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2016

União Brasileira de TrovadoresPorto Alegre - RS

Coleção

Terra e Céu

Trovas de

A. A. de Assis(Antônio Augusto de Assis)

eAparício Fernandes

LXXI

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Rua Otto Niemeyer, 2460 - CEP 91910-001 Bairro CavalhadaFones: 0**51 3243 8400SITE: www.ubtportoalegre.com.brE-mail: [email protected]ório do Registro Especial n° 6.405Fundada em 08 de março de 1969.

União Brasileira de TrovadoresSeção de Porto Alegre

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Para bem comemorar o centenário de nasci-mento de Luiz Otávio, idealizador e fundador damaior entidade congregadora de cultores do gê-nero poético TROVA do mundo, a seção de Por-to Alegre da mesma criou a coleção “LUIZ OTÁ-VIO É CEM”, com o intuito de editar cem livrosde trovas até o final do ano.

E agora, em cima disso, uma outra, comple-mentando-a: “TERRA E CÉU”. Ou seja, os trova-dores vivos homenagearão os falecidos, seusamigos, com a edição de um livro duplo, com tro-vas de um e de outro.

A ideia é sempre a mesma, mudou um pouqui-nho a forma. E, com certeza, teremos uma por-ção de belos livros, uns virtuais, outros físicos,mas serão sempre livros. Dessa forma, lavra-semais um tento nesta busca incansável, nesta ver-dadeira cruzada de que os trovadores brasilei-

Palavras Iniciais

ros participam, qual seja a de ver, um dia,este gênero poético devidamente valoriza-

do e divulgado, inclusive pelachamada grande mídia.

Flávio Roberto StefaniPresidente

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DIRETORIA - GESTÃO 2015/2016

Presidente: FLÁVIO ROBERTO STEFANIVice-Presidente de Administração:LISETE JOHNSONVice-Presidente de Cultura: SONIA LINDEMAYERVice-Presidente de Relações Públicas: CLÁUDIO DERLISILVEIRAVice-Presidente de Finanças: DORALICE GOMES DA ROSASuplente de Diretoria:JOSOEVERTON LOPES

União Brasileira deTrovadores - Seção de

Porto Alegre

Conselho Municipal(Titulares)

MÍLTON SOUZADELCY CANALLESCLÊNIO BORGES

Conselho Municipal(Suplentes)

NEOLY DE OLIVEIRA VARGASJANAÍNA SCARDUA BONATTOJANETE VARGAS

Secretária: SONIA LINDEDMAYERAssessor de Imprensa: SÉRGIO BECKERAssessora Especial: ANGELA PONSICoord. Do Juventrova: LÚCIA BARCELOS

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A. A. de Assis

Antônio Augusto de Assis(A. A. de Assis) nasceu emSão Fidélis – estado do Rio deJaneiro, no dia 7 de abril de1933.Residente em Maringá-PR desde janeiro de 1955.

Foi professor no Depar-tamento de Letras da Uni-versidade de Maringá (apo-sentado desde 1997). Foitambém jornalista e dire-tor de redação dos jornais“Tribuna de Maringá” e “Fo-lha do Norte do Paraná” edas revistas “Novo Paraná” (NP) e “Aqui”.

Publicações: Robson (poemas); Itinerário (poe-mas); Coleção Cadernos de A. A. de Assis – 10volumes (crônicas, ensaios e poemas); Poêmica (po-emas); Caderno de trovas; Tábua de trovas; A.A. de Assis – vida, verso e prosa (autobiografia etextos diversos). Em e-books: Triversos traves-sos (poesia); Novos triversos (poesia) A língua dagente (linguagem); Microcrônicas (textos curtos);

A província do Guairá (histó-ria); Antologia 100 trovas ines-quecíveis (coord). Autor daMissa em Trovas. Integranteda Academia de Letras deMaringá e da União Brasileirade Trovadores – UBT – seçãode Maringá.

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Tem muito mais graça a vidaquando a gente tem com quemrepartir bem repartidaa graça que a vida tem.

Sorria, amigo, sorria!Pois, neste tempo de tédio,qualquer sinal de alegriaé sempre um santo remédio!

Benditas sejam as vidasque, alegres, serenas, santas,vivem a vida envolvidasem levar vida a outras tantas!

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Deus fez a Terra... e, ao fazê-la,deu-lhe o toque comovente:fez o céu para envolvê-lanum pacote de presente!

Vai, riozinho, sem pressa...lembra ao mar, sem raiva ou mágoa,que ele é grande, mas começanum modesto olhinho d’água!

A natureza protestasempre que alguém a maltrata.–Se matas uma floresta,vem o deserto e te mata!

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Bem-te-vi que bem me vês,bem-visto sejas também,hoje e sempre e toda vezque bem me vires... Amém!

Entre o pássaro e o poetahá perfeita identidade:seu canto só se completase há completa liberdade.

Tão bela, tão generosa,símbolo eterno da paz,pede desculpas a rosapelos espinhos que traz!

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Milhões e milhões de estrelas...Que utilidade terão?–Só sei, meu irmão, que ao vê-lassinto Deus no coração!

Ouço ainda, ao longe, o cantode um velho carro de boi...–Lembrança de um tempo e tanto,que há tanto tempo se foi!

O grande tenor se calaante o pássaro silvestre.–É o discípulo de galaquerendo escutar o mestre!

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O fruto é um santo produtodo mais generoso amor.Por isso é que antes de frutoquis Deus que ele fosse flor.

Vestem-se as águas de prata,saltam no espaço vazio.Findo o show da catarata,sereno refaz-se o rio...

Mesmo soltas e espalhadas,as pétalas são formosas;porém somente abraçadasé que elas se tornam rosas!

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Ó Deus, que nos deste a flor,e as crianças e as estrelas,dá-nos agora, Senhor,a graça de merecê-las!

É mais que um beijo, é uma prece,aquele beijo miudinhocom que a mãe afaga e aqueceos seus filhotes no ninho!

A família é um grande bem,e Deus valoriza-a tanto,que Ele próprio a dele tem:Pai, Filho e Espírito Santo.

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Como é bom saber que o filhovida afora alegre vai,dando forma, força e brilhoaos sonhos do velho pai!

A bênção, queridos pais,que às vezes sois mães também.Em nome de Deus cuidaisdos filhos que d’Ele vêm!

Para o pródigo, há somente,na fuga, uma coisa certa:todo pai de filho ausentemantém sempre a porta aberta.

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Na varanda, um quadro lindo:a jovem mãe e a criança:–Era a ternura sorrindo,amamentando a esperança!

Ah, meu rio, de repente,o que foi feito de nós?Ficou tão longe a nascente...vemos tão próxima a foz!

Trate o velho com respeito;dê-lhe o amor que possa dar.Mas não lhe roube o direitode a si mesmo governar!

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Criado por Deus, o rionasce limpo e, como nós,traz consigo o desafiode limpo chegar à foz.

Curvada ao peso da idade,a vovó, serena e bela,distrai o tempo e a saudadeentre o novelo e a novela...

Quem tem amigos leaistem muito o que agradecer:bons amigos valem maisque o mais que se possa ter.

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Que pena que a vida passasem que a gente, na corrida,desfrute, com tempo, a graçado tempo melhor da vida!

Mesmo o maior dos gigantesnão tem poder permanente:–Pode a Lua, por instantes,cobrir o Sol totalmente!

Contra o gênio, com frequência,joga pedras a vaidade.–É que a luz da inteligênciamachuca a mediocridade!

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Se alguém se torna importante,por certo alguém o ajudou.Mesmo o Amazonas, gigante,de afluentes precisou!

Grande mesmo é quem descobreque ser grande é ser alguémque abre espaço para o pobretornar-se grande também.

O livro mudou o enredoda história da humanidade:–Antes dele, a treva e o medo;depois dele a liberdade.

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Na biblioteca há mil sábiosa nosso inteiro dispor.–Sem sequer abrir os lábios,cada livro é um professor!

A palavra acalma e instiga;a palavra adoça e inflama.–Com ela é que a gente briga;com ela é que a gente ama!

Cumprem a Lua e as estrelaso ofício de serem belas...E, entretanto, para vê-las,só o poeta abre as janelas!

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Astronauta, não destruameu direito de sonhar...Deite e role sobre a Lua,porém me deixe o luar!

Que alegre alívio provoca,na alma e no coração,o abraço que a gente trocanuma troca de perdão!

Anoitece. Bela e nua,começa a rosa a orvalhar-se...–Um raiozinho de luavirá com ela deitar-se.

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Prometi-lhe, amada minha,mil estrelas, as mais belas.Bobagem... você sozinhabrilha mais que todas elas!

Tal qual dois rios se abraçam,formando um só rio após,dois “eus” pelo amor se enlaçam,passando a chamar-se “nós”!

A vida jamais se encerra...e é bom sermos imortais.–Amar você só na Terraseria pouco demais!

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Ah, poeta, como é lindoteu trabalho, e quão fecundo...–Noite e dia produzindosonhos novos para o mundo!

Amai-vos, e as derradeirasmuralhas hão de cair.–Havendo amor, as barreirasnão têm razão de existir!

Num tempo em que tanta guerraenche o mundo de terror,benditos os que na Terrasemeiam versos de amor!

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Aparício Fernandes

Aparício Fernan-des de Oliveira nas-ceu em Acari, RioGrande do Norte, nodia 16 de dezembrode 1934.Passou a in-fância e adolescên-cia em Macau. Es-tudou durante algumtempo em Natal. Em1952, com 17 anosde idade, mudou-separa o Rio de Janeiro. Colaborou em jor-nais, revistas e emissoras de rádio e te-levisão, inclusive redigindo durante mui-tos anos um programa de divulgação detrovas para a Rádio Globo. Apresentou

na antiga TV Continental,do Rio de Janeiro, umprograma em que entre-vistava intelectuais. Or-ganizou em 1962, junta-

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mente com Zalkind Pia-tigorsky, a coleção “Tro-vas e Trovadores”, com22 livros de trovas de

autores nacionais, edição da LivrariaFreitas Bastos. Coordenou também, comZalkind Piatigorsky e Magdalena Léa, acoleção “Trovas do Brasil” - 12 volu-mes, lançados pela Editora Minerva em1965. Publicou cerca de 60 livros. Atéhoje é considerado o maior antologistae um dos mais importantes historiadoresda trova. Em 1956, quando foi lançadaa célebre antologia “Meus irmãos, ostrovadores”, Aparício era o mais jovementre os colaboradores diretos de LuizOtávio. Faleceu no Rio de Janeiro emjaneiro de 1996, com 61 anos.

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Parti do Norte chorando,que coisa triste, meu Deus!-Eu vi o mar soluçandoe os coqueirais dando adeus...

Lá se vão os retirantes!Deixam seus campos... seus bois...–O coração morre antes!–O corpo morre depois...

Decerto o mundo seriasem vida, luz e calor,se nos faltasse algum diaa grande força do amor.

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De ciúmes ela delira,distante da realidade:por um amor de mentira,mata um amor de verdade...

Quando adormeço tristonho,vejo-te em sonhos, querida!...E a vida fica mais sonho,e o sonho fica mais vida!

Os noivos fazem questãode ter as mãos sempre unidas.–É fácil unir as mãos...difícil é unir as vidas!

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Se a mocidade se afasta,não julgue a vida tristonha.–A ação do tempo não gastao coração de quem sonha!

Há sempre um drama em segredonos amores desiguaisda mulher que veio cedoou chegou tarde demais.

Pelo amor que tu me inspiras,perdoo-te as falsidades.–Teus lábios dizem mentirasque valem por mil verdades.

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Partiste, sim, mas ainda,por ironia ou maldade,ficaste muito mais lindavestida nesta saudade!

Eu, que há muito não te vejo,confesso: não sou capazde recordar o teu beijosem perturbar minha paz...

Quero beijar-te, querida,e não te deves opor:–Teu amor é a alma da vida,o beijo é a vida do amor.

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O teu beijo, eu já sabia,vinha trazer confusão:pousou numa terra friae a transformou em vulcão.

Não beije só por beijar...O beijo é como oração,que só se deve externarquando vem do coração.

A lua cheia, a seresta...e eu me ponho a refletir:muma noite igual a estaé até pecado dormir!

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Quando eu passeio com ela,qualquer rua da cidadeparece uma passarelalevando a felicidade...

Quando tu ias saindo,vendo que eu ia chegar,disse a Saudade, sorrindo:“Não chores, que eu vou ficar...”

Seguindo-te, nada ganho;fico, pois, com minha dor.–Meu orgulho é do tamanhoda tua falta de amor!

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Pobre ou rica, feia ou bela,rude ou sábia no falar,a mulher perfeita é aquelaque nos soube conquistar.

Certos destinos, na vida,muita ironia contêm.Por exemplo: és tão querida,mas a ninguém queres bem...

Eu sei que és estrutural,que teu corpo é perfeição.Mas de que vale, afinal,estátua sem coração?

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Foi-se o cometa, deixandoum rastro resplandecente...É assim o amor que, passando,deixa saudade na gente.

A vitória da razãonão compensa este amargor:eu venci a discussão,mas perdi o teu amor.

Mil vezes, e com vaidade,vovô, sorrindo, me diz:–Só um tesouro, a saudade,torna a velhice feliz...

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Neste abandono em que eu ando,talvez minha alma se tisne.–Sou um cisne que, nadando,sente a falta de outro cisne...

Que sábio discernimentoneste exemplo se traduz:a vidraça anula o vento,mas deixa passar a luz.

Ó mãe que tudo perdoas,corrige os teus pequeninos!–Às vezes, de intenções boasnascem ladrões e assassinos.

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Ondas bravias ou calmas,que estais sempre a soluçar...–Quem pôs a angústia das almasdentro das ondas do mar?

Paz é ternura... harmonia...é consciência tranquila...Quem faz o bem todo diatoda noite há de senti-la.

Desta saudade infinitanão guardo mágoa, porquefoi a coisa mais bonitaque me ficou de você...

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Rezei aos céus e, em seguida,a mesma prece eu te fiz,pois, se Deus me deu a vida,tu me fizeste feliz!

Mal não há que não desabenem há bem que sempre dure.Amor não há que se acabesem que a saudade perdure.

Neste mundo atribulado,onde a virtude não medra,é sempre o maior culpadoque atira a primeira pedra...

Se acaso sou trovadorporque canto a natureza,que direi do Criador,que fez toda essa beleza?

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Para a seca exterminardo meu Nordeste escaldante,eu sugiro represaro pranto dos retirantes.

Conheço um tipo de fomeque não se farta de pão:–Fome de amor, eis o nomeda fome do coração.

Felicidade é somenteuma visita apressadaque aparece de repentee parte sem dizer nada.

Redimindo os pecadores,conduzindo-os para a luz,o maior dos sonhadoresmorreu pregado na cruz!

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Amor – mistério profundoque não se pode explicar.Mesmo assim, pobre do mundose ninguém soubesse amar!

Por pior que seja a prova,não hei de me perturbar:há sempre uma estrada novapara os que sabem sonhar!

Ah, criança, quem me deratua alegria incontida...–A mais bela primaveraé a primavera da vida!

Ocultai vosso ciúme,aprendei antes a amar,para que um dia o ciúmenão vos ensine a chorar.

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Edição: Jornalista Milton Souza([email protected])

(51) 9987 7648

Agência Texto CertoAvenida Flores da Cunha, 1643 - Sala 12

Cachoeirinha - RS - CEP 94 910 002

Fone (51) 3471 7741

Contato com A. A. de Assis:

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