livro azul

Upload: tereza-oliveira

Post on 07-Apr-2018

225 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    1/108

    LIVRO AZUL4 Conferncia Nacional deCincia Tecnologia e Inovaopara o Desenvolvimento Sustentvel

    BRASIL

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    2/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    3/108

    LIVRO AZUL Cnfenca Nacna

    de Cnca, Tecnga e Inapaa Desenment Sstente

    Braslia, DF, Brasil

    2010

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    4/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    5/108

    O Brasil, em virtude do momento histrico em que vive, das caractersticas de seu

    territrio, de sua matriz energtica, de sua diversidade regional e cultural, do tamanho de sua

    populao, e do patamar cientfico que j alcanou, tem uma oportunidade nica de construir

    um novo modelo de desenvolvimento sustentvel, que respeite a natureza e os seres humanos.

    Um modelo que necessariamente dever se apoiar na cincia, na tecnologia e na educao de

    qualidade para todos os brasileiros.

    L DadchSecretrio Geral

    4 Conferncia Nacional deCincia, Tecnologia e Inovao

    para o Desenvolvimento Sustentvel

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    6/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    7/108

    L A Cnfenca Nacna de Cnca, Tecngae Ina paa Desenment Sstente

    Secretrio Geral

    Luiz Davidovich

    Comisso de Redao

    Bertha BeckerEduardo Moacyr KriegerEduardo ViottiFernando Rizzo

    Jos Geraldo Eugnio de FranaIldeu de Castro Moreira

    Jorge Nicolas AudyLea Contier de Freitas

    Luiz DavidovichRegina Gusmo

    Reviso Final

    Mauro Malin

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    8/108

    Ml

    Livro Azul da Conferncia Nacional de Cincia e Tecnologia e Inovao

    para o Desenvolvimento Sustentvel Braslia: Ministrio da Cincia e Tecno-

    logia/Centro de Gesto e Estudos Estratgicos, .

    p.; il, cm

    ISBN 8-8---

    . Cincia e Tecnologia - Brasil . Inovao Tecnolgica Brasil. I. MCT.

    II. CGEE. III. Ttulo.

    CDU :8. (8)

    Ministrio da Cincia e TecnologiaEsplanada dos Ministrios, Bloco E70067-900 Braslia, DFTelefone: (61) 3317.7500http://www.mct.gov.br

    Centro de Gesto e Estudos EstratgicosSCN Qd 2, Bloco A, Ed. Corporate Financial Center,salas 1102/3, 70712-900, Braslia, DFTelefone: (61) 3424.9600http://www.cgee.org.br

    Todos os direitos reservados pelo Ministrio da Cincia e Tecnologia e Centro de Gesto e Estudos Estratgicos. Os textos contidos nesta publi-cao podero ser reproduzidos, armazenados ou transmitidos, desde que citada a fonte.Impresso em Braslia, 2010Design Grfico: Eduardo Oliveira

    Presidente da Repblica

    Luiz Incio Lula da Silva

    Ministro da Cincia e TecnologiaSergio Machado Rezende

    Secretrio Executivo

    Luiz Antonio Rodrigues Elias

    Secretrio de Polticas e Programas

    de Pesquisa e Desenvolvimento

    Luiz Antonio Barreto de Castro

    Secretrio de Poltica de InformticaAugusto Csar Gadelha Vieira

    Secretrio de Desenvolvimento

    Tecnolgico e Inovao

    Ronaldo Mota

    Secretrio de Cincia e Tecnologia

    para Incluso Social

    Roosevelt Tom Silva Filho

    Centro de Gesto e

    Estudos Estratgicos (CGEE)

    Presidenta

    Lucia Carvalho Pinto de Melo

    Diretor Executivo

    Marcio de Miranda Santos

    Diretores

    Antonio Carlos Filgueira GalvoFernando Cosme Rizzo Assuno

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    9/108

    Livro Azul4 Cnfenca Nacna de Cnca, Tecngae Ina paa Desenment Sstente

    Comisso Organizadora

    ABC Academia Brasileira de Cincias

    ABDI Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial

    Abng Associao Brasileira de Organizaes

    No-Governamentais

    Abem Associao Brasileira dos Reitores das Universida-

    des Estaduais e Municipais

    Andfes Associao Nacional dos Dirigentes das Institui-

    es Federais de Ensino Superior

    Anpe Associao Nacional de Pesquisa e Desenvolvimen-to das Empresas Inovadoras

    ANPG Ass. Nacional dos Ps-Graduandos

    Anptec Associao Nacional de Ent. Promotoras de Em-

    preendimentos Inovadores

    BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico

    e Social

    Capes Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de

    Nvel Superior

    CCTCI (Cmara dos Deputados) - Comisso de Cincia,

    Tecnologia, Comunicao e Informtica

    CGEE Centro de Gesto e Estudos Estratgicos

    CCT/MCT Conselho Nacional de Cincia e Tecnologia

    CNI Confederao Nacional da Indstria

    CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e

    Tecnolgico

    Cnfap Conselho Nacional das Fundaes Estaduais de

    Amparo Pesquisa

    Cnsect Conselho Nacional de Secretrios para Assuntos

    de C,T&I

    Cesp Conselho de Reitores das Universidades Estaduais

    Paulistas

    Deese Departamento Intersindical de Estatsticas e Estu-

    dos Socioeconmicos

    Embapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    Fnep Financiadora de Estudos e Projetos

    Frum Nacional de Cincia e Tecnologia

    Frum Nacional dos Secretrios Municipais da rea de C,T&I

    Fpp Frum de Pr-Reitores de Pesquisa e de Ps-Gra-

    duao das IES

    MBC Movimento Brasil Competitivo

    MC Ministrio das Comunicaes

    MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia

    MD Ministrio da Defesa

    MDIC Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comr-

    cio Exterior

    MDS Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate a

    Fome

    MEC Ministrio da Educao

    MnC Ministrio da Cultura

    MMA Ministrio do Meio Ambiente

    MME Ministrio de Minas e Energia

    MRE Ministrio das Relaes Exteriores

    MS Ministrio da Sade

    Petbas/Cenpes

    RTS Rede de Tecnologia Social

    SPBC Sociedade Brasileira para o Progresso da Cincia

    Sebae Servio Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas

    Empresas

    UNE Unio Nacional dos Estudantes

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    10/108

    Comisso Executiva

    Alberto Peveratti (CONSECTI)

    Ana Lcia Gabas (MCT/GABIM)]

    Antonio Carlos Pavo (UFPE e ABCMC)

    Augusto Chagas (UNE)

    Carlos Oiti Berbet (MCT/SCUP

    Edgar Piccino (Casa Brasil)

    Fernando Rizzo (CGEE)

    Glaucius Oliva (CNPq)

    Gustavo Balduno (Andifes)

    Ildeu de Castro Moreira (MCT/SECIS)

    Joo Fernando Gomes (IPT)

    Joo Sergio Cordeiro (UFSCar)

    Jos Reinaldo Silva (USP)

    La Contier de Freitas (MCT/SEXEC)

    Luiz Davidovich (UFRJ)

    Marcio Wohlers (IPEA)

    Marcos Formiga (SENAI)

    Maria Aparecida S. Neves (FINEP)

    Mariano Laplane (Unicamp)

    Marilene Corra da Silva Freitas (UEA)

    Marylin Nogueira Peixoto (MCT/SEPIN)

    Matheus Saldanha (UFSM)

    Paulo Jos Peret de Santana (MCT/SEPED))

    Rafael Lucchesi (CNI)

    Reinaldo D. Ferraz de Souza (MCT/SETEC)

    Ricardo Galvo (CBPF)

    Wanderley de Souza (Inmetro)

    Conselho Consultivo

    Carlos Amrico Pacheco (Instituto de Economiada Unicamp)

    Carlos Henrique Brito Cruz (Fapesp)

    Carlos Tadeu Fraga (Petrobras)

    Celso Pinto de Melo (UFPE)Glauco Antnio Truzzi Arbix (USP)

    Jos Ivonildo do Rgo (UFRN)

    Jacob Palis Jnior (ABC)

    Joo Carlos Ferraz (BNDES)

    Jos Eduardo Cassiolato (Instituto de Economiada UFRJ)

    Jos Ellis Ripper Filho (Asga)

    Mrcio Pochmann (Ipea)

    Marco Antonio Raupp (SBPC)

    Mariano Laplane (Instituto de Economia daUnicamp)

    Pedro Passos (Natura)

    Pedro Wonctschowski (Grupo Ultra)

    Slvio Romero de Lemos Meira (C.E.S.A.R)

    Tania Bacelar (Ceplan)

    Equipe Tcnica do CGEE

    Fernando Rizzo (Superviso)

    Frederico Toscano Barreto Nogueira(Coordenao)

    Silvana M. Alves Dantas (Assessora)

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    11/108

    LIVRO AZUL Cnfenca Nacna de Cnca, Tecnga

    e Ina paa Desenment Sstente

    Mnst da Cnca e Tecnga (MCT)

    Cent de Gest e Estds Estatgcs (CGEE)

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    12/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    13/108

    Sm

    Apresentao 17

    Introduo 21

    INOVAO E SUSTENTABILIDADE, IMPERATIVOSPARA O DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO 2

    Inovao e sustentabilidade, imperativos

    para o desenvolvimento brasileiro 27

    AS NOVAS OPORTUNIDADES PARA O BRASILE O ESTGIO ATUAL DA C,T&I 32

    Inovao como componente sistmico da estrutura produtiva nacional 35

    Tecnologias estratgicas para o desenvolvimento nacional 1

    Agricultura 2

    Bioenergia

    Tecnologias da informao e comunicao 6

    Sade 7

    Pr-Sal 8

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    14/108

    Tecnologia nuclear, espao e defesa 50

    Tecnologias portadoras de futuro e outras energias 51

    Momento histrico para o avano da cincia brasileira 55

    Institucionalidade 61

    Requisitos para um ciclo virtuoso de desenvolvimento 61Avanos institucionais para favorecer a inovao 63

    Novos modelos de organizao para a produo cientfica 65

    Maior flexibilidade na gesto das instituies cientficas e tecnolgicas 66

    Articulao no mais alto nvel 67

    OS GRANDES DESAFIOS E A AGENDA DO FUTUROPARA C,T&I 70

    Biodiversidade conhecimento e conservao com agregao de valor 73

    Respeito aos biomas 7

    Mar e oceano (Amaznia Azul) 77

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    15/108

    Por uma Amaznia sustentvel 81

    Agregar valor biodiversidade 81

    Promover sinergia entre instituies, projetos e recursos humanos

    para a cincia e a tecnologia 83

    Atender as demandas sociais 8Consolidar uma base tecnocientfica para o uso sustentvel

    do territrio na Amaznia 85

    Amaznia, potencial de futuro que se j se faz presente 86

    C,T&I para o desenvolvimento social 89

    O Brasil precisa de uma revoluo na educao 97

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    16/108

    LIVRO AZULCONCLUSES DA 4CONFERNCIA NACIONAL DECINCIA, TECNOLOGIA E INOVAO

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    17/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    18/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    19/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 17

    APRESENTAO

    A cincia, a tecnologia e a inovao so importantes motores da transformao econmica

    e social dos pases. A busca por novas possibilidades de transformar o conhecimento em inovao

    e em riqueza, por conseqncia envolve hoje inmeros atores. No tarefa apenas de governos,

    mas do conjunto da sociedade, representada pela academia, setor empresarial, entidades de catego-

    rias profissionais, entidades do terceiro setor, entre outros.

    Nessa perspectiva, as conferncias nacionais de cincia e tecnologia tm historicamenteoferecido sociedade um espao democrtico para se manifestar sobre suas propostas e aspiraes

    para o setor. No por acaso, o prprio Ministrio da Cincia e Tecnologia nasceu sob a gide da

    Primeira Conferncia, convocada em 1985 pelo primeiro titular da Pasta, o saudoso ministro Renato

    Archer, preocupado em ouvir a sociedade sobre os rumos que o novo ministrio deveria tomar.

    Outras duas conferncias se seguiram em 2001 e 2005, cada uma constituindo-se em democrtico

    espao para a discusso de temas mais relevantes poca.

    Realizada em 2001 dezesseis anos depois , a 2 Conferncia discutiu o novo modelo de

    financiamento para a rea, baseado nos fundos setoriais. Outro resultado da segunda edio da confe-

    rncia foi a criao do CGEE Centro de Gesto e Estudos Estratgicos, organizao social supervisio-

    nada pelo Ministrio da Cincia e Tecnologia. A tarefa inicial do Centro foi a elaborao do Livro Branco

    da Cincia e Tecnologia, Contendo orientaes estratgicas de longo prazo, emanadas da Conferncia.

    Pesdente La e Mnst Seg Ree

    Mnst Seg Reende - MCT

    Pesdente L Inc La da Sa

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    20/108

    18 | LIVRO AZUL

    Em 2005, realizou-se a 3 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao, com o forte

    apelo de mostrar a importncia da cincia, da tecnologia e da inovao para gerar riqueza e distribu-la

    pela sociedade por meio de mecanismos de incluso social, cujo principal pilar a educao.

    Em maio de 2010, realizamos a 4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao,

    que reuniu em Braslia um pblico sem precedentes, superior a 4 mil participantes. Foi convocadapor decreto presidencial para discutir uma poltica de Estado para cincia, tecnologia e inovao

    com vistas ao desenvolvimento sustentvel. Foi precedida de encontros estaduais, fruns de dis-

    cusso e conferncias regionais, o que reforou ainda mais seu carter democrtico e participativo.

    O governo do Presidente Luiz Incio Lula da Silva impulsionou de forma efetiva a rea de

    cincia, tecnologia e inovao (C,T&I). Pela primeira vez, o Pas contou com um plano concreto

    de aes em C,T&I, dotado de prioridades claras e oramento definido e efetivamente executado.

    A quarta e mais recente edio da Conferncia Nacional organizou suas discusses combase nas prioridades do Plano de Ao em Cincia, Tecnologia e Inovao para o Desenvolvimento

    Nacional no perodo 2007-2010. Tambm conhecido como o PAC da Cincia, marcar a histria da

    C,T&I no Pas no apenas pelo xito em sua execuo, mas tambm por conta de suas qualidades e

    pelo processo coletivo que caracterizou sua elaborao. Constitui instrumento de ao do Governo

    Federal como um todo, executado em forte articulao com os Estados da Federao e com as

    principais entidades e associaes cientficas e empresariais. O sucesso do PACTI foi amplamente

    reconhecido durante a 4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao.

    Como tradio, o Centro de Gesto e Estudos Estratgicos coloca disposio da socie-

    dade as propostas discutidas na 4 Conferncia. Esto reunidas neste L A e representam

    elementos importantes de orientao para a superao dos novos desafios da poltica de cincia,

    tecnologia e inovao para que ela se torne uma poltica de Estado.

    L Eas - Secet Exect d MCT

    O pesdente La dscsa

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    21/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 19

    O primeiro desafio dar continuidade ao processo de ampliao e aperfeioamento das

    aes em C,T&I, tornando-as polticas de Estado. Em segundo lugar, precisamos expandir com qua-

    lidade e melhorar a distribuio geogrfica da cincia. O terceiro desafio melhorar a qualidade da

    cincia brasileira e contribuir, de fato, para o avano da fronteira do conhecimento. Em quarto lugar,

    preciso que Cincia, Tecnologia e Inovao se tornem efetivos componentes do desenvolvimento

    sustentvel, com atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovao nas empresas e incorporao

    de avanos nas polticas pblicas. O quinto desafio intensificar as aes, divulgaes e iniciativas de

    CT&I para o grande pblico. E, finalmente, o sexto desafio melhorar o ensino de cincia nas escolas

    e atrair mais jovens para as carreiras cientficas.

    A responsabilidade da coordenao da 4 CNCTI foi atribuda ao professor Luiz Davidovich,

    que a exerceu com competncia e entusiasmo, tendo sido precedido em sua tarefa pelos professo-

    res Ronaldo Mota e Carlos Alberto Arago de Carvalho Filho.

    Estou convicto de que esta publicao traz elementos fundamentais para ajudar o Brasil a

    aproveitar suas vantagens comparativas para se manter frente da discusso sobre o desenvolvi-

    mento sustentvel, contribuindo para que se torne uma potncia nesse novo paradigma.

    Seg Machad Reende

    Ministro de Estado da Cincia e Tecnologia

    Fenand Haddad (E) e J Ma Net

    L Dadch - Secet Gea da a

    Pesdente La e mnsts

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    22/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    23/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 21

    INTRODUO

    As Conferncias Nacionais de Cincia, Tecnologia e Inovao (CNCTI) tm se caracterizado

    como importantes arenas consultivas, desempenhando um papel fundamental na articulao de

    diversos segmentos da sociedade em torno desse tema, construindo vnculos de cooperao e con-

    fiana, e ajudando a consolidar diretrizes para a poltica nacional de cincia, tecnologia e inovao.

    A 4a CNCTI convocada sob o ttulo de Ptca de Estad paa Cnca, Tecnga

    e Ina cm stas a Desenment Sstente foi precedida de cinco confernciasregionais (CO, N, NE, SE, S), realizadas at meados de abril de 2010. Encontros estaduais e municipais

    e fruns de discusso por todo o Pas foram estimulados como importante mecanismo de mobiliza-

    o e levantamento das principais questes abordadas no evento nacional. Seis seminrios prepara-

    trios permitiram uma discusso aprofundada de grandes temas: Desenvolvimento Sustentvel; O

    Papel da Inovao na Agenda Empresarial; Cincia Bsica e a Produo de Conhecimento; Educao

    de Qualidade desde a Primeira Infncia: o Papel da C,T&I na Reduo das Desigualdades Sociais e na

    Incluso Social; e O Brasil na Nova Geografia da Cincia e da Inovao Global.

    A Conferncia foi realizada no perodo de 26 a 28 de maio de 2010. Um programa intenso

    compreendeu sete plenrias, 24 sesses paralelas e 24 sesses temticas, envolvendo cerca de 220

    palestrantes e relatores provenientes dos setores acadmico, governamental, empresarial e de outros

    setores da sociedade civil, alm de convidados estrangeiros..

    Os documentos resultantes dessas atividades, incluindo artigos dos palestrantes e contri-

    buies de carter institucional, sero publicados em uma edio especial da revista Parcerias Estra-

    tgicas, editada pelo Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE).

    Lca Caah Pnt de Me - CGEE

    L Cmemat ds 25 ans d M

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    24/108

    22 | LIVRO AZUL

    A Conferncia norteou suas discusses segundo as linhas do PACTI 2007-2010, quais sejam:

    a) O sistema nacional de cincia, tecnologia e inovao; b) Inovao na Sociedade e nas Empresas;

    c) Pesquisa, Desenvolvimento e Inovao em reas Estratgicas; e d) Cincia, Tecnologia e Inovao

    para o Desenvolvimento Social.

    Os debates mobilizaram milhares de pessoas, envolvendo a comunidade cientfica, profes-sores de diversos ciclos educacionais, o meio empresarial em proporo significativamente maior

    do que nos encontros anteriores , o governo, organizaes estudantis, sindicatos de trabalhadores,

    movimentos sociais. Todos os estados da Federao e o Distrito Federal estiveram representados. A

    transmisso pela internet das diversas sesses teve mais de 40.000 acessos.

    Este L A sintetiza as principais contribuies da 4 Conferncia, que tm como fios

    condutores o desenvolvimento sustentvel e a inovao. Ele focaliza as grandes idias-fora que ema-

    naram da Conferncia, e, assim sendo, no uma compilao das diversas propostas apresentadas.

    A Cnsda das Recmendaes da Conferncia Nacional, das Conferncias Regionais e Es-

    taduais e do Frum Municipal de C,T&I objeto de outra publicao, que acompanha este volume.

    A 4 Conferncia props como bjet estatgc para o Pas um desenvolvimento cien-

    tfico e tecnolgico inovador, calcado em uma poltica de reduo de desigualdades regionais e

    sociais, de explorao sustentvel das riquezas do territrio nacional e de fortalecimento da inds-

    tria, agregando valor produo e exportao atravs da inovao e reforando o protagonismo

    internacional em cincia e tecnologia.

    Esse objetivo pressupe a adoo de uma agenda de ng pa que inclua: a consoli-

    dao do Sistema Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao, reforando a coordenao entre os

    diversos setores envolvidos e revendo marcos legais que ainda prejudicam a pesquisa e o desenvol-

    vimento tecnolgico, nas empresas e nas instituies de ensino e pesquisa; o incentivo a tecnologias

    estratgicas; o estmulo inovao nas empresas; o apoio da cincia e da tecnologia para a incluso

    social, incentivando a inovao nessa rea; o uso sustentvel dos biomas nacionais, incluindo o mar

    e o oceano; um projeto de desenvolvimento para a Regio Amaznica, que valorize a biodiversi-

    dade e impea a destruio da floresta; a melhoria da qualidade da educao em todos os nveis e,

    em particular, o aumento substancial na formao de profissionais qualificados nos nveis mdio esuperior; o aumento do nmero de pesquisadores nas empresas, nas universidades e institutos de

    pesquisa; a intensificao de programas destinados a reduzir o desequilbrio regional nas atividades

    de cincia e tecnologia.

    Js Isae Vagas (ex-mnst d MCT)

    Rbet Amaa (ex-mnst d MCT)

    Henqe da Sea (ex-mnst d MCT)

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    25/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 23

    Uma agenda necessria e ambiciosa, que ganha destaque neste L A, e que s pode

    ser concretizada atravs de uma Poltica de Estado que garanta a continuidade de um projeto de

    desenvolvimento sustentvel ancorado na cincia, na tecnologia e na inovao.

    Uma verso preliminar deste L A , integrando contribuies do Conselho Consulti-

    vo e da Comisso Organizadora da 4 CNCTI, foi submetida a consulta pblica, realizada atravs dainternet, e apoiada por um suplemento especial da Folha Dirigida sobre o L A, com 300.000

    exemplares, distribuda em todo o territrio nacional. Desse escrutnio resultaram centenas de suges-

    tes individuais e institucionais. A verso final aqui apresentada reflete o resultado desse processo.

    Devido participao intensa e diversificada de vrios setores da sociedade brasileira, ma-

    turidade dos debates e aos consensos alcanados em relao a temas de grande impacto para o

    desenvolvimento da C,T&I na prxima dcada, as orientaes e sugestes da 4 CNCTI devero

    influenciar fortemente o planejamento que ter como marco inicial o ano de 2011.

    O L A inicia-se com o captulo Inovao e Sustentabilidade: Imperativos para o De-

    senvolvimento Brasileiro, que desenvolve os dois grandes princpios norteadores da 4 Conferncia,

    apresentando o cenrio que abriga as diversas propostas do documento. Segue-se o captulo sobre

    As novas oportunidades para o Brasil e o estgio atual da C,T&I, que rene um conjunto de consi-

    deraes e propostas sobre o incentivo inovao nas empresas, o desenvolvimento de tecnologias

    estratgicas, a sustentao do avano da cincia brasileira, a consolidao do Sistema Nacional de

    C,T&I e os marcos regulatrios. O captulo final, Os grandes desafios e a agenda do futuro para

    C,T&I, concentra-se na perspectiva de realizao do grande potencial da Amaznia, em especial,

    mas tambm de outras regies e biomas do Pas, incluindo a extenso atlntica que se projeta para

    alm do litoral e das ilhas ocenicas. Aborda tambm o papel da cincia, da tecnologia e da inova-

    o no desenvolvimento social, tema que constituiu um dos quatro grandes eixos da 4 Conferncia.

    Encerra-se esse captulo com recomendaes relativas necessidade de uma revoluo na educa-

    o em todos os nveis, ponto considerado por todos os setores da sociedade fundamental para o

    sucesso do projeto de desenvolvimento sustentvel.

    O conjunto de propostas referentes a todos esses temas apresentado a seguir.

    Jacb Pas - ABC

    Mac Antn Rapp - SBPC

    Antnnh Mam Tesan - CDES

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    26/108

    INOVAO ESUSTENTABILIDADE,IMPERATIVOS PARA O

    DESENVOLVIMENTOBRASILEIRO

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    27/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    28/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    29/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 27

    INOVAO E SUSTENTABILIDADE,IMPERATIVOS PARA O DESENVOLVIMENTOBRASILEIRO

    Quando a tecnologia de satlites permitiu ao homem olhar a Terra a partir do cosmo, em

    outubro de 1957, tomou-se conscincia da unidade do globo como um bem comum cujo uso

    deve repousar numa responsabilidade comum. E percebeu-se tambm que a natureza se tornara

    um bem escasso, colocando-se a questo ecolgica como um duplo desafio, o da sobrevivncia

    humana e o da valorizao do capital natural.

    Nos numerosos debates que se sucederam durante a dcada de setenta sob a gide daUnesco, firmou-se a necessidade de conter a degradao do planeta e tambm a de no negligen-

    ciar o desenvolvimento, concluindo-se que se tratava de construir um conceito multidimensional e

    de reformar a economia para poder alcan-lo. Coube ao famoso Relatrio Bruntland de 1987 sis-

    tematizar os princpios do que veio a se denominar de desenment sstente. A partir da,

    a dimenso ambiental definitivamente reconhecida como uma dimenso do processo de desen-

    volvimento, embora o desenvolvimento sustentvel continue sendo um conceito em construo.

    possvel entender o desenment sstente como m pcess de tansfma-

    e de mdana, em cntn apefeament, enend mtpas dmenses ec-

    nmca, sca, ambenta e ptca. Processo essencialmente dinmico, que apresenta nfases

    diversas no tempo e pode trilhar caminhos diferenciados segundo as escolhas de sociedades his-

    trica e geograficamente forjadas. No atual contexto histrico, a inovao emerge como uma das

    contribuies mais determinantes na busca de um desenvolvimento sustentvel efetivo em suas

    mltiplas dimenses.

    Hoje, o desenvolvimento sustentvel tem como focos centrais a questo energtica e a

    questo da mudana climtica. Contexto que muito favorvel ao desenvolvimento sustentvel do

    Brasil. A 4 CNCTI revelou um caminho de desenvolvimento sustentvel que o Brasil vem trilhando

    e que deve fortalecer: seu sistema de inovaes est em grande parte alicerado em seus recursos

    naturais. Do petrleo e das hidreltricas aos biocombustveis e ao papel da Floresta Amaznica no

    clima, a maior parte das inovaes no Brasil est associada natureza diversificada de seu territrio.

    das inovaes baseadas numa economia do conhecimento da natureza que o Pas poder gerar a

    riqueza a ser utilizada na superao das carncias sociais que nele ainda perduram.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    30/108

    28 | LIVRO AZUL

    A competitividade das empresas, luz dessa conceituao, tem de ser cada vez mais base-

    ada em vantagens tecnolgicas, na qualidade de seus produtos e servios, e na produtividade dos

    trabalhadores. necessria forte ampliao do acesso da maioria da populao a bens e servios

    essenciais qualidade de vida. Processos produtivos, sistemas de transporte, hbitos de consumo,

    mtodos de gerao e padres de utilizao de energia precisam se tornar mais compatveis com a

    preservao do meio ambiente.

    Por isso mesmo, o desenvolvimento sustentvel requer uma presena crescente da cincia

    e da tecnologia na produo de alimentos, na melhoria das condies de sade, na explorao e

    preservao de recursos naturais, na agregao de valor produo industrial, na reduo da desi-

    gualdade social e do desequilbrio regional, no desenvolvimento de tecnologias sociais. Nesse sen-

    tido, a inovao deve buscar sempre as melhores solues do ponto de vista ecolgico, tendo a

    sustentabilidade como um de seus pressupostos elementares.

    Intensa dnmca tecngca e fte ament da cncnca

    A economia mundial atravessa h trs dcadas um perodo de intensa dinmica tecnolgi-

    ca e de forte aumento da concorrncia. O progresso tcnico e a competio internacional passaram

    a demandar crescentes investimentos em C,T&I. As atividades nesse campo tornaram-se instrumen-

    tos fundamentais para o desenvolvimento, o crescimento econmico, a gerao de emprego qualifi-

    cado e renda, e a democratizao de oportunidades. H hoje, nacional e internacionalmente, cons-

    cincia de que elas so imprescindveis para que os pases alcancem um desenvolvimento no qual

    a competitividade no esteja atrelada explorao predatria de recursos naturais ou humanos.

    Firmou-se no Pas a compreenso de que o trabalho de tcnicos, cientistas, pesquisadores e

    acadmicos, e o engajamento das empresas, so fatores determinantes para a consolidao de um

    modelo de desenvolvimento sustentvel, capaz de atender as justas demandas sociais dos brasileiros e

    o permanente fortalecimento da soberania nacional. Esse entendimento envolve uma viso comparti-

    lhada sobre a importncia da cincia bsica como fundamental para sustentar uma pesquisa aplicada

    inovadora, voltada para a soluo dos problemas e dos desafios da sociedade em curto prazo. Trata-se

    de uma questo que ultrapassa os governos e envolve o Estado e a sociedade como um todo.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    31/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 29

    Essa dinmica articulada de desenvolvimento tecnolgico aponta para a necessidade cres-

    cente de atuao em rede dos diversos atores envolvidos, dos setores pblicos e privados, e abertura

    para atuao articulada em nvel nacional e internacional, pois o ambiente gerado pela sociedade

    do conhecimento em que vivemos nos remete a desafios constantes com relao globalizao e

    internacionalizao da sociedade em que vivemos.

    Cc ecnmc base: cescment cm edstb de enda

    A economia brasileira encontra-se numa fase especial de sua trajetria histrica. H inequ-

    vocas evidncias de que nos ltimos anos inaugurou-se um processo que tem grandes chances de

    se afirmar como um novo ciclo de desenvolvimento, com flego para o longo prazo: o crescimento

    com redistribuio de renda pela via da dinmica da produo e consumo de massa. Trata-se de

    velho sonho da sociedade brasileira, que se apresenta no atual momento da vida nacional como

    tendncia absolutamente promissora.

    Esse modelo virtuoso, entretanto, s pode ter continuidade a longo prazo se contiver,

    centralmente, dois outros elementos, que se interconectam: o concurso de um vigoroso processo

    de inovao, conduzido pelo setor empresarial, por instituies pblicas e por outras instncias

    da sociedade e apoiado em efetivo sistema nacional de C,T&I; e o concurso de uma decidida po-

    ltica de uso sustentvel dos recursos naturais, que busque compatibilizar o progresso material da

    populao com o mximo respeito ao meio ambiente e conservao da natureza. Em sntese,

    na e sstentabdade.

    Uma das caractersticas do atual ciclo de crescimento tem sido a capacidade de estimular o

    dinamismo econmico de maneira mais equilibrada regionalmente, apoiando via polticas pblicas

    investimentos estratgicos que valorizam potencialidades latentes nas regies menos desenvolvidas

    do Pas. Fazem parte desses investimentos aqueles realizados na educao superior e na ps-graduao

    e em outras instituies integrantes da infraestrutura de C,T&I, que antes havia se concentrado for-

    temente no Sudeste e no Sul do Pas e foram ampliados na fase recente ao Nordeste, ao Norte e ao

    Centro-Oeste. A busca de reduo das desigualdades regionais tem sido um dos eixos condutores dos

    investimentos em C,T&I, desde a reserva de 30% das aplicaes nos Fundos Setoriais at a criao de

    novos Institutos Nacionais estruturados em rede cujo comando fica com instituies competentes

    localizadas nas reas mais pobres do Pas, ao lado de outras iniciativas.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    32/108

    30 | LIVRO AZUL

    A na cm pncpa mt d desenment

    A inovao, tendo a educao como fundamento, o principal motor do processo de de-

    senvolvimento do Pas. Ela favorecida por avanos cientficos e tecnolgicos e pela qualificao

    dos profissionais envolvidos no processo, bem como pelas atividades de risco, seja na funo de

    pesquisa cientfica e tecnolgica, seja na atividade empresarial decorrente de novos conhecimentosgerados. A evoluo acelerada da inovao se reflete nos novos modelos de negcios, onde o Brasil

    tem grande potencial de atuao.

    Por outro lado, a ideia de que o mercado constituiria o nico motor da inovao limitada.

    Muitas inovaes que transformaram o mundo surgiram de instituies pblicas ou de setores sem

    fins lucrativos. A internet um exemplo recente. As inovaes sociais solues novas para proble-

    mas sociais que so mais efetivas, sustentveis e justas, e cujos resultados beneficiam mais a socieda-

    de como um todo do que indivduos particulares so geradas e aplicadas em resposta a demandas

    diversificadas da sociedade.Em particular, as tecnologias sociais atendem demandas de setores mais

    necessitados, especialmente em temas como segurana alimentar e nutricional, energia, habitao,

    sade, saneamento, meio ambiente, agricultura familiar, gerao de emprego e renda.

    O Pas desenvolveu, nas ltimas dcadas, um competente sistema universitrio de produ-

    o de conhecimento e formao de recursos humanos. O desafio, agora, criar condies para

    que atividades inovadoras atendam as demandas dos diferentes setores da sociedade e fortaleam

    a competitividade internacional das empresas.

    Entre universidade, empresa e sociedade cabe criar camadas intermedirias parques tec-

    nolgicos, centros de inovao, redes de extenso tecnolgica, institutos tecnolgicos estimula-

    das por polticas pblicas.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    33/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 31

    No mbito de atividades inovadoras em empresas, diversas iniciativas foram citadas na 4

    CNCTI, como as da Confederao Nacional da Indstria (CNI), via MEI (Mobilizao Empresarial

    pela Inovao), da Associao Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras

    (Anpei), do BNDES, de ministrios envolvidos com o tema (MDIC, MCT e MEC, entre outros), e

    especificamente do MCT, via Sibratec (Sistema Brasileiro de Tecnologia), cujo objetivo apoiar o

    desenvolvimento tecnolgico do setor empresarial nacional. O Sibratec promove, para tanto, ati-

    vidades de pesquisa e desenvolvimento e de prestao de servios de metrologia, extensionismo,

    assistncia e transferncia de tecnologia.

    Um fator fundamental para o sucesso da poltica industrial da ltima dcada foi o significati-

    vo fortalecimento e modernizao do Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade

    Industrial (Inmetro), que experimentou uma profunda transformao, alcanando um desempe-

    nho de padro internacional.

    No mbito da inovao social, atores variados constituram, em anos recentes, uma impor-

    tante rede de tecnologias sociais, envolvendo entidades da sociedade civil e organismos pblicos, o

    que possibilitou o surgimento de aes mais criativas e integradas, embora o potencial delas ainda

    esteja longe de ter sido aproveitado em sua inteireza. A economia solidria vem se apresentando

    tambm como uma alternativa inovadora de gerao de trabalho e renda e uma resposta a favor da

    incluso social e do desenvolvimento sustentvel.

    O desenvolvimento sustentvel e a inovao formam o pano de fundo das consideraes e

    propostas da 4 Conferncia Nacional de C,T&I que so apresentadas nos prximos captulos.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    34/108

    AS NOVASOPORTUNIDADES PARAO BRASIL E O ESTGIO

    ATUAL DA C,T&I

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    35/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    36/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    37/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 35

    INOVAO COMO COMPONENTE SISTMICODA ESTRUTURA PRODUTIVA NACIONAL

    H consenso de que, apesar dos imensos avanos na produo de cincia e tecnologia no

    Pas no mbito acadmico, a atividade inovadora exige, por parte de governos e de empresas, um

    salto em termos de quantidade e qualidade, incorporando uma viso sistmica do processo de ino-

    vao. Sem isso, coloca-se em risco a continuidade a longo prazo do desenvolvimento, porque se

    restringem o progresso tcnico, a insero mundial por meio de exportaes de maior valor agrega-

    do, a reduo da vulnerabilidade externa e a autonomia para crescer.

    Pode-se dizer que o Brasil tem uma necessidade gigantesca, urgente, de inocular inovao

    em todos os poros da economia. Tem necessidade de passar por um choque de inovao, entendi-

    do como uma sequncia de aes em vrias reas. No se parte de zero, ao contrrio. Nos ltimos

    anos houve avano nessa rea, com a Lei de Inovao, a Lei do Bem, a subveno econmica na

    Finep, a segunda poltica industrial, lanada em 2008 com o nome de Poltica de Desenvolvimento

    Produtivo (PDP), voltada para investimentos em inovao. Alm disso, o PACTI incluiu, pela primei-

    ra vez na histria do MCT, a inovao como um dos eixos da poltica governamental.

    O PACTI est no centro da articulao no s com a PDP, mas tambm com diferentes po-

    lticas do governo federal: o PAC (infraestrutura), o Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE),

    o Plano de Desenvolvimento da Sade, o Plano de Desenvolvimento da Agropecuria e a Poltica

    de Defesa Nacional.

    Na dimenso da organizao federativa, o MCT fortaleceu institucionalmente o sistema de

    C,T&I, por intermdio de suas instncias de financiamento, Finep e CNPq, e de sua interlocuo com

    os governos estaduais, representados no Conselho Nacional de Secretrios Estaduais para Assuntos de

    C,T&I (Consecti) e no Conselho Nacional das Fundaes Estaduais de Amparo Pesquisa (Confap).

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    38/108

    36 | LIVRO AZUL

    Apesar dos avanos, ainda existem lacunas a preencher, como o reconhecimento do papel

    das instituies de ensino e pesquisa privadas, em especial as comunitrias, que demandam um

    marco legal e uma legislao especfica, no mbito da Lei da Inovao, cujo foco so as instituies

    de ensino superior pblicas. O prprio conceito de ICT (Instituio Cientfica e Tecnolgica), como

    definido nessa lei, deve ser ampliado, incorporando as Instituies privadas.

    A 4 Conferncia explorou a relao entre a produo de conhecimento e as perspectivas

    de aplicao empresarial, bem como a inovao nos modelos de gesto e de negcios, visando a

    tornar a inovao um componente sistmico do sistema produtivo nacional, reforando os meca-

    nismos que contribuam para a inovao nas empresas de mdio e pequeno portes, incluindo, sem

    a isso se limitar, a sua insero nas cadeias de produo e conhecimento.

    Diversos aspectos envolvendo legislao e marco legal foram destacados, assim como a

    necessidade de uma viso mais sistmica e estratgica da inovao, tanto nas empresas como nas

    universidades e nos diversos nveis de governo. Foram analisadas e debatidas tambm tendncias

    mundiais de diversificao das modalidades de inovao. Enfatizou-se a necessidade de um maior

    protagonismo na rea de inovao por parte do setor privado, com apoio do governo, tendo como

    foco central das polticas pblicas de inovao o mercado e as empresas.

    Um dos aspectos centrais para a ampliao da atividade inovadora no Pas a questo do

    financiamento como fator indutor da inovao. Isso requer maior volume de investimentos em ino-

    vao, visando a atingir os padres de pases lderes mundiais. Tambm necessrio diversificar as

    opes de financiamento, enfatizando o empreendedorismo inovador, em especial nas micro e pe-

    quenas empresas nascentes, atravs, por exemplo, de instrumentos como capital semente e de risco.

    Diante das disparidades regionais prevalecentes e da grande diversidade regional do Pas, o

    apoio das polticas pblicas e a elevao dos nveis de investimentos devem considerar a leitura da

    realidade regional brasileira.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    39/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 37

    Ap genamenta paa na dee te cm cntapatda nestments na ea

    de P&D

    A interao universidade-empresa-governo permeou todos os debates, com especial des-

    taque para o papel central das Incubadoras de Empresas de Base Tecnolgica e dos Parques Cien-

    tficos e Tecnolgicos, ambientes de pesquisa que se constituem em plataformas para a inovaoe atuao nos mercados externos por parte de empresas de todos os portes. Especial destaque

    foi dado s aes articuladas de estmulo atrao de projetos e investimentos na rea de P&D de

    empresas (nacionais e internacionais) para esses ambientes de inovao. Nesse sentido, foi ressaltada

    a importncia de caracterizar os investimentos na rea de P&D como contrapartida prioritria das

    empresas para os apoios governamentais nas reas de inovao.

    No contexto brasileiro atual, a agenda macroeconmica tem relao com poltica industrial,

    cmbio, taxa de juro real e demais fatores com peso determinante no funcionamento do mercado

    de bens e servios. A poltica de inovao deve ser, portanto, parte de uma robusta poltica eco-

    nmica e industrial que busque mudar a estrutura industrial do Pas e os mecanismos de apoio e

    fomento inovao, especialmente nas empresas nacionais.

    As questes envolvendo gesto de risco, financiamento, recursos humanos, infraestrutura,

    capital de risco e cooperaes pblico-privadas so centrais nessa nova agenda econmica. Nesse

    contexto, de maior protagonismo privado e desenvolvimento de aes voltadas para a massificao

    da inovao nas empresas, foram propostas diversas aes articuladas, tais como: criao de platafor-

    mas setoriais de inovao, internacionalizao e competio global, urgncia para a educao profis-

    sional, formao de engenheiros, marcos regulatrios que estimulem a inovao e criao de ambien-

    tes de inovao de classe mundial, voltados a receber investimentos internacionais na rea de P,D&I.

    Em linhas gerais, forjou-se um consenso de que alguns aspectos requerem uma ateno

    especial na rea de inovao nas empresas: os recursos humanos, o esprito empreendedor, a gesto

    da inovao e a interao com os resultados da pesquisa cientfica e tecnolgica.

    A articulao entre os atores (empresa, universidade e governo), o aumento da participao

    das empresas, um financiamento adequado e um eficiente sistema nacional de inovao so os

    principais fatores de sucesso para a agregao de valor produo e exportao. Esses aspectos

    realam a necessidade de aprimorar o modelo de governana, propiciando maior simetria entre os

    setores empresarial, acadmico e de governo, estimulando-se debates abertos e transparentes.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    40/108

    38 | LIVRO AZUL

    Recomendaes

    1. Tata a na cm estatgca, tanto nas empresas como na academia e no go-

    verno, incentivando e financiando o desenvolvimento de competncia na gesto da ino-

    vao. Essa competncia est diretamente relacionada com a ampliao da formao de

    mo de obra qualificada e com o estabelecimento de um melhor ambiente de negcios.

    2. Fomentar um ma ptagnsm pad no processo de inovao e nas discus-

    ses relativas s polticas pblicas para a rea, em especial por meio de entidades empre-

    sariais representativas dos diversos segmentos de negcios.

    3. Ampa s nestments pblicos e estimular os investimentos de empresas em P&D

    (que, juntos, correspondem a 1,24% do PIB em 2009) de modo que o investimento total

    alcance, em 2020, uma faixa entre 2,0% e 2,5% do PIB, prxima do padro dos pases

    lderes mundiais.

    4. Desfica as pes de financament mediante:

    o anhament de mecansms pbcs tads a apa s empeendedes

    em estg nca (como o Programa Prime e Seed Frum da Finep, entre outros);

    a mtga ds scs inerentes aos processos e produtos inovadores;

    o estm , por meio do BNDES, do Banco Central e do mercado de capitais

    ca de Fnds de Rsc paa financa empeendments nades em

    estg nca;

    a ad de cts e cncets mas abangentes de na na defin

    das nhas de financament (inovao em marketing, em servios, em modelos e

    gesto de negcios, plantas piloto, plantas industriais pr-competitivas, etc.).

    5. Estma estados e municpios a ca cndes cas faes para inovao por

    meio de incentivos tais como desonerao fiscal, tributria, impostos territoriais, impos-

    tos de servio, demais tributos municipais e cesso de reas.

    6. Criar ambentes de na, atuando em rede, com destaque para os Parques Cient-

    ficos e Tecnolgicos de classe mundial, distribuindo no Pas ambientes de inovao que

    atraiam investimentos privados nacionais e internacionais e gerem novas empresas e

    produtos inovadores, tanto para os mercados internos como para exportao, atuando

    de forma articulada com os Arranjos Produtivos Locais (APLs) e outras iniciativas regio-

    nais, interagindo dinamicamente com os atores pblicos e privados envolvidos.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    41/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 39

    7. Fomentar o desenvolvimento de empresas inovadoras nascentes por meio de p-

    -ncbadas, ncbadas e paqes tecngcs, como instrumento de promo-

    o do desenvolvimento tecnolgico e socioeconmico local e regional, estimulando

    a ampliao da interao entre as ICTs, as empresas e o governo.

    8. Preparar as empresas e o Pas para um ambiente de competio global crescente,

    por meio de apoio e incentivos dos atores pblicos (BNDES, Finep, MDIC) e priva-

    dos (CNI, Agncia Brasileira de Promoo de Exportaes e Investimentos Apex ,

    entre outros) envolvidos, visando a estma a ntenacnaa e pepaa

    paa a cmpet gba das empesas, em especial aquelas produtoras de bens e

    servios de alto valor agregado.

    9. Incrementar os mecanismos de apoio inovao nas pequenas e mdias empresas,fomentando em especial pgamas de a ntegada ente empesas-nca e

    sas cadeas pdtas, e tambm os pgamas de extensnsm tecngc.

    10. Da tatament especa s eges mens desendas d Pas, com foco na

    reduo das assimetrias intra e inter-regionais, tanto no estmulo s empresas como

    no desenvolvimento de competncias para a produo e difuso de conhecimentos.

    11. Reexamna a Le de Ina qant segana jdca e as cntades

    egas exstentes , gerando subsdios para uma reestruturao dos marcos legais na

    rea de C,T&I, tanto para os segmentos pblicos como para os privados, de modo

    que os rgos de fiscalizao governamentais e agncias de fomento atuem de forma

    alinhada com a poltica nacional na rea de C,T&I.

    12. Resa e expand a Le da Ina , de modo a:

    incluir as IES comunitrias e privadas no conceito de ICT;

    contemplar as tecnologias sociais;

    facilitar o ingresso no mercado dos produtos e servios derivados dos benefcios

    concedidos no contexto da lei.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    42/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    43/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 41

    A histria mostra que cincia, tecnologia e inovao evoluem de maneira diferenciada no

    tempo e no espao das naes e, consequentemente, as oportunidades para o seu desenvolvimento

    mudam em funo dos momentos histricos e das condies dos pases. Por isso, possvel

    identificar cincias, tecnologias e famlias de inovaes mais promissoras ou necessrias em

    determinado momento e pas, e que, por essa razo, podem ser consideradas estratgicas.

    Algumas cincias ou tecnologias so estratgicas em si, enquanto outras assumem seucarter estratgico em funo dos setores ou reas nas quais so aplicadas.

    No contexto atual, a comunicao globalizada permite que um contingente expressivo

    da populao mundial aspire a ter acesso a padres civilizados de condies de vida. Para que

    isto ocorra, muitos desafios devem ser superados, garantindo que esta incluso social ocorra

    de forma sustentvel, tendo em vista o impacto esperado devido ao contnuo crescimento da

    populao mundial. Como consequncia natural deste aumento de populao, pode-se prever um

    crescimento da produo industrial, a expanso da agricultura, o aumento da demanda por gua,

    energia e matria-prima, alm de uma urbanizao crescente, parte da qual no planejada, todas elas

    exercendo grande presso sobre a capacidade ambiental de cada regio.

    Pd mas enega, gaant a ncs sca e, a mesm temp, ed a emss de CO2

    Por conta da estreita e direta relao entre o ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o

    consumo de energia, assim como entre esse ltimo e a gerao de gases de efeito estufa, um desafio

    considervel diz respeito necessidade de se produzir mais energia, para garantir a incluso social,

    e ao mesmo tempo reduzir a emisso de CO 2, responsvel pelas mudanas climticas provocadaspelo aquecimento global. Esta uma das situaes em que a C,T&I pode trazer contribuies

    valiosas, pelo emprego de tecnologias de sequestro de carbono ou pela gerao a partir de fontes

    com baixa ou nenhuma emisso de carbono (bioenergia, fotovoltaica, elica e nuclear).

    TECNOLOGIAS ESTRATGICAS PARA ODESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    44/108

    42 | LIVRO AZUL

    O cenrio francamente favorvel ao Brasil, que alm de j possuir uma das matrizes

    energticas mais limpas do mundo apresenta vantagens comparativas quanto ao aumento da

    participao de fontes alternativas. Observa-se, portanto, uma grande oportunidade para o Pas

    avanar de modo consistente na direo de um desenvolvimento sustentvel. A C,T&I vital para

    compatibilizar o progresso material da maioria da populao com o uso racional dos recursos

    naturais e a preservao do meio ambiente.

    A 4 CNCTI expressou a compreenso clara desse papel vital desempenhado pela C,T&I

    no processo de desenvolvimento sustentvel brasileiro. Foram ademais apresentadas razes que

    justificam a convico de que o Brasil pode construir um padro de desenvolvimento democrtico,

    que compatibilize o progresso material da maioria da populao com o uso racional dos recursos

    naturais e a preservao do meio ambiente.

    O desenvolvimento sustentvel brasileiro possvel, mas no ser tarefa fcil. No campo da

    C,T&I, ser necessria a multiplicao de esforos e a concentrao desses especialmente em reas

    que so estratgicas para o desenvolvimento sustentvel do Pas.

    A importncia da contribuio de diversas reas da C,T&I para a construo desse novo

    padro de desenvolvimento foi expressa na Conferncia, mas cabe aqui destacar algumas delas,

    em particular, que certamente desempenharo papis centrais nessa construo. Essas so as

    relacionadas com a agcta, a benega , as tecngas da nfma e cmnca,

    a sade, a expa das eseas de pete e gs dP-Sa, tecnga ncea, espao e

    defesa, e as tecngas ptadas de ft e tas enegas.

    Agricultura

    As cincias agrcolas so o componente de maior impacto na elevao da produo

    cientfica do Pas, tornando o Brasil uma liderana mundial no setor. Esta evoluo deve-se

    consolidao de inmeros programas de ps-graduao, importncia que a Embrapa Empresa

    Brasileira de Pesquisa Agropecuria tem assumido no cenrio nacional e internacional, iniciativa

    privada, que, a cada dia, intensifica a utilizao de mecanismos de inovao em suas atividades, e,por ltimo, recuperao recente das instituies estaduais de pesquisa agropecuria.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    45/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 43

    Como resultado desses esforos, o Brasil o terceiro maior exportador de produtos

    agrcolas e um dos mais importantes produtores mundiais de alimentos, estimando-se que colher

    149 milhes de toneladas de gros na safra 2010/2011. Em termos de balana comercial, nos ltimos

    anos, a exportao de alimentos, biocombustveis e matrias-primas tem sido responsvel pelo

    saldo positivo da balana comercial do Pas.

    Outro aspecto de extrema relevncia o fato de o Brasil produzir alimentos em quantidade

    suficiente para o abastecimento de sua populao em todas as regies, o que o coloca entre os poucos

    pases que conseguiram reduzir a fome e a subnutrio na ltima dcada, fruto desta produo,

    associada s polticas pblicas voltadas s populaes mais pobres e vulnerveis do meio rural e urbano.

    A agcta eement estatgc nas ptcas ecnmcas, ambentas e de segana

    amenta

    O Brasil se qualifica a assumir uma posio de maior destaque na produo agrcola e na

    adoo de prticas sustentveis de produo que permitam, em um perodo de dez anos, colocar-

    se em posio de maior relevncia mundial quanto produo de alimentos, com sustentabilidade,

    contando com uma agricultura e uma pecuria mais verdes, apresentando reduo substancial de

    emisso de gases de efeito estufa e auxiliando o Pas a cumprir com as responsabilidades assumidas

    nas negociaes internacionais quanto s mudanas climticas e ao desenvolvimento sustentvel.

    Para alcanar esses objetivos, o Brasil depender da contnua elevao de produtividade e da

    agregao de valor aos seus produtos de origem agrcola. E isso vai requerer avanos significativos nacapacidade de gerar e difundir o uso de conhecimentos cientficos, tecnolgicos e de inovaes em

    todo o complexo sistema agropecurio nacional. Para tanto ser necessrio tambm incorporar a esse

    esforo as cerca de 3,5 milhes de pequenas propriedades rurais hoje existentes, contribuindo no

    somente para a eficincia do sistema como um todo, mas tambm para a elevao do padro de vida

    das famlias e dos trabalhadores dedicados ao desenvolvimento dessas pequenas propriedades. Alm

    do desenvolvimento ou aperfeioamento de tcnicas agropecurias apropriadas a esse segmento

    especfico, ser necessrio investir no desenvolvimento de tecnologias e inovaes em equipamentos

    e mquinas agrcolas que atendam as necessidades especficas das pequenas propriedades.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    46/108

    44 | LIVRO AZUL

    A sustentabilidade da agropecuria brasileira depender, em particular, da gerao, do

    aperfeioamento e da difuso de inovaes tecnolgicas que permitam a adoo de prticas

    sustentveis de conservao do solo, recuperao de reas degradadas, plantio direto, integrao

    lavoura-pecuria-floresta, controle biolgico, fixao biolgica de nitrognio e uso eficiente de gua.

    A viabilizao desses avanos tambm depender da implementao de polticas de educao

    e extenso rural, e de incentivo ao uso de prticas conservacionistas e de respeito legislao

    ambiental do Pas.

    Bioenergia

    A produo, a distribuio e o emprego de bioenergias apresenta uma importante janela de

    oportunidades para o Pas. Esse um clssico exemplo de setor caracterizado como parte da chamada

    economia verde, porque cria oportunidades para o crescimento, a gerao de empregos e renda, e

    simultaneamente contribui para a preservao do meio ambiente. Em razo tanto da elevao dos

    custos das energias convencionais quanto da progressiva adoo de medidas mitigadoras dos efeitos

    desastrosos da poluio atmosfrica e do aquecimento global, h um enorme mercado potencial

    para as bioenergias, setor no qual o Brasil tem experincia inigualvel no mundo.

    As empresas brasileiras tm a oportunidade de se transformar em lderes mundiais na

    produo e comercializao de bioenergia, especialmente a derivada da cana-de-acar. Para tanto,

    contudo, no basta contar com a maior biodiversidade do planeta, a disponibilidade de terras

    apropriadas para o cultivo, a inigualvel experincia na produo e utilizao de biocombustveis e oeficiente e competitivo agronegcio brasileiro.

    necessrio, por um lado, avanar no desenvolvimento nacional e internacional do

    mercado de biocombustveis, com cadeias produtivas e mercados bem estruturados. Tal avano

    vai requerer, entre outros aspectos, a adoo de um correto zoneamento agro-ecolgico do Pas e o

    desenvolvimento de sistemas nacionais adequados de certificao dos biocombustveis.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    47/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 45

    Empesas baseas pdem se tansfma em dees n mecad mnda de benega

    Nessas condies que ser possvel, por outro lado, melhor frutificarem os esforos

    voltados para promover a inovao em todos os elos da cadeia produtiva de forma a obter a

    contnua elevao da eficincia do processo de converso de biomassa em energia e maximizar os

    ganhos na reduo de emisses de gases de efeito estufa. Pesquisa, desenvolvimento, inovao edifuso de tecnologias sero necessrias para assegurar a continuidade de ganhos de produtividade

    na produo de etanol.

    Inovaes radicais tambm sero necessrias tanto para a manuteno dessa trajetria

    de ganhos de eficincia quanto para evitar a eventual eroso da competitividade brasileira

    pela emergncia de inovaes entre os potenciais competidores do Pas. As possibilidades de

    desenvolvimento de rotas economicamente viveis para a produo de etanol a partir da biomassa

    celulsica, o chamado etanol de segunda gerao, representam uma ameaa manuteno da

    liderana brasileira nessa rea. Contudo, o Pas tem condies de fazer com que suas atuais vantagens

    competitivas e competncias cientficas e tecnolgicas na rea da cana-de-acar e de outras

    espcies vegetais sirvam de base para tambm avanar nas tecnologias de produo do etanol de

    segunda gerao. A prpria disponibilidade de quantidades industriais de bagao e palha da cana

    junto s usinas produtoras de etanol gera uma fonte de matria-prima altamente competitiva para

    a produo de etanol celulsico. Ademais, j h no Brasil um significativo conjunto de esforos de

    P&D sendo realizados por instituies de pesquisa e empresas, alguns dos quais se aproximam de

    fases pr-comerciais.

    O Brasil tem condies de consolidar sua liderana mundial na rea de biocombustveis

    com o desenvolvimento de rotas economicamente viveis de produo de etanol celulsico.

    Esse etanol de segunda gerao vai permitir o aproveitamento de parte dos dois teros da energia

    contida na cana, que hoje no aproveitada pela fermentao da garapa da cana. Com isso, ser

    possvel aumentar a produo de etanol sem ser necessria a expanso da rea de cultivo da cana.

    Tambm necessrio avanar em outras reas da bioenergia, como o caso, por exemplo, das

    clulas a combustvel que utilizam bioetanol, e a utilizao de outras biomassas para a gerao

    de bioenergia. Cabe, ademais, destacar a necessidade e a importncia dos avanos na rea de

    biorrefinarias. Nessas, a fermentao biolgica de produtos derivados da cana-de-acar realizada

    de forma integrada com vistas produo de hidrocarbonetos de maior valor adicionado, tais como

    outros combustveis, alm do etanol, e polmeros.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    48/108

    46 | LIVRO AZUL

    Tecnologias da informao e comunicao

    As tecnologias da informao e comunicao (TICs) esto na base de produtos e servios

    de crescimento excepcional, com altssimas taxas de inovao, que geram empregos qualificados

    e geralmente tm baixo impacto ambiental. Sua utilizao vem penetrando e transformando

    progressivamente todas as atividades humanas, desde os setores econmicos tradicionais at asutilidades domsticas, o entretenimento, a segurana, a defesa, a educao, a sade e a administrao

    pblica. O domnio das TICs passou a ser condio necessria tanto para o sucesso em qualquer

    uma dessas atividades quanto para a prpria vida cotidiana e profissional dos cidados e mesmo

    para o avano e a difuso do conhecimento cientfico e tecnolgico.

    Bas pecsa se g paa abse e adapta naes nas tecngas da nfma e

    cmnca

    O efetivo domnio das TICs, no entanto, uma tarefa que requer esforos permanentes e

    que precisam avanar de forma simultnea em diversas direes e nas diferentes regies do Pas. A

    fronteira internacional do conhecimento, das tecnologias, das aplicaes e inovaes baseadas nas

    TICs est em permanente e rpido deslocamento. Tais avanos representam oportunidades, que

    podem ser aproveitadas, ou ameaas de obsolescncia e competio destruidora, e, por isso, o Pas

    precisa ser gil para absorv-las e adapt-las a suas necessidades.

    Muitos produtos e aplicaes so especficos, dependem das caractersticas dos mercados

    brasileiros, infraestruturas, normas, necessidades, etc., e, por essa razo, precisam ser desenvolvidos

    no Pas. Um passo importante nessa direo foi a recente implantao do Ceitec, no Rio Grande do

    Sul, a primeira fbrica de circuitos integrados da Amrica Latina, que representa um investimento

    objetivo em microeletrnica, setor em que o Pas carece de autonomia, servindo apenas como

    mercado consumidor.

    A efetiva explorao do potencial apresentado pelas TICs tambm depende da

    universalizao de habilidades ou da cultura digital entre trabalhadores e cidados, assim como do

    acesso a uma eficiente infraestrutura de comunicaes por parte de indivduos, empresas, escolas e

    instituies pblicas. Avanar simultaneamente em todas essas frentes condio necessria paraque o Pas possa vir a efetivamente usufruir das potencialidades dessas tecnologias, que muitos

    chegam a identificar como a base de uma emergente sociedade ou economia do conhecimento.

    Nenhum pas que aspire a ser moderno e desenvolvido pode abrir mo de investir seriamente na

    rea de TICs. Faz-lo poderia ser comparado metaforicamente a um pas que quisesse desenvolver-

    se em sculos passados sem se alfabetizar.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    49/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 47

    Alguns pases em desenvolvimento do leste asitico conseguiram aproveitar muito bem

    as condies criadas pela janela de oportunidades surgida com a introduo das TICs na segunda

    metade do sculo XX. Apesar de o Brasil no ter sido to bem-sucedido em seu esforo de

    aproveitamento das oportunidades criadas por essa verdadeira mudana de paradigma tecnolgico,

    ainda h diversos segmentos dessa diversificada rea nos quais pode ousar competir em mercados

    globais a partir das slidas bases estabelecidas em seu grande e complexo mercado interno. Dentre

    essas potencialidades singulares do Pas ressaltam, por exemplo, as aplicaes das TICs nas reas de

    governo eletrnico, automao bancria, agronegcio, educao e gesto de empresas.

    Sade

    O Complexo Econmico Industrial da Sade (CEIS), com nfase na indstria farmacutica,

    engloba atividades que se destacam internacionalmente entre as de mais elevada intensidade

    em pesquisa, desenvolvimento, conhecimento e inovao. Por essa razo, costumam ser

    classificadas como exemplo de setor baseado na cincia. Infelizmente, contudo, a maior parte

    da P&D e das inovaes realizadas nesse setor est orientada para atender s necessidades e

    oportunidades comerciais dos pases desenvolvidos. Ademais, a oferta internacional de grande

    parte dos medicamentos, vacinas, equipamentos e outros servios ou insumos mdicos apresenta

    caractersticas ou custos que se constituem em verdadeiro limitador do objetivo de universalizar

    o acesso dos brasileiros a servios de sade de qualidade. Por isso, avanos nacionais na gerao,

    absoro e difuso de conhecimentos cientficos, tecnolgicos e de inovaes na rea de sade so

    necessrios e vitais para garantir condies essenciais qualidade de vida da maioria da populao

    brasileira. Por outro lado, o progresso da competncia brasileira no complexo da sade tambm

    pode vir a criar significativas oportunidades para o Pas em outros mercados emergentes. A rea de

    sade estratgica por apresentar um denso e articulado conjunto de oportunidades que podem

    combinar, a um s tempo, desenvolvimento cientfico, tecnolgico, social e econmico.

    Aan cd na pd de gencs sna de tadade

    A indstria farmacutica brasileira, no entanto, dedica-se essencialmente fabricao demedicamentos (a partir de princpios ativos importados) e sua comercializao. Seus esforos

    prprios em P&D, assim como suas inovaes de processos ou produtos, ainda esto muito aqum

    do necessrio para gerar uma resposta adequada s demandas e oportunidades que a rea de sade

    apresenta. Como resultado de polticas recentes, esse elo frgil do Sistema Nacional de Inovao

    em Sade tem, contudo, apresentado sinais de vitalidade. Esse o caso, por exemplo, do avano

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    50/108

    48 | LIVRO AZUL

    ocorrido na produo de genricos. H outros segmentos do complexo industrial da sade nos

    quais o Pas tambm tem demonstrado relativa competncia, como o caso dos equipamentos

    odontolgicos e da produo de vacinas.

    A competncia cientfica brasileira em diversas reas da sade, por exemplo nas reas de

    doenas tropicais e de outras doenas negligenciadas, reconhecida internacionalmente, e esse umdos elos fortes do sistema da sade sobre os quais possvel apoiar o desenvolvimento da rea. Os

    avanos em biotecnologia e biologia molecular tambm esto abrindo importantes oportunidades

    para o complexo da sade nacional, em especial na rea de produo de vacinas e de insumos e

    reativos para ensaios enzimticos, ensaios moleculares e testes de diagnstico. As reas da oncologia

    e da aplicao das TICs na prestao de servios de sade tambm tm apresentado resultados

    promissores. A recente articulao em rede das pesquisas clnicas realizadas nos hospitais de ensino

    cria condies particularmente adequadas para potencializar os resultados dessas pesquisas e para a

    difuso do conhecimento gerado em benefcio da melhoria do Sistema nico de Sade. Ademais, a

    enorme biodiversidade brasileira, especialmente da regio amaznica, associada ao conhecimento

    tradicional sobre aplicaes medicinais das plantas brasileiras, apresenta potencialidades

    extraordinrias para o desenvolvimento de fitoterpicos.

    A firme deciso brasileira de explorar essas oportunidades e dar resposta s necessidades

    da rea de sade j tem se manifestado em um significativo conjunto de aes recentes, mas muito

    ainda precisa ser feito no sentido de aperfeio-las e consolid-las.

    Pr-Sal

    A descoberta da provncia de petrleo e gs do Pr-Sal em um momento de acelerado

    crescimento da demanda por energia, devido especialmente expanso de economias emergentes,

    cria desafios e oportunidades nicas para o desenvolvimento brasileiro. A explorao dessa

    provncia, que uma das maiores do mundo, pode criar condies para o avano e a consolidao

    da liderana internacional do Brasil em tecnologias relacionadas com a prospeco e a explorao

    de petrleo em guas profundas ou ultraprofundas.

    A escala do empreendimento e das demandas a ele associadas poder requerer ou permitir

    investimentos em equipamentos, instalaes, recursos humanos, P&D e inovao que serviro

    de base para que empresas brasileiras fornecedoras de produtos e servios para o Pr-Sal atinjam

    padres de competitividade global. Estima-se, por exemplo, que a demanda domstica por bens e

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    51/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 49

    servios aplicados produo offshore ser de aproximadamente US$ 400 bilhes at 2020, o que

    representa um fortssimo estmulo ao desenvolvimento de uma cadeia de fornecedores de elevada

    competncia tecnolgica. A competitividade decorrente deste fato torna-se particularmente

    atraente quando se sabe que a descoberta dessa provncia estimulou o incio de uma corrida pela

    prospeco de petrleo em camadas do tipo pr-sal em outros locais do mundo.

    No se pode deixar de registrar, a esse propsito, que a descoberta do Pr-Sal no foi obra

    do acaso ou uma questo de sorte. A simples importao de tecnologias existentes no resto do

    mundo por parte de empresas brasileiras ou a atrao de empresas estrangeiras no teria sido

    capaz de viabilizar a descoberta do Pr-Sal ou o seu desenvolvimento. Isso s foi ou vem sendo

    possvel devido a um longo, massivo e sistemtico esforo nacional, liderado pela Petrobras, de

    desenvolvimento cientfico e tecnolgico prprio e de investimentos em engenharia.

    P-Sa pde assm pape de catasad da C,T&I n Bas sma a desempenhadpe Pgama Ap ns Estads Unds

    Esse esforo, contudo, ainda precisa avanar muito para dar resposta aos desafios que

    se colocam para esse empreendimento, que, na viso de alguns especialistas, pode vir a assumir

    papel de catalisao da cincia, tecnologia e inovao brasileiras similar em alguns sentidos ao que

    o programa Apollo que teve por objetivo levar o ser humano at a Lua desempenhou nos

    Estados Unidos.

    H necessidade, por exemplo, de avanar significativamente na direo do aumento daeficincia e da segurana de equipamentos e operaes em plataformas, de suprimentos e de

    transportes. Isso vai requerer desenvolvimentos em engenharias de explorao e naval, logstica,

    software, novos materiais, nanotecnologias, etc. Ser, por exemplo, necessrio o desenvolvimento de

    esforos significativos para a absoro e o desenvolvimento de tecnologias em sistemas submarinos,

    turbomquinas, robtica, automao e instrumentao industrial e processos de soldagem, as quais

    so imprescindveis para que a indstria nacional atinja os padres exigidos pelo setor em termos de

    qualidade, prazo, custo e proteo do ambiente.

    No podero deixar de ser consideradas tambm as oportunidades e vantagens comparativas

    que surgiro para agregar valor ao longo da cadeia produtiva a jusante da produo, isto , no refino,

    na petroqumica e na utilizao da energia fssil. Tambm ser importante estimular mais empresas

    estrangeiras atradas pelo Pr-Sal a criarem departamentos de engenharia e pesquisa no Pas, alm

    daqueles que j esto em processo de instalao no Parque Tecnolgico da Coppe/UFRJ. Elemento

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    52/108

    50 | LIVRO AZUL

    vital para o sucesso de toda essa empreitada ser a disponibilidade de recursos humanos em

    montante e qualidade adequados, o que vai exigir a formao de centenas de milhares de profissionais

    especializados em todos os nveis, especialmente em engenharias, nas diversas regies do Pas.

    A rea de petrleo e gs no Brasil j especialmente bem-dotada de instituies, polticas,

    programas, fundos, redes e parcerias institucionais e empresariais voltadas para o desenvolvimentode P&D e inovao. Contudo, o funcionamento de tais mecanismos e instituies precisar ser

    aperfeioado, melhorada sua coordenao, incorporados novos objetivos e metas, assim como

    ampliada sua escala de atuao e sua presena em regies menos desenvolvidas.

    Tecnologia nuclear, espao e defesa

    A energia nuclear passa, no momento, por uma forte retomada no mercado mundial.

    Nesta nova fase, ela se distancia de suas origens associadas a finalidades blicas e sua principal

    credencial decorre do fato de essa ser uma fonte de energia que pode dar contribuio efetiva para

    a reduo do aquecimento global. O Brasil tem, hoje, bases slidas para avanar na consolidao

    de seu domnio do ciclo completo do combustvel nuclear de forma a vir a atender as necessidades

    nacional e de se tornar competidor no mercado internacional de combustvel nuclear. A capacitao

    do Pas tambm tem muito a avanar na prpria construo e operao de usinas nucleares, no

    aumento e diversificao da produo de radiofrmacos, nas aplicaes na rea de propulso e

    na construo e operao de depsitos de rejeitos. A busca desses objetivos vai exigir esforos

    contnuos e persistentes da comunidade cientfica e tecnolgica brasileira, das instituies deensino e pesquisa civis e militares, assim como do parque industrial nacional. Tambm um requisito

    vital o desenvolvimento e domnio simultneo de tecnologias, instituies, prticas e normas que

    minimizem os riscos de contaminao radioativa decorrentes das atividades nucleares.

    Sstema de mntament da cbeta festa basea tem sd ta paa a ptca de

    cnten d desmatament

    Ter capacidade de projetar, desenvolver, fabricar, lanar e operar satlites envolve um

    conjunto associado de tecnologias que tambm so estratgicas para o desenvolvimento

    sustentvel do Pas. O sistema de monitoramento da cobertura florestal brasileira, por exemplo, que

    essencialmente focado na regio Amaznica e realizado a partir do emprego de imagens geradas por

    satlites, tem sido vital para a poltica de conteno do desmatamento e para a reduo da emisso

    de gases de efeito estufa no Brasil. Os avanos j realizados pelo Pas nessa rea (especialmente a

    partir do programa de construo, lanamento e operao de satlites de observao de recursos

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    53/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 51

    terrestres desenvolvido em conjunto com a China) tem servido de modelo para diversos pases e

    seus resultados j so utilizados internacionalmente. A capacitao brasileira em tecnologia espacial

    tambm pode dar contribuies importantes para o desenvolvimento, por exemplo, das reas de

    comunicao; controle de trfego areo; vigilncia area, terrestre e martima; mudanas climticas,

    previso do clima e do tempo, levantamentos geolgicos e monitoramento ambiental.

    A capacidade de o Brasil defender adequadamente sua populao, suas riquezas naturais e

    construdas, assim como sua economia, depende de desenvolvimento e do domnio de tecnologias

    estratgicas. Um dos eixos estruturantes da Estratgia Nacional de Defesa refere-se reorganizao da

    indstria de material de defesa constituda com base em tecnologias sob domnio nacional. Quatro

    fatores so considerados essenciais ao sucesso deste objetivo maior. O primeiro a cooperao das

    instituies civis e militares para a capacitao de recursos humanos, pesquisa, desenvolvimento e

    absoro de tecnologias. O segundo fator a permanente ateno, desde as aes de planejamento,

    para as oportunidades de transbordamento da P&D e da inovao de interesse militar para

    possveis aplicaes civis ou comerciais. O exemplo do bem-sucedido desenvolvimento da indstria

    aeronutica brasileira um eloquente testemunho do acerto dessa estratgia. O terceiro fator

    de sucesso o acoplamento da poltica de compras de equipamentos, servios e sistemas nos

    mercados domstico e internacional poltica de capacitao e desenvolvimento tecnolgico do

    Pas, incluindo mecanismos de absoro de tecnologias associada s compras realizadas no exterior.

    O quarto fator de sucesso a previsibilidade, estabilidade e continuidade dos investimentos nos

    esforos de pesquisa, desenvolvimento e inovao, assim como na poltica de compras da defesa.

    Tecnologias portadoras de futuro e outras energias

    Neste conjunto de tecnologias esto includas a nantecnga, a btecnga e

    algumas fmas de enega que, embora j presentes em algumas aplicaes, tero papel relevante

    na indstria do futuro. No caso da nanotecnologia, o nmero potencial de aplicaes para materiais

    nanoestruturados difcil de ser dimensionado, pelo amplo leque de propriedades distintivas que

    cada um deles apresenta, permitindo antecipar uma nova gerao de materiais mais eficientes e

    com aplicaes customizadas. O mesmo pode ser esperado da biotecnologia, que j tem uma

    participao expressiva na produo de frmacos e produtos biolgicos com alto valor agregado.

    Por conta da preocupao ambiental, outras formas de gerao de energia, com baixa emisso de

    CO2 , passaro a ser gradualmente implementadas. Entre as que tero participao crescente na

    matriz energtica brasileira podem ser consideradas a enega fttaca, a eca, a ta

    d hdgn nas cas cmbstes e a enega ncea.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    54/108

    52 | LIVRO AZUL

    Recomendaes

    1 Ftaece Sstema Nacna de Pesqsa Agpeca e as ptcas de C,T&I e

    agca cm stas a aana na sstentabdade da agcta basea, desen-

    volvendo, aperfeioando e difundindo de forma ampla tecnologias eficientes de pro-

    duo que conservem o solo, usem de forma eficiente a gua, sejam compatveis com

    a preservao do meio ambiente e da biodiversidade, e que permitam o aumento da

    produo sem expanso significativa da rea ocupada. O enbecment da pd-

    de gem agca passa tambm por permitir a reduo do peso da explorao

    dos recursos naturais e da importncia dos custos da mo de obra na competitividade

    dos produtos. Tambm ser necessrio incorporar determinadas oportunidades para

    a elevao da produtividade e da sustentabilidade, como o caso das peqenas p-

    pedades e da agcta fama.

    2 Cnsda a deana mnda d Pas na ea de bcmbstes durante a

    prxima dcada, adotando para isso em estreita articulao com o setor empresarial

    nacional um vigoroso programa de pesquisa, desenvolvimento, inovao e difuso de

    tecnologias voltado para a produo e o uso de bioenergias.

    3 Ampa de fma sgnficata s esfs qe m send eaads na ea das

    TICs. Fortalecer a pesquisa e o desenvolvimento; ntega Pas cm ma nfaest-

    ta de cmncaes de ata ecdade e aana n pcess de nesaa-

    d acess Intenet, assim como expandir a formao de recursos humanos em

    todos os nveis (desde o ensino mdio at a formao de mestres e doutores) nas reas

    das TICs e em reas relacionadas.

    4 Aana na abdagem sstmca da ea de sade, articulando a poltica de C,T&I

    com a de sade propriamente dita e com a poltica industrial. Destacam-se nessa agen-

    da a necessidade de agilizar a implementao das Parcerias para o Desenvolvimento

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    55/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 53

    Produtivo; utilizar o poder de compra do Estado para maximizar seus resultados no m-

    dio e longo prazo e no simplesmente para minimizar os custos imediatos; apefea

    e cmpatba s egmes nmats da ea (especialmente a vigilncia sanitria,

    o acesso biodiversidade e o intercmbio de material biolgico) e fortalecer a capacida-

    de de realizao de testes clnicos no Brasil.

    5 Associar explorao do Pr-Sal ftaecment da cadea de fnecedes cas,

    a cnsda de empesas baseas cm cmpetdes gbas, a agregao

    de valor aos seus produtos e a gerao de empregos qualificados no Pas.

    6 Aperfeioar e aumentar a escala dos atuais programas de promoo de enegas ft-

    taca e eca, utilizao do hdgn em cas cmbstes e enega n-

    cea, fundamentais para que o Pas se torne um ator relevante nesses setores, que serovitais para a sociedade do futuro.

    7 Avanar na consolidao do dmn d cc cmpet d cmbste ncea,

    aumentar a pd de adfmacs , desenvolver apcaes nceaes na ea

    de pps e capacitar o Pas na construo e operao de depsts de ejets

    adats. Na rea espacial, desenvolver a capacidade nacional de projetar, fabricar,

    lanar e operar sattes. Buscar aprofundar o domnio sobre tecngas estatgcas

    paa a defesa nacna por parte da indstria nacional de material e servios de defesa.

    8 Utilizar pde de cmpa d Estad para o fortalecimento de diferentes setores e a

    promoo da inovao. No caso das TICs, para estimular a inovao e a competitivida-

    de das empresas nacionais do setor.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    56/108

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    57/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 55

    O avano da cincia no Brasil tem sido notvel nas ltimas dcadas, tanto qualitativa como

    quantitativamente. O crescimento do nmero de artigos publicados em revistas indexadas tem es-

    tado muito acima da mdia mundial, o que levou o Brasil a ocupar o 13 lugar mundialmente, atin-

    gindo, em 2009, 2,69% da produo mundial. Em termos de impacto relativo mdio das publicaes

    do Brasil em cada rea de conhecimento, em relao s respectivas mdias mundiais, o Pas estava

    frente dos demais pases do chamado grupo BRIC (Brasil, Rssia, ndia e China), mas bastante amea-

    ado pela China e pela ndia.

    O retrato institucional da cincia brasileira hoje bem mais amplo e slido do que h trs ou

    quatro dcadas, quando comeou a adquirir sua feio atual. Os centros de pesquisa cientfico-tecno-

    lgicos em universidades, institutos ou empresas, em maior ou menor escala, espalham-se pelo Pas e

    envolvem recursos humanos em nmeros impensveis naquela poca, ainda assim insuficientes para o

    Brasil galgar o primeiro escalo de pases avanados e no se distanciar de pases do BRIC.

    O conhecimento cientfico-tecnolgico, criativo e renovador, reconhecido na esfera dos

    governos federal e estaduais, e crescentemente pela mdia e a sociedade em geral, como instrumen-

    to fundamental para um desenvolvimento socioeconmico harmnico e sustentvel.

    Assim, foi possvel a instalao recente de uma rede de Institutos Nacionais de Cincia e

    Tecnologia INCTs , a instalao e expanso das universidades pblicas e a criao de dezenas de

    novos centros de pesquisa em todo o Brasil.

    MOMENTO HISTRICO PARA O AVANO DACINCIA BRASILEIRA

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    58/108

    56 | LIVRO AZUL

    FAPs tm pesena expessa em s estads

    Uma grande novidade neste cenrio a vitalidade das Fundaes de Amparo Pesquisa

    (FAPs), com presena significativa em vrios estados brasileiros, e das Secretarias de Cincia e Tec-

    nologia, existentes em todos eles. Todas tm dado notvel contribuio ao avano da cincia em

    seus estados, incluindo a integrao academia-empresa. As FAPs constituem hoje fonte de polticaspblicas nacionais, instituindo redes de pesquisa entre si e em parceria com agncias federais ligadas

    a vrios ministrios, como os da Cincia e Tecnologia, Educao e Sade.

    Cpea ntenacna acana n patama

    A cooperao internacional de importncia vital para o avano cientfico de qualquer

    nao. Os cientistas, instituies, ministrios brasileiros, como os da Cincia e Tecnologia, Educao,

    Sade, Indstria e Comrcio, Relaes Exteriores, e suas agncias de fomento, tais como CNPq, Finep

    e Capes, bem como as FAPs, compartilham com entusiasmo desse princpio, e a colaborao cient-

    fica do Brasil tem crescido lado a lado com o avano que sua cincia experimenta em poca recente.

    Um exemplo dessa evoluo a presena no exterior de instituies como a Embrapa, a

    Fiocruz, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e de uma empresa como a Petrobras,

    entre outras.

    A Embrapa tem Laboratrios de Antenagem (Labex) nos Estados Unidos, na Frana e na

    Coreia do Sul, encarregados de realizar projetos em cooperao com instituies locais e de captar o

    que h de mais avanado em matria de tecnologia agrcola. Ao mesmo tempo, mantm escritrios

    de transferncia de tecnologia, lastreados em seu cabedal de conhecimentos em agricultura tropical,

    em Gana, na Venezuela e no Panam, esse ltimo responsvel por representar a instituio nos pa-

    ses da Amrica Central e do Caribe. A instituio lidera tambm projetos estruturantes de pesquisa

    e desenvolvimento em Moambique, no Mali e no Senegal.

    A Fiocruz criou em 2008 seu primeiro escritrio internacional, sediado em Maputo, Mo-

    ambique, com a finalidade de articular, acompanhar e avaliar os programas de cooperao em

    sade desenvolvidos com os pases africanos por suas unidades. A Fundao implanta e reformula

    institutos nacionais de sade dos pases africanos da Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    59/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 57

    (CPLP) e dos pases da Unio das Naes Sul-Americanas (Unasul). Foram exportadas pela Fiocruz,

    entre 2005 e 2008, cerca de 50 milhes de doses de vacina contra a febre amarela para pases das

    Amricas do Sul e Central, da frica e da sia .

    Pesena ntenacna

    O Brasil participa ainda de influentes Fruns internacionais, como o Grupo G8+5 de Acade-

    mias de Cincia, que oferece importantes propostas em C&T aos lderes dos pases que compem

    esse Grupo, o Frum Internacional de C&T para a Sociedade e o Frum Mundial de Cincias.

    Estima-se que mais de 40% dos trabalhos cientficos brasileiros publicados no perodo 2003-

    2007 tenham sido feitos em colaborao com pesquisadores estrangeiros. Como principais parcei-

    ros do Brasil destacam-se Estados Unidos, Frana, Inglaterra, Alemanha, entre os pases reconhecida-

    mente na vanguarda da cincia, e, na Amrica Latina, Argentina, Mxico e Chile.

    Ampa ds ecss hmans, mateas e fnances

    Tomando como marco temporal o ano de 2020, preciso alcanar avanos significativos

    na tta ana de mestes e dtes, com a devida prioridade na concesso de bolsas de

    estudos nas eas cnsdeadas mas estatgcas e/ caentes no Pas, como, por exemplo, en-

    genharias, oceanografia, biologia marinha e matemtica; no cntngente de pesqsades e tc-

    ncs da rea de C,T&I no Pas, inclusive investimentos no treinamento de anastas e tcncs de

    abats; na produo de tabahs centfics em estas qaficadas ; em investimentosnas atdades de cpea centfica ntenacna; em investimentos em infraestrutura, com

    a expans d sstema nest, nsttts de pesqsa e abats, inclusive de grande

    porte. A pacea d PIB investida em P&D deve ser aumentada substancialmente, em particular no

    que concerne ao dspnd empesaa.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    60/108

    58 | LIVRO AZUL

    Recomendaes

    1. Sstenta, cm ptca de Estad, nte aan da cnca basea, sobre-

    tudo a cincia bsica, acelerando vigorosamente, em qualidade e quantidade, a produ-

    o cientfica e a formao de pesquisadores, estabelecendo prioridade para as reas

    mais estratgicas e/ou carentes no Pas.

    2. Promover substancial acscm de nestments em nfaestta, com a expan-

    so qualificada do sistema universitrio, institutos de pesquisa e laboratrios, inclusive

    de grande porte, e de escolas e programas de formao de tcnicos para oper-los. Tal

    esforo deve procurar ed deseqb egna.

    3. Promover substancial acscm de nestments em cpea ntenacna

    qe tenha p bjet ma pd centfica nacna na fntea d c-

    nhecment e uma forte presena da cincia brasileira nas principais instituies e or-ganismos internacionais de C&T; promover pesquisas internacionais em C&T de carter

    bilateral ou multilateral.

    4. Lanar um amp pgama de brain gain , sobretudo de jovens talentos, tendo em

    vista o vigoroso avano cientfico do Pas e a remunerao atualmente competitiva em

    relao, por exemplo, aos pases europeus.

    5. Aperfeioar os mecanismos de abs de centstas estanges qaficads. Em

    particular, os concursos para professores e pesquisadores de universidades e institutos

    de pesquisa devem ter carter mundial, admitindo-se o uso de lngua estrangeira de

    uso bastante universal, como o ingls, desde que os participantes se comprometam a

    aprender a lngua portuguesa em at dois anos aps o concurso.

    6. Promover a dfs ntenacna de cncss para professores e pesquisadores de

    universidades e institutos de pesquisa, valorizando a busca dos melhores talentos no

    plano mundial.

  • 8/4/2019 LIVRO AZUL

    61/108

    4 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e

    Inovao para o Desenvolvimento Sustentvel

    | 59

    7. Promover a atnma das instituies de excelncia de C&T na constituio de seus

    quadros de pesquisadores e tcnicos, aand a cnca fndamenta nelas de-

    senvolvida e provendo-as de adequado apoio.

    8. Aperfeioar mecanismos de fma e fixa de centstas nas eges d Pas

    qe mas caecem de sda cmpetnca em cnca e tecnga , provendo a

    infraestrutura necessria.

    9. Enfatizar a necessidade de esfs nsttcnas paa meha a qadade da

    ps-gada , inclusive processos seletivos mais exigentes de seleo e concluso

    dos programas.

    10