livro societario 2006

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    SOCIETRIO E MERCADO DE CAPITAIS

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    Todos os direitos desta edio reservados ao autor.

    Publicado por Giz Editorial e Livraria Ltda - EPPR. 24 de Maio, 77 - 5 andar - Sala 504Centro - So Paulo - SP - 01041-001

    Tel: (11) 3333-3059 - Fax: (11) 3331-5764E-mail: [email protected]: www.gizeditorial.com.br

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    So Paulo, 2006.

    Kleber M. Kuwabara

    SOCIETRIOE MERCADO DE CAPITAIS

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    2006 de Kleber M. KuwabaraTtulo Original em Portugus:Societrio e o Mercado de Capitais

    Coordenao editorial:Ednei ProcpioComercial:Simone MateusReviso:Josias Aparecido AndradeEditorao eletrnica e capa:V2Impresso:

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil )

    Kuwabara, Kleber M.Societrio e o mercado de capitais / Kleber M. Kuwabara.

    So Paulo : Giz Editorial, 2006.

    1. I. Ttulo.

    06-7408 CDD-910.4

    ndice para Catlogo Sistemtico1.

    PROIBIDA A REPRODUONenhuma parte desta obra poder ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmotransmitida por meios eletrnicos ou gravaes, assim como traduzida, sem a pemisso, por escrito, do autor. O s infratores sero punidos pela Lei n 9.610/98

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

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    Sumrio

    PARTE I .................................................................9

    Minoritrios e seu peso da Companhia ....... 11Papel do Laudo de Avaliao .......................18O Desafo da Governana Corporativa ....... 28A vez dos Minoritrios ................................36Complexos Societrios, sociedades depropsito especfco e raudes fnanceiras .... 40Minoritrios e os Dividendos ......................45Conselho de Administrao:voto mltiplo e minorias .............................47Acordo de Acionistas: GerenciandoInteresses Complexos em Corporaes ........ 51Insider Trading e a Instruo CVM 358 ...... 55 Direito de Pre erncia de Subscriode Aes ...................................................... 63As Sociedades Limitadasno Novo Cdigo Civil .................................68Dez Motivos que azem as Aes subirem ... 76Dez motivos que azem as aes carem ...... 79O Novo Mercado e os Controladores eAdministradores ................................................82

    1.2.3.4.5.

    6.7.

    8.

    9.10.

    11.

    12.13.14.

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    Derivativos e Opes: .................................84Turbinando seus lucros ou multiplicandoprejuzos ...................................................... 84Aumento de Capital com Incorporaode Empresas ................................................ 87Securitizao: Novas garantias deemprstimos ................................................ 89Securitizao de Recebveis Imobilirios:Aspectos Bsicos .........................................92Brazilian Depositary Receipt (BDR) ........... 96Abertura de Capital InitialPublic O ering IPO ..................................99Reorganizao societria ...........................102

    PARTE II ............................................................105

    Fechamento deCapital Reprovado ............. 107Debnture Padronizada: InstruoCVM 404 ..................................................121O aumento de capital como de esa ............ 126Project Finance: Demandas do Mercado ...129Reestruturao de Empresas ......................131Repensando as Fuses ...............................134Market Maker Formador de Mercadogerando liquidez a valores mobilirios ......137Shel Registration sob Rule 415 ................139Leveraged Buyout: Aquisiesalavancadas ...............................................144Distribuio via Garantia Firmeou Melhores Es oros ................................146A Recompra das Aes de prpriaemisso da Companhia .............................149Fechamento Branco de Capital ..................151

    15.16.

    17.

    18.

    19.

    20.21.

    22.

    1.2.

    3.4.5.6.7.

    8.9.10.

    11.

    12.

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    PARTE III ..........................................................153

    Fundo de Credores: Direitos Creditrios em ..Concurso de Credores ...............................155Lei de Falncias na pauta de discusso ......160Chapter 11 ................................................166Disposies sobre Corretoras que trabalhamcom Home-Broker ....................................168Descruzamento de Participaes ................ 171

    Joint Ventures, Consrcios e Sociedadesde Propsito Especfco SPE ....................177O Green Shoe e as Prticasde Estabilizao .........................................183O Tag Along, o Drag Along e o Prmio:Compra e venda de controle ......................188Pequenas Companhias Abertas e aalternativa de Debntures Conversveis .....191Debnture Conversvel como contratode Opo ...................................................194Gramm-Leach-Billey-Act de12 de Novembro de 1999 .........................197Emprstimo-ponte para ser fnanciadovia debntures ou aes .............................200Sarbanes-Oxley Act o 2002 ......................202Desafos da Lei Sarbanes-Oxley2002 (SOX) ...............................................206Sarbanes Oxley Act 2002 - Advogados......209Sarbanes-Oxley 2002 e seus desafos ......... 212

    1.

    2.3.4.

    5.6.

    7.

    8.

    9.

    10.

    11.

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    13.14.

    15.16.

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    PARTE I

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    Minoritriose seu peso da Companhia

    DENTRE AS NOVIDADES TRAZIDAS pela Re orma daLei das S.A., 10.303/01, est a eleio de Conselheiros naempresa. Nitidamente para trazer os minoritrios no bojodas discusses sobre os destinos da companhia. Vale lem-brar que o Conselho de Administrao rgo mximode deliberaes dentro da empresa, ormado por repre-sentantes dos acionistas, em especial dos controladores.

    Ainda que possam ter papel apenas participativo,sem defnitivo peso nas decises, a presena de represen-tante dos minoritrios consiste em grande avano. Inclu-sive vai de encontro aos ditames da Governana Corpo-rativa, que preza pela administrao transparente e maisdemocrtica possvel, dentro de seus propsitos. grandeessa conquista que os minoritrios conseguiram junto aoCongresso, que aprovou a nova Lei, que vai abrir espaos

    antes inexistentes. Ainda mais por ser o Conselho de Ad-ministrao palco das grandes decises, e por esta razo,tendo suas vagas altamente disputadas.

    Traz essa novidade ao rgo mximo executivo daempresa.

    O Conselho de Administrao, por estar acima daDiretoria, e por ter maiores poderes de deciso, possuisempre dentre seus membros executivos de muita vivn-

    cia e experincia. Tal a importncia, que os investidores,

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    holdings e undos private equity procuram selecionar exe-cutivos bastante reconhecidos no mercado para ocupar avaga e represent-los. Por um lado, por ser uma indica-o de grupos de menor ora empresarial, pode signifcarnovo alento, e novas idias para enriquecer as decises.

    Em especfco quanto ao peso dos minoritrios, des-taca-se o mecanismo do voto mltiplo, que tenta re or-ar sua posio. O voto mltiplo ntida mani estao deuma preocupao em abrir um espao para que os mino-ritrios participem das decises. Ainda que muitas vezesde e eito restrito, podem ser decisivos e azer di erena emoutros casos. Somado possibilidade de eleger um conse-lheiro, como agora determinado pela Lei, os minoritrioscertamente tero seu peso re orado dentro da empresa.

    Consideraes sobre as Aes Pre erenciais

    Cabe destacar que muito embora a Lei consagre umconselheiro para detentores de aes ordinrias e outro paraminoritrios de aes pre erenciais, h uma pequena pol-mica. Isso porque o Novo Mercado, por exemplo, s admiteaes com direito a voto na empresa. Atualmente, existemmuitos de ensores que associam conceitos de GovernanaCorporativa com o fm das aes sem direito a voto.

    Dentre as razes est o ato de o atual sistema per-

    mitir que com proporcionalmente poucas aes ordin-rias seja possvel deter controle da empresa. Quer dizer, svezes pode ocorrer de o acionista ter muitas aes pre e-renciais e no ter peso por no poder votar. Para resolverisso que ou cria-se a vaga de Conselheiro para pre e-rencialistas, ou ento se exige que todas as aes tenhamdireito a voto, como prope o Novo Mercado.

    Entretanto, de ende-se tambm o atual sistema, haja

    visto que as aes pre erenciais so as pre eridas por in-

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    vestidores. Sendo as que possuem melhor liquidez e somais bem negociadas na Bolsa de Valores. Assim, aespre erenciais com direito a eleger Conselheiro parecemboa soluo para que mesmo quem no tenha voto possaindicar Conselheiro e in uir na Administrao.

    Contribuio para Governana Corporativa

    Uma das preocupaes da Governana Corporativacentra-se essencialmente no Conselho de Administrao.O Conselheiro dos minoritrios, alm de acompanhar deperto a atividade das empresas, pode mani estar semprea posio dos acionistas. Na pior das hipteses, represen-ta mais um canal para que os minoritrios fquem in or-mados dos negcios da empresa e constantes mudanas.Quem sabe at trazer sugestes e novos projetos que po-dem ir eventualmente ao encontro dos outros. Dentro doconceito de Governana Corporativa, com certeza maisuma opinio e viso para enriquecer o debate.

    Pode at servir para trazer novos profssionais aocentro de decises do Conselho. Talvez nem sempre sendoj amplamente reconhecido pelo mercado, e com amplaexpertise, mas pessoas de alto gabarito tambm e s ve-zes at reconhecidas em outras reas. Afnal, este umdos ditames da Governana, o de permitir meios e or-

    mas de trazer um debate atual e moderno para dentro daempresa, cada vez mais tendo de prestar in ormaes aomercado, e mais distante do proibitivo comportamento deprocurar bene cios exclusivos.

    No undo, no muda tanta coisa assim, afnal o mer-cado conhece quem so os executivos respeitados e comampla in uncia at na opinio pblica. Mas, de qualquer

    orma, novos membros podem trazer oxignio extra s

    discusses, e contemplar opinies que podem ser muito

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    teis a algum departamento da empresa. Fora isso, sem-pre sero testemunho prximo das operaes, documen-tos e negociaes da empresa.

    Preservao de Maioria dos Controladores

    Dentro da coerncia do sistema, a Lei dispe sobrea manuteno de maioria de membros do Conselho in-dicado por Controladores. Tambm no o escopo daLei cuidar tanto do interesse de minoritrios a ponto deextrapolar as regras do jogo. Assim, mesmo com a adoodo sistema do voto mltiplo e tendo Conselhos de mino-ritrios, aos controladores cabe ter maioria de membrosdo Conselho.

    Maioria que possa traduzir da orma mais razovelas orientaes do grupo controlador. Ainda que com aexistncia de novos membros do Conselho, existe a pre-ocupao de assegurar a coerncia e o sentido da Lei dasSociedades Annimas. A Governana Corporativa traznovos conceitos, pretende modernizar a administrao,propedisclosure de decises, traz acionistas minoritriosao debate. Mas cuida-se tambm para que no seu Con-selho a empresa continue a espelhar os acionistas que acontrolam, que por direito adquiriram essa condio.

    Pode-se afrmar, com certeza, que muitas oram

    as mudanas em termos de Conselho de Administraonestes ltimos dez anos. No apenas a tcnica fnanceirae de administrao evoluiu. Mas, cada vez mais, os pas-sos da empresa so acompanhados no s por rgos defscalizao, como investidores em geral. Cada deciso,negcios relevantes, tudo precisa ser bastante elucidadoe justifcado. A de esa de interesses exclusivos est cadavez mais, seno totalmente, invivel. O resultado que

    a estrutura administrativa revolucionou, e est cada vez

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    maior, por exemplo, com a rea de Relaes com Investi-dores. s vezes, tambm, proporcionalmente com encar-gos excessivos a algumas empresas, que acabam levandoao seu echamento de capital.

    Disposies con orme a Lei das S.A. 6.404/76 alte-rada pela Lei 10.303/01

    Voto Mltiplo

    Art. 141. Na eleio dos conselheiros acultadoaos acionistas que representem, no mnimo, um dcimodo capital social com direito a voto, esteja ou no pre-visto no estatuto, requerer a adoo do processo de votomltiplo, atribuindo-se a cada ao tantos votos quantossejam os membros do conselho, e reconhecido ao acio-nista o direito de cumular os votos num s candidato oudistribu-los entre vrios.

    1 A aculdade prevista neste artigo dever serexercida pelos acionistas at quarenta e oito horas antesda assemblia geral, cabendo mesa que dirigir os traba-lhos da assemblia in ormar previamente aos acionistas, vista do Livro de Presena, o nmero de votos necess-rios para a eleio de cada membro do conselho.

    2 Os cargos que, em virtude de empate, no o-rem preenchidos, sero objeto de nova votao, pelo mes-

    mo processo, observado o disposto no 1,in fne. 3 Sempre que a eleio tiver sido realizada poresse processo, a destituio de qualquer membro do con-selho de administrao pela assemblia geral importardestituio dos demais membros, procedendo-se a novaeleio; nos demais casos de vaga, no havendo suplente,a primeira assemblia geral proceder nova eleio detodo o conselho.

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    4 Tero direito de eleger e destituir um membroe seu suplente do conselho de administrao, em vota-o em separado na assemblia-geral, excludo o acionistacontrolador, a maioria dos titulares, respectivamente:

    4 com redao dada pela Lei n 10.303, de31.10.2001.

    I de aes de emisso de companhia aberta comdireito a voto, que representem, pelo menos, 15% (quinzepor cento) do total das aes com direito a voto; e

    Inciso I acrescentado pela Lei n 10.303, de31.10.2001.

    II de aes pre erenciais sem direito a voto oucom voto restrito de emisso de companhia aberta, querepresentem, no mnimo, 10% (dez por cento) do capitalsocial, que no houverem exercido o direito previsto noestatuto, em con ormidade com o art. 18.

    Inciso II acrescentado pela Lei n 10.303, de31.10.2001.

    5 Verifcando-se que nem os titulares de aescom direito a voto e nem os titulares de aes pre eren-ciais sem direito a voto ou com voto restrito perfzeram,respectivamente, oquorum exigido nos incisos I e II do 4, ser-lhes- acultado agregar suas aes para elegeremem conjunto um membro e seu suplente para o conselhode administrao, observando-se, nessa hiptese, oquo-rum exigido pelo inciso II do 4.

    5 acrescentado pela Lei n 10.303, de31.10.2001. 6 Somente podero exercer o direito previsto no

    4 os acionistas que comprovarem a titularidade ininter-rupta da participao acionria ali exigida durante o per-odo de 3 (trs) meses, no mnimo, imediatamente anterior realizao da assemblia-geral.

    6 acrescentado pela Lei n 10.303, de

    31.10.2001.

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    7 Sempre que, cumulativamente, a eleio doconselho de administrao se der pelo sistema do votomltiplo e os titulares de aes ordinrias ou pre eren-ciais exercerem a prerrogativa de eleger conselheiro, serassegurado a acionista ou grupo de acionistas vinculadospor acordo de votos que detenham mais do que 50% (cin-qenta por cento) das aes com direito de voto o direi-to de eleger conselheiros em nmero igual ao dos eleitospelos demais acionistas, mais um, independentemente donmero de conselheiros que, segundo o estatuto, compo-nha o rgo.

    7 acrescentado pela Lei n 10.303, de31.10.2001.

    8 A companhia dever manter registro com aidentifcao dos acionistas que exercerem a prerrogativaa que se re ere o 4.

    8 acrescentado pela Lei n 10.303, de31.10.2001.

    9 (VETADO)

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    Papel do Laudo de Avaliao

    O LAUDO DE AVALIAO a parte mais importanteo erta pblica de aes OPA. Afnal a que se encontrao cerne das discusses de se estar muitas vezes lesandominoritrios ou no nessas operaes. o centro de dis-cusses da o erta pblica, e atualmente, com a Nova Leidas S.A, grande a preocupao das empresas de azer oclculo, mais prximo do adequado possvel, para evitar

    contratempos e atrasos no andamento das operaes.Ao azer a avaliao, existem os critrios mais aber-tos e os mais echados. Os mais echados seriam, porexemplo, os que se baseiam na srie histrica da cotaoda ao na Bolsa de Valores, ou com base nos demons-trativos contbeis publicados. Hipteses em que no hmuito que discutir em relao aos nmeros estabeleci-dos. Outros critrios como do uxo de caixa descontado

    e defnio de mltiplos permitem clculos baseados emnmeros mais variveis, dependendo da orma como soeitas a anlise e a pesquisa.

    O clculo adequado evita problemas para a em-presa que estiver azendo a o erta, de ter que en rentarlongos processos contra discordantes. Ainda que no seja

    eita a mudana de avaliao, isso no impede que acio-nistas entrem na justia para receber alegadas di erenas.Processos que custam caro e atrasam consideravelmente

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    o andamento dos negcios da empresas em con rontoslongos na justia. Pior, com mtodos de clculo, correo,juros, que tornam o problema da di erena no valor daavaliao cada vez mais grave.

    Quem az o Laudo de Avaliao

    A Instruo CVM 361 defne quem so os avaliadores,que s podem ser entidades reconhecidas no mercado. Es-pecialistas de ato no mercado fnanceiro, que podem acharo valor mais prximo da realidade e do adequado. Horaem que preciso e tcnica devem ser aliadas ao bom senso erealismo, para se fxar um valor mais consensual possvel eevitar atrasos e embates na operao em questo.

    Vejamos o art. 8 da Instruo CVM 361: 1 O laudo de que trata ocaput poder ser ela-

    borado pela instituio intermediria, sociedade corretoraou distribuidora de ttulos e valores mobilirios ou insti-tuio fnanceira com carteira de investimento que possu-am rea especializada e devidamente equipada e tiveremexperincia comprovada, ou ainda por empresa especiali-zada com experincia comprovada.

    Critrios idia geral Anexo III da InstruoCVM 361

    Dentre os critrios e mtodos para avaliao, reco-nhecidos no mercado fnanceiro e de capitais, encontram-se os citados pela Instruo CVM 361. Aps a edio dare erida instruo, a autarquia abriu para audincia p-blica o anexo III, que discute o assunto, no sendo outroo objetivo a no ser de encontrar metodologia que seja o

    mais consensual possvel e evite con rontaes de acionis-

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    tas, que atrasam as operaes e depois podem durar poranos na Justia.

    I preo mdio ponderado de cotao das aesda companhia objeto na bolsa de valores ou no merca-do de balco organizado, nos ltimos 12 (doze) meses, sehouver, discriminando os preos das aes por espcie eclasse;

    II valor do patrimnio lquido por ao da compa-nhia objeto apurado nas ltimas in ormaes peridicasenviadas CVM;

    III valor econmico da companhia objeto porao, calculado pela regra do uxo de caixa descontadoou por mltiplos, con orme se entender undamentada-mente mais adequado ao caso da companhia, de modo aavali-la corretamente;

    IV valor da companhia segundo o critrio de ava-

    liao adotado pelo o ertante para a defnio do preojusto, se or o caso, e no estiver abrangido nos incisosanteriores;

    V declarao do avaliador:a) quanto quantidade de aes de emisso da com-

    panhia objeto de que ele prprio, seu controladore pessoas a eles vinculadas sejam titulares, ou queestejam sob sua administrao discricionria;

    b) sobre o critrio de avaliao, dentre os constantesdo laudo, que lhe parea mais adequado defni-o do preo justo, se or o caso;

    c) de que no tem con ito de interesses que lhe di-minua a independncia necessria ao desempe-nho de suas unes;

    d) do custo do laudo de avaliao; eVI as planilhas de clculo e projees utilizadas

    na avaliao por valor econmico, com destaque para as

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    principais premissas utilizadas e justifcativa para cadauma delas.

    4 O laudo de avaliao poder avaliar a compa-nhia em uma aixa de valores mnimo e mximo, desdeque a di erena entre tais preos no ultrapasse 10% (dezpor cento).

    Debate sobre critrios e mtodos de clculo

    Dentre os critrios possveis para clculo de valor,alguns so mais consensuais e outros nem tanto. Os crit-rios baseados em srie histrica ou in ormativos fnancei-ros so mais ceis de calcular. Tirar uma mdia a partirda cotao das aes da empresa nos ltimos 12 mesesno apresenta problemas. Assim como calcular valor pa-trimonial a partir de demonstrativos fnanceiros ofcial-mente publicados. Entretanto, requerem comparao comoutros mtodos, pois pode acontecer de a ao da re eridaempresa no ter liquidez em bolsa e, conseqentemente,ter poucos negcios que possam servir de base para umacotao mais segura.

    O mtodo dos mltiplos tambm possui suas par-ticularidades, pois depende bastante do re erencial e darea em que, atravs deste mtodo, eita a avaliao, apartir da criao de padres, unidades de comparao,

    em relao ao desempenho de outras empresas e aes.Entretanto, depende do tipo de atividade da empresa, docenrio, para se criar um padro comparativo. Decertodi erentes empresas de reas diversas possuem reaes di-

    erentes em relao a cada movimento da bolsa e econo-mia, tais como o comportamento em relao variaocambial. Algumas ganham com isso, outras no, entoum eventual semelhante padro comparativo no servir

    para ambos os casos.

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    O uxo de caixa descontado talvez o mtodo maisusado, entretanto tambm no pode ser defnitivo. Talmtodo pressupe clculo, chamadovaluation , que par-te de variveis uturas, e bem se sabe o quanto se podeconfrmar ou no. H reas em que fca mais cil azer oclculo, por exemplo, ao se projetar o consumo de gua,luz, numa cidade ou pas. Mas nem sempre se confrma a

    orma de projetar os lucros com venda de carros ou com-putadores. Alis, vale lembrar que o grande vilo da bo-lha da tecnologia oi este conhecido mtodo de avaliao.Por meio do qual se chegava a projetar crescimento e ga-nhos com uma demanda na rea de internet e tecnologiaque passavam muito longe da realidade. As empresas pa-reciam valer muito graas a clculos atravs deste mtodoque projetavam muitos ganhos e crescimento irreais.

    Possibilidade de pedir novo laudo

    A nova Lei das S.A. trouxe avano antes inexistenteao inserir a redao do artigo 4-A. Antes da lei, os acio-nistas e investidores insatis eitos geralmente recorriammesmo ao Judicirio para contestar clculos de avaliao.Agora possuem mecanismo e recurso prprio dentro daprpria empresa para pedirem a instalao de Assembliaque discutir cabimento da nova avaliao ou no.

    Sendo necessrio para tentar obter a nova avalia-o acionistas titulares de mnimo de 10% de aes emcirculao. Critrio tipicamente criado para se permitirque acionistas minoritrios se mani estem discordandoou no do laudo original. Visto ser um dos pontos demaior polmica nos processos de echamento de capital,por exemplo.

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    Penalidade caso seja invivel

    Para no dar abertura a indevidos reclames em re-lao aos laudos, a Lei dispe que, caso se encontre valormenor ou igual no novo laudo, haver punio dos solici-tantes. Talvez a obteno de valor maior, ou no, no sejao mais adequado para qualifcar se o laudo original oibom ou no. Mas meio de se verifcar, no caso contrrio,se os acionistas estariam recebendo adequadamente peloresgate de aes. J que, por pressuposto, quanto maisreceber pela o erta, mais estar satis eito, e sendo esse oobjetivo de sua mani estao.

    Textos da Lei das S.A. e Instruo CVM 361

    Em relao ao mesmo caso, segue transcrio daLei 6.404/76 alterada pela Lei 10.303/01 Nova Lei dasS.A., e Instruo CVM 361, que disciplina as O ertasPblicas de Aes, de acordo com a Nova Lei das S.A.Trazendo a novidade antes inexistente, na Lei original,da possibilidade de se requerer nova avaliao, caso exis-tentes elementos que indiquem alhas e incorreo nolaudo de avaliao original. Vale destacar que a Lei prevpunio caso se verifque tal pedido em hiptese na qualno seria vivel.

    Disposies da Lei 6.404/76, alterada pela Re ormada Lei das S.A. 10.303/2001:

    Art. 4-A. Na companhia aberta, os titulares de, nomnimo, 10% (dez por cento) das aes em circulao nomercado podero requerer aos administradores da com-panhia que convoquem assemblia especial dos acionistastitulares de aes em circulao no mercado, para delibe-

    rar sobre a realizao de nova avaliao pelo mesmo ou

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    por outro critrio, para e eito de determinao do valorde avaliao da companhia, re erido no 4 do art. 4.

    1 O requerimento dever ser apresentado no pra-zo de 15 (quinze) dias da divulgao do valor da o ertapblica, devidamente undamentado e acompanhado deelementos de convico que demonstrem a alha ou im-preciso no emprego da metodologia de clculo ou nocritrio de avaliao adotado, podendo os acionistas re-

    eridos nocaput convocar a assemblia quando os admi-nistradores no atenderem, no prazo de 8 (oito) dias, aopedido de convocao.

    2 Consideram-se aes em circulao no merca-do todas as aes do capital da companhia aberta menosas de propriedade do acionista controlador, de diretores,de conselheiros de administrao e as em tesouraria.

    3 Os acionistas que requererem a realizao denova avaliao e aqueles que votarem a seu avor deve-ro ressarcir a companhia pelos custos incorridos, caso o

    novo valor seja in erior ou igual ao valor inicial da o ertapblica. 4 Caber Comisso de Valores Mobilirios dis-

    ciplinar o disposto no art. 4 e neste artigo, e fxar prazospara a efccia desta reviso.

    Artigo 4-A acrescentado pela Lei n 10.303, de31.10.2001.

    Disposies sobre segunda Avaliao con orme Ins-truo CVM 361/2002

    Reviso do preo da o erta

    Art. 23. Na hiptese de reviso do preo da OPA,na orma prevista no art. 4-A da Lei 6.404/76, e desde

    que no haja desistncia do o ertante, o leilo ser inicia-

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    do pelo novo preo, devendo ser publicado aviso de atorelevante in ormando sobre a reviso do preo e a manu-teno ou desistncia da OPA.

    Art. 24. Na reviso do preo da OPA adotar-se- oseguinte procedimento:

    I o pedido de convocao da assemblia especialde acionistas titulares de aes em circulao, devidamen-te undamentado e acompanhado de elementos de con-vico que demonstrem a alha ou impreciso no empre-go da metodologia de clculo ou no critrio de avaliaoadotado, dever ser ormulado no prazo de 15 (quinze)dias, contado da divulgao do valor da o erta pblica,nos termos do 1 do art. 4-A da Lei 6.404/76, e sus-pender o curso do processo de registro ou, se j concedi-do este, o prazo do edital da OPA, adiando o respectivoleilo, devendo o o ertante providenciar a publicao deaviso de ato relevante dando notcia do adiamento e dadata designada para a assemblia especial;

    II caso a assemblia especial delibere pela no re-alizao de nova avaliao da companhia, ser retomadoo curso do processo de registro, ou da prpria OPA peloprazo remanescente, con orme o caso, devendo o o er-tante providenciar, nesta ltima hiptese, a publicao deaviso de ato relevante, com a nova data de realizao doleilo;

    III caso a assemblia delibere pela realizao de

    nova avaliao, e o laudo de avaliao venha a apurarvalor igual ou in erior ao valor inicial da OPA, ser re-tomado o curso do processo de registro, ou da prpriaOPA pelo prazo remanescente, con orme o caso, devendoo o ertante providenciar, nesta ltima hiptese, a publica-o de aviso de ato relevante, com a nova data de reali-zao do leilo; e

    IV caso a assemblia especial delibere pela reali-

    zao de nova avaliao, e o laudo de avaliao venha a

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    apurar valor superior ao valor inicial da OPA, o o ertantedever publicar, no prazo de 5 (cinco) dias, a contar daapresentao do laudo, aviso de ato relevante, in orman-do se mantm a OPA ou dela desiste, esclarecendo, naprimeira hiptese, que ser retomado o curso do processode registro, ou da prpria OPA pelo prazo remanescente,con orme o caso, devendo o o ertante providenciar, nestaltima hiptese, a publicao de aviso de ato relevante,com a nova data de realizao do leilo e o novo preo.

    1 O prazo de 15 (quinze) dias re erido no incisoI somente comear a correr aps a entrega do laudo deavaliao original CVM, ou aps a sua disponibilizaona orma do 6 abaixo, se esta ocorrer antes, devendo oo ertante publicar aviso de ato relevante, dando notciade tal entrega.

    2 O laudo de avaliao de reviso ser elaboradopor sociedade que atenda aos requisitos dos 1 e 2 doart. 8, e dever observar todos os requisitos estabelecidos

    nos 3 e 4 do mesmo artigo. 3 A assemblia especial que deliberar pela rea-lizao de nova avaliao dever nomear o responsvelpela elaborao do laudo, aprovar-lhe a remunerao,estabelecer prazo no superior a 30 (trinta) dias para otrmino dos servios, e determinar que o laudo seja enca-minhado companhia objeto, na pessoa de seu diretor derelaes com investidores, bolsa de valores ou entidade

    do mercado de balco organizado em que deva realizar-seo leilo, e CVM, alm de ser encaminhado tambm aoendereo eletrnico desta ltima, no ormato especfcoindicado pela CVM.

    4 A administrao da companhia objeto devercolaborar com o avaliador, visando disponibilidade doselementos necessrios elaborao do laudo de avaliao.

    5 A instituio responsvel pela elaborao do

    laudo de avaliao dever ainda, na mesma data da entre-

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    ga do laudo CVM, comunicar instituio intermedi-ria o resultado da avaliao, para que esta e o o ertanteadotem as providncias cabveis, dentre aquelas previstasnos incisos III e IV.

    6 O laudo de avaliao de que trata este artigo f-car disponvel nos mesmos lugares, e no mesmo ormato,do laudo de avaliao de que trata o art. 8.

    7 A ata da assemblia especial a que se re ere esteartigo indicar, necessariamente, o nome dos acionistasque votarem a avor da proposta de realizao de novaavaliao, para e eito de eventual aplicao do 3 doart. 4-A da Lei 6.404/76.

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    O Desafo da GovernanaCorporativa

    A GOVERNANA CORPORATIVA TRAZ conceitosmodernos de Administrao para dentro das Empresas.Ganha importncia maior, atualmente, em vista das me-ga raudes de empresas acima de qualquer suspeita. Odisclosure , associado aoaccountability , ganha grande im-portncia na administrao das empresas. Num contextoem que o principal a de esa apropriada de interesses dosacionistas.Pretendendo-se deixar para trs uma poca em quediretores de empresas gerenciavam as companhias de or-ma temerosa, dentre as prticas condenadas muitos ad-ministradores chegavam a utilizar seus poderes gerenciaiscorporativos para interesses prprios, sendo comuns oscasos em que administradores emprestavam capital daempresa para si mesmo. Ou mesmo dentro da dinmica

    dos negcios, benefciando relaes com certas empresas,de acordo com seus interesses. Fazendo de uma orma emque, a despeito dos interesses dos acionistas da empresa,os administradores utilizavam-se de um poder discricio-nrio em de esa de interesses pessoais.

    O Disclosure de In ormaes altava na maioriadestes casos em que administradores adotavam certasprticas, e ainda sem dar nenhuma satis ao aos acio-

    nistas da empresa. Um caso muito discutido o das em-

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    presas amiliares, tipo ainda muito comum mesmo entreas companhias abertas, em que s vezes, mesmo depoisde abrir o capital em Bolsa de Valores, os administrado-res continuavam com prticas inerentes poca da gesto

    amiliar. Tomando-se decises que nem sempre esto deacordo com os objetivos dos acionistas.

    Sendo um dos undamentos da Governana Corpo-rativa a administrao em de esa da companhia, para seusacionistas em conjunto ao invs de uma administraoque de enda apenas interesses de controladores. Mas sem-pre em busca do que or melhor para a corporao comoum todo, adotando-se Cdigos de tica e conduta paraadministradores.

    Novo Mercado da Bovespa

    Na Bovespa, oi criado o Novo Mercado, que re-presenta um novo padro para empresas. Por um lado,devido a um grande nmero de requisitos, ainda so pou-cas as empresas com capacidade para serem listadas noNovo Mercado. Mas o Novo Mercado um novo espaopara empresas que atendam aos padres internacionaisde Governana Corporativa. Investir numa empresa destesegmento de certa orma uma certeza de estar alinha-do com companhias que zelam e procuram azer rente a

    exigncias da administrao moderna e da GovernanaCorporativa.Os requisitos estabelecidos visam levar as empre-

    sas a um padro timo de administrao transparente eefcaz. Ao exigir ndices mnimos de disperso acionria,com mnimo de quantidade de aes em circulao, porexemplo, visa manter a liquidez das aes da empresa. Li-quidez, traduzida como negociabilidade das aes, que a

    meta de todas as empresas que desejam crescer como com-

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    panhia aberta. Isso tem vrias repercusses. Entre elas, seas aes estiverem sendo bem negociadas, fca mais cilestabelecer seu valor, caso haja necessidade de avaliao.

    Manter a empresa com ndice mnimo de aes emcirculao tambm meio de se evitar concentrao ex-cessiva de aes. Objetiva-se evitar situaes de empre-sas que so abertas, mas tem seu controle defnido porpoucos controladores. Pretende-se assim evitar situaesexageradas em que os acionistas minoritrios fcam com-pletamente parte da empresa. Com a disperso, e muitasaes em circulao, pretende-se dar ora ao pblico e aomercado, nas decises dos rumos da empresa.

    Outro exemplo de requisito do Novo Mercado apublicao de Acordo de Acionistas e Cdigo de tica.So documentos importantes e que organizam a vida daempresa, e a orma como as decises so tomadas. Alinha-do com os ltimos regulamentos da CVM, busca-se umacompanhia transparente, com determinada igualdade de

    condies entre acionistas e controladores. Tudo para seevitarem situaes, por exemplo, em que os acionistas f-cam em segundo plano por no terem acesso a determina-das in ormaes e dados da empresa.

    Sarbanes-Oxley

    Em resposta s raudes, veio a lei Sarbanes-Oxleycom uma srie de medidas. Os administradores deveroassinar os balanos e relatrios da corporao, atestan-do sua veracidade, de maneira que os relatrios deixamde ser meros in ormativos para analistas e investidores,para terem agora o compromisso com a verdade, vistoser inadmissvel a publicao de relatrios que tm am-plo poder de in uenciar o preo das aes e da empresa,

    sem esse compromisso. Tal comportamento dava margem

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    a toda sorte de manipulao de dados bem como da pr-pria dinmica das aes da empresa no mercado.

    Pior que divulgar relatrios fctcios era ser atestadopor renomada empresa de auditoria, que o mercado pena-lizou. Notoriamente a uno da auditoria justamente ade con erir, checar, pesquisar e levantar dados do balanodas empresas. Diante disso, agora com a Sarbanes-Oxley,inseriu-se o conceito de rodzio de auditorias periodica-mente, com escopo de renovar o grupo de especialistasque atestam dados contbeis.

    Nessa esteira que surgem os Comits de Audito-ria, encarregados de atestar a busca pela consistncia dedados. Nessa revoluo de novas exigncias, at os advo-gados so lembrados, defnindo-se sua responsabilidadeem atestar as condies da companhia. Devendo relatar

    raudes num compromisso com acionistas e o mercado.So diversas mudanas, no novo padro estabeleci-

    do pela Sarbanes-Oxley. Cumprir todos os novos requi-

    sitos um desafo e tanto para companhias americanase para as que querem acessar o mercado americano. Asempresas brasileiras com ADRs em New York, tero deseguir o novo padro estabelecido. Encontrando-se numa

    ase de interpretar e aplicar as novas regras da melhororma, e com suas difculdades inerentes, dada a sua no-

    vidade.

    Diretor de Relaes com Investidores

    Pessoa de grande importncia a partir de agora oDiretor de Relaes com Investidores, e sua incumbncia a de azer inter ace com o Mercado, colocando dispo-sio dos investidores in ormaes da empresa. atravsdele que as operaes fnanceiras so esclarecidas, e a em-

    presa divulga seus negcios. No contexto da Governana

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    Corporativa, elemento undamental para que os acionis-tas possam acompanhar a dinmica da companhia.

    Participando, por exemplo, de audincias pblicas,em broadcast , dever tirar as dvidas dos acionistas e in-vestidores acerca da companhia. Apresentar os planos,projetos, bem como relatrios, balanos, e esclarecer so-bre operaes de Mercado de Capitais, cumprindo assimdeterminao das leis e regulamentos de Mercado de Ca-pitais, de bem in ormar o mercado sobre a companhia.Vale dizer, com notcias de operaes muitas vezes decisi-vas na vida da empresa. Muito embora por vezes comple-xas, ter conhecimento do uncionamento das operaes de grande importncia para acionistas e investidores.

    Quando se ala, por exemplo, em uso, incorpo-rao, ciso, os acionistas querem saber de todos os de-talhes, o desenho da operao, e todas suas etapas, vistoque muitas vezes sero processos que se desenvolvero emdiversas ases. O acionista quer saber se haver troca de

    aes, se poder exercer direito de retirada, se existe umaavaliao do preo das aes e como oi eito. O Diretorde Relaes com Mercado quem dever coordenar todaa publicao de dados e in ormaes exigidas, junto coma administrao da companhia.

    Disclosure, Accountability e Confabilidade de

    In ormaesDesafo central de toda Governana Corporativa

    no s a transparncia, a prestao adequada de contas,mas ainda a confabilidade de dados. Conceito bastantesimples e direto, que signifca que independe da quantida-de de papel ou in ormao que vem a publico, importantese est de acordo com a realidade da empresa. De nada

    adiantam balanos, relatrios, publicaes e tudo mais, se

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    or tudo em desacordo com os atos da empresa. A con-fabilidade das in ormaes talvez seja o aspecto mais im-portante.

    De nada adianta se houver amplodisclosure , e umaimensa estrutura para verifcar contas e dados, se altar aconfabilidade bsica. No oi por alta de papis, docu-mentos, in ormes e relatrios divulgados ao mercado queas megacorporaes aliram. Pode-se dizer que no adian-ta existir uma complexa estrutura para atender acionistase uxo de in ormaes, se altar confabilidade.

    No se pode esquecer que muito embora haja agoraa Sarbanes-Oxley, os EUA so pioneiros em matria deregulamentao de mercado de capitais. Isto , j exis-tem, h muito tempo, diversos regulamentos que tratamde compromissos a serem observados pelas companhiasabertas. Para serem companhia aberta e emitirem valoresmobilirios, tm de deixar disposio uma srie de in-

    ormaes, e cumprir uma srie de requisitos.

    Vale destacar que as raudes no ocorreram poralta de relatrios ou balanos. Havia muitos in ormese documentos de toda sorte, con orme exigidos. Entre-tanto o problema estava na confabilidade dessa imensaquantidade de documentos. Quer dizer, pode at existiro disclosure e a regularidade na divulgao e acesso a in-

    ormaes, mas de nada adianta se estiver dissociado deconfabilidade.

    Com a revoluo trazida nos meios de comunicaopela internet, a acilidade de divulgar notcias vai de en-contro com os es oros dedisclosure . Mas de que adiantarelatrios e tudo mais se altar confabilidade? Essa, naverdade, a simples e mais importante exigncia, pode-se dizer, at para que a Governana Corporativa, comosonhada, possa uncionar.

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    Esclarecimentos da Lei e das Operaes

    Em resumo, Governana Corporativa tambm teradequado entendimento das operaes, em sintonia coma Lei das S.A. medida que acionistas e investidores te-nham compreenso das operaes da empresa, poderojulgar por sua prpria razo. Isso possvel com o conhe-cimento progressivo das Leis e regulamentos que regemo Mercado de Capitais. Importante seria se o ormalismona linguagem dos in ormativos ofciais osse o mais escla-recedor possvel. J que ao contrrio, acionistas e investi-dores, acabam por entender de ato as operaes por meioda imprensa.

    Com melhor conhecimento da Lei e regulamentospertinentes, possvel que cada qual julgue por si mesmo,se a empresa est em con ormidade com a lei. Fundamen-tal para que se possa acompanhar todas as medidas, einclusive fscalizando com melhor efccia. Apenas comadequado conhecimento do uncionamento das diversasoperaes que, inclusive, acionistas podero julgar e vo-tar na sua melhor razo, quando or o caso.

    A vaga de membro do Conselho de Administraopara minoritrios, o uncionamento adequado do Conse-lho Fiscal e a efccia do Comit de Auditoria exige conhe-cimento da matria. Para julgar a confabilidade de dados,in ormaes tcnicas, preciso antes conhecimento espe-

    cfco do tema. s conhecendo a razo e uncionamentodas SPE Sociedades de Propsito Especfco, por exem-plo, dentro de complexos organogramas, que permitirjulgar seu sentido dentro do grupo empresarial, se comoparte de um elaborado planejamento societrio, ou nadamais sendo que uma empresa objeto de raudes.

    Enfm, apenas com conhecimento que cada in-teressado poder acompanhar e julgar as empresas. A

    Governana Corporativa depende, para seu sucesso, de

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    muitos fscais que verifquem o cumprimento de seus prin-cpios. Cada vez mais, empresas que tenham esse sinal dequalidade tendem a ser procuradas para investimentos.Acionistas e investidores, in ormados de seus direitos,querem empresas que so, em ltima anlise, confveise bem administradas. Importando no apenas a evoluoda cotao do papel, mas ainda a importncia que se dpara distribuio de dividendos, por exemplo. Sem dvi-da, empresas que valorizam boas prticas de GovernanaCorporativa tendem a ser mais respeitadas e procuradaspara investimentos.

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    A vez dos Minoritrios

    DEFINITIVAMENTE, O COMEO DO sculo XXIpara o Mercado de Capitais brasileiro ser lembrado pe-los Acionistas Minoritrios. Muitos estudos re oram asmudanas legislativas para este novo cenrio do Mercadode Capitais. Sempre lembram que mercados mais desen-volvidos esto associados a minoritrios atuantes e comproteo. Relatam sempre os abusos de alguns contro-

    ladores a despeito de direitos das minorias, em que nasmais diversas operaes societrias e de porte, tais comoas o ertas pblicas, uses e incorporaes, estariam des-respeitando direito de minorias.

    O Governo, analistas, advogados e investidores,aproveitando as recentes e pro undas mudanas no Mer-cado de Capitais dos EUA, rediscutem a Governana Cor-porativa neste contexto. Lembrando sempre que no Brasil

    chegada a hora de se movimentar pela democratizaodo Mercado de Capitais, tornando-se o Acionista de vare-jo pea undamental para movimentar esse Mercado emescala.

    Entretanto, o que se v algo bastante assimtri-co. Veio toda movimentao em de esa de um Mercadode Capitais moderno, democrtico e transparente. Mui-tas mudanas legislativas ocorreram em curto espao de

    tempo, muitas delas nem sequer assimiladas ainda. O Mi-

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    noritrio ganhou espao para discutir seus direitos am-plamente. Entretanto, tudo num momento em que o Mer-cado de Capitais brasileiro encolhe cada vez mais. A Bolsaat sobe e de maneira recorde, mas enquanto isso muitasempresas no conseguem cumprir seus compromissos bu-rocrticos como companhia aberta.

    Eterna discusso do valor das aes

    A lei at parece bastante clara ao defnir o mtodode avaliao das aes, entretanto s esse tema sede deinterminveis discusses. Por mais que esteja tudo claro edefnido na lei, suas hipteses e condies viraram pol-mica que parece estar longe de seu consenso. No se sabese devido a alta de assimilao das novidades da lei. Fato que, por exemplo, atualmente, difcilmente se az umaoperao de Fuso, Incorporao, Ciso ou cancelamentode registro sem que algum minoritrio postule seus direi-tos na Justia. Resultado imediato que muitas operaesfcam trancadas no tempo, com suas interminveis discus-ses no Judicirio.

    Todos objetivam um Mercado de Capitais orte, de-mocrtico, em que um simples cidado possa azer inves-timentos em aes, e ter sua disposio uma infnidadede in ormaes da companhia. Que as pessoas comecem

    a se habituar a investir em aes e possam acompanharde perto sua carteira, sem receio de ser lesado, atravsde uma operao que desconhea o uncionamento. UmMercado de Capitais no apenas de poucos Players, detradicionais bancos e undos apenas. Neste sentido otrabalho das Bolsas de Valores no Brasil: aproximar pes-soas e empresas.

    Porm, o que se constata que se multiplicaram,

    sim, as guerras entre acionistas dentro das empresas. Com

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    guerras de liminares que tornam muitas operaes em ca-sos intrincados, longe de qualquer consenso e talvez bomsenso. Claro, se para empresas classeblue chip j no

    cil contornar a guerra de advogados, mas que aindapossuem estrutura que possibilita equacionar as disputas,como fcam as empresas menores, diante desses con itos?Independentemente de quem estiver certo, as empresascom certeza saem perdendo, com tantas operaes tranca-das e em discusso. Isso para no lembrar que, justamentenesses ltimos anos, a crise econmica e a recesso vierampara acabar com muitas empresas e empregos. Como se jno bastassem os problemas.

    Opo pelo Capital Fechado ou Aberto

    Em vista disso, muitas empresas de reconhecidoporte hesitam em abrir o capital. Muito se sabe das van-tagens eventuais de se capitalizar atravs do Mercado deCapitais e de crescer em escala. Entretanto, o problemadas guerras entre acionistas parece ser um ator absolu-tamente imprevisvel e incontrolvel, que em muito au-menta as difculdades para manter a empresa. Parece serdecorrente de uma ase de adaptao, seguida s diversasevolues legislativas.

    Alm de toda estrutura necessria para manter uma

    empresa aberta, ainda h todo aparato jurdico. No balan-o das vantagens e desvantagens, parece que a opo pelacompanhia aberta deve-se aos casos de empresas que real-mente procuram crescimento e capitalizao em escala.

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    Complexos Societrios,sociedades de propsitoespecfco e raudes fnanceiras

    Conglomerado Empresarial

    Os grupos empresariais caracterizam-se por seremum complexo societrio com diversas empresas envolvi-das. Num grupo, participam desde empresas limitadas epessoas sicas at complexas sociedades annimas commultiplicidade de acionistas. Geralmente, acompanhadospor diversos contratos comerciais fnanceiros que articu-lam todo o complexo empresarial.

    Nesses grupos, a parte societria ganha amplo des-taque, j que exigem cuidados especfcos tal a multipli-cidade de mecanismos envolvidos. Ao fnal, geralmente,revela-se estar em questo o controle por um ou mais gru-pos, e todo aparato necessrio para gerenciar os relacio-namentos.

    A parte societria nesses grupos constitui-se nosmecanismos jurdicos teis para organizao da empresade orma racional. Funciona principalmente junto com oplanejamento contbil e tributrio, para organizar as f-nanas do grupo. Ao menos o controle e organizao decontas que justifca o complexo societrio, a ser alinhadocom o interesse de seus scios.

    O problema todo que em muitos grupos empre-

    sariais, a con uso de empresas e contratos torna di cil

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    sua compreenso. Afnal, por mais elaborados que sejam, imperativo que, ao fnal, com certeza aam sentido notodo. Antes, esses intrincados organogramas fcavam res-tritos a poucos tcnicos envolvidos para sua elaborao.Atualmente, com tododisclosure exigido, acabam por vir tona, mesmo que aos poucos. Todo o planejamento tc-nico o que justifca todos os estudos e sua complexidade,alinhados com os mais elaborados mecanismos societ-rios e contratuais que equilibraro os interesses.

    Entretanto, que sentido acabam azendo esses com-plexos, quando autoridades se deparam com sociedadesde propsito especfco que teriam de possuir capital, bense direitos, e que quando investigados no so reconheci-dos pelo respectivo e fel depositrio?

    Sociedades de Propsito Especfco

    As sociedades de propsito especfco so extrema-mente teis em diversas situaes. Equacionar participa-es societrias um exemplo, ao invs de con undir emexcesso a companhia aberta, por exemplo. Constituir aSPE para gerenciar a parte fnanceira da empresa outroexemplo, onde poder organizar operaes de securitiza-o. Os consrcios so outro exemplo, principalmente nadisputa para compra de alguma empresa ou para organi-

    zar participaes num empreendimento uturo.Mas a SPE possui outra aceta tambm, principal-mente relacionada ao seu descolamento de algumas ca-ractersticas da empresa principal, se or uma SPE fnan-ceira, por exemplo, haver toda e grande movimentaofnanceira. Muitas vezes, nessa SPE que passaro todasas operaes fnanceiras nevrlgicas. O problema quemuitas vezes a exigncia de tododisclosure acaba se cen-

    trando na companhia aberta, principal. Enquanto na

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    SPE fnanceira que acontece toda a movimentao de ca-pital. O prprio entendimento da SPE acaba fcando res-trito aos seus tcnicos, enquanto seus acionistas acabamcentrando-se na companhia aberta principal.

    Fraudes

    bastante di cil evitar as raudes, que nesses casosso muito bem elaboradas. Quando se envolvem opera-es da escala de multinacionais, detectar irregularidades algo bem complexo. Exige auditores e advogados ex-perientes para observar todo o uncionamento e detectarproblemas.

    Numa escala de uma corporao aberta, existem ge-ralmente diversas empresas envolvidas. Inmeros contra-tos e acordos, e parcerias, e aparentemente uma con usofnanceira di cil de ser desvendar. So diversas empresasque uncionam conjuntamente, com controle aparente-mente di uso. Mas ao fnal existe uma lgica que organizao uncionamento da corporao, como as ordens so exe-cutadas e sua origem, bem como o uxo fnanceiro.

    Certamente, quando existem raudes, a concepo a mesma: de tirar proveito de poderes sobre a tesourariada empresa. Por exemplo, desvio de recursos, emprsti-mos para si mesmo, criao de empresas para receber re-

    cursos, etc. Entretanto, descobrir como so elaboradas es-sas raudes algo bem complexo. Exige especialistas quesaibam distinguir como uma mesma estrutura societria,com diversas empresas envolvidas e diversos interesses,pode estar vazando.

    nesse estgio que, quando descobertas, entram emcena os advogados e contadores especialistas, que iro cen-trar-se no na empresa principal, aberta, mas nas diversas

    outras do grupo. A empresa aberta obrigada a azer odis-

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    closure de documentos e dados para uncionar, emitir aes,contrair emprstimos e deve in ormaes ao mercado. Oproblema so as diversas outras que existem e participamdo grupo empresarial como um todo. Sendo muitas vezesatravs delas que se consome o problema da corporao.

    Desvendar estas equaes societrias no tare acil. Mas atravs deste trabalho que se pode compre-

    ender a lgica do grupo empresarial, como as ordens soexecutadas, o controle fnanceiro e uxo de caixa.

    Con uso Societria

    A grande preocupao dos acionistas e dos rgosfscalizadores do governo saber qual a estrutura societ-ria elaborada e seu uncionamento. Entretanto, na maiorparte das vezes, a estrutura societria bastante comple-xa, e di cil de compreender. So participaes cruzadasde diversos tipos que equilibram o controle dentro dascorporaes.

    Seja como or, acaba por assegurar o controle a al-gum grupo e, de alguma orma, estrutura o uxo de caixada empresa. Atravs da nomeao de conselheiros que es-colhem os diretores da empresa, materializam o controledentro da corporao. Grande cuidado centra-se entoem obter qurum mnimo para que possa eleger membros

    do Conselho de Administrao e e etivamente in uir nosrumos da empresa.

    Con uso de Contratos e Acordos

    Dentre os contratos societrios, o acordo de acionis-tas o de maior destaque. Atravs dele, os investidores, cre-

    dores e acionistas decidem como sero as regras que nortea-

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    ro as relaes societrias numa corporao. So contratosmuitas vezes extensos e que possuem diversos mecanismossocietrios embutidos, que sero muitas vezes incorpora-dos pelos estatutos sociais das re eridas empresas.

    atravs do acordo de acionistas que se e etivamuitas vezes o controle da empresa. Numa multiplicidadede empresas envolvidas, o acordo de acionistas que mui-tas vezes d sentido ao complexo societrio. Defnindo aentrada e sada de scios, compra e venda de ativos e daempresa, indicao de Conselheiros, etc. Mas, quando setrata de corporaes, existem muitos contratos envolvi-dos, e que vo surgindo com o tempo. Nesse nterim queos scios devem se reunir regularmente para posicionar-sesobre novos acordos frmados.

    Disclosure

    Certamente, azer odisclosure de todos os dados impossvel. Mas independentemente do nome das em-presas, com o tempo e com o problema das raudes, cer-tamente as autoridades comearo a exigir uma compre-enso maior destas empresas. Mostrando como uncionatodo seu planejamento societrio, ainda que por analogia.Isto , com as empresas, e seu uxo de capital e decises,num organograma detalhado, j que, quando se trata de

    conglomerados empresariais, o conceito dedisclosure emsi no basta, visto que so poucos os que entendem osbalanos publicados e in ormativos obrigatrios. Surge anecessidade de um novo conceito, de in ormar, mas de

    orma acilmente compreensvel. Possivelmente atravs deorganogramas que apresentem semelhanas entre si, co-muns mesmo se tratando de di erentes empresas. Isto ,qualquer orma que acilitasse a compreenso do uxo de

    caixa e execuo de ordens dentro do grupo.

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    Minoritrios e os Dividendos

    OS ACIONISTAS MINORITRIOS GANHARAM am-plo apoio da legislao com a Re orma da Lei das S.A.Os seus tradicionais direitos oram garantidos, e agoracom maior respaldo legal. Tudo isso contribui para quesejam incentivados a investir em mais empresas. Entretan-to existe todo o cuidado para que no exista um excessode direitos que possa difcultar a vida das empresas. Da

    orma como est atualmente, possuem tantos poderes quechegam a modifcar bastante a antiga in uncia dos con-troladores, que mesmo assim continua.

    Mas todo o sentido da Re orma e dos minoritrios incentivar a abrangncia do mercado de capitais. NoBrasil, ainda muito restrito a profssionais de fnanas,sendo um dos objetivos da Re orma, incentivar a culturado investimento em aes, por pessoas comuns. Neste n-

    terim que se encontra o atual movimento de prticas degovernana corporativa, Novo Mercado e divulgao dein ormaes por parte das Bolsas de Valores.

    Tudo relacionado de alguma orma com o movi-mento mundial dedisclosure de operaes. Em decorrn-cia das mega raudes de empresas de auditoria e de ener-gia. Aps o que fca constatado que o pblico investidorfnal que sai perdendo. Depois disso, comea a ocorrer

    todo um cuidado com a ormao do preo de aes no

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    Mercado de Capitais. Neste contexto que oram criadasinmeras iniciativas para tentar aproximar cada vez maisos investidores da realidade das empresas, j que o prin-cipal ativo do mercado de capitais a confana nas em-presas, que est em jogo. Aqui no Brasil houve uma sriede mudanas no Mercado de Capitais, em pouco espaode tempo. O sentido um s: trazer e regulamentar no-vos mecanismos de investimento, e ao mesmo tempo zelarpela credibilidade do mercado de capitais.

    Est se criando no mercado local a cultura dos divi-dendos. Servindo como base para deciso de investimen-tos. Numa primeira etapa, considerava-se apenas a oscila-o dos papis na Bolsa. J numa segunda ase, alm dorisco do papel em si, cuida-se de observar a per ormanceda empresa. Geralmente compreendida na sua poltica dedistribuio de dividendos. Claro que, quando o mercadoest recessivo, isto nem sequer entra em vista, j que se po-dem vislumbrar apenas prejuzos. Mas quando o mercado

    est bom, e as empresas esto bem, a projeo dos dividen-dos pode ser o di erencial entre uma empresa e outra.Nesse aspecto que se atenta para as anlises de es-

    pecialistas do mercado, em que, atravs de seus relatrios,projetam a atividade da empresa e seus balanos duranteum prazo de tempo previsvel. Muitas vezes com previ-ses discutveis, tendo em vista a prpria instabilidade domercado. Num primeiro momento, oca-se a ateno na

    valorizao ou no do papel. Logo depois, comea-se averifcar a projeo de dividendos.No fnal das contas so esses os parmetros que os

    acionistas comeam a levar em considerao. Numa era deinternet, as in ormaes de qualidade esto cada vez mais dis-ponveis. Sabendo utilizar seus direitos com adequao, cer-tamente est se passando para uma outra etapa do Mercadode Capitais. Entra agora o investidor individual, com diversas

    in ormaes para julgar suas decises de investimentos.

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    Representante de Pre erencialistas e Ordinaristas

    Antes da Re orma os detentores de 20% de aes or-dinrias podiam eleger um membro do Conselho, se com-posto por menos de cinco pessoas. Agora, com a Nova Lei,os detentores de 15% de aes ordinrias podem eleger umConselheiro, e os detentores de 10% de aes pre erenciaispodem eleger outro Conselheiro. Votao em separado, den-tre os detentores de ordinrias e pre erenciais, para apenasser anunciado depois da Assemblia. Mas, caso no atinjamesse percentual, pode-se somar as posies detidas nos doistipos de aes, e com 10% pode-se eleger Conselheiro. Hgrande polmica nesse novo direito de os pre erencialistaselegerem membro do Conselho de Administrao.

    4 Tero direito de eleger e destituir um membroe seu suplente do conselho de administrao, em votaoem separado na assemblia-geral, excludo o acionistacontrolador, a maioria dos titulares, respectivamente:I de aes de emisso de companhia aberta comdireito a voto, que representem, pelo menos, 15% (quinzepor cento) do total das aes com direito a voto; e

    II de aes pre erenciais sem direito a voto oucom voto restrito de emisso de companhia aberta, querepresentem, no mnimo, 10% (dez por cento) do capitalsocial, que no houverem exercido o direito previsto no

    estatuto, em con ormidade com o art. 18. 5 Verifcando-se que nem os titulares de aescom direito a voto e nem os titulares de aes pre eren-ciais sem direito a voto ou com voto restrito perfzeram,respectivamente, o quorum exigido nos incisos I e II dopargra o 4, ser-lhes- acultado agregar suas aes paraelegerem em conjunto um membro e seu suplente para oconselho de administrao, observando-se, nessa hipte-

    se, o qurum exigido pelo inciso II do pargra o 4."

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    Assegurada Maioria do Conselho

    Com essa novidade, pode haver utilizao do siste-ma de voto mltiplo e junto com a eleio de membrospor detentores de aes ordinrias e pre erenciais. Ocor-rendo tal hiptese e para evitar distores, garante-se queo controlador ou grupo controlador possa eleger igualnmero de Conselheiros, mais um. Tal regra no existiana Lei anterior, e decorre do novo direito concedido aospre erencialistas, de elegerem seu Conselheiro. Mudanasque re etem a grande preocupao com o Acionista Mi-noritrio, e sua ingerncia na sociedade.

    7 Sempre que, cumulativamente, a eleio do con-selho de administrao se der pelo sistema do voto mltiploe os titulares de aes ordinrias ou pre erenciais exercerema prerrogativa de eleger conselheiro, ser assegurado a acio-nista ou grupo de acionistas vinculados por acordo de votosque detenham mais do que 50% (cinqenta por cento) dasaes com direito de voto o direito de eleger conselheirosem nmero igual ao dos eleitos pelos demais acionistas,mais um, independentemente do nmero de conselheirosque, segundo o estatuto, componha o rgo.

    Lista trplice

    Como esse representante dos pre erencialistas de-corre de uma novidade, a lei orienta para que seja escolhi-do por lista trplice. A ser substitudo quando da eleiode Conselheiro, atravs do novo direito aos detentoresde aes pre erenciais. Trata-se de regra de transio, en-quanto as Companhias Abertas ajustam-se Nova Leidas S.A. Entretanto, nesse ponto h srias controvrsias

    sobre seu procedimento.

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    4 At a assemblia geral ordinria que se reunirpara aprovar as demonstraes fnanceiras do exercciode 2004, inclusive, o conselheiro eleito na orma do 4,inciso II, ou do 5 do art. 141, da Lei n 6.404, de 15 dedezembro de 1976, ser escolhido em lista trplice elabo-rada pelo acionista controlador; e, a partir da assembliageral ordinria de 2006, o re erido conselheiro ser eleitonos termos desta Lei, independentemente do mandato doconselheiro a ser substitudo.

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    Acordo de Acionistas:Gerenciando InteressesComplexos em Corporaes

    Escopo

    O Acordo de Acionistas tpico documento socie-trio de sociedades com complexas relaes e interessesdi usos. Sua necessidade est relacionada com a multipli-cidade de acionistas, cada qual com sua tica. Conside-rando-se ainda o gigantismo administrativo caractersticodas sociedades annimas, torna-se necessrio muitas vezesum acordo de cavalheiros para nortear as relaes entreos acionistas. Sendo um documento com estrutura aber-ta, que pode ser extremamente simples e singelo, comotambm pode ser altamente sofsticado, abrangendo umaampla gama de temas.

    Direitos de Pre erncia e novos sciosUma das preocupaes dos acionistas em geral re-

    lativa entrada de novos scios. inevitvel que dentroda dinmica empresarial parcerias sejam eitas ou des ei-tas de acordo com as circunstncias. Uma vez echado umgrupo de controle, e atingido ou traado um equilbrio depoderes dentro da empresa, almeja-se certa estabilidade,

    undamental em qualquer negcio. neste sentido que

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    muitos acordos de acionistas possuem extensas disposi-es sobre a transio de scios, em especial sobre a en-trada de pessoas novas na sociedade.

    H empresasblue chips que so maiores que mui-tos municpios, e obviamente seu controle altamentedisputado. No s entre os j acionistas controladores,mas tambm pelos concorrentes externos. Nesses casos,se as posies societrias j so calculadas, computadas eacompanhadas pari passu , que dir a eventual entrada denovo scio. Clusulas como direito de pre erncia podemter grande importncia, e sua utilizao adequada vitalna dinmica do prprio controle.

    Conselheiros dos Acionistas

    No equilbrio de oras da sociedade, os acordosde acionistas podem dispor sobre os Conselheiros. Def-nindo a relao da indicao de Conselheiros com a por-centagem societria que o acionista possuir. Claro quecada acionista procura manter o percentual mnimo deaes para poder eleger seu Conselheiro. At o advento daNova Lei das S.A., os controladores que acabavam porindicar todos os Conselheiros. Talvez seja esse o ponto demaior relevo no Acordo, j que a partir da que se ormao Conselho de Administrao da sociedade. rgo de c-

    pula com amplos poderes operacionais e administrativosque iro nortear as atitudes da empresa.

    Voto em Bloco

    Um dos mecanismos bsicos do acordo de acionis-tas a previso da votao em bloco. Tendo os controla-

    dores os mesmos interesses, acordam de ender-se juntos

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    nas deliberaes da sociedade. H interessante aspecto dovoto em bloco, previsto em lei, sobre a impossibilidade devoto discordante, que no deve ser computado, con orme 8. Outro detalhe interessante a autotutela para vota-o, caso um acionista esteja sendo prejudicado por outrorelapso, previsto no 9.

    Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a comprae venda de suas aes, pre erncia para adquiri-las, exer-ccio do direito a voto, ou do poder de controle deveroser observados pela companhia quando arquivados nasua sede.

    8 O presidente da assemblia ou do rgo co-lexiado de deliberao da companhia no computar ovoto pro erido com in rao de acordo de acionistas devi-damente arquivado.

    9 O no comparecimento assemblia ou s reu-nies dos rgos de administrao da companhia, bem

    como as abstenes de voto de qualquer parte de acordode acionistas ou de membros do conselho de administra-o eleitos nos termos de acordo de acionistas, assegura parte prejudicada o direito de votar com as aes per-tencentes ao acionista ausente ou omisso e, no caso demembro do conselho de administrao, pelo conselheiroeleito com os votos da parte prejudicada.

    Reunio Prvia

    Dentre outros mecanismos prprios do grupo decontrole, est a possibilidade de se realizar Reunio Pr-via sobre as deliberaes a serem votadas posteriormen-te em Assemblia. O grupo que na teoria possui mesmosinteresses delibera entre si e toma posio a ser de endi-

    da depois, perante os outros acionistas da sociedade. Na

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    Reunio Prvia podem ser tomadas decises que depoissero alinhadas e, atravs do voto em bloco, sero repre-sentativas do grupo controlador, visto que nem sempre osinteresses do grupo de controle coincidem com a posiodos outros acionistas, de como pensam e votaro.

    Possibilidade de Acordo de Quotistas em Sociedade Limitada

    Uma das novidades que trouxe o Novo Cdigo Ci-vil oi a possibilidade de haver acordo do mesmo gneropara as sociedades limitadas. Prtica bastante comum nodireito norte-americano, por exemplo, e voltada para em-presas de certa complexidade societria. Evidente que no voltado para as sociedades limitadas simples, mas paraaquelas que possuem uma estrutura mais complexa. Porvezes, podendo azer parte de um grupo empresarial, comentrelaamento de posies societrias.

    Acordo de Acionistas e o Novo Mercado

    To importante esse documento para a vida da so-ciedade annima, que sua divulgao um dos requisitospara empresas listadas no Novo Mercado. oDisclosure dos novos tempos para o Mercado de Capitais, onde oequacionamento de interesses de controladores agora divulgado aos investidores e outros acionistas. Ademais,procurando-se assim adequar-se aos ditames da Gover-nana Corporativa.

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    Insider Trading e aInstruo CVM 358

    InsidersNaturais

    Tradicionalmente so consideradasinsiders naturaisas prprias pessoas que trabalham na empresa. Que emdecorrncia do prprio cargo que exercem tm contatodireto com as in ormaes e centro de deciso da empre-sa. Assim so os membros do Conselho de Administrao,

    Diretores, membros do Conselho Fiscal, de rgos comunes tcnicas ou consultivas, e Acionistas Controla-dores. Pessoas que, pela sua prpria condio, involun-tariamente tero contato com as in ormaes sigilosas daempresa.

    Diretor de Relaes com Investidores

    O Diretor de Relaes com Investidores quem azcanal de comunicao entre as decises e in ormaes quese passam entre osInsiders Naturais e o Mercado. Sendoquem ir coordenar a comunicao ao mercado dos atosrelevantes, em atendimento s regras deDisclosure . Per-mitindo assim que os Investidores aam um adequadoraio-X na empresa, e movimentaes da cpula adminis-trativa. S com esse trabalho de esclarecimento e coorde-

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    Um ponto bsico que inevitavelmente in ui na cota-o de um papel so os balanos e balancetes fnanceirosque as companhias so obrigadas a divulgar ao mercado.Por mais bvio que possa parecer, sempre podem ocorrersurpresas e isso sempre in ui no valor da ao, imediata-mente ao ser divulgado. Pessoas de confana que sabemde antemo quais os rumos do balano, afnal so quemos elabora, devem se abster de negociar durante certo pe-rodo. Seja qual balano or, a in uncia sobre as cotaes certeira. Podendo surpreender ou confrmar, atenuandoou agravando circunstncias.

    4 Tambm vedada a negociao pelas pesso-as mencionadas nocaput no perodo de 15 (quinze) diasanterior divulgao das in ormaes trimestrais (ITR) eanuais (DFP e IAN) da companhia.

    Detentores de 5% e detalhamento de posiesSeguindo uma prpria regra j bastante consagrada

    no Mercado norte-americano, deve fcar claro ao mercadoe aos investidores quem tm mais de 5% de participao.Afnal, para saber como vai indo o xadrez societrio, eevitar surpresas p. ex. na mudana de controle. Evitando-se que de repente aparea um acionista desconhecido in-

    dicando Conselheiros e in uindo nos rumos da empresa.Em vista disso que a instruo CVM exige esclarecimen-tos acerca de objetivos e eventual existncia de acordosde voto. Procurando-se assim respeitar odisclosure daempresa, para no criar insegurana aos outros acionistase investidores.

    Art. 12. Os acionistas controladores, diretos ou in-

    diretos, e os acionistas que elegerem membros do Conse-

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    lho de Administrao, bem como qualquer pessoa naturalou jurdica, ou grupo de pessoas, agindo em conjunto ourepresentando um mesmo interesse, que atingir participa-o, direta ou indireta, que corresponda a 5% (cinco porcento) ou mais de espcie ou classe de aes representati-vas do capital de companhia aberta, deve enviar CVMe, se or o caso, bolsa de valores e entidade do merca-do de balco organizado em que os valores mobiliriosde emisso da companhia sejam admitidos negociao,assim como divulgar, nos termos do art. 3o, declaraocontendo as seguintes in ormaes:

    (...)II objetivo da participao e quantidade visada;III nmero de aes, bnus de subscrio, bem

    como de direitos de subscrio de aes e de opes decompra de aes, por espcie e classe, j detidos, direta ouindiretamente, pelo adquirente ou pessoa a ele ligada;

    IV nmero de debntures conversveis em aes,

    j detidas, direta ou indiretamente, pelo adquirente oupessoa a ele ligada, explicitando a quantidade de aesobjeto da possvel converso, por espcie e classe; e

    V indicao de qualquer acordo ou contrato regu-lando o exerccio do direito de voto ou a compra e vendade valores mobilirios de emisso da companhia.

    1 Est igualmente obrigada divulgao das mes-

    mas in ormaes a pessoa ou grupo de pessoas represen-tando um mesmo interesse, titular de participao acion-ria igual ou superior ao percentual re erido nocaput desteartigo, a cada vez que a re erida participao se eleve em5% (cinco por cento) da espcie ou classe de aes repre-sentativas do capital social da companhia.

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    Participao acionria

    Alm de dar cincia ao mercado, in ormar ofcial-mente sua posio acionria uma orma de atestar sehouve oscilaes em certos perodos ou no. O mercadoe os investidores tiram suas prprias concluses e assimpodem acompanhar as aes dos controladores, que emltima anlise re etem seus interesses na Companhia, sen-do meio de comprovar andamento normal das operaescom valores da Companhia.

    I. Posio de controladoresArt. 116-A. O acionista controlador da companhia

    aberta e os acionistas, ou grupo de acionistas, que elege-rem membro do conselho de administrao ou membrodo conselho fscal, devero in ormar imediatamente asmodifcaes em sua posio acionria na companhia Comisso de Valores Mobilirios e s Bolsas de Valoresou entidades do mercado de balco organizado nas quaisos valores mobilirios de emisso da companhia estejamadmitidos negociao, nas condies e na orma deter-minadas pela Comisso de Valores Mobilirios.

    II. Posio dos Administradores 6 Os administradores da companhia aberta de-

    vero in ormar imediatamente, nos termos e na orma de-

    terminados pela Comisso de Valores Mobilirios, a estae s bolsas de valores ou entidades do mercado de balcoorganizado nas quais os valores mobilirios de emissoda companhia estejam admitidos negociao, as modif-caes em suas posies acionrias na companhia.

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    Sigilo e Risco Companhia

    Como diz o prprio bom senso, h in ormaes ques podem criar celeuma desnecessria, sendo convenientepoupar a empresa. Muitas vezes situaes insignifcan-tes, que no se relacionam com os aspectos principais daempresa, podem criar desgaste que pode ser evitado. Houtras situaes peculiares, que podem gerar signifcativarepercusso, e exigem cuidados prprios. Afnal, o esp-rito do disclocure com certeza no o de prejudicar aempresa e criar embates ora de propsito, ou desgastedesnecessrio. Mas cabe CVM decidir pela adequaoda divulgao de algum ato ou no.

    Art. 157, 5 Os administradores podero recu-sar-se a prestar a in ormao 1, alnea e, ou deixar dedivulg-la 4, se entenderem que sua revelao por emrisco interesse legtimo da companhia, cabendo Comis-so de Valores Mobilirios, a pedido dos administradores,de qualquer acionista, ou por iniciativa prpria, decidirsobre a prestao de in ormao e responsabilizar os ad-ministradores, se or o caso.

    Vedao de Negociao

    A regra clara contra oinsider trading a vedaode negociao, do momento que tenha conhecimento doato relevante, at sua divulgao ampla ao mercado.

    Nesse nterim expressamente proibida a negociao,inevitavelmente enviesada, que constitui cerne doinsidertrading . So regras j bastante conhecidas, mas nos EUAh sempre casos e mais casos, condenados pela SEC, denegociaes eitas por uncionrios, com acesso in or-

    mao privilegiada.

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    Art. 13. Antes da divulgao ao mercado de atoou ato relevante ocorrido nos negcios da companhia, vedada a negociao com valores mobilirios de suaemisso, ou a eles re erenciados, pela prpria companhiaaberta, pelos acionistas controladores, diretos ou indire-tos, diretores, membros do conselho de administrao, doconselho fscal e de quaisquer rgos com unes tc-nicas ou consultivas, criados por disposio estatutria,ou por quem quer que, em virtude de seu cargo, unoou posio na companhia aberta, sua controladora, suascontroladas ou coligadas, tenha conhecimento da in or-mao relativa ao ato ou ato relevante.

    So exemplos de ato ou ato potencialmente rele-vante, dentre outros, os seguintes:

    I assinatura de acordo ou contrato de trans ern-cia do controle acionrio da companhia, ainda que sob

    condio suspensiva ou resolutiva;II mudana no controle da companhia, inclusiveatravs de celebrao, alterao ou resciso de acordo deacionistas;

    III celebrao, alterao ou resciso de acordo deacionistas em que a companhia seja parte ou intervenien-te, ou que tenha sido averbado no livro prprio da com-panhia;

    IV ingresso ou sada de scio que mantenha, coma companhia, contrato ou colaborao operacional, f-nanceira, tecnolgica ou administrativa;

    V autorizao para negociao dos valores mobi-lirios de emisso da companhia em qualquer mercado,nacional ou estrangeiro;

    VI deciso de promover o cancelamento de regis-tro da companhia aberta;

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    VII incorporao, uso ou ciso envolvendo acompanhia ou empresas ligadas;

    VIII trans ormao ou dissoluo da companhia;IX mudana na composio do patrimnio da

    companhia;X mudana de critrios contbeis;XI renegociao de dvidas;XII aprovao de plano de outorga de opo de

    compra de aes;XIII alterao nos direitos e vantagens dos valores

    mobilirios emitidos pela companhia;XIV desdobramento ou grupamento de aes ou

    atribuio de bonifcao;XV aquisio de aes da companhia para per-

    manncia em tesouraria ou cancelamento, e alienao deaes assim adquiridas;

    XVI lucro ou prejuzo da companhia e a atribui-o de proventos em dinheiro;

    XVII celebrao ou extino de contrato, ou o in-sucesso na sua realizao, quando a expectativa de con-cretizao or de conhecimento pblico;

    XVIII aprovao, alterao ou desistncia de pro-jeto ou atraso em sua implantao;

    XIX incio, retomada ou paralisao da abrica-o ou comercializao de produto ou da prestao deservio;

    XX descoberta, mudana ou desenvolvimento detecnologia ou de recursos da companhia;XXI modifcao de projees divulgadas pela

    companhia;XXII impetrao de concordata, requerimento

    ou confsso de alncia ou propositura de ao judicialque possa vir a a etar a situao econmico-fnanceira dacompanhia.

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    Direito de Pre erncia deSubscrio de Aes

    Direitos Bsicos na Lei das Sociedades por Aes

    O direito de pre erncia de subscrio de aes aspecto importante que diz respeito ao equilbrio societ-rio na empresa. Vez que, reqentemente, 10% de aespodem signifcar em alguns casos garantia de indicaode membro do Conselho de Administrao. Evidente quea composio e distribuio do capital social espelhodo equilbrio de poder dentro da Sociedade por Aes.Considerando que h diversos quruns para deciso dediversas matrias, crucial a posio que cada acionistadetm. Mesmo para a ormao de bloco de controle, comacionistas que, juntos, combinando suas participaes,exercem o controle da empresa ao votar em conjunto.

    O art. 171 abaixo, da Lei 6.404, assegura justa-

    mente meios para que os acionistas possam manter suasposies acionrias. Cada vez que se aumenta o capitalsocial, com emisso de aes, pode-se alterar o quadrosocietrio. Para permitir a manuteno de suas porcenta-gens que a Lei assegura o direito de pre erncia. Sendomecanismo voltado para permitir a participao de cadascio na empresa, e conseqentemente sua in uncia. Emoutras palavras, signifca que se um acionista deixar de

    exercer sempre seu direito de pre erncia, e houver au-

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    mentos de capital, ter sua participao diluda no capi-tal social. Isto , se no tomar providncias para manterproporcionalmente sua participao, no comprandomais aes da empresa, por exemplo. Vejamos o que dizo art. 171:

    Art. 171. Na proporo do nmero de aes quepossurem, os acionistas tero pre erncia para a subscri-o do aumento de capital.

    1 Se o capital or dividido em aes de diversasespcies ou classes e o aumento or eito por emisso demais de uma espcie ou classe, observar-se-o as seguintesnormas:

    a) no caso de aumento, na mesma proporo, donmero de aes de todas as espcies e classesexistentes, cada acionista exercer o direito depre erncia sobre aes idnticas s de que orpossuidor;

    b) se as aes emitidas orem de espcies e classesexistentes, mas importarem alterao das respec-tivas propores no capital social, a pre ernciaser exercida sobre aes de espcies e classesidnticas s de que orem possuidores os acionis-tas, somente se estendendo s demais se aquelas

    orem insufcientes para lhes assegurar, no capitalaumentado, a mesma proporo que tinham no

    capital antes do aumento;c) se houver emisso de aes de espcie ou classediversa das existentes, cada acionista exercer apre erncia, na proporo do nmero de aesque possuir, sobre aes de todas as espcies eclasses do aumento.

    2 No aumento mediante capitalizao de crdi-tos ou subscrio em bens, ser sempre assegurado aos

    acionistas o direito de pre erncia e, se or o caso, as im-

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    portncias por eles pagas sero entregues ao titular docrdito a ser capitalizado ou do bem a ser incorporado.

    3 Os acionistas tero direito de pre erncia parasubscrio das emisses de debntures conversveis emaes, bnus de subscrio e partes benefcirias conver-sveis em aes emitidas para alienao onerosa; mas naconverso desses ttulos em aes, ou na outorga e noexerccio de opo de compra de aes, no haver direi-to de pre erncia.

    4 O estatuto ou a assemblia geral fxar prazode decadncia, no in erior a trinta dias, para o exercciodo direito de pre erncia.

    5 No usu ruto e no fdeicomisso, o direito de pre-erncia, quando no exercido pelo acionista at dez dias

    antes do vencimento do prazo, poder s-lo pelo usu ru-turio ou fdeicomissrio.

    6 O acionista poder ceder seu direito de pre e-rncia.

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