· lisboa é apresentada a ^estratégia para uma gestão sustentável do património imobiliário...
TRANSCRIPT
0
MUNICÍPIO DE LISBOA
REGULAMENTO
PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO
MUNICÍPIO DE LISBOA
1
Índice REGULAMENTO DO PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO DO MUNICÍPIO DE LISBOA ....................................... 4
Nota Justificativa .................................................................................................................................. 4
TÍTULO I ................................................................................................................................................. 15
Da Parte Geral .................................................................................................................................... 15
CAPÍTULO I ............................................................................................................................................. 15
Das disposições fundamentais ........................................................................................................... 15
CAPÍTULO II ............................................................................................................................................ 27
Dos Pilares Estratégicos, da Missão, Visão e Valores da Gestão e Inventariação do Património
Imóvel ................................................................................................................................................ 27
CAPÍTULO III........................................................................................................................................... 31
Da Competência ................................................................................................................................. 31
CAPÍTULO IV .......................................................................................................................................... 39
Regime da dominialidade pública e do domínio privado .................................................................. 39
CAPÍTULO V ........................................................................................................................................... 46
Avaliações patrimoniais ..................................................................................................................... 46
TÍTULO II ................................................................................................................................................ 50
Da Parte Especial ............................................................................................................................... 50
CAPÍTULO I ............................................................................................................................................. 50
Formas e objetivos da gestão patrimonial ........................................................................................ 50
CAPÍTULO II ............................................................................................................................................ 52
Gestão do Domínio Público Municipal .............................................................................................. 52
Secção I .................................................................................................................................................. 52
Disposições Gerais ............................................................................................................................. 52
Secção II ................................................................................................................................................. 54
Licença de utilização privativa do domínio público ........................................................................... 54
Secção III ................................................................................................................................................ 60
Utilização privativa do domínio público por concessão .................................................................... 60
Secção IV ................................................................................................................................................ 69
Abastecimento de Combustíveis Líquidos ......................................................................................... 69
Secção V ................................................................................................................................................. 77
Concessão de exploração .................................................................................................................. 77
CAPÍTULO III........................................................................................................................................... 78
Gestão do Domínio Privado Municipal .............................................................................................. 78
Secção I .................................................................................................................................................. 78
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
2
Disposições Gerais ............................................................................................................................. 78
Aquisição ............................................................................................................................................ 82
Secção III ................................................................................................................................................ 87
Alienação ........................................................................................................................................... 87
Subsecção I ............................................................................................................................................ 89
Alienação em complemento de lote .................................................................................................. 89
Subsecção II ........................................................................................................................................... 95
Alienação de Fogos Municipais a Ocupantes Habitacionais .............................................................. 95
Subseção III .......................................................................................................................................... 105
Alienação de imóveis não habitacionais .......................................................................................... 105
Secção IV .............................................................................................................................................. 107
Direitos de superfície e outros direitos reais de gozo ..................................................................... 107
Secção V ............................................................................................................................................... 117
Arrendamento e Comodato ............................................................................................................. 117
Secção VI .............................................................................................................................................. 121
Casas de Função ............................................................................................................................... 121
Secção VII............................................................................................................................................. 125
Cedências de Utilização ................................................................................................................... 125
CAPÍTULO IV ........................................................................................................................................ 129
Procedimentos ..................................................................................................................................... 129
Secção I ................................................................................................................................................ 129
Parte Geral ....................................................................................................................................... 129
Secção II ............................................................................................................................................... 131
Hasta Pública ................................................................................................................................... 131
Secção III .............................................................................................................................................. 138
Leilão Eletrónico .............................................................................................................................. 138
Secção IV .............................................................................................................................................. 139
Negociação....................................................................................................................................... 139
Secção V ............................................................................................................................................... 143
Ajuste Direto .................................................................................................................................... 143
TÍTULO III ............................................................................................................................................. 145
Gestão de contratos e de ocupações .............................................................................................. 145
CAPÍTULO I ........................................................................................................................................... 145
Parte Geral ........................................................................................................................................... 145
CAPÍTULO II .......................................................................................................................................... 147
Recuperação de Créditos e Regularização de Dívidas ......................................................................... 147
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
3
CAPÍTULO III......................................................................................................................................... 154
Desocupação Coerciva e Despejo ........................................................................................................ 154
TÍTULO IV ............................................................................................................................................. 155
Do Inventário e do Cadastro ............................................................................................................ 155
TÍTULO V .............................................................................................................................................. 162
Disposições Finais e Transitórias ..................................................................................................... 162
Anexo I – Acervo do Património Imobiliário Municipal .................................................................... 171
Anexo II – Apresentação Gráfica da Dinâmica da Gestão Patrimonial ............................................ 173
Gestão do Património Imobiliário ................................................................................................... 175
Princípios.......................................................................................................................................... 176
Pilares Estratégicos da Gestão Patrimonial ..................................................................................... 177
Aquisição da Propriedade Municipal ............................................................................................... 178
Formas de Aquisição pela Via do Direito Privado ............................................................................ 179
Formas de Aquisição pela Via do Direito Público ............................................................................ 180
Extinção do Direito de Propriedade Municipal sobre Imóveis ........................................................ 180
Administração da Propriedade Municipal ....................................................................................... 181
Dinâmica da Gestão do Património Imobiliário Municipal .............................................................. 182
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
4
PROJETO DE REGULAMENTO DO PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO DO MUNICÍPIO DE LISBOA
Nota Justificativa
O atual Regulamento do Património da Câmara Municipal de Lisboa foi aprovado em 1968,
mantendo-se no essencial inalterado até aos nossos dias. Pese embora a invulgar longevidade,
indicador meritório, sobretudo num tempo de proliferação legal e regulamentar, a verdade é que se
encontra hoje ultrapassado, desajustado, e até em desuso em muitos dos seus aspetos, sendo
mesmo anacrónico no que se refere à bondade das suas soluções normativas do ponto vista da
salvaguarda do interesse público patrimonial, da gestão sustentável do património imobiliário do
Município e da devida garantia da equidade intergeracional.
A elaboração de um novo Regulamento do Património é um imperativo de gestão e corresponde a
um compromisso assumido, em maio de 2015, aquando da constituição da Direção Municipal de
Gestão Patrimonial. Acolhe-se também o previsto na Moção n.º 25/2015, aprovada por unanimidade
pela Câmara Municipal de Lisboa em julho de 2015 e as Recomendações n.º 4/82 e n.º 1/83
aprovadas pela Assembleia Municipal de Lisboa no último trimestre de 2015.
Com o novo Regulamento do Património Imobiliário Municipal cumpre-se mais uma etapa do
processo de especialização da gestão do património imobiliário municipal, conferindo caráter
normativo e densificando muitos dos princípios desenvolvidos e aplicados nos últimos cinco anos, ao
mesmo tempo que se disciplinam ex-novo outros segmentos da atividade de gestão patrimonial
municipal.
O instituto da gestão patrimonial tem que ser permanentemente repensado e aprofundado no seu
conjunto, face à indispensabilidade da sua adequação ao ambiente histórico, administrativo e
socioeconómico, que cada vez mais propende para a rentabilização e valorização dos bens públicos,
assumidos como um recurso fundamental para o cumprimento dos seus fins e para a rigorosa
prossecução do interesse público.
É consabido que a rentabilidade dos ativos imobiliários é muito sensível à qualidade da atividade que
é despendida na sua gestão. Contrariamente ao que é válido para outros segmentos do mercado,
uma estratégia passiva de mera detenção tende a ser mal sucedida. Exige-se uma atuação eficiente
que potencie o valor dos ativos municipais e uma administração competente que salvaguarde o
interesse público.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
5
Urge também quebrar alguns estigmas ainda existentes a propósito das condições de atuação das
entidades públicas na prossecução das suas atribuições, concretamente no âmbito da gestão e
administração de património, não confundindo legalidade, rigor e transparência com
conservadorismo, imobilismo e inflexibilidade.
O atual quadro regulamentar de que dispomos não tem acompanhado a crescente relevância e
complexidade da gestão e administração do património municipal em geral, o que nos coloca
perante o permanente desafio de ali acomodar as necessidades do quotidiano e de desenhar
soluções criativas devidamente fundamentadas e ajustadas à boa gestão pública.
As exigências de rigor, transparência, concorrência e responsabilidade entre gerações que as
operações patrimoniais, pelo impacto que têm na gestão da Cidade, requerem uma base normativa
juridicamente sólida que enquadre e fundamente os termos e as condições das propostas que forem
apresentadas aos órgãos municipais para efeito da boa decisão pública, informada e responsável.
A gestão do património imobiliário do Município tem assumido desde 2010 relevo e importância
crescente, desenvolvendo e executando instrumentos e procedimentos que, no quadro da atividade
municipal, têm contribuído para potenciar o seu rigor, eficiência, eficácia e valor acrescentado.
A dinâmica gerada desde essa altura com a criação de programas específicos de valorização e
rentabilização do património municipal e com uma pluralidade de contratos incidentes sobre ativos
disponíveis, o programa de alienações em hasta pública e o programa de novas aquisições, justificam
um aprofundamento do quadro regulamentar aplicável e a consagração formal de muitos dos
princípios que já têm vindo a ser adotados por opção de funcionamento, apesar de estarem omissos
no ainda vigente Regulamento do Património.
Aposta-se num corpo normativo subordinado aos princípios constitucionais, legais e regulamentares
sobre o património imobiliário público que materializam a efetiva ponderação racional dos custos
presentes e intergeracionais versus os benefícios decorrentes dos interesses municipais prosseguidos
em cada operação concreta, quanto ao procedimento escolhido e aos objetivos de interesse público
a prosseguir através das várias opções gestão patrimonial legalmente admitidas, independentemente
da sua natureza real ou obrigacional.
A gestão imobiliária do Município de Lisboa subordina-se aos princípios do património imobiliário
público, cumprindo destacar pela sua importância, os princípios da onerosidade e da equidade
intergeracional, da concorrência, transparência, participação, controlo, responsabilidade e demais
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
6
princípios estruturantes da atividade administrativa, nomeadamente, os princípios da legalidade e da
prossecução do interesse público, proteção dos direitos e interesses dos cidadãos, da boa
administração e da participação, entre outros que também regem o procedimento administrativo em
sentido lato.
Enraíza-se o modelo de gestão do património imobiliário nos critérios, boas práticas e princípios
internacionais que basicamente enfatizam a medida da vantagem para o erário do Município através
da monitorização dos recursos face aos resultados obtidos, permitindo a responsabilização da
decisão municipal através da transparência e publicitação das decisões e a sustentação orçamental
dos encargos necessários, sempre com o objetivo de minimizar os riscos de gestão e de obter a
gestão eficiente, eficaz, racional e responsável.
As soluções ora projetadas procuram conciliar, sem postergar, aqueles interesses (custos e benefícios
intergeracionais) através da previsão de soluções normativas capazes de obter decisões patrimoniais
eficientes, sustentadas, sustentáveis e socialmente responsáveis.
Concomitantemente com a aprovação do Regulamento do Património Imobiliário do Município de
Lisboa é apresentada a “Estratégia para uma Gestão Sustentável do Património Imobiliário
Municipal”, documento de referência onde se expressam as opções de caráter político e os objetivos
estratégicos a médio prazo para a gestão do acervo patrimonial do Município. Estribando-se no aí
estabelecido, o Regulamento articula o quadro legal aplicável com as melhores práticas de gestão
pública patrimonial, enquadrando e disciplinando o conjunto de procedimentos em matéria de
administração e gestão patrimonial.
Assumem-se como verdadeiramente estruturantes para as opções vertidas no Regulamento do
Património os seguintes pilares:
“Legalidade”: Toda a atuação no âmbito da gestão do património imobiliário municipal está
subordinada à Lei, ficando imperativamente vinculada à observância dos princípios gerais de Direito,
aos princípios patrimoniais específicos e aos Regulamentos aplicáveis;
“Dominialidade e Reserva Legal”: Dever-se-á garantir uma adequada consonância entre os fins de
interesse público a que os ativos imobiliários se encontram adstritos e a sua concreta afetação em
termos jurídicos ao domínio público, adequando e monitorizando a sua afetação às utilidades
públicas circunscrevendo as mudanças de dominialidade ao estritamente necessário e conveniente
nas condições previstas na Lei.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
7
“Reserva Imobiliária”: A atuação sobre os imóveis e terrenos que integram o domínio privado
municipal terá sempre em conta a necessidade de manter uma reserva de geometria variável que
acomode os imóveis com uso vinculado em razão do modo como ingressaram na esfera jurídica
municipal e salvaguarde a capacidade do Município para a médio prazo prosseguir estrategicamente
as suas políticas setoriais e manter uma efetiva capacidade de intervenção na regulação do mercado,
por via direta ou indireta.
O acervo patrimonial a preservar neste domínio deverá ser dinâmico e especialmente apto para
proteger os imóveis que, por via de cedência, compensação em espécie, expropriação ou doação
tenham uso vinculado, bem como para aqueles outros ativos que sejam aptos para prevenir efeitos
especulativos em zonas de futura expansão para alavancar intervenções municipais ou de iniciativas
privadas capazes de promover a reabilitação e regeneração urbana para garantir a racionalidade
económica e a possível autosuficiência no desenvolvimento de programas próprios nos diferentes
segmentos da atividade municipal.
Os ativos municipais que integrem a reserva imobiliária ficam sujeitos ao regime de gestão
condicionada enquanto se mantiverem os pressupostos que levaram à sua inclusão nesse regime de
gestão.
“Dever de Bem Administrar”: A gestão patrimonial deve valorizar e procurar a maior rendibilidade
para todos os ativos a preservar na esfera jurídica do Município, realizando designadamente as obras
de manutenção, conservação e valorização adequadas, arrendando quando se justificar
economicamente e não permitindo, em caso algum, a sua depreciação ou utilização para fins sem
relevância para o interesse público e sem racionalidade económica, devendo ser para o efeito
disponibilizados os meios e recursos adequados. Bem administrar deverá traduzir-se também na
transmissão dos ativos imobiliários municipais, por venda, permuta ou demais figuras legalmente
admitidas, sempre que tal seja condição para a sua rentabilização e respetiva reabilitação, incluindo
a iniciativa particular, na prossecução de atribuições municipais mediante contrapartidas económicas
e sociais.
“Interesse Público e Racionalidade Económica”: A cedência de utilização a entidades públicas ou
privadas ou a oneração da propriedade municipal ficará obrigatoriamente condicionada ao
cumprimento de fins de interesse público, critérios de racionalidade económica e ao princípio da
onerosidade. As decisões sobre aquisição, alienação, oneração e simples afetação de uso da
propriedade municipal estarão sempre subordinadas à determinação da solução que melhor sirva a
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
8
prossecução do interesse público, avaliado com base em critérios de oportunidade e racionalidade
económica.
Excecionalmente, e só em casos devidamente justificados, a cedência de património municipal
poderá acontecer a título gratuito ou com valor bonificado, mas terá sempre natureza precária ou
temporária ficando subordinada nos termos da Lei à prossecução de finalidades que se inscrevam no
domínio das atribuições municipais a monitorizar pela gestão patrimonial.
“Regime de Execução”: Acomoda todos os ativos imobiliários que são do domínio privado municipal
e que não integrem o regime de gestão condicionada, baseado num princípio de disponibilidade para
a execução das políticas municipais. O princípio da disponibilidade será tendencialmente suportado
num equilíbrio sustentável entre a aquisição e a transmissão de direitos de propriedade, apurável
num contexto de médio prazo, salvo para os imóveis que venham a integrar o regime de gestão
condicionada ou que estejam inscritos na reserva legal (domínio público) ou na reserva imobiliária.
Os ativos imobiliários que não tenham potencial de valorização a médio prazo, que satisfaçam
diretamente um fim público e que não sejam necessários para a prossecução das e atribuições e
municipais, ou ainda aqueles que possam ser dispensados de tais fins com base em critérios de
eficiência e de racionalidade económica, não devem manter-se como ativos improdutivos na esfera
municipal, gerando despesa pública desproporcionada e injustificada, termos em que o Município
tem o dever de os afetar a um regime de execução, com a consequente valorização e disponibilidade,
incluindo a sua transmissão ou oneração.
“Gestão Condicionada”: Os ativos imobiliários que satisfaçam diretamente um fim público de
relevância municipal, que sejam estrategicamente necessários para o prosseguimento de atribuições
próprias e de relevante interesse público municipal não podendo ser dispensados de tais fins com
base em critérios de racionalidade económica que melhor sirvam o interesse público, passarão a
estar sujeitos a um regime de gestão condicionada. Enquanto sujeitos a regime de gestão
condicionada os ativos imobiliários ficam excecionados do princípio da disponibilidade que carateriza
o regime de execução, obrigando-se o Município a não proceder a atos de alienação ou oneração
sobre os mesmos, sem prejuízo da prática pelos serviços que os tenham sob sua gestão de todos os
atos que integram a Boa Administração, gerando compromisso em cadastro.
“Interesse Público, Onerosidade e Racionalidade Económica”: Todas as operações patrimoniais do
Município, com entidades públicas ou privadas, estão obrigatoriamente condicionadas ao
cumprimento de fins de interesse público, critérios de racionalidade económica e ao princípio da
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
9
onerosidade. Consequentemente, as decisões sobre aquisição, alienação, oneração e simples
afetação de uso da propriedade municipal estarão sempre subordinadas à determinação da solução
que melhor sirva a prossecução do interesse público, avaliado com base em critérios de
oportunidade e racionalidade económica. Salvo casos excecionais devidamente fundamentados, a
constituição a título oneroso de direitos a favor de terceiros sobre património imobiliário municipal
far-se-á preferencialmente através da realização de hasta pública.
“Dinâmica e Subsidiariedade”: De acordo com os princípios da necessidade e da proporcionalidade,
regra geral deve o Município adquirir os ativos imobiliários que sejam necessários para a prossecução
das suas atribuições, pela via do direito privado ou do direito público, sempre em obediência a
critérios de oportunidade, racionalidade económica e melhor aproveitamento.
“Consignação”: Nas condições especiais consagradas no Fundo Municipal de Sustentabilidade
Ambiental e Urbanística de Lisboa (FMSAUL), criado pelos órgãos municipais ao abrigo da Lei de
Bases Gerais da Política Pública de Solos de Ordenamento do Território e Urbanismo, percentual das
receitas provenientes da gestão de ativos imobiliários no âmbito da gestão patrimonial serão
consignadas, no todo ou em parte, em conformidade com as condições a fixar pelos órgãos
municipais competentes, à manutenção, conservação e reabilitação do património imobiliário
municipal, bem como à aquisição, por via do direito público ou do direito privado, de novos ativos
que sejam necessários para o cumprimento dos fins e satisfação do interesse público, tais como,
reforço de infraestruturas, equipamentos ou áreas de uso público. O produto da venda de bens
imóveis não será destinado a suportar despesas correntes, orientando-se, em primeiro lugar, para a
redução da dívida a médio e longo prazo e depois para novas aquisições de património e despesas de
investimento com manutenção e conservação do existente, de acordo com as opções a exprimir em
sede de orçamento e plano a aprovar pelo órgão deliberativo do Município.
“Informação e Controle de Gestão”: É objetivo fundamental da boa gestão patrimonial a elaboração
e disponibilização em tempo real, preferencialmente, por meios eletrónicos, de informação atinente
ao planeamento e controlo de gestão e à caraterização registral e cadastral do acervo de bens
imóveis do Município.
A convergência dos princípios estruturantes que se acabam de identificar, associada a uma avaliação
isenta e rigorosa de acordo com as melhores práticas de Avaliação Imobiliária, capaz de assegurar
uma ponderação efetiva dos custos e dos benefícios interageracionais sociais e económicos, impõe à
gestão patrimonial imobiliária do Município a verificação da aptidão dos imóveis para a prossecução
das concretas finalidades de interesse público e de interesse social para a Cidade no curto, médio e
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
10
longo prazo, bem como o cálculo dos encargos com a sua manutenção versus a perspetivação do seu
valor em função das respetivas características de acordo com a valorização do mercado imobiliário.
Com a entrada em vigor do Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa todas as
decisões municipais de incidência patrimonial imobiliária, designadamente aquelas que impliquem a
translação da propriedade dos bens imóveis do Município ou a sua oneração, real ou obrigacional,
passarão a estar enquadradas no plano regulamentar, permitindo a melhor apreciação da gestão e
da proteção dos bens públicos confiados por Lei aos órgãos municipais.
A compasso com a aprovação do Regulamento do Património serão apresentados outros
documentos que, não produzindo efeitos externos, uniformizam métodos e critérios de execução da
gestão patrimonial, designadamente “Manual de Boas Práticas de Avaliação Imobiliária” e o “Manual
dos Procedimentos de Gestão Patrimonial”. A existência de um conjunto coerente e articulado de
normas e princípios é condição necessária para continuar a eliminar os riscos e constrangimentos ao
longo do tempo identificados e garantir a melhor gestão do património imobiliário municipal.
O Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa visa também debelar os riscos que
foram sendo assinalados no Plano de Prevenção dos Riscos de Gestão, concretizando a totalidade
das medidas propostas e assim assegurando o controlo, transparência, economia, eficácia e
eficiência da gestão imobiliária. Não se descura a inelutável prossecução do interesse público,
plasmada na elevada função social do património público, para além da vertente estritamente
financeira, concretizando a efetiva ponderação e obtenção paralela benefícios sociais no curto,
médio e longo prazo para a cidade de Lisboa em todas as decisões incidentes sobre os bens imóveis
municipais.
No plano sistemático, este regulamento apoia-se nas áreas seguintes:
i) Definição do objeto e âmbito de aplicação do regulamento, enunciando os princípios
aplicáveis e dos pilares estratégicos e das finalidades da gestão patrimonial;
ii) Repartição e articulação de competências em matéria de gestão patrimonial entre serviços
municipais;
iii) Regime da dominialidade pública e privada e, dentro deste, com particular destaque para os
regimes de gestão condicionada e de execução, integrando aquele a reserva imobiliária e
este a disponibilidade patrimonial imediata e a médio prazo;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
11
iv) Procedimentos e critérios das Avaliações Imobiliárias;
v) Tipificação e caraterização das operações patrimoniais integradas na gestão patrimonial
imobiliária sobre o domínio público e identificação das operações incidentes sobre o domínio
privado do Município;
vi) Caraterização dos procedimentos a adotar nos processos de alienação e oneração da
propriedade municipal;
vii) Gestão dos contratos relativos a ativos imobiliários municipais;
viii) Procedimentos de Inventário e Cadastro;
ix) Disposições Finais e Transitórias.
No plano substantivo, destacam-se as seguintes opções:
i) A submissão de todo o património imobiliário do domínio privado municipal a um de dois
regimes de gestão: Gestão Condicionada ou Execução;
ii) A integração no regime de gestão condicionada dos ativos municipais que tenham usos
vinculados por via legal ou contratual e daqueles outros que, por razões estratégicas, devam
integrar uma reserva imobiliária;
iii) A integração no regime de Execução de todo o património imobiliário municipal que não esteja
no domínio público ou no regime de gestão condicionada, subordinando-o a princípios de
valorização e rentabilização a médio prazo e de disponibilidade, sempre numa perspetiva
dinâmica e atualista que faça corresponder o perfil da gestão aos pressupostos e necessidades
do momento e a subordine a critérios de boa administração, eficácia e eficiência;
iv) A consagração dentro do regime de gestão condicionada de uma reserva imobiliária, de
geometria variável, salvaguardando os usos vinculados e a capacidade do Município para a
médio prazo prosseguir as suas políticas setoriais, potenciar a valorização dos mais aptos dos
seus ativos e manter uma efetiva capacidade de intervenção na regulação do mercado, por via
direta ou indireta;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
12
v) O acervo patrimonial a preservar na gestão condicionada como uma realidade dinâmica e
especialmente apta para impedir a prática de atos de disposição sobre imóveis com usos
vinculados por via legal ou contratual e para prevenir efeitos especulativos em zonas de futura
expansão, para alavancar intervenções municipais ou privadas de reabilitação e regeneração
urbana e para garantir com base em critério de oportunidade e racionalidade económica a
possível auto suficiência no desenvolvimento de programas próprios nos diferentes segmentos
da atividade municipal;
vi) A aposta em formas dinâmicas, flexíveis e proativas de atuação sobre os imóveis municipais
que integram o domínio privado, fazendo com que estes integrem o regime de gestão
condicionada ou o regime de execução, com regras próprias claramente estabelecidas que,
não postergando as opções políticas próprias de cada um dos mandatos municipais garantam
o respeito pelas normas e princípios legais e de boa administração;
vii) A subordinação de todas as operações de natureza patrimonial, incluindo as afetações a uso
municipal a um princípio de onerosidade, em que a gratuitidade dos atos patrimoniais surge
como uma exceção de alcance muito limitado e sempre fundamentada em inequívocas razões
de interesse público;
viii) O primado do recurso aos procedimentos concorrenciais, regra geral, a hasta pública para a
constituição a favor de terceiros de direitos a título oneroso sobre património municipal,
designadamente sempre que se destinem ao desenvolvimento de atividades de natureza
mercantil;
ix) A autovinculação dos órgãos municipais, em sede de exercício orçamental, à afetação de parte
das receitas geradas com a alienação de património imobiliário à manutenção e conservação
do acervo a manter na esfera municipal e ao reforço deste por via de novas aquisições;
x) O saneamento do vasto universo de compromissos em cadastro sobre a propriedade
municipal, eliminando os que já se não justificam e fundamentando tecnicamente os que
deverão subsistir, com a fixação clara de regras e procedimentos para futuro;
xi) A limitação das condições de constituição de direitos de superfície sobre a propriedade
municipal, assumindo que os contratos definitivos apenas deverão ser celebrados se e quando
os cocontratantes demonstrem cabalmente no procedimento que reúnem as condições,
técnicas, financeiras e logísticas para que possam cumprir em tempo o objeto de tais direitos;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
13
xii) A impossibilidade de constituição de novas cedências precárias sobre o património imobiliário
municipal, com a fixação de um período transitório para extinção ou reformulação das
existentes;
xiii) A atribuição de cedências de utilização da propriedade municipal por decisão do órgão
executivo, uma vez por ano, ponderando globalmente todos os pedidos entretanto
rececionados e criando uma base de dados pública sobre a matéria;
xiv) A clarificação de competências e de modos de atuação sobre os ativos que integram o domínio
público municipal, com especial incidência para a concessão e para a licença;
xv) A integração no Regulamento do Património Imobiliário Municipal dos designados RAIM
(Regulamento Alienação Imóveis Municipais) e RMACL (Regulamento Municipal Alienação em
Complemento de Lote), aproveitando para fazer ajustamentos de pormenor e uma alteração
contida das regras de alienação de propriedade municipal em complemento de lote,
necessária para corrigir os anacronismos existentes e limitar o recurso a esta forma de
atuação;
xvi) A subdelegação de competências de administração patrimonial nos serviços municipais que
tenham na sua gestão ativos imobiliários que, por força do uso, integrem o regime de gestão
condicionada – “Serviços Gestores”, vinculando-os ao cumprimento do disposto neste
Regulamento e das regras decorrentes do princípio da Boa Administração, agilizando a atuação
setorial sem comprometer o tratamento coerente do todo municipal;
xvii) A consagração de regras claras e precisas quanto à administração do património imobiliário
municipal, especialmente no que tem a ver com uma rigorosa gestão dos contratos celebrados
ao longo da sua vida útil, assumida integralmente por cada um dos serviços gestores;
xviii) Em sede de disposições finais e transitórias, estabelece-se um regime excecional de
saneamento de incobráveis de baixo significado até ao limite máximo da retribuição mínima
mensal garantida cujo procedimento de execução onera, sem retorno, o erário municipal por
falta de liquidez ou de bens penhoráveis, sem prejuízo da manutenção de um regime especial
que permite aos demais devedores carenciados e em mora o pagamento faseado com
definição dos seus termos e condições;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
14
xix) Estabelecem-se ainda nas disposições finais e transitórias, de regras especiais para
regularização de posse precária de propriedade municipal em AUGIS e situações similares, e
ainda em aglomerados em que a propriedade particular assenta de forma consolidada em solo
municipal;
xx) Acessoriamente ao Regulamento do Património Imobiliário entrará em vigor um conjunto de
outros normativos, sem caráter regulamentar, nem efeito externo, com aquele se articulam na
sua boa execução para que se obtenha o pretendido nível de desempenho na gestão eficaz dos
ativos imobiliários municipais, a saber:
a) “O Manual de Boas Práticas de Avaliação Imobiliária”, que concretiza a boa aplicação
dos critérios aprovados pelo Regulamento em matéria de valorização do património
imobiliário municipal, não deixando de tipificar os métodos a aplicar em razão da
natureza das ações patrimoniais que concretamente se pretendam desenvolver;
b) “O Manual de Procedimentos de Gestão Patrimonial”, que identifica e carateriza
todos os procedimentos padrão em matéria de gestão patrimonial, com a respetiva
tramitação.
Com a aprovação da Estratégia Sustentável da Gestão do Património Imobiliário Municipal
e a entrada em vigor do presente Regulamento, precedido de consulta pública nos termos
do n.º 3 do artigo 101.º do Código do Procedimento Administrativo e com a com a
aprovação da documentação técnica complementar conclui-se o edifício concetual da
gestão do património imobiliário do Município de Lisboa, reunindo condições para que
possamos ter uma administração, rigorosa, moderna, competente e transparente, sempre
orientada para a defesa intransigente do interesse público municipal.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
15
TÍTULO I
Da Parte Geral
CAPÍTULO I
Das disposições fundamentais
Artigo 1.º
(Lei habilitante)
O presente regulamento é elaborado ao abrigo do poder regulamentar contido no artigo 241.º da
Constituição da República Portuguesa em conformidade com o artigo 136.º do Código do
Procedimento Administrativo e nos termos do artigo 25.º n.º 1 alínea g) e n.º 2 alínea k), do artigo
33.º alínea k), ambos da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro e nele se regula o modo do exercício das
competências patrimoniais específicas previstas no artigo 25.º n.º 1 alíneas i),p) e q), no artigo 33.º
n.º 1 alíneas g),h) e 2.ª parte da alínea i), alíneas j), qq) e vv) e ainda as competências previstas no
artigo 35.º n.º 1, alínea d), 2.ª parte da alínea j), n.º 2 alíneas h), i) e l) da mesma disposição e
daquela mesma Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro.
Artigo 2.º
(Objeto e âmbito de aplicação)
1- O presente regulamento estabelece a disciplina normativa de todos atos de gestão e
administração incidentes sobre todo o património imobiliário do Município de Lisboa,
incluindo a respetiva inventariação, cadastro, registo e demais mecanismos adequados à sua
conservação, valorização e reabilitação.
2- Ficam excluídos do âmbito deste Regulamento:
a) A administração corrente dos imóveis municipais que nos termos do presente Regulamento
se encontrem em regime de gestão condicionada para afetação à ação social, cultura,
desporto, educação, ou outras atividades específicas, que ficam sujeitos às regras e
regulamentos próprios enquanto estiverem sujeitos àquele regime especial;
b) Os imoveis afetos à habitação municipal cuja atribuição, gestão e alienação se regem pelos
respetivos regulamentos municipais e programas de habitação em vigor, em tudo o que não
contrarie o presente Regulamento;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
16
c) A constituição de direitos de superfície para construção de habitação, independentemente
da natureza e regime;
d) A ocupação e utilização privativa de espaços públicos ou afetos ao domínio público
municipal, designadamente com estacionamento, publicidade ou mobiliário urbano,
estaleiros temporários para execução de obra, venda ambulante, mercados de rua, arraiais e
retiros populares, desde que disciplinados em regulamentos específicos, sem prejuízo dos
critérios gerais e normas especiais definidas neste Regulamento;
e) A administração corrente dos bens imóveis do domínio público e privado municipal cuja
gestão esteja transferida para as Juntas de Freguesia no âmbito do processo de reforma
administrativa de Lisboa, salvo no que tem a ver com a aplicação dos princípios gerais e
normas imperativas deste Regulamento e do respeito pelo disposto nos respetivos contratos;
f) A administração corrente dos bens do domínio público e privado municipal cuja gestão esteja
transferida para as empresas municipais, nos termos dos respetivos estatutos, sem prejuízo
do especialmente previsto neste Regulamento;
g) A gestão dos parques hortícolas municipais, sempre que sujeitos a regras específicas de
acesso e utilização das respetivas hortas;
Artigo 3.º
(Definições)
Para efeito do presente Regulamento, entende-se:
a) “Administração corrente” – conjunto de atividades desenvolvidas pelo Município de Lisboa
visando a conservação, valorização e rendibilidade dos bens imóveis tendo em vista a
prossecução do interesse público e a racionalização dos recursos disponíveis em
conformidade com o princípio da boa administração;
b) “Afetação dominial” – Reconhecimento, por decisão expressa do Município, da utilidade
pública que justifica a sujeição de determinado bem imóvel à satisfação de relevantes
interesses coletivos e a um regime especial de Direito público que o coloca fora do comércio
jurídico;
c) “Arrendamento” – contrato oneroso de natureza obrigacional sobre bens imóveis do
domínio privado pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra o gozo
temporário de uma coisa mediante retribuição;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
17
d) “Arrendamento forçado” – procedimento de direito público que pode ocorrer no quadro do
incumprimento do proprietário da ação de reabilitação determinada nos termos do regime
jurídico da reabilitação urbana e caso este não proceda ao ressarcimento integral das
despesas incorridas pela entidade gestora na sua realização no prazo máximo de quatro
meses após a sua conclusão nos termos do regime citado;
e) “Cadastro” – registo administrativo, metódico e atualizado, de aplicação multifuncional, no
qual se procede à caracterização e identificação de todos os componentes urbanísticos
existentes no território municipal, designadamente rede viária, prédios, parque edificado,
elementos do espaço público e subsolo, disponibilizado através da aplicação municipal
“LisboaInterativa”, e que inclui o ativo imobilizado da autarquia;
f) “Cedência de utilização de bens do domínio privado” – contrato administrativo do Município
formalizado por contrato através do qual o Município faculta a um sujeito privado, mediante
procedimento prévio, a título precário e com carácter oneroso, uma parcela do domínio
privado para a prossecução de finalidades que se inscrevam nas atribuições municipais e não
colidam com o interesse público municipal;
g) “Comodato” – contrato gratuito pelo qual o Município entrega e ou recebe certo bem
imóvel, para que o beneficiário dele se sirva com a obrigação de o restituir, desde que a
utilização do mesmo se inscreva no âmbito das atribuições e competências municipais;
h) “Complemento de Lote” – parcela de terreno do domínio privado municipal com área não
superior a 1.000,00m2, suscetível de alienação direta a particulares proprietários de prédios
confinantes para anexação a estes, nas condições estabelecidas no presente Regulamento;
i) “Concessão de exploração de bens do domínio público” – contrato administrativo através o
qual o Município encarrega um particular de gerir ou explorar um bem do domínio público,
mediante prévio procedimento concursal e tendo em vista otimizar ou tornar mais eficaz a
realização da utilidade pública, mantendo-se a titularidade pública e todos os poderes de
fiscalização sobre a administração e gestão de tais bens dominiais;
j) “Concessão de uso ou de utilização privativa do domínio público” – contrato administrativo
através do qual o Município faculta a um sujeito público ou privado, mediante procedimento
próprio, o aproveitamento ou a utilização exclusiva de uma coisa pública ou de uma parcela
do domínio público, por um determinado período de tempo, para fins de utilidade pública;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
18
k) “Casa de função” – Instalação para fins habitacionais de trabalhador no exercício de funções
públicas e respetivo agregado familiar nos termos legalmente admitidos, com carácter
precário e temporário, sendo proibida a sua utilização para qualquer outra finalidade, com
obrigação de a restituir no estado em que a recebeu no prazo máximo de 90 dias, sob pena
de competente despejo e responsabilidade civil quando cessem as fins da sua atribuição;
l) “Declaração de utilidade pública” – Facto constitutivo da relação jurídica da expropriação
que se traduz no reconhecimento de que determinados bens imóveis ou ónus sobre eles
incidentes são indispensáveis à realização de fins de manifesta utilidade pública municipal;
m) “Desafetação dominial” – Reconhecimento por decisão expressa do competente órgão
municipal do desaparecimento das condições previstas na lei que justificam a afetação de
determinado imóvel à utilidade pública, justificando a sua sujeição ao domínio privado do
Município;
n) “Direito Legal de Preferência” – obrigação que impende sobre o vendedor de dar preferência
ao Município de Lisboa, em igualdade de condições, para adquirir o imóvel por força de lei. O
direito legal de preferência, ocorre na venda a título oneroso, desde que o imóvel esteja
abrangido por norma legal que lhe confira aquele direito ao abrigo de regimes jurídicos
específicos, designadamente dos contidos na Lei do Património Cultural, Regime Jurídico da
Reabilitação Urbana ou no Regime Jurídicos dos Instrumentos de Gestão Territorial;
o) “Direito de Superfície” – contrato oneroso de natureza real constituído sobre bens imóveis
do domínio privado do Município para a prossecução de finalidades de interesse público e de
política pública de solos permitindo ao superficiário construir ou manter temporariamente
uma obra sobre solo municipal;
p) “Disponibilidade Patrimonial” – característica dos prédios urbanos municipais que em cada
momento integrem o regime de execução, permitindo, no imediato ou a médio prazo, a
prática de atos de disposição e oneração sobre os mesmos nos termos do presente
Regulamento;
q) “Domínio público” – dominialidade que integra o conjunto de bens imóveis pertencentes ao
Município e submetidos por Lei a um regime jurídico especial de Direito Público que os
subtrai ao comércio jurídico atenta a sua afetação a utilidades pública e em ordem a
preservar essas finalidades;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
19
r) “Domínio privado” – domínio que integra o conjunto de bens imóveis pertencentes ao
Município que não estão submetidos por Lei a um regime jurídico especial de Direito Público,
estando sujeitos ao Direito comum e ao comércio jurídico, podendo ser transacionados em
ordem a preservar a prossecução do interesse público e o princípio da boa administração;
s) “Espaço público” – inclui todas as áreas ou bens afetos ao domínio público do município, por
lei ou ato administrativo, ou à utilidade pública, nomeadamente, as ruas, avenidas,
alamedas, praças, caminhos, passeios, viadutos, túneis, parques, jardins, lagos e fontes,
abrangendo o espaço aéreo acima da superfície, bem como o subsolo, sem prejuízo do
domínio público do Estado;
t) “Estação de serviço” – instalação possuindo, obrigatoriamente, serviços de lavagem e
lubrificação, de abastecimento de gasolina, gasóleo, misturas autorizadas, lubrificantes, ar
comprimido e água e, acessoriamente, apetrechada para a prestação de outros serviços úteis
aos automobilistas, tais como oficina para pequenas reparações, troca de pneus, venda de
acessórios para veículos automóveis, tabacos, jornais, revistas e fornecimento de refeições;
u) “Expropriação por utilidade pública” – procedimento de direito público para a prossecução
de utilidades e finalidades públicas inscritas no âmbito das atribuições municipais através do
qual se adquire originariamente a propriedade plena dos bens imóveis dos particulares para
o Município mediante o pagamento da justa indemnização;
v) “Fundo Municipal de Sustentabilidade Ambiental e Urbanística de Lisboa” – fundo
patrimonial que visa a cobertura de determinados custos através da afetação especial de
receitas nos termos legalmente previstos, designadamente para a aquisição ou expropriação
de terrenos ou de edifícios destinados a equipamentos de utilização coletiva, a
infraestruturas, espaços verdes de utilização coletiva e a outras áreas de uso público e para a
realização de obras de conservação e reabilitação do parque edificado e do tecido urbano
degradado ou em degradação;
w) “Gestão do património imobiliário” – toda a atividade desenvolvida para a prossecução das
atribuições municipais no domínio do património imobiliário por parte do serviço municipal
competente, de forma eficiente e dinâmica, respeitando as mutações socioeconómicas da
Cidade em conformidade com as orientações estratégicas para a melhor prossecução do
interesse público para além da estrita atividade de administração imobiliária conservação,
valorização, rendibilidade ou de aquisição ou alienação de bens imóveis;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
20
x) “Hasta pública” – procedimento de natureza adjetiva através do qual o Município concretiza
a alienação ou constituição de direitos reais ou obrigacionais sobre ativos patrimoniais,
divulgando em sítio da internet toda a informação relevante;
y) “Inventário dos bens imóveis” – compreende os bens imóveis do domínio público e privado
do Município e consiste no registo dos dados relativos à identificação, classificação, avaliação
e afetação dos mesmos, bem como à identificação e descrição dos contratos de
arrendamento e de direitos reais que os onerem, relação de bens imóveis do ativo
imobilizado da autarquia devidamente classificados, valorizados e atualizados de acordo com
classificações e critérios de valorimetria previstos na lei;
z) “Indemnização compensatória” – montante pecuniário devido pelos particulares em caso de
incumprimento das suas obrigações para com o Município, independentemente do
instrumento jurídico de que resultem, visando compensar todos os danos e prejuízos
causados, nos termos da Lei e das demais condições estabelecidas no contrato;
aa) “Justa indemnização” – montante pecuniário devido pela cedência de bens ou direitos que
visa ressarcir o prejuízo do expropriado e cuja importância corresponde ao valor real do bem
e/ou do prejuízo apurado de acordo com o seu destino efetivo ou possível, numa utilização
económica normal à data da publicação da declaração de utilidade pública nos termos da lei;
bb) “Justificação administrativa” – procedimento notarial adequado para regularização predial
nas situações em que o Município exerce poderes de facto sobre bens imóveis
correspondentes ao conteúdo do direito de propriedade, mas não dispõe de um título que o
comprove visando permitir o respetivo registo predial;
cc) “Locação financeira imobiliária” – contrato pelo qual uma das partes se obriga, mediante
retribuição, a ceder à outra o gozo temporário de uma coisa imóvel, adquirida ou construída
por indicação desta, e que o locatário poderá comprar, decorrido o período acordado, por
um preço nele determinado ou determinável, mediante simples aplicação dos critérios
fixados;
dd) “Parque Hortícola” – Conjunto de hortas urbanas integradas numa unidade homogénea e
delimitada, que pode ser constituído por Hortas Sociais e/ Hortas de Recreio, com regras
específicas de gestão;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
21
ee) “Património imobiliário do Município” – conjunto de bens imóveis do domínio público e
privado e dos direitos de natureza real ou obrigacional, com expressão económica de que o
Município é titular e utiliza a para a prossecução das finalidades públicas e de interesse
público municipal;
ff) “Permuta” – Contrato oneroso, inominado, não sujeito a qualquer procedimento prévio, que
consiste na troca entre as partes de bens imóveis, de igual valor ou diferente, devendo, neste
caso, a parte que recebe o bem de maior valor patrimonial pagar à contraparte o diferencial
em dinheiro, com base em avaliação objetiva, por forma a sustentar uma correspetividade
das atribuições patrimoniais, sendo que o valor diferencial em dinheiro nunca poderá ser
superior ao valor de avaliação do bem recebido em permuta;
gg) “Posto abastecedor” – instalação, possuindo obrigatoriamente, serviços de abastecimento de
gasolina, gasóleo, misturas autorizadas, lubrificantes, ar comprimido e água, podendo, se as
condições técnicas e de localização o permitirem, assegurar o fornecimento de GPL ou outro
combustível sendo também permitida a eventual venda de acessórios para veículos
automóveis, tabacos, jornais e revistas;
hh) “Regime de gestão condicionada” – conjunto de imóveis municipais temporariamente
subtraídos ao regime de execução, para prossecução das seguintes finalidades:
i) Concretização da satisfação de fins públicos de relevância municipal ou que sejam
adequados ao cumprimento das competências do Município;
ii) Instalação e funcionamento de serviços municipais;
iii) Cumprimento das atribuições em matéria de Habitação consignadas ao Município de
Lisboa;
iv) Execução de programas municipais setoriais nas áreas da cultura, do desporto, da
educação, da ação social e de reabilitação e regeneração urbana;
v) Regulação, direta ou indireta, do mercado imobiliário da cidade de Lisboa, de forma
direta (compra, venda, permuta ou cedência de terrenos e património imobiliário), ou
indireta (política fiscal e políticas de gestão urbanística);
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
22
vi) Reserva Imobiliária para salvaguarda preventiva de terrenos com uso vinculado por força
da lei ou de contrato, bem como ativos estrategicamente necessários para concretização,
designadamente, de obras de regeneração urbana, renovação de infraestruturas, novos
equipamentos públicos, melhoria de acessibilidade ao transporte público coletivo;
vii) “Regime de Execução” – regime de gestão que integra os ativos imobiliários que por
razões de mercado apresentem potencial de valorização a médio prazo e todos os
demais ativos do domínio privado municipal que não estejam em gestão condicionada,
subordinado a um princípio de disponibilidade que permite a mais ampla atuação sobre
os mesmos para o cumprimento dos objetivos municipais, incluindo a sua transmissão
onerosa ou constituição de outros direitos de natureza real ou obrigacional;
ii) “Reserva legal” – Conjunto de imóveis sujeitos por Lei ao domínio público do Município;
jj) “Reserva Imobiliária” – Acervo patrimonial de geometria variável destinado a salvaguardar a
capacidade estratégica do Município para a médio prazo prosseguir as suas políticas
sectoriais e manter uma efetiva capacidade de intervenção na regulação do mercado, por via
direta ou indireta, bem como preservar os ativos que tenham uso vinculado por força de
cedência obrigatória ou compensação em espécie no âmbito de operações urbanísticas;
kk) “Reversão” – Regresso à posse do Município dos bens públicos concessionados no termo do
contrato de concessão ou da licença, independentemente da causa;
ll) “Serviço Gestor” – Serviço municipal que tem competência delegada para a gestão de
imóveis enquanto subordinados ao regime de gestão condicionada, competindo-lhe a
administração corrente da propriedade municipal, incluindo a gestão dos contratos
incidentes sobre aquela, em subordinação às normas do Regulamento do Património;
mm) “Valor Patrimonial Tributário” – Valor do prédio urbano para efeitos fiscais, calculado nos
termos do estabelecido nos artigos 38º e seguintes do CIMI;
nn) “Venda forçada” – Consiste na venda do edifício ou fração, em alternativa à expropriação,
através de hasta pública, com obrigação de reabilitação no prazo estabelecido para o efeito.
É promovida pela entidade gestora responsável pela reabilitação urbana (Município ou
Sociedade de Reabilitação Urbana), sempre que os proprietários não cumprirem a intimação
que para o efeito lhe foi dirigida.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
23
Artigo 4.º
(Princípios gerais e especiais)
1- A gestão do património imobiliário e todas as decisões municipais que a suportam estão
subordinadas aos princípios gerais da atividade administrativa, designadamente aos princípios da
legalidade, da prossecução do interesse público e da proteção dos direitos e interesses
protegidos dos cidadãos, da igualdade, proporcionalidade, justiça e razoabilidade,
imparcialidade, boa-fé, colaboração com os particulares, participação e decisão, boa
administração e responsabilidade e responsabilização.
2- A gestão patrimonial está ainda especialmente vinculada aos princípios da boa administração,
onerosidade, equidade, concorrência, transparência, responsabilidade e controlo, desenvolvidos
e previstos nos artigos seguintes.
Artigo 5.º
(Princípio da boa administração)
O princípio da boa administração impõe a adequada ponderação de custos e benefícios e a
parametrização prévia das soluções possíveis ao nível técnico, estratégico e de celeridade, assente
em regras de gestão racional e criteriosa dos recursos e dinheiros públicos, permitindo optar pela
solução que, para além de célere e eficaz, se revele em melhores condições para prosseguir o
interesse público com base em critérios de economia, eficiência e eficácia.
Artigo 6.º
(Princípio da onerosidade)
1- O princípio da onerosidade visa assegurar uma ocupação mais eficiente e racional dos imóveis do
Município, exigindo uma avaliação rigorosa e isenta e sujeitando a sua utilização por terceiros a
uma contrapartida financeira.
2- O disposto no número anterior não prejudica a competência excecional dos órgãos municipais
para deliberarem a aceitação de contrapartidas em espécie ou a redução do valor da
contrapartida financeira devida pelo gozo ou utilização do imóvel municipal, nos termos
previstos em outros regulamentos municipais ou sempre que a atividade a desenvolver em
imóveis municipais assuma particular relevância social ou se traduza num benefício para a
Cidade.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
24
3- No respeito pelo quadro legal aplicável, a contabilidade municipal deverá, a prazo, estruturar-se
de modo a refletir a regra da onerosidade na ocupação de imóveis municipais por parte dos
diferentes serviços municipais.
Artigo 7.º
(Princípio da equidade intergeracional)
1- O princípio da equidade na administração imobiliária visa a distribuição ponderada e paritária
dos benefícios e encargos intergeracionais, incluindo a repartição planeada e equitativa no
tempo dos custos de manutenção, conservação e de beneficiação e a perspetiva de evolução do
mercado imobiliário permitindo o desenvolvimento futuro das políticas municipais de
intervenção nos solos e no mercado fundiário de forma responsável e paritária.
2- Para efeito do disposto no anterior, as decisões municipais relativas à alienação, oneração,
aquisição e à escolha das formas de administração imobiliária devem atender à distribuição de
benefícios e custos entre gerações de modo a que os encargos presentes não comprometam as
gerações futuras, salvaguardando as suas legítimas expectativas através de uma ponderação e
distribuição equilibrada dos custos preservando a posição do Município de Lisboa na construção
de uma cidade sustentável que garanta a qualidade de vida urbana, o direito à habitação e à sua
fruição.
3- A apreciação da equidade intergeracional na vertente do património imobiliário implica a
ponderação entre:
a) A aptidão do bem imóvel para a prossecução de fins de interesse público no curto, médio e
longo prazo;
b) A perspetivação ou previsível evolução dos encargos com a manutenção e conservação do
bem imóvel;
c) A perspetivação ou previsível evolução do valor do bem imóvel de acordo com as suas
características e face ao mercado imobiliário.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
25
Artigo 8.º
(Princípio da concorrência)
O princípio da concorrência visa garantir soluções transparentes e de boa gestão capazes de
acautelar o interesse público e a eficiência financeira Município de Lisboa na gestão dos bens
imóveis, devendo assegurar-se aos interessados condições de igualdade concorrência plena e efetiva.
Artigo 9.º
(Princípio da transparência)
O princípio da transparência visa a igualdade de candidatura nos procedimentos incidentes sobre a
gestão do património imobiliário através da divulgação alargada e tempestiva de todos os critérios e
condições assegurando a paridade e o escrutínio da parte de todos os interessados.
Artigo 10.º
(Princípio da proteção)
1- O princípio e o dever de proteção visam a preservação do património imobiliário sobre o domínio
público e privado do Município e vincula os titulares dos seus órgãos e demais trabalhadores
através dos instrumentos jurídicos e legalmente disponíveis.
2- O disposto no número anterior também vincula o setor empresarial local do Município de Lisboa
e demais entidades e sujeitos de relações jurídicas patrimoniais, relativamente a património
municipal.
Artigo 11.º
(Princípio da colaboração)
1- Princípio da colaboração concretiza um dever geral de cooperação e de informação
interadministrativa que vincula todas as entidades, serviços municipais e sujeitos de relações
jurídicas patrimoniais no dever de prestar ao serviço municipal responsável pela gestão do
património imobiliário toda a colaboração e informação que lhes for solicitada nos termos da Lei
e deste Regulamento.
2- Os serviços municipais ficam obrigados a informar a Direção Municipal com competências em
matéria de património sobre todas as questões relacionadas com o património imobiliário,
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
26
designadamente a indicação de partes de imóveis ou espaços diretamente afetos ao
funcionamento e instalação dos serviços municipais bem como aqueles que estejam em
utilização por entidades externas ainda que acompanhadas, de modo direto ou indireto, por
serviços municipais nos termos previstos neste Regulamento.
Artigo 12.º
(Princípio da responsabilidade e da responsabilização)
1- Os titulares dos órgãos municipais, os dirigentes e trabalhadores em funções públicas são
responsáveis pelo cumprimento do disposto na lei, incluindo o disposto no regime jurídico da
responsabilidade civil extracontratual do Estado e pessoas coletivas de direito público e pelo
cumprimento do disposto neste regulamento, podendo ser responsabilizados, disciplinar,
financeira e criminalmente pelos atos e omissões de que resulte a violação dos respetivos
deveres.
2- O disposto no número anterior aplica-se, com as devidas adaptações, aos titulares dos
órgãos sociais das empresas municipais e respetivos trabalhadores, incluindo o disposto no
regime jurídico da responsabilidade civil extracontratual do Estado e pessoas coletivas de
direito público nos termos do n.º 5 do seu artigo 1.º.
Artigo 13.º
(Princípio da consignação especial)
1- Em conformidade com a legislação especial, deve o orçamento do Município de Lisboa consignar
um mínimo de 10% da receita prevista na alínea d) e e) do n.º 2 do artigo 4.º Fundo Municipal de
Sustentabilidade Ambiental e Urbanística de Lisboa, publicado no 2.º Suplemento ao Boletim
Municipal n.º 1093 de 29 de janeiro de 2015 em vigor para as seguintes finalidades:
a) Aquisição ou expropriação de terrenos ou de edifícios destinados a equipamentos de
utilização coletiva, infraestruturas, espaços verdes de utilização coletiva e a outras áreas de
uso público;
b) Realização de obras de conservação e reabilitação do parque edificado e do tecido urbano
degradado ou em degradação;
2- Sem prejuízo do disposto no número anterior, os órgãos municipais competentes obrigam-se a
utilizar os proveitos remanescentes da alienação ou oneração dos imóveis municipais para
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
27
redução da dívida de médio e longo prazo e concretização das operações necessárias à boa
gestão do património imóvel com impacto relevante no desenvolvimento e na regeneração da
Cidade de Lisboa, com expressão em cada um dos exercícios orçamentais.
3- Os proveitos da alienação de imóveis ou dos atos de administração patrimonial não deverão
suportar as despesas correntes.
Artigo 14º
(Princípio do controlo e da racionalidade patrimonial)
1- Os serviços municipais competentes devem organizar e manter atualizados, relativamente a cada
imóvel, todos os elementos informativos para aferir a boa administração, eficiência, economia e
eficácia da gestão do património imobiliário do Município de Lisboa, designadamente:
a) Natureza, valor e utilização dos bens imóveis;
b) O valor do custo de aquisição, administração;
c) As manifestações de interesse de privados, seja por via de interpelação ou propostas
de negócio jurídico, seja por via de pedidos relativos a pretensões urbanísticas.
2- Para efeitos do disposto no n.º 1 ficam os serviços gestores e demais entidades que tenham sob
sua administração corrente imóveis municipais ficam obrigados a disponibilizar em tempo útil ao
serviço municipal competente a informação relevante sobre atos incidentes sobre os imóveis em
causa.
CAPÍTULO II
Dos Pilares Estratégicos, da Missão, Visão e Valores da Gestão e Inventariação do Património Imóvel
Artigo 15.º
(Pilares Estratégicos da Gestão Patrimonial)
1- A relevância dos recursos patrimoniais imobiliários do Município justifica a sua sujeição a pilares
estratégicos de gestão, nomeadamente os seguintes:
a) Defesa intransigente da legalidade no âmbito da gestão do património imobiliário do
Município de acordo com os princípios gerais de direito e dos princípios enunciados no
artigo 4 º e seguintes;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
28
b) Garantir a afetação dos ativos imobiliários ao cumprimento das atribuições municipais,
circunscrevendo alterações de dominialidade ao estritamente necessário e adequado à
defesa do interesse público;
c) A atuação equilibrada sobre os imóveis e terrenos que integram o domínio privado
municipal, tendo em conta a necessidade de manter uma reserva que salvaguarde a
capacidade do Município para a médio e longo prazo prosseguir as suas políticas setoriais e
manter uma efetiva capacidade de intervenção na regulação do mercado, por via direta ou
indireta.
d) O acervo patrimonial a preservar neste domínio deverá ser e apto para prevenir efeitos
especulativos em zonas de futura expansão, para alavancar intervenções municipais ou
privadas de reabilitação e regeneração urbana e para garantir com base em critério de
oportunidade e racionalidade económica a possível autosuficiência no desenvolvimento de
programas próprios, designadamente nos domínios da habitação, própria ou arrendada, na
construção de equipamentos de utilização coletiva e na requalificação do espaço público em
geral, como melhor se caracteriza no regime de gestão condicionada.
e) Prosseguir uma administração prudente e eficiente dos ativos imobiliários municipais
realizando, designadamente as obras de manutenção e de conservação adequadas e
retirando maior rendibilidade dos bens imóveis municipais, alienando aqueles que não
devam estar afetos ou não sejam necessários à prossecução do interesse público ou das
atribuições do Município de acordo com as opções estratégicas plasmadas nos instrumentos
estruturantes da gestão da Cidade;
f) Subordinar a cedência de uso de bens imóveis municipais a entidades públicas ou privadas
ao cumprimento de fins de interesse público e de racionalidade económica, de acordo com o
princípio da onerosidade;
g) Garantir a disponibilidade patrimonial dos bens imóveis municipais, salvo os que estiverem
sujeitos ao regime de gestão condicionada;
h) Assegurar a concorrência e transparência nos procedimentos de alienação e oneração de
bens imóveis municipais através do procedimento de hasta pública, salvo nas condições
excecionais previstas neste Regulamento;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
29
i) Adquirir os ativos imobiliários necessários à prossecução dos seus fins e competências pela
via do direito privado ou do direito público, obedecendo a critérios de oportunidade,
conveniência, racionalidade económica e melhor aproveitamento;
j) Assegurar que o Orçamento Municipal afete uma parte das receitas provenientes da
alienação, rentabilização e valorização do património municipal à redução da dívida de
médio e longo prazo, bem como à manutenção, conservação e reabilitação do património
municipal bem como à aquisição, por via do direito público ou do direito privado, de novos
ativos que sejam necessários para o cumprimento dos fins e satisfação do interesse público
não permitindo que o produto da gestão patrimonial seja aplicado a despesas correntes;
k) Disponibilizar, preferencialmente por via eletrónica, a informação atinente ao planeamento
e controlo de gestão e à caracterização do acervo de bens imóveis do Município.
2- Os imóveis afetos ao regime de gestão condicionada serão objeto de monitorização plurianual,
coincidente com o mandado autárquico, para verificação da conformidade das respetivas
valências às finalidades públicas que ditaram a sujeição àquele regime, sem prejuízo de
verificações extraordinárias que se revelem necessárias.
Artigo 16.º
(Missão, Visão e Valores)
1- A gestão do património imobiliário tem por missão promover a valorização e rentabilização do
património imobiliário e fundiário do Município em execução das políticas públicas que visam
promover a qualidade de vida na Cidade prosseguindo, designadamente os objetivos seguintes:
a) Executar a política imobiliária em conformidade com a estratégia para uma gestão
sustentável do património imobiliário e demais orientações estruturantes que aprovadas
pelos órgãos municipais;
b) Valorizar e rentabilizar o património imobiliário de acordo com as políticas públicas
sustentadas nos instrumentos de gestão estruturantes para a Cidade e tendo em vista as
perspetivas de evolução do mercado imobiliário;
c) Concretizar a gestão responsável dos bens do domínio público e do domínio privado do
Município, visando a prossecução de benefícios sociais para a Cidade para além dos
benefícios de estrita eficiência financeira;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
30
d) Contribuir para a regeneração, reabilitação, requalificação e preservação do património
imobiliário da Cidade e para a adequação de níveis de densidade urbana, impedindo a
degradação da qualidade de vida e o desequilíbrio da organização económica e social;
e) Contribuir, na medida das atribuições e competências municipais, para o desenvolvimento
sustentável de modo a prevenir a especulação imobiliária e a prática lesiva do interesse
público municipal;
f) Assegurar através de programas patrimoniais específicos a dinamização económica, social e
cultural, incluindo a reabilitação urbana e a oferta de habitação, por alienação ou
arrendamento, bem como a instalação de empresas ou incubadoras capazes de captar
emprego e contribuir para desenvolvimento económico e social da Cidade de Lisboa.
2- A gestão do património imobiliário tem por visão ser referência de qualidade através de
prestação de soluções inovadoras de excelência que qualifiquem o património imobiliário de
forma a não comprometer as gerações futuras ao nível do ordenamento racional e
equilibrado do território, da preservação do ambiente e da qualidade de vida dos lisboetas e
demais residentes.
3- A gestão do património imobiliário pauta-se pelos valores do interesse público, da inovação,
da qualidade e da responsabilidade que sustentam a administração criteriosa dos recursos
públicos de acordo com os requisitos da economia, eficiência e eficácia do erário municipal.
Artigo 17.º
(Finalidades da inventariação e cadastro)
A inventariação do património imobiliário do Município visa promover as finalidades seguintes:
a) O conhecimento da natureza, composição e utilização da estrutura patrimonial imobiliária do
Município, com vista a uma gestão racional, coerente e eficiente;
b) Exercer as demais competências que lhe forem conferidas pelos diplomas que criarem o
sistema nacional de informação cadastral prevista na Lei de Bases da Política Pública de
Solos, de Ordenamento do Território e de Urbanismo;
c) Atualizar ou retificar os elementos e dados cadastrais, nomeadamente em função de
procedimentos e atos administrativos de gestão urbanística;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
31
d) O apuramento do valor dos imóveis, segundo regras e métodos adequados consoante a
natureza desses bens, em ordem a servir as várias rubricas do balanço e da demonstração de
resultados e variações patrimoniais que devam integrar os orçamentos anuais;
e) Contribuir para a implementação de estratégias de intervenção e de gestão em imóveis
municipais que se encontrem devolutos;
f) Contribuir para a avaliação e atualização do valor das rendas face ao estado de conservação
dos imóveis e à sua localização, em função designadamente de rácios adequados de área por
posto de trabalho.
CAPÍTULO III
Da Competência
Artigo 18.º
(Assembleia Municipal)
A Assembleia Municipal dispõe das competências em matéria de património que lhe estão conferidas
por Lei e por este Regulamento, designadamente as seguintes:
a) Aprovar as respetivas posturas e regulamentos com eficácia externa do Município;
b) Aprovar os planos e demais documentos estratégicos estruturantes e necessários à
prossecução das atribuições Município no âmbito do Património e atribuições conexas, tais
como, Ordenamento do Território e Urbanismo;
c) Autorizar a Câmara Municipal a adquirir, alienar ou onerar bens imóveis de valor superior a
1000 vezes a RMMG, e fixar as respetivas condições gerais, podendo determinar o recurso à
hasta pública,
d) Autorizar a Câmara Municipal a celebrar contratos de concessão e fixar as respetivas
condições gerais; nos termos do artigo 25.º n.º 1 alínea p) da Lei 75/2013 de 12 de setembro;
e) Deliberar sobre a afetação ou desafetação de bens do domínio público municipal;
f) Pronunciar-se e deliberar sobre os assuntos que visem prosseguir as atribuições no domínio
do património não regulados no presente documento;
g) Apreciar o inventário de bens, direitos e obrigações patrimoniais e respetiva avaliação, bem
como apreciar e votar os documentos de prestação de contas;
h) Declarar a utilidade pública das expropriações para efeito de concretização de plano de
urbanização ou plano de pormenor eficaz nos termos do Código das Expropriações;
i) Autorizar a celebração de contratos de locação financeira e respetivos encargos plurianuais;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
32
j) Deliberar sobre a constituição de direito de superfície não onerosa por motivos de relevante
interesse municipal sobre os prédios cujo valor se inscreva no âmbito da sua competência;
k) Deliberar, para efeitos do disposto no n.º 3 do artigo 28º do presente Regulamento, sobre a
exclusão da reserva imobiliária dos terrenos municipais com área superior a 3 hectares ou
aqueles que, independentemente da sua área, integrem zonas a consolidar com área
superior a 5 hectares;
l) Deliberar, para efeitos do disposto no n.º 5 do artigo 28º do presente Regulamento,
mediante proposta do órgão executivo, sobre a afetação ou subtração dos imóveis
municipais ao regime de reserva imobiliária.
Artigo 19.º
(Câmara Municipal)
1- A Câmara Municipal dispõe das competências em matéria de património que lhe estão
conferidas por Lei e por este Regulamento, designadamente as seguintes:
a) Elaborar e submeter à aprovação da assembleia municipal os respetivos projetos de
regulamentos externos bem como aprovar os regulamentos internos;
b) Elaborar e submeter à aprovação da assembleia municipal os planos e demais documentos
estratégicos, estruturantes e necessários à prossecução das atribuições do Município no
âmbito do Património e atribuições conexas, tais como, Ordenamento do Território e
Urbanismo;
c) Adquirir, alienar ou onerar bens imóveis de valor até 1000 vezes a RMMG;
d) Alienar em hasta pública, independentemente de autorização da assembleia municipal, bens
imóveis de valor superior ao RMMG, desde que a alienação decorra da execução das opções
do plano e a respetiva deliberação tenha sido aprovada por maioria de dois terços dos
membros da assembleia municipal em efetividade de funções;
e) Propor à assembleia municipal a afetação ou desafetação de bens do domínio público;
f) Administrar o domínio público municipal;
g) Sujeitar a deliberação da Assembleia Municipal assuntos que visem prosseguir atribuições
municipais no domínio do património não regulados no presente documento;
h) Elaborar o inventário dos bens, direitos e obrigações patrimoniais do município e respetiva
avaliação e ainda os documentos de prestação de contas, a submeter à apreciação e votação
da assembleia municipal;
i) Propor a declaração de utilidade pública para efeitos de expropriação;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
33
j) Propor à assembleia municipal constituição de direito de superfície não onerosa, por motivos
de relevante interesse público municipal, sobre prédios cujo valor se inscreva no âmbito da
sua competência;
k) Deliberar sobre a atribuição de casas de função caso tal se revele imprescindível ao cabal e
correto exercício das funções desempenhadas nos termos e condições neste regulamento;
l) Deliberar sobre o levantamento do ónus de inalienabilidade mediante o pagamento de uma
compensação correspondente à diferença entre o valor de venda pelo Município e a primeira
alienação a terceiros nos termos deste regulamento;
m) Deliberar sobre a atribuição de imóveis municipais em comodato mediante proposta do
Presidente da Câmara, ou Vereador com competências subdelegadas em matéria de
património que fixará o prazo inicial e eventuais renovações do contrato;
n) Propor ao órgão deliberativo a afetação ou subtração dos ativos municipais ao regime de
reserva imobiliária, para efeitos do disposto no artigo 28º do presente Regulamento;
o) Autorizar, em casos excecionais devidamente fundamentados, a aceitação de contrapartida
em espécie pela atribuição de uso ou utilização privativa nos termos do artigo 52.º;
p) Deliberar, anualmente, sobre a atribuição de cedências de utilização da propriedade
municipal nos termos e para os efeitos do previsto nos artigos 137º e seguintes do presente
regulamento, mediante informação fundamentada da direção municipal de gestão
patrimonial e proposta do Presidente da Câmara.
q) Aprovar anualmente, conjuntamente com o Orçamento e o Plano de Atividades, a lista dos
imóveis municipais que integram o regime de gestão condicionada, nos termos do disposto
no artigo 27º do presente Regulamento;
2- O disposto nos números anteriores, não prejudica a capacidade do Câmara Municipal poder
delegar no Presidente da Câmara e este subdelegar as competências legais ou regulamentares
que forem legalmente suscetíveis de desconcentração competências através daquele instituto.
Artigo 20.º
(Presidente da Câmara)
1- O Presidente da Câmara dispõe das competências em matéria de património que lhe estão
conferidas por lei e por este Regulamento, designadamente as seguintes:
a) Elaborar e manter atualizado o cadastro dos bens imóveis do Município;
b) Elaborar a norma de controlo interno e o inventário dos bens, direitos e obrigações
patrimoniais do Município e respetiva avaliação para aprovação dos órgãos municipais;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
34
c) Praticar os atos necessários à administração corrente do Património do Município e à sua
conservação;
d) Proceder aos registos prediais do património imobiliário do Município;
e) Ordenar o despejo sumário dos prédios cuja expropriação por utilidade pública tenha sido
declarada;
f) Superintender, apreciar e monitorizar a gestão patrimonial imobiliária bem como cumprir e
fazer cumprir o disposto no presente Regulamento;
g) Avaliar da manutenção dos pressupostos que determinaram a sujeição dos imóveis do
domínio privado municipal ao regime de gestão condicionada, nos termos do disposto no
artigo 27º do presente regulamento, retirando e afetando a este regime sempre que tal se
justificar;
h) Ordenar aos serviços competentes, quando necessário na sequência de deliberação do órgão
municipal competente, o compromisso e descompromisso em cadastro dos bens imóveis do
Município;
i) Autorizar as regularizações do cadastro municipal nos termos da Lei e autorizar as que
decorram da necessidade da sua adequação à realidade física existente;
j) Aprovar os documentos internos de gestão patrimonial que concretizam a aplicação
uniforme do Regulamento do Património Imobiliário e respetivas alterações, incluindo o
manual de boas práticas de avaliação imobiliária, o manual de procedimentos e outros
documentos que venham a ser elaborados para o mesmo efeito;
k) Aprovar, mediante parecer fundamentado da direção municipal de gestão patrimonial, a
atribuição de imóvel municipal aos diferentes serviços municipais bem como a cedência ou a
afetação de uso de imóveis em gestão condicionada que se encontrem sob a administração
corrente daqueles serviços;
l) Aprovar as alterações de uso de imóveis em regime de gestão condicionada, ainda que
dentro da mesma área de intervenção, mediante parecer fundamentado a emitir pelo serviço
municipal competente em matéria de gestão patrimonial;
m) Autorizar os serviços gestores a cederem, total ou parcialmente, a terceiros os imóveis
municipais na sua gestão desde que a título precário e temporário, para efeito do disposto
no n.º 10 do artigo 27º do presente regulamento;
n) Designar, sob proposta do diretor municipal de gestão patrimonial, comissão composta por
três peritos avaliadores nas situações previstas no n.º 4 do artigo 31.º;
o) Denunciar os contratos de arrendamento antes do seu termo ou da sua renovação, sem
dependência de ação judicial, quando os prédios se destinem à instalação e ao
funcionamento dos seus serviços ou a outros fins de interesse público nos termos da lei;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
35
p) Determinar a desocupação coerciva das casas de função em caso de incumprimento
voluntário do prazo concedido para o efeito e autorizar excecionalmente o estabelecimento
de moratória;
q) Decidir da adjudicação ou não adjudicação de património imobiliário licitado em
procedimento de hasta pública;
r) Autorizar, em casos de urgência e atentas as características e localização do imóvel,
mediante proposta fundamentada da direção municipal de gestão patrimonial, adquirir
património sem consulta ao mercado nos termos do artigo 88.º;
s) Decidir sobre cedências de utilização de património municipal nas situações excecionais
previstas nos n.ºs 1 e 3 do artigo 139ª;
t) Determinar as condições do plano prestacional para efeito do disposto n.º 4 do artigo 185.º ;
u) Autorizar a fixação de prestação mensal no âmbito de pagamento prestacional de valor
inferior ao previsto no n.º 2 do artigo 186.º nos termos do n.º 3 da mesma disposição;
v) Decidir das dúvidas de interpretação e integração de lacunas que surjam no âmbito da
interpretação e aplicação desde regulamento de acordo com os critérios hermenêuticos
contidos no Código Civil.
2- O disposto nos números anteriores, não prejudica a capacidade do Presidente da Câmara poder
delegar e subdelegar as competências legais ou regulamentares que forem legalmente
suscetíveis de desconcentração competências através daquele instituto.
Artigo 21.º
(Direção Municipal de Gestão Patrimonial)
1- Compete à Direção Municipal de Gestão Patrimonial o exercício de todas as competências
constantes na Orgânica dos Serviços Municipais bem como as presentes competências
regulamentares específicas, nomeadamente:
a) Promover e coordenar o levantamento e sistematização da informação que assegure o
conhecimento de todos os bens imóveis do Município e respetiva localização bem como
manter atualizado os registos e inscrições matriciais dos prédios do domínio privado sujeitos
a registo nos termos da lei;
b) Desenvolver e acompanhar todos os processos de inventariação e operações patrimoniais de
cedência temporária, a título precário, comodato, arrendamento, aquisição, permuta, venda
e constituição de direitos de superfície sobre bens imóveis do domínio privado municipal ou
atribuição de licenças de utilização ou de direitos de concessão sobre o domínio público
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
36
municipal, elaborando e submetendo as respetivas propostas ao Vereador do Pelouro para
aprovação do Executivo Camarário nos termos da lei e do presente regulamento;
c) Definir os procedimentos de administração dos bens imóveis municipais mais ajustados à
respetiva eficiência, com base em critérios de racionalidade económica e de boa gestão,
assegurando e monitorizando a cobrança mensal de taxas, preços e rendas dos bens imóveis
municipais cedidos a terceiros;
d) Manter atualizada a listagem dos bens imóveis do domínio privado municipal que integram o
regime de gestão condicionada e o regime de execução propondo as alterações e afetações
de uso que, a cada momento, se mostrem mais adequadas à proteção do interesse
municipal, bem como os bens imóveis disponíveis para integração em bolsas de cedência,
arrendamento ou venda a terceiros ou programas setoriais promovidos ou desenvolvidos por
outros serviços municipais ou empresas municipais;
e) Fiscalizar e inspecionar os bens imóveis municipais, promovendo a desocupação de
ocupantes sem título e o despejo de arrendatários que, de forma reiterada, não cumpram as
respetivas obrigações contratuais;
f) Efetuar e manter atualizado o registo de ocupantes e promover a atualização das rendas nos
termos da lei;
g) Promover o lançamento ou cancelamento de compromissos em cadastro e a atribuição do
regime de gestão condicionada dos imóveis do domínio privado municipal, em conformidade
com o despacho do Presidente da Camara nos termos previstos no artigo anterior;
h) Promover as avaliações dos imóveis municipais necessárias à concretização de todas as
operações de administração patrimonial previstas neste Regulamento e nos respetivos
termos;
i) Desenvolver todas as ações necessárias à aquisição, alienação ou oneração da propriedade
municipal em cumprimento das deliberações dos órgãos municipais competentes, incluindo
a preparação e coordenação dos processos de submissão à livre concorrência e, quando
legalmente exigível nas matérias da sua competência, a instrução e apresentação dos
processos ao Tribunal de Contas em sede de fiscalização preventiva e assegurar, sempre que
necessário, a prestação de esclarecimentos àquela instância;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
37
j) Informar, mediante pedido, os demais serviços municipais sobre a titularidade e afetação dos
imóveis municipais e sobre a eventual disponibilidade de imóvel adequado às suas
necessidades;
k) Emitir parecer fundamentado sobre a atribuição de imóvel municipal aos diferentes serviços
municipais, bem como a cedência ou a afetação de uso de imóveis em gestão condicionada
que se encontrem sob a administração corrente daqueles serviços ou empresas municipais.
l) Realizar pequenas obras e intervenções destinadas a assegurar as condições de salubridade e
segurança dos imóveis municipais, articulando quanto às demais obras com os serviços
municipais competentes;
m) Emitir parecer relativamente à negociação e celebração de contratos de urbanização e
cedências para o domínio público e privado municipal, nos termos da lei em articulação com
os serviços municipais competentes;
n) Apreciar e prestar os pareceres de âmbito patrimonial previstos neste Regulamento,
nomeadamente aqueles que são prévios e necessários à apreciação dos licenciamentos sobre
o domínio público a pedido dos serviços municipais competentes;
o) Elaborar documentos internos de gestão patrimonial necessários à aplicação uniforme e
concretização do Regulamento do Património Imobiliário, incluindo o Manual de Boas
Práticas de Avaliação Imobiliária, o Manual de Procedimentos e outros documentos que
venham a considerar-se pertinentes para o efeito.
2- O exercício das competências da Direção Municipal de Gestão Patrimonial apoia-se, entre outras,
nas formas de atuação seguintes:
a) Modelo de gestão suportado em tecnologias de informação específicas e adequadas que
permitam a disponibilização de informação atualizada em permanência através da
plataforma eletrónica de todos os procedimentos de alienação ou constituição de ónus
sobre imóveis municipais em conformidade com as deliberações tomadas pelos órgãos
municipais competentes;
b) Promoção de estratégias de gestão adequadas aos imóveis devolutos e contribuir para a
avaliação do valor das rendas face ao estado de conservação e à sua localização;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
38
c) Programação das alienações, dos arrendamentos ou quaisquer outras formas de
administração do património municipal;
d) Estabelecimento de índices relativos à ocupação e aos custos de utilização desses imóveis;
e) Programação das intervenções necessárias para a conservação, manutenção e segurança
dos bens imóveis municipais, e sua realização através de procedimentos destinados à
otimização da respetiva utilização.
Artigo 22º
(Dever de comunicação e de consulta prévia dos outros serviços municipais)
1- Os serviços municipais estão obrigados a prestar, em tempo útil, todos os elementos e
informações que lhes sejam solicitados pela Direção Municipal de Gestão Patrimonial necessários
ao desenvolvimento das suas competências orgânicas e patrimoniais previstas no presente
regulamento.
2- Os serviços competentes para a emissão de licença de ocupação e utilização do domínio público
nos termos dos respetivos regulamentos deverão comunicar à Direção Municipal de Gestão
Patrimonial todas as autorizações ou licenças privativas de ocupação e utilização sobre o domínio
público, identificando a respetiva localização, área, a finalidade da utilização, valor cobrado e
respetivo prazo para que se mantenha atualizado o recenseamento de utilizações e a sua
articulação com o cadastro municipal.
3- Os serviços responsáveis pelo controlo prévio das operações urbanísticas, nomeadamente
loteamentos e operações com impacte semelhante, deverão, obrigatoriamente, comunicar à
Direção Municipal de Gestão Patrimonial, a emissão de todos os alvarás, respetivas áreas de
cedência para o domínio público ou privado e respetiva finalidade, bem como todos os pedidos
de informação prévia que incidam sobre bens integrantes do Património Imobiliário do
Município.
4- Quando sejam detetadas anomalias ou necessidade de realizar qualquer reparação num imóvel
municipal que se encontre sob gestão ou afeto às atividades e tarefas municipais, deverá o
respetivo serviço comunicar, com a maior brevidade possível, a necessidade dessas reparações à
Direção Municipal de Gestão Patrimonial.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
39
5- Os serviços deverão informar a Direção Municipal de Gestão Patrimonial de todas as questões
que envolvam ou se relacionem com património municipal, incluindo partes de imóveis ou
espaços diretamente afetos ao funcionamento e instalação dos serviços municipais, bem como
aqueles que estejam em utilização por entidades externas ao Município acompanhadas, de modo
direto ou indireto, por serviços municipais.
6- Os serviços municipais devem solicitar à Direção Municipal de Gestão Patrimonial informação
sobre a disponibilidade de imóvel adequado às suas necessidades, indicando as principais
características do imóvel pretendido, nomeadamente as relativas ao tipo, à localização e à área
de superfície de pavimento.
7- Sempre que um bem imóvel deixe de estar afeto a um serviço ou entidade externa ao Município,
este facto deverá ser imediatamente comunicado à Direção Municipal de Gestão Patrimonial que
assumirá a respetiva gestão informando os demais serviços em conformidade.
8- Nos casos de roubo, furto ou vandalismo, o serviço municipal responsável pela gestão de imóvel
municipal ou o sujeito de relações jurídico patrimoniais, deverá participar de imediato as
autoridades competentes, consoante o caso, para que tomem conta da ocorrência, enviando
cópia de auto de ocorrência à Direção Municipal de Gestão Patrimonial.
9- O disposto no número anterior não prejudica o dever de autotutela do Município face aos
particulares que adotem comportamentos abusivos, não titulados, ou, em geral, que lesem o
interesse público a satisfazer pelo imóvel obrigando-os a repor a situação no estado anterior nos
termos da lei.
CAPÍTULO IV
Regime da dominialidade pública e do domínio privado
Artigo 23.º
(Regime do domínio público)
1- Os bens do domínio público encontram-se sujeitos a um regime legal de direito público, atenta a
sua afetação à satisfação de utilidades públicas relevantes que permitem o seu uso direto e
imediato pelo público em geral.
2- Os bens do domínio público caracterizam-se pela sua:
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
40
a) “Inalienabilidade” – os imóveis do domínio público estão fora do comércio jurídico, não
podendo ser objeto de direitos privados ou de transmissão por instrumentos de direito
privado;
b) “Imprescritibilidade” – os imóveis do domínio público são insuscetíveis de aquisição por
usucapião;
c) “Impenhorabilidade” – os imóveis do domínio público são absolutamente impenhoráveis;
d) “Livre fruição” – os bens do domínio público municipal podem ser fruídos por todos
mediante condições de acesso e de uso não arbitrárias ou discriminatórias, salvo quando da
sua natureza resulte o contrário;
e) “Gratuitidade” – o uso comum ordinário dos bens do domínio público municipal é gratuito,
salvo disposição em contrário ou nos casos em que o aproveitamento seja divisível e
proporcione vantagem especial;
3- A titularidade dos bens imóveis do domínio público municipal pertence ao Município de Lisboa
que exerce sobre eles todos os poderes de uso, administração, tutela e defesa nos termos e
condições legalmente previstos.
4- O Município tem o dever de preservar o património imobiliário do domínio público municipal e a
obrigação de ordenar aos particulares que cessem a adoção de comportamentos abusivos, não
titulados, ou, em geral, que lesem o interesse público a satisfazer e reponham a situação no
estado anterior, devendo, se necessário, impor coercivamente a sua decisão, nos termos o
Código do Procedimento Administrativo e demais legislação aplicável.
5- A cessação da dominialidade pública ocorre por força de desafetação deliberada pelos órgãos
municipais competentes, que reconheça de forma expressa a extinção das utilidades públicas
que justificavam a afetação do imóvel a um regime especial de direito público, desde que a sua
classificação não decorra diretamente da Constituição e da lei ou por força da sua natureza.
Artigo 24.º
(Formação do domínio público)
1- Os imóveis do domínio público são os classificados pela Constituição ou pela lei, individualmente
ou mediante a identificação por tipos.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
41
2- O disposto no número anterior não prejudica a competência da Assembleia Municipal para
proceder à afetação às utilidades públicas correspondentes à classificação legal, desde que o
interesse público subjacente ao estatuto da dominialidade de um imóvel não decorra direta e
imediatamente da sua natureza.
3- A eficácia da afetação depende da efetiva verificação das utilidades que justificaram a sujeição
do bem a um estatuto de dominialidade.
4- Quando os imóveis do domínio público se revelem suscetíveis de proporcionar várias utilidades
estas são ordenadas por ato ou contrato administrativo de acordo com a sua natureza e os
interesses públicos coenvolvidos.
5- O disposto nos números anteriores não prejudica que o procedimento que atribuiu a utilização
da dominialidade pública ao Município possa revestir forma de direito público ou de direito
privado e tenha natureza gratuita ou onerosa.
6- A aquisição de bens imóveis para a dominialidade pública do Município através de
procedimentos administrativos ocorre, designadamente, nas seguintes situações:
a) Cedência para o domínio público no âmbito do Regime Jurídico de Urbanização e Edificação e
do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Patrimonial;
b) Expropriação por utilidade pública, desde que as parcelas adquiridas sejam afetas à
dominialidade pública;
c) Mutações dominiais subjetivas através de lei, ato ou contrato administrativo que transfira a
dominialidade para a titularidade do Município de Lisboa, com o objetivo dos imóveis serem
afetos a utilidades públicas integradas nas suas atribuições.
7- Os prédios urbanos obrigatoriamente cedidos para o domínio público nos termos do previsto na
alínea a) do número anterior integram aquele domínio sem necessidade de qualquer ato de
afetação subsequente.
Artigo 25.º
(Regime do domínio privado)
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
42
Os bens do domínio privado encontram-se sujeitos a um regime comum de direito privado que os
coloca no comércio jurídico que se caracteriza pelo seguinte:
a) Podem ser objeto de transmissão ou oneração por instrumentos de direito privado;
b) São suscetíveis de aquisição por usucapião;
c) São penhoráveis;
d) A fruição dos bens do domínio privado sempre onerosa, salvo casos excecionais devidamente
justificados, aprovados pelos órgãos competentes, nos termos deste regulamento;
e) A administração do domínio privado do Município efetua-se através dos instrumentos
previstos na lei civil e no presente regulamento;
f) O Município tem o dever de preservar o património imobiliário do domínio privado municipal
e a obrigação de ordenar aos particulares que cessem a adoção de comportamentos abusivos
relativamente ao mesmo, designadamente no âmbito de incumprimento contratual.
Artigo 26.º
(Regimes de gestão do domínio privado municipal)
Os bens imóveis do domínio privado municipal encontram-se num dos seguintes regimes de gestão:
a) Regime de Gestão Condicionada;
b) Regime de Execução.
Artigo 27.º
(Regime de gestão condicionada)
1- Sem prejuízo do disposto nas alíneas a) a e) do número 1 do artigo 28.º, o regime da gestão
condicionada subtrai transitoriamente os imóveis do domínio privado ao regime de execução e
ao princípio da disponibilidade patrimonial.
2- Integram o regime de gestão condicionada os imóveis municipais que:
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
43
a) Estejam afetos ao prosseguimento de atribuições próprias, com afetação de uso em algum
dos diferentes domínios da atividade municipal e que não devam ser dispensados de tais fins
com base em critérios de racionalidade económica;
b) Integrem a Reserva Imobiliária, tal como definida no artigo 28.º ;
3- Para efeito do disposto na alínea a) do n.º 2, entende-se que um imóvel está afeto ao
prosseguimento de atribuições próprias do Município sempre que:
a) Seja necessário para a instalação e funcionamento de serviços municipais ou outras
finalidades de interesse público;
b) Em obediência a um princípio de racionalidade e melhor aproveitamento económico, sejam
necessários e adequados para o cumprimento de programas municipais setoriais,
nomeadamente nas áreas da habitação, da cultura, da ação social, do desporto e,
genericamente, da reabilitação e regeneração urbana;
c) Outros imóveis estratégicos para a concretização de projetos de interesse público municipal
relevante que não sejam passíveis de concretização imediata, por decisão do Presidente da
Câmara.
4- Os ativos imobiliários enquanto estiverem sujeitos ao regime de gestão condicionada ficam
excecionados do princípio da disponibilidade que carateriza o regime de execução, não podendo
aprovar-se, nem realizar-se quaisquer atos dispositivos de alienação ou de oneração sobre os
mesmos, sem prejuízo da sua sujeição aos princípios da eficiência e da boa administração por
parte dos serviços gestores.
5- A sujeição ao regime de gestão condicionada não altera a titularidade dos imóveis abrangidos,
nem produz efeitos jurídicos externos, sem prejuízo de gerarem compromisso em cadastro.
6- O regime de gestão condicionada tem natureza temporária, mantendo-se se, e enquanto,
perdurarem os pressupostos que levaram à sua fixação, sendo objeto de reavaliação ordinária,
em regra, coincidente com o início de cada mandato municipal havendo lugar a transição
automática dos imóveis municipais para o regime de execução e respetivo descompromisso em
cadastro, sempre que se verifique a alteração dos respetivos pressupostos, mediante
confirmação pela Direção Municipal de Gestão Patrimonial.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
44
7- Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do número 3 do presente artigo, a gestão corrente dos
imóveis em regime de gestão condicionada será delegada nos serviços municipais competentes
em cada uma das respetivas áreas de atividade, que se assumem como serviços gestores.
8- Os serviços gestores ficam obrigados à prática de todos os atos que integram o princípio da boa
administração e ao dever de colaboração, tal como definido na lei e no presente Regulamento,
só podendo sobre os mesmos praticar atos de alienação ou oneração quando tal resulte de
norma regulamentar específica ou de deliberação de órgão municipal competente.
9- A alteração ao uso dos imóveis em regime de gestão condicionada, ainda que dentro da mesma
área de intervenção, carecem de autorização do Presidente da Câmara ou do Vereador com
competência subdelegada para o efeito, mediante parecer fundamentado a emitir pelo serviço
municipal competente em matéria de gestão patrimonial.
10- Os serviços gestores não podem ceder a terceiros, total ou parcialmente, os imóveis municipais
na sua gestão, ainda que informalmente, salvo autorização que para tanto venha a ser dada por
decisão do Presidente da Câmara.
11- A gestão corrente de imóveis em regime de gestão condicionada não dispensa os serviços
municipais que a detenham dos mecanismos de consulta prévia e informação previstos no artigo
22.º do presente Regulamento.
Artigo 28.º
(Reserva imobiliária)
1- A reserva imobiliária integra o regime de gestão condicionada nos termos do n.º 2 do artigo 27.º
sendo constituída pelos imóveis seguintes:
a) Terrenos de que o Município não possa dispor livremente em razão dos usos a que estejam
vinculados por força de cedências obrigatórias feitas por particulares no âmbito de operações
urbanísticas, nos termos do RJUE, para implantação de espaços verdes públicos, equipamentos
de utilização coletiva e infraestruturas;
b) Imóveis que tenham vindo à propriedade municipal em resultado de compensação em espécie
legalmente admissível e cujos usos estejam igualmente vinculados à operação urbanística de
que emergem;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
45
c) Imóveis que tenham ingressado no património municipal em consequência de ato expropriativo
do qual decorra o uso subordinado à finalidade pública que a fundamentou;
d) Terrenos que ingressem no património municipal por força de negócio jurídico, a título gratuito
ou oneroso, que os vincule ao cumprimento de determinado fim e de determinado prazo,
quando este exista.
e) Terrenos que integrem a estrutura ecológica municipal.
2- Sem prejuízo do disposto no número 1, a reserva imobiliária pode ainda decorrer de deliberação
dos órgãos municipais competentes integrando os ativos imobiliários que, pela sua natureza,
dimensão, localização ou importância estratégica devam ser preservados para a realização de
futuras intervenções municipais, designadamente:
a) Obras de regeneração urbana;
b) Renovação de infraestruturas;
c) Novos equipamentos públicos ou melhoria de acessibilidade ao transporte público.
3- Para efeito do disposto no número anterior, a reserva imobiliária integra ainda os terrenos
municipais com área superior a 3 hectares ou aqueles que, independentemente da sua área,
integrem zonas a consolidar com área superior a 5 hectares salvo deliberação em contrário do
órgão deliberativo.
4- A integração de ativos previstos n.º 2 e n.º 3 em regime de reserva imobiliária não impede a sua
valorização nem a afetação a usos temporários alternativos que possam ser aptos para a sua
gestão eficaz desde que tal não comprometa a função que originariamente lhe foi atribuída e
que resulte de decisão do Presidente da Câmara.
5- A afetação ou subtração dos ativos municipais ao regime de reserva resultará de deliberação do
órgão deliberativo mediante proposta fundamentada do órgão executivo.
Artigo 29.º
(Regime de execução)
1 - Os ativos imobiliários do domínio privado municipal que não estejam em regime de gestão
condicionada integram o regime de execução, incluindo aqueles a que seja identificado
significativo potencial de valorização a médio prazo;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
46
2 - A gestão do património imóvel do domínio privado municipal em regime de execução está
subordinada a um princípio de disponibilidade imediata ou de médio prazo, em cumprimento
das metas estabelecidas nos instrumentos de orientação estratégica aprovados pelos órgãos
municipais.
3 - O princípio da disponibilidade corresponde ao dever de valorizar e rentabilizar os imóveis do
domínio privado municipal, por qualquer uma das formas legalmente admissíveis, desde que
observadas as finalidades de interesse público e demais princípios vinculísticos aplicáveis à
atividade privada da Administração Pública.
4 - O regime de execução permite a mais ampla atuação sobre os bens imóveis municipais, nos
domínios da gestão e da administração patrimonial, incluindo a alienação, oneração, constituição
de direito de superfície, arrendamento, cedência de utilização ou qualquer outra das formas e nas
condições admitidas no presente Regulamento.
5 - O regime de execução subordina-se ao princípio da onerosidade, eficácia, eficiência e de
racionalidade económica, estando todos os atos dispositivos ou de oneração submetidos a uma
rigorosa ponderação e avaliação nos termos do presente Regulamento, sem prejuízo da
aprovação dos respetivos termos e condições pelos competentes órgãos municipais ser suportada
em proposta fundamentada quanto aos objetivos a atingir de acordo com as orientações
estratégicas em matéria de gestão patrimonial.
CAPÍTULO V
Avaliações patrimoniais
Artigo 30.º
(Objetivos e critérios)
1- Todas as operações patrimoniais do Município, independentemente da natureza que revistam,
deverão ser suportadas em avaliações de mercado, devidamente atualizadas e que cumpram as
normas e as boas práticas em vigor, sem prejuízo do disposto no Plano Oficial de Contabilidade
das Autarquias Locais e no Código das Expropriações.
2- As avaliações efetuadas para efeitos da realização de operações imobiliárias visam determinar o
valor de mercado dos imóveis com base nos métodos de avaliação utilizados pelos peritos
credenciados pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), ou entidade
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
47
equivalente que venha a deter os poderes de regulação do mercado, com base nos métodos em
vigor previstos no Manual de Boas Práticas de Avaliação Imobiliária que for aprovado pelo
Executivo Municipal e que deverá ser periodicamente atualizado pelo serviço municipal com
competências neste domínio.
Artigo 31.º
(Processo de avaliação)
1- O processo de avaliação é acompanhado por peritos avaliadores qualificados pertencentes ao
quadro de pessoal do Município de Lisboa, sem prejuízo de recurso a peritos independentes,
desde que credenciados pela CMVM, em conformidade com o presente Regulamento e no
respeito pelos critérios estabelecidos no Manual de Boas Práticas de Avaliação Imobiliária.
2- O processo de avaliação deve ser precedido de uma informação urbanística que permita aferir
com rigor a máxima edificabilidade e o melhor aproveitamento possível do ativo imobiliário de
acordo com o PDM ou outro instrumento de ordenamento do território em vigor, que deverá
conter, designadamente, os seguintes elementos:
a) A natureza da utilização ou utilizações presentes e, ou, potenciais, quando aplicável;
b) Superfície de pavimento acima e abaixo da cota da soleira;
c) O número de lugares de estacionamento exigíveis;
d) Os valores devidos a título de compensação urbanística por cedências obrigatórias não
cumpridas e de Taxa pela Realização, Manutenção e Reforço das Infraestruturas
Urbanísticas;
e) Informação sobre o interesse histórico, patrimonial e eventual classificação especial do
imóvel
f) As limitações, ónus, condicionantes, servidões administrativas ou encargos de natureza
urbanística.
g) Informação sobre se o imóvel se encontra ao abrigo do regime de Reabilitação Urbana
legalmente previsto.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
48
3- As avaliações podem ser efetuadas com base em prévio relatório de avaliação elaborado por
outras entidades públicas ou por entidades privadas selecionadas nos termos do artigo seguinte.
4- Quando se trate de imóveis classificados, que não se integrem o mercado imobiliário ou quando
o resultado da avaliação efetuada não permita, justificadamente, determinar o respetivo valor,
este é determinado por uma comissão composta por três peritos avaliadores designados pelo
Vereador do Pelouro, sob proposta do diretor do serviço municipal com competências em
matéria de gestão patrimonial, a qual, no relatório de avaliação, fundamentará o resultado da
avaliação por meio de completa exposição das razões que a motivaram em conformidade com o
disposto no artigo 32.º.
5- A comissão prevista no número anterior poderá igualmente ser chamada a pronunciar-se nos
casos de divergências entre avaliações externas superiores a 20% ou dúvidas emergentes dos
relatórios que sejam apresentados pelas entidades avaliadoras.
6- O valor apurado nas avaliações carece de homologação do Presidente ou do Vereador com
competências subdelegadas em matéria de património.
7- O valor homologado serve de referência às operações imobiliárias realizadas ao abrigo do
presente Regulamento, não podendo o valor base do procedimento concorrencial resultar num
valor de venda inferior ao fixado pela avaliação, salvo quando Programa Municipal específico
devidamente aprovado estabelecer de modo diverso.
Artigo 32.º
(Relatório de avaliação)
1- Os relatórios de avaliação são obrigatoriamente subscritos por perito avaliador inscrito e
registado na Comissão de Mercado e Valores imobiliários e devem, designadamente, conter os
seguintes aspetos:
a) Descrição pormenorizada das características do prédio, incluindo a sua localização, estado
de conservação, tipo de construção e fim a que se destina;
b) Análise da envolvente do mercado do prédio, designadamente em termos de inserção
geográfica e da existência de infraestruturas circundantes que possam influenciar o seu
valor;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
49
c) Descrição das diligências efetuadas, estudos setoriais ou outras relevantes para a
determinação do valor;
d) Fundamentação da escolha do ou dos métodos de avaliação e descrição pormenorizada da
sua aplicação;
e) Valor da renda à data da avaliação, se o prédio se encontrar arrendado, ou, caso contrário,
uma estimativa do rendimento que possa gerar;
f) Estimativa dos encargos de conservação, manutenção e outros encargos indispensáveis à
adequada exploração económica do imóvel, bem como outros encargos com realojamento,
se for esse o caso;
g) Justificação da utilização de taxas de atualização, remuneração, capitalização, depreciação e
outros parâmetros predeterminados pelo avaliador;
h) Indicação concreta de eventuais transações ou propostas efetivas de aquisição utilizadas na
avaliação, relativas a imóveis com idênticas características;
i) Indicação do valor proposto para o imóvel.
2- Os relatórios de avaliação deverão ainda ser instruídos com os seguintes documentos:
a) Caderneta predial atualizada;
b) Certidão de teor de registo predial atualizada;
c) Planta de localização e plantas do projeto de arquitetura;
d) Licença de ocupação ou de utilização do imóvel, se existente;
e) Informação relativa a certificação energética, se aplicável;
f) Ficha urbanística, se aplicável;
g) Documentação comprovativa de estar em curso a regularização jurídica do imóvel avaliado,
na ausência dos documentos referidos nas alíneas anteriores.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
50
Artigo 33.º
(Avaliadores qualificados)
1- Para efeito do disposto nos artigos 30.º e 31.º do presente Regulamento, poderá ser constituída
uma bolsa de peritos avaliadores externos, devidamente certificados pela Comissão de Mercado
de Valores Mobiliários (CMVM), com observância do regime da contratação pública relativo à
aquisição de serviços.
2- A bolsa de peritos avaliadores externos deverá ser atualizada com a periodicidade máxima de
três anos.
3- Os trabalhadores vinculados ao Município, por contrato de trabalho, que realizem avaliações de
mercado deverão dispor das qualificações referidas em 1 do presente artigo, desenvolvendo o
seu trabalho em igualdade de circunstâncias com os avaliadores externos.
TÍTULO II
Da Parte Especial
CAPÍTULO I
Formas e objetivos da gestão patrimonial
Artigo 34.º
(Noção e formas de gestão)
1- A gestão de bens imóveis do Município compreende a sua conservação, valorização,
rentabilização e a racionalização dos recursos disponíveis de acordo com o princípio da boa
administração.
2- Na gestão do património municipal poderão ser estabelecidas relações jurídicas subordinadas ao
Direito Administrativo ou ao Direito Civil, consoante exista ou não interesse público nos imóveis
ou nos fins a atingir por estes.
a) São instrumentos de Direito Administrativo:
I. Atribuição de licenças ou direitos de concessão sobre o domínio público municipal;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
51
II. A cedência de utilização, ocupação e utilização temporária de bens imóveis do
domínio público e privado do município;
III. O contrato administrativo.
b) São instrumentos de Direito Civil:
I. A venda, permuta ou constituição de direitos de superfície ou outros direitos reais
sobre bens do domínio privado municipal;
II. O arrendamento ou o comodato de bens do domínio privado municipal;
III. A compra de bens de imóveis no comércio jurídico e aceitação de doações,
heranças e legados constituídos, total ou parcialmente, por este tipo de bens;
3- Poderá ainda ser estabelecida relação jurídica com qualquer outra forma permitida por lei.
4- Todos os imóveis municipais que se encontrem em regime de execução poderão ser alienados ou
onerados, através de hasta pública, ficando a escolha de outro tipo de procedimento sujeito a
decisão dos órgãos municipais competentes.
5- No âmbito da gestão do património municipal os terrenos municipais poderão ser objeto de
afetação ou desafetação do domínio público, nos termos previstos na lei e deste regulamento.
Artigo 35.º
(Objetivos da administração patrimonial)
1- O executivo camarário deve aprovar os procedimentos de administração dos bens imóveis
municipais de acordo com a missão e pilares estratégicos da gestão patrimonial, promovendo os
seguintes objetivos:
a) Melhorar a eficiência da respetiva gestão;
b) Assegurar a compatibilização dos atos de administração com as orientações do executivo
camarário;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
52
c) Adequar os atos de administração dos bens imóveis à sua valorização concreta de acordo
com os princípios da economia, eficácia, eficiência e às perspetivas de evolução do mercado
imobiliário;
d) Obter a utilização eficiente dos bens imóveis, em atenção ao seu valor, a índices de
ocupação e às características da utilização dos mesmos pelos respetivos serviços ou
organismos.
2- A prossecução dos objetivos referidos no número anterior assenta num programa de
inventariação e é realizada com base num programa de gestão do património imobiliário,
através, designadamente, dos seguintes procedimentos e medidas:
a) Aprovação de critérios e adoção de medidas referentes à utilização mais eficiente dos bens
imóveis;
b) Estabelecimento de índices relativos à ocupação e aos custos de utilização dos bens imóveis;
c) Planificação global e integrada das necessidades de bens imóveis pelos serviços municipais;
d) Programação de intervenções nos bens imóveis, precedidas de análises técnicas e
económico-financeiras, destinadas à otimização da respetiva utilização;
e) Programação de intervenções destinadas a assegurar a conservação dos bens imóveis e
condições de segurança e de utilização adequadas;
f) Programação das vendas, dos arrendamentos ou de quaisquer outras formas legalmente
admitidas de cedência de bens imóveis municipais.
CAPÍTULO II
Gestão do Domínio Público Municipal
Secção I
Disposições Gerais
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
53
Artigo 36.º
(Uso comum ordinário)
1- Os bens do domínio público municipal podem ser fruídos por todos mediante condições de
acesso e de uso não arbitrárias ou discriminatórias, salvo quando da sua natureza resulte o
contrário.
2- O uso comum ordinário dos imóveis do domínio público municipal é gratuito, salvo nos casos em
que o aproveitamento seja divisível e proporcione vantagem especial, mediante disposição
especial.
Artigo 37.º
(Cedências de utilização a outras entidades públicas)
1- Os bens do domínio público municipal podem ser cedidos a título precário para utilização por
outras entidades públicas.
2- Nos casos previstos no número anterior devem os serviços municipais formalizar a entrega dos
imóveis através do auto de cedência e aceitação, fiscalizar o cumprimento do fim justificativo da
cedência e determinar a devolução dos respetivos imóveis, quando devida.
3- As cedências de utilização estão sujeitas ao princípio da onerosidade.
Artigo 38.º
(Uso comum extraordinário)
1- O uso comum extraordinário dos imóveis do domínio público está sujeito sujeito a autorização e
ao pagamento das taxas previstas no Regulamento Geral de Taxas, Preços e Outras Receitas do
Município de Lisboa, sem prejuízo de eventual isenção nos termos do mesmo Regulamento.
2- A autorização referida no número anterior deve, designadamente, assegurar a compatibilidade e
a hierarquia dos múltiplos usos possíveis, a satisfação da necessidade de conservação do bem e a
prevenção da produção ou ampliação de perigos decorrentes de aproveitamento mais intenso,
inadequado ou indevido.
Artigo 39.º
(Títulos de utilização privativa do domínio público)
1- Os particulares podem adquirir direitos de uso privativo do domínio público municipal por licença
ou concessão, neste caso, através de procedimento de hasta pública, garantindo concorrência,
transparência e boa gestão pública.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
54
2- O presente artigo aplica-se a toda a ocupação no domínio público, qualquer que seja o meio de
utilização, seja no solo, subsolo ou no espaço aéreo.
Artigo 40.º
(Conteúdo da utilização privativa)
Podem ser conferidos a particulares, por período determinado de tempo, poderes exclusivos de
fruição e ocupação de bens do domínio público municipal, através de ato administrativo de
licenciamento ou contrato administrativo, mediante o pagamento de taxas ou condições
contratuais, nos termos e condições previstos na lei e em regulamento próprio.
Secção II
Licença de utilização privativa do domínio público
Artigo 41.º
(Licença)
1- A licença de utilização privativa do domínio público é, por natureza, de índole precária, podendo
ser cancelada a todo o tempo, sempre que o interesse público assim o exigir.
2- Todos os pedidos de licenciamento que incidam sob o espaço público ficam sujeitos a consulta
prévia ao serviço municipal competente pela gestão patrimonial, que aferirá da adequação do
pretendido em termos de dominialidade, oportunidade e compatibilidade com os objetivos
estratégicos da gestão patrimonial.
3- Para efeito do disposto no número anterior, os serviços gestores responsáveis pela apreciação
dos pedidos, deverão remetê-los à Direção Municipal de Gestão Patrimonial com toda a
informação necessária.
4- Sem prejuízo do disposto em regulamento específico, poderá a utilização privativa do domínio
público por licença ser atribuída às entidades seguintes:
a) Entidades privadas sem fins lucrativos;
b) Pessoas singulares ou entidades com fins lucrativos que sejam proprietários ou
arrendatários de imóvel contíguo ou ocupação localizada a uma distância mínima de 20
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
55
metros da área de espaço público que o respetivo interessado pretende ocupar, salvo se
outra distância seja fixada em regulamento próprio;
c) Outras demais entidades para eventos ocasionais ou temporários ainda que com natureza
comercial desde que promovam e não colidam em caso algum com interesse público
municipal;
5- O interessado na atribuição de licença de utilização privativa do domínio público deve apresentar
o respetivo pedido junto dos serviços competentes, através de modelo aprovado pelo Município,
instruído com os documentos necessários à instrução do pedido.
6- O serviço municipal competente ou a Junta de Freguesia se tiver competências delegadas para o
efeito, deverá analisar o pedido formulado pelo interessado e fundamentar a sua decisão,
devendo indeferir o pedido de atribuição da licença de utilização privativa do domínio público
quando não cumpram as condições e critérios previstas no regulamento geral de mobiliário
urbano e ocupação da via pública e ainda nas situações seguintes:
a) Sempre que o pedido incida sobre terrenos do domínio privado municipal;
b) Quando os documentos instrutórios não revelarem que a atividade que o interessado
pretende exercer é economicamente viável;
c) Quando a ocupação do espaço público proposta prejudique ou obstaculize a circulação de
peões, veículos ou a fruição pelo público em geral, não sendo permitida em área contígua a
vias de acesso único fechado destinado à entrada dos residentes nas respetivas garagens;
d) Quando existir mais do que um interessado que reúna as condições para o efeito.
7- Sempre que se verifique a existência de dois ou mais interessados na mesma zona de domínio
público municipal, o direito de utilização privativa do domínio público far-se-á por concessão nos
termos previstos na subsecção seguinte.
Artigo 42.º
(Prazo de duração da licença)
1- O prazo de duração da licença será fixado no despacho de autorização, considerando-se, quando
nada se diga em contrário, que é concedida pelo prazo máximo de um ano, renovável por iguais
períodos de tempo, nos termos dos regulamentos municipais específicos.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
56
2- A licença poderá ser renovada, automática e sucessivamente, desde que o pedido seja deferido e
mediante o pagamento das taxas devidas pela renovação até ao termo da vigência da mesma e
desde que não tenha procedido a qualquer alteração estética e funcional a salientar, podendo o
Município ou a Junta de Freguesia se tiver competências delegadas para o efeito, sempre que se
considerar justificável, condicionar a renovação da licença à execução de obras de beneficiação.
3- A renovação da licença deverá ser requerida até 30 dias úteis relativamente ao respetivo termo.
4- A decisão de renovação será proferida no prazo máximo de 30 dias úteis a contar do registo de
entrada do requerimento, após o que se considerará tacitamente deferido.
Artigo 43.º
(Caução)
1- Com o pagamento da licença poderá ser exigida caução de valor adequado a assegurar o
ressarcimento de eventuais danos causados ao Município de Lisboa.
2- A cessação da licença implica a libertação da caução existente e, quando for o caso, a exigência
de nova caução ao novo titular da licença.
Artigo 44.º
(Intransmissibilidade da licença)
1- A licença de utilização privativa do domínio público é intransmissível.
2- O disposto no número anterior não prejudica a possibilidade de transmissão, nos casos de
trespasse, cessão de exploração ou de qualquer outro negócio jurídico em que se opere a
transmissão de estabelecimento comercial relacionado com a licença de utilização privativa do
domínio público.
3- Nas situações previstas no número anterior, a transmissão terá de ser comunicada ao Município
pelo transmitente, titular da licença, devendo o adquirente requerer o respetivo averbamento,
desde que se mantenham todas as pré-existentes condições da mesma.
4- O ato de averbamento determinará o pagamento da respetiva taxa nos termos do respetivo
regulamento.
5- A alteração das condições que estiveram na base da concessão da licença implica a sua
caducidade, iniciando-se um novo processo.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
57
6- O pedido de mudança da titularidade da licença de utilização privativa do domínio público só
será deferido desde que se verifiquem, cumulativamente, as seguintes condições:
a) Encontrarem-se pagas as taxas devidas;
b) Estejam cumpridas todas as obrigações legais e condições estabelecidas no momento da
atribuição da licença;
c) Não sejam pretendidas quaisquer alterações ao objeto do licenciamento, com exceção de
obras de beneficiação ou mera conservação, as quais até poderão ser condicionantes do
deferimento do pedido de mudança de titularidade em causa;
d) O requerente apresente prova da legitimidade do seu interesse.
7- Pela mudança de titularidade, o novo titular fica autorizado, após o pagamento da taxa devida
pelo averbamento, a ocupar o espaço público até ao fim do prazo de duração da licença
concedida ao anterior titular.
Artigo 45.º
(Caducidade da licença)
1- A licença de utilização privativa do domínio público caduca nas seguintes situações:
a) Quando, nos casos de renovação, o interessado não pague a respetiva taxa;
b) Quando tiver expirado o período de tempo autorizado para a utilização privativa do domínio
público;
c) Por morte, dissolução de pessoa coletiva, declaração de insolvência ou outra forma de
extinção da condição de titular;
d) Por perda, por parte do titular da licença, do direito ao exercício da atividade relacionada,
direta ou indiretamente, com a mesma;
e) Quando não exista pedido de renovação da licença ou em caso de indeferimento deste;
f) Quando for indeferido o pedido de renovação nas condições previstas nos regulamentos
específicos.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
58
2- A caducidade da licença não confere direito a qualquer indemnização.
Artigo 46.º
(Cancelamento da licença)
1- A licença de utilização privativa do domínio público pode ser cancelada, a todo o tempo, sempre
que se verifique uma das seguintes situações:
a) Quando o titular não cumpra as normas legais e regulamentares a que está sujeito ou
quaisquer outras obrigações a que se tenha vinculado pelo licenciamento, designadamente
quando:
I. Não proceda à utilização no prazo e nas condições estabelecidas;
II. Tenha consentido a utilização por terceiro não autorizado;
III. Tenha procedido à transmissão da licença;
IV. Tenha procedido à realização de obras no bem objeto da licença sem a prévia
autorização do Município ou sem licenciamento;
V. Não proceda a uma utilização regular e intensiva da licença;
b) O titular não proceda à utilização no prazo e nas condições estabelecidas;
c) Sempre que se verifique que, por circunstâncias supervenientes de interesse público, a
utilização privativa é inconveniente, prejudicial ou embaraçosa para a circulação de peões
ou trânsito, afeta a higiene, limpeza e estética dos lugares, ou ainda quando outras
situações excecionais de manifesto interesse público assim o exijam;
2- Sem prejuízo do prazo de aviso prévio de 30 dias e do cumprimento de todas as disposições
legais relativas ao direito de audição do interessado, o cancelamento da licença não confere
direito a qualquer indemnização.
Artigo 47.º
(Suspensão da licença)
1- De acordo com as condições do caso concreto, poderá ser decidida, a suspensão da licença de
utilização privativa do domínio público pelo tempo necessário a corrigir a infração detetada.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
59
2- Durante o tempo de suspensão, o titular ficará obrigado a cumprir a ordem que lhe foi dirigida e
impedido de levar a cabo a atividade que vinha exercendo ao abrigo da licença.
3- O incumprimento da ordem até ao final do prazo de suspensão, determinará o cancelamento da
licença.
Artigo 48.º
(Alteração de local)
Quando imperativos de reordenamento do espaço ou manifesto interesse público assim o
justifiquem, poderá ser decidida a transferência de local atribuído pela licença de utilização privativa
do domínio público, sem direito a qualquer indemnização.
Artigo 49.º
(Desmontagem e remoção)
1- Nos casos previstos nos artigos 45.º e 46.º do presente regulamento, haverá lugar à intimação
para desmontagem e remoção do equipamento.
2- Sem prejuízo do disposto no número anterior, o infrator poderá incorrer em processo de
contraordenação nos termos tipificados em regulamento específico.
3- Verificando-se a ocupação da via pública sem a necessária licença, ou em casos de iminente
prejuízo do interesse público, proceder-se-á à imediata remoção dos elementos ocupantes,
notificando o particular, sempre que possível, para efeitos de remoção voluntária, sem prejuízo
do processo de contraordenação a que houver lugar pela falta de licenciamento de acordo com
regulamento específico.
4- Em caso de recusa ou inércia do particular quanto ao cumprimento da intimação para remoção
voluntária, será o ato efetuado com intervenção dos serviços municipais competentes, a
expensas do mesmo.
5- A restituição dos bens e materiais removidos far-se-á mediante o pagamento de montante, que o
Município de Lisboa orçamentará consoante os encargos devidos e adequados, relativos, à
remoção, transporte e depósito.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
60
6- A perda ou deterioração dos bens e materiais removidos não confere qualquer direito a
indemnização.
7- O ato de apreensão e depósito dos bens e materiais removidos do domínio público deverá ser
acompanhado pela Policia Municipal, que elaborará o correspondente auto.
Secção III
Utilização privativa do domínio público por concessão
Artigo 50.º
(Concessão)
1- O Município de Lisboa pode atribuir a entidades privadas o direito ao uso ou exploração privativa
de parcelas do domínio público municipal através da celebração de contrato administrativo de
concessão.
2- O direito resultante da concessão pode constituir objeto de atos de transmissão entre vivos e de
garantia real, de arresto, de penhora ou de qualquer outra providência semelhante desde que
precedidos de autorização do Município.
3- A violação do disposto no número anterior determina a nulidade dos atos aí previstos nos termos
da lei.
Artigo 51.º
(Prazo)
1- O prazo da concessão é fixado por deliberação dos competentes órgãos municipais no ato de
atribuição do direito de uso de utilização privativa de acordo com as condições definidas no
procedimento nos termos da lei.
2- O prazo da concessão não é suscetível de prorrogação, salvo estipulação específica e nos casos
excecionais previstos na lei, podendo, no entanto, ser atribuído direito de preferência ao
concessionário em eventual futuro procedimento concorrencial promovido para a concessão de
uso privativo sobre o terreno dominial.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
61
3- Caso o procedimento previsto no número anterior seja a hasta pública e a concessionária haja
exercido, no decurso do ato público, o seu direito de preferência, a entidade adjudicante reabrirá
nova licitação entre o preferente e o candidato que tenha anteriormente licitado pelo valor mais
elevado, terminando tal licitação logo que seja anunciado por três vezes o lanço mais elevado e
este não seja coberto.
Artigo 52.º
(Contrapartida)
1- Sem prejuízo do disposto no n. º 2 do artigo 6.º, a atribuição do direito de uso privativo está
sujeita a contrapartida financeira a apurar nos termos previstos no artigo 30.º e seguintes do
presente regulamento.
2- A contrapartida financeira pode ser paga ao concedente em prestações mensais, anuais ou
integralmente na data da assinatura do contrato de concessão.
3- Em casos excecionais devidamente fundamentados, mediante autorização do órgão executivo
municipal, a contrapartida poderá ser em espécie, aplicando-se para a sua valorização os
critérios estabelecidos nos artigos 30.º e seguintes.
Artigo 53.º
(Obrigações da concessionária)
1- Sem prejuízo das obrigações que venham a ser previstas no contrato de concessão, a
concessionária obriga-se, designadamente, a:
a) Elaborar, requerer e instruir, a expensas suas, todos os projetos pedidos de licenças ou
alvarás necessários que sejam necessários ao cumprimento da finalidade da concessão, bem
como ao cumprimento das contrapartidas que venham a ser fixadas no contrato de
concessão;
b) Obter atempadamente junto das entidades competentes, bem como manter
permanentemente atualizados todos os alvarás, licenças, autorizações ou aprovações,
exigidas por lei ou regulamento para a implantação de construções, instalação e
manutenção de equipamentos e o desenvolvimento da atividade no terreno dominial;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
62
c) Assegurar os encargos de manutenção e funcionamento da área, dos edifícios, estruturas e
equipamentos de apoio afetos à concessão, nomeadamente os relacionados com o
consumo de eletricidade, água, gás e telecomunicações, bem como com a limpeza ou com
quaisquer equipamentos de segurança;
d) Realizar, a expensas suas, quaisquer obras de conservação ou reparação que se revelem
necessárias no decurso da vigência do contrato de concessão;
e) Manter a área, as edificações, estruturas e equipamentos afetos à concessão em bom
estado de conservação, segurança, limpeza e salubridade;
f) Sujeitar a autorização prévia do Município, nos termos legais, eventuais obras de
reconstrução ou alteração de edifícios, estruturas e equipamentos afetos à concessão, salvo
se, tratando-se de obras internas, estas não impliquem modificações na estrutura de
estabilidade, cérceas, forma da fachada e forma das coberturas;
g) Manter a vigilância que considere necessária nas edificações, instalações e equipamentos de
apoio na área afeta à concessão, e garantir a segurança de todos os utilizadores e
frequentadores das mesmas, não podendo o concedente ser responsabilizado por quaisquer
danos, acidentes, roubos ou situações similares que nelas ocorram;
h) Avisar imediatamente o concedente sempre que tenha conhecimento de algum perigo ou
ameaça séria sobre a área da concessão, respetivos equipamentos de apoio ou áreas de
utilização pública, ou de que terceiros se arrogam reiteradamente o exercício de direitos
sobre edificações erigidas na área concessionária;
i) Contratar e manter os seguros necessários ao exercício da finalidade da concessão e que
garantam o risco de incêndio e de destruição, por causas naturais ou de ação humana, das
edificações existentes ou a construir no terreno dominial;
j) Cumprir todas as obrigações e suportar os custos e encargos relativos ao cumprimento de
normas de natureza ambiental, bem como praticar uma política preventiva de acidentes, de
trabalho ou outros, disponibilizando e divulgando a informação necessária, em locais que
sejam facilmente acessíveis a colaboradores e utilizadores;
k) Manter atualizado o inventário de todos os bens e equipamentos instalados na área
concessionada, facultando-o ao concedente, sempre que tal lhe seja solicitado;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
63
l) Colaborar com a fiscalização do concedente em tudo o que seja necessário para assegurar o
cumprimento do contrato de concessão ou de normas legais ou regulamentares aplicáveis;
m) Colaborar com todas as entidades que tenham competência de fiscalização ou inspeção em
relação a qualquer das atividades que sejam desenvolvidas na área concessionada, acatando
prontamente as suas ordens e instruções;
n) Colaborar com as autoridades policiais em tudo o que lhe seja solicitado e esteja previsto
em lei ou regulamento;
o) Cumprir as suas obrigações fiscais e perante a Segurança Social, bem como pagar todas as
taxas, contribuições e impostos legalmente exigidos;
p) Em caso de destruição, total ou parcial, das edificações existentes no terreno dominial e
afetas ao direito de uso privativo, independentemente da respetiva causa, proceder à sua
reconstrução;
q) Entregar, no termo da concessão, ao Município de Lisboa os bens que integram a área
concessionada, incluindo os equipamentos necessários ao exercício da respetiva atividade.
2- O exercício pelo concedente das competências administrativas nos termos e dentro dos limites
das normas legais, regulamentares e contratuais aplicáveis não isenta a concessionária do
cumprimento das obrigações a que se encontra vinculada por efeito do contrato de concessão.
3- A defesa contra a perturbação criada por terceiros ao exercício do direito de uso privativo sobre
o terreno dominial incumbe, em primeira linha, à concessionária, mas esta poderá contar com a
intervenção do concedente sempre que tal se revelar necessário em concreto, nomeadamente
para a propositura de ações jurisdicionais.
Artigo 54.º
(Obrigações do concedente)
1- O concedente deve entregar, na data da assinatura do contrato de concessão, o terreno dominial
no estado em que se encontra, livre de quaisquer ónus ou encargos, com as edificações,
estruturas e equipamentos que possam existir.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
64
2- O concedente compromete-se a colaborar com a concessionária no cumprimento do contrato de
concessão e com vista ao melhor aproveitamento possível do terreno dominial, abstendo-se de
praticar quaisquer atos inúteis ou causadores de encargos desproporcionados à concessionária.
3- O exercício pelo concedente das prerrogativas e poderes conferidos por normas legais ou
regulamentares não constitui obstáculo ao cumprimento das obrigações do concessionário.
Artigo 55.º
(Fiscalização pelo concedente)
1- O concedente pode ter acesso ao terreno dominial na medida do estritamente indispensável
para verificar o modo de exercício do direito de uso privativo e a sua conformidade com o
contrato de concessão e com as leis e regulamentos aplicáveis.
2- A fiscalização prevista no número anterior deve ser exercida de forma compatível com o normal
exercício do direito de uso privativo objeto da concessão.
Artigo 56.º
(Encargos gerais de funcionamento)
1- São da responsabilidade da concessionária todos os encargos relativos ao licenciamento das
instalações, equipamentos, atividade e exploração do terreno dominial, bem como à sua
conservação e manutenção.
2- Para efeitos do disposto no número anterior, constituem, designadamente, encargos da
concessionária os relativos ao fornecimento ou abastecimento de água, gás, eletricidade,
comunicações e telecomunicações.
3- A concessionária deve, sempre que possível, privilegiar o recurso a fontes energéticas não
poluentes e renováveis e adotar práticas ambientalmente responsáveis no exercício do seu
direito de uso privativo.
Artigo 57.º
(Cessão da posição contratual)
1- A concessionária não pode, sem autorização prévia do concedente, transmitir a terceiros a
posição jurídico-administrativa adquirida através do contrato de concessão, nem celebrar
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
65
quaisquer negócios que conduzam, em termos materiais, total ou parcialmente, a um idêntico
resultado transmissivo, incluindo negócios de subconcessão.
2- O disposto no número anterior não é aplicável à celebração com terceiros pela concessionária de
contratos de fornecimento de bens ou de prestação de serviços necessários ou convenientes ao
uso privativo objeto da concessão.
3- A violação do disposto no n.º 1 sujeita a concessionária à resolução sancionatória do contrato de
concessão, nos termos do artigo seguinte.
4- É permitida a cessão da posição contratual pelo concedente, bastando, para tal, que o ato seja
comunicado antecipadamente à concessionária.
5- No caso de sucessão legal de outra pessoa coletiva na posição jurídica assumida pelo
concedente, essa vicissitude é de verificação automática, mas não dispensa a comunicação
referida no número anterior.
Artigo 58.º
(Resolução sancionatória pelo concedente)
1- O concedente pode resolver unilateralmente o contrato de concessão, a título sancionatório,
nomeadamente, nos seguintes casos:
a) Quando o concessionário não iniciar a atividade a que está vinculado dentro do prazo
estabelecido;
b) Incumprimento grave e reiterado do contrato por facto culposo da concessionária;
c) Utilização do terreno dominial para fim diverso do previsto contratualmente;
d) Encerramento ou não utilização do terreno dominial por período superior a 120 (cento e
vinte) dias, salvo ocorrendo motivo justificativo;
e) Atraso no pagamento da contrapartida financeira mensal ou anual, por período superior a
60 (sessenta) dias;
f) Oneração ou transmissão da concessão sem autorização prévia do concedente;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
66
g) Apresentação da concessionária à insolvência ou declaração desta pelo tribunal;
h) Deficiências graves, sistemáticas e reiteradas na organização e regular funcionamento das
edificações, estruturas e equipamentos instalados no terreno dominial, geradoras de
insegurança para pessoas e bens;
i) Recusa grave e reiterada em proceder à manutenção e conservação das instalações e
equipamentos afetos à concessão;
j) Oposição reiterada e injustificada ao cumprimento de decisões administrativas,
nomeadamente ao exercício do poder contratual de fiscalização pelo concedente;
k) Incumprimento grave e reiterado das normas e procedimentos obrigatórios nos termos
legais e regulamentares, nomeadamente em matéria ambiental;
l) Em caso de sinistro, incumprimento da obrigação de reconstrução das instalações e
equipamentos afetos à concessão;
m) Incumprimento de decisões judiciais ou arbitrais respeitantes ao contrato de concessão.
2- Verificando-se um dos fundamentos de resolução do contrato de concessão indicados no
número anterior, o concedente notificará a concessionária para que sejam integralmente
cumpridas as obrigações em falta e corrigidos ou reparados os respetivos prejuízos, sendo para
tal fixado o prazo razoavelmente necessário, nunca inferior a 30 (trinta) dias úteis.
3- Não sendo o incumprimento sanado nos termos do número anterior, o concedente poderá, de
imediato, resolver o contrato de concessão, mediante comunicação a enviar à concessionária por
correio registado com aviso de receção.
4- Operada a resolução do contrato de concessão, a concessionária deverá entregar ao concedente,
no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data da receção da comunicação de resolução, o terreno
dominial e as edificações nele existentes livres de quaisquer ónus ou encargos, não sendo devido
o pagamento de qualquer indemnização à concessionária.
Artigo 59.º
(Resolução por motivos de interesse público)
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
67
1- O direito de uso privativo pode ser extinto pelo concedente por razões de interesse público,
devidamente fundamentadas, mediante o pagamento à concessionária de justa indemnização e
ressarcimento nos termos previstos no número seguinte.
2- A justa indemnização prevista no número anterior inclui:
a) O pagamento do justo valor de mercado das diversas instalações e equipamentos
eventualmente implantados no terreno dominial pela concessionária e que revertam para o
concedente nos termos do artigo 64.º sendo o valor desses bens aferido com base na média
de resultados das duas avaliações externas a promover, respetivamente, por cada uma das
partes, no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias, desde que tal média não exceda 15%
do valor de cada avaliação, caso em que se recorrerá a peritagem através de perito
avaliador da Lista Oficial do Ministério da Justiça ou certificado pela Regulador do Mercado
de Valores Imobiliários, ou ainda a instância arbitral que se venha a constituir para o efeito
por decisão do Presidente da Câmara;
b) O ressarcimento de todas as perdas e danos sofridos pela concessionária em consequência
da resolução contratual.
Artigo 60.º
(Resolução pela concessionária)
1- A concessionária tem o direito de resolver o contrato de concessão nos casos em que o
concedente torne impossível o cumprimento das suas obrigações ou torne
desproporcionadamente oneroso tal cumprimento, praticando atos que não sejam lícitos nos
termos legais, regulamentares ou contratuais.
2- Sendo o Contrato resolvido nos termos do número anterior, a concessionária terá direito à justa
indemnização determinada nos termos do n.º 2 do artigo anterior.
Artigo 61.º
(Termo da concessão por decurso do prazo)
A extinção da concessão por decurso do prazo não confere ao concessionário o direito a qualquer
indemnização.
Artigo 62.º
(Termo da concessão)
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
68
1- Todas as instalações e equipamentos revertem gratuita e automaticamente para o concedente
no termo da concessão, salvo se:
a) A desmontagem dos equipamentos, sendo possível, não implicar uma deterioração
desproporcionada das instalações e do terreno dominial;
b) A concessionária reparar integralmente os danos causados com a desmontagem de
equipamentos.
2- A concessionária obriga-se a entregar as instalações e equipamentos no estado em que se
encontrarem, sem prejuízo do seu normal desgaste, livres de quaisquer ónus e encargos.
3- O concedente entrará na posse administrativa das instalações e equipamentos indicados no n.º 1
sem dependência de qualquer outra formalidade que não uma vistoria ad perpetuam rei
memoriam, a realizar pelo serviço municipal com competência em matéria de gestão
patrimonial, para a qual serão convocados os representantes da concessionária.
4- No termo da concessão, cessam automaticamente todas as relações contratuais que a
concessionária tenha estabelecido com terceiros no contexto e para o desenvolvimento das
atividades objeto do contrato de concessão.
5- É da responsabilidade da concessionária inserir nos contratos que originem e regulem as relações
contratuais com terceiros os mecanismos necessários a permitir o cumprimento do disposto no
número anterior, sempre sujeito a fiscalização pelo concedente.
Artigo 63.º
(Bens afetos à concessão)
1- Todos os bens, seja de que natureza for, que sejam necessários a que se desenvolva todo o
conjunto de atividades na área concessionada são, por estatuto jurídico, bens afetos à
concessão, nos termos previstos na lei.
2- Os bens serão inventariados pelo Município de Lisboa, no momento da abertura ao público da
atividade no terreno dominial, devendo tal inventariado ser atualizado anualmente, de modo a
servir de referência para a reversão de todos os bens no termo da concessão.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
69
Artigo 64.º
(Reversão)
Todas as construções, benfeitorias e equipamentos revertem gratuita e automaticamente para o
Município de Lisboa no termo da concessão.
Secção IV
Abastecimento de Combustíveis Líquidos
Artigo 65. º
(Finalidade)
1- Sem prejuízo do disposto na lei quanto ao licenciamento da construção, instalação e exploração
de estações de serviço ou postos de abastecimento, pode o Município de Lisboa atribuir o direito
à ocupação do domínio público municipal para a instalação e exploração daquelas instalações.
2- Sempre que as condições técnicas e de localização o permitam, as instalações referidas no
número anterior deverão assegurar o fornecimento de qualquer outro tipo de energia ou
combustível que esteja ou venha a estar regularmente comercializado em território nacional,
sem prejuízo do prévio licenciamento e da instalação dos equipamentos que se mostrem
necessários.
3- Salvo autorização prévia por escrito do Município de Lisboa, o concessionário não poderá prestar
na área concessionada quaisquer serviços ou exercer quaisquer atividades que não sejam os
indicados nos números anteriores, conforme se trate de estação de serviço ou posto de
abastecimento.
4- Ainda que a exploração de posto abastecedor ou estação de serviço decorra de atribuição de
propriedade municipal em regime de direito de superfície aplicar-se-ão as regras desta secção IV.
Artigo 66. º
(Concessão e licença)
1- O direito à ocupação do domínio público municipal para os fins previstos no artigo anterior, faz-
se por concessão ou por simples licença, devendo a primeira ser, atribuída através de
procedimento de hasta pública, nos termos regulados nos artigos 148.º e seguintes.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
70
2- Nos casos em que não seja possível a instalação de infraestrutura de apoio para recebimento de
pagamentos e emissão de faturas em bombas abastecedoras, designadamente por falta de
largura regulamentar do respetivo passeio e o interessado seja proprietário ou arrendatário de
imóvel confinante, o direito à ocupação do domínio público municipal faz-se através da
atribuição de licença.
3- O prazo máximo de atribuição do direito à ocupação do domínio público municipal para os fins
previstos no artigo anterior por concessão é de 20 anos e por licença de 5 anos.
4- O titular do direito à ocupação do domínio público municipal para revenda de combustíveis deve
entregar, na data da emissão da licença ou da assinatura do contrato de concessão, ao Município
de Lisboa uma garantia bancária ou um seguro-caução, pagável à primeira solicitação, de valor
igual ao das taxas devidas e de todas as obrigações emergentes da ocupação do domínio público.
Artigo 67. º
(Valor da concessão)
1- O valor base de licitação do direito à ocupação do domínio público municipal, para nova
concessão de posto de abastecimento ou de estação de serviço existente faz-se através da
atualização do valor arrematado pelo anterior concessionário, por aplicação do coeficiente de
correção monetária publicada em Portaria, entre a data de início do anterior período de
concessão e data de lançamento do novo procedimento.
2- Para apurar o valor da concessão de novo posto de abastecimento ou de estação de serviço
deverão ser promovidas avaliações imobiliárias nos termos previstos nos artigos 30.º e seguintes,
com recurso ao método de rendimento, devendo os peritos avaliadores ter em consideração a
localização e o trafego existente e previsível na respetiva zona durante o prazo da concessão.
Artigo 68. º
(Adicional à taxa da licença)
1- Sem prejuízo das taxas previstas no Regulamento de Taxas e de Outras Receitas do Município de
Lisboa, o titular do direito à ocupação do domínio público municipal deverá pagar anualmente ao
Município de Lisboa a quantia correspondente a 2,5% do valor de arrematação na hasta pública
de que resultou o seu direito.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
71
2- O pagamento referido no n.º 1 deverá ser efetuado na Tesouraria do Município até ao dia 30 de
junho de cada ano, sob pena de cancelamento da respetiva licença ou, em alternativa, de
aplicação de sanção pecuniária correspondente a 10% ou 50% do valor devido, consoante o
pagamento seja feito até 31 de dezembro do ano em que seja devido ou para lá dessa data,
respetivamente.
3- O previsto no n.º 1 do presente artigo só se aplica a situações constituídas em data posterior à da
entrada em vigor do presente regulamento.
Artigo 69. º
(Licenciamento)
1- O titular do direito à ocupação do domínio público municipal deve promover o licenciamento da
construção e instalação dos equipamentos necessários à venda de combustíveis no prazo
máximo de 60 (sessenta) dias úteis após a emissão da licença ou da assinatura do contrato de
concessão.
2- Decorridos 30 (trinta) dias úteis sobre o termo do prazo previsto no número anterior sem que o
respetivo interessado tenha entregue o pedido de licenciamento devidamente instruído,
promover-se-á o cancelamento da licença ou a resolução do contrato de concessão nos termos
previstos nos artigos 46.º e 58. º.
3- O titular do direito à ocupação do domínio público municipal deverá realizar as obras e os
trabalhos necessários à instalação da bomba abastecedora, posto de abastecimento ou de
estação de serviço no prazo previsto no licenciamento.
4- A licença de exploração da bomba abastecedora, posto de abastecimento ou de estação de
serviço posição concessionada deve ser requerida no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis a
contar da data da vistoria ou da data da atribuição da licença ou da notificação do despacho da
adjudicação definitiva da concessão, nas situações em que já se encontrem instalados e em
funcionamento os equipamentos necessários ao abastecimento de combustíveis e o titular do
direito à ocupação do domínio público municipal não pretenda realizar obras de alteração.
Artigo 70 º
(Regime de ocupação e utilização)
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
72
1- O titular do direito à ocupação do domínio público municipal deve iniciar a atividade de
fornecimento de combustíveis no prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis a contar da data da
emissão da licença de exploração.
2- Para efeitos do número anterior, o titular do direito à ocupação do domínio público municipal
pagará uma multa diária por cada dia de atraso no início da atividade no montante
correspondente a 2 (duas) vezes o valor da remuneração mínima garantida, salvo se
justificadamente o atraso lhe não for imputável.
3- Sem prejuízo do disposto no número anterior, em caso de atraso no início da exploração por
prazo superior 90 (noventa) dias úteis, poderá o Município promover o cancelamento da licença
ou a resolução do contrato de concessão nos termos previstos nos artigos 46.º e 58.º.
4- A exploração deve ser feita de forma continuada e sem interrupções que não sejam resultantes e
estritamente necessárias pela própria natureza da atividade, salvo por caso fortuito, de força
maior, acordo com o Município de Lisboa ou imposição administrativa.
5- Para efeitos do número anterior, o titular do direito à ocupação do domínio público municipal
pagará uma multa diária por cada dia de interrupção injustificada da atividade de exploração no
montante correspondente a 1 (uma) vez o valor da remuneração mínima garantida.
6- A interrupção injustificada da exploração da atividade por prazo superior a 90 (noventa) dias
úteis, seguidos ou intercalados, confere o direito do Município cancelar a licença ou resolver o
contrato de concessão.
Artigo 71.º
(Obrigações do titular do direito à ocupação do domínio público municipal)
1- Para além do previsto no artigo 53.º no exercício da atividade de revenda de combustíveis
líquidos, o titular do direito à ocupação do domínio público municipal está obrigado a:
a) Fornecer, manter e substituir os equipamentos, móveis e utensílios fundamentais para a
exploração das atividades na parcela dominial;
b) Manter todas as instalações e serviços que integram a parcela dominial adequadamente
dimensionados à evolução do tráfego, de modo a garantir a qualidade dos serviços
prestados e a não prejudicar a normal circulação rodoviária;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
73
c) Garantir que as instalações, equipamentos e serviços prestem adequada satisfação sob os
aspetos de estética, higiene, qualidade e salubridade e proporcionem serviços cómodos,
seguros, rápidos e eficientes aos utentes;
d) Ser diligente quanto ao aprovisionamento de bens que sejam vendidos, garantindo a sua
permanente disponibilização aos utentes, sem interrupções;
e) Manter, quando exigíveis, instalações sanitárias limpas e asseadas e com os utensílios de
higiene necessários.
2- O titular do direito à ocupação do domínio público municipal para revenda de combustíveis
líquidos deve ainda:
a) Manter em perfeito estado de conservação e limpeza todas as zonas, instalações e
equipamentos que integram o terreno dominial, nomeadamente as edificações, pavimentos
e equipamentos, bem como as infraestruturas;
b) Garantir a existência durante vinte e quatro horas por dia de meios humanos e meios
eletrónicos de prevenção e deteção, com a função de assegurar a vigilância permanente de
todas as instalações.
3- Para efeitos da alínea b) do número anterior, a parcela dominial deve ser equipada com um
sistema de filmagem constante, com gravação de imagens e com comunicação direta às
autoridades policiais.
4- Todos os equipamentos instalados no terreno dominial, destinados a prestar ou a criar as
condições adequadas para a prestação dos serviços de apoio aos utentes, terão de estar sempre
em bom estado de conservação e utilização e ser imediatamente substituídos ou atualizados
quando não cumpram a sua função, ou revelem falta de capacidade ou operacionalidade.
5- As revisões e reparações dos equipamentos, quando necessárias, serão efetuadas, a expensas do
titular do direito de ocupação do domínio público municipal, no mais curto espaço de tempo
possível, de forma a minimizar os impactos sobre o normal funcionamento da atividade exercida.
Artigo 72.º
(Horários de funcionamento)
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
74
As estações de serviço e os postos de abastecimento de combustível devem funcionar
ininterruptamente (24 horas), todos os dias do ano.
Artigo 73º
(Identificação e publicidade)
1- O titular do direito à ocupação do domínio público municipal para revenda de combustíveis
líquidos obriga-se a manter a sua designação corretamente identificada e bem visível, de modo a
indicar com clareza quem é o responsável pela atividade exercida.
2- A realização de publicidade dirigida às atividades de promoção de vendas de produtos
combustíveis e lubrificantes no terreno dominial está sujeita ao pagamento das taxas previstas
na tabela de taxas e outras receitas municipais.
Artigo 74.º
(Sinalização)
Compete ao titular do direito à ocupação do domínio público municipal para revenda de
combustíveis líquidos adquirir, instalar, montar e manter a sinalização indispensável à segurança das
entradas, saídas e na circulação no interior do terreno dominial.
Artigo 75.º
(Mudança de local)
1- Sempre que o interesse público o justifique, o Município de Lisboa poderá determinar a mudança
do posto de abastecimento ou estação de serviço, havendo lugar a indemnização do titular do
direito à ocupação do domínio público municipal nos casos em que tal mudança implique a perda
de instalações e, ou, equipamentos.
2- A indemnização prevista no número anterior será calculada pelo valor residual dos bens não
totalmente amortizados e dos investimentos não recuperáveis, calculada mediante prova
documental contabilística apresentada pelo respetivo titular e aceite pelo Município de Lisboa.
3- O concessionário que não aceite a mudança de local terá o direito de ser ressarcido pelo valor
pago pela concessão, na proporção do período ainda em falta para o respetivo termo, sem
prejuízo da indemnização prevista no número anterior.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
75
Artigo 76.º
(Exclusão de responsabilidade)
O titular do direito à ocupação do domínio público municipal para revenda de combustíveis não terá
direito de reclamação ou indemnização, seja a que título for, em consequência de alterações de
tráfego na via em que se situa o terreno dominial resultante de obras de beneficiação, reparação,
alargamento da via pública, de medidas de carácter policial ou encerramento temporário.
Artigo 77.º
(Responsabilidade extracontratual)
O titular do direito à ocupação do domínio público municipal para revenda de combustíveis é
responsável por todos os danos causados ao Município de Lisboa ou a terceiros, em resultado da sua
ação ou omissão.
Artigo 78.º
(Seguros e responsabilidade civil)
1- O titular do direito à ocupação do domínio público municipal para revenda de combustíveis deve
celebrar e manter em vigor durante o prazo de exercício da atividade no terreno dominial os
seguros que a seguir se descriminam:
a) Seguro de cobertura de perdas e danos acidentais causados à infraestrutura construída ou
instalada, bem como de perdas e danos acidentais sofridos pelos equipamentos, máquinas e
aparelhagens afetos à exploração da atividade no terreno dominial, que garanta o valor de
reconstrução ou substituição;
b) Seguro relativo ao depósito, manuseamento e abastecimento de combustíveis e de
responsabilidade ambiental;
c) Seguro de responsabilidade civil de exploração, que garanta a responsabilidade civil
extracontratual derivada dos riscos da atividade exercida;
d) Seguros de acidentes de trabalhos, nos termos da lei.
2- A realização de obras de construção no terreno dominial exige a prévia contratação de seguro de
responsabilidade civil.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
76
Artigo 79.º
(Cessão da posição contratual)
1- É proibida a cessão da posição contratual por parte do titular do direito à ocupação do domínio
público municipal para revenda de combustíveis, bem como a celebração de quaisquer contratos
que, mesmo sem essa denominação, pretendam objetivamente obter resultado semelhante ou
idêntico, total ou parcial, incluindo a subconcessão ou a alienação de participações sociais que
representem mais de 75% do capital social da sociedade titular do direito à ocupação, sem a
prévia autorização do Município.
2- Para efeitos da autorização prevista no número anterior, deve o titular do direito à ocupação do
domínio público municipal para revenda de combustíveis remeter ao Município toda a
documentação necessária que permita aferir se o cessionário cumpre as exigências legais e
regulamentares necessárias ao exercício da respetiva atividade.
3- Quando a autorização seja dada, promover-se-á ao averbamento das respetivas licenças a favor
do novo titular, que fica sujeito ao cumprimento de todas as obrigações que impendiam sobre o
transmitente e as previstas na lei.
4- Quaisquer atos praticados ou contratos celebrados, em desrespeito pelo disposto nos números
anteriores, confere o direito do Município de Lisboa promover o cancelamento da licença ou a
resolução do contrato de concessão nos termos previstos nos artigos 46.º e 58.º , sendo perdida
e executada de imediato a caução prestada pelo titular do direito à ocupação do domínio público
municipal para revenda de combustíveis.
Artigo 80.º
(Reconstituição de caução)
1- Nos casos em que seja executada a caução, o titular do direito à ocupação do domínio público
municipal para revenda de combustíveis tem a obrigação de a reconstituir, no prazo máximo de
15 (quinze dias), a contar da data em que tome conhecimento da execução da caução, nos
termos previstos no n.º 4 do artigo 66.º
2- A não reconstituição da caução no prazo determinado no número anterior confere ao Município
o direito de cancelar a licença ou de rescindir o contrato de concessão.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
77
Artigo 81.º
(Cancelamento da licença e rescisão da concessão)
1- A licença de utilização privativa do domínio público será cancelada caso se verifique uma das
situações enumeradas no artigo 46.º ou na presente subsecção.
2- Para além das situações previstas na presente subsecção, o Município de Lisboa pode rescindir o
contrato de concessão com base num dos fundamentos previstos nos artigos 58.º e 59.º.
3- Verificando-se um dos casos de incumprimento que, nos termos dos números anteriores,
possam motivar o cancelamento da licença ou a rescisão do contrato de concessão, o Município
de Lisboa notificará o titular do direito à ocupação do domínio público municipal para que, no
prazo que razoavelmente lhe seja fixado em atenção à situação em causa e aos interesses dos
utentes, sejam integralmente cumpridas as suas obrigações e corrigidas ou reparadas as
consequências, quando possível.
4- Em caso de incumprimento do disposto no número anterior, o Município de Lisboa poderá
cancelar a licença ou rescindir, de imediato, o contrato de concessão, mediante comunicação
enviada ao titular do direito à ocupação do domínio público municipal, por correio registado com
aviso de receção, com a perda da caução prestada e sua imediata execução.
5- Rescindida a concessão, ou terminada por qualquer outra causa, é obrigação do concessionário
promover a retirada dos tanques enterrados existentes e a descontaminação dos solos, exceto o
previsto no número seguinte.
6- Quando a retirada dos tanques não for viável, poderá o Município autorizar a sua entronização
em condições de total segurança, mantendo-se a obrigação do concessionário quanto a
descontaminação dos solos municipais.
Secção V
Concessão de exploração
Artigo 82. º
(Concessão de exploração)
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
78
1- Através de ato ou contrato administrativo podem ser transferidos para particulares, durante um
período determinado de tempo e mediante o pagamento de taxas, poderes de gestão e de
exploração de bens do domínio público, designadamente os de autorização de uso comum e de
concessão de utilização privativa.
2- A concessão que confira ao concessionário o poder de atribuir a terceiros a utilização privativa do
domínio público deve incluir as principais cláusulas que estipulem os termos dessa utilização.
3- O prazo da concessão não deve exceder 30 anos, improrrogáveis.
4- O prazo e outros elementos essenciais do contrato de concessão só poderão ser alterados em
casos excecionais devidamente fundamentado, quando condição de reposição do equilíbrio
económico do contrato.
CAPÍTULO III
Gestão do Domínio Privado Municipal
Secção I
Disposições Gerais
Artigo. 83 º
(Regimes jurídicos)
1- O Município de Lisboa, no âmbito da gestão do domínio privado imobiliário, pode estabelecer
relações jurídicas subordinadas ao Direito Civil, em operações ativas ou passivas, sujeitas
nomeadamente ao regime do arrendamento, locação financeira, alienação, comodato ou
permuta.
2- Sempre que o interesse público o exija, quer em função do interesse dos imóveis, quer dos fins a
atingir com estes, o Município de Lisboa poderá adquirir ou ceder imóveis no âmbito do Direito
Administrativo, nomeadamente através de licenças de ocupação, cedências de utilização, ou
contratos administrativos.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
79
Artigo 84º
(Operações ativas)
1- O Município de Lisboa pode, para instalação ou funcionamento de serviços municipais ou para a
realização de outros fins de interesse público, adquirir o direito de propriedade ou outros
direitos reais de gozo sobre imóveis, a título oneroso ou gratuito.
2- Pode ainda o Município de Lisboa tomar de arrendamento, com ou sem opção de compra, bem
como celebrar contratos de locação financeira para a realização dos fins previstos no número
anterior.
3- Sempre que o interesse público o justifique, o Município de Lisboa pode ainda celebrar contratos
de comodato e acordos de cedência temporária de bens imóveis com outras entidades públicas
ou privadas.
4- O Município de Lisboa pode ainda:
a) Receber e aceitar imóveis a título de herança, doação ou legado;
b) Adquirir terrenos por via de cedência obrigatória no âmbito de operações urbanísticas ou
de contrato, nos termos do estabelecido no RJUE;
c) Adquirir prédios urbanos por força de dação em cumprimento no âmbito de compensações
urbanísticas que sejam devidas, tal como previsto no RJUE.
5- Sem prejuízo do disposto no n.º 4, o Município pode ainda adquirir cedências em espécie nos
termos do disposto no artigo 63.º-E do Regulamento Municipal de Urbanização e Edificação de
Lisboa, republicado do Diário da República, 2ª série, n.º 74 de 16 de Abril de 2013, as
compensações poderão ser prestadas em espécie, mediante deliberação da Câmara Municipal,
revestindo uma das seguintes modalidades:
a) Entrega de prédios rústicos ou urbanos, designadamente frações autónomas, lotes, parcelas de
terreno ou edificações emergentes da operação urbanística;
b) Entrega de prédios rústicos ou urbanos, designadamente frações autónomas, lotes, parcelas de
terreno ou edificações situados noutro local da Cidade.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
80
6- Para efeito do disposto no n.º 5 os critérios base para a valorização são os seguintes:
Tipo de utilização:
Consistindo em cedências para a finalidade de “equipamentos”, os imóveis construídos (em toscos) a
entregar são imóveis destinados a serviços.
Afetação:
De acordo com o código do IMI, o coeficiente de afetação correspondente é de Ca=1,10 para
“serviços”.
Estado do edificado:
Frações autónomas ou edifícios “em tosco”. Descrição sumária dos trabalhos por executar:
Revestimentos de pavimentos, paredes e tectos; com excepção da betonilha de regularização;
Alvenarias interiores; Instalações eléctricas, de águas e esgotos; com excepção das colunas e ligações
que são comuns ao edifício; Armaduras de iluminação e aparelhagens eléctricas; Carpintarias;
Equipamentos especiais de climatização, deteção e combate a incêndios ou intrusão. Para um melhor
esclarecimento, consideram-se então já executados os seguintes trabalhos: Alvenarias exteriores;
Vãos das janelas, incluindo caixilharias e vidros; Portas exteriores, excluindo as interiores; Pintura,
reboco e revestimentos finais de paredes exteriores.
Percentagem de obra concluída:
Para se estimar a percentagem de obra concluída, em função de um edifício tipo fixa-se a
percentagem de execução num valor médio de 54,70%.
Metodologia de Cálculo:
A metodologia para valorização do edificado como totalmente concluído, tem por ponto de partida o
valor patrimonial tributário, de acordo, com o estabelecido no código do IMI.
Para se estimar o valor atual do imóvel num estado semi-acabado, decompõe-se o valor do imóvel
pelo método do custo, em valor do terreno e valor composto das construções, e estima-se o valor da
percentagem de obra que está concluída.
O valor atual do imóvel corresponderá ao valor do terreno na sua totalidade, acrescido do valor da
construção na percentagem que está executada, tendo em consideração os custos diretos e os custos
indiretos, que concorrem para a formação do valor.
MV=T+C-D+E+K+L
Em que:
MV - Market Value (Valor de Mercado)
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
81
T - Valor de Mercado do terreno;
C - Custo direto da construção;
D - Depreciação (física, funcional e económica);
E - Encargos indiretos que oneram a construção, nomeadamente, projetos, licenciamento,
gestão e coordenação de obras e encargos financeiros
K - Comercialização e Marketing
L - Margem de lucro esperada
Neste caso, para a finalidade em análise, considera-se o Market Value como o VPT – valor
patrimonial tributário.
O valor atual do imóvel é dado por:
Valor atual = T+0.547x(C+E+K+L)
O valor do terreno, assumindo como uma percentagem sobre o valor da construção como concluída,
varia consoante a localização e o tipo de utilização, recorrendo-se neste caso ao valor estabelecido
no código do IMI para %ai – percentagem de área de implantação, e que é consultável na plataforma
da Autoridade Tributária e Aduaneira.
O valor actual do imóvel, em estado de inacabado a ceder, fica:
Valor atual = valor do terreno + valor da construção inacabada
Fórmula de Cálculo a utilizar:
Valor atual = %ai xVPT + 0,547 x(1-%ai)xVPT
7- Sempre que um bem imóvel não se encontre descrito no registo predial ou quando haja dúvidas
acerca dos respetivos limites ou caraterísticas, pode o Município fazer uso do procedimento de
justificação administrativa previsto na lei.
Artigo 85.º
(Operações passivas)
1- O Município de Lisboa afeta os bens imóveis municipais à realização de fins de interesse público,
designadamente de fins de carácter cultural, desportivo, habitacional e social.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
82
2- Sem prejuízo do disposto no número anterior, o Município de Lisboa deve promover uma política
de gestão eficiente pela rentabilização e valorização do seu património imobiliário, através de
operações de arrendamento e de venda ou constituição de outros direitos reais de gozo sobre
bens imóveis municipais que não sejam necessários à realização de fins de interesse público.
3- Pode ainda o Município de Lisboa, por contrato administrativo, celebrar acordos de cedência
temporária de imóveis municipais com juntas de freguesia e a outras entidades públicas ou
privadas, com reconhecido interesse público.
Artigo 86.º
(Competência)
A competência para autorizar as operações previstas nos artigos anteriores é dos órgãos municipais
nos termos previstos nos artigos 18º e ss deste regulamento em conformidade com o Regime
Jurídico das Autarquias Locais, do Regime Jurídico de Urbanização e Edificação ou em outro diploma
legal que lhe venha a suceder.
Secção II
Aquisição
Artigo 87.º
(Consulta ao mercado)
1- Sem prejuízo do disposto do artigo seguinte, a aquisição onerosa do direito de propriedade sobre
bens imóveis é precedida de uma consulta ao mercado imobiliário, realizada pelo serviço
municipal com competência em matéria de gestão patrimonial.
2- A consulta ao mercado imobiliário efetua-se através da publicação de anúncios em sítio da
Internet de acesso público.
3- Dos anúncios devem constar as características e a localização do imóvel pretendido, bem como o
prazo e o modo de recebimento das propostas.
4- O competente serviço municipal promove a realização de vistoria para apurar o estado de
conservação do imóvel proposto e realiza avaliações imobiliárias, nos termos previstos no artigo
30.º e seguintes.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
83
5- Podem ser solicitados ao proponente vendedor quaisquer esclarecimentos ou documentos que
se julguem úteis para a interpretação da proposta.
6- O serviço municipal competente elabora relatório de análise das propostas recebidas, que inclui
a respetiva avaliação imobiliária, e emite parecer devidamente fundamentado.
Artigo 88.º
(Aquisição sem consulta ao mercado)
1- Sempre que a urgência, as caraterísticas e localização do bem imóvel ou a natureza jurídica da
aquisição, o justifiquem, pode a direção municipal de gestão patrimonial propor
fundamentadamente ao Presidente ou ao Vereador com competências subdelegadas em matéria
de património, a dispensa da consulta ao mercado.
2- O parecer referido no número anterior deve ser acompanhado de relatório de vistoria sobre o
estado do imóvel e de avaliações imobiliárias realizadas de acordo com o previsto no artigo 30.º
e seguintes.
3- O exercício do direito legal de preferência inscreve-se no âmbito do n.º1.
4- No âmbito do procedimento de consulta para efeito do exercício do direito legal de preferência a
decisão municipal tomada sobre a intenção de venda efetuada pelos mesmos requerentes, para
o mesmo imóvel, nas mesmas condições, junto da Casa Pronta, exonera a reapreciação do
mesmo pedido, nas mesmas condições e circunstâncias, prejudicando eventual procedimento
administrativo deduzido junto do Município à margem daquela plataforma.
Artigo 89.º
(Procedimento de aquisição)
1- Para efeitos do disposto no n.º 6 do artigo 87.º e no artigo 88.º, compete ao Presidente ou ao
Vereador com competências subdelegadas em matéria de património, pronunciar-se sobre o
parecer emitido pelos serviços e decidir submeter a correspondente proposta à apreciação dos
competentes órgãos municipais.
2- O Código do Procedimento Administrativo aplica-se à formação do contrato, sem prejuízo em
regimes especiais específicos.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
84
Artigo 90.º
(Heranças, legados e doações)
1- Por decisão dos competentes órgãos municipais podem ser aceites heranças, legados e doações
constituídas em parte ou em todo por bens imóveis nos termos da lei.
2- A instrução do procedimento de aceitação cabe ao serviço municipal responsável pela área do
património, que deve promover a vistoria e avaliação imobiliária, bem como promover todas as
diligências necessárias à averiguação da conveniência e da exequibilidade da aceitação da
herança, legado ou doação e das suas condições ou encargos, aplicando-se, com as devidas
adaptações, o previsto no n. º 1 do artigo anterior.
Artigo 91.º
(Cedências e compensações urbanísticas)
1- Quando nos termos da lei, de operação urbanística e ou de contrato de urbanização forem
devidas compensações ao Município, os órgãos municipais competentes poderão autorizar que,
no todo ou em parte, o pagamento seja feito por dação em cumprimento, com a transferência
para a propriedade municipal de terrenos ou prédios.
2- Salvo casos excecionais devidamente fundamentados, não serão aceites por dação em
cumprimento prédios urbanos que obriguem a regime de compropriedade e que não estejam
juridicamente autonomizados.
3- O método de determinação do valor a atribuir ao ativo imobiliário a dar ao Município em dação
em cumprimento seguirá o estabelecido nos artigos 30.º e seguintes do presente regulamento,
com base no que se submeterá a decisão do órgão municipal competente tal forma de
cumprimento da obrigação de compensação.
4- Para efeito do disposto no número anterior, deverão os serviços municipais competentes em
matéria de urbanismo remeter toda a informação necessária ao serviço municipal com
competências em matéria de gestão patrimonial, que promoverá avaliações tendo em vista
determinar o valor de mercado dos prédios urbanos em causa e elaborará parecer quanto à
adequabilidade e conveniência da sua entrada na esfera jurídica do Município.
5- O previsto no presente artigo para as compensações é, com as devidas adaptações, aplicável às
cedências obrigatórias devidas ao Município por força de lei ou de contrato celebrado nos seus
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
85
termos, constituindo o respetivo alvará título bastante para registo ou, quando este não exista, o
contrato outorgado entre as partes.
6- Por acordo escrito com o particular que esteja obrigado à cedência poderá ser antecipada a
transferência para a propriedade municipal do bem imóvel a ceder.
7- Os prédios que vierem à propriedade municipal com usos vinculados nos termos do previsto no
presente artigo ficarão sujeitos ao regime estabelecido nos artigos 27.º e 28.º do presente
regulamento.
Artigo 92º
(Locação financeira)
1- Quando, por motivos de interesse público, não seja possível ou conveniente a aquisição imediata
de determinado imóvel, o Município de Lisboa pode celebrar contratos de locação financeira.
2- A opção pela celebração de um contrato de locação financeira, porque geradora de encargos
financeiros plurianuais, carece de autorização prévia da Assembleia Municipal, após proposta
fundamentada do Presidente ou dos Vereadores com competência subdelegada em matéria de
finanças e do património.
3- Na proposta referida no número anterior devem constar expressamente:
a) A fundamentação das razões justificativas do recurso à locação financeira;
b) A estimativa do valor global do contrato feita com base no valor total das prestações
acrescido do valor residual, se o houver;
c) A fixação do limite máximo do encargo correspondente a cada ano económico;
d) A justificação do equilíbrio na distribuição temporal dos encargos.
4- É aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 87.º e 89.º.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
86
Artigo 93.º
(Venda forçada)
O Município poderá recorrer à venda forçada nos termos, condições e limites previstos no Regime
Jurídico da Reabilitação Urbana.
Artigo 94.º
(Expropriação)
1- A declaração de utilidade pública para efeitos de expropriação deve ter por base o Plano Diretor
Municipal, Plano de Urbanização, Plano de Pormenor ou Unidades de Execução, desde que
plenamente válidas e eficazes.
2- O processo expropriativo desencadeado pelo Município seguirá a tramitação estabelecida no
Código das Expropriações.
3- À expropriação de bens imóveis aplica-se, com as necessárias adaptações, o disposto nos
números 4 e 6 do artigo 87.º e demais legislação aplicável.
Artigo 95. º
(Permuta)
1- Permuta é o contrato oneroso, inominado, não sujeito a qualquer procedimento prévio, que
consiste na troca entre as partes de bens imóveis, de igual valor ou diferente, devendo, neste
caso, a parte que recebe o bem de maior valor patrimonial pagar à contraparte o diferencial em
dinheiro, com base em avaliação objetiva, por forma a sustentar uma correspetividade das
atribuições patrimoniais.
2- Para efeito do disposto no número anterior, entende-se que só estarão preenchidos os
pressupostos da permuta quando, havendo lugar a diferencial em dinheiro para equilíbrio
económico do contrato, o valor deste nunca seja superior ao valor de avaliação do bem recebido
em permuta.
3- Sempre que possível e seja do especial interesse do Município poderão ser adquiridos imóveis
com recurso à permuta.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
87
4- O processo de permuta tem o mesmo procedimento do processo de compra, devendo a opção
pela permuta ser fundamentada pelo competente serviço municipal e os valores atribuídos aos
bens imóveis suportados em avaliações imobiliárias realizadas nos termos previstos no artigo 30º
e seguintes, demonstrando que a solução adotada é a que, com base em critérios de eficácia,
eficiência e racionalidade económica é a que melhor serve o interesse municipal.
5- O procedimento de permuta rege -se, com as necessárias adaptações, pelo disposto nos artigos
88.º e 89.º
Secção III
Alienação
Artigo 96.º
(Alienação de bens imóveis municipais)
1- Podem ser alienados os imóveis do domínio privado do Município que, nos termos do previsto
no artigo 29.º se encontrem em regime de execução em conformidade com o princípio da
disponibilidade.
2- Os imóveis do domínio privado do Município são alienados, através de hasta pública, nos termos
previstos nos artigos 148.º e seguintes.
3- A proposta de alienação a submeter à apreciação dos competentes órgãos municipais é
obrigatoriamente instruída com os elementos seguintes:
a) Informação urbanística que enquadre a propriedade municipal face aos instrumentos de
gestão territorial designadamente na perspetiva do melhor uso e máxima edificabilidade;
b) Justificação de valor e avaliações imobiliárias realizadas nos termos previstos no artigo 30.º
e seguintes, salvo nas situações em que o valor da propriedade deva ser apurado através de
fórmula expressamente prevista no presente regulamento;
c) Informação patrimonial quanto às condições de cumprimento do previsto no presente
regulamento, em especial nos artigos 25.º a 29.º quanto aos objetivos concretos a atingir
com a alienação e o modo como se adequam ao estabelecido nos instrumentos de
planeamento estratégicos da cidade, conforme formulário tipo a aprovar para o efeito.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
88
4- Os prédios urbanos municipais podem ser alienados diretamente, quando se verifiquem algumas
das seguintes situações:
a) Se trate de entidades públicas ou privadas que desenvolvam atividades de natureza social,
cultural, recreativas ou outras de reconhecido interesse público, e o prédio urbano se
destine direta e imediatamente à realização dos seus fins;
b) Para alinhamento de extremas, remates de quarteirão e em complemento de lote;
c) Sempre que, no âmbito de operações de reestruturação urbana, designadamente de
rearranjos da rede viária, de arruamentos ou de praças, ou da requalificação do espaço
público em geral seja necessário utilizar parcelas de terreno municipal, perdendo o prédio
particular valor económico e capacidade edificatória, poderá o Município, em alternativa ao
processo expropriativo, e enquanto forma de ressarcimento, transmitir para o respetivo
particular prédio ou parcela de terreno de prédio municipal adjacente, nos termos e nas
condições previstos nos artigos 97.ºe seguintes;
d) Venda de fogos habitacionais e não habitacionais a ocupantes, nos termos previstos nos
artigos 103.º e seguintes e 114.º e seguintes, respetivamente, do presente regulamento;
e) Exercício de direito legal de preferência;
f) Para cumprimento de decisões judiciais transitadas em julgado, designadamente as que
homologuem transações no âmbito de processos judiciais em que o Município seja parte;
g) Sempre que o bem imóvel a alienar seja detido pelo Município em regime de
compropriedade e a alienação seja feita ao comproprietário.
5- Nas situações previstas na alínea g) do número anterior continuará, sempre que possível, a
privilegiar-se a alienação em hasta pública, ainda que para tanto tenha que ser celebrado acordo
quanto aos termos e condições da alienação com o comproprietário, designadamente quanto ao
valor base a propor aos órgãos municipais competentes e ao modo de distribuição do produto da
venda que venha a ocorrer.
6- Nos casos previstos na alínea f) do número 4, por solicitação fundamentada dos serviços jurídicos
do Município, o serviço municipal competente em matéria de património, consultado o
Urbanismo, identificará os ativos municipais com perfil e valorização adequada para oferecer a
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
89
eventual acordo, devendo a decisão final ser tomada pelo órgão municipal competente com base
na análise de risco da ação judicial que venha a ser apresentada pelos serviços jurídicos.
7- Nas situações previstas nas alíneas b) e c) do número 4 a alienação da propriedade municipal
resultará de processo autónomo, na sequência de requerimento a apresentar pelo particular,
tendo por base um Pedido de Informação Prévia previamente aprovado pelo órgão municipal
competente, que condicione a viabilidade do projeto à aquisição da propriedade municipal,
porque condição necessária e suficiente para permitir concretizar a solução urbanística que
melhor sirva o interesse público.
8- Por decisão dos competentes órgãos municipais podem ser aprovados programas setoriais de
alienação de imóveis municipais devolutos, através de concurso, sorteio ou hasta pública,
podendo tal deliberação autorizar o pagamento diferido do preço.
Subsecção I
Alienação em complemento de lote
Artigo 97.º
(Delimitação)
1- Considerar-se-ão como suscetíveis de alienação em «complemento de lote» as parcelas de
terreno do domínio privado municipal que, cumulativamente, reúnam as seguintes caraterísticas:
a) Sejam contíguos a prédio urbano particular de construção singular;
b) Não disponham de edificabilidade autónoma, de acordo com o previsto nos instrumentos de
gestão territorial em vigor, ou quando, dispondo, aquela se revele de especial complexidade
técnica e onerosidade, ou urbanisticamente inadequada;
c) Não tenham área igual ou superior à propriedade particular a que serão anexados, e nunca
mais do que 1.000,00 m²;
2- A alienação de propriedade municipal sob a forma de complemento de lote fica
obrigatoriamente subordinada a uma das seguintes finalidades:
a) Exclusivamente para anexar à propriedade particular contígua;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
90
b) Para permitir o alinhamento de extremas;
c) Para a criação de espaços de desafogo, logradouros, zona de arrumos, estacionamento ou
para dotar de condições de habitabilidade os fogos, nomeadamente, para criação de
instalações sanitárias.
Artigo 98.º
(Pressupostos)
1- Para efeitos do disposto na presente Subsecção, considera-se como:
a) “Área bruta de construção”: o valor numérico expresso em metros quadrados (m2),
resultante do somatório de todos os pavimentos acima e abaixo do solo, medidas pelo
extradorso das paredes exteriores incluindo comunicações verticais (nomeadamente
escadas, rampas, caixas de elevador), varandas, excluindo os espaços livres de uso púbico,
cobertos pelas edificações, zonas de sótão sem pé-direito regulamentar e terraços
descobertos;
b) “Área bruta dependente”: o valor numérico expresso em metros quadrados (m2) resultante
do somatório das áreas cobertas e fechadas, de uso exclusivo, ainda que constituam partes
comuns, mesmo que situadas no exterior de edifícios cujas utilizações são acessórias
relativamente ao uso a que se destina o edifício, considerando- se para esse efeito locais
acessórios, as garagens, os parqueamentos, as arrecadações, os sótãos ou caves acessíveis e
as varandas abertas, desde que não integrados na área bruta privativa e outros locais
privativos de função distinta da anterior a que se aplica o coeficiente 0,30;
c) Às áreas atrás referidas não se aplica o coeficiente de ajustamento de áreas;
d) Coeficiente de qualidade e conforto (cq): o coeficiente 1.03.
2- Exceto no que se refere ao previsto nas alíneas c) e d) do número anterior, no cálculo do valor do
complemento de lote é aplicado o regime previsto no artigo 45.º do Código de Imposto
Municipal sobre Imóveis (CIMI).
3- A alienação do complemento de lote é feita sem prejuízo do pagamento das taxas urbanísticas
devidas nos termos dos regulamentos municipais em vigor.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
91
Artigo 99º
(Condições de venda)
1- A alienação do complemento de lote está dependente da apreciação favorável pelo Município de
Lisboa do pedido de informação prévia, de plano ou de projeto que a contemple, requerido pelo
interessado na aquisição da parcela de terreno municipal.
2- Para efeitos do disposto no número anterior, devem os serviços municipais competentes em
matéria de urbanismo instruir o respetivo processo, devidamente informado com o necessário
para aplicação do presente regulamento, remetendo-o depois para o serviço municipal com
competência em matéria patrimonial.
3- O valor do complemento de lote é o que resultar da aplicação do disposto nos artigos seguintes à
área bruta de construção do edifício e a área excedente à de implantação que resulte da
apreciação favorável do pedido de informação prévia, com um mínimo equivalente ao valor que,
em abstrato, lhe caberia num aproveitamento normal, atentos os regulamentos gerais aplicáveis.
4- Sempre que em sede de licenciamento da obra se verificarem alterações às áreas que serviram
de fundamento ao cálculo do valor do complemento de lote alienado e que resultem numa
valorização do lote constituído, é devida uma compensação ao Município.
5- A compensação devida ao Município por força da valorização do lote constituído é calculada em
função da aplicação às áreas definidas em sede de licenciamento dos critérios previstos nos
artigos seguintes do presente regulamento, deduzido o preço pago no momento da alienação do
complemento de lote.
6- O pagamento da compensação devida ao Município deve ser efetuado até ao ato de emissão do
alvará de construção de obra, podendo em casos excecionais devidamente fundamentados ser
pago até ao momento da emissão da licença de utilização, ou ainda, mediante a apresentação de
garantia suficiente, ser autorizado o pagamento em prestações.
7- As condições de venda descritas no presente artigo, as áreas brutas de construção e a área
excedente à de implantação previstas no pedido de informação prévia, bem como o método de
cálculo que determinaram o valor do complemento de lote, nos termos previstos nos artigos
seguintes do presente regulamento, deverão ser sujeitos a registo predial.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
92
Artigo 100.º
(Determinação do valor)
1- O cálculo do valor do prédio particular é feito com base na aplicação da seguinte fórmula:
[ ( )]
Em que:
Vt: Valor patrimonial tributário.
Vc: Valor base dos prédios edificados.
A: Área bruta de construção, integrada de área bruta dependente, de acordo com PIP aprovado
%: Percentagem para cálculo da área de implantação.
Ac: Área de terreno livre até ao limite duas vezes a área de implantação.
Ad: Representa a área de terreno livre que excede o limite duas vezes a área de implantação.
Cl: Coeficiente de localização.
Ca: Coeficiente de afetação, de acordo com o PIP aprovado.
Cq: Coeficiente de qualidade e conforto.
2- Salvo o previsto no n.º 4 do presente artigo, o valor do complemento de lote é calculado com
base na seguinte fórmula:
Em que:
Vcp: Valor do complemento de lote.
At: Área total do terreno.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
93
Acp: Área do complemento de lote.
3- Ao valor apurado nos termos do número anterior será aplicado o coeficiente majorativo de 20%,
sempre que da inserção do complemento de lote no plano ou projeto resulte alguma das
seguintes situações:
a) Otimização da localização do acesso principal ao edificado;
b) Criação ou ampliação de frente de rua;
c) Aumento da cércea do edificado;
d) Impermeabilização da parcela adquirida em mais de 50% da sua área
4- Sempre que o complemento de lote se destine exclusivamente a construção abaixo do solo para
estacionamento, arrecadações ou áreas técnicas, ou ainda para garantir área permeável que
permita construção abaixo do solo na propriedade particular, a fórmula a aplicar para determinar
o valor do complemento de lote é a seguinte:
[ ( )]
Em que se mantém o estabelecido no n.º 1 do presente artigo e “A”: Área bruta de construção
abaixo do solo efetiva ou potencial, no caso de ser previsto o seu destino para área permeável.
Artigo 101.º
(Condições especiais)
1- São aplicáveis condições especiais de alienação de parcelas municipais enquadráveis no conceito
de complemento de lote a:
a) Projetos de reabilitação urbana, sempre que se verifiquem, cumulativamente, as seguintes
condições:
i) Estejam cumpridos os requisitos estabelecidos no artigo 97.º;
ii) Os serviços municipais qualifiquem o projeto, no âmbito de um Pedido de Informação
Prévia, como de reabilitação urbana ou reabilitação de edificado, nos termos da
Estratégia de Reabilitação Urbana aprovada pelos competentes órgãos municipais;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
94
iii) A parcela de terreno municipal a adquirir vise exclusivamente a criação de espaços de
desafogo, logradouros, zona de arrumos, estacionamento ou para dotar de condições de
habitabilidade os fogos no respeito pelo estabelecido no RJEU;
b) Sempre que da alienação da propriedade municipal não resultar para o adquirente
acréscimo concreto ou abstrato de edificabilidade, ficando a parcela municipal adquirida
exclusivamente adstrita a zona verde, logradouro ou estacionamento descoberto.
2- Para efeitos do número anterior, os serviços municipais determinarão o valor para a alienação de
propriedade municipal em complemento de lote, por aplicação da seguinte fórmula de cálculo,
baseada no n.º 3 do artigo 46.º do CIMI – valor patrimonial tributário dos prédios da espécie
“Outros” (no caso de terrenos, o seu valor unitário corresponde ao que resulta da aplicação do
coeficiente de 0,005, referido no n.º 4 do artigo 41.º, ao produto do valor base dos prédios
edificados pelo coeficiente de localização), corrigida por fator multiplicativo (Fm), a fim de
aproximar os valores determinados a valores correntes de mercado:
Em que:
VV = valor de alienação da parcela de terreno municipal
Vc = valor base dos prédios edificados (art.º 39º do CIMI)
A terreno= área da parcela de terreno a alienar
Cl = coeficiente de localização (art.º 42º do CIMI)
Fm (Fator Multiplicativo) = 25
Artigo 102.º
(Alteração de afetação)
1- Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a utilização total ou parcial da parcela municipal
adquirida para fim diverso do que justificou a alienação em complemento de lote apenas poderá
ter lugar mediante autorização prévia e expressa do Município de Lisboa;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
95
2- Independentemente da causa ou motivo da mudança, a utilização da parcela adquirida ao
Município de Lisboa para outro fim, implicará sempre o pagamento pelo proprietário do prédio,
à data da ocorrência da mudança de uso, da diferença entre o valor da parcela calculado nos
termos dos artigos anteriores e o valor de mercado da parcela, apurado nos termos do artigo 30º
e seguintes, devidamente atualizado por aplicação do índice de preços no consumidor sem
habitação.
Subsecção II
Alienação de Fogos Municipais a Ocupantes Habitacionais
Artigo 103.º
(Alienação direta ou constituição do direito de uso e habitação de imóveis habitacionais)
1- Os imóveis habitacionais ocupados podem ser diretamente alienados ou ser objeto de
constituição do direito de uso e habitação nos termos do Código Civil para habitação própria e
permanente dos seus adquirentes ou para gozo do direito de uso e habitação por parte dos seus
usuários.
2- A opção municipal pela constituição do direito de uso e habitação ou pela alienação dos imóveis
habitacionais ocupados será condicionada ao princípio de boa administração, ao número de
interessados em imóveis municipais ou à ponderação e perspetivação dos custos e encargos
relativos à sua manutenção e conservação para o erário municipal versus a procura pelo direito
de uso e habitação em detrimento da aquisição da propriedade.
3- O pagamento do preço de compra de imóveis ou de constituição de uso e habitação em bairros
municipais pode ser feito em prestações.
4- No caso de alienação será registada reserva de propriedade a favor do Município de Lisboa, que
vigorará até ao integral pagamento do preço.
5- Sem prejuízo do disposto no artigo 110.º, com o pagamento integral do preço na data da
celebração do contrato de compra e venda ou com a última prestação, nos casos previstos no
artigo 108.ºem que é admitido o pagamento em prestações com reserva de propriedade, o
Município de Lisboa transmite a propriedade plena do imóvel para o respetivo adquirente.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
96
Artigo 104.º
(Constituição do direito de uso e habitação de imóveis habitacionais)
1- A constituição de direito de uso e habitação em favor dos ocupantes habitacionais de prédios
propriedade do Município de Lisboa será constituída a favor, no máximo, de 3 dos ocupantes
da fração ou prédio à data do pedido, que passarão a ser havidos como usuários.
2- - O imóvel destina-se exclusivamente à habitação dos usuários e respetiva família.
3- Na família dos usuários compreendem-se apenas o cônjuge, não separado judicialmente de
pessoas e bens, as pessoas que com eles vivam em união de facto, os filhos, outros parentes
a quem sejam devidos alimentos.
4- O usuário e o morador usuário não podem trespassar ou locar o seu direito, nem onerá-lo
por qualquer modo.
5- Ficam a cargo dos usuários as reparações ordinárias, as despesas de administração e os
impostos e encargos anuais, como se fossem usufrutuários nos termos do código civil.
6- O direito de uso e habitação extingue-se:
a) Pela morte do último usuário; b) Pelo incumprimento reiterado do disposto no n.º 2; c) Pelo incumprimento do disposto no n.º 4.
7- O disposto no número anterior não é aplicável quando sobreviverem aos usuários filhos
menores ou parentes a quem por estes sejam devidos alimentos fixados por acordo ou
judicialmente, prolongando-se o direito de uso e habitação em favor exclusivo destes, até
que deixem de ser necessários comprovadamente os alimentos.
8- O título constitutivo do direito de uso e habitação contemplará as condições previstas no
presente artigo, aplicando-se no que não estiver especialmente estabelecido o disposto no
artigo 1485.º do Código Civil.
Artigo 105.º
(Adquirentes de imóveis habitacionais)
1- Cada imóvel será alienado ou onerado seja pela via de constituição de direito de uso habitação
pela seguinte ordem de preferência:
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
97
a) Titular do direito de ocupação;
b) Cônjuge ou pessoa que com o titular viva em união de facto;
c) Parentes ou afins na linha reta, co-habitantes há mais de 2 anos;
d) Outros co-habitantes há mais de 4 anos.
2- Cada pessoa referida nas alíneas a) e b) do número anterior pode transmitir a possibilidade de
aquisição a outros residentes com situação regularizada no imóvel há mais de 1 ano, salvo se
outro regime resultar de outra legislação aplicável.
3- Ocorrendo a transmissão do direito de aquisição, o transmitente mantém o respetivo usufruto,
exceto quando, por declaração escrita, renunciar a este direito e declarar que dispõe de
alternativa habitacional, sem prejuízo de outros direitos legítimos, próprios ou de terceiros.
4- O disposto no número anterior não é aplicável às situações previstas no artigo 108.º de alienação
de fração autónoma com pagamento do preço em prestações.
Artigo 106.º
(Requisitos)
1- O candidato à aquisição deve reunir os seguintes requisitos cumulativos:
a) Ter a situação habitacional regularizada no imóvel há mais de 1 ano;
b) Cumprir as obrigações de residente em imóvel municipal;
c) Não possuir, a qualquer título, alternativa habitacional na área metropolitana de Lisboa e ou
em concelhos limítrofes;
d) Ter a situação fiscal e as contribuições para a segurança social regularizadas.
2- O ónus da prova dos requisitos elencados nas alíneas c) e d) do número anterior recai sobre o
candidato à aquisição.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
98
3- Nas situações em que é admitido o pagamento do preço em prestações, constitui requisito à
aquisição do imóvel, por parte do candidato, a inexistência atual de débito de renda ou acordo
de pagamento na vigência do título habitacional.
Artigo 107.º
(Determinação do preço)
1- O preço de alienação de fração ou prédio habitacional é determinado pela fórmula que resulta
dos artigos 38.º a 46.º, do Código de Imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI), aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de Novembro, com aplicação de um Fator de Utilização
Habitacional estabelecido no número seguinte, com arredondamento para a dezena de euros
imediatamente superior:
( )
Em que:
Pv = Preço de venda.
Vc= Valor base dos prédios edificados.
A = Área bruta de construção mais a área excedente à área de implantação.
Ca = Coeficiente de afetação.
Cl= Coeficiente de localização.
Cq = Coeficiente de qualidade e conforto.
Cv = Coeficiente de vetustez.
Ki = Factor de utilização habitacional.
2- O factor de utilização habitacional corresponde a uma redução pelo número total de anos de
ocupação, conforme a tabela seguinte:
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
99
Anos Fator
Menos de 10 anos 0,85
Entre 11 e 20 anos 0,80
Entre 21 a 30 anos 0,75
Entre 31 e 40 anos 0,70
Mais de 40 anos 0,65
3- O preço de venda de fogos construídos ao abrigo de Programas de Financiamento ou outra
legislação especial, corresponderá ao valor máximo que resultar da respetiva legislação, salvo se
da aplicação da fórmula prevista nos números anteriores resultar preço inferior.
4- O preço é apurado no ano do despacho favorável de venda.
5- O candidato que exercer a opção pelo pronto pagamento do preço na data da celebração do
contrato de compra e venda pode solicitar ao Município de Lisboa autorização para promover o
registo provisório, por natureza, de aquisição e de hipoteca, para efeitos de contratação de
financiamento bancário à aquisição.
6- O preço de constituição de direito de uso e habitação sobre a fração ou prédio habitacional é
determinado pela fórmula prevista no n.º 1 com as especificidades previstas nos números
seguintes.
7- O fator idade média dos adquirentes do direito de uso e habitação corresponde a uma redução
em função da idade média dos beneficiários, conforme a tabela seguinte:
Idade média dos beneficiários Fator
De 20 a 30 anos 0,7
De 30 a 40 anos 0,6
De 40 a 50 anos 0,5
De 50 a 60 anos 0,4
Mais de 60 anos 0,3
8- O preço de venda de fração ou prédio habitacional é determinado pela fórmula que resulta dos
artigos 38.º a 46.º do Código do imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI), aprovado pelo Decreto-
n.º 287/2003, de 12 de novembro, com a aplicação de um Factor de Utilização Habitacional
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
100
estabelecido no número seguinte, com arredondamento para a dezena de euros imediatamente
superior:
( )
Em que:
Pv = Preço de venda.
Vc= Valor base dos prédios edificados.
A = Área bruta de construção mais a área excedente à área de implantação.
Ca = Coeficiente de afetação.
Cl= Coeficiente de localização.
Cq = Coeficiente de qualidade e conforto.
Cv = Coeficiente de vetustez.
Ki = Factor de utilização habitacional.
9- O factor de utilização habitacional corresponde a uma redução pelo número total de anos de ocupação,
conforme a tabela seguinte:
Anos Fator
Menos de 10 anos 0,85
Entre 11 e 20 anos 0,80
Entre 21 a 30 anos 0,75
Entre 31 e 40 anos 0,70
Mais de 40 anos 0,65
10- O preço de venda de fogos construídos ao abrigo de Programas de Financiamento ou outra
legislação especial, corresponderá ao valor máximo que resultar da respetiva legislação, salvo se
da aplicação da fórmula prevista nos números anteriores resultar preço inferior.
11- O preço é apurado no ano do despacho favorável de constituição do direito de uso e habitação
12- O candidato que exercer a opção pelo pronto pagamento do preço na data da celebração do
contrato de compra e venda pode solicitar ao Município de Lisboa autorização para promover o
registo provisório, por natureza, de aquisição e de hipoteca, para efeitos de contratação de
financiamento bancário à aquisição.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
101
Artigo 108.º
(Preço de venda de alienação com reserva de propriedade)
1- A alienação com reserva de propriedade é aplicável apenas às frações autónomas em bairros
municipais, no âmbito de programas aprovados por deliberação municipal.
2- Na alienação com reserva de propriedade o preço de venda, calculado segundo a fórmula
prevista no artigo anterior, pode ser fracionado em prestações mensais, sem juros, entre um
período mínimo de 5 anos e um período máximo de 10 anos, conforme opção do adquirente e de
acordo com a sua condição de recursos.
3- O valor da primeira prestação a pagar no ato da celebração do contrato de compra e venda não
poderá ser inferior a 15% do preço de venda, podendo o adquirente optar por pagar qualquer
montante acima deste valor e inferior ao preço de venda.
4- O montante das restantes prestações é calculado dividindo em prestações iguais, de acordo com
o prazo de pagamento fixado, a diferença entre o preço de venda e a primeira prestação
acordada.
5- À prestação mensal fixada de acordo com os números 2 e 3 deste artigo, acrescem as despesas
previstas no n.º 10 do artigo 110.º.
Artigo 109.º
(Redução do preço de venda)
Em situações devidamente fundamentadas e enquadradas em programa próprio, pode o Município
de Lisboa efetuar uma redução ao preço de venda na alienação direta, com ou sem reserva de
propriedade, equivalente às despesas relativas à celebração do contrato de compra e venda, registos
provisórios e outros encargos, desde que o candidato prove a realização de benfeitorias relevantes
na fração autónoma e os respetivos custos.
Artigo 110.º
(Gestão da alienação com reserva de propriedade)
1- As prestações que resultem do fracionamento do preço de venda resultante do artigo 108.º são
pagas mensalmente até ao dia 8, por débito direto, nos termos estabelecidos no contrato de
compra e venda.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
102
2- A qualquer momento o adquirente pode amortizar o pagamento total ou parcial do preço em
falta, antecipando sem encargos adicionais, o termo da condição suspensiva do contrato de
compra e venda.
3- O adquirente constitui-se em mora pelo incumprimento de três ou mais prestações consecutivas,
ou cinco interpoladas, podendo pôr fim à situação oferecendo ao Município de Lisboa o
pagamento em atraso, acrescido dos respetivos juros de mora, no prazo de 15 dias úteis, após a
receção de notificação para o efeito.
4- O incumprimento não regularizado nos termos do número anterior determina a resolução do
contrato, com perda a favor do Município de Lisboa das quantias já entregues, implicando a
desocupação da fração autónoma, após procedimento administrativo conduzido para o efeito,
salvo o disposto no número seguinte.
5- Ocorrendo mora no cumprimento das prestações por motivo de morte, invalidez, desemprego
ou outro motivo atendível por parte do adquirente ou de algum dos membros do seu agregado
familiar residente, o Município procede à resolução do contrato, podendo manter-se o agregado
na mesma habitação municipal mediante celebração de contrato de arrendamento com renda
apoiada.
6- O arrendatário que celebre contrato de arrendamento nos termos do número anterior pode
readquirir posteriormente a respetiva fração autónoma por alienação direta, ficando interdita a
alienação com reserva de propriedade.
7- Em caso de morte, os herdeiros podem amortizar o pagamento total do preço de venda em falta
e respetivos juros ou suceder na posição do primitivo adquirente.
8- Cabe ao adquirente executar as obras de conservação ordinárias e extraordinárias no interior da
habitação, sendo responsável perante terceiros por danos comprovadamente provocados pela
fração adquirida no interior das respetivas habitações.
9- Os encargos e despesas correntes respeitantes ao fornecimento de bens o serviços respeitantes
à habitação são da responsabilidade do adquirente.
10- As despesas referentes à administração, mera conservação e fruição das partes comuns do
edifício e o pagamento dos serviços de interesse comum, são da responsabilidade do adquirente,
assumindo as obrigações de condómino.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
103
11- Para efeitos do disposto no n.º 4 do presente artigo, o adquirente também se constitui em mora
pelo incumprimento dos encargos referidos no número anterior, quando, interpelado pelo
Município de Lisboa, não regularize a dívida ao condomínio no prazo de 30 dias.
12- O adquirente obriga-se a fazer e manter atualizado seguro multirrisco na habitação, nos termos
da lei.
Artigo 111.º
(Ónus de inalienabilidade)
1- Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, os imóveis adquiridos nos termos da presente
subsecção são inalienáveis pelo prazo mínimo de 10 anos, contados desde a data da celebração
do contrato de compra e venda ou do contrato promessa de compra e venda, caso o preço tenha
sido integralmente pago, salvo programas especiais de alienação ou se prazo superior decorrer
de outra legislação aplicável.
2- No caso de alienação com reserva de propriedade, o prazo de inalienabilidade de 10 anos conta-
se da data de cessação da reserva de propriedade.
3- O ónus de inalienabilidade está sujeito a registo e cessa automaticamente pelo decurso do prazo.
4- O Município autorizará o seu cancelamento nos casos de morte ou invalidez permanente e
absoluta do adquirente ou incapacidade permanente global superior ou igual a 50%
superveniente à data da aquisição devidamente comprovada por atestado médico de
incapacidade multiuso e ainda noutras situações devidamente fundamentadas.
5- Durante o prazo previsto nos números 1 e 2 do presente artigo, está vedado o arrendamento ou
a cedência a qualquer título do imóvel, que se destina exclusivamente à residência do adquirente
e do seu agregado familiar.
Artigo 112.º
(Levantamento do ónus)
1- Antes de decorrido o prazo previsto no artigo anterior, a pedido do adquirente, pode a
Câmara Municipal ou o Presidente da Câmara, em caso de delegação da competência para a
alienação de imóveis, passível de subdelegação em qualquer dos Vereadores, autorizar o
levantamento do ónus de inalienabilidade, mediante o pagamento de uma compensação
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
104
correspondente à diferença entre o valor de venda pelo Município e a primeira alienação a
terceiros, nos termos do quadro seguinte:
Anos Percentagem Anos Percentagem Anos Percentagem
Ano 1 95% Ano 5 95% Ano 9 30%
Ano 2 95% Ano 6 75% Ano 10 20%
Ano 3 95% Ano 7 50% Ano 11 0%
Ano 4 95% Ano 8 40%
2- A compensação prevista no número anterior não se aplica às situações excecionais previstas
no n.º 4 do artigo 111.º
Artigo 113.º
(Resolução unilateral pelo Município)
1- O incumprimento de qualquer das obrigações estabelecidas nesta Subseção II determina a
resolução unilateral pelo Município do contrato de compra e venda ou do contrato promessa de
compra e venda em caso de pagamento integral do preço, sem prejuízo do direito de exigir uma
indemnização pelos prejuízos causados pelo adquirente.
2- Havendo resolução, o Município, em caso algum, poderá pagar preço superior ao resultante da
aplicação da seguinte fórmula:
Em que:
R= Valor a restituir
V= Preço de venda calculado nos termos do artigo 107.º, atualizado à data da resolução.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
105
N= Número de meses que faltam para o termo do prazo de inalienabilidade estabelecido.
Subseção III
Alienação de imóveis não habitacionais
Artigo 114.º
(Imóveis não habitacionais ocupados)
1- A alienação de imóveis não habitacionais ocupados é feita ao seu ocupante, no regime de
alienação direta.
2- Para efeitos do disposto no número anterior, o candidato deve reunir os seguintes requisitos
cumulativos:
a) Ter a sua situação regularizada no imóvel;
b) Cumprir as obrigações de ocupante municipal;
c) Ter a situação fiscal e as contribuições para a segurança social regularizadas.
3- O ónus da prova dos requisitos elencados nas alíneas c) do número anterior recai sobre o
candidato à aquisição.
Artigo 115.º
(Determinação do preço)
1- O preço de alienação de fração ou prédio habitacional é determinado pela fórmula que resulta
dos artigos 38.º a 46.º, do Código de Imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI), aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de Novembro, com aplicação de um Fator de Utilização
Habitacional estabelecido no número seguinte, com arredondamento para a dezena de euros
imediatamente superior:
( )
Em que:
Pv = Preço de venda.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
106
Vc= Valor base dos prédios edificados.
A = Área bruta de construção mais a área excedente à área de implantação.
Ca = Coeficiente de afetação.
Cl= Coeficiente de localização.
Cq = Coeficiente de qualidade e conforto.
Cv = Coeficiente de vetustez.
Ki = Factor de utilização não habitacional.
2- O factor de utilização não habitacional corresponde a uma redução pelo número total de anos de
ocupação, conforme a tabela seguinte:
Anos Fator
Menos de 10 anos 0,85
Entre 11 e 20 anos 0,80
Entre 21 a 30 anos 0,75
Entre 31 e 40 anos 0,70
Mais de 40 anos 0,65
3- O preço é apurado no ano do despacho favorável de venda.
4- A venda é feita a pronto pagamento, podendo o candidato solicitar ao Município de Lisboa
autorização para promover o registo provisório, por natureza, de aquisição e de hipoteca, para
efeitos de contratação de financiamento bancário à aquisição.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
107
Secção IV
Direitos de superfície e outros direitos reais de gozo
Artigo 116º
(Direitos reais de gozo)
1- O Município de Lisboa pode ser sujeito ativo ou passivo de direitos de superfície e de usufruto,
nos termos previstos no Código Civil.
2- Sempre que o interesse público o justifique podem ser constituídas servidões legais e ou prediais
a favor de prédios municipais.
Artigo 117.º
(Direito de superfície)
1- A constituição de direitos de superfície sobre prédios municipais pode resultar da adoção dos
procedimentos previstos nos artigos 148.º ou 173.º e seguintes.
2- A constituição de direito de superfície resultará, regra geral, da adoção de procedimento
concorrencial nos termos do previsto no presente regulamento.
3- Excecionam-se do previsto no número anterior, quando devidamente fundamentadas, as
situações seguintes:
a) Os futuros superficiários não tenham como objeto social atividades de escopo lucrativo e o
objeto do direito a constituir não seja destinado a exploração de atividades de natureza
mercantil;
b) Tendo o objeto do direito de superfície natureza mercantil, a receita se destine a garantir a
sustentabilidade financeira do superficiário que não prossiga fins de natureza comercial e
desenvolva atividade de relevante interesse público.
4- A constituição do direito de superfície obedece sempre ao princípio da onerosidade, salvo o
disposto na segunda parte do n.º 1 do artigo 120.º, independentemente da redução que possa
vir a ser atribuída nos termos do estabelecido no n.º 3 da citada disposição.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
108
5- A constituição de direitos de superfície sobre terrenos municipais para execução de programas
habitação promovidos ou copromovidos pelo Município, por cooperativas ou em autoconstrução
será objeto de regime especial a aprovar para o efeito pelos órgãos municipais competentes.
6- Com observância do procedimento concorrencial previsto no n.º 1 e 2, poderá o Município de
Lisboa constituir direito de superfície a favor de terceiros sobre o domínio privado para a
instalação e exploração de estação de serviços ou postos de abastecimento, sem prejuízo do
disposto na lei quanto à construção, instalação e exploração de tais equipamentos, aplicando-se,
com as devidas adaptações, a disciplina contida na Secção IV do Capítulo II.
Artigo 118.º
(Entidades públicas e entidades privadas de reconhecido mérito público)
1- Nos casos previstos no n.º 3 do artigo 117-º as entidades públicas e entidades privadas de
reconhecido mérito público podem, mediante requerimento, solicitar informação sobre a
disponibilidade da constituição do direito de superfície, juntando planta de localização e
informando o uso pretendido, que deve ser sempre de interesse municipal ou nacional.
2- Os pedidos de constituição de direito de superfície devem ser instruídos com os seguintes
elementos, quando aplicáveis.
a) Informação dos serviços quanto à avaliação do pedido, vantagens da cedência e sua
necessidade;
b) Programa funcional ou projeto, que deverá prever os objetivos a atingir pelos interessados e
as respetivas atividades;
c) Pedido de informação prévia para a construção a desenvolver pelo superficiário, aprovado
pelo órgão municipal competente;
d) Informação sobre a capacidade financeira da instituição, que deverá ser acompanhada por
declarações bancárias adequadas ou documentos de prestação de contas dos três últimos
exercícios ou dos exercícios findos desde a constituição, caso esta tenha ocorrido há menos
de três anos, com os documentos de certificação legal, sempre que exigível;
e) Em caso de realização de obra por parte do interessado, data prevista para o início da obra e
conclusão da mesma;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
109
f) Estatutos da entidade ou certidão da conservatória do registo comercial;
g) Publicação no Diário da República da constituição da entidade;
h) Declaração de utilidade pública nos termos da lei ou exercício de atividade de reconhecido
mérito e interesse municipal;
i) Ata de eleição dos corpos gerentes ou procuração do representante;
j) Cópia do documento de identificação e cartão de contribuinte do (s) representante(s).
3- A instrução da avaliação referida na alínea a) do número anterior deve averiguar a
sustentabilidade e a relevância da atividade de interesse público desenvolvida pela entidade
requerente, bem como a necessidade do pedido e, quando aplicável, o cumprimento de
compromissos anteriormente assumidos com o Município.
4- A não apresentação da documentação referida nos números anteriores é causa de rejeição
liminar do pedido.
5- O pedido será indeferido sempre que, da apreciação dos documentos juntos, se conclua pela
incapacidade do requerente em concretizar em tempo o objeto do direito a constituir.
Artigo 119.º
(Promessa constituição direito superfície)
1- Sempre que não estejam reunidas condições para que, nos termos do previsto nos artigos
anteriores, possa ser constituído o direito de superfície, designadamente quando o candidato a
superficiário não demonstra capacidade técnica, financeira e logística para cumprir em tempo e
nas devidas condições o objeto do contrato, pode o Município de Lisboa, caso entenda que no
futuro próximo tais condições possam vir a ser reunidas, optar por celebrar um contrato
promessa de constituição do direito de superfície.
2- O contrato promessa de constituição de direito de superfície será proposto aos órgãos
municipais competentes para autorizar a celebração do contrato prometido, explicitando a
Proposta as razões pelas quais se justifica o recurso ao contrato promessa, bem como as
condições essenciais do mesmo.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
110
3- O contrato promessa de constituição de direito de superfície conterá obrigatoriamente uma
cláusula de caducidade automática, a operar sempre que, no prazo máximo de 2 anos, ou
excecionalmente 3 anos, a contar da data da deliberação competente, a entidade interessada
não tenha comprovado deter capacidade económica e técnica para levar a cabo a construção ou
o projeto no prédio municipal.
4- Operando o mecanismo de caducidade previsto no número anterior em determinado contrato,
ficará o promitente superficiário impedido de ver constituído a seu favor direito de superfície ou
cedência de utilização nos 5 anos seguintes, salvo condições excecionais devidamente
fundamentadas que venham a ser aprovadas pelos órgãos municipais competentes.
Artigo 120.º
(Termos e condições da constituição do direito de superfície)
1- A constituição de direitos de superfície tem carácter oneroso, salvo deliberação em contrário da
Assembleia Municipal sob proposta da Câmara Municipal, fundamentada em motivos de
relevante interesse público municipal, exceto se em razão do valor do prédio a onerar for a
Câmara o órgão competente para decidir.
2- O valor do direito de superfície será apurado nos termos previstos no artigo 30.º e seguintes,
através da aplicação do método da depreciação linear do valor mercado, com recurso à seguinte
fórmula:
Em que:
“Vs”: Corresponde ao valor do direito de superfície
“Vm”: Corresponde ao valor de mercado
“n”: Corresponde ao prazo do direito de superfície
“75”: Número de anos que se considera necessário para valorização plena, relacionada tecnicamente
com o período de vida útil das construções ou das benfeitorias.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
111
3- O valor da alienação do direito de superfície poderá ser ponderado mediante as contrapartidas e
o tipo de equipamento a construir, podendo beneficiar da seguinte redução:
a) Entidades sem fins lucrativos — até 75 %;
b) Entidades com fins lucrativos — até 25 %.
4- A percentagem de redução prevista no número anterior corresponde ao limite máximo aplicável
sendo o valor concreto apurado até aqueles limites calculado nos termos seguintes:
( )
Artigo 121.º
(Prazo do direito de superfície)
1- O prazo de constituição do direito de superfície é fixado na deliberação do competente órgão
municipal, com um prazo mínimo de 20 anos e máximo de 75 anos, renovando-se
automaticamente por períodos de 10 anos, caso nenhuma das partes se oponha mediante
oposição escrita com a antecedência mínima de 1 ano, desde que o Município de Lisboa não
necessite da parcela ou dos prédios nela edificados para obras de renovação urbana ou outro fim
de interesse público.
2- A renovação do prazo de direito de superfície obriga o superficiário ao pagamento da renda, a
apurar nos termos previstos no artigo anterior.
3- Decorrido que esteja metade do prazo do direito de superfície, pode o superficiário requerer ao
Município a aquisição da nua propriedade, fundamentando a sua pretensão.
4- O Município ponderará os fundamentos do pedido de acordo com o interesse público municipal
e de acordo com os princípios da boa gestão pautado pelos critérios da economia e racionalidade
económica, e caso o superficiário esteja na situação prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 123.º
do presente regulamento e seja aceite o pedido, o preço devido será apurado por aplicação da
seguinte fórmula:
Em que:
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
112
Vm: Valor de mercado do prédio urbano na data de alienação
Vs: Valor do direito de superfície do prédio urbano na data de constituição ou da alienação, por
aplicação da fórmula prevista no n.º 2 do artigo 120º, passando “n” a corresponder ao número de
anos ainda por cumprir do direito de superfície.
Vrp: Parte do preço liquidado correspondente ao período decorrido desde a data da alienação até ao
final do prazo inicialmente contratado para o direito de superfície.
5- Para efeitos do disposto no número anterior, quando o superficiário esteja na situação prevista
na alínea b) do n.º 1 do artigo 123º, a fórmula a aplicar para determinação do preço de alienação
da propriedade plena é a seguinte:
6- Ainda que o direito de superfície tenha beneficiado de bonificação nos termos do previsto no n.º
3 do artigo 120º, tal realidade não será refletida na determinação do preço de alienação da
propriedade plena.
7- O Município pode acordar com o superficiário a antecipação do termo do direito constituído,
mediante pagamento de compensação relativa ao período não cumprido do contrato a atribuir
para o efeito, a calcular por aplicação da fórmula de cálculo do valor do direito de superfície.
8- O direito de superfície extinguir-se-á por qualquer uma das causas previstas no artigo 1536.º do
Código Civil ou da verificação de condição resolutiva que seja estipulada contratualmente,
designadamente o incumprimento das condições a que se obrigou perante o Município.
9- Em casos excecionais, devidamente fundamentados, poderá ser fixado por deliberação do órgão
municipal competente um prazo diferente do referido no número 1, aplicando-se com as devidas
adaptações as restantes disposições.
10- O prazo previsto no n.º 1 ou o prazo excecional fixado nos termos do número anterior, não
prejudica o direito de resolução por razões de interesse público com reversão automática da
propriedade plena ao Município mediante ressarcimento ao superficiário, aplicando-se com as
devidas adaptações o regime previsto para o resgate da concessão nos termos da lei.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
113
Artigo 122.º
(Condições especiais do direito de superfície)
1- Em razão dos objetivos a prosseguir pelo superficiário na execução do contrato de direito de
superfície, poderá este incluir a atribuição ao Município de condições preferenciais no acesso aos
serviços prestados, desde que se revistam de relevante interesse público.
2- As condições referidas no número anterior deverão ser traduzidas economicamente, devendo
ser ponderadas para efeitos da bonificação redução referida no n.º 3 do artigo 120º
Artigo 123.º
(Condições de pagamento do direito de superfície)
1- O preço do direito de superfície poderá ser pago:
a) De uma única vez, no ato da celebração do respetivo contrato;
b) Em prestações anuais, sendo o primeiro pagamento no ato da celebração do contrato e as
restantes na anualidade do mesmo;
c) Uma parte do preço paga no momento da celebração do contrato de constituição do direito
de superfície e a parcela remanescente em rendas anuais.
2- Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do número anterior, o cálculo das rendas anuais far-se-á
por aplicação da seguinte fórmula:
( )
Em que:
“R1”: Primeira renda devida
“Vs”: Corresponde ao valor do direito de superfície
“C
Em que:
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
114
“r”: Taxa de atualização anual dos arrendamentos comerciais
“i”: Taxa Euribor a três meses, acrescida de um ponto percentual
“n”: Corresponde ao prazo do direito de superfície
3- O valor das rendas calculado nos termos do número anterior será atualizado anualmente de
acordo com a taxa de atualização dos arrendamentos comerciais, conforme Aviso publicado pelo
Instituto Nacional de Estatística.
4- O superficiário que tenha optado pela modalidade prevista na alínea b) do presente artigo
poderá a todo o tempo requerer o pagamento antecipado das rendas futuras, num ato único,
sendo esse valor determinado pela aplicação da seguinte fórmula:
Em que:
“PUk”: Pagamento único a ocorrer no ano da antecipação das rendas
“Rk”: Renda anual do ano de antecipação das rendas
“C
5- Pode ser concedido um período de carência inicial, a pedido do beneficiário e mediante
justificação aceite pelo órgão competente do Município, sendo esse período de três anos para as
instituições particulares de solidariedade social, dois anos para as restantes entidades sem fins
lucrativos e um ano para os demais superficiários, sempre deduzido no valor total do direito de
superfície.
6- Havendo mora no cumprimento, aplicar-se-á o disposto no artigo 188.º do presente
regulamento.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
115
Artigo 124.º
(Vicissitudes contratuais)
1- Sempre que no decurso do contrato o superficiário venha a promover autorizadamente um
aumento da construção face ao inicialmente previsto e que foi tido em conta para determinação
do preço do direito de superfície, haverá lugar a atualização deste, mesmo que tenha sido
integralmente pago no momento da celebração do contrato de constituição do direito de
superfície, nos termos de nova avaliação a realizar para o efeito, de acordo com os critérios
estabelecidos no artigo 30.º e seguintes do presente regulamento.
2- O direito de superfície não pode ser transmitido, total ou parcialmente, nem onerado, sem
autorização expressa e prévia do órgão municipal que tenha sido competente para autorizar a
constituição daquele direito.
3- Aplica-se o disposto no número anterior às situações em que se transmitam 75% ou mais das
participações sociais da entidade superficiária.
4- Quando, por causa inimputável ao superficiário, não seja possível iniciar ou concluir a construção
nos prazos fixados, o órgão competente do Município pode estabelecer, a pedido do
superficiário, a prorrogação daqueles prazos na medida do estritamente necessário.
5- Alterações às áreas, quantidades ou polígono de implantação do direito de superfície constituído
poderão ser autorizadas por simples despacho do Presidente ou do Vereador com competências
subdelegadas, desde que não representem acréscimo superior a 10% face ao constante da
deliberação que autorizou a sua constituição e que sejam compatíveis com as condições
urbanísticas e patrimoniais existentes para o local.
6- O superficiário deve manter o prédio, bem como as edificações que nele venham a ser
construídas, em perfeito estado de conservação, segurança, limpeza e salubridade, cabendo-lhe
executar por sua conta e risco, todas as reparações necessárias.
7- Caso as construções existentes sejam parcial ou totalmente destruídas, o superficiário deve
reconstruí-las no prazo máximo de 3 anos a contar da data da respetiva ocorrência, sob pena de
reversão.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
116
8- Operada a extinção do direito de superfície, por qualquer causa, o prédio com todas as
edificações nele erigidas, revertem para o Município de Lisboa, não tendo o superficiário direito
a qualquer indemnização.
9- O incumprimento do contrato por causa imputável ao superficiário pode constituir impedimento
para a constituição de novo direito de superfície por parte do Município, pelo prazo de 10 anos, a
contar da data da reversão e extinção do primitivo direito.
10- O contrato de direito de superfície conterá, obrigatoriamente, cláusula que preveja que, em caso
de incumprimento grave, o Município possa recorrer à ação direta para reaver a posse do prédio
municipal objeto do direito, imputando àquele todos os encargos associados, sem prejuízo da
apreciação jurisdicional que depois possa ocorrer.
11- Para efeito do disposto no número anterior, constituirá grave incumprimento a não
concretização, no prazo contratualmente previsto, das obras a que o superficiário ficou obrigado,
a falta de pagamento do canon superficiário por período superior a 2 rendas anuais, ou ainda
outro incumprimento legal ou contratual do qual possa resultar prejuízo para o interesse público.
12- O disposto no número anterior, não prejudica a indemnização que for devida por danos causados
ao Município, acrescida da cláusula penal que for fixada pelo órgão competente para aprovar a
constituição do direito de superfície, por cada dia atraso na reversão do terreno a favor do
Município em caso de incumprimento.
13- As restantes condições do contrato são reguladas pela lei e por acordo das partes.
14- O ónus de natureza contratual previsto no n.º 10 do presente artigo deverá ser levado a registo.
Artigo 125.º
(Direito de usufruto)
1- O Município de Lisboa pode ser usufrutuário e ou constituir direitos de usufruto sobre prédios
municipais a favor de entidades públicas ou privadas com reconhecido mérito público ou social.
2- O prazo do direito de usufruto não pode ser constituído por prazo superior a 15 (quinze) anos.
3- O direito de usufruto não pode ser transmitido, total ou parcialmente, sem autorização expressa
e prévia do Município.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
117
4- A constituição de direito de usufruto a favor de terceiros resultará de deliberação do órgão
municipal competente em razão do valor do ativo sobre o qual tal direito é constituído.
Secção V
Arrendamento e Comodato
Artigo 126.º
(Arrendamento pelo Município)
1- O Município de Lisboa pode tomar de arrendamento bens imóveis na titularidade de pessoas
singulares, coletivas privadas e de direito público destinados à instalação e ao funcionamento de
serviços municipais e ao cumprimento das atribuições que legalmente lhe estão cometidas.
2- Os contratos de arrendamento podem consignar a opção de compra do imóvel pelo Município.
3- Aplica-se, com as devidas adaptações, o previsto nos artigos 87.º a 89.º do presente
regulamento.
4- Nos termos previstos na legislação especial de reabilitação urbana, pode o Município recorrer ao
arrendamento forçado.
Artigo 127.º
(Arrendamento de imóveis do Município)
1- Os bens imóveis do domínio privado do Município de Lisboa, quando não sejam necessários à
prossecução dos fins e atribuições legalmente previstas, podem ser objeto de contrato de
arrendamento.
2- Aos arrendamentos de imóveis do Município de Lisboa é aplicável a lei civil, com exceção do
disposto nos artigos seguintes.
Artigo 128.º
(Denúncia)
1- O Município de Lisboa pode denunciar os contratos de arrendamento antes do termo do prazo
ou da sua renovação nos termos convencionados, sem dependência de ação judicial, quando os
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
118
prédios se destinem à instalação e ao funcionamento dos seus serviços ou a outros fins de
interesse público.
2- A denúncia, quando efetuada nos termos do número anterior, é autorizada pelo Presidente da
Câmara Municipal, com possibilidade de subdelegar no Vereador do pelouro do Património,
devendo ser notificada ao arrendatário.
3- Se o arrendatário não desocupar o prédio no prazo de 120 dias, a contar da notificação a que se
refere o número anterior, fica sujeito a despejo imediato, sem dependência de ação judicial
4- A notificação para efeitos do disposto no n.º 1 e a execução do despejo são efetuadas pelos
serviços municipais, podendo haver recurso às autoridades policiais competentes.
5- O arrendatário fica obrigado a ressarcir o Município pelos danos causados no imóvel, caso não o
entregue nas condições em que o recebeu.
Artigo 129.º
(Indemnização)
1- A desocupação dos prédios, resultante de denúncia por motivos de interesse público, confere ao
respetivo arrendatário o direito a uma indemnização correspondente a uma renda por cada mês
de antecipação relativamente ao termo previsto para o contrato, com o limite de 12 rendas e,
bem assim, consoante o caso, a uma compensação pelas benfeitorias previamente autorizadas e
não amortizadas que tenham provocado um aumento do seu valor locativo, pela suspensão
temporária da atividade, pela eventual resolução de contratos de trabalho, pelos lucros
cessantes e pela transferência do estabelecimento comercial para nova localização, sempre com
base em documentos fiscalmente válidos e devidamente traduzidos nas contas das empresas.
2- O valor da compensação referida no número anterior não pode exceder o valor correspondente
ao do referido aumento do valor locativo do prédio a verificar nos termos do artigo 30.º.
3- A indemnização prevista no n.º 1 poderá ser substituída por imóvel disponibilizado ao
arrendatário pelo Município de Lisboa, que reúna condições funcionalmente idênticas às do
imóvel desocupado, sem prejuízo de, quando aplicável, poder manter o direito à compensação
prevista na parte final daquele n.º 1.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
119
Artigo 130.º
(Procedimento)
1- Sem prejuízo do previsto em matéria de habitação municipal, o arrendamento de imóveis
municipais é realizado por hasta pública, aplicando-se os procedimentos previstos nos artigos
148.º e seguintes.
2- Pode o competente órgão municipal autorizar o arrendamento direto nas seguintes situações:
a) Quando o arrendatário pertença ao sector público administrativo ou ao sector empresarial
do Estado, das regiões autónomas e das autarquias locais;
b) Quando o arrendatário seja pessoa coletiva de utilidade pública e o imóvel se destine direta
e imediatamente à realização dos seus fins por um período determinado;
c) Quando o imóvel esteja ocupado há mais de cinco anos e o arrendatário seja o próprio
ocupante;
d) Por motivos de interesse público, devidamente fundamentado.
3- Para efeitos do disposto no número anterior, o valor da respetiva renda é apurado com base em
avaliação promovida pelos serviços.
Artigo 131.º
(Comodato)
1- O Município de Lisboa pode receber, a título gratuito, o gozo temporário de um imóvel.
2- O Município de Lisboa pode entregar em comodato bens imóveis municipais a entidades de
reconhecido mérito, desde que:
a) A título temporário, com prazo inicial máximo não superior a 5 anos;
b) Para a instalação e funcionamento dos serviços da entidade beneficiária;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
120
c) O beneficiário assuma integralmente as despesas de funcionamento das instalações,
incluindo a celebração de contratos em nome próprio para fornecimento de água, energia
elétrica, gaz, segurança, ou quaisquer outros que sejam necessários;
d) O beneficiário assuma a realização de todas as ações compreendidas dentro do dever de
bem administrar, garantindo a adequada manutenção e conservação dos prédios
comodatados.
3- A atribuição de imóveis municipais em comodato é da competência da Câmara Municipal
mediante proposta do Presidente, ou do Vereador com competências subdelegadas em matéria
de património, que fixará o prazo inicial e eventuais renovações do contrato, aplicando-se,
quanto ao demais, as disposições previstas no Código Civil.
4- O incumprimento de qualquer uma das disposições contratuais implicará a imediata cessação do
contrato de comodato, com obrigação de restituição dos imóveis comodatados, no prazo
máximo de 60 dias a contar da notificação para o efeito, livres de pessoas e bens e nas condições
em que foram cedidos pelo Município.
5- O beneficiário do comodato limitar-se-á a poderes de administração e gestão corrente dos
prédios que lhe estejam cedidos, não podendo praticar quaisquer atos de disposição ou simples
oneração dos mesmos.
6- No final do contrato de comodato, por qualquer causa, o beneficiário não terá direito a
ressarcimento pelas benfeitorias que eventualmente tenha executado e que não possam ou
devam ser retiradas do imóvel.
7- Quando os imóveis comodatados integrem prédios em regime de propriedade horizontal, o
Município manterá o direito a fazer-se representar nas reuniões de condomínio e a tomar as
decisões que entenda mais adequadas para a salvaguarda da propriedade municipal e do
interesse público.
8- Nas situações previstas no número 4 do presente artigo poderá o Município recorrer à
desocupação coerciva, imputando todos os encargos ao beneficiário do comodato, sem prejuízo
do ressarcimento por outros danos emergentes e lucros cessantes.
9- Verificando-se o previsto nos números anteriores, a entidade incumpridora ficará impedida de
beneficiar de novo comodato ou cedência de utilização por um prazo de 5 anos.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
121
10- Nos casos em que o beneficiário da cedência seja um ente público para prossecução de fins
públicos a cedência revestirá a forma de contrato administrativo, aplicando-se exatamente as
mesmas regras enunciadas no presente artigo.
Secção VI
Casas de Função
Artigo 132.º
(Âmbito de aplicação)
1- A presente subsecção é aplicável à utilização gestão e desocupação das casas de função
propriedade do Município, aplicando-se a todas as atribuições e ocupações já existentes à data
da entrada em vigor do presente regulamento.
2- O Município de Lisboa, por princípio, não atribuirá o direito a casas de função aos seus
trabalhadores ou a quem exerça funções em seu benefício, devendo os casos pré-existentes
terminar à medida em que os respetivos vínculos forem cessando.
3- Entende-se por:
a) “Trabalhador” – Todo o utilizador de casa de função em que exerça funções em benefício do
Município de Lisboa, independentemente da caracterização do respetivo vínculo jurídico.
b) “Casa de Função” – instalação para fins habitacionais adstrita ao exercício de uma atividade
profissional cedida a quem exerça e normalmente com localização coincidente com a do
próprio exercício de funções.
c) “Agregado Familiar” – Conjunto de pessoas constituído pelo titular da casa de função, pelo
cônjuge ou pessoa com quem viva em união de facto ou em situações de economia comum,
pelos parentes e afins em linha reta ou até ao 3. º grau da linha colateral e bem assim as
pessoas relativamente às quais, por força de lei, de decisão judicial ou de negócio jurídico
que não respeite diretamente à habitação, haja obrigação de convivência ou de alimentos.
d) “Termo de Entrega” – Documento que formaliza a entrega da casa de função do qual consta,
designadamente, a identificação do funcionário a quem é entregue e a composição do
agregado que nela vai habitar, a identificação completa do imóvel, da qual conste a
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
122
localização, caracterização física e funcional e estado de conservação, bem como as
condições de atribuição e de utilização nos exatos termos em que for aprovado por
deliberação da Câmara Municipal de Lisboa;
e) “Titular” – Funcionário (trabalhador) a quem foi atribuída a casa de função, conforme
deliberação da Câmara Municipal nesse sentido, mediante termo de entrega;
f) “Regime do Arrendamento Apoiado” – regime previsto nos termos da legislação aplicável;
g) “Regulamento do Regime de Acesso à Habitação Municipal” – regulamento que define as
condições de acesso e atribuição de habitação municipal.
Artigo 133.º
(Exceção ao regime regra)
1- A título excecional e por solicitação expressa e fundamentada dos serviços, poderá a Câmara
Municipal deliberar a atribuição de casa de função, caso tal se revele imprescindível ao cabal e
correto exercício das funções desempenhadas.
2- O disposto no número anterior é também aplicável às situações já existentes à data da entrada
em vigor do presente regulamento em que os serviços entendam que a atribuição de casa de
função é imprescindível ao cabal correto exercício das funções desempenhadas.
3- A atribuição nos termos do número anterior é feita pelo serviço municipal que tutela o
património municipal, mediante Termo de Entrega.
4- Salvo deliberação em contrário da Câmara Municipal, a atribuição de casa de função está sujeita
ao pagamento de contrapartida financeira, respondendo o respetivo titular pelo pagamento de
todas as despesas correntes respeitantes ao fornecimento de bens ou serviços como sejam os de
água, eletricidade e gás.
Artigo 134.º
(Utilização)
1- Na casa de função atribuída nos termos do artigo anterior, além do titular, apenas pode residir o
respetivo agregado familiar.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
123
2- É proibida a afetação da casa de função atribuída ou do espaço adjacente a qualquer outro fim,
gratuito ou oneroso, diferente da mera habitação das pessoas a que se refere o número anterior.
3- Não são permitidas quaisquer obras na casa de função nem no espaço adjacente, exceto se tal
for expressa e previamente autorizado pelo serviço que tutela o património imobiliário do
Município de Lisboa.
4- O titular deve manter e restituir a casa de função no estado em que lhe foi atribuída, ressalvado
o desgaste inerente à sua prudente utilização, sob pena de incorrer em responsabilidade nos
termos gerais de direito.
5- O titular que desrespeite as obrigações impostas no presente artigo poderá incorrer em
responsabilidade civil por danos mediante processo a instaurar sob proposta do serviço que
tutela o património imobiliário do Município, podendo vir a ser aplicada como sanção a exclusão
do direito à casa de função, sem prejuízo de outras consequências que ao caso se apliquem.
Artigo 135.º
(Restituição)
1- A casa de função é obrigatoriamente restituída ao serviço que a atribuiu, sem lugar a retenção ou
a indemnização por benfeitorias, quando ocorra uma das seguintes situações:
a) A aposentação do trabalhador agente ou servidor;
b) A exoneração ou a demissão do trabalhador, agente ou servidor;
c) O falecimento do funcionário, agente ou servidor;
d) A alteração da situação profissional determinante da cessação, temporária ou definitiva, da
atividade do funcionário, agente ou servidor no serviço em causa;
e) A transferência do funcionário, agente ou servidor para diferente localidade.
f) Colocação em Regime de Mobilidade Especial.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
124
2- Verificando-se qualquer das situações previstas no número anterior e mantendo-se a ocupação
da casa de função, deve o serviço que a atribuiu notificar o ocupante para a restituir no prazo de
90 dias.
3- Caso ocorra o falecimento do funcionário, agente ou servidor e as pessoas mencionadas no n.º 1
do artigo anterior residam na casa de função e não possuam outra habitação, o prazo para a
restituição é de dois anos.
4- Nos casos de ocupação de casas de função sem título, devem os ocupantes ser notificados para
restituir as casas de função, no prazo máximo de um ano.
5- Decorridos os prazos previstos nos números anteriores sem que a casa de função tenha sido
restituída, deve o serviço responsável pela área do património instruir o respetivo processo
administrativo e notificar os ocupantes para, querendo, se pronunciarem por escrito, no prazo de
10 dias, nos termos do Código de Procedimento Administrativo.
6- Findo o prazo referido no número anterior, deverá o processo ser remetido para despacho
conjunto dos Vereadores do serviço instrutor e do serviço que tutela a casa de função atribuída,
ou de quem tenha a respetiva competência delegada, para, sendo esse o caso, determinarem a
desocupação da habitação.
7- O serviço responsável pela instrução do processo deve efetuar a notificação dos ocupantes
através de documento escrito, acompanhado do despacho referido no número anterior, por
carta registada com aviso de receção para a morada correspondente à casa de função, com a
indicação de que a deve restituir no prazo de 60 dias úteis.
8- Caso não se consiga efetuar a notificação nos termos do número anterior, deverá ser efetuada
pelo menos uma tentativa de notificação pessoal, seja para a morada da casa de função, seja no
local de trabalho, quando se trate de trabalhador municipal.
9- A não receção da notificação ou a recusa no seu recebimento não prejudicam o decurso do prazo
para a restituição da casa de função ao Município.
10- Caso os ocupantes residam na casa de função e não possuam outra habitação, o prazo previsto
no n.º 7 pode ser, a pedido dos interessados, prorrogado até 6 meses.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
125
Artigo 136.º
(Desocupação coerciva)
1- Decorrido o prazo determinado para a desocupação, sem que a habitação tenha sido
desocupada e restituída, os ocupantes ficarão sujeitos a desocupação coerciva, sem dependência
de ação judicial, determinada por despacho do Presidente da Câmara.
2- A execução da desocupação coerciva é efetuada pela Polícia Municipal em articulação com os
serviços camarários.
3- Poderá ser concedido, em casos excecionais devidamente fundamentados, uma moratória para a
desocupação, a decidir pelo Presidente da Câmara Municipal.
Secção VII
Cedências de Utilização
Artigo 137.º
(Âmbito)
1- O Município poderá, para fins de interesse público, ceder a utilização temporária de imóveis a
outras entidades públicas ou privadas, mediante a celebração de um protocolo de colaboração,
auto de cedência, ou outra forma permitida por lei, no qual serão definidas as obrigações
assumidas pelas partes.
2- A cedência temporária de imóveis municipais apenas pode ser feita a entidades públicas ou
privadas de reconhecido mérito público, após parecer prévio do serviço municipal responsável
pela área do património.
3- A cedência de utilização de imóveis municipais não pode ter prazo inicial superior a 3 anos e será
sempre subordinada ao princípio da onerosidade, que, regra geral, revestirá a forma de
contrapartida financeira.
4- A cedência de utilização tem sempre natureza precária e, independentemente do termo certo
que possa ter, poderá ser denunciada a qualquer momento pelo Município sempre que o
interesse público assim o justifique, sem direito a qualquer indemnização ou compensação por
parte do beneficiário.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
126
Artigo 138.º
(Candidatura)
1- Para efeitos de contratualização com o Município de cedências de utilização, deverão as
entidades interessadas apresentar requerimento de candidatura, instruído com a documentação
necessária à boa apreciação do Município, designadamente:
a) Identificação completa e, sendo pessoa coletiva, documento de constituição e estatutos,
bem como estatuto de utilidade pública, se for o caso;
b) Certidão do registo comercial;
c) Comprovativo de inexistência de dívidas ao Estado, à Segurança Social ou ao Município e de
ter a sua situação tributária regularizada, juntando para o efeito a nota de liquidação do
imposto devido;
d) Relatório de atividades e contas legalmente aprovadas, com balanço e demonstração de
resultados;
e) Fundamentação técnica e económica para o pedido e razões de interesse público que a
possam justificar.
f) Declaração comprovativa da inexistência de dívidas às empresas municipais, subscrita pelo
próprio sob compromisso de honra, ou mediante declaração emitida pelas empresas
municipais.
2- Depois de devidamente informado pelo Vereador da área de atividade a que diga respeito, e
caso mereça parecer favorável à pretendida cedência de utilização, será o pedido apreciado pelo
serviço municipal com competência em matéria de gestão patrimonial, que o ponderará em
razão das circunstâncias do caso concreto, das disponibilidades existentes e da prossecução do
interesse público.
3- O Município poderá a todo o tempo solicitar a junção de elementos informativos
complementares que sejam necessários para uma boa apreciação do requerido.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
127
Artigo 139.º
(Atribuição)
1- Salvo casos excecionais devidamente fundamentados, a atribuição de cedências de utilização
será efetuada uma vez por ano, entre outubro e dezembro, mediante deliberação de Câmara,
com base em informação do serviço municipal com competências em matéria de património,
que, nos termos do n.º 2 do presente artigo, ponderará a totalidade dos pedidos validamente
instruídos durante o período de candidatura.
2- Os pedidos que tenham merecido parecer favorável mas que não tenha sido possível atender por
falta de disponibilidade de ativo patrimonial com perfil para o efeito transitarão
automaticamente para o período de atribuição seguinte, até ao limite máximo de três anos,
passando, em situação de igualdade, a ter preferência face a pedidos entregues em data
posterior, desde que o requerente renove e mantenha expressamente o seu interesse.
3- As situações excecionais previstas no n.º 1 serão decididas por despacho do Presidente da
Câmara, mediante parecer fundamentado da direção municipal de gestão patrimonial.
4- A direção municipal de gestão patrimonial criará uma base de dados com a informação relativa a
pedidos de cedência, que estará disponível publicamente.
5- Notificado o requerente da decisão da Câmara, aceites os termos da cedência e cumpridas as
demais condições, elaborar-se-á auto de cedência e promover-se-á a entrega da propriedade
municipal, com prévia vistoria conjunta que ateste o estado em que se encontra naquela data.
Artigo 140.º
(Obrigações dos beneficiários)
1- Os beneficiários da cedência de utilização estão obrigados a suportar todas as despesas de
conservação e manutenção do prédio municipal, respeitando integralmente o dever de bem
administrar, bem como a suportar todas as despesas de instalação e funcionamento, devendo
para tanto, em momento anterior ao da entrada na posse, celebrar em seu nome contratos para
fornecimento de água, energia elétrica, gás, segurança, ou quaisquer outros que sejam
necessários.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
128
2- Sempre que a natureza do bem cuja utilização é cedida o justifique pode o Município exigir ao
beneficiário da cedência a celebração de seguro multirriscos de valor adequado.
3- O Município pode solicitar a apresentação da documentação necessária para apreciar a correta
utilização e gestão do imóvel, bem como realizar, em qualquer momento e sem pré -aviso,
vistorias.
4- No termo do prazo da cedência, o titular fica obrigado a entregar as chaves do imóvel a fim de
ser efetuada inspeção conjunta ao estado do equipamento e instalações, sendo redigido um
“Auto de Vistoria” que descreverá o estado do conservação e salubridade naquela data, que
nunca poderá ser inferior ao que se verificava no momento da entrega pelo Município.
5- A ocupação do imóvel para além da data do termo da cedência por causa exclusivamente
imputável ao respetivo titular determina o pagamento em triplicado da contrapartida devida no
último mês da cedência por cada mês ou proporcional de mês suplementar de ocupação, sem
prejuízo da promoção pelo Município da respetiva desocupação coerciva, imputando ao faltoso
todos os encargos associados.
6- Os beneficiários da cedência de utilização não podem na vigência do contrato ceder total ou
parcialmente a terceiros a propriedade municipal, nem afetá-la a fim distinto do inicialmente
autorizado.
7- Os contratos de cedência de utilização deverão prever a possibilidade de o Município recorrer à
desocupação coerciva por mero ato administrativo.
8- Em caso de incumprimento grave pelo beneficiário de uma cedência precária que conduza à sua
revogação, ficará aquele impedido de usufruir de nova cedência nos 5 anos subsequentes à data
da cessação.
Artigo 141.º
(Utilização temporária)
1- A requerimento dos interessados, o Município pode autorizar a utilização temporária de imóveis
municipais para determinados fins, mediante o pagamento de taxas e nas condições estipuladas
no Regulamento e Tabela de Taxas e Outras Receitas do Município de Lisboa.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
129
2- Caso a utilização temporária dos imóveis se revista de relevante interesse municipal, pode haver
lugar à isenção ou redução de taxas, mediante deliberação da Câmara Municipal, devidamente
fundamentada.
CAPÍTULO IV
Procedimentos
Secção I
Parte Geral
Artigo 142.º
(Procedimentos)
1- Sem prejuízo das situações previstas no presente regulamento, a alienação, oneração e
arrendamento de bens imóveis do Município é realizada por hasta pública, por leilão eletrónico,
por negociação, com publicação prévia de anúncio, por ajuste direto, ou qualquer outro dos tipos
jurídicos admitidos pelo Código dos Contratos Públicos.
2- Na hasta pública, podem ser apresentadas propostas por quaisquer interessados.
3- Na modalidade de leilão eletrónico, os interessados licitam, através da Internet, a aquisição ou
arrendamento de um imóvel municipal.
4- No procedimento por negociação, os interessados podem apresentar propostas desde que
reúnam os requisitos de capacidade técnica e financeira fixada no anúncio, havendo sempre uma
fase de negociação do conteúdo do contrato com os vários interessados, de modo a selecionar a
proposta economicamente mais vantajosa.
5- O Município de Lisboa poderá recorrer ao procedimento por ajuste direto nas situações previstas
no artigo 173.º.
Artigo 143.º
(Publicitação do procedimento e consulta do processo)
1- O anúncio do procedimento é publicado no Diário da República, no Boletim Municipal e em dois
jornais de circulação nacional.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
130
2- O programa e caderno de encargos do procedimento são publicados no Boletim Municipal e em
sítio na Internet, gerido pelo serviço municipal responsável pela área do património do Município
de Lisboa.
3- Os interessados poderão descarregar o processo do concurso no respetivo sítio da Internet ou
consultar o processo e requerer a respetiva cópia no serviço de atendimento ao público, até 2
(dois) dias antes do termo do prazo fixado para a entrega das propostas, mediante o pagamento
da quantia calculada nos termos da Tabela de Taxas e Outras Receitas Municipais.
4- Os bens imóveis municipais que se encontrem em hasta pública deverão ser sinalizados
localmente.
5- Quando o procedimento escolhido seja a hasta pública, os titulares dos direitos de preferência
são notificados pelo serviço municipal responsável pela área do património do dia, da hora e do
local da realização da hasta pública para, querendo, exercerem o seu direito no ato da praça,
sendo que, se o não fizerem, aplicar-se-á o previsto no n.º 6 do artigo 154.º do presente
regulamento.
Artigo 144.º
(Pedidos de esclarecimentos)
1- Qualquer interessado poderá solicitar, por escrito, à comissão do procedimento os
esclarecimentos que entender por necessários, até 15 dias antes da data da entrega das
propostas ou do encerramento da licitação por leilão eletrónico.
2- A resposta aos esclarecimentos serão publicados em Boletim Municipal e em sítio da Internet
gerido pelo serviço municipal responsável pela área do património do Município de Lisboa e
comunicados ao respetivo requerente até 8 dias antes do termo do prazo para apresentação de
propostas ou da licitação por via eletrónica.
3- Os pedidos de esclarecimento não identificados ou cujo objeto seja ininteligível face ao
procedimento serão liminarmente rejeitados nos termos do Código do Procedimento
Administrativo
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
131
Artigo 145.º
(Visitas aos imóveis)
O Programa de concurso fixará, sempre que possível, duas datas alternativas para a visita e exame
dos imóveis pelos potenciais interessados, entre as 9h e as 17 horas.
Artigo 146.º
(Condições)
A venda pode ficar sujeita a condições, suspensivas ou resolutivas, incluindo a de reserva do uso dos
imóveis por parte do Município, designadamente, mediante arrendamento.
Artigo 147.º
(Modalidade de pagamento)
1- Sem prejuízo do disposto no número seguinte, o pagamento do preço é efetuado a pronto.
2- Por deliberação do competente órgão municipal, podem ser admitidas as modalidades de
pagamento diferido sem juros, com reserva de propriedade a favor do Município até integral
pagamento do preço, bem como o pagamento em prestações, com o pagamento de juros sobre
o capital em dívida de acordo com as taxas em vigor para o diferimento de pagamentos de
dívidas ao Estado.
3- O pagamento em prestações não pode exceder 15 anos, sendo o período do pagamento e a
periodicidade das prestações fixados em plano de pagamentos.
Secção II
Hasta Pública
Artigo 148.º
(Documentos)
1- Os candidatos devem apresentar, sob pena de exclusão, os documentos de habilitação exigidos
no Programa de Concurso.
2- Os candidatos deverão apresentar proposta com indicação do preço oferecido, de valor igual ou
superior ao preço base de licitação, sob pena de exclusão da proposta.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
132
3- Cada proposta deve ser acompanhada de cheque visado ou cheque bancário, emitido à ordem
do Município de Lisboa, no montante fixado pela deliberação do competente órgão municipal.
4- Os documentos referidos no n.º 1 são apresentados em invólucro opaco e fechado, em cujo
rosto se deve escrever a palavra “Documentos”.
5- As propostas de preço e cheques são apresentadas em invólucros opacos e fechados, em cujo
rosto se deve escrever a palavra “Proposta”.
6- Os invólucros referidos nos números anteriores são, por sua vez, guardados num outro invólucro
opaco e fechado, em cujo rosto se deve escrever a palavra “Sobrescrito Exterior”, bem como a
designação da hasta pública e da entidade que a lançou.
Artigo 149.º
(Propostas condicionadas e com variantes)
Não será admitida a apresentação de propostas condicionadas ou que envolvam alterações ou
variantes das cláusulas do Caderno de Encargos aprovado.
Artigo 150.º
(Entrega do processo de candidatura)
O processo de candidaturas deverá ser entregue nas horas, termos e condições fixadas no programa
do concurso do respetivo procedimento de hasta pública.
Artigo 151.º
(Causas de exclusão)
1- Constituem causas de exclusão dos candidatos:
a) A não apresentação de um qualquer dos documentos exigidos no n.º 1 do artigo 148.º;
b) A não apresentação do processo de candidatura até à data limite fixada;
c) A existência de dívidas ao fisco ou à Segurança Social;
d) A existência de dívidas ao Município de Lisboa, por período superior a 60 (sessenta) dias para
além do prazo de liquidação.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
133
2- Constituem causas de exclusão das propostas:
a) A não observância do disposto nos nºs 2 a 6 do artigo 148.º;
b) A apresentação de proposta condicionada ou que envolva alterações ou variantes das
cláusulas previstas no Caderno de Encargos;
c) A apresentação de valores inferiores ao valor base de licitação.
Artigo 152.º
(Publicitação do procedimento e realização do ato público)
1- O prazo de publicitação da hasta pública não poderá ser inferior a 30 dias úteis contados a partir
da data da divulgação das peças do procedimento e a data da realização do ato público.
2- No caso de oneração, por período superior a 25 anos ou de alienação de imóveis que tenham
sido precedidos de pedido de informação prévia deduzido por particulares nos termos do artigo
14.º e ss do regime jurídico de urbanização e edificação, o prazo de publicitação do
procedimento de hasta pública nunca poderá ser inferior ao dobro do prazo previsto no número
anterior.
3- O ato público realizar-se-á na data, hora e local, indicados no Programa de Concurso.
4- Só podem intervir no ato público os candidatos ou seus representantes legais que para o efeito
estiverem devidamente legitimados, bastando, para tanto, a exibição dos respetivos cartões de
cidadão ou passaportes e de procuração com poderes para o ato.
Artigo 153.º
(Tramitação do ato público)
1- Declarado aberto o ato público, a Comissão procede à identificação da hasta pública e à abertura
dos sobrescritos exteriores recebidos, bem como os relativos aos “Documentos”, mantendo-se
inviolados os invólucros das “Propostas”.
2- As “Propostas” são guardadas num invólucro opaco e fechado, que deve ser assinado pelos
membros da Comissão.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
134
3- A Comissão procede, depois, à leitura da lista de candidatos elaborada de acordo com a ordem
de entrada do processo de candidatura.
4- De seguida, é interrompido o ato público para que a Comissão proceda, em sessão privada, à
análise dos documentos de habilitação apresentados pelos candidatos.
5- A Comissão rubrica os documentos mencionados no número anterior, e procede à sua análise,
deliberando sobre a admissão ou exclusão dos candidatos, sendo que são excluídos os
proponentes que se enquadrem numa das situações previstas no n.º 1 do artigo 151.º.
6- Reaberto o ato público, a Comissão transmite as deliberações tomadas, podendo qualquer
candidato apresentar reclamação por escrito quanto ao conteúdo e fundamento das decisões
tomadas.
7- De seguida, a Comissão aprecia e decide sobre o teor das reclamações apresentadas, procede à
identificação dos candidatos admitidos e respetivos representantes e delibera sobre a
necessidade de marcar nova data e hora para a continuidade do ato público.
8- Das decisões da Comissão cabe recurso para o Vereador com competências delegadas em
matéria de património, que não tem efeito suspensivo.
9- Retomado o ato público, a Comissão procede à abertura dos invólucros das “Propostas”,
deliberando sobre a exclusão das propostas que não cumpram o disposto no n. º 2 do artigo
151.º;
10- De imediato, é aberta a praça iniciando-se a licitação a partir do valor mais elevado apresentado
nas Propostas admitidas.
11- No ato público da praça, procede-se à licitação verbal entre os candidatos, que podem ser os
próprios ou seus representantes legais devidamente legitimados com poderes bastantes para o
efeito.
Artigo 154.º
(Licitação)
1- O valor mínimo de cada lanço é fixado no programa de concurso, podendo os candidatos optar
licitar pelo mínimo ou por múltiplos do valor mínimo de lanço.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
135
2- A licitação termina quando tiver sido anunciado por três vezes o lanço mais elevado e este não
for coberto.
3- Os titulares de direitos de preferência, de natureza legal ou contratual, podem declarar no ato
público se pretendem exercer o seu direito, independentemente de terem ou não licitado.
4- Caso declarem pretender exercer o seu direito, reabrir-se-á a licitação entre os titulares do
direito de preferência e o candidato que tenha licitado pelo valor mais elevado, a qual terminará
logo que seja anunciado por três vezes o lanço mais elevado e este não seja coberto.
5- Sem prejuízo do disposto nos artigos 417.º por remissão do 1091.º, ambos do Código Civil,
sempre que se encontrem em vigor contratos de arrendamento relativamente a uma parte de
um prédio não constituído em regime de propriedade horizontal, podem os respetivos
arrendatários exercer o seu direito legal de preferência sobre a totalidade do respetivo prédio.
6- Não comparecendo o preferente no ato público, será notificado por escrito pela Comissão para
que, no prazo máximo de 20 (vinte) dias úteis, querendo, e nas condições de arrematação,
exerça o seu direito, ficando no entretanto a adjudicação provisória suspensa.
7- Todos os candidatos estão obrigados a manter as suas propostas, designadamente os preços
resultantes das suas licitações, pelo prazo de sessenta dias, contado a partir da data do
encerramento do ato público.
Artigo 155.º
(Adjudicação provisória)
1- Salvo o disposto no n.º 6 do artigo anterior, a Comissão deverá promover a adjudicação
provisória do imóvel ao candidato que tenha apresentado o valor mais elevado até ao
encerramento do ato público.
2- O adjudicatário provisório deverá proceder ao pagamento da parcela do preço apurado pela
Comissão nos termos previstos no Programa de Concurso no prazo máximo de 5 dias úteis a
contar da notificação da adjudicação provisória.
3- Não haverá lugar a adjudicação quando:
a) Não tenha sido apresentada qualquer proposta;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
136
b) Todas as candidaturas ou todas as propostas tenham sido excluídas;
c) A licitação não for igual ou superior ao valor base de licitação fixado;
d) Por circunstâncias imprevistas, seja necessário alterar aspetos fundamentais das peças do
procedimento após o termo do prazo fixado para a apresentação das propostas;
e) Circunstâncias supervenientes ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas,
relativas aos pressupostos da hasta pública, o justifiquem.
4- A decisão de não adjudicação, bem como os respetivos fundamentos, deve ser notificada a todos
os candidatos.
Artigo 156.º
(Adjudicação definitiva)
1- A decisão de adjudicação definitiva ou de não adjudicação compete ao Presidente da Câmara
Municipal, devendo o interessado ser notificado no prazo de 8 (oito) dias úteis a contar do
despacho de adjudicação definitiva.
2- A decisão de adjudicação definitiva deve ser tomada e notificada ao adjudicatário no prazo
máximo de 40 dias úteis a contar da data da adjudicação provisória.
3- A decisão de adjudicação definitiva prevista no n.º 1 é suscetível de subdelegação no Vereador
do Pelouro, devendo a respetiva notificação ser instruída com a minuta do contrato.
4- O adjudicatário definitivo fica obrigado a pronunciar-se sobre a minuta do contrato escrito no
prazo de 10 dias úteis a contar da data da receção da respetiva minuta, findo o qual, se o não
fizer, a mesma se considerará aprovada.
Artigo 157.º
(Tramitação subsequente)
1- O contrato deverá ser celebrado no prazo máximo de 30 dias a contar da data da aprovação da
respetiva minuta.
2- O Município de Lisboa notificará por escrito o adjudicatário da data da celebração do respetivo
contrato, com a antecedência mínima de 8 dias.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
137
3- Caso o adjudicatário não compareça na data prevista para a celebração do contrato, sem motivo
justificado, ficará sem efeito a adjudicação definitiva, com perda do valor da totalidade das
quantias entregues ao Município de Lisboa e inibição de participar em procedimentos concursais
lançados pelo Município pelo prazo de 2 anos.
4- Nas situações em que o anterior adjudicatário tenha faltado, sem motivo justificável, à
celebração do contrato, poderá a Comissão da Hasta Pública proceder à adjudicação provisória
ao candidato que tenha licitado o segundo valor mais elevado, desde que a diferença entre o
valor arrematado e o segundo lanço mais elevado não seja superior a 1% do valor arrematado
em hasta pública.
Artigo 158.º
(Não adjudicação e tramitação associada)
1- Não há lugar à adjudicação, provisória ou definitiva, designadamente, quando se verifique erro
relevante sobre a identificação ou a composição do imóvel, a prestação de falsas declarações, a
falsificação de documentos ou o fundado indício de conluio entre os proponentes.
2- A não comprovação da situação tributária e contributiva regularizada, por motivo imputável ao
adjudicatário provisório, implica a não adjudicação definitiva do imóvel.
3- No caso de o imóvel já ter sido adjudicado definitivamente e se apurar que o adjudicatário
prestou falsas declarações ou apresentou documentos falsificados, há lugar à anulação da
adjudicação, sem prejuízo de eventual responsabilidade civil e criminal.
4- Salvo nas situações de conluio, caso de anulação da adjudicação ou de não adjudicação por causa
imputável ao interessado, pode o imóvel, sem prejuízo do exercício de eventuais direitos de
preferência, ser adjudicado ao interessado que tenha apresentado a proposta ou o lanço
imediatamente inferior ao valor de arrematação desde o que valor oferecido pelo proponente
imediatamente seguinte não seja inferior a 1% do valor arrematado em hasta pública.
5- A anulação da adjudicação provisória por factos exclusivamente imputáveis ao adjudicatário,
importa a perda por este de todas as quantias entretanto pagas.
6- Quando o Município, sem causa fundamentada, não proceda à adjudicação definitiva, pode o
interessado eximir-se da obrigação de aquisição, tendo direito ao reembolso das quantias pagas.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
138
Artigo 159.º
(Encargos)
São encargos dos candidatos as despesas inerentes à elaboração das propostas e, no caso do
adjudicatário definitivo, os custos e emolumentos relativos à celebração do respetivo contrato.
Secção III
Leilão Eletrónico
Artigo 160.º
(Sistema informático)
1- Poderão realizar-se leilões eletrónicos em sítio da Internet, gerido pelo serviço municipal
responsável pela área do património, que permitirá a qualquer interessado licitar e acompanhar
a evolução do leilão.
2- Poderão efetuar licitações no leilão eletrónico os utilizadores registados, após autenticação.
3- São utilizadores registados as pessoas e entidades autenticadas como utilizadores, após
preenchimento do formulário eletrónico disponibilizado e do cumprimento das demais condições
fixadas na deliberação do competente órgão municipal.
4- Para efeitos do disposto na presente secção deverão os serviços municipais competentes
providenciar para que no prazo máximo de um ano a contar da data de entrada em vigor do
presente regulamento estejam disponíveis os necessários meios técnicos e logísticos.
Artigo 161.º
(Duração do leilão)
O dia e as horas de abertura e de encerramento do leilão eletrónico são fixados na deliberação do
órgão municipal que aprovar a alienação ou arrendamento do bem imóvel municipal.
Artigo 162.º
(Entrega de propostas)
1- As propostas para aquisição dos bens são apresentadas até ao dia e hora designados.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
139
2- Só podem ser aceites as propostas de valor igual ou superior ao valor base e, de entre estas, é
escolhida a proposta de valor superior a qualquer das propostas anteriormente apresentadas.
3- As propostas, uma vez submetidas, não podem ser retiradas.
Artigo 163.º
(Resultado do leilão e adjudicação provisória)
1- O resultado do leilão eletrónico é publicitado no respetivo sítio da Internet.
2- No dia e hora designados para o termo do leilão, a Comissão decide, em ato público, sobre a
adjudicação provisória.
3- Sempre que o leilão eletrónico terminar em dia não útil ou depois das 17 horas de qualquer dia,
a Comissão decide, em diligência a ocorrer à partir das 10 horas do dia útil seguinte, sobre a
adjudicação provisória.
Artigo 164.º
(Aplicação subsidiária)
Aplica-se, com as devidas adaptações, o previsto nos artigos 155.º e seguintes.
Secção IV
Negociação
Artigo 165.º
(Objeto)
Pode ser objeto de negociação, no procedimento por negociação com publicação prévia de anúncio,
designadamente:
a) O preço;
b) O prazo e demais condições de pagamento e a prestação de garantia relativa ao montante
em dívida;
c) A realização de eventual permuta que permita satisfazer o interesse público;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
140
d) A participação do Município em projeto imobiliário a desenvolver;
e) As alternativas à venda imediata, designadamente o arrendamento com opção ou promessa
de compra.
Artigo 166.º
(Tramitação)
1- O procedimento por negociação abrange:
a) A publicação de anúncios;
b) A entrega, a apreciação e a seleção de candidaturas;
c) A apresentação, a apreciação e a negociação de propostas;
d) A escolha do adjudicatário.
2- A negociação das propostas poderá, no que tem a ver com o preço, levar a uma licitação entre os
candidatos selecionados, aplicando-se com as devidas adaptações o previsto para o
procedimento por hasta pública.
Artigo 167.º
(Anúncio)
Do anúncio do procedimento constam os seguintes elementos:
a) O critério de seleção das candidaturas;
b) O local e respetivo horário de funcionamento e a hora limite para a receção das candidaturas
e das propostas;
c) Os elementos que devem ser indicados nas propostas e os documentos que as instruem;
d) O modo de apresentação das propostas;
e) O local onde podem ser consultados o programa do procedimento e o caderno de encargos
ou as condições e os custos do respetivo envio, quando houver lugar a tais documentos;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
141
f) A data, a hora e o local do ato público de abertura das propostas;
g) O critério ou critérios da adjudicação, incluindo os fatores que nela intervêm, por ordem
decrescente de importância;
h) O prazo durante o qual os concorrentes ficam vinculados a manter as suas propostas.
Artigo 168.º
(Candidaturas)
1- A admissão das candidaturas é efetuada pela comissão no dia útil imediato ao da data limite
prevista no anúncio para a sua apresentação.
2- Na apreciação e seleção das candidaturas, a comissão exclui os candidatos que não preencham
os requisitos previstos no anúncio e admite os restantes.
3- A comissão notifica todos os candidatos da sua decisão.
4- O número de candidatos a admitir só excecionalmente deve ser inferior a três.
5- Os candidatos admitidos são convidados a apresentar as respetivas propostas, nos termos do
anúncio.
Artigo 169.º
(Abertura)
1- As propostas são abertas, pela comissão, em sessão privada, no dia útil imediato ao da data
limite para a respetiva apresentação.
2- A comissão exclui as propostas que não sejam recebidas no prazo fixado e notifica os respetivos
concorrentes.
Artigo 170.º
(Negociação)
1- Os concorrentes cujas propostas tenham sido admitidas devem ser notificados, com uma
antecedência mínima de cinco dias, da data, da hora e do local da sessão de negociação.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
142
2- As negociações decorrem no mesmo período e separadamente com cada um dos concorrentes,
de forma a assegurar idênticas oportunidades de propor, aceitar e contrapor alterações às
respetivas propostas.
3- As condições apresentadas nas propostas são livremente negociáveis, não podendo resultar das
negociações condições globalmente menos favoráveis para a entidade adjudicante do que as
inicialmente apresentadas.
4- Das sessões de negociação são lavradas atas, das quais constam a identificação dos concorrentes
e o resultado final das negociações.
5- As atas devem ser assinadas pelos membros da comissão e pelos concorrentes.
Artigo 171.º
(Apreciação)
1- A comissão aprecia as propostas alteradas e as não alteradas nas sessões de negociação, bem
como as entregues pelos concorrentes faltosos.
2- Apreciado o mérito das propostas, a comissão elabora um relatório fundamentado que inclui a
identificação das propostas excluídas e procede à classificação provisória dos concorrentes.
3- Em situações em que a natureza do objeto e a negociação antecedente o justifique a Comissão
poderá optar por submeter o preço a um mecanismo de licitação entre todos os selecionados,
aplicando-se então com as devidas adaptações os procedimentos de hasta pública.
4- O relatório final é também elaborado pela comissão, que, para efeitos da adjudicação e após
audiência prévia escrita dos concorrentes, é submetido aos órgãos municipais competentes.
5- A decisão sobre a adjudicação que resulte da deliberação do órgão municipal competente será
notificada a todos os concorrentes no prazo de 10 dias.
Artigo 172.º
(Regime subsidiário)
1- À não adjudicação e à anulação da adjudicação aplica-se, com as devidas adaptações, o disposto
no artigo 155.º.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
143
2- Sem prejuízo do disposto no número anterior, são aplicáveis subsidiariamente à negociação, com
publicação prévia de anúncio, as disposições reguladoras do concurso público para a celebração
de contratos de prestação de serviços ou fornecimento de bens móveis, os princípios gerais da
contratação pública e o Código do Procedimento Administrativo.
Secção V
Ajuste Direto
Artigo 173º
(Admissibilidade)
1- Sem prejuízo do lançamento de uma nova hasta pública ou leilão eletrónico, o Município de
Lisboa poderá recorrer ao procedimento por ajuste direto quando:
a) A hasta pública ou o leilão eletrónico fiquem desertos;
b) Caso o adjudicatário falte, sem motivo justificável, à celebração do contrato e não tenha sido
apresentada qualquer outra proposta;
c) Quando, por ameaça de ruína ou de insalubridade pública, devidamente comprovada por
vistoria titulada por relatório dos serviços municipais competentes, exista urgência na
intervenção e o interessado na aquisição apresente solução técnica, eficaz e rápida, que
garanta as condições de segurança ou de salubridade nos termos do n.º 3 e desde que não
seja necessária demolição integral;
d) Quando o adquirente pertença ao sector público administrativo ou ao sector empresarial do
Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais;
e) Quando o adquirente seja pessoa coletiva de utilidade pública e o imóvel se destine direta e
imediatamente à realização dos seus fins sociais;
f) Quando o imóvel esteja ocupado há mais de 10 anos e o adquirente seja o próprio ocupante;
g) Quando o imóvel seja vendido a um dos seus comproprietários;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
144
h) Quando o imóvel seja objeto de litígio judicial pendente há mais de cinco anos e o
adquirente seja parte principal no processo;
i) Por razões de excecional interesse público devidamente fundamentado.
2- No caso previsto na alínea b), o Município apenas poderá promover o ajuste direto quando o
valor oferecido pelo proponente não seja inferior em 1% do valor arrematado em hasta pública
ou em leilão eletrónico.
3- No caso previsto na alínea c), a celebração do contrato da escritura fica condicionada à realização
imediata das obras indispensáveis à salvaguarda das condições de segurança ou de remoção da
insalubridade no prazo e condições previstas no relatório municipal que deverá fazer parte
integrante das condições do ajuste direto, sob pena de anulação da adjudicação, sem prejuízo da
eventual responsabilidade civil por danos causados em caso de incumprimento.
Artigo 174
(Procedimento)
1- Nas situações expressamente previstas nas alíneas a) e b) do artigo anterior e, sem prejuízo do
disposto no n.º 2, a concretização do procedimento de ajuste direto nas condições estipuladas,
poderá realizar-se por recurso à bolsa de mediadores imobiliários a constituir de acordo o regime
de contratação pública relativo à aquisição de serviços, tendo em vista a promoção profissional e
divulgação alargada nos mercados nacionais e internacionais dos imóveis integrados no regime de
disponibilidade tendo em vista a boa gestão patrimonial.
2- No caso previsto no número anterior, o valor da receita proveniente da alienação, não poderá ser
inferior ao “preço base” da hasta pública após a dedução da comissão que incidirá sobre a
prestação do serviço de mediação de acordo com as condições a estabelecer no caderno de
encargos para efeito do procedimento da contratação pública.
3- Caso não seja possível alienar o imóvel nas condições indicadas no prazo do contrato de mediação
imobiliária, não será devida qualquer comissão em conformidade com os pressupostos a
estabelecer no “caderno de encargos” para efeito do procedimento de contratação pública para a
constituição da bolsa de mediadores imobiliários.
4- Na hipótese da promoção do imóvel efetuada pela mediação imobiliária permitir um valor de
mercado superior ao valor do “preço base” fixado na hasta pública, após a dedução do valor da
comissão devida pela prestação do serviço nos termos da contratação pública, poderá haver lugar
à perceção de um prémio não superior a 2% do valor do acréscimo de acordo com as condições a
fixar no caderno de encargos para efeito da prestação do serviço de mediação imobiliária.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
145
5- A bolsa de mediadores imobiliários a contratar de acordo com o regime da contratação pública a
que se refere o n.º 1 deverá ter a periodicidade máxima de 3 anos.
TÍTULO III
Gestão de contratos e de ocupações
CAPÍTULO I
Parte Geral
Artigo 175.º
(Cadastro de ocupantes)
1- Compete ao direção municipal de gestão patrimonial manter permanentemente atualizado o
cadastro de ocupantes de património imobiliário municipal.
2- Os arrendamentos, comodatos e cedências devem ser lançados em cadastro de ocupantes no
prazo máximo 10 dias a contar da respetiva formalização.
3- Extinta a ocupação, por qualquer forma, deve ser anulado o registo de ocupante no prazo
máximo 10 dias a contar da data da ocorrência do facto extintivo.
4- Anualmente, o serviço municipal responsável pela gestão patrimonial deve proceder à
atualização ordinária do valor das rendas, taxas e preços aplicáveis aos bens imobiliários
municipais objeto de cedência.
5- A atualização extraordinária de rendas deve ser promovida de acordo com o previsto na lei e nos
termos e com os limites previstos na deliberação do competente órgão municipal.
6- Para efeitos do disposto nos números anteriores, deve a direção municipal de gestão do
património municipal notificar os ocupantes do novo valor mensal.
Artigo 176.º
(Cadastro de compromissos)
1- Apenas podem ser lançados compromissos sobre património imobiliário municipal previamente
aprovados por deliberação dos competentes órgãos municipais.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
146
2- Os compromissos assumidos caducam quando cessarem os pressupostos que determinaram a
sua fixação, por decisão competente que assim o determine nos termos do presente
regulamento ou, automaticamente, decorridos 3 (três) anos sobre a data do seu lançamento em
cadastro sem que tenha sido concretizada a operação urbanística ou imobiliária que justificou o
respetivo lançamento.
Artigo 177.º
(Gestão de contratos)
1- A direção municipal de gestão patrimonial deve gerir os contratos relativos a património
imobiliário municipal, em articulação com a direção municipal de finanças e, quando a sua
natureza o imponha, com a direção municipal de urbanismo.
2- Nos casos de imóveis em gestão condicionada, será da responsabilidade do serviço gestor a
gestão dos contratos incidentes sobre a propriedade municipal, incluindo o processamento da
receita em SAP e garantia de boa cobrança, sem prejuízo do dever de informação ao serviço
municipal competente em matéria de património.
3- Para efeitos do disposto no número anterior, deve o serviço gestor assegurar a legitimidade dos
ocupantes de património municipal e que procedem periódica e atempadamente ao pagamento
da contrapartida devida.
4- Sempre que se justifique, deve o serviço gestor remeter os processos para o serviço municipal
competente em matéria de gestão de património para que sejam iniciados os procedimentos
legais necessários à recuperação de dívidas e ao despejo e desocupação de património municipal
por falta de pagamento ou de legitimidade.
Artigo 178.º
(Gestão de condomínios)
1- Compete à direção municipal de gestão patrimonial representar o Município nas Assembleias de
Condóminos de prédios submetidos ao regime de propriedade horizontal, onde o Município
detenha frações autónomas.
2- O Município de Lisboa, enquanto proprietário, pode ser eleito para a administração dos
condomínios, competindo ao diretor da Direção Municipal de Gestão Patrimonial designar o
respetivo representante.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
147
3- Nos bairros municipais cujos prédios estejam submetidos ao regime da propriedade horizontal e
cuja gestão pertença à GEBALIS a respetiva competência pertence à empresa gestora.
Artigo 179.º
(Levantamento de ónus e autorização para a alienação do direito de superfície)
1- Mediante requerimento dos interessados pode a direção municipal de gestão patrimonial
autorizar o levantamento de ónus de inalienabilidade nos termos e condições previstos no
presente regulamento.
2- A requerimento dos interessados pode o Município autorizar a alienação de frações autónomas
de prédios em direito de superfície ou exercer o seu direito de preferência na respetiva
aquisição.
Artigo 180.º
(Autorização de oneração)
Por deliberação dos competentes órgãos municipais pode ser autorizada a constituição de hipoteca
sobre o direito de superfície e de concessão sobre bens imóveis municipais.
CAPÍTULO II
Recuperação de Créditos e Regularização de Dívidas
Artigo 181.º
(Objeto)
O presente capítulo regula as situações de incumprimento pelo não pagamento atempado dos
valores devidos pela ocupação de património municipal habitacional e não habitacional que se
encontrem em cobrança na Tesouraria da Câmara Municipal de Lisboa.
Artigo 182.º
(Acordo de pagamento)
1- Nas situações de comprovada dificuldade económica ou sempre que o valor global da dívida
ultrapasse o valor correspondente metade do valor da remuneração mínima garantida podem
ser celebrados acordos de pagamento.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
148
2- Excetuam-se do disposto no número anterior os casos em que tenha ocorrido incumprimento em
anterior acordo de pagamento ou em que o valor da dívida ao Município resulte de
incumprimento continuado por período superior a 6 meses ou 1 ano, para as contrapartidas
mensais ou anuais, respetivamente.
3- O arrendatário, ocupante precário ou superficiário que se encontre numa das situações previstas
no n.º 1 poderá requerer ao Município de Lisboa o pagamento faseado do valor em divida,
através de Acordo de Pagamento em Prestações, conforme modelo em vigor na direção
municipal de gestão patrimonial, desde que se encontrem preenchidas as condições previstas
para o efeito.
4- O requerimento previsto no número anterior será instruído nos termos seguintes:
a) Fotocópia do cartão de cidadão ou do cartão da empresa e disponibilização do código de
acesso à certidão permanente do registo comercial, caso seja concedido consentimento pela
titular, na falta desse consentimento, a identidade será verificada mediante exibição do
cartão do cidadão ou número de pessoa coletiva junto do trabalhador competente ou pela
indicação do respetivo número na identificação do devedor requerente.
b) Fotocópia da última declaração e nota de liquidação de IRS ou IRC;
c) Outros documentos que possam atestar que a sua situação económica e financeira não lhe
permite efetuar o pagamento integral da dívida de uma só vez.
5- Em situações excecionais, devidamente fundamentadas, que não sejam lesivas do interesse
municipal poderá ser admitida a dação em pagamento com a entrega ao Município de bem
imóvel que tenha interesse para a prossecução da atividade municipal, devendo o valor do bem
resultar de avaliação prévia a realizar pelo serviço municipal competente em matéria de
património, nos termos do previsto no presente regulamento, devidamente aprovado pelo órgão
municipal competente.
6- Os acordos de pagamento de dívida e cobrança de dívida devida pela ocupação de bens do
domínio público e privado municipal cuja gestão esteja transferida para as empresas municipais
nos termos dos respetivos estatutos não estão abrangidos pela presente disposição.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
149
Artigo 183.º
(Procedimento)
1- O processo de pagamento em prestações das dívidas provenientes da ocupação de património
municipal, consubstanciadas em liquidações emitidas pelo serviço municipal competente tem
início com a entrega, por parte do devedor, no serviço municipal responsável pela gestão de
património municipal do requerimento e documentação prevista nos n.ºs 3 e 4 do artigo
anterior.
2- O serviço municipal competente elabora o plano de pagamento das prestações que o devedor se
propõe a cumprir e subscrever, de acordo com o previsto no artigo 185.º.
3- O processo para pagamento em prestações deverá ser apreciado, decidido e submetido a
decisão da entidade competente, no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis, a contar da data da
entrada do respetivo requerimento nos serviços municipais.
4- Nas situações da dívida em cobrança coerciva relativa ao património sob a gestão do Pelouro da
Habitação, pode haver redução do valor da dívida bem como recolocação da dívida em cobrança
voluntária, atendendo à situação social do agregado familiar, mediante despacho conjunto dos
Vereadores da Habitação e das Finanças.
5- O pagamento das restantes prestações mensais e sucessivas deverá ser feito até ao dia 8 (oito)
de cada mês, na Tesouraria do Município de Lisboa.
Artigo 184.º
(Efeito suspensivo)
1- A celebração de acordo de pagamento suspende os procedimentos de desocupação ou de
despejo do locado municipal, bem como os relativos à resolução de contratos de direitos de
superfície ou de atribuição de direitos de utilização ou concessão sobre bens do domínio público
municipal, enquanto estiver a ser cumprido de forma pontual tal acordo.
2- Nos contratos de arrendamento, quando o acordo de pagamento em prestações seja posterior à
ordem de despejo, esta será suspensa no momento em que se dê por cumprido o pagamento de
primeira prestação.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
150
3- No direito de superfície e no direito de utilização e concessão de domínio público municipal, o
acordo de pagamento em prestações interrompe a tramitação do processo de reversão do
terreno e das edificações ou benfeitorias existentes desde que tal não tenha ainda sido
deliberado pelos competentes órgãos municipais.
4- A celebração do acordo de pagamento em prestações no caso das cedências precárias
habitacionais suspende o envio das faturas para a Divisão de Execuções Fiscais.
Artigo 185.º
(Plano prestacional)
1- Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes, a determinação do número máximo de
prestações que o requerente pode solicitar para liquidação da dívida ao Município far-se-á nos
seguintes termos, considerando o montante da dívida como um múltiplo do Rendimento Mínimo
Mensal Garantido – RMMG:
a) Dívidas cujo montante varie entre 0,5 a 2 vezes o RMMG (0,5xRMMG≤Divida<2xRMMG),
com um máximo de 5 prestações;
b) Dívidas cujo montante varie entre 2 a 10 vezes o RMMG (2xRMMG≤Divida<10xRMMG), com
um máximo de 10 prestações;
c) Dívidas cujo montante varie entre 10 a 50 vezes o RMMG (10xSMN≤Divida<50xSMN), com
um máximo de 20 prestações;
d) Dívidas cujo montante varie entre 50 a 100 vezes o RMMG (50xRMMG≤Divida<100xRMMG),
com um máximo de 25 prestações;
e) Dívidas de valor superior a 100 vezes o RMMG (100xRMMG≤Divida), com um máximo de 30
prestações;
2- Em casos de comprovada insuficiência económica que impeça o cumprimento do disposto nas
alíneas anteriores poderá ser autorizado o aumento em 50% do número de prestações, com as
limitações decorrentes do n.º 1 do artigo seguinte.
3- Nos casos previstos nas alíneas b) a e) do número 1, exigir-se-á o pagamento mínimo de 10% do
valor em divida na data de celebração do acordo de pagamento.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
151
4- Os valores previstos no n.º 1 do presente artigo poderão ser alterados por despacho do
Presidente da Câmara ou do Vereador com competências subdelegadas em matéria de gestão
patrimonial, adequando-os à conjuntura económica e às circunstâncias do tempo.
5- Nos contratos de natureza habitacional sob gestão do serviço municipal competente naquele
domínio poder-se-ão adotar planos de pagamentos diversos do anteriormente previsto, de modo
a que seja possível adequar o esforço do devedor às circunstâncias concretas da sua situação
económica e social.
Artigo 186.º
(Arrendamento)
1- O número de prestações não poderá ser superior a 48 prestações mensais no caso de
arrendamentos habitacionais e de 36 nos casos de arrendamento não habitacional, salvo nas
situações excecionais que ocorrerem por força das situações previstas no n.º 2 do artigo 185.º
2- O valor mínimo mensal do plano de pagamentos prestacional não poderá ser inferior a € 25,00
para as situações de arrendamento habitacional e de € 120,00 para os casos de arrendamento
não habitacional, aplicando-se o disposto no n.º 4 do artigo anterior.
3- Por decisão fundamentada do Presidente da Câmara ou dos Vereadores com competências
subdelegadas em matéria de habitação ou do património, pode o Município aceitar que o valor e
o número das prestações seja diverso do previsto nos números anteriores.
4- O pagamento pontual e integral do plano prestacional pelo arrendatário dispensa o pagamento
do valor correspondente a 50% do valor em dívida a título de indemnização, nos termos
previstos no n.º 1 do artigo 1141. º do Código Civil.
5- A falta de pagamento de três prestações mensais do acordo celebrado importa o vencimento
imediato das prestações vincendas, com o acréscimo de 50%, devendo o respetivo arrendatário
proceder ao pagamento integral da quantia em dívida até ao 8.º dia do mês seguinte àquele em
que tenha ocorrido tal facto, sob pena de se reiniciar o procedimento de despejo do locado
municipal.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
152
Artigo 187º
(Cedências de utilização)
1- Nas cedências para fins habitacionais, o incumprimento do pagamento do preço devido pela
ocupação por prazo igual ou superior a 180 dias contados da data limite para proceder ao
pagamento, implica a remessa das faturas para a Divisão de Execuções Fiscais para que seja
instaurado o correspondente procedimento de execução fiscal.
2- Nas cedências não habitacionais, a falta do pagamento do preço devido pela ocupação por prazo
igual ou superior a 30 dias contados a partir do primeiro dia útil do mês seguinte à liquidação,
implica a remessa das faturas para a Divisão de Execuções Fiscais para os efeitos previstos no
número anterior.
3- Findo o prazo de pagamento voluntário serão cobrados juros de mora à taxa legal aplicável.
4- Qualquer interessado poderá requerer a celebração de acordo de pagamento nos termos
previstos nos artigos 182.º e seguintes.
5- Em caso de deferimento do pagamento da divida em prestações, o valor da prestação mensal
corresponderá ao total da divida dividido pelo número de prestações autorizado, acrescido dos
juros de mora devidos, contados sobre o respetivo montante desde o termo do prazo do
pagamento voluntário até à data do pagamento efetivo de cada uma das prestações.
6- A falta de pagamento de qualquer prestação implica o vencimento imediato das restantes e a
notificação, por carta registada com aviso de receção, para o pagamento da totalidade da
quantia que se encontre em dívida e respetivos juros de mora, no prazo máximo de 30 dias a
contar da data da receção da referida notificação.
7- Decorrido o prazo previsto no número anterior sem que o pagamento tenha sido efetuado, o
processo será remetido à Divisão de Execuções Fiscais e reiniciado o procedimento de
desocupação do espaço cedido.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
153
Artigo 188º
(Direito de superfície)
1- Sem prejuízo do disposto no número seguinte, em caso de mora no pagamento da renda devida
a título de direito de superfície, o Município de Lisboa exigirá o triplo das prestações em dívida,
nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 1531.º do Código Civil.
2- Não haverá lugar à aplicação do disposto no número anterior quando, cumulativamente, se
verificarem as seguintes condições:
a) O superficiário for infrator primário ou não tenha histórico de incumprimento no pagamento
das rendas nos últimos 5 anos;
b) O superficiário vier a efetuar o pagamento voluntário da prestação em falta até ao final do
5.º dia seguinte à data limite de pagamento;
c) O superficiário vier a efetuar o pagamento voluntário da prestação em falta entre o 6º e o
30º dia após a data limite de pagamento, ficando neste caso sujeito a uma penalização de 1%
sobre o valor da renda em dívida.
3- A falta de pagamento das prestações nos prazos estabelecidos nos números anteriores implica o
imediato vencimento de todas as prestações vencidas e a resolução do contrato de direito de
superfície, revertendo para o Município de Lisboa o terreno e as edificações ou benfeitorias nele
existentes, sem que o superficiário tenha direito a qualquer indemnização.
4- Sem prejuízo do disposto no número anterior, não será emitida licença de utilização enquanto
estiverem em dívida ao Município de Lisboa quaisquer importâncias que lhe sejam devidas pelos
superficiários, nos termos do acordo de constituição do direito de superfície.
5- O superficiário poderá requerer a celebração de acordo de pagamento nos termos previstos nos
artigos 180.º e seguintes ou prestar garantia bancária para pagamento da quantia em dívida.
Artigo 189º
(Concessões)
Aplica-se às concessões, com as devidas adaptações, o previsto no artigo anterior.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
154
CAPÍTULO III
Desocupação Coerciva e Despejo
Artigo 190.º
(Ocupação sem título)
1- Toda e qualquer ocupação de propriedade municipal sem título é considerada como abusiva e
ilegal, conferindo ao Município o direito de lhe por termo a qualquer momento, sem prejuízo da
responsabilidade civil.
2- Quem ocupar sem título imóvel ou terreno do Município de Lisboa e o não desocupar no prazo
de 30 dias a contar da data em que seja notificado para o efeito fica sujeito a desocupação
coerciva imediata, sem dependência de ação judicial ou qualquer outro procedimento
administrativo.
3- Sempre que a ocupação abusiva seja suscetível de configurar ilícito criminal não haverá lugar a
audiência prévia de interessados, bastando a simples notificação pela autoridade competente ou
publicação de edital.
4- A desocupação coerciva é determinada pelo Presidente ou do Vereador com competências
subdelegadas em matéria de património.
5- A notificação referida no n.º 2, bem como a execução da desocupação são efetuadas pelos
serviços competentes em matéria de património, podendo haver recurso às autoridades policiais
competentes.
6- Existindo bens no interior da propriedade municipal e não tendo o particular procedido em
tempo à sua remoção voluntária, procederá o Município, na presença das autoridades, à sua
inventariação e retirada para depósito municipal, aí podendo depois serem reclamados no prazo
de 30 dias, mediante o pagamento previsto em tabela de taxas e outras receitas municipais, sob
pena de serem considerados perdidos a favor do Município.
7- Todas as despesas administrativas e encargos com a desocupação e eventual remoção de bens
serão suportadas pelos infratores, que para o efeito serão notificados do montante total a pagar
ao Município e respetivo prazo de pagamento.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
155
Artigo 191.º
(Ocupação com título)
1- A desocupação e despejo de ocupantes com título de Direito Administrativo faz-se nos termos
previstos no Código de Procedimento Administrativo.
2- A desocupação e despejo de ocupantes abrangidos com título de Direito Civil, nomeadamente
arrendamento urbano, comodato, seguem os trâmites previstos na lei civil.
3- É aplicável, com as devidas adaptações, o previsto nos números 4 a 6 do artigo anterior.
TÍTULO IV
Do Inventário e do Cadastro
Artigo 192.º
(Inventário e cadastro)
O inventário e cadastro municipal dos bens imóveis integra imóveis de domínio público e privado e
os direitos e obrigações a eles inerentes, que poderão ser das espécies seguintes:
a) Rústicos;
b) Urbanos;
c) Mistos;
d) Outros.
Artigo 193.º
(Inventariação)
1- A inventariação compreende as seguintes etapas:
a) “Arrolamento” — elaboração de uma listagem discriminada dos bens patrimoniais a
inventariar;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
156
b) “Classificação” — agrupamento dos elementos patrimoniais nas diversas classes tendo por
base o seu código de classificação;
c) “Descrição” — Detalhe das características de cada bem que permitam a sua identificação;
d) “Avaliação” — atribuição de um valor a cada imóvel de acordo com os critérios de
valorimetria estabelecidos na lei.
2- Os elementos a utilizar na gestão e controlo dos bens imóveis são:
a) Processo de inventário;
b) Ficha de inventário;
c) Código de classificação;
d) Mapas de inventário;
e) Conta patrimonial.
3- Os documentos referidos nas alíneas b) a e) do número anterior serão elaborados e mantidos
atualizados pelo serviço municipal competente mediante a utilização de programas informáticos
adequados.
Artigo 194.º
(Regras gerais de inventariação)
1- A inventariação deve obedecer às seguintes regras:
a) Os bens devem manter-se no inventário desde o momento da sua aquisição, até ao seu
abate;
b) A aquisição dos bens imóveis deve ser registada na ficha de inventário de acordo com o
estabelecido na lei, introduzindo todos os dados identificativos do imóvel no respetivo
programa informático;
c) O número de inventário é atribuído sequencialmente por ordem de entrada no sistema
informático;
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
157
d) Cada prédio ou fração autónoma deve dar origem a um bem autonomamente inventariado,
devendo o processo de inventário incluir todos os documentos de titularidade e registo do
bem assim como todas as demais peças escritas e desenhadas a ele referentes;
e) Após a aquisição de imóveis para o domínio privado o serviço municipal competente em
matéria de património promoverá o registo na competente conservatória do registo predial
e serviço de finanças;
f) A aquisição dos bens imóveis para o domínio público, incluindo por via de cedências
obrigatórias, obrigará sempre à atualização de áreas na matriz e no registo predial dos
prédios particulares, de acordo com certidão a emitir pelo Município, conforme modelo a
aprovar para o efeito pelo serviço municipal competente em matéria de gestão patrimonial.
2- Para permitir a correta localização e referenciação dos bens imóveis devem constar do processo
de inventário, preferencialmente associado ao ficheiro informático, os seguintes elementos,
quando aplicáveis:
a) Documento que titula a propriedade ou a posse;
b) Documento Matricial;
c) Certidão Predial;
d) Avaliação;
e) Planta de implantação com os limites do imóvel assinalado à escala 1/1.000;
f) Planta de localização à escala 1/1.000;
g) Ortofotomapa à escala adequada;
h) Fotografia datada do imóvel;
i) Outros elementos ou informações referentes ao imóvel.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
158
3- Os bens imóveis que não se enquadrem nos casos previstos nos números anteriores serão
inventariados e avaliados a partir do momento que sejam objeto de intervenção física que lhes
acrescente valor.
4- A classificação dos bens imóveis para efeitos de inventariação constitui uma referência para a
autarquia e não prevalece sobre a classificação para efeitos fiscais.
5- De todos os elementos constantes do processo de inventário será feita a atualização regular de
forma a permitir uma análise da evolução do imóvel no tempo.
Artigo 195.º
(Ficha de inventário)
A ficha de inventário tem como objetivo a identificação de cada bem imóvel desde a sua aquisição
até ao abate, inscrevendo-se nela toda a informação relevante para a caraterização do bem, tendo
em conta a sua origem e relações económico-financeiras que lhes estão associadas, eventuais
alterações e outros factos patrimoniais que ocorram ao longo da vida útil, bem como as
manifestações de interesses privados na aquisição ou utilização do bem e deve constar em suporte
informático.
Artigo 196 º
(Mapa de inventário)
1- O mapa de inventário regista o valor inicial, os acréscimos, as diminuições e outras alterações
patrimoniais, através do ordenamento sistemático por grandes classes ou tipo de bens.
2- O mapa síntese de inventário será elaborado no final de cada ano económico e reflete a variação
dos elementos constitutivos do património da autarquia.
3- O mapa de inventário será elaborado de acordo com o modelo estabelecido no Cadastro e
Inventário dos Bens do Estado ou da adaptação deste às autarquias locais.
Artigo 197.º
(Mapa de ativo bruto)
O mapa de ativo bruto da autarquia regista o ordenamento sistemático por classificação patrimonial
referente a reavaliações, ajustamentos, aumentos, alienações, transferências e abates apresentando
o saldo inicial e saldo final das alterações patrimoniais.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
159
Artigo 198.º
(Mapa das amortizações)
1- As amortizações anuais de cada bem são efetuadas informaticamente, na respetiva ficha de
amortizações.
2- A ficha de amortizações regista o decréscimo do valor contabilístico dos bens referidos em
função do tempo decorrido.
3- As taxas de amortizações são as definidas no CIBE ou da adaptação deste às autarquias locais.
Artigo 199.º
(Valorização do imobilizado)
1- O ativo imobilizado, incluindo os investimentos adicionais ou complementares, regra geral, deve
ser valorizado pelo custo de aquisição ou pelo custo de produção, ou outro que venha a ser
legalmente estabelecido.
2- Considera-se como custo de aquisição de um ativo a soma do respetivo preço de compra com os
gastos suportados direta e indiretamente para o colocar no seu estado atual.
3- Considera -se como custo de produção de um bem a soma dos custos diretos e indiretos, os
custos das matérias -primas e outros materiais consumidos, da mão-de-obra diretas e de outros
gastos gerais suportados na produção da construção.
4- Quando se trate de ativos do imobilizado obtidos a título gratuito ou que se desconheça o seu
valor de aquisição ou de produção, deverá considerar -se o valor resultante da avaliação segundo
critérios técnicos que se adaptem à natureza desses bens, devendo ser explicitado nos anexos às
demonstrações financeiras.
5- Os bens do imobilizado não são, regra geral, suscetíveis de reavaliação, salvo se existirem normas
que a autorizem e que definam os respetivos critérios de valorização.
6- Caso os critérios definidos no número anterior não sejam exequíveis, o imobilizado assume o
valor do terreno ou valor zero até ser objeto de uma grande reparação, assumindo, então, o
montante desta, devendo ser justificado nos anexos às demonstrações financeiras e na ficha de
inventário do bem.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
160
Artigo 200.º
(Cadastro)
1- Por cadastro predial entende-se o registo público em que se descreve a extensão, qualidade e
valor dos bens de raiz de determinada parcela de território, mediante associação da informação
relativa à geometria do prédio, ao registo predial e matriz predial respetiva.
2- O Município desenvolverá uma infraestrutura de dados cadastrais multifuncional na qual se
sistematizará toda a informação cadastral da propriedade, nomeadamente a localização e
cadastro geométrico, informação do registo predial, situação jurídica dos prédios e da matriz
predial, informação do valor patrimonial tributário e sujeito passivo do imposto.
3- A informação referida no número anterior integrará uma única plataforma, devendo estar
disponível através da carta de cadastro predial e, mediante autorização, numa aplicação
informática gerida pelos serviços municipais competentes em matéria de património, servindo
de base para a elaboração do cadastro oficial do Município de Lisboa.
4- Não deverá ser desencadeada qualquer intervenção física ou ao nível de projeto sem que
previamente esteja confirmada pelos serviços de cadastro a titularidade de todas as
propriedades abrangidas na zona de intervenção ou a possibilidade de tal poder vir a concretizar-
se em tempo útil.
5- Quem, por ação ou omissão, autorizar a realização de intervenções em desrespeito pelo
estabelecido no número anterior será responsável por todos os danos ou prejuízos que possam
por essa forma ser causados ao Município, sem prejuízo da responsabilidade legalmente
prevista.
Artigo 201.º
(Registo predial)
1- A aquisição de qualquer prédio para o domínio privado municipal está sujeita à inscrição
matricial junto à Autoridade Tributária e ao averbamento do Registo Registo Predial,
respetivamente, nos termos da lei.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
161
2- Sem prejuízo do disposto no número anterior, o Município prossegue o trabalho de regularização
de situações pré-existentes, no sentido de identificar os prédios do domínio público e privado
municipal, garantindo para estes últimos o devido registo e inscrição na matriz.
3- A regularização prevista no número anterior será feita de acordo com o procedimento
extraordinário de regularização da situação jurídico-registral dos bens do domínio privado do
Município e através do procedimento extraordinário de registo dos bens imóveis daquele mesmo
domínio.
4- O título submetido a registo define a propriedade do bem, implicando a inexistência do mesmo a
impossibilidade da sua alienação ou da sua efetiva consideração como integrante do património
do domínio privado municipal, só se procedendo à respetiva contabilização após o cumprimento
dos requisitos necessários à regularização da sua titularidade, sendo, até lá, devidamente
explicitada a situação em anexo às demonstrações financeiras.
5- Estão ainda sujeitos a registo todos os factos, ações e decisões previstas no Código de Registo
Predial, competindo a sua realização ao serviço municipal competente em matéria de gestão
patrimonial a sua realização.
6- Nos termos e, para efeito do número que antecede, serão também levadas a registo as situações
seguintes:
a) Todos os factos jurídicos que importem a extinção de direitos, ónus e encargos
registados, designadamente a cláusula de reversão dos direitos de superfície;
b) A renúncia à indemnização, em caso de eventual expropriação, pelo aumento do
valor resultante de obras realizadas em imóveis abrangidos por planos de
melhoramento municipais.
7- Cada prédio, rústico ou urbano, deve dar origem a um processo, o qual deve incluir, escritura, ou
auto de expropriação, certidão do registo predial, caderneta matricial e a planta.
8- Os terrenos subjacentes a edifícios e outras construções, mesmo que tenham sido adquiridos em
conjunto e sem indicação separada de valores, deverão ser objeto da devida autonomização em
termos de fichas do inventário, tendo em vista a subsequente contabilização nas adequadas
contas patrimoniais.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
162
9- Os prédios adquiridos, a qualquer título, há longos anos, mas ainda não inscritos a favor do
Município, deverão ser objeto da devida inscrição na matriz predial e no registo predial.
10- Sempre que possível, nos imóveis do património da autarquia devem ser afixadas placas de
identificação com indicação de «Município de Lisboa».
Artigo 202.º
(Justificação)
Sempre que seja necessário justificar o direito de propriedade do Município para efeitos de registo
predial ou quando haja dúvidas acerca dos limites ou características do prédio, pode o serviço
municipal responsável pela área do património recorrer ao procedimento de justificação
administrativa previsto na lei.
TÍTULO V
Disposições Finais e Transitórias
Artigo 203.º
(Aplicação no tempo)
1- O presente regulamento só é aplicável aos procedimentos de formação de relações contratuais,
de natureza pública ou privada, após a data da sua entrada em vigor.
2- As relações contratuais constituídas em momento anterior ao da entrada em vigor do presente
regulamento deverão, relativamente aos efeitos que perdurem para futuro, adaptar-se ao
regime nele estabelecido, no prazo máximo de 1 ano, conforme disposto nos números seguintes.
3- Os titulares de direitos de natureza gratuita ou precária, constituídos em momento anterior ao
da entrada em vigor do presente regulamento, poderão, no decurso do prazo previsto no
número anterior ou quando notificados para o efeito, optar por manter tais direitos com as
adaptações decorrentes do aqui previsto ou pela cessação do respetivo vínculo.
4- A existência de dívidas ao Município ou outras situações de grave incumprimento contratual por
parte dos superficiários, usufrutuários, concessionários e comodatários ou outros beneficiários,
mesmo que anteriores à data de entrada em vigor do presente regulamento, continuarão a ser
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
163
fundamento bastante para a cessação nos termos do aqui previsto, impedindo também a
constituição novos direitos a favor das mesmas entidades.
Artigo 204º
(Regularização excecional de situações patrimoniais pré-existentes)
1- Os ocupantes habitacionais de edifícios municipais destinados a habitação, construídos em solo
municipal há mais de 20 anos, sem qualquer título, ou com título de natureza precária, poderão
manifestar interesse em adquirir os respetivos prédios, em propriedade plena ou direito de
superfície, através de formulário próprio, até 31 de Dezembro de 2020.
2- A apreciação dos requerimentos será apreciada nos termos da lei de acordo com o regime
jurídico da reconversão das áreas de génese ilegal, sem prejuízo dos instrumentos de gestão
territorial aplicáveis as zonas de reserva imobiliária de natureza estratégica.
3- Para efeito do disposto do número anterior, os serviços municipais devem apreciar o pedido,
designadamente quanto à viabilidade de legalização do edificado de acordo com os instrumentos
de ordenamento do território em vigor, do disposto nos regimes de gestão interesse público,
tendo em conta os projetos de regeneração urbana associados, elaborando parecer vinculativo
quanto à viabilidade da restruturação fundiária e regeneração urbana associadas.
4- Para efeito do número 1, o valor da contrapartida financeira devida ao Município pela
propriedade plena ou pelo direito de superfície será calculada pela direção municipal de gestão
patrimonial de acordo com o previsto no manual de boas práticas de avaliação imobiliária, tendo
em conta o valor de mercado por m2 de área de construção efetivamente edificada,
independentemente do PDM ou de outro instrumento de ordenamento do território admitir
maior edificabilidade
5- Sempre que, após a compra do terreno ao Município, o proprietário pretenda aumentar a área
de construção e tal aumento seja admissível nos termos dos regimes próprios e dos instrumentos
de ordenamento de território em vigor haverá lugar ao pagamento de mais-valia urbanística ao
Município de acordo com o manual de boas práticas de avaliação imobiliária.
6- Os contratos resultantes do disposto nos números anteriores ficarão sujeitos ao registo de ónus
de inalienabilidade pelo período de 10 anos, salvo deliberação em sentido contrário do órgão
executivo.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
164
7- Nos casos em que as ocupações de solo municipal resultem de AUGIS ou situações equiparadas,
e em que o previsto no número anterior se revele manifestamente desajustado à realidade sócio
económica, o valor a considerar para a contrapartida devida ao Município terá em conta o Valor
Patrimonial Tributário ou valor inferior que possa vir a ser fixado por deliberação do órgão
municipal competente.
8- O relatório de apreciação do pedido, acompanhado do cálculo do valor da contrapartida
financeira, deve ser submetido à direção municipal de gestão patrimonial para apreciação
submissão da correspondente proposta de alienação à apreciação e deliberação do competente
órgão municipal.
9- Findo o prazo estabelecido no n.º 1 do presente artigo, poderá o Município tomar a decisão que
tenha por adequada e conveniente para a regularização das situações ainda pendentes, sem
sujeição às regras aqui estabelecidas.
Artigo 205.º
(Compromissos em cadastro)
1- No prazo de 120 dias, a contar da data de entrada em vigor do presente regulamento, promover-
se-á o saneamento de todos os compromissos atualmente lançados em cadastro, só subsistindo
aqueles que, depois de devidamente fundamentados, venham a ser aprovados por decisão do
Presidente da Câmara ou em quem este delegar.
2- Para efeitos do disposto no número anterior a direção municipal de gestão patrimonial
promoverá o envio a cada uma das áreas uma listagem dos compromissos até agora lançados em
cadastro, solicitando fundamentação escrita, no prazo máximo de 30 dias, para aqueles que, por
força de lei, regulamento, instrumento de gestão territorial em vigor, plano ou estudo aprovado
ou decisão de órgão municipal competente, devam subsistir ou ser criados ex-novo.
3- Feita a apreciação sistemática de todos os compromissos propostos, a direção municipal de
gestão patrimonial apresentará proposta final de decisão.
Artigo 206º
(Cedências precárias)
1- Depois da entrada em vigor do presente regulamento não serão constituídas novas cedências
precárias de propriedade municipal, independentemente dos respetivos termos e condições.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
165
2- No prazo máximo de um ano a contar da data de entrada em vigor do presente regulamento as
cedências precárias já existentes deverão ser reavaliadas, convertendo-se, quando se justifique,
em cedências de utilização, nos termos do previsto nos artigos 137.º e seguintes ou outro dos
tipos admissíveis pelo presente regulamento.
3- Para efeito da reavaliação, referida no número anterior, ter-se-á em conta o nível de
cumprimento da componente de serviço público que esteve na base da decisão proposta e as
condições da entidade para que a possa prosseguir nas melhores condições.
4- Findo o período transitório fixado no número anterior, as cedências precárias que não obedeçam
ao regulamentado deverão ser denunciadas pelo Município, com os prédios municipais a terem
de ser entregues livres e desocupados de pessoas e bens no prazo máximo de 60 dias a contar da
data da notificação que para o efeito seja dirigida aos beneficiários da cedência.
Artigo 207º
(Saneamento de incobráveis)
1- Por razões de boa administração sustentada em critérios de eficiência e racionalidade económica
procede-se, no prazo de 120 dias, a contar da entrada em vigor deste regulamento, à anulação
da liquidação de incobráveis pré-existentes de valor igual ou inferior ao RMMG nas situações
seguintes:
a) Manifesta improcedência da concretização da cobrança por comprovada falta de
liquidez ou património penhorável;
b) Custos de procedimento administrativo para cumprimento da obrigação pecuniária
cujo valor, na perspetiva da contabilidade de custos, se revele manifestamente
onerosa para o Município face ao valor diminuto e incerto da cobrança atento o seu
incumprimento reiterado;
c) Impossibilidade ou dificuldade manifesta em notificar o responsável da obrigação,
por desocupação do imóvel atestada pela fiscalização sem que o novo endereço
tenha sido comunicado ao Município e com incumprimento nas condições referidas
nas alíneas a) e b);
2- Os acordos de pagamento vigentes para regularização de dívidas de valor inferior ao fixado no
n.º 1, em situação de comprovada carência económica previstos nos artigos 182.º e ss e já
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
166
celebrados à data da entrada em vigor deste regulamento serão reduzidos no valor previsto no
número anterior.
3- A presente norma transitória tem carácter excecional e apenas de aplica às situações pré-
existentes até 120 dias depois da entrada em vigor deste regulamento.
4- As dívidas contraídas depois daquele prazo estão sujeitas ao regime geral previsto neste
regulamento, incluindo a cessação imediata da ocupação física do imóvel municipal sempre que
o montante de dívida acumulada atinja valor igual ou superior 75% da respetiva renda anual
excecionadas as ocupações habitacionais sujeitas ao regime específico previsto no artigo 103.º e
ss deste regulamento.
5- O disposto no número anterior não prejudica cobrança da dívida de acordo a disciplina jurídica
aplicável aos respetivos contratos ou títulos de ocupação.
Artigo 208.º
(Direitos de superfície)
1- No prazo de um ano a contar da data de entrada em vigor do presente regulamento serão
reavaliadas as condições dos direitos de superfície constituídos ou com Propostas aprovadas
para constituição, tendo em vista a sua compatibilidade com as novas regras e a determinação
de eventual incumprimento pelo superficiário suscetíveis de determinar a respetiva reversão.
2- Os contratos de direito de superfície que prevejam o pagamento de rendas mensais serão objeto
de alteração, podendo o superficiário optar pelo pagamento antecipado do canon superficiário
ainda devido ou pelo pagamento de renda anual, caso em que a primeira das anuidades se
vencerá no início de um novo ano de direito de superfície.
3- Quando os superficiários pretendam adquirir a propriedade plena ou antecipar o pagamento do
canon superficiário que esteja a ser efetuado em rendas anuais aplicar-se-á o previsto no
presente regulamento, mesmo que os contratos de constituição de direito de superfície tenham
sido celebrados em data anterior.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
167
Artigo 209.º
(Ativos imobiliários em gestão condicionada)
1- Mediante proposta da direção municipal de gestão patrimonial, no prazo de um ano a contar da
data de entrada em vigor do presente regulamento, deverão os prédios municipais estar
incluídos num dos regimes de gestão do património do domínio privado municipal previstos nos
artigos 25.º e seguintes.
2- Ficam desde já sujeitos ao regime de gestão condicionada os prédios urbanos do domínio
privado municipal constantes do Anexo III ao presente regulamento.
Artigo 210
(Ativos imobiliários em regime de execução precedidos de pedido de informação prévia)
1- No prazo de 6 meses, a contar da entrada em vigor deste regulamento, a direção municipal
de gestão patrimonial será responsável pela criação de uma base de dados sobre a dedução
de pedidos de informação prévia deduzidos por particulares nos termos do regime jurídico
de urbanização e edificação que incidam sobre imóveis municipais.
2- Para efeito do disposto no número anterior, a direção municipal de urbanismo prestará
informação sobre os pedidos deduzidos nos últimos dois anos naquelas condições,
acrescidos dos respetivos termos e condições no caso de parecer favorável ou do objeto do
pedido no caso de emissão de parecer desfavorável.
Artigo 211º
(Contagem de prazos)
Os prazos fixados no presente regulamento contam-se em dias úteis nos termos do Código do
Procedimento Administrativo.
Artigo 212º
(Acompanhamento da aplicação do regulamento)
1- A partir da entrada em vigor do presente regulamento, devem ser recolhidos os elementos
relativos à sua aplicação, nomeadamente para a introdução de eventuais alterações que se
revelem necessárias.
2- Para efeitos do disposto no número anterior, o Executivo Camarário deve nomear uma Comissão
de Acompanhamento da aplicação do presente regulamento, com um número máximo de 5
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
168
elementos, sendo um deles, obrigatoriamente, pertencente à direção municipal de gestão
patrimonial, que será encarregue de elaborar eventual proposta de revisão, no prazo
considerado adequado.
3- Qualquer interessado ou serviço municipal deverá dirigir para a Comissão de Acompanhamento
as suas observações, reclamações, sugestões e demais contributos.
Artigo 213.º
(Cooperação institucional e celebração de contratos e protocolos)
1- No desenvolvimento da gestão patrimonial do Município, a direção municipal de gestão
patrimonial privilegiará a implementação de mecanismos de cooperação institucional,
designadamente com organismos públicos e privados de reconhecido mérito nas respetivas
áreas de intervenção.
2- Para efeito do disposto no número anterior, os órgãos competentes poderão celebrar os
protocolos e contratos necessários à respetiva cooperação, incluindo programas e demais
instrumentos jurídicos necessários ao aproveitamento do património imobiliário público nos
termos da lei.
Artigo 214.º
(Formas colaboração entre o Estado e o Município)
1- Para além dos instrumentos previstos no artigo anterior, o Município poderá ainda colaborar
com o Estado em programas ou outros instrumentos específicos de aproveitamento de
património imobiliário público inativo que permitam mediante a prestação de contrapartidas
específicas fixadas de acordo com o princípio da onerosidade, preparar e concretizar os
procedimentos administrativos necessários à rentabilização patrimonial incluindo a cedência de
utilização temporária de imóveis do Estado a favor do Município.
2- O Município poderá ainda aderir ou participar em programas ou outros instrumentos de gestão
de património público inativo nos termos em que a lei vier a aprovar, sem prejuízo do exercício
das competências que igualmente lhe venham a ser atribuídas no âmbito da descentralização
administrativa.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
169
Artigo 215º
(Interpretação e integração de lacunas)
As dúvidas surgidas no âmbito da interpretação deste regulamento e a integração de lacunas
serão dirimidas por despacho do Presidente da Câmara em conformidade com as regras e
critérios de interpretação e integração lacunas contidas nos artigos 9.º e 10º do Código Civil.
Artigo 216º
(Norma Revogatória)
Com a entrada em vigor do presente regulamento são revogados:
a) As disposições do regulamento do património municipal de 1968 sobre imóveis e património
imobiliário e qualquer outra disposição normativa que não tenha carácter legal ou que
prevaleça sobre norma municipal nos termos da lei na parte em que colida com o
estabelecido no presente regulamento
b) O Regulamento Municipal de Alienação em Complemento de Lote (RMACL), aprovado pela
Deliberação n.º 4/AM/2009, publicada no 5º suplemento ao BM n.º 781, de 5 de fevereiro de
2009 com as alterações introduzidas pela Deliberação n.º 65/AM/2013, publicada no 2º
suplemento ao BM n.º 1009, de 20 de junho de 2013;
c) O Regulamento Municipal de Atribuição, Utilização e Desocupação de Casas de Função,
aprovado pela Deliberação n.º 139/CM/2011 e n.º 33/AML/2011, publicado no BM n.º 898,
de 05 de maio de 2011;
d) O Regulamento Municipal de Alienação de Imóveis Municipais, aprovado pela Deliberação
n.º 491/CM/2012, de 25 de Julho e n.º 92/AM/2012, de 27 de novembro e n.º 857/CM/2012,
de 28 de novembro, republicado no BM n.º 992, de 21 de fevereiro de 2013;
e) O Regulamento Municipal de Abastecimento de Combustíveis líquidos na área do domínio
público.
f) O artigo 2.º do Regulamento Geral dos Mercados Retalhistas de Lisboa.
Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa
170
g) Todas as posturas e editais aprovadas pelo Município de Lisboa em data anterior à da
entrada em vigor do presente regulamento, bem como despachos internos que com ele
estejam em contradição.
Artigo 217.º
(Entrada em vigor)
O presente regulamento entrará em vigor no 1. º dia útil do mês seguinte ao da sua publicação em
Boletim Municipal.
171
Anexo I – Acervo do Património Imobiliário Municipal
Regulamento do Património
Imobiliário
Anexo I – Acervo do Património Imobiliário Municipal
PRegulamento do Património Imobiliário
172
Nota: A listagem do acervo imobiliário municipal a outubro de 2016, correspondente ao anexo I,
encontram-se no CD anexo às peças.
173
Anexo II – Apresentação Gráfica da Dinâmica da Gestão Patrimonial
Projeto de Regulamento do Património Imobiliário
Anexo II – Apresentação Gráfica da Dinâmica da Gestão Patrimonial
174
PRegulamento do Património Imobiliário
175
Gestão do Património Imobiliário
Gestão do Património Imobiliário
Eixo Político
P. de Governo da Cidade
Orientações Estratégicas
Plano e Orçamento
Eixo Normativo
Base Legal Base
Regulamentar
Regulamento Património
Base Administrativa
Boas Práticas Avaliação Imobiliária
Manual Procedimentos
PRegulamento do Património Imobiliário
176
Princípios
Pri
ncí
pio
s
Gerais do direito
(artigo 2º do Dec. Lei 280/2007)
Legalidade
Interesse público
Igualdade e proporcionalidade
Justiça
Imparcialidade
Boa-fé
Código Procedimento Administrativo
e outros
Especiais do direito patrimonial
(artigos 3º a 12º do Dec. Lei 280/2007)
Boa administração
Onerosidade
Equidade
Consignação
Transparência
Proteção
Colaboração
Responsabilidade
Participação
Decisão
Administração Eletrónica
Administração Aberta
PRegulamento do Património Imobiliário
177
Pilares Estratégicos da Gestão Patrimonial
PILARES DA GESTÃO PATRIMONIAL Le
galid
ade
Inte
ress
e P
úb
lico
Co
nco
rrên
cia
e Tr
ansp
arên
cia
Dev
er d
e B
em A
dm
inis
trar
Efic
iên
cia,
Efi
cáci
a e
Rac
ion
alid
ade
Eco
nó
mic
a
Do
min
ialid
ade
Reg
ime
s d
e G
estã
o
Din
âmic
a e
Sub
sid
iari
ed
ade
Co
nsi
gnaç
ão
Info
rmaç
ão e
Co
ntr
ole
de
Ges
tão
PRegulamento do Património Imobiliário
178
Aquisição da Propriedade Municipal
Formas de Aquisição
Direito Privado
Oneroso
Compra
Exercício de direito preferência
Permuta
Locação financeira
Outras da lei civil
Gratuito
Doação
Sucessão
Acessão
Usucapião
Dação em cumprimento
Direito Público
Oneroso
Expropriação
Reversão por termo de concessão
Execução fiscal
Gratuito
Sucessão pessoas coletivas por extinção de empresa do Setor Empresarial Local
Cedências domínio municipal (RJUE)
PRegulamento do Património Imobiliário
179
Formas de Aquisição pela Via do Direito Privado
Formas de Aquisição
Direito Privado
Oneroso
Compra
Exercício de direito preferência
Permuta
Locação financeira
Outras da lei civil
Gratuito
Doação
Sucessão
Acessão
Usucapião
Dação em cumprimento
PRegulamento do Património Imobiliário
180
Formas de Aquisição pela Via do Direito Público
Extinção do Direito de Propriedade Municipal sobre Imóveis
Formas de Aquisição
Direito Público
Oneroso
Expropriação
Reversão por termo de concessão
Execução fiscal
Gratuito
Sucessão pessoas coletivas por extinção de empresa do
Setor Empresarial Local
Cedências domínio municipal (RJUE)
Formas de Extinção
Venda
Hasta Pública
Negociação
Ajuste Direto
Complemento de Lote
Outras Previstas em Regulamento
Permuta
Reversão de bens expropriados
Execução judicial
PRegulamento do Património Imobiliário
181
Administração da Propriedade Municipal
Formas de Administração
Cedência de utilização
Arrendamento
Constituição de Direito de Superfície
Usufruto
Comodato
Manutenção/Conservação
Outras Legalmente Permitidas
PRegulamento do Património Imobiliário
182
Dinâmica da Gestão do Património Imobiliário Municipal
Património Imobiliário Municipal
Domínio Privado
Regime de Gestão Condicionada
Reserva Imobiliária (DMGP)
Usos Vinculados
Legal
Cedências Obrigatórias (RJUE)
Compensações em Espécie (RJUE)
Expropriações
Contratual
Estratégica
Salvaguarda Futuras
Intervenções
Natureza dos Ativos
Imobiliários
Terrenos com mais de 3 Hectares
Terrenos em áreas a consolidar com mais de 5 Hectares
Utilização Municipal (Serviço Gestor)
Funcionamento Serviços
Execução Programas Setoriais
Regime de Execução (DMGP)
Expectativa de Valorização
Disponibilidade Médio Prazo
Disponibilidade Imediata
Domínio Público (DMGP)
Reserva Legal
183
www.cm-lisboa.pt
“JUNTOS VALORIZAMOS LISBOA”
REGULAMENTO DO PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO
RELATÓRIO DE PONDERAÇÃO
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 2
Índice
RELATÓRIO DE PONDERAÇÃO
1. INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………………………………………..3
2. DISCUSSÃO PÚBLICA ............................................................................................................................... 10
2.1 Diário da República ……………………………………………………………………………………………………...10
2.2 Boletim Municipal…………………………………………………………………………………………………………10
2.3 Portal da CML....................................................................................... ……………………………………………10
2.4 Comunicação Social ................................................................................................................ …………………10
3.MODALIDADES DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA ................................................................................................. 10
3.1 Plataforma e conta de correio eletrónico………………………………………………………………………………11
3.2 Participação escrita junto ao centro de atendimento da Câmara Municipal de Lisboa…………………………..11
3.3 Participação escrita junto ao cento de documentação da Câmara Municipal de Lisboa………………………..11
4.SESSÕES PÚBLICAS .................................................................................................................................. 11
4.1 - Apreciação e aprovação do projeto em reunião pública da Câmara Municipal de
Lisboa……………………..........................................................................................................................................11
4.2-Sessão de apresentação e debate do Projeto de Regulamento do Património Imobiliário,aprovado e
submetido a consulta pública por deliberação da Câmara Municipal de Lisboa através da Proposta
n.º634/CM/2016 promovida pela Assembleia Municipal de Lisboa……………………………………………………..12
5.CONTRIBUTOS APRESENTADOS NO PERÍODO DE CONSULTA PÚBLICA ............................................................. 12
5.1 Contributos Políticos…………………………………………………………………………………………………….12
5.2 Contributos orgânicos e internos………………………………………………………………………………………14
5.3 Contributos do setor empresarial local………………………………………………………………………………..16
5.4 Participação externa e dos interessados em geral ………………………………………………………………….............24
6.ANÁLISE E RESULTADO DOS CONTRIBUTOS APRESENTADOS NO PERÍODO DE CONSULTA PÚBLICA .................... 25
6.1 Ponderação técnica dos Contributos
Políticos……………………………………………………………………………………………………………………...25
6.2 Ponderação dos contributos orgânicos e internos………………………………………………………………….38
6.3 Ponderação dos contributos do setor empresarial local…………………………………………………………...49
6.4 Ponderação da participação externa e dos interessados em geral ……………………………………………...70
7.CONCLUSÃO ..............................................................................................................................................72
8.ANEXOS
8.1- Principais referências legais e regulamentares……………………………………………………………………….73
8.2 - Principais referências bibliográficas e doutrinais……………………………………………………………………111
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 3
1. INTRODUÇÃO
A aprovação e sujeição a consulta pública do projeto de regulamento do património imo-
biliário do Município de Lisboa traduz o culminar de um processo complexo, importante e
necessário para a gestão patrimonial da Cidade.
A Proposta n.º 634/2016 aprovada pela Câmara Municipal, por maioria e sem votos con-
tra, configura a resposta técnico-jurídica a uma exigência política e de gestão pública
suportada numa Moção aprovada, por unanimidade, pela Câmara e em duas Recomen-
dações da Assembleia Municipal de Lisboa.
A necessidade de alterar profundamente o regulamento de 1968 não é recente. A desa-
dequação das soluções normativas face à legislação vigente justifica, por si só, a elabo-
ração deste trabalho a par do imperativo de boa gestão, sustentada, sustentável e da
preservação da equidade intergeracional, corolários incontornáveis do interesse público
municipal neste domínio.
A função social elevada do património público impõe ajustada ponderação dos custos e
benefícios presentes e intergeracionais prosseguidos em cada operação concreta quanto
à solução e procedimento adotado muito para além da sua vertente financeira e da racio-
nalidade económica dos recursos públicos.
É que, o impacto que as operações patrimoniais detêm no desenvolvimento e na quali-
dade de vida da Cidade no presente e no futuro exige uma base normativa juridicamente
sólida, enquadradora dos termos e condições das propostas a aprovar pelos órgãos mu-
nicipais para efeito da fundamentação da decisão pública, informada, responsável e sin-
dicável.
Este documento construiu-se tomando por base a identificação dos pilares estratégicos
da gestão patrimonial subordinando-os à respetiva missão, visão e valores às quais atri-
buiu expressa dignidade normativa erguendo todas as soluções jurídicas em torno destas
finalidades promovendo a vinculação decisória e de procedimento bem como a transpa-
rência e previsibilidade de resultados face à aprovação municipal casuística das opera-
ções patrimoniais realizadas sem base regulamentar ainda que juridicamente enquadra-
das.
Noutro plano, tivemos presente que a inventariação dos ativos imobiliários a par da quali-
dade da gestão integra o feixe de objetivos que o sistema de controlo interno preconiza
através de métodos e procedimentos eficientes capazes de prevenir qualquer ilegalidade
ou erro que possa ser potencial ou efetivamente lesivo para o interesse público munici-
pal.
O regulamento visa precisamente debelar aqueles riscos e todos aqueles que foram as-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 4
sinalados no plano de prevenção de riscos de gestão da Câmara Municipal de Lisboa
concretizando a totalidade das medidas propostas com salvaguarda da transparência,
eficácia e eficiência da gestão imposta pelo princípio da boa administração.
As soluções normativas gizadas tiveram em conta as boas práticas internacionais que
enfatizam a responsabilização da decisão pública através da respetiva fundamentação e
publicitação salvaguardando sempre a sustentação orçamental dos encargos e a medida
da vantagem para o erário do Município através da monitorização dos recursos face aos
resultados obtidos.
Neste percurso, a maior dificuldade foi sem margem para dúvida de natureza jurídica,
circunstância certamente partilhada por outras equipas que antes de nós tentaram reali-
zar este trabalho, justificando por isso enquadramento sucinto nesse âmbito.
A abundância, dispersão e paradoxal insuficiência da legislação existente com incidência
direta no património imobiliário e nas formas de administração e gestão seja no domínio
público e privado maxime no âmbito municipal exigiu uma análise meticulosa dos diplo-
mas aplicáveis, por forma a respeitar, articular e sobretudo encontrar a margem de discri-
cionariedade consentida ao Município e que lhe permitisse estabelecer por regulamento
os critérios e as formas ou regimes da administração patrimonial sobre o domínio priva-
do.
É que, se é certo que a Constituição e a Lei estabelecem regime especial próprio para o
domínio público igualmente aplicável aos Municípios o mesmo não acontece no que se
refere à administração do domínio privado das autarquias cabendo à gestão municipal
deliberar os instrumentos jurídicos a utilizar na gestão daquele domínio.
Por conseguinte, a dedicação de um capítulo à administração do domínio público resulta
de uma opção meramente sistemática que permite agregar num único documento a ges-
tão do património imobiliário da Cidade, que em nada contraria mas apenas densifica e
concretiza o previsto nos instrumentos constitucionais e legais aplicáveis, cujas soluções
apenas reproduz como se impõe sublinhar.
Efetivamente existem regimes jurídicos distintos para o domínio público e para o domínio
privado. Os primeiros são classificados pela Constituição e pela Lei. Estão sujeitos a um
regime de direito público que inclui a regulação de plenos poderes de uso, administração,
tutela e defesa por parte do Município. Encontram-se fora do comércio jurídico, não po-
dem ser objeto de direitos privados ou de transmissão por instrumentos de direito privado
(inalienabilidade) sendo insuscetíveis de aquisição por usucapião (imprescritibilidade) e
são absolutamente impenhoráveis.
O domínio público só deixa de estar submetido a este regime por alteração legal de clas-
sificação ou, noutro âmbito, quando sejam desafetados das utilidades públicas que justifi-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 5
caram a sujeição àquela disciplina ao abrigo de regimes específicos passando a ingres-
sar no domínio privado do Município mediante deliberação da assembleia municipal nos
termos consentidos por lei.
Este regime especial de direito público decorre do facto dos bens do domínio público
assumirem uma importância fundamental enquanto expressão da identidade natural, his-
tórica e cultural para a realização das liberdades fundamentais visando a preservação da
solidariedade intergeracional para a efetivação do bem-estar económico e social.
Os bens do domínio privado não estão diretamente adstritos à prossecução daqueles
objetivos constitucionais, subordinam-se a critérios de eficiência e de racionalidade eco-
nómica necessária à boa gestão dos recursos públicos através das figuras jurídicas pre-
vistas no direito civil independentemente das suas formas (aquisição, alienação, consti-
tuição de direito de superfície, direito de uso e habitação, permuta, arrendamento e dos
demais instrumentos de direito privado), traduzindo uma opção jurídica discricionária ain-
da que vinculada à estratégia de desenvolvimento e de sustentabilidade submetida ao
interesse público municipal como expressamente se dispõe nos Pilares Estratégicos, na
Missão, Visão, Valores e Inventariação do Património Imóvel.
Por conseguinte, se é certo que o direito público quando dispõe prevalece como sucede
com o domínio público, tal não esgota a capacidade jurídica do Município para a prosse-
cução das suas múltiplas atribuições e competências legais em consequência da sua
personalidade jurídica. A margem de discricionariedade administrativa está centrada
apenas na gestão do domínio privado mas essa circunstância jurídica não só não impede
como exige a sujeição concomitante a outros instrumentos legais ou regulamentares com
incidência patrimonial do ordenamento jurídico geral.
Assumiu-se neste trabalho o ensinamento da melhor doutrina que realça que o direito
privado utilizado pelo Município e pelas entidades públicas em geral “não é exatamente
igual à utilização do direito privado pelos privados” estando obrigado a respeitar as cha-
madas “vinculações jurídico-públicas” a montante e a jusante da decisão ou deliberação
municipal como corolário da sua personalidade que sendo jurídica também é pública
(personalidade jurídica pública).
Esta circunstância determina que as operações imobiliárias sobre o domínio privado, não
sejam reguladas apenas pelo direito civil mas também pelos princípios públicos consa-
grados em normas de direito público e pelas chamadas “vinculações de natureza jurídico-
pública” por apelo ao princípio da juridicidade.
De outro modo, a atuação de direito privado pelos Municípios “contém um limite de licitu-
de intransponível face à iniciativa privada que é o da subordinação ao interesse público
que lhe delimita a extensão da sua capacidade jurídica bem como a legitimidade e com-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 6
petência pública dos seus órgãos”.
Por conseguinte, a gestão das operações patrimoniais imobiliárias sobre o domínio priva-
do gizada neste regulamento teve em consideração a subordinação às vinculações jurídi-
co-públicas doutrinalmente assinaladas e ainda aos princípios específicos do património
imobiliário que passamos a assinalar nos termos seguintes:
a) Sujeição ao interesse público (cf. Artigo 266.º n.º 1 da CRP e artigo 4.º do CPA)
sob pena de desvio de poder;
b) Princípio da legalidade e da juridicidade entendidos como absoluta subordinação
à Lei e ao Direito no mais amplo sentido da plenitude do ordenamento jurídico (cf.
Artigo 266.º n.º 2 da CRP e artigo 3.º do CPA);
c) Princípio da boa administração na gestão imobiliária de acordo com os princípios
da economia, eficiência e eficácia tendo em vista o crescimento e a redução da
despesa na ótica do interesse público municipal (cf. artigo 266.º da CRP, artigo
5.º do CPA e artigo 10.ºE da LEO por força do n.º 6 do artigo 3.º daquele diplo-
ma);
d) Vinculação aos princípios do Regime do Património Imobiliário Público (cf. artigos
1.º a 12.º do Decreto-Lei 280/2007);
e) Respeito pelas finalidades de política pública de solos, nomeadamente a garantia
de desenvolvimento sustentável, da regeneração do território e promoção da re-
qualificação das áreas degradadas, da solidariedade intra e intergeracional, da
equidade e da participação dos cidadãos (cf. Lei das Bases Gerais da Política
Pública de Solos, de Ordenamento do Território e de Urbanismo, Regime Jurídico
dos Instrumentos de Gestão Territorial e Plano Diretor Municipal);
f) Vinculação aos princípios constitucionais, direitos e garantias fundamentais e re-
gime de responsabilidade civil extracontratual do Estado e demais entidades pú-
blicas (cf. Parte I. título I e artigos 266.º, 168.º e 271.º da CRP e Parte I, Capítulo
II do CPA);
g) Sujeição a regras procedimentais transparentes sobre os termos em que a admi-
nistração recorre à atuação contratual privada, definição dos poderes das partes
e garantias jurisdicionais incluindo o recurso à arbitragem voluntária;
h) Princípio da adequação procedimental e celebração de acordos endoprocedimen-
tais rigorosos, transparentes e capazes de garantir a salvaguarda do interesse
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 7
público no âmbito da atuação jurídico-privada (cf. Artigo 56.º e 57.º do CPA);
i) Autovinculação aos princípios contidos na norma de controlo interno e ainda aos
valores de boa administração na gestão imobiliária, designadamente os seguin-
tes:
Qualidade da atuação pautada pela eficiência, eficácia e imparcialidade;
Igualdade pela atuação de forma justa, isenta e independente;
Informação, partilha e difusão através dos meios próprios de forma geral e
transparente;
Inovação e criatividade pela mobilização de vontades, conhecimento e com-
petências;
Integridade da conduta e adoção de comportamentos profissionais, correção,
boa-fé, honestidade, respeito e lealdade;
Participação ativa antecipando necessidades e alcançando soluções eficazes
e eficientes;
Responsabilidade social pela atuação responsável e solidária, promovendo
bem-estar social e proteção ambiental;
Transparência através da decisão fundamentada com base em regras claras
e critérios objetivos, com publicitação de resultados e adoção de comporta-
mentos que reforcem confiança e credibilidade;
j) Sujeição à jurisdição e fiscalização do Tribunal de Contas nos termos da Lei, in-
dependentemente da natureza jurídica do ato ou contrato a celebrar no âmbito
das operações patrimoniais imobiliárias bem como à tutela inspetiva de natureza
não jurisdicional levada a cabo pela Inspeção-Geral de Finanças.
Trata-se, pois, de um regulamento administrativo que não sendo de execução respei-
ta todos os diplomas que direta ou indiretamente, dispõem sobre a competência, do-
minialidade e gestão imobiliária e de solos cumprindo destacar pela sua importância,
designadamente os seguintes:
Constituição da República Portuguesa (CRP);
Lei de Bases de Política de Solos, de Ordenamento do Território e de Ur-
banismo (LBPPSOTU);
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 8
Regime Jurídico do Património Imobiliário (RJPPI);
Regime Jurídico do Procedimento extraordinário de registo dos bens imó-
veis do domínio privado e do procedimento extraordinário de regulariza-
ção da situação jurídico-registral dos bens do domínio privado das autar-
quias locais;
Regime Jurídico das Autarquias Locais (RJAL);
Sistema de Normalização Contabilística das Administrações Públicas
(SNC);
Norma de Controlo Interno da CML (NCI);
Plano de Prevenção de Riscos de Gestão, incluindo os de corrupção e in-
frações conexas (PPRG);
Código do Procedimento Administrativo (CPA);
Código das Expropriações (CE);
Código dos Contratos Públicos (CCP);
Regime Jurídico de Urbanização e Edificação (RJUE);
Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT);
Regime Jurídico da Reabilitação Urbana (RJRU);
Lei de Bases da Política e do Regime de Proteção e Valorização do Pa-
trimónio Cultural (LBPRPVP);
Plano Diretor Municipal de Lisboa (LBPRPVPC);
Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas (LOPTC);
Código Civil (CC);
Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado e Demais
Entidades Públicas (RJCEEP);
Regime Jurídico do Arrendamento Urbano (RJAU).
Estes diplomas e demais instrumentos (PDM/NCI/ PPRG) foram minuciosamente anali-
sados pelo que se justifica colocar em evidência as disposições relevantes sobre patri-
mónio imobiliário em documento anexo ao presente relatório de ponderação.
Por último, importará sublinhar que a conclusão deste trabalho traduz um objetivo parti-
lhado por todas as forças políticas sem exceção cujo projeto foi objeto esclarecimento e
auscultação antes da sujeição à aprovação pela Câmara Municipal e que angariou parti-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 9
cipação efetiva quer na fase de consulta pública, quer em momento anterior através da
formalização de sugestões e contributos concretos cuja pertinência ditou a sua incorpo-
ração imediata.
Prescindindo de detalhar os contributos apresentados em sede de consulta pública, que
serão objeto de análise própria no ponto 5 deste relatório, não podemos deixar de evi-
denciar as principais sugestões deduzidas em momento anterior das quais destacaremos
as seguintes:
1) Formalização articulada da norma habilitante (PPD/PSD e CDS/PP);
2) Exclusão da aplicação do regulamento à gestão dos parques hortícolas sujeitos a
regras específicas de acesso e de utilização das respetivas hortas (Vereador Sá
Fernandes/ Independente);
3) Definição de parques hortícolas para efeito do Regulamento (Vereador Sá Fer-
nandes/ Independente);
4) Ablação das expressões “Programa de Governo” reportado à Cidade (PPD/PSD);
5) Autovinculação da consignação de receita proveniente das alienações com inter-
valo estabelecido (PPD/PSD);
6) Introdução de norma específica sobre Valores, Missão e Visão da Gestão Patri-
monial (Cidadãos por Lisboa);
7) Alteração das regras relativas ao saneamento de dívida (Cidadãos por Lisboa);
8) Densificação e alteração do manual de boas práticas de avaliação imobiliária
(Cidadãos por Lisboa);
9) Identificação e divulgação do património imobiliário através da aplicação de ca-
dastro (Cidadãos por Lisboa);
10) Densificação das competências da Assembleia e da Câmara Municipal (CDS/PP);
11) Concretização do pressuposto de alienação de imóveis degradados (CDS/PP);
12) Previsão de outro prazo de duração de direito de superfície (CDS/PP).
Encarámos este trabalho como um desafio técnico relevante mas não o assumimos como
encerrado e definitivo. A sua abrangência e transversalidade será objeto de monitoriza-
ção e acompanhamento após a entada em vigor por comissão específica a designar pelo
executivo municipal que analisará as observações, reclamações, sugestões e demais
contributos que forem apresentados pelos interessados e pelos demais serviços munici-
pais.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 10
2. DISCUSSÃO PÚBLICA
O projeto de regulamento foi objeto de consulta pública nos termos do artigo 100.º e
101.º do Código do Procedimento Administrativo.
A natureza das matérias tratadas justificou pela sua relevância a mais ampla divulgação por forma a permitir maior participação de interessados tendo sido por essa razão pro-posta e aprovada a publicação em Diário da República, não obstante a publicação no Boletim Municipal e no sítio da internet da Câmara Municipal de Lisboa bastassem para dar cumprimento à previsão legal, o que fez com que o documento estivesse em consulta pública entre os dias 22 de dezembro de 2016 e 13 de março de 2017
2.1- Diário da República
Nos termos da deliberação da Câmara que aprovou a Proposta n.º 634/2016 a publica-ção do Projeto de Regulamento do Património Imobiliário em Diário da República ocorreu no dia 30 de janeiro tendo sido concedido para efeito de consulta pública o prazo de 30 dias úteis, contados nos termos do artigo 87.º do Código do Procedimento Administrativo.
2.2 – Boletim Municipal
Para além da publicação em Diário da República nos termos da citada deliberação pro-moveu-se ainda a publicação oficiosa no B. M. da Câmara Municipal de Lisboa por forma a permitir a mais ampla divulgação e participação por de todos os interessados.
2.3- Portal da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal de Lisboa
A Câmara e a Assembleia Municipal promoveram à divulgação do projeto de regulamento para efeito de consulta pública nos respetivos sítios institucionais.
2.4- Comunicação Social Promoveu-se ainda à divulgação do projeto de regulamento através da publicação de
avisos junto da imprensa designadamente em jornais nacionais de grande tiragem, no-
meadamente no jornal semanário “Expresso” e nos jornais diários “Público” e “Diário de
Notícias”.
3. MODALIDADES DA PARTICIPAÇÃO PÚBLICA
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 11
A recolha de sugestões referida no artigo 101.º do Código do Procedimento Administrati-vo incluiu a disponibilização de formulários específicos escritos e digitais para efeito da participação por parte dos interessados. 3.1-Plataforma e conta de correio eletrónico
A recolha de sugestões através de meios eletrónicos concretizou-se através do Portal
http://www.cm-lisboa.pt/participar/lisboa-cm-debate através da conta de correio eletrónico
da Direção Municipal de Gestão Patrimonial para [email protected].
No correio eletrónico da DMGP em [email protected]. foram recebidos dois documentos:
(1) Contributo deduzido pelo Bloco de Esquerda contendo propostas concretas de al-
teração ao regulamento e respetivos fundamentos;
(2) Pedido de esclarecimento específico acompanhado de sugestão concreta devi-
damente fundamentada;
3.2- Participação escrita junto ao centro de atendimento e de documentação da Câmara Municipal de Lisboa.
O processo n.º 34032/CML/16 relativo ao projeto de regulamento municipal de gestão
patrimonial do Município de Lisboa foi disponibilizado para consulta em papel no Centro
de atendimento e de documentação no período discorrido entre o dia 22 de dezembro de
2016 e o dia 13 de março de 2017.
Findo o período foram registadas 0 (zero) sugestões, 0 (zero) consultas e 0 (zero) pro-
postas.
3.3- Recebeu-se ainda “documento interno” produzido pelo setor empresarial local do
Município, concretamente pela EGEAC contendo vários pedidos de esclarecimento, su-
gestões e algumas discordâncias não fundamentadas.
4. SESSÕES PÚBLICAS DE APRESENTAÇÃO
4.1- A Câmara Municipal de Lisboa apreciou, aprovou e sujeitou a consulta pública o pro-
jeto de regulamento de património imobiliário em reunião pública de Câmara, realizada
no dia 30 de novembro de 2016.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 12
4.2- Assembleia Municipal de Lisboa realizou no dia 7 de fevereiro de 2017 uma iniciativa
pública específica inteiramente dedicada à apresentação e debate do projeto de Regula-
mento do Património Imobiliário do Município de Lisboa.
A apresentação pública do documento foi efetuada pelo Vereador do Pelouro, Arq.to Ma-
nuel Salgado à qual se seguiu o período de debate por parte dos interessados.
5. CONTRIBUTOS APRESENTADOS NO PERÍODO DE CONSULTA PÚBLICA
5.1- Contributos Políticos
Algumas forças políticas representadas no órgão executivo, designadamente o Movimen-
to Cidadãos por Lisboa, PPD/PSD,CDS/PP e o Vereador independente José Sá Fernan-
des optaram por apresentar os seus contributos em momento anterior à apreciação e
aprovação do projeto de regulamento pela Câmara Municipal. O CDS/PP fez ainda juntar
na reunião deliberativa um documento contendo algumas sugestões de natureza correti-
va incluindo renumeração de alíneas, etc. (Cf. doc. anexo)
O Bloco de Esquerda (BE) formalizou os respetivos contributos durante o período de
consulta pública tendo apresentado propostas materiais de alteração ao Regulamento do
Património Imobiliário do Município de Lisboa (cf. doc. anexo).
O documento apresentado contém 2 partes. Na primeira parte procura justificar-se o teor
das alterações sugeridas na segunda parte através da “Exposição de Motivos” de nature-
za genérica, decomposta em 6 subtítulos:
i) Enquadramento;
ii) Da natureza das políticas de gestão fundiária;
iii) Preservação da capacidade do Município para o futuro;
iv) Política de gestão do Património que assegure o Direito à Habitação;
v) Gestão Transparente;
vi) Conclusão.
A segunda parte contém as propostas concretas de alteração e a redação proposta para
as disposições seguintes:
Artigos 7.º, 13.º, 14.º,15º,17,º18.º,19º, 22.º, 28.º, 103.º,103-A.º, 104.º,106.º,120.º e 193.º
Alguns contributos configuram mera alteração de expressões v.g. “previsível” em vez de
“perspetivação”. Outros quantificam, reforçam ou reiteram o conteúdo vinculativo das
previsões normativas já consagradas e outros traduzem alterações materiais que resul-
tam da postura política assumida no sentido de limitar a alienação de imóveis municipais
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 13
para a habitação a favor dos chamados “direitos reais menores”, in casu, o “direito de uso
e de habitação”.
No essencial, as alterações materiais sugeridas são as seguintes:
1) Configuração da venda como exceção na política de gestão do património imobi-
liário municipal “consagrando como regra a alienação por recurso à constituição
temporária de direitos reais, mantendo a raiz da propriedade no Município” (subli-
nhado nosso) artigos 7.º e 15.ª;
2) Consagração de maioria qualificada de 2/3 dos membros do órgão competente
para a “opção excecional pela venda” (artigos 18.º e 19.º);
3) Estabelecimento do “regime regra para a constituição de direito de uso e habita-
ção” no âmbito da alienação direta de património municipal ocupado para habita-
ção (artigos 103.º, 104.º, 106.º e aditamento de 103.º A);
4) Limitação da possibilidade de renovação do direito de superfície e eliminação do
regime especial de venda da propriedade plena nas situações em que se consti-
tuiu o direito de superfície (artigo 120.º);
5) Aumento do percentual da receita prevista na alínea d) e e) do n.º 2 do artigo 4.º
do Fundo Municipal de Sustentabilidade Ambiental e Urbanística de Lisboa;
6) Inclusão obrigatória de “ativos imobiliários que estejam a ser utilizados ou sejam
passíveis de ser utilizados na prossecução de uma política de acesso ao Direito à
Habitação, assegurando a capacidade de alojamento projetado para 10% da mé-
dia da população da Cidade nos últimos 3 recenseamentos gerais da população”;
7) Registo da informação sobre as pretensões de aquisição, utilização ou outras de
caráter urbanístico por parte dos particulares relativamente a Património Imobiliá-
rio do Município;
8) Dever de comunicação à Direção Municipal de Gestão Patrimonial por parte dos
serviços responsáveis pelo controlo prévio das operações urbanísticas das áreas
de cedência para o domínio público e privado e respetiva finalidade no âmbito da
emissão de alvarás de loteamento e operações de impacte semelhante bem co-
mo pedidos de informação prévia que recaiam sobre bens integrantes do Patri-
mónio Imobiliário do Município;
9) Consagração do direito de uso e habitação a favor dos habitantes habitacionais
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 14
de prédios propriedade do Município de Lisboa destinado exclusivamente à habi-
tação dos usuários e respetiva família e a determinação do respetivo preço atra-
vés de fórmula própria;
10) Renovação automática do direito de superfície, por períodos de 10 anos, caso
nenhuma das partes se oponha mediante oposição escrita com a antecedência
mínima de 1 ano antes do respetivo termo bem como a possibilidade de anteci-
pação do respetivo termo a favor do Município mediante pagamento de compen-
sação ao superficiário a calcular de acordo com a fórmula de cálculo do valor do
direito, sem prejuízo da extinção nos termos gerais de acordo com o disposto no
artigo 1536.º do CC, incumprimento ou verificação da condição resolutiva.
5.2- Contributos Orgânicos e Internos
A) A Direção Municipal de Gestão Patrimonial deduziu os contributos seguintes:
1. Alteração do artigo 110.º nº 4 do projeto no sentido de permitir que em casos
devidamente justificados e comprovados por atestado médico de incapacida-
de multiuso de percentual igual ou superior a 30% de natureza superveniente
possa cancelar-se ou extinguir-se o ónus de inalienabilidade antes de discor-
ridos 10 anos;
2. Retirar a expressão “preferencial” das hastas públicas (cf. artigo 34.º n.º 4,
66.º, 96.º, 129.º todos do projeto);
3. Densificar as formas de cooperação com a administração central (cf. artigo
211.º do projeto);
4. Prever a cessação das ocupações sempre que o montante da dívida atinja
determinado valor da renda anual para além dos procedimentos jurídicos
ajustados;
5. Alargar o prazo para a publicitação das hastas sempre que os bens a vender
tenham sido objeto de pedido de informação prévia deduzido por qualquer
particular no ano anterior;
6. Prever a possibilidade de recurso a serviços especializados de mediação
imobiliária, por procedimento prévio de contratação pública, sempre que as
hastas públicas realizadas fiquem reiterada e sucessivamente desertas;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 15
7. Prever a possibilidade de afetação de parcelas do domínio privado para abas-
tecimento de combustíveis líquidos em vez de restringir a hipótese à conces-
são de domínio público;
8. Incluir o exercício do direito legal de preferência entre as formas de aquisição
da propriedade em disposição específica;
9. Expurgar do artigo 149.º a referência da hora para entrega de candidatura
deixando essa condição para o programa do concurso;
10. Permitir que a adjudicação definitiva prevista no artigo 155.º n.º 1 possa ser
decidida por despacho do Vereador do Pelouro;
11. Substituir a referência a “escritura” mencionada no artigo 172.º n.º 3 por “con-
trato”.
12. Previsão de cláusula de resolução do direito de superfície por razões de inte-
resse público, com extinção automática do ónus e reversão da propriedade
plena ao Município mediante ressarcimento devido ao superficiário;
13. Levar a registo todos os factos jurídicos que importem a extinção de direitos,
ónus e encargos registados, designadamente a cláusula de resolução do di-
reito de superfície por razões de interesse público;
14. Levar a registo a renúncia à indemnização, em caso de eventual expropria-
ção, pelo aumento do valor resultante de obras realizadas em imóveis abran-
gidos por planos de melhoramento municipais;
15. Previsão de questão prejudicial à apreciação do requerimento do exercício de
direito de preferência sempre que o mesmo pedido tenha sido deduzido e
apreciado através da plataforma “Casa Pronta”;
B) O Departamento de Políticas e Gestão da Habitação formalizou os contributos
seguintes:
1) Prolongamento do prazo previsto no n.º 1 do artigo 187.º relativo ao envio para a
Divisão de Execução Fiscais de 90 para 180 dias;
2) Alterar a ordem do artigo 187.º (cedências de utilização) para 185.º (direito de su-
perfície) para conformação sequencial de acordo com o n.º 3 do artigo 180.º;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 16
3) Abrir a possibilidade de ser possível recorrer a outro regime de gestão de imóveis
habitacionais para além da alienação prevista no artigo 103.º sem prejuízo da
prevalência da alienação aos ocupantes habitacionais.
4) Incluir na cláusula de exclusão da aplicação do regulamento à administração cor-
rente dos bens do domínio público e privado municipal transferido para as empre-
sas municipais, os acordos de pagamento de dívida e cobrança coerciva.
5) Alterar a epígrafe do artigo 21.º para “Serviço responsável pela gestão patrimoni-
al”;
6) Assegurar a especificidade dos programas que incidam sobre património em bair-
ros municipais e territórios de intervenção específica no setor da habitação pela
introdução de disposição própria;
7) Incluir nas condições de candidatura às cedências de utilização a inexistência de
dívidas a qualquer empresa do setor empresarial do Município;
8) Prever a possibilidade de restringir aos residentes locais, as candidaturas à atri-
buição de arrecadações, garagens autónomas ou lugares de garagem para uso
não comercial nos procedimentos previstos no Capítulo IV, Secção I.;
9) Ressalvar no regime da gestão de condomínios, a representação da GEBALIS,
nos bairros cuja gestão lhe tenha sido transferida nos termos estatutários;
10) Incluir no artigo 212.ºa revogação do artigo 2.º do regulamento geral dos merca-
dos retalhistas de Lisboa.
5.3- Contributos do Setor Empresarial Local:
A Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) deduziu em “do-
cumento interno” as sugestões seguintes:
1) Introdução de numeração ao artigo 2.º;
2) Dispensa da exigibilidade de cópia do documento de identificação na instrução de
procedimentos;
3) Junção ao projeto do anexo III referido no artigo 207.º;
4) Recomendação de revisão final de ortografia e gramática.
Em paralelo, procurou fazer-se uma escalpelização hermenêutica sobre algumas disposi-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 17
ções regulamentares colocando, nesse âmbito, uma série de dúvidas, questões e pedi-
dos de esclarecimento relativos à EGEAC e que passam a referir-se de forma, tão sucin-
ta, quanto possível atenta a forma da exposição:
No ponto 1 analisa o artigo 2.º sobre o objeto e âmbito de aplicação, referindo que
que a “informação cadastral existente nos serviços de património da CML mostra-
se extremamente débil e desatualizada” exemplificando com o “Palácio Marquês
de Tancos” supostamente devoluto quando ocupado com a sede da EGEAC.
Questiona sobre “o que são regras e regulamentos próprios” e “em que consiste o
regime de gestão condicionada” prosseguindo com as definições contidas no pró-
prio regulamento.
Refere a necessidade de juntar ao projeto de regulamento o Anexo III menciona-
do no artigo 207.º, n.º 2 considerando-o imprescindível para o esclarecimento de
dúvidas tal como o documento a que se refere a alínea o) do artigo 19.º e que
consiste na lista de aprovação anual dos imóveis a aprovar em simultâneo com o
orçamento e plano de atividades;
Refere que “a alínea d) supra exclui também a aplicação do regulamento a situa-
ções que, à cautela, se identificam como eventualmente aplicáveis a parte da ac-
tividade da EGEAC: venda ambulante (manjeriqueiras, vendedores de artesanato
e de farturas?), mercados de rua (?), arrais e retiros populares nas condições in-
dicadas” (sublinhado nosso);
“Por último, a alínea f), talvez a que mais diretamente se aplique à totalidade do
universo da EGEAC, independentemente da atividade, se bem que existem duas
condicionantes: uma que a gestão dos bens esteja conferida estatutariamente (o
que, no caso da EGEAC, não se mostra atualizado); outra que se prende com a
ressalva final da alínea, o que nos deixa sem saber exatamente o que pensar
(“sem prejuízo do especialmente previsto neste regulamento”), quando nenhuma
secção/capítulo/artigo existe dedicado especificamente a este enquadramento de
gestão” (sublinhado nosso) solicitando esclarecimento
No ponto 2 aprecia o artigo 3.º relativo às definições mencionando que ”ressal-
vada melhor opinião, sem prejuízo do melhor esclarecimento” considera que os
imóveis acometidos à gestão da EGEAC são subsumíveis na alínea h)h) e no
ponto iv da citada disposição “por via de disposição estatutária”;
No ponto 3 analisa os artigos 4.º a 14.º dedicado aos “Princípios”, passando a
identifica-los, sem prejuízo de considerar “redundante” a referência ao princípio
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 18
da “Boa administração” ao mesmo tempo que realça os princípios da onerosidade
(art. 6.º) e da concorrência (art. 8.º).
No que se refere ao disposto no artigo 12.º, critica a redação da disposição por
não reproduzir de forma expressa a imputação da responsabilidade que resulta
do disposto no Regime Jurídico da Responsabilidade Civil Extracontratual do Es-
tado e Pessoas coletivas de Direito Público, ao mesmo tempo que questiona se,
no caso na EGEAC, existem “prerrogativas de poder público?” “E que parte da
atividade é regulada pelo direito administrativo?”. Supostamente, “Um exercício
constante, neste último caso…”;
No ponto 4 comenta o artigo 15.º dedicado aos “Pilares estratégicos da gestão
patrimonial” fazendo aquela que é a sua leitura e cita alínea e) do artigo 15.º con-
siderando “curiosa” a expressão utilizada, depreendendo-se, in fine, sem concre-
tizar a razão.
A propósito do n.º 2 dessa disposição, considera que “caso se confirme que o pa-
trimónio sob gestão da EGEAC se encontra no regime de gestão condicionada,
configurará uma nova obrigação que, internamente, ressalvada melhor opinião, e
atento o elenco de competências neste momento conhecido resultante da reorga-
nização funcional, deverá ser assegurada pela DGF”.
Mais adianta estar em idêntica situação o disposto “nos artigos 17.ª a), 21.º, n.º 1,
b) e d); 22.º n.ºs 2,4,5, e 6 (neste caso com dúvidas acerca da aplicabilidade à
EGEAC, o que conviria de igual modo questionar em sede de esclarecimento”;
No ponto 5 aprecia o artigo 16.º que incide sobre a “Missão, visão e valores”, co-
mentado apenas que “A maior ligação à EGEAC encontrar-se-á na alínea f) do n.º
1 – mas como? Já o n.º 3 enfatiza os valores e os já bem conhecidos requisitos
dos 3 E´s”: economia, eficiência e eficácia;
No ponto 6 cita a epígrafe do artigo 17.º “Finalidades da inventariação e cadas-
tro”;
O ponto 7 incide sobre os artigos 17.º, 18.º e 19.º, concretamente sobre as com-
petências da Assembleia, Câmara e Presidente da Câmara Municipal, fazendo
um resumo sucinto das respetivas competências, acrescentando no que se refere
às competências do Presidente da Câmara o que passa a reproduzir-se integral-
mente:
“No 3.º caso, destaca-se a avaliação da manutenção dos pressupostos que determina-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 19
ram a sujeição dos imóveis do domínio privado municipal ao regime de gestão condicio-
nada, retirando e afetando a este regime sempre que tal se justificar (g) – ponto que inte-
ressará sobremaneira à EGEAC -; aprovar os documentos internos de gestão patrimoni-
al (j); aprovar, mediante parecer fundamentado da DMGP, a atribuição de imóveis a ser-
viços municipais, bem como a cedência ou afetação de uso em gestão condicionada dos
que se encontrem sob a administração corrente daqueles serviços (k) - a EGEAC não é
um serviço da CML, mas uma empresa, dotada de autonomia administrativa, financeira
e patrimonial, mas …?; aprovar as alterações de uso de imóveis em regime de gestão
condicionada, ainda que dentro da mesma área de intervenção, mediante parecer fun-
damentado a emitir pelo serviço municipal competente em gestão patrimonial (l); autori-
zar os serviços gestores (quais? EGEAC não é um serviço, mas será uma entidade ges-
tora?) a cederem a terceiros os imóveis sob sua gestão, desde que a título precário e
temporário (m) – todavia, outro preceito do diploma parece pôr termo a cedências precá-
rias como configurar?
Não envolvendo, aparentemente ou expectavelmente, de forma direta a EGEAC, a pre-
visão regulada na alínea o), sobre a denúncia de contratos de arrendamento sem de-
pendência de ação judicial nas situações aí descritas suscita-nos as maiores reservas”.
Ainda no âmbito daquelas disposições refere que “Assiste ao PCM as dúvidas de in-
terpretação e de integração de lacunas (v) – Embora o artigo 211.º já particularize as
dúvidas de interpretação a esclarecer por despacho do PCM, “misturando” com o regime
de interpretação e de integração de lacunas do Código Civil“. Acrescentando depois,
que “Desde já, um excelente exercício para o esclarecimento de dúvidas de interpreta-
ção (que não de integração de lacunas!) será, por exemplo, descodificar o que se pre-
tende com a redação que, neste momento, apresenta o n.º 2 do artigo 20.º”.
No ponto 8 procura escalpelizar-se o artigo 21.º reportando às competências da
DMGP, destacando nele as potenciais ligações entre as alíneas a), b) d) e k) e
“atuações expectáveis por parte da EGEAC” apesar da expressão referida nas
alíneas d) e k) ser a de “serviços municipais”.
Destaca-se ainda o eventual benefício contido na alínea h) “no que se refere a
avaliações de imóveis (por exemplo, para fixação de um valor de renda para a ca-
fetaria do Museu do Aljube?)”.
Por fim, acrescenta-se a propósito da alínea l), do n.º 1 daquele mesmo artigo
21.º que à DMGP “assiste a responsabilidade por pequenas obras e interven-
ções”, solicitando a melhor concretização do conceito, recorrendo v.g. ao valor da
empreitada, acrescentando depois que “Para tanto, existirá planeamento e proce-
dimentos destinados à otimização da respetiva utilização (alínea e) do n.º 2)”;
O ponto 9 aprecia o artigo 22.º sobre o dever de comunicação e de consulta pré-
via dos outros serviços municipais, reafirmando necessidade de clarificação sobre
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 20
se a EGEAC estará abrangida naqueles “circuitos ou, idealmente, de a redação
ser melhorada nessa conformidade em caso afirmativo”. Aspeto que anota como
“especialmente relevante” na disposição nas situações das alíneas n.º 2, 4, 5, 6, 7
e 8 alegando depois que o n.º 9 padece de “desconformidade legal”, sem funda-
mentar, nem indicar a norma (s) jurídica (s) violada.
O ponto 10 analisa o artigo 23.º incidente sobre regime do domínio público e nele
evidencia “reservas”, sem justificar, à alínea e) do n.º 2 “ ao prever a gratuitidade
do “uso comum ordinário (…) salvo disposição em contrário ou nos casos em que
o aproveitamento seja divisível e proporcione vantagem especial” repetido no n.º
2 do artigo 36.º.
O ponto 11 dedica a sua atenção ao artigo 26.º que versa sobre os regimes de
gestão do domínio privado municipal, referindo o que passa a reproduzir-se:
“Apenas neste domínio encontramos o regime de gestão condicionada ou o de
execução”, sem acrescentar mais nada.
O ponto 12 aprecia o artigo 27.º relativo ao regime de gestão condicionada real-
çando nele o seguinte:
Este regime subtrai, transitoriamente, o imóvel do domínio privado ao regime de
execução e ao princípio da disponibilidade patrimonial (a regra), sem prejuízo da
sua sujeição aos princípios da eficiência e da boa administração por parte dos
“serviços gestores” – (EGEAC?)
Relativamente ao n.º 2 da disposição, cita o disposto nas alíneas a) e b) conside-
rando a alínea a) “um pouco vago e subjetivo ou interessante dependendo do
fim?”, sem deduzir a respetiva fundamentação.
No que se refere ao n.º 3 daquele mesmo artigo 27.º reproduz o teor da alínea a),
questionando depois “o que são estas finalidades? E a relação do Município
quanto ao espaço ocupado como sede pela EGEAC, como configurar?
Em seguida, cita a alínea b) do n.º 3, comentando que “ sem desprimor de melhor
clarificação, defende-se que os imóveis sob gestão da EGEAC são passíveis de
se enquadrar nesta previsão”.
Por fim, reproduz o disposto na alínea c) do n.º 3 e questiona se “esta previsão
contraria ou complementa a da alínea o) do n.º 2 do artigo 19.º? – A lista de imó-
veis sob gestão condicionada é competência da Câmara e definida anualmente,
com orçamento e plano de atividades. Ou há 2 listas?”.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 21
Relativamente ao disposto nos n.ºs 6 e 8 do artigo 27.º realçam-se, respetivamen-
te, nas previsões a “reavaliação ordinária da permanência no regime no início de
cada mandato, havendo transição automática para o regime de execução em ca-
so de alteração de pressupostos”, considerando, neste âmbito, que “seria rele-
vante que estes fossem conhecidos a priori), e das responsabilidades de adminis-
tração dos serviços gestores de património”.
De seguida, identifica o âmbito normativo do n.º 9 da mesma disposição sugerin-
do clarificação da menção à “área de intervenção”;
Considera o n.º 10 “totalmente contraditório, nos próprios termos, ao permitir “ain-
da que informalmente” uma cedência que venha a ser autorizada pelo PCM, sem
mais fundamento legal, no quadro de um regulamento que tem como pilar a proi-
bição desse tipo de cedências” e entende “também muito discutível, pela sua re-
dação, a aplicação do enunciado no n.º 11 à EGEAC”.
No ponto 13 analisa o artigo 37.º reportado às cedências de utilização a outras
entidades públicas e nele assinala a possibilidade de cedência a título precário,
por auto de cedência e de aceitação, aplicando-se o princípio da onerosidade. In-
terrogando, sem mais, como comentário à disposição, “Regra cuja reciprocidade
a EGEAC devesse considerar?
O ponto 14 incide sobre o artigo 38.º relativo ao uso comum extraordinário, ques-
tionando de seguida:
“O uso comum extraordinário (que é o quê?) dos imóveis do domínio público fica
sujeito a autorização (por parte de quem?) e ao pagamento das taxas previstas
no Regulamento Geral de Taxas, Preços e Outras Receitas do Município de Lis-
boa, de acordo com as condições fixadas no n.º 2. Acrescentando, como chama-
da de atenção, que “considerando-se a defesa da eventual aplicabilidade à
EGEAC, tal implicar que uma empresa de Direito Privado aplique taxas, um con-
ceito de Direito Público”.
No ponto 15 dedica-se ao artigo 39.º e ss sobre a utilização privativa de domínio
público fazendo um resumo do n.º 1 sustentando depois que a aplicação da dis-
posição a todo o tipo de ocupação do domínio público como mencionado no n.º 2
“poderá acarretar problemas para a gestão de alguns equipamentos e algumas
actividades da EGEAC caso os exactos poderes de gestão dessa não sejam
atempadamente esclarecidos/acautelados”, sem identificar qualquer dúvida e/ou
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 22
problema de gestão”.
Considera depois que face ao enunciado no n.º 4 do artigo 41.º, “não parece ser
possível a EGEAC, se para o efeito for considerada um particular, reunir as con-
dições requeridas para vir a beneficiar de licença de utilização privativa do domí-
nio público, excepto para eventos ocasionais (alínea c), pelo que não será esta a
via a explorar”, sem identificar aquela que considera ser a “via” ajustada ou apre-
sentar outra alternativa.
De seguida, refere que de acordo com o artigo 50.º “se se considerar a EGEAC
uma entidade privada, poderá o Município celebrar um contrato administrativo de
concessão para o uso ou exploração privativa de parcelas do domínio público
municipal, por prazo fixado “por deliberação dos competentes órgãos municipais
no ato de atribuição” (art.º 51.º)” ficando o contrato sujeito a contrapartida finan-
ceira nos termos definidos no artigo 52.º e às obrigações elencadas nos artºs 53.º
e 54.º relativas à concessionária e concedente, respetivamente.
No ponto 16 aprecia o artigo 82.º sobre a concessão de exploração, considerando
que a redação do n.º 4 deixa a duvida sobre a improrrogabilidade do prazo de 30
anos referido no n.º 3, ao admitir-se “em circunstâncias excecionais que não de-
termina, ainda que devidamente fundamentadas, a alteração do prazo e de outros
elementos fundamentais do contrato”.
O ponto 17 incide sobre o artigo 83.º e ss e limita-se a identificar a epígrafe do
capítulo III: “Gestão do domínio privado do Município”;
No ponto 18 aprecia o artigo 117.º sobre “Entidades públicas e entidades privadas
de reconhecido mérito público” assinalando nele como fragilidade a indefinição
dos conceitos empregues tal como no artigo 124.º, n.º 1, a propósito do usufruto,
no artigo 130.º n.º 1 relativo ao comodato, “sendo que, neste caso, a figura pode-
rá ser do potencial interesse da EGEAC, atenta a previsão da alínea b) do n.º 2,
sendo esta competência da CM mediante proposta do PCM ou do vereador com
competência em matéria de património. A referência a este tipo de entidades en-
contra-se igualmente no n.º 2 do artigo 136.º e no n.º 1 do artigo 210”.
No ponto 19 debruça-se sobre o artigo 136.º e ss relativo às “Cedências de utili-
zação”. Considerando neste âmbito que “Não se alcança se por um constrangi-
mento de sistematização ou se por intenção, porventura o resultado aqui espe-
lhado parece contrariar a lógica da construção do regulamento, ao insistir numa
janela de possibilidade de tudo se manter na mesma, ou seja, cedências precá-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 23
rias de curta duração. E sem qualquer salvaguarda da posição do ocupante”.
Acrescentando depois que cumpre registar que “todo o processo é absolutamente
transparente, atento o processo de candidaturas regulado nos artigos 137.º e
138.º”.
No ponto 20 analisa o artigo 173.º e ss sobre a “Gestão de contratos e ocupa-
ções”, resumindo neste âmbito a competência da Direção Municipal de Gestão
Patrimonial. A este propósito levanta a dúvida “sobre a figura que a EGEAC deve-
rá assumir neste contexto” supondo “evidente a necessidade de mínimos de inte-
racção com aquele serviço”, apontando “a DGF como a UO mais adequada a
adequar os procedimentos que se revelarem necessários a essa interacção” (sub-
linhado nosso).
Considera que “Aquelas diligências acometidas à DMGP encontram-se indissoci-
adas do regulado nos art.º s 190.º e ss (inventário e cadastro), ressaltando aqui o
disposto nos n.ºs 7 e 8 do art.º 199.º- no primeiro caso, obrigação de inscrição e
de registo; no segundo, de afixação de placa de identificação de propriedade”.
O ponto 21 aprecia o art.º179.º e ss relativo à “Recuperação de créditos e regula-
rização de dívidas” sugerindo “a ponderação da aplicabilidade referencial na
EGEAC do disposto nos artigos 180.º e 181.º, em alguns pontos em modo mais
simplificado”. Depois chama atenção para a irregularidade do previsto na alínea
a) do n.º 4 do artigo 180.º reportada à exigência de cópia do documento de identi-
ficação.
O ponto 22 reporta ao artigo 201.º sobre a “Aplicação no tempo” resumindo de
forma muito sucinta o que nele se dispõe.
O ponto 23 incide sobre as “cedências precárias” e nele se refere a redação dos
seus números “parece contrariar tanto o artigo 201.º como o próprio art. 136.º e
ss, sendo ele próprio contraditório entre si, uma vez que, como já mencionado, se
bem se compreendeu o presente projeto (e admite-se o contrário), não se conclui
quais são, a final as diferenças entre as “cedências precárias” e “cedências de uti-
lização”, igualmente precárias.
O ponto 24 aborda o artigo 207.º relativo aos “Ativos imobiliários em gestão con-
dicionada” sublinhando nele a sua importância e considerando que “O n.º 1 de-
termina o prazo de um ano a contar da entrada em vigor do regulamento para
que, sob proposta da DMGP, os prédios municipais sejam incluídos num dos re-
gimes de gestão previstos” enquanto o n.º 2 “adianta encontrarem-se sujeitos ao
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 24
regime de gestão condicionada os prédios constantes do anexo III – o tal que,
nem do índice do PR, existe lamentavelmente”.
O ponto 25 incide sobre o artigo 209.º relativo à comissão de acompanhamento e
nele se suscitam duas interrogações, designadamente se seria descabido a
EGEAC e outras empresas municipais como a GEBALIS integrarem aquela co-
missão.
Finalmente, o ponto 26 aprecia o artigo 212.º versa sobre a “Norma revogatória”
colocando as maiores reservas sobre a redação da alínea a) na parte em que
considera que o regulamento revoga “qualquer outra disposição normativa, inde-
pendentemente da sua natureza jurídica, na parte em que colida com o estabele-
cido no presente regulamento”.
A sustentação assenta em reservas de “índole constitucional e duplas: quanto à
força do regulamento para revogar diplomas de categoria superior (o que a reda-
ção supra parece admitir) e quanto à possibilidade de, por essa via, se obterem
efeitos retroativos”. As “segundas” reservas são “factuais e materiais, prendem-se
com a ligação aos despachos e deliberações de transferência de gestão de equi-
pamentos municipais para a EGEAC. Como admitir que podem os mesmos ser
agora contrários ao presente regulamento?! Inadmissível!”, terminando, desta
forma, a análise e a prestação de contributos ao projeto de regulamento.
5.3- Participação externa e dos interessados em geral
Rececionámos uma única participação por parte de um interessado particular que
formalizou através caixa de correio eletrónico da DMGP as ques-
tões/esclarecimentos seguintes:
Solicita esclarecimento sobre se o “novo código sobre o património imobi-
liário” abrange o património não habitacional nos bairros municipais.
Refere que o artigo 212.º não revoga de forma expressa a norma do artigo
2.º do “Regulamento dos Mercados Retalhistas de Lisboa que aplica este
normativo, por adaptação, às lojas geridas pela Gebalis (ou seja, ao imo-
biliário nos bairros municipais)”.Consequentemente sugere a respetiva in-
clusão em capítulo próprio, com regras próprias adequadas àquela reali-
dade passando a justificar pelas razões seguintes:
(1) O instrumento que rege estas lojas -Regulamento dos Mercados Reta-
lhistas de Lisboa – foi pensado para Mercados e, por essa razão, não
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 25
está devidamente estruturado para a realidade das lojas, arrecada-
ções e armazéns inseridos nos Bairros Municipais – desajuste que é
maior por a adaptação das normas ser em muitas situações inadaptá-
vel;
(2) Tratar-se de um acervo patrimonial bastante grande no conjunto imo-
biliário municipal para justificar a sua regulação;
(3) Contribuir para a uniformização num único diploma, dos princípios,
das regras gerais e especiais, de modo a obter-se a racionalidade na
aplicação do Direito, designadamente no preenchimento de lacunas e
de dissipação de dúvidas sobre as normas a aplicar;
(4) Haver vantagens na transparência e no acesso à informação, permi-
tindo condensar num único instrumento tornando mais fácil o acesso à
informação, estabilidade e certeza jurídica obstando à sua dispersão.
6. ANÁLISE E RESULTADOS DOS CONTRIBUTOS APRESENTADOS NO PERÍO-
DO DE DISCUSSÃO PÚBLICA
6.1- Ponderação técnica dos contributos políticos
PROPOSTA
ANÁLISE
Configuração da venda como exceção
na política de gestão do património
imobiliário municipal “consagrando
como regra a alienação por recurso à
constituição temporária de direitos re-
ais, mantendo a raiz da propriedade no
Município”, promovendo a alteração
aos artigos 7.º e 15.º, consagrando a
venda como exceção.
No plano formal importará clarificar que tecnicamente, não existe propriamente a “alienação por recurso à constituição temporária de direitos reais”. Em rigor, o que parece defender-se não é a aliena-ção tout court mas a constituição de direitos reais menores ou deri-vados, mantendo a propriedade na esfera jurídica do Município como se refere na parte final da proposta e que só, em casos exce-
cionais, será alienada.
Configuração da venda como exce-
ção na política de gestão do patri-
mónio imobiliário municipal “consa-
grando como regra a alienação por
recurso à constituição temporária
de direitos reais, mantendo a raiz
da propriedade no Município”, pro-
movendo a alteração aos artigos 7.º
e 15.º, consagrando a venda como
exceção.
No que se refere à habitação municipal a sugestão avançada não
se afigura a mais ajustada atenta a experiência dos serviços mu-
nicipais competentes com experiência feita nesta matéria desde
2008, data em que foi criado o Núcleo de Alienação de Imóveis
Municipais, quando referem que “ na generalidade das situações,
é possível determinar que o candidato à aquisição é acompanha-
do da legítima expetativa de aquisição plena da fração, na lógica
da sua transmissão às gerações seguintes, sendo esta uma das
principais motivações para avançar para a aquisição da proprie-
dade”.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 26
PROPOSTA
ANÁLISE
Configuração da venda como exce-
ção na política de gestão do patri-
mónio imobiliário municipal “consa-
grando como regra a alienação por
recurso à constituição temporária
de direitos reais, mantendo a raiz
da propriedade no Município”, pro-
movendo a alteração aos artigos 7.º
e 15.º, consagrando a venda como
exceção.
Como poderá verificar-se infra no ponto 6.2 relativo aos contribu-
tos internos e orgânicos, a experiência revela “que a grande mai-
oria destes candidatos não poderia aventar a possibilidade de
aquisição se estivesse no mercado normal de compra e venda de
habitação, pelo que está a lançar mão das suas economias, mui-
tas vezes de uma vida inteira, para realizar o sonho legítimo de
adquirir a propriedade da casa onde habita”.
No que se refere à política de gestão do património imobiliário
municipal é importante salientar que o Município, no exercício
das suas atividades, se encontra balizado por um feixe de atribui-
ções e competências legais.
Neste feixe de competências encontramos de forma expressa a
“administração do domínio público” e a possibilidade de adquirir,
onerar e alienar património no que se refere ao domínio privado,
prevendo-se até como procedimento o recurso à hasta pública.
Por conseguinte, a lei das autarquias locais limita a atuação mu-
nicipal à “administração” do património do domínio público que,
por força diplomas específicos é também indisponível (inaliená-
vel, impenhorável, imprescritível).
No que se refere ao domínio privado, os únicos segmentos de
competência evidenciados no diploma apontam no sentido, preci-
samente, da disponibilidade através da oneração e alienação. A
análise sistemática de outros diplomas legais, nomeadamente o
regime financeiro das autarquias locais consagra a autonomia fi-
nanceira que, entre outros poderes, aponta no sentido da “gestão
do património”. No caso de existir “plano de saneamento” vai até
mais longe no sentido de tal plano incluir maximização de recei-
tas contemplando, entre outras medidas, as operações de aliena-
ção de património. Para além destes aspetos legalmente supor-
tados, oferece-se como incontornável o princípio da “boa admi-
nistração” que obriga a administração pública, maxime autár-
quica, a pautar-se por critérios de eficiência e economicidade,
não existindo suporte legal que sustente ou aponte no sentido da
municipalização” da propriedade dos bens do seu domínio priva-
do em detrimento de objetivos de boa gestão pública e expres-
samente previstos.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 27
PROPOSTA ANÁLISE
Configuração da venda como exce-
ção na política de gestão do patri-
mónio imobiliário municipal “consa-
grando como regra a alienação por
recurso à constituição temporária
de direitos reais, mantendo a raiz
da propriedade no Município”, pro-
movendo a alteração aos artigos 7.º
e 15.º, consagrando a venda como
exceção.
De resto, a proposta contraria até a posição do proponente face à redação que sugere para a alínea j) do artigo 15.º no que se refe-re à afetação de porquanto não havendo alienações, ou havendo apenas em situações excecionais, dificilmente haverá receitas para as finalidades indicadas na disposição.
Por fim, sempre se acrescentará que, assim como os particulares são chamados a executar os planos urbanísticos, nada impede que os particulares sejam chamados através da aquisição de pa-trimónio desnecessário a contribuir para a recuperação, reabilita-ção urbana e para a criação de emprego dinamizando a econo-mia local. CONCLUSÃO: I) A constituição de direito de uso e habitação com a manuten-
ção da propriedade por parte do Município, não se afigura apelativa, não encontrando recetividade junto dos candidatos à habitação municipal, tornando, comparativamente, mais vantajoso o arrendamento, porquanto exonera o arrendatário da responsabilidade das obras relativas ao edificado recaindo esse ónus sobre o erário público;
II) A alienação para além de ir ao encontro da vontade dos can-didatos que, de outra forma, não teriam possibilidade de ace-der à propriedade da habitação tendo em conta os respetivos rendimentos, promove a boa gestão dos recursos públicos exonerando o Município dos encargos inerentes à manuten-ção e conservação do imóvel alienado;
III) Nada obstante, nada impede adição de norma que preveja ou
reproduza essa hipótese que aliás resulta da lei e que consis-te na constituição temporária de direitos reais condensando no regulamento todas as possibilidades jurídicas, acolhendo-se, nesta parte, a proposta avançada, sem vincular os órgãos municipais ao recurso à figura em detrimento da gestão atra-vés de outros direitos reais que se mostrem mais ajustados à prossecução do interesse público municipal.
Consagração de maioria qualificada
de 2/3 dos membros do órgão
competente para a “opção pela
venda” (artigos 18.º e 19.º).
O quórum deliberativo por maioria qualificada encontra-se ex-pressamente previsto na Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, na sua redação atual. Consequentemente, desaconselha-se, juridi-camente, a previsão de “maiorias qualificadas” nos casos não previstos expressamente na Lei.
CONCLUSÃO: Desaconselha-se o proposto por desrespeito à hierar-quia de normas e dever de subordinação do regulamento à Lei.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 28
PROPOSTA ANÁLISE
Estabelecimento do “regime regra para a constituição de direito de uso e habitação” no âmbito da alienação di-reta do património municipal ocupado para habitação (artigos 103.º, 104.º, 106.º e aditamento do artigo 103.º A)
Reitera-se sobre esta proposta a análise contida no ponto 1 desta
análise que é a seguinte:
No que se refere à habitação municipal a sugestão avançada não se afigura a mais ajustada atenta a experiência dos serviços municipais competentes com experiência feita nesta matéria des-de 2008, data em que foi criado o Núcleo de Alienação de Imó-veis Municipais, quando referem que “ na generalidade das situa-ções, é possível determinar que o candidato à aquisição é acom-panhado da legítima expetativa de aquisição plena da fração, na lógica da sua transmissão às gerações seguintes, sendo esta uma das principais motivações para avançar para a aquisição da propriedade”.
Como poderá verificar-se infra no ponto 6.2 relativo aos contri-butos internos e orgânicos, a experiência revela “que a grande maioria destes candidatos não poderia aventar a possibilidade de aquisição se estivesse no mercado normal de compra e venda de habitação, pelo que está a lançar mão das suas economias, mui-tas vezes de uma vida inteira, para realizar o sonho legítimo de adquirir a propriedade da casa onde habita”.
CONCLUSÃO:
a) A constituição de direito de uso e habitação, com a manu-tenção do direito de propriedade na esfera jurídica do Mu-nicípio, não se afigura apelativa, não encontrando recetivi-dade junto dos candidatos à habitação municipal, tornan-do, comparativamente, mais vantajoso o arrendamento, porquanto exonera o arrendatário da responsabilidade das obras relativas ao edificado recaindo esse ónus sobre o erário público;
b) A alienação para além de ir ao encontro da vontade dos candidatos que, de outra forma, não teriam possibilidade de aceder à propriedade da habitação tendo em conta os respetivos rendimentos, promove a boa gestão dos recur-sos públicos exonerando o Município dos encargos ineren-tes à manutenção e conservação do imóvel alienado.
c) Nada obstante, nada impede adição de norma que preveja ou reproduza essa hipótese que aliás resulta da lei e que consiste na constituição temporária de direitos reais con-densando no regulamento todas as possibilidades jurídi-cas, acolhendo-se, nesta parte, a proposta avançada, sem vincular os órgãos municipais ao recurso à figura em de-trimento da gestão através de outros direitos reais que se mostrem mais ajustados à prossecução do interesse públi-co municipal
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 29
PROPOSTA ANÁLISE
Limitação da possibilidade de renova-
ção do direito de superfície e elimina-
ção do regime especial de venda da
propriedade plena nas situações em
que se constituiu o direito de superfície
(artigo 120.º).
O direito de superfície previsto na disposição já se encontra
limitado com um prazo mínimo e máximo (20 e 75 anos, respe-tivamente). Contudo, não se vê nenhuma razão de interesse público que impeça, antes pelo contrário, que a renovação se faça por períodos mais curtos (10 anos) limitando dessa forma o direito de superfície, caso não haja oposição escrita de ne-nhuma das partes e desde que o Município de Lisboa não ne-cessite da parcela ou dos prédios nela edificados para obras de renovação urbana ou outro fim de interesse público.
Relativamente à interdição da possibilidade de alienar o imóvel ao superficiário como previsto no n.º 3 do artigo 120.º proce-dem, nesta matéria, as mesmas razões que afastam o regime-regra da disponibilidade (alienação) sugerido pelo interessado. Efetivamente, se a realização da boa gestão e valorização dos recursos públicos se demonstrar em concreto mais ajustada através da alienação do património, não se afigura adequado onerar o erário municipal com custos desnecessários para man-ter o imóvel na sua esfera jurídica.
CONCLUSÃO:
a) Não se encontra qualquer objeção, muito pelo contrário, que impeça a limitação da renovação do direito de superfí-cie, nomeadamente através do encurtamento do prazo de renovação ao invés da renovação automática pelo limite mínimo, máximo ou outro, dentro daqueles limites, que te-nha sido contratualizado. Consequentemente, deverá nes-ta parte acolher-se a proposta sugerida alterando parcial-mente o artigo 120.º n.º 1.
b) Não se encontra qualquer razão que impeça a alienação da propriedade ao superficiário desde que os objetivos de valorização e de boa gestão dos recursos públicos assim o exijam pelo que deve manter-se o disposto no n.º 3 do ar-tigo 120.º
Aumento do percentual da receita prevista na alínea d) e e) do n.º 2 do artigo 4.º do Fundo Municipal de Sus-tentabilidade Ambiental e Urbanística de Lisboa.
A atual redação da disposição não impede o aumento do per-
centual da receita. O que se salvaguarda na disposição é um valor mínimo de receita que tem de ser observado, nada impe-dindo que esse valor possa ser aumentado por deliberação municipal.
CONCLUSÃO: A redação da disposição não impede o aumento do percentual da receita como foi sugerido pelo que não se afigura necessário alterar a sua redação para alcançar o objetivo proposto.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 30
PROPOSTA ANÁLISE
Inclusão obrigatória de “ativos imobiliá-
rios que estejam a ser utilizados ou se-
jam passíveis de ser utilizados na
prossecução de uma política de aces-
so ao direito à habitação, assegurando
a capacidade de alojamento projetado
para 10% da média da população da
Cidade nos últimos 3 recenseamentos
gerais da população”.
Trata-se de uma proposta de natureza essencialmente política cuja concretização naquele percentual ou noutro, porventura, mais ou menos generoso, poderá ser definida por deliberação municipal subsumível a várias disposições regulamentares inclu-indo os próprios Pilares Estratégicos da Gestão Patrimonial no domínio da prossecução dos programas setoriais de habitação ao abrigo do disposto no artigo 15.º alínea d), 2.ª parte, ficando os respetivos imóveis abrangidos pelo disposto no artigo 27.º n.º 3 alínea b) do regulamento.
A fixação desta regra, com percentual definido, condicionaria a elaboração dos programas políticos sobre a habitação e os res-petivos mandatos que teriam de alterar o regulamento sempre que quisessem promover políticas de habitação distintas colo-cando desde logo em causa a estabilidade e segurança jurídica do documento.
Registo da informação sobre as pre-tensões de aquisição, utilização ou ou-tras de carácter urbanístico por parte dos particulares relativamente a Patri-mónio Imobiliário do Município.
Trata-se de um contributo relevante do ponto de vista da transparência do procedimento mas discordamos da sua in-serção sistemática por aditamento ao artigo 17.º que versa sobre as “Finalidades da Inventariação e Cadastro”. Assim, optámos por aditar a previsão ao artigo 22.º que regula o “Dever de comunicação e de consulta prévia dos outros serviços municipais” concretamente no seu n.º 3.
A importância do contributo justificou ainda a criação de uma disposição específica sobre esta matéria por forma a ser criado um registo de dados como passa a prever-se no Título V (Disposições finais e Transitórias).
Dever de comunicação à DMGP por parte dos serviços responsáveis pelo controlo prévio das operações urbanís-ticas das áreas de cedência para o domínio público e privado e respetiva finalidade no âmbito da emissão de al-varás de loteamento e operações de impacte semelhante bem como pedi-dos de informação prévia que recaiam sobre bens integrantes do património imobiliário do Município.
Reitera-se sobre esta proposta o vertido no ponto que antecede porquanto se trata de matéria que incluímos no artigo 22.º, sem prejuízo da previsão de registo de dados em disposição especí-fica transitória.
Consagração do direito de uso e habi-tação a favor dos “habitantes habitaci-onais” de prédios da propriedade do Município de Lisboa destinado exclusi-vamente à “habitação” dos usuários
Reiteram-se, neste ponto, as considerações efetuadas na pri-meira proposta que prefere a constituição temporária de direitos reais em detrimento da transmissão da propriedade aos habi-tantes de imóveis municipais.
Como tivemos ocasião de sustentar, com base no saber e ex-periência dos serviços municipais competentes, trata-se de uma solução sem futuro e que não se afigura apelativa junto dos po-tenciais interessados que não têm outra hipótese por falta de recursos para adquirir habitação senão através da forma atual-mente prevista. Durante o pagamento, o Município mantém a reserva da propriedade e só depois é que se efetua a transmis-são da propriedade plena.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 31
PROPOSTA ANÁLISE
Consagração do direito de uso e habi-
tação a favor dos “habitantes habitaci-onais” de prédios da propriedade do Município de Lisboa destinado exclusi-vamente à “habitação” dos usuários
Acresce que do ponto de vista da valorização e da boa gestão dos recursos públicos a manutenção deste edificado na esfera jurídica do Município onera o erário público que continuará na qualidade de proprietário a ser responsável pela sua manuten-ção e conservação.
Contudo, o disposto anteriormente não impede a adição no regulamento da possibilidade de poder recorrer-se à constitui-ção de direito de uso e habitação, embora esta possibilidade já decorra da lei, nos casos em que, ponderados os aspetos vin-dos de referir, tal hipótese se venha, porventura, a revelar ajus-tada por deliberação municipal.
Por conseguinte foi consagrada expressamente a possibilidade do direito de uso e habitação e respetivos requisitos como pro-posto a par da alienação já prevista
Renovação automática do direito de
superfície, por períodos de 10 anos, caso nenhuma das partes se oponha mediante oposição escrita com a ante-cedência mínima de 1 ano antes do termo bem como a possibilidade de antecipação do término do direito de superfície mediante o pagamento de compensação ao superficiário de acor-do com a fórmula de cálculo do valor do direito, sem prejuízo da extinção nos termos do artigo 1536.º do CC, in-cumprimento ou verificação da condi-ção resolutiva.
Considera-se conveniente e prudente a sugestão prevista pelo que se reitera nesta parte a análise efetuada supra sobre a limi-tação ao direito de superfície pela previsão de renovação do prazo por períodos de 10 anos ao invés da renovação automá-tica pelo prazo contratualizado desde que observado o limite máximo e mínimo estipulado de 25 e 75 anos respetivamente.
Concluída, pois, a análise às propostas apresentadas neste âmbito procurámos aperfeiçoar a redação de
algumas disposições, acolhemos as alterações propostas em várias disposições (cf. sublinhado a cor
verde) e mantivemos a redação de outras, com base nos fundamentos aduzidos supra, nos termos se-
guintes:
Artigo 7.º
(Princípio da Equidade Intergeracional
1- O princípio da equidade na administração imobiliária visa a distribuição ponderada e paritária
dos benefícios e encargos intergeracionais, incluindo a repartição planeada e equitativa no tem-
po dos custos de manutenção, conservação e de beneficiação e a perspetiva de evolução do
mercado imobiliário permitindo o desenvolvimento futuro das políticas municipais de intervenção
nos solos e no mercado fundiário de forma responsável e paritária.
2- Para efeito do disposto no número anterior, as decisões municipais relativas à alienação, onera-
ção, aquisição e à escolha das formas de administração imobiliária devem atender à distribuição
de benefícios e custos entre gerações de modo a que os encargos presentes não comprometam
as gerações futuras, salvaguardando as suas legítimas expetativas através de uma ponderação
e distribuição equilibrada dos custos preservando a intervenção estratégica do Município na
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 32
construção de uma cidade sustentável que garanta a qualidade de vida urbana, o direito à habi-
tação e à sua fruição.
3- (…)
a) (…);
b) A perspetivação ou previsível (…);
c) A perspetivação ou previsível (…);
Artigo 13.º
(…)
Artigo 14.º
(Princípio do controlo e da racionalidade patrimonial)
1- Os serviços municipais competentes devem organizar e manter atualizados, relativamente a ca-
da imóvel, todos os elementos informativos, para aferir a boa administração, eficiência, econo-
mia, eficácia e transparência da gestão do património imobiliário do Município de Lisboa, desig-
nadamente:
a) Natureza, valor e utilização dos bens imóveis;
b) Valor do custo de aquisição, administração e respetiva utilização;
c) As manifestações de interesse de privados, seja por via de interpelação ou propostas de
negócio jurídico, seja por via de pedidos relativos a pretensões urbanísticas.
2- (…).
Artigo 15.º
(Pilares Estratégicos da Gestão Patrimonial)
1- (…).
a) (…).
b) (…).
c) (…) tendo em conta a necessidade de manter uma reserva que salvaguarde a capacidade
do Município para a médio e longo prazo prosseguir as suas políticas setoriais e manter
uma efetiva capacidade de intervenção na regulação do mercado, por via direta ou indireta.
d) O acervo patrimonial a preservar neste domínio deverá ser apto para prevenir efeitos espe-
culativos (…).
e) (…).
f) (…).
g) (…)
h) (…).
i) (…).
j) (…)
k) (…)
2-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 33
Artigo 18.º
(Assembleia Municipal)
(…)
Artigo 19.º
(Câmara Municipal)
(…)
Artigo 22.º
(Dever de comunicação e de consulta prévia dos outros serviços municipais)
1- (…);
2- (…);
3- Os serviços responsáveis pelo controlo prévio das operações urbanísticas, nomeadamente lote-
amentos e operações com impacte semelhante, deverão, obrigatoriamente, comunicar à Direção
Municipal de Gestão Patrimonial, a emissão de todos os alvarás, respetivas áreas de cedência
para domínio público ou privado e respetiva finalidade bem como de todos os pedidos de infor-
mação prévia que incidam sobre bens integrantes do Património Imobiliário do Município.
4- (…);
5- (…);
6- (…);
7- (…):
8- (…):
9- (…).
Artigo 28.º (Reserva Imobiliária)
1- A reserva imobiliária integra o regime de gestão condicionada nos termos do n.º 2 o artigo 27.º
sendo constituída pelos imóveis seguintes:
a) Terrenos de que o Município não possa dispor livremente em razão dos usos a que estejam
vinculados por força de cedências obrigatórias feitas por particulares no âmbito de opera-
ções urbanísticas, nos termos do RJUE para implantação de espaços verdes, equipamentos
de utilização coletiva e infraestruturas;
b) Imóveis que tenham vindo à propriedade municipal em resultado de compensação em es-
pécie legalmente admissível e cujos usos estejam igualmente vinculados à operação urba-
nística de que emergem;
c) Imóveis que tenham ingressado no património municipal em consequência de ato expropria-
tivo do qual decorra o uso subordinado à finalidade pública que a fundamentou;
d) Terrenos que ingressem no património municipal por força de negócio jurídico, a título gra-
tuito ou oneroso, que os vincule ao cumprimento de determinada finalidade ou prazo quando
exista.
e) Terrenos que integrem a estrutura ecológica municipal.
2- Sem prejuízo do disposto no número 1, a reserva imobiliária pode ainda decorrer de deliberação
dos órgãos municiais competentes integrando os ativos imobiliários que, pela sua natureza, di-
mensão, localização ou importância estratégica devam ser preservados para a realização de fu-
turas intervenções municipais, designadamente:
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 34
a) Obras de regeneração urbana,
b) Renovação de infraestruturas;
c) Novos equipamentos públicos ou melhoria de acessibilidade ao transporte público.
3- Para efeito do disposto no número anterior, a reserva imobiliária integra ainda os terrenos muni-
cipais com área superior a 3 hectares ou aqueles que, independentemente da sua área, inte-
grem zonas a consolidar com área superior a 5 hectares, salvo deliberação em contrário do ór-
gão deliberativo
4- A integração de ativos previstos no n.º 2 e n.º 3 em regime de reserva imobiliária não impede a
sua valorização, nem a afetação a usos temporários compatíveis que possam ser aptos à sua
gestão eficaz, desde que tal não comprometa a função que, originariamente, lhe foi atribuída
mediante autorização do Presidente da Câmara.
5- A afetação ou subtração de ativos municipais ao regime de reserva imobiliária resulta de delibe-
ração do órgão deliberativo, sob proposta do órgão executivo devidamente fundamentada.
Artigo 103.º (Alienação direta ou constituição do direito de uso e habitação de imóveis habitacionais)
1- Os imóveis habitacionais ocupados podem ser diretamente alienados ou ser objeto de constitui-
ção do direito de uso e habitação nos termos do Código Civil para habitação própria e perma-
nente dos seus adquirentes ou para gozo do direito de uso e habitação por parte dos seus usuá-
rios.
2- A opção municipal pela constituição do direito de uso e habitação ou pela alienação dos imóveis
habitacionais ocupados será condicionada ao princípio da boa administração, ao número de inte-
ressados em imóveis municipais ou à ponderação e perspetivação dos custos e encargos relati-
vos à sua manutenção e conservação para o erário municipal versus procura pelo direito de uso
e habitação em detrimento da aquisição da propriedade.
3- O pagamento do preço de compra dos imóveis ou de constituição de uso e habitação em bairros
municipais pode ser feito em prestações.
4- No caso de alienação será registada reserva de propriedade a favor do Município de Lisboa que
vigorará até ao integral pagamento do preço.
5- Sem prejuízo do disposto no 109.º, com o pagamento integral do preço na data da celebração do
contrato de compra e venda ou com a última prestação, nos casos previstos no artigo 107.º em
que é admitido o pagamento em prestações com reserva de propriedade, o Município de Lisboa
transmite a propriedade plena do imóvel para o respetivo adquirente.
Artigo 103.º-A (Constituição do direito de uso e habitação de imóveis habitacionais)
1- A constituição de direito de uso e habitação em favor dos ocupantes habitacionais de prédios da
propriedade do Município de Lisboa será constituída a favor, no máximo, de 3 dos ocupantes da
fração ou prédio à data do pedido que passarão a ser havidos como usuários.
2- O imóvel destina-se exclusivamente à habitação dos usuários e respetiva família.
3- Na família dos usuários compreendem-se apenas o cônjuge, não separado judicialmente de
pessoas e bens, as pessoas que com eles vivam em união de facto, os filhos, outros parentes a
quem sejam devidos alimentos.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 35
4- O usuário e o morador usuário não podem trespassar ou locar o seu direito, nem onerá-lo por
qualquer modo.
5- Ficam a cargo dos usuários as reparações ordinárias, as despesas de administração e os impos-
tos e encargos anuais como se fossem usufrutuários, nos termos do código civil.
6- O direito de uso e habitação extingue-se:
a) Pela morte do último usuário;
b) Pelo incumprimento reiterado do disposto no n.º 2;
c) Pelo incumprimento do disposto no n.º 4.
7- O disposto no número anterior não é aplicável quando sobreviverem aos usuários filhos menores
ou parentes a quem por estes sejam devidos alimentos fixados por acordo ou judicialmente, pro-
longando-se o direito de uso e habitação em favor exclusivo destes, até que deixem de ser ne-
cessários comprovadamente os alimentos.
8- O título constitutivo do direito de uso e habitação contemplará as condições previstas no presen-
te artigo, aplicando-se no que não estiver especialmente estabelecido o disposto no artigo 1485.º
do Código Civil.
Artigo 104.º (Adquirentes de imóveis habitacionais)
1- Cada imóvel será alienado ou onerado pela via de constituição do direito de uso e habitação pela
seguinte ordem de preferência:
(…) Artigo 106.º
(Determinação do preço)
1- O preço de alienação de fração ou prédio habitacional é determinado pela fórmula que resulta dos artigos 38.º a 46.º, do Código de Imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de Novembro, com aplicação de um Fator de Utilização Habitacional estabeleci-do no número seguinte, com arredondamento para a dezena de euros imediatamente superior:
( )
Em que:
Pv = Preço de venda.
Vc= Valor base dos prédios edificados.
A = Área bruta de construção mais a área excedente à área de implantação.
Ca = Coeficiente de afetação.
Cl= Coeficiente de localização.
Cq = Coeficiente de qualidade e conforto.
Cv = Coeficiente de vetustez.
Ki = Factor de utilização habitacional.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 36
2- O factor de utilização habitacional corresponde a uma redução pelo número total de anos de ocupa-
ção, conforme a tabela seguinte:
Anos Fator
Menos de 10 anos 0,85
Entre 11 e 20 anos 0,80
Entre 21 a 30 anos 0,75
Entre 31 e 40 anos 0,70
Mais de 40 anos 0,65
3- O preço de venda de fogos construídos ao abrigo de Programas de Financiamento ou outra legisla-ção especial, corresponderá ao valor máximo que resultar da respetiva legislação, salvo se da apli-cação da fórmula prevista nos números anteriores resultar preço inferior.
4- O preço é apurado no ano do despacho favorável de venda.
5- O candidato que exercer a opção pelo pronto pagamento do preço na data da celebração do contrato de compra e venda pode solicitar ao Município de Lisboa autorização para promover o registo provi-sório, por natureza, de aquisição e de hipoteca, para efeitos de contratação de financiamento bancá-rio à aquisição.
6- O preço de constituição de direito de uso e habitação sobre a fração ou prédio habitacional é deter-minado pela fórmula prevista no n.º 1 com as especificidades previstas nos números seguintes.
7- O fator idade média dos adquirentes do direito de uso e habitação corresponde a uma redução em função da idade média dos beneficiários, conforme a tabela seguinte:
Idade média dos beneficiários Fator
De 20 a 30 anos 0,7
De 30 a 40 anos 0,6
De 40 a 50 anos 0,5
De 50 a 60 anos 0,4
Mais de 60 anos 0,3
8- O preço de venda de fração ou prédio habitacional é determinado pela fórmula que resulta dos arti-gos 38.º a 46.º do Código do imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI), aprovado pelo Decreto-n.º 287/2003, de 12 de novembro, com a aplicação de um Factor de Utilização Habitacional estabelecido no número seguinte, com arredondamento para a dezena de euros imediatamente superior:
( )
Em que:
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 37
Pv = Preço de venda.
Vc= Valor base dos prédios edificados.
A = Área bruta de construção mais a área excedente à área de implantação.
Ca = Coeficiente de afetação.
Cl= Coeficiente de localização.
Cq = Coeficiente de qualidade e conforto.
Cv = Coeficiente de vetustez.
Ki = Factor de utilização habitacional.
9- O factor de utilização habitacional corresponde a uma redução pelo número total de anos de ocupa-
ção, conforme a tabela seguinte:
Anos Fator
Menos de 10 anos 0,85
Entre 11 e 20 anos 0,80
Entre 21 a 30 anos 0,75
Entre 31 e 40 anos 0,70
Mais de 40 anos 0,65
10- O preço de venda de fogos construídos ao abrigo de Programas de Financiamento ou outra legisla-ção especial, corresponderá ao valor máximo que resultar da respetiva legislação, salvo se da apli-cação da fórmula prevista nos números anteriores resultar preço inferior.
11- O preço é apurado no ano do despacho autorizador da constituição do direito.
12- O candidato que exercer a opção pelo pronto pagamento do preço na data da celebração do contrato de compra e venda pode solicitar ao Município de Lisboa autorização para promover o registo provi-sório, por natureza, de aquisição e de hipoteca, para efeitos de contratação de financiamento bancá-rio à aquisição.
Artigo 120.º (Prazo do direito de superfície)
1- O prazo de constituição do direito de superfície é fixado na deliberação do competente órgão
municipal, com um prazo mínimo de 20 anos e máximo de 75 anos, renovando-se automatica-
mente por períodos de 10 anos, caso nenhuma das partes se oponha mediante oposição escrita
com a antecedência mínima de 1 ano, desde que o Município de Lisboa não necessite da parce-
la ou dos prédios nela edificados para obras de renovação urbana ou outro fim de interesse pú-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 38
blico.
2- (…)
3- Decorrido que esteja metade do prazo do direito de superfície, poderá o superficiário requerer ao
Município a aquisição da propriedade plena fundamentando a sua pretensão.
4- O Município ponderará os fundamentos do pedido de acordo com o interesse público municipal e
de acordo com os princípios da boa gestão pautado pelos critérios de economia e racionalidade
económica, e caso o superficiário esteja na situação prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 122.º
do presente regulamento e caso o pedido seja aceite, o preço devido será apurado pela aplica-
ção da seguinte fórmula:
5- (…)
6- (…)
7- (…)
8- (…)
9- (…)
Artigo 193.º (Ficha de Inventário)
A ficha de inventário tem como objetivo a identificação de cada bem imóvel desde a sua aquisição
até ao abate, inscrevendo-se nela toda a informação relevante para a caracterização do bem, tendo
em conta a sua origem e relações económico-financeiras que lhes estão associadas eventuais alte-
rações e outros fatores patrimoniais que ocorram ao longo da vida útil, bem como as manifestações
de interesses privados na aquisição ou utilização bem e deve constar em suporte informático.
6.2- Ponderação dos contributos orgânicos e internos
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL
PROPOSTA ANÁLISE
Alteração do artigo 110.º n.º 4 no sen-tido de permitir que, em casos devida-mente justificados e comprovados por atestado médico de incapacidade de multiuso de percentual igual ou superi-or a 50% comprovadamente superve-niente à data da aquisição possa can-celar-se ou extinguir-se o ónus de ina-lienabilidade antes de discorrido o pra-zo de 10 anos
A atual redação apenas permite o cancelamento do ónus de inalienabilidade para além do decurso do prazo (10 anos), nos casos de morte ou invalidez permanente e absoluta do adqui-rente ou outras situações devidamente justificadas ficando, nes-te caso, sujeito ao pagamento de uma compensação corres-pondente à diferença entre o valor de venda pelo Município e a primeira alienação a terceiros que até ao ano 5.º será de 95%;
Sucede que a atribuição de incapacidade igual ou superior a 50% já compromete a inserção no mercado de trabalho e a au-tonomia da própria pessoa, sendo excessivo nestas situações, impor-lhes o ónus de inalienabilidade durante 10 anos ou sujei-tá-los à compensação referida, quando elas próprias deixam de ter possibilidade auferir os rendimentos necessários ou até de poder continuar a habitar no imóvel por carecerem de apoio de terceiras pessoas. Situações destas, supervenientes à aquisi-ção, não são raras mas merecem tutela desde que devidamen-te comprovadas.
Por conseguinte, procedeu-se à alteração do n.º 4 do artigo 110.º relativo ao ónus de inalienabilidade e introduziu-se altera-ção ao artigo 111.º, acrescentando o n.º 2
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 39
PROPOSTA ANÁLISE
Retirar a expressão “preferencial” das hastas públicas
Apesar de não haver rigidez legal que imponha aos Municípios a realização da hasta pública para a realização dos negócios ju-rídicos sejam de alienação ou de oneração do património, o re-gulamento consagrou o recurso à hasta pública como regime regra. Consequentemente justifica-se, plenamente, a ablação da expressão preferencial das respetivas disposições (Cf. artigo 34.º n.º 4, 66.º, 96.º, 129.º todos do projeto).
Densificação das formas de cooperação com a administração central (Cf. Artigo 210.º)
A gestão do património imobiliário público reclama uma incon-tornável relação institucional entre o Estado e o Município, quer no âmbito da identificação e regularização patrimonial, quer no âmbito do alcance das soluções patrimoniais conjuntas mais ajustadas à prossecução das respetivas atribuições. As refor-mas legislativas em curso contemplam várias medidas sendo de destacar, pela sua importância, o recente regime jurídico ex-traordinário de registo e de regularização jurídico-registral, quer o projeto de aproveitamento do património imobiliário público que regula precisamente o “Programa de Cooperação entre o Estado e as Autarquias Locais”.
O Município de Lisboa e o Estado têm prosseguido com êxito programas de colaboração entre si permitido uma melhor ges-tão do património imobiliário público através de protocolos e ou-tros instrumentos.
Por conseguinte, justifica-se a introdução de disposição norma-tiva dedicada às formas de colaboração e de cooperação entre o Estado e o Município do domínio do património imobiliário.
Prever a cessação das cedências de utilização precárias não habitacionais sempre que o montante da dívida atin-ja determinado valor da renda anual para além dos procedimentos jurídicos adequados (Cf. Artigo. 205.º)
Trata-se de cedências ou ocupações precárias ainda que one-rosas que justificam, por imperativo de boa gestão, a inclusão no contrato de cláusula que preveja a cessação imediata da ocupação sempre que o percentual anual em dívida seja igual ou superior a 75%, sem prejuízo dos demais procedimentos ju-rídicos necessários à concretização da cobrança.
Alargamento do prazo de publicitação das hastas públicas sempre os bens imóveis a alienar tenham sido objeto de pedido de informação prévia eficaz e favorável ou até mesmo desfavorável ou ineficaz (Cf. Artigo 151.º)
O particular que possui um pedido de informação prévia válido e favorável está numa posição de vantagem face aos demais interessados no imóvel e mesmo que o pedido seja desfavorá-vel também existe um conhecimento mais aprofundado sobre as condicionantes respetivas;
Consequentemente deverá alargar-se o prazo da divulgação da hasta pública para garantir paridade e concorrência efetiva no ato público da hasta e permitir a licitação entre vários concor-rentes.
Prever a possibilidade de recurso à mediação imobiliária mediante proce-dimento prévio de contratação pública por prévia qualificação, em caso de deserção reiterada da hasta, acrescido de percentual a favor do Município so-bre o valor da venda que exceder o preço base (Cf. Artigo 172.º-A)
Na hipótese do imóvel não ser necessário à prossecução de
atribuições que justifiquem a sua integração no regime da ges-tão condicionada e não preencha os requisitos necessários pa-ra inclusão na reserva imobiliária, não se justifica insistir na rea-lização de hastas que vão ficando, sucessivamente, desertas, nem se justifica manter o imóvel na esfera do Município one-rando o erário municipal.
Nestas situações, é defensável recorrer ao mercado através dos procedimentos de contratação pública adjudicando a alie-nação do imóvel a serviços especializados.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 40
PROPOSTA ANÁLISE
Prever a possibilidade de afetação de parcelas do domínio privado para abastecimento de combustíveis líqui-dos em vez de restringir a hipótese à concessão do domínio público (Cf. Ar-tigo 116.º)
Justifica-se que o Município também possa dispor do seu do-mínio privado para instalação de bombas de abastecimento através de hasta de oneração ou até de alienação ao invés de circunscrever a hipótese a concurso de concessão sobre o do-mínio público.
Em rigor faz até mais sentido que tais instalações ocorram no domínio privado atenta o valor do domínio público que merece classificação legal.
Previsão de questão prejudicial à apreciação do requerimento do exercí-cio de direito de preferência sempre que o mesmo pedido, deduzido pelos mesmos requerentes tenha sido apre-ciado e decidido pelo Município atra-vés da plataforma “Casa Pronta” (Cf. Artigo 88.º)
Trata-se de medida de celeridade procedimental e de boa ges-tão de recursos prevenindo a duplicação de processos, com os mesmos intervenientes e o mesmo objeto.
Efetivamente, se o requerente já deduziu o pedido junta da Casa Pronta e se o Município já se pronunciou, informando se exerce ou não a preferência, não existe qualquer dever de de-cisão nos termos do artigo 13.º n.º 2 do Código do Procedimen-to Administrativo. Estamos claramente diante uma questão pre-judicial que obsta ao desenvolvimento do procedimento admi-nistrativo e que acresce ao elenco exemplificativo contido no ar-tigo 109.º daquele mesmo Código.
Expurgar do artigo 149.º a referência à hora de entrega da candidatura dei-xando essa condição para o programa de candidatura.
Justifica-se esta ablação trata-se de uma referência de proce-dimento a incluir no programa em cada programa de candidatu-ra à hasta.
Permitir que a adjudicação definitiva prevista no artigo 155.º n.º 1 possa ser decidida por despacho do Vereador do Pelouro
O Presidente da Câmara poderá delegar essa competência no Vereador do Pelouro.
Substituir a referência a “escritura” mencionada no artigo 172.º n.º 3 por “contrato”
Trata-se de contrato pelo que deve operar-se a substituição.
Introdução de cláusula de direito de resolução, por razões de interesse pú-blico com reversão automática da pro-priedade plena ao Município mediante ressarcimento ao superficiário nos termos do regulamento (Cf. artigo 120.º)
Trata-se de uma cláusula de salvaguarda por razões de inte-resse público à semelhança do resgate em matéria de conces-são. Parece inequívoca a bondade desta disposição. O interes-se particular na manutenção do contrato não pode sobrepor-se ao interesse público na sua extinção, sem prejuízo do dever de indemnização ao superficiário.
Completar a redação quanto aos fundamentos da alienação
Levar a registo predial todos os factos jurídicos que importem a extinção de direitos, ónus e encargos registados, designadamente a cláusula de rever-são dos direitos de superfície;
Levar a registo a renúncia à indemni-zação, em caso de eventual expropria-ção, pelo aumento do valor resultante de obras realizadas em imóveis abran-gidos por planos de melhoramento municipais.
Não obstante, tais factos serem subsumíveis à tipificação conti-da no artigo 2.º do Código do Registo Predial justifica-se pela sua importância a previsão. Assim, deverá alterar-se a epígrafe do artigo 119.º(“Registo de Propriedade” para “Registo Predi-al”), introduzindo nela as situações seguintes:
A cláusula de reversão do direito de superfície e demais factos que importem a extinção de direitos, ónus e encargos regista-dos devem ser levados a registo para salvaguarda eficácia di-ante terceiros nos termos da alínea z) do artigo 2.º do Código do Registo Predial;
A renúncia à indemnização, em caso de eventual expropriação pelo aumento do valor resultante de obras realizadas em imó-veis abrangidos por planos de melhoramento municipais nos termos previstos na alínea u) do n.º 1 do Código do Registo Predial.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 41
DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E GESTÃO DA HABITAÇÃO
Prolongamento do prazo previsto no n.º1 do artigo 187.º de 90 para 180 di-as.
Trata-se de medida de proteção social porquanto findo o prazo para o cumprimento da obrigação pode ocorrer reavaliação so-cial que justifique novo acordo de pagamento de dívida.
Alterar a ordem do artigo 187.º (ce-dências de utilização) para 185.º (direi-to de superfície) para conformação se-quencial de acordo com o n.º 3 do arti-go 180.º
Trata-se de alteração sistemática coerente não só com a dispo-sição invocada mas também com a natureza dos direitos, colo-cando primeiro os de natureza obrigacional (arrendamen-to/cedências) e depois o de natureza real (superfície).
Abrir a possibilidade de recorrer a outro regime de gestão de imóveis ha-bitacionais para além da alienação prevista no artigo 103.º, sem prejuízo da prevalência da alienação a ocupan-tes habitacionais
Pelas razões aduzidas supra, o regime regra nesta matéria como é defendido pelo próprio Departamento de Políticas de Gestão de Habitação é o da alienação de imóveis a ocupantes habitacionais mas nada impede a previsão de outras formas de gestão, incluindo o direito de uso e habitação.
Por conseguinte, consagra-se a hipótese no artigo 103.º A.
Incluir na cláusula de exclusão da aplicação do regulamento à adminis-tração corrente dos bens do domínio público e privado municipal transferido para as empresas municipais os acor-dos de pagamento de dívida e cobran-ça coerciva
Com o devido respeito, considera-se que esta previsão já seria subsumível à previsão. Contudo e, para que não ressaltem dú-vidas, a hipótese será estipulada;
Por razões de natureza sistemática, será inclusa na disposição regulamentar cuja epígrafe é precisamente nos “Acordos de pagamento” (Cf. artigo 180.º)
Alterar a epígrafe do artigo 21.º para “Serviço responsável pela gestão pa-trimonial “
Pese embora a circunstância de não se justificar a sugestão, não se encontra vantagem na alteração. O regulamento deve primar pela sua clareza e, neste momento, a competência per-tence à DMGP. É claro que, nada impede que em sede de re-organização dos serviços, a unidade orgânica possa ser altera-da, mas haverá sempre um serviço responsável pelas compe-tências. Por conseguinte, não se justifica a alteração.
Assegurar a especificidade dos pro-gramas que incidam sobre património em bairros municipais e territórios de intervenção específica.
Consideramos que a gestão corrente dos imóveis em bairros municipais e territórios específicos geridos pela Gebalis é sub-sumível não só ao artigo 2.º, n.º 2 alínea f) como estão inclusos no âmbito dos imóveis em regime de gestão condicionada nos termos do artigo 27.º, n.º 2 alínea a) e n.º 3 alínea b) da mesma disposição;
Por conseguinte, considera-se dispensável a ressalva sugerida no que se refere a bairros municipais e territórios intervencio-nados por se inscreverem em programas municipais sectoriais no âmbito da habitação.
Incluir nas condições de candidatura às cedências de utilização a inexistên-cia de dívidas a qualquer empresa do setor empresarial do Município
Trata-se de medida pertinente e que será inclusa nas condições de candidatura previstas no artigo 137.º
Prever a possibilidade de atribuir sem concurso as arrecadações, garagens autónomas ou lugares de garagem pa-ra uso não comercial, desde que inte-gradas em bairros municipais e sem-pre que tal se revele a melhor solução para o interesse municipal.
Esta possibilidade parece ajustada do ponto de vista da boa gestão, devendo no entanto ser assumida como excecional.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 42
Ressalvar no âmbito da gestão de condomínios a representação da GE-BALIS nos bairros cuja gestão lhe te-nha sido transferida nos termos estatu-tários.
Trata-se de medida subsumível ao disposto no n.º 2 do artigo 2.º alínea f) mas não vemos qualquer inconveniente em intro-duzir essa ressalva na disposição dedicada à gestão de con-domínios
Incluir no artigo 212.º a revogação do artigo 2.º dos mercados retalhistas de Lisboa.
A norma revogatória incluirá a previsão como sugerido.
Concluída, pois, a análise às propostas apresentadas procurámos acomodar os contributos alterando e
aperfeiçoando algumas disposições (cf. sublinhado a cor verde) e mantendo a redação de outras, com
base nos fundamentos aduzidos supra, nos termos seguintes:
Artigo 110.º (…)
1. (…);
2. (…);
3. (…);
4. O Município autorizará o seu cancelamento nos casos de morte, invalidez permanente e absolu-
ta do adquirente ou incapacidade permanente global superior ou igual a 50% superveniente à
data da aquisição devidamente comprovada por atestado médico de incapacidade multiuso e
ainda noutras situações devidamente fundamentadas.
5. (…).
Artigo 111.º (…)
1- Antes de decorrido o prazo previsto no artigo anterior, a pedido do adquirente, pode a Câmara
Municipal ou o Presidente da Câmara mediante delegação da competência, suscetível de subde-
legação no respetivo vereador, autorizar o levantamento do ónus de inalienabilidade, mediante o
pagamento de uma compensação correspondente à diferença entre o valor da venda pelo Muni-
cípio e a primeira alienação a terceiros, nos termos do quadro seguinte:
(…)
2- A compensação prevista no número anterior não se aplica às situações excecionais previstas no
n.º 4 do artigo 110.º.
Artigo 34.º (…)
1. (…); 2. (…); 3. (…); 4. Todos os imóveis municipais que se encontrem em regime de execução poderão ser alienados
ou onerados através de hasta pública, ficando a escolha de outro tipo de procedimento sujeito a decisão dos órgãos municipais competentes.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 43
5. (…)
Artigo 66.º (…)
1- O direito à ocupação do domínio público municipal para os fins previstos no artigo anterior, faz-
se por concessão ou por simples licença, devendo, pelo menos, a primeira, ser atribuída através de procedimento de hasta pública, no termos do artigo 147.º e seguintes.
2- (…); 3- (…); 4- (…).
Artigo 96.º
(…)
1- (…); 2- Os imóveis do domínio privado do Município são alienados através de hasta pública, nos termos
do artigo 147.º e ss.
(…)
Artigo 129.º (…)
1- O arrendamento de imóveis municipais é realizado por hasta pública, aplicando-se os procedi-
mentos previstos nos artigos 147.º e seguintes. 2- (...)
3- (…)
ARTIGO 211º (Formas de cooperação entre o Estado e o Município)
1- Para além dos instrumentos previstos no artigo anterior, o Município poderá ainda colaborar com
o Estado em programas ou outros instrumentos específicos de aproveitamento de património imobiliário público que permitam mediante a prestação de contrapartidas específicas fixadas de acordo com o princípio da onerosidade, preparar e concretizar os procedimentos administrativos necessários à rentabilização patrimonial, incluindo a cedência de utilização temporária de imó-veis do Estado a favor o Município.
2- O Município poderá ainda aderir ou participar em programas ou outros instrumentos de gestão de património público nos termos em que a lei vier a aprovar, sem prejuízo do exercício das competências que igualmente lhe venham a ser atribuídas no âmbito da descentralização admi-nistrativa.
Artigo 205.º
(…) 1- (…); 2- (…); 3- (…); 4- As dívidas contraídas depois daquele prazo estão sujeitas ao regime geral previsto neste
regulamento, incluindo a cessação imediata da ocupação física do imóvel não habitacional sempre que o montante de dívida atinja valor igual ou superior a 75% da respetiva renda anual excecionadas as ocupações habitacionais sujeitas ao regime específico previsto no artigo 103.º e ss deste regulamento.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 44
5- O disposto no número anterior não prejudica a cobrança da dívida de acordo com a discipli-na jurídica aplicável aos respetivos contratos ou títulos de ocupação.
Artigo 151.º
(Publicitação do procedimento e realização do ato público)
1- O prazo de publicitação da hasta pública não poderá ser inferior a 30 dias úteis contados a partir da data da divulgação das peças do procedimento e a data da realização do ato público.
2- Nos casos de alienação ou oneração de imóveis que tenham sido abrangidos por pedido de in-formação prévia homologados favoravelmente, ainda que condicionadamente, nos termos do ar-tigo 14 e ss do regime jurídico de urbanização e edificação, o prazo previsto no número anterior será alargado por período nunca inferior a 50%.
3- O ato público realizar-se-á na data, hora e local, indicados no programa de concurso. 4- Só podem intervir no ato público os candidatos ou seus representantes legais que, para o efeito
estiverem devidamente legitimados, bastando, para tanto, a exibição dos respetivos cartões de cidadão ou passaportes e de procuração com poderes para o ato.
Artigo 172.º-A (Procedimento)
1- Nas situações expressamente previstas nas alíneas a) e b) do artigo anterior e, sem prejuízo do
disposto no n.º 2, a concretização do procedimento de ajuste direto nas condições estipuladas poderá realizar-se por recurso à bolsa de mediadores imobiliários, a constituir de acordo com o regime de contratação pública relativo à aquisição de serviços, tendo em vista a promoção pro-fissional e divulgação alargada nos mercados nacionais e internacionais dos imóveis integrados no regime de disponibilidade tendo em vista a boa gestão patrimonial.
2- No caso previsto no número anterior, o valor da receita proveniente da alienação, não poderá ser inferior ao “preço-base” da hasta pública após a dedução da comissão que incidirá sobre a pres-tação de serviço de mediação de acordo com as condições a estabelecer no caderno de encar-gos para efeito do procedimento de contratação pública.
3- Caso não seja possível alienar o imóvel nas condições indicadas no prazo do contrato de media-ção imobiliária, não será devida qualquer comissão em conformidade com os pressupostos a es-tabelecer no “caderno de encargos” para efeito do procedimento de contratação pública para a constituição da bolsa de mediadores imobiliários.
4- Na hipótese da promoção do imóvel efetuada pela mediação imobiliária permitir um valor de mercado superior ao valor do “preço base” fixado na hasta pública, após a dedução do valor da comissão devida pela prestação do serviço nos termos da contratação pública, poderá haver lu-gar à perceção de um prémio não superior a 2% do valor do acréscimo de acordo com as condi-ções a fixar no caderno de encargos para efeito da prestação do serviço de mediação imobiliária.
5- A bolsa de mediadores imobiliários a contratar de acordo com o regime da contratação pública a que se refere o n.º 1 deverá ter a periodicidade máxima de 3 anos.
Artigo 116.º
(Direito de Superfície)
1- (…) 2- (…); 3- (…); 4- (…) 5- 6- Com observância do procedimento concorrencial previsto no n.º 1 e 2, poderá o Município de
Lisboa constituir direito de superfície a favor de terceiros sobre o domínio privado para instalação e exploração de estação de serviços ou postos de abastecimento, sem prejuízo do disposto na Lei quanto à construção, instalação e exploração de tais equipamentos, aplicando-se, com as devidas adaptações, disciplina contida na Secção IV do capítulo II.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 45
Artigo 88.º (Aquisição sem consulta ao mercado)
1- (…); 2- (…) 3- O exercício do direito legal de preferência inscreve-se no âmbito do disposto no n.º1. 4- No âmbito do procedimento de consulta para efeito do exercício do direito legal de preferência a
decisão municipal tomada sobre a intenção de venda efetuada pelos mesmos requerentes, para o mesmo imóvel nas mesmas condições junto da Casa Pronta, exonera a reapreciação do mes-mo pedido, nas mesmas condições e circunstâncias, prejudicando eventual procedimento admi-nistrativo deduzido no mesmo momento junto do Município à margem daquela plataforma.
Artigo 149.º (Entrega do processo de candidatura)
O processo de candidatura deverá ser entregue nas horas, termos e condições fixadas no pro-grama do concurso do respetivo procedimento de hasta pública.
Artigo 155º
(Adjudicação definitiva) 1- (…) 2- (…); 3- A decisão de adjudicação definitiva prevista no n.º 1 é suscetível de subdelegação no Vereador
do Pelouro, devendo a respetiva notificação ser instruída com a minuta do contrato.
Artigo 172º (Admissibilidade)
1- (…); 2- (…); 3- No caso previsto na alínea c) do n.º 1, a celebração do contrato fica condicionada à realização
imediata das obras indispensáveis à salvaguarda das condições de segurança ou de remoção da insalubridade no prazo e condições previstas no relatório municipal que deverá fazer parte in-tegrante das condições do ajuste direto, sob pena de anulação da adjudicação, sem prejuízo da eventual responsabilidade civil por danos causados em caso de incumprimento.
Artigo 120.º (Prazo do direito de superfície)
1- O prazo de constituição do direito de superfície é fixado na deliberação do competente órgão
municipal, com um prazo mínimo de 20 anos e máximo de 75 anos, renovando-se automatica-
mente por períodos de 10 anos, caso nenhuma das partes se oponha mediante oposição escrita
com a antecedência mínima de 1 ano, desde que o Município de Lisboa não necessite da parce-
la ou dos prédios nela edificados para obras de renovação urbana ou outro fim de interesse pú-
blico.
2- (…)
3- Decorrido que esteja metade do prazo do direito de superfície, poderá o superficiário requerer ao
Município a aquisição da propriedade plena fundamentando a sua pretensão.
4- O Município ponderará os fundamentos do pedido de acordo com o interesse público municipal e
de acordo com os princípios da boa gestão pautado pelos critérios de economia e racionalidade
económica, e caso o superficiário esteja na situação prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 122.º
do presente regulamento e caso o pedido seja aceite o preço devido será apurado pela aplica-
ção da seguinte fórmula:
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 46
5- (…)
6- (…)
7- (…)
8- (…)
9- (…)
10- O prazo previsto no n.º 1 ou excecional fixado nos termos do número anterior, não prejudica o di-
reito de resolução por razões de interesse público com reversão automática da propriedade ple-
na ao Município mediante ressarcimento ao superficiário aplicando-se, com as devidas o regime
previsto, para o resgate da concessão.
Artigo 199º (Registo predial)
1- Aquisição de qualquer prédio para o domínio privado do Município está sujeita à inscrição
matricial junto da Autoridade Tributária e do Registo Predial respetivamente, nos termos da lei.
2- Sem prejuízo do disposto no número anterior, o Município prossegue o trabalho de regulari-zação de situações pré-existentes, no sentido de identificar os prédios do domínio público e privado municipal, garantindo para estes últimos o devido registo e inscrição da matriz.
3- A regularização prevista no número anterior será feita de acordo com o procedimento extra-ordinário de regularização da situação jurídico-registral dos bens do domínio privado do Mu-nicípio e através do procedimento extraordinário de registo dos bens imóveis daquele mes-mo domínio.
4- Atual n.º 3 5- Atual n.º 4 6- Nos termos e, para efeito do número que antecede, serão também levadas a registo as situ-
ações seguintes: a) Todos os factos jurídicos que importem a extinção de direitos, ónus e encargos regista-
dos, designadamente a cláusula de reversão dos direitos de superfície; b) A renúncia à indeminização, em caso de eventual expropriação, pelo aumento do valor
resultante de obras realizadas em imóveis abrangidos por planos de melhoramento municipais.
7- Atual n.º5 8- Atual n.º 6 9- Atual n.º 7 10- Atual n.º 8
Artigo 185º (Cedências de utilização)
1- Nas cedências para fins habitacionais, o incumprimento do pagamento do preço devido pela
ocupação por prazo igual ou superior a 180 dias, contados da data limite para proceder ao pa-gamento, implica a remessa das faturas para a Divisão de Execuções Fiscais para que seja ins-taurado o correspondente procedimento de execução fiscal. 2- (…) 3- (…) 4- (…) 5- (…) 6- (…) 7- (…).
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 47
Artigo 187º (Direito de superfície)
Artigo 103.º-A
(Constituição do direito de uso e habitação de imóveis habitacionais)
1- A constituição de direito de uso e habitação em favor dos ocupantes habitacionais de pré-
dios da propriedade do Município de Lisboa será constituída a favor, no máximo, de 3 dos
ocupantes da fração ou prédio à data do pedido que passarão a ser havidos como usuários.
2- O imóvel destina-se exclusivamente à habitação dos usuários e respetiva família.
3- Na família dos usuários compreendem-se apenas o cônjuge, não separado judicialmente de
pessoas e bens, as pessoas que com eles vivam em união de facto, os filhos, outros paren-
tes a quem sejam devidos alimentos.
4- O usuário e o morador usuário não podem trespassar ou locar o seu direito, nem onerá-lo
por qualquer modo.
5- Ficam a cargo dos usuários as reparações ordinárias, as despesas de administração e os
impostos e encargos anuais como se fossem usufrutuários, nos termos do código civil.
6- O direito de uso e habitação extingue-se:
d) Pela morte do último usuário;
e) Pelo incumprimento reiterado do disposto no n.º 2;
f) Pelo incumprimento do disposto no n.º 4.
7- O disposto no número anterior não é aplicável quando sobreviverem aos usuários filhos me-
nores ou parentes a quem por estes sejam devidos alimentos fixados por acordo ou judici-
almente, prolongando-se o direito de uso e habitação em favor exclusivo destes, até que
deixem de ser necessários comprovadamente os alimentos.
8- O título constitutivo do direito de uso e habitação contemplará as condições previstas no
presente artigo, aplicando-se no que não estiver especialmente estabelecido o disposto no
artigo 1485.º do Código Civil.
Artigo 180.º
(Acordo de Pagamento)
1- (…) 2- (…) 3- (…) 4- (…) 5- (…) 6- Os acordos de pagamento de dívida e cobrança de dívida devida pela ocupação de bens do
domínio público e privado municipal cuja gestão esteja transferida para as empresas municipais nos termos dos respetivos estatutos não estão abrangidos pela presente disposição.
Artigo 137.º
(Candidatura) 1- (…);
a) (…) b) (…) c) (…)
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 48
d) (…) e) (…) f) Declaração comprovativa da inexistência de dívidas às empresas municipais, subscrita pelo
próprio sob compromisso de honra, ou mediante declaração emitida pelas empresas muni-cipais.
2- (…) 3- (…).
Artigo 172º
(Admissibilidade) 1- (…);
Alíneas a) a i) (…) j) Atribuição de arrecadações, garagens autónomas ou lugares de garagem para uso não co-mercial, desde que integradas em bairros municipais e sempre que tal se revele a melhor solu-ção para o interesse municipal.
2- (…); 3- No caso previsto na alínea c) do n.º 1, a celebração do contrato fica condicionada à realização
imediata das obras indispensáveis à salvaguarda das condições de segurança ou de remoção da insalubridade no prazo e condições previstas no relatório municipal que deverá fazer parte integrante das condições do ajuste direto, sob pena de anulação da adjudicação, sem prejuízo da eventual responsabilidade civil por danos causados em caso de incumprimento.
Artigo 176.º
(Gestão de condomínios)
4- (…) 5- (…) 6- Nos bairros municipais cujos prédios estejam submetidos ao regime de propriedade horizontal e
cuja gestão pertença à GEBALIS a respetiva competência pertence empresa.
Artigo 212.º (Norma revogatória)
Com a entrada em vigor do presente regulamento são revogadas:
a) As disposições do regulamento do património municipal de 1968 sobre imóveis e património imobiliário e qualquer outra disposição normativa que não tenha carácter legal ou que prevaleça sobre a norma municipal nos termos da lei na parte que colide com o presente regulamento.
b) (…); c) (…); d) (…); e) O Regulamento Municipal de Abastecimento de Combustíveis Líquidos na área do domínio pú-
blico. f) O artigo 2.º dos Regulamento Geral dos Mercados Retalhistas de Lisboa
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 49
6.3- Ponderação dos contributos e esclarecimento de questões provenientes do setor empresarial local (EGEAC)
PEDIDOS DE ESCLARECIMENTO ANÁLISE
Questiona-se se os imóveis acometi-dos à gestão da EGEAC se subsumem ou não ao conceito de gestão condici-onada
Os imóveis acometidos à gestão da EGEAC se, e enquanto, estiverem subordinados à prossecução das atividades culturais inscritas no objeto social da empresa e cumprirem os objetivos que justificaram a atribuição dessa gestão, integram o regime de gestão condicionada por subsunção ao disposto no artigo 27.º n.º 2, alínea a) e n.º 3 alínea b).
Consequentemente, os ateliers municipais e as atuais “conces-sões” de equipamentos no âmbito do projeto inscrevem-se nos imóveis abrangidos pelo âmbito normativo da gestão condiciona-da.
Questiona-se as áreas de intervenção da CML versus Egeac no âmbito de atividades específicas, tais como, in-ventariação para a conservação, ma-nutenção dos imóveis (artigo 21.º al. e), por não se mostrarem consentâ-neas com a intervenção de uma em-presa municipal enquanto entidade gestora de património municipal, na forma como os preceitos se acham re-digidos
Afigura-se a existência de lapso na subsunção normativa invoca-da. Em todo o caso, sempre importará esclarecer que a EGEAC enquanto entidade responsável património municipal que foi co-metido à sua gestão é responsável pela sua manutenção, inven-tariação e estado de conservação nas mesmas condições em que o recebeu.
Questiona-se a utilização de conceitos sem definição prévia, tais como, “inte-resse público” ou “entidades públicas e privadas de reconhecido mérito públi-co”.
A noção de “interesse público” consagrada na Constituição e na Lei configura um conceito estrutural no Direito administrativo ori-entador atividade pública sendo, em si mesmo, um conceito vago e indeterminado, insuscetível de definição normativa. Tem sido a doutrina e a jurisprudência que se têm debruçado sobre o alcan-ce hermenêutico do conceito, estabelecendo a fronteira jurídica entre a margem de poder discricionário consentido (não sindicá-vel judicialmente) e os respetivos limites ou vinculações jurídicas. Tais limites, decorrem do princípio da legalidade e, uma vez ul-trapassados, serão não apenas judicialmente sindicáveis como serão suscetíveis de pôr em causa a bondade da atuação públi-ca.
Trata-se de matéria cuja colocação neste âmbito, poderá afigu-rar-se desenquadrada Com todo o respeito, diríamos que não compete ao regulamento definir aquilo que é o interesse público. Trata-se de um conceito discricionário, dinâmico e cuja integra-ção compete aos órgãos municipais que, em cada momento, sus-tentados em critérios de mérito, oportunidade e conveniência, ponderam e decidem as melhores soluções para a prossecução do interesse público concreto que pretendem levar a cabo em cada momento, sem prejuízo do respeito pelas regras legais e regulamentares aplicáveis sob pena de invalidade.
Consequentemente, o conceito de interesse público e de reco-nhecido mérito público são conceitos indeterminados e dinâmicos que carecem de integração administrativa concreta por parte dos órgãos municipais competentes de acordo com critérios de opor-tunidade e conveniência insuscetíveis de definição no regulamen-to.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 50
PEDIDOS DE ESCLARECIMENTO ANÁLISE
Questiona-se “a não previsão de uma cláusula de salvaguarda de direitos adquiridos vs “na parte que colida com o estabelecido no presente regulamen-to””.
A citação normativa levantada inscreve-se na redação dada à
norma revogatória. Percebe-se a colocação mas impõe-se escla-recer que são postas em causa, situações distintas. Uma coisa é a “não previsão de uma cláusula de direitos adquiridos”, outra é a revogação das normas do regulamento anterior sobre património imobiliário e de quaisquer outras que colidam com o disposto no regulamento atual.
Considera-se desnecessária a inclusão de norma de salvaguarda de direitos adquiridos atento o disposto n.º 1 do artigo 141.º do CPA que interdita a retroatividade dos regulamentos de conteúdo desfavorável.
Diferente, é a situação da revogação, com eficácia para futuro, a partir da data da sua publicação (ex nunc). Neste âmbito, impor-tará recordar que “A regra da revogação dos regulamentos, por substituição da disciplina vigente por outra nova (e não por ab-rogação pura), só vale para os regulamentos de execução ou complementares, destinados a tornar aplicáveis as leis existen-tes, mas já não para os chamados regulamentos autónomos ou independentes, que se baseiam numa simples norma de compe-tência, despida de conteúdo conformador de relações jurídicas: estes podem ser revogados pura e simplesmente, se essa revo-gação for expressa”. (Oliveira, Mário Esteves e Outros, em co-mentário ao Código do Procedimento Administrativo).
Questiona-se a exigência de cópia de documento de identificação“ o que, sem invocação de lei habilitante, con-substanciará ilícito”
Sublinha-se a pertinência da abordagem, sendo que o ilícito não decorre, propriamente, da falta de invocação da lei habilitante mas do facto de existir previsão legal que impede a reprodução do cartão de cidadão em fotocópia ou por qualquer outro meio, salvo consentimento do titular e nas demais circunstâncias tipifi-cadas no n.º2 do artigo 5.º da Lei n.º 7/2007, de 5 de fevereiro, na sua redação atual,
Por conseguinte, passará a reformular-se a redação do artigo 180.º n.º 4.
Sublinha-se a aplicação à EGEAC de procedimentos e conceitos e a produ-ção de efeitos resultantes da aplicação do artigo 201.º
Tal como sucede nas outras empresas municipais e nos serviços da Câmara o regulamento terá obviamente impacto na respetiva atuação e gestão do património municipal.
No que se refere às empresas, tal impacto refletir-se-á no âmbito da função acionista no âmbito do regime jurídico do setor empre-sarial local e das participações municipais.
Chama-se a atenção para a falta do anexo III previsto no artigo 207.º, n.º 2.
Trata-se de um défice de instrução que será colmatado pela junção do documento.
Sublinha-se a revisão final de ortogra-fia e gramática
Todos os trabalhos realizados na DMGP são objeto dessa revi-
são e, estamos em crer, que a proponente procura fazer o mes-mo nos documentos que elabora como, certamente, terá aconte-cido na presente situação. Por conseguinte, acolhe-se e partilha-se a sugestão pela sua pertinência, sem deixar de assinalar que o documento em análise, não observa o novo acordo ortográfico, obrigatório desde 1 de janeiro de 2012 e não faz qualquer ressal-va a esse respeito como seria desejável.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 51
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ponto 1:
Introduzir numeração ao artigo 2.º
Aparentemente, a alínea a) do artigo 2.º subtrai a aplicação do regulamento a parte “significativa” da atividade da EGEAC relativa aos imóveis munici-pais afetos à cultura, mas tal requer validação pelo seguinte:
Apesar de passar a haver preocupação com inventário e cadastro, “o facto é que em experiências mais ou menos recentes, a informação cadastral, existente nos serviços de património da CML mostra-se extremamente débil e desatualizada. Por exemplo, o Palácio Marquês de Tancos era publicamente anunciado como devolu-to, quando ainda tinha ocupações, entre as quais a da sede da EGEAC”. Questiona o que são “regras e regula-
mentos próprios”; “No caso específico do Castelo de S.
Jorge, a propriedade deste não é mu-nicipal, encontrando-se a cometido ao Município através de auto de cedência, tendo aquele, por seu turno, transferi-do a gestão para a EGEAC desde o início da laboração da empresa – co-mo enquadrar?
Questiona sobre o regime de gestão condicionada? Reproduzindo depois, por citação, a definição contida no pre-âmbulo e aludindo à definição incluída no artigo 3.º, sem acrescentar mais nada.
Adianta que o artigo 207.º n.º 2 “fixa em elenco de prédios urbanos sujeitos ao regime de gestão condicionada, constante do anexo III”, mas “tal anexo não existe”, não sendo “sequer” referi-do no índice do diploma, comprome-tendo o esclarecimento de dúvidas de património afeto à EGEAC. “Acresce ainda o disposto na alínea o) do art. 19.º, ao referir a aprovação anual da lista de tais imóveis em simul-tâneo com o orçamento e plano de ac-tividades do Município, bem como o que especificamente se refere no arti-go 27.º, a que iremos mais adiante”.
Acolhe-se a sugestão, trata-se um de um lapso que passa a corrigir-se numerando o artigo 2.º;
Considera-se a redação contida na alínea a) do artigo 2.º bas-tante explícita, tanto mais, que terá sido percebida, não se al-cançando a razão da necessidade de validação, nem o alcance da dúvida atenta a justificação apresentada que, para além de duvidosa é pretérita e, portanto, necessariamente anterior a es-te documento;
Importará ainda clarificar que a informação cadastral existente nos serviços de património, não “é débil, nem desatualizada”, o que, apenas por desconhecimento, poderia conceder-se.
Efetivamente, os serviços municipais não só desenvolveram a
aplicação Lisboa Interativa, na área dos Sistemas de Informa-ção Geográfica que disponibiliza a informação georreferenciada sobre a Cidade de Lisboa como elaboraram o esboço de cadas-tro em todo o Município de Lisboa. O trabalho realizado neste âmbito tem servido também de referência nacional e internacio-nal que, pela sua qualidade, tendo sido consecutiva e recente-mente premiado;
“Normas e regulamentos próprios” são disposições específicas a que estão sujeitos os imóveis incluídos no regime de gestão condicionada geridos pelos vários setores da atividade munici-pal, incluindo a ação social, cultura, educação, desporto e cultu-ra e outras atividades municipais;
A referência preambular, a definição contida no artigo 3.º e a disciplina referida no artigo 27.º traduzem, com precisão, o re-gime de gestão condicionada, nada mais havendo a acrescen-tar ou a esclarecer. A própria EGEAC depois de colocar a ques-tão, transcreveu a resposta do regulamento.
Confirma-se que o anexo III, referido no artigo 207.º n.º2, não se encontra junto, nem consta do índice. Circunstância que passa a corrigir-se através da respetiva junção.
Denota-se lapso na subsunção normativa efetuada. A matéria referida consta da alínea q) do artigo 19.ºque prevê atualização anual, em conjunto com o orçamento e o plano de atividades, da lista dos imóveis municipais que integram o regime de ges-tão condicionada previsto no artigo 27.º do presente regulamen-to.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 52
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Refere que atribuição de imóvel muni-cipal aos diferentes serviços munici-pais, bem como a afetação em gestão condicionada é competência do Presi-dente da Câmara, nos termos descri-tos na alínea k) do art.º 20.º;
Acrescenta depois “que a alínea d) supra exclui também a aplicação do regulamento a situações que, à caute-la, se identificam como eventualmente aplicáveis a parte da atividade da EGEAC: venda ambulante (manjeri-queiras, vendedores de artesanato e de farturas?), mercados de rua (?), ar-raiais e retiros populares nas condi-ções acima indicadas”;
Por último, termina o ponto 1, referindo “que a alínea f), talvez a que mais dire-tamente se aplique à totalidade do uni-verso da EGEAC, independentemente da actividade, se bem que existem du-as condicionantes: uma, que a gestão dos bens esteja conferida estatutaria-mente (o que, no caso da EGEAC, não se mostra actualizado); outra que se prende com a ressalva final da alínea, o que nos deixa sem saber exatamen-te o que pensar (“ sem prejuízo do es-pecialmente previsto neste regulamen-to”), quando nenhuma sec-ção/capítulo/artigo existe dedicado es-pecificamente a este enquadramento de gestão”, pelo que requer a clarifica-ção do alcance (sublinhado nosso).
No que se refere à alínea k) do artigo 20.º não foram colocadas quaisquer objeções ou dúvidas;
Sobre a “ alínea d) supra” teria sido importante clarificar a dis-posição porquanto “supra” tinham sido mencionadas 5 artigos. De todo o modo, importará esclarecer que após análise do con-teúdo, a EGEAC pretendia referir-se ao disposto na alínea d) do n.º 2 do artigo 2.º do projeto de regulamento. Impondo-se escla-recer que as “dúvidas” assinadas por “ponto de interrogação” são esclarecidas pela própria redação da estipulação normati-va. Com efeito, o elenco de situações subtraídas ao regulamen-to ali mencionado é, meramente exemplificativo, como se dis-corre da expressão “designadamente” e acrescido da referência aos respetivos regulamentos específicos;
Deste modo, se as situações mencionadas, como “manjeriquei-
ras, vendedores de artesanato, de farturas”, se inscrevem na atividade, com regras próprias, prosseguida pela EGEAC, de-vem ser subsumidas na alínea d) do nº 2 do artigo 2.º;
No que se refere à alínea f) do n.º 2 do artigo 2.º, confirma-se
que se trata de disposição destinada a abranger a universalida-de de bens cuja gestão foi transferida para o setor empresarial local do Município de Lisboa onde a EGEAC se inscreve. A re-ferência aos estatutos inclusa na disposição está correta sendo que a alegada “desatualização” não colide com o que os mes-mos estipulam. Efetivamente, se é certo que o artigo 4.º dos es-tatutos da EGEAC, identificam os equipamentos cuja gestão es-tá afeta à empresa, também é verdade que o artigo 5.º dos mesmos estatutos atribui à Câmara Municipal de Lisboa a pos-sibilidade de delegar na EGEAC a “ administração dos bens do domínio público ou privado do Município que sejam afetos ao exercício da sua atividade”.
Consequentemente, a EGEAC para além de gerir os equipa-
mentos mencionados nos estatutos gere ainda aqueles que a Câmara, por delegação, delibere colocar sobre a sua gestão. Por conseguinte, considera-se correta a referência aos estatu-tos não se retirando daí qualquer desatualização e, igualmente correta, a ressalva contida na parte final da alínea f) do n.º 2 do artigo 2.º. É que, o facto da administração corrente de tais equipamentos estar excluída do âmbito do regulamento, tal não significa que tais bens deixem de ser municipais (salvo o Caste-lo de S. Jorge que pertence ao Estado), sendo ao Município que compete decidir aqueles cuja administração deve delegar e que termos observado o disposto no Regulamento do Patrimó-nio do Município.
Assim, não se afigura necessária a inclusão de qualquer seção, capítulo ou artigo, que particularize a situação dos bens afetos à EGEAC.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 53
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ponto 2 -Artigo 3.º- Definições
Ressalta-se a utilidade da disposição do ponto de vista das suas definições, sem prejuízo de ressaltar o conteúdo e o alcance da alínea h)h) do artigo 3.º sobre o regime da gestão condiciona-da, interpretando, a esse respeito, que poderá defender-se que se encontram “nessa situação os imóveis de proprie-dade municipal acometidos à gestão da EGEAC por via de previsão estatu-tária”.
Confirma-se o alcance hermenêutico efetuado pela EGAC, sendo aliás um bom exemplo do alcance prático da referência contida na parte final do artigo 2.º alínea f), quando ressalva “o especialmente previsto neste Regulamento”, como acabou de explicitar-se no ponto que antecede.
Ponto 3 -Artigos 4.º a 14.º- Princípios
Neste âmbito, não se coloca inicial-mente nenhuma dúvida, identificam-se apenas os princípios – “tidos aqui co-mo princípios gerais (art. 4.º n.º 2)”.
Considera redundante a referência ao princípio da “boa administração” e identifica os demais princípios especi-ais.
Discorda com a redação do artigo 12.º por considerar que o mesmo conduz a “curiosa circunstância: só os trabalha-dores em funções públicas, os dirigen-tes e os titulares de órgãos municipais podem ser responsabilizados, discipli-nar, financeira e criminalmente. Toda-via, assim não é se atentarmos no dis-posto no n.º 5 do artigo 1.º da Lei 67/2007, na sua atual redação, que re-fere “ As disposições que, na presente lei, re-
gulam a responsabilidade das pessoas coleti-vas de direito público, bem como dos titulares dos seus órgãos, funcionários e agentes, por danos decorrentes do exercício da função ad-ministrativa, são também aplicáveis à respon-sabilidade civil das pessoas coletivas de direito privado e respetivos trabalhadores, titulares de órgãos sociais, representantes legais ou auxili-ares, por acções ou omissões que adoptem no exercício de prerrogativas de poder público ou que sejam reguladas por disposições ou princí-pios de direito administrativo”
Confirma-se o elenco dos princípios gerais que foi identificado mas corrige-se a subsunção normativa efetuada porquanto tais princípios constam do n.º 1 do artigo 4.º;
Com todo o respeito pela invocada “redundância” apontada ao princípio da “boa administração”, não se partilha esse entendi-mento. Não nos parece que essa previsão seja, de todo, juridi-camente redundante, pelo contrário. Importa salientar que este princípio constitui uma das importantes inovações trazidas pelo comummente designado “novo Código do Procedimento Admi-nistrativo” cujo conteúdo normativo assenta em critérios de efi-ciência, economicidade e celeridade. Trata-se aliás de um dos princípios mais relevantes na gestão do património imobiliário cujo incumprimento não é isento de consequências jurídicas;
Em rigor e, salvo o devido respeito, temos dificuldade em per-ceber como é possível, em termos jurídicos, retirar esta ilação a respeito do artigo 12.º É que o regulamento não pode afastar a lei e, como se refere e bem, a lei existe. Consequentemente, nos termos do anexo ao diploma que aprovou o regime jurídico da responsabilidade civil extracontratual do Estado e pessoas coletivas de direito público, concretamente no n.º5 do artigo 1.º, essa responsabilidade é extensível e aplicável às pessoas cole-tivas de direito privado e seus trabalhadores no âmbito das ações e omissões praticadas no âmbito do direito público;
Dito de outro modo, não é pelo facto do regulamento não incluir aquelas pessoas coletivas de direito privado e respetivos traba-lhadores, quando atuam no âmbito do direito público, que a EGEAC e demais entidades, ficará dispensada de cumprir a lei. Aliás, o mesmo se passaria se o regulamento não contivesse aquela disposição, estaria nos mesmos termos sujeito àquele regime jurídico.
A disposição é esclarecedora ao imputar a responsabilidade pelo incumprimento do disposto na lei e no regulamento;
No entanto, não se vê qualquer inconveniente em aditar ao artigo 12.º a aplicabilidade às pessoas coletivas privadas e res-petivos trabalhadores para que não reste qualquer dúvida.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 54
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Questiona, após a citação do artigo 1.ºn.º 5 da Lei 67/2007, o seguinte: “Mas, no caso da EGEAC, existem prerrogativas de poder público? E que parte da atividade é regulada pelo di-reito administrativo? Um exercício constante, neste último caso…”
Anota-se alguma perplexidade na colocação. A proponente a
propósito da análise que faz ao disposto no artigo 12.º do Re-gulamento chama a atenção para a circunstância do regime contido na Lei n.º 67/2007 ser aplicável também às pessoas co-letivas privadas e respetivos trabalhadores. Depois, questiona como é que aplica aquele diploma e qual o âmbito da sua ativi-dade que é regulada pelo direito administrativo.
Importa precisar que o objeto desta análise técnica se circuns-creve ao regulamento do património imobiliário. O esclareci-mento sobre qual o domínio da atividade da empresa que se rege pelo direito administrativo, por implicar prorrogativas de poder público, é uma questão jurídica à margem deste regula-mento e, que estamos em crer, que a empresa deve conhecer e/ou colocar aos seus serviços jurídicos.
Ponto 4 -Artigos 15.º- Pilares estraté-gicos da gestão patrimonial
Neste ponto, faz um pequeno resumo do disposto no n.º 1 do artigo 15.º, ressaltando nele, a parte que reproduz, relativa ao artigo 15.º n.º 1, alínea e), in fine”, quando refere”(…) ou das atri-buições do Município de acordo com as opções estratégicas plasmadas nos instrumentos estruturantes da gestão da Cidade” cuja expressão considera “curiosa”;
No que se refere ao disposto no n.º2
do artigo 15.º, considera, que caso se confirme que o património sob gestão da EGEAC se encontra sob gestão condicionada, defende-se que “atento o elenco de competências resultante da reorganização funcional, deverá ser assegurada pela DGF”. Estendendo a sugestão ao disposto nos artigos 17.ºalínea a), 21.º n.º1, alínea b) e d); 22.º, n.ºs 2,4,5 e 6, sem prejuízo de questionar a aplicação desta última disposição à EGEAC.
Trata-se de um resumo sucinto, sem qualquer pedido de escla-recimento ou colocação de dúvida, assinalando como “curiosa” a expressão utilizada no artigo 15.º, n.º 1 alínea e) in fine;
Dispõe o n.º 2 do artigo 15.º que “os imóveis afetos ao regime
de gestão condicionada serão objeto de monotorização pluria-nual, coincidente com o mandato autárquico, para verificação da conformidade das respetivas valências às finalidades públi-cas que ditaram a sujeição àquele regime, sem prejuízo de veri-ficações extraordinárias que se revelem necessárias”. A EGEAC propõe, certamente por lapso, que essa verificação e monitorização, fique a cargo da DGF (Divisão de Gestão de Frotas). Estamos em crer, que quereria referir-se à Direção Municipal de Gestão Patrimonial.
No que se refere à eventual aplicação do artigo 22.º à EGEAC,
trata-se de matéria expressamente excluída por força do artigo 2.º, n.º 2 alíneas d) e f).
Ponto 5 -Artigos 16.º- Missão Visão e Valores
Neste âmbito, refere apenas o seguin-te: “A maior ligação à EGEAC encon-trar-se-á na alínea f) do n.º 1 – mas como? Já o n.º 3 enfatiza os valores e os já bem conhecidos requisitos “dos 3 E`s”: economia, eficiência e eficácia”.
O artigo 16.º reporta à missão, visão e valores da gestão do património imobiliário do Município de Lisboa, no seu todo, sem particularizar de modo específico o setor empresarial local.
Os critérios da economia, eficácia e eficiência são os corolários jurídicos do princípio de boa administração aplicável à gestão do património imobiliário do Município como um todo.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 55
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ponto 6 -Artigos 17.º- Finalidades da inventariação e cadastro – descritivo
Nada a referir, neste ponto, reproduz-se apenas a epígrafe do artigo 17.º
Ponto 7 -Artigos 17.º, 18.º e 19.º- Competências da AM, da CM e do PCM
A propósito do “1.º caso” faz um resu-mo sucinto das competências da AM, identificadas no artigo 18.º;
A propósito do “2.º” (“caso”), faz uma súmula das competências da Câmara Municipal contidas no artigo 19.º;
“No 3.º caso” elenca e interroga algu-mas competências do Presidente da Câmara relativamente à EGEAC, nos termos que passa a reproduzir-se: “No 3.º caso, destaca-se a avaliação da manutenção dos pressupostos que determinaram a sujeição dos imóveis do domínio privado municipal ao regi-me de gestão condicionada, retirando e afectando a este regime sempre que tal se justificar (g) – ponto que interes-sará sobremaneira à EGEAC-; aprovar os documentos internos de gestão pa-trimonial (j); aprovar, mediante parecer fundamentado da DMGP, a atribuição de imóveis a serviços municipais, bem como a cedência ou afectação de uso em gestão condicionada dos que se encontrem sob a administração corren-te daqueles serviços (k) – A EGEAC não é um serviço da CML, mas uma empresa, dotada de autonomia admi-nistrativa, financeira e patrimonial, mas…?, aprovar as alterações de uso de imóveis em regime de gestão con-dicionada, ainda que dentro da mesma área de intervenção, mediante parecer fundamentado a emitir pelo serviço municipal competente em gestão pa-trimonial (l); autorizar os serviços ges-tores (quais? EGEAC não é um servi-ço, mas será uma entidade gestora?) a cederem a terceiros os imóveis sob a sua gestão, desde que a título precário e temporário (m) – todavia, outro pre-ceito do diploma parece pôr termo a cedências precárias …como configu-rar?
Este ponto contém um erro na identificação dos artigos. Anali-sado o conteúdo do chamado “1.º, 2.º e 3.º caso”, verifica-se que a matéria apreciada versa sobre o teor do disposto nos ar-tigos 18.º, 19.º e 20.º, sendo que, nos dois primeiros casos, se faz uma súmula (sucinta) das competências elencadas. “No 3.º caso” (artigo 20.º), identificam-se algumas competências e co-locam-se interrogações indiferenciadas;
As questões colocadas a propósito do “3.º caso” partem de pressupostos equívocos. É que, percebendo embora que o dis-posto na alínea g) do artigo 20.º possa interessar à EGEAC, a verdade é, que se trata de uma mera verificação da manuten-ção dos pressupostos;
A sujeição dos imóveis ao regime de gestão condicionada care-ce de deliberação municipal que, como se viu supra, é objeto de apreciação anual em conjunto com o plano de atividades e orçamento. E sendo certo, que a administração corrente dos bens do domínio público e privado municipal cuja gestão foi transferida para a EGEAC está excluída do âmbito deste Regu-lamento. Não é menos verdade que, que tais imóveis continu-am a ser do Município, salvo o castelo de S. Jorge. Consequen-temente, ainda que não se apliquem estas normas regulamen-tares à administração desses imóveis, a verificação dos pres-supostos que justificaram a transferência para a gestão da em-presa, continua a ser necessária, designadamente a verificação da afetação às respetivas finalidades que, em caso de desvio, poderá até justificar alteração estatutária ou cessação de dele-gação.
Importa ter presente que a EGEAC é uma empresa municipal detida a 100% pelo Município que exerce sobre ela a sua fun-ção acionista através da emanação de orientações estratégicas em assembleia geral, sem prejuízo de estar vinculado ao cum-primento do dever de informação à entidade participante, tendo em vista o seu acompanhamento e controlo nos termos do re-gime jurídico da atividade empresarial local e das participações locais. Portanto, importará reter que, não sendo um serviço da Câmara mas de outra pessoa jurídica de natureza privada e com autonomia como é referido, tal não significa que não esteja sujeito a condicionalismos que decorrem do regime jurídico próprio a que estão sujeitas e à prossecução do objeto contido nos estatutos
Sem prescindir, o disposto na alínea j) e k) reporta essencial-mente à atividade de patrimonial desenvolvida pela DMGP.
No que se refere à alínea k) como é referido - e bem- a EGEAC não é um serviço, consequentemente está fora deste âmbito;
Relativamente à alínea m), a redação da norma pode conduzir à interpretação defendida, mas não existe coincidência no re-gime como se desenvolverá no ponto 23.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 56
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ainda no ponto 7, refere “que a previ-
são regulada na alínea o), sobre a de-núncia de contratos de arrendamento sem dependência de acção judicial nas situações aí descritas suscita-nos as maiores reservas” (sublinhado nosso);
Por fim, refere que “Assiste ainda PCM as dúvidas de interpretação e de integração de lacunas (v) -“Embora o art.º 211.º já particularize as dúvidas de interpretação a esclarecer por des-pacho do PCM, “misturando” com o regime de interpretação e de integra-ção de lacunas do Código Civil”. Acrescentando depois o seguinte:
“Desde já, um excelente exercício para o esclarecimento de dúvidas de inter-pretação (que não de integração de la-cunas!) será, por exemplo, descodificar o que se pretende com a redação que, neste momento, apresenta o n.º 2 do art.º 20.º”
A previsão contida na alínea o) do artigo 20.º decorre da con-sagração na lei de um regime especial aplicável ao arrenda-mento dos bens imóveis do domínio privado das autarquias lo-cais contido no artigo 126.º do Regime Jurídico do Património Imobiliário do Município de Lisboa (Decreto-lei 280/2007 de 07 de agosto na sua atual redação). Consequentemente, não se justifica, no plano jurídico, a reserva suscitada.
Relativamente, à última questão e, sem prejuízo do colação pouco objetiva no sentido em que tudo “merece reservas”, sem justificar jurídica ou legalmente, ou fazendo uso de colocações irónicas, como acontece com as interrogações abstratas que atingem o seu ponto mais alto, na presente sugestão, configu-rada como “excelente exercício” para dilucidação de dúvidas, passamos a esclarecer o seguinte:
1) A leitura jurídica e objetiva da alínea v) do artigo 20.º e do artigo 211.º permite verificar que as disposições não só não são incompatíveis como estão em absoluta sintonia;
2) Não existe qualquer “mistura” dos institutos, nem no plano literal, nem no plano jurídico. No plano literal, não dizemos “interpretação ou integração de lacunas”, utiliza-se a partí-cula copulativa “e”. No plano jurídico também não se al-cança a alegada “mistura” porquanto remetemos para os critérios hermenêuticos contidos no Código Civil e que são distintos entre si. A interpretação é regulada pelo artigo 9.º e a integração no artigo 10.º;
3) O artigo 20.º é a disposição que aglutina todas as compe-tências legais e regulamentares do Presidente da Câmara relativas à gestão do património imobiliário. A alínea v) da disposição regula a competência para a interpretação e pa-ra integração de lacunas, remetendo para os critérios téc-nicos contido no Código Civil. Consequentemente, a inter-pretação em caso de dúvida hermenêutica e a integração em caso omissão de norma não é feita de forma arbitrária mas realiza-se de acordo com os critérios contidos na Lei.
4) O disposto no n.º 2 do artigo 20.º é juridicamente muito cla-ro e não gera qualquer dificuldade jurídica que reclame o recurso ao disposto no n.º1, alínea v) do artigo 20.º. Como se sabe, “a delegação de poderes ou de competências” é um instituto próprio da desconcentração administrativa. Consequentemente, a disposição diz, exatamente o que quer dizer. Ou seja, o facto das competências previstas pertencerem ao Presidente da Câmara, não obstaculiza a capacidade do Presidente poder delegar ou subdelegar as competências legais ou regulamentares previstas na norma que forem suscetíveis de desconcentração, através do ins-tituto da delegação de poderes.
5) Por último, sempre se recordará que disposição idêntica está igualmente contida n.º 2 do artigo 19.º no âmbito das competências da Câmara Municipal.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 57
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
6) Sem prescindir, e ainda que não tenha sido indicado, verifi-cámos que a redação do artigo 211.º poderia ser melhora-do e corrigidas as disposições remissivas para o Código Civil passando a alterar-se em conformidade.
Ponto 8 – Artigo 21.º - Competências
da DMGP
Neste ponto, sublinha as matérias contidas nas alíneas a), b), d) e k) e a sua ligação com “atuações expectáveis da EGEAC, ainda que a designação adotada nas alíneas d) e k) seja a de “serviços municipais”.
Acrescenta que o disposto na alínea h)
daquele mesmo artigo 21.º contém “potencialidades de que a EGEAC po-derá beneficiar, no que se refere a avaliação de imóveis (por exemplo, pa-ra fixação de um valor de renda para a cafetaria do Museu do Aljube?)”
Ressalta ainda a competência contida
na alínea l) do n.º 1, do artigo 21.º para realizar “pequenas obras e interven-ções”, sugerindo “a melhor definição deste conceito, por exemplo recorren-do-se ao valor da empreitada)”, refe-rindo que “Para tanto, existirá planea-mento e procedimentos destinados à optimização da respetiva utilização (alínea e) do n.º 2)”.
Considera-se pertinente a referência pelo que deverá acrescen-tar-se à alínea d) e k) a referência às empresas municipais e não apenas aos serviços, sendo de referir que relativamente àquelas apenas releva o património que continua a ser munici-pal ainda que seja gerido pela Câmara. Ou seja, não está em causa o património próprio da empresa que não é municipal porque esse não se inscreve no âmbito deste regulamento.
Confirma-se que a competência para as avaliações imobiliárias pertence à Direção Municipal de Gestão Patrimonial incluindo imóveis municipais cuja gestão seja direta ou que tenha sido transferida para as empresas ou para as Juntas de Freguesia pertence à Direção Municipal de Gestão Patrimonial.
A competência para realizar pequenas obras e intervenções é
diminuta, atento o valor e a complexidade das mesmas, sendo desnecessário particularizar uma vez que o exercício desta competência não opera de forma a isolada mas de forma articu-lada com os demais serviços municipais competentes.
Ponto 9 – Artigo 22.º - Dever de co-
municação e de consulta prévia dos outros serviços municipais.
Questiona se a EGEAC está “abrangi-da nestes circuitos ou, idealmente, de a redação ser melhorada nessa con-formidade em caso afirmativo”. Consi-derando que esse esclarecimento é “especialmente relevante nas situa-ções previstas nos n.ºs 2,4,5,6,7 e 8.
Considera-se oportuna esta referência. Contudo, as informa-
ções a solicitar e a prestar sobre o património municipal afeto à empresas municipais deve concretizar-se nos termos do regime jurídico do setor empresarial local.
Por conseguinte, ressalvado o disposto no n.º 2 cuja obrigação de comunicar recai sobre os serviços municipais competentes para a emissão de licença de ocupação e utilização do domínio público, as informações elencadas nos restantes números po-derão ser prestadas nos termos do regime específico, designa-damente ao abrigo do disposto na alínea f) n.º 1 do artigo 42.º da Lei 50/2012, na sua atual redação, junto do órgãos executi-vo da entidade pública participante que, por sua vez, deverá re-portar a informação relativa ao património imobiliário à Direção Municipal de Gestão Municipal.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 58
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Por fim, ainda neste Ponto 9, refere que a previsão do n.º 9 suscita “algu-mas reservas quanto à sua eventual desconformidade legal” (Sublinhado nosso).
Anota-se perplexidade diante a “eventual desconformidade
legal” da previsão n.º 9 do artigo 22.º. Com efeito, o regime ju-rídico do património imobiliário público contido no Decreto-lei 280/2007, na sua redação atual, estabelece no seu artigo 1.º, alínea a) “As disposições gerais e comuns sobre a gestão dos bens imóveis dos domínios públicos do Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais” (sublinhado nosso). Ora, um desses princípios jurídicos diretamente aplicável ao domínio público e, respetivos imóveis, é precisamente a “autotutela”.
Dispõe o artigo 21.º do citado Decreto-lei 280/2007 que a “Ad-ministração tem a obrigação de ordenar aos particulares que cessem a adoção de comportamentos abusivos, não titulados, ou, em geral, que lesem o interesse público a satisfazer pelo imóvel e reponham a situação no estado anterior, devendo im-por coercivamente a sua decisão, nos termos do Código do Procedimento Administrativo e demais legislação aplicável”
Por conseguinte, o que se retira do n.º 9 do artigo 22.º é que
sem prejuízo da participação criminal a que se referida no nú-mero 8 aplicável em caso de roubo, furto ou vandalismo, tais procedimentos, não prejudicam o dever de autotutela do Muni-cípio face aos particulares que adotem comportamentos abusi-vos, não titulados, ou, em geral, que lesem o interesse público a satisfazer pelo imóvel obrigando-os a repor a situação no es-tado anterior.
Esta disposição – n.º 9 do artigo 22.º - reproduz precisamente o
disposto em norma legal diretamente aplicável ao património público pelo que não pode retirar-se qualquer desconformidade legal.
Ponto 10 – Artigo 23.º - Regime do
domínio público
Destaca “a atenção para a alínea e) do n.º 2, ao prever-se a gratuitidade do “uso comum ordinário (…) salvo dispo-sição em contrário ou nos casos em que o aproveitamento seja divisível e proporcione vantagem especial“ por considerar, sem justificar, que a reda-ção suscita reservas.
Reitera o reparo relativamente ao
disposto no n.º 2 do artigo 36.º que re-pete o princípio.
A apreciação evidencia, de novo, eventual desconhecimento do regime jurídico contido no Decreto-lei 280/2007, na sua atual redação. Como tivemos ocasião de esclarecer nos pontos que antecedem aquele diploma aplica-se ao domínio público;
Por conseguinte, aplica-se diretamente o disposto no seu artigo 25.º cujo n.º 2 estipula que “O uso comum ordinário dos imóveis do domínio público é gratuito, salvo disposição em contrário nos casos em que o aproveitamento seja divisível e proporcione vantagem especial”;
Concluiu-se, pois, que o disposto no artigo 23.º do Regulamen-
to limita-se a reproduzir o contido na Lei aplicável, por razões de natureza sistemática, como se explicitou na nota justificativa e na presente introdução.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 59
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ponto 11 – Artigo 26.º - Regime de
gestão do domínio privado municipal
Refere sobre este ponto o seguinte:
“Apenas neste domínio encontramos o re-
gime de gestão condicionada ou de exe-
cução”
Com efeito, o artigo 26.º identifica a gestão do domínio privado municipal que é uma matéria que inscreve no âmbito da margem de discricionariedade consentida ao Município para regular, ao contrário do que sucede com o domínio público que tem regime legalmente definido.
Os regimes de gestão condicionada e de execução correspon-dem às categorias criadas pelo regulamento para organizar inter-namente a administração e a gestão do património imobiliário do Município de Lisboa sobre o domínio privado.
Ponto 12- Artigo 27.º - Regime de
gestão condicionada
Destaca que este “regime subtrai, tran-
sitoriamente, o imóvel do domínio privado
ao regime de execução e ao princípio da
disponibilidade patrimonial (a regra), sem
prejuízo da sua sujeição aos princípios da
eficiência e da boa administração por parte
dos “serviços gestores” (EGEAC?)”
(sublinhado nosso);
Acrescenta depois que “O n.º 2 determi-
na que integram este regime os imóveis
municipais (e só estes) que:
a) Estejam afectos ao prosseguimento
de atribuições próprias, com afecta-
ção de uso em algum dos diferentes
domínios da actividade municipal, e
que não devam ser dispensados de
tais fins com base em critérios de ra-
cionalidade económica – um pouco
vago e subjetivo ou interessante de-
pendendo do fim?
b) Integrem a reserva imobiliária definida
no Art. 28.º” (sublinhado nosso).
Refere que o “n.º 3 acrescenta que se
entende que “o imóvel está afecto ao pros-
seguimento de atribuições próprias do Mu-
nicípio sempre que”:
a) “Seja necessário para a instalação e funcionamento de serviços munici-pais ou outras finalidades de inte-resse público” – o que são estas fi-nalidades? E a relação do Município quanto ao espaço ocupado como sede pela EGEAC, como configurar?
A EGEAC, por analogia, aos serviços gestores do Município que têm afeto património do domínio privado subsumível ao re-gime de gestão condicionada, deverá também gerir o património cuja gestão lhe foi transferida de acordo com aqueles princípios,
Com todo respeito pela opinião sustentada não podemos parti-lhar o entendimento. Como é sabido, quer as atribuições munici-pais no âmbito da pessoa coletiva Município, quer o objeto social das empresas locais que se inscreve naquelas atribuições está legalmente consagrado (cf. artigo 23.º do Anexo I à Lei 75/2013, de 12 de setembro na sua redação atual e artigo 20.º da Lei 50/2012, na sua redação atual);
Por conseguinte, não se afiguram ambiguidades na disposição no plano do direito administrativo. A alínea a) estipula que é ne-cessário que tais imóveis estejam afetos à atividade municipal inscrita no âmbito das respetivas atribuições e que o interesse público da atividade desenvolvida naquele imóvel seja superior à racionalidade económica que resultaria do seu exercício noutro imóvel pela estrita aplicação de critérios de boa gestão;
Como tivemos ocasião de referir anteriormente, o interesse público é um conceito de direito administrativo indeterminado o que não se significa que seja arbitrário. A legitimidade das finali-dades elencadas afere-se de acordo com as atribuições postas por lei a cargo do Município;
Relativamente ao espaço ocupado pela EGEAC, como sede, apenas poderia haver relação com o Município caso a sede da empresa funcionasse em imóvel cuja titularidade pertencesse ao Município.
Não sendo esse o caso, a EGEAC é uma pessoa coletiva pri-vada, dotada de autonomia jurídica, administrativa e financeira e também de património próprio. Consequentemente, poderá para o exercício da seu objeto social realizar os negócios jurídicos ne-cessários, incluindo tomar de arrendamento imóveis, por exem-plo, para alterar a sua sede ou adquirir imóvel para o mesmo efei-to.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 60
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RE-
SERVAS ANÁLISE
b) “Em obediência a um princípio de
racionalidade e melhor aproveita-mento económico, sejam necessá-rios e adequados para o cumprimen-to de programas municipais sectori-ais, nomeadamente nas áreas da habitação, da cultura, da acção so-cial, do desporto e, genericamente, da reabilitação e regeneração urba-na –sem desprimor de melhor clarifi-cação, defende-se que os imóveis sob gestão da EGEAC são passíveis de se enquadrar nesta previsão” (sublinhado nosso);
c) “Outros imóveis estratégicos para a concretização de projetos de interesse público municipal relevante que não se-jam passíveis de concretização imedia-ta, por decisão do Presidente da Câma-
ra”.- “A lista de imóveis sob gestão condicionada é competência da Câmara e definida anualmente, com orçamento e plano de atividades. Ou há 2 listas? (sublinhado nosso);
Sublinha a “previsão constante nos n.ºs 6
e 8 acerca, respetivamente, da reavaliação
ordinária da permanência no regime no
início de cada mandato, havendo transição
automática para o regime de execução em
caso de alteração de pressupostos (logo,
seria relevante que esses fossem co-
nhecidos a priori), e das responsabilida-
des de administração dos serviços gesto-
res de património” (sublinhado nosso);
Refere que o “n.º 9 prevê que as altera-
ções ao uso dos imóveis em regime de
gestão condicionada, dentro da mesma
“área de intervenção” (conceito que seria
importante, também, clarificar), “neces-
sitam de autorização do PCM ou do vere-
ador com competência subdelegada para
o efeito, e de parecer fundamentado do
serviço municipal de gestão patrimonial”
(sublinhado nosso);
Efetivamente, os imóveis sob gestão da EGEAC que sejam da titularidade do Município e cuja gestão tenha sido transferida para a empresa inscrevem-se na alínea b) do n.º 3 do artigo 27.º , mas também no n.º 2 alínea a) da mesma disposição.
A forma como a questão é colocada induz em erro. Não exis-tem duas listas. São situações distintas no tempo e nas circuns-tâncias. Como é sabido o plano de atividades e o orçamento é anual e, em anexo, seguirá a lista do património municipal em gestão condicionada. Questão diferente é, em momento distinto, surgirem imóveis que, pelas suas características, se revelem es-tratégicos para a concretização de projetos de interesse munici-pal relevante que não sejam passíveis de concretização imediata, por exemplo, por falta de disponibilidade financeira. Veja-se, por exemplo, a situação de um imóvel relativamente ao qual o Muni-cípio decide exercer a preferência por ter tais caraterísticas e que não coincide com o momento da aprovação anual do plano de atividades, nem como o orçamento. Nessa altura, o imóvel será colocado neste regime e integrará a lista dos imóveis que consta-rão do anexo no ano seguinte em conformidade com os pressu-postos fixados,
No que se refere ao comentário gizado a propósito do n.º 6 e 8,
importa esclarecer que os pressupostos são conhecidos porque estão estabelecidos. Com efeito, o artigo 27.º nos seus vários números e alíneas é bastante claro na identificação das circuns-tâncias que podem gerar a colocação dos imóveis neste Regime. Consequentemente, o despacho do Presidente da Câmara terá sempre de ser fundamentado nos termos do regulamento.
Relativamente às dúvidas colocadas a propósito do n.º 9, im-
porta esclarecer que a alteração ao uso do imóvel, em regime de gestão condicionada, dentro da mesma área de intervenção, re-porta àquele conjunto de situações em que, no mesmo segmento da atividade municipal, por exemplo, cultural, desportiva ou outra, o imóvel é mais necessário para a prossecução de uma finalida-de, do que para outra, por exemplo, é mais necessário o imóvel para loja social do que para creche, porque entretanto foi constru-ída outra, ou qualquer outra circunstância, que se considere rele-vante e que justifique a alteração na prossecução da mesma ati-vidade.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 61
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ainda no Ponto 12 considera que o n.º
10 do artigo 27.º é “totalmente contra-ditório, nos próprios termos, ao permitir “ainda que informalmente” uma cedên-cia que venha a ser autorizada pelo PCM, sem mais fundamento legal, no quadro de um regulamento que tem como pilar a proibição desse tipo de cedências” (sublinhado nosso);
Por fim, refere que é “também muito discutível, pela sua redação, a aplica-ção do enunciado no n.º 11 à EGEAC” (sublinhado nosso);
A lógica desta disposição é precisamente a mesma da alínea que lhe antecede. Existe, por exemplo, manifesto interesse públi-co nessa cedência para a melhor realização desse segmento de atividade. Esta alteração também carece de autorização do Pre-sidente da Câmara porquanto existe uma alteração de circuns-tâncias, as quais – também elas – terão de ser subsumíveis nas normas do Regulamento;
A contradição não se demonstra. Confirma-se que o regula-mento pretende acabar e acaba com as “cedências precárias” como decorre de forma muito clara do disposto no artigo 204.º. O que a previsão contida no n.º 10 do artigo 27.º salvaguarda é a cedência de utilização prevista no artigo 23.º do já citado Decre-to-lei 280/2007
Relativamente ao disposto no n.º 11 do artigo 27.º importa re-cordar o disposto no artigo 2.º, n.º 2, alínea f), sem prejuízo de assinalar o dever de informação a que a entidade empresarial es-tá sujeita no quadro do regime jurídico do setor empresarial local como tivemos ocasião de expressar a propósito dos comentários ao artigo 22.º para o qual se remete.
Ponto 13- Artigo 37.º - Cedências de
utilização a outras entidades públicas
Destaca o disposto no artigo 37.º que, grosso modo, “prevê que os bens do domínio público municipal possam ser cedidos a título precário, por auto de cedência e aceitação, aplicando-se o princípio da onerosidade”.
De seguida, questiona o seguinte: “Regra cuja reciprocidade a EGEAC devesse considerar?”
Sublinha-se que esta matéria reproduz o regime contido no Decreto-lei 280/2007, nomeadamente o contido no artigo 23.º sem esquecer a aplicação das disposições gerais, in casu, o princípio da onerosidade, aplicável ex vi do artigo 1.º, alínea a) do mesma diploma legal.
Ponto 14- Artigo 38.º - Uso comum ex-
traordinário
Neste propósito refere “ O uso comum
extraordinário (que é o quê) dos imó-
veis do domínio público fica sujeito a
autorização (por parte de quem?) e ao
pagamento das taxas previstas no Re-
gulamento Geral de Taxas, Preços e
Outras Receitas do Município de Lis-
boa, de acordo com as condições fixa-
das no n.º 2”;
De seguida, acrescenta que que caso
se defenda a “aplicabilidade à EGEAC,
tal implicar que uma empresa de Direi-
to Privado aplique taxas, um conceito
de Direito Público”.
O conceito e regime do uso comum extraordinário do domínio público consta do artigo 26.º do Decreto-lei 280/2007,
As empresas municipais estão sujeitas ao regime jurídico da atividade empresarial local e das participações locais na sua atu-al redação em todos os segmentos da sua atividade, incluindo sendo o caso no exercício das prerrogativas e poderes de autori-dade que porventura lhe tenham delegadas e que estejam asso-ciadas à gestão do domínio público com regime legal definido.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 62
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ponto 15- Artigo 39.º e ss- Utilização
privativa de domínio público
Aqui se refere “que os particulares possam adquirir direitos de uso privati-vo do domínio público municipal, por li-cença ou concessão, neste caso, pre-ferencialmente por hasta pública, para se garantir a concorrência, a boa ges-tão pública e a transparência”;
Anuncia que “a aplicação do artigo a todo o tipo de ocupação do domínio público (n.º 2), o que poderá acarretar problemas para a gestão de alguns equipamentos e algumas atividades da EGEAC, caso os exactos poderes de gestão desta não sejam atempada-mente esclarecidos/acautelados”;
Declara que “as condições de utiliza-ção privativa são reguladas no art.º. 40.º e o licenciamento na secção se-guinte (artº. s 41.º e ss)”;
Acrescenta que de acordo com o n.º 4 do artigo 41.º, não parece ser possível a EGEAC, “se para o efeito for consi-derada um particular, reunir as condi-ções requeridas para vir a beneficiar de licença de utilização privativa do domínio público, excepto para eventos ocasionais (alínea c), pelo que não se-rá esta via a explorar, ainda que o pre-ceito refira “sem prejuízo do disposto em regulamento específico”;
Refere que “nos termos do artigo 50.º caso se considere que “a EGEAC uma entidade privada, poderá o Município celebrar um contrato administrativo de concessão para uso ou exploração pri-vativa de parcelas do domínio público municipal, por prazo fixado “por delibe-ração dos competentes órgãos munici-pais no acto de atribuição” (art.º 51.º)”;
Refere que o “contrato é sujeito a contrapartida financeira nos termos de-finidos no art.º 52.º e às obrigações elencadas nos art.s 53.º (para a con-cessionária) e 54.º (para o conceden-te).”
A gestão dos bens imóveis do domínio público das autarquias locais encontra-se regulada na Lei vinculando o Município e tam-bém, como é óbvio, o setor empresarial local;
Consequentemente, os imóveis que sejam do domínio público e cuja gestão tenha sido transferida para a EGEAC através dos es-tatutos ou por delegação, nos termos estatutários estão também sujeitos àquele regime e aos demais diplomas, incluindo o Códi-go dos Contratos Públicos.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 63
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ponto 16- Artigo 82.º- Concessão de exploração Neste ponto, apenas refere que “Resta
ao PR um único art.º para a previsão da figura da concessão de exploração, sujeitando-a a um prazo de 30 anos, improrrogável (n.º 3), embora a reda-ção do n.º 4 deixe a dúvida sobre esse facto admitir, em circunstâncias exce-cionais que não determina, ainda que devidamente fundamentadas, a altera-ção do prazo e de outros elementos fundamentais do contrato”.
Confirma-se o entendimento sufragado. A regra é a indicada, sem prejuízo da possibilidade de alteração excecional nas condi-ções indicadas no n.º 4.
Ponto 17- Artigo 83.º e ss – Gestão do domínio privado do Município
Confirma-se que o artigo 83.º e seguintes, versa sobre a maté-ria indicada.
Ponto 18- Artigo 117.º – Entidades públi-cas e entidades privadas de reconhecido mérito público (sublinhado nosso) Refere que a previsão se relaciona
com a “utilização do direito de superfí-cie”;
Acrescenta depois que “Em qualquer caso, não é definido, ou não se encon-trou a definição, para nenhum dos conceitos empregues, o que se consi-dera uma enorme fragilidade para o preceito” (sublinhado nosso);
Por fim, anota que “Situação idêntica coloca-se a propósito do artigo 124.º, n.º 1 (usufruto), do artigo 130.º, n.º 1 (comodato) – sendo que, neste caso a figura poderá ser do potencial interes-se da EGEAC, atenta a previsão da alínea b) do n.º 2, sendo esta compe-tência da CM, mediante proposta do PCM ou do vereador com competência em matéria de património. A referência a este tipo de entidades encontra-se igualmente no n.º 2 do artigo 136.º e no n.º 1 do art.º 210.º”
Em Direito, uma pessoa coletiva uma entidade pública, ou seja, uma pessoa coletiva de direito público, i.é, com personalidade ju-rídica pública;
Pese embora não ser esta, a sede própria, sempre poderemos adiantar juridicamente que apesar diversidade concetual, no es-sencial, a doutrina tem desenvolvido vários critérios que conjuga-damente contribuem para a delimitação ou identificação do con-ceito, sendo de destacar, designadamente os seguintes: a) Critério do fim através do qual se afere natureza finalística da
pessoa coletiva em função da natureza do fim ou interesse prosseguido permitindo distinguir as pessoas coletivas públi-cas das pessoas coletivas privadas;
b) Critério do modo de criação em função da respetiva natureza jurídica do ato permitindo distinguir as pessoas coletivas pú-blicas com as criadas por outras pessoas coletivas públicas sob a forma de lei ou ato administrativo;
c) Critério do regime jurídico aplicável e da titularidade de pode-res públicos ou de autoridade, poderes e deveres públicos que permite aferir a natureza jurídica pública ou privada da pessoa coletiva em função da sua sujeição ao direito admi-nistrativo ou ao direito privado;
d) Critério da integração em função da sua inclusão jurídica na organização administrativa do Estado ou da Administração Autónoma;
Assim, são indubitavelmente pessoas coletivas públicas o Es-tado, Regiões Autónomas, Autarquias Locais, Institutos Públicos, Entidades Públicas Empresariais, Associações Públicas e outras corporações públicas e Entidades Administrativas Independentes.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 64
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ponto 18- Artigo 117.º – Entidades públi-cas e entidades privadas de reconhecido mérito público (sublinhado nosso)
Refere que a previsão se relaciona
com a “utilização do direito de superfí-
cie”;
Acrescenta depois que “Em qualquer caso, não é definido, ou não se encon-trou a definição, para nenhum dos conceitos empregues, o que se consi-dera uma enorme fragilidade para o preceito” (sublinhado nosso);
Por fim, anota que “Situação idêntica coloca-se a propósito do artigo 124.º, n.º 1 (usufruto), do artigo 130.º, n.º 1 (comodato) – sendo que, neste caso a figura poderá ser do potencial interes-se da EGEAC, atenta a previsão da alínea b) do n.º 2, sendo esta compe-tência da CM, mediante proposta do PCM ou do vereador com competência em matéria de património. A referência a este tipo de entidades encontra-se igualmente no n.º 2 do artigo 136.º e no n.º 1 do art.º 210.º”
Encontradas as pessoas coletivas privadas por contraponto às pessoas coletivas públicas de acordo com os critérios vindos de enunciar chegamos à noção de “reconhecido mérito público”;
O mérito público poderá discorrer do reconhecimento da utilida-de pública da pessoa coletiva privada nos termos da Lei ou resul-tar das chamadas “indeterminações estruturais” inscritas no âm-bito do poder discricionário da administração como tem sido assi-nalado na doutrina, sendo muito abundantes até, podendo nós, a título meramente exemplificativo elencar o já abordado “interesse público” a par de outros conceitos, tais como, “bem como”, “con-veniência de serviço”, “solução adequada” e também “reconheci-do mérito público”.
A discricionariedade administrativa assenta em critérios de oportunidade e conveniência deixando à Administração a integra-ção destes conceitos indeterminados com respeito pelo quadro normativo, porquanto são conceitos discricionários, mas não são arbitrários, requerem ponderação e fundamentação do ponto de vista do concreto interesse público a prosseguir.
Ponto 19- Artigo 136.º e ss – Cedências de utilização
Afirma-se que se prevê a “utilização temporária de imóveis a outras entida-des públicas ou privadas, mediante a celebração de um protocolo de colabo-ração, auto de cedência ou outra forma permitida por lei”;
Acrescenta-se depois que “não se alcança se por um constrangimento de sistematização ou se por intenção, porventura o resultado aqui espelhado parece contrariar a lógica da constru-ção do regulamento, ao insistir numa janela de possibilidade de tudo se manter na mesma, ou seja, cedências precárias de curta duração. E sem qualquer salvaguarda da posição do ocupante”, sem embargo de registar que “todo o processo é absolutamente transparente, atento o processo de candidaturas regulado nos art.s 137.º e 138.º”
A ilação retirada não se confirma como se verifica do teor do artigo 204.º;
Esta figura não é introduzida pelo regulamento. Trata-se de instrumento previsto no artigo 23.º da Lei 280/2007, na sua reda-ção atual;
Tendo por base essa figura prevê-se a possibilidade de ser passível de utilização também no âmbito do domínio privado à semelhança do que sucede com o Estado naquele mesmo diplo-ma.
A posição do Município e do ocupante, à semelhança do que se passa no Estado, fica devidamente acautelada pelo procedimento e pelo título, porquanto o auto de cedência cujo cumprimento é fiscalizado pelo Município, acautela a denúncia, a todo o tempo, sempre que razões de interesse público assim o justifiquem.
Por outro lado, o ocupante não frustra expetativas conhece desde logo a natureza precária da cedência e respetivas conse-quências estando na sua disponibilidade aceitar ou não, firmar ou não o auto de cedência nos termos previstos no regulamento.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 65
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ponto 20 - Artigo 173.º e ss – Gestão de contratos e ocupações Destaca a competência da DMGP para
manter “permanentemente actualizado o cadastro de ocupantes de património imobiliário municipal”, com fixação de prazo das diversas diligências.
Acrescenta depois que “Pese embora não existir, neste momento, certeza sobre a figura que a EGEAC deverá assumir neste contexto, pressupõe-se evidente a necessidade de mínimos de interacção com aquele serviço, pelo que, como acima já defendido, atenta a presente organização funcional, apontar-se-á a DGF como a UO mais adequada a adequar os procedimentos que se revelarem necessários a essa interacção”.
Refere ainda que as “diligências aco-
metidas à DMGP encontram-se indis-sociadas do regulado nos art.ºs 190.º e ss (inventário e cadastro), ressaltando aqui o disposto nos n.ºs 7 e 8 do art. 199.º - no primeiro caso, obrigação de inscrição e de registo; no segundo, de afixação de placa de identificação de propriedade”
Nesta matéria, importará recordar que a EGEAC está abrangida pelo disposto no artigo 2.º, n.º 2, alínea f);
O Município de Lisboa conhece o património cuja gestão trans-feriu para a EGEAC. Tal não invalida que seja requerida e pres-tada informação mais específica sobre esta matéria mas será sempre no quadro do regime jurídico do setor empresarial local e das participações municipais, nomeadamente no âmbito dos de-veres de informação contidos no artigo 42.ºn.º 1 alínea f).
Não vemos como possa ser possível extrair essa conclusão. As
competências da DMPG incidem sobre a administração e gestão do património imobiliário do Município de Lisboa nos vários seg-mentos da intervenção, domínio público, domínio privado, gestão de contratos, etc. O cadastro e inventário é um dos segmentos mais importantes da atividade do ponto de vista da boa gestão. Justifica, por isso, a dedicação de um título específico sobre esta matéria para que, de forma mais técnica e detalhada, concretize as competências previstas nas alíneas a), b), f), g) todos do n.º 1 do artigo 21.º, sob a epígrafe “Direção Municipal de Gestão Pa-trimonial”.
Ponto 21 - Artigo 179.º e ss – Recupera-ção de créditos e regularização de dívidas Sugere a “ponderação da aplicabilida-
de referencial na EGEAC do disposto nos art.ºs 180.º e 181.º, em alguns pontos em modo mais simplificado”;
Salienta a irregularidade do previsto na alínea a) do n.º 4 do art. 180.º-exigência de cópia de documento de identificação.
Além do património cuja gestão o Município transferiu para a EGEAC esta também dispõe de património próprio para gerir com autonomia no respeito pelas orientações estratégicas que lhe fo-rem definidas em Assembleia Geral pelo representante nomeado pela Câmara para exercer a função acionista junto da empresa.
Nesta conformidade, a EGEAC deverá gerir o seu património de acordo com os princípios de boa gestão mais ajustados à apresentação dos resultados equilibrados nos termos do regime jurídico do setor empresarial local e das participações locais.
Destaca-se a importância deste reparo e, como foi assinalado
supra, a redação será reformulada em conformidade com o dis-posto no artigo 5.º da Lei n.º 7/2007, de 5 de fevereiro, com as alterações introduzidas pela Lei n.º91/2015, de 2 de agosto.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 66
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ponto 22 - Artigo 201.º– Aplicação no tempo
Refere que “Considerando a aplicação do PR para futuro, as situações em vi-gor dispõem de um ano para a ele se adaptarem”
Reitera-se o teor da referência que corresponde ao disposto no n.º 2 do artigo 201.º.
Ponto 23 - Artigo 204.º– Cedências precá-rias
Considera que a “actual redação de ambos os n.ºs parece contrariar tanto o art.º 201.º como o próprio art. 136.º e ss, sendo ele próprio contraditório en-tre si, uma vez que, como já mencio-nado, se bem se compreendeu o pre-sente projeto (e admite-se o contrá-rio),não se conclui quais são, afinal, as diferenças entre “cedências precárias” e “cedências de utilização”, igualmente precárias.
Percebe-se a colocação mas existem diferenças de regime. No plano formal, importa assinalar que enquanto as “cedências
precárias” eram decididas por ato administrativo, individual e concreto e reguladas com as devidas adaptações pelo procedi-mento contido no CPA. As “cedências de utilização” têm base re-gulamentar sendo disciplinadas, por norma geral e abstrata, per-mitindo uma aplicação uniforme e paritária aos respetivos desti-natários;
No plano material, importa anotar que as “cedências precárias” não tinham estipulação de prazo e eram gratuitas. As cedências de utilização são onerosas e não podem ter prazo superior a 3 anos, sem prejuízo do Município poder cessá-las a todo o tempo, sempre que o interesse público o justificar.
A montante das diferenças referidas, importará voltar a lembrar que a figura decorre diretamente do disposto no artigo 23.º do Decreto-lei 280/2007, tendo o regulamento estendido ao domínio privado, regime equivalente ao fixado na lei.
Ponto 24 - Artigo 207.º– Ativos imobiliá-rios em gestão condicionada – MUITO IMPORTANTE
Anota que o “n.º 1 determina o prazo de um ano a contar da entrada em vi-gor do regulamento para que, sob pro-posta da DMGP, os prédios municipais sejam incluídos num dos regimes de gestão previstos”, adiantando depois que n.º 2 refere que os prédios cons-tantes do anexo III se encontram sujei-tos ao regime de gestão condicionada “ o tal que, nem no índice do PR, exis-te, lamentavelmente”.
Como tivemos ocasião de referir supra será junto o anexo e feita apresentação identificando tais imóveis, sem prejuízo de os mesmos já serem suscetíveis de ser conhecidos atenta o nível de concretização das previsões contidas nos vários números e alí-neas constantes do artigo 27.º
Ponto 25 - Artigo 209.º– Comissão de acompanhamento Interroga se será descabido a EGEAC
integrar, tal como as outras empresas municipais, como a GEBALIS.
Cumpre sublinhar sobre esta matéria o disposto no artigo 2.º, n.º 2, alínea f) bem como a circunstância incontornável das em-presas municipais serem pessoas coletivas distintas da pessoa coletiva Município, sem prejuízo da sujeição às orientações estra-tégicas que lhe são definidas pelo acionista em sede de assem-bleia geral.
A disposição prevê que a comissão de acompanhamento seja designada pela Câmara com o máximo de 5 elementos sendo evidente a importância destes serem destinatários, imediatos e diretos das previsões regulamentares.
Sem prescindir, nada impede que as empresas municipais pos-sam dirigir as suas observações, reclamações ou sugestões junto da comissão de acompanhamento.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 67
PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS
ANÁLISE
Ponto 26 - Artigo 212.º – Norma revogató-ria Refere que o disposto na “alínea a)
suscita as maiores reservas quanto a considerarem-se revogadas, com o presente regulamento, “qualquer outra disposição normativa, independente-mente da sua natureza jurídica, na par-te em que colida com o estabelecido no presente regulamento”.
Considera que “as primeiras reservas são objetivamente de índole constitu-cional, e duplas: quanto à força do re-gulamento para revogar diplomas de categoria superior (o que a redacção supra parece admitir); e quanto à pos-sibilidade de, por essa via, se obterem efeitos retroactivos”;
As segundas reservas são “factuais e materiais, prendem-se com a ligação aos despachos e deliberações de transferência de gestão de equipamen-tos municipais para a EGEAC. Como admitir que podem os mesmos ser agora contrários ao presente regula-mento?! Inadmissível!” (sublinhado nosso).
Anota-se a pertinência da colocação. Efetivamente, a redação permite retirar a interpretação sustentada pelo que deverá ser al-terada. Consequentemente, da alínea a) do artigo 212.º será ex-purgada a expressão “independentemente da sua natureza jurídi-ca”, passando a constar (…) “e, qualquer outra disposição norma-tiva que não tenha carácter legal ou que prevaleça sobre a norma regulamentar nos termos da lei”.
Conclusão: Considera oportuno aproveitar a possibili-dade conferida pela fase de discussão pública em que o diploma se encontra para apresentar contributos e sobretudo solicitar esclarecimentos “tendo em conta o universo de património gerido pela EGEAC, a nossa missão e valores defini-dos pelo próprio acionista, e o objecto do regulamento que parece esquecer esta realidade” (sublinhado nosso).
O regulamento não só não esquece o universo do património municipal gerido pela EGEAC como acautela a autonomia da empresa quanto à gestão desse património. Por essa razão, ex-cluiu a aplicação do regulamento às empresas municipais no que se refere à gestão corrente dos bens do domínio público e priva-do municipal cuja gestão foi transferida pelo Município.
Por conseguinte, teve presente a inexistência de subordinação hierárquica bem como o facto de se tratar de outra pessoa jurídi-ca, com personalidade e capacidade própria que foi criada nos termos da lei como empresa local de gestão de serviços de inte-resse geral à qual compete gerir o património cultural do municí-pio de Lisboa nos termos dos estatutos, incluindo as delegações previstas no artigo 5.º daqueles mesmos estatutos;
O património transferido para a gestão da EGEAC encontra-se, todo ele, incluído no regime de gestão condicionada enquanto se verificarem os respetivos pressupostos a verificar pelo Município no âmbito da função acionista;
A relação entre Município e a EGEAC no âmbito da gestão patrimonial e demais matérias far-se-á sempre, no quadro da Lei 50/2012, sem prejuízo da sujeição aos demais diplomas, incluin-do o regime jurídico do património imobiliário público sempre que atue no âmbito do domínio público.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 68
Concluída, pois, a análise às propostas apresentadas procurámos acomodar os contributos alterando e
aperfeiçoando algumas disposições (cf. sublinhado a cor verde) e mantendo a redação de outras, com
base nos fundamentos aduzidos supra, nos termos seguintes:
Artigo 180.º (…)
1- (…);
2- (…);
3- (…);
4- O requerimento previsto no número anterior será instruído nos termos seguintes:
a) Fotocópia do cartão de cidadão ou do cartão da empresa e disponibilização do código de
acesso à certidão permanente do registo comercial, caso seja concedido consentimento pe-
lo titular, na falta deste consentimento, a identidade será verificada mediante a exibição do
cartão de cidadão ou número de pessoa coletiva junto do trabalhador competente ou pela
indicação do respetivo número na identificação do devedor requerente.
b) (…)
c) (…)
5- (…)
Artigo 2.º (…)
1- O presente regulamento estabelece a disciplina normativa de todos os atos de gestão e adminis-
tração incidentes sobre todo o património imobiliário do Município de Lisboa, incluindo a respeti-
va inventariação, cadastro, registo e demais mecanismos adequados à sua conservação, valori-
zação e reabilitação.
2- Ficam excluídos do âmbito deste Regulamento:
a) (…)
b) (…)
c) (…)
d) (…)
e) (…)
f) (…)
g) (…)
Artigo 12.º (…)
1- Os titulares dos órgãos municipais, os dirigentes e trabalhadores em funções públicas são res-
ponsáveis pelo cumprimento na lei, incluindo o disposto no regime jurídico da responsabilidade
civil extracontratual do Estado e pessoas coletivas de direito público e pelo cumprimento neste
regulamento podendo ser responsabilizados, disciplinar, financeira e criminalmente pelos atos e
omissões de que resulte a violação dos respetivos deveres.
2- O disposto no número anterior aplica-se, com as devidas adaptações, aos titulares dos órgãos
sociais das empresas municipais e respetivos trabalhadores, incluindo o disposto no regime jurí-
dico da responsabilidade civil extracontratual do Estado e pessoas coletivas de direito público
nos termos do n. 5.º do seu artigo 1.º
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 69
Artigo 21.º (…)
1- (…).
a) (…);
b) (…);
c) (…);
d) Manter atualizada a listagem dos bens imóveis do domínio privado municipal que integram o
regime de gestão condicionada e o regime de execução propondo as alterações e afetações
de uso que, a cada momento, se mostrem mais adequadas à proteção do interesse munici-
pal, bem como os bens imóveis disponíveis para integração em bolsas de cedência, arren-
damento ou venda a terceiros ou programas setoriais promovidos ou desenvolvidos por ou-
tros serviços ou empresas municipais;
e) (…);
f) (…);
g) (…);
h) (…);
i) (…);
j) (…);
k) Emitir parecer fundamentado sobre a atribuição de imóvel municipal aos diferentes serviços
municipais, bem como a cedência ou afetação de uso de imóveis em gestão condicionada
que se encontrem sob a administração corrente daqueles serviços ou empresas municipais.
Artigo 211.º
(…)
As dúvidas surgidas no âmbito da interpretação deste regulamento e integração de lacunas se-
rão dirimidas por despacho do Presidente da Câmara em conformidade com as regras e critérios
de interpretação e integração de lacunas contidas nos artigos 9.º e 10.º do Código Civil.
Artigo 212.º
1) Com a entrada em vigor do presente regulamento são revogadas:
a) As disposições do regulamento do património municipal de 1968 sobre imóveis e patri-
mónio imobiliário e qualquer outra disposição normativa que não tenha caráter legal ou
que prevaleça sobre a norma regulamentar municipal nos termos da lei na parte em que
colida com o estabelecido no presente regulamento.
b) (…)
c) (…)
d) (…)
e) (…).
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 70
6.4- Ponderação da participação externa e dos interessados em geral
PROPOSTAS
ANÁLISE
Solicita esclarecimento sobre se o “novo código sobre o património imobi-liário” abrange o património não habi-tacional nos bairros municipais.
Em rigor, não é proposto um Código sobre o Património Imobi-liário embora pudesse fazer algum sentido criar um Código Muni-cipal onde fosse agregada toda a matéria regulamentar que, co-mo se sabe, obedece a regras jurídicas e de legística que são específicas.
Este regulamento abrange o património não habitacional nos bairros municipais ainda que de forma indireta, porquanto o artigo 2.º, n.º 2, alínea f) exclui do âmbito do regulamento a administra-ção corrente dos bens do domínio público e privado municipal cu-ja gestão esteja transferida para as empresas municipais nos termos do estatutos;
O património indicado integra a gestão transferida para a Geba-lis, consequentemente integra programas municipais específicos estando sujeitos à gestão condicionada nos termos do artigo 27.º
Refere que o artigo 212.º não revo-ga de forma expressa a norma do artigo 2.º do “Regulamento dos Merca-dos Retalhistas de Lisboa que aplica este normativo, por adaptação, às lojas geridas pela Gebalis (ou seja, ao imo-biliário nos bairros municipais)”, con-sequentemente, sugere respetiva inclusão em capítulo próprio, com regras próprias adequadas àquela realidade passando a justificar pelas razões seguintes:
a) O instrumento que rege estas lojas -Regulamento dos Merca-dos Retalhistas de Lisboa – foi pensado para Mercados e, por essa razão, não está devida-mente estruturado para a reali-dade das lojas, arrecadações e armazéns inseridos nos Bairros Municipais – desajuste que é maior por a adaptação das nor-mas ser em muitas situações inadaptável;
b) Trata-se de acervo patrimonial bastante grande no conjunto imobiliário municipal para justifi-
car a sua regulação; c) Contribuir para a uniformização
num único diploma, dos princí-pios, das regras gerais e espe-ciais, de modo a obter-se a ra-cionalidade na aplicação do Di-reito, designadamente no pre-enchimento de lacunas e de
A atual redação do artigo 212.º não revoga essa disposição. A questão colocada também é partilhada pela Direção Municipal de Habitação e Desenvolvimento Local.
A importância do contributo justifica a inclusão na norma revo-gatória do artigo 2.º do Regulamento Geral dos Mercados Reta-lhistas de lisboa;
Percebe-se a bondade do argumento, contudo, considerou-se que administração corrente do património gerido pelas empresas municipais ficaria excluída do âmbito de aplicação deste regula-mento precisamente porque as empresas conhecem melhor as especificidades do património que gerem podendo, por isso, no respeito pelos regime jurídico do património imobiliário público quando atuam sobre o domínio público ou no respeito pelo códi-go civil, arrendamento e demais legislação quando atuam no di-reito privado, elaborar os programas mais ajustados ao patrimó-nio que gerem;
Os princípios e regras gerais constam do regulamento do pa-trimónio de toda a legislação aplicável em matéria patrimonial de-vendo ser aplicados pelas empresas municipais.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 71
dissipação de dúvidas sobre as normas a aplicar;
d) Haver vantagens na transpa-rência e no acesso à informa-ção, permitindo condensar num único instrumento tornando mais fácil o acesso à informa-ção, estabilidade e certeza jurí-dica obstando à sua dispersão.
Concluída, pois, a análise às propostas apresentadas procurámos acomodar os contributos alterando e
aperfeiçoando algumas disposições (cf. sublinhado a cor verde) e mantendo a redação de outras, com
base nos fundamentos aduzidos supra, nos termos seguintes:
Artigo 212.º (Norma revogatória)
Com a entrada em vigor do presente regulamento são revogadas:
a) As disposições do regulamento do património municipal de 1968 sobre imóveis e património imobiliário e qualquer outra disposição normativa que não tenha carácter legal ou que prevaleça sobre a norma municipal nos termos da lei.
b) (…); c) (…); d) (…); e) O artigo 2.º dos Regulamento Geral dos Mercados Retalhistas de Lisboa f) Atual e)
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 72
7. CONCLUSÃO
A elaboração deste regulamento configura um passo importante para a gestão patrimoni-
al da Cidade de Lisboa e sobretudo para a transparência dos procedimentos nesta maté-
ria conferindo a todos estabilidade e certeza jurídica promovendo ao mesmo tempo a boa
gestão pública, o desenvolvimento sustentado e sustentável e a equidade intergeracional.
A consulta pública não constituiu uma mera formalidade jurídica tendo despoletado o
interesse proativo de vários quadrantes, não apenas político mas também dos serviços
municipais, do setor empresarial municipal e dos interessados em geral.
Procurámos escalpelizar, ponto por ponto, todos os contributos, sugestões e pedidos de
esclarecimento conferindo rigor e transparência à análise e às soluções alcançadas.
A pertinência das questões e sugestões apresentadas justificou a alteração de várias
disposições regulamentares e o aperfeiçoamento de outras contribuindo de forma decisi-
va para a melhoria da redação final do documento.
Esperamos que este trabalho não fique parado no tempo encerrado nas suas próprias
soluções mas que seja um documento aberto, participado e cuja aplicação seja acompa-
nhada por forma a estar sempre atenta às melhores soluções e em absoluta sintonia com
as alterações legais que venham a ser consagradas.
Submete-se, pois, à aprovação dos órgãos municipais competentes o presente Relatório
de Ponderação que faz parte integrante da proposta que submete o Regulamento à
aprovação Municipal.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 73
8-ANEXO
8.1 – Principais referências legais e regulamentares
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA (CRP)
Constituição da República
Portuguesa
(CRP)
ARTIGO 17.º O regime dos direitos, liberdades e garantias aplica-se
aos enunciados no título II e aos direitos fundamentais de nature-
za análoga.
ARTIGO 18.º Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos,
liberdades e garantias são diretamente aplicáveis e vinculam as en-
tidades públicas e privadas, sendo que a Lei só os pode restringir
nos casos expressamente previstos na Constituição, devendo as
restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos
ou interesses constitucionalmente protegidos.
ARTIGO 80.º Subordinação do poder económico ao poder político
e Propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produ-
ção, de acordo com o interesse coletivo (entre outros);
ARTIGO 82.º N.º2 - O sector público é constituído pelos meios de
produção cuja propriedade e gestão pertencem ao Estado ou a ou-
tras entidades públicas;
ARTIGO 84.º - Identificação dos bens do domínio público, águas
territoriais, leitos, fundos, lagos, lagoas, cursos de água e seus lei-
tos, camadas aéreas superiores ao território acima do limite reco-
nhecido ao proprietário ou superficiário, jazigos minerais, estradas,
linhas férreas, outros bens classificados por Lei (n.º 1). A Lei defi-
ne quais os bens que integram o domínio público das autarquias
locais, bem como o seu regime, condições de utilização e limites
(N.º 2).
ARTIGO 62.º N.º 2 – A requisição e a expropriação por utilidade
pública só podem ser efetuadas com base na Lei e mediante o pa-
gamento de justa indemnização;
ARTIGO 165 N.º 1 – Reserva relativa de competência legislativa da
Assembleia da República – Definição e regime dos bens do domí-
nio público;
ARTIGO 235.º As autarquias locais são pessoas coletivas territoriais
dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de in-
teresses próprios das populações respetivas. Os municípios são au-
tarquias locais (cf. Artigo 236.º);
ARTIGO 237.º As atribuições e a organização das autarquias locais,
bem como a competência dos seus órgãos, serão reguladas por lei,
de harmonia com o princípio da descentralização administrativa;
ARTIGO 238.º As autarquias locais têm património e finanças pró-
prias. As receitas próprias incluem obrigatoriamente as provenien-
tes da gestão do seu património e as cobradas pela utilização dos
seus serviços;
ARTIGO 266º - Subordinação à Lei e ao interesse público e princí-
pios da igualdade, proporcionalidade, justiça, imparcialidade e res-
peito pelos direitos e interesses dos cidadãos;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 74
ARTIGO 268.º - Direitos e garantias dos cidadãos (administrados) e
tutela dos interesses legalmente protegidos;
ARTIGO 271.º - Responsabilidade civil, criminal e disciplinar pelas ações ou omissões praticadas no exercício das funções públicas;
LEI DE BASES DE POLÍTICA PÚBLICA DE SOLOS, DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DE URBANISMO
(LBPPSOTU)
Lei de Bases de Política Pública de Solos, de Orde-namento do Território e de Urbanismo (LBPPSOTU)
FINALIDADES E MEIOS DE INTERVENÇÃO ADMINISTRATIVA NO SOLO COM
INCIDÊNCIA ESPECÍFICA NA GESTÃO PATRIMONIAL IMOBILIÁRIA
ARTIGO 2.º e 3º - Finalidades políticas públicas e atuações adminis-trativas e sua sujeição aos respetivos princípios gerais;
ARTIGO 4º a 7.º - Direitos e deveres gerais aplicáveis com as devi-das adaptações;
ARTIGO 8.º - Deveres municipais específicos aplicáveis no âmbito da promoção das suas políticas públicas de solos;
ARTIGO 12º - Dever municipal de identificar, nos programas e planos, as áreas territoriais a reabilitar e regenerar e promover as ações adequadas à prossecução desses objetivos;
ARTIGO 18º - Reserva do solo para infraestruturas urbanísticas, equipamentos, espaços verdes e outros espaços de utilização cole-tiva sobre a propriedade privada obriga à sua aquisição no prazo previsto no plano territorial ou instrumento de programação sob pena de caducidade ou no prazo de 5 anos na falta de prazo;
ARTIGO 19º - Dever de promover a reestruturação da propriedade, reconfiguração dos limites cadastrais e contribuir para a execução de operações de reabilitação e regeneração;
ARTIGO 22.º Os espaços de uso público e os equipamentos e in-fraestruturas de utilização coletiva integram o domínio público ou privado da administração;
ARTIGO 23.º Afetação de bens imóveis do domínio privado a fina-lidades de política pública de solos;
ARTIGO 24.º - Dever de identificação no plano de atividades, or-çamento e documentos de prestação de contas, os imóveis do domínio público ou privado e outros ativos patrimoniais afetos a finalidades de política fundiária e identificação das formas de in-gresso dos imóveis na titularidade pública ou da sua afetação a fi-nalidades públicas (aquisição originária, reafectação de terrenos de titularidade pública, compra e venda, permuta, arrendamento, lo-cação financeira e outros de natureza análoga, sucessão, doação e renúncia, expropriação por utilidade pública, cedências no âmbito das operações urbanísticas e compensações perequativas);
ARTIGO 31.º - As autarquias podem ceder, a título precário e com caracter oneroso, a utilização de bens do domínio privado para as-segurar a prossecução de finalidades de política pública de solos nos termos da Lei. A cedência deve ser fundamentada e procurará garantir conservação, valorização e rentabilização dos bens cedi-dos;
ARTIGO 32.º - As autarquias podem celebrar contratos de conces-são ou conceder licenças de uso privativo de bens do domínio pú-blico nos termos da Lei;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 75
Lei de Bases Gerais da
Política Pública de Solos,
de Ordenamento do Territó-
rio e de Urbanismo
(Lei 31/2014)
ARTIGO 34.º- Expropriação por utilidade pública para a prossecu-ção de finalidades concretas de política de solos, mediante o pa-gamento da justa indemnização nos termos da Lei;
ARTIGO 35.º- Aquisição através de venda forçada quando os pro-prietários não cumpram os ónus e deveres decorrentes das opera-ções de regeneração previstas nos planos municipais nos termos da Lei;
Artigo 62.º n.º 4- Fundo municipal de sustentabilidade ambiental e urbanística ao qual são afetas receitas resultantes da redistribuição para promover a reabilitação urbana, sem prejuízo de poder afetar outras receitas para promover a criação, manutenção e reforço de infraestruturas, equipamentos ou áreas de uso público.
ARTIGO 69.º A avaliação é feita de acordo com o método mais apropriado tendo em conta a situação concreta (método compara-tivo de valores de mercado, de capitalização do rendimento ou de custo de reposição a definir em Lei);
Artigo 71.º- O solo urbano é avaliado atendendo ao conjunto do solo e benfeitorias realizadas considerando o valor correspondente ao aproveitamento ou edificabilidade concreta estabelecida no pla-no aplicável ou na sua falta valor referente à edificabilidade média, deduzidos os valores médios de cedência média por via perequati-va nos termos da Lei e considerando o valor do edificado bem como o valor dos ónus previstos para a edificabilidade concreta prevista em plano. As benfeitorias são avaliadas de forma inde-pendente mediante a aplicação de critérios diferenciadores de ava-liação que atendam à respetiva conformidade com a Lei e planos urbanísticos.
REGIME JURÍDICO DO PATRIMÓNIO PÚBLICO IMOBILIÁRIO
(RJPPI)
Regime Jurídico do Patri-
mónio Imobiliário Público
(Decreto-Lei 280/2017)
IMÓVEIS DO DOMÍNIO PÚBLICO DAS AUTARQUIAS LOCAIS
ARTIGO 1.º- Regime aplicável à gestão dos bens imóveis do domí-nio público das autarquias locais;
ARTIGOS 2.º a 12.º-Princípios gerais específicos da atividade admi-nistrativa no âmbito do património imobiliário (boa administração, onerosidade, equidade, concorrência, transparência, responsabili-dade e controlo);
ARTIGOS 14.º a 19.º -Disposições gerais do domínio público (clas-sificação, titularidade, desafetação, inalienabilidade, imprescritibili-dade);
Artigos 22.º e 24.º - Utilização pela Administração (reservas domi-niais, cedências de utilização e mutações dominais subjetivas);
Artigo 25.º a 29.º - Uso ordinário, extraordinário, títulos de utiliza-ção, conteúdo de utilização privativa e extinção);
Artigos 53.º a 58.º ex vi 23.º 2 devidamente adaptado;
Artigo 126.º - Arrendamento de bens imóveis do domínio privado das autarquias locais.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 76
REGIME JURÍDICO DO PROCEDIMENTO EXTRORDINÁRIO DE REGISTO DE BENS IMÓVEIS E DE
REGULARIZAÇÃO DA SITUAÇAO JURÍDICO- REGISTRAL DE BENS IMÓVEIS DO DOMÍNIO PRIVA-DO DAS AUTARQUIAS LOCAIS (RJPERRE)
Regime Jurídico dos Pro-
cedimentos Extraordinários
de Registo e de Regulari-
zação da situação jurídico-
registral de bens imóveis
do domínio privado das
autarquias locais
ARTIGO 1.º-Estabelece o procedimento extraordinário de registo e do procedimento extraordinário de regularização da situação jurídico- registral dos bens imóveis do domínio privado das au-tarquias locais
ARTIGOS 2.º a 5.º-Disposições gerais (âmbito, competência, re-gularidade fiscal e representação gráfica georreferenciada).
ARTIGOS 6.º a 12.º -Procedimento extraordinário de registo de bens imóveis.
Artigos 13.º e 18.º - Procedimento extraordinário de regulariza-ção da situação jurídico-registral dos bens imóveis.
Artigo 19.º a 25.º - Disposições complementares e finais.
REGIME JURÍDICO DAS AUTARQUIAS LOCAIS (RJAL)
Regime Jurídico das Autarquias Locais (Lei 75/2013)
ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS MUNICIPAIS
ARTIGO 2.º -Constituem atribuições municipais a promoção e sal-vaguarda dos interesses próprios das respetivas populações, desig-nadamente nos domínios referidos no n.º 2 do artigo 23.º;
ARTIGO 3.º- Os Municípios prosseguem as suas atribuições atra-vés do exercício pelos respetivos órgãos das competências legal-mente previstas, nomeadamente no domínio da gestão (Cf. Alínea d));
ARTIGO 23.º - Constituem atribuições do Município a promoção e salvaguarda dos interesses próprios das respetivas populações, em articulação com as freguesias. Os Municípios dispõem de atribui-ções no domínio do Património e da promoção do desenvolvi-mento (cf. alíneas e) e m) do n.º 2);
ARTIGO 32.º -A Câmara municipal tem as competências materiais e de funcionamento previstas na 75/2013, sem prejuízo das de-mais competências legais de acordo com o disposto no artigo 3.º do mesmo diploma.
RJAL – ASSEMBLEIA MUNICIPAL
Regime Jurídico das
Autarquias Locais (Lei
75/2013)
ASSEMBLEIA MUNICIPAL -COMPETÊNCIAS PATRIMONIAIS ESPECÍFICAS
(ARTIGO 25.º)
Aprovação dos instrumentos estratégicos necessários à prossecu-
ção das atribuições dos Municípios, nomeadamente os programas
estratégicos de rentabilização e valorização do património munici-
pal nas opções do plano e proposta de orçamento (Cf. alínea a) e
h) do n.º 1) do Art. 25.º);
Autorizar a Câmara Municipal a adquirir, alienar ou onerar bens
imóveis de valor superior a 1000 vezes a RMMG e fixar as respe-
tivas condições gerais, podendo determinar o recurso à hasta pú-
blica (Cf. n.º 1, alínea i) do Art. 25.º);
Autorizar a Câmara Municipal a celebrar contratos de concessão e fixar as respetivas condições gerais (Cf. n.º 1 alínea p) do Art. 25.º).
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 77
Regime Jurídico das
Autarquias Locais (Lei
75/2013)
Deliberar sobre a afetação ou desafetação de bens do domínio pú-blico municipal (Cf. n.º 1 alínea q) do Art. 25.º);
Pronunciar-se e deliberar sobre todos os assuntos que visem a prossecução das atribuições do Município (Cf. n.º 2 alínea k) do Art. 25.º);
Apreciar o inventário dos bens (imóveis), direitos e obrigações pa-trimoniais e a respetiva avaliação, bem como apreciar e votar os documentos de prestação de contas (Cf. nº. 2, alínea l) do Art. 25.º).
RJAL- CÂMARA MUNICIPAL
Regime Jurídico das
Autarquias Locais (Lei
75/2013)
CÂMARA MUNICIPAL - COMPETÊNCIAS PATRIMONIAIS ESPECÍFICAS
(ARTIGO 33.º)
Elaborar e submeter à aprovação da assembleia municipal os pla-nos necessários à realização das atribuições municipais (Cf. n.º 1 alínea a);
Elaborar e submeter a aprovação da assembleia municipal as op-ções do plano e a proposta do orçamento, que integram os pro-gramas estratégicos de rentabilização e valorização do património municipal (Cf. n.º 1 alínea c));
Adquirir, alienar ou onerar bem imóveis de valor até 1000 vezes o rendimento mínimo mensal garantido (RMMG);
Alienar em hasta pública, independentemente de autorização da Assembleia Municipal bens imóveis de valor superior a 1000 ve-zes o rendimento mínimo mensal garantido, desde que a alienação decorra da execução das opções do plano e a respetiva deliberação tenha sido aprovada por maioria de 2/3 dos membros da assem-bleia municipal em efetividade de funções (cf. n.º 1 alínea h);
Elaborar o inventário dos bens, direitos e obrigações patrimoniais do Município e respetiva avaliação (Cf. n.º 1, alínea i);
Administrar o domínio público municipal (Cf. n.º1 alínea qq)
Propor a declaração de utilidade pública para efeitos de expropri-ação (Cf. n.º 1 alínea vv));
RJAL- PRESIDENTE DA CÂMARA
Regime Jurídico das
Autarquias Locais (Lei
75/2013)
PRESIDENTE DA CÂMARA -COMPETÊNCIAS PATRIMONIAIS ESPECÍ-
FICAS
(ARTIGO 35.º)
Elaborar e manter atualizado o cadastro dos bens móveis e imó-
veis do Município (Cf. alínea d);
Outorgar contratos em representação do Município, incluindo aqueles que incidem sobre negócios jurídicos imobiliários (cf. n.º 2, alínea f); Praticar os atos necessários à administração corrente do património do Município e à sua conservação (Cf. n.º 2 alínea h);
Proceder aos registos prediais do património imobiliário do Mu-nicípio, bem como a registos de qualquer outra natureza (cf. n.º 2 alínea i);
Ordenar o despejo sumário dos prédios cuja expropriação por uti-lidade tenha sido declarada (cf. n.º 2 alínea l).
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 78
REGIME DE DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS NOS MUNICÍPIO E ENTIDADES INTERMUNICIPAIS
Regime Jurídico de
delegação de compe-
tências nos Município
e entidades intermuni-
cipais (Decreto-Lei
30/2015)
ARTIGO 2.º- A delegação concretiza-se através de contratos inte-radministrativos
ARTIGO 4º- Os contratos interadministrativos prevêem a transfe-rência dos recursos financeiros necessários e suficientes para o exercício das competências delegadas.
ARTIGO 5.º- Os contratos interadministrativos podem prever a transferência da titularidade e da gestão do património, incluindo imóveis afetos ao serviço público em relação ao qual as compe-tências são delegadas com cláusula de reversão sujeita a registo. O contrato constitui título bastante para o registo dos imóveis a fa-vor dos Municípios
ARTIGO 7.º- O contrato interadministrativo estabelece mecanis-mos de monitorização e acompanhamento da evolução da execu-ção, sendo divulgados periodicamente
ARTIGO 12.º- Até à integração no Fundo Social Municipal , as transferências de recursos financeiros para os Municípios foram efectuadas por recurso a verbas do orçamento do programa or-çamental do delegante
PLANO OFICIAL DE CONTABILIDADE DAS AUTARQUIAS LOCAIS
(POCAL)
Decreto -Lei n.º 54-A/99,
de 22 de fevereiro (ver-
são atual)
O Pocal integra os critérios de valorimetria a par dos princípios orçamentais e contabilísticos e das demais regras previsionais do-cumentos previsionais e de prestação de contas;
O sistema de contabilidade das autarquias locais estabelece pro-cedimentos relativos a operações de registos e especifica os do-cumentos sendo de realçar além dos documentos e livros dos mo-vimentos financeiros, o inventário e os critérios de valorimetria.
BENS IMÓVEIS - refere-se a infraestruturas, terrenos e recursos naturais, edifícios e outras construções respeitantes a bens do domínio público e a investimentos em imóveis e imobilizações corpóreas.
NATUREZA JURÍDICA - os bens das autarquias locais pertencem ao domínio público ou ao domínio privado. O primeiro é consti-tuído pelos bens que estão afetos ao uso público ou os que qual-quer norma jurídica classifique como coisa pública e o segundo é constituído pelos bens que estão no comércio jurídico-privado.
2.7.2 O MÉTODO PARA O CÁLCULO DAS AMORTIZAÇÕES DO
EXERCÍCIO É O DAS QUOTAS CONSTANTES. A quota anual de
amortização determina-se aplicando aos montantes dos elementos
do ativo imobilizado em funcionamento as taxas de amortização
definidas na Lei. O valor unitário e as condições em que os ele-
mentos do ativo imobilizado sujeitos a depreciação ou a depere-
cimento possam ser amortizados num só exercício são os defini-
dos na lei. A fixação de quotas distintas para o ativo imobilizado
corpóreo adquirido em segunda mão, é determinado pelos órgãos
deliberativo sob proposta do executivo;
2.8.1 –INVENTÁRIO – As autarquias locais elaboram e mantêm
atualizado o inventário de todos os bens, direitos e obrigações
constitutivas do seu património de acordo com os critérios de va-
lorimetria do capítulo 4.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 79
Decreto -Lei n.º 54-A/99,
de 22 de fevereiro (ver-
são atual)
2.9 CONTROLO INTERNO inclui nomeadamente o plano de or-ganização, políticas, métodos e procedimentos de controlo bem como procedimentos definidos pelos responsáveis autárquicos que contribuam para assegurar o desenvolvimento de atividades de forma ordenada, eficiente para salvaguarda dos ativos, preven-ção e deteção de ilegalidade, fraude e erro, a exatidão e a integri-dade dos registos contabilísticos e a da informação financeira;
2.9.2 Os objetivos gerais de controlo diretamente aplicáveis ao pa-trimónio imobiliário são designadamente os seguintes: cumpri-mento das deliberações dos órgãos e das decisões dos respetivos titulares, a salvaguarda do património, o incremento da eficiência das operações, a adequada utilização dos fundos e o cumprimento dos limites legais à assunção de encargos, o controlo das aplica-ções e do ambiente informático com incidência patrimonial e a transparência e a concorrência no âmbito dos mercados públicos.
3.1.1.1 g) PRINCÍPIO DA NÃO CONSIGNAÇÃO – o produto de quaisquer receitas não pode ser afeto à cobertura de determinadas despesas, salvo quando essa afetação for permitida por Lei.
4 - CRITÉRIOS DE VALORIMETRIA - o ativo imobilizado, inclu-indo investimentos adicionais ou complementares, deve ser valo-rizado ao custo de aquisição ou ao custo de produção. Quando os elementos tiverem vida útil limitada ficam sujeitos a uma amorti-zação sistemática durante esse período, sem prejuízo das exceções expressamente consignadas.
4.1.4 –Quando se trate de ativos do imobilizado obtidos a título gratuito deverá considerar-se o valor resultante da avaliação ou o valor patrimonial definido nos termos legais ou, caso não exista disposição aplicável, o valor resultante da avaliação segundo crité-rios técnicos que se adequem à natureza desses bens devendo o respetivo critério ser espelhado nos anexos específicos. Caso este critério não seja exequível, o imobilizado assume o valor zero até ser objeto de uma grande reparação assumindo então o montante desta. Na impossibilidade da valorização dos bens ou quando es-tes assumam o valor zero, devem ser identificados em anexo e jus-tificada aquela impossibilidade.
4.1.7 – Os bens do domínio público são incluídos no ativo imobi-lizado da autarquia local responsável pela sua administração ou controlo, estejam ou não afetos à sua atividade operacional. A va-lorização destes bens será efetuada, sempre que possível, ao custo de aquisição ou ao custo de produção.
4.1.11- Os bens do imobilizado não são insusceptíveis de reavalia-ção, salvo se existirem normas que a autorizem e que definam os respetivos critérios de valorização
CAPÍTULO 04 (contas de classificação económica) -“Rendimentos de propriedade”, grupo 03 “Rendas de terrenos” -Esta rubrica abrange a receita proveniente do arrendamento de terrenos e da constituição do direito de superfície a favor de pessoas singulares ou coletivas. Apenas são de considerar os rendimentos da propri-edade rústica.
CAPÍTULO 06 (contas de classificação económica) Venda de bens e prestação e prestação de serviços correntes – inclui o produto da venda de bens duradouros, inventariados ou não, que inicialmente não tenham sido classificados como bens de capital ou de inves-timento, inclui rendas de prédios urbanos;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 80
CAPÍTULO 08 (contas de classificação económica) – venda de bens de investimento – compreende os rendimentos provenientes da alienação, a título oneroso, de bens de capital que na aquisição ou construção tenham sido contabilizados como investimento.
SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS
(SNC)
Decreto-Lei n.º 192/2015 de 11 de setembro (SNC)
SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA DAS ADMI-
NISTRAÇÕES PÚBLICAS:
ARTIGO 3.º -O SNC -AP aplica -se a todos os serviços e organis-mos da administração central, regional e local que não tenham na-tureza, forma e designação de empresa, ao subsetor da segurança social, e às entidades públicas reclassificadas:
ARTIGO 17.º -Revoga o Pocal;
ARTIGO 18.º - Entrará em vigor em 01 de janeiro de 2017;
ARTIGO 9.º O sistema de controlo interno a adotar pelas entida-des públicas engloba, designadamente, o plano de organização, as políticas, os métodos e os procedimentos de controlo, bem como todos os outros métodos e procedimentos definidos pelos respon-sáveis que contribuam para assegurar o desenvolvimento das ati-vidades de forma ordenada e eficiente, incluindo a salvaguarda dos ativos, a prevenção e deteção de situações de ilegalidade, fraude e erro, a exatidão e a integridade dos registos contabilísticos e a pre-paração oportuna de informação orçamental e financeira fiável;
ARTIGO 13.º Integração de lacunas e aplicação subsidiária dos se-guintes diplomas:
As Normas Internacionais de Contabilidade Pública que estiverem em vigor;
O SNC;
As Normas Internacionais de Contabilidade adotadas na União Europeia;
As Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo Interna-tional Accounting Standards Board.
NORMA DE CONTROLO INTERNO (NCI)
NCI
(NORMA DE CONTROLO
INTERNO)
ARTIGO 14.º DOCUMENTOS PREVISIONAIS -o serviço competente
pela gestão do património imobiliário elabora um plano de
alienações de bens de investimento, sustentado em propostas
consistentes, devidamente valorizadas e com prazo de execu-
ção consentâneo com o do orçamento em preparação;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 81
NCI
(NORMA DE CONTROLO INTERNO)
ARTIGO 48.º - BOAS PRÁTICAS :
Evitar designar os mesmos ele-
mentos, de forma reiterada, para os
júris de procedimentos de contra-
tação com objetos idênticos;
Sensibilizar os trabalhadores a
cumprir escrupulosamente os de-
veres de isenção;
Garantir o dever de isenção asse-
gurando que quem realiza o levan-
tamento de necessidades não parti-
cipa no procedimento de contrata-
ção e quem participa no procedi-
mento de contratação não redige o
contrato;
ARTIGO 53.º - DESPESA (PRINCÍPIOS) as dota-
ções orçamentais devem ser utilizadas se-
gundo os princípios da economia, da efici-
ência e da eficácia;
ARTIGO 72.º - IMOBILIZADO (PRINCÍPIOS) inte-
gra todos os bens, direitos e obrigações
constitutivos do património municipal,
quer sejam da sua propriedade, incluindo
bens do domínio público de que seja res-
ponsável pela sua administração e controlo,
estejam ou não afetos à sua atividade ope-
racional, quer estejam em regime de loca-
ção financeira.
ARTIGO 73.º - GESTÃO E REGISTO DE BENS
IMÓVEIS – o serviço competente pela gestão
do património imobiliário, em colaboração
com os restantes serviços, efetua o levan-
tamento, coordenação e sistematização da
informação de todos os bens imóveis per-
tencente ao Município;
Tais bens constam do inventário
desde a aquisição até ao abate;
A cada bem corresponde uma fi-
cha individual, criada com a entre-
ga da fatura, escritura ou documen-
to legal que titule a aquisição, a
qual contém informação estipulada
na legislação em vigor;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 82
NCI
(NORMA DE CONTROLO INTERNO)
O serviço responsável pela gestão
do património imobiliário cria,
classifica e atualiza as fichas indivi-
duais dos bens definitivos perten-
centes ao Município, devendo os
demais serviços intervenientes no
processo de aquisição e gestão de
bens imóveis reportar àquele toda
a informação necessária à inventa-
riação, com destaque para os indi-
cados de seguida;
Cópia de acordos ou sentenças re-
lacionadas com expropriações ou
indemnizações, sem prejuízo dos
contratos que impliquem disposi-
ção ou oneração de bens imóveis,
escrituras celebradas (compra,
venda, permuta, cessão, doação)
atualmente integrados na Direção
Municipal do Património Imobiliá-
rio;
Cópia dos alvarás de loteamento
acompanhada de planta de síntese
onde constem as áreas de cedência
para os domínios privado e público
do Município;
Caso se trate de bens em curso o
Departamento de Contabilidade,
após a sua conclusão, fornece a in-
formação necessária para a criação,
classificação ou atualização das fi-
chas individuais.
Os registos contabilísticos referentes à valorização
do imobilizado são da competência do Departa-
mento de Contabilidade em articulação com o
serviço competente pela gestão do património
imobiliário.
OUTROS DOCUMENTOS:
PLANO DE PREVENÇÃO DE RISCOS DE GESTÃO, INCLUINDO OS DE CORRUPÇÃO
E INFRAÇÕES CONEXAS
PATRIMÓNIO
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 83
RISCOS IDENTIFICADOS MEDIDAS PROPOSTAS
Existência de um Regu-
lamento de Património,
aprovado no ano de 1986,
que se tornou desajusta-
do face às necessidades
atuais
Continuar a integrar a maté-ria respeitante ao património municipal nos programas de revisão da regulamentação municipal.
Concretizado
Falta de inventariação
integral do património
municipal
Continuar a efetuar o levan-tamento sistemático e exaus-tivo de todo o património imobiliário municipal da CML e verificar o registo predial;
Adequar o modelo global de dados para suportar a captura de informação resultante dos levantamentos de património realizados no âmbito das fis-calizações de todo o patri-mónio da CML;
Garantir a sistematização do acesso às intervenções que originam alterações nos es-paços públicos/privados via SIG (Sistema de Informação Geográfica) ou procedimen-to manual;
Preparar a publicitação inte-gral, no sítio do Município, do cadastro do território municipal.
Concretizado
Necessidade de melho-
ria de articulação entre
os serviços da CML com
atribuições em matéria
de património, urbanis-
mo e edificações
Continuar a melhorar a ar-ticulação entre os vários serviços com atribuições em matéria de património, urbanismo e edificações, desenvolvendo um sistema de informação do patrimó-nio integrado com o siste-ma de gestão urbanística.
Concretizado
(Regulamento)
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 84
Reduzido controlo nas
contraprestações (entre-
ga de bens futuros) a
efetuar pelos particulares
Estabelecer mecanismos de controlo com suporte in-formático
Concretizado
(Ablação de en-
trega de bens
futuros)
Necessidade de demons-
tração acrescida da pros-
secução do interesse
público nos negócios
jurídicos subjacentes aos
complementos de lote e
permutas
Garantir o cumprimento das regras mínimas para a fundamentação dos negó-cios e publicitação da reali-zação desses negócios atra-vés de mecanismos apro-priados
Concretizado
(Regulamento)
Ausência de fundamen-
tação na avaliação dos
bens permutados
Continuar a dar integral cumprimento ao disposto no ponto 5 da Deliberação n.º 8/CM/08 que impõe “ em todas as avaliações que ultrapassem um dado valor e dimensão, a fixar na mesma metodologia, seja obrigatoriamente a avalia-ção externa, com recurso a pelo menos duas auditorias, cujos métodos de cálculo e respetivos resultados deve-rão ser comparados com os utilizados e explicitados pe-los serviços da CML”
Concretizado
Regulamento do
Património Imobi-
liário, Manual de
Boas Práticas e de
Avaliação Imobiliá-
ria
CÓDIGO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO (CPA)
CPA
ARTIGO 2.º N.º 3 – Os princípios gerais da atividade administrati-
va e as disposições do CPA que concretizam preceitos constituci-onais são aplicáveis a toda e qualquer atuação da Administração Pública, ainda que meramente técnica ou de gestão privada:
ARTIGO 3.º a 19º - Princípio da Legalidade; Princípio da Prossecu-
ção do interesse público e da proteção dos direitos e interesses
dos cidadãos, Princípio da Boa Administração, Princípio da Igual-
dade, Princípio da Proporcionalidade ou da proibição do excesso,
Princípios da justiça e da razoabilidade, princípio da Imparcialida-
de, Princípio da Boa-Fé, Princípio da Colaboração com os particu-
lares, Princípio da Participação, Princípio da Decisão, Princípios
aplicáveis à Administração Eletrónica, Princípio da Gratuitidade,
Princípio da Responsabilidade, Princípio da Administração Aber-
ta, Princípio da Proteção dos Dados Pessoais e Princípio da Coo-
peração leal com a União Europeia;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 85
CPA
ARTIGO 69.º a 76.º - Garantias de Imparcialidade (Procedimentos Patrimoniais);
ARTIGO 97.º A 101.º e 135.º A 145.º - Procedimento e Regulamento Administrativo;
Artigo 121.º a 125.º - Audiência de interessados nos procedimen-tos de âmbito patrimonial;
Artigo 127.º a 133.º- Decisão e outras causas de Extinção do pro-cedimento de âmbito patrimonial;
Artigo 148 e ss- Ato Administrativo nos procedimentos patrimo-niais;
Artigo 200.º - Os órgãos da Administração Municipal podem cele-brar contratos administrativos sujeitos a um regime substantivo de direito ad-ministrativo, ou contratos submetidos a um regime de direito privado. São administrativos os que como tal estão classificados no CCP ou em legislação especial, os quais podem ser celebrados para a prossecu-ção das atribuições e finalidades públicas;
Artigo 201.º - A formação dos contratos cujo objeto abranja pres-tações que estejam, ou sejam suscetíveis de estar, submetidas à concorrência de mercado, encontra-se sujeita ao regime estabeleci-do no CCP, sendo-lhes especialmente aplicáveis os princípios da transparência, igualdade e concorrência;
Artigo 202.º- As relações contratuais administrativas são regidas pelo CCP ou lei especial. No âmbito dos contratos sujeitos a um regime de direito privado são aplicáveis ao contraente público as disposições deste Código que concretizam preceitos constitucio-nais e os princípios gerais da atividade administrativa.
Código das Expropriações (CE)
LEI 168/99, DE 18 DE
SETEMBRO, na sua ver-
são atual
O CÓDIGO DAS EXPROPRIAÇÕES APLICA-SE A TODO O PROCEDIMENTO EX-
PROPRIATIVO POR UTILIDADE PÚBLICA INSCRITA NAS ATRIBUIÇÕES MUNICI-
PAIS. O Município está vinculado a todas as disposições mas destacamos
no regime os aspetos seguintes:
ARTIGO 1.º, 23.º,24.º- Sujeição ao pagamento contemporâneo da justa indemnização calculada à data da declaração de utilidade pú-blica;
ARTIGO 2.º- Princípio do interesse público, no respeito pelos direi-tos e interesses legalmente protegidos dos expropriados e demais interessados, princípios da legalidade, justiça, igualdade, proporci-onalidade, imparcialidade e boa-fé;
ARTIGO 3º- Princípio da proporcionalidade, da necessidade e da
proibição do excesso ARTIGO 5.º Direito de reversão quando os
bens não sejam aplicados às finalidades que determinaram a ex-
propriação ou se entretanto tiverem cessado as finalidades da ex-
propriação;
ARTIGO 9º A expropriação incide pode direitos reais e obrigacio-
nais pelo que os interessados para este efeito serão, além do ex-
propriado, os titulares de qualquer direito real ou ónus sobre o
prédio a expropriar ou respetivos arrendatários.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 86
LEI 168/99, DE 18 DE
SETEMBRO, na sua ver-
são atual
ARTIGO 10º - A resolução de expropriar deve estar devidamente fundamentada, nomeadamente com a causa de utilidade pública a prosseguir e norma habilitante, os bens a expropriar, os proprietá-rios e demais interessados conhecidos, previsão do montante dos encargos a suportar com a expropriação e a identificação e a pre-visão nos instrumentos de gestão territorial para os imóveis a ex-propriar e para a zona da sua localização;
ARTIGO 11º O Regime regra é o da aquisição pela via do direito privado antes de ser requerida a declaração de utilidade pública salvo nos casos de atribuição de carácter de urgência à expropria-ção para as obras de interesse público ou expropriação urgentís-sima (artigos 15.º e 16.º);
ARTIGO 12.º e 14º -A Competência para a declaração da utilidade pública das expropriações da iniciativa da administração local au-tárquica, para efeitos de concretização do plano de urbanização ou plano de pormenor eficaz é da responsabilidade da Assembleia Municipal sendo comunicada ao membro do Governo responsá-vel pela área da Administração Local, nas restantes situações, compete à Câmara Municipal propor a declaração de utilidade pú-blica ao membro do Governo responsável;
ARTIGO 17.º - Publicação da declaração de utilidade pública na 2.ª Série do Diário da República, data a partir da qual começa a con-tar-se o prazo de validade (1 ano) se não for promovida a arbitra-gem ou 18 meses se o processo não for remetido a Tribunal (ex-propriação litigiosa), sob pena de caducidade que não é do conhe-cimento oficioso.
ARTIGO 19.º, 20.º e 21.º- A entidade competente para declarar a utilidade pública pode autorizar a posse administrativa dos bens a expropriar desde que os trabalhos sejam urgentes e aquela provi-dência se torne indispensável para o início imediato e demais con-dições legalmente previstas incluindo a vistoria ad perpetuam rei me-moriam destinada a fixar os elementos de facto suscetíveis de desa-parecerem e cujo conhecimento seja de interesse ao julgamento do processo.
Artigo 33.º a 37.º - Expropriação amigável – Acordo com o ex-propriado antes da promoção da arbitragem incidente sobre mon-tante da indemnização, pagamento da indeminização, modo de sa-tisfazer as prestações, indemnização através da cedência de bens ou direitos (se aplicável) expropriação total e condições acessórias.
Artigo 38.º a 73.º Expropriação litigiosa – Na falta de acordo so-bre o valor da indemnização é fixado por arbitragem, com recurso aos tribunais comuns, nos termos processuais fixadas no Código;
Artigo 74.º a 79.º Reversão dos bens expropriados a requerer à entidade que tiver declarado a utilidade pública da expropriação nos termos e demais condições fixadas no Código.
Código dos Contratos Públicos (CCP)
ARTIGO 1.º N.º1-O CCP estabelece a disciplina aplicável à con-tratação pública e o regime substantivo dos contratos públicos que revistam a natureza de contrato administrativo;
ARTIGO 1.º N.º2 e N.º4 – O Regime da parte II do presente Código é aplicável à formação dos contratos públicos entendi-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 87
CÓDIGO DOS CON-
TRATOS PÚBLICOS,
na sua versão atual
(CPP)
dos como todos aqueles que, independentemente da sua de-signação e natureza, sejam celebrados pelo Município, sendo-lhes aplicáveis os princípios da transparência, igualdade e con-corrência;
ARTIGO 1.º N.º3- A parte III do Código (regime substantivo dos contratos administrativos), é igualmente aplicável, com as necessárias adaptações, aos procedimentos destinados à atri-buição unilateral, pelo Município adjudicante, de quaisquer vantagens ou benefícios, através de ato administrativo ou equiparado, em substituição da celebração de um contrato pú-blico;
ARTIGO 1.º N.º5 - O regime substantivo dos contratos públicos estabelecidos na parte III é aplicável aos contratos que revis-tam a natureza de contratos administrativos;
Artigo 1.º n.º 6 – Reveste a natureza de contrato administrati-vo o acordo de vontades, independentemente da sua forma ou designação, celebrado entre contraentes públicos e co-contratantes ou somente entre contraentes públicos, que se in-tegre nas categorias seguintes:
Contratos que, por força da Lei ou da vontade das partes, sejam qualificados como contratos administra-tivos ou submetidos a um regime substantivo de direi-to público;
Contratos com objeto passível de ato administrativo de mais contratos sobre o exercício de poderes públi-cos;
Contratos que confiram ao co-contratante direitos es-peciais sobre coisas públicas ou exercício de funções dos órgãos do contraente público (Município);
Contratos que a Lei submeta, ou admita que sejam submetidos, a um procedimento de formação regula-do por normas de direito público e em que a presta-ção do co-contratante possa condicionar ou substituir, de forma relevante, a realização das atribuições do contraente público (Município).
POR CONSEGUINTE, todos os contratos de concessão da dominialidade pública (uso privativo e exploração) são contratos administrativos por força da alínea c) do n.º 1 do artigo 1.º do CCP estando sujeitos ao regime jurídico substantivo dos contratos administrativos, constante da parte III do Código (Cf. artigos 278.º e ss do CPP), que não impede que por decisão da enti-dade adjudicante (Município) possa também aplicar-se a parte II relativa aos procedimentos de formação dos contratos públicos, nomeadamente o concurso públi-co para salvaguarda da transparência, igualdade e con-corrência.
O REGIME SUBSTANTIVO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS cons-
tante do artigo 278.º e ss do CCP APLICA-SE À CONCESSÃO DO USO
PRIVATIVO E EXPLORAÇÃO DA DOMINIALIDADE PÚBLICA por se
tratar de um contrato administrativo, sendo de destacar os aspetos
seguintes:
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 88
CÓDIGO DOS CON-
TRATOS PÚBLICOS
(CPP)
ARTIGO 278.º-Os contraentes públicos podem celebrar quais-quer contratos administrativos para a prossecução das suas atribuições, nomeadamente de concessão do uso privativo e exploração da dominialidade pública;
ARTIGO 280.º- O CCP aplica-se às relações contratuais jurídi-cas administrativas e no que não for suficientemente discipli-nado por aplicação dos princípios gerais de direito administra-tivo, são subsidiariamente aplicáveis às relações contratuais ju-rídicas administrativas, as restantes normas de Direito admi-nistrativo e na falta destas, o Direito Civil;
ARTIGO 281.º- O contraente público não pode assumir direi-tos ou obrigações manifestamente desproporcionados ou que não tenham conexão material direta com o fim do contrato;
ARTIGO 282.º- Só há lugar à reposição do equilíbrio financeiro quando, tenho em conta a repartição do risco entre as partes, o facto invocado como fundamento desse direito altere os pressupostos nos quais o co-contratante determinou o valor das prestações a que se obrigou, desde que o contraente públi-co conhecesse ou não devesse ignorar esses pressupostos, não podendo a reposição colocar qualquer das partes em situação mais favorável que a que resultava do equilíbrio financeiro ini-cialmente estabelecido, não podendo cobrir eventuais perdas que já decorriam desse equilíbrio ou eram inerentes ao risco próprio do contrato;
ARTIGOS 283.º - A nulidade e a anulabilidade procedimental de-
termina nas condições do Código a invalidade do contrato ad-ministrativo, mas o efeito anulatório pode ser afastado por de-cisão judicial ou arbitral, quando, ponderados os interesses públicos e privados em presença, e a gravidade da ofensa ge-radora do vício do ato procedimental em causa, a anulação do contrato se revele desproporcionada ou contrária à boa-fé ou quando se demonstre inequivocamente que o vício não impli-caria uma modificação subjetiva do contrato celebrado nem uma alteração do seu conteúdo essencial.
ARTIGOS 284.º e 285.º- Os contratos administrativos celebra-dos em violação dos princípios e normas injuntivas são anulá-veis, sendo nulos os contratos subsumíveis previsões típicas do artigo 161.º do CPA ou quando o vício determine a nulida-de por aplicação dos princípios gerais de Direito Administrati-vo, sendo-lhes igualmente aplicáveis as disposições do Código Civil relativas à falta e vícios de vontade (artigos 240.º a 257.º) e admitida a redução e conversão nos termos dos artigos 292.º e 293.º do Código Civil;
Artigo 286.º a 301.º - A execução do contrato deve confor-mar-se à boa-fé e ao interesse público, estando as partes vin-culadas pelo dever de colaboração mútua, devendo o contra-ente público exercer as respetivas competências de autoridade para prevenir ou reprimir a violação por terceiros de vínculos
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 89
CÓDIGO DOS CON-
TRATOS PÚBLICOS
(CPP)
jurídico-administrativos de que resulte a impossibilidade da boa execução do contrato e pelo co-contrante e obtenção por este das receitas a este tenha direito;
Artigo 302.º a 310.º - O Município (contraente público) pode nos termos do contrato e deste Código exercer os poderes se-guintes:
Dirigir o modo de execução das prestações;
Fiscalizar o modo de execução do contrato;
Modificar unilateralmente as cláusulas respeitantes ao conteúdo e ao modo de execução das prestações pre-vistas no contrato por razões de interesse público;
Aplicar as sanções previstas para a inexecução do contrato;
Resolver unilateralmente o contrato.
Artigo 303.º - Princípios respeitantes aos poderes de direção e de fiscalização:
Cabe ao Município o poder de direção e fiscalização estritamente necessário à prossecução do interesse público e para além das ações contratuais a direção pelo contraente público consiste na emissão de or-dens, diretivas ou instruções sobre o sentido das esco-lhas necessárias nos domínios da execução técnica, fi-nanceira ou jurídica das prestações contratuais;
Artigo 307.º n.º 2- As declarações do Município no âmbito dos poderes de direção, fiscalização de execução do contrato têm a natureza de ato administrativo, nomeadamente:
Ordens, diretivas ou instruções no exercício dos po-deres de direção e de fiscalização;
Modificação unilateral das cláusulas respeitantes ao conteúdo e ao modo de execução das prestações pre-vistas por razões de interesse público;
Aplicação das sanções previstas para a inexecução do contrato;
Resolução unilateral do contrato.
Artigo 311.º a 315.º - Modificações objetivas do contrato ad-ministrativa;
Artigo 316.º a 324 – Cessão da posição contratual admitida pelo Código;
Artigo 325.º a 329.º - Incumprimento do contrato, sendo de ressaltar que o contraente público, pode a título sancionatório, resolver o contrato e aplicar as sanções nele previstas em caso de incumprimento pelo co-contratante.
Artigo 330.º a 335.º -Causas de extinção de contrato por ra-zões de interesse público e outros fundamentos do contraente
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 90
público.
Cumprimento, revogação e resolução por incumpri-mento, resolução por razões de interesse público e reso-lução com fundamento na alteração anormal e imprevisí-vel das circunstâncias.
Artigo 336.º e 337.º- Contratos com objeto passível de ato administrativo e demais contratos sobre o exercício de pode-res públicos, as parte podem:
Fixar livremente o prazo de vigência e os pressupos-tos da sua modificação, caducidade, revogação ou re-solução, salvo direitos ou interesses legalmente indis-poníveis, outra coisa resultar da lei ou da natureza do poder exercido através do contrato;
Extinguem-se, por caducidade, por força da verifica-ção dos factos determinantes da caducidade dos atos administrativos que aqueles substituem;
Os contratos pelos quais o contraente público se vin-cula a praticar (ou não praticar )um ato administrativo com certo conteúdo extinguem-se por força da altera-ção ou impossibilidade superveniente de concretiza-ção dos pressupostos que ditariam o exercício da dis-cirionariedade administrativa n sentido convenciona-do.
Artigo 338.º - Contratos interadministrativos ou entre Con-traentes Públicos:
Aos contratos interadministrativos não são direta-mente aplicáveis as disposições sobre o regime subs-tantivo dos contratos administrativos (Parte III) que contratam entre si num plano de igualdade jurídica, segundo a harmonização do desempenho das suas atrabuições, sem prejuízo de aplicar aquele regime aos contratos em que um dos contraentes públicos se submeta ao exercício dos poderes de autoridade pelo outro.
ARTIGO 407º SS – Disposições gerais de concessões de obras e serviços são aplicáveis subsidiariamente ao contrato de con-cessão de exploração do domínio público por forla do ARTI-
GO 408.º DO CCP.
Artigo 409.º- As entidades adjudicantes podem conceder a execução e conceção de obras públicas ou gestão de serviços e, mediante estipulação contratual, podem exercer as os pode-res de autoridade seguintes:
Expropriação por utilidade pública e utilização, prote-ção;
Gestão das infraestruturas afetas ao serviço público;
Licencimento e concessão, nos termos da Lei aplicá-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 91
vel à utilização do domínio público, da ocupação ou do exercício de qualquer atividade nos terrenos, edifi-cações e outras infraestruturas que lhe estejam afetas;
Artigo 410.º e 411.º- O prazo é fixado em função do período de tempo necessário para a amortização e remuneração, me normais condições de rendibilidade da exploração, do capital investido pelo concessionário e, na falta de estipulação contra-tual, será de 30 anos, nele se incluindo a duração de qualquer prorrogação contratualmente prevista. O concessionário, salvo estipulação em contrário, deve ter a sua sede em Portugal e deve ter por objeto social exclusivo as atividades integradas na concessão;
Artigo 414.º e 415.º- Obrigações e direitos do concessionário, nomeadamente:
Informar o concedente de qualquer circunstância que possa condicionar o normal desenvolvimento das ati-vidades concedidas;
Fornecer ao concedente, ou a quem este desiganar, qualquer informação ou eleborar relatórios sobre a execução do contrato;
Obter todas as licenças, certificações, credenciais ou autorizações necessárias ao objeto do contrato;
Explorar, em regime exclusivo, a atividade concedida e receber a respetiva retribuição;
Utilizar nos termos da Lei do contrato os meios do domínio público necessários ao desenvolvimento das atividades concedidas.
Artigo 420.ºa 423.º Direitos do concedente, nomeadamente:
Estabelecer tarifas mínimas ou máximas;
Sequestrar a concessão;
Resgatar a concessão;
Exigir a partilha equitativa do acréscimo de benefícos financeiros, nos termos do artigo 341.º;
Resolução;
Artigo 4.º n.º 2, alínea c) - CONTRATOS EXCLUÍDOS- O CCP não é aplicável:
Contratos de compra e venda;
Contratos de doação;
Contratos de permuta;
Contratos de arrendamento de bens imóveis ou con-tratos similares.
Regime Jurídico de Urbanização e Edificação (RJUE)
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 92
REGIME JURÍDICO DE
URBANIZAÇÃO, na sua
versão atual.
ARTIGO 14.º, alínea f)- O pedido de informação prévia para ope-ração de loteamento ou em área não abrangida por plano de pormenor ou obra de construção, ampliação ou alteração em área não abrangida por plano de pormenor ou operação de lote-amento deve prever as áreas de cedência destinadas à implanta-ção de espaços verdes, equipamentos de utilização coletiva e in-fraestruturas viárias;
ARTIGO 44.º - O proprietário e os demais titulares de direitos re-ais sobre o prédio a lotear cedem gratuitamente ao município as parcelas para implantação de espaços verdes públicos e equipa-mentos de utilização coletiva e as infraestruturas que, de acordo com a lei e a licença ou comunicação prévia, devam integrar o domínio municipal;
ARTIGO 44.ºN.º 4-Se o prédio a lotear já estiver servido pelas in-fraestruturas a que se refere a alínea h) do artigo 2.º ou não se justificar a localização de qualquer equipamento ou espaço verde públicos no referido prédio ou ainda nos casos referidos no n.º 4 do artigo anterior, não há lugar a qualquer cedência para esses fins, ficando, no entanto, o proprietário obrigado ao pagamento de uma compensação ao município, em numerário ou em espé-cie, nos termos definidos em regulamento municipal;
ARTIGO 44.º N.º 5 -O proprietário e demais titulares de direitos reais sobre prédio a sujeitar a qualquer operação urbanística que nos termos de regulamento municipal seja considerada como de impacte relevante ficam também sujeitos às cedências e compen-sações previstas para as operações de loteamento;
ARTIGO 45.º N.º1 - O cedente tem o direito de reversão sobre as parcelas cedidas nos termos do artigo anterior sempre que estas sejam afetas a fins diversos daqueles para que hajam sido cedidas, sendo aplicável à reversão e à indemnização o Código das Ex-propriações com as devidas adaptações;
ARTIGO 45.º N.º5. – As parcelas que tenham revertido para o ce-dente ficam sujeitas às mesmas finalidades a que deveriam estar afetas aquando da cedência, salvo quando se trate de parcela a afetar a equipamento de utilização coletiva, devendo nesse caso ser afeta a espaço verde, procedendo-se ainda ao averbamento desse facto no respetivo alvará ou à sua integração na comunica-ção prévia;
ARTIGO 77.º N.º1, alínea f) – O alvará de licença da operação de loteamento ou de obras de urbanização, contêm várias especifi-cações, nomeadamente “as cedências obrigatórias, sua finalidade e especificações das parcelas para integrar no domínio munici-pal”
Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT)
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 93
REGIME JURÍDICO DOS
INSTRUMENTOS DE GES-
TÃO TERRITORIAL, na sua
versão atual
ARTIGO 96.º - O PDM define o quadro estratégico de desenvolvimen-to territorial do Município e o correspondente modelo de organização, cumprindo ressaltar pela sua importância patrimonial específica os as-petos seguintes:
Os objetivos de desenvolvimento económico local e as medidas de intervenção municipal no mercado de solos;
Os critérios de sustentabilidade a adotar, bem como os meios dis-poníveis e as ações propostas, que sejam necessários à proteção dos va-lores e dos recursos naturais, recursos hídricos, culturais, agrícolas, flores-tais e a identificação da estrutura ecológica municipal;
Identificação das áreas de interesse público para efeitos de expro-priação, bem como a definição das respetivas regras de gestão;
Os critérios para a definição das áreas de cedência e a definição das respetivas regras de gestão, assim como a cedência média para efeitos de perequação.
ARTIGO 99.º- O PLANO DE URBANIZAÇÃO adota ao conteúdo mate-
rial apropriado às condições da área territorial a que respeita, aos obje-
tivos das políticas urbanas nos termos de referência e na deliberação
municipal que determina a sua elaboração, cumprindo ressaltar, pela sua
importância patrimonial específica, entre outros, os aspectos seguintes:
A conceção geral da organização urbana, a partir da qualifica-
ção do solo, definindo a rede viária estruturante, a localização
de equipamentos de uso e interesse coletivo, a estrutura eco-
lógica, bem como o sistema urbano de circulação, de trans-
porte público e privado e de estacionamento;
A definição do zonamento para a localização das diversas
funções urbanas, designadamente habitacionais, comerciais,
turísticas, de serviços, industriais e de gestão de resíduos, bem
como a identificação das áreas a recuperar, a regenerar ou a
reconverter;
As condições de aplicação dos instrumentos da política de so-
los e da política urbana previstos na Lei, em particular os que
respeitam à reabilitação e regeneração urbanas e áreas urbanas
degradadas.
ARTIGO 102.º O PLANO DE PORMENOR adota o conteúdo material
apropriado às condições da área territorial a que respeita, aos objetivos
e aos fundamentos técnicos previstos nos termos de referência e na
deliberação que determina a sua elaboração, cumprindo ressaltar, pela
sua importância patrimonial específica, entre outros, os aspectos se-
guintes:
As operações de transformação fundiária preconizadas e a de-
finição das regras relativas às obras de urbanização;
O desenho urbano, exprimindo a definição dos espaços pú-
blicos, incluindo os espaços de circulação viária e pedonal de
estacionamento, bem como o respetivo tratamento, a locali-
zação de equipamentos e zonas verdes, os alinhamentos, as
implantações, a modelação do terreno e a distribuição volu-
métrica;
Operações de demolição, conservação e a reabilitação das
construções existentes;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 94
Regras para a ocupação e para a gestão de espaços públicos;
Regulamentação da edificação, incluindo os critérios de inser-
ção urbanística e o dimensionamento dos equipamentos de
utilização coletiva, bem como a respetiva localização no caso
de equipamentos públicos;
A estruturação das ações de compensação e de redistribuição
de benefícios e encargos.
ARTIGO 108.º - EFEITOS REGISTAIS – O PP com as menções legal-
mente previstas e devidamente instruído constitui título bastante para
a individualização no registo predial dos prédios resultantes das ope-
rações de transformação fundiária nele prevista, incidindo apenas so-
bre as inscrições prediais em que o requerente surja como titular;
As parcelas de terreno cedidas ao Município integram-se no
domínio municipal no ato de individualização no registo pre-
dial dos lotes respetivos e estão sujeitas a cadastro predial;
ARTIGO 153.º- POLÍTICAS PÚBLICAS DE SOLOS – O Município pode
adquirir ou alienar bens imóveis para a prossecução de finalidades de
política pública de solo e, sem prejuízo de outras finalidades prevista
na Lei, os bens imóveis do domínio privado do Município podem
também, ser afetos à prossecução finalidades de políticas públicas,
nomeadamente às seguintes:
Regulação do mercado do solo, tendo em vista a prevenção
da especulação fundiária e a regulação do respetivo valor;
Aplicação dos princípios supletivos aplicáveis aos mecanis-
mos de redistribuição de benefícios e encargos;
Localização de infraestruturas, de equipamentos e de espaços
verdes e outros espaços de utilização coletiva;
Realização de intervenções públicas nos domínios da prote-
ção civil, da agricultura, das florestas, da conservação da natu-
reza, da habitação social e da reabilitação e regeneração urba-
nas;
Execução programada dos planos territoriais.
ARTIGO 154.º- RESERVA DO SOLO –Os planos podem estabelecer re-servas de solo para a execução de infraestruturas urbanísticas, de equipamentos e de espaços verdes e outros de utilização coletiva;
A reserva do solo que incida sobre prédios de particulares deter-mina a obrigatoriedade da sua aquisição no prazo estabelecido no pla-no territorial ou no respetivo instrumento de programação;
Os Municípios são responsáveis pela aquisição dos prédios abran-gidos pela reserva do solo em benefício da qual foi estabelecida, sendo obrigados a declarar a caducidade e a proceder à redefinição do uso, salvo se tiver sido previsto um regime de solo supletivamente aplicá-vel;
ARTIGO 155.º- DIREITO DE PREFERÊNCIA- Os Municípios têm o direito de exercer preferência nas transmissões de prédios, realizadas ao abrigo do direito privado e a título oneroso, no âmbito de execução de planos de pormenor ou de unidades de execução, designadamente
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 95
para reabilitação, regeneração ou restruturação da propriedade.
ARTIGO 156.º- DIREITO DE SUPERFÍCIE - Os Municípios podem constituir direitos de superfície sobre bens imóveis do seu domínio privado para a prossecução de finalidades de política pública do solo.
O direito de superfície é constituído a título oneroso, exceto quan-do as operações a realizar pelo superficiário prossigam diretamente interesses públicos relevantes e constituam contrapartida económi-ca suficiente do direito conferido.
Quando o direito de superfície for constituído a título oneroso, a contrapartida exigida ao superficiário pode consistir no pagamento de quantia pecuniária, única ou periódica, ou em qualquer outra prestação que assegure a equivalência financeira em relação ao be-nefício conferido.
ARTIGO 158.º- CONCESSÃO DE UTILIZAÇÃO E EXPLORAÇÃO DO
DOMÍNIO PÚBLICO -Os Municípios podem celebrar contratos de concessão ou conceder licenças de uso privativo de bens que integram o seu domínio público, designadamente para efeitos de utilização, ex-ploração ou gestão de infraestruturas urbanas e de espaços e equipa-mentos de utilização coletiva, sendo-lhes aplicável o disposto no Có-digo dos Contratos Públicos e demais legislação complementar.
Artigo 159.º - EXPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA - Podem ser expropriados os terrenos ou os edifícios que sejam necessários à execução dos programas e dos planos territoriais, bem como à realiza-ção de intervenções públicas e instalação de infraestruturas e de equi-pamentos de utilidade pública de acordo com o procedimento previs-to no Código das Expropriações.
Artigo 160.º e 161.º- VENDA FORÇADA e ARRENDAMENTO FOR-
ÇADO - Em alternativa à expropriação prevista no artigo anterior, po-dem ser sujeitos a venda forçada:
Os bens imóveis necessários às operações de regeneração ou de reabilitação urbana, quando os respetivos proprietários não cum-pram os ónus e deveres decorrentes de plano territorial;
Os edifícios em ruína ou sem condições de habitabilidade, bem como das parcelas de terrenos resultantes da sua demolição, nas si-tuações previstas no regime jurídico da reabilitação urbana;
Os edifícios e as frações autónomas objeto de ação de reabilitação podem também ser sujeitos a arrendamento forçado;
O procedimento da venda forçada obedece ao disposto no artigo 62.º e 63.º do regime jurídico da reabilitação e o do arrendamento forçado os termos previstos no artigo 59.º do mesmo regime;
Artigo 163.º - DIREITO À EXPROPRIAÇÃO - Os proprietários podem exigir a expropriação por utilidade pública dos seus terrenos necessá-rios à execução dos planos, quando se destinem a retificação de es-tremas, indispensável à realização do aproveitamento previsto em pla-no de pormenor.
Artigo 176.º - REDISTRIBUIÇÃO DE BENEFÍCIOS E ENCARGOS –
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 96
Os planos territoriais garantem a justa repartição dos benefícios e en-cargos e a redistribuição das mais-valias fundiárias entre os diversos proprietários, a concretizar nas unidades de execução, devendo prever mecanismos diretos ou indiretos de perequação devendo a redistribui-ção tomar em consideração, entre outros, pela sua incidência patrimonial específica, os objetivos seguintes:
A obtenção pelos municípios de meios financeiros adicionais para o financiamento da reabilitação urbana, da sustentabilidade dos ecossistemas e para garantia da prestação de serviços ambinetais;
A disponibilização de terrenos e de edifícios ao Município para a construção ou ampliação de infraestruturas, de equipamentos colectivos e de espaços verdes e outros espaços de utilização coletiva;
A supressão de terrenos expetantes e da especulação imobiliária;
A correção dos desequilíbrios do mercado urbanístico;
A promoção do mercado de arrendamento por via da criação de uma bolsa de oferta de base municipal;
A realização das infraestruturas urbanísticas e de equipamentos coletivos em zonas carenciadas
Artigo 177º.- MECANISMOS DE PEREQUAÇÃO – Os Municípios po-
dem utilizar, designadamente, os mecanismos de perequação seguin-
tes:
Estabelecimento da edificabilidade média do plano;
Estabelecimento de área de cedência média;
Repartição dos custos de urbanização.
Artigo 178º.- DISTRIBUIÇÃO DE BENEFÍCIOS– O valor dos benefí-
cios atribuídos a cada proprietário é o resultado da diferença entre a
edificabilidade abstracta e o direito concreto de construção que lhe é
atribuído, expressa em metros quadrados de área de construção de
acordo com os índices e parâmetros estabelecidos no plano (s).
Quando o direito concreto de construção do proprietário for in-
ferior à sua edificabilidade abstrata, o proprietário deve receber
uma compensação, nos termos a prever em regulamento munici-
pal, designadamente, através das seguintes medidas alternativas
ou complementares:
Desconto das taxas que tenha de suportar;
Aquisição pelo município, por permuta ou compra, da parte
do terrenos menos edificável;
Transmissão de uma área correspondente à edificabilidade em
defeito (crédito de edificabilidade).
Quando o direito concreto de construção do proprietário for supe-
rior à sua edificabilidade abstrata, o proprietário, deve compensar
essa diferença, em numerário ou em espécie, designadamente atra-
vés da transmissão para o domínio privado do Município de uma
área correspondente à área de construção em excesso.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 97
Em qualquer caso, a compensação será devida no momento do con-
trolo prévio da operação urbanística.
Artigo 179º.- COMPRA E VENDA DE EDIFICABILIDADE – A com-
pensação devida pela distribuição de benefícios, poderá fazer –se atra-
vés de contratos de compra e venda de edificabilidade entre os pro-
prietários ou entre estes e a Câmara Municipal, podendo assumir a
forma de créditos de edificabilidade nos termos do regulamento do
plano, sendo comunicadas à Câmara e sujeitas a inscrição no registo
predial.
Artigo 182º.- ÁREA DE CEDÊNCIA MÉDIA - O plano diretor munici-pal ou intermunicipal fixa uma área de cedência média para a instala-ção de infraestruturas, de equipamentos e espaços urbanos de utiliza-ção coletiva, aplicável à perequação intraplano a realizar a nível muni-cipal.
Para efeitos da cedência média são considerados os parâmetros de dimensionamento das áreas destinadas à implantação de espa-ços verdes, de equipamentos e de infraestruturas de utilização co-letiva, nos termos definidos no regime jurídico da urbanização e edificação;
A cedência efetiva é realizada, de acordo com o plano, no ato de individualização no registo predial dos lotes constituídos por pla-no de pormenor ou no procedimento de controlo prévio de ope-rações de loteamento ou de operações com impacte relevante ou semelhante a loteamento;
Quando a área de cedência efetiva for superior à cedência média, o proprietário deve, quando pretenda realizar operações urbanísti-cas, ser compensado, nos termos previsto no plano ou em regula-mento municipal.
Quando a cedência efetiva for superior à cedência média, o pro-prietário tem de compensar os demais proprietários ou pagar a res-petiva compensação urbanística em regulamento municipal.
Artigo 187º e 188º.- PRINCÍPIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO – Os Mu-nicípios devem promover permanente avaliação da adequação e con-cretização da disciplina consagrada nos programas e planos territoriais por si elaborados, suportada nos indicadores qualitativos e quantitati-vos neles previstos, podendo fundamentar propostas de alteração do plano ou dos respetivos mecanismos de execução, designadamente com os objetivos seguintes:
Garantir a criação ou alteração coordenada das infraestruturas e dos equipamentos;
Corrigir distorções de oferta no mercado imobiliário.
Regime Jurídico da Reabilitação (RJIGT)
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 98
REGIME JURÍDICO DA
REABILITAÇÃO Urbana,
na sua redação atual
ARTIGO 3.º- A reabilitação urbana, contribui para a prossecução de vários objetivos, cumprindo ressaltar, pela sua importância patrimoni-al específica, entre outros, os seguintes:
Assegurar a reabilitação dos edifícios que se encontram degradados ou funcionalmente inadequados;
Reabilitar tecidos urbanos degradados ou em degradação;
Melhorar as condições de habitabilidade e de funcionali-dade do parque imobiliário e dos espaços não edificados;
Afirmar os valores patrimoniais, materais e simbólicos como factores de identidade, diferenciação e competitivi-dade urbana;
Promover a sustentabilidade ambiental, cultural, social e ecomómica dos espaços urbanos;
Fomentar a revitalização urbana, orientada por objetivos estratégicos de desenvolvimento urbano, em que as ações de natureza material são concebidas de forma integrada e ativamente combinadas na sua execução com interven-ções de natureza social e económica.
Assegurar a integração funcional e a diversidade económi-ca e sócio- cultural nos tecidos urbanos existentes;
Requalificar os espaços verdes, os espaços urbanos e os equipamentos de utilização coletiva;
Qualificar e integrar as áreas urbanas especialmente vulne-ráveis, promovendo a inclusão social e a coesão territorial;
Assegurar a igualdade de oportunidades dos cidadãos no acesso às infraestruturas, equipamentos, serviços e fun-ções urbanas;
Recuperar espaços urbanos funcionalmente obsoletos, promovendo o seu potencial para atrair funções urbanas inovadoras e competitivas.
ARTIGO 4.º - PRINCÍPIOS GERAIS – A política da reabilitação ur-bana obedece a vários princípios que, por serem complementares aos princípios gerais e específicos sobre a gestão do património imobiliário, cumpre destacar:
Princípio da responsabilização dos proprietários e titulares de ou-tros direitos, ónus e encargos sobre os edifícios, conferin-do-se à sua iniciativa um papel preponderante na reabili-tação do edificado e sendo-lhes, nessa medida, imputa-dos os custos inerentes a esta atividade;
Princípio da solidariedade interageracional, assegurando a transmissão às geraçõs futuras de espaços corretamente ordenados e conservados;
Princípio da sustentabilidade, garantindo que a intervenção assente num modelo financeiramente sustentado e equi-librado e contribuindo para valorizar as áreas urbanas e os edifícios intervencionados através de soluções inova-doras e sustentáveis do ponto de vista sócio-cultural e ambiental;
Princípio da integração, preferindo a intervenção em áreas cuja delimitação permita uma resposta adequada e articu-lada às componentes morfológica, económica, social,
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 99
cultural e ambiental do desenvolvimento urbano;
Princípio da coordenação, promovendo a convergência, a ar-ticulação, a compatibilização e a complementaridade en-tre as várias ações de iniciativa pública, entre si, e entre estas e as ações de iniciativa privada.
Princípio da contratualização, incentivando modelos de exe-cução e promoção de operações de reabilitação urbana e de operações urbanísticas tendentes à reabilitação basea-dos na concertação entre a iniciativa pública e a iniciativa privada;
Princípio da proteção do existente, permitindo a realização de intervenções no edificado que, embora não cumpram o disposto em todas as disposições legais e regulamentares aplicáveis à data da intervenção, não agravam a descon-formidade dos edifícios relativamente a estas disposições ou têm como resultado a melhoria das condições de se-gurança e salubridade da edificação ou delas resulta uma melhoria das condições de desempenho e segurança fun-cional, estrutural e construtiva da edificação e o sacrifício decorrente do cumprimento daquelas disposições seja desproporcionado em face da desconformidade criada ou agravada pela realização da intervenção;
Princípio da justa ponderação, promovendo uma adequada ponderação de todos os interesses relevantes em face ads operações de reabilitação urbana, designadamente os in-teresses dos proprietários ou de outros titulares de direi-tos sobre edifícios objeto de operações de reabilitação;
Princípio da equidade, assegurando a justa repartição dos encargos e benefícios decorrentes da execução das ope-ração de reabilitação urbana.
ARTIGOS 5º, 9.º e 10.º- COMPETÊNCIA – O Município é compe-tente no quadro desde e dos demais regimes para promover as medidas necessárias à reabilitação das áreas urbanas degradadas, sem prejuízo de o poder fazer diretamente ou através de uma em-presa do setor empresarial local (entidade gestora) que adotará a designação de sociedade de reabilitação urbana (SRU) se o seu objeto social exclusivo for a gestão de operações de reabilitação urbana.
ARTIGO 6º - DEVER DE REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS –Os proprietários têm o dever e assegurar a reabilitação e conservação dos seus imóveis, abstendo-se, estes e os demais titulares de direi-tos que lhes confira legitimidade, de adotar qualquer comporta-mento que agrave a sua segurança, salubridade, deterioração ou ar-ranjo estético
ARTIGOS 7.º a 11.º - A DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DE REABILI-
TAÇÃO URBANA compete à Assembleia Municipal, sob proposta da Câ-mara, podendo a aprovação desta delimitação fazer-se em simultâ-neo com a operação de reabilitação urbana através de instrumento próprio ou de plano de pormenor de reabilitação podendo a respetiva operação de reabilitação urbana ser simples (reabilitação do edifica-do) ou sistemática (estratégia de reabilitação urbana) ou sistemática (intervenção integrada de reabilitação de uma área, dirigida à reabi-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 100
litação do edificado e à qualificação de infraestruturas, equipamen-tos, espaços verdes, urbanos e de utilização coletiva, visando a re-vitalização do tecido urbano associada a um programa de investi-mento público).
Os instrumentos de programação que enquadram quer a estratégia de reabilitação urbana (operações de reabilita-ção urbana simples), quer o programa estratégico de rea-bilitação urbana (operações de reabilitação urbana siste-mática) são geridos pelo Município, ou por uma empresa do setor empresarial local que, se tiver como objeto social exclusivo a gestão de operações de reabilitação, adota a designação de Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU, EM, SA);
Os modelos de execução podem ser de iniciativa dos parti-culares com o apoio da entidade gestora (Município ou SRU) ou através de administração conjunta.
Os modelos de excução podem ser de iniciativa das enti-dades gestoras, diretamente, através de administração conjunta ou através de parcerias (estas, apenas nos casos de operações de reabilitação urbana sistemática, no do-mínio da unidade de intervenção ou de execução), através de concessão de reabilitação, ou contrato de reabilitação urbana, sendo que, em qualquer caso, a formação e exe-cução da concessão ou do contrato se rege pelo disposto no CCP (Artigos 42.º e 43.º do RJRU);
ARTIGOS 12.º a 16.º - AS ÁREAS DE REABILITAÇÃO URBANA – incidem sobre espaços urbanos degradados, com obsolescência de edifícios e infraestruturas, podendo abranger áreas e centros histó-ricos, património imóvel classificado ou em vias de classificação.
A Proposta de delimitação das áreas de reabilitação urba-na a sujeitar à aprovação da assembleia deve ser funda-mentada e conter:
a) Memória descritiva e justificativa, critérios e objetivos a prosseguir;
b) Planta com delimitação da área abrangida e quadro dos benefícios fiscais associados aos impostos muni-cipais.
c) Caso a delimitação não seja aprovada em conjunto com a aprovação da operação de reabilitação, aquela caduca no prazo 3 anos, caso a operação não seja aprovada.
ARTIGO 16.º- AS OPERAÇÕES DE REABILITAÇÃO URBANA – A aprovação destas operações, faz-se através de instrumento próprio ou plano de pormenor de reabilitação, devendo conter a definição do tipo de operação e reabilitação urbana, bem como a estratégia de reabi-litação ou urbana ou o programa estratégico de reabilitação urba-na, consoante a operação seja simples (reabilitação do edificado) ou sistemática (requalificação e revitalização do tecido urbano de área determinada).
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 101
ARTIGO 17.º e 21.º- COMPETÊNCIA – A aprovação das operações de reabilitação urbana através de instrumento próprio ou de plano de pormenor de reabilitação urbana pertence à Assembleia Muni-cipal, sob proposta da Câmara.
ARTIGO 20.º-A – ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO da opera-ção de reabilitação urbana – O Município e/ou a empresa local (sociedade reabilitação urbana), elabora, anualmente, um relatório de monitorização da operação de reabilitação em curso para apre-ciação da assembleia municipal e, a cada 5 anos, submete à assem-bleia um relatório de avaliação da execução, podendo ser acompa-nhado de alteração do instrumento de programação (estratégia de reabilitação urbana ou programa estratégico de reabilitação urba-na), consoante o caso, sendo os relatórios e os termos da sua apre-ciação, obrigatoriamente, divulgados na página eletrónica do Mu-nicípio.
ARTIGO 22.ºe 24.º- PLANO DE PORMENOR DE REABILITAÇÃO
URBANA- estabelece a estratégia integrada de atuação e as regras de uso e ocupação do solo e dos edifícios necessários para promo-ver e orientar a valorização e modermização do tecido urbano e revitalização económica, social e cultural na sua área de interven-ção, devendo conter, além do contéudo material previsto no RJIGT, especificidades, cumprindo destacar, entre outras, apenas as que têm conteúdo patrimonial específico:
A delimitação das unidades de execução, para efeitos de programação da execução do plano;
Valorização e proteção de bens patrimoniais, culturais, na-turais e paisagísticos existentes na sua área de intervenção e sua adequação estratégica de revitalização económica, social e cultural da sua área de intervenção, em articulação com as demais políticas urbanas do Município;
Identificação e classificação sistemática dos edifícios, das infraestruturas urbanas, dos equipamentos e dos espaços urbanos e verdes de utilização coletiva de cada unidade de execução, estabelecendo as suas necessidades e finalidades de reabilitação e modernização ou prevendo a sua demoli-ção, quando aplicável
ARTIGO 29.º As ações de reabilitação de edifícios tendentes à exe-cução de uma operação de reabilitação urbana simples devem ser reali-zadas, preferencialmente, pelos proprietários e demais titulares de direitos que lhes confiram essa legitimidade, sem prejuízo da com-petência da respetiva entidade gestora (Município ou SRU);
ARTIGO 31.º- As intervenções tendentes à execução de uma opera-ção de reabilitação urbana sistemática deve ser promovidas pelas enti-dades gestoras (Município ou SRU), sem prejuízo dos deveres de reabilitação de edifícios que impendem sobre particulares e da ini-ciativa particular na promoção da reabilitação urbana.
ARTIGO 32.º- EFEITOS DA APROVAÇÃO DE UMA OPERAÇÃO DE
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 102
REABILITAÇÃO URBANA SISTEMÁTICA:
Constitui causa de utilidade pública para efeitos da expro-priação, ou
Causa da venda forçada dos imóveis existentes na área abrangida, bem como
Constituição de servidões necessárias sobre os imóveis para a execução da operação de reabilitação urbana.
ARTIGO 33.º - PROGRAMA ESTRATÉTICO DE REABILITAÇÃO
URBANA – orienta as operações de reabilitação urbana sistemáti-cas, cumprindo ressaltar, entre outras, aquelas que têm incidência patrimonial:
Apresentar as opções estratégicas de reabilitação e de revi-talização da área de reabilitação urbana, compatíveis com as opções e desenvolvimento do Município;
Identificar as ações estruturantes da reabilitação, distin-guindo nomeadamente as têm por objeto os edifícios, as infraestruturas urbanas, os equipamentos, os espaços ur-banos e verdes de utilização coletiva, e as atividades eco-nómicas;
Estipular unidades de execução ou intervenção da opera-ção de reabilitação urbana e definir os objetivos específi-cos a prosseguir no âmbito de cada uma delas.
ARTIGO 34.ºe 35.º- Podem prever-se unidades de execução nas operações de reabilitação urbana sistemática suportadas em plano de pormenor e unidades de intervenção nas aprovadas por instru-mento próprio, podendo corresponder à totalidade da área ou em casos de particular interesse público a um edifíco.
A delimitação das unidades de intervenção é facultativa mas pode constituir pressuposto do recurso a determina-das modalidades de execução de operações de reabilitação urbana sistemática em parceria com entidades privadas, podendo ser requerida pelos proprietários e sendo essa delimitação da competência do Município, ou da Câmara, se a entidade gestora, for uma SRU.
ARTIGO 39.ºa 43.º- Os modelos de execução das operações de re-abilitação urbana, são os seguintes:
Execução por iniciativa dos particulares e administração conjunta;
Execução por iniciativa da entidade gestora, podendo re-correr a parcerias com entidades privadas através da con-cessão da reabilitação urbana e contrato de reabilitação urbana.
O contrato de reabilitação urbana pode prever transferên-cia para a entidade contratada dos direitos de comerciali-zação dos imóveis reabilitados e de obtenção dos respeti-vos proventos, bem como, nomeadamente, a aquisição do direito de propriedade ou a constituição do direito de su-perfície sobre os bens a reabilitar por esta, ou a atribuição de um mandato para a venda destes bens por conta da en-tidade gestora;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 103
O contrato de reabilitação urbana está sujeito a registo e deve designadamente prever, entre outros, os aspetos se-guintes:
Transferência para a entidade contrada da obriga-ção de aquisição dos prédios existentes sempre que se possa fazer por via amigável;
Preparação dos processos expropriativos que se revelem necessários para a aquisição da proprie-dade pela entidade gestora;
Repartição dos encargos decorrentes das indem-nizações;
As contrapartidas a estabelecer pelas partes con-tratantes podem ser em espécie;
O contrato deve ser precedido, na medida do possível, com todos os interessados envolvidos de modo a que possam assumir compromisso com a entidade gestora.
ARTIGO 54.º, 58.ºa 62.º - A entidade gestora pode, consoante, o ti-po da respetiva operação de reabilitação utilizar, entre outros, os instrumentos seguintes:
Direito de preferência, nas transmissões a título oneroso, entre particulares, de terrenos, edifícios ou frações situados em área de reabilitação urba-na;
Arrendamento forçado, se após a realização das obras pela entidade gestora o proprietário, no prazo máximo de quatro meses, não proceder ao ressarcimento integral das depesas incorridas pela entidade gestora, ou não der de arrendamento o edifício ou fração por um parzo mínimo de cinco anos afetando as rendas ao ressarcimento daque-las despesas, pode a entidade gestora arrendá-lo, mediante concurso público, igualmente por cinco anos, renovável nos termos do artigo 1096.º do Código Civil
Servidões administrativas necessárias à reinstala-ção e funcionamento das atividades localizadas nas zonas de intervenção;
Expropriação dos terrenos, edifícios e frações ne-cessários à execução da operação de reabilitação urbana nos termos do Códido das Expropriações e de acordo com o princípio da proporcionalida-de, atendendo aos interesses públicos e privados em presença;
Venda forçada do edifício ou fração em hasta pública a quem oferecer melhor preço e se dispu-ser a cumprir a obrigação de reabilitação no prazo inicialmente estabelecido, contado da da data da arremetação, casos os proprietários não cumpram a obrigação de reabilitar, tendo a entidade gestora e o Município direito de preferência na alienação do imóvel em hasta públicaoncretizado através ompetentesCâmara municipal tem as competên-cias materiais e de funcionamento previstas na
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 104
75/2013, sem prejuízo das demais competências legais de acordo com o disposto no artigo 3.º do mesmo diploma.
Plano Diretor Municipal de Lisboa (PDM)
PDM
ARTIGO 1.º N.º 3 - O PDM aplica -se à totalidade do território do
Município de Lisboa, vinculando as entidades públicas e ainda, di-
reta e imediatamente, os particulares;
ARTIGO 2.º - OBJETIVOS ESTRATÉGICOS –….estabelece as gran-
des estratégias de desenvolvimento, as orientações e as políticas
urbanísticas para o território municipal, define a programação da
respetiva execução e as regras para a contratualização, com os vá-
rios atores que intervêm no território, para responder aos objeti-
vos fixados nos Termos de Referência aprovados em fevereiro de
2003 e aos desafios colocados na Carta Estratégica de Lisboa
2010/2024, dos quais se destacam, entre outros, os seguintes:
Promover a reabilitação e a regeneração urbana, alargando o con-
ceito de área histórica a toda a Cidade consolidada como forma de
defesa e valorização do seu património histórico, cultural e paisa-
gístico;
ARTIGO 9.º - CLASSIFICAÇAO DO SOLO – A totalidade da área do
Município é classificada como solo urbano que é constituído por
terrenos urbanizados e inclui os solos afetos à estrutura ecológica
municipal necessárias ao equilíbrio do espaço urbano;
ARTIGO 26.º - ÂMBITO E PRINCÍPIOS - A estrutura patrimonial
municipal integra os bens culturais imóveis de interesse arquitetó-
nico, histórico, paisagístico, arqueológico e geológico que, pela sua
particular relevância, devem ser especialmente tratados e preserva-
dos no âmbito dos atos de gestão e planeamento, com vista à res-
petiva valorização e integração urbana;
ARTIGO 26.º N.º 2- As intervenções sobre os bens da estrutura pa-
trimonial municipal devem privilegiar a sua conservação e valori-
zação, a longo prazo, de forma a assegurar a sua identidade e a evi-
tar a sua destruição, descaracterização ou deterioração;
ARTIGO 80.º - A programação da execução do PDML é estabele-
cida pela Câmara Municipal no âmbito da aprovação das Grandes
Opções do Plano (planos plurianuais de investimento) e dos pla-
nos anuais de atividades, concretizando as opções e prioridades de
desenvolvimento urbanístico para a área do município, privilegi-
ando, entre outras, as intenções seguintes:
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 105
Disponibilização de solo para equipamentos de utilização cole-tiva, espaços verdes e infraestruturas necessários à satisfação das carências detetadas;
Oferta de solo urbanizado e controlo do mercado de solos;
ARTIGO 84.º- Constituição de um sistema de incentivos a opera-ções urbanísticas com interesse municipal mas que se revelam me-nos vantajosas do ponto de vista da promoção imobiliária privada, a desenvolver através de regulamento municipal, sendo os critérios a adotar para efeito de avaliação do interesse municipal, entre ou-tros, os seguintes:
A reabilitação de edifícios;
A transmissão para o domínio municipal de áreas verdes, integradas em Espaços consolidados e a consolidar verdes de recreio e produção, a título gratuito e como acréscimo às cedências legalmente exigíveis, quando haja lugar a estas, nos termos dos n.ºs 8 e 9 do artigo 50.º do regulamento do PDM;
A oferta suplementar de estacionamento para residentes em zonas com défice de estacionamento, nos termos dos n.ºs 2 e 4 do artigo 77.º do presente Regulamento;
ARTIGO 86.º- Cabe ao programa local de habitação concretizar vá-rios objetivos, nomeadamente a valorização do património habita-cional municipal;
ARTIGO 87.º- As operações de loteamento e as demais operações urbanís-
ticas com impacte relevante ou semelhante a uma operação de loteamento
contribuem para a dotação de áreas destinadas a espaços verdes e de utili-
zação coletiva, a equipamentos de utilização coletiva, a infraestruturas,
nomeadamente arruamentos viários e pedonais e a estacionamento público
na cidade, a ceder gratuitamente para o domínio municipal pelo proprietá-
rio e/ou pelos demais titulares de direitos reais sobre o terreno sobre o
qual incidem as referidas operações urbanísticas com o objetivo de conso-
lidar padrões de sustentabilidade ambiental e de exigência qualitativa de
equipamentos coletivos.
Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas (LOPTC)
)
LOPTC
ARTIGO 1.º e 2.º - Os Municípios estão sujeitos aos poderes de ju-risdição do Tribunal de Contas que fiscaliza a legalidade e regula-ridade das receitas e das despesas públicas, aprecia a boa gestão fi-nanceira e efetiva responsabilidades por infrações financeiras;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 106
LOPTC
ARTIGO 5.º- Compete ao Tribunal de Contas fiscalizar previamente a legalidade e o cabimento orçamental dos atos e contratos de qual-quer natureza que sejam geradores de despesa ou representativos de quaisquer encargos e responsabilidades, diretos ou indiretos, para os Municípios, bem como apreciar a legalidade, bem como a econo-mia, eficácia e eficiência, segundo critérios técnicos, da gestão fi-nanceira do Município, incluindo a organização, o funcionamento e a fiabilidade dos sistemas de controlo interno e, ainda, julgar a efeti-vação de responsabilidades financeiras de quem gere e utiliza di-nheiros públicos.
Artigo 44.º - A fiscalização prévia tem por fim verificar se os atos, contratos ou outros instrumentos geradores de despesa ou repre-sentativos de responsabilidades financeiras diretas ou indiretas estão conformes às Leis em vigor e se os encargos têm cabimento em verba orçamental própria, constituindo fundamento de recusa de visto a desconformidade de tais atos, contratos de demais instru-mentos que implique:
Nulidade;
Encargos sem cabimento em verba orçamental própria ou vio-lação direta de normas financeiras;
Ilegalidade que altere ou possa alterar o respetivo resultado fi-nanceiro.
ARTIGO 45.º- Os atos, contratos e demais instrumentos sujeitos à fiscalização prévia do Tribunal de Contas podem produzir todos os seus efeitos antes do visto ou da declaração de conformidade exceto quanto aos pagamentos a que deram causa, por isso, a recusa impli-ca apenas a ineficácia jurídica dos atos, contratos e demais instru-mentos após a data da notificação da decisão aos organismos inte-ressados.
ARTIGO 46.º- Estão sujeitos à fiscalização prévia do Tribunal Con-tas, entre outros, os seguintes:
Contratos de obras públicas, aquisição de bens e serviços, bem como outras aquisições patrimoniais que impliquem despesa de valor igual ou superior ao montante fixado na Lei do Orçamento de Estado nos termos da Lei;
Minutas dos contratos de valor igual ou superior ao fixado nas Leis do Orçamento, cujos encargos, ou parte deles, te-nham de ser satisfeitos no ato da sua celebração;
Os contratos aqui referidos compreendem os acordos, pro-tocolos ou outros instrumentos de que resultem ou possam resultar encargos financeiros ou patrimoniais para o Muni-cípio;
ARTIGO 49.º- O Tribunal de Contas também pode exercer a fiscali-zação concomitante através da realização de auditorias, e se apurar a ilegalidade do procedimento pendente ou de ato ou contrato ainda não executado, notifica a entidade para sujeição a visto prévia e não lhe dar execução antes do visto, sob pena de responsabilidade fi-nanceira.
ARTIGO 57.º- Sempre que os relatórios das ações de controlo (audi-torias) do Tribunal evidenciem indícios de factos constitutivos de responsabilidade financeira os processos são remetidos ao Ministé-rio Público para efeito de julgamento da responsabilidade financei-ra;
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 107
LOPTC
ARTIGO 59.º e 60.º- Nos casos de alcance, desvio de dinheiros ou valores públicos e ainda de pagamentos indevidos, pode o Tribunal condenar o responsável a repor as importâncias abrangidas pela in-fração, sem prejuízo de qualquer outro tipo de responsabilidade em que o mesmo possa incorrer, haverá ainda reposição por não arre-cadação de receitas nos casos de prática, autorização ou sanciona-mento, com dolo ou culpa grave, que impliquem a não liquidação, cobrança ou entrega de receitas com violação das normas legais aplicáveis.
ARTIGO 61.º- A responsabilidade financeira pela reposição dos res-petivos montantes recai sobre o agente ou agentes da ação e tam-bém nos dirigentes ou membros de órgãos de gestão administrativa e financeira dos Municípios e pode ainda recair nos trabalhadores que nas suas informações não esclareçam de assuntos da sua com-petência de harmonia com a Lei
ARTIGO 62.º a 64.º- Responsabilidade direta, subsidiária, solidária e avaliação da culpa.
ARTIGO 65.º a 70.º - Sem prejuízo da responsabilidade financeira reintegratória pode haver lugar a responsabilidade financeira e san-cionatória pela aplicação de multas, entre outras, nos seguintes ca-sos:
Pela não liquidação, cobrança ou entrega nos cofres do Es-tado das receitas devidas;
Pela violação de normas sobre a assunção, autorização ou pagamento de despesas públicas ou compromissos;
Pela violação de normas legais ou regulamentares relativas à gestão e controlo orçamental, de tesouraria e de Patrimó-nio;
Pela execução de contratos a que tenha sido recusado o vis-to ou de contratos que não tenham sido submetidos à fisca-lização prévia quando a isso estavam legalmente sujeitos;
Pela utilização d dinheiros ou outros valores públicos em finalidade diversa da legalmente prevista;
Pelo não acatamento reiterado e injustificado das injunções e recomendações do Tribunal.
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 108
Código Civil (CC)
CC
ARTIGO 202.º - Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objeto de relações jurídicas, mas consideram-se fora do comércio jurídico todas as coisas que não pode ser objeto de direitos privados, tais como as que se encontram no domínio público e as que são, por sua natureza, insuscetíveis de apropriação individual;
ARTIGO 204.º- Coisas Imóveis são, entre outras, os prédios rústi-cos e urbanos, bem como os direitos que lhe são inerentes; Elabo-rar e submeter à aprovação da assembleia municipal os planos ne-cessários à realização das atribuições municipais (Cf. n.º 1 alínea a);
ARTIGO 219.º- Liberdade de forma – A validade da declaração ne-gocial não depende da observância de forma especial, salvo quan-do a lei a exigir;
ARTIGO 240.º a 257.º e 292.º e 293.º- Falta e vícios de vontade bem como a redução e conversão dos negócios jurídicos de direi-to privado e ainda aos contratos administrativos ex legis artigos 284.º e 285.º do CCP;
Artigo 405.º e ss – Fontes das obrigações;
Artigo 424.º e ss – Cessão da posição contratual;
Artigo 428.º - Exceção do não cumprimento do contrato
Artigo 432.º e ss Resolução do contrato;
Artigo 437.º Resolução ou modificação do contrato por alteração das circunstâncias;
Artigo 440.º a 442.º Antecipação do cumprimento, contrato de promessa de compra e venda e sinal);
Artigo 623.º e ss – Garantias especiais das obrigações (caução, consignação de rendimentos, penhor, hipoteca, privilégios credi-tórios, direito de retenção);
Artigo 762.ºa 816.º- Cumprimento e incumprimento das obriga-ções;
Artigo 817.º e ss Ação de cumprimento e execução e execução específica;
Artigo 874.º e ss Compra e venda e outros contratos onerosos (Artigo 939.º);
Artigo 1022.º e ss- Locação e Regime Jurídico do Arrendamento Urbano;
Artigo 1129.ºa 1141.º Comodato
Livro III – Direito das coisas
Artigos 1251.º e ss( Posse), Artigos 1287 a 1297 .º(Usucapião);
Artigo 1302.º e ss (Direito de Propriedade);
Artigo 1524.º e ss (Direito de Superfície) - Artigo 1527.º e ss – O direito de superfície constituído pelo Estado ou por outras pesso-as coletivas públicas em terreno do seu domínio privado fica sujei-to a legislação especial e, subsidiariamente, às disposições do Có-digo Civil;
Artigo 1543.º a 1575.º - Servidões prediais
Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado
e Demais Entidades Públicas
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 109
Regime da Responsa-
bilidade Civil Extracon-
tratual do Estado e
Demais Entidades Pú-
blicas
(LEI N.º 67/2007, DE 31
DE DEZEMBRO)
ARTIGO 1.º e 7.º- O Município responde pelos danos resultantes do exercício da função administrativa, ou seja, pelos atos e omis-sões adotadas no exercício de prorrogativas de poder público ou reguladas por disposições ou princípios de direito administrativo, bem como a responsabilidade dos titulares dos órgãos e trabalha-dores em funções públicas por danos decorrentes de ações e omis-sões adotadas no exercício da função administrativa e por causa desse exercício;
ARTIGO 3.º- Quem esteja obrigado a reparar um dano deve re-constituir a situação que existiria se não se tivesse verificado o evento que obriga à reparação, sendo fixada a indemnização em dinheiro quando aquela reparação não seja possível e compreende danos patrimoniais e não patrimoniais, bem como os danos já produzidos e os danos futuros, nos termos gerais de Direito;
ARTIGO 6.º- Direito de regresso, nos casos tipificados, é obrigató-rio sem prejuízo do procedimento disciplinar a que haja lugar;
ARTIGO 7.º - O Município é ainda responsável pelo facto ilícito no âmbito da função administrativa quando os danos não tenham re-sultado de comportamento concreto de um titular de órgão ou trabalhador determinado, ou não seja possível provar a autoria pessoal da ação ou omissão, mas devam ser atribuídos ao funcio-namento anormal do serviço, entendido este , quando, atendendo às circunstâncias e a padrões médios de resultado, fosse razoavel-mente exigível ao serviço uma atuação suscetível de evitar os da-nos produzidos.
ARTIGO 8.º- Os titulares dos órgãos e trabalhadores são responsá-veis pelos danos que resultem de ações ou omissões ilícitas no exercício da função administrativa, cometidas com dolo ou com diligência e zelo manifestamente inferiores àqueles a que se encon-travam obrigados em razão do cargo, sendo o Município respon-sável solidário, se as ações ou omissões referidas no número ante-rior tiverem sido cometidas por estes no exercício das suas fun-ções e por causa desse exercício, havendo direito de regresso con-tra os responsável (titulares dos órgãos ou trabalhadores), sem pre-juízo de procedimento disciplinar;
ARTIGO 9.º- Consideram-se ilícitos as ações dos titulares dos ór-gãos ou trabalhadores no exercício de funções públicas que violem disposições ou princípios constitucionais, legais ou regulamentares ou infrinjam normas de natureza técnica ou deveres objetivos de cuidado e de que resulte a ofensa de direitos ou interesses legal-mente protegidos, havendo também ilicitude quando a ofensa de direitos ou interesse legalmente protegidos resulte do funciona-mento anormal do serviço.
ARTIGO 10.º- A culpa dos titulares dos órgãos e trabalhadores no exercício de funções públicas deve ser apreciada pela diligência e aptidão que seja razoável exigir, em função das circunstâncias de cada caso, de um titular de um órgão ou trabalhador zeloso e cumpridor, presumindo-se a existência de culpa leve na práticas de atos jurídicos ilícitos, salvo a demonstração de dolo ou culpa gra-ve. Também se presume culpa leve o incumprimento de deveres d vigilância, por aplicação dos princípios gerais da responsabilidade civil, havendo responsabilidade solidária no caso de pluralidade de responsáveis nos termos do artigo 497.º do Código Civil;
ARTIGO 11.º- O Município responde civilmente pelo risco, ou seja, pelos danos decorrentes de atividades, coisas ou serviços adminis-
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 110
trativos especialmente perigosos, salvo quando, nos termos gerais, se prove que houve força maior ou concorrência de culpa do lesa-do, atentas as circunstâncias, respondendo ainda solidariamente quando o facto culposo de terceiro tenha concorrido para a pro-dução ou agravamento dos danos, sem prejuízo do direito de re-gresso.
DIREITO LEGAL DE PREFERÊNCIA
Regime Jurídico dos Instrumen-tos de Gestão Territorial (DL 80/2015);
Regime Jurídico da Reabilitação Urbana (DL 307/ 2009, na reda-ção do DL 136/2014)
Lei de Bases da Política e do Regime de Pro-teção e Valori-zação do Patri-mónio Cultural
ARTIGO 155.º DIREITO DE PREFERÊNCIA - Os Municípios têm o di-
reito de exercer preferência nas transmissões de prédios, realizadas ao
abrigo do direito privado e a título oneroso, no âmbito de execução
de planos de pormenor ou de unidades de execução, designadamente
para reabilitação, regeneração ou restruturação da propriedade (Regi-
me Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial);
ARTIGO 54º.e ARTIGO 58.º- O Município, na qualidade de entidade
gestora, pode utilizar consoante o tipo de reabilitação urbana vários
instrumentos de execução, nomeadamente, o direito de preferência
nas transmissões a título oneroso, entre particulares, de terrenos, edi-
fícios ou frações situadas em área de reabilitação urbana (Regime Jurídico
da Reabilitação Urbana)
ARTIGO 37.ºDIREITO DE PREFERÊNCIA – Os Municípios gozam, pe-
la ordem indicada, do direito de preferência em caso de venda ou da-
ção em pagamento de bens classificados ou em vias de classificação
ou dos bens situados na respectiva zona de proteção, sendo prejuízo
de outros direitos de preferência concedidos à Administração Pública
pela legislação avulsa, sendo aplicável ao seu exercício o disposto nos
artigos 416.º a 418.º e 1410.º do Código Civil, devidamente adaptado
(Lei de Bases da Política e do Regime de Proteção e Valorização do Património
Cultural );
Relatório de Ponderação
DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 111
8.1 – Principais referências bibliográficas e doutrinais
ESTORNINHO; MARIA JOÂO, “ A Fuga para o Direito Privado Contributo para o estudo
de direito privado da Administração Pública”; Ed. Almedina.
LUIS S. CABRAL DE MONCADA, “Direito Económico”, Ed. Coimbra.
MÁRIO ESTEVES DE OLIVEIRA, PEDRO COSTA GONÇALVES, J. PACHECO AMO-
RIM, “Código do Procedimento Administrativo”, comentado, 2.ª Ed. Almedina.