livro das arvores

99

Upload: francis-beheregaray

Post on 18-Dec-2015

111 views

Category:

Documents


10 download

DESCRIPTION

Historia da africa

TRANSCRIPT

  • Presidente da Repblica: Fernando Henrique Cardoso

    Ministro de Estado da Educao e do Desporto: Paulo Renato Souza

    Secretrio Executivo: Luciano Oliva Patrcio

    Secretria de Educao Fundamental: Iara Glria Areias Prado

    Diretora do Departamento de Poltica da Educao Fundamental: Virgnia Zlia de Azevedo Rebeis Farha

    Coordenadora Geral de Apoio s Escolas Indgenas: Ivete Maria Barbosa Madeira Campos

    Equipe Tcnica: Deuscreide Gonalves Pereira, Deusalina Gomes Eiro, Clia Honrio Pereira, Andra Patrcia Barbosa de Carvalho, Cristiane de Souza Geraldo.

    Comit de Educao Escolar Indgena: Iara Glria Areias Prado-Presidente, Susana Martelleti Grillo Guimares, Meiriel de Abreu Sousa, Lus Donisete Benzi Grupioni, Slvio Coelho dos Santos, Aldir Santos de Paula, Rosely Maria de Souza Lacerda, Jadir Neves da Silva, Darlene Yaminalo Taukane, Alice Oliveira Machado, Valmir Jesi Cipriano, Algemiro da Silva, Nietta Lindemberg Monte, Bruna Franchetto, Terezinha de Jesus Machado Maher, Nilmar Gavino Ruiz, Marivnia Leonor Furtado Ferreira, Jlio Wiggers, lvaro Barros da Silveira, Gersen Jos dos Santos Luciano e Walderclace Batista dos Santos.

  • O LIVRO DAS ARVORES

    2a EDIO

    PRMIO FUNDAO NACIONAL DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL - 1997 MELHOR LIVRO INFORMATIVO MELHOR PROJETO EDITORIAL

    ORGANIZAO GERAL DOS PROFESSORES TICUNA BILINGUES BENJAMIN CONSTANT AMAZONAS BRASIL

    1998

  • PROJETO EDUCAO TICUNA COORDENAO GERAL:

    ORGANIZAO GERAL DOS PROFESSORES TICUNA BILNGES

    PUBLICAO: ORGANIZAO, PROJETO GRFICO E ARTE-FINAL:

    JUSSARA GOMES GRUBER

    REVISO: FRANCISCO JULIO FERREIRA

    BERNARDO DE SOUZA AGOSTINHO

    DESENHOS DA CAPA: MANUEL ALFREDO ROSINDO e DUQUITO EMLIO MARQUES

    APOIO FINANCEIRO: PROGRAMA REGIONAL DE APOIO AOS POVOS INDGENAS DA BACIA DO AMAZONAS

    FUNDO INTERNACIONAL DE DESENVOLVIMENTO AGRCOLA (FIDA CORPORAO ANDINA DE FOMENTO (CAF)

    DIREITOS AUTORAIS: ORGANIZAO GERAL DOS PROFESSORES

    TICUNA BILNGES (OGPTB), 1997.

    ISBN 85-86992-01-1

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    O livro das rvores / Jussara Gomes Gruber (organizadora). Benjamim Constant : Organizao Geral dos Professores Ticuna Bilnges, 1997. 96 p. : il.

    1. ndios Ticuna. 2. Educao Indgena. 3. Flora Amaznica. I. Gruber, Jussara Gomes.

    Organizao Geral dos Professores Ticuna Bilnges Caixa Postal 0023 - Benjamin Constant - AM - Brasil

    CEP 69630-000

    Fotol i tos: EPS EXPRESS PRINT SERVICE

    Impresso: Grfica e Editora Brasil Ltda

  • ABEL JULIO FERREIRA ADLIA LUIS BITENCOURT ADELMO FERNANDES ADELSON JUMBATA AFONSO B. AMRICO ALBERTINO DO CARMO FARIAS ALBERTO BALBINO IZIDRIO ALBERTO B. UTO ALCIDES LUCIANO ARAJO

    ALCIDES OLCIO IZAQUE ALEIXO RITA MIGUEL ALFREDO Q. GERALDO ALDIO S. AUGUSTO ALTINO DA SILVA ALBINO ALRDIA A. AIAMBO

    ANITA FERMIN VASQUES ANITA JULIO SANTIAGO ANZIO G. PEREIRA ANZIO ROBERTO DA SILVA ANTELMO PEREIRA NGELO ANTNIO J. RAMOS

    ARINDAL CASTILHO INCIO ARLINDO T. ALBINO ARNALDO CORREIA FIDLES ARSENIO FERNANDES TORRES ARTAETE P. BARBOSA ARTMIO

    BIBIANO MURAT ARTEMISIA DA S. ROSINDO ARTUR CNDIDO ARAPASSO AUGUSTO J. MARCOS BEATRIZ DA SILVA GOMES BERNAB BITENCOURT

    SERRA BERNARDO DE SOUZA AGOSTINHO BERNARDO MARCULINO AIAMBO BETO FERNANDES TORRES BETOVEM MANOEL MRIO BRINDOSO MARTINS DICK CARLINDO MACRIO MANDUCA CARLINDO PEDRO FIRMINO CARLOS ALBINO SANTANA CARMELITA PEDRO VEL CLDBERGHT C. FELIX CLUDIO

    MARIANO FERNANDES CLAUDIONOR NICANOR AUGUSTO CLOVES MARIANO FERNANDES CRISTVO ANTNIO VITOR CRISTVO FERNANDES ALMEIDA

    CRISTVO GUIMARES CACIANO CRISTVO MAURCIO DAMIO ABLIO JOS DAMIO CARVALHO NETO DARCIANO MANDUCA BIBIANO DARCY AUGUSTO FIDLIS DRIA G. QUIRINO DARITA J. RAMIRES DAVI FELIPE DAVI F. CECLIO DAVI FIDLIS ROGRIO MACRIO DELMIRO JOO FLIX

    DENSIO FIRMINO DEUMAR ANDR PEREIRA DEUSDETE PARCIA FLIX DINO GERALDO ALEXANDRE DICINO SAMPAIO FLIX DIODATO OTAVIANO

    AIAMBO DOMINGO PEREIRA DOS SANTOS DOROTIA F. FELIPE DUQUITO EMLIO EDILSON ALMEIDA EDMUNDO VASQUES FERNANDES ELIANO GUEDES

    DO CARMO ELIAS A. FERNANDES ELIAS AUGUSTINHO ABELAEZ ELIAS FIDLIS THOMS ELIUDE MANDUCA ATADE ELSO FACHIA VENNCIO

    EMERSON C. RODRIGUES ENZIO PARENTE GERALDO EPITCIO DA SILVA ERMERINDO J. APRCIO ERUDES FELIPE CASTRO ETEVIR HORCIO

    VASQUES EUCLIDES CUSTDIO RABELO EUCLIDES DOS SANTOS EVANDRO B. JOO EVANDRO SENA MACRIO ZARO SATURNINO SANTANA FBIO

    ANTNIO DEMTRIO FANITO MANDUCA ATADE FAUSTINO MACRIO NGELO FAUSTO A. ROSINDO FLIX PINTO GOMES FLAMNIO JOAQUIM DA SILVA

    FLORIANO MARCOS CUSTDIO FLORINDA COSTDIO MANOEL FRANCISCO CARVALHO FRANCISCO DA SILVA FRANCISCO GONALVES ATADE

    FRANCISCO HONORATO MENDES FRANCISCO JULIO FERREIRA FRANCISCO DO CARMO FRANCISCO S. LIBERATO FRANCISCO TENAZOR TANANTA GENO

    MAXIMIANO BRUNO GENTIL ALEXANDRE REINO GENTIL DE SOUZA BRUNO GERALDINO F. GUSTAVO GEREMIAS RAIMUNDO FERREIRA GIDEL MAURCIO

    GILBERTO ALVES TERTULIANO GILBERTO ROMO SALVADOR GILDO AUGUSTINHO SAMPAIO GILDO G. DO CARMO GILDO GUILHERME FIDELES

    GILSON GERNIMO MANOEL GUILHERME SEVALHO PERES HENRIQUE SALVADOR HERMELINDA AHU COELHO HERMNIA MARTINS GUEDES HILDA

    PEDRO TOMS HORACIO ATAYDE IRACY FERNANDES ARAJO ISAQUE GASPAR TOMS ISMAEL ADRCIO CUSTDIO ISMAEL CNDIDO DA SILVA

    IZABEL A. BASTOS JANICE PEDRO TOMS JAZO PEREIRA DOROTIO

    AUTORES

  • JESUS CAETANO FANRIO JOO ALMEIDA VASQUES JOO CLEMENTE GASPAR JOO LAURIANO JOO OTAVIANO AIAMBO MARTINS JOO OTAVIANO DO CARMO FILHO JONAS JORGE IRINO DA SILVA JOS CARLOS BARBOSA JOS COSTDIO MARQUES JOS DA SILVA JOS GABRIEL DE ARAJO JOS GUEDES TENAZOR JLIO MARIANO LUIZ JLIO PEDRO IDELFONSO JUSCELINO TAVANA GUEDES JUSTINO MIGUEL ALEXANDRE LAUREANO M. BENEDITO LAURENTINO G. BEZERRA LAURO MENDES GABRIEL LIMBERDES DIONZIO FIDLIS LINO O. FERNANDES LIVERINO H. OTVIO Livio MAURCIO LUCIMAR TERTULIANO LUCINDA MANOEL SANTIAGO LUZMARINA HONORATO MENDES MANOEL JERNIMO INCIO MANOEL PISSANGO TENAZOR MANOEL ROMUALDO FARIAS MANOEL TENAZOR MANUEL ABLIO OVDIO MANUEL A. ROSINDO MANUEL GUEDES RAMOS MANUEL NERY MANUEL P. MARCELINO MARCULINO RAMOS FERNANDES M A R I A DO SOCORRO C. DE LIMA M A R I A ELZA L. GERALDO M A R I A FLAUZINA CEZRIO M A R I A F. SALVADOR M A R I A ISAULINA FLIX M A R I A TEREZA RAMOS ALBERTO M A R I A TEREZINHA FERNANDES ATADE MARINA GUEDES FAB MELITO ATADE GONALVES MELITO G. FIDLIS MIGUEL AVELINO FIRMINO MISSIONRIO MIGUEL MOISS MACRIO NAZAR ARCANJO ELEOTRIO NAZAR MACEDO TENAZOR NAZARENO BELM MARCOS NAZARENO PEREIRA CRUZ NAZARENO SAMPAIO FLIX NELI PEDRO INCIO NESTOR VALDECI DOS SANTOS NIBISON MARCELINO SALVADOR NICODEMO JUMBATO DOS SANTOS NDIA ARCANJO ELEUTRIO NILDA ANDR ALONSO NILORDEN CUSTDIO FLIX NILSON ADELINO JOO NINO FERNANDES NOGENEI LIMA INCIO OFIR MARCOLINO AIAMBO OLVIO A. SAMPAIO ONDINO CASEMIRO ORLANDA SALVADOR SANDOVAL OSIAS PAULO FERNANDES O S M A N ALFREDO FLIX BASTOS OSVALDO ALFREDO AVELINO OZINO BENEDITO PEDRO PAULINO FIRMINO PITE PAULINO M. SANTIAGO PAULO FELIPE OLMPIO PAULO GUEDES FARIAS PAULO PLCIDO PAULO RAMOS LOPES PEDRO DOS SANTOS GASPAR PEDRO ROMO DOS SANTOS PEPI BATALHA HAYDENS PLNIO C. BARROS RAFAEL O. AIAMBO RAIMUNDO CARNEIRO AIAMBO RAIMUNDO FIDLIS MANUEL RAIMUNDO LEOPARDO FERREIRA RAIMUNDO M. FRANCISCO RAIMUNDO P. BITENCOURT RAINHA COSTDIO FIRMINO RAUL MARCOS CUSTDIO RAULINO JUVELINO RABELO REINALDO OTAVIANO DO CARMO RICARDO FANRIO RITA BONIFCIO NAVAS ROBERTINHO DA SILVA RONALDO MARIANO TENAZOR ROSALVE FLORES FELIPE RUFINO OVDIO SAMUEL GONZAGA SAMUEL RAMOS SANSO RICARDO FLORES SANTO CRUZ M. CLEMENTE SATURNINO JESUNO JUMBATO SEBASTIO AUGUSTO TORRES SEBASTIO G. LUCIANO SEBASTIO J. RODRIGUES SEBASTIO RAMOS NOGUEIRA SILDOMAR ESTOLANDO SLVIO A. BASTOS SLVIO S. CARVALHO SIXTO SAMPAIO FARIAS TADEU JORGE SRGIO TARCLIO TAUANA BATALHA TELES PEDROSA MARIANO TERNCIO TAVANO TERTULINO IRINEU VALDEMIR H. JONAS VALDINO MOAMBITE MARTINS VALDIR ALEXANDRE VALDOMIRO DA SILVA VALGNIA TENAZOR WALDIR ALEXANDRE WALDIR CARVALHO WILMAR AUGUSTO DE SOUZA WILSON DRIO DA COSTA WILSON DOS SANTOS MANOEL XISTO BATISTA MURAT ZEQUINHO FIRMINO LAURENTINO ZEZINA RABELO LUCIANO.

  • PARTICIPAO ESPECIAL:

    DALVINA MARIQUINHA EDUARDO MANOEL RITA

    HENRIQUE ANACLETO GETLIO NINO ATAYDE

    MANOEL THOMS JAIME CUSTDIO MANUEL

    CONSTANTINO RAMOS LOPES

    AGRADECIMENTOS:

    A JUAN CARLOS SCHULZE, PELA COMPREENSO E APOIO. A MARIA DA GLRIA BORDINI,

    PELA REVISO DO PORTUGUS.

  • APRESENTAO Este livro faz parte do projeto "A natureza segundo os Ticuna", iniciado em 1987. As primeiras atividades desse projeto constaram do levantamento de dados e da elaborao de desenhos sobre a flora e a fauna regionais. Essas informaes, pesquisadas e registradas pelos professores ticuna, deveriam compor materiais didtico-pedaggicos para apoiar as aulas de cincias nas escolas das aldeias. Com o passar do tempo, as idias foram se aperfeioando. Hoje em dia, o projeto desenvolve uma srie de outras atividades, voltadas especialmente para a educao ambiental, passando a integrar o programa do Curso de Formao de Professores Ticuna Habilitao para o Magistrio, promovido e administrado pela Organizao Geral dos Professores Ticuna Bilnges. Dessa forma, os conhecimentos trabalhados durante os cursos se multiplicam atravs dos 210 professores e chegam aos 7 mil alunos das 90 escolas ticuna situadas nos municpios de Benjamin Constant, Tabatinga, So Paulo de Olivena, Amatur e Santo Antnio do I, no estado do Amazonas. Conscientes da necessidade de trabalhar, a partir da escola, uma proposta mais especfica de conservao dos recursos naturais existentes nas reas j demarcadas, os professores ticuna decidiram dividir por temas o material levantado e publicar o primeiro livro de uma srie: o livro das rvores. Este livro, portanto, apresenta a intensa e rica relao dos Ticuna com as rvores que formam a floresta, focalizando o valor e o significado de vrias espcies, preferencialmente nativas, para a sua sobrevivncia fsica e cultural. No se trata de um livro de botnica, mas de uma memria das rvores, que permite aos Ticuna recordar a importncia de cada uma delas na sua vida. Folheando pgina por pgina, compreende-se as razes que os levam defesa e preservao de suas florestas, um patrimnio que dever ser eterno, passando de pai para filho, como uma herana das mais belas e mais ricas. O livro acolhe o olhar dos Ticuna sobre a natureza que os cerca e lhes serve de morada, trazendo textos e imagens que fixam suas concepes do real e do imaginrio, numa linguagem onde se entremeiam conhecimentos prticos, valores simblicos e inspirao potica. Cabe destacar que os desenhos aqui apresentados, com exceo de dois, foram elaborados individualmente, ao passo que os textos so resultado de uma produo coletiva, baseados em um saber de domnio tambm coletivo. Este livro dedicado principalmente s crianas e adolescentes, alunos das escolas Ticuna. Mas seria importante que tambm fosse lido pelas crianas no-ndias das tantas escolas do pas. Elas poderiam conhecer os Ticuna, contemplar seus desenhos e aprender sobre a floresta amaznica atravs da palavra de seus habitantes mais antigos.

    Jussara Gomes Gruber

  • A floresta a coberta da terra.

  • Aqui ns nascemos. Aqui viveremos para sempre.

  • Na terra do povo Ticuna tem lagos, igaraps, rios, igaps, parans. Tem rvores altas e baixas. Grossas e finas. Com mago e sem mago.

    Tem rvores verde-escuro e verde-claro.

    Tem rvores amarelas, vermelhas e brancas, quando do flor. A floresta parece um mapa com muitas linhas e cores.

    Mas no para ser recortado.

  • Uma rvore diferente da outra. E cada rvore tem sua importncia, seu valor. Essa variedade que faz a floresta to rica.

  • As rvores existem h muitos anos no mundo. Muito antes do incio da existncia do povo Ticuna.

    A SAMAUMEIRA QUE ESCURECIA O MUNDO

    No princpio, estava tudo escuro, sempre frio e sempre noite. Uma enorme samaumeira, wotchine, fechava o mundo, e por isso no entrava claridade na terra. Yo'i e Ipi ficaram preocupados. Tinham que fazer alguma coisa. Pegaram um caroo de araratucupi, tcha, e atiraram na rvore para ver se existia luz do outro lado. Atravs de um buraquinho, os irmos enxergaram uma preguia-real que prendia l no cu os galhos da samaumeira. Jogaram muitos e muitos caroos e assim criaram as estrelas. Mas ainda no havia claridade. Yo 'i e Ipi ficaram pensando e decidiram convidar todos os animais da mata para ajudarem a derrubar a rvore. Mas nenhum deles conseguiu, nem o pica-pau. Resolveram, ento, oferecer a irm Aicna em casamento para quem jogasse formigas-de-fogo nos olhos da preguia-real. O quatipuru tentou, mas voltou no meio do caminho. Finalmente aquele quatipuruzinho bem pequeno, taine, conseguiu subir. Jogou as formigas e a preguia soltou o cu. A rvore caiu e a luz apareceu. Taine casou-se com Aicna.

  • Do tronco da samaumeira cada formou-se o rio Solimes. De seus galhos surgiram outros rios e os igaraps.

  • A MOA DO UMARI

    Quando a samaumeira caiu, ficou ainda o toco, que na lngua Ticuna se chama napne. a parte que fica na terra quando alguma rvore derrubada. No toco da samaumeira as folhas continuavam brotando. Isso preocupou Yo'i e pi, pois a rvore poderia crescer de novo. Colocaram sobre o toco um jabuti enorme para que ele comesse as folhas. Mas o jabuti no dava conta, porque as folhas cresciam sem parar. Ento, os irmos chegaram bem perto e puderam escutar o, corao da samaumeira: tou, tou, tou! Ele ainda estava vivo. Ipi tentou tir-lo com o machado, mas o corao pulou bem longe. Uma borboleta pegou o corao, depois o calango e por fim ele foi parar com a cutia. A cutia saiu correndo e plantou o caroo do corao. Yo'i foi atrs, procurou, procurou e acabou encontrando o caroo. Levou, ento, para plant-lo no seu terreno. Depois de um tempo, nasceu uma rvore de umari, tetchi. Assim surgiu o umari: do corao da samaumeira. A rvore botou folhas, flores e frutos. As folhas pequenas, quando caam no cho, viravam sapos pequenos. As folhas grandes viravam sapos grandes. As frutas tambm comearam a cair. A ltima delas se transformou numa moa muito bonita, que se chamou Tetchi ar Ngu'. "a ltima fruta do umari". Yo'i levou a moa para ser sua mulher.

  • O JENIPAPO E A ORIGEM DAS PESSOAS

    Tetchi ar Ngu'i era mulher de Yo'i, mas ficou gestante de Ipi. Yo'i no gostou disso e resolveu castigar o irmo Assim que a criana nasceu, Yo'i mandou Ipi buscar jenipapo, e, para pintar o menino. Quando Ipi subiu na rvore, ela comeou a crescer, crescer, quase alcanando o cu. Ipi sofreu muito, mas por fim conseguiu apanhar uma fruta. Desceu da rvore transformado em tucandeira, trazendo o jenipapo na boca. Yo'i mandou Ipi ralar a fruta sem parar. Ele ralou, ralou, ralou, at que ralou seu prprio corpo. Tetchi ar Ngu 'i pegou o sumo do jenipapo e pintou o filho. Depois jogou a borra no igarap Eware. A borra do jenipapo desceu pela gua e foi parar num lugar com muito ouro. Depois tornou a subir, j transformada em peixinhos, numa grande piracema. Quando a piracema passou, Yo 'i fez um canio e foi pescar, usando caroo de tucum maduro. Mas os peixes, quando caam na terra, viravam animais: queixada, anta, veado, caititu e muitos outros. A Yo'i usou isca de macaxeira, e com essa isca os peixinhos se transformavam em gente. Yo'i aproveitou e pescou muita gente. Mas seu irmo no estava entre essas pessoas. Yo'i, ento, entregou o canio para Tetchi ar Ngu'i e ela conseguiu fisgar um peixinho que tinha uma mancha de ouro na testa. Era o Ipi. Ipi saltou em terra, pegou o canio e pescou os peruanos e outros povos. Esse pessoal foi embora com Ipi para o lado onde o sol se pe. Da gente pescada por Yo 'i descendem os Ticuna e tambm outros povos que rumaram para o lado onde o sol nasce, inclusive os brancos e os negros.

  • O jenipapo muito importante na nossa cultura. A pintura com jenipapo protege a vida das

    pessoas contra doenas e outros males. Quando uma criana nasce, seu corpo pintado.

    Quando ela fica um pouco maior, seu corpo novamente pintado durante a festa.

    A menina, quando fica moa, tambm recebe uma pintura com jenipapo na sua festa de iniciao.

    Nessa mesma festa, todos os participantes pintam o rosto com jenipapo:

    crianas, jovens, adultos e velhos. Essa pintura do rosto serve

    para mostrar a nao de cada pessoa.

    O jenipapo tambm d nome a uma nao. Estes desenhos mostram maneiras diferentes de

    representar a pintura da nao de jenipapo.

  • AS RVORES E AS NAES Cada um de ns Ticuna pertence a uma nao, nac, que em portugus tambm pode se chamar cl. Alguns animais e algumas rvores do nome a essas naes. Assim as pessoas sabem com quem devem e com quem no devem se casar. As pessoas que pertencem s naes de ava, jenipapo, sava, buriti ou ona s podem se casar com pessoas que tenham nao "de penas", tchi, como maguari, mutum, arara, jap ou galinha. Os filhos herdam a nao do pai. Desde o princpio foi assim. A histria conta que antigamente o povo de Yo' estava todo misturado. Ningum tinha nome e ningum podia se casar. Ento Yo'i preparou um caldo de jacarerana e deu um pouco para cada pessoa. Provando do caldo, a pessoa descobria a sua nao. Depois disso, as pessoas comearam a se casar.

  • A nao de ona-pintada tambm pode se chamar tchi'wa, seringarana. A nao de ona-vermelha, nge'ma, est relacionada com uma rvore do mesmo nome.

  • O Eware protegido por animais e gente encantada. De cada lado do igarap ainda esto a casa de Yo'i e a de Ipi, assim como amigamente. Tambm est o canio que os irmos

    usaram para pescar os animais e as pessoas.

  • NAINEC Nainec o conjunto de rvores de vrias espcies. a floresta toda. Olhando de cima, parece tudo igual. Mas quem vive dentro da floresta sabe que cada rvore tem seu lugar para nascer, dar flores e frutos.

    Algumas rvores so prprias da terra firme, como a abiurana, cedrorana, jatob, patau, matamat, sorva, tento, anauir, pam, muirapiranga, araratucupi, taniboca, castanheira, coquita, louro, acapu, cumaru, Juta, tucum, copaiba, aguano, andiroba, guariba, castanha-de-paca.

    Outras nascem na vrzea, como a castanha-de-macaco, apu, mulateiro, pau-brasil, samaumeira, seringueira, taxi, ucuuba, arapari, urucurana, jenipapo, louro-cheiroso, tapereb, taniboca-da-vrzea, jacareba, paracuuba, aacu, envireira, cacau, embaba, bacuri, maubarana, capinuri, pau-de-colher, caxinguba.

  • Algumas rvores nascem espalhadas pela mata. Outras se agrupam, como os

    buritis, aas, seringueiras, castanheiras, carans, inajs, bacabas,

    pataus, tucums, paxibas. E assim formam-se os buritizais, os aaizais, os seringais, os castanhais.

    Esses lugares onde certas rvores ficam juntas so importantes, porque na poca

    das frutas eles atraem muitos animais. H mais alimento. A caa aumenta.

    tempo de muita fartura para todos.

  • O aaizal, wairanec, atrai principalmente as aves, como jacamim, jacu, maracan, papagaio, mutum, periquito, arara-azul, arara-vermelha, curica, bem-te-vi, jap, marianita, tucano, inambu. E tambm alguns animais, como cutia, cutiara, anta, caititu e macacos.

  • O buritizal, temanec, atrai animais como anta, caititu, veado, jabuti, cutia, cutiara, queixada, quatipuru, paca, tatu, cuat, macaco-barrigudo, macaco-guariba, macaco-da-noite. E certas aves, como inambu, tucano,

    papagaio, mutum, arara. As araras gostam de fazer seus ninhos nos troncos secos dos buritis.

  • WUWURU um bicho que vive no meio do buntizal. Ele o dono do buriti, tema. Os velhos contam que o Wwr mata as pessoas fazendo ccegas e depois as devora. Todo tempo ele fica limpando o buritizal e juntando as frutas. Tem dentes fortes, cabea meio pelada, unhas grandes e espores nos ps.

    HISTRIA DO WWR E O CAADOR Certo dia, um homem que era caador quis conhecer o Wwr. Chegou bem debaixo de um p de buriti e pensou "Vou trepar neste buritizeiro para conhecer o seu dono. Quero ver que jeito ele tem". Quando o homem estava l no alto do buritizeiro, vinha chegando o Wwr c embaixo. A ele pegou uma fruta de buriti e atirou o caroo na cabea do bicho. Atirou duas vezes. O Wwr pensou que era uma marianita Atirou de novo e o Wwr disse: Ai, marianita! A o homem achou graa e o bicho pde ver o caador l em cima. O Wwr fez o caador descer e deu-lhe uma surra de ccegas O caador, com medo de morrer, falou: Solta-me, porque o meu irmo j vai chegar! Quando apareceu o irmo, que era bem valente, eles comearam a brigar com o Wwr. Depois que estavam muito cansados de lutar, o caador falou: No nos mates, porque tu s nosso pai! Quando o Wwr ouviu essas palavras, veio para perto deles e disse: Bem, agora vocs vo morar aqui. Eu sou o dono do buritizal, por isso ningum pode comigo. Essa riqueza muita. Quando eu estiver bem velho, vocs vo tomar conta dos buritis. Vocs vo pegar meu esprito e se tranformar em mim. A os homens ficaram morando com o Wwr at ele morrer.

  • CURUPIRA o dono da mata e mora nas sapopemas da samaumeira.

    Ele gosta de silncio e est sempre andando para cima e

    para baixo na floresta. Quando cansa, senta-se sobre

    um jabuti, que lhe serve de banco. Dizem os velhos que ele tem os

    cabelos compridos, corpo peludo, olhos pretos e ps virados.

    Existem vrios tipos de Curupira: o pai da samaumeira, o dono do

    jabuti, o dono dos outros animais, o Curupira macho e

    o Curupira fmea. O Curupira faz medo aos caadores

    batendo nas razes das rvores. Ele atrai e encanta as pessoas.

    Quando o Curupira ataca, o nico jeito de mat-lo batendo no seu

    corpo com um pedao de pau podre. Mas antes de morrer ele sempre diz:

    "Se um dia eu me acabar, fica outro no meu lugar guardando

    tudo o que meu".

  • DAIYAE um bicho da floresta, dono da fruta que se chama

    p-de-jabuti, ttchi. O Daiyae tem forma de gente,

    baixinho, com a cabea quase pelada. Seus poucos fios de

    cabelos so muito procurados para dar sorte. No tempo da fruta

    p-de-jabuti, o Daiyae recolhe todo dia as frutas maduras que

    caem no cho. Se algum pega essas frutas, ele se zanga e

    faz ccegas na pessoa at mat-la. Se a pessoa vence o Daiyae, leva

    alguns fios de seus cabelos para usar como defesa e ter muita sorte

    nas caadas e pescarias.

  • BERU a me do macambo, ngu. Limpa o terreno ao redor da rvore e no gosta que mexam nas suas frutas. Beru se alimenta de gente e ataca as pessoas jogando nelas

    seus peitos enormes ou atirando muitas frutas de macambo. s vezes aparece como gente, s vezes se

    transforma em borboleta.

  • NGEWANE, A ARVORE DOS PEIXES

    Ngewane uma rvore encantada que existe desde o princpio do mundo. Ela grande, assim como uma samaumeira, e tem leite, assim como o tururi e a sorva. Cresce em lugares distantes, difceis de se encontrar:

    nas cabeceiras dos igaraps, nos igaps e na beira dos lagos.

  • Quando chega o tempo, depois das chuvas e ventos, as folhas desta rvore caem e no seu tronco comeam a aparecer pequenos ovos, parecidos

    com ovas de r. Os ovos se transformam em lagartas, muitas lagartas, que sobem pelo tronco e andam at os galhos para comer as folhas novas.

    A elas vo crescendo, crescendo, durante uns dois ou trs meses. De repente, as nuvens se juntam para chover, e comea a tempestade. Os raios e os troves fazem as lagartas descerem e entrarem nas razes

    da rvore. Suas cascas, como algodo, ficam soltas sobre as sapopemas. A chuva vai aumentando. Quando a gua sobe, as lagartas saem

    transformadas em peixes, em vrios tipos de peixes, grandes e pequenos: matrinx, jaraqui, pacu, curimat, jeju, pirapitinga, bacu, piabinha, piranha, aracu, tambaqui, samoat, piau, jundi, trara, carauau,

    acari, pirarucu, sardinha, surubim, tucunar, bodo, branquinha, pescada, poraqu, pirabut, sarap, jacund, mandi, arenga, aruan.

    Os peixes, j ovados, se espalham pelas guas e ganham a caminhada para os igaraps, lagos e igaps. Depois, uma parte alcana o rio,

    subindo em piracema. Esses peixes servem para alimentar as pessoas.

  • Os velhos contam que o ngewane o pai dos peixes, e o dono desta rvore a cobra-grande, o Yewae.

    Alm dos peixes, no ngewane se criam outros animais, como jabuti, jacar, tracaj, veado, queixada, macaco, tamandu, tatu, anta, capivara,

    cobra, calango, cutia e ainda todas as aves. Outras rvores tambm podem ter o mesmo poder do ngewane, como o

    tururi, mapatirana, samaumeira, louro, tt. O tt gera a queixada e o macaco-barrigudo. A samaumeira gera o peixe-boi.

  • O ngewane existe para a natureza nunca se acabar, para nunca faltar alimento. Para os peixes e outros animais se multiplicarem e povoarem a terra.

  • TERMA, A RVORE DO TURURI No Eware existe uma rvore encantada que se chama terma. Seus galhos crescem para a direita e para a esquerda. Quando as folhas da direita caem no cho, se transformam em onas. As folhas da esquerda se transformam em gavies. O dono dessa rvore a ona.

    Os velhos contam que antigamente no era preciso tirar tururi para fabricar as mscaras. Elas j saam prontas do terma. Qualquer tipo: Yewae, O'ma, Maw, To' e todas as outras. Quando algum queria uma mscara para usar na festa, atirava uma flechinha com a zarabatana bem no tronco da rvore. Depois fazia o seu pedido. Na mesma hora a mscara aparecia, j pintada por si mesma, com desenhos de todo tipo, bonitos e coloridos. O terma era uma rvore viva. Com ela os Ticuna aprenderam a fazer e a pintar as mscaras.

  • TCHAPARANE, A RVORE DOS TERADOS Nos tempos antigos, as pessoas se reuniam uma vez por ano e andavam

    at a rvore chamada chaparane, a rvore dos terados e dos faces. A ficavam esperando que cassem no cho. Quando eles caam, as pessoas ouviam:

    "Terutchipet cuyaru! Terutchipet cuyaru!" Assim surgiu o nome do Cujaru, um lugar perto no rio Jacurap onde essa rvore existia.

  • MAW

    A mscara Maw representa o esprito de uma rvore frondosa e bonita que cresce na terra firme: o puxuri. Sua madeira perfumada e suas frutas so doces. Na festa, o Maw acompanha a mscara O 'ma, o "pai-do-vento". s vezes, carrega um grande escudo de tururi, com pinturas coloridas, que gira para c e para l, imitando os ventos e as tempestades. Usa um longo apito de talo de mamo ou de cip yowaru, que sopra assim: "Fiiiiiiiiii! Eu sou a me das rvores da terra firme! Fiiiiiiiiiii! L vem a tempestade! Estou avisando! L vem tempo muito forte! Fiiiiiiiiiiii!" Na outra mo, o Maw traz um conjunto de varas bem finas tiradas do buriti. Quando se zanga, o Maw joga as varinhas nas pessoas, no turi ou na palha da casa.

  • O ESPRITO DAS RVORES E O TRABALHO DO PAJE

    O esprito de certas rvores ajuda o trabalho do paj. Quando uma pessoa fica doente, chama o paj.

    E o paj chama o esprito das rvores para curar. O esprito chega e entra no corpo do paj.

    A ele canta. Depois vem outro e mais outro. Se a pessoa est muito mal, preciso

    chamar vrios espritos.

    A samaumeira tem esprito. A chuchuacha tem esprito.

    O cedro tem esprito. O aacu tem esprito.

    A ucuuba tem esprito. A seringueira tem esprito.

    A maaranduba tem esprito. A castanha-de-paca tem esprito.

    H tambm outros espritos que o paj chama: do boto-tucuxi, do Yewae, da sereia, do Curupira.

    Os velhos ensinam que ningum deve passar debaixo da maaranduba. Se passar, deve ser bem devagar, porque o esprito da rvore escuta, vem

    atrs e faz adoecer o filho. Se algum cortar toa essa rvore, seu esprito vai embora.

    Certo dia, um homem andava pela mata e viu um velho paj olhando por muito tempo para uma

    samaumeira. O paj falava baixinho para a rvore: "Samama, eu gosto de ti. Tu s uma

    rvore grande, alta, bonita. Atravs de ti eu posso curar as pessoas. Teu esprito guerreiro.

    Quando eu preciso de comando, eu chamo teu esprito e ganho tua fora. Samama, tu deves

    ficar viva para sempre".

  • QUALQUER VIDA E MUITA DENTRO DA FLORESTA

    Se a gente olha de cima, parece tudo parado. Mas por dentro diferente. A floresta est sempre em movimento. H uma vida dentro dela que se transforma sem parar. Vem o vento. Vem a chuva. Caem as folhas. E nascem novas folhas. Das flores saem os frutos. E os frutos so alimento. Os pssaros deixam cair as sementes. Das sementes nascem novas rvores. E vem a noite. Vem a lua. E vm as sombras que multiplicam as rvores. As luzes dos vagalumes so estrelas na terra. E com o sol vem o dia. Esquenta a mata. Ilumina as folhas. Tudo tem cor e movimento.

  • O VO DAS FOLHAS Com o vento as folhas se movimentam. E quando caem no cho ficam paradas em silncio.

  • As folhas caem, apodrecem e misturam-se com os galhos secos. Assim se forma o ngaura. O ngaura cobre o cho da floresta, enriquece a terra e alimenta as rvores. As folhas velhas morrem para ajudar o crescimento das folhas novas. Dentro do ngaura vivem aranhas, formigas, escorpies, centopias, minhocas, cogumelos e vrios tipos de outros seres muito pequenos. As folhas tambm caem nos lagos, nos igaraps e igaps. No fundo das guas, elas hospedam o bod, samoat, acar, carauau e outros peixes. Muitos peixes encontram a seu alimento e usam as folhas para desovar.

  • AS RVORES E OS ANIMAIS

    Alguns animais fazem sua morada debaixo das rvores, como o veado, caititu, anta,

    queixada, cutiara, rato, jabuti, paca.

    Eles procuram as sombras para se abrigar do sol,

    comem as frutas que caem no cho e deitam-se

    sobre as folhas secas. As frutas do buriti alimentam

    as antas, veados e jabutis. As frutas do tucum alimentam as queixadas, caititus e cutias. As frutas do umari alimentam

    as cutias, pacas e ratos. As frutas do tapereb e do

    capinuri alimentam os jabutis. A castanha-de-cutia alimenta

    as cutias, curiaras, veados, jabutis e pacas.

    Certas aves, como mutum, jacamim, inambu e saracura,

    tambm vivem debaixo das rvores e usam as folhas secas

    para fazer seus ninhos.

  • Os macacos vivem nos galhos das rvores. A eles comem, brincam, dormem e criam seus filhotes. Os macacos so muitos: macaco-guariba, macaco-de-cheiro, macaco-boca-branca, macaco-barrigudo, macaco-caiarara, macaco-leo, macaco-da-noite, macaco-cuat, macaco-parauacu, macaco-prego. Algumas frutas so prprias para os macacos, como o ing-de-macaco e a castanha-de-macaco. Mas eles tambm comem sorva, abiurana, buriti, mapati, tacuari, bacuri, caxinguba, manixi, mutamba.

  • Nos galhos das rvores tambm vivem as preguias. Elas se alimentam principalmente das folhas da embaba e do matamat. Mas tambm comem as frutas do Juta, abiurana, cupu, maaranduba, sorva e cacau-da-terra-firme. Os camalees preferem as folhas da embaba. Os quatipurus e os quatipuruzinhos sobem e descem pelo tronco e correm pelos galhos das rvores. Eles gostam dos frutos do buriti, javari-mirim, murumuru, tucum, p-de-jabuti. Os morcegos dormem dependurados nas rvores e comem os frutos do murumuru, mapati, ing, caxinguba.

  • As aves que voam alto vivem nos galhos mais altos das rvores tucano, arara, maguari, gaivota, jap, urubu-rei, gavio. O maguari prefere fazer seu ninho na samaumeira. O jaburu prefere viver nos galhos do turim. O tucano prefere viver nos galhos da mulaterana. O jap procura rvores altas para construir seu ninho, como mulateiro, capinuri, matamat e outras. O mergulho busca o peixe no rio e depois dorme nas rvores. A arara, o papagaio, a coruja, o maracan, o pica-pau costumam criar seus filhotes nos ocos das rvores.

  • O aa, buriti, bacaba, pam, paric, pupunha, seringa, muruchi, inga, caxinguba, abiurana, araratucupi e vrias outras frutas servem de alimento

    para os tucanos, marianitas, araras, pipiras, mutuns, japs, periquitos, sanhaus, bem-te-vis, azules, sabis, papagaios e vrios outros pssaros.

    Pam a comida especial dos pombos. Seringa a comida especial das araras.

    Abiurana a comida especial dos azules. Alm das frutas, os pssaros encontram

    nas rvores outros alimentos: vrios tipos de insetos e larvas.

  • Os animais comem as frutas e multiplicam as rvores. As cutias e as cutiaras plantam umari, mapati, tucum, tucum-piranga, anauir, buriti, seringa, pupunha e ing. Os ratos plantam pupunha e abiu. Os quatipurus plantam javari-mirim, murumuru, urucuri e p-de-jabuti. Os morcegos plantam caxinguba, capinuri e paxiba. As araras, os tucanos, os japs, os bem-te-vis e outras aves deixam cair as sementes ou os caroos das frutas que os alimentam: buriti, aa, seringa, sorva e muitas outras.

  • Quando chove, a gua se deposita no buraco de certas rvores, corno

    mulateiro, arapari, maaranduba, capinuri, aacu. Muitas aves e outros

    animais pequenos procuram esse lquido para beber.

    Algumas rvores, quando ficam velhas, transformam-se em "pau-podre", que

    na nossa lngua chama-se ngauctane. A tambm a chuva faz juntar

    um lquido meio doce e com cheiro especial que atrai muitos animais.

    O prprio pau-podre serve de alimento para antas, macacos, cuandus,

    preguias, tucanos, araras, maracans, pica-paus, papagaios e curicas.

    No tronco das palmeiras cadas, como buriti, bacaba, patau,

    murumuru, tucum, maraj e pupunha, cria-se o muxiu. Esta larva alimenta as

    pessoas e certos animais, como pica-pau, tatu e quati.

  • Muitas rvores crescem na beira dos rios, dos igaraps e lagos, como o capinuri, seringueira, tmara, camucamu, aa, Javari, caxinguba, jamarurana, dente-de-preguia, urucuri, andiroba, seringarana, muruchi, piranheira, castanha-de-macaco. Quando essas rvores deixam cair seus frutos, os peixes se alimentam: tambaqui, pirapitinga, matrinx, pacu, jundi, piranha, jatuarana e vrios outros.

  • As frutas alimentam os peixes. E os peixes nos alimentam.

    Para pescar, usamos certas frutas como isca: abiurana, pupunha, tucum, Javari, maraj,

    muruchi, turim, urucurana, capinuri, camucamu, jamarurana, caxinguba, andiroba,

    mapati, castanha-de-macaco, aa, tmara, joo-mole, ara-de-igap.

  • No tempo das flores, as rvores do mapati, ing, taxi, sapota, abiu, capinuri, urucu, pupunha, castanha, aa, cacau, muruchi, aacu,

    buriti, matamat, arapari e muitas outras atraem borboletas, abelhas, cabas e beija-flores.

  • Nesta piranheira que encontramos na mata havia muitos seres vivos, grandes e pequenos: ninho de caba, casa de formiga-tapi, ninho de jap, borboletas e algumas plantas, como abacaxirana, cip e um p de apu.

    Nas rvores ainda podem viver o cupim, a formiga-de-fogo, a formiga-taracu, a barata-da-floresta, a jaquirana e vrios outros insetos.

  • PLANTAS QUE CRESCEM NAS RVORES

    As rvores tambm do abrigo a outras plantas: abacaxirana, apu, maracuj,

    erva-de-passarinho, ava, cumat, cip-titica, cip-de-taracu,

    cip-chato, cip-vamb e outros cips. O abacaxirana cresce nos galhos mais

    altos e se alimenta da seiva da prpria rvore. Certas aves fazem seus

    ninhos nessa planta, como o sabi-preto e o gavio-panema. Os macacos se

    alimentam de suas frutas e as flores atraem as borboletas e os beija-flores. Os cips costumam nascer em rvores

    grandes, como anauir, cedrorana, capinuri, mulateiro, matamat e outras. A erva-de-passarinho nasce atravs dos

    pssaros que comem suas frutas e espalham as sementes.

  • abacaxirana ou nanarana tchowaria

  • As rvores existem em torno de ns.

    A floresta nosso mundo. Nossos avs nasceram e cresceram dentro da floresta.

    Aqui eles nos deixaram. Aqui tambm deixaremos nossos filhos e netos.

  • AS FRUTAS DA NATUREZA: NOSSO ALIMENTO

    Ns cultivamos muitas rvores frutferas nas roas e nos terreiros. Mas na mata h uma grande variedade de frutas e frutinhas que fazem parte da nossa alimentao: cupu, sorva, abiurana, bacaba, jarina, Juta, macambo, cajurana, castanha, pam, pam-grado, maaranduba, ing-do-mato, piti, jenipapo, manixi, bacuri, ara, buriti, inaj, muruari, aa, maraj, tacuari, patau, cacauzinho, cabea-de-arara, camucamu, p-de-jabuti, sapota-do-mato, umarirana, focinho-de-quati, uixi, mo-de-ona, mapati-do-mato, tapereb, tucum-piranga, maraj, araratucupi. Na poca das frutas, reunimos a famlia e seguimos para a mata. Apanhamos muitas e muitas frutas. Uma parte comemos l mesmo. A outra, trazemos para casa no atura. Algumas frutas s servem para comer. Outras servem tambm para fazer refresco, vinho ou caiuma.

  • VIDA JUNTO COM A FLORESTA

    A nossa riqueza est na terra. Na terra podemos formar nossas aldeias. Podemos cultivar nossas roas. Nos rios, igaraps e lagos podemos pescar. Na floresta que cobre a terra tem caa, remdios, frutas. Tem madeira para construir a casa. E madeira para construir a canoa. Tem materiais para fabricar os objetos da casa, os brinquedos e os enfeites, as tintas para pintar. Tem materiais para fazer a festa, as mscaras e os instrumentos musicais, para fazer msica. Da floresta vm as histrias para contar e os espritos que ajudam a curar. Nossa vida anda junto com a floresta.

  • Na construo da casa usamos a madeira de vrias rvores para fazer os barrotes, esteios, tbuas e listes. As mais importantes so: jacareba, acapu, paracuuba, taniboca, maaranduba, muirapiranga, matamata, pau-brasil, cedro, cedrorana, coquita, tento, louro-inamu, capinuri, envireira, jacareba, ucuuba, cauixe, andiroba, itaba, louro-chumbo, marup, mulateiro, sucupira. Com essas madeiras tambm construmos a casa de farinha, a casa de festa, a escola, a igreja e o posto de sade.

    Muitas casas tm as paredes e o assoalho feitos do tronco do aaizeiro e da paxiba-barriguda.

    paxiba-barriguda ngape

  • As casas so cobertas principalmente com o caran. Mas tambm podem ser usadas as folhas de outras palmeiras, como a jarina, patau, urucuri, bacaba, murumuru, ubim. Estas palhas servem ainda para cercar a cozinha, cobrir a casa de farinha e o tapiri da roa.

  • Vrios objetos que usamos na casa e no trabalho so fabricados com materiais que vm da floresta. Os aturas e outros cestos so feitos com os cips que crescem nas rvores, como o cip-titica, cip-vamb e o cip-chato. Com o arum fabricamos os pacars, paneiros, tipitis e peneiras. Com a palha do urucuri, da jarina e de outras palmeiras fazemos os cestos para transportar caa, frutos e produtos da roa.

    O quiric feito com madeiras pesadas, como a muirapiranga, a sapopema da

    taniboca, a sapopema da paracuuba e outras. O cocho pode ser fabricado do tronco da

    limorana, da macacaba, castanha-de-paca, cedro, taniboca ou tento.

  • Com o tucum as mulheres tecem maqueiras, pulseiras e bolsas.

    Ainda fabricam cestinhos, chapus, tapetes, abanos e fios de vrias

    espessuras que servem para tudo: costurar, amarrar, dependurar.

    Alguns desses objetos tambm so feitos para vender: bolsas, tapetes,

    pulseiras, maqueiras e cestinhos.

  • Para tingir o tucum usamos os frutos, as folhas ou a casca de diversas plantas. Algumas dessas plantas so cultivadas,

    outras buscamos na mata.

  • A cinza da casca do carip serve para temperar a argila. Com essa mistura fabricamos a cermica: panelas, igaabas, potes para gua, tigelas e pratos.

  • Para fabricar a canoa, primeiro preciso cavar o tronco. Depois, com ajuda de tesouras e com o calor do fogo, a madeira vai se abrindo. As melhores canoas so feitas do tronco da itaba, taniboca, tento, louro-inamu, cedro, guariba, maba e anauir. Mas tambm podem ser usados a limorana, andiroba, coquita, jacareba, andiroba, aacu, cauixe, louro-chumbo, caneleira, maubarana, castanha-de-paca, copaiba.

    Para brear a canoa, usamos a resina de anani, o breu verdadeiro. Esta resina pode tambm ser misturada com o leite de outras rvores, como a sorveira e o tururi-vermelho.

  • O buriti tambm usado para confeccionar a esteira

    onde a moa fica sentada enquanto as mulheres cortam ou arrancam, pouco a pouco,

    os seus cabelos.

    Os braos do buriti servem para construir o turi: lugar onde a moa

    fica isolada durante a festa. O turi pintado com tintas tiradas

    das plantas, principalmente da aafroa, pacova, pau-brasil,

    urucu, pupunha e bure.

    A FESTA DA MOA-NOVA Quando uma menina fica moa, deve permanecer isolada, no mosquiteiro,

    em contato apenas com a me ou a tia. Enquanto a famlia prepara as bebidas e os moqueados, a moa aprende a fazer

    fios de tucum e a tecer bolsas. Depois de uns meses, quando j est

    tudo pronto, a festa pode comear. uma festa sagrada, que Yo'i criou e deixou no mundo para o povo Ticuna

    nunca esquecer suas tradies. A cerimnia dura trs dias e muito bonita. Tem danas e cantos.

    Tem o som das flautas. Tem a apresentao

    das mscaras. Tem caiuma e pajauaru.

    Tem muita alegria.

  • O tapereb muito importante na festa. Suas folhas servem para abanar a moa depois da pintura com jenipapo. Assim todos os males afastam-se de seu corpo. Dentro do turi, a moa segura-se num tronco fino de tapereb. Ela deve ficar acordada a noite toda para ouvir a aricana. Depois que a moa sai do turi, ela corre pelo terreiro e atira um tio no tronco do tapereb para ter vida longa, muita sorte e muita fartura de peixe. Os avais so amarrados numa vara de tapereb para fazer o chocalho, aru. Durante toda a festa, esse chocalho acompanha os cantos e as danas. O casco do tracaj, tori, tambm preso no tapereb. A aricana, to'cii, feita do tronco da paxiubinha. noite, a aricana fica num cercado construdo com as folhas do buriti ou do caran. No mesmo cercado fica a aricana pequena, iburi, que acompanha o to'c. Existem dois tipos de iburi: um deles fabricamos com o tronco da embaba; o outro, com a casca de uma rvore chamada duru.

  • Nessa mesma festa, as crianas so pintadas e tm seus cabelos cortados. Quando o sol comea a nascer, os parentes passam o sumo do jenipapo no corpo da moa e das crianas.

    Antes de colocar os enfeites, o corpo da moa e das crianas pintado com uma mistura de urucu e leite da rvore do tururi-vermelho. Sobre essa pintura so colocadas penugens brancas de pssaros.

    A armao do cocar, o manto e os enfeites dos braos da moa e das crianas so preparados com entrecasca branca, tirada de uma rvore especial: naitchi. Essa entrecasca usamos somente na festa.

    As mscaras so fabricadas com a entrecasca de vrias rvores. Algumas

    fornecem o tururi branco, outras o tururi vermelho ou marrom. Na decorao das mscaras

    tambm usamos tintas naturais de diversas plantas.

    Algumas mscaras tm a cabea ou a face esculpida em balseira.

    Outras tm a cabea tranada em arum, depois coberta com tururi. E outras ainda tm sobre o tururi

    uma pintura com breu, como a cabea da mscara O'ma.

  • Na festa h muitas danas, que trazem alegria e aumentam a superfcie da terra. Na dana com os tamborins, os homens carregam um basto, du'pa, feito de balseira, enfeitado com figuras de animais. No basto prendem o tamborim, tu 'tu, feito com o tronco escavado de certas rvores, como urucurana, caneleira, cedro, embaba e balseira. Nessa dana, os participantes usam um manto de folhas novas de buriti ou levam sobre o ombro folhas de uma outra palmeira que se chama para. Na dana com os tucuns, feita para as crianas, as pessoas colocam as fibras sobre os ombros.

    Na "dana do tracaj", tambm dedicada s crianas, usamos vrios instrumentos: o chocalho de ava, o tamborim, o tambor de casco de tracaj e dois tipos de flautas, ciri e tchecu. Essas flautas so fabricadas com uma taboca que se chama ciri.

  • Com o coco do tucum-piranga fabricamos colares e pulseiras. Os colares so formados por pequenas esculturas representando os animais que vivem na floresta e nas guas: sapo, cobra, jabuti, peixe-boi, boto, jacar, tracaj, vrios tipos de pssaros, vrios tipos de peixes e os insetos, como borboleta, besouro, aranha, escorpio. Essas figuras tambm podem ser esculpidas no coco da palmeira inaj. Os anis so feitos do coco do Javari, que outra palmeira. Para lixar as peas, usamos a folha da mapatirana, uma rvore que cresce na terra firme. No desenho abaixo, o tucum-piranga, i'tcha, e a maneira de cortar o coco para fazer os colares e as pulseiras usadas pelas crianas pequenas.

  • Outros tipos de colares so feitos com sementes. No desenho abaixo, a rvore de tento, muruweta,

    que fornece sementes pretas e vermelhas.

  • Com a madeira da muirapiranga, pucre, fazemos vrios tipos de escultoras, onde representamos os animais que vivem na mata e nas guas: paca, cutia, anta, capivara, veado, mambira, cobra, jacar, jabuti, tam, arraia, peixe-boi, boto, sapo, pssaros, peixes, macacos e muitos outros. Tambm fazemos figuras de gente, canoas e remos pequenos. Essa arte produzida principalmente para vender.

    Na balseira ou pau-balsa, pune, esculpimos a cabea de certas mscaras e os bastes de dana usados na festa.

  • O amarelo tiramos da raiz da aafroa; o preto ou o azul-escuro, dos frutos da pacova;

    Nas plantas encontramos as tintas para pintar as mscaras, os escudos das mscaras, o turi, os bastes de dana, os tururis.

    o azul mais claro, das folhas do bure; o vermelho, dos frutos do urucu; o vermelho-claro, da casca do pau-brasil; o verde, das folhas da pupunheira. Nas pinturas tambm representamos os animais da floresta, os peixes, as plantas e outros motivos que fazem parte do nosso mundo.

  • DESENHISTAS Pg. 8 - Dicino Sampaio Flix Pg. 9 - Sanso Ricardo Flores Pg. 10 - Iracy Fernandes Arajo Pg. 11 - Geno Maximiano Bruno (mulateiro)

    Artaete Pereira Barbosa (coquita) Betovem Manoel Mrio (matamata) Teles Pedrosa Mariano (castanha-de-macaco) Joo Otaviano A. Martins (seringueira) Aitino da Silva Albino (anauir)

    Pg. 12 - Beatriz da Silva Gomes (envireira) Lucinda Manoel Santiago (marup) Marculino Ramos Fernandes (maaranduba) zaro Santurnino Santana (taniboca) Maria Terezinha F. Atade (embaba) Elias Fidlis Thoms (anani)

    Pg. 13 - Joo Clemente Gaspar (cedrorana) Deumar Andr Pereira (sucupira) Delmiro Joo Flix (acapu) Tadeu Jorge Srgio (louro) Liverino Haydes Otvio (cedro) Francisco da Silva (ucuuba)

    Pg. 14 - Francisco Gonalves Atade Pg. 1 5 - Dino Geraldo Alexandre Pg. 16 - Jos Guedes Tenazor (jabuti)

    Raimundo Leopardo Ferreira (cutia) Pg. 17 - Santo Cruz Mariano Clemente (umari)

    Reinaldo Otaviano do Carmo (moa) Pg. 18/19 - Erudes Felipe Castro (jenipapo) Pg. 19 - Manoel Jernimo Incio (homem)

    Ronaldo Mariano Tenazor (homem) Janice Pedro Toms (mulher)

    Pg. 20 - Valdino Moambite Martins (ava-verdadeiro) Bernardo de Souza Agostinho (buriti)

    Pg. 21 - Paulino Firmino Pite Pg. 22 - Ondino Casemiro Pg. 23 - Valdemir Herculano Jonas Pg. 24/25 - detalhe de um painel coletivo Pg. 26 - Manuel Romualdo Farias Pg. 27 - Laurentino Gaspar Bezerra Pg. 28 - Arlindo Tertuliano Albino Pg. 29 - Valgnia Mariano Tenazor Pg. 30 - Manuel Ablio Ovdio Pg. 31 - Carlos Albino Santana

    Artmio Bibiano Murat Cidberght Custdio Marques Wilmar Augusto de Souza

    Pg. 32 - Manoel Tenazor Pg. 33 - Abel Julio Ferreira Pg. 34 Rufino Ovdio (Daiyae)

    Davi Felipe (p-de-jabuti) Pg. 35 - Deusdete Parcia Flix Pg. 36 - Nilson Adelino Joo

    Pg. 37 - Nazareno Belm Marcos Pg. 38 - Gilberto Alves Tertuliano Pg. 39 - Jos da Silva Pg. 40 - Paulo Felipe M. Olmpio Pg. 41 - Arsnio Fernandes Torres Pg. 42 - Diodato Otaviano Aiambo Pg. 43 - Manduca da Silva Pg. 44 - Joo Almeida Vasques Pg. 45 - Manuel Nery Pg. 46 - Floriano Marcos Custdio (cedro) Pg. 47 - Alcides Luciano Arajo Pg. 48/49 - detalhe de um painel coletivo Pg. 50 - Francisco Otaviano do Carmo Pg. 51 - Arindal Castilho Incio Pg. 52/53 - Jesus Caetano Fanrio Pg. 54 - Jonas Jorge Irino da Silva (macaco-leo) Pg. 55 - Limberdes Dionisio Fidlis (camaleo)

    Jos Costdio Marques (quatipuru) Pg. 56 - Xisto Batista Murat Pg. 57 - Artur Cndido Arapasso Pg. 58 - Paulo Ramos Lopes

  • Pg. 59 - Gilberto Alves Tertuliano (capinuri) Pg. 60 - Francisco Otaviano do Carmo Pg. 61 - Ozino Benedito Pedro Pg. 62 - Gilberto Romo Salvador (muruchi)

    Manuel Alfredo Rosindo (flor de sapota) Pg. 63 - Florinda Costdio Manoel (piranheira) Pg. 64 - Edilson Almeida (cip-vamb) Pg. 65 - Dicino Sampaio Flix (abacaxirana) Pg. 66 - Jlio Mariano Luiz Pg. 67 - Nilson Adelino Joo (abiurana) Pg. 68 - Manuel Alfredo Rosindo (mapati)

    Carlindo Macrio Manduca (Juta) Luzmarina Honorato Mendes (manixi) Zezina Rabelo Luciano (sorva)

    Pg. 69 - Carlindo Pedro Firmino (uixi) Nogenei Lima Incio (ara) Carmelita Pedro Vu (pam) Orcio Atade (araratucupi) Adelmo Fernandes (cupu) Nestor Valdeci dos Santos (mulher)

    Pg. 70 - Valdemir Herculano Jonas (aldeia) Pg. 71 - Davi Fidlis Macrio (casa e aa)

    Miguel Avelino Firmino (paxiba-barriguda) Pg. 72 - Neli Pedro Incio Pg. 73 - Nilson Adelino Joo (murumuru)

    Evandro Baslio Joo (patau) Sebastio Augusto Torres (urucuri) Nazar Arcanjo Eleotrio (bacaba)

    Pg. 74 - Lauro Mendes Gabriel (mulher com quiric) Fbio Antnio Demtrio (mulher com peneira) Jaime Custdio Manuel (cestos)

    Pg. 75 - Anzio Roberto da Silva (tucum e objetos) Ermerindo Joo Aprcio (objetos)

    Pg. 76 - Damio Ablio Jos (pau-brasil) Geraldino Flix Gustavo (pupunha)

    Pg. 77 - Zequinho Firmino Laurentino (carip) pg. 78 - Osvaldo Alfredo Avelino (itaba)

    Horcio Atade (canoa) Pg. 79 - Sildomar Macrio Estolando (carapanaba)

    Enzio Parente Geraldo (remo) Pg. 80 - Flix Pinto Gomes (pau-d'arco)

    Jazo Pereira Dorotio (paracuuba) Nogenei Lima Incio (homem)

    Pg. 81 - Herminia Martins Guedes (menina) Paulo Felipe M. Olmpio (brinquedos)

    Pg. 82 - Afonso Batalha Amrico (andiroba) Pg. 83 - Valdemir Herculano Jonas (cicant)

    Anzio Guedes Pereira (chuchuacha) Anita Fermin Vasques (copaiba) Damio Carvalho Neto (acapurana)

    Pg. 84 - Nazareno Pereira Cruz (moa-nova) Fausto Alfredo Rosindo (turi)

    Pg. 85 - Adlia Luiz Bitencourt (tapereb) Joo Otaviano do Carmo Filho (ava-comum) Saturnino Jesuno Jumbato (paxiubinha)

    Pg. 86 - Fbio Antnio Demtrio (tururi-vermelho) Raulino Juvelino Rabelo {0'ma, pai-do-vento)

    Pg. 87 - Teles Pedrosa Mariano (danarino) Hilda Pedro Toms ("dana do tracaj")

    Pg. 88 - Jonas Jorge Irino da Silva Pg. 89 - Eliano Guedes do Carmo Pg. 90 - Samuel Ramos (mucura)

    Wilson Drio da Costa (muirapiranga) Claudionor Nicanor Augusto (balseira) Jaime Custdio Manuel (capivara)

    Pg. 91 - Jaime C. Manuel (pssaro, anta, mambira) Jesus Caetano Fanrio (escudo de mscara) Anzio Guedes Pereira (basto de dana)

    Pg. 92 - Etevir Horcio Vasques Lucinda Manoel Santiago

    Pg. 93 - Darciano Manduca Bibiano Rainha Costdio Firmino Laurentino Gaspar Bezerra Jos Gabriel de Arajo

    Pg. 94 - Francisco Julio Ferreira Alberto Bartolomeu Lito Ofir Marculino Aiambo Fanito Manduca Atade Euclides Custdio Rabelo Bernardo Marculino Aiambo

    Pg. 95 - Saturnino Jesuno Jumbato Pg. 96 - Tarclio Tauana Batalha

    Fotografias de Jussara Gomes Gruber