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Licenciatura Engenharia Electrónica e Telecomunicações H 2 OPower OPower OPower OPower Sistema de Microprodução de Electricidade nas Levadas da Ilha da Madeira Relatório da Cadeira de Projecto Alunos: Alice Alice Alice Alice Sofia Xavier de Sofia Xavier de Sofia Xavier de Sofia Xavier de Andrade Andrade Andrade Andrade Pedro Pedro Pedro Pedro Miguel Pestana Miguel Pestana Miguel Pestana Miguel Pestana Camacho Camacho Camacho Camacho Orientador: Prof. João Dionísio Simões Barros Outubro 2009

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Licenciatura Engenharia Electrónica e

Telecomunicações

HHHH2222OPowerOPowerOPowerOPower Sistema

de Microprodução de Electricidade nas Levadas da Ilha da Madeira

Relatório da Cadeira de Projecto

Alunos:

Alice Alice Alice Alice Sofia Xavier de Sofia Xavier de Sofia Xavier de Sofia Xavier de Andrade Andrade Andrade Andrade PedroPedroPedroPedro Miguel Pestana Miguel Pestana Miguel Pestana Miguel Pestana Camacho Camacho Camacho Camacho

Orientador:

Prof. João Dionísio Simões Barros

Outubro 2009

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RESUMO

Neste projecto final de curso, denominado por H2OPower, pretende-se

implementar um sistema de microprodução de electricidade nas levadas de rega da Ilha

da Madeira.

Este trabalho dividiu-se em 3 fases:

a) Revisão bibliográfica sobre a energia hidráulica e microprodução de

electricidade;

b) Implementação de um sistema de conversão de energia hidráulica em

eléctrica;

c) Projectar um sistema de conversão e controlo da energia a injectar na rede

eléctrica de energia.

Para atingir os objectivos destas fases, foram abordados vários temas,

nomeadamente hidráulica, rede eléctrica de energia, legislação sobre a microprodução

de electricidade, turbomáquinas, motores e electrónica de energia.

Para a realização deste trabalho, foi calculada a potência de uma levada de modo

a escolher a turbina e o motor mais adequados ao projecto, para que assim fosse

possível injectar a energia produzida pelo sistema H2OPower na rede de energia.

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ABSTRACT

The aim of this final project concerned by H20Power, is to implement a system

of microproduction of electricity in the watering “Levadas” of Madeira Island.

This project is divided into 3 phases:

a) Bibliographic revision of hydraulic power and microproduction of

electricity;

b) Implementation of a system that transforms hydraulic power into electrical;

c) Project a system that transforms and controls the energy that is injected in

the electric network of energy.

To reach the goals of these phases, different themes have been cited, namely

hydraulics, electric network of energy, legislation of microproduction of electricity,

turbomachinery, motors and electronics of energy.

For this work, it has been calculated the power of a “Levada” in the segment of

selecting a turbine and the most appropriate motor for this project, so it could be

possible to inject the energy produced by the system H20Power in the network of

energy.

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AGRADECIMENTOS

• Ao Prof. Doutor Dionísio Barros, pela orientação e pela motivação dada a este

trabalho

• Ao Prof. Doutor Herlander Mata-Lima, por ter ajudado na análise hidráulica.

• À Eng. Maria da Luz Jardim, pela disponibilidade em ajudar a nível burocrático.

• Ao Eng. Filipe Santos, por toda a ajuda dada.

• Ao Henrique Nunes, por facultar o micro controlador contido numa placa de

circuito impresso.

• Ao Guido Silva, pela indicação de uma levada com as especificações

necessárias.

• Ao João Santos por ter realizado o trabalho metalúrgico.

• A todos os colegas, pelo apoio moral.

• À família.

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ÍNDICE

Capítulo 1 Capítulo 1 Capítulo 1 Capítulo 1 – Introdução ................................................................................................................... 1

1.1. Motivação .......................................................................................................................... 1

1.2. Objectivos .......................................................................................................................... 2

1.3. Organização ...................................................................................................................... 3

Capitulo 2Capitulo 2Capitulo 2Capitulo 2 – Revisão literária.......................................................................................................... 5

2.1. Energia Hidráulica................................................................................................................. 5

2.1.1 Análise hidráulica...................................................................................................... 6

2.2. Legislação portuguesa sobre a microprodução de electricidade (Decreto-Lei n.º 363/2007)..................................................................................................................................... 8

2.2.1. Objecto....................................................................................................................... 8

2.2.2. Âmbito........................................................................................................................ 8

2.2.3. Acesso à actividade de produção .......................................................................... 8

2.2.4. Direitos do produtor................................................................................................. 9

2.2.5. Deveres do produtor ................................................................................................ 9

2.2.6. Actividade de instalação ......................................................................................... 9

2.2.7. Regimes remuneratórios ........................................................................................ 9

2.2.8. Inspecção ................................................................................................................10

2.2.9. Contagem de electricidade...................................................................................10

2.2.10. Regiões Autónomas ............................................................................................10

2.3. Redes eléctricas..................................................................................................................11

2.3.1. Tensão nominal ......................................................................................................11

2.3.2. Função .....................................................................................................................11

2.3.3. Estrutura topológica...............................................................................................12

2.4. Máquinas eléctricas ...........................................................................................................15

2.4.1. Máquinas de corrente alternada (CA) .................................................................15

2.4.2. Máquinas síncronas...............................................................................................15

2.4.3. Tensão gerada ........................................................................................................16

2.5. Conversores electrónicos em ponte.................................................................................18

2.5.1. Rectificação: Conversão CA-CC............................................................................18

2.5.2. Inversão: Conversão CC-CA...................................................................................19

2.6. Controlo por modo de deslizamento ...............................................................................21

Capítulo 3Capítulo 3Capítulo 3Capítulo 3 – Sistema de conversão de Energia Hidráulica nas levadas da Madeira...........25

3.1. Sistema global de conversão............................................................................................25

3.1.1. Levada......................................................................................................................25

3.1.2. Turbina .....................................................................................................................28

3.1.3. Gerador ....................................................................................................................30

3.1.4. Rectificador .............................................................................................................31

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3.1.5. Inversor ....................................................................................................................31

3.1.6. Filtro .........................................................................................................................31

3.1.7. Microcontrolador ....................................................................................................32

3.1.8. Rede eléctrica.........................................................................................................33

3.2. Controlo por modo de deslizamento ...............................................................................33

3.3. Modelos ................................................................................................................................34

3.3.1. Conversores.............................................................................................................34

3.4. Protótipo...............................................................................................................................35

Capítulo 4Capítulo 4Capítulo 4Capítulo 4 – Simulação e Resultados experimentais...............................................................37

4.1. Simulação de todo o sistema ...........................................................................................37

4.1.1. Rectificação ............................................................................................................37

4.1.2. Inversão, controlo e filtragem ..............................................................................38

4.2. Circuitos electrónicos .........................................................................................................42

4.2.1. Rectificador .............................................................................................................42

4.2.2. Inversor / Driver......................................................................................................43

4.2.3. Sensores ..................................................................................................................44

4.2.4. Filtro .........................................................................................................................46

4.3. Resultados experimentais.................................................................................................47

4.3.1. Teste ao gerador.....................................................................................................47

4.3.2. Teste ao rectificador ..............................................................................................48

4.4. Comparação dos resultados .............................................................................................49

4.4.1. Rectificação ............................................................................................................49

4.4.2. Inversão ...................................................................................................................51

Capitulo 5Capitulo 5Capitulo 5Capitulo 5 – Conclusões ................................................................................................................53

5.1. Conclusões gerais ...............................................................................................................53

5.2. Trabalhos futuros ................................................................................................................54

Referências ......................................................................................................................................55

Anexos ..............................................................................................................................................57

Anexo A – Algoritmo do método de controlo por modo de deslizamento ........................59

Anexo B – Código em linguagem C utilizado no microcontrolador AVR 90USB1287 para implementar o controlador do sistema H2O Power ..............................................................60

Anexo C – Esquema utilizado na simulação do sistema H2O Power .................................64

Anexo D – Circuito impresso do rectificador ..........................................................................65

Anexo E – Circuito inversor H2O Power ...................................................................................67

Anexo F – Sensor de corrente...................................................................................................69

Anexo G – Sensor de tensão.....................................................................................................72

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1. MOTIVAÇÃO

O crescimento económico verificado nos últimos anos fez aumentar a produção

industrial e o consumo de energia proveniente de combustíveis fosseis. A utilização

destes combustíveis fez aumentar a poluição no planeta, pois eles libertam CO2 para a

atmosfera. A grande quantidade de CO2, provocou uma diminuição na camada de

Ozono que envolve o planeta, desenvolveu assim um ‘buraco’ com cerca de 25 milhões

de km2, por onde é propícia a entrada de raios ultra-violeta que são prejudiciais ao

Homem [1].

É dever do Homem proteger o seu planeta, para isso ele deve aproveitar as

energias provenientes de fontes naturais. De notar que, a quantidade de energia que o

Homem utiliza, na Europa, provenientes de fontes naturais, é apenas de 4,9%, da

utilizada, sendo que os restantes 95,1% provêm de energias fósseis. Por isso, agora, o

plano da União Europeia é alterar estas percentagens para cuidar do planeta Terra, pois

até 2020 é pretendido reduzir o consumo de energias fósseis em 20% [2].

A ilha da Madeira é uma região que possui muitos percursos de água de rega,

cerca de 2000 km de água em pouca área, e além disso tem um desnível topográfico

favorável ao aproveitamento de energia proveniente do movimento da água que

percorrem as levadas [3].

Como alunos de Licenciatura em Engenharia Electrónica e Telecomunicações

e como jovens temos o dever de aplicar os conhecimentos adquiridos para o cálculo de

sistemas alternativos de produção de energia eléctrica, a partir de fontes de energia

renováveis.

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1.2. OBJECTIVOS

Neste projecto de final de licenciatura pretendeu-se:

Realizar a revisão literária sobre energia hidráulica, rede eléctrica de energia,

legislação portuguesa sobre a microprodução de electricidade, geradores

eléctricos de energia hidráulica, fundamentos de electrónica de energia;

Estudar o potencial energético das levadas da Ilha da Madeira de modo a realizar

o estudo teórico, de simulação e de verificação experimental da potência da

energia hidráulica;

Escolher e construir uma turbina que optimize a transferência da energia

hidráulica em energia mecânica;

Estudar o modelo do gerador eléctrico e realizar a simulação no SIMULINK do

gerador em regime estacionário e em regime dinâmico e, também, estudar o

princípio de funcionamento de um inversor com controlo por modo de

deslizamento da tensão AC;

Realizar testes experimentais em laboratório para medir a potência, correntes e

tensões do alternador de conversão de energia hidráulica em energia eléctrica;

Analisar modelos do inversor de tensão AC e projectar e realizar a simulação de

controladores da tensão AC do inversor;

Simular o sistema de microprodução de electricidade a partir de energia

hidráulica;

Construção de um protótipo laboratorial do sistema de microprodução de

electricidade.

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1.3. ORGANIZAÇÃO

Este relatório está organizado em cinco capítulos de modo a agrupar todos os

objectivos deste trabalho. Sendo assim a divisão em capítulos segue a seguinte ordem:

Capítulo 1 - Introdução

o Neste capítulo é realizada a introdução ao projecto, onde é

apresentada a motivação para a realização do trabalho e são

enumerados os objectivos para o mesmo, sendo assim neste capítulo

é apresentada uma noção geral do relatório e do trabalho.

Capítulo 2 – Revisão Literária

o Neste capítulo são apresentadas as noções teóricas necessárias à

realização do trabalho, nomeadamente sobre a energia hidráulica, a

legislação portuguesa sobre a microprodução de electricidade, redes

eléctricas, máquinas eléctricas, conversores electrónicos em ponte e

controlo por modo de deslizamento.

Capítulo 3 – Sistema de conversão de energia hidráulica nas levadas da

Ilha Madeira

o É apresentado sistema a desenvolver, assim como a descrição e

caracterização detalhada de todos os blocos envolvidos no sistema.

São realizadas as deduções das leis de controlo por modo de

deslizamento, apresentado o modelo da corrente e o protótipo do

sistema H2OPower.

Capítulo 4 – Simulação e Resultados Experimentais

o É realizada a simulação dos vários blocos do sistema H2OPower,

assim como do sistema completo no MatLab Simulink. São

enumerados os componentes utilizados para a construção dos vários

circuitos necessários para o sistema H2OPower. No final do

capítulo, estão mostrados os resultados experimentais realizados ao

longo de todo o trabalho.

Capítulo 5 – Conclusões

o No último capítulo deste relatório, estão descritas as conclusões de

todo o trabalho, assim como trabalhos que poderão dar continuação

ao trabalho apresentado neste relatório.

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CAPITULO 2 – REVISÃO LITERÁRIA

2.1. ENERGIA HIDRÁULICA

A energia hidráulica é aquela que é produzida através do movimento da água,

usa a energia cinética e potencial da água para produzir electricidade. Este tipo de

energia manifesta-se na natureza nos rios, lagos, entre outros fluxos de água e pode ser

aproveitada pelo desnível do terreno ou pelo escoamento de grandes quantidades de

água. Utilizando turbinas, a energia hidráulica pode ser convertida em energia mecânica

e consequentemente esta última é convertida em energia eléctrica [4].

Como todas as energias, a energia hidráulica apresenta vantagens e desvantagens

que são apresentadas na tabela I [5]:

TABELA I – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ENERGIA HIDRÁULICA.

VANTAGENS DESVANTAGENS A energia é produzida a

partir de uma fonte contínua, neste caso, o movimento da água.

Não polui o meio ambiente.

O movimento das turbinas utilizadas nos cursos de água pode provocar ruído;

Tem de ser efectuada uma vigilância e manutenção do equipamento periodicamente;

Muitas vezes, o curso de água fica em lugares de difícil acesso.

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2.1.1 ANÁLISE HIDRÁULICA

As forças que determinam o escoamento de fluidos com superfície livre são a

força da gravidade (peso do fluido) e a força de resistência viscosa (atrito do fluido com

as paredes do canal que orienta o seu movimento).

Para calcular a potência do fluxo de água utilizou-se a seguinte expressão:

. (2.1)

Onde P é a potência em watts, ρ é densidade volúmica [ρH2O=1000kg/m3], g é a

aceleração da gravidade [g=9,8 m/s2], Q é o caudal [m3/s] e H é a queda [m].

O caudal, Q, é dado por:

, (2.2)

onde v é a velocidade do fluido [m/s] e A é a área ocupada pelo fluido [m2].

Pela figura 1 tem-se que a área é dada por:

. (2.3)

Figura 1 - Secção recta do canal.

A inclinação do leito em relação à horizontal é quantificada pelo seu declive, e

denota-se por J.

Pela análise da figura 2 pode-se verificar que o declive é dado por:

. (2.4)

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Figura 2 - Esquema de um curso de água com declive.

A distribuição de velocidade em cada secção recta do canal não é uniforme, a

velocidade (nula nas paredes) é máxima num ponto afastado das margens e situado

ligeiramente abaixo da superfície livre, registando um valor que se pode considerar

médio (próximo de 85% da velocidade à superfície) a uma profundidade de cerca de

60% da altura hH2O.

A velocidade utilizada para o cálculo do caudal é dada por:

. (2.5)

Onde K é uma constante que depende do material do canal, J é o declive do

canal em estudo e Rh é obtido por

, (2.6)

onde A é a área que a água ocupa e P é o perímetro da água em contacto com as

paredes da levada.

Ainda na expressão do cálculo da potência, expressão 2.1, tem-se a queda, que é

dada por:

, (2.7)

onde p é a pressão, γ é peso volúmico, z é a altura da levada, v é a velocidade e g

é a aceleração gravítica.

No caso de não existir nenhum depósito no início do curso de água não se

considera o primeiro e o segundo termos da expressão 2.7, sendo assim a queda é dada

por:

. (2.8)

Finalmente, após a análise efectuada até aqui, pode-se mostrar que a potência de

um fluxo de água em céu aberto é dada por:

. (2.9)

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8

Pela análise da expressão 2.9, concluiu-se que a levada deve possuir uma grande inclinação de modo que a velocidade da água seja elevada, pois este é o termo da

expressão 2.9 que faz com que a potência aumente significativamente [4] [6] [7] [8].

2.2. LEGISLAÇÃO PORTUGUESA SOBRE A MICROPRODUÇÃO DE ELECTRICIDADE (DECRETO-LEI N.º 363/2007)

Para implementar/estudar um projecto desta natureza foi necessário conhecer a

legislação sobre a microprodução de electricidade. O decreto-lei n.º 363/2007 define os

requisitos legais necessários para a construção do sistema microprodutor. Sendo assim,

serão apenas focados os aspectos essenciais da legislação em vigor, com particular

interesse para a fonte de energia renovável que utiliza a energia hidráulica.

2.2.1. OBJECTO

O Decreto-Lei n.º 363/2007 de 2 de Novembro de 2007 veio regulamentar a

produção de electricidade em instalações de muito pequena potência, designadas por

unidades de microprodução [9] [10].

2.2.2. ÂMBITO

Este decreto-lei aplica-se a todas as instalações de produção de electricidade

monofásica em baixa tensão com potência de ligação até 5,75kW, que utilizem como

energia primária recursos renováveis, ou que produzam em conjunto electricidade e

calor [9] [10].

2.2.3. ACESSO À ACTIVIDADE DE PRODUÇÃO

Podem ser produtores de electricidade, qualquer pessoa/empresa que disponha

de um contrato actual de compra de electricidade em baixa tensão, num determinado

local. Deverá ser nesse mesmo local, o lugar da implementação da unidade de

microprodução.

A potência de ligação, isto é, a potência máxima que o produtor pode injectar na

Rede Eléctrica de Serviço Público (RESP) é limitada a 50% da potência contratada, e

tem como valor máximo 5,75kW no regime geral e 3,68kW no regime bonificado1.

1 O regime geral diz respeito à generalidade dos produtores com acesso à actividade, enquanto o regime bonificado é aplicado aos produtores que utilizem as energias renováveis previstas na lei, como é o caso da hídrica.

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O acesso à actividade de microprodução está sujeita a registo no Sistema de

Registo de Microprodução (SRM) [9] [10].

2.2.4. DIREITOS DO PRODUTOR

Após a emissão do certificado de exploração emitido pela Direcção-Geral de

Energia e Geologia (DGEG), o produtor pode ligar a unidade de microprodução à RESP

e vender toda a electricidade produzida pela potência permitida à RESP. O produtor

pode ainda estabelecer uma unidade de microprodução por cada instalação eléctrica de

utilização [9] [10].

2.2.5. DEVERES DO PRODUTOR

Entregar a electricidade conforme as normas técnicas de modo a não perturbar o

normal funcionamento da RESP.

O produtor é obrigado a celebrar um contrato de compra e venda de

electricidade, contrato que deve seguir os procedimentos legais e respectivos prazos.

Possuir um seguro de responsabilidade civil no caso das unidades de

microprodução situadas em locais de livre acesso ao público.

O produtor também é responsável por facultar todas as informações e facilitar o

acesso à unidade de microprodução do pessoal técnico da DGEG, à Direcção Regional

de Economia competente (DRE), ao comercializador e ao distribuidor [9] [10].

2.2.6. ACTIVIDADE DE INSTALAÇÃO

Qualquer empresário em nome individual ou sociedade comercial, desde que

possua alvará passado pelo Instituto da Construção e do Imobiliário para a execução de

instalações de produção de electricidade, pode exercer a actividade de instalação da

unidade de microprodução [9] [10].

2.2.7. REGIMES REMUNERATÓRIOS

No regime geral a tarifa de venda de electricidade é igual ao custo da energia

do tarifário aplicável pelo comercializador de último recurso do fornecimento à

instalação de consumo.

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Para aderir ao regime bonificado, para a produção de electricidade através da

energia solar, é necessário pedir uma solicitação conforme está no n.º 2 do Artigo 9.º.

Também é preciso possuir de pelo menos 2m2 de área de colectores solares térmicos

para aquecimento de água na instalação de consumo, ou no caso dos condomínios de

uma auditoria energética ao edifício.

No ano da instalação dos painéis solares e nos 5 anos seguintes, a tarifa de

referência tem o valor de 650€/MWh aos primeiros 10MW de potência de ligação,

sendo a tarifa sucessivamente reduzida em 5% por cada 10 MW de potência de ligação

adicionais. No período adicional de 10 anos aplica-se a tarifa correspondente às novas

instalações, findo o qual aplica-se a tarifa do regime geral.

O valor da tarifa de venda de electricidade no caso da energia hídrica é de 30%

do valor da tarifa de referência, ou seja, 195€/MWh. Ainda existe um limite de venda de

electricidade de 4MWh/ano, por cada quilowatt instalado [9] [10].

2.2.8. INSPECÇÃO

A marcação da inspecção é comunicada ao produtor e ao técnico responsável da

entidade instaladora, devendo o último estar presente aquando da inspecção.

Na inspecção são efectuados testes e verificada a conformidade da instalação

com a legislação e regulamentação em vigor. No caso de ser detectada alguma

irregularidade o produtor possui 30 dias para proceder à respectiva correcção, antes de

nova inspecção [9] [10].

2.2.9. CONTAGEM DE ELECTRICIDADE

A contagem da electricidade produzida deverá ser feita através de um sistema de

telecontagem mediante contador bidireccional, autónomo do contador da instalação de

consumo. Este equipamento deve ser instalado num local de livre acesso ao

comercializador, distribuidor e às várias entidades competentes [9] [10].

2.2.10. REGIÕES AUTÓNOMAS

Este diploma aplica-se à totalidade do território nacional, ou seja, Continente e

Regiões Autónomas. Na Região Autónoma da Madeira o organismo com competências

similares à DGEG é a Direcção Regional do Comércio, Indústria e Energia [9] [10].

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2.3. REDES ELÉCTRICAS

A maior parte das centrais eléctricas, por razões técnicas e económicas, ficam

situadas longe do local de consumo da energia eléctrica. As redes de energia eléctrica

são infra-estruturas que asseguram a transmissão de energia desde o local de produção

até ao consumidor final [11].

As redes eléctricas podem ser classificadas, segundo os três próximos critérios:

tensão nominal2, função e topologia.

2.3.1. TENSÃO NOMINAL

Dependendo da tensão nominal numa rede eléctrica, podemos separar nas

classes da tabela II.

TABELA II – DISTINÇÃO DE CLASSES SEGUNDO A TENSÃO NOMINAL DA REDE ELÉCTRICA [11].

Classe Tensão Nominal (kV) Baixa Tensão (BT) menor que 1

Média Tensão (MT) entre 1 e 45 Alta Tensão (AT) entre 45 e 110

Muito Alta Tensão (MAT) acima de 110

2.3.2. FUNÇÃO

Pode-se agrupar as redes eléctricas através da função desempenhada:

-Redes de distribuição

Estas redes utilizam três níveis de tensão (BT, MT e AT) para levar a energia até

aos consumidores. É nas redes de baixa tensão que é injectada a energia produzida pelos

produtores independentes, que utilizam energias renováveis.

-Redes de transporte

2 Grandeza que determina a capacidade de transporte e fixa as dimensões das linhas e da aparelhagem das subestações.

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A função destas redes é a de transportar a energia produzida pelos grandes

centros produtores, até às redes de distribuição.

-Redes de interligação

Estas redes fazem a ligação entre as várias redes de transporte existentes.

2.3.3. ESTRUTURA TOPOLÓGICA

A estrutura topológica de uma rede vai variar muito consoante a relação de

fiabilidade/custo pretendida para a mesma. Por um lado os elementos da rede estão

sujeitos a avarias e são necessárias alternativas fiáveis, por outro lado é desejável uma

contenção nos custos.

As estruturas topológicas mais usadas são: rede radial, rede malhada e rede

malhada (anel) com exploração radial.

-Rede radial

Corresponde à rede com um menor custo associado, mas também à menos

fiável. Normalmente é utilizada nas redes de distribuição e consiste em linhas que se

vão ramificando a partir de um ponto de alimentação, sem jamais se encontrarem num

ponto comum, figura 3a).

-Rede malhada

Esta rede apresenta uma maior fiabilidade e um custo mais elevado. É utilizada

nas redes de transporte e é constituída por várias linhas ligadas de tal maneira, a que

formem malhas fechadas, figura 3b). Desta forma, em caso de avaria de uma linha

existe um percurso alternativo de transporte da energia até ao consumidor.

-Rede malhada (anel) com exploração radial Esta topologia é utilizada nos casos de redes de distribuição em áreas urbanas

com elevada densidade de carga. É constituída por interruptores normalmente abertos,

que são fechados em caso de avaria de determinada linha, figura 3c).

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Figura 3 – Estrutura topológica da rede a) Rede radial b) Rede malhada c) Rede malhada (anel) com

exploração radial [11].

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Um Sistema de Energia Eléctrica (SEE) para funcionar correctamente deve

satisfazer alguns requisitos, por exemplo:

Assegurar a cada instante a produção de energia de modo a satisfazer a

necessidade dos consumidores, uma vez que a carga3 de um SEE não é

constante ao longo do dia e varia conforme a actividade humana;

Certificar que a energia eléctrica cumpre os parâmetros de qualidade

estabelecidos: frequência constante, tensão dentro de limites estreitos, forma

de onda sinusoidal, fiabilidade elevada.

Em seguida são apresentados alguns conceitos básicos inerentes aos sistemas

eléctricos.

-Sistema trifásico: é a forma mais usual de proceder à produção, transporte e

distribuição da energia eléctrica. Este sistema é composto por três tensões sinusoidais

desfasadas de 120º entre si, o que o torna muito mais eficiente em comparação com três

sistemas monofásicos isolados, transferindo a mesma potência.

-Potência activa: corresponde à potência que é efectivamente transferida. Pode

ser calculada através:

, (2.10)

onde V é o valor eficaz da tensão, I o valor eficaz da corrente e o ângulo de

desfasagem entre a tensão e a corrente.

-Potência reactiva: corresponde a uma potência com valor médio nulo, que

resulta na variação da energia magnética ou eléctrica armazenada nos elementos

indutivos ou capacitivos da impedância de carga. A potência reactiva (Q) pode ser

expressa como:

, (2.11)

onde V é o valor eficaz da tensão, I o valor eficaz da corrente e o ângulo de

desfasagem entre a tensão e a corrente [11] [12].

3 Conjunto de equipamentos ligados à rede que absorvem energia eléctrica.

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15

2.4. MÁQUINAS ELÉCTRICAS

As máquinas eléctricas rotativas assumem diferentes formas e consequentemente

adquirem diferentes nomes, nomeadamente, máquinas de corrente contínua (CC),

síncronas, de ímanes permanentes, de indução. Apesar das aparentes diferenças, estas

têm princípios físicos muito idênticos, sendo por isso útil pensar que o funcionamento

destas é o mesmo [13].

2.4.1. MÁQUINAS DE CORRENTE ALTERNADA (CA)

Existem duas categorias de máquinas CA:

a) As máquinas síncronas;

b) As máquinas de indução.

Nas máquinas síncronas, as correntes do enrolamento do rotor são fornecidas

através de contactos rotativos fixos na parte estacionária do motor (utilizam escovas).

Nas máquinas de indução, as correntes são induzidas nos enrolamentos do rotor por

meio de combinação da variação de correntes no estator e do movimento do rotor em

relação ao estator. Na figura 4 é apresentado um esquema de uma máquina síncrona de

corrente alternada (CA) [13].

Figura 4 - Esquema de uma máquina síncrona [14].

2.4.2. MÁQUINAS SÍNCRONAS

O desempenho de uma máquina síncrona pode ser obtido analisando a tensão

induzida na armadura do gerador síncrono CA de pólos salientes. O enrolamento de

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16

campo desta máquina produz apenas um par de pólos magnéticos e por esta razão esta

máquina é referida como máquina de dois pólos. No entanto, se o enrolamento de

campo da máquina produzir 2 ou mais pares de pólos magnéticos, a máquina é referida

como máquina de 4 ou mais pólos.

O enrolamento de armadura consiste numa bobina de N espiras. O rotor roda a

velocidade constante a partir de uma fonte de potência mecânica ligada ao seu eixo.

Supondo que o enrolamento de armadura está em circuito aberto, o fluxo desta máquina

será produzido apenas pelo enrolamento de campo.

Na análise ideal de uma máquina síncrona, assume-se que a distribuição do fluxo

magnético no entreferro é sinusoidal. Conforme o rotor gira, o fluxo concatenado do

enrolamento da armadura varia no tempo. Tendo em vista as suposições de distribuição

sinusoidal da densidade de fluxo e de velocidade constante do rotor, a tensão resultante

na bobina será sinusoidal no tempo. A tensão da bobina passa por um ciclo completo a

cada revolução da máquina de dois pólos. A frequência em Hertz (ciclos por segundo) é

a mesma que a velocidade do rotor em rotações por segundo: a frequência eléctrica da

tensão gerada está sincronizada com a velocidade mecânica, por isto é que esta máquina

se denomina por máquina síncrona. Uma máquina síncrona de dois pólos deve girar a

3000 rpm para produzir uma tensão de 50Hz. Se o número de pólos aumentar para

quatro a frequência em hertz será o dobro da velocidade em rpm4 [13].

2.4.3. TENSÃO GERADA

Na figura 5 mostra-se o corte transversal de uma máquina CA, onde as bobinas

do rotor e também as do estator estão ilustradas como sendo concentradas. Uma

máquina com enrolamentos distribuídos pode ser representada deste modo

multiplicando o número de espiras em série no enrolamento por um factor de

enrolamento. Se o entreferro é pequeno, assume-se que o enrolamento de campo produz

um fluxo radial fundamental com uma densidade de fluxo de pico Bpico no entreferro,

sendo este

(2.12)

4 In Fitzgerald, A. E., Kingdley Jr. C., UMANS, Stephen D.; Máquinas Síncronas - 6ªedição; Artmed editora. Cap. 4.

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17

Onde é a permeabilidade magnética no vazio, g é o comprimento de

entreferro, Nf é o total de espiras em série no enrolamento do campo, kf é o factor de

enrolamento do campo e If é a corrente de campo.

A tensão induzida na fase a é obtida pela Lei de Faraday:

(2.13)

Onde Nfase é o número de espiras desta fase, é o factor de enrolamento,

é a velocidade mecânica, é o fluxo de entreferro e é a velocidade angular.

Figura 5 - Corte transversal de uma máquina CA [13].

A polaridade desta tensão induzida é tal que, se a bobina do estator for colocada

em curto-circuito, a tensão induzida dará origem a uma corrente que fluirá num sentido

em oposição a quaisquer alterações no fluxo concatenado de bobina do estator.

Na equação 2.13 tem-se que o primeiro termo do segundo membro é a tensão de

transformação e está presente apenas quando a amplitude da onda de fluxo de entreferro

varia no tempo. O segundo termo deste mesmo membro é a tensão de velocidade que é

gerada pelo movimento relativo de onda de fluxo de entreferro em relação à bobina do

estator.

Se a amplitude de onda de fluxo de entreferro for constante, o primeiro termo da

equação 2.13 é nulo, o que acontece na maioria das máquinas rotativas, sendo assim a

equação 2.13 transforma-se em

(2.14)

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18

A partir da equação 2.14 é possível obter todos as características de um gerador

síncrono [13].

2.5. CONVERSORES ELECTRÓNICOS EM PONTE

A tensão gerada pelo gerador embora sinusoidal, não apresenta as características

necessárias para a injecção directa de energia na rede eléctrica. É fundamental que a

corrente injectada, tenha limites aceitáveis de ruído e sincronismo com a rede de energia

eléctrica. Na figura 6 mostra-se o sistema utilizado. O rectificador transforma a tensão

sinusoidal gerada pelo gerador numa tensão contínua. Em seguida, esta tensão volta a

ser convertida em alternada no inversor, para que possa ser injectada na rede eléctrica.

Figura 6 – Diagrama simplificado do sistema.

2.5.1. RECTIFICAÇÃO: CONVERSÃO CA-CC

De modo a controlar a tensão gerada pelo gerador, foi necessário realizar uma

rectificação, ou seja, realizar uma conversão de tensão alternada para tensão continua.

Para tal pretendia-se realizar uma rectificação de onda completa, por isso optou-se por

utilizar uma ponte de díodos.

2.5.1.1 PONTE MONOFÁSICA DE ONDA COMPLETA COM DÍODOS

Considerando o rectificador de onda completa apresentado na figura 7a),

assumindo díodos ideais, tem-se que os estados permitidos dos díodos são:

Díodo D1 e D3 conduzindo e os díodos D2 e D4 bloqueados, para vs(t)>0

Díodo D2 e D4 conduzindo e os díodos D1 e D3 bloqueados, para vs(t)<0.

Sendo assim, a tensão na resistência é positiva para ambas as polaridades de

tensão da fonte, figura 7b).

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19

Figura 7 – a) Ponte rectificadora de onda completa [13]. b) Onda rectificada [13].

No entanto, a forma de onda apresentada ainda não se aproxima de um sinal

contínuo, pois apresenta muitas variações, para eliminar estas variações é utilizado um

condensador, tal como se pode verificar na figura 8a), e com a introdução deste

rectificador a forma de onda passa a ser a apresentada na figura 8b).

As variações apresentadas na imagem 8b) são efeito da tensão de ripple, este é

definido como a diferença entre o valor máximo e o valor mínimo, no entanto estas

variações podem ser diminuídas se for utilizado um condensador com maior capacidade,

no isto provoca um aumento de corrente no lado do gerador.

Figura 8 – a) Ponte rectificadora com o condensador [13]. b) Onda rectificada com ripple [13].

2.5.2. INVERSÃO: CONVERSÃO CC-CA

2.5.2.1. INVERSORES DE FONTE DE TENSÃO COM MODULAÇÃO POR LARGURA DE PULSO

Na figura 9 apresenta-se um inversor monofásico com configuração em ponte H,

onde uma carga RL é alimentada a partir de uma fonte de tensão, assumindo que o

tempo de comutação dos semicondutores do inversor é menor que a constante de tempo

(L/R).

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20

Figura 9 – Configuração de inversor monofásico em ponte H [13].

Considerando a forma de onda típica da tensão e corrente na carga apresentada

na figura 10, nota-se que os semicondutores de comutação, neste caso são os IGBT’s5,

funcionam durante um período T e um ciclo activo D (0 ≤ D ≤ 1). Pode-se verificar que

os semicondutores de comutação C1 e C3 estão fechados conduzindo, e a tensão de

carga é V0. Isto é seguido por um tempo (1-D)T, durante o qual os semicondutores de

comutação C1 e C3 estão abertos e a corrente é transferida aos díodos D2 e D4, fazendo

com que a tensão de carga seja igual a –V0. O ciclo activo D é uma fracção do período

total, fracção do período durante a qual a tensão de carga é V0.

É de salientar, que embora os semicondutores de comutação C2 e C4 sejam

fechados depois dos semicondutores de comutação C1 e C3 serem abertos, eles não

conduzirão a corrente a não ser que a corrente de carga se torne negativa. Assim a

corrente irá circular pelos díodos de protecção, isto acontece porque os semicondutores

de comutação são dispositivos semicondutores. Se a corrente de carga tornar-se

negativa, esta será controlada activando C2 e C4 em conjunto com D1 e D3, assim C1 e

C3 não conduzem corrente [13].

Figura 10 – Formas de onda típicas na carga da a) tensão e da b)corrente [13].

5 O IGBT é um transístor de potência, que normalmente é utilizado como interruptor controlado. Usualmente, os IGBT’s são protegidos por díodos inversamente polarizados, ligados entre o colector e o emissor. Estes dispositivos de protecção são incluídos frequentemente como partes integrais do dispositivo

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21

O controlo efectuado pelos semicondutores de comutação C1, C2, C3 e C4

denomina-se por PWM, Modulação por largura de impulso.

2.5.2.1.1. PWM – PULSE-WIDTH MODULATION

O PWM (Pulse Width Modulation) é um método de controlo por largura de

impulso, ou seja, é um circuito que gera um sinal quadrado de largura variável. Sendo

esta largura dependente do sinal de controlo.

Este é um método utilizado para variar o valor da transferência de potência

entregue a uma carga sem perdas ocorridas normalmente devido à queda de tensão por

recursos resistivos. Num sistema PWM são utilizados IGBT’s, que controlam o fluxo de

corrente, fazendo com que conduzam corrente de forma alternada, o que provoca uma

queda de tensão mínima. Sendo assim, praticamente nenhuma potência é dissipada, caso

os IGBT’s sejam ideais.

A utilização do PWM permite controlar a tensão ou a corrente à saída, isto

acontece porque os IGBT’s vão sendo ligados e desligados alternadamente. Assim,

quando a tensão/corrente de saída é maior que a desejada, o IGBT é desligado, e quando

a tensão/corrente de saída é menor que a desejada, o IGBT é ligado.

À saída do PWM, normalmente é utilizado uma bobina e um condensador, de

forma a filtrar o ripple provocado pela alternância entre o funcionamento dos IGBT’s.

[15].

2.6. CONTROLO POR MODO DE DESLIZAMENTO

Os conversores são sistemas de estrutura variável, isto porque os semicondutores

de potência para converterem eficientemente a energia eléctrica funcionam como

interruptores. O controlo de sistemas de estrutura variável não é realizado por acções de

comando contínuas. Em vez disso, as acções de comando são dadas quando são

atingidas certas superfícies de descontinuidade entre estruturas. A comutação entre as

estruturas a uma frequência infinita origina uma trajectória, que desliza ao longo da

superfície de descontinuidade. Esta forma de realizar o controlo do conversor é

designada por modo de deslizamento. Os controladores por modo de deslizamento

assumem o conversor como um sistema não linear variante no tempo, o que permite um

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controlo mais robusto e menos complexo do que os moduladores PWM convencionais e

controladores lineares [16].

Na lei de controlo em sistemas realimentados, é mais fácil lidar com os erros

das variáveis de estado na forma canónica de controlabilidade em relação às suas

referências , como novas variáveis de estado.

(2.15)

Considerando uma frequência de comutação finita, a superfície de comutação

S(ei,t) é:

(2.16)

Teoricamente num sistema de estrutura variável em modo de deslizamento, a

comutação entre as estruturas a uma frequência infinita origina uma trajectória, que

desliza ao longo da superfície de comutação (o erro ∆ seria nulo). Considerando apenas

duas estruturas, a entrada de comando equivalente é:

(2.17)

Num sistema prático é normal haver uma banda de histerese (2∆) centrada na

referência, uma vez que os semicondutores de potência não conseguem mudar de estado

a uma frequência infinita. Assim, a estratégia de comutação passa por alterar o estado

do conversor apenas quando a variável a controlar atinge a barreira definida pela banda

de histerese. U(t) passa a ser definida por:

(2.18)

O fluxograma que descreve o funcionamento do algoritmo por modo de

deslizamento utilizado no controlo do conversor é o seguinte:

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CAPÍTULO 3 – SISTEMA DE CONVERSÃO DE ENERGIA HIDRÁULICA NAS LEVADAS DA MADEIRA

3.1. SISTEMA GLOBAL DE CONVERSÃO

Para converter a energia cinética da levada em energia eléctrica, teve-se em conta o seguinte esquema:

Figura 11 – Sistema Global de Conversão.

3.1.1. LEVADA

Para o gerador produzir a máxima tensão, escolheu-se uma levada com um

grande declive (39º graus), de modo que a água se deslocasse a velocidades elevadas

(aproximadamente 6 m/s). Sendo assim, optou-se por uma levada localizada na

Boaventura, São Vicente.

Com os dados da levada em estudo, calculou-se a potência do fluxo de água

pela análise feita na secção 2.1. O corte longitudinal desenhado no programa “Google

Sketchup” [17] da levada, é apresentado figura 12.

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Figura 12 – a) Corte vertical da levada para o estudo. b) Secção recta do canal de água.

Pela expressão 2.4, calculou-se o declive da levada quando o ângulo entre a levada e a horizontal é de 39,3º.

Para calcular a área e o perímetro utilizou-se o programa de desenho geométrico

“The Geometer’s Sketchpad”6. Aplicando a equação 2.6, obtém-se:

.

Substituindo os valores de Rh e J na equação 2.5, calculou-se a velocidade do

fluxo de água:

.

Considerou-se K=80, pois trata-se de uma levada de cimento.

Pode-se agora calcular o valor da potência pela expressão 2.9, no entanto é de

salientar que, ao valor da potência é necessário acrescentar o rendimento da turbina,

, o rendimento do motor, , e o rendimento do alternador,

, de modo a verificar que potência se pode aproveitar. Sendo assim, o valor

da potência considerando as perdas do equipamento utilizado é:

Para confirmar estes valores fez-se medições práticas, e registou-se os resultados

na tabela III. Para obter os valores apresentados, realizou-se o seguinte procedimento:

6 http://www.dynamicgeometry.com/JavaSketchpad/Download_Center.html

Dados: α≈39,3º K=80

a) b)

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Velocidade:

• Mediu-se o comprimento da levada;

• Colocou-se um objecto dentro da água no topo da levada;

• Verificou-se quanto tempo é que o objecto demorou a chegar à base;

• Registou-se o tempo;

• Repetiu-se o procedimento anterior dez vezes e calculou-se o valor

médio da velocidade, registando-o na tabela III.

Caudal

• Utilizou-se um balde de 10 litros;

• Colocou-se o balde na base da levada;

• Verificou-se quanto tempo é que o balde demorou a encher;

• Registou-se o tempo;

• Repetiu-se o procedimento anterior dez vezes e calculou-se o valor

médio do caudal, registando-o na tabela III.

Área

• Utilizou-se o valor apresentado nos cálculos teóricos, pois esse valor é

real.

TABELA III – VALORES PRÁTICOS DAS CARACTERÍSTICAS DA LEVADA.

Velocidade, v Caudal, Q Área, A

5,7m/s 0,0042m3/s 0,0076m2

O valor prático da potência da levada é, aplicando directamente a equação 2.9:

Ao comparar o valor da potência teórico com o valor prático, verifica-se que

estes são muito diferentes. Esta diferença deve-se ao facto que no cálculo teórico foram

consideradas as perdas da turbina, do motor e do alternador, e no cálculo prático tal não

aconteceu; também deve-se ao facto que para o cálculo teórico utilizou-se o valor de

uma velocidade calculada teoricamente, sendo que esta foi calculada livre de atritos,

enquanto a velocidade utilizada para o cálculo prático foi uma velocidade medida na

levada, como explicado anteriormente.

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28

3.1.2. TURBINA

Para aproveitar a potência da levada, estudou-se algumas turbinas (Pelton,

Francis e Kaplan) e decidiu-se construir uma turbina simples e de baixo custo.

Fez-se alguns estudos, nomeadamente a variação da frequência, f, em função do

tamanho das pás da turbina, r, ou seja, do raio da turbina. Os resultados estão resumidos

na figura 13. Para os cálculos, considerou-se a equação 3.1. e que a velocidade era

5,7m/s.

(3.1)

Figura 13 – gráfico da variação da frequência em função do raio da turbina.

Pela análise do gráfico da figura 13, verifica-se que quanto mais pequeno é o

raio da turbina maior é a frequência. Para maximizar a frequência e a tensão do sistema,

o ideal seria utilizar uma turbina com um raio de 0,10m, pois as características da

levada não permitem pás com dimensões menores que esta. No entanto, para facilitar a

construção da turbina e para diminuir o torque, construiu-se uma turbina com um raio

de 0,30m. O desenho e a fotografia da turbina estão representados nas figuras 14a) e

14b), respectivamente.

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A intensidade do fluxo de água e a dimensão das pás da turbina, permitem gerar

uma frequência de 3,02Hz. Fui utilizada uma caixa de velocidades para maximizar a

geração de tensão à frequência de 50Hz, valor máximo que o gerador suporta.

No entanto, teve-se que manter uma relação de compromisso entre a velocidade

da água, o tamanho das pás da turbina e a caixa de velocidades, pois mesmo depois de

construída a turbina apresentada anteriormente, esta poderá sofrer alterações na sua

dimensão.

Para a escolha da caixa de velocidades, fez-se um estudo analítico para ver qual

é a relação entre a velocidade do fluxo de água e a frequência. Ou seja, fixou-se o valor

do raio da turbina e verificou-se o comportamento da frequência com a variação da

velocidade. Os resultados obtidos foram registados no gráfico da figura 15. Analisando

a figura 15, verifica-se que a frequência cresce de forma proporcional com a velocidade

da água. Pela equação da recta escolheu-se a caixa de velocidades, que está representada

na fotografia da figura 16, com uma relação de 1:6, de modo que fosse possível obter

50Hz à saída do gerador.

Figura 15 – Variação da frequência em função da velocidade.

Figura 14 – a) Desenho da turbina. b) Fotografia da turbina.

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Figura 16 – Caixa de velocidades.

A caixa de velocidades apresentada é da Hidro-Mec, com a referência P311A-

RO68SNCB3, com um ratio de i=6,3.

3.1.3. GERADOR

O gerador utilizado para este trabalho é um motor ac síncrono com o rotor em curto-circuito com rectificação e tem as seguintes características:

TABELA IV – CARACTERÍSTICAS DO GERADOR ELÉCTRICO.

Tipo 2 pólos, monofásico

Regulador de voltagem Condensador Saída máxima em Corrente Alternada 0,78kW Saída nominal em corrente alternada 0,65kW Frequência máxima 50Hz Tensão em corrente alternada (Vpp) 230V

Na figura 17 a) e b), mostra-se o gerador. Nesta figura é possível observar o

entreferro e o rotor. No rotor encontram-se os ímanes e as bobinas que criam um campo

constante, onde é gerada a tensão a injectar na rede.

Figura 17 – Gerador utilizado para o trabalho.

No entanto, a tensão à saída do gerador não está em condições de ser injectada

na rede, por isso é necessário a utilização de um rectificador.

a)a)a)a) bbbb))))

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31

3.1.4. RECTIFICADOR

A tensão à saída do gerador, que tem amplitude e frequência variável,

dependente da velocidade e quantidade de água, é rectificada e essa tensão é acumulada

num condensador de 2200µF.

O rectificador é em ponte completa, em que são utilizadas duas meias pontes

díodos SKKD 46/08, figura 18. O esquema de montagem é o mesmo que fora

apresentado na secção 2.5.1.1.

Na figura 18 mostra-se uma fotografia da placa de circuito impresso com a

ponta de rectificação.

Figura 18 – Fotografia do rectificador utilizado para o sistema H2OPower.

3.1.5. INVERSOR

O inversor converte a tensão DC, armazenada no condensador e produzida pelo

gerador, para injectar na rede de energia eléctrica. O inversor a ser construído e

utilizado neste trabalho é constituído por uma ponte de IGBT´s (SK10GH123)7, drivers

(IR2114SSPBF )8 e opto acopladores (HCPL2631V )9.

3.1.6. FILTRO

De modo a obter um sinal com a qualidade e com as características adequadas à

injecção de corrente na rede, projectou-se um filtro de segunda ordem, constituído por

uma bobina e por um condensador, figura 20.

7 Ver folha de características em: http://www.alldatasheet.com/view.jsp?Searchword=SK10GH123 8 O driver é um dispositivo que faz a comunicação entre o microcontrolador e os IGBT’s. Este tem a função de receber os sinais de baixa potência e transformar num valor de potência adequado para ligar e desligar os IGBT’s. Ver folha de características em: http://www.farnell.com/datasheets/46218.pdf 9 Os optoacopladores possuem um LED e um foto-transístor no mesmo encapsulamento. A utilidade do optoacoplador é manter duas partes do circuito isoladas, electricamente, entre si. Ver folha de características em: http://www.farnell.com/datasheets/87254.pdf

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Para determinar a frequência de corte do filtro, deduziu-se a função de

transferência do filtro passa baixo apresentado na figura 19.

VoutVin

L

C

Figura 19 - Filtro passa baixo.

Aplicando a regra do divisor de tensão e considerando que e ,

obtém-se a função de transferência do filtro:

(3.2) Analisando a função de transferência observa-se que a frequência de corte é

(3.3)

3.1.7. MICROCONTROLADOR

O microcontrolador vai implementar o controlo por modo de deslizamento para

controlar a amplitude, frequência e fase da corrente a injectar na rede.

Utilizou-se o AVR 90USB128710 com as seguintes características:

• Microcontrolador de 8-bit;

• Memória flash com 128K Bytes;

• Interface USB 2.0;

• Conversores A/D;

• Frequência de funcionamento de 8 MHz;

Os conversores A/D foram utilizados na obtenção do valor digital da tensão e

da corrente medida pelos sensores.

No anexo B encontra-se o código associado ao microcontrolador.

10 Ver folha de características em: http://www.farnell.com/datasheets/82582.pdf

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O seguinte diagrama de blocos caracteriza esta parte de controlo, que envolve o microcontrolador:

Figura 20 – Caracterização do controlo.

Realizando alguns testes, foi possível verificar que os ADC’s do

microcontrolador estavam a realizar leituras de tensões correctas. A frequência de

amostragem destas leituras situava-se em 1kHz.

3.1.8. REDE ELÉCTRICA

A electricidade produzida pela fonte de energia renovável está disponível para

todos através da rede pública.

3.2. CONTROLO POR MODO DE DESLIZAMENTO

A tensão à saída do inversor, vac (figura 25) depende da tensão de entrada, vdc

(figura 25), e dos estados dos IGBT’s. A tensão no braço 1 é (ver secção 2.5.2).

(3.4)

Onde pode tomar o valor de 1 ou 0.

(3.5)

Onde pode tomar o valor de 1 ou 0, tal com .

Assim pelas equações 3.4 e 3.5, tem-se que a tensão à saída é dada pela

diferença entre elas:

(3.6)

Como tomam o valor de 0 ou 1, e a expressão à saída é dada pela

diferença entre estes valores, tem-se em conta a seguinte tabela

Sensor Tensão

Microcontrolador

ADC

Execução algoritmo IGBT´s

Sensor Corrente

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TABELA V – VALORES DE GAMA.

0 0 0

0 1 -1

1 0 1

1 1 0

Assim tem-se que a saída é dada por:

em que (3.7)

Através desta equação, pode-se definir então a activação dos IGBT’s, colocando

assim o controlo por modo de deslizamento a funcionar.

O microcontrolador vai implementar o algoritmo descrito na secção 2.6 para

garantir que a corrente segue a sua referência em cada instante de tempo. Na entrada são

aplicadas a corrente e a sua referência e na saída os sinais de controlo dos IGBT’s.

3.3. MODELOS

3.3.1. CONVERSORES

De modo a controlar a corrente à saída do inversor, começou-se a deduzir o

modelo do sistema. Pela análise efectuada na secção 3.1., tem-se que o sinal à saída do

conversor é regido pela equação 3.8. Aplicando-se as leis de Kirchoff ao circuito obtém-

se:

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35

Figura 21- Aplicação da lei de Kirchoff ao circuito.

(3.8)

Onde é o sinal de controlo do sistema, L é a bobina, é a variação da

corrente na bobina, R é a resistência, i é a corrente e é o sinal de tensão (

).

A equação da dinâmica da corrente é:

Substituindo por 3.7 obtém-se a equação da dinâmica da corrente em função da variável que contém os estados dos IGBT’s ( ).

(3.9)

Aplicando a propriedade da derivada da transformada de Laplace obtém-se a

expressão do modelo da corrente.

(3.10)

3.4. PROTÓTIPO

Depois de adquirido o gerador e a caixa de velocidades, fez-se a adaptação do

gerador à caixa, assim como a adaptação desta à turbina construída, obtendo o protótipo

que está apresentado na figura 22.

Figura 22 – Protótipo do sistema H2O Power.

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37

CAPÍTULO 4 – SIMULAÇÃO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS

4.1. SIMULAÇÃO DE TODO O SISTEMA

4.1.1. RECTIFICAÇÃO

Para realizar a rectificação em simulação, utilizou-se o Simulink MatLab, onde

se considerou uma fonte de tensão alternada, substituindo o gerador, seguida de um

transformador e de uma ponte de díodos, obtendo assim uma tensão rectificada na saída,

figura 23.

Figura 23 – Esquema utilizado na simulação da ponte rectificadora.

Ao realizar a simulação do circuito da figura 23, obteve-se a tensão rectificada,

apresentada na figura 24, quando a fonte de tensão alternada tem uma tensão eficaz de

230V, ou seja, uma tensão de pico de 325,3V e frequência de 50Hz. O transformador

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tem uma relação de 2:0,65, de modo a obter uma tensão DC de 100V à saída do

rectificador. O condensador tem uma capacidade de 2200µF e a resistência de carga é

de 1kΩ.

Figura 24 – Tensão da ponte rectificadora.

Após, ter sido obtida a tensão desejada na saída, variou-se o valor da resistência

e do condensador para analisar o ripple existente. Ao variar a resistência entre 1Ω e

1kΩ, aferiu-se que quanto maior era o valor da resistência, menor era o ripple.

Fixou-se o valor da resistência em 1kΩ e variou-se o valor do condensador de

modo a verificar o ripple. Variou-se o valor da capacidade do condensador entre 4,7µF

e 1000µF. Aferiu-se que quanto mais pequeno o valor do condensador, mais pequeno

seria o ripple.

4.1.2. INVERSÃO, CONTROLO E FILTRAGEM

O inversor foi construído com IGBT’s controlados pelo método de controlo por

modo de deslizamento, a função foi definida através de programação em MatLab. A

listagem de código está no anexo A.

Na figura 25, mostra-se o sistema do inversor. A entrada do conversor está

ligada a fonte DC. O conversor e o controlador por modo de deslizamento convertem

esta tensão DC numa corrente AC. Os resultados de simulação da figura 26 mostram a

corrente (azul) e a sua referência (verde), com amplitude de 1A. Nesta simulação a

tensão DC é de 400V e a tensão AC é de 230V. Os resultados mostram que a corrente

segue a sua referência com uma certa distorção harmónica, 3,5%.

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39

Figura 25 - Sistema do inversor.

Figura 26 – Forma de onda obtida à saída do inversor.

Para estudar a robustez do sistema variou-se alguns parâmetros do sistema.

Sendo assim, começou-se por variar o valor da fonte DC para valores próximos de

230V e verificou-se que a onda obtida pelo inversor apresenta uma distorção

considerável no máximo e no mínimo. No entanto, ao elevar o valor da fonte DC para

valores na ordem dos 400V, essa distorção praticamente não existia a partir de,

aproximadamente, 380V. Sendo assim, para que se obtenha um sinal sem distorção na

saída aferiu-se que a fonte DC deve ter valores próximos de 400V.

Na figura 27 mostra-se a comutação e a sua referência numa imagem

amplificada. Observa-se que a corrente acompanha a sua referência, com a histerese

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pretendida. Na figura 27a) o histerese é de 0, na figura 27b) é de 0,05 e na figura 27c) é

de 0,5.

Figura 27 – Histerese de corrente iac e pormenor do controlo do sinal. Deflexão vertical de 0.1 e

deflexão horizontal de 0.002. a) Histerese de 0. b)Histerese de 0.05. c)Histerese de 0.5.

Após, realizada a simulação do inversor com uma fonte DC (figura 25),

realizou-se a simulação com a substituição da fonte DC pelo sistema rectificador

apresentado na figura 23, obtendo assim o sistema apresentado na figura 28 (ver com

mais detalhe na figura 44 do anexo C).

Figura 28 – Sistema de simulação.

Para injectar potência na rede a corrente ac tem de estar em oposição de fase

com a tensão. Para maximizar a transferência de potência activa, o , ou seja

, o que implica que a potência reactiva é nula, pois .

Analisando a figura 29, verifica-se que a corrente está em oposição de fase e a

potência activa é de 230W.

a)a)a)a) b)b)b)b) c)c)c)c)

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Figura 29 – Tensão ac, vac(t) – verde. Corrente ac, iac(t) – azul.

Para analisar a distorção harmónica11 de corrente ac de saída, com a cor azul na

figura 29, utilizou-se o bloco do Simulink DISCRET TOTAL HARMONIC

DISTORSION. Sendo que a expressão da THD é:

(4.1)

Onde IH é o valor RMS de todas as harmónicas do sinal e IF é o valor RMS do

sinal fundamental [18].

O valor obtido à saída deste bloco encontra-se entre 0 e 1. Para a simulação em

curso, obteve-se valores próximos de 3,4%, quando a histerese é de 0,03. Com o valor

de THD próximo de 3,4% pode-se injectar o sinal na rede eléctrica pois a percentagem

permitida é de aproximadamente de 3,5%.

Para testar o comportamento do sistema com a variação da frequência de corte,

alterou-se o coeficiente de auto-indução e a capacidade do condensador que formam o

filtro à saída do inversor. Verificou-se que o coeficiente de auto-indução da bobina mais

adequado é de 22mH e a capacidade do condensador é de 0,1µF, pois com estes valores

era mantida a inversão de fase na corrente de modo a injectar na rede. No entanto pode

ser utilizada uma outra combinação de valores de bobina e condensador, desde que se

mantenha a inversão de fase no sinal.

11 Para calcular a distorção harmónica ver pp 4/5 de http://calypso.inesc-id.pt/FCUL/EAD/docs/GuiaLab-12b-EAD-0809.pdf

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42

4.2. CIRCUITOS ELECTRÓNICOS

4.2.1. RECTIFICADOR

Construiu-se o rectificador de acordo com o descrito na secção 2.5.1.1. O fusível

de 1A, foi introduzido no circuito experimental da figura 30, de modo a proteger as

componentes do circuito contra sobre cargas e curto-circuitos na carga. Nas figuras 45 e

46 do anexo D está representado o desenho deste mesmo circuito, que foi

desenhado/impresso numa placa de circuito impresso, assim como a foto do rectificador

construído, de notar que o circuito foi desenhado para as duas faces da placa.

Na construção do rectificador utilizou-se:

2 Conectores banana;

2 Meias pontes de díodos SKKD 46/0812;

1 Fusível de 1A;

1 Condensador de 2200µF e 450VDC;

1 Resistência de 33kΩ 10W;

2 Conectores de parafuso.

Depois de impresso e construído o rectificador, obteve-se o circuito da figura

30. De notar, que a resistência de 33kΩ foi utilizada de forma a descarregar o

condensador.

+

-

2200µF 33KΩ

1A

Figura 30 – Circuito do rectificador.

A tensão rectificada é convertida numa tensão alternada pelo inversor, de forma que seja possível injectar energia na rede eléctrica.

12 Ver folha de características em: http://www.semikron.com/internet/ds.jsp?file=794.html

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43

4.2.2. INVERSOR / DRIVER

Para desenhar o circuito do inversor, estudou-se as folhas de características dos

drivers IR2114SSPBF13, dos opto acopladores HCPL2631V14 e da ponte de IGBT’s

SK10GH12315, de modo a perceber o seu funcionamento e entender como interligar

estes dispositivos.

Na construção do driver utilizou-se:

2 Driver IR2114SSPBF

2 Opto acopladores HCPL2631V

2 IGBT’s SK10GH123

Resistências

Condensadores

Díodos 1N400516

Condensadores

1 regulador LM780517

Headers

Pontas de crocodilo

Conectores de parafuso

É utilizado um driver para fornecer os sinais de controlo do microcontrolador

aos IGBT’s, pois o microcontrolador não era capaz de fornecer a corrente necessária a

estes, assim o driver IR2114SSPBF controla um braço do conversor. As resistências

utilizadas são as recomendadas na folha de características. Os díodos utilizados têm

VF=0,7V, como indicado no dimensionamento do circuito nas folhas de características.

O acoplador óptico HCPL2631V tem uma tensão de alimentação de 5V.

Utilizou-se um regulador de tensão LM7805 para alimentar a partir de uma fonte de

15V que alimenta o driver. Na folha de características do opto acoplador utilizado é

dada a sugestão de conectar a alimentação com a massa através de um condensador, e

também se colocou uma resistência de 3,9kΩ entre a alimentação e cada uma das

entradas e uma resistência de 820Ω em cada uma das saídas.

13 Ver folha de características: http://www.farnell.com/datasheets/46218.pdf 14 Ver folha de características: http://www.farnell.com/datasheets/87254.pdf 15 Ver folha de características: http://www.alldatasheet.com/view.jsp?Searchword=SK10GH123 16 Ver folha de características: http://www.datasheetcatalog.org/datasheet/philips/1N4005.pdf 17 Ver folha de características: http://www.datasheetcatalog.org/datasheet/fairchild/LM7805.pdf

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Utilizou-se o módulo de IGBT SK10GH123. Este módulo inclui quatro

IGBT’s (ponte completa). Este módulo inverte a tensão DC que vem do rectificador

numa AC.

Na figura 31 está representado o circuito para o comando de um braço do

conversor, de dois IGBT´s. No anexo E encontra-se representado as ligações físicas e as

fotos do circuito construído na placa de circuito impresso.

3,9kΩ

3,9kΩ

Microcontrolador

0,1µF

IR2114SSPBF

HCPL2631V

Figura 31 – Circuito de comando de um braço do inversor.

4.2.3. SENSORES

Para aplicar o controlo por modo de deslizamento, o microcontrolador tem que

conhecer a cada instante o valor da tensão da rede (para gerar a corrente de referência),

e o valor da corrente ac. Para tal, foram utilizados dois sensores, um de tensão (LV25-P)

e um de corrente (LA25-NP), respectivamente.

4.2.3.1. SENSOR DE CORRENTE

Para construir o sensor de corrente utilizou-se os seguintes componentes:

Sensor de corrente LA25-NP18

1 AmPop 74119

Resistências

Conectores de parafuso

Headers

18 Ver folha de características em: http://www.datasheetcatalog.org/datasheet/lem/LA25-NP.pdf 19 Ver folha de características em: http://www.national.com/ds/LM/LM741.pdf

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No anexo F, encontra-se o desenho do circuito, a representação do sensor de

corrente, assim como o dimensionamento dos componentes associados ao sensor de

corrente. Na figura 32, está representado o circuito que foi implementado para o sensor

de corrente.

Figura 32 - Esquema das ligações do sensor de corrente.

A configuração escolhida para o sensor de corrente – o LA25-NP, permite uma

passagem de corrente entre os pinos IN e OUT de até 5A.

Na saída do sensor, é obtida uma corrente que tem uma relação de 5/1000 com

a corrente de entrada no sensor, ou seja, . O resto da

análise do circuito para o sensor de corrente é semelhante ao que foi feito para o sensor

de tensão.

4.2.3.2. SENSOR DE TENSÃO

O circuito com o sensor de tensão, figura 33, tem os seguintes componentes:

Sensor de tensão LV25-P20

1 AmPop 74121

Resistências

Conectores de parafuso

Headers

No anexo G, encontra-se o desenho do circuito a imprimir na placa de circuito

impresso, a representação do sensor de tensão e o dimensionamento dos componentes

associados ao sensor de tensão.

20 Ver folha de características em: http://www.datasheetcatalog.org/datasheets/70/206929_DS.pdf. 21 Consultar folha de características em: http://www.national.com/ds/LM/LM741.pdf.

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Figura 33 – Esquema das ligações do sensor de tensão.

Entre os pinos +HT e –HT do sensor de tensão, LV25-P, é lida a tensão com

isolamento de massa. A corrente que percorre a resistência R+HT foi dimensionada para

um valor máximo de 10 mA (r.m.s.).

Nesta configuração é obtida à saída uma corrente de 25 mA (r.m.s.). Com a

colocação de uma resistência (R) de 27Ω na saída é obtida uma queda de tensão

.

De modo a que na entrada do microcontrolador seja obtido o valor apropriado

de tensão, é utilizado um amplificador operacional configurado na montagem não-

inversora, para fazer o ajuste de ganho para a entrada do conversor AD do

microcontrolador, que recebe valores na gama de -2,56 a 2,56 volts.

O ganho de tensão nesta montagem é dado por:

(4.2)

4.2.4. FILTRO

O filtro passa baixo foi dimensionado com uma frequência superior de corte de

3,4kHz (ver secção 3.1.6) para atenuar as componentes harmónicas de ordem superior à

frequência fundamental, 50 Hz.

O filtro (figura 34) é constituído pelas seguintes componentes:

Bobina de 22mH;

Condensador de 0,1µF;

Fios conectores;

2 conectores banana;

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47

Sensor de

tensão

Inversor

REDE

Figura 34 – Filtro LC do impresso.

4.3. RESULTADOS EXPERIMENTAIS

4.3.1. TESTE AO GERADOR

Para analisar o comportamento do gerador adquirido, fez-se alguns testes

experimentais. Acoplou-se mecanicamente um motor de velocidade variável ao veio do

gerador.

Figura 35 – Acoplamento do gerador a um motor de velocidade variável.

Ao variar a velocidade do motor, das 0 rpm às 2400 rpm, obtêm-se a tensão AC

na saída do gerador, figura 36. Pela análise desta mesma figura pode-se verificar que

quanto maior for a velocidade do motor, maior é a tensão que o gerador consegue

produzir. Essa relação está quantificada na Tabela VI.

Figura 36 – Variação da tensão à saída do gerador em função da velocidade do motor. A deflexão

horizontal é de 1 segundo por divisão e a deflexão vertical é de 10 volt por divisão.

TABELA VI - VARIAÇÃO DA TENSÃO EM FUNÇÃO DA FREQUÊNCIA.

Frequência (Hz) 4 16 22 33,3 40 50

Tensão, Vpp (V) 3 11 18 35 60 218

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48

O sistema descrito anteriormente é capaz de acender uma lâmpada de 25W, no

entanto, este seria capaz de ligar outras nove lâmpadas em paralelo com a anterior.

4.3.2. TESTE AO RECTIFICADOR

Para realizar os testes da ponte rectificadora, de modo a se obter uma tensão contínua,

fez-se a montagem apresentada no esquema da figura 37. Rede

Saída DC

SKKD 46/08

SKKD 46/08

Figura 37 – Esquema de montagem do gerador com a ponte rectificadora.

Para realizar esta montagem, seguiu-se o circuito apresentado na figura 19. A rede

fornece uma tensão AC de 230Vrms. Por questões de segurança utilizou-se um transformador

para diminuir esta tensão para cerca de 24Vrms, ou seja, de modo a obter uma saída de tensão

contínua de aproximadamente 24Vrms, ou seja, aproximadamente 34V de pico.

Na figura 38, mostra-se a tensão em dois pontos importantes do circuito de

rectificação. a)

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Figura 38 – Tensão do circuito de rectificação. a)Tensão à saída do transformador. Deflexão horizontal

de 10 ms/Div e deflexão vertical de 10 V/Div. b) Tensão à saída do circuito rectificador. Deflexão horizontal de 1 ms/Div e deflexão vertical de 10 V/Div.

4.4. COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS

4.4.1. RECTIFICAÇÃO

4.4.1.1. RESULTADOS TEÓRICOS

De acordo com o apresentado na secção 2.5.1, tem-se que o sinal à saída da

ponte de rectificação é a apresentada na figura 39.

Figura 39 – Sinal Rectificado [19].

t 0

V

35

b)

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50

4.4.1.2. RESULTADOS DE SIMULAÇÃO

Como apresentado da secção 4.1.1, o resultado para a rectificação deste sistema

é o sinal apresentado na figura 40, quando se utiliza um transformador de 230:24.

Figura 40 – Sinal Rectificado obtido na simulação. Deflexão horizontal de 50 ms/Div e deflexão vertical de 5 V/Div.

4.4.1.3. RESULTADOS PRÁTICOS

O resultado obtido da rectificação, obtido na prática, é apresentado na figura

41. Pode-se aferir que o sinal obtido está de acordo com o esperado teoricamente e com

o obtido em simulação.

Figura 41 – Sinal obtido na rectificação experimental. Deflexão horizontal de 1 ms/Div e deflexão vertical de 10 V/Div.

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51

4.4.2. INVERSÃO

4.4.2.1. RESULTADOS TEÓRICOS

Como apresentado na secção 2.5.2, tem-se que o sinal à saída do inversor é uma

onda sinusoidal, tal como está apresentada na figura 42.

Figura 42 – Sinal (corrente) à saída do inversor [19].

4.4.2.2. RESULTADOS DE SIMULAÇÃO

Ao realizar a simulação da inversão, obteve-se o sinal desejado, ou seja, o sinal

de corrente tem uma amplitude de 1A, como pode ser observado na figura 43. Verifica-

se que está de acordo com o esperado teoricamente, tendo em conta que o sinal

simulado possui uma certa distorção.

I(A)

t(s)

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Figura 43 – Simulação da corrente à saída do inversor.

4.4.2.3. RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Não foi possível testar experimentalmente o inversor, pois o circuito não

realizava as ordens de controlo como desejado. Tentou-se averiguar a razão pela qual tal

acontecia, e não se encontrou uma justificação válida, pois construiu-se o inversor de

acordo com o que estava descrito nas folhas de caracteristicas dos drivers e dos IGBT’s.

I(A)

t(s)

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53

CAPITULO 5 – CONCLUSÕES

5.1. CONCLUSÕES GERAIS

O objectivo deste trabalho da disciplina de projecto foi a construção de um

protótipo de um sistema que aproveitasse a energia potencial das levadas da Ilha da

Madeira, para injectar uma potência constante, com factor de potência unitário.

Começou-se por fazer um estudo teórico da potência energética que uma

levada é capaz de gerar, em função das suas características físicas (declive, caudal).

Estudou-se a legislação portuguesa sobre a microprodução de energia, de

forma a conhecer o regime de remuneração e todos os demais âmbitos legais.

Fez-se uma revisão bibliográfica sobre os vários tipos de turbinas e geradores

eléctricos de forma a compreender as diferenças no funcionamento de cada tipo de

turbina e alternador. Após a aquisição do gerador foram realizados alguns testes no

laboratório e observou-se que tinha um bom desempenho quando este rodou a 3000rpm.

Estudou-se os fundamentos da electrónica de energia, em especial a inversão

em ponte e o método de controlo por modo de deslizamento.

O modelo do sistema de microprodução de electricidade foi implementado no

Simulink. Os resultados de simulação estão de acordo com os resultados teóricos. Os

resultados de simulação mostram que a corrente está em sincronismo com a tensão da

rede eléctrica e a potência injectada tem um factor de potência unitário, como é

desejado.

Para além dos resultados de simulação, que permitiram avaliar o

comportamento do sistema, iniciou-se a implementação do sistema físico: construiu-se a

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turbina, ligou-se o gerador e implementou-se o rectificador e programou-se o

microcontrolador.

Com a realização deste trabalho. Adquiriu-se conhecimentos em várias áreas,

nomeadamente em estudos hidráulicos, legislação, máquinas eléctricas e energia de

potência.

5.2. TRABALHOS FUTUROS

• Escolher (se possível) uma levada com maior inclinação e maior caudal;

• Optimizar a estrutura das pás da turbina;

• Optimizar a captação de potência;

• Utilizar um gerador trifásico, ao invés de um monofásico;

• Optimizar o sistema de controlo de produção eléctrica, ou seja, utilizar

um microcontrolador que possua maior capacidade de processamento;

• Controlar a injecção de corrente na rede de acordo com o caudal da água

da levada;

• Criar uma rede e monitorização para vários sistemas deste tipo, de modo

a modo a aproveitar ainda mais o potencial da levada;

• Realizar testes experimentais.

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REFERÊNCIAS

[1] Fisher, Arthur. “That hole in ozone layer”. Popular Science. Janeiro 1992. PP 65. [2] Combater as alterações climáticas - A UE assume a liderança. Acedido a 22-10-2009. URL: ec.europa.eu/publications/booklets/move/75/pt.doc. [3] Direcção regional de recursos naturais. [4] Wikipédia. Energia hídrica. Acedido a 08-02-2009. URL: http://pt.wikipedia.org/wiki/energia_h%c3%addrica. [5] E-atlantico. Hidráulica. Acedido a 07-02-2009. URL: http://e-atlantico.org/seccaoa/hidraulica.html. [6] Quintela, António de Carvalho. Hidráulica, cap. 7, 9ª edição. Serviço de educação e bolsas, Fundação Calouste Gulbekian, Lisboa 2005 [7] Oliveira, Luís Adriano; Lopes, António Gameiro, Mecânica dos fluidos, 2ª edição, Cáp.11, Etep, 2007. [8] Gorlov, A.M. (2001). Tidal energy. Encyclopedia of ocean sciences, PP 2955-2960. Doi:10.1006/rwas, 2001. [9] Diário da República, 1.ª série n.º 211, 2 de Novembro de 2007. Acedido em 06-02-2009, em: http://dre.pt/pdf1sdip/2007/11/21100/0797807984.pdf. [10] Romano, Renato. Renováveis na hora - Energia em áreas urbanas. Seminário no dia 31 de Outubro de 2009 no Funchal. [11] Paiva, José, Redes de Energia Eléctrica uma Análise Sistémica, Cáp.1 e 2, IST press, segunda edição, 2007. [12] Wikipédia. Sistema trifásico. Acedido em 16-02-2009. Url: http://pt.wikipedia.org/wiki/sistema_trifásico. [13] A. E., Kingdley jr. C., Umans, Stephen D.; Máquinas Síncronas, 6ªedição, Artmed editora. [14]http://4.bp.blogspot.com/_f9tmtabr9hq/rr5imp07mwi/aaaaaaaaaqg/9gf0j1fdqfs/s400/polos_salientes.gif. [15] Guimarães, G. P.; Monteiro, S.H.; Chevitarese, C. H.; Modulador por largura de

pulso. Acedido a 20-04-2009. URL: http://www.cpdee.ufmg.br/~elt/docs/trabalhos/pwm.htm. [16] Silva, J.; Electrónica Industrial, Fundação Calouste Gulbenkian, 1ª Edição, Dezembro 1998. [17] Google Sketchup. URL: http://sketchup.google.com/. [18] Documentação MatLaB. URL: http://www.mathworks.com/access/helpdesk/help/toolbox/physmod/powersys/ref/totalharmonicdistortion.html. [19] Campilho, Aurélio; Instrumentação electrónica. Métodos e Técnicas de Medição; FEUP Edições.

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ANEXOS

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ANEXO A – ALGORITMO DO MÉTODO DE CONTROLO POR MODO DE DESLIZAMENTO

Utilizando no MATLAB/SIMULINK.

% a função recebe o valor actual da corrente que é produzida e da

corrente de referência

function [s11,s12,s21,s22, trincoout] = fcn(i,iref, trincoin)

histerese = 0.05; %banda de histerese

alto = (iref + histerese); %barreira mais alta da banda de histerese baixo = (iref - histerese); %barreira mais baixa da banda de histerese

% garante que a barreira é a correcta

if trincoin == 1 ireffinal=alto; else ireffinal=baixo; end

% se a corrente produzida ultrapassa a barreira é enviado um sinal

para alterar o estado do IGBT if (i>ireffinal) s11=0; s12=1; s21=1; s22=0; trincoout=0; else if (i<ireffinal) s11=1; s12=0; s21=0; s22=1; trincoout=1; else s11=1; s12=1; s21=0; s22=0; trincoout=1 end end end

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ANEXO B – CÓDIGO EM LINGUAGEM C UTILIZADO NO MICROCONTROLADOR AVR 90USB1287 PARA IMPLEMENTAR O

CONTROLADOR DO SISTEMA H2O POWER

A memória de instruções do microcontrolador AVR 90USB1287 foi programada através de porta USB.

O software de desenvolvimento foi: win avr, avr studio 4 e flip.

#include <stdlib.h> #include <stdio.h> #include <avr/interrupt.h> #include <avr/io.h> #include <avr/sfr_defs.h> #define F_CPU 8000000UL // 8 MHz #include <util/delay.h> #include <avr/power.h> #include "hd44780_hw.h" #include "hd44780.h" #include "avr_compat.h" #define led PE0 //led está no pino PE0 #define s12 PD2 //sinal de controlo s12 associado ao pino PD2 do microcontrolador #define s11 PD3 //sinal de controlo s11 associado ao pino PD3 do microcontrolador #define s22 PD4 //sinal de controlo s22 associado ao pino PD4 do microcontrolador #define s21 PD5 //sinal de controlo s21 associado ao pino PD5 do microcontrolador #define histerese 300 //valor em mv int tensao, corrente, low, high, total_adc_0, total_adc_1, alto, baixo, referencia, trinco; void adc (void); static FILE lcd_stream = FDEV_SETUP_STREAM(lcd_putc_stream, NULL, _FDEV_SETUP_WRITE); void configTimer2(void); volatile int segundos = 0,amostras=0; // função principal int main() clock_prescale_set(0); lcd_init(LCD_DISP_ON_CURSOR_BLINK); //coloca cursor do lcd a piscar stdout = &lcd_stream; printf(" Module Status\nNot Initialized"); //se o lcd não for correctamente inicializado aparece uma mensagem configTimer2(); _delay_ms(5000); // estabiliza o cristal externo sei(); // primitiva para permitir as interrupcoes for(;;) adc();

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amostras++; ISR(TIMER2_OVF_vect) segundos++; if(bit_is_set(PORTE,PE0)) PORTE&=~(_BV(led));//apaga led else PORTE|=(_BV(led)); // acende led lcd_clrscr(); printf("A:%iAD0:%i\nAD1:%i",amostras,referencia,corrente); amostras=0; void configTimer2(void) //configuração do timer 2// ASSR =0x20; //activa modo assincrono// TIMSK2=0x00; // desactiva todas a interrupções para alteração correcta dos registos// OCR2A =0x00; TCCR2A=0x00; //configura modo normal// TIMSK2=0x01; //activa interrupção de overflow// TCCR2B=0x05; void adc (void) ADCSRA = (1<<ADEN) | (1<<ADIF) | (0<<ADIE) | (0<<ADPS2) | (0<<ADPS1) | (1<<ADPS0); //ADEN-ADC Enable; ADIF-ADC Interrupt Flag; ADIE-ADC Interrupt Enable; ADPS2:0- ADC Prescaler Select Bits ->(001)<=>8MHz/2=4 MHz ADC Clock //adc analisador da tensao ADMUX = 0xE0; //E0->11100000 ->11-Ref 2,56V ->1-Left Adjust Result ->00000-Single Ended Input (ADC0) ADCSRA |= (1<<ADSC); //ADSC-ADC Start Conversion loop_until_bit_is_set(ADCSRA, ADIF); //espera até que termine a conversao low=ADCL; high=ADCH;

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total_adc_0=(high<<2)+(low>>6); //guarda na variavel a leitura do adc //adc analisador da corrente ADMUX = 0xE1; //E1->11100001 ->11-Ref 2,56V ->1-Left Adjust Result ->00001-Single Ended Input (ADC1) ADCSRA |= (1<<ADSC); //ADSC-ADC Start Conversion loop_until_bit_is_set(ADCSRA, ADIF); //espera até que termine a conversao low=ADCL; high=ADCH; total_adc_1=(high<<2)+(low>>6); total_adc_0=total_adc_0*(2560/1023); total_adc_1=total_adc_1*(2560/1023); //Como ADC=Vin*1023/Vref, multiplica-se por Vref/1023 para obter Vin tensao=total_adc_0*(40000.0/2560.0); corrente=total_adc_1*(1200.0/2560.0); //como a entrada do adc varia entre +/-2.56V (sensor), transforma-se este valor no valor real (aqui mostrado em mv) tensao=tensao/33.941;//33.94=24*sqrt(2) //divide-se o valor da tensao real obtida por 24V rms (transformador) de modo a obter a referencia com factor unitario //execucao do algoritmo alto = (tensao + histerese); baixo = (tensao - histerese); if (trinco == 1) referencia=alto; else referencia=baixo; if (corrente>referencia && trinco==1) trinco=0; else

if (corrente<referencia && trinco==0)

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trinco=1; DDRD|=(1<<s11)|(1<<s12)|(1<<s21)|(1<<s22);//coloca como output if (corrente>referencia) PORTD|=(_BV(s11));//s11=1 PORTD|=(_BV(s12));//s12=1 proteccao PORTD&=~(_BV(s12));//s12=0 PORTD|=(_BV(s21));//s21=1 proteccao PORTD&=~(_BV(s21));//s21=0 PORTD|=(_BV(s22));//s22=1 trinco=0; else if (corrente<referencia) PORTD|=(_BV(s11));//s11=1 proteccao PORTD&=~(_BV(s11));//s11=0 PORTD|=(_BV(s12));//s12=1 PORTD|=(_BV(s21));//s21=1 PORTD|=(_BV(s22));//s22=1 proteccao PORTD&=~(_BV(s22));//s22=0 trinco=1; else PORTD|=(_BV(s11));//s11=1 proteccao PORTD&=~(_BV(s11));//s11=0 PORTD|=(_BV(s12));//s12=1 PORTD|=(_BV(s21));//s21=1 proteccao PORTD&=~(_BV(s21));//s21=0 PORTD|=(_BV(s22));//s22=1 trinco=1; Existem dois comentários a realizar sobre os sinais de controlo s11, s12, s21 e s22:

1. Os sinais de controlo definidos no programa estão negados, uma vez que os optoacopladores utilizados usam lógica negada.

2. Antes da definição do sinal sij=0, é enviado um bit a 1 para prevenir a situação

de estar um dos pares de IGBT’s ligados ao mesmo tempo, o que poderia danificar os mesmos.

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ANEXO C – ESQUEMA UTIL

IZADO NA SIM

ULAÇÃO DO SISTEMA H

2 O

POWER

Voltage Measurement 3

v+-

Voltage Measurement 2

v+-

Voltage Measurement 1

v+-

Voltage Measurement

v+-

Scope 3

Scope 2

Scope 1

Scope

S22

gm

CE

S21

gm

CE

S12

gm

CE

S11

gm

CE

R L

Memória

Mean

Linear Transformer

1 2

Gain 1

-K-

Gain

-K-

Embedded

MATLAB Function

i

iref

trincoin

s11s12s21s22trincoout

fcn

Display 5

Display 4

Display 3

Display 2

Display 1

Display

Discrete

Total Harmonic

Distorsion

signal THD

D4

D3 D2

D1Current Measurement 1

i+ -

Current Measurement

i+ -

C

AC Voltage Source 1

AC Voltage SourceR

C

Figura 4

4 – S

istema de sim

ulação H2 O

Pow

er.

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ANEXO D – CIRCUITO IMPRESSO DO RECTIFICADOR

Figura 45 – Circuito impresso do rectificador (face inferior).

Figura 46 - Circuito impresso do rectificador (face superior).

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Figura 47 – Placa de circuito impresso do rectificador (face superior).

Figura 48 – Placa de circuito impresso do rectificador (face inferior).

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ANEXO E – CIRCUITO INVERSOR H2O POWER

Figura 49 – Circuito impresso do inversor (face superior).

Figura 50 – Circuito impresso do inversor (face inferior).

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Figura 51 – Placa de circuito impresso do inversor (face superior).

Figura 52 – Placa de circuito impresso do inversor (face inferior).

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ANEXO F – SENSOR DE CORRENTE

O sensor de corrente LA25-NP (Figura 32) foi configurado para um valor de

corrente de entrada no sensor de 1,2 A, correspondendo a uma corrente de 6mA na

saída.

.

Colocando uma resistência R de 120Ω na saída do sensor obtêm-se:

De modo a conseguir uma tensão de 2,56 V à entrada do microcontrolador,

calcula-se a seguinte relação de ganho no amplificador operacional:

Escolhendo R1=1kΩ, obtêm-se R2=2,556kΩ.

Desta forma, o valor máximo de tensão à entrada do conversor A/D é de

±2,56V.

Neste trabalho foi utilizado o microcontrolador AVR 90USB1287. Para além

da utilização deste microcontrolador, foi construída uma placa de circuito impressa com

o microcontrolador TMS470. Este microcontrolador possui conversores A/D que

funcionam entre 0 e 3,3 volt. Caso seja necessário utilizar nalgum projecto futuro a

placa de circuito impressa com o microcontrolador TMS470, o sensor de corrente

(Figuras 54, 55, 56) e o sensor de tensão (Figuras 57, 58, 59) possuem:

• Um amplificador somador não inversor22 (Figura 53);

• Um regulador de tensão (LM317T23);

• Dois díodos (1N581824 e C3V925) e uma resistência.

22 In: http://ltodi.est.ips.pt/lveriss/Elect_II/Acetatos/Acet_AmpOps.PDF 23 Ver folha de características em: http://www.datasheetcatalog.org/datasheet2/1/03cgthpfat4t4ly5kfp5lpwladfy.pdf 24 Ver folha de características em: http://www.datasheetcatalog.org/datasheet/GeneralSemiconductor/mXvrzvw.pdf 25 Ver folha de características em: http://www.datasheetcatalog.org/datasheet/GeneralSemiconductor/mXyzsvst.pdf

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Figura 53- Somador não inversor.

No caso de Ra=Rb=R1=R2, Vo=Va+Vb

Figura 54 – Circuito impresso do sensor de corrente.

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Figura 55 – Placa de circuito impresso do sensor de corrente (face superior).

Figura 56 – Placa de circuito impresso do sensor de corrente (face inferior).

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ANEXO G – SENSOR DE TENSÃO

Assumindo uma tensão AC de 40 V r.m.s. à entrada (Figura 33), o cálculo da

resistência no pino +HT do sensor é:

.

A potência dissipada na resistência R+HT é:

Na saída do sensor, coloca-se uma resistência R de 27Ω, segundo as

especificações do fabricante26, a corrente é de 25 mA.

De maneira a que a tensão à entrada do microcontrolador seja no máximo de

2,56V, chegamos à seguinte relação entre R2 e R1.

Fixando o valor de R1 nos 1kΩ, obtêm-se R2=3,79kΩ.

Como R2 é um potenciómetro, a tensão na saída do amplificador operacional

pode, caso seja necessário, ser facilmente calibrada para outros valores de entrada.

Na Figura 57 mostra-se o desenho das ligações físicas da placa de circuito

impresso.

26 Ver folha de características em: http://www.datasheetcatalog.org/datasheets/70/206929_DS.pdf.

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Figura 57 – Circuito impresso do sensor de tensão.

Figura 58 – Placa de circuito impresso do sensor de tensão (face inferior).

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Figura 59 – Placa de circuito impresso do sensor de tensão (face superior).