livro_contabilidade para o terceiro setor

72
Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul TERCEIRO SETOR: GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE Porto Alegre-RS | Dezembro | 2011

Upload: ney-mourao

Post on 14-Aug-2015

39 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul

TERCEIRO SETOR:GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE

Porto Alegre-RS | Dezembro | 2011

Page 2: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

Uma publicação do CRCRSConselho Regional de Contabilidade

do Rio Grande do Sul

Rua Baronesa do Gravataí, 471 90160-070 Porto Alegre-RS Fone (51) 3254-9400 E-mail: [email protected] Internet: www.crcrs.org.br

Autores Comissão de Estudos do Terceiro Setor

do CRCRS (2010/2011) Contadora Neusa Teresinha Ballardin Monser

(coordenadora); Contador Marcone Hahan de Souza; Contador Ivan Roberto dos Santos Pinto Junior; Contador Dani José Petry; Contador João Daniel Berto; Contadora Laurise Martha Pugues; Contador Luiz Antonio Salvador; Técn. Cont. Roberto Antonio Renner; Técn. Cont. Roberto da Silva Medeiros

Coordenação-geral Contador Zulmir Breda Presidente do CRCRS

Coordenação da edição Márcia Bohrer Ibañez

Projeto gráfi co e diagramação SCAN - Editoração & Produção Gráfi ca

Capa Stampa Design

Impressão Editora Evangraf

Tiragem 3.000 exemplares

Distribuição gratuita – Proibida a venda.

Os conceitos emitidos neste livro são de inteira responsabilidade dos autores.

Page 3: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

APRESENTAÇÃOColega:

Esta publicação tem o objetivo de proporcionar esclarecimentos aos profi ssionais da Contabilidade sobre diversos aspectos que envolvem o Terceiro Setor.

É mais uma publicação do Programa de Fiscalização Preventiva – Educação Continuada deste CRCRS, oferecida gratuitamente à classe contábil gaú-cha. Está à disposição também na versão eletrônica, em que é possível a consulta e/ou download, por intermédio da página do CRCRS.

Nossos sinceros agradecimentos à Comissão de Estudos do Terceiro Setor, cujos integrantes dedicaram uma parcela signifi cativa de seu tempo na elaboração deste livro, tendo em mente algo mais elevado: colaborar com a classe contábil gaúcha.

Contador Zulmir BredaPresidente – Gestão 2010/2011

Page 4: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor
Page 5: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

SUMÁRIO

5

7 APRESENTAÇÃO

11 1 CONTEXTO DO TERCEIRO SETOR

12 2 CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

13 2.1 Primeiro Setor 13 2.2 Segundo Setor 13 2.3 Terceiro Setor

13 3 NATUREZA JURÍDICA 14 3.1 Associações 15 3.2 Fundações 16 3.3 Organizações religiosas 17 3.4 Partidos políticos

18 4 REGISTROS DAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 18 4.1 Registro de constituição 18 4.2 Principais órgãos de registro que antecedem o funcionamento

das entidades do Terceiro Setor após o registro do estatuto

19 5 TITULAÇÕES E CERTIFICAÇÕES 19 5.1 Título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) 19 5.1.1 OSCIP Federal 21 5.1.2 OSCIP Estadual 21 5.2 Título de Organização Social (OS) 22 5.3 Certifi cado de Entidade Benefi cente de Assistência Social (Cebas) 24 5.4 Título de Utilidade Pública Federal 24 5.5 Título de Utilidade Pública Estadual 25 5.6 Título de Utilidade Pública Municipal

25 6 IMUNIDADE E ISENÇÃO TRIBUTÁRIA 25 6.1 Imunidade tributária 26 6.2 Isenção tributária 28 6.3 Contribuições sociais alcançadas pela isenção

29 7 PRINCIPAIS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS, CONTÁBEIS, FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS

Page 6: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

34 8 PRESTAÇÃO DE CONTAS DAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

34 8.1 Prestação de contas para a renovação do título de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)

35 8.2 Prestação de contas para a renovação do título de Organizações Sociais (OS)

35 8.3 Prestação de contas para a renovação do Certifi cado de Entidade Benefi cente de Assistência Social (Cebas)

36 8.4 Prestação de contas para renovação do Título de Utilidade Pública 37 8.4.1 Federal 37 8.4.2 Estadual 37 8.4.3 Municipal 38 8.5 Prestação de contas para fundações

38 9 PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS

41 10 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE ESPECÍFICAS DO TERCEIRO SETOR

41 10.1 Quanto às disposições gerais das normas

44 11 REGISTRO CONTÁBIL E CONTABILIZAÇÃO DE EVENTOS 44 11.1 Fundações 44 11.2 Entidades sindicais e associações de classe 44 11.3 Entidades sem fi nalidade de lucros 45 11.4 Registro contábil 45 11.4.1 Registro das isenções usufruídas 46 11.4.2 Registro contábil das subvenções e/ou convênios governamentais

48 12 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 49 12.1 Apresentação das demonstrações contábeis conforme

Resolução CFC nº 1.185-2009, que aprova a NBC TG 26 50 12.2 Estrutura das Demonstrações Contábeis 54 12.3 Notas explicativas

54 13 PUBLICAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 56 13.1 Prazo da publicação das demonstrações contábeis

57 14 GUARDA E MANUTENÇÃO DE DOCUMENTOS FISCAIS 57 14.1 Documentos previdenciários 58 14.2 Documentos trabalhistas 59 14.3 Documentos tributários e contábeis 61 14.4 Documentos de processo de concessão de benefícios

61 15 AUDITORIA

65 REFERÊNCIAS

71 SITES ACESSADOS

6

Page 7: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

APRESENTAÇÃOEste guia de orientação tem por fi nalidade proporcionar um breve es-clarecimento sobre o panorama e os aspectos que envolvem o Terceiro Setor em relação à forma de constituição das organizações, subsídios de orientação contábil, obrigações acessórias e prestação de contas. O presente material não tem a pretensão de exaurir o tema contábil nem de abordar toda a legislação que envolve esse setor.

A Contabilidade, no que diz respeito à sua prática no Terceiro Setor, ainda deverá avançar muito. Há pouca literatura que trate o tema de uma forma objetiva e simplifi cada para os profi ssionais da Contabilidade.

O Terceiro Setor, no Brasil, é um termo utilizado para designar as or-ganizações sem fi ns lucrativos, de caráter não governamental, contando também com a participação voluntária, além de contribuir com práticas de caridade e de cidadania.

Acredita-se que um dos fatores que causa pouco interesse por esse tema ainda está relacionado às características de tais organizações, as quais, em boa parte, vivem de doações. Porém há muitas oportunidades a serem desbravadas nesse setor que exige profi ssionalismo e seriedade na con-dução das atividades. Outro entendimento equivocado é de que a pres-tação de serviços resume-se ao voluntariado. O voluntariado, no caso de prestação de serviços contábeis, caracteriza-se por ser uma forma de atuação altruísta e nobre que deve ser prestada com o mesmo zelo e responsabilidade que se aplica aos demais clientes. No Terceiro Setor, a prestação de serviços voluntária deve ser vista como uma forma de con-tribuição profi ssional e responsável, não somente uma ajuda esporádica e descomprometida com o tema.

A legislação indicada neste guia deverá ser observada quanto a sua vigên-cia na data de sua utilização, haja vista a dinâmica legislativa brasileira.

Page 8: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor
Page 9: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

TERCEIRO SETOR:GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE

Page 10: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor
Page 11: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

11

1 CONTEXTO DO TERCEIRO SETOR

O contexto econômico atual está composto por três setores distintos que auxiliam na movimentação da economia e permitem o crescimento da sociedade, sendo o Primeiro Setor representado pelo Estado, no caso o Poder Público. O Segundo Setor é composto pelas empresas privadas, com fi nalidade lucrativa. Por fi m, o Terceiro Setor envolve uma diversida-de de organizações sem fi ns lucrativos.

Percebe-se que o Terceiro Setor tem apresentado um crescimento repre-sentativo, principalmente nas últimas décadas. Segundo estudos realizados pelo IBGE, juntamente com o IPEA, a ABONG e o GIFE, nos perío-dos de 2002 e 2005, observou-se um acréscimo de 22,6% no número de associações e fundações sem fi ns lucrativos, que passaram de 275,9 mil em 2002 para 338,2 mil em 2005. A composição dessas organizações está evidenciada no Quadro 1 a seguir:

Classifi cação das entidades sem fi ns lucrativos

Número de Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos

Total 338.162Habitação 456 Habitação 456Saúde 4.464 Hospitais 2.068 Outros serviços de saúde 2.396Cultura e recreação 46.999 Cultura e arte 14.796 Esportes e recreação 32.203Educação e pesquisa 19.940 Educação infantil 3.154 Ensino fundamental 7.910 Ensino médio 1.448 Educação superior 2.152 Estudos e pesquisas 2.441 Educação profi ssional 447 Outras formas de educação/ensino 2.388

Continua

Page 12: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

12

Assistência social 39.395 Assistência social 39.395Religião 83.775 Religião 83.775Associações patronais e profi ssionais 58.796 Associações empresariais e patronais 4.321 Associações profi ssionais 19.645 Associações de produtores rurais 34.830Meio ambiente e proteção animal 2.562 Meio ambiente e proteção animal 2.562Desenvolvimento e defesa de direitos 60.259 Associação de moradores 19.196 Centros e associações comunitárias 29.586 Desenvolvimento rural 1.752 Emprego e treinamento 722 Defesa de direitos de grupos e minorias 6.276 Outras formas de desenvolvimento e defesa de direitos 2.727

Outras instituições privadas sem fi ns lucrativos 21.516

Outras instituições privadas sem fi ns lucrativos não especifi cadas anteriormente 21.516

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Cadastro Central de Empresas 2005.Quadro 1 - Número de Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos, segundo classifi cação das entidades sem fi ns lucrativos - Brasil - 2005

Esses dados reforçam a importância da preparação dos profi ssionais da Contabilidade para a atuação em tal setor. Cabe salientar ainda que o estu-do das Ciências Contábeis nessa área pode ser ampliado com a participa-ção das instituições de ensino superior no desenvolvimento da temática.

Apesar da escassa literatura sobre a atuação do profi ssional da Contabilidade no Terceiro Setor, cabe pesquisar sobre o potencial do segmento, bem como ampliar o conhecimento sobre suas características e peculiaridades.

2 CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

O Terceiro Setor tem características específi cas e diversas do primeiro e do segundo setor, co,mo pode ser visto a seguir.

Page 13: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

13

2.1 PRIMEIRO SETOR

É representado pelo Estado, tendo como uma das principais caracterís-ticas em relação aos recursos, que esses são oriundos dos tributos e de fi nanciamentos. Portanto, a aplicação desses recursos deve ser direcionada integralmente na infraestrutura, no bem-estar da sociedade e demais fun-ções pertinentes ao Estado.

2.2 SEGUNDO SETOR

Representado pelas sociedades (empresas privadas). Tem como caracterís-tica principal visar ao lucro. Quanto aos recursos, esses são oriundos da própria atividade (operação) e de fi nanciamentos. Tendo a aplicação do seu resultado (lucro), observada a Lei das Sociedades por Ações, distri-buído aos investidores. E para as sociedades de responsabilidade limitada, conforme designação dos sócios.

2.3 TERCEIRO SETOR

É representado pelas entidades sem fi nalidade de lucro. A característica principal dessas organizações é que não visam ao lucro. Os recursos são oriundos da própria atividade, além de doações, subvenções e fi nanciamen-tos, sendo que a sua aplicação deve ser integralmente na própria atividade a qual foi instituída, de acordo com estatuto. No caso de eventual superávit este não deve ser distribuído aos associados/membros. Portanto, o resul-tado superavitário deverá ser reinvestido nas atividades-fi ns das entidades.

3 NATUREZA JURÍDICA

A natureza jurídica das organizações do Terceiro Setor é abordada nos incisos I, III, IV e V do art. 44 do Código Civil, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Relaciona as pessoas jurídicas de direito privado como sendo as associações, as fundações, as organizações religiosas e os parti-dos políticos:

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I – as associações;II – as sociedades;

Page 14: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

14

III – as fundações.IV – as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003);V – os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003).

3.1 ASSO CIAÇÕES

Constituem-se da organização de pessoas físicas, as quais se reúnem e se organizam pa ra desempenhar atividades com fi ns não econômicos.

Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se orga-nizem para fi ns não econômicos.Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recí-procos. (CÓDIGO CIVIL)

a) ConstituiçãoSegundo Araujo (2006), os passos para a constituição de uma associação são os seguintes:

a) assembleia geral de criação da organização;b) aprovação dos estatutos;c) eleição dos membros da diretoria;d) posse dos membros da diretoria;e) lavratura das atas das reuniões;f) registro dos atos constitutivos.

b) EstatutoO instrumento de constituição de uma associação é o estatuto, o qual deve conter, segundo o art. 54 do Código Civil, os seguintes itens:

Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:I – a denominação, os fi ns e a sede da associação;II – os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;III – os direitos e deveres dos associados;IV – as fontes de recursos para sua manutenção;V – o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos; (Lei nº 11.127-2005) VI – as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução;VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Lei nº 11.127-2005) (CÓDIGO CIVIL)

Page 15: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

15

c) DissoluçãoA forma de dissolução de uma associação deve estar expressa no seu es-tatuto, de acordo com o art. 61 do Código Civil, apresentado a seguir. Também está prevista nesse artigo a possibilidade de restituição dos valo-res das contribuições prestadas ao patrimônio da associação.

Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líqui-do, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referi-das no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fi ns não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fi ns idênticos ou semelhantes.§ 1º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos asso-ciados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribui-ções que tiverem prestado ao patrimônio da associação.§ 2º Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições in-dicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. (CÓDIGO CIVIL)

3.2 FUNDAÇÕES

São organizações sem fi ns lucrativos, as quais podem ser públicas ou pri-vadas. São instituídas a partir da destinação de um patrimônio com a fi na-lidade de servir a uma causa, podendo esta ser de fi ns religiosos, morais, culturais ou de assistência. Não é necessária a reunião de várias pessoas para constituí-la, como no caso das associações. No caso das fundações públicas estas são entidades de personalidade jurídica de direito público, sem fi ns lucrativos, criadas por autorização legislativa para o desenvolvi-mento de atividades de interesse público (educação, cultura e pesquisa, entre outras). Para fi ns deste guia são abordadas somente as fundações privadas.

a) ConstituiçãoO patrimônio do instituidor deverá ser disponibilizado à fundação por meio de escritura publica ou testamento, sufi ciente para sua manutenção.

Page 16: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

16

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pú-blica ou testamento, dotação especial de bens livres, especifi cando o fi m a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fi ns reli-giosos, morais, culturais ou de assistência. (CÓDIGO CIVIL)

b) Fiscalização e controleAs fundações são controladas e fi scalizadas pelo Ministério Público Estadual, conforme expresso no art. 66 do Código Civil:

Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde si-tuadas.§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encar-go ao Ministério Público Federal.§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. (CÓDIGO CIVIL)

c) DissoluçãoA forma de dissolução de uma fundação deve estar expressa no seu esta-tuto de acordo com o art. 69 do Código Civil, e se dará da seguinte forma:

Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a fi nalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporan-do-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fi m igual ou semelhante. (CÓDIGO CIVIL)

3.3 ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS

A organização religiosa foi incluída no art. 44 do Código Civil, pela Lei nº 10.825 de 22 de dezembro de 2003, como pessoa jurídica de direito pri-vado. São entidades sem fi ns lucrativos que professam culto de qualquer credo. São integradas por membros de confi ssão religiosa.

a) ConstituiçãoA constituição da organização religiosa possui uma regulamentação, indi-cada no item b a seguir, sendo que os passos de constituição são iguais aos de uma associação.

Page 17: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

17

b) Legislação Decreto 119 – A/1890 Constituição Federal art. 5º, inciso VI; art. 19,

inciso I; art. 150, inciso VI, alínea b, § 4º; Código Civil, art. 44; Lei nº 10.825, de 22 de dezembro de 2003; Decreto nº 7.107, de 11 de fevereiro de 2010 – acordo entre o Governo

da República Federativa do Brasil e a Santa Sé, relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, fi rmado na Cidade do Vaticano, em 13 de novembro de 2008.

c) DissoluçãoNo estatuto devem constar, de acordo o art. 46 do Código Civil, inciso VI, as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio. A averbação do instrumento de dissolução deve ser feita no Cartório de Registro onde a entidade estiver inscrita (Código Civil, art. 51, § 1º).

3.4 PARTIDOS POLÍTICOS

Os partidos políticos foram incluídos no art. 44 do Código Civil pela Lei nº 10.825 de 22 de dezembro de 2003, como pessoas jurídicas de direito pri-vado. Correspondem à pessoa jurídica, sem fi ns lucrativos, com a fi nalidade de assegurar o regime democrático e defender os direitos constitucionais.

a) ConstituiçãoOs partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o dis-posto em lei específi ca. Para fi ns de constituição dos partidos políticos, devem ser registrados no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas e, após adquirirem personalidade jurídica, são registrados no Tribunal Superior Eleitoral.

No estatuto da organização, deve constar, além das cláusulas obrigatórias, o direito de ampla defesa e a perda de mandato parlamentar quando o eleito deixar a legenda ou votar contra as diretrizes do partido.

b) Legislação Código Civil, art. 44, inciso V; Lei nº 10.825, de 22 de dezembro de 2003.

Page 18: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

18

c) DissoluçãoA dissolução dos partidos políticos depende da deliberação dos seus ór-gãos administrativos, nos termos das suas normas estatutárias.

4 REGISTROS DAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

As organizações sem fi ns lucrativos devem efetuar seus registros em diver-sos órgãos, na esfera federal, estadual e municipal, conforme apresentados a seguir.

4.1 REGISTRO DE CONSTITUIÇÃO

O registro dos documentos constitutivos das organizações sem fi ns lucra-tivos deve ser efetuado no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas da sua sede. O registro civil das pessoas jurídicas de direito privado é dis-ciplinado pelos artigos 114 e 121 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei dos Registros Públicos).

Cabe destacar que os cartórios de registros são normatizados pela Corregedoria-Geral da Justiça Estadual.

4.2 PRINCIPAIS ÓRGÃOS DE REGISTRO QUE ANTECEDEM O FUNCIONAMENTO DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR APÓS O REGISTRO DO ESTATUTO

Secretaria da Receita Federal – obtenção do CNPJ; Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Caixa Econômica Federal – FGTS; Prefeitura Municipal – cadastro de contribuintes e Alvará de

Funcionamento; Órgãos tributantes – levam em conta as atividades desenvolvidas e

suas obrigações acessórias. A isenção deverá ser requerida em cada um dos órgãos fazendários.

No caso das fundações, também há necessidade de registro nos seguin-tes órgãos:

Page 19: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

19

Ministério Público Estadual, no caso de fundações;

Ministério da Justiça – Cadastro Nacional de Entidades de Utilidade Pública do Ministério da Justiça (CNE/MJ), no caso de reconhecidas como de Utilidade Pública Federal.

5 TITULAÇÕES E CERTIFICAÇÕES

O Poder Público confere às entidades do Terceiro Setor titulações e/ou certifi cações, a seguir são apresentadas as principais titulações e/ou certi-fi cações:

Título de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP);

Título de Organizações Sociais (OS); Certifi cado de Entidade Benefi cente de Assistência Social (Cebas); Título de Utilidade Pública Federal; Título de Utilidade Pública Estadual; Título de Utilidade Pública Municipal, entre outros.

5.1 TÍTULO DE ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP)

A Lei nº 9.790-99 trata sobre a qualifi cação de pessoas jurídicas de di-reito privado, sem a fi nalidade de lucro que são denominadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Essa titu-lação é conferida a essas organizações, as quais estabelecem parceira com o Estado. Essa cooperação é prevista em lei e sistematizada por meio do chamado Termo de Parceria.

5.1.1 OSCIP FEDERAL

A titulação de OSCIP Federal é concedida pelo governo federal, confor-me legislação indicada a seguir:

a) Legislação

Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999; Decreto nº 3.100, de 30 de junho de 1999.

Page 20: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

20

As condições de funcionamento dessas organizações estão estabelecidas no art. 1º da referida Lei. Também é vedada a titulação de OSCIP às se-guintes formas jurídicas, conforme art. 2º:

a) sociedades comerciais;b) sindicatos, associações de classe ou de representação de categoria pro-fi ssional;

c) instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cul-tos, práticas e visões devocionais e confessionais;

d) organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;e) entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou ser-

viços a um círculo restrito de associados ou sócios;f) entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;g) instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;h) escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas man-

tenedoras;i) organizações sociais;j) cooperativas;k) fundações públicas;l) fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas

por órgão público ou por fundações públicas;m) organizações creditícias que tenham quaisquer tipos de vincula-

ção com o sistema fi nanceiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.

Segundo o art. 3º, a qualifi cação instituída somente será conferida às pes-soas jurídicas de direito privado, sem fi ns lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes fi nalidades:

a) promoção da assistência social;b) promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico

e artístico;c) promoção gratuita da educação, observando-se a forma complemen-

tar de participação das organizações de que trata essa lei;d) promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de

participação das organizações de que trata essa lei;e) promoção da segurança alimentar e nutricional;f) defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do

desenvolvimento sustentável;

Page 21: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

21

g) promoção do voluntariado;h) promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à

pobreza;i) experimentação, não lucrativa, de novos modelos socioprodutivos e de

sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;j) promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e

assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;k) promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da

democracia e de outros valores universais;l) estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, pro-

dução e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e cien-tífi cos que digam respeito às atividades mencionadas nesse artigo.

5.1.2 OSCIP ESTADUAL

Corresponde ao título concedido pelo governo estadual; neste caso, refe-re-se a uma concessão do Estado do Rio Grande do Sul.

a) Legislação

Lei nº 12.901, de 12 de janeiro de 2008; Decreto nº 45.541, de 13 de março de 2008.

5.2 TÍTULO DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL (OS)

Conforme art. 1o da Lei 9637-98, o Poder Público qualifi cará como Organizações Sociais (OS) as pessoas jurídicas de direito privado, sem a fi -nalidade de lucro, com atividades voltadas ao ensino, à pesquisa científi ca, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio am-biente, à cultura e à saúde, sendo necessário que seja celebrado o chamado contrato de gestão com o Poder Público, o qual defi ne os objetivos estabeleci-dos. Esse título permite que a organização receba recursos orçamentários e administre serviços, instalações e equipamentos do Poder Público, após ser fi rmado um contrato de gestão com o governo federal.

a) LegislaçãoLei Federal nº 9.637, de 15 de maio de 1998.

Page 22: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

22

b) Contrato de gestãoNa Lei nº 9.637-98, art. 7º, nos incisos I e II:

I – este inciso trata sobre a necessidade de especifi cação do programa de trabalho proposto pela organização, bem como as metas, avaliação de de-sempenho e indicadores de qualidade e produtividade;II – este inciso estabelece limites e critérios para gastos com remuneração aos dirigentes e empregados da OS.

O Estado confi gura-se como parceiro no estabelecimento desse convênio. O Estado provê os recursos e fi scaliza por meio da indicação de mem-bros que irão compor o Conselho de Administração. O contrato de ges-tão caracteriza-se pela cooperação mútua entre Estado e Organização da Sociedade Civil.

5.3 CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CEBAS)

Essa certifi cação é concedida pela União a organizações sem fi ns lucra-tivos que atuem especifi camente nas áreas da saúde, educação e/ou as-sistência social, conforme defi nido no art. 1º da Lei Federal nº 12.101-2009. A conceituação e a abrangência dessas áreas são apresentadas na Constituição Federal, como segue:

Capítulo III – Educação, seção I:

Art. 205. Educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao ple-no desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualifi cação para o trabalho.

Capítulo II – Saúde, seção II:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Capítulo II – Assistência Social, seção IV:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, inde-pendente de contribuição à seguridade social. E tem por objetivos:I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

Page 23: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

23

II – amparo às crianças e adolescentes carentes;III – promoção e integração ao mercado de trabalho;IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de defi ciência e a promoção de sua integração à vida comunitária.

a) Legislação Federal

Lei Orgânica da Saúde – Lei nº 8.080-90; Lei da Seguridade Social – Lei nº 8.212-91 e Decreto nº 3.048-1999; Lei Orgânica da Assistência Social – Lei nº 8.742-93; Decreto nº 6.308-2007 – entidades e organizações de assistência social; Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009; Decreto nº 7.237, de 20 de julho de 2010; Decreto nº 7.300, de 14 de setembro de 2010; demais portarias, resoluções e instruções normativas.

b) Órgãos de concessão

Os órgãos certifi cadores são: o Ministério da Saúde (MS), o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). A organização deverá pleitear a certifi cação ao ministério responsável pela respectiva atividade preponderante. Por exemplo, se as ati-vidades de educação representam a maior parte do total das atividades de uma organização que atua nas áreas da saúde e educação, a organização deve encaminhar o processo de certifi cação ao Ministério da Educação (MEC).

c) Benefícios

Imunidade de tributos na esfera federal, estadual e municipal, conforme art. 150 da Constituição Federal.

Isenção do recolhimento da quota patronal para o INSS e das demais contribuições sociais, conforme a legislação infraconstitucional referida.

d) Registros necessários para certifi cações e titulações

As Entidades Benefi centes de Assistência Social devem ser registradas, para fi ns de certifi cação e titulação, nos órgãos relacionados no Quadro 2, conforme a área de atuação, observada a Lei nº 12.101-2009 e respectivos decretos que a regulamentam.

Page 24: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

24

Órgãos Saúde Educação Assistência Social

Ministério da Saúde (MS) X

Ministério da Educação (MEC) X

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) X

Ministério da Justiça (MJ) X X X

Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (estadual) X X X

Conselho Municipal de Assistência Social X X X

Quadro 2 – Quadro de registro das Entidades Benefi centes de Assistência Social. Fonte: autores

Cabe destacar que o registro originário e/ou a renovação da certifi cação e titulação deve ser encaminhado a esses órgãos e respectivos departamen-tos competentes, observadas as orientações da Lei nº 12.101-2009

5.4 TÍTULO DE UTILIDADE PÚBLICA FEDERAL

Segundo o art 1º, da Lei Federal nº 91-35 podem ser declaradas de uti-lidade publica as sociedades civis (associações e fundações), com o fi m exclusivo de servir desinteressadamente à coletividade.

a) Legislação Lei nº 91, de 28 de agosto de 1935; Decreto nº 50.517, de 2 de maio de 1961.

b) Órgão de concessãoMinistério da Justiça.

5.5 TÍTULO DE UTILIDADE PÚBLICA ESTADUAL

Título conferido pelo governo estadual, do qual não decorre necessaria-mente qualquer isenção.

a) LegislaçãoDecreto Estadual nº 1.130-46 e suas alterações.

Page 25: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

25

b) Órgão de concessãoNo caso do Rio Grande do Sul, a Secretaria do Trabalho e do Desenvol-vimento Social.

5.6 TÍTULO DE UTILIDADE PÚBLICA MUNICIPAL

Cada município elabora a sua lei de concessão do Título de Utilidade Pública. No caso deste guia, trata-se da lei no município de Porto Alegre.

a) LegislaçãoLei Municipal nº 2.926, de 12 de julho de 1966.

b) Órgão de concessãoConselho Municipal de Assistência Social.

6 IMUNIDADE E ISENÇÃO TRIBUTÁRIA

As organizações do Terceiro Setor são alcançadas pela imunidade e/ou isenção tributária conforme a sua confi guração e/ou área de atuação. Cabe lembrar que, segundo Araujo (2006), ao Estado é dado o poder de tributar pela Constituição Federal, a qual defi ne a competência tributária compar-tilhada entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

6.1 IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

A imunidade é concedida a essas organizações conforme o artigo 150 da Constituição Federal, como segue:

Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:VI – Instituir impostos sobre:c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas

fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fi ns lucrativos, atendidos os requisitos da lei.

A mesma orientação sobre a imunidade é abordada pelo Código Tributário Nacional, art. 9º:

Page 26: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

26

É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:[...]IV – Instituir impostos sobre:[...]c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas

fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fi ns lucrativos [...].

O Código Tributário Nacional, no art. 14, apresenta condições que devem ser observadas por essas entidades, como segue:

Art. 14. Competência Tributária (Seção II – Disposições Especiais):I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a título de lucro ou de participação no seu resultado;II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;III – manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revesti-dos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

Essas entidades são imunes de impostos federais, estaduais e municipais, a seguir relacionados, conforme a referida legislação:

Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer Natureza (IR); Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS); Imposto Territorial Rural (ITR); Imposto sobre Transmissão Causa Mortis ou Doação de Bens e Direitos

(ITCD); Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis (ITBI); Imposto sobre Importação (II); Imposto sobre Exportação (IE).

6.2 ISENÇÃO TRIBUTÁRIA

O Poder Público (União, Estados, DF e Municípios), mediante legis-lação, concede isenções tributárias às organizações do Terceiro Setor.

Page 27: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

27

Cabe lembrar que, quando o ente tributante quiser conceder isenção, terá que fazê-lo por lei específi ca que trate exclusivamente dessa isenção ou de um determinado tributo, em relação ao qual ele quer dispensar o pagamento.

A legislação principal que trata e regulamenta a isenção tributária das Entidades Benefi centes de Assistência Social é a Lei nº 12.101-2009 e os Decretos nº 7.237 e nº 7.300-2010. O art. 29 da referida Lei trata dos re-quisitos que a entidade benefi cente certifi cada fará jus à isenção do paga-mento das contribuições, referente aos artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212-91, desde que atenda, cumulativamente:

a) não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indire-tamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos;

b) aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento de seus ob-jetivos institucionais;

c) apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de nega-tiva de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e certifi cado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS;

d) mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e des-pesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade;

e) não distribua resultados, dividendos, bonifi cações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto;

f) conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impli-quem modifi cação da situação patrimonial;

g) cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária;h) apresente as demonstrações contábeis e fi nanceiras devidamente audi-

tadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite fi xado pela Lei Complementar nº 123, de 14 de de-zembro de 2006, alterada pela Resolução CGSN nº 94-2011.

Page 28: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

28

6.3 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS ALCANÇADAS PELA ISENÇÃO

As contribuições sociais possíveis de isenção são indicadas pelos artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, transcritos a seguir:

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I – vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o tr abalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiant amentos decorrentes de rea-juste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. II – para o fi nanciamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avu lsos: a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante

o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderan-

te esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante

esse risco seja considerado grave. III – vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes indivi-duais que lhe prestem serviços; IV – quinze por cento sobre o valor bruto da nota fi scal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooper ativas de trabalhoArt. 23. As contribuições a cargo da empresa provenientes do faturamento e do lucro, destinadas à Seguridade Social, além do disposto no art. 22, são calculadas mediante a aplicação das seguintes alíquotas:

Page 29: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

29

I – 2% (dois por cento) sobre sua receita bruta, estabelecida segundo o disposto no § 1º do art. 1º do Decreto-lei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, com a redação dada pelo art. 22, do Decreto-lei nº 2.397, de 21 de dezem-bro de 1987, e alterações posteriores;II – 10% (dez por cento) sobre o lucro líquido do período-base, antes da provisão para o Imposto de Renda, ajustado na forma do art. 2º da Lei nº 8.034, de 12 de abril de 1990. § 1º No caso das instituições citadas no § 1º do art. 22 desta Lei, a alíquota da contribuição prevista no inciso II é de 15% (quinze por cento). § 2º O disposto neste artigo não se aplica às pessoas de que trata o art. 25.

7 PRINCIPAIS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS, CONTÁBEIS, FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS

As pessoas jurídicas equiparadas perante a Legislação Comercial, a Receita Federal do Brasil, o Ministério do Trabalho e a Previdência Social, inde-pendentemente do seu enquadramento jurídico ou da forma de tributação perante o Imposto de Renda, estão obrigadas a cumprir com várias obri-gações acessórias e principais das Entidades Benefi centes de Assistência Social. Além das obrigações acessórias inerentes às demais empresas, rela-cionam-se as principais obrigações acessórias desse setor:

obrigações trabalhistas e previdenciárias; obrigações fi scais; obrigações contábeis; obrigações específi cas das organizações do Terceiro Setor.

a) Principais obrigações trabalhistas e previdenciárias

Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)

O Decreto-Lei n° 76.900-75 instituiu a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), a ser preenchida pelas empresas, com a fi nalidade de suprir as necessidades de controle, estatística e informações das entidades gover-namentais da área social.

A RAIS fornecerá informações às instituições vinculadas aos Ministérios da Fazenda, Trabalho, Interior e Previdência e Assistência Social.

Page 30: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

30

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED)

Essa obrigação acessória deve ser cumprida pelas Entidades Benefi centes da Assistência Social, e sua falta incorrerá multa (mensalmente), mencio-nada na Lei n° 4.923-65.

O CAGED deve ser informado ao Ministério do Trabalho; toda a mo-vimentação de funcionários, como admissão, rescisão ou afastamento de uma entidade. Deve ser feito em programa específi co do Ministério e en-viado via internet até o dia 7 do mês subsequente.

Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS (SEFIP) e Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP)

Conforme FGTS (2011), o Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (SEFIP) é um programa (aplicativo) de-senvolvido pela Caixa Econômica Federal, que possibilita ao empregador consolidar os dados cadastrais e fi nanceiros da empresa e de seus empre-gados, bem como repassá-los ao FGTS e à Previdência Social.

b) Principais obrigações fi scais acessórias

Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON)

A obrigatoriedade de entrega do DACON, para as entidades isentas e imu-nes, varia conforme o valor mínimo estipulado pela Receita Federal. Essa declaração tem critérios diferenciados, portanto verifi ca-se que as entida-des sem fi ns lucrativos, imunes ou isentas do Imposto de Renda, também estão obrigadas à entrega do DACON. Segundo a Receita Federal (2011), estão dispensadas da apresentação do DACON as pessoas jurídicas imu-nes e isentas do imposto de renda, cujo valor mensal das contribuições a serem informadas no Dacon seja inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF)

Art. 1º. As normas disciplinadoras da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), relativas a fatos geradores que ocorrerem a par-tir de 1º de janeiro de 2011, são as estabelecidas nesta Instrução Normativa.

Da Obrigatoriedade de Apresentação da DCTF

Art. 2º. Deverão apresentar a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Mensal (DCTF Mensal), desde que tenham débitos a declarar:

Page 31: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

31

(Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.130, de 18 de fevereiro de 2011) (Vide art. 2º da IN RFB nº 1.130, de 2011)I – as pessoas jurídicas de direito privado em geral, inclusive as equipara-das, as imunes e as isentas, de forma centralizada, pela matriz;II – as unidades gestoras de orçamento das autarquias e fundações ins-tituídas e mantidas pela administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e dos órgãos públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário dos Estados e do Distrito Federal e dos Poderes Executivo e Legislativo dos Municípios; e (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.177, de 25 de julho de 2011)III – os consórcios que realizem negócios jurídicos em nome próprio, inclusive na contratação de pessoas jurídicas e físicas, com ou sem vínculo empregatício.

Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ)

As entidades imunes de tributos devem apresentar essa declaração à Receita Federal, anualmente, até 30 de junho do ano subsequente, em pro-grama próprio.

Nos artigos 12 a 15 da Lei n° 9.532-97, constam as instituições que estão sujeitas a receber o benefício e quando este pode ser suspenso:

Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea “c”, da Constituição, considera-se imune a instituição de educação ou de assistên-cia social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fi ns lucrativos.§ 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável.§ 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos:a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços

prestados;b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimen-

to dos seus objetivos sociais;c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros

revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão;

Page 32: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

32

d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modifi car sua situação patrimonial;

e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformida-de com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal;

f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empre-gados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes;

g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que aten-da às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fu-são, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público;

h) outros requisitos, estabelecidos em lei específi ca, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo.

§ 3° Considera-se entidade sem fi ns lucrativos a que não apresente superá-vit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine referido resultado, integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. (Redação dada pela Lei nº 9.718, de 1998) Art. 13. Sem prejuízo das demais penalidades previstas na lei, a Secretaria da Receita Federal suspenderá o gozo da imunidade a que se refere o ar-tigo anterior, relativamente aos anos-calendários em que a pessoa jurídica houver praticado ou, por qualquer forma, houver contribuído para a práti-ca de ato que constitua infração a dispositivo da legislação tributária, espe-cialmente no caso de informar ou declarar falsamente, omitir ou simular o recebimento de doações em bens ou em dinheiro, ou de qualquer forma cooperar para que terceiro sonegue tributos ou pratique ilícitos fi scais.Parágrafo único. Considera-se, também, infração a dispositivo da legis-lação tributária o pagamento, pela instituição imune, em favor de seus associados ou dirigentes, ou, ainda, em favor de sócios, acionistas ou diri-gentes de pessoa jurídica a ela associada por qualquer forma, de despesas consideradas indedutíveis na determinação da base de cálculo do imposto sobre a renda ou da contribuição social sobre o lucro líquido.Art. 14. À suspensão do gozo da imunidade aplica-se o disposto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996.Art. 15. Consideram-se isentas as instituições de caráter fi lantrópico, re-creativo, cultural e científi co e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fi ns lucrativos.

Page 33: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

33

§ 1º A isenção a que se refere este artigo aplica-se, exclusivamente, em re-lação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subsequente.§ 2º Não estão abrangidos pela isenção do imposto de renda os rendimen-tos e ganhos de capital auferidos em aplicações fi nanceiras de renda fi xa ou de renda variável.§ 3º Às instituições isentas aplicam-se as disposições do art. 12, § 2°, alíne-as “a” a “e” e § 3° e dos arts. 13 e 14.

Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF)

A DIRF é disciplinada pela Instrução Normativa RFB nº 1.033, de 14 de maio de 2010. Em princípio, a data de entrega é 28 de fevereiro do ano subsequente.

Sistema de Cadastro e Prestação de Contas (SICAP)

O SICAP consiste de programa de informática que tem por fi nalidade o cadastro e a prestação de contas das fundações ao Ministério Público.

Essa obrigação é relativa especifi camente para as fundações, as quais são fi scalizadas pelo Ministério Público Estadual, conforme visto na forma de constituição das fundações.

Segundo o artigo n° 66 do Código Civil, velará pelas fundações o Ministério do Estado onde situadas. O Código de Processo Civil, por sua vez, nos artigos 1.199 a 1.204, normatiza a atuação do Ministério Público no que tange à aprovação dos estatutos, às suas posteriores alterações e à extinção das fundações.

c) Obrigações contábeisAs principais obrigações contábeis referem-se à escrituração contábil ba-seada em documentação idônea, bem como a guarda e manutenção dos seguintes livros:

Livro Diário; Livro Razão; Livro Inventário de Bens; Livro Inventário de Estoque; Livros auxiliares.

Page 34: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

34

O registro do Livro Diário deve ocorrer no Cartório de Registro de Títulos e Documentos da Pessoa Jurídica. No tocante aos arquivos digitais, é im-portante atentar para as versões dos respectivos programas geradores e validadores.

8 PRESTAÇÃO DE CONTAS DAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

A prestação de contas e a renovação das certifi cações/titulações consis-tem na principal obrigação acessória das organizações do Terceiro Setor. Considerando a diversidade de confi gurações dessas entidades, devem observar o cumprimento dos prazos para as prestações de contas. Cabe destacar a importância de serem observados esses prazos, pois no caso do seu descumprimento implicará cancelamento do certifi cado ou titulação.

8.1 PRESTAÇÃO DE CONTAS PARA A RENOVAÇÃO DO TÍTULO DE ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP)

No art. 4º, inciso VII, da Lei nº 9.790-1999, consta que as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade devem, no mínimo:

a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade;

b) que se dê publicidade por qualquer meio efi caz, no encerramento do exercício fi scal, ao relatório de atividades e das demonstrações fi nan-ceiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para exame de qual-quer cidadão;

c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos indepen-dentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento;

d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pú-blica recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal.

Órgão: a prestação de contas deve ser apresentada ao Ministério da Justiça.

Prazo: 30 de abril de cada ano.

Page 35: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

35

8.2 PRESTAÇÃO DE CONTAS PARA A RENOVAÇÃO DO TÍTULO DE ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS)

Conforme art. 1º da Lei nº 9.637-1998:

O Poder Executivo poderá qualifi car como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fi ns lucrativos, cujas atividades sejam di-rigidas ao ensino, à pesquisa científi ca, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.

Em relação à prestação de contas, a mesma lei trata em seu art. 8º:

A execução do contrato de gestão celebrado por organização social será fi scalizada pelo órgão ou entidade supervisora da área de atuação corres-pondente à atividade fomentada.§ 1º A entidade qualifi cada apresentará ao órgão ou entidade do Poder Público supervisora signatária do contrato, ao término de cada exercício ou a qualquer momento, conforme recomende o interesse público, relató-rio pertinente à execução do contrato de gestão, contendo comparativo es-pecífi co das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado da prestação de contas correspondente ao exercício fi nanceiro.§ 2º Os resultados atingidos com a execução do contrato de gestão devem ser analisados, periodicamente, por comissão de avaliação, indicada pela autoridade supervisora da área correspondente, composta por especialis-tas de notória capacidade e adequada qualifi cação.§ 3º A comissão deve encaminhar à autoridade supervisora relatório con-clusivo sobre a avaliação procedida.

Órgão: a prestação de contas deve ser apresentada ao Ministério da Justiça.

Prazo: 30 de abril de cada ano.

8.3 PRESTAÇÃO DE CONTAS PARA A RENOVAÇÃO DO CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CEBAS)

A Lei nº 12.101-2009 e os Decretos nº 7.237-2010 e nº 7.300-2010 orien-tam o processo de renovação dessa certifi cação. O encaminhamento da prestação de contas deve ser para o Ministério que corresponda com a atividade preponderante de cada organização.

Page 36: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

36

Órgãos de certifi cação e/ou renovação

Área educacional: Ministério da Educação (MEC) – Câmara da Educação Básica ou Câmara do Ensino Superior, conforme a atuação da organização.

Área da saúde: Ministério da Saúde – Secretaria Atenção à Saúde (SAS).

Área social: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS).

Relatório de atividades

Consiste num dos principais documentos de prestação de contas. Conforme CFC (2008, p. 78):

O relatório de atividades é um documento circunstanciado dos trabalhos desenvolvidos no período da gestão, acompanhado de elementos que comprovem a efetiva realização, de acordo com as fi nalidades estatutá-rias da entidade. Deve ser elaborado um relatório para cada período da gestão ou exercício fi nanceiro, mesmo que o período da prestação de contas englobe vários exercícios. O relatório deve ter uma linguagem acessível e conter elementos que possibilitem ao usuário verifi car a atu-ação da entidade de acordo com seus fi ns estatutários. Deve-se men-cionar, por exemplo, os programas realizados pela entidade, o número de pessoas benefi ciadas, os meios utilizados para atingir as fi nalidades, como, por exemplo, os valores gastos, o número de voluntários, etc. Relatórios demasiadamente analíticos devem ser evitados, a não ser que solicitados pelo órgão incumbido da análise. A concisão, porém, não deve prejudicar a visão sistêmica das atividades e os meios utilizados para alcançar os objetivos.

8.4 PRESTAÇÃO DE CONTAS PARA RENOVAÇÃO DO TÍTULO DE UTILIDADE PÚBLICA

Para a renovação da utilidade pública nas esferas federal, estadual e municipal, as organizações de Terceiro Setor devem encaminhar aos respectivos órgãos competentes a prestação de contas, conforme o Quadro 3 a seguir:

Titulação Órgãos Prazo ValidadeUtilidade Pública Federal Ministério da Justiça 30 de

abril1 ano

Continua

Page 37: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

37

Utilidade Pública Estadual Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS)

30 de abril

1 ano

Utilidade Pública Municipal Conselho Municipal de Assistência Social – CMAS*

30 de abril

1 ano

* órgãos conforme a atuaçãoQuadro 3 – Titulações de Utilidade Pública. Fonte: autores

8.4.1 FEDERAL

As organizações devem realizar, anualmente, a prestação de contas eletrô-nica, por meio do Cadastro Nacional de Entidades de Utilidade Pública do Ministério da Justiça (CNEs/MJ), sob pena de não obterem a renovação da certidão de regularidade. A organização deve enviar também o relatório de prestação de contas assinado pelo profi ssional da Contabilidade e pelo representante legal da entidade.

Órgão: a prestação de contas deve ser apresentada ao Ministério da Justiça.

Prazo: 30 de abril de cada ano.

8.4.2 ESTADUAL

No caso do Estado do Rio Grande do Sul, o encaminhamento deve ser feito conforme os requisitos abaixo.

Órgão: a prestação de contas deve ser apresentada à Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS).

Prazo: 30 de abril de cada ano.

8.4.3 MUNICIPAL

Deve-se observar a legislação do município no qual a organização está sediada e/ou localizada, sobre os órgãos competentes para o recebimento desses processos. No caso do município de Porto Alegre, deve-se encami-nhar conforme segue.

Órgãos: a prestação de contas deve ser apresentada ao: Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) para as organizações de atividade preponderante de assistência social ou desenvolvam ações socioassisten-ciais; Conselho Municipal Direito da Criança e do Adolescente (CMDCA)

Page 38: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

38

para as organizações que desenvolvam ações com crianças e adolescentes; Conselho Municipal do Idoso (CMI) para as organizações que desenvol-vam ações com idosos.

Prazo: 30 de abril de cada ano.

8.5 PRESTAÇÃO DE CONTAS PARA FUNDAÇÕES

As fundações devem apresentar ao Ministério Público Estadual a pres-tação de contas no Sistema de Cadastro e Prestação de Contas (SICAP). Caso a fundação tenha certifi cações e titulações, ela deve, além do SICAP, atender a todas as prestações de contas para as renovações.

Órgão: a prestação de contas deve ser apresentada ao Ministério Público do Estado, Procuradoria-Geral de Justiça e Procuradoria de Fundações.

Prazo: 30 de junho de cada ano.

9 PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS

Como já abordado neste documento, o Terceiro Setor deriva da combi-nação entre público e privado, ou seja, o conceito denota um conjunto de organizações e iniciativas que visam à produção de bens e serviços de interesse públicos (FERNANDES, 1994).

Para a introdução sobre os procedimentos contábeis faz-se necessário abordar o tema das Normas Internacionais de Contabilidade, o qual traz consigo também a necessidade de uma breve contextualização e da cone-xão do assunto com o cenário econômico e social em que também estão inseridas as instituições que atuam no Terceiro Setor.

No tocante ao contexto econômico, Silva (2006) traz uma síntese da evo-lução das Normas Internacionais de Contabilidade. No início das civiliza-ções, o homem desenvolvia suas atividades próximo de onde vivia, sendo que muitas gerações viveram nessas condições até que se iniciou outra fase: a busca e a conquista de novos domínios, dando início ao que hoje chamamos de globalização.

Todo esse processo trouxe consigo um crescente intercâmbio de produtos e serviços, eliminação das fronteiras geográfi cas, maior uso de tecnolo-

Page 39: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

39

gia, conexão instantânea das economias. Nesse contexto, um determinado produto pode ser proveniente de diversas partes do mundo, ao mesmo tempo em que certa organização pode estar sendo fi nanciada por recursos oriundos de variados países.

Entretanto, como não poderia ser diferente, as nações tiveram evoluções diferentes na construção dos mecanismos que pudessem dar conta des-se processo de globalização, mantendo legislações societárias e tributárias próprias, trazendo um grau crescente de difi culdades.

Surgiram também diversas crises, especialmente nas bolsas de valores: a crise na bolsa dos EUA em 1929, ocasionando a chamada grande depres-são; a crise da Ásia, atingindo as bolsas de valores no mundo inteiro; os escândalos contábeis em grandes empresas dos EUA, como a Enron e a WorldCom; e, recentemente, a crise de 2008, que afetou igualmente as bolsas da valores do mundo inteiro.

Em cada um desses eventos, retorna o clamor pela instituição de padrões contábeis internacionais que permitam maior grau de comparabilidade das demonstrações para a tomada de decisão por parte dos fi nanciadores e dos investidores.

O primeiro passo neste sentido foi dado em 1973, com a constituição do International Accounting Standards Comittee (IASC), com sede em Londres, a partir do acordo de associações de Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Holanda, Japão, México, Reino Unido e Irlanda, tendo os seguintes objetivos:

formalizar e publicar, no interesse público, normas contábeis a serem apresentadas nas demonstrações fi nanceiras e promover a sua aceitação e observância mundial;

operar para a melhoria e harmonização dos regulamentos, normas e procedimentos contábeis relacionados com a apresentação das de-monstrações fi nanceiras.

Todavia, apesar da participação no IASC, os EUA optaram pela criação de um padrão próprio, denominado Generally Accepted Accounting Principles in the United States (US-GAAP), por considerarem-no mais completo e me-nos genérico do que o proposto pelo IASC.

Page 40: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

40

Como citado por Franco (1999), tomando como base a história de desen-volvimento da Contabilidade, a harmonização das normas contábeis irá ocorrer, fi cando somente a pergunta de quem fará esse trabalho.

Com o surgimento da crise da Ásia, em 1997, retornou novamente a co-brança pela elaboração de um padrão único, a ser utilizado em nível mun-dial. Para tanto, em 1999 foi criado o International Forum on Accountancy (IFAD), consistindo em mais uma instância internacional para discussão e proposição.

Outro passo importante foi dado na direção da convergência de nor-mas, em 2000. A Comissão Europeia emitiu comunicado no qual foi proposto que todas as empresas da União Europeia, cotadas em mer-cado regulamentado, passassem a adotar as suas contas consolidadas de acordo com um único conjunto de normas contábeis internacionais, es-tipulando o prazo máximo de 2005 e elegendo como padrão as normas emitidas pela IASC.

Em substituição ao IASC, foi instituído em 2001 o Internacional Accounting Standards Board (IASB), que manteve o compromisso principal de desen-volver e propor um modelo único de normas internacionais de reconhe-cida qualidade.

No Brasil, ao CFC cabe a fi scalização do exercício da profi ssão contá-bil, bem como a prerrogativa de estabelecer e/ou referendar Normas Brasileiras de Contabilidade, que devem ser seguidas na contabilização das operações, da preparação e das demonstrações contábeis.

Em 2005, o CFC criou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que tem como objetivo o estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, visando à centralização, à uniformização e à convergência da Contabilidade brasileira aos pa-drões internacionais.

É crescente a preocupação com a incorporação de boas práticas de gestão e, para tanto, é importante ter presentes os princípios de governança cor-porativa: compliance (seguir as regras estabelecidas), accountability (obrigação de prestar contas), disclosure (transparência de informações) e fairness (equi-dade para os acionistas).

Page 41: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

41

No tocante às organizações do Terceiro Setor, a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade, no que for pertinente, será um processo natural, como todos os demais oriundos de mudanças nas normativas de prestações de contas.

As organizações do Terceiro Setor devem seguir as Normas Brasileiras de Contabilidade, comuns às demais empresas, além das normas específi cas que constam no item 10 a seguir.

O Conselho Federal de Contabilidade publicou, em 2008, o Manual de procedimentos contábeis e prestação de contas das entidades de interesse social, no qual se encontram sugestões de plano de contas e principais lançamentos contábeis específi cos e recorrentes em organizações do Terceiro Setor. Aborda também outros assuntos pertinentes ao tema. Por tratar-se de uma publicação datada de 2008, e considerando as mudanças na legislação, re-comenda-se cautela na sua utilização, restringindo-se aos temas que não sofreram alterações.

10 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE ESPECÍFICAS DO TERCEIRO SETOR

As Normas Brasileiras que tratam especifi camente da Contabilidade das organizações do Terceiro Setor são:

NBC T 10.4 – Fundações; NBC T 10.18 – Entidades sindicais e associações de classe (alterada

pela Resolução CFC nº 852-1999); NBC T 10.19 – Entidades sem fi nalidade de lucros (alterada pela

Resolução CFC nº 966-2003); NBC TG 07 – Subvenção e Assistência Governamentais (alterada pela

Resolução CFC nº 1.329-2011).

Cabe destacar que as referidas normas ainda não foram reformuladas con-forme o disposto na Lei nº 12.101-2009 e demais disposições subsequentes.

10.1 QUANTO ÀS DISPOSIÇÕES GERAIS DAS NORMAS

Na sequência, apresenta-se a transcrição das disposições gerais das Normas Brasileiras de Contabilidade específi cas para o Terceiro Setor.

Page 42: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

42

NBC T 10.4 – FUNDAÇÕES

Essa norma estabelece critérios e procedimentos específi cos de avaliação, de registro contábil e de estruturação das demonstrações contábeis das fundações. Estas são organizações destinadas a fi ns de interesse coletivo (art. 11 da Lei de Introdução ao Código Civil e art. 16 e outros do Código Civil) e podem ser fundação pública de natureza jurídica de direito público ou pessoas jurídicas de direito privado. São compostas por uma coletividade hu-mana organizada, e, como tais, são entidades econômicas, com existência distinta de cada um dos indivíduos ou entidades que as compõem, com capacidade jurídica para exercer direitos e obrigações patrimoniais, econô-micos e fi nanceiros.

Aplicam-se às fundações os Princípios de Contabilidade, bem como, com as alterações tratadas nos itens 10.4.5.1, 10.4.5.2, 10.4.6.1, 10.4.6.2 e 10.4.7.1, todas as Normas Brasileiras de Contabilidade e suas interpreta-ções técnicas e comunicados técnicos, editados pelo Conselho Federal de Contabilidade.

NBC T 10.18 – ENTIDADES SINDICAIS E ASSOCIAÇÕES DE CLASSE

Estabelece critérios e procedimentos específi cos de avaliação de registros contábeis e de estruturação das demonstrações contábeis de entidades sin-dicais e associações de classe. Aplica-se às entidades sindicais de todos os níveis, sejam confederações, centrais, federações e sindicatos; a quaisquer associações de classe; a outras denominações que possam ter, abrangendo tanto as patronais como as de trabalhadores. O requisito básico é aglutina-rem voluntariamente pessoas físicas ou jurídicas, conforme o caso, unidas em prol de uma profi ssão ou atividade comum.

Não estão abrangidos por essa norma os conselhos federais, regionais e seccionais de profi ssões liberais, criados por lei federal, de inscrição com-pulsória, para o exercício legal de uma profi ssão.

Aplicam-se às entidades e associações abrangidas por essa norma os Princípios de Contabilidade, bem como, com as alterações tratadas nos itens 10.18.5.1, 10.18.6.1, 10.18.7.1 e 10.18.8.1, todas as Normas Brasileiras de Contabilidade, suas interpretações técnicas e comunicados técnicos, editados pelo Conselho Federal de Contabilidade.

Page 43: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

43

NBC T 10.19 – ENTIDADES SEM FINALIDADE DE LUCROS

Essa norma estabelece critérios e procedimentos específi cos de avaliação, de registros dos componentes e variações patrimoniais e de estruturação das demonstrações contábeis, e as informações mínimas a serem divulga-das em nota explicativa das entidades sem fi nalidade de lucros.

Destina-se, também, a orientar o atendimento às exigências legais sobre procedimentos contábeis a serem cumpridos pelas pessoas jurídicas de direito privado sem fi nalidade de lucros, especialmente entidades bene-fi centes de assistência social (Lei Orgânica da Seguridade Social), para a emissão do Certifi cado de Entidade de Fins Filantrópicos, da competência do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) (observar disposi-ções da Lei nº 12.101-2009).

As entidades sem fi nalidade de lucros são aquelas em que o resultado po-sitivo não é destinado aos detentores do patrimônio líquido, e o lucro ou prejuízo é denominado, respectivamente, de superávit ou défi cit.

As entidades sem fi nalidade de lucros exercem atividades assistenciais, de saúde, educacionais, técnico-científi cas, esportivas, religiosas, políticas, cul-turais, benefi centes, sociais, de conselhos de classe e outras, administrando pessoas, coisas, fatos e interesses coexistentes, e coordenados em torno de um patrimônio com fi nalidade comum ou comunitária (redação alterada pela Resolução CFC nº 966-03, publicada no DOU, em 4 de junho de 2003).

Essas entidades são constituídas sob a forma de fundações públicas ou pri-vadas, ou sociedades civis, nas categorias de entidades sindicais, culturais, associações de classe, partidos políticos, ordem dos advogados, conselhos federais, regionais e seccionais de profi ssões liberais, clubes esportivos não comerciais e outras entidades enquadradas no conceito do item 10.19.1.4.

Aplicam-se às entidades sem fi nalidade de lucros os Princípios de Contabilidade, bem como as Normas Brasileiras de Contabilidade e suas interpretações técnicas e comunicados técnicos, editados pelo Conselho Federal de Contabilidade.

Por se tratar de entidades sujeitas aos mesmos procedimentos contábeis, de-vem ser aplicadas, no que couber, as diretrizes da NBC T 10.4 – Fundações; e da NBC T 10.18 – Entidades sindicais e associações de classe.

Page 44: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

44

11 REGISTRO CONTÁBIL E CONTABILIZAÇÃO DE EVENTOS

A seguir apresenta-se a transcrição das disposições gerais das Normas Brasileiras de Contabilidade específi cas para o Terceiro Setor, quanto à orientação sobre o registro contábil.

11.1 FUNDAÇÕES

As fundações devem constituir provisão em montante sufi ciente para co-brir as perdas esperadas com base em estimativas de seus prováveis valo-res de realização e baixar os prescritos, incobráveis e anistiados.

Doações e contribuições para custeio são contabilizadas em conta de re-ceita. As doações e subvenções patrimoniais são contabilizadas no patri-mônio social.

As receitas de doações e contribuições para custeio são consideradas re-alizadas quando da emissão de nota de empenho ou da comunicação dos doadores, conforme o caso, devendo ser apropriadas, em bases mensais, de acordo com os períodos a serem benefi ciados, quando estes forem identifi cáveis.

11.2 ENTIDADES SINDICAIS E ASSOCIAÇÕES DE CLASSE

As receitas de contribuições baseadas em estatuto ou em documento equiva-lente, aquelas derivadas de legislação específi ca e as demais, bem como as des-pesas, devem ser registradas em obediência aos Princípios de Contabilidade, sempre considerado o tempo decorrido e a periodicidade mensal.

As entidades sindicais e as associações de classe devem constituir provisão em montante sufi ciente para cobrir as perdas esperadas, com base em estimativas de seus prováveis valores de realização, e baixar os prescritos, incobráveis e anistiados.

11.3 ENTIDADES SEM FINALIDADE DE LUCROS

As receitas e despesas devem ser reconhecidas, mensalmente, respeitando os Princípios de Contabilidade, em especial os Princípios da Oportunidade e da Competência.

Page 45: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

45

As entidades sem fi nalidade de lucros devem constituir provisão em mon-tante sufi ciente para cobrir as perdas esperadas, com base em estimativas de seus prováveis valores de realização, e baixar os valores prescritos, in-cobráveis e anistiados.

As doações, subvenções e contribuições para custeio são contabilizadas em contas de receita. As doações, subvenções e contribuições patrimo-niais, inclusive as arrecadadas na constituição da entidade, são contabiliza-das no patrimônio social.

As receitas de doações, subvenções e contribuições para custeio ou inves-timento devem ser registradas mediante documento hábil.

Os registros contábeis devem evidenciar as contas de receitas e des-pesas, superávit ou défi cit, de forma segregada, quando identifi cáveis por tipo de atividade, tais como educação, saúde, assistência social, técnico-científi ca e outras, bem como comercial, industrial ou de pres-tação de serviços.

As receitas de doações, subvenções e contribuições, recebidas para aplica-ção específi ca, mediante constituição ou não de fundos, devem ser regis-tradas em contas próprias, segregadas das demais contas da entidade.

O valor do superávit ou défi cit do exercício deve ser registrado na conta Superávit ou Défi cit do Exercício enquanto não for aprovado pela assem-bleia dos associados; e, após a sua aprovação, deve ser transferido para a conta Patrimônio Social.

11.4 REGISTRO CONTÁBIL

A seguir, expõe-se a transcrição das disposições gerais das Normas Brasileiras de Contabilidade específi cas para o Terceiro Setor, rela-tivo ao registro contábil de eventos específi cos das organizações do Terceiro Setor:

11.4.1 REGISTRO DAS ISENÇÕES USUFRUÍDAS

De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade vigentes e do Manual de procedimentos contábeis e prestação de contas das entidades de inte-resse social publicado pelo Conselho Federal de Contabilidade (2008),

Page 46: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

46

demonstra-se a seguir a sugestão de contabilização das isenções tribu-tárias usufruídas.

O valor correspondente às isenções tributárias usufruídas deve ser eviden-ciado nas demonstrações contábeis que, neste caso, estão relacionadas so-mente com o imposto de renda da pessoa jurídica, com a contribuição so-cial sobre o líquido e com a contribuição patronal à previdência social. Os demais tributos, como os de competência dos Estados e dos Municípios, não foram tratados no referido manual (CFC, 2008). A sugestão de regis-tro contábil contextualizados é a que se segue:

Contabilização do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido como se devidos fossem:

Débito – despesa Crédito – passivo

Contabilização do reconhecimento da imunidade ou isenção do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido:

Débito – passivo Crédito – gratuidade

Contabilização da contribuição patronal à previdência social como se de-vida fosse:

Débito – despesa Crédito – passivo

Contabilização do reconhecimento do benefício do não pagamento da contribuição patronal:

Débito – passivo Crédito – gratuidade

11.4.2 REGISTRO CONTÁBIL DAS SUBVENÇÕES E/OU CONVÊNIOS GOVERNAMENTAIS

A Resolução CFC nº. 1.305-10 aprovou a NBC TG 07 – Subvenção e Assistência Governamental. Essa norma se aplica na contabilização e na divulgação de subvenção governamental e na divulgação de outras for-

Page 47: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

47

mas de assistência governamental. Assim, demonstra-se uma sugestão de contabilização.

a) Recebimento de recursos públicos para fi ns de custeio

Na assinatura do contrato:

D – Subvenção a receber (ativo circulante)C – Subvenção a realizar (passivo circulante)

No recebimento da subvenção:

D – Banco conta específi ca (ativo circulante)C – Subvenção a receber (ativo circulante)

Na utilização do recurso:

D – Subvenção a realizar (passivo circulante)C – Receita com subvenção (conta resultado)D – Despesa (conta resultado)C – Banco conta específi ca (ativo circulante)

b) Recebimento de recursos públicos para compra de bens

Na assinatura do contrato:

D – Subvenção a receber (ativo circulante)C – Subvenção a Realizar (passivo circulante)

No recebimento da subvenção:

D – Banco conta específi ca (Ativo Circulante)C – Subvenção a receber (Ativo Circulante)

Na compra do bem:

D – Subvenção a realizar (passivo circulante)C – Banco conta específi ca (ativo circulante)

No reconhecimento da receita:

D – Ativo imobilizado (ativo não circulante)C – Receitas diferidas (passivo circulante)

Page 48: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

48

Mensalmente:

D – Despesa com depreciação (conta resultado)C – Depreciação acumulada (ativo não circulante)D – Receitas diferidas (passivo circulante)C – Receita com subvenção (conta resultado)

12 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Na elaboração das demonstrações contábeis das entidades sem fi ns lucra-tivos, deve-se observar a Lei n° 6.404-1976 e as respectivas alterações pela Lei nº 11.638-2007 e Lei nº 11.941-2009, que alteraram artigos relativos à elaboração e à divulgação das demonstrações contábeis.

As demonstrações contábeis devem ser elaboradas em observância às práticas contábeis adotadas no Brasil, além das citadas a seguir, taus como: Resolução nº 1.121-2008 (NBC TG Estrutura Conceitual), que trata da estrutura conceitual para a elaboração e a apresentação das demonstrações contábeis; Resolução nº 1.185-2009 (NBC TG 26), que trata da apresentação de demonstrações contábeis, pronun-ciamentos, orientações e interpretações emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), deliberações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e outras normas emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e aplicáveis às entidades sem fi ns lu-crativos; e especialmente a Resolução n° 877-2000 que aprovou a NBC T 10.19, alterada pelas Resoluções n° 926 e 966, que estabelece crité-rios e procedimentos específi cos de avaliação, de registros dos compo-nentes e variações patrimoniais e de estruturação das demonstrações contábeis –, bem como informações mínimas a serem divulgadas em nota explicativa das entidades sem fi nalidade de lucros.

Cabe salientar que a Resolução CFC nº 1.283-2010 revogou as Resoluções CFC nº 686-1990, 732-1992, 737-1992, 846-1999, 847-1999, 887-2000 e 1.049-2005, que tratam da NBC T 3 – Conceito, con-teúdo, estrutura e nomenclatura das demonstrações contábeis, da NBC T 4 – Da avaliação patrimonial e da NBC T 6 – Da divulgação das demonstrações contábeis.

Page 49: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

49

12.1 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONFORME RESOLUÇÃO CFC Nº 1.185-2009, QUE APROVA A NBC TG 26

As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posi-ção patrimonial e fi nanceira e do desempenho da entidade. Seu objetivo é proporcionar informação acerca da posição patrimonial e fi nanceira, do desempenho e dos fl uxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração na gestão da entidade e sua capacitação na prestação de contas quanto aos recursos que lhe foram confi ados. Para satisfazer a esse objetivo, as demonstrações contábeis proporcionam in-formação da entidade sobre:

ativos; passivos; patrimônio líquido; receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas; alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietá-

rios e distribuições a eles; e fl uxos de caixa.

Essas informações, juntamente com outras informações constantes das notas explicativas, ajudam os usuários das demonstrações contábeis na previsão dos futuros fl uxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o grau de certeza de sua geração.

O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui:

Balanço patrimonial ao fi nal do período; Demonstração do resultado do período; Demonstração do resultado abrangente do período; Demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; Demonstração dos fl uxos de caixa do período; Demonstração do valor adicionado do período, conforme NBC TG

09 – Demonstração do valor adicionado, se exigida legalmente ou por algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente.

Page 50: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

50

Integram ao conjunto das demonstrações contábeis as notas explicativas, que compreendem um resumo das políticas contábeis signifi cativas e ou-tras informações explanatórias.

A demonstração do resultado abrangente pode ser apresentada em quadro demonstrativo próprio ou dentro das mutações do patrimônio líquido.

As fundações devem manter, por exigência do Ministério Público Estadual, a elaboração da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR).

No caso de entidades, portadoras do Certifi cado de Entidade Benefi cente de Assistência Social (Cebas), que desenvolvem atividades em mais de uma área (saúde, educação e assistência social), devem apresentar as de-monstrações de resultado de forma segregada, conforme as respectivas atividades.

12.2 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

A seguir, nos Quadros 4 a 8, demonstram-se sugestões de estrutura das demonstrações contábeis:

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVOAtivo circulante

Caixa e equivalente caixaClientes e outros recebíveisEstoquesOutros ativos circulantes

Ativo não circulanteRealizável a longo prazoInvestimentosImobilizadoIntangível

PASSIVOPassivo circulante

ObrigaçõesFornecedoresEmpréstimosSubvenções a realizarReceitas diferidas

Continua

Page 51: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

51

Passivo não circulanteEmpréstimosObrigaçõesReceitas diferidas

PATRIMÔNIO LÍQUIDOPatrimônio socialAjuste avaliação patrimonialAjuste de exercícios anterioresSuperávit/défi cit do exercício

Quadro 4 – Estrutura do balanço patrimonial das organizações do Terceiro Setor. Fonte: autores

DEMONSTRAÇÃO DO SUPERÁVIT OU DÉFICIT DO EXERCÍCIO

Receita bruta serviços (atividades-fi ns)

1 – Receita prestação serviço:

Mensalidades escolares

Convênio SUS/privados

Subvenções governamentais

(-) Deduções da receita

(=) Superávit/défi cit bruto(-) Despesas operacionais:(-) Gastos com pessoal e encargos(-) Serviços de terceiros(-) Propaganda/publicidade(-) Provisões

(=) Superávit/défi cit operacional

2 – Receita das atividades sustentáveis:Receitas com aluguéisReceita com vendas(-) Deduções sobre venda

(=) Receita líquida(-) Custo mercadoria vendida

(=) Superávit/défi cit bruto(-) Despesas operacionais atividades sustentáveis:(-) Gastos com pessoal e encargos(-) Serviços de terceiros(-) Provisões(-) Gerais

Continua

Page 52: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

52

(-/+) Outras receitas e despesas(-) Perdas/baixas de bens(+) Venda de bens(+) Receita com sinistros

(=) Superávit atividades sustentáveis

(=) Superávit/défi cit do exercício

Quadro 5 – Estrutura da demonstração do défi cit ou superávit do exercício. Fonte: autores

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

A demonstração deverá discriminar em sua estrutura:

a) os saldos do início do período;

b) os ajustes de exercícios anteriores;

c) as reversões e as transferências;

d) os aumentos do patrimônio discriminando sua natureza;

e) a redução do patrimônio;

f) as destinações do lucro líquido do período;

g) as reavaliações de ativos e sua realização líquida dos impostos correspondentes;

h) o resultado líquido do período;

i) os saldos no fi nal do período.Quadro 6 – Estrutura da demonstração das mutações do patrimônio líquido. Fonte: autores

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC) – MÉTODO DIRETO

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES ANO XXXXRedução dos créditos a receberAcréscimo nos estoquesRedução nas despesas antecipadasRedução dos adiantamentosRedução realizável a longo prazoAcréscimo nos depósitos judiciaisRedução ativo imobilizadoAcréscimo do ativo intangívelRedução nas obrigações trabalhistasAcréscimo nas provisõesAcréscimo nas contribuições a pagarAcréscimo na conta fornecedoresRedução das outras obrigações a pagar

Continua

Page 53: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

53

Acréscimo empréstimos bancáriosRedução anuidades antecipadasAcréscimo no passivo não circulanteAcréscimo nas receitas das atividadesReceitas na área saúdeAcréscimo nas outras receitas operacionaisDespesas com pessoal e encargos sociaisDespesas administrativasManutenção atividades hospitalaresDespesas fi nanceiras e tributáriasDespesas com gratuidades escolaresDespesas com projetos sociaisDespesas com conservação e manutenção

VARIAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES

SALDO DAS DISPONIBILIDADES NO INÍCIO DO EXERCÍCIOVARIAÇÃO OCORRIDA NO PERÍODO SALDO DAS DISPONIBILIDADES NO FINAL DO EXERCÍCIO

Quadro 7 – Estrutura da demonstração do fl uxo de caixa – método direto. Fonte: autores

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC) – MÉTODO INDIRETO

1 – ATIVIDADES OPERACIONAIS ANO XXXXSuperávit do exercício(+) Depreciação(+) PCLDSuperávit do exercício ajustado

Acréscimo/decréscimo do AC + RLP

(-) Contas a receber

(-) Estoques

(-) Adiantamento

Total de acréscimos/decréscimos do AC + RLP

Acréscimo/decréscimo do PC + ELP

(+) Fornecedores

(+) Provisões

(-) Contas a pagar

Total de acréscimos/decréscimos do PC + ELPContinua

Page 54: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

54

TOTAL DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

2 – DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

(-) Novas aquisições de ativo imobilizado

3 – DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS

(+) Novos empréstimos

(1+2+3) VARIAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES

SALDO INICIAL DAS DISPONIBILIDADES

VARIAÇÃO OCORRIDA NO PERÍODO

DISPONIBILIDADE NO FINAL DO ANO 15.000,00Quadro 8 – Estrutura da demonstração do fl uxo de caixa – método indireto. Fonte: autores

12.3 NOTAS EXPLICATIVAS

As notas explicativas complementam o conjunto das demonstrações con-tábeis e visam a evidenciar, por meio de notas claras e precisas, os proce-dimentos adotados pelos profi ssionais da Contabilidade quanto à elabora-ção das demonstrações contábeis.

As informações são de natureza patrimonial, econômica, fi nanceira, legal, física e social, bem como os critérios utilizados na elaboração das demons-trações contábeis e eventos subsequentes ao balanço. As informações a serem destacadas devem ser relevantes quantitativa e qualitativamente. Quando ocorre mudança nos procedimentos contábeis, de um ano para outro, também deve ser evidenciado o respectivo refl exo no resultado.

13 PUBLICAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

A Instrução Normativa SRFB nº 113-1998, alterada pela IN nº 133-1998, dispõe sobre as obrigações de natureza tributária das instituições de edu-cação. Transcreve-se, a seguir, o artigo 12, inciso I:

Art. 12. As instituições imunes, mantenedoras de instituições de ensino superior, sem fi nalidade lucrativa, devem observar, ainda, os seguintes requisitos:

Page 55: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

55

I – elaborar e publicar, em cada exercício social, demonstrações fi nancei-ras certifi cadas por auditores independentes, com o parecer do conselho fi scal, ou órgão similar.

A Lei nº 91-1935 e o Decreto nº 50.517-1961 (alterado pelo Decreto nº 60.931-1967) dispõem sobre a declaração de utilidade pública. Abaixo, destaca-se o artigo 2º, alínea g:

Art. 2º O pedido de declaração de utilidade pública será dirigido ao Presidente da República, por intermédio do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, provados pelo requerente os seguintes requisitos:[...]g) Que se obriga a publicar, anualmente, a demonstração da receita e despesa realizadas no período anterior, desde que contemplada com sub-venção por parte da União, neste mesmo período. (Redação dada pelo Decreto nº 60.931, de 4 de julho de 1967).

A Agência Nacional Saúde Suplementar (ANS), pela Instrução Normativa nº 36 – DIOPS, também traz recomendações quanto às demonstrações contábeis:

5.3 As demonstrações contábeis anteriormente mencionadas, em conjun-to com o Parecer dos Auditores Independentes devem ser publicadas na forma da Lei até o quinto dia antes da data marcada para realização da Assembleia Geral, excetuando-se as sociedades cooperativas.5.3.1 Em se tratando de Operadoras que assumam a forma jurídico-legal de cooperativas, nos termos da Lei nº 5.764-71, a data limite de publicação corresponde, anualmente, ao último dia útil do mês de abril, subsequente à data de realização da Assembleia Geral Ordinária 01510 – AGO.5.3.2 Para as demais Operadoras, a publicação das demonstrações contá-beis previstas no item 5.3 deve ocorrer até o último dia do mês de abril do ano posterior ao do encerramento do exercício social.5.3.3 A publicação deve ser em conformidade com os modelos padro-nizados por este Plano de Contas, exceto a Demonstração de Valor Adicionado – DVA.5.3.4 Os modelos previstos destinam-se a todas as Operadoras obrigadas a este Plano de Contas. 5.3.5 As demonstrações contábeis devem ser publicadas de forma compa-rativa com as demonstrações do exercício anterior.

Page 56: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

56

5.3.6 As Operadoras de pequeno porte fi cam dispensadas de publicar as Demonstrações Contábeis previstas no item 5.2. A dispensa de publi-cação não exime estas operadoras da obrigatoriedade de protocolar na sede da ANS, até o último dia útil do mês de maio do ano subsequen-te, as demonstrações fi nanceiras completas, acompanhadas do respectivo parecer de auditoria independente e do Relatório Circunstanciado Sobre Defi ciências de Controle Interno. À ANS compete dar publicidade a estas demonstrações.5.3.6.1 O porte da operadora é determinado em razão da quantidade de benefi ciários na data-base do encerramento do exercício social, que são os seguintes:a) pequeno porte: quantidade inferior a 20.000 benefi ciários; b) médio porte: entre 20.000 e 100.000 benefi ciários; e c) grande porte: quantidade superior a 100.000 benefi ciários5.3.7 As publicações devem ser feitas na forma disposta no art. 289 caput e seu § 2º da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, para as operadoras cuja natureza de constituição estejam vinculadas a esta Lei. Para as demais operadoras, a obrigatoriedade de publicação se restringe ao jornal de gran-de circulação no município de localização da operadora.

Há também a possibilidade de os atos constitutivos da entidade (estatuto social) trazerem a obrigatoriedade da publicação das demonstrações con-tábeis. Devem ser analisadas as legislações específi cas dos órgãos regula-dores que em algumas situações trazem a obrigatoriedade da publicação das demonstrações contábeis, bem como outras obrigações estaduais e/ou municipais que divergem entre as unidades federativas do Brasil.

13.1 PRAZO DA PUBLICAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

O prazo para a publicação das demonstrações contábeis das entidades que possuem o título de Utilidade Pública Federal, desde que contempladas com subvenção por parte da União, é até o dia 30 de abril. A Lei nº 91-1935 e o Decreto nº 50.517-1961 (alterado pelo Decreto nº 60.931-1967) dispõem sobre a declaração de utilidade pública no artigo 5º:

Art. 5º. As entidades declaradas de utilidade pública, salvo por motivo de força maior devidamente comprovada, a critério da autoridade compe-tente, fi cam obrigadas a apresentar, até o dia 30 de abril de cada ano, ao

Page 57: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

57

Ministério da Justiça, relatório circunstanciado dos serviços que houverem prestado à coletividade no ano anterior, devidamente acompanhado do demonstrativo da receita e da despesa realizada no período, ainda que não tenham sido subvencionadas. (Redação dada pelo Decreto nº 60.931, de 4 de julho de 1967)

14 GUARDA E MANUTENÇÃO DE DOCUMENTOS FISCAIS

A Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon) publicou em 2007 um manual denominado Guarda e manutenção de documentos fi scais, o qual se tornou base para orientação dos profi ssionais. Recomenda-se a consulta ao material referido na íntegra, bem como observar a legislação que possa estar alterando os dispositivos abordados.

14.1 DOCUMENTOS PREVIDENCIÁRIOS

No Quadro 9 são apresentados os prazos de guarda de documentos pre-videnciários:

Documento Prazo de guardaComunicação de Acidente de Trabalho (CAT) 10 anos

Comprovante de exercício da atividade remunerada dos segurados e contribuintes individuais Indeterminado

Comprovante de pagamento – ou a declaração apresentada pelo contribuinte individual para fi ns de apresentação ao INSS 10 anos

Comprovante da entrega da Guia da Previdência Social ao sindicato profi ssional 10 anos

Documentos referentes a levantamento de débito pela fi scalização da Previdência Social de Notifi cação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) 10 anos

Comprovante de pagamento ou declaração de segurado 10 anos

Comprovante de pagamento de benefícios reembolsados pelo INSS 10 anos

Documentos relativos à retenção dos 11% do INSS sobre nota fi scal de serviços 10 anos

Documentos que comprovem a isenção da contribuição previdenciária 10 anos

Continua

Page 58: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

58

Folha de pagamento 10 anos

Guia da Previdência Social (GPS) 10 anos

Lançamentos contábeis de fatos geradores das contribuições previdenciárias 10 anos

Salário-educação – documentos relacionados ao benefício 10 anos

Salário-família – documentos relacionados ao benefício 10 anosQuadro 9 – Prazos de guarda de documentos previdenciários. Fonte: Fenacon, 2007

14.2 DOCUMENTOS TRABALHISTAS

No Quadro 10 são apresentados os prazos de guarda de documentos tra-balhistas:

Documento Prazo de guardaAcordo de compensação de horas* 5 anosAcordo de prorrogação de horas* 5 anosAdiantamento salarial* 5 anos

Atestado de saúde

20 anos, no mínimo, após o desligamento do trabalhador

Autorização de descontos não previstos em lei* 5 anosAviso prévio – comunicado* 5 anosCadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) 36 mesesCarta de pedido de demissão* 5 anosComissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) – processo eleitoral 5 anos

Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) 10 anosContrato de trabalho* IndeterminadoControles de ponto* 5 anosFolha de pagamento* 10 anosFundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) – depósitos e documentos relacionados 30 anos

Guia de Recolhimento de Contribuição Sindical Urbana (GRCSU) – para contribuições não recolhidas não há prazo prescricional

5 anos

Guia de Recolhimento de Fundo de Garantia de Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) 30 anos

Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS (GRRF) 30 anosContinua

Page 59: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

59

Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT)* 20 anos

Livro “registro de segurança” das caldeiras e vasos sob pressão*

Existência do equipamento Indeterminado

Livro de inspeção do trabalho* Indeterminado

Livros ou fi chas de registro de empregados* Indeterminado

Mapa anual de acidente de trabalho – SESMT 5 anos

Pedido de demissão* 5 anos

Perfi l Profi ssiográfi co Previdenciário (PPP) 20 anos

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) 20 anos

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA 20 anos

Recibo de entrega de vale-transporte 5 anos

Recibo de pagamento de férias* 5 anos

Recibo de pagamento de salários* 5 anos

Recibo de pagamento de 13º salário* 5 anos

Recibo de pagamento de abono pecuniário* 10 anos

Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) 5 anos

Relação dos depósitos bancários e salários* 5 anos

Resumo estatístico anual 3 anos

Seguro desemprego – comunicação de dispensa (CD) e requerimento do seguro desemprego (SD)

5 anos contados a partir da dispensa do empregado

Termo de rescisão de contrato de trabalho* 5 anos*Para estes casos não há fundamentação legal, trata-se de entendimento. Todavia a organização poderá permanecer com tais documentos por prazo superior, se julgar necessário.Quadro 10 – Prazos de guarda de documentos trabalhistas. Fonte: Fenacon, 2007 (alterado)

14.3 DOCUMENTOS TRIBUTÁRIOS E CONTÁBEIS

No Quadro 11 são apresentados os prazos de guarda de documentos tri-butários e contábeis:

Documento Prazo de guardaArquivo digital (sistema de processamento de dados) 5 anosComprovante de rendimentos pagos ou creditados e de retenção na fonte 5 anos

Comprovantes da escrituração (notas fi scais e recibos) 10 anosContinua

Page 60: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

60

Contratos de seguros de bens – documentos originais 5 anosContratos de seguros de pessoas – documentos originais 20 anosContratos previdenciários privados 20 anosDeclaração de ajuste anual – IR pessoa física e comprovantes de dedução e outros valores 5 anos

Declaração Comprobatória de Percepção de Rendimentos (Decore) 5 anos

Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) 5 anosDeclaração de Imposto de Renda (DIRF) 5 anosDeclaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias (Dimob) 5 anos

Declaração de Informações das Indústrias de Cosméticos, Perfumaria e Higiene Pessoal – DIPI-TIPI 33 5 anos

Declaração do Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (DITR) 5 anos

Declaração Especial de InformaçõesDIF – BebidasDIF – CigarrosDIF – Papel imune

5 anos

Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) 5 anos

Declaração Simplifi cada da Pessoa Jurídica (DSPJ) – Inativa 5 anosDeclaração Simplifi cada da Pessoa Jurídica – Simples 5 anosDemonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) 5 anosDemonstrativo de Notas Fiscais (DNF) 5 anosDemonstrativo de Crédito Presumido (DCP) 5 anosDocumentos, papéis de trabalho, relatórios e pareceres rela-cionados aos serviços realizados pelo auditor independente 5 anos

Extinção das debêntures 5 anos

Livros obrigatórios de escrituração fi scal e comercial– Livro diário– Livro razão

5 anosPermanente10 anos

Livros e documentos pertinentes a ações judiciais ou adminis-trativas 10 anos

Pedido Eletrônico de Ressarcimento ou Restituição e Declaração de Compensação (PER/DCOMP) 5 anos

Sociedades Anônimas S/A – Títulos ou contratos de investi-mento coletivo 8 anos

Títulos de capitalização – documentos originais 20 anos

Quadro 11 – Prazos de guarda de documentos tributários e contábeis. Fonte: Fenacon, 2007

Page 61: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

61

Segundo a Fenacon (2007, p. 40):

[...] os comprovantes da escrituração, todos os livros de escrituração obri-gatórios por legislação específi ca, bem como os documentos e demais papéis que sirvam de base para escrituração comercial e fi scal da pessoa jurídica de fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a estes exercí-cios e enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 anos, contados: a) do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; b) da data em que se tornar defi nitiva a decisão que houver anulado por vício formal o lançamento anteriormente efetuado. (art. 173 do CTN)

Em relação aos demais fatos escriturados, a prescrição ocorre em 10 anos quando a lei não houver fi xado prazo menor, disciplinada pelos artigos 205 e seguintes do Código Civil.

14.4 DOCUMENTOS DE PROCESSO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS

As entidades benefi centes de assistência social devem observar o disposto na Lei 12.101-2009 e respectivos decretos no que refere ao prazo de guarda de documentos, conforme art. 29, inciso VI: “conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impliquem modifi cação da situação patrimonial”.

A documentação de que trata a referida lei inclui, por exemplo, além dos demais documentos contábeis destas entidades, o requerimento de bolsas de estudo e demais documentos que compõem o processo (fi cha socioe-conômica, parecer da assistente social, documentos comprobatórios, etc.), bem como autorização de internação hospitalar, entre outros.

15 AUDITORIA

Considerando a necessidade das organizações do Terceiro Setor apresen-tarem a prestação de contas a diversos órgãos, tendo a transparência como

Page 62: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

62

princípio norteador, a auditoria tem um papel importante neste contexto, ora por exigência legal e ora para empregar maior credibilidade a gestão dessas organizações.

Pode-se citar o caso das Entidades Benefi centes de Assistência Social, cuja legislação destaca essa necessidade, conforme art. 29, inciso VIII:

Art. 29. A entidade benefi cente certifi cada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativa-mente, aos seguintes requisitos:VIII - apresente as demonstrações contábeis e fi nanceiras devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for su-perior ao limite fi xado pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezem-bro de 2006.

Portanto, a exigência de auditoria para as Entidades Benefi centes de Assistência Social, a que refere a citação anterior, é para as organizações com receita bruta anual superior ao limite estabelecido pelo art. 3º da Lei Complementar nº 123-06, alterada pela Resolução CGSN nº 94, de 29-11-2011, art. 2º:

Art. 2º Para fi ns desta Resolução, considera-se:I - microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada ou o empresário a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, des-de que: (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 3º, caput)a) no caso da ME, aufi ra, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou in-ferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 3º, inciso I)b) no caso da EPP, aufi ra, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais); (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 3º, inciso II)II - receita bruta (RB) o produto da venda de bens e serviços nas opera-ções de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas

Page 63: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

63

operações em conta alheia, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 3º, caput e § 1º)

A auditoria também pode ser exigida no caso de recebimento de verbas de órgãos públicos ou de órgãos internacionais. Portanto deve-se observar a regulamentação que orienta essas concessões.

É importante destacar que, independentemente de a entidade estar ou não obrigada a contratar serviços de auditoria independente, estes serviços podem proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis maior confi abilidade.

Page 64: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

64

Page 65: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

65

REFERÊNCIAS

ARAUJO, Osório Cavalcante. Contabilidade para organizações do Terceiro Setor. São Paulo: Atlas, 2006.

BRASIL. Decreto nº 119-A, de 7 de janeiro de 1890. Prohibe a interven-ção da autoridade federal e dos Estados federados em matéria religiosa, consagra a plena liberdade de cultos, extingue o padroado e estabelece outras providencias.

______. Lei nº 91, de 28 de agosto de 1935. Determina regras pelas quaes são as sociedades declaradas de utilidade publica.

______. Decreto estadual nº 1.130, de 24 de julho de 1946. Estabelece condições para o reconhecimento de sociedades de utilidade pública.

______. Decreto nº 50.517, de 2 de maio 1961. Regulamenta a Lei nº 91, de 28 de agosto de 1935, que dispõe sobre a declaração de utilidade pública.

______. Lei nº 4.923, de 23 de dezembro de 1965. Institui o cadastro permanente das admissões e dispensas de empregados, estabelece medi-das contra o desemprego e de assistência aos desempregados, e dá outras providências.

______. Lei Municipal nº 2.926, de 1966. Estabelece as condições pelas quais são as sociedades declaradas de utilidade pública.

BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e Institui Normas Gerais de Direito Tributário Aplicáveis à União, Estados e Municípios. Alterada pela Lei Complementar nº 118, de 09 de fevereiro de 2005.

______. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Defi ne a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades co-operativas, e dá outras providências.

Page 66: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

66

______. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os re-gistros públicos, e dá outras providências.

______. Lei Nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.

______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

______. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as con-dições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

______. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organiza-ção da seguridade social, institui plano de custeio, e dá outras providências.

______. Lei nº 8.742, de 7 de novembro de 1993. Dispõe sobre a orga-nização da assistência social e dá outras providências.

______. Lei Nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Altera a legislação tributária federal e dá outras providências.

______. Lei Nº 9.637, de 15 de maio de 1998. Dispõe sobre a quali-fi cação de entidades como organizações sociais, a criação do Programa Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos e entidades que menciona e a absorção de suas atividades por organizações sociais, e dá outras pro-vidências.

______. Instrução Normativa SRF nº 113, de 21 de setembro de 1998. Dispõe sobre as obrigações de natureza tributária das instituições de edu-cação. Alterada pela IN SRF nº 133, de 13 de novembro de 1998.

______. Instrução Normativa SRF nº 133, de 13 de novembro de 1998. Altera a Instrução Normativa SRF nº 113, de 1998, que dispõe sobre as instituições de educação imunes.

______. Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999. Dispõe sobre a quali-fi cação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fi ns lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o termo de parceria, e dá outras providências.

______. Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências.

Page 67: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

67

______. Decreto nº 3.100, de 30 de junho de 1999. Regulamenta a Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999, que dispõe sobre a qualifi cação de pes-soas jurídicas de direito privado, sem fi ns lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o termo de parceria, e dá outras providências.

______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.

______. Instrução Normativa SRF nº 247, de 21 de novembro de 2002. Dispõe sobre a contribuição para o PIS/Pasep e a Cofi ns, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral. Alterada pela IN SRF 358-2003. Alterada pela IN SRF nº 464, de 21 de outubro de 2004.

______. Lei nº 10.825, de 22 de dezembro de 2003. Dá nova redação aos arts. 44 e 2.031 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil.

______. Lei nº 11.127, de 28 de junho de 2005. Altera os arts. 54, 57, 59, 60 e 2.031 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil, e o art. 192 da Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, e dá outras providências.

______. Ministério de Desenvolvimento e Combate à Fome; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. As entidades de assistência social privadas sem fi ns lucrativos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

______. Decreto nº 6.308, de 14 de dezembro de 2007. Dispõe sobre as entidades e organizações de assistência social de que trata o art. 3o da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e dá outras providências.

______. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dis-positivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte dis-posições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações fi nanceiras.

______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estudos e pes-quisas informação econômica, nº 8. Fundações privadas e associações sem fi ns lucrativos – FASFIL, 2008. Disponível em <http://site.gife.org.br/arquivos/publicacoes/19/fasfi l_2005.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2010.

Page 68: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

68

______. Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009. Dispõe sobre a certifi cação das entidades benefi centes de assistência social; regula os pro-cedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social; altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993; revoga dispositivos das Leis nº 8.212, de 24 de julho de 1991, 9.429, de 26 de dezembro de 1996, 9.732, de 11 de dezembro de 1998, 10.684, de 30 de maio de 2003, e da Medida Provisória nº 2.187-13, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.

______. Decreto nº 7.107, de 7 de fevereiro de 2010. Promulga o acor-do entre o Governo da República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, fi rmado na Cidade do Vaticano, em 13 de novembro de 2008.

______. Instrução Normativa RFB nº 1.033, de 14 de maio de 2010. Dispõe sobre a Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (Dirf) e o programa gerador da Dirf 2011. Alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.076, de 21 de outubro de 2010.

______. Decreto nº 7.237, de 20 de julho de 2010. Regulamenta a Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009, para dispor sobre o processo de certifi cação das entidades benefi centes de assistência social para obten-ção da isenção das contribuições para a seguridade social, e dá outras providências.

______. Decreto nº 7.300, de 14 de setembro de 2010. Regulamenta o art. 110 da Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010, e altera o Decreto nº 7.237, de 20 de julho de 2010, que regulamenta a Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009, para dispor sobre o processo de certifi cação das entidades benefi centes de assistência social para obtenção da isenção das contribuições para a seguridade social.

______. Instrução Normativa RFB nº 1.177, de 25 de julho de 2011. Dispõe sobre a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) e aprova o Programa Gerador e as instruções para preenchimen-to da DCTF na versão “DCTF Mensal 1.8”.

______. Presidência da República. Subchefi a para Assuntos Jurídicos. Legislação. [2011]. Disponível em: <http://www4.planalto.gov.br/legis-lacao>. Acesso em 12 maio 2011.

Page 69: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

69

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº 837/1999. Aprova, da NBC T 10 – Dos aspectos contábeis específi cos em entidades diversas, o item: NBC T 10.4 – Fundações.

______. Resolução CFC nº 838-1999. Aprova, da NBC T 10 – Dos as-pectos contábeis específi cos em entidades diversas, o item: NBC T 10.18 – Entidades sindicais e associações de classe.

______. Resolução CFC nº 852-1999. Altera a redação do item 10.18.1.2 da NBC T 10.18 – Entidades sindicais e associações de classe.

______. Resolução CFC nº 966-2003. Altera a Resolução CFC nº 926-01, de 19 de dezembro de 2001, que altera itens da NBC T 10.19 – Entidades sem fi nalidade de lucros.

______. Manual de procedimentos contábeis e prestação de contas das entidades de interesse social. Brasília: CFC, 2008.

______. Resolução CFC nº 1.162-2009. Altera o item 3 da NBC T 3.7 – Demonstração do Valor Adicionado.

______. Resolução CFC nº 1.185-2009. Aprova a NBC TG 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis.

______. Resolução CFC nº 1.283, de 2010. Revoga as Resoluções CFC nº 686-1990, 732-1992, 737-1992, 846-1999, 847-1999, 887-2000 e 1.049-2005, que tratam da NBC T 3 – Conceito, conteúdo, estrutura e nomenclatura das demonstrações contábeis, da NBC T 4 – Da ava-liação patrimonial e da NBC T 6 – Da divulgação das demonstrações contábeis.

FERNANDES, Rosa Maria Castilhos; MACIEL, Ana Lúcia Suárez; BARROS, Xênia Maria Tamborena. Estudo sobre o terceiro setor no Rio Grande do Sul: perfi l, gestão e impactos sociais. Porto Alegre: Fundação Irmão José Otão, 2011.

FERNANDES, Rubem Cézar. Privado porém público: o terceiro setor na América Latina. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

FRANCO, Hilário. A contabilidade na era da globalização. São Paulo: Atlas, 1999.

Page 70: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO. Para o empre-gador: SEFIP/GRF. Disponível em: <http://www.fgts.gov.br/emprega-dor/sefi p_grf.asp>. Acesso em: 19 ago. 2011.

GUIA TRABALHISTA. Agenda de obrigações trabalhistas e previ-denciárias. [2011]. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/agenda.htm>. Acesso em 12 maio 2011.

INSTITUIÇÕES declaradas de utilidade pública pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. [2011]. Disponível em: <http://www.leonhardt.com.br/noticias/pubestadual.pdf>. Acesso em: 13 maio 2011.

KANITZ, Stephen. O que é terceiro setor? Disponível em: <http://www.fi lantropia.org>. Acesso em: 12 jun. 2010.

MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. São Paulo: Atlas, 1984.

NASCIMENTO. Diogo Toledo; OLAK. Paulo Arnaldo. Contabilidade para entidades sem fi ns lucrativos (Terceiro Setor). São Paulo: Atlas, 2010.

PEYON, Luiz Francisco. Gestão contábil para o Terceiro Setor. Rio de Janeiro: Ed. Freitas Bastos, 2004.

PORTAL DE CONTABILIDADE. Principais obrigações tributárias, contábeis e fi scais no Brasil. [2011]. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/obrigacoes.htm>. Acesso em 12 maio 2011.

SILVA, Maria de Lurdes Furno da. Análise da convergência e har-monização das normas brasileiras de contabilidade (BR GAAP) com as normas internacionais de contabilidade relativas ao patrimônio líquido. 2006. Dissertação (Mestrado Profi ssional em Economia) – Programa de Pós-Graduação em Economia, Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.

Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística – IBGE. Diretoria de Pesquisas Gerência do Cadastro Central de Empresas. As Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil 2005. ISSN 1679-

Page 71: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor

480X Estudos e pesquisas Informação econômica. Divulga estudos descritivos e análises de resultados de tabulações especiais de uma ou mais pesquisas de autoria institucional. A série Estudos e pesquisas está sub-dividida em: Informação Demográfi ca e Socioeconômica, Informação Econômica, Informação Geográfi ca e Documentação e Disseminação de Informações. Rio de Janeiro, 2008.

SITES ACESSADOS

Conselho Federal de Contabilidade: <http://www.cfc.org.br>

Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul: <http://www.crcrs.org.br>

Ministério da Justiça: <http://www.mj.gov.br>

Ministério da Saúde: <http://www.ms.gov.br>

Ministério da Educação: <http://www.mec.gov.br>

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome: <http://www.mds.gov.br>

Ministério Público Estadual: <http://www.mp.rs.gov.br>

Ministério do Trabalho e Emprego: <http://www.mte.gov.br>

Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social: <http://www.stds.rs.gov.br>

Page 72: Livro_Contabilidade Para o Terceiro Setor