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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL LOGÍSTICA DE ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE GRÃOS NA REGIÃO MÉDIO-NORTE DE MATO- GROSSO EDUARDO SLOVINSKI DE OLIVEIRA SINOP MATO GROSSO BRASIL 2016

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Page 1: LOGÍSTICA DE ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE GRÃOS NA … SLOVIN… · transporte durante o ano de 2015.....26 Figura 11 – Custo do frete (em reais t-¹) de grãos em 2014 partindo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

LOGÍSTICA DE ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE

DE GRÃOS NA REGIÃO MÉDIO-NORTE DE MATO-

GROSSO

EDUARDO SLOVINSKI DE OLIVEIRA

SINOP

MATO GROSSO – BRASIL

2016

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EDUARDO SLOVINSKI DE OLIVEIRA

LOGÍSTICA DE ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE

DE GRÃOS NA REGIÃO MÉDIO-NORTE DE MATO-

GROSSO

Orientadora: Profª. Drª. Solenir Ruffato

Trabalho de Curso apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT - Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências para obtenção do Título de Engenheiro Agrícola e Ambiental sob a orientação da Professora Doutora Solenir Ruffato.

SINOP – MT

2016

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Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

O48l OLIVEIRA, Eduardo Slovinski de.

LOGÍSTICA DE ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE GRÃOS NA REGIÃO MÉDIO-NORTE DE MATO- GROSSO / Eduardo Slovinski de OLIVEIRA. -- 2016

42 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: Solenir Ruffato. TCC (graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental) -

Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais, Sinop, 2016.

Inclui bibliografia.

1. Modais de Transporte. 2. Capacidade Estática. 3.

Escoamento de Grãos. I. Título.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

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Aos meus queridos pais

Paulo e Lucinei,

Que não só sempre estiveram comigo,

Como serviram de inspiração

Aos meus irmãos

Ana Paula e Thiago

Que me incentivaram do início ao fim

A todos os professores da graduação,

Os quais adquiriram grande admiração minha

Por todo amor e dedicação ao trabalho

A minha Orientadora Solenir Ruffato

Por toda dedicação e carinho dados aos seus alunos

E, mesmo sem saber, por em alguns momentos de dificuldade

Ter me feito desistir da ideia de não continuar o curso

E, por fim, mas mais importante

A Deus, que me proporcionou chegar a esse momento

E a ter todas essas pessoas maravilhosas em minha trajetória.

DEDICO

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Agradecimentos

Ao parar para pensar um pouco sobre todas as pessoas que fizeram parte de sua

caminhada, claro que algumas mais importantes que outras, mas todas contribuíram de

certa forma à chegada deste momento.

Como se esquecer da ‘Tia Paulina’, a professora que me ensinou a ler na 1ª série?

Ou da professora Teresa Cristina da 5ª série que por sua tremenda dedicação, me fez

perceber o quanto gostava de matemática. Elas, assim como tantas outras pessoas,

estiveram presentes na minha vida e, com gestos simples tornaram-se inesquecíveis.

Na graduação, todos os professores tiveram sua importância, mas alguns se

tornaram mais especiais, como a professora Solenir Ruffato, que desde o primeiro contato

demonstrou um carinho e dedicação aquém do que qualquer um de nós alunos pudéssemos

imaginar e, foi assim durante toda minha estadia na faculdade.

Agradeço, ainda, em especial os professores Fernando M. Botelho, Welington G. do

Vale, Eduardo M. Uliana, Roselene M. Schineider e Handrey B. Araujo que conseguiram

transmitir todos seus conhecimentos com uma grande dedicação ao trabalho e aos alunos,

por isso, admiro-os de uma forma que jamais irei esquecê-los.

Acredito que nenhuma pessoa sobrevive sem amigos, foram tantos durante esta

graduação, que estiveram não só comemorando os momentos felizes como, também,

compartilhando os dias tristes. Destaco meu grande amigo Paulo Henrique, que tem me

ajudado constantemente na graduação.

Por fim, agradeço a Deus, que me deu a família mais perfeita que um homem

poderia ter, que demonstraram paciência e muito amor durante toda minha trajetória.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................ 5

2.1 O agronegócio no Brasil .......................................................................................................... 5

2.2. Logística Comercial de Grãos no Brasil ................................................................................. 6

2.2.1 Armazenamento de Grãos no Estado de Mato Grosso ............................................. 7

2.2.2 Transporte de Grãos no Brasil ................................................................................... 9

2.3 Portos Brasileiros: infraestrutura atual e previsões .............................................................. 13

2.4 Planos de Investimento em Logística (PIL) .......................................................................... 14

3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................................. 16

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................ 19

4.1. Logística de armazenagem de grãos na região Médio-Norte de Mato Grosso ................... 19

4.2. Escoamento de grãos da região Médio-Norte de Mato Grosso (ano de 2015) ................... 21

4.3. Custo de transporte sobre o preço final de grãos ................................................................ 24

4.4 Corredores presentes e previstos de escoamento de grãos com Influência na Região

Médio-Norte Mato-grossense ...................................................................................................... 27

4.4.1 Ferrovia Lucas do Rio Verde - MT – Itaituba - PA (Distrito de Miritituba) ............... 30

4.4.2 Ferrovia Bioceânica ................................................................................................. 30

4.4.3 Pavimentação e Duplicação das BR-163 e BR-230: trecho entre Sinop - MT e

Miritituba - PA .................................................................................................................... 31

4.4.4 Hidrovia Teles Pires/Tapajós ................................................................................... 32

5. CONCLUSÕES ................................................................................................................................ 37

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 38

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Índice de Figuras

Figura 1 – Infográfico do preço no destino final (China) de regiões produtoras de soja no Brasil........11

Figura 2 – Competitividade da soja de Sorriso-Brasil com a de Córdoba-Argentina e Illinois-Estados

Unidos da América................................................................................................................................12

Figura 3 – Variação do preço do transporte da Soja, saindo do município de Lucas do Rio Verde - MT

por diferentes modais e para diferentes portos.....................................................................................13

Figura 4a – Segmentação em macrorregiões do estado de Mato Grosso............................................17

Figura 4b – Municípios que compõem as regiões do estado de Mato Grosso.....................................18

Figura 5 – Capacidade Estática dos municípios da região Médio-Norte Mato-grossense....................21

Figura 6 – Comparação entre capacidade estática e a produção de milho e soja dos munícipios da

região Médio-Norte Mato-grossense.....................................................................................................22

Figura 7 – Comparação entre capacidade estática dos munícipios e a produção total de grãos na

região Médio-Norte Matogrossense, em toneladas...............................................................................23

Figura 8 – Quantidade recebida de soja Mato-grossense por Portos Brasileiros em 2015..................24

Figura 9 – Exportação do milho mato-grossense pelos portos brasileiros em 2015.............................25

Figura 10 – Soja e milho produzidos na região Médio-Norte de Mato grosso destinada aos portos em

transporte durante o ano de 2015.........................................................................................................26

Figura 11 – Custo do frete (em reais t-¹) de grãos em 2014 partindo de Sorriso-MT a alguns destinos

dentro e fora do Estado do Mato Grosso, sem taxa da transportadora e sem ICMS............................27

Figura 12 – Custo do frete de grãos em 2015 partindo de Sorriso-MT a alguns destinos dentro e fora

do Estado do Mato Grosso, sem taxa da transportadora e sem ICMS.................................................27

Figura 13 – Porcentagem do custo frete interno (pelo modal rodoviário) sobre o preço final (média

internacional) do milho e da soja, sem taxa da transportadora e sem ICMS........................................28

Figura 14 – Corredores de escoamento de grãos existentes e previstos.............................................29

Figura 15 – Trajeto da Ferrovia Lucas do Rio Verde/MT – Itaituba/PA.................................................32

Figura 16 – Trajeto da Ferrovia Biocêanica..........................................................................................33

Figura 17 – Trecho de BR-163 que passará por obras, previsão de término em 5 anos......................34

Figura 18 – Fluxograma de rotas existentes para escoamento de grãos da região Médio-Norte de Mato Grosso. Reproduzido pelo autor...................................................................................................36

Figura 19 – Fluxograma de rotas previstas para escoamento de grãos da região Médio-Norte de Mato Grosso. Reproduzido pelo autor.........................................................................................................37

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RESUMO

O Mato Grosso é atualmente o maior produtor de soja e milho do país, porém vêm enfrentando diversos problemas logísticos como a capacidade estática incapaz de armazenar toda a produção; a demasiada distância dos principais portos embarcadores de grãos; a deficiente malha rodoviária existente e a ausência de alternativas nos modais ferroviário e hidroviário. Neste contexto, objetivou-se com este estudo avaliar a questão logística das unidades armazenadoras e do escoamento de grãos na região Médio-norte Mato-grossense, para isso, utilizou-se de uma ampla pesquisa bibliográfica e de dados de órgãos especializados no assunto, onde se realizou um levantamento detalhado dos principais problemas, causas, custos que envolvem todo o processo logístico de grãos da região. Verificou-se que todos os municípios pertencentes a região em estudo, enfrentam problemas para armazenar a produção anual, somado a este fato, a região tem apenas a rodovia BR-163 como rota de saída destes grãos tanto para os portos do sul e sudeste, como para os da região norte. O problema é maior ainda, pois em sentido ao Pará, essa rodovia encontra-se em estado precário, tornando, muitas vezes, essa saída como inviável. Diante disso, o Governo Federal lançou o Programa de Investimento em Logística, que tem projetos que influenciaria de forma positiva o escoamento de grãos desta região, e tornaria os grãos da região mais competitivos no mercado externo, visto que a ideia do governo é escoar estes grãos para a região norte do país. Entretanto, constatou-se por este estudo que algumas dessas obras tem tido dificuldades para sair do papel, e que a atual realidade demonstra que o custo do frete está em 20 e 30% para soja, e de 50 a 60% para milho sobre o custo final do produto.

Palavras-chave: Modais de Transporte; Capacidade Estática; Escoamento de Grãos.

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ABSTRACT

The state of Mato Grosso is currently the largest producer of soybeans and corn in the country, however have faced many logistical problems such as low static capacity, unable to store all production; to too much distance from the main ports of grain shipper; deficient road network and the lack of alternatives for rail and waterway modes. In this context, the aim of this study was to evaluate the logistics issue of storage units and the flow of grain in the Middle northern Mato Grosso, for it was utilized literature and data of specialized agencies on the subject, where it conducted a detailed survey of the main problems, causes, costs involving the entire logistics process of grain in the region. It was found that all municipalities in the region under study, face problems to store the annual production, added to this fact, the region has only BR-163 highway and exit route of these grains for both the southern ports and southeast, as for the northern region. The problem is even greater, because in direction to Pará, this highway is in poor condition, making many times this output as unfeasible. Thus, the Federal Government launched the Investment Program in Logistics, which has projects that influence positively runoff grains in this region and make the grains of the most competitive region in the external market, as the government's idea is that the outflow these grains is to the north of the country. However, it was found in this study that some of these works has struggled to get off the ground, and that the current reality is that the cost of freight is 20 and 30% for soybeans and 50 to 60% for corn over final cost of the product.

Key-words: Modal transport; Static capacity; Runoff of Grain

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1. INTRODUÇÃO

O estado de Mato Grosso tem-se destacado nos últimos anos como maior produtor

de grãos do país, com destaque para as culturas de soja e milho. Segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2015 foram colhidos 27,7 milhões

de toneladas de soja, contabilizando 28,7% da produção nacional. Neste mesmo ano, a

colheita do milho foi equivalente a 21,6 milhões de toneladas, ou seja, 25,6% da produção

do país. Com o aumento na produção de grãos, torna-se imprescindível o investimento e

modernização na área da logística, principalmente, se tratando de armazenamento e

transporte (IBGE, 2015).

A questão do escoamento da safra brasileira é fator fundamental que afeta o

agronegócio em sua base, alterando consideravelmente a comercialização, a formação de

preços, e a própria competitividade do setor. Para atender satisfatoriamente à demanda

interna, a infraestrutura logística deve ter a capacidade de movimentar e armazenar toda a

produção agrícola nacional e, ainda, disponibilizar sistemas para os produtos importados

(OLIVEIRA, 2011).

Segundo Maculan (2014), no ano de 2014 o Mato Grosso teve o maior déficit de

capacidade estática de armazenagem entre os estados brasileiros, cerca de 14,9 milhões de

toneladas de grãos, ou o equivalente a 34% da produção. Essa realidade tem obrigado o

produtor a vender o grão assim que colhido, diminuindo a margem de lucro, pois em época

de colheita a oferta é maior que a demanda, assim os custos com o transporte são

inflacionados.

Uma saída para o produtor seria o investimento em armazenamento dentro da

propriedade rural. Segundo Leite (2013), este investimento incrementaria a produção

agrícola, reduzindo o estrangulamento da comercialização de grãos, ou mesmo evitando-o,

e permitiria a regularização dos fluxos de oferta e demanda, com a manutenção de estoques

e a racionalização do sistema de transportes, evitando-se, assim, os efeitos especulativos.

Entretanto, a realidade no estado mato-grossense é outra, Oliveira (2011) ressalta

que a armazenagem em fazendas traria aos grãos melhores condições de conservação,

comercialização, menores custos, com consequentes reflexos na rentabilidade dos

produtores rurais, o autor observou uma concentração de armazéns fora da propriedade

rural, aumentando o custo de transporte e obrigando o produtor a comercializar a sua safra

logo após a colheita, não podendo maximizar os lucros com a venda nos períodos de

entressafra, onde o preço é mais alto.

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Para o agricultor, a armazenagem da produção na propriedade pode representar

vantagens, como a redução dos custos de transporte ou de frete; a comercialização do

produto em épocas de menor oferta e de maior demanda (entressafra); com melhor

aproveitamento dos recursos disponíveis na propriedade para a secagem; bem como a

disponibilidade de produtos com mais qualidade e mais adaptados às condições de

consumo e/ou comercialização (LEITE, 2013).

Outro aspecto importante na logística de grãos é o transporte, esse que assim como

o armazenamento, também tem influenciado na redução dos lucros dos agricultores, visto

que o modal mais utilizado é o rodoviário, considerado o de maior custo e menos eficiente

quando comparado com os modais hidroviário e ferroviário. Oliveira e Yamakami (2006)

afirmam que um caminhão carrega cerca de 200 vezes menos soja do que uma composição

ferroviária e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaças numa hidrovia

como a do Rio Madeira.

O preço do transporte pelo modal rodoviário vem sendo afetado pelas más condições

das estradas e rodovias, pelo aumento do preço do diesel e pelas longas filas nas unidades

armazenadoras e portos. O alto preço do transporte rodoviário, seguido pelo baixo

investimento do governo nos modais hidroviário e ferroviário demonstra que, para maximizar

os lucros, o investimento em armazenamento é o que deve ser enfatizado.

Em função disso, teve-se como objetivo com este estudo caracterizar a situação da

logística de armazenamento e transporte de grãos da região Médio-norte de Mato Grosso.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O agronegócio no Brasil

Nas últimas duas décadas, a agricultura passou a se destacar ainda mais entre os

setores econômicos estratégicos para a consolidação do programa de estabilização

econômica. Considerando alguns aspectos do agronegócio, como a elevada participação no

Produto Interno Bruto (PIB), a importância na pauta de exportações e na manutenção de um

saldo positivo da balança comercial ao longo de toda a década passada, e a contribuição

para o controle da inflação, evidencia a importância da agricultura brasileira para impulsionar

o desempenho da economia (OLIVEIRA; YAMAKAMI, 2006).

O crescimento do agronegócio brasileiro tem como destaque a região Centro-Oeste,

Paulo (2010) destacou que esta se transformou na principal região produtora de soja do

país. A região Centro-Oeste também se tornou o principal pólo da agroindústria

esmagadora, atraindo a produção e o processamento de carnes. Isto se deu principalmente

pela participação ativa de grandes grupos nacionais que atuam na cadeia de oleaginosas e

de carnes. Também foi fundamental a política de crédito para comercialização implantada

pelo Governo, sobretudo na década de 80, que permitiu às empresas e aos agricultores

arcarem com o custo de transição e adaptação a uma nova região produtora.

O conceito do agronegócio no Brasil se deve principalmente pela expansão da

cultura da soja, não apenas pelo volume físico e financeiro envolvido, mas também pela

necessidade de todos os responsáveis por este setor terem uma visão empresarial de

administração da atividade, de forma a manter e ampliar as vantagens competitivas da

produção (PAULA; FAVARET FILHO, 1998).

Oliveira e Yamakami (2006) caracterizam a expansão do agronegócio por cadeias

produtivas integradas e pelo uso intensivo de capital nos diversos segmentos que o compõe.

Desta forma, o agronegócio envolve os processos de produção agropecuária, logística e

comercialização, além da agroindústria e dos serviços agroindustriais. Portanto, seus efeitos

multiplicadores ampliam a representatividade setorial na economia brasileira.

A expansão das áreas agrícolas, que impulsionou a formação de um novo arranjo

espacial dos setores produtivos, não foi acompanhada pelo setor de transportes,

configurando um gargalo logístico. Deste modo, o aproveitamento do potencial da produção

de grãos depende do estabelecimento de um sistema viário eficiente. Para tanto, é preciso a

viabilização e integração dos corredores de transporte intermodal (rodovia, ferrovia, hidrovia)

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para aumentar a competitividade dos produtos, unindo as áreas de produção, centros

consumidores e o mercado internacional (OLIVEIRA, 2011).

2.2. Logística Comercial de Grãos no Brasil

Caixeta Filho (2006) relaciona a logística do agronegócio ao planejamento e

operação dos sistemas físicos, informacionais e gerenciais necessários para que os

produtos do setor se movimentem de forma integrada no espaço - através do transporte - e

no tempo – através do armazenamento - no momento certo, para o lugar certo, em

condições adequadas e que se gaste o menos possível com isso.

O surgimento de um ambiente altamente competitivo, decorrente da globalização dos

mercados, fez com que o Brasil tentasse estabelecer o papel do agronegócio como uma

estratégia de inserção na economia mundial, tarefa que envolveu não só aumentar a

competitividade das empresas e das cadeias produtivas, mas também aquela determinada

por fatores estruturais – infraestrutura, qualificação da mão-de-obra – e sistêmica, como o

papel das instituições, o reconhecimento dos direitos de propriedade, a organização dos

contratos e dos mercados (OLIVEIRA; YAMAKAMI, 2006).

Leite (2013) resumiu o processo produtivo em três categorias: pré-produção,

produção e pós-produção. Entrelaçando todas elas, a logística pode simplificar e maximizar

todos os pontos da produção agrícola. Sua ineficiência representa perdas que passam a ser

prejuízos para o produtor brasileiro. A preocupação com a logística torna-se cada vez mais

presente, desde o produtor, que visa comercializar seus produtos com melhores preços

durante a entressafra e transportá-los com os menores preços de fretes, até os pontos de

comercialização.

Oliveira e Yamakami (2006) ressaltam que no Brasil o custo logístico tem grande

influência sobre os preços finais dos produtos, em função da dispersão espacial da

produção, da distribuição do mercado interno e das longas distâncias envolvidas no

comércio intra e inter-regional.

Leite (2013) justifica que o alto preço final do produto se deve principalmente a

questão do transporte, pois a atual infraestrutura brasileira encontra-se altamente defasada.

No Mato Grosso, onde há um aumento da produtividade de ano para ano, por se situar

distante das zonas portuárias e de algumas zonas de comercialização de grãos, a logística

de transportes é dificultada. Para agravar este problema, a malha rodoviária do Estado é

antiga e deficiente, e o pouco uso de transportes ferroviário e hidroviário geram perdas

expressivas de grãos, que são impedidos de terem seus lucros maximizados na época de

alta dos preços.

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Os avanços do agronegócio estão sendo acompanhados com sincronia pelos demais

agentes que compõem este importante segmento da economia. Contudo, quando se analisa

a questão logística, diversas fragilidades são reveladas, seja pela falta de infraestrutura para

escoar a produção, seja pela incapacidade de armazenar de forma adequada a safra

nacional (OLIVEIRA, 2011).

2.2.1 Armazenamento de Grãos no Estado de Mato Grosso

Puzzi (1999) apresenta a classificação das Unidades Armazenadoras que compõem

uma rede segundo a sua localização e estágios de transferência dos fluxos básicos de

comercialização de grãos:

Unidades de Fazenda – localizadas na empresa agrícola e prestando serviço

a um só usuário.

Unidades Coletoras – localizadas nas proximidades das fazendas (centro de

produção) servindo a vários usuários. As unidades que prestam serviços às

Cooperativas de Produtores se enquadram nesta categoria.

Unidades Subterminais – são caracterizadas como centro de convergência de

produtos procedentes de unidades coletoras e das fazendas, localizadas em

pontos chaves do sistema viário. Têm como principal finalidade a

racionalização dos fluxos de mercadorias, abastecendo, adequadamente,

locais pré-determinados, de modo a diminuir os custos de movimentação.

Unidades Terminais – localizadas nos centros consumidores e nos portos.

Reis (2014) observou que no Mato Grosso é possível que a maior parte das

Unidades Armazenadoras (UA) sejam Unidades Coletoras, pois o estado detém da maior

capacidade estática do país, mas uma quantidade bem inferior de UA’s quando comparado

ao estado do Rio Grande do Sul, que se caracteriza por haver maior número de Unidades

de Fazenda.

Os investimentos em armazenamento de grãos no Brasil não conseguiram

acompanhar o aumento da produção, e o Mato Grosso é o maior reflexo disso, como

observou Maculan (2014), que o estado possui um déficit acima de 14,9 milhões de

toneladas, valor bem superior ao dos outros estados brasileiros. Paturca (2014) concluiu que

esse déficit teve inicio no ano 2000, podendo ser explicado pelo aumento de produtividade

por área e o aumento da área plantada superior a 70%, tal progresso não acompanhou o

crescimento de produção de grãos nesse período, o que gerou esta acentuação no déficit de

armazenagem destes anos para cá.

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No estado de Mato Grosso, apesar da expressiva capacidade estática, tem um

número relativamente menor de unidades armazenadoras quando comparado aos estados

do Rio Grande do Sul e Paraná. Uma explicação para estas diferenças é a presença de

grandes empresas agrícolas no Mato Grosso, atraídas pelo crescimento acelerado da

produção, e estas empresas tendem a ter unidades armazenadoras de maior porte. No Rio

Grande do Sul e no Paraná, há um maior número de unidades armazenadoras menores,

pertencentes a produtores rurais e cooperativas (MACULAN, 2014).

Os problemas gerados pela falta de armazéns no estado têm desfavorecido muitos

produtores, que, por não terem acesso a estruturas de armazenagem da produção local, são

obrigados a enfrentar elevados custos de frete ou, ainda, vender seus produtos a preços

abaixo dos custos de produção (PATURCA, 2014). É importante ressaltar que a

armazenagem em fazenda poderia propiciar melhores condições de conservação, de

comercialização, menores custos, com consequentes reflexos na rentabilidade dos

produtores rurais, mas o que se observa é uma concentração de armazéns fora da

propriedade rural, aumentando o custo de transporte e obrigando o produtor a comercializar

a sua safra em curto espaço de tempo, retirando possibilidades de ganhos nas variações de

preço do produto nos períodos de entressafra (OLIVEIRA, 2011).

O armazenamento em nível de propriedade rural deve ser visto como uma forma de

incrementar as produções agrícolas, para reduzir o estrangulamento da comercialização de

grãos, ou mesmo evitá-lo, e permitir a regularização dos fluxos de oferta e demanda, com a

manutenção de estoques e a racionalização do sistema de transportes, evitando-se, assim,

os efeitos especulativos (LEITE, 2013).

A agricultura brasileira tem elevado potencial de continuar com o segmento da maior

importância na economia nacional. Todavia, seu avanço depende cada vez mais dos

serviços envolvidos no processo de comercialização do produto agrícola. A exiguidade de

infraestrutura no setor de armazenagem tem sido um fator limitador deste avanço

(PATURCA, 2014).

Para melhorar a infraestrutura de armazenamento no país, o Governo Federal lançou

junto com o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2013/2014 o Programa para Construção e

Ampliação de Armazéns que, segundo o BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento), tem

o objetivo de apoiar investimentos necessários à ampliação da capacidade de

armazenagem por meio da construção e ampliação de armazéns. O programa abrange todo

o território nacional e têm como beneficiários produtores rurais, pessoas físicas ou jurídicas

e cooperativas rurais de produção. Investimentos individuais ou coletivos, desde que

vinculados ao objetivo deste programa, referentes exclusivamente a projetos para ampliação

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e/ou construção de armazéns destinados à guarda de grãos, frutas, tubérculos, bulbos,

hortaliças, fibras e açúcar. Esse programa foi renovado no PAP 2015/2016 e teve vigência

até o final do mês de junho de 2016.

2.2.2 Transporte de Grãos no Brasil

No Brasil, a maior parte dos grãos escoados, ocorre por meio de rodovias que se

encontram em estado de conservação precário. Além da má conservação das rodovias,

observa-se a obsolescência da frota de caminhões e o congestionamento das rotas para os

portos no período de escoamento da safra para exportação (PONTES et al., 2009).

O escoamento da safra brasileira é um fator fundamental que afeta o agronegócio

em sua base, alterando consideravelmente a comercialização, a formação de preços e a

própria competitividade do setor (OLIVEIRA, 2011). Quando há boa infraestrutura de

transporte, a eficiência do sistema agroindustrial é maior, pois se conseguem menores

custos de movimentação interna e externa de produtos, além de tornar possível a produção

em novas áreas. A questão da logística dos transportes na agroindústria é de extrema

importância, pois contribui, consideravelmente, na determinação dos preços pagos ao

produtor (MARTINS, 2005).

Branco et al. (2011) realizou um diagnóstico sobre o sistema viário, de acordo com o

autor, em relação à infraestrutura viária brasileira, segundo 74% dos agentes (entrevistados)

responsáveis pelo transporte de produtos agrícolas, encontra-se expressivamente

deficiente. A oferta insuficiente de serviços de transporte, o segundo gargalo mais frequente,

tendo sido declarado por 41% dos entrevistados. Relacionado a este gargalo, mas com

ênfase direta na questão da multimodalidade, ficou o item “falta de modal alternativo”,

mencionado por 29% dos entrevistados. Este pode ser entendido, também, como parte da

oferta insuficiente de serviço de transporte, porém está mais diretamente relacionado à

escassez de alternativas e capacidade de movimentação multimodal, em especial

relacionada aos modais ferroviário e hidroviário.

O predomínio do modal rodoviário tem agregado muito no valor final dos grãos,

principalmente sobre a soja mato-grossense, como observou Pinto (2010) que dentre as

principais regiões brasileiras, o custo do transporte (fretes rodoviário e marítimo) teve o

maior peso no custo final de exportação dos grãos de soja de Mato Grosso. Isso era

esperado devido à alta participação do frete terrestre no custo operacional, em razão da

localização geográfica mais distante da costa brasileira, e logo, dos portos marítimos. Em

comparação com outros estados brasileiros, o Imea (2015) concluiu que a soja Mato-

Grossense tem sido a com maior custo no destino final, a China (Figura 1).

Page 18: LOGÍSTICA DE ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE GRÃOS NA … SLOVIN… · transporte durante o ano de 2015.....26 Figura 11 – Custo do frete (em reais t-¹) de grãos em 2014 partindo

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Figura 1 – Infográfico do preço no destino final (China) de regiões produtoras de soja no Brasil. Fonte: IMEA, 2015.

Neste contexto, Correa e Ramos (2010) verificou que a perda média do produtor

brasileiro é de 25% em suas receitas com o custo de escoamento, dado pela ineficiência do

transporte da soja concentrado no modal rodoviário, embora existam outras vias (hidrovia

Tietê-Paraná, ferrovia Brasil Ferrovias, entre outras). O autor comparou com as despesas

médias do produtor norte-americano, onde este custo é inferior a 10% da receita obtida, o

que permite concluir que, é na circulação que a soja brasileira perde competitividade.

Apesar do alto custo proporcionado pelo uso do modal rodoviário, Kussano e Batalha

(2012), por meio de cálculo do custo logístico, mostraram que, ao contrário do que aponta a

maior parte da literatura disponível sobre o assunto, nem sempre o escoamento utilizando a

intermodalidade é mais vantajoso, e que para o produtor brasileiro, sem opções de

escoamento e dispondo de uma péssima infraestrutura logística, o escoamento inteiramente

rodoviário, atualmente, pode ser a melhor opção.

Coeli (2004) verificou que a produção nacional de soja apresenta custos

extremamente baixos se comparado aos custos dos demais países produtores. Entretanto, o

custo logístico para conduzir os grãos das áreas de origem aos portos, aumenta

excessivamente o custo total da soja brasileira. Segundo o Imea (2015), a soja produzida

em Sorriso-MT (cidade presente na região abrangida neste estudo) chega à China com um

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11

preço final de 145 dólares por tonelada, sendo que desses, 90 dólares é relativo o custo de

transportes dentro do Brasil (Figura 2).

Figura 2 – Competitividade da soja de Sorriso-Brasil com a de Córdoba-Argentina e Illinois-Estados Unidos da América. Fonte: Centrogrãos, Caramuru and SoyTransportCoalition, BCR Rosário, USDA (2015). Reproduzido por IMEA, 2015.

Para expandir e ser mais competitivo no mercado global de commodities, a melhoria

na infraestrutura de transporte mediante a revitalização da malha ferroviária é fundamental.

É uma grande oportunidade para o país eliminar um dos seus gargalos que impedem um

maior crescimento e desenvolvimento econômico. A substituição de parte do modal de

transportes rodoviário pelo transporte ferroviário pode representar redução de tempo,

minimizar as perdas de grãos e, consequentemente, o tráfego de rodovias (LEITE, 2013). A

Confederação Nacional de Transportes (2015), demostrou que essa substituição realmente

torna o transporte mais econômico e o produto mais competitivo, segundo o estudo, o custo

da soja que sai de Lucas do Rio Verde - MT com destino a Santos - SP, se percorrer 589 km

de rodovias até Rondonópolis - MT, e o restante do percurso for através de linhas férreas,

seria cerca de 16% menor do que percorrer 100% do percurso pela malha rodoviária (Figura

3).

Page 20: LOGÍSTICA DE ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE GRÃOS NA … SLOVIN… · transporte durante o ano de 2015.....26 Figura 11 – Custo do frete (em reais t-¹) de grãos em 2014 partindo

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Figura 3 – Variação do preço do transporte da Soja, saindo do município de Lucas do Rio Verde - MT por diferentes modais e para diferentes portos. Reproduzido por CNA, 2015.

O modal mais indicado para o transporte de cargas como grãos é o ferroviário, mas o

país não foi um grande incentivador desse tipo de transporte. A participação das linhas

férreas no transporte desse tipo de carga ainda é pouco expressiva, se comparado com o

transporte rodoviário (PINHEIRO; CAIXETA FILHO, 2009). O transporte de carga por um

percurso maior na ferrovia possibilita a redução do frete unitário (por km) devido à diluição

dos elevados custos fixos (COELI, 2004).

O desinteresse do governo pelo desenvolvimento da malha ferroviária durante muitos

anos, e o alto custo de construção das ferrovias são as principais causas para os problemas

atuais deste modal. As ferrovias brasileiras foram construídas para atender às exigências do

mercado de exportação de bens primários, mas foram construídas isoladamente sem

planejamento de integração. Por causa deste desenvolvimento não planejado, atualmente

no Brasil existem ferrovias que utilizam diferentes bitolas, e também durante o

desenvolvimento não houve o estabelecimento de eixos troncais para transporte a longas

distâncias (PONTES et al., 2009).

Segundo Pinto (2010), o discurso do “Estado logístico”, com o Estado fornecendo à

sociedade a infraestrutura adequada para o crescimento das atividades econômicas, é

válido se for, de fato, concretizado. O discurso não pode existir apenas no âmbito político;

deve haver ações que garantam a sua execução. Além disso, a execução do discurso do

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“Estado logístico” deve ser feita de modo honesto e igualitário para a sociedade, evitando-se

a supremacia de pretensões políticas em detrimento das reais necessidades do país. Deve-

se tomar cuidado, nesse sentido, para que o interesse de poucos não seja posto acima do

interesse nacional e para que, na prática, este discurso não modifique ou desvie a forma

como o comércio exterior brasileiro se desenvolve.

2.3 Portos Brasileiros: infraestrutura atual e previsões

Os portos constituem um papel fundamental e estratégico a ser desempenhado

como concentradores de significativos volumes de carga e como intermediários de todo o

processo de exportação, assumindo considerável participação em toda a cadeia logística do

comércio exterior como facilitadores dos canais de comercialização (LIMA et al., 2005).

Porto, etimologicamente tem o sentido de porta, a qual deveria, portanto, estar

permanentemente aberta à entrada e saída das cargas que por ela desejem passar. O que

precisamos analisar quando se fala em porto, então, é a cadeia logística dos meios de

transporte, onde o porto aparece como elo fundamental nas trocas comerciais, seja no

âmbito interno, seja no âmbito internacional (FARJADO, 2006).

Segundo Imea (2015), o principal porto de exportação da produção de grãos é o

Porto de Santos - SP que assegura o transporte de 50,7% da soja e, 54,9% do milho. Outros

portos em destaques são os Portos de Paranaguá - PR (onde passam 10,5% da soja e 7%

do milho), Vitória - ES (onde passam 9,8% da soja e, 14,2% do milho) e Santarém (onde

passam 4,3% da soja e, 7,6% do milho). A fonte ainda cita os Portos de Manaus - AM, São

Felix do Sul - BA e São Luís - MA que, juntos, exportam um montante de 15,2% da soja e

15,4% do milho.

A questão dos portos tem sido bastante discutida no país, pois os portos enfrentam

uma série de problemas que prejudicam as exportações e a competitividade brasileira no

mercado mundial. A concentração nos períodos de safra exige maior capacidade dos portos,

principalmente de Santos e Paranaguá, por onde passam as maiores quantidades de soja

para exportação (FARJADO, 2006).

Kussano e Batalha (2012) observaram que durante a operação de transporte, em

terminais ou no porto de exportação, podem ocorrer filas de caminhões e carretas para

descarregamento, as quais ocasionam alto tempo de espera para o transportador. Este

tempo de espera que os caminhões enfrentam deveria ser indenizado em forma da

“remuneração por estadia”. Farjado (2006) reitera que esses problemas logísticos

apresentados, se refletem em perda de eficiência no país, e essa perda pode ser medida em

termos de custos reais para as empresas.

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As mazelas relacionadas com infraestrutura de transporte e logística, agravadas pelo

fato de aproximadamente 60% da produção agrícola brasileira ser transportada pelo modal

rodoviário, têm sido objeto de renovados esforços para superá-las, principalmente na região

Centro-Oeste, maior produtora de grãos do país. Uma saída seria a criação de novos

corredores de exportação priorizando os terminais portuários das regiões Norte e Nordeste.

Nesse sentido, a meta do Governo para os próximos anos é inverter o rumo logístico da

exportação de granéis agrícolas produzidos acima do Paralelo 16º Sul (Paralelo esse que

corta o Brasil do Mato Grosso à Bahia, passando por Brasília). O grande desafio é ampliar a

capacidade portuária e a malha viária em todos os modais, para que as exportações sejam

processadas pelos portos do Norte e Nordeste, cuja distância das principais regiões

produtoras do Centro-Oeste é, aproximadamente, 700 km inferiores à alternativa de

escoamento da produção dessas regiões pelos portos da região Sul e Sudeste (MAPA,

2014).

Neste mesmo contexto, ainda de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (2014), a capacidade de embarque nos terminais portuários do Arco Norte

(região que compreende os estados de Rondônia, Amazonas, Amapá, Pará e segue até o

Maranhão), foi estimada na safra 2013/2014 em 10,8 milhões de toneladas, e ampliada na

safra 2014/15, atingindo 18 milhões de toneladas. E nos próximos quatro anos, a hidrovia

Tapajós-Amazonas deverá transportar 20 milhões de toneladas de soja e milho. Estima-se

uma redução de US$ 50,00 por tonelada no custo dos fretes praticados nesse corredor.

No dia 25 de abril de 2014, a Bunge, uma empresa multinacional atuante na

produção de alimentos, inaugurou o Terfron (Terminal Portuário Fronteira Norte), um

sistema logístico formado por uma estação de transbordo em Miritituba - PA, transporte

hidroviário de grãos pelo rio Tapajós, e recebimento e exportação pelo terminal portuário de

Vila do Conde, em Barcarena - PA. O terminal poderá receber investimentos e deve passar

sua capacidade de 2 milhões para 8 milhões de toneladas em 2018 (FREITAS, 2014).

2.4 Planos de Investimento em Logística (PIL)

O fato de a economia brasileira ter parte do seu dinamismo calçado no agronegócio

torna a logística dos granéis o grande desafio. Neste setor, o transporte responde por 60%

ou mais dos custos logísticos. Muitos são os problemas de infraestrutura que deverão ser

sanados para facilitar o escoamento de granéis, reduzir custos e, em consequência,

aumentar a competitividade das exportações (BARAT; PAVAN, 2010).

Neste mesmo contexto, Kussano e Batalha (2012) afirmam que, se Estados do

Centro-Oeste e Norte mantiverem o cenário de expansão agrícola e o quadro atual da

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infraestrutura logística, o País continuará a produzir e exportar grandes volumes que

continuarão percorrendo longas distâncias até os principais portos exportadores. Os

autores, ainda, acrescentam que o desafio é manter a competitividade, reduzir o custo

logístico total, sabendo que o País tem um crescimento voltado para estas regiões do

interior. Desta forma, buscar o aperfeiçoamento da operação logística e conhecer todos os

custos que a compõem, passa a ser essencial na busca pela eficiência.

Diante deste desafio, em 15 de agosto de 2012, o Governo Federal lançou o PIL

(Programa de Investimento em Logística) com o objetivo de ampliar a escala dos

investimentos em infraestrutura rodoviária, ferroviária, hidroviária, portuária e aeroportuária

no Brasil. O Programa estabelece projetos, que visam restabelecer o planejamento

integrado dos transportes, de forma a implantar uma rede de infraestrutura de transporte

moderna e eficiente, com o objetivo de promover maior competitividade ao país, assim como

favorecer o desenvolvimento econômico e social (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO,

2015).

Com o intuito de atrair investimentos privados por meio de concessões de

aeroportos, rodovias, ferrovias, portos e energia, o PIL se alinha a uma estratégia de

promoção de uma ampla e moderna rede de infraestrutura. O PIL pretende criar um

ambiente de desenvolvimento favorável a uma logística eficiente e que preza pela

modicidade tarifária (CNT, 2015).

Segundo o Ministério do Planejamento (2015), em 09 de junho de 2015, o Governo

Federal anunciou a segunda etapa do PIL dando continuidade ao processo de

modernização da infraestrutura de transportes do país e visando também a retomada do

crescimento da economia. No que importa ao modal ferroviário, o Programa busca criar uma

malha ferroviária moderna e integrada, aumentar a capacidade de transporte por ferrovias e

diminuir os problemas logísticos. O investimento está estimado em R$ 86,4 bilhões na

construção, modernização e manutenção de 7,5 mil quilômetros de linhas férreas. O modelo

de concessão mantém as premissas de ferrovias em bitola larga, com alta capacidade de

transporte de cargas, traçado geométrico otimizado e velocidade elevada. Com isso, será

possível resgatar o transporte ferroviário como alternativa logística.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

Para o presente estudo, foi realizado um levantamento de dados do Estado de Mato

Grosso, com ênfase a macrorregião Médio-Norte do estado, conforme segmentação feita

pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) (Figura 4a e 4b).

Figura 4a – Segmentação em macrorregiões do estado de Mato Grosso. Fonte: IMEA, 2010.

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Figura 4b – Municípios que compõem as regiões do estado de Mato Grosso. Fonte: IMEA, 2010.

Por meio de informações publicadas pela Companhia Nacional de Abastecimento –

CONAB (2015), foi quantificada a capacidade estática (CE) da região em estudo. A CE foi

comparada com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária – IMEA

(2015) referente à produção total de soja e milho da região calculando-se desta forma o

déficit de armazenamento de grãos.

Foi quantificada, por meio de dados do Instituto Mato-grossense de Economia

Agropecuária – IMEA (2015), a produção total de soja e milho – tanto do estado quanto da

região Médio-Norte – e, a porcentagem dos grãos de Mato Grosso destinados aos portos do

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país durante o ano 2015. Utilizando-se dos mesmos dados, foi calculada a quantidade de

grãos em transporte durante todos os meses do ano.

Com a produção total do estado, a produção total da região Médio-Norte e a

quantidade de grãos de todo o Mato Grosso em transporte durante o ano de 2015, fez-se

um modelo linear proporcional, onde se estimou a quantidade de grãos em transporte do

Médio-norte do estado. Os grãos que não foram destinados à exportação, foram

considerados como escoados para indústrias esmagadoras.

Tendo em vista o custo logístico total, foi avaliado o custo do frete, tanto na época de

safra, quanto na entressafra. O valor de frete avaliado foi realizado tomando como

referência o município de Sorriso – MT e Santos – SP (principal porto exportador do país).

Com estes dados obteve-se a porcentagem do frente sobre o custo total dos grãos.

Foi realizada uma avaliação da infraestrutura dos modais, rodoviário e ferroviário,

existentes e previstos no Brasil, com ênfase aos que são utilizados para o transporte de

grãos da região Médio Norte Mato-grossense. As informações foram obtidas de órgãos

públicos vinculados aos governos federal e estadual.

Das diversas obras previstas ou em andamento nos modais rodoviário e ferroviário,

apresentou-se estimativas econômicas em função da concretização destes modais, com

ênfase para a região Médio-norte do Mato Grosso.

Os dados obtidos neste estudo foram discutidos de forma descritiva.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Logística de armazenagem de grãos na região Médio-Norte de Mato Grosso

Utilizando-se dados da Companhia Nacional de Abastecimento (2015) foi identificada

a capacidade estática (CE) da região Médio-Norte de Mato Grosso (Figura 5).

Figura 5 – Capacidade Estática dos municípios da região Médio-Norte Mato-grossense. Fonte: CONAB, 2015. Reproduzido pelo autor.

Observou-se que a maior parte da capacidade estática (CE) da região Médio-Norte

de Mato Grosso, aproximadamente 64%, se encontra nos municípios de Nova Mutum,

Sinop, Lucas do Rio Verde e Sorriso (Figura 5). O grande destaque é o município de Sorriso

com 28% da CE total da região. A maior concentração de CE nessas cidades se deve

também por serem as únicas que estão localizadas as margens da BR-163, principal

corredor de escoamento da região.

Os dados apresentados na Figura 6 foram comparados com dados de produção dos

municípios da região em estudo, adquiridos no Instituto Mato-grossense de Economia

Agropecuária (IMEA) onde demonstra os municípios com déficit ou superávit de CE.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Cap

ac

ida

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Es

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Municípios

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Figura 6 – Comparação entre capacidade estática e a produção de milho e soja dos munícipios da região Médio-Norte Mato-grossense. Fonte: CONAB, 2015. Reproduzido pelo autor.

Na Figura 6, pode-se notar que os munícipios de São José do Rio Claro, Vera, Santa

Rita do Trivelato e Nova Ubiratã sequer tem CE suficiente para armazenar a produção de

soja, o que faz com que o produtor seja obrigado a enviar a produção de soja para outros

munícipios. Os municípios de Ipiranga do Norte, Tapurah, Nova Mutum, Sinop, Lucas do Rio

Verde e Sorriso tem CE correspondente a pelo menos armazenar a produção de uma das

safras (soja ou milho), porém, vale citar que muito desses armazéns recebem grãos de

outros municípios da região. Somados, os outros municípios (União do Sul, Itanhangá,

Cláudia, Feliz Natal, Santa Carmem e Nova Maringá) tem CE insuficiente de armazenar pelo

menos uma das safras anuais.

A comparação entre CE e produção total de grãos (somatório das produções de soja

e milho) demonstra que quase todos os municípios, com exceção de Sinop e Lucas do Rio

Verde, tem déficit em CE (Figura 7).

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

São Josédo RioClaro

Vera Sta Ritado

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Tapurah Ipirangado Norte

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NovaMutum

Sinop Lucas doRio

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Sorriso Outros

Cap

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e E

stá

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ção

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il

ton

ela

da

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CE, em mil toneladas Prod. Soja, em mil toneladas Prod. Milho, em mil toneladas

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Figura 7 – Comparação entre capacidade estática dos munícipios e a produção total de grãos na região Médio-Norte Matogrossense, em toneladas. Fonte: CONAB, 2015. Reproduzido pelo autor.

Na Figura 7, pode-se verificar que apenas os munícipios de Sinop e Lucas do Rio

Verde são capazes de armazenar sua própria produção, com superávits de 32 e 11% de

CE, respectivamente. Todos os demais municípios têm déficit de armazenamento, sendo

que os municípios de São José do Rio Claro, Vera e Nova Ubiratã se destacam

negativamente por terem CE menor que 50% da produção. O município de Sorriso, maior

produtor da região, apresentou o menor déficit, 5%. Toda a região apresentou déficit em

média de 27%. Esses dados demonstram o porquê à produção de uma safra deve ser

vendida para que outra seja armazenada, sendo que em alguns anos, mesmo havendo todo

o escoamento da soja produzida, há casos de milho armazenados nos pátios das Unidades

Armazenadoras, além disso, essa realidade torna a região incapaz de armazenar a

produção a espera de melhores preços.

4.2. Escoamento de grãos da região Médio-Norte de Mato Grosso (ano de 2015)

De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária –

IMEA (2015), notou-se que na safra de 2014/2015 foram produzidas cerca de 27,8 milhões

de toneladas de soja em todo Mato Grosso e que houve certo equilíbrio quando se refere ao

destino deste grão, onde 52% foram destinados a exportação e, 48% a agroindústria.

Para que 52% da soja produzida no Mato Grosso seja exportada, deve haver um

escoamento da mesma para portos brasileiros. A Figura 8 demonstra a quantidade da soja

Mato-grossense embarcada em todos os Portos Brasileiros com destino ao exterior no ano

de 2015.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

São Josédo RioClaro

Vera Sta Ritado

Trivelato

Tapurah Ipirangado Norte

NovaUbiratã

NovaMutum

Sinop Lucas doRio

Verde

Sorriso Outros

Cap

acid

ad

e E

stá

tica e

Pro

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ção

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il

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ela

da

s

CE, em mil toneladas Produção, em mil toneladas

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Figura 8 – Quantidade recebida de soja Mato-grossense por Portos Brasileiros em 2015. Fonte: IMEA, 2016. Reproduzido pelo autor.

Em destaque está o Porto de Santos - SP que recebe quase metade da soja

destinada à exportação, isso se deve a falta de infraestrutura de outros portos e estradas

para destinos mais próximos. Outro destaque importante é o Porto de Barcarena - PA, que

abrange cerca de 10% da soja de Mato Grosso a ser exportada, essa quantidade deve

sofrer aumento nos próximos anos, após a conclusão das obras lançadas no Plano de

Investimento em Logística lançado pelo Governo Federal, vale ressaltar que no ano anterior

a Confederação Nacional de Transporte (2015) demonstrou que esse mesmo porto recebeu

apenas 0,02% da soja mato-grossense destinada aos portos.

Quanto ao milho produzido, cerca de 21,2 milhões de toneladas, a situação

demonstrou-se totalmente diferente, sendo que 69% foram destinados à exportação e 31%

à indústria esmagadora (IMEA, 2016).

O milho mato-grossense, destinado à exportação, foi escoado por meio de rodovias

para diferentes portos brasileiros, demonstrados na Figura 9.

6%

45%

8%

4%

12%

0%

7%

4%

2% 1%

10%

1% Paranaguá - PR

Santos - SP

Manaus - AM

São Francisco do Sul - SC

Vitória - ES

Aracaju-SE

São Luís-MA

Santarém - PA

Imbituba-SC

Rio Grande - RS

Barcarena - PA

Outros

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Figura 9 – Exportação do milho mato-grossense pelos portos brasileiros em 2015. Fonte: IMEA, 2016. Reproduzido pelo autor.

Da Figura 9 nota-se um grande destaque para o Porto de Santos - SP, que detém de

57% de todo o milho exportado de Mato Grosso. Outro destaque importante é o Porto de

Santarém - PA que, por sua vez, abrange um quantitativo de 10% das exportações, sendo o

porto da região Norte do Brasil que recebe maior quantidade deste grão.

Os portos de Assis - AC, São Luís - MA, Manaus - AM e Santarém - PA, todos

localizados próximos à linha do equador, somam um total de 26% do escoamento total do

milho de Mato Grosso, esse valor poderia ser muito maior se houvesse melhor infraestrutura

de portos e modais de transporte, já que estão mais próximos a alguns destinos finais dos

grãos, como Europa e América do Norte (Figura 9). Esse número pouco mudou em relação

ao ano anterior, pois segundo a Confederação Nacional de Transportes (2015), em 2014

esses mesmos portos abrangeram pouco mais de 25% do total da produção de grãos do

Mato Grosso destinada à importação.

A Figura 10 demonstra o volume de soja e milho em transporte para os portos

brasileiros.

0%

5%

0%

8%

3%

10%

57%

4%

8%

5% Assis - AC

São Luís - MA

Guajará Mirim - RO

Manaus - AM

Paranaguá - PR

Santarém - PA

Santos - SP

São Francisco do Sul - SC

Vitória - ES

Outros

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Figura 10 – Soja e milho produzidos na região Médio-Norte de Mato grosso destinada aos portos em transporte durante o ano de 2015 (mil toneladas/mês). Fonte: IMEA, 2016. Reproduzido pelo autor.

Sendo grande parte soja de Mato Grosso colhida nos meses de janeiro, fevereiro e

março, nota-se, na Figura 10, que o maior volume dessa soja é armazenado em no máximo

quatro meses após o período de colheita, isso deve-se ao déficit de armazenamento no

estado, que para armazenar a produção de milho necessita esvaziar as unidades

armazenadoras. Portanto esses quatro meses (março a julho) é o período do ano em há

maior quantidade de soja nas estradas, quanto ao milho, colhido nos meses de junho e

julho, nota-se que o período de maior escoamento é de setembro a janeiro, ou seja, um

período de cinco a seis meses após a colheita.

4.3. Custo de transporte sobre o preço final de grãos

A Figura 11 demonstra o custo do frete por tonelada de grãos durante o ano de 2014

para alguns destinos dentro e fora do estado, sendo fora os portos de Santos-SP e

Paranaguá-PR, localizados respectivamente nas regiões sudeste e sul do país, e dentro

seria a capital mato-grossense Cuiabá, e os municípios de Rondonópolis e Alto Taquari que

possuem terminais ferroviários.

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Soja da região Médio-Norte em transporte (mil toneladas)

Milho da região Médio-Norte em transporte (mil toneladas)

Page 33: LOGÍSTICA DE ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE GRÃOS NA … SLOVIN… · transporte durante o ano de 2015.....26 Figura 11 – Custo do frete (em reais t-¹) de grãos em 2014 partindo

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Figura 11 – Custo do frete (em reais t-¹) de grãos em 2014 partindo de Sorriso-MT a alguns destinos dentro e fora do Estado do Mato Grosso, sem taxa da transportadora e sem ICMS. Fonte: IMEA, 2016. Reproduzido pelo autor.

Durante o ano de 2014 houve pouca variação no preço do frete de grãos para

destinos dentro do Estado do Mato Grosso, mesmo assim nota-se que no período de agosto

a janeiro (meses que ocorre maior escoamento de milho) há uma queda no preço, isso pode

ser justificado por haver um menor volume de milho em relação ao volume de soja. Para

destinos mais longos como Santos-SP e Paranaguá-PR nota-se uma queda nos períodos de

entressafra, sendo que o maior valor se concentra no mês de fevereiro, período em que se

intensifica a colheita da soja no estado (Figura 11).

A Figura 12 demonstra o custo do frete por tonelada de grãos durante o ano de 2015.

Figura 12 – Custo do frete de grãos em 2015 partindo de Sorriso-MT a alguns destinos dentro e fora do Estado do Mato Grosso, sem taxa da transportadora e sem ICMS. Fonte: IMEA, 2016. Reproduzido pelo autor.

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Paranaguá-PR Alto Taquari-MT Rondonópolis-MT Santos-SP Cuiabá-MT

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No ano de 2015 (Figura 12) teve um resultado diferente, o preço do frete só teve leve

queda entre os meses de março e maio, essa queda se deve a uma queda no quantitativo

de soja em transporte em direção aos portos notada na Figura 9, resultando em uma menor

demanda. Nos demais meses houve um aumento expressivo em relação ao mesmo período

em 2014, isso se deve as políticas do Governo Federal em aumentar os impostos sobre os

combustíveis fósseis.

Comparando os dados das Figuras 11 e 12 observa-se um comportamento diferente

na variação do custo do frete, isso se deve a quantidade de variáveis que interferem nesse

valor como preço do óleo diesel, condições das estradas, custos com pedágios, custos de

manutenção dos caminhões, entre outras.

A Figura 13 compara o custo do frete do grão transportado de Sorriso-MT, município

presente na região em estudo, e o custo final do produto. .

Figura 13 – Porcentagem do custo frete interno (pelo modal rodoviário) sobre o preço final (média internacional) do milho e da soja, sem taxa da transportadora e sem ICMS. Fonte: IMEA, 2016; UOL, 2016; BIOMERCADO, 2016. Reproduzido pelo autor. *As cotações do dólar e do preço médio internacional são de todo dia 15 de cada mês.

A relação do preço do frete de grãos com a média de preço internacional demonstra

o quanto à utilização do modal rodoviário influencia na economia do país, esse custo

mostrou-se superior a 50% do preço do milho durante todo o ano de 2015, no que se refere

à soja, esse custo é inferior a 30% devido ao maior valor agregado do produto. Vale

ressaltar que o porto de Santos é o principal porto recebedor dos grãos produzidos no Mato

Grosso, pois, mesmo estando relativamente mais distante do que de outros portos, detém

melhor infraestrutura para receber esses grãos.

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A situação crítica da logística de escoamento de grãos da região Médio-norte, com

influência direta sobre o preço dos produtos e, consequentemente, sobre a lucratividade dos

produtores, só será amenizada se os projetos previstos de melhorias do modal rodoviário, e

execução dos modais ferroviários e hidroviários forem concluídos. O planejamento para

modernização do transporte apresenta soluções interessantes e verdadeiramente eficazes.

4.4 Corredores presentes e previstos de escoamento de grãos com Influência na

Região Médio-Norte Mato-grossense

Conforme Correa e Ramos (2010), apesar de haver rotas de escoamento de grãos

da região Centro-Oeste pelos modais hidroviário e ferroviário, as rodovias ainda são as mais

utilizadas, por conta do menor custo generalizado. Para mais, a utilização de apenas o

modal rodoviário é mais viável, por conta da flexibilidade em atuar porta a porta, além de

não exigir transbordos, não impor perdas de tempos, entre outros aspectos que refletem no

custo maior de circulação. Por outro lado, como as vias hidroviárias e ferroviárias não

atingem os centros produtores, as cargas percorrem trechos longos e mal conservados de

rodovias até o transbordo a outro modal.

A região Médio-Norte Mato-grossense tem, por enquanto, apenas a BR-163 como

rota de escoamento de grãos, porém há alguns projetos que, se concluídos, poderão ser

utilizadas como novas opções, principalmente quando se refere ao escoamento para a

região norte do país (Figura 14). A hidrovia Teles Pires-Tapajós, que se localizará entre o

município de Sinop - MT e Miritituba - PA, é considerado como o projeto mais interessante

para a região em estudo, pois além do baixo custo proporcionado pelo transporte hidroviário,

a distância desse escoamento é reduzida drasticamente quando comparada com destinos

como os portos de Santos - SP e de Paranaguá - PR.

Outro projeto que serviria como ótima opção é a hidrovia do Tocantins/Araguaia, que

escoará os grãos para o porto de Itaqui - MA, porém essa hidrovia está processo de

Licenciamento Ambiental, que teve início em maio de 1995 e, segundo o Instituto

Socioambiental (ISA) (1999), o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) sofreu

uma recusa em 1996, mesmo assim a Ahitar (Administração das Hidrovias do Tocantins

Araguaia) – empresa responsável pelo projeto – realizou obras de construção de portos e

estradas de acesso, gerando uma ação judicial da comunidade indígena Xavante das terras

indígenas Areões e Pimentel Barbosa, por terem sido considerados incompletos. Em 1999,

a Ahitar apresentou outro EIA/Rima e novamente foi recusado, por não atender a exigências

legais. O processo continua em andamento, a ementa da última sessão publicada no site

Jusbrasil (2013) foi recusada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) em 2013,

onde o Juiz Federal Marcio Barbosa Maia condenou a União, o Ibama e a Companhia

Page 36: LOGÍSTICA DE ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE GRÃOS NA … SLOVIN… · transporte durante o ano de 2015.....26 Figura 11 – Custo do frete (em reais t-¹) de grãos em 2014 partindo

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Docas do Pará (empresa detentora da Ahitar) a não realizar ou autorizar a efetivação de

qualquer atividade tendente à implantação da Hidrovia Araguaia-Tocantins- Rio das Mortes,

até a aprovação do EIA-RIMA e da expedição da competente licença ambiental, bem como

até que a autorização do Congresso Nacional seja concedida.

Figura 14 – Corredores de escoamento de grãos existentes e previstos. Fonte: IMEA, 2015.

Para que a Hidrovia Tocantins/Araguaia seja viável para a região Médio-Norte de

Mato Grosso, há necessidade que sejam concluídas as obras de pavimentação da BR-242,

que faz uma ligação entre a BR-163 (no município de Sorriso - MT) e a BR-158 (onde se

tem acesso ao município de Água Boa - MT). As obras fazem parte do Programa de

Aceleração e Crescimento (PAC) do Governo Federal e, segundo o Ministério do

Planejamento, estão em andamento. Segundo Ferreira e Nascimento (2013) o único trecho

pavimentado está entre o município de Sorriso - MT e a Vila Santiago do Norte (situada no

município de Ipiranga do Norte - MT), aproximadamente 130 quilômetros, sendo que destes,

81 quilômetros estão sob a iniciativa privada com cobrança de pedágios.

Se referindo ao modal rodoviário, Silva Filho e Lirio (2003) citam o transporte

rodoviário até o Porto de Paranaguá, com destaque para a utilização das rodovias MT-235,

BR-264 (que liga o Acre ao Estado de São Paulo) e, BR-163 (que liga o Pará ao Rio Grande

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do Sul). Destacam também, como alternativas para alcançar o porto de Santos - SP, sendo

uma pelo transporte rodoferroviário com a utilização da BR 364 e outra pela Ferronorte (com

o terminal em Alto Araguaia - MT), ferrovia esta que se conecta a malha ferroviária da

Ferroban (ambas ferrovias do grupo Brasil Ferrovias) para alcançar o destino final. Uma

terceira alternativa é o uso do transporte rodo-hidroviário, utilizado atualmente para escoar a

produção do norte do Estado, utilizando a BR-364 até Porto Velho - RO e, em seguida, a

hidrovia do Rio Madeira até Itacoatiara - AM.

No entanto, Correa e Ramos (2010) destacam que as rodovias BR-163 e BR-364 se

encontram em estado precário de conservação devido à escassez de investimentos, o que

tem influenciado em perdas à competitiva produção de soja. A fragilidade financeira do

Estado em realizar investimentos para revitalizar essas rodovias sugere que a concessão à

iniciativa privada venha a ser uma solução eficaz para combater esse problema logístico.

Diante destes fatos, segundo o Ministério do Planejamento (2016) a Rota Oeste, empresa

ligada a construtora Odebrecht, assinou contrato de concessão da BR-163 em março de

2014, contrato este que terá prazo de 30 anos. O projeto compreende a rodovia BR-163 no

Estado de Mato Grosso, desde a divisa com o Estado de Mato Grosso do Sul até o

entroncamento com a rodovia MT-220, em Sinop - MT, com uma extensão total de 850,9

km. Inclui todos os elementos integrantes da faixa de domínio, além de acessos e alças,

edificações e terrenos, pistas centrais, laterais e locais, ciclovias, acostamentos, obras de

arte especiais e quaisquer outros elementos localizados nos limites da faixa de domínio,

bem como pelas áreas ocupadas com instalações operacionais e administrativas

relacionadas à concessão.

Ainda conforme o Ministério do Planejamento (2016), o trecho da BR-163 entre Sinop

- MT e Miritituba - PA, que compreende uma extensão total de 976,0 km, está em processo

de concessão. Outros dois trechos importantes para o escoamento de grãos do Mato

Grosso também se encontram nessa mesma situação, ambos na BR-364, sendo um que

liga o município de Comodoro - MT à Porto Velho - RO e o outro, Rondonópolis - MT à

Goiânia - GO.

Quanto ao modal ferroviário, Fajardo (2006) afirma que a utilização da ferrovia

Ferronorte, em direção ao porto de Santos - SP, esta que já possui terminais em Alto

Taquari - MT e em Alto Araguaia - MT, é uma opção de transporte extremamente mais

econômica, que a existente em direção ao porto de Paranaguá - PR. O grande problema

desta ferrovia é a falta de capacidade para transportar toda a produção de Mato Grosso.

Para Coeli (2004) a Ferronorte é uma ferrovia em expansão, o que possibilitará a

ampliação de sua área de influência e, consequentemente, o aumento de sua demanda.

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4.4.1 Ferrovia Lucas do Rio Verde - MT – Itaituba - PA (Distrito de Miritituba)

Abrangendo a região Centro-Norte de Mato Grosso, está em projeto a Ferrovia Lucas

do Rio Verde - MT ao terminal portuário de Itaituba - PA (Distrito de Miritituba) (Figura 15)

que, segundo o Ministério do Planejamento (2015), terá 1140 quilômetros de extensão, um

custo estimado em 9,9 bilhões de reais e tem como objetivo escoar a produção de grãos

Mato-grossense ao Porto de Miritituba – PA e, após isso, os grãos seguem para o Porto de

Santarém através de barcaças pela hidrovia do Tapajós. As melhorias logísticas

proporcionadas trarão maior competitividade às commodities agrícolas brasileiras.

Figura 15 – Trajeto da Ferrovia Lucas do Rio Verde/MT – Itaituba/PA. Fonte: Ministério do Planejamento, 2015.

4.4.2 Ferrovia Bioceânica

Segundo o Ministério do Planejamento, a Ferrovia Bioceânica é um projeto

estratégico para criar uma saída alternativa para o Pacífico e acesso aos mercados

asiáticos. Nos projetos do Programa de Investimento em Logística estão os trechos

compreendidos nos estados de Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre (Figura 16),

abrangendo um total de 3,5 mil quilômetros que farão a integração com a Ferrovia Norte-

Sul, no município de Campinorte/GO, facilitando o acesso das áreas produtoras de

commodities agrícolas do Centro-Oeste à malha ferroviária existente e aos portos do litoral

brasileiro.

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Figura 16 – Trajeto da Ferrovia Biocêanica. Fonte: Ministério do Planejamento, 2015.

A Ferrovia Biocêanica é considerada um corredor biocêanico por abranger mais de

um oceano, segundo Raddatz e Buss (2014) o objetivo desses corredores é o comércio

entre os países vizinhos facilitando o acesso entre os países nos quais não existia acesso,

assim integrando um comércio promissor e com vantagem competitiva sobre os portos do

Atlântico, para os principais exportadores.

4.4.3 Pavimentação e Duplicação das BR-163 e BR-230: trecho entre Sinop - MT e

Miritituba - PA

No setor rodoviário, o Plano de Investimento em Logística tem como diretrizes

principais: a provisão de uma malha rodoviária ampla, moderna e integrada; cadeias de

suprimentos eficientes e competitivas; e modicidade tarifária. Na primeira fase, para o setor

rodoviário, o programa realizou a concessão de 4,89 mil km de rodovias, de maio de 2014

até setembro de 2015, o programa já entregou aos usuários mais de 288 km de rodovias

duplicadas, sendo que a meta é de que cada concessão vigente entregue aos usuários toda

extensão duplicada ao final de quatro anos após emissão da Licença de Instalação. O

investimento estimado é de R$ 46 bilhões (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, 2015).

Na segunda etapa, o Governo Federal anunciou a continuidade do processo de

modernização da infraestrutura de transportes do país, visando também a retomada do

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crescimento da economia. Esta etapa prevê a concessão de aproximadamente 7 mil

quilômetros. O investimento será de R$ 66,1 bilhões, focado na ampliação de capacidade e

na melhoria das condições e aumento da segurança das rodovias, sendo R$ 50,8 bilhões

referentes a novas concessões a serem realizadas ao longo de 2015 e 2016 e, R$ 15,3

bilhões em novos investimentos em concessões já existentes (MINISTÉRIO DO

PLANEJAMENTO, 2015).

Abrangendo a região em estudo deste trabalho, segundo o Ministério do

Planejamento (2015), um dos investimentos contidos no Programa de Investimento em

Logística será na BR-163/MT/PA, do entroncamento com a MT-220 até o entroncamento

com a BR-230, ligando o município de Sinop no Mato Grosso, até o município de Itaituba no

Pará, onde se localiza o Porto de Miritituba, tendo uma extensão total de 976,0 km (Figura

17). O projeto tem prazo de término em cinco anos e inclui todos os elementos integrantes

da faixa de domínio, além de acessos e alças, edificações e terrenos, pistas centrais,

laterais e locais, ciclovias, acostamentos, obras de arte especiais e quaisquer outros

elementos localizados nos limites da faixa de domínio, bem como pelas áreas ocupadas

com instalações operacionais e administrativas relacionadas à concessão.

Figura 17 – Trecho de BR-163 que passará por obras, previsão de término em 5 anos. Fonte: MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, 2015.

4.4.4 Hidrovia Teles Pires/Tapajós

Segundo Kussano e Batalha (2012), o transporte hidroviário no Brasil dificilmente

percorre distâncias acima de 1.000 km, em que seria mais eficiente. Mesmo assim ele tem o

menor custo por quilômetro percorrido, quando comparado com os outros modais

estudados.

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O objetivo da hidrovia não se resume a oferecer aos produtores baixo custo de

transporte. Trata-se de um empreendimento de dimensões regionais, que envolve vários

estados da federação. A implantação de obras hidroviárias tem a função, entre outras, de

integrar uma extensa área nas regiões centro e norte do país, servindo como via integradora

(FARJADO, 2006).

Segundo Azevedo (2014), em abril de 2014 a Bunge, em parceria com a Amaggi,

ambas as empresas do ramo de processamento e armazenamento de grãos, inaugurou no

Porto Vila do Conde, situado em Barcarena – PA, o Terminal Fronteira Norte, um

investimento de R$ 700 milhões. A expectativa das duas empresas é movimentar cerca de

quatro milhões de toneladas de grãos por ano no novo terminal. O aumento do volume de

grãos exportado pelo porto vai depender do andamento de outra obra que está sendo

realizada no Porto Vila do Conde, a ampliação da profundidade do canal que dá acesso ao

terminal. Hoje, o canal permite a aproximação de navios com calado de 13 metros, ou seja,

navios com capacidade de transporte de cerca de 70 mil toneladas. O objetivo é aumentar a

profundidade do canal, possibilitando que navios com capacidade de carregar 120 mil

toneladas atraquem no porto.

Neste mesmo contexto, Fearnside (2015), afirma que a soja para o primeiro navio

carregado no porto de Vila de Conde, em Barcarena - PA, foi escoada em carretas de Mato

Grosso até o porto da Bunge em Miritituba - PA, no baixo Rio Tapajós, e de lá seguiu até

Barcarena - PA em barcaças operadas pelas Navegações Unidas Tapajós Limitada

(Unitapajós), uma união entre as empresas Amaggi e Bunge. Futuramente, é esperado que

a soja percorra desde o Mato Grosso até Barcarena - PA em barcaças através da hidrovia

do Tapajós, iniciando no ramal que sobe o Rio Teles Pires.

Segundo Girard e Pavan (2011) o investimento necessário para se concluir a hidrovia

Teles Pires-Tapajós é pouco superior a 2,2 bilhões de reais, mas conclui que esse

investimento acrescentaria um valor superior a 1,8 bilhões de reais por ano na economia da

região, ou seja, o retorno do investimento acontece em menos de dois anos.

Em Mato Grosso, a hidrovia do Tapajós terá seu trajeto em ramais subindo os Rios

Juruena e Teles Pires. O primeiro ramal da hidrovia a ser construído tornaria o Rio Teles

Pires navegável até Sinop e, posteriormente, até Sorriso. Para sair do papel, essa hidrovia

depende da construção de uma série de barragens, cada uma com eclusas para permitir a

passagem das barcaças, três das quais já estão em processo de construção (Colíder, São

Manoel e Sinop) (FEARNSIDE, 2015).

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A hidrovia Teles-Pires/Tapajós vem se tornando mais representativa desde a

inauguração de terminais portuários privados no distrito de Miritituba, em Itaituba, no Pará.

Todavia, embora hoje seja navegável apenas até Itaituba (trecho de 291 km da foz até o

município), esta é uma via que poderia ser viabilizada desde o Mato Grosso, possibilitando a

movimentação da produção localizada, sobretudo, ao Norte e Nordeste do estado. Para

isso, são necessárias: a transposição de desníveis por meio da construção de eclusas e a

realização de intervenções de dragagem e derrocamento (CNT, 2015).

Fearnside (2015) enfatiza que os planos para barragens e hidrovias na bacia do

Tapajós implicam grandes impactos, individualmente e em conjunto, incluindo danos a Tis

(Terras Indígenas) e UCs (Unidades de Conservação). A combinação de propostas para

barragens e hidrovias cria ou potencializa impactos que poderiam de outra forma, não se

concretizar. O autor destaca esses impactos dando como exemplo a construção da Usina

Hidrelétrica de Energia Chacorão, que inundará parte da TI Munduruku e reitera que devido

à existência de leis autorizando a suspensão de segurança para permitir a continuação de

qualquer obra com importância econômica, os sistemas de licenciamento ambiental e

jurídicos tem sido incapazes de proteger as TI e UCs.

Ainda sobre os impactos dessas obras, Farjado (2006) ameniza o problema

afirmando que impactos existirão, mas a interferência de hidrovias no meio ambiente é muito

pequena e plenamente administrável. As emissões de gases dos veículos fluviais, a

deterioração da via entre outros fatores são, de um modo geral, menores quando

comparadas aos demais modais. O autor destaca ainda, que a hidrovia sozinha não resolve

o problema da logística, porém, na grande maioria dos casos, sobretudo para grandes

distâncias, ela é uma alternativa interessante e, se combinada com outros modais, passa a

ter uma boa relação custo/benefício.

Para melhor entendimento, as informações descritas foram compiladas e

esquematizadas em forma de fluxograma. Assim, apresenta-se nas Figuras 18 e 19,

esquema resumido das rotas existentes e previstas para escoamento da safra de grãos da

região Médio-norte Matogrossense.

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Figura 18. Fluxograma de rotas existentes para escoamento de grãos da região Médio-Norte de Mato Grosso. Reproduzido pelo autor.

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Figura 19. Fluxograma de rotas previstas para escoamento de grãos da região Médio-Norte de Mato Grosso. Reproduzido pelo autor.

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5. CONCLUSÕES

O déficit de armazenagem na região Médio-norte de Mato Grosso é de 27% em

relação a produção de milho e soja.

Tanto a soja quanto o milho são escoados em períodos de quatro meses e cinco

meses, respectivamente, após a colheita, isso se deve a necessidade de esvaziar as

unidades para armazenagem da safra subsequente.

De todo o montante produzido no estado, 52% da soja e, 69% do milho são

destinados aos portos brasileiros para exportação e, apesar da maior distância, o estudo

demonstrou que portos nas regiões sul e sudeste do Brasil recebem maior parte, acima de

70%.

A soja saindo de Sorriso-MT com destino a Santos-SP teve um custo de 20 a 30%

durante o ano de 2015, enquanto o milho teve esse custo de 50 a 60%, demonstrando,

assim, a influência do sistema logístico sobre o preço final do produto.

A alta porcentagem do valor de frete sobre ao valor final do grão, é decorrente da

ineficiente infraestrutura logística do Brasil, estando o escoamento de grãos praticamente

restrito ao modal rodoviário, o qual apresenta-se em estado precário, principalmente quando

o destino é os portos do Arco-norte.

A região Médio-norte de Mato Grosso possui um cenário logístico ineficiente, com

expressivo déficit de armazenagem e apenas a rodovia BR-163 como opção de escoamento

de grãos, entretanto, se concluído o Plano de Investimento em Logística ter-se-ia uma

grande melhora em logística da região.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARAT, J.; PAVAN, R. C; Logística e Transporte no Brasil Desafios para o Novo Governo Federal. Macrologística Consultores. São Paulo. 28 de abril de 2010.

BRANCO, J. E. H; CAIXETA FILHO, J. V.; GAMEIRO, A. H.; XAVIER, C. E. O.; PAES, W. H. M.; LA CRUZ, B. C. B. Otimização Logística para o Transporte Multimodal de Safras Agrícolas pelo Corredor Centro-Norte: O que pensam as Empresas e Instituições envolvidas? Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log). Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 12, jan./jun. 2011.

AZEVEDO, L. R. L. A infraestrutura de escoamento de grãos de Mato Grosso. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Graduação do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas. Universidade Estadual de Campinas – Instituto de Economia. Campinas, 2014.

BIOMERCADO - Centro de Referência da Cadeia de Produção de Biocombustíveis Para Agricultura Familiar. Histórico de cotação. Disponível em <www.biomercado.com.br> – acesso em 02 de fevereiro de 2016.

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TRF-1 - AC: 199736000031074 MT 1997.36.00.003107-4, Relator: JUIZ FEDERAL MARCIO BARBOSA MAIA, Data de Julgamento: 03/09/2013, 4ª TURMA SUPLEMENTAR, Data de Publicação: e-DJF1 p.222 de 12/09/2013.