linhas de torres vedras fortes das linhas de torres … · convento de mafra, sugere o levantamento...

37
1 A GUERRA PENINSULAR EM MAFRA * LINHAS DE TORRES VEDRAS * FORTES DAS LINHAS DE TORRES NA TAPADA DE MAFRA

Upload: hadien

Post on 16-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

1

A GUERRA PENINSULAR EM MAFRA

*

LINHAS DE TORRES VEDRAS

*

FORTES DAS LINHAS DE TORRES NA TAPADA DE MAFRA

Page 2: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

2

Page 3: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

3

1807 Dezembro 8 Entra em Mafra a 2ª Divisão do Corpo de Observação da Gironda do exército francês, sob o comando do General Henri-Louis Loison. Dezembro 14 Carta do Juiz de Fora de Mafra ao Intendente-Geral da Polícia do Reino, denunciando o estado calamitoso da população residente na vila e seu termo.

1808 Janeiro 1 Proclamação de Loison. Janeiro 21 Ofício do coronel Vincent, remetido ao coronel Caula, ordena o início do reconhecimento das zonas costeiras entre Lisboa e Peniche e dos cálculos de triangulação. José Maria das Neves Costa integra a equipa de engenheiros responsáveis por esse trabalho que continuaria mesmo após a derrota dos franceses. Janeiro 26 Fuzilamento de Jacinto Correia na Alameda. Janeiro 27 Relatório do Girod de Novilars, um dos engenheiros militares franceses, encarregado, juntamente com o comandante de batalhão, E. Paris, de fazer o reconhecimento das estradas entre Lisboa e Peniche. Março 1 E. Paris envia a Junot um relatório consignando os dados resultantes do reconhecimento das estradas entre Lisboa e Peniche. Depreende-se do documento que Junot procurava um local onde o seu exército pudesse aboletar-se e, concomitantemente, realizar manobras. O oficial aponta três possibilidades: uma situada a duas léguas de Mafra, à direita da estrada para a Ericeira; outra, na estrada de Sintra para Mafra, distante cerca de duas léguas desta vila; finalmente, o próprio palácio de Mafra, susceptível de abrigar dez mil homens, apesar das

Page 4: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

4

deficientes condições sanitárias. Para melhorar as condições sanitárias da tropa que, eventualmente, pudesse ser aquartelada no Palácio e Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício, estimando que, com esse expediente, se poderiam obter cerca de 1300 metros quadrados de madeira, para servirem como tarimbas a igual número de soldados (cf. António Pedro Vicente, Le Génie Français au Portugal sous l’Empire, Lisboa, 1984, p. 211-213 e 253-255). Março – Abril Mafra, Ericeira, Enxara dos Cavaleiros e Gradil contribuem com cerca de 500$000 réis por conta dos 6 milhões de cruzados cobrados por Junot à Junta do Comércio. Junho 12 Desarmamento e prisão dos Granadeiros de Castela a Velha e do corpo de Cavalaria de Maria Luísa, contingentes espanhóis incorporados no exército francês. Agosto 21 Sir Arthur Wellesley tenciona marchar sobre Mafra quando se trava a batalha do Vimeiro. Em consequência da retirada apressada dos franceses, após esse confronto, alguns livros não terão sido restituídos à Biblioteca do Palácio de Mafra, tendo-se conservado, até 1880, os respectivos recibos de empréstimo (Júlio Ivo, Os Franceses em Mafra, in O Concelho de Mafra, 27 Jun. 1908). Setembro 2 Chegada das tropas inglesas a Mafra, ao som de sinos e carrilhões. Setembro 14 Instalação de um hospital para enfermos do Exército português, em Mafra. Setembro 26 Habitantes de Ribamar deslocam-se a Mafra com o objectivo de se familiarizarem com o manejo de armas de fogo de molde a servirem no exército Anglo-Luso.

1809 Janeiro 17 Início do donativo mensal da população da Vila de Mafra e seu termo, da quantia de 52$840, por tempo de um ano, para acudir às necessidades urgentes do Estado Português, na sua luta contra o jugo

Page 5: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

5

francês. O valor total de tal donativo rondará os 6000$000 réis [Livro de Registos da Câmara Municipal de Mafra, n. 7 (1806-1820), fl. 112v-118v]. Fevereiro 4 Chegada a Mafra, procedente de Almeida, de uma coluna do exército britânico, formado por 307 praças. Incêndio do Hospital Militar das Reais Barracas, sito na Tapada Real. Fevereiro 15 O Governador Militar de Mafra solicita ao Senado Municipal a nomeação de um aparelhador para dirigir as obras de Fortificação da Vila, de acordo com o traçado elaborado pelo Sargento-Mor, Engenheiro responsável pela referida fortificação [AHMM: Livro de Registos da Câmara Municipal de Mafra, n. 7 (1806-1820), fl. 123-123v]. Fevereiro 27 Por determinação do Comando Geral Militar da Província da Estremadura, José Pinto Madureiro é nomeado aparelhador das obras de fortificação da vila de Mafra, com o objectivo de dar continuidade à referida obra [AHMM: Livro de Registos da Câmara Municipal de Mafra, n. 7 (1806-1820), fl. 123v-124]. Abril 4 Criação na Real Tapada do depósito de gado vacum e bestas muares do exército Anglo-Luso. Junho 7 Alvará Régio estabelece a Primeira Contribuição Extarordinária para a Defesa e salvação do Estado, da Santa Religião e conservação da Independência Nacional. Mafra, Ericeira, Enxara dos Cavaleiros, Cheleiros, Gradil e Carvoeira contribuem com cerca de 900$000 réis. Novembro 2 Beresford visita o Palácio de Mafra, retirando para Sintra. Novembro 6 Francisco Carneiro Homem Sotto Maior, Governador Militar da Vila de Mafra, informa D. Miguel Pereira Forjaz que o forte da Ericeira se acha desguarnecido.

1810

Fevereiro 8 Visita de observação e análise estratégica do território entre Torres

Page 6: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

6

Vedras e Ericeira pelos generais Wellesley e Beresford. A Tapada é incluída na 2ª das Linhas de Torres. Março Abertura de duas novas portas na Tapada (Vale da Guarda e Muro Seco) para saída da maior parte da madeira utilizada na edificação dos redutos da 2ª Linha de defesa.

Marechal William Carr Beresford

Março 2 Início da edificação dos quatros redutos da Tapada, cuja direcção cabe ao Tenente-coronel Fletcher, coadjuvado pelos engenheiros militares capitão William Ross e Tenente Rice Jones.

Page 7: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

7

Tenente-coronel Fletcher

Abril Nas obras de fortificação da 2ª Linha de Defesa trabalham diariamente mais de 200 homens, além do regimento de Milícias da Figueira da Foz, destacado para Mafra com esse objectivo. Os religiosos do convento de Santo António e demais eclesiásticos da região recusam-se a participar nos trabalhos. Junho 28 Para satisfazer “o apetite do Almirante inglês” (?), o Conde de Castro Marim solicita a cooperação do Administrador da Tapada no sentido de viabilizar a realização de uma caçada de 4 gamos [Casa Real, cx. 3753, capilha 5, Correspondência da Real Tapada de Mafra (1809-1812)]:

Page 8: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

8

“Para que seja satisfeito o apetite do Almirante Inglês obséquio no qual se dará por muito bem servido S.A.R. O Príncipe Regente Nosso Senhor, sou a esperar de sua conhecida atenção que dentro dessa Tapada de Mafra facilite e consinta, que possa fazer uma caçada de 4 Gamos ajudado pelos Guardas da dita Tapada o Couteiro-Geral das Reais Coutadas José Januário da Costa Mineiro a quem tenho incumbido semelhante lisonjeiro = Serviço entretanto que no meu particular estimarei muitas ocasiões de obsequiá-lo, e comprazer-lhe. Deus guarde a Vm.ce. Xabregas, 28 de Junho de 1810”. Conde de Castro Marim Julho 12 Por ofício, o Administrador da Tapada Real de Mafra, Estêvão João de Carvalho informa o rei que foram mortos alguns gamos para o Almirante Inglês, tal como solicitado pelo Conde de Castro Marim. Agosto 3 Primeira transmissão recorrendo ao telégrafo óptico, entre o capitão John Jones, em Alhandra e o Tenente-coronel Fletcher, em Mafra. Outubro Criação do Hospital Militar de Mafra, nas enfermarias e dormitórios do convento de Santo António. Estabelecimento de vivandeiros em Alverca, Bucelas, Sobral de Monte Agraço, Monchique, Mafra e Torres Vedras para abastecimento do exército Anglo-Luso. Outubro 5 Wellesley solicita a La Romana a sua participação na defesa das Linhas de Torres. Duas Divisões espanholas sob o seu comando, acampam na Enxara dos Cavaleiros. Novembro 7 Na Sala da Bênção tem lugar um magnífico banquete com luminárias, seguido de baile, para mais de 400 pessoas, com a presença da Regência, Wellesley, Beresford e Marquês de la Romana (1761-1811). No decorrer dele, o Marechal Beresford é armado cavaleiro da Ordem do Banho (Bath). Para tal efeito, João Diogo de Barros empresta “trastes e pratas” [BNRJ: cx. 705]. Novembro 8 O Administrador da Real Tapada informa que os soldados das Divisões espanholas, sob o comando do Marquês de la Romana têm depredado a caça, perante a impotência dos guardas da propriedade para pôr cobro

Page 9: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

9

a tais desmandos [Correspondência da Real Tapada de Mafra (1809-1812)]:

Marquês de La Romana

“Como Administrador desta Real Tapada de Mafra tenho a honra de representar a V.A.R. que os soldados do Exército, principalmente os Espanhóis com grande força têm entrado na Real Tapada, fazendo uma grande mortandade na Caça levando vinte cabeças por dia tenho

Page 10: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

10

buscado todos os meios para impedir este procedimento com os Guardas da dita Tapada o que nada tem feito pela desigualdade de força igualmente dei parte aos Comandantes dos respectivos Corpos que de nada valerão. Igualmente tenho a honra de fazer saber a V. A. R - que em consequência das requisições do Governador Militar desta Vila e do Juiz de Fora tenho dado a lenha precisa ao Regimento de Viseu que aqui esta igualmente para o Hospital Português aqui novamente estabelecido. Mafra, 8 de Novembro de 1810”. Estêvão João de Carvalho.

CORPO DE OBSERVAÇÃO DA GIRONDA – 2ª Divisão (8.12.1807 – 25.7.1808) Entrou em Espanha (Irun) a 22 de Novembro de 1807, comandado pelo General Dupont de l’Étang. Prevendo a instalação em Mafra (derradeira residência da corte portuguesa antes da sua partida para o Brasil) de um contingente militar, Junot ordenou a realização, prévia, de reconhecimentos logísticos e geográficos, a cargo do engenheiro militar Girod de Novilars e do comandante de batalhão E. Paris. Com vista à melhoria das condições sanitárias da tropa que, eventualmente, pudesse vir a ser aquartelada no Palácio e Convento de Mafra, este chegou a sugerir o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício, estimando que com tal expediente se poderiam obter cerca de 1300 m2 de madeira, destinada às tarimbas de igual número de soldados 1. As Memórias de Eusébio Gomes registam a entrada em Mafra, a 8 de Dezembro de 1807, de “uma Divisão dos franceses composta de Infantaria, Cavalaria, um parque de Artilharia [sob o comando do General Loison], que no dia seguinte se dividiu por Torres Vedras e Peniche, ficando aqui o Quartel-General. Na entrada os oficiais encaminharam-se para o Palácio, e como achassem fechada a porta que no fim da escada dá entrada para o Palácio, mandaram chamar o Guardião. Este veio logo, mas como ele não tinha as chaves do Palácio, não podia mandar abrir as portas; então o Lagarde encolerizado deu uma bofetada na face do Guardião, e este com toda a humildade ofereceu a outra face, com que o pérfido Lagarde ficou inteiramente confundido, e deu mostras de estar arrependido da

1 Cf. António Pedro Vicente, Le Génie Français au Portugal sous l’Empire, Lisboa, 1984, p. 211-213

Page 11: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

11

indigna acção que praticou. Aquartelados os Franceses no Palácio e convento, e os oficiais pelas casas da Vila, marcharam dois dias depois os que foram para Torres e Peniche, e ficou aqui o resto comandados pelo general Loison que se portou honrosamente com os frades, e com a gente da vila, a ponto de não consentir que saísse do convento mais nenhum dos Religiosos, que ainda aqui encontrou, que eram 20, porque os mais que havia já todos se tinham retirado para os diferentes conventos da sua Ordem, e estes 20 que aqui achou foram por ele general respeitados, e lhes mandou desde logo abonar rações de comida enquanto aqui se conservaram os franceses, que foi até à capitulação depois da batalha do Vimeiro”.

General Henri-Louis Loison, o Maneta

Page 12: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

12

Esta é uma visão não consensual, conforme se infere de diversas circunstâncias documentadas, a saber: 1. A Carta remetida (Mafra, 14 de Dezembro de 1807) pelo Juiz de Fora de Mafra, João António Ribeiro de Sousa, ao Intendente Geral da Polícia, dando conta da exaustão da população de Mafra face à sustentação das tropas estrangeiras [AHMM: leitura actualizada pelo signatário].

Carta do Juiz de Fora de Mafra ao Intendente-Geral da Polícia

Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor, Não obstante as sábias Providências tomadas no ofício com a data de 7 de Dezembro que acabo receber, pelas quais se assegura a tranquilidade pública e passa a Constituir-nos norma para reger nossos deveres e obrigação; Contudo eu não deverei deixar de representar a Vossa Excellencia o Calamitoso estado deste pobre Povo e suas vizinhanças para Vossa Excelência prover de remédio e como tal passo a representar-lhe o Seguinte: 1.º além de transitarem 900 homens; e pela segunda vez transitarem 6000 que nos deixaram todos em desolação; a Guarnição de 600 para 700 que aqui são aquartelados a cujo municiamento sou obrigado nos Continua a nossa desgraça em Consequência do fornecimento para a mesma de pão, vinho, carnes, camas, e o mais utensílios que tudo está de todo Consumido 2.º depois de serem Consumidos quantos bois tinham os Marchantes desta Vila; Continuam aqueles na requisição de Carnes. Eu, não tendo outra recurso, a requerimento deles Mando tirar aos Lavradores os próprios e únicos que Conservam para o fabrico e agricultarem seus campos: tirados os quais, de necessidade para o futuro se sentirá a maior das desgraças e seremos reduzidos á total penúria e á fome. 3.º Acham-se no Comando daquela Guarnição mais de 12 oficiais além de 17 dos que Comandam a Tropa Espanhola, Estes enquanto na Uxaria se encontraram com víveres e o necessário para a sua sustentação deixaram descansar o Povo; porém agora que se Consumiram é necessário o azeite a manteiga, o queijo, a hortaliça, o Leite, o Café e, finalmente, tudo. Consequentemente ou fornecer a Uxaria ou o povo gemer quando eles são municiados de pão vinho e carne. 4.º Formou-se um hospital para o qual têm entrado mais de 25 ou 30 estes demandam maior cuidado despesa e decência nas camas e na prestação de camisas.

Page 13: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

13

5.º Além de 260 Cavalos de Guarnição aqui, continuam os assíduos trânsitos de outra Tropa os quais fazem avultadíssima despesa de palha e Cevada que por isso vai a terminar toda quanta se achava em ser nos respectivos Celeiros E no caso de se não prover de remédio a desgraça Caminhará por diante rapidamente. 6.º Finalmente nada escapa aos Franceses e Espanhóis porque de noite tudo furtam quanto encontram: e o mais é que até arombam portas e exigem todo o comer e beber. Eis aqui o mísero estado em que se conta esta Vila e sua vizinhança Vossa Excelência já por si e Sua Autoridade queira prover de remédio o que lhe for possivel, e já pelas representações que poderá fazer às diferentes repartições: queira valer e fazer conservar toda a Polícia afim de se evitarem alguns males pois que até o presente sem omissão tenho lançado Mão de tudo, afim de manter em conservação a tranquilidade pública quanto possível. Lembrando muito a Vossa Excelência que os Marchantes não têm gado; a terra nenhum oferece; e só tirando da Lavoura é que posso suprir o fornecimento de Carnes que me pedem; mas para a agricultura e a fome será inevitável para o futuro; e Eu não desejava ser a causa de tantos males se a evitá-los depender da minha representação por isso vou Certificar a Vossa Excelência do que acontece para me determinar o que for de seu agrado e mais justo. Deus Guarde a Vossa Excelência Mafra em 14 de Dezembro de 1807

2.º tratamento reservado por Loison a Jacinto Correia, fuzilado a 1 de Janeiro de 1808, por ter resistido às arbitrariedades dos ocupantes.

Proclamação de Loison Quartel General de Mafra, 1 de Janeiro de 1808 Portugueses: Um dos vossos Compatriotas, Jacinto Correia, convencido de um grande crime, foi condenado à morte: esta severidade das Leis assegura a tranquilidade pública, de quem dependem as vossas vidas, e propriedades. Se Sua Excelência o Comandante em Chefe entregou às Leis um dos Habitantes do País, todos presenciaram que tratou com a mesma severidade os Soldados Franceses, quando se abandonaram a alguns excessos. Portugueses, agradeçam a Sua Excelência, que se interessa à vossa segurança,

Page 14: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

14

e acautelem-se contra todas as pessoas, que procurariam [sic] abusarem da vossa credulidade para vos conduzirem a excessos, cujos males incalculáveis recairão sobre vós. O General de Divisão, o Governador do Palácio de S. Cloud, Comandante da Segunda Divisão do Exército. Loison

3.º Autos Cíveis de Justificação (13 de Fevereiro de 1816), a requerimento dos Irmãos da Mesa da Real Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, Mafra, com o objectivo de comprovar como durante o período do Governo Francês Intruso a casa da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, onde se guardavam as imagens dos Santos, foi assaltada pela Tropa Francesa, aquartelada na Vila de Mafra. Alguns dos objectos furtados, no valor estimado de 300§000 réis, seriam ulteriormente observados pelo Juiz de Fora nos aposentos ocupados no Paço de Mafra pelos oficiais franceses, quando da substituição da guarnição comandada por Loison por outra procedente de Torres Vedras que veio rendê-la quando a Divisão do Maneta foi transferida para Peniche [AHMM]. Enquanto os franceses permaneceram em Mafra, a Sala dos Actos foi transformada em açougue. Durante o ano de 1816, haviam de surgir pedidos de compensação por parte de alguns populares, espoliados de seus bens (juntas de bois), ou coagidos a fornecer mantimentos (gado, pão, etc.) à tropa francesa, durante a permanência desta na região de Mafra 2:

2 Cf. Registo de uma Provisão sobre os objectos e papéis importantes que foram usurpados pelos Agentes Franceses (18 de Janeiro de 1816): O Príncipe Regente D. João ordena que todas as instituições seculares e religiosas, bem como os particulares, que tenham sido alvo de usurpações por parte dos invasores franceses ou de outras pessoas (até Setembro de 1808), remetam à Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros, no prazo de 30 dias após a publicação da presente Portaria, uma relação descritiva dos objectos roubados [AHMM: Livro de Registos da Câmara Municipal de Mafra, n. 7 (1806-1820), fl. 209v-210]. Cf. Irina Alexandra Lopes, A Guerra Peninsular no Concelho de Mafra: Catálogo de fontes do Arquivo Histórico Municipal de Mafra, in Boletim Cultural 2007, Mafra, 2008, p. 621-643.

Page 15: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

15

Autos Cíveis de Justificação (23 de Janeiro de 1816) José Dias, Casal do Zambujeiro (Termo da Vila de Mafra) requer justificação em como durante o período do Governo Francês Intruso lhe foi tirada à força, por ordem do Juiz de Fora João António Ribeiro de Sousa, uma junta de bois (no valor de 76$800 réis), para sustento da Tropa Francesa que estava instalada na Vila de Mafra 3. Autos Cíveis de Justificação (13 de Fevereiro de 1816) Irmãos da Mesa da Real Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, Mafra requerem justificação em como durante o período do Governo Francês Intruso a casa da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, onde que guardavam as imagens dos Santos, foi assaltada pela Tropa Francesa, aquartelada na Vila de Mafra, cujo prejuízo foi avaliado em 300$000 réis 4. Autos Cíveis de Justificação (20 de Fevereiro de 1816) Simão Gomes, Salgados (Termo da Vila de Mafra) requer justificação em como durante o período do Governo Francês Intruso lhe foi levada, por ordem do Juiz de Fora João António Ribeiro de Sousa, uma junta de bois, no valor de 14 moedas de ouro e 3 sacos de farinha, na importância de 28$800 réis 5. Autos Cíveis de Justificação (22 de Fevereiro de 1816) Beneficiado Inácio José Dias Raposo, Mafra, requer justificação em como durante o período do Governo Francês Intruso lhe foi tirado, por ordem do Juiz de Fora João António Ribeiro de Sousa, para municiar a Tropa Francesa, 57 almudes de vinho, no valor de 54$150 réis e 2 cântaros de azeite, na importância de 18$000 réis, perfazendo o montante de 72$150 réis. Uma vez que a referida dívida não foi paga e pretendendo obedecer às ordens de Sua Alteza Real D. João VI, requer uma justificação legal da mesma 6. Autos Cíveis de Justificação (22 de Fevereiro de 1816) Gertrudes Maria, viúva de João da Silva Veneno, Murgeira (Termo da Vila de Mafra), requer justificação em como durante o período do

3 AHMM: PT/AHMM/IP/JUD-JA/JFM/CV/05/94; Cota Antiga: 2619. 4 AHMM: PT/AHMM/IP/JUD-JA/JFM/CV/05/96; Cota Antiga: 1436. 5 AHMM: PT/AHMM/IP/JUD-JA/JFM/CV/05/98; Cota Antiga: 3017. 6 AHMM: PT/AHMM/IP/JUD-JA/JFM/CV/05/95; Cota Antiga: 1441.

Page 16: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

16

Governo Francês Intruso foi tirado a seu defunto marido, por ordem do Juiz de Fora João António Ribeiro de Sousa, 11 cabeças de gado (entres bois e vacas), na importância de 390$600 réis, as quais foram distribuídas pela Tropa Francesa, aquartelada na Vila de Mafra 7. Autos Cíveis de Justificação (27 de Fevereiro de 1816) João Filipe, Padeiro, Mafra, requer justificação em como durante o período do Governo Francês Intruso foi obrigado, pela Tropa Francesa e por ordem do Juiz de Fora João António Ribeiro de Sousa, a cozer para o referido exército mais de 20 moios de farinha, gastando na cozedura do pão a lenha que tinha de comprar, tendo ainda pago à sua custa a mão-de-obra necessária para executar essa tarefa, perfazendo 120$000 réis de despesa 8. Autos Cíveis de Justificação (27 de Fevereiro de 1816) Joaquina Maria, Casal do Querido (Termo da Vila de Mafra), requer justificação em como durante o período do Governo Francês Intruso cozeu para a Tropa Francesa mais de 20 moios de pão, importando na quantia de 120$000 réis de despesa 9. Autos Cíveis de Justificação (1 de Março de 1816) Tomé Jorge, Merceeiro, Mafra, requer justificação em como durante o período do Governo Francês Intruso e por ordem do Juiz de Fora João António Ribeiro de Sousa foi obrigado a cozer, para a Tropa Francesa, mais de 36 moios de farinha, suportando as expensas da lenha e de quem contratou para o ajudar, contabilizando 21$600 réis de despesa. Foi ainda sujeito a fornecer 17 canadas e meia de azeite, 7 arráteis de manteiga e 7 arráteis de toucinho, importando as três parcelas em 11$340 réis, o que perfaz, no total, 227$340 réis de despesa 10. Autos Cíveis de Justificação (23 de Dezembro de 1816) Bartolomeu Duarte, Lavrador, Casal da Amoreira (Termo da Vila de Mafra), requer justificação em como durante o período do Governo Francês Intruso lhe foi levada, por ordem do Juiz de Fora João António Ribeiro de Sousa, uma junta de bois, os quais foram mortos para

7 AHMM: PT/AHMM/IP/JUD-JA/JFM/CV/05/97; Cota Antiga: 2742. 8 AHMM: PT/AHMM/IP/JUD-JA/JFM/CV/05/99; Cota Antiga: 1442. 9 AHMM: PT/AHMM/IP/JUD-JA/JFM/CV/05/100; Cota Antiga: 2595. 10 AHMM: PT/AHMM/IP/JUD-JA/JFM/CV/05/105; Cota Antiga: 1445.

Page 17: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

17

sustentação da Tropa Francesa, estacionada na Vila de Mafra, no valor de 105$600 réis 11. Eusébio Gomes assinala a partida dos franceses de Mafra, no dia 25 de Julho de 1808: “Hoje partiram os franceses a marchas forçadas contra Évora, onde entraram no dia 30 […]”.

GRANADEIROS DE CASTELA VELHA (8.12.1807–20.6.1808) Acerca desta unidade militar espanhola, anota, a 12 de Junho de 1808, Eusébio Gomes nas suas Memórias: “Neste dia os franceses desarmaram e prenderam em Mafra o primeiro batalhão de Granadeiros de Castela Velha, e uma força de cavalaria de Maria Luísa, que para aqui tinham vindo com os franceses. Tinham os espanhóis ido à Missa e logo que entraram para a Igreja saíram todos os franceses armados, para o largo das cavalariças e aí formaram em coluna aberta tendo na retaguarda a Cavalaria e no lado do poente a Artilharia carregada e com morrões acesos; logo em seguida marchou uma força e foi entrar para o quartel dos espanhóis; forçaram e prenderam a guarda, entraram no quartel, apoderaram-se do armamento que foi logo retirado do quartel e vieram juntar-se aos que estavam no largo, formados em coluna.ºs espanhóis saíram da igreja e marcharam para o quartel seguindo pelo lado do torreão Norte para entrar pelo portão do pátio das bicas, segundo o costume; naquele intervalo, mandaram fazer alto, e logo os franceses fecharam o portão, a Cavalaria e a Artilharia correram a tomar-lhe a retaguarda, e o comandante francês intimou ao coronel e oficiais espanhóis que estavam prisioneiros. Os espanhóis vendo-se cercados e que não tinham partido nem força para resistir, cederam e entregaram-se. Passados 8 dias veio uma força de cavalaria para os conduzir para Lisboa e foram mandados a bordo das Naus Russas que estavam no Tejo. No mesmo dia e à mesma hora foram desarmados e presos os que estavam em Lisboa e Santarém”.

11 AHMM: PT/AHMM/IP/JUD-JA/JFM/CV/05/104; Cota Antiga: 2557.

Page 18: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

18

CAVALARIA DE MARIA LUÍSA (1807-1808) Força militar espanhola que chegou a Mafra, em 1808, com a tropa francesa destacada por Junot. Foi desarmada, presa e recambiada para Espanha em naus russas surtas no Tejo, de resto, à exacta semelhança do que aconteceu com os Granadeiros de Castela Velha (vd.).

UNIDADES MILITARES BRITÂNICAS (21.8.1808 – 11.3.1828) Sir Arthur Wellesley tencionava marchar sobre Mafra, nas vésperas da batalha do Vimeiro, a 21 de Agosto de 1808. Esse evento adiaria o desiderato para 2 de Setembro do mesmo ano, tendo o exército inglês sido recebido "ao som dos sinos e dos carrilhões". Uma gravura de William Heath (1795-1840) regista a entrada das tropas inglesas na vila de Mafra, evento, aliás, incorrectamente, situado em finais de Agosto de 1808 (cf. Adam Neale, Londres, 1809).

Retrato de Sir Arthur Wellesley, 1º Duque de Wellington, por Thomas Lawrence, 1814

Page 19: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

19

Distant view of Mafra and the Mountains of Cintra Entrada das tropas inglesas em Mafra, em 2 de Setembro de 1808.

Gravura de William Heath, in Adam Neale, Letters from Portugal and Spain, compraising an account of the operations of the armies under their

excellencies Sir Arthur Wellesley and Sir John Moore […] (Londres, 1809, p. 66)

Várias Unidades militares britânicas haviam de, doravante, estacionar no Monumento de Mafra, ou cruzar a região, em trânsito para outros locais de aquartelamento. Anoto as seguintes, aboletadas em Mafra, a título de exemplo: Em 1810, documento autógrafo do então administrador dela, Estêvão João de Carvalho, alude à possível entrada na Primeira Tapada de gado pertencente ao exército britânico. No dia 10 de Outubro de 1810, o Regimento 16th [Queen] Light Dragoons, sob p comando de Anson, estacionava nos “estábulos e claustros do convento” de Mafra 12. A força era constituída por 808 militares, integrando alguns hussardos hanoverianos do 1th King’s Germain Legion.

12 Cf. Henry N. Shore, Three Pleasant Springs in Portugal, Londres, 1899, p. 120. Presente no Buçaco, este Regimento não entrou em combate, a 20 de Setembro. No dia 22 de Outubro seguiria para o Ramalhão (Sintra).

Page 20: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

20

Cavaleiro do Regimento 16th [Queen] Light Dragoons

Tendo assumido o comando do 71th Highland Light Infantry Regiment, a 2 de Outubro de 1810, em Mafra o Tenente-coronel Henry Cadogan reunir-se-ia ao exército de Wellington no Sobral de Monte Agraço, a 10 do mesmo mês.

Page 21: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

21

Hussardos do 1th King’s Germain Legion

71th Highland Light Infantry Regiment

Page 22: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

22

A 12 de Outubro de 1812, o supracitado responsável pela Tapada, lamenta a circunstância de, em consequência da edificação dos redutos das Linhas de Torres no interior da propriedade, ela ter ficado “aberta por todos os lados”, encontrando-se o muro completamente derruído em alguns pontos e, em outros, com 3 palmos “de alto de dentro para fora”, o que obrigava os guardas a uma constante vigilância, sobretudo durante a noite para impedir a entrada de lobos (desde o início do ano, até então, já haviam sido abatidos onze), os quais a manter-se este estado de coisas contribuiriam para a total extinção da caça na Tapada. Informa, ainda, que o Marechal de campo Richard Blunt “tem continuado a tomar alguns bocados de terra para horta dos batalhões, posto dizer-lhe que é preciso ordem de V.A.R.” [AHMM] 13.

Soldados do XXIII Royal Welsh Fusiliers

13 Deste oficial britânico há no acervo da Rice University uma carta, datada de Mafra, a 25 de Agosto de 1811.

Page 23: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

23

Badge do XXIII Royal Welsh Fusiliers

Dois regimentos, segundo William Morgan Kinsey 14 (três, a crer nas informações veiculadas por Julia Pardoe 15), mantinham-se aquartelados na ala Sul do Monumento de Mafra, em 1827, um dos quais era comandado pelo General Sir Richard Blakeney 16. De acordo com o aludido sacerdote anglicano, fellow do Trinity College de Oxford

14 Cf. Carta XVI, in Portugal Illustrated, Londres, 1828 (?). 15 Cf. Traits and Traditions of Portugal, collected during a residence in that country, v. 2, Londres, 1833. 16 Cf. Three Pleasant Springs in Portugal, Londres, 1899, p. 120.

Page 24: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

24

(1788-1851), uma vez em Mafra, onde chegou procedente de Torres Vedras, “[…] deparou com os únicos dois regimentos da guarnição inglesa que não tinham sido chamados a Belém devido à instabilidade política reinante, na qual, afirma, os ingleses não pretendiam interferir. Verifica que os frades cederam quase por completo o lugar à tropa inglesa no convento, encontrando-se "a maior parte das janelas sem vidros e fechadas com postigos pintados de vermelho que conferem um aspecto miserável ao edifício".

Estandarte Regimental do XXIII Royal Wesh Fusiliers

Por fim, apenas um pequeno destacamento britânico se conservou aboletado no Convento e Palácio até 11 de Março de 1828. Um dos raros testemunhos conservados dessa estadia é uma inscrição produzida, a 13 de Janeiro de 1828, pelo soldado E. Ryan, do XXIII Regimento dos

Page 25: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

25

Royal Welsh Fusiliers, na ombreira esquerda de uma porta sita diante da actual Sala 8 e junto à Messe de Oficiais, na face poente do corredor do terceiro piso que dá para o Jardim do Buxo : E RYAN 3C / XXIII R : W.F / JANY 13. 1828.

Esgrafito do soldado E. Ryan

Page 26: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

26

LINHAS DE TORRES VEDRAS

Correspondendo a solicitação do coronel Vincent, comandante do Corps du Génie endereçada à engenharia portuguesa, em Janeiro de 1808, José Maria das Neves Costa apresentaria em Maio do ano seguinte, um memorando sobre a defesa de Lisboa (Carta Militar do Terreno ao Norte de Lisboa, concluída em Fevereiro de 1809), o qual havia de servir como base de trabalho a Wellington para a construção das Linhas de Torres (memorando enviado a Fletcher em 20.10.1809).

Page 27: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

27

Esse complexo, formado por três linhas sucessivas de obras de fortificação, dispostas de molde a funcionarem como um todo integrado, comunicando entre si por uma rede viária, e destinado a garantir a defesa da capital, foi edificado em segredo, mediante a expropriação de terras a muitos dos habitantes da região, os quais também haviam de ser requisitados para trabalhar na sua construção, sendo rendidos semanalmente, o que não sucedia aos dois regimentos de milícias, cuja aplicação era permanente.

Uma vez concluído, o sistema defensivo das Linhas de Torres Vedras era constituído por 139 posições fortificadas, excluindo alguns redutos que não chegaram a receber numeração. As fortificações eram complementadas com trincheiras, minas, paliçadas, fossos e barricadas. Para além das tipologias de forte, reduto ou bateria, existiam ainda posições que constituíam entrincheiramentos ou outras - não numeradas - que não sendo destinadas a albergar ou proteger soldados e artilharia, auxiliavam a fortificação, conferindo defensibilidade ao terreno mediante escarpamentos ou abatizes.

A configuração de cada reduto dependeu das características do terreno a fortificar e da finalidade específica que se pretendia alcançar com cada obra. Em cada reduto existia um depósito de ferramentas, água potável em tonéis, à razão de 4,5l por cabeça e um, dois ou mais paióis, de acordo com o número de peças de artilharia.

Concomitantemente, foram minadas estradas e pontes, para que pudessem ser destruídas à aproximação do inimigo.

Sir William Napier História da Guerra Peninsular

As Linhas de Torres Vedras

A segunda, situada entre 9 a 16 km à retaguarda da primeira, estendia-

se desde Quintela, junto ao Tejo, até à foz do rio São Lourenço [hoje em dia chamado Safarujo], numa extensão de 38 km. […].

A parte mais próxima da Segunda Linha distava cerca de 38 km de Paço d'Arcos. Destas estupendas Linhas, a segunda, quer do ponto de vista da sua força, quer da sua importância, era, sem dúvida, a principal, sendo as outras apenas reforços, uma como um local de refúgio final, a outra como uma estrutura avançada, para conter a primeira investida violenta do inimigo e para permitir que o exército ocupasse as suas posições na Segunda Linha sem precipitações ou pressões. Tendo Massena desperdiçado a época de Verão nas

Page 28: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

28

fronteiras, a Primeira Linha adquiriu tamanha força, tanto pela mão-de-obra como pela intensidade da chuva, que Lord Wellington resolveu aguardar aí o ataque do inimigo. […]

Esta era a natureza da Primeira Linha de defesa; a segunda era ainda mais formidável.

1. Da foz do rio S. Lourenço [actualmente chamado Safarujo] a Mafra, numa distância de 11 km, havia uma cadeia de montes, naturalmente íngremes, artificiosamente escarpados e protegidos por uma ravina profunda e, em muitas zonas, impraticável. Os pontos salientes estavam protegidos por fortes, que flanqueavam e dominavam os poucos locais acessíveis; mas como esta Linha era extensa, fortificou-se um posto secundário, alguns quilómetros para a retaguarda, de modo a proteger uma estrada que ia da Ericeira para Sintra.

2. Para a direita da linha mencionada anteriormente, a Tapada, ou Parque Real de Mafra, apresentava algum terreno aberto para um ataque. No entanto, era forte e, juntamente com o desfiladeiro de Mafra, estava defendida por um sistema de 14 redutos, construídos com muito trabalho e cuidado, de considerável importância, no que diz respeito à disposição natural do terreno e, em certa medida, relacionado com o posto secundário acima mencionado; em frente, a Serra de Chipre, protegida com redutos, vedava todos os acessos à própria vila de Mafra.

3. Da Tapada até ao desfiladeiro de Bucelas, uma área de 16 a 19 km, que constituía o centro da Segunda Linha, o terreno é estrangulado por Montachique, o Cabeço - ou "cabeça" -, que se encontra no centro de todas as outras massas montanhosas, dominando-as. Uma estrada, que seguia ao longo duma linha de montes, alta e saliente, mas menos declivosa do que quaisquer outras zonas da Linha, ligava Mafra ao Cabeço e era defendida por diversos de fortes.º terreno fronteiro apresentava grandes dificuldades, e uma segunda e mais forte cadeia de montes, paralela, e à retaguarda da primeira, oferecia uma boa posição de combate, que só poderia ser atingida pela artilharia, a partir da estrada de ligação situada em frente; e para chegar a essa estrada, tanto a Serra de Chipre, à esquerda, como o desfiladeiro do Cabeço de Montachique, à direita, teriam de ser tomados.ºra, as fortificações que defendiam este último, consistiam num conjunto de redutos, construídos nos cabeços rochosos mais baixos e avançados, em relação ao Cabeço, dominando completamente todos os acessos e, tanto pela sua fortaleza artificial como natural, quase inexpugnáveis, perante um ataque frontal.º Cabeço e os seus flancos mais próximos eram considerados seguros, na sua natural fortaleza escarpada e, de igual modo, as cumeadas que ligavam o Cabeço ao desfiladeiro de Bucelas, sendo inexpugnáveis, foram deixadas incólumes, salvo o bloqueio de um caminho para muares, em muito mau estado, que os atravessava.

*

Page 29: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

29

As obras de fortificação nas vizinhanças de Mafra foram iniciadas, em 17 de Fevereiro de 1810, dirigidas pelo Tenente-coronel Fletcher e pelo Capitão Ross, incluindo provavelmente os fortes da Serra de Chipre, à esquerda do Gradil, o desfiladeiro da Murgeira, fortes junto da Tapada, cobrindo a estrada de Mafra para a Malveira e fortes que cobrem a estrada que desde o Gradil segue pela Malveira até perto de Montachique.

No dia 19 do mesmo mês, o Tenente Jones iniciou a fortificação da zona da Ericeira e Carvoeira, incluindo as fortificações que protegem a Foz do Lizandro e, possivelmente as que protegem os desfiladeiros entre a Picanceira e Ribamar, à esquerda da Serra de Chipre.

O início da edificação destas fortificações assinalou uma viragem na construção das Linhas de Torres Vedras, pois deu origem a uma linha efectiva de defesa, ulteriormente denominada segunda linha, a qual cobria os desfiladeiros pelos quais passavam as vias de acesso viáveis até Lisboa: Tejo-Vialonga, Bucelas, Montachique, Mafra-Murgeira, Picanceira-Ribamar e Cheleiros - este interceptado na zona da foz do Lisandro, junto à Carvoeira. Juntamente com a constituição desta Linha, foi reforçada a linha de postos avançados, pela construção das fortificações em Alhandra - após o abandono de Castanheira - e construídas fortificações junto de Arruda e no vale do Sizandro, dificultando o flanqueamento das posições de Torres Vedras e Sobral de Monte Agraço.

Em Julho de 1810, na eminência de um ataque, Richard Fletcher é chamado para junto do exército de Wellington, partindo de Mafra no dia 6 (onde provavelmente visitava algumas fortificações ainda em construção, caso de alguns dos fortes da zona de Ribamar), para Alverca da Beira, onde existe notícia da sua chegada em 14 de Julho.

Para comandar as obras em curso nomeou John Thomas Jones com ordens especificas para, após terminar as fortificações ainda em construção, proceder a um levantamento exaustivo das diferentes posições, devendo promover igualmente o aperfeiçoamento das fortificações, nomeadamente das plataformas para o tiro de artilharia.

Para realizar estes trabalhos, Jones teve ao seu dispor um corpo de engenheiros que ficaram sob o seu comando. A equipa de engenharia que trabalhava nas construções, no dia 6 de Julho de 1810, era composta pelos capitães Holloway, Williams e Dickinson, pelos tenentes Stanway, Thomson, Forster, Trench, Píper, Tapp, Reid e Hulme e ainda pelo capitão Wedekind e pelo tenente Meineke da Legião

Page 30: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

30

Real Alemã e pelos tenentes portugueses Lourenço Homem [da Cunha d'Eça], Sousa e [Joaquim Norberto Xavier de] Brito.

Em 5 de Outubro de 1810, poucos dias antes da ocupação efectiva das Linhas de Torres Vedras, o sistema de comunicação era constituído pelos postos de Alhandra, Alqueidão, Serra do Socorro, Torres Vedras e Ponte do Rol, na primeira Linha, e pelos de Montachique, Serra de Serves, Tapada de Mafra e Ribamar, na segunda Linha, chegando as comunicações a Lisboa através de um posto de sinais sito em Monsanto.

De modo a garantir a funcionalidade e a gerir os recursos durante a defesa de Lisboa, Wellington decidiu dividir as fortificações em seis distritos, cada um dos quais seria atribuído, a um oficial de engenharia, o qual ficava incumbido de constituir uma equipa a quem competia a condução das tropas até às diferentes posições.

Estes distritos não correspondem aos sete tradicionalmente consignados às Linhas de Torres Vedras, sendo tal divisão posterior.

A divisão comunicada a Jones, em 5 de Outubro de 1810, dividia as fortificações em seis distritos, a saber: 1º Desde o oceano até Torres Vedras, com Quartel-general em Torres Vedras; 2º Desde Sobral de Monte Agraço até ao vale de Calhandriz, com Quartel-general em Sobral de Monte Agraço; 3º Desde o vale de Calhandriz até ao Tejo, na direita da posição de Alhandra, com Quartel-general em Alhandra; 4º Desde a margem do Tejo, junto a Alverca, até ao desfiladeiro de Bucelas, com Quartel-general em Bucelas; 5º Desde o desfiladeiro do Freixial, na esquerda do desfiladeiro de Bucelas, até ao desfiladeiro de Montachique, com Quartel-general em Montachique; 6º Desde o desfiladeiro de Mafra até ao oceano, com Quartel-general em Mafra.

A primeira linha contava quatro distritos:

1º, desde Alhandra sobre o Tejo até Arruda, Quartel-general em Alhandra. 2º, de Arruda a Monte Agraço, Quartel-general no Sobral. 3º, da Zibreira até às alturas da Cadriceira.

Page 31: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

31

4º, desde Runa, Torres Vedras até ao Mar, Quartel-general em Torres Vedras.

Ocupavam estes quatro distritos as seguintes posições principais: Planície que bordeja o Tejo junto e aquém da vila de Alhandra. Alturas de Alhandra e Subserra. Calhandriz, Trancoso de Cima, S. Sebastião, Mata. Alturas de Arruda. Serra de Monte Agraço. Codriceira, Ribaldeira, Zibreira, Matacães, Torres Vedras. Alturas do Varatojo. Ponte do Rol, S. Pedro da Cadeira, oceano. A segunda linha ficaria dividida em três distritos: 5º, desde o Tejo próximo de Alverca até Bucelas, Quartel-general em Bucelas.

Page 32: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

32

6º, do Freixial, Montachique, Malveira até à Tapada de Mafra, Quartel-general em Montachique. 7º, da Tapada de Mafra ao mar, Quartel-general em Mafra. Eram posições desta segunda linha nos três distritos os seguintes pontos fortificados: Planície que bordeja o Tejo entre Alverca e Póvoa. Alturas de Alverca e vale de Vialonga. Alturas da Verdelha e Serves. Bucelas, Freixial, Montachique. Cabeço da Atalaia entre Montachique e Venda do Pinheiro. Alturas da Malveira. Alturas da Tapada de Mafra, Murgeira. Alturas do Gradil. Alturas da margem esquerda do vale da Picanceira, desde a Murgeira, Paz, Pinheiro, até ao oceano. As alturas da montanhosa região da Malveira aproveitadas para a defesa da capital, como posições militares fortificadas da segunda linha, após a Cabeça de Montachique, e o alto da Atalaia sobre o lugar da Asseiceira ou Asseiceira Pequena da freguesia de S. Miguel do Milharado, pela estrada real da Venda do Pinheiro à Malveira, aí se encontrando.

Page 33: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

33

FORTES DAS LINHAS DE TORRES NA TAPADA DE MAFRA

Na Real Tapada de Mafra, incluída na segunda das Linhas de Torres, foram erguidos quatro redutos: o Forte do Juncal (n. 74), na 1ª Tapada, os Fortes do Sonível (n. 75) e da Milhariça (n. 76), na 2ª Tapada, e o Forte do Valério (n. 64), na 3ª Tapada.

A sua edificação começou em Fevereiro de 1810 sob a direcção do Tenente R. Jones. Ocupavam pontos dominantes para baterem as ravinas e interditarem a passagem para a estrada que corre a Sul. Os acidentes geomorfológicos que dominam as aproximações à Tapada seriam ocupados por outras fortificações.

Em conjunto dispunham de 8 peças de artilharia de calibre 12 e 5 de calibre 9, podendo albergar uma guarnição de 1050 soldados de infantaria, eventualmente mílicias e ordenanças.

Carta Militar e Topographica das Linhas de Lisboa construída nos anos de 1810 e 1811 ao norte da capital […] (escala: 1/25000). Levantada por Manuel Joaquim Brandão de Sousa, oficial do Real Corpo de Engenheiros (1871)

Page 34: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

34

75 - Milhariça Posição N 258 WE 134; Coordenadas UTM: 29SMD751108 CMP: 388 / Mafra; Secção Q; 2 Alt. 302 m Junto ao limite Sul da 2ª Tapada, ligeiramente a Leste do forte do Sonível. Reduto destinado a 70 homens, munido de 2 peças de artilharia de calibre 9. Conserva o fosso e os taludes, encontrando-se envolto em coberto vegetal e rodeado por árvores. 76 - Sonível Posição N 258 WE 140; Coordenadas UTM: 29SMD746110 CMP: 388 / Mafra; Secção Q; 2 Alt. 356 m Sito na 2ª Tapada, na cota mais elevada da propriedade. Reduto destinado a 390 homens, munido de 4 peças de artilharia de calibre 12. Envolto em denso coberto vegetal, o fosso mantém uma profundidade considerável.

Page 35: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

35

77 - Juncal Posição N 252 WE 153; Coordenadas UTM: 29SMD732104 CMP: 388 / Mafra; Secção Q; 82 Alt. 317 m A Nordeste da porta da Vermelha, junto ao muro exterior da 1ª Tapada. Reduto destinado a 380 homens, munido de 4 peças de artilharia de calibre 12. Apesar dos abrigos de metralhadora escavados no seu âmbito, conserva o fosso, talude e as trincheiras interiores. 64 - Valério ou Canto do Muro da Tapada Posição: N 259 – WE 116; Coordenadas UTM: 29SMD758105 CMP: 402 / Malveira; Secção H Alt.: 288 m Situava-se no canto do muro homónimo, no limite Sudeste da 1ª Tapada. Reduto destinado a 210 homens, munido de 3 peças de artilharia de calibre 9. Destruído.

Page 36: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

36

BATALHÃO DE ARTILHARIA DE MAFRA (1810?-1826?) Em 20 de Outubro de 1810, estava sedeado na Vila de Mafra achando-se guarnecido por 233 soldados e 323 ordenanças, comandados pelo Major Francisco de Paula Xavier. Esta Unidade militar é citada num dos ofícios contantes das "Instruções gerais para o fim de obstar ao progresso das ruínas praticadas nas fortificações das linhas de defesa ao norte de Lisboa pelos habitantes das povoações vizinhas" (22.12.1825–24.5.1826), da autoria do Marechal-de-campo Manuel de Sousa Ramos, do Real Corpo de Engenheiros [AHM: DIV/3/01/06/13 (13 fl. manuscritas)]. O ofício em apreço foi remetido por José Gorjão Nicolau Alberto, Ajudante do Batalhão de Artilharia de Mafra, ao Coronel Lourenço Homem da Cunha d'Eça.

REGIMENTO DE MILÍCIAS DE VISEU (1810?) Em 1810, defendia a Vila de Mafra, sob o comando do Coronel João Azevedo e Sousa Mello e Vasconcelos. A sua força total era de 756 homens e 691o número dos soldados presentes.

BATALHÃO DE CAÇADORES 9 (1821) Esteve aquartelado em Mafra transitoriamente. Em 20 de Maio de 1821, o Tenente-coronel João de Gouveia Osório subscreveu no Quartel de Mafra, um atestado de serviço, passado ao Alferes Luís de Albuquerque, gravemente ferido na batalha de Salamanca.

BATALHÃO DE MILÍCIAS DE TOMAR (1832?) Chegou a Mafra no dia 21 de Novembro de 1832, desconhecendo-se durante quanto tempo permaneceu na vila (cf. Memórias de Eusébio Gomes).

Page 37: LINHAS DE TORRES VEDRAS FORTES DAS LINHAS DE TORRES … · Convento de Mafra, sugere o levantamento do soalho e a demolição de divisórias e tabiques de muitas salas do edifício,

37

Atestado de serviço passado ao Alferes Luís de Albuquerque, a partir do Quartel em Mafra do Batalhão de Caçadores 9 (20.5.1821)