livro de anatomia

174
Anatomia Humana

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  • Anatomia Humana

  • Anatomia HumanaHamilton Emdio Duarte

    Florianpolis, 2009.

  • Copyright 2009 Universidade Federal de Santa Catarina. Biologia/EaD/UFSCNenhuma parte deste material poder ser reproduzida, transmitida e gravada sem a prvia autorizao, por escrito, da Universidade Federal de Santa Catarina.

    Catalogao na fonte elaborada na DECTI da Biblioteca Universitria da Universidade Federal de Santa Catarina.

    D812a Duarte, Hamilton EmidioAnatomia Humana / Hamilton E. Duarte. - Florianpolis : BIOLOGIA/EAD/UFSC, 2009.174 p.ISBN 978-85-61485-14-61. Anatomia. 2. Corpo humano. 3. Sistemas orgnicos. I. Ttulo.

    CDU: 611

    Coordenao Pedaggica LANTEC/CEDCoordenao de Ambiente Virtual Alice Cybis PereiraComisso Editorial Viviane Mara Woehl, Alexandre

    Verzani Nogueira, Milton Muniz

    Projeto Grfico Material impresso e on-lineCoordenao Prof. Haenz Gutierrez QuintanaEquipe Henrique Eduardo Carneiro da Cunha, Juliana

    Chuan Lu, Las Barbosa, Ricardo Goulart Tredezini Straioto

    Equipe de Desenvolvimento de Materiais

    Laboratrio de Novas Tecnologias - LANTEC/CEDCoordenao Geral Andrea LapaCoordenao Pedaggica Roseli Zen Cerny

    Material Impresso e HipermdiaCoordenao Laura Martins Rodrigues,

    Thiago Rocha OliveiraAdaptao do Projeto Grfico Laura Martins Rodrigues,

    Thiago Rocha OliveiraDiagramao Laura Martins RodriguesIlustraes Felipe Oliveira GallReviso gramatical Isabel Maria Barreiros Luclktenberg

    Design InstrucionalCoordenao Isabella Benfica BarbosaDesign Instrucional Vanessa Gonzaga Nunes

    Governo FederalPresidente da Repblica Luiz Incio Lula da SilvaMinistro de Educao Fernando HaddadSecretrio de Ensino a Distncia Carlos Eduardo

    BielschowkyCoordenador Nacional da Universidade Aberta do

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    Universidade Federal de Santa CatarinaReitor Alvaro Toubes PrataVice-Reitor Carlos Alberto Justo da Silva

    Secretrio de Educao Distncia Ccero BarbosaPr-Reitora de Ensino de Graduao Yara Maria

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    MenezesPr-Reitora de Ps-Graduao Maria Lcia CamargoPr-Reitor de Desenvolvimento Humano e Social Luiz

    Henrique Vieira da SilvaPr-Reitor de Infra-Estrutura Joo Batista FurtuosoPr-Reitor de Assuntos Estudantis Cludio Jos AmanteCentro de Cincias da Educao Wilson Schmidt

    Curso de Licenciatura em Cincias Biolgicas na Modalidade a DistnciaDiretora Unidade de Ensino Sonia Gonalves CarobrezCoordenadora de Curso Maria Mrcia Imenes IshidaCoordenadora de Tutoria Zenilda Laurita Bouzon

  • Apresentao ....................................................................................... 9

    1 Introduo ao Estudo da Anatomia ............................................. 13

    1.1 Conceitos de Anatomia ............................................................................................15

    1.2 Divises da Anatomia ...............................................................................................15

    1.3 Nomenclatura Anatmica ...................................................................................... 16

    1.4 Posio Anatmica ....................................................................................................17

    1.5 Diviso do Corpo Humano ......................................................................................17

    1.6 Planos e Eixos do Corpo Humano ......................................................................... 19

    1.7 Termos de Posio e Direo das Estruturas do Corpo Humano .................. 20

    1.8 Tipos Constitucionais Humanos............................................................................ 21

    1.9 Princpios de Construo do Corpo Humano ..................................................... 22

    1.10 Normalidade e Alteraes da Normalidade ..................................................... 24

    Resumo .............................................................................................................................. 25

    Referncias Bibliogrficas ............................................................................................. 26

    2 Osteologia ....................................................................................... 29

    2.1 Generalidades e Conceitos ..................................................................................... 31

    2.2 Nmero de Ossos do Corpo Humano .................................................................. 31

    2.3 Classificao dos Ossos ........................................................................................... 32

    2.4 Arquitetura dos ossos .............................................................................................. 36

    2.5 Tipos de Esqueleto ................................................................................................... 38

    2.6 Classificao do Esqueleto ..................................................................................... 39

    2.7 Funes do Esqueleto ............................................................................................. 39

    Resumo .............................................................................................................................. 40

    Referncias Bibliogrficas ............................................................................................. 40

    Sumrio

  • 3 Artrologia ........................................................................................ 43

    3.1 Generalidades e Conceitos ..................................................................................... 45

    3.2 Classificao das Articulaes ............................................................................... 45

    3.3 Articulaes fibrosas................................................................................................ 46

    3.4 Articulaes cartilagneas ...................................................................................... 47

    3.5 Articulaes Sinoviais .............................................................................................. 48

    Resumo .............................................................................................................................. 56

    Referncias Bibliogrficas ............................................................................................. 56

    4 Miologia .......................................................................................... 59

    4.1 Generalidades e Conceitos ..................................................................................... 61

    4.2 Classificao dos Msculos .................................................................................... 61

    4.3 Msculo Estriado Esqueltico ............................................................................... 62

    Resumo .............................................................................................................................. 69

    Referncias Bibliogrficas ............................................................................................. 70

    5 Sistema Nervoso ............................................................................ 73

    5.1 Generalidades e Conceitos ..................................................................................... 75

    5.2 Diviso do Sistema Nervoso .................................................................................. 75

    5.3 Sistema Nervoso Central ........................................................................................ 76

    5.4 Sistema Nervoso Perifrico .................................................................................... 84

    5.5 Sistema Nervoso Visceral ........................................................................................ 87

    Resumo .............................................................................................................................. 89

    Referncias Bibliogrficas ............................................................................................. 90

    6 Sistema Circulatrio ....................................................................... 93

    6.1 Generalidades e Conceitos ..................................................................................... 95

    6.2 Diviso do Sistema Circulatrio ............................................................................ 95

    6.3 Sistema Cardiovascular ........................................................................................... 96

    6.4 Vasos Sangneos ................................................................................................... 106

    6.5 Sistema Linftico .................................................................................................... 107

    6.6 rgos Hemopoiticos ......................................................................................... 109

    Resumo .............................................................................................................................111

    Referncias Bibliogrficas ............................................................................................111

  • 7 Sistema Digestrio .......................................................................115

    7.1 Generalidades, Conceitos e Diviso .....................................................................117

    7.2 Tubo Digestrio ........................................................................................................118

    7.3 Glndulas Anexas ................................................................................................... 125

    7.4 Peritnio .................................................................................................................... 129

    Resumo ............................................................................................................................ 129

    Referncias Bibliogrficas ........................................................................................... 130

    8 Sistema Respiratrio ....................................................................133

    8.1 Generalidades e Conceitos ................................................................................... 135

    8.2 Poro Condutora .................................................................................................. 136

    8.3 Poro Respiratria ................................................................................................ 142

    8.4 Mecnica Respiratria ........................................................................................... 143

    Resumo ............................................................................................................................ 145

    Referncias Bibliogrficas ........................................................................................... 145

    9 Sistema Urinrio ...........................................................................149

    9.1 Generalidades e Conceitos ................................................................................... 151

    9.2 Rim ............................................................................................................................. 151

    9.3 Ureter ........................................................................................................................ 154

    9.4 Bexiga Urinria ........................................................................................................ 154

    9.5 Uretra ........................................................................................................................ 156

    Resumo ............................................................................................................................ 157

    Referncias Bibliogrficas ........................................................................................... 158

    10 Sistema Genital ..........................................................................161

    10.1 Generalidades e Conceitos ................................................................................. 163

    10.2 Sistema Genital Masculino ................................................................................. 163

    10.3 Sistema Genital Feminino .................................................................................. 168

    Resumo ............................................................................................................................ 173

    Referncias Bibliogrficas ........................................................................................... 173

  • Este livro de Anatomia Humana destina-se aos estudantes do curso da rea de Cincias Biolgicas como uma ferramenta de aprendizado e ao mes-mo tempo fornecer uma melhor compreenso da morfologia dos rgos e dos sistemas que constituem o corpo humano.

    Acreditamos que esta disciplina fundamental para a qualificao do aca-dmico de Biologia, pois apresenta um contedo bsico que, integrado aos contedos das demais disciplinas do curso, servir de alicerce para a formao profissional.

    Neste livro, as figuras foram didaticamente desenhadas e ricamente legen-dadas, ilustrando bem os aspectos morfolgicos de cada sistema que devem ser comparados com o contedo prtico de laboratrio a fim de completar o aprendizado.

    Procuramos expor os sistemas orgnicos de maneira compreensvel, dis-pensando os detalhes, sem que ferisse a qualidade do contedo de Anatomia. Desta forma, ao descrever os vrios assuntos, procuramos empregar uma lin-guagem acessvel e prtica.

    No primeiro captulo de Introduo ao estudo da Anatomia, esto os con-ceitos necessrios para o entendimento dos demais captulos, tais como di-viso do corpo humano por segmentos e sistemas, tipos constitucionais dos indivduos, termos de posio e localizao dos rgos, normalidade e altera-es da normalidade.

    Nos Captulos 2, 3 e 4 ser abordado o aparelho locomotor. Nele identifi-caremos os ossos do corpo humano, as principais conexes existentes en-tre eles e os msculos estriados esquelticos que permitem a realizao dos movimentos.

    Apresentao

  • No Captulo 5 estudaremos o Sistema Nervoso. Descries da morfologia do sistema nervoso central, perifrico e sistema nervoso autnomo so abor-dadas. O Captulo 6 trata do Sistema Circulatrio. Definio de corao, forma, localizao, estrutura, cavidades, vascularizao, drenagem venosa, vasos da base e sistema excitocondutor do corao sero estudados. Alm disso, sero identificados os rgos hematopoiticos e os principais vasos sangneos do corpo humano.

    Os Captulos 7 e 8 so dedicados aos sistemas digestrio e respiratrio, respectivamente. Conceitos, descries e morfologia dos dois sistemas sero estudados.

    Nos Captulos 9 e 10 descreveremos o aparelho urogenital. Dedicaremos esse captulo ao estudo da anatomia macroscpica das estruturas que consti-tuem o Sistema Urinrio e os sistemas genitais masculino e feminino, respon-sveis pela perpetuao das espcies.

    Este material foi pensado para que voc tenha um entendimento dessa en-genharia que o nosso corpo. Acreditamos que este o momento ideal para que voc conhea e reflita sobre o funcionamento do seu prprio corpo. Sinta-se convidado a adentrar nesse mundo fantstico que a Anatomia Humana.

    Hamilton Emdio Duarte

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    Introduo ao Estudo da Anatomia

    Voc j pensou sobre a sua estruturao fsica, ou seja, so-bre a sua anatomia? Sobre a sua simetria ou sobre a sua ca-pacidade de andar ou respirar? Este captulo lhe habilitar a conceituar anatomia e suas subdivises. Voc ser capaz de descrever a posio anatmica e a diviso do corpo humano por sistemas e regies; os planos e o eixo do corpo huma-no e a localizao dos rgos, usando os termos de posio e direo das estruturas do corpo humano. Voc ir ainda conhecer os tipos constitucionais dos indivduos e citar suas caractersticas morfolgicas e os princpios de construo do corpo humano, e poder conceituar normalidade e altera-es da normalidade.

  • 15Introduo ao Estudo da Anatomia

    1.1 Conceitos de Anatomia

    O termo anatomia deriva do grego Ana, que significa em partes, e Tomein, que significa cortar. Ento, anatomia significa cortar separando em partes. Podemos ainda ampliar esse conceito dizendo que a Anatomia a parte da cincia que estuda a forma e a estrutura do corpo humano.

    1.2 Divises da Anatomia

    A disciplina de Anatomia Humana pode ser dividida em vrias partes de acordo com os seguintes critrios:

    1.2.1 Segundo o mtodo de observao

    Neste caso, leva-se em considerao a maneira com que se ob-serva a estrutura que vai ser estudada. Se voc necessita de um microscpio para aumentar as dimenses das estruturas para uma melhor visualizao, chamamos de anatomia microscpica; se voc consegue observar as estruturas sem o uso de aparelho, ento elas so vistas a olho nu, denominamos de anatomia macrosc-pica; e se voc utiliza lentes de aumento para ampliar as estru-turas, por exemplo, uma lupa, ento denominamos de anatomia mesoscpica.

  • 16 Introduo ao Estudo da Anatomia

    1.2.2 Segundo o mtodo de estudo

    Neste caso, leva-se em considerao o estudo do corpo humano mediante a diviso por sistemas orgnicos (anatomia sistmica ou descritiva), a diviso por segmentos ou regies (anatomia to-pogrfica ou regional), o uso de imagem (anatomia radiolgica), o estudo dos relevos e das depresses existentes na superfcie do corpo humano (anatomia de superfcie), os cortes seriados (ana-tomia seccional) e as comparaes com a morfologia de outros animais (anatomia comparada).

    1.3 Nomenclatura Anatmica

    No final do sculo XX (sobretudo na Europa), havia muitas de-nominaes para descrever uma mesma estrutura, ento, houve a necessidade de uniformizar os termos anatmicos. A primeira tentativa de uniformizao dos termos anatmicos ocorreu em 1895 na Basilia, conhecida com a sigla de BNA (Basle Nomina Anatomica). A partir dessa data, sucessivas reunies foram feitas em congressos internacionais, mas a sua uniformizao interna-cional foi realizada em 1955, no Congresso de Anatomia em Pa-ris, e adotada a nomenclatura que ficou conhecida por PNA (Paris Nomina Anatomica). A cada cinco anos novas revises da nomen-clatura anatmica so feitas em congressos de Anatomia. Portanto, ao conjunto de termos empregados para descrever todo o organis-mo, ou em partes, bem como as estruturas que compem o corpo humano, deu-se o nome de Nomenclatura anatmica.

    Princpios gerais

    Ento, para se criar um novo termo anatmico, alguns princ-pios foram seguidos: (1) a lngua oficial passou a ser o latim; (2) aboliram-se os epnimos; (3) os termos anatmicos deveriam in-dicar a forma, a posio e a situao da estrutura, como, por exem-plo, m. quadrado femoral e m. flexor profundo dos dedos da mo; (4) abreviatura dos termos usuais: (a) artria, (v) veia, (n) nervo; e (5) traduo para o vernculo do pas, como, por exemplo, flexor digitorum sublimis, m. flexor superficial dos dedos.

    Se voc tiver interesse, consulte o livro Terminologia anatmica internacional, da editora Manole, de 2001. Ele o fundamento da terminologia mdica, dada a importncia que todos os profissionais da rea da sade usem a mesma denominao para cada estrutura.

    Epnimo a denominao de uma estrutura pelo nome de uma pessoa, por exemplo, Trompa de Falpio, nome dado em homenagem ao seu descobridor, o anatomista italiano do sculo XVI Gabriele Falloppio.

  • 17Introduo ao Estudo da Anatomia

    1.4 Posio Anatmica

    A Figura 1.1 mostra a posio anatmica adotada em todo o mundo com o objetivo de facilitar a descrio das estruturas que compem o corpo humano.

    Figura 1.1 - Posio anatmica

    Observe que a posio anatmica se assemelha posio da educao fsica: o indivduo na posio ortosttica (em p), olhan-do para o horizonte, com os membros inferiores e calcanhares unidos, com os membros superiores juntos ao tronco e as palmas das mos voltadas para frente.

    1.5 Diviso do Corpo Humano

    Podemos dividir o corpo humano por segmentos ou por siste-mas orgnicos. Os segmentos (veja a Figura 1.2) compreendem a

  • 18 Introduo ao Estudo da Anatomia

    cabea, o pescoo, o tronco e os membros. A cabea corresponde parte superior do corpo, presa ao tronco pelo pescoo. O tronco est constitudo pelo trax, pelo abdome e pela pelve. Dos mem-bros, dois so superiores e dois inferiores. Cada membro possui uma raiz (que se prende ao tronco) e uma parte livre, como mostra a figura a seguir.

    Cabea

    Membrossuperiores

    Membrosinferiores

    Pescoo

    TroncoAbdome

    Pelve

    Trax

    Figura 1.2 - A figura mostra a diviso do corpo humano por segmentos

    Uma outra maneira de dividir o corpo humano por interm-dio dos sistemas orgnicos, como veremos a seguir: O sistema tegumentar constitudo de pele, tela subcutnea e seus anexos, o aparelho locomotor formado pelos sistemas sseo, muscular e articular. O sistema circulatrio compreende o sistema cardio-vascular, linftico e pelos rgos hemopoiticos. O tubo digestrio e as glndulas anexas fazem parte do sistema digestrio. Temos ainda o sistema respiratrio, o sistema endcrino e o aparelho urogenital, formado pelo sistema urinrio, pelo sistema genital masculino e pelo sistema genital feminino.

  • 19Introduo ao Estudo da Anatomia

    1.6 Planos e Eixos do Corpo Humano

    Agora que j conhecemos a posio anatmica, podemos delimitar o corpo humano por meio dos planos de delimita-o, os quais passam tangenciando a sua superfcie.

    1.6.1 Planos de delimitao

    Imaginemos um indivduo dentro de uma caixa retangu-lar, conforme mostra a Figura 1.3. Observe que a caixa possui quatro planos verticais e dois planos horizontais que tangen-ciam a superfcie do corpo. Dentre os planos verticais, o plano ventral ou anterior passa paralelamente ao abdome (lado da frente da caixa), o plano dorsal ou posterior passa paralela-mente ao dorso (lado de trs da caixa) e os planos laterais direto e esquerdo (lado direito e lado esquerdo da caixa) pas-sam paralelamente de cada lado do corpo. Para fecharmos a caixa, faltam os planos horizontais. O plano ceflico, cranial ou superior tangencia a cabea (fecha a caixa em cima) e o plano podlico ou inferior passa junto planta dos ps (fecha a caixa em baixo).

    1.6.2 Eixos

    Agora vamos traar eixos imaginrios que vo unir os centros dos planos de delimitao opostos, considerando, ainda, o indivduo dentro da caixa retangular. Vejam que os eixos principais seguem trs direes diferentes, confor-me visto na Figura 1.4.

    O eixo longitudinal ou crnio-podlico une o centro do plano superior ao centro do plano inferior.

    O eixo sagital ou ntero-posterior une o centro do plano dorsal ao centro do plano ventral.

    O eixo transversal ou laterolateral une o centro do plano lateral direito ao centro do plano lateral esquerdo.

    Figura 1.3 - Indivduo na posio anatmica dentro da caixa retangular

    Figura 1.4 - Distribuio dos trs eixos do corpo humano

    Eixolongitudinal

    Eixotransversal

    Eixo sagital

  • 20 Introduo ao Estudo da Anatomia

    1.6.3 Planos de seco

    O termo seco significa cortar. Portanto, os planos de seco so planos que dividem (cortam) o corpo do indivduo em partes menores. A Figura 1.5 ilustra os quatro planos de seco funda-mental do corpo humano.

    O plano mediano um plano vertical que divi-de o corpo do indivduo em duas metades, apa-rentemente semelhantes (direita e esquerda).

    Os planos sagitais so aqueles planos de sec-o do corpo feitos paralelamente ao plano mediano.

    O plano frontal ou coronal so todas aquelas seces paralelas aos planos ventral ou dorsal que dividem o corpo do indivduo em duas partes: uma anterior (ventral) e a outra poste-rior (dorsal).

    O plano transversal so todas aquelas seces paralelas aos planos superior ou inferior. Este plano de seco divide o corpo do indivduo em duas partes: superior e inferior.

    1.7 Termos de Posio e Direo das Estruturas do Corpo Humano

    Utilizamos termos de posio e direo para identificao e localizao dos rgos situados no corpo humano. A Figura 1.6 representa um corte transversal na altura do trax. A linha XY est situada no plano mediano. Estruturas que esto no plano mediano so ditas medianas. o caso da estrutura A, que est localizada no plano mediano. Veja agora as estruturas B, C e D. A estrutura B chamada de medial porque fica mais prxima do plano mediano em relao a C ou D. A estrutura D est mais prxima do plano la-teral em relao a C e B, por isso, chamada de lateral. A estrutura intermdia, estrutura C, aquela que fica sempre entre uma estru-tura medial e a outra lateral. A estrutura E ventral ou anterior

    Figura 1.5 - Ilustrao dos planos de seco do corpo humano

    Planomediano

    Planosagital

    Planofrontal

    Planotransversal

  • 21Introduo ao Estudo da Anatomia

    porque fica mais prxima do plano ventral ou anterior. A estrutura G dorsal ou posterior e fica mais prxima do plano dorsal em relao estrutura E e F. A estrutura mdia est representada pela letra F, que, por sua vez, aquela que fica sempre entre duas outras estruturas uma dorsal e outra ventral ou entre uma proximal e outra distal, entre uma superior e outra inferior, entre uma interna e outra externa ou ainda entre uma superficial e outra profunda.

    A (vrtebra)

    Interno

    Externo

    B

    X

    Y

    G

    F

    ECD

    A (corao)

    A (esterno)

    Figura 1.6 - Corte transversal do trax mostrando a disposio e a localizao das estruturas no corpo humano

    Outros termos de posio e direo so tambm aplicados ao corpo humano. Vejam os termos proximal, que significa mais pr-ximo da raiz do membro, e distal, que significa mais afastado da raiz do membro. Enquanto os termos externo e interno utilizam-se para estruturas situadas dentro das cavidades do corpo, e os termos superficial e profundo so mais empregados para se iden-tificar a disposio das camadas.

    1.8 Tipos Constitucionais Humanos

    Se voc observar os seus colegas da turma, vai verificar que eles apresentam caractersticas constitucionais diferentes. A morfolo-gia de cada indivduo depende exclusivamente das caractersticas genticas somadas influncia do meio ambiente.

  • 22 Introduo ao Estudo da Anatomia

    A Figura 1.7 representa os trs tipos constitucionais de indiv-duos. Portanto, aquele indivduo que apresenta estatura alta, tron-co alongado e membros longos em relao ao tronco chamado de longilneo. O indivduo que possui estatura baixa, pescoo e membros curtos em relao ao tronco denominado de brevi-lneo. J o mediolneo aquele indivduo que possui dimenses intermedirias entre o longilneo e o brevilneo.

    Brevilneo Mediolneo Longilneo

    Figura 1.7 - Caractersticas constitucionais dos indivduos

    1.9 Princpios de Construo do Corpo Humano

    O corpo humano, na vida embrionria, organiza-se de maneira complexa e medida que se desenvolve segue alguns princpios bsicos de construo para a formao do corpo humano. Os qua-tros princpios que atuam na construo do corpo so: a antime-ria, a paquimeria, a metameria e a estratimeria.

  • 23Introduo ao Estudo da Anatomia

    Na antimeria (veja a Figura 1.8) o corpo humano formado a partir de duas metades homlogas (semelhantes), uma direita e outra esquerda, cada uma chamada de antmero. Os antmeros possuem simetria bilateral. Por isso, os rgos pares se encon-tram distribudos em cada antmero e os mpares tendem a se situar no plano mediano.

    Na paquimeria (veja a Figura 1.9) o corpo se forma a partir de dois tubos chamados de paqumeros. O tubo dorsal (pa-qumero neural) a cavidade que fica dentro do crnio e do canal vertebral. Esse paqumero contm o encfalo e a medula espinhal (neuroeixo), e o tubo ventral (paqumero visceral) contm as vsceras torcicas, abdominais e plvicas.

    Plano mediano

    Antmerodireito

    Antmeroesquerdo

    Paqumero neural

    Paqumerovisceral

    Figura 1.8 - Antimeria Figura 1.9 - Paquimeria

  • 24 Introduo ao Estudo da Anatomia

    Na metameria (veja a Figura 1.10) o corpo se forma a partir da superposio de segmentos semelhantes entre si. Os seg-mentos so delimitados por planos transversais e chamados de metmeros, cuja disposio lembra uma pilha de moedas. Esse princpio de construo do corpo encontramos na coluna ver-tebral, nas costelas e nos msculos intercostais.

    Na estratimeria (veja a Figura 1.11) o corpo se forma a partir de estruturas dispostas em estratos ou camadas. Essas disposi-es encontramos na pele, na tela subcutnea e nas camadas da parede das vsceras ocas.

    Pele

    Tela subcutnea

    Osso

    Msculos

    Figura 1.11 - Estratimeria

    1.10 Normalidade e Alteraes da Normalidade

    Podemos conceituar o termo normal levando-se em conside-rao os critrios funcional e estatstico. Do ponto de vista funcio-nal o normal a estrutura que melhor desempenha uma funo. Por exemplo, o normal o indivduo sadio ou com sade. J do ponto de vista estatstico, o normal, em um grupo, o aspecto que se encontra na maioria dos casos, isto , com maior freqncia. Por outro lado, a simples observao de um grupo humano mos-tra de imediato diferenas morfolgicas entre os elementos que constituem o grupo. Essas diferenas morfolgicas so chamadas de variaes anatmicas. Na variao anatmica, a qual pode ser interna ou externa, o indivduo apresenta alteraes da normali-

    Figura 1.10 - Metameria

  • 25Introduo ao Estudo da Anatomia

    dade sem prejuzo funcional, isto , o indivduo pode realizar qual-quer atividade sem que a diferena morfolgica interfira na ao desejada. Por exemplo, a bifurcao da artria braquial acima da articulao do cotovelo representa uma variao anatmica, tendo em vista que normalmente ela se divide na altura do cotovelo. O fato de essa artria se bifurcar acima do cotovelo no traz nenhum prejuzo funcional para o indivduo.

    Na anomalia o indivduo apresenta grandes variaes anat-micas com prejuzo funcional, por exemplo, a ausncia do dedo polegar, que impede a realizao do movimento de pina entre os dedos. J na monstruosidade o indivduo apresenta anomalia acentuada a ponto de interferir no princpio de construo do cor-po, geralmente, incompatvel com a vida. Um exemplo de mons-truosidade a ausncia do encfalo conhecido anencefalia.

    Resumo

    A Anatomia estuda as estruturas do corpo humano em geral. Divide-se a Anatomia de acordo com o mtodo de observao em: anatomia microscpica, anatomia mesoscpica e anatomia ma-croscpica. E de acordo com o mtodo de estudo dividida em: anatomia sistmica, anatomia topogrfica, anatomia radiolgi-ca e anatomia comparada.

    Utilizam-se a nomenclatura anatmica e os termos de posio e direo para denominar e localizar as estruturas que compem o corpo humano.

    Uma posio padro conhecida como posio anatmica adotada para delimitar os planos e os eixos do corpo a fim de faci-litar o profissional da rea da sade no processo de avaliao fsica do indivduo.

    O tipo constitucional do indivduo conhecido com o bitipo existe em todos os grupos raciais: o longilneo, que possui tronco e membros longos, o brevilneo, que apresenta tronco, pescoo e membros curtos; e o mediolneo, cujo indivduo apresenta carac-tersticas intermediarias entre os dois tipos anteriores.

    A anencefalia consiste em malformao rara do tubo

    neural acontecida entre o 16 e o 26 dia de gestao,

    caracterizada pela ausncia total ou parcial do encfalo

    e da calota craniana, proveniente de defeito

    de fechamento do tubo neural durante a formao

    embrionria.

  • 26 Introduo ao Estudo da Anatomia

    Levando-se em considerao que num grupo todos os indiv-duos so sadios, podemos, ento, afirmar do ponto de vista ana-tmico que todos os indivduos desse grupo so normais. Mas, por outro lado, o fato de existir pessoas gordas ou magras, baixas ou altas nesse grupo significa que existem variaes anatmicas entre elas. Caso um indivduo apresenta a falta de um rgo, isto significa que ele apresenta uma anomalia. E se essa anomalia for acentuada a ponto de interferir no princpio de construo do cor-po, dizemos que ele apresenta uma monstruosidade.

    Referncias Bibliogrficas

    1) Livro Texto

    CASTRO, S. V. Anatomia fundamental. 3. ed. So Paulo: Makron Books, 1985.

    DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana Sistmi-ca e Segmentar: para o estudante de Medicina. 2. ed. So Paulo: Atheneu, 1998.

    MCMINN, R. M. H.; HUTCHINGS, R. T.; LOGAN, B. M. Com-pndio de Anatomia Humana. So Paulo: Manole, 2000.

    MORRE, K. L.; DALLEY, A. R. Anatomia: orientada para a clni-ca. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2001.

    SPENCE, A. P. Anatomia Humana Bsica. 2. ed. So Paulo: Ma-nole, 1991.

    2) Livro Atlas

    KHALE, W.; LEONHARDT, H.; PLATZER, W. Atlas de Anato-mia Humana. So Paulo: Livraria Atheneu, 1998. v. 1-2.

    NETTER, H. F. Atlas de Anatomia Humana. 8. ed. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1966. v. 1,

    SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. v. I e II.

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    OsteologiaO esqueleto tem a importante funo de sustentar e dar

    forma ao corpo. Ele torna possvel a locomoo e protege os rgos internos. Nesta etapa voc entrar em contato com os conceitos referentes a ossos e esqueleto e assim poder classi-ficar e descrever os ossos quanto sua forma: seus acidentes, sua vascularizao, sua arquitetura e seu revestimento. Ser capaz de identificar e classificar os tipos de esqueleto, bem como descrever suas funes. E conhecer mais especifica-mente os ossos do esqueleto axial e apendicular.

  • 31Osteologia

    2.1 Generalidades e Conceitos

    O sistema esqueltico forma um arcabouo sseo importante na proteo das vsceras, na conformao e na sustentao do corpo, no sistema de alavancas biolgicas, na produo de clulas sang-neas, alm de ser o depsito de ons Ca e P.

    O termo osteologia deriva do grego osteon, que significa osso, e Logus, que significa estudo. Ento, podemos dizer que Osteologia a parte da Anatomia que estuda os ossos. Por outro lado, os ossos so estruturas rgidas, esbranquiadas, constitudas de tecido conjuntivo mineralizado e que reunidas entre si partici-pam na formao do esqueleto. Portanto, ao conjunto de ossos e cartilagens que reunidos entre si do conformao ao corpo, pro-teo e sustentao de partes moles damos o nome de esqueleto (veja a Figura 2.1).

    2.2 Nmero de Ossos do Corpo Humano

    O nosso corpo possui 206 ossos, mas esse nmero pode variar levando-se em considerao dois fatores. O primeiro critrio o fator etrio, em que o indivduo pode apresentar ossos que no se fundem, permanecendo separados na vida adulta. Por exemplo, o osso frontal pode permanecer separado por uma sutura na vida adulta. O segundo fator o critrio de contagem, neste caso, o anatomista pode ou no considerar alguns ossculos como parte

  • 32 Osteologia

    da constituio do esqueleto. O exemplo mais comum so os oss-culos da orelha mdia (ouvido), que para alguns anatomistas so considerados e para outros no so computados durante a conta-gem dos ossos do corpo.

    2.3 Classificao dos Ossos

    Segundo a localizao topogrfica dos ossos, podemos classifi-c-los em ossos axiais e apendiculares. Os ossos axiais so aque-

    Crnio

    Clavcula

    Escpula

    Esterno

    mero

    Costelas

    UlnaRdioOsso do quadril

    Carpo

    Snfise pbica

    Fmur

    Tbia

    Fbula

    TarsoMetatarsais

    Falanges

    CccixSacro

    Coluna vertebral

    Cartilagem costal

    Metacarpais

    Falanges

    Patela

    Figura 2.1 - Esqueleto humano

  • 33Osteologia

    les que formam o eixo principal do corpo, o caso dos ossos da cabea, do pescoo e do tronco, enquanto que os ossos apendicu-lares formam os apndices do corpo, isto , esto localizados nos membros superiores e nos membros inferiores.

    A classificao que faremos a seguir leva em considerao a for-ma (morfologia) dos ossos pelo fato de eles apresentarem carac-tersticas morfolgicas diferentes. Por isso, eles so classificados quanto sua forma em: longos, alongados, planos, irregulares e curtos. Existem ainda alguns ossos que, por suas caractersticas funcionais, podem ser classificados parte. o caso dos ossos pneumticos e os sesamides.

    A) Ossos longos

    So aqueles ossos em que o comprimento maior do que a lar-gura e a espessura, alm disso, eles apresentam como caracterstica principal a presena de canal medular. Outras caractersticas que encontramos nos ossos longos (veja a Figura 2.2) so a presen-a de um corpo (difise), de duas extremidades (epfise distal e proximal), de uma regio de transio entre as epfises e a difise (metfise distal e proximal) e de uma cavidade na difise que aloja a medula ssea (canal medular). Esses ossos esto situados nos membros superiores e inferiores como o mero, o rdio, o fmur e a tbia etc.

    Na metfise fica o disco epifisial de constituio

    fibrocartilaginosa responsvel pelo crescimento do osso no

    seu comprimento

    CanalMedular

    EpfiseProximal

    EpfiseDistal

    MetfiseProximal

    MetfiseDistal

    Difise(Corpo)

    Figura 2.2 - Representao esquemtica do osso longo

  • 34 Osteologia

    B) Ossos alongados

    So aqueles ossos em que o comprimento predomina sobre a largura e a espessura, s que esse tipo de osso no possui canal medular. Esses ossos so representados pelas costelas e pelas clav-culas, conforme ilustra a Figura 2.3.

    C) Ossos planos ou laminares

    So aqueles ossos cujo comprimento e largura predo-minam sobre a espessura. Esses ossos esto localizados principalmente na calota craniana, como o caso do osso parietal, e nas razes dos membros superiores e inferiores, como o caso do osso da escpula e o osso do quadril, respectivamente (veja a Figura 2.4).

    D) Ossos curtos

    So aqueles ossos em que o comprimento, a largura e a espes-sura se equivalem. A Figura 2.5 a seguir mostra exemplos desses ossos distribudos principalmente na mo e no p.

    Figura 2.5 - Exemplos de ossos curtos

    Figura 2.3 - Representao esquemtica de osso alongado

    Figura 2.4 - A figura mostra o desenho de um osso plano

    Tlus

    CalcneoCubide

    NavicularCuneiformes

    Vista Lateral

  • 35Osteologia

    F) Ossos irregulares

    So ossos que apresentam uma forma diferente de qualquer fi-gura geomtrica conhecida. Ossos localizados na coluna vertebral (vrtebras) e na cabea (mandbula) so exemplos que caracteri-zam os ossos irregulares (veja a Figura 2.6).

    G) Ossos pneumticos

    So aqueles ossos que apresentam uma cavidade interna con-tendo ar. Essa cavidade revestida de mucosa e denominada de seio. Encontramos esses ossos situados adjacentes cavidade na-sal. o caso dos ossos: frontal, maxila, etmide e esfenide, todos localizados no crnio e na face, conforme visto na Figura 2.7.

    H) Ossos sesamides

    So pequenos ossos que se desenvolvem dentro de tendes ou da cpsula articular. Ossos que se desenvolvem na substncia dos tendes so denominados de intratendneos, e os que se desen-volvem na substncia da cpsula articular so chamados periar-ticulares. A patela (veja a Figura 2.8) um exemplo especfico de osso sesamide intratendneo. O p e a mo so os locais mais comuns onde se encontram ossos sesamides periarticulares.

    Figura 2.6 - Desenho esquemtico de osso irregular Figura 2.7 - Ossos pneumticos situados em torno da face

    Sinusite o processo inflamatrio localizado

    no interior dos ossos pneumticos.

    Figura 2.8 - Patela osso sesamide do joelho.

  • 36 Osteologia

    2.4 Arquitetura dos Ossos

    Ao apalpar o cotovelo ou o seu crnio, voc observa que est tocando numa estrutura extremamente dura. Essas estruturas rgidas so os ossos que apresentam na sua arquitetura as tra-bculas sseas, cuja disposio varia no prprio osso.

    Portanto, encontram-se nos ossos dois tipos de substncia ssea (veja a Figura 2.9), a substncia ssea compacta e a subs-tncia ssea esponjosa. A substncia ssea compacta mais re-sistente, e as trabculas sseas esto firmemente aderidas umas s outras. Encontra-se esse tipo de substncia ssea compacta principalmente na parte externa dos ossos. J a substncia s-sea esponjosa mais elstica, e as trabculas sseas esto mais afastadas entre si, dando um aspecto de rede. Encontra-se esse tipo de substncia ssea esponjosa nas extremidades dos ossos longos e na parte interna dos ossos de uma forma geral.

    2.4.1 Peristeo

    Se voc j fraturou um osso, com certeza vai se lembrar da dor que sofreu naquele momento. A dor causada no decorrente do osso fraturado, mas sim da leso ou da distenso que so-freu o peristeo. O peristeo (veja a Figura 2.10) a mem-brana de tecido conjuntivo fibroso que envolve externa-mente o osso, exceto nas suas superfcies articulares. Ele possui uma camada fibrosa mais externa e uma cama-da osteognica mais interna, responsvel pelo crescimen-to sseo em espessura e pela formao do calo sseo na re-composio das fraturas (veja a Figura 2.10).

    Substncia sseaEsponjosa

    Substncia sseaCompacta

    Medula sseaVermelha

    Figura 2.9 - A figura mostra a substncia ssea compacta e esponjosa dos ossos

    Peristeo

    Ossocompacto

    Endsteo

    Ossoesponjoso

    Canalmedular

    Figura 2.10 - Representao esquemtica do peristeo revestindo o osso

  • 37Osteologia

    Dentro dos ossos, encontramos uma camada celular de tecido conjuntivo revestindo internamente o canal medular, chamada de endsteo. Essa camada tambm osteognica, isto , produz teci-do sseo responsvel pelo crescimento da espessura do osso.

    2.4.2 Medula ssea

    O sangue que corre dentro dos vasos sangneos (artria e veia) produzido no interior dos ossos. Essa substncia que produz sangue chamada de medula ssea, conforme mostra a Figura 2.9. Ela est situada dentro do canal medular e da substncia ssea esponjosa dos ossos. Possumos dois tipos de medula ssea: medula ssea ru-bra ou vermelha, que produz hemceas, plaquetas e granulcitos, e a medula ssea flava ou amarela, que gordurosa (tutano), em alguns ossos, ela substitui a medula vermelha ao longo do tempo.

    2.4.3 Outras caractersticas dos ossos

    A dureza e a resistncia dos ossos so decorrentes de substn-cias minerais que ficam depositadas neles. Por outro lado, o osso apresenta elasticidade devido presena de sustncias orgnicas na sua composio. Ele pode sofrer eroso: osteoporose, decor-rente da retirada de sais minerais pelo prprio organismo. A colo-rao dos ossos geralmente esbranquiada, mas pode variar de um indivduo para outro.

    2.4.4 Elementos descritivos dos ossos

    Quando estudamos a classificao dos ossos quanto sua for-ma, observamos que eles apresentam caractersticas morfolgicas diferentes entre si, isto , eles possuem:

    salincias articulares (cabea, trclea e cndilos) e no arti-culares (tubrculo, tuberosidade, trocanter e espinha...);

    depresses articulares (cavidades e fveas...) e depresses no articulares (fossa, impresso e sulco...); e

    aberturas (forame, canal e meato...).

    Esses relevos presentes nos ossos so os chamados Acidentes sseos.

    osteoporoseAumento da fragilidade

    ssea resultante da gradual reduo na taxa de formao

    de osso, condio comum nas pessoas idosas.

  • 38 Osteologia

    2.4.5 Vascularizao e inervao dos ossos

    Os ossos, assim como quaisquer partes do corpo humano, ne-cessitam de sangue para serem nutridos. Os ossos recebem o seu suprimento arterial proveniente das artrias nutriciais que esto no peristeo. Alm delas, as artrias metafisrias e epifisrias nu-trem, tambm, as extremidades dos ossos.

    A inervao dos ossos feita pelos nervos pe-riostais. Eles possuem fibras que transmitem a sensao de dor, acompanham os vasos sang-neos e inervam os ossos. O peristeo sensvel leso ou tenso, o que explica a dor aguda nas fraturas sseas.

    2.4.6 Drenagem venosa e linftica dos ossos

    Os resduos metablicos que no servem mais aos ossos precisam ser eliminados. Os sistemas venoso e linftico so os responsveis diretos pela drenagem dos resduos metablicos dos os-sos. As veias que drenam os ossos acompanham as artrias, e recebem o mesmo nome.

    2.5 Tipos de Esqueleto

    Existem trs tipos de esqueleto de acordo com a disposio do arcabouo de sustentao do organismo:

    o 1. exoesqueleto aquele tipo que apresenta esqueleto externo que serve de base de sus-tentao para as partes moles, como exemplo temos os crustceos;

    o 2. endoesqueleto aquele que possui esque-leto interno revestido pelas partes moles, um exemplo que acontece com o homem; e

    Fratura sseaQuebra de um osso ou uma cartilagem.

    Figura 2.11 - Mostra os trs tipos de esqueletos: (A) exoesqueleto, (B) endoesqueleto e (C) esqueleto misto

    A

    B

    C

  • 39Osteologia

    o 3. esqueleto misto aquele que possui as duas caractersticas. Os exemplos de esqueleto misto so encontrados nas tartaru-gas e nos tatus (veja a Figura 2.11).

    2.6 Classificao do Esqueleto

    Distinguimos topograficamente o esqueleto em esqueleto axial e esqueleto apendicular (veja a Figura 2.12). Os ossos da cabea, do pescoo, da coluna vertebral, do esterno e das costelas fazem parte do esqueleto axial, enquanto os ossos dos membros supe-riores (clavcula, escpula, mero, rdio, ulna, ossos do carpo, me-

    tacarpiais e falanges) e dos membros inferio-res (quadril, fmur, patela, tbia, fbula, ossos do tarso, metatarsiais e falanges) constituem o esqueleto apendicular.

    2.7 Funes do Esqueleto

    O esqueleto possui funes muito impor-tantes do ponto de vista mecnico e biolgico. Entre elas podemos destacar as seguintes:

    funes mecnicas : proteo e sustenta-o das partes moles do corpo (sistema nervoso central, corao e pulmes), con-formao do corpo (d forma ao corpo) e auxlio no sistema de alavancas biolgicas para a realizao dos movimentos; e

    funes biolgicas: o esqueleto respon-svel pela produo de clulas sangneas e nele ficam depositados os ons de clcio, fsforo e zinco.

    Figura 2.12 - Desenho esquemtico dos esqueletos axial e apendicular

    EsqueletoAxial

    EsqueletoApendicular

  • 40 Osteologia

    Resumo

    A Osteologia a parte da Anatomia que estuda os ossos. O corpo humano possui 206 ossos classificados em ossos axiais e apendiculares. Os ossos axiais localizam-se na cabea, no pescoo e no tronco, e os ossos apendiculares localizam-se nos membros superiores e inferiores. Quanto forma, os ossos so classificados em: longos, alongados, planos, curtos, irregulares, pneumticos e sesamides.

    O osso apresenta dois tipos de substncia ssea, a substncia ssea compacta e a substncia ssea esponjosa. A compacta a camada externa do osso, e a esponjosa a camada interna do osso. Alm disso, o osso revestido externamente pelo peristeo e internamente pelo endsteo.

    Em adultos, as cavidades medulares de costelas, vrtebras, ester-no e pelve contm medula ssea vermelha que funciona na forma-o de hemceas, plaquetas e granulcitos. As cavidades medula-res dos ossos longos dos adultos so preenchidas de medula ssea amarela de constituio adiposa.

    Existem trs tipos de esqueleto. O exoesqueleto um esquele-to externo (crustceos), o endoesqueleto um esqueleto interno (homem) e o esqueleto misto (tartaruga) localiza-se tanto interna como externamente.

    Referncias Bibliogrficas

    1) Livro Texto

    CASTRO, S. V. Anatomia fundamental. 3. ed. So Paulo: Makron Books, 1985.

    DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana Sistmi-ca e Segmentar: para o estudante de Medicina. 2. ed. So Paulo: Atheneu, 1998.

    MCMINN, R. M. H.; HUTCHINGS, R. T.; LOGAN, B. M. Com-pndio de Anatomia Humana. So Paulo: Manole, 2000.

  • 41Osteologia

    SPENCE, A. P. Anatomia Humana Bsica. 2. ed. So Paulo: Ma-nole, 1991.

    2) Livro Atlas

    KHALE, W.; LEONHARDT, H.; PLATZER, W. Atlas de Anato-mia Humana. So Paulo: Livraria Atheneu, 1988. v. 1-2.

    NETTER, H. F. Atlas de Anatomia Humana. 8. ed. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1966. , v. 1.

    ROHEN, J. W.; YOKOCHI, C. Atlas fotogrfico de Anatomia Sis-tema e Regional. So Paulo: Manole, 1989.

    SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. v. I-II.

  • ca

    pt

    ulo

    3

  • ca

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    ulo

    3

    ArtrologiaImagine um corpo humano ereto, porm imvel. Este ca-

    ptulo trata das articulaes que proporcionam aos segmen-tos do corpo movimentos amplos ou limitados. O estudo lhe auxiliar a conceituar e a classificar os tipos de articulaes, bem como descrever e exemplificar as articulaes fibrosas, cartilaginosas, sinoviais, os elementos constantes e incons-tantes, os movimentos, a forma das superfcies sseas articu-lares e ainda os ligamentos do corpo humano.

  • 45Artrologia

    3.1 Generalidades e Conceitos

    Agora que conhecemos o sistema esqueltico, vamos verificar como os ossos unem-se (articulam-se) para constituir o esquele-to. As articulaes podem ser mantidas por fixaes imveis, com movimentos limitados ou com movimentos amplos. Essas unies so classificadas de acordo com a maior ou menor amplitude de movimento e o tipo de tecido existente entre elas.

    O termo artrologia deriva do grego arthron, que significa articulao ou juntura, e logus, que significa ramo do conheci-mento (estudo). Portanto, Artrologia a parte da Anatomia que estuda as articulaes ou as junturas. Podemos definir articula-es como o meio de unio entre os ossos e as cartilagens que constituem o esqueleto.

    3.2 Classificao das Articulaes

    As articulaes podem ser classificadas de acordo com a consti-tuio tecidual que faz a conexo entre os ossos ou as cartilagens. As articulaes por continuidade, em que os ossos se unem por um tecido conjuntivo fibroso, so denominadas de Articulaes fibrosas. Aquelas em que os ossos se unem por um tecido cartila-ginoso so ditas Articulaes cartilagneas, e aquelas, em que os ossos esto justapostos, separados por uma fenda articular e en-volvidos por uma cpsula articular, so chamadas de Articulaes sinoviais. A Figura 3.1 mostra os trs tipos de articulaes.

  • 46 Artrologia

    Figura 3.1 - Tipos de articulaes: (A) articulao fibrosa; (B) articulao cartilagnea; (C) articulao sinovial

    3.3 Articulaes Fibrosas

    Podemos classificar as articulaes fibrosas em trs tipos fundamentais de acordo com a unio que ocorre entre os os-sos ou as cartilagens. Os trs tipos fundamentais so: sutu-ras, sindesmoses e gonfoses.

    3.3.1 Suturas

    Encontramos as suturas principalmente entre os ossos do crnio, em que a unio feita por tecido conjuntivo fibroso. As suturas so classificadas em planas se as margens de conta-to entre os ossos so planas, um exemplo a unio que ocor-re entre os ossos nasais (veja a Figura 3.2A). As suturas so classificadas em denteadas ou serreadas (veja a Figura 3.2B) se as margens de contato dos ossos so em forma de dentes de serra, como o caso da maioria das articulaes dos ossos da cabea. E finalmente se tm as suturas escamosas (veja a Figura 3.2C) se a margens dos ossos so em forma de escama, como ocorre entre com os ossos parietal e temporal.

    3.3.2 Sindesmoses

    Outro tipo de articulao fibrosa a sindesmose. Nela o tecido interposto o conjuntivo fibroso, que faz a unio dos

    A B

    C

    (A) Sutura Planaex: sutura internasal

    (B) Sutura Denteada ex: sutura Interparietal

    (C) Sutura Escamosaex: sutura parieto-temporal

    Figura 3.2 - Exemplos de suturas: plana, denteada e escamosa

  • 47Artrologia

    ossos a distncia. Encontramos esse tipo de articulao entre os corpos do rdio e da ulna e entre a tbia e a fbula, em que a unio feita pela membrana interssea de constituio fibrosa (veja a Figura 3.3).

    3.3.3 Gonfoses

    Temos, ainda, um terceiro tipo de juntura fibrosa chamada de gonfose. Encontra-se esse tipo de articulao somente entre os dentes e os alvolos dentrios da maxila e da mandbula. Os den-tes esto fixados nos ossos por intermdio de tecido conjuntivo fibroso (veja a Figura 3.4).

    Figura 3.4 - Exemplo de articulao do tipo gonfose

    3.4 Articulaes Cartilagneas

    Neste tipo de articulao a unio (conexo) entre os ossos e feita por cartilagem hialina ou fibrocartilagem. As articulaes cartila-gneas apresentam pouca mobilidade e so de dois tipos: sincon-droses e snfises.

    3.4.1 Sincondroses

    Nas sincondroses a unio entre os ossos ocorre por meio de cartilagem hialina. Esse tipo de articulao pode ser intra-sseas dentro de um mesmo osso (metfise dos ossos longos) ou in-tersseas entre ossos diferentes (osso occipital e osso esfenide, como mostra a Figura 3.5).

    Membranainterssea

    Figura 3.3 - Mostra a sindesmose entre os ossos rdio e ulna

  • 48 Artrologia

    Figura 3.5 - Representao esquemtica da sincondrose esfenoccipital

    3.4.2 Snfises

    Um outro tipo de articulao cartilagnea a snfise. Na snfise a unio entre os ossos se faz por meio de tecido fibrocartilaginoso. o que acontece na unio entre os corpos das vrtebras e tambm na snfise pbica. Nesses locais o disco intervertebral e o disco in-terpbico de constituio fibrocartilaginoso se interpem s vrte-bras e aos ossos dos pbicos, respectivamente (veja a Figura 3.6).

    3.5 Articulaes Sinoviais

    Quando realizamos o movimento do brao, caminhamos ou chutamos uma bola, estamos usando uma articulao do tipo si-novial. As articulaes sinoviais so aquelas que apresentam gran-de amplitude de movimento e se caracterizam pela presena de

    Disco intervertebral

    Figura 3.6 - Exemplo de articulao do tipo snfise mostrando o disco intervertebral

    A hrnia de disco uma doena que afeta o disco intervertebral devido protruso do ncleo pulposo por meio do nulo fibroso. Essa doena causa presso nos nervos espinhais, principalmente no nervo isquitico (citico).

    Articulaoesfenoccipital

  • 49Artrologia

    uma cpsula articular responsvel pela unio entre os ossos. Nes-se tipo de articulao, encontram-se elementos constantes e ele-mentos inconstantes.

    3.5.1 Elementos constantes e inconstantes das junturas sinoviais

    Os elementos constantes das articulaes sinoviais so aqueles elementos que esto presentes em todas as articulaes sinoviais. Eles so representados pelas seguintes formaes:

    1. superfcies sseas articulares que correspondem s superf-cies de contato entre os ossos;

    2. cartilagens articulares de constituio hialina situada nas extremidades dos ossos;

    3. cpsula articular constituda de membrana fibrosa externa e de membrana sinovial interna;

    4. lquido sinovial produzido pela membrana sinovial; e

    5. cavidade articular espao entre os ossos preenchido de l-quido sinovial. O lquido sinovial composto de cido hialur-nico lubrifica as articulaes a fim de evitar o atrito entre as superfcies sseas (veja a Figura 3.7).

    Superfcie articular

    Lmina epifisal

    Fmur

    Membrana sinovial

    Cpsula fibrosa

    Cavidade articular

    Cartilagem articular

    Figura 3.7 - Mostra a representao esquemtica dos elementos constantes das junturas sinoviais

    Os elementos inconstantes esto presentes apenas em algu-mas articulaes sinoviais. Eles so representados pelas seguintes estruturas:

    Artrite uma inflamao na cartilagem articular

    causada por trauma, infeco bacteriana, distrbios metablicos e outras.

    Luxao quando as superfcies articulares dos

    ossos so violentamente deslocadas.

  • 50 Artrologia

    discos articulares 1. estruturas fibrocartilaginosas em for-ma de disco que permitem que duas superfcies sseas dis-cordantes possam articular entre si. Encontramos disco na articulao entre o osso temporal e a mandbula (articulao temporomandibular);

    meniscos 2. estruturas fibrocartilaginosas em forma de meia-lua (disco incompleto) que agem como amortecedores de peso e permitem a estabilizao da articulao do joelho;

    lbio articular 3. estrutura em forma de anel que amplia uma das superfcies articulares (encontramos um lbio na escpula da articulao escpulo-umeral e na articulao do quadril); e

    ligamentos4. estruturas em forma de fita modelada rica em fibras colgenas e elsticas que ajudam na fixao dos ossos articulados. Os ligamentos so de origens musculares ou cap-sulares, podem se localizar na substncia da cpsula articular (capsular), dentro da cpsula articular (intracapsular) ou por fora da cpsula articular (extracapsular). Eles desempenham as funes de coeso ou adeso, e frenam ou limitam os movi-mentos articulares (veja a Figura 3.8).

    Meniscolateral

    Meniscomedial

    Ligamento cruzadoanterior

    Ligamento cruzadoposterior

    Ligamentotransverso

    Figura 3.8 - Representao esquemtica do menisco e ligamentos da articulao do joelho

  • 51Artrologia

    3.5.2 Movimentos das articulaes sinoviais

    Observe ento que as articulaes do ombro, do cotovelo, do punho, do quadril, do joelho, do tornozelo, do p e da mo so exemplos de articulaes sinoviais. Essas articulaes realizam grandes movimentos e, ao mesmo tempo, esto em maior nmero no corpo humano.

    A Figura 3.9 ilustra os principais movimentos realizados pelas articulaes sinoviais. Esses movimentos so de:

    flexo quando os ossos articulados se aproximam, diminuin-do o ngulo da articulao;

    extenso quando os ossos articulados se afastam, aumentan-do o ngulo da articulao;

    aduo quando os membros superiores ou inferiores se apro-ximam do plano mediano;

    abduo quando os membros superiores ou inferiores se afastam do plano mediano; e

    rotao quando os ossos articulados giram em torno dos seus prprios eixos.

    A supinao e pronao correspondem aos movimentos de ro-tao lateral e rotao medial do antebrao, e a circunduo a somatria de flexo, abduo, extenso e aduo no espao.

    3.5.3 Classificao das articulaes sinoviais

    Podemos classificar as articulaes sinoviais de acordo com v-rios critrios:

    quanto ao nmero de ossos articulados, 1. as articulaes sino-viais so classificadas em simples e compostas. Elas so sim-ples quando ocorrem entre dois ossos, e compostas entre trs ou mais ossos. A articulao escpulo-umeral (ombro) um exemplo de articulao simples, enquanto a articulao do co-tovelo composta;

    quanto ao eixo de movimento, 2. as articulaes sinoviais so classificadas em monoaxiais, biaxiais e triaxiais. Esses tipos

  • 52 Artrologia

    Figura 3.9 - A figura mostra os movimentos realizados pelas junturas sinoviais

    Ombro(flexo)

    Cotovelo(flexo)

    Joelho(extenso)

    Joelho(flexo)

    Ombro(abduo)

    Quadril(abduo)

    Ombro(aduo)

    Quadril(aduo)

    Ombro(extenso)

    Cotovelo(extenso)

    Cotovelo(supinao)

    Cotovelo(pronao)

    Ombro(circunduo) Ombro

    (rotao medial)Tronco

    (flexo lateral)

    Ombro(rotao lateral)

  • 53Artrologia

    de articulaes realizam o movimento em torno de um, dois ou trs eixos, respectivamente. Existe um quarto grupo classifica-do como no axial (ou anaxial) que apenas realiza o movimen-to de deslizamento de uma superfcie ssea sobre a outra. A articulao mero-ulnar um exemplo de articulao monoa-xial, pois ela realiza apenas os movimentos de flexo e extenso. J a articulao do punho representa uma articulao biaxial, porque ela realiza os movimentos de flexo, extenso, aduo e abduo. Por outro lado, as articulaes escpulo-umeral e quadril so triaxiais, porque elas realizam os movimentos de flexo, extenso, aduo, abduo e rotao;

    quanto ao funcionamento, 3. as articulaes sinoviais so clas-sificadas em dependentes e independentes. As articulaes dependentes dependem da integridade de uma outra articu-lao para realizar o movimento, e as articulaes indepen-dentes no dependem da integridade de uma outra articulao para se movimentar. Para entender esse tipo de classificao funcional, precisamos raciocinar um pouco. Procure abrir e fechar a boca, voc vai verificar que a mandbula articula-se com o crnio por meio de uma articulao (Art. temporoman-dibular) de cada lado da face. Quando voc fala ou mastiga, as duas articulaes trabalham simultaneamente. Portanto, uma articulao depende da integridade da outra para poder fun-cionar. Neste caso, classificamos as articulaes temporoman-dibulares funcionalmente como dependentes. Agora, procure realizar a flexo do antebrao sobre o brao do lado direito do corpo. Observe que, para realizar esse movimento, no pre-ciso movimentar a mesma articulao do lado oposto. Ento, classificamos a articulao do cotovelo, funcionalmente, como independente, isto , um cotovelo no depende do outro para realizar o movimento; e

    quanto forma das superfcies articulares 4. (veja a Figura 3.10), as articulaes sinoviais so classificadas em: plana, gnglimo, trocide, selar, condilar e esferide.

    Na articulao plana as superfcies de contato so planas ou ligeiramente planas. Elas permitem apenas o movimento de

  • 54 Artrologia

    deslizamento entre os ossos e, por isso, so articulaes no axiais. Encontramos esse tipo de articulao entre o acrmio e a clavcula (Art. Acrmio-clavicular).

    Na articulao gnglimo (em dobradia) as superfcies ar-ticulares tm uma tal forma que os movimentos possveis so a flexo e a extenso. Esses tipos de articulaes so en-contradas no cotovelo e entre as falanges nos dedos.

    Na articulao trocide as superfcies articulares so ciln-dricas, isto , tm a forma de piv. So monoaxiais e permi-tem a rotao. Como exemplo podemos citar a articulao radioulnar proximal, em que a pronao e a supinao so os nicos movimentos possveis.

    Na articulao selar as superfcies articulares tm a forma de sela de montaria. So biaxiais e permitem os movimentos de flexo e extenso, aduo e abduo. A articulao carpo-metacrpica, na base do 1 dedo (polegar), um exemplo de articulao selar.

    Na articulao condilar h uma superfcie articular ligei-ramente cncava e outra levemente convexa. So biaxiais e permitem os movimentos de flexo e extenso, aduo e ab-duo e circunduo. Encontramos esse tipo de articulao entre o rdio e o carpo (Art. Radiocrpica ou punho)

    Na articulao esferide as superfcies sseas so formadas por uma cabea esfrica de um osso contrapondo-se a uma cavidade em forma de taa do outro. So triaxiais e permi-tem os movimentos de flexo e extenso, aduo e abduo, rotao lateral e medial e circunduo. H somente duas ar-ticulaes esferides no corpo: a do ombro (Art. Escpulo-umeral) e a do quadril.

  • 55Artrologia

    ex: articulao do cotovelo

    ex: articulao carpo-metacrpica do polegarex: articulao acrmio clavicular

    ex: articulao atlanto-axial

    ex: articulao metacarpo-falngicas

    1

    2

    3 6

    5

    4

    ex: articulao escpulo-umeral (ombro) articulao coxo-femoral (quadril)

    Figura 3.10 - Exemplos de superfcies articulares das articulaes sinoviais.

  • 56 Artrologia

    Resumo

    A Artrologia a parte da Anatomia que estuda as articulaes. As articulaes so o meio de unio que ocorre entre os ossos ou as cartilagens.

    A maioria das articulaes entre os ossos mvel, o que permite que determinadas partes (ou mesmo o corpo inteiro) se movimen-tem conforme a atuao dos msculos sobre elas.

    Doenas corriqueiras das articulaes (artrites) no colocam a vida em risco, mas podem levar a diferentes graus de incapacida-de, interferir em movimentos importantes da mo, essncias vida diria, e causar severos problemas de mobilidade que impedem as pessoas de se locomover normalmente.

    Existem trs tipos de articulaes: fibrosas, cartilaginosas e sinoviais. Na fibrosa os ossos so unidos por tecido fibroso, pos-suem pouco ou nenhum movimento; na cartilaginosa os ossos so conectados por tecido cartilaginoso, permitem movimentos limi-tados; e na sinovial os ossos esto unidos pela cpsula articular, apresentam grande amplitudes de movimentos.

    So elementos constantes das articulaes sinoviais: cartila-gem articular, cpsula articular, lquido sinovial e cavidade arti-cular. E so elementos inconstantes: discos, meniscos, lbios e ligamentos.

    Referncias Bibliogrficas

    1) Livro Texto

    CASTRO, S. V. Anatomia Fundamental. 3. ed. So Paulo: Makron Books, 1985.

    DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana Sistmi-ca e Segmentar: para o estudante de Medicina. 2. ed. So Paulo: Atheneu, 1998.

  • 57Artrologia

    MCMINN, R. M. H.; HUTCHINGS, R. T.; LOGAN, B. M. Com-pndio de Anatomia Humana. So Paulo: Manole, 2000.

    SPENCE, A. P. Anatomia Humana Bsica. 2. ed. So Paulo: Ma-nole, 1991.

    2) Livro Atlas

    KHALE, W.; LEONHARDT, H.; PLATZER, W. Atlas de Anato-mia Humana. So Paulo: Livraria Atheneu, 1988. v. 1-2.

    NETTER, H. F. Atlas de Anatomia Humana. 8. ed. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1966. v. 1.

    ROHEN, J .W.; YOKOCHI, C. Atlas fotogrfico de Anatomia Sis-tema e Regional. So Paulo: Manole, 1989.

    SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. v. I-II.

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    MiologiaTodos os movimentos efetuados, voluntrios ou involunt-

    rios, implicam a interveno de um nmero importante de msculos, que podem ser de diversos tipos. Os msculos po-dem ser conceituados de acordo com a estrutura histolgica e a ao do sistema nervoso central. Alm de conceitu-los e classific-los, voc ser capaz de descrever os msculos es-triados esquelticos de acordo com a ao, a forma, o nmero de ventres musculares, suas origens e inseres. Poder ainda descrever bainha sinovial e bolsa sinovial e tambm identifi-car os principais msculos do esqueleto axial e apendicular.

  • 61Miologia

    4.1 Generalidades e Conceitos

    Os msculos esto distribudos por todas as partes do corpo. Devido sua capacidade de se contrair, desempenha funes mui-to importantes. Eles, em conjunto com o sistema sseo, formam um sistema de alavancas biolgicas que permitem ao indivduo lo-comover-se e movimentar os diversos segmentos do corpo. Alm disso, participam dos movimentos peristlticos do tubo digestrio e dos batimentos cardacos.

    O termo miologia deriva do grego mios, que significa ms-culo, e logus, que significa estudo. Portanto, Miologia a parte da Anatomia que estuda os msculos. Os msculos so estruturas constitudas por clulas (fibras musculares) com capacidade de se contrair (diminuindo o seu comprimento) e relaxar (alongando-se).

    4.2 Classificao dos Msculos

    Quanto ao controle do Sistema Nervoso, os msculos, assim como quaisquer partes do nosso corpo, so coordenados pelo sistema nervoso central. Por isso, os msculos so classificados em voluntrios e involuntrios. Os msculos voluntrios so aqueles que realizam uma ao de acordo com a nossa vontade. O ato de caminhar, saltar ou chutar uma bola so exemplos de aes voluntrias. Os msculos involuntrios so aqueles que realizam uma ao sem que o indivduo tenha controle do ato

  • 62 Miologia

    que est ocorrendo. Os batimentos cardacos e os movimentos peristlticos do tubo digestrio so realizados por msculos que fogem do nosso controle voluntrio e, por isso, so consi-derados msculos involuntrios.

    Quanto ao aspecto histolgico, os msculos apresentam uma srie de caractersticas prprias que permitem distinguirmos trs tipos de fibras musculares. Uma das principais caracters-ticas a presena de estrias transversais na fibra muscular. Os msculos lisos (veja a Figura 4.1A), que no possuem estrias transversais, so na maioria das vezes involuntrios e encon-trados principalmente nas vsceras. Os msculos estriados es-quelticos (veja a Figura 4.1C) possuem estrias transversais, so na maioria das vezes voluntrios e esto fixados ao esque-leto. E o msculo estriado cardaco (veja a Figura 4.1B) possui estrias transversais, involuntrio e est presente na camada mdia (miocrdio) da parede do corao.

    4.3 Msculo Estriado Esqueltico

    A seguir, todas as consideraes que faremos sero dirigidas aos msculos estriados esquelticos.

    4.3.1 Elementos constituintes

    A Figura 4.2 ilustra os elementos constituintes do msculo es-triado esqueltico. O msculo estriado esqueltico possui uma

    Fibra de msculo

    liso

    Ncleo

    Ncleo

    Ncleo

    Estrio

    Estrio

    Fibra muscular

    Fibramuscular

    A B C

    Figura 4.1 - Tipos de fibras musculares. A - Estmago, B - Corao e C -Msculo bceps braquial

  • 63Miologia

    poro central, avermelhada e contrtil (ativa) do msculo deno-minado de ventre muscular. As extremidades dos msculos po-dem ser de dois tipos: em forma de fita os tendes (passivo) ou em forma de lmina as aponeuroses, por meio das quais os mscu-los vo se fixar no esqueleto, na pele e em outros msculos. Alm disso, cada msculo apresenta a fscia muscular, membrana de tecido conjuntivo que o envolve. A fscia muscular permite o livre deslizamento dos msculos entre si e ao mesmo tempo se espessa para se fixar nos ossos (septos intramusculares) formando com-partimentos para alojar grupos musculares.

    Figura 4.2 - Desenho esquemtico dos elementos dos msculos estriados esquelticos

    4.3.2 Anexos musculares

    Os anexos musculares (veja a Figura 4.3) so estruturas em for-ma de bolsa contendo lquido sinovial que permitem aos tendes o deslizamento sem o atrito durante os movimentos das articula-es. Os anexos musculares so de dois tipos: a bainha sinovial, dupla membrana sinovial que envolve o tendo muscular e que se interpe ao tendo e ao osso ou entre o tendo e a pele. O outro tipo de anexo muscular a bolsa sinovial, bolsa de membrana si-novial que contm liquido sinovial e que se interpe entre o ten-do e o osso ou entre o tendo e a pele.

    Tendinite um processo inflamatrio do tendo

    muscular.

    tendo

    tendo

    ventre

    ventre

    loja muscularaponeurose

    fasciafascia

    A bursite um processo inflamatrio situado na bolsa

    sinovial, a tendinite uma inflamao no tendo e a

    tenossinovite a inflamao do tendo e da bainha

    sinovial que reveste o tendo, respectivamente.

  • 64 Miologia

    Figura 4.3 - Ilustraes esquemticas da bolsa sinovial e da bainha sinovial

    4.3.3 Origem e insero muscular

    Em relao origem e insero muscular, existem algumas controvrsias.

    Vamos considerar a maneira mais fcil de se compreender o seu conceito. Ento, podemos dizer que a origem a extremidade do msculo que est presa no segmento sseo que permanecer fixo durante o movimento, e a insero a extremidade do msculo que est presa no segmento que se deslocar durante o movimen-to. Portanto, a origem corresponde ao ponto fixo e a insero, ao ponto mvel do msculo. Por exemplo, o movimento de flexo do antebrao sobre o brao realizado pelos mscu-los braquial e bceps bra-quial. Veja, ento, que quando se realiza o mo-vimento a extremidade proximal do msculo b-ceps braquial permane-ce fixa, portanto, corres-

    bolsa sinovial bainha sinovial

    MVEL

    FIXO

    Figura 4.4 - A figura mostra exemplo de origem e insero muscular

  • 65Miologia

    ponde origem muscular. Por outro lado, a extremidade distal do msculo corresponde insero, isto , a extremidade do msculo que est presa no segmento que se desloca (veja a Figura 4.4).

    4.3.4 Classificao dos msculos estriados esquelticos

    A classificao a seguir se aplica somente aos msculos estria-dos esquelticos, conforme veremos:

    Quanto forma e ao arranjo das fibras musculares : a forma e o arranjo das fibras musculares esto condicionados princi-palmente sua funo. Fibras com disposies paralelas so encontradas principalmente nos msculos longos e largos. Os msculos longos (veja a Figura 4.5) so geralmente fusiformes, e os largos apresentam a forma de leque, por exemplo, mscu-los bceps braquial e peitoral maior, respectivamente.

    Msculos com fibras dispostas obliquamente so classificados como: semipeniformes (unipenados), peniformes (bipenados) e multipeniformes (multipenados).

    A Figura 4.6 ilustra a classificao dos msculos esquelticos de acordo com a disposio de suas fibras musculares. No msculo semipeniforme as suas fibras esto inseridas obliquamente numa

    Figura 4.5 - Exemplos de msculos longos: (A) m. esternocleidomastideo e (B) m. bceps braquial

  • 66 Miologia

    das bordas do tendo muscular, como ocorre com o msculo ex-tensor dos dedos do p (veja a Figura 4.6). No msculo peniforme em forma de pena as suas fibras esto inseridas nas duas bor-das do tendo muscular, como ocorre com o msculo reto femoral (veja a Figura 4.6). No msculo multipeniforme, as sua fibras esto inseridas obliquamente nas duas bordas dos vrios tendes que possui o msculo, so encontradas no msculo deltide (veja a Figura 4.6).

    Podemos, ainda, encontrar msculos em que as suas fibras esto dispostas circularmente, como os msculos orbiculares da boca e do olho.

    Figura 4.6 - Representao dos msculos: extensor dos dedos do p, reto femoral e deltide

    Quanto origem ou ao nmero de cabeas: os msculos que apresentam dois tendes (cabeas) de origens so classi-ficados como bceps, os que possuem trs tendes (cabeas), como trceps e os que apresentam quatro tendes de origens, como quadrceps. So exemplos os msculos encontrados nos membros como (veja a Figura 4.7): m. bceps braquial e m. trceps braquial no brao, e o m. quadrceps femoral na coxa, respectivamente.

    Msculosemipeniforme(ex: m. extensor longo dos dedos do p)

    Msculopeniforme(ex: m. reto femoral)

    Msculomultipeniforme(ex: m. deltide)

  • 67Miologia

    Quanto insero ou ao nmero de caudas: os msculos que apresentam um nico tendo de insero so classificados como monocaudados, os que possuem dois tendes de inseres so bicaudados e os que possuem trs ou mais tendes de inser-es so classificados como policaudados. Como exemplos ci-tamos os msculos encontrados no membro inferior como: m. tibial posterior, m. flexor curto do hlux e m. extensor longo dos dedos do p, respectivamente (veja a Figura 4.8).

    A B C

    m. bcepsbraquial

    m. trcepsbraquial

    quadrcepsfemural

    Figura 4.7 - Representao dos msculos: (A) m. bceps braquial, (B) m. trceps braquial e (C) m. quadrceps femoral

    msculo tibial posterior

    msculoflexor curtodo hlux

    msculo extensorlongo dos dedosdos ps

    Figura 4.8 - Representao esquemtica dos msculos: tibial posterior, flexor curto hlux e extensor longo dos dedos do p

  • 68 Miologia

    Quanto ao nmero de ventres musculares : os msculos que apresentam dois ventres musculares interpostos por um ten-do so classificados como digstricos (veja a Figura 4.9A) (por exemplo, m. omo-hiide no pescoo) e os que possuem trs ou mais ventres musculares interpostos por tendes so os poligstricos (veja a Figura 4.9B) (por exemplo, m. reto do abdome).

    Quanto funo, em um determinado movimento : os ms-culos so classificados em:

    agonistaa) , o msculo ou grupo de msculos responsvel pela ao principal de um movimento, por exemplo, o m. quadrceps femoral o agonista no movimento de estender a articulao do joelho;

    antagonista, b) o msculo ou grupo de msculos que se opem ao do agonista, por exemplo, o m. bceps femoral se ope ao do m. quadrceps femoral quando a articula-o do joelho estendida;

    tendo muscular

    msculo omo-hiide(ventre superior)

    msculo omo-hiide(ventre inferior)

    A

    ventresmusculares

    interseestendneas

    B

    Figura 4.9 - A figura mostra a representao do m. omo-hiide (A) e do m. reto do abdome (B)

  • 69Miologia

    fixador ou postural, c) este um msculo ou grupo de mscu-los que fixam as articulaes para que a ao principal seja realizada, por exemplo, os msculos que mantm o membro superior unido ao tronco se contraem como fixadores para permitir que o m. deltide atue sobre a articulao do om-bro; e

    sinergista, d) o msculo ou grupo de msculos que estabili-zam as articulaes, evitando movimentos indesejveis que poderiam ser realizados pela ao do agonista, por exemplo, na flexo dos dedos da mo, o m. flexor longo dos dedos atravessa as articulaes do cotovelo e do punho para reali-zar a flexo dos dedos. A flexo do cotovelo e do punho no ocorre, durante esse movimento, devido ao de msculos sinergistas que estabilizam as articulaes evitando, assim, movimentos no desejados que poderiam ser realizados pelo agonista.

    Dependendo do movimento a ser efetuado, o msculo ou grupo de msculos podem atuar como agonista, antagonista, fixador ou at mesmo como um sinergista.

    Resumo

    A Miologia a parte da Anatomia que estuda os msculos. Os msculos so estruturas constitudas de clulas com a capacida-de de se contrair, isto , diminuir o seu comprimento. Os mscu-los voluntrios so controlados pelo sistema nervoso central, e os msculos involuntrios so controlados pelo sistema nervoso autnomo.

    Encontram-se no corpo humano trs tipos de msculos: o ms-culo liso encontrado nas vsceras, o msculo estriado esqueltico fixado ao esqueleto e o msculo estriado cardaco localizado no corao.

    O msculo estriado esqueltico possui uma poro central, o ventre muscular e duas extremidades, o tendo ou aponeurose envolvidos pela fscia muscular. Eles so denominados de acordo

  • 70 Miologia

    com a ao, a forma, a origem, a insero, o nmero de ventres, a localizao ou a direo das fibras. Alm disso, so classificados quanto sua funo em: agonista, o msculo responsvel pelo movimento principal; antagonista, o msculo que deve relaxar para a ao principal ocorrer; fixador, o msculo que fixa a ar-ticulao para que a ao principal seja realizada; e sinergista, o msculo que estabiliza a articulao evitando movimentos indese-jveis que poderiam ser realizados por ao do agonista.

    Referncias Bibliogrficas

    1) Livro Texto

    CASTRO, S. V. Anatomia fundamental. 3. ed. So Paulo: Makron Books, 1985.

    DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana Sistmi-ca e Segmentar: para o estudante de Medicina. 2. ed. So Paulo: Atheneu, 1998.

    MCMINN, R. M. H.; HUTCHINGS, R. T.; LOGAN, B. M. Com-pndio de Anatomia Humana. So Paulo: Manole, 2000.

    SPENCE, A. P. Anatomia Humana Bsica. 2. ed. So Paulo: Ma-nole, 1991.

    2) Livro Atlas

    KHALE, W.; LEONHARDT, H.; PLATZER, W. Atlas de Anato-mia Humana. So Paulo: Livraria Atheneu, 1988. v. 1-2.

    NETTER, H. F. Atlas de Anatomia Humana. 8. ed. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1966. v. 1.

    ROHEN, J. W.; YOKOCHI, C. Atlas fotogrfico de Anatomia Sis-tema e Regional. So Paulo: Manole, 1989.

    SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. v. I-II.

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    Sistema NervosoExecutar uma ttica de jogo, sentir frio ou calor so rea-

    es relacionadas ao trabalho do Sistema Nervoso, que de-tecta estmulos internos ou externos e desencadeia respostas. Ao final deste captulo voc ser capaz de conceituar e dividir o Sistema Nervoso de acordo com os critrios morfolgico e funcional. Voc tambm poder identificar a estrutura, a constituio, a distribuio de substncia branca e cinzenta, as cavidades e as divises do sistema nervoso central. Pode-r tambm descrever as meninges do encfalo e da medula espinhal; a origem, a funo, a circulao e a absoro do lquido cerebrospinal (liquor); a anatomia macroscpica e a distribuio dos nervos cranianos e espinhais.

  • 75Sistema Nervoso

    5.1 Generalidades e Conceitos

    O conhecimento do homem, do seu meio ambiente, tornou-se possvel graas ao funcionamento integrado do Sistema Nervoso, por meio de um grupo de clulas especializadas que possuem ca-ractersticas de excitabilidade e condutividade. Assim, o Sistema Nervoso no somente cria um conhecimento do meio ambiente, mas o torna possvel para que o corpo humano responda s mu-danas ambientais com a necessria preciso.

    Portanto, o Sistema Nervoso um conjunto de rgos respon-sveis pela coordenao e pela integrao dos sistemas orgnicos. Alm disso, ele relaciona o organismo com meio externo e, ao mesmo tempo, coordena o funcionamento visceral.

    5.2 Diviso do Sistema Nervoso

    Podemos dividir o Sistema Nervoso de acordo com dois crit-rios, o morfolgico e o funcional.

    De acordo com o critrio morfolgico, dividimos o Sistema Ner-voso em sistema nervoso central e sistema nervoso perifrico.

    O Sistema Nervoso Central (SNC) a parte situada dentro da caixa craniana e do canal vertebral. Ele analisa informaes, armazena-as sob a forma de memria e elabora padres de res-posta ou gera respostas espontneas.

  • 76 Sistema Nervoso

    O Sistema Nervoso Perifrico (SNP) a parte situada fora da caixa craniana e do canal vertebral. Ele interliga o SNC a outras regies do corpo.

    Do ponto de vista funcional, podemos dividir o Sistema Nervo-so em sistema nervoso somtico (ou da vida de relao) e sistema nervoso visceral (ou da vida vegetativa).

    O sistema nervoso somtico (SNS) relaciona o indivduo com as variaes do meio externo, enquanto o sistema nervoso vis-ceral (SNV) responsvel pela manuteno do equilbrio in-terno das vsceras (homeostase).

    5.3 Sistema Nervoso Central

    A partir de agora vamos estudar o sistema nervoso central de forma mais detalhada.

    5.3.1 Diviso do SNC

    O sistema nervoso central divide-se em encfalo e medu-la espinal, que se encontram dentro do crnio e do canal vertebral.

    O encfalo (veja a Figura 5.1) divide-se em crebro, tronco enceflico e cerebelo. Por ou-tro lado, o crebro formado pelo telencfalo e o diencfalo, enquanto o tronco enceflico constitudo por mesencfa-lo, ponte e bulbo ou medula oblonga.

    Cerebelo

    MEDULAESPINHAL

    Mesencfalo

    TelencfaloDiencfalo

    TRONCOENCEFLICO

    CREBRO

    ENCFALO

    Ponte

    Bulbo

    Figura 5.1 - Representao esquemtica da diviso do SNC

  • 77Sistema Nervoso

    5.3.2 Estrutura e constituio do SNC

    Distinguimos macroscopicamente no sistema nervoso central uma rea de substncia branca e uma outra rea de substncia cin-zenta, como mostra a Figura 5.2.

    A rea de substncia branca de tecido nervoso formado de neurglia (clulas de sustentao do Sistema Nervoso) e fibras nervosas mielnicas. Encontramos a sus-tncia branca distribuda, principalmen-te, na regio externa da medula espinhal e do tronco enceflico e na regio interna do crebro e do cerebelo.

    A rea de substncia cinzenta , tam-bm, de tecido nervoso formado por fibras nervosas amielnicas, neuroglias e corpos de neurnios (clula nervosa). Encontra-mos esse tipo de sustncia cinzenta distri-buda internamente na medula espinhal, no tronco enceflico, e externamente no crtex cerebral e no crtex cerebelar. No interior do crebro e do cerebelo a subs-tncia cinzenta forma os ncleos da base e os ncleos centrais, respectivamente.

    O crtex uma camada de substncia cinzenta que envolve o crebro (crtex cerebral) e o cerebelo (crtex cerebelar), enquanto o ncleo representa um agrupamento de corpos de neurnios dis-tribudo dentro do crebro (ncleos da base) e dentro do cerebelo (ncleos centrais do cerebelo).

    5.3.3 Cavidades do SNC

    O sistema nervoso central possui uma luz (espao) no seu in-terior que comea aparecer no incio da formao embrionria, persistindo no indivduo adulto (Veja a Figura 5.3).

    Esse espao permanece dentro da medula espinal e passa a ser chamado de canal ependimrio ou canal central da medula.

    Substncia cinzenta

    Substncia branca

    Figura 5.2 - Distribuio das substncias branca e cinzenta no SNC

    Do latim Medulla spinalis, conhecida na

    linguagem popular como medula espinhal.

  • 78 Sistema Nervoso

    No encfalo, encontramos cavidades denominadas de ventrcu-los enceflicos. Dentro do telencfalo, duas grandes cavidades, os ventrculos laterais, comunicam-se com o III ventrculo situado no diencfalo por meio do forame interventricular. O III ven-trculo uma cavidade que se comunica com o IV ventrculo, que est situado entre o cerebelo e o tronco enceflico, por meio do aqueduto mesenceflico.

    Figura 5.3 - A figura mostra os ventrculos enceflicos por onde circula o liquor no SNC

    5.3.4 Envoltrios do SNC (meninges)

    O sistema nervoso central est envolvido por membranas de-nominadas de meninges, que, por sua vez, est constituda de trs lminas. A lmina externa a dura-mter, que na medula espinal formada por um nico folheto e no encfalo constituda por dois folhetos. A lmina mdia a aracnide, e a lmina interna a pia-mter, que est aderida ao tecido nervoso central (Veja a Figura. 5.4).

    Hidrocefalia o bloqueio da circulao do liquor durante a infncia, antes que os ossos do crnio tenham se unido firmemente, a cabea aumenta de tamanho medida que a presso no interior do encfalo aumenta.

    arquedutomesenceflico

    IV ventrculo

    III ventrculo

    forameinterventricular

    ventrculolateral direito

    ventrculolateral esquerdo

    canal central damedula espinhal

    Meningite uma infeco das meninges.

  • 79Sistema Nervoso

    Entre as lminas das meninges existem espaos ocupados por plexos venosos e lquidos. O espao epidural (extradural ou peri-dural) preenchido pelo plexo venoso vertebral interno localiza-se entre o canal vertebral e a dura-mter. O espao subdural situa-se entre a dura-mter e a aracnide. Nesse espao encontramos ape-nas lquido que lubrifica as lminas das meninges. O espao suba-racnideo situa-se entre a aracnide e a pia-mter. Esse o espao mais importante entre as meninges pelo fato de ser preenchido pelo liquor ou lquido crebro espinhal.

    Dura-mter

    Aracnide

    Espaosubaracnideo

    Pia-mter

    Figura 5.4 - A figura ilustra as meninges: dura-mter, aracnide e pia-mter

  • 80 Sistema Nervoso

    5.3.5 Lquido crebro-espinhal ou liquor

    O liquor um lquido incolor produzido pelos plexos coriides que circula nas ca-vidades ventriculares e no espao subarac-nideo (Veja a Figura 5.5). O seu volume de 100 a 150ml, renovando-se a cada 8 ho-ras. Ele absorvido nas granulaes arac-nideas, que so projees da aracnide para dentro do seio sagital superior.

    As principais funes do liquor so as protees mecnicas e biolgicas que ele exerce sobre o SNC.

    5.3.6 Anatomia macroscpica do sistema nervoso central

    A seguir estudaremos as partes que compem o sistema nervo-so central.

    A) Medula espinal

    A medula espinal uma massa cilndrica de tecido nervoso si-tuada dentro do canal vertebral, conforme ilustra a Figura 5.6. Ela se apresenta dilatada em duas regies: na regio cervical devido conexo com o plexo braquial e na regio lombar devido conexo com o plexo lombossacral. Essas regies so chamadas, respectiva-mente, de intumescncia cervical e intumescncia lombar.

    A medula espinal termina afilando-se para formar um cone, o cone medular que continua com delgado filamento menngeo, o filamento terminal, at o fundo do saco dural.

    No adulto, a medula espinhal (Veja a Figura. 5.6) termina no nvel da 2 vrtebra lombar. Abaixo desse nvel o canal vertebral contm apenas as meninges e as razes nervosas dos ltimos ner-vos espinhais, que, dispostas em torno do cone medular e do fila-mento terminal, constituem a cauda eqina.

    ventrculosenceflicos

    plexocoriide

    seio sagitalsuperior

    granulaes da aracnde

    cisternamagna

    espaosubaracnideo

    Figura 5.5 - A figura ilustra o trajeto do liquor no SNC

    A puno lombar a coleta de liquor contido no espao subaracnideo da medula espinal. Geralmente a agulha introduzida entre L3 e L4 ou L4 e L5.

  • 81Sistema Nervoso

    B) Tronco enceflico

    O tronco enceflico (Veja a Figura 5.7) a parte do sistema nervoso central que se interpe entre a medula espinal e o diencfalo, situando-se ven-tralmente ao cerebelo.

    Distinguem-se trs partes dividindo o tronco enceflico: (1) o bulbo, situado inferiormente; (2) o mesencfalo, situado superiormente; e (3) a ponte, situada entre os dois.

    As funes do tronco enceflico incluem cen-tros responsveis pelo controle da presso sang-nea, da respirao, do vmito, alm do controle do sono e da viglia.

    Bulbo

    Ponte

    Mesencfalo

    Figura 5.7 - A figura mostra o tronco enceflico: bulbo, mesencfalo e ponte

    C) Cerebelo

    O cerebelo (veja a Figura 5.8) a parte do sistema nervoso cen-tral situado na fossa cerebelar da caixa craniana, posteriormente ao tronco enceflico e inferiormente ao lobo occipital do telencfalo.

    Anatomicamente, dividem-se no cerebelo numa poro mpar e mediana o vermis e duas grandes ma