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Polícia de Segurança Pública Escola Prática de Polícia Área das Actividades Físicas – Defesa Pessoal I A DEFESA PESSOAL NA POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA TÉCNICAS DE DEFESA, MANIETAÇÃO, CONTROLO E CONDUÇÃO DE INDIVÍDUOS Comissário Raul António Pires Chefe Albino Henrique Fernandes Matias

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Área das Actividades Físicas – Defesa Pessoal I

A DEFESA PESSOAL NAPOLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

TÉCNICAS DE DEFESA, MANIETAÇÃO, CONTROLO ECONDUÇÃO DE INDIVÍDUOS

Comissário Raul António PiresChefe Albino Henrique Fernandes Matias

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Área das Actividades Físicas – Defesa Pessoal II

DIREITOS DE AUTOR

É proibida a reprodução, total ou parcial, de parte ou da totalidade dos conteúdosdeste livro, através de qualquer meio manual, mecânico, digital ou outro, sem oconsentimento expresso dos autores e da editora.

RESPONSABILIDADES

Qualquer lesão ou outro tipo de acidente que possam resultar da prática ouutilização dos exercícios indicados e técnicas apresentadas no presente manual, são daexclusiva e inteira responsabilidade de quem os pratica, declinando os autores do presentelivro, Comissário Raul António Pires e Chefe Albino Henrique Fernandes Matias, qualqueracusação ou responsabilidade por esse facto.

AGRADECIMENTOS

Um especial agradecimento aos elementos da Secção de Informática da EPP cujadisponibilidade, assistência e cooperação foram inexcedíveis. Um obrigado também aoselementos responsáveis pelo Pavilhão Desportivo da EPP, que estão sempre prontos acolaborar.

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Área das Actividades Físicas – Defesa Pessoal III

INDÍCE

DIREITOS DE AUTOR _________________________________________________________ IIRESPONSABILIDADES ________________________________________________________ IIAGRADECIMENTOS __________________________________________________________ IIINDÍCE ___________________________________________________________________ III

APRESENTAÇÃO ____________________________________________________________ 1INTRODUÇÃO ______________________________________________________________ 2

CAPÍTULO I _______________________________________________________________3CONSIDERAÇÕES GERAIS ____________________________________________________ 3

1. DESIGNAÇÕES TÉCNICAS..................................................................................................................... 32. FLEXIBILIDADE ....................................................................................................................................... 43. ANÁLISE DO SENTIDO DA FORÇA......................................................................................................... 54. ATITUDE.................................................................................................................................................. 65. SAUDAÇÃO ............................................................................................................................................. 7

CAPÍTULO II ______________________________________________________________ 8CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS ___________________________________________________ 8

1. EVOLUÇÃO E PROGRESSÃO TÉCNICA E TÁTICA _________________________________ 81.1. EVOLUÇÃO DAS SEQUÊNCIAS TÁCTICAS (DE PÉ E NO SOLO)...................................................... 81.2. EVOLUÇÃO DAS SITUAÇÕES DE ATAQUE (DE PÉ E NO SOLO) ..................................................... 81.3. EVOLUÇÃO E PROGRESSÃO TÉCNICA (DE PÉ E NO SOLO) .......................................................... 92. PONTOS VULNERÁVEIS (KYUSHO) ___________________________________________103. POSTURAS (SHISEI) _____________________________________________________123.1. (SHIZEN-TAI) POSTURA NATURAL.................................................................................................. 123.2. (JIGO-TAI) POSTURA DEFENSIVA (POSIÇÃO DE CAVALEIRO) ..................................................... 123.3. (ZENKUTSU-DACHI) POSTURA DE ATAQUE................................................................................... 123.4. (KOKUTSU-DACHI) POSTURA DE DEFESA ..................................................................................... 134. AS CONDUTAS DEFENSIVAS ______________________________________________144.1. AS ESQUIVAS ................................................................................................................................... 144.2. DESLOCAMENTOS (SHINTAI) .......................................................................................................... 144.3. PARADAS.......................................................................................................................................... 164.4. BLOQUEIOS ...................................................................................................................................... 165. QUEDAS (UKEMIS) ______________________________________________________175.1. (USHIRO-UKEMI) QUEDA À RETAGUARDA..................................................................................... 175.2. (YOKO-UKEMI) QUEDA LATERAL (DIREITA) ................................................................................... 175.3. (MAE-UKEMI) QUEDA À FRENTE ..................................................................................................... 185.4. (USHIRO-MAWARI-UKEMI) QUEDA À RETAGUARDA COM ENROLAMENTO................................. 185.5. (MAE-MAWARI-UKEMI) QUEDA À FRENTE COM ENROLAMENTO (SOBRE LADO ESQUERDO)…195.6. (YOKO-MAWARI-UKEMI) QUEDA LATERAL COM ENROLAMENTO ................................................ 19

CAPÍTULO III ____________________________________________________________ 20TÉCNICAS DE DEFESA, MANIETAÇÃO, CONTROLO E CONDUÇÃO DE INDIVÍDUOS ____________ 20

6. LIBERTAÇÕES (SO-TA-TOSA) ______________________________________________ 206.1. PEGA DIRECTA BAIXA...................................................................................................................... 20

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6.2. PEGA CRUZADA BAIXA .................................................................................................................... 206.3. PEGA A DUAS MÃOS BAIXA............................................................................................................. 216.4. PEGA NOS PULSOS PELA RETAGUARDA ...................................................................................... 227. BLOQUEIOS (UKE-WAZA) __________________________________________________ 237.1. (SHUTO-UKE) BLOQUEIO COM O SABRE DA MÃO......................................................................... 237.2. (UCHI-UKE) BLOQUEIO MÉDIO COM ANTEBRAÇO (PARA O EXTERIOR) ..................................... 237.3. (SOTO-UKE) BLOQUEIO MÉDIO COM ANTEBRAÇO (PARA O INTERIOR) ..................................... 237.4. (MOROTE-UKE) BLOQUEIO COM OS DOIS ANTEBRAÇOS ............................................................ 247.5. (JUJI-UKE) BLOQUEIO EM CRUZ ..................................................................................................... 247.6. (JYODAN-UKE) BLOQUEIO ALTO..................................................................................................... 247.7. (GEDAN-BARAI) BLOQUEIO BAIXO.................................................................................................. 257.8. (TEISHO-BARAI) BLOQUEIO EMPURRANDO COM A PALMA DA MÃO........................................... 258. GOLPES (ATEMIS) _______________________________________________________ 268.1. (OI-TSUKI) SOCO AVANÇADO.......................................................................................................... 268.2. (GYAKU-TSUKI) SOCO CONTRÁRIO................................................................................................ 268.3. (MAE-TSUKI) SOCO FRONTAL......................................................................................................... 268.4. SEQUÊNCIA COMPLETA .................................................................................................................. 278.5. (OI-GERI) PONTAPÉ COM PERNA ATRASADA................................................................................ 288.6. (MAE-GERI) PONTAPÉ COM PERNA AVANÇADA ........................................................................... 288.7. (TEISHO-UCHI) GOLPE COM A BASE DA PALMA DA MÃO............................................................. 279. CONTROLOS E LUXAÇÕES (KATAME WAZA) ____________________________________ 299.1. (KUZURE-KOTE-GAESHI) CONTROLO DO PULSO PARA O INTERIOR............................................ 299.2. (TE-KUBI-OSAE) IMOBILIZAÇÃO DO BRAÇO................................................................................... 299.3. CONTROLO DA MÃO/PULSO FLECTIDO (CONDUÇÃO DE UKE) .................................................... 309.4. (KOTE-GAESHI) CONTROLO DO PULSO PARA O EXTERIOR ........................................................ 319.5. CONTROLO DA MÃO/COTOVELO/BRAÇO (VOLTAR UKE) ............................................................. 319.6. (IKKYO) CONTROLO DO PULSO E COTOVELO (PRIMEIRO CONTROLO) ..................................... 329.7. (WAKI-GATAME) CONTROLO DO BRAÇO COM AXILA.................................................................... 339.8. (KATA-UDE-KANSETSU) CONTROLO PELO OMBRO...................................................................... 339.9. (UDE-GARAMI) CONTROLO DO COTOVELO COM O BRAÇO FLECTIDO....................................... 349.10. (UDE-GATAME) CONTROLO DO COTOVELO E OMBRO ................................................................. 349.11. (SANKYO) TORÇÃO EM ROTAÇÃO .................................................................................................. 359.12. (NIKYO) LUXAÇÃO LATERAL DO PULSO ......................................................................................... 369.13. (HADAKA-JIME) ESTRANGULAMENTO DIRECTO............................................................................ 369.14. (KATA-HÁ-JIME) ESTRANGULAMENTO COM CONTROLO DO OMBRO.......................................... 379.15. (HACHI-MAWACHI) LUXAÇÃO DO PESCOÇO EM ROTAÇÃO.......................................................... 3810. PROJECÇÕES (NAGE-WAZA) _______________________________________________ 3910.1. (O-GOSHI) PROJECÇÃO PELO QUADRIL ........................................................................................ 3910.2. (O-SOTO-OTOSHI) PROJECÇÃO ATRAVÉS DO GRANDE DERRUBE EXTERIOR .......................... 3910.3. (KOSHI-GURUMA) PROJECÇÃO ATRAVÉS DA ROTAÇÃO PELO QUADRIL ................................... 4010.4. (O-SOTO-GARI) PROJECÇÃO ATRAVÉS DA GRANDE CEIFA EXTERIOR ...................................... 4110.5. (TAI-OTOSHI) PROJECÇÃO PELO DERRUBE DO CORPO .............................................................. 4210.6. (DE-ASHI-BARAI) PROJECÇÃO ATRAVÉS DO VARRIMENTO DO PÉ ............................................. 4210.7. (SEOI-NAGE) PROJECÇÃO CARREGANDO SOBRE AS COSTAS ................................................... 4310.8. (USHIRO-KIRI-OTOSHI) PROJECÇÃO À RETAGUARDA.................................................................. 4410.9. (SHIHO-NAGE) PROJECÇÃO POR QUATRO PONTOS .................................................................... 44

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10.10. (IRIMI-NAGE) PROJECÇÃO ENTRANDO .......................................................................................... 4510.11. (KO-UCHI-GARI) PEQUENO VARRIMENTO (ENGANCHE) INTERIOR ............................................. 4510.12. (SUKUI-NAGE) PROJECÇÃO EM COLHER....................................................................................... 4610.13. (TSURI-KOMI-GOSHI) PROJECÇÃO PELO QUADRIL ELEVANDO................................................... 4710.14. (UKI-GOSHI) PROJECÇÃO PELO QUADRIL FLUTUANTE................................................................ 47

CAPÍTULO IV _____________________________________________________________ 49SEQUÊNCIAS _____________________________________________________________ 49

11. INTRODUÇÃO ________________________________________________________4912. EXEMPLOS DE SEQUÊNCIAS _____________________________________________ 5012.1. SOCO AVANÇADO (OI-TSUKI) ..................................................................................................... 5012.2. SOCO CONTRÁRIO ALTO À DIREITA (YODAN-MIGI-GYAKU-TSUKI) ......................................... 5012.3. SOCO CONTRÁRIO ALTO À ESQUERDA (YODAN-HIDARI-GYAKU-TSUKI) ............................... 5012.4. SOCO CONTRÁRIO À DIREITA (MIGI-GYAKU-TSUKI) ................................................................. 5012.5. SOCO AVANÇADO À DIREITA NO PLANO MÉDIO (SHUDAN-MIGI-OI-TSUKI)............................ 5112.6. GOLPE COM O MARTELO DA MÃO NA DIAGONAL (TETSUI-UCHI) ........................................... 5112.7. GOLPE DE BAIXO PARA CIMA (AGE-TSUKI) ............................................................................... 5112.8. PONTAPÉ COM PERNA AVANÇADA (MÃE-GERI) ....................................................................... 5112.9. GOLPE COM O MARTELO DA MÃO (TETTSUI-UCHI).................................................................. 5212.10. PONTAPÉ PENETRANTE PERNA ESQUERDA ADIANTADA (HIDARI-MAE-GERI-KEIKOMI) ...... 5213. CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS DO TREINO DE DEFESA PESSOAL ______________ 53

BIBLIOGRAFIA _____________________________________________________________ 56CONCLUSÃO ______________________________________________________________ 56

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APRESENTAÇÃO

O presente livro foi elaborado no sentido de auxiliar teoricamente a Disciplina deDefesa Pessoal do Curso de Formação de Agentes, na Escola Prática de Polícia, disciplinaesta eminentemente prática, cujos conteúdos explanados e dissecados através doconhecimento teórico serão certamente um contributo para melhorar a interpretação,aprendizagem e desempenho.

Ainda assim as imagens retratam de forma mais consistente qualquer gesto técnicoe, nessa perspectiva, apresentamos em suporte informático (DVD) o que consideramos sero complemento da aprendizagem teórica. Nele estão todas as técnicas de defesa pessoalreferidas no manual, possíveis acções agressivas (ataques) que nos podem dirigir ou aterceiros, bem como diversas hipóteses de sequências (gesto motor complexo compostopela execução e aplicação de várias técnicas), onde é demonstrada a interligaçãosequencial das acções e técnicas estudadas individualmente entre outras, as quais originamgestos dinâmicos complexos, susceptíveis de melhor interpretação e apreensão quandovisionados.

Uma aprendizagem prática por excelência requer capacidades coordenativasbastante elevadas ao nível individual, mas são as características como o empenho,interesse, dedicação e gosto pessoal, que garantem a continuidade e o aprofundar doconhecimento específico. Nesta perspectiva, esta obra representa essa continuidade eapresenta-se como um degrau de conhecimento e experiência que, acumulado ao contributode todos, permite e assegura a progressão e o aperfeiçoamento.

O teor técnico que compõem a matéria de defesa pessoal apresentada, baseia-sefundamentalmente na arte marcial do “Ju-Jitsu”. O trabalho e as funções desempenhadaspor um elemento da Polícia de Segurança Pública, confrontado assiduamente com situaçõesde conflito e altercação entre e com pessoas, pressupõe uma adequada preparação nestaárea e deve basear-se num conhecimento sólido e adequado no sentido de desenvolvertécnicas de defesa, manietação, controlo e condução de indivíduos, sem lhes infligiragressões desnecessárias e diminuir substancialmente a utilização da força física, facto queos processos e técnicas administrados em Ju-Jitsu apresentam como fundamentoespecífico.

A violência tende a gerar violência. Numa base de conhecimento, auto confiança ecapacidade de intervenção e actuação, os elementos da Polícia de Segurança Pública estãodevidamente enquadrados e melhor preparados ao possuírem formação no campo daDefesa Pessoal, disciplina que lhes permite adoptar uma postura serena e consciente,características essenciais na actuação dos elementos das forças de segurança e, é elaprópria, um meio de formação e socialização, que aproxima a Polícia dos cidadãos e dasociedade, os quais se complementam e são dependentes reciprocamente.

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INTRODUÇÃO

“O homem domou as forças da natureza, venceuas epidemias e exterminou os animais selvagensque então o ameaçavam.Agora, se não conseguirmos dominar a nossaagressividade, tornar-nos-emos o maior inimigode nós próprios.”

Irenaus E.-Eibesfeldt

A agressividade é uma componente do ser humano. É certo que as característicasagressivas podem ser equilibradas pelas tendências de sociabilidade e de cooperação. Aeducação desempenha neste âmbito um papel decisivo reprimindo a primeira edesenvolvendo as segundas. Hoje em dia, não chega acreditarmos na bondade e naeducação do homem como meios suficientes para reprimirem a agressividade mas, porrazões de segurança, o homem deve preparar-se e estar consciente de que a violência podesurgir quando menos se espera.

É importante que se adquira e pratique uma cultura de vigilância atenta econsciente, a fim de evitar qualquer tipo de agressão.

É cada vez mais urgente uma cultura de autodefesa. Esta torna a pessoa maisconfiante, mais livre e feliz. O treino adequado e constante da capacidade de autodefesaleva o ser humano a visualizar a vida sob perspectivas mais abrangentes e justas.

A prática constante da autodefesa desenvolve a capacidade física e mental,possibilitando a interacção entre o corpo e o espírito.

A autodefesa é um caminho, uma regra de vida saudável. O presente trabalhopretende iniciar o praticante na arte do “Ju-Jitsu” enquanto método eficiente e eficaz deautodefesa.

O “Ju-Jitsu” é um método de defesa pessoal que responde às necessidadescrescentes de uma arte marcial, aliando as qualidades de defesa às exigências de umequilibro físico e psicológico.

O “Ju-Jitsu” tem, pois, por objectivo, uma prática eficaz sem riscos e ao alcance detodos. Constitui uma arte de defesa pessoal de grande eficiência que se torna meio esistema de educação, visando o desenvolvimento das pessoas. É um percurso atraente,progressivo e rico que é proposto aos praticantes e a todos aqueles que tencionam penetrare progredir no mundo das artes marciais.

É um método de educação física e arte de combate com inúmeras possibilidades deexpressão técnica, de valores educativos e morais, capazes de motivarem os praticantes dequalquer idade.

Os objectivos finais do “Ju-Jitsu” são:Melhorar a forma física no momento;Educar física e moralmente, transmitindo valores morais;Oferecer uma prática atraente e eficaz de defesa pessoal;Permitir uma melhoria contínua da expressão técnica do “Ju-Jitsu”;Permitir uma progressão na carreira do “Ju-Jitsu”;Permitir a prática desportiva aos interessados.

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CAPÍTULO I

CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. DESIGNAÇÕES TÉCNICAS

Algumas designações ou termos técnicos expressos neste livro necessitam de umaexplicação prévia, no sentido da compreensão dos conteúdos apresentados.

Atemi (golpe, pancada)Expressa uma pancada traumática, infligida através de murro, pontapé ou outra parte corporal, comopor exemplo o cotovelo, joelho, etc., ou ainda utilizando um objecto.

Pega (Kumi-Kata)É a forma de agarrar o adversário e tem uma importância fundamental para o êxito de qualquertécnica a aplicar. Descrevemos a “pega” à direita por existirem maior número de indivíduos destros.Consiste em agarrar com a mão esquerda o exterior da manga direita do adversário, ligeiramenteacima do cotovelo e, com a mão direita, agarra no colarinho (roupa) do lado esquerdo, junto aopeitoral respectivo. Se possível o dedo polegar da mão direita agarra pela parte de dentro docolarinho (roupa).A “pega” à esquerda, para sinistros, é exactamente igual ao acima descrito com os agarres opostos.

Tori (agarrar)Representa o elemento defensor, o que executa a técnica, aquele que executa o movimento dedefesa perante um ataque. Para nós o Agente de Autoridade.

Uke (receber)Representa o elemento agressor, aquele que executa de qualquer forma a agressão e sob o qual éexecutado o movimento de defesa ou em quem se aplica a técnica e posteriormente o contra-ataque,a manietação e controlo. Para nós o agente prevaricador.

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2. FLEXIBILIDADE

A palavra flexibilidade em defesa pessoal traduz a capacidade de adaptação. Existeminúmeros livros que abordam os conteúdos das artes marciais e da defesa pessoal e, na maior parte,este conceito é desenvolvido devido à sua importância.

A flexibilidade e a adaptação são palavras que traduzem a forma como devemos encarar asadversidades de que somos alvo no decorrer das nossas vidas. É a resposta necessária à oposição,à contrariedade e, no caso da defesa pessoal, àquele ou àqueles que são nossos adversários eoponentes.

Uma narrativa que representa fielmente a capacidade de adaptação e o conceito que lhe éinerente é a história do salgueiro e da cerejeira. Num dia em que nevava abundantemente e faziamuito vento, os ramos de uma cerejeira, forte e viçosa, estalavam e quebravam-se com o peso daneve e com a força do vento. Mais em baixo, junto ao rio, um salgueiro frágil e flexível, dançava eondulava continuamente, livrando-se da neve que lhe caía em cima.

É este o espírito e atitude que devemos adoptar; à força responde-se com flexibilidade. Nadefesa pessoal se alguém nos empurra, não nos devemos opor mas sim recuar, deslocar, esquivar,«abrir uma porta» e permitir que o adversário se desequilibre em função da acção que desencadeou,mas que a partir daquele momento deixou de dominar, pela alteração das circunstancias existentesno que respeita ao efeito acção/reacção.

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3. ANÁLISE DO SENTIDO DA FORÇA

A análise do sentido da força de uma determinada acção agressiva é muito importante poisé ela que nos irá permitir adequar uma resposta flexível. A capacidade para responder com êxito aqualquer tipo de agressão, ou seja ser flexível e adaptativo, adquire-se com o treino, com aexperiência e com a mecanização do gesto motor. Tal facto pressupõe um conhecimento profundodos gestos que constituem a acção de agredir, seja através de pancada traumática (atemi), sejaatravés de acções como agarrar, prender, empurrar, puxar, etc., utilizando apenas as mãos nuas ouarmas de qualquer natureza.

O conhecimento do gesto da agressão, permite-nos adequar e ajustar determinada técnicadefensiva e ter (treinar) uma acção defensiva mais eficiente, a qual, se praticada de forma contínua esistemática será adquirida e mecanizada.

A análise do sentido da força e a mecanização de determinada acção defensiva, nãopoderão contudo estagnar a capacidade adaptativa e criativa tão importantes no conceito daflexibilidade. Neste caso poderemos dizer que melhor que uma defesa a determinada agressão,seriam várias defesas e, ambicionando a excelência, o ideal seriam inúmeras defesas.

Como tal, é muito importante que no processo de aprendizagem, os praticantes sejamdespertados para a análise do sentido da força a qual lhe dará respostas úteis para compreender osmecanismos que compõem as acções de defesa e ataque em defesa pessoal.

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4. ATITUDE

A forma e o modo como agimos e reagimos às variadas situações que se nos deparam e aque somos sujeitos nos diversos momentos e tarefas do nosso dia a dia, definem a atitude que noscaracteriza.

Em defesa pessoal a atitude tem que se destacar pela predisposição, pela vontade, peloquerer, no acreditar e atingir objectivos, em resumo, na confiança. Confiança é atitude, é esta quedetermina em grande percentagem, se não totalmente, a diferença entre a vitória e a derrota.

Emergem da atitude conceitos fundamentais que, na defesa pessoal, complementam epotenciam o indivíduo relativamente à sua capacidade física e mental e as quais se irão repercutir nacapacidade e desenvolvimento técnico. Faremos uma pequena abordagem a algumas delas por nosparecerem essenciais: o “Ki-Ai”, a posição estática ou dinâmica (equilíbrio, postura, deslocamentosou esquivas, distância de segurança entre outras), a potência e a precisão.

Associada à atitude na defesa pessoal, surge um conceito fundamental que interliga o sermental e físico que constitui o ser humano, o “Ki-Ai” (grito). Este pequeno gesto que simboliza aconcentração da energia na acção, permite-nos evoluir, ganhar confiança, ter atitude. Em sentidocontrário, no adversário ou oponente, provoca-lhe hesitação, desconcerto e receio. O “Ki-Ai” estáinterligado com a respiração, mais propriamente com a expiração, devendo ser conhecido, aprendidoe treinado. Quando expiramos dá-se uma contracção abdominal. Ao forçar esta expiração iremospotenciar a contracção abdominal tornando-a muito forte e, consequentemente, a concentração daenergia aumenta. É nesta fase que se deve terminar a acção de ataque e simultaneamente efectuaro “Ki-Ai”, juntando a capacidade mental (concentração) ao desempenho motor (gesto).

A posição em defesa pessoal traduz a acção. A posição seja ela estática ou dinâmica é oresultado de uma complexa conjugação de factores, tais como o equilíbrio (centro de gravidadebaixo, pés bem assentes no chão, capacidade de mobilidade e flexibilidade), a postura (elegante,correcta, mostrando atitude), os deslocamentos e esquivas (leves, ágeis, equilibrados, com oobjectivo de desequilibrar o adversário, não permitindo o choque e a oposição mas sim ser flexível, o«abrir a porta», utilizando e aproveitando a força do adversário), a distância de segurança (adequadaou seja, perto no ataque longe na defesa, oportuna, eficaz, tirando partido dos desequilíbrios doadversário).

A potência (força e velocidade) é decorrente das capacidades físicas e como tal deve sertreinada e desenvolvida. Ao desferirmos uma pancada traumática ou atemi, ele pode ser mais oumenos eficaz, se for utilizada maior ou menor potência. Esta potência em defesa pessoal estárelacionada com o “Ki-Ai” e com a posição, logo, com a atitude e com todos os elementos que acaracterizam. É necessário aprender a utilizar a energia que temos. Essa energia pode serexplorada, educada e libertada voluntariamente com maior ou menor intensidade. É a mente queconduz o gesto, sendo ela que define a potência (energia).

Na sequência do acima exposto há que conduzir a energia que pretendemos libertar, até aum local preciso e definido, necessitando para isso de um outro elemento muito importante emdefesa pessoal, a precisão, factor que nos irá permitir maior probabilidade de êxito.

Verificamos que todos estes conceitos se complementam e estão interligados entre si,contribuindo para uma melhor atitude. A complexidade conjuntural de todos estes factores é obtidaatravés de trabalho árduo (treino) e adquirem-se ao longo do tempo (experiência). São o treino e aexperiência que nos dão confiança e que nos permitem alcançar uma atitude correspondente.

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5. SAUDAÇÃO

A defesa pessoal está intimamente ligada às artes marciais e deve ser difundida respeitandoalguns dos critérios tradicionais das culturas que lhe deram origem, até porque, as culturas emquestão, associam os aspectos físicos e espirituais, os quais possibilitam a promoção de disciplina, adivulgação de valores e a aquisição de uma identidade, entre outros.

O “Dojo” (sala e lugar onde se pratica e conhece o caminho) é o lugar do conhecimento, doesclarecimento, o local onde se praticam as artes marciais. Deve ser um lugar de máximo respeitopara o praticante, pelo que se deve saudar ao entrar e sair dele. Deve-se cuidar como se da nossacasa se tratasse.

Além de normas de conduta a ter no “Dojo”, tais como o respeito, a higiene pessoal, ahigiene do local, devem cumprir-se rigorosamente as formas de saudação (Rei-Ho).

A saudação (Rei) deve ser executada ao começar e terminar a aula e ao iniciar e finalizarqualquer técnica, como sejam na competição, demonstrações, prática livre (Randori), etc. Asaudação é o primeiro passo nas artes marciais, o que dá acesso à cortesia, ao respeito mútuo e é omeio para a tomada de contacto com o aspecto espiritual do Ju-Jitsu.

Existem duas formas de saudação: Saudação de pé (Ritsu-Rei) e Saudação de joelhos (Za-Rei).

Na Saudação de pé adopta-se a posição bípede (Choku-Ritsu) e inclinamos o tronco (flexãofrontal), olhando para baixo (O-Jigi). Nesta saudação o olhar para baixo significa que não levamosarmas e como tal que não nos devem temer, que podem confiar em nós, contrariamente ao quemuitos pensam como atitude de submissão e de receio.

Na saudação de joelhos partimos da posição bípede colocando o joelho esquerdo no lugardo pé esquerdo. Fazemos o mesmo com o pé direito e sentamo-nos sobre os calcanhares, mantendoos dedos dos pés em extensão e apoiando estes no chão. Em seguida colocamos a palma da mãoesquerda à frente do joelho esquerdo e depois a palma da mão direita à frente do joelho direito,efectua-se a saudação inclinando o tronco e cabeça para a frente (flexão frontal), sem levantar asancas. Para desfazer a saudação procede-se de modo inverso.

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CAPÍTULO II

CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

1. EVOLUÇÃO E PROGRESSÃO TÉCNICA E TÁTICA

Para conseguir dominar o oponente ou agressor é necessário dominar a técnica, estarvigilante (atento), na posição adequada (guarda), analisar a natureza do ataque, escolher umadefesa pertinente (ajustada) e o momento certo (táctica).

1.1. Evolução das sequências tácticas (De pé e no solo)

Antes do Ataque Simultâneo com ataque Depois do Ataque

Esquivar Antecipação Contra-ataqueParar Resposta Imediata (Simultâneo) Encadeamento das defesasBloquear Resposta depois de iniciar o ataque Encadeamento dos ataquesDesembaraçar-se Dominar investidas de iniciativas Controlar e desarmarResponder/Ripostar Redobrar o ataqueDominar

1.2. Evolução das situações de ataque (De pé e no solo)

Ataques de frente, laterais e pela retaguarda Ataques com armas

Tentativa de agarre a um/dois pulsos Ameaça com armas de fogoAgarrar e puxar Golpes com armas brancasAgarrar e empurrar Golpes com bastão (curto)Agarrar e imobilizar Golpes com bastão (longo)Agarrar e projectar Ataques de 360º (frente, lateral e retaguarda)Golpes com membros superiores/inferiores Ataques com chaves sobre as articulaçõesTentativa de aprisionar o tronco (360º) Estrangulamento de acção com várias armasAprisionar tronco (360º)Estrangulamento (360º)Aprisionar membros superiores/inferioresEmpurrar

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1.3. Evolução e progressão técnica (De pé e no solo)

Habilidades TécnicasFundamentais (HTF) Aperfeiçoamento das HTF – Técnicas de “Ju-Jitsu”

Apoios Processos de treino individuais ou com um adversárioPosturas Fundamentos de defesa pessoal (Kihon)Guardas - Encadeamento de atemis (Renraku-Waza/Atemi-Waza)Distâncias - Encadeamento de controlo de luxações (Renraku-Waza/Kansetsu-Waza)Deslocamentos - Treino com adversário (Sotai-Renshu)Desequilíbrios - Competição (Shiai)Esquivas - Relaxamento (Seiri)Bloqueios Condução de adversário de forma controlada (Renko-Ho)Paradas Defesa contra um ou mais adversários (Hei-Ho)Quedas Treino das técnicas individualmente (Tandoku-Renshu)Ritmo e tempo de acção Treino das técnicas com adversário (Sotai-Renshu)

Repetição das técnicas estático e dinâmico (Uchi-Komi)Série de repetições com projecções finais (Nage-Komi)Treino com adversário com técnicas definidas a aplicar em momentooportuno (Yoku-Soku-Geiko)Movimentos básicos de defesa (Fusegui-Kata)Treino a observar outros para melhorar (Mitori-Geiko)Treinar com praticantes de nível superior (Kakari-Geiko)Treino entre praticantes do mesmo nível (Gokaku-Geiko)Treino com praticantes de nível inferior (Hikitate-Geiko)Prática livre (Randori)

Processos de Treino colectivosFileiras de combateDuas filas paralelasDefesa de romperTriângulo de CombateDefesa em círculoReacções de costasCompetição de Ju-Jitsu (Ju-Jitsu-Shiai)

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2. PONTOS VULNERÁVEIS (Kyusho)

Existem diversos pontos vulneráveis no corpo humano, alguns dos quais quando aplicadapressão, luxação, torção, pequena pancada ou golpe traumático (atemi), poderão ser úteis naaplicação e utilização das técnicas de defesa pessoal e consequentemente na eficácia do controlo emanietação do indivíduo prevaricador. Porém, existem outros pontos vulneráveis que pela suanatureza e localização, quando aplicada pancada ou golpe traumático enérgico e incisivo, poderãolevar à morte. Neste contexto é importante conhecer os pontos vulneráveis, estudá-los ecompreendê-los, no sentido da sua correcta e eficiente utilização, de forma a não provocar lesõesgraves ou até mesmo a morte.

A aplicação de uma técnica de defesa pessoal que utilize um ponto vulnerável, tendo comofim a defesa, domínio, controlo e ou manietação do agente prevaricador (Uke), deve ter sempre emconsideração o conceito da legitima defesa, não sendo razoável e admissível, ir para além doestritamente necessário, nomeadamente, no âmbito do conceito de excesso de legítima defesa.Assim, o Agente de Autoridade (Tori), deverá efectuar uma avaliação correcta do envolvimento emque se encontra, em termos de local, número de indivíduos, objectos de agressão, etc. e actuar emconcordância, tendo como objectivo único, a manietação e controlo do indivíduo prevaricador.

Serão considerados diversos pontos vulneráveis que dividimos em dois grupos.O primeiro grupo descreve os pontos vulneráveis que sob efeito de agarre, pressão,

luxação, torção, pequena pancada ou golpe traumático (atemi), poderão infligir dor, entorpecimentonervoso e/ou muscular e inacção momentânea, com consequente incapacidade temporária dereacção. Assim no primeiro grupo consideramos: Principais articulações do corpo humano; Cabeça(couro cabeludo, patilha, maçãs do rosto, nariz, orelhas, lóbulo da orelha e ponto carotídio); Tronco(clavícula e costelas); Membros Inferiores (“Paralítica” ou pontapé com a tíbia na parte lateral dacoxa, canela e peito/dedos do pé).

O segundo grupo é constituído por pontos vulneráveis que pela sua natureza e localizaçãoos torna mais eficazes, mas também são susceptíveis de causar lesões graves e até mesmo a morte,pelo que, a sua utilização deverá ser ajustada, ponderada, consciente e comedida. No segundogrupo consideramos: Olhos, traqueia, plexo solar e zona púbica.

1º Grupo: Principais Articulações

1 Pescoço2 Ombros3 Cotovelos4 Pulsos5 Dedos mãos6 Joelhos7 Tornozelos8 Dedos pés

1

1 Adaptado do site www.arthrites.be/images/squellette.jpg

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1º Grupo: Cabeça

1 Couro cabeludo2 Patilha3 Maçãs do rosto4 Nariz5 Orelhas6 Lóbulo da orelha7 Ponto carotídio

1º Grupo: Tronco

1 Clavícula2 Costelas

1º Grupo: Membros Inferiores

1 “Paralítica”2 Canela3 Peito/dedos pé

2

2º Grupo: Pontos de maior vulnerabilidade

1 Olhos2 Traqueia3 Plexo Solar4 Zona Púbica

2

2 Adaptado do site www.escultopintura.com.br

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3. POSTURAS (Shisei)

3.1. (Shizen-Tai) Postura natural

Importa manter centro de gravidade em equilíbrio, permitindo boa visão do atacante eenvolvimento. Reflecte solidez e é utilizada para fazer face a ataques de pé. Ainda que estejamosparados os músculos e espírito estão dispostos para a acção. Na posição bípede, pés paralelosseparados à largura dos ombros; mãos à altura do abdómen (guarda baixa) ou à altura dos ombros(guarda alta); pé direito/esquerdo estar avançado (Migi Shizen-Tai ou Hidari Shizen-Tai).

Postura Natural Postura Natural à Direita Postura Natural à Esquerda

3.2. (Jigo-Tai) Postura defensiva (posição de cavaleiro)

Pernas abertas ultrapassando a largura dos ombros, joelhos flectidos mantendo centro de gravidadebaixo. O pé direito/esquerdo poderá estar avançado. Esta postura é eficaz para evitar projecções.

Postura defensiva

3.3. (Zenkutsu-Dachi) Postura de ataque

Perna da frente flectida mantendo o joelho na vertical relativamente ao calcanhar, perna daretaguarda em extensão, tronco direito. A perna da frente suporta cerca de 60/70% do peso do corpoestando os outros 40/30% divididos pela perna da retaguarda.

Postura de ataque

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3.4. (Kokutsu-Dachi) Postura de defesa

Posição inversa à postura de ataque, sendo a maior percentagem de peso, suportada pela perna quese encontra à retaguarda.

Postura de defesa

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4. AS CONDUTAS DEFENSIVAS

4.1. As esquivas

São acções realizadas por deslocamento do corpo. Essencialmente consistem em sair dalinha de ataque do adversário. A esquiva realiza-se em simultâneo com o ataque e a direcção dedeslocamento do corpo leva em consideração o ataque e a sua direcção. Em regra privilegia-se odeslocamento para o exterior da linha de ataque.

Esquiva sem deslocamento dos pés

4.2. Deslocamentos (Shintai)

Realizam-se na perpendicular ou diagonal em relação à linha de ataque. O deslocamentomais apropriado é efectuado sem cruzar os pés (Tsugi-Ashi). Nos deslocamentos é importantequebrar o equilíbrio do adversário. Todos os ataques devem ser defendidos com deslocamentos ouesquivas (Tai-Sabaki) para evitar o choque. Quando realizamos os deslocamentos devemos fazê-loem equilíbrio e manter a distância adequada para aproveitar o desequilíbrio do adversário e atacar.

4.2.1. (Tsugi-Ashi) Deslocamentos sem cruzar os pés

À frente: passos curtos, avançando, pé da retaguarda não ultrapassa os dedos do pé da frente.Tori à direita efectua deslocamento à frente

Fig 4 Fig 3 Fig 2 Fig 1

Uke à esquerda efectua deslocamento à retaguarda

À retaguarda: passos curtos, recuando, pé da frente não ultrapassa calcanhar do pé mais recuado.

Lateral: passos curtos, laterais, sem que os pés se cruzem.

Esquiva com deslocamento Esquiva com deslocamento Fig 1 Fig 2

Lateral esquerdo lateral direito Deslocamento lateral

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4.2.2. (Ayumi-Ashi) Deslocamento alternado

Os pés ultrapassam-se alternadamente. Este deslocamento efectua-se para vencer distânciasconsideráveis ou seja quando o adversário não esteja próximo. Quando próximo do adversárioutilizam-se os deslocamentos antes referidos.

Deslocamento alternado

4.2.3. (Tai-Sabaki) Deslocamento em círculo ou esquiva

Para fazer face aos diversos ataques. Uma das pernas assume posição de sustentação do peso docorpo, podendo em alguns casos efectuar pequena deslocação antes de assumir a posição desustentação, efectuando a outra perna uma deslocação (rotação), que pode variar entre 90º e 180º.A esquiva pressupõe apenas a rotação das ancas sem deslocamento dos pés.

Tori Uke

Deslocamento em círculo Deslocamento em círculo Deslocamento em círculo Deslocamento em círculo

90º Pé direito 90º Pé esquerdo 180º Pé direito 180º Pé esquerdo

Os deslocamentos em defesa pessoal deverão ser sempre realizados em “Irimi”, ou seja,sair da linha de ataque do adversário. Esse deslocamento permitir-nos-á colocar no ponto designadocomo “Shikaku”. Este ponto é considerado a zona vulnerável do adversário, porque nos possibilita termaior capacidade de defesa e contra ataque. Situa-se na linha oblíqua, relativamente à linha deataque do oponente, nas suas costas e do lado do membro que efectuou o respectivo ataque.

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Desloca pé esquerdo diagonalDesloca pé direito em círculo

90º

Desloca pé direito diagonalDesloca pé esquerdo em círculo

90º

Desloca pé esquerdo diagonalDesloca pé direito em círculo

180º

Desloca pé direito diagonalDesloca pé esquerdo em círculo

180º

4.3. Paradas

As paradas permitem sair da zona de perigo, combinando um ou mais deslocamentos combloqueios e acções de defesa e protecção executados com os membros superiores e inferiores.

As acções de agarrar e prender com as mãos e braços, respectivamente, constituem oponto de partida das acções para neutralizar, projectar e dominar Uke. Estas acções agressivaspermitem-nos agir sobre um membro, cabeça, corpo ou vestuário do oponente. Permitem tambémfixar Uke ou desequilibra-lo fazendo-o avançar, recuar ou girar. Estas acções devem seracompanhadas com golpes (atemis).

4.4. Bloqueios

Os bloqueios também fazem parte das acções defensivas, mas por uma questãoorganizacional serão abordados mais à frente.

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5. QUEDAS (Ukemis)

5.1. (Ushiro-Ukemi) Queda à retaguarda

5.1.1. Descrição TécnicaNa posição de pé, braços flectidos, na horizontal à frente da cara, baixar centro de gravidade, queixoao peito, cair para retaguarda de forma enrolada (coluna cervical em flexão), amortecendo o impactocom pancada dos membros superiores no solo, numa posição angular de 30º/40º em relação aotronco, para dissipar a onda de choque. Cabeça não toca no solo.

5.1.2. Execução5.1.2.1. De pé, braços flectidos, na horizontal à frente da cara5.1.2.2. Baixar centro de gravidade, queixo ao peito5.1.2.3. Cair à retaguarda, braços/mãos batem no solo num ângulo 30º/40º

5.1.2.3 5.1.2.2 5.1.2.1

5.2. (Migi-Yoko-Ukemi) Queda lateral direita

5.2.1. Descrição TécnicaNa posição bípede, pés afastados à largura dos ombros, braço direito elevado na lateral, à altura doombro, mover a perna e braço direitos para o lado esquerdo (adução), provocando o desequilíbriopara o lado direito e caindo sobre esse lado de forma enrolada, queixo ao peito, amortecendo oimpacto com pancada do membro superior direito no solo, numa posição angular de 30º a 40º emrelação ao tronco, para dissipar a onda de choque. Cabeça não toca no solo.Queda lateral esquerda: a mesma descrição da queda lateral direita mas utilizando os membrosopostos.

5.2.2. Execução5.2.2.1. Posição bípede, pés afastados, braço direito elevado à altura do ombro5.2.2.2. Perna e braço direitos deslocam-se para lado esquerdo5.2.2.3. Cair sobre a direita de forma enrolada, queixo ao peito5.2.2.4. Amortece impacto no solo com pancada do braço/mão direita num ângulo 40º

5.2.2.4 5.2.2.3 5.2.2.2 5.2.2.1

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5.3. (Mae-Ukemi) Queda à frente

5.3.1. Descrição Técnica

Em posição bípede, cair em decúbito ventral, amortecendo a queda com a oscilação do tronco emembros inferiores e colocando no solo apenas as palmas das mãos/antebraços e as pontas dospés. O abdómen não toca no solo ao cair e no final ajusta posição do corpo elevando a bacia.

5.3.2. Execução5.3.2.1. Posição bípede, pés afastados, antebraços flectidos5.3.2.2. Queda decúbito ventral, coloca no solo palmas mãos, antebraços e pontas pés5.3.2.3. No final ajusta posição do corpo elevando bacia

5.3.2.1 5.3.2.2 5.3.2.3

5.4. (Ushiro-Mawari-Ukemi) Queda à retaguarda com enrolamento

5.4.1. Descrição TécnicaAdoptam-se todos os procedimentos efectuados para a queda à retaguarda, finalizando com oenrolamento. Na posição de pé, braços flectidos, na horizontal à frente da cara, baixar centro degravidade, queixo ao peito, cair para retaguarda de forma enrolada (coluna cervical em flexão),amortecendo o impacto com pancada dos membros superiores no solo, numa posição angular de30º/40º em relação ao tronco, para dissipar a onda de choque. A velocidade elevada da queda àretaguarda faz com que os membros inferiores continuem a sua trajectória por cima do corpo para aretaguarda, momento em que a cabeça deve ser flectida na lateral e encostada a um dos ombros,para permitir que o corpo consiga passar por cima do ombro contrário. Adopta-se a posição deguarda, no final, virados para o opositor.

5.4.2. Execução5.4.2.1. De pé, braços flectidos, na horizontal à frente da cara5.4.2.2. Baixar centro de gravidade, queixo ao peito5.4.2.3. Cair à retaguarda, braços/mãos batem no solo num ângulo 30º/40º5.4.2.4. Cambalhota à retaguarda, cabeça flectida na lateral junto a um dos ombros,

corpo passa por cima do ombro contrário5.4.2.5. Finaliza na posição de guarda

5.4.2.5 5.4.2.4 5.4.2.3 5.4.2.2 5.4.2.1

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5.5. (Mae-Mawari-Ukemi) Queda à frente com enrolamento (sobre lado esquerdo)

5.5.1. Descrição TécnicaPé esquerdo avançado cerca de 50/60 cm em relação ao direito, perna esquerda flectida, mãoesquerda no solo à frente do pé esquerdo com os dedos apontando para trás (braço em rotaçãointerna), mão direita colocada no solo paralelamente ao pé direito com os dedos apontando para afrente, efectuar cambalhota enrolando progressivamente sobre a mão, antebraço, braço, ombro,costas, quadril do lado esquerdo. Ao finalizar o movimento, o braço direito bate no solo a 30/40º docorpo para dissipar onda de choque. No final posição de guarda virados para opositor.

5.5.2. Execução5.5.2.1. Perna esquerda flectida, mão esquerda à frente do pé esquerdo, dedos

apontam para trás, mão direita paralela ao pé direito, dedos para frente5.5.2.2. Enrolar progressivamente sobre mão, antebraço, braço, ombro e costas5.5.2.3. Braço direito bate no solo paralelo ao corpo5.5.2.4. Finaliza na posição de guarda

5.5.2.1 5.5.2.2 5.5.2.3 5.5.2.4

5.6. (Yoko-Mawari-Ukemi) Queda lateral com enrolamento

5.6.1. Descrição TécnicaPosição bípede, dar um passo no sentido lateral direito, flectindo a coxa e perna deste mesmo lado,coloca mão direita no solo, na zona exterior e à frente do pé direito, com os dedos apontando para olado esquerdo (braço em rotação interna), mão esquerda colocada no solo numa posição avançadaem relação à mão e pé direitos e no prolongamento da linha imaginária deste pé, com dedosapontando para a lateral direita, efectuar cambalhota enrolando progressivamente sobre a mão,antebraço, braço, ombro e posteriormente sobre as costas e quadril do lado direito finalizando omovimento sobre as costas e quadril esquerdos. As coxas e as pernas estão flectidas e o tronconuma posição direita, no momento de contacto com o solo. Termina em guarda virado para opositor.

5.6.2. Execução5.6.2.1. Um passo lateral direito e flecte coxa5.6.2.2. Mão direita no solo, na frente/exterior do pé direito, dedos para esquerda. Mão

esquerda no solo, à frente da mão/pé direitos, dedos para direita5.6.2.3. Enrolar sobre mão, antebraço, braço, ombro e sobre costas/quadril direitos5.6.2.4. Finaliza enrolamento nas costas/anca esquerdas, coxas flectidas, tronco direito5.6.2.5. Termina em posição de guarda virado para opositor

5.6.2.5 5.6.2.4 5.6.2.3 5.6.2.2 5.6.2.1

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CAPÍTULO III

TÉCNICAS DE DEFESA, MANIETAÇÃO, CONTROLO E CONDUÇÃO DE INDIVÍDUOS

6. LIBERTAÇÕES (So-ta-tosa)

6.1. Pega directa baixa

6.1.1. Descrição TécnicaTori é agarrado no pulso direito com a mão esquerda de Uke. Tori efectua rotação interna doantebraço direito até que a mão respectiva fique em pronação, para que a parte mais fina do pulso(lado do polegar/rádio) esteja posicionada para explorar a zona vulnerável (junção do polegar eindicador) de Uke. Tori efectua deslocação, através de rotação para a esquerda, juntando ouaproximando o seu cotovelo direito ao cotovelo esquerdo de Uke de forma enérgica, libertando-se.

6.1.2. Execução6.1.2.1. Tori é agarrado no pulso direito com a mão esquerda de Uke6.1.2.2. Tori roda antebraço, pulso (lado do polegar) junto à zona vulnerável de Uke6.1.2.3. Tori desloca-se em rotação esquerda6.1.2.4. Junta cotovelo direito ao cotovelo de Uke de forma enérgica e liberta-se

1.1.2.1 1.1.2.2 1.1.2.3 1.1.2.4

1.1.2.2 (Pormenor)

6.2. Pega cruzada baixa

6.2.1. Descrição TécnicaTori é agarrado no pulso direito com a mão direita de Uke. Tori efectua rotação externa do antebraçodireito até que a mão respectiva fique em supinação, para que a parte mais fina do pulso (lado dopolegar/rádio) esteja posicionada para explorar a zona vulnerável (junção do polegar e indicador) deUke. Tori desloca-se em rotação para a direita e liberta-se, juntando o seu cotovelo ao de Uke nummovimento de rotação externa do braço direito (antebraço de Tori encontra-se a 45º).

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6.2.2. Execução6.2.2.1. Tori é agarrado no pulso direito com a mão direita de Uke6.2.2.2. Tori roda antebraço, pulso (lado do polegar) junto à zona vulnerável de Uke6.2.2.3. Tori desloca-se em rotação direita e liberta-se

1.2.2.1 1.2.2.2 1.2.2.3

1.2.2.2 (Pormenor)

6.3. Pega a duas mãos baixa

6.3.1. Descrição TécnicaTori é agarrado no pulso direito por Uke, com ambas as mãos. Tori efectua rotação externa doantebraço para que a parte mais fina do pulso (lado do polegar/rádio) esteja posicionada paraexplorar as zonas vulneráveis (junção do polegar e indicador) de Uke. Tori dá pancada (atemi) norosto ou pé/canela/zona púbica de Uke e coloca a mão esquerda no seu punho direito, puxando deimediato com ambas as mão para cima, efectuando para tal a flexão do braço, seguida da flexãoenérgica do antebraço, avançando o cotovelo para cima e para a frente em direcção à cara de Uke,libertando-se.

6.3.2. Execução6.3.2.1. Tori é agarrado no pulso direito por Uke com ambas as mãos. Roda antebraço

e pulso, lado do polegar/rádio junto às zonas vulneráveis de Uke6.3.2.2. Tori dá atemi no rosto ou pé/canela/zona púbica de Uke6.3.2.3. Tori coloca mão no punho direito e6.3.2.4. Puxa mãos para cima, avançando cotovelo para cima/frente em direcção à

cara de Uke

1.3.2.1 1.3.2.2 1.3.2.3 1.3.2.4

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6.4. Pega nos pulsos pela retaguarda

6.4.1. Descrição TécnicaUke agarra Tori pelo pulso direito, pela retaguarda. Tori pisa o pé de Uke com calcanhar (direito) edesloca-se (obliquamente) para a retaguarda e lateral direita, colocando o pé direito no lado exteriordo pé direito de Uke. Em seguida baixa o centro de gravidade flectindo as coxas e pernas e, aomesmo tempo, flecte antebraço e baixa o cotovelo direito de forma enérgica, libertando-se. Ocotovelo de Tori ao baixar, por consequência da flexão do antebraço, tem de ficar no exterior dobraço de Uke.

6.4.2. Execução6.4.2.1. Uke agarra Tori pelo pulso direito, pela retaguarda6.4.2.2. Tori pisa o pé de Uke com calcanhar (direito)6.4.2.3. Tori coloca pé direito no exterior do pé direito de Uke, flecte coxas/pernas e

baixa cotovelo, flectindo antebraço energicamente, libertando-se (cotovelo deTori fica no exterior do cotovelo de Uke)

1.4.2.1 1.4.2.2 1.4.2.3

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7. BLOQUEIOS (Uke-Waza)

Os bloqueios realizam-se num plano frontal, perpendicularmente ao plano de deslocamentodo segmento de ataque. A sua direcção é determinada em função da trajectória de ataque. Existembloqueios de cima/baixo para baixo/cima e do interior/exterior para o exterior/interior.

7.1. (Shuto-Uke) Bloqueio com o sabre da mão

Executa-se este bloqueio com a mão aberta, utilizando o sabre da mão (zona lateral da mão junto aodedo mindinho); pode utilizar-se do interior para o exterior e vice-versa e executa-se sempre comdeslocamento; é muito eficaz para dar continuidade a uma técnica de controlo.

7.2. (Uchi-Uke) Bloqueio médio com antebraço (para o exterior)

Bloqueio realizado com o antebraço direito/esquerdo. O movimento é executado com o antebraçoflectido, na vertical, mão para cima. No início do movimento a palma da mão está virada para oexecutante e desloca-se o membro superior (antebraço) do interior para o exterior, efectuandorotação interna da mão e antebraço durante a deslocação, ficando a palma da mão virada para oexterior no final do movimento. Devem realizar-se sempre com deslocamento.

7.3. (Soto-Uke) Bloqueio médio com antebraço (para o interior)

Bloqueio idêntico ao anterior com diferença na trajectória do braço, do exterior para o interior.

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7.4. (Morote-Uke) Bloqueio com os dois antebraços

Bloqueio executado com os dois antebraços, podendo-se utilizar também as mãos. Este bloqueioutiliza-se para suster ataques poderosos. Os antebraços estão flectidos com as mãos em ligeirarotação interna, sendo colocados para que a zona do cúbito absorva o impacto da agressão.

7.5. (Juji-Uke) Bloqueio em cruz

Efectua-se bloqueio com as mãos cruzadas. O cruzamento dos membros é efectuado pelosantebraços junto aos pulsos, os membros superiores estão em extensão e em ligeira rotação interna,as mãos fechadas com dedos flectidos. Utiliza-se para defender ataques desferidos pelos membrossuperiores/inferiores (murros/pontapés).

7.6. (Jyodan-Uke) Bloqueio alto

Bloqueio realizado com antebraço na horizontal acima da cabeça. Ao deslocar o braço para cima, oantebraço e a mão efectuam rotação interna, ficando a palma da mão, no final, virada para a frente.Tori ao efectuar o bloqueio, adopta postura de ataque (Zenkutsu-Dachi), perna da frente dobradasustentando cerca de 60/70% do peso do corpo. Adequado para proteger cabeça/rosto de ataquedesferido de cima para baixo.

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7.7. (Gedan-Barai) Bloqueio baixo

Bloqueio realizado com antebraço/mão, mantendo o braço esticado ao longo do corpo e em rotaçãointerna. Adequado para proteger ataques baixos e à altura dos quadris, principalmente com membrosinferiores.

7.8. (Nagashi-Uke) Bloqueio empurrando com a palma da mão

Bloqueio executado com a palma da mão empurrando (balançé). Este bloqueio para além de travar oataque de que somos alvo tem uma acção preponderante no desequilíbrio do oponente. As mãospodem deslocar-se do interior para o exterior e vice-versa. Pressupõe também uma grandemobilidade de quem executa o referido bloqueio.

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8. GOLPES (Atemis)

8.1. (Oi-Tsuki) Soco avançado

Executa-se o soco ao mesmo tempo que avança a perna do mesmo lado. O pé que avança deveassentar no chão no preciso momento em que o punho do mesmo lado atinge o objectivo e o punhocontrário coloca-se junto da cintura, em movimento antagónico para conferir equilíbrio e potência aogesto motor (soco) executado. No momento imediatamente antes do impacto, os punhos rodam demodo que a mão que efectua o soco avançado tem as costas viradas para cima (pronação) e a mãojunto à cintura tem as costas voltadas para baixo (supinação).

8.2. (Gyaku-Tsuki) Soco contrário

Executa-se o soco com o punho contrário à perna que está avançada. A execução do gesto motordos membros superiores é em tudo idêntica ao descrito no soco avançado.

8.3. (Mae-Tsuki) Soco frontal

Executa-se o soco com o punho da perna que está avançada. A execução do gesto motor dosmembros superiores é em tudo idêntica ao descrito no soco avançado.

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8.4. Sequência completa

Na posição inicial coloca-se a perna e braço esquerdos avançados, em seguida:É desferido soco com punho direito, avançando perna direita ao mesmo tempo (soco avançado);Acto contínuo é desferido soco com punho esquerdo (mão direita recua para junto da cintura),mantendo os pés na mesma posição (soco contrário);Finalmente é desferido soco com punho direito (mão esquerda recua para junto da cintura),mantendo também os pés mesma posição (soco frontal).

8.5. (Teisho-Uchi) Golpe com a base da palma da mão

Golpe efectuado com membro superior utilizando como zona de impacto a base da palma da mão.Partido da posição de postura de ataque (Zenkutsu-Dachi), braço esquerdo avançado em flexão emão respectiva em pronação, antebraço direito flectido com mão respectiva junto à cintura emsupinação, executa-se o golpe com a base da palma da mão, invertendo a posição de ambos osmembros superiores para conferir maior potência. Sendo o golpe executado com a mão direita, abase da palma da mão atinge o queixo do opositor, encontrando-se a mão aberta, em extensão ecom os dedos ligeiramente flectidos.

Nota: A aplicação de golpes (atemis) utilizando os membros inferiores, tendo em conta a velocidadede execução e a força potencial susceptível de ser utilizada, bem como a zona ou ponto vulnerávelatingidos, obriga a cuidados acrescidos pois poderão resultar lesões ou traumatismos graves e até amorte ou incapacidade motora permanente. A sua aplicabilidade requer uma avaliação e percepçãoadequadas relativamente ao enquadramento humano e material com que somos confrontados,devendo ser utilizados apenas em situações extremas, de forma consciente e sensata.

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8.6. (Oi-Geri) Pontapé com perna atrasada

Golpe directo e frontal desferido com o pé. O executante encontra-se em postura de ataque(Zenkutsu-Dachi) mantendo a maior percentagem de peso corporal sobre o membro inferioradiantado (funciona como eixo), em seguida avança membro inferior recuado através da flexão dacoxa mantendo a perna flectida e utilizando o joelho como “pivot”. Consequentemente quando ojoelho estiver acima da linha da cintura) o executante efectua a extensão (chicotada) rápida e potenteda perna, impulsionada com o movimento do quadril, terminando com o pé a atingir o alvopretendido. Logo após ter efectuado o atemi, flecte a perna adoptando a posição inicial. Golpeia-secom a base dos dedos dos pés, de preferência em pontos vulneráveis do opositor.

8.7. (Mae-Geri) Pontapé com perna avançadaO executante encontra-se em postura de defesa (Kokutsu-Dachi) mantendo a maior percentagem depeso corporal sobre o membro inferior recuado (funciona como suporte). Em seguida flectindo a coxae utilizando o joelho como “pivot” eleva o membro inferior que se encontra adiantado, quando ojoelho estiver acima da linha da cintura efectua a extensão rápida da perna (chicotada), impulsionadacom o movimento do quadril, terminando com o pé a atingir o alvo pretendido. Golpeia-se com abase dos dedos dos pés, de preferência em pontos vulneráveis do opositor.

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9. CONTROLOS E LUXAÇÕES (Katame Waza)

9.1. (Kuzure-Kote-Gaeshi) Controlo do pulso para o interior

9.1.1. Descrição TécnicaUke agarra Tori com mão direita (em pronação) junto ao peito. Tori coloca o polegar direito nascostas da mão de Uke e roda-a para o interior, obrigando à consequente rotação/torção interna dobraço para que a palma da mão de Uke fique voltada para cima. Tori consolida a pega colocando opolegar da mão esquerda nas costas da mão de Uke e pressionando com ambas as mãos, obriga àhiper-flexão do pulso de Uke, mantendo o braço de Uke afastado do corpo, em extensão, formandoum ângulo superior a 90º. Em simultâneo efectua deslocamento para a sua retaguarda/direita paraque Uke caia no solo em decúbito ventral (barriga para baixo).

9.1.2. Execução9.1.2.1. Uke agarra, mão direita pronação. Tori põe polegar direito nas costas da mão9.1.2.2. Rotação/Torção interna do braço de Uke9.1.2.3. Hiper-flexão do pulso e deslocação para a retaguarda direita de Tori9.1.2.4. Uke prostrado em decúbito ventral

9.1.2.1 9.1.2.2 9.1.2.3 9.1.2.4

9.2. (Te-Kubi-Osae) Imobilização do Braço

9.2.1. Descrição TécnicaUke encontra-se em posição de decúbito ventral. Tori com ambos os polegares nas costas da mãode Uke ou com a mão esquerda no cotovelo, o pulso deste em hiper-flexão, respectivo cotovelo emextensão e o braço em rotação interna. Tori coloca o joelho esquerdo em cima da omoplata/ombrode Uke pressionando para baixo. Ao mesmo tempo pressiona o braço Uke para o lado da cabeçadeste (hiper-extensão do braço), controlando as articulações do pulso, cotovelo e ombro.

9.2.2. Execução9.2.2.1. Uke no chão, Tori controla pulso, polegares nas costas da mão de Uke ou mão

esquerda no cotovelo, braço deste em rotação interna e em hiper-extensão9.2.2.2. Joelho esquerdo de Tori na omoplata pressionando para baixo9.2.2.3. Tori acentua hiper-extensão do braço e empurra no sentido da cabeça de Uke

9.2.2.1 9.2.2.2 9.2.2.3

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9.3. Controlo da mão/pulso flectido (condução de Uke)Chave adequada para efectuar o controlo e condução de Uke. Pode executar-se de duas formas.

9.3.1. Descrição TécnicaNa primeira partimos da situação em que Uke se encontra no solo em decúbito ventral: Tori envolvecom a sua mão esquerda (palma virada para cima) o polegar da mão direita de Uke, a qual seencontra com a palma virada para a frente, por acção de torção/rotação interna do braço. Flectindo oantebraço a Uke com a ajuda da mão direita, que se coloca na zona interna da articulação docotovelo, Tori passa a sua mão esquerda entre o braço e o tronco de Uke, o qual fica com o pulsoem hiper-flexão e torção/rotação externa e os dedos da mão virados para cima. Por fim Tori, coloca ocotovelo de Uke contra a sua zona abdominal lateral esquerda (flanco), colocando a palma da mãodireita nas costas da mão esquerda para assegurar um controlo/pressão mais eficaz.

9.3.2. Execução9.3.2.1. Tori envolve com a mão o polegar de Uke.9.3.2.2. Tori flecte antebraço a Uke, passa as mãos entre braço e tronco de Uke9.3.2.3. Tori coloca cotovelo de Uke contra o seu flanco9.3.2.4. Pulso de Uke hiper-flexão e rotação externa, dedos da mão virados para cima

9.3.2.1 9.3.2.2 9.3.2.3 9.3.2.4

9.3.3. Descrição TécnicaNa segunda o procedimento é em tudo idêntico à descrição anterior, com a diferença que Tori colocaambas as palmas das mãos nas costas da mão direita de Uke, forçando à hiper-flexão do pulso. Emsimultâneo coloca o cotovelo direito de Uke contra a sua zona abdominal lateral esquerda (flanco) epressiona contra este.

9.3.4. Execução9.3.4.1. Tori coloca palmas das mãos nas costas da mão direita de Uke9.3.4.2. Cotovelo direito de Uke contra flanco de Tori e pressiona contra este

9.3.4.1 9.3.4.2

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9.4. (Kote-Gaeshi) Controlo do pulso para o exterior

9.4.1. Descrição TécnicaUke agarra Tori com mão direita (em supinação) junto ao peito. Tori coloca ambos os polegares nascostas da mão de Uke e os restantes dedos fixam-se na palma da mão sem que toquem na zona dospulsos de Uke. Os três pontos seguintes são executados em simultâneo: Tori pressiona a mão deUke para baixo e para a frente (hiper-flexão do pulso). Efectua torção/rotação da mão de Uke para oexterior. Desloca-se de costas para o lado direito, através de uma rotação esquerda, acção que emconjunto com a torção/hiper-flexão do pulso direito de Uke, obriga à consequente queda em decúbitodorsal (costas no chão). Tori controla mão direita de Uke com os polegares nas costas da mão e opulso em hiper-flexão.

9.4.2. Execução9.4.2.1. Uke agarra Tori com mão direita em supinação9.4.2.2. Tori coloca polegares nas costas da mão de Uke e dedos na palma9.4.2.3. Flexão/Rotação/Torção externa9.4.2.4. Tori desloca-se de costas para a direita através de rotação esquerda9.4.2.5. Uke prostrado em decúbito dorsal, polegares de Tori nas costas da mão

9.4.2.1 9.4.2.2 9.4.2.3 9.4.2.4

9.4.2.5

9.5. Controlo da mão/cotovelo/braço (voltar Uke)Esta técnica é composta por uma sequência de procedimentos que visam três factores fundamentais:primeiro ajudar a controlar Uke; segundo retirar objectos que Uke tenha nas mãos e terceiro, efectuara rotação de Uke de decúbito dorsal para decúbito ventral, permitindo um controlo efectivo do mesmoe a preparação para a sua posterior condução.

9.5.1. Descrição TécnicaUke encontra-se deitado no chão em decúbito dorsal. Tori controla a mão direita de Uke agarrandocom os polegares nas costas dessa mão. Em seguida Tori coloca a perna direita entre o troco e obraço direito de Uke, com a canela junto à axila deste. Os dedos do pé de Tori estão acima da linhada orelha de Uke. Avançando o joelho, efectua alavanca com o braço de Uke, pressionando otricípite contra a sua canela (tíbia). Em simultâneo, com os polegares nas costas da mão de Uke, Toriefectua torção/rotação externa da mão (pulso) e braço. Tori, através de rotação para a direita, passapara o lado oposto ao que se encontrava iniciando a viragem de Uke. Tori continua a controlar aarticulação do pulso direito através de hiper-flexão, que sofre uma rotação interna por acção domovimento descrito no parágrafo anterior. Depois Tori puxa o braço de Uke, deslocando-se para aretaguarda, virando-o de decúbito dorsal para decúbito ventral.

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9.5.2. Execução9.5.2.1. Uke em decúbito dorsal. Tori com polegares nas costas da mão, coloca canela

junto à axila de Uke, dedos do pé acima da linha da orelha deste9.5.2.2. Avançando joelho Tori faz alavanca com o braço de Uke na sua tíbia e efectua

torção/rotação externa da mão e pulso9.5.2.3. Em rotação direita Tori passa para o lado oposto iniciando a viragem de Uke9.5.2.4. Tori controla pulso através de hiper-flexão e puxa braço de Uke virando-o

completamente para decúbito ventral

9.5.2.1 9.5.2.2 9.5.2.3 9.5.2.4

9.6. (Ikkyo) Controlo do pulso e cotovelo (primeiro controlo)

9.6.1. Descrição TécnicaUke efectua pega cruzada com mão direita. Tori com a sua mão esquerda pressiona as costas/dedosda mão direita de Uke. Tori efectua rotação (de baixo para cima) e adução da mão direita para queesta vá agarrar no pulso direito de Uke, continuando a exercer pressão através da flexão/adução damão. Em seguida Tori efectua rotação externa com a sua mão direita, rodando/torcendo amão/antebraço/braço de Uke para o interior, virando-lhe a palma da mão direita para cima, aomesmo tempo que a mão esquerda de Tori é colocada sobre o cotovelo de Uke. A mão esquerda deTori exerce pressão para baixo e a mão direita exerce pressão para cima, bloqueando a mão de Ukecontrolando a articulação do cotovelo e forçando à sua hiper-extensão. Tori desloca-se para aretaguarda/esquerda, para que Uke caia em decúbito ventral mantendo a posição do braço de Uke a130º sensivelmente.

9.6.2. Execução9.6.2.1. Uke efectua pega cruzada com mão direita9.6.2.2. Tori com mão esquerda prende mão de Uke e faz rotação e adução agarrando

no pulso de Uke9.6.2.3. Tori torce braço de Uke para interior e põem mão esquerda no cotovelo9.6.2.4. Tori pressiona cotovelo, desloca-se retaguarda/esquerda, braço a 130º

9.6.2.1 9.6.2.2 9.6.2.3 9.6.2.4

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9.7. (Waki-Gatame) Controlo do braço com axila

9.7.1. Descrição TécnicaUke agarra Tori com mão direita (em pronação) junto ao peito. Tori coloca o polegar/palma da mãodireita nas costas da mão direita de Uke e efectua rotação/torção interna da mão/braço. Emsimultâneo, Tori desloca-se em rotação direita para a retaguarda de Uke, colocando a mão esquerdasobre o cotovelo direito deste e a axila sobre o ombro do mesmo braço. A mão direita de Torimantém a pega inicial sobre a mão direita de Uke. No final do movimento Tori posiciona-se de formaa exercer pressão sobre as três articulações do braço direito de Uke, nomeadamente o pulso,cotovelo e ombro, sendo a pressão exercida da seguinte forma: o pulso de Uke sofre hiper-flexão e épressionado no sentido ascendente; o cotovelo é pressionado para baixo sofrendo hiper-extensão,resultante do movimento e pressão sobre o pulso; por fim o ombro é pressionado para baixo,sofrendo também uma hiper-extensão. Tori em simultâneo, desliza a perna esquerda para a frente deforma a colocar todo o peso do seu corpo em cima do braço direito de Uke, obrigando-o a cair emdecúbito ventral no solo.

9.7.2. Execução9.7.2.1. Uke agarra em pronação, Tori põe polegar costas da mão, torção interna braço9.7.2.2. Rotação direita, coloca mão esquerda no cotovelo, axila sobre o ombro9.7.2.3. Tori pressiona o pulso para cima, cotovelo e ombro para baixo9.7.2.4. Tori desliza perna esquerda para frente e Uke cai em decúbito ventral no solo

9.7.2.1 9.7.2.2 9.7.2.3 9.7.2.4

9.8. (Kata-Ude-Kansetsu) Controlo pelo ombro

Nota: A utilização e aplicação desta técnica reveste-se de cuidados acrescidos tendo em conta aslesões que da mesma poderão advir, nomeadamente a fractura da articulação do cotovelo. A suaaplicabilidade requer uma avaliação e percepção adequadas, relativamente ao enquadramentohumano e material, com que somos confrontados.

9.8.1. Descrição TécnicaUke efectua pega directa com mão direita. Tori liberta-se e desloca o braço direito de Uke comambas as mãos para o seu interior e para cima, efectuando ligeira rotação externa do mesmo, paraque a palma da mão de Uke fique voltado para cima. Em simultâneo, Tori efectua deslocação atravésde rotação direita, ficando de costas e à frente de Uke e, colocando o braço deste em cima do seuombro esquerdo, (cotovelo de Uke tem que estar ligeiramente à frente do ombro de Tori) efectuapressão para baixo provocando luxação no cotovelo através da sua hiper-extensão.

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9.8.2. Execução9.8.2.1. Uke efectua pega directa9.8.2.2. Tori liberta-se, efectua rotação braço, palma da mão de Uke para cima9.8.2.3. Tori roda para direita, coloca cotovelo em cima do ombro9.8.2.4. Pressiona para baixo e provoca luxação cotovelo (hiper-extensão)

9.8.2.1 9.8.2.2 9.8.2.3 9.8.2.4

9.9. (Ude-Garami) Controlo do cotovelo com o braço flectido

9.9.1. Descrição TécnicaUke efectua ataque com mão/braço direito, trajectória de cima para baixo. Tori desloca-se para afrente e defende com bloqueio alto (Jyodan-Uke) esquerdo (Quanto menor for o ângulo do braço queataca, em relação à linha vertical do respectivo corpo, menor força terá o ataque. Como tal Tori devedefender em antecipação para diminuir o mais possível o respectivo ângulo). Tori passa o braçodireito por baixo do braço direito de Uke e agarra com a sua mão direita no pulso/antebraço direito deUke. A mão esquerda de Tori por sua vez consolida o respectivo agarre. Tori flecte o antebraço aUke e acto contínuo efectua uma ligeira elevação do seu cotovelo direito, que resulta na luxação doombro, puxando para baixo o pulso/antebraço de Uke. Tori em simultâneo desloca-se para aretaguarda de Uke e flectindo o tronco, prostra este no chão em decúbito dorsal

9.9.2. Execução9.9.2.1. Uke ataca braço elevado, Tori desloca frente, bloqueia alto (Jyodan-Uke)9.9.2.2. Tori passa braço direito por baixo do braço Uke e agarra-lhe pulso, mão

esquerda consolida o agarre9.9.2.3. Tori puxando pulso para baixo, desloca-se para a retaguarda e flecte o tronco9.9.2.4. Prostra Uke no chão em decúbito dorsal

9.10.2.1 9.10.2.2 9.10.2.3 9.10.2.4

9.10. (Ude-Gatame) Controlo do cotovelo e ombro

9.10.1. Descrição TécnicaUke agarra Tori com mão direita (em pronação) junto ao peito/colarinho. Tori coloca a palma da mãoesquerda sobre as costas da mão direita de Uke, pressionando a mão contra o peito e coloca apalma da mão direita sobre o cotovelo direito de Uke. Em seguida, com a mão direita, Tori infligeuma rotação interna do braço/cotovelo de Uke, ao mesmo tempo que mantém o braço pressionadocontra o seu peito, pressão esta que se vai intensificar pela deslocação e colocação da sua mãoesquerda sobre a direita que ajuda a pressionar. Pela acção descrita anteriormente Uke sofre hiper-

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extensão na articulação do cotovelo e é forçado a prostrar-se no solo em decúbito ventral. Tori deveavançar a perna direita durante a aplicação da técnica e executá-la o mais rápido possível até aochão, caso contrário Uke poderá efectuar rotação para a esquerda e sair da chave.

9.10.2. Execução9.10.2.1. Uke agarra Tori com mão direita (em pronação)9.10.2.2. Tori pressiona mão de Uke contra peito, coloca mão direita no cotovelo9.10.2.3. Roda cotovelo a Uke, pressiona contra o peito, e intensifica pressão9.10.2.4. Tori avança perna direita e leva Uke rápido ao chão em decúbito ventral

9.9.2.1 9.9.2.2 9.9.2.3 9.9.2.4

9.11. (Sankyo) Torção em Rotação

9.11.1. Descrição TécnicaUke agarra Tori com mão direita (em pronação) no colarinho. Tori coloca o polegar/palma da mãodireita nas costas da mão direita de Uke e efectua rotação/torção interna da mão/braço para que apalma da mão de Uke fique voltada para cima. Tori substitui a pega que efectua com a mão direitapela esquerda, agarrando no sabre da mão de Uke, para que os dedos da sua mão fiquem no centroda palma da mão de Uke. Tori coloca a mão direita (palma da mão virada para Tori) na parte internada articulação do cotovelo e eleva o braço obrigando a um angulo de 90º entre o braço e antebraço.A mão de Uke fica na vertical no prolongamento do antebraço. Tori efectua a hiper-extensão da suamão esquerda, torcendo a mão direita de Uke, através da rotação interna da mesma.

9.11.2. Execução9.11.2.1. Uke agarra Tori com mão direita em pronação9.11.2.2. Tori agarra costas da mão, efectua torção interna braço, vira palma para cima9.11.2.3. Tori substitui mão direita por esquerda, agarra sabre da mão, dedos no centro

da palma da mão9.11.2.4. Tori coloca mão direita na parte interna do cotovelo, eleva braço até ângulo

90º, mão de Uke fica na vertical no prolongamento do antebraço9.11.2.5. Tori efectua hiper-extensão da mão esquerda e torce mão direita a Uke

9.11.2.1 9.11.2.2 9.11.2.3 9.11.2.4

9.11.2.5

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9.12. (Nikyo) Luxação lateral do pulso

9.12.1. Descrição TécnicaUke agarra Tori com mão direita (em pronação) junto ao peito/colarinho. Tori coloca a palma da mãodireita sobre as costas da mão direita de Uke, colocando o polegar entre o indicador e o polegar deUke e os restantes dedos da mão a envolver o sabre da mão de Uke. Em seguida efectuarotação/torção interna da mão/braço para que a mão de Uke fique na vertical. Tori coloca a mãoesquerda (palma da mão virada para baixo) na parte interna da articulação do cotovelo de Uke eflecte o antebraço deste, obrigando a um ângulo de 90º, sensivelmente, entre o braço e antebraço deUke. O braço de Uke fica na horizontal formando um “Z” invertido. Tori em simultâneo efectua aadução da mão direita a Uke e consequentemente, o cotovelo deste irá ficar num plano inferior, factoque terá como resultado a luxação lateral do pulso, prostrando Uke no solo em decúbito ventral.

9.12.2. Execução9.12.2.1. Uke agarra Tori em pronação, Tori agarra costas da mão de Uke colocando

polegar entre indicador e polegar de Uke. Restantes dedos envolvem sabre damão de Uke

9.12.2.2. Torção interna do braço, mão de Uke fica na vertical, mão esquerda de Tori naparte interna do cotovelo de Uke e flecte-lhe o antebraço, braço de Uke formaZ invertido

9.12.2.3. Tori força adução da mão e provoca luxação lateral do pulso

9.12.2.1 9.12.2.2 9.12.2.3

9.12.2.2 (Pormenor)

9.13. (Hadaka-Jime) Estrangulamento directo

9.13.1. Descrição TécnicaUke encontra-se na posição erecta de costas. Tori envolve o pescoço de Uke com o seu braçodireito, palma da mão virada para baixo, colocando o pulso (lado mais fino do osso do rádio) e acurva da zona que antecede o polegar junto à traqueia. Braço direito mantém-se na horizontal. Emseguida junta ambas as palmas das mãos, com a palma da mão esquerda voltada para cima,fechando os dedos de ambas as mãos. O antebraço da mão esquerda fica na vertical, atrás eassente nas costas de Uke funcionando como alavanca. Tori de imediato desloca-se para aretaguarda, ao mesmo tempo que efectua um movimento rápido e incisivo com os braços para trás,

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aproveitando a alavanca do antebraço esquerdo, esmagando a traqueia de Uke e provocando o seuestrangulamento. Uke fica no chão em decúbito dorsal.

9.13.2. Execução9.13.2.1. Tori envolve pescoço de Uke com braço direito, palma da mão para baixo9.13.2.2. Coloca pulso (osso do rádio) e polegar na traqueia, braço horizontal. Junta

palmas das mãos, palma da mão esquerda para cima, antebraço esquerdo navertical, assente nas costas de Uke

9.13.2.3. Tori recua e puxa braços provocando estrangulamento a Uke

9.13.2.1 9.13.2.2 9.13.2.3

9.14. (Kata-Há-Jime) Estrangulamento com controlo do ombro

9.14.1. Descrição TécnicaUke encontra-se na posição bípede. Tori passa a mão/braço direitos por baixo da axila direita de Ukee coloca a palma da mão no pescoço (cervical) deste. O braço direito de Uke fica elevado (emflexão). Tori passa a mão/antebraço esquerdos pela frente do pescoço de Uke e agarra-lhe ocolarinho/gola lado direito, colocando para tal, o dedo polegar por dentro do colarinho/gola e osrestantes dedos na parte exterior da roupa, junto ao ombro. O pulso esquerdo de Tori (lado mais finodo osso do rádio) e a curva da zona que antecede o polegar são colocados junto à traqueia de Uke,estando a palma da mão esquerda de Tori virada para baixo. Tori desloca-se ligeiramente para aretaguarda, ao mesmo tempo que efectua um movimento rápido com os braços, puxando cada umpara o seu lado respectivo (tracção lateral), esmagando a traqueia de Uke e provocando o seuestrangulamento. Neste movimento o estrangulamento pode ser efectuado pela mão esquerda deTori ou pela própria roupa (gola) de Uke, que ao ser puxada exerce o respectivo estrangulamento.

9.14.2. Execução9.14.2.1. Tori passa braço direito por baixo da axila e coloca palma da mão na cervical9.14.2.2. Tori com mão esquerda agarra gola direita, polegar dentro da roupa, curva que

antecede polegar junto à traqueia de Uke9.14.2.3. Tori recua e faz tracção lateral com as mãos, cada uma para o seu lado

9.14.2.1 9.14.2.2 9.14.2.3

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9.15. (Hachi-Mawachi) Luxação do pescoço em rotação

Nota: A utilização e aplicação desta técnica reveste-se de cuidados acrescidos tendo em conta aslesões que da mesma poderão advir, nomeadamente a fractura cervical, facto que poderá levar àmorte ou incapacidade motora permanente. A sua aplicabilidade requer uma avaliação e percepçãoadequadas, relativamente ao enquadramento humano e material com que somos confrontados,devendo ser utilizada apenas, em situações extremas e como último recurso. Como tal, aconselha-sea efectuar a luxação do pescoço de forma progressiva e nunca executar o gesto motor de formabrusca ou rápida.

9.15.1. Descrição TécnicaUke encontra-se na posição erecta de frente. Tori coloca a palma da mão direita no queixo de Uke(mão na horizontal) e a mão esquerda na parte de trás da cabeça. Tori torce a cabeça de Uke para aesquerda de forma progressiva, efectuando luxação do pescoço através da hiper-rotação da mesma.Em consequência do acima descrito Tori inicia uma rotação corporal para o lado esquerdo,colocando o pé/perna direitos por trás das pernas de Uke, facto que irá ajudar a prostrar Uke no chãoem decúbito dorsal.

9.15.2. Execução9.15.2.1. Uke de frente, Tori coloca palma da mão direita no queixo de Uke, mão

esquerda na parte de trás da cabeça9.15.2.2. Tori torce cabeça a Uke progressivamente para a esquerda, perna atrás das

pernas de Uke9.15.2.3. Uke cai no chão em decúbito dorsal

9.15.2.1 9.15.2.2 9.15.2.3

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10. PROJECÇÕES (Nage-Waza)

10.1. (O-Goshi) Projecção pelo quadril

10.1.1. Descrição TécnicaTori e Uke encontram-se um à frente do outro e ambos têm os pés paralelos e na mesma direcção,efectuando pega. Tori desequilibra Uke, puxando-o com as mãos, para a frente e lateral direita (mãodireita puxa Uke para a frente pelo colarinho e mão esquerda, agarrando junto ao cotovelo, puxapara baixo e para a lateral direita de Uke). Em acto contínuo Tori coloca pé direito à frente e dentrodo pé direito de Uke e vira a anca direita em direcção ao exterior da anca direita de Uke. O péesquerdo de Tori desloca-se para a retaguarda ao mesmo tempo que a mão direita abraça a cinturade Uke. Ambas as pernas de Tori estão flectidas e os pés paralelos aos de Uke numa posiçãoligeiramente menos afastados do que os deste. Tori na posição final que antecede a projecção,efectuou uma rotação de 180º ficando de costas para Uke. Quando Tori chega ao ponto máximo dedesequilíbrio, efectua a extensão de pernas e ancas, puxando Uke para baixo, projectando-o numaqueda vertical em círculo.

10.1.2. Execução10.1.2.1. Tori e Uke efectuam pega10.1.2.2. Tori desequilibra Uke para a frente e lateral direita10.1.2.3. Tori coloca pé direito à frente e dentro do pé direito de Uke e roda 180º10.1.2.4. Mão direita abraça a cintura de Uke, pés paralelos e dentro dos de Uke, pernas

ligeiramente flectidas10.1.2.5. Tori puxa Uke para baixo, efectua extensão de pernas e projecta-o

10.1.2.1

10.1.2.2 10.1.2.3 10.1.2.4 10.1.2.5

10.1.2.3 (Pormenor)

10.2. (O-Soto-Otoshi) Projecção através do grande derrube exterior

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10.2.1. Descrição TécnicaTori e Uke encontram-se à frente um do outro, em posição ligeiramente desfasada à direita (o pédireito de Tori está colocado na linha central, relativamente às pernas de Uke), efectuando pega. Toridesloca-se em frente e coloca o pé esquerdo no lado exterior e em paralelo com o pé direito de Uke,ao mesmo tempo que desequilibra Uke, empurrando-o com a mão direita para a retaguarda e com amão esquerda puxando para baixo e lateral direita. Em acto contínuo Tori eleva joelho direito paracima e desce o pé vigorosamente em direcção ao solo como se estivesse a esmagar algo, colocandoo calcanhar direito por detrás e dentro do calcanhar direito de Uke. O músculo gémeo direito de Tori,vai embater com violência no gémeo de Uke (esta acção tem como consequência a flexão da coxadireita de Uke e a perda de contacto do pé com o solo, obrigando que, a maior percentagem de peso,seja suportada pela perna esquerda de Uke e consequentemente exista maior possibilidade dedesequilíbrio). Em acto simultâneo, Tori empurra para a retaguarda com a mão direita e puxa parabaixo e na lateral com a mão esquerda projectando Uke no solo em decúbito dorsal (não existemovimento de ceifa pela perna direita, senão seria considerado O-Soto-Gari)

10.2.2. Execução10.2.2.1. Tori e Uke pega desfasada à direita, Tori coloca pé esquerdo no exterior e

paralelo ao pé direito Uke, desequilibra-o à retaguarda e lateral direita10.2.2.2. Tori eleva joelho direito continuando a acentuar o desequilíbrio10.2.2.3. Esmaga chão com calcanhar, batendo com a sua perna na de Uke, que

consequentemente irá flectir coxa direita e levantar o pé do solo10.2.2.4. Acto simultâneo, mão direita empurra à retaguarda e mão esquerda, puxa para

baixo e para a lateral direita, projectando Uke

10.2.2.1 10.2.2.2 10.2.2.3 10.2.2.4

10.3. (Koshi-Guruma) Projecção através da rotação pelo quadril

10.3.1. Descrição TécnicaTori e Uke encontram-se um à frente do outro e ambos têm os pés paralelos e na mesma direcção,efectuando pega. Tori desequilibra Uke, puxando-o com as mãos, para a frente e lateral direita. Toricoloca o pé direito à frente e dentro do pé direito de Uke e em acto contínuo, roda sobre este pé eenlaça o pescoço de Uke com o seu braço direito, ao mesmo tempo que faz sair a sua anca direitano exterior da anca direita de Uke. O pé esquerdo de Tori vai colocar-se à frente e dentro do péesquerdo de Uke, tendo Tori efectuado uma rotação de 180º. Tori projecta Uke pela acção dos doisbraços que puxam para a frente e para baixo e, pela flexão e rotação do tronco para a frente e para aesquerda, respectivamente. Tori efectua uma ligeira flexão de pernas no momento da projecçãoconsequência da rotação para a esquerda.

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10.3.2. Execução10.3.2.1. Tori e Uke efectuam pega, Tori desequilibra Uke para a frente e lateral direita10.3.2.2. Tori põem pé direito à frente e dentro do pé direito de Uke10.3.2.3. Tori roda 180º, ficando de costas, mão direita envolve o pescoço de Uke, pés

paralelos e dentro dos de Uke, pernas ligeiramente flectidas10.3.2.4. Tori puxa Uke para a frente e para baixo, efectua extensão de pernas e

projecta-o

10.3.2.1 10.3.2.2 10.3.2.3 10.3.2.4

10.4. (O-Soto-Gari) Projecção através da grande ceifa exterior

10.4.1. Descrição TécnicaTori e Uke encontram-se à frente um do outro, em posição ligeiramente desfasada à direita (o pédireito de Tori está colocado na linha central, relativamente às pernas de Uke), efectuando pega. Toridesloca-se em frente e coloca o pé esquerdo no lado exterior e em paralelo com o pé direito de Uke,ao mesmo tempo que desequilibra Uke, empurrando-o com a mão direita para a retaguarda e com amão esquerda puxando para baixo e lateral direita. Tori flectindo a coxa direita, mantendo a pernaem extensão, desloca-a para trás das pernas de Uke. Tori tem o tronco ligeiramente inclinado para afrente e tem o peso do corpo sobre a ponta do pé esquerdo. A projecção inicia-se com Tori a flectir otronco para a frente, arrastando o corpo de Uke, ao mesmo tempo que lhe ceifa a perna direita, nummovimento largo, balanceado e vertical

10.4.2. Execução10.4.2.1. Tori e Uke pega desfasada à direita, Tori coloca pé esquerdo no exterior e

paralelo ao pé direito Uke, desequilibra-o à retaguarda e lateral direita10.4.2.2. Tori flecte coxa direita, perna em extensão e desloca-a para trás de Uke10.4.2.3. Tori flecte tronco à frente, arrastando tronco de Uke e ceifa-lhe perna direita

em movimento largo, balanceado e vertical

10.4.2.1 10.4.2.2 10.4.2.3

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10.5. (Tai-Otoshi) Projecção pelo derrube do corpo

10.5.1. Descrição TécnicaTori e Uke encontram-se à frente um do outro, em posição ligeiramente desfasada à direita,efectuando pega (o pé direito de Tori está colocado na linha central, relativamente às pernas deUke). Tori através de rotação esquerda, recua o pé esquerdo para a retaguarda exterior do pé direitoe puxa com a mão esquerda, empurrando com a direita, acção que provoca o desequilíbrio de Ukepara a frente direita. Tori flecte a perna esquerda, colocando o peso do corpo sobre a parte da frentedo pé esquerdo e estende a perna direita à frente do pé/tornozelo direito de Uke, ficando com osdedos deste pé e a articulação tíbio-társica flectidos, bem como o gémeo encostado à tíbia (canela)de Uke. Os pés de ambos estão virados para diante. A projecção inicia-se logo que Tori roda sobre oseu pé esquerdo, continuando a puxar com o braço esquerdo e empurrando com o direito.

10.5.2. Execução10.5.2.1. Tori e Uke em pega desfasada à direita10.5.2.2. Tori através de rotação esquerda recua pé esquerdo para a retaguarda exterior

do pé direito, puxa com mão esquerda e empurra com a direita10.5.2.3. Tori flecte coxa e perna esquerda, estende perna direita à frente do

pé/tornozelo direito de Uke, gémeo encostado à canela de Uke10.5.2.4. Tori projecta Uke continuando a acção de puxar com o braço esquerdo e

empurrar com o direito

10.5.2.1 10.5.2.2 10.5.2.3 10.5.2.4

10.6. (De-Ashi-Barai) Projecção através do varrimento do pé

10.6.1. Descrição TécnicaTori e Uke encontram-se à frente um do outro e Uke ataca Tori com soco avançado, deslocandoperna direita à frente. Tori antecipa o movimento e por sua vez desloca-se (esquiva) em diagonalfrente/esquerda, avançando com o pé esquerdo e reposicionando-se, transfere o peso do corpo paraa perna direita. Acto simultâneo Tori varre com a planta do seu pé esquerdo o pé direito de Uke,junto ao tornozelo/calcanhar no sentido do movimento deste. O varrimento deve ser efectuado nomomento que Uke vai colocar o pé que avança (direito) no chão, pois é neste momento que o centrode gravidade se desloca e se dá a transferência de maior percentagem de peso corporal para aperna direita, facto que confere maior êxito á aplicação da técnica por existir maior probabilidade dedesequilíbrio

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10.6.2. Execução10.6.2.1. Uke ataca Tori com soco avançado, deslocando perna direita à frente10.6.2.2. Tori esquiva diagonal frente/esquerda e rapidamente transfere peso do corpo

para perna direita antes de Uke colocar pé direito no chão10.6.2.3. Tori varre pé de Uke junto ao tornozelo/calcanhar no sentido do movimento e

acentua desequilíbrio com as mãos10.6.2.4. Tori continua a puxar cotovelo/ombro direito de Uke até o mesmo ser

projectado

10.6.2.1 10.6.2.2 10.6.2.3 10.6.2.4

10.7. (Seoi-Nage) Projecção carregando sobre as costas

10.7.1. Descrição TécnicaTori e Uke encontram-se um à frente do outro e ambos têm os pés paralelos e na mesma direcção,efectuando pega. Tori desequilibra Uke, puxando-o com mão esquerda para a frente e com a direitapara cima e para a frente. Tori coloca o pé direito à frente e dentro do pé direito de Uke e rodandosobre este pé até 180º (ficando de costas), coloca o pé esquerdo à frente do pé esquerdo de Uke. Aspernas estão ligeiramente flectidas. O ombro direito de Tori encaixa debaixo da axila direita de Uke,estando a sua mão esquerda agarrada ao pulso de Uke e a direita no braço envolvendo o ombro.Tori efectua tracção contínua do seu braço esquerdo, puxando em direcção à anca do mesmo lado e,em simultâneo, efectua flexão do tronco à frente. A projecção é realizada pela acção contínua dosbraços que puxam para a frente e para baixo, do desequilíbrio para diante de Tori, pela flexão dotronco e, pela extensão das pernas no final.

10.7.2. Execução10.7.2.1. Tori desequilibra Uke para cima e para a frente/direita10.7.2.2. Pé direito de Tori à frente e dentro do pé direito de Uke, rotação 180º, pernas

ligeiramente flectidas, ombro direito de Tori encaixa na axila direita de Uke,mão esquerda no pulso e direita no ombro/braço

10.7.2.3. Tori puxa com mão esquerda em direcção à sua anca, flecte tronco, mãodireita mantém ombro encaixado na axila de Uke e puxa também

10.7.2.4. A projecção é finalizada pela extensão de pernas de Tori

10.7.2.1 10.7.2.2 10.7.2.3 10.7.2.4

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10.8. (Ushiro-Kiri-Otoshi) Projecção à retaguarda

10.8.1. Descrição TécnicaTori e Uke encontram-se à frente um do outro. Uke avança para Tori, o qual se desloca (esquiva) nadiagonal frente/esquerda. Tori contorna Uke pela retaguarda e quando se encontra nas costas deUke puxa-o pelos ombros para trás. Projecta-o à retaguarda. O movimento de Tori é contínuo,entrando por um dos lados de Uke e saindo pelo lado contrário, terminando na posição de guarda,em frente a este e virado para ele (Tori nunca caminha para a retaguarda puxando Uke).

10.8.2. Execução10.8.2.1. Tori à frente de Uke, este avança para Tori10.8.2.2. Tori esquiva diagonal frente/esquerda10.8.2.3. Tori entra pelo lado direito das costas de Uke e puxa-o pelos ombros10.8.2.4. Projecta-o à retaguarda e sai pelo lado esquerdo das costas de Uke

10.8.2.1 10.8.2.2 10.8.2.3 10.8.2.4

10.9. (Shiho-Nage) Projecção por quatro pontos

10.9.1. Descrição TécnicaUke efectua pega directa direita baixa. Tori com a sua mão direita agarra o pulso direito de Uke e,elevando-lhe o braço, passa por baixo deste ao mesmo tempo que roda sobre si próprio para o ladodireito, até ficar voltado de novo na direcção oposta à daquele, seja, ombro direito de Tori encostadoao ombro direito de Uke. O braço de Uke, por consequência do movimento de Tori, sofre rotaçãoexterna e encontra-se em hiper-flexão, com o antebraço flectido, assente em cima do braço de Tori,que ao deslocar-se para a retaguarda, projecta Uke em decúbito dorsal

10.9.2. Execução10.9.2.1. Uke em pega directa, direita, baixa. Tori agarra pulso de Uke com mão direita10.9.2.2. Tori eleva braço de Uke e passa por baixo rodando sobre si próprio, para lado

direito. Tori fica voltado na direcção oposta à de Uke, ombro direito de Toriencostado ao ombro direito de Uke

10.9.2.3. Braço de Uke sofreu rotação externa, hiper-flexão e flexão do antebraço. Toridesloca-se para a retaguarda e projecta Uke

10.9.2.1 10.9.2.2 10.9.2.3

10.9.2.1 (Pormenor)

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10.10. (Irimi-Nage) Projecção entrando

10.10.1. Descrição TécnicaPerante um ataque de Uke através de soco avançado ou soco frontal à direita, Tori executadeslocamento (esquiva) na diagonal frente/esquerda. Ao mesmo tempo efectua bloqueio exteriorcom o antebraço direito, o qual dirige posteriormente para baixo, levando com ele o braço direito deUke. Ainda na sequência do mesmo movimento o antebraço esquerdo de Tori vai colocar-se junto àcervical de Uke e faz pressão num movimento rotativo para a frente/direita, obrigando-o a flectir otronco. Uke perante o atrás descrito, terá tendência para contrariar o gesto e irá tentar recuar,elevando a cabeça e o tronco, altura em que Tori muda rapidamente a trajectória, invertendo omovimento rotativo direito que realizava (efectua rotação para a esquerda) e eleva o antebraçodireito na horizontal à altura da garganta de Uke, projectando-o para trás.

10.10.2. Execução10.10.2.1. Uke ataca soco avançado, Tori esquiva diagonal frente/esquerda e bloqueia

para exterior com antebraço direito10.10.2.2. Tori dirige braço de Uke para baixo, coloca antebraço esquerdo na cervical de

Uke obrigando-o a flectir o tronco num movimento rotativo para a frente direita10.10.2.3. Uke contrariando o gesto irá recuar e elevar a cabeça/tronco. Nesse momento

Tori inverte rapidamente sentido da rotação para a esquerda e com antebraçodireito na garganta (traqueia) projecta Uke, deslocando-se para a retaguarda

10.10.2.1 10.10.2.2 10.10.2.3

10.11. (Ko-Uchi-Gari) Pequeno varrimento (enganche) interior

10.11.1. Descrição TécnicaTori e Uke encontram-se à frente um do outro, em posição desfasada à direita, efectuando pega (opé direito de Tori está colocado na linha central, relativamente às pernas de Uke). Uke recua péesquerdo e puxa Tori. Simultaneamente, Tori puxa a sua mão esquerda para baixo em direcção àsua anca esquerda e empurra com a mão direita o tronco de Uke, facto que terá como efeito odesequilíbrio de Uke para a sua retaguarda direita e consequentemente o deslocamento do centro degravidade, passando a maior percentagem de peso corporal para a perna direita de Uke (pernaavançada). Acto contínuo, Tori flecte o tronco para a frente acentuando o desequilíbrio de Uke eengancha/varre do interior para o exterior a sua perna/pé direitos, projectando Uke.

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10.11.2. Execução10.11.2.1. Tori e Uke em pega desfasada à direita10.11.2.2. Uke recua pé esquerdo e puxa Tori. Por sua vez Tori com a mão esquerda

puxa em direcção à sua anca esquerda e empurra com a mão direita10.11.2.3. Uke sofre desequilíbrio para retaguarda direita. Tori flecte tronco acentuando

desequilíbrio e engancha/varre perna/pé direitos do interior para o exterior10.11.2.4. Uke é projectado em decúbito dorsal

10.11.2.1 10.11.2.2 10.11.2.3 10.11.2.4

10.12. (Sukui-Nage) Projecção em colher

10.12.1. Descrição TécnicaUke encontra-se nas costas de Tori, agarrado ao seu tronco e prendendo-lhe os braços. Tori enche opeito de ar e em acto contínuo flecte coxas, baixando o centro de gravidade, ficando quase decócoras, facto que irá aliviar a pressão do abraço efectuado por Uke. Tori após ligeira rotação para aesquerda, passa a perna esquerda para trás da perna direita de Uke. Tori agarra ambas as pernasde Uke junto à articulação do joelho e elevando este no ar, atira-o pelas suas costas (projecção emcolher) da esquerda para a direita, num movimento de rotação do tronco (rotação para a esquerda)sem que os pés se movam do local onde estão. Uke irá cair no chão em posição de decúbito dorsal,junto ao pé/perna direita de Tori

10.12.2. Execução10.12.2.1. Uke agarra Tori pelas costas prendendo-lhe os braços10.12.2.2. Tori enche peito de ar, flecte coxas, baixa centro de gravidade (cai), aliviando

pressão de Uke10.12.2.3. Tori através de rotação esquerda, passa perna esquerda para trás da perna

direita de Uke e agarra pernas de Uke10.12.2.4. Eleva Uke no ar e atira-o pelas suas costas, da esquerda para a direita,

através da rotação do troco para a esquerda, sem mover pés do local10.12.2.5. Uke cai no chão em decúbito dorsal, junto ao pé direito de Tori

10.12.2.1 10.12.2.2 10.12.2.3 10.12.2.4

10.12.2.5

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10.13. (Tsuri-Komi-Goshi) Projecção pelo quadril elevando

10.13.1. Descrição TécnicaTori e Uke encontram-se um à frente do outro e ambos têm os pés paralelos e na mesma direcção,efectuando pega. Uke empurra Tori para a retaguarda, desequilibrando-se para a frente, facto queTori vai aproveitar e acentuar posteriormente. Tori desloca o pé direito para a frente e dentro do pédireito de Uke e efectua rotação para a esquerda de 180º (ficando de costas para Uke). Tori coloca ocotovelo direito por baixo/junto da axila direita de Uke e com a ajuda deste e ambas as mãos elevaUke para cima e para a frente, acentuando o desequilíbrio. Tori flecte o tronco e pernas e, em actocontínuo, a mão esquerda de Tori puxa no sentido da sua anca esquerda e a mão e cotovelo direitospuxam para a frente e para baixo, projectando Uke, seguindo uma trajectória em círculo vertical nadirecção do solo. Ao flectir as pernas, Tori barra com as ancas as coxas de Uke, o qual antes de serprojectado, estará numa posição elevada tocando no chão apenas com a ponta dos pés.

10.13.2. Execução10.13.2.1. Tori e Uke efectuam pega e este empurra Tori à retaguarda10.13.2.2. Tori coloca pé direito à frente/dentro pé direito de Uke, roda 180º. Tori põe

cotovelo direito debaixo da axila direita de Uke, eleva-o para cima e para frente 10.13.2.3. Tori flecte tronco e pernas, mão esquerda puxa no sentido da sua anca

esquerda, mão e cotovelo direitos puxam para a frente e para baixo,10.13.2.4. Uke é projectado numa trajectória em círculo vertical na direcção ao solo

10.13.2.1 10.13.2.2 10.13.2.3 10.13.2.4

10.13.2.2 (Pormenor)

10.14. (Uki-Goshi) Projecção pelo quadril flutuante

10.14.1. Descrição TécnicaTori desequilibra Uke, puxando-o com as mãos, para a frente e lateral direita (mão direita puxa Ukepara a frente pelo colarinho e mão esquerda, agarrando junto ao cotovelo, puxa para baixo e para alateral direita de Uke). Em acto contínuo Tori efectua rotação para o lado esquerdo, cerca de130/140º, ficando ligeiramente de costas para Uke (diagonal). Para tal coloca o pé direito à frente edentro do pé direito de Uke, colocando a anca direita à frente da anca direita de Uke, nãoultrapassando o limite exterior desta e, o pé esquerdo, desloca-se para a retaguarda para o ângulo járeferido, ao mesmo tempo que a mão direita abraça a cintura de Uke. O movimento consiste emrodar Uke sobre a anca e projectá-lo pela lateral sem que o mesmo passe por cima do corpo de Tori.A anca direita de Tori não deve ultrapassar o limite exterior da anca direita de Uke, para que esterode lateralmente pelo quadril e seja projectado lateralmente aos pés de Tori.

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10.14.2. Execução10.14.2.1. Tori e Uke efectuam pega, Tori desequilibra Uke para a frente e lateral direita10.14.2.2. Tori põe pé direito à frente/dentro do pé direito Uke, roda 130/140º (diagonal),

mão direita abraça cintura de Uke, anca direita de Tori não ultrapassa a de Uke10.14.2.3. Tori projecta Uke pela lateral direita sem que este passe por cima do seu corpo10.14.2.4. Uke cai em decúbito dorsal aos pés de Tori

10.14.2.1 10.14.2.2 10.14.2.3 10.14.2.4

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CAPÍTULO IV

SEQUÊNCIAS

11. INTRODUÇÃO

Sequência é o conjunto de técnicas de defesa pessoal, de execução motora complexa, quetem como finalidade uma ou as várias acções a seguir enunciadas: defender, contra-atacar, atacar,maniatar e ou controlar agressões ou agressores.

Uma sequência é o produto final de uma execução motora que utiliza geralmente, mas nãoobrigatoriamente, uma ordem lógica de execução, nomeadamente, as técnicas de deslocamento eou esquiva, as técnicas de parada e ou bloqueio, as técnicas de golpear (atemis), as técnicas deprojecção e ou as técnicas de luxação articular (chaves) e ou controlo para transporte.

A junção das Técnicas é indeterminada no que respeita ao género, numero e ordem deutilização. As circunstâncias que definem a agressão ou acontecimento, bem como a oportunidade, acapacidade técnica, a experiência e o nível de treino individual são os parâmetros que definem aescolha e execução da sequência num momento específico. A utilização de uma determinadasequência identifica-se mais com o treino individual e com a consequente mecanização do gestomotor, do que com a necessidade de uniformização de uma resposta a determinada acção, aindaque se possam considerar sequências mais objectivas e eficazes, como solução para determinadasacções agressivas específicas, se analisadas do ponto de vista biomecânico.

Por outras palavras não existe uma resposta específica a determinada acção agressiva,mas um conjunto de possíveis respostas, todas diferentes, mas todas passíveis de eficácia e êxito.

Principalmente o treino, a flexibilidade mental e física, a destreza da execução motora e aadaptação às diferentes situações, são as melhores respostas para qualquer acção agressivadesencadeada.

Em seguida apresentamos algumas sequências, as quais são uma pequena demonstração,ou seja, a representação de um universo vasto onde a criatividade e a utilização sequencial não têmlimite. As mesmas e outras serão apresentadas também no suporte informático que acompanha opresente manual (DVD).

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12. EXEMPLOS DE SEQUÊNCIAS

12.1. Soco avançado (Oi-Tsuki)

Ataque:Uke ataca Tori com soco avançado (Oi-Tsuki), o qual desencadeia acção defensiva efectuandosequência através de:

Sequência:Bloqueio do ataque através de pontapé com perna adiantada (Mae-Geri)Aplica golpe com as costas do punho (Uraken)Esquiva para o exterior esquerdo aplicando soco contrário (Gyaku-Tsuki)Continua deslocação para o exterior e aplica controlo do pulso (direito) para o exterior (Kote-Gaeshi)

12.2. Soco contrário alto à direita (Yodan-Migi-Gyaku-Tsuki)

Ataque:Uke ataca Tori com soco contrário alto à direita (Yodan-Migi-Gyaku-Tsuki), o qual desencadeia acçãodefensiva efectuando sequência através de:

Sequência:Esquiva exterior esquerda e executa pontapé circular (Mawashi-Geri)Agarra Uke e executa varrimento pelo quadril (Harai-Goshi)Pressiona o cotovelo do braço flectido (Ude-Garami) e volta Uke para decúbito ventral

12.3. Soco contrário alto à esquerda (Yodan-Hidari-Gyaku-Tsuki)

Ataque:Uke ataca Tori com soco contrário alto à esquerda (Yodan-Hidari-Gyaku-Tsuki), o qual desencadeiaacção defensiva efectuando sequência através de:

Sequência:Parada e esquiva para o exterior do braço que executa ataqueProjecção lateral de costas basculante (Kokyu-Nage), ou executa soco contrário direito (Migi-Gyaku-Tsuki) Por fim executa controlo através do braço flectido (Ude-Garami)

12.4. Soco contrário à direita (Migi-Gyaku-Tsuki)

Ataque:Uke ataca Tori com soco contrário à direita (Migi-Gyaku-Tsuki), o qual desencadeia acção defensivaefectuando sequência através de:

Sequência:Esquiva diagonal exterior esquerda com rotação de 90º (Hidari-Mae-Sabaki) e ParadaExecuta projecção entrando (Irimi-Nage) ou torção em rotação (Sankyo)Em seguida executa primeiro controlo (Ikkyo) e termina com controlo no solo

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12.5. Soco avançado à direita no plano médio (Shudan-Migi-Oi-Tsuki)

Ataque:Uke ataca Tori com soco avançado à direita no plano médio (Shudan-Migi-Oi-Tsuki), o qualdesencadeia acção defensiva efectuando sequência através de:

Sequência:Esquiva diagonal exterior esquerda com rotação de 90º (Hidari-Mae-Sabaki)Executa torção em rotação (Sankyo)Imobilização do braço (Te-Kubi-Osae)Controlo do cotovelo (Ude-Gatame)Controlo do cotovelo com o pé/joelho no solo (Ude-Osae)

12.6. Golpe com o martelo da mão na diagonal (Tetsui-Uchi)

Ataque:Uke avança para agredir Tori com golpe com o martelo da mão na diagonal (Tetsui-Uchi), o qualdesencadeia acção defensiva efectuando sequência através de:

Sequência:O ataque inicia-se mas responde-se antes que o mesmo termine (Sen-No-Sen) com soco contrário àdireita (Migi-Gyaku-Tsuki)Ou parada e projecção por quatro pontos (Shiho-Nage) ou,Bloqueio interior com os dois antebraços (Morote-Uke) e Controlo do cotovelo pelo estiramento dobraço (Ude-Nobashi)

12.7. Golpe de baixo para cima (Age-Tsuki)

Ataque:Uke avança para agredir Tori com golpe de baixo para cima (Age-Tsuki), o qual desencadeia acçãodefensiva efectuando sequência através de:

Sequência:Esquiva diagonal exterior esquerda com rotação de 180º (Hidari-Mae-Mawari-Sabaki)Estende o braço a Uke e executa controlo com o abdómen (Hara-Gatame)

12.8. Pontapé com perna avançada (Mãe-Geri)

Ataque:Uke avança para agredir Tori com pontapé com perna avançada (Mae-Geri), o qual desencadeiaacção defensiva efectuando sequência através de:

Sequência:Esquiva diagonal exterior esquerda com rotação de 90º (Hidari-Mae-Sabaki) e responde compontapé lateral (Yoko-Geri), finalizando com estrangulamento directo (Hadaka-Jime) ou projecçãoatravés do grande derrube exterior (O-Soto-Otoshi)

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12.9. Golpe com o martelo da mão (Tettsui-Uchi)

Ataque:Uke avança para agredir Tori na cabeça com golpe com o martelo da mão (Tettsui-Uchi), o qualdesencadeia acção defensiva efectuando sequência através de:

Sequência:Parada e contra ataque com soco contrário (Gyaku-Tsuki)Em seguida esquiva para o exterior (Hidari-Ushiro-Sabaki) e aplicação de controlo do pulso para oexterior (Kote-Gaeshi) e controlo do braço com mãos e perna (Ashi-Gatame) ou,O ataque inicia-se mas responde-se antes que o mesmo termine (Sen-No-Sen) deslocando emrotação para o interior e executa projecção carregando sobre as costas (Ippon-Seoi-Nage),terminando com controlo do braço com a perna (Kakae-Ashi) e pressão no queixo

12.10. Pontapé penetrante com perna esquerda adiantada (Hidari-Mae-Geri-Keikomi)

Ataque:Uke avança para agredir Tori com Pontapé penetrante com perna esquerda adiantada (Hidari-Mae-Geri-Keikomi), o qual desencadeia acção defensiva efectuando sequência através de:

Sequência:Esquiva para o exterior direito (Migi-Ushiro-Sabaki) e aplica bloqueio baixo (Gedan-Barai)Quando Uke coloca o pé esquerdo no solo, Tori efectua pequena ceifa externa (Ko-Soto-Gari)

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13. CONSIDERAÇÕES PSÍQUICAS E METODOLÓGICAS NO TREINO DE DEFESA PESSOAL

Um elemento das forças de segurança pode ser comparado a qualquer atleta de elite deuma determinada modalidade, tal a exigência das funções que exerce, ainda que os objectivos a quecada um se propõe, sejam completamente diferentes no que respeita à sua definição específica.

Um atleta visa a excelência do resultado que lhe permite ser o melhor numa determinadacompetição ou o melhor de todos os tempos num determinado momento.

Um elemento da Polícia de Segurança Pública tem como função zelar, entre outrosobjectivos, pelo bem-estar da sociedade, dos cidadãos, dos bens materiais de ambos assim como,do bem mais precioso que qualquer ser humano pode dispor, a vida.

Posto desta forma a interpretação pode parecer despropositada, mas ao analisarmos asfunções operacionais que os elementos das forças de segurança exercem e a adversidade a que sãosujeitos, verificamos de imediato uma convivência nociva com situações e ocorrências de grandeinstabilidade psicológica, emotiva e física, que se alternam de forma brusca e imprevista, criandosituações de tensão, que desequilibram e prejudicam a sanidade mental e física de qualquer serhumano, se projectadas e perspectivadas nas necessidades básicas, nomeadamente na segurançae, de uma forma mais profunda, na sobrevivência e para as quais é necessário possuir capacidadesmentais e físicas distintas.

Sendo o ser humano constituído por um corpo físico e cognitivo, a interligação entre estesdois sistemas fá-los depender intrinsecamente, pelo que a sua harmonia funcional depende de umasaudável forma de estar e de viver. O ser humano lida assiduamente com tarefas cognitivas, tendoem conta as inúmeras fontes tecnológicas associadas ao seu dia a dia. Mas estas fontes sãotambém o elo que quebrou a funcionalidade motora que o homem utilizou ao longo de anos e degerações, que o dotaram de uma estrutura física forte e adaptativa, que lhe permitiu sobreviver aolongo da existência.

A educação física, as actividades desportivas e quaisquer outras actividades motorassimples, executadas de forma contínua e cíclica, trazem benefícios físicos e mentais e substituem asfuncionalidades motoras que o homem foi perdendo ao longo do tempo com o desenvolvimentotecnológico.

Em conclusão, existe uma necessidade absolutamente racional, vital se quiserem, dos sereshumanos se movimentarem, porque um ser físico e cognitivo só pode existir de forma saudável, seambas as estruturas que o compõem conviverem em harmonia e, como tal, necessitam ambas deser exercitadas para desempenharem as suas funções.

O treino de acordo com Cruz (1998), em termos gerais, congrega diversos aspectos como apreparação física (desenvolvimento das capacidades físicas condicionais), preparação intelectual(desenvolvimento dos conhecimentos específicos do treino, da modalidade praticada e de todos osconteúdos intrínsecos) e a educação (desenvolvimento da consciência do praticante, sociabilização,aquisição de qualidades morais e éticas, formação intelectual, cultural, cidadania).

Os elementos da Polícia de Segurança Pública, com base nos argumentos acima expostose, tendo em conta que as funções inerentes à sua actividade profissional são de extrema exigência,mental e física, necessitam de uma forma mais perene de praticar uma modalidade desportiva, ououtra qualquer actividade física que funcione como escape e desagregação das tensões vividas e aque são sujeitos.

O treino em defesa pessoal baseia-se nos mesmos parâmetros e princípios de qualquerdisciplina ou modalidade desportiva, com as necessárias diferenças obviamente, sendo por isso umamodalidade física e desportiva de onde se podem tirar benefícios evidentes nos aspectos físicos epsíquicos. Mas para além disso é essencialmente uma actividade útil no exercício das funções doselementos das forças de segurança, pela confiança que transmite, pelo conhecimento queproporciona e pela necessidade que caracteriza as funções dos elementos operacionais das forçasde segurança.

Não querendo abordar a metodologia do treino em profundidade, parece-nos pertinenteregistar algumas considerações que poderão guiar e despertar os alunos e futuros elementos daPolícia de Segurança Pública para a curiosidade do conhecimento.

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Uma de entre as muitas definições do treino, que segundo Castelo et al. (1998) o definemcomo um processo pedagógico, que se propõe desenvolver as capacidades técnicas, tácticas, físicase psicológicas dos praticantes, através da prática sistemática e planificada, orientada através deprincípios fundamentados no conhecimento cientifico, permite-nos perceber que qualquer processode treino se reveste de grande complexidade, tendo em conta as variáveis que o compõem bemcomo os objectivos a atingir.

A eficácia do exercício de treino reside numa primeira fase nos estímulos provocados e naadaptação do organismo. Para tal é necessário definir as componentes estruturais da carga que nosajudam a administrar e a quantificar esse exercício no processo de treino. São:

Duração: Tempo que o exercício demora a ser executado ou actua sobre o organismoVolume: Quantidade total de carga expressa em km, metros, kg, tempo, nº repetições, etc.Intensidade: Quantidade de trabalho realizada por unidade de tempo, exigência do exercícioDensidade: Pausa entre exercícios ou optimização da relação exercício/recuperaçãoFrequência: Número de repetições do exercício em determinado tempoO treino de uma forma geral obedece ainda a um conjunto de princípios que ajudam a

gestão e eficácia da sua aplicação. Os princípios gerais do treino dividem-se em vários grupos, dosquais salientamos os Princípios Biológicos e os Metodológicos. Os primeiros são:

Sobrecarga: Duração e intensidade do exercício devem ser suficientes para permitir aactivação dos mecanismos e sistemas biológicos

Especificidade: Devem ser treinados os gestos e exercícios específicos da modalidadeReversibilidade: A forma e ou condição física adquirida é transitória ou seja regrideHeterocronia: Exercícios intensos e de curta duração sente-se mais rápido o efeito do treino,

mas são menos perduráveis. No oposto, exercícios de média intensidade e longa duração sente-semenos o efeito do treino, mas o resultado perdura durante mais tempo.

Os segundos ou os princípios metodológicos são:Adaptação: Reacção do organismo a determinado estímulo que provoque adaptações,

tendo em conta a optimização repouso/aplicação da cargaContinuidade: A aptidão e a capacidade física aumentam e estabilizam se os exercícios de

treino forem aplicados regularmente e durante um período de tempo longoProgressividade: a aplicação dos exercícios de treino pressupõe aumentos quantitativos e

qualitativos, a estagnação da carga leva à estagnação das capacidades e dos resultadosCiclicidade: A melhoria das capacidades e do rendimento do praticante tem carácter cíclico

o que prevê o planeamento das cargas e exercícios de treino a curto, médio e longo prazoIndividualização: Não existem pessoas iguais, logo as cargas devem considerar as

características biológicas e psicológicas do praticante ou seja respeitar o princípio de esforçoindividualizado

Multilateralidade: o organismo é um todo e os exercícios de treino devem garantir odesenvolvimento das capacidades em termos globais e percentuais. Não devem basear-se apenasna especificidade da modalidade.

Os gestos motores que constituem uma técnica ou uma sequência em desportos decombate (defesa pessoal) são curtos e a sua execução deve ser explosiva.

Relacionamento entre as fontes de energia e a duração do esforço3

Duração do esforço Qualidades físicas correspondentes Fontes de energiaprincipais

0 a 15 seg Velocidade e Força Anaeróbia Aláctica30 seg a 2 min Resistência Anaeróbia Anaeróbia Láctica

O gesto motor e os exercícios de treino na defesa pessoal ou nas modalidades deartes marciais devem ser executados no mais curto espaço de tempo. Do conteúdo acimaexposto, verificamos que os mesmos utilizam as fontes de energia anaeróbias. As

3 Adapatdo e Castelo et al. (1998)

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capacidades físicas mais importantes em termos percentuais serão a velocidade, a força epor fim a resistência.

Conclui-se também que um atleta que possua predominantemente fibras muscularesbrancas (glicolíticas ou de contracção rápida) tem vantagens nesta modalidade.

Por fim chama-se a atenção para o planeamento do treino, nomeadamente asessão, os microciclos, mesociclos e macrociclos, os quais nos permitem gerir os diversosfactores que compõem o treino e a evolução numa qualquer modalidade.

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Paulo: Manole.

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§ Carvalho, N., (1997). O Karaté e a Defesa Pessoal (1ª ed.). Lisboa: Dina Livros.

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Universidade Técnica de Lisboa.

§ Cruz, S., (1997). Manual de Metodologia do Treino Físico (Compilação de textos do manual de

apoio à disciplina de Metodologia do Treino Físico, do 36º curso de Monitores de Educação Física do

CEFA - Centro de Educação Física da Armada, Alfeite). Almada: Base Naval da Marinha Portuguesa.

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§ Tegrer, B. (1972). Guia Completo de Karaté. Rio de Janeiro, São Paulo: Record.

§ Internet, (2007). Sites consultados onde foi efectuada pesquisa que ajudou na elaboração do

presente manual e que fazem parte integrante da bibliografia (pesquisados em Janeiro, 2007):

http://jjifweb.com

http://fjjdap.no.sapo.pt

http://fpj.pt

http://judoinfo.com/animate.htm

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CONCLUSÃO

Os conhecimentos adquiridos permitem-nos atingir a máxima eficácia como meio de defesapessoal, mas temos de ter presente que existem limites legais e morais que devem estar presentesquando agimos em defesa própria ou de terceiros.

Vivemos no seio de uma sociedade socializada e atentar contra a integridade de umapessoa, mesmo em legítima defesa, implica uma responsabilidade que a lei contempla.

O Ju-Jitsu é uma forma de educação, uma arte e não um meio de infringir a lei. Na verdadeo Ju-Jitsu leva a pessoa agressiva a dominar os seus impulsos. Com a prática constante do Ju-Jitsuas pessoas egoístas esquecem-se de si e acabam por aceitar os seus companheiros. As pessoascom dificuldades de sociabilidade podem ter na prática do Ju-Jitsu um meio de integração social.

O presente trabalho não constitui um fim em si, mas um meio de educação para o praticantede Ju-Jitsu. Também não é um trabalho acabado. Muito há ainda a fazer: como por exemplo defesacontra objectos e armas (facas pistolas), defesa contra vários adversários, desenvolvimento de Katasentre outros, os quais constituem trabalhos para desenvolver em futuras oportunidades. O Ju-Jitsu éuma actividade, uma arte aberta e inacabada.

“Vale quem sabe e actua, e não quemsabe, mas não age.”

Ramony Cajal

Torres Novas 2007