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Page 1: Licenciatura em música na universidade estadual do rio grande do sul, wolffenbuttel, dessotti, scheffer

Licenciatura em Música na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul:

investigando a formação e atuação dos egressos

Dra. Cristina Rolim WolffenbüttelPIBID/CAPESUERGS

[email protected]

Sophia DessottiPIBID/CAPESUERGS

[email protected]

Ranielly Boff SchefferPIBID/CAPESUERGS

[email protected]

Resumo: este trabalho apresenta os resultados da pesquisa concluída sobre os egressos do curso de Graduação em Música: Licenciatura, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). Como objetivo geral, a pesquisa buscou investigar a atuação profissional dos egressos do curso de Graduação em Música: Licenciatura da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Considerando-se os aspectos metodológicos, a investigação foi desenvolvida em duas etapas. Na etapa inicial o método utilizado foi o survey interseccional de grande porte e a aplicação de questionários autoadministrados junto aos estudantes egressos como técnica para a coleta dos dados. Na etapa subsequente utilizou-se como método a realização de entrevistas qualitativas e a realização de reuniões virtuais através da constituição de grupo focal como técnica para a coleta dos dados. Considerando-se a Lei 11.769, de agosto de 2008, que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino de música na Educação Básica, bem como a necessidade de os sistemas de ensino se adequarem às legislações vigentes, esta pesquisa pode contribuir com a inserção da música na Educação Básica, a partir do estudo e análise das experiências dos estudantes egressos do curso Graduação em Música: Licenciatura, da UERGS.

Palavras-chave: espaços de atuação profissional, egressos da licenciatura em música, currículos em educação musical.

Introdução

O trabalho apresenta os resultados da pesquisa concluída sobre egressos do Curso de

Graduação em Música: Licenciatura (CGML), da Universidade Estadual do Rio Grande do

Sul (UERGS). Ressalta-se que os resultados apresentados representam a realidade dos

egressos do curso da UERGS, não podendo ser generalizados para todos os cursos existentes

no país.

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Conforme Amato (2006), “a formação dos educadores musicais para a prática de

ensino na Educação Básica tem sido um assunto bastante discutido em âmbito acadêmico e

científico” (p. 714). Este tipo de pesquisa vem sendo desenvolvida também em outras áreas

do conhecimento (BARBOSA, GUTFILEN, GASPARETTO, 2009; PALHARINI,

PALHARINI, 2008; ALVES, ROSSI, VASCONCELOS, 2003). Estes estudos demonstram,

portanto, uma preocupação quanto aos egressos em geral no Brasil.

Mesmo que o CGML da UERGS seja uma licenciatura, não objetiva, apenas, formar

profissionais que atuem como educadores, mas destacando-se uma característica especial do

CGM, que é a de formar um educador capaz de atuar como professor e artista, assumindo

papeis diversificados no mercado de trabalho. Conforme explica Cereser (2007), atualmente o

mercado de trabalho exige “uma formação onde o licenciando tenha mais contato com o fazer

musical, e o bacharelando com a didática” (p.7) sendo uma necessidade encontrada pelos

licenciandos. Cereser (2007), ao citar a declaração de um licenciando em sua investigação,

elucida a questão:

Acho que hoje em dia ninguém é só professor, ninguém é só bacharel. Acho que a gente precisa estar preparado, como eu te falei, para chegar lá fora e poder defender o pão de cada dia com o peito estufado. (CERESER, 2007, p.7).

De acordo com Cereser (2007), os cursos oferecidos no país formam profissionais

específicos, como músico erudito, professor ou artista. A realidade vivida pelos egressos dos

cursos de música é a de que precisam atuar como artistas e professores ao mesmo tempo;

portanto, neste contexto surge a proposta do CGML da UERGS, uma formação não só

específica, mas integrada à docência.

O CGML, primeiramente denominado Pedagogia da Arte: Qualificação em Música,

teve seu início através de uma parceria entre a UERGS e a Fundação Municipal de Artes de

Montenegro (FUNDARTE), em 2002. A grade curricular do CGML foi elaborada em 2001

sendo, posteriormente, revisada. A proposta atual do curso data, portanto, de 2006.

Considerando-se que já se passaram cerca de sete anos desde a última revisão, torna-se

necessária uma reestruturação da proposta do CGML, o que pode ser obtida, também, através

da consulta aos egressos do curso. Entende-se, portanto, que esta investigação ofereça

subsídios neste sentido.

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Até 1996, a Lei nº 5.692/71 propunha um ensino polivalente na área das artes no

currículo da Educação Básica; nesta proposta, as aulas deveriam ser ministradas por um único

professor que tivesse a competência de conectar todas as diversas linguagens artísticas

fazendo, assim, as linguagens específicas perderem grande influência sobre os estudantes. De

acordo com Figueiredo (2011):

A partir da década de 1970, a Lei n. 5.692/71 trouxe a Educação Artística para o currículo escolar, estabelecendo a prática da polivalência para as artes – um professor responsável por todas as áreas artísticas, tendo, como uma de suas consequências, a superficialização de conteúdos artísticos na escola. (FIGUEIREDO, 2011, p.6).

Porém, a realidade do cotidiano demonstra que os profissionais da rede pública de

ensino não atuam com o trânsito disciplinar proposto; provavelmente o motivo resida nas

dificuldades encontradas pela formação específica que tiveram, na qual não foram englobadas

as outras artes; a partir daí não só a música, mas a arte como um todo padeceu com estas

questões (WOLFFENBÜTTEL, 2009; HIRSH, 2007; AMATO, 2006; PENNA, 2001).

Segundo Penna (2001) anteriormente à Lei nº 11.769/2008, já havia um espaço

mínimo reservado para a música, mas que não vem ocupando. Em sua investigação,

empreendida com 186 professores da rede pública de ensino da Grande João Pessoa (PB),

Penna coletou dados que fundamentam esta afirmação. Dentre os investigados, apenas 4,83%

são professores de música, tendo a área predominante as Artes Plásticas1. Outra questão

apontada na literatura em educação musical é que o curso de licenciatura é visto como uma

segunda opção, sendo considerado de qualidade inferior. Dentre as razões para esta concepção

encontra-se o fato de este curso estar vinculado diretamente à profissão de professor e ao

ensino, notadamente concebidas como inferiores. De acordo com Pires (2004), os candidatos,

assim, seguidamente direcionam-se aos bacharelados. Hirsch (2007) corrobora a análise

explicando que a “escassez de recursos materiais e financeiros e de espaço físico adequado,

como uma das principais dificuldades sentidas pelos professores para desenvolver atividades

musicais nas escolas” (p.6).

A este respeito, Pires (2004) afirma, em sua pesquisa sobre as concepções e

implicações da licenciatura em música, que “a concepção de licenciatura como curso

1 Saliente-se que, durante a investigação da autora, Artes Plásticas ainda era a denominação utilizada para a referência aos professores que desenvolviam atividades atualmente entendidas como Artes Visuais.

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secundário dá-se no nível do instrumento, ou seja, a diferença entre o bacharel e o licenciado

reside na capacidade e desenvoltura para executar bem um instrumento musical” (p.836).

Os resultados desta e de outras pesquisas enfatizam a necessidade de uma

reformulação não apenas no CGML, mas em todos os cursos de música o Brasil, para que,

assim, seja possível rever e repensar as concepções quanto à atuação como profissional da

educação.

Com a Lei nº 11.769/2008, sobre a obrigatoriedade da música na Educação Básica,

torna-se importante esta revisão curricular. Os estudantes do CGML poderão desenvolver

suas atividades profissionais com uma formação sólida e em sintonia com a realidade da

escola atual. Palharini e Palharini (2008) destacam que, dentre as várias características de um

ensino de qualidade, “uma instituição de nível superior só oferecerá uma educação de

qualidade se corresponder às necessidades da sociedade em que se encontra imersa, embora

não seja tarefa fácil especificar quais são essas necessidades” (p.586). Assim, considerando-se

a atual situação do CGML, bem como dos cursos de licenciatura no país, justifica-se a

realização deste projeto.

Outro aspecto importante que impulsionou a pesquisa foi o questionamento quanto à

atuação profissional como educadores dos egressos da UERGS. Como mencionado

anteriormente, o cunho da maioria dos debates quanto à educação musical se dá em relação ao

número de licenciados em música e a sua presença nas redes de ensino do país

(WOLFFENBÜTTEL, 2009; HIRSCH, 2007; AMATO, 2006; PENNA, 2001). Estas

pesquisas revelam que não somente o Rio Grande do Sul está passando por este problema,

mas também outros estados padecem neste sentido; é, portanto, um problema nacional.

Hirsch (2007) apresenta algumas razões para a formação de um círculo vicioso. Para

a autora,

se a música parece não integrar os projetos pedagógicos das escolas, é pequena a necessidade de professores de música; ao mesmo tempo, se não há professores de música, talvez as escolas não encontrem sentido em inserir a música em seus projetos pedagógicos. (HIRSCH, 2007, p.5).

A partir daí foram elaboradas as questões que direcionam a presente pesquisa, quais

sejam: Quais são os espaços profissionais ocupados pelos egressos do CGML da UERGS?

Como se constitui o trabalho pedagógico-musical destes egressos? Quais são as práticas e

metodologias pedagógico-musicais utilizadas por eles? Qual a contribuição do CGML para a

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atuação profissional dos egressos da UERGS? Partindo destes questionamentos, esta pesquisa

objetiva investigar a atuação profissional de egressos do CGML da UERGS.

Percurso Metodológico

Para a obtenção dos dados da pesquisa foram selecionadas duas abordagens

metodológicas, a abordagem quantitativa e a abordagem qualitativa, constituindo-se um

mixing methods (BRANNEN, 1992).

Na etapa inicial, quando da abordagem quantitativa, foram encaminhados

questionários autoadministrados aos egressos do CGML da UERGS, através da organização

de uma lista de e-mails destes egressos. Nos questionários, compostos de 28 perguntas

objetivas, constavam questões sobre os espaços profissionais ocupados pelos egressos, seus

trabalhos, suas práticas e metodologias pedagógico-musicais, além da contribuição que o

CGML oportunizou a eles.

Para a segunda etapa foram realizadas reuniões virtuais, na ocasião utilizando o

Messanger2. Foram, portanto, realizadas entrevistas qualitativas através da constituição de um

Grupo Focal. Este momento foi de aprofundamento de questões oriundas do survey inicial.

Por fim, foi realizada a análise dos dados, com a organização de dois cadernos, sendo

eles o Caderno dos Questionários Autoadministrados (CQA) e o Caderno das Entrevistas com

o Grupo Focal (CEGF), respectivamente, trazendo informações obtidas com os questionários

autoadministrados e Grupo Focal.

Finalizada a coleta dos dados foi empreendida uma leitura detalhada de todo o

material obtido para então, a partir daí, serem geradas as categorias finais. Ao mesmo tempo

em que o material for organizado buscou-se obter referenciais teóricos, incluindo-se a

educação e a educação musical a fim de estabelecer um diálogo entre estas duas perspectivas,

incluindo diversos autores e realidades.

2 MSN Messenger foi um programa da mensagens instantâneas criado pela Microsoft Corporation. Teve início em 22 de Julho de 1999, permitindo falar com uma pessoa através de conversas instantâneas pela Internet. Este programa permitia que aos usuários da Internet se relacionassem com outros em tempo real, podendo ter uma lista de amigos "virtuais" e acompanhar quando eles entram e saem da rede. Ele foi fundido com o Windows Messenger e originou o Windows Live Messenger. Posteriormente este programa migrou para o Skipe.

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Resultados e Algumas Discussões

Cabe destacar que toda esta pesquisa foi elaborada para ser efetivada virtualmente,

envolvendo toda a organização dos materiais, as reuniões do grupo de pesquisa, o envio dos

questionários autoadministrados e a realização das entrevistas no Grupo Focal.

Dentre os dados resultantes tem-se que, desde o início do curso, em 2002, já se

formaram 63 estudantes. A primeira formatura ocorreu em 2005. A Tabela 1, a seguir,

apresenta os estudantes formados no CGML em seus respectivos anos:

Tabela 1: Egressos do Curso de Graduação em Música: Licenciatura

Ano Número de Formados2005 142006 142007 122008 082009 112010 04

Total de Formados 63

Observa-se que a última formatura ocorreu no ano de 2010. Não houve formatura em

2011 devido ao fato que durante anos não houve ingresso no CGML. Isto ocorreu em virtude

de diversos problemas ocorridos no convênio inicial que existiu entre a UERGS e a

FUNDARTE. A partir do ano de 2010 reiniciaram os ingressos de estudantes para o curso.

Assim, a partir de 2013 reiniciar-se-ão as formaturas.

Além das consultas dos egressos do CGML, obtidas nos registros da secretaria do

curso, foram obtidas mais informações importantes em anais de congressos e revistas

especializadas em música e educação musical. Estes procedimentos permitiram localizar

egressos do CGML que deram continuidade aos estudos musicais, inclusive atuando em

eventos da área e publicação em revistas especializadas de música e educação musical.

Dentre estes materiais consultados encontram-se os anais dos encontros nacionais e

regionais da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), as Revistas da ABEM, os

anais dos congressos e as revistas da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em

Música (ANPPOM). Do mesmo modo, a Plataforma Lattes (CNPq) foi consultada,

permitindo visualizar as produções acadêmicas dos egressos, bem como suas atuações

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profissionais. Todos estes procedimentos foram realizados a fim de localizar os egressos do

CGML, bem como sua produção na área da música.

Quanto às titulações obtidas, foram encontradas informações de 7 egressos, os quais

encontram-se dando continuidade à formação musical, através da realização de cursos de pós-

graduação. Destes, três estão cursando o doutorado na área de música: composição, dois

cursam mestrado em música: musicologia/etnomusicoligia, e um egresso atualmente está

cursando educação musical. Um dos egressos já finalizou o mestrado em educação musical. A

Tabela 2, a seguir apresenta os dados sobre a continuidade da formação em música por parte

dos egressos do CGML da UERGS.

Tabela 2: Egressos do Curso de Graduação em Música: Licenciatura da UERGS e sua participação em Cursos de Pós-Graduação

Número de egressos

Cursos de Pós-graduação Status em relação ao curso

3 Doutorado em Música: composição

Em andamento

2 Mestrado em Música: musicologia/etnomusicologia

Em andamento

1 Mestrado em Música; educação musical

Em andamento

1 Mestrado em Música; educação musical

Concluído

Dentre os sete estudantes egressos que deram continuidade aos estudos musicais,

através do ingresso em cursos de pós-graduação, observa-se que apenas dois optaram pela

educação musical. Estes dados, mesmo que preliminares, de certo modo ratificam o que a

literatura em educação musical tem apontado, ou seja, o afastamento dos estudantes de música

da área da docência na Educação Básica (AMATO, 2006, PENNA, 2001).

Quanto à atuação profissional, os dados revelaram 13 egressos desempenhando o

ensino de música. Destes, quatro trabalham como Instrumentistas/Professores de Instrumento,

cinco trabalham como professores na Educação Básica, três trabalham como

Instrumentistas/Professores de Instrumento e como professores na Educação Básica e um

egresso trabalha como Instrumentista/Professor de Instrumento na Educação Básica e no

Ensino Superior. A Tabela 3, apresentada a seguir, sintetiza os dados sobre a atuação

profissional dos egressos do CGL da UERGS.

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Tabela 3: Egressos do Curso de Graduação em Música: Licenciatura e sua atuação profissional

Número de egressos

Atuação

4 Instrumentistas/Professores de Instrumento5 Professores na Educação Básica3 Instrumentistas/Professores de Instrumento e como

professores na Educação Básica1 Instrumentista/Professor de Instrumento na

Educação Básica e no Ensino Superior

Com estes dados parece evidente a necessidade de uma reformulação na proposta do

CGML da UERGS, considerando-se o reduzido direcionamento dos egressos às atividades

docentes em educação musical, um dos objetivos fundantes da proposta do curso.

Considerações Finais

Os dados coletados através da realização desta pesquisa permitem algumas análises e

conclusões. Considerando-se a realidade do CGML da UERGS, que demonstrou número

reduzido de egressos que se direcionaram à docência em música e, por consequência, à

Educação Básica, entende-se a problemática para a implementação da Lei nº 11.769/2008,

que dispões sobre a obrigatoriedade do ensino de música na escola. Desse modo, parece que a

assunção da música ao(s) seu(s) lugar(es) na escola esteja prejudicada.

De acordo com o que a literatura em educação musical tem apontado, parece existir

um pouco compromisso com a Educação Básica e, portanto, se faz necessário um estudo que

busque alternativas para que os licenciados optem por atuar nestes espaços educacionais

(PENNA, 2001). Neste sentido, Amato (2006) afirma que

o desafio da educação musical na escola regular apresenta-se como uma problemática a ser discutida e transformada pela sinergia de diversos agentes sociais: o Estado, a escola, profissionais da área, pesquisadores, professores e entidades que congreguem esses agentes, tais como a Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (ANPPOM). (AMATO, 2006, p.719).

Estas pesquisas parecem estar em sintonia com o que propõe Cereser (2007), ou seja,

constatar o modo “como a universidade está formando seus estudantes e o que seria

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necessário para complementar esta formação, considerando as múltiplas realidades

profissionais que este futuro professor irá enfrentar” (p. 3).

Com as informações fornecidas pelos egressos espera-se que seja possível fazer com

que o CGML da UERGS atenda às necessidades desta nova sociedade e que a reformulação

da proposta do curso tenha êxito. Fazendo, assim, com que a música tenha seus representantes

dispostos a assumir o seu papel como educadores musicais, agora possibilitado através da Lei

nº 11.769/2008.

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Referências

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PENNA, Maura. O (des)compromisso com a música no ensino fundamental. Anais ABEM, Uberlândia, V.10, p.224-229, 2001.

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