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    A Necessidade do

    NOVO NASCIMENTO

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    A Necessidade do Novo

    NascimentoSermo pregado pelo ReformadorMartinho LuteroPara o Domingo da Santssima Trindade de 11 de junho de 1536

    Havia um homem dos fariseus que se chamava Nicodemos, umprincipal entre os judeus. Este veio a Jesus de noite e lhe disse:Rabi, sabemos que s mestre vindo de Deus, porque ningum pode

    fazer estes sinais que tu fazes se Deus no estiver com ele.Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo se ohomem no nascer de novo, no poder ver o reino de Deus.Nicodemos lhe disse: Como pode um homem nascer de novo sendovelho? Pode por acaso entrar uma segunda vez no ventre de suame e nascer?Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade tedigo que aquele que no nascer da gua e do Esprito no poderentrar no reino de Deus. O que nascido da carne carne; o que nascido do Esprito Esprito. No te maravilhes do que eu tedisse: necessrio nascer de novo. O vento sopra onde quer e seouve o seu som; mas ningum sabe de onde vem e nem para ondevai; assim todo aquele que nascido do Esprito. Perguntou-lhe

    Nicodemos: Como pode acontecer isso? Respondeu-lhe Jesus:Tu s mestre de Israel e no sabe disso? Em verdade, emverdade te digo que aquilo sabemos falamos, e aquilo que temosvisto testificamos, mas vs no recebeis o nosso testemunho. Se euvos tenho dito coisas terrenas e no acreditastes, comoacreditareis se eu vos falar das celestiais? Ningum subiu ao cu,seno aquele que de l desceu, o Filho do Homem, que est no cu.E assim como Moiss levantou a serpente do deserto, necessrioque o filho do homem seja levantado para que todo aquele queNele crer, no se perda, mas tenha vida eterna. Porque Deus amouo mundo de tal maneira que deu seu filho unignito para que todoaquele que Nele crer no se perda, mas tenha vida eterna.

    Joo 3:1-16

    COMO ALCANAR A SALVAO, a pergunta principal da humanidade

    Hoje ainda no lhes foi explicado o Evangelho. Escreve o evangelistaSo Joo que certo fariseu de nome Nicodemos veio ao Senhor de noitee teve com ele uma conversa, e Cristo, de sua parte, lhe pregou umsermo para aquele homem piedoso que realmente ele no sabia que

    fazer com ele: quanto mais o ouvia, menos o entendia.

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    Sobre essa historia se prega todo ano. Mas como hoje o momentonovamente propcio, falaremos mais uma vez sobre ela. Desde que omundo existe, os sbios que existem nele se perguntam: De que modose pode alcanar a justia e a bem-aventurana? Essa questo sediscute desde quando h homens na terra, e continuar sendo

    discutida at que o mundo chegue a seu fim. Ainda nos nossos diasatuais pode-se ver com quanto ardor debatemos esse assunto. Todoscrem estar em condies de emitir um juzo, porm, com seu juzo,revelam sua ignorncia. Esta mesma questo, como nos informa oEvangelho para o dia de hoje, Cristo a tratou com um homem que,falando nos trminos da lei judaica, era uma pessoa corretssima emuito instruda.

    Aquele homem quer discutir sobre aquilo que devemos fazer e comodevemos viver para sermos salvos, e espera que Cristo lhe d umaresposta. Porque tu ele diz, s mestre vindo de Deus, pois os sinaisque tu fazes vo alm da capacidade de qualquer ser humano. Ns osfariseus ensinamos, no campo do espiritual, a lei de Moiss. Opinas tuque h algo melhor que possa nos recomendar? Surge assim nadiscusso entre ambos a pergunta sobre as obras, ou seja, a vidaperfeita a pergunta que inquieta aos homens de todas as geraes.

    I. O que tenta alcanar a salvao pelos caminhos das obras, no aalcanar

    J os antigos romanos meditavam com muita seriedade sobre qual era ocaminho reto a seguir, acerca de como, por exemplo, se devia lidarcorretamente com a casa e a famlia. Seus interesses se dirigiam diantede toda a exata determinao do que exige a justia. Mas com isso semeteram em um problema que no tem soluo, como eles mesmostiveram que admitir: excesso de justia, excesso de injustia. Por qualmotivo? Porque a justia no sentido estrito da palavra est fora denosso alcance. Por isso que se tem que buscar o caminho do meio eadaptar-se s circunstncias. Nesse sentido tambm se costuma dizer:acertou como os atiradores quando acertam o alvo, quer dizer, nograas a sua pontaria, seno graas a um impacto fortuito. Pois umbom atirador e at um eventual ganhador tambm aquele que chegoumais prximo do alvo. Assim o reconhecem at os juristas. Tem que sedar por satisfeitos se com seu governo e administrao da coisa pblicaconseguem que ningum inflija a outro injustias muito grosseiras,ainda quando seja impossvel acertar e aplicar rigidamente a justia emsua forma pura. Porm quando chega ao poder um dessesdesorientados, s causa alvoroo, distrbios e dissenses.

    Assim toda autoridade secular tem que se ater ao que possvel. Noobstante, a razo gostaria de elevar a salvao ou a uma ordem poltica

    perfeita pela via da injustia. Porm tal coisa impossvel. Que fazerento? Quase se diria que acontece como com aquele que queria subir

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    uma alta montanha e por no poder fazer, exclamou: Pois bem, ficareiaqui. No entanto, Cristo nos diz: Se vossa justia no for maior que ados escribas e fariseus, no entrareis no reino dos cus(Mateus 5:20).Ali no sermo do monte o Senhor explica qual o verdadeirocumprimento da lei, e o que significa acertar o alvo: no se irar, nem

    mesmo no recndito do corao; no cobiar nem mesmo empensamentos a mulher ou os bens do nosso prximo. Ali se colocadiante dos nossos olhos a justia mais perfeita. E, apesar de tudo oshomens acreditam poder alcan-la mediante o cumprimento da lei.No queremos nem pretendemos, dizem, acertar exatamente o alvo;se o conseguem com certa aproximao, se tm por desculpados. Ns,porm, atentamos para o que nos ensina Cristo: Ningum pode ver oreino de Deus ao menos que tenha acertado o alvo. E no Apocalipselemos: Neste tabernculo no entrar nenhum imundo. Que devemosfazer pois? Tambm exclamaremos: Temos que ficar aqui embaixo, nopodemos subir a montanha?

    Tampouco Nicodemos sabe outra coisa que esta: Eu sou uma pessoacorreta, vivo piedosamente conforme a lei e transito pelo caminho queconduz ao cu. E agora ele quer que esse Mestre lhe expresse suaaprovao ou desaprovao ainda que no gostaria de pensar nestaltima opo, seno espera que o Senhor lhe responda: Sim,Nicodemos, s perfeito, e ainda: J s bem-aventurado e os demaisentrariam no reino dos cus se fizessem como tu. Porm, ocorrejustamente o contrrio: Cristo o bota a correr do reino dos cus: Porcerto, s um homem bom. Porm se no nasces de novo, tua justia no

    te servir de nada. O nascer de novo: esta a justia na qualinsistimos tanto em nossa pregao. Ou seja: Cristo no tem a intenode rechaar a lei, antes quer que ela seja cumprida. Porm, diz aforma como vs a cumpreis no tem validade. Cumpreis a lei s emvossa imaginao, mas no na realidade. Os Dez Mandamentos soperfeitos, e quero que os cumpra. Quem quiser entrar no cu tem quecumpri-los. Porm, com o vosso conceito do direito e com a vossajustia, no os estais cumprindo. No temos outra justia melhor doque a que resultaria do meu cumprimento de tudo o que se manda nasduas tbuas da lei de Moiss. Ento seramos justos porm s justosconforme a justia dos fariseus, e no conforme a justia exigida pelalei.

    II. S a regenerao nos torna participantes da salvao eterna

    -nos dito, pois: lhe necessrio nascer pela segunda vez. ParaNicodemos isso chocante. Ele pensa em outras leis, alem do ponto dasleis mosaicas, tais como as que achamos no papado e no judasmofarisaico; espera que Cristo estabelea artigos novos, leis novas, todoum cdigo novo. Porm, nada disso: Cristo no diz uma palavra quantoa leis e estatutos novos. Pois o que possuis em matria de leis j mais

    do que podeis cumprir. Eu, em troca, os prego assim: Vs, vs mesmosprecisam chegar ser outras pessoas. Eu no falo de fazer ou no fazer,

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    seno de chegar a ser. Tu tens que chegar a ser outro homem, tens quenascer de novo. Isso ser ento a justia que acerta o alvo, a justiasem mancha nem ruga, a justia que conseguir entrar no cu. ParaNicodemos, ao ouvir Jesus falar dessa maneira, lhe vem certas duvidas.Essas so palavras novas para ele. Entrar eu pela segunda vez no

    ventre de minha me? Tolice! Porm a essas tolices Cristo acrescentaoutras piores: no te digo que tenhas de nascer de novo de pai e mehumanos, seno da gua e do Esprito Santo. Agora, Nicodemos ficatotalmente confundido. Que homem e mulher so esses: gua eEsprito? E como se ainda no fosse suficiente, Cristo lhe pergunta:Tu s mestre de Israel e no sabes disso?, o que soa como zombariamanifesta. E sem dvida, Cristo tem que falar assim porque o assunto totalmente novo para Nicodemos. Para explic-lo Cristo recorre a umailustrao como se quisesse dizer a Nicodemos: queres que eu desenhepara que tu entendas? Digo-te porm: se no podes captar com a razo,capta-a com a f. Pois se no acreditaste quando te falei coisasterrenas, como crers se eu te falasse das coisas espirituais? Nsfalamos o que sabemos, e o que sabemos a verdade e vs noacreditais Pois bem: se algum no quer crer, deixe-se!

    A nossa pregao, iniciada naquelas condies por Cristo, se apoiaexclusivamente na f. S com a f se pode compreender da regeneraopela gua e pelo Esprito. O Esprito o homem e a gua a mulher. Oque isso implica, no o podes medir com a tua razo. Da o tema quepregamos seja artigo de boas obras ou de f. E j os papistasaprenderam algo de ns ao dizer que com a f e a graa comea a vida

    verdadeiramente crist. Antes s se falava da missa privada e dainvocao dos santos; agora, em troca, dizem que a f, efetivamente,salva, porm no s a f, seno a f em cooperao com nossas obras. Eessa cooperao, apiam, imprescindvel. E a ns criticam duramenteafirmando que proibimos as obras e induzimos os homens preguia.Todavia lhes falta bastante para serem to piedosos e estarem toprximos da verdade como Nicodemos. Ns nunca proibimos as boasobras; mais ainda: se dizemos algo a respeito das boas obras, nossaprpria gente fica logo com raiva, o qual um claro sinal de querealmente pregamos sobre esse tema.

    E apesar disso os papistas seguem blasfemando de ns. Eles ensinam:as boas obras tm quer vir com a ajuda da f vs palavras quedemonstram que esses mestres no tm noo do que f, boas obras,nascer do Esprito, nascer de Deus. por isso que necessrio queestudemos com cuidado o nosso presente texto (Joo 3:5) e outrosiguais. Aqui se fala de nascer de novo, no de fazer algo novo.Primeiro deves plantar uma arvore, e logo ters tambm os frutos.Segundo seja boa ou mal a arvore, sero tambm bons ou maus osfrutos. O mesmo ocorre aqui. Ns chamamos um novo nascimento, querdizer, uma nova maneira de ser, uma nova pessoa, no somente um

    novo vestido ou novas obras. Quando eu era monge, minha vestimentaera distinta e tambm minhas obras eram; as sete horas para as

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    oraes, a missa, o crisma, o celibato todas essas eram outras obras,muito dessemelhantes de minhas obras anteriores. Porm a simplesmudana das obras no o que vale; que mude a pessoa, que mudemos pensamentos e o nimo: esse o novo nascimento. Portanto no sepode sobrepor as obras f. Em que uma criana contribui para que

    seja concebida e venha luz? Isso obra dos pais; a criana no faznada para que suas perninhas e todos os seus membros cresam; no parte ativa nesse processo de crescimento, seno parte meramentepassiva. Qual foi, nesse sentido, a nossa contribuio? Onde esto asobras cooperantes? Queria saber ento de onde vem essa insistncia deque se deve agregar tambm obras , e logo obras prprias nossas!

    verdade: a me leva a criatura em suas entranhas e lhe d o calormaterno; no entanto, no obra dela que essa criatura se origine. Deigual maneira quem pregamos e batizamos somos ns, no entanto, apalavra e o batismo no so nossos; somente pomos disposio nossaboca e nossas mos. Na realidade a palavra e o batismo so de Deus, noentanto somos chamados colaboradores de Deus (1 Corntios 3:9). ,por certo, uma colaborao bastante modesta a nossa. No quecontribuamos com obra ou a palavra; o nico com que contribuo aobatizar e pregar com a voz, os dedos, a boca. Assim, na gerao deuma criana, o pai e a me s contribuem com a carne e o sangue comofatores seus; a criatura concebida no contribui absolutamente emnada, seno que se deixa criar por Deus todos os seus membros, e ame a leva em seu seio. H alguma razo ento para que eu retire ahonra de Deus e diga que eu mesmo me gerei e que minha prpria

    atuao contribuiu para que eu nascesse? Isso no significaria umagravo a Deus? Por acaso no somos chamados seus filhos, obras desuas mos? Se verdade que as obras colaboram na regenerao, vejo-me obrigado tambm a achar que eu colaborei com Deus e isso umablasfmia contra Ele. Mas se verdade que eu sou nascido de novo,como diz Cristo, no tenho que colaborar com nada, seno que tenhoque permanecer quieto e passivo para aquele que meu Pai e Criadorme faa nascer de novo como filho seu. Nesse sentido o apostolo Paulodeclara que ns somos uma nova criao, criados em Cristo para boasobras. Como se v, Paulo no se esquece das boas obras, mas asmenciona no por que tenham contribudo em algo, no por que sejamelas que produzem a nova criao, mas para que andssemos nelas.Se certo que minhas prprias obras contribuem para que eu seja umanova criao, bem posso me gloriar de ser meu prprio Deus; porque ocriar obra exclusiva de Deus. Se eu colaboro, ento Deus no meunico Deus, seno que eu tambm o sou. Por outro lado, se Ele onico, no o posso ser eu tambm, como se afirma muito claramente noSalmo: Ele nos fez e no ns a ns mesmos; somos seu povo e ovelhasde seu pasto. E no obstante, certa gente incorre em tremenda tolicede sustentar que a f cria homens novos, mas com a ajuda das obras.Mas precisa de toda lgica dizer que eu me crio a mim mesmo e sou

    Deus junto com Deus, de modo que Ele me tem a seu lado como umDeus adjunto. Assim como eu no me formei a mim mesmo no corpo de

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    minha me, seno que foi Deus quem me formou, valendo-se dos meusmembros e do calor de minha me, assim tampouco na regeneraosomos convencidos mediante nossas prprias foras e obras, senounicamente pelas mos e o Esprito de Deus. Em consequncia, ilcitoacrescentar obras f; do contrrio, no Deus s o que me cria, seno

    que eu sou simultaneamente com ele meu prprio criador. Ao fogo doinferno com um criador que se cria a si mesmo! A Escritura me chamade uma nova criao de Deus e, no obstante, eu haveria de atribuir anova criao a mim mesmo? De esse modo eu seria criao e criador,obra e obrador em uma mesma pessoa. A toda luz, esses sopensamentos diablicos e ensinos de homens cegos. Devemos observarestritamente ao que aqui nos ensina o evangelista So Joo. TambmPaulo nos chama novas criaturas. Da mesma maneira, pois, como nocontribuo para meu nascimento corporal e pela minha concepo,seno que sou parte meramente passiva e me fao gerar e criar, damesma maneira tampouco as obras contribuem em nada para que ohomem seja regenerado. Se no for assim, Deus j no ser apenasDeus, seno que ns seremos Deus junto com Ele e seremos nossosprprios progenitores. Mas quando a criatura j est gerada, e quando acriancinha j est formada no seio materno com todos seus membros, ame diz: Sinto que o nenezinho faz as obras que em seu estado podefazer. Porem, s o j criado d esses sinais de sua existncia, e squando foi dado luz move seus membros, e fica com vida, aprende acaminhar e a cantar. Mas se no tivesse sido criada previamente, agorano se moveria.

    III. O regenerado se manifesta como crente mediante a prtica de boasobras.

    Nossa pregao quanto nova criao , pois, uma vez que fomosregenerados, devemos andar em boas obras. Nesse sentido fazemosalgo: pregamos; aqueles, todavia, que so convertidos no fazem nadapara chegar a s-lo, j que somos criao e obra de Deus, criados paraque andssemos em boas obras (Efsios 2:10). Essas palavras nosfalam com inteira claridade. A semelhana com uma criatura humana evidente. A criatura deve se separar do corpo materno; antes de estarcompletamente formada, no contribui em nada para esse fato. Por queDeus a beneficiou de membros? Para se mover; uma vez nascida devecaminhar, ficar de p, comer, beber, trabalhar, mandar, pois para issonasceu. Se no fizesse nada, seria um tronco ou uma pedra. Pormdeve fazer algo, para isso foi criada. A isso se refere Cristo quando disseao fariseu Nicodemos: Todos vs quereis ser vossos prprios criadores.Possueis a lei de Moiss e esforai-vos para cumpri-la. Porem noobtereis xito, uma vez que ainda no nascestes de novo; no possueiso Esprito Santo. Por conseguinte todas as vossas obras so obras dovelho homem. Podeis, por exemplo, construir uma casa ou fabricar umsapato, porm tais obras no tm nada haver com o cu. No so obras

    que conferem justia a quem as faz. Tambm os gentios so capazes defaz-las. Ademais trazeis oferendas, circuncidais a vossos filhos, usais

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    as vestiduras sagradas tambm isso est ao alcance de qualquerpago. Por isso digo que so obras do homem velho, nascido uma svez, a saber, do seio de sua me. Mas se quereis fazer obras que sejamde valor diante de Deus e que tragam proveito ao prximo, precisaisnascer de novo. Vs por sua vez acreditam que o fazer obras que

    exteriormente parecem ser boas j est assegurada a vossa entrada nocu, ainda mesmo o corao no se achando no estado devido. Poremno faais as coisas ao contrrio, no comeceis pelas obras!

    Tambm os papistas so da opinio de que se pode merecer o cu comsuas obras que acompanham a graa. um engano. As boas obras nopodem ajudar de nenhuma forma, nem como obras que precedem agraa, nem como obras que lhe correm paralelas, nem tampouco comoobras que seguem a graa, seno que tudo tem que proceder do EspritoSanto e da gua. No lugar de pai e me vos darei gua e o EspritoSanto, reza a pregao de Cristo. Onde isso assim, posso dizer:minhas prprias obras no me criaram, nem me geraram como novacriao, nem tampouco podero faz-lo, posto que fui criado e gerado dagua e do Esprito. Tambm resulta agora fcil provar e julgar osespritos fanticos. Pois o que nasceu, o que j foi feito e criado, notem necessidade de ser feito e criado. Como podem dizer ento que asobras subsequentes graa me geram e me criam? Fazer boas obras necessrio; correto porm no para chegar a ser por meio delas umanova criao. Portanto h de se diferenciar entre f e obras; assim, aquio Senhor nos ensina. As obras feitas antes da f so condenadas comopecado. Em contrapartida, as obras feitas por quem j tem f so obras

    preciosas e boas. Todavia, tampouco essas servem para nos converterem homens justos, seno para louvar e glorificar a nosso Pai que estnos cus (Mateus 5:16) e para causar alegria aos anjos. Pois quem pormeio de boas obras e de uma pregao frutfera honra ao Pai, recebertambm dele a recompensa correspondente. Se no andas em boasobras, tampouco nasceu ainda para elas (Efsios 2:10).

    Onde se ensina e se vive dessa maneira, a verdade aqui ensinada porCristo permanece vigente em toda a pureza. Cristo diz que temos quenascer, Paulo refora que temos que ser criados por Deus. Falando emtermos de comparao com uma criatura: a criatura no se gera nem sefaz nascer a si mesma, seno que depois de ser criada pode fazer obras.Analogamente, a rvore frutfera depois de plantada d frutos. No sediz: Se no tiver peras na rvore, essa no uma rvore, seno oinverso. Por isso cresce a pereira, para que d peras, para glria elouvor de Deus o Criador, e para que ns as comamos. Assim, a obra deDeus a que precede, e a nossa obra a que segue. Igualmente: se noexistisse ferreiro, no existiria machado, pois para que machado corte,previamente precisa ser fabricado. S um perfeito idiota poderia dizer:Faz-me um machado que colabore na sua fabricao, de maneira quemediante seu despedaar e cortar se transforme em machado. Primeiro

    se fabrica o machado, e s ento se pode empreg-lo nos trabalhos aosquais a ele se destinam.

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    Sobre esse tema se discute de modo por demais obstinado desde osprimrdios da humanidade. E esse o nosso ensino no qual insistimoscom toda energia, afim de que conserve o lugar correspondente naigreja e para evitar que penetrem nela pessoas que atribuem um efeito

    tambm s obras precedentes ou concomitantes. Primeiro deve estar acriao, o nascimento: logo pode seguir a obra. Nicodemos no podecompreender isso porque ele vive na crena equivocada de que obterxito para entrar no cu graas as suas obras precedentes. Cristo seope a ele com um sonoro NO: o que no nascer de novo, no pode vero reino de Deus. Todos aqueles que ensinam algo que contrarie esseartigo so falsos mestres. Ns, todavia, cremos e damos graas a Deuspelo fato de que ao fim foi trago a luz e posto ao conhecimento de todosqual o verdadeiro caminho da vida: Faz com que eu seja regeneradosem a colaborao de nenhuma obra minha, mas apenas pela palavra epela f. Se tal o caso, sou filho de Deus, tenho livre acesso a casa demeu Pai, e tudo quanto fao bom e aceito diante de seus olhos. Semeu p escorrega, Ele me castiga. Se eu sou uma arvore boa, levofrutos bons. Se a rvore tomada por vermes nocivos, o Pai osextermina. Se eu sou um bom machado, sirvo para cortar; se nomachado se produz uma falha, tambm esse mal poder ser sanadopelo Pai. Por isso vs os fariseus estais muito distantes do alvo comvossas obras precedentes; porque dessas resulta no mais que umajustia vlida diante dos olhos do mundo e para ela vale o que acabo dedizer quanto ao atirador. A justia proveniente da f acerta o alvo:aponta ao centro mesmo e penetra at a vida eterna no por nossos

    prprios meios, seno em unio com aquele que o Mediador, do qualse fala na parte final do evangelho (Joo 3:14 e similares). Fomoscriados por Ele e somos recriados por Ele; por meio Dele somos umacriao perfeita, apesar de ainda no estarmos livres de faltas edebilidades.

    Isso se chama falar de forma crist sobre a regenerao, da qual ospapistas, os turcos e os judeus no tm o menor conhecimento. Estouseguro, portanto, que no Conclio1 dos papistas rejeitaro esse artigo, jque a norma deles julgar a obra de Deus segundo eles mesmos aentendem. Cristo, porm, sustenta invariavelmente: O que no nascerde novo, no pode ver o reino de Deus. preciso, pois, deixar de lado ospensamentos prprios, a sabedoria prpria, as opinies prprias e ouvirsomente a palavra por meio da qual criado em ti um corao novo sema tua contribuio, como o novo ser no corpo da me. Este textosoluciona a questo que se vem debatendo no mundo inteiro sobrecomo possvel uma vida bem-aventurada e feliz. No h outro meioque a justia efetuada pela regenerao no atinja o alvo.

    1 De Trento (nota do revisor)

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    FONTETraduzido de http://www.escriturayverdad.cl/mlutero.html

    Original em espanhol: Nos Es Necesario Nacer De Nuevo.

    Convertido para o formato digital por Andrs San Martn Arrizaga,27 de Fevereiro de 2007

    Traduo: Luciano de OliveiraReviso: Armando Marcos Pinto18 de outubro de 2012

    ********************

    Projeto Spurgeon Proclamando a Cristo crucificado.

    www.projetospurgeon.com.br

    Projeto RyleAnunciando a verdade Evanglica.

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    http://www.escriturayverdad.cl/mlutero.htmlhttp://www.escriturayverdad.cl/mlutero.htmlhttp://www.projetospurgeon.com.br/http://www.projetospurgeon.com.br/http://bisporyle.blogspot.com/http://bisporyle.blogspot.com/http://www.projetospurgeon.com.br/http://www.projetospurgeon.com.br/http://bisporyle.blogspot.com/http://www.projetospurgeon.com.br/http://www.escriturayverdad.cl/mlutero.html
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    Martinho Lutero, em alemo MartinLuther, (Eisleben, 10 de novembro de 1483 Eisleben, 18 de fevereiro de 1546) foi umsacerdote catlico agostiniano e professor deteologia germnico que foi figura central da

    Reforma Protestante. Que ficando contra osconceitos da Igreja Catlica veementementecontestando a alegao de que a liberdade dapunio de Deus sobre o pecado poderia sercomprada, confrontou o vendedor deindulgncias Johann Tetzel com suas 95 Tesesem 1517. Sua recusa em retirar seus escritos apedido do Papa Leo X em 1520 e do ImperadorCarlos V na Dieta de Worms em 1521 resultouem sua excomunho pelo papa e a condenao

    como um fora-da-lei pelo imperador do SacroImprio Romano.

    Lutero ensinava que a salvao no seconsegue apenas com boas aes, mas um livrepresente de Deus, recebida apenas pela graa,atravs da f em Jesus como nico redentor dopecador. Sua teologia desafiou a autoridadepapal na Igreja Catlica Romana, pois eleensinava que a Bblia a nica fonte deconhecimento divinamente revelada e ops-se

    ao sacerdotalismo, por considerar todos oscristos batizados como um sacerdcio santo.Aqueles que se identificavam com osensinamentos de Lutero eram chamadosluteranos.

    Sua traduo da Bblia para o alemo,que no o latim fez o livro mais acessvel,causando um impacto gigantesco na Igreja e nacultura alem. Promoveu um desenvolvimentode uma verso padro da lngua alem,

    adicionando vrios princpios arte de traduzir,e influenciou a traduo para o ingls da Bbliado Rei James. Seus hinos influenciaram odesenvolvimento do ato de cantar em igrejas.Seu casamento com Catarina von Boraestabeleceu um modelo para a prtica docasamento clerical, permitindo o matrimnio depadres protestantes.

    Em seus ltimos anos, Lutero tornou-sealgo antissemita, chegando a escrever que as

    casas judaicas deveriam ser destrudas, e suassinagogas queimadas, dinheiro confiscado eliberdade cerceada. Essas afirmaes fizeram deLutero uma figura controversa entre muitoshistoriadores e estudiosos.

    Martinho Lutero