linguagem, cultura e sociedade

Upload: sonia-regina-cabral

Post on 03-Apr-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    1/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    2/110

    LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADEAbordagens Lingusticas

    Organizao

    Emlia Ribeiro Pedro

    Isabel Ferro MealhaMaria Ceclia Lopes da Costa

    Capa e Paginao

    Ins Mateus l [email protected]

    Edio

    Centro de Estudos Anglsticos da Universidade de Lisboae

    Edies Colibri

    Impresso e acabamentoCOLIBRI - Artes Grficas

    Tiragem 500 exemplares

    ISBN 978-972-8886-11-0978-972-772-985-2

    Depsito Legal 308 092/10

    2009

    PUBLICAO APOIADA PELA

    FUNDAO PARA A CINCIA E A TECNOLOGIA

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    3/110

    ORGANIZAO

    Emlia Ribeiro Pedro

    Isabel Ferro MealhaMaria Ceclia Lopes da Costa

    LINGUAGEM, CULTURAE SOCIEDADE

    Abordagens Lingusticas

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    4/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    5/110

    Nota sobre os Autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

    IntroduoEmlia Ribeiro Pedro, Isabel Ferro Mealha, Maria Ceclia Lopesda Costa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

    Textos

    Genre Management and Socio-pragmatic Acquisition within a Groupof Business-Oriented Learners (PFL)Antnio Avelar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17

    Marcadores de Controlo de Contacto: Uma Perspectiva da ACD

    Carminda Silvestre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37Para a Identificao de uma Matriz Lingustica no Uso de Estrangei-

    rismos na Lngua PortuguesaMadalena T. Dias Teixeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53

    Diferenas Culturais em Traduo TcnicaMaria Goreti Monteiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77

    The Language of Science and Technology: a Discourse of Power Keeping

    Young Learners OutVicky Hartnack . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91

    ndice

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    6/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    7/110

    Nota sobre os Autores

    Antnio Avelar, doutorado em Lingustica Aplicada pela Universidade deLisboa, Mestre em Relaes Interculturais, investigador do Centro de Estu-dos Anglsticos e docente do Departamento de Lngua e Cultura Portuguesa

    da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Para alm de lingusticaaplicada, os seus interesses incluem a Gramtica Sistmico-Funcional (descri-o da lngua e aplicao), sociolingustica e Estudos Culturais.

    Carminda Silvestre, doutorada em Lingustica Aplicada pela Universidadede Lisboa. coordenadora do Departamento de Cincias da Linguagem daEscola Superior de Tecnologia e Gesto (ESTG), do Instituto Politcnico deLeiria, e investigadora do Centro de Estudos Anglsticos da Universidade

    de Lisboa (CEAUL). Lecciona Anlise do Discurso no curso de Traduo,Comunicao e Semitica no curso de Marketing e Ingls para fins espec-ficos no curso de Gesto. Desenvolve trabalho de investigao no mbito daAnlise Crtica do Discurso, Gramtica Sistmico-Funcional e SemiticaSocial aplicada ao Discurso Empresarial, Relaes Sociais do Gnero(representaes e prticas) e Comunicao Intercultural.

    Madalena Dias Teixeira, doutorada em Sociolingustica pela Universidadede Lisboa, professora na Escola Superior de Santarm e Investigadora doCentro de Estudos Anglsticos. Tem leccionado a disciplina de LnguaPortuguesa e tem sido supervisora de estgio. No campo da investigao, osseus interesses incluem a Sociolingustica.

    Maria Goreti da Silva Monteiro, Mestre em Estudos Anglsticos e encontra--se a elaborar a sua tese de doutoramento na rea de Lingustica Inglesa.Lecciona Lngua Inglesa e Traduo Tcnica na Escola Superior de Tecnolo-gia e Gesto do Instituto Politcnico de Leiria para alm de ser investigadorano Centro de Estudos Anglsticos da Faculdade de Letras da Universidade

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    8/110

    10

    de Lisboa. As suas reas de interessa incluem os Estudos de Traduo,

    Lingustica Inglesa e Ingls Especfico.

    Vicky Hartnack, Leitora de Lngua Inglesa no Departamento de EstudosAnglsticos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Mestre emCultura Inglesa. A par da sua actividade como professora do ingls comolngua estrangeira, lecciona cadeiras da Cultura e Literaturas Ps-Colonia-listas. Faz investigao na rea de lingustica aplicada no Centro de EstudosAnglsticos.

    LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    9/110

    Introduo

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    10/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    11/110

    13

    E

    sta colectnea de estudos o resultado de trabalhos desenvolvidospor um grupo de investigadores do Centro de Estudos Anglsticosda Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no mbito da

    linha de aco intitulada Linguagem, Cultura e Sociedade: DimensesInternacionais, Sincrnicas e Diacrnicas.

    Trata-se de um conjunto de anlises lingusticas que focam temasrelacionados com diversos aspectos do estudo da linguagem e das diferentesimplicaes culturais e sociais resultantes do seu uso.

    Os artigos inseridos neste volume esto organizados por ordemalfabtica de autores e abrangem: um trabalho sobre o papel determinante

    que o factor motivacional pode desempenhar no processo de aprendizagemde uma lngua; uma anlise de marcadores de controlo de contacto na lnguaportuguesa em contexto de reunies empresariais; uma abordagem do uso deestrangeirismos em processos de comunicao relacionados com trs camposde actividade distintos; uma investigao sobre vrias verses de traduestcnicas de ingls para portugus e as implicaes decorrentes da sua falta deadaptao a diferentes realidades culturais e lingusticas; e, ainda, um estudodas dificuldades de compreenso do discurso cientfico e tecnolgico

    enquanto factor de excluso.O factor motivacional pode desempenhar um papel fundamental no

    processo de aprendizagem de uma lngua, orientando os aprendentes paraum determinado tipo de aquisies. No seu trabalho Genre Managementand Socio-pragmatic Acquisition within a Group of Business-OrientedLearners (PFL), Antnio Avelar investiga o comportamento lingusticode aprendentes de portugus como lngua estrangeira, cuja principal moti-vao expressa a realizao de negcios com empresas do mundo lusfono.O autor examina os resultados mais significativos da sua anlise, designa-damente os que se prendem com a competncia sociopragmtica e com o

    Introduo

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    12/110

    14

    controlo do gnero e de sub-gneros dentro do domnio de business and

    marketing.Os marcadores de Controlo de Contacto apresentam-se no s como

    um importante instrumento de coeso na criao de textura e coernciadiscursivas, mas essencialmente como estratgia discursiva na criao dasposies de sujeito, inserindo-se no sistema da metafuno interpessoalcontemplada na gramtica sistmico-funcional. No seu artigo Marcadoresde Controlo de Contacto: uma Perspectiva da ACD, Carminda Silvestredebrua-se sobre marcadores de controlo de contacto na lngua portuguesa,analisando a sua distribuio e propriedades funcionais no contexto dereunies em empresas.

    A existncia de estrangeirismos enquanto emprstimos lexicais temsido, em parte, justificada pela necessidade de denominar novas realidadespara as quais no existe correspondncia lingustica numa dada lngua. Noseu artigo intitulado Para Identificao de uma Matriz Lingustica no Usode Estrangeirismos na Lngua Portuguesa, Madalena Dias Teixeira analisa

    o uso de estrangeirismos nos processos de comunicao em trs sectores deactividade: Gastronomia, Economia e Publicidade, estabelecendo as diferen-as no modo como os emprstimos de vocbulos estrangeiros foram adopta-dos por cada uma das reas, desde o uso da forma original, passando pelautilizao de um equivalente em portugus at ao aportuguesamento doestrangeirismo, realando as funes criativa e dinmica que o uso devocbulos importados significa a nvel da linguagem utlizada em processosde comunicao.

    A traduo enquanto transferncia de uma lngua para a outra pressu-pe um conhecimento aprofundado das realidades socio-culturais das duaslnguas em presena e das variedades lingusticas e culturais existentes emcada uma delas. A nvel da traduo tcnica, ignorar estes pressupostos podesignificar no s dificuldade de comunicao, mas tambm interferncia noprocesso de compreenso com implicaes no acesso a produtos e conse-quente dano empresarial. No seu artigo intitulado Diferenas Culturais emTraduo Tcnica, Maria Goreti Monteiro debrua-se sobre esses pressu-postos e analisa as consequncias culturais e sociais resultantes da falta deadaptao de tradues tcnicas s diferentes realidades culturais e variedades

    LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    13/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    14/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    15/110

    Genre Management and Socio-pragmaticAcquisition within a Group of Business-

    Oriented Learners (PFL)Antnio Manuel dos Santos Avelar

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    16/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    17/110

    19

    Resumo

    Todos os estudos convergem em afirmar o factor motivacional como determi-nante no processo de aprendizagem de uma lngua, interagindo, embora de forma

    autnoma, com as restantes condicionantes envolventes do mesmo processo. Pro-curando perceber at que ponto a motivao pode orientar os aprendentes paradeterminado tipo de aquisies, estudei e avaliei o comportamento lingustico deaprendentes de lngua portuguesa (LE) cuja principal motivao expressa era arealizao de negcios com empresas do mundo lusfono.

    O estudo envolveu a anlise da produo de alunos dos nveis intermdio eavanado no Departamento de Lngua e Cultura Portuguesa da Faculdade de Letrasda Universidade de Lisboa. Os participantes, de sete nacionalidades distintas, com

    predomnio (57%) de alunos japoneses, submetidos embora a programas idnticos,estiveram integrados durante o semestre de aprendizagem em quatro grupos comperfis diferentes. No sendo, nenhum destes grupos, composto maioritariamentepor elementos motivados para o mundo dos negcios, s pontualmente as activida-des sugeridas pelo professor foram orientadas para o desenvolvimento nesta reaespecfica.

    A investigao constou da monitorizao e avaliao de tarefas convocando aproduo oral e escrita, designadamente role-play, relacionadas com o domniogenrico Business and marketing. A anlise da participao dos aprendentes teve

    em conta os princpios da Gramtica Sistmico-funcional (M.A.K. Halliday, 1994),a Teoria do Registo e do Gnero (Eggins e Martin, 1997), a Anlise Conversacional(Sacks e al., 1974) e o Modelo de Anlise da Delicadeza (Brown and Levinson, 1987).

    Neste artigo irei discutir os resultados mais significativos, designadamente osque se prendem com a competncia sociopragmtica e com o controlo do gnero ede sub-gneros dentro do domnio de Business and marketing. A diviso em doisconjuntos contrastantes de anlise que a seleco dos participantes potencializou,revelou semelhanas lingusticas e comportamentais na interpretao de subgneros

    com um certo grau de proximidade, designadamente entre os de paradigma tecnol-gico e o texto econmico escrito. Discutirei ainda alguns dos dados no mbito doensino do Portugus para fins especficos.

    Genre Management and Socio-pragmatic Acquisition

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    18/110

    20

    1. Introduction

    Over the past few years, the typical profile of learners of Portugueseas a foreign language has undergone significant changes. This trend has beenvisible even in institutions such as the Departamento de Lngua e CulturaPortuguesa, Faculdade de Letras, University of Lisbon, where this researchhas taken place. Traditionally, this Department receives mainly universitystudents whose chief needs are associated with Portuguese culture, historyand literature. However, the demand for Portuguese as a means of accessing

    the Portuguese-speaking business world has been growing steadily.Institutions have been adapting to these new students largely prevail-

    ing profile, taking into account the actual conditions of each school, thelearners themselves and teacher qualifications.

    According to what is currently known about the teaching/learningprocess, the most frequent response to the needs of these learners profile isto offer a course of Portuguese for Specific Purposes (PSP). However, afterevaluating the first experiences within this pattern, the conclusion was that

    there were hardly any significant gains. One of the reasons for this failurewas the design of the syllabus, which, for the sake of language immersion,implied situations that were not foreseen by the learners. This fact in itselfcontributed to decreasing students level of enthusiasm.

    Some limitations have been found in programmes of learning languagesfor specific purposes. Although this is not the place to discuss this issue, somecomments made in the final coordination report are worth mentioning here:

    Final results of beginners [A2 e B1 of the European CommonFramework of Reference for Languages (CEFR)] show qualitativedifferences when compared to the results of more advanced learners(B2 and C1 of the CEFR).

    Clear discrepancy between the degree of discursive, pragmatic andstrategic competences and grammatical competence, the latter beingmore developed.

    As far as the organisation of groups is concerned, the participantsshow fewer positive opinions despite the fact that they share similarinterests.

    LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    19/110

    Along the course, the same participants continuously change their

    opinion as regards their true reasons for taking the course, whenquestioned about their short- and medium-term interests.

    Bearing in mind the four comments, one has to accept that it isessential to find out how motivation to learn a language can guide languageacquisition and the development of the whole process both in qualitative andin quantitative terms. This study aims to examine the relationship betweenthe needs stated by learners who perceive language learning as a way to access

    the business activity, motivational factors and learning priorities.When used in linguistic research applied to language teaching,

    motivation is not a trouble-free concept to work with, due to the amountof components involved and the way they interact.1 The more thoughtfulinsights seem to come from second-language learning studies, wheremotivation is seen as a set of individual difference variables comprising socio-psychological factors as well as the learning environment. Several studies(e.g. Bardov-Harig e Dnyei, 1998 and Cook, 2001) relate pragmalinguisticacquisition and the capacity to identify and interpret sociopragmatic itemsin students motivation. These findings suggest that learners act ratherselectively in the process of acquisition. This paper seeks to show thatbusiness-oriented learners make a rather selective acquisition, mainly insociopragmatic instances and genre knowledge despite poor insights fromsyllabuses and teacher support.

    The present study bases itself upon a large-scale data collection subject

    to a qualitative rather than a quantitative analysis, centred on the issues ofgenre and sociopragmatic competence. The items under study were relatedto the main characteristics of the sub-genres involved. The aim is to assess thebroad performance of the two groups of participants. Research in this areaoften results from microanalyses focussing on a particular structure

    1 A more holistic approach to the study of motivation in language acquisition has been

    adopted by Gardener (1985) in the framework of an L2 learning, which results in a socio-cultural model. There are different versions of this model (Gardener, 1985; Gardener andMacIntyre, 1993).

    21Genre Management and Socio-pragmatic Acquisition

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    20/110

    (morpho-syntactic, pragmatic or other) so as to extend the conclusions to

    other categories. For example, in order to deepen the knowledge about theacquisition of the overall pragmatic competence, various studies (e.g. Carrol,2000, Salsbury e Bardovi-Harlig, 2001) took the analysis of items such asdiscourse markers or disagreements as a starting point. On the other hand,there are also many studies separately analysing reading comprehension orwritten production. The scrutiny and evaluation of comprehension anddiscourse production in FL/L2 always make the researcher take decisionscarefully, because the most common practices are far from allowing thecontrol of all the variables. Bearing in mind the aim of this paper, a largerscale observation seems to be best suited to measure knowledge about genericconventions and to go deeper in detecting sociopragmatic devices besideslinguistic features. The analysis of the performances of the participants willbe based on the theories of Systemic Functional Grammar (M.A.C. Halliday,1994), Register and Genre Theory (Eggins and Martin, 1997, ConversationAnalysis, Sacks et al., 1974 and Politeness, Brown and Levinson, 1987).

    2. Carrying out of the present studyThe eighteen participants of this study were selected from about 200

    students who were attending the second semester of the academic year 2004/2005 and who belonged to four groups of Intermediate and Advanced levels,corresponding to B2 and C1 levels of the CEFR. The organisation of thesegroups always takes into account learners profile and needs. However, upto the moment of carrying out this research no tasks related to business, the

    market and marketing or other related topic were proposed or completed.2

    2 It must be said that, after discussion in the coordinating unit, the syllabus of each groupis negotiated with the students in general terms and their suggestions are taken intoaccount, particularly concerning programme topics. As the learners find themselves inthe situation of language immersion, preferences are given to approaches that

    - allow for a certain degree of pedagogic eclecticism- tend to reinforce socio-communication language aspects

    - value text-related work in its context- seek the development of oral and written competences in the communication

    process.

    22 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    21/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    22/110

    selection of the two groups, leading to the elimination of five of the pre-

    selected students.All participants completed the following tasks:

    Speaking1 Elicited Conversation - individual interview and answering a question-naire to determine the purpose and cognitive structure of the genre of theselected texts (e.g. brochures, memos, reports, and business letters).2 Participating in an open role-play Purchase and sale of an ancient piece

    of Oriental art - whose topic was chosen by the majority of the participantsout of three other proposals. The scenario, participants roles and materialswere distributed in accordance with the elements gathered during the firstinterview.3 Participating in a debate Should poor countries debts be written off?Materials needed for the debate: Opinion extracts about the topic byNicolau Santos SIC/Notcias and a journalistic summary (Dirio deNotcias) about the amounts of the debt and GDP of some African and South

    American countries.

    Writing4 Letter of application answering a job advertisement.5 Business report of a public limited company based on the graphs andfigures published inJornal de Negcios.

    The role-play and the debate were recorded on video. The option of

    an open role-play instead of the closed one proved very useful for datacollection3. The role-play essentially tested the interaction competence ofthe participants who were compelled to reproduce pragmatic utterances validin authentic contexts.

    3 Within the preparation for open role-play (Kasper and Dahl, 1991, Kasper and Rose,2002), the initial situation is specified as well as each actors role and goals, but the courseof the interactions and overall activity are never premeditated. These authors, among

    others, stress the vitality offered by the possibility to collect data about interpersonalfunctions, politeness expression and interactional functions, such as coordinatingspeaker/listening contributions through turn-taking and back-channelling.

    24 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    23/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    24/110

    26 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

    3.1. Recognizing the purpose and schematic structure of the genre

    Whereas both groups had an identical performance regarding therecognition of the purpose of the texts (86% success), the final resultsconcerning identification of the schematic structure of the text were diverse:Group A was more successful (72%) than group B (63%). It is worthmentioning that seven texts representing various subgenres were proposedfor individual evaluation in the context of an interview.

    Genre Recognition

    GROUP A GROUP BRecognition of purpose 86% 86%Knowledge of schematic structure 72% 63%

    A better identification of the cognitive structure of the texts on thepart of the business-oriented participants reveals a higher degree offamiliarity with the genres involved. Yet, how was this familiarity acquired

    if according to the answers to the questionnaires - these genres had neverbeen approached during the learning process, either in Portugal or in thecountry of origin?

    The results also reveal that the Eastern students from group Adisplayed a practically identical (re)cognition of the genre as their Westerncounterparts, whereas Far Eastern students who are not interested inbusiness (Group B) had a markedly lower result (58%). Is it possible, inobjective terms, to establish a correlation between the participants ethos,

    their aptitudes and motivational factors?

    3.2. Theme/Rheme choices

    The analysis of the participants choices was carried out by selectingsignificant occurrences in all oral interactions and in written production(letter and report). The oral production was more fruitful in this respect,since in written genres the construction of the text is more dependent on therestrictions of the genre itself.

    The first aspect that distinguishes the behavior of the two groups hasto do with the use of multiple Themes: Group A showed more inclination

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    25/110

    towards using multiple Themes, with 99 occurrences, 75 in oral interactions.

    On the other hand, group B had 83 occurrences, 55 in oral interactions. Thestudy registered some utterances in which the expansion of the Themealmost reaches the limits allowed by the Portuguese language, as in thefollowing example:

    ah, bem, mas ento, com certeza, nesse caso a Europa ficar a perder.(Oh, yes, but in that case, for sure, Europe will come out a loser.)

    Taking into account the incidences of interaction in which the

    utterance occurs, we can interpret it in the following way:ah, bem 8 continuative Thememas ento 8 structural4 Themecom certeza 8 modal Themenesse caso 8 topical Theme

    Utterances containing multiple thematic structures, as in the exampleabove, reveal a very good interpretation of the environmental incidences and

    contextual elements. Besides, they also show that the speaker has a goodfluency and dominates the mechanisms of complex sentence organization.

    A great majority of multiple themes contained a modal theme, whichindicated a willingness to express judgment about the relevance of theutterance. Knowing that the use of this type of utterances by learners isrelated to their degree of development (linguistic proficiency), how can weinterpret the fact that group A, consisting of people with lower proficiencylevels, shows a stronger tendency towards using multiple themes and

    complex sentence structure?Looking more closely at the thematic occurrences that distinguish the

    two groups, we find some noteworthy results in textual themes, particularlywith regard to continuative themes.

    4 Another possible interpretation would be not only to consider mas ento as a structural

    theme (in which the presence of ento is considered discursively as being part of theadversative expression) but also to accept the existence of a conjunctive theme, given apossible separation between the two items.

    27Genre Management and Socio-pragmatic Acquisition

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    26/110

    28 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

    Choosing textual themes (Number of occurrences)

    Group A Group BContinuative 48 19Structural 289 276Conjunctive 417 432

    Being mere signposts of the discourse, these are particularly impor-tant because they reveal the speakers intention to command the rhythm ofthe interaction, including communicative naturalness and information

    about the beginning of a new movement. Only learners with high levels ofproficiency (B2 and A1) have shown an aptitude for resorting to this type ofstructures, as they require good coordination with paralinguistic informa-tion, in particular with intonation. Thus, it is noteworthy that Group A wasmore inclined to resort to continuative themes than Group B.

    The distribution of structural and conjunctive themes shows there isa balance between the two groups.

    Choosing interpersonal themesGroup A Group B

    Vocative Themes - 48% - 52%______________________________________

    Modal Themes - 68% - 42%______________________________________

    The vocative theme is essentially a persons name or any other form ofaddressing the person, including pronominal, which follows the topicaltheme. Knowing the richness of the Portuguese language with regard to thesystem of address forms, it is natural that the study has registered a varietyof options from the pronominal (3rd person) to the use ofvoc and Sr./Sr, asin the examples below:

    Ento Erika, enquanto elemento de uma ONG, partes para um dilogocom uma pessoaum local que, ns sabemos, j se especializou emreceber a farinha que mandamos para os outros!?(So, Erika, as a member of an NGO, would you really start negotiatingwith somebody in a place definitely known for seizing the flour wesend rather than giving it to others?)

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    27/110

    29Genre Management and Socio-pragmatic Acquisition

    Diga-me, (o) sr. Jones, este vaso chins merece ir a um leilo numa

    daquelas.que conhecemos famosas, em Londres?(Tell me, Mr. Jones, is this Chinese vase worthy of being put up for salein an auction, in one of. those famous places in London?)

    No me diga a senhora, uma coisa dessas(Oh, please, Madam, dont tell me )

    There is not much contrast in the selection made by the two groups.This can be explained by the fact that the participants acted out the role-

    plays quite easily. The preference for tu is related to the friendly environ-ment in which the two recorded debates took place. On the other hand, moreformal treatment was typical of the role-play (spoken) and letter (written).

    Group A resorted more to modal adjuncts, thus showing a generallyricher and more varied use of modal themes. Using Hallidays typology(1994: 49), themes of type I introduced by modal adjuncts expressing theobvious and probability were more frequently detected. The followingmodal adjuncts expressing the obvious and the acceptance of the

    interlocutors previous assertion were identified: bvio (obviously)Com certeza (for sure)Sem dvida (without doubt)Seguramente (certainly)

    27 thematic constructions introduced by modal adjuncts expressingprobability (possivelmente, provavelmente and talvez) have been found,

    18 of which were observed in interactions among elements of Group A.Only the occurrences that assume the discursive value of a Theme disagree-ment softener were studied, once they add an epistemic value, as in theexamples below.

    Possivelmente os nmeros do teu pas (China) esto exagerados, mastens que aceitar que ainda h fome(Probably, your country statistics (China) are exaggerated, but you haveto admit that there is still hunger)

    No percebi, provavelmente, a tua interveno. Queres acabar com osapoios (doaes aos pases mais carenciados)

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    28/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    29/110

    31Genre Management and Socio-pragmatic Acquisition

    use was strategic and associated with interactional meaning, and occurred

    more in the debate than in the role-play: expressions to keep a conversationgoing (Calculem, Oua c uma coisa, como devem saber), to ask forfeedback (No , no verdade) and to reinforce the content of amessage (confesso que, toda a gente sabe que).

    Both groups had an identical overall performance with regard tovarious aspects of the above-mentioned expression of politeness. However,morpho-syntactic interferences were more numerous in the utterancesproduced by the participants of Group A.

    4 Discussion of the data

    This data collection, informed by a systemic functional description ofthe language within a text-based approach, has proved productive in thesense of facilitating the gathering of information about the participantslinguistic behaviour. It allows us to relate them very closely to socio-pragmatic situations and underlying genre restrictions.

    The first noteworthy point resulting from the obtained data is theevident separation between linguistic and pragmatic competences. In generalterms, the business-oriented group (Group A) showed a higher degree ofpragmatic competence than Group B under the same learning conditions,although the students had never done any specific genre-related work in theirarea of interest. In the meantime, Group B obtained a higher score in gram-matical competence, both in the tasks carried out for this study and in generalassessment. Thus, there is clear evidence of a separate acquisition of these

    two kinds of competence, the pragmatic one being prevalent over thelinguistic one.

    In the above-mentioned study about the expression of agreementin English (Salsbury and Bardovi-Harlig, 2001), the authors compare native/non-native interactions and find out that, for example, conditional clauseswere used without the adequate conjunction (if) and often with someirregularities in the use of verb tense and mode. The same type of evidencehas been pointed out by researchers since the early 80s, which is the casewith Givn 1979 whose work was based on a functional framework. Heproposed the notion of pragmatic mode, characterised by links to the

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    30/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    31/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    32/110

    activities), continuative themes (intention to command the rhythm of the

    interaction) and more appropriate awareness of MOOD and modality aswell as of related linguistic devices.

    The last noteworthy observation of this study is the decisive inter-ference of motivational factors5 in the orientation of language acquisition ofthese learners. The importance of motivation in any learning process has beenrecognised before. In this study, however, it is very clear that motivation actsin a way that the learners geo-linguistic characteristics and learning stylesbecome secondary in this process of language acquisition. Takahashi (2000),who studied how motivation affects learners attention in processing specificpragmalinguistic features, suggests that specific motivational factors and theirstrength are implicated in directing learners attention to pragmatic goals.These findings are compatible with the main observations on motivationmade in the present study and are supported by other studies (Schmidt, 2001)that try to provide evidence for the links between motivation and attentionfor the subsequent learning process and the learners own production.

    5. ConclusionAlthough approaches based on genre have not been a common prac-

    tice, and the topic of genre itself has no unanimous acceptation, experimentalresearch has focussed on the influence of genre in text processing andcomprehension. Besides, teachers make use of the concept in a practical wayalthough they do not always mention it. The results of the present studysupport the idea that adult business-oriented approaches based on genre are

    more able to enhance the learning process of students in immersion. It canalso be inferred that the field of study concerned with language teaching bothas a mother tongue and a foreign language (not only for specific purposes),has to deal more with theory, research and application of the concept.

    5 The present study follows Gardeners socioeducational model of motivation (Gardener& MacIntyre, 1993) although there are other solid options. Takahashi (2000) seeking

    analogous goals (in motivation issues as well in pragmatic devices) offers a remarkablemodel compatible with the neurobiological notion of motivation as stimulus appraisaland does not conflict with Gardeners model.

    34 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    33/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    34/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    35/110

    Marcadores de Controlo de Contacto:Uma Perspectiva da ACD*

    Carminda Silvestre

    * Professora Leila Barbara (PUC-So Paulo), agradeo a leitura criteriosa deste texto.Inconsistncias formais que restaram so da minha inteira responsabilidade.

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    36/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    37/110

    39Marcadores de Controlo de Contacto: Uma Perspectiva da ACD

    Resumo

    Com o presente artigo pretende-se contribuir para a expanso do estudo dosmarcadores do discurso na lngua portuguesa e evidenciar os marcadores de controlo

    de contacto com um recurso na construo de posies de sujeito (Fairclough 1989)em situaes de reunies empresariais. Este versar particularmente os Marcadoresde Controlo de Contacto em situaes especificamente profissionais as reuniesnas empresas e procurar identificar as suas diferentes potencialidades, no apenascomo instrumento de coeso na criao de textura e coerncia discursivas, masessencialmente como estratgia discursiva na criao das posies de sujeito.

    O corpus constitudo por quatro reunies gravadas em quatro empresasportuguesas a partir do qual ser analisado um conjunto de casos de forma a

    apresentar um conjunto amplo de funes desempenhadas por estes marcadoresneste tipo de discurso.O artigo est estruturado da seguinte forma: (i) apresentao onde ser feita

    uma aproximao aos marcadores do discurso; (ii) uma seco apresentando ocontexto terico e apresentando uma proposta de definio de marcadores decontrolo de contacto; (iii) seco onde se analisa a distribuio e as propriedadesfuncionais dos marcadores de controlo de contacto em estudo; (iv) concluses.

    O enquadramento terico do presente estudo a Anlise Crtica do Discurso,recorrendo Gramtica Sistmico-Funcional.

    Introduo

    Para Chouliaraki & Fairclough (1999) a questo de como dialogar einteragir com os outros praticamente to urgente nas sociedades denomi-nadas ps-modernas como a questo de quem sou eu ou quem somos ns.De facto, as identidades como conceito analtico so constitudas tambmpelo que se diz e como se diz, sendo o discurso, entendido como produto oucomo processo, eminentemente dialgico. Deste modo, considero que ogestor, o empresrio ou quem quer que lidera uma reunio, est submetido

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    38/110

    40 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

    a presses e constrangimentos para lider-la de forma a negociar e construir

    a sua posio de sujeito na interaco.Neste trabalho, procederei anlise da realizao e distribuio das

    propriedades funcionais do que classifico de Marcadores de Controlo deContacto (MCC) como um recurso na construo de posies de chefia etambm discusso da sua relao com a forma como interage com o outroe, por conseguinte, constri a posio de sujeito do seu interlocutor. Mostra-rei por que os elementos estudados aqui esto distribudos em dois tipos i)vocativo Roberto, o que que tens a por fazer? ii) interjeio+vocativo[ ] Raul, espera a, espera a encontrados em quatro reunies dediferentes empresas portuguesas.

    Pretendo, assim, contribuir para a expanso do estudo dos marcadoresdo discurso na lngua portuguesa e evidenciar o seu papel marcando o con-trolo de contacto, como um recurso na construo de posies de sujeito(Fairclough 1989) nessas situaes de reunies empresariais, procurando,portanto, identificar as suas potencialidades como instrumentos de coeso na

    criao da textura e coerncia discursivas (Silvestre 2004), alm da estratgiadiscursiva na criao das posies de sujeito.O artigo est estruturado da seguinte forma: presente introduo

    segue-se uma seco em que o tema explicitado num contexto terico, apre-sentando-se uma proposta de definio de MCC. Nas seces seguintes soanalisadas a distribuio e as propriedades funcionais dos MCC em estudo,seguidas pelas concluses finais. O enquadramento terico do presente estu-do a Anlise Crtica do Discurso, com o recurso Gramtica Sistmico-

    -Funcional.

    Os Marcadores de Controlo de Contacto

    A presente anlise de MCC baseia-se nas meta-funes de Halliday(1994), em Shiffrin (1987), Fraser (1990,1999), Bordera (2000), Portols(2001) e em Kroon (1998) sobre as partculas do discurso do Latim. Kroondistingue trs domnios ou nveis do discurso, como prefere cham-los, osquais contemplam trs tipos diferentes de relaes de coerncia que podemser expressos por partculas do discurso.

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    39/110

    41Marcadores de Controlo de Contacto: Uma Perspectiva da ACD

    A conversao geralmente estruturada por pedaos ou unidades de

    fala que constituem segmentos funcionais e que os participantes reconhecemcomo ligados pela identificao das redes de conexo entre esses segmentos.H marcadores que servem para organizar o sistema de tomada de palavra,o comeo de um reparo, o incio de um novo tpico, entre outros. Destaforma, no fluxo do discurso, o texto organizado como um acto interactivoenvolvendo o falante e o interlocutor. O falante adopta uma determinadaposio de sujeito (Fairclough 1989) e, ao faz-lo, determina uma posiocomplementar para o seu interlocutor e deseja que este a tome. Por exemplo,numa reunio, a pessoa que a lidera dirige-se a determinado interlocutorpedindo-lhe uma informao. Este, por sua vez, implicado na situao ded-la e as suas possibilidades de escolha so limitadas; exemplos so: dar ainformao solicitada, recusar-se a dar a informao ou, atravs do uso dediferentes estratgias, modalizar a resposta. Da mesma forma, os falantesfazem uso de marcadores para chamar a ateno sobre aquilo de que se esta falar, mesmo que a tomada de palavra j esteja em curso. De facto, a vertente

    que se pretende evidenciar, atravs desta perspectiva, implica algumaelaborao relativamente ao conceito de poder.Um critrio usado por Schiffrin (1987), Fraser (1990), entre outros,

    para reconhecer os Marcadores do Discurso (MD) a sua relativa indepen-dncia da estrutura semntica do enunciado. Os MD no atribuem signi-ficado proposicional mas preenchem funes de procedimento. Nestaperspectiva, um marcador no modifica o contedo proposicional de umenunciado, e tambm relativamente independente ao nvel da sintaxe.

    Outros critrios para reconhecer os MD so a sua possibilidade de ocorrnciano incio ou final de frase e a frequente presena de uma pausa aps o MD.Estes critrios so observveis neste subgrupo de MD: os MCC.

    Uma reviso da literatura sobre esses marcadores, semelhana doque acontece com os MD, remete-nos para uma diversidade de classificaes.Redeker (1990), por exemplo, classifica alguns como okay? ou right? comomarcadores de estrutura pragmtica. Hakulinen e Sepparen (1992), no estudode kato em Finlands, chamam-lhes partcula com a dupla funo dechamada de ateno (attention getter) e de conector explicativo (explanatoryconnective). Trillo (1997) denomina-os instrumentos de chamada de ateno

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    40/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    41/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    42/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    43/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    44/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    45/110

    47Marcadores de Controlo de Contacto: Uma Perspectiva da ACD

    Texto 3

    Paulo: Ele ficou de dizer alguma coisa?Albino: . Ele ficou de dizer hoje. Ficou de confirmar com o Jos. Pelo

    menos ficou de falar comigo hoje. Ah...agora se calhar no vamosconseguir matricular todos este ms. Ele apontou a para uns cinco,que era para deixar dois para matricular para o ms que vem.(2) (ouve-se o barulho de uma fotocopiadora)

    Albino: Mas, s tantas depois de estarem l...aquilo..Paulo: Mas que eu no tenho hiptese em

    Ah, para ser em dois meses, fico eu com os carros. Mais algumacoisa para vocs?(1) Portanto, em relao a esses carros, p, tens que dizer a eleque no d para ficar para o ms que vem. Eu, em dois meses,vendo eu os carros. So dois carros...ora temos ali quantos? Dois?

    Albino: oitoPaulo: oito, no ?Albino: que tem carros repetidos. Repetidos, quer dizer, por exemplo,

    tem... dois XT 1.100 pretos.Paulo: p, tem que se escolherAlbino: e eu no queria ficar com aqueles todos iguais. Ah...mas de

    qualquer modo eu insisti com ele que (fala incompreensvel)Paulo: Tens que ir ver isso.Albino: eu insisti com elePaulo: Tens que ir ver isso. Mas confirma l, mas confirma mesmo,

    porque seno no vale a pena. Ele estar a confirmar as coisas dessaforma. p, deixa de Ter interesse para ns. No vale a pena

    estarmos ah... seno limita-se o nmero de veculos por dois mesese a ns d quatro meses, no ? e no nos custa nada a ns.

    No texto 4, enquanto falavam acerca das campanhas de marketing emalguns lugares pblicos, e depois do director ter avisado que no podiamalterar a agenda, o vendedor, Raul, insistia em dar desculpas para a suadificuldade em concretizar as tarefas que lhe eram pedidas. Neste contexto,o uso repetido por trs vezes da interjeio funciona como uma estratgiapara interromper o interlocutor. Uma vez tomada a palavra, este marcadorexpressa o incio da repreenso, como mencionado anteriormente.

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    46/110

    48 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

    Texto 4

    Srgio Paulo: [Mas a mesmo que haja xxxx (nome do teatro) com as quei-mas das fitas ou no sei qu, NO PODEMOS ALTERAR,TEMOS QUE MARCAR E TEMOS DE CUMPRIR nono

    Raul: Agora no sbado que vem estou de servio. No outro tenhotenho um casamento. J alterei o sbado com o Esteves preci-samente por isso (2) S se formos para daqui a...

    Srgio Paulo: [ ] Raul, espera a, espera a. A campanha no TUA.

    A campanha da empresa e do 306 e no podendo ires tu ehavendo possibilidade de haver aqui partilha de tarefas comcolegas, no tem que ser trabalho feito sozinho por ti.

    Raul: Claro.Srgio Paulo: Certo? Okay? Alis, quantos carros que j vendeste da

    campanha?Raul: Um.

    O uso do ttulo tambm se observa em contextos mais formais, como

    mostra o texto 5, excerto da reunio 3. Tambm neste exemplo, o uso dainterjeio seguido do ttulo e com o respectivo contedo proposicional tema funo de uma repreenso.

    Texto 5

    Dra. Marisa: Mas por enquanto esto fora do processo?Dr. Nogueira: Eh..eles esto fora do processo..esto fora do processo,

    isto aqui h duas, h duas hipteses portanto...mas eu no

    gosto de falar por aquilo que no sei, quer dizer, h duashipteses ou existe relativamente a este cons., um con-srcio que englobe estas pessoas que eu estou a (palavraimperceptvel) e depois eles mais a associao industrialenquanto uma entidade que gerem (imperceptvel)gerem o espao todo, e a cmara tem que ter uma fatiacomo bvio, no , nessa gesto tem uma palavra a dizer,a cmara tambm tem que

    Dr. Pedro Nunes: Mas, Dr., no no eles.. o consrcio mais a associa-o industrial que esto dentro [imperceptvel] (falam osdois homens ao mesmo tempo)

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    47/110

    49Marcadores de Controlo de Contacto: Uma Perspectiva da ACD

    Dr. Nogueira: [(imperceptvel)] tem que falar com eles, tem que per-

    guntar-lhes (continuam a falar ao mesmo tempo)..faloucom o presidente da cmara at pode ser que eles tenhamoutra outra ideia

    Dr. Pedro Nunes: Por isso que eu estou a ..porque.. ou assim ou ento..as coisas no funcionam dessa..

    Pelo que acabei de descrever, penso ter demonstrado que os MCC somarcadores do discurso, uma vez que ajudam a coorden-lo, a organiz-lo.

    Mas, enquanto estruturam o discurso, tambm realizam a dupla funo dacriao de posies de sujeito. As suas funes apenas podem ser determi-nadas em relao aos participantes em contextos especficos.

    Concluses

    A perspectiva aqui apresentada, da Anlise Crtica do Discurso,acrescenta uma outra forma de olhar os Marcadores do Discurso para alm

    da perspectiva semntica de coeso de Halliday e Hasan (1976), da perspec-tiva de Anlise do Discurso de Schiffrin (1987) e da perspectiva pragmticade Fraser (1999).

    A partir da anlise efectuada, possvel estabelecer alguns padres deuso dos MCC em relao s suas propriedades funcionais e de distribuiodentro de um tipo especfico de conversao: as reunies nas empresas.Assim, pode-se seguramente afirmar que os MCC so marcadores compotencialidades diferentes no s na criao da coerncia, mas tambm na

    criao de posies de sujeito. De mencionar so: (i) os vocativos, materiali-zados nos nomes e formas pronominais, organizam a tomada de turno;determinam posies complementares de sujeito e evitam a perda de temponas reunies; (ii) a interjeio + vocativo expressa o incio de uma repreensoe tambm interrompe o interlocutor para lhe dar uma repreenso.

    As escolhas feitas para a tomada de turno evidenciam que a reunio conduzida da forma que o chefe quer. Os marcadores de discurso mostramisso. O chefe constri a sua posio de sujeito pela forma como constri o seuprprio discurso. Ele tem autoridade. O fraseado usado na construo dainteraco mostra que ele o chefe. As formas de tratamento especficas

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    48/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    49/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    50/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    51/110

    Para a Identificao de uma MatrizLingustica no Uso de Estrangeirismos

    na Lngua PortuguesaMadalena Dias Teixeira

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    52/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    53/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    54/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    55/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    56/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    57/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    58/110

    num artigo17 dedicado economia portuguesa. A par desta situao, e relati-

    vamente Publicidade, temos a caixa que mudou o mundo18 e o desenvol-vimento da imprensa, que em simultneo com o desejo de convencer opblico consumidor, com fins lucrativos ou no, foram os facilitadores eimpulsionadores da incrementao da j referida Publicidade. Este ter sidoum leit-motiv para que, inclusivamente, se homologassem19 curricula porta-dores das mais recentes e inovadoras tcnicas persuasivas. Foi precisamenteeste contexto que facilitou a importao de palavras estrangeiras, concreta-mente de anglicismos, para a lngua portuguesa, uma vez que, segundoNelson Gomes20, nos pases onde se fala a lngua inglesa que se encontramos estudos mais avanados sobre o referido sector.

    Ainda de salientar, nestas duas reas, que embora o ingls seja a lnguadominante, o francs tambm deixa as suas marcas, ainda que mostre umainfluncia com fraca expresso Economia dois por cento (2%) e Publicidadecinco por cento (5%). A rea da Gastronomia, ao contrrio do que acontecenas outras reas em anlise, evidencia, sem grandes dvidas, os laos que a

    unem lngua francesa, como se pode verificar atravs do grfico seguinte:

    17 Artigo da Revista Viso publicada em 1 de Agosto de 2002.18 Slogan comemorativo de um aniversrio da RTP1 e que ainda hoje perdura.19 A primeira Licenciatura (Curso Superior de Relaes Pblicas e Publicidade) foi homolo-

    gada ao Instituto Nacional de Novas Profisses atravs da Inspeco do Ensino Particular,

    por despacho ministerial em Dirio do Governo, a 20 de Maro de 1972. (Informaofornecida pelo Ministrio da Educao a 28/08/2002).20 Eng. da Publicidade da empresa Sino, no Porto.

    60 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

    Grfico 3

    Fr.

    Ingl.

    Rus.

    Itl.

    Al.

    Bul.

    Esp.

    Aust.

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    1%

    13245

    7

    8

    6

    2%1%3%

    15%

    2%

    20%

    56%

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    59/110

    Pode, ainda, verificar-se, pela observao deste grfico, da existncia de

    um leque mais variado quanto origem das palavras. Assim, temos osvocbulos de origem francesa que tm um peso de cinquenta e seis por cento(56%), seguidos dos provenientes da lngua inglesa com vinte por cento(20%) e dos de lngua italiana com quinze por cento (15%). A lngua alemtem uma presena de trs por cento (3%) e os vocbulos de lngua espanholae de lngua russa ocupam apenas dois por cento (2%) do corpus recolhidoneste sector. Um por cento (1%) o resultado dos vocbulos encontrados deorigem das lnguas de dois pases: ustria e Bulgria.

    Na anlise empreendida e na verificao de alguns dos resultados, nonos podemos esquecer que usurpando vocbulos, que s fez mis ele-gantes do que foram ra h incoenta annos. (Barros, 1969:84), tambmrevelamos notoriedade. Repare-se, ainda, que por algum motivo, Ea deQueirs21, para alm da utilizao de inmeros vocbulos de origem inglesa,reservou a utilizao de elementos da lngua francesa para assuntos relacio-nados com a cozinha, por exemplo. Tais argumentos, servem, apenas, para

    provar (ou reiterar) o facto de o caminho do emprstimo de um vocbuloter motivaes vrias (nomeadamente sociais, naturalmente, questes deprestgio).

    A diferena entre os resultados obtidos entre o sector dois e os sectoresum e trs no reside somente nas variaes de utilizao entre anglicismos egalicismos, mas tambm no facto de podermos verificar, no sector dois, aimportao vocabular efectuada a outras lnguas, como o caso do russo, doaustraco, do alemo e do italiano.

    1.3. Categorizao dos resultados

    Ao categorizar os elementos constituintes do corpus, verificou-seque, embora a utilizao de termos originais (o.), para os quais a normaainda no reconheceu nenhuma forma, seja uma constante dentro dos trssectores observados. na rea da Publicidade (57%) e na da Gastronomia

    61Uso de Estrangeirismos na Lngua Portuguesa

    21 Veja-se a este propsito a obra Os Maiasj citada neste trabalho.

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    60/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    61/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    62/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    63/110

    65Uso de Estrangeirismos na Lngua Portuguesa

    Publicidade e da Economia, o terceiro reporta aos resultados obtidos na

    categorizao termos equivalentes, pois houve oportunidade de observar que,apesar de existirem vocbulos correspondentes aos estrangeiros, na lnguaportuguesa, os falantes optam pelo uso dos vocbulos na sua forma original(aspecto indicador de que afinal os estrangeirismos no surgem apenas pornecessidade) e, por ltimo, os aportuguesamentos evidenciam que a questoda importao de palavras estrangeiras no significa perda de identidadelingustica ou falta de nacionalismo, mas, apenas, que uma lngua no estanque, mas sim dinmica. Esse dinamismo, alis, surge graas ao prpriofuncionamento das lnguas, s necessidades sentidas pelos falantes e suaprpria criatividade, o que faz com que qualquer sistema lingustico tenhauma marcha ininterrupta no devir do tempo.

    Bibliografia

    ALVES, Ieda. (1990):Neologismo. Criao lexical. So Paulo: tica.

    ARAYA & GMEZ. (2000). La neolog de prstamo en la prensa gallega. In

    La Neologia en el tombant de Segle.Barcelona: Observatori de Neologia, InstitutUniversitat de Lingstica Aplicada, Universtat Pompeu Fabra: 133-146.

    BAGANO, M. (2001): Mudana Lingustica: Um fenmeno onde toda a prescrio intil. In Letras. Campinas: R. Letras. I. L.- PUC-Campinas, 20, 1-2: 45-60.

    BARROS, J. (1969): Textos Pedaggicos e Gramaticais. Lisboa: Editorial Verbo.

    BOLO, P. (1965): 2 ed. O problema da importao de palavras e o estudo dosestrangeirismos (em especial os francesismos) em portugus. Coimbra: Pretiosior.

    CARVALHO, Nelly. (1989): Emprstimos Lingusticos. So Paulo: tica.

    CASARES, J. (1992): 3 ed. Introduccin a la Lexicgrafa Moderna. Madrid:Consejo Superior de Investigaciones Cientficas.

    CATACH, N. (1979). Lintgration graphique des mots nouveax. InNologie etlexicocologie. Collection Langue et Langage. Larousse universit: LibrarieLarousse: 67-72.

    DOWNES, W. (1998): 2ed. Language and Society. Cambridge: University Press.

    EGEA & JUNCADELLA. (2000): Els neologismes en un servei lingstic:problemes I solucions. In La Neologia en el tombant de Segle. Barcelona:

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    64/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    65/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    66/110

    68 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

    Core business - ingl. T. E. Actividade principal de uma instituio / empresa.

    Corporation - ingl. T. E. Organizao.Crash - ingl. O. Queda abrupta de qualquer varivel.

    Customer relationshipmanagement - ingl. O. S. E. Gesto do relacionamento com os clientes.

    Dataholics - ingl. O. Pessoas obcecadas por informao.

    Dotcom - ingl. O. Empresas constituintes da nova economia.

    Drop - out - ingl. T. E. Desistir.

    Entrepreneur - fr. O. Pessoa com iniciativa e com sentido de negcio.

    Estratgia on - line - ingl. O. Estratgia de negcio na Internet.Executive search - ingl. T. E. Investigao efectuada por profissionais.

    Fax - ingl. O. Meio de comunicao escrito que utiliza o telefone.First - mover - ingl. O. S. E. Pessoa que toma a iniciativa de alguma coisa.

    Franchising - ingl. O. Acordo jurdico em que uma das partes envolvidas(franchisador) vende o direito de comercializaode produtos ou servios outra parte (franchisado).

    Freelance - ingl. O. S. E. Trabalhador por conta prpria.

    Global player - ingl. O. Agente econmico com caractersticas prprias quelhe permitem uma actuao em mercados diferentes.

    Headhunter - ingl. O. Pessoas especializadas em descobrir novos talentos.

    Holding - ingl. T.E. Sociedade Gestora de participaes sociais.

    Joint-venture - ingl. O. Forma de colaborao entre duas entidades jurdicasindependentes.

    Killer - applications - ingl. O. Aplicaes economicamente imbatveis.

    King - maker - ingl. T. E. Mestre.

    Know - how - ingl. T. E. Conhecimento.

    Knowledge worker - ingl. O. S. E. Trabalhador com experincia e formao especfica.

    Layout - ingl. O. A forma como esto organizadas pessoas e coisas.

    Legacy - ingl. T. E. Herana.

    Line of business - ingl. T. E. Linha de negcio.

    Low profile - ingl. O. Pessoa que actua com discrio.Mailings - ingl. O. Correspondncia dirigida a um pblico constituinte

    de uma base de dados.

    Management - ingl. T. E. Gesto.

    Manager - ingl. T. E. Gestor.

    Managing - ingl. T. E. Gerir.

    Marketeer - ingl. O. Pessoa que trabalha em marketing.

    Marketing - ingl. O. Forma de gesto que articula a comercializao deprodutos com as necessidades do consumidor.

    Marketing manager - ingl. T. E. Gestor de marketing.

    Mass - market - ingl. O. S. E. Mercado, em termos globais.MBA- Master BusinessAdministration - ingl. T. E. Mestrado em Gesto de Empresas.

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    67/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    68/110

    Up - to - date - ingl. T. E. At data.

    Venture capital - ingl. T. E. Capital de risco.Win win - ingl. O. Ganhos para todas as partes envolvidas.

    Workaholic - ingl. O. Pessoa obcecada por trabalho.

    Workflow - ingl. O. Fases do processo de trabalho.

    Corpusda Gastronomia26

    Palavra Origem Catego- Glosssrio(ou expresso) rizaopesquisada

    la planche - fr. T. E. Acto de saltear na chapa.

    Bacon - ingl. O. Parte do porco que, geralmente, se come fatiada.

    Barbecue - ingl. O. Fila de pessoas que se vo servir ao churrasco.

    Bavaroise - fr. O. Base de um creme de natas gelatinado que pode serexecutado com vrios sabores.

    Bechamel - fr. O. Molho base de farinha, leite, sal, ovos e limo.

    Beignets - fr. T. E. Tipo de feijo.

    Bife - ingl. Aport. Pedao de carne, normalmente, de vaca.

    Bombons - fr. Aport. Pequenos pedaos de chocolate, que podem ou no serrecheados.

    Bortsch - rus. O. Sopa cuja base beterraba e que servida com natas.

    Brandy - ingl. O. Bebida branca de base vincola.

    Brioche - fr. O. Tipo de po de pequena dimenso.

    Cannelloni - itl. O. Pequenos rolos de massa recheada com carne.

    Carr - fr. O. Pea do lombo com osso.

    Champanhe - fr. Aport. Bebida fina com gs.

    Chantilly - fr. O. Natas batidas com acar.

    Charlotte - fr. O. Bolo semifrio com biscoitos e bavaroise no meio.

    Charmat - fr. O. Chipolata - al. Aport. Tipo de salsicha de Frankfurt.

    Choux - fr. O. Tipo de couve.

    Chucrute - al. O. Couve com salsicha e vinagre.

    Chutney Fruta com origem na manga.

    Clafouti

    Cocktail - ingl. Aport. Bebida cujo nome est relacionado com a formadecorativa.

    26 A origem, a categorizao e o glossrio, foram realizados de acordo com as opiniesemitidas pelos especialistas de cada um dos sectores pesquisados.

    70 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    69/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    70/110

    72 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

    Mousse - fr. O. Creme relativamente espesso que pode ser de vrios

    sabores.Muffins - fr. O. Tipo de po de l.

    Omoleta - fr. Aport. Ovos fritos e enrolados numa sert.

    Palitos de la reine - fr. O. Tipo de biscoito doce.

    Panettone - itl. O. Tipo de massa.

    Pt - fr. O. Creme espesso com sabores vrios.

    Pasta - itl. O. Massa.

    Pav - fr. O. Bavaroise que leva fruta inteira.

    Pickles - ingl. O. Legumes em conserva.

    Ponche Bebida fria base de fruta.

    Pralins - fr. Aport. Tipo de bombons.

    Profiteroles - fr. Aport. Massa patachan cozida e recheada a gosto.

    Pudim - ingl. Aport. Soluo de leite, ovos e acar.

    Pur - fr. Aport. Batatas passadas com leite e manteiga.

    Queques - ingl. Aport. Pequenos bolos individuais, geralmente, de laranja.

    Quiche - fr. T. E. Tarte com recheio a gosto (natas, leite, ovos, queijo).

    Ravioli - itl. Aport. Massa recheada com carne.

    Risoto - itl. Aport. Tipo de arroz italiano (muito caro).

    Rocambole - fr. O.

    Rosbife - ingl. Aport. Filminhon quase aquecido numa frigideira. Depoisvai ao forno s um choque.

    Roti Carne estufada.

    Sabayon Bebida quente, cozida em banho maria, com gemasde ovo, acar e vinho.

    Sabls - fr. Aport. Molho de textura fina.

    Saint - Honor - fr. O.

    Savarin - fr. O.

    Shaker - ingl. O. Recipiente que serve para misturar bebidas.

    Sorbitol

    Soubise

    Stollen - al. O.

    Strudell - aust. O. Massa folhada frita com leo morno at ficar em folhade papel.

    Tablete - fr. Aport. Poro de chocolate.

    Tarte - fr. Aport. Massa doce.

    Tarteletes - fr. Aport. Tarte em miniatura.

    Timbale - itl. O.

    Tortellini - itl. O. Massa recheada.

    Tortilha - esp. Aport. Ovos fritos numa frigideira com batatas.Trufas - fr. Aport. Tipo de cogumelo que muito caro.

    Whisky - ingl. O. Bebida alcolica.

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    71/110

    Corpusda Publicidade27

    Palavra Origem Catego- Glosssrio(ou expresso) rizaopesquisada

    Above - the - line - ingl. O. Acima de uma mdia pr-definida.

    Art director -ingl. O. S. E. Director artstico.

    Below - the - line -ingl. O. Abaixo de uma mdia pr-definida.

    Boom -ingl. O S. E. Fluxo sbito de alguma coisa.

    Brainstorming -ingl. O. S. E. Discusso de vrias ideias que acabaram de surgir.

    Break -ingl. T. E. Intervalo.

    Briefing -ingl. O. Reunio de curta durao.Broadcasting -ingl. T. E. Transmisso.

    Brochura -fr. Aport. Pequeno caderno informativo.

    Business - to - business -ingl. O. S. E. Comrcio entre empresas.

    Business to consumer -ingl. O. Negcio a pensar no consumidor.

    Cachet -fr. O. S. E. Pagamento de um bem ou servio.

    Call center -ingl. T. E. Centro de atendimento.

    Cartoon -ingl. O. Banda desenhada ou desenho animado.

    Casting -ingl. O Tipo de audio ou exibio.

    Channel -ingl. T. E. Canal.Chat room -ingl. O. Espao de dilogo atravs da internet.

    Compras online -ingl. O. Compras atravs da internet.

    Copy -ingl. T. E. Texto.

    Copywriter -ingl. T. E. Redactor.

    Corporate design -ingl. O. S. E. Tipo de design corporativo.

    Cross - selling -ingl. O. Promoo de uma marca atravs de outra.

    Customer relationship -ingl. O. S. E. Gesto do relacionamento com os clientes.

    Design -ingl. O. Criao de um novo conceito esttico quer a nvelde imagem quer a nvel da forma.

    Designer -ingl. O. Criador de um novo conceito esttico quer a nvelde imagem quer a nvel da forma.

    Direct mail -ingl. O. Correspondncia directa, para um determinado pblico.

    Direct - response -ingl. O. Quando um assunto reporta directamente a umresponsvel.

    Display -ingl. O. Objecto cuja finalidade permitir a visualizaode imagens.

    Dossier -fr. O. Capa, geralmente de carto, com argolas para arquivode documentos.

    27 A origem, a categorizao e o glossrio, foram realizados de acordo com as opiniesemitidas pelos especialistas de cada um dos sectores pesquisados.

    73Uso de Estrangeirismos na Lngua Portuguesa

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    72/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    73/110

    75Uso de Estrangeirismos na Lngua Portuguesa

    Panfletos -ingl./fr. Aport. Pequenos papis informativos.

    Photoshops -ingl. O. Lojas para fotografias. tambm o nome de umprograma informtico para tratamento de imagens.Portflio -ingl. Aport. Arquivo de documentos.Pr - press -ingl. O. Informao conhecida antes da sua divulgao atravs

    dos meios de comunicao.

    Press release -ingl. O. Notcia que se envia para os jornais e que escrita peloprprio anunciante.

    Prodution designer -ingl. O. S. E. Designer que se dedica produo.Radio online -ingl. O. Rdio em sintonia.Ranking -ingl. O. Classificao que subentende um determinado

    posicionamento.Reality - shows -ingl. O. Programas de entretenimento caracterizados por guiesreais.

    Recordes -ingl. Aport. Obteno de resultados vencedores.Reportagem -fr. Aport. Divulgao de um acontecimento.Roadshows -ingl. O. Espectculos itenerantes.Script -ingl. T. E. Guio.Share -ing. O. S. E. Nvel de audincias.Shortlists -ingl. O. Pequenas listagens.Shot -ingl. T. E. Curta filmagem.

    Show - off -ingl. O. Evidenciar algo que falso.Sketches -ingl. O. Pequenas dramatizaes.Slogan -ingl. O. Tema ou frase de uma campanha.Spot -ingl. O. Anncio para uma promoo.Standard -ingl. T. E. Referncia.Tablide -ingl. Aport. Jornal com metade da dimenso habitual.Target -ingl. T. E. Alvo.Team building -ingl. O. Equipa de construo.Telemarketing -ingl. O. Publicidade e comunicao pelo telefone.

    Timing-ingl. O. S. E. Altura certa para a execuo de um servio.

    Top -ingl T. E. Encontrar-se no topo.TV - commerce -ingl. O. S. E. Comrcio atravs da televiso.TV - producer -ingl. T. E. Produtor televisivo.Up - to - date -ingl. T. E. At data.Videowall -ingl. O. Ecran gigante para projeco de imagens.Wallpapers -ingl. O. Papis informativos que vo sendo colocados. em

    paredes.

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    74/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    75/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    76/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    77/110

    Resumo

    A lngua portuguesa de Portugal e do Brasil apresenta diferenas de ortografia esintaxe na linguagem do dia-a-dia dos falantes de cada pas. No entanto, em reas

    especficas do conhecimento como o caso da engenharia de moldes para os plsticos,poder parecer pouco provvel existirem divergncias. O facto que elas existem,podendo ser usadas com vantagens para uma melhor transmisso de informao.

    Com base em tradues tcnicas reais a partir da lngua inglesa para a lnguaportuguesa de Portugal e do Brasil, apontar-se-o divergncias terminolgicasimportantes tanto em artigos tcnicos para uso de especialistas das mesmas reas deconhecimento como em textos simples para o uso dirio do leitor comum. Apurar-se-, ainda, que se obtm uma melhor comunicao tcnica quando se respeitam as

    diferenas culturais de cada grupo de falantes, com implicaes relevantes para asatisfao de clientes e consequncias nas actividades empresariais.

    Ao analisar a teoria de Edward Sapir (1956:69) afirmando que cadalngua reflecte as experincias culturais dos falantes dessa sociedade,Susan Bassnett (2002:22) conclui ser esta relao entre lngua ecultura que mantm as lnguas vivas: Language, then, is the heart within the

    body of culture, and it is the interaction between the two that results in thecontinuation of life-energy.

    Significa esta deduo que as experincias de cada falante so transmi-tidas dentro de um contexto cultural, que reflectido em cada uma das suasmensagens e que, simultaneamente, necessita de ser entendido para havercomunicao. Sendo esta regra fundamental para a interpretao de actos defala, ainda o mais em textos escritos que, actualmente, so lidos por pessoasde todo o mundo, quase em simultneo, atravs de tradues.

    De facto, em prtica de traduo, a regra principal proceder a umaanlise do contexto cultural de cada texto para a sua plena compreenso e

    Diferenas Culturais em Traduo Tcnica 79

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    78/110

    80 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

    posterior rescrita. Ignorar este exerccio correr elevados riscos, como

    observa Bassnett (2002:22): In the same way that a surgeon, operating on theheart, cannot neglect the body that surrounds it, so the translator treats thetext in isolation from the culture at his peril.

    So as tradues que, hoje em dia, permitem a grande de parte domundo estar em contacto permanente, ao transferirem, imperceptivelmente,informao de uma lngua espelho de uma cultura e de contextos espec-ficos para outra lngua como, por exemplo, no caso da transmisso instan-tnea de notcias provenientes dos mais diversos pontos do globo. SegundoMontgomory (2000:291), so igualmente as tradues que, ao longo da hist-ria, tm ajudado a difundir mais ideias e invenes do que as obras originais:

    It is a fact, not to be underestimated, that against the background ofcontinual linguistic contact among peoples there have occurred episodeswhen translation activity has risen to become a major focus on intellectualwork and has resulted in immense tides of new textual material enteringa particular language.

    Efectivamente, a prtica da traduo uma realidade e uma vantagem,em primeiro lugar porque os falantes desconhecem muitas lnguas estran-geiras e, em segundo, pelo facto de a maioria dos leitores de uma comunidadepreferirem o conforto de ler nas suas lnguas maternas, principalmente se ostextos forem de contedo tcnico / cientfico e se os receptores no foremespecialistas.

    Estes textos esto associados a informao no ficcional das maisdiversas reas de conhecimento, tal como o jurdico, o mdico, da fabricao

    ou da engenharia. Escolheu-se adoptar aqui o nome geral de tcnicos paradescrever todos os textos que fornecem informaes acerca de pessoas, taiscomo num tribunal ou num registo civil e de objectos, como mquinas ouinstrues de utilizao. A passagem deste gnero de informao de umalngua para outra ser referida como traduo tcnica, uma actividade queobriga o tradutor a conhecer a lngua e a cultura das lnguas de partida e dechegada, mas tambm a ter boa percepo do assunto em questo.

    No geral, um texto tcnico traduzido para uma lngua falada poruma s comunidade de falantes ou por um grupo especfico dentro dessacomunidade. Todavia, uma lngua pode ser comum a mais do que um pas,

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    79/110

    81Diferenas Culturais em Traduo Tcnica

    com culturas, contextos e realidades diferentes uns dos outros. Como ser de

    esperar, essas particularidades manifestam-se de forma divergente na lnguade cada pas:

    We have seen that any speech community is likely to be composed ofdifferent groups, groups which may operate with differing versions ofthe same language or even with discrete and separate languages. In thissense different varieties are owned by different groups. (Montgomery,1995:105)

    As diferenas de variedades acima mencionadas no surpreendem,normalmente, quando se encontram em traduo de textos de fico, masso geralmente inesperadas em tradues tcnicas. Contudo, essas diferenasso comuns e so usadas por grupos distintos at dentro do prprio pas.

    , de facto, o que ocorre em Portugal, por exemplo, na rea dos mol-des para plsticos, onde os tcnicos de Oliveira de Azemis um dos centrosdesta indstria e da Marinha Grande o outro grande plo usam e, comoconsequncia, traduzem os mesmos termos do ingls para terminologia

    desigual.Termo ingls Tradues:

    Oliveira de Azemis Marinha GrandeSupport pillars suporte pilares suportes de apoioParallels paralelas calosEjector support plate chapa de aperto dos extractores placa batenteEnd rod cylinder adaptor engate do cilindro ponteira do cilindro

    As razes para estas diferenas esto intrinsecamente ligadas histriae s culturas industriais de cada uma das duas regies.

    Com efeito, os moldes para plsticos so produzidos maioritariamentenestes dois centros, por serem uma consequncia da produo de moldespara vidros, resultado natural da implantao de duas importantes fbricas devidros nas duas localidades, em pocas diferentes da histria de Portugal.

    A fbrica de vidros de Covo em Oliveira de Azemis foi a primeira afuncionar em territrio portugus ainda no reinado de D. Joo II, tendoobtido privilgios por parte dos reis D. Joo III, D. Sebastio e D. Filipe Ide Portugal, II de Castela. O desenvolvimento desta indstria fez-se com

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    80/110

    82 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

    uma forte influncia do castelhano, inclusive com alguns proprietrios e

    muitos artfices provenientes de Castela ou com grandes ligaes corteFilipina.

    No sculo XVIII, cerca de 300 anos depois, o Marqus de Pombalmandou instalar uma fbrica de vidros na Marinha Grande. Tendo em contaque, s de uma vez, o administrador Guilherme Stephens mandou vir quatrodos melhores mestres que havia na Inglaterra e cinco de Gnova paraliderarem os trabalhos nesta fbrica, de esperar que a terminologia nestaregio tenha sido influenciada pelas lnguas inglesa e italiana, divergindo,assim, da j usada no norte do pas.

    Com a inveno de novos materiais e a evoluo da indstria, foramimplantadas fbricas de moldes para vidros e a seguir para plsticos, nos doislocais. Mesmo aps a ocorrncia de migrao de trabalhadores de um centropara o outro, continua a haver divergncia no uso e na traduo da terminolo-gia, inclusivamente na traduo de novos termos. Esta ocorrncia reconhe-cida em todo o pas, no sendo impeditiva do entendimento terminolgico

    entre tcnicos.Todavia, conhecendo esta realidade e ponderando a citao deMontgomery acima transcrita, considerou-se a hiptese de existirem outrasdisparidades de traduo e uso nesta rea do conhecimento entre duas comu-nidades lingusticas de variedades diferentes da mesma lngua, Portugal eBrasil, uma vez que em outras reas de conhecimento isso j acontece. Narealidade, h uma tradio de terminologia prpria do Brasil referente cincia e tecnologia em que, por exemplo, os meios de transportes mecani-

    zados como trem, nibus e bonde tm os nomes de comboio, autocarro eelctrico em Portugal (Teyssier, 2001:96).

    Em seguida, pretendia-se auscultar a possibilidade de existir algumadificuldade de compreenso dos textos, por parte dos tcnicos de um e deoutro pas, devido disparidade ortogrfica entre as duas variedades.

    Para tal, foi conduzida uma experincia que consistiu, em primeirolugar, na traduo do primeiro um captulo do livro How to Make InjectionMolds por um tcnico de moldes na Marinha Grande. Foi escolhida estaregio como base para o trabalho de comparao por ser a mais significativaem nmero de empresas e tcnicos. Em seguida, foi dado a ler a um tcnico

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    81/110

    83Diferenas Culturais em Traduo Tcnica

    de moldes brasileiro, em So Paulo, Brasil, o qual reconheceu ser necessrio

    adaptar o texto para poder ser bem compreendido pela maioria dos tcnicosbrasileiros. Depois de alterado para o pblico brasileiro, o texto foi dado aler a tcnicos portugueses, anotando-se as suas reaces. Pretendia-se, numaprimeira fase, verificar se as diferenas de terminologia impediam a compre-enso do texto pelos tcnicos do outro pas.

    As primeiras quarenta e cinco linhas do texto mostraram um grandenmero de termos traduzidos de forma diferentes nas duas variedades, comose pode verificar abaixo:

    Termo ingls Tradues:Brasil (S. Paulo) Portugal (M. Grande)

    Land (of gate) ponto de injeco zona de ataqueMolding cavidade zona moldanteSprue bucha de injeo injector Parting line linha de fechamento linha de juntaFreeze resfriar arrefecer Sharp corner canto vivo quina vivaTo machine usinar maquinar Machining usinagem maquinaoKnit lines junta fria linhas de funo

    As opinies dos tcnicos portugueses relativamente ao texto alteradopara o portugus do Brasil foram semelhantes s dos tcnicos brasileiros emrelao traduo original. Todos tiveram algumas dificuldades iniciais,

    apenas compreendendo o texto por conhecerem bem o contexto. Referiram,ainda, o facto de ter sido algo cansativo ler o texto com termos desconhecidosou invulgares.

    Nos contactos iniciais no foram mencionadas as variaes de grafia,nem as terminaes divergentes dos termos como, por exemplo, nos casos demoldagem / moldao, ajuste / ajustamento ou desmoldagem / desmoldao,por se considerar que seriam facilmente reconhecveis pelos falantes dos doispases. No entanto, esta questo foi aludida por todos os intervenientes.Embora a grafia se entendesse perfeitamente, interferia com a fluidez deleitura e com a concentrao dos leitores, por ser desusada e estranha.

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    82/110

    PTO injector recebe o materialplastici-zado do cilindro e leva-o superfciepela linha de junta que, normalmente, perpendicular ao injector. frequenteum molde de uma nica cavidade terapenas um injector; a pea injectadadirectamente.

    Injectores semi-acabados esto vendano mercado europeu. O fabricante demoldes s tem de maquinar o furocnico. Deve-se prestar especial atenoao acabamento de superfcie deste furo.Desgastar e polir numa direcoperpen-dicular direco de desmoldao dorigem aprises que impedem o proces-

    so de desmoldao e podem interrompero ciclo (em particular numa injecoautomtica).

    BRO canal de injeo recebe o materialplastificado do cilindro e leva-o super-fcie pela linha de fechamento, que,normalmente, perpendicular ao canalde injeo. frequente um molde deuma nica cavidade ter apenas umcanal de injeo; a pea injetada

    diretamente.Buchas de injeo semi-acabadas esto venda no mercado europeu. O fabri-cante de moldes s tem de usinaro furocnico (canal de injeo). Deve se pres-tar especial ateno ao acabamento dasuperfcie deste furo. Desgastar e polirnuma direo perpendicular direode desmoldagem d origem a contra-

    -sadas que impedem o processo dedesmoldagem e podem interromper ociclo (em particular numa injeo auto-mtica)

    84 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

    Os leitores no esperavam encontrar nem um lxico estranho, nemuma grafia diferente num texto da sua especialidade e relacionado com o seutrabalho, o que originou uma reaco negativa, por interferir no seu processo

    de compreenso.Esta reaco levantou uma nova questo: se os tcnicos, pessoas mais

    habituadas a textos especficos, os repelem por serem escritos em outrasvariedades de linguagem que no as suas, de prever que os leigos tenhamidntica posio. Por exemplo, ser de supor que o utilizador de qualquerequipamento rejeitar a literatura de um dado produto que lhe seja apre-sentada na variedade errada, podendo essa rejeio ser transferida para oproduto e acarretar graves prejuzos ao fabricante. Assim sendo, seria curiosoavaliar at que ponto os bens exportados j so acompanhados de textostraduzidos para variedades diferentes da mesma lngua.

    Os excertos seguintes apontam as disparidades a negrito:

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    83/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    84/110

    PT

    Instalao do hardwareNota: desligue sempre o computadorantes de ligar ou desligar o rato.

    1. Para o modelo srie, ligue o rato portasrie. [...]Ateno: no utilize este mouse pticoem mesa com tampo espelhado, de vidro,

    ferro ou veludo negro. necessria tam-bm uma superfcie plana, ou o sensorptico (NetScroll + Traveler) no funcio-nar adequadamente.

    Definies do fabricanteRolador mgico

    Prima o rolador mgico para navegarna Internet e nos documentos do

    Windows.[...]Boto rolador

    Este boto pode ser atribudo a funesmuito utilizadas pelo rato e teclado, paraalm das opes de avano rpido,movimento automtico, zoom, etc.

    BR

    Instalao do hardwareNota: Sempre desligue seu computadorantes de conectar ou desconectar seumouse.

    1. No modelo serial, conecte o mouse naportaserial.[...]Aviso: no utilize este rato ptico numamesa de vidro, metlica ou forrada a

    veludo preto. Alm disso, a superfcie detrabalho tem de ser plana, para que osensor ptico do rato funcione correcta-mente (NetScroll + Traveler).

    Configurao de FbricaMagic-Roller

    Pressione o Magic-Roller parasurfarna Internet e pelos documentos do

    Windows.[...]Roller Button

    Voc pode atribuir a este boto funes doteclado e do mouse usadas com freqen-cia, alm de funes como EasyJump,panning automtico, zoom, etc.

    A traduo do nome do equipamento aparece, pela primeira vez, nasinstrues de instalao, sendo traduzido rato em Portugal e mantido emingls mouse no Brasil. O mesmo sucede com os nomes das peas doprprio rato nas definies do fabricante rolador mgico e boto do rolador e magic-roller e roller button.

    Verifica-se, de igual modo, que a explicao das opes, avano rpidoe movimento automtico so totalmente traduzidas, na variedade de Portu-

    gal, enquanto asfunes, EasyJump eplanning automtico so parcialmentetraduzidas na do Brasil. Da mesma forma, so traduzidos os verbos ligar,

    86 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    85/110

    87Diferenas Culturais em Traduo Tcnica

    desligar e navegarna variedade de Portugal, sendo usadas as estruturas

    derivacionais conectar, desconectare surfar, na do Brasil. Este fenmenolingustico, j assumido na traduo para o pblico brasileiro, no estpresente na verso de Portugal, embora tambm aqui o seu uso seja frequenteem linguagem coloquial. Estes termos fazem parte de um conjunto deexemplos de vocbulos como scanar, printare deletar, que entraram na lnguapor derivao por sufixao com base nos radicais originrios do ingls, scan,print e delete. Nota-se, no entanto, que este fenmeno ainda se evita emlinguagem formal e escrita na variedade do portugus europeu.

    Como se poder observar, foi de toda a vantagem traduzir o manualnas duas variedades para que pudesse ser feita uma boa instalao do equi-pamento. No s existem usos diferentes de alguns termos nos dois pases,mas tambm se verifica que o produto tem denominaes diferentes rato emouse.

    Certamente que a apresentao de outros exemplos proporcionaria osmesmos resultados: as diferenas das variedades lingusticas devem ser

    sempre consideradas no processo de comunicao, mas necessrio dar-se--lhes ateno especial quando est em jogo a aceitao de um novo produtojunto de um novo grupo de potenciais consumidores.

    Este processo de adaptao de uma lngua a um pas ou regio espec-fica est subjacente filosofia da localizao lingustica na traduo. Algumaslnguas, como a portuguesa, espalharam-se por locais geogrficos diferentescom influncias culturais e lingusticas prprias que resultaram em conven-es ortogrficas e normas gramaticais divergentes.

    Algumas empresas, especialmente as de tecnologias da informao,tm vindo a mostrar alguns cuidados deste gnero na traduo das suasmercadorias para os vrios mercados. De facto, o texto que acompanha osprodutos poder ter um papel importante na sua boa ou m recepo nomercado final, como se depreende da afirmao de Nord (1991:73):

    An instrumental translation serves as an independent message-transmittinginstrument in a new communicating action in the target culture, and isintended to fulfill its communicative purpose without the recipient being

    conscious of reading or hearing a text which, in a different form, was usedbefore in a different communicative situation.

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    86/110

    88 LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE

    Sem dvida que os leitores de um texto traduzido reagem de forma

    mais positiva se no pressentirem estranheza, ou seja, se parecer que essetexto foi escrito para o seu consumo exclusivo, particularmente quando otexto tcnico. Se os profissionais apreendem melhor a mensagem nas suasreas de conhecimento, a partir de uma fonte onde a linguagem lhes sejanatural, tambm os no profissionais conseguem instalar equipamento ouentender as suas propriedades atravs da leitura de um manual de instruesescrito de forma a poder ajud-lo enquanto consumidor.

    A comunicao tcnica e cientfica atravs de textos escritos maiseficaz quando so consideradas as diferenas lingusticas de grupos culturaisdiferentes, devendo ser dada ateno especial s diferenas de variedadesquando se trata da mesma lngua. No caso em que esses textos acompanhamprodutos exportados, esta ateno resulta, na generalidade, em clientes maissatisfeitos e, como consequncia, em negcios mais lucrativos.

    Bibliografia

    BASSNETT, Susan. (2002): Translation Studies. London; New York: Routledge.

    FREITAS, Tiago, Maria Celeste RAMILO e Elisabete SOALHEIRO. (2003): Oprocesso de integrao dos estrangeirismos no portugus europeu. Instituto deLingustica Terica e Computacional: http://www.iltec.pt/pdf/wpaper/2003-redip-estrangeirismos.pdf, (5/12/06).

    MENGES, Gerog and Paul MOHREN. (1983): How to Make Injection Molds.Munich; Vienna; New York: Hanser Publishers.

    MONTGOMERY, Martin (1995): An Introduction to Language and Society.London; New York: Routledge.

    MONTGOMERY, Scott L. (2000): Science in Translation, Movements of Knowledgethrough Cultures and Time, Chicago; London: The University of Chicago Press.

    MUNDAY, Jeremy. (2001): Introducing Translation Studies, Theories andApplications. London; New York: Routledge.

    ROLDO, Gabriel. (2002): Oliveira de Azemis bero da indstria vidreira emPortugal. Boletim Mensal do Rotary Club da Marinha Grande, 4, 1-2; 5, 4; 6,6-9.

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    87/110

    89Diferenas Culturais em Traduo Tcnica

    SAPIR, Edward. (1956): Culture, Language and personality. Los Angeles:

    University of California Press.SNELL-HORNBY, Mary. (1995): Translation Studies. An Integrated Approach.

    Amsterdam; Philadelphia: John Benjamins.

    TEYSSIER, Paul. (2001): Histria da Lngua Portuguesa. Trad. Celso Cunha.Lisboa: Livraria S da Costa Editora.

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    88/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    89/110

    The Language of Science and Technology:a Discourse of Power Keeping

    Young Learners OutVicky Hartnack

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    90/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    91/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    92/110

  • 7/28/2019 Linguagem, Cultura e Sociedade

    93/110

    95The Language of Science and Technology

    subjects at school. Given the fact that we are living in a technological age and

    educational guidelines are seriously concerned with successful learning andoutcomes in these spheres, it is necessary to take a look at the nature ofscientific languages as a social semiotic that processes meaning and allowsstudents to understand and interpret the mathematical, scientific andtechnological concepts introduced to them at school so that they can, at alater date, take a full and equal part in the society of the future.

    I shall therefore be considering genre as a possible approach tolearning these subjects, so that students understand better what and howthey are learning in order that they may give written accounts of theirsuccess. I will look at this issue from a systemic-functional linguisticapproach, which I believe sheds light on the relations between the compo-nents of language and meaning and in the way language functions socially inparticular fields. In doing so, I will also link up the pedagogical languagesystem with the other semiotic systems that prevail in the science and mathsclassroom. I will therefore be discussing areas of difficulties experienced by

    students as they negotiate the genre. However, it will not be my concern tooffer any theoretical guidelines to pedagogical practices.

    Learning the language of science and technology

    It is a common belief that far from integrating into the creative, hybridworld of the post-modern with its acceptance of the other in multipleunivers