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SUMÁRIO Parte I: Colônia......................................2 Capitulo 1: As bandeiras e o início da colonização de Mato Grosso.................................................... 3 Capitulo 2: Administração das Minas.......................7 Capítulo 3: O abastecimento das Minas....................10 Capítulo 4: Fronteira no Século XVIII....................11 Capítulo 5: Sociedade da Mineração.......................16 Capítulo 6: Transferência da Capital de Vila Bela para Cuiabá................................................... 22 Atividades............................................... 25 Parte II: Império....................................... 34 Capitulo 7: Rusga........................................ 35 Capitulo 8: Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870).......38 Capítulo 9: A cidade de Cuiabá na segunda metade do século XIX...................................................... 43 Capitulo 10: Quadro econômico de Mato Grosso (1870/1930). 45 Capitulo 11: Transição do Trabalho Escravo para o Trabalho Livre em Mato Grosso.....................................54 Atividades............................................... 59 Parte III: República...................................67 Capitulo 12: A República em Mato Grosso..................67 Capítulo 13: Movimentos sociais que marcaram o período republicano em Mato Grosso...............................72 Capítulo 14: A Coluna Prestes em Mato Grosso.............78 Capítulo 15:Nos trilhos da Modernidade...................79 A Construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil....80 Estrada de Ferro Madeira – Mamoré......................81 Trabalhadores da Estrada de Ferro Madeira - Mamoré.....84 Capítulo 16: Comissão Rondon: Construção das Linhas Telegráficas............................................. 85 Serviço de Proteção ao índio...........................87 A Política do Índio na República.......................88 Expedição Roosevelt- Rondon............................89 Capitulo 17: Era Vargas em Mato Grosso...................90 Governo Provisório de Vargas (1930-1934)...............91 1

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SUMÁRIO

Parte I: Colônia...............................................................................................................2Capitulo 1: As bandeiras e o início da colonização de Mato Grosso..................................3Capitulo 2: Administração das Minas.................................................................................7Capítulo 3: O abastecimento das Minas............................................................................10Capítulo 4: Fronteira no Século XVIII.............................................................................11Capítulo 5: Sociedade da Mineração................................................................................16Capítulo 6: Transferência da Capital de Vila Bela para Cuiabá.......................................22

Atividades..........................................................................................................................25Parte II: Império................................................................................................................34

Capitulo 7: Rusga..............................................................................................................35Capitulo 8: Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870)........................................................38Capítulo 9: A cidade de Cuiabá na segunda metade do século XIX................................43Capitulo 10: Quadro econômico de Mato Grosso (1870/1930)........................................45Capitulo 11: Transição do Trabalho Escravo para o Trabalho Livre em Mato Grosso....54

Atividades..........................................................................................................................59Parte III: República..........................................................................................................67

Capitulo 12: A República em Mato Grosso......................................................................67Capítulo 13: Movimentos sociais que marcaram o período republicano em Mato Grosso...........................................................................................................................................72Capítulo 14: A Coluna Prestes em Mato Grosso..............................................................78Capítulo 15:Nos trilhos da Modernidade..........................................................................79

A Construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil.................................................80Estrada de Ferro Madeira – Mamoré............................................................................81Trabalhadores da Estrada de Ferro Madeira - Mamoré................................................84

Capítulo 16: Comissão Rondon: Construção das Linhas Telegráficas.............................85Serviço de Proteção ao índio.........................................................................................87A Política do Índio na República..................................................................................88Expedição Roosevelt- Rondon......................................................................................89

Capitulo 17: Era Vargas em Mato Grosso........................................................................90Governo Provisório de Vargas (1930-1934).................................................................91Tanque Novo.................................................................................................................93Estado Novo (1937-1945).............................................................................................94A Administração de Julio Müller em Mato Grosso......................................................96Marcha para o Oeste.....................................................................................................96Expedição Roncador-Xingu..........................................................................................98

Capítulo 18: República Populista em Mato Grosso..........................................................99Capitulo 19: Mato Grosso durante a Ditadura Militar (1964-1985)...............................102

Colonização do Norte de Mato Grosso.......................................................................102A Divisão de Mato Grosso..........................................................................................105

Capítulo 20: A Nova República em Mato Grosso..........................................................107Atividades........................................................................................................................113Referências Bibliográficas...........................................................................................122

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Parte I: Colônia

Capitulo 1: As bandeiras e o início da colonização de Mato Grosso

Para abordamos a fase inicial da colonização do Mato Grosso, é preciso mencionar o processo de colonização do Brasil.

A colonização do Brasil foi um empreendimento da Coroa Portuguesa e se deu no início do século XVI e esteve inserida nos moldes do mercantilismo.

A política mercantilista caracterizou o Estado Moderno e teve como objetivo o fortalecimento do Estado e o enriquecimento da burguesia. Para alcançar os seus objetivos, a política mercantilista seguiu alguns princípios básicos:

a base da riqueza de um país era medida pelo acúmulo de metais preciosos.cabia ao Estado manter uma balança comercial favorável, isto é, as exportações deveriam ser maior que as importações.o protecionismo aos produtos nacionais evitando desta maneira que mercadorias semelhantes ou iguais entrassem no país.o estabelecimento de colônias para a produção de matérias-primas baratas, assim como a exploração das riquezas minerais ajudariam a suprir as necessidades básicas das metrópoles.o pacto colonial que estabeleceu que as colônias somente podiam comercializar com as suas metrópoles e a criação de Companhias de Comércio que garantiam o monopólio do sistema colonial.

Assim os estados europeus, que adotaram o mercantilismo tinha como preocupação resguardar às suas colônias dos demais países, e por isso se empenharam em cuidar diretamente da administração, impondo a colônia uma pesada cobrança de impostos. Entretanto a medula do sistema colonial, residia no pacto colonial. È no pacto colonial que está a exploração mercantil, que a colonização incorporou da expansão comercial, da qual foi um desdobramento.1

Nos primeiros trinta anos do “descobrimento”, Portugal não se empenhou em implantar um sistema administrativo no Brasil, uma vez que o seu interesse maior era o comércio das especiarias no Oriente. Nos primeiros anos da “descoberta”, o governo português preocupava-se somente em enviar expedições de reconhecimento e explorar o pau-brasil existente na Mata Atlântica.

A política portuguesa com relação ao Brasil mudou somente a partir de 1530, quando inicia-se de forma efetiva a colonização. Essa mudança de postura ocorreu devido aos ataques de contrabandistas franceses no litoral brasileiro e pelo enfraquecimento do comércio de especiarias.

Assim seguindo as determinações de Dom João III, rei de Portugal, a expedição de Martim Afonso de Sousa chegou ao Brasil em 1530. Essa expedição visava expulsar os franceses do litoral, observar as características geográficas da nova terra e fundar povoamentos.

Para iniciar a colonização foi implantando na colônia o sistema de Capitanias Hereditárias, isto é, o governo português dividiu as terras e resolveu doá-las para

1 Novaes, Fernando. O Brasil nos moldes do Antigo sistema colonial. In:Brasil em Perspectiva, p19.

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elementos da nobreza. Desta forma, o governo português estava transferindo o custo da colonização aos particulares.

Concomitantemente a implantação das Capitanias Hereditárias, a metrópole decidiu escolher a cana-de-açúcar como produto econômico para promover o projeto colonizador.

A opção pela cana-de-açúcar explica-se pela experiência de Portugal no cultivo deste produto, nas suas colônias africanas, isto é, Açores, Cabo Verde e Madeira. Outro fator importante foi a vastidão de terras, as condições climáticas e geográficas (solo massapé), assim como a existência de um mercado consumidor na Europa.

O plantio da cana-de-açúcar e a produção de seus derivados se deu inicialmente em São Vicente, e posteriormente na região nordeste, porém a Capitania do Pernambuco foi a principal produtora.

A produção do açúcar ocorreu através do sistema de plantation: produção agrícola baseada no latifúndio (grande propriedade de terra), monocultura ( somente produção de açúcar), com mão-de-obra escrava e voltada para atender o mercado externo.

O sucesso deste empreendimento econômico se deu também pela participação dos holandeses, que financiavam a produção. A maquinaria para os engenhos, instrumentos de trabalho e aquisição de escravos africanos eram financiados pelos holandeses, que em troca receberam o monopólio do refino e da distribuição do açúcar no mercado europeu.

Enquanto o açúcar representava a riqueza das capitanias do nordeste, a Capitania de São Vicente não obteve com este produto o mesmo sucesso, pois a sua produção não podia concorrer com a capitania do Pernambuco e da Bahia, pois a capitania de São Vicente era distante dos mercados europeus e o solo dessa região era imprópria para a agricultura. Portanto, esses fatores acarretaram na decadência do açúcar em São Vicente.

Com a decadência açucareira, São Vicente tentou ainda desenvolver uma agricultura de subsistência cultivando arroz, feijão e milho.

A população de São Vicente diante da pobreza resolveu investir em outros empreendimentos para superar a crise econômica, entretanto, tudo foi em vão. Assim diante destas circunstâncias, o homem do planalto vicentino buscou nas bandeiras a saída para a sua crise.

Na tentativa de superar a crise econômica que abatia a capitania, as bandeirantes enfrentaram os perigos, as incertezas do sertão para aprisionar índios, que eram conduzidos para o planalto paulista para serem usados como mão-de-obra. Assim muitos jovens da Capitania partiam para o interior da colônia em busca de cativos e para montar as suas expedições recebiam ajuda financeira dos pais ou do sogro, que financiam as expedições pensando em aumentar os seus lucros. Essas expedições contavam com a presença de sertanistas, que conduziam os jovens na viagem. Portanto, nem todos os paulistas eram bandeirantes por vocação.2

As bandeiras consistiam em grupos de homens que saiam organizados em expedições particulares com o objetivo de penetrar pelos sertões a procura de, índios para o cativeiro, de negros foragidos da escravidão e posteriormente à procura de metais preciosos.

2 Monteiro, John Manuel. Negros da Terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo, p.86-87.

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As bandeiras eram organizadas militarmente, sendo compostas de centenas de homens. Além dos paulistas, muitas bandeiras eram compostas de estrangeiros, desertores e fugitivos da justiça.

Para adentrarem no sertão, os bandeirantes usavam principalmente os caminhos fluviais. Ao atravessarem os rios, enfrentavam vários obstáculos como cachoeiras, corredeiras e saltos. Para sanar essas dificuldades, optavam muitas vezes em continuar a viagem à pé. Por isso era comum, os bandeirantes transportar barcos e canoas por terra.3

Os bandeirantes, logo perceberam que para superar as dificuldades precisavam domar a natureza, e para isso buscaram o saber indígena. Aliás, a presença de índios nas expedições foi fundamental, pois eram utilizados como guias, batedores, coletores de alimentos ou guarda-costa da expedição.4

Cabia aos índios guiarem os paulistas pelos rios, carregar as mercadorias, procurar nas matas os frutos silvestres, as raízes, lagartos e cobras para saciar a fome dos bandeirantes. Nas viagens mais longas, os bandeirantes estabeleciam pequenos arraias e roças para abastecer os sertanistas. Nestas expedições, “as vezes, alguns índios eram despachados com antecedência para plantar os alimentos que serviriam para sustentar o corpo principal da expedição e os cativos na viagem de regresso.5 Muitas destas roças acabaram dando origem a povoações no interior do Brasil, a exemplo disso temos em Mato Grosso; o Arraial de São Gonçalo.

No decorrer da viagem ao ficarem doentes, os bandeirantes buscavam principalmente na medicina indígena o tratamento adequado para curar os seus males. Não estamos afirmando com isso que desprezavam a sua medicina, pois traziam também em sua bagagens maletas com poções e bisturis para a prática da sangria.

Para o confronto com os índios que resistiam a sua dominação, os paulistas utilizavam arcos e as flechas, lanças, facões, machados, mas não dispensavam o uso das armas de fogo como a espingarda e a carabina.

Desta maneira, podemos verificar que para alcançar os seus objetivos e enfrentar as dificuldades impostas pelo cotidiano, os bandeirantes dominaram os índios, destruíram aldeias inteiras e ainda se apropriaram do seu conhecimento.

Inserir uma imagem de bandeirante

As bandeiras e a conquista do sertão mato-grossense

Em 1674, a bandeira de Fernão Dias Falcão encontrou em Minas Gerais uma pequena quantidade de ouro, e em 1694, Bartolomeu Bueno da Silva descobriu jazidas de auríferas na Serra de Itaberaba. A descobertas destas minas correram pela colônia, chegou a Portugal, atraindo muitos aventureiros a região.

A chegada desses aventureiros causou um descontentamento nos paulistas, que passaram a chamar pejorativamente os forasteiros de “emboabas”. Tal atitude e a

3 Chiavenato, Julio. Bandeirismo: Dominação e Violência, p.76.4 Priore, Mary. O Livro de Ouro da Historia do Brasil, p.87.5 Monteiro, John Manuel, Negros da Terra: índios e bandeirantes na origem de São Paulo, p.90

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ganância pelo ouro acabou provocando um conflito entre os paulistas e os portugueses que vieram em busca do ouro em Minas Gerais; a Guerra dos Emboabas.

Nesse embate, os portugueses foram vitoriosos e após o conflito, o governo português passou a controlar as minas. Os paulistas diante da derrota resolveram continuar as suas incursões pelo interior.

Foi nesse contexto histórico que se deu a chegada dos paulistas ao atual Estado de Mato Grosso.

Inicialmente, os paulistas chegaram a essa região com a intenção de buscar índios para a escravidão. Apesar da legislação portuguesa combater à escravização do índio, o comércio de negros da terra (índios) era bastante freqüente.

Os paulistas ao entrarem em Mato Grosso, logo perceberam que na região habitavam muitas tribos índigenas, como os Coxiponé, Beripoconé, Bororo, Paresi , Caiapó, Guicuru, Paiaguá e muito outros grupos.

Assim muitos paulistas penetraram por estes sertões interessados na captura destes índios. No entanto, foi com a bandeira de Pascoal Moreira Cabral, que os interesses dos paulistas e de Portugal cresceriam por esse território.

Em 1718, o bandeirante Antônio Pires de Campos chegou a região do Coxipó-Mirim para aprisionar o índio Coxiponé para levá-lo para São Paulo. No ano seguinte, a bandeira de Pascoal Moreira Cabral avançou pó essa região à procura do índio coxiponé, e acabou encontrando ouro. Segundo o cronista Barbosa de Sá, os homens da bandeira ao lavarem os seus pratos no rio Coxipó acabaram encontrando o ouro por acaso.

A presença da bandeira de Pascoal Moreira Cabral naquele local incomodou os indios aripoconé, que acabaram atacando os paulistas. A sorte destes bandeirantes foi que neste instante, a bandeira dos Irmãos Antunes chegou e prestou socorro a Pascoal Moreira Cabral e os seus homens..

Após o combate com os índigenas, os bandeirantes fundaram o Arraial da Forquilha, que recebeu esse nome por estar localizado na confluência dos rios Coxipó, Peixe e Mutuca. Assim a expedição de Pascoal Moreira Cabral deu início a colonização da região.

Em 1722, o paulista Miguel Sutil chegou a região com o propósito de fazer uma visita a sua roça. O bandeirante pediu aos dois índios que estavam em sua companhia que fossem buscar mel. Aliás, como já mencionamos anteriormente, o mel, as frutas silvestres e as raízes eram usados na alimentação dos bandeirantes, e encontrá-las era uma das tarefas dos sílvicolas.

Os índios de Miguel Sutil retornaram somente ao anoitecer e ao serem admoestados pelo bandeirante, “o mais ladino respondeu-lhe: vos viestes buscar ouro ou a buscar mel”.6 A seguir, os índios colocaram na mão de Miguel Sutil o ouro encontrado.

Na madrugada, o paulista colocou os gentios para mostrar o lugar no qual haviam encontrado o ouro. Este achado estava nas proximidades do córrego da Prainha, e passou a ser denominado de “Lavras do Sutil”. Havia tanto ouro nessas minas, que as Lavras do Sutil foram consideradas como “a maior mancha que teria se encontrado no Brasil”.7

6 Correa Filho, Virgílio.História de Mato Grosso, p.206.7 Idem, p.207.

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A notícia da descoberta chegou ao Arraial da Forquilha, levando muitas pessoas a migrarem para as “Lavras do Sutil”. Assim teria início o povoamento às margens do córrego da Prainha dando origem a atual cidade de Cuiabá.

Capitulo 2: Administração das Minas

Nas narrativas dos primeiros portugueses que aportaram no Brasil é bastante evidente o sonho de encontrar metais preciosos.

Assim a notícia do descobrimento de ouro e prata pelos espanhóis no Potosí, aguçou mais ainda o desejo do governo metropolitano em descobrir ouro e prata na sua colônia. Com isso, Portugal preparou expedições para penetrar em direção ao interior.

Essas expedições deveriam reconhecer as potencialidades econômicas da terra brasileira, e ainda verificar se havia no interior a existência de minerais.

Naquele período o desejo pelas riquezas minerais povoou o imaginário dos europeus, que acreditavam na existência no interior da América de “uma montanha de Prata” de um “reino branco” em um país mítico denominado de Paitati. Ainda acreditavam na existência de uma serra resplandecente de prata e esmeraldas que ficava nas cabeceiras do rio São Francisco.8

Apesar de todo o interesse na busca dos metais preciosos, as expedições oficiais fracassaram e foi somente ao final do século XVII, que apareceram as primeiras notícias de um descobrimento de ouro significativo na região das Gerais.

A descoberta destas minas acarretou em um intenso fluxo migratório para aquela região. Segundo as estimativas do período, “em 1776, a população de Minas Gerais, excluindo os índios, superava a 300 mil almas o que representava 20% da população total da América Portuguesa e o maior aglomerado da colônia.” 9

Além desse processo migratório para o interior da colônia, o governo português criou um aparato administrativo que visava fiscalizar as minas evitando o contrabando.

Em 1707, para garantir o recolhimento dos impostos, o governo metropolitano promulgou o Regimento das Minas. Esse regimento foi responsável pela criação de uma instituição fiscalizadora, a Intendência das Minas.

A Intendência das Minas deveria julgar todas as questões surgidas entre os mineradores, assim como fazer a distribuição das datas (lotes para o minerador explorar).

A legislação portuguesa estabeleceu também que a quinta parte (20%) do ouro extraído nas minas pertencia a Portugal. Entretanto a sede pelo ouro e a ganância de

8 Vilela, Jovam.. O Antemural de todo o interior do Brasil:a fronteira possível. In: Territórios e Fronteiras. P.79.9 Maxwell, Kenneth, Silva, Maria Beatriz. O Império luso-brasileiro, p.16.

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Portugal levou a metrópole a implantar nas minas outros impostos, como por exemplo, a capitação e a derrama.

Em Mato Grosso, veremos que a história não seria diferente...Com a descoberta do ouro no rio Coxipó-Mirim formou-se neste local um núcleo

populacional; o Arraial da Forquilha.A população do arraial era composta pelos integrantes da bandeira dos irmãos

Antunes e da bandeira de Pascoal Moreira Cabral, que após vencerem a resistência dos índios fundaram o arraial celebrando uma missa em oferenda a Nossa Senhora da Penha de França e lavraram a Ata de Fundação,

Aos oito dias do mês de abril da era de mil setecentos e dezenove anos, neste arraial de Cuiabá, fez junta o Capitão-Mor Pascoal Moreira Cabral com seus companheiros e ele requereu a eles este termo de certidão para a notícia do descobrimento novo que achamos no ribeirão do Coxipó, invocação de Nossa Senhora da Penha de França, depois que foi enviado, o Capitão Antônio Antunes com as amostras do ouro que levou do ouro aos Senhor General. Com a petição do dito Capitão-Mor, fez a primeira entrada aonde assistiu um dia e achou pinta de vintém e de dois e de quatro vinténs a meia pataca, e a mesma pinta fez na segunda entrada em que assistiu, sete dias, ele e todos os seus companheiros às suas custas com grandes perdas e riscos em serviço de Sua Real Majestade. E como de feito tem perdido oito homens brancos, negros e que para que a todo tempo vá isto a notícia de sua Real Majestade e seus governos para não perderem seus direitos e, por assim, por ser verdade, nós assinamos todos neste termo o qual eu passei e fielmente a fé do meu ofício como escrivão deste arraial. Pascoal Moreira Cabral, Simão Rodrigues Moreira, Manoel dos Santos Coimbra, Manoel Garcia Velho, Baltazar Ribeiro Navarro, Manoel Pedroso Louzano, João de Anhaia Lemos, Francisco de Sequeira, Asenço Fernandes, Diogo Domingues, Manoel Ferreira, Antonio Ribeiro, Alberto Velho Moreira, João Moreira, Manoel Ferreira Mendonça, Antonio Garcia Velho, Pedro de Godois, José Fernandes,Antônio Moreira, José Paes Silva. 10

Coube aos irmãos Antunes levar a notícia da descoberta do ouro à Capitania de São Paulo informando ao governador, Pedro de Almeida Portugal sobre o ocorrido.

Nesse ínterim, a população do arraial da Forquilha elegeu Pascoal Moreira Cabral como Guarda-Mor Regente. Um dos atributos de Pascoal Moreira Cabral seria a de defender o arraial de invasões. Entretanto a eleição deste bandeirante contrariava o pacto colonial, uma vez que este estabelecia que a colônia estava subordinada a metrópole. Assim competia a metrópole tomar as decisões administrativas.

Desta forma, o governo português não confirmou a nomeação de Pascoal Moreira Cabral, e em 1724, nomeou como Capitão-Mor Fernão Dias Falcão e para o cargo de Superintendente Geral das Minas, João Antunes Maciel.

Pascoal Moreira Cabral ficou extremamente insatisfeito com a decisão do governo metropolitano, e por isso solicitou novamente ao rei a confirmação da sua função administrativa. Em correspondência enviada a Portugal, o bandeirante alegou “por seis anos nestes sertões, ocupado no serviço real serviço de Vossa Majestade, trazendo em minha companhia 56 homens brancos, fora escravos e servos, sustentando-os a minha

10 Sá, Barboza, p.18

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custa” e ainda acrescentou que “perdera um filho e quinze homens brancos e alguns escravos e achava-se destituídos de cabedais e com família de mulher e duas filhas e filho, peço a Vossa Majestade ponha os olhos os neste seu leal vassalo como for servido”. 11 Apesar de todas as considerações tecidas pelo bandeirante paulista, o governo metropolitano confirmou a nomeação de Fernão Dias Falcão.

A nomeação de Fernão Dias Falcão e de João Antunes Maciel diminuiu o poder local, criando condições para que o governador de São Paulo, Rodrigo César de Menezes, desenvolvesse nas minas de Cuiabá, uma rígida tributação e fiscalização evitando o contrabando do ouro.

Entretanto, Rodrigo César de Menezes sabia da forte influência dos Irmãos Lemes nas minas. Assim com o propósito de combater o poder dos Lemes, Rodrigo César de Menezes ofereceu a estes um importante cargo administrativo. Os Lemes rejeitaram o cargo e o governador de São Paulo encontrou como saída, o confronto armado.

As tropas do governador preparam uma emboscada para os Lemes, e estes foram executados. Concomitantemente a morte dos Lemes, falecia em Cuiabá Pascoal Moreira Cabral. Desta forma, Rodrigo César de Menezes aniquilou definitivamente o poder local e tomou a decisão mudar para Cuiabá (1726).

A mudança de Rodrigo César de Menezes consistia na verdade em uma das suas estratégias proceder a fiscalização e a tributação das minas.

Em 1727, o Governador elevou o arraial de Cuiabá a categoria de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Com essa decisão, o governador anunciou:

(...) se faça uma povoação grande na melhor parte que houver (...) aonde haja água e lenha (...): e o melhor meio de se adiantar na dita povoação o numero de moradores é estes que fazem as suas casas (...). E como (...) nas ditas Minas há telha e barro capaz para ela, deve animar e persuadir aos mineiros e mais pessoas que fizerem as suas casas, as façam logo de telha, porque al~em de serem mais graves, são também mais limpas e tem melhor duração (...).12

Assim a pequena vila começou a crescer, seguindo às margens do córrego da Prainha, subindo e descendo morros e encostas. Seguindo as jazidas, principalmente à margem esquerda do córrego, iniciava-se as construções de moradias e também nas proximidades desta margem, localizava-se uma esplanada na qual foi edificada a Igreja da Matriz. Em 1730, o Ouvidor Geral e Corregedor deu início as obras da cadeia.13

Inserir imagem da Igreja da Matriz

Com a elevação de Cuiabá a categoria de “vila” foi criado o Senado da Câmara ( Câmara Municipal). Foram eleitos os primeiros vereadores, escolhidos entre os elementos da elite local, isto é, proprietários de terras de minas e de escravos.

Também foi implantado um sistema rigoroso de cobrança dos impostos, destacando dentre eles o quinto.

11 Correa Filho, Virgilio, Historia de Mato Grosso, p.208.12 Registro do Regimento que levou para as novas minas do Cuiabá o Mestre de Campo Regente, São Paulo, 26-10-1723. Apud:Rosa, Carlos, Jesus, Nauk, A Terra da Conquista, p.15.13 Freire, Julio Delamônica. Por uma poética popular da arquitetura, p. 39-40.

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A taxação exagerada de impostos associada as técnicas rudimentares da extração do ouro levaram a exaustão das minas, e conseqüentemente a migração da população para outras regiões, e a descoberta de novas minas. Foi neste período, que em 1734, os Irmãos Paes de Barros descobriram ouro na região do Guaporé.

Com a decadência aurífera muitos prefeririam retornar a São Paulo, outros partiram para Goiás, pois em 1725, Bartolomeu Bueno (Anhanguera), descobriu ouro às margens do rio Vermelho em Goiás.

Capítulo 3: O abastecimento das Minas

O interesse pelo ouro atraiu muitas pessoas as minas de Cuiabá e também levou o governo metropolitano a criar mecanismo de controle e exploração das minas.

O abastecimento das Minas se deu principalmente através das Monções. As monções eram expedições que partiam da Capitania de São Paulo trazendo as

Minas de Cuiabá vários produtos como, alimentos, remédios, produtos de luxo, ferramentas de trabalho, escravos, dentre outros. Traziam também as autoridades governamentais, aventureiros e elementos do clero.

As monções para chegar a Cuiabá seguiam os caminhos fluviais, partiam do rio Tietê até chegar ao Porto Geral (Cuiabá). A viagem durava aproximadamente seis meses e ao atingir a região do Pantanal podiam enfrentar sérios problemas, isto é, o ataque dos espanhóis ou dos índios que habitavam aquela região. As canoas utilizadas para o trajeto eram esculpidas no interior de um tronco de árvore e eram guiadas por pilotos que possuíam muita prática.

Inicialmente as primeiras monções adotaram como itinerário a seguinte rota: rio Tietê, rio Grande, rio Anhanduí, rio Pardo, travessia por terra nos campos das vacarias, e continuavam a viagem pelos rios, seguindo pelo rio Meteteu, rio Paraguai e o rio Cuiabá.14

Esse trajeto posteriormente foi abandonado devido as suas dificuldades, pois ao atravessar o campo das vacarias, os homens da expedição tinham que carregar as mercadorias, as canoas e ainda corriam o risco de enfrentar os espanhóis, que estavam nas proximidades explorando a prata da região.

Logo os monçoeiros adotaram uma nova rota, então a viagem tornou-se totalmente fluvial, entretanto novas dificuldades surgiram como o ataque dos índios caiapós, guaicurus e paiaguás.

Os caiápos nas proximidades de Camaquã atacavam as expedições “com seus temidos porretes, atacavam mortalmente os passageiros das monções”.15 Por outro lado, os indios paiaguás e os guaicurus chegaram a se aliar para atacar as monções que vinham para Cuiabá. Entretanto, os mais temíveis eram os paiaguás.

O medo de um ataque dos índios paiaguá não era infundado, pois em 1730, estes índios atacaram a “expedição do ouvidor Antônio Alves Lanhas, na qual morreu cento e oito pessoas entre elas o ouvidor.”16 Segundo Rolim de Moura, ao relatar a sua viagem à Mato Grosso, os índios paiaguás tinham como armas arco, flecha e também lanças pequenas com pontas de ferro. Seus ataques aconteciam nos rios, em canoas e eram muitos

14 Siqueira, Elizabeth Madureira. O Processo Histórico de Mato Grosso, p. 13. 15 Costa, Maria de Fátima, História de um país inexistente, p.182.16 Idem, p.184.

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cautelosos para atacar. Primeiramente observavam as vítimas e somente depois efetuavam o ataque.17

Em decorrência a todas essas dificuldades, os produtos comercializados pelos monçoeiros eram vendidos em Cuiabá a um preço exorbitante, o que acabou gerando um processo inflacionário nas minas.

Além das monções fluviais havia as monções terrestres, que abasteciam a região de gado. Desde os meados do 1730, os caminhos terrestres que ligavam Cuiabá as minas de Goiás já eram usados. Era através deste caminho, que Mato Grosso recebia o gado.

Embora Cuiabá fosse margeado pelos rios Cuiabá e Coxipó, abundantes em peixes, cronistas como Barbosa de Sá, narraram que os habitantes da vila tinham muito apreço pela carne.

Assim durante o período colonial tivemos em Mato Grosso o desenvolvimento de uma pecuária voltada para o abastecimento interno, de baixa produtividade, na qual o gado era criado solto pelo pasto. No século XVIII, a fazenda que mais se destacou na criação do gado foi a Fazenda Jacobina, em Cáceres.

Além das monções, o abastecimento das minas se deu também através do desenvolvimento de uma agricultura de subsistência.

O cultivo da terra não foi uma tarefa fácil para o colonizador, pois teve que enfrentar muitas dificuldades como o aparecimento de uma terrível praga de ratos que devoraram as plantações e os paios aonde havia grãos armazenados.18

A agricultura de subsistência visava abastecer as minas e se desenvolveu em núcleos populacionais situados nas proximidades de Cuiabá, como por exemplo, Serra Acima (Chapada) e Rio Abaixo (Santo Antônio do Leverger ).

Nessas localidades eram produzidos arroz, feijão, milho, mandioca, entretanto, a cana- de- açúcar foi o produto mais significativo para a população.

O governo metropolitano tinha como atrativo somente o ouro, e por isso proibiu a instalação de engenhos na região. Porém a determinação não foi obedecida, pois a cana-de-açúcar dava aos habitantes o açúcar, que produz energia para o trabalho, o melado que combate a anemia, que vitimava a população, e a cachaça que era usada como uma maneira de mitigar o sofrimento da vida dura no sertão. Assim às margens do rio Cuiabá e em Serra Acima surgiram os nossos primeiros engenhos.

Inserir imagem sobre a rota das monções

Capítulo 4: Fronteira no Século XVIII

A partir do século XVII, o governo português teve o seu território ampliado na América. Portugal tinha a pretensão de estender os seus domínios até a Cordilheira dos Andes.19

17 Ibidem, p.195.18 Correa Filho, Históoria de Mato Grosso, p.210.

19 Vilela, Jovam da Silva, O Antemural de todo o interior do Brasil:- A fronteira possivel, p.//??

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A conquista do território se deu através da pecuária, das missões jesuíticas e das bandeiras.

A pecuária impulsionou a ocupação do sertão nordestino, pois muitas fazendas voltadas para a criação do gado surgiram ao longo do rio São Francisco.

No tocante aos jesuítas, estes chegaram a colônia com o objetivo de expandir a fé católica e para isso assumiram a missão de cuidar da catequese do índio e da educação. Interessados na conversão do índio adentraram para o interior instalando as suas missões ou reduções no Vale Amazônico e na região sul.

No vale amazônico, os jesuítas através do trabalho do índio coletavam drogas do sertão, isto é, cravo, canela, cacau, guaraná e as ervas medicinais. Esses produtos eram comercializados no mercado europeu por preços elevadíssimos, pois eram considerados como especiarias.

As missões ao sul da colônia foram idealizadas por Anchieta, que encaminhou aquela região vários inacianos com a intenção de encontrar nativos e território para instalar as aldeias. Mais ao sul, perto da foz do Piquiri, no Paraná, e na margem do rio Ivai com Villa-Rica-del-Guairá, os jesuítas espanhóis também fundaram as suas missões em 1544.20

Além da pecuária e das missões, as bandeiras foram fundamentais para ampliação do território português.

As razias dos bandeirantes se deram principalmente no período da União Ibérica(1580-1640). Os bandeirantes penetraram para o interior a procura dos gentios, para a escravidão.

Em 1632, uma bandeira paulista invadiu as missões espanholas em São José, Angeles, São Pedro e São Paulo. Assim a escravidão indígena era o motivo do atrito entre os bandeirantes e os jesuítas. Os bandeirantes a procura do silvícola ultrapassarem a linha demarcatória estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, adentrando no território espanhol..

Anexar mapa do Tratado de Tordesilhas

Como já mencionamos anteriormente, os bandeirantes ao entrarem pelos “sertões” acabaram encontrando o ouro. O ouro acabou atraiu ao interior da colônia muitas pessoas que sonhavam em enriquecer. Essa onda migratória acabou provocando o surgimento de arraias e vilas no interior do país.

Foi nesse quadro, que se deu a ocupação de Mato Grosso. Entretanto, apesar da descoberta de ricas jazidas auríferas, as minas de Cuiabá entraram em decadência na primeira metade do século XVIII.

Com a exaustão das minas de Cuiabá, a população começou a migrar para outras regiões da colônia. A noticia desta migração preocupou o governo português, pois a fixação da população era fundamental para garantir a posse do território, que de acordo com as disposições do Tratado de Tordesilhas pertencia aos espanhóis. Assim pensando em garantir a posse do interior da Colônia, Portugal passou a desenvolver uma política voltada para a proteção da fronteira.

Uma das primeiras decisões do governo português para assegurar a posse deste vasto território foi o desmembramento de Mato Grosso da Capitania de São Paulo. Desta maneira, em 1748, D.João V decidiu criar a Capitania de Mato Grosso e para governá-la, o rei nomeou como seu primeiro Capitão-General Antônio Rolim de Moura.

20 Idem, p.82.

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Em 1750, as disputas territoriais entre os portugueses e espanhóis, foram decididas pelo Tratado de Madri.

A defesa dos interesses portugueses ficou a cargo de Alexandre de Gusmão, que através do “uti possedetis” garantiu a Portugal o domínio da Bacia Amazônica e da região oeste do Brasil. O princípio do“uti possedetis” afirmava que a terra pertencia a quem a coloniza.

Portanto, Alexandre de Gusmão usando deste aparato jurídico, argumentou que o território em disputa pertencia a Coroa portuguesa, pois foram os portugueses que fundaram as vilas e arraiais, e conseqüentemente povoaram o interior do Brasil.

Ainda segundo o Tratado de Madri, os portugueses concordaram, em troca do reconhecimento pela Espanha das fronteiras fluviais ocidentais do Brasil, em renunciar ao controle da Colônia de Sacramento e das terras imediatamente ao norte, no estuário do Prata, um objetivo que os espanhóis havia muito aspiravam alcançar pela força. (...) O tratado determinava a evacuação dos jesuítas e dos índios convertidos das missões uruguaias e exigia uma inspeção apurada no local da linha de demarcação entre as Américas espanhola e portuguesa por duas comissões associadas.”21

Com o Tratado de Madri, Gusmão garantiu a posse do território para Portugal e deu ao Brasil praticamente a sua configuração atual.

Anexar Mapa de Madri

Após as decisões tomadas pelo Tratado de Madri, o governo metropolitano se empenhou em efetivar o uti possedetis, e resolveu construir na região do Guaporé, a primeira capital de Mato Grosso Vila Bela da Santíssima Trindade.

Através da construção e povoamento da capital, Portugal visava assegurar a posse de todo o interior de sua colônia. Esses medida relacionava-se aos imperativos da política colonial espanhola, que pretendia estender os seus domínios a leste e se possível dominar Cuiabá e Mato Grosso.22

Vila Bela da Santíssima Trindade

Antonio Rolim de Moura, capitão-general da Capitania de Mato Grosso, recebeu a instrução do governo português de edificar a capital de Mato Grosso. Segundo a determinação real, a capital seria construída na região oeste, ás margens do Guaporé e em um lugar saudável.

Lembremos que região do Guaporé foi ocupada desde 1732, quando os irmãos Paes de Barros trilharam a região a procura de índios para o aprisionamento. E foi em busca dos índios pareci, que esses bandeirantes descobriram as minas de Mato Grosso.23

A descoberta do ouro promoveu o surgimento na região de povoações como São Francisco Xavier e Santana, mas havia também moradores ás margens do rio Jauru, do rio Galera e do Guaporé.

21 Maxwell, Kenneth, Marques de Pombal: Paradoxo do Iluminismo, p.53.22 Volpato, Luiza Rios Ricci, A Conquista da Terra no universo da pobreza, p.38.23 Esse região recebeu esse nome, pois os irmãos Paes de Barros encontraram dificuldade para penetrá-la, devido a presença de densas florestas, com arvores corpulentas e galhos muito altos. Tal fato levou a região ser denominada de Mato Grosso.

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Page 14: Livro de Mato Grosso - Educacional - Soluções ... · Web viewOs empregados eram obrigados a consumir os produtos comercializados na venda da usina, que eram vendidos a preços exorbitantes

Logo, construir a capital nesta região era extremamente interessante para Portugal, uma vez que, Vila Bela da Santíssima Trindade seria a base do domínio português e além disso consistia em uma nova jazida aurífera.24

Rolim de Moura procurou seguir as diretrizes do governo metropolitano, entretanto, cometeu um erro construiu a capital em terras baixas e paludosas, sujeitas a freqüentes imundações; uma região marcada pela insalubridade.

A população de Vila Bela seria constantemente acometida por várias enfermidades. Essa característica acabou influenciando o imaginário do colonizador, que passou a ter a visão de Mato Grosso como um grande hospital. Desta maneira, Mato Grosso passou a ser apontado pelas autoridades médicas, pelos viajantes e cronistas como um lugar nocivo a saúde.25

Para a construção da capital vieram da Capitania de São Paulo artífices, ferreiros e oficiais, contudo foram os negros os maiores responsáveis pela sua edificação.

Ainda com relação a construção da capital, o médico-viajante Alexandre Rodrigues Ferreira, à serviço da metrópole, em viagem científica, visitou Vila Bela entre 1789-1791. Na sua narrativa, o viajante afirmou que a capital possuía um traçado irregular, tinha ruas retas e estreitas, sem calçamento, onde podia se ver os porcos prazerosamente chafurdarem na lama. Com relação, as casas mencionou que térreas, as paredes de adobe, aterradas ou com ladrilhos de tijolo, que eram escuras e tristes.26

Rolim de Moura se empenhou também em desenvolver uma política de povoamento e militarização da região. Para alcançar os seus objetivos, o capitão-general estabeleceu:

isenção de imposto e perdão temporários das dívidas.criou a Companhia dos Dragões visando a militarização da fronteira e a

disciplinarização da população. fixou um marco divisor na barra do rio Jauru. ( Marco do Jauru) fundou a Aldeia jesuítica de Santa Anna (1751).

Inserir uma imagem de Vila Bela

Abastecimento de Vila Bela da Santíssima Trindade

Com a finalidade de abastecer a capital, o governo português criou em 1755, a Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão. Essa companhia tinha o monopólio do comércio em Vila Bela. A Companhia de Comercio foi criada pelo Marques de Pombal, ministro do rei D.José I. De acordo com o ministro, a Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão “era o único modo de retirar o comércio de toda a América portuguesa das mãos dos estrangeiros27”.

Para atingir vila Bela da Santíssima Trindade,, as embarcações da Companhia de Comercio do Grão- Pará e Maranhão usavam o Porto de Belém. Ao partirem de Belém, as embarcações da companhia navegavam pelas águas dos rios amazonas, Madeira e Mamoré. Traziam produtos de luxo, ferramentas de trabalho e alimentos. A empresa era importadora 24 Bandeira, Maria de Lourdes, Território Negro em espaço Branco, p. 82.25 Cavalcante, Else, O quadro saniáario da Província de Mato Grosso, p.49.26 Oliveira,Edevamilton, A Povoação Regular de Casalvasco e a Fronteira Oeste do Brasil Colonial: 1783-1802, p.116.27 Maxwell, Kenneth, Marquês de Pombal: O Paradoxo do iluminismo, p.61.

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de produtos oriundos do mar do Norte, do Báltico e do Mediterrâneo.28 Porém a principal mercadoria comercializada pela empresa eram os escravos. Ao regressarem ao porto de Belém, a empresa levava o ouro produzido em Vila Bela.

Com a decadência das minas de ouro do Guaporé, a Companhia de Comércio do Grão- Pará e Maranhão parou de abastecer o Mato Grosso.

Além das mercadorias comercializadas pela Companhia de Comércio, o abastecimento de Vila Bela da Santíssima Trindade se dava também através de uma agricultura de subsistência, na qual eram cultivados como produtos agrícolas o milho e o feijão. Porém, as atividades agrícolas não foram capazes de atendem as necessidades básicas da população.

A escassez de alimentos era provocada pelas pragas, insetos ou mesmo pelo excesso das chuvas ou das cheias dos rios que acabaram provocando a fome e a subnutrição, tornando o corpo da população suscetível às moléstias.

Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres: “O consolidador das fronteiras”

Ao final do século XVIII, o governo português interessado em fortificar e povoar as fronteiras das colônia, como também povoar o território, tomou novas medidas.

Pensando em solucionar as disputas territoriais, Portugal e a Espanha assinaram o Tratado de Santo Ildefonso (1777), que reafirmou a hegemonia de Portugal sobre a bacia Amazônica, bem como das vias de comunicação entre Mato Grosso e outras regiões da América.29.

Inserir mapa do Tratado de Santo Ildefonso

Nesse período, governava a Capitania de Mato Grosso, Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres (1772- 1789).

Para garantir a posse de Portugal, o referido capitão-general criou importantes povoados em posições estratégicas, como por exemplo, Albuquerque ( Corumbá), Vila Maria de Cáceres (Cáceres), Casalvasco, São Pedro D’El Rey (Poconé) e Cocais (Livramento).

Em Casalvasco, o governador seguiu os princípios de construção adotados em Portugal, isto é, ruas direitas, retas, praças e edifícios que expressavam a imagem de uma povoação “civilizada”. Para povoar a vila, foi enviado muitos índios, oriundos da Província de Moxos. Aliás a mesma tática de povoamento foi utilizada em Vila Maria de Cáceres, ou seja, o capitão-general para povoá-la enviou índios da Província de Chiquitos. Ainda o governo ofereceu sementes e ferramentas da fazenda real às pessoas, para que pudessem iniciar as sua plantações.30 Na verdade, o governo português para garantir a posse do território, recrutou índios e chegou a conferir indulto aos criminosos.

28 Volpato, Luiza Rios Ricci, A conquista da Terra no universo da pobreza, p. 59. 29 Cavalcante, Else. A sífilis em Cuiabá, p. 49.30 Oliveira, Edevamilton de Lima, A Povoação Regular de Casalvasco e a Fronteira Oeste do Brasil Colonial: 1783-1802, p.33

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Além disso, Luiz de Albuquerque construiu o Forte de Coimbra (Sul) às margens do rio Paraguai e na margem direita do rio Guaporé, o Forte Príncipe da Beira.

Inserir imagem dos fortes.

Capítulo 5: Sociedade da Mineração

No século XVIII, a descoberta de ricas jazidas auríferas no interior da colônia atraiu milhares de pessoas, que vinham com o intuito de enriquecer. O ouro promoveu o surgimento de vilas e povoações em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, dando origem a uma sociedade marcada pela instabilidade.

A sociedade da Minas era bastante diversificada, pois além de ser constituída de mineradores, era composta também pelos negociantes, advogados, padres, proprietários de terras, artesãos, burocratas, militares, índios aculturados, e escravos negros.

Na base da sociedade estavam os escravos, que trabalhavam duramente na extração do ouro. Muitas vezes, devido as péssimas condições de trabalho, os escravos acabavam padecendo vítimas de enfermidades como a desinteria, a malária, ou até mesmo em acidentes de trabalho. A curta estimativa de vida levava os brancos a adquirirem com freqüência novos escravos.

Assim as estimativas apontam que nas Minas havia uma concentração de negros e mulatos. A presença maciça dos mulatos está relacionada a uma característica da sociedade colonial brasileira, isto é, a mestiçagem.

Será que a sociedade da mineração era rica???Muitos pesquisadores tem demonstrado em seus trabalhos acadêmicos, que a

riqueza ficou nas mãos de poucas pessoas, e que parcela significativa da população livre tinha um baixo poder aquisitivo. Logo, a sociedade da mineração em seu conjunto foi extremamente pobre.

Embora a sociedade mato-grossense apresentasse as características relatadas acima, ela possuía as suas especificidades.

Por exemplo, a Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, contava com uma população pequena, mas bastante diversificada.

A sua composição social era formada por brancos, provenientes de Portugal e de outras capitanias, de índios como o guató, o guaná, o bororo e o pareci, de africanos e seus descendentes, de negros forros.31

As sociedades Indígenas no processo de colonização

No início do século XVI, os portugueses ao chegarem ao Brasil, logo descobriram que grande parte do litoral brasileiro era habitado por nativos. Desde o primeiro contato, os portugueses avaliaram os costumes indígenas através de uma visão eurocêntrica. A exemplo, Gabriel Soares de Souza em sua obra “Tratado descritivo do Brasil” afirmou que os índios eram atrasados e que “é gente de pouco trabalho, muito molar, não usam entre si a lavoura, vivem da caça que matam e peixe que tomam a dos rios.”32 Uma leitura mais 31 Rosa, Carlos Alberto, O Urbano colonial na terra da conquista, In: A Terra da Conquista, p.23-25.32 Sousa,Gabriel Soares. Tratado discritivo, p.115.

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acurada da citação deixa evidente, que para o narrador a caça e a pesca prática pelos índios não era encarada como um trabalho.

Inicialmente, os índios foram usados na extração do pau-brasil e em troca recebiam dos brancos europeus pelo seu trabalho bugigangas como espelho, bota, canivete, dentre outros.

A partir de 1530, com a implantação da colonização, as relações entre brancos e índios começam a se alterar, pois os portugueses interessados no cultivo da cana-de-açúcar passam a levar os gentios à escravidão.

Entretanto com a colonização, os jesuítas chegaram a Colônia com o objetivo de propagar o catolicismo e conseqüentemente estavam imbuídos em cuidar da catequese dos nativos e da educação dos brancos. Através da catequese e da educação, a Igreja estava assegurando o catolicismo nas terras “descobertas” por Portugal . Para executar os seus objetivos, os inacianos esbarraram no interesse dos colonos que defendiam que o desenvolvimento da colônia somente se daria com a dominação do índio.

O governo portugues diante destas circunstâncias resolveu criar a lei de 20 de março de 1570, na qual estabeleceu a regulamentação do cativeiro indígena. Com a aprovação dessa lei, o governo metropolitano deu início a uma política indígena na Colônia. Através desta legislação ficou determinada a “guerra justa”, isto é, os silvícolas que resistissem a dominação seriam reduzidos ao cativeiro.

Os jesuítas formaram então missões ou reduções na colônia. Utilizando da catequese, os jesuítas proibiram, a poligamia, combateram os ritos religiosos dos nativos, introduziram rituais cristãos e inculcaram uma nova concepção de tempo e de trabalho, isto é, os índios foram aculturados.

Paralelamente, os paulistas devido a necessidade crônica de mão-de-obra organizaram expedições de apresamento para o interior. Em 1637, um padre jesuíta afirmou que os paulistas haviam nos dez anos anteriores capturado de 70 a 80 mil índios. Muitos destes índios não resistiam as longas viagens, morrendo a caminho da Capitania de são Paulo.33.

Além do cativeiro, os povos indígenas foram exterminados através de doenças epidêmicas como a varíola, o sarampo e a sífilis. Desta forma, muitas sociedades indígenas foram sucumbidas em conseqüência da guerra de dominação, da escravidão e das enfermidades.

No século XVIII, as bandeiras paulistas penetraram no território mato-grossense à procura de índios para a escravidão, e a medida que avançavam pelo território, constataram que a região era repleta de povos indígenas.

As sociedades indígenas que aqui viviam a semelhança dos índios do litoral, não eram um grupo homogêneo, mas caracterizados pela diversidade cultural. Viviam da caça, da pesca, da coleta de raízes, furtas silvestres e do mel. Praticavam a agricultura, criavam animais, teciam os fios das suas vestimentas e faziam cerâmica.

Nas sociedades indígenas não existia a propriedade privada da terra, pois a terra era um bem coletivo. A produção era voltada para subsistência e quando ocorria a produção de excedente, este era dividido.

Desde o primeiro contato com os paulistas, os gentios mostraram resistência a dominação, no entanto, muitos foram aprisionados e levados para o cativeiro no planalto paulista.

33 Monteiro, John Manuel, Negros da Terra:Índios e bandeirantes na origem de São Paulo, p. 68.

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Com a descoberta das minas de ouro, os índios foram usados como mão-de-obra escrava na mineração.

Em 1748, com a criação da Capitania de Mato Grosso, novas Instruções Régias foram estabelecidas no tocante ao índio. A preocupação com os silvícolas relacionava-se aos interesses geopolíticos de Portugal, que tinham como meta desenvolver uma política de expansão e posse do território.

Desde a fase inicial da colonização, a metrópole através dos relatos de cronistas, como Barbosa de Sá, tinha informações a respeito da variedade da população nativa. Assim tornou-se fundamental para Portugal na ocupação da Bacia amazônica e do Oeste do Brasil, que o índio fosse inserido na colonização. Cabia aos índios serem “as muralhas do sertão”.34

Em 1772, Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres recebeu nas Instruções Régias, que os índios Bororos deveriam compor um terço das milícias, pois eram considerados pelo governo metropolitano como fundamentais na defesa da Capitania. Observa-se, portanto, que a política indígenista portuguesa no Brasil procurou usar os nativos convertidos na proteção do território contra os ataques estrangeiros e como mão-de-obra na lavoura dos brancos.35

Desta maneira, seguindo as diretrizes do governo metropolitano, Luiz de Albuquerque visando garantir a posse do território formou aldeias e vilas, nas quais a população era predominantemente composta por nativos.

Para cooptar os índios para o projeto colonizador, o governo luso-brsileiro através do Diretório dos Índios estabeleceu casamentos interétnicos, a obrigatoriedade do estudo da língua portuguesa e determinou que os colonos deviam garantir aos nativos igualdade de condições.36 Portanto, a política indígenista portuguesa no século XVIII visava transformar o índio em súdito de Portugal.

Inserir uma imgem de ìndio

Escravidão

A colonização da América Portuguesa foi baseada na escravidão negra. Os negros eram adquiridos na África, nos entrepostos comerciais ou feitorias estabelecidas no litoral.

Os chefes políticos e religiosos negociavam com os europeus os seus prisioneiros de guerra, recebendo em troca tabaco, aguardente e outras mercadorias.

Inserir uma imagem de negro escravo

Os africanos eram levados pelos traficantes em embarcações com péssimas condições higiênicas, muitos não resistiam a viagem e por isso esses navios, eram chamados de navios tumbeiros. Os traficantes para amenizar o sofrimentos dos negros

34 Em 20 de dezembro de 1695, o Conselho Ultramarino mencionou os índios como os “guardiões da fronteira”, as “muralhas do sertão”.35 Vilela, Jovam. O antemural de todo o interior do Brasil: A fronteira possível, p. 95.36 Idem, p.97-101.

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distribuíam maconha. Assim privados da liberdade, separados da sua família, da sua terra natal, os africanos foram obrigados a conviver com a escravidão.

Anexar o mapa do livro de ouro da historia do Brasil relativo a distribuição de maconha na África, p. 64.

Os principais grupos de africanos que aportaram no Brasil foram os bantos provenientes de Angola, Moçambique, Congo e Guiné, e os sudaneses originários da Nigéria e da Costa do Marfim.

Inserir imagem sobre etnia de negros no Brasil

Os escravos recém chegados da África eram denominados de “boçais” e os aculturados, que já falavam a língua portuguesa eram denominados de “ladinos”. Os escravos nascidos na colônia eram chamados de “crioulos”. Geralmente aos crioulos e aos mestiços eram reservados os trabalhos mais amenos como as tarefas domésticas, enquanto aos africanos cabia o trabalho pesado.37

Os escravos eram vistos como mercadoria, o seu trabalho e corpo pertencia ao seu proprietário. Como mercadoria eram vendidos, alugados ou mesmo emprestados. Além disso, quando tomavam atitudes que desagradavam o seu proprietário eram punidos com castigos físicos. Um Alvará de 1741 estabeleceu que o negro que fugisse do cativeiro teria o seu corpo marcado à brasa e se ato repetisse a sua orelha deveria ser cortada.38

Diante de tanto desprezo e sofrimento, os negros resistiram, lutaram contra a escravidão. Resistiram desde que partiram da África fazendo rebeliões a bordo dos navios, cometiam suicídio, infanticídio, aborto, assassinavam os feitores e proprietários. Entretanto, a resistência mais praticada era as fugas. Ao abandonarem os engenhos, as minas, as casas dos senhores, os negros se refugiaram nas matas formando comunidades denominadas de quilombos.

Desta maneira, os quilombos eram comunidades formadas principalmente pelos negros que fugiam da escravidão. Nos quilombos, os negros plantavam e criavam animais para a sua subsistência.

Os quilombolas viviam em constantes guerra com os senhores e as autoridades, pois representavam uma ameaça a ordem colonial. O quilombo mais importante do período colonial foi o de Palmares, localizado na Serra da Barriga, no atual Estado do Alagoas.

Em Mato Grosso tivemos também muitos quilombos, entretanto, alguns ganharam destaque devido ao seu tamanho, as características da sua população ou mesmo pela sua prolongada existência.

Quilombo do Piolho ou Quariterê- século XVIII

O quilombo do Piolho localizava-se na região do Guaporé, nas imediações de Vila Bela da Santíssima Trindade. A sua população era composta por negros, índios cabixis e pelos caburés (mestiços).

37 Priore, Mary, O Liviro de Ouro da História do Brasil, p.63.38 Carril, Lourdes, De escravos a quilombolas, p.37.

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A formação deste quilombo estava relacionada a Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, que abastecia a capital de escravos. Desde o inicio da ocupação de Vila Bela, os negros resistiam a dominação dos seus proprietários, fugiram e acabaram formando o quilombo.

O quilombo do Piolho era governado pela rainha Teresa de Benguela, que era assessorada por um gabinete formado por homens. Produziam a sua sobrevivência, através de uma agricultura e pecuária de subsistência. No tocante ao religioso, havia um sincretismo, isto é, a religiosidade apresentava elementos do catolicismo e da religião afro.

Em 1778, com a falência da Companhia de Comércio do Grão- Pará e Maranhão, os proprietários de terras se viram sem mão-de-obra, e com isso empreenderam esforços para a captura e a destruição do quilombo.

Apoiados pelo capitão-general, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, os proprietários de terras em Vila Bela se organizaram para a invasão ao Piolho. O quilombo foi destruído, a rainha Teresa ao presenciar o ataque da bandeira cometeu o suicídio negando a voltar à escravidão, e os negros que sobreviveram ao embate foram conduzidos à Vila Bela, aonde foram identificados pelos seus antigos donos e aqueles que não foram reconhecidos foram enviados a Cadeia Pública.

Em 1791, João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres recebeu dos proprietários de escravos uma solicitação, que forças legais fossem conduzidas novamente a região do Guaporé para a destruição e captura de escravos fugitivos. Sob ordem do capitão-general, o quilombo do Piolho desta vez foi totalmente abatido.

Aldeia da Carlota

A Aldeia da Carlota foi fundada pelo Capitão-General João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres. A comunidade localizava-se no território do antigo quilombo do Piolho, portanto na região do Guaporé.

O capitão-general para formar essa comunidade resolveu alforriar os negros idosos da Capitania. O interesse de João de Albuquerque era povoar e vigiar a fronteira contra um possível ataque dos espanhóis.

Assim os negros que receberam a sua carta de alforria deveriam em troca proteger a fronteira para Portugal.

O governador tomou importantes medidas para concretizar os seus objetivos, como por exemplo, foram entregues sementes, ferramentas e animais de criação para os moradores da Aldeia da Carlota. A atitude do capitão-general mostra que ainda ao final do século XVIII, o governo português continuava interessado em efetivar o uti possedetis.

Quilombo do Rio do Manso ou Cansanção:-século XIX

O quilombo do Rio do Manso representou uma ameaça aos proprietários de terras e de escravos de Mato Grosso, na segunda metade do século XIX, mais precisamente, no contexto da Guerra da Tríplice Aliança (1865-1870).

Esse quilombo localizava-se em Chapada dos Guimarães, e a sua população era formada por negros, desertores da Guerra do Paraguai e por criminosos que buscavam segurança e refúgio. A população masculina era predominante, o que levava os negros a investirem em ataques a sítios e fazendas para capturarem mulheres.

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A notícia deste quilombo trouxe a população da província muita insegurança, pois apesar das reclamações, atitudes mais efetivas não podiam ser tomadas, pois faltavam forças policiais. Nesse período, a guerra exigia constantemente que milícias fossem conduzidas para a guerra, portanto, não havia na Província, soldados suficientes para destruir o quilombo do Rio do Manso.

Foi somente ao término da guerra, que o governo provincial conduziu forças policiais para aniquilar o quilombo.

O documento abaixo deixa evidente os problemas causados pela população do quilombo, bem como, a preocupação das autoridades provinciais em combatê-lo.

Em 1867, o chefe de Polícia de Cuiabá, Firmo José de Matos, enviou ao Presidente da Província de Mato Grosso, Couto de Magalhães, o seguinte ofício

“Sendo reconhecido que nas cabeceiras do Rio do Manso existe um grande quilombo, para onde continuadamente vão os escravos fugidos desta capital (Cuiabá) e dos mais distritos vizinhos e bem mais desertores do Exército e criminosos, e, segundo comunicação que acabo de receber do Subdelegado de Polícia do Rosário, constatando que os mesmos negros e desertores tem de costume irem a essa vila, de onde conduzem mulheres para o quilombo; julgo de necessidade tomar-se providências no sentido de combatê-lo a fim de que não se tenha de lamentar fato de maior gravidade. Entretanto, sendo inconveniente na presente situação distrair-se forças do serviço de guerra, proponho a V.Exª o aumento do destacamento do Rosário.(Ofício do chefe de Polícia Firmo José de Matos, Cuiabá, 1867.)

Além desses quilombos a historiografia regional tem destacado a existência de outros, a saber, o Mutuca em Chapada dos Guimarães e do Pindaituba, nas proximidades de Chapada dos Guimarães, e o quilombo de Mata Cavalos, localizado em Livramento.

Atualmente os remanescentes dos quilombolas de Mata Cavalo, no município de Nossa Senhora do Livramento reivindicaram na Justiça a posse definitiva das terras dos seus antepassados. Em 2002, a INTERMAT (Instituto de Terras de Mato Grosso) outorgou o título definitivo da área à Fundação Cultural Palmares, do governo Federal. A seguir, o presidente Lula assinou um decreto, no qual reconheceu que o INCRA teria a função de identificar, reconhecer, delimitar, demarcar e titular as terras dos descendentes dos quilombolas. Apesar dessas iniciativas do governo federal, os conflitos entre os remanescentes dos quilombolas, os fazendeiros e grileiros persistem.

No quadro abaixo, a reportagem do jornal Diário de Cuiabá aborda a importância da posse do território para a população de Mata Cavalo.

O reconhecimento de propriedade que tarda há 110 para os remanescentes de escravos das comunidades de Mata Cavalos - localizadas no município de Nossa Senhora do Livramento, a 50 quilômetros de Cuiabá - chegou para netos, bisnetos e tataranetos daqueles que conheceram o castigo do tronco. No mês passado a Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura que há cinco anos mapea, registra histórias e concede título a quilombolas no Brasil, emitiu um documento de posse único, aos negros do local

Foram oficialmente reconhecidos como pertencentes aos remanescentes de escravos de Livramento, 11,7 mil hectares de terra às margens da MT-060, onde hoje vivem acampadas mais de 300 famílias disputando a terra com cerca de 42 pequenos e grandes fazendeiros.

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A mesma publicação, no Diário Oficial da União do dia 18 de julho, emitiu a titulação de terras a outras 17 comunidades de remanescentes em todo país. São descendentes de famílias que iniciaram a luta há mais de século, para permanecer nas terras onde enraizaram seus costumes, tiveram seus filhos, enterraram seus mortos, mas da qual foram expulsos sucessivamente a partir de1930.(sic) Acampadas há cinco anos na área, as famílias se organizaram em seis comunidades com lideranças próprias cada uma. Mas para que um único título fosse concedido, uma associação mãe foi criada, e quem responde hoje por ela são os netos de ex-escravos, Tereza Conceição de Arruda, de 63 anos, que se orgulha em contar que sua família foi uma das seis que resistiram e permaneceram no lugar por gerações. E Germano Ferreira de Jesus, 46 anos, também descendente de uma dessas seis famílias. Ambos explicam que o reconhecimento da posse da terra à comunidade será o fim da alcunha de grileiros, da incerteza quanto à possibilidade de produzir no local e a abertura para criação e implantação de projetos. “Já sofremos muito aqui com ameaças de fazendeiros, pistoleiros e a própria polícia que sempre tentaram nos tirar da terra. Com o título, poderemos conseguir escolas, luz, água e as comodidades que a cidade oferece”, diz Tereza. Fonte:Diário de Cuiabá,13/08/2000

Capítulo 6: Transferência da Capital de Vila Bela para Cuiabá

No início do século XIX, as guerras napoleônicas alteraram significativamente as relações entre a colônia e a metrópole (Portugal). A origem dessas guerras estava relacionada a expansão do capitalismo francês, que em busca de mercado consumidor entrou em confronto com a Inglaterra, que naquele período era a grande potência econômica da Europa. Foi neste contexto que Napoleão Bonaparte decretou o Bloqueio Continental, estabelecendo que os países europeus estavam proibidos de comercializar com a Inglaterra.

Portugal não aderiu ao Bloqueio Continental, e por isso o seu Príncipe-regente D. João VI, temendo a invasão napoleônica, fugiu para a colônia.

Em 1808, protegido por uma escolta inglesa, a família real aportou no Brasil e D João decretou como uma de suas primeiras medidas a Abertura dos Portos às Nações Amigas, rompendo com isso o pacto colonial, e conseqüentemente dando início ao processo de independência do Brasil.

Foi durante o processo de independência do Brasil, que se deu a transferência da capital de Vila Bela para Cuiabá. Entretanto, a idéia de transferir a capital não era nova, pois já tinha sido apregoada pelo Capitão-general Manuel Carlos de Abreu em 1804.

Para abordarmos este assunto é preciso analisar primeiramente o governo dos últimos capitães- generais de Mato Grosso.

Em 1808, governava Mato Grosso, João Carlos Oeynhausen de Gravenberg, que ao assumir o governo se deparou com uma forte crise econômica, originada da decadência aurífera. Com o intuito de escamotear os problemas sociais decorrentes da miséria da população, este governante promoveu inúmeras festas. Essas festas contavam com a

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presença de ricos e os pobres, favorecendo com isso para que a população tivesse a sensação que havia na Província, uma democracia social.

Paralelamente, João Carlos Oeynhausen desenvolveu uma política voltada para a saúde. A preocupação em combater as doenças estava relacionada a chegada da Corte portuguesa ao Brasil, pois D.João VI tomou muitas medidas para erradicar as enfermidades que assolavam principalmente o Rio de Janeiro. Além de fundar a Faculdade de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, o príncipe-regente com o intuito de institucionalizar a pratica da medicina criou a Sociedade Real de Medicina.

Para valorizar a medicina cientifica, o governo joanino combateu as práticas de cura popular e para a concretização deste projeto,. Governo se associou aos médicos para combater as moléstias, uma vez que elas representavam uma ameaça ao desenvolvimento do capitalismo.

Foi nesse contexto, que em Mato Grosso, João Carlos Oeynhausen também com o objetivo de combater as doenças promoveu em Vila Bela uma aula de anatomia. Entretanto, o grande destaque do seu governo foi a criação do Hospital Militar de Cuiabá, da Santa Casa de Misericórdia e do hospital São João dos Lázaros, que foi construído para abrigar as vítimas da lepra.

Inserir imagem da Santa Casa de Cuiabá

No tocante a economia, pensando em superar a debilidade econômica, este governante estimulou a produção do algodão e a produção aurífera. Entretanto, as sua medidas não foram capazes de superar a crise financeira. Posteriormente, João Carlos Oeynhausen foi agraciado pelo governo pelas suas realizações políticas, com o título de Marquês de Aracati.

Em seu lugar tomou posse o militar de carreira, Franscisco de Paula Magessi, ultimo capitão-general de Mato Grosso. Ao assumir o governo, Francisco Magessi temendo a insalubridade de Vila Bela, solicitou a D. João VI a transferência de órgãos públicos para Cuiabá, como por exemplo, a Junta da Fazenda e a Casa de Fundição.

O governo de Francisco Magessi foi marcado pela impopularidade, pois adotou uma política de austeridade e de corrupção. Eliminou as festas e atrasou os salários até mesmo dos soldados.

Foi neste período, que a elite cuiabana almejando a superação da crise econômica que abalava os cofres públicos da Província, deu início a luta pela transferência da capital para Cuiabá.

Para atingir os seus propósitos, a elite cuiabana apresentou como argumentos, que Cuiabá possuía uma população superior a de Vila Bela, tinha uma melhor localização geográfica, pois era banhada pela bacia Platina, e através da navegação fluvial podia ter contato com as demais províncias brasileiras e até mesmo com os paises platinos. Alegou ainda que a cidade era saudável e que a sua população podia contar com hospitais ao ficar doente.

Retornando a Magessi, foi nesse momento, que o capitão-general depois de dezoito meses de governo, resolveu partir para Vila Bela atendendo aos desejos da população local, que reivindicava a presença do capitão-general.

Com a partida de Francisco Magessi para Vila Bela, a elite cuiabana se organizou, buscando o apoio de segmentos do clero e dos militares, para depor o capitão-general. A

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seguir instalaram uma Junta de Governo em Cuiabá e enviaram a Magessi a seguinte comunicação:

Ilmo, Senhor.Havendo concorrido aos Paços do Conselho, no dia 20 do corrente a Tropa da

Primeira e Segunda Linha, o clero, a nobreza e povo desta cidade de Cuiabá, deliberaram e resolveram a ereção de uma Junta Governada Provisório e efetivamente elegeram nove deputados para comporem a dita justa, que se acha instalada, em conseqüentemente de tais acontecimento, V.Exa, se suspenderá do exercício de suas funções que antes competiam a V. Exa, em razão do lugar que ocupava. Assim o participar a V.Exa, os deputados da junta Governativa Provisória. Deus guarde a V.Exa. Cuiabá, 21 de agosto de1821.39

A Junta de Governo instalada em Cuiabá contava com a participação de elementos do clero como D. Luís de Castro Pereira, bispo de Cuiabá, de militares, como o capitão Luís D’Allincourt e da elite local, como André Gaudie Ley, proprietário de terras e de escravos.

Em Vila Bela, a população ao receber a notícia da deposição de Magesssi e da formação de uma Junta de governo em Cuiabá, se sentiu bastante ameaçada, e resistindo a possibilidade de perder o status de capital resolveu proceder da mesma maneira.

Assim também em Vila Bela, Magessi foi deposto e uma Junta de Governo foi instalada com a participação dos membros da elite, do clero e dos militares. Porém, a Junta de Governo de Vila Bela pensado em ter o apoio as camadas populares e ao mesmo tempo ameaçar os interesses elite cuiabana, e talvez afetar os seus padrões morais tomou as seguintes medidas:

Abolição da escravidão Estabeleceu o fim fidelidade conjugal Decretou o fim da castidade para as mulheres solteiras.

O fim da escravidão com certeza agradava ao povo, pois muitos eram descendentes de escravos ou mesmo amigos, com os quais freqüentavam batuques, bebiam cachaça, rezavam e trabalhavam para os grandes proprietários.

Apesar de buscar a adesão do população, a Junta de Governo de Vila bela não conseguiu se manter no poder, pois a elite cuiabana com o apoio de D.Pedro I saiu vitoriosa, tendo a sua Junta de Governo reconhecida.

No entanto, foi somente em 1835, que Cuiabá recebeu oficialmente o reconhecimento de capital da Província de Mato Grosso, conforme a seguinte lei:

1835 Nº19 Antônio Pedro de Alencastro, Presidente da Província de Mato Grosso.Faço saber a todos os habitantes, que a Assembléia Legislativa Provincial decretou, e eu sanciono a seguinte lei.Artigo 1 fica declarada capital da Província de Mato Grosso a cidade de Cuiabá.40

39 Apud, Póvoas, Lenine. História Geral de Mato Grosso, p.176. 40 Mendonça, Estevão, Datas Mato-Grossenses, p.115.

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Capitães- Generais que governaram a Capitania de Mato Grosso

1748-1751:Gomes Freire de Andrade1751-1765: Antonio Rolim de Moura (Conde de Azambuja)1765-1769: João Pedro da Câmara1769-1772: Luiz Pinto de Souza Coutinho.1772-1789: Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.1789-1796: João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.1796: Junta Governativa:Antonio da Silva do Amaral, Ricardo Franco de Almeida, Marcelino Ribeiro.1796-1803: Caetano Pinto de Miranda Montenegro.1803-1804: 2ªJunta Governativa: Manoel Joaquim Ribeiro Freire, Antonio Felipe da Cunha Ponte, José da Costa Lima. Este ultimo foi substituído por Manuel Leite de Moraes.1804-1805: Manoel Carlos de Abreu e Menezes.1805-1807: 3ª Junta Governativa: Sebastião Pita de Castro, substituído por Gaspar Pereira da Silva, Antonio Felipe da Cunha Ponte , substituído por Antonio Felipe da Cunha Ponte, substituído por Ricardo Franco de Almeida Serra, José da Costa Lima, substituído por Marcelino Ribeiro e Francisco Sales Brito.1807-1819: João Carlos Augusto D’Oeynhausen e Gravemberg (Marquês de Aracati) 1819-1821:Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho. (Barão de vila Bela.)1821-1822: 1ªJunta governativa Provisória de Cuiabá: Dom Luis de castro Pereira-Presidente da Junta e posteriormente foi substituído por Jerônimo Joaquim Nunes.1821-1822: 1ª Junta Governativa de vila Bela: Jose Antonio Assunção Batista, presidente da Junta.1822-1823: 2ª Junta Governativa Provisória de Cuiabá: Antonio José de Carvalho Chaves1822-1823: 2ª Junta Governativa Provisória de Vila Bela: Manoel Alves da Cunha.1823-1825: Governo Provisório: Manoel Alves da Cunha.

Atividades

1-(Concurso da Secretaria de Justiça) O que são as monções?a)um movimento armado, organizado pelos comerciantes com o objetivo de proclamar a Independência de Mato Grosso, pois tinham interesses em controlar o comercio das minas de Cuiabá.b) São expedições que partiam de São Paulo com destino a Mato Grosso, com o objetivo de abastecer as minas da região de mantimentos e víveres, especialmente as minas de Cuiabá.

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c)um movimento popular pró construções de mansões, que ficou conhecido como “monções” porque os portugueses não sabiam pronunciar corretamente a palavra “mansões”.d) São expedições que tem como escopo manter a correspondência em dias, entre os brasileiros e os moradores do Império Espanhol.e) São expedições que trazem ouro em pó para as fundições de Cuiabá, e levam de volta ouro em barra para São Paulo.

2) (UEMS) A respeito da nova realidade criada pela exploração aurífera em Minas Gerais, Goiás e Cuiabá, a partir de fins do século XVII, assinale a alternativa correta.I-Embora fosse altamente lucrativa, atividade mineira não chegou a atrair grande numero grande numero de pessoas, de modo que a população da colônia não apresentou crescimento significativo durante o século XVIII.II- Por ser uma atividade altamente especializada, a mineração estimulou o desenvolvimento de outras ramos da economia colonial, como a produção de gêneros alimentícios.III- Nessa economia mineradora era pouco utilizado o trabalho escravo, sendo mais importante a utilização de trabalhadores assalariados livres.

a)Apenas a I está correta.b)Apenas a II está correta.c)Estão corretas a I e II.d)Estão corretas a II e III.e) Estão corretas a I e III.

3) (UFMS) A historiadora Luiza Volpato, no livro “Entradas e Bandeiras”ao referir-se à imagem produzida pelos livros didáticos sobre o bandeirante, assim se expressa:” Nos capítulos referentes a expansão territorial, o bandeirante é apresentado na grande maioria das vezes como o herói responsável pelas dimensões territoriais do país. (...) No texto é passada a visão heróica do bravo que, vencendo dificuldades sem fim , conquistou áreas imensas para a colônia e descobriu riquezas no interior do Brasil.A partir do texto, julgue as assertivas, verdadeiras ou falsas.( ) Essa é uma visão mítica elaborada pela historiografia que permeia praticamente toda a produção a respeito, dificultando uma interpretação crítica sobre o fenômeno bandeirantista.( ) A capitania de São Vicente, desde o inicio da colonização, despontou como uma região privilegiada para o plantio da cana-de-açúcar, portanto de exportação de açúcar e importação de mão-de-obra escrava.( )A expansão territorial e o sacrifício de centenas de milhares de índios são resultado da transformação da luta cotidiana dos bandeirantes pela sobrevivência em campanhas de conquista.( ) A ação bandeirante sobre as áreas espanholas foi despovoadora pois causou a destruição de agrupamentos indígenas e espanhóis.

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( ) Contrariando a imagem do texto citado é possível visualizar o fenômeno bandeirantista como gerado pelas condições sociais de vida do Planalto de Piratininga e o bandeirante como um homem do seu tempo.

4) (UEMS) A política econômica mercantilista se caracterizou por três elemento essenciais:a)balança comercial favorável, protecionismo e monopólio.b)sistema colonial, liberalismo e monopólio.c)Manufatura, metalismo e liberalismo.d)Monopólio, liberalismo e bullionismo.e)Liberalismo, monopólio e protecionismo.

5) (UFMS) A historia de Mato Grosso do Sul não pode ser apreendida na sua riqueza temática e, sobretudo, na sua diversidade étnica e cultural, se a ela não incorporarmos a historia dos povos indígenas. Sobre a presença constante dos povos indígenas na história do Mato Grosso do Sul, é correto afirmar que:01.a presença indígena no território do atual Mato Grosso do Sul data de até três mil anos; para o Pantanal essa presença é de até mil anos.02.mesmo depois da chegada de elementos europeus na região, foram intensas as relações dos povos indígenas entre si. Às vezes conflituosas, ás vezes complementares, são conhecidas, dentre outras, as relações entre os grupos guaná, guaicuru e Guarani. 04.nas disputas entre os portugueses e espanhóis pela fixação dos limites territoriais de suas colônias americanas, foram visíveis as preocupações de ambos em atrair para si o apoio dos povos indígenas que ocupavam a região;08.apesar da brutalidade do processo de conquista e da conseqüente ocupação de seus territórios, a existência atual de vários povos indígenas em Mato Grosso do Sul indica que suas diferentes formas de resistência garantiram pelo menos a sua sobrevivência;16.co mais de cinqüenta mil índios, Mato Grosso do Sul é atualmente o segundo estado do Brasil em população indígena.Dê a soma das corretas.

6) (UFMT) Em Mato Grosso, a relação entre os índios e colonizadores foi geralmente conflituosa e marcada pela violência. A respeito, julgue as afirmativas, colocando V ou F:( ) Os índios Paiaguá foram os primeiros a atacar as monções e o faziam quando as embarcações estavam transitando nos rios. ( ) Governos da Capitania de Mato Grosso utilizaram índios, capturados na defesa da fronteira, na construção de fortes, fortalezas e em outras atividades militares.( ) Algumas nações indígenas, como Guaicuru e caiapó, habitavam a periferia da capitania e estabeleceram relações de escambo com o colonizador português.( )Por meio de Cartas régias, a Coroa Portuguesa permitia, em casos específicos, a “guerra justa” ao índio.

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7) (UFMT) Ao referir-se ao abastecimento da região mineira de Cuiabá, nos primeiros tempos da colonização, a historiadora Elizabeth M. Siqueira assim se expressa:As duas regiões mais próximas das Lavras do Sutil e responsáveis pelo abastecimento mais imediato foram: Rio Abaixo ( hoje Santo Antonio do Leverger) e Serra Acima (hoje chapada dos Guimarães) (...) Dessa forma nem só de alimentos vivia a população...Revivendo Mato Grosso. Cuiabá, SEDUC, 1977, p.14-16.A respeito desse contexto histórico, julgue as características, colocando V ou F:( ) O primeiro trajeto fluvial percorrido pelos sertanistas para abastecer Cuiabá transformou o Rio Abaixo em importante entreposto comercial.( ) De Rio Abaixo, a produção açucareira era trazida pelo rio Cuiabá até a região aurífera.( ) Vestimentas, instrumentos de trabalho e escravos vinham de outras províncias por meio de tropas ou das monções.( )Os primeiros engenhos surgidos na região foram responsáveis pelo fabrico não somente do açúcar, mas também da rapadura e da aguardente.

8) c

9) (Simulado- CSSG) “O Pantanal mato-grossense estende-se pelos estados do Mato Grosso do Sul e pelo Mato Grosso, num total de aproximadamente 220 mil quilômetros quadrados. Sendo uma planície, as altitudes são baixas, mas as terras ao redor são mais altas, razão pela qual uma grande quantidade de rios corre para a região.”(Moreira, Igor. Espaço Geográfico, p.418)A respeito do Pantanal mato-grossense, assinale a alternativa incorreta:(a) No século XVIII, os paiaguás e guaicurus habitavam o Pantanal e representaram um empecilho à colonização portuguesa, pois esses silvícolas atacavam com freqüência as monções de abastecimento.(b) No período colonial. o Pantanal era denominado de Lago dos Xarayés.(c) O Pantanal mato-grossense é uma planície, ou seja, uma área onde o processo de sedimentação se sobrepõe ao processo de erosão.(d) O ecossistema do Pantanal é bastante complexo, possuindo áreas de florestas, cerrados e campos, além da grande quantidade de plantas aquáticas, principalmente aguapés.(e) A maior parte das terras do Pantanal encontra-se nos limites territoriais do Estado do Mato Grosso.

10) (Simulado-CSSG) “A maior Mina da região estava plantada na colina do Rosário e deu início à formação da cidade. A colina onde se localizou a igreja do Rosário, ergue-se à margem esquerda do rio Prainha. Em torno das jazidas, principalmente à margem direita do córrego, inicia-se o povoamento. Próximo também a essa margem localiza-se uma esplanada, escolhida para construção da Igreja da Matriz. Ruas e ruelas serpenteiam pelo terreno, ajustando-se a ele, ao longo do curso d’agua. O pelourinho, a igreja do Rosário assentam os primeiros pontos de tensão em torno dos quais a vila se estrutura e se organiza.”(Freire, Julio De Lamônica. Pior uma poética popular da arquitetura, p.40-42.)O texto acima descreve o espaço urbano de Cuiabá no período colonial. A partir da leiturado texto acima e de seus conhecimentos, assinale a alternativa correta.

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I- A área central da Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá era composta pela Câmara Municipal, cadeia e a Igreja da Matriz.II- Se fôssemos desenhar uma carta geográfica da área central da Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, usaríamos como melhor escala 1: 1000. 000.III- Foi Rodrigo César de Menezes, governador de São Paulo, que elevou Cuiabá à categoria de vila. Durante a sua administração, Rodrigo César de Menezes deu atenção especial à fiscalização das minas e à tributação.(a) I, II e III são corretas.(b) I e II são corretas.(c) II e III são corretas.(d) I e III são corretas(e) Somente a II é correta

11) ( Simulado-CSSG)“..a produção de ouro na Capitania de Mato Grosso, em meio século de atividade estonteante, de 1719 a 1770, teria montado a 4.000 arrobas ou 60.000 quilogramas, a razão de oitenta arrobas por ano.”( Correa Filho, Virgilio. Historia de Mato Grosso, p.49).Sobre a mineração em Mato Grosso é valido afirmar que:(a)Provocou o surgimento de vários núcleos populacionais, que se dedicavamexclusivamente à mineração como por exemplo, Rio Abaixo, Serra Acima e Vila Maria de Cáceres.(b) Ao final do século XVIII, as minas de Cuiabá começaram a entrar em decadência, devido às técnicas rudimentares de extração e à cobrança exagerada de impostos.(c) A ocorrência de minerais metálicos em Mato Grosso está associada a sua estrutura geológica, isto é, a presença de escudos cristalinos.(d) A produção de ouro contribuiu para a prosperidade de Mato Grosso e também de Portugal, pois através de uma rígida fiscalização o governo metropolitano foi capaz de conter o contrabando.(e) A produção exorbitante do ouro provocou ao longo do século XVIII o surgimento de conflitos na fronteira oeste entre os portugueses e espanhóis.

12) ( Simulado CSSG) “Vila Bela da Santíssima Trindade é, atualmente, a cidade mato-grossense que possui a maior concentração de negros do Estado. Os negros de Vila Bela da Santíssima Trindade preservam traços fisionômicos semelhantes aos seus ascendentes africanos (Angola e Guiné) e sua tradição cultural é manifestada através do folclore representado pela Dança do Congo e do chorado. (Piaia, Ivane. Geografia de Mato Grosso, p.16.)A partir da leitura acima e dos seus conhecimentos, é correto afirmar que:I- A presença dos negros em Vila Bela mostra um dos traços do sistema colonial brasileiro, a escravidão. A adoção da escravidão durante a colonização proporcionou a Portugal uma acumulação de capital.II-Os negros em Vila Bela como também em outras regiões da colônia eram utilizados como mão-de-obra na agricultura de subsistência e na mineração.III-A escravidão no Brasil colonial se assemelha a escravidão na Grécia e em Roma, pois os escravos no sistema colonial brasileiro eram também provenientes das conquistas territoriais empreendidas por Portugal.

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IV-A existência de uma maior concentração de negros em Vila Bela se justifica pela insalubridade da região. No início do século XIX, com o fim das disputas territoriais na fronteira e com a decadência do ouro, os brancos começaram a partir de Vila Bela.(a) Todas são corretas.(b) I,II e III são corretas.(c) II e IV são corretas.(d) I, II e IV são corretas.(e) I e II são corretas.

13) (Concurso da Secretaria de Segurança) Como resultado do movimento de resistência à escravidão, às constantes humilhações e aos maltratos praticados pelos senhores de escravos, os africanos de Mato Grosso se utilizaram de vários recursos para sobreviverem, dentre estes, assassinatos de feitores, as constantes fugas e constituição de quilombos, que se espalham pelo vasto território mato-grossense. Assinale a opção que corresponde aos dois mais importantes e maiores quilombos de Mato Grosso.a)Mundéu e Cansanção.b)Piolho ou Quariterê e Cansanção.c)Piolho ou Quariterê e kundiru.d)Kalunga e Cansanção.e) Mkulelê e Cansanção.

14) Em 1748, o governo metropolitano criou a Capitania de Mato Grosso. A respeito deste contexto histórico, assinale as alternativas abaixo com V ou F:( ) Criada através de uma carta régia, a Capitania de Mato Grosso surgiu da necessidade de povoamento de uma região que de acordo com o tratado vigente ainda pertencia aos espanhóis.( ) tratava-se de povoar uma região que pudesse servir como escudo protetor a possíveis invasões espanholas.( ) Foi criada por determinação do rei D. José I.( ) A Capitania de Mato Grosso foi criada após o desmembramento da administração da Capitania de Goiás.

15) Sobre a administração de Rodrigo César de Menezes, avalie os itens abaixo:( ) Os impostos cobrados, nos períodos de 1723 até 1727 eram cobrados pelos sistema de capitação, a partir de 1728, foi implantado o quinto.( ) Para facilitar a fiscalização das minas e conseqüentemente evitar o contrabando, Rodrigo César de Menezes criou em Cuiabá a Casa de Fundição.( ) Apesar do aparato fiscalizador estabelecido nas minas, neste período Cuiabá passou por um considerável crescimento populacional e pelo enriquecimento da maioria da população.( ) Rodrigo César de Menezes, governador de São Paulo, elevou o arraial de Cuiabá, a categoria de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.

16) Sobre a criação e povoamento de Vila Bela da Santíssima Trindade, assinale os itens corretos:( ) D.Rolim de Moura, Conde de Azambuja, recebeu instruções reais para governar a Capitania de Mato Grosso e fundar a sua primeira capital às margens do rio Guaporé.

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( ) O governo português almejava com Vila Bela evitar o avanço dos espanhóis, uma vez que estes estavam muito próximo, ou seja na região do Potosí.( ) Os comerciantes de Vila Bela obtiveram muitos lucros devido ao preço exorbitantes dos produtos alimentícios.( ) Com o propósito de conter o avanço dos espanhóis, o governo português construiu fortes, aliciou índios e atraiu a região até mesmo criminosos.

17) Em 1821, Francisco de Paula Magessi foi deposto do governo. A respeito deste contexto histórico, assinale a alternativa correta.a) a deposição Francisco Magessi foi articulada pelas camadas populares, que estavam extremamente insatisfeitas em conseqüência da debilidade econômica de Mato Grosso.b)a derrocada do capitão-general se deu devido a união do clero, dos militares e da elite cuiabana.c) foi neste momento que Vila Bela da Santíssima Trindade se reafirmou como capital da Província de Mato Grosso.d) a Junta de Governo de Vila Bela contava com mais prestígio junto a Corte que a Câmara Municipal de Cuiabá.e)o governo de Magessi se deu durante o Primeiro Reinado.

18) A bandeira de Pascoal Moreira de Cabral descobriu ouro ás margens do rio Coxipó dando origem ao povoamento da região. Neste período, o governador da Capitania da São Paulo era:a)Pedro de Almeida Portugal.b) Luis de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.c) Rodrigo César de Menezes.d) Antonio Rolim de Moura.e) Augusto Leverger.

19) Assinale a alternativa correta a respeito do trabalho escravo em Mato Grosso durante o período colonial:a)A Aldeia da Carlota representou a maior resistência dos negro a escravidão em Mato Grosso.b)O escravo trabalhava exclusivamente na mineração.c) O quilombo do Piolho foi governado pela rainha Teresa de Benguela.d) Tanto a população da Aldeia da Carlota como a do Piolho era composta principalmente pelos desertores.

20) (UNIC) “E preciso não ter sentimento do justo e do honesto, para não parar, cheio de respeito, diante de um velho marco, solitário na vastidão dos campos, ou à beira da estrada publica ou no velho ermo do mato virgem, guarda fiel da propriedade, testemunha sincera de um direito...”. A frase de Macedo Soares corresponde a um símbolo, concebido a 231 anos, denominado Marco do Jauru, hoje localizado na cidade de Cáceres, na praça publica ( Barão do Rio Branco). Assinale a alternativa correta que corresponde a esse momento histórico.a)Serviu como marco definidor do limite extremo sul do país.b)Serviu como marco de fixação definitiva dos limites entre a Capitania do Cabo do Norte e a Guiana Francesa.

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c)Representação simbólica do poder imperial português.d)Serviu como demarcador das fronteiras entre Brasil e Espanha por ocasião do Tratado de Madri.e)Serviu como marco da fundação da capital de Mato Grosso, vila Bela da Santíssima Trindade.

21) A respeito dos Capitães- generais que governaram a Capitania de Mato Grosso, julgue os itens abaixo:( ) Luís de Albuquerque de Melo e Cáceres fundou cidades em posições estratégicas, como Vila Maria de Cáceres e Albuquerque.( ) Manoel de Carlos Abreu Menezes foi oprimeiro a sugerir que a capital de Mato Grosso deveria ser Cuiabá.( )João Carlos Oeyuhausen criou as primeiras instituições hospitalares da Capitania; a Santa Casa de Misericórdia e o São João dos Lázaros.( )Francisco Magessi transformou Cuiabá em Capital da Província no ano de 1821.

22) O arraial de Cuiabá foi transformado em vila, em 1 de janeiro de 1727, recebendo o nome de:a)Arraial de São Gonçalo.b)Vila de Santa Cruzc) Lavras do Sutil.d) São Pedro D’El Rey.e) Vila Real do Senhor bom Jesus de Cuiabá.

23) Tratado assinado em 1750, que dividiu entre Portugal e a Espanha as terras a oeste de Tordesilhas:a)Madrib)Santo Ildefonsoc)Portugald) Badajós.e)Roma.

24) Em 1778, foi fundado por Luis de Albuquerque ás margens do rio Paraguai; Vila Maria. Atualmente este vila é conhecida pelo nome de:a)Cáceres.b)Dourados.c) Nioac.d) Poconé.e) Livramento.

25). Relacione:(A)S.Pedro D’El Rey(B) Cocais(C) Serra Acima.(D) Rio Acima(E) Rio Abaixo

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( ) Livramento( ) Poconé( ) Chapada dos Guimarães.( )Rosário Oeste( ) Santo Antonio do Leverger.

A seqüência correta é:a)B,A,C,D, E.b)B,A,D,E,C.c)A,B,D,E,C.d)A,D,B,C,E.e)D,A,C,E,B.

Gabarito:

1-B2-B3-V,F,V,V,V.4-A5- 30 (F,V,V,V, V).6- V, V,F,V.7-F,V,V,V.8-V,V,F,V.9- E10-A11-B12-D13-A14-V,V,F,F.15- V,V,F,V.16-V,V,F,V.17-B18-A19- C20-D21-V,V,V,F.22- E23-A24-A25-A

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Parte II: Império

Capitulo 7: Rusga

No início do século XIX, a Corte Portuguesa chegou ao Brasil fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte. Ao aportar na colônia, D. João decretou a Abertura dos Portos às Nações Amigas. Com essa medida, o Príncipe Regente, rompeu o pacto colonial favorecendo o processo de independência do Brasil.

A independência se deu através de um arranjo político entre a elite brasileira e D.Pedro I, e foi fortemente influenciada pelas idéias liberais. Contudo, o liberalismo da elite brasileira era bastante limitado, uma vez que as camadas populares foram marginalizadas do processo de independência. Após a independência, o Brasil continuou a manter as estruturas sociais e econômicas existentes no período colonial. Na verdade, o interesse da elite brasileira era promover a independência, mas tendo sob o seu controle o poder político, e a manutenção dos seus interesses, ou seja, o latifúndio e a escravidão.

Assim em 1822, D.Pedro I foi aclamado imperador do Brasil.

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No entanto, o Primeiro Reinado seria muito breve breve, pois o governo de D.Pedro I foi marcado por uma profunda crise política, que culminou na sua abdicação.

A crise do Primeiro Reinado estava relacionada a alguns fatores, como por exemplo, a dissolução da Assembléia Constituinte em 1823. Os constituintes brasileiros tinham como objetivo limitar o poder do imperador. Porém, D. Pedro I contrariado com atitude da elite brasileira resolveu fechar a Assembléia.

A crise aumentou gerando mais insatisfações com relação a D.Pedro I, quando o imperador outorgou a Constituição de 1824. A Constituição do Império estabeleceu o voto censitário, isto é, para votar era necessário comprovar uma renda mínima anual. Desta forma, o voto censitário acabou marginalizando as camadas populares do processo político. Tal decisão provocando muito descontentamento entre os segmentos populares.

A constituição de 1824 estabeleceu também que a monarquia era hereditária e a existência de quatro poderes, sendo o poder moderador de uso exclusivo do imperador. Através do poder moderador, o imperador tinha o direito de dissolver a Câmara dos Deputados,bem como o de nomear e demitir o Conselho de Ministros. Na realidade, o poder moderador agia nos momentos de desentendimento político entre o Legislativo e o Executivo. Assim devido ao poder moderador, o Império brasileiro foi caracterizado por uma excessiva centralização do poder nas mãos do imperador.

Outro fator que desgastou o governo de D.Pedro I foi a crise econômica que assolava o país. A crise em parte era resultante da dívida externa, contraída com a Inglaterra no momento do rompimento dos laços coloniais com Portugal. A divida externa contribuiu para que o Brasil se tornasse dependente da Inglaterra. Em virtude da dependência econômica, D. Pedro I renovou com este país os Tratados de 1810, por mais quinze anos. Os Tratados de 1810 concedeu privilégios alfandegários aos produtos ingleses e acabou impedindo a industrialização do país.

Para agravar mais ainda a situação, o imperador recorria a empréstimos para aparelhar o Exército e contratar mercenários ingleses, para sufocar revoltas, como a Confederação do Equador, e a Guerra da Cisplatina.

Diante da crise que abatia o governo imperial, D. Pedro I pressionado pela elite e pelo povo brasileiro resolveu abdicarem 7 de abril de 1831. Logo depois, o imperador regressou a Portugal.

A Constituição de 1824 previa em seu texto, que seu filho Pedro de Alcântara seria o seu sucessor de D.Pedro, porém como herdeiro do trono tinha somente cinco anos em 1831, a legislação determinava que o país seria governado pelos regentes até que príncipe-herdeiro atingisse a maioridade. Desta forma, o período regencial consistiu em um momento de transição entre o Primeiro e Segundo Reinado.

Com a implantação das regências, a elite brasileira subiu ao poder, representando de fato a concretização independência.

O período regencial foi caracterizado pelo surgimento dos partidos políticos, destacando-se os restauradores, que pregavam a volta de D.Pedro I, os moderados, que defendiam a centralização e os exaltados, encarados como os mais radicais, pois apregoavam a descentralização.

Em 1834, esses partidos entram em uma nova fase. A partir deste período, a política brasileira seria articulada pelo Partido Liberal ou Progressista (descentralização) e o Partido Conservador ou Regressista (Centralização).

A seguir apresentamos um gráfico referente a evolução dos partidos políticos durante o Império:

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Primeiro Reinado(1822-1831)

Período Regencial(1831-1834)

Período Regencial(1834-1840)

Segundo Reinado(1840-1889)

Partido Português Restauradores Conservador ou Regressista

Conservador

Partido Brasileiro Moderados Liberal ou Progressista Liberal: moderados e radicais

Exaltados 1870: fundação do Partido Republicano.

Esses partidos políticos eram compostos principalmente pelos membros da elite brasileira, uma vez que a constituição em exercício era a mesma, e lembremos que esta determinou que o voto era censitário. Assim apesar das alterações políticas advindas com o período regencial, as camadas populares continuaram marginalizadas do poder político.

A crise econômica não foi superada durante as regências, o latifúndio continuou a dominar a estrutura fundiária do país, e a elite continuou a defender a manutenção da escravidão. Esses fatores contribuíram para a eclosão de rebeliões, pois estas eram sintomas do desajustamento social e político que o país passava desde o início do século XIX. Assim, o período regencial foi caracterizado pela intranqüilidade política, uma vez que as rebeliões ameaçavam os interesses da elite.

Durante a década de 30, havia uma guerra civil no país. Muitas províncias brasileiras foram palco de levantes armados, nas quais fazendeiros, tropas, pequenos proprietários, índios, homens livres pobres e escravos lutaram contra a centralização do poder ou contra à pobreza e a escravidão. A exemplo temos a Cabanagem , no Pará, a Balaiada, no Maranhão, a Sabinada, a Revolta dos Malês e a Cemiterada, na Bahia, a Farroupilha no Rio Grande do Sul e a Rusga, em Mato Grosso.

Assustados com as rebeliões, o governo regencial criou a Guarda Nacional. A Guarda Nacional era uma milícia composta por cidadãos em armas, isto é, os senhores de escravos auxiliados pelos seus capangas, teriam a responsabilidade de conter as revoltas, cabia a eles a manutenção da ordem.41

Foi neste contexto histórico, que aconteceu a Rusga.Esse movimento social ocorrido em Mato Grosso, em 1834 , teve a sua origem na

disputa pelo poder entre os liberais e os conservadores. Os conservadores possuíam entre os seus membros muitos portugueses, defendiam a centralização e se reuniam na Sociedade Filantrópica. No inicio do ano de 1834, a província de Mato Grosso tinha na sua presidência, o conservador, Antônio Maria Correa.

Os liberais por sua vez, pregavam a descentralização e participavam da Sociedade dos Zelosos da Independência. Havia no partido duas facções; os moderados que desejavam afastar os portugueses dos cargos públicos e os exaltados, que apoiavam os moderados no tocante aos portugueses, mas as suas reivindicações iam mais além, ou seja, não aceitavam que os Presidentes de Província fossem nomeados pela Regência, e em diversas ocasiões chegaram a contestar a figura de D.Pedro e o sistema monárquico.

Os liberais almejavam o poder e sabiam que a população estava bastante insatisfeita, pois viviam em extrema miséria e além disso, culpavam os conservadores pela sua péssima condição social. As camadas populares tinham também muita aversão aos portugueses, pois 41 Priore, Mary Del., O Livro de Ouro da História do Brasil, p. 235.

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estes eram proprietários de estabelecimentos comerciais e vendiam os seus produtos a preços exorbitantes à população.

Na verdade, segundo o Visconde de Taunay em sua obra “A cidade do ouro e das ruínas”, a aversão aos portugueses já existia em Mato Grosso desde o período da independência. Na Província havia muitos portugueses, e estes tornaram-se alvos da malquerença, pois dominavam o comércio local, e de acordo com a Constituição de 1824 possuíam direito a cidadania, e muitos tinham influência política.42

Assim os liberais, tendo a frente João Poupino Caldas inflamaram mais ainda o povo contra os portugueses, que eram chamados pela população de “brasileiros adotivos” ou de “bicudos” . Habitualmente se ouvia pelas ruas de Cuiabá, a população gritando “embarca bicudo, embarca, embarca, canalha vil, que os brasileiros não querem bicudos no seu Brasil.”

Entretanto esse sentimento não era específico aos portugueses, na verdade havia na Província uma aversão aos estrangeiros.

Com o objetivo de derrubar os conservadores do poder e usando esse sentimento de xenofobia, o liberal João Poupino Caldas buscou a apoio das camadas populares para a causa do Partido Liberal. Para o povo, os liberais representavam a solução para a crise econômica e social.

Diante da forte crise política, Antonio Correa da Costa foi afastado das suas funções pelo Conselho da Província, que indicou em 28 de maio de 1834, João Poupino Caldas, como Presidente da Província de Mato Grosso.

A posse de João Poupino Caldas não trouxe as mudanças esperadas ocorrendo com isso uma cisão no partido liberal. O povo por sua vez ficou extremamente descontente e via em Poupino Caldas um traidor. Assim os liberais exaltados contando com o apoio das camadas populares saíram às ruas na noite do dia 30 de maio de 1834. Os liberais exaltados, o povo e até mesmo alguns soldados da Guarda Nacional se reuniu no Campo do Ourique (antiga Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso) iniciando a Rusga.

João Poupino Caldas ao receber a notícia da revolta pediu ao bispo de Cuiabá, D. José Reis, que tentasse conter a fúria popular. O bispo atendendo ao pedido do governante foi ao Campo do Ourique portando um crucifixo com a intenção de exorcizar o povo. Tal atitude mostrou que o religioso não via que a revolta da população tinha as suas raízes nas estruturas sociais e econômicas existentes na Província. Apesar de todos os esforços, e do seu prestígio social e religioso, D. José não foi capaz de conter a fúria popular.

A população então partiu sobre o comando do liberal Antonio Patrício da Silva Manso, tomaram o Quartel dos Municipais, apoderando-se das armas e munições, e por volta meia noite gritavam pelas ruas de Cuiabá, “morte aos bicudos”.

A medida que os rebeldes avançavam, muitos portugueses e brasileiros abastados foram assassinados. Depois de tomar Cuiabá, os rebeldes avançam em direção a Chapada dos Guimarães, Poconé e Santo Antonio do Rio Abaixo.

O movimento durou de maio a setembro de 1834, e somente foi controlado com a posse de Antonio Pedro de Alencastro, na presidência da Província..

Em 1837, Poupino Caldas foi assassinado, entretanto, o seu processo crime foi arquivado, pois o chefe de policia não encontrou os responsáveis pelo crime.

Segundo Madureira Siqueira, a repressão ao movimento demorou e a justiça somente veio tomar conhecimento depois de três meses. Essa omissão se deu porque João

42 Povoas, Lenine, História Geral de Mato Grosso, p. 202.

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Poupino Caldas, um dos revoltosos e insufladores do povo assumiu a direção da Província e pertencia ao partido liberal. Para a justiça, a rusga foi motivada por um grupo de subversivos, de inimigos da Pátria e da ordem pública.43

Capitulo 8: Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870)

Durante o Segundo Reinado, a política externa brasileira esteve direcionada para garantir a paz interna nos países do Prata, onde tínhamos interesses econômicos a defender, e em assegurar a livre navegação da bacia Platina, o acesso mais rápido e seguro para chegar a Província de Mato Grosso.

Buscando atender os seus objetivos, o governo brasileiro promoveu intervenções armadas na Argentina e no Uruguai, e ainda levou o Brasil a uma guerra contra a República do Paraguai.

A Guerra do Paraguai provocou a morte aproximadamente de 130 mil pessoas, aumentou consideravelmente a dívida externa brasileira, pois o Brasil gastou nos campos de batalha 614 mil réis, o equivalente a onze vezes o orçamento do governo imperial.

Os historiadores até hoje não chegaram a um consenso sobre a Guerra do Paraguai. Há aqueles que defendem que a guerra foi motivada pelos interesses do capitalismo inglês, que usou o Brasil, a Argentina e o Uruguai para destruir o Paraguai.

Na década de 80, do século XX, os trabalhos acadêmicos revelavam que a guerra estava associada ao processo de construção e consolidação dos Estados Nacionais do Rio do Prata, e descartavam a participação da Inglaterra no aniquilamento do Paraguai.

Entretanto, ao analisarmos os últimos vestibulares e provas de concursos públicos constatamos, que as questões são formuladas baseadas na primeira vertente historiográfica, isto é, aquela que relaciona o conflito bélico ao imperialismo inglês. Desta forma, abordaremos a Guerra do Paraguai seguindo este modelo historiográfico.

Paraguai: Desenvolvimento Autônomo.

Em 1814, o Paraguai ficou independente e ao contrário do Brasil que adotou a monarquia, fez a sua opção pela República.

O governo republicano no Paraguai foi consolidado através de ditaduras, que trouxeram desenvolvimento e modernização ao país. Inicialmente, o Paraguai foi governado por José Gaspar de Francia, que extinguiu a escravidão, conferiu liberdade religiosa e diversificou a agricultura. Durante o seu governo, as terras improdutivas da elite e do clero foram confiscadas para a reforma agrária.

Carlos Lopes, deu continuidade a política de desenvolvimento empreendida na gestão anterior, com isso construiu estradas de ferro, linhas telegráficas e estaleiros. Aboliu as restrições à navegação internacional nos rios que cruzavam o território paraguaio. Desta maneira, em 1857, o governo paraguaio permitiu que navios brasileiros chegassem a

43 Siqueira, Elizabeth Madureira. A Rusga em Mato Grosso:edição critica de documentos históricos, v.1, p.15.

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Província de Mato Grosso através da navegação do rio Paraguai (livre navegação da Bacia Platina).

Após Carlos Lopes, o seu filho, Francisco Solano Lopes assumiu o governo do Paraguai. Solano Lopes deu continuidade a uma política econômica voltada para o desenvolvimento autônomo do país. Para isso dinamizou a lavoura de algodão, concedeu isenção de impostos alfandegários para máquinas e equipamentos importados. Logo podemos assegurar que o Paraguai se despontava como uma nação auto- suficiente.

Esse modelo de desenvolvimento entrava em choque com os interesses econômicos da Inglaterra. Assim tornou-se estratégico para o capitalismo inglês, a destruição do Paraguai.

A Guerra

Em 1850, Brasil e Paraguai afirmaram um tratado, no qual estabeleceram o compromisso de defender a independência do Uruguai. Porém, em agosto de 1864, o Brasil ameaçou de invadir o Uruguai para derrubar o governo de Aguirre.

Ao saber da intenção do governo brasileiro, Solano Lopes, presidente do Paraguai, informou ao governo imperial, que a invasão colocava em risco o equilíbrio político do Prata.

O governo brasileiro ignorou o posicionamento de Solano Lopes, e em setembro de 1864, o Brasil invadiu o Uruguai.

Diante desta situação, o Paraguai reagiu, e em novembro deste mesmo ano, Solano Lopes aprisionou a navio brasileiro “Marquês de Olinda”, que trazia a bordo o novo presidente da Província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos. A seguir, o governo paraguaio declarou guerra ao Brasil.

No mês seguinte ao aprisionamento do navio brasileiro em Assunção, Solano Lopes ordenou a invasão da Província de Mato Grosso. O ditador paraguaio tinha informações que a província militarmente estava indefesa e que as forças militares brasileiras eram precárias.

Contando com a participação de 9.000 soldados, as forças paraguaias tomaram Corumbá, o Forte de Coimbra, Dourados. Miranda e Nioaque.

Repercussões da Guerra na Província de Mato Grosso

Segundo a historiadora, Luiza Volpato em sua obra Cativos do Sertão, a Guerra da Tríplice Aliança alterou substancialmente o cotidiano da Província ao provocar na população o medo, a fome e uma violenta epidemia de Varíola.

Ao tomar conhecimento da tomada de Corumbá pelas tropas de Solano Lopes, a população da província teve muito medo, pois os paraguaios eram vistos pelos mato-grossenses como bárbaros.

Assim acreditando na possibilidade de uma invasão paraguaia a Cuiabá, Augusto Leverger, o Barão de Melgaço, organizou uma expedição de homens denominada de “Voluntários Cuiabanos”. Essa expedição se dirigiu a Colina de Melgaço para aguardar os paraguaios, entretanto, estes não vieram. Ao retornar a Cuiabá, os voluntários foram recebidos como heróis pela população.

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A guerra trouxe também muita insegurança com relação aos escravos, pois em conseqüência da falta de soldados, os brancos temiam uma rebelião. Além disso, as autoridades policiais eram alertadas sobre os ataques dos negros do quilombo do Rio do Manso, em Chapada dos Guimarães. Os negros deste quilombo habitualmente assaltavam sítios e fazendas nas imediações de Cuiabá e de Chapada para roubar mulheres.

O quilombo do Rio do Manso tornou-se também bastante temido devido a presença de desertores da guerra. Esses desertores eram soldados que fugiam do acampamento militar, eram procurados pela justiça e por segurança refugiavam-se no quilombo do Rio do Manso.

Outra situação difícil para a população foi o aumento exorbitante do preço dos alimentos. Com a tomada de Corumbá e conseqüentemente com o bloqueio da Bacia Platina, a província ficou isolada não recebendo mais mercadorias. A população se viu então privada de muitos produtos, como por exemplo, o sal.

Em conseqüência do seu alto preço, os comerciantes agindo com esperteza passaram a vender salitre no lugar do sal, com a intenção de esperar que o produto encarecesse mais para obter mais lucro. O governo provincial ao tomar conhecimento deste fato, resolveu confiscar o sal que estava em posse dos negociantes.

Para agravar mais ainda a fome da população, em janeiro de 1865, as águas do rio Cuiabá transbordaram destruindo as roças de subsistência localizadas nas proximidades das margens do rio. A situação somente foi contornada, quando a Bolívia assumiu junto ao governo brasileiro a responsabilidade de abastecer de alimentos a Província. Essa notícia foi muito bem recebida, pois a população mato-grossense temia que a Bolívia apoiasse o governo paraguaio.

Em 1867, as forças brasileiras retomaram Corumbá, entretanto, foi durante este acontecimento que soldados do Exército brasileiro foram conduzidos a Cuiabá por estarem demasiadamente doentes.

Ao chegar a Cuiabá, os soldados foram enviados à Santa Casa de Misericórdia. O médico atendente não conseguiu pelos sintomas diagnosticar a moléstia, e somente após o falecimento dos doentes, que os médicos constaram que tratava-se da varíola. Porém era tarde demais, a enfermidade se propagou pela cidade afetando os seus moradores.

Infelizmente, o poder público não teve tempo de organizar cordões sanitários, e uma das alternativas encontradas para conter o surto epidêmico foi construir um cemitério para abrigar as vítimas da bexiga, o Cemitério de Nossa Senhora do Carmo, chamado pelos populares de Cae-Cae. A seguir, o texto abaixo nos demonstra os efeitos que a doença provocou no comportamento dos cuiabanos.

Com a propagação rápida da doença, a população teve o seu cotidiano alterado de maneira trágica e violenta, justificou todo o seu sofrimento e tanta desgraça como castigo de Deus. O bispo de Cuiabá, D. José Reis preparou os fiéis para uma procissão que percorreu todas as casas onde havia um doente. A doença não escolhia sexo, a condição social do individuo e quanto menos a idade, afetando portanto crianças, jovens e idosos. Famílias inteiras faleceram vitimas da bexiga, fazendo com que a policia arrombasse as portas de diversas casas e encontrassem no seu interior todos os seus membros mortos e os corpos em estado adiantado de putrefação. 44

44 Cavalcante, Else Dias de Araújo, Imagens de uma epidemia, p.38

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A varíola dizimou uma parcela significativa da população mato-grossense, contudo a documentação do período não revela com exatidão o número de vitimas. De Acordo com Joaquim Moutinho, cronista que viveu e sentiu na pele a dor provocada pela doença45, o quadro estatístico apresentado pela polícia não era preciso, pois era fundamental para as autoridades governamentais da Província esconder do governo central a realidade, pois a revelação do número exato dos mortos denunciava a inoperância destas autoridades.

O desfecho e as conseqüências do pós-guerra

Em 1867, o comando das forças aliadas estava com Caxias. Foi neste momento, que um surto de cólera, impediu o avanço das forças aliadas sobre o Paraguai. Um pequeno destacamento de soldados tentou invadir o Paraguai através do Mato Grosso, atingindo Laguna. Porém as dificuldades encontradas como a falta de abastecimento e o medo da cólera fizeram a tropa recuar. Perseguida pelos paraguaios, a coluna em fuga perdeu muitos homens vítimas da cólera.

A partir de 1868, os ataques do exército brasileiro e da marinha se intensificaram, e em 1869 já era evidente a perda do Paraguai. No ano seguinte, Caxias pediu afastamento do conflito e foi substituído pelo Conde D’Eu, que conduziu os soldados brasileiros até ao final do combate.

Em 1870, as tropas brasileiras tomaram a acampamento de Solano Lopes em Cerro Cora. Esse embate ocasionou na morte do ditador paraguaio e conseqüentemente encerrou o conflito bélico.

Como resultado do fim da guerra, a Província de Mato Grosso passou por muitas transformações, pois a reabertura da bacia Platina permitiu que a Província participasse do capitalismo internacional através da exportação de produtos do extrativismo vegetal e da pecuária, e da importação de produtos industrializados. Segundo a historiadora Edil Pedro so em sua obra “O cotidiano dos viajantes nos caminhos fluviais de Mato Grosso (1870-1930), nesse período o trânsito de embarcações brasileiras e estrangeiras pelo rio Paraguai tornaram-se corriqueiras, pois a navegação da bacia Platina passou a ser o principal caminho por todos aqueles que queriam chegar e sair da Província de Mato Grosso.

A rota fluvial que atendia Mato Grosso tinha nos rios Cuiabá e Paraguai, os seus principais percursos. Os navios ao saírem de Cuiabá, atingiam o São Lourenço e a seguir o Paraguai, o Paraná, e daí o Oceano Atlântico. Ao sair de Cáceres, a viagem era feita pelo rio Paraguai e a seguir o Paraná, e depois através do Oceano chegavam a Corte. As embarcações que seguiam esses caminhos eram grandes, enquanto as que navegavam do Prata a Corumbá eram médias, contudo confortáveis, e as embarcações que iam para o interior da Província de Mato Grosso eram vapores menores.46

Anexar mapa das rotas fluviais ou de embarcações( livro da Edil p.34 e 35 ou embarcações no Álbum Gráfico)

45 Moutinho perdeu uma filha durante a epidemia.46 Silva, Edil Pedroso, O Cotdiano dos viajantes nos caminhos fluviais de Mato Grosso (1870-1950)

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A navegação do Prata promoveu o surgimento de uma burguesia comercial, proprietária de Casas de Comércio, que surgiram principalmente nas cidades portuárias como Cuiabá, Cáceres, Corumbá, Porto Murtinho, Bela vista e Ponta Porã.

Inserir imagem sobre o Porto de Corumbá

As casas de comércio negociavam diversos artigos importados como tecidos, móveis e brinquedos, e ao mesmo tempo comercializavam os produtos mato-grossenses.

Assim a livre navegação da bacia Platina representou para a Mato Grosso uma alternativa de superar a debilidade econômica. Além disso juntamente com as mercadorias, idéias vindas de outros centros eram consumidas. Por exemplo, os cuiabanos passaram a confeccionar os seus trajes e a decorar as suas residências seguindo os padrões de Buenos Aires e Montividéo.47

Outra mudança provocada pela guerra foi o aumento territorial da Província, pois ao término da guerra, a Argentina e o Brasil tomaram posse de áreas territoriais do Paraguai, para ser mais preciso, o Paraguai perdeu 150 000 Km² de seu território.

A guerra exterminou a população guarani, ao iniciar o conflito armado o país contava aproximadamente com 800 000 habitantes, quando terminou, restavam 200 000.

A sua economia que anteriormente era próspera estava agora totalmente debilitada, o seu parque industrial foi totalmente destruído, as riquezas do extrativismo vegetal foram cedidas a empresas estrangeiras, as terras públicas usadas pelos camponeses foram vendidas a ingleses, holandeses e aos norte-americanos. Diante da terrível conjuntura, muitos paraguaios migraram para a Província de Mato Grosso em busca de esperança, de uma vida melhor.

Em Mato Grosso, muitos desses paraguaios foram tratados pela população e até mesmo pelas autoridades governamentais como a escória da sociedade. Para os agentes da imigração, as paraguaias eram mulheres perdidas, de baixa espécie, consideradas as fezes da sociedade mato-grossense.48

Apesar da reabertura da bacia Platina, a modernização da Província aconteceu lentamente, pois além da resistência ao novo, não podemos esquecer das precariedades econômicas de uma província pobre e dependente do governo imperial. Na verdade, “o que se pode assistir foi um processo onde as desigualdades sociais iam ficando cada vez mais explícitos, mais contrastantes senhores que podiam ostentar sobrados bem decorados em contraposição a uma maioria de livres pobres, libertos e escravos que habitavam casas rústicas, de paredes de adobe e destituídos dos mais elementares princípios de civilidade.”49

Capítulo 9: A cidade de Cuiabá na segunda metade do século XIX

Inserir uma imagem da cidade de Cuiabá

47 Volpato, Luiza.,Cativos do Sertão, p.44.48 Siqueira, Elizabeth, Luzes e Sombras, p.66.49 Machado, Oswaldo, Ilegalismos e Jogo de Poder, p. 36-37.

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Cuiabá, por volta de 1870, crescia de forma desordenada. Esse crescimento era resultado das migrações internas e de paraguaios, que entravam na Província a procura de emprego, de uma nova oportunidade.

A população pobre da cidade construía as suas casas á margem direita do Córrego da Prainha. Já a esquerda, no alto da Colina do Rosário, as residências eram mais espaçadas. Mais tarde surgiram novas ruas e caminhos ligando Cuiabá ao Coxipó da Ponte e a freguesia de Santo Antonio do Leverger.

Na área central da cidade, surgiram sobrados de ricos senhores e prédios públicos onde funcionava a Câmara Municipal, a Tesouraria Provincial, o Correio, o Comando das Armas, a Repartição da Polícia e o Palácio Presidencial.

As ruas centrais possuíam nomes ligados aos heróis, as datas comemorativas, porém os moradores da cidade continuavam a denominá-las, como no período colonial, isto é, rua de Cima. Rua de Baixo, rua do Meio, dentre outros.

As residências mais elegantes estavam localizadas na rua Bela do Juiz (hoje, 13 de Junho). Essa rua começava no largo da Matriz e se prolongava em direção ao distrito de São Gonçalo de D. Pedro II.

Com a expansão populacional, novos bairros surgiram nas imediações da área central da cidade, como por exemplo, a Mandioca, o Baú, o Lavapés e o Mundéu.

Na década de 70, Cuiabá já possuía distritos afastados, mas que faziam parte de sua jurisdição judiciária e policial, como o Barbado, o Coxipó e o São Gonçalo Velho. As vilas ou freguesias rurais também faziam parte do Termo de Cuiabá Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora de Brotas, Nossa Senhora da Guia, Santo Antonio do Rio Abaixo, Santana da Chapada dos Guimarães e Nossas Senhora do Livramento.

Paralelamente ao crescimento populacional, os relatórios da autoridades governamentais e dos chefes de Polícia apontavam o crescimento da violência e da criminalidade. O aumento da criminalidade relacionava-se a falta de empregos, a crise do sistema escravista, ao retorno de batalhões inteiros com o fim da guerra, e a entrada de imigrantes pobres, principalmente do Paraguai.50

Com relação a sua organização social, a elite local era composta de comerciantes que se dedicavam ao comércio da importação e exportação, como também, de grandes proprietários de terras e de escravos. Os altos funcionários públicos civis e as altas patentes militares também pertenciam a este segmento social.

No estrato intermediário da sociedade, havia os oficiais militares em inicio de carreira, os médicos, que aliás eram poucos, os dentistas, os advogados, os magistrados, os chefes de Policia, promotores e membros do clero.

Mais abaixo, tínhamos os pequenos comerciantes, os taverneiros e os pequenos sitiantes. No entanto, havia aqueles que estavam mais abaixo ainda, como os livres pobres e os escravos.

A livre navegação beneficiou as camadas sociais mais favorecidas, pois passaram com freqüência a viajar para o Rio de Janeiro, de onde voltavam trazendo inúmeras novidades, modificando a sua maneira de vestir e seus hábitos. Assim a elite cuiabana passou a nortear a sua vida segundo os valores difundidos na Corte.

A influência da Corte podia ser sentida até mesmo nos momentos de lazer, pois para se divertir a elite cuiabana passou a organizar saraus, nos quais se tocavam piano, recitavam poesias, de preferência as de poetas francesas e dançavam valsas.

50 Idem, op.cit, p.12.

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Outra forma de diversão encontrada foi o teatro. Em 1877 foi inaugurada em Cuiabá, a sociedade Dramática “Amor e Arte”. Era uma sociedade particular que contava com 62 sócios de camarotes e 98 sócios de platéia. As peças eram encenadas com a participação de integrantes da elite.

Mesmo com todas as mudanças ocorridas após a Guerra do Paraguai, “as autoridades governamentais e os viajantes estrangeiros que chegavam a Província, mostravam-se bastante perplexos com Cuiabá ao constatarem que a cidade ainda não dispunha de uma infra-estrutura digna das metrópoles mais civilizadas, como o calçamento de ruas e passeios, matadouro público, saneamento e limpeza de ruas e córregos, iluminação nos bairros pobres e distritos mais afastados,água potável encanada e uma moderna cadeia publica”51

Ainda no tocante a população cuiabana, vale ressaltar, que segundo Moutinho, cronista português que viveu em Cuiabá nesse período, as mulheres da elite ao saírem de casa trajavam vestidos de seda, adquiridos a preços exorbitantes nas Casas de Comércio. Essas mulheres tinham o seu cotidiano dividido entre as tarefas domesticas, o cuidado com o marido e a educação das crianças. Iam a bailes, as festas de casamento e a Igreja.

Já as mulheres livres pobres e as escravas freqüentavam as tavernas, envolviam-se em brigas pelas ruas e becos sendo muitas vezes detidas pelo chefe de Polícia. Eram presas também por estarem embriagadas ou por dançarem o batuque, que era visto pelas autoridades e pela elite local, como uma dança imoral. As mulheres livres circulavam livremente pelas ruas e ocupavam as mais variadas atividades para manter a sua sobrevivência.52

Concluindo esse capitulo, apresentaremos as principais características da população da Província de Mato Grosso após a guerra e com a reabertura da bacia Platina: 1. Predomínio da população mestiça e negra sobre a população cabocla e branca; 2. Presença mínima de estrangeiros; 3. Predomínio da população de solteiros sobre os casados; 4. Equilíbrio entre a população masculina e a feminina, embora em 1890, essa situação tenha se alterado, a população feminina tornou-se mais numerosa.53

Capitulo 10: Quadro econômico de Mato Grosso (1870/1930)

A reabertura da bacia Platina possibilitou a integração do Mato Grosso ao capitalismo internacional. Através da navegação fluvial, a Província exportava produtos da pecuária e do extrativismo vegetal, e também recebia produtos industrializados. Na visão da elite mato-grossense, a navegação da bacia Platina representava a oportunidade para a Província superar a crise econômica.

Além da liberdade da navegação, havia outros fatores que favoreciam o desenvolvimento econômico da Província, como por exemplo, o crescimento populacional ocorrido a partir de 1870, a riqueza do extrativismo vegetal e a existência de terras férteis. Assim o território de Mato Grosso se tornava um atrativo para muitos investidores.

51 Ibidem, p.17.52 Cavalcante, A sífilis em Cuiabá, p.133.53 Peraro, Maria Adenir, Bastardos do Império, p.94.

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No entanto, para estes empresários e para segmentos da elite local, o atraso da província era justificado em função da falta de iniciativa da sua população.54Portanto, na visão destes segmentos sociais a solução era a importação de mão-de-obra.

A elite mato-grossense não estava solitária diante deste posicionamento, pois estas idéias circularam também nas províncias da região sudeste. Essa postura relacionava-se a crise do escravismo, uma vez que em conseqüência da expansão do capitalismo, o governo imperial era cada vez mais pressionado para acabar com a escravidão.

Na segunda metade do século XIX, a sociedade brasileira se dividiu com relação a escravidão. Havia três correntes que se destacavam: os emancipacionistas, defensores de uma extinção lenta e gradual da escravidão; os abolicionistas que propunham uma libertação imediata e os escravistas, que defendiam o sistema escravista. Os abolicionistas pregavam a baixa produtividade do trabalho escravo, e ainda utilizavam argumentos baseados nos direitos naturais, isto é, de que toda pessoas tem direito à liberdade

Desta maneira, podemos assegurar que no decorrer da segunda metade do século XIX, a escravidão centralizou os debates políticos,. e a partir de 1850, que a idéia de que o trabalho escravo era a única forma de trabalho possível, começou a entrar em declínio.

Para muitos fazendeiros da região sudeste, a saída para a superação desta crise era a importação de mão-de-obra. Essa experiência foi feita inicialmente, na década de 40, pelo senador Vergueiro, que introduziu trabalhadores europeus em suas fazendas de café. Mas foi somente em 1884, que o governo imperial aprovou a “imigração subsidiada”, isto e´, o governo passou a financiar a vinda de imigrantes europeus. Anteriormente, as passagens, o gastos de viagem eram pagas pelos fazendeiros, portanto, tornavam os imigrantes dependentes dos proprietários de terras, o que favorecia o surgimento de conflitos.

Em Mato Grosso, a imigração foi defendida primeiramente pelo presidente da Província, Francisco José Cardoso Junior, que em correspondência ao Ministério do Império, argumentou que a debilidade econômica da província era resultante do desânimo da população de Mato Grosso, e opinou que a melhor saída era a vinda de colonos.55

Entretanto, a organização da imigração em Mato Grosso, se deu de forma mais ativa, a partir da aprovação da Lei do Ventre Livre em 1871. Assim, na década de 80, período em que se aprofunda a crise da escravidão, se acentuou a transição do trabalho escravo para o trabalho livre.

Em Mato Grosso a intensificação da imigração ocorreu ao final da década de 80, com “a penetração de empresas colonizadoras privadas. Esforços imigratórios, rumo ao Mato Grosso, tinham como alvo as populações que habitavam as repúblicas vizinhas à província, especialmente os paraguaios.” 56

Logo, foi durante esse processo de transição do trabalho escravo para o trabalho livre, que a província passou a exportar produtos do extrativismo vegetal e da pecuária. A seguir, abordaremos os principais produtos da economia mato-grossense.

1. Cana -de- Açúcar

Desde o início da colonização de Mato Grosso, a cana-de-açúcar já se despontava como um dos produtos mais importantes para a sobrevivência da população, que se 54 Volpato, Luiza, Cativos do Sertão, p.24.55 APMT-Oficio do Presidente da Província de Mato Grosso, Francisco José Cardoso Júnior ao Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Império. Cuiabá, 12 de Agosto de 1871.56 Siqueira, Elizabeth Madureira, Luzes e Sombras, p.65.

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dedicava a extração do ouro. Cultivada em engenhos às margens do rio Cuiabá, em Serra Acima e em Rio Abaixo, a produção dos engenhos visava o abastecimento de um mercado interno.

Contudo, a partir da segunda metade do século XIX, a cana-de-açúcar se tornou um dos principais produtos da economia mato-grossense. A importância da produção açucareira estava associada a abertura da bacia Platina, uma vez que com a livre navegação, os proprietários de terras passaram a importar máquinas e equipamentos para a instalação de usinas.

As usinas estavam localizadas nas margens dos rio Cuiabá e do rio Paraguai. Entretanto foi principalmente às margens do rio Cuiabá que se encontrava as mais importantes. Tal fato estava relacionado, a facilidade do transporte do produto, bem como, as vantagens ofertadas pela natureza, pois as inundações provocadas pelas águas do rio, no período das chuvas, contribuíam para a fertilidade do solo na região ribeirinha.

O plantio da cana-de-açúcar acontecia no mês de outubro, em terras baixas e úmidas, pois as chuvas eram ainda escassas. Em janeiro e março, período em que as chuvas eram abundantes, o cultivo era feito nas terras mais altas.

As principais usinas de Mato Grosso(1870-1930) foram a de São Gonçalo, da Conceição, Aricá, Flexas, Itaici, Maravilha, São Miguel, São Sebastião, Tamandaré, localizadas às margens do rio Cuiabá, e da Ressaca, às margens do rio Paraguai. Essas usinas contavam com modernos equipamentos para o fabrico do açúcar, alambiques aperfeiçoados para a destilação do álcool e da aguardente.

A produção média diária destas usinas era de 2000 a 5000 KG de açúcar. Com essa produção, as usinas produziam para atender a demanda interna e o mercado externo, comercializando com as demais províncias brasileiras e com os países platinos.

Para manter o produtividade, além dos técnicos para o fabrico do açúcar, era necessário a contração de trabalhadores para o cultivo da cana. Assim a alternativa encontrada pelos usineiros foi adotar o trabalho assalariado baseado na produção. A seguir, abordaremos as principais usinas.

A Usina da Ressaca

A usina era de propriedade de Joaquim Augusto Costa Marques, governador de Mato Grosso, no período da república oligárquica. Estava situada em Cáceres, e a 3 Km do rio Paraguai.

Em 1912, a sua produção chegou a 180.000 Kl de açúcar e de 90. 000 de aguardente. Para atingir essa produção, a usina contava com um gerador de vapor composto por duas caldeiras. Neste período, tanto a usina como as suas dependências eram iluminadas com luz elétrica.57

Nas margens do rio Paraguai, a usina possuía um porto de embarque e desembarque, com deposito para produtos e mercadorias.

Havia na propriedade uma boa casa, que hospedava o seu proprietário e convidados, grandes depósitos, casas para os trabalhadores, oficinas de carpinteiro, de ferreiro e uma pequena fundição de bronze.

Além da cana-de-açúcar, o proprietário plantava milho, feijão, arroz, mandioca, banana e legumes. Criava também gado e fabricava farinha de milho e de mandioca.

57 Álbum Gráfico, p.273.

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Usina de Itaici

Fundada em 1897, a usina estava localizada a margem direita do rio Cuiabá, em Santo Antonio do Leverger, e pertencia a Antonio Paes de Barros. No início do século XX, a propriedade foi adquirida pela Almeida & Comp, cujos sócios eram o Coronel João Batista de Almeida Filho, Amarilio de Almeida, dr. Alberto Novis, Antonio Augusto de Azambuja e João Botocudo de Almeida.

A usina possuía maquinas modernas e poderosas, que chegavam a produzir 225 toneladas de açúcar.58 A semelhança das demais usinas, Itaici produzia aguardente e tinha a sua produção enviada pela via fluvial ate Cuiabá e Corumbá, de onde eram enviadas para o mercado externo.

Havia na propriedade 45 habitações para os trabalhadores, uma serraria e até uma farmácia, que atendia os seus moradores. Possuía uma escola, que oferecia educação primaria. Também cultivavam cereais para atender o consumo interno.

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Usina da Conceição

Fundada por Joaquim Paes de Barros, ao final do século XIX, foi a primeira usina de açúcar e de aguardente instalada em Mato Grosso. Situada a margem direita do rio Cuiabá, um pouco acima de Santo Antonio do Leverger, a propriedade contava com matas ricas em madeira de lei, cortada por córregos e baias.

As máquinas da usina eram originarias da Inglaterra, tinha a capacidade de produzir até 2400 litros de álcool e 200 arrobas de açúcar em 12 horas.

Cultivavam o arroz, milho e feijão e criavam eqüinos e gado bovino.A propriedade contava com uma serraria, com depósitos para armazenar a produção,

com casa para os trabalhadores e uma casa grande que abrigava os seus moradores.Para transportar a cana-de-açúcar, havia carroças e embarcações.A produção era enviada para Cuiabá e Corumbá, e através da navegação fluvial

abastecia o mercado externo.

O trabalho nas Usinas

As usinas foram instaladas ao longo do rio Cuiabá, ao final do século XIX, no momento em que a escravidão chegava ao fim. Assim havia na região, mão-de-obra disponível para as usinas. Entretanto, os usineiros reclamavam da disponibilidade de trabalhadores, alegando que a escassez de mão-de-obra causava danos a produção.

Essa falta de braços para o trabalho estava relacionada a vastidão de terras e a possibilidade da caça e da pesca para sobrevivência. No entanto, a partir da segunda metade do século XX, os homens pobres foram compelidos ao trabalho assalariado, pois a ocupação das terras para o cultivo do açúcar e para a pecuária, expulsou a população mais pobre das áreas próximas aos centros urbanos, e além disso, surgiram proibições legais sobre a pesca no rio Cuiabá, nas proximidades da cidade.59

58 idem,p.28059 Aleixo, Lucia Helena Gaeta, Vozes no silêncio, p. 181.

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As usinas dispunham de mão-de-obra fixa, mas no período de safra, o usineiro contratava mais trabalhadores temporários.

Os camaradas (trabalhadores das usinas) residiam nas usinas e cuidavam desde do cultivo da cana-de-açúcar até a produção do açúcar. Estes trabalhadores eram demasiadamente explorados, tinha uma jornada de trabalho extenuante, que se iniciava à meia noite e ia até as seis da tarde.

Além disso, o trabalhador era espoliado pelo usineiro através do “sistema de caderneta”. Os empregados eram obrigados a consumir os produtos comercializados na venda da usina, que eram vendidos a preços exorbitantes. Os produtos comprados eram anotados na caderneta, porém o empregado não conseguia saldar as dívidas e desta maneira, estava endividado e preso ao usineiro.

Os trabalhadores eram tratados como escravos, e quando resistiam a dominação, desobedeciam os capatazes ou tentavam fugir eram severamente castigados no tronco e a seguir trancados em solitárias.

O depoimento abaixo de um camarada da Usina de Aricá, demonstra a dor, o sofrimento e a impotência dos trabalhadores com relação aos mal-tratos dos patrões;

“A usina deu trabalho, deu vida pro pobre que não tinha comida.Aí o homem virava bicho, só fazia geme e chora, para come tinha que inté suá

sangue. Tinha coroné que ajudava a gente, aguns era mardito, ruim, mandava bate e mata tudo aqueles que não queria fica na usina pra trabalha. Nós pobre, sem nada pra vive, calava com as morte, trabalhava, não tinha voz naquele silenço que defendesse nós. Delegado de policia nem pensa, era afilhado ou coroné e nós trabalhava quieto, comia quieto, morria quieto.”60

Desta foram, para controlar e disciplinar os trabalhadores, os usineiros contavam com tropas de homens armados. Durante o período republicano, a autoridade e o poder do usineiro ia além da sua propriedade. Os usineiros eram detentores de força política, chegando inclusive a nomear os delegados de polícia, que contribuíam para a preservação do poder destes coronéis. Desta forma, os trabalhadores sentiam vigiados e submetidos as ordens e aos desmandos dos usineiros.

O poder dos usineiros (coronéis) começou a dar sinais de declínio a partir de 1930, com a ascensão de Vargas à presidência da República. Getulio Vargas deu inicio a uma política de combate ao coronelismo, através da ação dos interventores federais. Para Mato Grosso, o governo Vargas nomeou Mena Gonçalves, que combateu o regime de escravidão existente nas usinas.

No entanto em Mato Grosso, esse poder iria se estender pelas décadas seguintes e daria evidências de sua decadência somente quando os segmentos sociais conseguiram se organizar em sindicatos, associações ou federações, lutando pelos seus direitos e contra o jugo dos coronéis.61

2. Poaia, Ipeca ou Ipecacuanha

60 Apud, Aleixo, Lucia, Vozes do Silencio, p164, 165.61 Madureira, Elizabeth Siqueira, O Processo Histórico de Mato Grosso, p.38.

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A poaia, conhecida cientificamente como Cephaeles Ipecacuanha, é um arvoredo encontrado no oeste de Mato Grosso, mais precisamente nas bacias do rio Paraguai e Guaporé, cuja raiz é utilizada para fins medicinais.

A raiz da poaia é rica em emetina, uma substância capaz de tratar de algumas enfermidades do aparelho digestivo e do aparelho respiratório.

Desde o século XVIII, os europeus já demonstravam o seu interesse pela poaia, entretanto, foi somente a partir da segunda metade do século XIX, devido a expansão industrial na Europa e conseqüentemente o aparecimento da industria farmacêutica, que a poaia passou a ser extraída em larga escala.

No século XX, na década de 40, período em que o governo Vargas patrocinou o desenvolvimento industrial do país, a poaia passou também a atender a demanda interna.

A exploração da poaia era feita em matas fechadas, que eram arrendadas a empresas de capital nacional e até mesmo a empresas de capital estrangeiro.

No meio da área arrendada, era construída barracões para serem guardados os mantimentos, como as ferramentas de trabalho. Havia também ranchos, edificados para abrigar os trabalhadores.

Os trabalhadores eram contratados para fazerem a extração da poaia. O contrato de trabalho era temporário, e ganhavam o seu salário baseado na produtividade.

Trabalhavam somente no período das chuvas, e quando chegava a seca, o trabalhador tinha que buscar outra alternativa de subsistência. A saída de muitos deles era ir para Cáceres se empregar nas fazendas de gado.

A labuta era muito cansativa, pois o ritmo de trabalho era de 10 a 12 horas diárias. Acordavam bem cedo, antes dos primeiros raios de sol, faziam a primeira refeição e entravam na mata. Voltavam ao rancho somente ao final da tarde carregando em uma mochila de couro, a poaia extraída durante o dia.

Ao regressar secavam a poaia, e preparavam o seu alimento para o jantar e a refeição para o dia seguinte.

Depois de extraída e em sacada, a poaia era transportada, em lombos de animais até os rios, e através da navegação pela bacia Platina, a ipeca ia abastecer o mercado externo, e posteriormente (século XX), o mercado interno.

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3. Erva- Mate

A erva mate (Ilex Paraguaiensis) tornou-se em um dos produtos mais importante para a economia de Mato Grosso, ao final do século XIX.

Os ervais eram encontrados ao sul de Mato Grosso, nas áreas limitadas pelos rios Sete Voltas, Onças, Brilhante, Ivinhena, Paraná, Serras do Maracaju e Amambahy.

Em 1878, Thomas Laranjeira arrendou terras ricas em ervais para extrair a erva-mate. O interesse e a procura pela erva-mate cresceu neste período, uma vez que os médicos em seus congressos defendiam que a erva-mate era um excelente digestivo e poderoso como afrodisíaco. Assim Thomas Laranjeira ao ganhar a concessão das terras ao sul do Estado, fundou a Companhia Mate Laranjeira.

Thomas Laranjeira para fundar essa empresa contou com a participação do Banco Rio e Mato Grosso. Além disso, Thomas Laranjeira tinha como acionista, Joaquim Murtinho.

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Joaquim Murtinho era um médico renomado, político de grande expressão nacional, e durante a republica oligárquica chegou a ocupar o ministério da Fazenda, do Governo de Campos Sales. Durante a sua gestão, Joaquim Murtinho tomou medidas para desenvolver um rigoroso programa deflacionário. Essas medidas tornaram a balança comercial positiva, o câmbio elevou-se e a balança de pagamentos alcançou o seu superávit, entretanto, as conseqüências sociais e econômicas internas foram negativas, pois a quantidade de dinheiro em circulação foi drasticamente reduzida, gerando a carestia, o desemprego e a elevação dos produtos de primeira necessidade. A deflação arrasou o comércio e o credito bancário e as falências sucederam. Foi neste momento que ocorreu a falência do Banco Rio e Mato Grosso, a maior acionista da Mate Laranjeira.

Com a falência em 1902, o Banco Rio e Mato Grosso colocou a venda as suas ações, que foram adquiridas por Thomas Laranjeira e pelo empresário argentino Francisco Mendes. Desta maneira, a empresa mudou a sua razão social passando a se denominar, Laranjeira, Mendes& Companhia.

Thomas Laranjeira ficou encarregado de cuidar da extração do mate no sul de Mato Grosso, enquanto Francisco Mendes da sua industrialização em Buenos Aires. Na Argentina o mate era beneficiado, isto é, as folhas e galhos eram reduzidos a pó e a seguir enviadas para o mercado consumidor.

A Laranjeira e Mendes tornou-se uma grande empresa chegando a ter uma renda seis vezes mais que o Estado de Mato Grosso.62 A empresa tinha a seu serviço em media três mil trabalhadores, sendo a maioria deles de paraguaios. Contava com o patrimônio de 500 carretas, 30 chatas, lanchas a vapor, muares, estradas de rodagem, pontes, 2 linhas Decauville com mais de 70 quilômetros de extensão.63

A empresa controlava a extração e a produção do mate, monopolizando as terras no sul de Mato Grosso. No entanto, na década de 30, do século XX, ocorreu a falência da Laranjeira, Mendes & Companhia..

A sua derrocada estava relacionada às diretrizes tomadas pelo governo de Vargas. O governo federal estimulou a industrialização da erva-mate, em Santa Catarina e no Paraná, e para isso beneficiou a extração feita pelos pequenos produtores. E para estimular mais ainda a produção do mate na região sul, o governo federal criou em 1938, o Instituto Nacional do Mate.

Para piorar mais ainda a situação da Laranjeira e Mendes, o seu maior comprador, a Argentina, passou a produzir o mate nas províncias de Missiones e Corrientes.

O Trabalho e a produção do Mate

Como já foi mencionado, para a extração do mate, Thomas Laranjeira preferia para trabalhar nos ervais da empresa os paraguaios. Essa preferência estava associada, ao fim da Guerra do Paraguai, pois uma das seqüelas deste conflito armado foi à migração dos paraguaios para o Mato Grosso. Com a economia debilitada, muitos paraguaios vinham buscar a sua sobrevivência em Mato Grosso, sujeitando-se a trabalhar por um mísero salário.

Esses paraguaios empregados na extração do mate eram chamados de mineros. Recebiam seus salários de acordo com a sua produção. Entretanto ao receber os seus salários viam-se em dívida com a empresa, pois os seus alimentos, vestimentas eram 62 Siqueira, Elizabeth Madureira, O Processo Histórico, p.48.63 Álbum Gráfico, p 255.

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compradas no armazém da empresa. Esse situação provocava descontentamentos e para evitar a resistência dos trabalhadores, a empresa contava como uma força paramilitar denominada de comitiveros.

O trabalho consistia na poda de um pequeno arvoredo que raramente excede a 1,50 metros de altura. Os galhos eram cortados e transportados pelos trabalhadores aos ranchos do acampamento, aonde eram torrados em fogo brando. A seguir eram ensacados e transportados em navios a vapor até Buenos Aires. Anteriormente o transporte era feito em chalanas (pequenas embarcações), em carretas puxadas por bois através de uma via férrea de 25 km de extensão ligando Porto Murtinho à Serra de São Roque.

A extração do mate acontecia nos meses de janeiro a agosto, no restante do ano eram para a florescência das árvores.

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4. Borracha

A borracha é o produto extraído de árvores como a mangabeira, a maniçoba, a castilloa, a funtumia, a fícus e a Hevea.

Os espanhóis foram os primeiros europeus a entrar em contato com a borracha. Ao chegarem na América, constaram que os nativos das Antilhas e do México a utilizavam. Porém o primeiro registro deste produto do extrativismo vegetal foi feito por Gonzalo Fernandes d’Oviedo y Valdas, em sua obra Historia Geral das Indias . Nesta obra, o espanhol registrou que os índios utilizavam a borracha para fazer uma bola para jogar um jogo chamado por eles de Batey.64

Em 1731, a Academia de Paris organizou duas expedições comandadas pó Lacondamine e Bougier, que se seguiu para o Equador. Ao chegar em Quito, os viajantes colheram algumas mostras do látex e enviaram para a França. Informaram também a existência da borracha no rio Amazonas, e que os índios Mainas a usavam para confeccionar as suas botas.

O interesse pela borracha, contudo, se daria a partir de 1840, quando Goodyear descobriu como fazer a vulcanização da borracha. Assim deu inicio a corrida pelo látex, encontrado nos rios da bacia Amazônica e em Mato Grosso, nos rios que compõem a bacia Platina.

Em Mato Grosso, a extração da borracha aconteceu após a Guerra do Paraguai, era extraído principalmente das mangabeiras, e foi iniciada pelo Major José Vieira Coqueiro.

A industria extrativista trabalhava na sua extração nos municípios de Santo Antonio do Rio Madeira, nos rios Machado, Jamary, Jacy-Paraná, Mutum-Paraná, Paca Nova e Guaporé e seus afluentes, no rio Madeira, até quase todo o município de Diamantino.65

A borracha extraída de Mato Grosso abastecia o mercado interno e o mercado externo, e para isso o escoamento era realizado através da bacia Platina.. No início do século XX, o governo brasileiro investiu na construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, para escoar a borracha até o porto de Manaus, entretanto, devido as dificuldades encontradas para a construção da ferrovia, o projeto não foi finalizado.

O interesse pela borracha ao final do século XIX, provocou uma intensa migração para Mato Grosso e Amazônia. Os migrantes vinham em busca de trabalho, eram 64 Álbum Gráfico, p. 248.65 Idem, p. 248.

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provenientes principalmente do nordeste, que naquele período era assolado por uma terrível seca.

Esses migrantes geralmente saíam do nordeste contratados pelos seringueiros. Tinham a sua passagem financiada pelos produtores de borracha, com isso chegavam devendo e subordinados ao seringueiro.

Ao chegarem ao local de trabalho recebiam do seringalista dinheiro para a aquisição de ferramentas de trabalho e de alimentos, aumentando mais ainda a sua dependência ao patrão.

Ao chegarem a zona de extração do látex, os trabalhadores abriam caminhos dentro da mata, recebiam as árvores, dando a seguir início a extração. Para obter o látex faziam um corte no tronco da árvore, colocavam uma caneca amarrada a árvore. Depois de executar essa atividade, o trabalhador retornava recolhendo todo o látex. A próxima etapa da produção era a coagulação do látex. Para realizá-la, era usado o alumen, um produto químico que provoca o aquecimento do produto permitindo a confecção de bolas. Essas bolas eram enviadas para o mercado externo.

A extração do látex acontecia somente no período das secas, pois as chuvas tornavam difícil o processo de coagulação. No período das chuvas, o trabalhador não podia sair das áreas de extração, ficando aguardando a seca, consumindo os produtos do armazém do patrão e se endividando mais ainda.

O trabalhador recebia de acordo com a sua produção, assim ao final do dia ao regressar ao acampamento, a sua produção era anotada em uma caderneta, e ao final do mês recebia o seu salário. Ao acertar o salário, o trabalhador praticamente nada tinha a receber, pois tinha que pagar ao patrão as despesas feitas em seu armazém. Muitos destes trabalhadores inconformados com essa exploração fugiam, porém eram perseguidos pelos capangas dos seringalistas.

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5. Pecuária

A pecuária contribuiu para o processo de colonização de Mato Grosso. Inicialmente essa atividade econômica se desenvolveu como uma economia complementar à mineração.

As primeiras fazendas de criação de gado surgiram em Chapada dos Guimarães (Serra Acima) e abasteciam as minas de Cuiabá. Posteriormente a criação de gado se estendeu a outras regiões da Capitania de Mato Grosso, como o Pantanal, a São Pedro d’El Rey (Poconé) e a Vila Maria de Cáceres (Cáceres).

A criação do gado era extensiva, isto é, solto nos pastos e destinados para o corte. Nas fazendas, o gado era cuidado por homens livres pobres, que recebiam salário. Os escravos ficavam incumbidos de cuidar das tarefas domésticas na casa grande e nas roças de subsistência.

Na segunda metade do século XIX, com a abertura da Bacia Platina, a pecuária foi beneficiada, pois através da navegação fluvial, a Província exportava para os países platinos e para as demais províncias brasileiras o charque, o caldo de carne, o couro, a crina e o sebo.

A produção do charque atendia também ao mercado interno, pois a carne consistia em um dos produtos mais apreciados pela população de Mato Grosso. Contudo, os médicos e as autoridades governamentais viam com desconfiança essa preferência, pois a

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inexistência de um matadouro ameaçava a saúde da população, pois o gado era abatido em péssimas condições de higiene. As autoridades alertavam para a prática de trancar o gado nos currais, pois sem água e sem pasto, eram enviados ao abate sem nenhuma inspeção sanitária.66 Assim alertados sobre o perigo do consumo da carne, a saída da população era o consumo da charque.

No entanto foi somente no início do século XX, com a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que a atividade da pecuária passou a ser significativa para a economia mato-grossense. A estrada de ferro ligava o sul de Mato Grosso a cidade de Bauru, no Estado de São Paulo. Através dela, o gado era transportado para engorda em São Paulo, aonde era abatido e beneficiado. A estrada de ferro acabou ainda estimulando a pecuária no sul do Estado.

A criação do gado favoreceu o desenvolvimento da indústria do charque. Umas das mais significativas foi Descalvado instalada as margens do rio Paraguai, em Cáceres. A charqueada foi construída com capital estrangeiro, e pertencia ao argentino Rafael Del Sar, que mais tarde a vendeu para uma companhia belga. Posteriormente, Descalvado foi comprada pela Brazil Land& Castle Packing Co, associada ao Sindicato Facquhr, da Alemanha.

Inserir imagem de Descalvado

Além deste saleiro, Mato Grosso contou com o Saladeiro Miranda, de propriedade da empresa de Montevidéu Deambrosio, Legrand & Cia, do Saladeiro Tereré, nas proximidades de Porto Murtinho e o Saladeiro do Barranco Branco, também perto de Porto Murtinho.67

O quadro abaixo apresenta os principais saladeiros de Mato Grosso:

Bagoari, Corumbá e Rebojo CorumbáBarranco Branco, Mato Grosso Porto MurtinhoAlegre CoximSão João PoconéCuiabá CuiabáPedra Branca Miranda Aquidauna AquidauanaCampo Grande, Rio Pardo e Esperança Campo GrandeSerrinha Três LagoasFonte: Borges(2001) Apud: Siqueira, Elizabeth, Historia de Mato Grosso, p. 119.

Inserir imagem sobre pecuária

Capitulo 11: Transição do Trabalho Escravo para o Trabalho Livre em Mato Grosso

66 Cavalcante, Else Dias de Araújo, A sífilis em Cuiabá, p.70.67 Álbum Gráfico, p.293.

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Na segunda metade do século XIX, a economia cafeeira estava em franca expansão, favorecendo a industrialização, que acarretou o crescimento desorganizado de cidades como São Paulo e o Rio de Janeiro.

Neste período, muitos imigrantes europeus chegaram ao Brasil atraídos pelo sonho de enriquecimento, de fazer a América. Vieram trabalhar nas fazendas de café, aonde eram extremamente explorados e logo perceberam que o sonho de enriquecimento estava bastante distante, pois o acesso a terra tornou-se mais difícil com a promulgação da Lei de Terras(1850), que estabeleceu que as terras devolutas deviam ir a leilão. Assim a propriedade da terra tornou-se inacessível ao homem pobre do campo.

Cansados da exploração dos fazendeiros, muitos imigrantes foram para São Paulo trabalhar nas fábricas engrossando as fileiras dos moradores dos cortiços. Essas moradias abrigavam os setores sociais marginalizados, que viviam amontoados em péssimas condições de higiene.

Colocar imagem de Cortiço do livro cidade Febril aproximadamente na pagina 160, imagem de um cortiço

As transformações econômicas e sociais exigiam mudanças nas relações de produção, provocando uma crise do sistema escravista. Desta maneira, o governo imperial preocupou-se em atender os diferentes posicionamentos sobre a extinção da escravidão.

Havia aqueles que eram partidários de um fim de escravidão lenta e gradual, outros advogavam a libertação imediata e ainda havia aqueles que defendiam a sua manutenção.Além disso, a Inglaterra interessada na expansão do mercado consumidor, pressionava o governo imperial para finalizar o tráfico de escravos intercontinental.

Diante destas pressões, o governo imperial interessado em atender aos diferentes interesses, iniciou a promulgação das leis abolicionistas. Em 1850, foi aprovada a Lei Eusébio de Queiroz, que estabeleceu o fim do tráfico de escravos, contudo foi somente em 1888, com a assinatura da Lei Áúrea que a escravidão chegou ao fim. Essas alterações ocorridas na região sudeste acabaram repercutindo na Província de Mato Grosso.

Em Mato Grosso, a aprovação da lei Eusébio de Queiroz não trouxe transformações sensíveis, uma vez que o número de escravos existente na província era suficiente. Além disso, a economia extrativista da poaia, da erva-mate e da borracha, devido as suas particularidades, optou pelo trabalho do homem livre. Assim os escravos existentes eram absorvidos na economia açucareira.

Para garantir o suprimento de mão-de-obra para os produtores de açúcar foi necessário apelar para o trafico interprovincial de escravos. O surgimento do tráfico interno de escravos estava relacionado a proibição do tráfico intercontinental, pois com o fim do abastecimento de escravos, as províncias do nordeste passaram a abastecer as demais províncias brasileiras, solucionado o problema da falta de mão-de-obra.

Em Mato Grosso, o governo para assegurar a mão-de-obra escrava aos produtores de açucar chegou a estabelecer uma taxa de 30% sobre cada escravo que fosse vendido a outra província.68

A Lei Eusébio de Queiroz favoreceu para que muitos escravos utilizados no serviço doméstico em Cuiabá fosse transferido para a lavoura canavieira. Desta forma, em 1868-

68 ALEIXO, Lúcia Helena, Mato Grosso-Trabalho escravo e trablho livre, p.48.

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1869, ocorreu a diminuição do número de escravos urbanos em Cuiabá. A diminuição da quantidade de escravos na capital da Província foi ocasionada pela epidemia de varíola ( 1867), que dizimou muitos escravos, pela Guerra do Paraguai, uma vez que muitos escravos foram enviados aos campos de batalha, pelo deslocamento de escravos domésticos para a economia açucareiro em expansão, pela abolição do trafico negreiro e posteriormente as demais leis abolicionistas acabaram dificultando mais ainda a aquisição de escravos.69

No tocante as atividades urbanas, os escravos além de trabalharem nos serviços domésticos, eram encontrados trabalhando como carpinteiros, oleiros, sapateiros, dentre outras funções. Pelas ruas de Cuiabá, os escravos podiam ser vistos no comércio ambulante, negociando mercadorias que eram vendidas para manter a sua sobrevivência ou adquirir a sua carta de alforria.

Com a abolição do trafico, o preço do escravo aumentou e as fugas tornaram-se mais freqüentes. Os jornais que circulavam na província noticiavam as fugas, dando detalhes físicos do escravo fujão e prometendo recompensa e prêmios. A exemplo, temos o anúncio abaixo:

Gritada-se com a quantia de 150 $ 000 a quem capturar os escravos Modesto e Zeferino, pertencentes ao senhor Urbano José de Arruda... 70

Em 1871 com a aprovação da Lei do Ventre Livre, o governo imperial determinou a liberdade para as crianças nascidas na escravidão. Porém essa lei foi pouco cumprida, pois os proprietários de escravos alteravam as datas de nascimento e evitavam batizar as crianças, para impedir a execução da lei.

Em 1885, a Lei Saraiva Cotegipe ou dos Sexagenários, que concedeu a liberdade aos negros idosos, não promoveu também muitas alterações, uma vez que muitos escravos faleciam antes de conseguir usufruir dos seus direitos. De acordo com o Relatório da Agricultura, em 1888, na Província de Mato Grosso havia somente 20 sexagenários libertos.71

Entretanto, é importante salientar, que os idosos alforriados preferiam continuar a viver nas fazendas dos seus antigos donos, pois não possuíam terra no campo e nem uma profissão qualificada para irem para a cidade.

Paralelamente as leis abolicionistas, ocorreu em Mato Grosso, o surgimento de Sociedades de Emancipação. Essas sociedades sobreviviam com muitas dificuldades financeiras, pouco podendo fazer pelo fim da escravidão. Porém, os escravos libertados pelas sociedades de emancipação continuavam sob a tutela de seus antigos proprietários.

Durante a crise do escravismo, as cartas de alforria tornaram-se bastante corriqueiras, entretanto favoreciam principalmente as mulheres e as crianças, pois os escravos do sexo masculino eram imprescindíveis nas atividades econômicas. A seguir apresentamos abaixo um exemplo de carta de alforria

Por esta que vai por mim feita e assinada concebo liberdade a minha escrava Isabel pelos bons serviços que prestou-me durante pouco tempo que esta em meu poder, pois quando a comprei foi mesmo para fazer-lhe este ato caritativo. Espero que

69 Idem, p.50.70 APMT-Provincia de Mato Grosso, 18/09/1881.71 ALEIXO, Lucia Helena, p.85.

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como prometo não seria desconhecida a este beneficio e continuara a morarem minha casa e servir-me sito que não tenho quem me sirva sem constrangimento. Cuiabá, 19 de marco de 1880.72

Concluindo podemos afirmar que o abolicionismo atingiu a Província de Mato Grosso, entretanto, nesse período a economia da Província já estava sustentada na mão-de-obra livre, logo a crise do escravismo não abalou a economia mato-grossense.

Presidentes da Província de Mato Grosso

Período Nome

1825-1828: José Saturnino da Costa Pereira.1828-1830:Jerônimo Joaquim Nunes.1830-1831: André Gaudie Ley.1831-1833: Antonio Correa da Costa.1833: André Gaudie Ley1833:1834: Antonio Correa da Costa.1834:José de Melo Vasconcelos1834: Joao Poupino Caldas1834-1836: Antonio Pedro de Alencastro1836: Antonio Correa da Costa.1836:Antonio José da Silva 1836-1838: José Antonio Pimenta Bueno.1838:José da Silva Guimarães.1838-1840: Estevão Ribeiro de Resende.1840: Antonio Correa da Costa.1840-1842: José da Silva Guimarães. 1842-1843: Antonio Correa da Costa.1843: José da Silva Guimarães.1843: Manuel Alves Ribeiro.1843: José Mariano de Campos.1843-1844: Zeferino Pimentel Moreira Freire.1844-1847: Ricardo José Gomes Jardim1847-1848:João Crispiano Soares.1848: Manuel Alves Ribeiro1848: Antonio Nunes da Cunha.

72 Ministerio da Cultura- Como se de ventre livre nascido fosse, p.33.

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1848-1849: Joaquim José de Oliveira.1849-1851: João José da Costa Pimentel.1851-1857: Augusto Leverger.1857-1858: Albano de Souza Osório.1858-1859: Joaquim Raimundo Delamare.1859-1862: Antonio Pedro de Alencastro.1862-1863:Herculano Ferreira Pena.1863: Augusto Leverger.1863-1865: Alexandre Manuel Albino de Carvalho.1865-1866: Augusto Leverger.1866-1867: Albano de Souza Osório.1867-1868: José Vieira Couto de Magalhães.1868: João Batista de Olivieria.1868: Albano de Souza Osório.1868-1869: José Antonio Murtinho.1869-1870: Augusto Leverger.1870: Luís da Silva Prado.1870: Antonio de Cerqueira Caldas.1870-1871: Francisco Antonio Raposo.1871: Antonio de Cerqueira Caldas.1871-1872: Francisco José Cardoso Júnior.1872-1874: José de Miranda Reis.1874-1875: Antonio de Cerqueira Caldas.1875-1878: Hermes Ernesto da Fonseca.1878: João Batista de Oliveira.1878-1879: João José Pedrosa.1879-1881: Rufino Enéas Gustavo Falcão. 1881: José Leite Galvão.1881-1883: José Maria de Alencastro.1883: José Leite Falcão.1883-1884:Manuel de Almeida Gama Lobo D’Eça.1884-1885: Floriano Peixoto.1885: José Joaquim Ramos Ferreira.1885-1886: Joaquim Galdino Pimentel.1886: Antonio Augusto Ramiro de Carvalho. 1886-1887: Álvaro Rodovalho Marcondes dos Reis.1887: Antonio augusto Ramiro de Carvalho.1887: José Joaquim Ramos Ferreira.1887-1889: Francisco Rafael de Melo Rego.1889: Antonio Herculano de Souza Bandeira.1889: Manuel José Murtinho.1889: Ernesto Augusto Cunha Matos.

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Atividades

1)(UFMT) Em relação a Mato Grosso, no contexto da independência do Brasil, julgue os itens:( ) Ocorria mudança do eixo econômico, Vila Bela para Cuiabá, em função da

decadência da mineração e da incrementação das atividades agropecuárias e comerciais.( ) A população distribuia-se de forma heterogênea com maior concentração na

região central, onde se localizava Cuiabá, principal centro urbano, embora em 1822, não fosse a capital.

( ) A disputa pela localização da capital, envolvendo Cuiabá e Vila Bela da Santíssima Trindade, na realidade colocava em campos opostos a oligarquia do norte cujo poder centrava-se em mãos doas altos funcionários, burocratas, e a oligarquia do sul com base nos latifundiários pantaneiros.

( ) As dificuldades financeiras vivenciadas na Capitania que, além de periférica, passava pela diminuição da produção aurífera, foram agravadas pelos gastos excessivos de Capitães-generais com festas e ostentações que lhes garantiam popularidade entre a elite.

2)(UFMT) Em relação à extinção do trafico negreiro, aprovada pelo império Brasileiro em 1850, julgue os ítens:

( ) O fim do trafico não comprometeu o sistema compulsório de mão-de-obra porque a taxa positiva de crescimento vegetativo da população escrava satisfez em grande parte a demanda.

( ) A utilização da mão-de-obra livre nacional e a aquisição de escravos do Centro-Oeste decadente foram soluções adotadas pela política imperial para a falta de braços na lavoura cafeeira.

( ) A lei de Terras, aprovada em 1850, determinou que as terras públicas passassem a ser vendidas e foi um mecanismo para dificultar o acesso `a propriedade de terras por parte de futuros imigrantes.

( ) A reorientação de capitais antes utilizados na importação de escravos dinamizou a economia brasileira, dando origem a bancos, industrias e empresas de navegação.

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3) (UFMT) Considerando o contexto de euforia vivido na Província de Mato Grosso após o termino da guerra contra o Paraguai em 1870, julgue os itens:

( ) A abertura da navegação pelo rio Paraguai estimulou as atividades produtivas e as Casas Comerciais passaram a acumular lucros com a importação e a exportação de mercadorias.

( ) A existência de inúmeros engenhos em Mato Grosso, especialmente ao longo do rio Cuiabá e em Chapada dos Guimarães, propiciou a montagem de usinas de açúcar, evidenciando o desejo de modernização da produção.

( ) A extração da erva mate, que tinha por base a mão-de-obra escrava representou uma exceção nesse contexto, pois entrou em decadência devido à concorrência européia que, graças à produtividade da mão-de-obra assalariada oferecia melhores preços no mercado internacional.

( ) A poaia ou ipecacuanha, planta nativa das matas localizadas entre Cáceres e Chapada dos Guimarães, era utilizada pelos índios para cura de várias doenças e teve um significativo papel nas exportações para a Europa, onde foi pesquisada e utilizada na fabricação de remédios.

4) (UFMT) A rusga foi um movimento social ocorrido em Mato Grosso no ano de 1834, que contou com a participação de diferentes camadas da sociedade mato-grossense.( Elizabeth Madureira Siqueira. O processo histórico de Mato Grosso. Cuiabá, 1990, p. 107)

Os itens desta questão têm relação com o contexto citado. Julgue-os colocando V ou F.

( ) A luta entre os dois grupos dominantes, um liberal e outro conservador, tinha como razão a disputa pelo poder político.

( ) A decadência da produção do ouro e o sistema de cobrança do quinto, devido à Coroa, contribui para a eclosão do movimento.

( ) A exigência de maior autonomia regional, em relação ao governo central, foi uma das características desta revolta.

( ) A expulsão dos portugueses e outros estrangeiros, fazia parte dos programas dos revoltosos.

5)( UFMT) Em Mato Grosso, no final do século XIX, as usinas de açúcar proliferaram principalmente ao lado do rio Cuiabá, na região de Santo Antonio do Leverger. A este respeito julgue os itens abaixo:

( ) A mais famosa usina foi do Itaici, de propriedade do político mato-grossense Antonio Paes de Barros, vulgo Totó Paes.

( ) A importância das usinas estava ligada ao fato de que os proprietários, intitulados “coronéis” controlavam o voto dos trabalhadores e formavam redutos eleitorais.

( ) A produção açucareira das usinas de Mato Grosso alcançou índices elevados e teve um papel significativo na exportação regional.

( ) Na importação das usinas açucareiras as relações de trabalho modernizaram-se ao ponto de antecipar os direitos trabalhistas que no restante do Brasil somente seriam oficializados com a Consolidação das Leis Trabalhistas( CLT).

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6) Em meados do século XIX, finalmente se abriu a navegação pelo rio Paraguai, fato que facilitou sobremaneira os transportes e a comunicação para a Província de Mato Grosso. O novo trajeto tinha o Cuiabá e o Paraguai como os principais rios” (Silva, Edil Pedroso. O cotidiano dos viajantes nos caminhos fluviais de Mato Grosso, p.23 ).Em 1865 com o inicio da Guerra da Tríplice Aliança, a bacia Platina se tornou o palco da Guerra. Sobre a Guerra do Paraguai, assinale a alternativa incorreta.a)Com a invasão de Corumbá, a população da Província de Mato Grosso se sentiu bastante insegura.b)O conflito provocou o aumento exorbitante dos gêneros alimentícios, e dentre estes o maior aumento recaiu sobre o sal.c)Essa guerra interessava ao capitalismo inglês, pois o desenvolvimento independente do Paraguai preocupava a Inglaterra.d)Há muitas divergências na historiografia brasileira com relação as reais causas da Guerra.e)Uma das seqüelas trazidas pela guerra para a Província de Mato Grosso foi a Cólera, que acabou exterminado parte significativa da sua população e apesar do cordão sanitário organizado pelo governo imperial o mal se propagou por Cuiabá.

7) Os conflitos envolvendo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai no século XIX, tinham como causa principal: a) disputas pelo controle da bacia do Rio da Prata;b) a disputa pela indústria paraguaia;c) as disputas entre liberais e conservadores;d) a abolição da escravidão;e)estabelecer os limites territoriais, respeitando o Tratado de Madri.

8) Sobre a Rusga, julgue os itens abaixo:( ) Ocorrida no 1º reinado, representou uma disputa política local entre os

Conservadores e Liberais.( ) Os Conservadores eram representados nesse período pela Sociedade dos Zelosos

da independência.( ) Ocasionou apenas a transferência do poder político das mãos dos liberais para

conservadores que mantiveram a mesma ordem sócio-econômica na região.( ) Esteve inserido no contexto dessa revolta social um forte sentimento de aversão

aos estrangeiros (xenofobia), representado pelas perseguições aos comerciantes portugueses (bicudos).

(...) A Rusga contou com a participação dos soldados da Guarda Nacional.

9) Em 1834, no momento que eclodiu a Rusga, o presidente da província de Mato Grosso era:a)José Jacinto de Carvalho.b)Pascoal Moreira Cabral.c)João Poupino Caldas.d)) Bento Xavier.

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e)Caetano Montenegro.

10) O Tratado de Aliança, Comércio, Navegação assinado em 1856, entre o Brasil e o Paraguai, permitia;a)o livre comercio entre os paises.b)a tomada da área parcial do Paraguai.c)a prisão de Solono Lopez.d) a navegação pelo rio Paraguai.e) a navegação pelo rio Uruguai.

11) “Em 1 de julho de 1867 chegou a Cuiabá um vapor proveniente de Corumbá que trazia a bordo um soldado contaminado pela varíola. As pessoas que estiveram em contato com ele logo caíram doentes. O mal se espalhou rapidamente pela cidade atingindo do Porto Geral ao Mundéu”. (Cavalcante, Else. Imagens de uma epidemia, p.11).A citação acima faz alusão a epidemia de varíola que atingiu a cidade de Cuiabá, na segunda metade do século XIX. A respeito deste contexto histórico, é incorreto afirmar que:a)A epidemia aconteceu no período da Guerra do Paraguai.b) Para conter o surto epidêmico, o governo provincial construiu o cemitério de Nossa Senhora do Carmo.c) A solução mais efetiva tomada pelas autoridades governamentais foi a aprovação da Lei da Vacinação Obrigatória.d) A epidemia não ficou restrita a Cuiabá, mas se alastrou por outras localidades.e) No decorrer do século XIX, o país foi assolado por diversas epidemias. Estas se proliferaram em conseqüência da falta de higiene da população assim como da falta de um saneamento básico nas cidades brasileiras.

12) Durante o período regencial, Cuiabá e suas imediações foi palco de um movimento social denominado de Rusga. A respeito deste movimento social é incorreto afirmar que:a)Teve como uma de suas causas a luta política entre os liberais e os conservadores. b) Havia no partido liberal duas facções: os liberais moderados e os liberais exaltados.c) Os conservadores ou caramurus eram os representantes da elite nativa, e tinham uma profunda aversão aos portugueses e aos demais estrangeiros.d) Os liberais faziam as suas reuniões na Sociedade Zelosos da Independência.e) Um dos lideres do movimento foi João Poupino Caldas e Patrício Manso.

13) no inicio do ano de 1834, o Partido Conservador estava no poder, e garantiam os privilégios dos portugueses, principalmente dos ricos comerciantes. A importância dada a esse grupo social acabou provocando descontentamentos, que por sua vez acabaram provocando a Rusga. Em 1834, o Presidente da Província de Mato Grosso afastado em conseqüência da crise política que se anunciava era o conservador:a)Antonio Correa da Costa.b) Antonio Maria Correa.c) João Poupino Caldas.d) Antonio Pedro Alencastro.

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e)Pascoal Domingues de Miranda.

14) Na segunda metade do século XIX, Mato Grosso se enquadrou no órbita do capitalismo através da navegação da bacia Platina. Sobre esse contexto histórico, é válido afirmar que:a)A navegação da bacia Platina somente foi possível com a assinatura do Tratado de Aliança, Comércio, Navegação e Extradição entre Brasil e Bolívia.b) Através da navegação fluvial, Mato Grosso exportava matéria-prima para os países platinos e importava produtos manufaturados das potências européias.c) Com a navegação fluvial, a Província conseguiu superar a sua debilidade econômica.d) A navegação do Prata somente foi rompida no inicio do século XX, com a construção da E. F. Noroeste do Brasil.e) A navegação do Prata atendia aos interesses da elite regional, assim como da Inglaterra, que em conseqüência da sua produção industrial precisava da abertura de novos mercados.

15) A respeito da Guerra da Tríplice Aliança, assinale a alternativa correta:a)O estopim da guerra foi motivada pelo aprisionamento do navio brasileiro “ Marques de Olinda”, que trazia a bordo o novo presidente da Província, Augusto Leverger.b) A guerra foi marcada pela formação de uma aliança entre o Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, em combate com o Paraguai.c) Francisco Solano Lopes, presidente do Paraguai atingiu o Império Brasileiro pelo atual Estado do Mato Grosso do Sul.d) O primeiro ataque das tropas paraguaias ocorreu em Corumbá.e) Durante o conflito armado, Corumbá se manteve intacta e a sua população em segurança.

16) Em 1867, com a retomada de Corumbá, a Província de Mato Grosso viveu um dos momentos mais desastrosos da sua história, a epidemia de varíola. Sobre esse período histórico é correto afirmar que:

I-A doença dizimou quase a metade da população cuiabana e foi capaz de alterar até mesmo as relações afetivas.

II- Segundo o cronista Joaquim Ferreira Moutinho, corpos eram colocados na rua e devorados por cães e corvos. Por toda a cidade sentia-se o odor dos cadáveres em estado de putrefação.

III-Durante o surto epidêmico da varíola, o Presidente da Província era Couto de Magalhães.

a)I,II e III são corretas.b) I e II são corretas.c) I e III são corretas.d) II e III são corretas.

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e) Não há alternativa correta.

17) A guerra da Tríplice Aliança trouxe muitas transformações para Mato Grosso. Com relação a essas mudanças, assinale a alternativa incorreta.

a)Em 1870, com o fim da guerra ocorreu a reabertura da bacia Platina.b) Os portos de Corumbá, Cáceres e Cuiabá passaram a exportar produtos do extrativismo vegetal e produtos da pecuária aos países platinos e as províncias brasileiras.c) Com a reabertura da bacia Platina, Casas de Comercio surgiram nas cidades portuárias como Corumbá, Cuiabá e Cáceres.d) Mato Grosso perdeu parte do seu território ao final do conflito armado.e) Ocorreu uma migração dos paraguaios para Mato Grosso à procura de uma vida melhor.

18) Com a reabertura da bacia Platina, Mato Grosso tornou-se um importante produtor e exportador de erva mate. A respeito dessa economia extrativista, assinale a alternativa correta.

a)A erva mate era nativo da região oeste de Mato Grosso.b)A mão-de-obra utilizada na extração do mate foi a do africano.c)O principal comprador de mate era a Bolívia.d) A Companhia Mate Laranjeira praticamente detinha o monopólio na extração do mate em Mato Grosso.e) Aqueles que trabalhavam na extração do mate eram chamados de “camaradas”.

19) A poaia conhecida cientificamente como Cephalis ipecacuanha foi um dos principais produtos da economia mato-grossense a partir de 1860. Sobre a poaia é correto afirmar que:a)O produto atendia a demanda do mercado interno e externo.b) O produto era extraído no oeste da Província somente no período das secas.c)A ipeca era nativa da região de Cáceres, Barra dos Bugres, Vila Bela e Cuiabá.d) A poaia era encontrada somente em Mato Grosso.e) O produto era escoado em chatas, botes, batelões ou lanchas ás províncias do sudeste visando atender a indústria de remédios.

20) Com a abertura da bacia Platina pelo rio Paraguai, muitas proprietários de terras importar máquinas para a instalação de usinas. A esse respeito é válido afirmar que:a)As usinas surgiram principalmente as margens do rio Cuiabá e em Chapada dos Guimarães.b) Os trabalhadores das usinas no século XIX era desempenhado pelos escravos, já no início do século XX por homens livres pobres que eram denominados de “mineros”c) Umas das principais usinas foi a da Ressaca construída em Santo Antônio do Leverger.d) Na década de 30, do século 20, Vargas conferiu uma série de benefícios aos usineiros para incentivar a produção açucareira no Estado.

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e) A produção das usinas era escoada principalmente pela bacia Platina.

21) A respeito da pecuária em Mato Grosso, assinale a alternativa incorreta:a)Desde o período colonial, a pecuária consistiu em uma atividade econômica importante no abastecimento do mercado interno.b) A E.F. Noroeste da Brasil provocou o desenvolvimento desta atividade econômica, principalmente na região sul do Estado.c) A mão-de-obra empregada na criação de gado exigia muitos trabalhadores, por isso até o final do século XIX, a principal mão-de-obra utilizada pelos fazendeiros era os escravos.d) Os produtos da pecuária como a crina, charque, couro e sebo eram escoados pela bacia Platina.e) Descalvados localizado ás margens do rio Paraguai se destacou como um dos principais saladeiros da região.

22)Durante a Guerra da Tríplice Aliança, a população da Província sentiu bastante insegura em conseqüência do ataque paraguaio e devido ao ataque de quilombolas. Um dos quilombos mais temidos no período da guerra foi:a)Piolho.b) Aldeia da Carlota.c) Rio do Manso.d) Rio Sepotuba.e) Quariterê.

23) A borracha ganhou importância econômica a partir de 1870. A seu respeito, assinale a alternativa correta:

I-Este produto era extraído somente no período das chuvas.II- O látex era extraído da seringueira e da mangabeira e eram encontrados no vale amazônico e as margens dos rios da bacia Platina.III-O produto abastecia o mercado externo e na década de 40, do século XX passou a

atender o mercado interno.

a)Todas estão corretas.b)Somente a I e II são corretas.c) Somente a I e III são corretas.d) Somente a II e III são corretas.e) Somente a III é correta.

24) O movimento social denominado de Rusga somente foi combatido com a nomeação do Presidente da Província:a)Antônio Alencastro.b) João Poupino Caldas.c) Manoel de Abreu Menezes.d) Patrício Manso.e) Barbosa de Sá.

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25) Viajante que percorreu ao final do século XIX, o território mato-grossense em viagem científica registrando as potencialidades de Mato Grosso:a)Franz Van Dionant.b) Joaquim Moutinho.c) João Severiano da Fonseca.d) Sabino Rocha Vieira.e) D. José Reis.

Gabarito:1-V,V,F,V.2-F,F,V,V.3-V,F,F,V.4-V,F,V,V.5-V,V,F,F.6-E7-A8- F,F,F, V,V.9-C10-D11-C12-C13-A14-E15-C16-A17-D18-D19-C20-E21-C22-C23-D24-A25-C

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Parte III: República

Capitulo 12: A República em Mato Grosso

Em 15 de novembro de 1889, os militares do Exército brasileiro proclamaram a República. Entretanto o ideal republicano não era novo no Brasil, pois desde o século XVIII, movimentos em prol da independência, como a Inconfidência Mineira e a Conjuração dos Alfaiates, já idealizavam o regime republicano.

Porém foi somente ao final do século XIX, que a República foi instaurada. Quais foram então os fatores que favoreceram o advento da Republica?

Com certeza um fator determinante foi a adesão dos fazendeiros de café. Os cafeicultores do oeste paulista interessados em defender os seus interesses econômicos, advogavam a favor do regime, uma vez que a República daria uma maior autonomia aos Estados.

Os fazendeiros do Vale do Paraíba, defensores da Monarquia, em 1888 com a assinatura da Lei Áurea perderam seus escravos e não receberam do Estado nenhuma indenização. Contrariados, esses fazendeiros passaram a apoiar a oposição. Desta maneira, a decretação do fim da escravidão foi um dos fatores que provocaram a queda do Império.

Outro fator foi o descontentamento dos militares com o governo imperial. Com o término da Guerra do Paraguai, os militares foram fortemente influenciados pelo positivismo de Augusto Comte. Sonhavam com uma república centralizada, uma ditadura republicana. Desejavam participar ativamente da vida política do país, contudo, apesar das vitórias na Guerra do Paraguai, o sistema político era monopolizado pela aristocracia tradicional. Tal situação gerou um profundo descontentamento entre os militares.

Além da crise com os militares, o governo imperial também teve que enfrentar uma crise com a Igreja Católica. Essa crise foi motivada pela prisão dos bispos de Belém e Olinda. A prisão dos religiosos estava relacionada a Encíclica “Syllabus”, que condenava a participação de católicos na maçonaria. Entretanto, D.Pedro II desautorizou a bula papal e permitiu que fieis católicos pudessem freqüentar a maçonaria. O bispo de Belém e de Olinda desobedeceu as determinações do imperador, e por isso foram condenados a prisão.

Assim em 15 de novembro, apoiados pelos cafeicultores e pelas classes médias urbanas, o Marechal Deodoro da Fonseca conduziu as tropas militares na proclamação da República.

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A notícia da proclamação da Republica chegou tardiamente em Mato Grosso, mas foi bem aceita pela população. Os jornais que circulavam em Mato Grosso noticiaram com entusiasmo a novidade declarando que a República daria a população “a liberdade plena, a igualdade civil, a fraternidade, chama ao Serviço da Pátria todos os que na pátria habitem; e acreditamos que podemos em tempo dizer que jamais tão bela cooperação no Brasil se efetuou. Viva a confederação Brasileira!” 73

As idéias republicanas circulavam em Mato Grosso desde o final do século XIX. Os seus partidários chegaram a fundar em 1888, o Partido Republicano Mato-Grossense e para defender os seus princípios chegaram a fundar o jornal “A República”. A seguir vejamos o desenrolar dos primeiros anos da Republica......

Republica da Espada (1889-1894)

Esse período foi marcado pelo governo dos marechais: Deodoro e Floriano Peixoto.Deodoro ao proclamar a República se tornou presidente do Governo Provisório.

Nessa fase política foi elaborada a primeira constituição republicana que estabeleceu: Presidencialismo Federalismo Sistema Representativo, que foi dominado por São Paulo, Minas Gerais e o Rio

de Janeiro. Voto Aberto Voto: 21 anos, sexo masculino e alfabetizados, exceto aos padres, soldados e

mendigos.Deodoro ainda nomeou governadores para os estados brasileiros. Para governar

Mato Grosso foi escolhido o General Antonio Maria Coelho, que foi muito bem aceito pela população. O jornal Mato –Grosso, em 31 de dezembro de 1889 publicou a seguinte saudação ao Presidente do Estado de Mato Grosso

“Acha-se como governador de Mato Grosso, o Exmo. Senhor General Antonio Maria Coelho.

Com a nova forma de governo que operou-se em todo o Brasil, no dia 15 de novembro ultimo, o governo Provisório não podia fazer melhor escolha, porquanto, a nomeação justa do Exmo. Sr. para governador de Mato Grosso, nos colocou em posição segura de ajudar o Sr. Exmo,... porque é filho de Mato Grosso, simpático, e ainda mais tendo sido o herói da retomada de Corumbá.

O general Antonio Maria Coelho há de fazer um bonito governo, por enquanto, todos os mato-grossenses acham-se satisfeitos com a distinta nomeação.”

Inserir imagem de Antonio Maria Coelho

Antônio Maria Coelho criou durante a sua gestão, o Partido Republicano Nacional, reunindo políticos do Partido Republicano e do Partido Conservador. Porém, Antônio Maria viria surgir contra o seu governo forças de oposição.

73 APEMT: Jornal “A Província”,31 de dezembro de 1889.

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Manuel Jose Murtinho e Generoso Paes de Leme Souza Ponce, forças opositoras ao governador, pressionam Antônio Maria, que diante da crise política acabou renunciando. Com a sua renúncia, tomou posse no governo do Estado, Frederico Sólon Sampaio.

No Rio de Janeiro, depois de promulgada a Constituição de 1891, Deodoro foi eleito indiretamente como previa o texto constitucional como presidente, e como vice-presidente foi eleito Floriano Peixoto. Em Mato Grosso, Sólon Sampaio organizou a Assembléia Constituinte Estadual que elegeu como governador de Mato Grosso, Manuel Jose Murtinho (Presidente do Estado) e Generoso Paes Leme de Souza Ponce ( Vice- Presidente do Estado).

Governo Constitucional de Deodoro (1891)

O governo de Deodoro foi caracterizado por uma crise política. O Presidente governava desrespeitando a constituição, demitiu os governadores dos Estados de Minas Gerais e de São Paulo e ainda fechou o Congresso Nacional.

As atitudes de Deodoro desagradaram a oligarquia e provocaram fortes reações. No Rio de Janeiro eclodiu a 1ª Revolta da Armada, que tinha como líder Custodio de Melo. Os rebeldes reivindicavam a renúncia de Deodoro. Pressionado pelas forças oposicionistas, Deodoro renunciou.

Em Mato Grosso, Manuel Jose Murtinho e Generoso Paes Leme de Souza Ponce, com a renúncia de Deodoro tiveram o seu poder ameaçado, crescendo contra esse grupo oligárquico uma forte oposição no sul de Mato Grosso.

Governo de Floriano Peixoto (1891-1894)

Com a renúncia de Deodoro tomou posse Floriano Peixoto. Entretanto, a constituição de 1891 previa em seu artigo 42, que se o presidente renunciasse antes de completar dois anos de governo, o vice não podia subir ao poder, e as eleições deveriam ser convocadas. Assim a posse de Floriano Peixoto contrariava a constituição, porém o marechal de ferro tinha o apoio da oligarquia.

Ao tomar posse viu surgir contra o seu governo, oposicionistas que afirmavam que o governo de Floriano era inconstitucional, ilegal.

Em Mato Grosso, essa oposição estava no sul, que promoveu um movimento para derrubar do governo Manuel José´Murtinho. A oligarquia do sul não reconhecia o governo do Estado, instalaram com isso uma Junta Governativa que tinha no comando João da Silva Barbosa, que inclusive tentou instituir no sul o Estado Livre de Mato Grosso ou a República Transatlântica. Os sulistas chegaram a cogitar em pedir ajuda a República do Prata ou até mesmo hipotecar o Estado a Inglaterra para atingir os seus objetivos. Partindo de Corumbá, os opositores vieram para Cuiabá com a intenção de depôr o governo do Estado.

Para aniquilar a oposição e se manterem no poder, Generoso Ponce, a frente de uma força paramilitar denominada “Divisão Floriano Peixoto” conseguiu vencer os opositores e Manuel Jose Murtinho foi novamente recolocado na presidência do Estado. A seguir Generoso Ponce comandando a “Divisão Floriano Peixoto” dirigiu-se ao sul para aniquilar os últimos focos de oposição.

Essa luta pela poder promovidas pelas oligarquias mato-grossense marcou o início da república em Mato Grosso. As camadas populares estiveram à margem destas intrigas

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políticas, e não puderam participar efetivamente das decisões políticas, portanto, não podiam de fato exercer o direito a cidadania. Tal situação nos reporta a Lima Barreto, que em sua obra “Policarpo Quaresma” demonstrou o comportamento político vigente no período republicano ao afirmar que o “Brasil não tem povo, tem público”. Assim o povo mato-grossense assistiu o desenrolar dos fatos impotentes e perplexos com as lutas políticas travadas pelas oligarquias em disputa pelo poder.

Republica Oligárquica (!894-1930)

Depois de vencidas as primeiras dificuldades que caracterizaram os primeiros anos da República, os republicanos históricos (civis) passaram a exigir o poder que até aquele momento esteve com os militares. Com a consolidação da república, as eleições diretas são realizadas tomando posse na presidência em 1894, Prudente de Morais. O presidente eleito era civil, paulista e fazendeiro de café, portanto, o seu governo assinala a subida ao poder da oligarquia cafeeira.

Contudo a força política da oligarquia cafeeira ocorreu principalmente na gestão do presidente Campos Sales, que para sustentar o poder da oligarquia cafeeira construiu importantes estratégias políticas. Dentre os mecanismos políticos construídos por Campos Sales, destacou-se a “política dos Estados”, assim denominado pelos seu idealizador, ou a “política dos governadores”.

A política dos governadores consistia em um acordo entre o presidente da república e os governadores dos Estados, que durante as eleições deveriam apoiar a candidato da oligarquia cafeeira à presidência recebendo em troca favores políticos. Os governadores também apoiavam os candidatos da oligarquia paulista e mineira nas eleições para a formação da bancada dos deputados e senadores, que iriam compor o Congresso Nacional.

Esse mecanismo político acabou fortalecendo em todo o país os coronéis, que através das fraudes, da manipulação dos votos controlavam os votos da sua região. A expressão “coronel’ é originaria da Guarda nacional criada no período regencial para conter as rebeliões que ocorriam pelo país, e que ameaçavam os interesses das elites regionais. Com este titulo, concedido pelo governo imperial, o poder central autorizava os chefes locais para possuir “gente armada” a seus serviços. O título era entregue ao chefe municipal de prestígio e a ele cabia todo o poder decisório ao nível do município:econômico, político, judicial e policial.74

No período republicano, os coronéis eram geralmente grandes proprietários de terra, detentores de poder econômico, possuíam prestigio social e poder político nas suas localidades. Controlavam os votos da população mais pobre, que viviam sob a sua influência. Exigiam dos seus agregados, da população fidelidade total. Assim nas eleições, os coronéis controlavam currais eleitorais, isto é, um depósito de votos. Muitas vezes para obter os votos, os coronéis recorriam a violência para obrigar a população a votar em seus candidatos. Esse voto dirigido e obtido através da violência ficou conhecido como “voto de cabresto”.

Em Mato Grosso, como já foi mencionado anteriormente, as lutas políticas entre a oligarquia do norte e a oligarquia do sul eram freqüentes. Na verdade, o regime republicano veio consolidar uma situação já existente, ou seja, conflitos pelo poder em nível local e regional. A violência se intensificou com o regime republicano, e com o coronelismo, o

74 Treveisan, Leonardo, A republica Velha, p.24.

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banditismo local aumentou consideravelmente. Assim a região mato-grossense passou a ser conhecida como “terra sem lei” aonde a única lei obedecida era o calibre 44.75

A seguir a leitura do quadro abaixo nos dá uma dimensão dos conflitos armados ocorridos em Mato Grosso nos primeiros anos do governo republicano:

Data /Período Local/ Região Causa/Objetivo Observações1891 Poconé Eleições: Adeptos do

PRNSob o comando do Cel. Antonio Nunes Cunha, Tem. Salomão ª Ribeiro e Diógenes Benites, um grupo armado tendo à frente uma bandeira vermelha., ocupa a cidade.

1891 Campo Grande Reação Monarquista Grupos armados dispostos a atacar a cidade.

1891 Vila de Levergeria: comarca de Miranda

Contra o governo de Murtinho

Bando civil e militar sob o comando dos coronéis João de Moraes ribeiro e João Rufino.

1892 Corumbá/Outras regiões

Contra o governo estadual

São depostos os elementos ligados à administração estadual, inclusive o presidente do Estado.

1892 Cuiabá A favor do governo estadual

O coronel Generoso Ponce comanda o batalhão “Floriano Peixoto” com mais de mil homens

1892 Miranda A favor do governo estadual

Os coronéis Augusto Mascarenhas, Manuel Antonio de Barros, José Alves Ribeiro, Estevão Alves Correa e Francisco Alves C armam mais de 200 homens para combater os revolucionários.

1892 Nioaque A favor do governo estadual

Bando de mais de 60 paraguaios sob o comando dos irmãos Lopes(armados por coronéis)

75 Correa, Valmir, Coronéis e Bandidos em Mato Grosso,p.31.

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1895 Nioaque Crise no PR Invasão da cidade pelo coronel João Mascarenhas.

1896 Nioaque O coronel João Caetano Muzzi, João Rodrigues de Sampaio e Vicente Anastácio invadem a cidade com mais de 150 homens.

1896 Nioaque Conflito armado entre os coronéis Muzzi e Mascarenhas.

1896 Nioaque PR Coronel Jango Mascarenhas invade a cidade.

1896 Ponta Porã PR Ataque às fazendas sob o comando do cel. João Cláudio Gomes da Silva

Fonte:Correa, Valmir Batista, Coronéis e Bandidos em Mato Grosso, p.33.

Portanto, os oligarcas com seus bandos armados disputavam a condução política do Estado. Em Mato Grosso, duas grandes oligarquias disputavam o poder; a do norte composta principalmente pelos usineiros, e a do sul formadas pelos grandes pecuaristas, pelos comerciantes, e pelos ervateiros.

Capítulo 13: Movimentos sociais que marcaram o período republicano em Mato Grosso

Desde o início do regime republicano muitos movimentos sociais empreendidos pelas camadas populares denunciavam a insatisfação da população citadina e urbana com o governo republicano.

Em Mato Grosso, os movi mentos sociais que aconteceram durante a vigência da república foram desencadeadas por grupos políticos regionais em disputa pelo poder. A seguir abordaremos os principais movimentos sociais que marcaram a história de Mato Grosso.

O Massacre da Baía do Garcez.(1901)

Esse movimento social ocorreu ao final do governo do presidente Campos Sales (1898-1902), e caracterizou a política dos governadores em Mato Grosso. Além disso garantiu a ascensão no governo do Estado, do usineiro Antônio Paes de Barros, conhecido em Mato Grosso por Totó Paes de Barros.

Entretanto, a origem deste conflito foi caracterizado pela violência e teve as suas raízes nas eleições governamentais de 1898. Nessas eleições, o coronel Generoso Ponce,

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pertencente ao Partido Republicano indicou como candidato ao governo do Estado, João Félix Peixoto de Azevedo. A indicação acabou suscitando a rivalidade entre Ponce e os Murtinho, uma vez que Manuel José Murtinho apoiava como candidato José Maria Metelo.

Vale ressaltar, que neste momento, os Murtinho possuíam projeção nacional, pois Manuel José Murtinho era ministro do Supremo Tribunal Federal, enquanto que seu irmão, Joaquim Murtinho era ministro da Fazenda de Campos Sales. Lembremos ainda, que os Murtinho eram acionistas da Companhia Mate Laranjeira, que detinha o monopólio da extração da erva-mate no sul de Mato Grosso e com certeza, a grande potência econômica do Estado.

Depois dessas importantes reflexões, voltemos ao Massacre da Baía do Garcez.Após o rompimento de Ponce e dos Murtinho, as eleições aconteceram e a vitória

coube a João Felix Peixoto de Azevedo.Manuel José Murtinho inconformado com a vitória do candidato de Ponce, reagiu a

situação, recorrendo ao governo federal e com o apoio do presidente da República formou uma força paramilitar denominada “Legião Campos Sales” , que tinha no comando o coronel Totó Paes de Barros. A “Legião Campos Sales” cercou a Assembléia Legislativa Estadual, em Cuiabá, para anular as eleições que deram vitória a Peixoto de Azevedo.

Com a anulação, novas eleições foram realizadas, vencendo Antônio Pedro Alves de Barros, que tinha o apoio dos Murtinho, logo da oligarquia cafeeira.

O governo de Antônio Pedro Alves de Barros foi bastante intranqüilo, pois esse governante logo recebeu a notícia da existência de forças oposicionistas. Para conter os focos de oposição, Totó Paes de Barros comandou uma tropa de homens armados; a “Divisão Patriótica”. Logo, Totó Paes de Barros descobriu que a oposição estava escondida em Santo Antônio do Leverger, na Usina da Conceição, que aliás era de propriedade de João Paes de Barros, irmão de Totó Paes.

Em posse desta importante informação, Totó Paes de Barros cercou a propriedade prendendo os suspeitos. A seguir conduziu os prisioneiros a Baía do Garcez, localizada entre Santo Antonio do Leverger e Cuiabá. Neste local, os prisioneiros foram barbaramente assassinados e seus corpos lançados nas águas da Baía.

No ano seguinte aconteceu o inesperado, as chuvas não vieram no período previsto, as águas da Baía secaram revelando o crime hediondo cometido por Totó Paes de Barros. Apesar da revelação, o crime ficou impune e Totó Paes de Barros, líder do Partido Republicano Constitucional, venceu as eleições ao governo do Estado tomando posse em 1902.

2- Revolta de 1906

Totó Paes de Barros ao assumir a presidência do Estado em 1902 manteve-se fiel ao Presidente da República, Rodrigues Alves, representante da oligarquia cafeeira. Entretanto, Totó Paes de Barros parecia não compreender que para se manter no poder não bastava estabelecer uma aliança política somente com o governo federal, mais ampliar o pacto político á nível regional. Desta maneira, Totó Paes de Barros acabou contando apenas com o apoio do seu grupo político, o que favoreceu o crescimento de um movimento oposicionista ao governador.

Embora Totó Paes tenha sido eleito com o apoio dos Murtinho, ao tomar o poder se distanciou destes oligarcas, que conseqüentemente passaram a fazer oposição ao governador.

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O rompimento entre Totó Paes de Barros e os Murtinho levaram esses oligarcas a se aproximarem do grupo de Generoso Ponce, do qual anteriormente eram inimigos políticos. A união de Ponce e dos Murtinho tinha como principal objetivo derrubar do poder Totó Paes de Barros.

Com relação a Generoso Ponce, este oligarca era oposição a Totó Paes de Barros desde o período da sua eleição, e contrariado com a vitória de Totó Paes de Barros nas urnas, Ponce mudou de Mato Grosso estabelecendo residência no Paraguai.

Neste país, Generoso Ponce fundou o jornal “A Reação”, especializado em tecer críticas ao governador e a sua administração. O jornal “A Reação” era feito no Paraguai e circulava clandestinamente no Estado de Mato Grosso.

O documento abaixo refere-se a uma matéria publicada no jornal “A Reação”, e emite um visão de uma pessoa que preferiu o anonimato para expressar a sua posição sobre o comportamento e as atitudes do governador Antônio Paes de Barros.

Senhores Redatores da “Reação”Completamente alheio às lutas políticas e aos interesses partidários, mas não

indiferente à sorte desgraçada que está reservada a nossa terra, se nela persistir, como norma, o regime de ódio aí inaugurado pela polícia do Sr. Totó Paes – que como verdadeiro possesso é hoje a própria encarnação do demônio – pelos males que tem implantado, perseguindo sem tréguas os seus desafetos, mandando matá-los e confiscando em seu proveito e no de seus irmãos Henrique e José os bens e a fortuna, tenho longamente refletido nos males que nos assoberbam, ameaçando o nosso futuro.

Vejo na obsessão do malvado Regulo de Itaicy um caso patológico interessante e digno de estudo da psiquiatria; não é possível que tal homem, com essa perversão dos sentimentos morais tantas vezes revelada tenha um cérebro são, funcionando de modo regular.

(sic) O homem está louco e deve ir ao Hospício.Vosso patrício, am° cr° ob°

N. N.76

O excessivo poder de Totó Paes de Barros, as perseguições e as mortes dos seus opositores acabaram provocando o medo e o descontentamento das camadas populares a sua administração.

Além disso, como já mencionamos anteriormente, provocou a união de dois inimigos implacáveis, Generoso Ponce e os Murtinho, que se aliaram a oligarcas da oposição em Corumbá dando origem a Coligação, que começou a construir estratégias para aniquilar o poder de Totó Paes de Barros

A Coligação, em 16 de maio de 1906, deu início aos seus planos, destruiu o comando da polícia, e cortou a comunicação de Cuiabá, Cáceres e Corumbá com a capital Federal. A seguir, a Coligação partiu em direção a Cuiabá.

Anteriormente ao rompimento das comunicações com o Rio de Janeiro, o governador pediu ao presidente Rodrigues Alves, que enviasse em seu socorro uma expedição militar, uma vez que o número de soldados a serviço do Estado não era

76 NDHIR: Jornal A Reacção , 10 de outubro de1902

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suficiente para conter a Coligação. Atendendo ao pedido do governador, Rodrigues Alves enviou a Mato Grosso, a “Expedição Dantas Barreto”, composta de dois mil soldados.

A Coligação chegou a Cuiabá pelo rio Coxipó, e entrou na cidade facilmente. Ao receber a notícia da chegada do grupo oposicionista, as forças do governo, que eram lideradas por Totó Paes de Barros tentaram contê-la, no morro do Bom Despacho e na Prainha. Porém a tentativa foi em vão, pois a Coligação dominou a rua Barão de Melgaço, atingiu o largo da Mandioca e São Benedito.

Ao perceber o avanço vitorioso da Coligação, Totó Paes resolveu fugir para as proximidades da Fábrica de Pólvora, no Coxipó.

Porém a Coligação acabou descobrindo o esconderijo de Totó Paes de Barros, e seguindo para o local, o grupo oposicionista sob o comando de Generoso Ponce entrou em confronto com o governador, que acabou atingido por uma bala e faleceu no local.

Logo depois deste episódio, a expedição “Dantas Barreto” chegou a Cuiabá, mais nada podia fazer, e imediatamente retornou ao Rio de Janeiro levando a informação ao presidente Rodrigues Alves do falecimento de Totó Paes de Barros.

Com a morte de Totó Paes de Barros, assumiu o governo de Mato Grosso, o vice-governador. Pedro Leite Osório.

3. Caetanada (1916)

Depois de eliminar Totó Paes de Barros, a antiga força de oposição; a Coligação se transformou no Partido Republicano Conservador (PRC), liderado por Generoso Ponce e Pedro Celestino.

Entretanto, a discórdia entre Pedro Celestino e os membros do seu partido logo se iniciaram, quando a Companhia Mate Laranjeira, a grande potência econômica do sul, pediu ao governo do Estado um novo arrendamento de terras.

Pedro Celestino mostrou-se contrário a aprovação deste arrendamento, pois defendia que essas terras deveriam ser usadas para promover a colonização de Mato Grosso, que na opinião do oligarca, era a melhor alternativa para promover o progresso do Estado de Mato Grosso.

Apesar de todos os argumentos defendidos por Pedro Celestino, a Companhia mate Laranjeira obteve um novo arrendamento. Não esqueçamos, que a Companhia Mate Laranjeira tinha como um dos seus principais acionistas os Murtinho, que possuíam enorme projeção na política nacional. Assim derrotado no seu posicionamento e contrariado, Pedro Celestino rompeu com o partido e fundou o Partido Republicano Mato-Grossense. (PRMG).

Em 1915, a disputa pela condução política do Estado contou com a participação dos seguintes partidos políticos: Partido Republicano Conservador, o Partido Liberal e o Partido Republicano Mato – Grossense. A vitória dessas eleições coube a Caetano de Faria Albuquerque, do Partido Republicano Conservador.

Ao assumir o governo, Caetano de Albuquerque indicou para o seu secretariado membros do seu partido, porém resolveu nomear um secretário do Partido Republicano Mato-Grossense. Tal nomeação gerou duras críticas entre os seus partidários, porém agradou o PRMG que conferiu o apoio ao governador. Caetano de Albuquerque tomou então a decisão de romper com o PRC e acabou se filiando no PRMG. Essa situação provocou uma guerra entre grupos armados do PRC e do PRMG.

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Para agravar mais ainda a crise política, Caetano de Albuquerque foi acusado pelo PRC de favorecer os produtores de borracha, no tocante, a cobrança dos impostos. Desgostoso com o rumo dos acontecimentos, Caetano de Albuquerque pediu a Assembléia Legislativa Estadual o seu afastamento da Presidência do Estado tomando posse o vice-governador Manuel Escolástico do PRC.

Decorridos alguns dias, Caetano de Albuquerque pediu ao Supremo Tribunal Federal a sua volta ao governo do Estado. Porém, Manuel Escolástico não aceitou deixar o governo. Esse confronto entre Pedro Celestino e Manuel Escolástico provocou a formação de um governo paralelo em Mato Grosso.

Em Cuiabá ficou na direção do governo, Caetano de Albuquerque e em Corumbá, Manuel Escolástico. Essa atitude acarretou em lutas armadas entre as oligarquias e tal situação era totalmente inconstitucional. O governo federal ao tomar conhecimento do ocorrido resolveu decretar intervenção federal em Mato Grosso em 1917.

O presidente da república em exercício naquele período, Venceslau Brás indicou como interventou federal Camilo Soares, que governou o Estado durante três meses, no entanto, no entanto, este governante não foi capaz de conter as brigas entre as oligarquias e os seus bandos armados. Desta forma, Venceslau Brás resolveu nomear outro interventor, escolhendo o bispo de Cuiabá, D. Aquino Correa. D. Aquino Correa era respeitado no norte e no sul e foi somente com a sua posse, que os conflitos entre os coronéis e o banditismo diminuíram.

Resumidamente podemos considerar que a Caetanada expressou a luta política entre as oligarquias nortistas e sulistas na condução política do Estado de Mato Grosso.

No tocante ao Governo de D.Aquino Correa, a sua gestão foi caracterizada por um período de tranqüilidade, uma vez que as disputas entre os coronéis foram combatidos. Durante o seu governo foi comemorado com festividades o bicentenário da fundação de Cuiabá, ocorreu a inauguração da luz elétrica, foi introduzido o primeiro automóvel em Cuiabá, foram edificadas edifícios públicos, pontes em Três lagoas e Cuiabá, foi criado o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, a Academia Mato-grossense de Letras, instalação do Observatório Meteorológico e Sismográfico, e D.Aquino ainda conferiu a Cuiabá, a alcunha de “cidade verde”, devido a presença de árvores frutíferas como mangueiras, laranjeiras, cajueiros, dentre outras, nos quintais cuiabanos.77

4. Morbeck e Carvalhinho

Ao iniciar a século XX, a região leste de Mato Grosso recebeu uma onda migratória de nordestinos que foram atraídos pelas jazidas de diamantes existentes principalmente nas proximidades dos rios Cassununga e Garças. A intensa migração deu origem a muitos núcleos de povoamento, como Alto Araguaia, Guiratinga, Poxoreo, Barra do Garças, Itiquira, Tesouro, dentre outras.

Foi neste contexto que chegou ao leste do Estado, José Morbeck, oriundo da Bahia, que logo se tornou o chefe político local, e que durante os pleitos eleitorais conquistava os votos dos moradores daquela região.

Morbeck impunha o seu poder através da violência, para isso contava com bandos armados e homens de sua total confiança, como por exemplo, Manuel Balbino de Carvalho, conhecido intimamente pelo apelido de Carvalhinho.

77 Correa, Virgilio Filho, Historia de Mato Grosso, p.612..

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Em 1926, Pedro Celestino, presidente do Estado de Mato Grosso, almejando dominar politicamente o leste começou a agir para aniquilar o poder de Morbeck. A estratégia arquitetada pelo governador para derrubar Morbeck era aliciar o seu fiel companheiro Carvalhinho.

Em 1925, Pedro Celestino por coincidência do destino, viu a possibilidades dos seus planos serem atingidos. Neste ano, um grupo de garimpeiros pediu a José Morbeck permissão para a realização de um baile na região. Essa região, rica em produção de diamantes era extremamente violenta. Assim Morbeck, na condição de chefe político local, apreensivo com a insegurança que reinava na zona de garimpo, permitiu a realização do Baile “Fecha Nunca”, mas para evitar problemas durante a festança, Morbeck mandou Carvalhinho cuidar do baile. Entretanto, Carvalhinho passou essa responsabilidade para Reginaldo, que possuía um bando armado a serviço de Morbeck. A festa foi um verdadeiro fracasso ocorrendo muitas mortes. e Reginaldo foi responsabilizado e delatado pelo moradores do leste como o responsável pelo ocorrido naquela noite.

Morbeck mandou prender Carvalhinho conduzindo-o a Cuiabá. Porém ao chegar a capital de Mato Grosso foi libertado, mas acabou falecendo vitima de um atentado, no Coxipó da Ponte.

A notícia da sua morte foi recebida no leste, e Carvalhinho acreditava piamente que Morbeck encomendou a morte do seu amigo. Neste momento aconteceu o que Pedro Celestino desejava, o assassinato de Reginaldo provocou uma fragilidade na amizade de Morbeck e Carvalhinho.

Depois deste incidente, Morbeck e Carvalhinho viajaram ao Rio de Janeiro. Carvalhinho marcou um encontrou em segredo com Pedro Celestino, que naquele momento estava também na capital federal.

Neste encontro, Carvalhinho recebeu a informação da sua nomeação como Delegado de Polícia da região do Araguaia e Garças e para agente arrecadador dos tributos das Minas de Garimpo. Ao retornar ao hotel onde estava hospedado com Morbeck revelou ao amigo o seu encontro com o governador, bem como, a sua nova função. Inconformado com a traição do amigo, Morbeck retornou imediatamente para Mato Grosso, com o objetivo de preparar uma emboscada para receber Carvalhinho.

Carvalhinho, orgulhoso da sua nomeação, ficou no Rio de Janeiro dando entrevistas aos jornalistas cariocas sobre a sua atuação como delegado do leste, de como combateria o banditismo e conseqüentemente a violência nos garimpos.

Ao retornar a Santa Rita do Araguaia, local de sua moradia,, Carvalhinho foi surpreendido durante a madrugada por Morbeck e seu bando. Para fugir ao cerco de Morbeck, Carvalhinho se atirou nas águas do rio Araguaia. Mas a sua fuga, tinha como destino final, a Bahia, aonde foi arregimentar homens para voltar a Mato Grosso e acertar as contas com Morbeck. Em Salvador, Carvalhinho entrou em contato com o governador Pedro Celestino pedindo proteção para o seu retorno a Mato Grosso.

Carvalhinho retornou ao leste, e com seu bando conquistou Lageado, Cassunungsa e Santa Rita do Araguaia. Morbeck diante do avanço das tropas de Carvalhinho, foi ao Rio de Janeiro pedir ao governo federal ajuda financeira para a contratação de homens e para a compra de armas e munições. Para obter o financiamento, Morbeck alegou ao governo federal, que essa contribuição financeira era fundamental para combater a Coluna Prestes, que naquele instante passava por Mato Grosso.

Ao voltar do Rio de Janeiro, Morbeck e Carvalhinho fizeram da região leste um palco de guerras. A rivalidade entre os seus bandos somente foi amenizada com a posse do

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novo governador do Estado, Mario Correa da Costa.Para combater os conflitos armados no leste, o governador recentemente empossado

tomou a decisão de nomear como novo delegado do Araguaia e do Garças, Valdomiro Correa.

Carvalhinho inconformado com essa indicação, cobrou do governo do Estado uma pesada indenização. Como o governo não deu resposta a sua exigência, Carvalhinho e seu bando resolveram atacar o quartel. Logo depois dessa façanha, Carvalhinho fugiu para Goiás. Porém, Mario Correa da Costa ao ter noticias do paradeiro de Carvalhinho e de seu bando, enviou um destacamento de soldados para Goiás para prendê-los. Depois de preso, o governo do Estado obrigou Carvalhinho a desfilar pelas principais ruas de Cuiabá, numa demonstração de que o “terror” do leste foi definitivamente combatido.

Em 1930 com a ascensão ao poder de Vargas, Carvalhinho foi libertado.

Capítulo 14: A Coluna Prestes em Mato Grosso

Inserir imagem sobre a Coluna Prestes

A Coluna Prestes se enquadra em uma das fases do movimento tenentista, que marcaram os anos de 1922 a 1927. O tenentismo contou com a adesão de oficiais do Exército brasileiro, principalmente os tenentes e alguns capitães. Logo, a alta cúpula militar se manteve alheia ao movimento..

O tenentismo foi um movimento de rebeldia, no qual jovens oficiais se colocaram contra o governo oligárquico, portanto representou o descontentamento de facções das forças armadas, que tinham como objetivo conquistar o poder e reformar a República.

Dentre as suas reivindicações, os tenentes propunham a moralização da administração, o fim da corrupção eleitoral, o voto secreto, defendiam o desenvolvimento de uma economia pautada no nacionalismo e a reforma da educação pública defendendo o ensino gratuito e obrigatório a todos os brasileiros

O movimento contou com a simpatia das camadas médias urbanas, de alguns industrias e de fazendeiros que não apoiavam a oligarquia cafeeira.

Em 1922, no Rio de Janeiro , os tenentes iniciaram o movimento com a revolta do Forte de Copacabana. As ofensas feitas ao Exercito e a repressão contra o Clube Militar levaram os tenentes a se rebelar, com a intenção de “salvar a honra do Exército.78. Entretanto o movimento fracassou. Entretanto, dois anos mais tarde, os tenentes tentaram novamente derrubar o governo oligárquico, representado por Artur Bernardes; era a Revolução Paulista de 1924.

O movimento que eclodiu em São Paulo deveria ter tido um caráter nacional, mas ficou limitado ao Rio grande do Sul, Amazonas e a cidade de São Paulo. No comando do movimento paulista estava Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa.

Os revoltosos deixaram a capital paulista e se deslocaram pelo interior do Estado de São Paulo, com objetivo de atingir o Paraná, pois estavam a espera de tropas vindas do Rio Grande do Sul.

O movimento tenentista no Rio Grande do Sul estourou em outubro de 1924, estando no seu comando o tenente João Alberto e o Capitão Luís Carlos Prestes. As tropas gaúchas deixaram o sul em direção ao Paraná para encontrar as tropas paulistas. Assim em

78 Fausto, Boris, historia do Brasil, p.307

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abril de1925, surgia a Coluna Miguel Costa-Luis Carlos Prestes, que posteriormente ficou conhecida como Coluna Prestes.

A Coluna Prestes percorreu todo o país propagando a idéia da necessidade de uma revolução popular para derrubar as oligarquias. Em 1926, Miguel Costa, Siqueira Campos e Luis Carlos Prestes lançaram um manifesto explicando os motivos da luta contra a oligarquia. Em seu manifesto afirmaram que “eram contra os impostos exorbitantes, a desonestidade administrativa, a falta de justiça, a mentira do voto, amordaçamento da imprensa, perseguições políticas, desrespeito a autonomia dos estados, a falta de legislação social e reforma da constituição.” 79

Percorrendo os lugares mais ermos do Brasil, a Coluna iniciou uma longa marcha e ao serem encurralados pelas tropas do governo, o comando do movimento com a permissão das autoridades se refugiaram provisoriamente no Paraguai.

A seguir retornaram ao Brasil penetrando por Porto Lindo, nas proximidades do rio Iguatemi em Mato Grosso. Ao ingressar no Estado, o general João Nepomuceno Costa deu inicio as perseguições, prendendo em Campo Grande até mesmo aqueles que se mostravam simpáticos ao ideário da Coluna. Novamente pressionados pelas tropas legalistas, os homens da Coluna se retiram para Goiás, daí partiram para o nordeste e ingressam mais uma vez pelo Mato Grosso.

O Jornal A Razão noticiou a chegada da Coluna Prestes em Cáceres. Segundo a imprensa, as autoridades policiais de Cáceres prepararam um plano de ação para conter a Coluna composta naquele momento por 800 homens, que ameaçavam invadir a cidade.

Para evitar a invasão a Cáceres, os oficiais se reuniu imediatamente no Quartel General. Acreditavam que podiam conter as forças rebeldes no Porto do Barranco Alto evitando que atravessassem o rio Paraguai.

Por outro lado, havia aqueles que duvidam que os soldados seriam capazes de impedir a invasão. Apesar das incertezas, a oficialidade de Cáceres conseguiu reprimir o ataque da Coluna. E segundo o artigo publicado no jornal local, os soldados lutaram bravamente para manter “a ordem”.80

Perseguidos pelas tropas legalistas e jagunços dos coronéis, A Coluna Prestes acabou se exilando na Bolívia.

Esse retorno a Mato Grosso ocorreu durante o governo de Mario Correa da Costa, que representava no Estado os interesses da oligarquia cafeeira. Segundo o discurso oficial, os homens da Coluna eram perigosos, sanguinários , e vieram trazer a dor, a intranqüilidade e o sofrimento a tantos lares, destruindo as nossas propriedades.”81

É importante frisar que essa visão sobre a Coluna Prestes não foi compartilhada por todos. Em muitos lugares, os homens da Coluna foram muito bem recebidos, e especialmente Luis Carlos Prestes que ficou conhecimento como Cavaleiro da Esperança.

Em luta pelos seus objetivos, os homens da Coluna Prestes enfrentaram durante a sua marcha pelo país inúmeras dificuldades, que foram relatadas por Jorge Amado, em sua obra literária O Cavaleiro da Esperança Vida de Luis Carlos Prestes. A seguir, o trecho do livro de Jorge Amado aborda alguns desses obstáculos

79 Povoas, Lenine. Historia Geral de Mato Grosso, p.311. 80 APMT: Jornal A Razão, 30 de julho de 1927.81 APMT: Mensagem de Mario Correa da Costa a Assembléia Legislativa de Mato Grosso em13 de maio de 1927.

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Prestes se encontrou com o impaludismo. Antes, fora a praga das sarnas que batera sobre a Coluna, os homens barbados e peludos parecendo imenso bando de macacos que se coçavam. Mas, na travessia do rio Piauí, quando das grandes chuvas, o impaludismo derrubou quatrocentos homens da Coluna. Prestes marchava com febre. Quase nenhum oficial escapou. Mas esses homens sentiam a febre. A maleita não os jogavam no chão.

Na Bolívia, Luis Carlos Prestes deixou seus companheiros de luta e partiu para a Argentina, aderindo ao marxismo, voltando ao Brasil somente no Governo Vargas.

Capítulo 15:Nos trilhos da Modernidade

A Construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil

A proclamação da República promoveu no país um conjunto de transformações que visavam desenvolver as potencialidades econômicas do Brasil com o objetivo de tornar o país uma fronteira aberta ao capitalismo internacional. Dentro deste contexto, Rodrigues Alves, presidente da Republica em 1906, através do prefeito Capital federal Pereira Passos remodelou o Rio de Janeiro, construiu avenidas largas, demoliu os cortiços existentes no centro da capital e iniciou uma política sanitária, que tinha a frente o médico sanitarista Osvaldo Cruz, que combateu ás doenças que mais vitimavam a população carioca, como a varíola, a peste bubônica e a febre amarela. A urbanização e o saneamento do Rio de Janeiro tinha como um dos seus principais objetivos atrair investimentos estrangeiros a capital federal.

Paralelamente a modernização da capital do Brasil, a elite brasileira adotou novas condutas de comportamento, de lazer e de vestir, que se inspiravam principalmente na França, essa mudança de hábitos e de comportamentos foi denominada de Belle Époque.

Assim o governo brasileiro pautado nos princípios do positivismo defendiam a necessidade de promover a modernização do país adequando-o ao capitalismo internacional. Para que esse projeto de modernidade fosse realmente concretizado, as autoridades governamentais deviam patrocinar a integração do território brasileiro. Foi neste contexto, que em 1904, se iniciou a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil.(NOB)

Deste o fim da guerra do Paraguai (1870), a integração de Mato Grosso as demais províncias brasileiras se dava através da navegação pela bacia do Prata. A principal via de comunicação entre São Paulo,.Rio de Janeiro e Corumbá ou Corumbá- Cuiabá ocorria através do rio do Prata e do rio Paraguai.

Na segunda metade do século XIX, os conflitos bélicos entre os paises platinos mostraram as autoridades governamentais como era vulnerável a navegação fluvial pelo Prata e não havia uma via interna rápida que ligasse Mato Grosso ao restante do país.

Foi nesta perspectiva, que o governo republicando idealizou a construção de uma estrada de ferro para Mato Grosso, uma vez que através dos seus trilhos teríamos uma comunicação e um transporte de pessoas, matérias-primas, e produtos industrializados de

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forma mais eficiente, e além disso a ferrovia vinha ao encontro dos interesse do governo federal em integrar as regiões do país, em modernizá-lo.

A construção da ferrovia também era interessante ao governo federal, pois iria permitir o escoamento da produção boliviana até o Porto de Santos. Nesse período, o governo federal estava interessado em estreitar as suas relações diplomáticas com a Bolívia.

Assim partindo de Bauru (São Paulo) em 1905, a construção da estrada de ferro seguiu em direção ao noroeste, e chegou ao rio Paraná em 1910, atingiu Porto Esperança, as margens do rio Paraguai, em 1914, e chegou a Corumbá divisa com a Bolívia somente em 1952, finalizando assim a sua construção.

Em 1919, o governo federal acampou a Estrada de Ferro de Bauru a Porto Esperança, passando a ser denominada de “Estrada de Ferro Noroeste do Brasil”

Para a sua construção, o governo federal teve que disponibilizar vultosos investimentos. Para isso, o governo federal recorreu ao capital internacional, que produzia todo o equipamento ferroviário como as pontes e os trilhos. Assim esse empreendimento interessou o capital inglês e francês. As grandes empreiteiras do país também se beneficiaram com a construção da Estrada de Ferro, pois davam suporte as obras, através de empréstimos. Desta maneira, a Noroeste do Brasil atendeu aos interesses dos setores privados nacionais e internacionais e permitiu que o Estado como agenciador deste projeto promovesse o desenvolvimento econômico nacional, e especialmente de Mato Grosso.

A estrada de ferro provocou mudanças para o Estado, como por exemplo, o crescimento dos índices de migração, pois durante a sua construção muitas pessoas migraram para o sul de Mato Grosso para trabalhar na sua edificação e ao final das obras prefeririam continuar a residir no Estado. Assim surgiram no sul de Mato Grosso muitas vilas e cidades.

Por outro lado a estrada de ferro acarretou na decadência econômica de Corumbá, que perdeu a importância econômica que obtivera no século XIX, sendo substituída por novos pólos econômicos com o Campo Grande, Porto Esperança e Ponta Porá..

Estrada de Ferro Madeira – Mamoré

Inserir imagem sobre a Madeira-Mamoré

Acima de Santo Antonio existe a Cachoeira caldeirão do Inferno. Neville Craig, que descreveu a tragédia da empresa Collins, conta-nos que os seus homens, ao chegarem a Santo Antônio a 19 de fevereiro de 1878, um dos poucos habitantes que ali se achavam dissera-lhes que naquele local o diabo perdera as botas. Aquele mesmo autor, descrevendo as alucinações do irlandês Manning, nas selvas do Madeira, conta que este dizia que o diabo estava o lambendo.

A ferrovia passou desde então a ser conhecida popularmente com o nome de “ferrovia do diabo”. Não só popularmente, mas também em artigos, reportagens, noticias, rádios e televisões, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré passou a ser mencionada como “a ferrovia do diabo”. A denominação “ferrovia do diabo”fora dada pelos trabalhadores da construção, entre 1878 e 191282.

82 Hardman, Francisco Foot, Trem Fantasma: A modernidade na selva, p.120-121.

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A citação acima ilustra o imaginário dos trabalhadores, que vieram a selva amazônica entre 1878-1912 para a construção de um fabuloso empreendimento A Estrada de Ferro Madeira- Mamoré.

A construção da Estrada de Ferro Madeira- Mamoré foi uma verdadeira epopéia, pois para a sua edificação engenheiros e trabalhadores tiveram que enfrentar as vicissitudes da natureza e a insalubridades da região.

A idéia de construir uma estrada de ferro ao longo dos rios Mamoré e Madeira nasceu em 1848, com o engenheiro boliviano José Augustin Palácios, que assegurou ao governo boliviano, que a construção de uma estrada de ferro naquela localidade era a melhor alternativa para o escoamento dos produtos econômicos produzidos pela Bolívia, uma vez escoá-los através Cordilheira dos Andes era extremamente difícil.

Em 1851, o engenheiro americano Larcher Gilbbon realizou um estudo para indicar ao governo americano a alternativa mais viável para a importação de matérias-primas que eram imprescindíveis a economia dos Estados Unidos. Para o engenheiro, a saída ideal era pelo Amazonas. Assim para dar o seu laudo técnico, Larcher desceu o rio Chaporé, Mamoré, Madeira e o Amazonas. Ao finalizar o trajeto, concluiu que a construção de uma estrada de ferro margeando as cachoeiras do rio Madeira podiam ser edificadas aproximadamente em dois meses. Foi assim que o governo boliviano resolveu adotar o trajeto de Gilbbon.

No Brasil, uma expedição tendo a frente o engenheiro João Martins da Silva Coutinho foi organizada para navegar pelo rio Madeira, e dar ao governo imperial um posicionamento. De acordo com o engenheiro brasileiro, a construção de uma estrada de ferro no rio madeira era viável e além disso promoveria o nascimento de núcleos de povoamento e o aumento do fluxo comercial na região.

Assim, o governo boliviano empolgado com a construção da estrada de ferro enviou o General Quevedo ao México e aos Estados Unidos em busca de engenheiros para canalizar os trechos encachoeirados do rio Madeira e construir a ferrovia. O engenheiro escolhido para esse empreendimento foi George Earl Church, do Exército americano.

Segundo Hardman, o coronel Church tinha um espírito aventureiro, era oportunista, e possuía uma atração pelas viagens distantes e pelo enriquecimento. Possuía também uma capacidade ímpar na construção de ferrovias somada a capacidade militar de expandir as fronteiras e de domesticar índios.83

Church aceitou o desafio de construir a estrada de ferro, porém impôs uma condição, isto é, que o governo boliviano lhe concedesse a exploração da navegação dos rios Madeira e Mamoré. Com esse objetivo foi criado em 1868, a Bolivian Navigation c Company

Para construir a ferrovia, já que muitos dos seus trechos estavam em território brasileiro, o coronel americano pediu a D. Pedro II, a concessão de 50 anos, e se preciso a sua prorrogação para conclusão das obras. Assim o governo brasileiro tornou-se parceiro de Church, enquanto o governo boliviano era o fiador da obra.

D. Pedro II, porém exigiu a Church, a mudança do nome da empreendimento, em vez de Bolivian Navigation Company, que se adotasse The Madeira and Mamoré Railway Company. Depois de concretizados os acordos entre o governo brasileiro e o coronel americano, Church viajou a Londres na tentativa de buscar recursos financeiros e tecnológicos para iniciar as obras.

83 Idem, p.120.

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Em Londres, Church conseguiu obter os empréstimos entretanto, foi exigido que a construtora encarregada pela obra deveria ser inglesa, assim como os materiais empregados na construção, ou seja, os trilhos e as locomotivas.

Desta forma, a empresa inglesa Public Works assumiu a construção da ferrovia. Em julho de 1872, a empresa chegou a Santo Antonio do Rio Madeira (MT) para começar as obras. Logo no início da construção, os ingleses perceberam que foram ludibriados. Vitimas das doenças tropicais que grassavam na região, trabalhadores e engenheiros da empresa faleceram. Assustados com a insalubridade que reinava no local, os ingleses abandonaram o projeto sem implantar um único trecho da ferrovia.

A seguir, a Public Works processou o coronel Church pelas suas perdas. Porém, o coronel recorreu alegando que a empresa desistiu do projeto, pois ficou atemorizada com a imensidão e os perigos da floresta.

Em 1873, o coronel Church encarregou a empreiteira americana Dorsay & Caldwell de continuar a construção da ferrovia Madeira-Mamoré. No entanto, ao entrarem em contato com a região, a empreiteira assustada com as mortes causadas pelas doenças tropicais abandonaram a construção e voltaram para os Estados Unidos.

Church não desistiu dos seus objetivos, desta vez, buscou a empreiteira inglesa Reed Bros & Co. para a construção. Porém a empresa não mostrou o mínimo interesse em assumir o empreendimento.

Desgatado pelas inúmeras tentativas, Church viu a sorte mudar, quando a empresa P & T Collins aceitou construir a estrada de ferro. Fecharam o contrato em 1877 e orçamento da obra foi estimado em 1.200.000 libras. Apesar do seu altíssimo custo, Church apostava no seu sucesso, e acreditava que a ferrovia proporcionaria muitos lucros, uma vez que a região era riquíssima em seringais. A confiança do coronel americano estava relacionada ao fato de que neste período, o látex era um produto bem cotado no mercado internacional.

Para iniciar as obras, a Collins formou uma expedição de 200 homens composta por engenheiros, médicos, operários, pessoal administrativo e de navegação.

Ao iniciar o mês de fevereiro de 1878, a construtora alcançou a primeira cachoeira do rio Madeira, no Porto de Santo Antonio. Assim ao longo deste ano, navios, equipamentos, trabalhadores e uma locomotiva chegaram a Santo Antônio.

A semelhança das outras empreiteiras que tentaram construir a estrada de ferro, a Collins também se deparou com o problema da insalubridade, com as doenças tropicais, mas mesmo enfrentando muitas dificuldades, a empresa conseguiu inaugurar simbolicamente a ferrovia em 4 de julho de 1878.

Muitos trabalhadores da P.& T. Collins assustados com as doenças e com os ataques dos índios fugiam das obras, se emprenhando pela floresta. Até mesmo, um dos proprietários da empresa, Thomas Collins teve o seu pulmão perfurado por uma flecha. Assim diante de tantas intempéries, a empresa Collins acabou falindo.

Por sua vez, Church, idealizador da construção da estrada de ferro, estava também totalmente falido, e para piorar a sua situação, o governo brasileiro cancelou a concessão para a construção da estrada de ferro.

No início do século XX, através do Tratado de Petrópolis, o governo republicano comprou o Acre pelo valor de dois milhões de libras esterlinas, e assumiu o compromisso de construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré.

A compra do Acre estava relacionada a exploração da borracha e devido a presença de trabalhadores brasileiros, em especial os nordestinos, que se dedicavam a extração do látex.

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A retomada da construção da Estrada de Ferro Madeira - Mamoré tinha como objetivo ligar a Bolívia ao Oceano Atlântico, escoar do Amazonas as riquezas do extrativismo vegetal que interessava ao comercio internacional.

Para a sua construção, um edital de concorrência restrito a empresários brasileiros foi publicado. O vencedor da concorrência foi o engenheiro Joaquim Catrambi, que juntamente com o engenheiro Percival Farquhar teriam a concessão da ferrovia.

Farquhar foi aos Estados Unidos contratar engenheiros para conduzir as obras da ferrovia. Desta maneira, em janeiro de 1907, engenheiros, trabalhadores de varias nacionalidades e técnicos americanos chegaram a Santo Antonio do Rio Madeira.

Em agosto de 1907, Farquhar comprou a concessão de Catrambi fundando a Madeira-Mamoré Railway Company.

Com o intuito de controlar as doenças que imperavam na região, Farquhar contratou uma equipe médica, enfermeiros, farmacêuticos e construiu o hospital Candelária, em Santo Antonio. Mesmo com essas medidas, as mortes eram inevitáveis, e por isso o empresário tinha que constantemente contratar mais mão-de-obra, no exterior.

Na tentativa de diminuir a incidência das doenças e conseqüentemente das mortes, o empresário contratou o médico sanitarista Oswaldo Cruz para estudar o quadro sanitário da região. Ao chegar em Santo Antonio, o médico instalou-se no hospital Candelária, e percorreu a linha da ferrovia até o rio Jaci-Paraná.

Ao finalizar o seu estudo sobre a região, Oswaldo Cruz apontou Santo Antonio como um foco de doenças e listou as enfermidades que mais afetavam a região: pneumonia, sarampo, ancilostomose, beribéri, disenteria, hemoglobinúria. Febre-amarela, calazar (leishmaniose visceral) e a mais temida de todas, a malária.84

Em 1912, apesar das inúmeras dificuldades, a ferrovia foi finalmente inaugurada, porém, o preço da borracha caiu no mercado internacional devido a concorrência com o sudeste asiático. Além disso, o canal do Panamá foi concluído em 1915, tornando os fretes mais baratos na região. Assim a Estrada de Ferro Madeira - Mamoré não deu os lucros esperados.

Atualmente a Estrada de Ferro Madeira - Mamoré não pertence mais ao território de Mato Grosso, pois em 1943, Getulio Vargas fundou o Território Federal do Guaporé, e com isso anexou Santo Antonio do Rio Madeira e Guajará-Mirim ao novo território. Posteriormente este território seria o atual Estado de Rondônia.

Atualmente a Estrada de Ferro Madeira- Mamoré não possui importância econômica para o Estado de Rondônia, e segundo Hardman, a memória atual dos habitantes de Porto Velho e demais localidades atravessadas pela linha da Madeira- Mamoré é evidentemente bastante fragmentária. A exceção de um núcleo restrito de velhos ferroviários e seus descendentes, que preservam ainda certa tradição oral em torno dos acontecimentos, a grande maioria dos povoadores de Rondônia.(sic) desconhece quase tudo sobre aquela estranha estrada de ferro desativada desde 1972.85

Trabalhadores da Estrada de Ferro Madeira - Mamoré

O recrutamento de mão-de-obra para a construção da ferrovia foi extremamente difícil desde o início de sua construção, pois muitos trabalhadores que chegavam ao vale

84 Ibidem, p.15085 Ibidem, p.180.

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amazônico vinham contratados para trabalhar nos seringais. Por isso que a solução encontrada pelas construtoras que acamparam o projeto de construir a ferrovia foi contratar mão- de - obra do exterior.

Os trabalhadores contratados para a construção da ferrovia recebiam um adiantamento para a sua passagem e ao chegarem ao local de trabalho recebiam mais um adiantamento para a aquisição de gêneros alimentícios, que eram vendidos pela empresa construtora. Recebiam também diariamente uma refeição de baixa qualidade nutricional.

Para receber esses trabalhadores a construtora edificou acampamentos, porém estes acabaram preferindo construir cabanas cobertas de palhas.

O quadro abaixo revela o número trabalhadores contratados para a construção da ferrovia pela Brazil Railway Co, no período de 1907 a 1912. :

Ano Homens1907 4461908 24501909 45001910 60241911 56641912 2733Total 21817Fonte: Hardmam, Francisco Foot, Trem Fantasma, p. 140.

Capítulo 16: Comissão Rondon: Construção das Linhas Telegráficas

Inserir imagem sobre Rondon

Na segunda metade do século XIX, os paises europeus passavam por um acelerado processo de industrialização, e com isso investiam cada vez mais em descobertas cientificas, com o intuito de promover a expansão capitalista.

Dentre essas inovações cientificas, é importante ressaltar a ferrovia e o telégrafo, pois essas descobertas foram capazes de facilitar as comunicações entre os continentes, integrando as populações das regiões “atrasadas” na órbita do capitalismo.

Paralelamente um discurso fundamentado no saber cientifico foi construído nos países capitalistas ricos para justificar a dominação econômica e cultural sobre as regiões não exploradas pelo capital.

Os ingleses e franceses interessados em investir o seu capital financiaram várias expedições cientificas, que em viagens exploratórias na África e na América buscavam conhecer as suas potencialidades. Para justificar a exploração econômica destes continentes e da sua população, os europeus baseados nas teorias de Darwin alegaram que o branco europeu era superior, e que tinham como missão propagar a civilização a esses povos, que ainda viviam no estagio da barbárie. Assim cabia aos europeus civilizá-los.

Neste período, o capitalismo europeu avançava a todo vapor, as suas exportações quadruplicaram, a navegação mercantil passou de 10 a 16 milhões de toneladas, a rede

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ferroviária em 1870 contava, com pouco mais de 200 mil quilômetros, mas as vésperas da Primeira Guerra mundial (1914-1918) chegou a 1 milhão de quilômetros.86

Foi nesse contexto, que o telégrafo tornou-se fundamental para o desenvolvimento do capital, pois permitia a circulação das idéias, os contatos comerciais entre as regiões mais distantes do Planeta, derrubando as fronteiras geográficas e políticas, e através da adoção de um único código de linguagem, o Código Morse, os homens conseguiram superar as barreiras lingüísticas.

No Brasil, a construção da linha telegráfica esteve sob a responsabilidade da Repartição Geral do Telégrafo. Em 1852, a primeira linha foi construída ligando a Quinta imperial ao Quartel General do Exército. Na visão do governo imperial, o telégrafo seria responsável pela integração entre as províncias brasileiras. De acordo com as autoridades governamentais e os parlamentares do Império, a falta de informação, de comunicação entre as províncias representava um entrave ao desenvolvimento econômico do país.

Em 15 de novembro de 1889, a república foi proclamada acarretando mudanças nas instituições políticas brasileiras. Contudo, o governo republicano inspirado nos princípios do positivismo considerou vital a retomada da construção das linhas telegráficas.

Para o governo republicano, a instalação do telégrafo não representava somente facilitar as comunicações entre as regiões brasileiras. Para os republicanos, construir as linhas telegráficas significava penetrar, conquistar o território brasileiro, definir as fronteiras, conhecer os povos que habitavam as regiões mais longínquas.

Os governantes da Republica e os intelectuais brasileiros, no inicio do século XX, viam o sertão brasileiro, como a antítese da civilização. O sertão representava um lugar dominado pela barbárie, pois era ocupado por povos que viviam em estado “primitivo”, marcado por uma intensa diversidade cultural. Assim seguindo os pressupostos do positivismo, os governantes e intelectuais do período almejavam a ‘ pacificação dos índios” e conseqüentemente a homogeneização da sociedade brasileira, que segundo eles seria obtida com a construção das linhas telegráficas.

De acordo com a historiadora Laura Antunes em sua obra A nação por um fio.87, a instalação das linhas telegráficas tinha como missão, como ideal retirar os povos que habitavam o sertão, do estágio de “selvageria’ e levá-los a civilização. Na verdade, civilizar possuía um significado bem mais amplo, isto é, torná-los produtivos contribuindo para o desenvolvimento da nação.

Para atingir as suas metas, o governo republicano indicou o mato-grossense, Candido Mariano Rondon para dirigir os trabalhos pelo sertão. Rondon daria continuidade ao trabalho iniciado no governo imperial, contudo o objetivo desta etapa era atingir os estados de Mato Grosso, do Amazonas, do Pará, como também o Acre, o Purus e o Juruá, vistos naquele momento histórico como uma região extremamente isolada, perigosa e de difícil penetração.

A Comissão Rondon era composta de oficiais do Exército, engenheiros militares, funcionários civis, soldados, especialistas em botânica, zoologia e geologia. Contou também com a participação de presos civis e políticos. A Comissão estava subordinada ao Ministério da Viação e Obras Publicas e ao Ministério da Guerra.

Nos trabalhos empreendidos pela expedição, os oficiais eram encarregados das tarefas estratégicas, enquanto cabia aos engenheiros estudar a topografia da região. Os

86 Hobsbawn, Eric, A Era dos impérios; 1875-1914), p. 95 87 Antunes, Laura, A Nação por um fio, p.69 a 135. Ver também: Hardman, Francisco Foot, Trem Fantasma.

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funcionários civis eram compostos pelos inspetores, telegrafistas, guarda-fios, fotografo e enfermeiros, que pertenciam a Repartição Geral dos Telégrafos.

Já os soldados, os presos civis e políticos eram encarregados das tarefas mais pesadas, como por exemplo, a abertura de estradas, a colocação dos postes e dos fios. Os soldados eram oriundos das camadas populares e muitas vezes foram enviados aos cuidados de Rondon, por serem considerados nos quartéis pelos seus superiores como “desordeiros”. Geralmente os presos enviados para a Comissão Rondon, eram indivíduos que participaram de rebeliões que afrontaram os interesses e o poder das oligarquias.

Como exemplo destas rebeliões, podemos citar o movimento ocorrido em 1910, durante o governo de Hermes da Fonseca. Na capital federal, os marinheiros se rebelaram exigindo do governo oligárquico o fim dos castigos corporais. O governo reprimiu violentamente o movimento, e para punir os presos optou pela deportação a bordo do navio Satélite. O destino dos 491 presos era a Estrada de Ferro Madeira -Mamoré e a Comissão Rondon.

O trabalho na Comissão era exaustivo, os trabalhadores enfrentavam uma jornada diária de 12 horas, e tinham direito ao descanso somente nos feriados e nas comemorações oficiais. Recebiam uma precária alimentação, e eram acometidos pelas doenças que grassavam na região. Na opinião do médico sanitarista, Oswaldo Cruz, a região amazônica era a mais insalubre do país.

As moléstias provocavam muitas mortes impedindo o avanço da construção da linha telegráfica. Para erradicar as doenças, e conseqüentemente diminuir a incidência da mortalidade, os médicos e enfermeiros nos acampamentos chegaram a oferecer aguardente quinada como prêmio para os trabalhadores que seguissem a risco o tratamento. O prêmio agradou os trabalhadores, uma vez que era proibido nos acampamentos o uso de bebidas alcoólicas.

Assim condenados pelo governo republicano a tarefas exaustivas, a enfrentar os perigos do “sertão inóspito”e as doenças tropicais, os trabalhadores resistiam provocando rebeliões. Para enfrentar a fúria, a resistência e disciplinar esses homens para o trabalho, Rondon criou estratégias de estratégias de dominação. Para evitar as revoltas, os trabalhadores eram constantemente vigiados e ameaçados com castigos físicos.

Em 1909, após o falecimento do presidente Afonso Pena, surgiu no governo federal uma forte oposição a construção da linha telegráfica Mato Grosso – Amazonas. O ministro J. J. Seara defendeu a sua extinção alegando que a Comissão desviava as verbas públicas e utilizava de castigos corporais. Além disso, muitos parlamentares e religiosos se mostravam contrários a “civilização do índio brasileiro”.

Apesar das duras críticas, a Comissão Rondon deu continuidade a sua tarefa, entretanto, não conseguiu chegar ao seu destino final a cidade de Manaus.

No quadro abaixo apresentamos resumidamente as etapas da construção das linhas telegráficas:Império: Direção da Comissão de construção das linhas Telegráficas: general Cunha Matos.Nesse período, as linhas telegráficas, saindo de Franca (São Paulo), passaram por Uberaba atingindo Goiás e Mato Grosso, até a Cuiabá.República:Direção da Comissão da Construção da Linha Telegráfica: Candido Mariano Rondon.Foram instaladas 17 estações, uma linha chegou até a fronteira do Paraguai, ligando Porto

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Murtinho a Bela Vista e outra atingiu a fronteira com a Bolívia, atendendo Cáceres, Coimbra e Corumbá.(1900-1906).1907- 1915: Foram construídas três sessões, uma saindo de Cáceres a Vila bela, a segunda ligando Cuiabá a Santo Antonio do Rio Madeira e a terceira teve um caráter exploratório e de reconhecimento da região Fonte: Cavalcante, Else, Rodrigues, Maurim, Mato Grosso e sua História, p. 107

Serviço de Proteção ao índio

Em 1910, o governo federal pautado pelo pensamento positivista tomou a decisão de iniciar uma ação governamental que tinha como objetivo civilizar o índio brasileiro. Para realizar esse projeto civilizatório, o presidente da Republica, Nilo Peçanha criou o Serviço de Proteção ao Índio.

O Estado, em seus discursos oficiais, afirmava que a função do SPI seria proteger o índio, demarcar as terras indígenas. Para conduzir a política de proteção ao índio, protegê-los do extermínio, Nilo Peçanha encarregou Candido Rondon, que ficou conhecido em todo o pais pelo lema “morrer se preciso for, matar nunca.”

O Serviço de Proteção ao Índio (SPI) foi extinto com a ditadura militar e os seus arquivos demonstraram que seus objetivos não foram alcançados, uma vez que os índios que participaram da Comissão Rondon perderam as suas terras, os suas referencias culturais, e ao final da construção da linha telegráfica foram para as cidades, aonde foram marginalizados e explorados. De acordo com a OPAN/CIMI, o Serviço de Proteção ao Índio entrou para a historia como um símbolo de genocídio. Desde a sua criação, a população indígena do país decresceu em cerca de 1 milhão para menos de 200 mil, sem esquecer que muitas nações indígenas foram extintas.88

A Política do Índio na República

Apesar do governo republicano desenvolver uma política voltada para o índio, os interesses capitalistas falaram e continuam a falar mais alto acarretando no massacre de aldeias indígenas ou na fome e miséria dos índios brasileiros.

Em 1850, com a Lei de Terras, a situação do índio se agravou, pois a lei impedia a existência da pequena propriedade e afirmou o predomínio do latifúndio na estrutura fundiária brasileira.

Nesse período, a economia brasileira se adequava as exigências do capitalismo. Assim a produção agrícola era sustentada no latifúndio e na exigência do mercado externo. Essas características econômicas acabou favorecendo a extinção dos povos indígenas e na dilapidação dos seus territórios, pois a medida que o capitalismo acelerava, os fazendeiros queriam mais terras.

Na segunda metade do século XX, os índios passaram a ser exterminados através de armas biológicas. Os capitalistas interessados nas terras indígenas chegaram a doar presentes, como por exemplo, cobertores contaminados com o vírus de doenças como o sarampo, a tuberculose e a sífilis. Desta forma, aldeias inteiras foram eliminadas.

88? Apud: Cavalcante, Else, Rodrigues, Maurim, Mato Grosso e sua História, p.109.

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Durante o Estado Novo, o governo através do projeto “A Marcha para o Oeste”, com a intenção de os “espaços vazios”, no sul de Mato Grosso, acabou também expropriando territórios indígenas.

E em 1963, a imprensa denunciou o massacre dos índios Cinta Larga. A chacina foi denominada pela imprensa de Chacina do Paralelo 11. Esta chacina ocorreu no município de Aripuanã, quando dois fazendeiros interessados em ampliar os seus domínios enviaram a Aldeia Cinta Larga, dois empregados portando uma metralhadora. Os empregados dispararam impiedosamente contra os índios.89

Na década de 70, com a colonização do Norte de Mato Grosso e da Amazônia mais uma vez os índios perderam o seu território e aqueles que resistiram foram eliminados. O estímulo dado ao governo federal à produção econômica exportadora, aniquilou as pequenas propriedades, promoveu o desmatamento que conseqüentemente tornou difícil a caça e a pesca nos rios.

Ao perderem os seus territórios muitos índios vieram morar nas cidades, contudo enfrentam muitas dificuldades como a falta de moradia, de emprego e o preconceito, uma vez que, desde o início da colonização vários estereótipos foram criados pelo branco denegrindo a imagem dos índios.

Os interesses capitalistas persistem e continuam a provocar uma série de conflitos entre posseiros, fazendeiros e índios. A reportagem do “jornal Diário de Cuiabá” no quadro abaixo revela a problemática do índio brasileiro.

Brasil abandonou índios, diz Anistia Internacional

Em comunicado emitido ontem à imprensa mundial, a Anistia Internacional afirmou que o governo e o Judiciário brasileiros fracassaram na proteção ao direito dos índios à terra.A manifestação foi motivada episódios envolvendo indígenas guaranis-caiuás em Mato Grosso do Sul, na região da fronteira com o Paraguai. Em 15 de dezembro, cerca de 700 índios foram retirados, pela Polícia Federal, de uma terra em disputa na cidade de Antônio João e está acampado à beira da rodovia MS-384. Nove dias depois, o índio Dorvalino Rocha, 39, foi morto com um tiro no peito. O autor do crime foi, segundo a Anistia e membros da Fundação Nacional do Índio, um segurança contratado por fazendeiros."No Brasil, a população indígena continua a sofrer violência e severa situação de pobreza como resultado do fracasso do governo e do Judiciário em proteger seu direito constitucional à terra", afirma a nota, intitulada "Brasil: Governo e Judiciário abandonam povos indígenas mais uma vez".A Anistia diz que a PF, apoiada por fazendeiros, usou violência na retirada dos índios de sua "terra ancestral" (uma mulher teria sofrido aborto) e que os guaranis-caiuás acampados estão sem comida nem abrigo. Os guaranis-caiuás são uma das etnias mais afetadas pela miséria no Brasil. Em 2005, ao menos 15 crianças morreram de desnutriçãoFonte:Diário de Cuiabá, 25/01/2006

89 Fernandes, Joana, Índio: Esse Desconhecido, p. 36.

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Expedição Roosevelt- Rondon

Inserir imagem sobre a expedição

Em 1913, o coronel Theodoro Roosevelt, ex-presidente dos Estados Unidos chegou a Mato Grosso através da navegação pela foz do rio Apa. Rooselvelt comandava uma expedição que tinha como objetivo atravessar o sertão até atingir o rio Madeira.

Candido Rondon recebeu a tarefa de conduzir a expedição pelo “sertão” mato-grossense. Partindo do Rio de Janeiro, Rondon teve o seu primeiro contato com Roosevelt em Corumbá surgindo assim a Expedição Roosevelt - Rondon.

Os expedicionários seguiram em direção a Cáceres, e posteriormente ao porto de Campo, no rio Sepotuba. Assim a expedição se dirigia em direção aos sertões dos índios Parecis e dos Nhambiquaras.

Para percorrer essa marcha, Rondon reuniu uma tropa de 110 muares, 70 bois cargueiros e dividiu a expedição em duas colunas; uma ficou sob o comando do capitão Amílcar Magalhães, que seguiu para Juruena, o outro grupo foi composto por Roosevelt e Rondon, que desceu o rio Papagaio, explorando e fazendo o levantamento da região. Mais tarde, as duas colunas se encontraram e rumaram em direção a Manaus. Ao chegar em Manaus, a expedição foi para Belém do Pará, e finalmente a expedição Roosevelt voltou para os Estados Unidos.90

A medida que a expedição avançava sobre o território mato-grossense amostras de vegetais e minerais eram coletados, animais caçados e empalhados. Todo este material foi enviando para os Estados Unidos para ser estudado, pois os americanos queriam conhecer as potencialidades de Mato Grosso, descobrir o que havia nesse imenso território para ser explorado.

Capitulo 17: Era Vargas em Mato Grosso

Na década de 20 e 30, a industrialização e a urbanização passaram a compor o cenário econômico e social do país, que anteriormente era predominante agrário. Embora, o café continuasse a ser o principal de exportação, o surto industrial de 1914/1918 trouxe transformações a sociedade brasileira. Essas mudanças provocaram também alterações políticas, uma vez que novos setores sociais como as classes medias urbanas, a burguesia industrial e o operariado questionavam as estruturas políticas que sustentavam a oligarquia cafeeira.

Apesar dos governos oligárquicos terem enfrentado vários movimentos sociais, que expressavam o descontentamento das camadas populares, a oligarquia cafeeira se manteve inabalável. Porém, uma crise política interna se deu durante o pleito eleitoral de 1909, quando Rui Barbosa e Hermes da Fonseca disputaram a presidência da República. Hermes da Fonseca foi eleito, e a oligarquia cafeeira foi capaz de superar essa fase.

Em 1929, a oligarquia cafeeira foi novamente abalada, com a crise dos Estados Unidos, que debilitou os países capitalistas. Com a queda dos preços do café no mercado internacional, o setor cafeeiro se viu em franca decadência. Paralelamente, na década de 20, 90 Mendonça, Estevão, Datas Mato-Grossenses, p.310.

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a oligarquia cafeeira enfrentou o movimento tenentista, que tinha como objetivo derrubá-la do poder.

O Tenentismo ameaçou principalmente o governo de Artur Bernardes (1922-1926), entretanto, as forças legalistas controlaram o movimento, e os rebeldes se exilaram na Bolívia. Apesar do insucesso dos tenentes, o governo oligárquico entrou em decadência, pois o tenentismo mostrou a insatisfação de setores do Exército ao governo oligárquico.

Outro desgaste que promoveu a falência da oligarquia foi a sucessão presidencial. Em 1929, a crise econômica, provocada pela desvalorização do café levou o presidente Washington Luís a romper com a Política Café com Leite, isto é, a sucessão presidencial entre Minas Gerais e São Paulo. Para essas eleições o candidato indicado pelo presidente foi o paulista Julio Prestes, no entanto, deveria ser Antonio Carlos de Andrade, chefe do Partido Republicano de Minas Gerias.

O rompimento deste acordo acarretou em insatisfações, e dentro do Partido Republicano Paulista aconteceu uma cisão, nascendo assim o Partido Republicano Democrático. Os tenentes reanimaram-se na tentativa de combater o domínio político dos paulistas, as oligarquias dissidentes do Rio Grande do Sul e da Paraíba apoiaram o rompimento de Minas Gerais com São Paulo.

Com o intuito de derrubar a oligarquia paulista, as oligarquias dissidentes formaram a Aliança Liberal, formada por Minas Gerais, Paraíba e o Rio Grande do Sul. As oligarquias dissidentes não apresentavam propostas revolucionárias, porém propunham mudanças que atendiam o anseio das camadas populares, como o voto secreto e o voto feminino, o estabelecimento de uma jornada de trabalho de oito horas. A Aliança Liberal lançou como candidato a presidência Getulio Vargas, representante da oligarquia gaúcha e como vice-presidente, João Pessoa representante da Paraíba.

As eleições aconteceram em 1930, a máquina da corrupção política paulista funcionou (voto de cabresto, fraudes, violência, dentre outras) novamente e Julio Prestes, candidato paulista venceu as eleições. Vargas obteve aproximadamente oitocentos mil votos, e o candidato oficial foi eleito com um milhão de votos.91

Diante destes resultados, a oligarquia dissidente com o apoio dos tenentes iniciaram o preparativos para um movimento armado. O estopim usado para começar uma luta para derrubar a oligarquia paulista foi o assassinato de João Pessoa, que fora candidato a vice – presidente pela Aliança Liberal.

Assim em 3 de outubro de 1930 iniciou-se a “revolução”, e já no dia 24 de outubro Washington Luis foi deposto. Com a derrubada da oligarquia, os rebeldes apoiaram a subida de Vargas ao poder., em 3 de novembro de 1930. Terminava desta forma a dominação da oligarquia cafeeira, mas as relações sociais continuavam as mesmas. Podemos considerar que a Revolução de 30 foi feita pelas oligarquias dissidentes para acabar com a política café com leite.

Governo Provisório de Vargas (1930-1934)

Ao subir ao poder, Getulio Vargas procurou combater as estruturas de sustentação

91 Tota, Antonio, O Estado Novo, p.11.

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criadas pela política-café-com leite, e para isso desenvolveu uma série de mecanismos que visavam reorganizar o Estado. Nessa fase política, foi fechado o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais.

Para governar os estados, Getulio interveio derrubando do poder os antigos governadores (oligarcas), exceto em Minas Gerais, e nomeou para governar os estados, os interventores federais, que geralmente eram tenentes.

Aos interventores federais cabia exercer o poder Executivo e o Legislativo, podiam deliberar posturas e atos municipais, e teriam nos estados governados por eles, os mesmos poderes que cabiam ao governo Provisório.92

Em Mato Grosso, Getulio destituiu do cargo de governador Aníbal de Toledo e indicou como interventor federal Antônio Mena Gonçalves, que tomou medidas que visavam minar o poder dos oligarcas, que anteriormente tinham o seu poder e interesses sustentados pela oligarquia cafeeira. Em Mato Grosso, a política de Mena Gonçalves afetou principalmente os usineiros, que eram coronéis que detinham o poder na região, pois apoiavam a oligarquia paulista.

Mena Gonçalves não foi o único interventor federal em Mato Grosso, posteriormente o presidente indicou como interventores federais para Mato Grosso, Artur Antunes Maciel e Leônidas de Matos. A troca de interventores cabia ao Presidente da Republica e a lei estabelecia que o interventor seria exonerado a critério do Governo Provisório.93

A mudança dos interventores demonstrava o interesse do governo Provisório pelo Estado de Mato Grosso. Esse cuidado estava relacionado as insatisfações dos oligarcas com as decisões do governo Vargas. Mena Gonçalves enfrentou uma forte reação das oligarquias, que não aceitaram as mediadas impostas pelo interventor, e este por sua vez chegou a decretar a prisão de alguns coronéis. Assim, os coronéis em protesto, reclamaram ao governo federal e Mena Gonçalves foi destituído.94

Em 1932, Getulio nomeou como interventor federal Artur Antunes Maciel, que recebeu a incumbência de conquistar a população mato-grossense ao governo getulista. Este ano foi bastante intranqüilo para o governo getulista, pois as elites gaúchas e mineira romperam com o presidente, acusando-o de ditador. A situação se agravou mais ainda, quando em 9 de julho de 1932, os paulistas iniciaram a Revolução Constitucionalista.

Os rebeldes paulistas desejavam na verdade recuperar o poder perdido com a “Revolução de 1930”, embora afirmassem à população paulista, que o movimento era necessário, pois Vargas governava o país inconstitucionalmente. Assim a bandeira levantada pela elite paulista, para conseguir a adesão do setores populares era que a revolução tinha como objetivo dar ao Brasil uma constituição.

São Paulo rompeu o movimento esperando a adesão das elites mineiras e gaúchas, mas estas acabaram se reconciliando com o presidente. Na realidade, São Paulo somente contou com a participação de um pequeno destacamento, proveniente do sul de Mato Grosso e comandado pelo general Bertoldo Klinger.

O apoio do sul de Mato Grosso a causa paulista estava associado ao anseio do sul de Mato Grosso pela divisão do Estado. No decorrer da Revolução Constitucionalista, o sul de Mato grosso se separou criando o Estado do Maracaju, que foi governado pelo médico, Vespasiano Martins.92 Carone, Edgar, Segunda Republica, p.1893 Idem, p.20.94 Madureira, Elizabeth, historia de Mato Grosso, p.198.

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A Revolução Constitucionalista durou três meses, Getúlio levantou a suspeita do separatismo paulista e com isso conseguiu manter os outros estados a seu lado. Sem armas, e isolados, os paulistas não resistiram muito tempo. Após ter controlado o movimento em São Paulo, Vargas combateu o movimento separatista no sul de Mato Grosso e convocou eleições para formação de uma assembléia constituinte para elaborar uma constituição para o Brasil.

Vargas pretendia garantir o domínio política na assembléia constituinte, pois essa instituição seria a responsável pela eleição do presidente, e lógico Vargas pretendia se candidatar. Assim a participação de Mato Grosso no movimento constitucionalista levou Vargas a dar mais atenção aos acontecimentos políticos que ocorriam em Mato Grosso. Foi neste momento, que aconteceu a repressão ao Tanque Novo, em Poconé.

Tanque Novo

O Tanque Novo localiza-se nas imediações de Poconé e na década de 30, durante o governo provisório de Vargas, os moradores deste vilarejo foram alvos de uma intensa repressão política promovida pelo governo. Esse movimento social ocorreu, em 1933, no momento em que Getulio Vargas convocava as eleições para a formação de uma Assembléia Constituinte para elaborar uma Constituição para o país.

Foi nesse reduto próximo a Poconé, que residia Laurinda Lacerda Cintra, uma dona de casa, que vivia modestamente cercada pelos seus filhos. Em Poconé, essa mulher era conhecida pelos moradores da região como Doninha.

Doninha ficou conhecida, pois segundo os habitantes de Poconé, era sensitiva. Tinha visões da santa “Jesus Maria José”, curava as enfermidades e fazia previsões sobre o futuro.

A notícia das curas de Doninha acabou conduzindo a essa localidade inúmeras pessoas, que vinham em busca de uma solução para os seus males. Depois de curados muitos preferiram se estabelecer naquele lugar, surgindo assim uma comunidade fortemente influenciada pela Doninha, e que tinha o seu cotidiano voltado para as práticas religiosas. Aos seus moradores era proibido o uso de bebidas alcoólicas e jogos de azar.

Os coronéis de Poconé durante a república oligarquia, logo enxergaram que poderiam obter votos na região através do apoio político de Doninha. Para isso, os coronéis ajudavam a Doninha e a sua gente com donativos.

Foi usando desta artimanha, que os coronéis nas eleições de 1930, conseguiram que a população de Poconé votasse no candidato da oligarquia paulista, Júlio Prestes. Assim, a vitória de Julio Prestes demonstrou que os coronéis e a população da região era oposição a Aliança Liberal.

Após a sua derrota nas urnas, a Aliança Liberal articulou um levante armado a Revolução de 1930. Através deste golpe, as oligarquias dissidentes contaram com a colaboração dos tenentes, aniquilando definitivamente a oligarquia paulista. A seguir, Getulio Vargas apoiado pelos rebeldes tomou posse na Presidência.

Ao subir ao poder, Vargas empreendeu uma política administrativa voltada para combater em cada estado da Federação, as forças políticas que sustentaram o governo oligárquico. Desta forma, destituiu os antigos governadores, e nomeou para governar os estados, os interventores federais.

Como mencionamos anteriormente, Mena Gonçalves foi indicado como o primeiro interventor federal do governo Vargas em Mato Grosso. Este interventor federal

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empreendeu medidas que visavam combater o poder dos coronéis, em especial dos usineiros da região de Santo Antônio do Leverger. Contudo, essas medidas provocaram insatisfações e como Vargas não pretendiam hostilizar a população mato-grossense e as forças políticas regionais, mais sim conquistar a sua simpatia e apoio, o presidente resolveu nomear para Mato Grosso outro interventor federal; Artur Antunes Maciel.

Ao iniciar a sua gestão, Artur Antunes seguindo a legislação que conferia aos interventores o direito de escolher os prefeitos do município, nomeou para a Prefeitura de Poconé, Manuel Nunes Rondon.

Para conquistar a população de Poconé e do Tanque Novo, Artur Antunes e o prefeito auxiliavam financeiramente a população carente da região e para abrigar os doentes que chegavam a procura uma benção de Doninha, edificaram um barracão. Essa prática política, assim como a relação entre a população do Tanque Novo e as autoridades governamentais revelam que a comunidade de Doninha ainda não representava uma ameaça política mais efetiva ao governo getulista.

Porém, os rumos dessa relação começaram a se alterar a partir de 1932. Neste ano ocorreu em São Paulo a Revolução Constitucionalista, através da qual a oligarquia paulista queria retomar o poder, mas alegava para a população que o movimento lutava por uma constituição.

Os paulistas contaram somente com o apoio do sul de Mato Grosso, que enviou tropas lideradas por Bertoldo klinger.

Depois de três meses de luta armada, o governo Vargas combateu as forças oposicionistas e abriu as eleições para a escolha dos representantes que iriam compor a Assembléia Constituinte. Para a realização dessas eleições, o governo permitiu a formação de partidos políticos.

Em Mato Grosso surgiu o Partido Liberal Matogrossense, que representava as forças situacionistas; o Partido Constitucionalista de Mato Grosso, formada pela oposição e o Partido da Liga Eleitoral Católica.

O domínio de Vargas na Assembléia Constituinte era crucial para o seu continuísmo político, pois além de elaborar a constituição, os constituintes iriam eleger o presidente da republica. Desta maneira, o governo Vargas deu início a perseguições para garantir a vitória dos candidatos da situação.

Com relação a Mato Grosso, o governo nomeou outro interventor federal para Mato Grosso; Leônidas Antero de Matos. Observa-se nesse instante uma mudança de conduta governamental para o Estado.

Leônidas de Matos recebeu a incumbência de afastar a oposição a Vargas, e para isso indicou como novo prefeito para Poconé, Antonio Correa da Costa. O novo prefeito começou a sua perseguição aos opositores de Getulio enviando para o Tanque Novo uma força policial para prender Doninha e os seus seguidores. Foram presos sob a acusação de serem baderneiros e de assaltarem fazendas nas proximidades de Poconé.

Não havia nenhuma veracidade nas acusações, na verdade as perseguições estavam relacionadas às eleições para a composição da Assembléia Constituinte, pois Doninha e a população da região declararam que apoiavam para essas eleições, a oposição, isto é, o Partido Constitucionalista.

Assim para escapar da prisão, muitos dos seus seguidores fugiram do cerco da polícia adentrando pelo Pantanal. Porém, Doninha foi detida e somente foi liberada, quando Vargas garantiu a vitória do seu candidato nas eleições.

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Ao sair da prisão, Doninha preferiu mudar com a sua família para Cáceres, e viveu nesta cidade tendo visões e fazendo curas até o fim dos seus dias.

Estado Novo (1937-1945)

Em 1934, a Assembléia Constituinte elegeu Getulio Vargas à Presidência da República. Nessa fase política, o governo Vargas enfrentou conflitos entre os grupos políticos que disputavam o poder e eram fortemente influenciados pelas ideologias radicais que cresciam nos países europeus, e culminariam na Segunda Guerra Mundial.

Em 1934, Luis Carlos Prestes que participou do movimento tenentista na década de 20 retornou do exílio em Moscou como membro do PCB. Outros líderes do movimento tenentista, também filiaram-se ao partido. Verifica-se portanto, o surgimento no interior do PCB, de uma esquerda de origem militar.95

Os comunistas brasileiros fundaram uma agremiação política a Aliança Libertadora Nacional (ANL), que além dos comunistas congregava socialistas. A ANL reunia operários, parcelas da classe média e a setores da baixa oficialidade do Exército brasileiro. Pregavam o nacionalismo, o antiimperialismo e a reforma agrária.

Em oposição aos ideais da Aliança Nacional Libertadora, havia a Ação Integralista Brasileira (AIB) fundada por Plínio Salgado, que atraiu segmentos da burguesia brasileira, da Igreja e do Exército. Inspirados no fascismo europeu, os integralistas ou camisas verdes, combatiam os princípios democráticos, defendiam a propriedade privada e a instalação de um governo autoritário no país. Os princípios políticos pregados pelos integralistas atraíram a simpatia de Vargas a AIB, mas o crescimento da ANL, que chegou a ter 1.600 sedes, preocupava Getulio Vargas e os setores conservadores do Exército.96

Em 1935, o presidente conseguiu do Congresso a aprovação da Lei de Segurança Nacional. A lei visava conter o movimento operário e o comunismo, e baseando-se nela o Congresso determinou o fechamento da Aliança Nacional Libertadora.

Os comunistas em represália, liderados por Luís Carlos Prestes, organizaram uma tentativa frustrada de uma revolução social. O levante fracassado dos partidários da ANL ficou conhecido como Intentona Comunista. Logo após a derrota do movimento, Vargas e os aliados começaram a preparar a instalação de um Estado Autoritário. Em seus discurso a população, o presidente argumentava que o país estava ameaçado pelo avanço do comunismo.

Em 22 de setembro de 1937, a imprensa noticiou a descoberta de um plano comunista para a tomada do poder. Era o Plano Cohen, na verdade um plano forjado pelo capitão Olimpio Mourão Filho, membro da AIB.

O Congresso Nacional e a população brasileira aterrorizados pela possibilidade de uma nova rebelião comunista apoiaram a implantação de uma ditadura o Estado Novo.

O Estado Novo foi um período marcado pela suspensão dos direitos e das liberdades democráticas. Os opositores ao regime eram presos pela Polícia Secreta, que era dirigida em todo o território nacional pelo mato-grossense Filinto Müller.

Para construir a população uma imagem positiva da ditadura, o governo criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), através do qual incentivou a música popular brasileira, impôs a censura e estimulou o culto à personalidade de Vargas.

95 Priore, Mary Del. O Livro de Ouro da Historia do Brasil, p.314.96 Tota, Antônio, O Estado Novo, p.15

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Paralelamente interferiu na economia, com a intenção de modernizar a economia brasileira. Vargas acreditava em um desenvolvimento autônomo e independente do capital estrangeiro. Na sua visão era preciso investir na industrialização cabendo ao Estado garantir a infra-estrutura necessária ao desenvolvimento do país.

No tocante, a administração Getúlio Vargas indicou para governar os estados brasileiros, os interventores federais. Os interventores eram oligarcas que defendiam os interesses do presidente em sua região. Para Mato Grosso, o presidente nomeou como interventor federal Julio Muller, irmão de Filinto Muller, que como mencionamos anteriormente era o chefe da Policia Política da ditadura getulista.Inserir imagem de Julio Muller

A Administração de Julio Müller em Mato Grosso

Julio Muller foi interventor federal de Vargas em Mato Grosso durante o governo ditatorial. O seu governo foi caracterizado pela construção de obras, que visavam modernizar a capital de Mato Grosso. Era importante modernizar Cuiabá, uma vez que o sul reivindicava junto ao governo federal a transferência da capital para a cidade de Campo Grande.

Para concretizar os seus objetivos, o interventor buscou recursos financeiros junto ao governo federal. Ainda para atingir os seus propósitos, escolheu para dirigir as obras a construtora Coimbra Bueno, e o engenheiro Cássio Veiga de Sá era o engenheiro responsável pelas obras em Cuiabá. A escolha de Julio Muller não foi aleatória, pois a empresa construtora escolhida para modernizar Cuiabá foi a responsável pela construção de Goiânia.

Dentre as principais obras construídas na gestão de Julio Muller apontamos:A residência dos governadores.Grande Hotel, construído na Avenida Getulio Vargas, e que atualmente é a sede da Secretaria de Cultura do governo de Mato Grosso.A ponte “Julio Müller sobre o rio Cuiabá.A abertura da Avenida Getulio Vargas.A instalação da Estação de Tratamento de Água, na rua Presidente Marques.A fundação do Liceu Cuiabano na Avenida Getulio Vargas.A fundação do Cine-Teatro localizado na Avenida Getulio Vargas.Em 1941, chegou a Cuiabá as 10 horas da manhã, um bimotor “Locked”

conduzindo o presidente Getulio Vargas, que veio para participar das festividades de inauguração das obras edificadas pelo seu interventor federal. 97

Anexar imagens da visita de Vargas em Cuiabá

Marcha para o Oeste

Ao final do ano de 1937, Getúlio Vargas anunciou à nação o projeto de colonização e interiorização do país denominado de “Marcha para o Oeste”. Segundo o discurso do presidente, a ocupação da região Amazônica e do oeste brasileiro era uma necessidade urgente e necessária. Na fala proferida por Vargas, este afirmou

97 Mendonça, Estevão, Datas Mato-grossenses, p.80.

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Temos de enfrentar corajosamente, sérios problemas de melhoria das nossas populações, para que o conforto, a educação e a higiene não sejam privilégios de regiões ou de zonas. Os benefícios que conquistastes devem ser ampliados aos operários rurais, aos que insulados nos sertões, vivem distantes das vantagens da civilização. Mesmo porque, se não o fizermos, corremos o risco de assistir ao êxodo dos campos e superpovoamento das cidades – desequilíbrio de conseqüências imprevisíveis, capaz de enfraquecer ou anular os efeitos da campanha de valorização integral do homem brasileiro, para dotá-lo de vigor econômico, saúde física e energia produtiva.

Não é possível mantermos a anomalia tão perigosa como a de existirem camponeses sem gleba própria, num país onde os vales férteis como a Amazônia permanecem incultos e despovoados de rebanhos, extensas pastagens, como as de Goiás e as de Mato Grosso98.

O discurso acima deixa evidente as propostas e as preocupações do governo estadonovista.

Em um momento marcado por uma intensa repressão, a propaganda da “Marcha para o Oeste” divulgada pelos meios de comunicação consistia em uma estratégia que visava sensibilizar a sociedade brasileira, criar um estado de comoção social. Por isso, o discurso oficial se referiu a esse projeto de colonização como o verdadeiro sentido de brasilidade, isto é, os brasileiros marchando juntos, conduzidos por um único chefe (Vargas) para que se consumasse a conquista e exploração de novos territórios.99

A colonização proposta na “Marcha para o Oeste” aconteceria baseada na pequena propriedade. Para Vargas e mesmo para intelectuais como Cassiano Ricardo, a pequena propriedade amenizaria os conflitos sociais no sudeste, no campo e promoveria o desenvolvimento industrial do país.

Deste 1933, Vargas já defendia o retorno do homem ao campo como solução para superar as crises sociais que se agravavam em decorrência da intensificação da urbanização na região sudeste. Por isso, no programa da “Marcha para o Oeste”, defendeu que a aquisição de terras deveria ser facilitada e os pagamentos parcelados.

Vargas ainda argumentou sobre a necessidade de obter capitais nacionais para serem empregados na conquistas das regiões “atrasadas”.

Para atingir as suas metas, o governo anunciou a desapropriação de latifúndios improdutivos. Essa medida contrariou os interesses dos latifundiários, que afirmaram que a Igreja através da Encíclica Rerum Novarum, do papa Leão XIII, condenava a erradicação completa da propriedade privada, mas não a sua divisão e indenização feita pelo Estado. Outros alegavam que somente a produção agricola em larga escala era capaz de atender a demanda da industrialização.100

Apesar de todo esse combate, o Estado Novo continuou a defender a necessidade de efetivar a colonização do oeste do Brasil. Assim o governo, deixou de arrendar terras devolutas, pois segundo o projeto cabia ao Estado adquirir terras, lotear e ceder aos trabalhadores rurais. Foi dentro desta conjuntura que o governo se negou a fazer um novo arrendamento de terras no sul de Mato Grosso para a Companhia Mate-Laranjeira.

98 A Nova Política do Brasil, p. 261.99 Lenharo. Alcir, colonização e Trabalho no Brasil: Amazônia, Nordeste e Centro-Oeste, p.14.100 Idem, p. 25

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Desta maneira, o Estado deveria criar uma infra-estrutura necessária para atender a colonização e combater a especulação da terra.

Ainda no contexto da “Marcha para o Oeste”, o governo estimulou a criação de Colônias Agrícolas. Essas colônias agrícolas estavam subordinadas ao Ministério da Agricultura, eram formadas em pequenas propriedades, e deviam cultivar produtos agrícolas de largo consumo. A exemplo, o governo federal criou em Mato Grosso, a colônia de Dourados.

O governo Vargas fundou também as colônias militares e de fronteiras, pois não esqueçamos, que na Europa ocorria a Segunda Guerra mundial, suscitando no governo brasileiro a preocupação em defender os territórios de fronteira. Para criar essas colônias, o governo expropriou as terras da Brasil Railway, que estavam concentradas nas fronteiras de Mato Grosso e Santa Catarina com a Bolívia, Paraguai e Argentina. Além dessa empresa, a política de Vargas atingiu a “Brasil Land”, que possuía terras em Corumbá e Cáceres, Fomento Argentino que acumulava terras em Porto Murtinho.101

Apesar de todos os esforços em defesa de uma colonização pautada na pequena propriedade, as propostas não avançaram em conseqüência das dificuldades materiais e do preparo dos colonos. Com o fim da ditadura de Vargas (1945), as terras destinadas a colonização foram redistribuídas ficando em posse de poucas pessoas.

Expedição Roncador-Xingu

Em 1943, com a Segunda Guerra Mundial, o governo brasileiro acreditava na possibilidade de uma imigração européia em direção ao interior do Brasil. Além disso, as autoridades governamentais viam a região do Araguaia, entre Goiás e o Mato Grosso, como o Brasil desconhecido, pronto a ser explorado, e conseqüentemente integrado ao território nacional.

Porém essa região desconhecida pelo homem branco era habitado por dezenas de nações indígenas, que possuíam uma atividade econômica voltada para suprir as necessidades do cotidiano.

Esse imenso território, cercado pelas florestas, pelos rios abundantes, era rico em produtos do extrativismo vegetal e mineral, e por isso acabou despertando o interesse de garimpeiros, capitalistas, do governo federal e dos militares.

Assim motivado pela defesa do território e pelos interesses do capital, Getulio Vargas em 1943, depois de sobrevoar a região do Araguaia e constatar a sua imensidão e o seu potencial econômico anunciou a nação a criação da Expedição Roncador- Xingu.

A expedição estava sob a coordenação do ministro da Coordenação de Mobilização Econômica, João Alberto, que declarou a imprensa carioca que,

A expedição tem objetivos não apenas desbravadores, mas principalmente colonizadores. Não pode ter a marcha rápida de um meteoro, colhendo aqui e ali informações geográficas e cientificas. Nem tem simplesmente o desígnio de chegar a um determinado lugar sem deixar pelo trajeto nenhum marco de sua passagem. Os lugares atingidos serão lugares conquistados para a civilização, integrados na economia nacional. 102

101 Ibidem, p.49102 O Estado de São Paulo, 19 de agosto de 1943.

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Para o Getulio Vargas e o ministro João Alberto, a Expedição Roncador -Xingu seria responsável pela integração da região oeste ao país.

A expedição inicialmente foi comandada pelo Coronel Flaviano Vanique, e era composta por sertanejos recrutados na região Centro-Oeste. Em 1943, os expedicionários começam uma longa marcha para a região do Araguaia. Adentraram pelo território considerado como desconhecido, enfrentando os animais ferozes, e mantiveram o primeiro contato com os povos indígenas. Logo, o governo federal certificou que precisava arregimentar mais homens.

Essa viagem fantástica foi noticiada pela imprensa brasileira e acabou atraindo a expedição os irmãos Villas Boas (Orlando, Cláudio e Leonardo), que embora não fossem sertanejos, acabaram sendo aceitos pelo governo.

Ao entrarem no Araguaia, a expedição se deparou com os índios Xavantes. Este foi o primeiro contato do povo xavante com o homem branco. Os xavantes se dedicavam principalmente a caça, e nesse primeiro contato ficaram bastante assustados fugindo para as matas.

Com a posse na presidência da Republica de Eurico Garpar Dutra, os irmãos Villas Boas assumiram a chefia da Expedição Roncador –Xingu. Sob a liderando dos Villas- Boas, a expedição entrou em contato com os diversos povos indígenas que habitavam aquela região.

A expedição percorreu aproximadamente 1.500 quilômetros, e em decorrência dos seus trabalhos vilas e cidades foram surgindo, campos de aviação foram construídos e mantiveram contato com 5 mil índios, das mais variadas etnias.

Para atingir os seus objetivos de forma mais efetiva, a expedição se dividiu em dois grupos; um avançava pela selva, e o outro montava os acampamentos que posteriormente deram origem as primeiras vilas da região. A exemplo, podemos citar, Aragarças em Goiás e Barra do Garças em Mato Grosso.O governo federal para promover o povoamento dessas cidades estimou a imigração.

Os irmãos Villas Boas a medida que mantinham contatos com os povos indígenas, conhecendo a sua diversidade cultural passaram a idealizar a criação do Parque Indígena do Xingu. A criação dessa reserva indígena somente foi criada oficialmente em 19 de abril de 1961, durante a presidência de Jânio Quadros quando o Congresso Nacional aprovou o Decreto nº 50.455, que estabeleceu as suas fronteiras legais.

Os irmãos acreditavam que a criação de reservas e parques indígenas seriam uma proteção para os índios. Defendiam que a integração do índio a sociedade brasileiro deveria ser lenta, para a garantir a sobrevivência do índio, as identidades étnicas e culturais desses povos.

Os irmãos Villas Boas estiveram a frente na direção do Parque e durante a sua administração organizaram programa medico de assistência aos índios, promovendo vacinações para combater as epidemias que grassavam entre os índios, especialmente o sarampo.

Entretanto, o contato com os brancos provocou mudanças no interior das sociedades indígenas, como o decréscimo da produção artesanal.. Outra mudança significativa foi a perda da autoridade dos chefes indígenas, pois o poder dos funcionários do Parque eram bem maiores. Apesar desses pontos negativos a política de Saúde Publica desenvolvida na administração dos irmãos Villas Boas garantiram a vida de muitos índios.

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Capítulo 18: República Populista em Mato Grosso

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos aliados acarretou na crise política do Estado Novo, pois as forças brasileiras combatiam na Itália a ditadura fascista de Benito Mussolini, no entanto, Getulio Vargas mantinha no Brasil um regime ditatorial de feições fascista.

Em 1943, manifestações contra a ditadura estadonovista começaram a surgir no país, como o Manifesto dos Mineiros, documento redigido por intelectuais brasileiros pedindo o fim da ditadura e a redemocratização do país.

Pressionado pelo crescimento da oposição à ditadura, Getulio Vargas resolveu então conduzir o processo democrático. Concedeu anistia aos presos políticos e decretou uma emenda constitucional regulamentando a criação de partidos políticos e estabeleceu a realização das eleições para o final de 1945.

Na verdade, Getulio Vargas ao perceber que não havia mais como manter a ditadura preferiu conduzir o processo democrático e com certeza almejava continuar no poder.

Assim como resultado da democratização, Vargas organizou dois partidos políticos; o PSD, Partido Social Democrata, composto por interventores federais nos estados e pela burocracia estatal do Estado Novo; e o PTB, Partido Trabalhista Brasileiro, criado a partir dos sindicatos controlados por Vargas.

Paralelamente surgiram os partidos de oposição: UDN, União Democrática Nacional, de caráter liberal, e voltou a legalidade o PCB, Partido Comunista Brasileiro, liderado por Luís Carlos Prestes.

Com a redemocratização, o povo manipulado pelo PTB, saiu às ruas em comícios pedindo “Queremos Getulio”. Este movimento ficou por isso conhecido como “queremismo”.

Contudo a adesão ao “Queremismo” acabou contando com a participação do Partido Comunista, que ao lado do PTB defendia o continuísmo de Vargas. E importante frisar, que o apoio do PCB à candidatura de Vargas seguia as orientações de Moscou no combate ao regime fascista.

A aliança entre Vargas e o PCB gerou uma desconfiança entre os militares do Exército brasileiro, que acreditavam que Vargas estava armando mais um golpe para continuar no poder. Com isso, em outubro de 1945, os comandantes do Exército, Góis Monteiro e Dutra derrubaram o presidente e garantiram às eleições. Era o fim do Estado Novo e o inicio de uma nova fase política no país.

Essa novo período da república brasileira foi caracterizado pelo “populismo”. O populismo foi um fenômeno político presente nos paises latino americanos a partir da década de 30, e era típico de uma sociedade em transição do rural para o urbano, o industrial. Através do populismo, os governantes e as elites burguesas manipulavam as massas operárias e os setores mais pobres da classe média.103

No Brasil, a industrialização promovida por Vargas acarretou em uma intensa urbanização principalmente na região sudeste, e também medidas como o voto feminino acabaram aumentando o colégio eleitoral nos grandes centros. Desta maneira, os candidatos a cargos eletivos tinham consciência que para vencer as eleições era preciso cativar as massas populares urbanas.

103 Ianni, Otavio. A formação do Estado Populista no Brasil, p. 8-12.

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Embora a economia de Mato Grosso continuasse a ser essencialmente agrária, a estrutura política do estado foi fortemente influenciada pela conjuntura nacional que marcou o país após 1945.

Neste período, Cuiabá como capital do estado congregava todo o funcionalismo público estadual e atraía migrantes das áreas rurais. Estes fatores acabaram contribuindo para o crescimento urbano da capital.

No entanto, apesar das mudanças, observava-se ainda a manutenção de formas arcaicas políticas. Logo, a estrutura política estadual era caracterizada pela coexistência do coronelismo e clientelismo, como também pela ascensão urbana na composição dos grupos dirigentes e uma maior participação do sul no poder.

Percebe-se que mesmo com as alterações ocorridas com o fim do Estado Novo, em Mato Grosso, as oligarquias tradicionais continuavam a ocupar os espaços políticos. e através do clientelismo, os caciques políticos regionais continuavam a ser a base dos partidos políticos durante a vigência da republica populista.

A semelhança de outras regiões do país, os partidos que mais se destacaram na política estadual foram o PSD, o PTB e a UDN.

Segundo Novis Neves em sua obra “Leões e Raposas na Política de Mato Grosso”, o PSD, como partido do governo foi beneficiado pela estrutura do poder estadonovista. A criação do partido tinha como meta garantir para Vargas as suas bases eleitorais nos estados. Seus aliados em Mato Grosso eram os representantes do Estado Novo, como os “Müller”. Portanto, o partido garantia assim a sobrevivência da máquina burocrática do Estado Novo em um regime democrático.

O PTB, partido criado por Vargas para conquistar a massa operária teve em Mato Grosso as suas especificidades. Foi formado por Julio Muller e acabou absorvendo parte das oligarquias rurais.

O partido se destacou pela sua aliança com o PSD e teve como reduto as cidades de Corumbá, Campo Grande e as zonas de migração gaúcha.

A UDN, representou a oposição a Vargas e ao Estado Novo. Era composta por oligarcas que tiveram seu poder aniquilado por Vargas e por aqueles que foram marginalizados pelo Estado Novo e conseqüentemente pelos “Müller”. O partido teve como principais expoentes Vespasiano Martins, que possuía forte influência política no sul devido a sua participação no movimento separatista e pelo o Dr. Agrícola Paes de Barros, médico idolatrada pela população cuiabana.

O PCB, não encontrou espaço político para atuar em Mato Grosso. O Estado praticamente não contava como uma massa operária a exemplo da região sudeste. Na verdade, o foco do partido ficou restrito a Campo Grande com a adesão dos ferroviários e em Corumbá.

Ainda vale ressaltar, que apesar das disputas partidárias, os adversários políticos mantinham relações de compadrio, de amizade e muitas vezes se relacionavam devido aos laços familiares.

Durante a republica populista, os governantes que estiveram à frente da administração do Estado preocuparam-se principalmente em criar uma infra-estrutura visando o desenvolvimento de Mato Grosso. Aliás, essa política foi empregada no governo de Dutra através do Plano SALTE, como também no governo de JK.

Assim durante essa fase republicana, o governo do estado mais precisamente durante a gestão de Arnaldo de Figueiredo (1947-1950) estimulou a construção de estradas,

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e para atingir as suas metas criou a Comissão Estadual de Estradas de Rodagem, que mais tarde se transformou no Departamento de Estradas de Rodagem ─ DERMAT..

No período de 1951 a 1956, governou Mato Grosso, Fernando Correa da Costa. Em seu governo foi criado a Secretaria de Educação e Saúde de Mato Grosso, e continuou a promover o desenvolvimento rodoviário do Estado. Iniciou também a construção da Usina de Casca II e a de Mimoso.

Em 1951 a 1961, governou o estado, João Ponce de Arruda, que abriu novas estradas como São Vicente- Jaciara e Rondonópolis e estimou a colonização do Vale do São Lourenço. Concluiu a construção da Usina de Casca e do Mimoso, e investiu na edificação de obras públicas, como por exemplo, o Palácio Alencastro em Cuiabá.

Capitulo 19: Mato Grosso durante a Ditadura Militar (1964-1985)

Em 1964, o presidente João Goulart foi deposto do poder através de um golpe militar. Os militares contaram com o apoio de segmentos civis da sociedade brasileira, pois se viam ameaçados pelas propostas da Reforma de Base. Estes grupos sociais conservadores alegavam que o comunismo tomava o país, colocando em risco à propriedade privada, a religião, a liberdade e a família brasileira. Além disso, os militares contaram também com o apoio do capital estrangeiro que viam na política nacionalista do governo Goulart um entrave aos seus interesses econômicos.

O novo regime instalado estendeu-se por vinte e um anos e teve como presidentes os seguintes militares: Humberto Castello Branco, Artur Costa e Silva, Emilio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo.

Foi um período de intensa repressão, no qual o governo ditatorial criou medidas para frear os opositores, como a censura e os Atos Institucionais. Líderes de esquerda, sindicalistas, intelectuais e muitos políticos oposicionistas foram banidos do país.

Economicamente, pregavam a retomada do desenvolvimento, e para isso favoreceram a entrada do capital estrangeiro e promoveram uma política salarial baseada no arrocho. Na década de 70, mais precisamente durante o governo de Médici, a econômica brasileira atingiu altos índices de crescimento, e por isso foi denominado de “milagre”brasileiro.

O “milagre” brasileiro se deu devido ao ingresso maciço do capital estrangeiro. O Brasil era bastante interessante aos investidores estrangeiros, pois possuía um amplo mercado consumidor favorecendo a obtenção de lucros. O combate às esquerdas e a estabilidade econômica do governo de Castelo Branco contribuíram para tornar o país atrativo ao capital estrangeiro.

No entanto, a política econômica adotada pelo governo provocou a dependência do país ao capital estrangeiro gerando um crescimento alarmante da dívida externa brasileira.

Foi nesse contexto, que o governo Médici lançou o Programa de Integração Nacional (PIN), que visava integrar a região amazônica ao capitalismo, promovendo com isso a “ocupação” de regiões rotuladas pelo discurso oficial como “distantes”, “espaços vazios”. A colonização do norte de Mato Grosso está inserido neste período histórico.

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Colonização do Norte de Mato Grosso

A intenção de promover a colonização de Mato Grosso não era uma novidade. Desde o século XIX, as elites regionais e os viajantes ao percorreram este vasto território defenderam que o progresso da Província somente seria alcançado através da colonização particular.

Segundo, os viajantes, Mato Grosso era “o limite entre a barbárie e a civilização, área geográfica vista como reservatório de recursos econômicos e vazio populacional, sendo imperativo conquistar, povoar, explorar, colonizar.” 104

Embora a colonização particular não tenha se concretizado até o final do século XIX, observamos que o imaginário de Mato Grosso, como um território repleto de riquezas a serem exploradas pelo capital, isolado, de baixa densidade demográfica continuou presente nos discursos do governo republicano durante o século XX

Nos anos 70 e 80, o governo ditatorial retomou o discurso de integrar a região Amazônica, ou seja, o Mato Grosso, Rondônia, o Acre ao capitalismo.

Para isso, o governo federal através de uma ação interventora criou empresas estatais, facilitou financiamentos nos Bancos federais como o BASA (Banco da Amazônia), importou tecnologias e investiu em obras de infra-estrutura para patrocinar a colonização dessas regiões, que ainda não tinham sido atingidas freneticamente pelo capitalismo.105

A colonização também visava resolver os problemas sociais existentes na região nordeste motivada pela estagnação econômica e da região sul, uma vez que a modernização da agricultura acarretou em uma supervalorização da terra, que gerou a concentração de terras. Desta forma, muitas pessoas desprovidas da propriedade de terras e sem trabalho foram expulsas do campo e partiram em direção a região Amazônica.

Para atingir os seus objetivos, o governo federal através dos meios de comunicação de massa, apresentaram a Amazônia como uma nova Canaã, a terra da promessa, a terra fértil, rica, onde todos podiam ter acesso. Entretanto, esse projeto de colonização pretendia atender aos interesses da elite nacional e do capital estrangeiro. Assim caberia a eles conduzir a colonização. Nesta perspectiva, a colonização empreendida pelos militares teria como parceiro a iniciativa privada, que através das colonizadoras particulares levariam o desenvolvimento econômico a região e controlariam as tensões sociais no campo. 106

Assim o governo federal em 1972, fundou o Incra, através do qual vendeu terras devolutas da Amazônia para as colonizadoras particulares, que pretendiam instalar projetos voltados para a agropecuária, agroindustriais e de exploração mineral. Criou também a SUDAM e a SUDECO. E para ter acesso a região, o governo federal construiu rodovias como Cuiabá-Santarém e a Cuiabá- Porto Velho.

Paralelamente, o governo de Mato Grosso seguindo as diretrizes do governo federal, permitiu a licitação de terras devolutas no Estado para as colonizadoras particulares. E para estimular os projetos de colonização, o governo estadual criou a CODEMAT(Companhia de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso), que tinha a função de criar infra-estrutura em áreas de fronteiras e promover o desenvolvimento da economia e a integração do territorial do Estado.

104 Galetti, Lylia. O Poder das Imagens: O lugar de Mato Grosso no Mapa da Civilização, p.22.105 Neto, Wenceslau Gonçalves, Mudança no Estado e na Política Agrícola Brasileira, p.224. 106 Neto, Regina Beatriz. A Lenda do ouro Verde, p.84 e 85

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A política de colonização empreendida pelo governo federal atraiu para o norte Estado de Mato Grosso, muitos colonizadores e colonos, que vieram principalmente da região sul, sonhando com vida melhor, mais próspera.

Os colonizadores confiando na ação governamental, venderam as suas terras no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, e com a venda puderam adquirir terras bem mais baratas em Mato Grosso. Muitos destes desbravadores em poucos anos ampliaram a suas posses, a sua propriedade, entretanto, para muitos o sonho virou pesadelo, pois se endividaram e tiveram que vender a preço baixo a sua propriedade.

Muitos empresários, ao adquirem terras ao norte investiram na construção de cidades. Desta maneira, observamos na década de 70 e 80, o surgimento de uma rede urbana que se desenvolveu principalmente ao longo das rodovias.

As cidades construídas pelas colonizadoras particulares, ao Norte de Mato Grosso, foram edificadas no meio das matas, apresentam um traçado moderno, com vias largas, quarteirões definidos, bairros planejados e hierarquizados.

Com o objetivo de atrair moradores para às cidades, essas cidades eram apresentadas pela mídia a sociedade brasileira, como lugares de ascensão social e de enriquecimento. As novas cidades possuíam campo de aviação, cinemas, mercados, escolas, hospitais, dentre outros.

Anexar o mapa do livro da Ivane Piaia, p. 33

De acordo com as estimativas do IBGE, no período de 1960 a 1985, em decorrência da política colonizadora promovida pelo governo federal, a população do Norte de Mato Grosso aumentou em 6,7 vezes, e em 1985 contava com o total de 423.528 habitantes.107

Apesar da colonização patrocinada pelo governo federal e pelas colonizadoras particulares terem atraídos muitas pessoas a Mato Grosso, e do discurso oficial apresentar a “ocupação “ do território como solução para o desenvolvimento econômico do Estado, os projetos de colonização trouxeram seqüelas, como conflitos com os índios, a depredação da natureza e a expulsão da terra dos seringueiros e dos pequenos agricultores. Na realidade, ocorreu a concentração da terra, o predomínio do latifúndio, agravando mais ainda os conflitos sociais no campo.

Em decorrência da política de colonização, a cidade de Cuiabá passou também por inúmeras transformações, pois no mesmo período, muitas pessoas chegaram a Cuiabá. Houve inicialmente um choque cultural, os cuiabanos rotularam os migrantes de “pau-rodados”, e estes por sua vez, ao virem de regiões nas quais o capitalismo estava em um estagio avançado, consideraram os hábitos da gente dessa terra muito estranho, como fazer a sesta depois do almoço ou colocar as cadeiras nas calçadas em noites de calor para conversar com os vizinhos.

Cuiabá teve o seu espaço urbano alterado, a cidade colonial ganhou novas feições, casarões antigos que marcavam a memória coletiva foram derrubados na área central para o surgimento de prédios com traçados modernos, foram construídas avenidas largas e arborizadas.

A cidade passou a contar com novos bairros, e hoje ao transitarmos pelas principais vias da cidade, praças e becos se estivermos atentos podemos perceber o quanto este espaço geográfico está repleto de história.

107 Piaia, Ivane, Geografia de Mato Grosso, p.30.

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No tocante, a conjuntura política, Mato Grosso foi governado durante esse período político pelos seguintes governantes:

1966-1971: Pedro Pedrossian. Durante a sua gestão criou o Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá e o Instituto de Ciências Biológicas de Campo Grande. Em 1970, sobre a presidência de Médici, foi criado a Universidade Feral de Mato Grosso.Inserir imagem da UFMT

1971-1975; José Fontanilha Fragelli. A sua administração foi marcada pela criação de rodovias vicinais, como a Cuiabá- Santo Antonio do Leverger, Paranaíba-Cassilândia e a Itaporã- Dourados. Ocorreu também a construção da linha de transmissão de Cachoeira Dourada a Cuiabá. No setor educacional patrocinou a construção da Escola Presidente Médici em Cuiabá e iniciou a edificação do Centro Político Administrativo (CPA) e do Estádio Verdão.

1976-1979: José Garcia Neto. Promoveu a fundação da Promoção Social (PROSOL), asfaltou a estrada Cuiabá- Chapada dos Guimarães, Nossa Senhora do Livramento- Poconé, iniciou o Terminal Rodoviário de Cuiabá, e criou a Fundação Cultural de Mato Grosso. Foi durante a sua administração, que o Presidente Geisel aprovou a Lei Complementar Nº 31, dividindo o Estado de Mato Grosso.

José Garcia Neto não terminou o seu mandato, pois renunciou para se candidatar ao senado. Com a sua renuncia foi substituído pelo vice-governador, Cássio Leite de Barros. E foi na gestão de Cássio Leite de Barros que se efetivou a divisão do estado.

1979-1983: Frederico Carlos Soares de Campos. Durante a sua administração foram criados novos municípios em Mato Grosso; Araputanga, Jauru, Rio Branco, Pontes e Lacerda, dentre outros. Para estimular a colonização de Mato Grosso, o governador patrocinou a construção de estradas, a extensão da rede elétrica, a expansão do sistema de abastecimento de água, construiu moradias populares, ampliou o números de escolas, uma vez que a população mato-grossense estava em expansão em conseqüência da migração.

Os migrantes ao chegarem eram conduzidos ao Centro de Triagem e Encaminhamento de Migrantes (CETREMIs), aonde eram cadastrados e encaminhados as áreas de migração.108

1983-1987: Julio José de Campos. Foi o primeiro governador eleito pelo voto direto vencendo o candidato Pe. Pombo (PMDB). No seu governo deu prioridade a construção de estradas e ao setor energético implantando usinas termoelétricas em Sinop, Sorriso e Alta Floresta e de Usinas hidrelétricas em Apiacás, Primavera, Juína e Aripuanã. Além disso, Julio Campos deu continuidade a política de colonização do norte de Mato Grosso.

Em 1986, o governador deixou o governo para se candidatar a deputado federal, tomando posse então o vice-governdor, Wilmar Peres.

A Divisão de Mato Grosso

Em 31 de outubro de 1977, durante a gestão do presidente Ernesto Geisel foi promulgada a Lei Complementar nº31, que estabeleceu a divisão do Estado de Mato

108 Siqueira, Madureira, Historia de Mato Grosso; Da ancestralidade aos dias atuais, p.213.

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Grosso. Foi criado então o Estado do Mato Grosso do Sul e se manteve o Estado do Mato Grosso. O movimento separatista teve a frente os sulistas, que em luta pela divisão do Estado argumentaram que a cisão era fundamental, pois

1.O poder político era exercido principalmente pelos cuiabanos.2.A receita pública estadual era maior no sul, no entanto, os benefícios ficavam principalmente em Cuiabá.3.Os empregos públicos eram ocupados pelos cuiabanos.4. Havia diferenças históricas e culturais entre o norte e o sul.Assim sustentados por esses argumentos e devido aos interesses econômicos e

políticos do governo ditatorial, os sulistas viram os seus anseios concretizados em 1977.Contudo para abordarmos a divisão do Estado, é importante lembrar que essa

aspiração se deu desde o final do século XIX.Na década de 70, do século XIX, com o término da Guerra da Tríplice Aliança, o

Paraguai perdeu parte do seu território para a Província de Mato Grosso. O aumento territorial da Província trouxe muitas preocupações às autoridades governamentais, pois apontavam que a dimensão do território representava um entrave para o desenvolvimento da Província. Assim nascia a discussão sobre a divisão de Mato Grosso.

No entanto, os primeiros sintomas do separatismo ocorreu em 1892, durante crise política que abateu o governo republicano com a renuncia de Deodoro. Como já foi mencionado anteriormente, a crise também se abateu sobre o Mato Grosso com a deposição do governador Manoel Murtinho e a subida ao poder de Benedito Pereira Leite. Foi neste momento que em Corumbá, no sul de Mato Grosso, o coronel João da Silva Barbosa, instituiu o Estado Livre de Mato Grosso ou República Transatlântica. Apesar de todos os esforços, Murtinho buscando o apoio do governo federal conseguiu combater esse movimento separatista.

Ao retornar a presidência do Estado, Manoel Murtinho anulou as decisões políticas tomadas pelo coronel Barbosa e decretou o fim da Republica Transatlântica.

Apesar do combate as idéias separatistas empreendida pela oligarquia do norte, em 1900, o coronel João (Jango) Mascarenhas e o coronel João Barros Cassal lideraram um movimento no sul em prol da divisão do Estado. As forças separatistas chegaram até Coxim, mas foram combatidas por Generoso Ponce que tinha sobre o seu comando três mil homens.

Em 1907, Generoso Ponce tomou posse no governo do Estado e de imediato teve que enfrentar novamente uma onda de movimentos separatistas no sul de Mato Grosso. Desta vez estava no comando o coronel Bento Xavier. Esses movimentos separatistas contavam agora com o apoio da Mate Laranjeira.

A empresa ervamateira teve o seu pedido de arrendamento de ervais no sul negado pelo governo estadual, e em represália a decisão governamental passou a apoiar os movimentos oposicionistas no sul. Apesar do apoio recebido pela Mate Laranjeira, a luta foi em vão, pois a oligarquia do norte conseguiu abafar os movimentos separatistas.

Em 1932, o presidente Getulio Vargas enfrentou os paulistas na Revolução Constitucionalista. Os rebeldes paulistas alegavam que lutavam pela constitucionalização do país. A notícia da revolução dividiu a opinião pública em todo o país.

Em Mato Grosso, o norte se manteve fiel ao governo getulista, enquanto que o sul preferiu apoiar os paulistas na luta contra Vargas. Para isso, o sul enviou a São Paulo um

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pequeno destacamento militar liderado por Bertholdo Klinger. Além disso decretaram no sul a criação do Estado do Maracaju.

O Estado do Maracaju tinha como sede do governo Campo Grande, e como governador, o médico Vespasiano Barbosa Martins. Teve uma curta duração, somente três meses, pois assim que Vargas aniquilou a Revolução Constitucionalista, tropas foram enviadas ao sul de Mato Grosso para conter os movimentos separatistas.

O movimento de 1932 foi abafado, porém deixou mais evidente as diferenças entre o norte e o sul e mesmo derrotados, os sulistas continuaram a sonhar com o separatismo.

Em 1934, Vespasiano Martins retomou a luta pelo divisão fundando a Liga Sul-Mato-grossense, e através de manifestos ao Congresso Nacional Constituinte, os sulistas pediam ao governo federal a criação “de um território federal ou Estado Autônomo, na região sul de Mato Grosso abrangendo os municípios de Sant’Ana, três Lagoas, Coxim, Campo Grande, Aquidauna, Miranda, Porto Murtinho, Bela Vista, Nioac, Entre-Rios, Maracaju e Ponta Porá.”109

Mesmo com todos os argumentos apresentados pela Liga Sul Mato-grossense, o governo federal não mostrou interesse em dividir o Mato Grosso.

Ao final da ditadura de Vargas, o movimento no sul favorável a divisão se reacendeu. Vespasiano Martins foi eleito em 1945 pelo sul ao senado. Desta forma, os sulistas retomavam a luta pela divisão. Observava-se no Congresso Nacional uma cisão no tocante a essa problemática; os políticos sulistas defendiam a separação enquanto que os políticos que representavam Cuiabá tentavam abafar o separatismo.

Ao final dos anos 50, no sul de Mato Grosso, uma caravana percorreu toda região buscando a apoio de mais pessoas a causa separatista. Este movimento tinha como sigla MDM ( Movimento Divisionista de Mato Grosso) e possuía como lema “Dividir para multiplicar”. Este movimento foi revelado a todo o país através dos meios de comunicação ganhando repercussão nacional, mas mesmo assim a divisão não aconteceu.110

No início da década de 60, Jânio Quadros tomou posse na presidência da República. O novo presidente era natural de Corumbá e com isso os sulistas tentaram mais uma vez a divisão do Estado, contudo viram o seu pedido negado. Entretanto não desistiram, e em 1963, na cidade de Corumbá reuniram-se no III Congresso dos Municípios de Mato Grosso. Durante a realização do Congresso, os sulistas elaboraram um documento pedindo a criação do Estado do Mato Grosso do Sul, mas novamente o pedido foi recusado.

Em 1964, com a implantação da Ditadura Militar, os separatistas tiveram as suas vozes silenciadas. Porém, no inicio da década de 70, com o interesse dos militares em integrar a região Amazônica ao capitalismo, os sulistas encontraram espaço político para defender a divisão.

Em 1977, o governo Geisel interessado na integração nacional e no crescimento econômico do país, determinou a divisão do Mato Grosso. Ficou estabelecido que o novo Estado criado ao sul receberia o nome de Campo Grande. Essa decisão, no entanto acabou provocando protestos no sul do Estado. Assim o governo federal decidiu então denominá-lo de Mato Grosso do Sul, e escolheu como capital a cidade de Campo Grande.

Em 1977, governava o Mato Grosso, José Garcia Neto (PDS). Após a divisão o governo do Estado foi exercido por Cássio Leite de Barros. No entanto é importante frisar que a divisão do Estado somente foi efetivada em 1979, sendo eleito como governador Frederico Carlos Soares Campos.109 Silva, Jovam Vilela. A Divisão do Estado de Mato Grosso: Uma visão Histórica, p.155.110 Idem, p.179.

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Capítulo 20: A Nova República em Mato Grosso

Em 1985 com a posse de José Sarney na Presidência da República, chegava ao fim os “anos de chumbo”. A economia brasileira enfrentava uma profunda crise, na qual a inflação chegou a atingir 223% em 1984. No entanto, a população brasileira acreditava que a existência de um governo civil e democrático seria capaz de superar as mazelas deixadas pelo governo ditatorial.

O governo de Sarney não conseguiu solucionar os problemas brasileiros, a crise se agravou mais ainda, pois teve que enfrentar os desafios de uma economia globalizada.

A economia brasileira dos anos 60 a 80 recebeu investimos estrangeiros e muitas empresas internacionais instalaram seus negócios no Brasil. Porém, o governo brasileiro reservava algumas áreas, ditas como estratégicas, as empresas nacionais ou estatais. Na década de 80 e 90, a economia brasileira tomou novos rumos com o projeto neoliberal.

Essa etapa do capitalismo exigia uma crescente ampliação de mercados e das barreiras protecionistas, como também, estimulou as associações de livre comércio e a formação de blocos econômicos como o NAFTA, a União Européia (EU) e o Mercosul.

No neoliberalismo, o Estado deveria deixar de ser intervencionista e protecionista subordinando-se a economia de mercado e atraindo ao país investimentos estrangeiros. Assim a era da globalização exigia a integração da produção nacional ao modelo internacional, ao projeto neoliberal.

Os pontos elementares do projeto neoliberal foram sistematizados no Consenso de Washington, através do qual representantes do governo dos Estados Unidos e dos paises latino-americano se reuniram para estabelecer uma série de medidas que tinham como objetivo controlar a inflação e modernizar o Estado. Dentre essas medidas foi determinado:

·Ajuste Fiscal: Cabe ao Estado eliminar o déficit público.·A limitação do Estado na economia, enxugamento da máquina pública·Privatização das estatais.·Redução de alíquotas de importação e estimulo ao intercâmbio comercial entre as

regiões, países para favorecer a globalização.·Fim das restrições ao capital estrangeiro e permissão para a instalação de

instituições financeiras internacionais.·Redução das regras do governo, no tocante a economia.· Reforma no Sistema Previdenciário.·Fiscalização dos gastos públicos.

Essas medidas não mudaram a realidade social. A sociedade brasileira continuou caracterizada pelo apartheid social, na qual milhares de brasileiros continuaram a viver em extrema pobreza, sem direito a um prato de comida, a moradia e sem emprego.

Com a redemocratização e a entrada do país em uma nova fase política, governaram Mato Grosso:

1987-1990: Carlos Gomes Bezerra (PMDB). Concedeu terra a pequenos produtores, investiu na construção de estradas e de casas populares, e no saneamento de bairros populares. Com a expansão do capitalismo, e conseqüentemente a derrubada da

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mata, bem como a destruição do cerrado, o governador desenvolveu uma política voltada para o meio ambiente criando em sua gestão, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

Visando estimular o setor industrial foi criado o PRODEI (Programa de Desenvolvimento Industrial), através do qual o governo estadual concedeu incentivo fiscal aos empresários interessados em investir no Estado.

Para dinamizar a economia criou a ZPE (Zona de Processamento de Exportação) em Cáceres e propôs a construção da hidrovia Paraná- Paraguai. A hidrovia era fundamental para a inserção de Mato Grosso no Mercosul, pois através da navegação fluvial o estado manteria um intercâmbio comercial com os países que compunham o Mercosul. Embora, o a construção da hidrovia representasse para Mato Grosso uma alternativa de circulação de mercadorias, a construção da hidrovia provocou muitos embates e a obra acabou. No quadro abaixo, a reportagem apresenta os motivos da paralisação da construção da hidrovia Paraná-Paraguai.

Hidrovia depende do Congresso

Nenhuma obra ou estudo referente à implantação da hidrovia Paraguai-Paraná poderá ser feito sem a aprovação do Congresso Nacional. A decisão partiu dos desembargadores do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, em Brasília, e foi uma resposta à apelação interposta pelo Ministério Público Federal (MPF) em uma ação civil pública que tratava do assunto. Conforme a decisão, em questões que afetam diretamente comunidades indígenas e o meio-ambiente, é preciso haver aprovação legal.A obra é alvo de uma discussão que se arrasta há cinco anos. Trata-se do escoamento de grãos por meio de barcaças que atravessariam 3,4 mil quilômetros dos rios Paraguai e Paraná entre Cáceres (oeste do Estado) e Nueva Palmira, no Uruguai.O MPF alega que estão sendo realizadas pequenas obras nos rios Paraguai e Paraná e em portos da região. Isto caracterizaria, no entendimento dos procuradores, a lenta implantação de um projeto maior para dar suporte à construção da hidrovia Paraguai-Paraná sem, contudo, a autorização legal.Em defesa, a União afirmou que estudos de impacto ambiental estão sendo realizados. As pequenas intervenções seriam obras que não envolvem mudanças no curso dos rios ou drenagens profundas. A respeito da questão indígena, a União alega que os dois rios não estão dentro de terra indígena e os índios seriam chamados a se manifestar a respeito da hidrovia, depois de concluído o estudo de impacto ambiental, e se houvesse necessidade.O projeto para construção da hidrovia Paraguai-Paraná surgiu de um acordo assinado em 1992 entre os cinco países que compõem a Bacia do Prata: Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Argentina. Para implantação do projeto, foi criado um comitê que atuaria em três frentes: operação da hidrovia, melhoramento da infra-estrutura física e melhoramento da infra-estrutura portuária.

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Em setembro do ano passado, uma decisão judicial suspendeu o licenciamento ambiental para novos empreendimentos na hidrovia entre Cáceres e a Foz do Rio Apa (MS), na divisa do Brasil com o Paraguai. Ambientalistas cobram a realização de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) para toda a área, ao contrário do que começou a ser feito no início, com estudos pontuais.

Fonte: Diário de Cuiabá, 12/ 07/2003.

Retornando as realizações do governador Carlos Gomes Bezerra, foi durante a sua gestão que ocorreu a proposta da construção da Ferronorte. A Ferronorte foi inicialmente defendida por Vicente Vuolo, que argumentava em seus discursos e em entrevistas aos meios de comunicação, que a construção da estrada de ferro facilitaria o escoamento da produção agrícola do Estado.

Inserir imagem da ferrovia

Carlos Bezerra não chegou a cumprir o seu mandato, e em 1990 foi substituído pelo vice-governador Edison de Freitas (1990-1992).

1991-1995: Jayme Veríssimo de Campos ( PFL). Para promover a integração entre os municípios do Estado, o governo deu prioridade a construção de estradas e pontes. Preocupou-se também com o escoamento dos produtos mato-grossenses defendendo a circulação de mercadorias pelo Oceano Pacífico.

1995-2002: Dante Martins de Oliveira (PSDB) . Foi eleito através da coligação política formada pelo PDT, PMDB, PSDB, PC do B, PT, PV, PSC, PMN, PSB e PPS. A sua administração foi marcada pelo Plano Metas. Este plano tinha como objetivo a integração do estado de Mato Grosso na conjuntura nacional e internacional. Para efetivá-lo, o governo estadual deu prioridade a construção de rodovias, hidrovias e ao setor de comunicação.

Durante a sua gestão muitos empresários nacionais e estrangeiros investiram em Mato Grosso favorecendo o crescimento da produção na agropecuária e agroindustrial.

Seguindo as diretrizes do projeto neoliberal, o governo estadual extinguiu empresas estatais como a CEMAT, CODEMAT, CASEMAT, BEMAT e COHAB.

Pensando em superar a crise energética e acelerar o desenvolvimento econômico de Mato Grosso, o governo estadual concedeu mais atenção ao setor energético. Foi construída a Usina do Manso e um ramal de gasoduto Brasil- Bolívia.

Imagem da Usina do Manso

2002-2003: José Rogério Salles. Era vice-governador do Estado e tomou posse, pois Dante de Oliveira se afastou antes de completar o seu mandato para concorrer ao Senado Federal.

Na sua gestão ocorreu as eleições para o governo do Estado. Nessas eleições, os candidatos que se destacaram foram Antero Paes de Barros (PSDB) e Blairo Maggi (PPS), sendo vitorioso nas urnas Maggi.

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Governadores do Estado de Mato Grosso

1889-1891: Antonio Maria Coelho.1891: Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro.1891: José Da silva Rondon.1891:João Nepomuceno de Medeiros Mallet.1891-1892: Manoel José Murtinho.1892: Junta Governativa1892: Luiz Benedito Pereira Leite.1892: Junta Governativa.1892:Luiz Benedito Pereira Leite.1892: André Virgilio Pereira de Albuqueruqe. 1892: José marques Fontes.1892: Generoso Ponce Leme de Souza Ponce.1892-1895: Manoel José Murtinho.1895-1897: Antonio Correa da Costa. 1897: Antonio Cesário de Figueiredo1897-1898: Antonio Correa da Costa.1898-1899: Antonio Cesário de Figueiredo.1899: Antonio Leite de Figueiredo.1899-1900: Antonio Pedro Alves de Barros.1900:João Paes de Barros.1900-1903: Antonio Pedro Alves de Barros.1903-1906: Antonio Paes de Barros.1906-1907: Pedro Leite Osório.1907-1908: Generoso Paes leme de Souza Ponce.1908-1911: Pedro Celestino Correa da Costa.

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1911-1915:Joaquim Augusto da Costa Marques.1915-1917: Caetano Manoel de Faria Albuquerque.1917: Camilo Soares de Moura.1917: Cipriano da Costa Ferreira.1917-1918: Camilo Soares de Moura.1918-1922: Dom Francisco de Aquino Correa.1922-1924: Pedro Celestino Correa da Costa.1924-1926: Estevão Alves Correa.1926-1930: Mario Correa da Costa.1930: Aníbal de Toledo.1930: Sebastião Rabelo Leite.1930-1931: Antonio Mena Gonçalves.1931-1932: Artur Antunes Maciel.1932-1934: Leônidas Antero de Mattos.1934-1935: César de Mesquita Serva.1935: Fenelon Muller.1935: Newton Cavalcanti.1935-1937: Mario Correa da Costa.1937: Manuel Ari da Silva Pires. 1937-1945: Julio Strubing Müller.1945-1946: Olegário Moreira de Barros1946: Wladislau Garcia Gomes.1946-1947: José Marcelo Moreira.1947-1950: Arnaldo Estevão de Figueiredo.1950-1951: Jary Gomes.1951-1956:Fernando Correa da Costa.1956-1961: João Ponce de Arruda.1961-1966: Fernando Correa da Costa. 1966- 1971: Pedro Pedrossian.1971-1975: José Manoel Fontonilhas Fragelli.1975-1978: José Garcia Neto.1978-1979: Cássio Leite de Barros1979-1983: Frederico Sólon Sampaio.1983-1986: Julio José de Campos.1986-1987: Wilmar Peres de Faria.1987-1990: Carlos Gomes Bezerra.1990-1991: Edison de Freitas.1991:Móises Feltrin. 1991- 1995: Jayme Veríssimo de Campos.1995-1999: Dante de Oliveira1999-2002:Dante de Oliveira.2002-2003: José Rogério Salles.2003: Blairo Maggi

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Atividades

1)(UNIC) A História de Mato Grosso registra movimentos sociais e disputas políticas de grande relevância. Analise as afirmações:I-Tanque Novo- movimento ocorrido em 1933 no município de que resultou em

perseguições por questões políticas e no julgamento de Doninha.II-Rusga- rebelião ocorrida em Cuiabá durante a Regência, objetivando a retirada do

poder político das mãos dos conservadores para cede-los aos liberais.III-Caetanada- luta política travada por dois chefes políticos locais das zonas de

garimpo no oeste mato-grossense.

a)se somente a I estiver correta.b)se somente a II estiver correta.c)se somente a III estiver correta.d)se somente a I e II estiverem corretas.e)se somente a II e a III estiverem corretas.

2)(UFMT)Em Mato Grosso, a partir de 1970, o governo federal coordenou projetos oficiais ao lado de outros da iniciativa privada estimulando um fluxo migratório aberto pelas possibilidades daquele momento. Sobre o assunto, assinale a afirmativa incorreta.

a)Foi construída a rodovia BR-364 (Cuiabá- Porto Velho), ao longo da qual surgiram vários núcleos populacionais.

b)POLOCENTRO e POLONOROESTE são exemplos de programas federais de colonização implementados à época.

c)A ocupação da nova fronteira agrícola no estado de Mato Grosso foi predominantemente feita por migrantes das regiões sul e sudeste.

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d)A lógica geopolítica do regime militar respaldou a decisão federal de promover a ocupação da região norte de Mato Grosso.

e)Para a exportação da produção agrícola, foi propiciada a abertura da navegação do rio Paraguai.

3)(UFMT) A respeito do regime republicano implantado no Brasil em 1889, julgue os itens:

( )Do ponto de vista político, o novo regime não significou uma profunda transformação, especial mente na perspectiva da população rural.

( )A primeira constituição republicana (1891), ao garantir o federalismo, liberou as elites regionais das limitações impostas pela centralização monárquica, nesse sentido a “política dos governadores” de Campos Sales consagrou o princípio da independência das oligarquias frente ao poder central.

( )Os mato-grossenses, a exemplo do que aconteceu com a maioria dos brasileiros, ficaram surpresos com a proclamação da Republica, embora as idéias republicanas já fossem veiculadas, no mínimo, desde a Rusga, em 1834.

4)(UFMT) Entre os projetos propostos por Getulio Vargas durante a sua administração, de 1930 a 1945, encontra-se a Marcha para o Oeste. Em relação a este projeto, julgue os itens.

( ) A ocupação e a colonização da Amazônia Legal por meio da reforma agrária eram propostas desse projeto.

( ) Um importante objetivo era transformar o território brasileiro em um bloco homogêneo.

( ) Pretendia garantir a modernização do país com um agressivo plano de estímulo à industrialização nos estados mais distantes da capital federal.

( ) A expedição Roosevelt, financiada com capital multinacional, demonstrou a ambigüidade do projeto.

5)(UFMT) Ao ocorrer o movimento de março de 1964, o governo de Mato Grosso era exercido por:

a)Fernando Correa da Costa.b)José Manuel Fragelli.c)José Pedrossian.d)João Ponce de Arruda.e)José Marcelo Moreira.

6)(UFMT) Em relação ao predomínio político das oligarquias no Brasil durante a Primeira Republica (1889-1930) e à ação dos chamados coronéis, julgue os itens :

( ) Em Mato Grosso a disputa política ocorria entre a oligarquia do norte composta pelos senhores de engenho, depois usineiros e a oligarquia do sul composta por grandes pecuaristas e comerciantes.

( ) O coronelismo entendido enquanto um sistema de troca eleitoral, proteção e favores de um lado, e voto de outro, possuí um caráter sempre pacífico.

( ) O coronelismo tinha base familiar e rural; o coronel era ao mesmo tempo um grande latifundiário e chefe patriarcal.

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7)(UNIC) São representadas citações que caracterizam determinadas lutas políticas armadas em Mato Grosso. Analise-as:

I-“Em 1916, Caetano de Albuquerque, governador do Estado, eleito pelo Partido Republicano Conservador, recusou-se a submeter as injunções da política dos chefes dos partidos. A partir de então, passou a sofrer ferrenha oposição dos partidários do coronel Azevedo (chefe maior da agremiação). Isso levou o governador a ingressar no Partido Republicano Mato –Grosssense. Iniciou-se assim a luta armada.” (Alves, Louremberg. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Diário de Cuiabá, 7 de janeiro, 1977, A5)

II- “Paralelamente á luta armada, ocorreu o embate jurídico. È que os deputados estaduais oposicionista...decretaram a cassação do mandato de Caetano de Albuquerque e ao mesmo tempo, empossaram Manuel Escolástico Virgínio no cargo de governador. A partir de então, Mato Grosso passou a contar com dois governadores.”(Alves, Louremberg. Qualquer semelhança é mera coincidência. Diário de Cuiabá, 7 de janeiro, 1977, A5.)

III-“Frente a este clima de convulsão a que passava o Estado, vítima da fortíssima oposição desencadeada pelos membros do Partido Republicano, o governador Antonio Pedro criou a “Divisão Patriótica” com a finalidade de que a mesma pudesse garantir a tranqüilidade de Mato Grosso, e conseqüentemente, o sucesso das medidas previstas no novo programa do governo de Campos Sales. Coube a Totó Paes comandar essa divisão que principiou seus trabalhos com a perseguição às forças oposicionistas.”(Madureira, Elizabeth, Processo Histórico de Mato Grosso).

Assinale a alternativa que faz referencia a Caetanada:

a)Somente a Ib)somente a III.c)Somente as citações I e II.d)somente as citações I e III.e)Todas as citações se referem a Caetanada.

8)(UFMT) Na década de 70, o norte de Mato Grosso se constituía no “paraíso privado” das empresas colonizadoras do país. Avalie os itens abaixo:

a)O processo de ocupação do norte de Mato Grosso foi dirigido pela colonização particular e acentuou milhares de colonos conhecidos como “sem terra”.

b) A construção da Rodovia Cuiabá-Santarém estimulou a ocupação do norte de Mato Grosso, e recebeu um enorme contingente de colonos vindos do sul do país.

c)A colonização dirigida, sob o controle do INCRA, recebeu o total apoio político e econômico do governo militar, sendo por isso considerada como bem sucedida.

d)A ocupação da Amazônia, e em especial a do norte do Mato Grosso, foi estimulada por discussões governamentais que privilegiaram os interesses dos pequenos proprietários rurais.

e)Os incentivos fiscais e créditos oficiais para os projetos agropecuários da Amazônia não beneficiaram os empresários que investiram na região norte de Mato Grosso.

9)(UFMT) Os itens referem-se ao Mato Grosso republicano,julgue-os:

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( )A política de colonização empreendida por Getulio Vargas, conhecida como “Marcha para o Oeste”promoveu, inclusive, a montagem de Colônias Agrícolas, entre elas a de Dourados, hoje no Mato Grosso do Sul.

( ) Desde o final do século XIX, o conceito de modernidade assimilado pela elite brasileira incorporava a idéia de que entre as nações não deveria existir diferenças nem barreiras. Com esse objetivo, Candido Rondon Assumiu a tarefa da construção das linhas telegráficas.

10) (UFMT) Sobre a colonização de Mato Grosso no século XX, assinale a alternativa incorreta:

a)Getulio Vargas implantou a “Marcha para o Oeste”, que visava instalar em Mato Grosso os sulistas.

b)A Colônia De Dourados foi um projeto de colonização que instalou os sulistas em Mato Grosso.

c)Na década de sessenta ocorreu um crescimento populacional em Mato Grosso, em função da colonização particular.

d)SUDAM e SUDECO foram projetos governamentais que instalaram o pequeno produtor em Mato Grosso.

e) Em Mato Grosso, a colonização dirigida pelas empresas particulares fez surgir várias cidades no Estado.

11)(Concurso da Secretaria de Segurança Pública) O governo federal não resistindo ao secular anseio divisionista da população e das lideranças políticas do sul, através da Lei Complementar Nº31 de 11 de outubro de 1977, divide o território mato-grossense e criou o Estado de Mato Grosso do sul. Assinale a opção que apresenta o presidente da Republica que assinou a lei e o governador de Mato Grosso no momento da divisão e o primeiro governador de Mato Grosso após a divisão.

a)General João Batista Figueiredo, José Garcia Neto e José Fontanilhas Fragelli.b)General Ernesto Geisel, José Garcia Neto, José Fontanilhas Fragelli.c)General João Batista Figueiredo, Frederico Carlos soares de Campos e José Garcia

Neto.d)General João Batista Figueiredo, José Garcia Neto e Frederico Soares de Campos.e)General Ernesto Geisel, José Garcia Neto e Frederico Carlos Soares de Campos.

12) (Simulado Gazeta) Em 1937, através de um golpe de Estado, Getúlio Vargas implantou uma ditadura no país. Com a intenção de reforçar o poder de Vargas, a ditadura estadonovista investiu na propaganda propiciando para que o mito Vargas chegasse ao seu apogeu.Em 1954, o suicídio de Vargas parou o país, imobilizou os seus inimigos e reforçou mais ainda Getulio como um grande mito político.Decorridos cinqüenta anos de sua morte, observamos que esse acontecimento continua a ser relembrado e reforçado pelos inúmeros mecanismos da memória.Baseado em seus conhecimentos sobre o período getulista, assinale a alternativa correta.I- Getulio Vargas inaugurou no Brasil um novo tipo de dominação política,

isto é, o populismo, que consistiu no aliciamento e manipulação das massas populares.

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II- O Estado Novo para se legitimar perante a opinião publica criou o DIP, que ficou encarregado de cuidar da propaganda do governo, da censura e de organizar comemorações oficiais.

III- Durante a ditadura, Vargas nomeou para governar os Estados, os interventores federais. Para Mato Grosso indicou Julio Muller, que promoveu na sua administração transformações no espaço urbano de Cuiabá criando a Casa dos Governadores, o Liceu Cuiabano, a Academia Mato Grossense de Letras e a Avenida Getulio Vargas.

IV- Na década de 50, demonstrando uma de suas principais características, o nacionalismo, Vargas criou a Petrobrás garantindo ao governo brasileiro a pesquisa e exploração do petróleo.a) I,II,III,IV são corretas.b) I,II e III são corretas.c) I, II e IV são corretas.d) I e II são corretas.e) II e IV são corretas.

13) (Simulado- Gazeta) “Quem vive ao longo da linha Rondon facilmente se julgaria na Lua. Imagine-se um território do tamanho da França, três quartos inexplorados; percorrido somente por pequenos bandos de nômades e atravessado de ponta a ponta por uma linha de telegráfica.”(Lévi-Strauss, Claude. Tristes Trópicos.)A citação acima faz alusão as linhas telegráficas construídas durante a Primeira República e que teve a frente de sua direção Candido Mariano Rondon. Sobre a Comissão Rondon e as linhas telegráficas, podemos considerar como incorreta a alternativa:a)No inicio do século XX, o Mato Grosso e o Amazonas ainda eram vistos como regiões atrasadas e vazias.b)Para o governo republicano, a construção das linhas telegráficas representava a ocupação e integração do oeste brasileiro.c) As idéias positivistas marcaram a ação da Comissão Rondon.d)Foi nesse contexto, que o governo republicano deu inicio a uma política voltada para o índio, criando o Serviço de Proteção ao Índio(SPI).e)O trabalho na Comissão Rondon foi desempenhado exclusivamente pelos índios, sob o comando de Rondon.

14) ) (UNIVAG) Na década de 70 e 80, o governo ditatorial iniciou uma política de expansão agrícola, que tinham como um dos seus objetivos a retomada do desenvolvimento da região Centro-Oeste e Norte. A respeito deste contexto histórico é incorreto afirmar que:a)os projetos de colonização estavam inseridos no Plano de Integração Nacional.b)Para a expansão da fronteira agrícola, o governo federal criou linhas de credito nas instituições financeiras federais.c)Os colonizados eram provenientes principalmente da região sul do país.d)A construção de rodovias na região centro-oeste e norte eram vitais para o sucesso dos projetos de colonização.

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e)A colonização do norte de Mato Grosso amenizou os conflitos sociais no campo, uma vez que esses projetos favoreciam a distribuição de pequenos lotes de terra.

15) (UNIVAG) Ao final do século XIX, a dimensão territorial de Mato Grosso já representava um empecilho aos seus administradores. Ao entrarmos no século XX, o anseio pela divisão do Estado cresceu no sul de Mato Grosso. No período Vargas, durante a Revolução Constitucionalista, o sul de Mato Grosso chegou a se separar adotando o nome de Estado do Maracaju, entretanto a vitória das forças getulistas abafou os ideais de separação, que voltariam intensamente no governo ditatorial. Assim a divisão do Estado de Mato Grosso foi concretizada pelo presidente:a)Figueiredob)Castelo Branco.c)Médici.d) José Sarney.e)Ernesto Geisel.

16) A respeito do período republicano em mato Grosso, é valido afirmar que:I- O Partido Republicano foi fundado oficialmente em Mato Grosso em agosto

de 1888. Seus partidários chegaram a fundar o jornal A República que teve uma curta duração.

II- Antonio Maria Coelho foi nomeado como o primeiro governador do Estado de Mato Grosso.

III- Os primeiros anos da republica em Mato Grosso foi marcado pela tranqüilidade política. Na verdade, a oposição política iria surgir somente a partir da década de 20.

a)Somente a I está correta.b)Somente a I e II estão corretas.c)Somente a II e III estão corretas.d)Somente a I e III estão corretas.e)Somente a II é correta.

17) Em 1891 foi promulgada a primeira Constituição de Mato Grosso. A seguir, a Assembléia Constituinte elegeu para conduzir o governo do Estado:a)Antonio Correa da Costa.b)Generoso Paes Leme de Souza.c)Manuel José Murtinho.d)Pedro Celestino.e)Delfino Augusto de Figueiredo.

18) No inicio do governo oligárquico ocorreu um movimento social que expressa claramente a disputa política entre os coronéis da região e que representou a “política dos governadores” em Mato Grosso. Estamos nos referindo a que movimento social?a)Massacre da Baía do Garcez.

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b)Caetanada.c)Morbeck e Carvalhino.d)Tanque Novo.e)revolta de 1892.

19) Assinale a alternativa incorreta a respeito do governo de Totó Paes de Barros:a)Foi responsável por levar os produtos mato-grossenses a Exposição Internacional de Saint-Louis.b) Tinha como base de sustentação política Joaquim Murtinho.c) Editou a revista O Archivo na qual há a reconstituição histórica de Mato Grosso.d) Estimulou o comercio dos produtos do extrativismo vegetal produzidos no Estado, como a erva-mate, a poaia e a borracha.e)A sua decadência política aconteceu na Revolta de 1906.

20) A respeito da Comissão Rondon, assinale al alternativa correta:I-A Comissão Rondon tinha como objetivo interligar o território brasileiro através da construção das linhas telegráficas.II- O Sistema adotado pela Comissão era do telegrafo a fio, transmitido através do Código Morse.III-Para realizar a construção do telegrafo, a expedição Rondon contou com a participação de botânicos, médicos, engenheiros, sanitaristas, fotógrafos, presos civis e índios.

a)Todas as afirmações são corretas.b) Somente a II está correta.c)Somente a I e III estão corretas.d)Somente a II e a III estão corretas.e)Somente a III está correta.

21) Nos primeiros anos da década de 30 aconteceu em Poconé, o movimento social chamado de Tanque Novo. A respeito deste movimento social, é errado afirmar que:a)Teve a frente Laurinda Lacerda Cintra que era conhecida em toda a região por Doninha.b) Doninha e sua gente foi perseguida pelo interventor federal Antonio Mena Gonçalves.c) Foi um movimento político e estava relacionado as eleições para a Assembléia Constituinte em 1933. d) Esteve intimamente associado a Vargas.e)Doninha fazia oposição a Vargas em Poconé.

22) Em 1945 com a deposição de Vargas chegava ao fim o Estado Novo. Ao mesmo tempo, a democracia retornava ao país. Sobre esse contexto histórico, assinale a alternativa correta:a)A UDN representação os anseios da burocracia estadonovista e tinha no Dr. Agrícola Paes de Barros um dos seus principais representantes.

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b)O PTB foi fundado em Mato Grosso por Vespasiano Martins e contou com a adesão maciça da massa operaria.c) O PCB se destacou em Cuiabá ao receber o apoio dos grêmios estudantis.d) Nesse período observa-se o crescimento político do sul do Estado.e)A entrada em um regime democrático foi favorecido pelo fim do poder das oligarquias.

23) Com o fim da ditadura tomou posse no governo do Estado o desembargador Olegário Moreira de Barros que conduziu as eleições. Para o governo do Estado foi eleito Arnaldo Estevão de Figueiredo. A respeito da sua administração, todas as afirmações estão corretas, exceto:a)Foi eleito pela coligação partidária PSD/PTB.b)No seu governo foi estimulada a colonização de Mato Grosso.c)Patrocinou a construção de varias estradas criando a Comissão Estadual de Estradas de Rodagem (CER).d) Estimulou a construção no sul do estado da Ferrovia Noroeste do Brasil.

24) O primeiro governador de Mato Grosso eleito pelo voto direto ao final do governo militar foi:a)Frederico Campos.b)Julio José de Campos.c)José Garcia Neto.d) Dante de Oliveira.e)Fernando Correa da Costa.

25)Avalie os itens abaixo:( )O rasqueado é uma dança de origem africana e é dançada com freqüência nas regiões de cultivo de cana-de-açúcar como Santo Antonio do rio Abaixo.( ) Em Vila Bela, a Dança do Congo ou Dança do Chorado é uma oferenda aos santos negros.( )As touradas eram realizadas no Campo do Ourique, na cidade de Cuiabá e consistia em uma homenagem ao Divino Espírito Santo.( )Nas Cavalhadas seus participantes representam a luta travada entre os cristãos e os mouros na Península Ibérica. São apresentadas em Cáceres e Poconé.

Gabarito:1-D2-E3-V,F,V.4-F,V,F,V.5-A6-V,F,V.7-C8-B9-V,V.10-D

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11-E12-C13-E14-E15-E16-B17-C18-A19-B20-A21-B22-D23-D24-B25-V,V,V,V.

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