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Jornal Bimestral da Comunhão Espírita de Brasília Ano XVIII, n o 01 Relacionar-se afetivamente, educar e estar alerta aos perigos da sociedade moderna: os desafios das mães e das mulheres na atualidade e o que sugere a doutrina espírita Primeiro Jornal Libertação foi feito em mimeógrafo página 02 Para superar o desafio de educar filhos, mães precisam confiar em Deus e no poder da prece. página 03 Conheça na íntegra o Estatuto da Comunhão Espírita de Brasília páginas 04 e 05 Relacionamentos entre homens e mulheres estão mais verdadeiros e diretos. Entrevista com Flávio Vervloet página 06 Artigos de Márcia Braga e Julio Capilé abordam sobre o amor incondicional materno e a respeito de se corrigir os filhos com veemência sem utilizar castigos página 07 Resenha literária analisa a obra Maria de Nazaré, a Mãe de Jesus página 08 Ilustração: Marcelo Perrone (Membro do Conselho Diretor da Comunhão)

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Jornal Bimestral da Comunhão Espírita de BrasíliaAno XVIII, no 01

Relacionar-se afetivamente, educar e estar alerta aos perigos da sociedade moderna: os desafios das mães e das mulheres na atualidade e o que sugere a doutrina espírita

Primeiro Jornal Libertação foi feito em mimeógrafopágina 02

Para superar o desafio de educar filhos, mães precisam confiar em Deus e no poder da prece.página 03

Conheça na íntegra o Estatuto da Comunhão Espírita de Brasíliapáginas 04 e 05

Relacionamentos entre homens e mulheres estão mais verdadeiros e diretos. Entrevista com Flávio Vervloetpágina 06

Artigos de Márcia Braga e Julio Capilé abordam sobre o amor incondicional materno e a respeito de se corrigir os filhos com veemência sem utilizar castigos

página 07

Resenha literária analisa a obra Maria de Nazaré, a Mãe de Jesuspágina 08

Ilustração: Marcelo Perrone (M

embro do Conselho Diretor da Com

unhão)

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Nome do jornal foi inspirado em livro de André Luiz

O ano era 1963. Roberto Beck, um dos fundadores da Comu-nhão, tinha em mãos o livro “Libertação”, de André Luiz, donde veio-lhe a inspiração ao nome do Jornal: Libertação.

A princípio, uma espécie de boletim informativo, todos mimeogra-fados e distribuídos aos confrades por ele próprio.

Noticiava mensalmente os dias e horários das reuniões e demais atividades da Casa, notícias diversas, algumas mensagens contidas em livros de Chico Xavier/Emmanuel e de outros vultos do Espiritis-mo, bem como fatos relacionados com os trabalhos espíritas na nova Capital.

Assim foi criado o Jornal Libertação, cuja diretoria era composta por Roberto Beck, diretor presidente; Francisco Scartezine, diretor re-

dator e Acácio Ramos, secretário.Sentimo-nos felizes pela oportunidade de seu relançamento, atra-

vés da Assessoria de Comunicação Social desta Casa, principalmente por entendermos que não se pode desprezar os instrumentos de que dispomos para divulgação da Doutrina Espírita, a exemplo de Allan Kardec que começou o trabalho doutrinário publicando obras da Co-difi cação, uma revista e uma livraria para a difusão inicial.

O Jornal Libertação certamente cumprirá o seu papel perante a vontade que todo espírita possui: preservação e divulgação ampla do Espiritismo.

Heloísa Magalhães

Há tempo para todo o propósito debaixo do céu

É bastante conhecido o trecho do Eclesiastes que poeticamente narra que “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo

de morrer, tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou (...) e tempo de edifi car”.

A propósito de (re) apresentar o Jornal Libertação após anos de interrupção intencional foram os versos bíblicos que me pareceram conter em alguma medida a síntese de um processo midiático que temos nos esforçado por implantar na Assessoria de Comunicação da Comunhão Espírita de Brasília.

Ao longo dos últimos anos, conseguimos incutir na cultura da nos-sa Casa o Jornal Mural Comunhão enquanto produto elaborado para suprir demandas de comunicação interna do centro espírita.

As contribuições da nossa equipe de designer, é também conhe-cida pelos freqüentadores da Comunhão, por conta das peças publi-citárias, como banners e cartazes feitas, com cuidado estético, para a divulgação de temas e campanhas pertinentes.

Temos, felizmente, colhido avanços no segmento da internet, por meio do Blog Comunicação e do Boletim Online Mensageiro. Ambos se prestam a informações que não se restringem à nossa Casa. Veicu-lam fatos e agendas de outros centros espíritas, federações e, na me-dida do possível, da sociedade, desde que tenham algum signifi cado doutrinário.

Quando optamos por interromper a produção do Jornal Liberta-

ção, o propósito era de sedimentar várias opções de comunicação e, sobretudo, nos esforçar para averiguar as demandas e requisitos dos públicos e dos assuntos de forma diversifi cada. Era necessário desvin-cular o periódico de todo o tipo de missão de informar.

A nossa expectativa é que essa trajetória nos permita trazer de volta o Jornal Libertação com outra roupagem, conteúdo e, portanto, mais vigor. Esse periódico ressurge com a vocação de vasculhar pau-tas pertinentes ao nosso tempo, mas com abordagens amparadas em rigoroso respeito aos cânones espíritas. Nada melhor do que iniciar-mos com a questão da mulher e da mãe nos dias atuais, sobretudo, neste mês de maio.

A fi m de compartilhar o sentimento que nós integrantes da Asses-soria de Comunicação Social nesse momento recorro uma vez mais ao Eclesiastes. “Assim que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; pois quem o fará voltar para ver o que será depois dele?”, indagam as es-crituras.

Certamente, o Jornal Libertação e as tarefas de comunicação não se fi ndaram com a atual equipe da assessoria. Terão prosseguimento. No entanto, creio ser legítimo como propõe o Eclesiastes que perce-bamos nesse momento razões para nos alegramos de uma trajetórias e, quem sabe, poder mos comemorar com os leitores a retomada de uma etapa que desejamos seja salutar e alvissareira.

Sionei Ricardo Leão (Assessor de Comunicação Social da Comunhão)

Presidente da Comunhão Espírita de Brasília Heloísa Magalhães

Vice-Presidente da Comunhão Espírita de Brasília Durval Moraes de Castro

Jornalista responsável Sionei Ricardo Leão – Mtb-95/MS

ReportagemTatiana Montezumax

Waldyr Montenegro Bernardo de Felippe

ColaboradoresJulio CapiléMárcia Braga

RevisãoJanaína Araujo

Projeto gráfi co e diagramaçãoRodrigo Braga

IlustraçãoMarcelo Perrone

Reportagem Fotográfi ca Jackson Moura

Expediente

Editorial

O Jornal Libertação é uma publicação da Comunhão Espírita de Brasília Endereço Avenida L2 Sul, Quadra 604, Lote 27. CEP: 70.200-640 Recepção Integrada: 61 3225-2083 Geral: 61 3225-2563 | Livraria: 61 3225-2505 FAX: 61 3225-2083

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No manual pequeno e de fácil leitura intitulado “Para vencer as drogas”, psicografado por Carlos A. Baccelli, o espírito Odilon Fernandes conta que, além dos jovens serem as maiores víti-

mas do vício das drogas, tornando-se presas fáceis para os traficantes, tidos como a escória do mundo espiritual reencarnada na Terra, em alguns países nem mesmo crianças na faixa de 8 a 9 anos estão sendo poupadas dos delinquentes.

Sendo assim, o autor apela aos seguidores da doutrina espírita para que se mantenham atentos e ativos frente a este mal, por ele considerado um dos flagelos deste século, a fim de que a sociedade sofra menos com as consequências que afetam muitos irmãos que apresentam problemas de saúde física e mental quase ou totalmente irreversíveis.

O espírito Odilon Fernandes esclareceu, no manual acima citado, que, quando há envolvimento com drogas, a família tem de participar do processo de cura, pois “a prova não é só do jovem, mas de todos os que convivem com ele!”. E acrescentou que “a melhor internação para o jovem viciado é a do carinho familiar”. Frisou que “a realização do culto do Evangelho no Lar, pelo menos uma vez por semana, seja qual for a condição religiosa da família do jovem dependente da droga, é indispensável”.

A literatura espírita oferece às famíliasque vivem o drama de ter um ente querido envolvido com o consumo de entorpecentes diver-sos livros que abordam a questão, dentre os quais as obras de Luiz Sérgio. No exemplar “Esperança de uma nova vida”, Luiz Sérgio alerta sobre o perigo das drogas na sociedade; já no volume “O que os jo-vens podem ensinar”, fala a respeito das responsabilidades dos pais e dos filhos frente à situação de risco provocada pelo uso das drogas, e como proceder em tais casos.w

A mãe de Luiz Sérgio, Zilda Neves de Carvalho, e o irmão do espí-rito, Júlio Cezar de Carvalho, preocupados com a questão, apontaram caminhos a serem trilhados pelas famílias que vivenciam esta experi-ência. “É preciso acreditar que existe uma força superior que vai ajudar na recuperação daquele que está sendo alvo da preocupação dos pais e que, uma vez solicitada ajuda da espiritualidade, o caminho está aberto para um bom desfecho: a recuperação daquela pessoa a quem se quer beneficiar”, disse dona Zilda, acrescentando que “as mães e os pais nunca devem desistir de lutar pelos seus filhos. Devem confiar em Deus e na espiritualidade; por meio da oração, o auxílio virá”.

Júlio Cezar enfatizou que é preciso estimular os envolvidos a per-ceberem que têm meios próprios, dentro de cada um, para superação do problema que os aflige. “A partir do momento em que a gente de-seja e que existem forças superiores a nos apoiar, nossas capacidades são estimuladas para o encontro e desenvolvimento de soluções”. Ele alerta para não transferirmos a responsabilidade pela resolução da

Família precisa estar unida para superar envolvimento com as drogas questão para a espiritualidade, pois todos te-mos de fazer a nossa parte.

O fato é que mães e pais não estão pre-parados para lidar com a complexidade da situação nova, surgida no seio da família. O normal é achar que “isso nunca irá acontecer com nossos filhos”. O ineditismo, a total falta de experiência no assunto e a angústia gera-da pelo crescente medo de o filho andar por um caminho cada vez mais tortuoso levam ao sofrimento dos pais. De início, o pai e a mãe sentem-se impotentes perante o quadro deli-neado, apavorados, perdidos ao descobrirem o mal, tão indesejado, dançando na sala de visitas da sua casa, com desenvoltura e sem pedir licença.

“O melhor a fazer é não estabelecer con-dição de enfrentamento e nem de punição para com o filho, e, sim, de apoio e amizade”, ensinou Júlio Cezar. E dona Zilda levantou a

circunstância agravante do caso: a ação da espiritualidade inferior agindo sobre o dependente químico.

“Os espíritos, ainda não evoluídos, agem de diversas maneiras. Há interesse em manter viciada uma pessoa que possa ser utilizada como veículo de disseminação das drogas. O viciado funciona como uma fonte, que libera, por meio da aproximação espiritual, substâncias que são consumidas pelas entidades trevosas”, explicou Júlio Cezar. O ide-al, segundo ele, para evitar essa situação é que se forme uma barreira de proteção contra as drogas desde a mais tenra idade dos jovens. “É preciso dialogar muito com os filhos; se interessar pelo que eles gos-tam de fazer; participar da vida deles; saber quem são os seus amigos”.

Dona Zilda ressalta a importância do estímulo à confiança mútua e ao desenvolvimento do diálogo, fundamental para a proximidade entre pais e filhos. Os adolescentes são rebeldes por natureza e que-rem ter seu próprio espaço, suas amizades e seus interesses. Aos pais, segundo dona Zilda, cabe estimular os filhos adolescentes para que essa busca do desconhecido, natural da idade, seja encaminhada a metas adequadas. “Os pais não podem se omitir quando passam a existir situações que fogem aos objetivos familiares inicialmente tra-çados para a boa formação daquele ser”, frisou.

Enfrentar o problema de frente “Vamos lá, enfrentar o problema de frente”, disse a mãe de Luiz Sér-

gio, completando “chamando para conversar, incrementando o diálo-go; participando mais ativamente da vida dos filhos. Não interferindo, para não causar rejeição, mas participando.” Júlio Cesar vai mais longe e afirmou que “não estamos no filme Alice no País das Maravilhas. Não adianta tampar o sol com a peneira. O problema existe, pois este é um mundo de provas e expiações”. Se houver agravamento do quadro, ele orienta para que sejam procurados profissionais capacitados para auxiliar a família atingida por esse fator desestabilizador das emoções no círculo doméstico, como psicólogos e psiquiatras.

Dona Zilda também defende a realização constante do culto do Evangelho no Lar por ser uma maneira de aproximar a espiritualidade superior do grupo familiar. Além disso, ela relembrou a receita básica, sempre útil a todos ao acordar, fazer uma prece a fim de contar com os protetores, anjinhos da guarda, durante o dia; e, antes de dormir, fazer o mesmo, desta vez para facilitar o contato, durante o sono, com a Espiritualidade Maior, sempre pronta a nos ajudar. “A oração apro-xima os bons espíritos para proteger o nosso ente querido”, ressaltou Dona Zilda.

Por fim, a mãe de Luiz Sérgio destacou ser importante que os filhos participem de alguma religião/doutrina para aumentar a capacidade de suportar os embates da vida com sensatez e tranquilidade.

reportagem de Tatiana Montezuma

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Estatuto da Comunhão

PREÂMBULO

O Estatuto consolida o esforço coletivo dos integrantes da Comu-nhão Espírita de Brasília na experiência de implementar uma fórmula de gestão participativa dos seus destinos, apoiada

num modelo de planejamento apropriado ao centro espírita.Reafirma a missão da instituição sustentada na convicção de “pro-

mover o ser humano, facilitando-lhe o acesso ao conhecimento da Doutrina Espírita, amparando-o e ofertando-lhe os meios para a vivên-cia cristã”.

Fundamenta-se em valores superiores fruto da crença que o “amor ao próximo — segundo o exemplificado por Jesus” é sentimento pri-meiro que induz toda e qualquer ação, apoiando-se igualmente na convicção de que o “trabalho no bem — trabalho útil a si ao próximo” é tarefa inadiável para que o “conhecimento” traduzido pelos “— cons-tantes estudo e pesquisas filosóficos, científicos e religiosos à luz da Doutrina Espírita” possam ser adquiridos por seus integrantes, tendo como prática constante a “caridade”, esta entendida como o sentimen-to de “— benevolência para com todos; indulgência para com as faltas alheias e perdão das ofensas” que, apoiada na “fé raciocinada — aquela que enfrenta a razão face a face, em todas as épocas da humanidade” e na “verdade”, permite a “ — busca permanente do entendimento do ensino de Jesus”.

Segue com firmeza as diretrizes de “fidelidade aos princípios da Doutrina Espírita”; de “compromisso e disciplina com as tarefas e res-ponsabilidades assumidas”; atento para que haja “receptividade” e respeito às pessoas independentemente do credo, religião ou filo-sofia que professem, pautando-se na “valorização do ser humano”, e observando a necessidade do sentimento e expressão de “humildade, desprendimento, temperança e equilíbrio nas ações”, na “busca do aperfeiçoamento pessoal” e da “interação de todos os setores da Co-munhão Espírita”, para que se alcance e se proporcione a “igualdade de tratamento e de oportunidades” para todos.

CAPÍTULO IDa Denominação, Duração, Sede e PrazoArt. 1º A COMUNHÃO ESPÍRITA DE BRASÍLIA, fundada em dezesseis de janeiro de mil novecentos e ses-

senta e um e inscrita no Cartório do 2º Ofício de Registro Civil e Casamentos, Títulos, Documentos e Pes-soas Jurídicas, sob número 19 no Livro A-1, em 15 de março de 1961, é associação com personalidade jurídica de direito privado, de caráter religioso, científico, filosófico, beneficente, cultural, educacional e de assistência social, sem fins econômicos e lucrativos, sem prazo de duração determinado, com foro e sede na cidade de Brasília, Distrito Federal, é regida pelo presente Estatuto, pelo Regimento Interno, pelas normas decorrentes e pela legislação aplicável.

CAPÍTULO IIDas FinalidadesArt. 2º São finalidades da Comunhão Espírita de Brasília:I – estudar, praticar e difundir os ensinamentos da Doutrina Espírita, por todos os meios disponíveis,

de conformidade com os princípios básicos estabelecidos na Codificação de Allan Kardec e nas obras subsidiárias;

II – promover a prática da caridade espiritual, moral e material, por todos os meios ao seu alcance, em benefício de todos, sem distinção de pessoas, raça, cor, posição social, religião ou de qualquer outra natu-reza, integrando seus membros aos princípios da Doutrina Espírita, por intermédio da vivência dos seus ensinamentos;

III – realizar a assistência à maternidade, à infância e à velhice, bem como a promoção social de modo geral, inclusive com a produção e dispensação gratuita de produtos farmacêuticos, tudo de acordo com a legislação em vigor;

IV – promover atividades educacionais e culturais através de estudos e pesquisas, práticos ou teóricos, da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec;

V – integrar o Movimento Espírita, estreitando os laços de solidariedade e fraternidade com todos os adeptos da Doutrina Espírita, fazendo-se representar, pelo seu Presidente, junto à Federação Espírita do Distrito Federal e demais organizações do Movimento;

VI – prestar serviços gratuitos e permanentes aos usuários da assistência social, sem qualquer discrimi-nação, de forma planejada, diária e sistemática, não se restringindo apenas a distribuição de bens, bene-fícios e encaminhamentos.

CAPÍTULO IIIDos Associados, seus Direitos e DeveresArt. 3º A Comunhão Espírita de Brasília compõe-se de ilimitado número de associados adeptos da Dou-

trina Espírita e dos que, desejando nesta iniciar-se, a ela se associem, aceitando as obrigações prescritas neste Estatuto, no Regimento Interno e demais normas decorrentes.

Art. 4º O quadro associativo da Comunhão Espírita de Brasília é organizado em três categorias de asso-ciados:

I – fundadores;II – votantes;III – contribuintes.§ 1o Fundadores são os associados que, tendo participado da organização da Comunhão Espírita, assi-

naram a Ata de Fundação.§ 2o Votantes são os associados que, além da contribuição financeira, mensal, à Comunhão Espírita,

são assim classificados pelo Conselho Diretor (CD), desde que atendam a pelo menos um dos seguintes requisitos:

I – ser associado fundador;II – ter exercido cargo no CD (ou equivalente), no Conselho Fiscal ou na antiga Diretoria Executiva;III – ser dirigente de Grupo de Estudo ou Grupo Mediúnico na Comunhão Espírita por mais de cinco

anos; ouIV – ser médium participante das reuniões mediúnicas da Comunhão Espírita há mais de 10 (dez) anos

consecutivos.§ 3o Contribuintes são as pessoas físicas, que se associem à Instituição, aceitando suas prescrições es-

tatutárias e regimentais.§ 4o A contribuição mensal é obrigatória, através de quantia livremente fixada pelo associado.§ 5o Poderão ser admitidos como associados votantes aqueles que, apesar de não poderem oferecer a

contribuição mensal, atendam a um dos requisitos do parágrafo segundo.§ 6o Constituirá renúncia aos direitos de associado a falta de pagamento da contribuição mensal por

mais de 12 (doze) meses.Art. 5º São direitos dos associados:I – freqüentar a sede e gozar dos benefícios previstos nas normas estatutárias e regimentais;II – assistir às reuniões públicas e, quando devidamente autorizado, as de caráter privado;III – valer-se, sem qualquer privilégio, dos serviços assistenciais prestados pela Comunhão Espírita, des-

de que preenchidas as condições necessárias para tal fim.Art. 6º São deveres de todos os associados:I – cumprir e fazer cumprir as disposições legais, estatutárias e regimentais e, ainda, as deliberações do

CD;II – prestar à Comunhão Espírita todo o concurso espiritual, moral e material, que lhe for possível;III – exercer com diligência e desempenhar com dedicação e boa vontade os cargos para os quais venha

a ser eleito, indicado ou designado e desincumbir-se dos demais encargos que voluntariamente venha a aceitar;

IV – abster-se de pleitear cargos em qualquer nível da estrutura da Comunhão Espírita, os quais serão preenchidos mediante convite;

V – cumprir com pontualidade as suas obrigações junto à Tesouraria da Comunhão Espírita;VI – zelar pelo bom nome da Comunhão Espírita em todos os momentos e lugares, especialmente pe-

rante a sociedade em geral;VII – portar-se com sobriedade, decoro e dignidade, abstendo-se de palavras ou atitudes, que possam

causar perturbação de qualquer ordem no âmbito da Instituição;VIII – esmerar-se por vivenciar e exemplificar os ensinamentos da Doutrina Espírita;IX – manter sempre atualizados os seus dados pessoais junto à Secretaria da Comunhão Espírita.Art. 7º São direitos dos associados fundadores e dos votantes:I – participar das Assembleias gerais;II – votar e ser votado para cargos eletivos;III – ser indicado para os cargos diretivos.§ 1o A classificação na categoria de associado votante tem caráter permanente, nela permanecendo o

associado até que expressa e voluntariamente renuncie ou venha a ser desclassificado por descumpri-mento do previsto no artigo 6º deste Estatuto e seus incisos.

§ 2o Terão direito a voz e voto nas assembleias gerais exclusivamente os associados votantes, que esti-verem em dia com os seus deveres estatutários.

§ 3o Constituirá renúncia tácita à categoria de associado votante a ausência não justificada a 2 (duas) assembleias gerais consecutivas, ordinária ou extraordinária, bem como ausências sistematicamente jus-tificadas.

Art. 8º É dever do associado votante, além dos previstos no artigo 6º e seus incisos, comparecer às as-sembleias gerais da Comunhão Espírita, contribuindo nas discussões e votações, com palavras e atitudes, que possam fortalecer sempre o equilíbrio, a harmonia e a união de todos os integrantes.

Art. 9º O descumprimento de qualquer dos deveres definidos neste Estatuto, no Regimento Interno e normas complementares poderá dar causa a desclassificação de categoria ou ao cancelamento da inscri-ção de associado, cabendo recurso à Assembleia Geral.

Parágrafo único. A readmissão no quadro de associados ou a reclassificação na categoria de associado votante, somente poderá ocorrer após 1 (um) ano contado da data da renúncia ou da decisão da Assem-bleia Geral ou do CD, respectivamente.

Art. 10. A exclusão do associado, sua desclassificação de categoria ou saída da Instituição, não implica direito a indenizações, sob qualquer título, forma ou pretexto, não lhe cabendo nenhuma restituição, por valor atualizado ou não, de qualquer contribuição em bens materiais ou em dinheiro, doações, cessões de direito ou outras contribuições de natureza moral, material, social, literária, artística ou científica, que houver feito a Comunhão Espírita.

Parágrafo único. A adesão ao quadro associativo depende da aceitação expressa, plena e irrevogável das disposições deste artigo.

Art. 11. Os associados não respondem, nem mesmo subsidiariamente, pelas obrigações assumidas pelos representantes da Comunhão Espírita de Brasília.

CAPÍTULO IVDa Administração Art. 12. São órgãos de administração da Comunhão Espírita:I – Assembleia Geral (AG);II – Conselho Diretor (CD);III – Conselho Fiscal (CF);IV – Diretoria-Geral (DG).SEÇÃO IDa Assembleia GeralArt. 13. A Assembleia Geral é o órgão máximo e soberano da Comunhão Espírita de Brasília, composta

pelos associados fundadores e votantes, no pleno gozo de seus direitos previstos neste Estatuto.Art. 14. A Assembleia Geral reúne-se anualmente sob a forma de Assembleia Geral Ordinária (AGO) ou, a

qualquer tempo, sob a forma de Assembleia Geral Extraordinária (AGE), obedecendo aos seguintes requi-sitos para sua convocação, constituição e funcionamento:

I – a Assembleia Geral será precedida de convocação por intermédio de publicação de edital em órgão da imprensa local e nos órgãos de divulgação interna, inclusive nos quadros de avisos e da remessa de correspondências por carta e/ou mensagens eletrônicas, com pelo menos 8 (oito) dias de antecedência;

II – a relação atualizada dos associados votantes em condição de integrar a Assembleia Geral perma-necerá, durante o ano, à disposição dos interessados na Presidência da Diretoria-Geral, e será afixada no quadro principal de avisos da instituição, juntamente com o edital de convocação, quando da realização de assembleias;

III – o CD divulgará anualmente nos quadros de avisos da Casa a relação atualizada dos classificados na categoria de associado votante, antes da realização da Assembleia Geral Ordinária;

IV – a presença à assembleia será registrada em livro próprio, identificado o associado por seu número de inscrição e documento de identificação oficial, não sendo admitida a representação por mandato de qualquer espécie;

V – considerar-se-á instalada legalmente a Assembleia Geral, em primeira convocação, quando presen-tes 1/3 (um terço) dos associados que a compõem, no pleno gozo dos seus direitos e, em segunda e última convocação, 30 (trinta) minutos após, com qualquer número de associados com direito a voto, excetuando as assembleias convocadas para destituir administradores ou alterar estatuto, que exigirá, em primeira convocação, a presença de metade mais um de todos os associados com direito a voto e nas demais, pelo menos um terço dos associados com direito a voto;

VI – as assembleias gerais serão abertas e dirigidas pelo Presidente do CD, ou por seu substituto esta-tutário, competindo-lhe verificar a regularidade da convocação e a presença do número legal de associa-dos com direito a voto em condição de integrá-la para declarar instalada a assembleia, com exceção da assembleia convocada para impugnação de ato do Conselho Diretor, que será presidida pelo Presidente do Conselho Fiscal;

VII – as deliberações das assembleias gerais serão tomadas pela maioria simples (metade mais um) dos presentes, por aclamação ou por escrutínio secreto, excetuando as assembleias convocadas para desti-tuir administradores ou alterar estatuto, que exigirá, para qualquer deliberação, o voto concorde de dois terços dos presentes e constarão de ata que será lida e aprovada na mesma oportunidade, assinando-a o Presidente, o Vice-Presidente, um dos membros do Conselho Fiscal e o secretário da assembleia;

VIII – não sendo possível deliberar-se sobre a matéria constante da convocação, a assembleia prorrogará seus trabalhos por tantos dias quantos se fizerem necessários, decidindo-se em plenário a nova data e hora para a seqüência dos trabalhos, dispensadas, no caso, as formalidades dos incisos I e II deste artigo, adotando-se a forma de comunicação usual;

IX – o comparecimento de associados contribuintes ou de não associados às assembleias gerais, so-mente será permitido quando a convite ou atendendo à convocação do Presidente do CD ou a convite de componente da Assembleia Geral, mediante autorização de seu Presidente ou especificamente para o esclarecimento de matéria que requeira especialização técnica ou profissional;

X – para deliberar sobre a aquisição, alienação, estabelecimento de gravames sobre bens imóveis ou dissolução da Comunhão Espírita, é exigida a presença de dois terços dos associados com direito a voto.

SUBSEÇÃO IDa Assembleia Geral OrdináriaArt. 15. A Assembleia Geral Ordinária reunir-se-á anualmente para ratificar ou retificar qualquer ato ad-

ministrativo, reformar, no todo ou em parte, o presente Estatuto, bem como para deliberar sobre questões

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que lhe forem submetidas, de conformidade com a lei vigente e com o estabelecido neste Estatuto, exclu-sivamente para os fins constantes da convocação.

§ 1o A Assembleia Geral reunir-se-á ordinariamente, em data fixada pelo Presidente do CD, entre os dias 1º e 31 de março, para apreciar o relatório do ano anterior, a prestação de contas e demais atos da Administração.

§ 2o A Assembleia Geral Ordinária reunir-se-á de quatro em quatro anos, no mês de março, em dia fixado pelo Presidente do CD, para eleger 14 (quatorze) membros e 11 (onze) suplentes do Conselho Diretor e 03 (três) membros e respectivos suplentes do Conselho Fiscal, os quais terão mandato a partir de 1º de abril do mesmo ano.

§ 3º O CD apresentará, no prazo de pelo menos 08 (oito) dias da data da AGO, relação contendo 50 (cin-qüenta) nomes de indicados aos cargos do próprio Conselho e 12 (doze) nomes de indicados aos cargos do Conselho Fiscal, escolhidos entre os associados votantes, que preencham as condições prescritas neste Estatuto.

§ 4o Serão considerados eleitos para o CD, na qualidade de membros titulares, os 14 (quatorze) asso-ciados mais votados e, na ordem de votação, na qualidade de membros suplentes os 11 (onze) nomes seguintes.

§ 5º Para o Conselho Fiscal serão considerados eleitos, na qualidade de membros titulares, os 3 (três) associados mais votados e, na ordem de votação, na qualidade de membros suplentes os 3 (três) nomes seguintes.

§ 6º Em caso de empate será considerado eleito o associado mais antigo; persistindo o empate, o mais idoso.

§ 7º Realizada a eleição, o Presidente da AGO proclamará eleitos os membros dos Conselhos Diretor e Fiscal, dando-lhes posse imediata, em nome da Assembleia Geral.

SUBSEÇÃO IIDa Assembleia Geral ExtraordináriaArt. 16. A Assembleia Geral Extraordinária é convocada, tantas vezes quantas se fizerem necessárias:I – pelo Presidente do CD;II – por um quinto dos associados contribuintes ou um terço dos associados com direito a voto, median-

te documento, obrigatoriamente fundamentado, dirigido ao Presidente do CD;III – pelo Presidente do CF.§ 1º A AGE prevista no inciso II deste artigo deverá ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias,

contados do recebimento do documento pelo Presidente CD.§ 2º A AGE especialmente convocada de acordo com o inciso II não poderá deliberar sem a presença da

maioria simples – metade mais um – dos signatários do documento.SEÇÃO IIDo Conselho DiretorArt. 17. O Conselho Diretor é órgão superior de gestão da Comunhão Espírita e se estrutura a partir de

duas unidades: a Presidência e as Comissões Permanentes.§ 1º O CD é composto por 14 (quatorze) membros titulares e 11 (onze) suplentes, integrantes da cate-

goria de associado votante, em pleno gozo de seus direitos estatutários, eleitos pela Assembleia Geral específica, Associados Fundadores e pelos titulares das Diretorias.

§ 2º A Presidência do CD será composta pelo Presidente e Vice-Presidente escolhidos entre e somente pelos membros eleitos, na primeira reunião do novo Conselho.

§ 3º As Comissões Permanentes serão compostas voluntariamente por pares formados pelos demais Conselheiros eleitos, na primeira reunião do novo Conselho, cabendo-lhes a gestão das Diretorias, em conjunto com o titular.

§ 4º Os Diretores, integrantes das Comissões Permanentes, serão escolhidos entre os associados que cumpram integralmente as condições estabelecidas no § 2º do art. 4º, serão indicados pelo Presidente ao CD que apreciará e aprovará seus nomes na primeira reunião subseqüente à escolha e posse da pre-sidência do CD.

§ 5º Os Conselheiros que venham a tomar posse como Diretores abrirão vaga para assunção permanen-te de suplentes que cumprirão o mandato do substituído até o seu término.

Art. 18. O CD reunir-se-á com a maioria simples de seus membros.§ 1º A convocação de Conselheiro suplente obedecerá à ordem fixada na eleição.§ 2º As deliberações do CD serão tomadas por maioria simples de votos, garantido ao Presidente o voto

de qualidade.§ 3º Os membros suplentes poderão participar das reuniões do CD, sem direito a voto.Art. 19. Em caso de vacância, renúncia tácita ou expressa, o CD convocará o Conselheiro suplente na

ordem da lista de eleição para integrá-lo, efetivando-o como titular na hipótese da substituição exceder a 30 (trinta) dias.

§ 1º Não havendo número suficiente de substitutos entre os membros suplentes do CD ou na hipótese de renúncia coletiva de seus integrantes, o Presidente do CD convocará a Assembleia Geral Extraordinária, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias, contados da verificação de insuficiência ou do conhecimento da renúncia, com o fim expresso de eleger e empossar novos membros para o Colegiado, observado o prescrito no inciso I do art. 14.

§ 2º À vacância dos cargos do Conselho Fiscal, não existindo suplente, será indicado membro do CD para o cumprimento do restante do mandato, retornando o indicado às suas funções no Conselho Diretor, após a realização da Assembleia Geral destinada a suprir a lacuna.

Art. 20. A ausência não justificada de Conselheiro a duas reuniões ordinárias consecutivas ou três alter-nadas constituirá renúncia ao mandato.

Art. 21. Será afastado, preliminarmente, do CD o membro titular ou suplente que vier a infringir as dis-posições estatutárias, regimentais ou normativas, por deliberação de, no mínimo, 2/3 (dois terços) de seus membros titulares, submetendo-se a decisão à Assembleia Geral.

Art. 22. Em caso de vacância do cargo de Presidente do CD, tomará posse o Vice-Presidente, escolhendo--se o novo titular do cargo de Vice-Presidente na primeira reunião do CD.

Parágrafo único. Em caso de vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente, será procedida nova escolha dos titulares no menor prazo possível, respondendo, interinamente, pelo órgão os dois Conse-lheiros mais votados.

Art. 23. São atribuições do CD, além das contidas nos dispositivos anteriores:I – aprovar a indicação dos dirigentes de todas as frações administrativas;II – elaborar, até o dia 30 de novembro do ano anterior, e cumprir o planejamento anual de atividades e

o orçamento anual da Comunhão Espírita;III – receber e analisar parecer do Conselho Fiscal sobre a Prestação de Contas da Diretoria-Geral, para

encaminhamento à Assembleia Geral;IV – acompanhar e orientar, de modo permanente, por qualquer de seus membros, o ensino e a prática

dos preceitos doutrinários espíritas nas atividades da Comunhão Espírita;V – deliberar acerca da classificação ou desclassificação da categoria de associado votante e sobre anis-

tia ou isenção de mensalidades, quando for o caso;VI – instituir o Regimento Interno da Comunhão Espírita e aprovar as Normas Gerais de Ação decorren-

tes.VII – dirimir dúvidas e deliberar sobre os casos omissos neste Estatuto, neste caso, ad referendum da

Assembleia Geral;VIII – analisar e aprovar sugestões, ou apresentar proposta de reforma do presente Estatuto a ser enviada

à Assembleia Geral;IX – deliberar, por maioria qualificada de 2/3 de seus membros, quando apuradas eventuais irregularida-

des, sobre o afastamento de seus próprios membros ou do Conselho Fiscal.SEÇÃO IIIDo Conselho FiscalArt. 24. O Conselho Fiscal (CF), órgão de controle e fiscalização, é constituído por 3 (três) membros ti-

tulares e 3 (três) suplentes, todos associados votantes, eleitos e empossados pela Assembleia Geral, com mandato de 4 (quatro) anos.

§ 1º Não poderá integrar o Conselho Fiscal o associado votante que tenha cônjuge ou parente, em linha reta ou colateral até 3º grau, integrantes do CD ou do próprio CF.

§ 2º Aos cargos do CF concorrerão associados votantes, preferentemente com conhecimento e prática financeira e/ou contábil e/ou administrativa.

Art. 25. São atribuições do Conselho Fiscal:I – fiscalizar a gestão econômico-financeira da Comunhão Espírita;II – emitir parecer sobre o balanço, a demonstração da receita e despesa e a prestação de contas da

Diretoria-Geral, referentes ao exercício do ano anterior, encaminhando-o ao CD;III – orientar a Diretoria-Geral nos assuntos de sua competência;IV – examinar, em qualquer época, os livros, documentos e outros papéis referentes à Tesouraria, caben-

do à Diretoria-Geral prestar-lhe as informações que solicitar;V – requerer, fundamentadamente, ao CD a convocação de Assembleia Geral sempre que ocorrerem

motivos relevantes;VI – emitir parecer sobre as propostas da Diretoria-Geral sobre aquisição ou venda de bens patrimoniais.

Art. 26. A qualquer tempo, o Conselho Fiscal poderá requerer ao Conselho Diretor a contratação de contador habilitado ou, se necessário, auditagem e perícia de operações administrativas, financeiras e contábeis.

SEÇÃO IVDa Diretoria-GeralArt. 27. A Comunhão Espírita é administrada por uma Diretoria-Geral presidida pelo Presidente do Con-

selho Diretor e seu substituto estatutário, composta de:I - Diretoria Administrativa e Financeira (DAF);II - Diretoria de Assistência Espiritual (DAE);III – Diretoria de Atendimento e Orientação (DAO);IV - Diretoria de Promoção Social (DPS);V - Diretoria de Estudos Doutrinários (DED);VI - Diretoria da Infância e Juventude (DIJ);VII – Órgãos de Assessoramento Superior.§ 1º Os titulares dos órgãos de assessoramento superior, escolhidos entre os associados que cumpram

integralmente as condições estabelecidas no § 2º do art. 4º, serão indicados pelo Presidente ao CD que apreciará e aprovará seus nomes na primeira reunião subseqüente à data da escolha.

§ 2º O Presidente do CD, ou seu substituto – Vice-Presidente –, administra e realiza a movimentação financeira da Instituição, juntamente com o Diretor Administrativo e Financeiro ou seu substituto – Tesou-reiro –, perante organismos financeiros.

§ 3º O Presidente do CD representa a Comunhão Espírita, ativa e passivamente, nos atos judiciais e ex-trajudiciais, nos termos do Regimento Interno.

§ 4º O Presidente do CD, ou seu substituto, e o Diretor Administrativo e Financeiro, ou seu substituto, respondem solidariamente na hipótese de não aprovação de contas anuais, a que se refere o parágrafo 1º do art. 15, por seus atos de gestão.

§ 5º As atribuições específicas da Diretoria-Geral e de seus órgãos serão detalhadas no Regimento Inter-no da Comunhão Espírita.

§ 6º O Presidente do CD, ou seu substituto, contrata e demite os empregados da Comunhão Espírita, observado o quadro de cargos e salários da Instituição aprovado pelo Conselho Diretor e a legislação trabalhista e previdenciária, conforme o caso, e, se conveniente, contrata empresa prestadora de serviços, nos termos regimentais.

CAPÍTULO VDas SubstituiçõesArt. 28. Os ocupantes dos cargos na Diretoria-Geral serão substituídos em seus impedimentos eventuais:I – o Presidente pelo Vice-Presidente;II – o Diretor Administrativo e Financeiro pelo Tesoureiro.CAPÍTULO VIDo PatrimônioArt. 29. O patrimônio da Comunhão Espírita é constituído por seus bens imóveis e móveis, veículos,

títulos de renda, valores, fundos ou depósitos bancários, que possua ou venha a possuir.§ 1o Os bens imóveis só poderão ser alienados ou gravados, no todo ou em parte, por deliberação da

Assembleia Geral especialmente convocada para este fim, mediante justificativa e apresentação de plano de aplicação dos recursos provenientes da operação.

§ 2o Ao decidir sobre alienação ou gravame de bens imóveis, a Assembleia Geral deliberará, no mesmo ato, sobre a destinação dos recursos decorrentes da operação.

§ 3o Mediante autorização do CD, ad referendum da Assembleia Geral, os bens móveis inservíveis para a Comunhão Espírita poderão ser alienados ou doados a outras Instituições congêneres, mediante justifica-tiva e, se for o caso, apresentação de plano de aplicação dos recursos, os quais deverão ser utilizados obri-gatoriamente na aquisição de bens e equipamentos ou para cobrir despesas com ampliações, reformas ou melhorias na sede da Comunhão Espírita.

§ 4º O patrimônio da Comunhão Espírita não constitui patrimônio de indivíduo ou de sociedade sem caráter beneficente de assistência social.

Art. 30. Os recursos financeiros da Comunhão Espírita provêm de:I - contribuições dos associados e colaboradores;II - subvenções financeiras do Poder Público e convênios;III – doações de pessoas físicas e jurídicas, legados e aluguéis;IV - resultados de aplicação financeira;V -. promoções sociais e beneficentes;VI – vendas de produtos e serviços realizadas pela Instituição, tais como artesanatos, utensílios, móveis,

bens oriundos de reciclagens, artigos de livraria e papelaria, material audiovisual e congêneres, edição e produção de recursos audiovisuais, editoração e distribuição de publicações e quaisquer outras ativida-des que proporcionem recursos para o atendimento de suas finalidades, compatíveis com os princípios doutrinários.

§ 1º As contribuições, subvenções, doações e auxílios recebidos de entidades públicas e particulares e de pessoas físicas não poderão trazer qualquer condicionante, sendo que o Conselho Diretor poderá determinar a devolução ou cancelamento de receita oriunda de tais fontes ou dos bens, declarando nulo o ato jurídico, se entendê-lo prejudicial ou danoso à Comunhão Espírita.

§ 2º As subvenções e doações recebidas serão aplicadas nas finalidades a que estejam vinculadas.CAPÍTULO VIIDas Disposições GeraisArt. 31. A Comunhão Espírita realiza obra no campo de assistência, amparo e educação de menores em

situação irregular, prestando, desde 1961, apoio humano, material e financeiro à Sociedade Cristã Maria e Jesus - SOMAJE (Nosso Lar), associação de direito privado, sediada em Brasília - DF.

Art. 32. É vedada a remuneração pelo exercício dos cargos dos conselhos e dos demais dirigentes de órgãos, bem como também a distribuição de lucros, bonificações, vantagens ou dividendos, de seu patri-mônio e de suas rendas a Conselheiros, Diretores, Assessores, benfeitores, mantenedores ou associados, sob qualquer forma ou pretexto.

Art. 33. A Comunhão Espírita aplica integralmente no País os seus recursos com vistas ao desenvolvi-mento dos seus objetivos institucionais e sociais, revertendo qualquer eventual saldo de seus exercícios financeiros em benefício da manutenção e ampliação de suas finalidades sociais, institucionais e de seu patrimônio, mantendo escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades le-gais e regulamentares, capazes de comprovar a sua exatidão.

Art. 34. Os trabalhos exercidos na Comunhão Espírita pelos seus associados são voluntários e gratuitos, não incidindo sobre eles nenhum direito trabalhista.

Art. 35. É terminantemente proibida, em qualquer dependência da Comunhão Espírita, a realização de manifestações, palestras, discussões e propaganda de caráter político-partidário ou contrárias à ordem constituída do País, bem como referências depreciativas a outros credos, religiões e filosofias.

Art. 36. Os cargos exercidos no Conselho Diretor não poderão ser acumulados com os cargos no Con-selho Fiscal.

Art. 37. A Comunhão Espírita apoiará integralmente o Movimento Pró-Unificação do Espiritismo no Bra-sil, na busca do contínuo aperfeiçoamento doutrinário.

Art. 38. Não poderão ser modificados no Estatuto da Comunhão Espírita:I – a natureza espírita da Instituição;II – a não-vitaliciedade de qualquer dos cargos previstos neste Estatuto, com exceção dos ocupados por

associados fundadores. Art. 39. Na hipótese de extinção da Comunhão Espírita, por falta de associados, por deliberação unânime

dos remanescentes reunidos em Assembleia Geral Extraordinária, ou por sentença judicial transitada em julgado, o patrimônio social passará à entidade congênere, registrada no Conselho Nacional de Assistên-cia Social – CNAS -, que a Federação Espírita do Distrito Federal indicar, se nenhuma outra houver sido designada pela Assembleia Geral convocada ou, inexistindo, a uma entidade pública.

Art. 40. Este Estatuto, depois de aprovado pela Assembleia Geral, deverá ser registrado no Cartório com-petente da cidade de Brasília-DF.

Art. 41. O presente Estatuto aprovado pelo Conselho Diretor em reunião realizada em 28 de julho de 2010 e pela Assembleia Geral Extraordinária de 14 de agosto de 2010, entra em vigor a partir desta data, revogando o Estatuto de 25 de março de 2006.

Brasília, Distrito Federal, 14 de agosto de 2010.

Heloísa Helena de Magalhães Presidenta Jerson Brandão Dibe Advogado – OAB DF 6197

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As mães devem impulsionar o crescimento dos filhos

A família é a célula base da sociedade. Como comunidade nos organizamos a partir dela. E na família cabe à mãe o papel de gerar e gestar seus filhos. É através delas que temos a oportu-

nidade de retornar à Terra, objetivando a renovação íntima e a vitória sobre as dificuldades e vícios que ainda temos a superar.

Das mães é esperado o amor incondicional, aquele que indepen-dentemente das circunstâncias trabalha a impulsionar o crescimento espiritual dos filhos. No capítulo XIV, do Evangelho Segundo o Espiri-tismo, item 9, Santo Agostinho nos coloca: “Ó espíritas! Compreendei agora o grande papel da humanidade. Compreendei que quando ge-rais um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progre-dir; tomai conhecimento de vossos deveres e usai todo o vosso amor na tarefa de aproximar essa alma de Deus; essa é a missão que vos foi confiada e pela qual receberei a recompensa se ela for cumprida fielmente. Vossos cuidados e a educação que lhe derdes a ajudarão a aperfeiçoar-se e a construir o seu bem-estar futuro...”

Diz ainda:“Comportai-vos de forma a merecer as divinas alegrias que Deus

concedeu à maternidade, ensinando a esse filho que ele está sobre a Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer”.

Cabe a mãe, principalmente na infância, quando a criança é mais plástica, por meio da educação anular os maus princípios inatos de existências anteriores.

Santo Agostinho nos lembra ainda que: “Desde pequenina, a criança manifesta seus instintos bons ou maus que traz de existên-cias anteriores. É preciso que os pais se dediquem a estudá-los.” Ele recomenda-nos “tratar de combater logo o germe desses vícios, não deixando que criem raízes profundas. Fazei como o bom jardineiro, que arranca os maus rebentos à medida que eles vão surgindo nas árvores.”

Claro que é um trabalho onde não há dia santo ou feriado, exige-

-nos a perseverança. E como nos diz Paulo, em Gálatas 6:9, “Não nos desanimemos de fazer o bem, pois a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.”

Emmanuel ao estudar tal versículo em Fonte Viva e em Vinha de Luz, nos lembra: “O exercício do amor verdadeiro não pode cansar o coração. O mal extenua o espírito, mas o bem revigora sempre. O aprendiz sincero do Evangelho, portanto, não se irrita nem conhece a derrota nas lutas edificantes, porque compreende o desânimo por perda de oportunidade. Problemas da alma não se circunscrevem a questão de dias e semanas terrestres nem podem viver condiciona-dos a deficiências físicas. São problemas de vida, renovação e eter-nidade. Não te canses, pois de fazer o bem, convencido, todavia, de que a colheita, por tuas próprias mãos, depende de prosseguires no sacerdócio do amor, sem desfalecimentos.”

Paulo nos diz: “A perseverança é a base da vitória.”Cabe-nos o olhar a longo prazo, sem nos perturbarmos com as re-

cusas e resistências à reforma manifestada por nossos filhos.Paulo diz ainda: “O ferro rubro, colocado na bigorna, espantou-

-se e sofreu, inconformado; todavia, quando se viu desempenhando importantes funções nas máquinas do progresso, sorriu reconhecida-mente para o fogo que o purificava e engrandecia. Quando o buril começou a ferir o bloco de mármore embrutecido, a pedra, em de-sespero, clamou contra o próprio destino, mas depois, ao se perceber admirada, encarnando uma das mais belas concepções artísticas do mundo, louvou-se o cinzel que a dilacerara.”

Mantenhamo-nos firmes no papel de educar, confiando em Deus e no papel que nos confiou, haurindo coragem, nutrindo a fé e am-pliando o amor em nós pela nossa missão e pelos nossos filhos. E como diz Paulo: “Não olvides que ceifará, mais tarde, em tua lavoura de amor e luz, mas só alcançarás a divina colheita se caminhares para diante, entre o suor e a confiança, sem nunca desfaleceres”.

Artigo da psicóloga Márcia Braga

Corrigenda eficaz

Outro dia quebrei uma xícara de café. Ao levar à boca, na inclina-ção natural, ela soltou-se da asa que ficou entre meus dedos. Espatifou-se e me sujou de café. Seria coisa normal se fosse com

outra pessoa, mas comigo foi um fato insólito: eu nunca quebro nada. E por que isso? Explico.

Quando morávamos lá no Taquara (hoje está no município de Juty), minha mãe tinha uma xícara tipo canequinha, de louça azul. Os demais utensílios de mesa eram de folha de Flandres, ou seja, lata. Não tínha-mos pratos e sim umas baciazinhas de lata que serviam para qualquer tipo de comida e por serem fundas tinham a vantagem de uma poder ser usada simultaneamente por duas ou mais pessoas. Não precisava termos muitas.

Eu estava com quatro ou cinco anos de idade. Todos nós admirá-vamos a canequinha de louça que a gente dizia “xícra” de vidro. Minha mãe a guardava com carinho. Creio que ela trouxera do Paraná em 1913. Devia ser, em sua pobreza e simplicidade, uma relíquia muito va-liosa. Era proibido botar a mão nela. Eu sou o oitavo de uma família de dezenove. Na época do fato, minha mãe já tinha nove ou dez filhos. De-via estar com uns trinta e poucos anos. Pois bem, certo dia ela estava ar-rumando uma prateleirazinha rústica da cozinha e eu estava perto dela bisbilhotando e a admirando. Gostava tanto de estar perto dela! Ficava encantado em vê-la na azáfama, indo de um lado para outro cantaro-lando modinhas aprendidas na mocidade. Sempre enérgica, mas con-tente. Ao fazer mudanças de objetos na arrumação, a canequinha ficou em minha frente. Extasiado a peguei como se fosse a uma santa. Minha mãe que olhava para cima, ao virar a visão para a mesa exclamou: não

pegue nisso! Assustei-me e larguei a xícara que espatifou no chão. Foi a única surra que minha mãe me deu (de meu pai tive incontáveis). Esta dela valeu: sempre tomei cuidado para nunca quebrar nada. Até hoje eu pego em copo diferentemente de todo mundo: eu o envolvo com o polegar e três dedos. O mindinho eu coloco por baixo do copo. Não há como escapar da mão. Não conheço outro que faça o mesmo.

Passei 86 anos sem quebrar nada. Nesta de agora não tive culpa: ela soltou-se da asa. Mas foi agradável me fazer lembrar daquele passado remoto. Tempo de criança tudo é beleza. Não existem sofrimentos. Um machucado, umas palmadas, uns cascudos são coisas passageiras.

Hoje ninguém dá uma palmada num filho. A lei não permite. Essa deseducação que existe, essa marginalidade crescente, essa violência a cada dia mais cruel deve ter causa na falta de corretivo na infância. Di-zem os tibetanos (os Lamas) que criança se educa até os cinco anos de idade. Depois se deve orientá-la. O Dr. Delamare (pediatra) dizia para as mães com filhos de poucos dias de idade, que deviam inicialmente cor-rigir maus hábitos. Mas ele só tem três dias, dizia a mãe e ele: a senhora está com três dias de atraso. Esse é o método tibetano. Não havendo correção na primeira infância, na adolescência não corrige mais. Aí aquele espírito exibe todos os defeitos trazidos da encarnação anterior. As vidas sucessivas têm a finalidade de eliminarmos os defeitos e vícios. Cabe aos pais essa tarefa na infância. Não há necessidade de castigar, mas corrigir com veemência. O filho ficará agradecido como eu sou a meus pais e o mesmo se dá com meus irmãos.

Artigo de Julio Capilé(Médico e um dos fundadores da Comunhão Espírita de Brasília)

Artigos

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Ajustes sociais e mudanças nos relacionamento levam casais a enfrentar conflitos

Libertação - Flávio, como o senhor vê o relacionamento do casal moderno?Flávio – No relacionamento dos casais modernos existem aspectos

funcionais e disfuncionais. Os papéis são menos rígidos, tanto nos ho-mens como nas mulheres, e de uma forma geral são relacionamentos mais verdadeiros na expressão das necessidades e direitos.

O aspecto disfuncional é que são mais competitivos, mais exigentes, menos tolerantes. E a propagada igualdade de direitos ainda não é tão real como gostaríamos. Há ainda muitos conflitos em função dos ajustes que estão sendo feitos.Libertação – E o casal espírita? Ele poderia fazer algo a mais para desenvolver melhor essa parceria?

Flávio – O casal espírita tem como máxima o desenvolvimento espi-ritual. Sendo assim, os relacionamentos são uma grande oportunidade nesse sentido, po is afloram todos os conteúdos que necessitamos tra-balhar internamente. Existe uma teoria sobre relacionamentos bastante oportuna e significativa para compreensão do tema relacionamentos afetivos. Postula que há em nosso universo dois princípios complemen-tares, o princípio ativo e o princípio receptivo. Os dois são necessários e complementares.

Em gerações passadas existia uma diferença evidente entre os papéis masculino e o feminino. Onde, geralmente, o homem adotava um com-portamento ativo e a mulher um comportamento receptivo, a vivência desses princípios era, e ainda é, muitas vezes distorcida por ambos. O prin-cipio ou energia ativa tornou- se domínio, imposição e agressividade e o receptivo submissão, omissão e fragilidade.

Na sociedade moderna essa distorção do princípio ativo foi incorpo-rado pela mulher e o princípio receptivo distorcido foi absorvido pelo ho-mem. Atualmente, principalmente em cidades maiores e mais desenvolvi-das, há uma inversão de comportamentos e em muitos casos as mulheres desenvolveram mais o princípio ativo e muitos homens desenvolveram mais princípio receptivo.

Muitas mulheres, no entanto, mesmo fortes, anseiam por homens que a protejam e amparem. Assim como homens sensíveis também anseiam por mulheres que os acolham e dêem suporte. Porém não há como mu-lheres fortes abrirem espaço para serem protegidas pelos homens e nem homens sensíveis abrirem espaço para serem acolhidos pelas mulheres. Na inversão de papéis, tanto homens quanto mulheres ficam sentindo-se abandonados e não atendidos, frustrados e insatisfeitos.

Nos casos em que mulheres fortes se aproximam e se envolvem com homens igualmente fortes, é possível que haja muita competição e atrito. No caso em que homens sensíveis se aproximam ou se envolvem com mulheres sensíveis, há uma possibilidade em que ocorra a estagnação e acomodação. Nos dois casos há um excesso de energia da mesma polari-dade, o que não necessariamente impede a relação, mas quando estamos conscientes da situação podemos ir em direção ao equilíbrio.

A sociedade moderna se tornou excessivamente ativa e competitiva. Em função disso, arte, música, estética, ética, filosofia, espiritualidade, sen-timentos e sensibilidade tornaram-se sinônimo de fraqueza e fragilidade e por isso mesmo vistos comoinúteis, indesejáveis e ameaçadores. A com-petição, a luta, a disputa, os esportes, as construções sólidas, a ciência, o materialismo e a objetividade, o senso prático e as emoções mais intensas tornaram-se úteis, desejáveis e seguras. Dessa forma, a sociedade moder-na estimula e induz o princípio ativo e discrimina o princípio receptivo.

Com o desenvolvimento do princípio ativo as mulheres se instrumen-taram para viver e conquistar lugar na nossa sociedade moderna exces-sivamente ativa e competitiva, mas para isso pagou um alto preço e teve que negar o princípio receptivo ou distorcê-lo. O homem também para evitar o comportamento excessivamente ativo de seus pais e dar espa-ço para a mulher ativa tornou-se mais sensível e receptivo e muitas vezes

passivo. Igualmente também, em muitos casos, negou seu princípio ativo.Tanto os homens quanto as mulheres necessitam de ambos os princí-

pios: o ativo e receptivo em equilíbrio, portanto o desenvolvimento des-ses aspectos seria a chave para uma maior harmonia e crescimento nas relações.Libertação - Qual a orientação ou sugestão o senhor daria para o homem atual?

Flávio – Ao homem em que prevalece o princípio ativo, é necessária uma valorização e abertura ao princípio receptivo, o que na prática signifi-ca contribuir nas atividades de cuidados com a casa, uma maior participa-ção na criação e educação dos filhos e estar mais atento às necessidades da mulher.

Ao homem em que prevalece o princípio receptivo, que desenvolva mais sua força pessoal, que assuma mais riscos, que lute mais por uma melhor condição para sua família e que proteja mais sua mulher.Libertação – Hoje a mulher tem tido dificuldade de se relacionar e constituir uma família, mesmo sendo mais independente profissionalmente e financeiramente?

Flávio – Como já dissemos, a mulher tem pagado um alto preço pela sua independência. Muitas estão sobrecarregadas assumindo um excessi-vo número de atividades e funções. Outras, mesmos independentes pro-fissionalmente e financeiramente, têm medo de se relacionar e perderem sua autonomia. Outras ainda não têm mais tempo, não desejam mais cui-dar da casa e algumas inclusive não querem mais ter filhos.

Uma saída para as mulheres poderia ser acolher a si mesmas, se dar conta de suas reais necessidades e direitos, rever esse novo lugar que foi conquistado de forma a manter as boas aquisições, abrindo mão dos ex-cessos e do que hoje as sobrecarregam.

Não é necessário perder a independência para se abrir e reconquistar o aspecto sensível e receptivo que tanto tempo esteve com a mulher.Libertação – Temos percebido uma quantidade significativa de homens e mulheres viven-do sozinhos. Qual seria o provável motivo desse fato?

Flávio – Muitas dessas pessoas estão se restabelecendo de relaciona-mentos rompidos ou se organizando internamente para buscarem nova-mente um relacionamento afetivo. Mas há também os que estão sozinhos por desesperança, fruto de decepções inúmeras em relacionamentos. Ou-tros que desejam manter sua independência e temem morar junto com alguém novamente.Libertação – Como o senhor vê os relacionamentos modernos onde o casal mora em casas separadas?

Flávio – Para casais sem filhos ou para casais com filhos de outros ca-samentos pode ser uma alternativa por algum tempo, até que outras ne-cessidades surjam.Libertação – Tem casal que se desdobra para ajudar assistencialmente os menos favore-cidos e deixam de dar assistência aos próprios filhos. Como o senhor orientaria esse casal?

Flávio – É uma distorção do princípio da caridade. Seria importante se questionarem quanto à validade deste tipo de assistência. Trata-se de um tema delicado, porque há de se desenvolver o discernimento do que realmente são as necessidades reais dos filhos, para não nos tornarmos absorvidos por excessos. Ter sempre em mente que nosso maior trabalho é no âmbito familiar, onde estão nossos maiores desafios.Libertação – Qual é a maior dificuldade do casal no relacionamento com os filhos?

Flávio - Talvez a mesma dificuldade que na relação entre o casal a di-ficuldade de saber ouvir, ser empático, se colocar no lugar do outro e de saber que além da educação o que os filhos mais necessitam é de intimi-dade, vínculo afetivo e limites saudáveis.

Por Waldyr Montenegro(Flávio Vervloet é médico e palestrante espírita)

Entrevista com o médico Flávio Vervloet

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Maternidade é condição para possibilitar a reencarnação e oferecer oportunidades de desenvolvimento espiritual

Neste mês de maio comemoramos o Dia das Mães. Além do ape-lo comercial da data, sentimos no ar a celebração da materni-dade, a singeleza do ato de doar uma vida. Nós, os espíritas,

sabemos do valor da maternidade, porquanto é condição imprescin-dível para possibilitar a reencarnação e oferecer novas oportunidades de desenvolvimento do espírito imortal.

Para representar a data, estamos sugerindo um livro com uma re-presentação da maior de todas as mães da história da humanidade: Maria, a mãe daquele que nos trouxe os princípios do evangelho: Je-sus. Então, nada melhor que a mãe de Jesus para representar a data junto a nós.

Fernando Miramez de Olivídeo, o espírito que ditou o livro, em sua vida terrena nasceu na Espanha e ainda jovem aprofundou-se na história dos povos e nações da Terra, mostrando grande interesse na descoberta das Américas, apaixonando-se pelas terras de Santa Cruz. Ao desprender-se do corpo físico, Miramez chorou de felicidade e agradecimento por ter ingressado no Brasil pelas portas do amor e da caridade.

O médium João Nunes Maia nasceu em 1923, em Glaucilândia, (MG) e cursou apenas a escola primária rural, quando ainda jovem começou a sentir as manifestações da mediunidade. Depois de psico-

grafar mais de cem livros durante sua vida terrena, Maia desencarnou em 1991.

Falar de uma personalidade da grandeza de Maria de Nazaré é buscar o inconcebível para quem habita ainda a faixa dominada pelas sombras. Maria, mãe de Jesus, é um espírito de extrema pureza, vindo de planos altamente iluminados para receber e ter em sua compa-nhia o espírito mais evoluído que pisou o solo terreno, portador da mensagem de Deus para os homens – o evangelho – código divino já nas mãos dos homens, que deve ser vivido para que a humanidade se liberte dos sofrimentos, abandonando a ignorância.

Do berço ao túmulo, viveu ela sem pensamentos contrários ao bem, sem pronunciar uma palavra que fosse na faixa da imprudência e não teve gesto algum que lhe fizesse desmerecer o título de mãe do Messias, prometido pelas escrituras.

Este livro se propõe a ajudar a todos os de boa vontade a se encon-trarem, modificando o modo de vida, porque todos nós fomos feitos para viver em plena concordância com o universo.

MARIA DE NAZARÉ, de João Nunes Maia, ditado pelo espírito Mira-mez, 15,5cm x 23cm, 488 páginas, Editora Fonte Viva, Belo Horizonte – MG, 2010, na livraria da Comunhão: R$ 54,00.

Por Bernardo de Felippe

Resenha

Escultura: Pietà de Michelangelo