língua, cultura e formação de professores_tópicos

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LÍNGUA, CULTURA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Por uma abordagem de Ensino Intercultural. (Edleise Mendes) 1. Pontos de partida: A iniciativa de propor uma abordagem de ensino exige: - um esforço mais amplo de se pensar uma filosofia de educação; - um conjunto de concepções, ideias e posturas teórico filosóficas; As discussões sobre como se deve ensinar e aprender uma língua refletem as marcas da abordagem que orienta a prática pedagógica. Maiores problemas nesse processo: A busca pela coerência e equilíbrio das nossas ações, no sentido de estabelecer uma ponte entre o que desejamos idealmente e teoricamente e aquilo que praticamos; Na maioria das vezes, sabemos “o que não queremos fazer”, mas não sabemos como fazer diferente; Quando sabemos idealmente o que fazer, nos deparamos com situações que nos mostram que nem sempre é possível agir como desejamos. Processo de ensinar e aprender línguas: Representa um conjunto de intenções e ações diferenciadas que são complementares; São instâncias de um processo maior, o qual tem lugar quando interagimos entre pessoas com o objetivo de adquirir competência linguístico-comunicativa na nossa língua ou em outra;

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Page 1: Língua, cultura e formação de professores_tópicos

LÍNGUA, CULTURA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Por uma abordagem de Ensino Intercultural.

(Edleise Mendes)

1. Pontos de partida:

A iniciativa de propor uma abordagem de ensino exige:

- um esforço mais amplo de se pensar uma filosofia de educação;

- um conjunto de concepções, ideias e posturas teórico filosóficas;

As discussões sobre como se deve ensinar e aprender uma língua refletem as marcas da abordagem que orienta a prática pedagógica.

Maiores problemas nesse processo:

A busca pela coerência e equilíbrio das nossas ações, no sentido de estabelecer uma ponte entre o que desejamos idealmente e teoricamente e aquilo que praticamos;

Na maioria das vezes, sabemos “o que não queremos fazer”, mas não sabemos como fazer diferente;

Quando sabemos idealmente o que fazer, nos deparamos com situações que nos mostram que nem sempre é possível agir como desejamos.

Processo de ensinar e aprender línguas:

Representa um conjunto de intenções e ações diferenciadas que são complementares;

São instâncias de um processo maior, o qual tem lugar quando interagimos entre pessoas com o objetivo de adquirir competência linguístico-comunicativa na nossa língua ou em outra;

Constitui-se de ações integradas, dependentes de contexto e voltadas para a produção conjunta de conhecimento.

Na sala de aula de Língua Portuguesa:

As experiências devem orientar-se de modo a permitir que as atividades e tarefas promovam a interação necessária, dando lugar à dimensão intercultural;

O professor tem papel fundamental, pois é ele que conduz o processo e orienta as experiências de uso da língua desenvolvidas na sala de aula;

O professor é responsável não só pelos conteúdos, procedimentos e experiências, como também pelas relações estabelecidas entre os sujeitos na situação de aprendizagem.

Alguns problemas:

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- As políticas que têm sido implantadas para a formação de professores, caracterizam-se pela valorização do conhecimento teórico estanque, descontextualizado, que não dialogam com as práticas efetivas que os professores realizam na sala de aula;

- A maioria dos cursos de formação de professores tem como base a ideia de que, sabendo-se as teorias e as tendências contemporâneas para o ensino de LP, aprende-se a ensinar.

Soluções:

Deve-se promover o diálogo entre teoria e prática, ação e reflexão, conhecimento científico e saber produzido na experiência;

É preciso que o professor compreenda a sua própria abordagem de ensinar, para depois modificá-la de acordo com as necessidades e características dos contextos nos quais atua.

2. Por uma compreensão do significado da abordagem intercultural:

Ensinar e aprender uma língua envolve diferentes dimensões:- desde o planejamento de cursos, seleção e elaboração de materiais;- até o modo como o professor tem o domínio do objeto do seu ensino, e cria procedimentos para ensiná-lo e depois avaliar o processo como um todo.

A Abordagem Intercultural pode ser resumida como a força potencial que pretende orientar ações de professores, alunos e de outros envolvidos no processo, o planejamento, a produção de materiais e a avaliação, com o objetivo de promover a construção conjunta de significados para um diálogo entre culturas.

É uma força potencial que orienta um modo de ser de agir, de ensinar e de aprender, de produzir planejamentos e materiais culturalmente sensíveis aos sujeitos participantes do processo de aprendizagem, buscando um diálogo intercultural.

3. Princípios norteadores da abordagem de ensino intercultural:

É importante, que os aprendizes sejam incentivados a assumir uma postura que favoreça a abertura, o diálogo, o respeito às diferenças, e, a avaliação crítica de seus posicionamentos e atitudes durante o desenvolvimento do processo de aprendizagem.

Uma abordagem de ensino intercultural deve, fornecer a professores a alunos o ambiente necessário para que as experiências de ensinar e aprender, sejam também experiências de exploração, de análise, de observação crítica de pessoas, situações e ações.

Cada participante envolvido no processo de ensino/aprendizagem é um mediador cultural entre o seu próprio modo de ser e agir e o do outro com o qual está dialogando.

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As orientações recentes para o ensino de língua materna ressaltam o fato de que, se quer preparar o aluno para dialogar com os diferentes modos de expressão da língua, tornando-o um mediador entre as suas variedades de uso e aquelas que a escola ensina. Ele é capaz de decidir quando deve fazer o uso de uma ou de outra.

Para que o processo de ensino/aprendizagem possa permitir aos seus participantes vivenciarem experiências autênticas na/com a língua, é muito importante o contexto no qual a interação tem lugar.

Um dos desafios educacionais para nós, professores de línguas, é ensinar a linguagem como contexto, sempre dentro de uma pedagogia dialógica que torne o contexto explícito, de modo a promover a interação em sala de aula;

Promover o diálogo de culturas significa estarmos abertos para aceitar o outro e a experiência que ele traz para o encontro a partir do seu ponto de vista;

É permitir que as nossas próprias experiências possam dialogar com as do outro quando interpretamos o mundo à nossa volta, o mundo que nos abriga.

A Abordagem Intercultural (AI) pode ser resumida a partir de algumas características fundamentais:

1. A língua como cultura e lugar de interação;2. O foco no sentido;3. Materiais como fonte;4. A integração de competências;5. O diálogo de culturas;6. A agência humana;7. A avaliação crítica, processual e retroativa.