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Antigamente, a atividade agri'colo propor- cionava f~cil enriquecimento. Obviamente, eram escolhidas os terras mais f~rteis e pro- fundas que, geralmente, serviam de base poro motos exuberantes. Optava-se, ainda, pelos solos com capacidade de uso agrfcolo adequado. A mata ero derrubodo, o coivoro queimada e a semente lançada sem adubo. Nos solos produtivos de mata virgem que atrafam nossos antepassados, observa-se a existência de 3 comadas de proteção: a) as copas das ~rvores, b) a vegetação arbustiva e herb~cea e c) o manto de folhas cafdas, com restos vegetais indecompostos, denomi- nado liteira ou serapilheira. Abaixo desse manto, encontra-se uma camada de folhas em fase de decomposição, seguida de outro de transição entre o manto orgânico e a fase mineral. Logo depois surge o solo encaroçado (em grânulos) - fresco, solto e repleto de microorganismas em franca atividade(Fig. 1). O manto de proteção evita o impacto di reto das gotas de chuva sobre a terra, Este complexo ativo, biodinômico, e a integração de 3 fatores distintos que podem ser enumerados, basicamente, como: ffsico (Fig.2) -com a fase s~lida mineral, fase Ifquida (~gua) e fase gasosa (ar). A fase s~lida mineral constitui o esqueleto do solo com seu sistema poroso por onde circula a ~gua e o ar. Suas fraçães granulom~tricas, em ordem crescente de tamanho, sõo: argila (menor que 0,002 mm), limo (0,002 a 0,02 mm ) e areia ( 0,02 a 2,0 mm ); quirnico - com envolvimento de AL + H,C02,02 macronutrientes ( N-P-K e Ca-Mg-S) e micronutrientes (Zn,B,Cu, Mo,Fe,Mn,etc), considerados como pe- dras fundamentais, de açõo direta ou in- direta, para a oonstruçõo do reino ani- mal e vegetal; biol~gico - mc+erio orgoruco (Fig.3) e toda a vida que elo possibilita: a) mi- croorganismos (bact~rias, fungos, algas e outros), b) mesoorganismos (minhocas, l.':JF' SP-1977.00002 ~~ 1Mmmml" * '-1' ". '. ~ . - --- ---- ..•. """'" - ..•..•. rii'i ""ih p .: 0-' •• , ~,',,"~ /.' 8-;';~~~~ Fig, 1 . Localização do material orgânico no solo mpedindo, rcmbern , que ela sofra aqueci- lento demosiodo. AI~m disto, perrnit e que flora microbiana do solo desenvolvo suo tividade normal. A porosidade desse solo beneficia seu rejamento ea infiltração e drenagem da gua da chuva. E a terra, com elevoda capo- idade de retenção d e ~gua (complexo orga- o+ mi rrero l}, supre sorisfo tcr iorne o+e os vege- iis , mesmo durante os per icdos de seca. Desta forma, o planta compensa a pobrezo , solo tropical atrav~s de um maior desen- ,I vi mento radicular, que exploro maior rlume de terro. A porosidade fovorece a esença de colônias de microorganismas re , constituindo uma comunidade v ito l com rafzes, beneficiam os plantas pela fixação 'nitrogênio, produção de hormÔnios de escimento, antibi~ticos, etc. insetos, co leopteros e outras), que têm a missão de destruir os fracos e decompor os mortos pora possibi Iitar nova vida. Atuam na agregação biol~gica das partf- culas pri~rias do solo (argila, limo e areia), estabelecendo a estrutura grumosa do soI0(Fig.4). Esta,por sua vez, permite reaçães quf mi cas oxidativas e o desen- volvimento normal das rafzes- condiçães b~sicas poro O crescimento vigoroso das plantas. A atividade dos organismos no solo ~ importante para o estabelecimento de uma vida superior. Esgotamento dos Solos - Ao mesmo tempo em que os solos foram se esgotando, surgiram, os adubos com seus resultados fabulosos. Depois de certa ~poca, todavia, começou-se ,a observar que os adubos, balanceados mediante uma an~lise do solo, não mois

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Page 1: l.':JF' SP-1977 · Antigamente, a atividade agri'colo propor-cionava f~cil enriquecimento. Obviamente, eram escolhidas os terras mais f~rteis e pro-fundas que, geralmente, serviam

Antigamente, a atividade agri'colo propor-cionava f~cil enriquecimento. Obviamente,eram escolhidas os terras mais f~rteis e pro-fundas que, geralmente, serviam de baseporo motos exuberantes. Optava-se, ainda,pelos solos com capacidade de uso agrfcoloadequado. A mata ero derrubodo, o coivoroqueimada e a semente lançada sem adubo.

Nos solos produtivos de mata virgem queatrafam nossos antepassados, observa-se aexistência de 3 comadas de proteção: a) ascopas das ~rvores, b) a vegetação arbustivae herb~cea e c) o manto de folhas cafdas,com restos vegetais indecompostos, denomi-nado liteira ou serapilheira. Abaixo dessemanto, encontra-se uma camada de folhasem fase de decomposição, seguida de outrode transição entre o manto orgânico e a fasemineral. Logo depois surge o solo encaroçado(em grânulos) - fresco, solto e repleto demicroorganismas em franca atividade(Fig. 1).

O manto de proteção evita o impactodi reto das gotas de chuva sobre a terra,

Este complexo ativo, biodinômico, e aintegração de 3 fatores distintos que podemser enumerados, basicamente, como:

ffsico (Fig.2) -com a fase s~lida mineral,fase Ifquida (~gua) e fase gasosa (ar). Afase s~lida mineral constitui o esqueletodo solo com seu sistema poroso por ondecircula a ~gua e o ar. Suas fraçãesgranulom~tricas, em ordem crescente detamanho, sõo: argila (menor que 0,002mm), limo (0,002 a 0,02 mm ) e areia( 0,02 a 2,0 mm );quirnico - com envolvimento de AL +H,C02,02 macronutrientes ( N-P-K eCa-Mg-S) e micronutrientes (Zn,B,Cu,Mo,Fe,Mn,etc), considerados como pe-dras fundamentais, de açõo direta ou in-direta, para a oonstruçõo do reino ani-mal e vegetal;biol~gico - mc+erio orgoruco (Fig.3) etoda a vida que elo possibilita: a) mi-croorganismos (bact~rias, fungos, algase outros), b) mesoorganismos (minhocas,

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Fig, 1 . Localização do material orgânico no solo

mpedindo, rcmbern , que ela sofra aqueci-lento demosiodo. AI~m disto, perrnit e que

flora microbiana do solo desenvolvo suotividade normal.A porosidade desse solo beneficia seu

rejamento e a infiltração e drenagem dagua da chuva. E a terra, com elevoda capo-idade de retenção d e ~gua (complexo orga-o+ mi rre ro l}, supre sorisfo tcr iorne o+e os vege-iis , mesmo durante os per icdos de seca.Desta forma, o planta compensa a pobrezo, solo tropical atrav~s de um maior desen-,I vi mento radicular, que exploro maiorrlume de terro. A porosidade fovorece aesença de colônias de microorganismasre , constituindo uma comunidade v ito l comrafzes, beneficiam os plantas pela fixação

'nitrogênio, produção de hormÔnios deescimento, antibi~ticos, etc.

insetos, co leopteros e outras), que têma missão de destruir os fracos e decomporos mortos pora possibi Iitar nova vida.Atuam na agregação biol~gica das partf-culas pri~rias do solo (argila, limo eareia), estabelecendo a estrutura grumosado soI0(Fig.4). Esta,por sua vez, permitereaçães quf mi cas oxidativas e o desen-volvimento normal das rafzes- condiçãesb~sicas poro O crescimento vigoroso dasplantas. A atividade dos organismos nosolo ~ importante para o estabelecimentode uma vida superior.

Esgotamento dos Solos - Ao mesmo tempoem que os solos foram se esgotando, surgiram,os adubos com seus resultados fabulosos.Depois de certa ~poca, todavia, começou-se

,a observar que os adubos, balanceadosmediante uma an~lise do solo, não mois

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proporcionavam aqueles efeitos surpreenden-tes, mesma em terras corrigidos ou comple-mentadas com micronutrientes.

O problema vem se repetindo h~ tempo •No primeiro e segundo ano de cultivo assafras são boas. fv\cJs, depois, declinam comou sem adubos(cana,soja,trigo,milho,arroz,algodão}. No caso da soja, por exemplo, sãoobtidos 60 socos/ha no primeiro ano, 35 nosegundo e 20 no terceiro.De 70a 80sacos/hade milho no primeiro ano, o rendimento caipora 25 sacos/ha no tercei ro.

As t~cnicas e os adubos são os mesmos,contudo, as colheitas não correspondem,apontando-se, muitas vezes, o clima comocausa do problema. Todavia, em algumaspropriedades onde se registrava queda nosrendimentos, notava-se a ocorrência de outrosfatores, apontados como provove is respon-s';veis. No campo agricola via-se que:

. - o solo levantava mais poeira a cada ano,quando era passada a grade para desmancharos empedramentos formados na oro çdo , prin-cipalmente nas terras rnedios e pesadas;

- aparecia uma crosta imperrneovel ~ ';guana superfic ie do solo, cpos uma forte chuvae sol, mesmo nos terrenos bem hortadosotrcves de uma aração e 3 gradagens conven-cionais. O fenômeno ocorria tamb~m nossolos de horta, sendo a causa, muitas vezes,de falhas na germinação e nascimento dassementes. Esta crosta rachava em terras maispesadas (argi losas ou Iimosos}, permanecendointeira em solos com maior teor de areia;

- começava a surgir areia solta na super-ficie, mesmo em solos pesados;

- a erosão laminar aumentava, embora ovolume total das chuvas não tivesse crescidoem relação aos anos anteriores. Mesmo bemconstruidos, os terraços eram rompidos commoior frequência. Isto ocorria, muitas vezes,em terrenos não mui to inc I inados;

- o solo retia menos ';gua, fazendo comque as plantas sofressem mais ceda (murcha-mento) em pericdcs secos;

- o solo esquentava mais. Sabe-se que, emtemperaturas de solo acima de 33,?C,as raizesgeralmente reduzem ou paralizom suas ativi-dades fisiol~icas, como a absorção denutrientes;

- ocorria, ainda, a formação progressivade uma lage dura no solo arado, abaixo dasuperfic ie , sendo que a terra era mais maciaabaixo da soleira do arado (aração comprofundidade de 18 a 25 cm;

- as raizes das plantas se desenvolviammenos e nos vegetais de raizes pivotantesocorriam retorcimentos ou afinamentos.

Nos lugares onde estes fenômenos eramobservados com maior expressão, a produçãoquonti-qualificativa por unidode de ';readecaia progressivamente. Isso se verificava,apesar de todos os esforços dispendidos pe Iamoderna tecnologia mecânico-quimica.

No campo ecológico notava-se que:- ocorria a formoção de vossoroccs e at~

a destruição do habitat animal e humano,atrav~s da erosão;

- a erosão aumentava o turvamento das';guas dos' açudes, dos represas e dos cursosfluviais com O solo carreodo. (A erosão leva4 kg de terra/ha/ano em solos de mata,400 kg/ho/ano em terrenos cobertos porpostagem e cerca de 26 t/ha/ano em soloscobertos por cultura capinada, como algo-dão);

- aumentavam as enchentes na area;- os periodos de seca se prolongavam,

opesar do volume total de chuvas por anocontinuar o mesmo;

- começavam a aparecer tempestades depoeira;

- ocorriam modificações no microclimo;- ti'nha inicio a formação de oreos deser+

ticas, encontradas em diversas regiões denorte a sul do Brasil.

~ evidente que surgiram muitos produtos eid~ias fisico-quimicas para resolver estesproblemas. fv\cJs, opos um bom resultadoiniciol, estes perdiam o efeito ou, mesmo,não funcionavam em muitas creos , A novatecnologia porec ic i muitos vezes, apressar asituação calamitosa.

Apesar da calagem eda adubação quimico ,com o endurecimento dos solos, as culturasdiminuem sua produção. Temos visto, naprc+icc , que o bom desenvolvimento e ele-vada produção das plantas se d'; em terrasfofas. Uma cultura viçosa e produtiva ~ maisobservada. em solos esponjosos do que nosempedrados.

O problema da baixa nos rendimentos doscultivos reside na decadência da estruturaporosa do solo, na falta de ar na terra, napequena capacidade de infiltração e retençãode ';gua na restrita possibilidade da raiz sedesenvolver.

Causas - Estudos na Europa e, mais recen-temente no PQfs/determinQr~m como causado problema a morte dos solos, ressaltandoque uma terra produtiva ~ um ser vivo, cujaestrutura respi ro , tem temperatura pr';pria epossui ';gua e nutrientes circulando pelo seusistema poroso.

Com a morte dos solos (de sua bialogia)ocorreu a desagregação dos grânulos porosos,restando seus constituintes minerais prim';rios- areia, limo e argila. Com isto, deu-se odesmoronamento de sua estrutura biol';gica.

Os grumos se desfazem e ocorre a reaco-modação das portfculas, seu assentamento econseqUente diminuição do volume poroso- condutor de ';gua e ar, que limita o desen-volvimento das raizes. Sem os agentes deagregação e estabilização orgânicos - resul-tado da atividade biol';gica, as pcr+iculosisoladas do sala apresentam f';cil movimen-C>

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orgânico

densidade aparente0,9-1,2 g/cm3

A

. f~o agdcola atual

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Fig. 2 . Constituintes físicos do solo mineral

densidade aparente1,3-1,8 9/cm3

B

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Fig. 3· Fração orgânica de um solo de pastagem (Tischler)

_ ..--Fig. 4· Constituição de um grumo estável à água, formando bioestrutura (Sekera, 1951)

taçãa pela açao da agua e do vento.A crosta superficial nada mais ~ que o

assentamento aleat~rio ou estratificado depor+lculcs minerais dos torrões ou grânulosdesprotegidos da superficie do solo, desgos-tados pelo impacto da chuva (ou irrigaçãopor aspersão), ou de pardculas aluvionais,com conseqOente diminuição do espaçoporoso. A ~gua de erosão horizontal, ou deinfiltração o troves do perfil do solo,ocasionauma segregação de Iro çóes minerais e' oarrastamento dos partfculas mais finas,ficandoo oreia na superfi cie . Quando for argilosaou barrenta, a crosta se rocha com o re sse>comento, o que não ocorre se for arenoso.

A erosão laminar aumento devido ao impe-dimento do infiltração de ~gua, mesma emsolos de topografia plano. A lage duro torna-

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se mois nitida em terrenos originoriamentemocios (maior volume poroso), nos quaisempregou-se arado que, com sua passagem,formo uma soleira, devido ao selamento(empastamento) dos poros com por+iculosfinas. ° empastamento ~ maior em solosm~dios e pesados e constitui uma barreirapara a descida das pardculas finas duranteo percolo çôo do ~gua infiltrondo o perfil dosolo. A argila, por exemplo, impedida desegui r paro o subsol a(i un tamente com a ~guo,que estagno). acumulo-se .sobre a soleira,criando uma camada adensada de baixo parocima.

Esta lag~ ("pan") diminui a or eo ~til deexp loroçcio das raizes, pois apresento menorvolume poroso e, assim, menor possibilidadeparo o deslocamento ·das por+lc olos minerois

a fim de dar passagem às raizes. A lagesere tanta mais espessa quanta maior forema desagregação do solo e a tear de por+lculosfinos. Finalmente, pode acorrer o fusão dacrosta superficial com a lage, dando-se otato I adensamento do solo ar~vel. Nestecaso, qualquer quantidade de ~gua a maisno volume poroso podere reduzir drastica-mente a taxa de ar no solo, provocandodist~rbios na zona radicular.

Com O adensamento, O solo tem sua produ-tividade de calor aumentada, e o fato deestar exposto à ação solar pode provocar seuaquecimento demasiado (00 redor de 50'?Cem clima tropical, conforme sua granulome-trio e grau de decadência). Em cul turascapinadas, ocorrere maior aquecimento doar aci ma do solo, em prejuízo da produçãovegetal, em culturas capinadas que, entreoutras, sofrerão um tipo de 'sauna" quecumen+o a perda de ~gua pelos plantas.

A alteração do microclima, com a influên-cia do regime hidrico e t~rmico da região,se prende 00 fato de que os solos. desprote-gidos e od ensodos (exceto os de areia)esquentam e provocam uma maior movimen-tação de massas de ar, tanto horizontal comoverticalmente. Sobre ~reas de mata densa esuperfícies liquidas, a velocidade do arascendente gira' em torno de 5 a 10 km/h,podendo chegar aos 80 km/h em solos despro-tegidos.

A baixa velocidade ascendente provoca oschamado v~cuos que reduzem a sustentaçãotanto de aeronaves, voando a baixas altitu-des, como de nuvens que, neste caso, caemmais facilmente. As nuvens atingidas peloar ascendente precisam ser mais pesadas paracair.' Este fenômeno explica, em parte, aschuvas pesadas e espaçadas sobre uma ~reaagricola ou pastoril.

Todos estes fatores reduzem drasticamentea produção agropecu~ria. A eles devem sersomadas, ainda, a falta de quebra-ventosarbustivos ou orboreos que impedem a açãodos ventos (quentes. ou frios) e das brisasconstantes que afetam sensivelmente a fisio-logia das plantas (transpiração e taxa deC02).

,

Preparo do Solo - A decadência das solosse deve, tamb~m, ao fato de estarmos acos-tumados a empregar t~cnicas desenvolvidaspara terrenos de clima temperado, os quaisforam aqui introduzidos pelos nossos antepos-sados europeus. Entre elas, ~ fundamental opreparo do solo. Na Europa, a oração daterra ~ realizada com a finalidade de seacelerar o aquecimento,secamento e a mobi-Iiz cçôo da vida do solo que, durante oinverno, fica coberto de· neve. Com estaprctico , conseguiu-se uma agricultura maisprodutiva. Porem, o desgaste maior do poten-cial orgânico e seu menor retorno j~ se fazsentir pela morte lenta de seus solos. NoBrasil,acreditamos não ser necess~rio degelaros solos.

Com o tombamento do sol~eralmente a20 cm ou mais) promove-se, principalmente,o seu arejamento e a sua exposição diretaao sol e à ação cin~tica das ~guas pluviais'.

A GRANJA

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o solo esgotado se torna improdutivo

Com isto, ocorre:- o aumento da população b ioloqico , que

acelera a queimado material orgônico.A~s,verifica-se uma redução dr~stica no teor demat~ria orgônica e a morte da solo por faltade alimentação;

- a destruição dos agregados do solo,restando seus constituintes minerais primor ios- areia, limo e argila, soltos e dispersas;

- o inversão de camadas do solo, com oabafamento da camada superior mais ativo(6-10 em) pela inferior, praticamente inertee inst~vel ~ ação da chuva. .

Todos os outros tratamentos mecôni cos quevisam hortar (pulverizar) o solo atuam noaceleração da decadência de sua e struturogranular ou grumosa, apressando, ai nda,aqueles fenômenos j~ abordados, que se rela-cionam ao fato.

o que fazer - Deve-se criar condiçõesporo a instalação de uma vida heter~trofana sala, de modo que haja a formação deuma estrutura est~vel à ~gua. Basicamen te,são necess~rios o material orgônico e seuretorno peri odico à terra, ar, umidade etemperaturas amenas no solo (aproximada-mente 250C1, cof c io , fasforo e, às vezes,micranutrientes,pot~ssia e nitrogênio,depen-dendo da seu nivel no terreno.

Revitalização - Paro a revitalização dosolo, deve-se adotar como meta a construçãode uma estrutura grumosa, estcve l à ~gua,e o complexo organo-mineral, a fim de seestabelecer um maior volume porosa - espaçovital para as raizes. Com isto, melhora-seo arejamento (maior taxa de02: processosoxidativos), e drenagem do solo, a lem de seaumentar a sua capocidade de conservaçãode ~gua, e de troca catiônica (CTCl, assimcomo a disponibilidade dos nutrientes e aeficiência dos fertilizantes aplicados.

Solo Grumoso - t no sola que se localizaa raiz ~ o ~rgão de absorção dos nutrientesnecessarios poro a manutenção e produção

JANEIRO 1977

do vegetal. As raizes podem ser camporadasaos nossos intestinos com sua flora (micr~bios

. que no homem ficam dentro do troto diges-tivo e na raiz ficam foro, circundando-a).° estômago, com seus sol ventes (ccidos ea agua ingerido), corresponde à rizosfera- camada de terra que envolve as ra izes,com seus oc idos fracos e ~gua.

A planta qu~ geralment~ conta com otimacargo gen~tica, isto ~, programação deprodução elevada ~ de defesa natural asdoenças e pragas, s~ podere expressar estacarga, quando existir o mecanismo executorconstruido e em perfeito estado de funciona-mento. De nado adianta a alta produtividadede uma cultivar se a 'raiz não conseguirextrair o, nutcÕentes necessarios do solo. Elapoderá ter capac idade poro metaba I izar osminerais, as pro re incs , graxas e amidos. Mas,

sem os mi nerais, nado metabol iza. Por isso,se o solo não permitir o funcionomento ade-quado dos raizes, de ncda valera a melhorprogramação gen~tica.

Adensamento do Solo - A crosta superficial~ de facil reconhecimento. Porem, a umidadepode fazer. com que os adensamentos nacamada orov e l do solo pareçam de facilpenetração para as raizes. Iv'v:Js, a reduçãodo volume poroso, que ocorre naturalmente,impede o d ese nvo lv imen to normal das roiz es ,o que, em estado ~mido, ~ agravada pelafalta de suficiente arejamento.

Para diagnosticar o adensamento do solo,existem m~todas de campo faceis, que indi-cam a existência ou não de condições favo-r~veis ao desenvolvimento das raizes. Entreeles, citamos:

- teste do ruptura da leiva apÓs a oraçãoou de blocos de terra obtidos no escavamentopor enxadão ou p~ reta .. Consiste, basica-mente, na tentativa de quebrar os blocos deterra, mediante pressão. Durante a operaçãopodem ocorrer:

a) esboroamento granular - indica o+imcscondições poro o desenvolvimento- radi-cular e bons resultados com odubação;

b) umo superficie de ruptura irregular, comvértices de ôngulos arredondados-apontoum estado regular do solo para o cres-cimento dos raizes, porem, j~ com mauaproveitamento da adubação. Esta estru-tura granular es+o iniciando sua deca-dência (densidade aparente ao redor de1,2 o 1,5);

c) uma superfic le de quebra-plana, comv~rtices de ôngulas vivas-mastro queexiste um volume porosa muito pequena.Quanta mais plana a superf ic ie de rup-tura, pior sere o sala para o desenvol-vimento das raizes(que podere sernula).Aponto, ainda, avançada decadênciac>

A

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Fig. 5· Decadência da estrutura grumosa do sola

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do solo, em blocos angulares (densidodeopor ent e moior que 1,5). Nestas terras,a adubação tero pouco ou nenhumefeito.

O emprega da po reto pode ajudor nolocol izoção de umo camodo adensada. Oprocedimento, no coso, ~ o mesmo do obten-ção de amostrogem do solo para an~lisequimica, com a ~nica diferença que o tijolode terra deve ser de 30 cm. Este deve serretirado sem quebror. A seguir, uitlizando-seuma escarti Iha, deve-se procuror determi naros planos de ruptura (no sentido da largura)do tijolo. A camada fofa cair~ em formagranulada. Quando a terra cair em forma deblocos de 10 o 20 mm de diómetro, com osv~rtices arredondados-angulares, temos umacamada no primeiro grau de decadência,completamente est~ri I" Oucndo a camadaporecer um bloco duro, sem raizes, de 300300 mm de diómetro, o solo se encontra numestado muito avançado de decadência.

As profundidades em que ocorrerem as dife-rentes estruturas do solo deverão ser anotadas(Fig.5).

- teste da raiz - procura-se confirmar osdados coletados do solo com o tipo de desen-volvimento da raiz. Cada obstccu!o, seja eleo assentamento do solo ou a falta de poro-sidade para a penetração, ~ acusado na raizpivotante o+roves de torceduras·, deformações,afinamentos e ausência de raízes secund~-rias, olem de desenvolvimento deficiente.

Numa camada de terra adensada, nota-seque o raiz apresenta torceduras procurandopenetrar no solo, ou mesmo afinamentos.Nesta zona, a presença de raízes secund~rias~ pequena ou praticamente ausente.As raizespodem sofrer apodreci mento por fa Ita de ar,quando o adensaménto do solo ~ agravadocom a estagnação da ~gua. Ocorre que araiz necessita de oxigênio para sua respira-çõo, e sem ela não consegue absorver nemógua nem nutrientes, com excessôo do arrozirrigado e outras plantas oqucticcs , que pos-suem um sistema de ventilação radicular a-

,-

lâmina delgada de solo adensado com pequenovolume poroso (área clara)

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---...•....•. ._-

--- ._-Fig. 6 - Efeito da aração e subsolaçãa

través das folhas: o aerênquima. Assim, todosconhecem o milho amarelo e rcquitico em~reas que foram inundadas.

O solo decadente pode ser reconhecido,também, pelo tamanho dos torrões de terra,trazidos à superfície pelo arado, e queprecisam ser destarroados, e pela poeira quelevanta durante a gradagem. Um solo é tantomais decaído quanto mais passadas de gradesexigir para possibilitar a semeadura. Solodecadente s'; produz razoavelmente se oclima for bastante favor~vel. Colheitas quefracassam devido à m~ distribui çôo das chuvascrescem somente em terras esgotadas.

Reconstrução da Estrutura Grumosa - Areconstruçôo da estrutura grumosa do solo,ativa e resistente à ~gua, é uma meto viávelecon~micamente tamb~m em áreas extensas,a curto e médio prazo. Não pode ser consi-

,-

lâmina delgada de sola fafo com amplo valumeparoso (área clara)

derada, portanto, como privilégio de hortase pequenos propr.i e dodes rnistos . Para isto,contudo, ~ necess~rio identificar:

- os problemas - com o ouxílio do testeda pÓ e do roiz, determina-se o grau dedecadência do estrutura granular ou grumasado terreno, numa camada de 25 a 30 cm deprofundidade. Anotam-se, também, a crostasuperfic ia I, adensamentos, deformações das

/rcrz es , e tc ,

- a causo da decadência - que pode sero falta de retorno de material orqoruco ,corência de nutrientes(principolmente cálcio,f';sforo e micronutrientes), pressão de pneusdos máquinas, preparo do solo com umidadeinadequado (empastamento), exposição daterra desnuda à ação das chuvas ou, ainda,o i luviação (carreamento para dentro do solo)de por ticulos finos que preenchem os poros,diminuindo o volume poroso, entre outras.

- os fatores a serem manejados - como, porexemplo,ar e ~gua do solo, fonte de materialorgânico (odubo verde, restos de culturas, oumesmo esterco, tortas, bagaços, compostos,humus,etc)e nutrientes pora alimentar micro-organismos, al~m de roizes vegetais ativos,máquinos, sombreamento do solo {contra inso-lação di reta e a oçõo dos ~guas das chuvas).

- meto - na reconstrução da estruturagrumosa a meta ~ um solo produtivo. Paraisto, deve-se promover o cqr eqoçôo ouímica( co lo ides minerais: argilas, hidrÓxidos deferro, alumínio e c~lcio ) e b io loqico daspor+iculos primárias do solo.

A .semi-incorporação de restos de cultura,enriqueci das com cc lc lo , f';sforo e micronu-tr.ientes (usar fontes não sol~veis em ~gua),cria condições aer';bias e semi-aeróbias nosolo. Todavia, na ausência destes elementas,surgem no terreno fungos como o Penicilliumurticare, Trichoderma lignorum, Fusariumlignorum e outros, que possibilitam a vida debact~rias como a Sporocitophaga e Citapha-ga. Estas agregam os partículas mineraisatrav~s de col';ides orgónicas não sal~veis emágua, como os ácidos h~micos produz idos nadecamposi çôo de material orgónico na pre-sença de Ca. Na ausência de Ca ocorre cformação de ócidos fl~vicos, que são sol~veisem ógua e atuam, assim, no empobrecimentoquímico do solo durante sua lixiviação.

As bact~rias agregam as partículas mine-rais, tombem, otrcves de colas orgânicasestáveis à 'ógua (como ácidos poliurónicosariginados na decomposição do moteriolorgónico) ou dos obtidas por excreção ousecreçõo dos próprios microorganismos (ouplantas, minhocos, etc), como as gel~iasbacterianas. A união das pcr+iculcs pode sedar, ainda, orroves de hífens de fungos,oct lnomic e tos e fi lamentos de algas queformam os chamados grumos estóve is à ógua.

Aração - Em nossos solos agdcolas encon-tra-se,gerolmente,a primeira torceduro maiorda raiz a 6 ou 10 cm de profundidade, apartir do colo-faixa onde se localiza o maiorvolume de raizes secundórias.

A araçõo correta não dev:- atingir umaprofundidade 2 cm maior ou, na máxima, 1/3a mais que a camada de solo fofo e enrai-

A GRANJA

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zada. Par exemplo: 6 cm (primeira torcedurafarte) + 2 cm (1/3 de 6 cm) = 8 cm que deveser, pois, a profundidade da araçõa. Assim,evita-se que ~terra fofa seja abafada poruma camada estéril, a que piara a situaçãoda sala. Se ararmos a 20 cm, teremos umacamada de 14 cm (20-6 = 14) de sala inertecobrindo a camada fofa de 6 cm e, portanto,destruindo-a (Fig.6).

Quando a oro çco é feita em profundidadede 1/3 a mais do que a camada fofa, o obje-tivo deve ser o incorporação de .umo camadafina de terra inerte ao solo ativado biolo-gicamente. Isto contribui poro o melhora-mento gradativo do solo, através do desen-volvimento das raizes.

Obs: Muitos j~ devem ter observodo quea trigo cresce muito mais vigorosamente numsolo somente gradeodo ou" poteado' do quenormalmente arado: em solo inerte, os raizestêm mais dificuldade poro se desenvolver.

O restante do solo inerte devere ser tra-boi hado com subsolodor ou pé-de-poto.

Obs: t evidente que em solos agricolasrecérn-desbravados h~ necessidade de serrealizado um trabalha mecânico profundo delimpeza de raizes e tocos, e também poroa incorporoçdo correta do ca Ic~rio corretivo,em 2 porcelas: uma antes e outra opos aoração, para misturar bem com a camada de20 cm de solo. Mas, cpos , deveremos pararos trabalhos de inversão de camadas de solomais profundas (além de 12 ou 15 c rn},Porém, deve-se atentar ao fato de que isola-damente nem a lavração correta, nem oretorno da matéria orgânica e a rotação decul turas conseguem recuperar o solo. Omelhoramento da terra só é obtido pelaconjugação de todas as pr~ticas, usadasharmon iosamente.

Subsolador ou pé-de-Pato - Esses imple-mentos atuam a fim de estourar a faixa aden-soda do solo, sem,contudo,inverter camodas.Deverão ser usados após o arado, com o pro-pcsi+o de destruir sua ação negativa,ou seja,a formação da soleira-de-arado.

A passagem do subsolador ou pé-de-pato

8

3

floculado200m

1/3 compac:to

pH p

ppm

é feita com a terra enxuta, que possibilitaO rompimento das camadas adensadas e evitao simples sulcamento do solo, que pode terefeitos nocivos em épocas chuvosas. Asubsolagem deve ser seguida imediatamenteda semeadura de plantas que enraizem deforma ropido a terra afrouxada, servindo cecunhas nos rompimentos provocados peloimplemento. Do contr~rio, sere um trabalhoperdido, espec ialmente na época das ~guas.

O rompimento do so lo podero ser realizado,também, por grades pesadas (oradoras) quetrabolhem em profundidade de até 20cm, seminverter camadas.

absorção vegetal

i

microorganismol

do soloJ,fixação. oxidação de

minerais e mineralização

de matéria orgânica

JANEIRO 1977

Fig. 8 - Interrelações dos fatores da solo

17

7 15

13

6 11

Passadas de Máquinas - As maquines d,evemser possadas sobre o terreno o menor numerapossivel de vezes, a fim de evitar a compac-

9

5 7

AI, Fe, Mn

textura (tipo de argila)

5

4

AJ extr.ppm

800

700

600

500

400

Fig. 7 - Efeito da campacidade do solo sobre o pH, Al e P (Watts, 1973)---------------'

compactototal

~iZ~I nutri entes 'mo disp., ~""'M'

( "."'. .:,-- ESTRUTURA '- +-_+ água e ar do solo

\ / DO SOLO."( I).~o-•• ica

2/3 compacto

to çoo pelos pneus\Fig.7). Os arados e gradespressionam o sala, destruindo os grânulos eempastando a superf(cie de arrasto, no casode terras com elevado grau de umidade.

A enxada rotativa pulveriza não somenteos torrões mas também os grumos,acelerando,assim, a dispersão do solo. A sola de arrastoé igualmente pronunciada, especialmentequando se trabalha após uma chuva e commaior velocidade. Neste caso, O malogro dacultura est~ consagrado. A enxada rotativaé benéfica quando usada para picar restos deculturas, atingindo, ainda, um minima deso 10 ( 2 em ). A possagem das máquinas deveser a menor possive I e de preferênc ia comos implementos conjugados.

Cobertura do Sala - Após a preparo daterreno deve-se plantar imediatamente umacultura que cubra de formo r~pida ç solo.Isto porque, em nossas condições e l irnc+lccs ,um solo decadente (sem vida e inst~vel à~gua) deixodo muita tempo descoberto pro-picia o ressecamenta das por+iculcs minerais,num prazo de 3 a 6 semanas. Portanto, suaproteção e enraizamenta é de primordialimportânc ia .

Aconselha-se, pois, a cobertura rror to( mulching ) poro a época da seca, a fimde monter o solo mais fresco e evitar umaperda excessiva de ~gua. No periodo chu-voso, a cobertura favorece a penetração da~gua no terreno, pro movendo a perda denutrientes por lixiviaçãa. Por isso, o enlei-ramento da palha de cana na época das á-guas diminui a produção, o que não ocor-rerá se este for acomponhado de uma adu-bação, especialmente de K, Ca e N.

Na época das ~guas, a cobertura do solodeverá ser viva, como, por exemplo,culturast>

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·.interdilares ou de proteção (cover crop).Assim, os nutrientes levados pelas ~guas, quese infiltram no terreno, são captados pelasraizes da cultura de proteção e bombeadosnovamente à superficie, atingindo as folhas(plantas de raizes profundas como os legu-minosas).

A cobertura ~ de grande importôncia, poisprotege o solo da exposição ao sol e doimpacta das chuvas tropicais. Por isso, ofamoso dry-farming que tonto benefic ia ossolos de zonas secas em clima temperado(chuvas mansos)é impr~prio em clima tropical(fortes chuvas). Em terrenos tropicais haveriaa formação de crostas, adensamentos e ca-madas imperme~veis. E, ao invés de penetrarno solo, a ~gua escorre, causando erosão eenchentes.

Obs: Todos sabem que Com o manejoatual, o solo sem proteção apresenta umacamada superficial que resseca facilmente,conforme suo textura. Isso, mui tas vezes,obriga ao plantio mois profundo das semen-tes.Mas haja semente com reserva nutricionale vigor de crescimento tal que consigaconduzir a plantinha por uma camada deterra até J 5 em, profundidade em que algunschegaram a plantar soja no Mato Grosso ~Assim, o solo que mantiver umidade nasuperficie, garanti r~ a germinação e o Cres-cimento inicial das plantinhas, que poderãoSer plantadas na profundidade Correta.

No dry-farming, o solo lavrado permanecedurante Um ano sem cultivo e Sem ervasdaninhas para que a ~gua ali se acumule semSer gasta pelas plantas.Assim,a cada segundoano uma cul turo consegue vingar.

Tviaterial Orgânico -t de suma importâncianão queimar os restos de colheitas (polha e"raizes mortas). Estes devem Ser incorporodossuperficialment~ ao solo, a fim de que osmicroorganismos disponham de Um forneci-mento constante de material orgânico. Deve-se adotar como objetivo a renovação cons-tante do estoque de matéria orgânica noso 10 ( fig. 8 ).

A odubação verde, que apresen ta umarelação C/N muito pequena, falha no enri-quecimento do solo em matéria orgânica,"além de gastar o humus presente. Em nossoclima, sua decomposição OCorre dentro de 4o 6 semonos , Os restos de cultura, todavia,dasaparecem num prazo de 3 a 4 meses,bene-ficiando a estrutura ativa do solo neste inter-valo. A plantação para adubo verde tem,contudo, a sua importância, se levarmos emconta a atividade rompedora das rai'zes e ofornecimento de nitrogênia.

A incorporação do material organlco aosolo deve ser rasa(aproximodamente 5- J O crn)para beneficiar a microvida. Como vimosanteriormente, sua decomposição não poder~OCorrer favoravélmente em solo adensado.Isto porque, em condições de boixo areja-mento, h~ fermentação e produção de subs-tâncias at~ nocivas, sem melhoramento dosolo.

Obs: O material seco (p.ex. palha depalha de arroz e at~ fibra de algodão, que~ pura celulose) decompÕe-se rapidamente

, './""em presença de calcio + fosforo, umidade,ar e inoculação com terra.

Nutrientes - O adubo quimico, odequada-mente uti Iizado, ~ um poderoso instrumentona recuperação e conservação dos solos. Emterros carentes em cole io , f~sforo, ni trogên ioe micronutrientes - como ~ o nosso caso _ I

estes elementos devem ser aplicados princi-palmente para:

- acelerar o desenvolvimento da cultura,de modo queem pouco tempo ela possa cobrirO solo, protegendo-o do impacto das chuvas.

- dirigir a decomposição da matéria orgâ-nica, produzindo substâncias agregadoras dosolo. Na ausência de c~lcio, a decomposiçãodo material orgânico origina ~cidos fClvicos,muito solCveis em ~gua, que promovem oempobrecimento do solo. Na presença dec~lcio, h~ formação de ~cido hCmico, inso -ICvel em ~gua, com o conseqllente enrique-cimento do solo.

- favorecer o vida de minhocas, que res-pondem pela produtividade do solo. Aausência desses animais ~ devida à falta desombra, material orgânico, c~lcio e f~sforo.

Em solo insolada a vida desaparece. Pode-remos consideror O aparecimento espontâneode minhocas como um sinal de que o solo

estó sendo Corretamente manejado para ainstalação de umo cultura econômica.

Ação das Raizes - As raizes são fundamen-tais para manter um solo ativo e produtivo.POSsuem" ação rompedora, com seu trabalhode cunho entre as frestas formadas pelo ume-decimento-secomento do solo e pela atuaçãodos implementos (arados, subsolodor, gradearadora, etc), existindo,por outro lado, umaproporção definida entre o volume radiculare o tamanho da planta e sua produção.

Logo, pode-se compreender que uma mono-cultura ~ prejudicial para um solo, princi-palmente quando tiver raizes superficiais, poispouco penetram na terra, deixando um grandevolume sem enraizar e proteger. Sabe-se queraizes de plantas congêneres se evitammutuamente, por excretorem substâncias de-fensivas, e que prejudicam as raizes de seuspares. Cada cultura ~ mais ou menos toleranteconsigo mesma. Porém, raizes de plantas dife-rentes são capazes de se entrelaçar no mesmoespaço de solo. Por isso é importante plantarculturas com ro{zes vigorosos e abundantesem rotaçõo com cultivos de raizes fracas( por exempla, trigo e soja).

As raizes com sua microflora, que afrouxame agregam a terra, são as respons~veis pela

-,

7 .._

~ J

38 A esquerda, solo de cerrado recém preparado. No centro, solo adensado sem raizes, 3 anos após a cana rel

A GRANJA

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ampliação do volume poroso do solo, ole mde estabe lecer sua fofura e produtividade.Quando se encontra uma cultura com bomdesen"talvimento de raizes sadias pode-se tercerteza de que a colheita sero elevado eeconômica, com aproveitamento ideal dosfertilizantes aplicados e a exploração con+veniente da capacidade gen~tica de produçãoda variedade utilizada.

Irrigação - A irrigação e necessaria emáreas onde ocorrem perlodos prolongados deseca. As exigênc ias de água poderão serdimrnuidas, caso se aumente a capacidadede retenção e disponibi Iidade do Iiquido nosolo,alimentando-se os lençóis freáticos ade-quadamente. AI~m disto, deve-se contar complantas sadias, que apresentam menor taxade transpiraçãa (suco celular mais viscaso,tecido celular mais resistente), e instalarquebra-ventos.

T~nica - A fim de melhor ilustrar a t~cni-co de campo a ser aplicada, imaginerros umsolo com um grau elevado de decadência(crosta, lage espessa ), onde se desejo plan-tar uma cultura anual espoçada ( mais que 50cm entre linhas, corro no milho) na epocadas águas.A profundidade do inicio do aden-samento do so 10 fo i determinado pelo·teste da

~ direita, ra ízes de toiceira de cana resseca

JANEIRO 1977

po e o do raiz ( ou somente este .~Itirro ),dando, por exemplo, 8 cm. No caso de sedispor de restos de cul turas, estes deverãoser picados o fim de facilitar o manejo dasmáquinas ( uso do picador de polha nas co-Ihedeiras, enxada rotativa ou colhedeira ).

Mediante uma análise quimico , determi-nam-se os teores de cálcio, potássio e fósforoque, estando baixos, deverão ser aplicadosporte a lanço, em forma de fosfato cálcico(esc';ria, termofosfato, fosforita, etc) na basede JOO a 300 kg/ha, conforme o grau dedecadência, juntamente com polha. Deve-se,tombem, fazer a correção do solo.

Com O emprego de arado, sabe-se que odisco deverá ser aprofundado at~ 10 cm nomáxi mo, para incorporar somente uma camadafina de terra inerte ao solo vivo da super-f(cie. Os restos de cultura, em condiçõessemi-aeróbicas (superficialmente incorpora-dos) e enriquecidos com Ca + P, não neces-sitam ser acrescidos de nitrogênio. Isto porquea microvida que se instalará captará esteele men to do ar atmosf~ri co.

Depois disto, possa-se um p~-de-pato ousubsolador para romper o restante da lage.O terreno· deve estar enxuto, pois, do con-trário,este será um serviço perdido e nocivo.Existem arados de arrasto com O p~-de-potoou subsolador acoplados que real izam oserviço numa só operação. Pode-se usar,tombem, uma grade pesada (crcdoro} que faráo trabalho de ambos a uma profundidade de20 cm, ou, ainda, utilizar em lugar da gradeou pe -de-poto uma plantadeira com esteimplemento acoplado, após a cro çco ougradagem superficial.

Para o plantio, deve-se, primeiramente,destruir a crosta superficial, romper a lagee dar inicio ~ ativação da rnicro-v ido nasuperflcie (com material orgânico).

Cobertura do Solo - Finalmente, cobre-seo solo o mais rapidamente possivel:

- se a epocc de plantio ainda demorar uns3 meses, semeia-se uma leguminosa de porteereto, densamente, pora garanti r sua enver-gadura baixa. Passa-se uma grade antes doplantio ou se planta diretamente com implan-tadeira.

- se o preporo foi realizado ~s vésperasdo plantio, procede-se a semeadura dacultura.Na ~poca da primeira carpa, implan-ta-se um cu Itivo interca lar (de preferênc iauma leguminosa de rápido crescimento eraizes potentes que combine com a culturaprincipal) a fim de cobrir o solo e evitar odesenvolvimento das ervas daninhas. Porexemplo: guandu, feijão-de-porco na culturade milho ou feijão-fradinho, crotclor lo ousoja gran (fera na cana-de-aç~car.

- outro sistema de cobertura ~ usar somentea quantidade de herbicida que permita ainstalação da cultura de interesse e plantarlogo em seguida uma leguminosa nas entre-linhas. O objetivo dessa prática ~ protegero solo e suprimiras invasoras,que não vingamna falta de luminosidade e nem mesmoquando rebrotam de raiz profunda.

- plantar a cultura principol e, entrelinhas, a cultivo de proteção (feijão-fradi-

39

nho, soja granifera, feijão-de-porco, etc).Assim, o solo Fico protegida da insolaçãodireto, do ação dos águas. e dos ínços ,

Quando não se plantam estas culturas deproteção em nossos condições climáticas,pouco se pode melhorar o solo com cul tivos

·de milho, cana ou algodão, que possuempouca agressividade, principolmente em solodecaido.

Em culturas como soja gran(fera, onde ointer-plantio de um cultivo protetor;; inviá-vel,o sistema é diverso.U-sa-se uma adubaçãoquímico que acelereao máxima ocrescimentojuvenil do própria cultura, que fecha o solo.No Rio Grande do Sul, onde a soja ~ plan-tado apc;s o trigo, no inicio do ~poca seca,a palha de trigo picada e espalhada nasuperficie do solo (com incorporação máximade 5 crn com grade) ~ a melhor maneira deproteger o solo, até podemos instalar oplantio direto convencional (quando naohouver mais lage nem crosta).

No caso de culturas perenes, na época doschuvas, planta-se uma leguminosa protetoraque, na seca, ser'; incorporada superficial-mente com uma grade leve ou enxadarotativa. Ao mesmo tempo, apl ica-se umfosfato cálcico. No cafezal, por exemplo,s'; se mont~m limpo a "saio" deixando-seas ervas dani nhas crescerem entre os fi lei ros.Num plantio novo de cafeeiros, com grandeárea de solo desprotegida, planto-se umaleguminosa de raizes potentes de modo a iraFrouxando e melhorando o solo em 'profun-didade, assim como beneficiar as raizes emcrescimento da cultura principol.Esta próticatambémé válida para outras culturas perenes,como c itrus.

No caso de pastagens, o maior problemadiz respeito ao desnudamento de manchas desolo pelo pastoreio não dirigido do gado.Nessas manchas, se instalam as invasoras etem inicio a decadência do solo. Um manejorotativo do pastejo e uma adubação de pas-tagens produtivas. Todavia,os postos implan-tados em solos destruidos pela cul tura doalgodõo, milho,cana-de-aç~car, nunca serãoprodutivas, a não ser quando se plantam, nominimo, capins nobres como o colonião.

Em solo descompactado biologicamente,semcrostas superfic iais e adensamentos, pode-seplantar diretamente após a colheita, conse-guindo-se melhores resultados.Em terras cujaestrutura não ~ boa, o plantiodireto conven-cional (o semeadeira com pé-de-poto aco-piado poderá ser usada quando não houvercrosta superficial) é desaconselhóvel porquenão melhora o terreno, embora o conserve.

Nos terrenos deser+icos , totalmente desa-gregados e adensados, com capocidade deretenção de fertil izantes baixa ou ausente,utiliza-se uma fonte de material orgânico,bem curtido, que provenha de fora da áreade ativ idade, ou se uso adubação semi -verde ,Esta prática, que tem por objetivo permitira instalaçõo razoovel da cultura principal,.pode ser usado paro acelerar o melhoramentodo solo em pequenas áreas.

De posse de todos os dados e situações, edepois de estabelecida a meta a atingir,rnooro-se um esquema de trabalho poro recu-I>

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per~ção do solo, que seja flexi'vel e adap-tado ao local e ~ poss ib ilidade econômica.Os resultados disto não podem ser esperadasnum prazo de 2 meses, par exemplo. Istoparque, mui tos vezes, a terra vem sendadestrufda h~ anos. Com o manejo correto,um solo pode ser recuperado satisfatoriamentedentro de 3 a 4 anos.

Pode parecer que o manejo biodinômicoseja mais caro que o convencional. Os custospoderão ser maiores nas 3 primeiras culturas,mos os lucros também ser oo . em condiçõesnormais. A partir daf, as despesas tenderãoa baixar progressivamente, com o conseqllenteaumento das lucros. Somente através domanejo correto do solo conseguiremos melho-rar a situação da população rural e o fim daagricultura que vivia de sua descapitali-zaçaa.

Consid~rações Finais - Antigamente, eraconhecida a impartóncia de um solo estru-turado 'biolagicamente e estabilizada ~ açãoda ~gua, na produção vegetal. Podemosafirmar, contudo, que a sua impartôncia évital não somente na influência do micra-clima como, também, na nutrição normal dosplantas.

Em um trabalha de especialização, naEuropa, conduzimos uma competição devariedades bros i lei rcs de milha (Agraceres,Cargi 11, triga(Tarapi, Catiparã)e soja(Hardee,Santa Rosa) com européias.° experimenta foi conduzido em hidrapaniapura, ou seja, foi dispensado o subs+roto ~-lido, utilizando-se somente ~gua + nutrientesa n(vel de raiz. Em iguais condi çoe s demicra-clima e com a nutrição sem as impedi-mentos de acidez, campactaçãa de sola, faltade 02, seco , temperatura elevada de subs-trata, doenças e pragas a nfvel de raiz,conseguiu-se determinar (orroves de oncl isevegetal) que a capacidade de absorção denutrientes das variedades brasi leiras erasemelhante ou até superior ~ das cultivareseurope iosfumo norte-americana), consideradasde alta produção.

As variedades européias produzem,a campa,uma média nacional de 3 a 5 t de triga/ha(na Holanda, em certas orecs , chegam até8 t/ha, contra as 900 a 1.200 kg/ha naBrasil), de 6 a 7 t de mi lho Zho (contra 1 at/ha na Brasil) e de 2 a 3 t 'de saja/ha (até4t/ha nas EUA contra 1,5a2t 'ha na Brasil).

Sob condi çôe s controlados provou-se que agenética de nossas sementes foi até superiora das européias, em candiçães de igualdade.Se isto não fosse ver idic o , não poder iomosobter, a n(vel de campo, produções de 11 a15tde milha/ha(com usa elevada de materialorgânica) em competição de produtividade,nem quase 4 t de trigo/ha \na Centro Na-cional da Trigo conseguiu-se até 7 tlha, emmeia controlada) em condi çce s de cerradonovo irrigada,e nem 3,6 t de soja 'ha quandoos salas são bons e é melhor a distribuiçãodas chuvas (recentemente foram ob.tidas até4,8 t de saja/ha na Amazônia,em fase expe-rimental).Se nossos rendimentos são inferioresé Dor causada baixa produtividade das solas,

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em canseqllência de um manejo inadequadopara nosso c Iima.

Culpa-se o clima tropical e a pobrezonatural de nossos solos por sua baixa produ-ção. Mas, como se explica a crescimentoimpressionante de nossas florestas, até 10vezes superior que em clima temperado?Porque as primeiras colheitas em terras recém-desmctcdcs sempre são boas? Par que o aban-dona do sola par 8 a 15 anos restabelece asua produtividade?t dificil crer.que este fatose dê em virtude da acumulação de nutrien-tes na solução da solo. Todavia, a soluçãonão é quimicc , mas bio-f(sica. Não ocorreccumo lc de nutrientes, mas a exploração deum volume muito maior de sola pelas raizes.Uma raiz que explora 1 kg de terra é piarnutrida da que outra que aproveita 10 kg deterreno. Isto porque, em condições de aden-samento (que impede o desenvolvimento radi-cular) h~ uma redução no teor de oxigênio,o que afeta drasticamente o metabol ismo daplanta no tocante à produção de energia apartir das carbohidratos.

Na fotossintese ocorre a s(ntese de glicose(C6HI206), a partir C02 (g~s carbônico)+ água + luz. A partir desta glicose temos

a produção de substâncias orgânicos:

~

esPira ão energia(+)gl icose !

substâncias orgânicos

(+) em condiçães aerbbias (presença de

oxigênio) no solo h~ produção de673 mil ca10rias/1vIoI de glicose. Emmeio anaeróbico (solo adensado, ouencharcado, como pequeno vo lumeporoso ) são produzidos somente 20mil calorias/1vIo1 de glicose.lsto querdizer que o planto necessito de mui-to mais moterial fotossintetizado po-ro conseguir o energia essencial àformação de substâncias orgânicos.Como o ausencia de oxigênio o nf-vel de raiz, há uma perda excessivoe desnecessário de energia e, comisto, uma queda brusco no produção.

É certo que não conseguiremos solucionareste problema se não modificarmos nossometodologia de manejo do solo, considerartdao importância do biologia e do matéria orgâ-nica.Os dados apresentados o seguir dão umaidéio dessa importânc ia.

argila caolinita montmari lonita

região predomi nante tropical e temperadosub-trooical

superfic ie espedfica(m2/g) 10-30 700-800

CTC (e.mg/l00 g) 3-15 80-150capacidade de retençãode ~gua X XXXXexpansibi lidade - XXXsuperf(cie interna acessfvel - XXXplasticidade, coesão X XXXcarga negativo disponfvel O 0,25-0;60espessura laminar 1000 20-com ligaçães caloidais Si Si,AI,Fecom ligações iônicas Al,Fe -

AGRANJA

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Em visto disto, verifico-se que, além dosnossos solos sofrerem um desgoste muito maiorque nos climas temperados (com altos produ-ções agr~las por unidade de orec), tambémpossuem o fase mi neral com capocidade deretenção de ~gua e nutrientes mui to ma isreduzido. Iv\os, através do retorno do ma tériaorgânico, ql!e incentiva os processos biol~-gicos,é possível restabelecer o produtividadedos solos. Como material orgânico conside-ramos, principolmente, os restos de culturasque, enriquecidos com f~sforo-e c~lcio,darãoorigem ã uma microvida altamente benéficaao solo. Pelo retorno da matéria orgânicapode-se aumentar a CTC do solo (a CTC domatéria orgânico varia entre 190 o 500) e acapacidade de retenção de ~gua, que é de8 a 20 vezes maior que a da fr,\ção mineral.

O conjunto ffsico-qufmico-biol~ico dosolo, harmonicamente ajustado, podere ofe-recer condições paro uma elevado produçãopor unidade de ~rea, sem muitos transtornos.Com esta conscientização e o novo conceito

do que e reálmente o solo (não somente umser vivo produtor de plantas) pode-se iniciaruma novo era que revolucionar~ a agrope-cuório,ossim como nosso economia e a socie-dade operante. Se produzirmos desertos (solosmo~tos) pelos métodos atualmente empregadosestaremos propiciando O fome e, portanto,homens famintos e noções rniserove is , quecremos não ser nossa meta atualmente.

Solos Manejados - Os solos biodinamica-mente manejados apresentam os seguintesbeneffcios:

o - ausência de pans (sobre o soleira deorado) e adensamentos, com:

- maior espoço poro O desenvolvimentoradicularmelhor drenagem do solomenor prob lemo de encharcamento dozona radicularmelhor arejamento da zona radicularmelhor aproveitamento dos nutrientesexistentes ou adubados

JANEIRO 1977

Aesquerda,plantaem solofofo.Nocentroeàdireita,plantasem

- manchadesoloassentado.(mesmasemente,adubação,épocadeplantioe solo)

b - ausência da crosta na superf icie dosolo, com:

1- maior infiltração de aguas pluviais- menor escorri mento de ~guas- menor erosõo laminar, desgaste e

perda de nossos solos- menor despesa na manutençõo de ter-

raços e curvas de n{vel- menos enchentes (calamidades p~bli-

ccs)- menos quedas de pontes, solapamento

de estradasaçudes, represas e cursos de ~gua commenos pardculas minerais (argila, li-mo) em suspensão (e adubos e defen-sivos)

- menor {ndice de mortandade depeixes por asfixia (e intoxicações)

- menor intensidade no assoreamentode açudes e borroqensfrombern hidro-elétricos)

- maior repos! çôo de ~guas subterrâ-neas, isto e, nascentes e poçosmenor periodo de seco (calamidadep~blica

- cursos de agua com fluxo maiscontinuo a parti r das nascentesn{vel mais est~vel dos cursos de ~gua(navegação, etc)

- menor erosão vertical, com menorformaçõo de camadas arenosos nasuperf{cie dos solos, e lages no seuinterior

2- maior beneffcio agro-econômico- maior disponibilidade de ~gua na

camada ar~vel- menor problema de aquecimento no

solo- maior atividade micro e mesobiol';-

gica (maior agregação dos por+iculosde solo e grumos est~veis 'a ~gua, eequi Ifbrio das populações)menor modificação microclim~tica

- menor problema de geJ!" i nação dassementesmelhor crescimento das culturasmaior produção qual i-quantitativo dealimentos e maior rentabilidade porhectare e maior lucromaior volume de produtos agrope-cuarios para expcrtcçéo (balançacomerciál)maior facilidade de competição emelhor preço no mercado (qualidadedo produto)

- reflexo positivo sobre o nutrição deanimais (maior (ndice de conversãodos alimentos)

- menos gosto de combustfvel (menospassagem de rncquinos]menor desgoste de mcqui nos (solos nãocompactados, plantas menos xerofi-zadas)

3- menor fndice de aridização dasareas, e migraçães populacionais

4- menor i ncidência de tempestades depoei ra

5- maior equi Ifbrio ecoloqlco ,

Eng!> Agr!> Odo Primavesi O

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