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A Conservação de Acervos Bibliográficos & Documentais

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  • A Conservao de AcervosBibliogrficos & Documentais

  • PRESIDENTE DA REPBLICAFERNANDO HENRIQUE CARDOSO

    MINISTRO DA CULTURAFRANCISCO CORRA WEFFORT

    PRESIDENTE DA FUNDAO BIBLIOTECA NACIONALEDUARDO PORTELA

    DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE PROCESSOS TECNICOSCELIA RIBEIRO ZAHER

  • MINISTRIO DA CULTURAFUNDAO BIBLIOTECA NACIONALDEPARTAMENTO DE PROCESSOS TCNICOS

    A CONSERVAO DE ACERVOSBIBLIOGRFICOS & DOCUMENTAIS

    POR

    JAYME SPINELLI JUNIOR

    RIO DE JANEIRO

    1997

  • SERIE: DOCUMENTOS TCNICOS, 1

    Capa, contra-capa, criao e arte-final.Silvia de Medeiros Cabral CapocciDiagramao EletrnicaAna Letcia Medina Vilhena

    PROIBIDA A REPRODUO TOTAL OU PARCIAL DESTA OBRADIREITOS RESERVADOS FUNDAO BIBLIOTECA NACIONAL

    Spinelli Jnior, Jayme.A conservao de acervos bibliogrficos & documentais

    Jayme Spinelli Jnior. - Rio de Janeiro: Fundao BibliotecaNacional, Dep. de Processos Tcnicos, 1997.

    90 p. : il. 26 cm. - (Documentos tcnicos ; 1)

    Bibliografia p. 61-62.ISBN 85-333-0100-6 (broch.).

    1. Materiais bibliogrficos - Conservao e restaurao. 2. Documentosarquivsticos - Conservao e restaurao. 3. Fotografias - Conservao erestaurao. 4. Papel - Restaurao. 1. Biblioteca Nacional (Brasil).Departamento de Processos Tcnicos. 11. Ttulo. Ill. Srie : Documentos tcnicos(Biblioteca Nacional (Brasil)) ; 1 .

    CDD: 025.84

    ISBN - 85-333-0100-6

  • AAAAAPRESENTAO

    A biblioteca, atravs dos sculos, foi repositria da imaginao do ho-

    mem e da sua produo intelectual e espiritual.

    As formas desses registros mudaram de acordo com a evoluo da

    civilizao, desde o aparecimento dos cilindros de argila, as imagens pictri-

    cas de manifestaes sociais ou religiosas de vida e dos incunbulos, at

    ao advento da imprensa, que gerou uma produo escrita exponencial.

    Esses registros e demonstraes culturais e do pensamento da huma-

    nidade tiveram que ser preservados atravs dos sculos, em suas formas as

    mais diversas. A fragilidade dos suportes, as agresses climticas e s do

    prprio homem, e o uso dos processos de reproduo, modernos, acelerou a

    deteriorao dos suportes. Isso foi acrescido, na poca atual, da m quali-

    dade da matria prima dos livros, que trouxe a tona uma preocupao per-

    manente com a preservao e conservao desses suportes fragilizados pelo

    tempo, pois correm o risco de no alcanar as futuras geraes.

    Assim, a durabilidade dos livros e documentos, conservados na sua

    idoneidade fsica, um dos objetivos primordiais das bibliotecas de hoje.

    A Fundao Biblioteca Nacional ao divulgar esse manual procura dar

    orientaes bsicas queles que se preocupam com a preservao dos acervos

    bibliogrficos e documentais, definindo princpios bsicos de manuseio sim-

    ples e de comportamento, para aqueles que trabalham na obra de preservar

    a nossa cultura expressa em suporte papel, proveniente do passado, para

    as geraes presentes e futuras.

    CELIA ZAHER

    DIRETORA

  • SSSSSUMRIO

    Introduo 11

    1 A conservao 13

    2 rea de trabalho 21

    3 Agentes de deteriorao 25

    4 Desastres em bibliotecas 37

    5 Mtodos de conservao 39

    6 A poltica de conservao e o

    acondicionamento do acervo fotogrfico 59

    7 Glossrio 77

    8 Bibliografia 79

    9 Anexos 81

  • RRRRR E S U M OEste trabalho sobre conservao de acervos faz uma abordagem hist-

    rica a respeito da inveno e da evoluo do papel como suporte da escritae descreve alguns princpios conceituais referentes matria interdisciplinarchamada Conservao de Acervos Bibliogrficos e Documentais.

    So traadas solues simples para os problemas concernentes a de-terioraes e desastres a que esto sujeitos os acervos constitudos em suamaioria por material orgnico e apresentado um mtodo de conservaocomposto de quatro tratamentos tcnicos: fumigao, higienizao, reestru-turao de livros e documentos planos e acondicionamento de obras.

    Apresenta ainda um panorama sobre a poltica de conservao adota-da para o acervo fotogrfico histrico e contemporneo da Biblioteca Nacio-nal, escrito por Ana Lcia de Abreu Azevedo, Jayme Spinelli Junior e JoaquimMaral Ferreira de Andrade, que alm de descrever as principais tcnicas eprocedimentos de conservao adotados, aborda tambm o sistema de acon-dicionamento especialmente desenvolvido e o trabalho de pesquisa dosmateriais empregados na sua confeco, as normas para consulta ao acervoe a poltica de reproduo.

    AAAAA B S T R A C TThis handbook on preservation of library materials gives a historical

    approach on the invention and evolution of paper as a writing support andpresents some main conceptual principles related to the interdisciplinarysubject entitled preservation of library materials.

    Simple solutions are also presented to problems related to wear andtear that usually occur with library materials, most of them constituted oforganic compounds. A preservation method is presented, consisting of fourtechnical treatments: fumigation, dry cleaning, rebinding books and recove-ring plain documents, and enclosing library materials.

    In addition presents a article about the conservation policies currentlyadopted by the Biblioteca Nacional in relation to its collection of nineteenthcentury and contemporany photographic prints, written by Ana Lucia de AbreuAzevedo, Jayme Spinelli Junior e Joaquim Maral Ferreira de Andrade. It brie-fly describes the main treatment procedures and techniques, the enclosuresystem that was specially designed and the research that is being carried onthe materials, the rules for users access to the originals and the reproducti-on policies.

  • IIIII N T R O D U O

    A exigncia bsica para conser-

    var-se um patrimnio cultural fun-

    damentalmente: administrao segu-

    ra, recursos adequados e conheci-

    mentos decorrentes da cincia e da

    tcnica. A Conservao, de acervos

    bibliogrficos, portanto, como mat-

    ria interdisciplinar, um fato de con-

    vergncia e de integrao, de atitu-

    des. O conservador tornou-se expe-

    rimentador tanto quanto o artista: o

    homem da cincia ao procurar com-

    preender os fenmenos para os do-

    minar.

    H algum tempo vimos desen-

    volvendo e aplicando a metodologia

    de conservao, compatvel com

    acervo da Biblioteca Nacional, inte-

    grada a uma poltica bsica, regida

    pela premissa que norteia toda a

    ao de conservao, ou seja, tudo

    que podemos fazer ou permitir que

    seja feito para que cada obra per-

    manea integra da forma que . A

    gravidade e a urgncia de todos os

    problemas concernentes conser-

    vao de patrimnios culturais tal

    como os vemos hoje, s podero ser

    resolvidos atravs de ampla reviso

    nas atitudes profissionais, instituci-

    onais e polticas. No haver ne-

    nhum tipo de avano substancial

    quanto, permanncia de um bem

    cultural, seja ele qual for, enquanto

    no houver um macio esforo nes-

    te sentido.

    O presente trabalho pretende

    mostrar a todos que participam da

    preocupao e responsabilidade de

    conservar uma importante parcela

    do patrimnio cultural uma gama

    destes problemas que afetam a vida

    dos acervos bibliogrficos e estudar

    e apresentar tratamentos tcnicos

    especficos permanncia da inte-

    gridade dos mesmos, dentro de uma

    ordenao lgica e com o apoio tc-

    nico-cientfico.

    Os Acervos bibliogrficos de

    uma comunidade geralmente patri-

    mnios pblicos, encontram-se sob

    a custdia de instituies governa-

    mentais e todas as atividades no

    sentido de mant-los conservados

    no devem ser tratadas coma fato-

    res isolados. A interdisciplinaridade,

    apontada como premissa essencial

    da matria conservao traz em

  • si, a convergncia de trabalho de

    profissionais de diversas reas, no

    somente para pesquisa e implemen-

    tao de solues, mas, sobretudo

    para a fixao de poltica integrada

    sob a regncia do ideal de conser-

    vao associada ao trabalho siste-

    mtico.

    Todo legado histrico que se

    traduz como bem cultural, testemu-

    nho ou prova de contnuo desenvol-

    vimento cultural da humanidade,

    de responsabilidade de todos e isto

    implica na disponibilidade ao uso,

    sob critrios determinados que ga-

    rantam sua transmisso s geraes

    futuras. de importncia primordi-

    al, entretanto, encarar estes critri-

    os no como corpo de concluses

    fixas e indubitveis, mas como re-

    sultados no definitivos de um con-

    tnuo processo de investigao, que

    envolve um incessante uso de um

    mtodo lgico de critica.

    No ponto em que chegamos, o

    fiel da balana da evoluo nos im-

    pele a buscar de todas as maneiras

    solues que, compatveis com esta

    realidade, possam gerar aes de

    outros frutos das criaes humanas

    que hoje denominamos patrimnio

    cultural.

    Especial agradecimento a toda

    a equipe tcnica que hoje compe

    o Centro de Conservao e Encader-

    nao, com qual desenvolvo, discu-

    to e pratico todos os conhecimen-

    tos e mtodos que apresento neste

    trabalho.

  • 1 1 1 1 1 A CONSERVAO

    O Papel - Abordagem Histrica

    O papel tornou-se to comum

    na vida do sculo XX, que raramen-

    te refletimos sobre o fato, de que

    esse material comumente usado

    tanto como suporte para escrita e

    a impresso de livros, peridicos,

    gravuras, selos, etc., como para in-

    contveis usos nobres ou humil-

    des, protagonize um processo his-

    trico de cerco de 2.000 anos.

    De acordo com a tradio,

    este verstil material, cuja impor-

    tncia para a civilizao, pode-se

    inferir, pouco menos que a in-

    veno, da roda, foi desenvolvido

    no ano 105 D.C por um jovem chi-

    ns. Como a maioria das grandes

    invenes, teve um principio sim-

    ples: a partir da macerao de res-

    tos de tecidos de algodo utiliza-

    dos para diversos fins, at que fi-

    cassem reduzidos a uma massa de

    fibras, misturada gua e em se-

    guido despejada sobre uma malha

    feita de bambu. Ao drenar a gua

    ficava sobre a superfcie desta

    malha uma fina camada de fibras

    entrelaadas denominadas papel.

    Este processo bsico de fabrica-

    o de papel que consiste em pe-

    neirar fibras maceradas sobre uma

    malha, permanece intacto at os

    dias de hoje, apesar de inmeras

    modificaes empreendidas nos

    mecanismos que impulsionam a

    realizao desse ato.

    Desde ento, seguidores des-

    se invento entenderam que os ou-

    tros tipos de fibras como as do

    bambu, do cnhamo e da amorei-

    ra tambm poderiam servir para a

    feitura do papel. J no sculo VII

    os japoneses, que ento comea-

    ram a fabricar papel, primaram pela

    utilizao de fibras oriundas da

    amoreira.

    Contudo, o tempo aciona a

    roda da histria, e atravs da mo-

    vimentao dos povos, das cara-

    vanas e das conquistas, o papel e

    os segredos de sua manufatura so

    trazidos ao ocidente atravs de

    rotas que percorrem Samarcanda,

    Bagd, Egito e Marrocos.

    Nos sculos XII e XIII Espa-

    nha e Itlia estabeleceram suas pri-

    meiras manufaturas e comeam a

    produzir papel.

  • Tem-se conhecimento de que

    durante o sculo IX, no continente

    americano, altas culturas, como a

    dos Astecas e dos Maias, j fabri-

    cavam uma variedade de papel e

    que o primeiro moinho de papel

    que funcionou na Amrica, de ori-

    gem espanhola, foi durante o se-

    gundo quartel do sculo XVI.

    No decorrer da longa traves-

    sia dos segredos da feitura do pa-

    pel para o Ocidente, foram-se mul-

    tiplicando as adoes de tratamen-

    tos novos ao seu processo bsico

    de manufatura. Os primeiros fabri-

    cantes europeus maceravam trapos

    de algodo e de linho para obte-

    rem as fibras necessrias sua

    manufatura. O papel atinje a im-

    portncia comparvel a do perga-

    minho coma suporte da escrita.

    No entanto, aps a formao

    da folha a partir da drenagem da

    gua e permanncia de fibras en-

    trelaadas sobre o molde, torna-

    se necessrio adicionar um tipo,

    de lquido gelatinoso feito de car-

    tilagem de animais, com o objeti-

    vo de uniformizar a superfcie des-

    ta folha tornando-a apropriada para

    suporte da escrita. Este processo

    denomina-se encolagem ou imper-

    meabilizao, que varia de acordo

    com o uso, eventual a que se des-

    tina o papel. Essa variao se es-

    tende desde o, papel de escrever

    que requer uma impermeabilizao

    mais adequada, ao papel para im-

    presso que necessita dessa ao

    em menor escala, at o papel

    mata-borro que se caracteriza pela

    ausncia dessa ao.

    Os europeus, ao invs de usa-

    rem os tradicionais moldes de bam-

    bu dos orientais, fabricaram seus

    prprios moldes a partir da utiliza-

    o de fios metlicos tranados e

    presos a um bastidor de madeira.

    Esse novo molde conferia ao pa-

    pel (visto sob uma luz) uma super-

    fcie composta de linhas horizon-

    tais ininterruptas com intervalos

    muito pequenos chamadas verga-

    duras, atravessadas por linhas cha-

    madas pontusais, verticais, distan-

    tes mais ou menos dois centme-

    tros uma da outra. Assim, sobre

    essa nova estrutura de molde, pas-

    saram a ser elaborados os papis

    para os livros, desenhos e gravu-

    ras, produzidos no Europa por mui-

    tos sculos.

    Por este novo processo, um

    habilidoso arteso introduzia o mol-

    de num recipiente onde estavam

    as fibras com gua e, levantando-

    o com movimentos precisos, ia for-

    mando as folhas de papel sobre a

  • malha dos fios tranados. Logo

    aps, cada folha formada era co-

    locada sobre um grosso feltro con-

    figurando uma pilha. Esta, alter-

    nando folhas e feltros, era levada

    a uma prensa, onde o excesso de

    gua era eliminado. Depois disto,

    encolodas e secas, eram ento

    consolidadas enquanto folhas de

    papel, para posteriormente serem

    submetidos a um controle de qua-

    lidade.

    Com o passar do tempo e o

    domnio da tcnica de manufatura

    do papel, os fabricantes quiseram

    identificar seus produtos atravs

    de suas marcas - marcas dgua -

    registradas na prpria folha de pa-

    pel durante seu processo de feitu-

    ra; para tal usavam seus prprios

    nomes, insgnias ou mesmo algum

    desenho especial. A marca dgua

    era produzida par um modelo que

    se queria registrar, feito de arame

    muito fino e preso, malha por

    cima da superfcie do molde. Quan-

    do da formao da folha, o local

    onde ficava o modelo permanecia

    mais delgado, deixando visvel sob

    uma luz a marca desejada.

    Freqentemente, quando uma

    nova era desponta na histria, sur-

    ge ao mesmo tempo um mito, como

    se fosse uma pr-estria do que

    vai acontecer. No sculo XV, Gu-

    temberg, com sua inveno da im-

    prensa, estabeleceu a utilidade e

    a necessidade do papel. Desde en-

    to, os fabricantes passaram a lu-

    tar para equilibrar o ritmo de pro-

    duo e a demanda, resultando

    sempre no confronto de dois pro-

    blemas constantes: o custo da

    mo-de-obra e a escassez da ma-

    tria-prima.

    Diversas inovaes, tanto me-

    cnicas quanto qumicas, trouxe-

    ram sem dvida enormes solues.

    Entretanto, geraram tambm novos

    tipos de problemas. A tecnologia

    incrementou a quantidade, embo-

    ra na maioria das vezes em detri-

  • mento da qualidade.

    No sculo XVII surge a gran-

    de inveno da mquina holande-

    sa, que servia para cortar e mace-

    rar os trapos com um tratamento

    semimecnico. Este procedimento

    na produo aciona a mudana de

    produto pelo processo de encola-

    gem ou impermeabilizao do pa-

    pel, surgindo o breu, em substitui-

    o quele lquido gelatinoso fei-

    to com cartilagem de animais. Si-

    multaneamente adicionado ao

    breu o elemento almen. Aparen-

    temente por trs razes especfi-

    cas, a saber: estabilizar a viscosi-

    dade em vrias propores; inibir

    a formao e crescimento de fun-

    gos e bactrias; dar maior resis-

    tncia ao papel, quanto pene-

    trao de tintas. Desde ento o

    composto almen-resina (breu)

    converteu-se em um dos principais

    materiais utilizados pelos fabrican-

    tes no processo de encolagem, po-

    rm com resultados desastrosos.

    Este composto confere pouca re-

    sistncia e longevidade, como tam-

    bm propicia o surgimento de um

    processo de acidez no papel. Des-

    de a segunda metade do sculo

    XIX a utilizao desse composto

    para encolagem vem reduzindo se-

    veramente o tempo de vida do pa-

    pel.

    Outro fator desastroso foi

    utilizao do cloro como agente

    branqueador, iniciado em 1774,

    que acarretou a desgaste de gran-

    de quantidade de papel, em de-

    corrncia, mais uma vez, de baixa

    resistncia e durabilidade, pois a

    celulose em contato com o cloro

    resulta em oxidao.

    Com a acelerao, do ritmo

    de fabricao do papel, no sculo

    XIX, o abastecimento de trapos tor-

    nou-se inferior demanda exigida

    pela produo.

    A Revoluo Industrial surgiu

    como um marco na mecanizao

    desta manufatura e desencadeou

    a busca por matrias-primas mais

    econmicas para substituir os tra-

    pos de linho e algodo, preocupa-

    o principal dos fabricantes.

    No ano de 1800 surgem os

    primeiros papis confeccionados a

    partir de fibras de celulose de ma-

    deira. Este fato trouxe novo alento

    aos produtores, porm em curto

    prazo descobriu-se que as fibras

    de polpa de madeira so extrema-

    mente curtas e retm grande quan-

    tidade de substncia resinosa (lig-

    nina), difcil de ser eliminada e que,

    com a passar do tempo, torna-se

    um agente agressor, conferindo ao

  • papel caractersticas de acidez e

    um tom amarelado. Este novo ma-

    terial gera, inclusive, riscos de

    transmisso de acidez a outros tan-

    tos que porventura entrem em con-

    tato direto com ele.

    Contudo, o progresso diversi-

    ficou a produo na industria pa-

    peleira e atualmente, enquanto al-

    guns fabricantes dedicam-se pro-

    duo de papis para jornais, re-

    vistas e livros de baixo custo, ou-

    tros tantos adotam os mtodos tra-

    dicionais, produzindo papis de

    alta qualidade, notadamente para

    finalidades artsticas, criando-se

    assim oportunidades de escolha na

    medida em que geram grande vari-

    edade, de papeis com comprova-

    da qualidade e durabilidade.

    Atualmente possvel obter-

    se papis to, bons como os utili-

    zados no passado. Mas, ao mes-

    mo tempo, pode acontecer que um

    cidado ou um artista pouco infor-

    mado utilize papis que duraro es-

    cassamente o mesmo tempo que

    poderia durar um papel de peridi-

    co.

    preciso que hoje direcione-

    mos todas as nossas atenes

    para a melhor forma de se conser-

    var todo o saber que foi produzido

    e registrado pelo homem, sob for-

    ma de manuscritos ou impresso

    em suporte de papel.

    Como foi dito anteriormente,

    este suporte original chamado pa-

    pel pontifica a protagonizao de

    sua prpria histria, como inven-

    o magistral e objeto de incessan-

    tes investigaes. Devemos conser-

    v-lo.

  • A Conservao Princpios

    Conceituais

    Os acervos das bibliotecas so

    basicamente constitudos por ma-

    teriais orgnicos e, como tal, es-

    to sujeitos a um contnuo proces-

    so de deteriorao.

    A conservao, enquanto ma-

    tria interdisciplinar, no pode sim-

    plesmente suspender um proces-

    so de degradao, j instalado.

    Pode, sim, utilizar-se de mtodos

    tcnico-cientficos, numa perspec-

    tiva interdisciplinar, que reduzam

    o ritmo tanto quanto possvel des-

    te processo.

    Sobre todo legado histrico

    que se traduza como bem cultural,

    na medida em que representa ma-

    terial de valor presente e futuro

    para a humanidade, a inexorvel

    possibilidade de degradao atin-

    ge propores de extrema respon-

    sabilidade.

    cientif icamente provado

    que o papel degrada-se rapidamen-

    te se fabricado e, ou acondiciona-

    do sob critrios indevidos. Por mais

    de um sculo tem-se fabricado pa-

    pel destinado impresso de livro

    com alto teor de acidez. Sabemos

    perfeitamente que a acidez uma

    das maiores causas da degradao

    dos papis. Na mesma medida, o

    acondicionamento de obras em

    ambientes quente e mido gera

    efeitos danosos, tais como: rea-

    es que se processam a nvel

    qumico e que geralmente enfra-

    quecem as cadeias moleculares de

    celulose, fragilizando o papel. Esse

    fato concorre para que todos os

    acervos bibliogrficos estabeleam

    controles ambientais prprios den-

    tro de parmetros precisos.

    H um consenso entre os con-

    servadores, no sentido de que tan-

    to a permanncia referente es-

    tabilidade qumica, ao grau de re-

    sistncia de um material deteri-

    orao todo o tempo, mesmo quan-

    do no est em uso quanto du-

    rabilidade referente resistncia

    fsica, ou seja, capacidade de

    resistir ao mecnica (1) sobre

    livros e documentos, esto direta-

    mente relacionados com as condi-

    es ambientais em que esses

    materiais so acondicionados. Es-

    ses dois fatores esto de tal for-

    ma interligados que materiais de

    origem orgnica quando se deteri-

    oram quimicamente perdem tam-

    bm sua resistncia fsica. Em ou-

    tras palavras, h uma estreita re-

    lao entre a longevidade dos su-

    portes da escrita, quer sejam em

  • papel, pergaminho ou outros ma-

    teriais, e as condies climticas

    do ambiente onde se encontram.

    O controle racional e sistemtico

    de condies ambientais no re-

    duz apenas os problemas de de-

    gradao, mas tambm e principal-

    mente evita seu agravamento.

    A poltica moderna de conser-

    vao a longo prazo orienta-se pela

    luta contra as causas de deterio-

    rao, na busca do maior prolon-

    gamento possvel da vida til de

    livros e documentos. Dentro desta

    perspectiva, padres de conduta

    devem ser adotados, tais como:

    Formular um diagnstico do

    estado geral de conservao da

    obra e uma proposta quanto aos

    mtodos e materiais que podero

    ser utilizados durante o tratamen-

    to; (Anexo I).

    Documentar todos os regis-

    tros histricos porventura encontra-

    dos, sem destru-los, falsific-los

    ou remov-los.

    Aplicar um tratamento de

    conservao dentro do limite do ne-

    cessrio e orientar-se pelo absolu-

    to respeito integridade esttica,

    histrica e material de uma obra;

    Adotar a princpio de rever-

    sibilidade, que o leitmotiv atual

    do desenvolvimento e aplicao do

    mtodo de conservao em livros

    e documentos, pois importante

    ter sempre em mente que um pro-

    cedimento tcnico, assim como de-

    terminados materiais, so sempre

    alvo de constantes pesquisas e que

    isto propicia um futuro tcnico-ci-

    entfico mais promissor seguran-

    a de uma obra.

    A filosofia de conservao de

    livros e documentos, que abrange

    o mtodo de conservao compos-

    to pelos tratamentos de fumigao,

    higienizao, reestruturao e acon-

    dicionamento das obras do acervo

    da Biblioteca Nocional, traz em si

    trs conceitos: o tcnico, o materi-

    al e o esttico compatvel com cada

    obra, remetendo-nos assim a uma

    viso holstica do acervo.

    A adoo desta filosofia de

    conservao coloca-nos em um cam-

    po de segurana que devemos com-

    partilhar com os administradores, os

    bibliotecrios e os usurios, visan-

    do um entendimento pleno sobre a

    longevidade dos livros e documen-

    tos enquanto bens culturais.

    Notas:

    (1) Paul N. Banks, Director of Con-

    servation Programs. School of Li-

    brary Services. Columbia Universi-

    ty, USA.

  • 2 2 2 2 2 AREA DE TRABALHO

    Instalaes

    A rea fsica destinada ins-

    talao de um laboratrio para o

    desenvolvimento e a execuo de

    um mtodo tcnico-cientfico de con-

    servao de acervos bibliogrficos

    e documentais, deve comportar di-

    menses suficientes que permitam

    sua subdiviso em reas compat-

    veis e direcionadas aos seguintes

    objetivos:

    Secretaria

    Triagem e diagnstico das obras

    a serem tratadas

    Instalao de cmara de fumiga-

    o

    Desenvolvimento e aplicao de

    tratamento de higienizao

    Desenvolvimento e aplicao de

    tratamento de reestruturao de

    obras

    Desenvolvimento e aplicao de

    tratamento de acondicionamento

    Almoxarifado

    Qualquer rea fsica destinada

    a comportar um laboratrio de con-

    servao de acervos deve apresen-

    tar caractersticas bsicas ao que se

    prope, tais como:

    Instalao de rede eltrica e hi-

    drulica compatveis com os equi-

    pamentos que sero utilizados no

    decorrer dos trabalhos;

    Refrigerao ambiental seguindo

    parmetros predeterminados;

    Iluminao natural e artificial com-

    patveis com as necessidades ine-

    rentes ao que se destina;

    Apresentao dos recursos neces-

    srios contra acidentes e sinis-

    tros.

    Situar-se em reas distantes as

    destinados s atividades de cozi-

    nha, lanches, etc.

    Em todo acervo documental no

    qual se deseje a aplicao de um

    mtodo de conservao necess-

    rio primeiro um levantamento de seu

    estado geral de conservao, para-

    lelo execuo de um tratamento

    de fumigao, pois o ataque de fun-

    gos, insetos e as condies ambi-

    entais so os problemas mais gene-

  • ralizados e urgentes nas bibliotecas

    e arquivos.

    Deve-se estabelecer um fluxo

    de trabalho a partir do registro de

    todo material e ser tratado em fichas

    de controle, para posterior encami-

    nhamento cmara de fumigao.

    Ao voltar, o material deve ser sub-

    metido a tratamento de higienizao

    compatvel com cada caso e ento

    processado um diagnstico com vis-

    tas a posterior aplicao dos trata-

    mentos que compem a mtodo de

    conservao, Desta maneira ser

    possvel dimensionar os problemas,

    planejar as etapas seguintes e pro-

    por medidas preventivas para o fu-

    turo.

    Equipamentos

    Aspirador de p semi-industrial

    Balana de preciso

    Barrilete de PVC para gua (reser-

    vatrio)

    Batedeira tipo domstico

    Cmara de fumigao

    Carrinho para transporte de obras

    Cubas de PVC

    Deionizador

    Estante de ao

    Filtro para gua

    Liquidificador (eliminar o fio das

    lminas com lima ou lixo)

    Luminria de mesa com duas lm-

    padas fluorescentes e brao arti-

    culvel

    Mesa de luz ou negatoscpio

    Mapoteca de ao

    Mesa de suco para partculas

    slidas

    Placas de vidro (Cristal FLOAD

    5mm de espessura)

    Prensa de coluna

    Prensa de mesa

    Secadora de papeis (originalmen-

    te utilizado para gravura e seri-

    grafia)

    Termoigrmetro

    Termoigrgrafo

    Tesouro

    Vaporizador dgua mecnico e

    manual

    Instrumentos

    Agulhas de costura - nmeros 1 e

    20

    Cabo de bisturi de ao inox n 5

    com lminas descartveis nme-

    ros 10 e 23

    Chanfradeira

    Compasso

    Dobradeira de osso (curva e reta)

    Escova juba (de mesa)

    Esptula trmica

    Esptula multiuso

  • Esquadro de plstico com escala

    Faca Olfa estreita e larga com jogo

    de lminas

    Furador de livros (Sovela)

    Guarda-p e avental

    Lupa

    Mscara para vapores orgnicos

    e gazes cidos

    Mscara respiradora para partcu-

    las txicas n 8720

    Martelo corneta (cabo longo)

    culos protetores

    Pedra de afiar (carborundum n.01)

    Pesos redondos de vidro e outros

    Pina de ao inox com ponta cur-

    va

    Pina de ao inox com ponta reta

    Pincl: 145 n 2; 816 n. 8, 10,

    12; 834 n. 8 e 12.

    Ralador de ao inox (tipo domsti-

    co)

    Rgua de ao - com 0,30m, 0,60m

    e 1 m.

    Rgua de acrlico com 0,30m e

    0,50M

    Rolo de borracha com cabo

    Tesoura profissional

  • Materiais

    Algodo hidrfilo

    lcool 96

    Acetato de etila PA

    Aquarela em tubos

    Borracha plstica

    Cadaro de algodo cr (1,5cm a

    2cm de largura)

    Cabeceados de cores diversas

    Voile

    Cera de abelha

    Cola metilcelulose

    Cola PVA

    Cola dextrosan

    Carbonato de clcio

    Entretela sem goma

    Formoldedo

    Flanela

    Filmoplast P

    Filmoplast P 90

    Hexano

    Hidrxido de clcio

    Lpis aquarela

    Lanolina anidra

    Luvas mocambo - cano longo e

    curto

    Lysoform

    Lixa de ferro nmeros 80 e 120

    Morim de algodo brancos sem

    goma

    leo de cedro

    Panos

    Varetas de madeira

    Sabo neutro n 7

    Talco inodoro,

    Tela

    Tela de nylon monyl

    Vulcapel

    Wei TO Spray nmeros 10, 11 e

    12

    Papelo Couro: 30 e 120 quilos

    Couros

    Papis

    Kraft: g, M2 60 e 100.

    Mata-borro: g, m 250.

    Papel Berilo Creme F 66cm x 180

    cm 180 g, m

    Ingres fabriano branco e bege

    Japons de diversos gramaturas

    Papel Printmax 75 e 240 g, m.

    Papel neutro de baixa gramatura

    Papel fantasia - cores diversas

    Papel verg - cores diversos

    Whitestar 120 g, m.

  • Caractersticas Construtivas

    do Papel *

    O papel uma pasta de cons-

    tituio complexa, produzida a par-

    tir de beneficiamento de matrias

    fibrosas oriundos, via de regra, de

    vegetais superiores.

    Fontes de Matria Fibrosa

    Dentre os vegetais usados na

    fabricao do papel citam-se como

    exemplos:

    Eucalipto e carvalho fibras cur-

    tas

    Pinheiro e araucria fibras

    longas(conferas)

    Algodo e linho -fibras muito lon-

    gas

    Vale notar que as propriedades

    do papel esto relacionadas com o

    tipo e o comprimento das fibras.

    Constituintes do Papel

    Celulose

    A celulose o principal com-

    3 3 3 3 3 AGENTES DE DETERIORAO

    ponente de matria fibrosa que cons-

    titui a estrutura do papel. um pol-

    mero linear base de glicose. A ce-

    lulose sintetizada pelos vegetais

    atravs do processo de fotossnte-

    se -reao qumica entre dixido de

    carbono e gua na presena de clo-

    rofila e luz. A celulose insolvel

    em gua, porm apresenta grande

    afinidade com ela. Essa caracters-

    tica responsvel pelos movimen-

    tos de contrao e alongamento do

    papel devido s variaes de umi-

    dade relativa no ambiente que cir-

    cunda o acervo documental. Alm

    da afinidade com a gua, a celulo-

    se se caracteriza por apresentar

    uma grande reatividade qumica,

    cujas conseqncias se refletem nas

    propriedades qumicas e fsicas do

    papel.

    Hemiceluloses

    As hemiceluloses tambm so

    polmeros de glicose, porm diferem

    da celulose por constiturem-se de

    cadeias de molculas curtas e rami-

  • ficadas. Devido s suas caracters-

    ticas, as hemiceluloses so respon-

    sveis por diversas propriedades de

    pastas celulsicas, sendo por isso

    exploradas na fabricao de diferen-

    tes tipos de papis.

    Lignina

    A lignina um polmero natu-

    ral, amorfo e de composio qumi-

    ca complexa, que confere solidez s

    fibras de celulose. Embora abundan-

    te nos vegetais, a lignina no a

    mesma para todos. A lignina, devi-

    do sua reatividade qumica, pode

    tornar-se fortemente colorida, o que

    explica o progressivo amarelecimen-

    to dos papis.

    Aditivos: cargas e agentes de

    colagem

    Os aditivos so materiais que

    se juntam em pequenas quantida-

    des para conferir determinadas ca-

    ractersticas dos papis. Dentre os

    aditivos incluem-se as cargas - des-

    tinadas a dar opacidade, lisura e

    printabilidade aos papis - e agen-

    tes de colagem - que atuam como

    aglomerantes de fibras celulsicas.

    Como exemplos de cargas citam-

    se o caulim e o carbonato de clcio.

    Por outro lado, os agentes de cola-

    gem podem ser de natureza cida -

    base de resinas derivadas do breu -,

    e de natureza alcalina - base de

    substncias reativas com a celulose

    na presena de carbonato de clcio.

    Corantes e pigmentos

    Nesse grupo esto as substn-

    cias destinadas ao acabamento cro-

    mtico de papis, de acordo com

    suas finalidades de utilizao, ou

    seja, o mercado consumidor.

    Outros materiais

    Nesse contexto incluem-se di-

    versos materiais responsveis pelas

    propriedades fsicas e qumicas dos

    papis. Dentre esses citam-se ami-

    dos, retentores de carga, antiespu-

    mantes, bactericidas, fungicidas,

    etc.

    Agentes Externos e Ambientais *

    O papel, como qualquer outro

    suporte de escrita e impresso,

    vulnervel a diversos processos de

    deteriorao. Esses processos po-

    dem ser devidos prpria fabricao

    do papel, tanto como ao meio ambi-

    ente circundante do acervo documen-

    tal.

    Neste segmento sero apresen-

    tados os principais agentes de dete-

    riorao de acervos documentais.

    Umidade e temperatura

    A umidade e a temperatura

    so fatores climticos que contribu-

  • em significativamente para a deteri-

    orao de material bibliogrfico. A

    umidade representa o vapor dgua

    contido na atmosfera circunvizinha

    ao acervo bibliogrfico e resultan-

    te da combinao de fenmenos de

    evaporao e condensao da gua.

    Esses fenmenos esto diretamen-

    te relacionados com as variaes de

    temperatura ambiental.

    As fontes de umidade so in-

    meras, citando-se como exemplos s

    chuvas, lagos, rios, limpezas aquo-

    sas, infiltraes por janelas, pare-

    des e tetos defeituosos e, finalizan-

    do, a transpirao do corpo huma-

    no.

    A medio da umidade ambi-

    ental feita atravs do uso de hi-

    grmetros, higrgrafos, psicrmetros

    e tiras de papis especiais. A medi-

    o da temperatura realizada atra-

    vs de termmetros.

    Termoigrmetros e termoigr-

    grafos so aparelhos que medem

    simultaneamente a temperatura e a

    umidade.

    As variaes de umidade e tem-

    peratura submetem os suportes gr-

    ficos da documentao a movimen-

    tos de estiramento e de contrao

    de acordo com o maior ou menor

    nvel desses parmetros, respectiva-

    mente. Alm disso, esses fatores

    climticos so responsveis pelo

    desenvolvimento de microorganis-

    mos e insetos, inclusive, por vezes

    roedores.

    Em razo desses perigos para

    os acervos documentais, recomen-

    da-se que os mesmos sejam guar-

    dados em locais onde umidade e

    temperatura sejam controladas. Os

    valores aceitos como convenientes

    conservao de acervos bibliogr-

    ficos so cinqenta por cento e ses-

    senta por cento de umidade relativa

    e 20 a 22 C de temperatura.

  • O controle da umidade nos lo-

    cais de guarda de acervos feito

    atravs de aparelhagens de desu-

    midificao do ar, em situao de

    ambientes midos e de umidifica-

    o, em situao de ambientes se-

    cos. Em ambientes pequenos, por

    exemplo, arcazes, mapotecas, etc.,

    mais conveniente utilizar slica-gel.

    A temperatura pode ser controlada

    a partir do uso de sistemas de con-

    dicionamento de ar. Por outro lado,

    a ventilao natural ou forada pode

    ser um recurso para o controle si-

    multneo da umidade e da tempe-

    ratura.

    Insetos, fungos e roedores

    Dentre os agentes de degrada-

    o de acervos documentais, os

    agentes biolgicos, notadamente

    insetos, fungos e roedores, consti-

    tuem certamente ameaas srias

    devido aos danos que podem, ge-

    rar, por vezes irreparveis. Em razo

    disso, vigilncia e controle de proli-

    ferao devem constituir um cuida-

    do permanente dentro da poltica de

    preservao de acervos.

    Embora a variedade desses

    agentes biolgicos seja extensa,

    observa-se, contudo que o nmero

    de tipos que afetam potencialmen-

    te os acervos documentais no

    muito grande. Esse fato est asso-

    ciado, muito possivelmente, natu-

    reza qumica dos materiais que cons-

    tituem os documentos. Via de regra,

    as regies tropicais e subtropicais

    so as que melhor favorecem a pro-

    liferao desses temveis inimigos

    dos acervos documentais.

    A introduo dos agentes bio-

    lgicos se d, quase sempre, devi-

    do inobservncia de cuidados com

    os acervos. Uma vez instalados, se

    as condies forem adequadas, a

    proliferao desses organismos ocor-

    re de modo bastante rpido. Os

    mtodos de controle de proliferao

    desses organismos envolvem fre-

    qentemente o emprego de produ-

    tos qumicos. Embora exista uma

    expressiva variedade de biocidas,

    suas aplicaes em acervos docu-

    mentais restringem o nmero de

    opes consideradas convenientes,

    devido aos riscos de danos inte-

    gridade das obras e sade dos

    funcionrios e usurios dos acervos.

    Insetos

    Os danos que os insetos cau-

    sam aos acervos so bastante co-

    nhecidos. Nem todos os insetos que

    habitam os acervos documentais

    deterioram a estrutura das obras

    porque seus metabolismos no de-

  • pendem da celulose, principal com-

    ponente dos papis. Dentre as vri-

    as ordens de insetos potencialmen-

    te inconvenientes aos acervos do-

    cumentais, podem ser citados como

    exemplos o dos tisanuros represen-

    tado pela famlia das traas (peixe

    de prata); ortpteros - representado

    pela famlia dos besouros - e isp-

    teros representado pela famlia dos

    cupins.

    Fungos

    Os fungos, s vezes chamados

    de mofos ou bolores, atacam

    todos os tipos de acervos indepen-

    dentemente dos seus materiais

    constitutivos. Os danos que causam

    vo desde uma simples colorao

    at a deteriorao da estrutura das

    obras. Os fungos so vegetais des-

    clorofilados, portanto, incapazes de

    realizar fotossntese. Desse modo,

    necessitam instalar-se sobre mat-

    rias que lhe possibilitem obter os

    nutrientes numa forma pr-elabora-

    da, isto , de fcil assimilao.

    A disseminao dos fungos se

    d atravs dos esporos, que so

    carregados por meio de diversos ve-

    culos como, por exemplo, correntes

    areas, gotas dgua, insetos, ves-

    turio, etc. O desenvolvimento dos

    fungos afetado por diversos fato-

    res, dos quais destacam-se a luz,

    pH, natureza do material constituti-

    vo dos documentos e a presena de

    outros microorganismos.

    Roedores

    A periculosidade dos roedores

    bastante significativa. Alm da

    ao sobre o material documental,

    os roedores podem atacar o revesti-

    mento isolante dos condutores el-

    tricos, favorecendo a instalao de

    sinistros. A admisso de roedores

    nos acervos se d devido presen-

    a de resduos de alimentos, hbito

    que deve ser desencorajado junto

    aos funcionrios e usurios dos acer-

    vos.

    As alternativas para controle de

    proliferao de agentes biolgicos

    em acervos documentais sero apre-

    sentadas mais adiante.

    Poluio Ambiental

    A atmosfera pode ser conside-

    rada um grande recipiente onde per-

    manentemente, so lanados sli-

    dos, lquidos e gazes capazes de

    comprometer a integridade dos acer-

    vos documentais.

    Dentre os poluentes mais

    agressivos s obras, destacam-se a

    poeira e os gazes cidos devido

    queima de combustveis. A deposi-

  • o contnua da poeira sobre os

    documentos prejudica a esttica das

    peas, favorece o desenvolvimento

    de microorganismos e pode acele-

    rar a deteriorao do material docu-

    mental devido aos cidos contidos.

    Por outro lado, os gazes cidos agri-

    dem mais rapidamente a estrutura

    qumica dos materiais constitutivos

    das peas do acervo. A velocidade

    de degradao por poluentes atmos-

    fricos funo do percentual de

    umidade relativa no acervo e circun-

    vizinhanas.

    Como medidas de proteo

    ao de poluentes atmosfricos ci-

    tam-se os sistemas de ventilao

    artificial como acoplamento de fil-

    tros especiais destinados reten-

    o dos componentes nocivos ao

    material documental.

    Iluminao

    A luz, natural ou artificial, um

    tipo de radiao eletromagntica

    capaz de fragilizar os materiais cons-

    titutivos dos documentos, induzindo

    um processo de envelhecimento ace-

    lerado. Alm da radiao visvel, o

    ultravioleta e o infravermelho so

    dois outros tipos de radiao eletro-

    magntica nocivos conservao de

    acervos documentais, Particularmen-

    te aqueles constitudos de papel. As

    radiaes so classificadas de acor-

    do com seus comprimentos de onda.

    Desse modo, a radiao ultraviole-

    ta situa-se entre 200 e 400 nan-

    metros, a radiao visvel entre 400

    e 700 nonmetros e a radiao in-

    fravermelha acima de 700 nanme-

    tros. Embora as trs radiaes men-

    cionadas sejam potencialmente

    agressivas documentao grfica,

    os mecanismos de fotodegradao

    so diferentes, devido s diferenas

    de energias envolvidas, associadas

    aos cumprimentos de onda.

    A deteriorao fotoqumica de-

    pende de diversos fatores como, por

    exemplo, faixa de comprimento de

    ondas, intensidade de radiao, tem-

    po de exposio e natureza qumica

    do material documental (papel, per-

    gaminho, couro, etc.).

    Dentre as fontes promotoras

    de danos fotoqumicos esto a luz

    solar e as lmpadas eltricas. O

    sol o manancial luminoso mais

    perfeito que se conhece e a sua

    luz dita contnua porque emi-

    te radiaes em todo espectro ele-

    tromagntico. As lmpadas artifi-

    ciais, por outro lado, so disposi-

    tivos artificiais que tentam repro-

    duzir a luz natural. O espectro des-

    sas lmpadas dito desconti-

    nuo, cuja faixa de comprimento

  • de onda predominantemente das

    caractersticas construtivas das lm-

    padas.

    O controle das radiaes ele-

    tromagnticas em acervos docu-

    mentais feito atravs de cortinas,

    persianas, brisesoleil, filtros espe-

    ciais para absoro do ultravioleta,

    filmes refletores de calor, etc. im-

    portante assinalar que, at o mo-

    mento, no foi descoberto nenhum

    tipo de lmpada ideal, ou seja, ca-

    paz de iluminar sem danificar o

    material documental. Em razo dis-

    so, as medidas de proteo contra

    a deteriorao fotoqumica devem

    ser frutos de estudos amadurecidos

    e conduzidos por profissionais no

    assunto.

    Controle de Agentes Biblifagos*

    A defesa do patrimnio docu-

    mental da Biblioteca Nacional con-

    tra os diferentes agentes biblifagos

    constitui-se numa diretriz importan-

    te da instituio. Essa diretriz decor-

    re da localizao da Biblioteca Na-

    cional, no Rio de Janeiro, regio tro-

    pical, que por si s estimula a proli-

    ferao de diferentes espcies de

    pragas de acervos bibliogrficos.

    Nesse contexto, a discusso estar

    restrita a insetos e roedores.

    Controle de insetos

    A preocupao com o controle

    de proliferao de insetos em esca-

    la macro teve seu incio no final da

    dcada de 1940, quando foi levado

    a efeito o projeto de instalao de

    quatro cmaras destinados a fumi-

    gao do acervo da Biblioteca Naci-

    onal. Essas cmaras destinadas fo-

    ram construdas em alvenaria com

    as dimenses de 1,1 5m x 1,1 4m x

    1,1 6m, e esto localizadas nos pri-

    meiro e quarto pavimentos das se-

    es de Obras Gerais e de Peridi-

    cos, respectivamente, duas cmaras

    em cada seo.

    Por ocasio da instalao das

    cmaras, o fumigante adotado era

    uma mistura de sulfeto e tetraclore-

    to de carbono. Posteriormente as

    cmaras foram temporariamente

    desativadas, por motivo no regis-

    trado. Durante esse perodo, o tra-

    tamento preventivo ao aparecimen-

    to de organismos biblifagos foi re-

    alizado na forma de ps inseticidas.

    Mais tarde, na dcada de 1980,

    houve uma reformulao de meto-

    dologia de desinfestao. Nessa

    ocasio foi estudada a proposta de

    aquisio de uma cmara de fumi-

    gao que utilizaria uma mistura de

    xido de etileno, gs freon como bi-

    ocida. A despeito das vantagens da

  • cmara, a compra foi temporaria-

    mente suspensa.

    Mais recentemente, em 1985,

    foi implementado a reativao das

    quatro cmaras de fumigao. Den-

    tre as modificaes introduzidas, ci-

    tam-se um sistema de exausto e a

    utilizao de inseticidas de uso do-

    missitrio autorizado pelo ministrio

    da sade. No momento, o produto

    utilizado o DDPV diludo em eta-

    nol comercial, a 2%.

    No que concerne aos insetos

    ditos domsticos, isto , moscas,

    baratas, etc., adotado o tratamento

    de desinfestao preventivo a partir

    da aplicao de inseticidas nas re-

    as de circulao. Esse tipo de servi-

    o prestado por empresas priva-

    das, registradas na Fundao Esta-

    dual de Estudo do Meio Ambiente -

    FEEMA - e contratados atravs de

    processo de licitao pblica. Por

    ocasio dos trabalhos de desinfes-

    tao, a Biblioteca Nacional fecha-

    da ao pblico num perodo nunca

    inferior a 72 horas,

    Controle de roedores

    O controle de proliferao de

    roedores tem sido feito na Bibliote-

    ca Nacional o partir de iscas ratici-

    das base de produtos cumarni-

    cos. Via de regra, esse servio fei-

    to por firmas especializadas.

    Mutires de higienizao

    Como medida complementar

    ao controle de proliferao de agres-

    sores do acervo, a Biblioteca Nacio-

    nal tem lanado mo dos mutires

    de higienizao, composto por gru-

    pos de pessoas que realizam a higi-

    enizao em grande escala, suben-

    tendendo-se a limpeza das partes

    externos no material bibliogrfico e

    no mobilirio (estanteria, mopotecas,

    arcazes, etc.). A Biblioteca Nacional

    tambm dispe de um servio de

    higienizao mais acurado, onde

    cada volume higienizado pgina a

    pgina sobre mesas de suco aco-

    pladas a coletores de poeira.

    A Ao do Homem

    Os critrios para se manusear

    um documento (livro, gravura, mapa,

    etc.) so determinantes de sua vida

    til e de sua permanncia. Recomen-

    da-se, portanto, a adoo de nor-

    mas e procedimentos bsicos que

    contribuiro consideravelmente para

    melhor conservao do acervo.

    Manter sempre as mos limpas.

    Usar ambas as mos ao manuse-

    ar gravuras, impressos, mapas,

    etc. sobre superfcie plana.

  • Documentos, gravuras, etc. nun-

    ca devem ser colocados direta-

    mente uns sobre os outros sem

    uma proteo. Recomenda-se o

    uso de algum papel neutro de

    baixa gramatura para separa-las,

    pois os aditivos qumicos de um

    podero atingir o outro pelo efei-

    to de migrao.

    Nunca usar fitas adesivas em virtu-

    de de composio qumica da cola.

    Com o tempo, a cola que penetra

    nas fibras de papel desencadeia

    uma ao cida irreversvel. A fita

    perde seu poder de adeso e o

    papel fica manchado. As colas re-

    versveis e neutras, como a metil-

    celulose, so as ideais.

    Ter controle quanto ao uso de co-

    las plsticas (PVA), devido ao seu

    teor de acidez, que por vezes ge-

    ram manchas comprometedoras.

    Optar sempre que possvel pelo

    uso da cola metilcelulose.

    Evitar enrolar documentos, gravu-

    ras, etc. O ideal confeccionar

    embalagens - pastas ou port-folio

    nas medidas necessrias com

    material neutro. No caso de se

    acondicionar mais de um docu-

    mento na mesma embalagem.

    Jamais dobrar o papel, pois esta

    ao acarreta no rompimento das

    fibras.

    Nunca retirar um livro da estante

    puxando-o pela borda superior da

    lombada. Este procedimento acar-

    reta o enfraquecimento da mes-

    ma e o conseqente rompimen-

    to, comprometendo a sua integri-

    dade. O ideal manter os volu-

    mes nas estantes observando-se

    uma folga entre eles. Isto possi-

    bilita sua retirada segurando-os

    com firmeza pela parte mediana

    da encadernao, evitando con-

    seqentemente o atrito entre as

    capas, o que pode causar abra-

    so.

    Nunca umedecer os dedos com

    saliva ou qualquer outro tipo de

    lquido para virar as pginas de

    um livro, pois, esta ao pode de-

  • sencadear reaes cidas (man-

    chas) comprometedoras. O ideal

    virar a pgina pelo parte superi-

    or da folha.

    Nunca efetuar marcas nos livros,

    seja com grafites, tintas ou do-

    bras nas partes superiores ou in-

    feriores das folhas. Existem mar-

    cadores de pginas especialmen-

    te criados para este fim.

    Nunca apoiar os cotovelos sobre

    os volumes de mdio e grande

    porte durante as leituras ou pes-

    quisas. Este procedimento acar-

    reta uma presso nas costuras

    dos cadernos e nas lombadas que

    pode provocar o rompimento e o

    desmembramento dos cadernos

    do volume. Nos livros colados

    (sem costura) o risco maior.

    Recomenda-se o uso de porta-b-

    blias, quando o volume a ser con-

    sultado for de mdio e grande

    porte.

    Nunca fazer anotaes particula-

    res em papis avulsos colocados

    sobre as pginas de um livro, pois

    a fora exercida durante o ato de

    escrever, seja a lpis ou caneta,

    deixar marcas nos pginas do

    mesmo.

    Quanto colocao de carimbos

    de propriedade da instituio,

    seo, etc., em obras de seu

    acervo, observar as seguintes nor-

    mas:

    Aplicar o carimbo no verso da fo-

    lha de rosto dos volumes;

    Dentro do volume o local de ca-

    rimbagem deve ser o espao da

    margem da pgina fora do texto;

    Utilizar carimbos em tamanhos e

    formas padronizadas pela institui-

    o;

    Certificar-se da qualidade qumi-

    ca da tinta e precaver-se com a

    quantidade excessiva ao uso nes-

    tas tarefas;

    Em gravuras, impressos, manus-

    critos, etc. utilizar o verso na par-

    te inferior esquerda dos mesmos.

    Jamais carimbar sobre ilustraes

    e, ou textos;

    Caso a frente e o verso do docu-

    mento contenham texto, aplicar

    o carimbo de forma a atingir o

    mnimo possvel do mesmo;

    Certificar-se da posio correta do

    carimbo na hora do uso para no

    incorrer em aes inversas (carim-

    bo de cabea para baixo);

    Utilizar lpis de grafite macio para

    as inscries que acompanharem

    o processo de carimbagem. Ja-

    mais utilizar caneta-tinteiro ou

    esferogrfica.

    Evitar o uso de grampos e clipes

    metlicos nos documentos, pois

  • sob o ponto de vista da conser-

    vao, so considerados inade-

    quados. Primeiro, por oxidarem

    com o passar do tempo, transfe-

    rindo para o documento as rea-

    es desta oxidao sob a forma

    de manchas amarronzadas; se-

    gundo, por causarem tenciona-

    mento nas fibras do papel nos

    locais onde so colocados, geran-

    do marcas nos documentos.

    Utilizar bibliocantos nas estantes

    quando for necessrio para evi-

    tar o tombamento dos livros. Nun-

    ca manter as estantes compacta-

    das.

    Os livros devem ser acondiciona-

    dos nos estantes em posio ver-

    tical; quando no for possvel, por

    possurem grande formato, colo-

    c-los na posio horizontal. Nun-

    ca acondicionar os livros com a

    lombada voltada para cima e o

    corte lateral voltado para baixo,

    pois esta posio acarreta o en-

    fraquecimento das costuras. O

    ideal mant-los sobrepostos

    horizontalmente (no mximo trs

    volumes), quando suas dimen-

    ses superarem o espao a eles

    reservados no estante.

    No utilizar para transporte de vo-

    lumes carrinhos inadequados,

    pois podem causar acidentes. O

    ideal fazer uso de carrinhos es-

    pecialmente construdos para

    esse fim, sem, no entanto super-

    lot-los no ato do transporte.

    Evitar trazer qualquer tipo de ali-

    mento e realizar refeies dentro

    das bibliotecas e arquivos ou em

    reas destinadas ao trabalho e

    manuseio de obras. Qualquer frag-

    mento de alimento, por menor que

    seja, pode atrair insetos nocivos

    aos livros.

    Pela mesma razo do item anteri-

    or, evitar guardar qualquer tipo de

    guloseimas dentro de gavetas e

    armrios em reas destinadas ao

    acondicionamento e consulta de

    obras.

    * Por Antonio Carlos Nunes Baptis-

    ta Qumico, Tcnico em Conserva-

    o e Restaurao.

  • 4 4 4 4 4 DESASTRE EM BIBLIOTECAS

    Medidas de preveno de incn-

    dios e inundaes

    H muito tempo, desde os pri-

    mrdios da formao das bibliote-

    cas, que a destruio de documen-

    tos raros ou valiosos por causa de

    catstrofes um assunto da mais

    alta seriedade.

    Os incndios e as inundaes

    esto entre as mais dramticas des-

    sas causas e os danos que produ-

    zem na maioria das vezes so acen-

    tuados pela utilizao de procedi-

    mentos e a aplicao de mtodos

    esprios ao seu controle. Por isso,

    vrios pases vm desenvolvendo,

    adotando e disseminando procedi-

    mentos tcnicos cientficos que ob-

    jetivam o estabelecimento de crit-

    rios de preveno e tcnicas de sal-

    vamentos adequados.

    De forma geral as causas de

    incndio, quando no so atos de

    vandalismo, ocorrem em decorrn-

    cia de curtos-circuitos nos sistemas

    de eletricidade causados algumas

    vezes por ataques de roedores, de

    pontos de cigarro deixados acesas

    indevidamente, etc,

    Estas aes devem ser minimi-

    zadas com planejamentos seguros

    de programas de proteo contra

    incndios. A instalao de equipa-

    mentos modernos de deteco de

    fumaa e controle do fogo deve ter

    prioridade nos prdios antigos e

    modernos que abrigam acervos,

    como tambm a execuo constan-

    te de sua manuteno e um exerc-

    cio pleno de monitoramento do pr-

    dio com o auxlio de brigadas antiin-

    cndios, geralmente equipes forma-

    das por funcionrios e treinados pelo

    Corpo de Bombeiros.

    de grande importncia todos

    terem mo o nmero telefnico do

    Corpo de Bombeiros local.

    As inundaes ocorridas em

    qualquer intensidade sempre provo-

    cam, com freqncia, grandes da-

    nos aos livros e documentos.

    Uma das conseqncias ime-

  • diatas da ao da gua sobre os li-

    vros e os documentos, associada

    por vezes ausncia de climatiza-

    o adequada nos locais de guar-

    da, o surgimento e a proliferao

    de fungos.

    Dependendo dos tipos de su-

    portes originais que predominem na

    formao de um acervo (papel arte-

    sanal, papel madeira, papel couch,

    etc.), uma ao de salvamento po-

    der ser total ou parcial.

    Indicamos algumas regras b-

    sicas de procedimentos para estas

    ocasies:

    Manter os volumes fechados at

    a completa retirada de todas s

    sujidades que venham a atingi-

    los;

    Executar um tipo de secagem atra-

    vs da circulao constante do ar;

    No expor os livros ao sol;

    Envolver os volumes e documen-

    tos mais encharcados com papis

    mata borro;

    No tentar abrir os volumes en-

    quanto estiverem molhados;

    Providenciar imediatamente um

    tratamento de fumigao com pro-

    duto qumico especfico para o

    material;

    Ser paciente e no tentar fazer as

    coisas com pressa.

  • 5 5 5 5 5 MTODO DE CONSERVAO

    Quando um livro ou qualquer

    outro tipo de obra de um acervo bi-

    bliogrfico ou documental no se

    encontra em um bom estado de con-

    servao, temos um problema que

    consiste em determinar o tipo e o

    grau de atuao do tratamento es-

    pecfico ao qual ser submetido.

    Atravs dos conhecimentos obtidos

    sobre todas as caractersticas e cir-

    cunstncias que ocorrem para a de-

    teriorao, iniciamos a elaborao

    de um diagnstico sobre o estado

    geral de conservao. Este conheci-

    mento que determinar a escolha

    do mtodo a ser utilizado.

    Um mtodo de conservao se

    constitui do reconhecimento e exe-

    cuo de tratamento em uma obra,

    considerando-se sua estrutura, com-

    posio fsica e seus aspectos es-

    tticos e histricos, visando o pro-

    longamento de sua vida til o mxi-

    mo possvel.

    No campo de ao interdisci-

    plinar do matria Conservao de

    Acervos Bibliogrficos e Documen-

    tais, apresentamos um mtodo de

    conservao que se compe de qua-

    tro tratamentos especficos, a saber:

    Fumigao

    A aplicao deste tratamento

    muitas vezes imprescindvel para

    a salvaguarda de acervos bibliogr-

    ficos e documentais. A Biblioteca

    Nacional conta com quatro cmaras

    hermticas de alvenaria, localizadas

    nos armazns de livros das divises

    de Peridicos e Obras Gerais. Cons-

    trudas no final da dcada de 1940,

    foram recentemente recuperadas. O

    processo simples: os livros devem

    ser colocados nos prateleiras que

    formam a estrutura interna da c-

    mara, com as lombadas voltadas

    para cima e os cortes laterais volta-

    dos para baixo, semi-abertos. O pro-

    duto utilizado para este tratamento,

    como j foi anteriormente citado,

    um inseticida de uso domissitrio

    autorizado pelo Ministrio da Sa-

    de. Trata-se do DDPV em soluo

    etanlica a 2%. Este produto in-

    troduzido numa bandeja de PVC que

    h na base do cmara. A cmara

    deve permanecer fechada por 72

  • horas, tempo mnimo para que o pro-

    duto atue a contento. Aps este pe-

    rodo e antes da abertura da cma-

    ra, liga-se o exaustor para retirar o

    excesso do produto.

    Em situaes de emergn-

    cia, ou da no obteno de c-

    maras hermticas, pode-se efe-

    tuar este tratamento introduzin-

    do-se o material atacado por mi-

    c roorgan ismos dent ro de um

    saco plstico grande, resisten-

    te e hermtico, observando-se a

    posio dos l ivros j descrita

    para a cmara, sobre uma su-

    perfcie plana. Coloca-se prxi-

    mo boca do saco uma tira de

    mata-borro dobrada em forma

    de sanfona, embebida no produ-

    to j p reparado. Em segu ida

    amarra-se a boca do saco com

    um barbante. Deixa-se por 72

    horas e aps este perodo pro-

    cede-se abertura do saco, dei-

    xando o material em lugar venti-

    lado por algum tempo, subme-

    tendo, em seguida, ao tratamen-

    to de higienizao. Durante todo

    o desenrolar do tratamento, o

    funcionr io encarregado deve

    usar guarda-p ou avental, luvas

    de borracha de cano longo, cu-

    los protetores e mscara contra

    gazes.

    Higienizao

    Este tratamento de funda-

    mental importncia para um acervo

    bibliogrfico e documental. Dentre

    todas as vantagens que apresenta,

    h uma, ou seja, a eliminao do

    mximo possvel de todas os sujida-

    des extrnsecas s obras, que ine-

    rente ao seu prprio desenvolvimen-

    to e tem um carter de destaque,

    na medida em que compe uma sis-

    temtica de limpeza de volumes e

    estanterias. Alm disso, estabelece

    uma freqncia na identificao de

    qualquer tipo de ataque de microor-

    ganismos ao acervo, atravs de uma

  • simples ao que podemos chamar

    de monitoramento.

    O termo higienizao, incorpo-

    rado ao jargo tcnico da matria

    Conservao de Acervos Bibliogrfi-

    cos e Documentais, tem dois senti-

    dos. O primeiro mdico: parte da

    medicina que propaga os meios para

    conservar a sade e prevenir enfer-

    midades, indicando ao homem quais

    so suas necessidades orgnicas e

    de que maneira deve satisfaz-las

    para conservar-se saudvel. O outro

    pedaggico: numa dupla perspec-

    tiva, a que ensina a higiene corpo-

    ral de uma pessoa e a que se refere

    higiene escolar propriamente dita.

    Em conservao empregamos

    este termo para descrever a ao

    de eliminao de sujidades genera-

    lizadas sobre as obras, como poei-

    ra, partculas slidas e elementos

    esprios estrutura fsica do papel,

    objetivando, entre outros fatores, a

    permanncia esttica e estrutural do

    mesmo.

    Falemos agora dos objetivos a

    serem atingidos com este tratamen-

    to e as especficas formas de apli-

    cao.

    Quanto ao aspecto esttico,

    uma obra pode, com o passar do

    tempo e as condies de acondicio-

    namento a que esteja submetida,

    apresentar-se escurecida em sua

    tonalidade, em decorrncia do ac-

    mulo de sujidades sobre elas, sem

    com isto perder sua integridade.

    Quando um acervo no se en-

    contra em ambiente climatizado, tor-

    na-se vulnervel entrada, atravs

    das janelas abertas, de tnues par-

    tculas de terra seca ou quaisquer

    outras substncias que se elevam

    na atmosfera e depositam-se sobre

    as outras. O manuseio de obras pla-

    nas como gravuras, partituras, ma-

    pas, etc atingidas por camadas de

    poeira, acarreta o efeito da abraso

    ou seja, um dano causado pela fric-

    o entre os prprios documentos

    atingidos pela poeira.

    O surgimento de manchas d-

    se quando um acervo se encontra

    em ambiente com alto teor de umi-

    dade relativa e a poeira, sobre os

    documentos, umedece e penetra

    entre as fibras do papel. Caso haja

    reas de concentrao de poeira,

    essas podero se transformar em

    manchas sobre os documentos.

    Em qualquer ambiente, os es-

    poros de fungos no ar depositam-se

    sobre a superfcie de documentos

    expostos, como conseqncia natu-

    ral da movimentao de ar. Quando

    o ambiente de um acervo sofre acen-

    tuadas alternncias de umidade re-

    lativa, pode atingir um grau tal que

    propicie o crescimento e o desen-

  • volvimento de fungos, a princpio

    atingindo a encolagem do papel e,

    alguns casos, penetrando nos fibras.

    O ataque de fungos enfraquece o

    papel, gerando manchas irrevers-

    veis.

    Poluentes atmosfricos so

    prejudiciais manuteno de acer-

    vos bibliogrficos. H bibliotecas e

    arquivos localizados como ilhas em

    meio a centros urbanos, com seus

    acervos a sofrerem constante ata-

    que destes agentes. Em decorrn-

    cia da imediata absoro dos polu-

    entes pelos papis, inicia-se um pro-

    cesso de variao do pH, ou seja,

    dos valores tomados para represen-

    tar o grau de acidez ou alcalinidade

    de um material.

    Os procedimentos ora em uso

    para execuo deste tratamento so:

    Limpeza de obras, sobre uma su-

    perfcie plana, com a utilizao de

    um tipo domstico de aspirador de

    p; usa-se, no bocal, antes da co-

    locao da escova, uma tela sin-

    ttica ou outro tipo de tecido que

    funcionar como um filtro que re-

    ter fragmentos que acidentalmen-

    te se desprendam da obra.

    Limpeza das obras, sobre uma su-

    perfcie plana, a seco, com a uti-

    lizao de trincha; passa-se esta

    em todas as pginas e capas que

    compem o volume, principal-

    mente prximo a lombada, onde

    maior o acmulo de partculas

    de poeira. No Centro de Conser-

    vao esta limpeza feita com a

    utilizao de um equipamento de-

    nominado mesa de suco.

  • Esta operao deve ser repe-

    tida tantas vezes quantas sejam

    necessrias, para que o documen-

    to atinja seu pleno estado de lim-

    peza.

    Analisar cuidadosamente to-

    das as caractersticas que com-

    pem o documento que ser sub-

    metido a este tipo de limpeza. Esta

    anlise imprescindvel, principal-

    mente no tocante a manuscritos e

    s diversas tcnicas de gravuras

    que possam sofrer perda estrutu-

    ral em decorrncia do atrito com o

    p de borracha.

    Reestruturao

    Este tratamento destina-se,

    objetivamente, a redispor e orde-

    nar as partes que compem uma

    obra encadernada, podendo ser

    aplicado tambm lbuns fotogr-

    ficos; como tambm execuo

    dos remendos, enxertos e consoli-

    daes que se faam necessrios,

    ao resgate estrutural destes, en-

    quanto bens culturais.

    Cumpre explicar que este tra-

    tamento, com relao s encader-

    naes, uma alternativa criada

    para a conservao de obras que

    Limpeza de documentos, sobre superfcie plana, a seco, com a utilizao

    de p de borracha (p. ex. borracha plstica TK Plast, Faber Castel); este

    procedimento geralmente utilizado em documentos planos (gravuras, im-

    pressos, partituras, etc.). Coloca-se um punhado de p de borracha sobre o

    documento e, com movimentos leves e circulares, partindo do centro para as

    bordas, executa-se a limpeza com o auxlio de uma boneca (espcie de

    chumao feito com gaze e algodo).

    Nunca utilizar os dedos diretamente sobre o documento, pois, em decorrn-

    cia da oleosidade natural da pele absorvida pelo papel, podem decorrer

    problemas futuros.

  • apresentem seus cadernos ntegros

    em suas costuras, constituindo um

    procedimento em que se adotam

    modelos e materiais compatveis

    com a premissa bsica da discipli-

    na conservao, que o critrio da

    reversibilidade.

    Uma obra encadernada que

    esteja com a lombada comprometi-

    da pela ao do manuseio inade-

    quado, pela ao da abraso etc.,

    o procedimento a ser utilizado a

    construo do que denominamos

    lombada alternativa, que passamos

    a descrever:

    Sobre uma superfcie plana

    coloca-se o volume e inicia-se a re-

    tirada da lombada danificada, com

    o auxlio de um bisturi e de uma r-

    gua colocada junto ao incio da mes-

    ma.

    Faz-se um corte com uma pres-

    so que atinja somente o material

    de feitura da lombada (p. ex., cou-

    ro, vulcapel, etc.);repetir a operao

    para os cantos (cantoneiras) caso a

    encadernao seja meia com can-

    tos. Se a encadernao for inteira,

    efetua-se um corte longitudinal pr-

    ximo a lombada e procede-se o le-

    vantamento do material utilizado na

    encadernao, com cautela a mais

    ou menos dois centmetros para o

    lado oposto da lombada, deixando

    espao para a introduo dos mate-

    riais da nova lombada e o posterior

    ato de colagem final.

  • Aps a colocao do volume

    em uma prensa de mesa, procede-

    se limpeza da lombada, retirando

    a camada de cola anterior, usa-se

    para isto o grude de farinha de trigo

    ou metilcelulose.

    Passa-se o grude sobre a lom-

    bada com uma trincha e aps alguns

    minutos inicia-se a raspagem cuida-

    dosamente do mesmo com uma fa-

    quinha. Estando a lombada total-

    mente limpa, aplica-se uma cama-

    da de cola metilcelulose.

    Colocam-se os cabeceados

    nas extremidades e complementa-

    se esta etapa com a colocao de

    uma tira de morim de algodo sem

    goma no tamanho adequado lom-

    bada em construo, menos 2,5 cm

    em cada extremidade. Sobre esta,

    aplica-se uma tira de papel Kraft, do

    tamanho total da lombada, com cola

    metilcelulose, para prender as ca-

    pas.

    Neste ponto prepara-se o f-

    lio, em um pedao de papel kraft,

    na medida ao comprimento do volu-

    me com menos um centmetro em

    cada extremidade e com largura da

    lombada do mesmo. Marca-se trs

    colunas com a largura desejada,

    dobra-se e aplica-se cola entre as

    partes que vo se sobrepor perma-

    necendo o meio livre.

  • Para a colocao do flio so-

    bre a lombada, utiliza-se a mistura

    de cola PVA com cola metilcelulose,

    com o auxlio da esptula (tambm

    chamada dobradeira), de osso para

    arrematar.

    Escolhe-se agora o tipo de

    material que formar a nova lomba-

    da, sempre em consonncia estti-

    ca com a obra como um todo. Pode

    ser couro, vulcapel, pelica, tela

    (rayon), etc., coloca-se no verso uma

    tira de papel carto (300g/m2 ou

    350 g/m2); na medida exata do com-

    primento e da espessura do volume,

    sendo que o material escolhido para

    a nova lombada ter a medida mai-

    or que a lombada do volume em

    questo, para que, aps colocado

    sobre a mesma, se processe a vira-

    da das extremidades.

    Aps a colagem da nova lom-

    bada com carto no verso sobre o

  • flio e a concluso das viradas nas

    extremidades arremata-se com a es-

    ptula de osso.

    Quanto aos cantos (cantonei-

    ras) a operao de retirada exata-

    mente igual retirada da lombada.

    Sua reestruturao feita utilizan-

    do-se o mesmo material escolhido

    para a lombada, nas medidas ade-

    quadas e com a utilizao da mistu-

    ra de colas citadas anteriormente;

    arrematando-se a operao com a

    esptula de osso.

  • Sempre que possvel, durante

    o processo de acabamento das ope-

    raes de construo da lombada e

    das cantoneiras, deve-se deslocar

    cuidadosamente as extremidades de

    guardas e espelhos, para que se

    efetue a virada das novas lombadas

    e cantoneiras e seu posterior reco-

    brimento com estes elementos ori-

    ginais.

    Aps a concluso do tratamen-

    to de reestruturao, o livro sub-

    metido ao processo de dourao,

    obedecendo a critrios institucionais

    j estabelecidos, tais como: autor,

    ttulo, nome da instituio e a cha-

    mada, ou seja, as letras e nmeros

    que juntos traduzem a localizao

    fsica do livro na estante.

    Ainda sob o ponto de vista

    da conservao, vale ressaltar a

    importncia do processo acima re-

    ferido no que concerne, especial-

    mente, dourao das chamadas

    dos livros, comumente datilogra-

    fadas ou computadorizadas em

    etiquetas adesivas. Por terem bai-

    xo teor de viscosidade, so cola-

    das s lombadas por intermdio

    do uso de fitas adesivas que, a

    mdio prazo, perdem sua carac-

    terstica adesiva, em decorrncia

    das oscilaes de umidade e tem-

    peratura dentro das reas de guar-

    da, o que, alm de acarretar a

    perda das mesmas, deixam man-

  • chas cidas sobre as lombadas

    das obras.

    Em vista disso, procedemos

    atualmente, no acervo da Bibliote-

    ca Nacional, retirada destas eti-

    quetas, dentro de critrios previa-

    mente estabelecidos. Quando ocor-

    rem problemas com os materiais for-

    madores das lombadas durante a

    retirada das etiquetas, lanamos

    mo do que denominamos tomba:

    rtulo ou retngulo de couro ou vul-

    capel que se cola sobre a lombada

    na parte inferior (p), sobre a qual

    executa-se a dourao da chamada

    do livro.

    Quanto execuo de remen-

    dos, enxertos e reparos em geral,

    como meio de resgate de folhas de

    uma obra ou de partes do suporte

    original de documentos planos,

    importante abordarmos um aspecto

    para sua plena execuo, qual seja,

    o sentido ou direo das fibras dos

    papis que sero utilizados para

    esse fim.

    H obras que apresentam cer-

    ta rigidez em suas folhas, conferin-

    do uma sensao desagradvel ao

    tato no manuseio. Isto acontece em

    decorrncia da utilizao do papel,

    no ato de sua impresso e encader-

    nao, com a direo da fibra em

    sentido contrrio verticalidade do

    livro, ou seja, de sua lombada. Em

    conseqncia surgem ondulaes,

    geradas no s pela umidade ab-

    sorvida da cola utilizada durante a

    encadernao, como tambm da

    umidade natural do ar. A presso

    natural exercida pela costura dos

    cadernos associada a esses fatos

    impede os movimentos naturais de

    dilatao e contrao das fibras de

    celulose.

  • Portanto, quando da execuo

    de emendas e, ou reparos em ge-

    ral, o primordial observar que as

    fbras do suporte original e do papel

    que ser utilizado para este fim es-

    to direcionadas no mesmo sentido

    e se as caractersticas da textura,

    cor e espessura do papel escolhido

    se adaptam.

    H algumas situaes a consi-

    derar no que concerne reconsti-

    tuio manual de um suporte origi-

    nal.

    Em caso de rasgos de folhas,

    preparar a rea danificada acaman-

    do as fibras do papel de ambos os

    lados e em toda a extenso do ras-

    go, utilizando-se um pincel seco e

    uma pequena dobradeira de osso.

    Preparar uma tira de papel japo-

    ns adotando uma medida que exce-

    da, no mnimo, 5mm dos bordos do ras-

    go, esgarando bem suas fibras de

    ambos os lados e aplic-la com cola

    metilcelulose sobre as partes unidas do

    mesmo pelo verso da folha. Utilizando

    uma dobradeira de osso e um pedao

    de voile e de mata-borro, proceder

    planificao do remendo. Deixar a fo-

    lha remendada secar entre um sandu-

    che de voile, mata-borro e placa de

    vidro e sobre esta colocar alguns pe-

    sos. Este procedimento permitir uma

    secagem plena da rea recomposta,

    evitando a contrao das fibras.

    Em caso de folhas com perda

    de rea, deve-se, como foi explica-

    do no caso anterior, observar todas

    as caractersticas do suporte origi-

    nal e do papel escolhido para en-

    xerto. Em seguida tira-se um molde

    em papel transparente (papel vege-

    tal) da rea a ser completada exce-

  • dendo, no mnimo 5mm sobre o li-

    mite da falha.

    Aps efetuar o desbastamento

    das fibras na rea do dano do supor-

    te original e do papel que ser utili-

    zado em seu preenchimento, concluir

    a reconstituo com cola metilcelu-

    lose. Completar a operao com a

    fixao de um reforo de papel japo-

    ns pelo verso da rea tratada.

    Para execuo do processo de

    planificao e secagem da rea re-

    constituda, utilizar o mesmo mate-

    rial e mtodo expostos no caso an-

    terior. Sempre que se efetuar qual-

    quer tipo de reconstituio em livros

    ou documentos, deve-se ter certeza

    da completa execuo da operao,

    antes de devolv-los aos locais de

    guarda.

    Velatura I

    Esta tcnica de conservao-

    restaurao aplicada, principal-

    mente, para documentos planos.

    Lembrando que o paradigma da

    matria interdisciplinar conservao

    de acervos bibliogrficos e documen-

    tais a reversibilidade, descrevemos

    um mtodo de velatura absoluta-

    mente compatvel com esta linha de

    raciocnio e de acordo com cada

    caso, dentro do mbito de atuao

    da conservao de livros e documen-

    tos.

    Inicialmente prepara-se o do-

    cumento a ser tratado, efetuando-

    se uma limpeza completa a seco com

    o uso do p de borracha, pela fren-

    te e verso do documento. Esta ope-

    rao deve ser repetida at que a

    limpeza esteja completamente satis-

    fatria. Em seguida realiza-se um tra-

    tamento de desacidificao, pelo

  • verso do mesmo, borrifando uma

    soluo aquosa de hidrxido de cl-

    cio com pH entre 8.0 e 10.0.

    Manter o documento com o

    voile, mata-borro, placa de vidro e

    pesos durante a secagem.

    Preparao para velatura

    Verificar o sentido das fibras do

    papel japons, para que fiquem com-

    patveis com o sentido das fibras do

    documento.

    Com a utilizao do borrifador com

    gua destilada ou deionizada, ume-

    decer sobre uma placa de vidro ou

    frmica uma folha de papel japons

    e com os dedos estic-la at ficar

    completamente distendida. Retirar o

    excesso de umidade com papel

    mata-borro.

    Aplicar sobre esta folha de papel

    japons cola metilcelulose usando

    uma trincha macia, em movimentos

    precisos do centro para as bordas

    da folha.

    Proceder cuidadosamente colo-

    cao do documento j preparado

    (limpo e desacidificado), com o ver-

    so voltado para o papel japons com

    metilcelulose.

    Cobrir com voile e utilizando um

    rolo de borracha assentar e retirar o

    excesso de cola.

    Colocar sobre o voile uma folha

    de papel mata-borro e em seguida

    uma placa de vidro e pesos.

    Deixar secar por algumas horas.

    Observar o processo de secagem,

    substituindo o papel mata-borro

    quando necessrio.

    Aps a secagem total, retirar a pla-

    ca de vidro desprendendo as bor-

    das do papel japons, com cuidado

    redobrado. Finalmente, retirar os ex-

    cessos do papel japons com tesou-

    ra ou estilete.

    Velatura II

    Sobre uma tela de nylon, colo-

    car um papel japons com metilce-

    lulose. Preparar o documento a ser

    tratado: limpeza com p de borra-

    cha e desacidificao. Colocar o

    documento sobre outra tela de nylon

    com a face virada para baixo.

    Levar a tela de nylon que est

    preparada com o papel japons e,

    a cola metilcelulose por sobre o do-

    cumento. Com o auxlio de uma es-

    ponja natural umedecida, suave-

    mente, iniciar o processo de trans-

    ferncia do papel japons para o

    verso do documento. Retirar o ex-

    cesso de cola com mata-borro e

    rolo de borracha e planificar com vi-

    dros e pesos. Depois de seco, reti-

    rar, com cuidado, a tela de nylon e

    aparar as bordas, cortando o exces-

    so de papel japons.

  • Adesivos e Emulses

    Grude de farinha de trigo

    10g de farinha de trigo

    200ml de H20

    5 gotas de formoldedo

    Preparar em banho-maria,

    acrescentar o Formoldedo no final.

    Cola metilcelulose (grude b-

    sico)

    40g de metilcelulose

    1.000ml H20 deionizada (fria)

    Bater em batedeira e deixar

    descansar por 24 horas. A cola po-

    der ser diluda em pequenas por-

    es para atender s diversas ne-

    cessidades.

    Mescla de cola Dextrosan,

    PVA a H20

    Dextrosan - 350g

    H20 - 250 ml

    PVA - 300m 1

    Primeiro misturar bem a gua

    com a Dextrosan (utilizar um recipien-

    te grande e de boca larga, colher de

    pau ou batedeira), tomando todo cui-

    dado para evitar a formao de caro-

    os. Neste momento, colocar duas ou

    trs tampinhas de Formoldedo PA (uti-

    lizar a tampa do frasco do produto

    como medida). Por fim adicionar PVA

    e misturar tudo muito bem.

    Colocar esta massa em recipi-

    ente grande de boca larga e com

    tampa de rosca, mantendo-o sem-

    pre vedado aps o uso.

    Emulso para conservao de

    couros

    1.000g de lanolina

    75g de cera de abelha

    150ml de leo de cedro

    150ml de Hexano

    Em banho-maria, dissolver

    a cera de abelha e a lanolina.

    Retirar do banho-maria e, me-

    xendo sem parar, adicionar o

    leo de cedro e o Hexano. Guar-

    dar em frasco de boca larga e

    com tampa.

    Aplicar com pano macio e lim-

    po pouca quantidade, em movimen-

    tos circulares sobre o couro das en-

    cadernaes. Aguardar 24 horas e

    ento promover um polimento com

    uma flanela seca.

    Para obter uma cera mais lqui-

    da, pode-se aumentar a quantidade

    de hexano. A soluo facilmente

    inflamvel enquanto lquida, mas

    no oferece perigo quando se torna

    pastosa.

  • Acondicionamento

    1 - Caixa para preservao de

    volumes

    Trata-se de uma embalagem

    para o acondicionamento de volu-

    mes (livros, etc.), em estantes, no

    sentido vertical. Executada em pa-

    pel carto de 300 ou 450g/ m2, uti-

    liza somente sistema de dobras e

    encaixe, sem fazer uso de qualquer

    tipo de adesivo. Caracterizada por

    uma completa vedao que

    proporciona um benefcio duplo de

    preservao: primeiro contra agen-

    tes externos ou ambientais, segun-

    do a favor da manuteno da inte-

    gridade fsica do volume. Ressalta-

    se que a direo da fibra do papel

    carto a ser utilizado deve estar em

    sentido perpendicular lombada do

    volume que se pretende acondicio-

    nar.

    O desenho acima

    mostra o volume em

    posio horizontal

    com as denomina-

    es das medidas

    necessrias cons-

    truo da caixa. Ao

    lado, a embalagem

    aberta.

  • As ilustraes a seguir repre-

    sentam respectivamente a embala-

    gem semifechada com o volume po-

    sicionado de forma correta e a em-

    balagem fechada.

    Como se infere no desenho da

    pgina anterior, o ponto de partida

    para o desenho da caixa o traa-

    do de duas linhas mestras no papel

    carto; uma vertical no lado esquer-

    do e outra horizontal no lado inferi-

    or, com a marcao de seus respec-

    tivos pontos centrais. Quaisquer

    medidas adotadas para a constru-

    o de uma caixa devem ser eqi-

    distantes a estes pontos centrais.

    1 . De acordo com a planifica-

    o da caixa, na pgina anterior tra-

    ar primeiro as linhas mestras, uma

    vertical no lado esquerdo e outra

    horizontal no lado inferior do papel

    carto, com a marcao de seus res-

    pectivos pontos centrais.

    2. Base (comprimento + 2mm

    x largura + 2mm).

    3. Lado A (altura, igual altu-

    ra do volume + 2mm; o acrscimo

    de milmetros a esta medida sem-

    pre proporcional gramatura do pa-

    pel carto utilizado x a largura da

    base).

    4. Lado B (altura, igual altu-

    ra do volume + 1 mm ; o acrscimo

    de milmetros a esta medida sem-

    pre proporcional gramatura do pa-

    pel carto utilizado x largura, igual

    largura da base).

    5. Lados C e D (altura, igual

    ao comprimento da base x largura,

    igual altura do volume + 1 mm; o

    acrscimo de milmetros sempre

    proporcional gramatura do papel

    carto utilizado).

  • 6. Semi lados C1 , D1, C2 e

    D2 resultam do traado de uma

    diagonal reunindo os lados A e C

    (1), C e B (2), A e D (3) e D e B

    (4) com um vinco e dobra no meio.

    7. Abas 1, 2, 3 e 4 (compri-

    mento x largura, igual s medidas

    da base); fecho (deve ser propor-

    cional largura da aba 4; a medi-

    da que for utilizada deve ser igual

    para a largura e o comprimento do

    mesmo).

    8. Fechamento da embala-

    gem ocorre por meio da introdu-

    o do fecho atravs do corte que

    ser executado no papel carto

    (aba 3), em local determinado.

    Em resumo, a caixa para a

    preservao de volumes compre-

    ende: uma base, quatro lados,

    quatro semilados, quatro abas e

    um fecho, com um sistema de do-

    bras e encaixe. o volume colo-

    cado sobre a base, abraado pe-

    los lados C e D, pelos semilados

    C1, D1, C2, e D2 e pelas abas 1

    e 2, depois superpostos pelo lado

    B e aba 3 e, finalmente, pelo lado

    A e aba 4, onde localiza-se o fe-

    cho. Na embalagem em questo

    o volume completamente envol-

    vido propiciando seu total acondi-

    cionamento.

    Passe-partout

    Material

    Papelo ou papel carto

    Papel japons - colar duas tiras

    sobrepostas, pelo verso do docu-

    mento formando um T

    Cola metilcelulose

    Filmoplast P ou P90

    As dimenses sero proporci-

    onais ao documento que se preten-

    de acondicionar.(1)

  • Port-folio

    Material

    Papel verg ou ingres fabria-

    no g/ m2 180

    Acondicionar o documento

    entre duas folhas de papel ja-

    pons ou papel neutro de bai-

    xa gramatura.(2)

    Notas:

    (1) Desenho de Constante McCabe em livro de James Reilly - Core and

    Identification of 19th century Photographic Prints - Eastman Kodak Company,

    1986.

    (2) Second Annual Seminar Conservation of Archival Material - 1983.

    Conservation Department - Humanities Research Center - Austin - Texas

    USA.

  • 6 A POLTICA DE CONSERVAO EACONDICIONAMENTO DO ACERVO

    FOTOGRFICO

    A Biblioteca Nacional j pos-

    sua um certo nmero de fotografi-

    as antes mesmo da entrada da co-

    lao do Imperador, embora se tra-

    tasse muito provavelmente de um

    acervo ainda incipiente. As evidn-

    cias encontradas em toda a docu-

    mentao que j tivemos a oportu-

    nidade de examinar so claros nes-

    se sentido. Como exemplo, podemos

    citar o famoso catlogo da .Exposi-

    o de Histria do Brasil, inaugura-

    do em dezembro de 1881, onde so

    bem poucas as imagens fotogrficas

    citadas e em grande parte seguem

    pertencentes instituio. certo,

    no entanto, que o enriquecimento

    deste acervo, obtido graas entra-

    da do vultuoso conjunto de imagens

    fotogrficas integrantes da Collec-

    o Dona Thereza Christina Maria,

    constitu-se num importante marco.

    Foi somente a partir de ento que a

    biblioteca passou a deter uma cole-

    o verdadeiramente representativa

    de fotografias. Alm de ser a maior

    j recebida, constitui-se at hoje no

    mais valioso conjunto de imagens

    dos primrdios da fotografia, do nor-

    te a sul do pas, existente numa ins-

    tituio pblica. So retratos, vistas

    e fotografias de toda espcie, que

    documentam fatos histricos, cien-

    tficos, polticos, econmicos e so-

    ciais. A esto representados todos

    os nomes de projeo nacional e

    internacional na fotografia brasilei-

    ra do sculo XIX.

    A fotografia estrangeira o s-

    culo XIX tambm se encontra muito

    bem representada na coleo. Du-

    rante o segundo reinado, nas via-

    gens que empreendeu Amrica do

    Norte, Europa e Oriente Mdio, D.

    Pedro II comprou e ganhou lbuns e

    fotografias avulsas que so repre-

    sentativos do que de melhor se pro-

    duziu nesse perodo. bastante pro-

    vvel que se trate, tambm, do mais

    valioso conjunto dos primrdios da