liminar-indenização-de-fronteira

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  • 7/25/2019 LIMINAR-INDENIZAO-DE-FRONTEIRA

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    Seo Judiciria do Distrito Federal

    5 Vara Federal da SJDF

    PROCESSO: 1002530-18.2016.4.01.3400CLASSE: MANDADO DE SEGURANA COLETIVO (119)IMPETRANTE: SINDICATO DOS POLICIAIS FEDERAIS DO RIO GRANDE DO SULIMPETRADO: UNIO FEDERAL, DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE POLICIA FEDERAL

    DECISO

    I

    Trata-se de mandado de segurana, com pedido de liminar, impetrado pelo

    SINDICATO DOS POLICIAIS FEDERAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

    SINPEF/RS em face de ato imputado ao DIRETOR-GERAL DO DEPARTAMENTO DE POLCIA

    FEDERAL - DPF, em que se objetiva, em sntese, o pagamento mensal, aos seus substitudos e a todos

    os servidores do Departamento de Polcia Federal lotados nas localidades de fronteira do Estado do Rio

    Grande do Sul, da parcela denominada indenizao de fronteira, prevista na Lei n 12.855/2013, no valor

    de R$ 91,00 (noventa e um reais), por dia de efetivo servio.

    Pretende, ainda, seja deferida a conexo e distribuio por dependncia aos processos n

    16049-14.2015.4.01.3400 e 56800-43.2015.4.01.3400, em trmite nesta 5 Vara Federal de Braslia/DF.

    Alega que: a) a Lei n 12.855/2013 garante aos servidores da carreira policial federal,

    dentre outras, o pagamento de indenizao aos ocupantes em exerccio em unidades situadas em

    localidades estratgicas vinculadas preveno, controle, fiscalizao e represso dos delitos fronteiria;

    b) a verba tem carter indenizatrio; c) desnecessidade de regulamentao para efetivar a implementao

    da indenizao, uma vez que mensagem eletrnica cuidou dessa matria, listando as unidades de lotao

    que ensejam o pagamento da referida.

    o que basta relatar. Decido.

    II

    Nos termos do art. 7, III, da Lei n 12.016/09, a concesso de medida liminar em

    Mandado de Segurana, para suspenso do ato que ensejou a impetrao, pressupe a presena de

    fundamento relevante (fumus boni iuris), consistente na plausibilidade jurdica da pretenso de direitomaterial deduzida, aliada ao risco de ineficcia do provimento final pretendido (periculum in mora).

    Com efeito, nos termos do art. 8, III, da Constituio Federal, o SINDICATO DOS

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    POLICIAIS FEDERAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL possui legitimidade ativa para

    propositura da presente ao coletiva, objetivando proteger interesses coletivos ou individuais dos

    advogados, ou seja, na qualidade de substituto processual.

    Pontuo que comungo o entendimento de que os sindicatos e associaesdetm ampla

    legitimidade para figurarem como substitutos processuais, no necessitando de autorizao individual

    para tal fim, uma vez que, por fora estatutria, atuam na defesa dos direitos e dos interessescoletivos/individuais dos sindicalizados/associados. Cito:

    Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINRIO.DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL.REPRESENTAO SINDICAL. ART. 8, III, DA CF/88. AMPLALEGITIMIDADE. COMPROVAO DA FILIAO NA FASE DECONHECIMENTO. DESNECESSIDADE. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE

    NEGA PROVIMENTO. 1. O artigo 8, III, da Constituio Federal estabelece alegitimidade extraordinria dos sindicatos para defender em juzo os direitos e

    interesses coletivos ou individuais dos integrantes da categoria que representam.Essa legitimidade extraordinria ampla, abrangendo a liquidao e a execuodos crditos reconhecidos aos trabalhadores. Por se tratar de tpica hiptese desubstituio processual, desnecessria qualquer autorizao dos substitudos(RE 210.029, Pleno, Relator o Ministro Carlos Velloso, DJ de 17.08.07). Nomesmo sentido: RE 193.503, Pleno, Relator para o acrdo o Ministro Joaquim

    Barbosa, DJ de 24.8.07. 2.Legitimidade do sindicato para representar em juzoos integrantes da categoria funcional que representa, independente da

    comprovao de filiao ao sindicato na fase de conhecimento. Precedentes: AI760.327-AgR, Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ de 03.09.10

    e ADI 1.076MC, Relator o Ministro Seplveda Pertence, DJ de 07.12.00). 3. Acontrovrsia dos autos distinta daquela cuja repercusso geral foi reconhecida

    pelo Plenrio desta Corte nos autos do recurso extraordinrio apontado comoparadigma pela agravante. O tema objeto daquele recurso refere-se ao momentooportuno de exigir-se a comprovao de filiao do substitudo processual, para

    fins de execuo de sentena proferida em ao coletiva ajuizada porassociao, nos termos do artigo 5 XXI da CF/88. Todavia, in casu, discute-se omomento oportuno para a comprovao de filiao a entidade sindical para finsde execuo proferida em ao coletiva ajuizada por sindicato, com respaldo noartigo 8, inciso III, da CF/88. 4........ (RE 696845 AgR, Relator(a): Min. LUIZ

    FUX, Primeira Turma, julgado em 16/10/2012, PROCESSO ELETRNICODJe-226 DIVULG 16-11-2012 PUBLIC 19-11-2012).

    PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NOSEMBARGOS DE DECLARAO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.EXECUO DE TTULO JUDICIAL. SINDICATO. LEGITIMIDADE.

    DESNECESSIDADE DE AUTORIZAO DOS SUBSTITUDOS. 1. Ossindicatos e associaes, na qualidade de substitutos processuais, detm

    legitimidade para atuar judicialmente na defesa dos interesses coletivos de todaa categoria que representam, sendo prescindvel a relao nominal dos filiados

    e suas respectivas autorizaes, nos termos da Smula 629/STF. Precedentes:AgRg no REsp 1.423.791/BA, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe

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    26/3/2015; AgRg no AREsp 446.652/RJ, Rel. Ministro Herman Benjamin,Segunda Turma, DJe 27/3/2014; AgRg no AREsp 265.787/DF, Rel. Ministro

    Benedito Gonalves, Primeira Turma, DJe 13/5/2013. 2. Agravo regimental noprovido. (AgRg nos EDcl no AREsp 656.423/RS, Rel. Ministro BENEDITOGONALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12/05/2015, DJe 19/05/2015).

    Em que pese o art. 2-A da Lei n 9.494/97 versar que a sentena civil prolatada em

    ao de carter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus

    associados, abranger apenas os substitudos que tenham, na data da propositura da ao, domiclio no

    mbito da competncia territorial do rgo prolator, pontuo que tal limitao no abarca as aes

    interpostas na Seo Judiciria do Distrito Federal, uma vez que o a prpria Constituio, no seu art. 109,

    2, instituiu, neste mbito, foro nacionalpara causas interpostas contra a Unio. Assim, diante da

    fora normativa da constituio, no h como restringir o alcance dos efeitos desta sentena apenas aos

    substitudos domiciliados no Distrito Federal.

    ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. ASSOCIAO. REPRESENTAO.LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. PREVISO ESTATUTRIA. LIMITAODO NMERO DE REPRESENTADOS. DISPENSABILIDADE DAPROVIDNCIA, NA ESPCIE. AUSNCIA DE COMPROMETIMENTO DA

    RPIDA SOLUO DO LITGIO, POR VERSAR O FEITO SOBRE MATRIAEXCLUSIVAMENTE DE DIREITO. COMPETNCIA JURISDICIONAL DASEO JUDICIRIA DO DISTRITO FEDERAL. 2 DO ARTIGO 109 DACONSTITUIO FEDERAL. SERVIDOR PBLICO INATIVO. ABONOESPECIAL (10,8%). LEI N 7.333/85. INCIDNCIA SOBRE O VENCIMENTO

    BSICO. TRANSFORMAO EM VANTAGEM PESSOAL. LEI N 8.216/91.DIREITO ADQUIRIDO. INEXISTNCIA. 1. Este Tribunal vem firmandoentendimento no sentido da legitimidade do sindicato de classe ou associao

    profissional para atuar em juzo como substituto processual de seus filiados, semnecessidade de autorizao individual de cada um deles e desde que de seusestatutos conste autorizao genrica para tanto, como o caso. 2. O nmero de

    representados aqui no compromete o clere andamento do feito e nem dificulta

    a defesa. Na hiptese de provimento jurisdicional favorvel, existe a possibilidade

    de desmembramento da execuo, relativamente eventual obrigao de

    pagamento das parcelas atrasadas. Incua, portanto a limitao do plo ativo da

    lide. 3. O 2 do art. 109 da Carta Poltica Federal dispe que as aes contra a

    Unio podero ser aforadas no Distrito Federal, ainda que por pessoas

    domiciliadas em outra circunscrio territorial da federao. Assim, a

    competncia jurisdicional da Seo Judiciria do Distrito Federal se projeta para

    alm de seu territrio e, na hiptese, inaplicvel o disposto no art. 2 - A da Lei

    9.494/97, acrescido pela MP 2.180/01, porquanto conflitante com a Carta

    Magna.........(AC 00223264219984013400, JUIZ FEDERAL JOS ALEXANDRE FRANCO,TRF1 - 2 TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA:04/10/2012 PAGINA:243.).

    Com efeito, de se reconhecer que a coisa julgada formada nos autos de ao coletiva

    alcana a totalidade da categoria, independentemente da comprovao de filiao ao Sindicato ao tempo

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    do ajuizamento da demanda, tendo em vista a representatividade ampla conferida aos Sindicatos pelo

    artigo 8, III, da Constituio Federal.

    Como j me manifestei em processo similar a este, perfilho do entendimento mais

    recente assentado pelo Superior Tribunal de Justia no sentido de que ...os sindicatos e associaes, na

    qualidade de substitutos processuais, detm legitimidade para atuar judicialmente na defesa dos

    interesses coletivos de toda a categoria que representam, sendo prescindvel a relao nominal dosfiliados e suas respectivas autorizaes, nos termos da Smula 629/STF, Desse modo, a coisa julgada

    advinda da ao coletiva dever alcanar todas as pessoas da categoria, legitimando-os para a

    propositura individual da execuo de sentena, ainda que no comprovada sua associao poca do

    ajuizamento do processo de conhecimento(AgRg Np REsp 1364690/AL, Rel. Ministro HUMBERTO

    MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/05/2015, DJe 29/05/2015).

    Anoto que, em deciso anterior relativa a outro processo sobre o mesmo tema,

    posicionei-me pela vedao da concesso de liminar da aludida parcela, tendo em vista o disposto no Art.

    2-B, da Lei n. 9.494/97, norma que visa a resguardar os princpios oramentrios, em especial, o da no

    surpresa de dotaes no previstas em lei.

    Contudo, compulsando os autos da Ao Ordinria n 16049-14.2015.4.01.3400, tomei

    conhecimento de que no oramento da Unio, exerccio financeiro de 2015, h previso expressa para o

    pagamento da referida indenizao pleiteada, sob a seguinte denominao: indenizao a servidores em

    exerccio em localidades de Fronteira (lei n 12.855/2013), rgo 30000 (ministrio da Justia)

    Programas de Operaes Especiais. Observo, ainda, que essa previso oramentria abarca tanto os

    servidores pblicos vinculados ao Departamento da Polcia Rodoviria Federal, quanto quelesvinculados ao Departamento da Polcia Federal.

    Alm disso, em outras demandas, que tramitam neste juzo, foram concedidas liminares

    para possibilitar o pagamento a outros servidores pblicos, no havendo, desse modo, qualquer razo

    plausvel para tratamento discriminatrio (art. 5, I, da CRFB).

    Assim, na Ao Coletiva n 16049-14.2015.4.01.3400, h deciso judicial que

    DEFERE a antecipao dos efeitos da tutela para determinar UNIO o pagamento da indenizao

    prevista pela Lei n 12.855/2013 a todos os seus filiados (Delegados de Polcia Federal) que estiveremem exerccio nos municpios listados na Mensagem Eletrnica n 003/2015-SIC/DGP/DPF.

    Na Ao Coletiva n 56800-43.2015.4.01.3400 h deciso judicial determinando o

    pagamento da mesma indenizao prevista pela Lei n 12.855/2013 a todos os Peritos Criminais

    Federais, que estiverem em exerccio nos municpios listados na Mensagem Eletrnica n 003/2015-

    SIC/DGP/DPF.

    Tais informaes modificam por completo meu entendimento quanto vedao de

    pagamento da vantagem pleiteada por fora de deciso de tutela antecipada, pois a previsibilidade na leioramentria do aludido crdito afasta o escopo protetivo da norma jurdica inserta no Art. 2-B, da Lei n

    9.494/97, estabelecendo tambm o distinguishingquanto ao teor da disposio contida na ADC n 04 do

    STF.

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    Passo anlise do caso concreto.

    O cerne da controvrsia diz respeito possibilidade de ser concedido a servidor pblico

    da Polcia Federal, o adicional de penosidade no percentual de 20% (vinte por cento) sobre o seu

    vencimento bsico.

    Para tanto, entendo pela aplicao analgica da Portaria PGR/MPU n. 654/2012 que

    instituiu o referido adicional aos servidores do Ministrio Pblico da Unio, haja vista a ausncia de

    regulamentao especfica da matria pelo rgo competente, qual seja, Conselho da Justia Federal, nos

    termos do art. 5, I, a, da Lei n. 11.798/2008.

    Sobre a questo, consigno que, em casos de omisso normativa, a parte possui a

    faculdade de impetrar mandado de injuno (art. 5, LXXI, da CF) ou ajuizar ao de rito comum, com

    idntico objeto. Deveras, inexiste bice para que a pretenso integrao normativa e o correspondente

    reconhecimento do direito ainda pendente de regulamentao seja deduzida por meio de ao de

    procedimento comum.

    Por outro lado, caso a parte interessada opte pela utilizao do mandado de injuno, a

    competncia ser do: a) STF, quando a elaborao da norma regulamentadora for atribuio do

    Presidente da Repblica, do Congresso Nacional, da Cmara dos Deputados, do Senado Federal, das

    Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da Unio, de um dos Tribunais

    Superiores, ou do prprio STF (art. 102, I, q, CF); ou b) STJ, quando a elaborao da norma

    regulamentadora for atribuio de rgo, entidade ou autoridade federal, da administrao direta ou

    indireta, excetuados os casos de competncia do STF e dos rgos da Justia Militar, da Justia Eleitoral,

    da Justia do Trabalho e da Justia Federal (CF, art. 105, I, h).

    De qualquer maneira, parte interessada facultada a escolha entre o writ injuncional e

    a ao de conhecimento, como ocorreu no presente caso, em que o autor optou pelo ajuizamento de ao

    de rito sumarssimo.

    Nesse sentido, transcrevo o seguinte julgado:

    CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. PROFESSORA UNIVERSITRIA.

    CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIO ESPECIAL SOB O REGIMECELETISTA E NA VIGNCIA DA LEI N 8.112/90. MANDADO DE INJUNO

    N 721-7/DF. ACOLHIMENTO DO PRECEDENTE DO STF.

    1. At a entrada em vigor da Lei n. 9.032, de 28.04.95, que alterou o caput do

    art. 57, da Lei n. 8.213/91, para a comprovao do tempo de servio especial,

    nocivo sade ou integridade fsica, era suficiente que a atividade exercida

    pelo segurado estivesse enquadrada em quaisquer daquelas arroladas pelos

    Decretos n 53.831/64 e n 83.080/79. Precedentes dos TRF's da 1 e 3 Regies.

    2. A deciso proferida pelo col. STF no Mandado de Injuno n. 721-7/DF no

    tem efeito vinculante nem eficcia erga omnes. Tratando-se, porm, de deciso

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    plenria da Suprema Corte, a quem cabe dar a ltima palavra em matria

    constitucional, recomendvel que seja prestigiada pelas instncias inferiores do

    Poder Judicirio.

    3. A competncia originria do STF para julgar mandados de injuno

    impetrados contra o Presidente da Repblica e/ou a(s) casa(s) legislativa(s) da

    Unio (art. 102, I, "q", da CF) no impede o manejo, na instncia ordinria, deao de rito comum com idntico objeto.

    4. Deve ser assegurado ao servidor pblico o direito ao cmputo de seu tempo de

    servio especial como comum para aposentadoria, respeitada a disciplina

    normativa do Regime Geral de Previdncia Social, conforme decidido pelo STF

    ao julgar o Mandado de Injuno n. 721-7/DF.

    (...)

    7 - Apelao e Remessa Oficial parcialmente providas.

    (TRF 5, AC385218/RN, Segunda Turma, Relator Desembargador Federal

    FRANCISCOWILDO, DJE 08/04/2010, pg. 487).

    Feitas essas consideraes, no razovel que, a despeito de ser legalmente previsto,

    seja o direito da parte autora prejudicado pela falta de regulamentao administrativa. A Suprema Corte,

    inclusive, tem compreendido que vivel a atuao jurisdicional para fazer suprir as omisses

    legislativas e administrativas que, porventura, venham a impedir a concretizao de direitos legtimos(STF, MI 721/DF; MI 708/DF).

    Note-se que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar os Mandados de Injuno 670/ES,

    708/DF e 712/PA, modificou seu anterior posicionamento[1], firmado no sentido de que o objeto do

    mandado de injuno cingir-se-ia declarao da existncia ou no de mora legislativa para a edio de

    norma regulamentadora especfica, e passou a aceitar a possibilidade de regulamentao provisria pelo

    prprio Poder Judicirio (teoria concretista geral). Assim, diante da ausncia de norma regulamentadora,

    caberia ao Judicirio o suprimento da lacuna.

    Com efeito, tendo em vista o princpio da inafastabilidade do controle jurisdicional (CF,

    art. 5, XXXV), vlida a atuao do Poder Judicirio quando ocorra leso ou ameaa a direito, sem que,

    dessa maneira, prejudique-se a aplicabilidade do princpio da separao de poderes, notadamente quando

    a regulamentao da matria deva ser feita no mbito do prprio Poder Judicirio.

    No caso vertente, observo que o adicional devido em razo do exerccio de atividades

    penosas, objeto da presente demanda, direito garantido aos trabalhadores urbanos e rurais, conforme se

    depreende do art. 7, XXIII, da Constituio Federal. Trata-se, todavia, de norma de eficcia limitada,

    cuja aplicao depende de legislao infraconstitucional regulamentando a matria.

    Em relao aos servidores pblicos da Unio, h previso expressa garantindo-lhes o

    direito referido adicional, conforme estabelece o artigo 61, IV, da Lei 8.112/90. Nada obstante, os artigos

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    70 e 71 do mesmo diploma legal conferiram legislao especfica a concesso do adicional, bem como

    a fixao, por meio de regulamento, dos termos, condies e limites que a justifiquem, in verbis:

    Art. 70. Naconcesso dos adicionais de atividades penosas,

    de insalubridade e de periculosidade, sero observadas as situaes

    estabelecidas em legislao especfica.

    Art. 71. O adicional de atividade penosa ser devido aos

    servidores em exerccio em zonas de fronteira ou em localidades cujas

    condies de vida o justifiquem, nos termos, condies e limites fixados em

    regulamento.

    Ocorre que, mesmo com previso legal, o adicional de atividades penosas ainda no foi

    regulamentado pelo rgo competente. Por esse motivo, vislumbro a sua concesso sob o argumento deque os servidores do Ministrio Pblico da Unio, que trabalham em reas tidas como periculosas, e

    auferem tal adicional. De fato, a Portaria PGR/MPU n. 633/2010, que foi parcialmente alterada pela n.

    654/2012, prev, a partir desta alterao, que os servidores do MPU lotados em municpio localizado nas

    reas designadas, fazemjus ao adicional de penosidade, seno vejamos:

    PORTARIA PGR/MPU N. 633 DE 10 DE DEZEMBRO DE 2010

    Regulamenta o pagamento do Adicional de Atividade Penosa

    de que tratam os arts. 70 e 71 da Lei n 8.112, de 11 de disembroil de 1990. O

    PROCURADOR-GERAL DA REPBLICA, no uso das atribuies que lhe

    confere o art. 26, inciso XIII, da Lei Complementar n. 75, de 20 de maio de

    1993, e tendo em vista as disposies dos artigos 70 e 71 da Lei n 8.112, de 11

    de dezembro de 1990, resolve:

    Art. 1 O Adicional de Atividade Penosa ser pago aos

    integrantes das carreiras de Analista e Tcnico do Ministrio Pblico da

    Unio, aos servidores requisitados e sem vnculo com a Administrao, em

    exerccio nas unidades de lotao localizadas em zonas de fronteira ou

    localidades cujas condies de vida o justifiquem, constantes da relao em

    anexo a esta Portaria.

    1 Caracteriza-se como zona de fronteira a faixa de at

    cento e cinqenta quilmetros de largura ao longo das fronteiras terrestres.

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    2 Consideram-se localidades cujas condies de vida

    justifiquem a percepo do Adicional de Atividade Penosa aquelas situadas

    na Amaznia Legal e que tenham populao inferior a 200 (duzentos) mil

    habitantes, conforme dados do IBGE, bem como aquelas localizadas nos

    Estados do Acre, do Amap, de Roraima e de Rondnia.

    Art. 2 O Adicional de Atividade Penosa configura-se comovantagem decorrente da localidade de exerccio do cargo cujo valor ser

    apurado na razo de 20% (vinte por cento):

    I do vencimento bsico mensal para os servidores das

    carreiras de Analista e Tcnico do Ministrio Pblico da Unio;

    II do ltimo padro do vencimento bsico mensal da

    carreira de Tcnico do Ministrio Pblico da Unio para os requisitados e sem

    vnculo com a Administrao.

    Art. 3 O pagamento da vantagem devido a partir do incio

    do exerccio do servidor na localidade ensejadora da concesso e cessar

    quando ocorrer:

    I falecimento;

    II exonerao;

    III aposentadoria ou disponibilidade;

    IV movimentao para outra localizao no alcanada

    pela vantagem;

    V afastamento para exerccio de mandato eletivo ou para

    curso no exterior;

    VI- retorno ao rgo de origem no caso dos requisitados; e

    VII qualquer afastamento no considerado como de efetivo

    exerccio.

    Pargrafo nico. No caso do inciso IV, a cessao do

    pagamento ocorrer a partir da efetiva movimentao do servidor.

    Art. 4 A Adicional de Atividade Penosa no incorporado

    aos proventos da aposentadoria ou disponibilidade, nem servir de base de

    clculo para a contribuio previdenciria.

    Art. 5 Compete ao Secretrio-Geral do Ministrio Pblico

    da Unio decidir os casos omissos, bem como dirimir as dvidas suscitadas em

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    relao aplicao das disposies desta Portaria, sendo a incluso ou

    excluso das localidades do rol em anexo decididas pelo Procurador- Geral da

    Repblica.

    Art. 6 Esta Portaria entra em vigor a partir de 1 de janeiro

    de 2011. ROBERTO MONTEIRO GURGEL SANTOS.

    PORTARIA N. 654, DE 30 DE OUTUBRO DE 2012.

    Altera a Portaria PGR/MPU n 633, de 10/12/2010, que

    regulamenta o pagamento do Adicional de Atividade Penosa. O

    PROCURADOR-GERAL DA REPBLICA, no uso das atribuies que lhe

    confere o art. 26, inciso XIII, da Lei Complementar n 75, de 20/05/1993, e

    tendo em vista as disposies dos artigos 70 e 71 da Lei n 8.112, de

    11/12/1990, resolve:

    Art. 1 - Inclui o 3 e altera o 2 do art. 1 da Portaria

    PGR/MPU n 633, de 10/12/2010, que passa a vigorar com a seguinte

    redao:

    "Art. 1 - ...........................................................

    2 - Consideram-se localidades cujas condies de vida

    justifiquem a percepo do Adicional deAtividade Penosa aquelas situadas na

    faixa de at cento e cinquenta quilmetros de largura, ao longo das

    fronteiras terrestres, bem como aquelaslocalizadas na Amaznia Legal e no

    Semirido Nordestino que tenham populao inferior a trezentos mil

    habitantes, conforme dados do IBGE, e, ainda, as unidades situadas nos

    Estados do Acre, do Amap, de Roraima e de Rondnia.

    3 - O limite populacional definido no 2 para os

    municpios localizados na Amaznia Legal e no Semirido Nordestino ser

    revisto a cada dois anos aps a publicao desta Portaria, por ato do

    Secretrio-Geral do MPU." (NR)

    Art. 2 - O Anexo da Portaria PGR/MPU n 633/2010 passa

    a vigorar na forma do Anexo desta Portaria.

    Art. 3 - Esta Portaria entra em vigor na data de sua

    publicao, sendo vedado, a qualquer ttulo, pagamento retroativo.

    https://pje1g.trf1.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsulta...

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  • 7/25/2019 LIMINAR-INDENIZAO-DE-FRONTEIRA

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    No caso em apreciao, verifico ser incontroverso que os substitudos da parte autora

    iniciaram o exerccio de suas atividades nas localidades de fronteira do Estado do Rio Grande do Sul,

    regio localizada em zona de fronteira.

    De outra banda, inegvel a similitude entre as funes exercidas pelos servidores do

    Ministrio Pblico da Unio, do Poder Judicirio e do Departamento de Polcia Federal, mormente no que

    diz respeito aos planos de cargos e salrios que as regeram ao longo do tempo, conforme se observa das

    Leis n. 11.415, 11.416, ambas de 2006, e 9.266/96. Por outro lado, no que concerne ao adicional de

    penosidade, o Ministrio Pblico da Unio cumpriu seu dever legal regulamentando a matria.

    Desse modo, tendo sido constatada a lacuna na regulamentao do adicional discutido,

    bem como a estrita semelhana entre as situaes descritas, reputa-se cabvel a aplicao, por analogia, da

    Portaria PGR/MPU n. 654/2012, que regulamenta o pagamento do adicional de atividade penosa de que

    tratam os artigos 70 e 71 da Lei n. 8.112/1990, em favor dos servidores do Ministrio Pblico Federal, jque tambm integram a Unio.

    Ademais, importante ressaltar que a Administrao Pblica no pode, negar um direito

    constitucionalmente assegurado e institudo por lei e pago a alguns servidores da Unio em detrimento a

    outros, sob pena de macular o princpio da isonomia.

    Em sendo assim, aplicando-se como parmetro de fixao do percentual as Portarias

    PGR/MPU n.s 633/2010 e 654/2012, a parte autora tem direito percepo do adicional de penosidade

    no percentual de 20% sobre o seu vencimento bsico.

    Por fim, consigno que o posicionamento adotado na presente sentena no encontra

    bice na recm editada Smula Vinculante n. 37, do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual no

    cabe ao Poder Judicirio, que no tem funo legislativa, aumentar vencimentos de servidores pblicos

    sob fundamento de isonomia. Isso porque no se trata de determinar isonomia de remunerao entre os

    servidores do Ministrio Pblico da Unio e os servidores do Departamento de Polcia Federal, mas to

    somente utilizar a Portaria editada por aquele rgo como parmetro para fixao do percentual do

    referido adicional destinado a indenizar o servidor em virtude do exerccio de atividades em zonas de

    fronteira ou em localidades cujas condies de vida o justifiquem, no sendo incorporado remunerao

    ou subsdio ante a falta de regulamentao da matria.

    Repiso que a vantagem ora em estudo est devidamente prevista em legislao

    especfica (artigos 61, IV, e 71 da Lei 8.112/90), de modo que sua concesso, atravs da prestao

    jurisdicional, no imiscui o Poder Judicirio na funo legislativa, mas somente concede eficcia a um

    direito legalmente previsto, porm no usufrudo pelos servidores, ante a inrcia do rgo competente em

    regulament-lo por ato normativo infralegal.

    Desse modo, repiso, no se est diante de aumento dos vencimentos com fundamento na

    isonomia, mas sim da concretizaode um direito j legalmente previsto ante a omisso do rgo da

    Administrao Pblica competente para regulamentar a matria de modo a lhe conferir a eficcia

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  • 7/25/2019 LIMINAR-INDENIZAO-DE-FRONTEIRA

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    necessria. O pagamento do adicional por atividades penosas devido aos servidores lotados em cidades

    que o justifiquem, e o seria ainda que no houvesse prvia regulamentao pelo Poder Executivo, em

    virtude de sua previso em lei formal.

    III

    Firme nessas consideraes, DEFIRO a liminar vindicada para determinar que a

    autoridade impetrada IMPLANTE e PAGUE, em at 30 dias aps a intimao desta deciso, a

    gratificao prevista na Lei n 12.855/2013, com base nos mesmos parmetros previstos nas Portarias

    PGR/MPU,aos substitudos do impetrante lotados em regio de fronteira do Estado do Rio Grande do

    Sul, mesmos aos que ingressarem aps a prolao desta deciso, nos termos da fundamentao supra.

    Determino que a deciso antecipatria seja cumprida a todos os filiados da autora,

    lotados nos municpios listados na Mensagem Eletrnica n 003/2015-SIC/DGP/DPF, independentemente

    da data de filiao.

    Em relao aos retroativos, a questo ser enfrentada na sentena de mrito.

    Notifique-se a autoridade impetrada para cumprimento e para prestar informaes no

    prazo de 10 dias.

    Cientifique-se o rgo de representao judicial da pessoa jurdica interessada, nos

    termos do artigo 7, II, da Lei n 12.016/2009.

    Aps, d-se vista ao Ministrio Pblico Federal.

    Aps, retornem os autos conclusos para sentena.

    Desde j, caso a deciso no seja cumprida como acima foi determinado, arbitro

    multa de R$ 500, 00 por dia de atraso e determino a extrao das principais peas do processo para

    encaminhamento ao Ministrio Pblico Federal, a fim de subsidiar ao penal por crime de

    desobedincia/prevaricao.

    Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se com urgncia.

    Braslia-DF,

    https://pje1g.trf1.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsulta...

    e 12 18/04/2016 14:40

  • 7/25/2019 LIMINAR-INDENIZAO-DE-FRONTEIRA

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    DIANAMARIA WANDERLEI DA SILVA

    Juza Federal Substituta 5 Vara Cvel da SJDF

    [1]Teoria no-concretista

    BRASLIA, 14 de abril de 2016.

    https://pje1g.trf1.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsulta...