lista de exercícios 2 pré-história

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Lista de Exercícios 2 Pré-História História/ 1º Bimestre Professor José Knust Estudante: _________________________________________ Turma:______ 1. Leia o texto abaixo e faça o que se pede. Superando o genoma: História e Biologia O comportamento de outros animais sociais é determinado em grande medida por seus genes. O DNA não é um autocrata. O comportamento animal também é influenciado por fatores ambientais e por peculiaridades individuais. No entanto, em um ambiente estável, animais da mesma espécie tendem a se comportar de maneira similar. Em geral, mudanças significativas no comportamento social não podem ocorrer sem mutações genéticas. Por exemplo, os chimpanzés comuns têm uma tendência genética a viver em grupos hierárquicos liderados por um macho alfa. Membros de uma espécie de chimpanzé muito próximo, os bonobos, normalmente vivem em grupos mais igualitários dominados por alianças femininas. As fêmeas dos chimpanzés comuns não podem aprender com suas parentes bonobos e conduzir uma revolução feminista. Os chimpanzés machos não podem se reunir em uma assembleia constituinte para abolir o cargo do macho alfa e declarar que agora em diante todos os chimpanzés devem ser tratados como iguais. Tais mudanças drásticas de comportamento só ocorreriam se algo mudasse no DNA dos chimpanzés. Por razões similares, os homens arcaicos não iniciavam revoluções. Até onde sabemos, as mudanças nos padrões sociais, a invenção de novas tecnologias e a consolidação de novos hábitos decorrem mais de mutações genéticas e pressões ambientais do que de iniciativas culturais. É por isso que levou centenas de milhares de anos para os humanos darem esses passos. Há 2 milhões de anos, mutações genéticas resultaram no surgimento de uma nova espécie humana chamada Homo Erectus. Seu surgimento foi acompanhado pelo desenvolvimento de uma nova tecnologia de ferramentas de pedra. Enquanto o Homo Erectus não passou por novas alterações genéticas, suas ferramentas de padra continuaram mais ou menos as mesmas por quase 2 milhões de anos! Por sua vez, desde a Revolução Cognitiva*, os sapiens têm sido capazes de mudar seu comportamento rapidamente, transmitindo novos comportamentos a gerações futuras sem necessidade de qualquer mudança genética ou ambiental. (...) Em outras palavras, enquanto os padrões de comportamento dos humanos arcaicos permaneceram inalterados por dezenas de milhares de anos, os sapiens conseguem transformar suas estruturas sociais, a natureza das suas relações interpessoais, suas atividades econômicas e uma série de outros comportamentos no intervalo de uma ou duas décadas. (...) A imensa diversidade de realidades [coletivamente] imaginadas que os sapiens inventaram e a diversidade resultante de padrões de comportamento são os principais componentes do que chamamos culturas. Desde que apareceram, as culturas nunca cessaram de se transformar e se desenvolver, e essas alterações irrefreáveis são o que denominamos história. A Revolução Cognitiva é, portanto, o ponto em que a história declarou independência da biologia. (...) A partir da Revolução Cognitiva, as narrativas históricas substituem as narrativas biológicas como nosso principal meio de explicar o desenvolvimento do Homo Sapiens. Para entender a ascensão do cristianismo ou a Revolução Francesa, não basta compreender a interação entre genes, hormônios e organismos. É necessário, também, levar em consideração a interação entre ideias, imagens e fantasias. Yuval Noah Harari. Sapiens: Uma breve história da humanidade. Porto Alegre: L&PM, 2015, p.41-43, 46. *Revolução Cognitiva é como esse autor chama a Revolução do Paleolítico Superior, processo ocorrido por volta de 70 mil anos atrás e que levou o Homo Sapiens a desenvolver uma capacidade intelectual de pensar abstratamente muito mais avançada que a dos humanos anteriores. O Homo Sapiens não é o único animal social que existe. Muito pelo contrário, muitos outros animais também vivem em grupos sociais e tem relações entre si bastante elaboradas. Contudo, existe uma distinção entre a vida em sociedade do Homo Sapiens em relação a de outros animais sociais. Identifique essa diferença e explique porque ela existe. 2. Leia o texto abaixo e faça o que se pede. A Inundação A jornada dos primeiros humanos à Austrália é um dos acontecimentos mais importantes da história, pelo menos tão importante quanto a viagem de Colombo à América ou a expedição da Apolo 11 à Lua. Foi a primeira vez que um humano conseguiu deixar o sistema ecológico afro- asiático na verdade a primeira vez que um grande mamífero terrestre conseguiu ir desse continente à Austrália. Ainda mais importante foi o que os pioneiros humanos fizeram nesse novo mundo. O momento em que o primeiro caçador-coletor pôs os pés no litoral australiano foi o momento em que o Homo Sapiens subiu ao topo da cadeia alimentar num território específico e a partir daí se tornou a espécie mais mortífera do planeta Terra.

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Lista de Exercícios 2 – Pré-História História/ 1º Bimestre – Professor José Knust

Estudante: _________________________________________ Turma:______

1. Leia o texto abaixo e faça o que se pede.

Superando o genoma: História e Biologia

O comportamento de outros animais sociais é

determinado em grande medida por seus genes. O DNA

não é um autocrata. O comportamento animal também é

influenciado por fatores ambientais e por peculiaridades

individuais. No entanto, em um ambiente estável,

animais da mesma espécie tendem a se comportar de

maneira similar. Em geral, mudanças significativas no

comportamento social não podem ocorrer sem mutações

genéticas. Por exemplo, os chimpanzés comuns têm uma

tendência genética a viver em grupos hierárquicos

liderados por um macho alfa. Membros de uma espécie

de chimpanzé muito próximo, os bonobos, normalmente

vivem em grupos mais igualitários dominados por

alianças femininas. As fêmeas dos chimpanzés comuns

não podem aprender com suas parentes bonobos e

conduzir uma revolução feminista. Os chimpanzés

machos não podem se reunir em uma assembleia

constituinte para abolir o cargo do macho alfa e declarar

que agora em diante todos os chimpanzés devem ser

tratados como iguais. Tais mudanças drásticas de

comportamento só ocorreriam se algo mudasse no DNA

dos chimpanzés.

Por razões similares, os homens arcaicos não iniciavam

revoluções. Até onde sabemos, as mudanças nos padrões

sociais, a invenção de novas tecnologias e a consolidação

de novos hábitos decorrem mais de mutações genéticas

e pressões ambientais do que de iniciativas culturais. É

por isso que levou centenas de milhares de anos para os

humanos darem esses passos. Há 2 milhões de anos,

mutações genéticas resultaram no surgimento de uma

nova espécie humana chamada Homo Erectus. Seu

surgimento foi acompanhado pelo desenvolvimento de

uma nova tecnologia de ferramentas de pedra. Enquanto

o Homo Erectus não passou por novas alterações

genéticas, suas ferramentas de padra continuaram mais

ou menos as mesmas – por quase 2 milhões de anos!

Por sua vez, desde a Revolução Cognitiva*, os sapiens

têm sido capazes de mudar seu comportamento

rapidamente, transmitindo novos comportamentos a

gerações futuras sem necessidade de qualquer mudança

genética ou ambiental. (...) Em outras palavras, enquanto

os padrões de comportamento dos humanos arcaicos

permaneceram inalterados por dezenas de milhares de

anos, os sapiens conseguem transformar suas estruturas

sociais, a natureza das suas relações interpessoais, suas

atividades econômicas e uma série de outros

comportamentos no intervalo de uma ou duas décadas.

(...)

A imensa diversidade de realidades [coletivamente]

imaginadas que os sapiens inventaram e a diversidade

resultante de padrões de comportamento são os

principais componentes do que chamamos “culturas”.

Desde que apareceram, as culturas nunca cessaram de se

transformar e se desenvolver, e essas alterações

irrefreáveis são o que denominamos “história”. A

Revolução Cognitiva é, portanto, o ponto em que a

história declarou independência da biologia. (...) A partir

da Revolução Cognitiva, as narrativas históricas

substituem as narrativas biológicas como nosso principal

meio de explicar o desenvolvimento do Homo Sapiens.

Para entender a ascensão do cristianismo ou a Revolução

Francesa, não basta compreender a interação entre genes,

hormônios e organismos. É necessário, também, levar

em consideração a interação entre ideias, imagens e

fantasias.

Yuval Noah Harari. Sapiens: Uma breve história da

humanidade. Porto Alegre: L&PM, 2015, p.41-43, 46.

*Revolução Cognitiva é como esse autor chama a Revolução

do Paleolítico Superior, processo ocorrido por volta de 70 mil

anos atrás e que levou o Homo Sapiens a desenvolver uma

capacidade intelectual de pensar abstratamente muito mais

avançada que a dos humanos anteriores.

O Homo Sapiens não é o único animal social que existe. Muito pelo contrário, muitos outros animais também vivem em

grupos sociais e tem relações entre si bastante elaboradas. Contudo, existe uma distinção entre a vida em sociedade do

Homo Sapiens em relação a de outros animais sociais. Identifique essa diferença e explique porque ela existe.

2. Leia o texto abaixo e faça o que se pede.

A Inundação

A jornada dos primeiros humanos à Austrália é um dos

acontecimentos mais importantes da história, pelo menos

tão importante quanto a viagem de Colombo à América

ou a expedição da Apolo 11 à Lua. Foi a primeira vez que

um humano conseguiu deixar o sistema ecológico afro-

asiático – na verdade a primeira vez que um grande

mamífero terrestre conseguiu ir desse continente à

Austrália. Ainda mais importante foi o que os pioneiros

humanos fizeram nesse novo mundo. O momento em

que o primeiro caçador-coletor pôs os pés no litoral

australiano foi o momento em que o Homo Sapiens subiu

ao topo da cadeia alimentar num território específico e a

partir daí se tornou a espécie mais mortífera do planeta

Terra.

Até então, os humanos haviam apresentado alguns

comportamentos e adaptações inovadores, mas seu efeito

sobre o ambiente fora insignificante. Eles haviam

demonstrado sucesso notável ao se adaptar em vários

habitats, mas o fizeram sem mudar drasticamente esses

habitats. Os povoadores da Austrália, ou mais

precisamente, seus conquistadores, não simplesmente se

adaptaram; eles transformaram o ecossistema australiano

de tal forma que já não seria possível reconhecê-lo.

(...) À medida que prosseguiam, [os sapiens]

encontraram um universo estranho de criaturas

desconhecidas (...). Em alguns milhares de anos,

virtualmente todos esses gigantes desapareceram. Das 24

espécies animais australianos pesando 50 quilos ou mais,

23 foram extintas. Um grande número de espécies

menores também desapareceu. (...)

Tudo o que os povoadores da Austrália tinham a sua

disposição era a tecnologia da Idade da Pedra. Como

poderiam causar um desastre ecológico? Há três

explicações que se complementam.

Os animais grandes – principais vítimas da extinção

australiana – procriam devagar. (...) Em consequência,

mesmo se o humanos abatessem um único diprodonte* a

cada poucos meses, seria suficiente para fazer com que o

número de mortes de diprodonte fosse superior ao

número de nascimentos. (...)

De fato, apesar do seu tamanho, os diprodontes e outros

animais gigantes da Austrália provavelmente não eram

muito difíceis de se caçar, porque devem ter sido pegos

totalmente de surpresa por seus assaltantes bípedes.

Várias espécies humanas estiveram perambulando e

evoluindo no continente afro-asiático por 2 milhões de

anos. Elas aperfeiçoaram lentamente suas habilidades de

caça e começaram a perseguir animais grandes por volta

de 400 mil anos atrás. Os maiores animais da África e da

Ásia aprenderam a evitar os humanos, de forma quando

o novo megapredador – Homo Sapiens – surgiu na cena

afro-asiática, os animais grandes já sabiam como manter

distância de criaturas semelhantes a eles. Já os gigantes

australianos não tiveram tempo de aprender a fugir. Os

humanos não aparentam ser particularmente perigosos.

(...) Assim, quando um diprodonte, o maior marsupial a

caminhar pela terra, pela primeira vez pôs os olhos nesse

primata de aparência frágil, ele provavelmente logo

virou as costas e continuou mastigando suas folhas.

Esses animais ainda precisavam desenvolver medo dos

seres humanos, mas foram extintos antes que pudessem

fazê-lo.

A segunda explicação é que, quando os sapiens

chegaram à Austrália, já tinham dominado a técnica da

queimada. Diante de um ambiente estranho e hostil,

deliberadamente queimaram grandes áreas de florestas

densas e bosques impenetráveis a fim de criar campos

abertos, que atraíam animais mais fáceis de se caçar e

eram mais adequados às suas necessidades. Desse modo,

em poucos milênios eles mudaram totalmente a ecologia

de grandes regiões da Austrália.

Um conjunto de evidências que corroboram essa visão é

o registro fóssil de plantas. Árvores de eucalipto eram

raras na Austrália há 45 mil anos. Mas a chegada do

Homo Sapiens inaugurou uma era de ouro para essa

espécie. Como são especialmente resistentes ao fogo, os

eucaliptos se espalharam por toda a parte, enquanto

outras árvores e arbustos desapareceram.

Essas mudanças na vegetação influenciaram os animais

que comiam as plantas e os carnívoros que comiam os

herbívoros. Os coalas, que subsistiam exclusivamente

das folhas de eucalipto, prosperaram nos novos

territórios. A maioria dos outros animais foi muitíssimo

afetada. Muitas cadeias alimentares australianas foram

destruídas, levando elos mais fracos à extinção.

Uma terceira explicação admite que a caça e a queimada

exerceram um papel significativo na extinção, mas

enfatiza que não podemos ignorar completamente o

papel do clima. (...) Em circunstâncias normais, o

sistema provavelmente teria se recuperado, como

acontecera muitas vezes antes. No entanto, os humanos

entraram em cena exatamente nesse momento crítico e

empurraram o frágil ecossistema para o abismo. A

combinação de mudança climática e caça humana é

especialmente devastadora para animais grandes, já que

os ataca de diferentes ângulos. É difícil encontrar uma

boa estratégia de sobrevivência que funcione

simultaneamente diante de múltiplas ameaças.

Yuval Noah Harari. Sapiens: Uma breve história da

humanidade. Porto Alegre: L&PM, 2015, p.74-79.

* O Diprodonte foi um dos animais da megafauna australiana

extintos nesse período.

a) “Os povoadores da Austrália, ou mais precisamente, seus conquistadores...”. Explique essa distinção feita pelo autor

entre “povoadores” e “conquistadores” e a razão de ele enfatizar que os primeiros sapiens a chegar à Austrália eram

conquistadores e não povoadores.

b) Alguns pesquisadores apontam mudanças climáticas como a causa da extinção da megafauna australiana, a partir de

45 mil anos atrás. O autor do texto aponta que a presença do Homo Sapiens na região foi um fator, no mínimo, tão

importante quanto o clima. Como pessoas com uma tecnologia tão simples poderiam ter feito um estrago tão profundo?

3. Analise os quadros de informações abaixo e responda às perguntas.

O que se conhecia até a década de 60

Seria possível atravessar a área do estreito de Bering que

fica acima do nível do mar em momentos de glaciação

(isto é, eras do gelo), conhecida como Beríngia, entre 38

e 34 mil anos atrás e entre 30 e 15 mil anos atrás.

Seria possível atravessar a pé do Alasca para o resto da

América do Norte pelo “Corredor de McKenzie” (área

sem geleiras no norte do continente) entre 34 e 22 mil

anos atrás e depois de 15 mil anos atrás.

Até então, os achados mais antigos que atestavam

presença humana na América eram as pontas de lança

feitas de pedra da Cultura Clóvis. As mais antigas dessas

pontas datam de 11 mil anos atrás.

A megafauna americana foi extinta entre 12 e 10 mil anos

atrás.

O que se passou a conhecer a partir de meados da década de 70.

Foram identificados vestígios de presença humana mais antigos que a Cultura Clóvis em sítios arqueológicos

descobertos na América do Norte e mesmo na América do Sul, conhecidos por isso como “sítios pré-clóvis”. Sítios

como o de Monte Verde, no sul do Chile, atestam a presença humana na região há pelo menos 33 mil anos atrás.

As descobertas a partir do mapeamento do Genoma Humano (últimos 15 anos)

Estudos recentes de Genética das populações, analisando os haplogrupos predominantes no DNA mitocondrial das

populações nativas da América e da Ásia, identificaram uma primeira migração para as Américas de povos vindo da

Mongólia e da Sibéria há cerca de 20 mil anos atrás e uma segunda migração vinda da China e do Sudeste Asiático

há cerca de 15 mil anos atrás.

Os polêmicos achados do Sítio da Pedra Furada

A arqueóloga brasileira Niede Guidon recentemente encontrou em uma nova área de estudo no sítio da Pedra Furada

algumas pedras datadas para 70 mil anos atrás que ela identificou como artefatos lascados por seres humanos.

a) Explique a teoria sobre o povoamento pré-histórico da América que se baseava nas informações conhecidas até a

década de 60, identificando os períodos aproximados em que os primeiros seres humanos teriam chegado ao continente

e como essas informações embasavam a teoria.

b) Por que sítios arqueológicos como o de Monte Verde colocam em questão a rota terrestre pela Beríngia como

explicação para a chegada dos seres humanos à América?

c) As principais descobertas permitidas pela Genética das populações indicam migrações pelo estreito de Bering.

Explique porque isso não é incompatível com os achados dos sítios arqueológicos “pré-clóvis”.

d) Por que muitos arqueólogos ao redor do mundo colocam em dúvida os achados de Niede Guidon no Sítio da Pedra

Furada?

e) Se os primeiros seres humanos chegaram à América muito antes de 12 mil anos atrás, quais poderiam ser as razões

para a extinção da Megafauna americana?

4. Analise o gráfico abaixo e responda o que se pede:

a) Explique porque aconteceu o aumento

populacional na Europa nesse período.

b) Explique porque entre 6 e 4 mil anos atrás

ocorrem grandes quedas repentinas na

densidade populacional seguida por uma

tendência de equilíbrio populacional.

Densidade demográfica na Europa Neolítica

(calculada a partir da densidade de sítios

arqueológicos por período em determinadas regiões)

Adaptado de: S. Shennan et. al. Regional population

collapse followed initial agriculture booms in mid-

Holocene Europe. Nature Communications 4, 2013,

fig.2.