literatura de cordel

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Literatura de cordel Os folhetos à venda, pendurados em cordéis Detalhe da estátua de Firmino Teixeira do Amaral na Central de Artesanato Mestre Dezinho, em Teresina. Literatura de cordel também conhecida no Brasil como folheto, é um gênero literário popular escrito frequen- temente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos. Remonta ao século XVI, quando o Renascimento popularizou a impressão de re- latos orais, e mantém-se uma forma literária popular no Brasil. O nome tem origem na forma como tradicional- mente os folhetos eram expostos para venda, pendura- dos em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. No Nordeste do Brasil o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou: o folheto brasileiro pode ou não estar exposto em barbantes. Alguns poemas são ilus- trados com xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolga- das e animadas para conquistar os possíveis comprado- res. Para reunir os expoentes deste gênero literário típico do Brasil, foi fundada em 1988 a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro. 1 História Literatura na forma de folhetos ou panfletos tem sido usada ao longo de séculos, como meio económico. Folheto holandês de 1637, durante a tulipomania A história da literatura de cordel começa com o roman- ceiro do Renascimento, quando se iniciou impressão de relatos tradicionalmente orais feitos pelos trovadores me- dievais, e desenvolve-se até à Idade Contemporânea.O nome cordel está ligado à forma de comercialização des- ses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cor- 1

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Autores Moçambicanos

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Page 1: Literatura de Cordel

Literatura de cordel

Os folhetos à venda, pendurados em cordéis

Detalhe da estátua de Firmino Teixeira do Amaral na Central deArtesanato Mestre Dezinho, em Teresina.

Literatura de cordel também conhecida no Brasil comofolheto, é um gênero literário popular escrito frequen-temente na forma rimada, originado em relatos orais edepois impresso em folhetos. Remonta ao século XVI,quando o Renascimento popularizou a impressão de re-latos orais, e mantém-se uma forma literária popular noBrasil. O nome tem origem na forma como tradicional-mente os folhetos eram expostos para venda, pendura-

dos em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. NoNordeste do Brasil o nome foi herdado, mas a tradição dobarbante não se perpetuou: o folheto brasileiro pode ounão estar exposto em barbantes. Alguns poemas são ilus-trados com xilogravuras, também usadas nas capas. Asestrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos.Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de formamelodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, comotambém fazem leituras ou declamações muito empolga-das e animadas para conquistar os possíveis comprado-res. Para reunir os expoentes deste gênero literário típicodo Brasil, foi fundada em 1988 a Academia Brasileira deLiteratura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro.

1 História

Literatura na forma de folhetos ou panfletos tem sido usada aolongo de séculos, como meio económico. Folheto holandês de1637, durante a tulipomania

A história da literatura de cordel começa com o roman-ceiro do Renascimento, quando se iniciou impressão derelatos tradicionalmente orais feitos pelos trovadores me-dievais, e desenvolve-se até à Idade Contemporânea. Onome cordel está ligado à forma de comercialização des-ses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cor-

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Page 2: Literatura de Cordel

2 2 NARRATIVA

dões, chamados de cordéis.[1] Inicialmente, eles tambémcontinham peças de teatro, como as de autoria de Gil Vi-cente (1465-1536). Foram os portugueses que introduzi-ram o cordel no Brasil desde o início da colonização.

Evolução no Brasil

Na segunda metade do século XIX começaram as im-pressões de folhetos brasileiros, com suas característicaspróprias. Os temas incluem fatos do cotidiano, episódioshistóricos, lendas, temas religiosos, entre muitos outros.As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreirada Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente GetúlioVargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéisque tiveram maior tiragem no passado. Não há limitepara a criação de temas dos folhetos. Praticamente todoe qualquer assunto pode virar cordel nas mãos de um po-eta competente.No Brasil, a literatura de cordel é produção típica doNordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, daParaíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Costumavaser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores.Hoje também se faz presente em outros Estados, comoRio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O cordel hojeé vendido em feiras culturais, casas de cultura, livrarias enas apresentações dos cordelistas.O grande mestre de Pombal, Leandro Gomes de Barros,que nos emprestou régua e compasso para a produção daliteratura de cordel, foi de extrema sinceridade quandoafirmou na peleja de Riachão com o Diabo, escrita e edi-tada em 1899:“Esta peleja que fiznão foi por mim inventada,um velho daquela épocaa tem ainda gravadaminhas aqui são as rimasexceto elas, mais nada.”Oriunda de Portugal, a literatura de cordel chegou no ba-laio e no coração dos nossos colonizadores, instalando-sena Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se ir-radiou para os demais estados do Nordeste. A perguntaque mais inquieta e intriga os nossos pesquisadores é “Porque exatamente no nordeste?". A resposta não está dis-tante do raciocínio livre nem dos domínios da razão. Aprimeira capital da nação foi Salvador, ponto de conver-gência natural de todas as culturas, permanecendo assimaté 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro.Na indagação dos pesquisadores no entanto há lógica,porque os poetas de bancada ou de gabinete, como fica-ram conhecidos os autores da literatura de cordel, demo-raram a emergir do seio bom da terra natal. Mais tarde,por volta de 1750 é que apareceram os primeiros vatesda literatura de cordel oral. Engatinhando e sem nome,depois de relativo longo período, a literatura de cordelrecebeu o batismo de poesia popular.Foram esses bardos do improviso os precursores da litera-

tura de cordel escrita. Os registros são muito vagos, semconsistência confiável, de repentistas ou violeiros antesde Manoel Riachão ou Mergulhão, mas Leandro Gomesde Barros, nascido no dia 19 de novembro de 1865, teriaescrito a peleja de Manoel Riachão com o Diabo, em finsdo século passado.Sua afirmação, na última estrofe desta peleja (ver em de-talhe) é um rico documento, pois evidencia a não contem-poraneidade do Riachão com o rei dos autores da litera-tura de cordel. Ele nos dá um amplo sentido de longa dis-tância ao afirmar: “Um velho daquela época a tem aindagravada”[2].Os poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e JoãoMartins de Athayde (1880-1959) estão entre os principaisautores do passado.[3]

Carlos Drummond de Andrade, reconhecido como umdos maiores poetas brasileiros do século XX, assim defi-niu, certa feita, a literatura de cordel: “A poesia de cordelé uma das manifestações mais puras do espírito inventivo,do senso de humor e da capacidade crítica do povo brasi-leiro, em suas camadasmodestas do interior. O poeta cor-delista exprime com felicidade aquilo que seus compa-nheiros de vida e de classe econômica sentem realmente.A espontaneidade e graça dessas criações fazem com queo leitor urbano, mais sofisticado, lhes dedique interesse,despertando ainda a pesquisa e análise de eruditos uni-versitários. É esta, pois, uma poesia de confraternizaçãosocial que alcança uma grande área de sensibilidade”.[4]

A literatura de cordel apresenta vários aspectos interes-santes e dignos de destaque:

• As suas gravuras, chamadas xilogravuras, represen-tam um importante espólio do imaginário popular;

• Pelo fato de funcionar como divulgadora da arte docotidiano, das tradições populares e dos autores lo-cais (lembre-se a vitalidade deste gênero ainda nonordeste do Brasil), a literatura de cordel é de ines-timável importância na manutenção das identida-des locais e das tradições literárias regionais, con-tribuindo para a perpetuação do folclore brasileiro;

• Pelo fato de poderem ser lidas em sessões públicase de atingirem um número elevado de exemplaresdistribuídos, ajudam na disseminação de hábitos deleitura e lutam contra o analfabetismo;

• A tipologia de assuntos que cobrem, crítica social epolítica e textos de opinião, elevam a literatura decordel ao estandarte de obras de teor didático e edu-cativo.

2 Narrativa

Os textos considerados romances na literatura de cordelpossuem alguns traços em comum quanto à sua narrativa.

Page 3: Literatura de Cordel

3.1 Quadra 3

Os recursos narrativos mais utilizados nesses cordéis sãoas descrições dos personagens em cena e os monólogoscom queixas, súplicas, rogos e preces por parte do prota-gonista.São histórias que têm como ponto central uma proble-mática a ser resolvida através de inteligência e astúciapara atingir um objetivo. No romance romântico, a pro-blemática envolve elementos relacionados ao imaginárioeuropeu – duques, condes, castelos –, apropriados e adap-tados pela literatura oral brasileira.[5]

O herói sofrerá, vivendo em desgraça e martírio, semprefiel ao seu amor ou às suas convicções, mesmo com asintempéries. É comum a intriga envolver jovens que en-frentam problemas na escolha de seus companheiros, emrelações familiares extremamente hierarquizadas. Obje-ção, proibição do namoro, noivados arranjados são algu-mas das dificuldades que impedem o jovem casal apaixo-nado de ficar junto ao longo do romance.[5]

Ao fim de tudo, o herói será exaltado e os opositores hu-milhados. Se assim não for, haverá outro meio de equi-librar a situação, que durante quase toda a narrativa per-maneceu desfavorável ao protagonista.[5]

3 Poética

Trabalho de alunos, praça em Cerqueira César

3.1 Quadra

Estrofe de quatro versos. A quadra iniciou o cordel, mashoje não é mais utilizada pelos cordelistas. Porém as es-trofes de quatro versos ainda são muito utilizadas em ou-tros estilos de poesia sertaneja, como a matuta, a caipira,a embolada, entre outros.A quadra é mais usada com sete sílabas. Obrigatoria-mente tem que haver rima em dois versos (linhas). Cadapoeta tem seu estilo. Um usa rimar a segunda com aquarta. Exemplo:

Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá (2)As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá (4).

Outro prefere rimar todas as linhas, alternando ou sal-tando. Pode ser a primeira com a terceira e a segundacom a quarta, ou a primeira com a quarta e a segundacom a terceira. Vejamos estes exemplos de Zé da Luz:

E nesta constante lida

Na luta de vida e morte

O sertão é a própria vida

Do sertanejo do Norte

Três muié, três irimã,

Três cachorra da mulesta

Eu vi nun dia de festa

No lugar Puxinanã.

3.2 Sextilha

É a mais conhecida. Estrofe ou estância de seis versos.Estrofe de seis versos de sete sílabas, com o segundo, oquarto e o sexto rimados; verso de seis pés, colcheia, re-pente. Estilo muito usado nas cantorias, onde os canta-dores fazem alusão a qualquer tema ou evento e usando oritmo de baião. Exemplo:

Quem inventou esse “S”

Com que se escreve saudade

Foi o mesmo que inventou

O “F” da falsidade

E o mesmo que fez o “I”

Da minha infelicidade

Page 4: Literatura de Cordel

4 3 POÉTICA

3.3 Septilha

Estrofe (rara) de sete versos; setena (de sete em sete).Estilo muito usado por Zé Limeira, o Poeta do Absurdo.

Eu me chamo Zé Limeira

Da Paraiba falada

Cantando nas escrituras

Saudando o pai da coaiada

A lua branca alumia

Jesus, Jose e Maria

Três anjos na farinhada.

Napoleão era um

Bom capitão de navio

Sofria de tosse braba

No tempo que era sadio,

Foi poeta e demagogo

Numa coivara de fogo

Morreu tremendo de frio.

Na septilha usa-se o estilo de rimar os segundo, quartoe sétimo versos e o quinto com o sexto, podendo deixarlivres o primeiro e o terceiro.

3.4 Oitava

Estrofe ou estância (grupo de versos que apresentam, co-mumente, sentido completo) de oito versos: oito-pés-em-quadrão. Oitavas-a-quadrão. Como o nome já sugere, aoitava é composta de oito versos (duas quadras), com setesílabas. A rima na oitava difere das outras. O poeta usarimar a primeira com a segunda e terceira, a quarta coma quinta e oitava e a sexta com a sétima.

3.5 Quadrão

Oitava na poesia popular, cantada, na qual os três pri-meiros versos rimam entre si, o quarto com o oitavo, e oquinto, o sexto e o sétimo também entre si.Todas as estrofes são encerradas com o verso: Nos oitopés a quadrão. Vejamos versos de uma contaria entre JoséGonçalves e Zé Limeira: - (AAABBCCB)Gonçalves:

Eu canto com Zé Limeira

Rei dos vates do Teixeira

Nesta noite prazenteira

Da lua sob o clarão

Sentindo no coração

A alegria deste canto *Por isso é que eu canto tanto *NOS OITO PÉS A QUADRÃO

Limeira:

Eu sou Zé Limeira e tanto

Cantando por todo canto

Frei Damião já é santo

Dizendo a santa missão

Espinhaço e gangão

Batata de fim de rama *Remédio de velho é cama *NOS OITO PÉS A QUADRÃO.

3.6 Décima

Estrofe de dez versos, com dez ou sete sílabas, cujo es-quema rimático é, mais comumente, ABBAACCDDC,empregada sobretudo na glosa dos motes, conquanto seuse igualmente nas pelejas e, com menos frequência, nocorpo dos romances.Geralmente nas pelejas é dado um mote para que os vio-leiros se desdobrem sobre o mesmo. Vejamos e exemplocom José Alves Sobrinho e Zé Limeira:

• Mote:

VOCÊ HOJE ME PAGA O QUE TEM FEITO

COMOS POETASMAIS FRACOS DOQUE EU.

• Sobrinho:

Vou lhe avisar agora Zé Limeira <ADizem que quem avisa amigo é >BVou lhe amarrar agora a mão e o pé >BE lhe atirar naquela capoeira <APra você não dizer tanta besteira <ANesta noite em que Deus nos acolheu >CVocê hoje se esquece que nasceu >CE se lembra que eu sou bom e perfeito >DVocê hoje me paga o que tem feito >DCom os poetas mais fracos do que eu. >C

• Zé Limeira:

Page 5: Literatura de Cordel

3.9 Redondilha 5

Mais de trinta da sua qualistria

Não me faz eu correr nem ter sobrosso

Eu agarro a tacaca no pescoço

E carrego pra minha freguesia

Viva João, viva Zé, viva Maria

Viva a lua que o rato não lambeu

Viva o rato que a lua não roeu

Zé Limeira só canta desse jeito

Você hoje me paga o que tem feito

Com os poetas mais fracos do que eu.

3.7 Martelo

Estrofe composta de decassílabos, muito usada nos versosheroicos oumais satíricos, nos desafios. Osmartelos maisempregados são o gabinete e o agalopado.Martelo agalopado - Estrofe de dez versos decassílabos,de toada violenta, improvisada pelos cantadores sertane-jos nos seus desafios.Martelo de seis pés, galope - Estrofe de seis versos decas-silábicos. Também se diz apenas agalopado.

3.8 Galope à beira-mar

Estrofe de 10 versos hendecassílabos (que tem 11 síla-bas), com o mesmo esquema rímico da décima clássica,e que finda com o verso “cantando galope na beira domar” ou variações dele. Termina, sempre, com a palavra“mar”.Às vezes, porém, o primeiro, o segundo, o quinto e osexto versos da estrofe são heptassílabos, e o refrão é“meu galope à beira-mar”. É considerado o mais difícilgênero da cantoria nordestina, obrigatoriamente tônicasas segunda, quinta, oitava e décima primeira sílabas.

• Sobrinho:

Provo que eu sou navegador romântico

Deixando o sertão para ir ao mirífico

Mar que tanto adoro e que é o Pacífico

Entrando depois pelas águas do Atlântico

E nesse passeio de rumo oceânico

Eu quero nos mares viver e sonhar

Bonitas sereias desejo pescar

Trazê-las na mão pra Raimundo Rolim

Pra mim e pra ele, pra ele e pra mim

Cantando galope na beira do mar.

• Limeira:

Eu sou Zé Limeira, caboclo do mato

Capando carneiro no cerco do bode

Não gosto de feme que vai no pagode

O gato fareja no rastro do rato

Carcaça de besta, suvaco de pato

Jumento, raposa, cancão e preá

Sertão, Pernambuco, Sergipe e Pará

Pará, Pernambuco, Sergipe e Sertão

Dom Pedro Segundo de sela e gibão

Cantando galope na beira do mar.

3.9 Redondilha

• Antigamente, quadra de versos de sete sílabas, naqual rimava o primeiro com o quarto e o segundocom o terceiro, seguindo o esquema abba.

• Hoje, verso de cinco ou de sete sílabas, respectiva-mente redondilha menor e redondilha maior.

3.10 Carretilha

Literatura popular brasileira - Décima de redondilhasmenores rimadas na mesma disposição da décima clás-sica; miudinha, parcela, parcela-de-dez.

4 Métrica e Rima• Métrica:

Arte que ensina os elementos necessários à feitura de ver-sos medidos. Sistema de versificação particular a um po-eta. Contagem das sílabas de um verso. Verso é a lingua-gem medida. Para medir devemos ajuntar as palavras emnúmero prefixado de pés. Chama-se pé uma sílaba mé-trica. O verso português pode ter de duas a doze sílabas.Os mais comuns são os de seis, sete, oito, dez e doze pés.Como o verso mais comum, mais espontâneo é o de setepés, comecemos nele a contagem métrica. Exemplo:

Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá.

Eis como se contam as sílabas:Mi | nha | ter | ra |tem | pal | mei|Não contamos a sílaba final “ras” porque o verso acaba noúltimo acento tônico. O verso a quem sobra uma sílabafinal chama-se grave. Aquele a quem sobram duas síla-bas finais chama-se esdrúxulo. O terminado por palavra

Page 6: Literatura de Cordel

6 7 LIGAÇÕES EXTERNAS

oxítona chama-se agudo, como o segundo e o quarto doexemplo supra. Eis como se decompõe o segundo verso:On | de | can | ta o | sa | bi |á|Nesse verso “ta o” se leem como t'o formando um pé,pela figura sinalefa (fusão) . Sabiá, modernamente, sedeve contar dissílabo, porque biá, em duas silabas, formahiato. Em geral devemos sempre evitar o hiato, quer in-traverbal, quer interverbal. Os autores antigos e os mo-dernos pouco escrupulosos toleram muitos hiatos.

• • Sinalefa:

Figura pela qual se reúnem duas sílabas em uma só, porelisão, crase ou sinérese.

• • Sinérese:

Contração de duas sílabas em uma só, mas sem alteraçãode letras nem de sons, como, p. ex., em reu-nir, pie-da-de, em vez de re-u-nir, pi-e-da-de.As| aves | que a| qui | gor| jei |Não | gor | jei| am | co | mo | lá |No caso o verso é um heptassílabo, porque só contamossete sílabas. Se colocarmos uma sílaba a mais ou a menosem qualquer dos versos, fica dissonante e perde a belezae harmonia.Vale lembrar que quando a palavra seguinte inicia comvogal, dependendo do caso, pode haver a junção da sí-laba da primeira com a segunda, como se faz na línguafrancesa. Exemplo:Para verificar a quantidade de silabas podemos contar nosdedos. Vejamos neste trechinho de Patativa do Assaré:Nes | ta | noi | te | pas | sa | gei | ra1 2 3 4 5 6 7Há | coi| sa | que | mui | to | pas | ma1 2 3 4 5 6 7Um mote:Vou | fa | zer | se | re | na | ta | na | cal | ça | da1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Da | me | ni | na | que a | mei | na | mi | nha | vi | da1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

• Rima

• • Rimas consoantes:

As que se conformam inteiramente no som desde a vogalou ditongo do acento tônico até a última letra ou fonema.Exemplo: fecundo e mundo; amigo e contigo; doce efosse; pálido e válido; moita e afoita.

• • Rimas toantes:

Aquelas em que só há identidade de sons nas vogais, a co-meçar das vogais ou ditongos que levam o acento tônico,

ou, algumas vezes, só nas vogais ou ditongos da sílabatônica. Exemplo: fuso e veludo; cálida e lágrima; “Sempropósito de sonho / nem de alvoradas seguintes, / es-quece teus olhos tontos / e teu coração tão triste.” CecíliaMeireles, Obra Poética, p. 516.No caso da literatura de cordel nordestina, faz parte datradição do gênero o uso de rimas consoantes. Se um fo-lheto de cordel usa rimas toantes, o conhecedor de cordelpensa logo que o autor daquele folheto desconhece a exis-tência destas regras. Um cordel escrito assim pode até serum grande poema, mas não se pode dizer que se trata de'um cordel autêntico'.

5 Bibliografia• Dicionário Aurélio

• Português prático – Sivadi Editorial

6 Referências[1] , Stories on a string: the Brazilian literatura de cordel by

Candace Slater.

[2] http://www.ablc.com.br/historia/hist_cordel.htm

[3] Obras e Autores da Literatura de Cordel.

[4] http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/BUOS-8FMH5A/1/entre_fanaticos_e_her_is___gabriel_braga.pdf

[5] LONDRES, Maria José Fialho. Cordel: do encantamentoàs histórias de luta – São Paulo: Duas Cidades, 1983.

7 Ligações externas• Academia Brasileira de Literatura de Cordel

• Literatura de cordel na Fundação Casa de Rui Bar-bosa

Page 7: Literatura de Cordel

7

8 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem

8.1 Texto• Literatura de cordel Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura%20de%20cordel?oldid=41152580 Contribuidores: Patrick, Osias,

Smelo, Georgeweasley, Lusitana, Gil mnogueira, Epinheiro, Leandromartinez, 333, André Koehne, Abmac, OS2Warp, 555, MartinianoHilário, Eduardoferreira, Tilgon, PatríciaR, Dantadd, Jorge Morais, Leonardo.stabile, LijeBot, Dcolli, ISoron, DCandido, Jo Lorib, TiagoVasconcelos, TarcísioTS, Reynaldo, Carnavalesco, FSogumo, Yanguas, Rei-bot, Biologo32, Belanidia, Daimore, JSSX, Alchimista, Dher,Bisbis, CommonsDelinker, Riverfl0w, Jonatan Zanluca, Rjclaudio, Aldonet, EuTuga, Der kenner, Luckas Blade, Spoladore, Mbrasilfreitas,Tumnus, WaldirBot, Gunnex, Francisco Leandro, Lechatjaune, Polemaco, Vini 175, Mário Henrique, GOE, STBot, Biladacoca, Maañón,Amats, Taikanatur, Beria, Alexandrepastre, Rei Momo, Ruy Pugliesi, Theus PR, Vitor Mazuco, César Obeid, Fabiano Tatsch, SpBot,Luckas-bot, Vanthorn, Salebot, Willy Weazley, Uxbona, Gean, Hyju, Eliasfdourado, Braswiki, Brasileiro1500, Marcos Elias de OliveiraJúnior, Coelhoscoelho, HVL, Mary Clay, Viniciusmc, Opraco, Toninhoum, Aleph Bot, ZéroBot, GL1986, Reporter, Dreispt, Jbribeiro1,Iasyl, Stuckkey, Meribatista, Colaborador Z, Paulaperes, Antero de Quintal, Metomalafacil, Jukarodrigues, Zoldyick, Legobot, Holdfz,Almanaque Lusofonista e Anónimo: 255

8.2 Imagens• Ficheiro:Cordel_declamado.JPG Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/Cordel_declamado.JPG Licença: Pu-

blic domain Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Almanaque Lusofonista• Ficheiro:Literatura_de_cordel.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8a/Literatura_de_cordel.jpg Licença:

CC BY-SA 2.0 Contribuidores: literatura de cordel Artista original: Diego Dacal• Ficheiro:Literatura_de_cordel_REFON.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/40/Literatura_de_cordel_

REFON.jpg Licença: CC BY 2.5 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: José Reynaldo da Fonseca• Ficheiro:Pamphlet_dutch_tulipomania_1637.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a0/Pamphlet_dutch_

tulipomania_1637.jpg Licença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ?• Ficheiro:Wikisource-logo.svg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/Wikisource-logo.svg Licença: CC BY-SA

3.0 Contribuidores: Rei-artur Artista original: Nicholas Moreau

8.3 Licença• Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0