jornal lince - fevereiro de 2013

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jornal LINCE A VOLTA DO PATHÉ| PÁGINA 14 E 15 O RECOMEÇO DA VIDA| PÁGINA 16 E 17 MARCAÇÃO CERRADA | PÁGINA 22 E 23 FOGOS MORTAIS| PÁGINA 24 SUPER-HERÓIS A SERVIÇO DA ARTE JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA Ano V | Nº 52 | Fevereiro de 2013 | PÁGINA 10,11,12 E 13 ARQUIVO PESSOAL

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva

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Page 1: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

jornal

LINCE

A VOLTA DO PATHÉ| PÁGINA 14 E 15

O RECOMEÇO DA VIDA| PÁGINA 16 E 17

MARCAÇÃO CERRADA | PÁGINA 22 E 23

FOGOS MORTAIS| PÁGINA 24

SUPER-HERÓIS A SERVIÇO DA ARTE

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva Ano V | Nº 52 | Fevereiro de 2013

| PÁGINA 10,11,12 E 13

arquivo Pessoal

Page 2: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

2 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

João Vitor Cirilo

3º Período

Outra vida perdida em um campo de futebol

e a sensação de impotência da população. A notí-

cia que chocou a todos no mês de fevereiro foi a

morte do boliviano Kelvin Beltrán Estrada. O

jovem de 14 anos foi atingido por um sinalizador

naval atirado por “torcedores” (com todas as aspas

que quiser usar) do Corinthians, presentes em

Oruro (Bolívia) para o jogo entre o clube paulista e

o San José, pela Copa Libertadores. Utilizado

como item de segurança em navegações, o objeto

penetrou pelo olho direito e atravessou o crânio do

adolescente.

Doze pessoas foram presas preventivamente

pelas autoridades bolivianas e passaram por exa-

mes para comprovar a participação ou não no

crime. Alguns foram flagrados portando outros

sinalizadores do mesmo tipo — hábito rotineiro

entre algumas torcidas brasileiras. Já a punição

inicial encontrada pela Conmebol, Confederação

Sul-Americana de Futebol, foi retirar do Corin-

thians a possibilidade de receber seus torcedores

nos jogos em sua casa, o Pacaembu. A ordem valeu

apenas por um jogo. Agora, a torcida corintiana

não poderá comparecer aos jogos do clube longe

de São Paulo.

Várias discussões foram abertas. A maioria

dos meios de comunicação, como sempre, busca

um culpado. Mas um problema de tamanha

importância não pode ser jogado nas costas de

uma única pessoa. Não foi um acidente (até por-

que, segundo especialistas, esse tipo de sinaliza-

dor não dispara acidentalmente). Está errado

quem bancou e autorizou a viagem dos torcedores

para a Bolívia; está errado quem vendeu o instru-

mento “assassino” e também quem não fiscalizou

a entrada no estádio, além do autor do disparo.

E aí aparece outro porém: pessoas de bem

não poderão mais ir aos campos de futebol? É uma

questão muito ampla e qualquer crítica à difícil

decisão me parece injusta.

A conclusão que se tira disso tudo é que está

cada dia mais difícil manter a mesma vontade de

torcer por seu clube, ir empolgado para o campo

de futebol, esquecer os problemas cotidianos e

fazer dos 90 minutos um momento de felicidade.

Sempre que brasileiros vão jogar lá fora, coi-

sas parecidas acontecem e passam impunes.

Cansei de ver estádios depredados por torcedores

locais (argentinos, uruguaios, paraguaios, bolivia-

nos) descontando nos torcedores e equipes adver-

sários as derrotas de seus times. Pedras, pedaços

de madeira, pilhas e outros artefatos são constan-

temente transformados em armas. É um absurdo

o que nossos times sofrem nos países vizinhos,

mas isso não é motivo para os tais “torcedores”

revidarem da mesma forma.

Como não é possível modificar o passado e

salvar as muitas vidas perdidas, que esse cenário

mude daqui para frente. Que o poder público e a

“dona” Conmebol resolvam trabalhar para dar

tranquilidade ao torcedor de verdade e proporcio-

nar o fortalecimento e maior organização de nossa

liga continental, ainda a quilômetros de distância

dos grandes torneios do futebol europeu.

O Corinthians, na época, se manifestou e

disse que, caso não conseguisse uma decisão a

seu favor, sairia da Libertadores. Que saia! A

mim e ao torneio não faria falta. Lamentável a

postura da imensa instituição e seus coman-

dantes, preocupados única e exclusivamente

com o prejuízo financeiro que levariam.

Chega de tragédia, amadorismo e desres-

peito. Uma vida vale muito mais do que a cega

paixão por futebol.

Ah, e diz a Gaviões da Fiel que o autor do

disparo é “menor de idade”. Acho que já vi

esse filme antes...

Cor res pon dên Cia

NP4 - Rua Ca tumbi, 546

Bairro Cai çara - Belo Horizonte - MG

CEP 31230-600

Contato: (31) 3516.2734

[email protected]

Este é um jor nal-la bo ra tó rio da

dis ci plina la bo ra tó rio de jorna lismo ii.

o jor nal não se res pon sa bi liza pela

emis são de con cei tos emi ti dos em ar ti-

gos as si na dos e per mite a re pro du ção

to tal ou par cial das ma té rias, desde

que ci ta das a fonte e o au tor.

presidente do Grupo spliCeAntônio Roberto Beldi

reitorJoão Paulo Beldi

ViCe-reitoraJuliana Salvador Ferreira de Mello

Coordenadora dos Cursos de CoMuniCaÇÃoJuliana Lopes Dias

Coordenador da Central de produÇÃo JornalistiCa - CpJPro fes sor Eus tá quio Trin dade Netto (DRT/MG 02146)

Conselho editorialProfessora Rosângela Guerra

Professor Menoti Andreotti

pro Jeto Grá fiCo e direÇÃo de arteHelô Costa (127/MG)

MonitoresJoão Paulo Freitas e João Vitor Cirilo

reportaGensAlu nos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário New ton Paiva

diaGraMaÇÃo Geisiane de Oliveira

ExpedienteOpiniãOjornal

LINCEJornal laboratório

do Curso de Jornalismo

do Centro universitário

newton Paiva

QuaNto vaLE uma vIda?

“E aí aparece outro porém: pessoas de bem não poderão mais ir aos campos de futebol?”

Joã

o P

au

lo F

rei

tas

Page 3: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 3Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 3

Recentemente, um estudo encomen-

dado pela empresa Pearson, que fabrica sis-

temas de aprendizado, apontou o Brasil

como penúltimo colocado em um ranking

que reuniu 40 países, ficando atrás de

nações como Colômbia e até da Tailândia. A

pesquisa agrupou dados educacionais de

cada país. Com o péssimo desempenho

brasileiro, há quem diga que não se pode

exigir o domínio de novas culturas, sendo

que nem o básico é bem compreendido. A

falta de incentivo à educação e, também, os

altos índices de criminalidade, travam o

crescimento intelectual da população.

O Governo Federal, pensando nisso,

abriu 30 mil vagas de cursos on-line gratui-

tos de inglês. As inscrições foram de uso

exclusivo do EJA (Educação de jovens e

adultos do ensino médio das escolas da rede

estadual). A expectativa para a Copa de

2014 será de 700 mil novas vagas de empre-

gos diretos e indiretos. Os estados mais privi-

legiados serão o Amazonas, Ceará, Mato

Grosso, Minas Gerais e Santa Catarina. Para

quem já aguarda ansiosamente, as áreas que

se destacam são de Energia, Saúde, Segu-

rança, Telecomunicações e Turismo. A falta

de mão de obra especializada será uma cons-

tante até os eventos, porém, o governo garante

uma diminuição relevante nesse sentido.

João Paulo Freitas e Paula raBelo

3° Período

Inglês deixou de ser apenas funda-

mental em qualquer currículo. Hoje, é

obrigatório para quase todas as profissões e

situações da vida moderna — já se tornou

básico para qualquer pessoa que queira ser

bem - sucedida. Por aqui, essa é uma noção

que parece longe de ser verdade. Uma pes-

quisa realizada pelo British Council mos-

trou que apenas 5% da população brasi-

leira dominam fluentemente o idioma.

Com a agenda cheia de comemorações —

da inevitável Copa do Mundo às Olimpía-

das, sem falar na Copa das Confederações

—, será que o resultado poderá mudar e o

país se preparar para todos os desafios que

estão à frente?Para a professora de inglês da Newton

Paiva, Rita de Cássia Andrade, inglês é essencial para quem deseja ter uma carreira ampla. “O brasileiro é conhecido por sem-

pre dar um jeitinho, mas para quem quer realmente ser bem - sucedido, inglês conti-nua sendo muito importante para alcançar objetivos maiores”, opina.

A verdade é que, atualmente, muitas

empresas estão exigindo um terceiro

idioma, pois o inglês, tanto quanto o portu-

guês, já é considerado básico para qualquer

pessoa. Para se ter uma ideia do quanto a

situação pode ser considerada grave, no

programa Ciência sem Fronteiras, é grande

o número de estudantes que, por não ter

domínio suficiente dessa língua, ficam

impedidos de viajar para o exterior.

DesCoNHeCiMeNto total

Fernanda Cólen, 18 anos, frequenta

um cursinho de idiomas há seis anos. Ela se

sente mais preparada que outras pessoas

que não falam outras línguas e percebe a

vantagem que tem diante de outros candi-

datos. “Já tive experiências nas quais vi que

meu inglês foi fundamental para me dife-

renciar dos outros concorrentes”, afirma.

Entretanto, não se pode deixar de fora

quem viveu o confuso cotidiano de um

estrangeiro em solo brasileiro. Mateo Cla-

rke, 24, pesquisador empresarial em Austin,

capital do Texas, foi “vítima” desse desco-

nhecimento linguístico. “Morei no interior

de Minas Gerais por aproximadamente um

ano. Foram alguns meses até que eu me

adaptasse e compreendesse o lugar. Sua

cultura local é bastante rica, e o idioma bem

complexo”, reconhece Clarke. Ele confi-

denciou também que não gosta de enfocar

coisas negativas, “porém, o estereótipo de

‘cowboy texano’ e, ainda, a política contur-

bada dos EUA na época, fizeram com que eu

sofresse preconceito por parte de algumas

pessoas”. Segundo Clarke, “o Brasil, como

qualquer país do mundo, precisa de muitas

melhorias, mas creio que haverá muita difi-

culdade de comunicação durante os even-

tos internacionais”, preocupa-se.

PROblEmas E sOluçÕEs

O idioma considerado universal pode ser compreendido não só em países que o têm como idioma

oficial, mas também em diversas regiões do mundo. Dessa forma, foi um grande catalisador na

aproximação dos povos, tanto na relação cultural quanto na comercial. O termo globalização, usado com

frequência atualmente, foi promovido de forma bastante eficiente pelo inglês.

iDiOMAS

thE BooK IsN’t oN thE taBLE

apenas 5% da população brasileira falam inglês. O que será da copa do mundo?

Page 4: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

4 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

a ÚLtImaViolência excessiva contra os profissionais de imprensa provoca desconfianças quanto à profissão

João Paulo Freitas

3º Período

Apesar de ser considerado mais

desenvolvido que países como Bolívia,

Paraguai e Colômbia, o Brasil ocupa o

primeiro lugar em um ranking ingrato e

nada lisonjeiro na América Latina: o

país é considerado o mais perigoso para

o exercício do jornalismo. Sucessivas

mortes de profissionais como Valério

Luiz de Oliveira (Rádio Jornal), Tim

Lopes (TV Globo) e Décio Sá (O Estado

do Maranhão) fizeram com que a tinta

de suas canetas perdesse o brilho, dando

lugar à cor vermelha do sangue derra-

mado pela violência e opressão. Que

país é esse?

Os dados oficiais foram divulgados

pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas

(CPJ), organização com sede em Nova

York, que desde 1990 faz os levantamen-

tos, tanto de prisões quanto de mortes de

jornalistas. Segundo o Comitê, 70 jorna-

listas foram executados em todo o

mundo, só no ano de 2012. Um aumento

de 43% relacionado ao ano anterior.

Esses números colocaram o Brasil como

a terceira nação onde mais profissionais

foram assassinados. Só para se ter uma

ideia, o país empata com o Paquistão,

país que vive praticamente em guerra

civil, no tumultuado cenário da fronteira

com o Afeganistão.

A ONU considera preocupante que

70% dessas mortes tenham passado

impunes. Na categoria impunidade, o

Brasil ocupa o 11º lugar. “Os crimes con-

tra jornalistas continuam sendo um dos

principais problemas que a imprensa

enfrenta nas Américas”, afirmou Gus-

tavo Mohme, da Sociedade Interameri-

cana de Imprensa.

o Que DiZ a FeNaJ

Por isso, para a categoria, a Federa-

ção Nacional dos Jornalistas (FENAJ)

continuará a ter papel fundamental no

combate às ameaças à liberdade de

imprensa e ao exercício do jornalismo.

Maria José Braga, 48, atual vice-presi-

dente da Federação, afirma que os dados

apresentados pela CPJ não fazem distin-

ção entre jornalistas e outros profissio-

nais da comunicação, “o que para a reali-

dade brasileira é um problema, pois

temos duas profissões distintas: jornalis-

tas e radialistas”. Por isso, os critérios

adotados pelo comitê para colocar o Bra-

sil entre os dez países mais perigosos para

o exercício do jornalismo parecem inade-

quados, segundo Maria José.

— Eles alegaram que o Brasil não

quis ser signatário do Plano da ONU de

Proteção aos Jornalistas. Na verdade, em

2012, o Brasil pediu que os países fossem

consultados sobre o Plano e já adiantou

que iria trabalhar por sua aprovação. O

Itamaraty até convidou entidades para

apresentarem sugestões de melhorias ao

Plano. A FENAJ foi convidada e contri-

buiu. O Plano deve ser aprovado ainda

neste semestre — explica.

Maria José acrescenta que os jorna-

listas brasileiros estão mais ameaçados

pelos insistentes e reiterados ataques à

profissão e nem sempre pela violência

explícita. A queda da obrigatoriedade do

diploma vem em primeiro lugar nessa

lista de ataques.

— A desregulamentação no Brasil é

uma grande ameaça, assim como a precari-

zação das condições de trabalho a que os

jornalistas são submetidos diariamente.

REPoRtaGEm

JORnALiSMO

Page 5: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 5

Experiência pode ser algo funda-

mental na análise e compreensão de

situações ameaçadoras como essa. Geno-

veva Ruisdias, 65, jornalista profissional

há 40 anos, diz que todo jornalista deve-

ria ter “acompanhamento psíquico e

físico, para não ultrapassar os limites que

a profissão requer”. Segundo ela, o jorna-

lismo não comporta mais super-homens

nem super-mulheres.

Em sua opinião, a única forma para

acabar com essa violência seria o fim da

impunidade. Mas é preciso também que

haja “vigilância, denúncia e cobranças

constantes das autoridades públicas”. No

entanto, se para alguns a profissão passa

por uma crise, para muitos jovens que aca-

baram de ingressar no curso, o sonho con-

tinua. Fernando Luiz Azevedo Oliveira, 19,

está no primeiro período de jornalismo e

sonha com um futuro brilhante na profis-

são. Para ele, o principal motivo de sua

opção pelo jornalismo foi gostar de escre-

ver, “e de ser criativo”.

Apesar das denúncias sobre a falta de

estrutura nas redações e das constantes

ameaças de violência, Fernando prefere

responder com otimismo e diz que não

teme o futuro nem as ameaças de violên-

cia. Mas nem por isso deixa de fazer críticas

às leis brasileiras.

— No Brasil, em muitos casos, a lei

favorece o infrator; os criminosos conhe-

cem a impunidade e não se incomodam

em levar uma vida cercada de delitos.

Aos novos jornalistas, resistência e

estrita observação da ética são as recomen-

dações da repórter Genoveva Ruisdias.

Outra repórter, Ângela Rodrigues, lembra

que a essência do jornalismo é o espírito de

luta. “Paga-se sempre um preço muito alto

por dizer a verdade”, afirma.

O sOnhO nãO acabOu

Para o problema da violência explícita, A FENAJ

apresenta algumas propostas de soluções.

1 - Propõe a federalização das investigações dos

crimes contra jornalistas e apoia o projeto do deputado

Delegado Protógenes, que já está em tramitação na

Câmara Federal. A impunidade é um fator importante

para o crescimento dos crimes.

2 - Defende a criação de um Protocolo Nacional de

Segurança para os Jornalistas, a ser respeitado por todas

as empresas de comunicação e que inclua medidas

como a criação, nas redações, das Comissões de Avalia-

ção de Riscos, o treinamento para profissionais que

forem enfrentar situações de risco e a oferta de equipa-

mentos de proteção adequados.

3 - Está participando do Grupo de Trabalho sobre

Violência contra Profissionais da Comunicação, criado

pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana

(CDDPH) e vai propor no GT a criação de um Observató-

rio da Violência contra Profissionais da Comunicação.

4 - Defende a aprovação de uma nova Lei de

Imprensa para o País. Uma nova Lei de Imprensa vai

regular as relações entre imprensa e público e pode con-

tribuir para dirimir conflitos.

5 – Batalhar pela criação do Conselho Federal de Jor-

nalistas e seus respectivos conselhos regionais. Este é o sis-

tema legítimo para fazer a defesa do jornalismo e da ética jor-

nalística e também é necessário para a regulação das relações

dos profissionais com a sociedade.

PROPOsTas Da FEnaJ

Genoveva

ruisdias:

experiência a

serviço do bom

jornalismo

Maria

José Braga:

atual

vice-

presidente

da FeNaJ

Fotos arquivo Pessoal

Page 6: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

6 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 20136 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

uma LENda Chamada

LuIZ GoNZaGa

João MarCelo DruMoND

3º Período

Para comemorar seu centenário de

nascimento, que ocorreu no ano pas-

sado, Gonzaga ganhou filme, coletâneas

com novos intérpretes, shows, concertos

e homenagens em vários museus e cen-

tros de cultura espalhados pelo país. Mas

são apenas algumas demonstrações de

sua importância para a cultura brasi-

leira. A notável figura do compositor,

grande criador e disseminador da rica

tradição nordestina, deve ser vista em

horizontes ainda mais amplos. Ele é con-

siderado, com justiça, um dos primeiros

autores a assumir versos inteiramente

nordestinos em suas composições e can-

tar os amores e as dores de um povo que

ainda não tinha voz ativa no Brasil.

Quando migrou para o sul, no início da

década de 1940, com o objetivo de divulgar

sua música para outros cantos do Brasil,

Gonzaga fez de tudo, inclusive tocar em

bares e restaurantes. Sabendo que o rádio

era o melhor vínculo de divulgação musical

da época, resolveu participar do concurso

de calouros de Ary Barroso, onde solou “Vira

e Mexe” e ganhou o primeiro prêmio de

sua carreira.

Dono de uma obra que permanece sempre atual, o “Rei do baião” se revela cada vez mais importante e mostra o segredo de sua universalidade: o regionalismo

CULTURA

reProduÇão

Page 7: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 7Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 7

Além de um ícone permanente da

cultura nordestina, Luiz Gonzaga foi dono

de um estilo próprio e novo, conquistou um

grande público e influenciou artistas de

gerações e tendências das mais díspares

— de Caetano Veloso e Gilberto Gil (e por

extensão o tropicalismo) a Jackson do Pan-

deiro e Genival Lacerda; de Fagner e João

do Vale a Zé Ramalho e Dominguinhos; de

Marinês a Amelinha e Elba Ramalho. E —

quem diria? — Raul Seixas!

Para o comerciante Mauro Gomes,

ouvir músicas de Luiz Gonzaga é voltar aos

tempos de menino. “Desde muito jovem,

ouvia suas composições e sentia o nordeste

bem perto de mim”, revela o pai de família,

que deixou Pernambuco aos 18 anos de

idade. Paulo Isidoro Alves, taxista, 54 anos,

deixou o Ceará aos 26 anos, quando veio

procurar emprego em Belo Horizonte.

“Sofri muito, porque a família só veio

depois; o que me consolou foi a música de

Luiz Gonzaga — até hoje tenho CDs dele

no meu carro, não me canso de escutar Asa

Branca e Assum Preto”, conta.

estilo ÚNiCo

O baião é um dos estilos musicais mais

populares na riquíssima trama de ritmos

da música nordestina, que inclui ainda o

xote, o maracatu, o coco, a embolada, o

frevo e tantos outros. Possivelmente, teve

sua origem nos anos 1940, de uma mistura

de danças indígenas com ritmos de bailes

populares, tendo imediata repercussão nas

rádios. Seu maior representante foi Luiz

Gonzaga, considerado o “Rei do Baião”,

pelo fato de ter sido o primeiro a divulgar

em larga escala esse estilo musical fora dos

limites nordestinos. Além da figura de

Gonzaga, não se pode deixar de citar seus

principais parceiros, Zé Dantas e Hum-

berto Teixeira.

Para o jornalista e escritor João Perdi-

gão, o interessante em estudar a figura de

Luiz Gonzaga é que, além de ser um grande

criador de estilo, ele foi também um consi-

derável disseminador e divulgador de cul-

tura. “Foi um grande músico que marcou

época por sua autenticidade; por isso, sua

obra é lembrada e reverenciada por todos”.

Além disso, o jornalista compara as

dificuldades e a aceitação do baião, evo-

cando outro ritmo popular, o samba.

“Gosto de comparar o baião e o samba,

pelo fato que esses dois gêneros tiveram

grandes dificuldades de serem aceitas

pela sociedade”, argumenta o jornalista.

“De fato, por ter sua imagem ligada aos

compositores negros e que, em sua maio-

ria, moravam nas favelas ou na periferia,

o samba também foi associado à malan-

dragem, da mesma forma que o baião

chegou ao sudeste por meio de uma ima-

gem negativa, que fazia referência a um

Brasil atrasado e subdesenvolvido, o

Brasil nordestino”.

A história do baião não estaria com-

pleta sem que a temática de algumas de

suas canções mais emblemáticas fosse

destacada: o cotidiano dos nordestinos e

suas dificuldades para sobreviver numa

região árida, que sofria enormemente com

a seca. Tanto em algumas letras de Zé Dan-

tas quanto de Humberto Teixeira ou do

próprio Luiz Gonzaga, já se encontrava o

embrião da canção de protesto — “Vozes da

Seca” e “Asa Branca” são dois exemplos.

Curiosamente, o estilo teve conside-

rável repercussão no exterior — principal-

mente nos Estados Unidos, na França e

na Itália — graças às primeiras versões

instrumentais do baião. O baião “Deli-

cado”, carro-chefe do cavaquinista Valdir

Azevedo, por exemplo, chegou a ter deze-

nas de versões internacionais. E divas,

como a atriz Silvana Mangano, se encarre-

garam de popularizar o ritmo ainda mais

com gravações de grande sucesso (o

“Baião de Ana”).

a uniVERsiDaDE DO baiãO

DO OsTRacismO PaRa a cOnsagRaçãOApesar de tanto sucesso, Luiz Gon-

zaga começou a viver os anos de 1960, a

era pós-Bossa Nova, em pleno ostra-

cismo. E só saiu dele graças a uma brin-

cadeira do agitador cultural Carlos

Imperial, que espalhou uma notícia

sobre a gravação de “Asa Branca” pelos

Beatles. Não gravaram e possivelmente

jamais chegaram a ouvir o baião, mas

foi o que bastou para tirar Luiz Gonzaga

do limbo.

No alto da pirâmide de seus grandes

sucessos está “Asa Branca”, sua compo-

sição mais conhecida e uma das mais

veneradas da MPB, parceria sua com

Humberto Teixeira. Mas não se pode

esquecer “Xote das Meninas”, “Cintura

Fina”, “Forró do Mané Vito”, “Feira de

Gado”, “Riacho do Navio”, “Assum

Preto” e outras obras primas. Ainda que

tenha sido gravado por um grande

número de cantores e instrumentistas,

Gonzaga teve a falecida Carmélia Alves

como sua primeira grande intérprete,

ainda nos anos de ouro da Rádio Nacio-

nal. Até o fim da vida e da carreira,

quando formou o grupo “As cantoras do

rádio”, Carmélia nunca deixou de

incluir o compositor em seus discos e

shows. Reabilitado pela trupe tropica-

lista, a partir da década de 1970, o genial

autor chegou a citar, em diversas entre-

vistas, Carmélia Alves e Gal Costa como

suas intérpretes favoritas.

Segundo a historiadora e crítica

Bianca Ferreira, o estilo de Luiz Gon-

zaga é um das maiores relíquias da

música popular brasileira.

— Costumo analisar Luiz Gonzaga

como o Gonçalves Dias da música brasi-

leira; é lirismo puro, uma grande histó-

ria a ser contada e cantada. Historica-

mente, podemos afirmar que foi um dos

intérpretes que mais divulgaram nossa

música fora do país.

Page 8: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

8 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

saLvE JoRGE: saLvE-sE QuEm PudER!

RELiGiãO

mais uma vez, as religiões que deveriam ser um elo entre as pessoas viram motivo de conflito e desunião

laura seNra e PÂMela Matos

3º Período

Desde que estreou em outubro de

2012, na Rede Globo, a novela “Salve

Jorge” vem dividindo opiniões dos

telespectadores. Não exatamente

por ser um exemplo de quali-

dade, mas porque a trama aborda

um tema polêmico: o tráfico de pes-

soas. Esse não é, no entanto, o motivo

de tanto alvoroço. “Salve Jorge”

mostra a fé em São Jorge da Capa-

dócia, que representa a força que

todos precisam ter para matar os

dragões da vida; representa uma

comparação ao guerreiro, batalhador,

que vence o mal.

São Jorge também é padroeiro da

Cavalaria do Exército Brasileiro, retra-

tado na novela de Glória Perez a partir do

protagonista Théo (Rodrigo Lombardi),

o capitão.

lau

ra

sen

ra

Page 9: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 9

o saNto Guerreiro

São Jorge (275 - 23 de abril de 303)

foi, de acordo com a tradição, um padre e

soldado romano, venerado como mártir

cristão. Também é venerado em diversos

cultos das religiões afro-brasileiras, onde é

sincretizado na forma de Ogum, o santo

guerreiro da floresta. É imortalizado no

conto em que mata o dragão e, também, é

um dos catorze santos auxiliares. É o

santo padroeiro em diversas partes do

mundo. No Brasil é, extraoficialmente, da

cidade do Rio de Janeiro (título oficial-

mente atribuído a São Sebastião).

Muitos artistas são nacionalmente

conhecidos por sua grande devoção ao

Santo Guerreiro. Grandes nomes da

música brasileira como Zeca Pagodi-

nho, Caetano Veloso, Jorge Ben Jor, Seu

Jorge, Maria Betânia, além da banda

inglesa Iron Maiden, têm no seu

repertório músicas dedicadas ao Santo.

Na literatura, um dos devotos mais

conhecidos é o poeta Mário Quintana.

Certa vez, quando a Igreja Católica

questionou a veracidade da existência

de São Jorge e o colocou na lista de pos-

síveis “cassados”, o poeta escreveu um

verso que leva o nome do santo e está no

livro Velório Sem Defunto.

No cinema, “O Dragão da Maldade

contra o Santo Guerreiro” é o primeiro

longa-metragem em cores do diretor

baiano Glauber Rocha e um dos grandes

clássicos do Cinema Novo brasileiro. Foi

lançado em plena ditadura militar e

ganhou os prêmios de melhor direção e

da crítica internacional no Festival de

Cannes, em 1969. No Brasil, 80% dos

homens registrados Jorge, o são graças ao

Santo Guerreiro.

reliGião x luCro

Antes mesmo de sua estreia, a novela

já havia levantado várias questões sobre

religião, sendo cogitado, inclusive, subs-

tituir o seu título. Porém, a autora Glória

Perez afirmou que não tinha motivos

para se submeter aos protestos envol-

vendo sua obra, uma vez que, “a novela

não fala de São Jorge, fala do mito do

guerreiro, figura existente em qualquer

cultura, religiosa ou não”.

Porém, esse argumento não conven-

ceu. Os protestantes afirmam que a figura

que deu origem ao santo católico não

existiu de verdade, sendo baseado na

lenda babilônica do deus Marduk, que

matou Tiamat, representada por um dra-

gão. Outro ponto da revolta é que nas reli-

giões afro-brasileiras, Candomblé e

Umbanda, São Jorge representa Ogum,

senhor dos metais; é o guerreiro, general

destemido e estratégico, é aquele que veio

para ser o vencedor das grandes batalhas,

o desbravador que busca a evolução.

PaPel ColoriDo

“Como posso aceitar dentro da minha

casa algo que vai frontalmente contra um

mandamento direto do meu Deus? Como

posso aceitar algo que contrarie comple-

tamente a minha fé, ainda que venha

embalado no papel colorido do entreteni-

mento, com enredo engraçadinho e histo-

rinhas de amor?”, trecho tirado do site

“Exército Universal”, formado por fiéis da

Igreja Universal, lembrando a proibição

das Escrituras de se fazer e adorar ima-

gens. Alguns mais radicais vão além e

afirmam que “os evangélicos, que creem

em Jesus, não devem dar audiência ao

folhetim”.

Um dos líderes da Igreja Universal e,

também, presidente da Rede Record, Edir

Macedo, fez campanha para boicotar a

novela, através de seu blog na internet.

Além disso, Macedo estimula aos pastores

que aconselhem os fiéis a fazerem o

mesmo. Neste ponto, entra a dúvida se

sua intenção seria puramente a religião, já

que a Record é concorrente direta da Rede

Globo.

Em forma de ataques, o festival de

besteirol surgiu de outros lados. O pastor

José Donizeti, da Assembleia de Deus, de

Jundiaí (SP), decidiu postar em uma rede

social uma imagem onde aponta as men-

sagens subliminares que estariam escon-

didas na logomarca da novela. Para ele, as

duas pedrinhas vermelhas “simbolizam a

união dos orixás e a adoração a entidades

espíritas”. Com mais de 50 mil comparti-

lhamentos, a imagem traz os comentários

do pastor: “Na verdade, o nome desta

novela é ‘Adoradores de Ogum’!

CaDê o resPeito?

Em contrapartida, os devotos de São

Jorge resolveram usar a mesma rede

social, para defender o santo. “Aos evangé-

licos que criticam a novela ‘Salve Jorge’:

quando tiver feriado do santo, por favor,

trabalhem, porque ficar de folga em

homenagem a santo é adoração também”,

diz uma imagem já compartilhada por

milhares pessoas.

“Nós católicos respeitamos a opi-

nião e a religião de cada um. Não saímos

fechando as portas na cara dos ‘intragá-

veis’ Testemunhas de Jeová, em pleno

domingo, às oito da manhã. Respeita-

mos as suas crenças e exigimos igual

respeito”, afirma o padre Hélio Figuei-

redo, opinando sobre a onda de protes-

tos dos evangélicos.

Vale ressaltar que o Brasil ainda é a

maior nação católica do mundo, mas, na

última década, a Igreja teve uma redução

da ordem de 1,7 milhão de fieis, um enco-

lhimento de 12,2%. Os dados são da nova

etapa de divulgação do Censo de 2010, do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-

tica (IBGE).

o Que DiZeM as leis

No Brasil, a Lei Caó estabelece a

igualdade racial e o crime de intolerância

religiosa. A Lei 7716/89 deixa claro no

artigo 20 o que é a intolerância religiosa e

como julgá-la.

— Art. 20. Praticar, induzir ou incitar

a discriminação ou preconceito de raça,

cor, etnia, religião ou procedência nacio-

nal. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de

15/05/97). Pena: reclusão de um a três

anos e multa. Resta saber agora se alguém

vai querer boicotar filmes chineses ou

japoneses em que apareça alguma estátua

de Buda...

Page 10: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

10 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

EnTREViSTA uma vIda Em

João Paulo Freitas

3º Período

Paraibano de Campina Grande, Deodato Taumaturgo

Borges Filho, 49 anos, mais conhecido como Mike Deodato, é

um dos desenhistas mais renomados do mundo. Sua arte foi

tão grande, que estampou as capas da Marvel Comics, com os

sucessos de Homem Aranha, Batman, Hulk, Os Vingadores,

entre outras célebres personagens. Mike nos contou um

pouco de sua trajetória, e a paixão pelos desenhos.

QuadRINhosFo

tos

ar

qu

ivo

Pes

so

al

o desenhista Mike

Deodato expondo suas

artes reconhecidas

mundialmente

Page 11: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 11

lince - Como foi seu início de car-

reira? O senhor sempre quis ser dese-

nhista?

Mike - Sempre quis. Sabia que seria

desenhista de quadrinhos, mas não sabia

que seria tão difícil. Comecei a desenhar

aos treze e, só dezesseis anos depois, é que

pude passar a viver exclusivamente de

quadrinhos.

lince - No mundo dos desenhos, qual

foi a pessoa que mais o influenciou a

seguir esse sonho?

Mike - Meu pai. Ele criou a primeira

revista em quadrinhos do Nordeste, em

1963, e sempre me incentivou. Com cer-

teza foi meu grande mestre.

lince - A Marvel Comics é uma das

maiores empresas de histórias em quadri-

nhos. Como foi seu primeiro contato com

eles? Teve alguém, em especial, que aju-

dou nesse objetivo?

Mike - A minha temporada na

Mulher Maravilha foi decisiva para que a

Marvel percebesse meu trabalho. Antes

disso, eu era praticamente desconhecido

do grande público. Como havia dito antes,

a pessoa em especial é meu pai. O verda-

deiro herói. Com certeza, se ele não exis-

tisse, alguém o inventaria.

lince - Há quanto tempo o senhor

trabalha para a Marvel, e quais foram as

edições ou desenhos mais especiais de sua

trajetória?

Mike - Já faz um bom tempo. Desde

1995. Foram muitos projetos especiais pra

mim, mas se tivesse que escolher um seria

o Hulk #70 com Bruce Jones. As cores

foram do falecido Hermes Tadeu. Tenho

muito orgulho desse nosso trabalho juntos.

lince - Qual o sentimento de ser

reconhecido mundialmente pelo seu tra-

balho e, principalmente, de levar o nome

do Brasil através de sua arte?

Mike - Eu, sinceramente, prefiro não

parar para avaliar o que já fiz em minha

carreira e quão reconhecido eu sou ou

não. Eu amo o que faço. Tenho muito o

que aprender e fazer ainda. Me considero

com sorte por trabalhar naquilo que gosto,

desenhando os personagens que encanta-

ram minha infância.

lince - Como o senhor define o mer-

cado brasileiro de quadrinhos? Acredita

que um dia poderá chegar ao nível do

mercado americano?

Mike - Acho que sim. Vivemos um

excelente momento editorial e criativo.

Podemos, sim, ter um mercado tão com-

petitivo quanto o americano. Mas, para

isso, é preciso mais investimentos e acre-

ditarmos em nossos talentos.

lince - Quais os próximos projetos que

o senhor tem em pauta com a Marvel, ou por

conta própria? Pode nos adiantar alguns?

Mike - No momento estou trabalhando

em Avengers (Vingadores), com roteiro do

excepcional Jonathan Hickman. No lado

autoral, acabei de lançar “A Arte Cartum de

Mike Deodato”, pela Editora Kalaco, que

está à venda na Comix Shop. Lancei em

Janeiro meu primeiro Sketchbook.

lince - Para encerrar, deixe um

recado para os alunos da Newton Paiva, e

também, os leitores do jornal Lince, que

curtem muito seu trabalho.

Mike - Obrigado pelo carinho e, por

favor, divulguem e leiam o quadrinho

nacional!

Page 12: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

12 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

“sabia quE sERia DEsEnhisTa DE quaDRinhOs, mas nãO sabia quE sERia TãO DiFícil”.

“ Eu amO O quE FaçO.

TEnhO muiTO O quE aPREnDER E

FazER ainDa”.

“a minha TEmPORaDa na mulhER maRaVilha

FOi DEcisiVa PaRa quE a

maRVEl PERcEbEssE

mEu TRabalhO”.

Page 13: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 13

“ mEu Pai FOi, cOm cERTEza,

mEu gRanDE hERÓi”.

Page 14: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

14 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

O grande e

charmoso cinema

de rua está quase

extinto na cidade

de belo horizonte,

dando lugar a

pequenas salas

nos shoppings

CULTURA

FreDeriCo Vieira

1º Período

Entre as décadas de 1930 e 1960, os

grandes cinemas eram comuns em Beagá.

Principal atração cultural da cidade, esta-

vam presentes no centro e em vários bairros.

Mas, era na região central o maior aglome-

rado de salas. Do Cine Brasil ao Metrópole,

passando pelo Candelária, Jacques, Acaiaca

ou Art Palácio se tornaram marcos da

cidade. Nos bairros havia o Odeon, Roxy,

Santa Tereza, Amazonas e o Cine Pathé,

entre outros.

Atraídos pelo lazer e pela qualidade dos

filmes que esses cinemas ofereciam, era

comum haver salas com capacidade para

800 ou até mil pessoas. Porém, com o tempo,

mudou-se a configuração cultural da socie-

dade em relação ao cinema. A chegada da

televisão e do VHS e, principalmente, o

crescimento da metrópole contribuíram

para a decadência do cinema de rua na

virada da década de 1970 para a de 1980.

atIvIdadE ComERCIaL?

aRtE CuLtuRaL ou

arquivo CPJ

Page 15: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 15

Problemas sociais, inchaço popula-

cional, manutenção cara das grandes

salas também foram fatores determinan-

tes para o fim da atração cultural nas ruas

da cidade. As salas enormes passaram a

ser um problema, já que a quantidade de

filmes aumentou absurdamente e elas já

não davam suporte ao alto número de

títulos anuais.

O ramo imobiliário, interessado na

localização privilegiada e no tamanho

desses imóveis, logo deu início ao boom

que rapidamente transformaria a paisa-

gem cultural da cidade. As igrejas evangé-

licas viram nas grandes salas de cinema a

oportunidade de espalhar sua influência

pela cidade. Outros foram substituídos

por estacionamentos, mercados, bancos e

lojas de departamento, e algumas salas

continuaram com a atividade cinemato-

gráfica, porém, com o ramo pornô.

CiNeMa NaCioNal

Com a extinção dos espaços de rua, o

cinema nacional perdeu sua força. Filmes

nacionais na década de 1970 ultrapassa-

vam a marca de dois milhões de espectado-

res — havia de três a quatro produções por

ano. Já na década de 1990, o número teve

grande queda, e só nos últimos anos conse-

guiu dar uma retomada considerável no

número de filmes.

O cinema de rua brasileiro teve uma

baixa em todo território nacional. Cidades

como São Paulo e Rio de Janeiro ainda

possuem um público fiel e maior número

de salas do que Belo Horizonte, mas nada

comparado ao enorme número de cinemas

de rua que se tinha antigamente.

O Belas Artes paulistano, um dos mais

antigos e tradicionais cinemas de rua do

país, atualmente está fechado por proble-

mas de aluguel do imóvel. Uma ação de

tombamento histórico do local está em

cogitação há muito tempo, porém, a ideia foi

totalmente esquecida de um tempo para cá.

Isso demonstra que a manutenção das gran-

des salas é bastante complicada, devido ao

poder público não dar incentivo à ação cul-

tural. Hoje, o único cinema comercial de

BH é o Usiminas Belas Artes, mantido por

meio da ajuda de patrocinadores.

“A grande perda do cinema nacional foi

para as produções de Hollywood”, afirma

Francisco Alves, 24, estudante de cinema.

Para ele, apenas grandes distribuidoras e

filmes americanos têm conseguido atingir

um grande público.

— Foi uma grande perda, já que o

cinema nacional de qualidade enfrentou, e

ainda enfrenta duras penas para sobreviver.

Poucos são os cinemas de rua que sobrevive-

ram, e os que conseguiram foi graças a ini-

ciativas de fundações estatais.

Nos sHoPPiNGs

Mudou-se o modo de fazer e assistir fil-

mes. O cinema migrou para os shoppings e

misturou-se a lojas, espaços de alimentação

e outras atividades, criando nos fãs da arte

uma sensação de que ele passou a ser mais

uma daquelas atividades consumistas.

Os grandes espaços de rua já não

ofereciam mais a segurança e o conforto

necessário, segundo as autoridades. Eco-

nomicamente benéfico, o cinema nos

shoppings centers é totalmente lucra-

tivo. A diversidade de filmes e salas faz

com que o público atual sinta-se satis-

feito. Os shoppings trazem o que a socie-

dade consumista atual procura: pratici-

dade e entretenimento. Porém, o cinema

perdeu aquele modelo artístico e cultural

que as salas de ruas traziam.

“A mudança para os shoppings teve

grandes malefícios” completa Júlio Cruz,

sócio-proprietário de uma revista sobre

cinema. Ele afirma que o circuito de exibi-

ção comercial se fechou para grandes cine-

astas, colocando em suas telas apenas pro-

dutos amplamente comerciais, com pouco

apelo artístico.

a retoMaDa

Mas nem tudo é perda. Uma noticia

dada nos últimos dias surpreendeu os

amantes do cinema. Um projeto de

reconstrução do Cine Pathé foi aprovado

pelo Conselho de Patrimônio, segundo a

Fundação Municipal de Cultura. É pre-

ciso agora a aprovação da Secretaria

Municipal de Regulação Urbana para que

o projeto seja definitivamente liberado até

o final deste semestre.

As obras têm um prazo estimado de

dois anos e o edifício e o cinema deverão

estar totalmente prontos no segundo

semestre de 2015. O investimento total

será de cerca de R$ 20 milhões e as obras

serão financiadas pela iniciativa pri-

vada. A verba sairá de uma parceria

entre as empresas Farkasvölgyi Arquite-

tura e PHV Engenharia.

Este projeto de reinauguração é uma

tentativa de resgatar um dos mais famosos

cinemas da cidade, uma chance para que

os amantes da cultura tenham de volta a

atividade charmosa que era o cinema.

cinEma DE aRTEO Cine Pathé foi inaugurado em 1948.

Localizado em um imóvel de aproximada-

mente 944 m², tem entrada pela Avenida

Cristóvão Colombo, quase na Praça da

Savassi. O cinema encerrou suas atividades

na década de 1990. Em quase 50 anos de

atividades, com programação coordenada

pelo crítico Paulo Arbex, o Pathé foi respon-

sável pelo lançamento de um grande

número de filmes que não se encaixavam no

circuito comercial.

Bergman, Antonioni, Fellini, Godard,

Renoir, Losey, David Lean e muitos outros

diretores chegaram a Beagá pela tela do

Pathé. No fim do ano, havia o Festival dos

Melhores do Ano, com dez filmes escolhi-

dos segundo os críticos de diversos jornais

da cidade. O fechamento do Cine Pathé foi

uma grande perda para a cultura da cidade.

Em DEcaDÊncia

Page 16: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

16 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

a saudade, já dizia o mestre chico buarque, é arrumar o quarto do filho que já morreu. acidentes de trânsito levam número cada vez maior de jovens, deixando famílias que

nem sempre sabem como lidar com tais perdas

a doR a maIs...

COMpORTAMEnTO

raQuel Durães

3º Período

Hoje, apesar da morte ainda ser um

tabu, amigos e familiares encontram apoio

em diversos grupos, prontos para receber e

auxiliar aqueles que estão num período de

sofrimento, a recriar um sentido para a vida.

“Não encontrava alívio para o meu coração

incompleto e, depois de cinco meses da

morte do meu filho, procurei ajuda e encon-

trei a API, Associação de Apoio a Perdas

Irreparáveis, e fui acolhido”, afirma Itamar

Rezende, gerente de transporte, que perdeu

o filho, Vinicius Anraku Rezende, há dois

anos. Além disso, ele conta que “antes de

encontrar o grupo, eu busquei refúgio em

medicamentos e religião, mas nada suavi-

zava minha dor”.

São eles, os acidentes de trânsito,

muitas vezes cometidos por ações irres-

ponsáveis, que podem levar filhos, espo-

sas, pais e netos. “Em nossos grupos,

sempre temos sobreviventes de vítimas

fatais em acidentes de trânsito. Este tipo

de morte traz um luto mais doloroso, pois

é uma perda súbita, não preparada e de

forma violenta”, afirma Mariel Paturle,

psicoterapeuta, fundadora e integrante

do conselho superior da SOTAMIG

(Sociedade de tanatologia e cuidado

paliativo de Minas Gerais) e coordena-

dora do GAL, Grupo de Apoio a Enlutados.

“a morte é apenas uma travessia do mundo, como os amigos atravessam o mar e permanecem vivos uns nos outros.

[...] É este o consolo dos amigos e, embora se diga que morrem, sua amizade e convívio estão, no melhor dos sentidos,

sempre presentes, porque são imortais”. (WilliaM PeNN, More Fruits oF solituDe)

luC

as

dia

s

Page 17: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 17

SEGUranÇa no trÂnSito

Sargento Márcio ainda recomenda algumas medidas que devem ser tomadas para evitar os temidos acidentes. Confira:

l use o cinto corretamente: não coloque no pescoço ou debaixo do braço, engate o equipamento ao invés de colocá-lo apenas sobre as pernas. É mais seguro. ele reduz em até 50% o risco de lesões graves ou fatais.

l respeite a sinalização, o que está escrito nas placas e nas vias, os agentes e policiais de trânsito.

l se beber, não dirija. vá de taxi, de ônibus ou pegue carona solidária com alguém habilitado que não bebeu.

l dirigir e falar ao celular ou usar fone(s) de ouvido é proibido no trânsito.

l não dirija com crianças e animais no colo, não transporte passageiros em compartimento de carga.

l Ciclista: use os equipamentos obrigatórios, não pegue traseira de ônibus e caminhões.

l motociclista: use o capacete preso ao pescoço, com óculos de proteção ou viseira abaixada.

l mantenha distância de segurança entre o seu veículo e o veículo da frente.

l sinalize conversões e mudanças de pista com antecedência.

l use as passarelas e faixas de pedestre, pois é melhor perder o tempo na travessia do que perder a vida.

l veja mais dicas e informações no site da Polícia militar de minas Gerais: https://www.policiamilitar.mg.gov.br/portal-pm/principal.actionl aPi — associação de apoio a Perdas irreparáveisrua espírito santo, 2727, sala 1205, belo Horizonte, mG. CeP 30160-032 telefax (31) 3282-5645. Presidente: Gláucia resende tavares http://www.redeapi.org.br

l Gal — Grupo de apoio a enlutadoswww.sotamig.com.brCoordenadoras do Gal: Junia de Paula drumond e mariel nogueira da Gama Paturle

NeGaÇão Da PerDa

Quando se pergunta a Itamar sobre

o sentimento de perda, ele diz que sobre

a perda física não tem muito que falar.

“É dor, mais dor, muita dor. Só quem

sente, ou já sentiu, sabe o que ela é”,

lamenta. Na nossa sociedade, não esta-

mos preparados para lidar com as perdas

e, menos ainda, com a morte.Vivemos

em uma cultura extremamente mate-

rialista, onde não há espaço para refle-

xões acerca das perdas. “A pessoa que

está em processo de luto se sente sem

recursos internos e externos para viver

este processo. E ainda, muitas vezes é

cobrada para retomar a sua rotina rapi-

damente”, afirma Mariel.

Na maioria dos casos, a primeira

reação frente ao que não queremos acei-

tar é a revolta. Muitos fogem da reali-

dade e se negam a ter qualquer tipo de

conversa mais profunda sobre o assunto.

Entretanto, a morte vai nos cutucando.

“Se não procurarmos dedicar algum

tempo para o pensamento no sentido da

vida e da morte, continuaremos vivendo

imersos no medo e na angústia”, afirma

Mar ie l . Entre tanto, para I tamar,

nenhum caso é igual ao outro. “Cada

sentimento tem uma diferença. Digo

para os pais que enfrentam esta situa-

ção: sinta tudo que envolva o ente que-

rido, não faça nada que seu coração não

queira. Todos devem respeitar o seu

sentimento”, afirma.

Matar a Morte

Todos nós, em algum momento da vida,

passamos por uma situação que parece não

ter solução. Gláucia Resende Tavares, psi-

cóloga clínica e fundadora da rede API, per-

deu a filha Camile, 18 anos, em um brusco

acidente de carro. Ela, ao invés de se entre-

gar à dor e ao desespero, decidiu criar, junto

com o marido, uma associação para auxiliar

a todos aqueles que se sentiam como ela.

“Matar a morte é poder reverenciar a

memória, ter gratidão e reconhecimento.

Uma boa morte pode ser o resultado de uma

vida bem vivida”, reconhece.

Em um grupo como esse e o GAL, por

exemplo, todos têm a chance de comparti-

lhar sentimentos e experiências, ouvir a

história de outras pessoas que também estão

sofrendo, e perceber que ninguém está sozi-

nho. “Desde o dia em que fui recebido pela

API, iniciei um conhecimento e passei a

entender meus sentimentos”, afirma Ita-

mar. Ele ainda diz que “no primeiro encon-

tro, vi a doutora Gláucia falar o seguinte:

nasceu, vai morrer. Isto eu nunca esqueci.

Não superei, mas consigo aceitar melhor a

situação”, explica.

arMas soBre roDas

De acordo com o Sargento Márcio

Roberto Pereira, do Batalhão de Polícia de

Trânsito da PMMG, acidentes de trânsito

estão entre os principais causadores de

óbito em Minas Gerais. “Na maioria dos

casos, jovens entre 18 e 27 anos são as

vítimas. Em geral, os acidentes são decor-

rência de negligências e de falta de cui-

dado consigo mesmo e com o outro”,

afirma. Associados a bebidas alcoólicas,

drogas, e irresponsabilidade com as regras

de trânsito, veículos se transformam em

armas fatais. Segundo a PMMG, 70% dos

acidentes de trânsito, com vítimas fatais,

estão relacionados ao álcool.

Além de campanhas de conscientiza-

ção e fiscalização mais rigorosas, especial-

mente da Lei Seca, na opinião de Mariel “é

importante também que possamos promo-

ver reflexões acerca de temas como perdas,

morte e luto a fim de conscientizar a popu-

lação do real sentido e valor da vida”.

Page 18: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

18 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

CaRREIRa ouCiÊnCiA

fILho?Filho, só depois da carreira? Vejam quais são os riscos de uma gravidez tardia e os cuidados necessários para garantir uma gestação saudável

Fotos arquivo Pessoal

Page 19: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 19

MaNuel CarValHo

3º Período

O desejo de ser mãe é o sonho de mui-

tas mulheres. E são muitos os motivos

para que esse sonho seja constantemente

adiado: investir (e focar todos os seus

esforços) prioritariamente na construção

da carreira profissional, encontrar alguém

com quem deseja ter um filho, ou querer

primeiro, conquistar a tão sonhada estabi-

lidade financeira...

“Tenho 22 anos de casada. Comecei

a tentar engravidar com 34 anos, após

10 anos de casamento. Adiamos porque

queríamos primeiro alcançar a estabili-

dade financeira”, diz Miriam Lacerda,

mãe aos 45 anos. Essas e outras razões

fazem com que as mulheres engravidem

cada vez mais tarde. Levantamentos no

mundo todo mostram que o número de

gestações depois dos 40 anos tem

aumentado (e muito).

NoVas tÉCNiCas

Há mais de 15 anos, 1,3% dos partos

eram em mulheres com mais de 40. No ano

passado, esse número subiu para 6% — um

aumento de 361,54%. Em 1991, 0,67%

das mulheres tiveram o primeiro filho

depois dos 40. Em 2001, esse número já

subiu para 0,79%. A expectativa dos médi-

cos é que esses índices cresçam cada vez

mais. “O avanço da medicina desenvolveu

técnicas de fertilização capazes de ajudar a

gravidez, o que faz com que as mulheres

posterguem a maternidade”, explica Mau-

rício da Costa Barbosa, ginecologista.

O período mais favorável para a gravi-

dez é entre os 20 e os 35 anos. Aos 20, a

mulher tem 9% de chance de ter um aborto

espontâneo. Aos 35, este número dobra e

torna a duplicar a partir dos 40. A partir dos

27, a probabilidade de se engravidar de

forma natural começa a cair, e a necessi-

dade de auxílio médico cresce conforme a

idade avança. “Engravidei naturalmente

com 42 anos, mas perdi na oitava semana.

Depois engravidei novamente aos 45 anos e

desta vez a gestação foi até o final”, comple-

menta Miriam Lacerda.

A partir dos 42, o processo de divi-

são celular apresenta imperfeições que

fazem com que 90% dos óvulos sejam

anormais. “A mulher nasce com um

número finito de óvulos — cerca de 300

mil. A partir dos 35 anos, existe a dimi-

nuição acentuada dos óvulos”, acres-

centa Maurício da Costa Barbosa, gine-

cologista. Quando um óvulo de má qua-

lidade é fecundado, o bebê corre riscos

de nascer com imperfeições, além de a

gestante ter mais chances de sofrer de

pressão alta e eclampsia – aumento da

pressão arterial que pode provocar con-

vulsão e morte.

Aos 21, uma em cada 1.507 mães tem

chance de dar à luz a uma criança com

síndrome de Down. Aos 40, este número

aumenta para uma em cada 112. Aos 21, a

probabilidade de o feto apresentar proble-

mas neurológicos e má formação dos

órgãos é de uma a cada 525 gestações. Aos

40, essa chance é de uma a cada 62.

No entanto, com os avanços da

medicina, é possível ter uma gravidez

tranquila e saudável depois dos 35 anos.

Basta um acompanhamento médico pelo

menos três meses antes da gravidez e

uma boa alimentação para controlar e

minimizar todos estes riscos. “Tive uma

gestação saudável, sem nenhum pro-

blema até o final. Todos os exames reali-

zados foram satisfatórios”, conta Miriam.

PRObabiliDaDEs

A mulher deve realizar algumas análi-

ses e exames de rotina antes da gravidez,

como mamografia, teste ergométrico,

medir pressão arterial, o colesterol, a glice-

mia e checar a tireoide. “É fundamental ter

um acompanhamento médico antes, para

fazer a prevenção de problemas como a má

formação.”, acrescenta Maurício da Costa

Barbosa, ginecologista.

Um dos cuidados básicos é uma ali-

mentação balanceada que contenha ali-

mentos ricos em ácido fólico, uma vitamina

do complexo B, o que garante a saúde da

mãe e o desenvolvimento do bebê. Algumas

das principais fontes deste nutriente são as

vísceras de animais, feijão, espinafre, bróco-

lis, abacate, abóbora, carne de vaca e de

porco, cenoura, ovo, queijo e grãos integrais.

A necessidade de intervenção cirúrgica

durante o parto vai depender da condição

da grávida. A perda da elasticidade e outros

riscos são mais comuns em gestações tar-

dias, assim como a existência de doenças

crônicas e o ganho de peso excessivo do

bebê. Esses problemas podem inviabilizar o

parto normal.

Após o parto, a recuperação vai

depender da condição física. Em geral, é

mais demorada porque a cicatrização não

é tão rápida. Varizes aparecem com mais

facilidade por conta de uma sobrecarga no

sistema circulatório de cerca de 30%

durante a gestação.

acOmPanhamEnTO

Page 20: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

20 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

CaMila CHaGas e raQuel Durães

3º Período

Inúmeras cidades são lembradas por

pontos históricos que atraem turistas de

diversos lugares. De uns tempos pra cá,

entre catedrais, praias, bares, agora sur-

gem os cemitérios, que deixaram de ser

vistos como lugares mórbidos e se torna-

ram fontes de pesquisa histórica e artís-

tica. A maioria deles, construídos no

século XIX, abriga personalidades e gran-

diosas obras de arte.

Exemplos não faltam. O cemitério

Staglieno, em Gênova, é um dos mais

famosos e belos do mundo; o Père-

-Lachaise, no centro de Paris, onde está o

ex-vocalista Jim Morrison, da banda The

Doors; e o da Recoleta, em Buenos Aires,

onde se encontra o jazigo da ex-primeira

dama da Argentina, Evita Perón, são parte

importante dos roteiros turísticos de todas

essas cidades. Em Belo Horizonte, o Cemi-

tério do Bonfim se destaca pelo conjunto

de estatuaria, considerado dos mais impor-

tantes do país.

reFerêNCia ViVa

O Cemitério do Bonfim também está

na lista dos mais ricos e visitados do país.

Inaugurado no dia 8 de fevereiro de 1897, é

um espaço que, pelo seu tradicionalismo e

obras de arte, em sua maioria, de artistas

italianos que vieram para o Brasil em mea-

dos de 1800, tornou-se ponto de referência

também para os vivos.

“O cemitério não é um museu, da

mesma maneira que um museu não é um

cemitério. São espaços culturais que

podem ser estudados, analisados e visita-

dos pela população”, afirma Marcelina

Almeida que, além de integrante da ABEC,

Associação Brasileira de Estudos Cemite-

riais, também é professora na Escola de

Designer da Universidade do Estado de

Minas Gerais (UEMG). Segundo ela,

“esses espaços podem ser educativos, de

fruição e de aprendizado”. Para comprovar

isso, o cemitério recebe visitas guiadas,

uma vez por mês, com grupos de até 30

pessoas. “Esse projeto é uma forma de edu-

cação patrimonial e valorização do

espaço”, completa Marcelina.

MeMÓria artÍstiCa

O cemitério carrega lembranças e mar-

cas que coincidem com a fundação da pró-

pria Belo Horizonte. Considerado um dos

lugares mais tradicionais da cidade, pertence

ao século XIX, ou seja, é um cemitério oito-

centista. “Devido ao seu tradicionalismo,

este cemitério reflete um modo específico de

culto aos mortos. A razão da sua importância

e fama para a população se justifica por todas

essas razões”, explica Marcelina.

Grandes monumentos se destacam no

cenário que se situa em meio ao silêncio do

Bonfim. São datados do século passado e

representam fases artísticas que vão da art

nouveau ao modernismo. Entre esses artis-

tas estão João Amadeu Mucchiut, um dos

mais reverenciados da época, Nicola Dan-

tolli, Antônio Folini e os irmãos Natali

(Ernesto, Trento, Carlo e Augusto).

Todos os elementos que compõem o

acervo cemiterial possuem significado

estético, artístico, simbólico e cultural. “As

obras cumprem a função de embeleza-

mento e transmitem uma mensagem que

pode ser lida a partir da história e desejos de

perpetuidade e memória para o qual foram

planejados”, afirma a estudiosa.

oDor De saNtiDaDe

Por ser tão antigo e tradicional, o Bon-

fim abriga várias personalidades que mar-

caram o país. Entre elas, de túmulos de

religiosos, como os de Padre Eustáquio e

Irmã Benigna, a políticos que fizeram his-

tória, como o antigo presidente da repú-

blica Olegário Maciel, e Júlia Kubitscheck,

mãe de Juscelino. Além deles, outros

túmulos também estão na lista dos mais

visitados do lugar. São os de Raul Soares, do

jornalista Roberto Drummond e Carlos

Flávio (filho de Carlos Drummond de

Andrade), além de outros políticos.

Apesar de alguns dos restos mortais

não estarem mais no cemitério, como é o

caso de Padre Eustáquio e Irmã Benigna,

ainda estão presentes as placas indicativas

que registram sua passagem por lá. Entre-

tanto, se não estão mais lá, por que fiéis

insistem em ir até lá? “No local existe o que

chamamos de odor de santidade. Isso

prova e representa o momento em que a

pessoa teve seu corpo ali, de alguma

maneira”, explica Belquis Campolina, res-

ponsável pelo túmulo de Irmã Benigna, um

dos grandes exemplos de santidade e fé

conhecidos pela Igreja Católica.

ENtRE tÚmuLos E

cemitério do bomfim guarda parte da memória arquitetônica,

cultural e simbólica de bh

aRtEspATRiMÔniO

divulGaÇão

Page 21: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 21

EsporteEsporteJoão VÍtor Cirilo

3º Período

Saindo de Pouso Alegre, passando pelo

interior paulista, aparecendo em Belo

Horizonte e voando para os Estados Uni-

dos. Essa é a caminhada do jovem Cris-

tiano Silva Felício, pivô de 2,06 metros e 20

anos de idade, que saiu do Minas Tênis

Clube e arrumou suas malas. O destino? A

Universidade de Oregon (EUA), com a

qual assinou vínculo para disputar a pró-

xima temporada da NCAA, liga americana

universitária de basquetebol. O atleta

representará o Oregon Ducks, clube da

Conferência Pac 12 da primeira divisão da

NCAA, na temporada 2013-2014.

Felício foi uma das gratas revelações da

última temporada do Novo Basquete Brasil

e viajou aos Estados Unidos em busca de um

sonho: jogar na NBA, liga de basquete profis-

sional mais importante do mundo. O jovem

atleta conversou conosco no mês de novem-

bro, quando assinou seu contrato com a

universidade. Ele nos falou de sua trajetória

no basquete, suas passagens anteriores por

outros clubes, e o desejo inicial de chegar

em território americano.

o CoMeÇo

Felício teve o primeiro contato com o

basquete aos 12 anos de idade, quando já

chamava a atenção pela sua altura. “O pro-

fessor de Educação Física me chamou para

praticar o esporte, eu acabei gostando e não

parei mais. Tornar-me um jogador não era

meu principal objetivo no começo, mesmo

porque eu não levava o basquete tão a serio”,

conta. As coisas mudaram quando ele foi

para Jacareí, aos 15 anos. “Ali eu percebi que

poderia me tornar um jogador. Desde lá eu

mantive e mantenho até hoje este objetivo.”

Antes de chegar ao Minas Tênis Clube,

equipe onde chamou a atenção de muitos,

Cristiano Felício passou por Pindamonhan-

gaba e Jacareí, em 2006. As dificuldades

impediram sua permanência na primeira

cidade. “Me disseram que não poderiam

ficar comigo, pois não tinham alojamento

para os atletas. Como eu não tinha condi-

ções para bancar uma moradia, pensei que

a estrada para mim tinha acabado ali”.

Com condições melhores em Jacareí,

Cristiano conseguiu passar no teste e por lá

ganhou certo destaque. Em 2007, a pri-

meira convocação para a seleção brasileira

(categoria de base), onde encontrou com

quem seria seu futuro treinador no Minas,

Raul Togni Filho. “Depois de retornar ao

paulista, estava em casa no meio do ano e

recebi uma ligação do Flávio Davis para

fazer um teste no Minas em 2009. Acabei

ficando”, revela o promissor atleta.

Do MiNas Para os estaDos uNiDos

A passagem pelo clube da capital

mineira foi muito proveitosa. “Foi incrível.

O tanto que aprendi com cada técnico que

tive foi uma experiência inexplicável.

Desde o meu primeiro treinador, Flávio

Davis, passando pelo Nestor Garcia e che-

gando ao Raul Togni, que sempre foi o

meu técnico na categoria de base, e o

Cristiano Grama, no último ano, o Minas

foi essencial para tudo o que conquistei na

minha vida como jogador de basquete até

agora”, avalia o jogador.

Após se destacar na temporada

2011/2012 do Novo Basquete Brasil, Cris-

tiano resolveu partir para os Estados Uni-

dos. “Posso te dizer que sempre foi um

sonho e sempre busquei correr atrás dele

todos os dias. Mas só comecei a pensar

realmente nisso depois que acabou o meu

vínculo com o Minas. Decidi que essa era

a hora certa de estar vindo pra cá”.

Os próximos objetivos são claros. “A

primeira meta é ir muito bem na Uni-

versidade no meu primeiro ano e no

próximo para poder chegar à NBA

daqui a dois ou três anos. Espero sem-

pre seguir com a seleção brasileira.

2016 é uma outra meta que estarei tra-

balhando para alcançar. Representar

meu país em casa será maravilhoso”,

completa Cristiano Felício.

Fã do ala Kevin Garnett e torcedor do

Boston Celtics, o jovem já sonha com a

possibilidade de jogar ao lado do ídolo. “Se

isso chegar a acontecer, seria fantástico,

jogar ao lado do meu ídolo e no time que

sempre torci”.

Em BusCa dE um

soNhoaos 20 anos de idade, o mineiro cristiano Felício

inicia neste ano a caminhada

rumo ao sucesso no basquetebol americano

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Page 22: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

22 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

COMpORTAMEnTO

raFael MartiNs

3º Período

Infância pobre, adolescência problemá-

tica e, de repente, fama, dinheiro, carros de

luxo, noitadas, amigos oportunistas e

mulheres fáceis... É o que acontece com a

maioria dos jogadores de futebol. Para afas-

tar as lembranças dos tempos difíceis, mui-

tos se deixam levar pelos prazeres da noite.

A vida de atleta deixa de ser menos atraente

e os craques da bola passam a levar vidas de

astros da música e da televisão. Nesse pro-

cesso, uma personagem tem papel impor-

tantíssimo, a “maria chuteira”.

Elas estão sempre por perto quando eles

se envolvem com mulheres e com o alcoo-

lismo. Outros, com as drogas. Em noitadas

violentas, há registros de acidentes e até

mortes. Jogadores de futebol podem, sim,

sair, ter casos com mulheres e beber, mas

não podem se esquecer de que são figuras

públicas e que o público — principalmente

crianças e adolescentes — os vê como exem-

plos a serem seguidos.

Ídolos de diferentes gerações, de Heleno

de Freitas (que morreu vitimado pela sífilis,

doença sexualmente transmitida) a Garrincha

(largou a esposa e os nove filhos para envolver-

-se em outros relacionamentos); de Ronaldo

Fenômeno (que teve divulgada uma polêmica

saída com três travestis) a Edmundo, Adriano

Imperador e ao goleiro Bruno, os exemplos de

jogadores de futebol que caíram na noite e se

deram mal estão aí pra quem quiser ver. Isso,

pra ficar só nos mais famosos.

E com elas, batucada, birita e, de vez em quando, drogas... mas, às vezes, a

doce vida dos jogadores de futebol acaba em tragédia

ChutEIRa fCmaRIas

Page 23: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013 23

à EsPERa DE uma cElEbRiDaDEVanessa Tosquetto é ex-bailarina do

‘Domingão do Faustão’ e uma ‘maria chu-

teira’ assumida. Recentemente teve seu

nome em evidencia por divulgar uma foto

em uma rede social dando boas vindas ao

jogador Alexandre Pato, do Corínthians.

Sem muita cerimônia, Tosquetto conta que

já teve casos com Ronaldinho Gaúcho e

Daniel Alves — com quem mantém uma

amizade colorida. Ela afirma que as festas

são sempre muito badaladas.

Entre as “marias chuteira” também há

as que preferem permanecer anônimas.

São as que gostam de futebol, mas gostam

de ficar na delas, sem aparecer na mídia.

Amanda Freitas, 20, gaúcha de Santa Cruz

do Sul, diz que já ficou com alguns jogado-

res, sim, mas de times de várzea.“Mas

ainda não peguei nenhum jogador

famoso”, lamenta. Amanda até gostaria de

pegar uma celebridade, mas desde que

ficasse longe da mídia. “As coisas que faço

mantenho somente com o conhecimento

dos envolvidos; se eu, por acaso, tivesse que

aparecer na mídia, seria por mérito meu,e

não na aba de alguém”, avisa.

Amanda, que é gremista, frequenta o

estádio e define “um estilo de jogador” que

gosta ver em campo, aquele que conse-

quentemente a deixa “de pernas bambas”.

— Não é por eu ser gremista, mas o

André Lima, o Tcheco e o Daniel Alves são

do tipo de homem e os jogadores que eu

gosto! As marias chuteira que frequentam

estádios, como é o meu caso, levam muito

em conta a garra do jogador, dentro de

campo. Aquele que é veloz, parte pra cima

e não fica fazendo o tipo uva podre: onde

encosta, cai!

Quanto às caracteristicas fisicas,

Amanda confessa que não tem uma pre-

ferência especial, mas gosta “dos que

tenham braços e pernas bem torneadas

— isso é importante!”. Desde pequena,

Amanda frequenta estádio e diz que tem

vários casos de “loucuras” que fez pra

ficar perto de um jogador. “Uma vez,

quando acabou um jogo aqui na minha

cidade, os jogadores foram para o ôni-

bus. Eu subi na garupa de uma amiga e

me debrucei no vidro do banheiro do

ônibus, e tinha um jogador lá dentro...

Então, tirei minha camiseta e joguei pra

ele autografar.

Reinaldo Rosa, ex-atacante do Atlé-

tico-MG, é mais um exemplo de atleta

que gostava da noite. No inicio de sua

carreira, tinha como rival nada mais

nada menos que Ronaldo Fenômeno.

Ambos surgiram como promessas de arti-

lheiros, mas a diferença veio poucos anos

depois . Ronaldo é r ico e famoso,

enquanto Reinaldo, hoje, toca pagode em

boates de Belo Horizonte, sem sequer ser

lembrado pelo que fez nos gramados.

A noite sempre foi uma companheira

de Reinaldo. Ele não nega que saía para

beber e sambar , sempre assediado por mui-

tas mulheres. Vocalista de um grupo for-

mado por ele, o “Pagode do Rei”, o ex-joga-

dor continua frequentando a noite, mas,

agora, para trabalhar. Casado, Reinaldo

observa que “os jogadores de futebol gostam

de sair como qualquer outra pessoa, mas,

como são caras conhecidas, a exposição é

sempre muito grande”.

Marias CHuteira

Suas companheiras mais frequentes

são as chamadas “marias chuteira”,

mulheres de corpos maravilhosos e que

estão sempre onde se encontram jogado-

res. Não medem esforços para conseguir

aparecer, acompanhando-os, sendo eles de

times pequenos, profissionais ou até juve-

nis. Seja em boates, festas e viagens parti-

culares de jogadores, elas sempre estão

atrás de uma chance de se envolver com

eles. Ficar grávida de um jogador famoso

pode ser, em muitos casos, o sinônimo de

uma gorda aposentadoria.

Mas a relação entre os atletas e “marias

chuteira” tem seu lado misterioso. Alguns

são casados, mas não conseguem resistir à

tentação. Os de famílias pobres se deslum-

bram com facilidade e dão para frequentar

casas noturnas e festas, incapazes de resistir

à tentação das mulheres. “Mesmo os que

são casados dão suas escapadinhas”, afirma

Fernanda Factory, jornalista e blogueira do

portal R7, mas ressalvando que isso é rela-

tivo, “pois depende muito do caráter de

cada um”.

muiTa EXPOsiçãO

PRimEiRO, camisinha

Amanda, que não quis dar o nome

do jogador, diz que ele logo devolveu a

camiseta e que havia “uns números

meio rabiscados”.

— Eu achei que fosse o telefone

dele, depois, quando lavei, o número

saiu e não tentei ligar.

Seus ex-namorados já ficaram

com ciúmes até de fotos, mas ela diz

que não tem nenhum preconceito.

Mesmo assim, para ficar perto de um

jogador, não seria capaz de extrapolar.

“O assasinato de Elisa Samúdio e esse

beijo do Fred em uma garota são

alguns dos casos que apareceram na

mídia e isso me deixa em alerta”.

— Primeiro, usaria camisinha!

Depois eu acredito que a relação que eu

tivesse com esse jogador seria uma rela-

ção discreta e o menos tumultuada

possível, sem correr risco de acontecer

o mesmo que rolou com a Elisa. Em

relação ao beijo do Fred, faria o mesmo

que a menina fez e pra mim não haveria

problema nenhum; afinal, sou sol-

teira”, diverte-se.

maRia chuTEiRa quE sE PREza lEVa Em cOnTa a gaRRa DO JOgaDOR

Page 24: Jornal Lince - Fevereiro de 2013

24 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva - Fevereiro 2013

CaÍQue roCHa

1º Período

O efeito visual proveniente de sinaliza-

dores deixa qualquer espetáculo mais

bonito. Isso ninguém questiona. Mas inci-

dentes recentes provam que há um grande

perigo envolvendo o uso desses artefatos. O

principal motivo é a venda indevida, sem

fiscalização, para pessoas sem qualquer

preparo para manusear esses instrumentos.

Cada tipo de sinalizador — todos fáceis

de serem encontrados no mercado — tem

sua finalidade, que pode ser tanto para

embelezar algum espetáculo quanto para

algum tipo de comunicação. Sinalizadores

mais comuns e baratos são muito usados em

partidas de futebol e shows musicais. Estes

são considerados menos perigosos. Mas há

um caso, como o dos sinalizadores náuticos,

por exemplo, em que o uso é extremamente

perigoso e requer preparo profissional.

seM restriÇão

De acordo com o cabo Cláudio Souza,

do 18º Batalhão da PMMG, “a venda dos

sinalizadores não está restrita e qualquer

pessoa pode comprar sem a necessidade de

apresentar documento ou autorização, por

não se tratar de equipamentos para armas

de fogo”. Também não há crime ou pena

que possa atingir o vendedor. “Caso a utili-

zação incorreta de fogos de artifício leve

alguma pessoa a óbito, como aconteceu no

jogo do Corinthians, o responsável que

lançou ou acendeu o artefato poderá res-

ponder por homicídio culposo, quando não

se tem intenção de matar, e o autor estará

sujeito à pena de um a três anos de deten-

ção”, afirma o cabo.

Ainda sobre a fiscalização da venda de

sinalizadores, o cabo Cláudio Souza

MOMEnTO

sINaLIZadoR, Os riscos de “embelezar” a festa quando há uma grande possibilidade de tudo virar tragédia

sINaLIZadoR,sINaLIZadoR,sINaLIZadoR,a aRma LIBERada

explica que “a Polícia não fiscaliza a venda

de sinalizadores, pois essa tarefa deve se r

da Marinha, tendo em vista que o objetivo

real deste artefato é ser usado para encon-

trar embarcações e pessoas que se perde-

ram no mar ou sofreram algum tipo de

naufrágio”. Infelizmente, os estabeleci-

mentos que fazem esse tipo de comércio só

visam o lucro próprio, se esquecendo de

que o uso por pessoas não capacitadas ou

sem conhecimento sobre fogos pode cau-

sar danos à natureza (como queimadas) à

saúde e à vida de outras pessoas.

BreCHa Na lei

No caso de um menor adquirir um

sinalizador e o uso indevido causar algum

dano ou lesão, os responsáveis pelo menor

serão indiciados, bem como o vendedor, que

nesse caso será indiciado como coautor do

crime. É que, quando acontecem tragédias,

é comum que os verdadeiros culpados pro-

curem repassar a responsabilidade para

menores, devido ao que prevê o Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA).

Após os incidentes envolvendo sinali-

zadores, em Santa Maria – RS, na tragédia

da Boate Kiss, que matou 240 pessoas, e na

partida entre Corinthians e San José, na

Bolívia, as autoridades brasileiras já come-

çam a mudar a forma de tratar o assunto. O

Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) já

criou medidas contra a utilização de sinali-

zadores e fogos de artifício em estádios de

futebol. Já está definido que agora o uso de

sinalizadores está proibido em todo o

território nacional.os alVos

Atleticano fanático e ex-membro da

Galoucura (foi obrigado a sair por causa das

pressões da mãe), Alan Fabiano, 18, sempre

levou sinalizadores aos estádios, “mas não

sinalizadores marítimos”. Segundo Alan, os

mesmos sinalizadores comuns, que são usa-

dos até em festas de aniversário, costumam

ser manuseados até por crianças, nas arqui-

bancadas. Mas ele afirma que, “em todas as

torcidas, muita gente entra com sinalizadores

desses que foram usados pela torcida do

Corinthians — e os alvos são sempre a torcida

adversária”.

Alan, que agora está proibido de fre-

quentar estádios, conta que as torcidas

desenvolveram diversas técnicas de driblar

a fiscalização. Muitas dessas dicas estão,

inclusive, nas redes sociais, mas segundo

Alan, levar os apetrechos dentro dos tênis ou

na cueca é a forma mais comum de passar

pela fiscalização. “Tem parte da cueca, perto

da genitália, que a polícia não passa a mão”,

justifica. Os riscos, no entanto, já começam

na entrada. No caso de sinalizadores

marítimos, pode acontecer de o artefato ser

acionado involuntariamente enquanto é

transportado dentro da roupa ou do tênis,

devido a seu modo de ativação ser manual,

não necessitando de fogo para disparar.

Sobre os métodos usados pelas torcidas

organizadas para ludibriar a fiscalização na

entrada dos estádios, o cabo Cláudio Souza

afirma que “a polícia é munida dentro do

estádio de um forte esquema de segurança,

quando monitora todos os locais, e a qual-

quer sinal de comportamento ilegal por

parte dos espectadores, a segurança da

arquibancada é acionada, e o infrator é

levado para a sala em que será feito o bole-

tim de ocorrência”.

raFael martins