Faces, original de André Birabeau, estreada em 11 de Abril de 1940, no Teatro Nacional, com Adelina Abranches Palmira Bastos, Lucília Simões, Amélia Rey Colaço, Maria Clementina, Maria Côrte Real, Robles Monteiro, Igrejas Caeiro, João Villaret e Augusto de Figueiredo.

Regista-se também as peças: Aparências; A Hora de Fantasia; O Senhor Administrador e A Madre Alegria, comédia em 3 actos de Rafael Sepúlveda e Luís Sevilha, traduzida por Lino ferreira, Fernando Santos e Almeida Amaral, estreada em 1936 com o seguinte elenco: Palmira Bastos, Constança Navarro, Maria Lalande, Adelina Abranches, Maria Clementina, Isabel Maria, Emília de Oliveira, Maria Brandão, Estêvão Amarante, António Sarmento, João Villaret, Álvaro Benamor, João Silva, Beatriz Santos, Hortense Rizzo e J. Pratas.

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No teatro de revista, a sua produção, entre outra, passa por: Siga a Dança, revista que originou a sua estreia no universo teatral, cuja parceria foi de Lino Ferreira e Fernando Santos, e levada à cena no Teatro Variedades no ano de 1929; O Mexilhão, escrita em colaboração com Xavier de Magalhães e Silva Tavares, música de Raul Portela, Ramón Torralba e Frederico de Freitas, com a interpretação de Beatriz Costa, Corina Freire, Dina Teresa, Álvaro Pereira, Francis, Ruth Walden, Barroso Lopes e Ribeirinho e representada no Teatro Variedades em 1931; Pernas ao Léu, de colaboração com Xavier de Magalhães, música de Raul Ferrão, Jaime Mendes e Afonso Correia Leite, cujo elenco foi o seguinte: Luísa Satanela, Irene Isidro, Maria Sampaio, Maria Cristina, Virgínia Soler, Alfredo Ruas, Assis Pacheco e Barroso Lopes e também levada à cena no Teatro Variedades, no ano de 1933; Chuva de Mulheres, original de Lopo Lauer, Almeida Amaral, Vasco de Sequeira e Frederico de Brito, música de Carlos Calderón e Frederico Valério, levada à cena no Teatro Eden, em 1937, com Carlos de Sousa, Luísa Durão, Arminda Martins, Elisa Carreira, Álvaro de Almeida, Maria das Neves, Beatriz Belmar, Lina Duval, Eugénio Salvador, Maria Ema, Costinha, Julieta Valença, Laura Puchol e Natália dos Anhos; Marcha Lisboa, em colaboração com Alberto Barbosa e José Galhardo, representada no Teatro Apolo, em 1941; Ai Bate, Bate, em colaboração Fernando Santos e Fernando Ávila, música de Fernando Carvalho estreada no teatro Variedades em 1948; Aguenta-te Zé!, de parceria com Fernando Almeida, música de Fernando Carvalho e César Salvador, levada à cena no Teatro Apolo, em 1951; Mãos no Ar!, de colaboração com Fernando Santos e Lourenço Rodrigues, música de João Nobre e Miguel de Oliveira, estreada no Teatro Apolo em 1954.

AMARANTE, Estêvão

O actor Estêvão Amarante nasceu em Lisboa, no dia 9 de Janeiro de 1889 e faleceu no Porto a 6 de Dezembro de 1951.

Estreou-se no Teatro do Infante, em 1901, desempenhando o papel de “Boi” na peça A História da Carochinha, de autoria de Eduardo Schwalbach. A partir de 1905 passou a surgir habitualmente nos palcos. Como cançonetista impôs-se com Toma Lá Cerejas, que o levou ao teatro de revista no Teatro Avenida, onde triunfou graças ao seu talento histriónico.

Não tardou a fazer-se empresário, primeiro ao lado de Joaquim Costa e, depois, com a companhia Satanela-Amarante, de que também foi director artístico.

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Participou nos filmes: Lisboa, Crónica Anedótica, de Leitão de Barros, 1930; Maria Papoila, filme de Leitão de Barros, realizado em 1937; Feitiço do Império, de António Lopes Ribeiro, 1940; O Hóspede do Quarto 13 e É Perigoso Debruçar-se, ambos realizados em 1946; O Grande Elias, realizado por Artur Duarte em 1950 e Madragoa, de Perdição Queiroga, de 1951.

Actuou em operetas, revistas e teatro declamado, designadamente: P’rá Frente, revista de Camacho Garcia e Aires Pereira da Costa, 1906; Casta Susana, opereta de Jorge Oyonkowsky, adaptada por José Paz Guerra em 1909; Céu Azul, de Luís Galhardo, Pereira Coelho e Gustavo de Matos Sequeira, em 1914; Dominó e a revista Diabo a Quatro, 1915; Novo Mundo, levada à cena no Éden em 1916; A Torre de Babel, de parceria com Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e João Bastos, 1917; O Conde Barão, de autoria da mesma parceria, estreada em 1918; Miss Diabo, opereta de Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa; João Ratão, opereta da mesma parceria em 1920; Pérola Negra, 1922; Poço do Bispo, 1924; O Pão-de-ló, da parceria de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes, João Bastos e Henrique Roldão, 1925; Água-pé, 1927; Tremoço Saloio, de Xavier de Magalhães, Lourenço Rodrigues, A. Leal e C. Mourão, 1929; Uma para três, 1933; Nobre Povo, revista de autoria de João Bastos e música de Wenceslau Pinto e B. Ferreira, 1934; Tá Mar, peça de Alfredo Cortez, 1936; Bocage, opereta, 1937; Cartaz de Lisboa, revista da parceria de Lino Ferreira, Fernando Santos, Xavier de Magalhães e Lourenço Rodrigues, 1937; Praça da Alegria, de autoria da mesma parceria, em 1938; O Criado-Patrão, de Paul Armond, 1940; A Nortada, de Emília Tavares, João Reis e Mário Duque, 1941; Um Homem Admirável, de Pierre Chaine, 1941; a revista Marcha de Lisboa, escrita por Alberto Barbosa, José Galhardo, Fernando Santos e Almeida Amaral, 1941; De Fora dos Eixos e João Ratão, 1943; O Zé do Telhado, opereta, 1944; A Canção Nacional, de A. Torres e F. Ferreira, 1944; O Fado da Mouraria, de Alberto Barbosa e José Galhardo e A Casta Susana, 1945; Ó ai, ó linda, 1947; Tico-Tico, 1948 e a comédia João da Lua, de autoria de Marcel Achard, representado em 1951 ao lado de Eunice Muñoz e de Rogério Paulo. Esta foi a sua última interpretação.

Excelente intérprete de alta comédia, as suas composições de figuras populares chegaram a atingir um nível magistral. Representou em quase todos os teatros do país.

AMARAL, Humberto do

O actor Humberto do Amaral nasceu em Lisboa, no dia 22 de Fevereiro de 1876 e faleceu em 1924.

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Estreou-se em 31 de Dezembro de 1896 no Teatro Apolo, no drama Jerónimo o Marinheiro. Entrou, depois, nas principais produções teatrais Solar dos Barrigas; Burro do Sr. Alcaide; Bocacio; Verónica; Princesa Magalona; Pericholé; Braga por um Canudo; Ama Seca; Beijos de Burro; Marido Feliz; Já te Pintei; Boneca; Coração à Larga; O Beijo, Trombeta da Fama; Com Unhas e Dentes; O Amor em Pó; Dia de Juízo; Cerco ao Rei; Pé de Dança; A Viúva Gomes; A Rainha do Animatógrafo; Flor da Rua; Maria do Rosário; O Testamento da Velha; Generala; Reisinho; Amores de Zíngaro; O Conde de Luxemburgo; Sinos de Cornevile; A Viúva Alegre; Cigana; O Pão Nosso e Casamento de Nitouche.

A sua vida artística foi passada no Teatro do Príncipe Real, Teatro do Rato, Teatro Avenida, Teatro de S. Luís e Teatro da Trindade. Foi 5 vezes ao Brasil. Foi ensaiador dos Estudantes de Medicina.

AMARELHE

Américo da Silva Amarelhe, nasceu no ano de 1864 e faleceu em 1946. Foi conhecido como o grande cronista do Teatro Português, retratando grandes figuras do teatro, quer na vida quotidiana, quer no palco.

Quando Amarelhe apareceu em Lisboa, com o seu charuto e a pronúncia portuense, foi nos palcos e camarins que começou a ser notado. Rapidamente viu uma série de postais com figuras de gente de teatro a circular por Lisboa, de José Ricardo, Eduardo Brasão, Augusto Rosa, Ferreira da Silva, Ângela Pinto, Carlos Leal, António Silva, Vasco Santana, Adelina Abranches, Palmira Bastos, Laura Costa, Lucinda Simões a Chaby Pinheiro, entre muitos outros.

Amarelhe tinha o dom especial da imitação, sem esquecer os processos deformadores da fisionomia, os exageros das linhas faciais ou do contorno do corpo, que constituem essencialmente o estilo das caricaturas de Amarelhe.

Na revista De Teatro, no Notícias Ilustrado e no Sempre Fixe, tem Amerelhe vasta documentação das suas raras qualidades de caricaturista na galeria de actores, actrizes, autores e maestros.

A sua extensa obra é também marcada por cartazes, capas de partituras que, segundo Artur Portela, são “duma técnica originalíssima de requintada beleza e de um alto pensamento decorativo. O traço afinou-se em sensibilidade. A cor obedece ao ritmo das imagens”.

No período entre as duas guerras, quase todas as grandes figuras do nosso teatro foram fixadas por Amarelhe.

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AMARO, Carlos

Carlos Amaro nasceu na Chamusca, no dia 23 de Agosto 1879 e faleceu em Lisboa a 8 de Julho de 1946.

Licenciado em Direito em 1907 pela Universidade de Coimbra, fixa-se depois em Lisboa e entrega-se à propaganda republicana. Em 1911 foi deputado, membro do Partido Unionista e Conservador do Registo Civil.

Poeta, ensaísta, crítico de arte e dramaturgo, estreou-se com Cena Antiga ou Entre Dois Beijos, comédia em verso levada à cena em 1905. Escreveu ainda a peça, S. João Subiu ao Trono, 1927, que, pelo recorte saboroso dos seus versos e pela sábia ingenuidade da efabulação, se filia na mais pura tradição vicentina. Ficou inédita a comédia Cabra-Cega, estreada levada à cena em Setúbal a 23 de Abril de 1935. Escreveu, ainda, o livro de ensaios Castelos em Espanha.

AMARO, José

José Pinheiro Amaro nasceu em Lisboa, no dia 11 de Dezembro de 1915 e faleceu em Algés a 15 de Setembro de 1975. Estreou-se no teatro em Deus Lhe Pague, ao lado do brasileiro Procópio Ferreira, fez também cinema, opereta e comédia. Durante 12 anos foi chefe dos serviços de produção da Emissora Oficial de Angola e, depois de 1943, fez parte do elenco dos Parodiantes de Lisboa.

Interpretou, ainda, alguns dos mais notáveis filmes portugueses como Maria Papoila, de Leitão de Barros, 1937; Aldeia da Roupa Branca, de Chianca de Garcia, 1938, ao lado de Beatriz Costa; Amor de Perdição, de António Lopes Ribeiro, 1943; Camões, de Leitão de Barros, 1946; Três Espelhos, de Ladislau Vadja, 1947; O Desterrado, 1949 Vendaval Maravilhoso, 1949, Frei Luís de Sousa, 1950.

A passagem pelos Comediantes de Lisboa proporcionou-lhe algumas criações, que ficaram a assinalar a sua carreira em peças como Fanny, de Marcel Pagnol e na Rosa Enjeitada, de D. João da Câmara.

AMORIM, António

O cenógrafo António Amorim, nasceu no ano de 1898(?) e faleceu em 1964(?).

A actividade de António Amorim desenvolve-se na ilustração de livros e em cenários e figurinos para revista. Na primeira é de referir a ilustração da Colecção Manecas que, na década de 40, teve grande impacto no país.

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A passagem pelo teatro de revista foi bastante breve, deixando-nos apenas sete revistas desenhadas por si. No entanto, segundo a opinião de Vítor Pavão dos Santos “deixou figurinos de uma minúcia preciosa, fantasias folclóricas tratadas como delicadas miniaturas, coloridas com suavidade, mas de modo a resultar em pleno no palco, como atestam as fotografias de cena”.

O seu primeiro trabalho neste campo inicia-se em 1929, a convite de Luísa Satanela e Estêvão Amarante, que desenha o guarda-roupa da revista O Tremoço Saloio, da parceria de Xavier de Magalhães, Lourenço Rodrigues, A. Leal e C. Mourão. Os seus trabalhos rapidamente foram solicitados por outros empresários, como Hortense Luz, que o contratou para a revista Feira da Luz, estreada no Teatro da Trindade em 1930, escrita por Félix Bermudes, João Bastos e P. Coelho.

António Amorim é também autor do desenho das cortinas e muitos trajos da revista A Viagem Maravilhosa, de P. Coelho e Gustavo de Matos Sequeira, que Amélia Rey Colaço apresentou na Exposição Colonial do Porto de 1934. Esta revista teve um sucesso tal em termos plásticos, que rapidamente passou para o palco do Teatro Sá da Bandeira. Depois desta revista participa em mais duas, estreadas em 1937, com destaque para Balancé, de produção luxuosa e cuidada, em que Corina Freire tentava impor um novo visual à revista, escrita por Luís de Oliveira Guimarães e A. Nazaré.

Dedicou-se, depois de 1937, a tempo inteiro à decoração de interiores, designadamente em lojas da baixa de Lisboa.

AMORIM, Ema de

Ema Pessoa de Amorim Gonçalves, nome artístico Ema de Amorim, nasceu em Cabo Verde, no dia 26 de Abril de 1874 e faleceu a 22 de Março de 1925.

Estreou-se no Teatro do Rato, em 1889, em Pão Pão, Queijo Queijo, seguindo-se, depois, muitas outras interpretações, designadamente em Tim Por Tim Tim, Agulhas e Alfinetes, Sal e Pimenta, Solar dos Barriga, Burro do Sr. Alcaide, Duas Órfãs, Tomada da Batinha, Bocacio, e Voluntário de Cuba.

Trabalhou nos principais teatros de Lisboa e Porto e fez várias digressões à província e Brasil.

AMORIM, Guedes de

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O escritor e jornalista António Guedes de Amorim nasceu em Sedielos, Peso da Régua, no dia 26 de Outubro de 1901 e faleceu em Lisboa a 11 de Março de 1979.

Aos 18 anos de idade consagrou-se ao jornalismo na cidade do Porto e, a partir de 1935, em Lisboa. Aos 20 anos, depois de ter colaborado em jornais académicos e escrito pequenas peças de teatro, desfrutava já, no Porto, de renome literário.

A par da reportagem, cultivou a ficção e o género histórico. Publicou contos, novelas, biografias e romances. Com o romance Aldeia das Águas, 1939, obteve o Prémio Ricardo Malheiro e com Jesus Passou por aqui, 1963, o Prémio Cervantes. O volume Francisco de Assis Renovador da Humanidade, 1960, testemunha o seu itinerário espiritual.

Teve uma fecunda produção, em que as preocupações sociais e a exaltação mística se combinam. Das peças que escreveu é de referir Maldição, em 2 actos, levada à cena por amadores, mas que, como livro, ficou inédita.

AMORIM, Pestana de

O actor António Carlos Freitas Pestana de Amorim, de nome artístico Pestana de Amorim, nasceu em Lisboa, no dia 15 de Fevereiro de 1891, onde faleceu em 1961.

Tirou o 5º ano do liceu e matriculou-se no Conservatório, seguindo para o teatro depois de terminar o curso.

Estreou-se a 1 de Outubro de 1910, no Teatro Nacional D. Maria II, na peça Burguês Fidalgo, de Molière, numa tradução do poeta António Feliciano de Castilho.

Actuou em todos os teatro de Lisboa, Porto e província nos teatros Recreio, República e Apolo, do Rio de Janeiro, Teatro de S. José, de São Paulo. Integrou diversas companhias, nomeadamente Ruas, Lucília Simões, Palmira Bastos, Maria Matos, Mendonça de Carvalho, Alves da Cunha, Luís Galhardo, Lopo Lauer, Ilda Stichini e Adelina Abranches.

Foram muitas as peças em que participou, como Jigajoga; O Príncipe da Cochinchina; Aqui d’El-Rei; Amanhecer; Divorciemo-nos; Os Dominós Cor de Rosa; Irmãos Unidos; D. Paço de Manzanilha; Bichinha Gata; A Castelã; O Leque; Madame Flirt; Sinal de Alarme; Ninho de Águias; Os 3 Anabaptistas; Príncipe João; Os Homens de Hoje; A Exilada; Aventuras de Rafael; Mulher que Passa; Morgadinha de Vale Flor; Mártir do Calvário; Homem de Gelo; Duas Causas; Negócios São Negócios; Cobardias; Paz em Tempo de Guerra; Cadeira nº 13; Palavra de Honra; Fado; Viagem de Suzete; Entre os Lobos; Pinto Calçudo; Rosa Tirana; Mouraria; O Velho

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da Horta; Arisca; Perigo Amarelo; O Homem das 5 Horas; De Capote e Lenço; Nun’Álvares; Folha Corrida; O Chico das Pegas; Amores em Coimbra; A Águia Negra; De Alto a Baixo e O Sonho Dourado.

ANDRADE, Álvaro de

O jornalista e comediógrafo, Álvaro de Andrade, de seu nome completo Álvaro Jorge Vaz Ferreira de Andrade, nasceu em Lisboa, no dia 3 de Julho de 1894 e faleceu a 11 de Novembro de 1976.

Foi chefe dos serviços de produção da Emissora Nacional e chefe de redacção dos jornais: Diário de Lisboa, Diária da Manhã e Jornal do Comércio e das Colónias e também das revistas Ilustração, Notícias Ilustrado e Hoje. Dirigiu também, por algum tempo, o jornal desportivo A Bola. Como crítico teatral exerceu no jornal Restauração, onde trabalhou durante o ano de 1921.

Come comediógrafo gostava de divagar, de imaginar peças e companhias de teatro e de saber pequenas histórias o palco. Estreou-se em 1924 no Teatro de São Carlos, na companhia de Lucília Simões e Erico Braga.

Colaborou em várias revistas e adaptações. As principais peças que traduziu foram para a companhia de Lucília Simões-Erico Braga. Na função de tradutor e adaptador, referimos: O Homem e os Seus Fantasmas, Condessa Maria, O Homem das 5 Horas, Mademoiselle Pascal, A Pastilha do Amor (em colaboração com Lino Ferreira), Criminosos, 2 Milhões, Eu e Ela, O Branco e o Preto, A Primeira Noite, O Sr. Dr. e Seu Marido, O Sr. Prior, Amorosa, O Deitar da Noite (em colaboração com Tomaz Ribeiro Colaço), O Pai Queiroz, também com a mesma colaboração, O Banqueiro Burlão, A Grã-Duqueza e o seu Criado de Quarto e A Língua das Mulheres.

Escreveu o original Há Homens para Tudo, em parceria com Tomaz Colaço e Fernando Ávila.

ANDRADE, António de

António de Andrade nasceu em Lisboa, no dia 13 de Abril 1854 e faleceu a 18 de Dezembro de 1942.

Não obstante ser um cantor de ópera, estreou-se como actor, representando com enorme êxito, no Teatro Taborda, a peça Os Fidalgos da Casa Mourisca.

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Dotado de uma excelente voz de tenor, especializando-se em Itália, viria a passar pelos principais teatros europeus, desde Moscovo, Sampetersburgo a Porto e Lisboa, entre outros.

ANDRADE, Augusto

O actor Augusto Andrade nasceu em Setúbal e faleceu em Santiago do Cacém a 29 de Novembro de 1922.

Fez durante alguns anos, parte da companhia Soares, companhia com grande mérito na província. Depois fez-se empresário, sendo o primeiro a contratar a actriz Ilda Stichini.

Passou depois a fazer parte da companhia do actor Carlos de Oliveira, onde esteve contratado 4 anos, vindo a falecer em Santiago do Cacém, quando a mesma companhia passou por aquela terra.

Nunca representou em Lisboa, onde era conhecido só de nome. Era um actor bastante consciencioso, conhecendo a sua arte e tendo no seu repertório muitas peças do reportório de José Ricardo, que tinha por ele bastante admiração.

ANDRADE, João Pedro de

João Pedro de Andrade nasceu em Ponte de Sor, no dia 13 de Março de 1902 e faleceu em Lisboa a 12 de Março de 1974.

Veio para Lisboa aos 12 anos de idade. Desenvolveu larga actividade como crítico literário e teatral, publicando em volume alguns ensaios consagrados ao romance português contemporâneo, em 1942 à poesia da moderníssima geração, em 1943 e a Raul Brandão, 1963.

Estreou-se com um livro em verso, em 1922 e publicou a novela A Hora Secreta, em 1965. Mais significativa é a sua produção teatral, iniciada em 1925 e que se impôs a partir da publicação da Continuação da Comédia, em 1939, apresentada por José Régio que nele elogiava «a naturalidade e qualidade literária do diálogo, a finura de observação psicológica, a segurança dos recursos técnicos, o interesse dos motivos». Esta peça subiu à cena em 1948, no segundo espectáculo dos Companheiros do Pátio das Comédias. Referimos outras peças, como: O Lobo e o Homem, 1925; A Ave Branca, 1927; A Glória dos Césares, Eva e sua Filha, 1933; A Outra Face da Vida, 1934; Adolescente, 1935; Cegos, representada no Conservatório Nacional por alunos de Araújo Pereira em 1937; Uma Vez Só na Vida, Transviados, peça em 3 actos, 1941; Outros Ventos, 1945; Maré Alta, publicada em 1947 que, destinada ao Teatro

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Estúdio do Salitre, a sua representação foi proibida pela censura em 1974; Barro Humano, 1948 e O Diabo e o Frade, 1963.

ANJOS, António

O actor António Anjos nasceu em 1936 e faleceu a 21 de Janeiro de 1995.

Estreou-se no Teatro Nacional em 1956, com a peça Breve Sumário da História de Deus, de Gil Vicente, ainda como aluno do Conservatório Nacional de Lisboa. Neste teatro ainda fez Avó Lisboa, de Leitão de Barros, ao lado de Palmira Bastos, Erico de Braga, Luz Veloso, Hortense Luz, Pedro Lemos e Vasco Santana. A encenação foi também de Leitão de Barros.

Acabado o curso, ingressou no Teatro do Gerifalto e na Companhia Nacional de Teatro, dirigida por António Manuel Couto Viana, no Teatro da Trindade. Aí, além de dezenas de peças infantis, fez Nunca se Sabe, de Bernard Shaw, que lhe valeu o Prémio de Revelação e ainda participou na Rainha e os Revolucionários, de Ugo Betti e Mercador de Veneza, de William Shakespeare, entre outras.

No ano de 1963, estreou-se com Ivone Silva, Henriqueta Maya, Francisco Nicholson e Irene Cruz, no Teatro ABC, numa companhia que foi renovar o teatro de revista de então, com os espectáculos: Gente Nova em Bikini, de autoria de César de Oliveira, Francisco Nicholson e Rogério Bracinha. Música de José de Magalhães, com Yola, Irene Cruz, Francisco Nicholson, Henriqueta Maia, Manuela Maria, Nina Flores, Esmeralda Amoedo, João Maria Tudela, António Anjos e Ivone Silva; Chapéu Alto, escrita pela mesma parceria, musicada por João Nobre e José de Magalhães, com a interpretação de Ivone Silva, Francisco Nicholson, Henriqueta Maia, Manuela Maria, António Anjos, Esmeralda Amoedo e António Calvário e Lábios Pintados, 1964, escrita pela mesma parceria, no texto e na música, interpretada por António Anjos, Ivone Silva, Francisco Nicholson, Manuela Maria, Maria Alice, António Calvário e Fernanda Baptista. A seguir a estas três revistas seguiram-se outras, num total de cerca de vinte produções; duas tournées em África e três aos Estados Unidos.

Em 1970 vai para Cascais para o Teatro Experimental, trabalhar com Carlos Avilez nas peças Antepassados Vendem-se, de Joaquim Paço d’Arcos e Um Chapéu de Palha de Itália, de Labiche. Com esta companhia foi até ao Japão, à Expo 70, onde representou o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. Em 1971, integrou a Companhia Teatral de Angola, sediada em Luanda, onde fez até 1975, o protagonista do Tartufo, de Molière e,

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entre outras peças, O Processo de Jesus, Homem do Princípio ao Fim e A Ratoeira.

Depois do 25 de Abril de 1974, esteve em várias companhias independentes: Os Cómicos, onde fez A Mandrágora, de Maquiavel, dirigida por Ricardo Pais; na Teatro A Barraca, onde fez Histórias de Fidalgos; no Teatro A Cornucópia, onde participou em Capitão Shell e Capitão Esso, dirigido por Luís Miguel Cintra. No ano de 1980 passou a integrar o elenco residente do Teatro Nacional de D. Maria II, onde fez, entre outras, O Judeu, de Bernardo Santareno; Rómulo, o Grande, de F. Durrenmatt; O Doido e a Morte, de Raul Brandão; A Sobrinha do Marquês, de Almeida Garrett; Guerras de Alecrim e Manjerona, de António José da Silva; As Sabichonas, de Molière.

Em 1988 foi cedido à Companhia de Teatro de Lisboa, onde interpretou Feydeau, no espectáculo Boulevard Boulevard.

Ao longo de toda a sua carreira, colaborou sempre no teatro radiofónico da RDP e na televisão, onde fez programas infantis e séries, com destaque para a Rua Sésano.

ANJOS, Emília dos

Emília dos Anjos nasceu no dia 22 de Maio de 1846 na freguesia dos Anjos, em Lisboa onde faleceu a 3 de Julho de 1921.

Emília dos Anjos, apesar do seu modesto nascimento, pois o pai era sapateiro, procurou sempre estudar e instruir-se, sendo uma das actrizes que, na época, mais liam e melhor conversava.

O seu primeiro contacto com a arte de representar, deu-se em teatros particulares, principalmente no Teatro da Floresta, um teatrinho de ferro e cristal construído no centro dos jardins da antiga Floresta Egípcia, fundada por José Ostina, na antiga Rua do Colégio dos Nobres, hoje Rua da Escola Politécnica.

Tendo cursado o Conservatório, prestou provas públicas no Teatro Nacional D. Maria II em 4 de Fevereiro de 1865, na comédia que lhe serviu como exame e que se intitulava Por um Cabelo, de autoria de Feuillet, com tradução de Duarte de Sá e em que representou com o actor Carlos dos Santos, de quem fora discípula predilecta. Esta comédia agradou de tal forma que Emília dos Anjos, ficou logo fazendo parte da companhia do mesmo teatro, como artista de 2ª classe. Fez, depois, uma época com a companhia de Francisco Palha no Teatro da Rua dos Condes, ao lado de Delfina, Emília Adelaide, Carlos Santos e Tasso, entre outros, cujos artistas acompanharam Francisco Palha na sua saída do Teatro D. Maria II.

Entrando de seguida com outros elementos que foram inaugurar o Teatro da Trindade, em 1867. Aí fez um grande repertório até 1871. A

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Companhia inaugural do Teatro da Trindade e do elenco do espectáculo inaugural, era constituída pelos artistas: Tasso, Isidoro, Queirós, Eduardo Brasão, Delfina do Espírito Santo, Rosa Damasceno, Leoni, Emília Adelaide, Mariana Ferraz, Emília dos Anjos, Lucinda da Silva, Gertrudes Carneiro, Ernestina Duarte, Bayard e Lima.

Na noite de 30 de Novembro de 1867 inaugurava-se o Teatro da Trindade, com um longo espectáculo, constituído por um drama em 5 actos, A Mãe dos Pobres, de autoria de Ernesto Biester e a comédia espanhola em 1 acto o Xerez da Viscondessa, adaptada e traduzida por Francisco Palha que se esmera na organização de uma brilhante companhia, da qual faziam parte os maiores nomes do teatro de então. O ponto era Cipriano José dos Santos, antigo actor do Teatro Condes e o ensaiador, José Maria da Cunha Moniz. Emília dos Anjos participa, em seguida, nas peças Duas Bengalas, comédia em 1 acto, com tradução de Ricardo José Sousa Neto, estreada no Teatro do Ginásio em 1855 e mantendo-se nos anos seguintes. Repetida, depois, nos Teatros: D. Maria II, Avenida, Rua dos Condes e Trindade; Família Benoiton, comédia em 5 actos de Victorien Sardon, traduzida por Ernesto Biester, estreada pela primeira vez no Teatro da Rua dos Condes, em 1866 e repetida, depois, nos Teatros da Trindade e Ginácio; Conspiração na Aldeia; Provincianos em Lisboa; Mãe da Justiça; Tempestade na Família; Carta Anónima; Médico à Força. Comédia em 5 actos de Molière, com arranjo do Visconde de Castilho, estreada nos Teatros do Ginásio, D. Maria II e D. Amélia; Diário de Notícias; Bons Vizinhos; Médico, comédia em 3 actos, com arranjo de Aristides Abranches, estreada no Teatro do Ginásio, em várias épocas e no Teatro D. Maria II, D. Amélia e Recreios; Gata Borralheira, representada em 1869, arranjada da mágica francesa Cendrillon, por Joaquim Augusto de Oliveira e com música de Ângelo Frondoni. Obteve um grande êxito. O desempenho foi confiado a Delfina, Ana Pereira, Rosa Damasceno, Emília dos Anjos, Mariana Ferraz, Lucinda da Silva, Carolina Felgas, Isidoro, Queirós, Augusto, Leoni e Bayard. Esta peça teve repetição em 1874 e, depois, em 1896; Viver de Paris; Rosa de Sete Folhas; Grande Duquesa; Dalila; Rouxinol das Salas, ópera – cómica em 3 actos, arranjo de Aristides Abranches, representada no Teatro da Trindade em 1871 e várias reposições no mesmo teatro; Posso Falar à Srª Queirós?; Rascunho; Última Moda; Papafinas, Contos de Bocácio; Fruto Proibido; e Pepe Hillo.

O período mais brilhante da sua carreira foi no Teatro do Ginásio, junto de grandes artistas, entre eles: Maria das Dores, Margarida Cruz, Maria Adelaide, Pola, João Rosa, Augusto Rosa e Pinto de Campos, onde entrou em 1871 e representou em muitas peças com bastante êxito, nomeadamente em Os Campinos, de S. Marques (1873); Lenço Branco, comédia em 3 actos, traduzida por Rangel de Lima e representada no

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Teatro do Ginásio em várias épocas; High-life; Bola de Sabão, comédia em 3 actos, traduzida por Mariano de Carvalho, representada no Teatro do Ginásio em 1874; Família Mongrol; Os Lazaristas; Eugénia Milton, (1875); Os Enjeitados; (1876) e O Saltimbanco, (1877) estas quatro últimas, da autoria de seu marido, o dramaturgo António Enes.

Na temporada de 1877-78 integrou o elenco do Teatro da Rua dos Condes. Na temporada de 1878-79, voltou ao Teatro Nacional D. Maria II, por contratação da empresa Brasão, Biester & Cª., onde se manteve de 1880 a 1892 (ano em que se retirou do palco). No Teatro Nacional D. Maria II, participou na representação da peça O Grande Homem, comédia em 4 actos de Teixeira de Queirós, estreada em 18 de Fevereiro de 1881, com Joaquim de Almeida, Augusto Rosa, João Rosa, Eduardo Brasão, Acácio Antunes, Júlio Vieira, Macedo, Sousa, Emília dos Anjos, Virgínia, Luísa Lopes e Emília Cândida.

Neste teatro, entrou no elenco da comédia-drama em 4 actos, Cipriano Jardim, representada, pela primeira vez, em 29 de Agosto de 1882. Nela entraram: Carolina Falco, Emília dos Anjos, Luísa Lopes, Emília Cândida, Maria Adelaide, Joana Carlota, João Rosa, Joaquim de Almeida, Augusto Antunes, Joaquim Costa e Baptista Machado.

Em 13 de Janeiro de 1885, deu-se uma representação no Teatro Nacional a favor das vítimas dos terramotos da Andaluzia e a 17 estreou-se a peça o Cão de Cego, numa tradução de Garrido, que se representou com uma casa quase vazia. No entanto, os espectadores presentes deliciaram-se com o desempenho de Eduardo Brasão, Carolina Falco, António Pedro e Emília dos Anjos.

Foi também societária deste Teatro, através de um concurso aberto em 22 de Julho de 1880, onde, no mesmo, constava que os sócios eram Carolina Falco de Lacerda, Emília dos Anjos, Emília Cândida, Virgínia Dias da Silva, João Rosa, Augusto Rosa, Pinto de Campos e Eduardo Brasão. Era das actrizes do seu tempo mais cultas. Poderia ter prestado outros e melhores serviços à história do teatro se não tivesse tido tantas decepções, designadamente ao ser irradiada da sociedade do Teatro Nacional D. Maria II, abandonando logo de seguida a nível teatral.

Para além das peças citadas, as principais em que representou foram as seguintes: A Estrangeira, de Dumas Filho (1880); Condessa Heloisa, de Gervásio Lobato (1882); Dionísia, de Sardou (1885); em «D. Maria Teles» da Leonor Teles, de Marcelino Mesquita, drama histórico em verso, 5 actos, representado pela primeira vez por um grupo de estudantes, em 1876 e, na versão definitiva, no Teatro Nacional D. Maria II, em 3 de Outubro de 1889, com Virgínia, Emília dos Anjos, Rosa Damasceno, Eduardo Brasão, Augusto Rosa, Posser, A. Antunes, Baptista Machado, Ferreira da Silva, Bravo, Santos, Silva, Umbelina e Pinheiro, entre outros e A Madrugada,

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comédia em 3 actos de Fernando Caldeira, publicada em 1892, que foi apresentada pela primeira vez no Teatro Nacional D. Maria II, em 26 de Abril de 1892, com as interpretações de João Rosa, Eduardo Brasão, Augusto Rosa, Fernando Maia, Ferreira da Silva, Antunes, Alves, Joaquim Ferreira Silva, Bayard, Massas, Rosa Damasceno, Carolina Falco, Emília dos Anjos, Iva Ruth, Emília Cândida, Amélia Cristina e Alidá, entre outros e Baronesa da Madrugada, de F. Caldeira (1892).

ANTUNES, Acácio

Acácio Antunes nasceu na Figueira da Foz, no dia 6 de Agosto de 1853 e faleceu em Lisboa a 2 de Abril de 1927.

Estreou-se como autor dramático em 1880, traduzindo para o Teatro da Trindade a ópera cómica A Embaixatriz, a que se seguiu a comédia original em 3 actos Às Onze e Meia, representada no Teatro do Ginásio. Depois, adaptou numerosas óperas cómicas, operetas e zarzuelas, sendo notável a facilidade com que ligava os versos à música original.

Entre as obras que assim arranjou para a cena portuguesa, contam-se: Colégio de Meninas e Os 28 dias de Clarinha, em colaboração com Gervásio Lobato, levada à cena no Teatro da Trindade em 1890 e 1894; A Guerra Alegre, estreada no mesmo teatro em 1892; Vénus, no Teatro D. Amélia em 1895; A Boneca, em colaboração com Sousa Bastos, Teatro Avenida, 1900; Verónica, Teatro D. Amélia, 1907; Padre Valbuena, levada à cena no Teatro Apolo, em 1912; O Jardim de Aspásia, no Teatro S. Luís em 1921; A Canção do Olvido, A Montaria e Os Gaviões, representadas no mesmo teatro em 1925; Roma Galante, também no mesmo teatro em 1926.

É responsável por várias operetas vienenses, designadamente: Sonho de Valsa, O Conde de Luxemburgo, Amores de Príncipe, Eva, A Casta Susana, A Bailarina Descalça, A Dança Roxa e A Mulher de Mármores, esta última levada à cena no Teatro de S. Luís em 1927.

Extraiu do romance de Júlio Verne, Atribuições de um Chinês ma China uma opereta, Kin-Fa, que se estreou no Teatro do Príncipe Real do Porto, e com, Machado Correia traduziu A Cigarra, musica de F. Gazul, apresentada no Teatro da Trindade em 1888. Escreveu as revistas O Ano em Três Dias, escrita em parceria com Machado Correia, música de Filipe Duarte estreada no Teatro do Príncipe Real em 1904 e De Ponta a Ponta, escrita também em colaboração com Machado Correia, música de A. Mântua e L. Filgueiras, levada à cena no Teatro da Trindade em 1918.

Em 1890 publicou uma tradução em verso de O Rei Diverte-se, de V. Hugo. Traduziu as peças: O Tio Milhões, de H. Heule, estreada no Teatro Nacional D. Maria II em 1893; A Primeira Seta, de Blumenthal, levada à cena no mesmo teatro em 1895; A Carvoeira, de H. Crémieux e P.

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Decourcelles, em colaboração com Eduardo Schwalbach, estreada no teatro do Príncipe Real em 1896; A Corrida do Fado, de P. Hervieu, levada à cena no Teatro D. Amélia em 1902; Uma Visita, de E. Brandis, estreada no teatro Nacional D. Maria II em 1904; O Leque, de Flers e Caillavert, estreada no Teatro D. Amélia em 1909; e A Alegria de Viver, de P. Wolff e G. Leroux, estreada no Teatro Politeama em 1920, entre outras.

Em 1895 deslocou-se ao Brasil como ensaiador e director de uma companhia teatral organizada por Sousa Bastos, permanecendo cinco anos no Rio de Janeiro, onde estreou em 1899, com grande êxito, a revista O Buraco, escrita com Moreira Sampaio. Quando regressou a Portugal exerceu as funções de ensaiador em vários teatros, nomeadamente no Teatro Nacional D. Maria II (1901) e Teatro Apolo em 1911, na empresa de Eduardo Schwalbach.

Escreveu, também, diversos monólogos e cançonetas, como O Estudante Alsaciano e O Pão Fresco, que se tornaram bastante populares e fizeram parte do repertório de grandes actores como Chaby Pinheiro e outros.

ANTUNES, Augusto

O actor Augusto Antunes nasceu em Lisboa, no dia 22 de Outubro de 1849 e faleceu a 15 de Novembro de 1912.

Tipógrafo e amador dramático, Augusto Antunes estreou-se no Teatro das Variedades, através do empresário Costa Matraco, em Novembro de 1868, no drama O Amor da Pátria ou o que são os Portugueses, teatro aquele onde permaneceu algum tempo. Depois, passou o Teatro do Príncipe Real, onde se estreou na mágica Pele de Burro, continuando neste teatro até 1876. A seguir, é contratado para o Teatro D. Maria II, onde apareceu no drama marítimo de César de Lacerda O Botão de Âncora. Conservou-se neste teatro por muitos anos, na empresa Rosas & Brasão, com a qual passou para o Teatro Dona Amélia.

Segundo relatos da época, foi o actor que melhor sabia caracterizar-se. Tomou parte na representação das seguintes peças: Afonso VI, 1890; Alcácer - Kibir, 1891 e Os Velhos, 1893, as três da autoria de D. João da Câmara e A Severa, de Júlio Dantas, em 1901; D. César de Bazan; Ressurreição; Madame Sans-Gêne, em 1904; Aspásia; A Arlesiana; Henrique III; O Adversário; João José; Os Íntimos; O Judeu Polaco; A Nossa Mocidade; O Duque de Viseu; Zázá; Vénus; O Avô; Magda, de Sudermann em 1903; Tragédia Antiga; Francillon; O Subprefeito da Château Buzard; A Clareira, Cão de Cego; Por Causa de Uma Carta; Radiante; O Marido; Os Galopins; A Toutinegra Real; O Amigo das Mulheres e Os 4 Cantinhos.

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Foi casado com a actriz Umbelina Antunes.

ARAGONEZ, Elisa

Elisa Aragonez nasceu em Espanha e de lá veio para Portugal na companhia de uns patrícios que, como ela, era saltimbancos ou palhaços. Começaram a trabalhar nas barracas de feira, percorrendo diversas, até que foram parar à mais afamada da época, a dos irmãos Dallot.

Com a transformação das feiras, que se modernizaram para um género de teatros específico, Elisa Aragonez, educou-se e cresceu no seu percurso artístico. Passou depois a actuar no Teatro do Rato onde demonstrou habilidades e disposição para a cena. Tendo depois andado pela província e estado no Porto, em 1891, veio fazer parte do elenco do Teatro Alegria, como uma das suas primeiras figuras, agradando bastante, mas essencialmente no propósito patriótico, escrito por Campos Júnior com o título A Torpeza, em referência ao Ultimatum da Inglaterra. Nessa peça heróica Elisa Aragonez desempenhava o papel da História. Além de aplaudida pelo público, foi unânime e calorosamente louvada pela imprensa.

Depois, esteve uma época no Teatro da Rua dos Condes, representando papéis em que não pôde salientar-se. Passou depois para o Teatro do Príncipe Real onde obteve sucesso na paródia de Esculápio ao drama João José. Foi ao Brasil com a companhia de José Ricardo mas ali pouco fez, porque a doença já a atormentava bastante. Regressando a Lisboa faleceu a 24 de Setembro de 1905.

ARANHA, Pedro Wenceslau de Brito

Escritor e jornalista, tradutor, adaptador e bibliógrafo, nasceu em Lisboa, no dia 28 de Junho de 1833 e faleceu a 8 de Setembro de 1914.

De origem humilde, não pôde, por falta de recursos, seguir curso algum, vendo assim contrariadas as suas aspirações literárias. Depois de obtidos os rudimentos de instrução primária, entrou aos 16 anos na aprendizagem da arte tipográfica, exercendo-a com algumas intermitências até 1857. Fez parte do quadro do pessoal artístico da Imprensa Nacional. Dava à leitura todos os momentos livres e cultivava o convívio e a conversação com pessoas ilustradas. Estreou-se no jornalismo em 1852, com um artigo sobre trabalhos da Associação Tipográfica Lisbonense, nas colunas do Jornal do Centro Promotor dos Melhoramentos das Classe Laboriosas. Em seguida publicou uma carta na Tribuna do Operário, jornal dirigido por F. Vieira da Silva. Animado pelo acolhimento que estes

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escritos mereceram e aconselhado por alguns amigos, abandonou a arte tipográfica e entregou-se inteiramente ao jornalismo, passando a colaborar em periódicos e revistas, publicando originais e traduções. Entre a vastíssima colaboração que dispersou pela imprensa diária e periódica devemos salientar a que prestou à revista Arquivo Pitoresco na qualidade de director e de cujos últimos volumes dirigiu a publicação, juntamente com Vilhena Barbosa, além de colaborar nos jornais Liz, Leiriense, Diário Ilustrado, Correio da Manhã, Diário do Recife, Correio da Europa, Gazeta de Notícias, Comércio do Porto, Artes e Letras, Rei e Ordem, Ocidente, Federação, Gazeta do Povo, Jornal para Todos, Gazeta de Portugal, Arquivo Familiar, Política Liberal, Correspondência de Coimbra, Futuro, trabalhando ainda como tradutor e revisor no Jornal do Comércio, Distrito de Leiria, entre outros. O trabalho de maior vulto é a continuação do Dicionário Bibliográfico Português, de Inocêncio Francisco da Silva, num total de 12 volumes. Essa empresa a que meteu ombros abriu-lhe as portas da Academia Real das Ciências, que o nomeou seu sócio correspondente. Entre os volumes publicados é de justiça salientar dois consagrados à bibliografia camoniana e que constituem preciosa e completíssima documentação do que se havia escrito sobre os Lusíadas e o seu autor. Foi por morte de Eduardo Coelho e a convite do fundador sobrevivente, o conde de S. Marçal, que Brito Aranha foi ocupar o lugar de redactor principal do Diário de Notícias. O seu nome figura entre os dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa, Albergue dos Inválidos do Trabalho, Associação Tipográfica Lisbonense, de que foi fundador em 1855, Artes Correlativas, Grémio Artístico e Associação dos Escritores e Jornalistas Portugueses. Pelos serviços prestados como vogal da Associação Tipográfica Lisbonense, durante a epidemia da febre amarela em 1857, foi-lhe concedido o grau de Cavaleiro da Torre e Espada e dada pela Câmara Municipal de Lisboa a Medalha de Prata por serviços humanitários. Viveu sempre alheio a lutas políticas, sendo a sua vida um exemplo de trabalho contínuo e útil e de dignidade profissional. Com as iniciais B. A. publicou um livro sensacional: Os Jesuítas em 1860. Entre muitas outras obras, deu à estampa: Elementos de Corografia do Brasil, 1888; Elementos de Corografia de Portugal, 1888; Leituras Populares, 1871; Memórias Histórico-Estatísticas de Algumas Vilas e Povoações de Portugal, 1871; Glorificação do Actor (dedicado ao actor Joaquim José Tasso), 1864; Glorificação a Vítor Hugo; Emília dos Anjos, esboço biográfico, 1874; Lágrimas e Saudades, 1872; Esboços e Recordações, 1875; Processos Célebres do Marquês de Pombal, 1882; Subsídios para a História do Jornalismo nas Províncias Ultramarinas, 1885; Uma Memória Bio-Bibliográfica de Mendes Leal, 1887; Memória Àcerca dos Terramotos de Lisboa; Factos e Homens do Meu Tempo, 1907-1908, em três volumes; A Obra Monumental de Luís de Camões, estudos biográficos em dois

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volumes publicados em 1870-89; A Imprensa de Portugal nos Séculos XV e XVI, 1898 além de uma infinidade de contos originais e outros traduzidos.

Para o teatro escreveu Às Armas!...pela França, cena dramática oferecida a Victor Hugo representada no Teatro do Ginásio em 1870; O Hábito Não Faz o Monge, ópera-cómica em 3 actos imitação, que se representou no Teatro da Trindade em benefício da actriz Rosa Damasceno; Receita para Casar, comédia em 1 acto, imitação, representada nos Teatros de Lisboa e Porto; Pela Boca Morre o Peixe, comédia-drama em 5 actos, traduzida; Amor à Pátria, drama, em 3 actos, original, miscelânea literária, crítica e política e muitas traduções e arranjos.

Na sua vasta obra reflecte-se bem a influência do liberalismo e do socialismo, então imperantes.

O centenário do seu nascimento foi solenemente comemorado em Lisboa a 28 de Junho de 1933, comemoração a que deu o seu apoio a Academia das Ciências de Lisboa.

ARAÚJO, Assis

O autor teatral, de nome completo José Bento de Araújo Assis, nome artístico, Assis Araújo, nasceu em Lisboa, no dia 9 de Janeiro de 1841 e faleceu em 1920.

Para além de autor teatral foi redactor do jornal de arte Crónica dos Teatros. Escreveu obras teatrais, quase todas representadas com êxito. Entre elas destacamos os dramas O Segredo Duma Esmola, Dúvidas do Coração, Trevas e Luz, Abençoada Resignação e Cabo Simão; as comédias: Deus nos Livre de Mulheres, O Que é o Destino, A Ciência aos Trambolhões, Um Tutor, As Lições de Joaninha, Protecção e Mistério e Um Encontro no Ónibus e a farsa lírica Enganos e Loucuras.

Este autor escreveu também a biografia da artista Luísa Fialho e a do ponto-autor Ricardo José Fortuna.

ARAÚJO, José Inácio de

José Inácio de Araújo nasceu em Lisboa, no dia 30 de Julho de 1827, onde faleceu a 23 de Agosto de 1907.

Cultivou a poesia com espontaneidade, primor e graça nas suas horas vagas, pois era ourives de profissão. Chamavam-lhe o poeta-operário.

Abordou o teatro com êxito nas seguintes peças originais, quase todas em verso, ao nível de poesias cómicas, monólogos e entreactos

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humorísticos. A sua obra fez parte dos actores cómicos mais populares de Lisboa. A sua abundante produção dramática compreende também tragédias burlescas em verso. Da sua obra referimos: A Princesa de Arrentela, em 3 actos; O Espectro, A Sombra do Sineiro, em 3 actos, editada em 1860; Um Bico em Verso, Um Progressista de Escacha Pessegueiro, Por Causa de Uma Serapina, Dois Curiosos Como há Poucos, Um Velho de Bom Gosto, O Principie Escarlate, em 2 actos, editada em 1862; Procópio, Íman de Corações, Cosme Parola, Simplório e Giraldo, Morte de Renhaunhau, O Sr. Galvão, A Herança do Tambor-Mor, comédia em 1 acto, editada em 1866; Últimos Momentos de Um Judas, O Trapeiro; A Vingança, opereta em 1 acto, editada em 1867; Um Homem que Tem Cabeça, comédia em 1 acto, editada em 1864; A Viúva Felizarda, comédia em 1 acto, editada em 1863 e Um Sonho do Citado Autor, revista escrita em colaboração com João Soler e estreada no Teatro Avenida em 1891.

Traduziu também em verso, para o Teatro D. Maria II a comédia A Mulher de Sócrates e, em colaboração com João Soler, imitou a zarzuela El Plato Del Dia e escreveu a revista Um Sonho do Citado Autor.

ARAÚJO, Luís de

Poeta e comediógrafo nasceu em Portalegre no dia 5 de Abril de 1833 e faleceu em Lisboa a 12 de Janeiro de 1908. Era filho do advogado e escritor popular, Luís António de Araújo. Foi funcionário público e esteve colocado na secretaria do Ministério das Obras Públicas.

Começou a sua carreira literária aos 20 anos de idade, animado e auxiliado pelo pai, aproveitando com rara facilidade episódios de ocasião, para os reproduzir em cena, sendo sempre fiel observador dos usos e costumes populares, a que dava especial relevo a sua grande veia cómica.

A sua estreia no teatro deu-se com a comédia em 1 acto, Por Causa de um Algarismo, com bastante êxito, levada à cena em 1854 no Teatro do Ginásio, por Taborda, Isidro e Sargedas e para a qual seu pai escreveu, em continuação, a comédia em 2 actos Mestre Igreja muito em cima.

Depois, entre outras, escreveu as comédias: Zé Canaia, comédia de costumes saloios; Regedor; O Senhor João e a Senhora Helena, comédia estreada no Teatro da Rua dos Condes em 1863; O Meu Casamento, comédia em 2 actos, também representada no Teatro da Rua dos Condes em 1866; Não se Casem Assim, comédia em 1 acto, estreada no Teatro Nacional II em 1865; Ciúmes, Amor e Cozinha, 1 acto, 1870; Amanhã Vou Pedi-la, cena cómica, 1866; J.R., comédia em 1 acto, representada no

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Teatro D. Maria em 1865; Abaixo das Décimas, comédia em 4 actos, representada no Teatro da Rua dos Condes, em 1870; Enquanto o Pano não Sobe, cena cómica, 1868; A Felicidade das Felicidades, 1 acto, 1855; Um Marido Vítima das Modas, 1 acto, 1860; O Sr. João e a Srª Helena, comédia em 1 acto, levada à cena no Teatro da Rua dos Condes em 1863; Um Provinciano nas Festas da Aclamação, cena cómica, 1855; Eu Gosto de Namorar, cena cómica, 1864; Confissões Duma Pessoa Sincera, cena cómica, 1865; Qual dos Bancos é Melhor?, cena cómica; Com Medo da Revolta, 1 acto; As Economias do Príncipe Cornélio Gil, cena cómica; Desabafos do Zé-Leiteiro Contra as Vacarias, cena cómica; Os Estribilhos, cena cómica; Mestre Farronca Cantando o Carlos Magno, juízo crítico de um remendão sobre a mágica das variedades, cena cómica, 1860; Quem Conta um Conto Acrescenta um Ponto, 1 acto, publicado na colecção do Teatro Para Rir, assim como os entreactos: O Mano João Explicando o Caminho de Ferro, e O Galego e O Cauteleiro; a comédia num acto, Na Casa da Guarda; A Paixão de André Gonçalves, 1 acto, 1860; O Galo e o Corvo Feitos Patos por Causa dum Pinto, 1 acto; O Guizo do Tio Filipe, 2 actos; O Baile de Minhas Tias, cena cómica; Um contribuinte em Panças!, cena cómica sobre a temática dos impostos, 1871; Por Causa Duma Mulher, 1 acto, 1871; Um Marido em Suores Frios, 1 acto, 1871; Grandes aflições de um Esposo, 1 acto, 1872; As Touradas de José Diogo, disparate em 1 acto, 1872; A Baronesa dos Dentes, paródia cómica em 3 actos; O Dente da Baronesa, 1872; O Passeio Público à Noite, acto lírico com fogos, coros e balões, em colaboração com Artur Bordalo, levado à cena no Teatro do Príncipe Real, em 1872; Intrigas no Bairro, opereta em 2 actos com grande sucesso alcançado no Teatro da Rua dos Condes, em 1864; Dois Dias no Campo Grande, opereta em 2 actos, também levada à cena no Teatro da Rua dos Condes; A Carreira do Sr. Carreira, cena cómica, 1872; O Dr. João da Cruz, 1 acto, 1872; O 34 da 3ª Companhia, Aventuras dum Soldado Conquistador, cena cómica; O Tio Zé Chibato, cena cómica; Dois Galegos Políticos, entreacto cómico; As Pegas dos Touros, 1 acto; Que Arco! Que Amazonas! Que Palhaços!, entreacto cómico, publicado no Almocreve das Petas, do mesmo autor, assim como a comédia em 1 acto, Coisas que Acontecem ao Sr. António Joaquim; Uma Criada Impagável, 1 acto, publicada na colecção Teatro Moderno; O Caminho de Ferro Larmanjat, a propósito num acto, entre outros escritos teatrais.

Uma das suas peças de maior êxito foi Intrigas do Bairro, que se tornou célebre nos palcos portugueses, onde contou, até 1937, com mais de mil representações.

Escreveu ainda: O Novo Almocreve das Pêtas, escrito na forma do antigo livro de crítica, do mesmo título, de José Daniel Rodrigues da Costa; Almanaque dos Bons Petiscos e Almanaque do Padre Prior; Contos e

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Histórias, dedicado a sua majestade el-rei D. Fernando, Lisboa, 1871; Coisas Portuguesas, volume para rir, dedicado a sua majestade el-rei D. Luís I, Lisboa, 1872. Publicou durante muitos anos o Almanaque, de Luís de Araújo e colaborou em diversos jornais, entre eles no Boudoir, Diário de Notícias, Diário Ilustrado, Comércio de Lisboa.

ARAÚJO, Norberto

Norberto de Moreira Araújo nasceu em Lisboa, no dia 21 de Março de 1889, onde faleceu a 25 de Novembro de 1952.

Tinha apenas 15 anos quando foi forçado a interromper os estudos pelo falecimento dos pais e se foi empregar na Imprensa Nacional, por cuja escola se habilitou como artista gráfico, conquistando o 1º Prémio no final da aprendizagem. A sua força de vontade e o desejo de se ilustrar levaram-no não só a concluir o curso dos liceus, como até a frequentar o Curso Superior de Letras mas, em 1916, saiu da Imprensa Nacional para ingressar no jornal O Mundo, onde se manteve até 1917, passando neste ano para A Manhã, do qual se tornou co-proprietário ao fim de seis meses.

Foi neste jornal, sobretudo, que teve ocasião de revelar os seus notáveis dotes de jornalista, que depois levaram à sua actividade em grande número de outros importantes diários da capital, como redactor, nomeadamente do Diário de Notícias, de O Século, da Noite e do Diário de Lisboa, periódicos onde sempre soube deixar, com vigor, assinalada a sua passagem. Renovador dos processos jornalísticos, fez reportagens de notável projecção e publicou estudos sobre as artes gráficas, teatro e poesia.

Mostrou-se um olisipógrafo erudito, como se pode ver em Peregrinação em Lisboa, 1939, Legendas de Lisboa, 1943 e Inventários de Lisboa, 1944-1945 (concluído por D. Pires de Lima).

No campo teatral traduziu do italiano a peça de G. Zorzi A Veia de Ouro, 1930. Colaborou com Alberto Barbosa, Matos Sequeira e Pereira Coelho na revista Negócio da China, estreada no Éden Teatro em 1918. Escreveu um diálogo para a récita comemorativa dos 50 anos de teatro de Adelina Abranches, Diálogo de Duas Mulheres, que interpretou com Lucília Simões no Teatro S. Luís, em 1928 e um drama original em 3 actos, intitulado Dentro do Castigo, estreada no Teatro Nacional em 1924 e protagonizado por Ester Leão, Ilda Stichini, Rafael Marques e Ribeiro Lopes. História triangular que escandalizou o público pela sua comédia ousadia e cujo pendor melodramático é atenuado por um discreto intimismo. Extraíu da sua novela Amor Humilde, 1925, uma comédia que ficou inédita.

Deixou ainda as obras: Democratização da Arte, 1914; Da Iluminura à tricromia, 1915; Miniaturas, 1910; Varanda dos meus amores, 1922; O Crime da carne branca, 1923; Vinha vindimada, 1924; A morte trágica de

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Fernando de Oliveira, 1924; Novela do amor humilde, 1925; Portugueses em Roma, 1925; Murtosa, 1927; A transfusão de sangue, 1928; Passa longe o amor, 1929 e Fado da Mouraria, 1931.

ARCHER, Maria

Maria Emília Archer Eyrolles Baltazar Moreira, nome artístico Maria Archer, nasceu em Lisboa no dia 4 de Janeiro de 1905, onde faleceu a 23 de Janeiro de 1982.

Viveu quase sempre em África: na Guiné (1916-1918), em Moçambique (1921-1926) e em Angola (1930-1934). Exerceu actividades jornalísticas em Moçambique e Angola, prosseguindo-as depois em Portugal.

No campo literário, estreou-se em 1935 em Três Mulheres. Escreveu contos, romances, peças de teatro e livros de viagens. Com Viagem à Roda de África obteve, em 1937, o Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho. Publicou, além disso, Roteiro do Mundo Português, 1940; Fauno Sovina, 1941; Ela é apenas Mulher, 1944; Há-de Haver Uma Lei, 1949; A Primeira Vítima do Diabo, 1954; Bato às Portas da Vida, 1951 e O Mal Está Entre Nós, 1952.

Escreveu em 1937 uma peça de teatro, O Leilão, que deixou inédita.

ARCOS, Joaquim Paço d’

Joaquim Paço d’Arcos, pseudónimo de Joaquim Belford Correia da Silva, nasceu em Lisboa, no ano de 1908, onde faleceu em 1979.

Escritor considerado dos mais lidos nos anos 40 e 50, foi chefe de gabinete do governo do território da Companhia de Moçambique na Beira, em 1936. Foi chefe dos Serviços de Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Joaquim Paço d’Arcos foi um intelectual apoiante do regime salazarista, que se destacou no domínio do romance com Diário de Um Emigrante, 1936; Ana Paula, 1938; Ansiedade 1940; O Caminho da Culpa, 1944; Tons Verdes em Fundo Escuro, 1946; Espelho de Três Faces, 1950; Corça Prisioneira, 1956.

Deixou-nos no conto e novela, Amores e Viagens de Pedro Manuel, 1935; Neve sobre o Mar, 1942; O Navio dos Mortos, 1952; Carnaval, 1959; Novelas Pouco Exemplares, 1967.

No teatro, iniciou-se com a comédia dramática em 3 actos Cúmplice, 1940, estreada no Teatro Avenida, a que se seguiram O Ausente, estreada em 3 de Junho de 1944, com a interpretação de Alves da Cunha, Augusto

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de Figueiredo, Paiva Raposo, Virgílio Macieira, José Cardoso, César Viana, Júlio Pereira, Amélia Rey Colaço, Maria Lalande, Maria Clementina, Maria Côrte-Real e Laura Fernandes; Paulina Vestida de Azul, levada à cena no Teatro Nacional em 1948; O Braço da Justiça, peça em 9 quadros, representada pela primeira vez no Teatro Nacional em 3 de Janeiro de 1964, numa encenação de Varela Silva; Boneco de Trapos, 1965 e duas peças a que a censura não consentiu representação pública, A Ilha de Elba Desapareceu e O Crime Inútil (esta última publicada em 1984) e Antepassados, Vendem-se, 1970.

No ensaio escreveu: O Romance e o Romancista, 1943; Confissão e Defesa do Romancista, 1946; Eça de Queirós e o Século XX, 1948.

Foram-lhe atribuídos os seguintes prémios do SPN: Eça de Queirós, pelo seu romance Diário de um Emigrante, em 1936; Fialho de Almeida, pelo livro de novelas Neve Sobre o Mar em 1942 e Gil Vicente, pela peça O Ausente, em 1944. Publicou, ainda, Memórias da Minha Vida e do Meu Tempo em três volumes, 1973, 1976 e 1979.

ARNOSO, Conde de (Bernardo Pinheiro Correia de Melo)

Escritor e pensador português, nasceu em Guimarães, no dia 27 de Maio de 1855 e faleceu em Lisboa a 25 de Maio de 1911.

O Conde de Arnoso pertenceu a uma das mais antigas e fidalgas casas do Minho. Foi oficial da arma de engenharia, havendo sido, a seu pedido, reformado no posto de general de brigada logo após a morte daquele que sempre serviu com abnegação e que foi, talvez, o seu melhor amigo: o rei D. Carlos.

Em 1887, acompanhou a Pequim, como secretário, o conselheiro Tomás Rosa numa missão diplomática que tinha por fim celebrar um tratado com a China e foi o negociador do convénio do primeiro de Dezembro do referido ano. Acompanhou o Rei D. Carlos a Inglaterra, em Janeiro de 1901, por ocasião do falecimento da Rainha Vitória e foi assistir às cerimónias do rei Eduardo VII, acompanhando Sua Alteza o Príncipe Luís Filipe. Fez, também, parte da comitiva real na viagem que suas majestades realizaram em Junho de 1901 às ilhas dos Açores e Madeira.

A sua obra literária é uma série de instantâneos do seu espírito, cuja graça e agudeza revelam assim os actos da sua vida e espelham o seu coração. Sendo grande admirador de Eça de Queirós, foi um dos principais impulsionadores para que se levantasse um monumento à memória daquele. Colaborou em diversos jornais, designadamente com artigos sobre a Arte e a Natureza, com publicação quinzenal em Editores Biel & Cª, do Porto.

Nas Novidades inseriu as suas notas da viagem a Pequim, em 1887, as quais reuniu depois num livro com o título de – Jornadas pelo mundo, que

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publicou em 1895 e que teve um enorme êxito. É uma obra curiosíssima em que descreve a China e o Japão. A edição foi feita pela casa editora Magalhães & Moniz, do Porto.

O primeiro livro que publicou tem por título Azulejos, impressões da sua vida de estudante na Universidade de Coimbra. A obra deixada é ainda constituída por: De Braço Dado, escrito em parceria com o conde de Sabugosa, edição da livraria Gomes, Lisboa, 1894; A Primeira Nuvem, comédia em 1 acto, representada no Teatro Dona Amélia em Maio de 1902, com interpretação de Lucinda e Lucília Simões e editada pela casa Ferin, de Lisboa; Suave Milagre, em 4 actos e 6 quadros, de colaboração com o diplomata Alberto de Oliveira. É este um dedicado trabalho adaptado do conto de Eça de Queirós, editado em 1986 com prefácio do próprio Eça de Queirós e que se representou no Teatro Nacional D. Maria II, pela primeira vez em 28 de Dezembro de 1901, com música de Óscar da Silva e cenários de Luigi Manini e se repetiu em bastantes noites, obtendo sempre grandes aplausos. Esta obra, foi também publicada pela casa editora Ferin, em 1902, numa edição adornada de belas ilustrações. Fez parte, em Eça, Oliveira Martins e outros elementos, da Geração de 70, do chamado grupo dos «Vencidos da Vida», e foi ajudante de campo e secretário particular do Rei D. Carlos.

Recebeu o título de conde em 1895.

ARNOSO, Vicente Miguel de Paula Pinheiro de Melo

Poeta e comediógrafo nasceu em Lisboa, no dia 9 de Dezembro de 1882, onde faleceu a 15 de Junho de 1925.

Era filho do Conde de Arnoso de quem herdou não só o título mas as suas qualidades intelectuais.

Formado em Direito pelo Universidade de Coimbra, a sua passagem por esta cidade deixou recordações no espírito académico da sua geração, que lhe votaram verdadeiro culto.

Quando acabou a formatura pensou em seguir a carreira diplomática, chegando ainda a ocupar o lugar de adido à legião de Berlim. A transformação política que por essa ocasião se operou no país, fê-lo abandonar a carreira. Consagrou-se, então, à vida literária, à qual honrou com obras cheias de inspiração, reveladoras, todas elas, da grande ternura que teve pelo povo e em especial pela terra onde passou os mais belos dias da mocidade: Coimbra nobre cidade, livro de memórias publicado em 1909; Cantigas...leva-as o vento, 1915 e Quem canta seus males espanta, 1916, em cujas páginas se encontram algumas das suas mais belas quadras, de sabor popular.

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Para teatro escreveu: O Chico, episódio em 1 acto, escrito em colaboração com C. Roquete e levada à Cena no Teatro Nacional em 1916; Dor que Mata, episódio dramático, em 1 acto, expressamente feito para a festa artística da actriz Adelina Abranches e representado no Teatro Avenida em 1917; O Último Senhor de São Geão, peça em 3 actos, estreada no palco do Teatro República em 1917, tendo como protagonistas Ferreira da Silva e Chaby Pinheiro e Coimbra, Terra de Amores, em honra da velha cidade universitária, representado com enorme êxito no Teatro Nacional de Lisboa, em 13 de Janeiro de 1916. De um conto de seu pai extraíu, em 1919, uma peça em 3 actos, A Guitarra do Brás, cujo manuscrito inédito se conserva no Teatro Nacional.

ARRIEGA, Pereira

O actor Pereira Arriega nasceu em Lisboa no dia 20 de Março de 1885 e faleceu a 9 de Julho de 1927.

Estreou-se em 2 de Maio de 1922 em Vila Real de Santo António na companhia de Emília de Oliveira, na peça Ladrão.

As principais peças em que entrou foram a Fédora, Severa, Mancha que Limpa, Centenário, Simone, Emboscada, Fidalgos da Casa Mourisca, Pupilas do Sr. Reitor, Morgadinha, Hamlet, Comissário de Polícia, Em Boa Hora o Diga, Mister Xu, Rosa Maria, Bodas de Ouro, Era Uma Vez Uma Menina, O Amor é Assim, Mouraria, Um Filho de 3ª Classe, Má Sina, Renascer, O Pinto Calçudo e Santo António.

Foi um dos autores da peça O Pilha de Alcântara, em colaboração com Adriano Mendonça e Alexandre Fonseca.

ARRIEGAS, Artur

O autor teatral, Artur Arriegas nasceu em 1883 e faleceu em 25 de Setembro de 1924.

Estreou-se como amador dramático aos 12 anos, no antigo Teatro Garrett. Percorreu então muitas Colectividades de Cultura e Recreio cantando algumas cançonetas originais e revelando-se um excelente poeta.

Trabalhou, depois, em vários teatros de feiras e na província, onde obteve considerável êxito, sendo conhecido pelo “actor da luneta”, em consequência do extraordinário agrado que obteve a sua cançoneta intitulada “É da Luneta!”.

Não querendo abandonar a vida de funcionário público, dedicou-se a escrever para o teatro, tendo produzido várias comédias, cançonetas,

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monólogos, revistas e fundando e dirigindo, também, vários jornais. Publicou ainda um livro de poesia.

Como autor teatral estreou-se em 1907 com a revista No Centro, escrita em colaboração com José Cidreira e música de Luz Júnior, levada à cena no Teatro da Rua dos Condes. Ainda neste ano e com a mesma parceria escreveu as revistas: O Messias, No Descanso. No ano seguinte escreveu Também Vou Nisso…, com música de Luz Júnior; Garotices & Cª, com música de Hugo Vidal, estreada no Chalet Avenida. Seguiram-se as revistas: Ora Bolas!, levada à cena no Teatro Chalet em 1909; Roupa Suja, 1910; Ferros Curtos, Panelas e Cafeteiras, levada à cena no Teatro Chalet da Rotunda e Pentes e Dedais, estreada no Teatro Júlia Mendes, ambas no ano de 1911, com música de Hugo Vidal; A Lanterna, escrita em parceria com Xavier de Magalhães, música de Hugo Vidal, estreada no Teatro Moderna, em 1912; De Xaile e Lenço, música de Hugo Vidal, 1914; Aguenta-te que É Serviço, estreada em 1916 no Teatro do Povo; O Conde Vigário, levada também à cena no Teatro do Povo e Fora e Dentro, com música de Raul Portela, ambas no ano de 1917; Formiga Preta, 1918; Café com Leite, com música de V. de Macedo e Raul Portela, em 1920.

É também de sua autoria a opereta Micas das Violetas, representada no Porto e a peça Canção de Portugal, levada à cena pela primeira vez no Teatro República.

ARROIO, António José

António José Arroio nasceu no Porto, no ano de 1856 e faleceu em 1934. Crítico de arte, escritor e conferencista, era irmão de João Arroio.

Formado em engenharia pela Academia Politécnica do Porto, ingressa em 1881 no quadro das Obras Públicas, sendo-lhe conferido o cargo de encarregado dos serviços de recepção de material estrangeiro, no desempenho do qual fez várias viagens pela Europa, que muito vieram a influir na sua vida espiritual. Fixou residência em Bruxelas, por algum tempo e ali e noutras capitais travou elações com artistas notáveis. Regressando a Portugal em 1890, é nomeado inspector do ensino, cargo que exerce por muitos anos.

Em 1898 começou a escrever os seus primeiros trabalhos de crítica literária e artística e, no ano seguinte, publicou Soares dos Reis e Teixeira Lopes. De entre os restantes trabalhos, destacam-se: A música de Wagner, 1909, série muito apreciada de conferências; B. Moreira de Sá, 1895, sob o pseudónimo de Falsaff; José Viana da Mota, 1896; Parisiana, esboço crítico; A estética de Frei Luís de Sousa, 1899; O chinó de Garrett e Júlio Dantas, 1915; A Viagem de Antero de Quental à América do Norte, 1916;

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Almeida Garrett e Fialho de Almeida no Vale de Santarém, 1917; A figura dramática de Maria de Noronha no Frei Luís de Sousa, de Garrett, 1921.

Dirigiu em 1900 os trabalhos da comissão à Exposição Universal de Paris e a edição das Notas sobre Portugal, pelo que foi condecorado com o oficialato da Legião de Honra, possuindo também a comenda da Ordem de Cristo.

ARROIO, JOÃO Marcelino

Nasceu no Porto, no dia 4 de Outubro de 1861 e faleceu em Colares a 18 de Maio de 1930.

Lente de Direito na Universidade de Coimbra, deputado, ministro da Marinha e Ultramar em 1890 e dos Negócios Estrangeiros em 1900, orador, poeta, dramaturgo, compositor musical, figura múltipla que reuniu em si um conjunto de aptidões invulgares. Era filho do compositor José Francisco Arroio e irmão do escritor e crítico de arte, António José Arroio. Das várias aptidões que manifestou, umas sobreporam-se às outras – como, em regra, acontece nas figuras que se multiplicam. De facto, nem o professor, cedo desviado da cátedra para a política; nem o político que tão discutido foi; nem o poeta cujo livro de sonetos está longe de ser uma maravilha poética; nem o dramaturgo cuja peça Paulo e Lena só viveu o espaço de uma noite – atingiram o mesmo nível alcançado, quer pelo orador, quer pelo compositor, a quem a música portuguesa ficou devendo, entre outras obras de merecimento, uma ópera notável inspirada no Amor de Perdição.

Como orador, lembra-nos Júlio Dantas que o ouviu recordar um dia com seu raro poder evocativo, o que era a eloquência, ao mesmo tempo fina e impetuosa, subtil e veemente, de João Arroio. Arroio, segundo o valioso testemunho de Júlio Dantas, “ora mandava, espectacularmente, ajoelhar, no meio do assombro de toda a Câmara, os adversários sucumbidos; ora impressionava a assembleia pela evocação dramatizada de acontecimentos e figuras; ora usava do apólogo, com cintilação e malícia, como no famoso discurso das «abelhas» que o indispôs com o Paço e com as damas da corte. (…)”

Tendo ferido, num dos seus ímpetos oratórios, o próprio Rei D. Carlos, João Arroio caiu na desgraça política. Volta-se então, ostensivamente, para a música, fosse como lenitivo, fosse como desejo de nova evidência social.

Obviamente que não é, certamente, aos quarenta e tantos anos que se nasce músico e, por conseguinte, não foi nesta idade que João Arroio apareceu músico. Desde criança que ele mostrava vocação musical. O pai, súbdito espanhol, era músico de profissão mas, embora conhecedor da vocação do filho preferiu que ele seguisse o Curso de Direito e assim

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aconteceu. Feitos os preparatórios, o filho foi para Coimbra, concluindo o curso em 1884 com distinção e sendo convidado para lente.

Apesar dos seus triunfos universitários, não se cansava de em repetir: - Quanto haveria desejado que seu pai o tivesse deixado ir estudar música para a Alemanha!

Criança, ainda no Colégio, principiara a compor música. Aos doze anos fez uma ópera, A Noiva d`Abidos, com uma qualidade que ultrapassava uma mera tentativa de criança e, em Coimbra, nem os Colégios, nem as sebentas lhe comprometeram as tendências musicais. Quando menos esperava, João Arroio tomou a iniciativa de organizar um Orfeão Académico, tornando-se assim o fundador do 1º Orfeão, em Portugal: mobilizou a Academia e, em 7 de Dezembro de 1880, apresentou em público o seu Orfeão de 80 vozes, que se tornou célebre. Era uma autêntica revoada de rouxinóis de capa e batina. João Arroio dirigiu o coro e a orquestra, tendo nesta audição tomado parte seu irmão António, crítico de arte dotado de apreciável voz que neste certame cantou o Barbeiro de Sevilha.

Ainda estudante em Coimbra escreveu, para uma das récitas dos quintanistas, a música de uma opereta de Domingos Ramos, Três Sábios no 90º Hemisfério Norte, representada na Academia daquela cidade. Extraíu do Amor de Perdição uma ópera (sobre texto italiano) que se cantou em 1907 no Teatro de São Carlos e em Hamburgo três anos depois com libreto de Francisco Bernardo Braga. A ideia de compor uma obra inspirada no célebre romance de Camilo Castelo Branco partira, não do libretista, mas do compositor. Arroio pensara, primeiro, em aproveitar o Frei Luís de Sousa, mas não encontrando no tema rico do ponto de vista dramático, a necessária plasticidade musical, lembrou-se do Amor de Perdição, que, a seu ver, continha excelentes requisitos. Pediu ao amigo Bernardo Braga que lhe fizesse o libreto e, concluído este, João Arroio meteu ombros à composição. A noite de 2 de Março de 1907 ficou memorável nas anais da ópera nacional. O São Carlos encheu-se a transbordar. Tudo o que havia de mais representativo na Lisboa literária, artística, política e mundana, da época, acorreu ao teatro para ouvir o Amor de Perdição. O êxito obtido por esta ópera foi enorme e motivou que ela fosse interpretada, pouco tempo depois, em Hamburgo com não menos êxito. A ópera foi dirigida em Lisboa pelo maestro Luiz Mancinelli e interpretada pelas sopranos Gagliardi e Torreto e pelo barítono Bonini. Em 1913, no salão do Teatro da Trindade, foi tocado pela orquestra dirigida pelo maestro José Henrique dos Santos, o Poema Sinfónico, que obteve também grande sucesso. A 29 de Dezembro 1917 a única peça de sua autoria, Paulo e Lena, em 3 actos, subiu à cena pela primeira vez no Teatro República.

Compôs ainda uma cantata, Inês de Castro e outra ópera, Leonor Teles, em 1911, que só em 1945 foi cantada integralmente.

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ARTAGÃO, Mário de

Mário de Artagão, pseudónimo literário de António da Costa Correia Leite, poeta brasileiro, nasceu no Rio Grande do Sul, no ano de 1867 e faleceu em 1937.

Veio para Portugal muito cedo e aqui frequentou o antigo Colégio de Campolide e mais tarde foi para a Alemanha, onde fez o curso superior de Filosofia. Era um cidadão abastado, dotado de considerável fortuna e, por isso, nunca teve necessidade de uma profissão.

Viajou muito, percorrendo quase toda a Europa, Norte de África, Argentina e os sertões do seu amado Brasil.

A sua actividade literária, se não foi o que se possa chamar grande, foi, contudo brilhante na poesia. Publicou, entre outros trabalhos: As Infernais, O Psaltério, Música Sacra, No Rasto das águias, Rimas Pagãs, Hélade, Ninho dos Deuses e Feras à Solta. Das três primeiras obras, muitas páginas foram vertidas para alemão.

Deixou-nos 2 volumes inéditos: À Beira do Abismo, obra social e O Grande Exilado, drama em verso. Para teatro escreveu também o drama em 3 actos Jamina, publicado em 1907 e a comédia em 1 acto, Os Arrufos.

Sena Freitas, no seu livro Ao Veio do Tempo, dedicou a Mário de Artagão um capítulo especial.

Mário de Artagão era também membro da Academia de Letras do Rio Grande do Sul, do Instituto de Coimbra e de outras instituições.

ASSUNÇÃO, Júlia de

A actriz Júlia Amélia Campos de Assunção nasceu em Lisboa, no dia 26 de Junho de 1881 e faleceu em 1954.

Estreou-se em 1899, no Teatro do Príncipe Real, na companhia do empresário Ruas, com a peça O Comboio nº 6.

Actuou na maioria dos teatros portugueses e nos mais diversos do Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, Porto Alegre, Rio Grande e Campinas, entre outros.

Das muitas peças em que participou, citamos: O Bode Expiatório, Bichinha Gata,Giga Joga,Piparote, Pé de Meia, Boa Gente, O Amigo de Peniche, Irmãos Unidos, Ventoinha, Adão e Eva, D. Paço de Manzanilha, Boas Festas, Fruto Proibido, O Mártir do Calvário, Bolo-Rei, Pic-Nic,A Semana dos Nove Dias, Tio da Minha Alma, 2 Garotos, O Conde de Monte Cristo, Os Postiços, Fausto e Margarida, Os 3 Anabatistas, Bafles, Fora dos Eixos, As Doidivanas, O Canto do Cisne,O outro Sexo, O Grande

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Bolha, Gente para Alugar, O Cinematógrafo, O Sr. Freitas, Primerose, O Botequim do Felisberto, A Melhor das Mulheres, A Feira do Diabo, O Homem de Gelo, A Alma Francesa, Gilberta, Há Festa na Mouraria, José João, A Menina Amélia, Prisão-Hotel,Doidos com Juízo, Conde Barão, Os Velhos, Duas Causas, A Rosa Enjeitada, O Gaiato de Lisboa, Marido em Branco, O Correio de Lião, O Domador de Feras, A Vertigem, Casados e Solteiros, Bisbilhoteira, Vida Airada, Águas Passadas, Mouraria e Cacho Dourado.

ASSUNÇÃO, Tomás Lino de

Jornalista e escritor, Inspector-Geral das Bibliotecas e Arquivos, Tomás Lino de Assunção nasceu em Lisboa, no dia 7 de Maio de 1844 e faleceu em Paço de Arcos a 1 de Novembro de 1902.

Completou, no Instituto Industrial o curso de condutor de obras públicas e também frequentou o Curso Superior de Letras. Partiu para o Brasil onde, pelas suas habilitações tomou a direcção do Caminho de Ferro de São Paulo ao Rio de Janeiro. Mas, as letras tentavam-no e a elas se dedicou, colaborando em jornais e revistas e fazendo representar algumas comédias de sua autoria. Tendo feito boa carreira nos seus trabalhos de construção de linhas-férreas, empregou capitais na fundação duma livraria e associou-se com Faro e Oliveira. A empresa não prosperou e Lino de Assunção voltou para a Europa e fixou residência em Paris. Passados alguns anos regressou a Lisboa e fez parte da redacção do Dia, jornal fundado por António Enes, seu amigo íntimo. Foi um dos mais assíduos redactores dessa folha. Por influência de António Enes, então inspector das Bibliotecas e Arquivos, alcançou o lugar de secretário da Biblioteca Nacional, cargo que executou com a maior competência. A nomeação de António Enes para comissário em Moçambique colocou-o no lugar de inspector interino, ficando efectivo quando António Enes faleceu. Datam desse tempo os seus estudos históricos. A inspecção obrigatória dos arquivos dos conventos extintos, trouxe-lhe rico manancial para os seus estudos e trabalhos. Escreveu: Narrativas do Brasil; Mil e Seiscentas Léguas pelo Atlântico; Os Jesuítas (O catolicismo no século XVI); Fins de Século (história do meu tempo); As Festas de Outrora; A Vida de Santo António; Um Padre com o Diabo no Corpo (episódio político-religioso do século XVIII); Geografia e História; As Últimas Freiras; As Monjas de Semide; As Freiras de Lorvão; Dicionário de Arquitectura; História dos Frades; Miscelânea, contos; Os Mártires; Em Espanha; Frades e Freiras.

Para o teatro escreveu: Os Lázaros, peça em 5 actos representada no Teatro Ginásio em Rio de Janeiro em 1877, protagonizada por Simões,

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Lucinda e Furtado Coelho; Monsenhor, levada à cena no Teatro Nacional D. Maria II, em 1894; O Mundo e o Claustro; as comédias num acto: O Criado de Minha Mulher e Dormir Acordado, representadas em 1866 no Teatro Académico de Coimbra; Maldita Campainha, comédia em 1 acto, representada no Teatro da Rua dos Condes em 1868; A Pátria na Oficina, 1871; A Gramática, 1872. Escreveu, ainda, os dramas em 5 actos, Eva, representado no Teatro Nacional em 1887 e Ajuste de Contas, 5 actos, 1898. Fez traduções de algumas peças, como a de Georges Ohnet, Sérgio Panine, apresentada no palco do Teatro Nacional em 1896 e outra de Erckmann-Chatrian, Os Rantzau, também levada à cena em 1901.

Lino de Assunção tinha a comenda da Ordem de Nossa Senhora da Conceição. Era correspondente da Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, oficial da instrução pública da Academia Real das Belas Artes de S. Fernando de Madrid e do Conselho dos Monumentos Nacionais.

ATAÍDE, Alfredo

Alfredo Ataíde nasceu em Lisboa no ano 1834 e faleceu em França em 1907.

Apesar de se ter dedicado à vida comercial, foi sempre um apaixonado pelo teatro, escrevendo muitas peças que tiveram bastante êxito, entre elas: Tio Torcato, De Noite Todos os Gatos São Pardos, Rosário, Batina e Chambre, Joana do Arco, Sol de Navarra, Dama dos Cachuchos e Nordeste & Cª.

AUGUSTA, Maria

A actriz Maria Augusta nasceu no dia 3 de Novembro de 1863 e faleceu em Lisboa a 19 de Abril de 1935.

Estreou-se em 1907 no Porto, na companhia da actriz Ângela Pinto, na peça O Outro Eu. Trabalhou com Furtado Coelho, Emília Adelaide e Lucinda Simões, no Brasil. Em 1909 e 1910 esteve na companhia Alves da Silva e com ele foi ao Brasil, onde o público a recebeu carinhosamente. Regressando a Portugal, foi para o Teatro do Ginásio em 1911, para a companhia do actor Vale e agradou imenso na peça Direitos de Mulher. Vale, radiante pelo seu sucesso, começou a contar com Maria Augusta para as mais difíceis personagens do seu repertório. Substituiu, com agrado, em reposições, papéis que tinham pertencido a Bárbara e Jesuína.

Passou, depois, para o Teatro Nacional, onde interpretou as peças Perpétua que Deus Haja, Vida Dum Rapaz Pobre e Malquerida. Ao lado de Adelina Abranches entrou no Gaiato de Lisboa, Mãe e Rosa Enjeitada.

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Em 1905 esteve no Teatro Apolo, onde representou a Casa se Susana e Alma Francesa. Voltou ao Teatro Nacional, com Adelina Abranches, entrando nos Mexericos, Anjinho da Pele do Diabo, Salto Mortal e Mártires do Ideal, entre outras.

Em 1917 foi para o Teatro Avenida e, em 1918, voltou para o Teatro Apolo, sempre ao lado de Adelina Abranches, entrando no Mártir do Calvário e Fausto e Margarida. Fez várias digressões pela província, agradando sempre.

Além das peças referidas acima, entrou, ainda, em: Marido à Força, Príncipe da Cochinchina, Bode Expiatório, Cabana do Pai Tomás, A Grande Noite, Bela Aventura, Amor de Perdição, Correio de Leão, Miquete e a Mamã, Mulher Duma Cana, Ao Correr da Fita, O Rei dos Gatunos, A Receita do Mourisca e O Crime Duma Mulher Bonita.

A última vez que representou foi em 1927, no Teatro Apolo, na companhia de Jorge Grave-João Silva, com desempenho de papéis nas peças Capitão, Comboio nº 6, Cabana do Pai Tomás, Causa Célebre e Grande Noite.

AUGUSTO

O actor Augusto de Almeida, nome artístico Augusto, nasceu no dia 20 de Julho de 1835 e faleceu a 19 de Março de 1904.

Estreou-se logo como actor profissional, no Teatro da Rua dos Condes, em 1855, na comédia A Ramalheteira, fazendo uma boa carreira neste teatro.

AVELAR, Amélia de

A actriz Amélia de Avelar nasceu no dia 21 de Dezembro de 1865 e faleceu a 24 de Setembro de 1904.

Estreou-se em 17 de Setembro de 1880, no Teatro da Trindade, na ópera burlesca em 3 actos intitulada Barba Azul.

Em 1884 retirou-se da cena para ali voltar em 1889, representando, no Teatro Avenida, com bastante agrado e voltando depois para o Teatro da Trindade, onde teve papéis muito interessantes.

Abandonou de novo o teatro em 1892, mas, em 1895 escriturou-se no Teatro Avenida e passou depois a ser societária de 3ª classe do Teatro D. Maria II, posição que ocupava quando, em 1904, morreu repentinamente.

As principais peçam que desempenhou papéis foram: Noiva dos Girassóis, Amor e Marisco, Fato de Três Bicos, Sorte Grande, Colégio fr Meninas, Guerra Alegre, Gato Preto, Um Serão nas Laranjeiras e Amor de Perdição.

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ÁVILA, Artur Eugénio Lobo de

Artur Eugénio Lobo de Ávila nasceu em Lisboa em 1856 e faleceu a 9 de Fevereiro de 1945.

Frequentou o Curso Superior de Letras e logo enveredou pela actividade jornalística e literária. Foi um autor de notável escrita, especializando-se em folhetins históricos. Como autor de teatro estreou-se com a comédia Uma Noiva no Prego, estreada em 1879; Empenhos Políticos, 1880. Viu também representadas as peças de sua autoria Os Malhados e O Coração de Bocage, que subiram à cena, respectivamente, em 1902, no Teatro D. Amélia e em 1905 no Teatro Nacional. Escreveu outras peças que, no entanto, não alcançaram o palco: A Descoberta da Índia ou o Reinado de D. Manuel, drama escrito para o concurso aberto por ocasião do 4º centenário da Viagem de Vasco da Gama (1898); O Infante D. Manuel e as adaptações dos seus romances Os Amores do Príncipe Perfeito, 1904 e O Rei Magnífico, 1911. Em colaboração com Júlio Rocha, escreveu a comédia As Meias Roxas, 1903.

Artur Ávila cultivou vários estilos literários, mas em nenhum deles o seu nome se impôs com projecção. Escreveu o seu último livro em 1944, Nos Bastidores do Jornalismo. Tentou, em vão, demonstrar a nacionalidade portuguesa de Cristóvão Colombo.

ÁVILA, Fernando

Fernando Pedroso de Ávila nasceu em Lisboa, no ano de 1909, e aí faleceu em 1981.

Jornalista, autor de várias revistas e operetas de sucesso, entre elas as quais Nazaré, de que foram colaboradores Fernando Santos e Almeida Amaral. Escreveu, com Xavier de Magalhães a farsa em 3 actos, intitulada A Ditadora, interpretada pela actriz Maria Matos, com a sua companhia, no Teatro do Ginásio, no ano de 1943.

AYRES, Frederico Pereira

Frederico Pereira Ayres nasceu em Lisboa no dia 28 de Julho de 1887 e faleceu em Lourenço Marques no ano de 1953.

Foi discípulo de Carlos Reis e detentor de vários prémios escolares em pintura. Teve impacto no campo da cenografia, nas maquetas que realizou para as óperas Boris Goudonov, de Debussy e Siegfried, de Wagner,

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levadas à cena no Teatro São Carlos, em 1923 e 1925. Assinala-se ainda, dentro da mesma orientação estética, os cenários de sua autoria para a peça de Silva Tavares, Vasco da Gama, também levada à cena no Teatro São Carlos, em 1922 e para o drama A Fera, de Ramada Curto, estreada no Teatro Politeama no ano de 1923.

AZEVEDO, Alexandre

O actor Alexandre Azevedo, de nome completo Alexandre Pais de Azevedo e Lima nasceu em Cabanas, Carregal do Sal, no dia 28 de Janeiro de 1873 e faleceu em Petrópolis, Brasil, em finais de Março de 1954.

Estreou-se em 1898 no Teatro da Rua dos Condes, no drama Mar e Guerra. Fez vaudeville e opereta, tendo uma notável criação no papel de Gaspar em Os Sinos de Corneville. Cultivou a canção e a mímica. Neste último género viajou por França e Espanha.

Quando do seu ingresso no elenco do Teatro Dona Amélia, em 1907, iniciou uma carreira de galã dramático que lhe valeu vários triunfos, ao lado dos consagrados Rosas & Brasão, nas peças A Ralada, O Ladrão e O Assalto, de Bernstein, A Casa em Ordem, de Pinero, O Duelo, de Lavedan, Os Postiços, de Eduardo Schwalbach, Margarida do Monte, de Marcelino Mesquita, Primerose, de Flers e Caillavet, O segredo do Polichinelo, de P. Wolff, entre outras.

No Verão de 1911, organizou e dirigiu uma série de espectáculos ao ar livre com Adelina e Aura Abranches, a que chamou Teatro da Natureza, representados no Jardim da Estrela, nomeadamente Orestes, com adaptação de Coelho de Carvalho; das Coéforas, de Ésquilo e a Cavalheira da Rússia, de Verga.

Em 1913 seguiu para o Brasil, onde se demorou largos anos, tendo sido empresário no Rio de Janeiro, onde, em 1916, repetiu a tentativa do Teatro da Natureza. Voltou em 1922 e, com a companhia Adelina-Aura Abranches, reapareceu no Porto e, depois, em Lisboa, onde trabalhou em duas épocas seguidas no Teatro Avenida e Teatro da Trindade.

Em 1924 foi contratado pela companhia Rey Colaço-Robles Monteiro que, então, actuava no Teatro Politeama. Ali tomou parte no desempenho de A Mulher Nua, de Bataille; A Aigrette, de Nicodemi; Quando o Amor Acaba, de P. Wolff e H. Duvernois; Zilda, de Alfredo Cortez; A Tentação, de Ch. Méré, entre outras.

No ano de 1926 esteve no Teatro do Ginásio, onde participou em A Noite do Casino, de Ramada Curto e Eva Nua e Crua, de P. Nivoix, ao lado de Palmira Bastos. No Verão deste ano representa no Teatro Nacional, com um grupo de que fazia parte Ilda Stichini, Os Filhos, de L. Népoty; Se Eu

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Quisesse, de Géraldy e Spizer e Para Fazer-se Amar Loucamente, de M. Sierra.

Formou, depois, uma companhia com Palmira Bastos em 1927, que apresentaram no Teatro Politeama, Um Homem, adaptação da novela de Unamuno; Inimigos, de V. Braga; O Centenário, dos irmãos Quintero; O Senhor Doutor e o seu Marido, de Berr e Verneuil e Lourdes, de Alfredo Cortez.

No Verão de 1929 chefiou um grupo de artistas, entre os quais Ester Leão e Alegrim, que explorou o Teatro Nacional com um repertório popular, no qual sobressaíram as peças A Ameaça, de P. Frondaie e O Processo de Mary Dugan, de B. Veiller. Com Ester Leão interpretou em 1930, no Teatro Apolo, Os Maus Pastores, de Mirbeau.

Em 1931 voltou ao Teatro Politeama para desempenhar a peça Um Bragança, de Vasco de Mendonça Alves, com Ilda Stichini e Alves da Cunha. Acompanhou esta artista ao Teatro São Carlos onde, em 1933, interpretou Alfama, de António Botto; Divórcios, de Lorjó Tavares e Rainha Santa, de Rui Chianca, entre outras.

No ano de 1935, no Teatro do Ginásio, realiza uma primorosa composição na peça Deus Lhe Pague, ao lado de Procópio Ferreira. Integrado na mesma companhia, entrou ainda em O Bobo do Rei, de J. Camargo e A Lei da Vida, de Anita Patrício. No ano seguinte transita com o mesmo elenco para o Teatro da Trindade, onde faz o papel de “S. Pedro”, na sátira brasileira Amor, de Oduvaldo Viana.

Em 1937 participou no filme A Revolução de Maio, de António Lopes Ribeiro.

AZEVEDO, Maximiliano Eugénio de

Oficial do Exército, autor e crítico teatral e tradutor, Maximiliano de Azevedo nasceu no Funchal, no dia 16 de Fevereiro de 1850, e faleceu em Lisboa a 3 de Fevereiro de 1911, vitimado por uma congestão cerebral.

Maximiliano de Azevedo viveu os primeiros anos no Funchal, onde fez os estudos preparatórios vindo, depois, para Lisboa. Frequentou a Escola Politécnica e a Escola do Exército, donde saiu em 1875, sendo promovido a 2º tenente de artilharia em 5 de Janeiro de 1876. Foi destacado para Santarém, depois para a Ilha Terceira onde casou com uma senhora duma das primeiras famílias de Angra. Aquando da promoção a primeiro tenente, em 21 de Janeiro de 1878, voltou a Lisboa e foi escolhido para secretário particular de Latino Coelho, cooperando nos trabalhos preparatórios da História Política e Militar de Portugal dos finais século XVIII e princípio do século XIX. Durante 10 anos coadjuvou Latino Coelho. Aliás, este refere-se a ele na Introdução do 2º e 3º volumes.

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Azevedo foi promovido a capitão em 31 de Outubro de 1884 e a major em 4 de Janeiro de 1897. Terminou a carreira militar com o posto de coronel.

Foi administrador da sociedade artística adjudicatária do Teatro Nacional D. Maria II em 1909. Foi, também, Director do Arquivo Histórico Militar e Comandante do Regimento de Artilharia 1.

Estreou-se como autor em 1873. Deixou uma copiosa e, hoje, esquecida produção teatral, em que avultam as traduções do repertório de transição para o naturalismo: As Ideias de Mme. Aubray, de Dumas Filho; Náná de Zola, traduzida em colaboração com Gervásio Lobato e levada à cena no Teatro do Príncipe Real em 1885; A Honra de Sudermann, estreada no Teatro da Trindade em 1897; A Toga Vermelha de Brieux e várias comédias e dramas originais, obras de temática regional, nos seus aspectos históricos e românticos, designadamente: - Dramas: Causa Célebre, 6 actos; Inês de Castro, 5 actos, representado com muito êxito em 1894 no Teatro da Rua dos Condes; Crime das Picoas, 5 actos e 7 quadros, escrita para o Teatro do Príncipe Real; O Amor, 5 actos; Susana, 5 actos; Filha e Mãe, 5 actos; Tosca, em 4 actos e 5 quadros; O Convento do Diabo, 1 prólogo e 6 actos; A Mendiga, 5 actos; O Incêndio do Brigue Atlântico, 5 actos e 6 quadros; Os Dois Órfãos, 5 actos e 6 quadros; A Avó, 5 actos e 6 quadros; O Sargento do 5 de Linha, 5 actos e 7 quadros; O Capitão dos Bandidos, 5 actos e 7 quadros; A Sereia, 5 actos; O Mestre de Obras, 5 actos e 8 quadros; Educação Errada, 5 actos; O Romance Duma Actriz, 4 actos; O Segredo do Padre, 5 actos e 7 quadros; João José, 4 actos; O Ás de Paus, 5 actos e 6 quadros; Os Filhos do Capitão Grant, 5 actos e 11 quadros; Marido e Amante, 5 actos e Os Jesuítas, 4 actos. As comédias em 1 acto: O Epílogo, estreada no Teatro Nacional em 1883; Paulo, estreada no Teatro do Ginásio em 1873; Entre a Vítima e o Carrasco; Por Força!, estreada no Teatro do Ginásio em 1873; Contas e Bordão, comédia em verso levada à cena no Teatro Nacional em 1884; Santos da Casa, comédia representada no Teatro do Ginásio, 1874; Um Fura Vidas, 1909; Gostos Não se Discutem; As Bofetadas; Vida Airada, estreada no Teatro Nacional D. Maria II em 1874; Duas Crianças, levada à cena no Teatro do Ginásio em 1874; Os Anos da Menina, comédia estreada no Teatro do Ginásio em 1880; Ralham as Comadres, peça de costumes ilhéus açorianos, representada no Teatro União, Horta em 1879; Em Casa do Filho, peça também de costumes açorianos, levada à cena no Teatro do Príncipe Real; Maridos que Choram; Um Pai da Pátria; O Senhor Ministro, estreada no Teatro Nacional em 1883; Paulo e Virgínia; Sózinha; Maria do Ó; Caprichos de Sogra, comédia num acto levada à cena no Teatro Nacional em 1882; Prisioneiro Sob Palavra; Um Homem Sério; O Diário do Governo; Lua Cheia; O Crime das Picoas, melodrama que subiu à cena no Teatro do Príncipe Real em 1892; O Homem das 16 Mulheres; Engaiolado; As Vítimas do Folhetim; No dia do Noivado e O Rapto dum Noivo. É ainda

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da sua produção teatral: Ave Agoureira, comédia em 3 actos, cuja estreia se deu no Teatro do Ginásio em 1874; A Família Mongrol, 3 actos; A Mãe de Minha Mulher, 3 actos; Antonieta Rigaud, 3 actos; A Pesca Milagrosa, 2 actos; As Recordações da Mocidade, 4 actos; Condecorado, 3 actos; Empresta-me a Tua Mulher, 2 actos; A Surpresa do Divórcio, 3 actos; Os Beijos do Diabo, ópera fantástica em 4 actos e 8 quadros e Os Carvoeiros, opereta em 1 acto; Zefa, episódio das lutas liberais, de um mal disfarçado reaccionário, 1907. Escreveu ainda A Petiza, melodrama cuja representação aconteceu no Teatro do Príncipe Real em 1902; uma adaptação do romance de Victor Hugo Nossa Senhora de Paris, 1908 e uma peça de costumes madeirenses, A Rosinha do Castelo, em 5 actos, estreada no teatro Nacional D. Maria II, em 1909. A sua obra mais conhecida foi o drama histórico, em 5 actos, Inês de Castro, cuja estreia se deu no Teatro da Rua dos Condes, em 1894.

Maximiliano de Azevedo, deixou traduzido um grande número de peças, entre as quais: O Segredo do Padre, de P. D.’ Aigremont e J. Dornay, levada à cena no Teatro do Príncipe Real em 1895; A Galdéria, de P. Decourcelle, em colaboração com Moura Cabral e estreada igualmente no Teatro do Príncipe Real; A Toga Vermelha, de Brieux e O Ás de Paus, de P. Decourcelle, em colaboração com Salvador Marques, também levada à cena no Teatro Príncipe Real em 1901; Tosca e A Feiticeira, de Sardou, estreadas no mesmo teatro, respectivamente em 1902 e 1905; A Consciência dos Filhos, de G. Dévore, estreada no Teatro Nacional, 1903; O Templo de Salomão, de A. Bourgeois e D’ Ennery, estreada no Teatro do Príncipe Real, em 1906 e as comédias italianas Um Fura Vidas, estreada no Teatro Nacional m 1874; Educação Errada, de A. Montignani, estreada no Teatro do Príncipe Real em 1895 e Purgatório de Casados, de E. Dominici, estreada no Teatro Ginásio.

Colaborou em diversos jornais de Lisboa onde deixou apreciável produção. Começou na Discussão, de cuja redacção, sendo ainda estudante, fez parte a convite de Pinheiro Chagas. De 1882 a 1884 foi redactor do Jornal da Noite, estando encarregue da secção de crítica teatral e colaborou ainda nos seguintes periódicos: Ocidente, Jornal de Domingo, Atlântico, Diário da Manhã, Revista de Ciências Militares, Ilustração de Portugal e Brasil, Contemporâneo, Arte, País e nos jornais da Horta: Faialense, União, Grémio Literário, entre outras publicações. Publicou sobre assuntos militares: Em Campanha e no Quartel, contos, 1910; Tiro das Bôcas de Fogo, 1889 e Marchas e Estacionamento, este trabalho de colaboração com Artur Perdigão.

Publicou, com D. João da Câmara e Raul Brandão, o Livro de Leitura para as escolas de instrução primária.

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Exerceu a crítica no Jornal da Noite, no período de 1882 a 1884. Publicou uma série de artigos sobre o Teatro da Rua dos Condes na revista Ocidente.

Tinha os graus de Cavaleiro e Oficial da Ordem de S. Bento de Avis.

AZEVEDO, Narciso

Narciso José da Silva de Azevedo nasceu no Porto em 1888, onde faleceu em 1969.

Escreveu três peças em que transparece o culto dos valores do passado: Paços do Encantamento, 1921; Auto da Perfeita Mensagem, 1924 e A Profecia de Gil Vicente, 1925. Nenhuma destas obras foi levada à cena.

BANDEIRA, Pedro

Pedro Bandeira nasceu no Porto em 1871 e faleceu em Lisboa no ano de 1945.

Foi autor de revistas, operetas e monólogos em verso, que reuniu depois em dois volumes. Estreou-se em 1902 com a comédia O Sacrifício de Abraão, representada no Teatro Carlos Alberto no Porto.

Da sua obra teatral destacamos a peça de costumes populares A Rosa do Minho, o drama num acto Crime de Mãe, publicado em 1912 e a comédia Aníbal, César & Cª, escrita em colaboração com F. Carvalho Mourão.

BAPTISTA, Armando

O actor e cantor Armando Mariano Batista nasceu em Lisboa, a 19 de Setembro de 1896 e faleceu em 1947.

Abandonou o liceu após a conclusão do 3º ano, para se matricular na Escola de Teatro do Conservatório Nacional, de onde saiu para se dedicar ao teatro.

Estreou-se no dia 23 de Junho de 1916 no Teatro da República, na revista Lisbia Amada, escrita por Lino Ferreira, A. Rocha e Henrique Roldão, com música de Luz Júnior e V. de Macedo

As principais produções teatrais em que participou foram: Sonho de Valsa, Princesa dos Dólares, O Dote, Noite e Dia, Severa, João José, Amor em Pó, Com Unhas e Dentes, Gato Maltês, Dama Roxa, Última Valsa, João Ratão, Quatro Cantinhos, Bichinha Gata, Palhaços, Cármen,

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O Toureador, O Fado, Uma Aventura, Médico à Força, Aqui d’El-Rei, Feira do Diabo, Deus Dará, Noite e Dia, De Ponta a Ponta, Leonor Teles e Palhaços.

Trabalhou nos vários teatros da cidade de Lisboa, Porto, Évora, Faro, Funchal e também em Espanha.

BAPTISTA, Carlos

O actor Carlos de Sousa Baptista nasceu em Lisboa, em 24 de Abril de 1899, onde veio a falecer a 8 de Janeiro de 1950.

Estreou-se em 1921, no drama de Sardou, Termidor, levado à cena no Teatro da Trindade. Fez parte, durante vários anos, da companhia teatral Satanela-Amarante, tendo-se dedicado ao teatro ligeiro. Apesar dessa opção, não deixou de fazer breves incursões no teatro declamado, nomeadamente em O Rosário, estreada no Teatro do Ginásio em 1926; Sete Mulheres e Papirusa, no Teatro da Trindade, em 1936, ambas ao lado de Palmira Bastos.

Teve, no campo cinematográfico, uma intervenção episódica no filme de Chianca de Garcia, O Trevo de Quatro Folhas, realizado em 1936 e interpretado por Carlos Baptista, Nascimento Fernandes, Beatriz Costa, Mafalda, Procópio Ferreira, Castelar, Augusto Costa e António Sacramento.

BAPTISTA, José

José Baptista nasceu em Lisboa, em 26 de Abril de 1869 e faleceu em Manaus a 15 de Maio de 1903.

Entrou para o ramo comercial em 1882 e, ao mesmo tempo, fez-se amador dramático. Passou depois a trabalhar na província até que, em 1891, foi escriturado para o Teatro do Rato, estreando-se no drama Filhos da Noite.

Fez alguns papéis importantes sob direcção cénica do actor Salazar. Quando o teatro fechou foi, com um grupo de artistas do Teatro D. Maria II dar alguns espectáculos fora de Lisboa e, de regresso, tornou para o Teatro do Rato, contratado pelo actor Freitas. Entrou ali na revista Feira da Ladra e nos dramas Conde de Monte Cristo, Duas Órfãs e Piratas.

Depois deste teatro, é contratado pelo empresário do Teatro do Ginásio em 1894 e lá se conservou algum tempo. Neste teatro entrou em quase todo o repertório, nomeadamente na Roça de Valentim e Primos de Minha Mulher, peças com que lá se estreou e nas seguintes: Zaragueta, Cadeia Perpétua, Corda Bamba, Saltimbanco, Receita dos Lacedemonios, Festa da Inauguração, Madrinha de Charley, Hotel do Livre Câmbio e Pimentas, entre outras.

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Do Teatro Ginásio passou para o Teatro do Príncipe Real, onde mais agradou. Incorporado nessa companhia foi a Manaus, Brasil, e a febre-amarela o vitimou.

BARBOSA, Alberto

Alberto Barbosa nasceu em Lisboa, no dia 8 de Junho de 1891 e faleceu em 12 de Junho de 1960.

Começou a sua actividade profissional como jornalista, nos tempos áureos dos periódicos O Mundo e A Manhã, estendendo a sua actividade pelos Ridículos, Azulejos, O Zé, Bandarilhas de Fogo e Ferros Curtos.

Consagrou-se ao teatro, não só como comediógrafo mas, principalmente, como empresário. Era um revisteiro por excelência.

Da sua vasta produção artística começamos por indicar as revistas: Ao Correr Da Fita, 1912, de Alberto Barbosa e Leandro Navarro, música de Luís Filgueiras e Luís Quesada; O 31, 1913, de Luís de Aquino (Luís Galhardo), Pereira Coelho, Alberto Barbosa, música de Tomás Del Negro e Alves Coelho; Alerta!, 1913, de Luís Galhardo, Alberto Barbosa, Pereira Coelho e Barbosa Júnior, música de Tomás Del Negro, Carlos Calderón e Alves Coelho; Dominó!, 1915, de Pereira Coelho, Alberto Barbosa, música, Tomás Del Negro e Carlos Calderon; Ás de Oiros, 1917, de José Moreno, Alberto Barbosa, música de Tomás Del Negro, Wenceslau Pinto e Luz Júnior; A Revolta, 1918, original de Alberto Barbosa, Pereira Coelho e Gustavo de Matos Sequeira, música de Tomás Del Negro e Carlos Calderon e Vasco de Macedo; Tic-Tac, 1921, de Alberto Barbosa, Xavier Magalhães, música de, Alves Coelho, Raul Portela e António Lopes; Piparote, 1922, de Alberto Barbosa, Luís Galhardo, Xavier de Magalhães e Lourenço Rodrigues, música de Luís Filgueiras, Raul Portela e Hugo Vidal; Fado Corrido, 1923, de Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães, Lourenço Rodrigues, música de Bernardo Ferreira de Raul Portela; Resvés, 1924, de Alberto Barbosa e Xavier de Magalhães, música de Hugo Vidal e Raul Portela; Vida Nova, 1925, de Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães, Lourenço Rodrigues, música de Tomás Del Negro, Raul Portela e Luz Júnior; Rataplan!, 1925, de Gregos e Troianos (Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes, João Bastos, Alberto Barbosa, Luís Galhardo e Xavier de Magalhães), música de Raul Portela e António Benavente; Foot-Ball, 1925, de autoria da parceria atrás indicada, música de Raul Portela; O Às de Espadas, 1926, cujo texto é também da mesma parceria, com música de Raul Portela e Angel Gomez; Pó De Arroz, 1926, de autoria da mesma parceria, música de Tomás Del Negro e Raul Portela; Fox-Trot, 1926, de

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«Uns e Outros», de Lino Ferreira, Pereira Coelho, Gustavo de Matos Sequeira, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães e A. Carneiro, música de Raul Portela, T. Joaquim de Almeida e Hugo Vidal; Malmequer, 1926, de Alberto Barbosa e Xavier de Magalhães, música de Hugo Vidal, Raul Ferrão e A. Gomez; Olarila, 1926, de Luís Galhardo, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães e Lourenço Rodrigues, música de Raul Portela e A. Lopes; Sempre Fixe, 1926, de Alberto Barbosa, Silva Tavares, Xavier de Magalhães e Lourenço Rodrigues, música de Wenceslau Pinto, A. Coelho e Raul Portela; Água Pé, 1927, de Irmãos Unidos (Luís Galhardo, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães, Lourenço Rodrigues, José Galhardo), música de Hugo Vidal, Angel Gomez e Frederico de Freitas; O Sete-E-Meio, 1927, de autoria da mesma parceria; A Reviravolta, 1927, de Luís e José Galhardo e Alberto Barbosa, música de Tomás Del Negro e Cruz e Sousa; A Rambóia, 1928, de Luís Silva, José Galhardo, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães e Manuel Santos Carvalho, música de Hugo Vidal, Raul Ferrão e Frederico de Freitas; Chá de Parreira, 1929, de José Galhardo, Alberto Barbosa e Xavier de Magalhães, música de Frederico de Freitas, A. Coelho, Wenceslau Pinto e Raul Portela; A Bola, 1930, de Alberto Barbosa e José Galhardo, música de Venceslau Pinto, Alves Coelho, Raul Portela; Biscaia Lambida, 1930, de José Galhardo, Vasco de Matos Sequeira, F. Ferreira e Alberto Barbosa, com música de autoria de A. Coelho, Wenceslau Pinto e Raul Portela; Ai-Ló (1931), de Félix Bermudes, João Bastos, Alberto Barbosa, música de Frederico de Freitas, António Melo; Toma, Teresa!, 1931, de Alberto Barbosa, Alberto Ghira, F. Ferreira e M. Fervença, música de Raul Portela, Wenceslau Pinto, Raul Ferrão, A. Gomez e A. Coelho; Pirulau, 1932, (de Cicranos e Beltranos), parceria constituída por Alberto Barbosa, Lino Ferreira, Xavier de Magalhães e Lourenço Rodrigues, música de Raul Ferrão e Raul Portela; Arraial, 1933, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana, música de Raul Ferrão, Raul Portela; Zé dos Pacatos, de Alberto Barbosa; José Galhardo, Vasco Santana, Xavier de Magalhães, música de Raul Portela, Raul Ferrão, Afonso Correia Leite; O Jogo Da Glória, 1934, de Alberto Barbosa, José Galhardo e Vasco Santana, e música de Frederico de Freitas e Wenceslau Pinto; Loja Do Povo, 1935, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana, Xavier de Magalhães, música de Raul Portela, Raul Ferrão e Afonso Correia Leite; Arre, Burro!, 1936, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana, Amadeu do Vale, música de Raul Portela, Raul Ferrão, Fernando de Carvalho; Olaré Quem Brinca, 1937, com a mesma parceria; A Estrela de Ouro, 1937, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana e Amadeu do Vale, música de Raul Portela, Raul Ferrão e Fernando de Carvalho; Rua d268a Paz, 1938, de Alberto Barbosa, José Galhardo e Amadeu do Vale, música de R. Ferrão, Frederico Valério e Carlos Dias; Eh, Real!, 1939, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Amadeu

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do Vale, música de Raul Portela, António Lopes, Frederico Valério; O Banzé, 1939, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana, Amadeu do Vale e Manuel Santos Carvalho, música de Raul Portela, Raul Ferrão e Fernando de Carvalho; A Marcha de Lisboa, 1941, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Fernando Santos, Almeida Amaral, música de Raul Ferrão, Carlos Dias; A Grande Paródia, 1941, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Fernando Santos e Almeida Amaral, música de Raul Ferrão e Carlos Dias; O Zé Povinho, 1942, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Fernando Santos e Almeida Amaral, música de R. Ferrão e Carlos Dias; Alerta Está!, 1943, de Alberto Barbosa, João Galhardo, António do Vale, Vasco Santana e Manuel Santos Carvalho, música de Raul Ferrão, Carlos Dias e Frederico Valério; O Fado da Mouraria, 1945, de Alberto Barbosa e José Galhardo, música de Fernando de Carvalho e Carlos Dias; Sempre em Pé!, 1946, de Alberto Barbosa, José Galhardo, música de Raul Ferrão e Carlos Dias; Se Aquilo que a Gente Sente, 1947, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana, Luís Galhardo, música de Raul Ferrão, Fernando de Carvalho, Frederico Valério; É de Gritos, 1950, de Alberto Barbosa, José Galhardo e Lourenço Rodrigues, música de Raul Ferrão, Fernando de Carvalho, Jaime Mendes, João Nobre e Carlos Dias; Sempre em Festa, 1950, de Alberto Barbosa, José Galhardo e Fernando Ávila, música de Raul Ferrão, Jaime Mendes, Frederico de Freitas, Carlos Dias e Fernando de Carvalho; Daqui Ninguém me Tira, 1951, de Alberto Barbosa e Amadeu do Vale, música de R. Ferrão e Carlos Dias; Sol de Portugal, 1951, de Alberto Barbosa, José Galhardo e Amadeu do Vale, música de vários autores; Eva no Paraíso, 1953, de Alberto Barbosa, Lourenço Rodrigues, música de António Melo, João Nobre, Miguel de Oliveira; Lisboa Antiga, 1953, de Alberto Barbosa, Fernando Santos, Almeida Amaral, e Lourenço Rodrigues, música de João Nobre, Alves Coelho e Miguel de Oliveira; Mãos no Ar, 1954, de Alberto Barbosa, Fernando Santos, Almeida Amaral e Lourenço Rodrigues, música de João Nobre e M. de Oliveira e De Bota Abaixo, 1955, de Alberto Barbosa e L. Rodrigues, música de João Nobre e Carlos Dias.

No capítulo do teatro declamado, a vasta produção de Alberto Barbosa compreende operetas de costumes populares, com destaque para A Gandaia, 1928, com Luís e José Galhardo; Coração de Alfama, 1935, com Amadeu do Vale, José Galhardo e Vasco Santana; Senhora da Atalaia, 1937; Ribatejo, 1939; O Colete Encarnado, 1940 e A Rosa Cantadeira, estreada em 1944.

No campo das adaptações e traduções, Alberto Barbosa é responsável por cerca de meia centena de peças estrangeiras, escolhidas em função das possibilidades de êxito. A maior parte era constituída por farsas e comédias espanholas, que fizeram longas carreiras. Assim: A Malquerida, com Lúcio Escorcio; O Pardal Maluco, com Lino Ferreira e Xavier de Magalhães; Boa Noite, Sr. Borges, com José Galhardo, Santos Carvalho e Vasco

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Santana; O Crime Da 5ª Avenida, com Félix Bermudes e João Bastos; A Menina do Coro, com José Galhardo, Vasco Santana e Xavier de Magalhães; Sopa de Massa, com Lino Ferreira, Álvaro Santos, Lopo Lauer e Silva Tavares; Desculpa Ó Caetano, com José Galhardo, Vasco Santana e Santos Carvalho; Ó Costa, Vai-Te Matar, com Carvalho Mourão, José Galhardo, Santos Carvalho e Vasco Santana; É Agora, Ó Nicolau, com José Galhardo e Vasco Santana; A Cadeira Nº 13, com Pereira Coelho; O Menino Virtuoso, com José Galhardo; Sangue Azul, com José Galhardo, Luís Galhardo e Vasco Santana, adaptada de uma peça espanhola; A Culpa é do Bibi, com José Galhardo e Vasco Santana; A Flor De Laranjeira, com Lino Ferreira e Xavier de Magalhães; O Grão de Bico, com Lino Ferreira, Álvaro Santos, Silva Tavares e Xavier de Magalhães; O Coca Bichinhos, com Lino Ferreira e Xavier de Magalhães; O Jorge Cadete, com Lino Ferreira, Silva Tavares e Xavier de Magalhães; Flor de S. Roque, com Luís Galhardo; Três Contra Um, com Vitor Lopes e Santos Carvalho; O Crime do Cochicho, com Lino Ferreira, subida à cena no Éden-Teatro; Os Gaviões, com Acácio Antunes e Xavier de Magalhães; O Amor Perfeito, A Menina Amélia, com José Galhardo, Vasco Santana e Santos Carvalho; O João-Ninguém, com José Galhardo; O Padre Piedade, e A Formiga entre muitos outros trabalhos.

Para a sétima arte, escreveu os diálogos e o argumento dos filmes: A Canção de Lisboa, Maria Papoila, e Capas Negras.

Alberto Barbosa foi secretário de Luís Galhardo e Teixeira Marques. Foi empresário de vários teatros de Lisboa e Porto. Durante muitos anos, e até à sua demolição em 1947, foi empresário do Teatro Apolo.

Foi sócio fundador da Associação dos Autores Dramáticos e da Sociedade dos Escritores e Compositores Teatros.

BARBOSA, Ascensão

António de Ascensão Barbosa nasceu no Porto, em 24 de Maio de 1900 e faleceu em Lisboa, a 10 de Setembro de 1955, onde exerceu advocacia.

Foi um dos mais credenciados autores de teatro ligeiro e teve uma importante parceria com Abreu e Sousa, em farsas, operetas e revistas, iniciada em 1920 com a revista Bomba Real, em que predominam as obras desse género. Mencionam-se as farsas: O Tavares Rico, A Mulher de Virtude, 1934; A Bicha de Rabiar, As Meninas Pires, 1936, de que também foi co-autor Félix Bermudes; A Sopa Juliana, comédia em 3 actos, escrita em colaboração com Abreu e Sousa e representada pela primeira vez no Teatro Avenida, em 2 de Fevereiro de 1938, com a interpretação de Maria Matos, Maria Helena, Lúcia Mariani, Rosina Rego, Laura Fernandes, Maria Reis, Idalina Lopes, Assis Pacheco, Joaquim Prata, António Palma,

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Joaquim Miranda, Francisco Costa, Hermano Rio, José Morais, Alfredo Pereira e José Monteiro; Os Pires de Sacavém, escrita em 1924 e reposta em cena em 1960 com o título Os Primos Basílios. Todas estas obras foram representadas pela companhia de Maria Matos no Teatro Avenida, além do episódio bíblico em verso Nosso Senhor, escrito em colaboração com Abreu e Sousa em 1930 e representado no Teatro Variedades neste mesmo ano. Com este colaborador escreveu também O Bicho do Mato, peça representada no Teatro Avenida em 1932.

O estilo das suas farsas assenta na crítica de uma pequena burguesia pelintra que presume de abastada, o que provoca o seu envolvimento em situações equívocas exploradas pelo lado caricatural.

Ao nível de operetas, destaca-se Os Vareiros, estreada no Teatro Apolo e Miss Lisboa, também levada à cena neste teatro em 1934, a primeira, escrita em colaboração com H. Campos Monteiro e, a segunda, com Félix Bermudes. Traduziu As Fontes Luminosas, de Berr e Verneuil, estreada no Teatro Avenida em 1936; as comédias O Quarto Azul, de Y. Mirande e H. Géruole, levada à cena no Teatro Apolo em 1932; Morena Clara, de A. Quintero e Guillén, estreada no Teatro Variedades em 1936; O Fiel Amigo, de T. Berbard, Y. Mirande e G. Quinson, também no mesmo Teatro em 1944.

Estreou-se no Porto, aos 18 anos, com a revista Pim-Pam-Pum, em colaboração com o actor Gil Ferreira, revista essa estreada no Teatro Águia de Ouro.

BARBOSA, Carvalho

Luís Antero de Carvalho Barbosa nasceu no Porto, em 3 de Janeiro de 1884, onde faleceu a 17 de Agosto de 1936.

A sua primeira peça, a comédia Figuras do Passado, estreou-se em 1906.

Teve uma parceria com Arnaldo Leite, conhecida nos ambientes teatrais como a “Parceria do Porto”, para se distinguir da que, em Lisboa e na mesma época, constituíram com Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e João Bastos.

A colaboração com Arnaldo Leite teve início em 1908, com a comédia A Sombra da Torre e nas revistas Já te Matei e Contas do Porto e dela resultaram, entre comédias, revistas e operetas, cerca de sessenta títulos. Destes, os mais lembrados dessa colaboração foram a trilogia O Amor, O Beijo e A Mulher, ciclo de revistas-fantasias, representadas no Porto nos anos de 1915, 1916 e 1917; as operetas: Miss Diabo, interpretada pela Companhia Satanela-Amarante no Teatro Politeama em 1921; O Gordo da Ribeira, levada à cena no Teatro Carlos Aberto, no Porto, em 1927,

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protagonizada por Cremilda de Oliveira e A Catraia do Bulhão, levada à cena no Teatro Sá da Bandeira, do Porto, em 1936, protagonizada por Mirita Casimiro; a farsa em 3 actos, Cama, Mesa e Roupa Lavada, estreada no Teatro Avenida em 1922 e que proporcionou a Chaby Pinheiro uma das suas mais notáveis criações. São de referir também, O Homem da Capa Preta, estreada no Teatro Sá da Bandeira, em 1922, com interpretação de Adelina e Aura Abranches; Ser ou Não Ser, também neste teatro em 1924; as farsas O Dr. Xabregas e O Ladrão, 1912; a comédia lírica Flor da Rua, 1913; as comédias Quem Deus Levou, 1916; Tenório Júnior, 1916, O Homem da Capa Preta, 1923; Ser ou Não Ser, 1924, Uma Velha que Tinha um Gato, levada à cena no Teatro Sá da Bandeira, em 1925, interpretada por Maria Matos e Nascimento Fernandes e o drama O Pão, a Terra e o Lar, estreado no Teatro São João, no Porto, no ano de 1930, protagonizado por Alves da Cunha.

Juntaram-se ambos a Augusto Veras, para escrever a comédia X e a Alfredo Miranda, para a peça de viagens Robinson.

Fora da parceria, Carvalho Barbosa escreveu, em 1907, as comédias Ossadas, Casa, Pucarinho; Quem Matou Abel?, peça policial num acto, em 1912 e Quem Deus Matou, estreada no teatro Nacional em 195, bem como um livro, escrito em 1914, àcerca de pessoas e factos do teatro, intitulado Figuras de Passar.

BARBOSA, José O cenógrafo José Barbosa nasceu em 1900 e faleceu em 1977.Homem culto e viajado, com fascinação pelos Ballets Russos, foi um

dos nossos mais modernos desenhadores teatrais.O seu primeiro trabalho foi para a companhia de Luísa Satanela e

Estêvão Amarante, na revista Água-Pé, estreada no Teatro Avenida em 1927, de autoria de Luís Galhardo, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães, Lourenço Rodrigues e José Galhardo. Teve interpretação, entre outros dos artistas: Luísa Satanela, Estêvão Amarante, António Silva, Francis, Maria Santos, Josefina Silva, João Silva, Jorge Grave e Salvador Costa. Foi um êxito estrondoso. Era uma revista que respirava modernidade e que juntou outros talentos jovens, como foi o caso do bailarino Francis e do compositor Frederico de Freitas.

José Barbosa tinha então 27 anos e impôs-se de imediato neste meio com um traço inovador passando, de imediato, a desenhar trabalhos para outras revistas, tragédias, bailados, óperas, comédias e teatro infantil. O seu percurso no mundo do espectáculo foi de tal relevo, que foi considerado o maior desenhador teatral português, do século XX.

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José Barbosa obteve enormes sucessos nos palcos, designadamente com as revistas: A Rambóia, 1928; Chá de Parreira, 1929; Ai-Ló e Mexilhão, 1931; Pirilau, 1932; Areias de Portugal; Pernas ao Léu, 1933, entre outras, num total de 21 revistas, desenhadas entre 1927 e 1950.

Amélia Rey Colaço, requisitou também o talento deste artista, principalmente em Amadis de Gaula, de Gil Vicente, versão de Júlio de Castilho estreado em 1935; A História da Carochinha, de Eduardo Schwalbach, em 1935; Sua Excelência, de Gervásio Lobato, em 1936; a tragédia Maria Stuart, de Friedrich Schiller, em 1938; Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare, em 1941; Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, em 1943; e Santa Joana, de George Bernard Shaw, em 1956.

Por último, é de enaltecer o trabalho que José Barbosa fez para a Rainha Santa, de Rui Chianca, em 1933, a convite de Ilda Stichini e Ester Leão e levado à cena no Teatro de S. Carlos; os trabalhos que fez para a Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio; para a Companhia de Francisco Ribeiro “Ribeirinho”; para Os Comediantes de Lisboa, onde se cita O Cadáver Vivo, 1946, de Léon Tolstoi, O Morgado de Fafe em Lisboa, 1948, de Camilo Castelo Branco, A Dama das Camélias, 1949, de Alexandre Dumas Filho; para o Teatro do Povo, a Castro, 1952, de António Ferreira, O Traído Imaginário, 1952, de Molière; para o Teatro Nacional Popular, Noite de Reis, 1957, de William Shakespeare e Sabina Freire, 1969, de Manuel Teixeira Gomes, entre muitos outros trabalhos de figurinos e cenários.

BARRADAS, Jorge

Jorge Nicholson Moore Barradas nasceu em Lisboa, em 16 de Julho de 1894, onde faleceu em 1971.

Desenhador, pintor, gravador e ceramista, foi um dos artistas que contribuíram, com o seu traço estilizado em que se insinuam sugestões satíricas, para a renovação da decoração teatral nos anos 20 do século XX, tanto no teatro declamado, como na revista. No teatro declamado fez um trabalho interessante para o 3º e 4º actos da peça Zilda, de Alfredo Cortez, representada no Teatro Nacional D. Maria II em 1921, bem como para a revista O Sete e Meia, levada à cena no Teatro Apolo em 1927; na revista Ó Ricócó, no teatro Maria Vitória, em 1929; na Cigarra e a Formiga, estreada no Teatro da Trindade em 1930; O Canto da Cigarra e Pernas ao Léu, ambas levadas à cena no teatro Variedades, respectivamente em 1931 e 1933.

Foi também um dos mais populares ilustradores, tendo colaborado em O Sempre Fixe. Em 1925 participou na decoração do Bristol Club e executou duas telas para a Brasileira do Chiado. Em 1945 lançou-se como

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ceramista. Ao longo dos anos 40 e 50 a sua pintura seguiu de perto, no formalismo decorativo, as peças e os desenhos de cerâmica, amaneirando-se num grafismo mais frágil que gracioso.

BARRETO, João

O actor e escritor, João Carlos de Melo Barreto nasceu em Lisboa, em 3 de Julho de 1873, onde faleceu a 26 de Janeiro de 1935.

Jornalista, escritor e diplomata entrou, desde muito novo, para a vida da imprensa. Além de colaborar em muitos periódicos, principalmente em artigos de crítica teatral e de música, foi redactor efectivo do Jornal da Noite, Arte Musical, Correio Nacional, Tarde, Repórter, Novidades, Revista Teatral, Ocidente, Gazeta dos Caminhos de Ferro, Ecos da Avenida e Diário Ilustrado.

Foi durante muitos anos o correspondente de O País, do Rio de Janeiro.

O teatro deve-lhe, além de modelares traduções das melhores obras de Bataile, Bernstein, Tolstoi, R. de Flers e outros, algumas peças originais, tais como: As Violetas, opereta que, com música de Freitas Gazul, se representou no Teatro da Trindade em 1892; Em Pé de Guerra, ópera cómica em 3 actos e 4 quadros e Vizinha a Saltar, revista escrita em colaboração com Câmara Lima.

No campo da tradução referimos A Hospedeira, de Goldoni, levada à cena no Teatro Nacional D. Maria II em 1899; Um Pai Pródigo, de Dumas filho, também representado no mesmo teatro em 1900; As Semi-Virgens, de M. Prévost, levada à cena no Teatro Dona Amélia em 1901; Madame Flirt, de P. Gavault e G. Berr, levada à cena no mesmo teatro em 1902; Ressureição, adaptada por H. Bataille do romance de Tolstoi, também estreada no mesmo teatro no ano de 1903; A Pedra de Toque, de Augier e Sandeau, estreada no Teatro Nacional em 1904; A Rajada, de Bernstein, no Teatro Dona Amélia em 1906; Minha Mulher Noiva Doutro, de P. Gavault, também no mesmo teatro em 1909; Primerose, de Flers e Caillavet e O Clube dos Suicidas, de Mouézy-Éon e P. Armont, também estreadas no Teatro Dona Amélia em 1912; A Última Tortura, de A. De Lord, levada à cena no teatro Sá da Bandeira, no Porto, em 1912; A Menina de Chocolate, de P. Gavault, estreada no teatro do Ginásio em 1912; A Marcha Nupcial, de Bataille e A Honra Japonesa, de P. Anthelme, estreada no Teatro Nacional em 1913; A Labareda, de Kistemaeckers e Papá, de Flers e Caillavert, levadas à cena no teatro República em 1913; O Mistério do Quarto Amarelo, de G. Leroux, no Teatro do Ginásio em 1913; A Bela Aventura, de Flers e Caillavert, no Teatro de S. Carlos em 1914; A Força do Destino, de P. Hervieu, no mesmo teatro em 1915; A Sopa do Mel, de P.

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Gavault, no Teatro do Ginásio em 1915; O Escândalo, de Bataille, estreada no teatro Nacional em 1916; O Manequim, de Gavault e Os Três Noivos de Germana, de Berr e Verneuil, estreadas no teatro do Ginásio em 1916; Reservado para Senhoras, de Hennequin e Veber, O Altar da Pátria, de Bernstein e Marionettes, de P. Wolff, levadas à cena no mesmo teatro em 1918; Géneros Alimentícios, de Y. Mirande e G. Montignac, estreadas no Teatro S. Luís em 1918; Bodas de Prata, de P. Géraldy e O Encoberto, de Berton, no Teatro Nacional em 1919 e Montmartre, de P. Frondai, também estreada neste teatro em 1920.

Tendo acompanhado desde a sua entrada no jornalismo, o partido regenador, aderiu ao novo regime logo que a República se implantou e nela veio a desempenhar cargos de grande relevo, desde director geral do Congresso a Ministro de Estado e, por fim, Embaixador de Portugal em Espanha.

Foi secretário da empresa do Real Teatro de S. Carlos, entre 1897-1898. Era sócio fundador da Associação dos Jornalistas.

BARRETO, Luís

Luís Barreto da Cruz nasceu em Lisboa em 1872 e faleceu no Porto em 1948.

Jornalista e diplomata foi autor de uma tese de concurso para professor do Conservatório Nacional, que publicou em 1912 com o título O Teatro Português Existe? e de três peças: Lei Mais Forte, escrita em colaboração com Amadeu de Freitas, representada em 1905 pela companhia do Teatro Moderno; Um Lar, de que foi colaborador Manuel Neves, levada à cena no Teatro Nacional em 1908 e À Margem do Código, estreada no mesmo teatro em 25 de Janeiro de 1910, na interpretação de Inácio Peixoto, Carlos Santos, Augusto de Melo, Cristiano de Sousa, Luís Pinto, Palmira Torres e Augusta Cordeiro.

Em 1914 o Teatro do Ginásio levou à cena a sua peça policial O Crime da Avenida 33, escrita em colaboração com Bento Mântua, que reflecte o estilo, então muito em voga, dos dramas e romances de Gaston Leroux ou de Maurice Leblanc.

BARROS, Amélia

A actriz Amélia Barros nasceu em 1842 e faleceu em 1929.

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Representou, pela primeira vez, no antigo Teatro Esperança, do Funchal, com um grupo de teatro de amadores no drama Cinismo, Cepticismo e Crença, de autoria de César de Lacerda, e na comédia Entre a Bigorna e o Martelo, de Paulo Midosi.

Saindo dali para os Açores, estreou-se no Teatro Micaelense, de Ponta Delgada, no drama Os Homens Ricos, de Ernesto Rodrigues.

Passados alguns anos veio para o continente, onde se iniciou no Teatro do Príncipe Real do Porto, na opereta de Cardim Joana do Arco. Esteve neste teatro uma época. Depois, foi para Lisboa em 1876, para se estrear no Teatro da Trindade, na comédia em 1 acto Um Favor ao Procópio. A partir daqui a sua carreira foi magnífica, entrando em muitas peças, designadamente em: Giroflé-Giroflá, Almas do Outro Mundo, Graziela, Barba Azul, Duende, D. Juanita, Bocácio, Niniche, Cigarra, Gato Preto, Moira de Silves, Burro do sr. Alcaide, Sal e Pimenta, Fado do Amor, Gata Borralheira e Em Pratos Limpos.

Fez digressões ao Brasil, onde foi recebida com a maior admiração.

BARROS, Carlos

O actor Carlos António Barros nasceu em Lisboa, em 10 de Março de 1898 e faleceu a 13 de Fevereiro de 1962.

Estreou-se como actor no dia 7 de Abril de 1906 no Teatro Apolo, na Companhia Ruas, através do drama Inês de Castro.

As principais peças onde participou, foram: Sonho Dourado, Casta Susana, Viúva Alegre, Eva, Amores de Príncipes, Dote, Solar dos Barrigas e Sonho de Valsa.

Actuou nos principais teatros de Lisboa, África, província e Brasil. Era casado com a actriz Salete Barros.

BARROS, Corrêa de

José Augusto Corrêa de Barros nasceu no Porto, em Outubro de 1835 e faleceu nos primeiros anos do século XX.

Engenheiro civil e deputado, fez representar no Teatro Nacional D. Maria II os dramas Expiação, em 1857, que escreveu enquanto estudante da Universidade de Coimbra; Nobreza, em 1864, protagonizado por Emília Adelaide; A Cruz do Matrimónio, tradução do espanhol, em 1865 e a comédia original em 1 acto, Fisiologia do Casamento, levada à cena em 1866, protagonizada por Manuela Rey.

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Traduziu do francês os dramas Suplício duma Mulher, de E. Girardin e Os Íntimos, de Sardou.

BARROS, Figueiredo de

Jorge Manuel Pujol Figueiredo de Barros nasceu em Lisboa em 1929, onde faleceu em 1981.

Escreveu várias peças originais ou adaptadas, escritas para a rádio e televisão. Escreveu para a cena, sem que no entanto tivessem sido representadas, as peças: O Moinho, A Secretária, O Vale Esquecido e O Criado do Marajá, entre outras.

BARROS, Leitão de

José Júlio Marques Leitão de Barros nasceu no dia 22 de Outubro de 1896, na freguesia de Santa Isabel, no Porto e faleceu em Lisboa, a 29 de Junho de 1967.

Cursou o liceu, a Escola de Belas Artes, as Faculdades de Ciências e Letras de Lisboa e a Escola Normal Superior da Universidade Lisboa. Professor liceal de Desenho e Matemática (nomeadamente, no Liceu Passos Manuel, em Lisboa), seriam, porém, outras actividades que o haviam de tornar um dos maiores vultos públicos da sua geração.

O jornalismo, que inicia em 1916, seria a mais constante e prolongada, tendo colaborado nos principais jornais do seu tempo com artigos, reportagens, entrevistas, críticas e crónicas (ficaram célebres a entrevista a Salazar em O Século e as crónicas que, sob o título genérico «Corvos», publicou no Diário de Notícias entre 1953 e 1967) e que editou em livro esgotando várias edições. No jornalismo, Leitão de Barros foi fundador e dirigiu o Domingo Ilustrado, um semanário que evoluiu para o Notícias Ilustrado, edição semanal do Diário de Notícias de Lisboa. Mais tarde ingressou na Sociedade Nacional de Tipografia, proprietária de O Século, como director de O Século Ilustrado.

Trabalhou como jornalista em A Capital, O Dia e em vários jornais brasileiros, entre os quais a Tribuna de Imprensa, do Rio de Janeiro, o célebre jornal de Carlos Lacerda.

Também como pintor se destacou e o mérito reconhecido em exposições e prémios, em Portugal e no estrangeiro. Foi, aliás, durante anos, Director da Sociedade Nacional de Belas Artes.

No teatro colaborou como autor e cenografista sendo, aliás, um dos principais renovadores da cenografia em Portugal, nos anos 20. Neste

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campo cenografou várias peças para Amélia Rey Colaço, no Teatro Ginásio, no Teatro S. Carlos e, até no teatro ligeiro deu o seu contributo renovador, montando e dirigindo as revistas que lançaram a actriz Beatriz Costa.

A concepção monumental de festejos históricos (tão do agrado do Estado Novo) foi outra das suas facetas, que o tornaram conhecido. A «tradição» das marchas populares de Lisboa foi ele quem a criou. O Cortejo das Viaturas, em 1934, o Cortejo da Embaixada do Século XVIII, em 1936, o Cortejo Medieval e o Torneio Medieval dos Jerónimos, no ano de 1938, as Festas Centenárias, em 1940, a Exposição do Mundo Português, também em 1940, de que foi secretário, o Cortejo Histórico das Festas Centenárias de Lisboa, 1947, eis algumas das iniciativas onde esteve activamente presente, dirigindo, concebendo, propondo. A Feira Popular de Lisboa teve nele, em 1943, um dos decisivos promotores e, quando o regime precisava de organizar recepções triunfais ia buscá-lo. Orientou as seguintes recepções a Franco e à Rainha Isabel II.

No cinema está presente desde 1918, através da Lusitânia Film – uma das várias efémeras tentativas de lançar uma produção industrial, que em Portugal nas décadas de 10 e 20. Realiza, então, dois filmes e deixa um terceiro incompleto. Da sua filmografia iriam fazer parte alguns dos mais marcantes momentos do cinema português dos anos 30 e 40.

No teatro, trabalhou com encenador e como autor e escreveu as comédias num acto: 30 H P, com Ilda Stichini como protagonista, e ainda Maria Matos e Mendonça de Carvalho, levada à cena no Teatro Apolo em 1923; O Idílio das Mães e A Aposta das Lágrimas, 1922, O Homem que Passa, peça em 1 acto, levada à cena no Teatro Nacional, em Janeiro de 1923, com a participação de Ana de Oliveira, Laura Kimel e Luis Pinto; O Ramo de Violetas, 1923 representadas por Palmira Bastos; Náufragos, peça de Fernanda de Castro Ferro, cuja montagem cenográfica sofreu uma apresentação modernista por Leitão de Barros; Um Actor à Volta de Seis Papéis, 1925; Se Eu Quisesse, comédia de Geraldy, onde Leitão de Barros colaborou como decorador teatral, e que Ilda Stichini representou excelentemente. A tradução foi de Carlos Abreu e Maria Sottomayor e deu 30 representações.

Três décadas volvidas, durante as quais desenvolveu a carreira cinematográfica, tornou ao teatro com duas peças que alcançaram grande êxito de bilheteira: Prémio Nobel, publicada em 1955 em colaboração com Fernando Santos e Almeida Amaral e Avó Lisboa, respectivamente estreadas em 1954 e 1956 no Teatro Nacional. Grande parte desse êxito ficou a dever-se ao que nelas era oportuna exploração de temas da actualidade: a atribuição ao professor Egas Moniz no Nobel de Medicina, a especulação imobiliária e as negociatas da construção civil. Nesta peça, para além de autor foi também o responsável pela encenação. A estreia

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deu-se no Teatro Nacional, dia 7 de Fevereiro, com Palmira Bastos, Vasco Santana, Erico Braga, Pedro Lemos, Luz Veloso e Hortense Luz.

Como cenógrafo, deve-se a Leitão de Barros uma vasta colaboração. No Teatro Nacional D. Maria II foi o responsável pelas seguintes produções:

A Rival, peça de autoria de Henry Kiestmaeckers e Eugène Delard, tradução de José Paulo da Câmara, cenografia de Leitão de Barros e Frederico Aires e interpretação de Palmira Bastos, Amélia Rey Colaço, Robles Monteiro e Henrique de Albuquerque, estreada a 14 de Julho de 1922.

A Ribeirinha, de Francisco Lage e João Correia de Oliveira, cenografia de Leitão de Barros e Martins Barata, interpretação de Amélia Rey Colaço, Robles Monteiro, Gil Ferreira, estreada a 1 de Março de 1923.

A Hora Imaculada, de Dario Niccodemi, tradução de Augusto Gil e encenação de Amélia Rey Colaço, cenografia de Leitão de Barros e interpretação de Amélia Rey Colaço e Raul de Carvalho, estreada em 19 de Abril de 1926.

Colaborou numa extensa filmografia, onde se destaca, Malmequer (1918); Mal de Espanha (1918); Sidónio Pais (1918); O Homem dos Olhos Tortos (inacabado, 1918); Festas da Curia (1926); Nazaré, Praia de Pescadores (1929); Lisboa, Crónica Anedótica (1930); Maria do Mar (1930); A Severa(1935); As Pupilas do Senhor Reitor (1935); Bocage (1936); Maria Papoila (1937); Legião Portuguesa (1937); Mocidade Portuguesa (1937); Varanda dos Rouxinóis (1939); A Pesca do Atum (1939); Ala-Arriba! (1942); A Póvoa de Varzim (1942); lisboa e os Problemas do Seu Acesso (1944); Inês de Castro (1945), realizado em três versões e para o qual, pela primeira vez, um artista português dirigiu uma obra em estúdios estrangeiros e que foi considerada obra de interesse nacional pelo Ministério da Educação de Espanha, onde o seu trabalho obteve clamoroso êxito e lhe deu jus ao 1º prémio da cinematografia espanhola; Camões (1946), conquistando o Grande Prémio do Secretariado Nacional da Informação para o melhor filme do ano; Vendaval Maravilhoso (1949); A Última Rainha de Portugal (1951); Relíquias Portuguesas no Brasil (1959); Comemorações Henriquinas (1960); A Ponte da Arrábida sobre o Rio Douro (1961); Escolas de Portugal (1962); A Ponte Salazar sobre o Rio Tejo (1966).

Além da Grã-Cruz da Ordem de Santiago, atribuída pelo Marechal Carmona, Leitão de Barros possuía o grau de Grande-Oficial da Ordem de Cristo e de Afonso o Sábio (condecoração espanhola). Com os seus «Corvos» conseguiu o Prémio Júlio César Machado, destinado a galardoar o melhor cronista de Lisboa.

Foi, ainda, fundador do Grupo Amigos de Lisboa e director da Sociedade Nacional de Belas Artes.

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Publicou, entre outros trabalhos, Elementos de História da Arte e recebeu expressivas homenagens, tanto pelas suas obras cinematográficas como literárias.

Revelou-se bastas vezes um conferencista brilhante, nomeadamente, com a conferência que, em 1947, pronunciou no salão do Século sobre «Cinema - Conceitos e Suas Relações».

Leitão de Barros era genro do grande mestre aguarelista Roque Gameiro e era casado com a talentosa pintora Helena Roque Gameiro Leitão de Barros.

BARROS, Mário

Mário Barros nasceu em Lisboa, em 11 de Outubro de 1896 e faleceu no dia 2 de Março de 1972.

Era sócio da Sociedade de Escritores e Compositores desde o seu início, ascendendo nela ao cargo de Presidente do Conselho Fiscal, cargo que vinha exercendo há muitos anos, até falecer.

Era neto da actriz Amélia Barros, irmão da actriz cantora Raquel Barros. Desde muito novo que o teatro constituía para ele uma autêntica devoção. Deliciava-se a falar de peças, de autores e de artistas e só por motivo imperioso faltava a uma estreia.

Deixou o seu nome ligado a numerosas peças, umas, originais, como o Auto do Cristo Redentor; Milagre de Fátima; Quem Tiver Filhas no Mundo; Marcha de Alfama; outras, traduzidas, quer do género declamado, A Mulher; Eterna Mocidade; Miss França, Pijama Nupcial, quer do género musicado, Princesa Manequim; Príncipe Orlof; A Bayadera; Paganini; Ás de Cinema; A Violeta de Montmartre; Cló-Cló e O Moinho do Diabo. Trabalhou com diversos colaboradores, designadamente, Acácio Antunes, Arnaldo Brandeiro, Avelino de Sousa, Feliciano Santos e Mário Monteiro.

BARROS, Nelson

Nelson Cesário Monteiro Barros nasceu em Lisboa em 1924, onde faleceu no ano de 1966.

Foi colaborador de numerosas revistas portuguesas a que imprimiu um cunho de bom gosto e imaginação renovadora. Escreveu, com Luna de Oliveira, a farsa em 3 actos A Ama Seca, representada em 1941 no Teatro Avenida pela companhia da actriz Maria Matos e adaptou, com Francisco Matos e Carlos Wallenstein, O Inspector-Geral de Gogol, para a inauguração do Teatro Villaret em 1965.

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Das revistas em que colaborou, destacamos: Ora Vai Tu!, escrita em colaboração com Aníbal Nazaré, representada no Teatro Maria Vitória em 1940, com a interpretação de Carmencita Aubert, Álvaro Pereira. Virgínia Soler, Carminda Pereira, Alfredo Ruas, Barroso Lopes, Armando Machado, Maria Amélia, Maria Luísa e Mafalda; Cantiga da Rua, em colaboração com Ascensão Barbosa, estreada no Teatro Maria Vitória em 1943, com a participação de Mirita Casimiro, Vasco Santana, Ribeirinho, Costinha, Barroso Lopes, Luísa Durão, Maria Luísa, Natália Viana e Domingos Marques; Há Festa no Coliseu, em colaboração com Ascensão Barbosa e Aníbal Nazaré, levada à cena em 1944 no Coliseu dos Recreios de Lisboa, com o elenco: Irene Isidro, Álvaro Pereira, Costinha, Barroso Lopes, Luísa Durão, Carlos Alves, Maria Luísa, Maria Graça, Domingos Marques, Ricardo Santos Carvalho e Maria Sidónio; Bolacha Americana, em colaboração com Ascensão Barbosa e Aníbal Nazaré, levada à cena no Teatro Apolo em 1945, com a colaboração de Hermínia Silva, Costinha, Carmencita Aubert, Ricardo Santos Carvalho, Alfredo Ruas, Luísa Durão, Carlos Alves, Maria Sidónio e António Mestre; Estás na Lua, da mesma parceria, estreada em 1946 também no Teatro Apolo, com a interpretação de Laura Alves, Costinha, Amália Rodrigues, Luísa Durão, Maria Clara, Soares Correia e Maria Sidónio; Tá Bem ou Não Tá?, da mesma parceria, levada à cena no Teatro Avenida em 1947, com a colaboração de Laura Alves, Álvaro Pereira, Ribeirinho, João Villaret, Maria Luísa, Carlos Alves, Georgina Cordeiro e Arminda Vidal; Feira da Avenida, escrita em colaboração com os mesmos parceiros, estreada no Teatro Variedades em 1949, com um elenco constituído por Irene Isidro, António Silva, Alfredo Ruas, Maria Luísa, Aida Baptista, Carlos Alves, Guilherme Kijolner e João Villaret; Melodias de Lisboa, escrita em colaboração com Fernando Santos e João Villaret, representada no Teatro Monumental em 1955, com a participação de Laura Alves, João Villaret, Assis Pacheco, Mimi Gaspar, Camilo de Oliveira, Raul Solnado, Fernando Lima e Águeda Sena; Há Horas Felizes, em colaboração com José Galhardo e Carlos Lopes, levada à cena no Teatro Variedades em 1957, com Vasco Santana, Bibi Ferreira, Costinha, Raul Solnado, Carlos Coelho, Rui de Carvalho, Alda Pinto e Gisèle Robert; Vinho Novo, escrita com Fernando Santos e Paulo Fonseca, estreada no Teatro ABC em 1958, com Aida Baptista, Álvaro Pereira, José Viana, António Montês, Carlos Coelho, Clarisse Belo, Raul Solnado, Leónia Mendes, Yola e Paulo e Loris Velli; Delírio de Lisboa, em colaboração com Fernando Santos, estreada no mesmo teatro em 1959, com Cármen de Lírio, Aida Baptista, Berta Loran, José Viana, Raul Solnado, Hortense Luz, Carlos Coelho e Helena Tavares; Está Bonita a Brincadeira, escrita com o mesmo colaborador e estreada no Teatro Avenida em 1960, com a participação de Milú, Humberto Madeira, Raul Solnado, Carlos Coelho, Berta Loran, Helena Tavares, Maria Cristina e

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Emílio Correia e Bate o Pé, escrita com o mesmo em 1961, estreada no Teatro ABC, com Hermínia Silva, Ivone Silva, Maria Adelina, Susana Prado e Mariema.

BARROS, Teresa Emília Marques Leitão de

Teresa Emília Marques Leitão de Barros nasceu em Lisboa no ano de 1898 e faleceu em 1983.

Licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, diplomada com o Curso do Magistério Liceal, foi professora durante alguns anos no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho em Lisboa, dividindo também a sua actividade pelo jornalismo e pelas letras.

Publicou ao longo da sua vida várias obras, designadamente: Escritoras de Portugal, obra constituída por 2 volumes e editada em 1924. Traduziu Uma Verdade Para Cada Um, peça de Pirandello, levada à cena em 1925, no segundo e último espectáculo do Teatro Novo, Silêncio, 1930; Vidas que Foram Versos, 1930; No Jardim do Passado, 1932; Vidas de Santos, 1937; contos infantis: Varinha de Condão. Em colaboração com Fernanda de Castro escreveu Bonecos de Estampar; História Maravilhosa e A Primeira Aventura do Zé Nêspera. Escreveu, ainda, uma comédia histórica em 3 actos: Alcipe, inspirada na vida da marquesa de Alorna, que Amélia Rey-Colaço interpretou Teatro Nacional em 1947. Outra peça de sua autoria que permanece inédita, é Homens de Boa Vontade.

BASTOS, Holbeche

O actor Luís César Holbeche Bastos nasceu em Lisboa, em 18 de Fevereiro de 1889 e faleceu a 10 de Março de 1964.

Tinha o curso de Arte Dramática do Conservatório. Estreou-se em 1908, no Teatro Paraíso. Das muitas peças em que participou, sublinhamos as seguintes: Pé de Meia, Jigajoga, A Mulher Artificial, Vida Airada, Fruto Proibido, Sorte Grande, Bolo Rei, Revista do Fado, O Moleiro de Alcalá, Pompom, Mouraria, Fausto e Margarida, A Bela Aventura, Traços e Troças, Dominó, Peço a Palavra, Os Piratas da Savana, Sonho de Valsa, Não Digas Mais, O Beijo, O Brasileiro Pancrácio, O Segredo da Morgada, É P’ra Já, Era Não Era, O Sacrifício de Abraão, Atrás Duma Orelha, Tiroliro, O Rei dos Judeus, Fim do Mundo, Hamlet, Derrocada, Egas Moniz, O Lagartixa, O Labareda, Mártir do Calvário, Gaiato de Lisboa, Morgadinha de Vale Flor, Ceia dos Cardeais, Avante Portugal, Amor de

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Perdição, Balancé, Faça Sol, Tudo na Hora, Viúva Alegre, Princesa dos Dólares, Conde de Luxemburgo, Soldado de Chocolate, Bailarico Saloio e Cacho Dourado.

BASTOS, João

João Bastos, um dos nossos maiores comediógrafos, nasceu em Lisboa em 1883, onde faleceu no ano de 1957.

Iniciou a sua carreira teatral em 1908, com a comédia em 3 actos O Olho da Providência, escrita em parceria com Xavier da Silva e estreada no Teatro do Ginásio, onde no ano seguinte, subiram à cena duas outras comédias dos mesmos autores: O Doutor Zebedeu e O Trinca-Espinhas, bem como em 1910, a farsa Valente Balbino, de que foi co-autor Bento Faria.

Com Ernesto Rodrigues, seu colaborador na farsa em 1 acto Casa com Escritos (1912) e Félix Bermudes, fundou, nesse ano, uma parceria que se tornou famosa e dotou os teatros do país de um grande número de comédias, farsas, operetas, revistas e mágicas, originais e traduzidas, ou adaptadas, que, na sua maioria, obtiveram prolongados êxitos. Entre as mais conhecidas, que dessa colaboração resultaram, deve mencionar-se três comédias destinadas ao grande actor Chaby Pinheiro: O Conde Barão, representada pela primeira vez no Teatro Politeama, em 30 de Janeiro de 1918, com a interpretação de Chaby Pioneiro, Estêvão Amarante, Santos Melo, Jaime Zenóglio, Ribeiro Lopes, Araújo Pereira, Otelo de Carvalho, João Gaspar, Luís Portugal, Saúl de Almeida, Rafael Gomes, Aura Abranches, Luísa Satanela, Jesuína de Chaby, Elvira Bastos, Josefina Soares, Maria Spinoza e Hermínia Silva; O Amigo de Peniche, estreada no Teatro Apolo em 1920; O Leão da Estrela, Teatro Politeama, 1925. De referir, também, a mágica Senhor Dourado, 1912 e a opereta O João Ratão, 1920, alusiva à participação dos soldados portugueses na grande guerra.

Após a morte de Ernesto Rodrigues, em 1926, manteve-se associado a Félix Bermudes, com quem escreveu a comédia O Arroz de Quinze, de que André Brun foi também co-autor (1926), além de várias outras revistas e operetas.

De sua autoria indicamos ainda as farsas: O Noivo das Caldas, 1932; O Costa do Castelo e Gente de Fora, 1940; O Pátio do Vigário, 1941; O Fado, opereta escrita em parceria com Filipe Duarte e Bento faria e estreada no Coliseu dos Recreios de Lisboa, na temporada de 1942 e O Menino da Luz, 1945, todas representadas pela companhia de comédias da actriz Maria Matos, e das quais as duas primeiras foram transpostas para o cinema por Artur Duarte.

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BASTOS, Palmira

A actriz Palmira Martinez de Sousa Bastos nasceu na Aldeia Gavinha, concelho de Alenquer, em 30 de Maio de 1875 e faleceu em Lisboa, a 10 de Maio de 1967.

Uma longa carreira, iniciada em 1890 na área do teatro musicado, elevou-a ao primeiro plano da cena portuguesa, de que foi uma das principais intérprete até ao ano de 1966, ano em que pela derradeira vez pisou o palco para interpretar a peça de Somerset Maugham, Ciclone, que havia criado em 1932 no Teatro Nacional D. Maria II, traduzida por Henrique Galvão e a cujo elenco pertenceu em várias épocas, nomeadamente, 1905-7, 1915-16, 1929-20 e a partir de 1931, até se retirar de cena.

Palmira Bastos era filha de artistas espanhóis, que percorriam Portugal com uma modesta companhia ambulante a cujo elenco pertenceu, nos géneros musicado e declamado, antes do empresário Sousa Bastos a descobrir e com quem viria a casar no dia 1 de Julho de 1894. Por morte deste, veio depois a casar com o actor-cantor Almeida Cruz.

Em Junho de 1895 partiu, com a companhia de Sousa Bastos, para o Brasil, obtendo grandes êxitos no Rio de Janeiro e em São Paulo, com as peças: Sal e Pimenta, Tim tim por tim, Fim de Século, Fado de Amor, Cigana, Burro do Sr. Alcaide, Dragões de El-Rei, Brasileiro Pancrácio, Aposta, Solar dos Barrigas, entre outros.

Mas a primeira digressão ao Brasil foi efectuada em 1893 com a companhia Rosas e Brasão do Teatro Nacional D. Maria II.

De volta a Lisboa, entrou pouco tempo depois para a Companhia de Teatro do Trindade, onde entrou em produções, como: Gata Borralheira, Noite e Dia, Falote, Em Pratos Limpos, nas temporadas entre 1896 e 1898.

Nos princípios do Século XX veio a fixar-se no género declamado, onde conquistou os seus mais assinaláveis êxitos.

A passagem pela opereta deixou-lhe também um rasto de elegância e distinção, principalmente nas produções: A Boneca, Burro do Sr. Alcaide, Sal e Pimenta, Verónica, A Princesa dos Dólares, Grã-Duqueza, Reino das Mulheres, Bocácio, A.B.C., Cigano, Tição Negro, Barba Azul, Galo de Oiro, Gata Borralheira, Noite e Dia, 28 Dias de Clarinha; Penichole e O Soldado de Chocolate.

Foi, contudo, na alta comédia e no drama que os seus dotes histriónicos mais expressivamente se firmaram, numa série de criações com que prolongou e manteve, discretamente actualizados, uma tradição e um estilo de representação que vinham do século anterior.

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Intérprete por excelência do repertório pós-naturalista (os franceses Bataille, Bernstein, Wolff, Deval, o belga Kistemeckers, o alemão Suderman), teve no entanto brilhantes intervenções em algumas obras fundamentais da moderna dramaturgia, como Os Criminosos, de F. Bruckner, ao lado de Alves da Cunha, no ano de 1930; Electra e os Fantasmas, de Eugene O’Neil, em 1943, ao lado de Amélia Rey Colaço, João Villaret, Raul de Carvalho, Maria Lalande, Luís Filipe e Robles Monteiro; A Casa de Bernarda Alba, de Frederico Garcia Lorca, estreada em 16 de Janeiro de 1948, no Teatro Nacional, interpretada ao lado de Maria Matos, Maria Barroso, Adelina Campos e Luz Veloso; Para Cada Um Sua Verdade, de Pirandelo, levada à cena em 3 de Fevereiro de 1955, conjuntamente com Raul de Carvalho, Rogério Paulo e Cármen Dolores.

Dos muitos autores portugueses que interpretou, recordam-se as suas criações em O Grande Cagliostro, de Malheiro Dias, num travesti do Príncipe D. José, em 1905; A Noite do Casino, de Ramada Curto, 1928; Sol Poente, de Ramada Curto, estreada em 15 de Dezembro de 1934 no Teatro Nacional, ao lado de Amélia Rey Colaço, Raul de Carvalho e Alberto Ruas; As Meninas da Fonte da Bica, peça também da autoria de Ramada Curto, levada à cena igualmente no Teatro nacional, em Outubro de 1948, num elenco em que entrava, além de Palmira Bastos, Maria Matos, Luz Veloso, Amélia Rey Colaço e Samuel Diniz; Gladiadores, de Alfredo Cortez, estreada em 12 de Janeiro, ao lado de Brunilde Júdice, Amélia Rey Colaço, Alves da Cunha e João Villaret; Tá-Mar, também deste autor, levada ao palco em Janeiro de 1936, num elenco estrondoso, composto por Estêvão Amarante, Amélia Rey Colaço, Adelina Abranches, Palmira Bastos, Emília de Oliveira, Maria Clementina e Robles Monteiro. De Vasco Mendonça Alves, interpretou: Meninas, estreada em 18 de Janeiro de 1935, ao lado de Amélia Rey Colaço, Maria Clementina e Álvaro Benamor; A Hora do Dinheiro, em 1940; Pátria, estreada em Junho de 1943, contracenando com Raul de Carvalho. Seguiram-se, O Inimigo, de Cristiano Lima, em 1936, ao lado de Estêvão Amarante, Maria Lalande e Maria Clementina; Tempos Modernos, de Olga Alves Guerra, levada à cena em Fevereiro de 1940, conjuntamente com Amélia Rey Colaço, Maria Lalande, Raul de Carvalho e João Villaret; Vendaval, de Virgínia Vitorino, estreada em Novembro de 1941, conjuntamente com Eunice Muñoz, Samwel Diniz, Lucília Simões, Maria Lalande e Amélia Rey Colaço; Paulina Vestida de Azul, de Joaquim Paço d’Arcos, levada à cena em Abril de 1948, nas interpretações de Palmira Bastos, Maria Barroso, Raul de Carvalho e Samuel Diniz; Outono em Flor, de Júlio Dantas, 1949, ao lado de Amélia Rey Colaço, Maria Matos, Luz Veloso, Eunice Muñoz, Erico Braga, Robles Monteiro e Paiva Raposo; Trapo de Luxo, de autoria de Costa Ferreira, estreada em 21 de Maio de 1952, ao lado de Amélia Rey Colaço, Mariana Rey Monteiro, Paiva Raposo e Costa Ferreira; Avó

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Lisboa, de Leitão de Barros; Alguém Terá de Morrer, de Luiz Francisco Rebello, estreada em 22 de Maio de 1956, conjuntamente com Amélia Rey Colaço, Raul de Carvalho, Rogério Paulo, José de Castro e Carmen Dolores.

A sua integração no repertório de teatro declamado passa, ainda, pelas seguintes obras: Zazá, Ressurreição, Outro Sexo, Pipiola, Mamã Bonita, Mademoiselle, Toque de Recolher, Grades Floridas, Tio Milhões, Minha Mulher Noiva de Outro, Maria Antonieta, Severa, Conspiradora, O Amor Não Dorme, Direitos Paternos, Coração Manda, Leonor Teles, Idade de Mar, Sua Majestade, Marionettes, Altar da Pátria, D. João Tenório, Monimarte, Dama das Camélias, Fédora, Tosca, Feiticeira, Rosário, Vida e Doçura, Banco, Noite do Casino, Mamã, Flor de Murta, Madre Alegria, Papirusa, Ama e Senhora.

Em 1965, na comemoração do seu 90º aniversário, festejou-se os 75 anos da sua vida inteiramente dedicada ao teatro. Neste ano entrou no elenco da peça As Árvores Morrem de Pé, de Alejandro Casona, estreada em 25 de Dezembro no Teatro Avenida, ao lado de Luís Filipe, Lurdes Norberto e Varela Silva.

No campo cinematográfico, fez uma única participação em O Destino, de Georges Pallu, ao lado de António Pinheiro, Maria Emília Castelo Branco, Maria Clementina, António Sacramento, Henrique de Albuquerque, Flora Frizzo e Raul de Carvalho, película realizada em 1922, pela Companhia Cinematográfica do Porto.

No teatro de revista, entrou, entre outras, nas seguintes produções: Santo António, estreada no Teatro Avenida em 1943, texto de Alberto Barbosa, Vasco Santana e Luís Galhardo, música de Raul Portela, Afonso Correia Leite e Silva Júnior, interpretação de Beatriz Costa, Irene Isidro, Vasco Santana, Dina Teresa, Alfredo Ghira, Armando Machado, Palmira Bastos e Nascimento Fernandes; Olaré Quem Brinca, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana e Amadeu do Vale, com música de Raul Portela, Raul Ferrão e Fernando de Carvalho, com Mirita Casimiro, Vasco Santana, António Silva, Maria Albertina, Josefina Silva, Maria Paula, Barroso Lopes, Armando Machado, Mafalda e Palmira Bastos. Foi estreada no Teatro Variedades, em 1937.

Das várias distinções e homenagens que recebeu, destaca-se: o descerramento de uma lápide no Teatro Copacabana, no Rio de Janeiro, a 1 de Novembro de 1960; Medalha de Ouro da cidade de Lisboa; Prémio António Pinheiro, atribuído pelo SNI, pela encenação da peça de Pirandelo, Para Cada Um Sua Verdade, em 1962; homenagem do Teatro S. Luís, em Lisboa, com o descerramento de uma lápide com o seu nome, afixada em Julho de 1965; homenagem pela Sociedade de Escritores e Compositores e do Prémio Lucinda Simões e a Comenda da Ordem Militar de Cristo, em 1965; atribuição do seu nome a um Largo na cidade do Porto, em 1962.

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BASTOS, Pinto

António Gonçalves Pinto Bastos nasceu no Porto, em 23 de Junho de 1843 e faleceu no momento a seguir à implantação da República.

Aos 13 anos veio para Lisboa, como marçano, para uma loja de fazendas brancas na Rua Augusta. Esteve ali oito anos. As horas vagas utilizava-as a fazer prestidigitação. Daquela casa passou para outra onde tinha mais tempo e mais liberdade e por isso se entregava, cada vez mais, aos estudos.

Naquela época veio a Lisboa o célebre prestidigitador Hermann. Pinto Bastos pediu o lugar que ocupava fechando-se em casa, dia e noite, a estudar incessantemente, até que, a 27 de Setembro de 1863, se estreou como prestidigitador português no Circo Price, em Lisboa, obtendo grande êxito. A sua segunda sessão foi a 6 de Outubro do mesmo ano a benefício do cofre da Associação Protectora da Indigência. Teve, nessa noite, uma completa ovação. A terceira sessão, foi ainda de caridade, em benefício do Asilo da Mendicidade e foi, para ele, a terceira noite de festa.

Acompanhado pelo escritor dramático Costa Braga, que tomou o lugar de seu secretário, Pinto Bastos percorreu as províncias, fazendo boas actuações e sendo muito aplaudido.

Chegado a Lisboa, tomou de arrendamento o Teatro Variedades por duas épocas, durante as quais pôs em cena várias mágicas e fantasias, entre elas Amores do Diabo, em 1865, de autoria de Joaquim Augusto de Oliveira e A Pêra de Satanás, de Eduardo Garrido, que teve magnífica carreira.

Em 1867 associou-se ao actor J. Carlos Santos na exploração do Teatro do Príncipe Real, inaugurando com o drama João o Carteiro. Para o elenco da companhia vieram os artistas Emília Letroublon e António Pedro, que estavam já contratados por Francisco Palha para o Teatro da Trindade. No ano seguinte montou com enorme sucesso, A Grã-Duquesa de Gerolstein e apresentou o grande trágico italiano Ernesto Rossi, obtendo um dos maiores sucessos que houve nos teatros portugueses e abriu novo caminho para se explorar o género teatral.

Foi, depois, empresário do Teatro da Rua dos Condes em 1869, do Circo Price e Variedades em 1873 e, novamente, do Teatro do Príncipe Real, ao qual trouxe, em 1875, a actriz italiana Palladini e, em 1876, uma companhia de que eram primeiras figuras Margarita Preziosi e Marie Denis. No Teatro da Rua dos Condes inaugurou a opereta de costumes populares em 2 actos, original de Luís Araújo, Dois Dias no Campo Grande e com a opereta em 2 actos com tradução de Lopes Cardoso, musicada pelo maestro Sá Noronha, chamada O Fagulha. Da companhia

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era ensaiador Lopes Cardoso. Como artistas tinha, entre outros: Vicente Franco, Luísa Cândida, Joaquim Bento, Felicidade, Faria, Gertrudes Amélia, Marcelino Franco, Luísa Fialho, Carlos de Almeida, Georgina, Apolinário, Lopes Cardoso, Gama, Pae Gil, Brandão e Abreu.

Abandonou depois a actividade teatral.

BASTOS, Raquel

A cantora e escritora Raquel Bastos nasceu em Lisboa em 26 de Abril de 1903, onde faleceu a 15 de Janeiro de 1984.

Estudou piano no Conservatório Nacional de Lisboa. Foi cantora de ópera e soprano ligeiro, estreando-se no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em 16 de Maio de 1923, na ópera Rigoletto. Desempenhou os principais papéis em óperas famosas, estrangeiras e portuguesas.

Casada em 1930 com o escritor José Osório de Oliveira, estreou-se com a novela Um Fio de Música, 1937, galardoada com o Prémio Fialho de Almeida.

Publicou romances, contos e novelas, poemas em prosa e teatro. Os contactos com o teatro limitam-se a uma peça para crianças, inédita, O Urso e a Rosa, e uma peça num acto, Comediante, que ela própria interpretou ao lado da sua filha, a actriz Isabel de Castro, no Estúdio Livre, em 1947.

Outras obras de sua autoria: Destino Humilde, 1942, Coisas do Céu e da Terra, 1944, Ana de Castro Osório, Mulher, 1953, Diário Fantástico, 1954, O Largo de D. Tristão, 1956, A Hora das Sombras, 1964.

BASTOS, Sousa

António Sousa Bastos nasceu em Lisboa, no dia 13 de Maio de 1944, onde faleceu a 14 de Julho de 1911.

Fez a instrução primária em Lisboa e o liceu em Santarém. Voltou para Lisboa para seguir o curso de agronomia no Instituto Agrícola, não o concluindo, entregando-se depois a diversao empregos e à vida jornalística. Começou a trabalhar no Álbum Literário, passando depois para o Comércio de Lisboa, Diário Comercial, Gazeta Setubalense, Gazeta do Dia, entre outros periódicos.

No campo teatral, desenvolveu actividade como director técnico de teatros de 2ª ordem, autor dramático, empresário, cronista e memorialista teatral, sendo considerado a personalidade mais activa e influente da vida teatral portuguesa, no último quartel do século XIX e primeiros anos do século XX.

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A sua actividade teatral desenvolveu-se igualmente no Brasil, onde, a partir de 1881 e em sucessivas temporadas, apresentou várias companhias teatrais portuguesas, especialmente do género musicado.

Tanto em Portugal como no Brasil, dirigiu diversos teatros: em Lisboa, Rio de Janeiro, São Paulo, Pará e Pernambuco e foi, em ambos os países, empresário de muitas companhias dramáticas. Como jornalista ficou ligado aos periódicos O Palco, O Espectador Imparcial, A Arte Dramática e Tim Tim por Tim Tim, que fundou e dirigiu, sendo também um dos fundadores do Contemporâneo (1875-1876) e ainda colaborador de muitos outros.

Sousa Bastos, além de ter sido o autor de uma vastíssima obra teatral com inúmeras peças que obtiveram grandes êxitos e o tradutor-adaptador de grande número de obras estrangeiras, é uma das grandes personalidades da história do teatro português. Teve notoriedade, sobretudo, como director e ensaiador teatral e historiador do nosso teatro.

Com 20 anos, Sousa Bastos, era já chefe de família com responsabilidades de pai. Enviuvou e, depois, em 1 de Julho de 1894, contraiu matrimónio em segundas núpcias com a grande actriz Palmira Bastos. Esta artista era considerada inteligentíssima e graciosa, um dos mais belos talentos da cena portuguesa. Sousa Bastos consagra-lhe o mais vivo e respeitoso afecto e disso lhe deu testemunho na dedicatória que escreveu no livro, Carteira do Artista, chamando-lhe: - “querida e santa mulher, modelo das esposas, espelho das mães e exemplo dos artistas”, palavras que sempre foram reconhecidas como da mais absoluta justiça.

Raras vezes Portugal teve um homem de teatro tão fecundo. Detentor de grande alegria e de fácil camaradagem, era disputado pelos seus numerosos amigos. Gostando de ajudar os novos foi, por seu intermédio que Eduardo Schwalbach escreveu a sua primeira revista. Chamava-se Retalhos de Lisboa.

Para além de revistas, mágicas, a propósitos, dramas e comédias, foi o responsável por três obras de grande valor teatral, que demonstra um profundo conhecimento da cena portuguesa: Coisas de Teatro, publicada em 1895; A Carteira do Artista, em 1896 e Dicionário de Teatro Português, última obra, escrita antes da sua morte, publicada em 1908. São obras que nos dão larga informação sobre artistas, escritores dramáticos, compositores, cenógrafos, datas de espectáculos e outros preciosos dados. Há ainda a destacar, no campo editorial, Recordações de Teatro, edição póstuma, com prefácio de Eduardo Schwalbach, lançado em 1947, pela editorial O Século.

A sua colaboração em revistas começou a ter notoriedade, através das designadas "revistas do ano", tendo escrito cerca de 25 revistas. Na área do teatro declamado, a sua produção estende-se a mais de 30 dramas, a cerca de 29 comédias, de 10 mágicas, de 15 a propósitos e 20 operetas.

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Em Lisboa, for empresário dos Teatros: Rua dos Condes, Trindade, Príncipe Real e Avenida.

BATALHA, Ladislau

Ladislau Estêvão da Silva Batalha, nasceu em Lisboa em 2 de Agosto de 1856 e faleceu na Arruda dos Vinhos a 26 de Abril de 1931.

Tripulante da marinha mercante, correu mundo de 1876 a 1887. Foi intérprete, jornalista, comerciante, marinheiro, operário e viandante por terras e mares de África, Ásia e América.

Ao regressar a Portugal foi professor do ensino secundário, dirigente socialista e deputado. No campo literário é o autor de romances: Mistérios da Loucura, em quatro volumes e Misérias de Lisboa, em nove volumes. Publicou peças de teatro, designadamente, o drama social, A Miséria e uma comédia num acto, As Consequências dum Sim.

O melhor da sua obra literária é constituído pelos livros de viagens e memórias, nomeadamente: Através do Reino Unido, 1904 e Memórias e Aventuras, 1928. Por último, publicou Gomes Leal na Intimidade, em 1933, obra que relata os últimos tempos deste poeta.

BAYARD, Carlos

O actor Carlos António Bayard (n.?-m. 1902). Bayard foi um amador dramático muito festejado. Estreou-se em 28

de Setembro de 1865, no Teatro do Príncipe Real, na empresa “Ruas & Cª”.

No começo da sua carreira de actor deu também grandes esperanças, a ponto de Francisco Palha o contratar para a sua companhia do Teatro da Trindade, na intenção de fazer dele o substituto de Tasso.

As esperanças foram-se perdendo, foi chegando a desilusão e Carlos António Bayard, já mal colocado no Trindade, por lhe atribuírem pequenos papéis de índole muito diversa da sua, deixou aquele teatro e aceita a contratação para o Teatro do Ginásio. Ali teve uma posição satisfatória até que a doença o atingiu e o fez descer na escala artística.

Passou ao Teatro Avenida, onde pouco fez, seguindo-se o Teatro Nacional D. Maria II, onde esteve em modesto lugar, mas foi sempre um actor muito estimado pelo seu carácter.

Entre outras, entrou nas seguintes produções teatrais: Muito Padece Quem Ama e Dois Pobres a Uma Porta, comédias num acto, interpretadas na inauguração do Teatro do Príncipe Real; O Condenado, Missa Nova, A Condessa de Vilar, O Íntimo, Os Trapeiros de Lisboa, À Volta do Outro

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Mundo, A Clareira, O Marido da Debutante, Brisas e Vendavais, Henrique III e O Judeu Polaco, entre muitas outras.

BELÉM, António Manuel da Cunha

António Manuel da Cunha Belém, escritor, tradutor, adaptador, crítico teatral e médico, nasceu em Lisboa a 17 de Dezembro de 1834, onde faleceu a 12 de Março de 1905. Depois de tirar o Curso de Medicina em Coimbra, fazendo acto de formatura em 1858, foi exercer clínica para Mangualde, alistando-se mais tarde no exército, como cirurgião, sendo várias e importantes as comissões de serviço que no desempenho desse cargo veio a exercer, dentro e fora do País. Foi general de brigada do corpo de médicos militares, presidente da antiga Associação dos Atiradores Civis Portugueses, depois União dos Atiradores Civis Portugueses, cirurgião em chefe do exército, chefe da 6ª Repartição da Secretaria da Guerra.

A sua entrada nas Letras deu-se ainda como estudante, com um livro de Poesias, 1856, ao qual se seguiram Novas Poesias, 1857, e as Cenas Contemporâneas da Vida Académica, reunidas em volume, em 1863. Atraído, depois, pelo teatro, escreveu várias comédias e dramas, como, Amores da Primavera, comédia em 1 acto, em verso; José, o Enjeitado; Os Três Extravagantes; Um Marido que se Multa; Um Noivado Amargurado; Como o Diabo as Tece; Equilíbrios do Amor; O Pedreiro Livre, 4 actos; Rapaziadas, comédia em 2 actos; A Flor da Laranjeira, 3 actos; José Exposto, comédia em 1 acto; Verão de S. Martinho; As Cataratas, comédia em 1 acto; Marido, Mulher e... Primo, comédia em 1 acto; As Núpcias de Elesbão, comédia em 1 acto; Casca Grossa, comédia em 1 acto, etc., além de traduções e adaptações de outras peças. Se não conseguiu êxitos ruidosos e longos, deu, contudo, provas de conhecer perfeitamente a técnica teatral.

Escreveu também os romances: Luísa Enjeitada, 1862; O Filho do Padre Cura (2 vol.) e Onde Está a Felicidade?, 1865 - este inspirado, como o de Coelho Lousada, pelo Onde Está a Felicidade?, de Camilo - e outros trabalhos que ficaram dispersos pelo grande número de jornais em que colaborou.

Escreveu na Revolução de Setembro, a partir de 1871, muitos artigos de crítica literária e teatral, assinando com o pseudónimo de Cristóvão de Sá. Depois da morte de António Rodrigues Sampaio, assumiu a direcção deste jornal que, por muitos anos ainda sustentou. Como jornalista foi também director do Correio da Europa, redactor do Economista e do Escoliaste Médico, de 1864 a 1869; da Gazeta dos Hospitais Militares, de 1877 a 1884 e colaborador da Medicina Militar, da Gazeta Comercial,

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Diário Ilustrado, Ocidente, Correio da Manhã, Estrela Literária, entre outras obras.

Tomou parte na «Questão Coimbrã», para a qual contribuiu com os folhetos O mau senso e o mau gosto e Horácios e Curiáceos, ou mais um ponto e vírgula na questão literária.

Cunha Belém chegou à mais elevada posição que pode atingir um médico militar em Portugal, sendo várias as condecorações, não só portuguesas como estrangeiras.

As obras que, no campo científico da medicina deixou impressas, são, além de avultadas em número, importantíssimas, muitas delas são escritas em francês. Tomou parte no Congresso Internacional de Higiene e Ciência Médico-Militar, de Paris, em 1878; Assistiu ao Congresso Internacional das Ciências Médicas de Amesterdão, em 1879; foi ao Congresso Médico que se realizou em Londres em 1881; tomou parte no Congresso Internacional de Higiene celebrado em Viena em 1887 e foi membro da Conferência das Sociedades da Cruz Vermelha em Karlsruhe, Grão-Ducado de Baden.

Era sócio da Academia Real das Ciências, da Sociedade Farmacêutica Lusitana, da Sociedade da Cruz Vermelha. Era director da Escola Maria Pia, vogal efectivo da Junta Consultiva de Saúde Pública, presidente da Junta Escolar do Conselho de Lisboa.

Tinha as seguintes condecorações: Comenda de Aviz, Isabel a Católica, de Espanha, Rosa, do Brasil e Leopoldo, da Bélgica; Oficial da Ordem de Santiago, Cavaleiro da Torre e Espanha, Medalha de Ouro de bons serviços, de prata, também de bons serviços, de prata do valor militar, de Prata de Comportamento Exemplar; Cavaleiro da Ordem da Coroa da Prússia e a Cruz da Sociedade Francesa de Socorros aos Feridos e Doentes do Exército de Terra e Mar.

BELO, Tavares

O maestro Tavares Belo nasceu em Faro, em 20 de Novembro de 1911 e faleceu em Lisboa, no ano de 1993.

Iniciou o estudo do piano aos 5 anos de idade. A sua estreia profissional teve lugar em 1929, com o Orquestra do Clube Montanha, integrando a seguir a Orquestra Portugal, que actuava no antigo Maxime.

Em 1938 fundou a famosa Orquestra Tozelli, que dirigiu até 1946, ano em que assumiu a direcção da Orquestra Ligeira da Emissora Nacional, exercendo as respectivas funções até 1986. Foram quarenta anos durante os quais desenvolveu uma intensa actividade de divulgação da música, dos músicos portugueses e dos seus intérpretes, para além da de compositor e orquestrador de notáveis recursos.

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O bailado “Severa Jones”, que escreveu para a revista Forrobodó, estreada no Teatro Aveiro em 1962 e a formação da Orquestra Swing, em que actuaram músicos como Fernando de Albuquerque, Domingos Vilaça, Artur Machado, Esteves Graça, entre outros, foram revelação de novos ritmos e a faceta da obra de Tavares Belo.

Colaborou num grande número de revistas, desde: Ó Rosa, Arredonda a Saia, em 1962, levada à cena por Eugénio Salvador no Teatro Maria Vitória e na partitura dos filmes Rosa de Alfama e Duas Causas. Compôs também, num concerto para piano e orquestra, um bailado intitulado A Banda, que foi incluído no repertório do grupo Verde Gaio.

Pertencia, desde 1973, aos órgãos directivos da Sociedade Portuguesa de Autores, onde foi Vice-Presidente da Direcção de 1974 a 1976.

Tavares Belo foi distinguido pelo Presidente da República com o grau de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e foram-lhe atribuídas as medalhas de Mérito Municipal da Cidade de Lisboa e Faro.

BENAMOR, Álvaro

Álvaro Benamor nasceu na cidade de Lisboa em 4 de Maio de 1907 e faleceu a 12 de Setembro de 1976. Estreou-se no Teatro da Trindade em 1928, na comédia Os Três Ratões, de autoria de Armont e Gerbidon, interrompendo, por isso, os estudos universitários.

Trabalhou até 1939 com Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro e noutras companhias teatrais, como a Companhia Teatral Portuguesa, dirigida por António Pinheiro, a Companhia da actriz Maria Matos, nos Comediantes de Lisboa e na Companhia Nacional de Teatro, dirigida por Couto Viana. De realçar os seus dotes de galã, adaptando-se ao reportório clássico e romântico.

Em paralelo com a carreira de actor, desenvolveu intensa actividade como director de teatro radiofónico (Teatro de Comédia) e realizou encenações para a Companhia Portuguesa de Ópera.

O seu último trabalho foi na peça A Dança da Morte, de Strindberg, levada à cena na Casa da Comédia em 1969.

Foi ainda professor da Arte de Representar no Conservatório Nacional, a partir de 1959. Participou nos filmes Matar ou Morrer, 1950, de Max Nossek e a Garça e a Serpente de Artur Duarte, 1952, ao lado de Teresa Casal, Cremilda de Oliveira, Cármen Dolores, Raul de Carvalho, Rogério Paulo, Erico Braga e Alves da Cunha, entre outros.

As principais obras em que interpretou papéis, para além das já referidas, foram as seguintes: Além Mar, de Pagnol, 1930; Amor de Perdição, de D. João da Câmara, segundo o romance de Camilo Castelo Branco, em 1931; Filodemo, de Luís de Camões, 1932; O Alfageme de Santarém, de Almeida Garrett, 1939; O Cúmplice, de Joaquim Paço

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d’Arcos, 1940; O Gonzaga, de Ramada Curto, 1942; Hino à Vida, de Casanova, 1944; A Madrinha de Charley, de B. Thomas, 1946; Um Marido Ideal, de Óscar Wilde, 1946; Águia de Duas Cabeças, de Cocteau, 1948; A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, 1950; Castelos no Ar, de Jean Anouille, 1953; A Hora da Fantasia, de Anna Bonacci, 1954; Cotovia, de Anouilh, 1955; Gigi, de Colette, 1959; A Casa dos Vivos, de G. Greene, 1960; Os Fantasmas, de E. de Filippo, 1961; O Príncipe de Homburgo, de Kleist; A Escola de Má Língua, de Sheridan; O Mercador de Veneza, de William Shakespeare; O Casamento, de Gogol.

BENAMÔR, Irene

A actriz, Maria Irene Benamôr Palma, nasceu em Lisboa em 16 de Julho de 1899 e faleceu a 25 de Abril de 1928.

Estreou-se a 18 de Agosto de 1918 no Éden Teatro, em Lisboa, pela companhia do empresário Armando de Vasconcelos, através da peça A Trombeta da Fama.

Na sua curt vida, participou ainda nas peças: Vida Airada, Fruto Proibido, Crime de Arronches, Vida Nova, Comboio nº 6, Os Mineiros, A Grande Noite, O Homem que Assassinou, Knoch, Apaixonada e O Lodo. Além do teatro onde se estreou, trabalhou também no Teatro Apolo, Teatro Nacional e Teatro S. Luís.

BENAVIDES, Francisco da Fonseca

Francisco da Fonseca Benavides nasceu em Lisboa no dia 21 de Janeiro de 1835, onde faleceu a 19 de Maio de 1911.

Professor do Instituto Industrial de Lisboa e da Escola Naval, publicou em 1883 uma História do Teatro de S. Carlos, completada por um 2º volume, em 1902, intitulada de O Real Teatro de S. Carlos de Lisboa desde a sua Fundação em 1793 até à Actualidade.

É autor, de várias obras técnicas, como, por exemplo, Princípios de Óptica, em 1868 e de uma Memória Histórico-descritiva sobre A Música, publicada em 1866.

Era sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. Representou oficialmente o governo na Exposição Internacional do Porto, em 1865, e na Universal de Paris, em 1867.

BERARDI, Isabel

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Maria Isabel de Oliveira Berardi nasceu em Lisboa em 29 de Outubro de 1869 e faleceu a 28 de Maio de 1925.

Aos 30 anos de idade, por uma série de circunstâncias particulares, viu-se forçada a tentar a carreira de actriz como modo de vida. Estreou-se com amadores no Teatro do Rato e, em 1892, entrou para o Teatro da Rua dos Condes, onde pouco fez. Passou logo para o Teatro do Príncipe Real, onde teve agradou pela figura e apresentação.

Foi, depois com uma companhia aos Açores e, na volta, foi contratada por Lucinda Simões para a sua empresa do Teatro da Rua dos Condes. Dos espectáculos teatrais onde participou, indicamos os seguintes: Marido Ideal, Os Velhos, Triste Viuvinha, Virgem Louca, Mártir, Rapaz Pobre, Pai Pródigo, Sociedade Onde a Gente se Aborrece, Alcácer Kibir, Alma Forte, Saltimbanco, Sol da Meia Noite, Apóstolos, Telhados de Vidros, Sombra, Gaiato de Lisboa, O Homem do Papagaio, Malquerida, Ilustre Desconhecido, Bicho do Mato, Uma Lição de Piano, A Honra Japonesa, Um Serão nas Laranjeiras, Sem Dote, A Noite do Calvário, O Filho Perdido, Cara ou Escravatura, A Menina Virtuosa, A Dama das Camélias, Casa de Boneca, Doidos com Juízo, Infelicidade Legal, A Marcha Imperial e Uma Aventura de Viagem.

BERMUDES, Félix

Félix Redondo Adães Bermudes nasceu no Porto em 4 de Julho de 1874 e faleceu em Lisboa a 5 de Janeiro de 1960. Diplomou-se com o Curso Superior de Comércio.

Comediógrafo e escritor, a sós ou em colaboração com outros, especialmente Ernesto Rodrigues e, João Bastos, deu para o teatro grande número de peças que, dentro do seu género, constituíram êxitos dos mais retumbantes da cena nacional da época.

Estreou-se no teatro em 1907, com a opereta O Tira-Teimas, de colaboração com Ernesto Rodrigues. Da sua extensa obra teatral destacamos, em co-autoria com Ernesto Rodrigues e André Bruno, A Pensão da Pacheca, no ano de 1911. Com Ernesto Rodrigues e João Bastos, O Conde Barão, representada pela primeira vez no Teatro Politeama em 30 de Janeiro de 1918, com a participação de Chaby Pinheiro, Estêvão Amarante, Santos Melo, Jaime Zenóglio, Ribeiro Lopes, Araújo Pereira, Otelo de Carvalho, João Gaspar, Luís Portugal, Saúl de Almeida, Rafael Gomes, Aura Abranches, Luísa Satanela, Jesuína de Chaby, Elvira Bastos, Josefina Soares, Maria Spinoza e Hermínia Silva; O Amigo de Peniche, 1920; Leão da Estrela, 1920. Com João Bastos e André Brun O Arroz de Quinze, 1926. Com Ascensão Barbosa e Abreu e Sousa

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escreveu O Tavares Rico e A Mulher de Virtude, 1934; A Bicha de Rabiar e As Meninas Pires, 1936.

Publicou um volume de novelas e poesia, dois livros de versos, três ensaios teosóficos e a opereta O Timpanas, 1933, com música de Frederico de Freitas.

Colaborou activamente na revisão das leis portuguesas sobre propriedade intelectual e sua adaptação ao texto da Convenção de Berna, revista em Roma, representando os autores portugueses em vários congressos internacionais.

Foi Presidente da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais, cujos destinos dirigiu de 1927 a 1960. Em 1956 foi eleito Presidente da Federação Internacional das Sociedades de Homens de Letras.

Foi também Oficial da Ordem de Santiago.Também se destacou como desportista, já que fez parte da

representação portuguesa nos Jogos Olímpicos. Foi, ainda, director do Sport de Lisboa.

BESSA, Manuel

O actor Manuel Cândido Santos Bessa nasceu no Porto, em 17 de Abril de 1891 e faleceu em 1938.

Estreou-se no Teatro Nacional do Porto em Abril de 1915, na revista A Ferro e Fogo, escrita por Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa e musicada por Manuel Figueiredo. Na sua estreia fez um grande sucesso no papel de Luís de Camões. Fez parte das companhias teatrais de Ângela Pinto, Ferreira da Silva e Chaby Pinheiro.

As principais peças em que participou foram: Novo Mundo, Chá e Torradas, Paz Armada, Povo Soberano, Tenho Dito, Bota Abaixo, Salada Russa, Pé de Dança, De Ponta a Ponta, Gato Maltês, Bichinha Gata, Alma da França, Tio Padre, Labareda, Garra, Duas Causas, Vasco da Gama, Pai Todos e Morgadinha de Vale Flor.

BETTENCOURT, Gastão de

Gastão Faria de Bettencourt nasceu em Lisboa no ano 1894 e faleceu em 1962.

Depois de colaborar com vários jornais académicos da época, fez durante anos parte da redacção do Diário de Noticias. Foi também crítico de arte especialmente de música. Foi colaborador de algumas revistas francesas e italianas. Dirigiu ainda a Vida Musical e A Música.

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Exerceu algum tempo a sua actividade no Brasil, escrevendo para vários jornais entre eles, A Pátria, A Noite, A Gazeta de Noticías, O Imparcial, A Manhã, O Jornal Português e para as revistas, Para Todos, Malho e Ilustração.

Publicou os seguintes livros: Sem Máscara, 1917; Epifania do silêncio, 1918; A Melancolia na Arte, 1920; Do Meu Ermo, 1923; Último Capítulo, 1924. De teatro: Mais Forte, 1930 e O Último Capricho, peça em 3 actos e ainda conferencias várias sobre música.

Foi organizador do Álbum da Colónia Portuguesa do Brasil. Com o Dr. João de Barros e José Osório de Oliveira publicou também o livro: Brasil.

Gastão de Bettencourt pertenceu à Academia Internacional de Ciências e Letras de Nápoles, como sócio correspondente e foi Cavaleiro da Ordem do Cruzeiro do Sul, do Brasil.

Gozou ainda de bastante prestígio e renome em assuntos musicais.

BIVAR, Berta de

Berta de Bívar nasceu em Lisboa em 24 de Novembro de 1891, onde faleceu a 10 de Maio de 1964.

Começou a carreira artística como cantora, tendo participado em Lausana e Genebra nas representações de Le Jeu de Robin et Marion, de Adam de la Halle, sob a direcção de Viana da Mota, seu primeiro marido.

A partir de 1920 dedicou-se ao teatro, estreando-se nesse mesmo ano, ao lado de Lucinda Simões, na interpretação de uma das principais personagens do Ninho de Águias, de Carlos Selvagem, estreada no Teatro do Ginásio.

Depois, casou com o actor Alves da Cunha e toda a sua carreira se desenrolou em companhia do marido. A última peça em que participou foi Alouette, de J. Anouilh, estreada no Teatro Avenida, em 1955. Depois disso, apenas surgiu episodicamente na TV.

BLASCO, Mercedes

Mercedes Blasco nasceu no Alentejo em 1870 e faleceu em Lisboa a 12 de Abril de 1961. Seu verdadeiro nome era Conceição Vitória Marques.

Desde muito nova que se apaixona pelo teatro e foram muitos os anos em que deu largas ao seu temperamento artístico, sobretudo no género de ópera, onde alcançou grandes êxitos, não só em Portugal, mas também no estrangeiro. Estreou-se, criança ainda, no Teatro Chalet, do Porto, na peça

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de Jacobety A Grande Avenida, adaptação da zarzuela La Gran Via. Em Lisboa, estreou-se no Teatro da Trindade em 1890 com Mam’zelle Nitouche, que constituiu um grande êxito.

Na época seguinte interpretou as operetas O Piparote e Miss Helytt, como protagonista, o que se considerou o seu maior êxito. Depois de uma breve passagem pelos Teatro Avenida e Teatro da Rua dos Condes, volta em 1893 ao Teatro da Trindade, reaparecendo também nas peças Segredo de uma Dama, Sal e Pimenta, Fado de Amor e O Brasileiro Pancrácio, entre outras. Por essa época compõe o seu repertório de cançonetista, adquirindo relevo as suas interpretações em francês, no estilo de Yvette Guilbert.

Na temporada de 1914 foi vítima da guerra, que lhe levou um filho que residia com ela em Liège e todos os bens que até ai conseguira amealhar. Alistou-se no corpo de enfermeiras da Cruz Vermelha, onde prestou assinaláveis serviços. Quando a Guerra terminou, regressou empobrecida a Portugal e dedicou-se à escrita, entusiasmada talvez pelo êxito do seu primeiro livro, As Memórias de Uma Actriz.

Publicou então: Vagabunda, Desventurada e Enjeitada, todos de memórias; dois livros de versos: Musa Esotérica e Versos de Mulher; Os Bastidores do Amor; Caras Pintadas; Tagarelices; Os Meus Homens; Adão e a Sua Costela; Esta Vida; Como Elas São; Caras e Corações; Como Eu Fui Amada; Quando a Alma Fala; Querem Saber?; Batalha de Sexos; Qualquer Coisa; O Meu Príncipe; Uma Hora de Amor; Uma Mulher Que Acredita No Amor; O Homem que Deu o Seu Cérebro; Namoradas e Amantes; Hipócritas; Como se Conquista um Homem; Arco de Cupido; Uma Mulher Um Beijo Uma Traição; Nas Trincheiras da Vida e Diário de Um Escriba este, em 1938.

BORGES, Carlos

Carlos Borges nasceu em Lisboa em 1849 e faleceu no ano de 1932. Escritor e empresário de teatro, começou a sua vida literária com a publicação de romances como, O Demónio do Ciúme, Cristina, Dois Génios Diferentes e Eulália, género que depressa abandonou, para se entregar com paixão ao teatro.

Estreou-se em 1866 com o entre-acto, intitulado Arrependimento. Depois foram muitas e variadas as peças que compôs, traduziu e adaptou, sendo as mais notáveis as que extraiu dos romances Os Fidalgos da Casa Mourisca, de Júlio Dinis; O Bobo, de Alexandre Herculano, ambas levadas à cena em 1877 no Teatro Nacional; O Selo da Roda, de Pedro Ivo e O Arco de Sant’Ana, de Almeida Garrett, em 1879.

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Das suas traduções, as que alcançaram maior êxito foram, O Genro do Caetano, A Receita dos Lacedemónios.

No campo dos originais teatrais é de destacar: O Primeiro Desgosto, peça em 1acto; Na Boca do Lobo, 1884; Coisas do Sebastião, 1885; Não me Embaçam; O Marido de Duas Mulheres, peça em 2 actos; A Política, obra em 3 actos.

Carlos Borges teve sob sua responsabilidade as empresas de vários teatros do país e trouxe a Portugal os maiores nomes do teatro europeu, como Sara Bernhardt e Ernesto Rossi, entre outros.

BORGES, João Baptista

Escritor e jornalista, João Baptista Borges nasceu no concelho de Sousel, distrito de Évora, a 17 de Junho de 1850 e faleceu em Lisboa a 9 de Setembro de 1903. Dois ou três anos antes da fundação do Diário de Notícias, viera para Lisboa a fim de seguir a vida comercial e, à semelhança do que sucedera com Eduardo Coelho, seu mestre e por influência deste, mudou de carreira e seguiu a das Letras, depois de haver frequentado, alguns meses antes, a escola de aprendizagem tipográfica na Tipografia Universal do falecido conde de S. Marçal, Tomás Quintino Antunes. Ao mesmo tempo cursava a Escola da Associação Civilização Popular, vindo mais tarde a entrar para a Escola de Belas-Artes. Durante trinta anos colaborou e redigiu no Diário de Notícias, dando provas do seu labor e talento. Entre elas destaca-se um romance original, O Rouxinol da Ópera, publicado em folhetins. Em manuscrito deixou alguns trabalhos, sendo o principal uma comédia, O Filho da Minha Mulher e ainda um drama popular em 5 actos.

BORGES, José

José Simões Nunes Borges, nome artístico Simões, nasceu na freguesia de Beijos, distrito de Viseu, em 10 de Março de 1826 e faleceu em Lisboa a 21 de Fevereiro de 1904.

Foi músico do Batalhão de Caçadores 2. Entrou para uma sociedade de amadores representando, pela primeira vez, em 12 de Junho de 1845, no Teatro das Escolas Gerais, no drama Joana de Flandres e na farsa O Enredador. Na récita seguinte encarregou-se do papel de Padre Francisco Cabral, no drama O Cativo de Fez.

A revolução de 1846 fez com que Simões seguisse para o Porto, interrompendo o seu divertimento predilecto. Por lá andou ao serviço da Junta do Porto, sob as ordens do Conde das Antas. Foi preso com toda a divisão, a 30 de Maio de 1847, dando entrada na torre de S. Julião a 4 de

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Junho e, em seguida, deportado para Peniche. Regressou a Lisboa em Agosto, ficando em Caçadores 2, que se formou em Cascais com os restantes recrutas do depósito da Graça. Mais tarde, seguiu com o batalhão para a Guarda, onde permaneceu oito meses.

Voltando a Lisboa em 1849, tratou de reorganizar a sociedade dramática com os mesmos elementos e levou a efeito uma récita no Teatro do Cascão, com um drama Júlio Assassino, original do sócio Conceição. Assistiram a esta récita os notáveis actores Epifânio e Vitorino, que aconselharam Simões a seguir a carreira dramática. Deu baixa a 17 de Abril de 1850 e entra como discípulo para o Teatro D. Maria II, estreando-se a 9 de Julho desse mesmo ano, no drama Os Herdeiros do Czar.

Saiu dali pouco tempo depois, para fazer parte da sociedade que se organizou para o Teatro D. Fernando e que se inaugurou a 27 de Julho, com a opereta cómica Barcarola e a comédia de Duarte de Sá, Trabalhos em Vão. Foi fazendo pequenos papéis até que, a instâncias de Emílio Doux, lhe deram a importante parte do Morgado de Agualva na comédia Uma Hora no Cacém, também de Duarte de Sá. Em 1883 récitas consecutivas que a peça teve, nunca Simões deixou de ser chamado e muito aplaudido. Com a companhia do D. Fernando fez uma digressão pelo Alentejo até Badajoz.

De volta a Lisboa, foi logo contratado pelo então comissário régio, Sebastião Ribeiro, para o Teatro Nacional D. Maria II onde esteve, desde Outubro de 1853 até 30 de Novembro de 1854, agradando bastante, principalmente na substituição que fez de Vitorino no Camões do Rossio.

A 18 de Dezembro de 1854 estreou-se no Teatro da Rua dos Condes, nas comédias que já tinha feito no Teatro D. Fernando, ambas de Duarte de Sá: Trabalhos em Vão e Um Par de Mortes ou a Vida Dum Par. A 12 de Janeiro de 1855 entrou na mágica de Pessoa, A Romã Encantada. Logo depois fez o drama bíblico Sansão, original de José Romano. Estas duas peças tiveram imensas de representações. Simões adquiriu nesta época uma enorme popularidade e teve peças em que foi extremamente festejado. São de registar desta época: Torre Suspensa, Josefina a Costureira, Feia de Corpo e Bonita de Alma, 29 ou Honra e Glória, Feiticeiro de Karnak, Tripulação e Ventura, Anjo Maria, Circo de Badajoz, Três Inimigos de Alma, Má Cara e Bom Coração, As Criadas, Zé Cosme o Varredor, entre outras.

A 28 de Agosto de 1858 estreou-se no Teatro do Ginásio na comédia Destes há Poucos, de autoria de Mendes Leal. Teve aqui a sua época brilhante em numerosas peças, mas principalmente no Manuel Escota da Probidade; no Cristóvão do Trabalho e Honra; no João Maria dos Filhos dos Trabalhos; no 33 da Aristocracia e Dinheiro; no Mestre Jerónimo, no Tio Braz, no Cabo Simões, nas Trevas e Luz, nas Georginas, etc.

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Foi depois ao Brasil na companhia do actor João Caetano dos Santos, em 1861. Foi de tal maneira recebido no Brasil que voltou lá mais oito vezes, demorando-se bastante. Em Lisboa e Porto representou ainda nos teatros do Ginásio, Rua dos Condes, Baquet e Príncipe Real.

Era pai da actriz Lucinda Simões, avô da actriz Lucília Simões e bisavô da actriz Julieta Simões.

BOTELHO, Abel Acácio de Almeida

Militar, romancista, jornalista, dramaturgo, poeta, cronista, académico e diplomata, Abel Acácio de Almeida Botelho nasceu em Tabuaço em 23 de Setembro de 1856 e faleceu em Buenos Aires a 24 de Abril de 1917, como Ministro de Portugal na Argentina.

Foi aluno do Colégio Militar, cujo curso concluiu em 1878, alcançando o posto de general. Fez uma brilhante carreira no Estado-Maior do Exército. Atraído pela política após a proclamação da República, foi sucessivamente deputado, senador e ministro. Nomeado para as funções de Inspector das Belas-Artes, em Outubro de 1910, terá colaborado «nas reformas pedagógicas e museológicas do novo regime». Ainda devido ao seu interesse por estudos de arte (com artigos e ensaios publicados em Museu Ilustrado e Ocidente), fez parte da comissão artística e cultural e de instituições científicas, tendo participado na criação do Grémio Artístico (1888-1890).

Como jornalista, deu vasta colaboração a jornais como: O Dia, O Século, Ocidente e Ilustração, Revista Moderna, Revista Literária, Serões, Mala da Europa, Diário da Manhã, Novidades, Correio Português, Portugal e Repórter, do qual foi director. Foi o iniciador do naturalismo de Zola aplicado à ficção portuguesa. Publicou em 1885 o seu primeiro livro, poesias, com o nome Lira Insubmissa, e em 1898 o livro de contos Mulheres da Beira. Um dos seus melhores romances é Amanhã, 1901, o primeiro na literatura portuguesa em que o proletariado surge como personagem colectiva. Este romance é o terceiro dos cinco que constituem a série Patologia Social, 1898-1910, graças à qual se tornou, em Portugal, um característico representante do naturalismo. Este ciclo de romances procurava retratar a decadência de certas classes, explicando-a a partir da hereditariedade e da influência do meio circundante. Compreende as obras: Barão de Lavos, 1891, romance que lhe alcançou o maior renome; O Livro de Alda, 1898; Amanhã, 1901; Fatal Dilema, 1907 e Próspera Fortuna, 1910.

Entre outras obras que escreveu são também notáveis: Sem Remédio - Etologia de Um Fraco, 1900; Os Lázaros, 1904 e, por último, o Amor

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Crioulo, Vida Argentina, 1919, novela publicada ainda que a deixasse postumamente incompleta.

O naturalismo está presente na sua obra teatral, por exemplo em Jucunda, comédia em 3 actos, representada em 1889 no Teatro do Ginásio e Claudina, peça em 4 actos que Lucinda Simões desempenhou genialmente em festa artística no Teatro Príncipe Real, em 1890. Para teatro apresentou ainda as peças: Germano, em verso, rejeitada no Teatro D. Maria II e que foi publicada em 1896; Parnaso, acto em verso, 1894; Vencidos da Vida, comédia em 3 actos, cuja estreia se deu no Teatro do Ginásio em 1892; Imaculável, 1892, representada em 1897 no Teatro Nacional D. Maria II e Fruta do Tempo, comédia moderna representada em 1904, no Teatro Dona Amélia; Fatal Dilema; Nevrose.

Foi na casa de Abel Botelho, ao Caldas, que se realizaram as primeiras conversas para preparo dos estatutos de «Grémio Artístico», oriundo do célebre «Grupo Leão». Abel Botelho foi académico de mérito da Academia das Belas-Artes.

BOTELHO, Artur

Artur Botelho nasceu em Alvites Vila Real de Trás-os-Montes em 1883 e faleceu em 1940. A sua estreia literária inicia-se em 1914, com o livro de versos Alma Lusitana, a que se seguiu em 1919 o drama heróico, Camões. Depois, envereda pela crítica e escreve o volume Guerra Junqueiro - Falso Poeta, 1923, que fez escândalo e foi como que um incidente na sua vida literária. Voltou em 1928 ao drama heróico, com O Mar Tenebroso. Escreveu também as obras teatrais: O Mártir de Fez, O Infante Santo, Mãe Sacrificada e Amor Maldito.

Porém a sua mais notável obra, é o poema Europiada, em que canta os feitos heróicos da guerra de 1914 em versos dignos de um grande poeta. Tem 25 cantos com 2.550 oitavas. Esse poema, que começou a publicar-se em fascículos em Janeiro de 1935, acabou de publicar-se em Abril de 1937.

Em 1912 fundou com António Fernandes da Silva e Ângelo Jorge a revista Ideia Livre, que durou alguns anos, tendo dado também a sua colaboração a outros jornais e revistas.

Artur Botelho estudou no Instituto Superior de Comércio. Exerceu as funções de chefe de secção na Companhia dos Caminhos-de-ferro Portugueses, ocupando um cargo como funcionário superior da Administração Geral do Porto de Leixões, a partir de 1934.

BOTTO, António

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António Tomás Botto nasceu em Concavada em 1897 e faleceu no Rio de Janeiro em 1959.

Escreveu 4 peças: Flor do Mal, publicada em 1923; António, editada em 1933; Alfama, peça em 3 actos, estreada pela primeira vez no Teatro de São Carlos em 16 de Junho de 1933, com a interpretação de Ilda Stichini, Amélia Pereira, Irene Isidro, Hermínia Tavares, Alves da Costa, Assis Pacheco, Alexandre de Azevedo, Barroso Lopes e Luís de Campos e Nove de Abril, estreada em 1938.

Em 1940 adaptou a opereta A Morgadinha de Vale Flôr de Pinheiro Chagas.

BRAGA, Alberto O contista, dramaturgo, tradutor e jornalista de nome completo

Alberto Leal Barradas Monteiro Braga, nasceu no Porto em 4 de Outubro de 1851, onde faleceu em 1911, vitimado pela tuberculose. Colaborou nos jornais: Novidades, Ocidente, Repórter e Jornal do Comércio. Foi redactor da Semana de Lisboa. Escreveu sob o pseudónimo de Diogo Mateus, algumas crónicas literárias para o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro. Também colaborou nos jornais de Paris, Soleil, Gaulois e Temps.

Publicou as seguintes obras: Contos da Minha Lavra, 1878; Contos de Aldeia, 1880; Novos Contos, Contos Escolhidos, 1892 e Os Confidentes. Alguns destes livros foram traduzidos em francês, alemão e sueco. Escreveu três peças de teatro que se representaram no Teatro Nacional D. Maria II, todas elas em 4 actos: A Estrada de Damasco, comédia, estreada em 1892 com algum êxito de crítica a que o público não se associou; A Irmã, estreada em 2 de Março de 1894, que teve 22 representações e de que o público gostou, ao contrário da opinião da crítica. Foi a peça da época que melhor resultado deu à bilheteira; O Estatuário, peça publicada em 1897 e representada pela primeira vez em 8 de Abril de 1897 no Teatro Nacional, com Delfina Cruz, Augusto Cordeiro, Eduardo Brasão, entre outros. Também publicou uma comédia em 1 acto que escreveu em francês Le Buste, que se representou num salão particular e que, depois, traduziu e foi representada no Teatro da Rua dos Condes por Lucinda Simões e Cristiano de Sousa. Para a empresa desta actriz traduziu a Francillon, de Alexandre Dumas filho. Traduziu para o Teatro Nacional D. Maria II a comédia de Augier As Elegantes Pobres. Cultivou um teatro de raiz romântica e pendor naturalista.

Era funcionário público e sócio do Instituto de Coimbra.

BRAGA, Artur

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O actor Artur P. Estrela Braga nasceu em Lisboa, a 16 de Dezembro de 1875 e faleceu em 1945.

Estreou-se em Janeiro de 1911 no Teatro Moderno, contratado pelo empresário Albino José Batista na revista Pinto na Casca. Actuou em todos os teatros de Lisboa e província e em alguns de Espanha e do Brasil. Das muitas participações referimos: Pó de Pirlimpimpim, revista de autoria de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e André Brun e música de Fortes Rebelo, estreada no Teatro das Variedades em 1911; Saúde e Bichas, revista escrita por João Bastos e Xavier da Silva, com música de Barbosa Júnior, estreada no Teatro de Júlia Mendes, em 1913; Chico das Pegas; Diplomata dos Figuristas; Fado; O Preto no Branco, revista de autoria de Eduardo Schwalbach e Acácio de Paiva, com música de Filipe Duarte e estreada no Teatro Apolo em 1912; Bebé e Totó; Apolo Revista, revista escrita por Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa, com música de Bernardo Ferreira e Cruz Braz, estreada no Apolo Terrasse em 1914; Rosas de Nossa Senhora; A Rosa Tirana, revista de Lino Ferreira, A. Rocha, Henrique Roldão e Álvaro Santos, com música de Carlos Calderón e Vasco de Macedo, levada à cena no Teatro Apolo em 1915; Fado e Maxixe, revista; Sonho Dourado; Nabos da Púcara, revista de autoria de A. Rocha e Álvaro Santos, estreada no Teatro Apolo em 1916; e Amor de Perdição, Santo António, João José, Homem de Gelo, Coração à Larga, Sorte dos Maridos, X.P.T.O., Caldo Verde, Casta Susana, Conde de Luxemburgo, Rainha do Cinema, Flor da Ruga, Labareda, Alma Forte, Vasco da Gama, Fernando Vai Casar, As Pílulas de Hércules, A Severa, O Saltimbanco, O Pobre Valbuena, Jesus, Carnaval Alegre, A Águia Negra, Salamandra 27,Amores de Pescador, A Dez Réis, Fala Baixo, O Homem da Bomba, A Alma Francesa, Um Inimigo do Povo, A Taberna e Simone.

BRAGA, Costa

O autor teatral, Francisco Joaquim da Costa Braga, nasceu a 10 de Janeiro de 1831 e faleceu em Maio de 1902. “Viveu” sempre, no teatro, exercendo diversas áreas, como ponto, contra-mestre, secretário, gerente, ensaiador, copista e autor.

Escreveu muitas peças originais e traduziu outras das quais foram algumas publicadas. Desse repertório salientamos: O que é o Mundo? O que são as Riquezas?, duas comédias-drama em 2 actos, editadas em Lisboa, em 1857 e 1858; Paula e Maria, ou a Escravatura Branca, comédia-drama em 2 actos, 1859; A Honra Dum Português, comédia-drama em 2 actos e 1 prólogo, 1859; Os Pagens de Luiz XII, ópera cómica em 2 actos; Hei-de Ser Actor, Um Discípulo de Latim, Um Marquês Feito à Pressa, comédias em 1 acto; Loucura da Mocidade, comédia-drama em 3

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actos; Castigo e Arrependimento, drama em 6 actos; O Torrador, paródia à ópera com o mesmo nome, em 4 actos; O que é Lisboa, peça em 4 actos; S. Jorge, drama sacro em 4 actos; Civilização e Progresso, revista escrita em parceria com Francisco Serra, estreada em Fevereiro de 1858, no Teatro da Rua dos Condes; Revista do Ano de 1865, levada à cena do Teatro das Variedades; Revista do Ano de 1966, estreada igualmente no Teatro Variedades.

Ficou a dever-se a Costa Braga a primeira tentativa de criar uma associação destinada a defender os direitos dos escritores dramáticos, em 1873, mas que não chegou a concretizar-se.

BRAGA, Erico

O actor e empresário teatral, Erico Braga nasceu no Rio de Janeiro em 10 de Novembro e faleceu em Lisboa a 24 de Outubro de 1962.

Estreou-se como actor em 19 de Janeiro de 1916 no Teatro Politeama, na peça A Vida Dum Rapaz Pobre. Neste mesmo ano fez a sua primeira digressão teatral ao Brasil. Anos mais tarde formou a companhia teatral Lucília Simões-Erico Braga, que teve a servi-la nomes importantes da arte de representar, como Lucinda Simões, Palmira Bastos e Brunilde Júdice.

Foi co-autor de diversas revistas: O Papo Seco, estreada no Teatro da Trindade em 1926; Cocotes de Areia; A Feira de Amostras; Tit-Top, com música de Fernando de Carvalho, também estreada no Teatro da Trindade em 1932; Barril de Luxo; Carioca e Aldeia da Roupa Suja.

Erico Braga deixou o seu nome ligado ao semanário Girassol. Entrou em diversos filmes e, em 1957, recebeu o Prémio do Melhor Actor do Ano.

BRAGA, Teófilo

Joaquim Fernandes Teófilo Braga nasceu em Ponta Delgada em 24 de Fevereiro de 1843 e faleceu em Lisboa a 28 de Janeiro de 1924.

Teófilo Braga era filho de uma senhora da aristocracia açoriana, de seu nome Maria José da Câmara Albuquerque e de Joaquim Manuel Fernandes Braga, professor de liceu. Fica órfão de mãe aos 3 anos e pai volta a casar com uma mulher que o hostiliza e lhe provoca graves problemas na infância e adolescência.

A sua vocação literária e força de vontade cedo se revelaram e, para se tornar independente, vai trabalhar para uma tipografia onde compõe o seu próprio livro de estreia, uma colectânea de poesias intitulada Folhas Verdes, em 1859, com prólogo de Francisco Maria Supico, sobre a História Literária da Ilha de S. Miguel.

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Depois de ter feito os primeiros estudos no liceu de Ponta Delgada vem para o Continente, para a cidade de Coimbra, onde concluiu com distinção o curso de Direito em 1867 recebendo o grau de Doutor em 1868 com a tese História do Direito Português. I. Os Forais.

Com Antero de Quental deu origem à «escola coimbrã», publicando em 1864 a Visão dos Tempos e as Tempestades Sonoras, conjuntos cíclicos de poemas segundo o modelo da Legende dês Siècles, de Vítor Hugo. Ainda em verso escreveu dois dramas, Poeta Por Desgraça e Um Auto por Desafronta, publicados em 1869. O primeiro, representado por estudantes, entre os quais Eça de Queirós, no Teatro Académico de Coimbra, em 1865, tinha por protagonista, Correia Garção; o segundo, Gil Vicente. Escreveu também um auto de inspiração vicentina, O Lobo da Madragoa, publicado em 1869; um drama em 5 actos, enquadrados por um prólogo e um epílogo, Gomes Freire, 1907 e o libreto para a ópera de Rui Coelho, O Serão da Infanta, cantada em 1913 no Teatro São Carlos.

Como poeta publicou ainda: Visão dos Tempos, 1864; Tempestades Sonoras, 1864; Torrentes, 1869 e Miragens Seculares, 1884. Como folclorista publicou também: Contos Tradicionais do Povo Português, em 1883; O Povo Português nos Seus Costumes, Crenças e Tradições, 1885, em dois volumes.

Pensador positivista, escreveu Traços Gerais da Filosofia Positivista, no ano de 1877.

Historiador da Cultura Portuguesa lançou-se nos estudos da História Literária, publicando em 1867 a História da Poesia Popular Portuguesa, abrangendo o Romanceiro Geral e em 1870 e 1871 os quatro volumes da História do Teatro Português e os quatro volumes da Historia da Universidade de Coimbra, em 1892 e 1902.

De 1872 a 1910 regeu a cadeira de Literaturas Modernas no Curso Superior de Letras, em Lisboa. Militante do Partido Republicano, após a queda da Monarquia em 1910, presidiu ao governo provisório e, em 1915, foi eleito Presidente da Republica.

BRAGA, Visconde de S. Luís de

Filho de portugueses, nasceu no Rio Grande do Sul, Brasil em 1850. No Rio de Janeiro, ainda que nomeado Visconde, continuou a ser conhecido por Braga Júnior. No teatro começou por ser ponto e, depois, sócio de uma empresa artística no Teatro Recreio Dramático do Rio de Janeiro. Mais tarde fez-se empresário, tendo adquirido o espólio da empresa Ester de Carvalho.

Com a companhia que organizou, percorreu o Brasil de Norte a Sul fazendo dinheiro, principalmente com as operetas O Periquito e D.

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Juanita. Depois, associou-se a Celestino da Silva. Com o advento da república no Brasil, Braga Júnior foi atacado da febre de companhias e outros negócios que se tornaram epidémicos no Rio de Janeiro.

Veio depois para Lisboa, donde nunca mais saiu. Aqui, fez-se visconde e um dos proprietários do Teatro Dona Amélia e sócio da empresa exploradora do mesmo, com Guilherme da Silveira, António Ferreira Ramos e Celestino da Silva. Foi um homem prestigiado, tendo feito a inauguração do “seu” teatro com uma companhia italiana em 1894.

BRAGA, Vitoriano

Vitoriano de Sousa Feio Peixoto Braga, nasceu em Lisboa em 11 de Julho 1888 e faleceu a 30 de Janeiro de 1940.

Foi funcionário da Companhia dos Caminhos-de-ferro Portugueses, colaborou na imprensa sobre temas de teatro e exerceu interinamente, o cargo de Comissário do Governo junto do Teatro Nacional de Almeida Garrett (hoje D. Maria II).

A sua primeira peça data de 1911, tem 3 actos e chama-se: A Bi, escrita em colaboração com João de Vasconcelos e Sá, só passados 5 anos regressa à cena com: Octávio, 1916, que pelo arrojo da sua tese causou grande celeuma. Vieram depois sucessivamente: O Salon de Madame Xavier; 1918, sátira dos meios pseudo-literários da capital, O Conselho da Noite; A Casaca Encarnada, 1922, no Teatro Politeama, onde faz uma severa crítica à sociedade decadente da época e que foi, sem duvida, a mais elogiada pela crítica; Inimigos, 1926 no Teatro Politeama, Lua de Mel, 1928; Extremo Recurso em 2 actos, 1917 e Entre As Cinco e As Oito, estas duas últimas publicadas, mas não representadas. Fez ainda traduções várias de Bourget, Irmãos Quintero, Ibsen, Martinez Sierra, Pagnol e outros. Tem artigos dispersos por vários jornais dos quais foi crítico teatral. Se bem que a partir de 1928 se tenha recolhido ao silêncio (o que não se justificava uma vez que tinha anteriormente alcançado enorme êxito e todos esperavam o seu regresso) certo é que o seu nome foi sempre respeitado e apreciado nos meios teatrais.

A sua obra dramática, curta mas valiosa, ora se situa na crítica social de costumes, ora entra pelo campo da análise psicológica.

BRAGANÇA, Nuno

O escritor Nuno Bragança nasceu em Lisboa em 12 de Fevereiro de 1929, onde faleceu a 7 de Fevereiro de 1985.

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Licenciado em Direito, fez parte da geração de intelectuais católicos que, nos anos 60, foram companheiros de caminho do Cinema Novo. Colaborou em jornais e revistas, nomeadamente em O Tempo e o Modo, Seara Nova e Vértice. No meio cinematográfico foi dirigente cineclubista, autor de diálogos e crítico de cinema na primeira série de O Tempo e o Modo e autor de textos posteriores sobre cinema português, dispersos por publicações várias como o Expresso e Diário de Lisboa.

Como ficcionista revelou-se com o romance A Noite e o Riso, no ano de 1969, seguindo-se o romance Directa, 1971; Square Tolstoi, 1981; Estação, 1985 e Do Fim do Mundo, em 1990.

A sua obra satiriza a burguesia lisboeta e retrata a vida intelectual e política da capital, dos anos 60 até ao período da Revolução de 25 de Abril de 1974.

Em A Noite e O Riso marcou-se uma data na evolução das formas literárias entre nós.

Foi autor dos diálogos do filme Os Verdes Anos, realizado por Paulo Rocha e estreado em Lisboa a 29 de Novembro de 1963.

BRAMÃO, Octávio

O actor Octávio Bramão nasceu em Lisboa em 11 de Março de 1902 e faleceu em 1957. Era filho do actor Álvaro Pereira Bramão e casado com a actriz Amélia Rodrigues da Silva Bramão.

Estreou-se no dia 28 de Junho de 1920 no Teatro Avenida, na revista Com Unhas e Dentes, escrita por Artur Arriegas e musicada por Luz Júnior.

Trabalhou em todos os teatros de Lisboa, Porto e em alguns do Brasil, nas companhias de Lucília Simões, Aura Abranches, Ilda Stichini e Rey Colaço-Robles Monteiro, entre outras.

As principais peças em que participou foram: O Regresso, O Amor em Pó, Jerusalém, O Homem que Assassinou, O Regente, Náufrago, Tio da Minha Alma, 2 Garotos, O Conde de Monte Cristo, O Mártir do Calvário, Os Milhões do Criminoso, Otelo, O Gato Bravo, Mulher-Homem, A Bisbilhoteira, Pernas ao Léu, O Pimpão, Paga e Não Bufes, O Cão de Fala, Chapéus Modelos, Das 5 às 7, O Pé de Cabra, Se eu Quisesse, Caras e Corações, A Língua das Mulheres, O Clube do Diabo, O Escândalo, Uma para 3, Paris, Conquistadores, Casa Cercada, Dama das Camélias, Entre Giestas, Era Uma Vez Uma Menina, Amor de Perdição, Morgadinha de Vale Flor, Sol de Abril, Domador de Sogras, Sonho de Uma Noite de Agosto e Cacho Dourado.

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BRANCO, Castelo

Manuel Castelo Branco nasceu em Castelo Branco, em 6 de Abril de 1869 e faleceu em Lisboa a 14 de Abril de 1934.

Vindo para Lisboa, logo se manifestou nele a tendência para o teatro, estreando-se com a revista O Século XIX, de autoria de Baptista Diniz, no Teatro do Rato, de que era empresário o actor Santos Júnior. Fez, depois, outros papéis noutros espectáculos teatrais, mas não se fixou nesta modalidade. A indumentária era a sua especialidade. Trabalhou como contra-mestre no guarda-roupa do Araújo, na Rua Nova da Palma e, mais tarde, com o «costumier» Carlos Cohen, onde manifestou o seu grande gosto pela arte de vestir. Foi a actriz Lucinda Simões que, reconhecendo que, como actor, ele não passaria da mediocridade, um dia o chamou para vestir a peça Cirano de Bergerac. O impacto foi tal que o grande cómico Vale lhe deu para vestir as peças Agulhas e Dedais e Poetas de Xabregas. Nunca mais parou.

Foi-se aperfeiçoando, progredindo, viajando pelo estrangeiro em busca de ideias novas e, no regresso, passa a fornecer o Teatro D. Maria II, em cujo edifício montou as suas oficinas. Mais tarde, o Governo da República, premiando os seus méritos artísticos, nomeou-o Professor de Indumentária do Conservatório Nacional, cuja função desempenhou durante quinze anos e condecorou-o com o Hábito de Santiago. Foi cedido a Castelo Branco um terreno junto ao Conservatório Nacional, na Calçada dos Caetanos, onde criou o seu riquíssimo guarda-roupa.

Activo e empreendedor, Castelo Branco também escreveu para o teatro e foi empresário do Novo Teatro Chalet, na feira de Alcântara, do Éden-Teatro, na feira do Campo Grande e de vários outros.

Durante a sua carreira, trabalhou para os maiores artistas da cena portuguesa, tendo vestido, um total de cerca de setecentas peças. O último trabalho que teve foi a confecção dos trajes para os grupos dos bairros que deveriam figurar nas Festas da Cidade de Lisboa.

Coube-lhe a honra de ajustar trajes aos maiores actores portugueses, como os irmãos Rosa, Brasão, Ferreira da Silva, Chaby Pinheiro, Lucinda Simões, Ângela Pinto e Lucinda do Carmo, entre tantos. Castelo Branco ocupou-se do guarda-roupa de peças de Pinheiro Chagas, de Lopes de Mendonça, de Júlio Dantas, de D. João da Câmara, de Rui Chianca, de Jaime Cortesão e foi notável o seu trabalho nas reconstituições da indumentária dos autos de Gil Vicente.

Em 1920, a empresa do Teatro Apolo dedicou-lhe uma festa de homenagem, organizada por Nascimento Fernandes, Henrique Santana e Lino Ferreira, entre outros. Nessa altura publicou-se um único número dum jornal, intitulado Bons Costumes e escrito por Júlio Dantas, Palmira Bastos, Vicente Arnoso, Eduardo Schwalbach e Matos Sequeira, entre outros.

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Das peças que vestiu, para além das já citadas, indicamos também as seguintes: Suave Milagre, Judas, Leonor Teles, Hamlet, Gata Borralheira, Noite e Dia, Bocacio, Frei Luís de Sousa, Avarento, Ó da Guarda, A.B.C., Sonho Dourado, Paz e União, Peço a Palavra, O 31, Filha do Inferno, Fim do Mundo, Arco da Velha, Princesa Encantada, Aljubarrota, Margarida do Monte, Sempre Noiva, Pai Paulino, Sol e Sombra, Rosa Tirana, Alerta, Serão nas Laranjeiras, Soror Mariana, Primo Basílio, Honra Japonesa, Amor de Perdição, Coimbra Terra de Encantos, Morgadinha de Vale For, Os Campinos, Beijos de Burro, Auto da Barca, Bocage, Sombra do Rei, Duque de Viseu, Amor de Perdição (ópera), Aventureira, O Caminheiro, O Tartufo, Volta ao Mundo a Pé, Rei dos Bandidos, Do Sol à Estrela, Toureador, Soldado de Chocolate, Dama Roxa, Sonho de Valsa, Viúva Alegre, O Palhaço, Princesa dos Dólares, A Severa, Inês de Castro, Nossa Senhora de Paris, Duas Órfãs, Pão Nosso, De Capote e Lenço, Dominó, Maré de Rosas, Traços e Troças, Chico das Pegas e Diabo a Quatro.

BRANCO, Freitas

João de Freitas Branco, escritor e pensador português, nasceu no Funchal em 5 de Agosto de 1855 e faleceu em Lisboa em 1910.

Matriculou-se em Coimbra nos cursos de Matemática e de Filosofia em 1871, quando por doença, teve de interromper os estudos no 2º ano e de se retirar para a terra natal, onde recuperou a saúde passado um ano. Durante essa época traduziu e publicou no Funchal a célebre obra de Douglas Jerrold, Mrs. Caudde’s Lectures. Mais tarde, já restabelecido, foi para o estrangeiro (Austrália, Inglaterra e França) onde completou a sua educação e adquiriu específicos conhecimentos não só das línguas, como das literaturas respectivas, que vieram a favorecer as nossas letras, pois foi considerado o introdutor em Portugal dos modernos autores nórdicos e alemães, até então completamente desconhecidos mesmo em França – Ibsen, Bjornson, Kipling, Maeterlinck, Sudermann e Ludwig Fulda, de quem traduziu algumas obras mais importantes. Entre elas, traduziu a célebre Casa da Boneca, do grande escritor escandinavo, muito antes – afirma um biógrafo – da França travar relações intelectuais com aquele. Traduziu também os Sustentáculos da Sociedade, do mesmo escritor, a peça de Bjornson Uma Falência e várias peças alemãs, entre as quais: O Fim de Sodôma, de Sudermann; O Bode Expiatório, comédia em 3 actos, representada pela primeira vez em 4 de Dezembro de 1903 no Teatro do Ginásio, com a interpretação de Soler, Carlos Leal, Telmo, Cardoso, António Pinheiro, Inácio, Sarmento, Bárbara Wolckart, Júlia de Assunção, Emília Sarmento, Sofia Gomes, Palmira Torres e Carlota Fonseca, entre outros; Gente para Alugar, peça em 4 actos, levada à cena também no Teatro do Ginásio, no dia 4 de Março de 1904, apresentada por Cardoso,

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Inácio, A. Ferreira, António Pinheiro, Sarmento, António de Sousa, Carlos Leal, Sales, Bárbara, Isabel Benardi, Carlota Fonseca, Júlio de Assunção, E. Sarmento e Almeida; Os Inseparáveis, levada à cena no Teatro Nacional D. Maria II, no dia 27 de Abril de 1907, em récita do actor Ferreira da Silva; O Ninho do Cupido, comédia burlesca em 3 actos, estreada no Teatro do Ginásio em 21 de Abril de 1904, com as interpretações de Telmo Inácio, Cardoso, Pinheiro, Sarmento, Ferreira, Carlos Leal, Palmira Torres, Sofia Santos, Carlota Fonseca e Palmira Ferreira; Os Penedos do Inferno, comédia, estreada no Teatro D. Maria II; Aranha de Ouro; Os Inocentes e O Gatuno, estas três últimas também levadas ao palco do Teatro do Ginásio e O Homem das Mangas, que se representou com imenso êxito no Teatro da Trindade em Lisboa.

Escreveu a comédia em 3 actos A Engenhoca e deixou ainda notáveis artigos de crítica sobre o teatro, publicados em português, nalguns jornais de Lisboa e, em alemão, em revistas importantes de Berlim e Viena. Pelos seus conhecimentos revelações e autoridade naquela veio a ser nomeado pelo Governo, Vogal do Júri de admissão de peças no Teatro D. Maria II e, pouco antes de morrer, Vogal do Conselho de Arte Dramática.

A ele ainda se deve o haver-se vulgarizado em Portugal os nomes dos principais dramaturgos alemães da época.

Detinha uma invulgar erudição musical e poliglotismo. Era senhor de uma admirável cultura, o que certamente se devia ao facto de haver feito quase toda a sua educação no estrangeiro.

BRANDÃO, João Augusto Soares

O actor João Augusto Soares Brandão nasceu em São Miguel, Açores, no dia 19 de Junho de 1845 e faleceu no Rio de Janeiro a 16 de Novembro de 1921.

Chegou ao Brasil quando tinha 17 anos de idade, estreando-se no Teatro de São Januário em 1862.

Teve um impacto grande com actor cómico, ao ponto de ter sido denominado de o “Popularíssimo” pois foi, no seu tempo, dos actores mais conhecidos do Brasil.

Lançou-se também na escrita teatral, sendo de sua autoria as comédias: O tio Geriva, escrita em 1895; Capenga não Forma, em 1895 e Lamentações de Um Porteiro.

Deixou inédito o livro de memórias Último Acto.

BRANDÃO, Maria

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A actriz Maria Brandão nasceu em 1899 e faleceu a 3 de Novembro de 1984 em São João da Madeira.

Maria Brandão trabalhou no Teatro Nacional D. Maria II, na Companhia de Rey-Colaço-Robles Monteiro e participou em diversos filmes portugueses, entre os quais O Dinheiro dos Pobres, onde actuou ao lado de Vasco Santana.

Das várias peças em que entrou na companhia referida, sublinhamos as seguintes: Demónio, de Ramada Curto; Falar Verdade a Mentir, de Almeida Garrett; Alma de Mulher, de Gustavo de Matos Sequeira; e Amor de Perdição, de D. João da Câmara.

Actuou, entre outros, com os seguintes artistas: Amélia Rey Colaço, Robles Monteiro, Abílio Alves, Carlos Oliveira, Luís de Campos, Barroso Lopes, Emília de Oliveira, Maria Clementina, Maria Lalande, Lúcia Mariani, Álvaro Benamor, António Pinheiro.

BRANDÃO, Raul

O escritor Raul Germano Brandão nasceu na Foz do Douro, Porto, a 2 de Março de 1867 e faleceu em Nespereira, Guimarães no dia 5 de Dezembro de 1930.

Passa a infância na Foz. Na adolescência convive com António Nobre, Alberto de Oliveira, Hamílton de Araújo e Justino de Montalvão, entre a Foz e Leça da Palmeira, passando então a fazer parte de um grupo portuense de jovens escritores rebeldes e excêntricos.

Frequenta, no Porto, o Curso Superior de Letras, mas enveredou depois pela carreira militar, a convite dos pais, entrando para a Escola do Exército, vindo a reformar-se com o posto de Major do Exército, aos quarenta e cinco anos.

Dedica-se então à escrita e ao jornalismo, a par com a actividade de pequeno proprietário rural, na região de Guimarães. Ma a actividade literária começa em 1885, ano em que publica o primeiro texto Bendita!, evocando a violência do terramoto e exaltando a Caridade como a virtude mais «bendita». O texto foi publicado na revista Andaluz, em número único publicado pelos alunos do Colégio de S. Carlos «em favor das vítimas dos terramotos de Andaluzia», com colaboração de João de Lemos, Trindade Coelho e José Leite de Vasconcelos, entre outros. Em 1890 publica o primeiro livro, Impressões e Paisagens, livro de contos feito de uma sucessão de pequenos quadros da vida piscatória e rural, entre Eça e Fialho. No prefácio-carta a Alberto Bramão, companheiro de juventude, evoca a Foz do Douro e comenta: «Foi das nossas discussões sobre Arte que estes contos nasceram...». Dessas discussões nasce também o manifesto de 28 páginas assinado com o pseudónimo colectivo de Luís de Borga, Os

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Nefelibatas, escrito quando tinha 18 anos, e publicado, sem data, entre fins de 1891 e princípios de 1892.

No campo jornalístico fundou, no Porto, um jornal literário e de larga informação, o Correio da Manhã, tendo assiduamente colaborado também no jornal do mesmo título que, em Lisboa, foi fundado por Pinheiro Chagas e, ainda em, O Dia, Diário de Notícias, Portugal-Brasil, Imparcial, Diário da Tarde, Revista de Hoje, O Século e na República, fundada por António José de Almeida, de quem foi grande amigo e correligionário político. Nos últimos tempos escrevia para a Seara Nova que, desde a sua fundação, lhe mereceu sempre especial simpatia, pois foi um dos elementos do grupo fundador. A esta se pela pena de Castelo Branco Chaves, um estudo sobre a obra literária de Raul Brandão.

Organizou com D. João da Câmara e Maximiliano de Azevedo, livros de leitura escolar.

Publicou contos, livros de viagens, peças de teatro, memórias e estudos históricos. A sua prosa simples e tensa palpita de dramatismo e fogo interior, em clarões de idealismo no lírico anarquismo niilista. Neto de um pescador, as suas páginas resumem simpatia e angústia ao evocarem as desgraças dos humilhados e ofendidos, sob a directa influência da leitura de Dostoievski, sendo neste aspecto caso impar na prosa portuguesa.

Entre as suas obras avultam: Vida de Santos, publicada em 1891, em parceria com Júlio Brandão; História de Um Palhaço, 1896, refundida posteriormente sob o título A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore, 1926; A Arte, obra também escrita em parceria com Júlio Brandão, 1895-1899; O Padre, 1911; A Farsa, 1903; Os Pobres, com prefácio de Guerra Junqueiro, 1906; El-Rei Junot, 1912; A Confissão de Gomes Freire, 1914; Húmus, 1917; Memórias (I, 1919, II, 1925 e III, 1933); Os Pescadores, reportagem, 1923; As Ilhas Desconhecidas, reportagem, livro escrito após uma viagem aos Açores; 1926; O Pobre de Pedir, 1931; Portugal Pequenino, literatura para a infância, escrito em colaboração com a mulher, Maria Angelina Brandão e que representa a última obra que publicou, 1930 e prefácio e notas a O Cerco do Porto - Contado por Uma Testemunha - O Coronel Owen, 1915.

No teatro são de salientar duas peças em 3 actos, escritas em colaboração com Júlio Brandão: Noite de Natal, representada no Teatro Nacional D. Maria II, em 1899 e O Maior Castigo, levada à cena no Teatro Dona Amélia, em 1902. A primeira, que Fialho de Almeida considerou «uma obra de rapazes, desconexa», impregnada da «reminiscência de alguns romances e peças russas», só em 1891 foi publicada e o texto da segunda não chegou até nós. O Gebo e a Sombra, peça em 4 actos, foi publicada em 1923, tendo depois várias reedições. Foi representada pela primeira vez pela Companhia Alves da Cunha, no Teatro Nacional D. Maria II, em 27 de Abril de 1927, numa encenação de Araújo Pereira e

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interpretação de Alves da Cunha, Adelina Abranches, Ribeiro Lopes, Berta de Bivar, Luís Pinto, Elvira Velez, entre outros. O Doido e a Morte, farsa em 1 acto, publicada no ano de 1923, também com várias reedições. Foi representada pela primeira vez no Teatro Politeama, em 1 de Março de 1926, com encenação de Araújo Pereira e interpretação de Alves da Cunha, Joaquim de Oliveira, Maria Isabel e António de Melo, nos papéis principais. O monólogo O Rei Imaginário, foi representado pelo actor Alves da Cunha em 1926 e 1927. De referir o monólogo, Eu Sou um Homem de Bem, 1927; uma tragicomédia em 7 quadros escrita com Teixeira de Pascoais Jesus Cristo em Lisboa, representada pela primeira vez, numa adaptação de Alexandre O’Neill e Mendes de Carvalho, pelo Teatro Popular, Companhia Nacional 1, no Teatro São Luís, em 23 de Junho de 1978, com encenação de Carlos Wallenstein, e interpretada por António Ramo, Antonino Solmer, Augusto de Figueiredo, Fernanda Lapa, Baptista Fernandes, Mário Sargedas, Jorge Neves, Fernando Nascimento, Canto e Castro, Glicínia Quartin, José Severino, Manuela Cassola, Alina Vaz, Norberto Barroca, Nuno Franco, Armando Venâncio, Lino Morgado, Maria Amélia Matta, Maria José, Manuela Santos, José Raimond, Lourdes Norberto, António Feio, Baptista Fernandes, António Anjos, António Augusto, Fernanda Lapa e José Nery. É ainda de sua autoria O Avejão, episódio dramático em um acto, escrito em 1929.

Raul Brandão pertenceu à Academia das Ciências de Lisboa. Foi uma das figuras de maior relevo da Literatura Portuguesa Contemporânea.

BRASÃO, Eduardo

O actor e empresário teatral, Eduardo Joaquim Brasão, nasceu em Lisboa em 6 de Fevereiro de 1851 e faleceu nesta cidade a 29 de Maio de 1925.

Assentou praça na Marinha em 12 de Julho de 1862 e foi pajem da futura Rainha D. Maria Pia.

Atraído pelo teatro, estreou-se no Teatro Baquet, no Porto, em 1867, interpretando o galã de Os Trapeiros de Lisboa. Conquistou rapidamente um lugar proeminente quando começou a trabalhar sob a direcção do grande ensaiador Santos, que deixou na história da arte de representar, provas do seu alto valor como mestre, nos ilustres discípulos que colocou na cena portuguesa, como António Pedro, Virgínia, Brasão, Amélia Vieira, Augusto de Melo, entre outros.

De todos os actores dramáticos da sua geração, Eduardo Brasão foi dos mais brilhantes. O número dos seus papéis foi considerável, sendo bastante apreciado como actor de alta comédia e de dramas históricos.

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Foi casado com a actriz Rosa Damasceno. Deixou o seu nome ligado ao êxito de dramaturgos como Marcelino Mesquita, D. João da Câmara e Júlio Dantas.

Despediu-se do público com a sua actuação em Manhã de Sol, no dia 26 de Novembro de 1924.

Entrou em diversos filmes, como, por exemplo, O Fado, em 1923.Longo seria enumerar todas as peças em que este “gigante” da cena

participou. Lembremo-nos, porém, das seguintes: O Cardeal, Afonso de Albuquerque, Castelã, Keam, Hamlet, Otelo, João José, Os Velhos, Manelich, Adversário, Alcácer Kibir, Amigo Fritz, Morta, O Íntimo, Bibliotecário, Severo Toreli, Fura Vidas, Timidez de Cornélio Guerra, Os Fidalgos da Casa Mourisca, Elogio Mútuo, Marquês de Vilemer, Feodora, D. Afonso VI, Surpresas do Divórcio, A mulher do Juiz, Leonor Teles, Envelhecer, O Alfageme de Santarém, Ressurreição, O que Morreu de Amor, Ceia dos Cardeais, A Madrugada, O Regente, Mantilha de Renda, O Gavião, Judas, Madame Flirt, Triste Viuvinha, Meia Noite, Manhã de Sol, Frei Luís de Sousa, Primerose, Margarida do Monte, O Duque de Viseu, A Dúvida, História de Sempre, Altar da Pátria, Marionetas, Sua Majestade, D. João Tenório, Simone, Casa Cercada, A Cavalgada das Nuvens, Os 3 Analfabetos, A Promessa, Inês de Castro, A Labareda, A Mártir, D. Francisco Manuel, Auto Pastoril, A Cruz da Esmola, O Paralítico, A Ironia da Vida, O Adversário, Papá, As Nossas Amantes, A Clareira, Derrocada, A Maluquinha de Arroios, Lâmpada Maravilhosa, Cortiço do Rei Guilherme, 2 Anjos, Alva Estrela, Cigana, Mãe dos Pobres, O Barba Azul, Barbeiro de Sevilha, Cão de Cego, O Pretexto, A Arlesiana, O Velho Tema, Capitão Carlota, Santa Humbelina, A 1ª Seta, O Flibusteiro, O segredo do Padre, Henrique III e a Sua Corte, A Fera Amansada, Madame Sans Gene e Rosa de Sete Folhas.

Trabalhou em muitos teatros, nomeadamente: Príncipe Real, Trindade, D. Maria II, Dona Amélia, Teatro Normal, Teatro República e Teatro do Ginásio.

Depois de ter superado uma grave doença que o minava, este grande artista veio a falecer às 23 horas do dia 29 de Maio de 1925, em consequência de uma hemorragia cerebral. O cadáver foi amortalhado no hábito de S. Francisco.

BRASÃO, Eduardo (Filho)

Eduardo Brasão (Filho) nasceu em Lisboa em 1 de Fevereiro de 1907 e faleceu nesta cidade a 6 de Dezembro de 1987.

Formou-se em 1929 na Faculdade de Direito de Lisboa. Abraçou a vida diplomática em 1935. Promoveu a criação do Instituto Português e da

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Escola de Camões em Hong Kong e a fundação de uma Cadeira de Português em Dublin.

De 1956 a 1958 esteve à testa do Secretariado Nacional da Informação. Foi embaixador em Roma, em Otava e no Vaticano, passando à disponibilidade a 8 de Março de 1974.

Depois de tentar a ficção literária (1925-19127) e de ter publicado as Memórias de Eduardo Brasão (seu pai), dedicou-se aos estudos históricos, especializando-se em temas diplomáticos a partir da História Diplomática de Portugal 1640-1834, 1932-1933, em dois volumes. Entre a sua vasta bibliografia contam-se estudos como: L’Unificazione Italiana Vista Dai Diplomatici Portoghesi 1848-1870, 1962, em dois volumes; La Découverte de Terre Neuve, 1964; Os Cortê-Reais e Novo Mundo, 1965; Relações Diplomáticas de Portugal com a Santa Sé, 1969-1974, em 8 volumes e Portugal e a Santa Sé, 1976.

No campo teatral para além das memórias de seu pai publicou, em 1926, na revista De Teatro, o «lever-de-rideau» Envelhecendo, representado por alunos da Faculdade de Letras. Em 1928 escreveu a lenda dialogada, em 4 quadros, Maria do Mar, com desenhos de Arlindo Vicente.

BRASÃO, Guimarães

O actor, António Silva Guimarães, de nome artístico, Guimarães Brasão, nasceu no Porto, em 20 de Março de 1881 e faleceu em Lisboa a 9 de Fevereiro de 1946.

Abandonou a vida comercial para se dedicar ao teatro. Estreou-se no dia 19 de Outubro de 1920 no Teatro Ginásio, na companhia de Alves da Cunha, na peça Os Irmãos Unidos. Em 1921 partiu para o Brasil onde permaneceu até 1930, trabalhando com várias companhias portuguesas e brasileiras.

Regressou a Portugal e ingressou na companhia de Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro, assim como mulher, a actriz Georgina Guimarães, com quem casara no Brasil. Em 1934 voltou ao Brasil, onde trabalhou até 1940, ano em que regressou a Lisboa. Até 1942 trabalhou com a mulher no Teatro Nacional D. Maria II.

Interpretou também as peças Amigo do Seu Amigo, Príncipe João, Os Vinhos do Senhor e Manuela.

Foi também artista de cinema, tento entrado nos filmes: A Canção de Lisboa, realizado em 1933 por Cotinelli Telmo; O Pai Tirano, realizado por António Lopes Ribeiro em 1941; e Um Homem Às Direitas, realizado por Jorge Brun do Canto em 1944.

Como actor trabalhou, pela última vez, no Teatro Apolo, na peça A Formiga. Nos últimos anos de vida, Guimarães Brasão, que era também

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um aguarelista-paisagista de merecimento, pintava quadros que vendia para se manter a ele e à mulher. Quando faleceu trabalhava numa colecção de aguarelas de paisagens nortenhas, que tencionava expor na Casa do Distrito do Porto.

BRACINHA, Rogério

O autor Rogério Bracinha nasceu em Lisboa em 11 de Janeiro de 1923, onde faleceu a 6 de Setembro de 1986.

Foi dos autores mais representados no teatro ligeiro e no teatro de revista. Foi distinguido com diversos prémios da crítica, o último dos quais em 1985, pela autoria da revista Não Batam mais no Zézinho, estreou-se como escritor teatral em 1963.

Teve sempre grande paixão pelo teatro. Aos 18 anos já frequentava as chamadas tertúlias onde se falava de teatro, sobretudo de teatro ligeiro e o Parque Mayer era uma das suas grandes atracções. Um dia, José Miguel, empresário, incompatibilizou-se com os seus autores e perguntou-lhe se ele era capaz de escrever uma revista. Aceitou o convite e pediu a Francisco Nicholson e a César de Oliveira para se associarem com ele. A revista acabou por acontecer ao ar livre, no Parque Mayer, precisamente no Pavilhão Português. Chamava-se Gente Nova em Bikini e foi estreada em 14 de Junho de 1963, no Teatro ABC.

Com Nicholson e César de Oliveira escreveu também as revistas Chapéu Alto e Lábios Pintados, ambas levadas à cena no Teatro ABC em 1963 e 1964, tendo por compositores João Nobre e José de Magalhães.

A sua carreira é recheada de êxitos, somando-se mais de 50 espectáculos de revista e teatro musicado, para além de ter feito também guiões para cinema e televisão.

Teve uma parceria com Paulo Fonseca, durante 12 anos, considerada uma das mais longas e profícuas de autores do teatro português.

Das revistas em que participou referimos: Ai Venham Vê-las, estreada no Teatro ABC em 1964; Zona Azul, no Teatro ABC, 1965; Zero, Zero Zé, Ordem P’ra Pagar, Teatro Variedades, 1966; Mini-Saias, Teatro ABC, 1966; Mulheres à Vela, Teatro ABC, 1966; Quem Tem Boca Vai a Roma, Teatro Capitólio, 1967; Arroz de Miúdas, Teatro ABC, 1968; Lisboa É Sempre Mulher, Teatro Monumental, 1968; Elas é que Sabem, Teatro ABC, 1969; Ena, Já Fala, Teatro ABC, 1969; Peço a Palavra, Teatro Variedades, 1969; Alto Lá com Elas e Pega de Caras, no Teatro ABC em 1970; Frangas na Grelha, teatro ABC, 1972; P’rá Frente Lisboa, Teatro Monumental 1972; Mulheres É Comigo, Teatro Monumental, 1973; Simplesmente Revista, Teatro Capitólio, 1973; Uma no Cravo, outra na Ditadura, Teatro ABC, 1974; Afinal Como É? e P’ra Trás Mija a Burra, ambas no Teatro ABC em 1975; O Bombo da Festa, Teatro Maria Vitória,

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1976; Em Águas de Bacalhau e Ó da Guarda! ambas no Teatro ABC em 1977; A Aldeia da Roupa Suja, Teatro Variedades, 1978; E Tudo São Bento Levou, Teatro Maria Vitória, 1978; Rei capitão Soldado Ladrão, no Teatro Maria Vitória, 1979; Mais Vale Sá que Mal Acompanhado e Ó Patego, Olha o Balão!, as duas no Teatro Maria Vitória em 1980 e ainda Não Deites Foguetes, também neste ano, estreada no teatro Variedades; O Escabeche, Teatro ABC, 1981; Chá e Porradas, Teatro ABC, 1982; Sem Rei Nem Rock, Teatro Maria Vitória, 1982; Quem me acaba o Resto, Teatro Maria Vitória, 1983 e O Bem Tramado, também no Teatro Maria Vitória em 1984.

No cinema, a actividade de Rogério Bracinha foi consequência do seu trabalho na revista. Neste campo foi co-autor com Paulo da Fonseca em Um Cão e Dois Destinos, de Alain Bornette, realizado em 1965; Rapazes de Táxis, de Constantino Esteves, em 1965, em colaboração com Paulo da Fonseca, César de Oliveira e José Ramos; Sarilhos de Fraldas, de Constantino Esteves, em 1976, em colaboração com César de Oliveira e Augusto Ramos e O Destino Marca a Hora, de Henrique Campos, em 1969, com César de Oliveira e Paulo Fonseca.

Foi funcionário da Sociedade Portuguesa de Autores a partir de 1971. Quando morreu Rogério Bracinha, desempenhava funções de adjunto da administração desta instituição.

BRITO, Freitas

Diogo Maria de Freitas Brito nasceu em 23 de Dezembro de 1840 e faleceu a 24 de Novembro de 1922.

Foi durante muito tempo amigo inseparável do escritor e professor do Conservatório, Alfredo de Melo.

Freitas Brito começou a estudar medicina, abandonando a carreira para se tornar comissário de bordo. Foi, depois, nomeado amanuense do Ministério da Marinha, lugar que lhe deu a reforma.

Nessa época traduziu algumas peças para o teatro. Tendo alcançado alguns meios de fortuna, pelo casamento, em 1876 fez-se sócio de uma empresa de accionistas, organizada por Pedro Jorge Pacini para explorar o Teatro de São Carlos. Apesar de Pacini ser o director e haver uma administração de que faziam parte Barbosa e Albuquerque, Domingos d’Abreu e depois Jaime da Costa Pinto, a alma da sociedade e o senhor absoluto era Freitas Brito.

Dissolvida esta em 1878, foi o teatro adjudicado a Freitas Brito & Cª. Depois dele voltou ainda Campos Valdez e uma administração nomeada pelo Governo. Mais tarde, tornou a ser empresário Freitas Brito, que ali se conservou até 1897, ano em que o teatro foi adjudicado a José Pacini.

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Freitas Brito foi também empresário dos Recreios Whittoyne, trazendo para ali diversas companhias que fizeram sucesso. A sua administração no Teatro de São Carlos também foi brilhante, trazendo a Lisboa verdadeiras notabilidades e fazendo cantar óperas novas com bastante êxito.

BRUN, André

O escritor e dramaturgo de ascendência francesa, André Brun, nasceu em Lisboa em 1881, onde o pai dirigia uma oficina de luvaria, no Chiado e morreu nesta cidade no ano de 1926.

Naturalizou-se português com o intuito de concorrer à Escola Naval. Gorado este plano e, por morte do pai, acabou por entrar para a Escola do Exército, arma de Infantaria, tendo combatido na Grande Guerra, em França e alcançado o posto de major e várias condecorações, entre elas a Cruz de Guerra.

Ainda bastante jovem, fundou com vários amigos em 1899, o Águia, jornal onde publicou os seus primeiros trabalhos. Colaborou também em vários outros órgãos de informação, como Chinelo (1900), semanário de caricaturas de que, com Carlos Simões e Francisco Valença foi fundador e onde os seus dotes se começaram a revelar. A verdadeira iniciação no jornalismo e nas letras data porém de 1907, ano em que entrou para as Novidades, passando depois a colaborar na Capital onde foi responsável da secção Migalhas durante anos. Colaborou também no Diário de Notícias e no suplemento humorístico de O Século e em O Espectro.

Terminada a colaboração nestes periódicos, compilou material para o seu primeiro livro Sem Pés nem Cabeça, que foi imediatamente aceite pelo editor, atingindo grande êxito junto do público.

A sua produção literária, que se compõe de contos, crónicas, peças, versos, etc., está quase toda reunida nos 22 volumes que editou a partir de 1910, ano em que deu à estampa Dez Contos em Papel, seguindo-se: Sem Pés nem Cabeça; Cada Vez Pior; Sem Cura Possível; Soldados de Portugal; Folhetins de Qualquer Ano; Praxedes, Mulher e Filhos; Outra Vez Praxedes; A Malta das Trincheiras, livro que tinha muito da sua própria vida e que, por isso, era o da sua predilecção, contendo no mesmo volume Migalhas da Grande Guerra; Sumário de Várias Crónicas; Os Meus Domingos, que reunia as várias crónicas que durante anos escreveu para o Diário de Notícias; Filosofia de Félix Pevide; Almas do Outro Mundo; Histórias em Verso; Namoro Alfacinha e A Baixa às Quatro Horas da Tarde.

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A par da sua obra literária obteve no teatro os mais destacados êxitos. Sobressaem: O Tabelião das Almas, peça que o tornou conhecido; A Revista Praxedes, espectáculo que se exibiu triunfalmente no Teatro S. Luís em 1922; A Vizinha do Lado, comédia em 4 actos, publicada em 1922 na revista «De Teatro» (nº 2). Foi estreada no Teatro do Ginásio em 29 de Outubro de 1913, por Mendonça de Carvalho, António Cardoso, Silvestre Alegrim, Joaquim Silva, Júlio Candeia, Ludgero Campos, Mário Veloso, Adélia Pereira, Maia Matos, Zulmira Ramos, Virgínia Farrusca, Beatriz de Almeida, Hermínia Silva e Benvinda de Abreu; Cavalheiro Respeitável; A Vida de um Rapaz Gordo; A Maluquinha de Arroios comédia em 3 actos, estreada em 14 de Fevereiro de 1916 no Teatro República, interpretada por Ângela Pinto, Emília de Oliveira, Bárbara Wolckart, Jesuína Saraiva, Luz Veloso, Laura Hirsch, Paz Rodrigues, Chaby Pinheiro, Ferreira da Silva, Eduardo Brasão, Carlos de Oliveira, Rafael Marques, Tomás Vieira e Manuela Pinto. Foi adaptada ao cinema por Henrique de Campos em 1970, interpretada por Artur Semedo, Alina Vaz, Eugénio Salvador, Ivone Silva, Beatriz de Almeida, Henrique Viana, Alma Flora, Carlos de Oliveira, Carlos Queirós, Luís Pinhão, Anita Guerreiro, Óscar Acúrcio, Linda Silva, Leonor Poeira, Helena Isabel e Carlos Coelho; Auspicioso Enlace, escrita em colaboração com Carlos Selvagem; O Pinto Calçudo, em colaboração com Ernesto Rodrigues; A Severa, em colaboração com Júlio Dantas; Giga-Joga, em parceria com Lino Ferreira e António Carneiro; Ano Novo, Vida Velha e O Juiz de Fora, adaptação do original francês por André Brun e apresentada pela Companhia do Chiado Terrasse, com interpretação de Luz Veloso, Teodoro Santos, Salvador Costa, Jaime Zenoglio, Rafael Gomes e Maria Clementina.

BRUNO, Armando

O desenhador Armando Bruno nasceu em 1907 e faleceu em 1989.Armando Bruno iniciou-se a desenhar em 1931 para a revista Viva

Portugal, uma super produção apresentada por Ricardo Covões, no Coliseu dos Recreios de Lisboa. Esta revista foi remodelada em 1932 com o título de A Revista do Coliseu.

Entre 1931 e 1941 desenhou dezassete revistas, algumas delas em colaboração com Pinto de Campos. Destas, é de referir um trajo que Corina Freire apresentou na revista Parade du Monde, representada no Casino de Paris e que teve grande impacto.

Armando Bruno dedicou-se também a outras artes, como o cinema onde desenhou figurinos para o filme A Rosa do Adro, realizado por Chianca de Garcia em 1938 e fazendo brilhar a actriz Maria Lalande. Também desenhou cartazes, entre eles o que fez para o filme A

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Morgadinha dos Canaviais, realizado por Caetano Bonnuchi no ano de 1949.

BURNAY, José Eduardo Pisani

José Eduardo Pisani Burny nasceu em Lisboa, no dia 17 de Junho de 1924 e faleceu nesta cidade a 10 de Janeiro de 1998.

Era filho do pintor e água-fortista, Luís de Ortigão Burny, neto de Ramalho Ortigão e de Maria José Bastos Pisani Burnay. Estudou no Colégio Manuel Bernardes em Lisboa, onde concluiu o Curso Liceal. Frequentou o Curso de Direito da Universidade de Lisboa, que não chegou a concluir, por ter sido atraído pelo teatro. Em fase desta paixão, terminou em 1950 o Curso de Teatro do Conservatório Nacional de Lisboa.

No seu percurso de actor representou no Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Monumental, Teatro Avenida e Teatro da Trindade. Entrou também em peças de televisão e em filmes nacionais e estrangeiros. Traduziu para português diversas peças teatrais de Henri Ghéon e de Pirandello. Foi assistente da Direcção da Companhia Portuguesa de Ópera no Teatro da Trindade.

Casou com a actriz Maria Emília Baptista, da qual teve três filhos. Foi galardoado com os prémios Eduardo Brasão e Augusto Rosa.

Foi sócio da Academia Nacional de Belas-Artes e pertenceu a diversas associações artísticas, quer nacionais, quer estrangeiras.

Aderiu à maçonaria, onde foi iniciado no Grande Oriente Lusitano e foi Venerável da Loja Simpatia e União.

CABRAL, Alexandre

O escritor Alexandre Cabral nasceu em Lisboa em 17 de Outubro de 1917, onde faleceu a 21 de Novembro de 1996.

Frequentou Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa. Foi redactor de uma agência noticiosa, delegado de propaganda médica e chefe de escritório. Trabalhou também numa agência de publicidade antes de se consagrar, em exclusivo, à actividade literária.

Estreou-se com Cinzas da Nossa Alma, em 1937. Publicou contos e romances de feição neo-realista, como Contos Sombrios, 1938; O Sol Nascerá Um Dia, 1942; Contos da Europa e da África, 1947; Fonte da Telha, 1949; Terra Quente, 1953; Malta Brava, 1955; Histórias do Zaire, 1956 e Margem Norte, 1961.

São também de referir os estudos que consagrou à vida e obra de Camilo Castelo Branco, entre os quais Estudos Camilianos, 1978; Escritos

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Diversos de Camilo Castelo Branco, 1979 e Dicionário de Camilo Castelo Branco, 1989.

Publicou em 1959 a sua única incursão nos domínios do teatro, a «conferência em 4 quadros», As Duas Faces, em que perpassa o mundo clandestino ao fascismo.

CABRAL, Álvaro

Actor, director de cena e autor, nasceu em Vila Nova de Gaia em 22 de Junho de 1865 e faleceu no Porto a 22 de Outubro de 1918. Estreou-se como actor no Teatro da Rua dos Condes de Lisboa, na noite de 18 de Março de 1889 na revista, Tim Tim por Tim Tim, de Sousa Bastos, música de Plácido Stichini, com Pepa Ruiz, Álvaro Cabral, Alfredo de Carvalho e Sérgio de Almeida. Depois de fazer parte durante muitos anos da Companhia Rosas & Brasão, passou para a empresa de Luís Galhardo, desempenhando então primeiros papéis em mágicas, operetas, dramas e revistas, designadamente: Herói da Vida, peça em 3 actos de Pierre Morgand e Claude Roland, tradução de Alberto Braga, levada à cena no Teatro Dona Amélia em 16 de Dezembro de 1903, com: Cristiano, Henrique Alves, Chaby Pinheiro, Álvaro Cabral, Francisco Sena, Sales, Lucinda Simões, Lucília Simões, Maria Falcão, Laura Cruz, Delfina Cruz e Elvira Costa; A Ressurreição, peça em 5 actos, extraída do romance de Tolstoi, por Henry Bataille, versão de Mello Barreto, estreada também no Teatro D. Amélia em 23 de Dezembro de 1903; A Cruz da Esmola, peça em 3 actos de Eduardo Schwalbach, levada à cena no mesmo teatro, em 30 de Janeiro de 1904, com: Carlos Oliveira, João Rosa, Augusto Rosa, Brasão, Henrique Alves, António Pinheiro, Gil, Álvaro Cabral, Francisco Sena, Adelina Abranches, Rosa Damasceno, Maria Pia, Delfina Cruz, Maria Falcão, Laura Cruz, Josefa de Oliveira, Elvira Costa e Jesuina Saraiva; O Sub-Perfeito de Château Buzard, peça em 3 actos, de Gandillot, tradução de Eduardo Garrido, estreada na noite de 13 de Fevereiro de 1904, também no Teatro Dona Amélia, com: Maria Falcão, Delfina Cruz, Laura Cruz, Josefa de Oliveira, Cristiniano de Sousa, Augusto Antunes, António Pinheiro, Carlos de Oliveira, Pinaroff, Álvaro Cabral, Frederico Lagos, Francisco Sales, Nunes; A Castelã, peça em 4 actos de Alfred Camus, tradução de Acácio de Paiva, também levada à cena neste teatro, com: Eduardo Brasão, Augusto Rosa, António Pinheiro, Henrique Alves, Gil, Álvaro Cabral, Lucinda Simões, Josefa de Oliveira, Laura Cruz e Maria Falcão; Madame Sans-Gêne, peça em 1 prólogo e 3 actos, de V. Sardou e E. Moreau, tradução de Moura Cabral e estreada em 22 de Abril de 1904.

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Como autor teve os melhores êxitos com as revistas: Peço a Palavra, escrita em parceria com João Bastos e Santo António de Lisboa, escrita com Penha Coutinho.

Morreu no Hospital do Bonfim, do Porto, sendo nessa altura primeiro actor e director de cena da companhia Luís Ruas, que trabalhava no Teatro Nacional daquela cidade. A última produção teatral em que participou foi na revista, Papagaio Real.

CABRAL, Moura

Carlos de Moura Cabral nasceu em Lisboa em 24 de Janeiro de 1852, onde faleceu no ano de 1922.

Jornalista, autor teatral e tradutor do repertório francês de Dumas Filho a Feydeau, escreveu algumas obras de comentário à sociedade elegante dos fins do século XIX, que se representaram com êxito, nomeadamente: Paris em Lisboa e Comédia Íntima, 1880; Cenas Burguesas, 1884; Bibi, 1889; O Homem Terrível, 1892; Kermesse, 1893; uma adaptação cénica do romance O Grande Industrial, de G. Ohnet, representada no Teatro Nacional em 1883; Cenas Burguesas, peça em 3 actos; O Homem Terrível, levada à cena no Teatro do Ginásio.

Escreveu mais: A Galdéria, em colaboração com Maximiliano de Azevedo, representada no Teatro do Príncipe Real; Crime e Castigo, Penedos do Inferno. Traduziu: As Alegrias do Lar (levada à cena no Teatro do Ginásio), Princesa de Bagdad, Miguel Trogoff, Príncipe Zillah, Madrinha de Charley, Madame Sans Gêne, Perfume, Hotel de Livre Câmbio, Questão de Dinheiro, O Salta-Pocinhas (no Teatro do Ginásio), O Desaparecido (estreada no Teatro do Ginásio), De Quem é a Criança? O Leque e Ama Seca, entre outras traduções.

Com D. João da Câmara e Henrique Lopes de Mendonça escreveu a farsa O Burro em Pancas, 1892 e a peça fantástica A Aranha, 1902, de que foram também colaboradores Eduardo Schwalbach, Fernando Caldeira e Jaime Batalha Reis, na primeira e Júlio Dantas, na segunda.

CABRAL, Pedro

O autor e actor, Pedro Cabral nasceu no ano de 1855 e faleceu em 1927.

Começou, a trabalhar como empregado de comércio mas, de muito novo, demonstrou grande entusiasmo pelo teatro.

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Traduziu diversas comédias e escreveu para o Teatro das Variedades uma paródia à opereta Filha da Senhora Anjot, com o título O Neto da Senhora Anjot.

Como actor estreou-se no Teatro do Ginásio, no dia 29 de Novembro de 1877, na comédia de Sardou, Les gens nerveux, traduzida por José Romano com o título Todos Assim. Em 1879 passou para o Teatro do Príncipe Real.

Um ano depois fez parte da companhia de Emília Adelaide no Teatro dos Recreios indo, em seguida, para o Porto. No ano de 1883 regressou ao Teatro dos Recreios, na empresa de Salvador Marques. Dois anos depois, após ter estado no norte do Brasil com a companhia de Brandão e Gil, voltou ao Porto, onde se conservou até 1888, vindo a fazer parte da companhia que abriu o Teatro da Avenida.

Em 1890 foi dirigir uma companhia de opereta aos Açores. Esteve, depois, duas épocas no Teatro da Rua dos Condes, até que voltou aos Açores. No regresso fundou uma sociedade com Vale, Silva Pereira, Lucinda do Carmo, entre outros artistas, para explorar os teatros da Trindade, Dona Amélia e Rua dos Condes.

Por último, ainda voltou ao Pará, Brasil, onde esteve apenas dois meses. Regressando a Lisboa, formou nova sociedade para explorar, com operetas, o Real Coliseu.

CABREIRA, Tomás

Tomás Cabreira Júnior nasceu em Lisboa em 1892, onde faleceu no ano de 1911.

Escreveu com Mário de Sá-Carneiro, seu condiscípulo de liceu, a peça em 3 actos Amizade, editada e representada por amadores no Teatro do Clube Estefânia em 1912, um ano depois do seu suicídio, que foi precedido da destruição de todas as suas obras, nas quais se contava uma peça de inspiração oriental, intitulada Musmé.

CAEIRO, Bento

Este autor nasceu em Amareleja, em 1886 e faleceu no ano de 1961.Escreveu uma comédia num acto, em verso, designada de Torneio do

Amor e baseada num conto de Catulle-Mendès, premiada nos Jogos Florais de Lisboa, no ano de 1908 e que em tradução francesa se representou em Lausana em 1923. É também autor de uma comédia, num acto, de costumes do século XX, em verso, O Grão-Duque de Sintra em Lisboa.

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CAIOLA, Lourenço

Lourenço Caiola, nasceu em Campo Maior em 1863 e faleceu em Lisboa no ano de 1935.

Seguiu a carreira militar, vindo a atingir o posto de Coronel de Artilharia pelo qual se achava reformado quando faleceu. Teve várias e importantes missões de serviço. Foi deputado em várias legislaturas durante a monarquia. Quase sempre era escolhido como relator de todos os projectos de lei concernentes a assuntos coloniais. Nessa especialidade deixou publicados trabalhos de vulto, tais como, Ciência da Colonização (2 volumes) e Características da Colonização Portuguesa.

No campo literário cultivou sobretudo, a novela, o romance e o teatro. Deixou impressas as novelas: Glória Amarga, História de Amor, A Mulher dos Olhos Negros, Conversão, Caso de Consciência, Páginas da Vida, Noite de Núpcias e Esfinge; os romances Coração Doente e Despertar; o drama em 3 actos, A Derrocada, que foi levado à cena no Teatro Nacional D. Maria II em 1919. Três anos depois, escreveu o drama A Renúncia que foi rejeitado pela empresa do Teatro Nacional.

Escreveu, também, dois livros de memórias: Revivendo o Passado e Cenas Delicadas pelo Tempo.

Exerceu também a actividade de jornalista, quer na qualidade de director do Correio da Noite, quer na de redactor político da Era Nova e do Jornal da Noite, bem como a de crítico literário no Diário de Notícias.

Foi professor da Escola Superior Colonial. Possuía várias condecorações, entre elas a de Santiago de Espada, a de Carlos III de Espanha, o oficialato da Legião de Honra e o grande oficialato de Avis.

CALAZANS, Carlota

A actriz Maria Carlota Calazans, filha do actor João Calazans, nasceu em Lisboa, no dia 27 de Dezembro de 1919 e faleceu em 1993.

Estreou-se no Teatro Nacional em 8 de Maio de 1925, na peça A Hora do Amor, quando tinha apenas 6 anos, no desempenho do papel de Clarinha. No ano seguinte fez o papel de Maria da Luz, na peça Ave de Rapina.

Em 1927, integrada na companhia de Berta de Bívar-Alves da Cunha, entrou em Os Miseráveis, de Victor Hugo.

Foi discípula da arte coreográfica de Madame Brittons e, tendo completado o curso de Bailarina com distinção, entrou em diversas récitas de caridade.

No ano de 1936 voltou ao Teatro, integrada na companhia de Rafael Marques, onde entrou na revista Maria Rita, escrita por Félix Bermudes, Ascensão Barbosa e Abreu e Sousa, com música de Raul Ferrão, Venceslau

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Pinto e B. Ferreira. Transitou depois para o Éden-Teatro, pela mão de Maria das Neves e Lopo Lauer, entrando em O Homem da Rádio e Chuva de Mulheres. Um ano depois, no Teatro do Ginásio, com estreia no dia 27 de Novembro, fez parte do elenco da revista Balancé, de Luís de Oliveira Guimarães e Aníbal Nazaré, com música de António Correia Leite, A. Câmara Rodrigues e João Nobre.

CALAZANS, João

O actor João Calazans nasceu no dia 14 de Dezembro de 1879 e faleceu em 1954.

Estreou-se no Teatro do Ginásio na peça Condessa de Marcery. No seu percurso artístico desempenhou muitas vezes o papel de galã.

As principais peças que interpretou foram: Os Velhos, Peraltas e Sécias, Morgadinha de Vale-Flor, Amor de Perdição, Serão nas Laranjeiras, 20.000 Dólares, Noventa e Três, O Tartufo, Maria da Graça, Kean, Malquerida, ….., Os Novos Apóstolos, O Milionário, História de Sempre, Cora ou a Escravatura, A Oitava Mulher, O Barba Azul, A Casaca Encarnada, Alcácer Kibir, O Noivado do Sepulcro, A Flor de Seda, A Guerra, O Encontro, D. João Tenório, Fédora, A Dama das Camélias, Os Conquistadores, Emigrantes, A Máscara, Mulher que Passa, Viriato, A Comediante, Lei do Divórcio, Farsa do Ciúme, O Pasteleiro de Madrugal, A Severa, O Homem do Papagaio, O Regente, Ave de Rapina, Dicky, Vivete, O Abade Constantino, O Conde de Monte Cristo, O Mártir do Calvário, O Paralítico, Justiça, Os Milhões do Criminoso, Otelo, Coimbra – Terra de Amores, Ilustre Desconhecido, O Morcego, Virgem Louca, Coração de Todos, Bicho do Mato, O Gato Bravo, Pedro, o Cruel, A Honra Japonesa, A Noite do Calvário, Sem Dote, Íntimo, O Filho Perdido, O Escândalo, A Mártir, João José, Manelick, A Bisbilhoteira, Doidos com Juízo, O Coração Manda, O Salon de Madame Xavier, Infelicidade Legal, A Marcha Nupcial, Quem Deus Levou, O Sol da Meia Noite, O Outro, A Senhora Ministra, Há Festa na Mouraria, O Aldrabão, O Crime de Arronches, O Senhor Doutor, O Chico das Pêgas, Nobre Povo, A Vizinha do Lado, Dentro do Castigo, Os Dois Garotos, O Leão da Estrela, O Homem e os Seus Fantasmas, Prisão – Hotel, Maria Cachucha, O Arroz Doce, O serra da Estrela, Viva o Amor, Os Fidalgas da Casa Mourisca, Auspicioso Enlace, Milagres de Santo António, Miguel Strogoff, As Pupilas do Senhor Reitor e O Moinho do Diabo.

CALDEVILLA, Raul

Publicista e dramaturgo, Raul de Caldevilla, nasceu no Porto, no dia 28 de Novembro de 1877, onde faleceu a 25 de Agosto de 1951.

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Raul de Caldevilla esteve em Espanha como cônsul e em vários países da América, África e Médio Oriente como agente comercial.

A este autor se deve a criação de novas e eficientes técnicas publicitárias, devendo-se-lhe talvez o primeiro grande filme publicitário português, Um Chá nas Nuvens, 1917. Foi o principal responsável pela constituição da empresa produtora de filmes Caldevilla Film, comparável à Invicta Film, e da qual saíram, além de documentários, as duas longas-metragens: Os Faroleiros e As Pupilas do Senhor Reitor, com Eduardo Brasão, em 1922.

Foi também amador dramático, declamador, escritor, cronista, comediógrafo e tradutor. Publicou várias peças de teatro, designadamente, A Laranja Azul e as comédias Gente Séria, peça em 3 actos e Oração Tarde, bem como o drama Pecado Que Mata.

CÂMARA, D. João da

D. João Gonçalo Zarco da Câmara nasceu em Lisboa no dia 27 de Dezembro de 1852 no Palácio dos Condes da Ribeira Grande, à Junqueira, onde faleceu a 2 de Janeiro de 1908.

Filho de D. Francisco de Sales Maria José Antónia de Paula Vicente Gonçalves Soares da Câmara, 8º Conde e 1º Marquês da Ribeira Grande, Par do Reino, Alferes-Mor do Reino, Alcaide-Mor do Castelo de S. Brás na Cidade de Ponta Delgada e de sua primeira mulher D. Ana da Piedade Brígida Senhorinha Francisca Máxima de Sousa de Bragança Melo e Ligne Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, filha dos terceiros Duques de Lafões.

Iniciou os seus estudos no Colégio de Campolide e continuou-os no de Nossa Senhora da Conceição fundado e dirigido por Joaquim Lopes Carreira de Melo instalado no antigo Convento das Bernardas da Rua da Esperança. No intuito de se formar em engenharia seguiu para a Bélgica e fixou-se em Louvain até 1872, ano em que o falecimento do pai o forçou a regressar a Portugal, terminando os seus estudos na Escola Politécnica e no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa.

Em 1874 casou com D. Eugénia de Melo Breyner, filha dos segundos Condes de Mafra. Desse casamento nasceram sete filhos: D. Vicente, D. José Paulo, D. Tomás Maria, D. Emília, D. Ana Maria, D. Maria de Jesus e D. Antónia.

Concluído o curso de Condutor de Obras Públicas empregou-se logo nos Caminhos de Ferro. Dirigiu a construção das linhas férreas de Cáceres, Sintra, Torres Vedras e Cascais. Em 1888 foi nomeado Chefe de Repartição da Companhia Real dos Caminhos de Ferro do Norte e Leste, e em 1900 Chefe da Repartição dos Caminhos de Ferro Ultramarinos.

Esta actividade profissional não conseguiu distrair D. João da Câmara da tendência literária que revelara em criança, especialmente dirigida para

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o teatro. O Diabo foi uma das suas primeiras composições teatrais, escrita ainda no Colégio de Campolide e interpretada pelos condiscípulos, tal como Nobreza, drama em um acto, e o monólogo em prosa e verso Charadas e charadistas escrito propositadamente para a festa do Carnaval de 1873 do mesmo Colégio e Bernarda no Olympo, em 1874, com igual objectivo. Dois anos depois estreou-se publicamente como autor dramático, no Teatro de D. Maria II, com a comédia num acto, em prosa Ao Pé do Fogão. Os encargos de família obrigam-no a encarar a vida pelo lado prático e forçaram-no a interromper a actividade literária, só retomada em 1888, quando conseguiu fixar-se em Lisboa.

Liberto da itinerância a que o levara a profissão de Engenheiro dos Caminhos de Ferro e, agora, um errante da vida literária, dispersando toda a sua obra pelo teatro, pelo jornalismo, pela crítica, colaborando nos jornais da época, revistas, almanaques, em números únicos marcando a sua personalidade de homem de letras e impondo-se desde logo como poeta e dramaturgo de inconfundível lirismo. Esta característica ficou bem revelada na revista Ocidente, onde exerceu durante mais de onze anos o cargo de cronista literário após o falecimento do seu íntimo amigo e colaborador, Gervásio Lobato. Relendo hoje o que ficou disperso pela Ocidente, nós podemos acompanhar o dia a dia da vida na capital, pois na Crónica Ocidental, D. João da Câmara, tal como os seus antecessores Guilherme de Azevedo e Gervácio Lobato, fixou todos os acontecimentos que agitaram e interessaram a sociedade portuguesa daquele período (1895-1907) relatando e comentando, no estilo elegante e simples que o notabilizou como um dos mais distintos prosadores portugueses. A sua obra é variada. Abrange dramas históricos de estrutura complexa, em versos heróicos de rima emparelhada, como o D. Afonso VI (1890), por exemplo, em que o rei é tratado com uma simpatia negada em Alcácer-Kibir (1891) ao Cardeal D. Henrique. Escreveu peças ligeiras em verso, como o Poeta e a Saudade e o Auto do Menino Jesus (1903) e dramas em prosa sobre a sociedade contemporânea de Lisboa: O Pântano (1894), drama em 4 actos, A Rosa Enjeitada (1901), drama em 6 actos, A Toutinegra Real (1895), comédia em 4 actos, A Triste Viuvinha(1897), peça em 3 actos, Casamento e Mortalha (1904), comédia em 2 actos. Nestas peças há vida e naturalidade, mas outras há em que o autor dá largas à sua fantasia: o retrato do cónego velho que vive debaixo do telhado da Sé, na Meia-Noite (1900), ou do prior e outros tipos de vida rural alentejana em Os Velhos (1893) ou do marinheiro velho de O Beijo do Infante (1899). O José Doido de O Pântano, o protagonista disparatado de A Toutinegra Real, a pretensiosa D. Plácida de A Rosa Enjeitada não dão ideia do tão exacto interesse humano característico.

Da obra de D. João da Câmara apenas referimos uma pequena parte da sua produção, pois, ao todo, entre originais e traduções, peças declamadas e

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musicadas, escritas sozinho ou de colaboração, a bibliografia do autor de Os Velhos compõe-se de cerca de cinquenta obras.

D. João da Câmara tinha consciência de que um teatro digno só pode florescer e desenvolver-se onde existir um informado público, por isso ele procurou elevar o nível cultural dos frequentadores das salas de espectáculos, que era baixíssimo no seu tempo. Foi um renovador constante. Aos dramas históricos artificiais que deliciavam a nobreza, apôs a simplicidade e a expressão humana do seu D. Afonso VI. Os Velhos foram um seguro passo no sentido da criação de um teatro popular de qualidade, mas faltou a D. João da Câmara um público popular que as condições sociais do momento não promoviam e que a falta de continuidade do seu esforço não logrou desenvolver. Com o Pântano procurou dirigir-se a uma elite intelectual, que não existia e o público foi mais sensível aos defeitos da peça do que à novidade. A tentativa foi procurada com A Toutinegra Real resultou improfícua: nem drama simbolista, nem comédia burguesa, mas uma mistura irreconhecível de tudo isso. Outra experiência no mesmo campo, representada por Meia-Noite, resultou melhor, graças ao valor poético da obra.

No seu todo a obra teatral de D. João da Câmara apresenta-se-nos, assim, irregular, desequilibrada, dispersa, oscilando entre os pólos mais diversos, solicitada pelas mais diversas tendências. Obra onde o psicologismo simples e linear de uns Velhos alterna com as complexidades nebulosas de um Pântano; onde a legítima seiva popular daqueles mesmos Velhos vizinha com o populismo melodramático da Rosa Enjeitada; onde a banalidade de um Ganha-Perde confina com o lirismo requintado de uma Meia-Noite; onde os dramas históricos e poemas de intenção simbolista se encontram lado a lado com as comédias regionais e aqueles e estas emparceiram com farsas, operetas e revistas do ano.

Irmanando todas estas obras, apenas um traço de união: uma concepção essencialmente romântica e idealista do homem e da vida, do mundo e do destino, - vazada em moldes de dimensão teatral. Diversidade de caminhos, que influência directa ou indirectamente tantos dramaturgos portugueses, entre si tão diferentes, desde Chagas Roquete e Vasco de Mendonça Alves a Carlos Selvagem e Ramada Curto, António Botto, Raul Brandão. E a que atribuir tal diversidade de caminhos e resultados, senão à própria estrutura da sociedade portuguesa do seu tempo.

A essa estrutura social devemos, em última análise, imputar as responsabilidades pelo fracasso de quase todas as tentativas sérias de criação de um teatro português superior. Ele explica que, entre nós, a poesia dramática, o teatro - arte essencialmente colectiva, não passe de uma actividade artística de segundo plano e que o primeiro plano caiba antes à poesia lírica, ao lirismo que é essencialmente individual.

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Os Velhos são a obra-prima do teatro de D. João da Câmara e uma das mais belas obras de todo o nosso teatro. Nos seus três actos o autor procurou trazer para o palco esse lirismo de raízes tão implantadas na alma nacional, dando-lhe tanto quanto possível expressão dramática. O caminho apontado por Os Velhos - levando a um encontro total entre o povo e a arte - é, por isso mesmo, o caminho da criação de um teatro português verdadeiramente digno deste nome.

D. João da Câmara é especialmente notável como poeta e dramaturgo. Ainda hoje os historiadores-críticos como Luíz Francisco Rebelo e Duarte Ivo Cruz consideram que a sua obra não perde actualidade, principalmente a comédia Os Velhos. A este propósito Luíz Francisco Rebelo diz-nos que D. João da Câmara é um dos dois únicos dramaturgos portugueses do século XIX que falaram uma linguagem susceptível de ainda interessar as plateias de hoje. O outro, desnecessário dizê-lo, foi Almeida Garrett.

CAMPOS Júnior, António

António Maria de Campos Júnior, escritor, jornalista e dramaturgo, nasceu em Angra do Heroísmo a 13 de Abril de 1850 e morreu na Marinha Grande em 8 de Setembro de 1917.

Oficial do Exército, prestou serviço militar em Leiria e foi ali professor na escola regimental. Escreveu peças de teatro para amadores, assinando artigos de mérito em A Revista de Leiria e Distrital de Leiria. Foi transferido para Lisboa, reformando-se no posto de capitão, em 9 de Dezembro de 1899, para se dedicar inteiramente às letras e à política, primeiro no partido regenerador e, depois da morte de Fontes Pereira de Melo, no da «Esquerda Dinástica», dirigido por César Barjona de Freitas, formado duma fracção do partido regenerador, onde foi redactor do jornal que teve o mesmo nome do partido. Foi também redactor da Revolução de Setembro e do Século e Diário de Notícias. Colaborou no Diário de Portugal, Tempo, Diário Ilustrado, Revista Teatral, Perfis Contemporâneos, entre outros órgãos de comunicação social.

Campos Júnior tinha o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo e o oficialato de São Tiago; a Medalha de Prata da Classe de Comportamento Exemplar, e a de 1ª classe da Ordem de Mérito Militar de Espanha.

Na sua obra é de referir o romance histórico de tendência anticlerical e que teve grande êxito popular Guerreiro e Monge, 1898; A Filha do Regedor, comédia em 3 actos, escrita expressamente para benefício do actor Vale e que esteve em cena duas épocas; O Nariz de Cera, comédia em 3 actos; A Filha do Major, comédia em 3 actos, todas estas representadas no Teatro do Ginásio, a partir de 1892; A Consciência, drama em 4 actos, que se representou no Teatro do Príncipe Real duas épocas e também levada no repertório da companhia ao Brasil, sendo os principais

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papéis desempenhados por Amélia Vieira, Maria das Dores, Adelina Ruas, Soler, Posser e Francisco Costa; A Torpeza, a-propósito em 1 acto e 3 quadros, peça teatral escrita aquando do ultimato em 1890 e que teve retumbante êxito no Teatro Alegria, originando manifestações populares e patrióticas. Os principais papéis foram desempenhados por Joaquim de Almeida e Elisa Aragonez. A Revue Britanique, publicação literária de Paris, deu notícia do grande êxito desta peça, resumindo o seu contexto. Representou-se em teatros de província, sem que o autor recebesse ou pretendesse receber quaisquer direitos. Foi levada para o Brasil pela companhia de Teatro do Príncipe Real, mas a política brasileira não a deixou representar, decerto para não ferir susceptibilidades da colónia inglesa do Rio de Janeiro. São, também, de sua autoria os romances históricos: Ala dos Namorados; O Marquês de Pombal, 2 vols., 1899; Luís de Camões, 2 vols., 1901 e A Filha do Polaco, 4 vols. Na ficção é também de sua autoria: Pedras que Falam; A Rainha Madrasta, 1910; Os Últimos Anos de Napoleão; O Pagem da Duquesa, 2 vols.; Inês de Castro, 2 vols., A Senhora Infanta; e Santa Pátria, 4 vols,. Em colaboração com Melo Barreto, escreveu a opereta patriótica com o título Em Pé de Guerra, em parceria em Melo Barreto.

CAMPOS, António

O cineasta António Pereira Campos nasceu em Leiria, em 28 de Maio de 1922 e faleceu na Figueira da Foz a 8 de Março de 1999.

Membro do Grupo Dramático Joaquim Leitão, de Leiria, aí se dedicou ao teatro amador, começando entretanto a actividade cinematográfica em 8 mm. O seu primeiro filme data de 1957, nesse formato, e intitula-se O Rio Liz. Segue-se Um Tesouro, 1958; O Senhor, 1959; Leiria, 1960; e Almadraba Atuneira, 1961.

Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Londres, em 1961, onde aprofunda os seus conhecimentos cinematográficos, vindo a revelar-se dos mais categorizados documentaristas portugueses. Foi, depois, funcionário da Gulbenkian, de 1970 a 1977, tendo aí realizado alguns trabalhos de documentário.

Os seus filmes, para além dos citados foram: Debussy, 1961; Instrumentos Musicais Populares Portugueses-I, 1962; Arte Portuguesa Contemporânea em Leiria, 1963; Arte Portuguesa Contemporânea em Évora, 1964; Instrumentos Musicais Populares Portugueses-II, 1964; La Fille mal gardée, 1964; Incêndio no Auditório Antigo da Fundação Calouste Gulbenkian, 1964; Ouro do Perú, 1965; Cem Anos de Pintura Francesa, 1965; Retratos das Margens do Rio Liz, 1965; A Invenção do Amor, 1965; Chagall-Breve a Lua, Lua Cheia, Virá Aparecer, 1966; Inauguração do Hospital S. João de Deus – Montemor-o-Novo, 1966;

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Colagem, 1967; Iniciação Musical pelo Método Orff, 1967; Construção do Centro de Biologia de Oeiras da Fundação Calouste Gulbenkian, 1967; O Principezinho, 1968; Art portugais à Paris, 1968; Arte Portuguesa – Do Naturalismo aos Nossos Dias, 1968; Festa de Natal dos Funcionários da Fundação Calouste Gulbenkian no Monumental, 1968; Recordando, 1969; Obras de Construção da Sede do Museu e do Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, 1962-1969; Arte Francesa depois de 1951, 1971; Vilarinho das Furnas, 1971; Portugal e a Pérsia, 1972; Rodin, 1973; Museu Calouste Gulbenkian em Lisboa – Instalações Actuais, 1974; Falamos de Rio de Onor, 1974; A Festa, 1975; Gente da Praia de Vieira, 1975; Paredes Pintadas da Revolução Francesa, 1976; XX Aniversário da Morte de Calouste Gulbenkian, 1976; Ex-Votos Portugueses, 1977; Ti Miséria, 1978; Histórias Selvagens, 1978 e Terra Fria, 1993.

CAMPOS, Henrique

O actor e cineasta Henrique Campos nasceu em Santarém no dia 9 de Fevereiro de 1909 e faleceu em Lisboa a 18 de Dezembro de 1983.

Iniciou a sua carreira artística aos 18 anos como actor amador. Em 1927 é dirigente da Secção de Teatro da Associação Católica Nun’Álvares. Fixou-se em Lisboa em 1931 e conseguiu ingressar na prestigiosa companhia do actor Alves da Cunha, sediada no Teatro Politeama, tendo-se estreado na peça Um Bragança, de autoria do dramaturgo português Vasco de Mendonça Alves.

Nesta companhia e, mais tarde, na de Abílio Alves, sedeada no Teatro Avenida, Henrique de Campos enceta uma carreira teatral com bastante êxito. É como actor, de resto, que entra no cinema, em Os Fidalgos da Casa Mourisca, realizado por Artur Duarte em 1938.

Apaixonado pelo cinema, parte para Espanha onde adquire conhecimentos técnicos, estagiando com Benito Perojo e Florian Rey. Regressa a Portugal e tenta realizar a sua primeira longa-metragem, Um Homem do Ribatejo, com argumento de Cardoso dos Santos, crítico de teatro. Iniciou a rodagem em 1943. O filme é várias vezes interrompido e retomado. Muda três vezes de protagonista até conseguir terminar e estrear, o que acontece em 1946, no Politeama.

Depois deste filme, a sua carreira foi muito produtiva, constituída pela realização de 16 filmes de carácter popular, entre os quais: Ribatejo, 1949; A Canção do Cigano, 1949; Rainha Santa, 1949; Cantiga da Rua, 1949; Catraia do Porto, 1950; Rosa de Alfama, 1953; Quando O Mar Galgou a Terra, 1954; Perdeu-se Um Marido, 1958; O Ladrão de Quem se Fala, 1969; A Maluquinha de Arroios, 1970; e Os Toiros de Mary Foster, em 1972.

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Dirigiu também cerca de 30 filmes curtos e vários documentários para a televisão de Nova Bedford.

CAMPOS, Marinha de

Artur Marinha de Campos nasceu em Lisboa em 1871, onde faleceu no ano de 1930.

Oficial da Armada, foi autor da peça patriótica num acto Depois da Vitória, representada em 1916 no Teatro Politeama.

CAMPOS, Pinto de

António Pinto de Campos nasceu em 1908 e faleceu no ano de 1975.Pinto de Campos foi o maior desenhador de teatro musicado no século

XX em Portugal. Começou em 1931 a desenhar para teatro, na revista Viva o Jazz. Entre 1931 e até à sua morte, Pinto de Campos nunca mais deixou de desenhar crendo-se que terá desenhado cerca de 137 revistas além de operetas, comédias, peças clássicas e filmes.

A revista foi o seu maior meio de expressão, onde a sua imaginação era sempre destacada. Foram magníficos os seus trabalhos em: Ó Ri-Có-Có, de Lino Ferreira, Silva Tavares e Lopo Lauer estreada em 1929; Arre Burro, 1936, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana e Amadeu do Vale; Olaré Quem Brinca, 1937, também da mesma parceria; O Banzé, 1939, de João Ninguém; Boa Nova, 1942, de Amadeu do Vale, Manuel Santos Carvalho e Fernando Ávila; Cantiga da Rua, 1943, de Ascensão Barbosa, Aníbal Nazaré e Nelson de Barros; Há Festa no Coliseu, 1944, da mesma parceria; Alto Lá Com o Charuto, 1945, de autoria de Vasco Santana, Luís Galhardo e Carlos Lopes; Sempre em Pé, 1946, de Alberto Barbosa e José Galhardo; Se Aquilo Que A Gente Sente, 1947, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana e Luís Galhardo; Tá Bem Ou Não Tá?, 1947, de Ascensão Barbosa, Aníbal Nazaré e Nelson de Barros; Ai, Bate, Bate!, 1948, de Fernando Santos, Aníbal Nazaré e Fernando Ávila; Ora Agora Viras Tu, 1949, de Carlos Lopes; Viva o Luxo, 1953, de Amadeu do Vale, Aníbal Nazaré e António Cruz; Mulheres Há Muitas, 1954, de Ascensão Barbosa, Aníbal Nazaré e Carlos Lopes; Melodias de Lisboa, 1955, de Fernando Santos, Nelson de Barros e João Villaret; Ó Zé Aperta O Laço, 1955, de Amadeu do Vale, Aníbal Nazaré e Eugénio Salvador; Festa é Festa, 1955, da mesma parceria; Cidade Maravilhosa, 1955, de Amadeu do Vale, Aníbal Nazaré e António Cruz; Fonte Luminosa, 1956, de Amadeu do Vale, Aníbal Nazaré e Eugénio Salvador;

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Toca a Música, 1957, da mesma parceria; Curvas Perigosas, 1957, de Amadeu do Vale, Rui Martins e Rui Andrade; Pernas À Vela, 1958, de Amadeu do Vale, António Cruz e Eugénio Salvador; Mulheres de Sonho, 1960, escrita por Amadeu do Vale e Paulo da Fonseca.

Pinto de Campos faleceu em 1975. Neste mesmo ano estava a desenhar mais uma revista para o Vasco Morgado apresentar no Teatro Monumental. Chamava-se Lisboa Acordou.

Pinto de Campos trabalhou para o empresário António Macedo, em espectáculos realizados por Piero, para este último quando se tornou empresário, após a morte de António Macedo; para Eugénio Salvador e para Vasco Morgado, entre outros.

CANDEIRA, Júlio

O actor Júlio Candeira faleceu em 12 de Outubro de 1917.Fez parte da companhia de Maria Matos, que esteve no Teatro do

Ginásio em 1914 e 1915. Com esta companhia foi ao Porto, onde trabalhou no Teatro Carlos Alberto.

Das muitas peças onde participou, referimos as seguintes: O Pato, O Pai do Regimento, O senhor Roubado, O Deputado Independente, A Vizinha do Lado, Lourenço, Entre Giestas, O Infante de Sagres, A Conspiradora, O Comissário da Polícia, Que Boa Hora o Diga, O Misterioso Quadro Amarelo, Não Alugues a Amélia e O Olho da Providência.

Trabalhou também no Teatro Politeama, no Teatro Sá da Bandeira, no Águia de Ouro e Teatro da República.

CÂNDIDA, Emília

A actriz Emília Cândida nasceu em Lisboa a 18 de Maio de 1823 e faleceu no dia 11 de Fevereiro de 1907. Começou a sua actividade como bailarina no Teatro de São Carlos e estreou-se depois como actriz em Beja, no drama em 5 actos, O Sineiro de S. Paulo, na companhia organizada por um seu parente, o actor Xavier de Macedo. Veio mais tarde para Lisboa fazer parte do elenco do Teatro do Ginásio, que nesse tempo era um pequeno circo, sendo então escriturada como actriz, quando se organizou o teatro, inaugurado em 1846. Estreou-se num drama em 4 actos, Fernando ou o Juramento, do actor-autor José Maria Brás Martins. A carreira de Emília Cândida neste teatro foi muito longa e brilhante. Ali representou ao

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lado de grandes “monstros” do teatro, como os actores Taborda e Isidro, criando um nome notável e as maiores simpatias no público, que lhe dispensava os mais frenéticos aplausos, porque Emília Cândida logo se manifestou uma actriz inteligente, muito graciosa, e com variadas aptidões para a cena. Foi longo o seu repertório, do qual mencionamos as seguintes participações: A Velhice Namorada; As Duas Bengalas; Amor Londrino; Os Médicos; A Tia Maria; Nem César Nem João Fernandes; Campanólogos Portugueses; Trabalho e Honra; Projectos de Minha Tia; O Autógrafo; Cozinha; Casa de Jantar e Sala; A Tia Ana de Viana; As Nossas Aliadas; Mariquinhas a Leiteira; Quatro Alminhas do Senhor; A Sonâmbula Sem o Ser; Ensaio da Norma; Uma Mulher que se Deita da Janela Abaixo; O Juiz Eleito; Zé Canaia Regedor; A Meia do Saloio; Pródigos e Económicos; Mistérios Sociais; Um Bernardo Como há Muitos; Três Minhotos em Lisboa; Emília Travessa; Dois Mundos; A Última Carta; A Pastora dos Alpes; Os Maridos aos 50 Anos.

No teatro de revista, esta actriz participou nas seguintes produções: Lisboa em 1850, primeira revista portuguesa, de autoria de Francisco Palha e Latino Coelho; Qual Delas o Trará ?, de autoria de Brás Martins, estreada em 1853; O Festejo Dum Noivado, também de autoria de Brás Martins, levada à cena em 1852; Fossilismo e Progresso, de Manuel Roussado, estreada em 1855; A Vingança Dum Cometa, de Brás Martins, representada em 1854; Os Lanceiros e Quadros Vivos, entre outras levadas à cena no Teatro do Ginásio.

Do Teatro do Ginásio passou para o Teatro Nacional D. Maria II, onde sustentou os seus créditos de actriz, encarregando-se de papéis da maior responsabilidade. Lembramos aqui a sua entradas nos seguintes espectáculos teatrais: A Mantilha de Renda; O Abade Constantino; D. César Bazan, representada em 1886; Guerra em Tempo de Paz; Casamento de Olímpia; A Sociedade Onde a Gente se Aborrece; A Caridade, estreada na época de 1875-76, peça que focava o problema da roda dos enjeitados, enorme êxito de António Pedro e Emília Cândida, obtendo 27 representações; O Bibliotecário; A Madrugada; Fim de Sodoma; O Amor por Conquista, estreada em 1881, em que Emília Cândida foi deliciosa e Augusto Rosa espectacular; Segredo da Confissão; A Mosca Branca; Tartufo; Solteirões; Cláudia; Fernanda; Jogo de Cartas, estreada em 1884; Anthny; Rogério Laroque; Força da Consciência; A Sobrinha do Marquês; Odete; Mulheres de Mármore; Helena; Sara; Manhã de Sol, comédia, representada em 20 de Maio de 1906; O Luxo, etc.

Os Velhos, de D. João da Câmara, foi a última peça em que entrou, retirando-se depois do teatro onde tantas glórias alcançou, por se encontrar já octogenária, cansada e com muita falta de vista e de memória.

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CANTO, Jorge Brun do

O realizador e actor, Jorge Brun do Canto nasceu em Lisboa em 10 de Fevereiro de 1910, onde faleceu a 7 de Fevereiro de 1994.

Terminado o liceu, Jorge Brun do Canto ingressou na Faculdade de Direito, curso que não concluiria.

Ainda criança, começou a publicar na imprensa textos sobre cinema. Em 1925 fez um papel no cinema em O Desconhecido, de Rino Lupo. Em 1927 é o Século que o tem como crítico cinematográfico onde, a partir do ano seguinte, assinará uma página semanal, O Século Cinematográfico, que durará até ao ano de 1929. No campo jornalístico foi redactor e colaborador de várias revistas de cinema que então floresciam em Portugal: Cinéfilo, Kino e Imagem.

Inicia-se como realizador em 1929, A Dança das Paroxismos. Dois anos depois, tenta uma nova fita que ele próprio produz, Paisagem, mas que nunca concluiu por razões financeiras. Em 1935 faz alguns documentários, como: Fabricação de Mangueira, 1932; Abrantes, 1933; Nada de Novo…em Óbidos, 1933; Sintra de Filme Romântico, 1933; Uma tarde em Alcácer, 1933; Berlengas, 1934; A Doenças dos Ulmeiros, 1934 e A Obra da Junta Autónoma de Estradas, 1934. A profissionalização só ocorrerá no ano de 1935, quando se torna assistente de realização e autor da planificação do filme As Pupilas do Senhor Reitor, de Leitão de Barros. Segue-se O Trevo de Quatro Folhas, de Chianca de Garcia, filme em que é assistente geral.

É em 1936-1938 que Jorge Brun do Canto realiza a sua primeira longa-metragem, A Canção da Terra, com a interpretação de Barreto Poeira, Elsa Rumina, António Moita, Óscar de Lemos, Maria Emília Vilas, Celestino Soares e João Manuel. Depois desta película, a carreira de Brun do Canto projectou-se com enorme impacto. Até aos primeiros anos da década de 50 rodou mais seis longas-metragens: A Hora, 1938; João Ratão, 1939-1940; Lobos da Serra, 1941-1942; Fátima, Terra de Fé, 1942-1943; Um Homem às Direitas, 1943-1944; Ladrão, Precisa!..., 1945-1946. Seguiu-se Chaimite, realizado em 1951-1952. Entre 1953 e 1959 interrompeu a actividade a actividade de realizador e abandona Lisboa. Fixa-se na ilha de Porto Santo, dedicando-se à administração agrícola das suas terras e à pesca desportiva.

Voltou ao cinema na década de seguinte com a produção de três filmes: Retalhos da Vida de Um Médico, 1962; Fado Corrido, 1964 e A Cruz de Ferro, 1965.

Em 1973 actua em peças teatrais apresentadas pela RTP, onde faz, com grande sucesso, O grande Negócio, de Paddy Chayefsky e 12 Homens em Conflito, de Reginald Rose, ambas dirigidas por Artur Ramos. Voltou

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ainda como actor à RTP, no ano de 1975, na série Angústia para o Jantar, de Jaime Silva.

O seu último filme, O Crime de Simão Bolandas, foi realizado em 1978-1984.

CARDIM, Luís

Luís Cardim nasceu em Cascais no dia 9 de Julho de 1897 e faleceu no Porto a 6 de Junho de 1958.

Foi professor de vários liceus, entre os quais o Gil Vicente, de Lisboa, de que foi reitor. Em 1907-1908, como pensionista do Estado, fez um estágio em Londres, onde seguiu cursos universitários de psicologia, fonética e literatura inglesa, estudando depois, também, fonética experimental e metodologia na Alemanha.

Em 1916 fez, na Academia de Estudos Livres um breve curso sobre literatura inglesa e, em 1918, foi nomeado para a Faculdade de Letras do Porto como professor de literatura inglesa.

Publicou vários trabalhos dispersos pela Revista da Faculdade de Letras do Porto e por jornais e revistas em que colaborou, nomeadamente A Capital, A Luta, Águia, Seara Nova, Ocidente, Presença.

Da sua produção, citamos: Luz Reflectida, 1921; Auto da Natividade, 1923; Estudos de Literatura e Linguística, 1929; Semblantes do Fausto, de Goethe, 1932; Aquele Homem, 1936; sete diálogos sob o título Aquele Homem, 1936 e Através da Poesia Inglesa, 1939.

Estudioso erudito e profundo da obra de Shakespeare, traduziu a tragédia de Júlio César, 1925 e Shakespeare e o drama Inglês, 1931.

CARDOSO, Acúrcio

Jornalista e escritor teatral nasceu no Porto em 1875 e faleceu em Lisboa no ano de 1955.

Estreou-se como autor dramático em 1905 com a farsa em 1 acto Aguenta e Cara Alegre, representada no Teatro Águia de Ouro da cidade natal, a que várias outras peças se seguiram, designadamente, O Trevo de Quatro Folhas, Sonho de Pastora, O Bom e o Mau Ladrão, Tudo Fechado, O Modelo da Virgem, Príncipe Lili, Uma Hora no Porto, Flor do Bem, O Teso, São Ordens, uma versão dos Palhaços de Leoncavallo, em parceria com Rafael Ferreira, Modelo de Viagem, de colaboração com Pedro Bandeira, São Ordens, revista escrita em colaboração com Arnaldo Leite e adaptações cénicas de Júlio Dinis, como As Pupilas do Sr. Reitor e Uma Flor Entre o Gelo.

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Como jornalista trabalhou em diversos jornais de Lisboa e do Porto, nomeadamente no "Jornal do Comércio e das Colónias" de que foi secretário de redacção.

Como funcionário público, ocupou o cargo de Chefe de Secção de Secção no Ministério da Educação Nacional.

CARDOSO, António Ferreira (1860-1979

António Ferreira Cardoso nasceu a 5 de Abril de 1860 e faleceu no dia 3 de Agosto de 1917.

Filho de um serralheiro, começou também a sua actividade profissional por esta profissão, mas entusiasmado pelo teatro, ingressou no Grupo de Teatro da Colectividade Guilherme Cossoul, representando pela primeira vez em 1878 na comédia, Casamento por Anúncio. O empresário Alcântara Chaves, contratou-o para o elenco do Teatro do Rato, onde se estreou como profissional, em 1881, na comédia Zé Povinho.

Cardoso obteve muitos êxitos em obras, como: Seita Negra; Maria da Fonte; Quatro Noivos Num Sarilho e Filha do Sr. Crispim. Em 1883 foi para o Teatro do Ginásio, onde se estreou em A Medalha da Virgem e nele permaneceu até morrer, isto é, durante trinta e quatro anos, salvo curtas épocas de Verão.

Sem mestres que o tivessem esclarecido, António Cardoso devia ao seu esforço tudo o que foi.

Da sua actividade há a destacar o alcance de grandes êxitos, tendo sido, sem qualquer dúvida, um dos actores cómicos portugueses mais notáveis de todos os tempos, duma graça popular muito grande, naturalidade assombrosa e poder de sugestão sobre o público verdadeiramente extraordinário.

Fora do Teatro do Ginásio criou, em 1893, no Teatro da Trindade, o famoso Regedor de O Brasileiro Pancrácio, que foi levado à cena 300 vezes seguidas; no Teatro Avenida a mágica O Cabo da Caçarola e no Teatro da Rua dos Condes O Dente do Maçarico. No repertório do Ginásio ficaram célebres muitas das suas criações cómicas e sobretudo as que realizou em: O Comissário de Polícia; Piperlin; Noivo de Alhos Vedros; Hotel Luso-Brasileiro; Zaragueta; Quem Vê Caras...; Assassino do Macário; O Mesmo Para Duas; Kalifa; Camões do Rossio; O Príncipe Herdeiro; Amor Engarrafado; O Rei dos Gatunos; O Carrasco de Sevilha; O Talassa; Pai-Mãe; Em Boa Hora o Diga; Os Pimentas; O Pato; O Cão e o Gato; O País do Vinho; Deputado Independente; A Vizinha do Lado; O Senhor Roubado; Casa com Escritos; Noivas de Eneias; Os Fidalgos da

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Casa Mourisca; O Rato Azul; A Conspiradora; Dr. Jojó; O Olho da Providência; Madrinha de Charley; Hotel do Livre Câmbio e muitas outras farsas e comédias jocosas.

CARDOSO, Berta

A actriz-cantora Berta Cardoso nasceu em 1911 e faleceu em 1997.Depois de ter cantado no Retiro da Severa e no Solar da Alegria, com

grande agrado dos ouvintes, que a seguiam inebriados pela voz melodiosa, Berta Cardoso encontrou uma oportunidade de cantar no teatro e foi um êxito.

Além de Hermínia Silva, Ercília Costa, Maria Albertina e tantas outras cantadeiras que o teatro atraiu e fez artistas, coube a vez a Berta de elevar o fado no conceito das multidões.

Já integrada no meio artístico teatral, estreou-se no dia 3 de Maio de 1932 no Teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro, no Brasil, integrada na companhia de Maria das Neves, na revista Zás! Trás! Pás!, de autoria de Lino Ferreira, Silva Tavares, Fernando Santos, Almeida Amaral, Vasco de Matos Sequeira e Lopo Lauer com música de Jaime Mendes, V. de Macedo, C. Rebocho e A. Lopes. Esta revista esteve também em cena no Teatro Maria Vitória, em Lisboa.

Entrou depois em muitas revistas a cantar fados, nomeadamente em O Cartaz de Lisboa, em 1937, da parceria de Lino Ferreira, Fernando Santos, Xavier de Magalhães e Lourenço Rodrigues, com música de Raul Portela, Raul Ferrão, Fernando de Carvalho e F. Guimarães e estreada no Teatro Maria Vitória e em Pega-me ao Colo, em 1938, de autoria de Aníbal Nazaré, João Nobre, José Rosado, Xavier de Magalhães e Fernando Santos, com música de João Nobre, Raul Portela e Constança Maria e estreada no Teatro Capitólio.

CARDOSO, Ciríaco

O compositor e instrumentista Ciríaco Cardoso nasceu no Porto em 8 de Agosto de 1846 e faleceu em Lisboa a 16 de Novembro de 1900.

Foi um dos mais populares compositores portugueses do seu tempo. O pai chamava-se João Cardoso e era músico. O filho saiu desde pequeno que não pensava noutra coisa senão em ser músico. Aos 13 anos já era violinista no Teatro de São João. Foi concertista notável, tanto de violino e de trompa, como de violoncelo e viola, director de orquestra e empresário teatral.

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Numa digressão pela América do Sul como violinista e compositor musical desempenhou, no Brasil, em1873, as funções de maestro do Teatro Lírico de D. Pedro II, no Rio de Janeiro.

Como compositor, a sua primeira obra foi uma valsa, Ela, que obteve êxito. Outras valsas se seguiram: Leonor, Lúcia, O Tejo, com êxito semelhante. Em 1888 foi empresário do Teatro Baquete do Porto, quando um pavoroso incêndio destruiu o teatro. Ciríaco exclamara: - Terei de andar de luto todo o resto da vida!

A vida quis compensá-lo. Em 1891, já com residência em Lisboa, organizou uma companhia de opereta para o Teatro Avenida. Pediu a D. João da Câmara e a Gervásio Lobato que escrevessem uma peça para ele musicar e, a 14 de Agosto desse ano, o Teatro Avenida abria as portas para um dos espectáculos de teatro ligeiro musicado que mais êxito alcançou em Portugal: a opereta O Burro do Senhor Alcaide. Essa noite memorável perdurou por largo tempo e o maior triunfador foi Ciríaco Cardoso.

Vieram depois outros êxitos, como o do Solar dos Barrigas, Valete de Copas, Testamento da Velha e Relógio Mágico.

CARMO, Lucinda do

A actriz, poetisa e escritora, Lucinda Eugénia do Carmo, nasceu em Lisboa em 15 de Dezembro de 1861, onde faleceu a 1 de Janeiro de 1922.

Estudou música no Conservatório de Lisboa, que abandonou para se dedicar ao teatro. Estreou-se em 22 de Novembro de 1882, no Teatro do Ginásio, com a comédia francesa A Estação Calmosa, de Chivot e Dun.

Durante os anos em que esteve neste teatro fez imensos progressos num enorme repertório de comédias, deixando-o para entrar para o Teatro dos Recreios. De lá passou para o Teatro da Trindade, onde a Nitouche e Cigarra, agradaram bastante.

Saindo do Trindade entrou para o Teatro da Rua dos Condes e, depois, para o Teatro Nacional D. Maria II onde alcançou muitos êxitos. Em 1893 a sua companhia foi ao Brasil. Regressando, entra novamente no Teatro da Rua dos Condes, numa empresa que procurava dramas violentos para Amélia Vieira e peças com música ou com primeiros papéis característicos para Ana Pereira. Num ou noutro caso, Lucinda do Carmo ficava na sombra, com papéis inferiores ao seu talento ou muito fora da sua índole.

Terminada essa época, foi com a companhia aos Açores. De regresso entrou numa sociedade artística que deu espectáculos nos teatros da Trindade e Dona Amélia e os seus trabalhos de resistência foram ainda a Cigarra, em 1888 e uma imitação de Lucinda Simões na revista Retalhos de Lisboa.

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Aproveitando um contrato vantajoso que lhe ofereceu José Ricardo, fez duas épocas no Teatro D. Afonso do Porto, onde muito agradou, como merecia. Depois, passou para o Teatro Avenida, na empresa dirigida pelo escritor Gonçalves de Freitas.

Alguns espectáculos teatrais onde participou Lucinda do Carmo: Os Nossos Apóstolos, A Luva Branca, Infelicidade Legal, O Salão da Madame Xavier, Perdoar, Frei Tomaz, D. João Tenório, Os Lobos, Afonso VI, Às Portas do Paraíso, Hotel da Barafunda, O Íntimo, Malquerida, Coimbra Terra de Amores, Ilustre Desconhecido, Amor à Antiga, O Morcego, Coração de Todos, Paixões Passageiras, A Honra Japonesa, 20 Mil Dólares, O Direito Feudal, Diabrete, Inês de Castro, A Marechala, Doidos com Juízo, Os Filhos do Capitão Grant, A Espionagem, Mártires do Ideal, O reposteiro Verde, Herança, O Sol da Meia Noite, O Outro, O Homem da Bomba, Noites do Calvário, A Serpente, As Mulheres São o Diabo, Brisas e Vendavais, Paraíso Conquistado, A Miniatura, Capitão Carlota, O Marido da Debutante, A Russinha, Champignol à Força, A Manjerona e Entremez da Muda Casada.

Era dotada de um poder excepcional de mímica, não só na expressão fisionómica mas também nas mãos e nos dedos. A partir de 1911 regeu no Conservatório a cadeira de Arte de Representar.

Escreveu poesias de mérito e um livro de memórias.

CARNEIRO, António

António Carneiro nasceu em Lisboa em 1881 e faleceu a 4 de Julho de 1934.

Foi poeta, escritor teatral e jornalista, embora sem nunca ter reunido em volume a sua produção.

Estreou-se no jornalismo como redactor do Correio da Manhã, deixando neste e noutros jornais, uma farta colaboração, muitas vezes sob o pseudónimo de João Fernandes. Com Raposo de Oliveira fundou a Casa dos Jornalistas.

Dedicou-se também ao teatro, estreando-se em 10 de Março de 1922 com a revista Giga-Joga, em parceria com Lino Ferreira e André Brun, música de Luís Filgueiras e Hugo Vidal, no Salão Foz. Colaborou depois com estes em Rosas de Portugal e, com outros, designadamente na Carapinhada, com Xavier de Magalhães, no Teatro Variedades. Seguiu-se Mãe Eva, de colaboração com Lino Ferreira, Feliciano Santos e Silva Tavares, estreada no Teatro Variedades; Pé de Vento, de Lino Ferreira, Fernando Santos, Almeida Amaral e Mário de Carvalho; No País do Tirismo, João Saraiva; Fox-trot, em colaboração com Lino Ferreira, Alberto Barbosa e Xavier de Magalhães, levada à cena no Teatro Joaquim

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de Almeida; Madragoa, de Feliciano Santos, Francisco Viana e Wenceslau de Oliveira e Vamos ao Vira, de José Galhardo e Manuel Santos Carvalho, entre outras.

Deve-se-lhe também uma tradução da Samaritana, de Rostand, que não chegou a ser representada.

CARNEIRO, Gaudêncio

Gaudêncio Eduardo Carneiro, escritor, jornalista e dramaturgo, nasceu no Porto em 9 de Setembro de 1846 e faleceu em Lisboa no dia 12 de Novembro de 1925.

Oficial do Exército, foi colaborador de muitos jornais nacionais, redactor principal do Açoriano Oriental, de Ponta Delgada e redactor de Bandeira Portuguesa, de Lisboa. Pertenceu ao corpo da Administração Militar, passando à reserva no posto de general, tendo sido chefe de Repartição de Abonos e Processos, na respectiva Secretaria de Estado. Possuía as Ordens de Avis e Conceição e Medalha de Comportamento Exemplar. Pai de Décio Gaudêncio de Freitas Carneiro e do caricaturista Celso Hermínio, deixou vasta obra publicada.

Essa obra estende-se ao longo de quase meio século, repartida entre criações originais e as adaptações de conhecidos romances. Citaremos, entre outras: Coisas Deste Mundo, comédia, representada em 1870; Gutenberg, drama histórico traduzido do francês e publicado em folhetim no Diário dos Açores, em 1872; Um Casamento a Revólver, comédia levada à cena em 1872; Últimos Momentos de Camões, drama, levado à cena no ano de 1880; Leonor, drama, 1884; A Inteligência e o Dinheiro, drama, 1896; Direito Torto, comédia, 1900. Entre as adaptações, salienta-se: Os Brilhantes do Brasileiro, versão do romance de Camilo Castelo Branco, 1902; Amor de Perdição, 1907; O Sangue, segundo Camilo, 1916; Mário, segundo Manuel da Silva Gaio, 1916; Lucíola, segundo José de Alenquer, 1911; A Inteligência e o Dinheiro, segundo Henri Conscience, 1896; A Verdadeira Mãe, novela de Júlio Dinis, 1914 e, ainda, adaptações de dezenas de comédias espanholas e francesas, pequenas comédias e a propósitos.

CARREIRO, José-Bruno

José-Bruno Carreiro nasceu em Coimbra no ano de 1880 e faleceu em Ponta Delgada em 1957.

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Autor de uma peça de costumes de Coimbra, intitulada Uma Véspera de Feriado, constituída por um prólogo, três actos e um epílogo, escrita para a récita de despedida dos quintanistas de Direito, que o Teatro do Príncipe Real daquela cidade levou à cena em 1904.

Deve-se a este autor uma adaptação de Os Maias, de Eça de Queirós, estreada em 1945 no Teatro Nacional e reposta em 1962, com êxito.

CARVALHAIS, Stuart

José Stuart Carvalhais nasceu em Vila Real no dia 7 de Março de 1887 e faleceu em Lisboa a 2 de Março de 1961. Foi o protótipo do artista boémio, disperso, irreverente, multímodo e genial.

Nas artes plásticas fez de tudo um pouco: foi pintor, humorista, cartazista, capista de livros e discos, cenógrafo e decorador da Feira Popular, em 1943.

Estreou-se em 1906 no Século Cómico e, em 1911, é editor de A Sátira, responsável pela ideia de uma sociedade de humoristas portugueses, que viria a concretizar-se e organizaria três salões em Lisboa, palco de exposições da maioria dos Modernistas da primeira geração.

Em 1912 reside em Paris onde colabora como ilustrador na Gil Blas, bem como num grande número de diários, semanários e magazines das mais diversas facções políticas.

Expôs individualmente uma única vez, em 1932, no Salão da Casa da Imprensa.

Celebrizou-o o desenho das figuras populares da Lisboa do seu tempo: a varina, o mendigo e a cena de rua, entre outros.

Boémio, frequentador de cafés e tabernas, saía do seu retiro saloio, e ai a Lisboa vender por cindo reis a qualquer jornal uma anedota, quase sempre um tanto brejeira, procurar que lhe encomendassem a capa de um livro ou o cartaz de uma nova revista do Parque Mayer. Embora modernista, tomou posição contra os Futuristas, caricaturou a arte de Santa-Rita e a sua colaboração na Brasileira do Chiado, em 1925, não primou por grande originalidade.

Stuart Carvalhais foi também o autor da primeira banda desenhada portuguesa, As Aventuras do Quim e do Manecas, publicadas a partir de 1915 na revista O Sr. Dr. e, mais tarde, no suplemento Pim-Pam-Pum de O Século. Financiado pelo empresário Artur Emanus e tendo como operador de câmara Ernesto de Albuquerque, Stuart de Carvalhais realizou o “primeiro filme cómico português” com argumento baseado naquele livro. Suart, além de argumentista e responsável pela produção, interpretou a figura de “Pai do Manecas”. O actor Octávio de Matos interpretou o “Quim”, Maria Ferreira foi a namorada do “Quim”, José Clímaco fez de “polícia”. Não se conhece quem interpretou a figura do “Manecas”. As

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filmagens de exterir decorreram na Estrela, Jardim Botânico, Avenidas Novas e junto ao antigo Coliseu onde se filmaram as cenas de estúdio. O filme foi exibido durante semanas, com enchentes.

Em 1929 é convidado pela Empresa Lopo Lauer que explora o Teatro Maria Vitória, para executar maquetes de cenário para revistas.

A colaboração de Stuart como caricaturista foi enorme. Cumpre-nos referenciar ainda as colaborações em vários periódicos, como: O Zé, A Lanterna, Rir, Sourrire, Gris de Paris, Ilustração Portuguesa, O Papagaio Real, A Batalha, O Riso da Vitória, ABC a Rir, ABCzinho, Renovação, Os Sportinhos, Diário de Notícias, Ilustração «Bertrand», Sempre-Fixe, Ilustração, ABC, Magazine, Kino, Repórter X, O Senhor Doutor, Diário Popular, Comércio do Porto, Os Ridículos, Ver e Crer, e revista Cara Alegre.

Intimamente ligado a Queluz, no concelho de Sintra, tanto na vida como na obra, Stuart Carvalhais conquistou aí inúmeras amizades e grande estima. Viveu, durante largos anos, na Avenida da República, numa singela moradia do início do século XX. Seu filho questionado sobre a relação entre o artista e o lugar, em entrevista ao Jornal de Queluz, diria: «Para Stuart, Queluz foi o seu refúgio, a saudade da sua infância transmontana, o seu amor pela Natureza. O mais importante para ele foi o jardim, porque talvez consubstanciasse tudo um pouco do que amou profundamente.

CARVALHO, Alfredo de

Alfredo de Carvalho nasceu em Lisboa em 24 de Janeiro de 1854, onde a 4 de Abril de 1910.

Este notável actor cómico, descendente de família distinta, tio do conde de Castelo Mendo, desde muito cedo se apaixonou pelo teatro, estreando-se na peça Ilha dos Amores, em 26 de Outubro de 1867 numa casa popularíssima, construída de madeira e lona inaugurada na Rua da Fábrica da Pólvora, a Alcântara.

Alegre, inteligente, boémio irrequieto mas extremamente simpático, prosseguiu na sua carreira pelos teatros populares das feiras das Amoreiras e Belém, fazendo parte das companhias de que foram empresários José e Carlos Dalot e Manuel José Araújo. Com os primeiros e com um açor de nome Domingos percorreu as províncias com moderníssimas companhias ambulantes.

Entretanto, a fama da sua graça chegava aos empresários de Lisboa e Porto. Citavam-se os seus colossais êxitos de gargalhada na mágica El-Rei Abracadabra 37 e numa paródia de Jacobetty Os Dragões de El-rei, grande êxito do Trindade. A empresa do Teatro da Trindade do Porto escriturou-o e Lisboa chamou-o logo depois, fazendo-o apresentar-se no Teatro do

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Ginásio, depois no Teatro da Rua dos Condes, no Teatro dos Recreios que existiu nos jardins do palácio Castelo Melhor e nos teatros Avenida, Príncipe Real e Trindade.

Brilhou então extraordinariamente em comédias, mágicas, operetas e revistas, especialmente nestas, muitas das quais deveram a maior parte do seu êxito aos “compères” por ele desempenhados, papéis em que incluía muitos seus ditos de espírito, porque era um repentista admirável sem ser grosseiro. De grande probidade artística, tendo sido convidado a representar em Lisboa Médico à Força e Os Médicos, que representara na província e que eram do repertório do actor Taborda, negou-se terminantemente a fazê-lo, por respeito ao mestre.

Em 7 de Setembro de 1900, os actores portugueses dedicaram-lhe um espectáculo de homenagem que teve lugar no Teatro do Príncipe Real. A última vez que trabalhou como profissional foi em Braga, na peça A.B.C., na companhia do empresário Luís Galhardo.

O papel que lhe deu enorme popularidade foi Lucas, da revista Tim Tim Por Tim Tim. Neste tipo de espectáculo, mencionamos também a sua participação nas revistas: Tam Tam, Sal e Pimenta, Pratos Limpos, Talvez te Escreva, Vivinha a Saltar, Beijos de Burro. Nas peças e operetas: Barba Azul, A Ave do Paraíso, A Boneca, O Casamento da Nitouche, O Reino das Mulheres, O Reino dos Homens, A Grã-Duquesa de Gerolstein, Bocácio, Sombra do Rei, Tição Negro, Os Diabos na Terra, A Preta do Mexilhão, A Flor do Mercado, Cigarra, Fausto o Petiz, O Homem da Bomba, Os Sinos de Corneville, Giroflé-Giroflá, Vénus, A Filha do Inferno e A Gata Borralheira, entre tantas outras.

Na véspera de morrer tomara ainda parte num espectáculo no Salão da Trindade, promovido pelos compositores do Anuário Comercial, com o monólogo O Sonho.

Fez várias digressões ao Brasil. Alfredo de Carvalho dedicou-se também à pintura, como cenógrafo muito apreciado e em quadros a óleo.

CARVALHO, Armindo Mendes de

O poeta, dramaturgo e novelista, Armindo Mendes de Carvalho, nasceu em Alcaide, Fundão, em 1927 e faleceu em Lisboa, no ano de 1988.

As suas obras versam, sobretudo, instituições e grupos sociais. Entre elas contam-se: Camaleões e Altifalantes, 1963; Cantigas de Amor e Maldizer, 1966; Poemas de Ponta e Mola, poesias, 1975 e O Rei Montoya, ficção, 1960.

Para o teatro escreveu a peça num acto A Comédia e a Rua, publicada em 1958, que deu à estampa em 1972 e a sátira A 10ª Turista, representada pela primeira vez, profissionalmente, pelo Teatro de Animação de Setúbal

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em 1977, numa encenação de Carlos César e interpretação de Mário Anjos, Clara Rocha, Maria da Conceição, Lídia Franco, Gil António, Valdemar de Sousa, António Banha, Manuel Borges, João Manuel, Carlos Caboz, Alexandre de Sousa, Manuel Borges e João Vítor.

Com Alexandre O’Neill elaborou a versão da tragicomédia de Raul Brandão e Teixeira de Pascoais Jesus Cristo em Lisboa, que a Companhia de Teatro Popular montou em 1978 no Teatro São Luís.

CARVALHO, Coelho de

Joaquim José Coelho de Carvalho nasceu em Faro em 1855 e faleceu em Ferragudo no ano de 1934.

Coelho de Carvalho era licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Pouco tempo depois de estar formado, e após concurso nomeado cônsul de Portugal no Rio Grande do Sul, não chegando a tomar posse do cargo por entretanto haver sido colocado em Xangai. Na China e na Espanha decorreu depois, toda a sua carreira diplomática.

Foi presidente da Academia das Ciências de Lisboa e, por fim, sócio benemérito.

Consagrando-se desde muito novo à meditação e ao estudo, deixou obras de destaque na nossa literatura, tanto pela perfeição da forma como pela probidade da execução. Deixou excelentes traduções de obras célebres, como Éclogas, 1901 e Eneida, 1908, de Virgílio; do Cântico dos Cânticos, atribuída a Salomão, 1876; dos Salmos, 1893, de David; O Violeiro de Cremona, 1896, de Copée; A Aventureira, 1902, de Augier; Macbeth, 1902, de Shakespeare; Dolores, 1903, de Feliu y Codina e Escola de Mulheres, 1905, de Molière, entre outras.

Poeta, historiador, ensaísta e dramaturgo, deixou, entre outras, e além das já citadas obras, mais os seguintes trabalhos: Generalidades da História do Direito Romano, 1874; D. Pedro I – 8º Rei de Portugal, Estudos da História e de Filosofia; Versos (1881); Carta de Conselho (a El-rei) sátira em verso, 1889; O Vitalismo na Arte, 1905.

No teatro é também autor de: Casamento de Conveniência, peça estreada no Teatro Nacional D. Maria II em 23 de Janeiro de 1904, com a interpretação de Augusta Cordeiro, Cecília Machado, Ângela Pinto, Beatriz Rente, Carolina Falco, Luz Veloso, Alda de Aguiar, Amélia Viana, Amélia Avelar, Maria da Luz, Sarah Coelho, Ferreira da Silva, Fernando Mais, Augusto de Melo, Luís Pinto, Joaquim Costa, Carlos Santos, Cardoso Galvão, Teodoro Santos, Pinto de Campos, Francisco Sampaio e Augusto Sampaio; o drama O Filho Doutor, 1906; o drama A Infelicidade Legal, 1911, estes dois últimos também levados à cena no Teatro Nacional D. Maria II; uma versão da Oresteia, de Ésquilo; O Cântico dos Cânticos,

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representado no Jardim da Estrela, numa tentativa de teatro de ar livre; A Ponte, 1924; a paráfrase do mito de Fausto, O Grão-Doutor, 1926.

CARVALHO, Constantino de

O actor Constantino Santana de Carvalho nasceu em Lisboa, no dia 17 de Outubro de 1886 e faleceu no ano de 1960.

Foi um distinto amador, tendo feito a sua estreia com 12 anos de idade, no Grupo Dramático Ernesto Silva. Passou depois para o Grupo Domingos Lopes Mega. Aos 14 anos toma parte no Teatro do Príncipe Real, em dois espectáculos, lendo poemas de Guerra Junqueiro e interpretando o célebre monólogo de Acácio Antunes “Estudante Alsaciano”. Depois de ter passado em vários grupos de teatro entrou para o Teatro Taborda e, dali, para o Gil Vicente, entregando-se devotadamente à vida de actor.

As principais produções teatrais em que entrou foram: Frei Luís de Sousa, Morgadinha de Vale-Flor, Tosca, Voluntários de Cuba, Mártir, Dama das Camélias, Remorso, Dote, Severa, Viúva Alegre, Miss Olga, Mão Cheia de Rosas, Valha-nos Isso, Festa na Mouraria, Prisão-Hotel, O Homem que Mudou de Cor, Adeus Artur, Morena Clara, As Pupilas de Marcolina, 3 Mil Libras, O Pão Saloio, Ordem e Lei e Sorte Grande, entre tantas outras.

Dos muitos espectáculos em que participou, considerou a revista O Pão Saloio, levada à cena no Teatro Apolo, em 1937, como um dos seus melhores trabalhos.

CARVALHO, Fernando de

O compositor e maestro Fernando de Carvalho nasceu em 5 de Fevereiro de 1913 e faleceu a 18 de Agosto de 1967.

Era membro da Sociedade de Escritores e Compositores, tendo desempenhado o cargo de secretário-geral do seu Conselho-Director, no triénio de 1959 a 1962.

Fernando de Carvalho nasceu com vocação musical. Aos quatro anos já trauteava áreas de ópera. Aos oito anos escreveu a primeira composição. Aos vinte, iniciava na revista Tip-Top, escrita por Acácio de Paiva e Erico Braga, a sua carreira de compositor profissional, revista essa estreada no Teatro da Trindade.

Daí para a frente teve um trabalho constante. Compôs música para vinte e tantas operetas, para cento e tantas revistas e uma dezena de filmes. Ao todo mais de duas mil canções, muitas delas de invulgar êxito. E

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Fernando de Carvalho não se limitava a compor infatigavelmente: era também um constante director de orquestras. Viveu toda a sua vida para a música. Morreu com cinquenta e quatro anos.

CARVALHO, Leopoldo

Leopoldo de Carvalho nasceu em Lisboa em 8 de Junho de 1844 e faleceu a 22 de Agosto de 1913.

Começou a estudar no colégio Annaya, mas as dificuldades da família obrigaram Leopoldo a começar a trabalhar muito novo. Empregou-se no comércio, indo depois estudar na Academia de Belas Artes. Depois, aprendeu a gravação em madeira na oficina dos Castros. Tendo terminado a única publicação ilustrado que então havia no género, o Arquivo Pitoresco, ficou sem trabalho.

Por este tempo representava como amador em diversas sociedades particulares, ao lado do irmão, Ernesto de Carvalho, que era um dos primeiros curiosos da época.

Leopoldo chegou aos vinte anos sem modo de vida e, por isso, resolveu entrar para o Conservatório, para seguir o curso de Arte de Representar, sob a direcção dos professores Duarte de Sá e Alfredo de Melo. Leopoldo concluiu o curso com distinção e, por isso, foi obrigado a prestar provas públicas no Teatro Nacional D. Maria. A primeira prova realizou-se a 22 de Maio de 1867, nas comédias O Malheiro e Viagem à China.

Em 1869 foi escriturado pelo actor Santos para o Teatro do Príncipe Real, onde esteve até 1870, sem se destacar. Em 1871 foi convidado para a companhia do Teatro do Ginásio e, com excepção de uma época que fez como ensaiador no Porto, conservou-se no Ginásio muitos anos. De simples actor passou a acumular os cargos de actor e ensaiador, e depois só o de ensaiador.

Traduziu muitas comédias espanholas, algumas das quais fizeram boa carreira.

CARVALHO, Manuel Santos

Manuel Santos Carvalho nasceu em Lisboa em 17 de Junho de 1891, onde faleceu a 29 de Março de 1974.

Depois de completar o liceu, ingressou na Escola de Arte de Representar. Estreou-se como profissional em 1916, no Porto, no Teatro Sá da Bandeira. Nunca mais abandonou o palco, quer como actor, quer como ensaiador. Foram inúmeras as peças que interpretou, ensaiou e encenou,

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como também aquelas a que, na qualidade de autor, ficou ligado o seu nome.

Actor de teatro de características populares, participou em comédias, farsas, revistas e filmes. Escreveu também várias revistas, operetas e farsas originais, entre as quais Afonso Henriques, em 1 acto, 1943; O Meu Menino; Desculpa ó Caetano; Gato Escaldado; Marido Solteiro, representada no Teatro Maria Vitória em 1950; Papá Precisa-se, levada à cena no Teatro Avenida em 1961 e A Verdade é Só Uma, comédia estreada no Teatro Variedades em 1964. As revistas: Rambóia, Chá de Parreiras, Zé dos Pacatos, A Bola e Rataplan, Rés-Vés.

Fez a sua estreia cinematográfica no filme de Cotinelli Telmo A Canção de Lisboa, em 1933, ao lado de Beatriz Costa, Manuel de Oliveira, Teresa Gomes e Silvestre Alegrim. Continuou a trabalhar no cinema mesmo depois de abandonar os palcos em 1954. Os principais filmes em que participou foram: A Aldeia da Roupa Branca, realizado por Chianca de Garcia em 1938; Costa do Castelo, realizado por Artur Duarte em 1943 e O Primo Basílio, realizado por António Lopes Ribeiro no ano de 1959. Escreveu o argumento cinematográfico do filme Um Marido Solteiro, realizado em 1952 por Fernando Garcia.

Obteve o 1º Prémio do Concurso de Originais do SNI, em 1958, com O Gato Escaldante.

CARVALHO, Maria de

A poetisa e jornalista Maria de Carvalho nasceu na Chamusca em 1889 e faleceu em Lisboa no ano de 1973.

A sua estreia literária data de 1915, com o livro As Sete Palavras, que a crítica recebeu com agrado e a que logo no ano seguinte, se veio juntar o livro de Sonetos.

Vieram depois: Pensamentos, 1919; Folhas, 1921; Através da Bruma e Chama Inquieta, em 1937, além da larga produção que um avultado número de revistas e jornais, bem como alguns livros de prosa, como entre outros, Viagens da Vida e As Quatro Estações.

Colaborou vários anos com o Comércio do Porto, em crónicas ligeiras de comentários críticos aos mais variados acontecimentos da época.

Publicou em 1925 a peça num acto em verso, Antes da Batalha.

CARVALHO, Mendes de

Joaquim José Coelho de Carvalho nasceu em Faro em 1855 e faleceu em Ferragudo no ano de 1934.

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Reitor da Universidade de Coimbra e presidente da Academia das Ciências, escreveu para o teatro Casamento de Conveniência, peça estreada no Teatro Nacional D. Maria II em 23 de Janeiro de 1904, com a interpretação de Augusta Cordeiro, Cecília Machado, Ângela Pinto, Beatriz Rente, Carolina Falco, Luz Veloso, Alda de Aguiar, Amélia Viana, Amélia Avelar, Maria da Luz, Sarah Coelho, Ferreira da Silva, Fernando Maia, Augusto de Melo, Luís Pinto, Joaquim Costa, Carlos Santos, Cardoso Galvão, Teodoro Santos, Pinto de Campos Francisco Sampaio e Augusto Sampaio; O Filho Doutor, 1906 e A Infelicidade, em 1911.

Escreveu também três dramas de crítica social que contêm algumas das cenas mais fortes do nosso naturalismo dramático e que foram representados no Teatro Nacional D. Maria II. Deve-se também a este autor uma versão da Oresteia de Esquilo e um drama bíblico em verso, O Cântico dos Cânticos, representado em 1911 no Jardim da Estrela, numa tentativa de teatro ao ar livre; A Ponte, escrita em 1924 e uma paráfrase do mito de Fausto, O Gran-Doutor, 1926, além de traduções de Sófocles, como o Rei Édipo; Augier, A Aventureira; Feliu y Codina, A Dolores e de Molière, Escola de Mulheres.

CARVALHO, Mendonça de

O actor e empresário Francisco Mendonça de Carvalho nasceu no Porto, no dia 8 de Dezembro de 1883 e faleceu em 1953.

Estreou-se em 1905 no Teatro Águia de Ouro, na peça do grande dramaturgo Marcelino Mesquita, O Rei Maldito. Depois de ter percorrido a província foi para Lisboa, ingressando no Teatro Nacional, onde se conservou de 1908 a 1911, trabalhando ao lado dos mestres e desempenhando com grande êxito o difícil papel de D. Dinis, da peça Leonor Teles, anteriormente criado pelo ilustre actor Augusto Rosa.

Em 1912 passou para o Teatro da República, onde tomou parte nas tragédias Peste, Luz Vermelha, Delegado da 3ª Secção e nas comédias Casa com Escritos e O Sr. Sereno, entre outras. Entrou depois para o Teatro do Ginásio, onde acedeu à categoria de empresário com a mulher, em fins da época de 1915.

Para além das peças já indicadas, entrou ainda nas seguintes produções: Pato, Senhor Roubado, Soror Mariana, Os Três Noivos da Germana, O Olho da Previdência, Alfaiate de Senhoras, O Carrasco de Sevilha, O Afilhado da Madrinha, Pecados da Juventude, O Raio, Chuva de Filhos, Malvalouca, Inimiga, A Morgadinha dos Canaviais, A Sombra, Bodas de Ouro, Era Uma Vez Uma Menina, Os Autores dos Meus Dias, Carlota Joaquina, O Topa-a-Tudo, A Menina do Chocolate, Má Sina, 93,

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Pena Última, O Príncipe Herdeiro, A Conspiradora, O Comissário de Polícia, Reservado para Senhoras, Conde Barão, A Sopa no Mel, A Vizinha do Lado, Lá Donna é Mobile, O Pinto Calçudo, O Deputado Independente, Tenório Júnior, Venturosa, 4028 Lx., O Crime da Avenida 33, A Tartaruga, O Mistério do Quarto Amarelo, Auto da Barriga, Não Largues a Amélia, O Primo Basílio, A Sociedade Onde a Gente se Aborrece, O Sol da Meia Noite, Uma Mulher que Veio de Londres, Meio Dia em Ponto, O Homem dos Sete Ofícios, Novos e Velhos, O Amor é o Diabo, Os Fidalgos da Casa Mourisca, 30 H.P., Sentinela Morta, Uma Velha que Tinha um Gato, Sangue Azul, O Meu Crime, O rei Maldito, Leonor Teles, Peste, Luz Vermelha, O Delegado da 3º Secção, Casa com Escritos, O Sr. Sereno, Assassino, As Pupilas do Senhor Reitor, Marialva, 20 Mil Dólares, Miquette e a Mamã, Avante Franceses, Sôror Mariana, Serão das Laranjeiras, Manequim e A Fidalga de Arronches.

Mendonça de Carvalho era casado com a actriz Maria Matos, e ambos dirigiram o Teatro do Ginásio. Este actor era, incontestavelmente, um dos primeiros galãs e um dos artistas mais alegres em cena, na sua época.

CARVALHO, Otelo de

O actor Otelo de Carvalho nasceu em 15 de Janeiro de 1888 e faleceu em África a 26 de Março de 1930.

Cursou o Conservatório de Lisboa, onde desempenhou toda a espécie de papéis, que sempre airosamente apresentou. Nas provas finais, no Teatro Nacional, representou em Os Velhos, uma das melhores peças de D. João da Câmara e no Amor de Perdição, onde obteve uma vibrante ovação nos papéis de Bento e João da Cruz, respectivamente. Foi aprovado com 20 valores, único aluno que conseguiu tal classificação naquele ano.

Estreou-se em 1913 no Teatro Avenida, na revista Raínha das Rosas, contratado pelo empresário Luís Galhardo. Uns meses depois fez o compère da revista O 31, escrita por Luís Galhardo, Pereira Coelho e Alberto Barbosa. Música de Tomás Del Negro e Alves Coelho, num elenco constituído também por Nascimento Fernandes, João Silva, Etelvina Serra, Amélia Pereira, Maria Litaly, Martins Veiga, Maria Vitória. Quase todos os números desta revista alcançaram um êxito fora do vulgar, como é o caso de Cegarrega Afonsina, Dona de Casa, Adjectivo, Assídua Leitora, As Meninas dos Centavos, Fado da Estúrdia, O Amor Apache, Arco de Santo André e o ainda o hoje conhecido Fado do 31, cantado pela grande Maria Vitória, que o público adorava e que morreu com apenas 24 anos. É um número alusivo à agitação social e às greves que assolavam o país. Em Lisboa a bordoada fervia e, por dá cá aquela palha, rebentava o “31”.

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Dos muitos espectáculos em que participou é de referir: Jigajoga, Piparote, Pé de Meia, Eva, Alma Forte, O Amigo de Peniche, Ele – Ela e Ele, A Agulha Oca, A Labareda, Duas Causas, Irmãos Unidos, A Garra, Negócios são Negócios, Adão e Eva, D. Paço de Manzanilha, O Célebre Pina, Boas Festas, Fruto Proibido, Vida Airada, Mademoiselle Demónio, O Amor Vence, A Dança da Meia Noite, Perigo Amarelo, Papillon Bom Rapaz, A Princesa Boémia, Maria do Rosário, Amor de Máscara, A Rainha das Rosas, Generala, O Filho Perdoado, O Escândalo, As Doidivanas, A Rosa Enjeitada, A Mãe, O Médico à Força, Burro do Sr. Alcaide, O Homem que assassinou, Bichinha Gata, O Cão do Comissário, O Caldo Entornado, A Vida Dum rapaz Pobre, Blanchet, A Primerose, Marido em Branco, A Garota, Boa Gente, O Conde Barão, A Bisbilhoteira, Vontade e O Modelo.

Numa tournée a África por lá faleceu. Foi também empresário de diversas companhias teatrais.

CARVALHO, Raul de

O actor Raul de Carvalho nasceu em Salvaterra de Magos em 15 de Fevereiro de 1905 e faleceu na cidade de Lisboa a 11 de Agosto de 1984.

Estreou-se no Teatro do Ginásio quando tinha 20 anos de idade, na peça Zilda, de Alfredo Cortez. Em breve se revelou uma figura de primeiro plano na cena portuguesa.

Ao longo de 45 anos de carreira teatral representou os mais diversos e destacados papéis. Entre os anos 30 e 60, Raul de Carvalho foi primeira figura do Teatro Nacional e protagonista de várias peças e filmes. Teve a sua despedida a 16 de Dezembro de 1966, interpretando no Teatro de São Luís a peça O Ciclone, de S. Maugha. Teve uma das suas melhores criações, em 1931, na personagem “Capitão Stanhope” da peça O Fim da Jornada, de autoria de R. C. Sherriff.

No cinema, onde em 1922 deu os primeiros passos cpm O Primo Basílio, de G. Pallu, os êxitos foram semelhantes. Participou em filmes como Gado Bravo, realizado por António Lopes Ribeiro em 1934, com a actuação de Nita Brandão, Olly Cebauer, Mariana Alves, Raul de Carvalho, Artur Duarte, e Alberto Reis, entre outros; Bocage, realizado por Leitão de Barros em 1936, com as principais actuações de Raul de Carvalho, Maria Helena, Maria Castelar, Silvestre Alegrim, Joaquim Prata, António Silva, João Villaret e Tomás Alcaide; Frei Luís de Sousa, realizado por António Lopes Ribeiro em 1950, com as principais actuações de Maria Sampaio, Maria Dulce, Raul de Carvalho, João Villaret, Tomás de Macedo, Maria Olguim e Jaime Santos; e A Garça e a Serpente, realizado por Artur Duarte em 1952, com actuações, entre outras, de Raul de Carvalho, Carmen

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Dolores, Cremilda de Oliveira, Alda Aguiar, Rogério Paulo, Samuel Dinis, Erico Braga, Álvaro Benamor e Alves da Cunha.

Das muitas peças representadas no Teatro Nacional D. Maria II, pela companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, referimos Além-Mar, de Marcel Pagnol, estreada em 17 de Junho de 1930, com a interpretação de Amélia Rey Colaço, Raul de Carvalho, Emília de Oliveira e Robles Monteiro; Leonor Teles, de Marcelino Mesquita, estreada em 16 de Outubro de 1931, com a interpretação de Palmira Bastos, Raul de Carvalho, António Pinheiro e João Villaret; A Severa, de Júlio Dantas, estreada a 20 de Novembro de 1931, com Maria Clementina, Raul de Carvalho e António Pinheiro; Pedro ou Jack?, de Francis de Croisset, também estreada em 1931 (13 de Dezembro), com actuações de Rual de Carvalho, Álvaro Benamor, Amélia Rey Colaço e Henrique de Albuquerque.

No ano de 1932, entrou nos elencos das peças: 1808 (Junot), de Reinaldo Ferreira, ao lado de Palmira Bastos, António Pinheiro e Maria Lalande; Filodemo, de Luís de Camões, junto de João Villaret e Amélia Rey Colaço; Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, ao lado de Palmira Bastos, Maria Lalande e António Pinheiro; Fascinação, de Virgínia Vitorino, conjuntamente com António Pinheiro, Amélia Rey Colaço, Palmira Bastos e Adelina Abranches e O Diabo Azul, de Gustavo de Matos Sequeira e Pereira Coelho, junto de Amélia Rey Colaço, Palmira Bastos, Maria Clementina e Robles Monteiro. No ano seguinte participou em El Baile de Luiz Alonso, de Xavier de Burgos, ao lado de Nascimento Fernandes, Amélia Rey Colaço, Palmira Bastos e Maria Clementina; Seja Feita a Sua Vontade, de Muñoz Seca, junto de Adelina Abranches, Maria Lalande e Nascimento Fernandes; Quem Desdenha…, de Manuel Pinheiro Chagas, juntamente com Adelina Abranches, João Villaret e Amélia Rey Colaço; e D. Sebastião, de autoria de Tomás Ribeiro Colaço, junto do elenco de Amélia Rey Colaço, Adelina Abranches e Palmira Bastos.

Nos anos seguintes seguiram-se actuações nas seguintes peças: O Mestre, de Henri de Rotschild; Castro, de António Ferreira; Sol Poente, de Ramada Curto; Morre Povo, de João Bastos, ambas em 1934; Cinco Lobitos, dos Irmãos Quintero; Como se Faz um Homem, adaptação de Henrique Galvão; Desencontro, de Armando Vieira Pinto; Amadis de Gaula, de Gil Vicente (versão de Júlio Castilho); O Perfume do Pecado, de Ramada Curto; Auto da Fundação das Caldas, de Silva Tavares; Portugal Independente, de Henrique Galvão, todas em 1935; O Velho de Oiro, de Henrique Galvão e Silva Tavares em 1936; Isabel, Raínha da Inglaterra, de André Josset; Morgado de Fafe em Lisboa, de Camilo Castelo Branco; O Chefe, de James M. Barrie, O Chocolate dos Anos de D. Lesma, de Leonardo José Pimenta e Anjos; Telmo, O Aventureiro Carlos Selvagem; Mola Real, de Virgínia Lopes de Mendonça e Laura Chaves; Loucura de Amor (Joana a Doida) de Manuel Tamayo y Baús; Perdoai-nos Senhor, de

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Vasco de Mendonça Alves; Férias da Páscoa, de Romain Coolus, todas em 1937; La Verbena de la Paloma, de Ricardo de la Vega; Maria Stuart, de Friedrich Schiller, em 1938; O Alfageme de Santarém, de Almeida Garrett; Disraeli, Um Judeu, de Raimundo Magalhães Júnior, em 1939; Tempos Modernos, de Olga Alves Guerra; O Paço de Portuledo, de João Correia de Oliveira; A Lei do Coração, de Manuel Fragoso; A Sobrinha do Marquês, de Almeida Garrett, no ano de 1940; A Encruzilhada, de Carlos Selvagem; Os Anfitriões, de Luís de Camões, em 1941; Horizonte, de Manuel Frederico Pressler; La Revolta, de José Lopez Silva e Carlos Fernández Shaw; O Rosário, de Alexandre Charles Auguste e André Bisson, em 1942; Electra e os Fantasmas, de Eugene O’Neill; Centenário do Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, 1943; Raça, de Rui Correia Leite; O Leque de Lady Windermere, de Óscar Wilde, 1944; Vidas Sem Rumo, de Olga Alves Guerra; Os Maias, de José Bruno Carreiro sobre o romance de Eça de Queirós, 1945; Antígona, de Júlio Dantas, 1946; Frei António das Chagas, de Júlio Dantas; A Hospedeira, de Carlos Goldoni; Milagre!, de Armando de Lacerda; Entremez Del Retablo de Las Maravillas, de Miguel Cervantes, 1947; Paulina Vestida de Azul, de Joaquim Paço d’Arcos; A Marechala, de Alphonse Lemonnier e Jean-Louis Péricaud; A Vida é um Jogo, de Francisco Mata, 1948; Essa Mulher!, de Cesare Giulio Viola; A Luz do Gás, de Patrick Hamilton; A Raposa Azul, de Ferec Herczeg, 1949; A Senhora das Brancas Mãos, de Alejandro Casona; A Herdeira, de Ruth & Augustus Goetz, Centenário de Guerra Junqueiro (com A Pátria), 1950; As Árvores Morrem de Pé, de Alejandro Casona; Filomena Marturano, de Eduardo de Filippo; O Amor Precisa de Escola, de Jacinto Benavente, 1951; O Vestido da Noiva, de João Gaspar Simões, O Milagre do Ouro, de José Lúcio, A Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas, A Voz da Cidade, de Ramada Curto, Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare, 1952; O regente, de Marcelino Mesquita, Castelos no Ar, de Jean Anouilh, 1953; Prémio Nobel, de Leitão de Barros, Fernando Santos e Almeida Amaral, 1954; Para Cada Um Sua Verdade, de Luigi Pirandello, A Muralha, de Joaquim Calvo Sotelo, Tá Mar, de Alfredo Cortez, 1955; Santa Joana, de G. Bernard Shaw, Alguém Terá de Morrer, de Luiz Francisco Rebello, Pleito de Família, de Diego Fabbri, 1956; O revisor, de Nicolai Gogol, Castro, de António Ferreira, Dona Inês de Portugal, de Alejandro Casona, A Ferida Luminosa, de José Maria de Sagarra, As Bruxas de Salém, de Arthuar Miller, 1957; Uma Mulher Extraordinária, de John Patrick, O Processo de Jesus, de Diego Fabbri, 1958; Intriga e Amor, de Friedrich Schiller, O Lugre, de Bernardo Santareno, 1959; A sapateira Prodigiosa, de Federico Garcia Lorca, Do Alto da Ponte, de Arthur Miller, 1960; D. Henrique de Portugal, de João Osório de Castro, Romeu e Julieta, de W. Shakespeare, 1961; O Anjo Rebelde, de Carlos Selvagem, Furacão Sobre o Caine, de Herman Wouk, Os Maias, de José Bruno Carreiro sobre

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o romance de Eça de Queirós, 1962; A Peliça de Castor, de Gerhart Hauptmann, La Condessa, de Maurice Druon, 1963; O Hábito de Morrer, de Afonso Botelho, Divinas Palavras, de Ramón del Valle-Inclán, Macbeth, de W. Shakespeare, 1964; O Motim, de Miguel Franco, Ciclone, de W. Somerset Maugham, A Escada de Jorge Andrade, Auto da Festa, de Gil Vicente, 1965; Os Velhos, de D. João da Câmara, A Bela Impéria, de Carlos Selvagem, Isabel de Inglaterra, de André Josset, 1966.

Raul de Carvalho era oficial da Ordem de Cristo e de Santiago de Espada e recebeu os prémios da crítica pela sua actuação em Bola ao Centro e Frei Luís de Sousa.

CARVALHO, Ricardo Santos

O actor Ricardo Lozano dos Santos Carvalho nasceu em Alcobaça no dia 7 de Abril de 1892 e faleceu em 1947.

Estreou-se a 20 de Agosto de 1911 no Teatro da Rua dos Condes. Dentre o seu largo currículo teatral, entrou nas seguintes produções: Dois Garotos, Morgadinha de Vale-Flor, As Duas Órfãs, Saltimbanco, Amor de Perdição, A Dama das Camélias, O Gaiato de Lisboa, Hotel de Livre Câmbio, A Nitouche, O Moleiro da Alçada, O Segredo da Morgada, Os 20 Milhões, Belo Sexo, Ovo de Colombo, Cigarro Brejeiro, Gato Preto, Tiro ao Alvo, Gata Borralheira, Sempre Fresquinho, Vida Airada, Vida Nova, Sorte Grande, A Viúva Alegre e O Processo do Rasga.

Fez uma série enorme de compères de revista, designadamente em Chuva de Mulheres, levada à cena no Éden-Teatro, pela parceria de Lopo Lauer, Almeida Amaral, Vasco de Matos Sequeira e Frederico de Brito. Música de Carlos Calderón e Frederico Valério, com Maria das Neves, Costinha, Elisa Carreira, Álvaro de Almeida, Luísa Durão, Alfredo Ruas, Ricardo Santos Carvalho, Eugénio Salvador, Hermínia Silva e Lina Duval e em Eh, Real!, escrita por Alberto Barbosa, José Galhardo e Amadeu do Vale. Música de Raul Portela, António Lopes e Frederico Valério, apresentada no Teatro Variedades, em 1939, com a interpretação de Beatriz Costa, Costinha, Armando Machado, Elisa Carreira, Zulmira, Miranda, Luísa Durão e Ricardo Santos Carvalho.

CARVALHO, Rio de

João Pedro Augusto Rio de Carvalho nasceu em Lisboa em 20 de Setembro de 1838 e faleceu nesta cidade a 2 de Novembro de 1907.

Desde muito cedo começou a sua educação musical no Conservatório Nacional e com tal aproveitamento que, aos 14 anos, já fazia parte da

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orquestra do Teatro de São Carlos, onde foi elevado à posição e chefe daquela orquestra.

Como compositor estreou-se escrevendo a música da mágica A Filha da Noite, que se representou no Teatro das Variedades

Foi um compositor fecundo, tendo escrito música para um sem número de operetas, revistas, dramas e oratórias.

O grande campo de composição foi o teatro, onde alcançou grandes sucessos. Da sua extensíssima obra citamos. Como exemplo as mágicas, Sombra do Rei, Pomba dos Ovos de Ouro, Diamante Vermelho, Pêra de Satanás, Varinha de Condão, Espelho da Verdade, Anel Prodigioso, El-rei Maringombé, Diabo Negro, e Espírito do Diabo; as revistas: Juízo do Ano, Etcetera e Tal, António Maria, Abre Bem os Teus Olhos, Micróbio, Pontos nos Is, O rei Kalacana, O Ano das Pontas, e Fim de Século; as óperas cómicas: Flor de Laranjeira, O Botão, Mascote Número 2, Calixto e Mascato, Lesto a Virar, Lazarilho, As Três Saias da Menina, Toutinegra, Estrela do Norte e Os Dois Cádis e as operetas: Nitouche, Sam Fato e Sem Noiva, Às Claras e às Escuras, Os Dois Sargentos, Médico da Aldeia, Atchim-Fá XVIII, Circassianas e Dama de Espadas.

Compôs também música sacra. Escreveu ainda muitas peças para bailados, bandas e orquestras, algumas das quais alcançaram grande popularidade. Para bandas militares teve composições interessantes, sobressaindo a Batalha 12 de Agosto, executada nos concertos da Exposição Industrial. Foi regente da Orquestra da Real Câmara, que regeu pela última vez por ocasião da visita a Lisboa do Rei Eduardo VII.

Compôs o Te Deum que se executou na aclamação de D. Carlos.Foi Condecorado com as Comendas de S. Tiago e de Cristo e com

outras Ordens estrangeiras.

CASIMIRO, Mirita

A actriz Mirita Casimiro, filha do célebre cavaleiro tauromáquico José Casimiro de Almeida, nasceu em Viseu a 10 de Outubro de 1918 e faleceu em Cascais no dia 25 de Março de 1970.

Desde muito pequena que o seu talento se evidenciou em festas de carácter popular e em espectáculos de caridade onde as suas imitações eram apreciadas. Por insistência de Lino Ferreira, autor dramático e jornalista, foi convidada a tomar parte numa récita de caridade no Teatro Nacional D. Maria II, onde obteve indiscutível êxito na interpretação de canções da Beira, fados regionais, anedotas características, tudo interpretado com espontaneidade e delicadeza extraordinárias. Imediatamente Lopo Lauer,

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autor dramático e então empresário do Teatro Maria Vitória lhe ofereceu um contrato interessante.

Mirita Casimiro conseguiu vencer a oposição tenaz de seus pais e irmãos e, em 5 de Janeiro de 1935, naquele teatro, em dois quadros intercalados especialmente na revista Viva a Folia, obteve do grande público verdadeira consagração, exibindo como profissional.

A sua carreira afirmou-se logo fulgurante. Na mesma época e no mesmo teatro continuou a ser o ídolo do público com intervenções na revista Anima-te, Zé e em 1936 passou ao Teatro Variedades, onde lhe coube apresentar nova faceta do seu temperamento ao interpretar a comédia musicada O João Ninguém, no complexo papel do protagonista, um «travesti» de exame. A sua popularidade crescia e o público afirmava pela sua presença, que estava ali uma das suas artistas mais estimadas, sendo as festas artísticas verdadeiramente apoteóticas e o seu nome um dos de maior cartaz em Lisboa.

Os seus êxitos contam-se pelas criações, sendo de registar: Morena-Clara, Os Ardinas, Brasileiro Pancrácio, Catraia do Bulhão, Senhora da Atalaia, Olaré quem brinca (revista), onde o seu trabalho foi comparado por Stefan Zweig, que a foi admirar, ao das melhores artistas do seu género em todo o mundo. No Porto e depois numa triunfal digressão ao Brasil, confirmou junto daquelas plateias exigentes o seu talento. Naquele país actuou no teatro, na rádio e na televisão. Posteriormente desempenhou com brilho os principais papéis de Ribatejo (opereta), Papa Açorda (farsa), O Padre Piedade, Pai Paulino e Cabo Elísio (comédias).

Em Maio de 1940 formou companhia com Vasco Santana. Em cinco anos de teatro, havia conquistado um lugar de primeira fila na cena portuguesa.

Sob a direcção de Leitão de Barros interpretou a protagonista do filme Maria Papoila, comédia popular, tendo tido grande êxito.

No Teatro Experimental de Cascais foi actriz de grande mérito. Apresentou as seguintes peças: A Casa de Bernarda Alba, de Frederico Garcia Lorca; O Comissário de Polícia, de Gervásio Lobato; A Maluquinha de Arroios, de André Brun; e D. Quixote, de Cervantes. Representava esta peça, quando sofreu um acidente de automóvel que a obrigou a abandonar a carreira artística, despedindo-se do público um ano depois, em Dezembro de 1969.

CASTRO, Augusto de

Augusto de Castro Sampaio Côrte-Real, nasceu no Porto em 11 de Janeiro 1883 e faleceu na cidade de Lisboa a 24 de Julho de 1971.

Em 1903 formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Nesse mesmo ano começou a sua carreira como advogado no Porto. Foi professor,

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funcionário público, diplomata, procurador à Câmara Corporativa e membro do conselho de administração de várias empresas.

Aos 13 anos, Augusto de Castro entrou no jornalismo e quase com noventa anos mantinha-se ainda nele. Na cidade do Porto assumiu a direcção do diário A Província e, depois, a Folha da Noite.

Deputado progressista, fixou-se em Lisboa, entregue ao jornalismo como redactor principal do Jornal do Comércio e cronista de O Século. Foi professor no Conservatório Nacional e Embaixador de Portugal em Londres, no Vaticano, em Bruxelas, em Roma, novamente em Bruxelas e ainda em Paris.

A partir de 1919 teve, durante largos períodos de tempo, a direcção do Diário de Notícias. Em 1939 lançou e dirigiu A Noite.

Foi breve a sua passagem pelo teatro, trocando-a cedo pelo jornalismo, a política e a diplomacia.

Depois de uma revista de fim de curso, Até que Enfim!, escrita em colaboração com o poeta João Lúcio e representada por estudantes de Coimbra em 1902, acedeu à cena profissional em 1906 com o drama em 3 actos Caminho Perdido, cuja estreia no Teatro Nacional provocou a demissão do comissário do governo, que a proibira pela ousadia do tema. Seguiram-se depois as comédias Amor à Antiga, 1907; Chá das Cinco, 1909 e o drama Vertigem, em 1910, bem como uma espirituosa comédia talhada pelo figurino parisiense de Capus e Donnay, intitulada As Nossas Amantes, no ano de 1912. Em 1918 reaparece no teatro com uma peça num acto, A Culpa, que teve honras de ter sido levada à cena no Teatro República e, em 1934, com um drama poético em 4 actos, chamado Amor. Esta última obra não foi levada à cena.

Entre outras obras, escreveu também crónicas e reportagens como Fantoches e Manequins, 1917 e Homens e Sombras, 1958; contos como O Amor e o Tempo, 1929 e ensaios como A Crise Internacional e Garrett e o Teatro Português, em 1954.

Quase toda a sua obra literária, desde O fumo do meu cigarro até ao seu último, O Mundo não começa amanhã, foi publicada nos jornais antes de aparecer em livro.

Foi um dos fundadores da Sociedade de Escritores e Compositores e, a partir de 29 de Dezembro de 1964, seu Presidente de Honra, sucedendo a Júlio Dantas.

CASTRO, D. João de

D. João de Castro nasceu em Azurara, Vila do Conde, em 6 de Agosto de 1871 e faleceu no Porto a 20 de Maio de 1955.

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Foi Secretário do Ministro das Obras Públicas, em 1903 e delegado do governo em várias companhias até 1933.

Camilo e Tomás Ribeiro apadrinharam a sua estreia poética, Alvoradas de Abril, 1889. Poeta e romancista, publicou Alma Póstuma, sonetos, 1890; Os Malditos, romance, 1892. Em 1895 publicou o poema dramático Jesus, como uma segunda edição em 1920 e, em 1898, o poema-drama Via Dolorosa, concebido como primeiro volante de um díptico, O País da Quimera, que não teve continuidade.

As suas produções seguintes foram as operetas: Arlequim, 1909 e O Sacrifício de Abraão, 1913; a peça em 3 actos a Desonra, representada pela primeira vez no Teatro República a 2 de Janeiro de 1913, com a interpretação de Teodoro Santos, Chaby Pinheiro, Pinto Costa, Henrique de Albuquerque, Tomás Vieira, Rafael Marques, Francisco Sena, Manuel Pina, Itália Fausta, Luz Veloso, Bárbara Volckart, Jesuína Saraiva, Ana Espinosa e Sofia Galdini; O Anel de Ferro, publicada em 1913; O Marquês de Carriche, comédia histórica de costumes representada no Teatro Nacional em 1927; Auto da Primavera e um volume de Teatro Heróico, com dois dramas históricos em verso, Brasil e Por Bem!, publicados, respectivamente, em 1927 e 1931. O seu Teatro Heróico foi galardoado com o Prémio Tomás Ribeiro, em 1931.

CASTRO, Eugénio de

Eugénio de Castro e Almeida nasceu em Coimbra em 4 de Março de 1869 e faleceu também nesta cidade a 17 de Agosto de 1944.

Professor e Director da Faculdade de Letras de Coimbra, foi o introdutor do simbolismo nas letras nacionais, com os poemas de Oaristos, em 1890.

Aos 15 anos publicou Cristalizações da Morte e Canções de Abril. Em 1887 já pertencia à redacção de O Dia e em 1895, com Manuel da Silva Gaio, lançou a revista internacional Arte; em 1899 funda e dirige a revista Os Insubmissos, órgão do movimento poético decadentista-simbolista.

Não sendo em rigor um dramaturgo, adoptou a forma teatral em obras como Belkiss, publicado em 1894, com várias traduções e Sagramor, 1895. Escreveu: Os Olhos da Ilusão, 1896; O Rei Galaor, 1897; Salomé e Outros Poemas, 1896; Saudade do Céu, 1899; Constança, 1900; A Sombra do Quadrante, 1906; O Anel de Polícrates, 1907; O Filho Pródigo, 1910; O Cavaleiro das Mãos Irresistíveis, 1915; A Tentação de São Macário, 1922; Descendo a Encosta, 1924 e Últimos Versos, 1938. De O Cavaleiro das Mãos Irresistíveis e de Belkiss foram extraídas por Rui Coelho duas óperas, em 1927 e 1928, respectivamente.

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CASTRO, Fernanda de

A poetisa e escritora Maria Fernanda Teles de Castro nasceu em Lisboa em 8 de Dezembro de 1900, onde faleceu a 19 de Dezembro de 1994.

Foi esposa e colaboradora do jornalista António Ferro. Fundou a Associação Nacional dos Parques Infantis.

A obra de Fernanda de Castro compreende os livros de poesia: Antemanhã, 1919; Danças de Roda, 1921; Jardim, 1928; Daquém e Dalém-Alma, 1935; Exílio, 1952; Altar Sem Culto, 1954; Asa no Espaço, 1955; Poesia I e II (Prémio Nacional de Poesia em 1969) e Urgência, 1989. Em prosa publicou: O Veneno do Sol, romance, 1928 e as novelas infantis As Aventuras de Mariazinha, 1928 e Mariazinha em África, 1959; O Segredo da Casa Amarela e Varinha de Condão este, em colaboração com Teresa Leitão de Barros.

A sua produção teatral foi iniciada em 1925 com uma peça de costumes regionais, representada no Teatro Nacional D. Maria II, intitulada Náufragos, levada à cena no dia 27 de Abril desse ano, com a interpretação de Ilda Stichini, Palmira Torres, Elvira Costa, Elvira Carreira, Emília Fernandes, Albertina de Oliveira, José Ricardo, Rafael Marques, Carlos de Sousa, Ribeiro Lopes, Henrique de Albuquerque, Júlio Soares, Octávio Bramão e Carlos Shore. Seguiram-se em 1931, Nova Escola de Maridos e, em 1934, A Pedra no Lago, ambas estreadas no Teatro da Trindade.

Entre 1927 e 1933 publicou, na página teatral do Diário de Notícias, um grande número de comédias em 1 acto, nomeadamente: Ensaio Geral, 1927, Uma Lição, Final de Acto, Entre Marido e Mulher, O Hábito Faz o Monge, 1928, A Felicidade, Buena Dicha, O Acaso, Um Casamento à Americana, As Duas Vidas, 1929, A Mais Forte, 1930, O Teatro não é Vida, 1931, Adolescência, 1932, Foi Assim… e A Gaiola Doirada, 1933.

Traduziu para o primeiro espectáculo do Teatro Novo, dirigido por António Ferro, o Knock de Jules Romains (1925) e A Volúpia da Honra, de Pirandello e O Rei Vai Morrer, de Ionesco, que a companhia do Teatro Nacional D. Maria II levou à cena no Capitólio, em 1968 e no Teatro da Trindade em 1970, com a interpretação de José de Castro, Mariana rey Monteiro, Henriqueta Maia e Paiva raposa.

Publicou, ainda, Ao Fim da Memória: Memórias 1906-1939, em 1986.

CASTRO, Ferreira de

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José Maria Ferreira de Castro nasceu em Ossela, no concelho de Oliveira de Azeméis em 24 de Maio de 1898 e faleceu no Porto a 29 de Junho de 1974.

Órfão de pai aos 8 anos, emigrou para o Brasil em 1911, tendo trabalhado num seringal na Amazónia. Estreou-se nas Letras em Criminosos por Ambição, 1916.

Escritor, jornalista, dramaturgo, Ferreira de Castro é um autor traduzido em mais de vinte línguas.

Ferreira de Castro alcançou o auge do reconhecimento nacional e internacional em obras como Os Emigrantes, 1928; A Selva, 1930; Eternidade, 1933; Terra Fria, 1934; Pequenos Mundos e Velhas Civilizações, 1937; A Tempestade, 1940; A Volta ao Mundo, 1944; A Lã e a Neve, 1947 e As Maravilhas Artísticas do Mundo, 1958-1961, entre muitas outras.

No campo jornalístico funda o jornal O Luso, em 1919 e a revista A Hora em 1922. Funda e dirige em 1928-1930, de colaboração com Campos Monteiro, o magazine portuense Civilização. Par além da criação destes periódicos escreveu a um ritmo alucinante, crónicas, reportagens e críticas, para as mais diversas revistas e jornais.

Em 1934, com o romance Terra Fria recebeu o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia de Ciências. Foi dos autores portugueses que, ainda vivo, teve o maior número de livros traduzidos para a maioria das línguas europeias.

Da bibliografia de Ferreira de Castro consta uma peça em 2 actos, publicada no Brasil, quando o escritor tinha ainda dezoito anos, intitulada Alma Lusitana e editada por F. Lopes, Pará 1916, bem como O Rapto, entreacto representado no Teatro-Bar Paraense, em 1918.

Escreveu ainda O Mais Forte, no início dos anos 20, «classificada em mérito absoluto num concurso do Teatro Nacional, no Brasil, mas que o autor quis manter inédita, por – como escreveu no próprio manuscrito, anos mais tarde – sofrer de uma excessiva carga retórica e ser «produto duma crise de desespero». Escreveu também Sim, Uma Dúvida Basta.

Nesta peça em 3 actos, inédita, que lhe fora pedida por Robles Monteiro e Amélia Rey Colaço e que a censura proibiu de representar-se, o autor analisa um caso de consciência a partir de um facto real que apaixonou a opinião pública: trata-se do rapto e assassinato do filho do aviador Charles Lindbergh e de Anne Morrow, ocorrido em 1923, que emocionou a opinião pública americana e mundial.

Ferreira de Castro recorreu a esse facto da actualidade de então e sobre ele escreve a peça, que dramatiza um caso de consciência,

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desenvolvendo-a com um seguro sentido de construção teatral que as anteriores incursões neste domínio estavam longe de manifestar.

Toda a peça gira em torno do conflito que se trava no foro íntimo do Governador do Estado, em que o presumível raptor e assassino foi julgado e condenado à pena capital, apesar de proclamar a sua inocência.

A peça esteve meio século na “gaveta”, tendo tido por parte da Sociedade Portuguesa de Autores, a oportunidade de publicar-se na colecção de “Reportório Teatral”, em 1994, pelo empenho do Dr. Luiz Francisco Rebello.

CASTRO, José de

O actor José Manuel da Conceição Pinhaço, nome artístico José de Castro, nasceu em Paço de Arcos em 16 de Novembro de 1931 e faleceu em Lisboa a 6 de Outubro de 1977.

Começa a fazer teatro no Grupo Cénico do Clube Desportivo de Paço de Arcos, onde é descoberto pela actriz Maria Lalande, mercê de um concurso de teatro amador organizado pelo SNI, em que esta actriz era membro do júri.

Em Novembro de 1952 estreia-se profissionalmente no Teatro Maria Vitória com a peça A Hipócrita, encenada por António Sacramento. Em 1954 ingressa no Teatro Nacional D. Maria II, onde permaneceu dez anos e fez carreira. Desta época desta-se o seu trabalho em O Lugre, de Bernardo Santareno, em 1959. Ingressa em 1964 no Teatro do Povo, de Ribeirinho, passando, depois em seguida para o Teatro Estúdio de Lisboa, onde, sob a direcção de Luzia Maria Martins, terá alguns êxitos memoráveis, como, Joana de Lorena, de Maxwell Anderson. Trabalha ainda para Vasco Morgado, no Teatro Villaret e na revista, nomeadamente, P’rá Frente Lisboa, em 1972. Regressa ao Teatro Nacional para um dos seus maiores êxitos O Rei Está a Morrer, de Ionesco e um polémico Calígula, de Camus.

Após 1974 ainda tem ocasião para ser notado em Seara de Vento, de Manuel da Fonseca, no Teatro Maria Matos, mas a doença mina-o. Morre em Lisboa, a 6 de Outubro de 1977.

Para além de teatro, José de Castro fez ainda rádio, televisão e breves incursões no cinema.

CASTRO, Luciano de

Nasceu em Lisboa a 13 de Outubro de 1873, onde faleceu a 13 de Junho de 1916. Iniciou a sua carreira em 1872 no Teatro do Rato, na peça

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Voltas Que o Mundo Dá. Fez quase toda a sua carreira no Teatro do Príncipe Real. Actor de processos sóbrios e discretos, mas profundamente humano, teve interpretações de alto nível nas peças: Inimigo do Povo, de Ibsen, 1902; Conde de Monte Cristo, drama extraído do romance de Dumas por José António Moniz, com a seguinte interpretação: Luciano de Castro, Alves da Silva, P. Costa, Sepulveda, Machado, Roque, Eduardo Vieira, Monteiro, Chaves, Jaime Silva, Gentil, Silva, Adelaide Coutinho, Georgina Vieira e Augusta Guerreira, e levado à cena em 1 de Dezembro de 1903; O Príncipe Perfeito, drama histórico em 5 actos de Carlos Lobo de Ávila e Júlio Rocha, estreado em 29 de Dezembro de 1903, com as interpretações de: Alves da Silva, Pinto Costa, Roque, E. Vieira, Monteiro, Jaime Silva, A. Machado, Sepúlveda, Chaves, Gentil, Luciano de Castro, Adelaide Coutinho, Adelina e Cândida de Sousa; O Coxo do Bairro Alto, drama popular em 6 actos de Eduardo Coelho, estreado em 15 de Janeiro de 1904; Perdidos no Mar, drama em 3 actos e 5 quadros, imitação de José António Moniz, levada à cena em 6 de Março de 1904, com as interpretações de: Pinto da Costa, Eduardo Vieira, Alves da Silva, Luciano de Castro, Monteiro, J. Silva, Gentil, Chaves, Frederico, Adelaide Coutinho, Adelina Nobre, Maria das Dores, A. Guerreiro, Georgina Vieira e Emília de Oliveira; A Moral Deles, recita do Teatro Livre, comédia em 3 actos de Boniface e Bodin, levada à cena em 8 de Março de 1904; Jack, o Estripador, drama em 5 actos de Louis Péricoud e Gaston Marot, tradução de Eduardo Vitorino, estreada em 12 de Abril; Em Ruinas (2ª récita do Teatro Livre), peça em 3 actos original de Ernesto Silva; A Feiticeira, de Sardou, 1905; O Rei Maldito, drama histórico em 5 actos e 6 quadros, original de Marcelino Mesquita, representada em 1903, ao lado de: Pinto Costa, Eduardo Vieira, António Gomes, Alves da Silva, Guilhermino, Augusto Machado, Chaves, Simão Rodrigues, Roque, Peixoto, Henrique Nunes, Monteiro, Joana Vaz, Adelina Nobre, Cândida Sousa e Georgina Vieira; Anjo da Meia Noite, peça simbólica em 5 actos e 6 quadros, levada à cena em 16 de Novembro de 1903, com a interpretação de Alves da Silva, Sepúlveda, P. Costa, Eduardo Vieira, Augusto Machado, Luciano Castro, Roque, Chaves, L. Froes, Monteiro, Gentil, Adelina Nobre, Adelaide Coutinho, Georgina Vieira, Augusta Guerreira e Lúcia; Amanhã, de Manuel Laranjeira, 1904; O Ano em 3 Dias, revista da parceria de Machado Correia e Acácio Antunes, música de Filipe Duarte, levada à cena no Teatro do Príncipe Real, em 1904, num elenco que reunia ainda os nomes de Acácia Reis, Elvira Mendes e Santos Melo; A Carreira, de Mirbeau, 1904, onde desempenhou o papel de protagonista. Como encenador dirigiu o Teatro Livre conjuntamente com Araújo Pereira (1904-1905) e António Pinheiro, 1908.

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CASTRO, Simões de

Alfredo Simões de Castro nasceu no Porto em 1886, onde faleceu em 1917.

Foi jornalista e colaborou com Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa em duas revistas. Foi autor das peças A Declaração, publicada em 1908; Mal Fazer por Bem Querer, representada no Rio de Janeiro e em S. Paulo em 1916 e da peça O Irremediável.

CASTRO, Urbano de

Artur Urbano Monteiro de Castro, jornalista e deputado, autor e crítico teatral, tradutor, nasceu em Lisboa, em 22 de Janeiro de 1851 e faleceu no dia 6 de Novembro do ano de 1902.

A sua obra estende-se por uma vasta e interessante participação como jornalista, ao lado de homens como Teixeira de Vasconcelos e de Manuel Pinheiro Chagas, a quem substituiu, por vezes, no Diário da Manhã, na redacção de artigos de especial interesse, nas páginas do Jornal da Noite, nas do Diário da Manhã, Correio da Noite e A Tarde, jornal fundado por Eduardo Schwalbach e do qual foi proprietário. Aqui teve artigos admiráveis, principalmente na questão do «Castelo da Pena», de que Emídio Navarro também tratou nas Novidades.

Escreveu A Princesa na Berlinda (Rattazzi à vol d’oiseau, com a biografia de Sua Alteza), de 1880; Baile de Roda (trovas); Cartas a El-Rei D. Luiz I, sob o pseudónimo de Sá de Miranda. Para o Teatro, escreveu O Mistério da Rua da Prata, comédia em 2 actos; O Camarim da Actriz, comédia em 1 acto, representada com êxito no Teatro do Ginásio; Na Aldeia, comédia em 1 acto escrita em parceria com Gervásio Lobato e representada em 1896; Lisboa Por Um Canudo, revista escrita em colaboração com Gervásio Lobato, levada à cena em 1883 no Teatro das Variedades, além da tradução de operetas francesas em colaboração com Gervásio Lobato.

Foi Oficial da Direcção Central do Ministério da Justiça e antigo Deputado das Cortes.

CERQUEIRA, Luís

O actor Luís Cerqueira nasceu na vila da Parede, em Dezembro de 1926 e faleceu em Lisboa a 24 de Julho de 1984, vítima de doença prolongada.

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O actor, pai da actriz Guida Maria, participou em dezenas de peças teatrais, filmes e, sobretudo, em programas de televisão, que o tornaram mais conhecido do público.

A sua última aparição no pequeno écran teve lugar no ano da sua morte, na peça Antígona, tendo contracenado ainda na telenovela Origens, onde fez o papel de empregado de hotel.

Participou também em muitos folhetins radiofónicos e desempenhou papéis de relevo em filmes portugueses.

CÉSAR de Lima, Oldemiro

Oldemiro César de Lima nasceu no Porto no dia 25 de Agosto de 1884 e faleceu em Lisboa a 27 de Março de 1953.

Crítico, tradutor e secretário teatral, deve-se-lhe, entre muitas outras, as versões de O Milionário, de J. Jullien, levada à cena no Teatro Nacional em 1918; A Emboscada, de Kistemaeckers, estreada no Teatro República em 1919; Montmartre, de P. Frondaie, e A Idade de Amar, de P. Wolff, levadas à cena no Teatro Nacional, em 1919; Cobardias, de L. Rivas, representada no Teatro Politeama, em 1920; O Burguês Afidalgado, de Molière; Manga de Alpaca, de Courtilene; O Escrínio Partido, de H. Bordeaux; Coração Cego, de Martinez Sierra.

Com Rocha Júnior escreveu um volume de comentário humorístico à vida teatral portuguesa, intitulado O Teatro em Fralda, editado em 1914.

CÉSAR, Ângelo

Ângelo César nasceu em Resende em 1900 e faleceu no Porto no ano de 1972.

Este advogado escreveu a peça bíblica Eva e Madalena, que a companhia do Teatro Nacional D. Maria II levou à cena em 1962 e publicou O Clube das Máscaras, editada pelo SNI em 1965.

CHAVES, José Rodrigues

Actor e imitador, José Rodrigues Chaves, nasceu em Lisboa a 29 de Julho de 1852 e faleceu no dia 13 de Novembro de 1919. Inteligente, trabalhador e dotado dum espírito de iniciativa verdadeiramente assombroso, aos 9 anos escrevia uma peça para ser representada pelos seus condiscípulos e por ele próprio, no colégio que frequentava. Da escola passou a aprender a arte de relojoeiro, mas o teatro atraía-o, e aos 14 anos,

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aparecia no antigo Teatro das Variedades, à Rua do Salitre, a tomar parte no desempenho da mágica, A Pomba dos Ovos de Ouro. Dali passou ao Teatro do Príncipe Real, de que eram empresários Santos «Pitorra» e Pinto Bastos, que vista do êxito alcançado por Chaves em várias peças, lhe entregaram o papel de General Bourm, na peça Grã-Duquesa de Gerolstein. Chaves conseguiu agradar muito. Entretanto, ia escrevendo monólogos, cenas cómicas, uma das quais, com o título A Duquesa por um Sábio, em que se apresentava como um cidadão de Tuy, representando-a centenas de vezes chegando mesmo a ter a alcunha de «Chaves Galego». Além de fazer parte de companhias do Variedades e Príncipe Real, esteve também no Teatro do Ginásio e no D. Maria II, como discípulo. Ainda percorreu outros palcos de Lisboa e províncias, como actor, imitador, ensaiador, aderecista e noutras modalidades.

Necessitando para própria e da família arranjar processos que lhe permitissem auferir quaisquer lucros, Chaves começou recorrendo às suas extraordinárias faculdades, imitando todos os ilusionistas, ventríloquos, prestidigitadores, magnetizadores, calculistas, músicos excêntricos e fabricantes de fantoches articulados. Assim, apareceu imitando: Serini, na desaparição de pessoas; O'Kil na ventriloquia; Dicka com o seu «Gabinete Negro»; Onofroff com os seus trabalhos de hipnotismo, sugestões e transmissão de pensamento, que a autoridade nunca proibiu senão quando Chaves o imitou. Copiou, com felicidade, o Chrowter nos seus extraordinários golpes de saber, cortando barras de chumbo e um carneiro pelo meio; Inaudi, nos seus cálculos matemáticos mentais. Imitou na perfeição, os célebres fantoches articulados do Holden, apresentando-os ao público, em Portugal e em Espanha. Para os seus andróides escreveu uma mágica, apresentada no Teatro dos Recreios com o título, Um Rei que Perde a Cabeça. Mas os resultados financeiros não correspondiam ao agrado obtido pelos espectáculos. Para maior infelicidade, os bonecos arderam num incêndio e o seu proprietário lembrou-se então de organizar uma companhia infantil que actuou num rés-do-chão da Rua D. Pedro V, o Teatro Bijou, fazendo parte do elenco, Silvestre Alegrim, posteriormente aluno do Conservatório e excelente actor. Organizou, dirigiu e ensaiou uma companhia de negros, no Teatro da Rua dos Condes. Pintou quadros a óleo, fez caricaturas instantâneas no género de François, distinguiu-se também pelas ornamentações que apresentou, aquando do casamento do Rei D. Carlos e em ocasião de batalhas de flores. Esteve numa fábrica de papéis pintados, onde muito se notabilizou na confecção dum tipo especial de papéis, imitações de mármore e madeira, até então desconhecidos em Portugal, sendo também o autor dum medalhão com o busto do conde de Paris, que ofereceu à Rainha D. Amélia e de inúmeros baixos-relevos. Fez uma colecção de instrumentos excêntricos e escreveu músicas, para neles serem executadas. Era, enfim, um homem de faculdades raras e dotado de

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grande coração, pois dedicava-se a ensaiar um grupo de internados do Albergue das Crianças Abandonadas, para alegria e diversão desses pequenos órfãos, sem qualquer retribuição financeira. Chegou ao último quartel da vida na miséria ao lado da mulher, Ernestina Duarte Chaves que fora também actriz e de dois filhos. Morreu numa enfermaria do Hospital de S. José.

CHAVES, Laura

Laura da Fonseca Chaves nasceu em Lisboa em 31 de Janeiro de 1888, onde faleceu a 12 de Novembro de 1966.

Estreou-se nas Letras aos onze anos com um livro de poesia a que deu o título de Esboços. Veio depois Trovas Simples, em 1921; Do Amor, 1922; Vozes Perdidas, 1924 e Tentação do Menino Jesus, em separata. Do género infantil publicou livros em prosa e verso, nomeadamente: História da Raposa Raposeca e do Favo de Mel, 1928; O Anão Tiro-Liro, 1932, em colaboração com com Virgínia Lopes de Mendonça; Memórias de Uma Galinha da Índia, fábula em verso; Nena de Trapos e O Rabicho Chinês.

Poetisa, compositora, escultura, autora de contos, fábulas e peças infantis, escreveu várias peças de índole sentimental e concepção passadista, designadamente Mola Real, Maria Migalha e Lua de Fel, ambas em colaboração com Virgínia Lopes de Mendonça. A primeira, foi representada no Teatro Nacional D. Maria II em 1937 e a segunda, no Teatro Avenida em 1940; Deus Dispõe, levada à cena no Teatro da Trindade em 1948; No Nosso Tempo, representada no Teatro Avenida em 1953 e Fachada, também no Teatro Avenida em 1959, bem como de várias peças num acto, entre as quais A Grande Crise, O Roubo dos Jóias e Encantamento, esta última para a récita de despedida de Lucília Simões, em 1953, no Teatro de S. Luís e ainda Até à Morte, Areia Movediça e Mentira.

CHIANCA, Rui

Rui Chianca nasceu em Lisboa em 10 de Março de 1891, onde faleceu a 21 de Julho de 1931.

Oficial do exército, tomou parte nos movimentos monárquicos de 1917 e 1919. Viveu exilado viveu no Brasil até 1929. No Rio de Janeiro foi professor na Academia do Comércio e dirigiu as revistas Portugal e Portugal Ilustrado. De novo em Portugal dedicou-se ao ensino na Escola Agrícola da Paiã. Escreveu romances, novelas e peças de teatro.

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Começa a actividade teatral nos primeiros anos do regime republicano e em oposição a este, escrevendo teatro histórico em verso, como o drama Aljubarrota, inspirado numa narrativa de Alexandre Herculano. Esta peça foi representada pela primeira vez no Teatro República em 12 de Dezembro de 1912, com a interpretação de Eduardo Brasão, Ferreira da Silva, Augusto Rosa, Carlos de Oliveira, Henrique Alves, Teodoro Santos, Henrique de Albuquerque, António Sarmento, Rafael Marques, Pinto Costa, Tomás Vieira, João Gil, Sena, Pina, Luz Velos e Bárbara Wolckart. Seguiram-se D. Francisco Manuel, 1914, também estreada no Teatro República e Nun’Álvares, levada à cena no Teatro Apolo em 1918.

No Brasil, para onde emigrou devido à sua participação na abortada insurreição monárquica de 1919, escreveu outras peças de cariz histórico: O Magriço, em verso, escrita em 1925 e Portugal Restaurado, em prosa. Na mesma linha situam-se também as peças: O Cego da Batalha, Buçaco, Leonor Teles e Rainha Santa, esta última criada postumamente por Ester Leão, em 1933, no Teatro de São Carlos.

O seu percurso teatral compreende ainda a comédia dramática As Portas do Céu, representada no Teatro Politeama em 1916; as comédias A Desafronta e O Doutor Jacarandá, escrita em parceria com Luís Palmeirim e estreada no Rio de Janeiro em 921; a comédia em verso A Triste Feia, levada à cena no Teatro Politeama e várias comédias num acto, como: Por um Beijo e A Cómica, 1913, A Alma de D. João, 1914 A Freira de Beja, 1915, de que Rui Coelho extraiu uma ópera cantada em 1927.

CID, Heloísa

Maria Heloísa de Matos Cid nasceu em Oliveira do Hospital, no ano de 1908 e faleceu em Lisboa em 1968.

Poetisa foi autora de uma peça inédita, Tula Achmatova e da comédia em 3 actos O Avô Cláudio, representada postumamente em 1969, pela Companhia de Teatro Popular de Lisboa.

CIDADE, Hernâni

António Hernâni Cidade nasceu no Redondo em 1887 e faleceu em Lisboa no ano de 1975.

Escritor e conferencista, exerceu o professorado por vários liceus e faculdades do país.

Estreou-se nas letras com um drama num acto em verso, intitulado Zara, representado em Leiria em 1915 e editado no ano seguinte. A sua

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carreira literária passa por um avultado número de trabalhos, designadamente: Ensaio sobre a crise portuguesa do Séc. XVIII, 1929; A obra poética do Dr. José Anastácio da Cunha, 1930; Fernão Lopes é ou não o autor da Crónica do Condestável?, 1932; Lições de Cultura e Literatura Portuguesa, iniciada publicação em 1933; História de Portugal de D. João V aos nossos dias, 1936; Luís de Camões, I – O Lírico, 1936; Poesia Lírica Cultista e Conceptista e Cantigas de Amigo, ambos editados em 1938; Tendências do Lirismo Contemporâneo – Do «Oaristos» às «Encruzilhadas de Deus».

Como conferencista reuniu em volume as suas principais conferências: Camões, Garrett e Gomes de Amorim, 1929; A Marquesa de Alorna, 1930; Elogio histórico do Dr. António José de Almeida, também em 1930 e Os Lusíadas na formação da Pátria, no ano de 1940.

Hernâni Cidade, dirigiu com outros autores, a História da Expansão Portuguesa no Mundo.

Há também capítulos diversos de sua autoria na História de Portugal (edição de Barcelos) e na História da Literatura Portuguesa Ilustrada, de Forjaz de Sampaio, além de uma extensa colaboração dispersa no Boletim de Estudos Filológicos, Revista da Faculdade de Letras de Lisboa, “Biblos”, Águia, Revista da Universidade de Santiago de Compostela, Revista do Brasil e por inúmeros jornais brasileiros e portugueses, como o Primeiro de Janeiro, do Porto, de que foi colaborador assíduo enquanto esteve como professor na Faculdade de Letras daquela cidade.

CLEMENTINA, Maria

A actriz Maria Clementina nasceu em Faro no dia 28 de Janeiro de 1896 e faleceu a 22 de Dezembro de 1947.

Estreou-se em 17 de Novembro de 1918 no Teatro da Trindade, em Lisboa, na peça Bela Risette. As principais peças em que entrou foram as seguintes: O Assassino de Macário, Pirangas, Em Guarda, O Mercador de Veneza, Ilustre Governador, Sou Eu Não Sou, O Az, O Noivado no Sepulcro, É Preciso Viver, A Massaroca, O Outro Eu, Vem Cá Não Tenhas Medo, Quando o Amor Acaba, O Leão da Estrela, Zilda, Raparigas de Hoje, O Segredo de Polichinelo, Jim – O Rei dos Gatunos, A Petiza do Gato, O Rei do Ouro, Ciclone, A Dançarina Vermelha, O Mestre, Fascinação, D. Sebastião, Paz Armada, Susi, Zé das Castanha, O fado, À Lá Fé, Cristalina, Mademoiselle, Greve Geral, Ondina, Seguro de Vida, Os Velhos, O Diabo Azul, O Homem das Calças Pardas, El Baile de Luiz Alonso, Seja Feita a Sua Vontade, O Pardalito, O Ai Jesus, D. Afonso VI, Boca de Inferno, Manuela, Meninas, 5 Lobitos, Como se Faz um Homem, Topaze, O Pai da Menina, Asas Quebradas, O Perfume do Pecado, Tá Mar, Sua Excelência, Inimigo, A Melodia do Jazz Band, Cristalina, O Sr.

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Conde, O Velo do Oiro, O Morgado de Fafe em Lisboa, Entre Giestas, Juiz de Fora, Feira do Livro, Chá e Torradas, Ilustre Desconhecido, Arroz Doce, Novo Testamento, Mário e Maria, O Cheque, Assembleia ou Partida e Loucura de Amor.

CLÍMICO, José

José Clímico nasceu em Lisboa em 1882, onde faleceu no ano de 1933.

Actor, autor e empresário, participou na autoria de diversas revistas, que pôs em cena no Eden Teatro. Com Silva Tavares e Carvalho Mourão escreveu o drama sacro em 2 actos e em verso, O Rei dos Judeus, representado nesse teatro em 1927.

Foi dirigente da Associação de Classe dos Trabalhadores de Teatro.

COELHO, Adolfo

José Adolfo Coelho nasceu em Lisboa em 1899, onde faleceu no ano de 1953.

É o autor das peças policiais O Tesouro do Faraó, escrita em colaboração com Reinaldo Ferreira e O Tratado Secreto, em parceria com João de Sousa Fonseca e Jorge Grave, que foi levada à cena no Eden Teatro, nos anos 20 e em Espanha.

COELHO, ALVES

Alves Coelho, de seu nome completo, João Rodrigues Alves Coelho, nasceu numa pequena aldeia de Arganil em 27 de Janeiro de 1882. Feitos os primeiros estudos, cursou a Escola Normal Primária de Lisboa onde, concluídos os exames finais, foi considerado habilitado para exercer o Magistério Primário, ingressando pouco depois no ensino.

Alves da Cunha que nascera para professora, nascera igualmente para a arte musical. Do seu diploma da Escola Normal consta que, tendo feito exame de canto coral, alcançou a classificação de 20 valores.

Alguns anos decorridos, Tomaz Borba não hesitou em atestar que, havendo leccionado Alves Colho nas disciplinas o 1º ano do Curso de Harmonia, o considerava um bom aluno. E este bom aluno não tardaria a ser um mestre. Na verdade, as suas composições, que animaram de forma notável durante perto de três décadas, um bom número de operetas e de revistas, outorgaram-lhe um lugar inconfundível no nosso teatro ligeiro.

Quantos não se recordarão ainda, por exemplo, do Fado do 31, das Cartolinhas, do Trevo e da Espiga, cujo êxito alcançou fronteiras?

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Estreou-se com a música de uma opereta que se chamava Visões de Rabi, estreada por um grupo de amadores de uma academia recreativa que existia, por esse tempo, na antiga Travessa do Despacho, a Santa Marta.

O seu trabalho esteve ligado a quarenta revistas, dezoito operetas e quatro vaudevilles. Faleceu na tarde de 21 de Outubro de 1931, quando dirigia no Teatro Avenida em Lisboa, os ensaios da revista Vamos ao Vira, acometido de congestão cerebral.

COELHO, Carlos

Carlos Rodrigues Coelho nasceu em Lisboa em 3 de Fevereiro de 1923 e faleceu na Casa dos Artistas, em Lisboa, a 16 de Março de 2000.

Filho de um comerciante, Carlos Coelho iniciou a sua actividade profissional também neste sector. Um dia indo passar férias ao Porto, foi assistir a vários espectáculos da companhia teatral de Rosa Mateus. Como tinha muitos amigos nesta companhia, num desses dias, ao faltar o bailarino António Gonçalves, foi sugerido que Carlos Coelho o substituísse num número com Carmenzita Aubert. O número agradou e satisfez o público. Isto aconteceu no ano de 1942.

Daí lhe nasceu a atracção pelo teatro, atracção que teve de vencer os desejos da família, porque seu pai não olhava com agrado a gente do palco. No entanto a tendência de Carlos Coelho para a dança levou-o a continuar, sendo então o ensaiador mais jovem que ensaiava coreografias em Portugal. Nesta modalidade fez parte, durante cerca de dois anos, do grupo coreográfico Verde Gaio que tanta fama alcançou em Portugal e até além fronteiras.

Em 1950, Carlos Coelho, começa a trabalhar como actor e ensaiador coreográfico em diversas revistas e operetas. Em 1952 vai a África, na Companhia de Guiseppe Bastos, fazendo aqui as suas primeiras rábulas de maior responsabilidade. O ano seguinte marca a sua entrada em grandes elencos de teatro de revista, como actor, ensaiador coreográfico e autor.

Da vastíssima participação no teatro de revista destacamos, entre outras, a sua entrada naquelas em que Carlos Coelho se desdobrou em diversas formas de actuação: Ó Ai Ó Linda, 1947; Ó Papão, Vai-te Embora, 1951; Lisboa Antiga, 1953; Mãos No Ar, 1954; Não Faças Ondas, 1956; Há Horas Felizes e Casa da Sorte, 1957; Vamos à Lua, Lisboa Em Festa e Vinho Novo, 1958; Delírios de Mulher, 1959; Está Bonita a Brincadeira, A Vida é Bela e Quem Sabe…Sabe, 1960; Bate O Pé! 1961; Forrobodó, 1962; Ena, Tantas! 1963; O Que é Bom É P’ra Se Ver!, 1963; Zero, Zero Zé, Ordem Para Pagar, 1966; De Vento Em Popa e Arroz de Miúdas, 1968; Peço a Palavra, 1969; E o Zé Faz Tudo, 1970; Viva a Pandilha, 1972; Ó Pá, Pega na Vassoura!, 1974; Põe-te na Bicha, 1978;

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Rei, Capitão, Soldado, Ladrão, 1979; Mais Vale Sá Que Mal Acompanhado!, 1980; Ó Zé Arregala a Taxa, 1981; Ó Patego Olha o Balão!, 1980 e É Tudo a Roubar, levada à cena em 1984.

Carlos Coelho trabalhou com os mais destacados artistas do seu tempo. Participou nas operetas: As Três Valsas, 1951; A Rosinha dos Limões, em 1954 e Campinos, Mulheres e Fado, no ano de 1961. Integrou os elencos das comédias: Dois Num Guarda Vestidos, levada à cena em 1973; As Coisas que o Padre Faz, 1976 e Desculpa Ó Caetano, 1977.

Foi empresário teatral, primeiro numa parceria com Humberto Madeira e Raul Solnado no Teatro Capitólio e, por último, sozinho, no mesmo teatro. Entrou também em diversos programas de televisão, designadamente: Quando Portugal Canta, 1958; Sol E…Dotes, 1958; Silêncio…Vai-se Cantar o Fado, 1958; Melodias de Sempre, 1967; Ricardina e Marta, telenovela; O Mistério, Misterioso; Caixa Alta; Napoleão Meu Amor; Quem Manda Sou Eu; A Árvore; Telhados de Vidro, telenovela; Mariana, Mariana; Altar dos Holocaustos; Roseira Brava, telenovela; Queridas e Maduras; Pensão Estrela; Lelé e Zequinha; e de O Resto São Cantigas, em 2 episódios.

COELHO, Eduardo

Eduardo Coelho Júnior nasceu em Lisboa em 1863, onde faleceu a 198.

Era filho do jornalista e escritor Eduardo Coelho, que fundou e dirigiu o jornal Diário de Notícias.

Escreveu diversas comédias em 1 acto para o Teatro do Ginásio e Teatro D. Amélia, nomeadamente: Uma Lição, As Ideias do Braz, O Herói de Cacilhas, Um Dia na Outra Banda, Por Causa de Um Anúncio, Pobreza, Miséria & Cª; as comédias em 3 actos: Ratoeira Matrimonial, Ares da Serra, Os Dois Irmãos, O Ministro da Água-Furtada, a comédia em verso Notícias da Última Hora, o melodrama O Coxo do Bairro Alto, representada em 1904 no Teatro do Príncipe Real.

Em colaboração com Júlio Rocha escreveu a comédia em 2 actos, Os Remorsos do Anicleto, em 1887 e, com Pedro Pinto, uma paródia à ópera Aida, que foi levada à cena em 1904, no Teatro da Trindade, com o título A Preta do Mexilhão.

COELHO, Luís Cândido Furtado

O actor, encenador e empresário, Luís Cândido Furtado Coelho, nasceu em Lisboa em 28 de Dezembro de 1831, onde faleceu a 13 de Fevereiro de 1900.

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Como autor, teve a sua estreia com o drama O Agiota, em 1855. Logo no ano seguinte vai para o Brasil, estreando-se nos palcos em 1857, em Porto Alegre.

Em 1958 fixa-se no Rio de Janeiro, vindo ali a construir dois teatros, um em 1870 e, o outro, em 1880, um deles em homenagem à actriz portuguesa Lucinda Simões, com quem havia casado em 1872.

Retirou-se da vida teatral em 1889 e, em 1899, regressou a Lisboa doente e na miséria. Escreveu também as seguintes peças: O Actor e a Actriz, 1886; O Bom Anjo da Meia-noite, 1877; Misérias Humanas, 1878 e De 13 de Maio a 15 de Novembro, 1890. Compôs as partituras de várias operetas e mágicas, entre as quais A Pêra de Satanás.

COELHO, Pereira

José Pereira Coelho nasceu em Elvas em 1879 e faleceu em Lisboa no ano de 1963.

Foi oficial do exército, jornalista e autor de várias revistas e da comédia em 3 actos O Diabo Azul, representada no Teatro Nacional D. Maria II em 1932, escrita em colaboração com Gustavo de Matos Sequeira, que foi o seu mais assíduo colaborador. No mesmo teatro estreou em 1934 o Auto da Boca do Inferno e, em 1937, a peça infantil Pimpinela, escrita em parceria com Norberto Lopes.

No teatro ligeiro é de assinalar a célebre revista 31, o maior êxito de todos os tempos do nosso teatro ligeiro, de que foi co-autor. Mais de trinta peças ilustraram depois, a carreira deste autor que soube, realmente, ser popular. Êxitos como O Dominó, O Céu Azul, O Ziguezague, A Espiga, O Negócio da China, O Sete e Meio e tantas outras revistas, provam que Pereira Coelho era exímio nesta arte.

COIMBRA, Fernanda

A actriz Fernanda Lavrador Coimbra nasceu em Lisboa no dia 14 de Junho de 1903 e faleceu no ano de 1991.

Cursou o Conservatório Nacional de Lisboa até 1921, na Escola de Música, tendo dado vário concertos com o seu professor Sousa Coutinho, “Chico Redondo”. Cursou durante 4 anos aulas de violino e piano, tendo sido notada num concerto que aquele professor deu. Foi, depois, convidada por Eduardo Raposo, estreando profissionalmente no dia 21 de Maio de 1923, no Teatro do Entroncamento.

As principais produções teatrais onde participou, foram: Solar dos Barrigas, Rosas da Virgem, A Sogra de Meu Marido, A Viúva Alegre,

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Mercado de Donzelas, Eva, Gaviões, Moça de Campanillas, Mouraria e Gaviões.

Representou numa grande variedade de palcos do Brasil, África, Açores, Madeira; como sejam o Teatro Carlos Alberto, Sá da Bandeira e Águia de Ouro, do Porto; Palácio Faz, Apolo, Variedades, Avenida, Coliseu dos Recreios e Teatro Maria Vitória, em Lisboa.

COLAÇO, Amélia Rey

Esta actriz nasceu em Lisboa a 2 de Março de 1898, onde faleceu no dia 8 de Julho de 1990.

Era filha do pianista Alexandre Rey-Colaço e estreou-se no teatro em 1917, com 19 anos de idade obtendo, desde logo, enorme êxito. Em 1929, constituiu, com seu marido, o actor Robles Monteiro (1885-1958), a Empresa Teatral Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro, à qual, naquela data, foi concessionado o Teatro Nacional D. Maria II, nele permanecendo até 1966, apenas com algumas interrupções na realização de tournées.

Versátil, inteligente, culta, esta actriz-empresária procurou com dignidade e elevação, manter a linha conservadora do teatro em Portugal. Pela sua actividade como empresária, recebeu do Governo diversos louvores, como a Comenda da Ordem da Instrução e o Oficialato de Santiago. Em 1949 publicou, com Robles Monteiro, o livro Vinte Anos no Teatro Nacional.

A sua companhia de teatro começou a funcionar no Teatro Nacional em 1921 e integrava alguns dos melhores artistas da cena portuguesa, montando com qualidade inúmeras peças como Zilda, de Alfredo Cortez; Marianela, dos Irmãos Quintero, segundo o romance de Pérez Galdós; Entre Giestas, de Carlos Selvagem; Amanhecer de G. Martinez Sierra; Jerusalém de Georges Rivolet; Os Lobos, de João Correia de Oliveira e Francisco Lage; O Regresso, de Robert de Flers e Francis Croisset.

No início de Maio de 1922, a Companhia fixou-se no Teatro Politeama, onde ficou até 1926. Nesse período levou à cena as seguintes produções: As Asas Quebradas, de Pierre Wolff; A Menina Virtuosa, de António Paso e Joaquim Abati; O Segredo, de Henri Bernstein; A Rival, de Henry Kiestmaeckers e Eugène Delard; As Flores e Porque Sim dos Irmãos Quintero; Cautela com a Fernanda, de Gutierrez Roiz; A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho; Rosa Maria, de Tristan Bernard e C. Henri Hirsh; Canção do Berço, de Gregório y Maria Martinez Sierra; O Entremez da Muda Casada, de Anatole France; A Emboscada, de Henry Kiestemaeckers; Mamã Colibri, de Henri Bataille; Ninho de Águias, de Carlos Selvagem; O Outro Eu, de Henri Hennequin e Duval; A Ribeirinha,

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de Francisco Lage e José Correia de Oliveira; As Pragas, de Francisco Lage; A Castro, de Júlio Dantas; O Herdeiro, de Carlos Selvagem; Que Pena Ser Só Ladrão, de João do Rio; Uma História de Boneca, de Ester Leão; A Luva de Ricardina, de Ricardo Durão; A Filha de Lázaro, de Chianca de Garcia e Noberto Lopes; O Presidiário, de A. Pinto de Almeida; O Lodo e À LÁ FÉ!...,de Alfredo Cortez; Ordem de Marcha, de Laurent Doillet; O Câmbio...Do Marcos, de A. Tout Coeur; As Virtudes da Germana; de Paul Armonte e Marcel Gerbidon; O Pombo Mariola, de Chagas Roquete; Cristalina e Sangre Gorda, dos Irmaõs Quintero; Greve Geral, de Joaquín Vicente Filho e António Paso Filho; A Ondina, de Marco Praga; A Migalha, de Dario Niccodemi; Almas Sem Rumo, de Giuseppe Giacosa; À Luz Dum Vitral, de Veva de Lima; É Preciso Viver!, de Luis Oliva y Lafuente; A Mulher Nua, de Henri Bataille; Vem Cá, Não Tenhas Medo, de Lino Ferreira e Nascimento Fernandes; A Massaroca, de Pedro Muñoz Seca, Pedro Perez Fernandez; A Aigrette e A Hora Imaculada, de Dario Niccodemi; Os Velhos, de D. João da Câmara; Mademoiselle Blá, de Leopoldo Ferreira; O Chapéu de Coco, de Henrique Roldão; Quando o Amor Acaba, de Pierre Wolff e Henri Duvernois; Raparigas de Hoje, de Paul Armonte e Marcel Gerbidon; A Tentação, de Charles de Mère; Não Te Melindres Beatriz, de Carlos Arniches e Joaquín Abati; Um Drama Policial, de Munõz Seca e Perez Fernandez; Sonor Mariana, A Severa e O Rendez-Vous Amarelo, de Júlio Dantas; O Auto do Fim do Mundo, de António Correia de Oliveira; À Última Hora, de Tito Arantes; O Segredo dePolichinelo, de Pierre Wolff; Jim, O Rei dos Gatunos, de Jean Guiton; Salomé, de Oscar Wilde; Sonho de Uma Noite de Verão, de G. Martinez Sierra; A Petiza do Gato, de Carlos Arniches; O Caso do Dia, de Ramada Curto.

No ano de 1927, a Companhia de Amélia Rey Colaço – Robles Monteiro, passa pelos palcos do Teatro Ginásio, Teatro Micaelense (S. Miguel, Açores) e Teatro Municipal no Rio de Janeiro. Neste ano leva à cena: Condessa Maria, de Luca de Tena; Actualidades X.P.T.O, de Lino Ferreira, Xavier de Magalhães e Silva Tavares (revista de Carnaval); Os Milhões de Monty, de Luís de Olive e Pascual de Frutos; A Sorridente, de Denys Amiel e André Obsey, e O Milhafre, de Armando Cortes Rodrigues, para além de várias reposições.

A estada da Companhia no Teatro da Trindade em 1928 e 1929, leva à cena, entre outras, as seguintes produções: Demónio, de Ramada Curto; O Rei do Ouro, de Carlos Arniches e António Estreméra; Os Três Ratões, de Paul Armonte e Marcel Gerbidon; Lagarto...Lagarto, de Lino Ferreira e Álvaro Santos; A Boa Estrela, de Paul Gavault e André Mouézi-Éon; Cravos de Papel, de Lino Ferreira, Nascimento Fernandes e Silva Tavares (revista); Casas Comigo, de Louis Verneuil; Brás Cadunha, de Samuel

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Maia; Auto Pastoril Português, de Gil Vicente; Romance, de Edward Sheldon, na versão de Robert de Flers, Francis de Croisset; Heróis do Mar, de Bach Arnold; O Hotel do Gato Preto, de George Feydeau; Caras e Caretas, de Lino Ferreira, Silva Tavares, Lopo Lauer e Vasco de Matos Sequeira (revista de Carnaval); Topaze, de Marcel Pagnol; Peraltas e Sécias, de Marcelino Mesquita. No ano de 1928 a Companhia desloca-se ainda ao Teatro Sá da Bandeira, do Porto, com a peça Primerose, de Robert de Flers e Gaston de Gaillavet e Castro de Júlio Dantas. No ano de 1929, desloca-se novamente ao Rio de Janeiro, ao Teatro Lírico, com a peça O Processo de Mary Dugan, de Bayard Veiller.

Novamente nas instalações do Teatro Nacional de Almeida Garrett, a partir do dia 30 de Dezembro de 1929, com a peça Peraltas e Sécias, desenvolve a construção de um reportório nacional e do grande teatro mundial, passando por aquela sala de espectáculos, muitas e muitas peças, a partir de 1930, entre elas: A Boneca e os Fantoches, O Diabo em Casa, Sol Poente, Três Gerações, O Perfume do Pecado, Recompensa, Sua Alteza, de Ramada Curto; O Auto do Busto, de Marcelino Mesquita; Pegadas na Areia, de Lourenço Rodrigues e Álvaro Leal; O Café do Felisberto, de Tristan Bernard; Falar Verdade a Mentir, Frei Luís de Sousa, O Tio Simplício, O Alfageme de Santarém, A Sobrinha do Marquês, de Almeida Garrett; Um Anjinho da Pele do Diabo, de Eugène Scribe; Almas de Mulher, Allô...20379, de Gustavo de Matos Sequeira; Degredados, de Virgínia Vitorino; O Veio de Ouro, de Guglielmo Zorzi; Revolução, de Henrique Galvão e Francisco Leite Duarte; Além Mar, de Marcel Pagnol; Nós Já Não Somos Crianças, de Leopold Marchand; O Homem Que Assassinou, de Pierre Frondaie; Carnaval, de Matheson Lang e M. Harding; Auto da Barca do Inferno, Farsa do Velho da Horta, Trigicomédia Pastoril da Serra da Estrela, Todo o Mundo e Ninguém do Auto da Lusitânia, O Pranto da Maria Parda, O Monólogo do Vaqueiro, Amadis De Gaula, Súplica de Cananeia, Exortação da Guerra, Auto de Mofina Mendes, A Farsa de Inês Pereira, Oração à Virgem Pela Morte de D. Manuel, Auto da Alma, de Gil Vicente; O Festim de Baltazar, Sua Excelência, de Gervásio Lobato; Uma Garota Sem Importância, de Paul Armonte e Marcel Gerbidon; Actualidades Sonoras, Como Se Faz Um Homem, Portugal Independente (textos de Camões, Garrett), Pudim de Pasteleiro, de Henrique Galvão; Domus, Os Gladiadores, Tá Mar, As Saias, de Alfredo Cortez; Amor de Perdição, A Triste Viuvinha, D. Afonso VII, de D. João da Câmara; A Fuga, de Henri Duvernois; A Volta, Manuela, Vendaval, de Virgínia Vitorino; A Conspiradora, Perdoai-nos Senhor, de Vasco de Mendonça Alves; Um Serão Romântico, O Diabo Azul, Auto de S. João, de Gustavo de Matos Sequeira; Dinis e Isabel, de António Patrício; Um Sonho, Mas Talvez Não, de Luigi Pirandello; Teonor Teles, Uma Anedota, de Marcelino Mesquita; A Severa, A Ceia dos Cardeais, de Júlio

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Dantas; Pedro ou Jack?, de Francis de Croisset; S. João Subiu ao Trono, de Carlos Amaro; Ciclone, de W. Somerset Maugham; A Dançarina Vermelha, de Charles-Henri Hirsh; 1808 (JUNOT), de Reinaldo Ferreira (Repórter X); Filodemo, Os Anfitriões, de Luís de Camões; Quando Manda o Coração, de Bento Mântua; Dona Formiga, Oiro de Lei, Cinco Lobitos, Quanta Vez a Gente Ri..., dos Irmaõs Quintero; Fascinação, Camaradas, de Virgínia Vitorino; O Doutor Sovina, de Manuel Rodrigues da Maia; Terra de Ninguém, de François de Curel; As Guerras do Alecrim e Manjerona, Vida do Grande D. Quixote De La Mancha e do Gordo Sancho Pança, de António José da Silva (O Judeu); Assembleia ou Partida, de Pedro António Correia Garção; O Homem das Calças Pardas, de Manuel Morcillo, Victor Garibano e António G. Alvarez; El Baile de Luiz Alonso, de Javier de Burgos; O Aniversário do Armistício, de José Eduardo; Uma Bela Aventura, de Robert de Lers, Gaston de Caillavet e Etiènne Rey; Seja Feita a Sua Vontade, de Muñuz Seca; Os Dois Surdos, de Manuel Roussado; Quem Desdenha..., de Manuel Pinheiro Chagas; As Duas Bengalas, de Ricardo José de Sousa Neto; Vida e Doçura, de Martinez Sierra e Santiago Russiñol; D. Sebastião, Um Ensaio de Apuro, Uma Mulher e o Mesmo Homem, de Tomás Ribeiro Colaço; O Pardalito, de Sabatino Lopez; Marido à Força, O Ai Jesus, de Carlos Arniches; Tragédia do Silêncio, de Nascimento Fernandes; Cinco Milhões, de Louis Verneuil; Aquela Noite, de Lajos Zilaehy; O Mestre, de Henri de Rotschild; O Mata-Mouros, de Muñoz Seca; O Auto da Boca do Inferno, de Gustavo de Matos Sequeira e Pereira Coelho; A Serpente, de Armando Moock; Mademoiselle, de Jacques Deval; Juramento de Amor, de Alfredo da Cunha; A Castro, de António Ferreira; Auto de Santo António, de Gustavo de Matos Sequeira, segundo Afonso Álvares; A Viagem Maravilhosa, de Gustavo de Matos Sequeira, Pereira Coelho e Hugo Rocha; Nobre Povo, de João Bastos; Meninas, de Vasco de Mendonça Alves; O Solar dos Barrigas, de Gervásio Lobato e D. João da Câmara; Ondas Curtas, de António Portalegre; Desencontro, de Armando Vieira Pinto; O Pai da Menina, de Muñoz Seca e Perez Fernandez; Madre Alegria, de Luiz Fernandez de Sevilla e Rafael Sepúlveda; A História da Carochinha, A Feira do Diabo, de Eduardo Schwalbach; Auto da Fundação das Caldas, de Silva Tavares; O Inimigo, de Cristiano de Lima; Maria Migalha, Mola Real, de Virgínia Lopes de Mendonça e Laura Chaves; A Melodia do Jazz-Band, de Jacinto Benavente; A Mãe, de Santiago Rusiñol; O Senhor Conde, de Yvan Noe e H. de Vere Stackpoole; O Velho de Oiro, de Henrique Galvão e Silva Tavares; A Gata Borralheira, de Eduardo Garrido e Lino Ferreira; Isabel, Rainha da Inglaterra, de André Josset; O Morgado de Fafe em Lisboa, de Camilo Castelo Branco; Feira do Livro, de Lino Ferreira, Fernando Santos e Xavier de Magalhães; O Chefe, de James M. Barrie; O Outeiro ou os Poetas Afinados, de Pedro António Ferreira; O

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Chocalho Dos Anos de D. Lesma, de Leonardo José Pimenta e Anjos; Telmo, O Aventureiro, Encruzilhada, de Carlos Selvagem; Loucura de Amor (Joana a Doida), de Manuel Tamayo y Baus; Férias da Páscoa, de Romain Coolus; La Verbena De La Paloma, de Ricardo de la Vega; Atrás do Reposteiro, de João Villaret e Maria Clementina; Maria Stuart, de Friedrich Schiller; As Três Helenas, de Armando Moock; Pimpinela, de Pereira Coelho e Norberto Lopes; Riquezas da Sua Avó, de Luiz Vargas; A Nódoa Negra, de André Birabeau; Disraeli, Um Judeu, de Raimundo Magalhães Júnior; Schérazade, de Guilherme de Almeida; Simila Similibus, de Júlio Diniz; Os Fidalgos da Casa Mourisca, de Carlos Borges, segundo o romance de Júlio Diniz; O Criado-Patrão, de Paul Armonte e Leopold Marchand; Pão de Ló, O Conde Barão, de Ernesto Rodrigues, João Bastos e Félix Bermudes; A Nossa Revista, de Maria Clementina e João Villaret (revista de Carnaval/1940); Tempos Modernos, de Olga Alves Guerra; O Fidalgo Aprendiz, de D. Francisco Manuel de Melo; Fogo de Palha, de Augusto Costa; O Paço de Portuledo, de João Correia de Oliveira; O Padre Setúbal, de Maurice Maeterlink; A Lei do Coração, de Manuel Fragoso; Auto da Fundação, de Ramiro Guedes de Campos; Nortada, de Emília Tavares, João Reis e Mário Duque; O Espelho de Três Faces, de André Birabeau; Um Homem Admirável, de Pierre Chaine segundo a peça de Jean de Ladislau; Maria Rita, de Teresa do Canto (Mariana Rey Monteiro); Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shekespeare; Horizonte, de Manuel Frederico Pressler; A Madrinha de Charley, de Brandon Thomas; Diz-Se Por Música, de João Villaret e Lucien Donnat; La Revoltosa, de José Lopez Silva e Carlos Fernández Shaw; O Rosário, de Alexandre Charles Auguste, André Bisson, segundo Florence Barday; Coristas, de Armando Viera Pinto; Gente Nova, de Henry Bernstein; O Relógio e o Tempo, de Anthony Armstrong; O Outro Eu, de Henri Hennequin.

No ano de 1943, a Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro, leva ao Teatro do Ginásio, no 20 de Janeiro de 29 de Dezembro, a peça O Desaparecido, de Olga Alves Guerra, estreando ainda no Teatro Nacional as produções: Electra e os Fantasmas, de Eugene O`Neill; Labirinto, de Manuel Frederico Pressler; As Sabichonas, de Molière; Pátria, de Vasco de Mendonça Alves; Dois e Dois Cinco, de W. Somerset Maugham; Centenário do Frei Luís de Sousa (constituído por duas versões); João Pateta, de Teresa do Canto (Mariana Rey Monteiro); Israel, de Henry Bernstein, para além de várias reposições, levadas à cena nas tounées de Outubro e Novembro.

Até 1964 a Companhia continua no Teatro Nacional a prestar um serviço de teatro ao país, nunca igualado por qualquer outra companhia portuguesa, exemplo ímpar que não se deve esquecer-se. Do vasto rol das

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suas estreias, por vezes ao ritmo de duas por mês, destacamos as seguintes produções: Dulcineia ou a Última Aventura de D. Quixote, Balada de Outono, Espada de Fogo, Entre Giestas, O Anjo Rebelde, de Carlos Selvagem; A Bisbilheteira, Os Postiços, As Duas Máscaras, de Eduardo Schwalbach; Auto da Feira, Farsa do Juiz da Beira, Auto da Cananeia, Quem Tem Farelos, Auto da Índia, Breve Sumário da História de Deus, Auto da Visitação, Auto da Barca do Inferno, Auto da Barca do Purgatório, Auto da Barca da Glória, de Gil Vicente; Trovaritch, de Jacques Deval; Auto de El-Rei Seleuco, de Luís de Camões; Raça, de Rui Correia Leite; Ascensão de Joaninha, de Gerhart Hauptmann; O Ausente, Paulina Vestida de Azul, de Joaquim Paço d`Arcos; O Leque de Lady Windermere, Um Marido Ideal, de Óscar Wilde; Figuras Vicentinas, evocação de Gustavo de Matos Sequeira; O Anão Gigante, de Ilda Correia Leite; Auto da Pastora Perdida e da Velha Gaiteira, de Santiago Prezado; Othello ou o Mouro de Veneza, Sonho de Uma Noite de Verão, Romeu e Julieta, Macbeth, de William Shakespeare; Casa de Pais, de Francisco Ventura; Os Maridos Peraltas e as Mulheres Sagazes, de Nicolau Luís da Silva; Vidas Sem Rumo, de Olga Alves Guerra; Zilda, Tá Mar, Saias, de Alfredo Cortez; Os Maias, de José Bruno Carreiro, segundo o romance de Eça de Queiroz; Férias, de Maria Luz Regas e Juan Albornoz; Napoleão, de Paul Reynal; É Preciso Viver, de Luís Oliva y La Fuente; À Lareira do Pecado, de Pedro Alvelos; O Alcaide de Zalamea, de Pedro Caldéron de La Barca; Antígona, de Sófocles, segundo Júlio Dantas; Era Doce e Amargava, O Amor Precisa de Escola, de Jacinto Benavente; Pé de Vento, dos Irmãos Quintero; O Grande Advogado, de Joaquim Sabino de Sousa; Alcipe (Marquesa de Alorna), Prólogo Duma Grande Vida (Garrett), de Teresa Leitão Barros; Frei António de Chagas, Outono em Flor, A Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas; A Hospedeira, de Carlos Goldoni; Milagre, de Armando de Lacerda; Os Velhos, Casamento e Mortalha, Meia Noite, de D. João da Câmara; A Casa, de José Maria Péman y Permartín; O Rapaz de Hoje, de Roger Ferdinand; Lisboa, de Gustavo de Matos Sequeira, segundo Jorge Ferreira de Vasconcelos; Benilde ou a Virgem Mãe, de José Régio; Peraltas e Sécias, O Regente, de Marcelino Mesquita; Entremez Del Retablo De Las Maravillas, de Miguel Cervantes; A Casa de Bernarda Alba, de Federico Garcia Lorca; O Comissário de Polícia, de Gervásio Lobato; A Águia de Duas Cabeças, de Jean Cocteau; As Duas Bengalas, de Ricardo José de Sousa Neto; Os Dois Surdos, de Jules Moineaux; Um Anjinho da Pele do Diabo, de Eugène Scribe; A Marechala, de Alphonse Lemonnier e Jean-Louis Péricaud; As Meninas da Fonte da Bica, A Voz da Cidade, de Ramada Curto; As Aventuras do capitão Bonifrate, de Pedro Lemos e António Tavares; O Bastardinho, de Maurice Bradell e Anita Hart; Essa Mulher!, de Cesare Giulio Viola; O Avarento, As Velhacarias de Scapin, O Tartufo, de Molière; As Duas Madalenas, A Volta (Episódio em

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verso), de Gustavo de Matos Sequeira; A Senhora das Brancas Mãos, As Árvores Morrem de Pé, Sete Gritos no Mar, A Terceira Palavra, Dona Inês de Portugal, de Alejandro Casona; A Comédia da Morte e da Vida, de Henrique Galvão; O Cardeal Primaz, de Herald Van Leyden; A Herdeira, de Ruth & Augustus Goetz; Lady Frederick, de W. Somerset Maugham; Nau Catrineta, A Menina do Capuchinho Vermelho, de Alice Gomes; A Noiva Sem Rumo, Guerra Fria, de Francisco Mata; Filomena Marturano, de Eduardo de Filippo; Crime e Castigo, de Rodney Ackland; O Vestido da Noiva, de João Gaspar Simões; Doidos Com Juízo, de Jacoby e Lanfs; O Milagre do Ouro, de José Lúcio; O Casaco Encantado, de Lucia Benedetti; Trapo de Luxo, de Costa Ferreira; A Canção do Berço, de Gregório y Maria Martinez Sierra; O senhor Roubado, de Chagas Roquete; A Menina Tonta, de Lope de Vega; Castelos no Ar, de Jean Anouilh; A Taça de Oiro, de Olavo d`Eça Leal; Rapaziadas, de Victor Ruiz Iriarte; Casaco de Fogo, de Romeu Correia; O Filho Pródigo, de Isabel Nóbrega; A Hora da Fantasia, de Anna Bonacci; Prémio Nobel, de Leitão de Barros, Fernando Santos e Almeida Amaral; Para Cada Um Sua Verdade, de Luigi Pirandello; A Muralha, de Joaquín Calvo Sotelo; Avó Lisboa, de Leitão de Barros; Saudade, de Henrique Lopes de Mendonça; Santa Joana, de G. Bernard Shaw; Clara Bonita, de Pedro Lemos; Alguém Terá de Morrer, O dia Seguinte, de Luíz Francisco Rebello; Direito de Família, de Diego Fabbri; Amor à Antiga, de Augusto de Castro; O Revisor, de Nicolau Gogol; Castro, de António Ferreira; A Ferida Luminosa, de José Maria de Sagarra; As Bruxas de Salém, Do Alto da Ponte, de Arthur Miller; O Vendedor de Rebuçados, de Thais Bianchi; A Floresta Encantada, de Elvira de Freitas; Comediantes, de Guy Bolton; Uma Mulher Extraordinária, de John Patrick; O Processo de Jesus, de Diego Fabbri; Intrigas e Amor, de Friedrich Schiller; O Lugre, de Bernardo Santareno; Diálogos das Carmelitas, de Georges Bernanos; A Menina Júlia, de August Strindberg; A Sapateira Prodigiosa, de Federico Garcia Lorca; A Visita da Velha Senhora, de Friederich Durrenmatt; Maribel e a Estranha Família, de Miguel Mihura; Ponto de Vista, de Varela Silva; D. Henrique de Portugal, de João Osório de Castro; A Nova Vaga, de Pierre Barillet; Madame Sans-Gêne, de Victorien Sardau e Émile Moreau; O Consultório, de Augusto Sobral; O Pescador à Linha, de Jaime Salazar Sampaio; O Alfageme de Santarém, de Almeida Garrett; Blusões Negros, de João Osório de Castro; Eva e Madalena, de Ângelo César; Oito Mulheres, de Robert Thomas; Furacão Sobre o Caine, de Herman Wouk; Sorriso de Pedra, de Pedro Bloch; O Sr. Biederman e os Incendiários, de Max Frish; A Peliça de Castor, de Gerhart Hauptmann; La Condessa, de Maurice Druon; O Braço de Justiça, de Joaquim Paço d`Arcos; Delírio, de Charles Peyret; O Hábito de Morrer, de Afonso Botelho; Divinas Palavras, de Ramón del Valle-Inclán; A Espada de Cristal, de Fernanda de Castro. Ao longo daquele

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período a companhia ainda manteve presença em vários teatros, para além das habituais tournées, designadamente no ano de 1949, no Teatro da Trindade, com os espectáculos: A Luz do Gás, de Patrick Hamilton; A Raposa Azul, de Ferec Herczeg; Miss Mabel, de R. C. Sherriff; no Estrela Hall, com a peça Curva Perigosa, de J. B. Priestley; no Teatro São Luís, com Um Eléctrico Chamado Desejo, de Tennessee Williams.

Em consequência do incêndio que destruiu grande parte do material de cena pertencente à empresa (cenários, guarda-roupa, acessórios, arquivos), ocorrido no dia 2 de Dezembro de 1964 a companhia abandona o Teatro Nacional, recomeçando no Coliseu dos Recreios, no dia 15 de Dezembro do mesmo ano com a peça Macbeth, de Shakespeare, indo depois para o Teatro Avenida, onde estreou a 6 de Fevereiro de 1965, O Motim, de Miguel Franco. Por ordem superior foi retirada de cena ao fim de cinco representações, o que motivou um veemente protesto contra a Censura, subscrito por mais de uma centena de escritores e artistas. A Companhia manteve-se neste Teatro até finais de 1967, levando à cena, entre outras, as seguintes produções: Ciclone, de S. Maugham, Duas Dúzias de Rosas Vermelhas, de Aldo Benedetti; Apesar de Tudo, de Philippe Hériat; Sim Quero!, de Alfonso Paso; A Escada, de Jorge Andrade; As Árvores Morrem de Pé, de Alejandro Casona; Auto da Festa, Farsa do Velho da Horta,Pranto da Maria Parda, Auto da Índia, de Gil Vicente; Os Velhos, de D. João da Câmara; A Bela Impéria, de Carlos Selvagem; Isabel de Inglaterra, de André Josset; O Príncipe do Meu Bairro, de Varela Silva; O Emigrado, de Georges Schéade; Senhora na Boca do Lixo, de Jorge Andrade; As Profecias do Bandarra, de Almeida Garrett; O Camarada Miussov, de Valentin Kataiev; O Príncipe Constante, de Pedro Calderón de La Barca; A Visita da Velha Senhora, de Friedriche Durrenmatt; Equilíbrio Instável, de Edward Albee; Feliz Aniversário, de Harold Pinter.

Com o incêndio havido no Teatro Avenida, no dia 13 de Dezembro de 1966, a Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro, vê-se de novo obrigada a mudar para outro espaço teatral. Desta vez vem para o Teatro Capitólio onde permanece até ao fim do ano de 1970. Leva à cena as seguintes produções: A Volúpia de Honra, de Luigi Pirandello; A Locomotiva, de André Roussin; As Três Perfeitas Casadas, de Alejandro Casona; Tango, de Slawomir Mrozek; Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett; Os Visigodos, de Jaime Salazar Sampaio; A Esfera Facetada, de Nuno Moniz Pereira; O Segundo Tiro, de Robert Thomas; O Pecado de João Agonia, de Bernardo Santareno; O Cravo Espanhol, de Romeu Correia; A Celestina, de Fernando Rojas; Tchau, de Marc-Gilbert Sauvajon.

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De novo a companhia muda de espaço, agora para o teatro da Trindade, onde se fixa até ao início de 1974. Neste período estreia além de outras peças, as seguintes produções: O Último Inquilino, O Rei Está a Morrer, de Eugène Ionesco; O Duelo, de Bernardo Santareno; Calígula, de Alberto Camus; A Farsa dos Almocreves, Clérigo da Beira, de Gil Vicente; A Gaivota, de Anton Tchekov; Hedda Gabler, de Henrik Ibsen; Anfitriões, de Luís de Camões; Adriano VII, de Peter Luke; O Concerto de Santo Ovídio, de António Buero Vallejo; Sábado, Domingo e Segunda, de Eduardo Fillippo.

Por último, a companhia muda-se para o Teatro de São Luís. No mês de Abril de 1974, ensaia Os Desesperados, de Costa Ferreira, com encenação do próprio, peça que então se encontrava proibida pela censura. Em 30 de Abril, Costa Ferreira manda retirar a sua peça de ensaios. A companhia inicia os ensaios d’O Motim, de Miguel Franco, peça que fora retirada pelo Ministério do Interior em 1965. Alguns dias depois, Amélia Rey Colaço decide suspender a sua actividade teatral e acaba com a companhia Rey Colaço – Robles Monteiro.

COLAÇO, Branca de Gonta

Branca de Gonta Colaço nasceu em Lisboa em 1880, onde faleceu no ano de 1945.

Data de 1907, com o volume Matinas, a sua estreia, que a crítica recebeu com muito agrado. Vieram depois Canções do Meio Dia, 1912; À Margem das Crónicas, 197; Hora da Sesta, 1918 e Últimas Canções, em 1926. Foi também uma distinta conferencista.

Esta poetisa escreveu para o teatro o Auto dos Faroleiros, representado no Teatro Nacional D. Maria II em 1922 e A Comédia da Vida, em colaboração com a actriz Aura Abranches, que a interpretou em 1930 no Teatro Avenida.

COLAÇO, Tomás

Tomás Jorge Raimundo Ribeiro Colaço nasceu em Lisboa, em 3 de Novembro de 1899 e faleceu no Rio de Janeiro a 8 de Fevereiro de 1965.

Filho de Jorge Colaço e de Branca de Gonta Colaço, formou-se na Faculdade de Direito de Lisboa. Foi Secretário das Juventudes Monárquicas. Fundou e dirigiu, a partir de 1934, o semanário literário Fradique. Fixou-se no Brasil em 1940.

Estreou-se com Primeiros Versos em 1919. Jornalista, romancista e autor dramático, a sua obra compreende, neste

último campo, além de várias traduções e revistas, as comédias Duas

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Chamas, estreada no Teatro Ginásio em 1931, de que ele próprio foi um dos intérpretes, ao lado de Ester Leão. Segue-se A Estrangeira, escrita em colaboração com Virgínia Vitorino, em 1932, também representada neste teatro.

Escreveu também o poema dramático em 3 cantos e 12 jornadas, D. Sebastião, cuja encenação de António Pinheiro, no Teatro Nacional, em 1933, utilizou pela primeira vez entre nós um palco rotativo. Foi interpretado por Amélia Rey Colaço, Adelina Abranches, Palmira Bastos e Raul de Carvalho; Uma Mulher…e o Mesmo Homem, estreada no Teatro Nacional em 19 de Novembro de 1938, com a interpretação de Palmira Bastos, Samuel Diniz e Virgílio Macieira. Escreveu as revistas em 1 acto: Há Horas para Tudo e Ensaio de Apuro, representadas no Carnaval dos anos de 1932 e 1937. A primeira, foi escrita em parceria com Fernando Ávila e Álvaro de Andrade. A música era de Frederico de Freitas e António Melo.Foi estreada no Teatro do Ginásio. A segunda foi estreada no Teatro Nacional D. Maria II.

Em colaboração com Chianca de Garcia escreveu a revista Água Vai, com música de Frederico de Freitas e António Melo, estreada no Teatro da Trindade em 1937.

Foi autor das traduções: O Câmbio de Marcos, de F. Gandéra, estreada no Teatro Politeama em 1923; A Noite Louca e O Deitar da Noiva, levadas à cena no Teatro do Ginásio em 1931 e 1932, a última, em colaboração com Álvaro de Andrade; Eusébio, de H. Duvernois, estreada no Teatro da Trindade em 1931; O Pai Queiroz, de M. Seca, em colaboração com Álvaro Andrade, levada à cena no Teatro do Ginásio em 1931 e A Melodia do Jazz-Band, de Benavente, estreada no Teatro Nacional D. Maria II em 1936.

Escreveu o argumento e os diálogos do filme de Chianca de Garcia, O Trevo de Quatro Folhas, realizado em 1936. Manteve no jornal Fradique, de que foi director, uma secção independente de crítica teatral.

CONTREIRAS, Aníbal

O cineasta Aníbal Contreiras nasceu em Lisboa em 26 de Agosto de 1896, onde faleceu em 1993.

Iniciou a actividade profissional em 1917 como intérprete em Pratas Conquistador, dando início a uma carreira que se estendeu por meio século.

Foi produtor e realizador. Realizou as longas-metragens: A Vida do Soldado, 1930; Filigramas de Ouro, 1935.

Foi cine-repórter A Caminho de Madrid, 1936, sobre a Guerra Civil Espanhola. Fundou o Sindicato Nacional dos Profissionais de Cinema e

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esteve no lançamento do «jornal sonoro», Século Cinematográfico, 1932. Foi co-produtor com Espanha em Rainha Santa, 1947 e Senhora de Fátima, 1951 e com França, em Lavadeiras de Portugal, no ano de 1956.

CORDEIRO, Augusta

A actriz Augusta Cordeiro nasceu em 1868 e faleceu no ano de 1952.A sua estreia teatral data do dia 12 de Março de 1892 no Teatro da

Trindade, em Lisboa, na representação da peça A Menina do Telefone, de autoria de Desvillères e Serpette. No dia seguinte a crítica dizia maravilhas. O crítico Melo Barreto dizia o seguinte: “A estreia de Augusta Cordeiro foi a mais brilhante dos últimos tempos. Mil parabéns à gentil actriz, à empresa da Trindade e ao teatro português”.

Durante duas épocas, Augusta Cordeiro impôs o seu trabalho de tal forma, que a empresa do Teatro Nacional D. Maria II a chamou em 1894 para fazer parte do elenco. Estreou-se naquele teatro com a peça de D. João da Câmara O Pântano, seguindo-se muitas outras, nomeadamente, a Virgem Louca, uma das suas criações mais notáveis.

A nota elegante e notável distinção na forma de vestir, impuseram-na como uma das mais atraentes figuras de mulher do teatro português da época, vindo a interpretar as mais importantes figuras da história da representação, como a que fez em o Pai Pródigo e que marcou definitivamente o seu lugar no teatro.

CORDEIRO, Georgina

A actriz Georgina Cordeiro nasceu em Lisboa no dia 27 de Junho de 1905 e faleceu no ano de 1974.

Estreou-se em 15 de Dezembro de 1921 no Teatro Politeama na peça Emigrantes, contratada pelo empresário Macedo e Brito. Entrou em: Uma Mulher Sem Importância, Magda, Amor a Quanto Obrigas, Zázá, As Pupilas do Senhor Reitor, A Morgadinha dos Canaviais, Morgadinha de Vale Flor, Miss Franca, Feiticeira, Maria Antonieta, Malvalouca, 20 Milhões, Lisboa Sem Camisa, Mulher que Passa, A Dama das Camélias, A Intrusa, Pirilau, O Mexilhão, Uma Mulher que Veio de Londres, Meio Dia em Ponto, Lua Cheia, O Homem dos Sete Ofícios, O Tavares Rico, Novos e Velhos, Viva a Folia, Viúva Gomes, Feijão Frade, A Feira da Alegria, O Sr. Professor, Tabu, Joana a Doida, Bicha de Rabiar, Bate Certo, Sexo Fraco, Marechala, Meninas Pires, A Tia Engrácia, O Liró, Fontes Luminosas, A Milionária e Sempre em Pé.

Os principais teatros e companhias onde participou foram: Maria Matos – Mendonça de Carvalho, no Teatro Avenida, Politeama, Lucília Simões, Apolo; Maria Matos-Mendonça de Carvalho, Teatro de São

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Carlos, Lucília Simões, Trindade, Palmira Bastos e São Luís; Teatro Maria Vitória e Teatro Variedades, Companhia Hortense Luz, Politeama – Artistas Associados, Maria Vitória, Companhia Maria das Neves.

CORDEIRO, José

José Joaquim de Rêgo Cordeiro nasceu em Lisboa em 2 de Setembro de 1874 e faleceu no ano de 1927.

Diplomado pelo Instituto Industrial e Comercial, com o Curso Superior de Comércio, foi nomeado Adido Extraordinário da legação, por Decreto de 16 de Novembro de 1906 e por Portaria de 6 de Maio desse ano, foi mandado prestar serviço na Repartição de Expediente do Ministério dos Estrangeiros. Foi depois prestar serviço na legação de Bruxelas. Foi ali encarregado de negócios, de 2 de Outubro a 7 de Novembro de 1911 e de 1 de Outubro a 11 de Novembro de 1912, na ausência do respectivo ministro. Foi depois para a legação de Londres, como 1º Secretário da Legação. Em 15 de Agosto de 1922 foram-lhe concedidos o título e as honras de Conselheiro da Legação.

Além de diplomata, foi escritor e poeta, colaborando no Diário Ilustrado, na revista O recreio e no semanário O Chiado, de que foi fundador. Publicou os seguintes livros de versos: Vibrações, em 1897; Coração Meu, em 1907 e o entre-acto em verso, Namorados, publicado em 1903.

CORREIA, Emílio

O actor Emílio das Neves Salvador Correia nasceu no dia 23 de Dezembro de 1903 e faleceu no Hospital de Santo António dos Capuchos, por insuficiência respiratória, no ano de 1978.

Começou por ser amador de teatro no Grupo Dramático Lisbonense. Estreou-se na opereta Ribatejo, no Teatro Variedades, em 1939, tendo pertencido a diversas companhias de teatro, nomeadamente a de Vasco Santana e Alves da Cunha.

Dentre as peças em que representou é de salientar a sua participação na revista Já Vais Aí, estreada em 1956 no Teatro ABC, de autoria de Carlos Lopes, Paulo da Fonseca e E. Fernandes (filho), com música de Ferrer Trindade e Carlos Dias; A Promessa, de Bernardo santareno; Tombo do Inferno e A Relíquia, que assinala o seu afastamento dos palcos, no ano de 1971.

Foi também actor de cinema, tendo entrado, por exemplo, nos filmes Cais do Sodré, realizado por Alexandre Perla em 1946, com música de Jaime Mendes e interpretação de Ana Maria Campoy, Barreto Poeira,

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Virgílio Teixeira, Carlos Otero, Costinha, Julieta Castelo, Eugénio Salvador, Alda de Aguiar, Óscar Acúrcio, Vital dos Santos, Mário Santos, Carlos de Sousa, Silva Araújo, Tarquínio Vieira, João Guerra e Emílio Correia; O Fado, realizado em 1947 por Perdigão Queiroga e com excelente interpretação de Amália Rodrigues e Virgílio Teixeira, Vasco Santana, António Silva, Tony D’Algy, Nenita Queiroga, Eugénio Salvador, Emília Vilas, José Vítor, Armando Ferreira, Alda de Aguiar, Raul de Carvalho e Emílio Correia; Sol e Toiros, realizado por José Buchs, em 1949; A Morgadinha dos Canaviais, realizado por Caetano Bonnuchi, em 1949; Chaimite, realizado por Jorge Brum do Canto em 1953, com música de Braga Santos e a interpretação de Artur Semedo, Carlos José Teixeira, Emílio Correia, Julieta Castelo, Maria Emília Vilas, Lourdes Norberto, Silva Araújo, Pedro Navarro, Fernando Gusmão e Amílcar Peres e ainda A Planície Heróica, entre outros, realizado por Perdigão Queiroga, em 1953, com um elenco constituído por Emílio Correia, Augusto de Figueiredo, Mariana Rios, Grace do Céu, João Iglésias, Ilda Andrade, Armando Ferreira, Carlos de Sousa e Américo Portela.

Emílio Correia foi também presença assídua da RTP, nos inícios desta.

CORREIA, Evangelina

A actriz Evangelina Correia nasceu em Vila Real a 2 de Fevereiro de 1880 e faleceu em Lisboa em 3 de Agosto de 1963.

Estreou-se como profissional no Teatro D. Afonso, no Porto, na comédia Sobrinhos do Papá. Trabalhou em várias teatros desta cidade. Percorreu depois a província, como primeira figura de várias companhias, sobressaindo a sua actuação em muitas peças, nomeadamente no Rosa Enjeitada, Morgadinha de Vale-Flor, Dama das Camélias, Heroína do Século XVIII, Noite de Calvário, Severa, Voluntários de Cuba, Henriqueta, Comissário de Polícia, Surpresa, Amor de Perdição, Manhã de Sol, Soldado de Chocolate, Homem das Mangas, Os 3 Milhões, Bairro Alto, O saltimbanco, O Pai, O Infanticido, João José e Rainha Santa Isabel.

Trabalhou em Lisboa no Teatro de S. Luís, Teatro Avenida, Salão Foz, Teatro Maria Vitória e Joaquim de Almeida, integrada nas companhias de que foram titulares muitos nomes brilhantes da cena portuguesa. Em 1931 fez parte dum agrupamento dirigido por seu marido, que andou em digressão por África e Ásia, sendo esse grupo o único que visitou a Índia e Macau.

CORREIA, Fernando da Silva

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Fernando da Silva Correia nasceu no Sabugal em 1893 e faleceu na cidade de Lisboa em 1966.

Formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra e pouco depois mobilizado, partiu para França em Janeiro de 1918 como alferes médico miliciano.

Regressa a Portugal no ano seguinte e aqui fica a residir e a fazer clínica.

Médico e escritor, publica três peças: A Máscara, em 1 acto, em 1915; À Sombra de Esculápio, em 4 actos, 1917 e Leonor de Lencastre, em 1932. Deixou inéditas três outras peças: Obsessão, Vidas Erradas e Um Casamento de Ensaio, em 3 actos.

CORREIA, José Maria

José Maria Correia nasceu em 25 de Dezembro de 1854 e faleceu em 26 de Julho de 1922. Começou a sua carreira artística em sociedades particulares como amador. Estreou-se como profissional em 1875, no Teatro da Rua dos Condes, numa revista. Seguiu dali para o Teatro das Variedades, onde começou fazendo papéis de importância. Trabalhou nas peças seguintes: Carmen; Vale de Andorra; Garra de Açor; Nitouche; Intrigas no Bairro; Sinos de Corneville; Niniche; Reino das Mulheres; Grã-Duquesa; Burro do Sr. Alcaide; Lenda do Rei de Granada; Virtudes de D. Pedro V; Processo do Fado; Testamento da Velha; Mascote; A Boneca; País do Vinho; Reizinho; Viúva Alegre; Cartas do Conde Duque; Filipa do Tambor-Mór; Sino do Eremitério; De Capote e Lenço, entre outras. Do Variedades passou para o Teatro D. Maria II, mas como ali só fizesse papéis insignificantes, saiu, contratando-se no Teatro do Rato. Sousa Bastos contratou-o para o Teatro do Príncipe Real, onde agradou bastante. Esteve durante muito tempo no Brasil, contratado por Sousa Bastos onde era disputado pelos empresários, fazendo papéis de géneros diversos até 1888, ano em que regressou à pátria. Depois de regressar só representou no Teatro Avenida. Foi em seguida para o Porto, contratado por Ciríaco Cardoso. Em 1889 veio contratado para o Teatro da Rua dos Condes. Neste teatro, no da Avenida e no Teatro da Trindade, foi diversas vezes contratado. Fez também parte duma sociedade artística que explorou o Real Coliseu.

CORREIA, Machado

José Sebastião Machado Correia nasceu em Lisboa, em 15 de Fevereiro de 1861, onde faleceu a 12 de Dezembro de 1935.

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Autor, secretário e ponto teatral, jornalista e poeta, a sua primeira peça original foi a revista Berliques e Berloques, escrita em parceria com M. Teotónio dos Santos e estreada em 1888, no Teatro Variedades da Feira de Alcântara.

O seu nome ficou ligado à autoria de diversas peças de teatro musicado, que ao tempo obtiveram êxito, designadamente a opereta Roupa de Franceses, com música de Freitas Gazul e representada no Teatro Avenida e ainda às revistas: O Ano em 3 Dias, de colaboração com Acácio Antunes, com música de Filipe Duarte, estreada no Teatro do Príncipe Real em 1904 e De Ponta a Ponta, também escrita em colaboração com Acácio Antunes, com música de A. Mântua, levada à cena no Teatro da Trindade em 1918. Também em colaboração também com Acácio Antunes, adaptou a opereta A Cigarra, em 1888. Traduziu O Rei, de Flers e Caillavet, representada no Teatro D. Amália em 1908.

Foi intérprete nos filmes A Dança dos Paroxismos, de Jorge Bruno do Canto em 1929 e em A Castelã das Berlengas, de António Leitão, realizado em 1930.

CORREIA, Natália

Natália de Oliveira Correia nasceu na freguesia da Fajã de Baixo, na Ilha de São Miguel, Açores, no dia 13 de Setembro de 1923 e faleceu no ano de 1993.

Ainda em criança veio para Lisboa, onde fez os estudos liceais no Liceu Filipa de Lencastre.

Senhora de uma vasta cultura, deveu-a essencialmente ao convívio com intelectuais e à sua incansável actividade de leitora, tendo em sua casa uma das melhores bibliotecas de Lisboa.

Aos 20 anos era jornalista no Rádio Clube Português. No final da Segunda Guerra Mundial, assinou as listas do MUD (Movimento de Unidade Democrática). Amiga de António Sérgio, torna-se frequentadora do Chiado e das livrarias onde se reúnem escritores e políticos. Na década de cinquenta a sua casa vai ser uma espécie de salão literário, frequentado pelos mais diversos artistas, como o escultor Martins Correia, Almada Negreiros e representantes do movimento surrealista. Aí será mesmo representada a peça de Jean-Paul Sartre Huis-Clos, proibida pela censura.

No período de campanha do general Humberto Delgado à Presidência da República, afluem a casa de Natália Correia poetas, romancistas, pintores e expoentes de diversos quadrantes da oposição ao salazarismo.

Em 1969, Natália Correia combate a ditadura de Marcelo Caetano no CEUD, ao lado de Mário Soares e Salgado Zenha. Como proprietária do bar O Botequim, aí junta amigos, escritores, gente de teatro, boémios,

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criaturas excêntricas, um pequeno mundo onde reina, com a sua irradiante mescla de narcisismo e generosidade.

Depois do 25 de Abril de 1974, lá se encontram, entre outras, estrelas do PREC, os protagonistas do Grupo dos Nove. Primeiro afecta ao PS, depois ao PPD de Sá Carneiro e, por fim, ao PRD, foi deputada pelo PPD à Assembleia da República, de 1979 a 1980 e de 1980 a 1983 e pelo PRD, como independente, de 1987 a 1991. Nos últimos anos da sua vida aproximou-se da esquerda.

Ensaísta, cronista, teatróloga, romancista é, no entanto, na poesia que se revela completamente, nela projectando erotismo, ânsia libertária, desafio iconoclástico, sentido do fantástico, tudo isto com alguns ecos românticos e acentuadas marcas surrealistas. O seu primeiro grande livro de poemas foi Dimensão Encontrada, com data de 1957. Antes tinha publicado o romance Anoiteceu no Bairro, 1946; Rio de Nuvens, poesia, 1947 e o livro de viagem à América Descobri que era europeia.

No domínio da dramaturgia a obra de Natália Correia inclui a primeira peça que escreveu Sucubina ou a Teoria do Chapéu, em colaboração com Manuel de Lima, em 1952 e que ainda se encontra inédita; a peça infantil Dois Reis e Um Sonho, escrita em 1952, também em colaboração com Manuel Lima; o poema dramático O Progresso de Édipo, 1957; uma espécie de oratória em verso, Comunicação, no ano de 1959; a tragédia jocosa em 5 quadros O Homúnculo, em 1964, em que Natália Correia desenha o retrato grotesco do tirano que então oprimia o povo português; a peça em 3 actos, um prólogo e 8 episódios A Pécora, escrita em 1966 e publicada em 1983; O Encoberto, variante surrealista do mito sebástico, que só em 1977 subiu à cena, proibida que foi pela censura e, em 1982, uma rapsódia de temas camonianos Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente, escrita por ocasião do quarto centenário de Luís de Camões.

Da obra de Natália Correia sublinhamos ainda: Passaporte, poemas, 1958; Poesia de Luta e Realismo Poético, ensaio, 1958; Cântico do País Emerso, 1961, longo poema alusivo ao assalto ao paquete Santa Maria; Antologia de Poesia Erótica e Satírica, 1966, que veio a ter grande repercussão, especialmente no estrangeiro e que, em Portugal, a levou a tribunal, onde foi condenada com pena suspensa; O Vinho a e Lira, poesia, 1969; A Mosca Iluminada, poesia, 1972; O Surrealismo na Poesia Portuguesa, antologia, 1973; O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro, poesia, também com data de 1973; Uma Estátua para Herodes, ensaio, 1974; Poemas a Rebate, 1975; Epístola aos Iamitas, 1976; Não percas a rosa – Diário e algo mais, 1978; Dilúvio e a Pomba, poesia, 1979 e As Núpcias, 1992.

Em 1993, a obra completa de Natália Correia é reunida nos dois volumes O Sol nas Noites e Luar nos Dias.

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CORREIA, Romeu

O escritor e dramaturgo Romeu Henrique Correia nasceu em Almada em 17 de Novembro de 1917 e faleceu a 12 de Junho de 1996.

Escritor de raiz autenticamente popular, arrancando os seus temas dramáticos e romanescos à sua experiência dos meios proletários e pequeno-burgueses da capital e da cintura desta, cedo se iniciou contacto com grupos de teatro de amadores. Estreou-se como dramaturgo na terra natal, em Outubro de 1940, com a peça em 3 actos, Razão. Depois disso teve uma carreira de autor dramático que o levaria até à primeira fila do nosso teatro contemporâneo.

Em 16 de Dezembro de 1953, o Teatro Nacional D. Maria II leva à cena a sua peça em 3 actos Casaco de Fogo, interpretada por Carmen Dolores, Aura Abranches, Luz Veloso, Lourdes Norberto, Maria Côrte-Real, Laura Fernandes, Luís Filipe, Augusto Figueiredo, Jacinto Ramos, Álvaro Benamor, Pedro Lemos, Costa Ferreira, Gabriel Pais e António Palma. Seguem-se: O Céu da Minha Rua, estreado no Teatro Maria Vitória em 1955 com o título Isaura, a Galinheira; Sol na Floresta, estreada no Teatro Experimental do Porto em 1957; O Vagabundo das Mãos de Oiro, representada pela primeira vez em 1 de Agosto de 1962 no Teatro Experimental do Porto, numa encenação de João Guedes e interpretação de Nunes Vidal, Jayme Valverde, Alda Rodrigues, Madalena Braga, Dalila Rocha, Nita Mercedes, Mário Jacques, Fernando Rocha, José Brás, Alcina Félix e Fernanda Gonçalves; Jangada, estreada no Teatro Villaret em 1966; Bocage, «crónica dramática e grotesca», publicada em 1965; Amor de Perdição «glosa dramática» do romance de Camilo Castelo Branco, publicada em 1966; O Cravo Espanhol, estreada no Teatro Capitólio em 1970; Roberta, farsa trágica, 1971; Grito no Outono, 1980; As Quatro Estações, 1981; Tempos Difíceis, 1982 e O Andarilho das Sete Partidas, em que evoca os últimos anos de vida de Fernão Mendes Pinto, editada em 1983.

Escreveu também as peças num acto: Laurinda, 1949; As Cinco Vogais, 1951; Desporto-Rei, 1968 e A Vaga, 1977. Está inédita a sua adaptação do romance de Manuel Maria Rodrigues, A Rosa do Adro.

Publicou o livro de contos Sábado sem Sol em 1947 e Um Passo em Frente, 1976, com o qual obteve o Prémio Ricardo Malheiros e ainda os romances Trapo Azul, 1948, Calamento, 1950, Gandaia, 1952, Os Tanoeiros, 1976 e Tritão, 1983.

CORREIA, Soares

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António Soares Correia nasceu no Porto, em 5 de Janeiro de 1885, onde faleceu a 25 de Março de 1964.

Estreou-se como actor no Teatro Carlos Alberto, interpretando diversas rábulas na revista Cócórócó.

Foi uma figura popular do teatro ligeiro embora, tivesse participado esporadicamente em espectáculos de teatro declamado, entre os quais Hamlet, de William Shakespeare, que desempenhou na província ao lado da actriz Ângela Pinto. A sua actividade desenvolveu-se principalmente na cidade do Porto, criando compères e tipos regionais de numerosas revistas e operetas ali estreadas e com as quais, depois, se apresentava em Lisboa.

CORTES-RODRIGUES, Armando

Armando Cortes-Rodrigues nasceu em Vila Franca do Campo, S. Miguel, Açores em 28 de Fevereiro de 1891 e faleceu em Ponta Delgada a 14 de Outubro de 1971.

Formou-se em Filologia Românica em 1915, na Faculdade de Letras de Lisboa, passando o resto da sua vida nos Açores, como professor liceal.

Foi director da revista Insular. Amigo de Fernando Pessoa e colaborador da Orpheu, fez parte do movimento modernista. No campo poético editou Horto Fechado e Outro Poemas, em 1953, obra que o leva a obter o Prémio Antero de Quental.

Este poeta, colaborador no Orpheu, escreveu duas peças de ambiente e costumes açorianos: O Milhafre, estreada em 1927 no Teatro Micaelense, pela companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, que a levou também à cena em Lisboa, no Teatro Nacional D. Maria II, em 1931 e Quando o Mar Galgou a Terra, representada por Ilda Stichini e João Perry em 1938 para as colónias portuguesas de Fall River e New Bedford e transporta para o cinema por Henrique Campos em 1954, com Mariana Villar e Alves da Cunha como protagonistas.

Compôs também o texto de uma opereta, com música de Tomás de Lima, Em Férias, representada no Teatro Micaelense em 1910; Um Auto de Natal, 1926; a comédia regional num acto O Senhor Administrador, com que foi inaugurado em 1939 o Teatro de Vila Franca do Campo; O Tempo e as Máscaras, cujo prólogo e 1º acto se representaram no Teatro Micaelense, em 1952 e o Auto do Espírito Santo, 1957.

Outras obras de sua autoria em poesia: Ode a Minerva, 1923; Em Louvor da Humildade, 1924; Cânticos das Fontes, 1934; e Cantares da Noite, seguidos dos Poemas de Orfeu, 1942.

CORTESÃO, Jaime

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Jaime Zuzarte Cortesão nasceu em Ançã, Cantanhede em 29 de Abril de 1844 e faleceu na cidade de Lisboa a 14 de Agosto de 1960.

Formado em Medicina em 1909, exerceu o magistério no Porto, entre 1911 e 1915 e a medicina na Flandres como voluntário. De 1919 a 1922 foi director da Biblioteca Nacional. Foi dirigente do fracassado movimento revolucionário de 3-2-1927. Conheceu o exílio de 1927 a 1957. Esteve em Espanha, França e Inglaterra e, a partir de 1940, viveu no Rio de Janeiro. Regressou a Portugal em 1957 e em 1958 foi eleito presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores.

Na Literatura estreou-se com o volume de poemas A Morte da Águia. Escreveu teatro histórico, contos, livros de memórias e de viagens e cultivou a literatura infantil. Integrou-se no movimento saudosista da Renascença Portuguesa e de A Águia. A partir de 1921 fez parte da direcção da revista Seara Nova.

Abordou por três vezes o teatro: em 1916 e 1918 com dois dramas históricos em verso, O Infante de Sagres, representado pela primeira vez em 15 de Dezembro de 1916, no Teatro da República, com a interpretação de Ferreira da Silva, Ângela Pinto, Luz Veloso, Augusto Rosa, Chaby Pinheiro, Teodoro Santos, Tomás Vieira, Carlos de Oliveira, Robles Monteiro, Francisco Judicibus, Manuel Rocha, Beatriz Viana, Meneses e Almeida, Francisco Sena, Rafael Gomes e Júlio Candeira e Egas Moniz, também representado no Teatro da República e ainda uma peça de tema contemporâneo, Adão e Eva, estreada no Teatro do Ginásio em 21 de Maio de 1921, com a interpretação de Berta de Bívar, Júlia da Assunção, Alves da Cunha, Augusto Machado, Otelo de Carvalho e António Palma. A peça Egas Moniz foi interpretada, entre outros, por Ângela Pinto, Lucinda Simões, Ferreira da Silva, António Pinheiro, Robles, Samwel Diniz e Joaquim Oliveira.

Da sua investigação histórica resultaram páginas em obras colectivas, como: História da Colonização Portuguesa do Brasil; História de Portugal, dirigida por Damião Peres; História do Regime Republicano em Portugal; História da Expansão Portuguesa no Mundo e Alexandre de Gusmão e Tratado de Madrid 1950-1963, em nove volumes; Raposo Tavares e a formação Territorial do Brasil, 1950; Pauliceae Lusitana Monumenta Histórica, 1956-1960, em três volumes; e Descobrimentos Portugueses, 1960, em dois volumes.

CORTEZ, Alfredo

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O dramaturgo Alfredo Cortez nasceu em Estremoz em 29 de Julho de 1880 e faleceu em Oliveira de Azeméis a 7 de Abril de 1947.

Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, tendo exercido em África o cargo de Juiz de Investigação Criminal, antes de se fixar em Lisboa.

A sua obra situa-se no período compreendido entre as duas guerras mundiais. Com pleno domínio da técnica teatral, Alfredo Cortez pretendeu analisar rigorosamente a sociedade contemporânea tendo, para isso, percorrido um caminho que oscila entre os dramas realistas de crítica social – sua primeira fase – e as peças de costumes regionais da última fase.

Estreou-se com a peça Zilda, acção situada num meio de alta burguesia, levada à cena no Teatro Nacional, em 1921, com encenação de António Pinheiro, cenografia de Alice Rey Colaço, Mily Possoz e Jorge Barradas, figurinos de Amélia Rey Colaço e interpretação a cargo de Amélia Rey Colaço, Henrique de Albuquerque, Robles Monteiro e com estreia do actor de Raul Carvalho. Seguiu-se O Lodo, peça em 3 actos, publicada em 1923 e representada pela primeira vez em 2 de Julho de 1923, em récita única, no Teatro Politeama, depois de ter sido recusada por todas as empresas teatrais. Foi interpretada por: Adelina Abranches, Amélia Rey Colaço, Constança Navarro, Maria Mesquita, Antónia Mendes e Robles Monteiro. A acção decorre num prostíbulo e tenta denunciar vícios de uma sociedade pretensamente moralista, onde o vazio e o tédio anunciam já a própria decadência. Nesta obra Alfredo Cortez inicia o retrato da desagregação dessa mesma sociedade burguesa.

Alfredo Cortez é, com Ramada Curto, Vitoriano Braga e Carlos Selvagem, um comentador atento da mundanidade dos anos de guerra e dos que imediatamente se lhe seguiram. Percorrendo o drama histórico, o drama regional e a comédia de costumes, ele é dos poucos autores, tal como Carlos Selvagem, que tentarão a ruptura com um drama de estética naturalista, presente nos finais do século XIX e primeiros anos da República e no início do pós-guerra. Experimenta o drama histórico em verso, com a obra À La Fé, estreada no Teatro Politeama em 1924. Lourdes, onde se destaca a crença religiosa e que contém algum valor autobiográfico, foi também levada à cena no Teatro Politeama em 1927. O Ouro, foi estreada no Teatro do Ginásio em 1928; Domus, peça de intenção moralista, tal como as duas anteriores, foi estreada no Teatro Nacional D. Maria II em 5 de Março de 1931, com a interpretação de Amélia Rey Colaço. Robles Monteiro, Assis Pacheco e Emília de Oliveira; Gladiadores, caricatura em 3 actos publicada em 1934 foi estreada no dia 12 de Janeiro de 1934 no Teatro Nacional D. Maria II, com encenação de Robles Monteiro e Amélia Rey Colaço, figurinos de Jorge Herold, e interpretação de Palmira Bastos, Brunilde Júdice, Amélia Rey Colaço, Alves da Cunha, João Villaret, Robles Monteiro, Raul de Carvalho, José

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Manuel, José Gamboa, José Cardoso, Delmiro Rego, José Morais, Álvaro Benamor, Maria Clementina, Maria Brandão, Elisabeth Jordan, Emília de Oliveira, Isabel Maria, Tereza Taveira e Maria Lalande. Com Gladiadores, Alfredo Cortês sente-se coagido a abandonar a audácia experimentada e envereda pela recriação de ambientes regionalistas, como em Tá-Mar, peça publicada no ano de 1936, onde um realismo lírico ecoa no drama da gente do mar, face importante da realidade portuguesa. Esta peça em 3 actos, foi estreada no dia 11 de Janeiro de 1936 no Teatro Nacional, com cenário da responsabilidade de Abílio de Matos e Silva e a interpretação de Estêvão Amarante, Robles Monteiro, Raul de Carvalho, João Silva, João Villaret, Vital dos Santos, António Sacramento, José Cardoso, Amélia Rey Colaço, Maria Clementina, Adelina Abranches, Palmira Bastos, Emília de Oliveira, Maria Lalande, Beatriz Santos, Maria Brandão e Isabel Maria. Também Saias, publicada no ano de 1938, envoca esse regionalismo e naturalismo excessivamente preocupados até com a fidelidade fonética, menosprezando, em seu favor, o tratamento da acção. Levada à cena no Teatro Nacional em Novembro de 1938 foi interpretada por Palmira Bastos, Lucília Simões, Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro. As suas últimas peças foram: Bâton, escrita em 1939, mas que só em 1946, após a morte do autor, é que a censura permitiu que se estreasse. Foi uma criação da companhia eatral Os Comediantes de Lisboa que, sob a direcção de Francisco Ribeiro a deu a conhecer. Lá-Lás, publicada no ano de 1944. Escreveu também o argumento e os diálogos do filme Ala-Arriba, de Leitão de Barros.

Em 1918 havia-se estreado nas lides literárias com a revista, Terra e Mar, que assinou com o pseudónimo de Virgílio Pinheiro. Para além da produção teatral já citada, escreveu ainda duas peças num acto, Ralhos de Avô, em verso, 1922 e Moema, episódio africano, no ano de 1940. Como tradutor, traduziu obras de Porto-Riche, Henri Ghéon, Schiller, entre outros e deixou incompleto um drama expressionista, Babel.

COSTA, Alberto

Alberto Mário de Sousa Costa nasceu em Vila Pouca de Aguiar em 10 de Maio de 1879 e faleceu no Porto a 11 de Janeiro de 1961.

Era bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra. Deve-se-lhe a criação, em 1911, da Tutoria da Infância. Foi secretário da Tutoria Central da Infância de Lisboa até 1919 e, posteriormente, do Tribunal do Comércio. Cultivou o conto, a novela, o romance, a crónica, a literatura de viagens, o ensaio e o teatro.

Escreveu para o teatro duas comédias num acto Como se Vingam as Mulheres, representada no Teatro Nacional em 1916 e Que Vergonha, levada à cena no Teatro do Ginásio em 1918. Escreveu também duas peças

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em 3 actos: Frei Satanás, estreada no Teatro Nacional no ano de 1921 e A Marquezinha, cuja estreia aconteceu no Teatro Sá da Bandeira em 1923.

Deixou inéditas as peças Manhã de S. João, 1915 e Último Beijo, 1916.

Publicou contos e novelas: Excêntricos, 1917; Canto do Cisne, 1927 e Como se Faz um Ladrão, em 1931. Em romance, publicou: Ressurreição dos Mortos, 1914; A Pecadora, 1917 e Miss Século XX, 1936. Crónicas: Milagres de Portugal, 1925 e Mapa Falado de Portugal, 1936. Evocações históricas: Páginas de Sangue, 1919-1930, em dois volumes e Camilo no Drama da Sua Vida, 1959.

COSTA, Alves da

O actor Alves da Costa nasceu em Lisboa em 26 de Maio de 1898, onde faleceu a 2 de Março de 1971.

Tirou o curso da Escola Comercial Rodrigues Sampaio e teve aulas de teatro numa escola particular, dirigida por Araújo Pereira.

Começou a actividade como actor, em 22 de Novembro de 1922, pela mão de Alves da Cunha, no drama histórico Vasco da Gama, de autoria de Silva Pereira.

Foi casado com a actriz Fernanda de Sousa e, posteriormente, com Brunilde Júdice, tendo formado com esta uma companhia teatral, que levou à cena peças variadas, desde Gil Vicente a Shakespeare e dramaturgos da época.

Um dos seus maiores êxitos foi no Teatro Capitólio, em 1935, com a peça popular de Vasco de Mendonça Alves, Meu Amor é Traiçoeiro.

Fez parte com a sua mulher do teatro radiofónico na Emissora Nacional e dirigiu algumas peças para a RTP, onde interpretou a figura do Cerdeal Rufo na Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas, com João Villaret e Assis Pacheco nos outros personagens.

Em 25 de Junho de 1967, Alves da Costa foi homenageado no Teatro da Trindade, numa festa artística, com a peça Eram Todos Meus Filhos, de Arthur Miller, no âmbito dos quarenta e cinco anos da sua carreira.

Alves da Costa participou ainda em: A Chama, de Méré, 1923; Papá Lebonnard, 1924; A Severa, de Júlio Dantas, no âmbito da inauguração do Teatro Joaquim de Almeida, 1925; Vidas Cruzadas, de Benavente; Criminosos, de F. Brukner, 1930; Alfama, de António Botto, levada à cena no Teatro S. Carlos em 1933; O Grande Industrial, de George Ohnet; Prima Tansa, de Alice Ogando, 1936; O Preço da Verdade, de Pirandelo, 1941; Dominó, de Michel Achard, 1945; Comédia da Morte e da Vida, de Henrique Galvão, 1950; Esta Noite em Samarcanda, de Jacques Deval,

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1925; Gata em Telhado de Zinco Quente, de Tenessee Williams, 1959; A Casa dos Vivos, de Graham Greene, 1960; As Três Irmãs, de Anton Tchekov; Lutar Até de Madrugada, de Hugo Betti, 1960; O Pai, de Strindberg, 1961.

No cinema fez mais de uma dezenas de filmes. Entre eles: Maria Papoila, de Leitão de Barros, 1937; Ribatejo, de Henrique Campos, 1949; O Cerro dos Enforcados, de Fernando Garcia, 1953; Quando o Mar Galgou a Terra, de Henrique de Campos, 1954 e Um Dia de Vida, de Augusto Fraga, 1962. Neste último teve o prémio do SNI, para o melhor actor de cinema.

COSTA, Augusto

Augusto da Costa nasceu em Setúbal em 1899 e faleceu na cidade de Lisboa no ano de 1954.

Autor de romances convencionais, estreou-se no teatro com a comédia em 3 actos, intitulada Fogo de Palha, estreada em 24 de Abril de 1940 no Teatro Nacional D. Maria II, com a participação de Amélia Rey Colaço, Raul de Carvalho, Beatriz Santos, Palmira Bastos, Robles Monteiro, Maria Brandão, Maria Clementina, Adelina Campos, Lucília Simões, João Villaret, Maria Côrte-Real, Maria Lalande e Estêvão Amarante.

Publicou Comédia Sentimental, diálogos, em 1935. É também de sua autoria: O Crepúsculo dos Deuses (Colecção de

Estudos Políticos, Económicos e Sociais), 1933; A Nação Corporativa (Textos legais, comentados e justificados), 1937; Apologia do Império Português, 1934; Portugal Vasto Império (Prémio “António Enes”, do Secretariado da Propaganda Nacional – Imprensa Nacional), 1934; Legislação sobre o Horário de Trabalho (Anotada e comentada), 1934; Factos & Princípios Corporativos, 1935; Linha Quebrada, novelas, 1935; Código do Trabalho, 1937; Portugal-Inglaterra (Fragmento de História futura sobre a Aliança Inglesa), 1938; Problemas do Tempo Presente, ensaio, 1939 e Os Sete Pecados Mortais da Vida Nacional, ensaios, 1940.

COSTA, Beatriz

Beatriz da Conceição Costa, nome artístico Beatriz Costa, nasceu em Charneca, Milharado, junto à Malveira, em 14 de Dezembro de 1910 e faleceu no ano de 1996.

Iniciou-se na vida artística como corista no Eden-Teatro em 10 de Agosto de 1923, numa reposição da revista Chá e Torradas. Em 1924, fazendo parte duma companhia de revista organizada para uma digressão pelo Brasil, a bordo do Lutetia, tomou parte duma festa a bordo,

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apresentando-se nela como actriz e obteve êxito. No Rio de Janeiro foi também apresentada então como actriz na revista Fado Corrido e o seu sucesso foi grande.

Devido aos triunfos significativos alcançados durante esta digressão, ao regressar a Lisboa foi contratada para o Teatro da Trindade, onde apareceu em 10 de Julho de 1925, na revista Ditosa Pátria, confirmando as esperanças dos que lhe profetizavam um futuro brilhante. Em pouco tempo passou a ser um verdadeiro ídolo do público, bastando o seu nome à frente dum elenco para proporcionar êxito a qualquer exploração do género ligeiro.

O seu verdadeiro talento na interpretação fiel de tipos populares, com especial domínio sobre as plateias pela sua alegria comunicativa e irradiante simpatia, tornaram-na um caso invulgar na história do teatro português de triunfo rápido e duradouro duma artista saída, da massa anónima do corpo corista.

Grandes êxitos do teatro de revista a partir da aparição de Beatriz Costa como «estrela» de companhias, devem-se, em grande parte, à sua actuação. Também no campo das comédias e dramas, intercalados nas obras de revista, ela mostrou uma intuição e uma inteligência pouco vulgares, próprias duma figura de primeira fila.

Em 1939 seguiu para o Brasil à frente duma companhia portuguesa e depois de ali obter novos triunfos, passou a trabalhar, com aplauso geral, nos principais teatros do Brasil, como atracção de espectáculos brasileiros, com companhia própria.

Em 1950 reapareceu em Lisboa na revista Ela aí Está, levada à cena no Teatro Avenida. Mais tarde, em 1959, voltou ao Teatro Maria Vitória. Das inúmeras obras ligeiras que interpretou citamos: Arre Burro e O Mexilhão, Fox-trot, Sete e Meio, Mãe Eva, Pó de Maio, Manda quem pode, A Bola, Canto de Cigarra, A Garota da Sorte, Ó Liró, e Oh meu rico S. João.

Também o cinema português aproveitou as suas faculdades, com êxito, especialmente na Canção de Lisboa, de Cotineli; Trevo de 4 Fôlhas, de Chianca de Garcia e, sobretudo, no filme popular Aldeia da Roupa Branca, do mesmo realizador. Também em Paris interpretou a versão portuguesa do filme internacional A Minha Noite de Núpcias, dirigida por E. W. Emo.

Oriunda duma família muito pobre, era analfabeta quando iniciou a actividade artística e foi por sua iniciativa que conseguiu estudar vindo depois a ser uma destacada figura no campo das letras. Publicou: Sem Papas na Língua, 1975 (com prefácio do escritor brasileiro Jorge Amado); Quando os Vascos Eram Santanas... e não só, 1978 e Mulher sem Fronteiras, 1981.

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COSTA, Cunha e

José Soares da Cunha e Costa nasceu em Lisboa em 1868, onde faleceu no ano de 1928.

Escreveu para o teatro as peças mum acto: Noite de Natal e Entre Veludos e Rendas; O Regedor Agrícola, peça em 2 actos; Lobos na Malhada, em 3 actos; duas operetas: A Musa dos Estudantes e o Pagem d’El-Rei, além de traduções de Sudermann, Giacosa, Feydeau, Flers e Calivet.

COSTA, Duarte

O actor e autor Duarte Costa nasceu em 1888 e faleceu no ano de 1932.

A sua comédia num acto Prevenção Rigorosa foi levada à cena em 1920 no Teatro Sá da Bandeira, do Porto. Publicou em 1922 a comédia-farsa de costumes, em 3 actos O Camarada Fava-Rica, bem como o episódio dramático João Ninguém; as farsas num acto As Tristezas do Sr. Alegria e Quem Espera por Sapatos de Defunto e Vida de Cristo, em parceria com o actor Jorge Grave.

COSTA, Ercília

A actriz e fadista Ercília Costa nasceu na Costa da Caparica em 1902 e faleceu em Algés no ano de 1985.

Filha de pescadores, começou a sua vida como costureira. Como tinha uma voz intensa e dramática, cedo começou a chamar as atenções para a maneira como interpretava o fado.

Estreou-se no retiro Ferro de Engomar. Bonita e elegante, vestindo-se com gosto e de uma grande simpatia, foi considerada a rainha que antecedeu Amália Rodrigues. Era conhecida no meio artístico por “a Santa do Fado”, por cantar com as mãos postas e como a “Sereia Peregrina do Fado”.

Actuou em casas de espectáculos de todo o país, bem como em festas de Colectividades de Cultura e Recreio, tendo feito parte da Troupe Guitarras Portuguesas. Nos anos trinta entrou no elenco de algumas revistas, designadamente: Feira da Luz, de autoria de Félix Bermudes, João Bastos e Pereira Coelho, com música de Carlos Calderón, Frederico de Freitas e Camilo Rebocho, levada à cena no Teatro da Trindade em 1930; O Canto da Cigarra, da parceria de Silva Tavares, Carvalho Mourão e Xavier de Magalhães, com música de Raul Ferrão e Armando Rodrigues,

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estreada no Teatro Variedades em 1931, numa interpretação ao lado de Luísa Satanela, Beatriz Costa, Álvaro Pereira, Assis Pacheco, Barroso Lopes e Raul de Carvalho; Feira da Luz, esta última depois de enfrentar uma grave doença.

No ano de 1932 deslocou-se à Madeira e aos Açores, acompanhada por João da Mata e Martinho d’Assunção. Em 1936 desloca-se ao Brasil como primeira figura de cartaz, integrada na Companhia Teatral de Vasco Santana e Mirita Casimiro.

Com o apoio de António Ferro e do SPN (mais tarde SNI), Ercília Costa passou por vários países, nomeadamente Espanha (onde gravou alguns discos), França e Estados Unidos da América, onde trabalhou conhecimento com Bing Crosby e Cary Grant. Em 1945 volta ao Brasil, com a Companhia de Alda Garrido, permanecendo ali durante quinze meses.

Foi objecto de duas festas de homenagem, uma no salão de chá do Chave de Ouro e a outra no Retiro da Severa.

Em 1954, sem qualquer explicação, abandonou a vida artística, embora tenha continuado a gravar discos até 1972, data do álbum Museu do Fado, obra que incluiu os maiores sucessos. Dos seus números referimos: Fado Ercília, Fado Dois Tons, O Meu Filho, Rosas, Fado Sem Pernas, Fado Aida, Fado Tango, Fado Lisboa, Padre Nosso Pequenino, Saudades Que Matam, Meu Tormento, Pobreza Envergonhada, Pesar Profundo, Divina Graça, A Minha Vida, Desilusão, Um Desgosto, Amor de Mãe, Negros Traços e Fado Corrido, entre muitos outros.

COSTA, Ernestino Augusto

O actor Ernestino Augusto Costa, conhecido por “Costinha”, nasceu em Santarém em 24 de Fevereiro de 1891 e faleceu em Lisboa a 25 de Janeiro de 1976.

Fez o curso numa escola elementar de comércio e frequentou algum tempo o Conservatório Nacional de Lisboa. Depois de ter sido actor amador, estreou-se como profissional no Teatro do Ginásio em 1870, na comédia As Informações, de Júlio Howorth. Representou depois no Teatro Nacional D. Maria II na peça Helena, de autoria de Pinheiro Chagas e na Condessa do Freixial, de Rangel de Lima.

Tornou-se rapidamente um actor cómico, uma figura impressionante da revista e opereta.

No cinema participou nos seguintes filmes: A Severa, realizado por Leitão de Barros; As Pupilas do Senhor Reitor, também realizado por Leitão de Barros, no ano de 1935; Varanda dos Rouxinóis, igualmente realizado por Leitão de Barros, em 1939; A Morgadinha dos Canaviais,

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realizado por Caetano Bonnuchi e A Costureirinha da Sé, realizado por Manuel Guimarães, em 1959, entre outros.

Fez vários programas de televisão e entrou em inúmeras revistas. Dedicou-se também à literatura e ao jornalismo, escrevendo sobre

assuntos teatrais, como no Correio da Manhã, O Século, O Primeiro de Janeiro e no António Maria. Para a colecção “Biblioteca do Povo e das Escolas”, escreveu O Manual do Ensaiador Dramático e O Actor e o Teatro.

Participou ainda nas seguintes interpretações teatrais: A Valsa, A Condessa Heloísa, de Gervásio Lobato, As Elegantes Pobres, de Augier e Recepções de Embaixada, do Conde de Monsaraz, todas levadas à cena no Teatro da Rua dos Condes e ainda O Tartufo, de Molière, estreada em 1901.

COSTA, Francisco

O actor e empresário Francisco Costa nasceu em Castelo Branco a 19 de Julho de 1852 e faleceu em 8 de Novembro de 1906, apenas com 54 anos de idade.

Estreou-se como discípulo no Teatro da Rua dos Condes, em 1871, na peça, Naufrágio do Brigue Mondego, onde manifestou decidida vocação. O seu primeiro contrato profissional foi feito em 1875, para o Teatro do Príncipe Real, situado na Rua da Palma. Em 1876 foi contratado para a companhia de que era primeira figura a actriz Emília Adelaide e com esta companhia trabalhou no Porto, nos Açores e no Brasil, onde foi várias vezes. Em 1885 foi contratado para o Teatro D. Maria II, mas voltou na época seguinte para o Teatro da Rua da Palma e ali se conservou até 1896. Em 1897 fez parte duma sociedade artística empresária do Teatro da Rua dos Condes, onde mesmo em operetas e revistas, que não eram o seu género conseguiu agradar. Foi, por fim, societário duma empresa no Teatro da Trindade, onde o seu trabalho no drama, Os Dois Garotos, foi notabilíssimo, assim como na comédia francesa, O Hotel do Livre-Câmbio.

Não é possível dar uma resenha completa das peças em que entrou, podendo citar-se: O Porta-Bandeira do 99 de Linha; Os Voluntários da Morte; Santa Quitéria; O 29 ou a Honra e Glória; a farsa Milagre de Santo António; Os Fidalgos da Casa Mourisca; A Volta ao Mundo; O Gato Preto; Primerose; Inês de Castro; Pum; As Calças do Juiz de Paz; Cão de Cego e Os Sinos de Corneville, entre tantas outras.

O período considerado mais brilhante da sua carreira, foi aquele em que esteve no Teatro do Príncipe Real, salientando-se ao lado de Álvaro, Pala, Pereira, João Gil, Brandão, Margarida, Amélia Vieira, Adelina Abranches, entre muitos outros. O género mais adequado au seu jeito

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artístico era o dramático. Muitas vezes exerceu o cargo de Director de Cena. Era casado com a actriz Elvira Antunes Costa.

COSTA, Joaquim

Actor, empresário e ensaiador, nasceu em Lisboa a 29 de Abril de 1853, onde faleceu a 19 de Novembro de 1924. Joaquim Costa fez a sua aprendizagem artística sob a direcção do actor José Carlos dos Santos, estreando-se na empresa deste artista e de José Joaquim Pinto, no Teatro D. Maria II em 2 de Dezembro de 1870, na comédia em 1 acto, Juiz e Parte. Conservou-se nesta empresa até 1877, transitando em seguida para a nova empresa de Biester & Brasão, a quem este teatro fora adjudicado e onde se manteve até ao ano de 1880. Depois de fazer no Teatro da Rua dos Condes, empresa de Salvador Marques, a época de 1880-81, participando no desempenho da revista, Tutii-Mundi, de António de Meneses e Carlos Borges; com música de Carlos Araújo, Francisco Alvarenga e Rio de Carvalho, volta ao Teatro Nacional D. Maria II, contratado pela sociedade empresária que naquele se organizou com alguns artistas, tendo como dirigentes os irmãos Rosas & Brasão. Ali se manteve até 1888, passando depois para o Teatro da Trindade e, depois, para o Teatro da Rua dos Condes. Voltando ao Teatro Nacional D. Maria II, ali se manteve até 1895, tomando parte no desempenho das peças: A Radiante; Dionísia; Tio Milhões, de H. Heule, que lhe valeu um grande êxito como protagonista, 1896; Duque de Viseu; A Morta, ambas as peças de Henrique Lopes de Mendonça; Alcácer-Quibir, de D. João da Câmara; Kean, de Dumas Filho e Velhos, de D. João da Câmara. Em 1895 seguiu para o Brasil numa companhia de opereta organizada e dirigida por Sousa Bastos e, tanto no Rio como em S. Paulo, alcançou um êxito nomeadamente na opereta Grã-Duquesa de Gerolsteins. No regresso ingressou na companhia de opereta que, em Junho de 1896 actuou no Teatro Dona Amélia, tomando parte no desempenho das produções: A Manjerona e Grã-Duquesa de Gerolstein.

Sousa Bastos convidou-o então para fazer parte da companhia do Teatro da Trindade, como primeiro actor e ensaiador durante a época de 1896 e 1897 e, neste teatro, desempenhou, ao lado de Palmira Bastos, papéis em que muito se distinguiu, designadamente nas peças: Gata Borralheira; Noite e Dia; Falote e na revista Em Pratos Limpos, de Sousa Bastos, com música de Plácido Stichini. A esta empresa outra se seguiu, em regime de sociedade artística (1897 a 1898), sob a direcção de Sousa Bastos e Carlos Posser e de que eram primeiras figuras: Virgínia, Amélia

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Vieira, Palmira Bastos, Amélia Barros, Maria Pia, Ferreira da Silva, entre outros. Nesta companhia Joaquim Costa teve uma actuação de primacial destaque nas peças: A Honra, de Sudermann; A Boémia; A Mártir, de D’ Ennery; Os Dois Garotos; Auto dos Esquecidos, de Sousa Monteiro; As Ideias de Mme. Aubry, de Dumas Filho. No final desta época Joaquim Costa foi contratado para a companhia do Teatro Avenida, como actor e ensaiador, destacando-se brilhantemente pelas suas interpretações, nas peças Frei Satanás e Burro do Sr. Alcaide, de D. João da Câmara. Quando em 1898, o Teatro D. Maria II, pela reforma de António Enes, passou a regime de sociedade empresária, entrou para ela como societário de 1ª classe e ali se conservou até final da sua vida. Foi esse o período mais brilhante da sua carreira artística, ligada ao desempenho do vasto repertório dessa exploração: Vinte Mil Dólares, de P. Armstrong, 1911; Um Serão nas Laranjeiras, de Júlio Dantas, 1903; Reposteiro Verde, de Júlio Dantas; Ilustre Desconhecido; Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, 1902; Fraquezas Humanas, de Brieux, 1907; As Pupilas do Senhor Reitor, adaptação de Antero de Figueiredo do romance de Júlio Dinis, em que Joaquim Costa brilhou particularmente no papel de João Semana, levada à cena em 1909; O Burguês Fidalgo, de Molière, na versão de Eduardo Garrido, 1910; Humans Morgadinho de Val-Flor; Boubouroche, de Courteline; Um Marido Ideal; O Fidalgo Aprendiz, de D. Francisco Manuel de Melo, 1905; Mercadet, de Balzac, levada à cena em 1900; Bicho do Mato; No Tempo do Luís XV, de Dumas pai; Dolores, de Feliu y Codina, em adaptação de Coelho de Carvalho; O Caminheiro, de Richepin, 1901; O Coração Manda; Afonso de Albuquerque; O Centenário, de Quinteros, estrada em 1922 e em que José Ricardo, Ilda Stichini, Joaquim Costa, Laura Hirch e Rafael Marques tiveram aplausos enormes; O Tartufo, de Molière, estreada em 23 de Março de 1901, em que sobressaíram Augusto de Melo, Joaquim Costa e Emília Lopes; D. Perpétua que Deus Haja; Amor de Perdição, de D. João da Câmara, segundo o romance de Camilo Castelo Branco; Terra-Mater, de Augusto de Lacerda; Os Filhos Alheios, de Brieux; Casamento e Mortalha, de D. João da Câmara; Casamento de Conveniência, de Coelho de Carvalho; Cavalaria Ligeira, de Courteline; Triste Viuvinha, de D. João da Câmara, levada à cena em 9 de Maio de 1922 e que foi um sucesso nas interpretações de Brasão, José Ricardo, Ilda Stichini, Joaquim Costa e Rafael Marques; Peraltas e Sécias. No interregno da época de 1918-1919, ainda interveio, no Teatro Politeama, na representação das peças: Conde Barão e A Vizinha do Lado, na de 1913 no Teatro D. Amélia, na revista De Capote e Lenço, de Ernesto Rodrigues e João Bastos, música de Filipe Duarte e Carlos Calderón. Participou também nas revistas: O Novo Mundo, parceria de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e João Bastos, música de Alves Coelho, Venceslau Pinto, com interpretaçõeso de Nascimento Fernandes, Rafael

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Marques, Estêvão Amarante, Amélia Pereira, Amadeu Ferrari, Irene Gomes, Ema de Oliveira, Luísa Durão, Joaquim Costa e Julieta Soares; A Torre de Babel, de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes, João Bastos, música de Tomás Del Negro, Bernardo Ferreira, com interpretação ao lado de Estêvão Amarante, Francisca Martins, Filomena Lima, Alberto Ghira, Julieta Soares e Laura Costa, cuja estreia se deu no Teatro Apolo em 1917; O Pé de Meia, de Eduardo Schwalbach, música de Tomás Del Negro e Alves Coelho, levada à cena no Teatro de São Luís.

Joaquim Costa foi um actor cómico de grande notoriedade, que se distinguiu pelo modo natural e simples da sua actuação no palco. A maneira como desempenhou as suas variadas interpretações permite enfileirá-lo ao lado dos grandes comediantes Taborda, Vale, Isidro e Joaquim de Almeida.

COSTA, Maria Júdice da

A cantora e actriz, Maria Júdice da Costa nasceu em Lisboa em 16 de Junho de 1870, onde faleceu a 31 de Maio de 1960.

Estudou no Conservatório de Lisboa, estreando-se em 31 de Janeiro de 1890 no Teatro de São Carlos, cantando a ópera Gioconda, de Ponchielli. Depois foi para Itália onde aperfeiçoou os seus conhecimentos líricos. Actuou como soprano dramático em toda a Europa e América, contracenando com grandes artistas, como Caruso, T. Rufo e Battistini.

Dedicada sobretudo à música wagneriana, ficaram paradigmáticas as suas actuações no Tannhaüser e em especial a sua criação de Brunilde na Valquíria.

Em Portugal, além de ter cantado várias óperas, na temporada de 1913-1914, encabeçou a companhia de opereta do Teatro da Trindade, em A Mulher de Mármore, A Princesa dos Dólares, A Grã-Duquesa de Gerolstein e, também, embora fugazmente, teatro declamado, interpretando papéis de relevo em Sedutores, de Vasco de Mendonça Alves; Jerusalém, de G. Rivollet, no Teatro de São Carlos em 1921; A Mulher, de E. Guiraud, também no mesmo teatro, em 1928, contracenando com Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, nas duas primeiras peças e com Palmira Bastos nas duas últimas. Contracenbou com Alves da Costa na peça «Minha Mulher é um Homem». Em 1921 participou no desempenho de dois filmes Amor de Perdição, de R. Lupo e em 1927 de Fátima Milagrosa, também do mesmo realizador.

Em Lisboa dedicou-se também ao ensino do canto. Retirou-se da vida artística em 1939.

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COSTA, Mendonça e

Leonildo de Mendonça e Costa nasceu em Lisboa em 1849 e faleceu no ano de 1922.

Aos 14 anos ficou órfão de pai, o que o obrigou a empregar-se na administração do Jornal do Comércio e, depois, no escritório de Mariano José Cabral, onde começou a fazer correspondência com jornais dos Açores, de onde era natural.

Com outras pessoas fundou os jornais O Recreio e Rossi. Colaborou também com muitos periódicos lisboetas e fundou a Gazeta das Caminhos de Ferro, importante quinzenário da especialidade. Entre 1876 e 1878 publicou o Almanaque da Senhora Angot, que teve bastante impacto.

Como autor teatral escreveu: Uma Mulher-Homem, comédia em 1 acto, de colaboração com Manuel Domingos Santos, representada nos teatros da Rua dos Condes e Baquet, no Porto; Safa, que Susto!, comédia em 1 acto, que agradou imenso no Teatro Nacional D. Maria II

COSTA, Pinto da

O actor Pinto da Costa nasceu no dia 12 de Novembro de 1872 e faleceu em 3 de Janeiro de 1917.

Estreou-se no Teatro da Rua dos Condes, em 6 de Outubro de 1894. Foi por duas vezes contratado pela empresa do actor José Ricardo, no Porto, e por duas vezes foi a Lisboa com a companhia, fazendo papéis superiores às suas capacidades.

Foi também contratado para o Teatro do Príncipe Real de Lisboa. Das muitas peças onde entrou, salientamos a participação em: 1023, 20 Mil Dólares, D. César de Bojan, O Assalto, Aljubarrota, Infante, Hamlet, Primerose, A Labareda, Auto da Barca do Inferno, O Anjo da Meia Noite, Conde de Monte Cristo, O Príncipe Perfeito, A Amante do Rei, O Coxo do Bairro Alto, As Duas Órfãs, Perdidos no Mar, O Apóstolo, A Desonra, A Lua de Mel, O Rei Maldito, O Rei Lear, A Sonata e Os Amores do Diabo.

COUTINHO, Adelaide

A actriz Adelaide Coutinho nasceu em Lisboa, em 25 de Janeiro de 1861 e faleceu a 4 de Outubro de 1952 na Casa dos Artistas do Rio de Janeiro, onde estava internada desde 1944.

Estreou-se em 1872 no Teatro do Príncipe Real, integrada numa companhia onde eram principais figuras o actor Simões e a italiana

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Celestina de Palladini. A partir daí a sua carreira desenvolveu-se alternadamente no Brasil e em Portugal.

Em 1889 o seu nome figura no elenco da companhia organizada por Emília Adelaide, então a actuar no Teatro de S. Pedro em Alcântara, do Rio de Janeiro, onde interpretou a ingénua do drama Joana Fortier, de X. Montépin e Domay. Quando regressou a Lisboa, trabalhou no Teatro do Ginásio e no Teatro do Príncipe Real, onde fez a protagonista da comédia A Moral Deles, de Boniface e Bodin, apresentada no espectáculo inaugural do Teatro Livre, em 1904. Voltou depois ao Brasil, como primeira figura da companhia do actor Cristiano de Sousa.

Foi casada com o filho do actor Simões. Fez um segundo casamento com o actor brasileiro João Barbosa Dey Burns. Em 1912 encabeçou o elenco do Teatro Municipal do Brasil, onde criou, entre várias peças, O canto sem Palavras, do dramaturgo brasileiro Roberto Gomes.

COUTINHO, Penha

José Maria Olavo de Penha Coutinho nasceu em Lisboa em 1864, onde faleceu no ano de 1937.

Foi autor de imensas revistas, mágicas, cenas cómicas, operetas, cançonetas, peças infantis e comédias, nomeadamente: Aeronauta à Força, A Página 115, Estilo Figurado, Os Cuidados da Mana Amélia, Precisam-se Dois Homens, Os Dois Matutos, O Filho do Povo, Honra e Dedicação, O Dedo de Deus, O Ciúme, Garra de Abutre, O Proletário, Nobreza do Povo, A Morte de Marat, Pedro o Salteador.

Grande parte destas obras subiu à cena entre os últimos anos do século XIX e os primeiros do século XX. O seu maior êxito foi a opereta A Leiteira de Entre Arroios, em 1920, que extraiu do conto de Júlio Dinis “As Apreensões de uma Mãe”, com música de Filipe Duarte.

COUTO, Vasco de Lima

O poeta e actor Vasco de Lima Couto nasceu no Porto em 1924 e faleceu na cidade de Lisboa a 10 de Março de 1980.

Começou desde muito jovem na declamação. Em 1953 actuou como actor estagiário no Teatro Nacional D. Maria II na peça A Menina Tonta, de Lope de Vega, ao lado de Gina Santos, Helena Félix, Álvaro Benamor e Maria Albergaria. Começou a carreira de actor no Teatro Experimental do Porto, tendo pertencido Posteriormente ao Teatro Estúdio de Lisboa e à Cooperativa Repertório.

Gravou poesia em disco e publicou os volumes de poemas Romance, 1947; Recado Invisível, 1949; Olhar do Silêncio, 1952; O Silêncio

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Quebrado, 1959; Bom Dia Meu Amor…, 1975 e Centro de Vida e de Morte, 1981.

Os seus poemas foram cantados por Amália Rodrigues, Carlos do Carmo e Max, entre outros artistas.

Participou nas seguintes peças: O Regente de Marcelino Mesquita, 1953; Antígona, de António Ferreira, levada à cena no Teatro Experimental do Porto em 1954 e Morte de um Caixeiro Viajante, de Artur Miller, 1954. No ano de 1955 participa no Burro do Barba Azul, de Miguel Mihura, seguindo-se: Macbeth, de William Shakespeare, 1956; Guerras de Alecrim e Manjerona, de António José da Silva (o Judeu), 1956; O valentão do Mundo Ocidental, de J. M. Synge, 1957; Ratos e Homens, de John Steinbeck, 1957; A Promessa, de Bernardo Santareno, 1957; A Bilha Quebrada, de Heinrich von Kleist, 1958; O Morgado de Fafe em Lisboa, de Camilo Castelo Branco, 1958; Volpone o Magnífico ou a Raposa Velha, de Ben Johnson, 1958; O Crime da Aldeia Velha, de Bernardo santareno, 1959; Quanto Importa Ser Leal, de Óscar Wilde, 1960; O tio Vânia, de Anton Tchekov, 1960; O Rinoceronte, de Ionesco, 1960; Hedda Gabler, de Henrik Ibsen, 1961; O Oiro, de Alfredo Cortez, 1961; O Mercador de Veneza, de W. Shakespeare, estreado no Teatro da Trindade em 1963; Todos Eram Meus Filhos, de Artur Miller, também levado à cena no mesmo teatro, em 1966; Bocage – Alma Sem Mundo, de Lazia Maria Martins e A Louca de Chaillot, de Giraudoux, ambas as peças estreadas no Teatro Vasco Santana na época teatral de 1967-1968; O Encoberto, de Natália Correia, no Teatro Maria Matos; História Exemplar de um Traficante de Armas e Campeão da Ordem Nova, de Jean Pierre Bisson, pelo Grupo de Teatro “Os Bonecreiros”, no ano de 1975.

COVÕES, Ricardo

Ricardo Covões nasceu em Lisboa em 16 de Setembro de 1881, onde faleceu a 1 de Junho de 1951.

Depois de uma intensa carreira política, em que defendeu o ideal republicano e foi vereador e deputado, dedicou-se inteiramente ao teatro, a partir de 1919 tendo sido empresário do Coliseu dos Recreios de Lisboa, inicialmente associado a João Pires Correia e, a partir de 1925, sozinho até à sua morte e, em 1927, do Teatro de S. Carlos.

No Coliseu dos Recreios apresentou uma vasta variedade de espectáculos: ópera, opereta, revistas e circo. Ali se estrearam também as revistas e operetas que escreveu de colaboração com Eduardo Fernandes, contando-se entre as primeiras: Viva Portugal!, em 1931, que a censura proibiu e que remodelada, voltou no ano seguinte à cena com o título A Revista do Coliseu, com música de Luís Gomes; O Fim do Mundo, em

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1934, com música de João Pais de Almeida e Anselmo Lopes Vieira; A Última Maravilha, estreada em1935, com música da mesma parceria; A Minha Terra, levada à cena em 1936, com música de Rui Coelho, Raul Ferrão, Fernando de Carvalho e Frederico Valério; e Lisboa é Coisa Boa, com música de Pestana e Abreu, com Leónia Mendes, Gustavo Ré, Maria Cristina, Dulce de Oliveira, Berta Cardoso, Elisa Guisette, Camilo de Oliveira, Carlos Duarte, Maria Olguim, José Viana e Tomé de Barros Queirós.

Entre as operetas é de destacar: O Salão da Morte, 1939 e Escravos e Soberanos, em 1940. Neste ano publica os 50 Anos do Coliseu dos Recreios, em que traça a história da sala de espectáculos a que deixaria ligado o seu nome e em cuja direcção lhe sucedeu o filho Américo.

CRESPO, Alves

Joaquim Pedro Alves Crespo, poeta e escritor, nasceu em 1847 e faleceu no ano de 1907.

Alves Crespo, foi, sobretudo, um poeta bastante considerado, apaixonado pelo culto da forma. Parte das suas poesias, foram reunidas no volume intitulado Escola.

Para o teatro, escreveu a comédia em verso, Jogo de Cartas, representada com êxito no Teatro Nacional D Maria II, tendo como protagonista a actriz Emília Cândida e Feliz Engano, 1915, além de outras que terão ficado inéditas. Nesta área ainda traduziu obras de André Theuriet e F. Coppée.

Alves Crespo, que era formado em Medicina, exercendo clínica na Ericeira, deixou também um elogio do professor Manuel Bento de Sousa. Postumamente (1919) publicou-se mais um volume seu, sob o título: Versos de Alves Crespo.

CRESPO, Manuel Granjeio

Manuel Granjeio Crespo nasceu em Viana do Castelo em 1939 e faleceu em Lisboa no ano de 1983.

Publicou a sua primeira peça de teatro em 1961, intitulada Os Implacáveis. No ano seguinte escreveu Homem & Cª, exercício num acto, em que o protagonista da peça dialoga consigo próprio e se debate com o seu duplo. Em 1965 publicou O Gigante Verde, originariamente publicada em versão francesa e, em 1969, publicou No Princípio Será a Carne.

CRUZ, Delfina

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A actriz Delfina Cruz nasceu em Sines em 19 de Janeiro de 1872 e faleceu em Lisboa a 14 de Julho de 1953.

Estreou-se em 1893 na revista Tam-Tam, escrita por Sousa Bastos e musicada por Filipe da Silva e levada à cena no Teatro da Rua dos Condes. No ano seguinte ingressou no elenco do Teatro Nacional D, Maria II, do qual fez parte durante várias temporadas (1894 a 1900, 1905 a 1909 e 1912-1913) e onde, ao lado do extraordinário actor Ferreira da Silva, teve notável interpretação em O Pântano, de D. João da Câmara, 1894; em A Noite de Natal, de Raul Brandão e Júlio Brandão, estreada em 1898 e em O Pato Bravo, de Ibsen, estreado em 1900.

Entre 1901 e 1905 foi de novo contratada pela empresa Rosas & Brasão, actuando no Teatro Dona Amélia, onde alcançou, na protagonista de As Semi-Virgens, de M. Prévost, 1901 e na «Trude» das Fogueiras de S. João, de Sudermann, 1903, os dois maiores êxitos da sua carreira.

CRUZ, Laura

A actriz Laura Cruz nasceu em Lisboa em 12 de Março de 1880 e faleceu na Ericeira a 3 de Outubro de 1936.

Começou a carreira artística numa companhia constituída por societários do Teatro Nacional D. Maria II, que percorreu a província no Verão de 1895. Finda essa digressão, estreou-se nesse teatro desempenhando um dos papéis da comédia alemã A Primeira Seta, de autoria de Blumenthal.

Em 1897 fez a protagonista de A Triste Viuvinha, de D. João da Câmara. Até 1900, e depois nas temporadas de 1908-1909 e de 1911 a 1924, fez parte do elenco do Teatro Nacional, destacando-se as suas interpretações, entre outras, nas peças Peraltas e Sécias, de Marcelino Mesquita, em 1899; A Marcha Nupcial, de Bataile, 1913; A Malquerida, de Benavente, 1915 e A Pecadora de Guimerá, em 1920. Criou em 1915 a protagonista de A Freira de Beja, de Rui Chianca e teve em 1916, uma das suas maiores interpretações, numa reposição da Dor Suprema, de Marcelino Mesquita, ao lado do actor Luís Pinto.

CRUZ, Maria Adelaide Lima

A figurinista, cenógrafa e decoradora, Maria Adelaide Lima Cruz, nasceu em 1908 e faleceu em 1985.

Começou a trabalhar no teatro de revista aos 20 anos, a convite de Eva Stichini, colaborando com José Barbosa em 1928, na revista Carapinhada, escrita por Feliciano Santos, Silva Tavares, Xavier de Magalhães e António Carneiro, com músicas de Alves Coelho, Raul Portela e Vasco de Macedo

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e estreada no Teatro Variedades, tendo Eva Stichini, Carlos Leal e Álvaro Pereira à frente de um grande elenco.

Entre 1928 e 1937, Maria Adelaide desenhou um total de dezanove revistas, género que abandonou, tendo desenhado apenas mais duas, entre 1942 e 1946. Dessas revistas destacamos: Pernas Ao Léu, de Almeida Amaral, Fernando Santos e Mário de Carvalho, estreada em 1933 no Teatro Maria Vitória e Arre Burro, de Alberto Barbosa, José Galhardo, Vasco Santana e Amadeu do Vale, estreada no Teatro Variedades em 1936, onde Maria Adelaide na apoteose das “Praias”, apresenta um fundo, onde está suspenso um chapéu de palha cheio de mulheres.

Maria Adelaide desenvolveu um estilo cosmopolita, colorido e sempre elegante. As mulheres desenhadas por si eram muito esguias e elegantes, sugerindo movimento. Fez grandes temporadas em Paris, onde o seu estilo sofreu larga influência. As suas principais clientes foram Hortense Luz e Eva Stichini.

CUNHA, Alfredo da

Poeta e jornalista, Alfredo Carneiro da Cunha, nasceu no Fundão a 21 de Dezembro de 1863 e faleceu em Lisboa no ano de 1942.

Concluído o curso de Direito na Universidade de Coimbra em 1885, foi para Lisboa exercer a advocacia, vindo pouco depois a desempenhar cargos importantes junto da Administração Geral da antiga Companhia dos Tabacos, designadamente o de auditor jurídico, desde Maio de 1889 até 1934.

No início da sua vida em Lisboa começou também a colaborar na imprensa, dirigindo, com Trindade Coelho, a Revista Nova. Mais tarde, já com nome feito no jornalismo, passou para o Diário de Notícias, sucedendo a seu sogro, o jornalista Eduardo Coelho, na função de director, sendo depois o principal co-proprietário. O seu esforço e competência muito contrubuiram para elevar o velho órgão de Eduardo Coelho ao apogeu. Neste jornal manteve-se até 30-06-1919, data em que o Diário de Notícias passou para a tutela de outra empresa.

Como poeta publicou, Endeixas e Madrigais, editada em Lisboa em 1892, que se supõe ter sido a sua primeira obra poética. Depois, entre outros trabalhos, publicou: O Naufrágio do Poveiro, 1892;O Imposto do Bem, versos, 1893; Elogio Histórico do Imperador D. Pedro II, lido em sessão solene da Associação dos Arqueólogos Portugueses, 1893; Madalena de Vilhena, poemeto, 1896 (2ª ed. 1899); Campo de Flores - Exame da chamada edição autêntica e definitiva (de col. Com Trindade Coelho, pai), 1894; O Livro de Mesmer, diálogo em verso, que Virgínia e Ferreira da Silva interpretaram em 1897, na inauguração do Teatro Dona

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Amélia (depois Luísa Todi) de Setúbal; Representação contra a Proposta de Lei sobre liberdade de imprensa, 1898; João de Deus, versos, 1898; Coimbrães, versos de aula, 1906; Sousa Viterbo, elogio lido em sessão solene da Associação dos Arqueólogos Portugueses, 1911; José Germano da Cunha, homenagem, 1913; Versos para Gente Moça. Poesias de José Germano da Cunha, Alfredo da Cunha e José Coelho da Cunha, 1913; O Portuense Sousa Viterbo, elogio lido em sessão solene do Ateneu Comercial do Porto, 1913; A influência da mulher na poesia e nos poetas, conferência em verso, 1915; Ditames e Ditérios, glosas em verso a ditados ou dizeres comuns, 3 vol., 1929, 1930, 1931.

Além de conferências e elogios que correram impressos, escreveu também: Da Formação da Nacionalidade Portuguesa e do Estabelecimento da Forma Monárquica em Portugal, obra editada em Coimbra em 1881; Discursos em honra de Luís de Camões, também editada no ano de 1881.

Consagrando atenção à personalidade de Eduardo Coelho, escreveu a Sua Vida e a Sua Obra, 1891, completada em 1914 com o volume O Diário de Notícias – a sua fundação e os seus fundadores – alguns factos para a sua história do jornalismo português. É também de sua autoria: Göethe haveria lido Gil Vicente?, 1932; Gil Vicente na Lisboa Antiga e a Antiga Lisboa nas Obras de Gil Vicente, 1937; Academia Nacional de Belas Artes, 1938; Elementos para a História da Imprensa Periódica Portuguesa (1641-1821), 1941; Relances sobre os três séculos do jornalismo português, conferência realizada na Câmara Municipal de Lisboa em 1941, além de muitos outros trabalhos de elogio e conferências, que seria fastidioso enumerar todos.

No teatro é de salientar ainda o auto intitulado Juramento de Amor, escrito em verso e representado no Teatro Nacional D. Maria II no ano de 1934, na festa da actriz Palmira Bastos e com interpretação de João Villaret, Palmira Bastos, Amélia Rey Colaço, Maria Lalande e Álvaro Benamor.

Alfredo Cunha foi Presidente da Associação dos Jornalistas de Lisboa, pertenceu à Academia das Ciências de Lisboa, a partir de 1908; foi sócio do Instituto de Coimbra e da Associação dos Arqueólogos Portugueses, da Academia das Ciências de Lisboa, da Ordem dos Advogados e honorário do Ateneu Comercial do Porto. Foi também Director do Banco Lisboa & Açores; Presidente do Conselho Director dos Amigos do Museu de Arte Antiga; Director da Sociedade de Geografia de Lisboa e do Jardim Zoológico; Presidente das Direcções das Associações dos Jornalistas de Lisboa, do Albergue das Crianças Abandonadas, da Sociedade Propaganda de Portugal.

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Era Comendador de Ordem de Santiago (1903) e Oficial da Legião de Honra (1905) e possuía da Cruz Vermelha as Medalhas de 1ª classe (1915), Placa de Honra (1919) e Dedicação (1920).

CUNHA, Alves da

José Maria Alves da Cunha nasceu em Lisboa no dia 19 de Agosto de 1889, onde faleceu a 24 de Setembro de 1956.

Estreou-se no Teatro do Ginásio, em 11 de Outubro de 1912, na peça A Volta, da autoria de Nobre Martins.

Teve criações magistrais em várias peças, Frei Luís de Sousa, Otelo, O Avarento, O Alcaide de Zalamea, Henrique IV e A Ascensão de Joaninha, entre muitas outras, sendo considerado uma das principais figuras da cena portuguesa do seu tempo. Aliás, a fracção mais entendida em crítica teatral, considerava que se Alves da Cunha tivesse nascido além fronteiras, pertenceria à categoria dos actores de renome internacional.

Casado com a actriz Berta de Bívar, formou com esta uma companhia teatral que teve grande impacto. Como empresário, encenador e director de companhia, fez várias digressões artísticas por todo o país, por África e pelo Brasil, onde obteve assinaláveis êxitos.

Foi também professor de Arte Dramática no Conservatório Nacional de Lisboa.

No campo cinematográfico participou nos filmes: Maria do Mar, de Leitão de Barros, 1930; Feitiço do Império, de António Lopes Ribeiro, 1940; A Garça e a Serpente, de Artur Duarte, 1952 e Rosa de Alfama, de Henrique de Campos, realizado em 1953.

Alves da Cunha era o actor de “peças fortes”. Era um intérprete que vivia a prestigiar a arte de representar; que sentia as personagens, que as exteriorizava com tanta verdade que arrastava, deslumbrava e subjugava os espectadores. Dessas registamos a personagem de médico, na peça Um Inimigo do Povo, com que Ibsen se assinalou no teatro, ao lado dos triunfos da Casa da Boneca e do Pato Bravo, em que Alves da Cunha fez uma encarnação magnífica. Foi também o genial intérprete de peças de autores consagrados, como Balzac, Vítor Hugo, Zola, e de outras, como na Garra, de Benestein; nas Duas Causas, de Mário Duarte e Alberto Morais; no Papá Lebonard, peça de exame que só ele e o actor Joaquim de Almeida, foram capazes de “sentir” em Portugal.

Além dos padrões celebrizados do grande teatro, como Otelo, Kean e Hamlet, encontram-se para as experiências dos actores de fôlego, personagens como as de Copeau, que devem fazer pensar muito quem decidir exteriorizá-las. Alves da Cunha não hesitou e venceu. Venceu, igualmente, com peças como o Saltimbanco, de António Enes; em A Morte Civil, de Leonormand; Um Homem, peça em 5 actos de Miguel de

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Unamuno, traduzida por dias Costa e representada no Teatro Nacional por Alves da Cunha, Berta Bívar, secundados por Carlos de Oliveira, Elvira Velez, Maria Isabel, Luís de Pinto, Alves Costa, Calazans e Julieta Silva e Alma Forte, que Nicodemi escreveu e fez elevar à categoria das grandes criações.

Alves da Cunha foi também o intérprete magnífico das nossas figuras históricas, incarnando os mais diversos papéis. Na companhia de Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro participou em várias peças, levadas à cena no Teatro Nacional de Almeida Garrett e Teatro do Ginásio, nos anos de 1933, 1934 e 1943, designadamente em: Aquela Noite!, original de Lajos Zilaehy e Denys Amiel, traduzida por Virgínia Vitorino; Os Gladiadores, de Alfredo Cortez; O Mata Moiros, de Muñoz Seca, traduzida por Feliciano Santos e Mário Barros; A Serpente, de Armando Moock, traduzida por Dinis de Melo; Oiro de Lei, dos Irmãos Quintero, com tradução de Virgínia Vitorino e Israel, peça de Henry Bernstein, traduzida por Norberto Lopes, com a interpretação de Palmira Bastos, Alves da Cunha, Luís Filipe e Samuel Dinis.

CUNHA, Augusto

Augusto Henrique Roberto da Cunha nasceu em Lisboa em 1894, onde faleceu no ano de 1947.

É autor de uma farsa num acto que foi um dos grandes êxitos de Vasco Santana, o Exame do Meu Menino, escrita em 1930 e de três comédias, também num acto: A Traição, 1913; Sempre Noivos, 1931 e O Processo de Mário Dâmaso, levado à cena no Teatro da Trindade em 1932.

CUNHAL, Avelino

Avelino Cunhal nasceu em Seia, em 20 de Outubro de 1887 e faleceu em Lisboa a 20 de Fevereiro de 1966.

Advogado, pintor e contista, escreveu na década de 40 uma série de peças de intervenção social, num acto, que provocariam a sistemática hostilidade da censura e de que algumas permanecem inéditas.

Com o pseudónimo de Pedro Serôdio, publicou em 1947 as peças Naquele Banco e Ajuste de Contas. A peça, Dois Compartimentos, foi representada pela primeira vez em 1950 no Teatro do Clube Estefânia, sob a direcção de António Vitorino. As suas duas últimas peças foram reunidas

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em volume juntamente com Tudo Noite, em 1966, com prefácio de Luíz Francisco Rebello.

CURTO, Ramada

Amílcar Ramada Curto nasceu em Lisboa em 6 de Abril de 1886, onde faleceu a 18 de Outubro de 1961.

Escritor e dramaturgo, Ramada Curt, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra e dedicou-se à advocacia, sendo no seu tempo um dos responsáveis pelos mais importantes e notáveis processos que passaram pelos tribunais, principalmente em causas-crime.

Militante republicano desde estudante, contribuiu para a preparação do movimento revolucionário de 5 de Outubro de 1910, tendo fundado a Escola 31 de Janeiro e a Liga da Academia Republicana. Foi deputado em 1911 e, em 1919, filiou-se no Partido Socialista Português.

Jornalista muito activo iniciou a sua colaboração em 1902 nos diários A Liberdade e A Marselhesa e 5 anos depois ainda tinha a seu cargo uma crónica semanal no Jornal de Notícias, do Porto. Dirigiu também os jornais A Pátria, A Revolta e O Povo.

Publicou trabalhos jurídicos, obras de ficção, crónicas e, sobretudo, peças de teatro. Escreveu mais de 30 peças de realismo naturalista. Esta actividade dramatúrgica exerceu-a regularmente durante meio século, culminando nas décadas de 20 e 30. A primeira que escreveu, O Estigma, em 3 actos, foi encenada por Araújo Pereira em 1905, no espectáculo inaugural do Teatro Moderno. Seguiram-se: Segundas Núpcias, 1913; A Sombra, 1914; Os Redentores da Ilíria, 1916 e Os Tenórios, 1922, todas elas representadas no teatro Nacional D. Maria II; A Fera, estreada no Teatro Politeama em 1923; O Caso do Dia, levada à cena no Teatro do Ginásio em 1928; O Homem que se Arranjou, representada pela primeira vez no dia 25 de Julho de 1928 no Teatro Politeama, com a interpretação de Pinto Grijó, Raul de Carvalho, Gil Ferreira, António Palma, António sacramento, José Balsemão, Joaquim Miranda, Carlos Santos, Mendonça de Carvalho, Aura Abranches, Maria Matos, Maria Helena, Adelina Abranches, Miquelina Rodrigues e Idalina Lopes; Demónio, no Teatro da Trindade, em 1928; O Sapo e Doninha, Teatro do Ginásio, 1929; A Boneca e os Fantoches, Teatro Nacional, 1930; Sua Alteza, Teatro da Trindade, 1930; O Diabo em Casa, Teatro Nacional, 1931; A Cadeira da Verdade, estreada no Teatro da Trindade em 18 de Fevereiro de 1932, com a interpretação de Lucília Simões, Maria Sampaio, Brunilde Júdice, Adelina Campos, Maria Matos, Maria de Oliveira, Samuel Dinis, Erico Braga, Joaquim Almada, Nascimento Fernandes, José Gambôa e Raul Sargedas; Mascarada, Teatro S. Carlos, 1933; Sol Poente, 1934; O Perfume do

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Pecado, 1935; Recompensa, 1938, estas três últimas levadas à cena no Teatro Nacional D. Maria II; Duas Mães, Teatro da Trindade, 1939; Consciência, 1939; Colombina e o Telefone, 1940; O Tio Rico e O Gonzaga, 1941, estas quatro últimas representadas no Teatro Avenida; Madame Solange, Vidente, Teatro da Trindade, 1943; As Meninas da Fonte da Bica, Teatro Nacional D. Maria II, 1948; Multa Provável, Teatro do Ginásio, 1951; A Voz da Cidade, Teatro Nacional D. Maria II, 1952 e Fogo de Vistas, no Teatro da Trindade em 1956.

Escreveu também as duas comédias num acto, Três Gerações, 1931 e o Salão Cor-de-Rosa, em parceria com Luís de Oliveira Guimarães e, outra, em 3 actos, escrita em colaboração com Mário Marques, O Amigo Pimenta. Foi também o responsável pelas traduções de Pegnol (Topaze), Boudet (O Sexo Fraco) e de Óscar Wilde (Um Marido Ideal). Colaborou com Luís de Oliveira Guimarães, Amadeu do Vale e Lourenço Rodrigues na revista O Jogo do Diabo, levada à cena no Teatro Avenida em 1944, com música de Raul Ferrão, Frederico Valério de Jaime Mendes.

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DAMASCENO, Rosa

A actriz Rosa Damasceno nasceu em S. Pedro da Cova, Porto, em 23 de Fevereiro de 1849 e faleceu no Gradil, Mafra a 5 de Outubro de 1904.

Era filha de um militar que a deixou órfã em tenra idade. Ainda em criança é levada pela mãe para o Alentejo, onde foi actriz numa companhia de teatro de amadores. Aos 18 anos é vista pelo actor profissional, Marcolino que a convida a ir para Lisboa e a apresenta no Teatro Nacional D. Maria II, onde faz um pequeníssimo papel. Essa actuação causou entusiasmo no meio teatral e Francisco Palha contrata-a para o Teatro da Trindade, que ia inaugurar a 30 de Setembro de 1867. É aqui que é considerada a estreia definitiva desta actriz, uma das maiores da segunda metade do século XIX, com o drama Mãe dos Pobres, de Ernesto Biester e na comédia O Xerez da Viscondessa, peça traduzida por Francisco Palha.

Duas gerações se apaixonaram por esta artista. E também o Rei D. Luís, que traduziu peças para ela representar e lhe comprou casa na Avenida da Liberdade e que, até morrer, lhe mandou entregar trezentas libras por mês. Dizia-se na época que foi esta ligação que influiu no concurso do D. Maria II, quando em 1878 a Companhia Biester, Brasão & Cª ganhou a José Carlos dos Santos, por a ter no seu elenco.

Em 1880 esta empresa passou a Rosas & Brasão e Rosa Damasceno ficará ligada a ela durante o resto da sua actividade. Em 1891 casa com Eduardo Brasão, com quem vai três anos depois a Santarém para uma récita de angariação de fundos para a construção de um teatro que acabará por ficar com o seu nome.

A companhia mudou-se depois para o Teatro Dona Amélia, onde Rosa Damasceno continuou a exibir o seu génio teatral cuja memória ficou gravada numa lápide colocada no foyer, junto das mais célebres actrizes estrangeiras.

A última peça em que participou foi Adversário. Um ataque cardíaco vitimou-a às três da madrugada do dia 5 de Outubro de 1904.

As principais peças em que participara haviam sido, para além das já citadas: Família Benoiton, de Sardou; Conspiração na Aldeia, de Sardou; Pupilas do Senhor Reitor, de Ernesto Biester, extraída do romance de Júlio Dinis, 1868; Procópio Baeta, opereta traduzida por Paulo Midosi, 1868; Amazonas do Tormes, zarzuela traduzida por Passos Valente, 1872 e O Avarento, de Molière, 1873. No Teatro Nacional D. Maria II, interpretou em: O Amigo Fritz, de Erckmann-Chatrian, 1878; A Sociedade onde a gente se aborrece, de Pailleron, 1881; Fédora, de Sardou, 1883; Marquês de Villemer, de George Sand, 1885; Arlesiana, de Alphonse Daudet, 1886; Hamlet, de William Shakespeare, 1887; D. Afonso VI, de D. João da Câmara, 1890; A Madrugada, de F. Caldeira, 1892; Os Velhos, de D. João

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da Câmara, 1893; A Fera Amansada, de W. Shakespeare, 1896; a Triste Viuvinha, de D. João da Câmara, 1897. No Teatro D. Amélia entrou em: Ditoso Fado, de Manuel Roussado, 1898; O que morreu de amor, peça de estreia de Júlio Dantas em 1899; Meia Noite, de D. João da Câmara, 1990 e Ressurreição, de Tolstoi.

Fez duas digressões ao Brasil, tendo sido entusiasticamente ovacionada, tanto no Rio de Janeiro, como em São Paulo. Foi a maior criadora de ingénuas que jamais pisou os palcos em Portugal.

DANIEL, Carlos

Carlos Daniel nasceu em Lisboa em 11 de Maio de 1952, onde faleceu a 9 de Abril de 1996.

Tirou o curso da Escola de Teatro da Conservatório Nacional de Lisboa.

Ainda estudante estreia-se no Teatro Popular de Lisboa, numa companhia dirigida por Augusto Figueiredo na Estufa Fria do Parque Eduardo VII, na Antígona, de Sófocles. Ao mesmo tempo entra na Castro, apresentada pela RTP. Passa depois para a companhia Metrul, onde entra no elenco da Mantilha de Beatriz, de Pinheiro Chagas, adaptada ao teatro por Carlos Wallenstein.

Após o término do curso no Conservatório, Carlos Daniel, aceita o convite de Carlos Avilez para ingressar no Teatro Experimental de Cascais, onde se estreia no espectáculo de Fuentovejuna, de Lope de Vega, acompanhando o grupo ao Festival de Teatro de Vitória, em Espanha e a África, numa tournée.

A seguir ao 25 de Abril de 1974 funda com outros colegas, o Teatro Animação de Setúbal, onde permanece até 1978. Neste ano, após a reabertura do Teatro Nacional D. Maria II, catorze anos depois do incêndio que o destruíra quase por completo, entra para o corpo de actores deste e nele representou grandes autores e grandes textos.

É neste teatro que representa D. Juan, de Molière, dirigido pelo francês Jean-Marie Villegier, espectáculo que se desloca a Paris ao Thêatre l’Europe. Dois anos depois, este encenador convida-o para representar em francês, na Comédie de Caen, o que lhe abre as portas a uma carreira internacional, que se prolongaria na televisão, ao ir para o Brasil participar na telenovela co-produzida pela RTP e Globo, Pedra Sobre Pedra.

O seu percurso artístico é vasto. Referimos, aqui, algumas das principais obras em que participou: A Maratona, de Claude Confortes e Medida por Medida, de William Shakespeare, ambas estreadas pelo Teatro Animação de Setúbal. No Teatro Nacional: Alfageme de Santarém, de Almeida Garrett, 1878; Felizmente há Luar, de Luís de Stau Monteiro,

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1978; As Alegres Comadres de Windsor, de W. Shakespeare, 1978; Os Filhos do Sol, de Máximo Gorki, 1979; As Três Irmãs, de Anton Tchekov, 1980; A Tragédia da Rua das Flores, de Eça de Queirós; Longa Viagem para a Noite, de Eugene O’Neil, 1983; Fígados de Tigre, de Gomes de Amorim, 1984; D. João, de Molière, 1986; Mãe Coragem e os Seus Filhos, de Bertolt Brecht, 1986; O Leque de Lady Windermere, de Óscar Wilde, 1993 e Ricardo II, de W. Shakespeare, 1995. No ACARTE, participou no Hamlet, de W. Shakespeare, 1987.

Em televisão entrou em O Caso Rosenberg e Fantasmas, de Eduardo de Filipo, nas telenovelas, Chuva na Areia, Desencontros e Pedra Sobre Pedra, rodada no Brasil. No cinema, O Processo do Rei, 1988 e O Fim do Mundo, 1993, ambos realizados por João Mário Grilo.

DANTAS, Júlio

Dramaturgo, poeta, jornalista, médico, diplomata e académico, nasceu em Lagos em 19 de Maio de 1876 e faleceu na cidade de Lisboa a 25 de Maio de 1962.

Formou-se em Medicina em 1900, com a tese Poetas e pintores de Rilhafoles, sendo nomeado médico do Exército em 1902. Foi parlamentar em várias legislaturas a partir de 1905, Ministro da Instrução Pública, por duas vezes (1902) e dos Negócios Estrangeiros (1921 e 1923), membro da Academia das Ciências de Lisboa em 1908 e Presidente várias vezes reeleito, da mesma instituição, a partir de 1922.

Foi também comissário do Governo junto do Teatro Nacional D. Maria II; professor e director da secção de Arte Dramática do Conservatório Nacional de Lisboa, inspector superior das Bibliotecas e Arquivos e inspector do Conservatório Nacional.

Júlio Dantas foi uma figura multifacetada e das mais controversas da cultura portuguesa. Aclamado por uns e alvo da crítica mordaz por outros, de que é exemplo o ataque movido por Almada Negreiros no célebre Manifesto Anti-Dantas, datado de 1916. A sua obra literária abrange os mais diversos géneros: romance, teatro, poesia, conto, crónica e ensaio. No campo jornalístico, colaborou em quase todos os jornais portugueses e ainda no Correio da Manhã do Brasil e em La Nación da Argentina.

A sua estreia nas Letras fez-se em 1896 com o livro de versos Nada, prefaciado por Henrique Lopes de Mendonça. Em 1916, vinte anos depois voltou a este género literário com Sonetos. Ficcionista, deu a lume Outros Tempos, 1909; O Síndroma Glosso-Labiado do Rei D. José, 1914; Figuras de ontem e de hoje, 1914; Pátria Portuguesa, 1914; O Amor em Portugal no Século XVIII, 1915; Ao Ouvido de Madame X, 1915; Mulheres, 1916; Novas Bibliotecas – Novos Arquivos, 1917; Eles e Elas, 1918; Espadas e Rosas, 1919; Abelhas Doiradas, 1920; Os Gatos de Apolo, 1921; A Arte de

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Amar, 1922; O Heroísmo, a Elegância, o Amor, 1923, baseado nas conferências realizadas no Teatro Lírico do Rio de Janeiro; Eva, 1925; Cartas de Londres, 1927; Diálogos, 1928; O Eterno Feminino, 1929; Contos, 1930; Alta Rosa, 1932;Viagens em Espanha, 1936 e Marcha Triunfal, 1954.

Em colaboração com Manuel Penteado publicou Outros Tempos, 1909, inquéritos médicos às genealogias reais portuguesas e estudos sobre o século XVIII em Portugal; Estática e Dinâmica da Fisionomia, tese de concurso, 1900; Elogio de Raimundo A. de Bulhão Pato, 1913.

Para teatro escreveu peças de ambiente histórico, romântico e de tema contemporâneo, as primeiras caracterizam-se pela reconstrução dos exteriores da época em que a acção decorre; as segundas exprimem o seu melhor teatro, de cariz naturalista. Neste género destacado o mais da sua actividade literária, escreveu: O que Morreu de Amor, drama em 4 actos, representado pela primeira vez no Teatro D. Amélia a 5 de Janeiro de 1899, com Eduardo Brasão, João Rosa, Augusto Rosa, Augusto Antunes, Rosa Damasceno e Maria Falcão; Viriato Trágico, comédia heróica em 5 actos, representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia em 1900, com a participação de Eduardo Brasão, João e Augusto Rosa, Augusto Antunes, Pinheiro, Luís Pinto, Henrique Alves, João Gil, Rosa Damasceno, Ana Pereira, Carolina Falcão e Maria Falcão; A Severa, peça em 4 actos, representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia em 25 de Janeiro de 1901, com a interpretação de Ângela Pinto, Maria Falcão, Elvira Santos, Augusto Rosa, Henrique Alves, João Rosa, João Gil, Seta da Silva, António Pinheiro, Lagos, Quaresma e Massas; A Ceia dos Cardeais, peça em 1 acto representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia em 24 de Março de 1902 e interpretada por João Rosa, Eduardo Brasão e Augusto Rosa; D. Beltrão de Figueirôa, comédia ingénua em 1 acto, representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia em 31 de Maio de 1902 pelos artistas Cristiano de Sousa, Chaby Pinheiro, Henrique Alves, Lucília Simões e Lucinda Simões; Crucificados, peça em 4 actos, representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia em Janeiro de 1902, com a interpretação de Luís Pinto, João Rosa, Pinheiro, Augusto Antunes, João Gil, Ângela Pinto, Delfina Cruz, Maria Pia, Carolina Falco, Elvira Costa, Isaura Ferreira e Elvira Santos; O Paço de Veiros, peça em 3 actos, representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia a 28 de Fevereiro de 1903, com Eduardo Brasão, João e Augusto Rosa, Carlos Oliveira, Rosa Damasceno e Amélia O’Sullivan; Um Serão nas Laranjeiras, peça em 3 actos, representada pela primeira vez no Teatro Nacional D. Maria II a 24 de Dezembro de 1903, com a interpretação de Ferreira da Silva, F. Maia, Joaquim Costa, Carlos Santos, Pinto Campos, Augusto Melo, Luís Pinto, T. Santos, Cardoso Galvão, Sampaio, Beatriz Rente, Ângela Pinto, Cecília Machado, Augusta Cordeiro, Alda Aguiar, Amélia Viana e Luz Veloso;

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Rosas de Todo o Ano, comédia num acto estreada no Teatro D. Amélia em 1907; Mater Dolorosa, peça em um acto, representada pela primeira vez no Teatro do Príncipe Real, na noite de 29 de Janeiro de 1908, com a participação de João Gil, Carlos Leal, Eduardo Vieira, Luz Veloso, Georgina Vieira e Carlos; Santa Inquisição, peça em 4 actos e 1 quadro, levada à cena no Teatro D. Amélia em Março de 1910, com a interpretação de Augusto Pina, Joaquim Viegas, Chaby Pinheiro, Ângela Pinto, Augusto Rosa, Carlos Oliveira, João Silva, Lopo Pimentel, Henrique Alves e Luz Veloso; O Primeiro Beijo, peça em 1 acto, representada pela primeira vez no Teatro S. Geraldo em Braga a 13 de Abril de 1909 e, pela segunda vez, no Teatro S. Carlos em Lisboa, a 10 de Abril de 1911; D. Ramón de Capichuela, sainete em verso sobre um motivo castelhano, representado pela primeira vez no Teatro do Pará, a 7 de Julho de 1911; O Reposteiro Verde, peça em 4 actos, representada pela primeira vez no Teatro Nacional Almeida Garrett, a 5 de Dezembro de 1912, com Inácio, Carlos Santos, J. Costa, Augusto Melo, Luís Pinto, Pinheiro, Augusta Cordeiro, Maria Pia e Lucinda do Carmo; 1023, episódio em verso em 1 acto, representado pela primeira vez no Teatro República em Março de 1914, por Chaby Pinheiro, Pinto Costa, Manuel Pina e Ana Espinoza; Sóror Mariana, representada em 1915, pela Maria Matos, Luísa Lopes, Celeste Leitão, Berta de Albuquerque, Hermínia Silva, Francisco Mendonça de Carvalho e Mário Duarte; Carlota Joaquina, peça em 1 acto em prosa, representada pela primeira vez no Palace-Teatro, do Rio de Janeiro em 1919, num elenco constituído por Mendonça de Carvalho, Henrique Alves, João Lopes, Silvestre Alegrim, Joaquim Almada, Gil Ferreira, Joaquim Prata, António Palma, Joaquim Silva, Henrique Pereira, Maria Matos, Hortense Luz, António de Sousa, Tina Coelho, Lucinda Lopes, Alice Ribeiro, Benvinda de Abreu, Pepita de Abreu, Maria Prata e Virgínia Farrusca; Frei António das Chagas, 1947 e Outono em Flor, 1949. É autor de uma sátira em verso, Auto da Rainha Cláudia, escrita em 1897 e que mais tarde excluiu das suas obras completas; e do libreto para uma ópera de Óscar da Silva, Dona Mécia, 1901 de uma peça em 4 actos. De várias das suas obras foram extraídas óperas, operetas e uma zarzuela.

É também autor das traduções das peças: Cyrano de Bergerec, de Rostand; O Caminheiro, de Richepin e O Leque de Lady Windermere, de Wilde.

Possuía, entre outras decorações, a Cruz da Ordem de Santiago e a de Grande Oficial da Legião de Honra da França.

DAVID, José

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O actor José David nasceu em Lisboa, no dia 10 de Junho de 1893 e faleceu no ano de 1942.

Estreou-se em Agosto de 1911 em Beja, na revista em 2 actos e 8 quadros de autoria de Vitorino Brito, É Melhor Isso!

Dos inúmeros espectáculos teatrais em que entrou, salientamos os seguintes: O Caixeiro, Hora Fatal, Cavaquinho, Homem das Mangas, As Pupilas do Sr. Reitor, Rosas de Nossa Senhora, A Severa, Mouraria, Bairro Alto, Maria Rapaz, Estrele de Alva, Conde de Luxemburgo, Solar dos Barrigas, Trapos e Trapaços, 20 Mil Dólares, Princesa Magalôna, Bichinha Gata, Jigajoga, Piparote, Trolaró, Céu Aberto, Caldo Verde, Mola Real, Tiroliro, As Onze Mil Virgens, Manjerico, O Beijo, Céu Azul, O Dinheiro, Fruta do Tempo, O Velho Mundo, A Nova Avenida, Os Dragões de Chaves, Avante Franceses, Fungágá, Bombo de Festa, A Júlia dos Terramotos, Arca de Noé, As 2 Garotas de Paris, Posto na Rua, O João Ninguém e Tudo na Lua.

DEL NEGRO, Tomaz

Joaquim Tomaz Del Negro nasceu em Lisboa em 5 de Junho de 1850, onde faleceu a 12 de Fevereiro de 1933.

Em 1867, um ano antes de terminar o curso da Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, ingressou como primeiro trompa na orquestra do Teatro de S. Carlos. Exerceu uma notável actividade como empresário do Teatro D. Afonso, do Porto e director de companhia de teatro musicado do Teatro da Trindade, entre 1895 e 1898.

Foi professor do Conservatório de Lisboa. Foi compositor de uma grande quantidade de operetas e revistas, entre as quais Os Filhos do Capitão-Mor, ópera cómica de Eduardo Schwalbach, estreada no Teatro da Trindade, em 1896; O Reino da Bolha e Formigas e Formigueiros, estreadas no Teatro da Rua dos Condes em 1897 e 1898; Arte Nova, revista de Acácio de Paiva, estreada no Teatro da Trindade em 1902; A.B.C. e Sol e Dó, revistas de Ernesto Rodrigues e Acácio de Paiva, levadas à cena no Teatro Avenida, respectivamente, em 1908 e 1909; Arlequim, opereta de D. João de Castro, em 1909; O Rei Chegou, opereta de Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa, estreada no Teatro Apolo em 1911; Castelos no Ar, revista de Eduardo Schwalbach e Acácio de Paiva, no Teatro República em 1915; O Diabo a 4, revista representada no Éden Teatro em 1915; Armas em Coimbra, opereta, estreada no Teatro Apolo em 1916; Com 600 Diabos, revista de P. Coutinho, levada à cena no Teatro da Trindade em 1916; Ao Deus Dará, revista de Eduardo Schwalbach, 1918; A Menina de Chocolate, opereta de André Brun, segundo a comédia de P. Gavault, representada no Teatro Avenida em 1924 e Os Varinos, opereta de Rafael Ferreira.

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DELGADO, Humberto

O militar e político Humberto Delgado nasceu em Brogueira, Torres Novas, em 15 de Maio de 1906 e faleceu em Villanueva del Fresno, Badajoz a 13 de Fevereiro de 1965.

Concluiu o curso de Artilharia em 1928 e o de Piloto e Observador em 1936. Aos 46 anos foi promovido a Brigadeiro e, aos 47, a General. Entre 1941 a 1943 foi o representante português para os acordos secretos a estabelecer com o governo inglês, referentes à concessão de bases nos Açores. Durante cinco anos chefiou a missão militar portuguesa em Washington.

Em 1958, então General de aeronáutica, candidatou-se pela oposição à presidência da República, tendo contestado os resultados das eleições, por suspeitar de fraude eleitoral. Demitido das Forças Armadas, pediu asilo político na embaixada do Brasil, onde vai encabeçar um movimento de oposição ao governo português, numa ampla congregação dos exilados políticos. Em 1961 orientou e concebeu o assalto ao paquete Santa Maria. Morreu assassinado pela PIDE.

Foi um homem ligado ao teatro. Escreveu a peça em 3 actos Asas, levada à cena em 1942 pela companhia do actor Alves da Cunha, no Teatro da Trindade. Escreveu também três peças radiofónicas: 28 de Maio, 1939; A Marcha para as Índias e Soror Mariana Alcoforado, 1940.

DEMOEL, Lina

Carolina Adelaide Rodrigues, nome artístico Lina Demoel, nasceu em 1897 e faleceu em Cascais no ano de 1982.

Iniciou a vida teatral em 1919 na revista Paz Armada, de autoria de António Torres e Fernando Pereira, com música de Luís Filgueiras e Alves Coelho, com a interpretação de Teresa Taveira, Inácio Peixoto, Justino de Magalhães, António Pinheiro, Martins Santos e Lina Demoel, apresentada no Teatro da Trindade pelo empresário António Macedo. A partir desta revista o êxito foi-lhe assegurado. A actriz contracenou depois com outros grandes nomes do nosso teatro, nomeadamente, com Palmira Bastos, Samuel Dinis, Ester Leão, Elvira Velez e Rafael Marques. De 1919 a 1938, em mais de três dezenas de revistas, foi sempre a vedeta.

Foi ao Barsil com António de Macedo, em 1924, na tournée em que foi promovida a corista Beatriz Costa.

Interpretou as peças: A Dama das Camélias, Fedra, A Morgadinha de Vale Flor, entre outras. Ao lado do actor Chaby Pinheiro desempenhou, no Teatro Avenida, um dos papéis da peça A Pequena do Marquês.

Muitos foram os sucessos que esta artista obteve no teatro de revista, destacando-se: Foot-Ball, escrita por Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes,

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João Bastos, Alberto Barbosa, Xavier de Magalhães e Luís Galhardo, com música de Raul Portela, com Lina Denoal, Hortense Luz, Carlos Leal, Alberto Ghira, Luísa Durão, Carminda Pereira, Alfredo Ruas, Manuel Santos Carvalho e Elisa de Guisette, levada à cena no Teatro Maria Vitória em 1925, revista que se manteve em cena mais de um ano; Cabaz dos Morangos, de Lino Ferreira, Silva Tavares, Luna de Oliveira e Acúrcio Pereira, com música de Venceslau Pinto, Alves Coelho, Raul Portela, com a interpretação de Deolinda de Macedo, Lina Demoel, Elisa Carreira, António Gomes, Ema de Oliveira, Jorge Roldão, Rosalina Sayal e Francis, estreada no Éden-Teatro em 1926. Nesta altura, Lisboa inteira cantava com ela «Maria! São teus olhos azeitonas/Cachopa! São teus lábios quais cerejas…», grande êxito daquela revista, tal como muitas canções que Lina Demoel levou às plateias do nosso teatro, «Sou Saloia de Alcanena», por exemplo, cantiga que originou uma célebre marcha de Benfica.

Em 1928, Lina Demoel teve a sua própria companhia a trabalhar no Éden, com Manjerico. No entanto, a má administração levou-a a vender algumas jóias e quintas.

A revista Bailarico Saloio, levada à cena no Teatro Maria Vitória em 1938 é a sua despedida dos palcos, depois da qualidade dos espectáculos em que aparece ter começado a baixar consideravelmente. Embarca então para Luanda, onde trabalha em alta-costura. No ano de 1954, de passagem por Lisboa, sofre um desastre de automóvel.

Seguem-se muitos anos de silêncio. Em 1972, é descoberta, quase inválida, vivendo na pobreza num quarto alugado. Lina Demoel surgiu depois no programa de televisão E O Resto São Cantigas, saindo do anonimato de 24 anos vividos em quartos alugados, confrontando-se com a doença e solidão e uma magra pensão de invalidez. Só depois de Raul Solnado a ter “descoberto” para esse programa é que a popular actriz teve melhor sorte, indo viver no Lar da Terceira Idade da Cruz Vermelha, em Alcoitão, por iniciativa da Dra. Manuela Eanes.

A última vez que apareceu em palco foi no dia de São Martinho de 1981, por ocasião da festa de homenagem que o actor Fábio Berger lhe preparou na Estalagem de Nossa Senhora da Esperança, em Cascais, e a que assistiram, entre outras figuras do espectáculo, Eunice Muñoz e Florbela Queirós.

DESFORGES, Ernesto

Ernesto Desforges nasceu em Lisboa em 16 de Agosto de 1849, onde faleceu a 7 de Março de 1912.

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Foi empresário do Teatro da Rua dos Condes, em sociedade com o cunhado José Torres e do Teatro do Ginásio onde, em 1877, apresentou a primeira companhia italiana de opereta, que veio a Lisboa, encabeçada por Achille Lupi e Maria Frigerio e também do Circo Price.

Foi um dos fundadores e primeiro empresário do Teatro Avenida, em 1888. Escreveu e fez representar várias peças, nomeadamente O Barba-Roxa, O Cego da Guitarra, A Família do Bailarino, Ali-Bábá, Dueto de Harpa e Rabeca, Variações de Flauta, todas representadas no Teatro da Rua dos Condes; Otelo em Calças Pardas, Casamento e Mortalha, O Favorito da Favorita, estreadas no Teatro do Ginásio; Quadros Vivos, levada à cena no Teatro Recreios; A Volta de Lisboa em 365 dias, estreada no Teatro do Rato e Lisboa em Camisa, em colaboração com o jornalista Cruz Moreira, representada no Teatro Avenida. Foi também empresário do Coliseu dos Recreios de Lisboa.

Nos últimos anos de vida, dedicou-se à organização de espectáculos de variedades, cortejos carnavalescos, batalhas de flores, bailes de máscaras e festas sevilhanas, que tinham lugar em jardins públicos e, por vezes, em salas de teatros, como o Teatro Nacional e o Coliseu dos Recreios de Lisboa.

DIAS, Carlos Malheiros

O jornalista, cronista, dramaturgo e romancista, Carlos Malheiros Dias, nasceu no Porto em 13 de Agosto de 1875 e faleceu na cidade de Lisboa a 19 de Outubro de 1941.

Passou a sua adolescência no Rio de Janeiro. Formou-se em 1890 na Faculdade de Direito de Coimbra, entregando-se logo à política como deputado do Parrido Regenerador. Foi viver para o Brasil em 1893, dedicando-se lá ao jornalismo. A publicação de A Mulata, 1895, obrigou-o a voltar para Portugal.

Foi director da Ilustração Portuguesa. A sua colaboração jornalística, reunida na obra Cartas de Lisboa (3 volumes – 1904-05-06), é de grande interesse para o conhecimento da conturbada vida nacional daquela época. Mais ou menos por esta ocasião foi vogal do Conselho de Arte Dramática do Conservatório Nacional de Lisboa.

Monárquico militante, a implantação do Regime Republicano levou-o, em 1913, a um exílio voluntário no Brasil, que duraria 25 anos. Ali fundou a revista O Cruzeiro e lançou a História da Colonização Portuguesa, 1921-1924, em três volumes.

A sua estreia como escritor data de 1895, com o volume Cenários, impresso no Rio de Janeiro, mas o seu grande êxito foi o romance O Filho das Ervas, publicado em 1900. Depois, vieram as obras, A Fábrica, e Os

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Teles de Albergaria; A Paixão de Maria do Céu, 1902; O Grande Cagliostro, 1905, novela romântica de tema sensacional, de que depois se extraiu uma comédia, Amor de Mulher, em 1907; A Vencida, contos, 1907. De teatro escreveu: Coração de Todos, 1895; Inimigos, 1913. Publicou ainda: Em Redor de Um Grande Drama, subsídios para uma história da sociedade portuguesa – 1908-1911; Do Desafio à Debutada (3 volumes); Zona de Tufões, 1912; O Estado Actual da Causa Monárquica, 1913; Entre Precipícios, 1916; A Verdade Nua, Prosadores Brasileiros; O Piedoso e o Desejado, 1925 e Exortação à Mocidade, também no mesmo ano.

Malheiro Dias fez parte, a partir de 1908, da Academia das Ciências de Lisboa e foi membro fundador da Academia Portuguesa de História, bem como um dos 10 membros correspondentes portugueses da Academia Brasileira de Letras. Já no fim da vida, em 1915, foi Embaixador em Madrid mas não chegou a tomar posse, devido ao precário estado de saúde.

DINIS, Baptista

Autor, actor, ensaiador e empresário, Eduardo Baptista Dinis, nasceu em Lisboa em 19 de Novembro de 1859, onde faleceu no ano de 1913. A maioria das peças deste autor fez carreira nos teatros populares das feiras de Belém, Alcântara e Campo Grande; nos Teatros do Rato, Rua dos Condes e Príncipe Real. O estilo em que obteve maior êxito foi o da revista, como: De Portas a Dentro, revista em 3 actos, estreada a 6 de Fevereiro de 1903 no Teatro da Rua dos Condes, com a participação, entre outros de: Marcelino Franco, Júlio Guimarães, Isabel Costa, Júlia Castilho, Júlia Moniz, Cláudia Martins, Júlia Sá, Ofélia Godinho, Rita Machado, Rebocho, César Máximo, Augusto Martins, António Salvador, José Moreira, P. Brandão; De Pernas Para o Ar, revista levada à cena no Teatro Chalet (feira de Belém), em 1904; O Livro Proibido; O Pêssego, revista estreada no Teatro do Rato em 1895; A Paródia, revista com música de Rio de Carvalho Júnior, estreada no Teatro do Príncipe Real em 1899; Da Parreirinha ao Limoeiro, representada no Teatro do Príncipe Real; O Ano em Hora e Meia, com música de Esteves Graça e levada à cena no Teatro Chalet (feira de Belém), em 1904; Zás Trás, estreada no Teatro da Rua dos Condes; Século XIX, levada à cena no Teatro do Rato; À Procura do Badalo, revista com música de Miguel Ferreira, estreada em 1902, no Teatro do Príncipe Real; Paródia ao Homem das Mangas; Mercúrio; Paródia à Vénus, levada à cena no Teatro D. Amélia, entre outras. Escreveu também, dramas de cariz popular, entre eles: Um Erro Como Leonardo o Pescador; Um Erro Judiciário; e O Veterano da Liberdade. Escreveu também peças com vincado espírito anticlerical, como: A Inquisição e Os Crimes dos Jesuítas e as comédias: Um Servo Perigoso,

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em 2 actos; O Comendador Ventoinha, peça de costumes populares em 3 actos, representada em 1896; O Comboio do Amor, 1898; Caetano, Gregório & Cª, revista representada no Teatro Chalet (feira de Belém e Condes; O Livro Proibido, com música de L. Filgueiras e Joaquim Alagarim, estreada no Teatro do Rato em 1904; Não É Santo António, música de Esteves Graça, estreada em 1906; Sorte de Gaiola, revista levada à cena no Teatro Chalet (feira de Belém), em 1907; A Batota, revista com música de Chiquinha Gonzaga, levada à cena no Teatro da Trindade em 1908; O Leão da Estrela, revista estreada no Casino Étoile, em 1908; O Sol dos Navegantes, revista com música de Luz Júnior, representada no Teatro Condes em 1909; O Homem das Meias e Os Mártires do Matrimónio, 1903 e os entre-actos dramáticos: Heróis do Mar; A Fome do Operário e O Povo e a República.

Foi um autor que usou e abusou do elemento pornográfico. Explorou o Teatro da Rua dos condes, juntamente com Castelo Branco.

DINIS, Samuel

O actor Rodrigo Samuel Dinis nasceu em Lisboa, em 17 de Julho de 1888, onde faleceu a 28 de Julho de 1978.

Findo o curso geral dos liceus, empregou-se nos caminhos-de-ferro. A sua estreia no teatro deu-se como autor, ao escrever, em 1916, um

peça num acto, denominada de Conflitos de Alma, posta em cena pela companhia de Adelina e Aura Abranches, no Teatro Avenida. A actividade como actor, já com 30 anos, deu-se a 23 de Abril de 1918, no Teatro do Ginásio, na peça Sopa de Mel, de P. Gavault, com a companhia de Maria Matos, no Teatro do Ginásio, de onde passou para o Teatro S. Luís. A verdadeira peça em que este actor se distinguiu verdadeiramente foi em Ninho de Águias, de Carlos Selvagem, representada no ano de 1920.

Em 1922 foi nomeado societário do Teatro Nacional D. Maria II, onde se conservou apenas alguns meses. No ano seguinte teve impacto no Teatro Avenida, com Palmira Bastos na peça Dama de Camélias, de Alexandre Dumas Filho e vai pela primeira vez ao Brasil. Ao voltar deste país, foi para o Teatro Nacional em 1924, onde representou em A Severa e no Amor de Perdição. Neste Teatro, em 1931 viveu um dos maiores momentos da sua vida de actor quando, na presença do próprio autor, Pirandelo, intervém na estreia mundial de Um Sonho, mas talvez não.

Em 1937, também no elenco do Teatro Nacional, participa na Loucura de Amor, de Tamayo y Baús, seguindo-se a interpretação de uma rica galeria de personagens, como Romeiro, em Frei Luís de Sousa, em 1943; o João da Ega, em Os Maias, 1945 e o Harpagão, do Avarento, em 1949.

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Após deixar o Teatro Nacional D. Maria II, em 1955-1956, fez parte do Teatro d’Arte de Lisboa, que actuou no Teatro da Trindade sob a direcção de Orlando Vitorino e Azinhal Abelho.

Quando em 1936 é criado o Sindicato dos Artistas Teatrais, Samuel Dinis é nomeado Presidente da Direcção, cargo que ocupa até 1970.

Era casado com a actriz Adelina Campos. Foi professor e director da Secção de Teatro do Conservatório Nacional, entre 1942 e 1958. Tinha o grau de Cavaleiro da Ordem de Santiago.

Para além das peças citadas, participou também em: A Emboscada, de Kiestemaeckers e Egas Moniz, de Jaime Cortesão, 1919; A Cadeira nº 13, peça policial de Veiller; O Libertino, de Piñero, ao lado de Lucinda Simões; A Labareda, de Kistemaeckers, representada no Teatro Politeama em 1920, ao lado de Alves da Cunha; A Chama, de C. Méré; Mamã Colibri, de Bataille. Entre 1921 e 1923, acompanhando Palmira Bastos interpretou em Dama das Camélias, no Teatro Avenida; A Chama, de C. Méré; Mamã Colibri, de Bataille e O Homem que Assassinou, de Pierre Frondaie, no Teatro de S. Carlos em 1923; Amor de Perdição, no Teatro Nacional, 1924. De 1924 a 1932 integrado na companhia de Lucília Simões-Erico Braga, entrou nomeadamente, em A Casa em Ordem, de Pinero; O Príncipe João, de C. Méré, uma das uas mais notáveis composições, 1925; Homens de Hoje, de Flers e Croisset, no Teatro de S. Carlos, 1925; A Exilada, de Kistemaeckers; A Garçonne, de V. Marguerite; A Toga Vermelha, de Brieux, 1926; Perdoai-nos Senhor, de Vasco de Mendonça Alves, estreada no Teatro da Trindade em1927; A Primeira Noite, de C. Méré; O Segredo do Harém, de L. Besnard, estreada no Teatro do Ginásio em 1929; Sua Alteza e A Cadeira da Verdade, de Ramada Curto; O Senhor Prior, de C. Vautel, 1931; A Carta, de Sommerst Maugham, 1932; Loucura de Amor, de Tamayo e Baús, 1937; Uma mulher e o Mesmo Homem, de Tomás Ribeiro Colaço, 1938.

Nas temporadas de 1955 e 1956, dentro do elenco do Teatro d’Arte de Lisboa, que actuou no Teatro da Trindade sob a direcção de Orlando Vitorino e Azinhal Abelho, actuou em várias peças, como A Casa dos Vivos, de Graham Green; As Três Irmãs, de Anton Tchekov; Já Aqui Estive, de Priestley. Em 1959 criou a personagem de o «Director de Cena» das Seis Personagens à Procura de Autor, de Pirandello, estreada no Teatro Avenida.

A sua participação no cinema foi escassa. Participou na versão muda de Amor de Perdição, de Georges Pallu, em 1921 e em A Garça e a Serpente, de Artur Duarte, filme realizado em 1952.

DOMINGOS

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O actor e empresário Domingos nasceu no ano de 1854 e faleceu a 29 de Abril de 1918.

Foi um actor que trabalhou mais na província. Durante 40 anos percorreu Portugal de Norte a Sul, sendo 12 anos empresário de uma companhia com o seu nome, que teve grande destaque no trabalho em feiras. Nos últimos anos de sua vida trabalhou na companhia Constantino de Matos, que também era companhia da província.

Era o pai da actriz Aurora Silva.

DORES, Maria das

A actriz Maria das Dores nasceu em Lisboa no dia 11 de Junho de 1844 e faleceu em Nova Belford, América do Norte, a 27 de Janeiro de 1928.

Filha de uma costureira do Teatro Nacional D. Maria II, estreou-se neste teatro, quando as peças exigiam papéis de criança. Logo que cresceu nele começou a representar pequenos papéis de géneros diversos, sem que o público a notasse. Depois, começou a ter grandes papéis, chegando mesmo a substituir a talentosa actriz Manuela Rey, num dos seus melhores papéis, A Mulher que Deita Cartas. Teve destaque depois em: Pena de Talião, Cisterna de Albi e Berta a Flamenga, entre outras.

Em 1869 foi contratada para o Teatro do Ginásio. Posteriormente afastou-se depois de cena até que, em 1872, voltou para o Ginásio, colocada como primeira ingénua, ao lado de Emília dos Anjos, Margarida Cruz, Maria Adelaide, Pola, João Rosa, Augusto Rosa e Pinto de Campos. Teve, neste teatro, papéis em que foi muito feliz, entre eles: Avó, Filha Única, Órfã de Aldoar, Como se Enganam Mulheres, Família Mongrol e Lazaristas, entre outros.

No Teatro do Príncipe Real, em 1884, estreou-se nas Duas Órfãs, substituindo com grande vantagem a actriz Alexandrina. Então passou a dedicar-se aos papéis centrais, nas peças Condessa Sarah, Capitão Pirata, Voluntários de Cuba e A Feiticeira.

Foi 5 vezes ao Brasil, sempre em companhia dos melhores artistas, como Álvaro, Gil, Pola, Amélia Vieira, Margarida Loura e Adelina Abranches.

DOROTEIA

A actriz Doroteia nasceu no dia 22 de Outubro de 1836 e faleceu a 25 de Dezembro de 1910.

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Estreou-se em 1868 no Teatro da Trindade, na peça de Sardou, intitulada Conspiração na Aldeia. No ano seguinte, no Teatro das Variedades, entrou na mágica de Sousa Bastos, O Primo de Satanás. Depois andou por quase todos os teatros de Lisboa e províncias. No Teatro da Rua dos Condes entrou no drama de José Romano, Os Bombeiros.

Foi depois ao Brasil onde esteve bastante tempo. Era mãe da actriz Adelaide Coutinho.

DUARTE, António

O actor António de Jesus Duarte nasceu em Lisboa no dia 18 de Julho de 1886 e faleceu a 19 de Janeiro de 1932.

Estreou-se a 18 de Junho de 1918 no Teatro da Trindade de Lisboa, na peça O Morgado de Fafe em Lisboa. Seguiu-se depois uma longa carreira de interpretações, nomeadamente nas peças: O Mercador de Veneza, Boneca de Trapos, Paz Labareda, Agulha Oca, Mineiros, Fogueiras de S. João em Lisboa, O Homem que Assassinou, Pinto Calçudo, Marido à Força, Homem Duplo, Conde Barão, Entre Giestas, Marianela, Jerusalém, Madrinha de Charley, Paz Armada e Bomba Real.

DUARTE, Artur

Artur de Jesus Pinto Pacheco Duarte nasceu em Lisboa em 17 de Outubro de 1895, onde faleceu a 22 de Agosto de 1982.

Foi o mais internacional dos actores portugueses – só na Alemanha participou em 57 filmes, como actor. Fez também filmes em Paris, em Hollywood, em Viena, na África do Sul, em Madrid e Portugal.

Tinha o curso do Conservatório Nacional, tirado no ano de 1918. Depois, entrou para a companhia Rosas & Brasão, estreando-se como actor na peça A Conspiradora, de Vasco de Mendonça Alves, no Teatro República. Trabalhou também no Teatro de São Carlos, no Teatro da Trindade, e no Teatro Nacional D. Maria II.

No cinema português entrou como actor, pela primeira vez, no filme A Morgadinha de Vale Flor, de Ernesto de Albuquerque, em 1921. Segue-se Primo Basílio, de George Pallu, 1922; As Pupilas do Sr. Reitor, de Maurice Mariaud, 1922; Olhos da Alma, em 1923; Gado Bravo, de Max Nosseck, em 1934 e O Pai Tirano, de António Lopes Ribeiro, 1941.

Como assistente de realização participa em Bocage, de Leitão de Barros, 1936 e, no ano seguinte, é director de produção de A Rosa do Adro, de Chianca de Garcia e de A Varanda dos Rouxinóis, de Leitão de Barros em 1940; é assistente de realização de António Lopes Ribeiro em Feitiço

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do Império, 1940 e director de cena em Alta Riba, de Leitão de Barros, em 1942.

Na função de realizador em longas-metragens, foi o responsável por: Os Fidalgas da Casa Mourisca, 1938; O Costa do Castelo, 1943; A Menina da Rádio, 1944; É Perigoso Debruçar-se (co-produção Portugal-Espanha), 1946; O Hóspede do Quarto 13 (co-produção Portugal-Espanha), 1947; O Leão da Estrela, 1947; Fogo (co-produção Portugal-Espanha), 1949; O Grande Elias, 1950; A Garça e a Serpente, 1952; Parabéns, Senhor Vicente (co-produção Portugal-Espanha), 1954 e O Noivo das Caldas, 1956; Dois Dias no Paraíso, 1957; Encontro com a Vida, 1960; Encontro com a Morte (co-produção Portugal-Espanha-Brasil, 1965 e Recompensa, 1979.

DUARTE, Carlos

O actor Carlos Duarte nasceu no dia 31 de Janeiro de 1927 e faleceu em 29 de Junho de 2000.

Ainda aluno do Conservatório Nacional de Lisboa, estreou-se em 1944, no Teatro Nacional D. Maria II na peça Dulcineia ou a Última Aventura de D. Quixote. Neste mesmo ano transitou para o Teatro da Trindade para integrar a companhia dos Comediantes de Lisboa, dirigida por Francisco Ribeiro. Mais tarde, e paralelamente à actividade profissional, participou em vários espectáculos no Teatro Estúdio do Salitre, primeiro teatro experimental dirigido por Gino Saviotti. Representou aqui Uma Distinta Senhora, de Rodrigo de Melo e Curva do Céu, de Branquinho da Fonseca.

Regressa de novo ao Teatro Nacional onde colabora em diversas peças da companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, destacando-se na peça Um Marido Ideal, de Óscar Wilde.

Integrou também diversas companhias de teatro, nomeadamente no Teatro Apolo, os Comediantes de Lisboa, onde colabora na Dama das Camélias, de Alexandre Dumas e na Comédia Alegre, que teve como primeira figura a actriz Laura Alves; no Teatro Monumental, onde faz parte do elenco da inauguração, com a opereta Três Valsas, de Marchand e Willemetz, com música de Strauss; Teatro do Povo (itinerante); no Teatro Avenida, em 1948 onde se encontrava os Comediantes de Lisboa, interpreta O Morgado de Fafe em Lisboa, de Camilo Castelo Branco. Entra no Teatro do Salitre, em 1950, actuando novamente ao lado de Laura Alves; no Coliseu dos Recreios, faz toda a temporada de 1951 com a revista Lisboa é Coisa Boa; Teatro Variedades, Teatro Estúdio de Lisboa (dirigido por Luzia Maria Martins) e, no final dos anos 60, está no Teatro Popular de Lisboa (da Câmara Municipal de Lisboa, na Estufa Fria, com

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direcção de Augusto Figueiredo). Trabalhou na Rádio Televisão Portuguesa, no período em que esta se fazia em directo.

Em 1978 integrou o elenco residente do Teatro Nacional D. Maria II, onde participou, entre outras, nas seguintes peças: As Alegres Comadres de Windsor, O Príncipe Disfarçado, Rómulo o Grande, O Anúncio Feito a Maria, O Avejão, A Paixão do Mestre Afonso Domingues, Mãe Coragem e os Seus Filhos, Romance de Lobos e O Fidalgo Aprendiz.

O seu amplo e conceituado percurso artístico é ainda composto, entre outras, pelas seguintes produções teatrais: Noite de Reis, de William Shakespeare, para a RTP; A Idiota de Marcel, de Achard; Joana de Lorena, de Maxwel Anderson; Pomar das Cerejeiras, de Tchekov; Ceia dos Cardiais, de Júlio Dantas; D. Gil Vestido de Verde, de Tirso de Molina, para a RTP; O Arneiro, de F. de Barros, para a RTP; El-Rei Seleuco, de Gil Vicente, para a RTP; Um Dia de Vida, de Costa Ferreira; Ninho de Águias, de Carlos Selvagem; Nem Amantes nem Amigos, de Orlando Vitorino; Jacob e o Anjo, de José Régio; O Leão da Estrela; Barrabás, de Cherderode, para a RTP; O Inseparável, de Agustina Bessa Luiz; O Lugre, de Bernardo Santareno; O Carrasco, o enforcado e a forca, de Jack Richardson; A Curva, de Tankred Dorst; Querida Irmã, de André Roussin; O Avarento, de Molière, para a RTP; Os Porquinhos da Índia, de Yves Jamiaque; Pedra no Sapato, de Feydeau; Homem, escravo ou animal, de Vercors; Dentadinhas na Maçã (revista), de Eduardo Damas e Vilhena; Fan-Shen, de David Hare; O Escritório, de Vaclav Havel; O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós; Os Maias, de Eça de Queirós; O Anúncio Feitoa Maria, de Paul Claudel; Rei Lear, de W. Shakespeare; É Proibido Suicidar-se na Primavera, de Casona e Felizmente Há Luar, de Luís Sttau Monteiro.

DUARTE, Filipe

O compositor e chefe de orquestra Filipe Duarte nasceu em Lisboa em 1 de Julho de 1885, onde faleceu a 8 de Julho de 1928.

Concluiu o Curso de Violino no Conservatório Nacional de Lisboa em 1886. Para ganhar a vida ingressou num grupo de ocarinistas que deu concertos em Lisboa e na América do Sul. Após esta digressão dedicou-se à música de Câmara e a dar recitais de violino.

Estreou-se como solista no Teatro de São Carlos em 10 de Novembro de 1882. Foi um dos fundadores da Real Academia de Amadores de Música, onde se manteve durante 50 anos como regente de orquestra.

Compôs música ligeira, religiosa, operetas, mágicas e revistas, ultrapassando a centena de composições teatrais, das mais apreciadas no seu tempo. Das suas obras, algumas alcançaram grande popularidade, como

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A Severa, as Pupilas do Senhor Reitor, O Chico das Pegas, O Fado, A Leiteira de Entre-Arroios, Mouraria, História da Carochinha, O Senhor Dourado e Agulha em Palheiro.

DUARTE, Mário

Mário Duarte nasceu em Lisboa em 1890, onde faleceu no ano de 1934.

Após uma breve carreira de actor, iniciada em 1912, como amador no Clube D. Estefânia, como protagonista da peça Amizade, de Mário de Sá-Carneiro e Tomaz Cabreira Júnior, desenvolveu depois uma intensa actividade de divulgação teatral, escrevendo e traduzindo peças, nomeadamente do repertório italiano.

Fundou a revista De Teatro, que dirigiu nos seis anos (1922-1928) em que se publicou, e a Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses (hoje Sociedade Portuguesa de Autores) em 1925.

A sua produção original compreende os dramas O Passado, escrito em colaboração com Ponce de Leão em 1916-1917; Renascer, estreado no Teatro Apolo em 1913 e Fortúnio, estreado em Madrid em 1926 e em Lisboa, no Teatro Nacional D. Maria II, ambos em colaboração com Valério de Rajanto. Escreveu ainda as comédias César e João Fernandes, levadas à cena no Teatro Politeama em 1925 e Velha, estreada no Teatro Apolo em 1933, de que foram colaboradores, respectivamente, Alberto de Morais e Silva Tavares.

DUARTE, Reginaldo

O actor Reginaldo Duarte nasceu em Lisboa no dia 13 de Outubro de 1899 e faleceu no ano de 1957.

Estreou-se em 24 de Novembro de 1909 em Lisboa na peça infantil Festança na Aldeia, de autoria de António Tavares. Trabalhou no Teatro da Trindade, na companhia de opereta do empresário José Loureiro; no Teatro Avenida, companhia Satanela-Amarante; no Teatro Apolo, companhia Ruas; no Palácio Foz, companhia Otelo de Carvalho; no Teatro Maria Vitória, companhia António de Macedo; no Teatro Variedades, companhia Eva Stichini; no Teatro da Trindade, companhia Hortense Luz e no Éden-Teatro, companhia Otelo de Carvalho. Trabalhou também em teatros do Brasil, África, Espanha e ainda nos Teatro Sá da Bandeira, Teatro São João e Águia de Ouro, do Porto.

Os principais espectáculos teatrais onde entrou foram: Sonho de Valsa, Moleiro de Alcalá, Capital Federal, Maria Rapaz, Estrela de Alva, Capote

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e Lenço, Vinho Novo, Sopa de Massas, Rambóia, Chá de Parreira, Meia Noite, Jigajoga, Bichinha Gata, Vida Airada, Fruto Proibido, O Pobre Valbuena, O Solar dos Picoas, O Chico das Pegas, Nobre Povo, A Menina Amélia, O Serra da Estrela, Peixe Espada, Sardinha Assada, O João Ninguém, Adeus Artur, A Senhora da Atalaia, O Cartaz de Lisboa, Praça da Alegria, Coração de Alfama, Ribatejo e Olaré Quem Brinca.

DUARTE, Zita

A actriz Zita Glória Duarte nasceu em Cascais no dia 17 de Fevereiro de 1944 e faleceu a 14 de Janeiro de 2000.

Quando fez o curso liceal ingressou no Conservatório Nacional, que concluiu em 1964. Estreou-se como amadora na Casa da Comédia, na peça Deseja-se Mulher, de Almada Negreiros. Findo o Conservatório passou seis meses em Paris.

Em 1965 faz parte do grupo que fundou o Teatro Experimental de Cascais, onde permaneceu até 1975. Entrou ali nas mais diversas peças, nomeadamente Esopaida, de António José da Silva, em 1965 e em 1966: A Casa de Bernarda Alba, de Garcia Lorca; O Mar, de Miguel Torga; Auto de Mofina Mendes, de Gil Vicente; A Maluquinha de Arroios, de André Brun. No ano seguinte, D. Quixote, de Yves Jamiaque; Fedra, de Racine; O Comissário de Polícia, de Gervásio Lobato; Bodas de Sangue, de Garcia Lorca. Em 1969, Maria Stuart, de Schiller; A Maçã, de Jack Gelber. No ano de 1970: Antepassados, Vendem-se, de Joaquim Paço d’Arcos; Um Chapéu de Palha de Itália, de Labiche; Auto da Índia, Auto da Barca do Inferno e Breve Sumário da História de Deus, de Gil Vicente. Em 1971: Ivone, Princesa de Borgonha, de W. Gombrowcz; Sinfonia dos Salmos, de Igor Stravinsky; Acto sem Palavras, de Samuel Beckett. No ano seguinte: Auto de El-Rei Seleuco e Anfitriões, de Luís de Camões. Em 1973, Fuenteovejuna, de Lope de Vega e em 1975 integrou o elenco de Cerimónia para Um Combate, de autoria de Claude Prin. Quase todas as peças em que entrou foram encenadas por Carlos Avilez.

Em 1975 fez uma breve incursão no teatro de revista, entrando em Força Força Camarada Zé, de autoria de Aníbal Nazaré, Eugénio Salvador e Henrique Santana, estreada no Teatro Maria Vitória e participa em Equus, de Peter Shaffer, estreada no Teatro Capitólio.

No ano seguinte entrou para o Teatro da Cornucópia, onde participa em: Tambores na Noite, de Brecht; Casimira e Carolina, de Odon von Horváth, 1976. Em 1977 faz uma ruptura com os canônes do teatro: com Ana Zanatti, numa pequena sala de cinema (o Quarteto), à meia noite, leva à cena A Verdadeira História de Jack, o Estripador, de Elisabeth Huppert, encenada com a colaboração de Carlos Avilez. Em 1979, a solo, encena e

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interpreta (no auditório da Sociedade Portuguesa de Autores) À Procura de Alberto, de Gilbert Leautier.

Neste ano protagoniza uma série de doze programas de TV com Ana Zanatti: mímica, canto, texto, dança, fazem o corpo dessa série. Seguidamente passa dois anos na República Federal da Alemanha, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Em Munique é assistente de Hans Peter Cloos na Companhia Rota Ruber que se dedica a teatro musicado; em Berlim estagia na Schaubuhne, como assistente de Peter Stein na encenação de Oresteia.

Após o seu regresso a Portugal, participa em Meu Nome É Som e Fumo, em 1982, um espectáculo de cabaret alemão no Bar Roller; Dança de Roda, de Arthur Schnitzler, encenado por António Solmer, em 1983; Maria Stuart, em 1984, encenada pela própria no Teatro da Trindade; Mulheres de Calças, em 1987, espectáculo de canções de revista, organizado por Vítor Pavão dos Santos, na Drogaria Ideal. O Balcão, de Jean Genet, 1987, marca o seu regresso ao Teatro Experimental de Cascais. Depois, entrou ainda em: Opereta, de Witold Gombrowcz e D. João no Jardim das Delícias, de Norberto Ávila, em 1988. E também nos Erros Meus Má Fortuna Amor Ardente, de Natália Correia, representada no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, com encenação de Carlos Avilez.

Zita Duarte fez também teatro radiofónico e televisivo, bem como uma notável carreira no campo cinematográfico. Neste último estreou-se em 1965, num pequeno papel em Domingo à Tarde, filme realizado por António Macedo, seguindo-se: Uma Abelha na Chuva, de Fernando Ávila, em 1968-1971; O Cerco, de António da Cunha Telles, 1969; O Mal Amado, de Fernando Matos Silva, 1972; Os Demónios de Alcácer Quibir, de José Fonseca e Costa, 1975; Reina a Tranquilidade no País, de Peter Lilienthal, 1975; O Rei das Berlengas, de Artur Semedo, 1975-1977; Nós Por Cá Todos Bem, de Fernando Lopes, 1976-1977; A Ilha dos Amores, de Paulo Rocha, 1977-1980; Conversa Acabada, de João Botelho, 1980-1981; Crónica dos Bons Malandros, de Fernando Lopes, 1981-1982; Jogo de Mão, de Monique Rutler, 1982; Ninguém Duas Vezes, de Jorge Silva Melo, 1983 e O Barão, de Artur Semedo, realizado em 1985.

DUBINI, Aurora

A actriz Aurora Capote de Campos Dubini nasceu em Vilar de Maçada, Vila Real, no dia 13 de Maio de 1897 e faleceu no ano de 1962.

Era filha de Alfredo Campos, actor bem conhecido e da actriz Maria Campos, notável pelas suas características. Desde muito nova começou a fazer vários papéis em peças de repertório da companhia do pai. Em 1915

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casou com o ponto Carlos Dubini, tendo trabalhado muitos anos com este em teatros do Porto, Lisboa e províncias. Também com Carlos Dubini formou o duo Dubini que percorreu as províncias com um enorme êxito.

Querendo educar a voz, foi discípula de Montelli e do barítono António Garcia.

Estreou-se a 20 de Janeiro de 1910 no Teatro Águia de Ouro, na peça Casa de Orates. Ao longo da sua carreira entrou, entre outras, nas seguintes peças: Flores de Inverno, O Dinheiro, Se Dormes Cais, Doutora Bolas, Nova Avenida, Dragões de Chaves, Chi Coração, De Barba, Terra e Mar, Fruta do Tempo, Chá e Torradas, O Fado, Gato Maltês, A Procura do Badalo, Porto, Tantos de Tal, Garota, Tratado Secreto, Naufrágio da Lagosta, Roubo do Diamante Negro, Féria do Diabo, O Novo Mundo, O Aldrabão, O Chico das Pêgas, Venha a Nós, Poema de Amor, O João Ninguém, A Catraia do Bolhão, Perdi a Minha Mulher, A Rosa de Alfama, Morgadinha, Paz Armada, Vida de Um Rapaz, Santo António, A Milionária e Maria Madalena.

Era irmã da actriz Maria Salomé e cunhado dos actores Jorge Grave e José Dubini.

DUBINI, Carlos

O actor, ponto e ensaiador Carlos Dubini nasceu no Porto no dia 29 de Maio de 1890 e faleceu a 16 de Junho de 1964.

Estreou-se em 1907 no Teatro Luís de Camões. As principais peças que desempenhou, foram as seguintes: Chá e Torradas, No País do Tirismo, Carnaval Alegre, O País do Vinho, De Borla, Terra e Mar, Diabo Atrás da Porta, Se Dormes Cais, O Dinheiro, Fruta do Tempo, O Velho Mundo, A Nova Avenida, Ora Bolas e Flor de Inverno.

DUBINI, José

O actor e director de companhia, José Carlos Dubini, nasceu no Porto no dia 29 de Maio de 1889 e faleceu no ano de 1964.

Estreou-se a 8 de Maio de 1906 no Teatro Salão de Vila Real de Trás-os-Montes, com a peça Moleiro de Alcalá. Depois desta estreia foi contratado como barítono, para a companhia teatral de Abílio Amaral, para ir para África. Seguiu-se um contrato para o Teatro da Trindade, pela empresa Taveira. Mais tarde, passou pelo Éden-Teatro, Teatro Avenida e Teatro Apolo.

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Com a companhia do Apolo foi ao Brasil. De regresso, foi convidado para ensaiar a Companhia Infantil Maria Laura. Depois, dedicou-se a organizar companhias para tournées à província, sendo a última que levou às Ilhas composta por 26 pessoas.

As principais produções teatrais onde entrou foram as seguintes: Conde de Monte Cristo, Dois Garotos, Duas Causas, Rainha Santa Isabel, Santo António, Raminho de Ouro, Má Sina, Severa, Mouraria, Burro em Pé, Dia de Juízo, Gato por Lebre, Primerose, Amor de Príncipe, Amores de Pescador, Rosas de Portugal, Romarias e Cerco ao Rei.

DURÃO, Américo de Oliveira

Américo de Oliveira Durão nasceu no Couço, Ribatejo, em 1893 e faleceu em Lisboa no ano de 1969.

Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi funcionário das Câmaras Municipais de Lisboa e de Guimarães e Cônsul em Bilbau e Trieste.

Colaborou em diversos periódicos e revistas: Diário de Lisboa, Notícias Ilustrado, Ilustração, Águia, Atena, Seara Nova, e Revista Ocidente, entre outros.

Poeta pós-simbolista, iniciou-se com obras de cariz tradicional, escrevendo: Penumbras, Vitral da Minha Dor (1917); Poemas de Humildade, Tântalo, 1921; Lâmpada de Argila, 1930; Tômbola, 1942; Ecce Homo, 1953 e Sinal, 1963.

Escreveu algumas peças de recorte naturalista, das quais as três primeiras se representaram no Teatro Nacional D. Maria II: Perdoar, 1919; Maria Isabel, 1920 e A Ave de Rapina, estreada em 22 de Novembro de 1924 neste teatral, com a interpretação de Ilda Stichini, Palmira Torres, Helena de Castro, Elvira Costa, Jesuína Motili, Clemente Pinto, Rafael Marques, José Ricardo, João Calazans e Carlos Sousa; O Centro do Mundo, foi levado à cena no Teatro da Trindade em 1965.

Foi também autor de dois episódios dramáticos publicados em 1929, A Casa e Depois do Baile, de uma comédia dramática, publicada em 1939 e intitulada Já Não Temos Vinte Anos e de um drama inédito A Máscara e o Rosto.

DURÃO, Luísa

A actriz Luísa Durão nasceu em Lisboa em 8 de Agosto de 1900, onde faleceu a 18 de Julho de 1977.

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Iniciou a carreira profissional aos 7 anos numa opereta infantil que se estreou no Casino Étoile, à Calçada da Estrela, em Lisboa. A partir daí não mais deixou de actuar no teatro e também no cinema. Neste último caso entrou nos filmes: A Severa, em 1931, realizado por Leitão de Barros, com a interpretação de Dina Teresa, António Luís Lopes, Maria Sampaio, Ribeiro Lopes, Maria Isabel, Silvestre Alegrim, António Fagim, Luísa Durão, Oliveira Martins e Patrício Álvares; A Rosa do Adro, 1938, realizado por Chianca de Garcia e com interpretação de Maria Lalande, Elsa Rumina, Oliveira Martins, Tomás de Macedo, Manuela Couto Viana, Henrique de Albuquerque, Silvestre Alegrim, Costinha, Regina Montenegro, Vital dos Santos, Luísa Durão e Emília de Oliveira; Um Homem do Ribatejo, realizado por Henrique de Campos, em 1946, com a participação dos artistas Luísa Durão, Julieta Castelo, Barreto Poeira, Linda de Miranda, Eunice Muñoz, Hermínia Silva, Maria Olguim, Regina Montenegro, Fernanda de Sousa, Maria Schultz, Costinha, António Palma, Armando Machado, Jorge Gentil, Manuel Lereno, Augusto Gomes e Alberto Ribeiro; A Morgadinha dos Canaviais, realizado por Caetano Bonnuchi em 1949, com o elenco de Costinha, Luísa Durão, Eunice Muñoz, Maria Matos e Raul de Carvalho; O Costa do Castelo, com realização de João Mendes em 1954 e interpretação de Luísa Durão, Vasco Santana, Laura Alves, Eriço Braga, Teresa Gomes, Aida Baptista, Maria Cristina, Pepita de Abreu, Holbeche Bastos e José Cardoso; O Noivo das Caldas, realizado por Artur Duarte em 1956 e constituído pelo elenco: Ana Paula, Fernando Curado Ribeiro, Josefina Silva, Luísa Durão, Maria Olguim, Manuel Santos Carvalho, Erico Braga, Carmen Mendes, Costinha, Humberto Madeira, António Palma, Maria da Luz, Yola, Raul Solnado e Sales Ribeiro e O Primo Basílio, realizado por António Lopes Ribeiro no ano de 1959, com a participação de Luísa Durão, António Vilar, Cecília Guimarães, João Villaret, Maria Domingas, Ribeirinho, Aura Abranches, Fernando Gusmão, Virgílio Macieira, Santos Carvalho, Costa Ferreira, Manuel Lereno, Luís de Campos, Irene Velez, Maria Olguim, Carmen Mendes e Pisany Burnay.

Entre 1926 e 1929 fez parte da companhia teatral de António Macedo, pisando os palcos dos principais teatros brasileiros do Rio de Janeiro, São Paulo e Santos. Com uma companhia teatral de Vasco Santana percorreu Angola e Moçambique.

Foi casada com Costinha, com quem actuou na Emissora Nacional e na Televisão.

DURÃO, Ricardo

Ricardo Durão faleceu em 1977.

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É autor da comédia em 3 actos A Luva de Ricardina, estreada pela companhia Rey Colaço-Robles Monteiro em 12 de Maio de 1923, no Teatro Politeama, com a interpretação de Amélia Rey Colaço, Ester Leão e Raul de Carvalho. Em 1969 publicou o drama regional num acto, Margarida.

DUVAL, Lina

A actriz bailarina Carolina Rosa da Silva Salvador Marques da Silva, nome artístico Lina Duval, nasceu em Telões, Amarante, em 1910 e faleceu a 2 de Janeiro de 1978.

Nos anos 30 Lina formou parelha com Salvador, actuando nos Complementos Vivos, do Éden-Teatro. Quando mais tarde casou com Eugénio Salvador, Lina abandonou a vida artística para se dedicar apenas ao lar.

Entrou nas produções teatrais: La Verbena de la Paloma; O Dia das Romarias; Arraial; Milho Rei; Anima-te, Zé; À Vara Larga; Feira de Agosto; O Homem da Rádio; Arca de Noé; Hotel da Barafunda; As Lavadeiras; Chuva de Mulheres; e Fanfarra.

DYSON, Flora

A actriz Flora Dyson nasceu no dia 26 de Julho de 1892 e faleceu no ano de 1942.

Estreou-se a 17 de Outubro de 1908 no Teatro Avenida na revista Ó da Guarda!, escrita por Luís Galhardo e Barbosa Júnior, com música de Filipe Duarte e C. Calderón. Actuou também no Teatro da Trindade, Teatro Apolo, Éden-Teatro, Teatro Politeama, Teatro do Ginásio, Teatro Sá da Bandeira, Teatro Águia de Ouro e Olímpia.

Das muitas peças onde entrou, referimos, entre outras, as seguintes: Princesa dos Dólares, Amores de Príncipe, Sonho de Valsa, Bailarinas do Music-hall, Boémia, Mulher Moderna, Suzi, Reino das Mulheres, Família Polaca, Ares de Paris, Casta Susana, Bota do Diabo, País do Vinho, Mascote ABC, Jardim da Europa, A Bota do Diabo, Sol e Dó, Viúva Alegre, Verdades e Mentiras, Ovo de Colombo, Direito Feudal, Brasileiro Pancrácio, 31, País do Sol, Torre de Babel, Ás de Ouros, Novo Mundo, Arco da Velha, Não Desfazendo, Revolta e Mantinha de Renda.

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GLOSSÁRIO1

ACÇÃO – É o elemento dinâmico de toda a efabulação que o teatro veicula.

ACTO – Acto de uma peça que corresponde a um ciclo de acção.ACTOR – Profissional que representa um papel e assim actua

visivelmente numa peça.AMADOR – O actor não profissional que trabalha sem remuneração

por «amor à arte». APARTE – Forma de monólogo teatral em que a personagem exprime

os comentários para o público. BOCA DE CENA – O mesmo que boca de ópera; numa distinção

mais rigorosa, a boca de ópera será a abertura fixa, e construída, na parede do palco de separação da sala.

BURLESCO – Classificação, em sentido genérico sinónima de cómico, que se atribui a uma produção, ou parte dela, cujo objectivo é fazer rir.

CENA – Cena é o palco. Estar em cena é estar a representar ou a ensaiar dentro da área de representação.

1 A maioria destes termos foram elaborados a partir das obras: Pequeno Tratado de Encenação, de António Pedro, Manuel sobre a montagem teatral, de Richard Southern e Dicionário Breve de Termos Literários, de Olegário Paz e António Moniz.

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CENÁRIO – Conjunto de elementos que fecham o espaço cénico e o decoram.

CENÓGRAFO – O autor da maquete do cenário e, sobretudo, o seu executante.

COMÉDIA – Peça teatral em que se põe em acção, de um modo jocoso, os caracteres, costumes ou factos da vida social.

COMPÈRE – Actor que, no espectáculo de revista, liga os quadros e entretém o público durante as mutações, intervindo também na sua acção.

CONFLITO – è o elemento essencial da acção, narrativa ou dramática.

DIRECTOR – Planifica e assegura a organização, coordenação e administração dos méis materiais e humanos intervenientes numa produção.

DIRECTOR TÉCNICO – O responsável, perante o Director e Encenador, do actor de pôr em cena tudo quanto é necessário a um espectáculo.

DRAMA – Peça teatral de assunto sério em que apresenta uma narrativa viva e animada de acontecimentos em que há agitação ou tumulto.

ELENCO – Diz-se duma companhia ou duma peça. Os actores contratados pela empresa ou que fazem parte da distribuição duma peça.

EMPRESÁRIO – Aquele que empreende o negócio teatral. ENCENADOR – O que concebe, orienta e dirige toda a encenação. ENSAIADOR – O que dirige os ensaios, seja ou não o encenador da

peça.ENTREMEZ – Peça de teatro medieval, de carácter cómico ou

burlesco, composta por um acto de pequena dimensão.

ESPAÇO CÉNICO – O espaço ocupado pelo cenário, considerado do lado voltado para o espectador.

FARSA – Peça que critica determinados tipos sociais a partir do ridículo e do grotesco.

IMPLANTAÇÃO DE CENA – A planta que desenha o encenador, servindo para erguer o cenário e poder fazer-se a marcação.

MÁGICA – Peça teatral com acção ou argumento fantástico. MÍMICA – Representação por gestos e movimentos fisionómicos. MIMO – Interpreta um papel ou personagem num espectáculo de

pantomima.

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MONÓLOGO – Modo de expressão que exterioriza o mundo interior da personagem, sem a contestação do interlocutor.

MUTAÇÃO – A mudança dum cenário para outro.OPERA – Poema dramático ou lírico, originário da Itália, cantado

com acompanhamento de orquestra. OPERETA – Ópera ligeira de texto simples e feição popular. PANO DE BOCA – Cortina que fecha a cena e a encobre da vista do

público.PANTOMIMA – Representação por meio de gestos sem recorrer à

palavra. PAPEL – O texto da parte que compete dizer a cada actor e por

extensão, a personagem que lhe coube na distribuição.

PARÓDIA – Termo que designa a imitação irónica ou burlesca de personagens, com finalidade cómica.

PONTO – O profissional que sopra as palavras aos actores em cena.QUADRO – Pequeno acto que não é separado, por outros por um

intervalo mas apenas por uma descida da cortina de corte ou da luz, tenha ou não cenário diferente.

RÁBULA – Pequeno papel de composição que, no entanto, constitui a parte fundamental duma cena.

RÉCITA – Representação em teatro lírico ou de declamação. SOCIEDADE ARTÍSTICA – Companhia em que os actores são

simultaneamente empresários e dividem entre si lucros e prejuízos em proporção aos ordenados que deveriam auferir.

TOURNÉE – Digressão duma companhia pela província ou por teatros diferentes do seu próprio teatro.

TRAGÉDIA – Peça teatral, muito usada entre os Gregos, onde geralmente era em verso e com um desfecho funesto.

VEDETA – A primeira figura feminina ou masculina duma companhia, com nome de cartaz.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Teatro Ldª – Editora.Brunilde Júdice

1998 Lisboa: Cinemateca Portuguesa.BRUNO, André

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1969 O Encoberto, Lisboa: Galeria Panorama.CORREIA, Romeu

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Periódicos

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Revistas

Boletim Autores (1959-1999)Cena (A) (1896-1898)De Teatro (1922-1927.Eco Artístico (1911-1920)Gazeta dos Teatros (1923)Ilustração Portuguesa: (1906-1911)Ocidente (O) (1884-1904)Palco (O) (1912)Pontos Nos II (1888)Revista Teatral (1913)Teatro Magazine (1928)

Jornais

Comarca de Arganil (1997-2004)Diário de Lisboa 1978-1989)Diário de Notícias (1915-1990)Diário Popular (1977-1987)Jornal de Sintra (1950-2000)Primeiro de Janeiro (1960-1970)Século (O) (1969-1973)Sete (1976-1979)

Fontes Documentais

Arquivo de Luciano ReisArquivo de Museu Nacional do Teatro, Lisboa.Arquivo da Sociedade Portuguesa de Autores, Lisboa.Arquivo do Teatro Nacional de D. Maria II, Lisboa. Hemeroteca de Lisboa

Créditos das Ilustrações

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Arquivo de Luciano Reis, Museu Nacional do Teatro e obras indicadas na Bibliografia.

AGRADECIMENTOS

Carlos PortoConceição Fernandes Duarte Ivo CruzEscola Superior de Teatro e CinemaFernanda BastosGonçalves PretoGuida BrunoHélder Freire CostaJorge TrigoJosé Afonso Prata José Carlos AlvarezMaria Helena ReisRicardo ReisMário Barradas Museu Nacional do TeatroRicardo ReisSociedade Portuguesa de AutoresTeatro Experimental de Cascais Teatro Nacional D. Maria II

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Vítor Pavão dos Santos

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