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21 Caderno de Atividades / Livro do Professor . Série LITERATURA BRASILEIRA LITERATURA DA TERCEIRA FASE DO MODERNISMO 1. Gabarito: b. I. CORRETA. O uso do heptassílabo, versos de sete sílabas métricas, é característico da poesia popular. Tanto Morte e Vida Severina como Cemitério Pernambucano utilizam essa forma. Porém, o caráter narrativo do primeiro ao expor a jornada de Severino – que, ao longo de sua trilha pelo leito seco do rio Capibaribe, vê-se frequentemente diante da miséria e de mortes – e a religiosidade desse “auto de Natal” fazem com que se aproxime mais da poesia popular nordestina. II. CORRETA. Nos dois poemas há uma relação de seme- lhança entre a vida e a morte dos personagens que se apresentam. Em Morte e Vida Severina evidencia-se que a trajetória de Severino (e também dos severinos que encontra em sua jornada) é marcada pelas mortes e pela luta pela vida, ainda que esta seja tão austera. Este tre- cho do poema exemplifica essa aproximação entre mor- te e vida: “Desde que estou retirando/ só a morte vejo ativa,/ só a morte deparei/ e às vezes até festiva;/ só a morte tem encontrado/ quem pensava encontrar vida,/ e o pouco que não foi morte/ foi de vida severina”. III. CORRETA. Apesar das diferenças formais, nos dois poe- mas percebe-se crítica social em relação à situação e ao destino do retirante nordestino, cuja vida se assemelha à morte, e a morte, à vida. Tal equivalência fica evidente na primeira estrofe de Cemitério Pernambucano (“É ce- mitério marinho/ Mas cemitério de outro mar./ Foi aberto para os mortos/ Que afoga o canavial” e em diversas passagens de Morte e Vida Severina, como ”Decerto a gente daqui/ jamais envelhece aos trinta/ nem sabe da morte em vida,/ vida em morte, severina”. 2. Gabarito: e. a) CORRETA. A leitura do primeiro verso em continuidade com o quarto verso comprova tal afirmação: “Voz sem saliva da cigarra [...] assim canta o canavial”. b) CORRETA. A expressão “rusticidade” remete à ideia de “grosseria” ou “ausência de delicadeza”. Essa rustici- dade pode ser percebida na ação do canavial sobre o vento – aquele o esfola (o machuca). c) CORRETA. A menção ao vento no canavial aparece nas duas últimas estrofes do poema: ao vento que por suas folhas,/de navalha a navalha, soa,/ vento que o dia e a noite toda/ o folheia, e nele se esfola. d) CORRETA. Novamente, tal associação aparece no se- gundo verso lido em continuidade com o quarto verso: “do papel seco que se amassa [...] assim canta o ca- navial”. e) INCORRETA. Uma leitura das duas últimas estrofes do poema permite identificar que é o vento que sofre a ação do canavial, e não contrário. Ao “folhear” o cana- vial é ele (o vento) que se “esfola”. 3. Gabarito: b. O poema “Retrato, à sua maneira” é de autoria de Vinicius de Moraes e dialoga com a poesia de João Cabral de Melo Neto. As alternativas a, c e d são inválidas em função da afirmação feita em IV. O poema em questão é de Vinicius de Moraes, da fase de maior engajamento social. É visível que esse poema se aproxima do caráter mais objetivo, duro, preocupado com a forma de João Cabral de Melo Neto, mas não se pode, genericamente, denominar a poesia de Vinicius de Moraes como antilírica. A alternativa e, embora comporte duas afirmações verdadeiras (I e II) – Vinicius de Moraes trabalha os versos com a objetividade e o engenho característicos da poesia de João Cabral de Melo Neto –, ela exclui a afirmação feita em III (uma afirmação pertinente à análise do texto) sobre as escolhas formais para a cons- trução do poema (tematizando a aridez do sertão – calcário, árido, deserto – e priorizando o uso dos substantivos para “desenhar” essa paisagem).

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Page 1: LITERATURA BRASILEIRA - editorapositivo.com.br · Neto. As alternativas a, c e d são inválidas em função da afirmação feita em IV. O poema em questão é de Vinicius de Moraes,

21Caderno de Atividades / Livro do Professor

3ª. Série

LITERATURA BRASILEIRA

LITERATURA DA TERCEIRA FASE DO MODERNISMO

1. Gabarito: b.

I. CORRETA. O uso do heptassílabo, versos de sete sílabas métricas, é característico da poesia popular. Tanto Morte e Vida Severina como Cemitério Pernambucano utilizam essa forma. Porém, o caráter narrativo do primeiro ao expor a jornada de Severino – que, ao longo de sua trilha pelo leito seco do rio Capibaribe, vê-se frequentemente diante da miséria e de mortes – e a religiosidade desse “auto de Natal” fazem com que se aproxime mais da poesia popular nordestina.

II. CORRETA. Nos dois poemas há uma relação de seme-lhança entre a vida e a morte dos personagens que se apresentam. Em Morte e Vida Severina evidencia-se que a trajetória de Severino (e também dos severinos que encontra em sua jornada) é marcada pelas mortes e pela luta pela vida, ainda que esta seja tão austera. Este tre-cho do poema exemplifica essa aproximação entre mor-te e vida: “Desde que estou retirando/ só a morte vejo ativa,/ só a morte deparei/ e às vezes até festiva;/ só a morte tem encontrado/ quem pensava encontrar vida,/ e o pouco que não foi morte/ foi de vida severina”.

III. CORRETA. Apesar das diferenças formais, nos dois poe-mas percebe-se crítica social em relação à situação e ao destino do retirante nordestino, cuja vida se assemelha à morte, e a morte, à vida. Tal equivalência fica evidente na primeira estrofe de Cemitério Pernambucano (“É ce-mitério marinho/ Mas cemitério de outro mar./ Foi aberto para os mortos/ Que afoga o canavial” e em diversas passagens de Morte e Vida Severina, como ”Decerto a gente daqui/ jamais envelhece aos trinta/ nem sabe da morte em vida,/ vida em morte, severina”.

2. Gabarito: e.

a) CORRETA. A leitura do primeiro verso em continuidade com o quarto verso comprova tal afirmação: “Voz sem saliva da cigarra [...] assim canta o canavial”.

b) CORRETA. A expressão “rusticidade” remete à ideia de “grosseria” ou “ausência de delicadeza”. Essa rustici-dade pode ser percebida na ação do canavial sobre o vento – aquele o esfola (o machuca).

c) CORRETA. A menção ao vento no canavial aparece nas duas últimas estrofes do poema: ao vento que por suas folhas,/de navalha a navalha, soa,/ vento que o dia e a noite toda/ o folheia, e nele se esfola.

d) CORRETA. Novamente, tal associação aparece no se-gundo verso lido em continuidade com o quarto verso: “do papel seco que se amassa [...] assim canta o ca-navial”.

e) INCORRETA. Uma leitura das duas últimas estrofes do poema permite identificar que é o vento que sofre a ação do canavial, e não contrário. Ao “folhear” o cana-vial é ele (o vento) que se “esfola”.

3. Gabarito: b.

O poema “Retrato, à sua maneira” é de autoria de Vinicius de Moraes e dialoga com a poesia de João Cabral de Melo Neto. As alternativas a, c e d são inválidas em função da afirmação feita em IV. O poema em questão é de Vinicius de Moraes, da fase de maior engajamento social. É visível que esse poema se aproxima do caráter mais objetivo, duro, preocupado com a forma de João Cabral de Melo Neto, mas não se pode, genericamente, denominar a poesia de Vinicius de Moraes como antilírica. A alternativa e, embora comporte duas afirmações verdadeiras (I e II) – Vinicius de Moraes trabalha os versos com a objetividade e o engenho característicos da poesia de João Cabral de Melo Neto –, ela exclui a afirmação feita em III (uma afirmação pertinente à análise do texto) sobre as escolhas formais para a cons-trução do poema (tematizando a aridez do sertão – calcário, árido, deserto – e priorizando o uso dos substantivos para “desenhar” essa paisagem).

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22 3ª. Série

4. Gabarito: b.

João Cabral de Melo Neto defende a criação poética a par-tir de um rigoroso trabalho com a linguagem. Ele discorda de que poesia é fruto da espontaneidade e subjetivismo do poeta; afasta-se, portanto, do lirismo. Para João Cabral, a poesia deve ser objetiva, trabalhada, apresentar dados da realidade. Desse modo, a alternativa que apresenta um dos fatores estéticos da estética do poeta é a b: o poeta recusa o lirismo, característica forte dos poetas românticos.

5. Gabarito: e.

O poema “Psicologia da composição” faz parte de uma tri-logia que inclui: Psicologia da composição, Fábula de An-fion e Antíode, publicada em 1947. Trata-se de um poema metalinguístico, em que são feitas reflexões acerca do ato de criação poética. O eu-lírico opõe, nesse fazer, a manei-ra encontrada de forma casual – que ele rejeita – (“Não a forma encontrada/como uma concha, perdida/nos frouxos areais/como cabelos;/não a forma obtida/ em lance santo ou raro,[...]) e a forma atingida (mas a forma atingida/como a ponta do novelo/que a atenção, lenta,/desenrola,) – que ele aceita. Desse modo, o único trecho que contempla as declarações de João Cabral de Melo Neto é o apresentado na alternativa e. Na declaração feita por essa alternativa o poeta também fala de como concebe a poesia: algo que ultrapassa a espontaneidade, que exige trabalho de cons-trução até que a expressão autêntica seja atingida.

6. Gabarito: a.

João Cabral de Melo Neto defende o esforço, o rigor máximo no trabalho com a palavra para atingir a expressão poética, defesa que se opõe à inspiração, ao subjetivismo na cons-trução poética. O texto de Armando Freitas Filho rejeita essa postura ao defender a inspiração, que pode surgir como a força de uma cavalgada: “Às vezes escreve-se a cavalo./ Arremetendo, com toda a carga./ Saltando obstáculos ou não./ Atropelando tudo, passando/ por cima sem puxar o freio –/a galope – no susto, disparado”. Assim, é estabele-cido, entre os dois poemas, uma relação de oposição sobre a criação literária, portanto, a alternativa correta é a.

7. Gabarito: d.

Em todas as alternativas há uma descrição do rio, das re-lações que se estabelecem a partir dele. É apenas na al-ternativa d que o elemento humano, ou seja, a população miserável que vive às margens do rio, é inserido: “onde o homem,/onde a pele/começa da lama;/onde começa o ho-mem/naquele homem”.

8. Gabarito: d.

Nesse trecho do poema são utilizadas algumas figuras de linguagem que criam belas imagens, entre elas a antítese (aproximação de palavras ou expressões de sentidos opos-tos): “vento que o dia e a noite toda”. Porém, a figura que se destaca entre as demais é a prosopopeia (atribuição de vida

e sentimentos humanos a coisas inanimadas). Desde o títu-lo é perceptível a humanização do canavial, atribui-se a ele uma “voz” – característica essencialmente humana – que é retomada em: “voz sem saliva de cigarra”, e reforçada no verso posterior em: “assim canta o canavial,[...]”. Portanto a alternativa correta é a d.

9. Gabarito: a.

a) CORRETA. Morte e Vida Severina se aproxima da poe-sia popular pelo uso de redondilhas, assim como pela exploração de cenários simples (como o sertão nordes-tino). A temática de fundo religioso e social remete aos autos de Gil Vicente. Todas essas características podem ser constatadas na obra Morte e Vida Severina.

b) INCORRETA. A obra apresenta características de uma literatura popular, porém não por meio do uso de decas-sílabos, como apontado na alternativa, e sim por meio de heptassílabos. Além disso, a temática pode ser refe-renciada ao típico retirante nordestino, e não a qualquer morador de Recife.

c) INCORRETA. João Cabral de Melo Neto trabalha não só com a problemática dos sertanejos e da condição em que vivem, mas também com a temática de investiga-ção do próprio fazer poético, o que torna a alternativa incorreta.

d) INCORRETA. A obra versa sobre a dificuldade dos nor-destinos em transpor a sua existência miserável. Eles vivem no árido sertão, do qual tentam tirar seu sustento: “tentando despertar terra sempre mais extinta”, sem que para isso contem com o apoio do Estado, pois estão submetidos ao domínio, à violência e à exploração dos seus coronéis. Nessa condição indigente em que se en-contram, esses severinos veem-se obrigados a emigrar, mas isso não resolve a situação, pois terminam suas trajetórias experimentando o sentimento de desilusão. Portanto, a obra não versa sobre a dificuldade do re-tirante em falar a norma padrão do português imposto pelas instituições de ensino.

e) INCORRETA. Essa obra não faz uso de versos decassíla-bos, e sim com heptassílabos.

10. Gabarito: c.

Na afirmativa II, seria correto dizer que o autor recebe a al-cunha de neoparnasianista, já que retoma o cuidado formal, tão cobiçado pelos parnasianos. Além disso, o retrato que ele faz do sertão não está em sintonia com o feito pelos ou-tros autores citados, pois a visão regionalista da literatura da Segunda Geração do Modernismo e se volta preferen-cialmente a uma crítica social mais objetiva do que a feita por João Cabral.

11. Gabarito: c.

a) CORRETA. A ideia de oposição temporal aparece em “pessoinha velha, muito velha em nova”.

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Literatura brasileira

b) CORRETA. Há oposição temporal em “a noite de dormir” e “as coisas todas do dia”

c) INCORRETA. Embora haja uma menção ao tempo nesse excerto “adivinhou que era tarde”, não existe nenhum outro elemento que se oponha a ela. Portanto esta é a alternativa correta.

d) CORRETA. A pergunta de Miguilim contém uma expres-são de contraste em relação ao tempo: “– Uai, Mãe, hoje já é amanhã?!”.

12. Gabarito: d.

a) CORRETA. “Vez em quando”, expressão popular, típica da linguagem oral.

b) CORRETA. “lugarim”, “por em volta” “o bom real”, são expressões populares.

c) CORRETA. “fumaça percura é formosura’ (fumaça pro-cura formosura).

d) INCORRETA. A única alternativa que não apresenta uma expressão popular é a d. As expressões “nomes dados” e “vara de pau” podem levar o leitor a pensar que se trata do uso de uma linguagem informal, mas trata-se, apenas, de registros representativos da norma culta.

13. Gabarito: c.

É perceptível a influência da natureza na sabedoria do ser-tanejo quando ele associa ações necessárias aos cuidados de animais – ainda que metafóricas – aos cuidados exigi-dos ao desenvolvimento humano. Essa sabedoria se revela quando são explicitadas as necessidades em relação ao poldrinho e ao leitão, no trecho destacado.

14. Gabarito: d.

a) INCORRETA. Sobreformava: a ideia de mudanças no céu, como os movimento de nuvens, que vão deixando o céu sobrecarregado. Não dá a ideia de “para cima”.

b) INCORRETA. Trasmanchada: a ideia é de pintada, de ter uma cor forte, não de ser “rajada”.

c) INCORRETA. Relumiava: a ideia de forte iluminação, e não “iluminar novamente”.

d) CORRETA. Desordem: está associada a confusões.

15. Gabarito: e.

Como o início do parágrafo sugere, o narrador-personagem é um homem de tristes palavras. Não apenas suas palavras são tristes, como ele também é um homem triste, e que se sente muito culpado, como se percebe na indagação: “De que era que eu sentia tanta, tanta culpa?”. Essa passagem deixa entrever, por meio da repetição de “tanta”, a intensi-dade da angústia sentida pelo personagem. O sentimento de culpa expresso no segundo período do texto é retomado mais adiante, quando o personagem afirma: “Sou o culpado do que nem sei”.

16. Gabarito: b.

a) CORRETA. O texto é narrado em primeira pessoa, como comprova o seguinte trecho: “Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta, tanta culpa?”.

b) INCORRETA. O tom de oralidade existe no trecho em destaque, porém este não é marcado por longas ora-ções subordinadas, mas, sim, por períodos curtos e predomínio de orações coordenadas.

c) CORRETA. Uma linguagem elíptica ocorre quando há supressão, ou seja, omissão de uma palavra ou expres-são que facilmente é subentendida em um contexto mais amplo. Um exemplo de elipse no texto pode ser encontrado em: “Sou homem de tristes palavras”, com a omissão de “eu” no começo do período.

d) CORRETA. O neologismo é a criação de uma nova pa-lavra com base em outras que já existem, ou a criação de um novo significado para palavras e expressões já existentes. No texto, as palavras “demoramento” e “fer-vimento” são exemplos de neologismo, criadas a partir da combinação dos verbos “demorar” e “ferver” com o sufixo “mento”, formando substantivos.

e) CORRETA. A repetição enfática das palavras aparece nos seguintes trechos: “De que era que eu tinha tanta, tanta culpa?” e “o rio-rio-rio — o rio — pondo perpétuo”.

17. Gabarito: d.

a) INCORRETA. O personagem divaga sobre sua própria tristeza.

b) INCORRETA. As doenças mencionadas pelo excerto acometem ao filho, e não ao pai.

c) INCORRETA. O filho não sabe a razão de tudo o que está acontecendo, sabe apenas que sente culpa.

d) CORRETA. O desejo do filho em transmitir tranquilida-de ao pai está expresso em: “Ele estava lá, sem minha tranquilidade”. O filho acredita que a sua companhia serviria de conforto ao pai no processo de velhice.

e) INCORRETA. A ausência do pai reflete constantemente na cabeça do filho a imagem do rio – lugar para onde seu pai fora.

18. Gabarito: d.

I. INCORRETA. A narrativa desenvolvida por Campo Geral não se enquadra no gênero fantástico, mas, sim, realis-ta. Ela descreve a trajetória do menino apontando para uma série de experiências que culminam em seu ama-durecimento.

II. INCORRETA. As relações de Miguilim com o pai, o tio e o irmão são essenciais para o amadurecimento do meni-no, por meio justamente de suas experiências afetivas.

III. CORRETA. Campo Geral é, de fato, narrado em terceira pessoa, mas do ponto de vista do personagem Miguilim. À medida que a história vai sendo contada, é a sensibi-

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lidade e o lirismo do menino Miguilim que vem à tona. É assim que se revelam a alegria e o entusiasmo do meni-no neste trecho, quando ele coloca os óculos: “Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância”. Observe, novamente, que os verbos destacados indicam a narração em terceira pessoa, mas a perspectiva é de Miguilim.

19. Gabarito: b.

O uso de diminutivos, como no trecho: “Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formi-guinhas passeando no chão de uma distância”, cria uma linguagem afetiva, próxima à infantil, além de reforçar a delicadeza de Miguilim.

20. Gabarito: c.

“Sorôco, sua mãe, sua filha” conta a triste história da des-pedida de Sorôco, homem só e viúvo, de sua mãe e de sua filha que tomam o trem para serem encaminhadas a um hospício. A cidade inteira os espera na estação, quando Sorôco, sua mãe e sua filha se aproximam do trem, aque-le começa a entoar um canto, que perpassa todo o conto. Quando as mulheres entram no trem, a cidade toda tam-bém passa a cantar, em solidariedade a Sorôco, que, com a partida delas, ficará ainda mais só.

21. Gabarito: b.

a) Para Riobaldo, Deus não aceita traição, quando ela acontece, Ele ataca de mansinho, mas sua força gera muito pavor. O segundo texto traz a ideia de que Deus se manifesta perante a traição, Ele a golpeia, assim como o eu-lírico o faria.

b) Para Riobaldo, Deus existe sim; Deus se “economiza” demais, não se expõe tanto quanto o personagem-nar-rador gostaria, e quando o faz, ele é traiçoeiro. Riobaldo teme o seu poder. Em Drummond, o eu-lírico está em pé de igualdade com a foça divina: Nem eu posso com Deus nem pode ele comigo.

22. Gabarito:

a) Um dos sentidos da expressão “chamado” aparece no seguinte verso: “um estranho chamado João”, ou seja, um estranho “denominado”, “cujo nome é” João. Outro sentido está presente no verso: “apelador de precípites prodígios acudindo a chamado geral”, cujo significado é “pedido”.

b) “Fábula” é um substantivo, e “fabulista” e “fabuloso” são adjetivos. Todas completam a questão: “João era... ? (João era fabulista?, João era fabuloso? João era fá-bula?). Sendo assim, a mesma estrutura sintática, com-posta de termos morfologicamente diferentes, ajuda a

formar a imagem de Guimarães Rosa – ele era um cria-dor de fábulas (fabulista), muito bom no seu trabalho (fabuloso), enfim, uma lenda (fábula).

23. Gabarito:

a) “Inenarrável” deriva de “narrável”, acrescenta-se a essa expressão o sufixo negativo “in-”, com isso, tem-se o significado de “o que não se pode narrar”. Seguin-do esse mesmo raciocínio, o termo “farçar” deriva de “disfarçar”, que sem o suposto sufixo negativo “dis-”, significa o contrário de “disfarçar”, ou seja, colocar em evidência, mostrar, explicitar.

b) O eu-lírico busca, nessa estrofe, se aproximar de Gui-marães Rosa, escritor a quem ele dedica o seu poe-ma. Segundo este, o autor projetava a quinta face das coisas, ia para além do esperado; com capacidade in-ventiva de criação, narrava o inenarrável. Ao construir o verso “para disfarçar, farçar”, o eu-lírico revela sua capacidade inventiva de criação, e desta maneira, se aproxima de Guimarães Rosa.

24. Gabarito: b.

Guimarães Rosa é famoso por usar uma sintaxe própria que muitas vezes não segue o padrão normativo, o que pode ser percebido pelas construções mais próximas à língua falada do que à escrita. A pontuação é um dos pontos em que o autor mais se sente livre para recriar suas construções. Do mesmo modo, as escolhas lexicais também inovam, mistu-rando a variante sertaneja com a padrão.

25. Gabarito: c.

a) A escrita de Clarice Lispector, ainda que muito subje-tiva, procura se desvencilhar das formas rebuscadas e formais, o que aparece também no narrador de “A hora da estrela”, que procura contar a história de Macabéa sem muitos artifícios linguísticos.

b) O narrador de A hora da estrela, Rodrigo S. M., procu-ra, a todo momento e com mais intensidade no início da narrativa, explorar a sua própria posição como nar-rador e os processos de escrita, configurando a me-talinguagem, isto é, quando o texto se volta sobre si mesmo, trazendo tematicamente os processos de sua construção.

c) De modo geral, a escrita de Clarice Lispector procura se desfazer desses recursos de excesso, voltando-se para uma expressão mais simples da psique humana.

d) O narrador está constantemente analisando o seu pró-prio processo de escrita, que faz com que ele depure, avalie e elimine os excessos.

26. Gabarito: e.

Macabéa, protagonista de “A hora da estrela”, é uma imi-grante nordestina que leva uma vida muito sofrida. Um

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Literatura brasileira

dia, após consultar uma cartomante, ela sai para a rua e é atropelada por um carro, ela caí e deseja vomitar algo “luminoso”. Finalmente, na morte, ela pode encontrar “algo luminoso”, tornar-se estrela (ainda que de modo metafóri-co) por duas razões: a estrela que chama atenção – naquele momento ela chamava atenção dos transeuntes; ou mes-mo, na crença popular de que quem morre passa a ser uma estrela a brilhar no céu.

27. Gabarito: b.

A hora da estrela é um romance narrado em 1ª pessoa e apresenta um narrador-personagem. Trata-se de uma me-tanarrativa, o narrador é o escritor Rodrigo M. S., que esco-lhe um percurso não linear, carregado de digressões para contar a história de Macabéa, personagem que ele encontra casualmente na rua. À medida que narra a história na nor-destina, migrante, pobre e solitária, ele discute a tessitura da história, como escrevê-la. No excerto dessa questão, ele analisa como adequar a linguagem ao conteúdo, à história que se propõe a narrar.

28. Gabarito: c.

A construção da personagem Macabéa não se assemelha ao processo de criação abstrata, pois esse processo representa objetos externos à realidade concreta. Embora em vários mo-mentos da narrativa o narrador e a personagem Macabéa se misturem, a representação dela é bem concreta: a moça po-bre, feia, solitária que vem do Nordeste para a cidade grande.

29. Gabarito: a.

De fato, a morte de Macabéa é a sua “hora da estrela”, mas não a “hora da estrela” conforme o discurso popular (hora de brilhar, fazer sucesso). Macabéa tem sua hora da estre-la enquanto agonizava devido a um atropelamento que ela sofrera, depois de sair de uma cartomante que lhe prome-tera um futuro brilhante. Ela deseja vomitar “algo lumino-so”, por isso tem sua “hora da estrela” simbólica. Mas esse momento em nada lembra a redenção, a transformação da personagem, que caracterizaria a mudança da tradição dos nordestinos migrantes. Ao contrário, o final trágico de Ma-cabéa apenas reforça a miséria humana a que os migrantes nordestinos são destinados.

30. Gabarito: d.

a) CORRETA. Ambos revelam o pragmatismo e a dificulda-de em escrever, de maneiras distintas: um desejando fazê-lo e o outro constatando a dificuldade.

b) CORRETA. A escrita é revelada como dura justamente pela excessiva reflexão sobre a realidade.

c) CORRETA. A visão da dureza da escrita contamina a vi-são em relação à vida.

d) INCORRETA. Ao contrário, é justamente a relação muito próxima que promove a contaminação entre a percep-ção da arte e a da vida.

31. Gabarito: b.

A única alternativa que não corresponde a uma análise per-tinente das personagens citadas é a b. Ambas vivem mo-mentos de felicidade, no excerto destacado, mas são ape-nas recortes em meio às mazelas da vida que elas vivem. Os trechos que mostram o traço de consciência sobre suas condições de vida e lugar social são: “Tentara contar a Gló-ria mas não tivera jeito, não sabia falar e mesmo contar o quê? O ar? Não se conta tudo porque o tudo é um oco nada” e “Quando cheguei na favela encontrei a porta aberta. O luar está maravilhoso”.

32. Gabarito: c.

A expressão “clandestina” remete àquilo que exige muito esforço, que ocorre às escondidas, que é ilegal, ilegítimo, que não pertence a ela. Portanto a única alternativa que não contempla essa ideia é a c. Esta alternativa trata a expres-são como necessidade de rebeldia para encontrar a felici-dade, mas não há, na procura da felicidade da personagem, nenhum ato de rebeldia.

33. Gabarito: a.

Nas demais alternativas, todas as referências dizem respei-to a um comportamento de criança ou de mulher. A alter-nativa a apresenta um elemento neutro, que não possibilita associar a um comportamento feminino ou infantil.

34. Gabarito: c.

O narrador não rejeita a personagem Macabéa. Em muitos momentos da narrativa, os dois se fundem, ele se vê na personagem. Há uma identificação entre o narrador e a per-sonagem e, através dessa identificação, há a possibilidade de se discutir a própria condição humana.

35. Gabarito: c.

a) INCORRETA. Não há concentração nos acontecimentos da obra, mas nas personagens em seus diferentes es-tágios.

b) INCORRETA. Também não é a ambientação ou a tempo-ralidade em que se concentra o enfoque da obra.

c) CORRETA. Por sua forte concentração nas personagens, é altamente intimista e trabalha de maneira muito pro-funda as características desses personagens.

d) INCORRETA. Não é característica da obra de Clarice a filiação à prosa regionalista.

e) INCORRETA. A exploração das personagens não ruma para esse cenário. Elas podem ter essas características, mas não é nisso que a autora se concentra.

36. Gabarito: b.

O fato de, ao longo da visita, os dois mal terem se falado não revela que eles jamais poderiam ter uma boa convivên-cia. O que fica evidente, principalmente no excerto lido, é

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que Catarina acha engraçado o constrangimento da despe-dida entre o marido e a mãe.

37. Gabarito: d.

Trata-se de uma questão de verificação de leitura do conto, em termos de localização e síntese de conteúdo. O trecho em questão encontra-se no começo do conto e o foco vai se movendo do olhar para a mãe e a filha até chegar aos pensamentos do marido em relação à esposa e ao filho.

38. Gabarito: c.

a) INCORRETA. As personagens femininas apresentam-se em discussões profundas e psicológicas, mas não voltadas a tons moralistas da educação familiar, por exemplo.

b) INCORRETA. Ao contrário: o narrador promove uma exaltação desse comportamento.

c) CORRETA. Essa é a tônica das personagens femininas de Clarice: viver experiências fortes do cotidiano, que transformam psicologicamente sua vida.

d) INCORRETA. As personagens femininas de Clarice não agem assim.

e) INCORRETA. A narração de Clarice nunca tem essa in-tencionalidade de contrapor esses valores.

39. Gabarito: a.

Trata-se de uma questão que testa a leitura cuidadosa do conto. Ao comemorar 89 anos, D. Anita tem um misto de sentimentos ruins em relação aos entes familiares a sua volta por causa da mesquinhez que neles habita e que cul-tivam intensamente.

40. Gabarito: b.

I. INCORRETA. O narrador apresenta, antes, sinestesia, e não metalinguagem (quando a língua fala de si mesma).

II. CORRETA. O texto emprega metáforas em sua compo-sição, como em “o que escrevo é uma névoa úmida”.

III. INCORRETA. Ao contrário, o autor apresenta uma apro-ximação forte do texto, inclusive dizendo que escreverá com o corpo.

41. Sim, a personagem é descrita, fisicamente, com caracte-rísticas consideradas negativas: gorda, baixa, sardenta, de cabelos crespos e meio arruivados. Em relação à moral, ela é caracterizada como cruel, vingativa e sádica. Essas ca-racterísticas combinadas, em geral, apresentam o quadro de um personagem antagonista.

42. Estar na clandestinidade é estar escondido, não poder viver algo abertamente. No caso da relação que a menina esta-belece com o livro, tem-se o exemplo da clandestinidade, que pode ser comparada à felicidade “da mulher com seu amante”, ou seja, configura-se em uma transgressão.

43. Gabarito: c.

Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da II, pois Clarice Lispector é pertence à Terceira Geração Modernista, e não à Segunda.

44. Gabarito:

d) FALSO. Durante a primeira geração modernista, os auto-res estavam preocupados com a investigação de novas formas, assim como estavam interessados em romper com certas tendências tradicionalistas. Nessa terceira fase modernista, muitos autores trabalham com a lin-guagem retomando suas formas mais clássicas, e isso é o que pode se chamar de consciência estética.

e) FALSO. Os escritores mencionados não aderiram a essa escrita mais tradicionalista, suas obras, autênticas e autônomas, representaram um dos pontos mais altos da produção literária desse período.

45. Gabarito: a.

A descrição da cena final da peça, o oferecimento do bou-quet, a imagem do túmulo e o apagar das luzes são ele-mentos que evidenciam a relação entre amor e morte.

46. Gabarito: a.

a) CORRETA. A abordagem que os personagens fazem da prostituição revela um paradoxo de fascínio e repulsa – uma repulsa moral, mas um fascínio pela prática.

b) INCORRETA. As rubricas são empregadas, em uma peça teatral, para auxiliar no processo de leitura.

c) INCORRETA. O diálogo acontece de verdade.

d) INCORRETA. As indicações cênicas revelam os gestos e pensamentos das personagens.

e) INCORRETA. O que habita o coração de Alaíde, no mo-mento retratado, é a recordação.

47. Gabarito: a.

A fala do pai não tem qualquer hesitação, ele simplesmen-te responde “manda”. Isso revela um desapego sem medo de lembranças, remorso ou qualquer outra sensação. É um reflexo da indiferença pela situação.

48. Gabarito: e.

a) INCORRETA. A predominância está no diálogo entre as personagens.

b) INCORRETA. Além da realidade, esse plano revela entre-cortes de memória.

c) INCORRETA. A mistura entre o momento presente e a memória impede a validação dessa afirmação.

d) INCORRETA. Não é isso que acontece porque o pai simplesmente reitera o que a mãe deseja fazer com as lembranças do sótão.

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Literatura brasileira

e) CORRETA. Sim, esse momento gera uma tensão sobre qual será o desfecho da conversa, se ele vai permitir ou não a destruição das lembranças do sótão.

49. As falas das personagens servem também como elemento para caracterizá-las, do ponto de vista social, psicológico,

econômico, cultural, etc. No caso da peça em questão, as escolhas do autor apontam para personagens ambíguos, que fazem o jogo social, que mascaram seus interesses verdadeiros, ou ainda servem, em algumas situações, para evidenciar as reações dos personagens com aquilo que acontece à sua volta.

LITERATURA CONTEMPORÂNEA 1

50. Gabarito: b.

A inovação formal do poema já aparece no título, no qual as palavras “ovo” e “novelo” são justapostas, sugerindo uma relação íntima entre o significado das duas. De acordo com o poeta Augusto de Campos, “nesse novo processo de com-por, duas coisas reunidas não produzem uma terceira coisa, mas sugerem alguma relação fundamental entre elas”. Ao usar esse método ideogrâmico, o poeta se aproveita dos espaços em branco para representar a imagem de um ovo ou mesmo a de um novelo.

51. Gabarito: c.

I. CORRETA. A ideia de “velocidade” (palavra que aparece no último verso) é sugerida visualmente pelo poema. É como se o movimento se materializasse pela repetição da consoante “v” e o gradual aparecimento das demais letras que formam a palavra “velocidade”.

II. INCORRETA. A forma é extremamente significativa, já que se trata de um poema concreto, contudo, não é pos-sível afirmar que ele seja vazio de significado, já que o poema por si só reproduz a ideia de velocidade, ou seja, a “velocidade” é o seu conteúdo.

III. CORRETA. A leitura desse poema pode ser feita na ho-rizontal, vertical, ou ainda na diagonal, já que se trata de um quadrado perfeito formado por dez linhas de dez espaços.

IV. INCORRETA. Esse poema faz referência à modernidade e à velocidade, características da sociedade do início do século XX.

52. Gabarito: b.

Da figura referente ao poema, é possível ler a palavra “ZEN”. Ela se refere à tradição oriental que preza pela paz, equilíbrio e harmonia, que podem ser observados no poe-ma tanto no conteúdo quanto na simetria de suas formas geométricas – como indicado pela alternativa, as áreas do triângulo ABF e do retângulo BCJI são iguais.

53. Gabarito: b.

No poema, o slogan da Coca-Cola é deformado por meio de inversões e transposições de sílabas e letras. Com isso, ele produz um efeito contrário aquele desejado pela propa-ganda: ao invés de celebrar o produto, ele o identifica como esgoto ou sujeira – cloaca.

54. Gabarito: a.

O poema pode ser filiado à estética concretista. A poesia concreta surgiu no Brasil em meados da década de 50 e se caracteriza pela ruptura com o verso tradicional e a pro-posta de estruturação rigorosa do texto poético, sejam por seus aspectos verbais, vocais (sonoridade), sejam visuais.

55. Gabarito: d.

I. CORRETA. No segundo texto, apenas a semelhança com o slogan publicitário permite identificar a referência à bebida e sua propaganda. Sendo assim, é o principal elemento que produz “efeitos de sentido conotativos”. O mesmo não ocorre no primeiro texto, pois ele não imita visualmente o slogan. O que ele faz é um arranjo visual com as letras que formam a marca da bebida.

II. CORRETA. Tanto o texto I quanto o texto II parodiam o slogan da Coca-Cola.

III. INCORRETA. O que torna essa alternativa incorreta é di-zer que há juízo de valor negativo acerca de posições ideológicas socialistas. Inclusive, o segundo texto parece enaltecer um herói socialista: Che Guevara.

56. Gabarito: b.

O texto II representa um bom exemplo de poema concre-tista exatamente por não apresentar recursos tradicionais, como rimas, versos, entre outros. Estes elementos são vis-tos por Augusto de Campos como “sufocações impostas”, e o objetivo da poesia concretista é se libertar destas formas tradicionais e preestabelecidas.

57. O autor substitui as vogais “e” e “o” por uma estrela e um círculo respectivamente, além de variar o tamanho dos si-nais, o que reforça a linguagem visual do poema.

58. Gabarito: b.

A humanização do fantasma se faz presente por todo o tex-to, como é possível notar nos seguintes versos: “Move seu corpo de carne e osso”.

59. Gabarito: b.

A única palavra entre as apresentadas cujo sentido pode se relacionar à palavra “ordem” é equilíbrio. “Intransigência” sig-nifica falta de compreensão, intolerância; “lassidão”, cansaço, fadiga; “carestia”, escassez, falta; e “tédio”, aborrecimento.

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28 3ª. Série

60. Gabarito: a.

No poema apresentado, percebe-se que os substantivos “brilho” e “ordem” estão personificados, pois a eles são atribuídas características humanas (feliz e viva). Essa figura de linguagem denomina-se prosopopeia, e ela consiste em atribuir capacidades humanas a seres inanimados.

61. Gabarito: e.

O movimento concretista surge em 1956, com uma exposi-ção realizada em São Paulo, intitulada Exposição Nacional de Arte Concreta. Seus idealizadores foram Décio Pignatari, Harold de Campos e Augusto de Campos. A poesia concreta abandona os versos e estrofes e fica apenas com as pala-vras, explorando suas dimensões verbais, sonoras e visuais.

62. Gabarito: a.

Os poemas não apresentam como característica o uso da linguagem enfática ou declamatória – recursos comuns a estéticas tradicionalistas. Esse estilo de poesia apresenta-do pela questão tem por intenção romper com os modelos passados e canônicos.

63. Gabarito: e.

a) INCORRETA. O Barroco foi um movimento, que surgiu no século XVI, e que procurava conciliar o dogma da Igreja Católica com uma visão mais antropocêntrica, manifes-tando, assim, as oposições entre carne e alma, terra e céu, teocentrismo e antropocentrismo.

b) INCORRETA. O movimento romântico surgiu no século XIX, com o desenvolvimento das nações-estados e da burguesia. Possuía diferentes manifestações, mas, de modo geral, procurava refletir o nacionalismo insurgen-te e o amor impossível.

c) INCORRETA. Concomitantemente ao Realismo, surgiu, na poesia, o Parnasianismo, marcado pela volta à tradi-ção clássica e ao rigorismo formal. A poesia parnasiana caracterizou-se, primordialmente, por sonetos rimados e com métrica rígida.

d) INCORRETA. O Realismo surgiu, no Brasil, no final do século XIX e início do século XX, marcado principalmen-te pela produção em prosa, que procurava fazer uma análise da sociedade de forma imparcial e objetiva.

e) CORRETA. O Modernismo surgiu no Brasil depois da Semana de Arte Moderna, em 1922, influenciado por diversas correntes relativas à vanguarda europeia. O movimento caracterizou-se por muitas manifestações até a década de 1950, mas a sua característica prin-cipal foi a defesa da liberdade artística, como se pode observar nos versos do enunciado.

64. Ao empregar um tema prosaico e termos coloquiais, o poeta apresenta uma nova maneira de fazer poesia, des-mistificando as características até então mais valorizadas,

como a forma e o afastamento do conteúdo em relação à realidade.

65. Gabarito: e

a) INCORRETA. No poema em questão, não se percebem indícios de filiação ao movimento concretista.

b) INCORRETA. O poeta alia-se ao movimento que deseja trazer questões do cotidiano, principalmente sociais, à composição do texto. Mas sua preocupação não está atrelada à formação de identidade nacional.

c) INCORRETA. O poeta pretende considerar elementos de caráter exclusiva ou predominantemente sociais, não políticos.

d) INCORRETA. Ao fazer o poema, o poeta não demonstra conformismo, mas ação.

e) CORRETA. A ideia de trazer temas sociais e vocabulário coloquial traz o fazer poético a um patamar mais pró-ximo do cotidiano, desejo esse manifestado na poesia.

66. a) Ambos os poemas desenvolvem o tema da matéria-poé-

tica. No primeiro, o eu-lírico vê o tempo presente, a vida cotidiana, os fatos e a política como matéria-prima do fazer poético (“Agosto de 1964”, “Do salário injusto,/ da punição injusta,/ da humilhação, da tortura,/do terror,/retiramos algo em com ele construímos um artefato”). Já no segundo, tem-se a intemporalidade, a eternidade como essência da poesia (“Teus poemas, não os datam nunca...”, “Um poema é de sempre, Poeta:/ O que tu fazes hoje, é o mesmo poema/ Que fizeste em menino”).

b) O momento histórico a que se faz alusão é o Golpe Mili-tar de 64. Exemplos: “a poesia agora responde inquérito policial-militar” e “da punição injusta,/ da humilhação, da tortura,/ do terror”).

c) A expressão destacada pela alternativa significa que as almas são atemporais, ou seja, que elas são eternas, e, portanto, não entendem de datas. Esse aspecto é fun-damental para a poesia de Mário Quintana.

67. Gabarito: d.

O Tropicalismo faz uma espécie de releitura da Antropofagia criada por Oswald de Andrade. Os demais aspectos citados pela alternativa estão corretos.

68.

Nos versos iniciais do poema, há um jogo de palavras entre “Afirma” “Firma” e “confirma”, esse jogo sugere uma críti-ca à política da ditadura militar, principalmente à influência de grandes empresas nas políticas de Estado. Essa corrente desenvolveu-se no período mais repressivo da ditadura bra-sileira, as críticas ao regime eram exploradas em diversos suportes como jornais, revistas, folhetos e até pichações.

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Literatura brasileira

69. Gabarito: a.

O modo como o cenário é descrito na poesia mostra um ambiente empobrecido, de sofrimento. O nascimento do eu-lírico ocorre no mesmo dia de São Bartolomeu – refe-rência ao massacre francês dos protestantes – além dis-so, a descrição da aparência física do eu-lírico ao nascer também remete a sofrimento. Não há saudade na constru-ção desse ambiente nem falta de visão crítica da própria realidade.

70. Gabarito: b.

João do Rio, pseudônimo de João Paulo Barreto, foi um jornalista preocupado em traduzir em seus textos a vida carioca, com seus luxos e misérias. Não era religioso.

71. Gabarito: a.

1 – A Geração de 45 assumiu uma postura mais madura frente às experimentações da primeira estética modernista. Voltou a usar formas clássicas e tradicionais.

2 – Valorização máxima da espacialidade e do nível signi-ficante.

3 – Divergência do Concretismo quanto ao plano do signifi-cado e ao conceito do verso.

4 – Valorização das dinamicidades dos códigos não verbais.

5 – Os aspectos mencionados pela alternativa e que reme-tem à primeira geração modernista são: o uso do deboche, da ironia, do humor, certo anarquismo e paródia.

72. Gabarito: e.

I. CORRETA. A brevidade é, de fato, um traço comum na poesia contemporânea. Este é evidenciado pela própria

disposição e tamanho do poema.

II. CORRETA. O uso da linguagem informal também se constitui em um traço da literatura contemporânea. No poema, tem-se o uso da expressão “na mão”.

III. CORRETA. O desencontro amoroso está marcado no poe-ma pelo uso de expressões como: aqui x ali, e também em “cada um na mão”.

73. Ambos os poemas abordam a temática existencialista atra-vés de um eu-lírico fragmentado, expressando inadequa-ção com o momento presente. Enquanto Cacaso escapa para a infância, Ana Cristina Cesar vê a adolescência como uma etapa plena de desafios que incitam à aventura.

74. a) O termo “cartão postal” é empregado porque o texto

cita várias imagens tipicamente brasileiras, como: o luar do sertão e a verde mata vista pela mulata de olhos verdes (o que representa a miscigenação).

b) É a imagem de um brasileiro manhoso: “finjo que vou e não vou”.

c) A expressão “na imensa solidão” e “lívido de medo e de amor”.

75. Gabarito: d.

O verso inicial do poema afirma “não é mentira”; isso re-vela que há uma tentativa do eu-lírico em persuadir o seu interlocutor sobre a existência real de uma “outra dor”. Esta não se manifesta fisicamente; está além do visível. Neste sentido, o eu-lírico se refere à dor existencial, que não pode ser facilmente notada ou mesmo constatada.

LITERATURA CONTEMPORÂNEA 2

76. Gabarito: b.

As referências gramaticais que o eu-lírico faz ao longo do poema não permitem afirmar que ele desconheça a gramá-tica, ao contrário, ele demonstra dominar a nomenclatura gramatical. Além disso, o caráter do poema é cômico, uma brincadeira com a imagem do rigor exigido para o estudo da língua, não se trata de uma autobiografia.

77. Gabarito: c.

Os termos utilizados são bem precisos para desconstruir – de modo bem humorado – a figura do gramático “carrancu-do”. Desse modo, pode-se falar em concisão e transgres-são, características válidas, aliás, para a obra de Leminski.

78. Gabarito: e.

O poema se constrói a partir da oposição lua brilhante (co-notação positiva)/auschwitz (conotação negativa, referên-

cia aos crimes nazistas). Essa contraposição sugere um questionamento do poeta sobre a possibilidade de haver tanta beleza (lua) concomitante a tanto horror como foi o nazismo.

79. Gabarito: b.

O texto de Lafetá discorre sobre as duas primeiras fases do Modernismo. A primeira, como destacado pelo excer-to, prioriza o projeto estético sobre o ideológico, ou seja, preocupa-se em renovar as artes brasileiras (procurando, por meio de novos processos criativos, novas formas de se expressar) e romper com os ideais estéticos já superados e fora de sintonia com os novos tempos. Os versos de Ban-deira traduzem a inquietação de vários artistas brasileiros no início do século 20. Já a segunda fase demonstra um amadurecimento formal e estilístico, que consolida as con-quistas da geração anterior, abandona as propostas mais

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radicais e retoma algumas tendências do passado, como se vê nos versos de Drummond.

80. Gabarito: c.

O único elemento que não aparece no haicai de Paulo Le-minski é a referência às estações do ano, característica co-mum desse tipo de poema.

81. O autor promove uma reflexão sobre as diferentes possi-bilidades de uso da língua e sobre os sentidos que esses usos podem produzir, como as expressões: “voltou de ateu”, “disilimina esse” e “eu não sei a ler”. Com essa reflexão, ele destaca a valorização da dimensão lúdica e poética presen-te nos usos coloquiais da linguagem.

82. Gabarito: c.

a) INCORRETA. As expressões “estudo” e “adivinhação” estabelecem entre si uma ideia de oposição, assim, não é possível afirmar que os estudos dos sabiás suporte uma relação com a adivinhação.

b) INCORRETA. O poema afirma que a ciência consegue entender muito bem a anatomia de um sabiá (“classi-ficar e nomear os órgãos de um sabiá”); a limitação da ciência diz respeito à compreensão dos “encantos do sabiá”.

c) CORRETA. A ciência consegue entender a anatomia de um sabiá, versos 1 e 2, mas não pode medir seus en-cantos, 3 a 5.

d) INCORRETA. A ideia apresentada por essa alternativa vai além da proposta contida no poema. Não há no texto indícios de que a ciência pretende desvendar algum mistério, ou mesmo, caso haja essa pretensão, que ela seja incapaz de desvendá-los.

e) INCORRETA. De acordo com o poema, é possível conhe-cer um sabiá cientificamente (“anatomia dos sabiás”), mas seria impossível uma medição científica de seus “encantos”.

83. Gabarito: d.

As “formas alternativas” a que a alternativa faz referência es-tão sugeridas no poema pelo uso da expressão “doença” (das frases) e a ruptura que o autor estabelece com a gramática, que pode ser verificada no terceiro verso da segunda estro-fe – “não sou sandeu de gramáticas”. A palavra “sandeu” significa “fora da realidade”, o que no poema estabelece um contraste com a postura do eu-lírico em relação à linguagem – “permanecer atento ao rumor das palavras”.

84. Gabarito: a.

Embora esse poema tenha sido escrito por um autor con-temporâneo, ele apresenta forte influência modernista (ele se identifica, sobretudo, com os autores das duas primeiras gerações). O que pode ser constatado pelo uso de uma lin-

guagem coloquial (tanto na forma quanto no conteúdo) e pela preocupação em trabalhar com temas cotidianos.

85. Gabarito: e.

No poema, há duas situações que podem ser classificadas como paradoxais. A primeira acontece com o uso da ex-pressão “o nada” como objeto direto do verbo saber. Parece absurdo conceber que alguém sabia “o nada”, quando o normal seria saber alguma coisa. A segunda situação para-doxal está no uso do adjunto adnominal “aumentado”, que faz referência a “nada”. Novamente parece incoerente que o “nada” possa ser “aumentado”.

86. Gabarito: c.

Todas as alternativas trazem elementos citados no texto. Entretanto, logo no início do primeiro parágrafo, a narradora evidencia quais são os elementos mais significativos da sua infância, ou seja, que marcaram o chão da sua infância. São eles: o convívio com sua família (a presença da mãe e da tia viúva) e as pajens.

87. Gabarito: e.

No texto, a ideia de proximidade não significa necessaria-mente cortesia ou bons tratos, ela remete, na verdade, à ausência de preocupação com certas formalidades e pelo desprendimento da pajem, que resulta em certa agressi-vidade gratuita. Quando as duas estão próximas, a pajem externa seus sentimentos e, inclusive, faz perguntas de natureza pessoal à menina, o que demonstra ausência de preocupação com as formalidades presentes em relações mais distantes.

88. Gabarito: a.

A pajem não atende ao pedido da narradora (ela não preten-de mais cortar cana naquele momento); constata-se esse fato pela maneira como ela reage: levanta e passa a pro-curar algo.

89. Gabarito: d.

Associa-se corretamente o título do poema “Navio Negrei-ro”, de Castro Alves, ao trecho apresentado em II, além de o excerto apresentar relação com a citação feita pelo pai da narradora no texto de Lygia Fagundes Telles.

90. Gabarito: e.

No texto é possível perceber a ênfase dada às impressões íntimas da narradora, em detrimento da explicitação das ações externas. O tempo predominante é o interior. Em mui-tos momentos, os eventos são narrados não de forma dire-ta, mas da maneira como a protagonista os enxergou. Todos os demais personagens são definidos pelas impressões da narradora, o que configura uma narrativa intimista.

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31Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura brasileira

91. Gabarito: a.

I. CORRETA. Os pronomes pessoais que aparecem logo nas primeiras linhas referem-se ao narrador e ao per-sonagem de que este fala. Por não serem nomeados, logo de início, deduz-se que estes serão futuramente revelados, o que cria certa expectativa no leitor.

II. INCORRETA. A formação da bolha de sabão independe da reação do sabão com as impurezas da água.

III. INCORRETA. O aparecimento de cores nas bolhas de sabão está relacionado ao caráter ondulatório da luz. O colorido das bolhas é explicado pelo fenômeno de inter-ferência, que é um fenômeno ondulatório.

92. Gabarito: c.

Embora haja uma descrição do cenário em que o personagem se encontra, a autora usa a descrição para fins subjetivos, como acontece em alguns de seus contos. Note que a descri-ção do lugar é menos importante do que a ação propriamente dita: de o homem se encontrar nesse cenário e tirar dele o ar misterioso, que é transferido ao próprio personagem.

93. Gabarito: a.

a) INCORRETA. No trecho “Canta, canta, mulher (...) canta mais, canta que eu acho minha mãe, meu vestido es-tampado, meu pai tirando boia da panela, canta que eu acho minha vida”, fica evidente que, por meio da canti-ga da cigana, pode reencontrar sua vida, seu passado.

b) CORRETA. O tom nostálgico e saudosista romântico vem das lembranças do passado e da infância do eu-lírico.

c) CORRETA. Segundo o poema, as cantigas fazem com que o eu-lírico se lembre de uma série de lembranças afetivas de sua infância: a da sua mãe, do seu pai, do seu vestido estampado.

d) CORRETA. O uso da primeira pessoa do singular dá ao poema um tom confessional e autobiográfico, que tam-bém se evidencia pelas lembranças do passado e da infância do eu-lírico.

e) CORRETA. A cantiga é um elemento da cultura popular, de herança romântica e de caráter nacionalista.

94. a) A palavra “sentimento”, que rima com o título “ensina-

mento”, ocupa espaço central no poema. O ensinamen-to não é o estudo ou mesmo as palavras de luxo como o “amor” (que constituem a “coisa mais fina do mundo”), ou seja, o bem mais desejável da vida. O bem maior é o sentimento, revelado pelas atitudes mais simples do dia a dia, como a relatada pelo poema: os cuidados que a mãe tem com o pai.

b) O verso que corresponde à fala da mãe (“Coitado, até essa hora no serviço pesado”) parece o mais adequado para defini-la: uma mulher amorosa e compassiva, do-tada de uma fineza de sentimentos, pois é ao mesmo tempo simples e não apresenta instrução.

c) O eu-lírico é o destinatário do “ensinamento” materno, o que fica explicitado pelo uso do pronome “comigo” e se constitui em uma singularidade estilística por seu uso coloquial, ao invés de dizer: “falou a mim” (como seria no registro formal), o eu-lírico diz “falou comigo”. O efeito de sentido é situar o eu-lírico não como desti-natário do ensinamento, mas sim como participante da experiência que constituiu um ensinamento.

95. Gabarito: d.

O discurso informativo é caracterizado por apresentar certa informação e explicá-la, com base em argumentos, fatos e dados. É o que acontece no primeiro texto, publicado pelo jornal Folha de São Paulo, que relata a notícia da sentença aplicada a três ex-hackers. Essa notícia serve de base ao autor Moacyr Scliar para a criação de sua crônica (discurso ficcional).

96. Gabarito: a.

As reações e iniciativas dos hackers são expressas numa contínua progressão temporal. Primeiro o detento se revolta quanto à sentença aplicada pelo juiz, depois, por meio da leitura das obras indicadas, ele descobre um novo mundo, o que o leva a querer escrever um romance.

97. Ao fazer os cálculos, o professor de matemática descobre que o minuto de silêncio de todos os habitantes equivale à vida do rei: “pôs-se a fazer cálculos e descobriu que a soma dos minutos de silêncio de vinte e seis milhões e oitocen-tos mil cidadãos equivalia a cinquenta anos, exatamente a idade que tinha o rei ao falecer”. Refletiu, então, que esse tempo tão curto, quando somado, poderia representar uma vida inteira, vida essa que seu filho recém-nascido não tive-ra a oportunidade de ter.

98. Gabarito: e.

Murilo Rubião é um contista do gênero fantástico, o que já anula as alternativas que falam sobre fatos cotidianos e trivialidades em geral. Sua obra busca o inverossímil, apre-senta narrativas que fazem o irreal parecer real dentro do espaço e do tempo escolhidos pelo autor.

99. Gabarito: d.

O confronto entre o nome João da Silva, considerado co-mum, e os nomes de prestígio é, essencialmente, uma con-traposição entre despossuídos e privilegiados ou, em outros termos, entre pobres e ricos, o que se configura em uma reflexão sobre as diferenças sociais.

100. Gabarito: c.

Os dois qualificativos aplicados à palavra sangue (“da silva” e “azul”) significam, respectivamente, sem e com “nobre-za”, ou seja, indicam posição social inferior e superior.

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101. Gabarito: d.

O texto tem como objetivo defender a necessidade de uma política de imigração, que deve considerar a função desem-penhada pelos estrangeiros no país, e também aglutinar os “inúteis”, os “vagabundos”, as “aventureiras” e os “tontos”, uma vez que a profissão exercida pelo estrangeiro não é o único fato que delimita a contribuição dessas pessoas para o Brasil. Desta maneira, uma política imigratória vinculada apenas a critérios profissionais seria insuficiente, porque descartaria pessoas que futuramente poderiam trazer “a nossa redenção e a nossa glória”.

102. Gabarito: e.

No segundo parágrafo do texto, Rubem Braga deixa eviden-te que concorda com o repórter: “O repórter tem razão”. Porém, o período que segue essa concordância contradiz aquilo que há pouco havia sido afirmado: “Mas eu peço li-cença para ...”. Desta maneira, ainda que compartilhe com José Leal a opinião de que os imigrantes desqualificados entulham as grandes cidades e que é “insensato importar gente assim”, o autor toma esse argumento como ponto de partida para defender a tese de que “falta” de qualificação profissional não invalida o possível sucesso desses estran-geiros, ou anula a sua futura contribuição para o país.

103. Gabarito: d.

I. INCORRETA. O autor não assegura o destino promissor dos imigrantes, uma vez que todas as declarações têm caráter hipotético: “cada pessoa humana é um mistério de heranças e taras”, “o grande homem do Brasil de amanhã pode descender de um clandestino...”.

II. CORRETA. Rubem Braga acredita e se posiciona de ma-neira otimista em relação ao futuro promissor que muitos imigrantes possam ter, independentemente de sua pro-fissão.

III. CORRETA. O autor concorda com José Leal quanto à insensatez de se importar imigrantes sem qualificação profissional, mas também defende a ideia de que esses imigrantes devem continuar entrando no Brasil, uma vez que no futuro eles podem representar: “a nossa re-denção e a nossa glória”.

IV. CORRETA. Textos que ilustram a associação desenvol-vida entre imigração e grandes personalidades brasilei-ras: “Acaso importamos o pintor Portinari, o arquiteto Niemeyer, o físico Lattes?”, e “Sem o tráfico de es-cravos não teríamos tido Machado de Assis, e Carlos Drummond seria impossível sem uma gota de sangue (ou uísque) escocês nas veias”.