práticas culturais: estudos documentais

Dois Exemplos de Pesquisa Dois Exemplos de Pesquisa DocumentalDocumental

Dois Exemplos de Pesquisa Dois Exemplos de Pesquisa DocumentalDocumental

Prof. Márcio Borges MoreiraInstituto Walden4, IESB | www.walden4.com.br

Prof. Márcio Borges MoreiraInstituto Walden4, IESB | www.walden4.com.br

http://www.walden4.com.br/

http://www.walden4.com.br/

O Comportamento do Brasiliense na Faixa de PedestreO Comportamento do Brasiliense na Faixa de Pedestre

Brasília, patrimônio da humanidade.

Cidade planejada para a rápida e fácil circulação de carros, com pistas largas e longas, que favorecem o abuso da velocidade e dificultam a travessia das ruas e pedestres.

Brasília, patrimônio da humanidade.

Cidade planejada para a rápida e fácil circulação de carros, com pistas largas e longas, que favorecem o abuso da velocidade e dificultam a travessia das ruas e pedestres.

O início...O início...

“(...) até que, um louco varrido, um sujeito desmiolado, resolveu

fazer a proposta mais louca do mundo, mais maluca, mais

inaceitável, mais indecente e mais perigosa do mundo. Ele se

levantou e disse: ‘olha, nós vamos respeitar a faixa de pedestres

agora. O pedestre na faixa vai ter preferência’. Foi um pânico

geral! Todo mundo ficou pasmo, inclusive os técnicos. ‘Essa

cara tá louco?’. O nome desse sujeito é Renato Azevedo. ‘E aí

começou o tal da faixa de pedestres.’” (Prof. Dr. David Duarte

Lima, UnB).

“(...) até que, um louco varrido, um sujeito desmiolado, resolveu

fazer a proposta mais louca do mundo, mais maluca, mais

inaceitável, mais indecente e mais perigosa do mundo. Ele se

levantou e disse: ‘olha, nós vamos respeitar a faixa de pedestres

agora. O pedestre na faixa vai ter preferência’. Foi um pânico

geral! Todo mundo ficou pasmo, inclusive os técnicos. ‘Essa

cara tá louco?’. O nome desse sujeito é Renato Azevedo. ‘E aí

começou o tal da faixa de pedestres.’” (Prof. Dr. David Duarte

Lima, UnB).

Condições iniciaisCondições iniciaisBrasília-DF, 1995/1996Brasília-DF, 1995/1996

Um dos trânsitos mais violentos do Brasil

Um dos trânsitos mais violentos do Brasil

Velocidade média de 90Km/h nas Vias Urbanas

Velocidade média de 90Km/h nas Vias Urbanas

Atropelamento de pedestres (respectivamente, 49,8% e 47,3% do número total de

acidentes fatais)

Atropelamento de pedestres (respectivamente, 49,8% e 47,3% do número total de

acidentes fatais)

Problema SocialProblema Social

Intervenção cultural necessáriaIntervenção cultural necessária

Histórico de eventosHistórico de eventosAgosto de 1996: Campanha pela Paz no Trânsito (Correio Braziliense).Agosto de 1996: Campanha pela Paz no Trânsito (Correio Braziliense).

Envolvimento de várias pessoas e instituições importantes, formando uma parceria entre a sociedade civil e o governo.Envolvimento de várias pessoas e instituições importantes, formando uma parceria entre a sociedade civil e o governo.

Redução significativa da velocidade e do número de acidentes com morte no trânsito.Redução significativa da velocidade e do número de acidentes com morte no trânsito.

Dezembro de 1996: encaminhamento da campanha para a UnB.Dezembro de 1996: encaminhamento da campanha para a UnB.

Criação do Fórum Permanente pela Paz no Trânsito.Criação do Fórum Permanente pela Paz no Trânsito.

No início de 1997: Campanha pelo Respeito à Faixa de Pedestre.No início de 1997: Campanha pelo Respeito à Faixa de Pedestre.

Reconstrução da histórica de uma mudança cultura (Machado, 2007)Reconstrução da histórica de uma mudança cultura (Machado, 2007)

Objetivos da pesquisaObjetivos da pesquisa

Descrever as ações realizadas por pessoas e

instituições, que se mostraram fundamentais na

criação e condução das Campanhas pela Paz no

Trânsito e pelo Respeito à Faixa de Pedestre

Descrever as ações realizadas por pessoas e

instituições, que se mostraram fundamentais na

criação e condução das Campanhas pela Paz no

Trânsito e pelo Respeito à Faixa de Pedestre

Identificar, analisar e interpretar as contingências

comportamentais entrelaçadas responsáveis pelo estabelecimento da

prática cultural de travessia na faixa de pedestres

Identificar, analisar e interpretar as contingências

comportamentais entrelaçadas responsáveis pelo estabelecimento da

prática cultural de travessia na faixa de pedestres

Discutir esse fenômeno à luz dos conceitos de

macrocontingência e metacontingência

Discutir esse fenômeno à luz dos conceitos de

macrocontingência e metacontingência


Fontes de dadosFontes de dados

Mídia Escrita: Jornal Correio Braziliense e

Jornal de Brasília

Mídia Escrita: Jornal Correio Braziliense e

Jornal de Brasília

Fórum Permanente pela Paz no Trânsito

Fórum Permanente pela Paz no Trânsito

Detran -DFDetran -DF EntrevistasEntrevistasOutras fontes (contatos e conversas informais)

Outras fontes (contatos e conversas informais)


ProcedimentoProcedimento

Reconstrução do histórico do estabelecimento da prática

cultural do respeito à faixa de pedestre

Reconstrução do histórico do estabelecimento da prática

cultural do respeito à faixa de pedestre

Correlação (não estatísticas) com dados estatísticos

Correlação (não estatísticas) com dados estatísticos

Análise e interpretação de acordo com os princípios e

conceitos da AC

Análise e interpretação de acordo com os princípios e

conceitos da AC


Julho de 1995•Programa de Segurança para o Trânsito (GDF)

• Priorizar a circulação de pedestres e ciclistas

Julho de 1995•Programa de Segurança para o Trânsito (GDF)

• Priorizar a circulação de pedestres e ciclistas

Agosto de 1996•Campanha pela Paz no Trânsito (Correio Braziliense)•Redução da velocidade média (60 Km/h) – Pardais•acidente envolvendo o filho do Ministro do Transportes•Série de reportagens sobre a violência do trânsito.

Agosto de 1996•Campanha pela Paz no Trânsito (Correio Braziliense)•Redução da velocidade média (60 Km/h) – Pardais•acidente envolvendo o filho do Ministro do Transportes•Série de reportagens sobre a violência do trânsito.

Setembro de 1996•Caminhada pela Paz no Trânsito

• Mais de 25 mil pessoas vestidas de branco no “Eixão”

Setembro de 1996•Caminhada pela Paz no Trânsito

• Mais de 25 mil pessoas vestidas de branco no “Eixão”

Outubro de 1996•Programa Paz no TrânsitoOutubro de 1996•Programa Paz no Trânsito

Eventos importantesEventos importantes


MESES MESES

FREQ

UÊN

CIA

FR

EQ

UÊN

CIA

Frequência de notícias sobre trânsito divulgadas pelo Correio Brasiliense, por mês, no ano de 1996.

Frequência de notícias sobre trânsito divulgadas pelo Correio Brasiliense, por mês, no ano de 1996.


Período educativo (janeiro, fevereiro e março de 1997) - Nenhuma multa era aplicada nesse período

Período educativo (janeiro, fevereiro e março de 1997) - Nenhuma multa era aplicada nesse período

Polícia Militar•Regras•Modelagem•Modelação

Polícia Militar•Regras•Modelagem•Modelação

Detran-DF e Polícia Militar (Grupo de Teatro)•Regras•Modelação

Detran-DF e Polícia Militar (Grupo de Teatro)•Regras•Modelação

Mídia (função comportamental das manchetes)•Estímulos discriminativos (SD’s)•Regras (ou Estímulos Alteradores de Função)•Operações estabelecedoras (motivação)

Mídia (função comportamental das manchetes)•Estímulos discriminativos (SD’s)•Regras (ou Estímulos Alteradores de Função)•Operações estabelecedoras (motivação)


SDs•Exemplo: Comentar com outras pessoas, avisar sobre riscos no trânsito, conversar sobre leis de trânsito, etc...•SD’s no trânsito?

SDs•Exemplo: Comentar com outras pessoas, avisar sobre riscos no trânsito, conversar sobre leis de trânsito, etc...•SD’s no trânsito?

Regras/EAF•Exemplo: “Policiais militares levam leis do trânsito à escola: motorista que não respeita a faixa será multado a partir de abril”

Regras/EAF•Exemplo: “Policiais militares levam leis do trânsito à escola: motorista que não respeita a faixa será multado a partir de abril”

OEs•“Fim de semana violento: o trânsito faz mais quatro vítimas nas ruas da cidade”OEs•“Fim de semana violento: o trânsito faz mais quatro vítimas nas ruas da cidade”

Função comportamental das manchetes/notíciasFunção comportamental das manchetes/notícias


Exposição direta às

contingências

Exposição direta às

contingênciasMultasMultas EsvanecimentoEsvanecimento

A partir de 1º de abril de 1997...A partir de 1º de abril de 1997...

Controle aversivoControle aversivo

A partir de setembro de 1997...A partir de setembro de 1997...

Campanha educativa “Dê Sinal de

Vida”

Campanha educativa “Dê Sinal de

Vida”

MESESMESES

FREQ

UÊN

CIA

FREQ

UÊN

CIA

Frequência de acidentes, com morte, nas Vias Urbanas, em todo Distrito Federal, de 1995 a 1999.

Frequência de acidentes, com morte, nas Vias Urbanas, em todo Distrito Federal, de 1995 a 1999.


MESESMESES

FREQ

UÊN

CIA

FREQ

UÊN

CIA


Frequência de atropelamento de pedestres, com morte, nas Vias Urbanas, em todo Distrito Federal, de 1995 a 1999

Frequência de atropelamento de pedestres, com morte, nas Vias Urbanas, em todo Distrito Federal, de 1995 a 1999

SEMESTRESEMESTRE

FREQ

UÊN

CIA

FREQ

UÊN

CIA


Número de pedestres mortos nas Vias Urbanas, em todo Distrito Federal, por semestre, nos anos de 1996 e 1997Número de pedestres mortos nas Vias Urbanas, em todo Distrito Federal, por semestre, nos anos de 1996 e 1997

Diminuição doíndice de

atropelamento

Diminuição doíndice de

atropelamento

Alto índice de atropelamento

de pedestre

Alto índice de atropelamento

de pedestre

PC1PC1

XXXX

XXXX

PC2PC2

YY

YY

YYYY

Decisõestomadas no

Fórum

Decisõestomadas no

Fórum

MC3 3MC3 3

ZZZZ

ZZZZ

MC4MC4

WW

WW

WWWW

Metacontingência de “curta duração” (1997 – 1998)Metacontingência de “curta duração” (1997 – 1998)

Macrocontingência (1995 – 1998)Macrocontingência (1995 – 1998)

Práticas

Culturais

Práticas

Culturais

Produto:

Problema

Social

Produto:

Problema

Social

Contingências

Comportamentais

Entrelaçadas

(Fórum)

Contingências

Comportamentais

Entrelaçadas

(Fórum)

Produto

Agregado

Produto

Agregado

Efeito no

ambiente

externo

Efeito no

ambiente

externo

Práticas

Culturais

alteradas

Práticas

Culturais

alteradas

PC3PC3

ZZ

ZZZZ

PC4PC4

WW

WW

WWWW

ZZ

Detran e produtoDetran e produto

Igreja e produto Igreja e produto

Mídia e produtoMídia e produto

Polícia e produtoPolícia e produto

UnB e produtoUnB e produto

PC1- motoristas não respeitando a faixa MC3- mudança no comportamento de motoristas PC3- motoristas respeitando a faixa

PC2- pedestres não atravessando na faixa MC4- mudança no comportamento de pedestres PC4- pedestres atravessando na faixa

PC1- motoristas não respeitando a faixa MC3- mudança no comportamento de motoristas PC3- motoristas respeitando a faixa

PC2- pedestres não atravessando na faixa MC4- mudança no comportamento de pedestres PC4- pedestres atravessando na faixa


“Quando Skinner (1953/2000) discorre sobre a diversificação do controle, ele aponta esta como uma boa solução, ao se distribuir o controle do comportamento entre muitas agências que têm pouco em comum e que por isso, provavelmente, não se juntariam em uma unidade despótica. Este é um argumento a favor da democracia, contra um totalitarismo, no qual todas as agências são colocadas sob o controle de uma única super agência. O Fórum parece ter sido uma solução semelhante a essa, com várias instituições reunidas a favor de uma única causa, tirando o governo como o centralizador e o grande controlador das decisões, diminuindo seu caráter normalmente associado a um controle autoritário, mas ao mesmo tempo, contando com o respaldo dele mesmo.” (p. 138)

“Quando Skinner (1953/2000) discorre sobre a diversificação do controle, ele aponta esta como uma boa solução, ao se distribuir o controle do comportamento entre muitas agências que têm pouco em comum e que por isso, provavelmente, não se juntariam em uma unidade despótica. Este é um argumento a favor da democracia, contra um totalitarismo, no qual todas as agências são colocadas sob o controle de uma única super agência. O Fórum parece ter sido uma solução semelhante a essa, com várias instituições reunidas a favor de uma única causa, tirando o governo como o centralizador e o grande controlador das decisões, diminuindo seu caráter normalmente associado a um controle autoritário, mas ao mesmo tempo, contando com o respaldo dele mesmo.” (p. 138)

Brasília, 2006Brasília, 2006

práticas culturais: estudos documentais

Education