livro as novas tecnologias da informação e a educação a distância - marcos rossini

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As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância Alessandro Marco Rosini

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Page 1: Livro As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância - Marcos Rossini

As Novas Tecnologiasda Informação

e a Educação a Distância

Alessandro Marco Rosini

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As Novas Tecnologiasda Informação

e a Educação a Distância

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Rosini, Alessandro MarcoAs novas tecnologias da informação e a educação

a distância / Alessandro Marco Rosini. -- São Pau lo: Cengage Learning, 2007.

Bibliografia.ISBN 85-221-0542-1

1. Educação a distância 2. Inovações educacionais 3. Tecnologia da informação I. Título.

Índice para catálogo sistemático:1. Educação a distância e tecnologia da informação 371.33

06-5622 CDD–371.33

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As Novas Tecnologiasda Informação

e a Educação a Distância

Alessandro Marco Rosini

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As novas tecnologias da informação e a educação a distância

Alessandro Marco Rosini

Gerente Editorial: Patricia La Rosa

Editora de Desenvolvimento: Danielle Sales

Supervisor de Produção Editorial: Fábio Gonçalves

Supervisora de Produção Gráfi ca: Fabiana Alencar

Albuquerque

Produtora Editorial: Renata Siqueira Campos

Copidesque: Alessandra Costa da Fonseca

Revisão: Gisele Múfalo

Diagramação: ERJ – Composição Editorial e Artes

Gráfi cas Ltda.

Capa: Eduardo Bertolini

© 2007 Cengage Learning Edições Ltda.

Todos os direitos re ser va dos. Nenhuma parte deste livro po-

derá ser reproduzida, sejam quais forem os meios em pre ga dos,

sem a per mis são, por escrito, da Editora.

Aos infratores aplicam-se as sanções pre vis tas nos artigos

102, 104, 106 e 107 da Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

© 2007 Cengage Learning. Todos os direitos reservados.

ISBN: 85-221-0542-1

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Lapa de Baixo – CEP 05069-900 – São Paulo – SP

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Conhecer a ver da de não é o mesmo que amá-la e amar a ver da de não equi va le a delei tar-se com ela.

Confúcio

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Dedico este tra ba lho aos meus que ri dos filhos, Alessandro Marco, Hannah Caroline e

Gabrielle Louise, que, mesmo sem enten der mui tas coi sas ao seu redor,

sem pre acre di ta ram e con fia ram em seu pai.Dedico tam bém aos meus que ri dos pais, Osmar

e Marli, e a todos que sem pre apos ta ram emmim e me apoia vam quan do neces sá rio, mesmo

nas horas mais difí ceis.

Page 8: Livro As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância - Marcos Rossini

AGRA DE CI MEN TOSForam encon tra das mui tas bar rei ras para a rea li za ção desta obra, da qualresul tou boa parte de minha tese. Graças à fé em Deus e à nossa deter mi na -ção e humil da de, con se gui mos supe rar todas.

Agradeço em espe cial ao Prof. Dr. Arnoldo José de Hoyos Guevara,pela paciên cia e com preen são na orien ta ção de minha pes qui sa. Sem dúvi daele con quis tou um espa ço muito impor tan te em minha vida aca dê mi ca epes soal. Sua sabe do ria e seus pas sos serão sem pre segui dos e lem bra dos pormim. Obrigado, pro fes sor.

Ao Prof. Dr. Jorge de Albuquerque Vieira, que me ins pi rou a bus carconhe ci men to sobre teo ria de sis te mas sob o con tex to da semió ti ca em nos -sas reu niões no grupo de estu dos da PUC-SP em Semiótica e Complexidade.

Às ami gas Marisa Salles e Shirley, do Programa de Administração daPUC-SP, e a toda a equi pe de secre tá rias do Programa de Pós-gra dua çãodessa mesma ins ti tui ção.

À minha bisa vó Carolina Neves Wesely, já fale ci da, que sem pre oroupelo meu suces so e pelos meus estu dos.

Meus mais sin ce ros agra de ci men tos aos meus fami lia res e ver da dei rosami gos, que, acre di tan do em meu poten cial, me apoia ram nas horas maisdifí ceis.

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Prefácio ................................................................................................................xiii

Capítulo 1 • Os Desafios para as Tecnologias de Informação...................1

Capítulo 2 • Desenvolvimento da Organização............................................92.1 Gestão do Conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92.2 Mercado Atual e Mudanças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112.3 A Cultura e a Liderança Organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182.4 Tecnologia da Informação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262.5 Informação, Comunicação e Conhecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 342.6 A Organização do Aprendizado e o Capital Intelectual. . . . . . . . . . . . 47

Capítulo 3 • Desenvolvimento da Educação ...............................................573.1 Desafios na Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 573.2 Os Qua tro Pila res da Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 593.3 A Apren di za gem e o Aprendizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 603.4 A Inter e a Trans dis ci pli na ri da de. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 623.5 Educação a Dis tân cia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

Compromisso dos Ges to res. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69Desenho do Projeto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71Equipe Profissional Multidisciplinar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73Comunicação/Inte ra ção entre os Agen tes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75Recursos Educacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76Infra-estru tu ra de Apoio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

Page 10: Livro As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância - Marcos Rossini

Avaliação Contínua e Abrangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80Convênios e Parcerias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82Transparência nas Informações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82Sustentabilidade Financeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

3.6 Um Mode lo em Busca da Educação a Dis tân cia Ideal . . . . . . . . . . . . . 84

Capítulo 4 • Desenvolvimento do Potencial Humano ..............................894.1 O Novo Indivíduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 904.2 Uma Visão Ética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 934.3 Visão Ecológica e Novos Valores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 954.4 Fluir, uma Nova Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100

Capítulo 5 • Metodologia em Sistemas de Informação...........................1035.1 Teoria dos Sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1035.2 Sistemas de Informação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1085.2.1 O Porquê da Metodologia em Sistemas de Informação . . . . . . . . . 1095.2.2 Qualidade: Tecnologia e Sistemas de Informação . . . . . . . . . . . . . . 1105.2.3 Treinamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

Capítulo 6 • Conclusões e Reflexões sobre as Novas Tecnologiase sua Complexidade.................................................................117

6.1 Recomendações para o Futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

Referências Bibliográficas ...............................................................................125

xii • As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância

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Diante dos avan ços ace le ra dos das tec no lo gias de inter co ne xão e deinte ra ti vi da de, resul tan tes da difu são da era e da eco no mia digi tal, ecom a entra da dos novos players mas si vos nos mer ca dos da China e da

Índia, em um mundo pre pon de ran te men te de ser vi ços e se tor nan do cadavez mais inten si vo em maté ria de conhe ci men to, a ges tão do conhe ci men tonatu ral men te será um dos fato res crí ti cos de suces so, por conta do seuimpac to dire to no desen vol vi men to huma no e orga ni za cio nal, con for memos tra a recen te pes qui sa do The Economist Intelligence Unit (2006).

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) estão ala van can doum pro gres so expo nen cial no desen vol vi men to de estra das e redes no cibe -res pa ço que per mi tem aces sar infor ma ções e pro ces sar conhe ci men tos emtempo real e em esca la pla ne tá ria, bem como apren der cola bo ra ti va men te ecom par tir co-cria ti va men te desse pro ces so glo bal, apa ren te men te caó ti co, deges ta ção, pro ces sa men to e difu são de conhe ci men to — que deve rá, cada vezmais, fazer parte do nosso dia-a-dia, tanto no nível pes soal como nos níveiscole ti vo e orga ni za cio nal.

A inten si da de desse fluxo infor ma cio nal, aumen tan do pro gres si va men -te em quan ti da de e qua li da de, e dis po ni bi li za do para um públi co sem premaior, é um sinal dos novos tem pos e pre nun cia um salto na evo lu ção daespé cie huma na, por meio da expan são do nosso cére bro para um cére broglo bal — como acon te ce no nível bio ló gi co e, como a embrio lo gia muito bemmos tra, no feto, o cére bro e o cora ção ini cial men te nas cem jun tos, e vão sedesen vol ven do indi fe ren cia da men te.

Temos, então, máqui nas sofis ti ca das de busca e fer ra men tas de data mining, data ware hou se, bem como de ERP, CRM, cookies e knowbots.Paralelamente sur gem softwares livres, YouTube, Skype, Orkut, wikis e aWikipédia. Aparecem o B2B e o B2C, mas tam bém surge a pos si bi li da de de

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orga ni zar tro cas dire tas — escam bo (sem pedá gio de dis tri bui do res) — entrecoo pe ra ti vas de con su mi do res e pro du to res, além de P2B, P2C ou, melhorainda, P2P (people-to-peo ple). A busca pela pura lucra ti vi da de nas empre sasse trans for mou no triple bot tom line, com uma visão mais sis tê mi ca do negó cio.A preo cu pa ção e a res pon sa bi li da de socioam bien tais tomam novo impul so navisão dos empre sá rios de van guar da, e os fun dos éti cos são cada vez maisvalo ri za dos no mer ca do.

Nesse cená rio de novo mundo — anima mundi —, no qual cada vez maiso real e o vir tual, o natu ral e o arti fi cial se apro xi mam, se fun dem, se meta -mor fo seiam e se trans cen dem, faz-se neces sá rio que as pes soas e as orga ni -za ções se refor mu lem per ma nen te men te, a fim de se man te rem celu lar men tepre sen tes no desen vol vi men to dessa noos fe ra, res pon sa vel men te com pro -me ti das com nosso futu ro comum.

Estamos na auro ra da era cons cien te, sendo leva dos a assu mir nossopapel de co-cria do res da nossa pró pria evo lu ção. Sem saber, as por tas danossa per cep ção foram se abrin do ao nave gar no cibe res pa ço — e nesta erado sem fio (wireless), nosso mundo (plano) tor nou-se não-local.

Riscos e opor tu ni da des sur gem a cada momen to nesta crise que, deforma sem pre ce den tes, está abrin do as por tas para uma renas cen ça em nívelpla ne tá rio, na qual uma com preen são maior da natu re za (da nossa pró prianatu re za) e do pró prio sen ti do e poten cial da exis tên cia deve rá abrir nossointe lec to para uma visão expan di da e mais har mo nio sa, dando novo sig ni fi -ca do para a vida.

Este livro repre sen ta esse momen to. Trata-se de uma árvo re cujas raí zesse per dem nos pri mór dios do pen sa men to filo só fi co, e cujas ramas se esten -dem e apon tam para além da nossa ima gi na ção.

Arnoldo José de Hoyos GuevaraPós-Doutorado em Probabilidade e Estatística pela University of

Oxford e Presidente do Núcleo dos Estudos do Futuro da PUC-SP.

xiv • As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância

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A tec no lo gia é empre ga da nas orga ni za ções para rees tru tu rar ati vi da des notra ba lho, bem como em nosso coti dia no. Sua uti li za ção moti va o indi ví duo,ape sar de tam bém gerar vários pro ble mas no âmbi to social, tais como odesem pre go e a redu ção de salá rios. Há, sem dúvi da, outros fato res queinter fe rem nos pro ble mas sociais exis ten tes, como a con cor rên cia exer ci dano mer ca do de tra ba lho pelas orga ni za ções, a com pe ti ti vi da de, a glo ba li za -ção da eco no mia e a con se qüen te aber tu ra de mer ca do.

Defrontamo-nos com uma série de ques tio na men tos em rela ção à uti -li za ção da tec no lo gia da infor ma ção pelo indi ví duo na rea li za ção das suasati vi da des no tra ba lho. Por exem plo, se há real men te um aumen to na pro -du ti vi da de, se a tec no lo gia uti li za da é a ideal, se há trans pa rên cia e con for -mi da de nas ati vi da des rea li za das etc. Sabemos que alguns fato res for çam asorga ni za ções a estar mais bem pre pa ra das no âmbi to admi nis tra ti vo,conhe cen do bem seus pon tos for tes e fra cos para ser com pe ti ti vas e ganharespa ço em um ambien te exter no cada vez mais exi gen te.

Goodman et al. (1990) defi nem tec no lo gia como o conhe ci men to de rela -ções causa-efei to con ti das nas máqui nas e equi pa men tos uti li za dos para rea -li zar um ser vi ço ou fabri car um pro du to. Para seus usuá rios, a tec no lo giarefe re-se ao con jun to par ti cu lar de dis po si ti vos, máqui nas e outros apa re lhosutiliza dos na empre sa para a pro du ção de seu resul ta do. Já Fleury (1990), emabor da gem dife ren te, per ce be a tec no lo gia como um paco te de infor ma çõesorga ni za das, de diver sos tipos, pro ve nien tes de várias fon tes, obti das pordiver sos méto dos e uti li za das na pro du ção de bens.

Gonçalves (1994), por sua vez, vê a tec no lo gia como muito mais queape nas equi pa men tos, máqui nas e com pu ta do res. Para ele, a orga ni za çãofun cio na a par tir da ope ra ção de dois sis te mas que depen dem um do outrode manei ra varia da: um sis te ma téc ni co, for ma do pelas fer ra men tas e téc ni -

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cas uti li za das para rea li zar cada tare fa, e um sis te ma social, com suas neces -si da des e expec ta ti vas a serem satis fei tas e os sen ti men tos sobre o tra ba lho.Os dois sis te mas são oti mi za dos de forma simul tâ nea quan do os requi si tosde tec no lo gia e as neces si da des das pes soas são aten di dos con jun ta men te.Assim, é pos sí vel dis tin guir entre tec no lo gia (conhe ci men to) e sis te ma téc ni -co (com bi na ção espe cí fi ca de máqui nas e méto dos empre ga dos para obterum resul ta do dese ja do). Nesse caso, a tec no lo gia é repre sen ta da por um con -jun to de carac te rís ti cas espe cí fi cas do sis te ma téc ni co.

Nas orga ni za ções, os fato res res pon sá veis por mudan ças e trans for ma -ções são sen ti dos de manei ra mais inten sa, pois, impli ci ta men te, as empre -sas devem gerar lucros para se man ter sadias do ponto de vista eco nô mi coe social no mer ca do em que atuam. Para tanto, bus cam inces san te men tenovas for mas de tra ba lho, de pro ces sos, de estra té gias e de negó cios. Elas serees tru tu ram com o obje ti vo de bus car novas for mas de cres ci men to: inves -tem na gera ção de novos pro du tos; criam novas idéias de negó cios; redu zemos cus tos em seus depar ta men tos e reor ga ni zam-se inter na men te a fim deatin gi r o seu obje ti vo. Hoje, essa neces si da de é crí ti ca e cada vez mais pre -sen te por causa dos novos cená rios exis ten tes e exter nos às orga ni za ções.

Para Foguel e Souza (1986), a mudan ça é indis so ciá vel do coti dia no dasorga ni za ções: há tanto mudan ças de mer ca do, de tec no lo gia, de influên ciase de pres sões da socie da de quan to mudan ças de situa ções de com pe ti çãonos meios de infor ma ção, nas con di ções físi cas, eco ló gi cas e legais, entre outras, que fazem parte do ambien te das empre sas. Para os auto res, o cho -que do futu ro é mos tra do como o estres se desintegrador e a deso rien ta çãoaos quais os indi ví duos se vêem indu zi dos quan do sub me ti dos a rápi dasmudan ças em um perío do muito curto de tempo.

Como tra ta mos de pro ces sos auto ma ti za dos em que há a pre sen çamar can te da infor má ti ca, Drucker (1991) afir ma que o com pu ta dor é ape nasuma máqui na lógi ca e tudo que con se gue fazer é somar e sub trair, porém a umavelo ci da de extraor di ná ria. Como todas as ope ra ções mate má ti cas e lógi cassão exten sões da soma e da sub tra ção, o com pu ta dor con se gue rea li zá-lassim ples men te soman do ou sub train do inú me ras vezes e de manei ra extre -ma men te rápi da. Por ser ina ni ma do, não se cansa, não se esque ce nem rece -be hora extra. O com pu ta dor pode tra ba lhar 24 horas por dia e arma ze narinfor ma ções pas sí veis de serem mani pu la das por soma e sub tra ção emquan ti da des que são, ao menos teo ri ca men te, ili mi ta das. Para o autor, ocom pu ta dor apre sen ta basi ca men te cinco habi li da des:

(1) Pode ser com pa ra do a um escri tu rá rio mecâ ni co ao mani pu -lar gran de quan ti da de de papéis e docu men tos, sim ples erepe ti ti vos.

(2) Cole ta, pro ces sa, arma ze na, ana li sa e apre sen ta infor ma ções avelo ci da des ver ti gi no sas.

2 • As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância

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(3) Auxi lia nas estru tu ra ções físi cas de pro je tos nas áreas de cons -tru ção civil, enge nha ria, quí mi ca, físi ca etc.

(4) Tem a capa ci da de de dire cio nar pro ces sos em con di ções prees -ta be le ci das, rea li zan do aná li ses fun cio nais por meio de dadosem ope ra ções empre sa riais.

(5) Desem pe nha impor tan te papel no pro ces so deci só rio estra té -gi co das empre sas, poden do, inclu si ve, indi car qual curso deação deve ser segui do.

Os avan ços da infor má ti ca, dos com pu ta do res e de outras for mas detec no lo gia têm exer ci do efei to sig ni fi ca ti vo na sobre vi vên cia das orga ni za -ções. É difí cil encon trar qual quer forma de orga ni za ção ou de pro ces so orga -ni za cio nal que não tenha sido alte ra da pela pre sen ça de novas tec no lo gias.

Com a mas si fi ca ção do uso da infor má ti ca, par ti cu lar men te da tec no lo -gia e dos sis te mas de infor ma ção, houve a neces si da de de que as pes soasque atuam nas orga ni za ções e que delas fazem parte evo luís sem na forma deagir e de pen sar quan to à uti li za ção des ses novos recur sos e méto dos, sur gi -dos em con se qüên cia da auto ma ti za ção dos pro ces sos.

O sécu lo XIX foi mar ca do pelo signo da Revolução Industrial, cujoemble ma era a máqui na a vapor, capaz de con ver ter a ener gia quí mi ca docar bo no em ener gia ciné ti ca e em tra ba lho mecâ ni co. Qualquer motor temcomo input algu ma ener gia não mecâ ni ca, e como output algum tra ba lhomecâ ni co. As máqui nas, intro du zi das por essa revo lu ção, mara vi lha ramnos sos ante pas sa dos por que eram capa zes de subs ti tuir a força físi ca dohomem. Primeiramente, por conta da uti li za ção do vapor, e mais tarde porcausa da uti li za ção da ele tri ci da de, a ener gia da máqui na foi posta a ser vi çodos mús cu los huma nos, livran do-os do des gas te (Santaella, 1997).

Porém, nos dias atuais, o que esta mos viven cian do é a uti li za ção cadavez mais mar can te da infor ma ção e pre sen cian do sua plena revo lu ção.

Atualmente, a uti li za ção da tec no lo gia e dos sis te mas de infor ma ção nasempre sas é con di ção estri ta men te vital para o seu suces so pois, sem dúvi danenhu ma, há uma depen dên cia mar can te dessa tec no lo gia em rela ção àobten ção das infor ma ções con ti das nos ban cos de dados dos com pu ta do res,dis po ni bi li za das pelos outputs dos sis te mas de infor ma ção, tanto em nívelope ra cio nal como em nível de apoio a pro ces sos de deci são na empre sa.

Na atual socie da de glo bal do conhe ci men to, a gera ção e o uso de inte -li gên cia e ino va ções em ciên cia e tec no lo gia são os meios uti li za dos paraagre gar valor aos mais diver sos pro du tos, tor nan do-se, assim, peças-chavepara a com pe ti ti vi da de estra té gi ca e o desen vol vi men to social e eco nô mi code uma nação.

Os desa fios atuais exi gem dire ções basea das em redes de apren di za -gem e ino va ção, soma das à siner gia entre ins ti tui ções, a fim de pro du zir

Os Desafios para as Tecnologias de Informação • 3

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van ta gens mútuas. Nesse cená rio, a ges tão estra té gi ca do conhe ci men to éfer ra men ta impor tan te para o sub sí dio ao pro ces so deci só rio rela ti vo àdeter mi na ção de nor mas e dire tri zes, com o intui to de con quis tar van ta genscom pe ti ti vas no mer ca do glo ba li za do.

As tec no lo gias que se uti li zam, de uma forma ou de outra, de algumtipo de inte li gên cia, cujo obje ti vo na orga ni za ção é faci li tar a toma da de deci -são do indi ví duo, são cha ma das de tec no lo gias do conhe ci men to. Não obs -tan te, exis tem outros tipos de tec no lo gias do conhe ci men to que faci li tam oapren di za do do indi ví duo, sejam elas uti li za das nas orga ni za ções sejam empro gra mas de edu ca ção a dis tân cia. Porém, todas têm a ver com o uso decom pu ta do res e da infor má ti ca.

É impor tan te lem brar mos que são os indi ví duos que pro je tam e imple -men tam (põem em fun cio na men to) as tec no lo gias da infor ma ção nas orga ni za -ções, neces si tan do para isso de uma série de pré-requi si tos, tais como conhe ci -men to téc ni co e sis tê mi co e infor ma ções sobre a orga ni za ção, entre outros.

Uma das mais com ple xas imple men ta ções de tec no lo gias do conhe ci -men to nas orga ni za ções são os sis te mas de infor ma ção. Para que tanto asorga ni za ções como os indi ví duos tenham retor no e resul ta dos posi ti vos econs tru ti vos nesse pro je to de imple men ta ção, é pre ci so con si de rar e conhe ceruma série de tópi cos, como os pro ces sos em si rea li za dos pelas empre sas, acul tu ra orga ni za cio nal e a ges tão da infor ma ção exis ten te na orga ni za ção.

Para tanto, é indis pen sá vel o sur gi men to de um novo indi ví duo, capazde con du zir toda essa com ple xi da de de forma sim ples e efi caz, sendo neces -sá rio o apoio e o com pro me ti men to de todos os envol vi dos na orga ni za ção,sem exce ção, lutan do por um mesmo obje ti vo.

Assim, faz-se neces sá rio o sur gi men to e o desen vol vi men to de novasorga ni za ções, de um novo mode lo de sis te ma edu ca cio nal e de uma novaedu ca ção trans dis ci pli nar para a socie da de, bem como o desen vol vi men tode um novo indi ví duo, com uma nova men ta li da de e capaz de atuar deforma ética.

Assim, vê-se que é de fun da men tal impor tân cia a cons cien ti za ção dosfun cio ná rios, por meio da par ti ci pa ção e incen ti vo do corpo exe cu ti vo, acer -ca de todo e qual quer pro ces so de mudan ça e rees tru tu ra ção que este jasendo difun di do nas orga ni za ções. Evidentemente, isso pre ci sa ser feito pre -ser van do-se assun tos e itens de rele vân cia estra té gi ca, como novos dire cio -na men tos de mer ca do, por exem plo, para que não se com pro me tam a ima -gem e a linha de ação da orga ni za ção.

A uti li za ção dos sis te mas de infor ma ções por parte das orga ni za çõesindu bi ta vel men te gera um certo trans tor no, por que a maio ria das ati vi da desrea li za das con tem pla a uti li za ção desse tipo de tec no lo gia, sobran do maistempo para o pro fis sio nal se dedi car a outras ati vi da des, como aná li ses e oti -mi za ção de pro ces sos e esta tís ti cas.

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O mundo passa por um pro ces so tur bu len to e com ple xo que influen ciadire ta men te o que acon te ce nas orga ni za ções. Assim, há uma gran de neces -si da de de que o indi ví duo envol vi do nesse con tex to de mudan ça saiba mini -mi zar os impac tos e as desa ven ças sur gi dos. Para tor nar esse argu men topos sí vel, é fun da men tal o sur gi men to de uma lide ran ça trans for ma do ra queparta de um novo tipo de cons ciên cia e que, na sua pro cu ra pela exce lên cia,esti mu le a intui ção, a cria ti vi da de e o tra ba lho em equi pe — e é aí que a edu -ca ção pode aju dar.

Todo pro ces so de mudan ça e trans for ma ção traz con si go tur bu lên ciasque pre ci sam ser admi nis tra das para a sus ten ta ção do pró prio meio em queocor rem. Assumindo a orga ni za ção como esse meio e con si de ran do-na umauni da de sis tê mi ca, ter-se-á se esta be le ci do um cená rio com ple xo por causadas inter-rela ções que ocor rem nas uni da des e entre elas: cada even to queocor re esta rá rela cio na do a outros inú me ros even tos, influen cian do e sendoinfluen cia do por eles. Assim, é pos sí vel per ce ber os impac tos pro vo ca dospela cres cen te preo cu pa ção ambien tal que desen ca deou ações nas esfe raspolí ti cas, gover na men tais, empre sa riais e com por ta men tais dos indi ví duos.

A evo lu ção do saber redis cu te a rela ção entre a rea li da de e o conhe ci men -to, bus can do não só com ple tar o conhe ci men to da rea li da de exis ten te, mastam bém orien tar a cons tru ção de uma nova orga ni za ção social, que não seriaa pro je ção para o futu ro das ten dên cias atuais. É nesse sen ti do que as ques tõesambien tais (o que real men te agre ga valor aos indi ví duos) abrem novas pos si -bi li da des a par tir do reco nhe ci men to de poten ciais eco ló gi cos e tec no ló gi cos,em que se mis tu ram os valo res morais, os sabe res cul tu rais e o conhe ci men tocien tí fi co da natu re za na cons tru ção de uma nova racio na li da de.

A espi ri tua li da de — isto é, um indi ví duo mais cons cien te para com suaespé cie — e o auto co nhe ci men to são muito pró xi mos e impor tan tes, pois esti -mu lam ações de trans for ma ção pes soal e, con se qüen te men te, de seus ambien -tes. Na medi da em que a empre sa desen vol ve com maior cla re za sua mis sãoe visão, esta rá reve lan do suas inten ções reais, que pre ci sam ter uma dimen sãode trans cen dên cia, de ser vir a uma causa maior. Quando as pes soas se conec -tam à dimen são espi ri tual de suas tare fas diá rias, novos sig ni fi ca dos sur gem.

O que apren de mos ao longo da vida é indis pen sá vel, não poden do serpago o conhe ci men to que adqui ri mos; por isso, é impor tan te levar a sério ages tão do conhe ci men to nas orga ni za ções. Nossa inte li gên cia nunca será umfardo a ser car re ga do, por tan to, para nós, o apren der nunca será demais —é o pró prio bem do ser huma no, enquan to socie da de do conhe ci men to.

No entan to, o apren di za do só se torna váli do quan do o colo ca mos emprá ti ca. De nada adian ta acu mu lar conhe ci men to e jun tar infor ma ções senão os tro car mos com as outras pes soas e com o pró prio universo.

O indi ví duo moder no deve apre sen tar uma capa ci ta ção sis tê mi ca nãosó para a orga ni za ção e seus pro ces sos inter nos, que são inter-rela cio na dos

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(com ou sem sis te mas de infor ma ção), mas para com todo o ambien te. Dessamanei ra, neces si ta mos evo luir a forma de apren di za gem, pau ta da em umaabor da gem de pen sar e fazer edu ca ção, par tin do-se da cons ciên cia crí ti cacole ti va para ações indi vi duais, que pro du zam res pos tas cole ti vas ao longodo pro ces so de cons tru ção do saber. Evidentemente, essa cons tru ção pode ráser ori gi na da em ações ou pro ces sos empí ri cos, porém é neces sá rio con ser -var o com pro mis so da res pon sa bi li da de e da ética em tudo que se pre ten dacriar, desen vol ver ou ino var.

Para tanto, o uso de uma meto do lo gia na imple men ta ção de sis te masde infor ma ção é extre ma men te impor tan te para a apli ca ção de mudan çasnas orga ni za ções pois, sem um dire cio na men to, o suces so da mudan ça e opró prio uso do sis te ma de infor ma ção esta rão com pro me ti dos.

Um outro fator impor tan te é o trei na men to: é de extre ma rele vân cia acria ção e a manu ten ção de uma polí ti ca em trei na men to de todo o apa ra totec no ló gi co exis ten te na orga ni za ção, con si de ran do-se o que exis te no mer -ca do e as suas ten dên cias. Tudo deve ser leva do em con si de ra ção. É pre ci soque haja um acom pa nha men to, por meio de pes qui sas sobre ten dên cias, daevo lu ção tec no ló gi ca em fer ra men tas com pu ta cio nais e em sis te mas deinfor ma ção — e isso deve ser feito pelos res pon sá veis pela tec no lo gia nasorga ni za ções.

Precisamos con ce ber uma nova visão do pro ces so de mudan ça cau sa dopela pre sen ça da tec no lo gia e dos sis te mas de infor ma ção na orga ni za ção.Trata-se da neces si da de de com preen der mos os pro ces sos intrín se cos fun -cio nais da orga ni za ção (inte gra bi li da de das fun ções e ati vi da des dos depar -ta men tos da orga ni za ção), de uma manei ra mais res pon sá vel e huma na,auxi lia da pela fun da men ta ção e apli ca ção da ges tão da infor ma ção e doconhe ci men to.

Acreditamos que a mudan ça deva ser evo lu ti va, com a par ti ci pa ção realdos indi ví duos no pro ces so de imple men ta ção de novas tec no lo gias doconhe ci men to nas orga ni za ções.

Estamos nos defron tan do com um pro ces so de mudan ça emba sa do emuma meto do lo gia, na qual é de fun da men tal impor tân cia a comu ni ca çãoentre as pes soas e os pro ces sos que estão envol vi dos na orga ni za ção.

Como exem plo, uma fer ra men ta meto do ló gi ca muito uti li za da naimple men ta ção de sis te mas de infor ma ção no mer ca do euro peu e mun dial éa cria da pela SAP. Introduzida nos Estados Unidos em 1995, a meto do lo giaASAP1 (acceleratedSAP) para imple men ta ção de sis te mas de infor ma ção foiela bo ra da a par tir das melho res prá ti cas de imple men ta ção do sis te ma R/3,

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1 N. E.: Para mais infor ma ções sobre a tec no lo gia ASAP, con sul te o site www.sap.com e o Anexo1 — A Metodologia AcceleratedSAP — que se encon tra no site da Editora Thomson (www.thom son lear ning.com.br), na pági na do livro.

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for ne cen do fer ra men tas, ques tio ná rios e téc ni cas para explo rar a potên ciados mode los já desen vol vi dos com o pro du to.

Para maior visua li za ção e enten di men to, a SAP deter mi nou cinco eta -pas impor tan tes no cami nho do acceleratedSAP, con tem plan do uma imple -men ta ção orien ta da para pro ces sos de negó cios na orga ni za ção:

(1) Pre pa ra ção do pro je to.(2) Dese nho do negó cio.(3) Rea li za ção.(4) Pre pa ra ção final.(5) Entra da em ope ra ção e supor te.

Cada etapa dessa meto do lo gia dis po ni bi li za expli ca ções deta lha das decomo o usuá rio deve pro ce der, auxi lian do-o a defi nir cla ra men te o modo maissim ples de rea li zar e maxi mi zar a efi ciên cia do pro ces so de imple men ta ção.

O obje ti vo dessa meto do lo gia não se des ti na às empre sas que bus camuma reen ge nha ria, mas às orga ni za ções inte res sa das em uma imple men ta -ção basea da nas melho res prá ti cas de uti li za ção do pró prio sis te ma de infor -ma ção R/3.

Mostramos, na Figura 1.1, o mode lo das fases de imple men ta ção dameto do lo gia acceleratedSAP.

Figura 1.1 AcceleratedSAP road map.Fonte: ASAP, ROAD MAP. Disponível em: http://www.sap.com/asap. Acesso em: 30/06/2001.

Preparação

do Projeto

Desenho

do Negócio

Realização

Preparação

Final Entrada em

Produção &

Suporte

Mudança

Contínua

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2.1 Gestão do ConhecimentoA revo lu ção da infor ma ção vem ace le ran do nos últi mos anos, poden do sermuito bené fi ca para o desen vol vi men to de nossa socie da de, desde que secon si ga obter equi lí brio entre a infor ma ção, o conhe ci men to e a sabe do ria.No plano eco nô mi co, tais mudan ças terão mui tos refle xos na socie da de: aspes soas deve rão ser mais cria ti vas, par ti ci pa ti vas e envol vi das, pro ces so queserá deter mi nan te no seu futu ro. Existe um con tex to socioe co nô mi co inde -pen den te men te dos resul ta dos futu ros da eco no mia tra zi dos à tona, hoje,pela inter net, uma fer ra men ta muito uti li za da pelas empre sas.

O nome inter net vem de internetworking (liga ção entre redes). Emboraseja geral men te pen sa da como uma rede, ela é, na ver da de, o con jun to detodas as redes e gateways que usam pro to co los TCP/IP. A inter net é o con jun -to de meios físi cos ( linhas digi tais de alta capa ci da de, com pu ta do res, rotea -do res etc.) e pro gra mas (pro to co lo TCP/IP) usa dos para o trans por te dainfor ma ção. A Web é ape nas um dos diver sos ser vi ços dis po ní veis na inter -net e as duas não são sinô ni mos. Fazendo uma com pa ra ção sim pli fi ca da, ainter net seria o equi va len te à rede tele fô ni ca, com seus cabos, sis te mas dedis ca gem e enca mi nha men to de cha ma das, e a Web se assemelha a um tele -fo ne utilizado para comu ni ca ção de voz, embo ra o mesmo sis te ma tam bémpossa ser usado para a trans mis são de fax ou dados.

Para Srour (1998), a era da cha mi né (ou da máqui na) foi supe ra da.Assim, não have ria mais razões para falar de civi li za ção indus trial, mas deuma eco no mia super sim bó li ca que se baseia nos com pu ta do res e na trocade dados e infor ma ções. O autor apura um mesmo esta tu to teó ri co atre la doa três ten dên cias: a atual, deno mi na da ter cei ra e que cor res pon de a umarevo lu ção da infor ma ção; a segun da, iden ti fi ca da como RevoluçãoIndustrial; e a pri mei ra, enten di da como revo lu ção agrí co la.

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Hoje deve mos nos preo cu par com o indi ví duo que está à pro cu ra dedeter mi na dos pro ces sos-chave moti va cio nais. A orga ni za ção que não inves -tir em seus recur sos huma nos não terá suces so. Nesse cená rio, acre di ta mosna teo ria da ges tão do conhe ci men to, para a qual as empre sas se vol ta ramcom o intui to de enten der, orga ni zar, con tro lar e lucrar com o valor intan gí -vel do conhe ci men to. No entan to, ges tão do conhe ci men to ainda é uma áreanebu lo sa no cru za men to entre teo ria da orga ni za ção, estra té gia de negó cios,tec no lo gia da infor ma ção e a pró pria cul tu ra orga ni za cio nal.

Nas orga ni za ções, a ques tão da ges tão do conhe ci men to pode ser vistacomo um gran de pro ces so aná lo go à qua li da de total (mas cer ta men te é bemmais que isso), pois quem garan te a qua li da de é o pró prio indi ví duo, pormeio da exe cu ção de suas tare fas no tra ba lho.

Estimativas de espe cia lis tas inter na cio nais reve lam que, nos pró xi mosanos, as empre sas irão gas tar mais com ges tão do conhe ci men to do quegas ta ram com qua li da de ou com pro ces sos de reen ge nha ria. Muitospen sa do res da admi nis tra ção, como Nasbitt e Drucker, já fala vam,desde 1980, na gran de revo lu ção da era da infor ma ção.” (Davenport ePrusak, 1998.)

Outros auto res já tra ziam, nessa época, a ques tão da ino va ção para ocen tro das dis cus sões estra té gi cas nos negó cios, como é o caso da reen ge nha -ria de pro ces sos.

As prin ci pais preo cu pa ções, neste momen to, em mui tas orga ni za ções,dizem res pei to à esta bi li za ção do mer ca do, pro je tos de ERP (EnterpriseResource Planning) e pro je tos para internet (como gran des por tais, entre outros); entre tan to, a maio ria das empre sas ainda não come çou a desen vol -ver pro je tos na área de ges tão do conhe ci men to.

No cami nho da imple men ta ção da ges tão do conhe ci men to, seja qualfor a estra té gia ado ta da, have rá muita difi cul da de, mui tos obs tá cu los, mui -tos esfor ços e inves ti men tos, pois não é somen te em recur sos mate riais efinan cei ros que resi de a maior difi cul da de, mas no envol vi men to e na par ti -ci pa ção dos indi ví duos no pro ces so de imple men ta ção.

Investir em ges tão do conhe ci men to só vale a pena para as empre sas quedese jam resul ta dos a longo prazo — e que ainda pre ten dam estar no negó ciodaqui a alguns anos. Se o conhe ci men to das pes soas na orga ni za ção não fazparte do mode lo de seu negó cio, se a ges tão da empre sa não vê o conhe ci -men to das pes soas agre gan do valor aos seus clien tes, se na orga ni za ção olado do “capi tal” enxer ga o lado do “tra ba lho” ape nas pela sua uti li da deime dia ta, então pouco impor ta a estra té gia que será uti li za da.

Muita aten ção está sendo dada à “ cadeia ali men tar da infor ma ção”:dado, infor ma ção, conhe ci men to. Agora, des co bre-se o valor, antes negli gen -cia do, dos recur sos intan gí veis, como mar cas, ima gem, conhe ci men to.

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Evoluindo no pen sa men to orga ni za cio nal, deixa-se para trás a visão dohomem-máqui na e dis cu te-se o tra ba lha dor do conhe ci men to, que deixacada vez mais de rea li zar ati vi da des manuais (roti nei ras), pas san do a tomaras devi das deci sões, atuan do como um indi ví duo ético, mais cons cien te, res -pon sá vel e par ti ci pan te.

Alguns auto res defi nem dado como uma seqüên cia de sím bo los quan ti -fi ca dos ou quan ti fi cá veis, na qual um texto é um dado e dados tam bémpodem ser fotos, figu ras, sons gra va dos e ani ma ção. Lembremos que podemser quan ti fi ca dos a ponto de se ter, even tual men te, difi cul da de de dis tin guirsua repro du ção, a par tir da repre sen ta ção quan ti fi ca da, do ori gi nal e dainfor ma ção como uma abs tra ção infor mal (isto é, não pode ser for ma li za dapor uma teo ria lógi ca ou mate má ti ca), que está na mente de alguém, repre -sen tan do algo sig ni fi ca ti vo para essa pes soa. Se a repre sen ta ção da infor ma -ção for feita por meio de dados, pode rá ser arma ze na da em um com pu ta dor.

Uma dis tin ção fun da men tal entre dado e infor ma ção é que o pri mei roé pura men te sin tá ti co, e o últi mo con tém neces sa ria men te semân ti ca (implí -ci ta na pala vra “sig ni fi ca do”, usada em sua carac te ri za ção). É inte res san tenotar que é difí cil intro du zir e pro ces sar semân ti ca em um com pu ta dor por -que a máqui na é pura men te sin tá ti ca, a não ser quan do a abor da gem dis cu -ti da é a inte li gên cia arti fi cial.

2.2 Mercado Atual e MudançasNa nova eco no mia, os dados estão em for ma to digi tal: bits. Para Tapscott(1997), quan do a infor ma ção é digi ta li za da e comu ni ca da por meio de redesdigi tais, reve la-se um novo mundo de pos si bi li da des, no qual quan ti da desenor mes de infor ma ção podem ser com pri mi das e trans mi ti das na velo ci da deda luz, pois a qua li da de das infor ma ções pode ser muito melhor que nastrans mis sões ana ló gi cas. Para esse autor, mui tas for mas dife ren tes de infor ma -ção podem ser com bi na das, crian do-se, por exem plo, docu men tos mul ti mí -dia. As infor ma ções podem ser arma ze na das e recu pe ra das ins tan ta nea men tede qual quer parte do mundo, pro pi cian do, con se qüen te men te, aces so ime dia -to à maior parte das infor ma ções regis tra das pela civi li za ção huma na.

Em uma orga ni za ção de ser vi ços, por exem plo, cujo prin ci pal ativo é oconhe ci men to cole ti vo sobre os clien tes, os pro ces sos de negó cio são cada vezmais impor tan tes para ven cer a con cor rên cia. As infor ma ções, tendo em vistaessa con for mi da de, são as maté rias-pri mas do tra ba lho de cada indi ví duo naorga ni za ção. Assim, cres ce cada vez mais a ênfa se na “espi ral do conhe ci -men to”, nas diver sas ações pos sí veis, tendo como base conhe ci men tos espe -cí fi cos sobre méto dos, téc ni cas e fer ra men tas de ges tão da infor ma ção.

As prin ci pais fer ra men tas tec no ló gi cas uti li za das atual men te são: CRM(Customer Relationship Management), que abor da o rela cio na men to com osclien tes em geral, rea li zan do o mar ke ting one-to-one ou one-to-many; data

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mining, que tem como obje ti vo explo rar esta tis ti ca men te os dados; fer ra men -tas de LMS (Learning Management System), que geren ciam tran sa ções emedu ca ção a dis tân cia; e data ware hou se, depó si to de dados.

A expressão CRM refle te o uso da infor ma ção como recur so para con -quis tar e reter clien tes por meio do diá lo go, o que per mi te criar rela çõesdura dou ras e mutua men te van ta jo sas entre clien tes e empre sas. A uti li za çãoefi caz dos dados dos clien tes, a ado ção de um sis te ma fecha do de con ver sa -ção com a empre sa e a aná li se dos bene fí cios qua li ta ti vos e quan ti ta ti vos paraambas as par tes são três dos mais impor tan tes fato res neste con cei to. Emsuma, o obje ti vo do CRM é fazer com que os con su mi do res e suas neces si da -des sejam os maio res impul sio na do res do com por ta men to orga ni za cio nal.

O LMS é um soft wa re que auto ma ti za a admi nis tra ção dos even tos detrei na men to, regis tran do usuá rios, tri lhan do cur sos em um catá lo go e gra -van do dados de alu nos. Além disso, por seu desen vol vi men to, pode lidarcom cur sos em forma de múl ti plas publi ca ções e em pro ve do res dis tin tos.Usualmente, não inclui capa ci da de pró pria de auto ria; ao con trá rio, focaape nas a com pa ti bi li da de de cur sos cria dos.

Os sis te mas de ges tão de apren di za do admi nis tram e arma ze nam oscon teú dos de cur sos on-line e minis tra dos em clas se, como tam bém de outros pro ces sos de capa ci ta ção. Um pro je to de LMS típi co per mi te que sejauti li za do por dife ren tes equi pes (ins ti tui ção, tuto res e espe cia lis tas em tec no -lo gia). Temos como refe rên cia de LMS o soft wa re Docent.1

Muitas van ta gens devem ser leva das em con si de ra ção em qual querempre sa ou ins ti tui ção que tem como obje ti vo imple men tar um LMS:

• Administração fácil: a pla ta for ma pode ser geren cia da pelo setoradmi nis tra ti vo, dado que requer somen te um conhe ci men tobási co de infor má ti ca, sob a ótica de uti li za dor.

• Navegação fácil: as apli ca ções são dese nha das e intei ra men teorien ta das para o uti li za dor, tanto na arqui te tu ra da infor ma çãocomo na inter fa ce de aces so.

• Integração fácil: basea da na tec no lo gia uti li za da e na sua modu -la ri da de.

• Adaptação: suporta tanto um núme ro redu zi do de uti li za do rescomo um ambien te empre sa rial com cur sos pela inter net.

Inmon con cei tua o data ware hou se como uma cole ção de dados orien ta -dos por assun tos, inte gra dos, variá veis no tempo e não volá teis, cujo obje ti -vo é dar supor te aos pro ces sos de toma da de deci são. Esse con cei to já carac -te ri za o ambien te e pos sui em si sig ni fi ca dos espe cí fi cos, como:

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1 Para mais infor ma ções sobre o soft wa re Docent, con sul te o site www.docen t.com.

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• Orientação por assun to: diz res pei to às infor ma ções espe cí fi cas eimpor tan tes para o negó cio da empre sa. Como exem plo, pode -mos citar pro du tos, clien tes, for ne ce do res, fun cio ná rios e ramosde ati vi da de em que a empre sa atua.

• Integração: todos os dados tra zi dos para um data ware hou sedevem ser padro ni za dos quan to ao nome que terão nesteambien te. (É o con cei to do dicio ná rio de dados, em que cadaenti da de na empre sa é conhe ci da por um único nome, e esteserá o padrão a ser uti li za do por todos os sis te mas.) Por exem -plo, a enti da de “clien te”, uma vez ado ta da para carac te ri zar osclien tes da empre sa, será sem pre uti li za da para esse fim, aomesmo tempo que todos os clien tes da empre sa só pode rão serrefe ren cia dos por essa enti da de.

• Variante no tempo: os dados car re ga dos no data ware hou se refe -rem-se a um momen to espe cí fi co de tempo que não é atua li zá -vel no pró prio dado já car re ga do. Para que isso ocor ra, é neces -sá ria uma nova atua li za ção de dados para refle tir uma novaposi ção no tempo. É impor tan te defi nir o sig ni fi ca do do dadoem rela ção ao tempo (perío do) que ele deve repre sen tar (dia,sema na, mês, ano ou outro que seja impor tan te).

• Não volá til: os dados, uma vez car re ga dos no data ware hou se,não sofre rão alte ra ção no que se refe re à atua li za ção de regis -tros, como ocor re, por exem plo, em dados de sis te mas ope ra -cio nais, nos quais, na medi da em que deter mi na do pro ces so érea li za do, os refle xos das mudan ças tam bém são rea li za dos nabase de dados. É, por tan to, impor tan te defi nir o melhor mo -men to para fazer a carga no data ware hou se, de forma que asinfor ma ções pos sam refle tir momen tos sig ni fi ca ti vos em umdeter mi na do perío do de tempo.

A orga ni za ção pre ci sa tanto da agi li da de, da ini cia ti va, da capa ci da dede se modi fi car e de se adap tar con ti nua men te quan to da con fia bi li da de,cons tân cia e per ma nên cia de seus sis te mas de infor ma ção. Ela pre ci sa de cla -re za e de trans pa rên cia. O aten di men to às suas neces si da des passa pelasolu ção des sas ques tões e é de fun da men tal impor tân cia no pro ces so de for -ma ção do “tra ba lha dor” do conhe ci men to.

Estamos pas san do, hoje, da repe ti ção do tra ba lho manual para a ino -va ção. O dina mis mo se tor nou uma cate go ria cen tral no mundo atual, inti -ma men te asso cia do ao com por ta men to das pes soas na socie da de e nasorga ni za ções. Essas mudan ças são par ti cu lar men te inci si vas no mundo dotra ba lho, em que todas as áreas da orga ni za ção pre ci sam ser repen sa das.

As pes soas devem estar con ven ci das da nova forma de tra ba lho e daneces si da de da mudan ça, a fim de enca rar seu pró prio papel na orga ni za -

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ção. À medi da que se inten si fi ca o fluxo de infor ma ções no mundo (troca),as pes soas são cada vez mais bom bar dea das com infor ma ções por diver sas mídias, os indi ví duos estão conec ta dos ao res tan te do mundo por tele fo ne,tele vi são, fax, pager e cor reio ele trô ni co, pro pi cian do o cres ci men to do ritmodas mudan ças.

Portanto, no cená rio con tem po râ neo, admi nis trar envol ve uma gamamuito mais abran gen te e diver si fi ca da de ati vi da des que no pas sa do. A ênfa -se na ges tão vem da neces si da de de aper fei çoar con ti nua men te os pro ces sosde negó cio, por meio do apren di za do e da ino va ção per ma nen tes. No con -tex to da admi nis tra ção, esta mos na era da ênfa se no talen to das pes soas, naatua li za ção per ma nen te e na impor tân cia do tra ba lho em equi pe.

Assim, a evo lu ção da empre sa pre ci sa con si de rar três pon tos fun da -men tais:

• Visão estra té gi ca: a forma como a empre sa per ce be a evo lu ção doambien te em que atua e como se vê no cená rio futu ro.

• Cultura orga ni za cio nal: como os valo res e pres su pos tos bási cosdas pes soas que atuam na orga ni za ção inte ra gem com essavisão estra té gi ca e como as pes soas se posi cio nam dian te daino va ção.

• Tecnologia: como os recur sos tec no ló gi cos dis po ní veis podemser usa dos pela empre sa na rea li za ção de sua visão estra té gi ca,con si de ran do sua cul tu ra orga ni za cio nal.

Os sis te mas de infor ma ção, ao longo dos tem pos, evo luí ram para acom -pa nhar a sofis ti ca ção da gerên cia de negó cios. A ênfa se nes ses sis te mas deinfor ma ção é dada na vali da ção dos dados, visan do à sua maior qua li da dee depu ra ção. Sem uma meto do lo gia ade qua da, não é pos sí vel obter qua li da -de. E sem qua li da de de infor ma ções, não é pos sí vel obter inte li gên cia com -pe ti ti va em uma orga ni za ção.

A imple men ta ção de fer ra men tas para geren ciar o conhe ci men to impõemudan ças de per fis pro fis sio nais nas empre sas e novas manei ras de enca raro tra ba lho. Portanto, é neces sá rio seguir algu mas eta pas, de modo a adap taros fun cio ná rios à nova ges tão empre sa rial. Os exe cu ti vos neces si tam, pri -mei ro, pre pa rar as estru tu ras orga ni za cio nais para a ques tão da ges tão doconhe ci men to, como segue:

• Gestão de pro ces sos: repen sar os pro ces sos da empre sa.• Formação do tra ba lha dor do conhe ci men to: rever o per fil pro fis sio -

nal das pes soas na empre sa e no mer ca do de tra ba lho.• Dimensão do tra ba lho: a pas sa gem do tra ba lho manual para o

inte lec tual em um momen to em que a maio ria das tare fas repe -

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ti ti vas já é assu mi da por máqui nas indi ca que a rela ção da pes -soa com o tra ba lho se alte ra, assim como será muda do o que elapre ci sa saber para tra ba lhar.

Quando imple men ta mos um sis te ma de infor ma ção em uma orga ni za -ção ou ape nas tro ca mos uma tec no lo gia (fer ra men ta com pu ta cio nal), neces -si ta mos tra ba lhar ao máxi mo a ges tão do conhe ci men to inter no. Não nosbasta ape nas “tro car o sis te ma” ou “tro car a tec no lo gia”, temos de pre pa raros indi ví duos e as orga ni za ções meto do lo gi ca men te a fim de ter mos o máxi -mo de ganho estru tu ral e con cei tual nas novas tec no lo gias.

O con cei to de pro ces so empre sa rial asso cia-se à idéia de cadeia de valo -res com a defi ni ção de flu xos de valor: uma cole ção de ati vi da des que envol -vem a empre sa de ponta, a ponta com o pro pó si to de entre gar um resul ta doa um clien te ou a um usuá rio final. Esse clien te pode ser tanto inter no comoexter no à orga ni za ção. Torna-se uma cole ção dos flu xos de valo res vol ta dosà satis fa ção das expec ta ti vas de um deter mi na do grupo de clien tes(Gonçalves, 2000).

As mudan ças atual men te são gran des, abran gen do todos os cam pos.A socie da de assis te ao mesmo tempo que par ti ci pa de um pro ces so muitoveloz, em que a única cons tan te é a mudan ça. Para Pereira (2002), algu masempre sas estão crian do par ce rias com pes soas que têm inte res se nas açõesempre sa riais, os cha ma dos stakeholders, tais como clien tes, empre ga dos, acio -nis tas, for ne ce do res, gover nos, comu ni da de em geral e gru pos de inte res -se popu lar.

A par tir de uma visão estra té gi ca fun da men ta da, de uma aná li se estru -tu ral da empre sa, prin ci pal men te no que tange a novos entran tes e pro du tossubs ti tu tos — e de uma ava lia ção da cadeia de valor agre ga do —, a orga ni -za ção busca iden ti fi car opor tu ni da des de dife ren cia ção e redu ção de cus tos,por meio da apli ca ção de novas tec no lo gias e pro ces sos em que a ati vi da dede pros pec ção deve ser per ma nen te na empre sa. A ino va ção é uma dascarac te rís ti cas mar can tes dos líde res de mer ca do no cená rio atual.

Em todo o mundo, a meta de alcan çar níveis ele va dos de pro du ti vi da -de e de qua li da de está sendo con si de ra da uma das gran des prio ri da des dasempre sas. Essas duas con di ções devem, além de se tornar per ma nen tes,cres cer com o decor rer do tempo. No Brasil, por exem plo, tudo indi ca queesta mos expe ri men tan do um perío do de busca inces san te da exce lên cia emter mos de qua li da de e pro du ti vi da de.

Geralmente, a mudan ça esbar ra em dois fato res que fun cio nam comoobs tá cu los intrans po ní veis para que as pes soas pos sam atuar como agen tesati vos da mudan ça orga ni za cio nal: a qua li da de e a pro du ti vi da de, as prin ci -pais metas admi nis tra ti vas. A ino va ção, a melho ria da qua li da de e o aumen -to da pro du ti vi da de reque rem ação, impli can do algo dife ren te a ser feito emrela ção ao que se fazia ante rior men te.

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O pri mei ro fator tem a ver com a orga ni za ção do tra ba lho. Até o iní -cio da década de 1980, a maio ria dos nos sos exe cu ti vos ainda ado ta vapara dig mas de pro du ção inven ta dos há mais de cem anos. O sis te ma norte-ame ri ca no de pro du ção, com ênfa se no mer ca do de massa, no dese nhopadro ni za do, nos gran des volu mes e nos ganhos de esca la, revo lu cio nou aindús tria no iní cio do sécu lo XX. O homem era ape nas um apên di ce do sis -te ma. A orga ni za ção do tra ba lho, em vez de obter coo pe ra ção e gerar siner -gia, pas sou a limi tar e a res trin gir os esfor ços das pes soas.

O segun do fator decor re da cul tu ra que pre do mi na nas nos sas empre -sas. Antes, a expec ta ti va era de que cada pes soa faria o melhor pos sí vel porseus pró prios méri tos, inde pen den te men te da ajuda de ter cei ros. Era a épocada ênfa se no tra ba lho indi vi dual, na espe cia li za ção e na auto con fian ça,subor di na dos à cole ti vi da de da qual a pes soa fazia parte.

A empre sa deve pro por cio nar uma nova cul tu ra orga ni za cio nal, de ino -va ção, de par ti ci pa ção e de envol vi men to emo cio nal de todas as pes soas noseu negó cio, por meio do esfor ço cole ti vo e do tra ba lho em equi pe. Tambémdeve pro por cio nar novos para dig mas e uma nova men ta li da de a res pei to doseu negó cio e do envol vi men to de todas as pes soas na sua con se cu ção, auto -ri da de e res pon sa bi li da de para ino var e resol ver seus pro ble mas ope ra cio nais.

Isso tudo repre sen ta uma pro fun da mudan ça na cul tu ra orga ni za cio -nal, mudan ça essa que deve pro por cio nar lide ran ça na ino va ção e na orien -ta ção quan to à uti li za ção das téc ni cas de solu ção de pro ble mas.

O senso semió ti co, segun do Andersen (1997), é per ti nen te quan do com -pa ra do à orga ni za ção: “os mem bros per ten cen tes a uma orga ni za ção rece -bem suas iden ti da des tra zi das pelas fun ções simi la res a essa mesma orga ni -za ção e pela dife ren ça con ce bi da por outros mem bros inter nos”.

A empre sa pre ci sa asse gu rar a ação a longo prazo de seu pro gra ma deino va ção e de melho ria da qua li da de e da pro du ti vi da de, e este não deve sermera men te tem po rá rio ou durar ape nas enquan to exis ti rem cer tos pro ble -mas. Esse pro ces so requer apoio e lide ran ça con tí nuos por parte da alta dire -ção, bem como apli ca ção de téc ni cas adi cio nais de solu ção dos pro ble mas,que vão sendo des co ber tos e desen vol vi dos ao longo do tempo.

A orga ni za ção tam bém neces si ta pro por cio nar novas con quis tas, desa -fios e estí mu los para fazer da ino va ção, da qua li da de e da pro du ti vi da de odes per tar da cons ciên cia das pes soas. As mudan ças nas orga ni za ções devempar tir dos pro fis sio nais da alta dire ção com maior visão estra té gi ca do negó -cio e mais aten tos às neces si da des do mer ca do. Espera-se desse pro fis sio nalcom pe tên cia, qua li da de e leal da de para gerir as ino va ções e os avan ços. Essamudan ça pre ci sa ser vista como uma opor tu ni da de de evo lu ção pes soal, quesupos ta men te leva rá à pro sis sio nal.

Para Gubman (1999), a exten são e o tipo de mudan ça mui tas vezesandam jun tos, e quan to maior for a mudan ça, mais diferentes e complexos o

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foco e a com ple xi da de. Podemos per ce ber esse enfo que visua li zan do oQuadro 2.1.

Quadro 2.1 Rela ção entre a exten são, o foco e a com ple xi da de da mudan ça

Fonte: Gubman, 1999.

Uma orga ni za ção que quei ra ou neces si te mudar efe ti va men te e demanei ra rápi da e segu ra deve ser capaz de, segun do Schein (1992): 1) impor -tar infor ma ções de forma efi cien te, dando-nos a idéia de auto no mia; 2)repas sá-las aos luga res cer tos da orga ni za ção, para que as demais pes soaspos sam ana li sá-las e tomar as devi das deci sões cor re ta men te, dando-nos aidéia do pro ces so de comu ni ca ção desde que esta nos dê con fia bi li da de; 3)efe tuar as mudan ças e trans for ma ções neces sá rias para que as novas infor -ma ções sejam con ta bi li za das, dando-nos a idéia de ela bo ra ção; 4) dar feed-back (retor no) dos impac tos cau sa dos e sen ti dos na orga ni za ção e em seuciclo de infor ma ção inter na, dando-nos a idéia de um ambien te sis tê mi co.

A tec no lo gia da infor ma ção tem um papel impor tan te no pro ces so demudan ça que ocor re na orga ni za ção; porém, trata-se de um pro ces so crí ti coque deve ser enca ra do de forma prio ri tá ria, deven do ser apoia do pela altadire ção da orga ni za ção. Portanto, se faz neces sá rio um estu do mais deta lha -do da cul tu ra orga ni za cio nal.

EXTENSÃO

DA MUDAN ÇA

FOCO

DA MUDAN ÇA

COMPLEXIDADE E

TIPO DE MUDAN ÇA

Pequena Processo ou con teú do

Retificação ou melho ra men to de algu -mas das coi sas que já se faz: um oudois méto dos pre ci sam ser rea li nha dosou há ape nas alguns hia tos que pre ci -sam ser tra ta dos. Isso é desen vol vi -men to da orga ni za ção.

Média Processo e con teú do

Um méto do ou pro ces so gigan tes copre ci sa de um exame minu cio so, e issoafe ta rá vários outros méto dos, ou vários méto dos e pro ces sos pre ci sa rãoser muda dos ao mesmo tempo, o quedará muito tra ba lho. Trata-se de umamudan ça de sis te mas intei ros.

Grande Processo, con teú doe con tex to

Toda a manei ra de fazer negó cios pre ci -sa mudar: ou você reno va a estra té giaempre sa rial bási ca e ali nha quase todosos pro ces sos ou méto dos para fazerisso, ou pre ci sa rá mudar a pro po si çãode valor e come çar tudo de novo. Isso étrans for ma ção.

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2.3 A Cultura e a Liderança OrganizacionalAs pes soas e seus conhe ci men tos são a base, a colu na ver te bral de umaempre sa. Sem pro fis sio nais moti va dos, trei na dos e qua li fi ca dos, a empre saperde seu pro pó si to e efi ciên cia. Assim, uma orga ni za ção jamais obte rá inte -li gên cia com pe ti ti va se não tiver pro fis sio nais qua li fi ca dos.

Na era do conhe ci men to busca-se o homem glo bal, o homem inte gra doe gene ra lis ta. O enfo que do papel das pes soas na orga ni za ção e do valor doseu conhe ci men to mudou, deman dan do novas tec no lo gias de ges tão. Nasorga ni za ções, o conhe ci men to se encon tra não ape nas nos docu men tos,bases de dados e sis te mas de infor ma ção, mas tam bém nos pro ces sos denegó cio, nas prá ti cas dos gru pos e na expe riên cia acu mu la da pelas pes soas.O conhe ci men to da empre sa, da com pe ti ção, dos pro ces sos, enfim, do ramode negó cio, está por trás da toma da de milhões de deci sões estra té gi cas eope ra cio nais ao longo dos anos.

Para Nonaka e Takeuchi (1997), os estu dos da cul tu ra orga ni za cio nallan ça ram luz sobre a orga ni za ção como um sis te ma epis te mo ló gi co (estu dosda ciên cia) e, além disso, des ta ca ram a impor tân cia de fato res huma nos,como, por exem plo, valo res, sig ni fi ca dos, com pro mis sos, sím bo los e cren ças,abrin do cami nho para pes qui sas mais sofis ti ca das sobre o aspec to táci to doconhe ci men to. Esses estu dos reco nhe ce ram que a orga ni za ção, como um sis -te ma de sig ni fi ca do com par ti lha do, pode apren der, mudar e evo luir aolongo do tempo por meio da inte ra ção social entre seus mem bros, entre simesma e o pró prio ambien te.

A ponte da ges tão do conhe ci men to se dá, para os auto res, jus ta men tepela cul tu ra orga ni za cio nal. A mudan ça ocor re con for me a neces si da de dacom pe ti ção no mer ca do, numa visão de curto prazo. Nesse cená rio, cada vezmais o pro fis sio nal glo bal é exi gi do em vir tu de de seu enten di men to donegó cio, sua visão da con cor rên cia e seu conhe ci men to da tec no lo gia dis po -ní vel. E como é pos sí vel per ce ber, o poder do conhe ci men to das pes soas vemultra pas san do a força bruta das coi sas.

As pes soas nas cem, cres cem e vivem em um ambien te social e dele rece -bem com ple xa e con tí nua influên cia no decor rer de toda a sua vida. A cul tu -ra repre sen ta o ambien te de cren ças e valo res, cos tu mes e tra di ções, conhe -ci men tos e prá ti cas de con ví vio social e de inter-rela cio na men to.

Para Fleury (1992), cul tu ra orga ni za cio nal é o con jun to de pres su pos tosbási cos que um grupo inven tou, des co briu ou desen vol veu ao apren dercomo lidar com os pro ble mas de adap ta ção exter na e inte gra ção inter na, quefun cio na ram bem o sufi cien te para ser con si de ra dos váli dos e trans mi ti dosa novos mem bros como a forma cor re ta de per ce ber, pen sar e sen tir essespro ble mas. A auto ra atri bui uma maior impor tân cia ao papel dos fun da do -res da orga ni za ção no pro ces so de mol dar seus padrões cul tu rais: os pri mei -

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ros líde res, ao desen vol ver for mas pró prias de equa cio nar os pro ble mas daorga ni za ção, aca bam por impri mir sua visão de mundo aos demais, bemcomo a visão do papel que a orga ni za ção deve desem pe nhar no mundo.

As ques tões rela cio na das à cul tu ra orga ni za cio nal resi dem na pos si bi li -da de de com preen der que a orga ni za ção é um pro ces so em cons tru ção, noqual a com ple xi da de faz parte do cená rio orga ni za cio nal, em razão de amesma exis tir pelo con sul tor de pes soas e seus devi dos inte res ses.

A ques tão do clima orga ni za cio nal tam bém mere ce aten ção espe cial,pois não con se gui re mos imple men tar novas tec no lo gias do conhe ci men tosem a par ti ci pa ção efe ti va das pes soas, ou seja, é de fun da men tal impor tân -cia todo um cená rio posi ti vo e con cor dan te para que a tec no lo gia e os sis te -mas de infor ma ção sejam imple men ta dos.

Campbell et al. (1970) defi nem clima orga ni za cio nal como um con jun -to de atri bu tos espe cí fi cos de uma orga ni za ção em par ti cu lar, que podemser influen cia dos pela forma como ela lida com seus mem bros e seuambien te. Para cada indi ví duo na empre sa, o clima assu me a forma de umcon jun to de ati tu des e expec ta ti vas que a des cre vem em ter mos tanto decarac te rís ti cas está ti cas (grau de auto no mia, por exem plo) quan to de variá -veis com por ta men tais de resul ta do (even tos de saída). Estudos dos mes mosauto res apon tam que o clima orga ni za cio nal seria uma des cri ção da situa -ção da orga ni za ção e, como tal, deve ria con ter varia ções sig ni fi ca ti vas entreos gru pos que a inte gram.

Para Harman e Hormann (1993), a cul tu ra é uma força pode ro sa, masque se esqui va quan do se trata de implan tar mudan ças de natu re za trans for -ma do ra nas orga ni za ções. Assim, o papel da cul tu ra que influen cia o com -por ta men to não pode ser sim ples men te igno ra do. Os auto res suge rem que épre ci so estar cons cien te do “sis te ma imu no ló gi co da empre sa”, que “tentamatar tudo aqui lo que lhe pare ce estra nho”. A cul tu ra é, então, uma forçapode ro sa na manu ten ção do status quo do indi ví duo.

À medi da que as orga ni za ções sedi men tam suas iden ti da des, podemini ciar trans for ma ções mais amplas na eco lo gia social a que per ten cem.Podem esta be le cer as bases para a pró pria des trui ção, ou então podem criaras con di ções que lhes per mi ti rão evo luir com o ambien te. Entretanto, mui -tas empre sas devo ram sua sobre vi vên cia futu ra, crian do opor tu ni da despara que novos padrões de rela ções emer jam, mas à custa da sua pró priaexis tên cia futu ra (Morgan, 1996).

Organizações ego cên tri cas con si de ram a sobre vi vên cia muito maisdepen den te da con ser va ção de sua iden ti da de estrei ta men te auto de fi ni da efixa que da evo lu ção menos rígi da e aber ta da iden ti da de do sis te ma ao qualper ten cem. É fre qüen te men te difí cil para elas aban do nar iden ti da des e estra -té gias que as cria ram ou que for ne ce ram as bases para o suces so no pas sa do,ape sar de ser isso o que a sobre vi vên cia e a evo lu ção quase sem pre reque rem.

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Já para Collins e Porras (1995), um passo impor tan te para a cria ção deuma empre sa visio ná ria não é agir, mas mudar o ponto de vista do indi ví -duo, tendo como apoio e refe rên cia as neces si da des e aspi ra ções huma nas,por meio de sua cons ciên cia. Não obs tan te, a busca do pro gres so, para osauto res, é pro ve nien te de uma pro fun da neces si da de huma na, como explo -rar, criar, des co brir, alcan çar, mudar, melho rar.

Entretanto, assim como ocor re na natu re za, mui tas linhas de desen vol -vi men to orga ni za cio nal podem se reve lar becos sem saída. Apesar de viá -veis e da pos si bi li da de de obter con si de rá vel suces so por certo perío do,deter mi na das orga ni za ções podem expe ri men tar uma mudan ça na sortecomo resul ta do daqui lo que são — e como resul ta do da ação e da pas si vi da -de que esse senso de iden ti da de enco ra ja.

Concepções menos ego cên tri cas de iden ti da de faci li tam esse pro ces so àmedi da que soli ci tam que as orga ni za ções per ce bam que são muito mais doque elas mes mas. Ao con si de rar que os for ne ce do res, o mer ca do, a força detra ba lho, a cole ti vi da de local, nacio nal ou inter na cio nal e até mesmo a com -pe ti ção são, na ver da de, par tes do mesmo sis te ma de orga ni za ção, torna-sepos sí vel par tir em dire ção a uma apre cia ção de inter de pen dên cia sis tê mi ca,bem como esti mu lar suas con se qüên cias.

As pes soas têm suas iden ti da des cons truí das a par tir de seu lega do doentor no — seja ele fami liar ou esco lar — e, por meio das expe riên cias pró -prias, passa por um perío do de apro pria ção ou não desse manto de legi ti ma -ção, cons truí do no caldo da cul tu ra em que estão imer sas. Compreender oindi ví duo sig ni fi ca com preen der o ponto de vista em que está colo ca do.Portanto, a mudan ça nunca pode estar pre de fi ni da: ela é cons truí da com epelo sujei to.

Como foi expos to, per ce be-se que, em todos os níveis da orga ni za ção,fala-se no novo papel das pes soas. A velo ci da de e, prin ci pal men te, a dire çãodas mudan ças, são con di cio na das pela com pe ti ção ime dia tis ta entre inte res -ses alheios à com preen são e ao con tro le dos indi ví duos. Assim, tal vez a ver -da dei ra ques tão não seja como apro vei tar melhor o tempo no sen ti do uti li -tá rio das novas tec no lo gias da infor ma ção e da comu ni ca ção, mas tal vez ointe res san te seja recu pe rar o con tro le sobre o tempo moder no, adap tan doseu ritmo e redes co brin do o espa ço da refle xão e da ocio si da de.

Para Davenport e Prusak (1998), as prin ci pais ati vi da des rela cio na das àges tão do conhe ci men to em geral são: com par ti lhar o conhe ci men to inter na -men te, atua li zar o conhe ci men to, pro ces sar e apli car o conhe ci men to paraalgum bene fí cio orga ni za cio nal, encon trar o conhe ci men to inter na men te,adqui rir conhe ci men to exter na men te, reu ti li zar conhe ci men to, criar conhe -ci men tos e com par ti lhar o conhe ci men to com a comu ni da de exter na àempre sa.

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Ainda segun do esses auto res, a ges tão do conhe ci men to não é uma purae sim ples exten são da tec no lo gia da infor ma ção, em que é pre ci so sair dopata mar do pro ces sa men to de tran sa ções, da inte gra ção da logís ti ca, pormeio do workflow e do comér cio ele trô ni co, e agre gar um per fil de cons tru çãode for mas de comu ni ca ção, de con ver sa ção e de apren di za do no tra ba lho, decomu ni da des de tra ba lho e de estru tu ra ção e aces so às idéias e expe riên cias.

Para que isso real men te acon te ça, é neces sá ria muita von ta de e deter -mi na ção por parte do indi ví duo e, prin ci pal men te, a ação e o bom exem ploem rela ção a essas ações.

O papel a ser desem pe nha do pela tec no lo gia da infor ma ção é estra té gi -co: aju dar o desen vol vi men to do conhe ci men to cole ti vo e do apren di za docon tí nuo, tor nan do mais fácil para as pes soas na orga ni za ção com par ti lharpro ble mas, pers pec ti vas, idéias e solu ções. Dessa manei ra, os sis te mas deinfor ma ção para apoio à ges tão do conhe ci men to têm o obje ti vo de pro mo -ver simul ta nea men te nas empre sas a pro du ti vi da de e o apren di za do. A tec -no lo gia da infor ma ção não subs ti tui a rede huma na, sendo impor tan te estar -mos cien tes das limi ta ções das tec no lo gias em qual quer pro gra ma de ges tãodo conhe ci men to. As tec no lo gias da infor ma ção são ape nas o meio con du -tor, isto é, o sis te ma de arma ze na gem para a troca de conhe ci men tos, nãocrian do sabe res, não garan tin do nem pro mo ven do a gera ção de conhe ci -men to ou a sua par ti lha numa cul tu ra empre sa rial que não o favo re ça.

A tec no lo gia é, sem dúvi da, uma forte alia da na dis tri bui ção do sabernos ambien tes cor po ra ti vos, mas vale a pena res sal tar que a dife ren ça essen -cial é que o saber está no inte rior das pes soas, pro ven do uma certa com ple -xi da de pelo fato de estar asso cia do a cada uma delas. O conhe ci men to envol -ve o esta be le ci men to de rela ções entre infor ma ções iso la das. Se pen sar mosnesse sen ti do, muito do que é cha ma do conhe ci men to é ape nas infor ma çãodes co nec ta da: con cei tos vazios a serem memo ri za dos e esque ci dos. A infor -ma ção é des car tá vel, jus ta men te por não ter vín cu los nem com outras infor -ma ções nem o com o conhe ci men to, mas sobre tu do por não ter mos com elavín cu los emo cio nais (Guerra, 2001). É neces sá rio, por tan to, ter von ta de,emo ção e voli ção, por meio do indi ví duo, para que haja a evo lu ção do serhuma no.

A par tir dos fun da men tos tra zi dos pela teo ria da infor ma ção, pode mosesbo çar o seguin te fluxo do conhe ci men to e da sabe do ria:

Fonte: Guerra, 2001.

Figura 2.1 Fluxo da comunicação à sabe do ria.

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O conhe ci men to é adqui ri do pri mei ra men te pelo pro ces so de comu ni -ca ção exis ten te no meio loca li za do, geran do infor ma ções para esse meio. Porinter mé dio des sas infor ma ções pode re mos adqui rir ou não o conhe ci men toespe ra do. Isso nos leva a dis cor rer um pouco sobre a sabe do ria, que é desen -vol vi da pela expe riên cia, não exclu si va men te pela inte li gên cia. Assim, pre -ci sa mos saber dis por do conhe ci men to e da ação de modo a tra zer o máxi -mo bene fí cio para os indi ví duos. Se o conhe ci men to, mui tas vezes, nos levaa uma pos tu ra arro gan te, a sabe do ria só é atin gi da a par tir da humil da de,poden do ser enten di da em vir tu de da ação asso cia da e no con tex to emomen to espe cí fi cos dessa ação. A sabe do ria não pode ser expres sa em ter -mos de regras, não pode ser gene ra li za da nem trans mi ti da dire ta men te,sendo inse pa rá vel da rea li za ção pes soal daque le que busca o saber.

Davenport e Prusak (1998) indi cam alguns prin cí pios de geren cia men -to do conhe ci men to que per mi tem a efi cá cia na orga ni za ção:

• Pro mo ver a cons ciên cia do valor do conhe ci men to bus ca do euma von ta de de inves tir no pro ces so que irá gerar.

• Iden ti fi car quais os tra ba lha do res de conhe ci men tos-cha ve quepodem se reu nir em um esfor ço de imple men ta ção.

• Enfa ti zar o poten cial cria ti vo ine ren te à com ple xi da de e à diver -si da de de idéias, enca ran do as dife ren ças como posi ti vas em vezde fon tes de con fli to, evi tan do ao máxi mo res pos tas sim plespara ques tões com ple xas.

• Tor nar a neces si da de de gera ção do conhe ci men to clara paraenco ra já-la, recom pen sá-la e diri gi-la a um obje ti vo comum.

Dessa forma, o que pode mos depreen der é que são impor tan tes a cons -cien ti za ção e a par ti ci pa ção efe ti va das pes soas, bem como um forte apoioredi men sio na do pela cul tu ra orga ni za cio nal, isto é, há a neces si da de deapoio mar can te por parte da alta dire ção da empre sa, o que requer umamudan ça de regras e con du tas inter nas. Conseqüentemente, há uma neces -si da de de iden ti fi ca ção e adap ta ção de algu mas des sas regras, bem como deseu geren cia men to. Para que esse pro ces so real men te acon te ça, temos aseguin te meto do lo gia que deve ser apli ca da, segun do Davenport e Prusak:

• Come çar por uma área de alto valor adi cio na do e desen vol ver opro je to com base em expe riên cias ante rio res.

• Ini ciar por meio de um pro je to-pilo to, tes tan do os con cei tos eper mi tin do que a pro cu ra defi na as ini cia ti vas a ser rea li za daspos te rior men te.

• Pri mei ro con cluir algo.

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• Tra ba lhar várias fren tes simul ta nea men te, não somen te as tec -no lo gias, como, por exem plo, a orga ni za cio nal (estru tu ra).

• Não limi tar a cap ta ção e cir cu la ção do saber; há outros tipos desaber acu mu la dos que não podem ser des pre za dos, como o feed-back dos clien tes.

• Não estar res tri to ape nas à filo so fia das learning orga ni za tions(orga ni za ções do apren di za do são um con jun to de fato res quelevam o conhe ci men to às orga ni za ções).

• Não con fun dir cap ta ção do saber com digi ta li za ção dos dados.• Adap tar os pro je tos à cul tu ra orga ni za cio nal da cor po ra ção.

Antes, é pre ci so inves ti gar qual é essa natu re za; depois, deci dir o esti lode atua ção e a base de par ti da do geren cia men to do conhe ci men to.

Para Sveiby (1998), há muita dis cus são hoje sobre as atri bui ções e res -pon sa bi li da des rela cio na das com os dados, as infor ma ções e o conhe ci men -to na empre sa. Os recur sos huma nos, pelo lado do capi tal inte lec tual, domar ke ting pela via da inte li gên cia com pe ti ti va e da tec no lo gia da infor ma -ção pelo viés da ges tão do conhe ci men to, são áreas em foco no momen to.Nesse con tex to, o pro fis sio nal da infor ma ção é o pro tó ti po do tra ba lha dordo conhe ci men to de ama nhã.

Para Nonaka e Takeuchi (1997), o conhe ci men to táci to é pes soal e difí -cil de ser for ma li za do, difi cul tan do sua trans mis são e com par ti lha men tocom os outros. Como exem plo desse tipo de conhe ci men to, temos con clu -sões, insights e pal pi tes sub je ti vos. Esse tipo de conhe ci men to, para os auto -res, está dire ta men te rela cio na do às ações e expe riên cias de um indi ví duo,bem como às suas emo ções, valo res ou idéias.

Não obs tan te, é um desa fio para os pró prios indi ví duos fazer com queo conhe ci men to táci to adqui ri do possa ser orga ni za do (orga ni zar idéias,con clu sões e ações) de forma a ser “expres so” e repas sa do às outras pes soas.

O futu ro irá per ten cer às empre sas que con se gui rem explo rar o poten -cial da cen tra li za ção das prio ri da des, das ações e dos recur sos nos seus pro -ces sos. Essas empre sas do futu ro dei xa rão de enxer gar pro ces sos ape nas naárea indus trial, sendo orga ni za das em torno de seus pro ces sos não fabrisessen ciais, e cen tra rão seus esfor ços em seus clien tes, mas para que issoacon te ça, urge uma aten ção espe cial quan to ao domí nio de seus pro ces sosinter nos.

Como a cul tu ra orga ni za cio nal é uma base de sus ten ta ção impor tan tepara o uso de novas tec no lo gias do conhe ci men to, é impor tan te o sur gi men -to de novos líde res na orga ni za ção. Não obs tan te, eles nunca podem estarsozi nhos, neces si tan do sem pre ser apoia dos pela alta dire ção da empre sa.

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Talvez um dos prin ci pais papéis para que real men te ocor ra o con tex toda ges tão do conhe ci men to nas empre sas seja o dos admi nis tra do res da altadire ção. Segundo Senge (1997), o líder de uma orga ni za ção deve atuar comopro fes sor, men tor, guia ou faci li ta dor, incen ti van do as pes soas e a orga ni za -ção, de manei ra geral, a desen vol ver habi li da des fun da men tais para a exis -tên cia de um apren di za do gene ra ti vo ou capaz de recriar o mundo (con tro leautô no mo, visão com par ti lha da, mode los men tais e pen sa men to sis tê mi co).Além disso, acres cen ta Senge, a lide ran ça deve se basear no prin cí pio da ten -são cria ti va, que surge a par tir do enten di men to das dife ren ças entre a visãode onde se quer che gar e a rea li da de. Dessa manei ra, con se gue-se uti li zar amoti va ção intrín se ca das pes soas.

No entan to, isso não quer dizer que a lide ran ça deva ditar a estra té gia,mas pro mo ver o pen sa men to estra té gi co. Nesse sen ti do, Senge (1997) cita oconhe ci do caso da Shell, em que os pla ne ja do res reco nhe ce ram que seu tra -ba lho de cons tru ção de cená rios come çou a exer cer impac to quan do estepas sou a ser uti li za do para pro mo ver o apren di za do dos geren tes ope ra cio -nais. Isso ocor ria à medi da que os geren tes tinham de pen sar em como agire geren ciar sob diver sos cená rios, pre pa ran do-se assim, de fato, para o futu -ro, cla ra men te não pre vi sí vel.

Como per ce bemos, a ques tão da lide ran ça é fator fun da men tal para amudan ça real men te acon te cer. Sob a visão da abor da gem con tin gen cial(King e Anderson, 1995), dife ren tes fases do pro ces so de ino va ção reque remdife ren tes esti los de lide ran ça. Em outras pala vras, o esti lo de lide ran ça paragerar idéias rele van tes é dife ren te do esti lo ade qua do para a dis cus são,imple men ta ção ou roti ni za ção da idéia esco lhi da. O Quadro 2.2 torna essecon cei to mais claro ao des cre ver o com por ta men to geren cial asso cia do acada esti lo de lide ran ça por fase do pro ces so de ino va ção.

Quadro 2.2 Mode lo con tin gen cial de lide ran ça em gru pos para apoiar opro ces so de ino va ção

Fonte: King e Anderson, 1995.

FASE DO PRO CES SO

DE INO VA ÇÃO

ESTILO DE

LIDE RAN ÇACOMPORTAMENTO GEREN CIAL

Iniciação Estímulo Cria um ambien te segu ro para a gera çãode novas idéias, man ten do a mente aber tae garan tin do um ambien te pouco crí ti co.

Discussão Desenvolvimento Busca opi niões, ava lia as pro pos tas, defi -ne o plano de imple men ta ção e enca mi -nha o pro je to.

Implementação Championing Vende o pro je to para todos os gru pos afe -ta dos e asse gu ra o com pro me ti men to e apar ti ci pa ção na imple men ta ção.

Rotinização Validação/modificação

Avalia efe ti vi da de, iden ti fi ca liga ções fra -cas, modi fi ca e melho ra o pro je to.

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Não obs tan te, para Davis e Newstrom (1998), o sis te ma de com por ta -men to orga ni za cio nal mais efi caz tende a variar de acor do com o ambien teorga ni za cio nal total, em que o com por ta men to orga ni za cio nal apli ca-se aum rela cio na men to con tin gen cial.

Observamos que nem todas as orga ni za ções neces si tam da mesmaquan ti da de de par ti ci pa ção, de comu ni ca ção aber ta ou outra con di ção qual -quer para ser efi caz. Algumas situa ções per mi tem uma par ti ci pa ção maisexten si va que outras, e algu mas pes soas que rem mais par ti ci pa ção que outras. A par tir dessa abor da gem, é fun da men tal enten der que as teo riascon tin gen ciais e os obje ti vos que bus cam as orga ni za ções mais huma nascoe xis tem lado a lado, como idéias con ju ga das. Precisamos, entre tan to, con -tem plar um cená rio mais huma no nas orga ni za ções.

Davis e Newstrom apon tam no Quadro 2.3 as apli ca ções das idéias con -tin gen ciais aos ambien tes está veis e em mudan ça.

Quadro 2.3 Apli ca ção das idéias con tin gen ciais aos ambien tes está veisem mudan ça

Fonte: Davis e Newstrom, 1998.

Percebemos, nesse qua dro, a neces si da de de as orga ni za ções muda remsuas carac te rís ti cas a fim de pro pi ciar mudan ças que venham a ocor rer inter -na men te. Sem o apoio e a evo lu ção dos esti los e carac te rís ti cas dos indi ví -duos, essa mudan ça fatal men te não ocor re rá.

Os mes mos auto res iden ti fi ca ram outras cinco dimen sões essen ciaisque pro por cio nam melho rias no tra ba lho de um modo espe cial. Faz-seneces sá rio que o indi ví duo (tra ba lha dor) tenha todas elas:

• Variedade de tare fas: exe cu ções de modo dife ren te e pela varie da dede tare fas pro pria men te.

CARACTERÍSTICA

ORGA NI ZA CIO NALAMBIENTE ESTÁ VEL AMBIENTE EM MUDAN ÇA

Estrutura Hierarquia mais rígi da Mais fle xí vel(pro je tos matri ciais)

Sistema de pro du ção Maior espe cia li za ção Maior enri que ci men to do cargo

Estilo de lide ran ça Maior estru tu ra Maior con si de ra ção

Comunicação Mais ver ti cal Mais mul ti di re cio nal

Modelo de com por ta men toorga ni za cio nal

Mais auto crá ti co Maior apoio

Medida do desem pe nho Mais admi nis tra çãopor regras

Mais admi nis tra ção por obje ti vo

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• Identidade de tare fas: iden ti fi ca ção do desem pe nho de uma etapacom ple ta do tra ba lho.

• Importância da tare fa: momen to no qual o tra ba lho que é supos -ta men te exe cu ta do tem um certo grau de impor tân cia.

• Autonomia: con tro le dos empre ga dos sobre as suas pró prias tare -fas.

• Feedback: infor ma ções retroa li men ta das pela pró pria exe cu çãodas ati vi da des e/ou tare fas.

Isso tudo sig ni fi ca que, quan to maior for o ambien te de mudan ça,maio res devem ser o apoio e a con si de ra ção dos dados pela alta dire ção daorga ni za ção em rela ção ao posi cio na men to do indi ví duo em seu tra ba lho.Supostamente, fica até fácil e claro esse enten di men to, em vir tu de de a orga -ni za ção não ter, em seu pro pó si to, um fra cas so espe ra do e dese ja do. Porém,busca-se uma ques tão maior de huma ni za ção no tra ba lho, no dia-a-dia daspes soas, para que o indi ví duo se sinta res pei ta do em um cená rio mais ético,ínte gro e trans pa ren te, no qual haja par ti ci pa ção e cola bo ra ção de todos.

Portanto, neces si ta mos viver uma nova abor da gem de huma ni za ção notra ba lho, que vise pro mo ver o equi lí brio dos impe ra ti vos huma nos e tec no -ló gi cos, no qual os ambien tes de tra ba lho e as tare fas exe cu ta das devam serajus tá veis tanto à tec no lo gia quan to às pes soas, imple men tan do-se um novocená rio de con jun to de valo res e uma nova manei ra de pen sar, sen tir e viver.

2.4 Tecnologia da InformaçãoTem-se obser va do, mui tas vezes, que o com pu ta dor não é uma solu ção, masape nas uma tec no lo gia. Em outras pala vras, ao for mu lar polí ti cas públi casna área das tec no lo gias da infor ma ção e comu ni ca ção, pre ci sa mos man tersem pre em mente cer tos prin cí pios fun da men tais. A liber da de de expres -são, o direi to à edu ca ção e o aces so à infor ma ção são acen tua dos naDeclaração Universal dos Direitos Humanos como as pedras fun da men taisda par ti ci pa ção efe ti va dos cida dãos na socie da de civil. Hoje, as tec no lo gias dainfor ma ção e comu ni ca ção abrem pos si bi li da des, antes ine xis ten tes, paraimple men tar esses direi tos fun da men tais. No entan to, ao ava liar o poten -cial des sas tec no lo gias pre ci sa mos tam bém res pon der às per gun tas: Paraque ser vem? Para que serve a eco no mia do conhe ci men to? Se esta mos deacor do que a eco no mia não é um fim em si mesma, mas um meio para aexis tên cia e, se pos sí vel, para a pros pe ri da de de uma socie da de e dos seusmem bros, temos de che gar à con clu são de que o nosso obje ti vo, no que dizres pei to à eco no mia do conhe ci men to, deve ser a cons tru ção de uma socie -da de do conhe ci men to, basea da no seu com par ti lha men to (Unesco, 2001).

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As tec no lo gias da infor ma ção e comu ni ca ção podem habi li tar os indi -ví duos e ofe re cer-lhes um meio de alcan çar a sobe ra nia pes soal. É o quepodem fazer se as polí ti cas públi cas esti mu la rem, ati va men te, a sua uti li za -ção nesse sen ti do. Estamos todos seria men te preo cu pa dos com os ris cos docha ma do “divi sor digi tal”. Concordamos que é pre ci so uti li zar essas tec no -lo gias na luta con tra a pobre za e a exclu são. Se não o supe rar mos, o divi sorpode ria dei xar-nos com uma eco no mia do conhe ci men to cuja geo gra fia con -sis tis se, em últi ma aná li se, em peque nas ilhas de extraor di ná ria rique za per -di das em um abis mo oceâ ni co de carên cias, não se tra tan do ape nas de umaques tão téc ni ca. Não pode mos incor rer no mesmo erro come ti do no pas sa -do em rela ção ao desen vol vi men to. É pre ci so inte grar, ple na men te, nossaabor da gem das tec no lo gias da infor ma ção e comu ni ca ção às dimen sões sociais, cul tu rais e téc ni cas do desen vol vi men to huma no sus ten tá vel.

A infor ma ção é fator fun da men tal para as orga ni za ções e os admi nis -tra do res e, con se qüen te men te, para os demais indi ví duos. Quando se falaem mer ca do aber to e comum, com pe ti ti vi da de, con cor rên cia e qua li da de,entre outros, per ce be-se que nada disso seria pos sí vel sem que a infor ma çãoexis tis se e a ela não se tives se um rápi do aces so. Dessa forma, é de fun da -men tal impor tân cia estu dar como a tec no lo gia da infor ma ção inte ra ge nasorga ni za ções, pois, por meio dela, aca bam ocor ren do mudan ças cul tu rais econ se qüen tes alte ra ções de com por ta men to dos inter lo cu to res envol vi dos.

Um aspec to impor tan te da etapa de ava lia ção de novas tec no lo gias é amen su ra ção com pa ra ti va de indi ca do res de qua li da de e pro du ti vi da de.Quando há a deci são de ado tar uma nova tec no lo gia, é feita uma esti ma -ti va da rela ção custo-bene fí cio. É no momen to da ava lia ção que essa esti -ma ti va é com pa ra da aos resul ta dos efe ti vos. Nessa etapa, cabe tam bémuma aná li se do clima orga ni za cio nal, da mudan ça nos pro ces sos geren ciaise na estru tu ra geral de cus tos, além de uma ava lia ção de outros indi ca do -res inter nos indi re tos, en tre eles a qua li da de das infor ma ções e a comu ni ca -ção entre as áreas.

A defi ni ção de tec no lo gia da infor ma ção abran ge uma gama de pro du tosde hard wa re e soft wa re capazes de cole tar, arma ze nar, pro ces sar e aces sarnúme ros e ima gens para o con tro le de equi pa men tos e pro ces sos de tra ba lhoe para conec tar pes soas, fun ções e escri tó rios tanto den tro das orga ni za çõesquan to entre elas, sendo uma pode ro sa fer ra men ta para con tro le que per -mi te moni to rar e regis trar mui tos aspec tos do com por ta men to e desem pe nhoda orga ni za ção. A tec no lo gia acaba faci li tan do deter mi na das ati vi da desaté então desen vol vi das por outros méto dos, como, por exem plo, pelo pro -ces so manual.

As opções de dese nho da orga ni za ção for mal e da tec no lo gia da infor -ma ção são impor tan tes por que mol dam os padrões de com por ta men toorga ni za cio nal (o com pro me ti men to e a com pe tên cia dos empre ga dos e oali nha men to de suas ações com as prio ri da des da orga ni za ção) que, por sua

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vez, afe tam os resul ta dos dos negó cios, a moti va ção e o bem-estar dosempre ga dos.

Walton argu men ta sobre a impor tân cia de dois fato res fun da men taispara aumen tar o conhe ci men to acer ca da inte gra ção entre a tec no lo gia dainfor ma ção e a orga ni za ção. O pri mei ro deles é que a rela ção entre a tec no -lo gia da infor ma ção avan ça da e a orga ni za ção se torna cada vez mais com -ple xa e pro fun da. Já o segun do afir ma que essas rela ções se tor nam menosobje ti vas. Os efei tos orga ni za cio nais dos anti gos sis te mas batch, basea dos emgran des com pu ta do res, eram rela ti va men te pre vi sí veis e até então sim pli fi -ca do res e regu la do res do anda men to do tra ba lho. As duas poten cia li da desdas tec no lo gias avan ça das de infor ma ção per mi tem aos admi nis tra do resoptar sobre qual tipo de influên cia orga ni za cio nal pre ten dem obter dos sis -te mas de tec no lo gia da infor ma ção que apro vam.

Por dupla poten cia li da de enten de-se a capa ci da de que a tec no lo giabási ca tem de pro du zir um con jun to de efei tos orga ni za cio nais ou seus opos -tos. O enfo que pre fe ri do por mui tas empre sas para a ges tão dos recur soshuma nos se dis tan cia da con fian ça basea da no con tro le impos to para umaativa pro cu ra do com pro me ti men to do empre ga do. A tec no lo gia da infor -ma ção repre sen ta uma força pode ro sa para qual quer fina li da de por poderrefor çar a orien ta ção vol ta da ao con tro le/sub mis são ou faci li tar a mudan çaem uma orga ni za ção orien ta da para o com pro me ti men to, con for medemons tra o Quadro 2.4.

Quadro 2.4 A dupla poten cia li da de da TI sobre a orga ni za ção

Fonte: Walton, 1994.

Percebemos, no Quadro 2.4, que as fun ções e ações vol ta das para ocom pro me ti men to das pes soas com a orga ni za ção (com a pre sen ça da tec no -lo gia da infor ma ção) faci li tam a evo lu ção nos pro ces sos de tra ba lho, enri que -cen do, assim, as habi li da des e o conhe ci men to do indi ví duo, tanto de formaindi vi dual como cole ti va.

EFEITO NA ORGA NI ZA ÇÃO

VOL TA DA PARA A ACEI TA ÇÃO

EFEITO NA ORGA NI ZA ÇÃO VOL TA DA

PARA O COM PRO ME TI MEN TO

Monitora e con tro la Distribui o poder e a infor ma ção e pro mo ve a auto-super vi são

Rotiniza e caden cia Proporciona o dis cer ni men to e pro mo ve a ino va ção

Despersonaliza Enriquece a comu ni ca ção

Despoja os indi ví duos de seuconhe ci men to

Levanta as neces si da des de habi li da des e pro mo veo apren di za do

Reduz a depen dên cia das pes soas

Aumenta a impor tân cia da habi li da de indi vi dual ea moti va ção inter na

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É impor tan te que a tec no lo gia da infor ma ção seja acei ta pelos indi ví duos,mas não pode mos garan tir com essa acei ta ção o seu com pro me ti men to.

A tec no lo gia da infor ma ção é uma pode ro sa fer ra men ta para con tro leque per mi te moni to rar e regis trar mui tos aspec tos do com por ta men to edesem pe nho da orga ni za ção. Ao pro ver tais dados aos super vi so res orga ni -za cio nais, ela refor ça seu con tro le hie rár qui co. A mesma tec no lo gia pode seruti li za da para refor çar os níveis infe rio res de uma orga ni za ção pelo aces so àinfor ma ção, esten den do-o a um maior núme ro de pes soas. O poten cial derefor ço da capa ci da de de moni to ria resi de em sua habi li da de de pro ver oretor no da infor ma ção aos usuá rios de uma manei ra que dire cio ne o apren -di za do e a auto cor re ção.

Não obs tan te, rela cio na mos alguns dile mas da tec no lo gia da infor ma -ção, que devem ser leva dos em con si de ra ção quan to à sua uti li za ção:

• Pode ser uti li za da para roti ni zar e caden ciar o tra ba lho dos ope -ra do res, ou aumen tar o dis cer ni men to do ope ra dor e pro veruma fer ra men ta para a ino va ção.

• Pode iso lar e des per so na li zar ou conec tar as pes soas e enri que -cer as pos si bi li da des de comu ni ca ção.

• Pode ser uti li za da para des po jar e desa bi li tar os indi ví duos porembu tir seu conhe ci men to do cargo den tro do sis te ma, ouaumen tar as neces si da des de conhe ci men to e habi li da des e dotaros usuá rios com um novo enten di men to de suas tare fas e dosfato res que as afe tam, mudan do, assim, o per fil dos pro fis sio nais.

• Pode redu zir a depen dên cia da orga ni za ção sobre a habi li da de emoti va ção dos indi ví duos em cer tos car gos ou aumen tar a neces -si da de de empre ga dos inter na men te moti va dos e alta men tecom pe ten tes.

Com o obje ti vo de alcan çar maio res índi ces de com pe ti ti vi da de nasorga ni za ções, as empre sas têm uti li za do uma com ple xa gama de tec no lo -gias, desde o pla ne ja men to de pro du tos e a reor ga ni za ção de pro ces sos pro -du ti vos, até a ado ção de novos mode los de ges tão admi nis tra ti va. Assim,novas tec no lo gias podem ser encon tra das em vários ambien tes, com refle xodife ren te em cada um deles em vir tu de das pecu lia ri da des ine ren tes a cadacon tex to.

Para Silva e Fleury (2000), a uti li za ção de novas tec no lo gias não é algoque se faz facil men te, por que impli ca obter novos pon tos de vista e assu mirnovos papéis. Isso acar re ta uma revi são dos papéis de cada indi ví duo e,natu ral men te, redi men sio na a impor tân cia de cada agen te inse ri do no con -tex to. É natu ral que os indi ví duos rea jam nega ti va men te à pro pos ta, via deregra, para pre ser var sig ni fi ca dos, poder e, prin ci pal men te, o con for to pro -por cio na do pela manu ten ção de seu status, adqui ri do ante rior men te. Os

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auto res pon de ram que, ape sar de ser pla ne já vel, con cre ta, men su rá vel e decon su mir recur sos, não é a parte téc ni ca a mais impor tan te causa de aban do -no de sis te mas que leva ram tempo e absor ve ram altas somas e recur sos paraserem ela bo ra dos, isto é, a tec no lo gia não é fator impe di ti vo do suces so daimple men ta ção de sis te mas de infor ma ção, mas o gran de com pro me ti men -to dos indi ví duos.

No ambien te orga ni za cio nal, uma das tec no lo gias que mais curio si da -de tem sus ci ta do é a da infor ma ção, que tem um papel fun da men tal, embo -ra mui tas vezes negli gen cia do, na maio ria das empre sas. As com pe tên ciasessen ciais e o conhe ci men to cole ti vo baseiam-se em infor ma ções de negó cio,conhe ci men to e expe riên cia que não neces sa ria men te cabem ou se res trin -gem, por exem plo, a um data ware hou se da área ou da empre sa. Na maio riadas empre sas, a res pon sa bi li da de pela ges tão do conhe ci men to não está cen -tra li za da, hoje, somen te no nível de dire to ria, sendo dis se mi na da entre amédia gerên cia e, mui tas vezes, vista como parte do tra ba lho de cada cola -bo ra dor da empre sa.

É neces sá rio sair mos do pata mar do pro ces sa men to de tran sa ções, dainte gra ção da logís ti ca, do workflow e do comér cio ele trô ni co e bus car mos umper fil de cons tru ção de for mas de comu ni ca ção, de con ver sa ção e apren di za -do, de comu ni da des de tra ba lho e de estru tu ra ção e aces so às idéias e expe -riên cias. O papel a ser desem pe nha do pela tec no lo gia da infor ma ção nessecená rio alme ja do con sis te em aju dar o desen vol vi men to do conhe ci men tocole ti vo e do apren di za do con tí nuo, tor nan do mais fácil para as pes soas naorga ni za ção com par ti lhar pro ble mas, pers pec ti vas, idéias e solu ções.

Neste momen to de refle xão em rela ção ao uso de novas tec no lo gias doconhe ci men to pelas orga ni za ções, é impor tan te des ta car a fun ção de algunsde seus prin ci pais exe cu ti vos: os CIO, CKO e CEO, tendo como atua ção asseguin tes ati vi da des:

• CIO (Chief Information Officer): cor res pon de ao cargo de dire torde tec no lo gia da infor ma ção de uma empre sa. Esse profissionalé res pon sá vel por usar a tec no lo gia em bene fí cio dos negó ciosda empre sa. O CIO neces si ta estar sem pre infor ma do sobre asúlti mas novi da des no mundo da tec no lo gia da infor ma ção, jus -ta men te para ten tar trazê-las para a cor po ra ção. Seu per fil não éo de um pro fis sio nal téc ni co, mas geren cial, enten den do tam bémde mar ke ting, finan ças e admi nis tra ção como um todo. Com oadven to da internet, pas sou a ser con si de ra do um dos maisimpor tan tes exe cu ti vos da empre sa, geral men te auxi lia do porum dire tor de internet, que cuida de toda a ope ra ção da empre -sa na rede, e pelo dire tor de comér cio ele trô ni co, que é res pon -sá vel pela internet como canal de ven das.

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• CKO (Chief Knowledgment Officer): cor res pon de ao cargo de ges -tor de conhe ci men to de uma empre sa, sendo res pon sá vel porcriar banco de dados on-line com pro pos tas de pro je tos, meto -do lo gias, melho res prá ti cas, atas de reu nião e toda a expe riên ciaacu mu la da pelos fun cio ná rios da com pa nhia. As infor ma ções,quan do reu ni das, são vitais para o lan ça men to de pro je tos oupara a cria ção de mate rial de trei na men to, entre outros.

• CEO (Chief Executive Officer): cor res pon de ao cargo de dire torexe cu ti vo, pre si den te, supe rin ten den te ou dire tor geral de umaempre sa. O termo, usado para desig nar um dos exe cu ti vos maisbem pagos da cor po ra ção, pode vir acom pa nha do da fun ção depre si den te (CEO e pre si den te). Nesse caso, a fun ção do segun doé mais repre sen ta ti va. O CEO pode tanto fazer parte de um con -se lho exe cu ti vo como se repor tar a esse grupo. Ele é o prin ci palporta-voz da dire to ria, res pon sá vel por apre sen tar os resul ta dosà equi pe.

A coe rên cia, a pers pi cá cia e a qua li da de da apli ca ção da tec no lo gia dainfor ma ção ao negó cio da empre sa tor nam-se impor tan tes para a com pe ti -ti vi da de empre sa rial. E, olhan do para o futu ro bem pró xi mo, está se tor -nan do, junto com a qua li da de dos recur sos huma nos, uma medi da fun da -men tal da capa ci da de de sobre vi vên cia orga ni za cio nal. Assim, mais quepla ne jar o uso da infor ma ção como um recur so táti co, as empre sas cami -nham para pen sar tec no lo gia da infor ma ção em ter mos estra té gi cos, porser um recur so que afeta dire ta men te a sua sobre vi vên cia.

A meto do lo gia uti li za da no esfor ço de pla ne ja men to será mais ade qua -da quan to melhor inse rir a visão de futu ro e a per cep ção do meio ambien tena empre sa. A par tir da aná li se de opor tu ni da des e amea ças exter nas e dospon tos for tes e fra cos inter nos, deve-se iden ti fi car cla ra men te as van ta genscom pe ti ti vas atuais e até mesmo os poten ciais da empre sa. O pro ces so depla ne ja men to, nesse ponto, apre sen ta diver sos des do bra men tos para le los:mar ke ting, pro du ção, tec no lo gia, orga ni za ção, estra té gia etc.

Ainda neste mesmo ponto, deve ser feita uma aná li se das opor tu ni da -des de apli ca ção da tec no lo gia da infor ma ção dire ta men te nos pro du tose/ou ser vi ços, atuais e poten ciais, ofe re ci dos pela empre sa, como forma decriar ou aumen tar a van ta gem com pe ti ti va. Como a prin ci pal arma doempreen de dor nes ses tem pos de mudan ça ace le ra da é o pen sa men to estra -té gi co sus ten ta do, os esfor ços de per cep ção do meio ambien te, de aná li seinter na, de for mu la ção de uma visão de futu ro e de pla ne ja men to são recom -pen sa dos pelo aumen to da van ta gem com pe ti ti va. Planejar, no sen ti doamplo e estra té gi co do pro ces so deci só rio, é redu zir ris cos, oti mi zar esfor çose tirar o melhor pro vei to pos sí vel dos recur sos dis po ní veis.

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Antes de as orga ni za ções ado ta rem uma nova tec no lo gia ou um novosis te ma de infor ma ção, é neces sá rio iden ti fi car o que as empre sas real men teneces si tam quan to ao con tro le de pro ces sos, sejam eles ope ra cio nais ougeren ciais; o que de fato obje ti va o uso de novas tec no lo gias do conhe ci men -to, isto é, a sua usa bi li da de.

Quanto ao uso de uma nova meto do lo gia de imple men ta ção de sis te -mas de infor ma ção, fica muito mais fácil a orga ni za ção alcan çar o suces so nauti li za ção de novas tec no lo gias do conhe ci men to. Esse é um dos moti vos deo com pro me ti men to de todos os envol vi dos em um pro je to dessa dimen sãoser impor tan te, prin ci pal men te o que diz res pei to à alta dire ção.

Em busca da maxi mi za ção das van ta gens com pe ti ti vas, até pela neces -si da de de sobre vi vên cia, as empre sas lutam para ala van car sua voca ção apar tir da cons ciên cia de seus pon tos for tes e fra cos. Nesse sen ti do, a tec no -lo gia da infor ma ção apa re ce como recur so estra té gi co para a van ta gemcom pe ti ti va. A par tir da inves ti ga ção e aná li se de infor ma ções sobre osprin ci pais fato res con di cio nan tes da com pe ti ti vi da de, pode-se obter umaradio gra fia do setor que seja útil para a visão estra té gi ca.

Esse é um méto do para per cep ção e ava lia ção do ambien te com pe ti ti voda empre sa, pois a aná li se per mi te iden ti fi car pon tos na cadeia de valoragre ga do do pro du to/ser vi ço, nos quais se possa bus car redu ção de custoou dife ren cia ção, tendo em mente a visão estra té gi ca da empre sa. Tanto noenfo que dos cus tos como no da dife ren cia ção, a tec no lo gia da infor ma çãopode ser uma impor tan te dife ren ça. O fun da men tal é que os fato res crí ti -cos sejam iden ti fi ca dos no bojo do pro ces so de pla ne ja men to estra té gi co —e sejam comu ni ca dos a todos na orga ni za ção, além de serem moni to ra dosper ma nen te men te pelos exe cu ti vos. O ideal é que, tendo como ponto de par -ti da a aná li se estru tu ral do mer ca do, da ava lia ção da cadeia de valor agre ga -do e da iden ti fi ca ção dos fato res crí ti cos de suces so, a empre sa empreen daações proa ti vas.

Também é de suma impor tân cia a docu men ta ção de pro ces sos para ouso cor re to da tec no lo gia e dos sis te mas de infor ma ção na orga ni za ção(Kissinger e Borchardt, 1996). Conforme mos tra a Figura 2.2, o uso efe ti vo datec no lo gia depen de de como, onde e por que uti li zá-la, isto é, de sua apli ca -ção. A linha bási ca de docu men ta ção é a seguin te:

• Per gun tas indi vi duais e/ou cole ti vas.• Iden ti fi ca ção do volu me das ati vi da des a serem estu da das.• Ciclo des sas ati vi da des.• Staffing das ati vi da des.• Perio di ci da de das ati vi da des.• Como as ati vi da des são desen vol vi das.• Uso ou não de fer ra men tas tec no ló gi cas, entre outros.

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Fonte: Kissinger e Borchardt, 1996.

Figura 2.2 Plano de arqui te tu ra e infor ma ção estra té gi ca.

Para o esta be le ci men to de um plano de ação no nível geren cial em vir -tu de do pla ne ja men to estra té gi co, é fun da men tal a divul ga ção da visão, dosobje ti vos, da aná li se de cená rio, das metas e fato res crí ti cos de suces so paratodos na orga ni za ção. Uma empre sa pre ci sa per se guir todos os itens de seupla ne ja men to estra té gi co em busca da con so li da ção do salto de sua trans for -ma ção. Muitas orga ni za ções iden ti fi cam novas opor tu ni da des de negó cio naapli ca ção de tec no lo gias emer gen tes, em que esse salto trans for ma cio naldepen de rá do seu posi cio na men to no mer ca do.

Para isso, do ponto de vista exter no, é uti li za da uma aná li se estru tu raldaque le setor da indús tria. Já do ponto de vista inter no, é útil ana li sar a cadeia de valor agre ga do dos pro ces sos da orga ni za ção em busca de pon tos focais para redu ção de cus tos e dife ren cia ção. Nesse pro ces so, é impor tan teiden ti fi car fato res crí ti cos de suces so da empre sa, que deve rão ser per ma -nen te men te moni to ra dos. Como a tec no lo gia da infor ma ção evo lui muitorapi da men te em todas as áreas — hard wa re, soft wa re, comu ni ca ção, pes -soas, admi nis tra ção etc. —, o obje ti vo do pro ces so de pla ne ja men to tec no ló -gi co é iden ti fi car opor tu ni da des de apli ca ção de novas tec no lo gias, a fim dedefi nir linhas de ação para sua inter na li za ção e imple men ta ção na empre sa.

O ponto cru cial do pro ces so de melho ria con tí nua por meio do geren -cia men to do conhe ci men to é o desen vol vi men to de bases de conhe ci men toque dei xem o staff da orga ni za ção com par ti lhar as melho res expe riên cias e lições apren di das. Os pro je tos de inte gra ção de um sis te ma apli ca ti voempre sa rial, por exem plo, bene fi ciam-se sobre ma nei ra, uma vez que a basede conhe ci men to con tém infor ma ções sobre todos os sis te mas da orga ni za -ção. Assim, ela for ne ce aos gru pos de inte gra ção de apli ca ções uma fonte

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única de infor ma ções para inte grar todos os atuais sis te mas da empre sa. Oknowledge mana ge ment se cons trói, por tan to, na imple men ta ção de meto do lo -gias e sis te mas de geren cia men to de pro ces sos.

Os sis te mas de ges tão do conhe ci men to dei xam as com pa nhias reu nirinfor ma ções quan ti ta ti vas arma ze na das em fer ra men tas de geren cia men tode pro ces sos com as infor ma ções qua li ta ti vas arma ze na das nos docu men tos demeto do lo gia. Os mem bros da orga ni za ção envol vi dos devem enten der oque tem de ser feito, isto é, os pas sos e os docu men tos exi gi dos na meto do -lo gia, e pre ci sam de um con jun to apu ra do de métri cas para ava liar e pla ne -jar o pro je to.

Uma vez imple men ta dos a meto do lo gia e os sis te mas de geren cia men -to, as fer ra men tas de knowledge mana ge ment dei xam as equi pes envol vi das,tanto de tec no lo gia como das áreas fun cio nais, uma vez que tor nam pos sí velcom par ti lhar docu men tos de meto do lo gia e infor ma ções quan ti ta ti vas,arma ze na dos em sis te mas que geren ciam tal pro ces so. Compartilhar essasinfor ma ções sig ni fi ca que todos os mem bros do grupo do pro je to, em toda aempre sa, podem ficar a par do que está acon te cen do em um deter mi na dopro je to espe cí fi co, por exem plo.

As bases de conhe ci men to que são bem estru tu ra das e fáceis de aces sarpodem aju dar a equi pe de geren cia men to de con fi gu ra ção a ras trear facil -men te mudan ças e pro ble mas quan do estes ocor rem. Os geren tes de pro je totam bém podem rever os docu men tos para obter infor ma ções sobre a métri -ca de pro je tos com pa rá veis, que os guia rão no pro ces so de ava lia ção.

2.5 Informação, Comunicação eConhecimento

Para um pro ces so efi caz tanto da imple men ta ção de uma polí ti ca de ges tãode conhe ci men to quan to da sua con ti nui da de com qua li da de, é neces sá rio ouso de fer ra men tas liga das à tec no lo gia da infor ma ção. Temos, por exem plo,o uso de com pu ta do res pes soais e em rede, a video con fe rên cia e a tele con fe -rên cia, porém essa con di ção não é a única.

Como são as pes soas que “trans for mam”, por meio do apren di za do,dados e infor ma ções em conhe ci men to, a neces si da de de cap tar e gerir asneces si da des de apren di za do dos indi ví duos torna as tec no lo gias da infor -ma ção par ti cu lar men te apro pria das para lidar com o conhe ci men to. Muitoembo ra, para Davenport e Prusak (1998), as tec no lo gias pro je ta das paragerir dados sejam estru tu ra das e orien ta das para núme ros e abor dem gran -des volu mes de obser va ções, as tec no lo gias do conhe ci men to lidam maisfre qüen te men te com tex tos em for mas rela ti va men te não estru tu ra das, taiscomo ora ções, sen ten ças, pará gra fos e até mesmo his tó rias.

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Há de se pen sar na ques tão da aná li se das infor ma ções colhi das pelosindi ví duos. Isso se deve ao fato de as pes soas pre ci sa rem fil trar quais e quetipos de infor ma ções para que seja encon tra do o conhe ci men to dese ja do. Daío papel fun da men tal do indi ví duo nesse cená rio, pois é ele quem neces si tadife ren ciar o que é infor ma ção rele van te ou não, para si e para os outros.

Davenport e Prusak (1998) acre di tam que as ques tões-chave das fer ra -men tas da ges tão do conhe ci men to são: com po nen tes do conhe ci men to (asbases adqui ri das em conhe ci men to); racio cí nio com base em caos (aná li secog ni ti va em rela ção a tur bu lên cias x caos); res tri ções (res tri ções exis ten tes);Web (inter net); obser va ções (obser va ções sobre o cená rio estu da do); sis te -mas espe cia li za dos e redes neu rais, con for me cons ta na Figura 2.3.

Fonte: Davenport e Prusak, 1998.

Figura 2.3 Dimensões-chave das fer ra men tas de ges tão do conhe ci men to.

A comu ni ca ção é conhe ci da como parte de um pro ces so de emis são �pro ces sa men to (tabu la ção) � recep ção da lin gua gem que se dá pela “fala”escri ta ou pela ima gem.

Segundo Sveiby (1998), quan do fala mos ou escre ve mos, uti li za mos alin gua gem para arti cu lar alguns de nos sos conhe ci men tos táci tos, na ten ta -ti va de trans mi ti-los a outras pes soas. O autor chama esse tipo de comu ni ca -ção de infor ma ção, que é con fun di da, mui tas vezes, com o conhe ci men to.Sveiby apon ta ainda a impor tân cia da infor ma ção para trans mi tir o conhe ci -men to explí ci to.

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Para Pignatari (1997), não é a qua li da de da infor ma ção emi ti da que éimpor tan te para a ação, mas a quan ti da de de infor ma ção capaz de pene traro sufi cien te em um dis po si ti vo de arma ze na men to e comu ni ca ção, de modoa ser vir como gati lho para a ação do indi ví duo. O autor gene ra li zou o con -cei to de entro pia rela cio nan do-o com o con cei to de infor ma ção; enquan to aentro pia aumen ta, o uni ver so e todos os seus sis te mas iso la dos ten demnatu ral men te a se dete rio rar e a per der seu cará ter dis tin ti vo; a ir de umesta do menos pro vá vel para um esta do mais pro vá vel, de um esta do dedife ren cia ção e orga ni za ção, em que há dis tin ções e for mas, para um esta dode caos e indis tin ção, em que as men sa gens são, em si, uma forma de padrão e de orga ni za ção, na qual é pos sí vel tra tar con jun tos de men sa genscomo uma entro pia, como os con jun tos de esta dos do mundo exte rior.Assim como a entro pia é uma medi da de desor ga ni za ção, a infor ma çãotrans mi ti da por um con jun to de men sa gens é uma medi da de orga ni za ção.

Portanto, quan to maior for a entro pia, menor será a infor ma ção gera dae vice-versa.

Boltzmann foi o pri mei ro a obser var uma pro fun da cone xão entre o con -cei to ter mo di nâ mi co de entro pia e a aná li se esta tís ti ca dos esta dos pos sí veisde um gran de sis te ma, mos tran do que, com o tempo, um aumen to na entro -pia de um sis te ma é uma mudan ça nas variá veis macros có pi cas, cor res pon -den do ao maior núme ro pos sí vel de rear ran jos micros có pi cos. Ele mos trouque o núme ro de esta dos pos sí vel para uma dada ener gia é muito maior paravalo res macros có pi cos, cor res pon den do ao equi lí brio tér mi co. Por exem plo,para uma dada ener gia exis tem muito mais rear ran jos micros có pi cos pos sí veisdas molé cu las de gás em que o gás é, essen cial men te, uni for me, dis tri buí doem uma caixa e cor res pon den do a todas as molé cu las de gás que esti ve rem nolado esquer do da caixa. Então, um litro de gás, com o pas sar do tempo, passapor todos os esta dos de rear ran jos micros có pi cos. De fato, exis te uma pro ba -bi li da de de todas as molé cu las esta rem no lado esquer do em um tempo igualà idade do uni ver so. Então, se arru mar mos para que todas as par tí cu las este -jam no lado esquer do usan do um pis tão para empur rá-las, e se remo ver mosrapi da men te esse pis tão, elas rapi da men te ten de rão a uma dis tri bui ção espa -lha da uni for me men te pela caixa. Boltzmann pro vou que a entro pia ter mo di -nâ mi ca S de um sis te ma (a uma dada ener gia E) era rela cio na da ao núme ro Wde esta dos micros có pi cos pos sí veis por meio de S � k logW, onde k é a cons -tan te de Boltzmann. A seguir, ele foi capaz de esta be le cer que, para qual quersis te ma gran de ou peque no em equi lí brio tér mi co a uma tem pe ra tu ra T, a pro -ba bi li da de de encon trar um esta do a uma ener gia par ti cu lar E é pro por cio nala e�E/kT. Ela é cha ma da de dis tri bui ção de Boltzmann.

Para Wiener (1993), as men sa gens são, por si só, uma forma de con fi gu -ra ção e orga ni za ção. Ele acre di ta ser pos sí vel enca rar con jun tos de men sa -gens como se fos sem dota dos de entro pia, à seme lhan ça de con jun tos deesta dos do mundo exte rior. Assim como a entro pia é uma medi da de desor -ga ni za ção, a infor ma ção con du zi da por um grupo de men sa gens é uma

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medi da de orga ni za ção, sendo pos sí vel inter pre tar a infor ma ção con du zi dapor uma men sa gem como essen cial men te o nega ti vo de sua entro pia e ologa rit mo nega ti vo de sua pro ba bi li da de. Assim, quan to mais pro vá vel for amen sa gem, menor será a infor ma ção pro pi cia da.

Wiener, vin cu la, ainda, a teo ria dos quanta a uma nova asso cia ção entreener gia e infor ma ção. Uma forma tosca dessa asso cia ção ocor re nas teo rias deruído de linha em um cir cui to tele fô ni co ou em um ampli fi ca dor. Pode-sedemons trar que tal ruído de fundo é ine vi tá vel, visto que depen de do cará terdis cre to dos elé trons que con du zem a cor ren te. No entan to, tem a capa ci da -de mani fes ta de des truir a infor ma ção na qual o cir cui to requer certo nível depotên cia de comu ni ca ção, a fim de que a men sa gem não seja obnu bi la da(obs cu re ci da) pela sua pró pria ener gia. Ainda mais fun da men tal que esseexem plo é o fato de que a pró pria luz tem estru tu ra atô mi ca, e que a luz deuma deter mi na da fre qüên cia se irra dia em gru mos, conhe ci dos como quantalumi no sos, que têm uma deter mi na da ener gia depen den te dessa fre qüên cia.Por isso, não pode haver radia ção de ener gia menor que a de um quantumlumi no so. A trans fe rên cia da infor ma ção não pode ocor rer sem certo dis pên -dio de ener gia, de modo que não exis ta níti da deli mi ta ção entre aco pla men toener gé ti co e aco pla men to infor ma cio nal. Não obs tan te, para a maior partedos pro pó si tos prá ti cos, um quantum lumi no so é algo minús cu lo e a quan -ti da de de ener gia que se torna neces sá rio trans fe rir para obter efe ti vo aco -pla men to infor ma cio nal é muito peque na.

A luz, quan do inte ra ge com a maté ria, segun do a teo ria de Einstein, secom por ta como uma par tí cu la, cha ma da fóton. Os fótons podem ser inter -pre ta dos como par tí cu las que não pos suem massa, às vezes sendo cha ma dosde par tí cu las de luz. Uma onda ele tro mag né ti ca é for ma da por cam pos elé -tri cos e mag né ti cos que se pro pa gam pelo espa ço: quan do um campo elé tri -co varia, ele cria um campo mag né ti co. Mas esse campo mag né ti co é variá -vel e, desse modo, dá ori gem a um campo elé tri co tam bém variá vel, que criaum campo mag né ti co, e assim por dian te. Essa suces são de cam pos elé tri cose mag né ti cos são as ondas ele tro mag né ti cas (Figura 2.4).

Figura 2.4 Representação de uma onda ele tro mag né ti ca.

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Cada onda ele tro mag né ti ca, isto é, cada fóton, está asso cia do a um valorde fre qüên cia, com pri men to de onda e ener gia. A ener gia e a fre qüên cia sãodire ta men te pro por cio nais: E � hf. A energia do fóton é pro por cio nal à suafre qüên cia; a cons tan te de pro por cio na li da de, h, é a mesma para todos os fótons, não impor tan do a sua fre qüên cia, e o seu valor é h � 6,63 � 10�34 J.s.

Segundo as teo rias da físi ca, a entro pia desig na uma fun ção do esta doter mo di nâ mi co dos sis te mas, ser vin do como medi da do não apro vei ta men -to da ener gia de um deter mi na do sis te ma: uma certa quan ti da de de tra ba -lho pode ser trans for ma da com ple ta men te em calor, mas, ao se pre ten dertrans for mar o calor em tra ba lho, ocor re um con su mo de ener gia que impe -de o apro vei ta men to de todo o calor, sendo essa mar gem ina pro vei ta da defi -ni da pela entro pia (Netto, 1999).

Para Capra (1996), as par tí cu las suba tô mi cas não têm sig ni fi ca do comoenti da des iso la das, mas podem ser enten di das como inter co ne xões, ou cor -re la ções, entre vários pro ces sos de obser va ção e medi das; as par tí cu las suba -tô mi cas não são “coi sas”, mas inter co ne xões entre coi sas, e estas, por suavez, são inter co ne xões entre outras coi sas, e assim por dian te. Para esseautor, é dessa manei ra que a físi ca quân ti ca mos tra que não pode mosdecom por o mundo em uni da des ele men ta res que exis tem de manei ra inde -pen den te, pois, quan do des via mos a aten ção dos obje tos macros có pi cos paraos áto mos e par tí cu las suba tô mi cas, a natu re za não nos mos tra blo cos decons tru ção iso la dos, mas apa re ce como uma com ple xa teia de rela ções entreas várias par tes de um todo uni fi ca do.

Tudo está em movi men to, em cons tan te fluxo de ener gia e em pro ces sode mudan ça, incluin do o pen sa men to, no que diz res pei to à forma e ao con -teú do. Assim tam bém o conhe ci men to é pro du zi do e trans for ma do no pen -sa men to. Tudo está conec ta do e envol to na mul ti pli ci da de de cau sas queapa re cem no rela cio na men to dos fenô me nos do mundo físi co. E é nessacom ple xi da de que deve mos encon trar as res pos tas de que neces si ta mos.

Ainda segun do Capra (1996), em vez da ordem, temos a desor dem cres -cen te, a cria ti vi da de e o aci den te. Do caos sur gem as espe ran ças, a cria ti vi -da de, o diá lo go e a auto-orga ni za ção cons tru ti va. No lugar da esta bi li da de edo deter mi nis mo, temos o sur gi men to da ins ta bi li da de, as flu tua ções e asbifur ca ções. Há sem pre a pos si bi li da de de uma mudan ça de pers pec ti vacomo carac te rís ti ca do mundo feno mê ni co. Estamos imer sos num uni ver somenos pre vi sí vel, mais com ple xo, dinâ mi co, cria ti vo e plu ra lis ta, numadança per ma nen te.

A ques tão da ener gia, muito embo ra pouco dis cu ti da, se faz neces sá riaem qual quer pro ces so de trans for ma ção e mudan ça, seja em macro ou emmicroam bien tes.

Discorrendo sobre a teo ria quân ti ca, Bunge (2000) comen ta que a gran -de con tri bui ção dessa teo ria à epis te mo lo gia foi a des co ber ta de que não

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exis te microob je to autô no mo, e que nada acon te ce nos níveis micro fí si cossem a inter ven ção ativa do expe ri men ta dor (obser va dor). Para o autor, nãoexis ti riam obje tos sepa ra dos, muito menos uma rela ção ana li sá vel entre eles:o microe ven to seria um átomo bási co.

De acor do com Bunge, há qua tro teses rela ti vas e refe ren tes à teo ria físi -ca: 1) a tese rea lis ta: rela cio na da a enti da des e acon te ci men tos que têm indu bi -ta vel men te uma exis tên cia autô no ma (rea lis mo ingê nuo), ou então são tidascomo pos sui do ras de uma exis tên cia autô no ma (rea lis mo crí ti co), resul tan doem um “enun cia do de obje to físi co”; 2) a tese sub je ti vis ta: tra tan do das sen sa -ções (sen sis mo) ou então das idéias (idea lis mo sub je ti vo) de algum sujei toempe nha do em atos cog ni ti vos, resul tan do em um “enun cia do de obje to men -tal”; 3) a tese estri ta de Copenhague: a inter pre ta ção físi ca de toda fór mu la não-for mal na físi ca teó ri ca, ou ao menos, na teo ria quân ti ca, pre ci sa ser tantoadven tí cia (opos ta à estri ta) quan to físi co-men tal (dis tin ta tanto do físi coquan to do men tal), pois os obser va do res e suas con di ções de obser va çãodevem ser lidos em todas as fór mu las desse tipo, ainda que pos sam estar fal -tan do as variá veis cor res pon den tes; 4) a tese dua lis ta: con cer ne às tran sa çõesdos seres huma nos com seu ambien te (prag ma tis mo) ou às manei ras comoeles mani pu lam sis te mas quan do pre ten dem conhe cê-los (ope ra cio na lis mo),resul tan do, por tan to, em um “enun cia do de obje to men tal e em parte físi co”.

O pro ces so de infor ma ção e comu ni ca ção está vol ta do mais para umaques tão rea lis ta, por conta de estas fluí rem ou não nas orga ni za ções. Existemfato res com ple xos nesse ambien te, sendo supos ta men te conhe ci dos e her da -dos pela forma de ser e atuar dos indi ví duos (ação), além de con fun di dos,neste momen to, com a sub je ti vi da de das pes soas.

Ainda para Bunge (2000), as dife ren ças entre as ver sões sub je ti vis ta erea lis ta são:

• A teo ria rea lis ta diz res pei to a um sis te ma físi co idea li za do (ummode lo de uma mul ti dão de situa ção real; a teo ria sub je ti vis tadiz res pei to a um sujei to idea li za do.

• A teo ria rea lis ta infor ma acer ca de even tos físi cos; a sub je ti vis tainfor ma sobre os even tos psí qui cos.

• A teo ria rea lis ta envol ve pro ba bi li da des de tran si ção que podemser con fe ri das pela obser va ção de fre qüên cias de even tos exter -nos.

• A teo ria sub je ti vis ta envol ve intros pec ti va men te fre qüên cias detran si ção obser vá veis.

• A teo ria rea lis ta é pas sí vel de prova num labo ra tó rio de físi ca; ateo ria sub je ti va não é pas sí vel de seme lhan te prova.

O autor acre di ta ainda que a mecâ ni ca quân ti ca deve ser desas so cia dade uma epis te mo lo gia sub je ti vis ta, isen ta de ele men tos psi co ló gi cos, sendo

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dire cio na da epis te mo lo gi ca men te a prin cí pios rea lis tas. Para ele, as con cep -ções teó ri cas do conhe ci men to baseiam-se no rea lis mo crí ti co, carac te ri zan -do-se pelas seguin tes teses:

• Há coi sas em si mes mas, isto é, obje tos cuja exis tên cia nãodepen de de nossa mente.

• As coi sas em si são cog nos cí veis (que se pode conhe cer), embo -ra de manei ra par cial e por suces si vas apro xi ma ções, mais quede manei ra exaus ti va e de um só golpe.

• O conhe ci men to de uma coisa em si é alcan ça do em con jun topela teo ria e pelo expe ri men to, nenhum dos quais pode pro fe rirvere dic tos finais sobre coisa algu ma.

• O conhe ci men to (conhe ci men to fatual) é hipo té ti co mais queapo díc ti co (de natureza evidente e indubitável) e, por tan to, écor ri gí vel e não final: embo ra a hipó te se filo só fi ca de exis ti remcoi sas lá fora pas sí veis de serem conhe ci das cons ti tua pres su po -si ções da pes qui sa cien tí fi ca, qual quer hipó te se cien tí fi ca acer cada exis tên cia de uma espé cie de obje to, suas pro prie da des ouleis é cor ri gí vel.

• O conhe ci men to de uma coisa em si, longe de ser dire to e pic tó -ri co, é cir cun dan te e sim bó li co.

Apesar de a teo ria quân ti ca abor dar as ques tões do micro cos mo (a nãoexis tên cia de microob je tos autô no mos), ela nos faz refle tir sobre o macro cos -mo tam bém. Pela sua abor da gem rea lis ta, mas não meca ni cis ta, o indi ví duoe a socie da de reque rem uma nova forma de ser.

A orga ni za ção terá de saber supe rar as neu ro ses do poder, terá de reco -nhe cer e se apoiar mais nas ver da des indi vi duais, terá de ser mais fle xí vel,ope rar segun do bases menos auto ri tá rias, menos esque má ti cas, terá de sermais basea da em inte li gên cia e sen si bi li da de que em hie rar quia e poder, teráde ser mais um orga nis mo cole ti vo em que o conhe ci men to com par ti lha do ea capa ci da de de apren der con ti nua men te serão mais impor tan tes que o con -tro lar e domi nar, sendo menos máqui na e mais cora ção, menos estru tu ra emais fluxo, menos buro cra cia e mais pro ces so — menos mais-valia e maissig ni fi ca do huma no.

É somen te pela pos si bi li da de des sas ações que a rea li da de irá supe rar asub je ti vi da de das pes soas.

A meta fí si ca, de acor do com Kant (2001), é uma filial da filo so fia con ce bi -da como iden ti fi ca ção da rea li da de ou da natu re za final do uni ver so, queestu da a essên cia dos seres. É um inqué ri to que tenta deter mi nar algo real men -te exis ten te. Uma dis tin ção da apa rên cia-rea li da de opera-se, então, den tro dopro je to da meta fí si ca, para enfa ti zar os aspec tos trans cen den tes (exis tên cia quese encon tra além do alcan ce da expe riên cia ordi ná ria), ou os ima nen tes (a rea -li da de dada a nós com a expe riên cia ordi ná ria).

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A com po nen te pre li mi nar da meta fí si ca é onto ló gi ca, isto é, ela se dápor meio da teo ria da exis tên cia e do ser. A onto lo gia é deter mi na da a iden ti -fi car o mate rial bási co do uni ver so, com pos to de cons ti tuin tes diver sos ou desomen te um ele men to fun da men tal. Essa inves ti ga ção esten de-se não somen teao uni ver so obje ti vo, mas tam bém ao reino da mente huma na e de sua sub je -ti vi da de. A onto lo gia é con tras ta da fre qüen te men te com a meta fí si ca apro -pria da, que é con ce bi da mais com os tra ços e os prin cí pios gerais do mundoque com o reino da expe riên cia huma na pro pria men te dita. A meta fí si caade qua da é rea li za da cons tan te men te no nível mais ele va do da abs tra ção,desde que se supo nha que os tra ços ou as carac te rís ti cas da rea li da de são gerais e apli cá veis a todo o uni ver so.

Pela com preen são do mundo como um ambien te cons ti tuí do por obje -tos, a ciên cia ins ti tui-se no lugar da meta fí si ca como nor tea do ra e pos sui do -ra do sen ti do sobre o ser, isto é, os entes homem e mundo, enca mi nhan dotoda sua refle xão e suas ques tões a par tir da lógi ca for mal como méto do,sem ques tio nar seus pró prios fun da men tos. Toda a ques tão resi de, então, nacor res pon dên cia entre sujei to e obje to — ou em como se pode ter cer te za deque um sujei to conhe ça cien ti fi ca men te um obje to; em outras pala vras, emesta be le cer a ver da de den tro dos parâ me tros de obje ti vi da de, iden ti da de euni ver sa li da de, que são nor mas de acei ta ção do conhe ci men to como ver da -dei ro. Essas normas tor nam pos sí veis a ins tru men ta li za ção e a apli ca bi li da -de da ciên cia e o uso, pelo sujei to, dos recur sos que o mundo vis lum bra.

Nos estu dos de teo ria da infor ma ção, cos tu ma-se fazer uma dis tin çãoentre infor ma ção e sig ni fi ca ção. Tal dis tin ção é vista como algo depen den te dojuízo inter pre ta ti vo, do juízo valo ra ti vo, da opi nião e da sub je ti vi da de. A aná -li se infor ma cio nal de um dado texto não se preo cu pa com o sig ni fi ca do nelepre sen te, com seu con teú do semân ti co, com suas con se qüên cias para o recep -tor do texto ou com as moti va ções do pro du tor da men sa gem. Como a men sa -gem exis te para eli mi nar dúvi das, redu zir a incer te za em que se encon tra umindi ví duo, quan to maior for a eli mi na ção de dúvi das por parte dela, melhor elaserá. A infor ma ção surge como agen te dis si pa dor de incer te zas, que tem o obje -ti vo de pro vo car uma alte ra ção no enten di men to por parte das pes soas.

A dis cus são sobre as ques tões da comu ni ca ção e da infor ma ção nasorga ni za ções é de vital impor tân cia para que os pro ces sos inter nos real men -te acon te çam de forma efi caz. Diversos estu dos vêm sendo rea li za dos quan -to a esses itens. As orga ni za ções são apoia das, para tanto, pelas áreas decomu ni ca ção empre sa rial, mar ke ting e tec no lo gia, a fim de que a comu ni ca -ção e a infor ma ção che guem a todos os indi ví duos de forma efi cien te e efi -caz, porém isso ainda não é o bas tan te.

Contudo, Lévy (1998) clas si fi ca as téc ni cas de con tro le de men sa gensem três gru pos prin ci pais: somá ti cas, midiá ti cas e digi tais. As somá ti casimpli cam a pre sen ça efe ti va, o enga ja men to, a ener gia e a sen si bi li da de decorpo para a pro du ção de sig nos, como, por exem plo, a performance ao vivo

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da fala, da dança, do canto ou da músi ca ins tru men tal. As midiá ti cas (mola -res) fixam e repro du zem as men sa gens a fim de asse gu rar-lhes maior alcan -ce, melhor difu são no tempo e no espa ço. As men sa gens con ti nuam a seremi ti das na ausên cia do corpo vivo dos des ti na tá rios.

A pas sa gem à mídia, para Lévy, se dá com as téc ni cas de repro du çãodos sig nos e mar cas, como ocor re com selos, carim bos, mol da gem etc. As mídias fixam, repro du zem ou trans por tam as men sa gens em uma esca la queos meios somá ti cos jamais pode riam alcan çar, mas, ao fazê-lo, des con tex tua li -zam essas men sa gens e fazem-nas per der sua capa ci da de ori gi nal de adap tar-se às situa ções nas quais eram emi ti das por seres vivos. A mídia con ten ta-seem fixar, repro du zir e trans por tar uma men sa gem soma ti ca men te pro du zi da;já a escri ta for ne ce o ponto de apoio semió ti co de modos de expres são e decomu ni ca ção sui gene ris, que não se limi tam, de modo algum, a meras repro -du ções de fala. O digi tal, para esse autor, sem pre pai rou acima da mídia,pois ele é o abso lu to da mon ta gem, inci din do esta sobre os mais ínfi mosfrag men tos da men sa gem, uma dis po ni bi li da de inces san te men te rea ber ta àcom bi na ção, à mixa gem e ao reor de na men to dos sig nos. O digi tal auto ri za afabri ca ção de men sa gens, sua modi fi ca ção e mesmo a inte ra ção com elas,átomo de infor ma ção por átomo de infor ma ção, bit por bit.

A tec no lo gia da infor ma ção, por tan to, por ana lo gia, favo re ce o fluxo deinfor ma ção na orga ni za ção; porém, não basta ape nas a exis tên cia de fer ra -men tas com pu ta cio nais, mas a sua uti li za ção pelos indi ví duos e, por tan to,os íco nes con ti dos em um com pu ta dor pes soal ou rede (das orga ni za ções)devem ser com preen di dos pelos indi ví duos, a fim de con du zi-los satis fa to -ria men te no obje ti vo ver da dei ro da cor re ta rea li za ção de suas ati vi da des notra ba lho.

Para a rela ção entro pia e comu ni ca ção, é pre ci so enfo car as men sa gens.Para Wiener (1993), as men sa gens são, por si só, uma forma de con fi gu ra çãoe orga ni za ção. Ele acre di ta ser pos sí vel enca rar con jun tos de men sa genscomo se fos sem dota dos de entro pia, à seme lhan ça de con jun tos de esta dosdo mundo exte rior. Assim como a entro pia é uma medi da de desor ga ni za -ção, a infor ma ção con du zi da por um grupo de men sa gens é uma medi da deorga ni za ção, sendo pos sí vel inter pre tar a infor ma ção con du zi da por umamen sa gem como essen cial men te o nega ti vo de sua entro pia, e o loga rit mo onega ti vo de sua pro ba bi li da de. Assim, quan to mais pro vá vel for a men sa -gem, menor será a infor ma ção pro pi cia da.

Toda essa ques tão resi de, então, na cor res pon dên cia do enten di men to edis cer ni men to da infor ma ção con ce bi da entre o sujei to e obje to ou em comose pode ter cer te za de que um deter mi na do sujei to com preen da um obje to;em outras pala vras, em esta be le cer a ver da de den tro dos parâ me tros deobje ti vi da de, iden ti da de e uni ver sa li da de que são nor mas de acei ta ção doconhe ci men to como ver da dei ro.

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Para Gomes (2000), a comu ni ca ção é con ce bi da como o pro ces so atra vésdo qual um emis sor trans mi te uma men sa gem a um recep tor, ou como a pro -du ção de um con teú do sim bó li co (men sa gem) a ser rece bi do por alguém queuse o mesmo códi go do pro du tor (quem pro du ziu a men sa gem ini cial). Parao autor, a lin gua gem pre do mi na de forma fun da men tal nesse cená rio, pois

(...) impõe aos indi ví duos deter mi na das cate go rias con cei tuais e es que -mas de pen sa men to; incor po ra per sua sões implí ci tas e ava lia ções sociais;orde na expe riên cias e mode la a per cep ção do sujei to; esta bi li za a expe -riên cia, inte gran do-a num todo sig ni fi ca ti vo.

Analogamente, pode mos ana li sar essa rela ção tendo apre sen ta do comosujei to o pró prio indi ví duo (ser) con ti do na orga ni za ção, muito embo ra eleatue no tra ba lho de forma inte gra da a outros indi ví duos.

Já Bougnoux (1999) argu men ta que o triân gu lo semió ti co tra ça do porPeirce (Figura 2.5) qua li fi ca a ter cei ri da de da semios fe ra — ou o pro ces soinfor ma cio nal. Por con tras te, um pro ces so ener gé ti co con ten ta-se com umarela ção entre pares: Estímulo à Resposta e Causa a Efeito. Para esse autor, asemio lo gia é uma ciên cia da cul tu ra mais que da natu re za: uma ciên cia dapas sa gem da natu re za à cul tu ra.

Fonte: Bougnoux, 1999.

Figura 2.5 O triân gu lo semió ti co de Peirce.

A cul tu ra orga ni za cio nal repre sen ta o ambien te de cren ças e valo res,cos tu mes e tra di ções, mitos e rituais, conhe ci men tos e prá ti cas de con ví vio social e rela cio na men to entre as pes soas. A gran de máqui na cha ma da orga -ni za ção, quan to à sua estru tu ra e arqui te tu ra, é tam bém con si de ra da umsigno maior, com pos ta por vários outros sig nos.

Segundo Gomes (2000), os mitos estão entre as pro du ções sim bó li casmais divul ga das e vul ga ri za das, apa re cen do geral men te asso cia dos aosritos, sendo enca ra dos habi tual men te como expres sões cul tu rais cuja uti li za -ção roti nei ra lhes reti ra qual quer valor ins tru men tal, sendo, por isso, enca ra -dos de manei ra nega ti va.

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O uso de sis te mas na orga ni za ção, em nível macro, é uti li za do demanei ra cole ti va, porém sua uti li za ção real se dá de forma indi vi dual, cha -man do nossa aten ção, por tan to, para as ques tões das inter pre ta ções indi vi -duais e, con se qüen te men te, das inte ra ções entre os pró prios sis te mas.

Para Peirce (1995), um signo, ou representámen, é um pri mei ro que secolo ca numa rela ção triá di ca genuí na, tal como um segun do deno mi na doobje to, que é capaz de deter mi nar um ter cei ro, dado como seu inter pre tan te,que assu ma a mesma rela ção com o mesmo obje to. A rela ção triá di ca comseu obje to, na qual ele pró prio está em rela ção com o mesmo obje to, é genuí -na, isto é, seus três mem bros estão liga dos por meio dela de um modo talque não con sis te em nenhum com ple xo de rela ções diá di cas. Essa é a razãopela qual o inter pre tan te, ou ter cei ro, não pode se colo car numa mera rela -ção diá di ca com o obje to, mas numa rela ção com ele do mesmo tipo da assu -mi da pelo representámen. Tampouco para esse autor pode a rela ção triá di ca,na qual o ter cei ro se colo ca, ser mera men te simi lar àque la na qual se colo cao pri mei ro, pois isso faria da rela ção do ter cei ro com o pri mei ro mera secun -di da de dege ne ra da. O ter cei ro deve real men te colo car-se numa rela çãodessa espé cie e, assim, ser capaz de deter mi nar um ter cei ro que lhe seja pró -prio, tendo uma segun da rela ção triá di ca na qual o representámen, ou melhor,a rela ção deste para com seu obje to, será seu pró prio (do ter cei ro) obje todeven do, ainda, ser capaz de deter mi nar um ter cei ro para essa rela ção. Tudoisso deve ser ver da dei ro em rela ção ao ter cei ro do ter cei ro, e assim por dian -te, inde fi ni da men te. Um signo é um representámen com um inter pre tan temen tal, mas pos si vel men te pode haver representámens que não sejam sig nos.

Em nosso coti dia no, as tec no lo gias uti li za das pelos indi ví duos estãoreple tas de faci li ta do res. O prin ci pal deles, muito comu men te uti li za do, é oícone, pre sen te nas prin ci pais telas de com pu ta do res pes soais, tanto nasempre sas como nas resi dên cias.

Ainda para Peirce, “um ícone é um representámen cuja qua li da de repre -sen ta ti va é uma sua pri mei ri da de como pri mei ro” (1995). Assim, qual quercoisa é capaz de ser um subs ti tu to para qual quer coisa com a qual se asse -me lhe. Muitos dia gra mas não se asse me lham, de modo algum, a seus obje -tos, quan to à apa rên cia: a seme lhan ça entre eles con sis te ape nas na rela çãoentre suas par tes. Dessa manei ra, pode-se indi car a rela ção entre as dife ren -tes espé cies de sig nos por meio de uma chave, na qual o único aspec to peloqual se asse me lha a seu obje to é a chave que mos tra as clas ses de íco nes,índi ces e sím bo los estan do rela cio na das, umas às outras, e com a clas se geraldos sig nos, como de fato estão, de um modo geral (Figura 2.6).

Para Andersen (1997) exis te uma co-rela ção entre pro ces sos e um sis te -ma, basea da semio ti ca men te por meio dos sig nos. Para o autor, os sig nosexis tem em vir tu de da exis tên cia de dois pla nos comu ta do res, que se com -bi nam a par tir do uso sim bó li co de atos, que podem ser alte ra dos em cami -nhos sig ni fi ca ti vos dis tin tos.

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Fonte: Peirce, 1995.

Figura 2.6 A repre sen ta ção de um signo.

Portanto, os sig nos estão pre sen tes no dia-a-dia das pes soas e são impor -tan tes no pro ces so da uti li za ção de novas tec no lo gias do conhe ci men to.

A meta fí si ca, de acor do com Kant (2001), é uma filial da filo so fia con ce -bi da como iden ti fi ca ção da rea li da de ou da natu re za final do uni ver so, queestu da a essên cia dos seres. É um inqué ri to que tenta deter mi nar algo real -men te exis ten te. Uma dis tin ção da apa rên cia-rea li da de opera-se, então,den tro do pro je to da meta fí si ca, para enfa ti zar os aspec tos trans cen den tes(exis tên cia que se encon tra além do alcan ce da expe riên cia ordi ná ria) ouima nen tes (a rea li da de dada a nós com a expe riên cia ordi ná ria).

Para a filo so fia, onto lo gia é o estu do da exis tên cia do ser. Em inte li gên -cia arti fi cial, onto lo gia pode ser defi ni da como “uma espe ci fi ca ção for mal eexplí ci ta de uma con cei tua ção com par ti lha da”. A pala vra con cei tua ção refe -re-se a uma abs tra ção, visão sim pli fi ca da do mundo que dese ja mos repre -sen tar para algum pro pó si to, cons truí do atra vés da iden ti fi ca ção de con cei -tos e rela ções rele van tes. O termo explícita indi ca que os tipos de con cei tos eas res tri ções ao seu uso são expli ci ta men te defi ni dos. Formal sig ni fi ca que aonto lo gia deve ser com preen sí vel por um com pu ta dor (não pode ser somen -te escri ta em lin gua gem natu ral). Finalmente, compartilhada impli ca que oconhe ci men to repre sen ta do é con sen sual, acei to por um grupo e não por umsó indi ví duo (Duineveld, 1999).

Voltando ao estu do da teo ria da infor ma ção, cos tu ma-se fazer uma dis -tin ção entre infor ma ção e sig ni fi ca ção. Esta é vista como algo depen den te dojuízo inter pre ta ti vo, do juízo valo ra ti vo, da opi nião e da sub je ti vi da de. Aaná li se infor ma cio nal de um dado texto não se preo cu pa com o sig ni fi ca donele pre sen te, com seu con teú do semân ti co, com suas con se qüên cias para orecep tor do texto ou com as moti va ções do pro du tor da men sa gem. Como amen sa gem exis te para eli mi nar dúvi das e redu zir a incer te za em que seencon tra um indi ví duo, quan to maior for a eli mi na ção de dúvi das por partedela, melhor ela será. Pressupõe-se, dessa forma, que a fina li da de espe cí fi cade um texto é mudar o com por ta men to de seu recep tor, e como não se podecon tes tar que a dúvi da, em prin cí pio, gera a imo bi li da de, a infor ma çãosurge como agen te dis si pa dor de incer te zas, que tem o obje ti vo de pro vo caruma alte ra ção no com por ta men to das pes soas.

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A tec no lo gia da infor ma ção, por tan to, por ana lo gia, favo re ce o fluxo deinfor ma ção na orga ni za ção; porém, não basta ape nas a exis tên cia de fer ra -men tas com pu ta cio nais, mas a sua uti li za ção pelos indi ví duos e, por tan to,os íco nes con ti dos em um com pu ta dor pes soal ou em rede (das orga ni za -ções) devem ser com preen di dos por esses indi ví duos a fim de con du zi-lossatis fa to ria men te no obje ti vo ver da dei ro da cor re ta rea li za ção de suas ati vi -da des no tra ba lho.

As novas tec no lo gias da infor ma ção ala van ca ram o pro ces so de comu -ni ca ção nas orga ni za ções, con for me já dis cu ti mos. Porém, um dos prin ci paisrecur sos infor má ti cos para esse pro ces so é pro ve nien te do uso da internet eda intranet. O que se busca é a infor ma ção e um recur so impor tan te exis ten -te nesse cená rio é o hiper tex to.

Lévy (1996) afir ma que, se a exe cu ção de um pro gra ma infor má ti co,pura men te lógi co, tem a ver com o par pos sí vel/real, a inte ra ção entrehuma nos e sis te mas infor má ti cos tem a ver com a dia lé ti ca do vir tual e doatual. Para ele, hie rar qui zar e sele cio nar áreas de sen ti do, tecer liga ções entreessas zonas, conec tar o texto a outros docu men tos e arri má-lo a toda umamemó ria que forma o fundo sobre o qual se des ta ca e ao qual reme te, são outras tan tas fun ções do hiper tex to infor má ti co. Uma tec no lo gia inte lec tual,quase sem pre exte rio ri za, obje ti va e vir tua li za uma fun ção cog ni ti va, umaati vi da de men tal. Assim, reor ga ni za a eco no mia ou a eco lo gia inte lec tual emseu con jun to e modi fi ca em troca a fun ção cog ni ti va que ela supos ta men tedeve ria ape nas auxi liar ou refor çar. A rela ção entre a escri ta (tec no lo gia inte -lec tual) e a memó ria (fun ção cog ni ti va) está aí para tes te mu nhá-lo.

Um hiper tex to é uma matriz de tex tos poten ciais, e alguns deles vãose rea li zar sob o efei to da inte ra ção com um usuá rio. Nenhuma dife ren ça seintro duz entre um texto pos sí vel da com bi na tó ria e um texto real que serálido na tela. As maio res par tes dos pro gra mas são máqui nas de exi bir (rea li -zar) men sa gens (tex tos, ima gens etc.) a par tir de um dis po si ti vo com pu ta cio -nal que deter mi na um uni ver so de pos sí veis, o qual pode ser imen so oufazer inter vir pro ce di men tos alea tó rios, mas ainda assim é algo intei ra men -te pré-con ti do e cal cu lá vel.

Uma outra tec no lo gia uti li za da para faci li tar o pro ces so de comu ni ca -ção e infor ma ção na orga ni za ção é a hiper mí dia. Tecnicamente, a hiper mí diaacaba sendo um agen te entre a inte ra ti vi da de e a pró pria tec no lo gia da infor -ma ção. Conforme pon de ra Machado (1997), a idéia bási ca da hiper mí dia éapro vei tar a arqui te tu ra não- linear das memó rias de com pu ta dor para via -bi li zar obras “tri di men sio nais”, dota das de uma estru tu ra dinâ mi ca que astorne mani pu lá veis inte ra ti va men te, sendo, por tan to, uma forma com bi na -tó ria, per mu ta cio nal e inte ra ti va da mul ti mí dia em que tex tos, sons e ima -gens (está ti cas e em movi men to) estão liga dos entre si por elos pro ba bi lís ti -cos e móveis, que podem ser con fi gu ra dos pelos recep to res de dife ren tesmanei ras, de modo a com por obras ins tá veis em quan ti da des infi ni tas.

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A hiper mí dia, pros se gue Machado, traz den tro de si várias outras pos -si bi li da des de lei tu ra dian te das quais se pode esco lher den tre várias alter -na ti vas de atua li za ção. Não se tra tan do de mais um texto, mas de uma imen -sa super po si ção de tex tos, que podem ser lidos na dire ção do para dig ma,como alter na ti vas vir tuais da mesma escri tu ra, como tex tos que cor rempara le la men te ou que se tan gen ciam em deter mi na dos pon tos, per mi tin dooptar entre pros se guir na mesma linha ou enve re dar por um cami nho novo.Na ver da de, todo texto, mesmo o linear e seqüen cial, é sem pre a atua li za ção(neces sa ria men te pro vi só ria) de uma infi ni da de de esco lhas, num reper tó riode alter na ti vas que, mesmo eli mi na das na apre sen ta ção final, con ti nuam aper tur bar dia lo gi ca men te a forma ofe re ci da como defi ni ti va.

O uso de fer ra men tas em tec no lo gia da infor ma ção, como esta mos per -ce ben do, faci li ta o pro ces so de con du ção de mudan ças per ti nen tes às ati vi -da des desen vol vi das pelos indi ví duos na orga ni za ção. A hiper mí dia e ohiper tex to, por sua vez, tam bém faci li tam e cola bo ram com esse pro ces so,ace le ran do-o e redu zin do o tempo de tra ba lho.

Na comu ni ca ção escri ta tra di cio nal, todos os recur sos de mon ta gem sãoempre ga dos no momen to da reda ção. Uma vez impres so, o texto mate rialcon ser va certa esta bi li da de, aguar dan do des mon ta gens e remon ta gens dosen ti do às quais se entre ga rá o lei tor. O hiper tex to digi tal auto ma ti za e mate -ria li za essas opções de lei tu ra, amplian do con si de ra vel men te seu alcan ce,pro pon do um reser va tó rio, uma matriz de dinâ mi ca a par tir da qual umnave ga dor, lei tor ou usuá rio pode engen drar um texto espe cí fi co segun do aneces si da de do momen to. As bases de dados, sis te mas espe cia lis tas, tabu la -do res, hiper do cu men tos, simu la ções inte ra ti vas e outros mun dos vir tuaissão poten ciais de tex tos, de ima gens, de sons ou mesmo de qua li da des táteisque situa ções espe cí fi cas atua li zam de mil manei ras.

Portanto, com a pre sen ça das novas tec no lo gias do conhe ci men to, o tra -ta men to da infor ma ção abre as por tas para um cibe res pa ço que inter co nec tavir tual men te todas as men sa gens digi tais, mul ti pli can do a emis são e a cap -ta ção da infor ma ção, faci li tan do as inte ra ções em tempo real por parte doindi ví duo.

2.6 A Organização do Aprendizado e oCapital Intelectual

As orga ni za ções do apren di za do e o capi tal inte lec tual vêm sendo muito dis -cu ti dos atual men te. Inúmeros auto res e espe cia lis tas têm deba ti do e estu da -do essas ques tões.

Nonaka e Takeuchi (1997) dis cu tem a defi ni ção de conhe ci men to comouma “cren ça ver da dei ra jus ti fi ca da”, porém acre di tam que essa defi ni çãoeste ja longe de ser per fei ta em ter mos lógi cos. O conhe ci men to é uma fun -

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ção de uma ati tu de, pers pec ti va ou inten ção espe cí fi ca; o conhe ci men to, aocon trá rio da infor ma ção, está rela cio na do à ação; o conhe ci men to, como ainfor ma ção, diz res pei to ao sig ni fi ca do, sendo espe cí fi co ao con tex to.

Os pro ble mas emer gen tes do mundo moder no, para Leff (2000), carac -te ri zam-se pela cres cen te com ple xi da de, que deman da, para seu estu do,novos ins tru men tos teó ri cos e meto do ló gi cos com o obje ti vo de ana li sar pro -ces sos de natu re za diver sa que inci dem em sua estru tu ra ção, em sua dinâ -mi ca de trans for ma ção. A ques tão ambien tal pro põe, assim, a neces si da dede um pen sa men to holís ti co e sis tê mi co, capaz de per ce ber as inter-rela çõesentre os dife ren tes pro ces sos que carac te ri zam seu campo pro ble má ti co. Elaapa re ce como sin to ma da crise da razão da civi li za ção moder na, como crí ti -ca da racio na li da de social e do esti lo de desen vol vi men to domi nan te, ecomo pro pos ta para fun da men tar um desen vol vi men to alter na ti vo.

A ques tão ambien tal, como crí ti ca, pro ble ma ti za o conhe ci men to cien tí -fi co e tec no ló gi co pro du zi do, apli ca do e legi ti ma do pela refe ri da racio na li -da de, abrin do-se para novos méto dos, capa zes de inte grar as con tri bui çõesde dife ren tes dis ci pli nas que geram aná li ses abran gen tes e inte gra das deuma rea li da de glo bal e com ple xa, na qual se arti cu lam pro ces sos sociais enatu rais de diver sas ordens de mate ria li da de e de racio na li da de, os quais,por sua vez, pro du zem novos conhe ci men tos teó ri cos e prá ti cos para cons -truir uma racio na li da de pro du ti va alter na ti va. Não obs tan te, os para dig masda eco no mia, fun da men ta dos em uma epis te mo lo gia e em uma meto do lo giameca ni cis ta, têm sido muito mais resis ten tes a incor po rar os prin cí piosambien tais e até mesmo os holís ti cos.

Para Hessen (1987), no conhe ci men to, encon tram-se fren te a fren te acons ciên cia e o obje to, o sujei to e o obje to. O conhe ci men to apre sen ta-secomo uma rela ção entre esses dois ele men tos, que nela per ma ne cem eter na -men te sepa ra dos um do outro, de forma que o dua lis mo sujei to e obje toper ten ce à essên cia do conhe ci men to. O con cei to de ver da de, segun do ele,rela cio na-se inti ma men te com a essên cia do conhe ci men to. Verdadeiroconhe ci men to é somen te o conhe ci men to ver da dei ro. Assim, um conhe ci -men to falso não é pro pria men te conhe ci men to, mas erro e ilu são. O conhe -ci men to huma no toca a esfe ra onto ló gi ca, fazen do com que o obje to apa re çaperan te a cons ciên cia como algo que trate de um ser ideal ou de um ser real.O ser, por sua vez, é obje to da onto lo gia, ape sar de esta não poder resol vero pro ble ma e a ques tão do conhe ci men to.

Normalmente, o conhe ci men to con sis te em for jar uma ima gem do obje -to, sendo a ver da de do conhe ci men to a con cor dân cia dessa ima gem com oobje to.

O acú mu lo de expe riên cias e prá ti cas e das refle xões sobre elas, deexpli ca ções e teo ri za ções, con for me pon de ram Hoyos Guevara et al. (1998),é o que é defi ni do por conhe ci men to de um indi ví duo, de uma comu ni da de,

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de uma cul tu ra, das civi li za ções e da huma ni da de. O conhe ci men to daespé cie huma na, até mesmo como busca de sobre vi vên cia, está asso cia do àbusca de trans cen dên cia. Não se conhe cem outras espé cies que tenham umsen ti do de his tó ria e de futu ro, e é aí, jus ta men te, que o ser huma no se dis -tin gue das demais espé cies.

O acú mu lo de conhe ci men tos (fazer, saber) se mos tra, ao longo de gera -ções, impor tan te e útil para satis fa zer as neces si da des mate riais e espi ri tuaisde uma socie da de. O conhe ci men to cole ti vo de uma socie da de inclui valo -res, expli ca ções, modos de com por ta men to que são, mui tas vezes, cha ma dosde tra di ções, orien tan do o com por ta men to de indi ví duos das gera çõesseguin tes.

Segundo esses auto res, o com por ta men to é o con jun to de res pos tas(ações) de cada indi ví duo, sendo os estí mu los pro ve nien tes de seu ambien te.Esse mesmo ambien te é com pos to por um com ple xo de fatos natu rais, dearte fa tos e mentefatos que infor mam o indi ví duo, e uma vez pro ces sa das asinfor ma ções, defi nem-se estra té gias de ação que se mani fes tam como com -por ta men to. Tanto a recep ção de infor ma ção como o seu pro ces sa men toestão em evo lu ção cumu la ti va na vida de cada indi ví duo. Vão se acu mu lan -do no que se deno mi na “conhe ci men to”, pois com por ta men to é uma açãoque resul ta do pro ces sa men to de infor ma ção da rea li da de, o que inclui infor -ma ção do conhe ci men to que o pró prio indi ví duo adqui riu.

Dessa manei ra, os auto res afir mam que a com ple xi da de do uni ver so éintrín se ca, isto é, tudo está em per ma nen te trans for ma ção, gra ças a influên -cias mútuas e per ma nen tes, nas quais não há inter mi tên cias. O está gio emque vive mos é de tran si ção dos mode los físi cos (mecâ ni cos) para os mode -los bio ló gi cos. Talvez o que tenha muda do é a nossa con cep ção sobre osmode los, nosso está gio de conhe ci men to, e não o fenô me no em si. Todosos sis te mas que obser va mos estão se tor nan do orgâ ni cos, isto é, vivos, inte -li gen tes, auto-orga ni za dos e, mui tas vezes, muni dos de um pro gra ma depre ser va ção evo lu ti vo. Mesmo na com pu ta ção, uti li za mos chips de redesneu rais e algo rit mos gené ti cos para as mais varia das apli ca ções, e nas gran -des cor po ra ções obser vou-se a tran si ção de uma cul tu ra de orga ni za ção paraum orga nis mo.

Os ace le ra dos avan ços da microe le trô ni ca nas comu ni ca ções e na com -pu ta ção mos tram as pos si bi li da des con cre tas de criar um ver da dei ro cére broglo bal, do qual a internet é apon ta da como uma das prin ci pais res pon sá veis.Segundo Lévy (1998), “esta mos entran do na era do tra ba lho inten si vo deequi pes fle xí veis e inter dis ci pli na res, conec ta dos por redes que vivem emespa ços vir tuais total men te inte ra ti vos e com par ti lha dos; por tan to, ondesurge algo que pode ría mos cha mar de inte li gên cia cole ti va extre ma men tedinâ mi ca e auto-orga ni za da”. Essa aná li se é inter pre ta da como a causade sérios pro ble mas epis te mo ló gi cos, pois há a neces si da de da supe ra ção dasindi vi dua li da des e suas dua li da des pré-his tó ri cas, tais como os graus

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de obje ti vi da de, sub je ti vi da de e inter sub je ti vi da de per mi ti dos pelo grupo.“Estamos na era da com ple xi da de, do para do xo e da incer te za, das lógi casmul tia va lia das e das neces si da des das pes soas, dos gru pos e das orga ni za -ções de uma rápi da adap ta ção cria ti va a ace le ra das, caó ti cas e ines pe ra dasmudan ças... esta mos numa era de mudan ças de para dig mas.”

Estamos em um pro ces so de recu pe ra ção, revi ta li za ção e atua li za ção donatu ral, dos valo res huma nos e espi ri tuais; das artes, da reli gião e da eco lo -gia; da ética, da esté ti ca e da trans cen dên cia do indi ví duo. O momen to atualé pro pí cio para o diá lo go entre a ciên cia e a tra di ção, entre o racio nal e ointui ti vo, per mi tin do uma nova inter pre ta ção inte gra do ra da rea li da de maiscria ti va e vital, com uma dança sem fim, seja nas gran des cor po ra ções sejaem reu niões reli gio sas, o saber fazer já não é sufi cien te.

Para Hoyos Guevara et al. (1998), a empre sa de van guar da é o labo ra -tó rio para uma nova cons ciên cia que surge rapi da men te nes tes novos tem -pos. Deverá este ser o milê nio do espí ri to e, da mesma forma, na socie da dedo conhe ci men to, cada vez mais as prin ci pais empre sas serão fábri cas de idéias, que serão colo ca das no mer ca do em um tempo cada vez menor.

A ges tão do conhe ci men to vista como uma cole ção de pro ces sos quegover na a cria ção, a dis se mi na ção e a uti li za ção do conhe ci men to para atin -gir ple na men te os obje ti vos da orga ni za ção é uma área nova na con fluên ciaentre tec no lo gia da infor ma ção e admi nis tra ção, um novo campo entre aestra té gia, a cul tu ra e os sis te mas de infor ma ção de uma orga ni za ção. Como enfo que da ges tão do conhe ci men to, come ça-se a rever a empre sa, suasestra té gias, sua estru tu ra e sua pró pria cul tu ra.

No ambien te de negó cios e, pra ti ca men te, em qual quer lugar domundo, as pes soas estão sen tin do os refle xos des sas trans for ma ções. Àmedi da que a per cep ção do mundo se ace le ra e que as pes soas são cada vezmais bom bar dea das com infor ma ções por diver sas mídias (cada indi ví duoestá conec ta do ao res tan te do mundo pelo uso da tec no lo gia da infor ma ção),tam bém cres ce a per ple xi da de em rela ção ao ritmo das mudan ças.

De todos os aspec tos da vida orga ni za cio nal, tal vez a comu ni ca ção sejao mais essen cial e pro ble má ti co. Em todas as suas for mas, ela é impres cin dí -vel para a dis se mi na ção do conhe ci men to. Mais que uma cate go ria ou defi -ni ção, as orga ni za ções de apren di za do repre sen tam um ideal que vem sendoper se gui do pelas empre sas nessa era de valo ri za ção do capi tal inte lec tual. Aques tão da comu ni ca ção, por tan to, é cru cial para as orga ni za ções do apren -di za do e, por con se qüên cia, para a ges tão do conhe ci men to. Ela passa pelaques tão do tra ba lho em grupo e do desen vol vi men to de equi pes. As ques -tões rela ti vas à ges tão do conhe ci men to e à comu ni ca ção vão mais além emorga ni za ções do apren di za do, não se res trin gin do à ques tão do trei na men tosim ples men te, como se pode ria supor a prin cí pio.

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O apren di za do real, para Senge (1990), está intrin se ca men te asso cia doao ser huma no e à capa ci da de de par ti ci par do “pro ces so gera dor da vida”,e as orga ni za ções do apren di za do seriam as que estão con ti nua men te expan -din do a capa ci da de de criar e recriar seu futu ro. Em vez das dis ci pli nas oufun ções tra di cio nais (venda, pro du ção, infor má ti ca etc.), em que as orga ni -za ções são divi di das e estru tu ra das, o autor pro põe cinco dis ci pli nas decará ter muito pes soal para cons truir as orga ni za ções do apren di za do: pen sa -men to sis tê mi co, domí nio pes soal, mode los men tais, visão com par ti lha da eapren di za do em equi pe.

A trans fe rên cia do apren di za do indi vi dual para o orga ni za cio nal é efi -caz à medi da que os mem bros da orga ni za ção con se guem tor nar explí ci tose trans fe rí veis os seus mode los men tais. Para uma gerên cia ativa do pro ces -so de apren di za gem, é fun da men tal com preen der que a dis ci pli na dosmode los men tais repre sen ta a base da teo ria de trans fe rên cia do apren di za -do indi vi dual para o apren di za do orga ni za cio nal, no qual a mais impor tan -te das dis ci pli nas, con tu do, seria a capa ci da de de desen vol ver um pen sa -men to sis tê mi co.

Um outro con cei to das orga ni za ções do apren di za do é abor da do porFleury e Fleury (1995). Ao pro por uma dis tin ção entre orga ni za ções qua li fi -ca das e qua li fi can tes, os auto res escla re cem que os esfor ços cen tra li za dos demudan ça na orga ni za ção do tra ba lho não levam, neces sa ria men te, à inte gra -ção das com pe tên cias e expe riên cias dos fun cio ná rios na defi ni ção dosrumos da empre sa.

O Quadro 2.5 des ta ca as carac te rís ti cas que dis tin guem as orga ni za çõesqua li fi ca das das qua li fi can tes.

Quadro 2.5 A distinção entre orga ni za ções qua li fi ca das e qua li fi can tes

CARACTERÍSTICAS DAS

ORGA NI ZA ÇÕES QUA LI FI CA DAS

CARACTERÍSTICAS EXCLU SI VAS

DAS ORGA NI ZA ÇÕES QUA LI FI CAN TES

(EM ADI ÇÃO ÀS DAS ORGA NI ZA ÇÕES QUA LI FI CA DAS)

Trabalho em equi pes ou célu las

Centradas sobre a inte li gên cia e o domí nio das situa -ções de impre vis to, que podem ser explo ra das comomomen tos de apren di za gem

Autonomia e res pon sa bi li da depelos obje ti vos de desem pe nho(qua li da de, cus tos e pro du ti vi -da de) dele ga das às célu las

Abertas à expli ci ta ção da estra té gia empre sa rial nonível dos pró prios empre ga dos

Diminuição dos níveis hie rár -qui cos e desen vol vi men to dasche fias para ati vi da des de“ani ma ção” e ges tão de recur -sos huma nos

Favorecimento do desen vol vi men to da co-res pon sa -bi li da de em torno de obje ti vos comuns, como, porexem plo, entre as áreas de pro du ção e ser vi ços

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(Continua)

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Quadro 2.5 A distinção entre orga ni za ções qua li fi ca das e qua li fi can tes(Continuação)

Fonte: Fleury e Fleury, 1995.

Pela aná li se do Quadro 2.5, as orga ni za ções qua li fi ca das nos apon tamum grau de con tro le dos pro ces sos orga ni za cio nais, pare cen do mais comdimen sio na men to e dire cio na men to dos indi ví duos para com as ati vi da desda empre sa, suge rin do um mode lo tra di cio nal conhe ci do. Já um ponto mar -can te na aná li se é o grau de res pon sa bi li da de e com pro me ti men to por partedo indi ví duo e das orga ni za ções qua li fi can tes.

Leonard-Barton (1995), por sua vez, ao ana li sar e ilus trar com váriosexem plos o que chama de ati vi da des cen trais do pro ces so de ino va ção (solu -ção com par ti lha da de pro ble mas, imple men ta ção e inte gra ção de novas fer -ra men tas e pro ces sos téc ni cos de expe ri men ta ção e con fec ção de pro tó ti pos,impor ta ção e absor ção de conhe ci men to exter no à firma, apren di za do com omer ca do), ajuda-nos a tra zer os con cei tos de orga ni za ções do apren di za dopara o dia-a-dia das empre sas.

As tec no lo gias da infor ma ção e comu ni ca ção faci li tam a imple men ta -ção efi caz do apren di za do nas orga ni za ções, muito embo ra sir vam ape nascomo uma fer ra men ta nesse pro ces so de apren di za gem.

Quintas (2001) apon ta que muito das mudan ças que tomam lugar naeco no mia glo bal estão asso cia das ao desen vol vi men to e à difu são cau sa dospelas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), pro vi das pelas novastec no lo gias dis po ní veis na inter net e pelas rela ções na rede sobre dis cus sõesde tra ba lhos em grupo.

O capi tal inte lec tual neces si ta ser ati va men te reti do e geren cia do pelasequi pes de alta dire ção das orga ni za ções. Somente dessa forma as empre sascon se gui rão ser com pe ti ti vas no mer ca do em que se encon tram. O autor dis -tin gue três tipos de capi tal inte lec tual:

• Humano: con ce bi do pelo conhe ci men to do staff da admi nis tra ção.• Estrutural: habi li da de de as orga ni za ções “empa co ta rem” o conhe -

ci men to em sua estru tu ra.• Cliente: fomen ta do pela “marca” e rela cio na men to com os clien tes.

CARACTERÍSTICAS DAS

ORGA NI ZA ÇÕES QUA LI FI CA DAS

CARACTERÍSTICAS EXCLU SI VAS

DAS ORGA NI ZA ÇÕES QUA LI FI CAN TES

(EM ADI ÇÃO ÀS DAS ORGA NI ZA ÇÕES QUA LI FI CA DAS)

Reaproximação das rela çõesentre as fun ções da empre sa(entre manu ten ção e fabri ca -ção, entre pro du ção e comer -cial etc.)

Incentivo aos fun cio ná rios para que pen sem seuknow-how não como um esto que de conhe ci men to aser pre ser va do, mas como uma com pe tên cia-ação,ao mesmo tempo pes soal e enga ja da num pro je tocole ti vo

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Pode-se con si de rar, ainda, que o conhe ci men to huma no é táci to, sendoorien ta do para a ação indi vi dual, basea do em regras, e está em cons tan temuta ção, no qual uma melhor defi ni ção de conhe ci men to seja a com pe tên -cia (Sveiby, 1998). O autor con si de ra que a com pe tên cia de um indi ví duocon sis te em cinco ele men tos mutua men te depen den tes:

• Conhecimento explí ci to: envol ve o conhe ci men to dos fatos e éadqui ri do prin ci pal men te por inter mé dio da infor ma ção, quasesem pre na edu ca ção for mal.

• Habilidade: envol ve uma pro fi ciên cia prá ti ca, físi ca e men tal,sendo adqui ri da, sobre tu do, por trei na men to e prá ti ca. Inclui oconhe ci men to de regras de pro ce di men to e habi li da des decomu ni ca ção.

• Experiência: é adqui ri da prin ci pal men te pela refle xão sobre errose suces sos pas sa dos.

• Julgamentos de valor: são per cep ções de que o indi ví duo acre di taestar certo. Eles agem como fil tros cons cien tes e incons cien tesquan to ao pro ces so de saber de cada indi ví duo.

• Rede social: é for ma da pelas rela ções do indi ví duo com outrosseres huma nos den tro de um ambien te e uma cul tu ra trans mi ti -dos pela tra di ção.

Na orga ni za ção de hoje, o prin ci pal ativo é o capi tal inte lec tual e, porexten são, o tra ba lha dor do conhe ci men to é essen cial men te a fonte bási cada for ma ção do conhe ci men to. Relacionamos dois aspec tos impor tan tes aesse res pei to:

• Utilização do conhe ci men to: neste aspec to, a tec no lo gia da infor -ma ção efe ti va men te faz dife ren ça. Não adian ta muito inves tirna cria ção do conhe ci men to se não hou ver, na orga ni za ção,uma cul tu ra de pes qui sa vol ta da para o apro vei ta men to desseconhe ci men to.

• Retenção do conhe ci men to: reter, neste caso, pode assu mir doissen ti dos: assi mi lar ou pre ser var o conhe ci men to.

A ges tão do conhe ci men to pode ser uma meto do lo gia ade qua da à pre -ser va ção e à boa uti li za ção desse conhe ci men to em prol da sobre vi vên cia dasorga ni za ções no mer ca do com pe ti ti vo. Administrar, nesse con tex to, exigecada vez mais geren tes do conhe ci men to. Quando dis cu ti mos o valor e a uti -li da de da intui ção, ou da inte li gên cia emo cio nal, por exem plo, esta mos revi -ven do ques tões filo só fi cas já con si de ra das pelos gre gos na Antigüidade. Essaabor da gem tem sido uti li za da ao longo dos tem pos, e com gran de êxito, nasciên cias, prin ci pal men te exa tas e expe ri men tais.

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Hoje, bus cam-se novas abor da gens para além da visão redu cio nis ta notra ba lho. A empre sa pre ci sa tanto da agi li da de da ini cia ti va, da capa ci da dede se modi fi car e se adap tar con ti nua men te, quan to da con fia bi li da de, cons -tân cia e per ma nên cia de seus sis te mas de infor ma ção. O ter cei ro milê nioesta rá cobran do essa dívi da para com a exa ti dão no desen vol vi men to de sis -te mas de infor ma ção em par ti cu lar, e na ges tão do conhe ci men to na empre -sa de forma geral.

Dar visi bi li da de ao conhe ci men to na orga ni za ção e trans for mar o conhe -ci men to táci to em explí ci to são os desa fios fun da men tais da ges tão doconhe ci men to; por isso, é impor tan te haver matu ri da de entre a dis tin ção e aper cep ção da trans fe rên cia de conhe ci men to.

Vejamos, no Quadro 2.6, a ques tão da obten ção do conhe ci men to,segun do Sveiby (1998).

Quadro 2.6 A obten ção de conhe ci men to

Fonte: Sveiby, 1998.

Percebe-se no Quadro 2.6 que, pelo uso da infor ma ção, ao trans for maro conhe ci men to táci to em explí ci to (nes sas con di ções), o pro ces so de trans -fe rên cia de conhe ci men to é mais efi caz que pelos mol des da tra di ção emuma orga ni za ção.

Um outro item impor tan te a des ta car é a dife ren ça entre o con tex toestra té gi co da infor ma ção e o do conhe ci men to. Para Sveiby, exis tem algunspon tos rele van tes dife ren cian do as duas abor da gens, con for me mos tra oQuadro 2.7.

PELA INFOR MA ÇÃO PELA TRA DI ÇÃO

Transfere infor ma ções arti cu la das Transfere capa ci da des arti cu la das e não-arti cu la das

Independente do indi ví duo Dependente e inde pen den te

Estática Dinâmica

Rápida Lenta

Codificada Não-codi fi ca da

Fácil dis tri bui ção em massa Difícil dis tri bui ção em massa

54 • As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância

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Quadro 2.7 Os dois focos estra té gi cos: a infor ma ção e o conhe ci men to

Fonte: Sveiby, 1998.

O que se per ce be é a forte dife ren ça entre a infor ma ção e o conhe ci men -to, ainda que as duas abor da gens uti li zem-se da tec no lo gia da infor ma ção.A ges tão do conhe ci men to pro vém da valo ri za ção e da evo lu ção do saber dopró prio indi ví duo, tanto de forma indi vi dual como cole ti va.

ESTRATÉGIA ORIEN TA DA

PARA A INFOR MA ÇÃO

ESTRATÉGIA ORIEN TA DA

PARA O CONHE CI MEN TO

Baixo grau de cus to mi za ção Alto grau de cus to mi za ção

Conhecimento ven di do como deri va ti vo Conhecimento ven di do como pro ces so

Lucros cres cen tes em con se qüên cia daefi ciên cia

Lucros cres cen tes em con se qüên cia daefi cá cia

Vantagens da eco no mia de esca la napro du ção

Desvantagens da eco no mia de esca lana pro du ção

Grande volu me e mer ca do de massa Pequeno volu me e clien tes indi vi duais

Investimento em tec no lo gia da infor ma ção

Investimento em pes soal

As pes soas são vis tas como custo As pes soas são vis tas como recei ta

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3.1 Desafios na EducaçãoA evo lu ção dos sis te mas edu ca cio nais é um gran de desa fio para a huma ni -da de. Sem que haja essa evo lu ção, a mudan ça neces sá ria para a evo lu çãopro pria men te dita não ocor re rá, prin ci pal men te nas situa ções em que a com -ple xi da de for maior.

D’Ambrósio (2001) defi ne edu ca ção como a estra té gia deter mi na dapelas socie da des para levar cada indi ví duo a desen vol ver seu poten cial cria -ti vo e, por sua vez, aper fei çoar sua capa ci da de de se enga jar em ações comuns.

Para Lévy (2000), qual quer refle xão sobre os sis te mas de edu ca ção e defor ma ção na ciber cul tu ra deve ser fun da men ta da em uma aná li se pré via damuta ção con tem po râ nea da rela ção com o saber. O cibe res pa ço (tec no lo giasvir tuais, como a inter net) supor ta as tec no lo gias inte lec tuais, que ampli fi -cam, exte rio ri zam e modi fi cam nume ro sas fun ções cog ni ti vas huma nas, taiscomo a memó ria (banco de dados, hiper do cu men tos, arqui vos digi tais detodos os tipos), a ima gi na ção (simu la ções), a per cep ção (sen so res digi tais,tele pre sen ça, rea li da des vir tuais) e os racio cí nios (inte li gên cia arti fi cial,mode los de fenô me nos com ple xos). Essas tec no lo gias inte lec tuais ofe re cem:

• Novas for mas de aces so à infor ma ção: nave ga ção por hiper do cu -men tos, caça à infor ma ção pelo uso de meca nis mos de pes qui -sa, knowbots ou agen tes de soft wa re, explo ra ção con tex tual pormapas dinâ mi cos de dados.

• Novos esti los de racio cí nio e de conhe ci men to: a simu la ção, ver -da dei ra indus tria li za ção da expe riên cia do pen sa men to, quenão advém nem da dedu ção lógi ca nem da indu ção, mas daexpe riên cia.

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Moraes (1997) pon de ra as mudan ças his tó ri cas que estão sendo exi gi -das para que o indi ví duo possa sobre vi ver no seu uni ver so cul tu ral, bemcomo atuar, par ti ci par e trans for mar a sua rea li da de. Para a auto ra, com -preen de-se que a cos mo vi são quân ti ca traz uma com preen são do mundomais holís ti ca, glo bal e sis tê mi ca, que enfa ti za o todo em vez das par tes eapre sen ta uma visão eco ló gi ca que reco nhe ce a inter co nec ti vi da de, a inter -de pen dên cia e a inte ra ti vi da de de todos os fenô me nos da natu re za além doper fei to entro sa men to dos indi ví duos e das socie da des nos pro ces sos cícli -cos da natu re za. Tudo está cheio de ener gia em movi men to; tudo é sis te mavivo, dinâ mi co, aber to. São estru tu ras dis si pa do ras em movi men tos flu tuan -tes que tro cam ener gia com o seu meio ambien te.

A auto ra mos tra ainda que a per cep ção eco ló gi ca do mundo e da vidacom preen de a mudan ça como com po nen te essen cial da natu re za, e que estapos sui fle xi bi li da de, plas ti ci da de, cria ti vi da de, auto no mia, inte gra ção, coo -pe ra ção e auto-orga ni za ção. Tudo é rela ti vo, ape nas pro vá vel, incer to e, aomesmo tempo, com ple men tar. As teo rias e os emba sa men tos decor ren tes dacos mo vi são quân ti ca incen ti vam a ocor rên cia de diá lo go nos mais dife ren tes níveis e pos si bi li da des, incluin do aí o diá lo go amo ro so do ser con si gomesmo, com a socie da de e com a natu re za. Compreende o conhe ci men topro du zi do pelo sujei to na sua rela ção com o obje to, um conhe ci men to emrede no qual todos os con cei tos e as teo rias estão inter co nec ta dos, cres cen doe se trans for man do de uma forma sem fim.

A edu ca ção e a for ma ção devem ser esten di das a todos, não somen te a alguns. Todos têm o que apren der, inclu si ve os pes qui sa do res, toman docons ciên cia de suas res pon sa bi li da des dian te de suas pró prias des co ber tas,de forma ética. Os res pon sá veis pelas deci sões devem encon trar as solu ções, daforma menos tec no crá ti ca pos sí vel, a fim de valo ri zar os pes qui sa do res e ostra ba lhos que foram sub ven cio na dos, preo cu pan do-se com a difu são neces -sá ria da infor ma ção cien tí fi ca.

Para Morin (2001), as estru tu ras do ensi no pro mo vem a dis jun ção entreo cére bro e o espí ri to, exis tin do jus ti fi ca ti vas filo só fi cas para defi nir o homempor opo si ção à natu re za, impon do a idéia de que o conhe ci men to do ho -mem só seria pos sí vel supri min do-se o natu ral, sendo pre ci so a ten ta ti va depen sar o com ple xo bioantro po ló gi co. “A orga ni za ção de nosso corpo éhiper com ple xa, mas além disso, somos indi ví duos inte gra dos na com ple xi -da de cul tu ral e social. A com ple xi da de não expli ca as coi sas, mas sim aqui loque deve ser expli ca do.”

O papel da edu ca ção deve ir além da ins tru ção tra di cio nal, pas san do atrans mi tir valo res indi vi duais, morais, fami lia res, sociais e até mesmo uni ver -sais. O saber e o saber fazer neces si tam unir-se ao desen vol vi men to do indi -ví duo. Hoje, as pes soas estão mais crí ti cas e aten tas ao pro ces so de mudan çaexis ten te nas orga ni za ções e nas pró prias ins ti tui ções de ensi no. Par tindodesse prin cí pio, é pre ci so evo luir a forma de apren di za do do indi ví duo, con -si de ran do não só a edu ca ção de base, mas tam bém a sua con ti nui da de.

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3.2 Os Qua tro Pila res da EducaçãoA Unesco tem pro cu ra do esta be le cer os fun da men tos de uma nova edu ca çãopara o sécu lo XXI. Uma edu ca ção que ajude na cons tru ção de uma cul tu rade paz, median te o res pei to à diver si da de cria do ra: uma edu ca ção mul ti cul -tu ral. O rela tó rio Delors, ao pro por qua tro pila res — apren der a conhe cer,apren der a fazer, apren der a ser e apren der a viver jun tos —, como eixos nor -tea do res da edu ca ção para o sécu lo XXI, já havia per ce bi do a impor tân cia deuma polí ti ca mul ti cul tu ral nesse setor. Nesse rela tó rio, a edu ca ção tem pormis são trans mi tir conhe ci men tos sobre a diver si da de da espé cie huma na elevar as pes soas a tomar conhe ci men to da seme lhan ça e da inter de pen dên -cia entre todos os seres huma nos do pla ne ta. Ensinando, por exem plo, os jovens a ado tar a pers pec ti va de outros gru pos étni cos ou reli gio sos, pode-se evi tar incom preen sões gera do ras de ódios e de vio lên cias entre os adul tos(Unesco, 2001).

Os fun da men tos para uma nova edu ca ção pro pos tas pelo rela tó rioDelors foram amplia dos por Morin (2000), cha man do a aten ção para aimpor tân cia de ensi nar a com preen são. O autor insis te que a com preen sãomútua entre os seres huma nos é vital para que as rela ções huma nas saiamde seu esta do bár ba ro de incom preen são. Daí decor re a neces si da de de estu -dar a incom preen são a par tir de suas raí zes, suas moda li da des e seus efei tos.Esse estu do é tanto mais neces sá rio por que enfo ca ria não ape nas os sin to -mas, mas as cau sas do racis mo, da xeno fo bia e do des pre zo. Constituiria, aomesmo tempo, uma das bases mais segu ras da edu ca ção para a paz, à qualdeve ría mos estar liga dos por essên cia e voca ção.

A pro pos ta de uma nova edu ca ção para o sécu lo XXI requer uma esco -la que se defi na como agên cia de cida da nia para for mar men tes lúci das esem pre con cei tos. As socie da des do sécu lo XXI deman dam cida dãos capa zesde ope rar a soli da rie da de em todas as situa ções de vida. Na for ma ção dascrian ças e dos jovens de hoje esta rá a espe ran ça do futu ro da socie da de.

À luz desse argu men to, pode-se afir mar que uma edu ca ção de qua li da -de não é ape nas a que asse gu ra a aqui si ção de conhe ci men tos, mas tam béma que acres cen ta aos conhe ci men tos adqui ri dos um sen ti do ético e soli dá rio.O patri mô nio de conhe ci men tos acu mu la do, ao longo dos sécu los, pelasdiver sas cul tu ras, deve ser posto a ser vi ço do bem-estar das pes soas.

Assim, uma polí ti ca de edu ca ção bem fun da men ta da deve ria cami -nhar em dire ção à cons tru ção de uma cul tu ra de paz e ao desen vol vi men toda dig ni da de huma na. A paz autên ti ca só se efe ti va e sub sis te quan do anco -ra da no res pei to à jus ti ça para com as pes soas, indi vi dual e cole ti va men tecon si de ra da. A guer ra e a vio lên cia sur gem quan do se negam os prin cí piosdemo crá ti cos da dig ni da de e da igual da de de direi tos e deve res. Nesse sen -ti do, paz e liber da de são um binô mio indis so ciá vel.

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Por isso, a cons tru ção de uma cul tu ra de paz depen de de uma esco laplu ral que seja capaz de tra ba lhar peda go gi ca men te ger mi nan do o pen sar,de modo a faci li tar o flo res ci men to da cria ti vi da de, que é ine ren te a todas aspes soas e a todas as cul tu ras. Nenhum pro ces so edu ca cio nal deve per se guirobje ti vo dife ren te. A esco la, como agên cia de cida da nia é, por con se guin te,uma agên cia para essa cul tu ra de paz.

Substituir uma cul tu ra secu lar de vio lên cia e de guer ra por uma cul tu -ra de paz requer um esfor ço edu ca ti vo pro lon ga do para mudar pos tu ras econ cep ções. Sem uma nova men ta li da de não será pos sí vel con ce ber alter na -ti vas sus ten tá veis de desen vol vi men to, que são indis pen sá veis para supri -mir ou ate nuar os veto res gera do res da ini qüi da de e da injus ti ça social.

Dessa forma, o prin ci pal obje ti vo da edu ca ção é o desen vol vi men tohuma no na pers pec ti va de uma cul tu ra de paz, caben do-lhe a mis são per -ma nen te de con tri buir para o aper fei çoa men to das pes soas numa dimen sãoética e soli dá ria. Para atin gir esse aper fei çoa men to, tor nou-se um impe ra ti -vo do nosso tempo tra ba lhar mos jun tos uma nova ética uni ver sal capaz deimpri mir novos rumos ao desen vol vi men to e recu pe rar o sen ti do da vida,sobre tu do em rela ção às crian ças e aos jovens, que anseiam por um mundodife ren te.

A edu ca ção pre pa ra o indi ví duo para o mundo, dando-lhe sus ten ta bi li -da de. Quanto melhor capa ci da de de apren der a apren der esse indi ví duotiver, melho res con di ções de efe tuar mudan ças as orga ni za ções terão, prin -ci pal men te naque las em que hou ver a pre sen ça de novas tec no lo gias.

3.3 A Apren di za gem e o AprendizadoO apren diz é um indi ví duo que apre sen ta um per fil par ti cu lar de inte li gên -cias desde o momen to em que nasce. É sin gu lar em sua mor fo lo gia, em suaana to mia, em sua filo so fia, em seu tem pe ra men to, em seu com por ta men to eem sua inte li gên cia. Todos esses aspec tos são dimen sões de uma indi vi dua -li da de viva, de um sis te ma aber to e que exis te no mundo feno mê ni co. É umser de qua li da de, um ser de exis tên cia, que busca sua auto no mia de ser eexis tir.

O apren diz deve estar aten to às mudan ças natu rais da evo lu ção dahuma ni da de, enga jan do-se eti ca men te no sis te ma de edu ca ção.

De acor do com Moraes (1997), Piaget dis tin gue apren di za gem deconhe ci men to. Aprender, para ele, é saber rea li zar. Conhecer é com preen dere dis tin guir as rela ções neces sá rias, é atri buir sig ni fi ca do às coi sas, levan doem conta não ape nas o atual e o explí ci to, mas tam bém o pas sa do, o pos sí vele o implí ci to. Para Piaget, o pro ble ma da apren di za gem impli ca o pro ble mado conhe ci men to. Trata-se de um pro ces so de cons tru ção com ple to, no qualo que é rece bi do do obje to e o que é cons ti tui ção do sujei to estão indi vi si vel -

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men te uni dos. Não é um pro ces so em que o indi ví duo se limi te a rece ber oua rea gir auto ma ti ca men te ao que é rece bi do. Ele se res trin ge à noção de aqui -si ção de conhe ci men to novo ou de um com por ta men to novo, decor ren te docon ta to com o meio físi co ou social que depen de, sobre tu do, do está gio dedesen vol vi men to indi vi dual.

O apren di za do para a ques tão do pro ces so da ges tão da edu ca ção éimpor tan te e vital, em espe cial em um mundo em per ma nen te evo lu ção,em que a tran si to rie da de, o incer to, o impre vis to, as mudan ças e as trans -for ma ções estão cada dia mais pre sen tes. O conhe ci men to evo lui de formaabso lu ta men te incon tro lá vel e a quan ti da de de infor ma ções dis po ní veis écada vez maior, assim, como pre pa rar o indi ví duo para viver na mudan -ça e não que rer inge nua men te con tro lá-la? Moraes (1997) comen ta aindaque o que mar ca rá a moder ni da de é a didá ti ca do apren der a apren der, oudo saber pen sar, englo ban do, num só todo, a neces si da de de apro pria ção doconhe ci men to dis po ní vel e seu mane jo cria ti vo e crí ti co. A com pe tên ciaque a esco la deve con so li dar e sem pre reno var é a fun da men ta da na pro -prie da de do conhe ci men to como ins tru men to mais efi caz para a eman ci -pa ção das pes soas.

O para dig ma tra di cio nal do apren di za do parte do pres su pos to de queo indi ví duo desen vol ve melhor sua ati vi da de como sujei to pas si vo e espec -ta dor do mundo. O cur rí cu lo é esta be le ci do ante ci pa da men te, de modo linear, seqüen cial, e a inten cio na li da de é expres sa com base em obje ti vos epla nos rigi da men te estru tu ra dos, sem levar em conta a ação do sujei to e suainte ra ção com o obje to, sua capa ci da de de criar, pla ne jar e exe cu tar tare fas.Já uma nova abor da gem requer uma nova visão de mundo, uma nova edu -ca ção e, con se qüen te men te, novos cri té rios para a ela bo ra ção de cur rí cu los eo con se qüen te apren di za do. Já não se pode par tir da exis tên cia de cer te zas,ver da des cien tí fi cas, esta bi li da de, pre vi si bi li da de, con tro le exter no e ordemcomo coi sas pos sí veis.

D’Ambrósio (2001) pro põe uma nova abor da gem de cur rí cu lo, sendoeste con ce bi do de forma dinâ mi ca, divi di do em três tipos de ati vi da des:sen si bi li za ção (que moti va para o momen to edu ca cio nal, aula ou cor res pon -den te), supor te (que dá os ins tru men tos de tra ba lho à medi da que se tor namneces sá rios) e socia li za ção (na qual se pra ti ca uma ação que resul ta em umfato, obje to ou apren di za do).

Tudo está rela cio na do, recur si va men te inter co nec ta do, em inte ra çãocons tan te e em pro ces so de trans for ma ção, no qual as leis da físi ca refe rem-se às pos si bi li da des de ino va ção e às pro ba bi li da des de que even tos ocor -ram. Não pode mos tra ba lhar em edu ca ção com con cei tos exa tos, teo rias ver -da dei ras, dis ci pli nas frag men ta das, pro ces sos estan ques, obje ti vos defi ni dose com por ta men tos espe ra dos. É pre ci so exer cer uma conec ti vi da de neu ralcom maior den si da de e qua li da de, porém essa con cep ção deve ser maishuma na.

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3.4 A Inter e a Trans dis ci pli na ri da deA inter dis ci pli na ri da de trata da sín te se de duas ou mais dis ci pli nas, trans -for man do-as num novo dis cur so, numa nova lin gua gem e em novas rela -ções estru tu rais. A trans dis ci pli na ri da de seria o rela cio na men to de inter de -pen dên cia entre vários aspec tos da rea li da de, seria a con se qüên cia nor malda sín te se dia lé ti ca pro vo ca da pela inter dis ci pli na ri da de bem-suce di da.Como a inter dis ci pli na ri da de melho ra a for ma ção geral com base emconhe ci men to mais inte gra do, arti cu la do e atua li za do, numa cons tru çãoauto-sufi cien te do sujei to, ela tam bém pode per mi tir a aber tu ra de novoscam pos do conhe ci men to e de novas des co ber tas que pos si bi li tem uma melhor for ma ção pro fis sio nal, que por sua vez favo re cem até mesmo a edu -ca ção per ma nen te, da qual se adqui re uma meto do lo gia eman ci pa tó ria tra -du zi da por com pe tên cias e habi li da des que levem o aluno a apren derduran te toda a sua exis tên cia.

Para Moraes (1997), de acor do com a visão eco ló gi ca, todos os con cei -tos e teo rias estão inter co nec ta dos, não haven do con cei tos em hie rar quianem uma ciên cia ou dis ci pli na mais impor tan te que outra. Busca-se umnovo esfor ço para cor re la cio nar dis ci pli nas e des co brir uma axio má ti cacomum entre elas.

Trata-se de uma con di ção fun da men tal de sobre vi vên cia num mundoonde ciên cia, tec no lo gia e socie da de vêm se modi fi can do em velo ci da deespan to sa, sur preen den te e ini ma gi ná vel. Dessa forma, esse con cei to detrans dis ci pli na ri da de tam bém é vital para a apli ca ção nos pro ces sos na orga -ni za ção, pois todos os pro ces sos estão rela cio na dos e entre la ça dos.

A plu ri dis ci pli na ri da de diz res pei to ao estu do de um obje to de umaúnica dis ci pli na por diver sas dis ci pli nas ao mesmo tempo.

Já a inter dis ci pli na ri da de rela cio na-se à trans fe rên cia dos méto dos deuma dis ci pli na a outra, sendo pos sí vel dis tin guir três graus de inter dis ci pli -na ri da de:

• Um grau de apli ca ção: por exem plo, os méto dos da físi ca nuclear,trans fe ri dos para a medi ci na, con du zem à apa ri ção de novostra ta men tos de cân cer.

• Um grau epis te mo ló gi co: por exem plo, a trans fe rên cia dos méto -dos da lógi ca for mal para o campo do direi to gera aná li ses inte -res san tes na epis te mo lo gia do direi to.

• Um grau de gera ção de novas dis ci pli nas: por exem plo, a trans fe -rên cia dos méto dos da mate má ti ca para o campo da físi cagerou a físi ca-mate má ti ca; da físi ca de par tí cu las para a astro fí -si ca, a cos mo lo gia-quân ti ca; da mate má ti ca para os fenô me nosmete reo ló gi cos, a teo ria do caos; da infor má ti ca para a arte, a

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arte-infor má ti ca. Como a plu ri dis ci pli na ri da de, a inter dis ci pli -na ri da de ultra pas sa as dis ci pli nas, mas sua fina li da de tam bémper ma ne ce ins cri ta na pes qui sa dis ci pli nar. Seu ter cei ro grau,inclu si ve, con tri bui para o big-bang dis ci pli nar.

A trans dis ci pli na ri da de diz res pei to ao que está, ao mesmo tempo, entreas dis ci pli nas, por meio das dife ren tes dis ci pli nas e além de toda dis ci pli na.Sua fina li da de é a com preen são do mundo atual, e um dos impe ra ti vos paraisso é a uni da de do conhe ci men to. Para o pen sa men to clás si co, a trans dis ci -pli na ri da de é um absur do, pois não tem obje to. Porém, para a trans dis ci pli -na ri da de, o pen sa men to clás si co não é absur do, mas seu campo de apli ca çãoé tido como res tri to. Diante de diver sos níveis de rea li da de, o espa ço entre ealém das dis ci pli nas é cheio, como o vazio quân ti co é cheio de todas aspoten cia li da des: da par tí cu la quân ti ca às galá xias, do quark aos ele men tospesa dos, que con di cio nam a apa ri ção da vida no uni ver so.

Para D’Ambrósio (2001), o essen cial da trans dis ci pli na ri da de resi denuma pos tu ra de reco nhe ci men to em que não há espa ço e tempo cul tu raispri vi le gia dos que per mi tam jul gar e hie rar qui zar, como mais cor re tos e ver -da dei ros, com ple xos de expli ca ção e con vi vên cia com a rea li da de que noscerca. Para o autor, “a trans dis ci pli na ri da de repou sa sobre uma ati tu de aber -ta, de res pei to mútuo e mesmo de humil da de com rela ção a mitos, reli giõese sis te mas de expli ca ções e de conhe ci men tos, rejei tan do qual quer tipo dearro gân cia ou pre po tên cia”.

O novo cená rio ciber né ti co, infor má ti co e infor ma cio nal vem pro vo -can do gran des trans for ma ções, não ape nas no que se refe re aos aspec tossocioe co nô mi cos e cul tu rais, mas tam bém na manei ra como pen sa mos,conhe ce mos e apreen de mos o mundo. A nova cida da nia da cul tu ra infor -ma ti za da requer novos hábi tos inte lec tuais de sim bo li za ção, for ma li za çãodo conhe ci men to, manu seio dos sig nos e das repre sen ta ções, o que tam -bém exige uma nova ges tão social do conhe ci men to, apoia da num mode lodigi tal explo ra do de forma inte ra ti va. O fato de hoje já não se tra ba lharape nas com manuais e teo rias escri tas no papel, mas tam bém com mode -los com pu ta cio nais, cor ri gi dos e aper fei çoa dos ao longo do pro ces so, vemdeses ta bi li zan do o anti go equi lí brio de for ças e for mas de repre sen ta çãodo conhe ci men to, fazen do com que novas estra té gias e novos recur sossejam modi fi ca dos na cons tru ção do conhe ci men to por simu la ção, o que étípi co de uma cul tu ra infor ma ti za da.

A infor ma ção mais rápi da pro pi cia uma alta pro du ti vi da de e agi li da de,tra zen do, por con se guin te, segu ran ça e qua li da de mais efi ca zes, faci li tan do,cada vez mais, o pro ces so da ação e inte gri da de da toma da de deci sões. Asmudan ças que estão ocor ren do no mundo atual, em ritmo bas tan te ace le ra -do, tra zem con si go novas for mas de tra ba lho, novas manei ras de viver econ vi ver e influen ciam a eco no mia, a polí ti ca e as for mas como as socie da -

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des se orga ni zam, o que exige, por parte da socie da de, res pos tas mais ágeis,fle xí veis e meca nis mos cada vez mais par ti ci pa ti vos. Temos um mundo cadavez mais inte ra ti vo e inter de pen den te, con di cio na do espe cial men te pelosavan ços cien tí fi cos impul sio na dos pela indús tria e pelo desen vol vi men todas tele co mu ni ca ções.

Esse novo pro ces so de glo ba li za ção, que gera novos espa ços de con vi -vên cia, bem como o uso e a par ti lha de dife ren tes ins tru men tos, con ti nuapro vo can do o sur gi men to de diver si da des, desi gual da des e con tra di ções,em esca las nacio nal e mun dial. É um mundo que se torna gran de e peque -no, homo gê neo e plu ral, arti cu la do e mul ti pli ca do pelo uso de recur sos devoz, de dados, de ima gens e de tex tos cada vez mais inte ra ti vos. Os pon tosde refe rên cia mul ti pli cam-se, dão a impres são de se des lo car, flu tuar nosmais dife ren tes espa ços, dis per sar cen tros deci só rios e glo ba li zar os pro ble -mas sociais, polí ti cos, eco nô mi cos e cul tu rais.

Sabemos que com a che ga da da revo lu ção da era da infor ma ção, ins ta -lou-se um caos nas redes de ensi no e edu ca ção, tanto no cená rio pri va docomo no públi co. Isto por que muda a forma de cons truir o saber. Um aspec -to fun da men tal a ser obser va do em rela ção ao para dig ma emer gen te é aneces sá ria valo ri za ção da qua li da de da ação edu ca cio nal, não ape nas doconhe ci men to do aten di men to quan ti ta ti vo. Qualidade e quan ti da de sãodimen sões com ple men ta res em rela ção à tota li da de, não são valo res exclu -den tes. A quan ti da de não exclui a qua li da de e vice-versa. Ambas neces si tamuma da outra para alcanç ar uma dimen são mais com ple ta. A quan ti da de dáa idéia de exten são, ao passo que a qua li da de indi ca a busca do aper fei çoa -men to e do apri mo ra men to da dimen são do ser.

3.5 Educação a Dis tân ciaCada vez mais a deman da por edu ca ção a dis tân cia (EAD) cres ce, impul sio -na da pelos avan ços da tec no lo gia e pela neces si da de de o apren diz ter seupró prio tempo e ritmo de apren di za gem.

As pla ta for mas de ensi no a dis tân cia são apli ca ções, isto é, soft wa resdesen vol vi dos para apoiar o ensi no/apren di za gem. Normalmente, incluemfer ra men tas que visam aju dar o pro fes sor a orga ni zar, cons truir e geren ciaruma dis ci pli na ou um curso on-line. Em geral, incluem tam bém fer ra men tasde apoio ao aluno duran te a sua apren di za gem. Funcionalidades comunsnes sas pla ta for mas são, por exem plo, fer ra men tas de comu ni ca ção comochats e fóruns. Tais pla ta for mas são nor mal men te desen vol vi das levan do emconta o tipo de uti li za ção, sendo mais comuns na for ma ção aca dê mi ca, nafor ma ção pro fis sio nal cor po ra ti va e na edu ca ção con tí nua.

Para Lévy (2000), em vir tu de de essas tec no lo gias inte lec tuais, sobre tu -do as memó rias dinâ mi cas, serem obti das em docu men tos digi tais ou pro gra -

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mas dis po ní veis na rede, elas podem ser com par ti lha das entre nume ro sosindi ví duos, aumen tan do, por tan to, o poten cial de inte li gên cia cole ti va dosgru pos huma nos.

A edu ca ção a dis tân cia pode faci li tar a imple men ta ção de novas tec no -lo gias do conhe ci men to nas orga ni za ções, pois faci li ta o pro ces so de comu -ni ca ção e apren di za gem (conhe ci men to). Por exem plo, uti li za ção de intra-nets, por meio de dis po ni bi li za ção de manuais ele trô ni cos, chats, fóruns etc.Portanto, ela tam bém pode ser apli ca da em imple men ta ções mais com ple -xas, assim como os sis te mas de infor ma ção.

Mas há que se res sal tar que duas gran des refor mas são neces sá rias nossis te mas de edu ca ção e for ma ção vigen tes. Em pri mei ro lugar, é fun da men -tal a acli ma ta ção dos dis po si ti vos e do espí ri to da EAD ao dia-a-dia da edu -ca ção. A EAD explo ra cer tas téc ni cas de ensi no a dis tân cia, incluin do ashiper mí dias, as redes inte ra ti vas de comu ni ca ção e todas as tec no lo gias inte -lec tuais da ciber cul tu ra, nas quais se incen ti va o novo esti lo de peda go gia,que favo re ce, ao mesmo tempo, as apren di za gens per so na li za das e a apren -di za gem cole ti va em rede. Nesse con tex to, o pro fes sor é incen ti va do a tor -nar-se um ins ti ga dor da inte li gên cia cole ti va de seus alu nos em vez de umfor ne ce dor dire to de conhe ci men tos. A segun da refor ma diz res pei to aoreco nhe ci men to das expe riên cias adqui ri das.

Atualmente, estão sendo desen vol vi das solu ções com ple tas de e-lear ning, mais dire cio na das para a for ma ção cor po ra ti va. Incluem tec no -lo gia, con teú dos e ser vi ços adi cio nais (imple men ta ção, acon se lha men to,con sul to ria e outros ser vi ços de apoio ao e-lear ning). Nas pla ta for masmais dire cio na das para o meio aca dê mi co, o com po nen te de con teú dos énor mal men te pro du zi do pelos docen tes; no entan to, tais pla ta for mas incluem fer ra men tas de pro du ção e edi ção de con teú dos.

A edu ca ção a dis tân cia deve ten tar inver ter alguns para dig mas, prin -ci pal men te quan to à pro du ção de saber e à sua trans mis são. Ela vemseguin do o mesmo ritmo da edu ca ção pre sen cial, isto é, envia mate rialescri to aos alu nos (no caso de instituições de ensi no), man tém con ta to comeles por qual quer via de comu ni ca ção e, ao final do curso, emite um diplo -ma, reco nhe cen do-os como capa ci ta dos ao que se pro pu se ram a estu dar.Como se vê, o pro ble ma é que a maio ria dos cur sos pre sen ciais e a dis tân -cia ape nas infor ma os alu nos, esque cen do-se de formá-los como cida dãosviven tes em socie da des.

A edu ca ção a dis tân cia, como pro pos ta alter na ti va do pro ces so ensi no-apren di za gem, sig ni fi ca pen sar em um novo mode lo de comu ni ca ção, capazde fun da men tar e ins tru men ta li zar a estra té gia didá ti ca, o que se faz neces -sá rio por que mui tos sis te mas de EAD detur pam e dis tor cem a comu ni ca ção.A par tir de estu dos e expe riên cias comu ni ca cio nais, sur gem novos mode losde comu ni ca ção, em que o emis sor não ape nas trans mi te men sa gens, mas

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pro mo ve pro ces sos de diá lo go e par ti ci pa ção. Assim, na edu ca ção e nacomu ni ca ção, con for me com pro vam os estu dio sos do assun to, há mui tosaspec tos con ver gen tes para abrir cami nho a pro pos tas alter na ti vas, tanto naedu ca ção pre sen cial quan to na edu ca ção a dis tân cia.

Embora a inte ra ti vi da de seja fenô me no ele men tar das rela ções huma -nas, dentre as quais as edu ca ti vas, seus pres su pos tos não são comu men teabor da dos. Interatividade nas rela ções comuns e uni ver sais já é, por si só,com ple xa o sufi cien te para exi gir o con cur so de fun da men tos socio ló gi cos,psi co ló gi cos (da edu ca ção e social), lin güís ti cos e semió ti cos, para não falarem fun da men tos his tó ri cos ou antro po ló gi cos. A inte ra ti vi da de depen de dacul tu ra do grupo.

No caso da EAD, o pro ble ma se agra va por que o mate rial ins tru cio nalé o mesmo que vai ser estu da do por mui tas pes soas, cada qual limi ta da, decerto modo, por sua cul tu ra gru pal e social. É uma difi cul da de a ser enfren -ta da e, sem dúvi da, pas sí vel de supe ra ção, no caso de se ter o cui da do deestar sem pre aten to à rea li da de das dife ren ças indi vi duais. Interagir compes soas que têm dife ren tes prin cí pios de vida, cos tu mes, habi li da des, conhe -ci men tos, pre con cei tos, limi ta ções de esco la ri da de e obje ti vos exige aten çãoe fle xi bi li da de para loca li zar e pro cu rar resol ver difi cul da des, blo queios,incom preen sões, obje ções etc.

Assim, não será inco mum o sur gi men to, no pro ces so de troca, demen sa gens duplas, para do xais, fal sas, con tra di tó rias ou incom preen sí veis.Como a edu ca ção é um pro ces so de comu ni ca ção midia ti za da, no caso daEAD, o texto, que é uma men sa gem, está auto ma ti ca men te sujei to às inci -dên cias das difi cul da des refe ri das, exi gin do, exa ta men te por isso, maiorcui da do na ela bo ra ção didá ti ca e nos demais pas sos do pro ces so, a fim deevi tar a inter fe rên cia nega ti va dos diver sos fato res em jogo.

Uma outra fren te da EAD é a apren di za gem cola bo ra ti va (CSCL —Computer Supported Collaborative Learning — e o CSCW — Computer SupportedCooperative Work). A aprendizagem colaborativa é uma das estra té gias quepro pi cia um ambien te edu ca cio nal cola bo ra ti vo usan do recur sos tec no ló -gi cos. Ela se des ta ca como uma das for mas rom pe do ras com a apren di za -gem tra di cio nal. A prin ci pal dife ren ça des sas abor da gens está no fato deque a apren di za gem cola bo ra ti va é cen tra da no aluno e no pro ces so decons tru ção do conhe ci men to, ao passo que a tra di cio nal é cen tra da no pro -fes sor e na trans mis são do con teú do dis ci pli nar.

Uma carac te rís ti ca bási ca da apren di za gem cola bo ra ti va é desen vol verum ambien te que incen ti ve o tra ba lho em grupo, res pei tan do as dife ren çasindi vi duais. Todos os inte gran tes pos suem um obje ti vo em comum e inte ra -gem entre si em um pro ces so em que o aluno é um sujei to ativo na cons tru -ção do conhe ci men to, enquan to o edu ca dor é um media dor, orien ta dor econ du tor do pro ces so edu ca ti vo.

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A apren di za gem cola bo ra ti va tem se des ta ca do nas ini cia ti vas de apren -di za gem media das por com pu ta dor à medi da que apre sen ta um dife ren cialem rela ção à pro pos ta peda gó gi ca e ao uso de ins tru men tos tec no ló gi cos.

A apren di za gem cola bo ra ti va é apre sen ta da como uma estra té gia edu -ca ti va que via bi li za o pro ces so de cons tru ção do conhe ci men to, com o apoiode com pu ta do res, entre pes soas que per ten cem a um deter mi na do grupo detra ba lho. São vários os ins tru men tos tec no ló gi cos que via bi li zam o pro ces -so de comu ni ca ção. Entre as tec no lo gias assín cro nas pode mos citar a trocade men sa gens tex tuais entre os par ti ci pan tes de um grupo de tra ba lho pormeio do cor reio ele trô ni co (e-mails), lis tas de dis cus são, qua dros de aviso,newsgroups etc. Já as tec no lo gias sín cro nas neces si tam de recur sos com ple -men ta res de soft wa re e hard wa re e são repre sen ta das pelos soft wa res cola -bo ra ti vos, em que há uma área de tra ba lho onde todos inte ra gem sobre omesmo obje to, bem como con fe rên cias (chats), que per mi tem a troca deinfor ma ções tex tuais, e video con fe rên cia e tele con fe rên cia, que per mi tem atroca de áudio e vídeo, entre outros recur sos.

Diante da diver si da de e pela pre sen ça de novas tec no lo gias do conhe -ci men to, é pre ci so aten ção para valo ri zar as dife ren ças, esti mu lar idéias, opi -niões e ati tu des, e desen vol ver a capa ci da de de apren der a apren der e deapren der a pen sar, assim como levar o aluno a obter o con tro le cons cien te doapren di do, reten do-o e saben do como apli cá-lo em outro con tex to. Dessamanei ra, a orien ta ção e a dire ti vi da de são fun da men tais para que o mate rialins tru cio nal rea li ze o obje ti vo que deve carac te ri zá-lo.

Dessa manei ra, o papel do edu ca dor do sécu lo XXI será cru cial, pois aele cabe rá a tare fa de alte rar a si pró prio, seu pró prio com por ta men to, umavez que vem de uma cul tu ra tota li za do ra em ter mos de apren di za do e elemesmo esta rá fazen do a ponte do tota li ta ris mo para o uni ver sa lis mo. Logo,seu papel não mais será o de ape nas infor mar ou for mar, mas tam bém, esobre tu do, o de incen ti var seus alu nos a obter uma apren di za gem mais par -ti ci pa ti va e evo lu ti va.

Porém, essa apren di za gem deve rá estar pau ta da em uma nova formade pen sar e fazer edu ca ção, par tin do-se de uma cons ciên cia crí ti ca cole ti vapara ações indi vi duais que pro du zam res pos tas cole ti vas no pro ces so depro du ção do saber. Evidentemente, essa pro du ção pode rá ser ori gi na da emações ou expe ri men tos empí ri cos, porém have rá de se con ser var o com pro -mis so de res pon sa bi li da de e de ética em tudo que se pre ten da criar, desen -vol ver ou ino var.

A edu ca ção a dis tân cia vem cres cen do rapi da men te em todo o mundo.Incentivados pelas pos si bi li da des decor ren tes das novas tec no lo gias dainfor ma ção e das comu ni ca ções e por sua inser ção em todos os pro ces sospro du ti vos, cada vez mais cida dãos e ins ti tui ções vêem nessa forma de edu -ca ção um meio de demo cra ti zar o aces so ao conhe ci men to, bem como deexpan dir opor tu ni da des de tra ba lho e apren di za gem ao longo da vida.

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Ocasionalmente deba te-se, em nível nacio nal e inter na cio nal, qual ater mi no lo gia mais apro pria da, uma vez que, com os inú me ros recur sos tec -no ló gi cos, eli mi nam-se as dis tân cias e fron tei ras e torna-se enor me a diver -si da de de arran jos e com bi na ções pos sí veis. Encaramos educação a dis tân ciacomo uma expres são idio má ti ca que sig ni fi ca, na ver da de, edu ca ção inde -pen den te de dis tân cias.

Assim, para efei to des ses refe ren ciais, con si de ra-se que a dife ren çabási ca entre edu ca ção pre sen cial e a dis tân cia está no fato de que, nesta, oaluno cons trói conhe ci men to — ou seja, apren de — e desen vol ve com pe -tên cias, habi li da des, ati tu des e hábi tos rela ti vos ao estu do, à pro fis sãoesco lhi da e à sua pró pria vida, no tempo e local que lhe são ade qua dos,não com a ajuda em tempo inte gral da aula de um pro fes sor, mas com amedia ção de pro fes so res (orien ta do res ou tuto res), atuan do ora a dis tân cia,ora em pre sen ça físi ca ou vir tual, e com o apoio de sis te mas de ges tão eope ra cio na li za ção espe cí fi cos, bem como de mate riais didá ti cos inten cio -nal men te orga ni za dos, apre sen ta dos em dife ren tes supor tes de infor ma -ção, uti li za dos iso la da men te ou com bi na dos, e vei cu la dos atra vés dosdiver sos meios de comu ni ca ção.

O desa fio de edu car e edu car-se a dis tân cia é gran de, por isso o obje ti -vo deste docu men to é apre sen tar refe ren ciais que orien tem alu nos(as), pro -fes so res, téc ni cos e ges to res na busca por maior qua li da de dessa forma deedu ca ção, ainda pouco explo ra da no Brasil.

A supe ra ção da racio na li da de tec no ló gi ca exige domí nio das lin gua -gens e tec no lo gias de que vamos dis por e aber tu ra para a mudan ça demode los “pre sen ciais”, no que diz res pei to a aspec tos cul tu rais, peda gó gi -cos, ope ra cio nais, jurí di cos, finan cei ros, de ges tão e de for ma ção dos pro fis -sio nais envol vi dos com a pre pa ra ção e imple men ta ção des ses cur sos.

As téc ni cas, tec no lo gias e méto dos de edu ca ção a dis tân cia têm sidoincor po ra dos pelas melho res uni ver si da des do mundo em seus cur sos pre -sen ciais. Essa forte ten dên cia sina li za, para um futu ro pró xi mo, o cres ci men -to da edu ca ção com bi na da, ou seja, da edu ca ção que har mo ni za pre sen ça edis tân cia, balan cean do-as de acor do com a natu re za do curso e as neces si da -des do alu na do. Em outras pala vras, em algum momen to futu ro, não maisusa re mos essa dis tin ção tão comum hoje em nosso voca bu lá rio: fala re mosem edu ca ção saben do que ela incor po ra ati vi da des de apren di za gem pre -sen ciais e ati vi da des de apren di za gem a dis tân cia.

Muitas vezes o lei tor acha rá que um refe ren cial já está suben ten di do emum item ante rior. De fato, todos eles estão intrin se ca men te liga dos, como ospon tos de uma rede de pesca. E se em uma rede é tão forte quan to seu elomais fraco, é neces sá rio que a ins ti tui ção de ensi no adote uma abor da gemglo bal na cons tru ção de seu pro je to, evi tan do que a falha em um ponto possacom pro me ter o bom desen vol vi men to do todo.

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Outras vezes, os refe ren ciais se asse me lham aos que são exi gi dos paraos cur sos pre sen ciais. Isso é fato e refle te uma visão de que, com mais oumenos pre sen ça em uma sala de aula, o que impor ta para o cida dão e paraa socie da de bra si lei ra é ter uma for ma ção pau ta da em inques tio ná vel padrão de qua li da de.

O prin cí pio-mes tre é o de que não se trata ape nas de tec no lo gia ou deinfor ma ção: o fun da men to é a edu ca ção da pes soa para a vida e o mundo dotra ba lho.

Destacamos dez itens bási cos que devem mere cer a aten ção das ins ti tui -ções que pre pa ram seus cur sos e pro gra mas a dis tân cia:

(1) com pro mis so dos ges to res;(2) dese nho do pro je to;(3) equi pe pro fis sio nal mul ti dis ci pli nar;(4) comu ni ca ção/inte ra ção entre os agen tes;(5) recur sos edu ca cio nais;(6) infra-estru tu ra de apoio;(7) ava lia ção con tí nua e abran gen te;(8) con vê nios e par ce rias;(9) trans pa rên cia nas infor ma ções;(10) sus ten ta bi li da de finan cei ra.

Além dos aspec tos apon ta dos aqui, a ins ti tui ção de ensi no pode ráacres cen tar outros mais espe cí fi cos e que aten dam a par ti cu la ri da des de suaorga ni za ção e às neces si da des socio cul tu rais de sua clien te la, cida de ou região.

Compromisso dos Ges to resA deci são de ofe re cer cur sos a dis tân cia exige mui tos inves ti men tos em pre -pa ra ção de pes soal (mui tas vezes incluin do con tra ta ção de pro fis sio nais comper fis e com pe tên cias diver sas ou com ple men ta res ao qua dro da ins ti tui -ção), infra-estru tu ra tec no ló gi ca, pro du ção de mate riais didá ti cos, sis te masde comu ni ca ção, moni to ra men to e ges tão, implan ta ção de pólos des cen tra -li za dos, logís ti ca de manu ten ção e de dis tri bui ção de pro du tos, entre outros.Conforme o caso, são neces sá rias alte ra ções no arca bou ço nor ma ti vo, pois alegis la ção (ver Anexo 2)* exis ten te nem sem pre con tem pla pro fis sio nais quese dedi cam ao tra ba lho a dis tân cia e alu nos que não fre qüen tam regu lar -men te os campi das ins ti tui ções.

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*N.E. O Anexo 2 — Legislação vigen te sobre edu ca ção a dis tân cia no Brasil — encon tra-se no site daEditora Thomson (www.thom son lear ning.com.br), na pági na do livro.

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Todos esses inves ti men tos envol vem recur sos finan cei ros e tempo. Nãose mon tam cur sos a dis tân cia de qua li da de em dois ou três meses. Portanto,a deci são e o com pro mis so dos ges to res das ins ti tui ções e dos sis te mas edu -ca cio nais é fun da men tal para o suces so de uma polí ti ca de cur sos a dis tân cia.

O Brasil é pró di go em exem plos de pro fes so res muito com pe ten tes nouso de tec no lo gias e edu ca ção a dis tân cia, mas que quase sem pre foram vis -tos como gru pos de excên tri cos ou visio ná rios, que se dedi ca ram às pes qui -sas nesse campo sem apoio ofi cial — quan do muito, alcan ça vam a pie do sacom pla cên cia dos ges to res. Algumas vezes, os gru pos que atua vam na áreadis pu ta vam entre si, em vez de, uni dos, bus ca rem a sen si bi li za ção dos diri -gen tes. O resul ta do disso foi que a edu ca ção a dis tân cia ficou sendo uma ilhaem nos sas uni ver si da des e ins ti tui ções.

Neste momen to his tó ri co, des pre zar ou mesmo mini mi zar a impor tân -cia das tec no lo gias na edu ca ção pre sen cial e a dis tân cia é errar de sécu lo.Todo ges tor — de ins ti tui ção e de sis te ma de ensi no — pre ci sa refle tir sobreo compromisso que sig ni fi ca edu car no sécu lo XXI. Décadas atrás, o gran demes tre Paulo Freire aler ta va para uma edu ca ção “iden ti fi ca da com as condi-ções de nossa rea li da de. Realmente ins tru men tal, por que inte gra da ao nossotempo e ao nosso espa ço, e levan do o homem a refle tir sobre sua onto ló gi cavoca ção de ser sujei to”.

Nosso tempo hoje é o das crian ças e jovens que nas ce ram, vivem e irãotra ba lhar numa socie da de em per ma nen te desen vol vi men to tec no ló gi co.Nosso espa ço é o de um mundo plu ga do a uma rede que afeta todos, mesmoos que não estão dire ta men te conec ta dos. A edu ca ção que ofe re ce mos deve livrar o homem da mas si fi ca ção e da mani pu la ção, e con tri buir para quecada um possa ser o autor de sua pró pria his tó ria de forma com pe ten te, res -pon sá vel, crí ti ca, cria ti va e soli dá ria.

Dessa forma, cabe ao ges tor:

• Infor mar-se sobre o poten cial das tec no lo gias na edu ca ção pre -sen cial e a dis tân cia.

• Ava liar com cla re za o que é novo e o que é per ma nen te em edu -ca ção (tec no lo gias de ponta não eli mi nam a neces si da de dodomí nio escri to e fala do da lín gua; do desen vol vi men to doracio cí nio lógi co; da aqui si ção dos con cei tos mate má ti cos, físi -cos e quí mi cos bási cos; dos conhe ci men tos, com pe tên cias, hábi -tos, ati tu des e habi li da des neces sá rios para tra ba lhar e usu fruirplena e soli da ria men te a vida).

• Sen si bi li zar sua equi pe para as mudan ças neces sá rias.• Iden ti fi car, em con jun to com os pro fis sio nais da ins ti tui ção de

ensi no, quais as áreas com maior pro ba bi li da de de suces so paraini ciar o pro ces so de inser ção das tec no lo gias nos cur sos da ins -ti tui ção e sua ofer ta a dis tân cia.

70 • As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância

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• Coor de nar a defi ni ção de um plano estra té gi co de tra ba lho e seucro no gra ma.

• Iden ti fi car pos sí veis par cei ros nas áreas públi ca e pri va da.• Bus car finan cia men to para apoiar todas as ações que sejam

neces sá rias, em espe cial: pre pa ra ção e con tra ta ção de pes soal,aqui si ção de infra-estru tu ra tec no ló gi ca, pro du ção de mate riaisdidá ti cos, desen vol vi men to de sis te mas de comu ni ca ção, moni -to ra men to e ges tão, implan ta ção de pólos des cen tra li za dos, pre -pa ra ção da logís ti ca de manu ten ção e dis tri bui ção de pro du tos.

Desenho do ProjetoUm curso ou pro gra ma a dis tân cia, inse ri do nos pro pó si tos da edu ca çãoesco lar1 do país, entre la ça seus obje ti vos, con teú dos, cur rí cu los, estu dos erefle xões. Portanto, deve ofe re cer ao aluno refe ren ciais teó ri co-prá ti cos quecola bo rem para a aqui si ção de com pe tên cias cog ni ti vas, habi li da des e ati tu -des que pro mo vam seu pleno desen vol vi men to como pes soa, bem como oexer cí cio da cida da nia e a qua li fi ca ção para o tra ba lho. Ou seja, pre ci sa estarinte gra do às polí ti cas, dire tri zes, parâ me tros e padrões de qua li da de defi ni -dos para cada nível edu ca cio nal e para o curso espe cí fi co.

Dessa manei ra, se a carga horá ria para um deter mi na do curso é de 3 milhoras, o dese nho do curso a dis tân cia deve equi va ler a essa carga horá ria.Cabe ao aluno, em fun ção de sua expe riên cia e conhe ci men tos pré vios,encur tar o tempo de estu dos. Sua chan ce de apren der não pode ser cor ta da,a prio ri, pela ins ti tui ção.

Quando se fala em fle xi bi li da de da edu ca ção a dis tân cia, não se querdizer eli mi nar obje ti vos, con teú dos, expe ri men ta ções e ava lia ções. Flexibi -lidade em edu ca ção a dis tân cia diz res pei to ao ritmo e às con di ções do alunopara apren der tudo o que se vai exi gir dele por ter com ple ta do aque le curso,dis ci pli na ou nível de ensi no. Obviamente, a ins ti tui ção tem de estar pre pa -ra da para esse con cei to de fle xi bi li da de, que vai exi gir dela gran de malea bi -li da de para res pon der a dife ren tes rit mos.

Programas, cur sos, dis ci pli nas ou mesmo con teú dos ofe re ci dos a dis -tân cia exi gem admi nis tra ção, dese nho, lógi ca, lin gua gem, acom pa nha men -to, ava lia ção, recur sos téc ni cos, tec no ló gi cos e peda gó gi cos que não sãomera trans po si ção do pre sen cial. Ou seja, a edu ca ção a dis tân cia tem suaiden ti da de pró pria.

Uma refe rên cia fun da men tal é a natu re za do curso alia da às carac te rís -ti cas da clien te la. De fato, o uso das novas tec no lo gias da infor ma ção e dascomu ni ca ções pode tor nar mais fácil e efi caz a supe ra ção das dis tân cias,

Desenvolvimento da Educação • 71

1 De acor do com o arti go da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, edu ca ção esco larabran ge a edu ca ção bási ca (infan til, fun da men tal e média) e a supe rior.

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mais inten sa e efe ti va a inte ra ção pro fes sor-aluno, mais edu ca ti vo o pro ces -so de ensi no-apren di za gem, e mais ver da dei ra e veloz a con quis ta de auto -no mia pelo aluno. Nem sem pre, porém, será pos sí vel sua uti li za ção, dadasas pos si bi li da des de aces so da clien te la (alu nos sem linhas tele fô ni cas, com -pu ta do res, entre outros...).2

Programas a dis tân cia podem, por tan to, apre sen tar dife ren tes dese nhose múl ti plas com bi na ções de lin gua gens e recur sos edu ca cio nais e tec no ló gi -cos, res pei tan do sem pre o fato de que não podem abrir mão da qua li da deem todo o pro ces so. O cer ti fi ca do ou diplo ma rece bi do por um curso feito adis tân cia deve ter o mesmo valor que um curso rea li za do de forma pre sen -cial. A edu ca ção a dis tân cia, por tan to, não é sinô ni mo de curso suple ti vo deensi no fun da men tal ou médio a dis tân cia.

Tendo em vista as con si de ra ções ante rio res, uma ins ti tui ção de ensi noque dese je ofer tar cur sos ou pro gra mas a dis tân cia e com qua li da de deve rá:

• Conhe cer a legis la ção sobre edu ca ção a dis tân cia e todos os ins -tru men tos legais que regem a edu ca ção esco lar bra si lei ra, emespe cial os das áreas esco lhi das.

• Aten der às orien ta ções do CNE (Conselho Nacional deEducação), dos Conselhos Estaduais de Educação, e aos padrõesde qua li da de tra ça dos para cada curso ou pro gra ma, res pei tan -do obje ti vos, dire tri zes cur ri cu la res nacio nais, cri té rios de ava -lia ção, per fil do pro fis sio nal, en tre outros, além de expli ci tar afle xi bi li za ção da carga horá ria e do perío do pre vis to para inte -gra li za ção do cur rí cu lo.

• Con si de rar tam bém suges tões das enti da des de clas se, con for -me a área do curso pro pos to.

• Somen te come çar a ofer ta do curso ou pro gra ma com o pare cerdo Conselho de Educação com pe ten te.

• Par ti ci par das ava lia ções nacio nais, como Provão, SAEB, ENEMe esta duais, quan do hou ver.

• Res pei tar as exi gên cias que esta be le ce o ingres so no ensi nosupe rior: clas si fi ca ção em pro ces so sele ti vo e con clu são do ensi -no médio ou equivalente.

• Esta be le cer as bases filo só fi cas e peda gó gi cas de seu curso oupro gra ma a dis tân cia.

• Ini ciar a ofer ta somen te quan do tiver tes ta do sua capa ci da de deaten der tanto às ati vi da des comuns quan to resol ver ques tões

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2 Material tele vi si vo, por exem plo, não repre sen ta um pro ble ma para a quase tota li da de dos alu -nos bra si lei ros, visto que, segun do o IBGE, 87,7% das casas bra si lei ras têm apa re lho de tele vi são.Esse por cen tual, entre tan to, não se esten de a apa re lhos de video cas se te e/ou DVD.

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con tin gen ciais, de forma a garan tir con ti nui da de e o padrão dequa li da de esta be le ci do para o curso.

• Dis tri buir res pon sa bi li da des de admi nis tra ção, gerên cia e ope -ra cio na li za ção do sis te ma a dis tân cia.

• Iden ti fi car carac te rís ti cas e situa ção dos alu nos poten ciais.• Pre pa rar seus recur sos huma nos para o dese nho de um pro je to

que encon tre o aluno onde ele esti ver, ofe re cen do-lhe todas aspos si bi li da des de acom pa nha men to, tuto ria e ava lia ção, per mi -tin do-lhe ela bo rar conhe ci men tos/sabe res, adqui rir hábi tos,habi li da des e ati tu des de acor do com suas pos si bi li da des.

• Ana li sar o poten cial de cada meio de comu ni ca ção e infor ma ção(impres sos, tele vi são, internet, tele con fe rên cia, com pu ta dor,rádio, CDs e DVDs, momen tos pre sen ciais, en tre outros), com -pa ti bi li zan do-os com a natu re za do curso a dis tân cia que dese jaofe re cer e as carac te rís ti cas de seus alu nos.

• Pré-tes tar mate riais didá ti cos e recur sos tec no ló gi cos a seremusa dos no pro gra ma, ofe re cen do manuais de orien ta ção aosalu nos.

• Pro vi den ciar supor te peda gó gi co, téc ni co e tec no ló gi co aos alu -nos, pro fes so res/tuto res e téc ni cos envol vi dos no pro je to,duran te todo o desen ro lar do curso, de forma a asse gu rar aqua li da de no pro ces so.

• Apre sen tar aos alu nos o cro no gra ma com ple to do curso, cum -prin do-o para garan tir a tran qüi li da de duran te o pro ces so.

• Pre ver espa ços para está gios super vi sio na dos deter mi na dos pelalegis la ção, ofe re cer estru tu ra ade qua da aos pro fes so res res pon -sá veis por esse exer cí cio, inclu si ve con si de ran do alu nos fora dasede, garan tin do momen tos pri vi le gia dos de arti cu la ção teo ria-prá ti ca.

• Pre pa rar plano de con tin gên cia para que não falte ao aluno osupor te neces sá rio.

• Com pro me ter-se for mal men te peran te os alu nos, em caso dedes con ti nui da de do pro gra ma moti va da pela pró pria ins ti tui -ção de ensi no, bem como asse gu rar-lhes as con di ções/cer ti fi ca -ções neces sá rias para que pos sam pedir apro vei ta men to deestu dos em outro esta be le ci men to ou pro gra ma.

Equipe Profissional MultidisciplinarImportantes mudan ças acon te cem quan do os pro fes so res deci dem tra ba -lhar com tec no lo gias na edu ca ção pre sen cial ou a dis tân cia. Em pri mei rolugar, pas sam a ser apren di zes de novo: apren di zes de dife ren tes tec no lo -

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gias, lin gua gens e modos de comu ni ca ção. Aprendem a geren ciar a sala deaula — pre sen cial ou vir tual — de uma outra forma. Aprendem, tam bém, aconhe cer a Lei de Direitos Autorais, devendo conhecer os direi tos dos auto -res nos quais dese jam se basear e seus pró prios direi tos, uma vez que pas -sam a ser pro du to res de impres sos, CD-ROMS e pági nas na internet.Aprendem, ainda, a con vi ver com alu nos que even tual men te conhe cemmais a tec no lo gia do que eles mes mos, esta be le cen do uma rela ção de apren -di za do recí pro co.

É impor tan te dei xar claro que edu ca ção se faz com e para pes soas. Portrás de um soft wa re inte li gen te, de um impres so ins ti gan te, de uma pági namul ti mí dia bem mon ta da e de um vídeo moti va dor, exis tem a com pe tên ciae a cria ti vi da de de edu ca do res e de outros pro fis sio nais com pro me ti dos coma qua li da de da edu ca ção.

A ins ti tui ção de ensi no que ofe re ce curso ou pro gra mas a dis tân cia,além dos pro fes so res espe cia lis tas nas dis ci pli nas ofer ta das e dos par cei rosno cole ti vo do tra ba lho polí ti co-peda gó gi co do curso, deve con tar, con for -me a sua pro pos ta, com as par ce rias de pro fis sio nais das dife ren tes tecnolo-gias da informação e comunicação exis ten tes, e ainda dis por de edu ca do rescapa zes de:

• Esta be le cer os fun da men tos teó ri cos do pro je to.• Sele cio nar e pre pa rar todo o con teú do cur ri cu lar, de arti cu la -

do a pro ce di men tos e ati vi da des peda gó gi cas, inclu si ve inter -dis ci pli na res.

• Iden ti fi car os obje ti vos refe ren tes a com pe tên cias cog ni ti vas,habi li da des e ati tu des.

• Defi nir biblio gra fia, video gra fia, ico no gra fia, audio gra fia etc.,tanto bási ca quan to com ple men ta r.

• Ela bo rar tex tos para pro gra mas a dis tân cia.• Apre ciar ava lia ti va men te o mate rial didá ti co antes e depois de

ser impres so, video gra va do, audio gra va do etc., indi can do cor -re ções e aper fei çoa men tos.

• Moti var, orien tar, acom pa nhar e ava liar os alu nos.• Auto-ava liar-se con ti nua men te como pro fis sio nal par ti ci pan te

do cole ti vo de um pro je to de curso ou pro gra ma a dis tân cia;• For ne cer infor ma ções aos ges to res e a outros mem bros da equi -

pe no sen ti do de apri mo rar con ti nua men te o pro ces so.• Apre sen tar cur rí cu lo e docu men tos neces sá rios que com pro vem

a qua li fi ca ção dos dire to res, coor de na do res, pro fes so res, tuto res,comu ni ca do res, pes qui sa do res e outros pro fis sio nais inte gran tesda equi pe mul ti dis ci pli nar res pon sá vel pela con cep ção, tec no lo -

74 • As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância

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gia, pro du ção, mar ke ting, supor te tec no ló gi co e ava lia ção decor -ren tes dos pro ces sos de ensi no e apren di za gem a dis tân cia.

• Con si de rar, na carga horá ria de tra ba lho dos pro fes so res, otempo neces sá rio para ati vi da des de pla ne ja men to e acom pa -nha men to das ati vi da des espe cí fi cas de um pro gra ma de edu -ca ção a dis tân cia.

• Indi car a polí ti ca da ins ti tui ção de ensi no para capa ci ta ção eatua li za ção per ma nen te dos pro fis sio nais con tra ta dos.

• Esta be le cer uma pro por ção pro fes sor-alu nos que garan ta boaspos si bi li da des de comu ni ca ção e acom pa nha men to.

Comunicação/Inte ra ção entre os Agen tesO aluno é sem pre o foco de um pro gra ma edu ca cio nal, e um dos pila res paragaran tir a qua li da de de um curso a dis tân cia é a comu ni ca ção entre pro fes -so res e alu nos, hoje enor me men te faci li ta da pelo avan ço das TIC (Tecnologiada Informação e Comunicação).

A rela ção via cor reio, típi ca dos anti gos cur sos por cor res pon dên cia,não mais refle te o está gio atual de desen vol vi men to tec no ló gi co no campoda comu ni ca ção. Assim, para aten der às exi gên cias de qua li da de do pro ces -so peda gó gi co atual — salvo em algum caso muito espe cí fi co, de aluno queresi da em local iso la do e sob con di ções muito pecu lia res nas quais sem preserá admi ti da essa forma de comu ni ca ção —, tam bém devem ser ofe re ci dasas atuais con di ções de tele co mu ni ca ção (tele fo ne, fax, cor reio ele trô ni co,tele con fe rên cia, fórum de deba te em rede, entre outros.).

Além da inte ra ção pro fes sor-aluno, a rela ção entre cole gas de curso,mesmo a dis tân cia, é uma prá ti ca muito valio sa, capaz de con tri buir paraevi tar o iso la men to e man ter um pro ces so ins ti gan te e moti va dor de apren -di za gem, faci li ta dor de inter dis ci pli na ri da de e de ado ção de ati tu des de res -pei to e de soli da rie da de em rela ção ao outro.

Sempre que neces sá rio, os cur sos a dis tân cia devem pre ver momen tospre sen ciais, e sua fre qüên cia deve ser deter mi na da pela natu re za da área docurso ofe re ci do. O encon tro pre sen cial no iní cio do pro ces so tem se mos tra doimpor tan te para que os alu nos conhe çam pro fes so res, téc ni cos de apoio eseus pró prios cole gas, faci li tan do, assim, futu ros con ta tos a dis tân cia.

Para asse gu rar a comu ni ca ção/inte ra ti vi da de pro fes sor-aluno, a ins ti -tui ção de ensi no deve rá:

• Apre sen tar como se dará a inte ra ção entre alu nos e pro fes so -res ao longo do curso a dis tân cia, e a forma de apoio logís ti coa ambos.

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• Quan ti fi car o núme ro de pro fes so res/hora dis po ní veis para osaten di men tos reque ri dos pelos alu nos.

• Infor mar a pre vi são dos momen tos pre sen ciais pla ne ja dos parao curso e qual a estra té gia a ser usada.

• Infor mar aos alu nos, desde o iní cio do curso, nomes, horá rios,for mas e núme ros de tele fo ne para con ta to com pro fes so res epes soal de apoio.

• Infor mar locais e datas de pro vas e datas-limi te para as dife ren tesati vi da des (matrí cu la, recu pe ra ção e outras).

• Garan tir que os estu dan tes tenham sua evo lu ção e difi cul da desregu lar men te moni to ra das, e que rece bam res pos tas rápi das àssuas per gun tas, bem como incen ti vos e orien ta ção quan to aopro gres so nos estu dos.

• Asse gu rar fle xi bi li da de no aten di men to ao aluno, ofe re cen dohorá rios amplia dos e/ou plan tões de aten di men to.

• Dis por de cen tros ou núcleos de aten di men to ao aluno — pró -prios ou con ve nia dos —, inclu si ve para encon tros pre sen ciais.

• Valer-se de moda li da des comu ni ca cio nais sin crô ni cas, comotele con fe rên cias, chats na inter net, fax, tele fo nes e rádio para pro -mo ver a inte ra ção em tempo real entre docen tes e alu nos.

• Faci li tar a inte ra ção entre alu nos, suge rin do pro ce di men tos eati vi da des, abrin do sites e espa ços que incen ti vem a comu ni ca -ção entre cole gas de curso.

• Acom pa nhar os pro fis sio nais que atuam fora da sede, asse gu -ran do a estes e aos alu nos o mesmo padrão de qua li da de da matriz.

• Orien tar todos os pro fis sio nais envol vi dos no pro gra ma e orga -ni zar os mate riais edu ca cio nais de modo a aten der sem pre oaluno, mas tam bém pro mo ver auto no mia para apren der e paracon tro lar o pró prio desen vol vi men to.

• Abrir espa ço para uma repre sen ta ção de estu dan tes queestu dam a dis tân cia, de modo a rece ber feedback e aper fei çoaros pro ces sos.

Recursos EducacionaisA expe riên cia em cur sos pre sen ciais não é sufi cien te para asse gu rar a qua li -da de de mate riais edu ca cio nais que serão vei cu la dos por dife ren tes meiosde comu ni ca ção e infor ma ção. Cada recur so uti li za do — mate rial impres so, vídeos, pro gra mas tele vi si vos, radio fô ni cos, video con fe rên cias, pági nas daWeb e outros — tem sua pró pria lógi ca de con cep ção, de pro du ção, de lin -

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gua gem e de uso do tempo. Seu uso com bi na do deve ser har mô ni co e tra du -zir a con cep ção de edu ca ção da ins ti tui ção de ensi no, pos si bi li tan do o alcan -ce dos obje ti vos pro pos tos.

Não há um mode lo único para o Brasil. Com sua plu ra li da de cul tu ral ediver si da de socioe co nô mi ca, o país pode con vi ver com dife ren tes pro je tos,desde os mais avan ça dos em ter mos tec no ló gi cos até os mais tra di cio nais,como os impres sos. O impor tan te na hora de defi nir a mídia é pen sar naque -la que chega ao aluno onde quer que ele este ja.

Com o avan ço e a dis se mi na ção das TIC e o pro gres si vo bara tea men todos equi pa men tos, as ins ti tui ções podem ela bo rar seus cur sos a dis tân ciacom base não só em mate rial impres so, mas tam bém, na medi da do pos sí -vel, em mate rial sono ro, visual e audio vi sual, incluin do recur sos ele trô ni cose tele má ti cos.

Assim, na cons tru ção de um curso ou pro gra ma a dis tân cia é neces sá rio:

• Defi nir as mídias que serão uti li za das na cons tru ção da pro pos -ta peda gó gi ca.

• Con si de rar que a con ver gên cia dos equi pa men tos e a inte gra çãoentre mate riais impres sos, radio fô ni cos, tele vi si vos, de infor má -ti ca, de tele con fe rên cias, en tre outros, acres ci da da media çãodos pro fes so res — em momen tos pre sen ciais ou vir tuais —,criam ambien tes de apren di za gem ricos e fle xí veis.

• Con si de rar que a edu ca ção a dis tân cia pode levar a uma cen tra -li za ção na dis se mi na ção do conhe ci men to e, por tan to, na ela bo -ra ção do mate rial edu ca cio nal, bem como abrir espa ço para queo estu dan te refli ta sobre sua pró pria rea li da de, pos si bi li tan docon tri bui ções de qua li da de edu ca cio nal, cul tu ral e prá ti ca aoaluno.

• Asso ciar os mate riais edu ca cio nais entre si e a módu los/uni -da des de estu dos/ séries, indi can do como o con jun to des sesmate riais se inter-rela cio na, de modo a pro mo ver a inter dis ci -pli na ri da de e a evi tar uma pro pos ta frag men ta da e des con tex -tua li za da do pro gra ma.

• Incluir no mate rial edu ca cio nal um guia — impres so e/ou dis -po ní vel na rede — que:– Orien te o aluno quan to às carac te rís ti cas da edu ca ção a dis tân -

cia e quan to a direi tos, deve res e ati tu des de estu do a seremado ta das.

– Infor me sobre o curso esco lhi do e a carac te ri za ção dos equi pa -men tos neces sá rios ao desen vol vi men to do curso nos casos daspro pos tas on-line.

Desenvolvimento da Educação • 77

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– Escla re ça como se dará a comu ni ca ção com pro fes so res, cole gas,pes soal de apoio tec no ló gi co e admi nis tra ti vo.

– Apre sen te cro no gra ma, perío dos/ locais de pre sen ça obri ga tó -ria, sis te ma de acom pa nha men to e ava lia ção, bem como todasas orien ta ções que lhe darão segu ran ça duran te o pro ces soedu ca cio nal.

• Infor mar, de manei ra clara e pre ci sa, que meios de comu ni ca çãoe infor ma ção serão colo ca dos à dis po si ção do aluno ( livros-texto, cader nos de ati vi da des, lei tu ras com ple men ta res, rotei ros,obras de refe rên cia, Websites, vídeos, ou seja, um con jun to —impres so e/ou dis po ní vel na rede — que se arti cu la com outrosmeios de comu ni ca ção e infor ma ção para garan tir fle xi bi li da dee diver si da de).

• Deta lhar nos mate riais edu ca cio nais que com pe tên cias cog ni ti -vas, habi li da des e ati tu des o aluno deve rá alcan çar ao fim decada uni da de, módu lo, dis ci pli na, ofe re cen do-lhe opor tu ni da -des sis te má ti cas de auto-ava lia ção.

• Uti li zar pla ta for mas de apren di za gem — no caso de cur sos pormeio de redes (intra net ou inter net) — que favo re çam tra ba lhoscola bo ra ti vos, unin do alu nos fisi ca men te dis tan tes.

• Desen vol ver labo ra tó rios vir tuais de físi ca, quí mi ca, mate má ti ca,bio lo gia, lín guas e outros ambien tes vir tuais que favo re çam aapren di za gem das diver sas dis ci pli nas do cur rí cu lo e faci li tema expe ri men ta ção nos momen tos pre sen ciais em labo ra tó rios reais.

• Defi nir cri té rios de ava lia ção de qua li da de dos mate riais.• Esti mar o tempo de entre ga do mate rial edu ca cio nal e con si de -

rar esse prazo para evi tar que o aluno se atra se ou fique impe -di do de estu dar, com pro me ten do sua apren di za gem.

• Dis por de esque mas alter na ti vos mais velo zes para casoseven tuais.

• Res pei tar, na pre pa ra ção do mate rial, aspec tos rela ti vos à ques -tão de direi tos auto rais, ética, esté ti ca, e da rela ção forma-con -teú do.

Infra-estru tu ra de ApoioAlém de mobi li zar recur sos huma nos e edu ca cio nais, um curso a dis tân ciaexige a mon ta gem de infra-estru tu ra com mate rial pro por cio nal ao núme rode alu nos, aos recur sos tec no ló gi cos envol vi dos e à exten são de ter ri tó rio aser alcan ça da, o que repre sen ta um sig ni fi ca ti vo inves ti men to para a ins ti tui -ção de ensi no.

78 • As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância

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A infra-estru tu ra mate rial refe re-se aos equi pa men tos de tele vi são,video cas se tes, audio cas se tes, foto gra fias, impres so ras, linhas tele fô ni cas,inclu si ve as des ti na das à inter net e a ser vi ços 0800, bem como fax, equi pa -men tos para pro du ção audio vi sual e para video con fe rên cia, com pu ta do resliga dos em rede e/ou stand-alone e outros, depen den do da pro pos ta do curso.

Fique-se aten to para o fato de que um curso a dis tân cia não exime a ins -ti tui ção de ensi no de dis por de cen tros de docu men ta ção e infor ma ção (quearti cu lam biblio te cas, video te cas, audio te cas, heme ro te cas, info te cas etc.),inclu si ve vir tuais, para pro ver supor te a alu nos e pro fes so res.

Compõem ainda a infra-estru tu ra mate rial de um curso a dis tân cia os núcleos para aten di men to ao aluno, inclu si ve em cida des e pólos que este -jam dis tan tes da sede da ins ti tui ção.

Esses núcleos ou pólos devem ser ade qua da men te equi pa dos para queos alu nos dis tan tes da sede tenham a mesma qua li da de de aten di men to que osque resi dem perto e podem bene fi ciar-se even tual men te da infra-estru tu rafísi ca da ins ti tui ção.

Na cons tru ção de um pro gra ma ou curso a dis tân cia, a ins ti tui ção deensi no deve rá:

• Indi car e quan ti fi car os equi pa men tos neces sá rios para ins tru -men ta li zar o pro ces so peda gó gi co e a rela ção pro por cio nalaluno/meios de comu ni ca ção.

• Dis por de acer vo atua li za do, amplo e repre sen ta ti vo de livros eperió di cos, ima gens, áudio, vídeos, inter net, todos à dis po si çãode alu nos e pro fes so res.

• Defi nir polí ti ca de repo si ção, manu ten ção, moder ni za ção esegu ran ça dos equi pa men tos da sede e dos pólos ou núcleosdes cen tra li za dos.

• Ado tar pro ce di men tos que garan tam o aten di men to a cadaaluno, inde pen den te men te do local onde ele este ja (por exem -plo: con fec cio nar emba la gens espe ciais para entre ga e devo lu -ção segu ra dos livros, perió di cos e mate riais didá ti cos).

• Defi nir onde serão fei tas as ati vi da des prá ti cas em labo ra tó rios eos está gios super vi sio na dos, inclu si ve para alu nos fora da loca li -da de, sem pre que a natu re za e o cur rí cu lo do curso exi girem.

• Ofe re cer, sem pre que pos sí vel, labo ra tó rios, biblio te cas e museus vir tuais, bem como os mui tos recur sos que a infor má ti -ca torna dis po ní vel.

• Orga ni zar e man ter ser vi ços bási cos, tais como: – Cadas tro de alu nos e de pro fes so res.– Ser vi ços de con tro le de dis tri bui ção de mate rial e de ava lia ções.

Desenvolvimento da Educação • 79

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– Ser vi ço de regis tros de resul ta dos de todas as ava lia ções e ati vi -da des rea li za das pelo aluno, pre ven do, inclu si ve, recu pe ra ção epos si bi li da de de cer ti fi ca ções par ciais.

– Ser vi ço de manu ten ção dos recur sos tec no ló gi cos envol vi dos.• Desig nar pes soal de apoio para momen tos pre sen ciais e de pro vas.• Sele cio nar e capa ci tar pes soal dos pólos ou núcleos para aten di -

men to ao aluno, inclu si ve para os que ficam fora da sede.

Avaliação Contínua e AbrangenteCursos e pro gra mas a dis tân cia, pelo seu cará ter dife ren cia do e pelos desa -fios que enfren tam, devem ser acom pa nha dos e ava lia dos em todos os seusaspec tos, de forma sis te má ti ca, con tí nua e abran gen te.

Duas dimen sões devem ser con tem pla das na pro pos ta de ava lia ção: aque diz res pei to ao aluno e a que se refe re ao curso como um todo, incluin -do os pro fis sio nais que nele atuam.

Na edu ca ção a dis tân cia, o mode lo de ava lia ção da apren di za gem doaluno deve con si de rar seu ritmo e ajudá-lo a desen vol ver graus ascen den tesde com pe tên cias cog ni ti vas, habi li da des e ati tu des, pos si bi li tan do-lhe alcan -çar os obje ti vos pro pos tos.

Mais que uma for ma li da de legal, a ava lia ção deve per mi tir ao aluno sen -tir-se segu ro quan to aos resul ta dos que vai alcan çan do no pro ces so de ensi no-apren di za gem. A ava lia ção do aluno feita pelo pro fes sor deve somar-se àauto-ava lia ção, que auxi lia o estu dan te a tor nar-se mais autô no mo, res pon sá -vel, crí ti co e capaz de desen vol ver sua inde pen dên cia inte lec tual.

A ava lia ção res pon sá vel é fun da men tal para que o diplo ma con fe ri doseja legi ti ma do pela socie da de.

Reconhecendo na ava lia ção um dos aspec tos fun da men tais para a qua -li da de de um pro ces so de ensi no e apren di za gem, a ins ti tui ção de ensi nodeve:

• Esta be le cer o pro ces so de sele ção dos alu nos.• Infor mar, quan do hou ver, a exis tên cia de um módu lo intro du tó -

rio — obri ga tó rio ou facul ta ti vo — que leve ao domí nio deconhe ci men tos e habi li da des bási cos, refe ren tes à tec no lo gia uti -li za da e/ou ao con teú do pro gra má ti co do curso, asse gu ran do atodos um ponto de par ti da comum.

• Defi nir como será feita a ava lia ção da apren di za gem do aluno,tanto ao longo do pro ces so como as finais — estas pre sen ciais,con for me exige a legis la ção em vigor.

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• Defi nir como será feita a recu pe ra ção de estu dos e as ava lia çõesdecor ren tes dessa recu pe ra ção.

• Con si de rar a pos si bi li da de de ace le ra ção de estu dos (art. 47, § 2o

da Lei n. 9.394/96) e a forma de ava lia ção, caso haja impli ca çõesno perío do de inte gra li za ção e no cro no gra ma esta be le ci dos, aprio ri, pela ins ti tui ção.

• Con si de rar como será feita a ava lia ção de alu nos que têmritmo de apren di za gem dife ren cia do e a pos si bi li da de de ava -liar as com pe tên cias e conhe ci men tos adqui ri dos em outrasopor tu ni da des.

• Tor nar públi cas todas as infor ma ções refe ren tes às ava lia çõesdesde o iní cio do pro ces so, para que o aluno não seja sur -preen di do.

• Tomar todas as pre cau ções para garan tir sigi lo e segu ran ça nasava lia ções finais, zelan do pela con fia bi li da de dos resul ta dos.

• Dese nhar um pro ces so con tí nuo de ava lia ção quan to: – À apren di za gem dos alu nos.– Às prá ti cas edu ca cio nais dos pro fes so res ou tuto res.– Ao mate rial didá ti co (seu aspec to cien tí fi co, cul tu ral, ético e esté -

ti co, didá ti co-peda gó gi co, moti va cio nal, de ade qua ção aos alu -nos e às TIC e infor ma ções uti li za das, capa ci da de de comu ni ca -ção, en tre outros) e às ações dos cen tros de docu men ta ção einfor ma ção (midia te cas).

– Ao cur rí cu lo (sua estru tu ra, orga ni za ção, enca dea men to lógi co,rele vân cia, con tex tua li za ção, perío do de inte gra li za ção, en tre outros).

– Ao sis te ma de orien ta ção docen te ou tuto ria (capa ci da de decomu ni ca ção atra vés de meios efi cien tes; de aten di men to aosalu nos em aulas a dis tân cia e pre sen ciais; orien ta ção aos estu -dan tes; ava lia ção do desem pe nho dos alu nos; ava lia ção dedesem pe nho como pro fes sor; papel dos núcleos de aten di men to;desen vol vi men to de pes qui sas e acom pa nha men to do está gio,quan do hou ver).

– À infra-estru tu ra mate rial que dá supor te tec no ló gi co, cien tí fi coe ins tru men tal ao curso.

– Ao pro je to de edu ca ção a dis tân cia ado ta do (uma soma dos itensante rio res com bi na da com aná li se do fluxo dos alu nos, tempo deinte gra li za ção do curso, inte ra ção, eva são, ati tu des e outros).

– À rea li za ção de con vê nios e par ce rias com outras ins ti tui ções.

Desenvolvimento da Educação • 81

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– À meta-ava lia ção (um exame crí ti co do pro ces so de ava lia çãouti li za do: seja do desem pe nho dos alu nos, seja do desen vol vi -men to do curso como um todo).

• Con si de rar as van ta gens de uma ava lia ção exter na.• Ava liar a par ti ci pa ção dos alu nos em ava lia ções nacio nais como

Enem, Provão e Sinaes.

Convênios e ParceriasImplantar um curso a dis tân cia exige alto inves ti men to em pro fis sio nais,conhe ci men to, mate rial didá ti co, infra-estru tu ra tec no ló gi ca e ser vi ços deapoio e manu ten ção, inclu si ve nos pólos ou núcleos de aten di men to.

Assim, na fase ini cial e mesmo na seqüên cia, pode ser acon se lhá vel acele bra ção de con vê nios, par ce rias e acor dos téc ni cos com e entre uni ver si -da des, ins ti tui ções de ensi no supe rior, secre ta rias de edu ca ção, empre saspri va das e outros, de forma a garan tir ele va do padrão de qua li da de ao cursoe legi ti mi da de ao cer ti fi ca do ou diplo ma ofe re ci do.

Na implan ta ção de um curso ou pro gra ma a dis tân cia, a ins ti tui ção deensi no:

• Pode rá cele brar con vê nios, par ce rias e acor dos, iden ti fi can doqual o papel de cada con ve nia do ou par cei ro no pro je to.

• Deve rá orien tar ins ti tui ções estran gei ras com as quais even -tual men te esta be le ça par ce ria quan to ao pro ces so de cre den -cia men to e auto ri za ção de curso e demais aspec tos da legis la -ção bra si lei ra, visto que esta é a que pre va le ce nas rela ções con -tra tuais entre ins ti tui ção e aluno — e é a ins ti tui ção nacio nalque res pon de peran te as auto ri da des cons ti tuí das, deven doficar explí ci to que a res pon sa bi li da de e dire ção do pro ces socabe a esta.

• Deve rá infor mar a ins ti tui ção res pon sá vel pela cer ti fi ca ção docurso.

• Deve rá com pro var, em caso de acor do inter na cio nal, que a tec -no lo gia uti li za da seja pas sí vel de absor ção pela ins ti tui çãonacio nal, bus can do-se a inde pen dên cia tec no ló gi ca.

Transparência nas InformaçõesPara mui tos alu nos, pare ce fácil estu dar a dis tân cia. Na ver da de não é.Estudar a dis tân cia exige per se ve ran ça, auto no mia, capa ci da de de orga ni -zar o pró prio tempo, domí nio de lei tu ra, inter pre ta ção e, even tual men te, detec no lo gia.

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Taxas de eva são ele va das mui tas vezes decor rem da falta de infor ma -ção pré via e são pre ju di ciais tanto para os alu nos como para as ins ti tui çõesque ofe re cem os cur sos.

Toda a publi ci da de e o edi tal de um curso a dis tân cia têm uma fun çãoimpor tan te de escla re ci men to à popu la ção inte res sa da, devendo:

• Infor mar os docu men tos legais que auto ri zam o fun cio na men todo curso.

• Esta be le cer direi tos que con fe re e deve res que serão exi gi dos: – Pré-requi si tos para ingres so.– Núme ro ideal de horas que o aluno deve dedi car por dia/sema -

na aos estu dos.– Tempo limi te para com ple tar o curso.– Neces si da de de des lo ca men tos para pro vas, está gios ou labo ra -

tó rios e locais onde serão rea li za dos.– Preço e con di ções de paga men to.– Quais os cus tos cober tos pela men sa li da de e com que outros cus -

tos os alu nos deve rão arcar duran te o pro gra ma (tais como des -lo ca men tos para par ti ci pa ção em momen tos pre sen ciais, pro vas,está gios etc.).

– Mate riais e meios de comu ni ca ção e infor ma ção e outros recur -sos que esta rão dis po ní veis aos alu nos.

– No caso de cur sos on-line, indi car as carac te rís ti cas míni mas queo equi pa men to do aluno deve ter;

– Modos de inte ra ção e de comu ni ca ção ofe re ci dos para con ta tocom o pro fes sor orien ta dor ou tutor.

– Con di ções para inter rom per tem po ra ria men te os estu dos.– Infor ma ções sobre como pode rá ser abre via da a dura ção do

curso para alu nos que tenham demons tra do extraor di ná rioapro vei ta men to nos estu dos, con for me prevê o art. 47, § 2o da Lein. 9.394/96.

Sustentabilidade FinanceiraO inves ti men to em edu ca ção a dis tân cia — em pro fis sio nais, mate riais edu -ca cio nais, equi pa men tos, tempo, conhe ci men to — é alto e deve ser cui da do -sa men te pla ne ja do e pro je ta do de modo que um curso não tenha de serinter rom pi do antes de ser fina li za do, pre ju di can do a ins ti tui ção de ensi no e,prin ci pal men te, os estu dan tes.

Para que um curso ou pro gra ma a dis tân cia possa ser ofer ta do com ele -va do grau de segu ran ça, a ins ti tui ção de ensi no deve rá:

Desenvolvimento da Educação • 83

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• Desen vol ver uma pro je ção rea lis ta de cus tos e recei tas, levan doem con si de ra ção o tempo de dura ção do pro gra ma, todos ospro ces sos neces sá rios à imple men ta ção do curso e uma esti ma -ti va de eva são.

• Con si de rar os pro ces sos de recu pe ra ção e ace le ra ção de estu dos,bem como as ava lia ções extraor di ná rias — se hou ver — e seuimpac to na pre vi são de recei tas.

• Con si de rar a neces si da de de revi são e ree di ção de mate riaisdidá ti cos e de repo si ção, manu ten ção e atua li za ção de tec no lo -gia e outros recur sos edu ca cio nais.

• Pre ver os gas tos e inves ti men tos na sede e nos pólos ou núcleosfora da loca li da de.

• Divul gar a polí ti ca e os pro ce di men tos a serem ado ta dos pelains ti tui ção em caso de eva são ele va da, de modo a garan tir a con -ti nui da de e qua li da de do curso para os alu nos que per ma ne cemno pro ces so.

3.6 Um Mode lo em Busca da Educaçãoa Dis tân cia Ideal

Um mode lo pró xi mo do ideal em EAD neces si ta aten der não só aos alu nosde gra dua ção e pós-gra dua ção, mas tam bém às uni ver si da des cor po ra ti vasque desen vol vem pro je tos de e-lear ning, video con fe rên cia, TV via saté li te,solu ções blended e meto do lo gias desen vol vi das con for me as neces si da des declien tes e par cei ros.

Como a fun ção bási ca de um bom mode lo em EAD é lidar com a gera -ção do conhe ci men to, sua preo cu pa ção per ma nen te é a forma como esseconhe ci men to é apreen di do e incor po ra do pelos alu nos.

Considerando essa preo cu pa ção, a con cep ção de ensi no a dis tân cia quesus ten ta um bom mode lo de EAD pauta-se no pro ces so de recons tru ção doconhe ci men to, pois este é pro du to de prá ti cas cole ti vas, envol ven do sériesde ações trans for ma do ras que resul tam em novos conhe ci men tos. Dessaforma, pre su mi mos que o conhe ci men to é cole ti vo, e que o saber tam bém o é.Ao acei tar mos que o conhe ci men to se trans for ma até resul tar no pro du toque cir cu la em um ambien te de apren di za gem, é coe ren te para com o saber quecon ce ba mos os cur sos a dis tân cia não ape nas como um espa ço de vei cu la çãodo saber, mas tam bém como um espa ço pro pí cio à pro du ção cole ti va.

Portanto, por não se apre sen tar como algo pron to e aca ba do, o sabernão pode ser visto como uma “mer ca do ria” a ser con su mi da pelos alu nos,exi gin do, em sua cons tru ção, a ativa par ti ci pa ção de todos: alu nos, pro fes so -res e ins ti tui ção gera do ra. Sob esse pris ma, o saber esta rá sem pre sujei to às

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ambi güi da des e con tra di ções ine ren tes ao estra nha men to que, por meio deprá ti ca peda gó gi ca, ins tau ra-se quan do con tra po mos o conhe ci men to cien tí -fi co aos conhe ci men tos empí ri cos, extraí dos da expe riên cia coti dia na dosalu nos na par ti ci pa ção dos cur sos.

Destacamos a seguir alguns pon tos que acre di ta mos ser impor tan tespara um mode lo ideal em edu ca ção a dis tân cia: esten der-se a todos osmem bros de uma comu ni da de, de todas as situa ções e de todas as ida des,crian do efe ti va men te con di ções para a prá ti ca da cida da nia; sus ten tar narea li da de a par tir do conhe ci men to e da com preen são do meio em que vive -mos e atua mos, poden do agir de forma cons cien te; des car tar a uni for mi da -de a favor da diver si fi ca ção, iden ti fi can do apti dões e voca ções, de modo amaxi mi zar as poten cia li da des de cada indi ví duo; auxi liar a cria ção de umavisão cien tí fi ca, de forma que o aluno possa assu mir uma pos tu ra inves ti ga -ti va dian te da rea li da de; pos si bi li tar a plena for ma ção, aten den do não só àcapa ci ta ção cog ni ti va do indi ví duo, mas tam bém a seus inte res ses e neces -si da des cul tu rais; dar supor te à for ma ção pro fis sio nal, aten den do às legí -ti mas aspi ra ções em rela ção ao exer cí cio de uma pro fis são digna; pro pi ciaro desen vol vi men to do indi ví duo como ser social, ade quan do-se à rea li da -de; aten der à neces si da de de uma edu ca ção con ti nua da, favo re cen do ainte gra ção do indi ví duo em uma socie da de em cons tan te trans for ma ção;desen vol ver o espí ri to crí ti co, con tri buin do efe ti va men te para que o indi -ví duo possa exer cer sua indi vi dua li da de, auto no mia e liber da de; auxi liaro aluno a com preen der as bases eco nô mi cas e sociais da comu ni da de emque vive, a fim de que possa con tri buir para o empre go efi cien te de seusrecur sos; dis po ni bi li zar ati vi da des que pos si bi li tem desen vol ver o espí ri tode grupo, de forma que o aluno possa atuar coo pe ra ti va men te em fun ção deobje ti vos comuns; con tri buir para a cons tru ção de homens cien tes e cons -cien tes de sua exis tên cia.

Para que tenha mos qua li da de e res pon sa bi li da de nas ques tões rela cio -na das ao ensi no e à edu ca ção a dis tân cia, é neces sá rio seguir alguns papéis.

Ao con teu dis ta cabe:

• Rea li zar pes qui sas vol ta das para o pro ces so edu ca cio nal adis tân cia.

• Pre pa rar e ser res pon sá vel pelo con teú do (de qua li da de) da dis -ci pli na.

• Minis trar con teú dos para os pro fes so res cola bo ra do res.• Par ti ci par, quan do pos sí vel, das ati vi da des assín cro nas e sín cro -

nas em um ambien te pro fes sor-aluno, pro fes sor-pro fes sor ealuno-aluno.

• Tirar dúvi das em rela ção ao con teú do/módu lo (dis ci pli na).

Desenvolvimento da Educação • 85

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• Acom pa nhar as aulas via inter net e todas as ati vi da des pre vis -tas no ambien te de edu ca ção a dis tân cia.

• Moni to rar o tra ba lho dos pro fes so res cola bo ra do res e tuto res.

Ao tutor de curso compete:

• Apoiar a ela bo ra ção de con teú do.• Minis trar e moni to rar as aulas no ambien te de apren di za gem.• Uti li zar a meto do lo gia de ensi no no curso, tendo como base:

– Deba tes media dos no fórum do ambien te de EAD.– Deba tes media dos no fórum do ambien te de EAD inter ca la dos

com o uso de mate rial didá ti co.• Ela bo rar e par ti ci par dos estu dos de casos, emi tin do aná li ses

cons tru ti vas.• Suge rir pes qui sas nos fóruns de apren di za gem.• Veri fi car com o aluno, em aula, o caso-pro ble ma e o caso-aná li -

se — com pa ra ção com o caso real.• Moti var os alu nos peran te os semi ná rios vir tuais (apre sen ta ção

em PowerPoint e chats com temas espe ciais) e fazer com que uti -li zem as fer ra men tas de estu do.

• Dis cu tir com os alu nos temas nos chats e fóruns — ati vi da dessín cro nas e assín cro nas.

• Apro fun dar o con teú do teó ri co das dis ci pli nas.

O coor de na dor de curso deve:

• Pre pa rar com o corpo docen te o pro je to peda gó gi co do curso,incluin do con cep ção, obje ti vos, infra-estru tu ra, emen tá rio ebiblio gra fia.

• Pro mo ver reu niões sis te má ti cas com os docen tes para con so li -dar as ações do curso.

• Atua li zar e revi sar con teú dos/refe rên cias biblio grá fi cas com abiblio te ca, de acor do com o plano de ensi no.

• Resol ver ser vi ços aca dê mi co-admi nis tra ti vos do curso.• Acom pa nhar e apoiar con teu dis tas e tuto res.• Implan tar os cri té rios de ava lia ção no ambien te de apren di za gem.• Aten der os alu nos.• Orien tar e acom pa nhar o con tex to dos cur sos.

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A ins ti tui ção de ensi no deve:

• Dar supor te ade qua do aos docen tes.• Fomen tar a qua li da de dos cur sos (ava lia ção de fato e con tí nua).• Fomen tar a gera ção de empre gos, apro xi man do os alu nos do

mer ca do de tra ba lho.• Fomen tar dis cus sões quan to ao pro ces so de ensi no e apren di -

za gem.• Inves tir em tec no lo gias de infor ma ção e comu ni ca ção de ponta.• Pro mo ver o desen vol vi men to de pes qui sa.• Pro ver espa ço físi co para o aten di men to dos alu nos.• Pro mo ver orien ta ções e pro xi mi da de com os alu nos e acom pa -

nha men tos diver sos.• Aten tar para a impor tân cia do mate rial impresso.• A importância de uma cultura organizacional transparente e

ética.

É pre ci so, por tan to, que pro cu re mos as visi bi li da des, além da dimen sãodo lugar comum que envol ve tudo o que vemos ou dize mos, a fim de encon -trar as pos si bi li da des reais da edu ca ção a dis tân cia e abrir um novo hori zon -te na edu ca ção — uma edu ca ção ver da dei ra e mais huma na em nosso país eno pla ne ta em que vive mos.

Desenvolvimento da Educação • 87

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A explo ra ção do mundo suba tô mi co no sécu lo XX reve lou a natu re za intrin -se ca men te dinâ mi ca da maté ria e mos trou que os com po nen tes dos áto mos,as par tí cu las suba tô mi cas, são padrões dinâ mi cos que não exis tem comoenti da des iso la das, mas como par tes de uma rede inse pa rá vel de inte ra çõesenvol ven do um fluxo inces san te de ener gia que se mani fes ta como troca depar tí cu las, isto é, como uma inte ra ção dinâ mi ca na qual as par tí cu las sãocria das e des truí das inter mi na vel men te, numa varia ção con tí nua de padrõesde ener gia. As inte ra ções de par tí cu las dão ori gem a estru tu ras está veis queedi fi cam o mundo mate rial, as quais não per ma ne cem está ti cas, mas osci lamem movi men tos rít mi cos. Todo o uni ver so está, pois, empe nha do em movi -men tos e ati vi da des inces san tes, em uma per ma nen te dança cós mi ca.

Pessis-Pasternak (1993) comen ta que esse uni ver so de pro ces so e deener gia evoca cer tas noções das tra di ções espi ri tuais, par ti cu lar men te as dobudis mo, que per mi tem uma com preen são mais ime dia ta dos novos con cei -tos de espa ço, tempo e maté ria.

Para Hoyos Guevara et al. (1998), a hipó te se Gaia-Terra dá ao ser huma -no uma gran de res pon sa bi li da de, que é a de ser co-cria dor da vida, impon -do a neces si da de de estar cons cien te de um poder que a huma ni da de vemexer cen do, sem refle tir sobre ele e suas con se qüên cias: o poder de trans for -mar a natu re za, de inter fe rir em toda a orga ni za ção da vida no pla ne ta,geran do efei tos do saber a todos.

A res pon sa bi li da de do indi ví duo é cada vez maior, con si de ran do osace le ra dos pro ces sos de mudan ças, seja nas orga ni za ções, seja na pró priasocie da de. Ele deve ser e estar cons cien te das ações que rea li za; deve termuita von ta de de que tudo possa ocor rer e fluir da melhor manei ra pos sí -vel, estan do suas ações e emo ções pró xi mas da ver da de.

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4.1 O Novo IndivíduoVivemos em uma época de gran de desu nião e des co ne xão entre as pes soase suas comu ni da des, entre raças, den tro das famí lias, entre o cida dãocomum e seus repre sen tan tes polí ti cos, entre as pes soas em car gos do gover -no, entre depar ta men tos da mesma empre sa, entre pro fes so res e dire to res,médi cos e enfer mei ros, segu ra dos e segu ra do res, gerên cia e mão-de-obra. Aalie na ção e a men ta li da de adver sá ria estão em todo lugar, e esse cená rio nãoé um esta do espi ri tual, ao con trá rio, é a antí te se do que a espi ri tua li da deaspi ra rea li zar. Para poder mos enxer gar a cone xão que exis te à nossa volta,sob a super fí cie das apa rên cias, pre ci sa mos nos liber tar da ilu são da auto no -mia indi vi dual abso lu ta.

A espi ri tua li da de trata fun da men tal men te de dois aspec tos: pro fun di -da de e cone xão. Quanto mais espi ri tual men te desen vol vi da for uma pes soa,mais ela verá a pro fun di da de de sig ni fi ca do e a impor tân cia sub ja cen te àapa rên cia super fi cial das coi sas de nosso mundo. Quanto menos espi ri tual -men te sin to ni za da for essa pes soa, mais pro vá vel é que con fun da apa rên ciasilu só rias e rea li da de. Para Morris (1998), as neces si da des espi ri tuais dosindi ví duos pre ci sam ser satis fei tas no tra ba lho. Do con trá rio, esse tra ba lhoserá como uma via gem no deser to: exaus ti va e, em vez de satis fa tó ria, par -ti rá da obri ga ção, não do pro pó si to exis ten cial. E ainda afir mou: “espi ri tua -li da de é pro fun di da de, a pro fun di da de sub ja cen te à super fí cie, o sen ti do e osig ni fi ca do nem sem pre visí veis aos nos sos olhos. É conec tar-se a uma fontede ener gia pes soal e espe ran ça positiva. No tra ba lho, é a capa ci da de de vere exe cu tar o tra ba lho real de uma forma que nor mal men te não apa re ce nades cri ção ofi cial do cargo, e é a capa ci da de de mos trar aos outros essa pro -fun di da de adi cio nal que, do con trá rio, eles não con se gui riam ver”.

Seguindo nessa linha de racio cí nio, quan to mais alta for a posi ção deuma pes soa em uma orga ni za ção, maior será a ten ta ção de per der o con tro -le do sig ni fi ca do espi ri tual do que está acon te cen do em favor do jogo dosnúme ros e do pres tí gio.

Morris res sal va que dinhei ro, posi ção e con quis tas exter nas não sãosufi cien tes para satis fa zer uma pes soa: a orien ta ção inter na da alma é o quefaz a dife ren ça no mundo.

Para Chanlat (1991), um indi ví duo não é ape nas uma pes soa que res pi -ra e pensa, mas uma pes soa que pode ado tar um con jun to de pro ce di men -tos, méto dos, ati vi da des e vivên cias que a torne capaz de inven tar dis po si ti -vos de adap ta ção para dar sen ti do ao mundo que a cerca. Por ana lo gia, essefato tam bém ocor re no tra ba lho, onde os indi ví duos pas sam pelo menos umterço de sua vida.

Não adian ta bus carmos teo rias para con se guir con quis tar cada vezmais pon tos em um mundo alta men te meca ni cis ta como o mundo em que

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vive mos, ou então, para obter a todo e qual quer custo novas alter na ti vaspara melho rar os pro ces sos nas orga ni za ções, com ou sem tec no lo gia dainfor ma ção, e a melhor manei ra de admi nis trar a ges tão do conhe ci men tosem nos dar mos conta de que o que real men te vale a pena é o pró prio enten -di men to do indi ví duo (conhe ci men to de si pró prio) e da razão de sua pró -pria exis tên cia.

Morris (1998) defen de ainda que o mais pode ro so moti va dor das pes -soas no local de tra ba lho é o sen ti men to, con ti nua men te refor ça do pelasmen sa gens e pelo tra ta men to que rece bem, de que o tra ba lho con jun to efi -caz garan ti rá e pro mo ve rá o que essas pes soas amam e valo ri zam mais pro -fun da men te — por exem plo, a segu ran ça de suas famí lias, a pros pe ri da dede suas comu ni da des, o senso de auto-esti ma posi ti va e uma expe riên cia deimpor tân cia e orgu lho de seu dia-a-dia.

Entendemos que, se gos tar mos do que faze mos, é mais pro vá vel que ofaça mos bem-feito. O impor tan te não é a afei ção ou a con si de ra ção por umapes soa em par ti cu lar, mas o sen ti men to mais pro fun do de que, ao fazernosso tra ba lho, esta mos, pro fun da e fun da men tal men te, cui dan do do queama mos.

É impor tan te des ta car mos as ques tões rela cio na das ao poder, pois estesem pre exis tiu nas orga ni za ções, e mui tas vezes como mito invi sí vel,influen cian do e diri gin do a cul tu ra e o clima orga ni za cio nais.

Em nossa cul tu ra, esses pode res domi nan tes têm nomes gre gos e roma -nos, e seus para le los são facil men te encon tra dos em outras cul tu ras. Parauma cul tu ra pre do mi nan te men te euro cên tri ca, por exem plo, os padrõesgreco-roma nos são os mais rele van tes e dife ren cia dos, logo, os mais pode ro -sos (influen tes, auto ri za dos, pres ti gia dos, con tro la do res e tirâ ni cos).

Hillman (2001) comen ta que a idéia dos pode res além da von ta dehuma na afeta os negó cios coti dia nos, e que tal vez isso tenha um efei to maispode ro so que o céu acima de nós. “A inter ces são dos anjos e a magia dosdemô nios são as idéias que habi tam em nossa mente e pas sam des per ce bi -das em nossa con du ta diá ria.” De todas as gran des e peque nas for ças quesubor di nam nos sas ações aos pode res supe rio res, para o autor, são as idéiasque têm influên cia mais dire ta e ime dia ta. Mais que às influên cias mito ló gi -cas, mais que à influên cia do Estado polí ti co, mais que à influên cia dos com -ple xos incons cien tes das emo ções, esta mos sujei tos às idéias, por meio dasquais fil tra mos os pode res da reli gião, da polí ti ca e da psi co lo gia.

A orga ni za ção terá de saber supe rar as neu ro ses do poder, terá de reco -nhe cer e se apoiar mais nas ver da des indi vi duais, terá de ser mais fle xí vel,ope rar segun do bases menos auto ri tá rias e menos esque má ti cas, terá de sermais basea da em inte li gên cia e sen si bi li da de que em hie rar quia e poder, teráde ser mais um orga nis mo cole ti vo em que o conhe ci men to com par ti lha do ea capa ci da de de apren der con ti nua men te serão mais impor tan tes que o con -

Desenvolvimento do Potencial Humano • 91

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tro lar e o domi nar, sendo menos máqui na e mais cora ção, menos estru tu ra emais fluxo, menos buro cra cia e mais pro ces so — menos mais-valia e maissig ni fi ca do huma no.

Portanto, é neces sá rio que os indi ví duos que detêm o poder em umaorga ni za ção pas sem por um pro ces so de mudan ça (trans for ma ção e evo lu -ção) do seu esta do de ser, tor nan do-se pre fe ren cial men te regi dos por fun da -men ta ções éti cas, sendo mais huma nos e tendo maio res habi li da des deenten di men to e com preen são de pes soas e de deter mi na das situa çõesencon tra das nas orga ni za ções.

À medi da que se man tém inte ra gin do com seu meio ambien te, umorga nis mo vivo sofre rá uma seqüên cia de mudan ças estru tu rais e, ao longodo tempo, for ma rá seu pró prio cami nho indi vi dual de aco pla men to estru tu -ral — e em qual quer ponto desse cami nho, a estru tu ra do orga nis mo é umregis tro de mudan ças estru tu rais ante rio res e, por tan to, de inte ra ções ante -rio res. Para Capra (1996), a nova con cep ção de cog ni ção, o pro ces so doconhe cer é, pois, muito mais ampla que a con cep ção do pen sar. “Ela envol -ve per cep ção, emo ção e ação — todo o pro ces so da vida.” No domí niohuma no, a cog ni ção tam bém inclui a lin gua gem, o pen sa men to con cei tual etodos os outros atri bu tos da cons ciên cia huma na. No entan to, a con cep çãogeral é muito mais ampla e não envol ve neces sa ria men te o pen sar.

Para Maturana (2001), como sis te mas vivos, os indi ví duos exis tem emdois domí nios feno mê ni cos que não se inter co nec tam: o da rea li za ção dacor po ra li da de (o domí nio da fisio lo gia) e o do domí nio das inte ra ções comotota li da des (o domí nio do com por ta men to). Apesar de não se inter co nec ta -rem, tais sis te mas são aco pla dos em sua rea li za ção atra vés do modo de ope -ra ção do sis te ma vivo. O com por ta men to do orga nis mo como um fluir deinte ra ções ocor re atra vés dos encon tros efe ti vos de seu corpo com o meioabió ti co (onde não se pode viver) ou com outros orga nis mos, mas ocor re emum domí nio de ações.

Um sis te ma social, para Maturana, é um sis te ma fecha do que incluicomo mem bros todos aque les orga nis mos que ope ram sob a emo ção de acei -ta ção mútua na rea li za ção da rede de coor de na ções de ações que o rea li zam.Portanto, as fron tei ras de um sis te ma social são as fron tei ras emo cio nais eapa re cem no com por ta men to de seus mem bros ao excluir outros orga nis mosda par ti ci pa ção na rede par ti cu lar de coor de na ções de ações que cons ti tuiesse sis te ma social.

Uma mudan ça em um sis te ma social huma no ocor re como umamudan ça na rede de con ver sa ções gera da por seus mem bros, poden do ocor -rer de duas for mas:

• Pelo encon tro com outros seres huma nos em redes de con ver sa -ções que não o con fir mam ou atra vés da expe riên cia em situa çõesque não per ten cem a ele.

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• Pelas inte ra ções que desen ca deiam em nós refle xões sobre nos -sas cir cuns tân cias de coe xis tên cia com outros seres huma nos.

A cons ciên cia se mani fes ta em cer tos graus de com ple xi da de cog ni ti vaque exi gem a exis tên cia de um cére bro e de um sis te ma ner vo so supe rior,sendo a cons ciên cia um tipo espe cial de pro ces so cog ni ti vo que surge quan -do a cog ni ção alcan ça um certo nível de com ple xi da de.

O con jun to des sas mudan ças e trans for ma ções pes soais e sociais pro pi -cia o apa re ci men to de um novo indi ví duo, o cha ma do cida dão pla ne tá rio.Essa nova deno mi na ção diz res pei to às habi li da des, res pon sa bi li da des, ati -tu des e visão de mundo e de cos mos que esse novo homem come ça a cons -truir, tra tan do-se, por tan to, do ser huma no no con tex to espe cí fi co de umasocie da de inse ri da em um mundo alta men te modi fi ca do pelas tec no lo giasde infor ma ção e comu ni ca ção hoje exis ten tes e em pro ces so de evo lu ção.

D’Ambrósio (2001) vem nos aju dar na com preen são desse novo indi ví -duo, abor dan do a rela ção do com por ta men to huma no e sua ação res pec ti va.Para ele, o com por ta men to e vida huma nos são inse pa rá veis, sendo a vida aação pra ti ca da pelo indi ví duo na rea li da de e para ela. Essa ação segue umaestra té gia pla ne ja da pelo pró prio indi ví duo como resul ta do de sua von ta de e,pos te rior men te, do pro ces sa men to da infor ma ção que vem da rea li da de.

Portanto, essa von ta de do indi ví duo exis te na medi da em que ele reageaos impul sos sofri dos (infor ma ção) pela rea li da de e volun ta ria men te, após opro ces sa men to dessa infor ma ção, acaba defi nin do estra té gias para a açãosobre o real. Mostramos essa rela ção na Figura 4.1.

Fonte: D’Ambrósio, 2001.

Figura 4.1 Ação do indi ví duo.

4.2 Uma Visão ÉticaA ética é defi ni da como o estu do de juí zos de apre cia ção refe ren tes à con du -ta huma na sus ce tí vel de qua li fi ca ção do ponto de vista do certo e do erra do,rela ti va men te a uma deter mi na da socie da de ou cul tu ra, ou de modo abso lu -to. Na área pro fis sio nal, ela pro cu ra guiar o indi ví duo na toma da de deci -sões que sejam cor re tas do ponto de vista pre do mi nan te na socie da de, emum deter mi na do espa ço de tempo.

Realidade

IndivíduoAção

Desenvolvimento do Potencial Humano • 93

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A pala vra ética vem do grego ethikos (ethos sig ni fi ca hábi to ou cos tu me).Na acep ção empre ga da por Aristóteles, o termo refle te a natu re za ou o cará -ter do indi ví duo. Hoje tam bém desig na a natu re za das empre sas, uma vezque estas são for ma das por um con jun to de indi ví duos. Ética é um con jun tode prin cí pios e valo res que guiam e orien tam as rela ções huma nas. Essesprin cí pios devem ter carac te rís ti cas uni ver sais, pre ci sam ser váli dos para aspes soas. A ética pode ser defi ni da de várias manei ras. Afirma-se que ética éjus ti ça. Em outras pala vras, inclui prin cí pios que todas as pes soas racio naisesco lhe riam para reger o com por ta men to social, poden do ser apli ca dos,tam bém, a si mes mas.

Para Simonetti (1996), a ética tem a ver com obri ga ção moral, res pon sa -bi li da de e jus ti ça social. Por meio do estu do da ética, as pes soas enten dem esão diri gi das pelo que é moral men te certo ou erra do. Entretanto, o assun tocon ti nua con tro ver ti do. Afinal, o que pode ser eti ca men te cor re to para umapes soa pode ser erra do para outra. Por essa razão, a socie da de tende a defi -nir ética em ter mos de com por ta men to. Por exem plo, uma pes soa é con si de -ra da ética quan do seu com por ta men to está de acor do com sóli dos prin cí pios morais basea dos em ideais como eqüi da de, jus ti ça e con fian ça. Esses prin cí -pios regem o com por ta men to de indi ví duos e orga ni za ções e podem se fun -da men tar em valo res, cul tu ra, reli gião, e até mesmo em legis la ções, porvezes mutá veis.

A ética é um ele men to essen cial do suces so de indi ví duos e orga ni za -ções. Por exem plo, nossa socie da de valo ri za a liber da de pes soal. No entan -to, se com pro me ter mos nossa ética no exer cí cio dessa liber da de, a socie da deserá pre ju di ca da. Isso sig ni fi ca que aca ba re mos por limi tar nossa liber da deindi vi dual e o gozo da liber da de por outras pes soas. A ética, por tan to, cons -ti tui o ali cer ce do tipo de pes soa que somos e do tipo de orga ni za ção querepre sen ta mos. A repu ta ção de uma empre sa é um fator pri má rio nas rela -ções comer ciais, for mais ou infor mais, quer estas digam res pei to à publi ci -da de, ao desen vol vi men to de pro du tos ou a ques tões liga das aos recur soshuma nos. Nas atuais eco no mias nacio nais e glo bais, as prá ti cas empre sa -riais dos admi nis tra do res afe tam a ima gem da empre sa para a qual tra ba -lham. Assim, se a empre sa qui ser com pe tir com suces so nos mer ca dosnacio nal e mun dial, será impor tan te man ter uma sóli da repu ta ção de com -por ta men to ético.

Segundo Sanchez Vasquez (1987), ética é algo teó ri co, que inves ti ga ouexpli ca algum tipo de expe riên cia huma na ou forma de com por ta men tomoral dos homens. “A ética é a teo ria ou ciên cia do com por ta men to moraldos homens em socie da de, ou seja, é a ciên cia de uma forma espe cí fi ca decom por ta men to huma no.” Para o autor, a ética não é a moral, ela expli ca amoral efe ti va e a influen cia; assim, ela estu da os atos huma nos que afe tam outros indi ví duos e a socie da de como um todo.

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As prá ti cas empre sa riais éti cas têm ori gem em cul tu ras cor po ra ti vastam bém éti cas. A abor da gem mais sis te má ti ca para esti mu lar um com por ta -men to ético é desen vol ver uma cul tu ra cor po ra ti va que crie uma liga çãoentre os padrões éti cos e as prá ti cas empre sa riais. Essa ins ti tu cio na li za çãodos padrões éti cos come ça com a com preen são da filo so fia da ética e é sus -ten ta da por meca nis mos como estru tu ra, cren ças, códi gos, pro gra mas detrei na men to, comis sões e audi to rias sociais da cor po ra ção.

D’Ambrósio (2001) defen de que a opor tu ni da de de sobre vi vên cia paraa huma ni da de é a ado ção de uma ética ade qua da para os nos sos tem pos,não se tra tan do ape nas de uma ética da ciên cia ou da tec no lo gia, mas do sur -gi men to de uma ética da diver si da de, tendo o cida dão, o cien tis ta e o edu ca -dor um papel essen cial men te de ter o seu fazer acom pa nha do por essa ética.Para D’Ambrósio, os prin cí pios bási cos da ética da diver si da de são: res pei -to pelo outro com todas as suas dife ren ças; soli da rie da de para com o outrona satis fa ção de neces si da des de sobre vi vên cia e de trans cen dên cia; e coo pe -ra ção com o outro na pre ser va ção dos patri mô nios natu ral e cul tu ral comunsà espé cie.

Essas rela ções se fazem impor tan tes na con cep ção do desen vol vi men todo poten cial huma no, pois mesmo os indi ví duos viven cian do e inte ra gin docom novas tec no lo gias nas orga ni za ções aca bam por adqui rir essas mudan -ças de forma cons cien te e res pon sá vel.

Quanto a uma abor da gem da ética, não pode mos tratá-la como ape nasmais um dis cur so quan do par ti ci pa mos de um pro ces so de mudan ça naorga ni za ção, prin ci pal men te nos pro ces sos em que refe ren cia mos a tec no lo -gia. Como esta mos dis cor ren do, depa ra mo-nos com uma série de bar rei rascom ple xas no cami nho da trans for ma ção, tanto dos indi ví duos como dapró pria orga ni za ção.

E quan do se trata de seguir mos uma deter mi na da meto do lo gia, o que nosresta é sim ples men te exe cu tar mos uma ação, posi ti va por sinal, em que atrans pa rên cia não pode de forma algu ma ficar de fora. É neces sá rio tam bémque o com pro me ti men to dos indi ví duos este ja coe ren te com os valo res dasorga ni za ções.

4.3 Visão Ecológica e Novos ValoresO gran de desa fio para a huma ni da de não deve envol ver ques tões mate riais,mas o espa ço inter no de cada indi ví duo. Para que ocor ra o cres ci men to inte -rior, é pre ci so criar con di ções para des per tar no indi ví duo uma cons ciên ciade si mesmo, uma capa ci da de de auto cons ciên cia, a fim de que ele se voltepara den tro de si e encon tre a sua uni da de. Isso per mi ti rá ao indi ví duo saberquem ele é; qual seu mais alto poten cial; quais os talen tos e as qua li da desque pos sui; como opera sua mente, seu espí ri to, sua indi vi dua li da de; o que

Desenvolvimento do Potencial Humano • 95

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ele faz com suas emo ções, seus sen ti men tos e seus afe tos, tor nan do-o cadavez mais conhe ce dor de si. É esse está gio que cha ma mos de ganho ou atin -gi men to da matu ri da de.

Esse é real men te um gran de desa fio, porém, a par tir do momen to queo indi ví duo se volta para a rea li za ção de ações que con vir jam para umamaior sim pli ci da de, isso pode rá se tor nar rea li da de.

A visão eco ló gi ca se apli ca a todos os fenô me nos físi cos, bio ló gi cos, psi -co ló gi cos, sociais e cul tu rais e com preen de os sis te mas como tota li da desinte gra das, que englo bam não ape nas a natu re za, mas tam bém a cul tu ra e asocie da de. Essa visão enfa ti za as liga ções entre as coi sas, os enla ces exis ten -tes entre todos os seres; mos tra que tudo se rela cio na com tudo em todos ospon tos, como parte de uma tota li da de eco ló gi ca. Traz como con cei to cen trala noção de ecos sis te ma, um con jun to orga ni za dor que exis te com base nainte ra ção entre seres vivos e não-vivos.

A per cep ção eco ló gi ca leva rá a mudan ças nas for mas de pen sar e com -preen der o mundo, o que, por sua vez, indu zi rá à ocor rên cia de modi fi ca çõescor res pon den tes em seus valo res, poden do nos levar a um novo sis te ma éticoespe cial men te na socie da de e na ciên cia, com pos sí veis reper cus sões nasfutu ras for mas de pre ser va ção da vida, pois os fatos cien tí fi cos estão res pal -da dos em per cep ções, valo res e ações pre do mi nan tes na socie da de. Essanova per cep ção do ser pode cola bo rar para a melho ria do ser huma no, tra -zen do, sobre tu do, cres ci men to inter no e espi ri tual.

Nas últi mas déca das, o con cei to de ambien te vem sendo pro fun da men -te revis to e dis cu ti do, sendo sua abran gên cia amplia da. É neces sá rio pen sar -mos em ambien te de uma manei ra essen cial men te dinâ mi ca, posto quesuge re a inte ra ção cons tan te com os seres vivos, em um pro ces so con tí nuode evo lu ção.

Para Maturana (2001), vida é sinô ni mo de inin ter rup ta mudan ça, fluxoinces san te entre viver e con vi ver. Para ele, os seres vivos são uni da des sis tê -mi cas e dinâ mi cas que pos suem uma estru tu ra que inte ra ge com o meio esofre mudan ças para man ter a sua orga ni za ção. O termo auto poie se, cria dopor Maturana em 1970, é suge ri do para expres sar essa idéia, na qual auto éigual a si mesmo e poiese sig ni fi ca cria ção, cons tru ção; por tan to, auto poie seé a cria ção, a cons tru ção de si mesmo. Essa dinâ mi ca de auto poie se cons ti tuie man tém a cir cu la ri da de de um sis te ma vivo.

Nas suas pes qui sas com os sis te mas vivos, Maturana obser vou que ascélu las, nas inte ra ções com o ambien te, sofrem mudan ças sig ni fi ca ti vas emnível estru tu ral, mas sua orga ni za ção como iden ti da de per ma ne ce inal te ra -da, o mesmo ocor ren do com o ambien te. As inte ra ções ocor rem, por tan to,man ten do uma coe rên cia, pois “é o aco pla men to estru tu ral que per mi te queuma célu la incor po re con ti nua men te”.

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Notamos isso no pró prio meta bo lis mo celu lar, em que, atra vés de suasmem bra nas, as célu las ali men tam-se e tro cam subs tân cias com o meio.Observa-se ainda que, “quan do dois ou mais orga nis mos inte ra gem, recur -si va men te, como sis te mas estru tu ral men te plás ti cos, cada um deles vindo aser um meio para a rea li za ção da auto poie se do outro, o resul ta do é um aco -pla men to estru tu ral onto gê ni co mútuo” (Maturana, 2001).

Então, pode mos supor que essa cons tan te mudan ça esta be le ci da pelopró prio fluxo da vida em cada um de nós esta be le ce e cria carac te rís ti casmúl ti plas no ambien te em que esta mos inse ri dos e vice-versa, mas sem queocor ra a perda de iden ti da de.

Portanto, quan do fala mos em ambien te de con ví vio, pode mos tam bémvisua li zar o ambien te da orga ni za ção, ima gi nan do o indi ví duo inte ra gin docom seus cole gas de tra ba lho em seu dia-a-dia, sofren do adap ta ções neces -sá rias para que essa inte ra ção se esta be le ça, ou seja, um grupo hete ro gê neode indi ví duos, com dife ren tes cul tu ras e his tó rias pes soais, neces si tam deum con tex to sig ni fi ca ti vo para que de fato possa ocor rer desen vol vi men todo ponto de vista cog ni ti vo.

Moraes (2001), comen tan do Maturana, nos apon ta ainda que pro pi ciarespa ços e criar ambien tes é pri mor dial men te estar em inte ra ção bió ti ca, emfluxo com nos sas pró prias emo ções, e que para exter ná-las neces si ta mos noscomu ni car e, para tanto, uti li za mos a lin gua gem para rea li zar essas inte ra -ções emo cio nais: “... as pala vras são nós em redes coor de na das e não sãorepre sen ta ções abs tra tas de uma rea li da de inde pen den te do fazer huma no”e, por tan to, as con ver sa ções “cons ti tuem redes de ações coor de na das, teci -das no pró prio pro ces so”. Assim, con vi ver impli ca uma rede de sis te mas deinte ra ções ina tas do ponto de vista bio ló gi co.

Conclui-se que, se pen sar mos em for ma ção de ambien tes, tere mos de ampliar o nosso olhar e obser var que toda e qual quer inte ra ção entre osinter lo cu to res e o con tex to é ativa. Mesmo que apa ren te men te possa pare cerque este ja mos imó veis, esta mos pro ces san do em nosso orga nis mo um fluxoener gé ti co e men tal, uma “inte ra ti vi da de ener gé ti ca e mate rial cons tan teentre sis te ma vivo e meio, sina li zan do tam bém que esta mos sem pre exer ci -tan do ou desen vol ven do novas estru tu ras, indi can do a ocor rên cia demudan ças con tí nuas” (Moraes, 2001).

A per cep ção eco ló gi ca dis cu te ques tões pro fun das ao refor çar as rela çõesexis ten tes entre o indi ví duo e a sua rea li da de, o seu con tex to, a sua rela çãocom o mundo da natu re za, com a comu ni da de em que vive e com a cul tu rana qual está imer so. Tal per cep ção é pro fun da men te ques tio na do ra ao abor -dar ques tões a res pei to da nossa rela ção com a natu re za e com os ou tros e coma pró pria teia da vida. Ela traz, em si, uma mudan ça de para dig ma, uma novamen ta li da de de aber tu ra, uma sen si bi li da de dis tin ta, uma maior fle xi bi li da -de e plu ra lis mo, carac te rís ti cas que vão além da ciên cia e, em nível mais pro -

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fun do, con du zem à cons ciên cia espi ri tual do nosso lugar no cosmo, no qualesta mos todos inter li ga dos e somos inter de pen den tes.

A per cep ção eco ló gi ca favo re ce a com preen são de que esta mos em umavia gem indi vi dual e, ao mesmo tempo, cole ti va, que nos leva a uma cons -ciên cia de fra ter ni da de e de soli da rie da de mais acen tua da com os outrosseres vivos, e a uma com preen são de que a nossa evo lu ção ocor re e ocor re -rá sem pre em con jun to com outros seres, e que a har mo nia, a paz e a feli ci -da de tão alme ja das depen dem de mudan ças de men ta li da de não ape nasindi vi duais, mas cole ti vas.

A ques tão do conhe ci men to sob esse pris ma acaba sendo um continuumdo apren di za do e da matu ri da de do indi ví duo. Mas não basta ape nas o indi -ví duo obter o conhe ci men to de um ou outro pro ces so. Ele deve estar aten toao que real men te o fará agre gar valor à huma ni da de e a si pró prio.

Para Lindfield (1992), o modo como per ce be mos a rea li da de está inti -ma men te liga do ao con cei to do indi ví duo sobre a natu re za do tempo e doespa ço e que, à medi da que as per cep ções mudam, mudam tam bém as con -cep ções dos indi ví duos. O autor afir ma que “atual men te o tempo está sendoper ce bi do mais como uma qua li da de e um campo de opor tu ni da de do quecomo uma mera medi da de uma quan ti da de abs tra ta. Se um novo enten di -men to está além do nível físi co e mecâ ni co de nossa exis tên cia, então podeser que pre ci se mos empre gar ins tru men tos meta fí si cos para con ta tá-lo. Aima gi na ção é uma des sas fer ra men tas alta men te refi na das. É como um apa -ra to de cons ciên cia fina men te sin to ni za do diri gi do para os céus, um gigan -tes co rádio-teles có pio capaz de cap tar os mais tênues sinais cós mi cos e con -ver tê-los na tela da mente con cre ta. Isso é tec no lo gia no mais alto grau”.

Isso nos leva a crer que, quan to mais nos tor na mos cons cien tes de nósmes mos e do que real men te está acon te cen do na socie da de, mais envol vi dosnos tor na mos com a busca da exe cu ção das mudan ças neces sá rias. Para queisso real men te acon te ça, é neces sá rio que o indi ví duo pra ti que sua cons ciên -cia de forma posi ti va e evo lu ti va.

Lindfield argu men ta que a huma ni da de está viven do um momen to crí -ti co, atin gin do um ponto em que deve entrar em uma fase mais madu ra eapren der a par ti ci par de forma mais cria ti va e har mo nio sa no que con cer neao assun to pla ne tá rio, não para si pró prias, mas em causa do equi lí brio ebem-estar de todo o sis te ma.

Para tanto, é neces sá rio que haja uma mudan ça e uma trans for ma çãopro fun das em rela ção aos pró prios valo res preexis ten tes dos indi ví duos, afim de ter mos uma socie da de mais ínte gra e huma na.

Os valo res huma nos são os fun da men tos éti cos e espi ri tuais quecons ti tuem a cons ciên cia huma na. Tais valo res tor nam a vida algo dignode ser vivi do, per mi tin do-nos cons ta tar que não somos ani mais, mas serescons cien tes.

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Entramos em um ponto rela ti vo e com ple xo ao ten tar mos defi nir o con -cei to de valor, porém pode mos des ta car três visões a res pei to, con for meMartinelli et al. (1998):

• Visão sub je ti va: quan do nosso dese jo, pre fe rên cia e satis fa çãodeter mi nam alguns dos fato res de que os valo res pes soaisdepen dem para a atri bui ção de impor tân cia a algo ou alguém.

• Visão obje ti va: quan do a atri bui ção de valor inde pen de do ava -lia dor, ou seja, resi de no pró prio obje to.

• Visão rela ti vis ta: quan do a rela ção entre o homem e o meioambien te deter mi na os valo res. O con cei to esta be le ci do devalo res é defi ni do, em parte pelo sen ti men to, e em parte pelointe lec to, tendo a razão como fator de regu la ção.

Para Martinelli et al., a natu re za dos valo res dife re, embo ra seja partede um mesmo fenô me no. Os valo res podem ser físi cos, men tais, sociais,polí ti cos, eco nô mi cos, cul tu rais, morais, éti cos e espi ri tuais, mas exis tem outros tipos, como os eter nos, abso lu tos e uni ver sais.

Já Capra (1996) argu men ta, quan to à ques tão da mudan ça de para dig -ma, não ser ape nas neces sá rio o indi ví duo reque rer uma expan são de suasper cep ções e manei ras de pen sar, mas tam bém de con tex tua li zar a exis tên -cia de novos valo res. Para o autor, “o que é bom, ou sau dá vel, é um equi lí -brio dinâ mi co; o que é mau, ou insa lu bre, é o dese qui lí brio — a ênfa se exces -si va em uma das ten dên cias em detri men to da outra”. O autor ilus tra essaques tão dos valo res no Quadro 4.1.

Quadro 4.1 Conexão nas mudan ças entre pen sa men to e valo res

Fonte: Capra, 1996.

Percebe-se, na aná li se do qua dro, que os valo res auto-afir ma ti vos decom pe ti ção, expan são e domi na ção estão geral men te asso cia dos aos indi ví -duos. Para Capra, na socie da de indus trial os indi ví duos não são ape nasfavo re ci dos, mas tam bém rece bem recom pen sas eco nô mi cas e poder polí ti -

PENSAMENTO VALORES

Auto-afir ma ti vo Integrativo Auto-afir ma ti vo Integrativo

Racional Intuitivo Expansão Conservação

Análise Síntese Competição Cooperação

Reducionista Holístico Quantidade Qualidade

Linear Não- linear Dominação Parceria

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co, sendo uma das razões pelas quais a mudan ça para um sis te ma de valo -res mais equi li bra dos é tão difí cil para a maio ria das pes soas — espe cial men -te para os homens.

O sim ples fato de exis tir vida nas orga ni za ções huma nas, gera das pelo for -ta le ci men to de suas comu ni da des de prá ti ca, não só aumen ta sua fle xi bi li da de,cria ti vi da de e poten cial de apren di za do, mas tam bém aumen ta a dig ni -da de e a huma ni da de dos indi ví duos que com põem a orga ni za ção e que vãotoman do con ta to com essas qua li da des em si mes mos. Em outras pala vras,a valo ri za ção da vida e da auto-orga ni za ção for ta le ce e capa ci ta o indi ví duo,tor nan do-o um novo ser, crian do ambien tes de tra ba lho sadios dos pon tosde vista men tal e emo cio nal, nos quais as pes soas sen tem-se apoia das nabusca de rea li za ção dos seus pró prios obje ti vos, não tendo de sacri fi car apró pria inte gri da de a fim de aten der às expec ta ti vas da orga ni za ção.

4.4 Fluir, uma Nova MotivaçãoDurante o curso da evo lu ção huma na, as pes soas foram se dando conta, gra -dual men te, da enor me soli dão peran te o cos mos, bem como da pre ca rie da dede sua luta pela sobre vi vên cia, ela bo ran do mitos e cren ças capa zes de trans -for mar as for ças des tru ti vas e impre vi sí veis da natu re za em com por ta men -tos mane já veis — ou ao menos com preen sí veis.

Csikszentmihalyi (2000) comen ta que a fun ção da cons ciên cia é repre -sen tar a infor ma ção sobre o que está acon te cen do den tro e fora do orga nis -mo, de tal modo que o corpo possa evo luir e atuar em con se qüên cia disso,fun cio nan do como uma cen tral tele fô ni ca para as sen sa ções, as per cep ções,os sen ti men tos e as idéias, esta be le cen do, assim, prio ri da des sobre essasinfor ma ções. A cons ciên cia fun cio na como even tos cons cien tes con cre tos(sen sa ções, sen ti men tos, pen sa men tos, inten ções) que acon te cem conos co,sendo capa zes de diri gir nosso curso, porém, isso tudo resul ta em certa com -ple xi da de. A com ple xi da de, para o autor, resul ta de dois pro ces sos psi co ló -gi cos: a dife ren cia ção e a inte gra ção. A dife ren cia ção impli ca um movi men -to para a ori gi na li da de, para sepa rar-se dos demais. Já a inte gra ção refe re-seao opos to: a união com outras pes soas, com idéias e enti da des que se pro -mo vam ao nível da per so na li da de, e a per so na li da de é aque la que pro cu racom bi nar essas ten dên cias opos tas.

Não obs tan te, é neces sá rio que o indi ví duo reaja às difi cul da des encon -tra das, fazen do com que estas pos sam ser enca ra das. Quando todas as habi -li da des per ti nen tes de uma pes soa vêm à tona para enfren tar os desa fios deuma deter mi na da situa ção, as aten ções devem estar total men te vol ta daspara as ati vi da des neces sá rias e, por tan to, deve haver muita con cen tra çãoe con tro le por parte do indi ví duo. Suas metas devem ser e estar cla ras e,para que isso ocor ra, há a neces si da de de uma retroa li men ta ção auto má ti -ca, que impul sio na rá a evo lu ção e as mudan ças dos pro ces sos.

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Um novo tipo de moti va ção dis cu ti da hoje é o que Csikszentmihalyicha mou da expe riên cia de fluir ou flow. Esse esta do ocor re quan do o indi ví -duo, moti va do e capa ci ta do para a ati vi da de, sente-se desa fia do pela tare fa,con cen tra-se de forma extre ma na sua reso lu ção até o ponto de perda danoção de tempo, e empre ga ao máxi mo suas capa ci da des. Ao mesmo tempoque rea li za gran des esfor ços, não os per ce be como tal, pelo menos no sen ti -do nega ti vo do termo (no sen ti do de sacri fí cio, de exaus tão), jus ta men te por -que tais esfor ços são rea li za dos em dire ção às suas pró prias metas, não paraaten der às metas alheias. Há uma sen sa ção de con tro le (da situa ção e deauto con tro le), na qual a ati vi da de é o fim em si mesma. A satis fa ção não seencon tra ape nas nos resul ta dos, mas no pro ces so como um todo, o que per -mi te, por si só, uma sen sa ção muito mais pro lon ga da e enri que ce do ra.

Do grego auto (por si mesmo) e telos (fina li da de), daí a per so na li da deauto té li ca, que busca a satis fa ção inde pen den te men te das cir cuns tân cias,que apre cia o cami nho, e não somen te a che ga da. O flow é dife ren te de ape -nas sen tir pra zer. O pra zer, embo ra indis pen sá vel à feli ci da de huma na, podeser con si de ra do um ele men to absor vi do pas si va men te, de cará ter fugi dio,que não traz lem bran ça de satis fa ção e não gera cres ci men to pes soal. Porém,o flow é dura dou ro, há sen sa ção de con tro le dos even tos e cres ci men to pes -soal, advin da da satis fa ção da supe ra ção dos obs tá cu los. Enquanto o pra zeré um impor tan te com po nen te da qua li da de de vida, mas não traz feli ci da desozi nho, o flow gera cres ci men to psi co ló gi co e aumen ta a com ple xi da de doser. As dife ren ças entre pra zer e satis fa ção ficam níti das quan do se pensa nasfor mas de apro vei ta men to das capa ci da des sen so riais.

Para Csikszentmihalyi, é impos sí vel fazer mos por um longo tempo amesma tare fa, com o mesmo nível de satis fa ção, sem ficar mos frus tra dos ouente dia dos.

Logo, o flow está no aumen to gra dual da com ple xi da de das tare fas,levan do a um incre men to tam bém gra dual de nos sas capa ci da des, isto é, aodesen vol vi men to de nos sos poten ciais. É a busca por satis fa ção que nosmove, que nos leva à pro cu ra de novos desa fios e de opor tu ni da des de rea -li za ção de nosso poten cial.

Assim, esta riam pre sen tes no flow os seguin tes ele men tos: o desa fio, ascapa ci da des para enfren tá-lo, o “per der-se” na tare fa e a satis fa ção que levaao esque cer do tempo que passa. Os que alcan çam o flow con se guem focara aten ção em ati vi da des liga das às suas metas, con tro lam sua rea li da de sub -je ti va de forma a liber tar-se de recom pen sas exter nas ina tin gí veis e encon -tram recom pen sas na ati vi da de atual, à qual se entre gam sem reser vas, deforma ativa, dedi ca da e res pon sá vel. A per so na li da de auto té li ca cria con di -ções de flow, trans for man do ati vi da des ári das em ati vi da des com ple xas,além de reco nhe cer opor tu ni da des de ação em locais e situa ções que outrosnão reco nhe cem.

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Porém, o gran de desa fio implí ci to ao indi ví duo é fazer com que essadeter mi na ção mar can te de con se guir ven cer as suas bar rei ras possa vir àtona não de manei ra sin gu lar e indi vi dual, mas de forma cole ti va. Essemesmo indi ví duo pre ci sa con ta mi nar posi ti va men te os demais com po nen -tes de seu grupo para que não somen te ele vença, mas tam bém os demaiscola bo ra do res da uni da de orga ni za ção, per mi tin do aos mais diver sos níveise sub ní veis inte grar-se de forma har mô ni ca.

A par tir desse está gio, tanto o indi vi dual como o cole ti vo, a uni da deorga ni za ção e a huma ni da de esta rão fluin do de forma mais dinâ mi ca e evo -lu ti va.

Essa ver ten te e linha de racio cí nio per mi tem a pos si bi li da de de indi ví -duos e orga ni za ções mais bem pre pa ra dos na con du ção de pro je tos e pro ces -sos meto do ló gi cos com ple xos.

Uma ener gia posi ti va pre ci sa fluir não somen te na vida das pes soas,mas tam bém estar pre sen te nas orga ni za ções. Como estas não têm vida (sãoas pes soas que lhes dão vida), as pes soas pre ci sam, por tan to, ser sim ples ede boa-fé, bem como ter a vir tu de de con du zir pro ces sos de trans for ma çãoevo lu ti vos tanto para a pró pria espé cie como para as orga ni za ções.

Para Comte-Sponville (2000), a vir tu de é uma dis po si ção adqui ri da defazer o bem, porém ela pró pria não deixa de ser o bem, seja em espí ri to, sejaem ver da de. “As vir tu des são nos sos valo res morais, mas encar na dos, tantoquan to puder mos, mas vivi dos, mas em ato. Sempre sin gu la res, como cadaum de nós, sem pre plu rais, como as fra que zas que elas com ba tem ou cor ri -gem.” Já a sim pli ci da de, para o autor, é o con trá rio da dupli ci da de, da com -ple xi da de, da pre ten são. A boa-fé é o amor ou o res pei to à ver da de (ver da -de como obje to).

Há a neces si da de de o mundo ser mais huma nis ta, mais prá ti co e rea -lis ta quan to a esse huma nis mo, ter mais moral. Há a neces si da de de a huma -ni da de res pei tar os direi tos do homem e de sua dig ni da de. A huma ni da denão é algo abso lu to, mas algo real pro ve nien te de toda uma his tó ria.

No pró xi mo capí tu lo, dis cu ti re mos as fun da men ta ções teó ri cas per ti -nen tes à meto do lo gia em sis te mas de infor ma ção, ana li san do alguns pon tosrele van tes, como a teo ria dos sis te mas e aspec tos como a com ple xi da de deimple men ta ção de novas tec no lo gias de infor ma ção nas orga ni za ções.

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5.1 Teoria dos SistemasA teo ria da infor ma ção é uma teo ria cien tí fi ca que se ocupa, essen cial men te,da aná li se mate má ti ca dos pro ble mas rela ti vos à trans mis são de sinais nopro ces so comu ni ca cio nal. Está liga da inter dis ci pli nar men te à teo ria da comu -ni ca ção e pres su põe um uni ver so com ordem-redun dân cia e desor dem-ruído, capaz de pro du zir a infor ma ção em si, orga ni za do ra de uma máqui naciber né ti ca. A fina li da de pri mei ra dessa teo ria é iso lar de seu con tex to os ele -men tos abs tra tos de repre sen ta ções inva riá veis em outras for mu la ções.

Morin (1984) con si de ra a teo ria da infor ma ção um ins tru men to teó ri coheu rís ti co, não mais uma chave fun da men tal da inte li gi bi li da de. Morin(1996) expli ca, ainda, que a base da com ple xi da de advém de três teo rias quese inter-rela cio nam: a teo ria da infor ma ção, da ciber né ti ca, e a teo ria dos sis -te mas, todas sur gi das no iní cio da déca da de 1940.

A ciber né ti ca é a ciên cia que se ocupa do estu do das comu ni ca ções e dosis te ma de con tro le dos orga nis mos vivos e das máqui nas em geral.Compreende a idéia de retroa ção, que subs ti tui a cau sa li da de linear pelacurva cau sal. Trata-se de uma teo ria das máqui nas autô no mas em que acausa atua sobre o efei to e este, por sua vez, sobre a causa. Em outras pala -vras, é o ter mos ta to que regu la a cal dei ra num sis te ma de aque ci men to, oca -sio nan do a auto no mia tér mi ca local. Esse é um meca nis mo de regu la ção queestá pre sen te em todos os aspec tos e seto res huma nos e sociais. A ciber né ti -ca pres su põe a exis tên cia de uma curva de retroa ção (feedback) que atuacomo um meca nis mo ampli fi ca dor. Dito de outra forma e uti li zan do-nos deum exem plo: trata-se de um ato vio len to de alguém, que pro vo ca uma rea -ção vio len ta de outro, que tam bém irá gerar mais vio lên cia nas rea ções. Sãoretroa ções que podem ser infla cio ná rias ou esta bi li za do ras e que estão pre -sen tes na vida nos mais amplos e diver sos aspec tos.

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O espa ço ciber né ti co, para Morin (1996), é um ter re no onde hoje fun cio -na a huma ni da de. É um novo espa ço de inte ra ção huma na que já tem umaimpor tân cia enor me, sobre tu do nos pla nos eco nô mi co e cien tí fi co, e cer ta -men te essa impor tân cia vai ampliar-se e esten der-se a vários outros cam pos,como, por exem plo, peda go gia esté ti ca, arte e polí ti ca. O espa ço ciber né ti coé a ins tau ra ção de uma rede de todas as memó rias infor ma ti za das e de todosos com pu ta do res. Atualmente temos cada vez mais con ser va dos, sob formanumé ri ca e regis tra dos na memó ria do com pu ta dor, tex tos, ima gens e músi -cas pro du zi dos por com pu ta dor. A esfe ra da comu ni ca ção e da infor ma çãoestá se trans for man do em uma esfe ra infor ma ti za da.

Com o espa ço ciber né ti co, temos uma fer ra men ta de comu ni ca ção mui -to dife ren te da mídia clás si ca, por que é nesse espa ço que todas as men sa gensse tor nam inte ra ti vas, ganham plas ti ci da de e têm uma pos si bi li da de de meta -mor fo se ime dia ta. O espa ço ciber né ti co envol ve, por tan to, dois fenô me nosque estão acon te cen do ao mesmo tempo: a nume ra li za ção, que impli ca aplas ti ci da de poten cial de todas as men sa gens, e o fato de que as men sa genspoten ciais são pos tas em rede. Dessa forma, esse espa ço está se tor nan do umlugar essen cial, o futu ro pró xi mo da comu ni ca ção e do pró prio pen sa men tohuma no.

Para Bertalanffy (1969), um ponto forte rela cio na do à teo ria de sis te -mas baseia-se no con cei to da teo ria da comu ni ca ção, no qual o sis te ma com -preen de, por inter mé dio de um recep tor ou órgão de sen ti do qual quer, amen sa gem, poden do ser esta um orga nis mo vivo, um dis po si ti vo tec no ló -gi co, repre sen ta do por um nervo de con du ção etc. A par tir daí ocor re umcen tro de recom bi na ções de men sa gens de entra da, trans mi tin do-as a umdeter mi na do efei to, supri do por uma certa quan ti da de de ener gia. Essa fun -cio na li da de de efei to é, então, moni to ra da pelo recep tor (feedback), fazen docom que o sis te ma seja auto-regu la dor, garan tin do assim a esta bi li za ção oudire ção da ação (Figura 5.1). Para esse autor, “a teo ria geral dos sis te mas éuma ciên cia geral de tota li da de, o que até agora era con si de ra do uma con -cep ção vaga, nebu lo sa e semi me ta fí si ca. Em forma ela bo ra da, ela seria umadis ci pli na mate má ti ca pura men te for mal em si mesma, mas apli cá vel às várias ciên cias empí ri cas”.

Fonte: Bertalanffy, 1969.

Figura 5.1 Esquema sim ples de feed back.

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No âmbi to empre sa rial, se con tex tua li zar mos a ques tão do conhe ci -men to como per ten cen te a uma pro prie da de inse ri da no sis te ma empre sa,no qual há essa ques tão e racio cí nio, pode mos, por ana lo gia, afir mar que aorga ni za ção é com pos ta ou divi di da por uma série de outros sub-sis te masconhe ci dos como áreas e depar ta men tos que, de manei ra sín cro na, inte ra -gem entre si e com o meio ambien te.

Gelder (1997) dis cu te que os sis te mas são toma dos como con jun tos devariá veis inter de pen den tes. Uma variá vel é sim ples men te algu ma enti da deque pode mudar, estan do em dife ren tes esta dos e em dife ren tes tem pos.Variáveis são inter de pen den tes quan do o modo com que qual quer umamuda depen de das outras, e quan do a mudan ça nas outras depen de dela. Oesta do do sis te ma é sim ples men te o esta do ou valor de todas as suas variá -veis em um tempo (delta t): o com por ta men to do sis te ma con sis te em tran si -ções entre esta dos.

Estudar um sis te ma impli ca cons truir o par orde na do com pos to poruma varie da de bási ca (V), que dá a con cre tu de do sis te ma (pon tos asso cia -dos a pon tos do espa ço-tempo), e pela cole ção de pro prie da des (P) quecarac te ri zam o sis te ma; por tan to, o sis te ma será S � <V,P>.

Na visão sis tê mi ca, a rea li da de é preen chi da por sis te mas aber tos emalgum nível que, na maio ria das vezes, afas ta-se do equi lí brio, pro du zin doeven tos. As cadeias de even tos no tempo são cha ma das pro ces sos, que sepro pa gam na estru tu ra do espa ço-tempo, agin do sobre outros sis te mas. Nocaso de um sis te ma huma no, os pro ces sos são per ce bi dos e codi fi ca dos emalgu ma estru tu ra cog ni ti va: o pro ces so, visto por essa inter fa ce, cons ti tui ofenô me no (Vieira e Santaella, 1999). Os sis te mas apre sen tam his tó ria ememó ria que, por vezes, podem che gar ao obser va dor de forma codi fi ca da.O tra ba lho cien tí fi co con sis te em pro je tar sig nos que con si gam expri mir atem po ra li da de do pro ces so, geo me tri zan do algum aspec to dessa memó ria.

Para Vieira e Santaella temos, na visão sis tê mi ca, a pro pos ta de três sis -te mas rela cio na dos: o sis te ma em si mesmo (algo como obje to dinâ mi co nasemió ti ca peir cea na); o pro ces so por ele gera do, por meio da cadeia, em vir -tu de dos even tos decor ren tes de suas alte ra ções de esta dos (no qual um esta -do é dado pelo con jun to de inten si da des ou valo res de suas pro prie da desrepre sen ta ti vas em um ins tan te de tempo), e a pró pria repre sen ta ção cog ni -ti va feita por um deter mi na do obser va dor (que nos reme te ao con cei to deobje to ime dia to). Portanto, o real é sis tê mi co e a per tur ba ção ou pro ces so quepro vo ca em seu dese qui lí brio tam bém o é. Finalmente, o fenô me no e suarepre sen ta ção tam bém o serão, exis tin do algum grau de iso mor fia ou homo -mor fia entre esses três sis te mas que per mi ti rá a pos si bi li da de do conhe ci -men to.

A uti li za ção da tec no lo gia da infor ma ção em um sis te ma orga ni za çãotraz aos indi ví duos uma maior pro du ti vi da de e uma sig ni fi ca ti va melho ra

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no pro ces so de qua li da de em suas ati vi da des, bem como o pró prio encap su -la men to das fun ções rea li za das nos com pu ta do res. É impor tan te, para asempre sas moder nas, o con tro le do que está sendo rea li za do inter na men teem seu sis te ma, pois se obje ti va o pró prio con tro le das ope ra ções, como tam -bém os aspec tos de segu ran ça, porém, como já dis cu ti mos, esse pro ces so écom ple xo.

Segundo Morin (2001), complexus sig ni fi ca o que foi teci do junto. Hácom ple xi da de quan do ele men tos dife ren tes são cons ti tu ti vos inse pa rá veisdo todo (como o eco nô mi co, o polí ti co, o socio ló gi co, o psi co ló gi co, o afe ti -vo, o mito ló gi co), e quan do há um teci do inter de pen den te, inte ra ti vo e inter-retroa ti vo entre o obje to de conhe ci men to e seu con tex to, as par tes e o todo,o todo e as par tes entre si. Por isso, a com ple xi da de é a união entre a uni da -de e a mul ti pli ci da de. “Os desen vol vi men tos pró prios em nossa era pla ne -tá ria nos con fron tam, de manei ra cada vez mais ine lu tá vel, com os desa fiosda com ple xi da de.” Na orga ni za ção, essa com ple xi da de tam bém se dá eocor re com a pre sen ça da tec no lo gia da infor ma ção.

Prigogine e Nicolis (1989) comen tam que a com ple xi da de faz parte deexpe riên cias diá rias. Encontramos nes sas par tes con tex tos extre ma men tediver sos duran te toda a nossa vida mas, mais comu men te, sen ti mos a com -ple xi da de como algo rela cio na do com as mani fes ta ções de nos sas vidas. Jápara Prigogine (1996), há uma dis tin ção fun da men tal entre movi men tosestá veis e ins tá veis. Os sis te mas dinâ mi cos está veis são aque les em quepeque nas modi fi ca ções das con di ções ini ciais pro du zem peque nos efei tos.Mas para uma clas se muito exten sa de sis te mas dinâ mi cos, essas modi fi ca -ções se ampli fi cam ao longo do tempo. Os sis te mas caó ti cos são um exem -plo extre mo de sis te ma ins tá vel, pois as tra je tó rias que cor res pon dem a con -di ções ini ciais diver gem de manei ra expo nen cial ao longo do tempo.

Existem vários fato res que devem ser con si de ra dos quan do se abor da auti li za ção da tec no lo gia da infor ma ção nas orga ni za ções. Estas são vis tascomo um sis te ma aber to nesse momen to e, por meio da entra da (uso) da tec -no lo gia da infor ma ção, enca deia-se uma série de pos sí veis trans for ma ções,par tin do sem pre do conhe ci men to e uso des sas fer ra men tas pelo indi ví duoem seu posto de tra ba lho.

Como a orga ni za ção está aber ta ao meio ambien te, ela sofre algunstipos de pres são, como socioe co nô mi ca, ou até mesmo de fenô me nos pree-xis ten tes, como guer ras, epi de mias, cri ses ener gé ti cas, entre outras — masisso é ape nas um item que pode variar pela pre sen ça da tec no lo gia. Outrositens são impos tos no pró prio ambien te inter no: a cul tu ra orga ni za cio nal, ospro ces sos inter nos rea li za dos pela empre sa, as deci sões polí ti cas e geren -ciais, bem como as opor tu ni da des gera das inter na men te pela máqui na orga -ni za cio nal (Figura 5.2).

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Fonte: Laudon e Laudon, 1996.

Figura 5.2 Fatores de com ple xi da de exis ten tes entre a tec no lo gia dainfor ma ção e a orga ni za ção.

Defrontamo-nos com a ques tão da com ple xi da de exis ten te na orga ni za -ção e, quan do pre ci sa mos efe tuar qual quer tipo de mudan ça em seus pro ces -sos inter nos, não só pela pre sen ça da tec no lo gia da infor ma ção, mas porfato res preexis ten tes, como, por exem plo, a cul tu ra orga ni za cio nal, desen ca -dea mos uma alta com ple xi da de inter na e por tan to, have rá a neces si da de deenten di men to e equi lí brio inter no.

Segundo Capra (1982), “o equi lí brio natu ral dos orga nis mos vivos inclui um equi lí brio entre suas ten dên cias auto-afir ma ti vas e inte gra ti vas.Para ser sau dá vel, um orga nis mo tem de pre ser var sua auto no mia indi vi -dual, mas, ao mesmo tempo, estar apto a inte grar-se har mo nio sa men te emsis te mas mais vas tos. Essa capa ci da de de inte gra ção está inti ma men te rela -cio na da com a fle xi bi li da de do orga nis mo e com o con cei to de equi lí briodinâ mi co. A inte gra ção num nível sis tê mi co mani fes tar-se-á como equi lí -brio num nível maior, tal como a inte gra ção har mo nio sa de com po nen tesindi vi duais em sis te mas maio res resul ta no equi lí brio des ses sis te mas”.

A idéia de equi lí brio em um deter mi na do sis te ma se faz impor tan te,pois, sem essa ques tão, em um cená rio com ple xo como é o caso das orga ni -za ções, pos si vel men te a imple men ta ção de mudan ças não terá o devi dosuces so.

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5.2 Sistemas de InformaçãoSistemas de infor ma ção são com po nen tes rela cio na dos entre si atuan docon jun ta men te para cole tar, pro ces sar e pro ver infor ma ções aos sis te mase/ou pro ces sos de deci são, coor de nan do, con tro lan do, ana li san do e visua li -zan do pro ces sos inter nos às orga ni za ções.

Todos os sis te mas de infor ma ção inte ra gem entre si, cada um influen -cian do uns aos outros, de modo que visua li za mos a empre sa como um gran -de pro ces so. Antes, porém, de des cre ver sis te mas de infor ma ção, cabem,ainda, duas defi ni ções bási cas. Para Laudon e Laudon (1996), elas dizem res -pei to à deci são pro pria men te dita:

• Decisão: é a esco lha de uma ou mais alter na ti vas entre váriasapre sen ta das, com o fim de atin gir um obje ti vo pro pos to com amenor pro ba bi li da de de erro ou de fra cas so pos sí vel.

• Tipos de deci são: levam em conta o nível de pre vi si bi li da de pos -sí vel nas deci sões que devem ser toma das, poden do ser clas si fi -ca das como:– Estruturadas: são aque las para as quais a busca de solu ções e

sele ção entre alter na ti vas segue um pro ces so lógi co, claro,bem defi ni do e pre via men te esta be le ci do em todos os deta -lhes; nor mal men te não per mi tem nenhum tipo de liber da de.Um exem plo muito conhe ci do é a ati vi da de de um ope rá rioqual quer, por que todas as suas deci sões estão con ti das em um manual de pro ce di men tos.

– Semi-estru tu ra das: são aque las para as quais podem ser for ne -ci dos mode los mate má ti cos ape nas para auxi liar o pro ces sode busca de uma solu ção. Parte do pro ble ma pode ser equa -cio na do, mas a deci são final sobre a alter na ti va a ser esco lhi -da deve ser feita levan do-se em con si de ra ção fato res sub je ti -vos e de difí cil quan ti fi ca ção. Um exem plo seria a defi ni çãoda cam pa nha publi ci tá ria para o lan ça men to de um pro du to.

– Não estru tu ra das: são aque las cujas variá veis envol vi das nãosão quan ti fi cá veis; em seu pro ces so de deci são leva-se emconta ape nas a intui ção huma na. Um exem plo seria o nível debene fí cio que uma infor ma ção pode ofe re cer a um exe cu ti vo,psi co lo gia de vida, res pon sa bi li da de social, entre outros.

Em ter mos prá ti cos, um sis te ma de infor ma ção liga do a uma deci sãoalta men te estru tu ra da pode even tual men te fazer as vezes do toma dor dedeci são huma na, porém não se apli ca no caso de deci sões pouco ou malestru tu ra das. Entretanto, para essas deci sões, os sis te mas de infor ma çãopodem, de fato, apoiar o pro ces so deci só rio, unin do a capa ci da de inte lec -

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tual e a sen si bi li da de huma na do toma dor de deci sões à capa ci da de depro ces sa men to, arma ze na gem e gera ção de infor ma ções ori gi na das pelocom pu ta dor.

Existem, ainda, mais dois con cei tos bási cos que se refe rem à empre sa:

• Componentes da empre sa: rela cio na dos às diver sas áreas de tra ba -lho ou ati vi da de, neces sá rias para o fun cio na men to ade qua doda empre sa como um todo.

• Níveis de deci são: dizem res pei to à hie rar quia exis ten te den tro daempre sa. Em outras pala vras, é a asso cia ção entre a posi ção ocu -pa da na estru tu ra e a abran gên cia ou deta lha men to da infor ma -ção que é vei cu la da.

5.2.1 O Porquê da Metodologia em Sistemas deInformação

Uma meto do lo gia efi cien te é vital na imple men ta ção de qual quer pro ces sode mudan ça na orga ni za ção. E, para enten der mos esse con tex to, pri mei ra -men te pre ci sa mos com preen der a defi ni ção cien tí fi ca da meto do lo gia.

Conforme reve la Koche (1997), a meto do lo gia é o estu do de pro ce di -men tos e téc ni cas a serem apli ca dos para a solu ção de pro ble mas e a cria çãode novos pro je tos ou pro ces sos, pos si bi li tan do sua exe cu ção com maior rapi -dez e qua li da de. A meto do lo gia cien tí fi ca é a forma de demons trar mos cien -ti fi ca men te a rea li za ção de uma pes qui sa, sua teo ria e, final men te, sua tesecien tí fi ca de com pro va ção.

O desen vol vi men to de um plano exige conhe ci men to, ava lia ção, recur -sos exis ten tes, recur sos reque ri dos, prio ri da des, cus tos, bene fí cios, recur soshuma nos, aspec tos polí ti cos etc. (Bio, 1985). Essa mul ti pli ci da de de tare fas requer coor de na ção, seqüên cia, geren cia men to e defi ni ção clara do espe ra -do. É neces sá rio, por tan to, uma meto do lo gia para o pla ne ja men to que pon -de re os ris cos ine ren tes de cará ter meto do ló gi co e, acima de tudo, o cui da docom os con cei tos que estão rela cio na dos a deter mi na da meto do lo gia. Umméto do ou pro ces so é con se qüên cia de idéias, valo res e con cei tos, nos quaisqual quer meto do lo gia não deve ser inter pre ta da como um fim, pois o quereal men te impor ta é o pro du to final, não os pas sos, tare fas etc., pre vis tos nameto do lo gia; uma meto do lo gia não deve ser segui da de forma rígi da — épre ci so con si de rar que cada caso é um caso. Empresas são dife ren tes e, con -se qüen te men te, os está gios de evo lu ção serão os mais varia dos.

A coor de na ção de dife ren tes espe cia lis tas em uma varie da de de ati vi -da des vol ta das ao obje ti vo comum de um deter mi na do pro je to requer umorde na men to meto do ló gi co do tra ba lho, isto é, uma meto do lo gia de desen -vol vi men to. Existem dife ren tes solu ções meto do ló gi cas para os pro je tos, no

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entan to, como regra, essas meto do lo gias pro cu ram defi ni-lo pri mei ra men -te. O geren cia men to do pro je to, ao longo do seu desen vol vi men to, é umponto cri ti co para asse gu rar o cum pri men to dos obje ti vos, a alo ca ção derecur sos, os pra zos etc., a fim de garan tir o geren cia men to ade qua do e obom anda men to do plano. Nesse cená rio, a esco lha do líder deve ser a melhor pos sí vel.

O pro ces so de imple men ta ção de um deter mi na do sis te ma de apoio àdeci são na orga ni za ção é de vital impor tân cia para a con for mi da de do obje -ti vo. Para tanto, devem ser foca das as seguin tes visões:

• Na visão pes soal, o usuá rio e o téc ni co res pon sá vel pelo sis te -ma de apoio à deci são devem tra ba lhar jun tos em um pro ces socon tí nuo, adap tan do o apli ca ti vo às fun ções que estão sendocon tem pla das.

• Na visão de um grupo, a comu ni ca ção entre os diver sos usuá -rios e téc ni cos do sis te ma de apoio à deci são pre ci sa ser estru tu -ra da e for mal.

• Na visão da orga ni za ção, exis tem inú me ros usuá rios, e os téc ni cosdo sis te ma de apoio à deci são pre ci sam ter a res pon sa bi li da de deguiar a inte gra ção des ses sis te mas na orga ni za ção.

5.2.2 Qualidade: Tecnologia e Sistemas deInformação

Desde o sécu lo pas sa do, as alte ra ções veri fi ca das nos mer ca dos de atua çãodas orga ni za ções, como o con cei to da qua li da de, têm evo luí do de formapara le la. A qua li da de tem sido um meio efi caz de ade quar as orga ni za çõesàs carac te rís ti cas cada vez mais com pe ti ti vas do mer ca do. De um modogeral, pode mos dizer que a qua li da de impôs o con tro le de pro du tos e ser vi -ços em ter mos de ganhos de pro du ti vi da de; tam bém implan tou a garan tiade pro ces sos con tro la dos quan do houve a neces si da de de racio na li zar oscus tos, e intro du ziu a melho ria con tí nua por meio da aqui si ção de pro du tose ser vi ços que per mi tem des ta car as empre sas no mer ca do em que atuam.Um pro du to ou ser vi ço de qua li da de, assim como a satis fa ção dos clien tes,são fato res deci si vos e acei tá veis para o suces so de qual quer orga ni za ção.Todavia, não são sufi cien tes.

A ges tão pela qua li da de abre novos cami nhos, apos tan do nas pes soas ena sua capa ci da de para a cons tan te ino va ção como fator dina mi za dor dasempre sas e orga ni za ções. A ges tão pela qua li da de per mi te-nos ava liar asprin ci pais ques tões empre sa riais ao desen vol ver for mas estru tu ra das eracio na li za das de abor dar as neces si da des dos clien tes, ao balan çar a ges tãode pro ces sos atra vés de cri té rios de efi ciên cia inter na e de efi cá cia de resul -ta dos, ao imple men tar uma cul tu ra de melho ria de desem pe nho ava lia da

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pelas exi gên cias do mer ca do. A ges tão pela qua li da de traz um desa fio paraa maio ria das empre sas ao exi gir que cada orga ni za ção e cada um de nósacei te as mudan ças que se fazem neces sá rias simul ta nea men te à manu ten -ção do con tro le e à melho ria das ati vi da des.

Deming (1990) defi ne qua li da de como “aten der con ti nua men te àsneces si da des e expec ta ti vas dos clien tes a um preço que eles este jam dis pos -tos a pagar”. Sua con tri bui ção con si de ra da mais impor tan te é o tra ba lhoesta tís ti co no sen ti do de defi nir a varia bi li da de dos pro ces sos em ter mos decau sas espe ciais e cau sas comuns. Para esse autor, as cau sas comuns são res -pon sá veis por 94% dos casos de varia ção des ne ces sá ria e cos tu mam ser deres pon sa bi li da de do geren te. Deming pro põe, ainda, os cha ma dos 14 pon -tos, de forma a alcan çar a qua li da de total. São eles:

1. Crie cons tân cia de pro pó si tos para a melho ria do pro du to e doser vi ço.

2. Adote a nova filo so fia.3. Cesse a depen dên cia da ins pe ção em massa.4. Acabe com a prá ti ca de apro var orça men tos ape nas com base

no preço.5. Melhore cons tan te men te o sis te ma de pro du ção e de ser vi ços.6. Institua trei na men to.7. Adote e ins ti tua lide ran ça.8. Afaste o medo.9. Rompa as bar rei ras entre os diver sos seto res.10. Elimine slo gans, exor ta ções e metas para a mão-de-obra.11. Suprima as quo tas numé ri cas para a mão-de-obra e eli mi ne o

obje ti vo numé ri co para o pes soal de admi nis tra ção.12. Remova as bar rei ras que pri vam os pro fis sio nais do justo

orgu lho pelo tra ba lho bem exe cu ta do.13. Estimule a for ma ção e o auto-apri mo ra men to de todos.14. Tome ini cia ti va para rea li zar a trans for ma ção.

Essas pro po si ções repre sen ta ram uma ver da dei ra revo lu ção den tro daorga ni za ção, levan do a pro fun das trans for ma ções no rela cio na men to entreesta e seus clien tes, for ne ce do res e empre ga dos. Deming (1990) aler ta vatam bém para os obs tá cu los a serem enfren ta dos, bem como para o longocami nho a ser per cor ri do até a real imple men ta ção da nova filo so fia. Esseenfo que não atin ge neces sa ria men te todos os empre ga dos, pois mui tos têmdifi cul da de de empre gar a meto do lo gia ou de acei tar os prin cí pios. Em outros casos, não con se guem envol ver a alta gerên cia, res trin gin do-se aosope rá rios e enge nhei ros.

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O com por ta men to e as ati tu des dos indi ví duos na orga ni za ção são fun -da men tais nessa nova manei ra de enca rar a qua li da de e a sua ges tão.Atualmente, o con cei to de qua li da de é colo ca do cada vez mais com ummaior nível de abs tra ção, no qual a qua li da de é a coe rên cia entre aqui lo quese faz e aqui lo que se diz fazer. Para obter qua li da de é neces sá rio ser coe ren -te con si go mesmo e obser var aten ta men te o que se passa no mundo.

Um bom termo para a defi ni ção de qua li da de seria “um esta do daarte”, no que diz res pei to ao resul ta do alcan ça do por meio da rea li za ção dasati vi da des desen vol vi das pelos indi ví duos.

Nossa dis cus são pro pria men te apli ca da à qua li da de rela cio na-se àimple men ta ção de novas tec no lo gias do conhe ci men to na orga ni za ção, epara que essa imple men ta ção possa ocor rer, é neces sá ria a ela bo ra ção pré viade um pro je to.

A qua li da de de um pro je to deve ava liar o posi cio na men to da equi peem rela ção ao cum pri men to do com pro mis so esta be le ci do com o pro je to emques tão. A ênfa se, então, será nos seguintes aspectos:

• O que será imple men ta do.• Como será imple men ta do.• Quan do será imple men ta do.

Para tanto, faz-se neces sá rio conhe cer mos alguns obje ti vos de qua li da -de em tec no lo gia da infor ma ção para que um deter mi na do pro je to possa serimple men ta do:

• Revisar o cum pri men to dos requi si tos neces sá rios para a boaevo lu ção da imple men ta ção do sis te ma de infor ma ção, bemcomo sua devi da docu men ta ção e apro va ção.

• Verificar a habi li da de da equipe do pro je to em cum prir as datasplanejadas pela equipe de trabalho.

• Verificar se o tempo do pro je to (pra zo) é sufi cien te para seucum pri men to.

• Identificar impe di men tos poten ciais que pos sam amea çar o cro -no gra ma de imple men ta ção.

• Identificar opor tu ni da des para as devi das melho rias no pro je to.• Acompanhar o acor do entre as par tes envol vi das quan to ao

anda men to do pro je to e quan to à ava lia ção dos pon tos crí ti cosde qua li da de.

• Acompanhar ações cor re ti vas toma das a par tir da iden ti fi ca çãode uma falha de qua li da de.

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• Estabelecer um meca nis mo de comu ni ca ção de ris cos e ques tõescrí ti cas ( issues) do pro je to ao comi tê exe cu ti vo.

O méto do de tra ba lho tam bém é um ponto impor tan te para o suces sode uma imple men ta ção de sis te mas de infor ma ção. Precisamos, por tan to:conhe cer a meto do lo gia de imple men ta ção, prin ci pal men te no que diz res -pei to à seqüên cia em que as ati vi da des serão exe cu ta das, além da formacomo os resul ta dos serão exi bi dos; revi sar o cum pri men to dos requi si tosneces sá rios para a imple men ta ção do sis te ma de infor ma ção, bem como adevi da docu men ta ção e apro va ção — o líder de qua li da de conta com a listade revi são para auxi liá-lo nessa tare fa e tam bém deve rá ser veri fi ca do poresse líder se as tare fas estão sendo cum pri das den tro do prazo esta be le ci do;auxi liar, sob a forma de suges tões, o enca mi nha men to de solu ções para ocum pri men to das tare fas.

As eta pas para que esse méto do de tra ba lho seja efi caz devem ser asseguin tes:

• Montagem da equi pe de tra ba lho relacionando as res pon sa bi li -da des de cada um.

• Definição do res pon sá vel pelo pro je to, isto é, o líder, que terácomo res pon sa bi li da de efe tuar o feedback à orga ni za ção.

• Criação de cro no gra ma.• Determinação do local de tra ba lho, isto é, a sala do pro je to.• Treinamento bási co da equi pe de tra ba lho.• Distribuição das ati vi da des.• Levantamento e aná li se do esco po do pro je to.• Realização de reu niões perió di cas (sema nais, quin ze nais, emer -

gen ciais), mas nunca diá rias, pois atra pa lham o anda men to dopro je to.

• Análise das mudan ças que ocor re rão (novos cená rios naorga ni za ção).

• Utilização de padrões e docu men ta ções de con tro le, como, porexem plo: atas de reu nião, dese nho dos pro ces sos, horá riossegui dos à “risca”, tes tes das novas situa ções.

• Análise dos issues do pro je to.• Treinamento dos envol vi dos ( demais pes soas da orga ni za ção).• Criação de um plano de con tin gên cia.• Entrada em pro du ção do sis te ma de infor ma ção.

Para que tenha mos um resul ta do efi caz na imple men ta ção de novastec no lo gias da infor ma ção na orga ni za ção, é pre ci so rever con ti nua men te a

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equi pe de tra ba lho. A seguir, rela cio na mos algu mas con du tas de geren tes eexe cu ti vos da área de tec no lo gia e sis te mas de infor ma ção:

• Distribuir a equi pe de forma a uti li zar o máxi mo de com pe tên -cia téc ni co-fun cio nal de cada inte gran te.

• Ser claro e trans pa ren te na admi nis tra ção.• Focar as metas e os obje ti vos per ti nen tes ao cum pri men to das

ati vi da des pre via men te pla ne ja das (des viar, se for o caso).• Cobrar com pe tên cia e pro du ti vi da de dos inte gran tes da equi pe.• Ser ético e huma no.• Impor res pei to e dar exem plos sadios e cons tru ti vos (pos tu ra).• Ser um líder.• Investir nos recur sos huma nos e em trei na men tos.• Estar sem pre aten to à ques tão das mudan ças exis ten tes, tanto

inter na men te como fora da orga ni za ção (meio ambien te).• Impor e res pei tar nor mas e regras da orga ni za ção.• Ser efi cien te e efi caz, por tan to com pe ten te.

Não obs tan te, é neces sá rio que algu mas outras carac te rís ti cas sejam atin -gi das pelo ges tor de mudan ças da área de tec no lo gia e sis te mas de infor ma -ção de uma orga ni za ção que real men te se baseie em qua li da de e efi ciên cia:

• Conhecer a sua equi pe: a diver si da de no ambien te de tra ba lhopres sio na os geren tes a enten der o que faz as pes soas cres cerem:uma com bi na ção de per so na li da de, conhe ci men to, talen to, trei -na men to, expe riên cia, cir cuns tân cias pes soais e obje ti vos. Osindi ví duos pre ci sam e que rem ser dife ren cia dos, situa ção emque o impor tan te é sepa rar o que é essen cial do que não é quan -do esti ver ava lian do dife ren ças e neces si da des indi vi duais.

• Orientar: quan do um pro je to está sendo exe cu ta do, é neces sá rioobser var e acon se lhar os com po nen tes da equi pe. É impor tan terever os resul ta dos de forma sis te má ti ca, foca li zan do perio di -ca men te o que as pes soas estão apren den do, iden ti fi can do cla -ra men te os pon tos for tes e as pos sí veis melho rias.

• Treinar: identificar as áreas nas quais os fun cio ná rios podemmelho rar as suas habi li da des, dando opor tu ni da de mas nãoesque cen do de cobrá-los.

• Compartilhar a infor ma ção: o envol vi men to dos fun cio ná rios natroca de infor ma ções é neces sá rio para mantê-los sem preatua li za dos. Isso moti va e faci li ta a ques tão da ges tão doconhe ci men to.

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• Dar feed back: man ter o con ta to e o rela cio na men to com os com -po nen tes da equi pe de tra ba lho é fun da men tal, colhen do feed-back posi ti vo ou nega ti vo em relação às ações rea li za das.

• Ser fle xí vel: enfatizar os aspec tos de ter a tare fa feita da melhorforma, em vez do quan do e onde ela foi feita. Algumas vezespre ci sa mos nos adap tar da melhor manei ra pos sí vel às nor mase regras exis ten tes na orga ni za ção.

• Reconhecimento: reconhecer os esfor ços e as con quis tas dosmelho res fun cio ná rios. Este pro ces so moti va e cati va as pes soas.

Dessa manei ra, esta mos apoian do, com pro me ten do, moti van do e in -cen ti van do a equi pe de tra ba lho. Podemos, por ana lo gia, imple men tar todaessa meto do lo gia no res tan te da orga ni za ção. Sem dúvi da esta ría mos maiscon ten tes e rea li zan do nos sas ati vi da des mais feli zes.

Um outro fator que mere ce um pouco mais de nossa aten ção é a fun çãodo líder. Para Heller (1998), o desem pe nho de cada equi pe depen de da qua -li da de de seu pen sa men to cole ti vo, refle tin do nos pro ces sos de toma da dedeci são, nos quais o líder deve lutar para criar uma atmos fe ra posi ti va, livrede rigi dez e inve ja, e na qual as pes soas dis pu tem idéias, não vai da des. Parao autor, no méto do clás si co japo nês, o líder escu ta em silên cio até que todos tenham expres sa do sua opi nião, toman do então uma deci são per ti nen te atodo o grupo. Heller afir ma que o ver da dei ro líder de equi pe ten ta rá faci li -tar, ins pi rar e imple men tar em vez de exer cer o con tro le.

O impor tan te a refle tir mos é que o papel de uma equi pe em uma orga -ni za ção, ou até mesmo em um depar ta men to, deve ser o de um time em per -fei ta har mo nia de tra ba lho, com todos se aju dan do e se apoian do mutua -men te, a fim de cres ce rem pro fis sio nal men te de manei ra con jun ta.

5.2.3 TreinamentoComo vimos ante rior men te, para que se tenha suces so em uma imple men -ta ção de sis te ma de infor ma ção, é impres cin dí vel que haja uma polí ti ca efi -caz de trei na men to na orga ni za ção, con tem plan do todo o con tex to damudan ça, bem como o uso efe ti vo da tec no lo gia da infor ma ção.

Treinar é apren der a desen vol ver o poten cial ocul to den tro de cadaindi ví duo. Treinamento é qual quer ati vi da de que visa melho rar a habi li da -de de uma pes soa no desem pe nho de um deter mi na do cargo e/ou fun çãoem uma orga ni za ção. Mas o trei na men to é ape nas uma das diver sas manei -ras de uma orga ni za ção atin gir um obje ti vo dese ja do. Outra forma de alcan -çá-lo seria por meio dos pro ces sos de sele ção, ins ti tuin do sis te mas de infor -ma ção mais poten tes e con fiá veis, entre outros recur sos. O inves ti men tofeito em trei na men to de pes soal tem retor no garan ti do na maio ria das vezes,porém depen de nova men te do com pro me ti men to do indi ví duo.

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O plano efi caz de uma polí ti ca de trei na men to visa obter uma melhorcom bi na ção do uso de homens em suas ati vi da des, máqui nas, e em seus res -pec ti vos méto dos de tra ba lho.

Hoje, o trei na men to con tem plan do pro ces sos em tec no lo gia da infor -ma ção é vital nas orga ni za ções. O uso de fer ra men tas com pu ta cio nais estásendo cada vez mais neces sá rio nas ati vi da des exer ci das pelos fun cio ná riosden tro da empre sa. Esse trei na men to é impres cin dí vel por que as mudan çasestão ocor ren do de forma rápi da e con tí nua — além de haver uma carên ciade pro fis sio nais ade qua dos às fun ções e aos car gos dis po ní veis.

Mas é impor tan te res sal tar mos tam bém que exis tem inú me ras resis tên -cias por parte dos exe cu ti vos quan to ao uso dos sis te mas de infor ma ção nasorga ni za ções. Isso ocor re quan do o sis te ma uti li za do não apre sen ta as infor -ma ções neces sá rias, ou quan do estas são for ne ci das de forma incon ve nien tee, em alguns momen tos, de manei ra ino por tu na.

116 • As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância

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Com base nas dis cus sões rea li za das até agora, pode mos relacionar algunspon tos impor tan tes, den tre os quais se des ta cam:

• É estri ta men te neces sá rio o com pro me ti men to da equi pe envol -vi da no pro je to de imple men ta ção do sis te ma de infor ma çãopara que não só a ampli tu de, mas tam bém o obje ti vo do pro je toseja alcan ça do. A par ti ci pa ção e o apoio da alta dire ção naimple men ta ção de qual quer mudan ça e meto do lo gia são con di -ções bási cas e neces sá rias para o suces so do pro je to. Esse apoiofavo re ce o clima de tra ba lho, melho ran do a pro du ti vi da de e aqua li da de dos ser vi ços e tare fas exe cu ta dos pelos indi ví duos,pro ven do o grupo de tra ba lho de “ener gia posi ti va”.

• A uti li za ção de docu men ta ção de modo ele trô ni co, por meio douso de templates (docu men tos padro ni za dos preexis ten tes) nospro ces sos, fun ções e ati vi da des rea li za das pelos indi ví duos naorga ni za ção, é tam bém de extre ma valia, pois faci li ta, agi li za edá maior garan tia de con for mi da de ao pro ces so de mudan çarea li za do na orga ni za ção. Essas téc ni cas auxi liam o con tro le e ofeedback no geren cia men to de pro je tos. O intui to não é ape nasburo cra ti zar, mas con tro lar, admi nis trar, fazer ges tão de todo equal quer pro ces so de mudan ça e, prin ci pal men te, da imple -men ta ção de novas tec no lo gias no tra ba lho. A uti li za ção de tec -no lo gia, por meio da uti li za ção do hiper tex to e da hiper mí dia,faci li ta essa ati vi da de. Essa é uma ação muito impor tan te notra ta men to da ges tão do conhe ci men to, pois o pro ces so demudan ça e as novas ati vi da des a serem rea li za das pelos indi ví -duos são arma ze na dos ele tro ni ca men te, faci li tan do o fluxo decomu ni ca ção e a infor ma ção den tro da orga ni za ção.

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• Sem o apoio e a orien ta ção dos ges to res e da equi pe de tra ba lho,rea li za dos durante o período de trei na men to, é impos sí velalcan çar mos o suces so na imple men ta ção de novas tec no lo giasdo conhe ci men to nas orga ni za ções. A rea dap ta ção dos novospro ces sos e pro ce di men tos deve ser devi da men te vali da da pelaequi pe de pro je to e pelos demais inte gran tes da empre sa emsuas áreas de atua ção.

• A revi são e a vali da ção do mate rial de trei na men to e dos pro ces -sos e fun ções é um ponto impor tan te na meto do lo gia de con du -ção de pro je tos que envol vam ques tões de mudan ça nas orga ni -za ções, prin ci pal men te no que se refe re à tec no lo gia, uma vezque é fun da men tal não só o com pro me ti men to dos envol vi dos,mas tam bém a vali da ção e o uso efe ti vo de manuais de apoio,revi sa dos e vali da dos pela equi pe de usuá rios da empre sa, poisé somen te atra vés deles que as ati vi da des podem ser, de fato,rea li za das satis fa to ria men te.

• A rea li za ção de reu niões perió di cas e a sua docu men ta ção pormeio de atas tam bém é impor tan te para o suces so na imple men -ta ção de novas tec no lo gias do conhe ci men to. Vale lem brar, noentan to, que essas reu niões devem ser rápi das e pro du ti vas,per mi tin do o nível de deci são na orga ni za ção.

• O com pro me ti men to, a par ti ci pa ção, a união e a inte gra ção dos vários par ti ci pan tes do pro je to, bem como dos demais inte gran -tes da empre sa, em um pro ces so de mudan ça e imple men ta çãode novas tec no lo gias do conhe ci men to, são vitais para o suces -so de qual quer pro je to. É neces sá rio o apoio total e irres tri to dosexe cu ti vos-che fes, não só como nor tea do res e ges to res, mastam bém como par ti ci pan tes efe ti vos, de forma ética, para que ainfor ma ção e o conhe ci men to sejam leva dos a todos, sem exce -ção. A trans pa rên cia vem ao encon tro da ques tão da ver da de,tra zen do à tona, filo so fi ca men te, a ética na orga ni za ção.

• A imple men ta ção de novas tec no lo gias do conhe ci men to nasorga ni za ções auxi lia o pro ces so de mudan ça, pois faci li ta a pro -du ti vi da de, a qua li da de e o con tro le dos pro ces sos inter nos àorga ni za ção, como é o caso da imple men ta ção de sis te mas deinfor ma ção.

• Por fim, o uso das novas tec no lo gias da infor ma ção deve ser o melhor pos sí vel. Sem a cor re ta ali men ta ção dos dados ( inputs)nos sis te mas de infor ma ção, não é pos sí vel obter mos qual quertipo de resul ta do satis fa tó rio.

Para que o con cei to por trás des sas con clu sões possa ser uti li za do, pre -ci sa mos con ce ber uma nova visão do pro ces so de mudan ça cau sa do pela

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pre sen ça da tec no lo gia e dos sis te mas de infor ma ção na vida pro fis sio naldas pes soas. Trata-se de uma visão que nos leve a reco nhe cer a neces si da dede com preen der os pro ces sos intrín se cos fun cio nais da orga ni za ção (inte gra -bi li da de das fun ções e ati vi da des dos depar ta men tos da estru tu ra orga ni za -cio nal) de manei ra mais res pon sá vel e huma na, auxi lia dos pela fun da men -ta ção e apli ca ção da ges tão do conhe ci men to. Necessitamos pro pi ciar, a cadaser huma no, o desen vol vi men to da cons ciên cia crí ti ca sobre a sua exis tên ciano pla ne ta e peran te o pró prio cos mos.

A mudan ça pre ci sa ser evo lu ti va e rea li za da pelo que rer fazer, em con -for mi da de com o que rer ser do indi ví duo, con ten do uma ener gia posi ti vaque trans cen da o pró prio indi ví duo, em um pro ces so que seja con du zi donão só pela razão, mas pela emo ção e pelo cora ção, ou seja, um equi lí brioentre ambos.

Os indi ví duos, tanto os mem bros das equi pes envol vi das no tra ba lhoquan to os exe cu ti vos, devem estar aten tos às ques tões da com ple xi da deexis ten tes nas orga ni za ções, faci li tan do o pro ces so de mudan ça, trans for -man do-as de manei ra posi ti va, rom pen do as bar rei ras e difi cul da des queexis tem inter na men te. Como exem plo, pode mos citar a pró pria cul tu ra orga -ni za cio nal, na qual as boas prá ti cas de con vi vên cia entre os indi ví duosdevem ser res pei ta das e segui das.

Outro desa fio a ven cer é o nível de qua li da de dos sis te mas de edu ca çãoem nosso país. Precisamos, acima de tudo, valo ri zar a edu ca ção, per mi tirque ela ajude na for ma ção dos indi ví duos, tor nan do-os mais capa ci ta dos epre pa ra dos para o pro ces so de evo lu ção da huma ni da de. Para que isso acon -te ça, a edu ca ção deve ser pos sí vel e esten di da a todos.

Em qual quer pro ces so de mudan ça e/ou imple men ta ção de novas tec -no lo gias do conhe ci men to, o indi ví duo neces si ta, em pri mei ro lugar, ter pelomenos alguns prin cí pios bási cos de valo res a seguir: a ver da de é o prin cí piobási co que está por trás de todas as for mas de vida, diri gindo a con du ta dohomem autên ti co e aju dan do-o a supe rar seus temo res. A ver da de dá sig ni -fi ca do e dig ni da de à vida, moti van do e apro xi man do o indi ví duo do divi no;o amor é a ener gia de cria ção de coe são, que trans for ma e dá manu ten ção àvida. O amor é a força que abas te ce a alma, é o ali men to que nutre a mentee se refle te em nos sos pen sa men tos, pala vras e ações. O exer cí cio do amorreve la o ser pro fun do, sagra do, trans cen den tal e subli me; a paz é o ali cer ceda feli ci da de do homem, advin do da eli mi na ção da desor dem inte rior cria dapelos estí mu los dos sen ti dos, das emo ções, e pela for ma ção suces si va depen sa men tos e dese jos. A mente pode ser a prin ci pal alia da na cons tru çãodessa paz inte rior, mas tam bém o prin ci pal obs tá cu lo.

A visão de espi ri tua li da de vem pro pi ciar ao ambien te de tra ba lho umlugar pri vi le gia do, onde pode mos e deve mos pra ti car a espi ri tua li da de naorga ni za ção. O sen ti do de fra ter ni da de se mani fes ta sob o nome de tra ba lhoem equi pe. A estra té gia de negó cios pode ser deno mi na da mis são, nor tean do

Conclusões e Reflexões sobre as Novas Tecnologias e sua Complexidade • 119

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e for ne cen do sig ni fi ca do a todos os indi ví duos que tra ba lham. O lugar de tra -ba lho deixa de ser só um lugar para se ganhar um salá rio no final do mês oupara gerar lucros — ou para sim ples men te ter um sen ti do amplia do de satis -fa ção. O papel geren cial dos líde res neces si ta pas sar a incor po rar a dimen sãohuma na: orien tar e apoiar o cres ci men to das pes soas de cada depar ta men to,aju dan do-as na rea li za ção de seus poten ciais indi vi duais.

Quando as empre sas e as pes soas que nela tra ba lham têm essa cons ciên -cia, a con se qüên cia é que fluem com muito maior faci li da de os fato res maisdese ja dos pelos exe cu ti vos das empre sas: a moti va ção, o desem pe nho, o espí -ri to de equi pe, a comu ni ca ção efi caz, a qua li da de, o res pei to aos clien tes e for -ne ce do res, a valo ri za ção e o res pei to aos indi ví duos e ao pró prio pla ne ta.

O indi ví duo pre ci sa rea gir e enca rar as difi cul da des encon tra das, e suasatis fa ção não deve se focar nos resul ta dos, mas no pro ces so como um todo,e que lhe pro por cio na rá uma sen sa ção muito mais pro lon ga da e enri que ce -do ra na rea li za ção de suas ati vi da des no tra ba lho, fazen do-o fluir de manei -ra natu ral e evo lu ti va.

O gran de desa fio do indi ví duo é fazer com que a deter mi na ção mar can -te de con se guir ven cer as bar rei ras possa vir à tona não de manei ra sin gu lare indi vi dual, mas de forma cole ti va. Esse mesmo indi ví duo pre ci sa con ta mi -nar posi ti va men te os demais com po nen tes de seu grupo para que nãosomen te ele vença os desa fios, mas tam bém os demais cola bo ra do res da uni -da de cha ma da orga ni za ção.

A enor me velo ci da de de trans for ma ção pela qual esta mos pas san do emtodos os aspec tos de nos sas vidas faz com que toda a segu ran ça que tínha -mos no patri mô nio, no mate rial e no con cre to se des va ne ça, per den do,assim, o sen ti do. As dimen sões do intan gí vel, do invi sí vel e do espi ri tualcome çam a se tor nar mais pre sen tes e, com isso, os pro ces sos de trans for ma -ção come çam a fazer sen ti do e encon trar o seu devi do lugar.

A espi ri tua li da de é uma dimen são de cada ser huma no. Essa dimen são espi ri tualque cada um de nós tem se reve la pela capa ci da de de diá lo go con si go mesmo e com

o pró prio cora ção, se tra duz pelo amor, pela sen si bi li da de, pela com pai xão, pelaescu ta do outro, pela res pon sa bi li da de e cui da do como ati tu de fun da men tal.

É ali men tar um sen ti do pro fun do de valo res pelos quais vale sacri fi car tempo,ener gias e, no limi te, a pró pria vida.

Leonardo Boff

A uti li za ção da tec no lo gia e dos sis te mas de infor ma ção na orga ni za çãodeve ser com preen di da não só pelo uso tec no ló gi co em si, mas por meio datrans for ma ção e matu ri da de do indi ví duo que trans cen da a abor da gemmeca ni cis ta tra di cio nal. É a visão do saber, algo supe rior e de maior valiapara a huma ni da de. Não obs tan te, traz aos indi ví duos que desen vol vemsuas ati vi da des uma maior pro du ti vi da de e uma sig ni fi ca ti va melho ria no

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pro ces so de qua li da de em suas rea li za ções, bem como o pró prio encap su la -men to das fun ções rea li za das nos com pu ta do res. É impor tan te, para asempre sas moder nas, o con tro le do que está sendo rea li za do inter na men teem seus pro ces sos, pois assim se obje ti va o pró prio con tro le das ope ra ções,bem como os aspec tos de segu ran ça, mas é impor tan te lem brar que quemcon duz e exe cu ta as tare fas e as ati vi da des são os pró prios indi ví duos.

Atuar em con jun to, orga ni zar-se, res pei tar-se, acei tar as dife ren ças de ponto devista para supe rá-las, ado tar um ponto de vista huma no, não mais pri vi le giar

exclu si va men te a polí ti ca e a eco no mia. Todos são aspec tos que têm de ser incluí dos se qui ser mos desen vol ver um com por ta men to ético e uni ver sal efi caz. Só

assim será pos sí vel encon trar solu ções urgen tes, uma vez que os con fli tos, os pro ble mas liga dos ao meio ambien te, as ende mias, as fomes, os dese qui lí brios eco nô mi cos estão eclo din do todo o tempo em um ponto ou outro do pla ne ta.

São essas con di ções que ser vi rão de estí mu lo para coor de nar rapi da men te, em tão vasta esca la, os meios dis po ní veis.

Dalai-Lama

O indi ví duo se torna sábio a par tir do momen to que exer ci ta o queapren de. Somente a troca de inte li gên cias, dons e exce lên cias é que podetrans for mar o homem e, con se qüen te men te, a huma ni da de.

Cada pes soa tem a sua pró pria manei ra de assi mi lar a vida e os desa -fios que ela nos pro por cio na. No momen to em que cada um se pre dis põe aofer tar o que cul ti va de bom den tro de si é que a capa ci da de de apren derganha ver da dei ro sen ti do.

Um outro ponto que não deve ser esque ci do é que não podemos tra tara ética como ape nas mais um dis cur so quan do par ti ci pa mos de um pro ces -so de mudan ça na orga ni za ção envol ven do tec no lo gia. Tanto o indi ví duocomo a pró pria orga ni za ção devem agir peran te suas ações de forma trans -pa ren te, e o com pro me ti men to dos indi ví duos deve ser coe ren te com osvalo res da orga ni za ção.

A edu ca ção a dis tân cia, não obs tan te, pode vir a faci li tar a imple men ta -ção de novas tec no lo gias do conhe ci men to nas orga ni za ções, faci li tan dotam bém o pro ces so de comu ni ca ção e apren di za gem, cor ro bo ran do a ges tãodo conhe ci men to das empre sas.

Como resul ta do des sas refle xões, veri fi cou-se que é de suma impor tân -cia a imple men ta ção de novas tec no lo gias do conhe ci men to, a fim de faci li tara vida do indi ví duo na orga ni za ção. É neces sá rio que o pró prio indi ví duoper mi ta essa mudan ça, pois, se não for dessa manei ra e sob essa visão, esta -re mos cami nhan do cada vez mais para as “pro fun de zas da máqui na”.

Todo e qual quer pro ces so de mudan ça é difí cil de ser con se gui do, poisenvol ve, acima de tudo, a von ta de do ser huma no, tanto de manei ra indi vi -

Conclusões e Reflexões sobre as Novas Tecnologias e sua Complexidade • 121

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dual como cole ti va. É por isso que a trans pa rên cia e a ver da de devem exis tirpor parte dos exe cu ti vos-che fes e dos demais com po nen tes da orga ni za ção.

Por fim, repre sen ta mos na Figura 6.1 a voli ção do indi ví duo e o fluxodo conhe ci men to con ti dos na orga ni za ção.

Figura 6.1 A voli ção do indi ví duo e o fluxo do conhe ci men to con ti dos naorga ni za ção.

Muito embo ra essa figu ra seja pare ci da com outra mos tra da ante rior -men te, ela pos sui algu mas dife ren ças, pois apre sen ta as seguin tes cono ta ções:

• Os cír cu los meno res repre sen tam os indi ví duos con ti dos naorga ni za ção. Esses indi ví duos são res pec ti va men te dota dos devoli ção, com pro me ti men to, valo res cole ti vos, ética e prin cí pioshuma nos.

• As setas repre sen tam a infor ma ção e o conhe ci men to tro ca dos eadqui ri dos pelos indi ví duos.

É claro que ciên cia e tec no lo gia são impor tan tes. Principalmente por que nos aju dam a viver melhor, nos pro pi ciam con for to e mais conhe ci men to das

pato lo gias. Oferecem aces so a tra ta men tos mais efi ca zes. Permitem um melhor

122 • As Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância

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conhe ci men to dos homens, do mundo, do uni ver so. A ques tão é que o ser huma nopri vi le gia em exces so os domí nios mate riais. A espi ri tua li da de é igual men te

essen cial à vida. O cami nho justo é saber con ci liar os dois aspec tos, evi tan do que o homem se desu ma ni ze.

Dalai-Lama

6.1 Recomendações para o FuturoDevemos res sal tar e enfa ti zar que, cada vez mais, o indi ví duo, para atin girde forma evo lu ti va a orga ni za ção, não deve res trin gir-se à sabe do ria deforma pura men te indi vi dual, mas sobre tu do ser pro fun do faci li ta dor dasabe do ria cole ti va.

Há a neces si da de de que a cul tu ra orga ni za cio nal seja mais bem tra ba -lha da pelos diri gen tes das orga ni za ções. Todos os indi ví duos, e prin ci pal -men te aque les que tomam as deci sões nas orga ni za ções, pre ci sam se com -pro me ter com os pro ces sos de mudan ça e com as novas tec no lo gias do conhe ci men to que estão sendo imple men ta das e que venham a sur gir,atuan do de forma trans pa ren te, com prin cí pios e eti ca men te, aju dan do nacons tru ção de uma vida melhor, de uma orga ni za ção mais sadia e de umpla ne ta mais evo luí do.

Ademais, a tec no lo gia deve ser enca ra da como uma fer ra men ta queauxi lia o indi ví duo em seu tra ba lho, pro ven do-o de uma maior qua li da dede vida, bem como aumen tan do sua pró pria satis fa ção, tanto em sua vidapes soal como pro fis sio nal. Dessa manei ra, e sus ten ta do por uma edu ca ção combase na qua li da de e na jus ti ça, o pró prio indi ví duo esta rá cola bo ran do com ores tan te da socie da de, con tri buin do com a sabe do ria cole ti va do pla ne ta emque vive mos, pois a imple men ta ção de novas tec no lo gias do conhe ci men tonas orga ni za ções depen de única e exclu si va men te das pes soas de boa von -ta de, dota das de valo res indi vi duais e cole ti vos cons tru ti vos.

Conclusões e Reflexões sobre as Novas Tecnologias e sua Complexidade • 123

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