livro de poemas

104
1 Meu projeto de livro 1) Um lugar de música em mim 2) No céu, sem diamantes 3) Partida em Saudade (para constar) 4) Aqui e acolá Uma nova seleção; alguns do meu projeto anterior (que pode se manter, caso apareça alguma outra, possibilidade. Para constar, uma saudade

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Page 1: Livro de Poemas

1

Meu projeto de livro

1) Um lugar de música em mim

2) No céu, sem diamantes

3) Partida em Saudade (para constar)

4) Aqui e acolá

Uma nova seleção; alguns do meu projeto anterior (que pode se

manter, caso apareça alguma outra, possibilidade.

Para constar, uma saudade

Page 2: Livro de Poemas

2

Este livro é uma saudade

De um presente que morre sempre

Que resiste, existindo,

Dentro de nós

Page 3: Livro de Poemas

3

Sumário

Pelos lugares

Carnavalesca

Mareada

Urbana

Íntima

Despeço-me

Page 4: Livro de Poemas

4

Pelos lugares

Page 5: Livro de Poemas

5

Pátria Amada

As músicas se espalham pelo Brasil

Se unificam no Brasil

Sambando

Cantando

Em minha cidade Natal

Que será Fortaleza

Eu pulso em Recife

e Desaguo no Rio

Que a baía proporcionou

Este refluxo

Fluxo Eu Fluo

E deixo a vida

Via Paralelas infinitas

Me levar

Me Salvar

Eu me unifico

Quando me espalho

Pelo Brasil

E ecoa em Portugal

Tanto Mar

Tanto Amar."

Natal, 18/12/2009

Page 6: Livro de Poemas

6

Fortaleza

Tantos pedintes, desordenados, esculhambados,

Tantos aceitos

Desculpas... Por Existir

A metrópole escaneia uma face

E se engole mal

A gente se engole Mal

E anda sorrindo

E Vão subterfúgios

Aquela Novela Daquele dia Naquele Bar

Vão barreiras invisíveis

Desses Sistemas Invasores

Vêm essas Invasões Bárbaras

Dessas globalizações

São tantas vendas

São tantas moedas

E o Mercado Da Metrópole

Esse Mar Essa Vista

A metrópole tem tantas faces

Coragem

Desculpas... Por resistir

A metrópole É a garota

Cartão-postal, Crime

Desespero... Pra se vestir

Fortaleza, 2005

Page 7: Livro de Poemas

7

Recife

Recife é música

Para os meus ouvidos

Que o batuque me leve

Em boa hora

Pegue o batuque

E me leva embora.

Recife, Fevereiro de 2004

Page 8: Livro de Poemas

8

Mar a cato

Ainda não conseguiram construir no mar

E é assim que eu sei, sem ver

Essa água

Esses desenhos que essa audácia fez

Em Recife

Delirante

Esse samba

Esse batuque Desse Maracatu

Nesses limites

A corda-bamba Dessa Nau

Firme

A gente ri, desafia, Com os pés

Mar a Cato.

Recife, Março 2005

Page 9: Livro de Poemas

9

Renovar

Let time pass

Let time pass and clean everything

With renewed strength

Let me step into the wild

And the wind on my skin

Make it reborn … For every new day

Is a possibility of a new “me”

In a new place

Undiscovered today

Que eu consiga respirar paz para dentro de mim

Esperar e agir ansiosa por um amanhã

Que me renova e limpa sempre

Em que língua penso? Em que idioma sou?

Deixe tudo aberto e meu corpo ao avesso

Para lavar minhas entranhas

Eu sou sempre estrangeira em mim

E cada dia é uma possibilidade-de-ser

É qualquer tipo de invenção

Aceitar o tempo como vento

A purificar. A fertilizar.

Qualquer chão

É um caminho

Que se faz

Caminhando

Edinburgh, 10 de novembro, 2013

Page 10: Livro de Poemas

10

A Praia Imensa

Um areal imenso

Na Praia do Futuro

Um fortalezense se perde

E se encontra

Sem futuro

A natureza alcança o que a vista não

Os mares bravios amedrontam

Tentativas

De domesticação

A praia grande

já diminuiu de tamanho

Sua perda incontável

Sua dimensão incompreensível

Os ventos únicos moradores certos

Limpam o chão

E a maresia

Abre caminhos.

Natal, 8 abril 2010

Page 11: Livro de Poemas

11

Fortaleza dos Ais!

Ai!

Fortaleza dos Ais!

Tudo, e rápido, e agora!

Acontecendo

Ai meu Deus!

Caótica e bela

Sem descanso

Sem digestão

Uma coisa atrás da outra

E mais uma na frente

e nós no meio

Nós

Desenlaça a tua vida

Na paisagem rápida

E transitória

E nós acontecemos

Fortemente

E suspiramos

Coração sente saudade

de tanta Fortaleza

De tanta ação

Natal, 15.março.2010

Page 12: Livro de Poemas

12

Belgium

I cannot restrain my sense of sorrow

When I come, when I get into Belgium

Back to Belgium, shortly,

When I see the land, the flat land,

And the language,

That is lost, that is retained, somewhere,

deep, in me.

A precious and confounded treasure within me

For those my first years

When things were simple, joyful, and honest

And, by god! I have lost it!

However the country IS STILL

I am again, and back,

As I enter Belgium and recognize it

as a part at the same time undisturbed and unreachable

within me,

I cry

I cry for all I've lost,

I cry for what could have been

I cry for what has been, and is no more

My twisted life, I cry for my sorrows

For I am damaged

But I am still, and am free...

The phrase that remains, as such other words,

untranslated, and as an unfulfilled dream

that I only touch in now my holidays,

the phrase that I retained in my soul

Page 13: Livro de Poemas

13

Ik wil zo graag terug naar Belgie gaan

And I have lost again

For I now belong to so much, to so many

By surviving the worst

I became, and lost myself, in many

This is so natural

And so strange

That I see Belgium and I see my soul laid in front of me

And I weep

And I silence it

For I cannot go back

In time

And must accept, always,

As I have

The ever changing world

With Grace

As I reinvent (and loose) myself

Constantly.

Flandres, 3 Janeiro 2014

Page 14: Livro de Poemas

14

Carnavalesca

Page 15: Livro de Poemas

15

SE, mas não (mais não)

É que tudo na vida é

Em corda bamba, bamba

samba

É que tudo no ar

Levita – E é solto

E aí o corpo que se foi

Foi também um vazio

Esbofeteado na cara

Porque AR comprime o VAZIO

É que também só assim

Escutarei músicas

E tons – cores - de alegria

Há que ter muita calma

Paz, e esperança

Para relativizar

A bamba da vez

Que no passo da dança

Caminha lindamente

Para a frente

Page 16: Livro de Poemas

16

E te fisga de lado.

Você do lado

De cá

É bem mais legal.

Natal, 18. Agosto. 2012

Page 17: Livro de Poemas

17

Dance !

Em quantas danças

Você expôs a sua alma

E sorriu?

Em quantos carnavais

A sua existência

Superou qualquer significado?

E você, dançando, se calou

Pés cansados

E alma liberta.

Taíba,17 de fevereiro de 2010

Page 18: Livro de Poemas

18

E a música às vezes é tão linda Que dói

eu não vou conseguir escrever isto

Eu devaneio E minha alma corre solta

Minha mente e meu corpo esvoaçam

E sou ritmo

Em produção Contempla Ação

São estas cordas Este passo

Com passo

A música é tão linda

Insustentável leveza

Alma aguda e ferida E linda

Ah, meu senhor

Que há extravio em qualquer situação de minha vida

Eu ultrapasso o limite de ti

Extrapolando meu corpo

Eu sou música

E tudo dói E tudo sara

Tudo consola e instiga

A vida é tão linda Que dói

Meu coração e corpo

Embalados e soltos Em espiral

Esta brincadeira séria De dedos acariciando

Estas cordas

E a possibilidade de um grito

E silêncio

Meu som Sonho extrapola e evidencia meu corpo

E minha alma fica tão linda

Que dói. Fortaleza, 2007

Page 19: Livro de Poemas

19

É carnaval

De quem essas pessoas lembram quando

toca-se música romântica?

Quantas esquecem nessas músicas de samba?

Dança,

Dança, Querida

É carnaval

É alegria

Se agarra nesses teus passos

E pisa nessa memória,

prisão

É carnaval

Vertigem

Liberdade

É esquecimento

E um sorriso no rosto.

Recife, 2005

Page 20: Livro de Poemas

20

Me faz

O quê eu direi da música?

É que ela entra em mim E me expande

Um pouco mais

É uma vitrolinha E meus pés

Que chegam A diversas paisagens

E vários sorrisos

eu sou Rio

Extravaso

E me curvo Até onde me alcançam

Fora de alcance

Com a falta de teu toque

E a possibilidade linda

De outros a mais

E eu

Eu

Serei indivisa E máxima

Com a liberdade

Que O vento me traz

E música

me faz

Pipa, Janeiro de 2008

Page 21: Livro de Poemas

21

Completa

O meu corpo também tem vontades

Não é só a minha mente

A minha mente também tem vontades

Não é só o meu corpo

Você ainda não absorveu

O complexo de mim

Você entendeu?

Eu já nem sei

Mas sorrio Com malícia

E eu danço E escuto

E sinto E vejo

E música me faz quase tão completa

Quanto você poderia

Recife, 2005

Page 22: Livro de Poemas

22

Para preparar meu espírito

Escutando música

Para preparar meu espírito

porque hoje a noite é minha

Hoje a noite é rua

É minha

Me deixar à flor da pele

Desabrochar a noite

Renascendo em mim

Música faz de mim

Pacífico despertar

Lindo libertar

Encontrará, quem sabe

Alguém na rua

Lindo

Me descobrirá

Eu já nua rua

Sorriso teu

Meu será

Ou só meu espírito

Escutando música para me preparar

Natal, 11 de março de 2010

Page 23: Livro de Poemas

23

Você em mim

Quero ver você sambar 'pra mim'

Quero ver você dançar pra mim

Quero ver você cantar pra mim

Quero ver você olhar pra mim

Quero ter você feliz pra eu

Poder ser em você

E você ser em mim

Fortaleza, 2003

Page 24: Livro de Poemas

24

Dona Doninha

Dona Doninha

Mandou encher o copo

Repetir a dose

E chorar nos prantos

Para sim

Experimentar tudo

E testar aquilo

Que já passou de um teste

Sim, a Dona quer.

Saber se o costume é normal

Ou se as pessoas não quiseram ousar

Quis ver a cerveja transpirar

E os corpos também

A cana arder, o tanto que Seu Francisco conseguiu

E a fumaça secar O que o sol extraiu

Dona Doninha quis

Ver se podia

ou se era feliz

Arrisca

A risca

Desse plano

Adimensional

Beijar a boca

Da Aventura

Que é você

Fortaleza, 2004

Page 25: Livro de Poemas

25

Um Sentir Grande

Tão sensível porque eu tive e perco

Constantemente

Os momentos

Eu não posso segurar

Estanca meu coração

Abre mais um furo

Que também deixa luz entrar

Eu me firo tanto porque amo tanto

Eu me curo porque tenho tanto para amar

Eu sinto muito e dói e é lindo

Eu escuto música e eu pulso

E peço por gentileza

Ter coração tão grande quanto asas

Para voar

Pairar

Cair

Mergulhar

E pulmão também

Respirar

E ser grande

Page 26: Livro de Poemas

26

Sobreviver com muitos tons

Na minha pele

Que veio de algum ti

Eu morri de amor

Várias vezes

E ainda estou aberta

Para arranhar na guisa dos lábios

Muitos outros sorrisos.

Londres, 13.03.2014

Page 27: Livro de Poemas

27

Urbana

Page 28: Livro de Poemas

28

Pelo encontro

É pelo amor pelo encontro

Que eu amo

A cidade

Meus calos,

Meus joelhos

É pelo que eu encontrei que eu amo

O espaço que me apraz

Que te conduz

Até algum outro

É pelo amor à companhia que eu prezo

Olhar para dentro de mim, sozinha

Com música

Para digerir e encontrar

Equilíbrio

E não te atropelar no encontro contigo

Não me atropelar ao te avistar

É nessa vida que eu vivo

E que tento me realizar

É por amar que eu respiro

E acelero, e paro, e escuto

Page 29: Livro de Poemas

29

Viver é algum tipo de arte

Que com pés, olhos, sorrisos E tons, Se desenha

Alguma tatuagem de mim em mim

E em outro

Londres, 07.12.2013

Page 30: Livro de Poemas

30

Sitiada

Desde quando a tua grandeza me obstruiu?

É o pó dessas construções

E a sombra destes prédios

É o meu caminho reto E intercalado

Por sinais Que nada me dizem

É o reflexo De um milhão de coisas

Que eu não sei o que são

É uma Fortaleza sitiada

É o duro e opaco Muro

É o sol quente Que não vejo

A estufa daquele quarto Preto

É meu coração descompassado

É o barulho o ruído

E o silêncio

Silêncio?

De um domingo

É uma eleição É um teatro

Sem espectadores

É meu corpo doído

É meu corpo

Alguma coisa me castiga mais que eu

É muita gente

E vários amparos Vacilantes

É um excesso e falta

Alguma coisa que é nada

Eu engoli Meu soluço contínuo

Page 31: Livro de Poemas

31

À procura contínua

A uma solução

As minhas pernas sujas

E soltas pelo chão.

Fortaleza, 2006

Page 32: Livro de Poemas

32

Rompida

E minha alma chora

Murmuro baixinho com toda a força do meu grito uma

música

Que há de me entender e refletir

Eu, que não me entendo

Meus olhos vagueiam por essa cidade

E faço das ruas cheias o vazio

Luzes tão estáticas Os carros passam lentamente

As pessoas gritam lentamente. O silêncio reina

Eu, tão delirante

Ainda tenho uma sede interrompida

Ainda tenho pedaços

Rompida

Estralhaço de vez em quando o mundo

Explodo de vez em quando essa sombra de ti

Só pra ver se consigo sentir algum tipo de fogo

Nem que fosse raiva

Eu, armada, injustiçada

Borro o alvo

E mantenho um olhar amistoso

Mal me protege de mim

Fortaleza, 2004

Page 33: Livro de Poemas

33

Na Rua Perdida

A lama não impede de andar

A lama faz, desta paisagem dolorida,

Rua

A minha alma despeja e caminha

E algo de sujo se encontra na cidade

Algo de sujo se perde pela cidade

E se esconde

No misto de discursos

Incongruente

É ainda melhor cantar e dançar

E esquecer

Sem mentir

É preciso ainda sentir

Para poder ser

Pelos becos da cidade

Se esconde

Algum amor verdadeiro

Pelos becos da cidade

Se perdeu

Algum real seu

Page 34: Livro de Poemas

34

Que agora corre loucamente pela avenida

Pelo tempo da vida

Você se esconde

Tentando se encontrar

Pela alma perdida de pés

Eu tento ver

Quem está a me esperar

Em que endereço eu posso ser

Qualquer um

Teu adereço.

Decifra-me!

A cidade tem mais lógica

Que eu

Londres, 15.12.2013

Page 35: Livro de Poemas

35

Thank You

Open the doors

On a Monday

Just give me the floor

To walk on

The street

To tread upon

I’ll be happy enough

Because life is so beautiful

Although I loose myself

There’s no other way to find out

New places

New faces

In me

Give me a new week

A new heart

New feet

And I will continue

Restlessly

My horizon is the energy

That I can find in the world

And renew it

Page 36: Livro de Poemas

36

Through my hungry eyes

There is so much to see

So many ways to be

A beleza é uma questão de olhar

Londres 10.03.2014

Page 37: Livro de Poemas

37

Na China é Ano Novo

O dia com sol

Carinhosamente toca de dourado

A cidade

E minha alma

Eu sorrio sozinha caminhando na cidade

Que pulsa

Eu pulso

Porque faço o caminho

E tem tanta vida

E tem tanta energia

Que eu agradeço

Ao amanhecer permanente

Em minha alma

Londres, 31.01.2014

Page 38: Livro de Poemas

38

Do lado de lá

É que se o homem

Com toda a sua grande sabedoria

Fez-lhe mal

Não desespere

Há ainda por aí a natureza

A quebrar-te a paisagem

Que não privilegia

Do lado de lá do rio se vê

A margem de cá

Olhos melhores?

Do lado de lá ainda se tem

Uma perspectiva

Que te salva de ti mesmo

Se tu não inflares o peito

E manteres o pé no chão

Tu terás em medida teus passos

Resguarda aquele que não se infla

Porque esquecido

Estar no seio do desconhecido

É sobreviver

Page 39: Livro de Poemas

39

Sem se coagir

Estar perdido e sem amparo

É ainda algo bom

Olhares para todos os lados

E, esquecido

Poder se perder

De si.

Natal, 13.11.2014

Page 40: Livro de Poemas

40

Mareada

Page 41: Livro de Poemas

41

Mareada

Em algum lugar do mar

Jaz a minha libertação

E eu vou aos poucos me expandindo da cidade

Despedindo

Em algum lugar Ar em mim

Jaz o meu ser, que precisa se libertar

E ter carinho e movimento, para além de mim

Em algum lugar, meu mar

Eu sei me entregar

E eu sou ser de sal, água e sol

Nada mais, nada mais...

Eu sou tudo isso,

Eu inspiro a maresia

E me lavo por inteira

Meu sorriso olho é luz em reflexo

Em qualquer dia

E minha cidade é qualquer

Mar que me dá.

Natal, 17 de maio de 2012.

Page 42: Livro de Poemas

42

Esperando o mar

Ai que saudade do mar!

De correr ao ar!

Solta, rápida, contente!

Uma vela a me guiar

Meu corpo usado

Eu solta, leve, inteira

Sem limites, sem medo

Que saudade de devanear

De derivar ...

Ah que saudade dos H's

que quebram as palavras

E dão espaço aos meus mergulhos

Profundos e leves

Que saudade

De me encontrar!

De me perder...

No mar

Fortaleza, 11. março. 2011

Page 43: Livro de Poemas

43

Depois do surf, carnaval

O meu corpo e alma

Se realizam – plenamente – no mar

Inútil tentar descrever - apesar das tentativas -

Que o sol é fotossíntese da alma

E como arco-íris revelam os tons dos seres

E chão

Que submerge na água

Com força se faz também velocidade

Movimenta minha alma

Acariciando a pele

Inútil tentar expressar

Meu amor pelo mar

O essencial

É visível em meus olhos

Porque meu corpo é todo alma

Depois de deixar tudo de ruim

Escorregar para fora de mim

E me encharcar de ar.

Fortaleza, 21.fevereiro.2012

Page 44: Livro de Poemas

44

Paz-ciência

O que o mar me dá

E me ensina

Humildade, paciência e persistência

Que tudo lindo virá

E eu estarei em casa

No imprevisível mar

Que me toma em equilíbrio

Nas ondas vagas do tempo

Um ritmo que me ensina

A esperar.

Para poder andar nas águas

Não é milagre

É só tudo isso de energia

Admiração

E respeito.

Fortaleza, 2. Janeiro. 2012

Page 45: Livro de Poemas

45

Paz

Eu deixo a cidade em paz

E vou tão somente

Devanear no mar

Que espelha o céu e eu dentro de mim

Como descrever algo tão simples?

Como descrever algo tão forte em si?

Eu troco de cenário

e a cidade - com todas as suas lógicas

E “des-lógicas”

e mortes lentas de vida apressada -

É apenas meu cenário, não está em mim

Está para mim, quando eu puder

Minha casa flutua na certeza de não poder ser construída

Meu coração flutua na certeza de não pertencer

Ao piso esmaga dor

Aos entrepisos em que não caibo

Em que pouco respiro e mal vejo

Eu perco a vista no horizonte e não preciso pensar no que

veem

Se me veem, se gostam ou não

Page 46: Livro de Poemas

46

No mar eu SOU, simplesmente

Um repouso para o sol, um encontro com a água

Entre meus fios me dão ar

Sou da graça

De graça.”

Natal, novembro 2012

Page 47: Livro de Poemas

47

Reflexo

Que meu corpo é, também, feito de água

E em alguma parte a luz que reflete na água

E transforma sua cor

Interage em mim

Cor da minha pele

E meus átomos reverberam, e se acalmam

Com o vento que me aconchega

E me conduz

E sou qualquer coisa que precisa também escrever

– Além de agir, de ser entendida –

Algo em mim, mais profundo

Precisa sempre sair do cotidiano

E encontrar o conselho das águas, ares

De sonho

De sono

Que também é feito de ritmo

Das ondas temperamentais

Nunca iguais Em mim

A água também é um corpo

Universo Em que submerso

Page 48: Livro de Poemas

48

Um corpo cheio

Um copo vazio.

Fortaleza 13. Agosto.2011

Page 49: Livro de Poemas

49

Mar

Quero para mim um eterno verão

Intercalado

Levemente interrompido

Meu corpo busca o mar

No sol e na chuva

Na brecha do meu cotidiano

E na totalidade da minha folga

Folga (?)

Encontrarei teu espaço em meu tempo

Meu destino

São essas águas

E nas férias volto à minha casa

Que era outra

Nas férias exploro

O tão familiar

Desconhecido Mar

O Futuro de mim em passados

Verdes Bravios

A água a mesma

O oceano o mesmo

Eu mudo de lugar

E preciso o mar

Para me reconhecer

Em ti

Me encontrar.

Fortaleza 9.julho.2009

Page 50: Livro de Poemas

50

Íntima

Page 51: Livro de Poemas

51

Obrigada

Aos olhos do entusiasmado tudo ganha vida

E a arte transpira: pele, voz, olhos, ouvido

Aos olhos da vida tudo inspira

E a existência passa ao largo De ser mero atropelo

Para ser dia passado semeando amanhã

Sempre presente

Aos olhos da ação e da Criação: Sorrio.

Tudo Sim

E Nada Não

Londres, 7 de Outubro 2013.

Page 52: Livro de Poemas

52

Gratidão

É tanto amor e tanto acontecimento

Que eu acho que vou transbordar

De mim, e em mim mesma

Eu nem caibo mais em mim

Em energias eu me espalho

Ou ao menos tento

Que fique uma mão de carinho na minha irmã

Na minha família

E que eu exista neles assim como eles em mim

Porque eu preciso

E sempre continuarei

Caminhando

Que o pôr do sol também me enche

E me transborda Profundamente

Linda contradição

Que meus olhos sempre tragam luz

E que meu corpo nunca canse

Apesar tanta ação

Gratidão

São Paulo, 26 .Agosto.2013

Page 53: Livro de Poemas

53

Presente

Um sentimento bom de imprevisível vem dentro de mim

E do que eu já sei que aconteceu

Não faço questão de imaginar

Meu pensamento é só o próximo passo

Que a vida já me encharca só de abrir os olhos

Minha ocupação é só seguir

E aceitar desafios

Desfazendo fios que quase amarraram

Eu olho ao redor

E tudo que é livre

É uma possibilidade linda de expansão

- E ainda tem sol, e ainda tem música, e ainda tem livros

E ainda tem mares -

E meu corpo

Em sensações eu serei em toda parte

Em arte eu me desfaço e me reinvento

E danço em homenagem

A qualquer possível hoje

Natal, 10 Agosto 2013.

Page 54: Livro de Poemas

54

Nova

E a cidade se prepara para um novo Ano

A humanidade se prepara

Para um Novo que virá

Quê Virá

O corpo se prepara

Para um Novo Amor

Que virá

Se Virá

O amor se prepara

Para um novo corpo

Mais velho

Mais outro

Quem em mim

Nova Eu

Será?

Natal 20.dez.2009

Page 55: Livro de Poemas

55

Não sei o quê, mas é

É uma pontada na cabeça

É espaço faltando, espaço sobrando

É um quarto do lado de mim

Vazio

E me empurrando

Entrando dentro de mim

É pouca coisa

É muita coisa

É tudo isso que eu pedi

E meu corpo digere em tempo diferente de mim

É ter paciência com meu corpo

Foi um passado que voltou

Sem anunciar

É a mente que prega peças

E eu não consigo mais te ver

É minha mente confusa

Porque a sede sempre é tão grande

Que minha vida se equilibra

No contínuo insustentável

De ti, que não me viu

O outro que me perseguiu

Page 56: Livro de Poemas

56

De mim que não entendo

Eu perco e perco anos

De algo tradicional que deveria estar acontecendo

Que eu atropelei e deixei em algum outro universo

É a pontada na minha alma

Que não me sossega na cama

É a necessidade do sono

E a impossibilidade de dormir, bem,

Porque os sonhos denunciam

E o acordar anuncia

É o movimento insustentável

De um encontro contínuo

Com alguma barreira

Quando eu me vi tive medo do espelho

Eu olhei bem forte em meio a escuridão

Porque não queria a claridade

E tudo ficou um difuso enorme

Eu fico extremamente dividida

Se eu não consigo espalhar meu corpo no mar

Se eu não consigo fazer arte no papel

Se eu não consigo correr numa montanha

Porque a minha vista não aguenta

Page 57: Livro de Poemas

57

O que está dentro de mim

E uma sede sempre me faz querer ingerir

Algo que possa moldar meu corpo

E deixar minha alma

Repousar em outro alguém

Em outro ninguém

Que não eu.

Natal, 16 junho 2013

Page 58: Livro de Poemas

58

Águas de Março

Quão estranhos nos tornamos

E eu? Estrangeira em mim

Que do Amor grande Estranhamento

Quão estranho você

Que as rodas da vida

Me giraram

Tenho medo de proferir

O que repousa No mais profundo do meu ser?

Minha grafia é outra

Algum tipo de escrito Me ultrapassou

Tenho Declarações Conquistadas

Só eu não consegui

Me colonizar

Vivo desbravando

Alguma coisa Mágica

De remédio Nos outros

Virá Veneno?

Eu estrangeira em mim

Eu estrangeira

Não, você não compreendeu

Você, vocês me perderam

Nos hiatos dessas traduções

Minhas palavras apressadas

Desses gestos presumidos

Não, não choro mais

Meu caminhar Vem de uma Dor há muito consumida

Page 59: Livro de Poemas

59

Eu só me doo um pouco Em ti

Estrangeira

Procuro

Minha Pátria Ou Morte

Ou Vida

Anônima

Lucy, Só, Somente, Lúcida (?).

Natal, Março 2009

Page 60: Livro de Poemas

60

Ar te Liberta

Eu quero poemas poesias contos música

Para afirmar uma força que sou eu

eu quero o romantismo bem-datado de nossos encontros

e não quero mais chorar

eu quero o amor e o desgarrar dele

porque a arte liberta

a música liberta O preso de mim

A palavra li Aberta

Porque eu quero ar, o vazio que compõe meu ritmo

que era teu

eu quero desviar de cheios Quero me compor Cheia

E vazia lua luz CHEIA E tanto vento

E mergulho no mar

Sim, eu quero a poesia e o Amor De mim

visível por todos os lados, porque em pé só

risível por todos os lados e traslados

Este poema escrevo para alguém, para ninguém

Este poema escrevo, a música escuto, aquele texto leio

O mar mergulho e o ar CORRO, percorro

porque há um Amor

Na liberdade De se deixar levar

De se deixar E levar

A vida.

Fortaleza, janeiro.2008

Page 61: Livro de Poemas

61

É preciso alma

É preciso calma para ver o horizonte nascer

É preciso calma para ver o horizonte

Alma para ver

E me canso

O que se quer dizer "Voltar para as origens"?

É olhar, calmamente, para dentro de si

Encontrar o centro de si

E se perdeu?

Eu preciso desenhar para dissecar o que vi

Eu preciso escrever para orientar meus pensamentos

Confusos e claros

Eu também sou luz e sombra

Ocupo espaços E não mais te procuro

Mas vou te achar

Em algum outro tempo

Outros ventos

Por enquanto, é preciso calma

Para enxergar o caminho

Fortaleza 2007

Page 62: Livro de Poemas

62

Frágil

Eu tenho medo de me dar

Porque sei do meu ser Frágil

Se dar é quase uma coragem

E eu tenho medo

Porque eu Sei

Eu Sei Que no derradeiro Instante

Não Sei pedir

Não sei pedir que a outra Pessoa

Não se Vá

A minha teimosia de liberdade

Não passa de Prisão

Minha contradição

É que às vezes me dou à nada

Ao vento que me acha

A minha redundância

Minha insólita redundância

O Problema É que você longe está

E minha mente trabalha atropelando

Tanto

Que do duvidoso Acredito em nada

E tenho A tendência De procurar me desenrolar

Só pra não ter a certeza

De que ninguém estava me segurando

Fortaleza, 2006

Page 63: Livro de Poemas

63

Vontades

O quê é que você quer? Mesmo?

Até quando importa eu querer te dar?

Até aonde se é racional?

E a liberdade de todos é permitida?

Ou ela é assassinada nessa busca?

Sim, ando batendo em paredes

Trancada por inquisições

Das suas vontades na liberdade de mim

Sou também ferida

E nem sei mais se tenho vontades

Preciso que essas ligações sejam passivas

Quem ? Quem ?

Se alegra da minha alegria

Ou se apraz do meu conforto

Quem me olha no olho e não me devora selvagem

Quem me faz

Eu querer?

Quem não está onde estou?

Fortaleza, 2005

Page 64: Livro de Poemas

64

Lero-lero

Eu não ligo mais

Mudei de empreitada

Fui fazer outro jogo

Já fiquei tempo demais

Nesse lero-lero

Tanta coisa Tanta coisa

Que foi quase nada

Porque faltou

Faltou demais

E eu tentei desenrolar

Dancei tanto Que meus pés doeram

Meu caminho envelhecido

E eu mudei

Porque continuei a mesma

E eu mudei

Porque foi muito

Porque faltou

E lascou demais

Ter que admitir

Que eu tinha que

Exposição Severa

Por trás das cortinas

Minha vida de Amante

Me deu Asas mas não me deu chão

E eu 'Tô' mudando O jogo

Estou jogando vários

Page 65: Livro de Poemas

65

Só pra ver

Se quem brinca agora

Sou Eu

Só pra brincar

Só pra esquecer

Encher a minha cabeça

E destruir O compartimento do teu número

E eu estou

Sou

Alguém Com um potencial

Agora

Não mais o seu

Nunca serei a sua

Fortaleza, 2006

Page 66: Livro de Poemas

66

Amor

É no silêncio total que os meus pensamentos

Ganham voz

E você ecoa dentro de mim Eu esparramo para fora de

mim

É na música que meu corpo

Extrapola para além de mim

E eu te seguro para salvar a mim

Para te salvar

Eu me seguro

Para te aguentar

É na escuridão

Que você ganha curvas

É no mistério que eu te sei

E No meu mistério

Eu ganho curvas.

Fortaleza, 2006

Page 67: Livro de Poemas

67

O Cúmulo

O programa que quero

Não é classificado em jornal

Nem eu sei com antecedência

O que quero

Sem você

Tudo é um opaco enorme

E dor

E falta

Apesar de resignada

nada

Estou?

Bata em outra porta

Vê se me encontra na esquina

Ou do outro lado do mundo

Tanto faz

O mundo acumula

O cúmulo

De ter que ser

Depois de você

Fortaleza, 2007

Page 68: Livro de Poemas

68

Abriu Abril

O primeiro funeral que eu fui

O primeiro funeral que senti

Foi o do meu coração

Dá seus sinais de vida, por certo

Alguns sinais

Um golpe ou outro

Que perde força

Que pede força

Ao vento

Eu fiquei com medo

Tanto medo

Que nem bebi mais muito

Nem senti mais muito

Eu fiquei com tanto medo de lembrar

Meu velório

Que eu não mais me senti

Eu sem ti.. Agora descubro

Novamente

Que eu não posso é mais

Ficar sem mim

Preciso agarrar Cá comigo

Minhas dores, meus amores

Meus Eus... Minhas inúmeras vidas

Deixar- me correr

Falar baixinho pra minha força

Ter vontade de mostrar as caras

Page 69: Livro de Poemas

69

Que quase esqueço minha feição já

Eu escuto música e fico praticamente

profundamente Completa

Complexa

E simples

Como esse batuque

Eu vou dançar

E deixar um par

Se arrumar.

Sem par

Eu vou é me arrumar.

Fortaleza, Abril de 2009

Page 70: Livro de Poemas

70

Extensão

A minha palavra vai chegar ao teu corpo

E lhe acariciar

Meu toque vai lhe dizer

Quanto tempo falta

Para nada mais faltar

Meus sentidos vão se fazer união

Com os seus

Sentimentos

Eu vou lhe completar

Com o nosso verso

Eu vou te buscar para mim

Do fundo do meu ser de sono

E sonho

Eu vou te deixar ser para mim

A tua voz vai me percorrer

E a minha

vai ser simplesmente

Tua extensão

Fortaleza, 2006

Page 71: Livro de Poemas

71

Do meu amor

Ao leve toque Do meu amor

Meu coração se esparrama

Minh'alma arrepiada

Ele mitiga meu egoísmo

E eu quero dar a ele

Um sorriso Dele E meu

Para que nossos Ecos sejam sempre felizes

O meu amor Me toca

E evidencia Toda a possibilidade

De Meu

De Nosso

Ser.

Pipa, 2006

Page 72: Livro de Poemas

72

Ano Novo

E a cidade se prepara para um novo Ano

A humanidade se prepara

Para um Novo que virá

Quê Virá

O corpo se prepara

Para um Novo Amor

Que virá

Se Virá

O amor se prepara

Para um novo corpo

Mais velho

Mais outro

Quem em mim

Nova Eu

Será?”

Natal, 20 de dezembro de 2009

Page 73: Livro de Poemas

73

Por Respeito

Fecham-se os escritos

Um momento de silêncio, faz favor

Qualquer erro de conduta

Pode ser uma agressão

Neste momento

Calar-se é admitir

Que as palavras faltam

E são necessárias também

Para virar o momento

Palavras virão

Eu olharei para o vento

E esperarei

O virar do dia

Semear, na tempestade,

Toda a energia do sol

Que meu corpo Espera

Por enquanto

Eu vou só Receber.

Fortaleza, 16. janeiro. 2013.

Page 74: Livro de Poemas

74

Para viver

Tentando viver do lado de uma montanha de problemas

Tentando sobreviver soterrada numa pilha mal-humorada

Que se desfaçam os fios e que libertem minha alma

Que eu tenha paz de espírito para não virar este problema

Que o humor não me abandone, apesar do desespero

Que eu não desista de resolver

Que eu consiga extrair de raiz profunda

O discernimento, a paz, a força-motriz e boas energias

Que eu não desanime

Que meus amigos me entendam apesar desta carga

Que eu consiga aniquilar esta carga e caminhar bem

Que eu consiga dançar

No rosto dos desafortunados que me dificultam a vida

Que eu ofereça a eles minha vida em flor

E que seus venenos para mim se transformem

E se despedacem no mar.

Fortaleza, 26 de janeiro 2013

Page 75: Livro de Poemas

75

Sempre Nova

Que a dor não venha

Sem algum tipo de aprendizado

Que o suave não cegue

Ao conformismo

Que se tenha coragem

Para enfrentar

E também se deixar ir

Ao favor da maré

Que os olhares reflitam

Algo de dentro de mim

Que eu não posso ver

Que eu me respeite mais

Que eu tenha paz para deixar

O que precisa ser esquecido

Que eu sorria muito

Sem ter quem veja

Que a minha vida seja apenas uma consequência

De um caminhar em acordo

E minha pele uma pequena transição

Page 76: Livro de Poemas

76

Da minha energia de dentro pra fora

Da energia de fora para dentro

Em harmonia

Que eu saiba buscar

E possa compartilhar.

Valorizar o que for bom

E deixar o resto

Cair

Toda prece é algum tipo de esquecimento

Fortaleza, 31 de Dezembro 2012

Page 77: Livro de Poemas

77

Sim enterra não

Jogar paciência

E escutar uma música

Enquanto o mundo cai

Porque mesmo?

Porque eu não tenho força para tudo isso

Porque me fará bem

Apesar de todo esse mal

Dispensar todo esse mal

Porque o que não posso segurar

De efêmero

Terá que ser vivido

Apesar de incontrolável

Meu destino

É minha criação

Porque é melhor um sorriso

Cara a tapa

Que o peso

Me enterre não.

Natal, 9 novembro, 2012

Page 78: Livro de Poemas

78

Precisava e tinha

Se precisasse de desculpas para viver já teria

Algum sentido No sentir-o-mar

Se precisasse de desculpas para viver. Faria

Mesmo em meio a tanta escuridão e incertezas

Festejar o novo ano, velho ano

E desejar o infinito começo e fim

De cada dia

Que a vida promete

Apesar

Da escuridão

Se precisasse de desculpas para viver: Encontraria

Um amigo, uma amiga

Que lhe entenderia

Com e sem palavras

A silenciar este não.”

Natal, 20.10.2012 (para Amanda)

Page 79: Livro de Poemas

79

Espalhados ao Vento

Minhas festas e partidas e repartidas da vida

Não têm lá uma turma tão grande

Não cabe em mim

conseguir digerir

TANTAS pessoas tão grandes como essas que aqui estão

Estarão ao meu lado

Eu já mal caibo em mim

E não cabe a mim

determinar

Quem o destino me sopra ao vento

E se encontra ao lado de mim

E se deixa repousar

Mas são GRANDES e ÚNICAS pessoas

A quem agradeço o reflexo na existência

E que por estarem espalhadas

Vivo a vida com uma saudade

Que cadencia meu passo

Eles passarão, eu passarei

E levarei comigo

E redescobrirei já sabendo

Page 80: Livro de Poemas

80

Pessoas metade de mim

Meu infinito é feito de vários

E poucos

Únicos

Natal, 8. Agosto. 2012

Page 81: Livro de Poemas

81

Seria

Na teoria seria

Na teoria Si Ria

do oceano que separava

O universo de palavras - Da natureza

Que dominava

À flor da pele seria

O leito de algum sonho

Que se perdia em imagens

E sentimentos

Nada que pudesse explicar

A felicidade e a angústia

Daquele dia

Em que me abandonou

Nada que pudesse

Nada que explicasse

Na teoria se Ria

Na prática engasgada

Num mar de choro

Mas também sem explicação

A transformação de si

Encontrada livre

Page 82: Livro de Poemas

82

No nada, pelo vento

Sem mais nenhuma pretensão.

Fortaleza, 21.julho.2010

Page 83: Livro de Poemas

83

Mundana

Talvez eu chegue a um ponto na minha vida

Em que eu consiga apenas simplesmente admitir

Que fui humana

Que não controlei minhas carências

Mas que mantive uma linha raciocínio Orgulho

Que me arrancou de mim e me manteve O caminho

Meu

Que me trouxe e me atirou em portos

E fui surpreendida – continuamente – comigo mesma

Aprendi e desaprendi, e esqueci se havia o que saber

O que saber, que não fosse o que sentir

Talvez eu admita, que apesar de todas as incursões

Não há um sorriso que não abra a porta certa

Que a única solução é buscar a pitada de alegria

Num universo de tristezas, que definhará...

(Justamente por isso)

Talvez eu tenha mais coragem, e me desgarre do cômodo

E saiba que é preciso, aceitar a liberdade

Que os sustos irão

Me colorir, e suspirar, e sorrir-grito!

Talvez eu saiba admitir e aceitar

Page 84: Livro de Poemas

84

Que apenas um caminho incerto pode chegar

Em algum pedaço inteiro de mim.

Fortaleza 19.julho.2012

Page 85: Livro de Poemas

85

Para não se Perder

Eu já aceitei

Muita esmola como se fosse tesouro

Eu já pedi

Muita esmola e tratei como tesouro

Sorria iludida e com fome

E me perdia de mim

É preciso quebrar esta linha

O que eu aceito é o que peço

Aprender

O que eu peço é o que eu aceito

Nada mais virá senão

Se eu me dou em flor e há tanta energia em mim

Amor em mim, sorrindo para “tis”

Sou tesouro

Porque frágil

Não tenho moeda de troca

Tenho dores de despejo

E preciso sempre

Valorizar

Simplesmente para não quebrar

Page 86: Livro de Poemas

86

É preciso estar atenta e bem consigo

Para não aceitar um qualquer...

Meia palavra, meia vida

E me despejar

Tão preciosa, por aí,

E andar doendo.

Londres 06.03.2014

Page 87: Livro de Poemas

87

Estou protegida por todas as frentes

Porque eu caminho entre interiores exteriores e há por

todo lado tanto amor

Porque eu também sou amor

Da cabeça aos meus pés

Que comprimem o chão e dão leveza ao meu corpo

E eu ganho imaginação em livros

Que expandem meu ser

Que pouco sabem do que eu recrio a partir deles

Das palavras que me dão

E Meu ser é todo imaginação

Em criação.

Londres, 05.02.2014

Page 88: Livro de Poemas

88

My Feelings

My house is being taken over

By birds

Invaded

They lash their wings over me

As I try to hide myself

My life is drifting

And the inevitable time

Is taking over

Is taking me over

And I am drifting

Time is drifting away

And me...

I fight

I resist

I loose Myself

For lack of wanting to find me

I hide away

And nature

Shows whose boss

I accept it As I run wildly

Too fast, too slow

Page 89: Livro de Poemas

89

I need to drift

I can’t allow myself to drift

I fight

And try to rest

But there is no peace in my home

In my heart

I resist

But life has taken me over

Oh! So many times

And I let myself

Fade away

I let all people

Fade away

There is no peace in my country

No peace in my heart

My Eternal war

Is thrived

Underneath this perpetual

Sun

Exasperatingly

Overwhelmingly

Misunderstood

Page 90: Livro de Poemas

90

In this endless summer

Natal, 27.09.2014

Page 91: Livro de Poemas

91

Isto também Passará

Cantando e trabalhando

E tendo calma para me preservar

Justa a mim mesma

E ao dia, que ainda me vem, hoje

Presente

Que o caminho não há

Ele se faz

Em se traçando

E a janela que eu tenho agora

É só Esta

Mas a casa é minha

O corpo é meu

E eu não posso esquecer

Das flores

Do canto

Dos pássaros

E que a minha consistência

Foi feita

Para aguentar, sempre.

Muito mais que isso

Page 92: Livro de Poemas

92

E superar

Com um passo no pé

Um sorriso

Forte No Rosto

E avante, sempre...

Olhando, sempre, ao meu redor

Para não perder a primavera

Que também Passará.

Natal, 03.10.2014

Page 93: Livro de Poemas

93

Despeço-me

Page 94: Livro de Poemas

94

Apenas um detalhe

Era muito pequena, muito tímida

A flor que deu cor à cinza

Era muito vento e ainda

A flor não caía

Era muito vulnerável

O pequeno sentimento bonito que se instalava

E gritava algum tipo de independência

Apesar, a pesar

Das carências

Era um detalhe

Mas fez alguma - e toda - a diferença

Era muito simples a nossa cor

Que passava despercebido

Para quase todos

No entanto deu sentido para minha vida

E guiou meu caminho imprevisível

Para apenas um sensível tradutor

Saber me ler

Me ver.

É um sorriso apenas, que o vento leva,

E me eleva,

Page 95: Livro de Poemas

95

Uma nota que se perde

Um vento que me bate

E eu já fui.

Fortaleza 10.julho.2012

Page 96: Livro de Poemas

96

A deus

Eu lhe desejo muita paz

Pra lidar com as adversidades

Eu lhe desejo muito Amor

Pra lidar com as correntezas

Lhe desejo muita Fé

Pra ficar Em pé Consigo mesmo

Eu lhe desejo

Meu bem-querer

Tudo que quero pra mim

Pra que os ventos nos comuniquem

Um som agradável

Eu desejo

E meu sono será tão profundo

Quanto meu acordar

Eu vou resplandecer Alegria

E, de alguma forma,

Terei ela de volta Pra mim

Para algum 'Nós'

Fortaleza, 22 de maio de 2008

Page 97: Livro de Poemas

97

Á deriva

Meu destino é andar por aí

Só risos

Pescar alguma coisa no vento

Capturar o Ar

Desse e daquele momento

E expirar

Meu destino é plainar

Viver Por aí

No leito daquele mar

Que será sem medida

Me soltar

O porto qual quer?

Um porto qualquer.

Fortaleza 28.01.2010

Page 98: Livro de Poemas

98

Retrospectiva

Em quantos portos eu já não estive?

Minhas saudades

Quantas plataformas

E distâncias Em meu peito

E recordações

E quantas coisas

Hoje

Presente

Esse mundo e pessoas

Aceleram meu coração

taquicardia

pelo destino

Eu sou um pouco tudo

Mas não consegui uma forma de me espalhar

Por todos

E me aperta E me constrói

Essa condição

Mesmo mar de ligação e distância

Eu mergulho nesse devir

E o caminho é que me faz o momento

Eterno

Até mais

sobre o oceano atlântico (entre Portugal e Brasil) 2005

Page 99: Livro de Poemas

99

Respectfully, Yours

Maybe I just feel too much

Your grace, my disgrace

Maybe this life is just too much

Too little

Maybe it is just so beautiful

That I explode from within

Because I cannot take it in Me

And carry it away

I am extremely thankful

While I cry for the uncertainty of it all

I accept it with some grace

I fall in pieces but I can see

The air between me that gives me, also,

Some kind of laughter

I love and I accept leaving, and I grow

And I feel small

For some inquisitions that wait for me, still

For too much air and wind and joy

That takes my ground away from me

Page 100: Livro de Poemas

100

However, trembling, I am still able to walk

Maybe I feel too much

As I leave myself behind in you

And have to accept

My forever transitory way

And my breaking and given away

In so many places

Je vais dans la vie

Contre le flux

Protegé pour mes amies

Répartie en mes amies

Londres, 05.04.2014

Page 101: Livro de Poemas

101

The Sun is Out

It’s sunny and there’s no time to get gloomy

The sun is out and there’s no time left

To feel gloomy

Life is springing from every remote corner

And there is no time for you

And to feel gloomy

I’m sorry

But I’m not

I breathe and there is so much life that comes,

Constantly,

Into me

That there is no time

To feel ungrateful

I smile and I hug the unreachable air

And I must fly and miss all of this

That I have been living

Ferociously

Time is my present and my only master

I’m not sorry

Page 102: Livro de Poemas

102

I breathe in

And I’ll take a few other smiles with me

As I leave this

And leave myself here

Catch me there

Don’t catch me anywhere

Londres, 13.04.2014

Page 103: Livro de Poemas

103

Partida em Saudade

I am walking with wholes

Filling me up

I am so light and so heavy

I leave you with the certainty that

I am more whole because this all happened

was incredible

I am undefined now

I'm not sure of tomorrow

I am unbalanced today

But I can only accept

With some grace

And know that I have to smile

To be true to life

But as I leave you

There is a fear creeping in me

There is a bit of me left behind

There is too much air

Over too much water

Deixo uma parte de mim

E ando enviesada

Como eu posso segurar o tempo?

Page 104: Livro de Poemas

104

Como eu posso dar conta dele?

Como eu posso continuar com minha terra desventurada

Quando criei outra casa?

Quando eu já tinha outra casa?

Como eu posso encontrar aconchego depois de tudo isso?

Partida ao meio, aos quartos

Do mundo

A mim me falta me ter

Em ti que eu me deixei ser

Vou desenhando

Alguma existência simplória

Algo de sobrevida gritada com paixão

Em respeito ao que sou

E ao que fui

É preciso continuar

É preciso caminhar

A pesar de deslocada

Ainda sou mais que antes

Ainda te tenho também em mim

Lisboa, 03 de maio, 2014