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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva Ano V | Nº 39 | Abril de 2010 LINCE De olho na notícia PROJETO DE LEI PODE SER A SOLUÇÃO PARA LOTAR OS BANCOS DO HEMOMINAS | PÁGINA 11 DOS GRAMADOS PARA A SALA DE AULA: TREINADORES DE FUTEBOL AGORA TERÃO QUE ESTUDAR | PÁGINA 12 Praças: arte no dia a dia de uma cidade grande | PÁGINA 3 LORRAYNE PELIGRINELLI

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva

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Page 1: Lince 39

Jo rna l L abora tó r io do Curso de Jo rna l i smo do Cent ro

univer s i t á r i o newton Pa i va ano V | nº 39 | abril de 2010

LIN

CED e o l h o n a n o t í c i a

Projeto De lei PoDe Ser a SolUÇÃo Para lotar oS banCoS Do heMoMinaS| PáGina 11

DoS GraMaDoS Para a Sala De aUla: treinaDoreS De FUtebol aGora terÃo QUe eStUDar| PáGina 12

Praças: arte no dia a dia de uma cidade grande| PáGina 3

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Abril/20102

E não é somente no

esporte; quem

nunca viu um

economista, ao invés de

um repórter,

analisando uma crise

econômica?

edit

or

ial

expediente

crônica

ReitoRLuis Carlos de Souza Vieira

PRó-ReitoR aCadêmiCoSudário Papa Filho

Co oR de na doRa do CuRSo de JoR na LiSmoPro fes sora ma ri a lice em bo ava

ReS Pon Sá VeL PeLa edi çãoPro fes sor eus tá quio trin dade netto (dRt/mG 02146)

PRo Jeto GRá FiCo e diReção de aRteHelô Costa (127/mG)

diaGRamação: alana amorimLeonardo moreirathamires Lopes

monitoReS: Frederico alvesLucas HortaPedro Henrique Silva

RePoRtaGenS:alu nos do 4º Pe rí odo do Curso de Co mu ni ca ção do Centro universitário new ton Paiva (manhã e noite)

ENTÃO, VAMOS

FAZER O QUÊ?

PhiliPPe hiPólito

Política, economia, esportes, cidades. As áreas de atua-ção dos jornalistas são diversas. Mas o dia-a-dia da reda-ção está longe de uma simples escolha: por exemplo, “quero cobrir somente cultura”. O mercado exige profissionais completos, uma vez que se deve estar preparado para atuar nas várias editorias do jornal. O bom jornalista é aquele que domina vários idiomas, edita, opera programas e está sempre antenado sobre tudo que acontece no mundo. E com isso, cria-se um paradoxo: temos que ser completos e, ao mesmo tempo, cada vez mais especialistas.

Uma grande polêmica do jornalismo é o excesso de ex-atletas e especialistas atuando como comentaristas nos mais diversos veículos de imprensa. Eles estão ocupando lugares originalmente destinados aos jornalistas. Hortên-cia, Robson Caetano, Gustavo Borges e Virna. Todos foram destaques nas quadras, pistas e piscinas. Grandes atletas brasileiros que conquistaram títulos e medalhas no bas-quete, atletismo, natação e vôlei. Além do histórico no esporte, nos torneios e competições mundiais, eles ajustam os microfones e vão para os estúdios comentar sobre a modalidade em que se consagraram.

Vale lembrar que grande parte da responsabilidade por essa situação é dos próprios jornalistas. Muitos, ao longo de suas carreiras, nunca tentaram ir além do básico. A cada Pan-Americano e Olimpíadas notamos poucos repórteres em condições de mostrar detalhes, em profundidade, sobre o hipismo, ginástica artística e o judô. Diante disso, as emisso-ras recorrem aos ex-atletas que conhecem tudo da modali-dade. E não é somente no esporte; quem nunca viu um econo-mista, ao invés de um repórter, analisando uma crise econô-mica? Ou historiadores falando da última guerra?

Portanto, como o fato não tem hora nem data, o mer-cado busca profissionais flexíveis e capacitados às eventu-alidades. Assim, nós, futuros jornalistas, temos que nos informar e nos qualificar dia após dia. Então, vamos fazer o quê? Esperar Daiane dos Santos, Giba ou o César Cielo serem os “jornalistas” do futuro?

Mariana CeCília

Caro leitor, tenho uma pergunta séria para lhe fazer: para quê serve uma árvore?

Você não esperava por isso, não é mesmo? Sempre que alguém junta “pergunta” e “séria” em uma mesma frase, a outra pessoa já espera uma questão cabeluda. algo difícil de responder. mas “para quê serve uma árvore” não parece uma pergunta complicada.

eu sei que você tem inú-meras coisas para pensar: o trabalho, o estudo, os filhos, as questões financeiras, a gestão da casa, a roupa do dia seguinte e até o que você vai comer no jantar. mas por favor, pare e pense um pouco. a pergunta não é tão difícil assim.

Vou ajudá-lo: pense em quando você era criança, e adorava fazer bagunças que deixavam sua mãe de cabelo em pé. aposto que uma de suas travessuras favoritas era subir naquele pé de manga gigante que ficava no quintal da sua avó. Lá, você comia as mangas mais gostosas e adquiria imu-nidade corporal.

imunidade corporal? Sim. as bactérias com as quais você esteve em contato na infância nunca te incomoda-rão na vida adulta.

as raízes das árvores armazenam água. e daí? daí que, se você é um agricultor que por um infortúnio comer-cial acabou comprando um terreno mais seco, as árvores farão o favor de guardar água dentro do solo para você. assim, sua plantação será irrigada facilmente por que o solo sempre terá água. mas se

você só mora em um desses lugares, não se preocupe. Com as árvores, sua casa nunca ficará sem água.

achou meus exemplos complicados? tenho outros. Pense nos dias de calor que estamos vivendo e se imagine no meio de uma avenida às três horas da tarde. Bem de longe, você vê uma árvore. Fique de pé em baixo dela. Garanto que o alívio para seu calor será imediato.

Você se sente refrescado e aliviado embaixo das árvores porque elas têm o poder de absorver, em média, 75% da energia solar. o alimento prin-cipal das plantas é a luz. além de refrescá-lo, elas ajudam no controle do clima.

e quanto à absorção de gases feita por elas? isso tam-bém é importante. Se houves-sem mais árvores o aqueci-mento global não aconteceria dessa forma; cruel e rápido.

isso, sem falar nas pes-soas que t êm j a rd ins e pomares l indos em suas casas. Lá, os enfeites prin-cipais são as árvores.

muitas pessoas vão a espaços verdes para descan-

sar, pensar na vida, assistir a shows, namorar...

então, leitor, já sabe para quê serve uma árvore? depois de tantos exemplos, tenho cer-teza de que sabe.

Pois vamos à outra per-gunta séria: por que nós, seres humanos que na maio-ria das vezes não fazemos tantas coisas boas para os outros, não podemos ter paciência com uma árvore que só teve o azar de nascer em um lugar incomum?

me explico; acontece que no Caiçara, aqui em Belo Hori-zonte, uma árvore resolveu nascer e viver bem no meio de uma rua.

ela mora na Rua itaguaí e faz, sem pedir nada em troca, a maioria das coisas que citei. Por sorte, os moradores gostam da vizinhança da árvore, que tem mais de setenta anos. É impossível não gostar de uma vizinha tão legal.

mas, mesmo depois de tudo que contei e comentei, ainda há pessoas que querem tirar a planta septuagenária do lugar. acho uma pena porque, árvores servem para tornar nossa vida melhor.

PARA QUÊ SERVE

UMA áRVORE?

Mariana CeCília

este é um jor nal-la bo ra tó rio da dis ci plina la bo ra tó rio de jorna-lismo ii. Dis tri bu i ção gra tu ita. edi ção men sal. o jor nal não se res-pon sa bi liza pela emis são de con cei tos emi ti dos em ar ti gos as si na-dos e per mite a re pro du ção to tal ou par cial das ma té rias, desde que ci ta das a fonte e o au tor.

CoR ReS Pon dên CianP4 - Rua Ca tumbi, 546 – Bairro Cai çaraBelo Horizonte - minas Gerais CeP 31230-600 – te le fone: (31) [email protected]

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Abril/2010 3

Com elas, BH mostra que não é só um pólo econômico

nem a capital

apenas dos bares

lorraYne PeliGrinelli

Belo Horizonte é considerada a capital dos bares. um lugar de vida noturna agitada, onde todos se encontram depois do trabalho para relaxar. Como já dizia a música do cantor baiano, alexandre Peixe, “já que minas não tem mar, eu vou pro bar”. Pensando só nisso, muita gente perde outras opções. entre elas, as praças e circuitos esculturais. Com uma diversidade imensa de lugares, BH conta hoje com patrimô-nios em plena praça pública — de esculturas a prédios histór icos . Quem quiser um bom lugar para descansar e ler sem gastar dinheiro — e à luz do dia — é só procurar as praças.

São muitas as pra-ças, mas há aquelas que fazem a diferença e cha-mam maior atenção de seus visitantes. a Praça Raul Soares, uma home-nagem ao ex-presidente de minas Gerais, é uma delas. Situada entre algu-mas das principais aveni-

das da capital — oléga-rio maciel, augusto de Lima, amazonas e Bias Fortes —. é inspirada no estilo francês. tombada pelo instituto estadual do Patrimônio Histórico e art ís t ico de minas Gerais (iePHa/mG), passou por reformas há pouco tempo e com isso, pode-se conferir seu ele-gante projeto.

uma das principais praças de Belo Horizonte é a Rio Branco, que marca o in í c i o da aven ida afonso Pena. desde a década de 1950, é conhe-cida como Praça da Rodo-viária, por abrigar o ter-mina l Rodov iár io. a escultura da artista mary Vieira — motivo de uma polêmica sem tamanho, nos anos de 1970 — é um marco no centro da praça. todos param e admiram o monumento da “Liber-dade em equil íbrio”, nome dado a escultura, que em formas geométri-cas conjugadas compõe u m m o n o v o l u m e . a escultura exigiu que todas as árvores da praça fossem cortadas e, com isso, arranjou uma briga daquelas com a PBH.

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a Praça Rui Barbosa também é mais conhecida como Praça da estação, pois fica em frente à antiga esta-ção da Central (Rede Ferro-viária Federal), hoje museu de artes e ofícios (mao). Foi o ponto de entrada de toda a matéria-prima utili-zada na construção da nova capital de minas Gerais. Por curiosidade, o primeiro reló-gio público da cidade foi instalado no alto da torre do

primitivo prédio que abrigou a estação Ferroviária. Com seus jardins originalmente em estilo inglês, a praça só começou a ser urbanizada em 1904, mas em 1922, os jardins foram reformulados para o estilo francês, para atender à demanda do efer-vescente crescimento da cidade.

os destaques da praça são os três conjuntos de está-tuas em mármore — um

representado as quatro esta-ções; outro, dois leões; mais um com dois tigres; e um terceiro, com suas ninfas, s i tuado numa fonte. no outro ponto da praça, no cen-tro de uma esplanada, está o monumento à Civilização mineira (terra mineira), obra do escultor italiano Giu-lio Starace, inaugurado em 1930, todo em granito, com placas em bronze com alu-sões a fatos importantes da

história de minas, encimado pela estátua de uma figura masculina empunhado uma bandeira. Como parte das obras da Linha Verde, a Praça da estação, foi toda revitali-zada em 2007.

entre as avenidas afonso Pena e Brasil, há também a Praça tiradentes, com uma polêmica estátua em home-nagem ao mártir da inconfi-dência mineira, Joaquim José da Silva Xavier, o tira-

dentes . inaugurada em 1960, a estátua arrancou protestos das correntes tradi-cionalistas, que chegaram a implicar até mesmo com a tamanho de sua cabeça...

Se, como também disse o u t ro p o e t a , a p r a ç a é mesmo do povo, está na hora de criar um roteiro para que a popu lação aprenda a conhecer essa Belo Hori-zonte, que está muito além dos bares da vida.

lorraYne PeliGrinelli

Belo Horizonte é considerada a capital dos bares. um lugar de

das da capital — oléga-rio maciel, augusto de Lima, amazonas e Bias Fortes —. é inspirada no estilo francês. tombada pelo instituto estadual

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trances, micaretas, namoro e reunião com os amigos. tudo isso é parte da vida levada por muitos jovens que ingressam na universi-dade. mesmo não sendo mais uma rotina levada por todos, gente nova, badalação e novas experiências podem acabar prejudicando os estudos — pois é preciso encontrar uma forma de conciliar todas essas atividades, e nem sempre isso é possível. não são poucos os que acabam em dificuldades. entre estes, estão aqueles que saem cedo da casa de seus pais para a cidade grande, ou então são filhos de famí-lias simples, que precisam arcar com alguma despesa da casa, ou com os próprios estudos.

isso s ignif ica que muitos sacrificam seu fim de semana ou as noites de sexta – feira para se dedicarem ao curso. e essa situa-

ção é ainda mais complicada nos casos em que o jovem tem benefí-cio de bolsa. Por já serem, na maio-ria das vezes, carentes, precisam trabalhar para se sustentarem e garantirem uma média um pouco mais apertada que os demais.

esse é o caso da estudante Karoline Ferreira que trabalha em um call center de Belo Horizonte como supervisora de operações - “É um trabalho maçante”, reco-nhece. Karoline faz administra-ção de empresas e tem uma rotina desgastante porque trabalha todos os dias — incluindo feriados regio-nais e nacionais, folgando apenas um dia na semana a escolher (sábado ou domingo). mas ela é bolsista e o motivo de não poder fazer um estágio é o de muitas outras pessoas. “moro sozinha desde os 17 anos; esse emprego rende meu sustento; por mais que eu queira estar na minha área, o

estágio não será suficiente para minhas despesas”, afirma.

ela descreve seu trabalho como desgastante. deve supervi-sionar e motivar 27 atendentes que trabalham recebendo recla-mações de clientes de uma opera-dora telefônica. “Responder pelo trabalho de terceiros não é fácil”, afirma. além da pressão dos supe-riores, há a sobrecarga, que acaba desgastando os atendentes e impactando os resultados pelos quais são cobrados. “a operação não pode parar, o cliente deve con-tar com a disponibi l idade 24 horas”, comenta.

Bolsista do Prouni, Raquel Resende é estudante também de adminis t ração empresas no mesmo curso que Karoline. apesar de reconhecer que é muito difícil, já consegue conciliar atividades com mais facilidade. “trabalho apenas seis horas por dia”. Sua jor-

nada de trabalho, que vai das sete às 13h — ela é recepcionista em uma clínica urológica na área hos-pitalar —, o que lhe dá toda a tarde para se preparar e ir às aulas. além disso, Raquel tem a sorte de folgar todos os domingos. nos sábados, as folgas são alternadas.

São casos muito freqüentes entre os universitários. Por isso, muitos acabam deixando a desejar no que diz respeito aos trabalhos extraclasse — Sem falar nas pro-vas. o desejo deles de se dedicar mais aos estudos e seguir em sua área profissional se torna, às vezes, um sonho dif íc i l de real izar. mesmo enfrentando tantas difi-culdades, a desistência está fora de cogitação e o sonho de se tornar o diferencial em sua profissão é a meta que todos perseguem. afi-nal, não chegaram à universidade para desistir tão facilmente de seus objetivos.

de estudante

“Moro sozinha desde os 17 anos; esse emprego rende meu sustento;

por mais que eu queira estar na minha área, o estágio não será

suficiente para minhas despesas”

Administrar no dia-a-dia

a vida profissional, acadêmica e social pode, às vezes, se tornar uma

questão difícil de resolver

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Abril/2010 5Abril/2010 5

bÁrbara CaMilo

o nome é uma etiqueta, um rótulo para nos diferen-ciar. mas poucos sabem da existência de uma Lei Federal nº 6015, de 31 de dezembro de 1973, que regulamenta ques-tões relacionadas às alterações nos nomes das pessoas. entre outros pontos, a lei permite a inclusão de apelidos ao nome. um bom exemplo é o do presi-dente da República, que acrescentou ao nome o ape-lido famoso, Lula.

R e c e n t e m e n t e , u m agente penitenciário de Belo Horizonte obteve na justiça o direito de incluir ao nome o apelido “Braddock”, pelo qual era conhecido por amigos e familiares. Quem cuidou desse caso inusitado foi o juiz da vara de Registros Públicos de Belo Horizonte, Fernando

Humberto dos Santos. o juiz afirmou que a permissão para incluir apelidos em nomes próprios é prevista por lei. "depois de tomadas às caute-las indispensáveis para o res-guardo de interesse de ter-ceiro, impõe-se que o Judiciá-rio não negue o direito subje-tivo do requerente", declarou sua excelência.

mas nem tudo é tão fácil assim. Para incluir um ape-lido ao nome, o interessado deve entrar com uma ação de retificação de registro e depois passar por todo um processo judicial que irá autorizar ou não a inclusão. a mudança não deve causar prejuízo a ninguém. além disso, há de se comprovar que o apelido é de conhecimento de todos do seu convívio e está inserido à personalidade da pessoa. esta por sua vez, não pode ter nem

ações judiciais nem processos criminais registrados. ou seja, tem que ter ficha limpa.

Para a professora de direito e coordenadora de exercícios jurídicos (CeJu) do Centro universitário newton Paiva, Valéria edith de oliveira, a inclusão do apelido não é feita só porque a lguém quer — prec isa haver um motivo para que a inclusão seja deferida. “não dá para uma pessoa com um apelido qualquer querer incorporá-lo à identidade; há a necessidade de se com-provar a publicidade do conhecimento do nome, e este deve estar integrado à personalidade da pessoa, o apelido deve ser algo já notó-rio, o que será apurado atra-vés de procedimento judi-cial”, esclarece.

em nosso cotidiano é difí-cil achar alguém conhecido apenas pelo nome. É próprio da cultura brasileira, como nenhuma outra no mundo, externar afetividade ou rela-ções mais coloquiais por meio de apelidos. o presidente Luiz inácio, por exemplo, sempre foi mais conhecido como Lula e, por isso, tratou logo de incorporar o codinome ao nome. e não é o único. Quem conhece maria da Graça meneghel? a apresentadora é conhecida no Brasil e no mundo pelo apelido de Xuxa, da mesma forma que um de seus famosos ex-namorados, um certo edson arantes do nascimento...

no caso de pessoas públi-cas e artistas é comum ser de

domínio público apenas seus apelidos. a atriz Fernanda montenegro chama-se arlete Pinheiro esteves da Silva. esta, com certeza, você não sabia. Há vários casos de pes-soas, famosas ou não, que são conhecidas apenas por seus apelidos. o sempre lembrado Cazuza, por exemplo, fazia questão do apelido, simples-mente porque odiava ser cha-mado de agenor, seu nome de batismo. da mesma forma que Zezé di Camargo, que tem na certidão o inacreditável nome de... mirosmar!

“Há ainda casos em que é poss ível a l terar o nome quando este expõe a pessoa ao ridículo”, lembra a professora de direito. mas ela alerta que estes procedimentos podem

ser demorados porque depen-dem de uma série de fatores processuais, que podem inter-vir no andamento do processo. após ter conseguido na justiça a retificação no nome, a pes-soa deve se dirigir ao cartório com uma ordem emitida pelo juiz e pedir a alteração do nome. esta é feita em todos os documentos e uma nova certi-dão de nascimento é emitida. “a lei é positiva pela facilidade de alterar o nome por um motivo que atente à dignidade da pessoa. ela vem viabilizar o pressuposto constitucional de valorizar a dignidade da pes-soa”, ressalta Valéria de oli-veira. ou para corrigir delírios de pais que ainda confundem escolher o nome do filho com dar nome aos bois.

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eitoS

Você sabia que apelidos podem ser acrescentados ao

nome? Então, saiba mais sobre a lei responsável por

questões relacionadas a alterações nos

nomes das pessoas

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APELIDONOME

PODE VIRAR

Na boca do povo

o Presidente acrescentou

"lula" ao nome

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Abril/20106

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E vai roer mais! Poucos animais

souberam se adaptar tão bem

aos cenários urbanos, a ponto de se

tornar uma ameaça,

em escala mundial,

à vida humana

O RATO ROEU A ROUPA DO REI DE ROMA

PaUlo KoMel

em 1999, segundo o ministério da Saúde, a média era de dois ratos para cada brasileiro. no período de 11 anos, essa população simples-mente dobrou, devido às con-dições adequadas de repro-dução que eles encontram nas grandes cidades brasilei-ras, onde alimentos sobram. a grande velocidade com que esse animal se reproduz parece ficção científica. outro fato que também tem ajudado muito nesse aumento é o fato de os ratos já não mais possuírem predadores natu-rais, pois os gatos estão cada dia mais domésticos e as aves de rapina e cobras são inexis-tentes nas cidades.

além disso, o aumento da população de roedores nas metrópoles brasileiras se deve às más condições de l impeza urbana em vias públicas — cada dia é maior quantidade de lixo deposi-tada nas ruas, o que aumenta em muito as chances de um rato sobreviver. a falta de tratamento em esgotos tam-bém auxilia muito na proli-feração desses animais, uma vez que das quatro espécies que mais frequentes nos territórios urbanos, duas delas são típicas de locais com esgotos a céu aberto.

FÊMeaS aGreSSiVaS

as espécies que vivem em esgoto são as que mais preocupam. trata-se do rato marrom, um animal capaz de transmitir um grande numero de doenças. Sem contar que são também maiores e mais agressivos — as ratazanas da

espécie podem atacar quando acuadas, ao contrário dos camundongos ou ratinhos caseiros, que não atacam e moram basicamente dentro das residências. esses quase não transmitem doenças. além deles também há os ratos de telhado, ou ratos cinza, que basicamente só moram nos telhados ou em locais com mais de cinco metros de altura e se alimen-tam de restos de comida

Quem não tem medo e tem paciência pode verificar como os ratos simplesmente tomaram conta de certas áreas da cidade. Sob o viaduto Santa tereza, logo após as 18h, é uma delas. Fica sim-plesmente repleta de ratos. dona maria elza Silva, líder da comunidade de moradores do bairro união, sofre muito com os ratos, tanto os de telhado quanto as ratazanas. “Quando faz calor, os ratos aparecem mais, pois o lixo apodrece mais rápido”, diz. Leptospirose, sarna e outras doenças, no entanto, são o problema mais grave, lembra a fiscal aline Vieira de Souza, da Secretaria de Saúde.

outro ponto vulnerável é a rede elétrica, afirma Luiz Carlos alves, gerente da CemiG. “os chamados oca-sionados por ataque de roe-dores à rede elétrica estão cada vez mais comuns — são cerca de pelo menos dois por semana”. da mesma forma, também o número de roedo-res mortos em transforma-dores é cada vez maior.

o CoMbate erraDo

o combate a esses ani-mais tem que ser fiscalizado

por especialistas, uma vez que o extermínio de um bando deve ser feito por com-pleto, pois, vivem em uma espécie de sociedade muito organizada, inclusive com um controle de natalidade muito grande. o controle da população se dá de forma radical: quando há escassez de comida, filhotes são mor-tos e comidos pela própria mãe. Para piorar, são bichos muito inteligentes e solidá-rios, tanto que os doentes ou velhos demais para contri-buir costumam se sacrificar pelo bem da colônia.

o combate por envenena-mento também não é muito eficaz, pois ratos não caem duas vezes em uma mesma armadilha — ou seja, se um rato ingerir veneno em um determinado lugar, não voltará mais ali. e quando a questão é testar locais desconhecidos — pasmem! — eles sempre man-dam os mais debilitados, aque-les que já não fazem falta para a colônia, como cobaias.

FaÇa aS ContaS

agora, faça as contas: cada fêmea tem em torno de nove f i lhotes, dos quais cinco são fêmeas, que qua-tro meses depois estarão aptas a procriar. a mãe, um mês depois de parir, já estará no cio, e a gestação dura apenas 20 dias. Pegue uma caneta, papel e se arme de toda paciência do mundo para saber quantos ratos uma ratazana e seus descen-dentes põem no mundo num período de dois anos, que é o tempo de vida médio de cada animal. não se assuste com o número final.

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Abril/2010 7Abril/2010 7co

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Quem vem estudar ou

trabalhar na capital, se

quiser escapar da

casa de parentes, vai

cair nas famosas

repúblicas.

taMireS De FÁtiMa

Logo que se pensa em república estudantil, as primei-ras impressões que se tem é: festas, desordem e reclamações dos vizinhos — aquela coisa bem do tipo “sexo, drogas & rock’n’roll”. É uma realidade em alguns casos, mas na maio-ria não é e esses jovens têm muitas outras questões com que se preocupar. os estudantes, normalmente adolescentes, deixam suas cidades à procura da tão sonhada universidade, mas, antes, têm que se enqua-drar em um universo de respon-sabilidades das quais não há como fugir.

estudante de ciências bio-lógicas na uFmG, eduarda Bolina, 21, deixou a casa dos pais em Santo antônio do monte, interior de minas, aos 17 anos, quando concluiu o ensino médio. desde então, divide o apartamento com qua-tro pessoas. "Sempre fui consi-derada ‘velha’, por ter recebido responsabilidades muito cedo: trabalho no período da tarde, para complementar a mesada que recebo de meu pai, mas não acho isso ruim", afirma. as res-ponsabilidades aumentam, segundo ela, no início do mês com a chegada das contas.

eduarda mora numa repú-blica mista, mas sua convivên-cia com os garotos é boa — “eles nunca têm tPm; o ruim é que são, geralmente, desorganiza-dos e preguiçosos". Para sua mãe, Vicentina Bolina, 53, o fato de a filha conviver com homens é natural. "Conheci os rapazes com quem ela mora, são ótimas pessoas, alguns eu já conhecia e os outros viraram grandes amigos", conta.

outra realidade parecida é a de Jaciara dupin, 21, estu-dante de terapia ocupacional na uFmG. ela deixou ouro Fino, aos 19 anos. desde então, mora em república. o aparta-mento onde a estudante reside foi alugado pelo pai, pois ela não tinha como declarar renda. atu-almente, reside na nomeada

"Casa das sete mulheres onde é a líder. "Já morei com pessoa bagunceira, porca, desobe-diente, barraqueira — uma vez deu até polícia”, conta. “tive que chamar polícia, porque duas meninas que moravam comigo não queriam pagar o aluguel, foi uma confusão, um bate boca, e no final meu pai que teve que pagar", diz. Para ela, assumir responsabilidades foi tranqüilo, mesmo reconhe-cendo que morar em e adminis-trar uma república é compli-cado. "É difícil confiar em gente que você não conhece", analisa.

o laDo MaSCUlino

arthur otávio almeida, 20, estudante de pré-vestibular, chegou em Beagá aos 18 anos. Segundo ele, a organização da república por parte dos meninos é forçada. "Como divido o apar-tamento com duas mulheres e dois homens, e as meninas não gostam de bagunça, a gente é obrigado a manter a casa organi-zada, porque senão é briga na certa", reconhece. mas ressalva que cada um arruma seu quarto. e o banheiro? “Cada semana um lava", diz. Para ele o mais difícil é passar sem a comida da mãe — “faz muita falta, é a primeira vez que moro longe dos meus pais", lamenta.

Fatos inusitados não fal-tam. "um dia, o porteiro ligou para meu apartamento pedindo para fazer menos barulho, pois os vizinhos estavam reclamando de gemidos de sexo", conta. arthur lembra que passou uma vergonha daquelas, mas só até descobrir de onde vinha a geme-deira. era exatamente do apar-tamento do vizinho.

aS briGaS

Brigas fazem parte do cotidiano. eduarda Bolina é prova disso. ela se envolveu em várias brigas com suas compa-nheiras de república. "Já bri-guei feio com uma menina que se achava superior às outras; ela usava minhas coisas e recla-

mava quando a gente usava as dela", comenta.

outra briga foi com sua irmã, que na época dividia a república com ela — “a gente começou a discutir por causa de um top que estava estragado e saímos no tapa: foi mordida, puxão de cabelo... o resultado da briga foram vários hematomas, tanto em mim quanto nela", conta. eduarda ainda lembra que, no dia seguinte, teve que agüentar as perguntas: “que marcas são essas?”. depois da briga, a irmã se mudou de repú-blica. Reza a lenda que as brigas são bem mais comuns entre as mulheres. "É muito difícil lidar com mulher", avalia eduarda.

LONGE DE CASA há mais de uma semana

e QUanDo teM FeSta no aPÊ?Com tanta energia sobrando, não poderiam faltar as famosas

festinhas. andré Gatti, 21, estudante de direito da uFoP, mora em uma república masculina no centro de Beagá. Calouro da repú-blica, por esse motivo é a "cobaia" da casa. "teve um dia que che-guei em casa cansado, doido pra dormir e quando entrei no meu quarto tava lotado de grades de cerveja, era o estoque da festa", conta. depois do susto, descobriu que ainda seria o garçom. Festas só diminuem em época de prova. ou quando os pais aparecem.

a auxiliar de serviços gerais, Luciene tomé é vizinha de uma república das mais badaladas do Prado dá seu testemunho. "tem som alto o dia todo, só bebedeira... mas, quando os pais aparecem é aquela paz...”. mas há quem leve a sério a vida de estudante. na república do arthur otávio almeida, nunca tem festa. "Somos do interior e viemos pra estudar”, justifica.

Com ou sem festas, com mais ou menos brigas e responsabi-lidades, as repúblicas são, acima de tudo, um tempo de amadure-cimento, um rito de passagem para a, digamos, vida séria. Só depois é que a gente vai descobrir que elas deixam uma saudade que não tem tamanho.

a vida em república é uma aventura para quem vem estudar na capital

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Abril/20108

cin

eMa

Trilhas sonoras

tornaram-se tão

essenciais quanto efeitos

técnicos, cores e, às vezes, até

personagens ou a própria

trama

DE CASABLANCA A INDIANA JONESelaine Karina

o que seria do cinema sem música? tá bom, mesmo no tempo do cinema mudo, muitas obras primas foram criadas, mas, hoje, tudo é dife-rente: seria possível o cinema se perpetuar como “a sétima arte” sem um de seus pontos principais: uma boa trilha sonora? ela serve para mar-car climas emocionais especí-ficos para os personagens — alegria, raiva, dor, tristeza, saudade, surpresa, a lem-brança de um amor, não importa se triste ou feliz — ou feliz, ou a vitória conquistada depois de uma grande bata-lha. muitas vezes, um filme por si só já é uma obra de arte. mas quando determinadas cenas vêm acompanhadas de uma canção, aí a entrega do espectador para com o filme é completa.

Segundo o especialista em música para cinema, andersen Viana, 39, a melo-dia é um dos pontos funda-mentais em um filme. “esta é uma das maneiras ‘clássi-cas’ de se ter uma referência sonora do filme; retire ‘as

time Goes By’ de Casa-blanca e o filme morre; retire os temas instrumentais de indiana Jones ou Super man e os filmes morrem tam-bém...”. o mesmo se pode dizer da presença de ennio morricone no cinema ita-liano e, em especial da de nino Rota nos filmes de Fellini. ou seja, a melodia sublinha climas, ajuda o espectador a memorizar, sentir e entender a mensa-gem que uma cena ou todo o filme quer transmitir.

algumas pessoas podem creditar o sucesso de uma trilha sonora a um determi-nado momento em que esta entra em uma cena ou por-que sua banda preferida é quem está tocando ou can-tando a música. mas para muitos, trilha sonora vai além; é coisa séria! Se uma música não estiver em har-monia com a imagem, pode ser até mesmo o fim de uma história que tinha tudo para dar certo. Para o programa-dor e cinéfilo eder Carvalho, 37, uma música mal utili-zada, pode acabar com um

filme. “acredito que uma

trilha sonora deve ser boa e deve completar a cena. Se isso não acontece, perde-se até o filme. Para mim, deve haver um casamento perfeito entre o f i lme e a tr i lha sonora”, diz.

atualmente há quem diga que as trilhas sonoras

vêm atraindo maior valor mercadológico do que

um valor agregador p a r a o s f i l m e s .

assim como exis-tem os f i lmes c o m e r c i a i s , que se uti l i-z a m d e m ú s i c a c o m e r c i a l massificada, há também o s f i l m e s alternativos e au to ra i s ,

criados espe-c i f i c a m e n t e

para festivais e m o s t r a s , q u e

utilizam uma filo-sof ia de trabalho

oposta. dessa forma, c a d a u m t e m u m a

música específica. Para o cineasta e estudante de jor-nalismo, marco antônio

Pereira, 22, “tanto faz a tri-lha sonora ser antiga ou mais moderna, ou ser criada especialmente para um filme ou tirada de um Cd, o importante é que a música deve completar a cena”.

a cinéfila e estudante de artes gráficas Graça Jun-queira não se esquece tam-bém do cinema nacional. “a tr i lha sonora de Sérgio Ricardo e Glauber Rocha para ‘deus e o diabo na terra

do Sol’ é antológica”, afirma Graça, lembrando também o ancestral ‘o Cangaceiro’, de Lima Barreto, que tornou universal a canção folclórica ‘mulher Rendeira’, que nem tem autor conhecido — “mas que correu o mundo depois de emocionar o festival de Cannes (1953), emoldu-rando os cangaceiros no con-traluz que virou a marca registrada do filme; aquilo arrepia até hoje”.

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Abril/2010 9cU

ltUr

a

Desde a Era de Ouro do Rádio, as mulheres sempre foram

maioria na música popular

brasileira, trazendo o novo ou apenas

atualizando referências

GUStaVo laMeira

o Brasil tem a fama de ser um “país de cantoras”. desde os tempos do teatro de revista, passando pela era de ouro do Rádio, Bossa nova... até a atualidade. É fato, a música popular brasileira sempre teve nas mulheres suas vozes mais expressivas. nos anos de 1930, Carmen miranda assumiu este papel. todos os compositores que-riam ouvir suas canções na voz da pequena notável. Jou-bert de carvalho, autor de Pra você gostar de mim, (tahí) primeiro sucesso de Carmen, ari Barroso, dorival Caymmi e Synval Silva estavam entre os que apostaram no sorriso e nos balagandans que ganha-ram o mundo.

a cantora e professora de canto Regina milagres justi-fica essa máxima – “acho sim,

que as mulheres dominam; mas por que se entregam, são mais livres enquanto can-tam”. a função de compositor, avalia Regina, “é mais confor-tável para o universo mascu-lino”. na direção da Babaya, escola de música, uma das mais tradicionais de Belo Horizonte e pioneira no ensino do canto popular, ela vê isso na prática. durante as aulas de interpretação, módulo que considera essen-cial à formação do cantor, Regina percebe que suas alu-nas se dispõem mais; pensam em performances, querem montar espetáculos; ao con-trário dos homens, que prefe-rem pular essa etapa. assis-tente social por formação, ela conta que, às vezes, ainda se desdobra em “psicóloga”, quando um ou outro aluno quer ser, exatamente, como os ídolos do momento.

aos 46 anos, Regina lida bem com as novas tecnologias de gravação e mídia. isso, quando usadas para a valori-zação da música, não ser-vindo apenas para ganhar tempo e baratear os custos. mas confessa que sente falta do disco ao vivo, onde podia se ouvir um som mais real e até alguns erros. “os shows eram mais simples; hoje, é muita pirotecnia”, ironiza. Para Regina, bom cantor é o que sabe unir técnica e emoção – lembrou elis Regina, maria Bethânia e Fernanda takai no disco em que homenageia nara Leão — o que não consi-dera necessariamente um milagre, mas uma graça alcançada por poucos.

noVaS CaraS

Beatriz Rodarte é can-tora, compositora, instrumen-

tista e não se imagina fazendo outra coisa. Graduada em marketing, a mineira respira música desde a infância. o incentivo e as primeiras influ-ências vêm de família, por um tio músico. um pouco mais tarde, aos 16, se mirou em maurício tizumba — cantor e comediante mineiro ligado às raízes africanas — com quem tomou aulas de percussão.

em sua opinião, Gal Costa é uma grande cantora brasileira, e o americano Ste-vie Wonder, o autor das mais belas melodias de todos os tempos. “as mulheres sempre foram maioria na mPB, mas existem intérpretes maravi-lhosos como ney matogrosso e Zeca Baleiro”, afirma. Rea-lizada, tocando na noite, Beatriz percebe que a admi-ração do público é bem maior do que o preconceito que ron-dava as “mulheres artistas”

de outros tempos. e se esforça: dá aulas de pandeiro, atua como freelancer em outras bandas e abriu mão de muita coisa na vida. “optei por não ter f i lhos , por enquanto; me preparei pra esse momento, mas tem que ter peito”, adverte.

Seguindo a cartilha de milton nascimento e Fer-nando Brant — “todo artista tem de ir aonde o povo está” — Beatriz pode ser vista em palco de boteco, teatros e até no palcomp3.com.br com a mesma emoção dos tempos de criança. dona de uma voz suave, mas cheia de atitude, ela acaba de lançar seu pri-meiro Cd, Circo de ilusões. “Poder gravar agora, aos 27anos, as músicas que fiz aos 14, é muito legal”, sorri. novas caras. no Brasil de tantos talentos o espetáculo não pode parar.

beatriz acha que o brasil tem grandes cantores, mas as cantoras dominam

NO ABC

DA M

PB

DE CARMEN A BEATRIZ,

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Abril/201010

MÍd

ia

Depois do Rádio e do Impresso

sentirem o impacto do avanço da internet, a Televisão

busca novas alternativas para não perder seu lugar no cotidiano

das pessoas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 9 8 7 6 5 4 3 2 1

123456789

123456789

PRÓXIMAVÍTIMA

elaine Karina

“Para que eu vou querer ficar escutando rádio e lendo jornal se na internet eu posso fazer as duas coisas ao mesmo tempo?”. a partir da resposta do estudante Bruno Sanches, 26, é possível observar que essa é a constatação mais óbvia e para muitos amantes do rádio e do impresso, talvez seja a reali-dade mais cruel dos tempos modernos.

Como um bom exemplo dessa tendência, jovens como Bruno já não são tão apegados ao rádio, jornal e outras mídias como eram antiga-mente. Como é de se esperar, o público jovem adora novidades e com certeza seria o primeiro a experimentar as novas tecnologias. os jovens atuais fizeram da internet o seu mundo particu-lar. Lá, são usuários totalmente ativos, tendo o poder de decidir o que têm mais vontade de ver e fazer. São eles que ditam as regras na relação Jovens versus internet.

mas como nem só de rádio e impresso vive o homem, há também um veículo da comunicação que vem sofrendo com o avanço e o alto acesso de milhares de pessoas à internet. ao que parece, a tV já não ocupa um lugar cativo dentro dos lares e da vida de muitas pessoas. não é de hoje que a televisão vem dividindo atenção e espaço com a internet, uma das grandes evoluções tecnológicas dos últimos tempos. a televisão, antes um objeto que monopolizava a atenção de milhares de pes-soas em todo o mundo, agora precisa buscar ino-vação, criatividade e dinamismo para continuar prendendo o interesse de seu público.

em contrapartida, a internet mostra-se um meio de comunicação rápido, objetivo e com uma multiplicidade de assuntos ao dispor de seus usu-ários. talvez por isso, cada vez mais, ganha espaço junto à intimidade dos lares, empresas, escolas etc. e muito provavelmente essa possibilidade de encontrar em um único lugar uma enorme varie-dade de assuntos, faça com que a televisão já não seja tão atrativa como antes.

entretanto, assim como há aqueles que não se vêem mais sem a internet, há também os que

continuam fazendo da televisão, o grande xodó de suas vidas diárias. É o caso da auxiliar de ser-viços gerais, maria Luiza Barbosa, 53 anos. ela sabe que a internet é hoje um grande meio de informação, mas nem por isso esconde sua pre-dileção pela televisão. “Sei que a internet é muito importante e que muitas pessoas preci-sam dela para trabalhar e estudar, assim como minhas filhas, que diariamente necessitam usá-la, mas para mim a televisão ainda é uma forma de me distrair e de me deixar infor-mada sobre o que anda acontecendo na minha cidade e também no mundo” conta maria Luiza.

Sem sombra de dúvida, a tV continua um dos meios mais acessíveis a quem busca informações mais apuradas e de qualidade, além de entretenimento, o que poderia contar como ponto positivo, na internet, corre-se o risco das informa-ções contidas ali serem de origem duvi-dosa. Porém, nem por isso o fantasma da internet deixa de assombrar a televisão.

Quem utiliza a televisão e também outros meios de comunicação mais tra-dicionais, como rádio e jornal impresso como forma de trabalho, está ciente de que é necessário se reinventar e se adaptar tanto à internet quanto às novas tecnologias que surgirem ou ainda vão surgir e que tem o poder de influenciar o percurso desses veícu-los. Para o especialista em produção de tV, elias Santos, esse é o desafio que a televisão e outros meios de comunicação estão sujeitos. “na minha opinião, não há como negar a conver-gência de mídias; a saída é compartilhar o usu-ário, afinal; a tV precisa arriscar em formatos diferentes”, sugere elias.

muito provavelmente, essa adaptação à internet torna-se a única alternativa para as mídias tradicionais. no Japão e na Coréia do Sul, a saida foi o "casamento" entre tV e internet. ou seja, em vez do monitor do PCs, agora entra o telão da tV.

A

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Abril/2010 11

MEIA-ENTRADAtalitha borGeS Denilli

Quem não conhece o estado de penúria em que vivem os bancos de sangue dos grandes hospitais brasileiros? Há, no fim do túnel, uma luz que sinaliza algum tipo de mudança para essa triste cena. o deputado eros Bion-dini (PtB-mG) é o autor de um projeto de lei (n° 4.230/10) que está em tramitação na assembléia Legislativa de minas Gerais, e que poderá promete mudanças nesse caos. ele permitir aos doado-res de sangue o direito de utili-zar meia-entrada nos eventos esportivos realizados em está-dios e ginásios sob a adminis-tração do estado.

o benefício terá a dura-ção de seis meses, contatos a partir da data de coleta do sangue nos postos da Funda-ção Centro de Hematologia e Hemoterapia – Hemominas. os interessados deverão apre-sentar o comprovante da doação para ga rant i r o ingresso na portaria dos esta-belecimentos autorizados.

Para participar, é preciso seguir o procedimento de tria-gem normal do Hemominas quanto ao peso mínimo, a ingestão de álcool, drogas etc.

eM DeFeSa Da ViDa

o objetivo do projeto é melhorar a captação de doa-dores de sangue para os hos-pitais de minas Gerais, em função das dif iculdades encontradas diante da manu-

tenção dos bancos de sangue e hemoderivados. Para este projeto, o Hemominas foi escolhido como grande par-ceiro, pois possui diversos pontos de coleta de sangue espalhados por todo o estado de minas Gerais.

“doar sangue é um exer-cício em defesa da vida e nossa iniciativa tem o objetivo não só de amenizar o sofri-mento e a espera de quem depende deste ato de amor, mas também de incentivar a população à pratica deste gesto solidário”, destaca o deputado Biondini.

FaltaM DoaDoreS

no fim do ano de 2009, Belo Horizonte teve queda de 30% no número de doa-dores de sangue e hemoderi-vados. um risco grande, segundo os coordenadores dos principais hospitais da capital, pois muitos pacien-tes dependem constante-mente de transfusões de sangue para sobreviver e, ultimamente, têm encon-trado grande defasagem nos bancos de sangue.

Para a empresária Heliomara marques, a iniciativa do pro-jeto é de grande importância. “o projeto é muito interessante; sei que vai afetar os grandes empre-sários, que vão perder dinheiro, pois terão que

vender mais ingressos cus-tando menos, mas temos que pensar no benefício maior que ele trará, que é a ajuda aos hospitais. este projeto pode tornar-se uma lei de referên-cia nacional”, afirma a empre-sária. doador de sangue há dois anos, o estudante de administração de empresas Carlos César de matos, aprova a iniciativa. “tem muita gente que não gosta de doar, mas pode se sentir mais estimu-lada, a partir de agora”, afirma Carlos. Para ele, essa é uma campanha que deveria ser divulgada em todas as escolas — “os estu-d a n t e s p re c i s a m entender melhor a necessidade dos hospitais”.

Abril/2010 11

MEIA-ENTRADAtalitha borGeS Denilli

Quem não conhece o estado de penúria em que vivem os bancos de sangue dos grandes hospitais brasileiros? Há, no fim do túnel, uma luz que sinaliza algum tipo de mudança para essa triste cena. o deputado eros Bion-dini (PtB-mG) é o autor de um projeto de lei (n° 4.230/10) que está em tramitação na assembléia Legislativa de minas Gerais, e que poderá promete mudanças nesse caos. ele permitir aos doado-res de sangue o direito de utili-zar meia-entrada nos eventos esportivos realizados em está-dios e ginásios sob a adminis-tração do estado.

o benefício terá a dura-ção de seis meses, contatos a partir da data de coleta do sangue nos postos da Funda-ção Centro de Hematologia e Hemoterapia – Hemominas. os interessados deverão apre-sentar o comprovante da doação para ga rant i r o ingresso na portaria dos esta-belecimentos autorizados.

Para participar, é preciso seguir o procedimento de tria-gem normal do Hemominas quanto ao peso mínimo, a ingestão de álcool, drogas etc.

eM DeFeSa Da ViDa

o objetivo do projeto é melhorar a captação de doa-dores de sangue para os hos-pitais de minas Gerais, em função das dif iculdades encontradas diante da manu-

tenção dos bancos de sangue e hemoderivados. Para este projeto, o Hemominas foi escolhido como grande par-ceiro, pois possui diversos pontos de coleta de sangue espalhados por todo o estado de minas Gerais.

“doar sangue é um exer-cício em defesa da vida e nossa iniciativa tem o objetivo não só de amenizar o sofri-mento e a espera de quem depende deste ato de amor, mas também de incentivar a população à pratica deste gesto solidário”, destaca o deputado Biondini.

FaltaM DoaDoreS

no fim do ano de 2009, Belo Horizonte teve queda de 30% no número de doa-dores de sangue e hemoderi-vados. um risco grande, segundo os coordenadores dos principais hospitais da capital, pois muitos pacien-tes dependem constante-mente de transfusões de sangue para sobreviver e, ultimamente, têm encon-trado grande defasagem nos bancos de sangue.

Para a empresária Heliomara marques, a iniciativa do pro-jeto é de grande importância. “o projeto é muito interessante; sei que vai afetar os grandes empre-sários, que vão perder dinheiro, pois terão que

vender mais ingressos cus-tando menos, mas temos que pensar no benefício maior que ele trará, que é a ajuda aos hospitais. este projeto pode tornar-se uma lei de referên-cia nacional”, afirma a empre-sária. doador de sangue há dois anos, o estudante de administração de empresas Carlos César de matos, aprova a iniciativa. “tem muita gente que não gosta de doar, mas pode se sentir mais estimu-lada, a partir de agora”, afirma Carlos. Para ele, essa é uma campanha que deveria ser divulgada em todas as escolas — “os estu-d a n t e s p re c i s a m entender melhor a necessidade dos hospitais”.

Vem aí um projeto de Lei que pode beneficiar

grande parcela da população e reforçar

nos estudantes a necessidade de maior

participação social

So

lida

ried

ad

epara doadores de sangue

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Abril/201012 Abril/201012 Abril/2010

eSpo

rte

Antes, chuteira,

uniforme e a pelota; agora,

caderno, caneta

e salas de aula

aguardam os futuros técnicos de

futebol

Gil leOnarDi/ViP COMM

BOLA NO PÉ,LÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃO

Gil leOnarDi/ViP COMMGil leOnarDi/ViP COMM

LÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOPhiliPPe hiPólito

“Batuque é um privilégio, ninguém aprende samba no colégio”, já dizia noel Rosa. Futebol também se ensina na escola? Polêmica ou não, a pergunta tem razão de ser. agora, quem quiser ser téc-nico profissional vai ter que ir pra sala de aula. os treinado-res brasileiros terão que fazer um curso para obter a licença da CBF, se quiserem trabalhar no futebol profissional. mas será que só o curso é capaz de transformar qualquer técnico em um campeão? Parafrase-ando outro gênio da música, Bob dylan, “a resposta, meu irmão, tá solta no vento”.

a licença para treinadores faz parte do contexto de novas regulamentações da FiFa para o futebol mundial. esse cená-rio inclui o licenciamento dos clubes, no qual está prevista a exigência da contratação de treinadores com cursos oficiais ou experiência reconhecida de pelo menos cinco anos. Ricardo Gomes, atual treinador do São Paulo Futebol Clube, precisou de registro para atuar no fute-bol francês. Para isso, frequen-tou um curso teórico para con-seguir o registro que lhe permi-tiu atuar em toda a europa. ele apoia a ideia: "vai ajudar profis-sionais que estão longe do Rio, São Paulo, além de melhorar a formação dos atletas."

eStrUtUra

“Pesquisamos os mode-los e os trouxemos para nossa realidade; olhamos o que a uefa vem fazendo”, contou o c o o rd e n a d o r d o c u r s o , osvaldo torres. a CBF acer-tou uma parceria entre a sua escola Brasileira de Futebol e a PuC minas, no final de 2008. Com isso, a universi-dade montou um curso para treinadores. Segundo torres, foi estabelecido um pro-grama em três módulos: para técnicos de crianças, adoles-centes e de jogadores profis-sionais. Legislação esportiva, primeiros socorros, desen-volvimento do talento, tática e até psicologia são algumas das disciplinas estudadas.

o primeiro curso só teve o módulo de técnicos para crianças. em janeiro, será feito o programa para adoles-centes. Só no segundo semes-tre de 2010 ocorrerá o pri-meiro curso profissional. "tivemos uma procura muito grande; foram 20 alunos nesse primeiro, mas a procura foi de 300", explicou o coordenador. Para credenciar e dar treina-mento a todos os técnicos, a confederação e a PuC minas terão de aumentar sua estru-tura atual. isso deve ocorrer com cursos on-line e até via-gens aos estados, para atender às federações mais distantes.

talento

o ex-jogador Paulo isi-doro, que jogou no atlético mineiro, Cruzeiro e disputou a Copa de 82, hoje busca seu espaço como treinador de uma instituição própria. Para ele, o curso é importante, mas tem falhas. entre elas, a duração para ex-jogadores profissionais. “É um exagero para nós; traba-lhamos no futebol já tem muito tempo; fomos comandados 15, 20 anos, então, não precisamos fazer um curso tão extenso”, enfatiza. as reclamações não param por aí. “Sei que o conhe-cimento é algo que ninguém tira da gente, mas não tenho condições de pagar esse curso; não sei como vou fazer”, diz.

“acho importante como regulamentação de qualquer profissão, a exemplo do que continuamos lutando para a obrigatoriedade do diploma de jornalista”. Com essa afirma-ção, a jornalista esportiva dimara oliveira, da Rede Bandeirantes de televisão, defendeu a decisão da FiFa, de levar os técnicos aos bancos das escolas. no entanto, dimara faz uma ressalva. ela acha que não é o curso que vai tornar o técnico um campeão — “o sucesso vem da soma do talento com a competência; essa capacidade pode vir com a possibilidade de aprimorar seus conhecimentos”. às federações mais distantes.

leGiSlaÇÃo X jeitinho

Resta saber se a determinação da FiFa vai pegar. no Brasil, por lei federal, os técnicos de futebol do país teriam que fazer o curso universitário de educação Física. essa

exigência, no entanto, jamais foi cumprida pelos clubes. em 1998, o governo regulamentou que só os formados nestes cursos poderiam dar treinamentos, entre outras funções. a realidade, no entanto,

aponta para outros lados. alguém pode imaginar o asa, de arapiraca ou Íbis exigindo técnico diplomado? Há diversos casos em que se burla a norma. Por exemplo, é comum que os preparadores físicos — estes,

sim, sempre com diploma universitário — assinem a súmula no lugar dos técnicos e a coisa acaba ficando por isso mesmo. mas não custa lembrar que a determinação vem da FiFa e deve estar totalmente regularizada

até a Copa de 2014, que será realizada no... Brasil! Será que vai continuar vingando mais uma vez o jei-tinho brasileiro?

LÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOLÁPIS NA MÃOPara serem técnicos de futebol, como adilsom batista, o diploma agora é necessário