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Título / Title Post-in-progress: abstracts of the 5th International Post-Graduate Forum for Studies in Music and Dance

Organizadores / Editors Mónica Chambel, José Batista Jr, Daniel Escudeiro, Éric Lana

Edição / Published by UA Editora Universidade de Aveiro Serviços de Biblioteca, Informação Documental e Museologia

1.ª Edição / 1st Edition Novembro / November 2019

ISBN 978-972-789-617-2

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Post-in-progress

5º Fórum Internacional de Pós-graduação em Estudos de Música e Dança, Aveiro - 2019

5th International Post-Graduate Forum for Studies in Music and Dance, Aveiro - 2019

Comissão organizadora / Programme comittee Amanda Carpenedo, Ana Margarida Cardoso, António Ventura, Cláudia Sousa, Daniel Escudeiro, Daniel Nery, José Batista Jr, Mónica Chambel, Nery Borges, Samuel Barros

Comissão Executiva / Executive Committee Eduardo Falcão, Éric Lana, João Valentim, Lucas Wink, Patrícia Costa

Entidades organizadoras / Organized by Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro (DeCA), Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos de Música e Dança (INET-md) - pólo da Universidade de Aveiro

Comissão científica / Scientific Committee Alexsander Duarte, Alfonso Benetti, Ana Flávia Miguel, António Vassalo Lourenço, Eduardo Lopes, Graça Mota, Jorge Castro Ribeiro, Luís Bittencourt, Márcia Ramos, Maria do Rosário Pestana, Pedro Moreira, Ricardo Pinheiro, Rui Marques, Salwa Castelo-Branco, Susana Sardo, Vanda de Sá

Apoios / Supported by Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), Câmara Municipal de Aveiro, Turismo Centro de Portugal

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O Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos de Música e Dança (INET-md) e o Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) da Universidade de Aveiro, têm o prazer de acolher o Post-in-progress: 5º Fórum Internacional de Pós-graduação em Estudos de Música e Dança, aberto a todos os estudantes de pós-graduação ou investigadores que ainda não tenham obtido o grau de doutor.

O Post-in-progress decorre em Aveiro, Portugal, entre os dias 21 e 23 de novembro de 2019 e tem como convidados os seguintes investigadores: Paulo de Assis (Instituto Orpheus), Trevor Herbert (Open University), Ivan Vilela (Universidade de Aveiro) e Iñigo Sánchez (NOVAFCSH). Conta ainda com a presença de Clarissa Foletto (Universidade de Aveiro) como Jovem Oradora Principal.

Neste congresso 50 participantes de 15 nacionalidades apresentam os seus projetos in progress, dentro de áreas como: etnomusicologia, estudos de música popular, música erudita, dança, tecnologias da música, criação, estudos em performance, educação e ensino da música, vídeo e documentário sobre música e dança.

O nosso desejo é diluir, de alguma forma, as barreiras aparentes entre os diferentes domínios de investigação e contribuir para a construção de um futuro onde as diversas perspectivas académicas e científicas sobre música e dança possam coabitar e dialogar.

Acreditamos que este é o melhor contributo que podemos dar à investigação académica.

A todos os que de algum modo tornaram possível este evento a Comissão Organizadora expressa o seu profundo agradecimento.

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The Institute of Ethnomusicology - the Centre for Studies in Music and Dance (INET-md) - and the Department of Communication and Art (DeCA) of the University of Aveiro, are pleased to announce Post-in-progress: 5th International Post-graduate Forum for Studies in Music and Dance, which is open to all post-graduate students and researchers who have not yet obtained their doctoral degree.

Post-in-progess takes place in Aveiro, Portugal, Between the 21st and 23rd of November, 2019, and has as keynote speakers the following investigators: Paulo de Assis (Orpheus Institute), Trevor Herbert (Open University), Ivan Vilela (University of Aveiro) and Iñigo Sánchez (NOVAFCSH). We also have Clarissa Foletto (University of Aveiro) as Young Keynote Speaker.

In this congress, 50 participants of 15 countries present their projects in progress, within research areas such as: ethnomusicology, popular music studies, dance, music technologies, creation, performance studies, education and music teaching, video and documentary about music and dance.

Our main goal is to break down the barriers which often exist between the different lines of research and contribute towards the construction of a future where diverse academic and scientific perspectives of music and dance will converge and have space for dialogue.

We firmly believe that this is the best way in which we can contribute to academic research.

The Organising Committee would like to take this opportunity to express our sincere thanks to all those who helped make this event possible.

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The use of percussive techniques in the elaboration of arrangements for solo guitar Amanda Carpenedo, Aveiro University

The aim of this research is to discuss and understand the creation process when arranging for solo guitar by means of percussive resources, and to understand the technical and compositional relevance of these resources for performance efficiency. Guitar scores featuring extended techniques usually include explanations about how these techniques are notated in the score, and where and how the percussive sounds should be made on the instrument. Therefore, it is often up to the composer to choose the appropriate notation and how the information will be described to the performer. However, despite the endless range of timbre of the guitar, there are few studies dealing with the systematization of these resources. This research will focus on a specific extended technique, the use of percussive resources of the guitar. Many video lessons and tutorials on the internet teach how to play percussions on the guitar, present tablatures and varied techniques and its description. Notwithstanding the variety of information on this topic on streaming media, we notice a lack of similar approaches in academic works and specialized publications. Thus, this research raised the following question: how to integrate extended techniques based on percussive resources into a repertoire of arrangements for guitar in a cohesive, systematized manner, leading to an artistic, relevant identity for performance? The method used in this research involved four approaches: bibliographic research, analysis and systematization of information and resources, creation (arranging process) based on the data obtained and the resources that were developed, and performance. The analysis of these arrangements and applied resources has established technical and interpretative tools for their performance in the guitar, as a basis for arrangers and composers interested in integrating these resources into their writing and performances.

Keywords: extended techniques; percussive guitar; arrangements.

Amanda Carpenedo is a master student in Performance - Guitar at the University of Aveiro and her research focuses on the preparation of solo guitar arrangements using percussion techniques. She has a Major in Music Education and a Bachelor's Degree in Music from the Federal University of Rio Grande do

Sul (UFRGS), receiving academic honors in both courses. She was member of the guitar trio "Damas do violão", and also "Camerata violões do Porto" since the original formation, having performed at various cultural venues with both ensembles. In 2017 she won 1st place in the guitar contest Fábio Lima - Tribute to

Henrique Pinto (Curitiba, PR- Brazil).

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A padronização gestual dos golpes de arco na performance do violino - o Son Filé Ana Pinto, CITAR / Universidade Católica Portuguesa Ricardo Megre, CITAR / Universidade Católica Portuguesa

São inúmeros os autores que legitimam a relevância da técnica do arco na performance do violino: Galamian (1962); Auer (1925); Viotti (cit. in Salles 1998); Salles (1998); Gerle (2011); Mozart (1951 cit. in Gerle 2011); Capet (1916 cit. in Gerle 2011); Flesch (1928); Casorti (1880), e Pinto (2016). Desta forma, o principal objetivo deste estudo centra-se na compreensão dos movimentos somáticos necessários para reprodução dos diferentes golpes de arco. Através de uma investigação experimental em laboratório que envolveu 30 violinistas, foi possível a gravação - em formato de som, vídeo e Motion Capture, de um total de 1260 interpretações, resultado de uma criteriosa seleção de 42 excertos musicais representativos de cada um dos golpes de arco em estudo. Todas as gravações de som foram sujeitas à apreciação de um júri, que selecionou a melhor interpretação de cada excerto do grupo 1 (participantes com fato), a melhor interpretação do grupo 2 (participantes sem fato), e a pior interpretação de ambos os grupos. No caso específico do Son Filé, representado por um excerto musical do 2º Andamento da Sonata Kreutzer, op. 47 (Salles 1998, 60), o júri selecionou a interpretação dos participantes nº4 e nº14 como as melhores interpretações do grupo 1 e 2, respetivamente, e a interpretação nº 15 como a pior interpretação de ambos os grupos. Através da análise dos vídeos das interpretações supracitadas, constatou-se que a interpretação nº4 e nº14 coincidem em todos os componentes em análise (inclinação do arco, velocidade do arco, distância do cavalete, movimento do braço, movimento do pulso e direção do arco), e que a interpretação nº15 difere das restantes na inclinação do arco, velocidade do arco, movimento do pulso e direção do arco. Todas as interpretações captadas serão ainda analisadas ao pormenor através dos dados recolhidos no Motion Capture e passarão pelo mesmo processo de análise. Esta pesquisa concretiza-se no âmbito do projeto de doutoramento: “O ARCO - A Padronização Gestual dos Golpes de Arco para o Ensino-Aprendizagem do Violino”, com o objetivo final de se alcançarem padronizações gestuais dos diferentes golpes de arco no repertório mainstream de violino, coadjuvando violinistas e professores de violino.

Palavras chave: ensino do violino; arco; golpes de arco; motion capture; Son Filé.

Ana Pinto é investigadora do CITAR - Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes e bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia, no âmbito do Doutoramento. É autora do livro O Arco - Contributos Didáticos para o Ensino do Violino. Doutoranda em Ciência e Tecnologia das Artes,

na Universidade Católica Portuguesa, sob orientação de Sofia Lourenço e coorientação de Paulo Ferreira-Lopes, é Mestre em Ensino da Música pela mesma Universidade, Pós-graduada em Performance pela Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco e Licenciada em Violino, pela Universidade do Minho.

Recebeu orientação dos violinistas António Soares, Eliot Lawson, Augusto Trindade, Ana Pereira, Aníbal Lima, Gerardo Ribeiro, Alexei Mijlin Grodensky e Ilya Grubert. Desenvolveu a sua atividade docente entre 2012 e 2018 na Academia de Música de Viana do Castelo e na Escola Profissional de Música de Viana do

Castelo, e a sua classe contou com inúmeros prémios nacionais e internacionais. 12

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Ricardo Megre é mestre em Animação por Computador (2007), pela Universidade Católica do Porto. Em 2008 fez pós-graduação em Animação 3D e Efeitos Visuais na New York Film Academy, e Cinematografia Avançada na School of Visual Arts, ambos em Nova Iorque. Começou como professor assistente na New

York Film Academy, e como iluminador/generalista 3D para filme e publicidade. Em 2010 ajudou a fundar o estúdio Loopa no Porto, onde foi diretor técnico e de animação. Desde 2009 é docente assistente convidado na Escola das Artes, no mestrado com especialização em Animação por Computador e na licenciatura em

Som e Imagem, e na Faculdade de Belas Artes do Porto a partir de 2017, na licenciatura em Artes Plásticas. Recentemente tem trabalhado como animador e consultor criativo, e é doutorando em Ciência e Tecnologia das Artes na Universidade Católica, onde investiga o realismo dentro da Animação 3D e Motion Capture.

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Pathway of becoming and purpose of being an ethnomusicologist: marketplace demands, fieldwork selection criteria and international ethnomusicological flow Andreja Vrekalić, Josip Juraj Strossmayer / University of Osijek

Early career researchers in ethnomusicology are often confronted with large-scale challenges at the doctoral stage of their research. These could arise from, but are not limited to, two intertwined issues: the high demand for projects which can assure (safer) ingress into the (academic) marketplace; and the high demand for these projects to be applied, often as a result of the specific context in which research is conducted and a need for it to resonate in a non-academic sphere. The burden of becoming a true ethnomusicologist is perhaps (latently) wrapped in the following question: "[w]here can we go to work ethnomusicologically today, and what kind of work should we be doing there?" (Rice 2014, 191). In this paper, I aim to respond to Rice's question and deepen previous reflections by discussing ethnographic research on music therapy for people suffering from depression and other related mental disorders I conduct in the Psychiatric Day Clinic at the University Hospital in Zagreb, Croatia. Fieldwork selection criteria were, contrary to earlier mentioned issues and question, "perceived emotionally first, and then rationalised" (Ceribašić 1998, 56). Furthermore, my research departs from the politics and dominant paradigm in Croatian ethnomusicology opening some important questions - Croatia's ethnomusicological well-known ICTM affiliation vs. its lesser connections to SEM, and the subsequent, ethnomusicological marketplace demands and need for such research in Croatia as well as strong impetus pursuing international flow in search for broader space of becoming and purpose of being an ethnomusicologist.

Keywords: early career researchers; ethnomusicology; medical; ethnomusicology; marketplace demands; fieldwork selection criteria; international ethnomusicological flow.

Andreja Vrekalić graduated in musicology (ethnomusicology) from the Music Academy of the University of Zagreb in 2014. She is currently employed as a secondary school music teacher in Franjo Kuhač Music School in Osijek, and since October 2017, she has also been working as a part-time graduate teaching

assistant at the Music Department of the Academy of Arts and Culture at the University of Osijek. She is a Ph. D. candidate in cultural studies at the Doctoral School of the University of Osijek. In her research, she investigates the intersections of medical ethnomusicology and music therapy. She is a member of the

Croatian Ethnological Society, the Society for Ethnomusicology, the Croatian Association of Music Theorists, the International Council for Traditional Music, the Croatian Association of Music Therapists, and the

Croatian Musicological Society. Occasionally, she is a guest contributor for the SEM Student News.

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A Sonata para Bandolim e Baixo Continuo de Aleixo Botelho de Ferreira António Vieira, Universidade de Aveiro

A Sonata para Bandolim e Baixo Continuo de Aleixo Botelho de Ferreira, que se encontra na Biblioteca Nacional de Portugal, é uma obra fundamental do panorama da música escrita para bandolim em Portugal no final do século XVIII. Apesar do registo de diversas obras compostas em território nacional, maioritariamente por italianos e essencialmente para fins pedagógicos de ensino do instrumento, nenhuma atinge o nível técnico e composicional desta sonata. Por ser única na sua linguagem, e por ser possível verificar o conhecimento que o autor tinha sobre os métodos editados no período entre 1766 e 1772 em França, esta é de fulcral importância para perceber o nível e implantação que o bandolim tinha na época em solo lusitano. Nesta comunicação será feita a contextualização organológica e histórica do tipo de bandolim para o qual a sonata foi escrita, o bandolim napolitano, referindo sempre que for necessário a informação sobre os restantes modelos de bandolins existentes na Europa. Serão apresentados os detalhes biográficos que são conhecidos do compositor, apontando possíveis leituras dessas informações. Por fim, irá ser feito o enquadramento técnico e uma proposta para performance, relacionando-a com os cinco métodos de bandolim do séc. XVIII, que são reconhecidos por todos os especialistas como os mais representativos deste período histórico. A metodologia que foi aplicada incluiu pesquisa de arquivo e organização dos materiais; análise e adaptação desses materiais com vista à performance da obra; trabalho de estúdio dos materiais recolhidos, de forma a fundamentar uma prática performativa a integrar em uma apresentação pública com o Ensemble Liuto Cantabile, utilizando instrumentos (cópias) de época (bandolim, tiorba, violoncelo e cravo).

Palavras chave: música portuguesa do século XVIII; Sonata para Bandolim e Baixo Continuo de Aleixo Botelho de Ferreira; métodos de bandolim do século XVIII; bandolim.

António Manuel de Sousa Vieira iniciou o estudo de bandolim no Conservatório de Música de Coimbra com Flávio Pinho. Ingressa depois no Conservatório de Esch-sur-Alzette no Luxemburgo onde estuda com Juan Carlos Muñoz. Fundou a Orquestra Portuguesa de Guitarras e Bandolins da qual é o seu Concertino e

Diretor Artístico. Foi o primeiro Português a integrar a Orquestra Europeia de Guitarras e Bandolins. É o instrumentista convidado de várias orquestras em Portugal, (Orquestra Sinfónica da Casa da Música do Porto, OrchestraUtopica, Remix Ensemble Casa da Música…) Em Setembro de 2007 começa a lecionar o

curso de bandolim no Conservatório de Música de Vila Real, em 2009/2010 na Escola de Música de Esposende, em 2010/2011 no Conservatório Bomfim e no ano 2013/14 no Conservatório de Música do Porto. Licenciado em Matemáticas Aplicadas na Universidade Portucalense, é neste momento o professor

da única licenciatura de bandolim em Portugal, na Universidade de Aveiro.

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Epistemological references in a proposal of artistic research that relates musical composition and spirituality from a spiritual perspective: the world of Spirits Daniel Escudeiro, INET-md / University of Aveiro

This paper discusses some epistemological references (Moser, Mulder and Trout 2004) in a proposal of artistic research (Correia, Dalanga, Benetti, Monetrio 2018; Correia and Dalagna 2019) in the scope of creation, which relates musical composition and spirituality from a spiritual perspective: the world of Spirits. In western music, predominantly based on musical notation, one can find a parallel with spirituality in a large number of works and composers engaged in the issue of spirituality, in its religious bias (Grout and Palisca 1988; Griffiths 2010). However, I realize that there is a potential musical creative, little explored, in what refers to themes such as life after death, reincarnation and phenomena called "supernatural", among others, present in the notion of the world of Spirits (Kardec 2013). Even in other arts, such as the painting of Kandinsky or Hilma aft Klint, there are more appropriate inroads in this regard, whether theoretical or practical (Kandinsky 2017; Pinheiro 2018; Lourenço 2019). This makes it possible to raise existential questions, bring new meanings and conceptual relations to musical composition and finally create new works. In a broad sense, discussions about spirituality (Sheldrak 2012; Watts 2015; Catré et al. 2016) and spiritual (King 1998) have received attention in the universe of art, notably plastic and visual and in musical composition (Sholl and Mass 2017), allowing a basis for thinking about the compositional problem (Lima 2012) that deals with metaphysical issues. To do so, we start with a central question: "Et si la mort n'existait pas?" (Seguin and Bachy 2018), documentary title; André Luiz's accounts of the spiritual world psychographed by Chico Xavier, and the phenomena studied by Alan Kardec (1804-1869) at the end of the 19th century popularly known as "spinning tables" or "flying tables" (Kardec 2013; Del Priore 2014). Based on this scope, I present prerogatives of the literature choice, where I situate the research’s universe. I bring a transdisciplinary theoretical framework (Freitas, Morin, Nicolescu 1994) for a better understanding of the research and initial notes for performative directions that allow a dialogue of the musical composition with the world of Spirits.

Keywords: musical composition; epistemological; artistic research; spirituality; world of Spirits.

Daniel Escudeiro is a doctoral student in music at INET-md / University of Aveiro in an artistic research proposal that relates musical composition and spirituality from a spiritual perspective: the world of Spirits (Kardec [1857] 2013). He acts as educator and composer. His main work is a concert for guitar and

orchestra, Aporia, which reflects his master's study at the Federal University of Bahia on musical intertextuality. He was a post-graduate teacher in the area of music education at Graduale College and at the Music Course of the State University of Ceará in Brazil.

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Maestro, a imagem do poder: a comunicação interpessoal na cadeia de produção artística Daniel Nery, INET-md / Universidade de Aveiro / Universidade Federal de Sergipe (UFS)

O título deste texto cita a imagem do poder, definição dada por Theodor Adorno ao maestro de uma orquestra sinfónica. Semelhantemente, de acordo com a literatura formativa de direção orquestral, este maestro é possuidor de uma multifacetada formação tanto musical quanto pessoal. Todavia, uma importante característica pessoal em sua formação é deixada em segundo plano: a comunicação interpessoal. Como parte integrante do nosso projeto de doutoramento em música na Universidade de Aveiro e através do escopo dos sociólogos Howard Becker, Bernard Lehmann e do musicólogo Stephen Cottrell, realizamos uma revisão de literatura crítica sobre o maestro e suas múltiplas competências, questionando sua real necessidade e a importância da negociação da interpretação musical com a orquestra através da comunicação interpessoal. As fontes e bases de dados consultadas foram livros, artigos e periódicos online. As palavras chaves usadas (em inglês e português) foram: maestro; orquestra sinfónica e comunicação interpessoal. Desta revisão três tópicos foram deduzidos: (i) a orquestra, ao contrário do que é aferido por diversos autores, não é um mero instrumento do maestro; (ii) o maestro precisa estabelecer de maneira crucial, um ambiente de mútua colaboração durante o ensaio, onde há respeito e confiança entre ele e orquestra; e (iii) ele deve ser um facilitador ou um tutor, que orienta e equilibra as ideias musicais da orquestra com as suas próprias, e as negocia através da comunicação interpessoal. Estes tópicos, contudo, contrastam com ideia do maestro detentor do poder, e, entretanto, suscitam novas investigações e novos paradigmas no ensino da direção e na atuação do maestro, por exemplo, as estratégias de ensaio onde há mútua colaboração entre maestro e orquestra.

Palavras chave: maestro; orquestra sinfónica; comunicação interpessoal.

Daniel Nery - Professor de direção e diretor associado da Orquestra e Coro da Universidade Federal de Sergipe, é bacharel e mestre em Composição e Direção pela UNESP, Universidade Estadual Paulista. Já esteve a frente de importantes orquestras como Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra

Sinfônica de Porto Alegre, Orquestra Sinfônica de Barra Mansa e Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Estreou na Europa com Orquestra Filarmonia das Beiras em Portugal. Em 2010 mudou-se para Aracaju para integrar como maestro adjunto da Orquestra Sinfônica de Sergipe, considerada pela crítica

como uma das mais importantes e atuantes orquestras fora do eixo Rio-São Paulo. No mesmo ano, foi premiado no I° Concurso Carlos Gomes para Jovens Regentes de Orquestra realizado pela Orquestra Sinfônica de Campinas. Em 2017 foi selecionado para cursar o Doutoramento em Direção Orquestral na

Universidade de Aveiro em Portugal, sob a orientação do maestro António Vassalo.

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O uso de práticas de investigação partilhada na (re)construção de memórias musicais no contexto de Goa pós-colonial. O caso da obra manuscrita de Agapito de Miranda Eduardo Falcão, INET-md / Universidade de Aveiro

Este estudo centra-se na análise da obra inédita do compositor e etnógrafo local goês Carmo Gonzaga Miguel Agapito de Miranda (1911-1995) constituída por 6 volumes manuscritos. Trata-se de cadernos que totalizam cerca de 3500 folios e que contêm aproximadamente 1300 partituras com letras de canções, composições próprias e apontamentos etnográficos em língua portuguesa sobre práticas musicais de Goa. A investigação problematiza a relação entre as memórias inscritas neste documento e as memórias coletivas do amplo contexto sociocultural e político. Pela importância etnográfica e simbólica de que se reveste, o repertório registado nos manuscritos contribuirá para compreender as dinâmicas culturais de Goa no processo de transformação entre o estatuto de “Estado Português da Índia” e o de território pós-colonial não-independente integrado na União Indiana. Após 2 anos de investigação para doutoramento, esta comunicação procura, sobretudo, apresentar os resultados alcançados durante os primeiros 6 meses de trabalho de campo, realizado entre outubro de 2018 e Março de 2019, durante o qual privilegiei o uso das práticas de investigação partilhada (PIP) como metodologia de trabalho. Esta metodologia procurou incluir a participação dos familiares do coletor de canções estudado em todo o processo de investigação.

Palavras chave: etnomusicologia; políticas de memória; património cultural; decolonialidade.

Eduardo Falcão é doutorando em Etnomusicologia no INET-md da Universidade de Aveiro, mestre em

História e Património na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas em São Paulo, Brasil. Possui especialização em violão na Escola de Música do Estado de São Paulo. Os seus interesses de investigação incluem música, nacionalismo e pós-

colonialismo; a invenção e representação da tradição. Ele está particularmente interessado em explorar os interstícios entre música, história e o encontro colonial. Participou do projeto de publicação da edição em português da Coleção História Geral da África da UNESCO.

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A preparação para a performance no coro infantojuvenil: tecnologias e mediações Éric Lana, INET-md / Universidade de Aveiro

Nesta comunicação, apresento os resultados preliminares do projeto Sala de Ensaios Virtual onde busco compreender os limites e potencialidades do uso de um sistema híbrido de ensaio coral (on-line e presencial) como suporte à aprendizagem autônoma do repertório por meio de aplicativos e dispositivos móveis. O estudo foi realizado com 54 integrantes do coro infantojuvenil brasileiro Canarinhos de Itabirito no período de fevereiro a junho de 2019. Através da elaboração de um plano semanal de aprendizado de repertório disseminado em três plataformas livres, Musescore, WhatsApp e Google Classroom, procurei responder as seguintes questões: (i) Como a manutenção de um ambiente virtual de aprendizado auxilia no desenvolvimento das atividades presenciais dentro do coro?; e ii) Como construir metodologias para o seu uso e eficácia no canto coral? A coleta de dados foi realizada por meio do próprio armazenamento de conteúdo das plataformas, além de entrevistas semiestruturadas e anotações pessoais. A análise qualitativa baseou-se nas evidências contidas nas narrativas e na interação dos participantes, indicando assim: uma maior autonomia na prática coral, posto que, a memória musical, o conhecimento prévio ao ensaio presencial, o interesse e o conhecimento pela obra, a troca de saberes e experiência entre os pares, auxiliaram numa maior otimização do tempo de aprendizado e na qualidade do engajamento dos coralistas. Os dispositivos móveis, tais como o telemóvel e o computador portátil apresentam-se como os principais mediadores ao processo de construção da autonomia, dinamização do aprendizado musical e melhora da qualidade da experiência emocional dos coralistas. A construção de metodologias para o uso deste sistema híbrido pode agregar acessibilidade, autonomia de estudo, engajamento dos adolescentes a partir de suas próprias ecologias de aprendizagem.

Palavras chave: canto coral infantojuvenil; estratégias de ensaio; recursos pedagógicos tecnológicos.

Éric Vinícius de Aguiar Lana é doutorando em Música - Estudos em Performance - Regência Coral, pela

Universidade de Aveiro sob a orientação de Dr. António Vassalo Lourenço, co-orientação de Dr. Clarissa Foletto e Dr. Guilherme Campos, integrado ao INET-md. É mestre em educação pela Universidade Vale do Rio Verde e graduado em Música pela Universidade Federal de Ouro Preto (Brasil). Atua como regente e

diretor artístico da Associação Cultural Coral Os Canarinhos de Itabirito - Brasil e desenvolve pesquisas em performance musical com ênfase em práticas de regência mediadas por recursos tecnológicos em coros infantojuvenis.

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Do romance ao loop nordestino: viola sertaneja e live looping na música armorial Erik Pronk, INET-md / Universidade de Aveiro

O objetivo deste recital-conferência é explorar a modalidade de performance com live looping no repertório da música armorial, abordando três obras (Revoada, Repente e Toré) do compositor Antônio José Madureira, em uma versão adaptada para viola brasileira solo. As obras pertencem ao primeiro álbum do Quinteto Armorial, intitulado Do Romance ao Galope Nordestino, lançado em 1974. O quinteto foi formado na década de 1970 no contexto do Movimento Armorial. O movimento idealizado por Ariano Suassuna (1927-2014), tinha o objetivo de criar uma arte brasileira com base na cultura popular, explorando sonoridades de instrumentos e fontes musicais do folclore nordestino, dos cancioneiros ibéricos medievais, da música indígena e do canto gregoriano. Neste contexto, a viola brasileira se insere como um instrumento cordofone composto por caixa de ressonância, braço e cinco ordens de cordas, que recebe denominações diversas nas diferentes regiões do Brasil, como viola caipira no centro-sul e viola sertaneja no nordeste. A presença de elementos musicais que se alternam repetidamente nestas obras possibilitaram a sua adaptação para o live looping preservando consideravelmente a estrutura das versões apresentadas no álbum de 1974. Com base nas ferramentas oferecidas pela pedaleira Boss RC-300, serão apresentadas performances das obras, juntamente com uma conferência, onde serão descritos os procedimentos de programação da LoopStation entre as possíveis soluções para a elaboração do arranjo e questões de notação musical.

Palavras chave: live looping, LoopStation Boss RC-300, música armorial, quinteto armorial, viola caipira, viola nordestina.

Erik Pronk é guitarrista, tocador de viola caipira, investigador e professor. Doutorando na Universidade de Aveiro, com enfoque no repertório e performance da viola brasileira. Estudou no Royal Conservatoire em

Haia, Holanda, onde concluiu seu mestrado (2010) e bacharelado em 2008 no ramo da Performance / Guitarra Clássica. É professor na área de violão no Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desde 2012.

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Abordagem harmônica do baixo elétrico: novas perspectivas para a performance a partir de um estudo de caso Fausto Pizzol, Universidade de Aveiro

A presente proposta de comunicação, enquadrada como investigação artística, explora a possibilidade de utilização do baixo elétrico como instrumento harmônico. Tomando como ponto de partida a exposição das formas de execução reconhecidas, de acordo com os textos acadêmicos, como a prática convencional (Becker 2010) do baixo elétrico (i. e. pizzicato, slap, walking bass entre outras), segue-se a discussão sobre o conceito de affordances (Gibson 1979). Tal conceito norteia a exploração empírica de potencialidades de execução harmônica do baixo elétrico. Essas potencialidades são experimentadas de forma prática através de um estudo de caso sobre a música Partido Alto (Bertrami 1979). Aplicando técnicas de harmonização para a performance desta composição, busca-se evidenciar a capacidade de utilização do baixo elétrico para além de sua designação de instrumento melódico (Bacon 2001; Brewer 2003). O resultado obtido, uma performance solo para baixo elétrico, aponta para a viabilidade da abordagem harmônica. A performance foi concebida inicialmente através da modificação e posterior harmonização do ostinato do baixo elétrico contido na Lead sheet de referência. Posteriormente esta harmonização foi articulada com a execução simultânea da melodia e da rítmica, resultando em um chord melody com características peculiares. Os objetivos gerais deste estudo procuram (1) evidenciar a ruptura com o paradigma consolidado relativamente às formas de execução do baixo elétrico, por ocasião da utilização da abordagem harmônica e (2) propor a utilização da abordagem harmônica como uma alternativa viável e consistente para a performance no instrumento.

Palavras chave: baixo elétrico; abordagem harmônica; affordances.

Fausto Lessa Fernandes Pizzol é mestre em Música na área de Performance, título obtido na Universidade de Aveiro (Portugal). É licenciado em Música pela Universidade Federal do Espírito Santo (Brasil), e pela East Carolina University (USA) através do convênio Capes-Fipse (graduação “sanduíche”).

Possui Pós-graduações em Educação musical (Fabra); Gestão educacional (Fabra) e Artes e educação (Cesap). Atualmente cursa o Doutoramento em Performance musical pela Universidade de Aveiro (Portugal). Suas áreas de interesse incluem Investigação Artística, Performance e Jazz Studies.

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Ensino da dança: políticas, desafios e práticas para o século XXI Fernanda Andrade, FPCE / Universidade de Coimbra

Nas buscas por soluções e novos caminhos que renovem e reconheçam as diversas expressões artísticas, os sistemas educacionais vêm desenvolvendo e implementando mudanças na disciplina de Educação Artística no 1º CEB contemplando uma base curricular comum para este nível. Estas iniciativas, usualmente, são pautadas no assentamento da garantia dos direitos educacionais e culturais igualitários que visam permitir a todos os sujeitos as mesmas oportunidades de desenvolvimento de competências artístico educacionais. Mas, em que medida a Educação Artística em dança pode contribuir para o desenvolvimento de competências dos sujeitos, bem como para a sustentabilidade da dança no século XXI? Este artigo propõe um lugar de reflexão sobre o ensino da dança no 1º CEB e a sustentabilidade dos públicos da dança e da própria dança no século XXI cruzando perspectivas de políticas educacionais e culturais, bem como condições e práticas do ensino da dança no ensino formal. O objetivo é promover disparadores para discussões sobre políticas culturais e educacionais favoráveis que alicercem a sociedade e a possível relação que este cidadão, desejado para vivenciar o século XXI, pode vir a estabelecer com esta arte no futuro. Esta investigação pretende verificar estes pressupostos explorando diversas realidades e diferentes pontos de vista sobre o ensino da dança em Portugal considerando principalmente que o/a aluno/a de dança hoje poderá ser o condutor sensível que promoverá a sustentabilidade das artes performativas no amanhã. A hipótese é que este sujeito sensibilizado desde os primeiros anos para a arte da dança pode vir a ser o gestor cultural, o administrador público, o gestor da unidade escolar que decidirá sobre as políticas de desenvolvimento e fomento no terreno artístico-educacional. Outrossim, o discente que, através de iniciativas de educação estética e artística, desenvolve paulatinamente o hábito de apreciar dança pode com o passar dos anos vir a compor o público, criticamente presente, que almejamos para o século XXI. Pretende-se nesta investigação refletir sobre o presente e os desafios que os diversos caminhos e dimensões podem reservar para efetivamente antecipar políticas mais eficazes para o ensino, as práticas de fruição e consequentemente o fomento da dança em Portugal.

Palavras chave: dança, educação artística 1ºCEB, sustentabilidade para o século XXI, políticas educacionais e culturais.

Fernanda Andrade - Mediadora cultural, artista e dramaturgista das artes cênicas, pesquisadora e analista

técnica de projetos e de dados culturais. Doutoranda em Ciências da Educação, na Faculdade de Psicologia

e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Mestre e licenciada em Dança pela Universidade Federal da Bahia (2018 e 2016). Licenciada em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra (2014) e frequentou 2 anos o curso de Jornalismo na Universidade de Taubaté, São Paulo (2005-2006). Dentre

outros, é capacitada nas áreas de gestão de projetos e empreendedorismo cultural, administração pública da cultura, políticas culturais e produção cultural. Tem experiências com mapeamentos, levantamentos e tratamentos de dados relativos a pesquisa de públicos das artes. Tem como principais áreas de interesse, a

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mediação artística e cultural; a educação estética e artística, a formação contínua de professores de artes,

políticas e gestão da educação e da cultura.

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“Compromisso total com o mundo contemporâneo”: a ideia de música brasileira por trás do Manifesto Música Nova Fernando Magre, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Em 1963, um grupo de jovens compositores paulistas lançou o Manifesto Música Nova. Eles propunham uma reavaliação do estado atual da música de concerto brasileira, buscando introduzir no país as técnicas e estéticas em voga na Europa e Estados Unidos, nomeadamente o Serialismo e o Experimentalismo. O Manifesto Música Nova vem na esteira de uma sequência de manifestos que buscavam reconfigurar o pensamento artístico brasileiro: 1) o Manifesto Música Viva (1946), que tinha como princípio fundamental apoiar e divulgar a música nova, com atenção especial ao Dodecafonismo; 2) o Plano Piloto para Poesia Concreta (1958), que buscava revolucionar a linguagem poética, abandonando “o ciclo histórico do verso” e indo em direção à exploração do espaço visual e de suas perspectivas sonoras. Se olharmos para algumas décadas anteriores, ainda nos deparamos com os modernistas Manifesto da Poesia Pau Brasil (1924) e Manifesto Antropófago (1928), ambos escritos por Oswald de Andrade. O que está por trás de todos esses manifestos é a construção de uma nova ideia de Brasil. Cada qual a seu momento buscava teorizar e definir diretrizes para a expressão artística brasileira. No Manifesto Música Nova, a ideia de Brasil é antagônica às proposições modernistas. Se estes buscavam no fundo do folclore as bases para a construção de uma cultura genuinamente nacional - o que gerou o nacionalismo musical - o Grupo Música Nova buscava justamente combater essa ideia. Para os jovens compositores no início dos anos 60, a nova ideia de Brasil passava por inventar novas formas de expressão artística, em sintonia com o que era produzido no exterior. Mas, como nem tudo é rompimento, algo do modernismo brasileiro ficou na proposta desses compositores: como num processo antropofágico, internalizar o que vinha de fora e tornar isso expressão local, ressignificada no contexto sociocultural brasileiro. A fim de demonstrar como as ideias expostas no Manifesto Música Nova sublimaram-se em música, apresentaremos uma análise de Santos Football Music de Gilberto Mendes. A partir dessa análise, mapeamos alguns aspectos da tentativa de criação de uma linguagem brasileira e original de música contemporânea.

Palavras chave: Manifesto Música Nova; música contemporânea brasileira; cultura brasileira; musicologia; modernismo.

Fernando Magre é doutorando em Música pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e mestre em Música pela Universidade de São Paulo (USP), com a dissertação “A música-teatro de Gilberto Mendes e seus processos composicionais” (2017). Especialista em Regência Coral (2015) e Licenciado em Música

(2013) pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). É colaborador do CESEM - Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (FCSH-UNL-Portugal), onde realizou pesquisas sobre a obra dos compositores Constança Capdeville e Paulo Brandão com auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado de São Paulo (FAPESP-Brasil) e Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT-Portugal). Desde 2017 escreve para a Revista Glosas (Portugal) como correspondente brasileiro. Possui trabalhos

apresentados em conferências nos Estados Unidos, Portugal, Lituânia, Rússia, Argentina e Brasil.

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Blue Skin of the Sea - estudos interpretativos criados através de uma prática reflexiva Giuliano Ribas, Universidade de Aveiro

A marimba é um instrumento de percussão que obteve bastante atenção desde o início do século XX em relação à composição de obras solo. Isto se deu, entre outros motivos, em função de suas capacidades harmónicas e melódicas. Porém, alguns compositores têm explorado outras possibilidades sonoras para este instrumento, sobretudo nas últimas décadas. Em Blue Skin of the Sea (2014), obra para marimba solo da compositora Tonia Ko, a exploração sonora da marimba é realizada através da utilização de vários recursos inovadores. Através do presente trabalho pretendo identificar, analisar e descrever estes recursos e detetar a eventual presença de técnicas consideradas estendidas. Além disso, irei relatar nesta comunicação os principais desafios impostos à performance desta obra. Através de uma abordagem prática reflexiva foram elaborados estudos técnicos e interpretativos de apoio à performance da obra. Estes estudos foram elaborados com a finalidade de dar suporte a minha própria performance e consequentemente, poderão servir de referência e de reflexão por parte de outros intérpretes e compositores interessados neste tipo de repertório. Blue Skin of the sea é também o título de um pequeno livro de Graham Salisbury, onde o oceano assume o papel de protagonista. A partir do imaginário construído neste livro, Tonia Ko estabelece um paralelo entre os padrões imperfeitos da superfície do mar, a memória anatómica da pele humana (capaz de revelar histórias) e a singularidade física e sonora de cada tecla da marimba (KO 2014). Nesta obra, a compositora explora o espaço físico e as possibilidades sonoras da tecla da marimba em uma perspetiva de horizontalidade do movimento de realização do toque percussivo, ao invés da verticalidade usual deste procedimento. Ao “raspar” as teclas de diversas maneiras, combinando várias técnicas e ferramentas sonoras e ao utilizar mãos, dedos e unhas, o performer é levado a se aproximar da marimba para ouvir, tocar e sentir o instrumento em busca de novas sonoridades. Nas palavras de Ko (2014), “Blue Skin of the Sea is about floating - Hands and mallets on wood, wood in water, sounds in the air”.

Palavras chave: marimba; exploração sonora; técnicas estendidas; artistic research.

Giuliano Ribas é estudante do Plano Doutoral em Música da Universidade de Aveiro. Bacharel em música e mestre em performance musical pela Universidade Federal de Minas Gerais. É também timpanista

licenciado da Orquestra Sinfónica do Espírito Santo e criador do curso de bacharelado em percussão da Faculdade de Música do Espírito Santo. Trabalhou ainda como professor bolsista do curso de licenciatura em música da Universidade Federal de Minas Gerais. Em Portugal atuou como professor do Conservatório

Regional de Música de Vila Real, Conservatório de Música de Ourém e Fátima, Conservatório de Música de Águeda e na Academia de Música Paços de Brandão. Desenvolve pesquisa a respeito de obras escritas para marimba que possuem elementos sonoros inovadores.

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Pandeiro de náilon: o estilo de Bira Presidente Gustavo Ferreira, Universidade Estadual de São Paulo (UNESP)

A palavra “samba” aparece em diferentes regiões do Brasil para designar manifestações culturais bastante contrastante entre si. O samba carioca, considerado símbolo nacional da cultura brasileira, sobretudo a partir da década de 1930, se destacou no mercado fonográfico e, com o passar dos anos, se modificou e passou por diferentes fases. Uma delas teve início na década de 1970 na cidade do Rio de Janeiro, quando o Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos começou a promover rodas de samba às quartas-feiras em sua sede onde se criou um espaço fora do período carnavalesco para que os compositores expusessem suas canções. Com isso, um movimento se iniciou e culminou na consolidação do Grupo Fundo de Quintal em 1980. Ainda em atividade, o grupo que gravou mais de trinta álbuns é visto por músicos e pesquisadores como o grupo de samba responsável por criar uma nova estética no gênero (Reis 2003; Silva 2013). Isso se dá, em grande medida, devido à inserção de novos instrumentos no samba carioca, tais como o banjo de quatro cordas (afinação de cavaquinho), repique de mão e tantã. Além do mais, o pandeiro, instrumento que já estava consolidado no samba foi utilizado de forma a dialogar com estes novos instrumentos recém introduzidos no gênero, gerando assim uma transformação estilística que causou e causa grande reverberação até os dias atuais. O intuito principal da pesquisa é compreender como Ubirajara Felix do Nascimento, o “Bira Presidente”, integrante do grupo mencionado executa o pandeiro de náilon no disco Samba é no Fundo de Quintal (RGE 1980) e discutir como isso se relaciona com os demais instrumentos de percussão, assim como seu estilo se relaciona com o de outros pandeiristas. Neste estudo de caso foram feitas transcrições de trechos da execução do pandeiro a fim compreender o idiomatismo (Kreutz 2012) presente no estilo interpretativo de Bira Presidente. Para isso, baseado nos trabalhos de Gianesella (2012) e Mendes (2010), decidi pela notação para pandeiro desenvolvida por Carlos Stasi, pois com apenas uma linha, ele representa os timbres mais utilizados no pandeiro.

Palavras chave: música brasileira; samba; pandeiro.

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O violino em Portugal no primeiro quartel do século XX: perspectiva sobre o Conservatório de Música de Lisboa Hélder Sá, INET-md / Universidade de Aveiro

Desde a fundação o Conservatório de Música de Lisboa desempenhou um papel fundamental no panorama musical português (Gomes 2002; Artiaga 2007; Rosa 2009). No alvor da Primeira República, o violino era o segundo instrumento mais representativo, com cerca de setenta alunos distribuídos entre Alberto Bettencourt e Júlio Cardona. Através da análise e sistematização de documentação recolhida no Arquivo Histórico do Conservatório (pautas, frequências, exames e programas de sala) e na imprensa, esta investigação propõe uma caracterização do ensino do violino durante a Primeira República, inédita no contexto musical português, identificando os principais intervenientes e tipificando repertórios. Neste período foram contratados quatro docentes, o que permitiu alargar o número de alunos que ultrapassou a centena e meia em 1916-17. Os dados indicam uma presença feminina maioritária no curso geral, suplantando os 43% da Academia de Amadores de Música, na mesma época. No curso superior, a situação é tendencialmente inversa e podem nomear-se Paulo Manso, Hermínio do Nascimento, Artur Fernandes Fão, Frederico de Freitas, António Cabral, Mário Garibaldi e Albertina Freire como casos posteriores de sucesso no meio musical português. Nas audições promovidas pelo Conservatório predominavam estudantes avançados, o que poderá explicar a reduzida participação de alunos de Eduardo Pavia de Magalhães e António Tomás de Lima, responsáveis pelas classes mais jovens. Os alunos de Bettencourt apresentavam composições de Leonard, Viotti, Vieuxtemps e Wieniawsky. Cardona optava frequentemente por autores pouco representativos do repertório violinístico actual (Scharwenka, Sgambati, Sinding, Schillings). Entre as obras escolhidas por Ivo da Cunha e Silva, contabilizaram-se trinta e sete compositores desde o Barroco até ao século XX. As apresentações dos alunos de Flaviano Rodrigues e Tomás de Lima incluíam obras de Viotti, Seitz, Bériot, Leonard e Raff. Estes dados permitem verificar dois padrões de repertório: preferencialmente, o virtuosístico, e em segundo lugar, o clássico e romântico.

Palavras chave: violino; Conservatório de Música de Lisboa; ensino da música; música instrumental.

Hélder Sá é violinista e frequenta o Programa Doutoral em Música na Universidade de Aveiro. A sua investigação incide sobre o violino em Portugal na Primeira República. Algumas das suas investigações foram publicadas pela revista ÍMPAR: Online Journal for Artistic Research e pela editora Ava: Musical

Editions. É membro do INET-md e actualmente participa nos projectos “Euterpe Revelada” e “Ser Músico em Portugal”.

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Construcción de procesos transitorios en OpenMusic Huayma Yepun Tulian Labiano, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Con la intensión de explorar transiciones entre dos escenarios musicales diferentes, se utilizó el programa OpenMusic como herramienta para crear algorítmicamente situaciones sonoras extremas y conectarlas entre sí a través de cambios progresivos. El trabajo se basó en un esquema previo donde se planearon, simultáneamente, transiciones en la organización de las alturas, en la textura y en las articulaciones. El objetivo específico de este trabajo es ejemplificar un caso de transición entre dos lenguajes musicales diferentes. De éste, se desprenden otros objetivos generales (analizar los procesos de transición en obras de otros compositores, reflexionar sobre la escrita musical en los procesos transitorios, etc.) que serán objeto de futuras investigaciones. La idea de partir de un esquema previo se inspira en el planteo de Royer Reynolds en su libro Form and Method: Composing Music, y en la relación que él establece entre forma y material. Se decidió estructurar el trabajo definiendo primero las alturas para después resolver la textura (ritmo y articulación). Esto se basa en las ideas que expone Xenakis en el libro Musiques Fomelles: se trabajó con los conceptos hors-temp, temporelle y en temps. En la organización de las alturas, se parte de un leguaje atonal (atonalismo libre) hacia uno diatónico (pentafonía); para modelar las alturas a través de algoritmos se utilizó la teoría Pos-tonal de Joseph Straus y el concepto de los pitch class y las clases de conjuntos. En la textura, se comienza con una situación de ritmo completamente irregular (nube de puntos) hacia una textura de coral (polifonía monorrítmica); y finalmente, en las articulaciones se inicia con articulaciones cortas (pizzicatos) y se termina con la predominancia de legato. En esta pesquisa se utilizó principalmente la metodología de análisis y la terminología de Dante Grela. Este trabajo, ya en etapa final de desarrollo, pretende aportar ejemplos e ideas acerca de procesos transitorios que conectan situaciones musicales antagónicas. Se procura generar material de estudio y elementos musicales para ser aplicados a distintas composiciones. El resultado sonoro de lo aquí elaborado, se podrá experimentar a través de instrumentos virtuales y se proyecta escribir todo lo generado en notación musical.

Palabras clave: procesos transitorios; hibridación de leguajes musicales; OpenMusic; análisis musical; notación musical.

Huayma Yepun Tulian Labiano inició sus estudios musicales a los 10 años de edad en ciclo preparatorio de la Escuela de Música de la U.N.Cuyo bajo la guía de la Profesora Cristina Cuitiño. Ha realizado cursos de perfeccionamiento y masterclass con reconocidos guitarristas. En 2014 obtuvo el título de Licenciado,

recibiendo el diploma de honor por ser el mejor promedio del grupo de Carreras Musicales de la U.N.Cuyo. Actualmente es maestrando de la UFMG en Brasil, con beca de estudios otorgada por la CAPES. Desde el 2010 hasta el 2018 estudió composición, orquestación y análisis musical con el maestro Dante Grela, y

formó parte del CEMUC (Centro de Estudios de Música Contemporánea) donde se desempeñó como compositor e intérprete de guitarra. Actualmente es parte del equipo docente de la cátedra de guitarra de la Profesora Laura Guembe, en la Facultad de Artes y Diseño de la U.N.Cuyo.

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Timbre e identificação sonora: o caso da equalização na reprodução sonora de suportes históricos Isaac Raimundo, INET-md / NOVAFCSH

Desde que a etnomusicologia se constituiu como uma ciência que recorre ao uso de fonogramas para fins de análise dos seus conteúdos. O recurso à gravação em suportes sonoros, tais como a fita magnética ou disco encerram, no entanto, subtilezas intrínsecas aos equipamentos utilizados. Do mesmo modo, estes equipamentos de gravação constituem-se como autênticos marcadores históricos das tecnologias que foram sendo desenvolvidas, particularmente no decorrer do século XX, e adaptadas aos requisitos sonoros considerados necessários para cada utilização e para cada período. Como tal, uma correcta audição dos seus conteúdos implica o conhecimento prévio dos parâmetros de gravação utilizados, onde se incluem os modelos dos equipamentos, os filtros empregues, e a noção profunda de que o ambiente de reprodução sonora contemporânea à gravação em causa difere substancialmente dos disponíveis na actualidade. Não considerar atentamente estes requisitos resulta em conclusões desviadas do ponto de vista da análise sonora, resultado da falta de equilíbrio frequencial e, desse modo, de uma incorrecta distribuição dos formantes responsáveis pela atribuição tímbrica. Nesta comunicação pretende-se apresentar de forma sistemática como os mecanismos de gravação se modificaram, e quais são os requisitos de equalização necessários para uma correcta audição sonora. Será dado particular enfoque aos suportes em disco de goma-laca nos períodos acústicos e eléctricos, mas também ao período inicial da gravação em fita magnética. Através de exemplos áudio de fonogramas históricos serão dados a comparar auditivamente como a equalização pode afectar a percepção da distribuição da energia sonora, por exemplo, de instrumentos musicais.

Palavras chave: etnomusicologia; áudio; acústica; história da tecnologia.

Isaac Raimundo nasceu em Leiria, Portugal, em 1979. Tocou flauta transversal durante 10 anos e completou uma licenciatura em Música - Variante de Produção e Tecnologias Sonoras, na Escola Superior de Música e da Arte dos Espectáculo - IPP. Após ter efectuado especialização em Eng. Acústica no Instituto

Superior Técnico, desenvolveu equipamento de instrumentação e análise acústica para a avaliação sonora de ruído rodoviário, na Escola de Engenharia da Universidade do Minho. Tem vindo a trabalhar profissionalmente na reparação e construção de equipamento áudio

profissional, em particular de suportes áudio obsoletos. Actualmente desenvolve investigação, no âmbito de um doutoramento em etnomusicologia, na criação de modelos físicos avançados de gramofones para

aplicação em museologia e etnomusicologia.

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Música imprevisada: a prática de criação-performance partilhada Ítalo Araújo, Universidade de Aveiro

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma prática musical que formata um modelo de performance coletiva e que comprova a herança e a ressignificação de outras práticas musicais como a música experimental e improvisada. Através da discussão sobre a idealização da performance, a presente pesquisa buscou identificar a criação de novos paradigmas que regem a sua prática fundamentada em sua narrativa musical, a circunstância e o resultado que se obtém na performance. Esse estudo propõe a análise de práticas performativas coletivas de grupos do Brasil e de Portugal nas quais o som, com intenção musical e de maneira imprevisível, é usado como material para a criação em tempo real, sendo denominada aqui como música imprevisada. Trata-se então de um tipo de prática musical em grupo onde a performance e a criação são assumidas pelos agentes como indissociáveis, e estes modos de fazer musical, diluidores da dicotomia compositor/intérprete, oferece outros valores ao processo de performance musical como “musicar” sem materiais musicais pré-concebidos e a imprevisibilidade como fundamento na construção sonora. A pesquisa vem sendo desenvolvida a partir do trabalho etnográfico e da pesquisa artística na construção de conhecimento em conjunto com os grupos desde o ano de 2016, tendo como base metodológica e abordagem teórica conceitos como a imprevisibilidade, a partilha, a teoria da comunicação, Affordance, a teoria da complexidade, entre outros. No entanto, a forma como os grupos fazem acontecer a música imprevisada em termos práticos é o que a diferencia das demais práticas, a ausência de ensaio, a característica multi-idiomática, os aspectos musicais indefinidos, a construção coletiva do material sonoro a distingue de uma construção sonora pré-estabelecida por parte da música experimental ou uma construção sonora com narrativas diversas na valorização das individualidades como na música improvisada. A propor por fim como resultado a afirmação deste modelo de performance grupal, três princípios essenciais: o princípio da não idealização da performance; o princípio do fazer coletivo; e o princípio do aqui e agora na performance ao vivo.

Palavras chave: etnomusicologia; performance musical; criação musical.

Ítalo Araújo - Produtor musical, pianista e pesquisador, é licenciado em música pela UFS (Universidade Federal de Sergipe - Brasil), mestre em Etnomusicologia pela escola de música da UFBA (Universidade

Federal da Bahia - Brasil) e está a cursar doutoramento em Etnomusicologia pela Universidade de Aveiro em Portugal. É idealizador e organizador da Semana de Etnomusicologia da UFS (Universidade Federal de Sergipe) possui pesquisas sobre música popular e música popular instrumental brasileira, assim como,

ministra workshop e palestra pelo Brasil sobre temas como Arranjo em música popular brasileira, harmonização e improvisação. Atualmente desenvolve sua carreira como pianista de música instrumental, produtor musical de artistas diversos e leciona no Conservatório de Música de Sergipe (Aracaju-Brasil).

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Os loucos nos cenários urbanos: imagens de Dionísio e outros corpos errantes Jamila Pontes, Universidade de Lisboa Patrícia Santos, Universidade de Lisboa

Trata-se de uma revisão bibliográfica que tem por objetivo discutir os corpos que fogem aos padrões das cidades modelos, higiênicas. O interesse é apresentar e discutir os processos, técnicas e táticas dos corpos, a considerar as imagens de Dionísio e dos loucos que transgridam e traçam seus percursos fora do glamour, mas dentro das estruturas das cidades. Interessam-nos, sobretudo, a imagem e imaginários destas errâncias nos diferentes contextos. Para tanto, recorremos a Nietzsche (2002), Foucault (1997), Bakhtin (1987) Certeau (1987), Gil (2001), entre outros. Observa-se que estes corpos, embora excluídos e silenciados, compõem por vias outras os cenários e os imaginários urbanos, desde te tempos remotos.

Palavras chave: corpo; cidade; rituais dionisíacos; loucura; errâncias.

Jamila Nascimento Pontes (1979), brasileira, graduada em Educação Física (2006); Artes Cênicas: Teatro (2013), ambas pela Universidade Federal do Acre - UFAC. Especialista em Dramaturgia e Teatro pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2008). Mestra em Letras: Linguagem e Identidade pela

Universidade Federal do Acre - UFAC (2016). Atualmente faz o doutoramento em Arte Performativa e da Imagem em Movimento da Universidade de Lisboa. É professora de Artes do Instituto Federal do Acre (IFAC), coordenadora de Pesquisa, Inovação e Extensão no biênio 2017-2019; atua na área de Artes, com

ênfase em preparação corporal e processos criativos em arte performativa. Realizou trabalhos artísticos na Usina de Artes João Donato (audiovisual) e com usuários de saúde mental no HOSMAC (Hospital de Saúde Mental do Acre). É avaliadora de projetos e de trabalhos científicos nas áreas de arte e cultura.

Patricia Eduardo Oliveira Santos nasceu em Aracaju - Brasil em 1969. Licenciou-se em Educação Física, Universidade Federal de Sergipe (1992). Possui Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior,

Universidade Castelo Branco (2006). Pós-Graduação em Artes Dança - UFAL (2009). Pós-Graduada em Sistema Laban/Bartenieff. Mestre em Dança pela Universidade Federal da Bahia (2013). Atualmente aluna do Doutoramento em Artes Performativas, Universidade de Lisboa. Iniciou atividade docente em 2009 na

Universidade Federal de Sergipe, onde permaneceu até 2013, como Professora da Licenciatura Educação Física e Professora da Licenciatura em Dança. Paralelamente em 2010 foi professora da Pós-graduação em Educação Física da Faculdade Estácio de Sá. Em 2011 foi Professora da Pós-graduação em Arte-Educação

da Faculdade São Luís. Em 2013 sai da Universidade Federal de Sergipe - UFS e entra para o corpo efetivo da Universidade Federal de Alagoas – UFAL, atuando junto a Escola Técnica de Artes no Curso de Dança, onde atualmente é Professora e Vice-Diretora.

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"... and Words on Music": o texto transcrito como base para a composição musical João Ricardo, CESEM / NOVAFCSH

Esta investigação, desenvolvida no âmbito de mestrado em Artes Musicais, tem como base a sistematização de uma metodologia de composição que testa uma possível associação entre componentes textuais e elementos musicais. Poderá ser encarada como uma transcrição de caraterísticas textuais para parâmetros musicais, de forma a que a literatura continue a ser um dos impulsos principais na criação musical, mas diferente de géneros e métodos de composição ligados à literatura pelo uso da palavra cantada ou declamada, ou na literatura como inspiração que se pressupõe em reportório programático. Para isso foi desenvolvido um processo de transcrição em que o texto é tratado como dados em bruto - consoante os caracteres individuais e combinações entre letras, em sílabas, palavras ou frases - resultando em sequências numéricas e alturas de notas, e usadas na construção de motivos, acordes, estruturas, etc.; destas transcrições resultam séries de notas musicais, com alturas e durações específicas, que são tratadas como o material musical disponível para o compositor. Não se trata de uma transcrição ou codificação direta de texto em música, mas sim de explorar como estes processos criptográficos podem ser aplicados artística e criativamente. Todas as peças foram conseguidas a partir da aplicação do método acima descrito de transcrições textuais, trabalhadas e metamorfoseadas em diferentes formatos e resultados criativos. Tudo isto culmina num portfólio de peças musicais, para além de exemplos audiovisuais. Apresentam-se pontos de partida e fundamentos relativos ao desenvolvimento e aplicação deste auxiliar de composição, bem como experiências, rascunhos, e uma análise retrospetiva do que foi feito e das possibilidades futuras.

Palavras chave: música; texto; composição; criptografia; processo criativo.

João Ricardo - Atualmente a desenvolver a componente não letiva do mestrado em Artes Musicais na

FCSH/UNL, sob a orientação do professor Rui Pereira Jorge, e professor de música na RS Escola de música, EBI do Carregado e APEE da Escola Básica de Santa Iria da Azóia. Estreou a primeira ópera de câmara a dor de todas as ruas vazias em Janeiro de 2019, pela Inestética Companhia Teatral. Aluno de

composição do professor Luís Soldado, frequentou também masterclasses e workshops com os compositores e investigadores Jaime Reis, Vicent Debut, Ake Parmerud, Hans Tutschku, João Pedro Oliveira, Carlos Caires, Dimitris Andrikopoulos, António Sousa Dias, entre outros. Trabalhou como bolseiro

de investigação pelo CESEM no grupo de investigação Música no Período Moderno, sob orientação do professor Manuel Pedro Ferreira, e como estagiário no Dicionário Biográfico Caravelas, sob a orientação do professor David Cranmer.

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El ragtime clásico, en tierra de nadie. La evolución compositiva de Scott Joplin y breve análisis de su obra Jorge Gil Zulueta, Universidad Complutense de Madrid

En el año 2017 se cumplieron 100 años de la muerte del compositor de ragtime Scott Joplin y el pasado año 2018, 150 años de su nacimiento. A excepción de en su país de origen, EE.UU., dichas efemérides pasaron inadvertidas en España y en gran parte de Europa. El desconocimiento generalizado de lo que supone el género musical denominado ragtime es una de las razones de su escasísimo tratamiento en los distintos ámbitos de la música, desde su consideración para un estudio en profundidad, su aplicación en la educación musical o su interpretación en las programaciones musicales de los espacios escénicos, tanto en la música clásica como en el jazz. A día de hoy no existe en España y Portugal una bibliografía específica traducida sobre el ragtime y la figura de su compositor más destacado tan sólo es tratada de forma escueta en publicaciones de historia del jazz o de música popular. Sin embargo, el llamado ragtime clásico fue clave como forma de composición y como estilo de interpretación pianística, siendo la máxima expresión del piano como estilo diferenciado, al tiempo que es, junto al blues, el gran precursor del jazz. La conferencia-recital propone poner de relieve, a modo de breve aproximación musicológica, el género denominado ragtime clásico a través del análisis de los elementos formales, tales como los rasgos de raíz afroamericana y la síncopa, que están presentes junto a las formas y técnicas musicales europeas. Por medio del análisis formal se mostrará el desarrollo compositivo de Joplin y su influencia en la denominada música culta europea y en autores como Claude Debussy, Stravinsky o Satie. Se mostrarán los elementos sonoros que la sitúan como una música de su tiempo en un contexto social que fue seña principal de una comunidad negra recién emancipada y signo de sus ansias de participación musical en unas condiciones poco favorables. Este análisis se verá complementado con la interpretación en directo de temas relevantes, desde Maple Leaf Rag (1898) hasta su madurez con Bethena - A Concert Waltz (1905), Solace (1909) o Prelude to Act. III de su ópera Treemonisha (1911).

Palabras clave: ragtime; Scott Joplin; piano.

Jorge Gil Zulueta - Licenciado en Geografía e Historia por la Universidad Nacional a Distancia (UNED) y

Máster en Formación de Profesorado de Secundaria y Bachillerato y con estudios de Musicología en la Universidad de La Rioja. Actualmente está realizando Doctorando por el Departamento de Musicología de la Universidad Complutense de Madrid con la investigación “Los pianistas españoles en el cine mudo”,

presentado comunicaciones en el VI Congreso MUCA 2019 (Murcia) y en el III Congreso “Perspectiva Sonora” (Mataró). Conferenciante, docente y pianista y compositor especializado en el acompañamiento al piano de cine mudo. Desde el 2017 presenta en diversos espacios escénicos de España sus conciertos y

conferencias en torno al compositor de Ragtime clásico Scott Joplin, buscando revalorizar la gran tarea compositiva del autor y sus influencias, tanto en el jazz y sobre todo en el llamado “Spanish tinge”, el matiz español, como en determinados compositores de música de la tradición clásica europea.

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Desconstruindo a colaboração: proposta de obra colaborativa na música de câmara José Batista Jr, INET-md / Universidade de Aveiro Mariana Miguel, LANCI - CESEM / NOVAFCSH Giuliano Ribas, Universidade de Aveiro

O fazer musical partilhado tem sido objeto de diversos estudos desde a segunda metade do século XX, estudos esses que abordam os processos colaborativos, suas categorizações e importância na composição e performance. A interação entre compositor e performer na música contemporânea, seja para a criação de novas obras ou para a performance musical, tem ganhado relevância, em especial pela complexidade e diversidade de materiais, experimentações e uso de tecnologias. A partir dos referenciais teóricos de colaboração (Hayden e Windsor 2007; John-Steiner 2000) e experimentação (Assis 2018), este estudo teve como objetivo compreender o processo de construção de uma obra criada em contexto colaborativo, envolvendo a exploração de técnicas estendidas em música de câmara. A pesquisa integrou, como participantes, o compositor Samuel Peruzzolo e os autores desta proposta (performers de clarinete baixo, marimba e piano) que, por meio da experimentação em laboratório, discutiram as possibilidades dos seus instrumentos (técnicas estendidas e outros materiais preparados), de forma a construir novos resultados camerísticos e utilizá-los como parte do material composicional da obra. Do ponto de vista metodológico, além da experimentação artística em sessões de trabalho em estúdio, foram criados diários de performance, e registros audiovisuais das discussões e das sessões práticas. Os resultados desta fase da pesquisa se subdividem em práticos e reflexivos. Do ponto de vista prático, os resultados incluem a sistematização dos materiais testados e selecionados para construção da obra. Do ponto de vista reflexivo, destaca-se os dados recolhidos relativos à discussão partilhada dos autores e compositor acerca da interação, seus desdobramentos e possíveis limitações, bem como a sua importância para divulgação e performance de novas obras. Pretende-se ainda, por meio das abordagens presentes no referencial teórico, discutir os vários significados do termo ‘colaboração’, adotando aqui uma terminologia mais específica e precisa para os diferentes tipos de relações de trabalho entre compositor e performer.

Palavras chave: colaboração; música de câmara; técnicas estendidas.

Batista Jr é doutorando na Universidade de Aveiro na área de Estudos em Performance. Possui mestrado em Música/Práticas Interpretativas e graduação em clarinete pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. No Brasil, desenvolve atividades ligadas à música de câmara e música contemporânea, atuando no

Abstrai Ensemble - grupo dedicado à música contemporânea conjugando o uso de instrumentos tradicionais as̀ novas tecnologias, CD Experiências lançado em 2018 - e Trio Paineiras - grupo dedicado à pesquisa de repertório e fomentação de novas obras para violino, clarinete e piano na música brasileira, CD Trio

Paineiras Interpreta Compositores de Hoje lançado em 2017. Seus interesses de pesquisa ligam-se ao clarinete e clarinete baixo, colaboração compositor - performer, técnicas estendidas na música de câmara e experimentação na música. Atualmente é professor licenciado de Música/Clarinete da Universidade Federal

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Pasado latente: experiencias, recuerdos y emociones para una representación de la música popular religiosa soriana Julia Escribano Blanco, Universidad de Valladolid

“A misa, a procesión y luego a cantar todo esto (…). Pero a mí me encantaba, la verdad sea dicha. Yo ahora mismo me pongo a ver y… casi lo estoy viviendo. Casi se me saltan las lágrimas porque lo estás viviendo. Es que era precioso, yo lo he vivido y es precioso”. En esta explicación de Benedicta Rodrigo (nacida en 1953 en Fuencaliente del Burgo, Soria), relativa a una experiencia músico-ritual pasada, los recuerdos invaden su discurso y el pasado entra súbitamente en su presente, como refleja, por ejemplo, la falta de distinción en el uso de tiempos verbales. El pasado se hace presente y se manifiesta no sólo en esa verbalización de los recuerdos sino en el visible retorno de ciertas pasiones latentes, incontrolables e impredecibles, que despliegan otras capas de significación de ese tiempo ulterior. Ampliamente utilizada en disciplinas como la filosofía de la historia en los últimos años, la idea de presencia se entiende como “lo que no podemos tocar pero que, sin embargo, nos toca” (Kleinberg 2013) y que, desde luego, condiciona nuestras historias. Su registro en los relatos se antoja problemático, pero su consideración amplía nuestras posibilidades de comprensión del pasado. Esta presencia, ambigua y difusa, me permitirá reflexionar sobre la construcción de narrativas vinculadas a prácticas y repertorios de música popular religiosa de la Semana Santa soriana en la actualidad, con especial atención al plano afectivo y emocional.

Palabras clave: música; memoria; presencia; emoción.

Julia Escribano Blanco - Natural de Covaleda (Soria), nace en 1991. Tras estudiar piano en el

Conservatorio Profesional de Música «Oreste Camarca», obtiene el título de Grado en Historia y Ciencias de la Música (2013) en la Universidad de Valladolid, con una estancia de cuatro meses en la Akademia

Muzyczna Karola Lipinskiego de Wroclaw, Polonia. Continúa su formación académica en la UVA, con el máster de Profesor en E.S.O y Bachillerato (2014) y el máster en Música Hispana (2015). Desde 2014 participa activamente en el proyecto de investigación de la música de tradición oral soriana promovido por la

Diputación Provincial de Soria, gracias a las becas de Investigación Etnográfica para Jóvenes Investigadores. Actualmente trabaja como Contratada Predoctoral en el programa de Musicología de la UVA (2016-2020). Ha realizado estancias de investigación en centros nacionales e internacionales, como la

Universitàt de Valencia (2016) o la Universtiy of Chicago (2018).

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Guys, who make mixes Julia Szivak, Birmingham City University

This work in progress paper explores the musical journeys of two British asian DJs, who are connected by their geographical origins, but are separated by thirty years in time. Bally Sagoo and DJ Frenzy are both British Punjabi DJs from Birmingham, but their music and aspirations are quite different. Throughout the paper I argue, that this is reflective of broader socio-cultural shifts that have taken place since the 1990s in the music industries of the diaspora and the ‘homeland’ of India. Bally Sagoo is hailed as the first British Asian DJ to have achieved a successful international career by mixing Punjabi and Bollywood music with Caribbean dance music. His resulting popularity in India during the 1990s led him to open for Michael Jackson’s concert in Delhi and landed him his own TV show on a satellite channel. His musical style was very cosmopolitan and aimed to popularise South Asian music among mainstream audiences as well, and his British nationality played a key role in his image. DJ Frenzy, the quickly rising contemporary star DJ on the other hand, is unapologetically Punjabi. His aspirations are no less international, however, he is oriented towards the global Punjabi communities. His strongest base is in the Punjab, but he also frequently travels to Australia, Canada, Dubai and other diasporic locations. His music comprises signature mash-ups of Western chart toppers with Punjabi classics, yet he is happy with his global Punjabi audiences and does not focus on becoming ‘mainstream’. Taking these two artists as a point of departure, I argue that their careers highlight two very different phases in the history of British Asian music. Throughout the paper I will address the processes that dislocated the UK’s British Asian diaspora from its leading position in global South Asian cultural production and led to the ‘return’ of British Asian artists to India.

Keywords: British asian; DJ; Bollywood.

Julia Szivak is currently a PhD student at Birmingham City University in the field of Media and Cultural Studies. Her research looks at the transnational connections of South Asian popular music, with a focus on the relationship between the British Asian music scene and the Indian music industries, especially the

Bollywood and the Punjabi music markets. Her research interests include South Asian popular culture, mainly Bollywood cinema and popular music.

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La gaita colombiana en Madrid: procesos de adaptación ante la migración Katerine Zamora Caro, Universidad Complutense de Madrid

Aunque el vallenato en Colombia es el género musical más comercializado, el sonido de la gaita colombiana se ha extendido dentro y fuera de las fronteras nacionales hasta conformar una pequeña escena musical en Madrid. Esta comunicación pretende destacar los procesos de adaptación y los cambios a nivel performativo y performático que son producto de los procesos migratorios experimentados por un grupo de música de gaita colombiana en Madrid. La migración requiere del desarrollo de unas estrategias de adaptación psicológica y sociocultural (Bhugra 2004). Las primeras se reflejan en el bienestar percibido, la satisfacción con el nuevo estilo de vida y el manejo de las situaciones cotidianas. Las estrategias de adaptación sociocultural se refieren al aprendizaje de destrezas afines a la cultura de destino. El migrante puede mimetizarse en la nueva cultura, segregarse o mantener un balance entre sus costumbres originales e integrarse a algunas prácticas en el lugar de destino (Ojeda, Cuenca y Espinosa 2008). Desde la etnomusicología para el ciclo de procesos musicales que se desencadenan por el contacto cultural Kartomi (1981) propone el termino de “transculturación musical,” esta línea de trabajo esta precedida por los aportes de Netl (1978), Hesse (1971), List (1954) y Merrian (1953). En esta comunicación me centraré en las transformaciones de tipo performativo que se dan en la escena madrileña de música de gaita. Me refiero al concepto de escena de Irwin (1977) y de Peterson y Bennett (2004) de la escena de musical como un concepto que abarca a todos los actores que están implicados en su funcionamiento y su ubicación geosocial. Lo performativo entendido como toda la producción de discursos, sentidos y significados en torno a la puesta en escena, que implica unos espacios de encuentro, unos tiempos de actuación, un vestuario y una iconografía musical (Cook 2003; Bauman 2012; Madrid 2009). Por otro lado, analizaré los aspectos performáticos, que se entienden como todos aquellos elementos y procesos para hacer o reconstruir la música (Taylor 2003, 2006).

Palabras clave: música y migración; performances studies; escena musical; gaita colombiana.

Katerine Zamora Caro es becaria del programa “Bolívar gana con ciencia” del gobierno de Colombia. Doctoranda en Musicología de la Universidad Complutense de Madrid, con máster en Música Española e

Hispanoamericana de la misma institución. Su actividad investigativa se desarrolla entre España y Colombia en la línea música y migración, enfocada en los procesos de identidad e identificación y las transformaciones performativas.

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Performance musical: a questão do ensino - aprendizado Kelly Davis Moura, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Este trabalho faz parte da dissertação de mestrado concluída do autor, onde foram abordados aspectos relacionados à performance musical: a questão do ensino - aprendizado, nos estudantes do ensino superior de violino em uma universidade brasileira. Múltiplos aspectos foram investigados, a saber: os caminhos da formação do estudante no curso superior; a trajetória de aprendizado até o ingresso na universidade; a atuação profissional no mercado de trabalho e a importância do professor nesse processo. O grupo escolhido foi o de estudantes de violino de uma universidade brasileira tendo como metodologia a pesquisa de campo e bibliográfica, com abordagem qualitativa, pois a amostragem de indivíduos não era tão ampla que necessitasse um levantamento por amostragem. Para elucidação das questões da pesquisa foram realizadas entrevistas, questionário, conversas e observação direta e indireta dos alunos matriculados no ensino superior de violino, por um período de um ano. Segundo Emmanuel Carneiro Leão, na Grécia, o movimento ensinar e aprender possuía um radical apenas mantháno, e máthesis é o ensino e aprendizagem, no sentido do que é ensinado e aprendido e no processo de ensino e aprendizado. Pensar a performance musical a partir da questão do ensino - aprendizado requer a ampliação do espaço da sala de aula, pensando a educação como processo de formação do aluno, e contextualizando o ensino frente às diferenças e singularidades de cada indivíduo. A partir da premissa que a música manifesta a linguagem, e que todo aprender inclui um conhecer, deve-se pensar a questão do ensino como algo que vem de dentro para fora, trabalhado a partir das experiências de cada aluno. Com base nesta pesquisa, embora exista uma preocupação e superficialidade nas respostas dos alunos, concluímos que um bom relacionamento professor – aluno é fundamental no processo de formação do aluno, não focando apenas na performance musical, mas sim no indivíduo com um todo.

Palavras chave: performance musical; ensino-aprendizado; estudantes de violino.

Kelly Davis Cruz Moura é doutoranda em Música e Mestre em Música (Educação Musical - violino) pelo

Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a orientação do Professor Dr. Antonio Jardim. Bacharel em Música (violino) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Psicóloga, licenciada e Especialista em Psicossomática Contemporânea pela

Universidade Gama Filho (UGF). Foi violinista, aprovada em concurso, da Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense (OSN-UFF) e desde 2005 atua como violinista da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (OSUFRJ-UFRJ). Os seus interesses de pesquisa estão na

comunicação professor e aluno, performance musical e aspectos emocionais envolvidos na prática musical.

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Elaboração de proposta de curso de prática de música instrumental popular brasileira para graduandos em música Klesley Bueno Brandão, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Nessa comunicação se apresenta a parte inicial da pesquisa de doutorado do autor, cujo principal objetivo é elaborar uma proposta de curso de prática de música instrumental para alunos de graduação voltado exclusivamente para gêneros musicais brasileiros. No qual, busca-se entender o arranjo confeccionado inicialmente pelo professor, como principal ferramenta de intervenção pedagógica. O intuito desse curso é colaborar para o desenvolvimento de musicalidade do educando. Como referencial teórico para a compreensão do desenvolvimento das esferas cognitiva e estética humanas, propôs-se utilizar nesse trabalho reflexões oriundas da perspectiva histórico-cultural de Lev S. Vigotski (1896-1934), colaboradores e continuadores. Tais reflexões têm servido de base para a elaboração das propostas pedagógicas da tese. Ao longo desse trabalho, a música tem sido entendida como uma forma de enunciação, e os gêneros de música popular brasileira, como formas relativamente estáveis de enunciados musicais. No tocante à essa esfera do trabalho tem se utilizado a teoria enunciativa-discursiva elaborada por Mikhail M. Bakhtin (1895-1975) juntamente com outros autores do Círculo de Bakhtin, para embasar as proposições apresentadas. Assim, apresenta-se nessa comunicação, de forma sucinta, reflexões relacionadas à essas duas primeiras esperas do trabalho, portanto, as contribuições da psicologia histórico-cultural para compreensão das esferas cognitiva e estética humanas e as aproximações realizadas com a teoria enunciativa-discursiva para auxiliar na compreensão da música enquanto enunciado e, consequentemente, possíveis implicações pedagógicas possíveis a partir dessas reflexões. Vale frisar que, a partir desses referenciais, juntamente com o estudo técnico de arranjo, pretende-se, como principal constructo da tese, elaborar um curso de prática de música popular brasileira para alunos de graduação em música. Para as etapas posteriores desse projeto, será utilizado o modelo de pesquisa-ação prática segundo acepção de David Tripp (s/d).

Palavras chave: prática musical; música popular instrumental brasileira; psicologia histórico-cultural; teoria enunciativa-discursiva.

Klesley Bueno Brandão graduated in popular music at the Musical Conservatory Of Tatui (2012). At UNICAMP he graduated in music education degree (2015), bachelor degree in trumpet (2017) and master

degree in music in the research line Instrumental Studies and Musical Performance. He is currently a doctoral student at the same institution in the program Music: Theory, Creation and Practice, in the research line Music, Culture and Society.

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Movimentos carnavalescos negros: do centro da cidade de Salvador, capital da Bahia, no século XIX ao bairro do Nordeste de Amaralina no século XX Laurisabel Maria de Ana da Silva, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

O presente trabalho lista, descreve e discute diversos movimentos musicais e culturais negros, tais como clubes, embaixadas africanas, afoxés, escolas de samba e blocos de índio que se apresentaram nos carnavais da cidade de Salvador, capital do estado da Bahia, Brasil, a partir de fins do século XIX. Estes grupos carregaram através da história do carnaval da cidade, utilizando gêneros musicais executados durante seus desfiles - à exemplo de ijexás e sambas - identidades, hábitos, religiosidades e outras posturas políticas comuns às comunidades negras. Os instrumentos musicais utilizados, muitos retirados de casas de cultos afro-brasileiros e levados às ruas, também são importantes elementos nesta reflexão. Através da apresentação dessas agremiações serão conduzidas discussões sobre construção dessas identidades na diáspora periférica no Brasil (Gilroy 2012; Segato 1999), permeadas pela apresentação de dados históricos (Albuquerque 2012; Vieira Filho 1997). Essas discussões chegarão aos dias atuais, realizando conexões entre estes movimentos musicais e culturais e os que desfilam no carnaval do Nordeste de Amaralina, bairro popular da cidade de Salvador, cuja população é majoritariamente negra e com renda média de um salário mínimo. O carnaval deste bairro, organizado por suas/seus moradoras/ores incialmente sem interferência dos poderes públicos, foi oficializado no ano de 2015, recebendo assim maiores atenções das administrações públicas da cidade e do Estado. A chegada da administração pública à festa traz uma necessária discussão sobre as diversas táticas utilizadas através da história pelo “terror supremacista branco” (Gilroy 2012) que puderam/podem ser observadas na festa soteropolitana (Albuquerque 2012; Napolitano 2010). Essas estratégias podiam/podem ter como objetivo: desvalorizar e invisibilizar iniciativas negras de posicionamento político frente a posturas sociais como o racismo, que muitas vezes esteve refletido inclusive na legislação brasileira; tentativas de reposicionamento social e econômico através da valorização de hábitos culturais, musicais, econômicos e sociais. E pontuando a intenção de contradizer a percepção do/a pesquisador/a como figura neutra, retirada do tempo-espaço das relações socioculturais (Haraway 1988; Spivak 1999), buscarei conectar minha trajetória enquanto pesquisadora com a temática debatida neste trabalho, demonstrando assim os motivos que conduziram à ela e ao modo como se desenharão as discussões.

Palavras chave: etnomusicologia; música popular; carnaval; carnavais de bairro; diáspora; estudos pós-coloniais.

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“Este som que se sente cá dentro!”: um estudo etnomusicológico sobre os bombos portugueses Lucas Wink, Universidade de Aveiro

Este é um estudo de Doutoramento em curso centrado nos bombos portugueses e sustentado em referencial teórico dos Sound Studies. “Bombos” é um termo que, segundo Pestana (2017), diz respeito a: 1) um instrumento de percussão com uma organologia própria; 2) um conjunto de instrumentos formado por bombos, caixas e, em alguns contextos, por um instrumento melódico como o pífaro, a gaita de foles e/ou o acordeão; 3) uma prática performativa predominantemente masculina, coletiva, intergeracional integrada às festividades locais. O estudo enfoca na observação, participação e análise juntamente ao Grupo Regional de São Simão Os Completos e ao Grupo de Bombos da Casa do Povo do Paul. A pesquisa preliminar sobre os bombos elucidou como discursos, práticas e instrumentos musicais são recorrentemente submetidos a lógicas hierarquizadas de legitimidades. Na escassa literatura específica, são recorrentes as narrativas que, num olhar muito circunscrito de música, sublinham o “barulho”, o “estrondo atroador”, o “estrépito que afugenta” produzido por uma “orquestra diabólica” através da “reunião infernal de vários instrumentos de percussão” que fazem uma “música sem música” (Pimentel 1902; Lambertini 1902; Herculano 1855 in Braga 1885; Oliveira 1966). Stasi (1998) e Santos (2015) aludem precisamente às apreciações essencialistas que depreciam a percussão sob a premissa de ser excessivamente simples e defeituosa. Considerando que nas duas localidades os bombos são centrais na garantia do bem-estar e preservação da memória coletiva, juntando-se os grupos regularmente para ensaios e performances, justificando a manutenção de construtores artesanais e a transmissão de saberes específicos, este estudo tenciona sobrepujar estes juízos. Sugere, por isso, que os bombos devem ser perspectivados não em termos do seu “barulho”, mas da potencialidade e do impacto do seu “som” na vida social local (Feld 1990, 2004, 2012; Erlmann 2004; Sterne 2012; Stoller 1986). O trabalho de campo preliminar revela, nesta ótica, o intenso sentido que a prática e o som destes instrumentos têm para os atores locais. António Duarte, por exemplo, tocador de bombos do Paul, apontando para dentro do peito, elucida essa circunstância ao sintetizar a sua experiência na frase “este som que se sente cá dentro!”.

Palavras chave: bombos; instrumentos de percussão; sound studies.

Lucas Wink concluiu o Bacharelato em Música pela Faculdade Integral Cantareira (2012, Brasil, habilitação em bateria) e Mestrado em Música pela Universidade de Aveiro (2017, Portugal, área de especialização Musicologia). Frequentou o Mestrado em Ensino da Música (área de especialização bateria jazz) também

nessa universidade. Realiza o Doutoramento em Música na Universidade de Aveiro na área de Etnomusicologia. É bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal (FCT). Apresentou e publicou trabalhos em atas de eventos científicos nacionais e internacionais. Recebeu 4 prémios e/ou

homenagens. Toca bateria regularmente com a Orquestra Bamba Social e na banda do cantautor Tiago Nacarato.

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Antropologia da dança com Rabelados Espinho Branco: desafios práticos Luiza Beloti Abi Saab, Universidade de Coimbra

Esta comunicação tem como objetivo apresentar aspectos e desafios da pesquisa de doutoramento da autora, contrastando a área da antropologia da dança e arte contemporânea. O tema do estudo parte da sua pesquisa de campo em Cabo Verde com a comunidade Rabelados Espinho Branco, comunidade essa que surge em meados de 1940 por sofrerem perseguições da Igreja Católica e se virem obrigados a "refugiarem-se em seu próprio país". Morando em lugares de difícil acesso e por vezes remotos, os Rabelados Espinho Branco passaram quase 80 anos em isolamento e boicote governamental. Em meio a este contexto, a dança tradicional cabo verdiana chamada Batuku lhes foi uma das ferramentas responsáveis por resguardar e transmitir essa história de resistência. A pesquisa de campo realizada de 2015 a 2019 coletou diversos materiais visuais e gráficos, como vídeos, gravações, pinturas e labanotação, a fim de registrar a dança e seu trajeto na vila. Enquanto etnocoreóloga, a autora apresenta sua análise desses materiais e apresenta, com conjunturas teóricas, a história deste grupo de Rabelados através das transformações que a dança Batuku sofreu neste contexto.

Palavras chave: antropologia da dança; etnocoreologia; pesquisa etnográfica; Cabo Verde; Rabelados.

Luiza Beloti Abi Saab - Brazilian actress and dancer, bachelor's in Performing Arts from the State University

of Londrina - UEL (2012), holds a Master's degree in Arts (University of Brasília, 2015) and an Erasmus Mundus International Master's program: "Choreomundus: Dance as Knowledge, Practice and Heritage". Since 2012 she studies a contemporary dance method called Gaga, developed by Ohad Naharin in Israel.

Her master's degree in Arts at UnB developed new looks for Gaga and the beginning of the creation of a new methodology for actor's work through the technique. Recently, in 2016, she completed her Erasmus Mundus master's in Dance Anthropology (Choreomundus), developing an ethnographical and anthropological

research on the refugee village "Rabelados" in Cape Verde (Africa) and their traditional dance "Batuko". Luiza is currently a PhD student in the Contemporary Art program at University of Coimbra - Portugal.

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Breathe in for nothing: an interpretative phenomenological analysis exploring the influence of a pilates warm-up in singers Marcelle Volckaert Sutton, University of Stellenbosch

Research on the use of pilates for classical singers is limited, despite the well-documented benefits of this somatic (mind-body) exercise modality on the general public. This study sought to ascertain the mental, physical and vocal benefits of a pilates warm-up on four university singing students and one professional singer using Interpretative Phenomenological Analysis (IPA). A pilates warm-up for singers was taught to the participants over six weeks, with three workshops of five days each interspersed with home practice. The effects thereof were documented, before-and-after questionnaires (GAD-7, Becks Depression Inventory and the RAND 36-Item short form quality of life survey instrument) were completed, heart rate measurements taken (to determine if the warm-up initiated a parasympathetic nervous system response) and three semi-structured interviews were conducted with each participant. A focus group was then held with the participants to discuss the effects of the regime. The lived experience of the participants’ use of the pilates warm-up was analysed and together with the collected data, was grouped into sub themes named: Singing; Wellbeing; Preparation for Singing/Preparing the Body to Sing; Tools; Resilience; Mindfulness; Mind-Body Communication; Nervous System; Strengthening the Body; Relaxation through Movement and Pilates Breathing. In the cyclical interpretative process of an IPA, these sub themes were then grouped together to form the main themes of the study, namely: Tools; Nervous System and Singing. The results showed an overall improvement in quality of life as well as an increase in mindfulness and relaxation which benefitted all of the singers vocally in some way. Heart rate measurements and anxiety and depression scores showed a general positive trend, although these results were inconclusive and require further study. The pilates warm-up provided the singers with specific tools with which to address their various issues which had an impact on their singing. Performance preparation and posture were found to be enhanced, as well as reduced muscle tension, increased vocal range and improvements in stamina and breathing. This study highlights the potential benefits of the use of a pilates warm-up for classical singers and the areas of research that should be undertaken to further delineate these benefits.

Keywords: singing; pilates; performance anxiety; vocal warm-up; muscle tension.

Marcelle Volckaert Sutton started performing at a young age with classical ballet, piano, violin and acting. Whilst studying for a Bachelor of Arts Degree in English and Drama at the University of Cape Town, she continued her dance studies with Jennifer Paynter. Singing teachers include Wendy Fine, Marita Napier (SA)

and Jeff Talbot (UK). She has attended Master classes with David Jones (NY), Inacio de Nonno (Brazil) and The European Chamber Opera (Summer Course, Tarazona, Spain). Marcelle has over 20 years’ experience in teaching and doing Pilates, with certification from STOTT Pilates and the Pretoria Technikon. She has her

own unique and rigorous approach to the discipline borne from a lifetime of dancing, singing and performing. Marcelle is currently studying for a Master's Degree through the University of Stellenbosch, South Africa, looking at how the Pilates method can be of benefit to singers.

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O fado de Ada de Castro, Elvira de Freitas e Fernanda de Castro: reflexões sobre memórias e arquivos do LP Alguém Mandou-me Violetas Maria Espírito Santo, INET-md / NOVAFCSH Nery Borges, INET-md / Universidade de Aveiro

Ada de Castro, Elvira de Freitas e Fernanda de Castro: três mulheres que no período da transição democrática em Portugal se relacionaram num projeto comum, cujo resultado se traduziu na gravação de três EPs no ano de 1974, nomeadamente Alguém Mandou-me Violetas, Apenas Dor e Ai Mar. Os EPs viriam a ser relançados em 1984, num LP com o título Alguém Mandou-me Violetas, que contém os resultados integrais desta parceria. Esta apresentação tem como objetivo narrar relações estabelecidas entre as protagonistas destes trabalhos e analisar processos composicionais e artísticos que as envolveram. Em particular, iremos caracterizar e contextualizar as relações musicais e extramusicais estabelecidas entre a fadista Ada de Castro, com carreira reconhecida nacional e internacionalmente, que atuou como cantadeira de fados no Restaurante Folclore em Lisboa (local de encontro de figuras importantes do Estado Novo) e em outros circuitos específicos igualmente politizados; a compositora, diretora de orquestra, pianista e pedagoga Elvira de Freitas, que teve um papel de relevo tanto na música erudita como na música ligeira em Portugal, desempenhando funções de diretora da Orquestra Ligeira da Emissora Nacional; e a poetisa e escritora Fernanda de Castro, que ocupou um lugar importante na cena sociocultural lisboeta do seu tempo, para além de ser esposa de António Ferro, diretor do Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo. Em processo colaborativo, dois investigadores relacionam memórias individuais da fadista Ada de Castro, única sobrevivente das três, recolhidas em conversas informais e entrevistas etnográficas, e os materiais musicais e poéticos presentes no espólio de Elvira de Freitas, doados à Universidade de Aveiro em 2016.

Palavras chave: fado, memória, arquivo, Alguém Mandou-me Violetas.

Maria Espírito Santo é mestre em Etnomusicologia pela NOVAFCSH (2016) com uma tese dedicada ao

estudo das relações entre música e identidade num coletivo de bandas que tocam música balcânica em Lisboa. É doutoranda em Etnomusicologia no Departamento de Ciências Musicais da NOVAFCSH com uma

tese dedicada ao estudo das relações entre fado e nação. É bolseira no Curso de Doutoramento "Música como Cultura e Cognição", financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Nery Borges é guitarrista, investigador e professor. Doutorando em música pela Universidade de Aveiro (Portugal) no ramo dos Estudos em Performance e mestre em música (performance/guitarra) pela Universidade Federal de Goiás (Brasil). Como performer tem atuado em salas de relevância do cenário

musical no Brasil e em Portugal, tanto de repertório solo para guitarra clássica, quanto no repertório de música de câmara. É investigador do INET-md desde 2018 e tem como foco principal de investigação a ampliação de recursos que possam contribuir para o sucesso e bem-estar de músicos, além de trabalhar

na preservação e disseminação de obras de compositoras portuguesas no âmbito do projeto Euterpe.

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"Musicar local": o caso do músico Campos Costa Maria Mosa, Universidade de Aveiro

A cultura local é importante para as comunidades e para a sua caraterização na sociedade. Neste aspeto, a música é essencial: Reily e Brucher (2018) argumentam que “…a música local desempenha um papel central na organização da vida social local” (como citado em Finnegan 1989). Muitas vezes, associamos o local apenas a um espaço físico, mas isso nem sempre é linear. Reily e Brucher (2018) definem o termo “…’localidade’ como uma estrutura de sentimentos…” (como citado em Robertson 1992). Ou seja, o local é também formado pelas pessoas e pelas suas interações e vivências. Assim sendo, a música local é um resultado das pessoas e das suas interações. Reily e Brucher (2018) afirmam que “…a música é um produto da atividade humana…” (como citado em Blacking 1969). Manuel Campos Costa nasceu em 1929 no Porto, mas desde muito cedo que se fixou na cidade da Covilhã. É um importante cultivador da cultura e da música local. Neste caso específico, podemos definir o local num espaço físico: a cidade da Covilhã. Mas claramente que todo o trabalho que esta personalidade desenvolveu em prol do desenvolvimento da cultura nesta cidade foi resultado do trabalho de uma comunidade e só foi possível concretizá-lo devido ao amor e à paixão, que Manuel Campos Costa e a população covilhanense nutriam pela cultura e pela música. Maestro Campos Costa, como é conhecido na cidade, encabeçou diversos projetos sediados na Covilhã que contribuíram para o reconhecimento desta cidade do interior do país a nível nacional. As ligações de Manuel Campos Costa a estruturas culturais nacionais como a Pró-Arte e a Juventude Musical Portuguesa, a reestruturação do Orfeão da Covilhã e a fundação do Conservatório Regional de Música da Covilhã são alguns dos projetos mais importantes.

Palavras chave: música local; regional; Covilhã; conservatório.

Maria Mosa, nasceu na Covilhã em 1996. Estudou no Conservatório Regional da Covilhã na classe de Flauta de Transversal. Terminou a licenciatura em Ciência Musicais em 2014, na Universidade Nova de Lisboa. Atualmente frequenta o mestrado em Ensino de Música - História da Música, na Universidade de

Aveiro.

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“Tocam por qualquer preço”: o estatuto do músico na vila termal de Vidago durante o Estado Novo Maria Teresa Lacerda, INET-md / NOVAFCSH

Vidago, uma vila rural de Trás-os-Montes, ganhou visibilidade pelas suas águas termais premiadas (Cruz 1970; M. J. Pereira 1971; Salvador 2004). Com o propósito de se tornar um destino turístico privilegiado, passou por um processo de crescimento súbito e introdução de produtos e tecnologias da modernidade. Os estabelecimentos hoteleiros promoviam actividades desportivas e eventos musicais ao vivo para entreter os visitantes durante a temporada de termas (S. M. R. Pereira 2014). Entre a pluralidade de estilos e categorias musicais interpretados incluíam-se arranjos para banda, chanson française, tangos, árias de ópera, fados, jazz, música clássica, rancho folclórico - havendo uma clara preferência por versões de obras com alargada divulgação e popularidade, associadas a transmissões radiofónicas (Moreira, Cidra e Castelo-Branco 2010). Foi um período favorável à formação de grupos musicais amadores vidaguenses e à contratação de instrumentistas profissionais exteriores a Vidago. Neste contexto, os músicos eram entendidos como prestadores de serviços e estavam sujeitos à sazonalidade da actividade termal, não permitindo independência financeira. Assim sendo, os músicos viam-se forçados a conciliar o trabalho musical com outros empregos anuais. Usavam esse argumento para se revoltarem contra a obrigatoriedade da profissionalização e pagamento de cotas durante todo o ano ao Sindicato dos Nacional dos Músicos (SNM), pelo que evitavam a sindicalização ou, uma vez sindicalizados, atrasavam sistematicamente o pagamento de cotas (Silva 2010; Fernandes 2018). Nesta comunicação irei abordar o estatuto dos músicos em Vidago entre 1933 e 1974, destacando as dinâmicas entre estes e as gerências dos hotéis, o SNM e a Casa do Povo local. Este estudo recorre a métodos da história e da etnomusicologia histórica, nomeadamente entrevistas a pessoas que assistiram às práticas musicais em estudo e pesquisa de arquivo no espólio do SNM (Howard 2014). Na linha que têm vindo a ser pensado na área da antropologia do turismo, considero que este é um fenómeno holístico, com implicações económicas, políticas, sociais, simbólicas e sonoras (Pinto e Pereiro 2010; Pereiro e Fernandes 2015; Fuarros e Carvalho 2019).

Palavras chave: Vidago; turismo termal; estatuto do músico; Sindicato dos Músicos.

Maria Teresa Lacerda é investigadora do INET-md. Iniciou o contacto com a música em 1998, na escola Companhia da Música (Braga), onde obteve, em 2012, o 8º grau do Curso Secundário de Piano em regime supletivo. Ingressou a Licenciatura em Ciências Musicais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da

Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL) em 2012, tendo concluído em 2015. Leccionou piano entre 2013 e 2015, nas escolas Happiness Street, e Clube dos Sons e em regime particular. Em 2015, leccionou Educação Musical na Escola Básica do Convento do Desagravo, integrada no plano de Actividades de

Enriquecimento Curricular. Presentemente frequenta o mestrado em Ciências Musicais - vertente Etnomusicologia, na FCSH-UNL, com a dissertação Música e Turismo no Estado Novo: Actividade musical na vila termal de Vidago (1933-1974).

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We are Linn da Quebrada: questions of agency and dissident identities through musical performance Mariana de Lima Veloso, State University of Campinas (UNICAMP)

The present work intends to analyze the relationship between gender, politics and music, articulating the feminist literature - from the notions of social markers of difference, performativity, gender, sexuality and experience - with the musicology and anthropology literature, understanding art as a social process, how human beings are constructed through music, what is musicking and musicking as a political performance, artvism. As a plastic analysis tool, the ethnography of Linn da Quebrada's performance in three different sites between march and may of 2019 in the city of São Paulo.

Keywords: ethnomusicology; gender; sexuality; performance; social agency.

Mariana de Lima Veloso is a visual artist and a performer. Born in São Paulo in 1994, her experience with the artistic world started through dancing and photographing. Went to the State University of Campinas for a

bachelor degree on Media Studies, working for the past 5 years with photography, audiovisual productions, videoclips and videodances. Worked in the institute’s student festival in the past 5 editions, working with cultural production and education. Later music joined the team and today she pursues an interdisciplinary

approach in her art as well as for her Masters research, studying the political questions brought by a musical

performer called Linn da Quebrada.

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Em busca de uma metodologia: conflitos na definição de identidades Matheus Pezzotta Gonçalves, Universidade Estadual de São Paulo (UNESP)

O presente trabalho busca discutir a cerca de procedimentos metodológicos adequados às características e problemas resultantes das práticas e vivências musicais na Comunidade Remanescente Quilombo do Carmo que está localizada no Bairro do Carmo a 22 quilômetros do centro da cidade de São Roque no Estado de São Paulo, com base nas políticas públicas com vistas à memória musical do município. Tanto o panorama de uma pesquisa acadêmica orientada e financiada por agencias de fomento que, como tal, promove o conhecimento dentro da estabilidade do objeto escrito, e por outro lado, quanto à precaução em proceder a pesquisa com ferramentas compatíveis à oralidade e à instabilidade que se apresenta nas constantes transformações sociais da comunidade, nos levam a buscar ferramentas que contemplem o próprio entendimento de identidades a partir dos agentes delas protagonistas. Dentro deste contexto empregamos a orientação teórica de autores como Sardo e Turino para elucidar os conceitos de Identidade e música; Bosi no que concerne o campo das memórias (Coletiva e Individual); Marchuschi em relação a Oralidade e Escrita e Colombres e Havelock no que se refere às dinâmicas e funcionamentos da Oralidade e Cultura Oral. A sistematização política em relação a esse patrimônio em detrimento da legislação vigente, conduz a problemas sociais de intenso aprofundamento que demandam grande mobilidade de agentes para o resgate cultural daquela comunidade. Compreendemos tais manifestações, como patrimônio cultural material e imaterial, no que tange à implementação pelo Plano Municipal de Cultural. A cultura oral opera em relação às dinâmicas da realidade, transformando-se para responder à situação atual. Nota-se que a ausência de documentos produzidos pela e sobre comunidade resulta, consideravelmente, por parte da sua característica oral. Em paralelo, a memória coletiva está alicerçada nas vozes individuais daqueles que as dispõem em suas memórias. Quando estes portadores silenciam suas memórias, o efeito é a perda da memória coletiva para a comunidade. Neste sentido a pesquisa-ação desenvolvida por Trip se apresenta como um procedimento metodológico que contempla tanto as demandas teóricas (acadêmicas) como as demandas práticas das vivências do objeto de estudo. Estabelece-se aqui o paralelo entre práticas musicais, memória coletiva e identidade.

Palavras chave: práticas musicais; memória coletiva; identidade; políticas públicas; coesão social.

Matheus Pezzotta Gonçalves - Bacharel em música pela Unesp, atualmente compõem o corpo discente

do Programa de Pós-Graduação em Música – Mestrado. Frequentou o Conservatório Dramático e Musical

Dr. Carlos de Campos de Tatuí entre 2009–2012. Participou de Curso livres na Emesp assim como em festivais na Alemanha, Argentina e Brasil. Em 2014, seu primeiro CD “Tua Obra, Teu Pão - Canções para Darcy Penteado” atuo como violonista e arranjador assim como no segundo CD “Ensaios Sobre Nossas

Coisas” em 2016. Já se apresentou na Inglaterra, Itália, Equador, Argentina e Brasil onde atualmente leciona cursos e palestras e se apresenta com o grupo Os Cafumangos.

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A representação sonora da alteridade no contexto da Primeira Exposição Colonial Portuguesa de 1934, Porto Michael Dias, INET-md / NOVAFCSH

No Acto Colonial de 1930 encontra-se referido o Império Colonial Português como o conjunto de domínios de Portugal que, em virtude dos laços políticos e morais entre a metrópole e as colónias, constituem uma comunidade natural no que à sua economia se refere, integrada num sistema político de associação ou descentralização. O diploma surge num contexto diplomático internacional marcado por preocupações relativamente à soberania de Portugal sobre as colónias (Torgal 2008; Oliveira 2013) e como reacção a uma desorganização administrativa provocada pela “conflagração mundial” e por “novas tendências estranhas” de regimes governativos. É neste contexto de estratégia diplomática internacional e de uma retórica expansionista e proteccionista, no intuito de afirmar o poder imperial perante outras nações, que se começa a planear a Primeira Exposição Colonial Portuguesa, a ter lugar no Porto, Jardins do Palácio de Cristal, em 1934 (Garcia 2001). Existem na imprensa da época inúmeras referências à paisagem sonora do recinto, descrições por vezes profusamente adjectivadas que fornecem um olhar sobre o modo de conceptualização na metrópole acerca de práticas performativas nas colónias. O som, ao longo das inúmeras descrições da imprensa relativa à Exposição, encontra-se muitas vezes associado ao movimento, quer em termos da própria descrição de características do som, inclusivamente da voz, quer em termos da descrição dos movimentos corporais. Deste modo, estão implícitas representações do corpo do Outro quando se fala de “música” no contexto da Exposição Colonial, o que por si é já indicativo do modo de conceber, de forma implícita, a música do Outro. Também os instrumentos musicais integrar-se-iam nestes diversos discursos, contribuindo para a ideia de unidade imperial e, simultânea e paradoxalmente, para uma distinção binarizante entre metrópole e colónias. Através da representação sonora das colónias, que nos chega através de descrições e crónicas na imprensa acerca do som e movimento, através de partituras de “canções indígenas”, e através de um contexto histórico e social que importa sublinhar, é possível apreender concepções da alteridade e algumas contradições subjacentes ao discurso da modernidade (Comaroff 1991; Erlmann 1999; Cooper 2005).

Palavras chave: Exposição Colonial; modernidade; alteridade; práticas performativas.

Michael Dias é mestre em Etnomusicologia pela NOVAFCSH (2017) com uma tese dedicada à experiência colonial de Belo Marques em Moçambique, nomeadamente ao modo de representação de um conjunto de práticas performativas agrupadas sob a denominação de "música negra". É doutorando em Etnomusicologia

no Departamento de Ciências Musicais da NOVAFCSH. Bolseiro de investigação, integra a equipa internacional de investigação do projeto "Timbila, Makwayela e Marrabenta: um século de representação musical de Moçambique".

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Sombugueiro: reflexos de uma residência artística na aldeia de Sabugueiro Nery Borges, INET-md / Universidade de Aveiro José Batista Jr, INET-md / Universidade de Aveiro Erik Pronk, INET-md / Universidade de Aveiro Samuel Barros, INET-md / Universidade de Aveiro Hélvio Mendes, INET-md / Universidade de Aveiro Amanda Carpenedo, Universidade de Aveiro Daniel Escudeiro, INET-md / Universidade de Aveiro Tiago Lestre, INET-md / Universidade de Aveiro

Este painel tem o objetivo de demonstrar resultados da residência artística realizada na aldeia de Sabugueiro entre 27 e 31 de maio de 2019. A residência foi denominada Sombugueiro, e abordou atividades musicais relacionadas à performance, educação musical e composição, que tiveram como base teórica os conceitos de memória (Bosi 1979) e de paisagem sonora (Schafer 1977, 1992, 2012). Os investigadores foram distribuídos em três projetos: (1) OcupaSom: incluiu 6 performances instrumentais a solo em espaços públicos da aldeia, com repertório do respectivo instrumento. O objetivo foi compreender o impacto das performances no cotidiano da comunidade. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas com os moradores locais, diários de campo dos próprios performers e gravações audiovisuais. A residência artística impactou sobremaneira os performers envolvidos, trouxe reflexões sobre a criação dialógica em laboratório de experimentação, bem como o papel da música nas relações humanas e sociais; (2) InterconexSom: teve como objetivo a criação de composições e performances a partir de experimentações sobre paisagens sonoras da aldeia. Sons do ambiente foram gravados, manipulados através de software de edição de áudio e processamento de som, ou gerados em tempo real. As performances favoreceram a interação entre músicos, a improvisação, o uso do live looping e a poesia declamada; (3) Sombugueirinhos: integrando atividades didáticas e performativas com crianças da comunidade. O projeto teve como base a exploração dos sons da comunidade e um poema do livro de Alexandre Sampaio, Mulheres de Sabugária (2017), para a criação de uma performance com alunos de idades entre 3 e 9 anos. O objetivo foi demonstrar o impacto do meio-ambiente e seus espaços sonoros na vivência musical, através do aperfeiçoamento da escuta, improvisação livre e exploração dos sons do corpo. O trabalho resultou em uma apresentação pública com leitura de poesia, improvisação livre, percussão corporal e canto. Os projetos proporcionaram curiosidade, estranhamento e envolvimento gradual da comunidade; para além disso, a exposição dos investigadores/performers à experiência gerou reflexões a respeito do seu papel frente a uma realidade diversa, quanto ao espaço e ao envolvimento do público.

Palavras chave: residência artística; performance musical; paisagem sonora; memória; aldeia de Sabugueiro.

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Nery Borges é guitarrista e investigador. Doutorando em música pela Universidade de Aveiro (Portugal) no

ramo dos Estudos em Performance e mestre em música (performance/guitarra) pela Universidade Federal de Goiás (Brasil). É investigador do INET-md desde 2018 e tem como focos de investigação a performance musical (guitarra), a ampliação de recursos que possam contribuir para o sucesso e bem-estar de músicos,

e a preservação e disseminação de obras de compositoras portuguesas.

Batista Jr é doutorando na Universidade de Aveiro na área de Estudos em Performance. Possui mestrado

em Música/Práticas Interpretativas e graduação em clarinete pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. No Brasil, desenvolve atividades ligadas à música de câmara e música contemporânea. Atuando no Abstrai Ensemble - CD Experiências lançado em 2018 - e Trio Paineiras - CD Trio Paineiras Interpreta

Compositores de Hoje lançado em 2017. Seus interesses de pesquisa ligam-se á música de câmara, colaboração compositor - performer e experimentação na música. Atualmente é professor licenciado da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Erik Pronk é guitarrista, tocador de viola caipira, investigador e professor. Doutorando na Universidade de Aveiro, com enfoque no repertório e performance da viola brasileira. Estudou no Royal Conservatoire em

Haia, Holanda, onde concluiu seu mestrado (2010) e bacharelado em 2008 no ramo da Performance / Guitarra Clássica. É professor na área de violão no Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desde 2012.

Samuel Barros é Doutorando em Música (Estudos em Performance) pela Universidade de Aveiro, Mestre em Música (Performance) pela mesma universidade, e licenciado em Música pela UECE (Universidade

Estadual do Ceará). Como pesquisador, desenvolve investigações sobre a ansiedade na performance musical no contexto da educação e ensino da música, com colaboração nas atividades no âmbito dos projetos de investigação do StressLab®, com particular relevo no treino das sessões de Biofeedback para

estudantes/profissionais de música e professores do Ensino Superior. Como professor e músico (trombonista), exerce atividades musicais com orquestra sinfônica, orquestra de jazz, música de câmara, música brasileira, ensino e aprendizagem.

Hélvio Mendes é percussionista e investigador. Doutorando em música (performance em percussão) pela Universidade de Aveiro/Portugal e membro investigador integrado do Instituto de Etnomusicologia - Centro

de Estudos em Música e Dança (INET-md) no Pólo da Universidade de Aveiro (DeCA-UA), possui o título de mestre em música na área das Práticas Interpretativas no instrumento Percussão pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e se tornou Bacharel em Música (Habilitação em Percussão) pela

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) em 2010.

Amanda Carpenedo é guitarrista e investigadora. Atualmente cursa mestrado em música no ramo da

performance na Universidade de Aveiro, seu foco de pesquisa é a elaboração de arranjos para violão solo utilizando técnicas percussivas. Licenciada e Bacharel em música pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, recebendo o diploma de láurea acadêmica em ambos os cursos. Em 2017 ganhou o 1º Lugar no I

concurso de guitarra Fábio Lima - Homenagem a Henrique Pinto (Curitiba, PR- Brasil).

Daniel Escudeiro é compositor, educador e violonista. Doutorando em música pelo INET-md / Universidade

de Aveiro com pesquisa que envolve composição musical e espiritualidade. Concluiu Mestrado em

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Composição na UFBA (2012) com pesquisa que incorpora aspectos da prática instrumental, da teoria

literária intertextual e da composição musical. Tem se dedicado a estudar a intertextualidade no âmbito da pesquisa como ferramenta composicional.

Tiago Lestre é compositor e trompetista. Doutorando em composição na Universidade de Aveiro, sobre orientação de Isabel Soveral. Apesar da sua carreira se ter iniciado como compositor instrumental, gradualmente tem vindo a focar, cada vez mais, a sua obra na música eletroacústica, explorando e

desenvolvendo arte multimédia. Neste âmbito, compôs música e sound design para curtas metragens e música para dança contemporânea.

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Corpográfico - ArteDança Generativa Patrícia Santos, Universidade de Lisboa Jamila Pontes, Universidade de Lisboa

Esta proposta artística integra pesquisa em desenvolvimento no Doutoramento em Artes Performativas e da Imagem em Movimento na Universidade de Lisboa. O objetivo é traçar caminhos de decomposição do movimento em dança, gerando uma composição de imagem em movimento, baseado nos conceitos da Arte Generativa, criando objetos visuais a partir dessa relação dança/movimento/arte generativa. Ao interagir com artefactos tecnológicos, o corpo fica modificado por essas relações, em diferentes intensidades; ele ganha um novo design, novas funções, novos espaços; o corpo muda, surgem novas imagens, novas virtualidades híbridas do corpo em dança. Esta Dança Digital (Birringer 2004; Bastos 2013) é um campo expandido da dança na contemporaneidade, onde em sua expressão necessariamente se utiliza o digital em seus diversos ambientes, temporalidades e suportes tecnológicos, atravessado por conceitos da Arte Generativa (Galanter 2003; Pearson 2011), uma arte que gera arte, em que o trabalho artístico, é o produto de um sistema autônomo capaz de gerar eventos imprevisíveis, mutáveis. O sujeito e o computador são mediados pelas condições da imprevisibilidade do resultado das ideias geradas. Neste caso, quando se fala dessa presença física, ou seja, desse corpo presente na dança, envolvemos nesse pensamento outras ideias de materialidade e porque não dizer uma desmaterialidade física do corpo que se expressa numa materialidade virtual obtida através dos meios tecnológicos, que se apresenta pela falta de uma figura corpo palpável, visível, enquanto que a materialidade virtual prediz numa existência de um corpo em segundo plano, um arcabouço criativo para a imagem corporal gráfica virtualizada. Dessa maneira, possibilita argumentar sobre um conceito de dança generativa, constituindo-se da habilidade de gerar novo conhecimento e novas formas de uso dessa informação, onde na sua qualidade material (física), por si só, não seria possível exprimir. Assim a dança generativa, proporciona uma "experiência tecnestésica” (Couchot 1998, 2003), ou seja, o artista tem seus sistemas perceptivos e formas alterados pela manipulação da técnica, passa a dispor de outros meios que lhe permitem novas possibilidades de se manifestar como criação, seja em uma performance live coding ou em processos de interação com o espectador. Esta criação artística procura experimentar tais possibilidades.

Palavras chave: corpo: tecnologia; dança; arte generativa.

Patricia Eduardo Oliveira Santos nasceu em Aracaju - Brasil em 1969. Licenciou-se em Educação Física,

Universidade Federal de Sergipe (1992). Possui Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior, Universidade Castelo Branco (2006). Pós-Graduação em Artes Dança - UFAL (2009). Pós-Graduada em Sistema Laban/Bartenieff. Mestre em Dança pela Universidade Federal da Bahia (2013). Atualmente aluna

do Doutoramento em Artes Performativas, Universidade de Lisboa. Iniciou atividade docente em 2009 na Universidade Federal de Sergipe, onde permaneceu até 2013, como Professora da Licenciatura Educação Física e Professora da Licenciatura em Dança. Paralelamente em 2010 foi professora da Pós-graduação em

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Educação Física da Faculdade Estácio de Sá. Em 2011 foi Professora da Pós-graduação em Arte-Educação

da Faculdade São Luís. Em 2013 sai da Universidade Federal de Sergipe - UFS e entra para o corpo efetivo da Universidade Federal de Alagoas - UFAL, atuando junto a Escola Técnica de Artes no Curso de Dança, onde atualmente é Professora e Vice-Diretora.

Jamila Nascimento Pontes (1979), brasileira, graduada em Educação Física (2006); Artes Cênicas: Teatro (2013), ambas pela Universidade Federal do Acre - UFAC. Especialista em Dramaturgia e Teatro pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2008). Mestra em Letras: Linguagem e Identidade pela

Universidade Federal do Acre - UFAC (2016). Atualmente faz o doutoramento em Arte Performativa e da Imagem em Movimento da Universidade de Lisboa. É professora de Artes do Instituto Federal do Acre (IFAC), coordenadora de Pesquisa, Inovação e Extensão no biênio 2017-2019; atua na área de Artes, com

ênfase em preparação corporal e processos criativos em arte performativa. Realizou trabalhos artísticos na Usina de Artes João Donato (audiovisual) e com usuários de saúde mental no HOSMAC (Hospital de Saúde Mental do Acre). É avaliadora de projetos e de trabalhos científicos nas áreas de arte e cultura.

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Popular music groups in Lourenço Marques: what can music tell about the history of a colonial city? Pedro Mendes, INET-md / NOVAFCSH

Lourenço Marques, nowadays known as Maputo, was the main city in Mozambique, a territory which was under Portuguese colonial rule until 1975. As a result of the urban planning promoted by the Portuguese colonial administration, social inequalities of the colonial system were inscribed in the urban geography of Lourenço Marques. There was the city center, known as the ‘cement city’, a place mainly occupied by European population from the middle/upper classes; outside of this cement city there was an extended area of neighbourhoods with poor living conditions, mainly inhabited by African population and by a smaller part of low-class Europeans and immigrants. This had an important impact in the social life of the city, reinforcing structural inequalities of the colonial system and promoting dynamics of spatial segregation, racial discrimination and creating more obstacles for those who had precarious positions in the city. In recent years, some studies have been focusing the relation bewteen cultural expressions and social processes in the urban context of Lourenço Marques - for example, the case of football (Domingos 2012). Music was an activity with particular relevance in that context, since Lourenço Marques was a city with an intense nightlife activity, in which popular music had a notorious presence. There are already important accounts about music and the colonial context of Mozambique (Freitas 2019; Lichuge 2017; Filipe 2012; Carvalho 1997). However, the articulation between the activities of popular music groups from different areas of Lourenço Marques and the social dynamics in the city is a topic which still has a lot to explore. Its analysis can demonstrate the ambivalence felt by the individuals involved, but also the way they managed to overcome the constraints of the colonial system. With the main focus on the period between 1960 and 1975, marked by the historical processes of late colonialism (Castelo et al. 2012) this work approaches musical activities as a way to understand the daily life in a colonial city, based on ethnographic interviews, archival research and mapping techniques.

Keywords: popular music; Lourenço Marques; colonialism; Mozambique.

Pedro Mendes (INET-md, New University of Lisbon) is a Phd candidate in Ethnomusicology in the New University of Lisbon. Graduated in Musicology, he was member of the research team of the project “Jazz in

Portugal: the legacies of Luís Villas-Boas and the Hot Clube de Portugal”. His master thesis focuses the beginning of the Hot Clube de Portugal’s School of Jazz and the formalization of jazz teaching in Portugal. Currently, he is making research about popular music groups in late colonial Lourenço Marques, participating

in the project “Timbila, Makwayela and Marrabenta: one century of musical representation of Mozambique”.

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Eurydice Redux Katy Pinke, Rose Bruford College

A film-poem (read: film-as-poem, as seen in the work of Maya Deren, Margaret Tait, and Stan Brakhage, for example) investigating the intuitive capacities of embodied, personalized performance to excavate, re-enliven, and re-configure myth and archetype in a hypothetically post-patriarchal, post-religious world. The jumping off point for this piece is Jungian philosoper Erich Neumann’s engagement with the poetry of Rilke in his book “Amor and Psyche : The Psychic Development of the Feminine, A Commentary on the Tale by Apuleius,” in which he notes that “The image in the poet’s soul shakes off the disguise imposed on it by time and human history and emerges again in its original form from the primordial font of myth. Neumann suggests that “poetry, which in its highest form is animated by the same primordial images as myth, may disclose motifs and formulations which recapitulate mythical ones” And notes that as Rilke comes to know myth in a more personalized form, although his interpretation of well-known myths at first makes it seem as though he is taking arbitrary poetic license, “poetry has profound laws and sensuous roots, its freedom is far from arbitrary, and the mythological constellation, overlaid by the changing times, is recaptured in poetry.” This particular film focuses on the myth of Eurydice as its proxy. As a piece of praxis-based research, it takes Neumann’s claims as its hypothesis, and asks what happens when the “poetry” with this power to “recapture the mythological constellation” is the expression of the bodymind itself, recapturing or perhaps expanding, in this case, a myth of the feminine psyche as bride of death. The filmmaker draws on somatic practices such as Feldenkrais, Body Mind Centering, and TRE (trauma release exercises) to guide the making process, asking whether there is more we do not understand about the psychological and spiritual significance of this myth, or whether there is not a way indeed to begin to rewrite our myths, by mining the transpersonal experience exposed by connections in the individual bodymind: perhaps our connection to the source of what poet and philosopher Jean Gebser called "mythical consciousness."

Keywords: somatic practic; film; poetics; semiotics; myth.

Katy Pinke is an actor, singer, and multi-disciplinary performance artist with an MFA from Rose Bruford College in Acting and Performance. She is currently based in Europe. As a theatre and performance maker,

Katy engages in a praxis-based research approach to questions around the evolution of transpersonal consciousness. Katy is fluent in Mandarin Chinese and graduated from Princeton University with honors in 2010 with a bachelor’s in East Asian Studies and a certificate in Translation Theory where she was awarded

Princeton’s Marjory Chadwick Buchanan thesis prize for her work researching the relationship between linguistic creativity and Internet censorship in China.

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Características do ensino coletivo de percussão no Projeto Guri: inserção social e desenvolvimento humano através da música Rafael Y Castro, Universidade Estadual de São Paulo (UNESP)

O Projeto Guri é reconhecido como o maior projeto social do país que utiliza a música como desenvolvimento integral do ser humano. Anualmente, são realizados mais de 35.000 atendimentos para crianças, jovens e adolescentes nos 325 polos existentes no estado de São Paulo, quarenta deles funcionando dentro de Centros de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente. Desde o início de suas atividades há 25 anos, muitas ferramentas pedagógicas foram estruturando um modelo de excelência no atendimento a estudantes. Nosso objetivo foi avaliar a aplicabilidade destas ferramentas pedagógicas nos resultados artísticos em apresentações musicais entre os anos de 2014 e 2018. Dentro de toda a diversidade do naipe, os resultados qualitativos obtidos com o naipe de percussão foram expressivos. Avaliamos que uma estrutura coerente foi desenvolvida pedagogicamente em relação as necessidades deste naipe com as seguintes seções: bateria, caixa, instrumentos sinfônicos, pandeiro, tambores de mão, teclados e tímpanos. Isto mostrou a amplitude e como desenvolver o entendimento desta complexidade do naipe em conjunto, onde cada um destes tópicos pode ser complementar ao outro. Metodologicamente, visualizamos a qualidade presencialmente em apresentações dos grupos atuantes nos polos de ensino. Dentro destas seções há uma lista de materiais adequados ao nível de cada turma - iniciante, intermediário e avançado. Em cada uma delas há um conteúdo programático, estratégias, materiais bibliográficos e habilidades a serem desenvolvidas como meta pedagógica e artística. No período da nossa pesquisa (2014-2018), notamos diversos avanços de acordo com a inserção social e profissional dos alunos, sendo que muitos continuam se desenvolvendo em outras instituições - conservatórios, universidades, festivais, grupos camerísticos - e atuando como educadores. Observou-se que a prática instrumental, através do ensino coletivo, mostra-se eficiente no processo de inserção social.

Palavras chave: ensino coletivo de música; naipe de percussão; Projeto Guri.

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Finding a Paraguayan voice: music learning and questions about vocal pedagody, transmition and institutions Romy Martinez, Royal Holloway University of London

This research focuses on the use of voice in Paraguayan popular song - especially in the two representative genres the Polka Paraguaya and Guarania - and on key interpreters from the 1930s to the present. It aims to find what music students are learning when studying singing, which are the vocal pedagogies that are being applied and what is being taught in order to approach the Paraguayan repertoire as part of a national identity. Within this frame, both, formal and informal ways of learning music are viewed, considering the different backgrounds of the singers, some of them who had received vocal training and other who learnt mainly by listening and being surrounded by a musical environment. The research begins with a a pilot study which consists of conducting interviews with several Paraguayan singers. Used as part of the methodology, the interviews works as a preparation for the fieldwork which will be done in Paraguay. It combines participant observation of the singing lessons in Paraguayan musical institutions, such as Facultad de Artes in Asunción and Escuela de Bellas Artes in Ciudad del Este, both of which run music undergraduate courses for approximately a decade now. Moreover, the research methods includes an autoethnographic approach -based on my experience as a singer-with interviews with several other singers. Finally, it will also observe performers outside musical institutions, aiming to grasp the main influences, genres, musical, cultural and personal experiences that shaped their careers as Paraguayan singers.

Keywords: Paraguayan voice; Paraguayan popular song; vocal pedagogy; transmission; music learning.

Romy Martinez - Singer and ethnomusicologist with a musical career and academic background that is set

between Paraguay (country of birth) Brazil and Argentina. Develops musical and research projects with artists and genres from different nationalities, especially those interrelating the cultural diversity in the Southern Cone of Latin America. As the founder of Purahei Trio, that gathers musicians from the

aforementioned countries, has released two albums and research work about a common regional musicality. Holds an undergraduate degree in Music Education from UDESC and a master’s degree from Latin America’s Integration Postgraduate Program (PROLAM/USP), both obtained in Brazil. Besides, specialises

in Argentinian music at the Manuel de Falla Conservatory in Buenos Aires. As a BECAL scholarship holder, is a doctoral researcher from the Music Department of Royal Holloway University of London, focused on Paraguayan popular song, and the relations between bilingualism, exile and identity in its interpretation.

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Isabel Gomes Silvestre: na senda de uma etnografia visual Rui Madeira, INET-md / Universidade de Aveiro

A etnomusicóloga Maria Rosário Pestana, na sua dissertação de mestrado, em relação às cantigas de Manhouce coloca a questão “Quais são as representações que sustentam a redefinição de cantigas de Manhouce com Isabel Silvestre?” (Pestana 2000, 128). A investigadora reflete que (…) “Esta é uma questão que carece de estudo, mas a sua resposta passa forçosamente pelo quadro das novas relações sociais estabelecidas” (idem, ibidem). Considerando que a indagação será o ponto de partida da minha investigação, proponho inteirar-me sobre o percurso de Isabel Silvestre e respetivas relações musicais e sociais estabelecidas; as indústrias da música a partir da (…) “análise do percurso da solista Isabel Silvestre que disseminou um conjunto de competências musicais (…) na indústria da música associada ao folclore e ao pop/rock” (Pestana 2011, 1) e a relação entre os domínios do local e do global, propostos por Guilbault (2006), Connell e Gibson (2004), Erlmann (1996) e Bhabha (1994). Tenho como objetivo conhecer sobre o percurso musical e cultural da cantora desde o seu início até à atualidade na sua perspetiva e na perspetiva de outros e compreender se os conceitos de world music e indústrias da música se apropriam. Incindindo na análise do percurso musical da cantora desde a primeira incursão em 1961 até à atualidade como solista no grupo As Vozes de Manhouce, pretendo realizar uma etnografia visual em coautoria, assente na interligação entre a perspetiva humanista e analítica proposta por Banks (2001).

Palavras chave: folclore; etnografia; world music; indústrias da música.

Rui Chã Madeira é natural e residente em São Pedro do Sul. Mestre em psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Desde 2017 é doutorando em música, na área de especialização de etnomusicologia, pelo departamento de comunicação e artes da Universidade de

Aveiro, integrando o INET-md como investigador não doutorado em etnomusicologia e estudos em música popular. Colabora no projeto de investigação "Práticas musicais, contextos de memória e detentores de tradição: Levantamento de património imaterial no concelho de São Pedro do Sul" e no projeto de

investigação “Práticas sustentáveis: um estudo sobre o pós-folclorismo em Portugal no século XXI”. Colabora ainda na plataforma MPart - música participada. Tem desenvolvido trabalho de campo sobre as práticas musicais do concelho de São Pedro do Sul. Participou em vários projetos musicais, produziu

maquetas e peças sonoras para peças de teatro e realizou curtas-metragens, cooperou em sessões de gravação em estúdio. Colabora como programador e promotor de atividades musicais numa associação de intervenção cultural.

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The changing face of dhrupad music in postcolonial India Shuchita Rao, Boston University

Dhrupad, India’s oldest living musical tradition has undergone changes over several centuries. What began as a sacred musical tradition in North Indian temples in praise of Hindu Gods and Goddesses gained momentum as a secular musical tradition in the royal courts of Hindu and Muslim Kings before fading into near oblivion due to the emergence and popularity of other Hindustani musical traditions such as Khyal and Thumri. Women were not encouraged to pursue careers in Dhrupad music performance until India achieved independence from the British in 1947. In postcolonial times, there has been a resurgence of Dhrupad inside and outside of the Indian subcontinent. Dhrupad music has adapted to the needs of modern India in several ways. The adoption of modern poetry for musical lyrics, musical collaborations with classical and contemporary musicians and dancers, the inclusion of women performers as vocalists, instrumentalists and percussionists, the emergence of Dhrupad music played on Western musical instruments such as Cello, Saxophone, and Digeridoo are examples of the manner in which Dhrupad music is undergoing transformation. Methods of transmission have expanded to online instruction via Skype, Facetime and video-conferencing tools, notation systems have been expanded to transliteration in English, and in the current times, live broadcasts and telecasts of Dhrupad performances are happening all around the world using social media platforms such as Facebook and Youtube. Technology is leveraged for state-of-the-art recording, transmission and publication of audio and video performances. Globalization has shrunk distances. Dhrupad music collaborations between Western and Indian musicians have increased more than ever before. Some Dhrupad music purists believe that the resurgence and increase of Dhrupad music’s mass appeal comes at the expense of diluting the pristine classical tradition. I will be discussing both sides of the argument and arguing that far from endangering the purity and classicism of Dhrupad, the modern trends in Dhrupad have enriched its repertoire and widened the reach of the art form without compromising on its authenticity. I will conclude my lecture with a fifteen minute Dhrupad music recital.

Keywords: dhrupad; modernization; post-colonialism.

Shuchita Rao - Masters Degree Candidate in Ethnomusicology at Boston University, USA with a research

focus on Dhrupad Music of India. I have been performing and teaching Hindustani Classical Music for the past 20 years in India and USA. I have trained over 100 students in the art of Dhrupad Music and have published a book of Dhrupad compositions. I freelance on Music and Dance for prestigious ethnic magazines

in US such as Lokvani and Sruti in India. I serve on the board of international music organizations such as

MITHAS (MIT Heritage of SouthEast Asia) and Libana Women’s Group.

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Constructing space in Cuba's music scene: reimagining Havana's streets as the some of cuban music Snezhina Gulubova, Royal Holloway University of London

Cuba’s rich musical legacy has been one of the island’s most important national and international contributions for over 100 years. Since the end of 2011, Cuba has undergone the most significant socioeconomic changes since its 1959 Socialist Revolution. These include the introduction of private property, launch and growth in internet access, and significant increase in travel from and to the island. As a result the country entered a new phase in its music production and scholarship, altering Havana’s music scene, profession and the geographies of Cuban music. A key location in Cuba's music scene is "the street", regarded as the home of music, and where both Cubans and visitors have their first encounters with music on the island. Following the new socioeconomic adjustments on the island, the streets of Havana are transforming, and so is their relationship to Cuban music and musicians. The street is a physical locale and an abstract imaginary where music is created, produced and performed, and its image is circulated both on the island and abroad. I argue that with the introduction of private property ownership to the island and the proliferation of privately-owned music venues across Havana, the role of the street as the home of Cuban music has been reconfigured from an actual locale to an imaginary where musicians are searching for identity and authenticity in a rapidly commercialising world. Streets are converted from the site where any underprivileged Afro-Cuban child can learn to play and perform music to world-class standards to the home of five-star hotels, exclusive shopping malls and Chanel’s seasonal catwalk. I further investigate how this image of the street as the home of Cuban music continues to infuse contemporary songs through images and lyrics, and is internationally exported, creating a distorted image of Havana’s music scene abroad.

Keywords: Havana; music scene; street; musical profession; geographies of cuban music.

Snezhina Gulubova is a third-year doctoral research student at Royal Holloway University of Lon- don. She

completed an MMus in Advanced Musical Studies (Ethnomusicology) at the same university where her special study dissertation From Havana to London: Redrawing National and International Geographies of

Cuban Music is also the basis of her doctoral research. The current presentation is part of the larger project examining the impact of Cuba’s 2011 socioeconomic changes on Havana’s music scene, profession and geographies. The focal points of study are the role of the street in Cuban music, the reinvention of Cuba’s

African identity through sound, and the emergence of the Havana-London axis of cultural and musical collaborations. Snezhina writes poetry and is a Cofounder of the Afro-Cuban percussion company Alma de Tambor. She previously worked in human rights and international development, having completed an MA in

International Studies and Diplomacy at SOAS, University of London.

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"Eu quero o meu passado esquecer": contributos para as metodologias de uma etnografia musical do passado Sofia Vieira Lopes, INET-md / NOVAFCSH

Quando concebemos e realizamos uma etnografia do passado somos confrontados com inúmeros desafios. Reportarmo-nos a um terreno que já não podemos literalmente visitar poderá colocar-nos perante dúvidas de naturezas distintas. Assim, o delinear de estratégias e metodologias deve ter em consideração uma miríade de imprevistos e obstáculos próprios não só do terreno como do afastamento temporal. São os imprevistos que nos surpreendem trazendo uma riqueza inusitada ao trabalho de investigação e tornando aquilo que inicialmente poderia parecer um obstáculo numa fonte de informação pródiga. Ao longo de uma investigação de doutoramento e quando nos deparamos com o terreno, as estratégias inicialmente delineadas são constantemente questionadas e redefinidas. O trabalho do investigador é assim: olhar para as vozes e os silêncios que a história perpetua, questionando-os, compreendendo-os e desvendando-os. Na edição de 2015 do Post-ip apresentei algumas linhas sobre a forma como delineei o trabalho de investigação sobre o Festival RTP da Canção: questões de investigação, linhas orientadoras, estado de arte e metodologias. Nesta edição, passados quatro anos e já numa fase final da investigação, pretendo apresentar o modo como o confronto com o terreno afectou a estratégia inicialmente delineada. Apresento a forma como, partindo da imprevisibilidade inerente à investigação, redefini o objecto, reprogramei as estratégias e revi as metodologias. Com base no trabalho de Bohlman (2008), pretendo partilhar os desafios trazidos pelo diálogo constante entre o passado e o presente e o modo como o presente pode afectar na forma como olhamos para o passado, o modo como determinadas escolhas apagam ou sublinham determinados acontecimentos e pessoas e a forma como os agentes decisores interferem na construção de narrativas. Pensando no tempo como um escultor (Marguerite Youcenar 1954) ou como um mediador, esta comunicação não tem como objectivo apresentar soluções, mas levantar questões acerca do modo como estas condicionantes podem afectar o trabalho do investigador. Quase como uma etnografia da própria etnografia, pretendo aqui contribuir para o debate em torno das metodologias para um trabalho etnomusicológico centrado no passado da televisão em Portugal.

Palavras chave: metodologias da etnomusicologia; etnografia do passado; música e televisão.

Sofia Vieira Lopes - Doutoranda em Ciências Musicais - Etnomusicologia na NET-md / NOVAFCSH. Desenvolve trabalho de investigação em torno dos Festivais RTP da Canção e Eurovisão (financiado pela FCT). Licenciada em Ciências Musicais e Mestre em Etnomusicologia (NOVAFCSH). É organizadora da

Conferência Internacional Eurovisions: Perspectives from the Social Sciences, Humanities, and the Arts (1.ª ed: Lisboa, 2018; 2.ª ed: Tel Aviv, Israel, 2019). Faz parte de dois projectos do INET-md e foi bolseira do projecto “A indústria fonográfica em Portugal no Séc. XX” (2009-2010). Leccionou em diversas escolas do

ensino artístico e estudou clarinete no SFA-SFGP (Tomar).

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“It is our way of life and it’s reflected in music” - how motivations of Georgian folk-fusion musicians work Teona Lomsadze, International Research Center for Traditional Polyphony of Tbilisi State Conservatoire

In recent decades, globalization and unlimited internet access have resulted widespread dissemination of new western music trends in Georgia. This process is somehow reflected on traditional music as well, considering that Georgian folk-fusion music (synthesis of Georgian folk and western popular music styles) became much more diverse and colorful. In several major cases, the determining factor is motivation of the musicians concerning their approach to Georgian traditional music. As psychologists tell us, the basic stimulus (meaning in this case what drives folk-fusion musicians to create their compositions) might be caused by intrinsic or extrinsic motivation, where ”intrinsic motivation refers to doing something because it is inherently interesting or enjoyable, and extrinsic motivation refers to doing something because it leads to a separable outcome” (Richard M. Ryan, Edward L. Deci 2000, 55). If we apply this to Georgian folk-fusion musicians, we will see that both types of motivation are revealed and that even in the case of a single musician they may be very much intertwined. My article aims to demonstrate variety of the contemporary Georgian folk-fusion musicians’ motivations, revealed through their interviews (mostly conducted by me) and to analyze it through some of existing motivation theories. At the same time, I intend to discuss contemporary expressions of national identity through Georgian music as analyzing folk-fusion musicians’ motivations is intricately connected with it.

Keywords: folk-fusion musicians; Georgian traditional music; western popular music; motivation.

Teona Lomsadze is a PhD student of ethnomusicology at the Tbilisi State Conservatoire (Title of her dissertation is Traditional music in contemporary Georgia (on example of folk-fusion); Master of Arts in

ethnomusicology (graduated from the Tbilisi State Conservatoire in 2014, Bachelor - in 2012). Works as a specialist at the International Research Center for Traditional Polyphony of Tbilisi State Conservatoire and as a Liaison officer of Georgia at ICTM (International Council for Traditional Music). Was Erasmus exchange

student at the University of Aveiro, Portugal (02.2019-07.2019); DORA plus visiting doctoral student and ERASMUS + exchange student at the Estonian Academy of Music and Theater (04.2017-07.2017; 01.2016-06.2016); visiting scholar at the university of Manchester and King’s college of London (UK,

02.2018-03.2018), City University of New York (CUNY) and University of Illinois (04.2018-05.2018); has participated in different international conferences in Georgia and abroad; is the author of scholarly articles; three-fold winner of Students’ international conference-contest.

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Entre o violão e a guitarra elétrica, entre a música popular brasileira e o jazz: uma vertente no violão brasileiro Victor Polo, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

O universo do violão brasileiro (termo amplamente difundido cuja definição foge ao escopo desse trabalho) é dotado de grande variedade de propostas estilísticas. As composições para violão de Villa-Lobos (1887-1959), as peças de Garoto (1915-1955), Dilermando Reis (1916-1977) e Baden Powell (1937-2000) e a “batida” da bossa-nova são apenas alguns exemplos dessa pluralidade de concepções. Neste vasto campo, há um grupo de músicos que absorve elementos do jazz, do pensamento jazzístico de harmonização e improvisação e da guitarra jazzística, mas que ao mesmo tempo mantêm estreita relação com gêneros populares urbanos da música brasileira, como baião, bossa, choro, frevo e samba, aproximando elementos de ambas as culturas. Entre esses instrumentistas, notam-se nomes como Hélio Delmiro (1947), Romero Lubambo (1955), Lula Galvão (1962), Nelson Faria (1963) e Marcus Teixeira (1966). Tendo em vista que há pouca discussão acadêmica acerca dessa vertente estética de violonistas, encontra-se um campo aberto para problematizações e discussões acerca das práticas desses músicos. As análises musicais, realizadas tendo por base um procedimento de comparação de objetos (CeO) semelhante ao modelo proposto por Philip Tagg, possibilitou observar de que maneira os músicos se apropriam de elementos de ambas as culturas. Em relação ao jazz, verifica-se traços de fraseado ligado ao blues e ao bebop, o uso da técnica de comping, além do amplo emprego de blocos de acordes paralelos, em uso semelhante ao de guitarristas de jazz. No que tange à música brasileira, é notável o uso de células e acentuações características de gêneros musicais brasileiros, sobretudo do samba, além de uma atividade rítmica da mão direita que remete a violonistas anteriores, especialmente Baden Powell. Acácio Piedade (2005) discorre acerca da “música popular brasileira instrumental” (também nomeada “jazz brasileiro”), analisando a relação de tensão (fricção) entre as musicalidades brasileira e jazzística. Segundo afirma, os músicos brasileiros “canibalizam” o paradigma jazzístico ao mesmo tempo em que se afastam da musicalidade norte-americana, “através da articulação de uma musicalidade brasileira.” Nessa perspectiva, acredita-se que essa vertente de violonistas se encontra musicalmente em uma linha tênue entre ambas as linguagens, deixando-as transparecer mutuamente em maior ou menor grau, a depender do contexto.

Palavras chave: violão; guitarra elétrica; música popular brasileira; jazz.

Victor Rocha Polo graduated in popular music and master in performance at UNICAMP (State University of

Campinas) and is currently a doctoral student at the same institution. Works as researcher in the areas of popular music and performance, especially in subjects related to acoustic and electric guitar. As composer

and guitarist, his focus is on brazilian popular music and jazz.

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Pesquisa documental nos acervos musicais: em busca dos primeiros manuscritos brasileiros para conjuntos de saxofones de Francisco Braga Vinicius Macedo Santos, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Este resumo tem como objetivo apresentar os primeiros resultados de minha pesquisa de Doutorado, em andamento, na linha de pesquisa, Práticas Interpretativas e seus Processos Reflexivos: Música Brasileira para instrumentos de sopro: história, texto e práticas interpretativas. Nosso objetivo é pesquisar a origem do repertório de câmara brasileiro para quartetos e conjuntos de saxofones, nos séculos XX e XXI, a partir de uma abordagem histórica e interpretativa para a performance em grupo. A pesquisa documental iniciou-se, no ano de 2018, em dois acervos da cidade do Rio de Janeiro: o Acervo Musical da Banda do Corpo de Bombeiros e o Acervo de Manuscritos Musicais da Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ. No primeiro arquivo, as partituras não se encontram catalogadas, dificultando assim, o acesso às fontes. Além disso, alguns desses manuscritos musicais estão em fase de degradação e não receberam o tratamento adequado de conservação ao longo dos anos, ou seja, alguns deles podem sumir a qualquer momento. De acordo com Castagna e Duarte (2019), “existe a necessidade de consciência metodológica para a pesquisa e exercício da gestão de acervos musicais, além de sua consulta, uma vez que esse tipo de gestão proporciona a salvaguarda e acesso a quantidades cada vez maiores de usuários”. A partir do cotejamento as fontes (partituras, bibliografias, catálogos, por exemplo) foram possíveis resgatar informações históricas relevantes sobre uma prática musical vigente no início do século XX, quando o repertório de câmara para conjuntos de saxofones ainda era constituído em sua maior parte por transcrições de óperas, como é o caso do Noturno, da ópera Condor de Carlos Gomes (transcrição realizada por Francisco Braga, em julho de 1928). Resgatamos, ainda, as versões para octeto/noneto de saxofones das obras Cantigas e Danças de Pretos e Gavião de Penacho do melodrama d’O Contratador de Diamantes (com texto de Afonso Arinos, 1905) que podem ser as primeiras peças escritas para essa formação de câmara no Brasil. Dessa forma, Braga teria sido o pioneiro na formação deste repertório contribuindo assim para a consolidação dos primeiros conjuntos de saxofones durante o período da Belle-Époque (1889-1930).

Palavras chave: conjuntos de saxofones; Francisco Braga; manuscritos musicais; prática musical.

Vinicius Macedo Santos - Saxofonista e educador musical. Atualmente é doutorando no PPGM-UFRJ na

linha de pesquisa Práticas Interpretativas e seus Processos Reflexivos: Música brasileira para instrumentos

de sopro: história, texto e práticas interpretativas. Mestre em Música pela UNIRIO. Bacharel em Música (Saxofone) pela Escola de Música da UFRJ. É também licenciado em Música pela (UCAM-AVM). Como instrumentista, arranjador e produtor é líder fundador do Quarteto de Saxofones “Quartetessência”. Em

2018, o grupo de câmara lançou seu primeiro CD Música Brasileira para Quarteto de Saxofones.

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