literacia em leitura e construÇÃo do conhecimento

8
L A En man relaç lingu Co gran aces histó cons D vez dest visão Em prop 1 Depa ENC A UN LITE A LEITUR ntre os hom ifestam atr ções inten uagens que om o apare ndes altera so ao con óricos liga struindo e r e sujeito o que para a e, o acto d o se alarga m Silva (19 porcionar: artamento de L CONTRO INT NICIDADE D ERA CO CO RA E O L mens, a cir ravés da ex ncionais en e, por sua ve ecimento d ções, dand nheciment ados a gr reconstruin uvinte, enq a compree e ler. Assim para horiz 979) podem Letras ‐ Univer TERNACION DO CONHEC ACIA NST ONHE Maria d LEITOR culação de xpressão o ntre aquel ez, interced da escrita, a do origem o começo randiosos ndo a histór quanto o o ensão do d m, e sucess ontes até a mos presen rsidade da Beir NAL CIMENTO EM TRUÇ ECIM da Graça Sa sentido é oral, escrita les e o m dem nas sit a estrutura a mudança u a dese fenómeno ria. ral impero discurso es sivamente, aí desconhe nciar as vár ra Interior. mg LEI ÇÃO MEN ardinha 1 feita com e a, musical mundo o tuações de da existên as bastante nhar‐se: a os cultura ou, o ser hu crito impõ com o cam ecidos. ias sensaçõ g[email protected]t CIE Ce Edu ITUR DO NTO expressões e até corp o mediada comunicaç ncia da hum e significat acontecime ais vão, s umano pas õe‐se, como mpo da leit ões que est EP ntro de Inve ucação e Ps RA E sígnicas q oral...ou se as pelas v ção. manidade so tivas. Um o entos físic sucessivam sa a leitor, o complem tura, uma o ta mudança estigação em sicologia E ue se eja as várias ofreu outro cos e mente, uma mento outra a veio m

Upload: unicidade-do-conhecimento

Post on 09-Jun-2015

1.006 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Os resultados dos Pisas (2001, 2003) têm mostrado que uma grande percentagem dos jovens portugueses apenas possuem conhecimentos básicos de leitura. Assim sendo, não apresentam capacidades inferenciais consideradas fundamentais na compreensão e interpretação do texto escrito (Gave, 2001, 2003).As rápidas mudanças operadas na sociedade portuguesa exigem que se passe, rapidamente, de práticas de leitura centradas em suportes fixos ou estáticos para outras mais actuais baseadas em suportes virtuais, visando um paradigma moderno, orgânico integrador e sistémico.Mediante esta aparente contradição, continuamos à espera de que a escola ensine o aluno a aprender aprendendo, a comunicar adequadamente, a produzir textos autênticos (tendo em conta a situação de comunicação), a formar leitores para a vida e da vida capazes de filtrar, interpretar e avaliar a informação do mundo que os rodeia para, deste modo, poderem participar activamente na sociedade a que pertencem e, consequentemente, construírem o conhecimento (Cachapuz, 2004).Sabemos hoje que a falta de leitores competentes impede uma verdadeira e eficaz intervenção social, o que põe em causa não só o aperfeiçoamento da democracia, como fragiliza a nossa cidadania e a nossa coesão social dentro dos limites da União Europeia.Reflectir sobre a importância da literacia leitora nas sociedades contemporâneas e focar alguns aspectos fundamentais para a formação de leitores competentes são os objectivos desta comunicação.

TRANSCRIPT

Page 1: LITERACIA EM LEITURA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

L

A

Enmanrelaçlingu

Cogranaceshistócons

Dvez destvisão

Emprop 1 Depa

ENCA UN

LITE

A LEITUR

ntre os homifestam atrções  intenuagens que

om o aparendes  alteraso  ao  conóricos  ligastruindo e r

e sujeito oque  para  ae, o acto do se alarga 

m Silva (19porcionar: 

artamento de L

CONTRO INTNICIDADE D

ERACOCO

RA E O L

mens, a cirravés  da  exncionais  ene, por sua ve

ecimento dções,  dandnhecimentados  a  grreconstruin

uvinte, enqa  compreee  ler. Assimpara horiz

979) podem

Letras ‐ Univer

TERNACIONDO CONHEC

ACIA NST

ONHE

Maria d

LEITOR

culação dexpressão ontre  aquelez, interced

da escrita, ado  origem o  começorandiosos ndo a histór

quanto o oensão  do  dm, e sucessontes até a

mos presen

rsidade da Beir

NAL CIMENTO

EM TRUÇECIM

da Graça Sa

 sentido é oral,  escritales  e  o  mdem nas sit

a estruturaa mudançau  a  desefenómenoria. 

ral  imperodiscurso  essivamente, aí desconhe

nciar as vár

ra Interior. mg

LEIÇÃO MEN

ardinha1 

feita com ea, musical mundo  sãotuações de 

da existênas  bastantenhar‐se:  aos  cultura

ou, o ser hucrito  impõcom o camecidos. 

ias sensaçõ

[email protected] 

CIECeEdu

ITUR DO

NTO

expressões e  até  corpo  mediadacomunicaç

ncia da hume  significatacontecimeais  vão,  s

umano pasõe‐se,  comompo da  leit

ões que est

EP ntro de Inveucação e Ps

RA E

 sígnicas qoral...ou  seas  pelas  vção. 

manidade sotivas.  Um  oentos  físicsucessivam

sa a leitor,o  complemtura, uma o

ta mudança

estigação emsicologia

E

ue se eja  as várias 

ofreu outro cos  e mente, 

 uma mento outra 

a veio 

m

Page 2: LITERACIA EM LEITURA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

SARDINHA, M. (2007) Literacia em Leitura e Construção do Conhecimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias  (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora: Universidade de Évora.  

______________________________________________________________________ 2

Falo, ouço, escrevo, volto­me ao mundo, busco a união através das coisas do mundo. Esta busca é mediada por um determinado tipo de linguagem – sem ela inexistiria a possibilidade de expandir as minhas experiências e de participar da transformação da cultura. 

   (Silva 1979: 65) 

O acto de ler interpretado numa verdadeira interacção entre o texto e o sujeito leitor, permite que todo o ser humano seja mais interventivo, reflexivo e crítico, se auto‐conheça, se realize e possa ampliar o seu projecto cultural de vida. 

Porém,  para  se  tornar  um  leitor  competente,  qualquer  sujeito  terá  de  saber interagir  com  o  texto,  extraindo  os  significados  deste,  construindo  assim,  o  seu próprio metatexto. 

Veja‐se  como  Manguel  (1998)  nos  transmite  esta  interacção  que,  na  nossa opinião será sempre imperfeita, entre o texto e o sujeito leitor: 

Seja qual for a forma como os  leitores fazem seu livro, o resultado é que esse livro e o leitor se tornam um só. O mundo que o livro é devora o leitor que é uma letra no texto do mundo; assim se cria uma metáfora circular […]. Nós somos aquilo que lemos. […] o texto e o leitor entrelaçam­se […] é por isso que […] nenhuma leitura pode ser definitiva. 

(Manguel, 1998: 182) 

Ao  leitor  cabe  abordar  o  texto  com  as  suas  próprias  estruturas  cognitivas  e afectivas. Ao receber o texto, pode construí‐lo de várias maneiras e fazer diversas interpretações,  refere Giasson  (2000).  Todavia,  as  leituras,  para  além de  sempre imperfeitas,  também  não  são  infinitas.  Há,  logicamente,  limites  impostos  pelo senso comum e, ainda, convenções gramaticais a respeitar. 

A  ênfase  atribuída  ao  leitor  é  hoje,  sem dúvida,  reconhecida  como  essencial  à compreensão  de  um  texto.  Sem  este,  o  texto  permanecerá  para  sempre  um conjunto de marcas silenciosas (Manguel, 1998). 

Eco  (1993)  corrobora  esta  ideia  pois  também  ele  considera  indispensável  a presença  do  leitor,  factor  único  para  a  existência  do  texto,  quer  ao  nível  da mensagem recebida, quer ao nível da (re)construção do mesmo: 

[…]  um  texto  postula  o  seu  próprio  destinatário  como  condição indispensável não  só da  sua própria capacidade comunicativa concreta, como  também  da  própria  potencialidade  significativa.  Por  outras palavras,  um  texto  é  emitido  para  que  alguém  o  actualize  –  mesmo quando não se espera (ou não se deseja) que esse alguém exista concreta e empiricamente. 

(Eco, 1993: 56) 

Page 3: LITERACIA EM LEITURA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

SARDINHA, M. (2007) Literacia em Leitura e Construção do Conhecimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias  (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora: Universidade de Évora. 

______________________________________________________________________ 3

O  autor  assinala  o  papel  das  estruturas  cognitivas  das  quais  fazem  parte  os conhecimentos sobre a língua tais como: 

Conhecimentos fonológicos – distinção dos fonemas de uma língua;  

Conhecimentos sintácticos – ordem das palavras na frase;  

Conhecimentos semânticos – sentido das palavras e sua relação;  

Conhecimentos pragmáticos – utilização da linguagem adequada à situação. 

Estes conhecimentos organizam‐se, por sua vez, em esquemas – conhecimentos sobre o mundo que todo o sujeito traz consigo e que permitem relacionar o texto com os conhecimentos anteriores. 

Também  nos  trabalhos  de  Adams  e  Pruce  (1982),  a  ênfase  atribuída  aos esquemas  mentais  do  leitor  assume  uma  importância  decisiva.  Os  autores consideram‐ ‐nos fundamentais para que o texto tenha significação, referindo que sem estes não poderão observar‐se novas aquisições: 

 

A compreensão é a utilização de conhecimentos anteriores para criar um novo conhecimento. Sem conhecimentos anteriores, um objecto complexo, como um texto, não é apenas difícil de interpretar; para falar com rigor, ele não tem significação 

(Adams e Pruce, 1982: 23) 

Nesta  perspectiva  os  trabalhos  de  Rumelhart  (1975)  apontam  o  processo  de recuperação  e  modificação  destes,  durante  o  processo  de  leitura.  Quanto  mais vastos  forem os conhecimentos, maior  será a possibilidade de sucesso do sujeito leitor. 

Quanto às estruturas afectivas estas são responsáveis pela atitude daquele face ao  texto.  Daí  dependem  o  interesse  e  o  grau  de  cumplicidade  nesta  interacção refere  Giasson  (2000).  A  autora  faz  referência  a  alguns  elementos  considerados mais interventivos ao nível das estruturas afectivas, como a capacidade de arriscar, ou até o medo de não conseguir atingir o sucesso desejado. 

A leitura, os contextos e a construção do conhecimento 

O contexto engloba todas as condições nas quais se encontra o leitor ao interagir com  o  texto.  Todavia,  para  Lopes  (1984),  do  contexto  fazem  parte  todas  as condições externas que  condicionam a produção e a  recepção deste. A autora ao enfatizar as condições pragmáticas que regulam a adequação do texto ao contexto, refere que este último engloba: 

Page 4: LITERACIA EM LEITURA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

SARDINHA, M. (2007) Literacia em Leitura e Construção do Conhecimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias  (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora: Universidade de Évora.  

______________________________________________________________________ 4

 

Relações  hierárquicas  entre  os  participantes,  conhecimentos “enciclopédicos” implícitos e tacitamente pressupostos, sistema de crenças de cada um dos  interlocutores, visões do mundo diferenciadas,  intenções específicas do locutor, universo empírico e sociocultural circundante, etc… 

(Lopes, 1984: 98). 

Nesta perspectiva, salienta‐se a importância atribuída aos actos de comunicação como  forma  de  interacção  social,  cuja  situação  concreta  é moldada  por  factores psicológicos e sociológicos. 

Três tipos de contextos são referidos por Giasson (2000): o psicológico, o social e  o  físico.  O  contexto  psicológico  remete  para  as  condições  contextuais  de  cada leitor, ou seja, o interesse pela leitura, a motivação e a intenção de leitura. Quanto ao  contexto  social  diz  respeito  às  manifestações  de  situações  de  leitura  num determinado espaço. No respeitante ao contexto  físico, devem ter‐se em conta as condições  materiais  em  que  o  processo  de  leitura  se  desenvolve,  tais  como  a qualidade  de  reprodução  dos  textos  utilizados,  a  temperatura  do  ambiente  e  a intensidade do ruído.  

Manguel (1998) assinala a importância dos contextos físicos e psicológicos, e na sua opinião estes influenciam‐se mutuamente: 

Sabia  que  nem  todos  os  livros  eram  próprios  para  ler  na  cama.  As histórias policiais e os contos fantásticos eram os mais conducentes a um sono repousado. 

(Manguel, 1998: 61) 

O autor  transmite‐nos  todo o prazer que a  leitura proporciona,  referindo‐se  à importância da postura do corpo, do aconchego, e até do conforto físico do leitor: 

[…] certos livros não requerem apenas um contraste entre o seu conteúdo e o ambiente que o  rodeia; parecem  também exigir posições específicas para serem lidos, postura do corpo do leitor que por seu turno requerem lugares de leitura apropriados a essas posturas […]. Há livros que leio em sofás  e  outros  que  leio  à  secretária;  há  livros  que  leio  no  metro,  em eléctricos  e  outros  carros  […].  Os  livros  lidos  numa  biblioteca  pública nunca têm o mesmo travo dos livros lidos nos sofás ou na cozinha. 

(Manguel, 1998: 161). 

Ler muito, saber criar contextos de leitura e ou saber usufruir daquilo que estes nos podem oferecer/enriquecer é uma forma de desenvolvimento de nós mesmos, da  nossa  identidade,  sempre  inacabada,  logo  em  permanente  construção  e concomitantemente  do  desenvolvimento  da  própria  inteligência  de  todo  o  ser humano. 

Page 5: LITERACIA EM LEITURA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

SARDINHA, M. (2007) Literacia em Leitura e Construção do Conhecimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias  (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora: Universidade de Évora. 

______________________________________________________________________ 5

Sternberg (1985), autor da teoria triárquica, refere‐se à forma como se organiza a  inteligência,  à  comunhão  do  indivíduo  com  o  meio,  enfatizando  o  papel  das experiências: 

A  teoria  triárquica  é uma  teoria do  indivíduo  e das  relações  com o  seu mundo  interior e o  seu mundo exterior. Considero as experiências como mediadoras desses dois mundos. 

(Sternberg, 1985: 317) 

A  teoria  triárquica  é,  segundo  o  autor  supracitado,  composta  por  três subteorias:  a  contextual,  a  componencial  e  a  experiencial. A primeira  relaciona a inteligência  com  o  ambiente  exterior  ao  indivíduo.  A  segunda  refere‐se  ao  seu ambiente  interior.  A  terceira  ocupa‐se  da  interacção  entre  os  dois  ambientes referidos onde, por sua vez, a inteligência vai operando. 

Por meio da teoria (triárquica), o autor assume que a formação da inteligência tem  lugar  entre  os  dois  mundos,  interior  e  exterior,  o  que  remete  para  a capacidade de um sujeito  como ser único e  individual. O privilégio  atribuído aos contextos  nesta  adaptação  ao  meio  assume  uma  importância  considerável  na óptica do autor mencionado: 

Vejo a inteligência como a actividade mental do indivíduo, dirigida para uma  dada  finalidade  e  procurando  a  adaptação,  a  selecção  ou  a transformação do meio (mundo real) importante para a sua própria vida. 

(Sternberg, 1985: 45) 

O  indivíduo vai criando adaptações sucessivas ao ambiente que o rodeia e, em simultâneo, vai desenvolvendo a sua actividade mental,  sempre de acordo com o contexto em que vive, segundo os seus próprios objectivos. 

Nesta perspectiva, a subteoria experencial é a responsável pelo modo como se realizam as tarefas ao nível do processamento da informação.  

No  referente  à  leitura,  onde  aquelas  tendem  a  assumir  um  carácter  de automatização,  podemos  afirmar  que  existe  uma  relação  de  causa/efeito  entre  o desenvolvimento da compreensão do mundo que nos rodeia, a capacidade leitora e a construção do conhecimento. 

Perkins (1986) defende que toda a aprendizagem se faz num continuum. O autor diz‐nos que a  inteligência dos  sujeitos  (alunos)  só pode  ser melhorada,  se  forem privilegiadas  as  estruturas  do  pensamento.  Neste  sentido  alerta  para  uma pedagogia centrada numa perspectiva construtivista:   

Page 6: LITERACIA EM LEITURA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

SARDINHA, M. (2007) Literacia em Leitura e Construção do Conhecimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias  (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora: Universidade de Évora.  

______________________________________________________________________ 6

Podemos  levar  o  aluno  a  pensar  estrategicamente  sobre  o  seu  próprio comportamento para que ele tente inventar as estruturas de pensamento necessárias. 

(Perkins, 1986: 8) 

A teoria de Gardner (1987) remete o conceito de inteligência para competências individuais  autónomas  –  múltiplas  inteligências.  O  autor  distingue  sete competências  na  inteligência:  motora,  musical,  lógico‐matemática,  linguística, espacial, interpessoal e intrapessoal. 

Falar  da  construção  do  conhecimento  através  da  leitura  implica,  ainda,  uma alusão,  embora  breve,  tanto  à  metacognição  como  à  memória,  pois  ambas apresentam uma relação de causa efeito neste percurso. 

Bjorklund  et  al.  (1990)  dizem‐nos  que  as mudanças  que  se  vão  operando  ao nível  do  conteúdo  do  conhecimento  estão  directamente  relacionados  com  a utilização de estratégias de memória. Esta perspectiva é analisada nos trabalhos de Erickson  e  Simon  (1984)  que  remetem para  o  conceito  de memória  activa.  Para que  esta  se  desenvolva  ao  nível  da  metacognição,  deve  privilegiar‐se  o questionamento  sistemático  dentro  da  sala  de  aula.  Tal  procedimento  que, segundo os autores, deverá sempre  ter em conta os  textos, visa dirigir a atenção dos sujeitos para os aspectos relevantes da semântica do processo cognitivo. 

As  questões  orientadas  pelo  professor  promovem  a  cultura  do  auto‐questionamento  que  interiorizada,  promove  a  auto‐regulação  das  competências cognitivas  que,  por  sua  vez,  conduzem  aos  aspectos  ligados  à  metacognição  e, sucessivamente,  à  construção  e  desenvolvimento  dos  esquemas  mentais  de qualquer sujeito. 

ALGUMAS NOTAS CONCLUSIVAS:

Como  resposta  às  questões  propostas  neste  Congresso  (questões  de  partida) afirmamos,  com  convicção,  que  a  leitura,  nos  mais  variados  suportes,  é  sempre fonte de conhecimento. 

Através da  leitura vamos construindo a nossa  identidade (sempre  imperfeita), sabendo quem somos, o que somos, o que e quem queremos ser. 

Só  sendo  leitores  competentes  poderemos  ser  livres  nas  nossas  escolhas  e, consequentemente, exercer democraticamente a nossa cidadania. 

Continuando a dar resposta às questões de partida, acreditamos que não tendo a leitura como projecto de vida, não pode haver conhecimento; que a maior parte do conhecimento  tem raíz na  leitura; que os vários  tipos de  conhecimento que a leitura proporciona  se  relacionam entre  si; que a  leitura  transporta  consigo uma 

Page 7: LITERACIA EM LEITURA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

SARDINHA, M. (2007) Literacia em Leitura e Construção do Conhecimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias  (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora: Universidade de Évora. 

______________________________________________________________________ 7

carga emocional tão forte, que sem ela a vida não pode ser sentida e compreendida, visto ler implicar sempre compreensão. 

Para  Heidegger(1962  )  o  homem  ascende  ao  ser  ou  seja  vive  em  plenitude quando compreende:  

Compreensão  é o  Ser  existencial da potencialidade para  ser da própria existência humana; e é assim de  tal modo que este  ser descobre em si o que de seu ser é capaz. 

Heidegger (1962: 182) 

Saber  buscar  um  sentido mais  profundo  para  e  na  leitura,  é,  sem  sombra  de dúvida, procurar potencialidades de existência para o ser humano. 

Compreender  o  texto  através  da  leitura  é  poder  enriquecer  com  novas proposições do mundo, é, em suma, viver. 

BIBLIOGRAFIA

Adams e Pruce (1982) Background Knowledge and Reading Comprehension.  In J. Langer  e  M.  Smith‐Burke(eds)  reader  meets  author!  Bridging  the  gap. Newark, Delaware International Reading Association p. 2, 26 

Bjorklund e Schneider (1990) The Role of Knowledge in Development of Strategies in Children’s .Contemporany Views  of Cognitive Development. Hillsdalle. N.Y. Erlbaum. 

Eco. U. (1993) Interpretação Sobre interpretação. Lisboa Ed. Presença 

Gardner (1987)The Mind .New Science: The History of the Cognitive Revolution:N. Y. Basic Books 

Giasson (2000) A Compreensão na leitura (2ª edição) Edição Asa 

Heidegger, M (1962) Being and Time . Translated by John Macquarrie and Edward Robinson. New York: Harper e Row. 

Lopes (1984) Linguística textual. Biblos  Fac. de Letras. Vol.L‐X, Coimbra.90‐102 

Manguel(1998)Una História de Lectura Editorial Presença 

Perkins (1986) Thinking Frames.Educational Leadership N .Y Freeman p.43 

Page 8: LITERACIA EM LEITURA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

SARDINHA, M. (2007) Literacia em Leitura e Construção do Conhecimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias  (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora: Universidade de Évora.  

______________________________________________________________________ 8

Rumelhart  (1975)  Notes  in  Schema  for  Stories.  In  D.  Bobrow  e M.  Collins  (Eds) Representative  and  Understanding:  Studies  in  Cognitive  Science.  N.  York. Academic Press 

Silva,  E.  (1979)Os  (dez)  Caminhos  da  Escola.  Traumatismos  Educacionais.  S. Paulo.Ed.Cortez e Morais. 

Sterneberg (1985)Beyond IQ. Cambridge University Press