liberdade de cÁtedra (“escola sem partido...o direito à liberdade de cátedra garante aos...

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1 N. 14 Supremo Tribunal Federal 23 de novembro de 2018 Essa pesquisa foi realizada em bases de dados, bases de jurisprudência e publicações, nacionais e internacionais. Os principais termos de busca utilizados foram: liberdade de cátedra, liberdade de expressão, liberdade acadêmica, escola sem partido, escola neutra, escola livre, direito de ensinar, direito de cátedra, right to teach, freedom of speech, academic freedom, derecho de enseñanza, libertad de cátedra, libertad académica. A breve descrição do entendimento resulta da análise de decisões, em geral, em idioma estrangeiro, de modo que a fidelidade às fontes poderá ser aferida no inteiro teor. LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO”) 1 Alemanha 1) 2 BvR 1436/02 (2003). O Tribunal Constitucional Federal da Alemanha analisou o caso em que uma candidata ao cargo de professora teve sua nomeação recusada como servidora pública nas escolas primárias e secundárias alemãs, alegando que sua intenção declarada de usar um lenço na cabeça, nas salas de aula, a teria rotulado como inadequada para o cargo. O Tribunal mostrou compreensão quanto às convicções religiosas da queixosa, porém, ela não demonstrou compreender o desejo do empregador quanto à neutralidade religiosa e ideológica. Apontou que a inflexibilidade da candidata ao cargo suscitava dúvidas quanto à sua lealdade quanto aos objetivos da escola, sob o argumento de que esse objeto deve ser interpretado, inter alia, como um símbolo político de delimitação cultural, e usá-lo enquanto leciona não é compatível com a exigência de neutralidade do Estado e com os direitos dos alunos e de seus pais. A requerente afirmou que o uso do lenço não é apenas uma característica da sua personalidade, mas também a expressão da sua convicção religiosa, de acordo com os preceitos do Islã. Acrescentou que, embora o Estado tenha a obrigação de preservar a neutralidade em questões de religião no tocante ao dever constitucional de prover a educação, não é obrigado a fazê-lo completamente sem referências religiosas e ideológicas, devendo-se buscar um equilíbrio entre os interesses conflitantes. O pleito foi negado em tribunais administrativos. Assentou-se que, devido à frequência escolar obrigatória e à falta de influência dos alunos na seleção dos seus 1 Veja ADI 5537, ADI 5580 e ADI 6038.

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Page 1: LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO...o direito à liberdade de cátedra garante aos agentes educacionais a atuação livre de interfer ência , cujo exercício é assegurado

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N 14 Supremo Tribunal Federal 23 de novembro de 2018

Essa pesquisa foi realizada em bases de dados bases de jurisprudecircncia e

publicaccedilotildees nacionais e internacionais Os principais termos de busca

utilizados foram liberdade de caacutetedra liberdade de expressatildeo liberdade

acadecircmica escola sem partido escola neutra escola livre direito de

ensinar direito de caacutetedra right to teach freedom of speech academic

freedom derecho de ensentildeanza libertad de caacutetedra libertad acadeacutemica A

breve descriccedilatildeo do entendimento resulta da anaacutelise de decisotildees em geral

em idioma estrangeiro de modo que a fidelidade agraves fontes poderaacute ser

aferida no inteiro teor

LIBERDADE DE CAacuteTEDRA

(ldquoESCOLA SEM PARTIDOrdquo)1

Alemanha

1) 2 BvR 143602 (2003) O Tribunal Constitucional Federal da Alemanha

analisou o caso em que uma candidata ao cargo de professora teve sua nomeaccedilatildeo

recusada como servidora puacuteblica nas escolas primaacuterias e secundaacuterias alematildes

alegando que sua intenccedilatildeo declarada de usar um lenccedilo na cabeccedila nas salas de

aula a teria rotulado como inadequada para o cargo O Tribunal mostrou

compreensatildeo quanto agraves convicccedilotildees religiosas da queixosa poreacutem ela natildeo

demonstrou compreender o desejo do empregador quanto agrave neutralidade

religiosa e ideoloacutegica Apontou que a inflexibilidade da candidata ao cargo

suscitava duacutevidas quanto agrave sua lealdade quanto aos objetivos da escola sob o

argumento de que esse objeto deve ser interpretado inter alia como um siacutembolo

poliacutetico de delimitaccedilatildeo cultural e usaacute-lo enquanto leciona natildeo eacute compatiacutevel com

a exigecircncia de neutralidade do Estado e com os direitos dos alunos e de seus pais

A requerente afirmou que o uso do lenccedilo natildeo eacute apenas uma caracteriacutestica da sua

personalidade mas tambeacutem a expressatildeo da sua convicccedilatildeo religiosa de acordo com

os preceitos do Islatilde Acrescentou que embora o Estado tenha a obrigaccedilatildeo de

preservar a neutralidade em questotildees de religiatildeo no tocante ao dever

constitucional de prover a educaccedilatildeo natildeo eacute obrigado a fazecirc-lo completamente sem

referecircncias religiosas e ideoloacutegicas devendo-se buscar um equiliacutebrio entre os

interesses conflitantes

O pleito foi negado em tribunais administrativos Assentou-se que devido agrave

frequecircncia escolar obrigatoacuteria e agrave falta de influecircncia dos alunos na seleccedilatildeo dos seus

1 Veja ADI 5537 ADI 5580 e ADI 6038

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professores os estudantes natildeo tinham possibilidade de evitar ou escolher o corpo

docente Entendeu-se que isso originou o perigo de influecircncia - incluindo

influecircncia natildeo intencional - da professora que era considerada uma pessoa com

autoridade O direito do docente de se comportar de acordo com sua convicccedilatildeo

religiosa deve ter menor prioridade do que a liberdade de religiatildeo conflitante dos

alunos e pais durante as aulas Nos termos da Lei Fundamental os professores

devem aceitar restriccedilotildees agrave sua liberdade positiva de religiatildeo para garantir que as

aulas sejam realizadas em um ambiente de neutralidade religiosa A requerente

alegou que diferentemente de um estado secular a Repuacuteblica Federal da

Alemanha estava aberta agrave atividade religiosa inclusive nas escolas o que revela

uma neutralidade abrangente aberta e respeitosa Afirmou que as ameaccedilas

mencionadas eram meramente abstratas e teoacutericas e caso surgissem conflitos

concretos haveria meios viaacuteveis para resolvecirc-los

A Segunda Turma do Tribunal em decisatildeo majoritaacuteria acolheu o pedido da

requerente e decidiu que a Lei do Estado de Baden-Wuumlrttemberg natildeo possuiacutea base

estatutaacuteria suficientemente definida para a proibiccedilatildeo do uso lenccedilo de cabeccedila por

professores em escolas e durante as aulas Observou-se que natildeo consta dos autos

nenhuma evidecircncia tangiacutevel de que a apariccedilatildeo da requerente com adereccedilo de

cunho religioso criou qualquer perigo concreto para a paz na escola O medo de

que os conflitos possam surgir com pais que se oponham a que seus filhos sejam

ensinados por uma profissional usando lenccedilo de cabeccedila natildeo pode ser justificado

pela experiecircncia anterior da requerente em sala de aula tampouco eacute fundamento

para proibir a expressatildeo religiosa

Apontou-se que a mudanccedila social que estaacute associada agrave crescente pluralidade

religiosa pode ser o motivo para a legislatura estadual redefinir o grau admissiacutevel

de referecircncias religiosas permitidas nas instituiccedilotildees de ensino Ao fazecirc-lo o corpo

legislativo deve levar em consideraccedilatildeo a liberdade de religiatildeo dos professores e

dos alunos afetados o direito de cuidados e educaccedilatildeo dos pais e o dever do Estado

de neutralidade ideoloacutegica e religiosa

Em posiccedilatildeo majoritaacuteria o oacutergatildeo declarou que existe uma restriccedilatildeo funcional agrave

proteccedilatildeo dos direitos fundamentais dos funcionaacuterios puacuteblicos No caso de acesso

a um cargo puacuteblico natildeo existe uma situaccedilatildeo aberta em que interesses legais de

igual valor sejam ponderados A relaccedilatildeo juriacutedica essencial para a realizaccedilatildeo dos

direitos fundamentais na escola eacute moldada em primeiro lugar pela proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais dos alunos e dos pais A posiccedilatildeo particular de dever de um

funcionaacuterio puacuteblico tem precedecircncia sobre a proteccedilatildeo dos direitos fundamentais

em razatildeo do cargo puacuteblico que ocupa Assim o uso intransigente do lenccedilo na

cabeccedila eacute incompatiacutevel com a exigecircncia de um funcionaacuterio puacuteblico ser moderado

e neutro

Chile

2) Sentencia Rol 41006shy004 (2004) O Tribunal Constitucional do Chile asseverou

que embora o direito agrave educaccedilatildeo e a liberdade de ensino sejam diferentes existem

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numerosos e importantes viacutenculos entre eles visto que o objeto da educaccedilatildeo isto

eacute o pleno desenvolvimento da pessoa nas diferentes etapas de sua vida manifesta-

se ou implementa-se por meio do ensino seja formal ou informal Enquanto o

direito social agrave educaccedilatildeo exige a prestaccedilatildeo de accedilotildees educativas para sua satisfaccedilatildeo

o direito agrave liberdade de caacutetedra garante aos agentes educacionais a atuaccedilatildeo livre

de interferecircncia cujo exerciacutecio eacute assegurado pela Constituiccedilatildeo a todas as pessoas

singulares e coletivas sem exceccedilatildeo ou distinccedilatildeo Entre as bases constitucionais da

liberdade de ensino a Constituiccedilatildeo impotildee agrave instituiccedilatildeo oficialmente reconhecida

a proibiccedilatildeo de propagar qualquer tendecircncia poliacutetica partidaacuteria Assim os projetos

educativos empreendidos devem ser sempre realizados livremente sendo

proibido tanto ao Estado quanto aos indiviacuteduos subordinaacute-los a posiccedilotildees poliacuteticas

Colocircmbia (Corte Constitucional da Colocircmbia)

3) Sentencia T-23918 (2018) O caso versa sobre a demissatildeo sem justa causa de

professor universitaacuterio que denunciou atos de violecircncia de gecircnero e de asseacutedio no

ambiente de trabalho dentro da instituiccedilatildeo de ensino A Corte entendeu que ao

assim proceder a universidade vulnerou os direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

natildeo-discriminaccedilatildeo do docente decidindo pela reintegraccedilatildeo do professor ao

quadro de docentes

A Corte explicou que a autonomia universitaacuteria possui duas dimensotildees (i)

autorregulaccedilatildeo filosoacutefica ligada agrave liberdade de pensamento e (ii)

autodeterminaccedilatildeo administrativa relativa agrave organizaccedilatildeo interna das instituiccedilotildees

na qual se inclui a autonomia contratual Essa uacuteltima dimensatildeo permite (a) dar e

modificar seus proacuteprios estatutos (b) estabelecer mecanismos que facilitem a

eleiccedilatildeo nomeaccedilatildeo e mandato de seus diretores e administradores (c) desenvolver

planos de estudo programas acadecircmicos de treinamento de ensino cientiacuteficos e

culturais (d) selecionar professores e admitir alunos (e) assumir a preparaccedilatildeo e

aprovaccedilatildeo de orccedilamentos e (f) gerenciar seus proacuteprios ativos e recursos No

entanto a autonomia universitaacuteria em qualquer uma dessas dimensotildees protege

aquelas accedilotildees que afetam injustificadamente os direitos fundamentais dos

membros da comunidade universitaacuteria e sendo arbitraacuteria natildeo estatildeo em

conformidade com os paracircmetros da razoabilidade e da proporcionalidade Desta

forma a autonomia universitaacuteria natildeo implica poder absoluto e seu exerciacutecio

encontra limites na impossibilidade de ignorar os direitos fundamentais de seus

trabalhadores e estudantes

A Corte assinalou que existem vaacuterias manifestaccedilotildees do direito agrave liberdade de

expressatildeo que constituem o desenvolvimento e exerciacutecio de outros direitos

fundamentais como por exemplo a livre expressatildeo artiacutestica a objeccedilatildeo de

consciecircncia a liberdade religiosa a liberdade acadecircmica e os direitos de reuniatildeo

paciacutefica e de manifestaccedilatildeo em espaccedilo puacuteblico Nesse sentido a jurisprudecircncia

estabeleceu que o direito agrave liberdade de expressatildeo estaacute relacionado agrave dignidade

humana pois a possibilidade de disseminar e trocar ideias tambeacutem faz parte da

autorrealizaccedilatildeo Aleacutem disso reconheceu-se que a liberdade de expressatildeo eacute um dos

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elementos determinantes da democracia pois promove a participaccedilatildeo e troca de

opiniotildees diferentes que por sua vez podem constituir controle do exerciacutecio do

poder atraveacutes da oposiccedilatildeo agrave arbitrariedade ou da queixa e portanto contribui para

a construccedilatildeo do puacuteblico coletivamente

Reforccedilou-se que o direito agrave liberdade de expressatildeo eacute uma das garantias essenciais

da democracia e do pluralismo e em sentido estrito refere-se ao direito de

expressar e divulgar livremente os proacuteprios pensamentos opiniotildees informaccedilotildees e

ideias sem limitaccedilatildeo atraveacutes dos meios e formas escolhidos pela pessoa que se

expressa a partir dos quais eacute derivada a proibiccedilatildeo da censura A este respeito (i)

toda expressatildeo eacute considerada protegida pela Constituiccedilatildeo a menos que em cada

caso seja convincentemente demonstrado que existe uma justificativa nos

termos da ponderaccedilatildeo com outros princiacutepios constitucionais (ii) quando haacute uma

colisatildeo normativa a posiccedilatildeo de liberdade de expressatildeo eacute privilegiada e goza de

uma prevalecircncia inicial e (iii) existe a priori a suspeita de inconstitucionalidade

de suas restriccedilotildees ou limitaccedilotildees No entanto existe um consenso de que os

seguintes discursos natildeo satildeo protegidos (a) propaganda em favor da guerra (b) a

defesa de oacutedio nacional racial religioso ou outro que constitua incitamento agrave

discriminaccedilatildeo hostilidade violecircncia contra qualquer pessoa ou grupo de pessoas

por qualquer motivo (modo de expressatildeo que abrange as categorias comumente

conhecidas) como discurso de oacutedio discurso discriminatoacuterio defesa do crime e

defesa da violecircncia) c) pornografia infantil e (d) incitamento direto e puacuteblico a

cometer genociacutedio

4) Sentencia T-58898 (1998) A liberdade acadecircmica eacute um direito que o professor

deteacutem independentemente do ciclo ou niacutevel de estudos em que desempenha o

magisteacuterio garantindo-lhe autonomia e independecircncia Ao docente eacute permitido

expressar ideias e convicccedilotildees que em seu julgamento profissional considere

adequadas e necessaacuterias incluindo a determinaccedilatildeo do meacutetodo que considere

apropriado para transmitir seus ensinamentos Por outro lado o nuacutecleo da

liberdade acadecircmica do professor incorpora um poder legiacutetimo de resistecircncia que

consiste em se opor a receber instruccedilotildees ou comandos que imprimam

determinada orientaccedilatildeo ideoloacutegica agrave sua atuaccedilatildeo como docente Em termos

gerais o processo educacional em todos os niacuteveis eacute um desafio constante agrave

criatividade e agrave busca desinteressada e objetiva da verdade e dos melhores

procedimentos para acessaacute-la e compartilhaacute-la com os alunos A adesatildeo autecircntica

a este propoacutesito exige do professor uma margem de autonomia cuja proteccedilatildeo a

Constituiccedilatildeo considera crucial proteger e garantir A liberdade acadecircmica natildeo

pode ser utilizada pelo professor para encobrir accedilotildees arbitraacuterias ou

antipedagoacutegicas que desconsideram o significado participativo do processo de

aprendizagem o qual deve ser baseado em praacuteticas democraacuteticas e aberto agrave

participaccedilatildeo de alunos e pais considerados atores e natildeo apenas sujeitos passivos

da educaccedilatildeo

A independecircncia e autonomia que a liberdade de caacutetedra outorga ao professor natildeo

eacute absoluto e estaacute sujeita aos limites que decorrem do respeito a outros direitos

constitucionais e da conformaccedilatildeo do proacuteprio processo de aprendizagem Este

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processo desdobra-se num sentido abertamente participativo e dinacircmico que

inclui professores alunos pais e em geral membros da comunidade

A intervenccedilatildeo do Estado na educaccedilatildeo pode ser expressa atraveacutes de poliacuteticas e accedilotildees

essenciais para a adequada formaccedilatildeo fiacutesica intelectual e moral dos estudantes

cuja isenccedilatildeo por motivos religiosos poria em perigo ou afetaria seriamente a

realizaccedilatildeo dos objetivos buscados De acordo com o princiacutepio da harmonizaccedilatildeo

concreta se a objeccedilatildeo de consciecircncia ou religiosa puder ser levantada contra

determinada praacutetica escolar deve-se optar pela soluccedilatildeo que permita o exerciacutecio

simultacircneo de direitos em aparente conflito que seriam superados mantendo o

objetivo didaacutetico mas modificando ou ajustando o meacutetodo planejado para

alcanccedilaacute-lo Se no entanto a poliacutetica ou accedilatildeo eacute considerada necessaacuteria para o

desenvolvimento integral do aluno e os meios de implementaccedilatildeo satildeo

insubstituiacuteveis as possibilidades de harmonizaccedilatildeo concreta satildeo reduzidas

especialmente pela necessidade de optar pelo melhor interesse do jovem caso em

que a liberdade religiosa ou objeccedilatildeo de consciecircncia dificilmente prevaleceratildeo

5) Sentencia T-09294 (1994) A comunidade em geral e em particular as instituiccedilotildees

de ensino - puacuteblicas ou privadas - professores pesquisadores e estudantes satildeo

titulares da liberdade de ensino aprendizagem e pesquisa Ressalvou-se que a

liberdade acadecircmica tem um destinataacuterio uacutenico qual seja o educador qualquer

que seja seu niacutevel ou sua especialidade Portanto a liberdade acadecircmica eacute o direito

garantido constitucionalmente a todas as pessoas que realizam uma atividade

docente visando apresentar um programa de estudo pesquisa e avaliaccedilatildeo que de

acordo com seus criteacuterios refletiraacute na melhoria do niacutevel acadecircmico dos

estudantes A liberdade acadecircmica natildeo eacute um direito absoluto sendo limitado

pelos objetivos do Estado entre os quais a proteccedilatildeo de direitos como a paz a

convivecircncia e a liberdade de consciecircncia dentre outros O desenvolvimento da

liberdade de ensino acadecircmico deve permitir que os professores determinem

livremente a forma como seratildeo ministradas as mateacuterias e realizadas as avaliaccedilotildees

Essa decisatildeo deve ser comunicada agrave direccedilatildeo da instituiccedilatildeo a fim de garantir a

qualidade de ensino e o cumprimento das obrigaccedilotildees pelos docentes visando a

melhor formaccedilatildeo intelectual dos alunos

Espanha (Tribunal Constitucional da Espanha)

6) Sentencia 1791996 (1996) A Primeira Turma do Tribunal Constitucional da

Espanha decidiu que o direito das universidades agrave autonomia assegura a

liberdade para organizar cursos universitaacuterios e combater a interferecircncia externa

A liberdade de instruccedilatildeo eacute uma ramificaccedilatildeo da liberdade de opiniatildeo e o do direito

de livremente divulgar pensamentos ideias e opiniotildees que todos os professores

assumem como direitos individuais em relaccedilatildeo agrave mateacuteria ensinada No entanto

natildeo significa que o professor tenha liberdade para regular aspectos da funccedilatildeo

docente pessoalmente com exclusividade e independentemente dos criteacuterios

organizacionais aplicados pela administraccedilatildeo do centro universitaacuterio Embora a

liberdade de instruccedilatildeo natildeo assegure um direito putativo dos professores de

escolher um assunto especiacutefico dentre aqueles que integram um determinado

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campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos

Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade

de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que

obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar

injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel

de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]

7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de

um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do

docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da

instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo

podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos

direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um

professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se

natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades

educacionais da instituiccedilatildeo

Estados Unidos da Ameacuterica2

8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por

uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da

Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira

Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona

seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador

da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra

nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)

mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com

o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens

negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher

branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse

mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso

irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis

tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente

caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada

e insubordinada o que levou a sua demissatildeo

Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da

autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos

Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso

patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente

relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que

os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas

2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-

practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes

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proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v

Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como

cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo

com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo

da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando

que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a

liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a

Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]

9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes

exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente

legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi

suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o

direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa

configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo

extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas

especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de

drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante

que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo

do uso de drogas iliacutecitas

10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o

coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao

determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo

provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades

prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees

que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo

inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo

Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas

ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais

11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma

nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento

de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da

universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o

professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino

do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro

Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da

Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do

professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma

decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo

constitucional

12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade

comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os

estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e

outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao

uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como

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resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais

ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia

retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O

Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos

termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira

Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo

interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal

observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o

tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave

insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick

Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que

ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo

13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas

crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento

suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus

direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua

alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos

professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio

curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave

poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim

como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma

universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o

intuito de moldar seu curriacuteculo

14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela

Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica

discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer

comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que

submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida

intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem

como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas

sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte

declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional

ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da

universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a

poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse

argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de

conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo

racial ou eacutetnico do discursordquo

15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal

Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de

Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo

deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do

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indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador

hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela

universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala

mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos

equivale ao controle do pensamento governamental rdquo

16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas

religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa

praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e

de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que

as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso

em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que

as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees

pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo

eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu

criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo

sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de

qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo

17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora

titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados

por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de

avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um

aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-

a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em

seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade

acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora

a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira

Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de

provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma

condiccedilatildeo de emprego

18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o

Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre

direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan

O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou

vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual

credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades

educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a

jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta

com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo

inconstitucionalmente excessivos

19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor

mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando

violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de

liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada

a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo

10

individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira

Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade

poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em

obrigar o professor a mudar a nota

20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade

acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado

depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas

ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as

universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como

conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a

Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si

mesmo

21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou

a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem

profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da

Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse

puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e

natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute

protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a

um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica

22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que

suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para

cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente

tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser

informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira

Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema

Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por

organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar

todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte

reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades

puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo

23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente

da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa

instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua

fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando

a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as

instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em

violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do

questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios

solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees

constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees

eram de interesse puacuteblico

11

24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da

Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora

publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um

membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi

expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem

padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso

indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola

tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta

Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos

educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de

expressatildeo

25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos

calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o

projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a

universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo

natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de

ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-

se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo

efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas

porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da

profissatildeo de docente

26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou

status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em

outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica

agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional

e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo

poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros

de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta

decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os

direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas

no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo

com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam

com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade

em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais

natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se

que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo

peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum

fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave

salvaguarda da liberdade acadecircmica

27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que

aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da

universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou

estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da

equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo

12

Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

13

30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

Secretaria de Documentaccedilatildeo

Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia

Jurisprudecircncia Internacional

COAJstfjusbr

Page 2: LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO...o direito à liberdade de cátedra garante aos agentes educacionais a atuação livre de interfer ência , cujo exercício é assegurado

2

professores os estudantes natildeo tinham possibilidade de evitar ou escolher o corpo

docente Entendeu-se que isso originou o perigo de influecircncia - incluindo

influecircncia natildeo intencional - da professora que era considerada uma pessoa com

autoridade O direito do docente de se comportar de acordo com sua convicccedilatildeo

religiosa deve ter menor prioridade do que a liberdade de religiatildeo conflitante dos

alunos e pais durante as aulas Nos termos da Lei Fundamental os professores

devem aceitar restriccedilotildees agrave sua liberdade positiva de religiatildeo para garantir que as

aulas sejam realizadas em um ambiente de neutralidade religiosa A requerente

alegou que diferentemente de um estado secular a Repuacuteblica Federal da

Alemanha estava aberta agrave atividade religiosa inclusive nas escolas o que revela

uma neutralidade abrangente aberta e respeitosa Afirmou que as ameaccedilas

mencionadas eram meramente abstratas e teoacutericas e caso surgissem conflitos

concretos haveria meios viaacuteveis para resolvecirc-los

A Segunda Turma do Tribunal em decisatildeo majoritaacuteria acolheu o pedido da

requerente e decidiu que a Lei do Estado de Baden-Wuumlrttemberg natildeo possuiacutea base

estatutaacuteria suficientemente definida para a proibiccedilatildeo do uso lenccedilo de cabeccedila por

professores em escolas e durante as aulas Observou-se que natildeo consta dos autos

nenhuma evidecircncia tangiacutevel de que a apariccedilatildeo da requerente com adereccedilo de

cunho religioso criou qualquer perigo concreto para a paz na escola O medo de

que os conflitos possam surgir com pais que se oponham a que seus filhos sejam

ensinados por uma profissional usando lenccedilo de cabeccedila natildeo pode ser justificado

pela experiecircncia anterior da requerente em sala de aula tampouco eacute fundamento

para proibir a expressatildeo religiosa

Apontou-se que a mudanccedila social que estaacute associada agrave crescente pluralidade

religiosa pode ser o motivo para a legislatura estadual redefinir o grau admissiacutevel

de referecircncias religiosas permitidas nas instituiccedilotildees de ensino Ao fazecirc-lo o corpo

legislativo deve levar em consideraccedilatildeo a liberdade de religiatildeo dos professores e

dos alunos afetados o direito de cuidados e educaccedilatildeo dos pais e o dever do Estado

de neutralidade ideoloacutegica e religiosa

Em posiccedilatildeo majoritaacuteria o oacutergatildeo declarou que existe uma restriccedilatildeo funcional agrave

proteccedilatildeo dos direitos fundamentais dos funcionaacuterios puacuteblicos No caso de acesso

a um cargo puacuteblico natildeo existe uma situaccedilatildeo aberta em que interesses legais de

igual valor sejam ponderados A relaccedilatildeo juriacutedica essencial para a realizaccedilatildeo dos

direitos fundamentais na escola eacute moldada em primeiro lugar pela proteccedilatildeo dos

direitos fundamentais dos alunos e dos pais A posiccedilatildeo particular de dever de um

funcionaacuterio puacuteblico tem precedecircncia sobre a proteccedilatildeo dos direitos fundamentais

em razatildeo do cargo puacuteblico que ocupa Assim o uso intransigente do lenccedilo na

cabeccedila eacute incompatiacutevel com a exigecircncia de um funcionaacuterio puacuteblico ser moderado

e neutro

Chile

2) Sentencia Rol 41006shy004 (2004) O Tribunal Constitucional do Chile asseverou

que embora o direito agrave educaccedilatildeo e a liberdade de ensino sejam diferentes existem

3

numerosos e importantes viacutenculos entre eles visto que o objeto da educaccedilatildeo isto

eacute o pleno desenvolvimento da pessoa nas diferentes etapas de sua vida manifesta-

se ou implementa-se por meio do ensino seja formal ou informal Enquanto o

direito social agrave educaccedilatildeo exige a prestaccedilatildeo de accedilotildees educativas para sua satisfaccedilatildeo

o direito agrave liberdade de caacutetedra garante aos agentes educacionais a atuaccedilatildeo livre

de interferecircncia cujo exerciacutecio eacute assegurado pela Constituiccedilatildeo a todas as pessoas

singulares e coletivas sem exceccedilatildeo ou distinccedilatildeo Entre as bases constitucionais da

liberdade de ensino a Constituiccedilatildeo impotildee agrave instituiccedilatildeo oficialmente reconhecida

a proibiccedilatildeo de propagar qualquer tendecircncia poliacutetica partidaacuteria Assim os projetos

educativos empreendidos devem ser sempre realizados livremente sendo

proibido tanto ao Estado quanto aos indiviacuteduos subordinaacute-los a posiccedilotildees poliacuteticas

Colocircmbia (Corte Constitucional da Colocircmbia)

3) Sentencia T-23918 (2018) O caso versa sobre a demissatildeo sem justa causa de

professor universitaacuterio que denunciou atos de violecircncia de gecircnero e de asseacutedio no

ambiente de trabalho dentro da instituiccedilatildeo de ensino A Corte entendeu que ao

assim proceder a universidade vulnerou os direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

natildeo-discriminaccedilatildeo do docente decidindo pela reintegraccedilatildeo do professor ao

quadro de docentes

A Corte explicou que a autonomia universitaacuteria possui duas dimensotildees (i)

autorregulaccedilatildeo filosoacutefica ligada agrave liberdade de pensamento e (ii)

autodeterminaccedilatildeo administrativa relativa agrave organizaccedilatildeo interna das instituiccedilotildees

na qual se inclui a autonomia contratual Essa uacuteltima dimensatildeo permite (a) dar e

modificar seus proacuteprios estatutos (b) estabelecer mecanismos que facilitem a

eleiccedilatildeo nomeaccedilatildeo e mandato de seus diretores e administradores (c) desenvolver

planos de estudo programas acadecircmicos de treinamento de ensino cientiacuteficos e

culturais (d) selecionar professores e admitir alunos (e) assumir a preparaccedilatildeo e

aprovaccedilatildeo de orccedilamentos e (f) gerenciar seus proacuteprios ativos e recursos No

entanto a autonomia universitaacuteria em qualquer uma dessas dimensotildees protege

aquelas accedilotildees que afetam injustificadamente os direitos fundamentais dos

membros da comunidade universitaacuteria e sendo arbitraacuteria natildeo estatildeo em

conformidade com os paracircmetros da razoabilidade e da proporcionalidade Desta

forma a autonomia universitaacuteria natildeo implica poder absoluto e seu exerciacutecio

encontra limites na impossibilidade de ignorar os direitos fundamentais de seus

trabalhadores e estudantes

A Corte assinalou que existem vaacuterias manifestaccedilotildees do direito agrave liberdade de

expressatildeo que constituem o desenvolvimento e exerciacutecio de outros direitos

fundamentais como por exemplo a livre expressatildeo artiacutestica a objeccedilatildeo de

consciecircncia a liberdade religiosa a liberdade acadecircmica e os direitos de reuniatildeo

paciacutefica e de manifestaccedilatildeo em espaccedilo puacuteblico Nesse sentido a jurisprudecircncia

estabeleceu que o direito agrave liberdade de expressatildeo estaacute relacionado agrave dignidade

humana pois a possibilidade de disseminar e trocar ideias tambeacutem faz parte da

autorrealizaccedilatildeo Aleacutem disso reconheceu-se que a liberdade de expressatildeo eacute um dos

4

elementos determinantes da democracia pois promove a participaccedilatildeo e troca de

opiniotildees diferentes que por sua vez podem constituir controle do exerciacutecio do

poder atraveacutes da oposiccedilatildeo agrave arbitrariedade ou da queixa e portanto contribui para

a construccedilatildeo do puacuteblico coletivamente

Reforccedilou-se que o direito agrave liberdade de expressatildeo eacute uma das garantias essenciais

da democracia e do pluralismo e em sentido estrito refere-se ao direito de

expressar e divulgar livremente os proacuteprios pensamentos opiniotildees informaccedilotildees e

ideias sem limitaccedilatildeo atraveacutes dos meios e formas escolhidos pela pessoa que se

expressa a partir dos quais eacute derivada a proibiccedilatildeo da censura A este respeito (i)

toda expressatildeo eacute considerada protegida pela Constituiccedilatildeo a menos que em cada

caso seja convincentemente demonstrado que existe uma justificativa nos

termos da ponderaccedilatildeo com outros princiacutepios constitucionais (ii) quando haacute uma

colisatildeo normativa a posiccedilatildeo de liberdade de expressatildeo eacute privilegiada e goza de

uma prevalecircncia inicial e (iii) existe a priori a suspeita de inconstitucionalidade

de suas restriccedilotildees ou limitaccedilotildees No entanto existe um consenso de que os

seguintes discursos natildeo satildeo protegidos (a) propaganda em favor da guerra (b) a

defesa de oacutedio nacional racial religioso ou outro que constitua incitamento agrave

discriminaccedilatildeo hostilidade violecircncia contra qualquer pessoa ou grupo de pessoas

por qualquer motivo (modo de expressatildeo que abrange as categorias comumente

conhecidas) como discurso de oacutedio discurso discriminatoacuterio defesa do crime e

defesa da violecircncia) c) pornografia infantil e (d) incitamento direto e puacuteblico a

cometer genociacutedio

4) Sentencia T-58898 (1998) A liberdade acadecircmica eacute um direito que o professor

deteacutem independentemente do ciclo ou niacutevel de estudos em que desempenha o

magisteacuterio garantindo-lhe autonomia e independecircncia Ao docente eacute permitido

expressar ideias e convicccedilotildees que em seu julgamento profissional considere

adequadas e necessaacuterias incluindo a determinaccedilatildeo do meacutetodo que considere

apropriado para transmitir seus ensinamentos Por outro lado o nuacutecleo da

liberdade acadecircmica do professor incorpora um poder legiacutetimo de resistecircncia que

consiste em se opor a receber instruccedilotildees ou comandos que imprimam

determinada orientaccedilatildeo ideoloacutegica agrave sua atuaccedilatildeo como docente Em termos

gerais o processo educacional em todos os niacuteveis eacute um desafio constante agrave

criatividade e agrave busca desinteressada e objetiva da verdade e dos melhores

procedimentos para acessaacute-la e compartilhaacute-la com os alunos A adesatildeo autecircntica

a este propoacutesito exige do professor uma margem de autonomia cuja proteccedilatildeo a

Constituiccedilatildeo considera crucial proteger e garantir A liberdade acadecircmica natildeo

pode ser utilizada pelo professor para encobrir accedilotildees arbitraacuterias ou

antipedagoacutegicas que desconsideram o significado participativo do processo de

aprendizagem o qual deve ser baseado em praacuteticas democraacuteticas e aberto agrave

participaccedilatildeo de alunos e pais considerados atores e natildeo apenas sujeitos passivos

da educaccedilatildeo

A independecircncia e autonomia que a liberdade de caacutetedra outorga ao professor natildeo

eacute absoluto e estaacute sujeita aos limites que decorrem do respeito a outros direitos

constitucionais e da conformaccedilatildeo do proacuteprio processo de aprendizagem Este

5

processo desdobra-se num sentido abertamente participativo e dinacircmico que

inclui professores alunos pais e em geral membros da comunidade

A intervenccedilatildeo do Estado na educaccedilatildeo pode ser expressa atraveacutes de poliacuteticas e accedilotildees

essenciais para a adequada formaccedilatildeo fiacutesica intelectual e moral dos estudantes

cuja isenccedilatildeo por motivos religiosos poria em perigo ou afetaria seriamente a

realizaccedilatildeo dos objetivos buscados De acordo com o princiacutepio da harmonizaccedilatildeo

concreta se a objeccedilatildeo de consciecircncia ou religiosa puder ser levantada contra

determinada praacutetica escolar deve-se optar pela soluccedilatildeo que permita o exerciacutecio

simultacircneo de direitos em aparente conflito que seriam superados mantendo o

objetivo didaacutetico mas modificando ou ajustando o meacutetodo planejado para

alcanccedilaacute-lo Se no entanto a poliacutetica ou accedilatildeo eacute considerada necessaacuteria para o

desenvolvimento integral do aluno e os meios de implementaccedilatildeo satildeo

insubstituiacuteveis as possibilidades de harmonizaccedilatildeo concreta satildeo reduzidas

especialmente pela necessidade de optar pelo melhor interesse do jovem caso em

que a liberdade religiosa ou objeccedilatildeo de consciecircncia dificilmente prevaleceratildeo

5) Sentencia T-09294 (1994) A comunidade em geral e em particular as instituiccedilotildees

de ensino - puacuteblicas ou privadas - professores pesquisadores e estudantes satildeo

titulares da liberdade de ensino aprendizagem e pesquisa Ressalvou-se que a

liberdade acadecircmica tem um destinataacuterio uacutenico qual seja o educador qualquer

que seja seu niacutevel ou sua especialidade Portanto a liberdade acadecircmica eacute o direito

garantido constitucionalmente a todas as pessoas que realizam uma atividade

docente visando apresentar um programa de estudo pesquisa e avaliaccedilatildeo que de

acordo com seus criteacuterios refletiraacute na melhoria do niacutevel acadecircmico dos

estudantes A liberdade acadecircmica natildeo eacute um direito absoluto sendo limitado

pelos objetivos do Estado entre os quais a proteccedilatildeo de direitos como a paz a

convivecircncia e a liberdade de consciecircncia dentre outros O desenvolvimento da

liberdade de ensino acadecircmico deve permitir que os professores determinem

livremente a forma como seratildeo ministradas as mateacuterias e realizadas as avaliaccedilotildees

Essa decisatildeo deve ser comunicada agrave direccedilatildeo da instituiccedilatildeo a fim de garantir a

qualidade de ensino e o cumprimento das obrigaccedilotildees pelos docentes visando a

melhor formaccedilatildeo intelectual dos alunos

Espanha (Tribunal Constitucional da Espanha)

6) Sentencia 1791996 (1996) A Primeira Turma do Tribunal Constitucional da

Espanha decidiu que o direito das universidades agrave autonomia assegura a

liberdade para organizar cursos universitaacuterios e combater a interferecircncia externa

A liberdade de instruccedilatildeo eacute uma ramificaccedilatildeo da liberdade de opiniatildeo e o do direito

de livremente divulgar pensamentos ideias e opiniotildees que todos os professores

assumem como direitos individuais em relaccedilatildeo agrave mateacuteria ensinada No entanto

natildeo significa que o professor tenha liberdade para regular aspectos da funccedilatildeo

docente pessoalmente com exclusividade e independentemente dos criteacuterios

organizacionais aplicados pela administraccedilatildeo do centro universitaacuterio Embora a

liberdade de instruccedilatildeo natildeo assegure um direito putativo dos professores de

escolher um assunto especiacutefico dentre aqueles que integram um determinado

6

campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos

Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade

de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que

obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar

injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel

de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]

7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de

um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do

docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da

instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo

podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos

direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um

professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se

natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades

educacionais da instituiccedilatildeo

Estados Unidos da Ameacuterica2

8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por

uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da

Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira

Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona

seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador

da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra

nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)

mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com

o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens

negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher

branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse

mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso

irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis

tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente

caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada

e insubordinada o que levou a sua demissatildeo

Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da

autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos

Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso

patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente

relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que

os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas

2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-

practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes

7

proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v

Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como

cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo

com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo

da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando

que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a

liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a

Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]

9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes

exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente

legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi

suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o

direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa

configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo

extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas

especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de

drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante

que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo

do uso de drogas iliacutecitas

10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o

coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao

determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo

provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades

prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees

que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo

inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo

Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas

ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais

11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma

nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento

de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da

universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o

professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino

do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro

Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da

Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do

professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma

decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo

constitucional

12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade

comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os

estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e

outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao

uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como

8

resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais

ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia

retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O

Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos

termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira

Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo

interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal

observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o

tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave

insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick

Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que

ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo

13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas

crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento

suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus

direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua

alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos

professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio

curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave

poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim

como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma

universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o

intuito de moldar seu curriacuteculo

14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela

Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica

discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer

comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que

submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida

intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem

como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas

sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte

declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional

ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da

universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a

poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse

argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de

conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo

racial ou eacutetnico do discursordquo

15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal

Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de

Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo

deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do

9

indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador

hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela

universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala

mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos

equivale ao controle do pensamento governamental rdquo

16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas

religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa

praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e

de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que

as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso

em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que

as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees

pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo

eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu

criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo

sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de

qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo

17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora

titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados

por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de

avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um

aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-

a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em

seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade

acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora

a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira

Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de

provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma

condiccedilatildeo de emprego

18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o

Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre

direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan

O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou

vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual

credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades

educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a

jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta

com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo

inconstitucionalmente excessivos

19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor

mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando

violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de

liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada

a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo

10

individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira

Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade

poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em

obrigar o professor a mudar a nota

20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade

acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado

depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas

ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as

universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como

conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a

Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si

mesmo

21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou

a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem

profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da

Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse

puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e

natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute

protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a

um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica

22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que

suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para

cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente

tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser

informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira

Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema

Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por

organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar

todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte

reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades

puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo

23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente

da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa

instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua

fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando

a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as

instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em

violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do

questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios

solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees

constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees

eram de interesse puacuteblico

11

24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da

Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora

publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um

membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi

expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem

padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso

indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola

tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta

Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos

educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de

expressatildeo

25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos

calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o

projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a

universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo

natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de

ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-

se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo

efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas

porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da

profissatildeo de docente

26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou

status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em

outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica

agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional

e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo

poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros

de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta

decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os

direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas

no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo

com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam

com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade

em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais

natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se

que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo

peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum

fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave

salvaguarda da liberdade acadecircmica

27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que

aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da

universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou

estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da

equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo

12

Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

13

30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

Secretaria de Documentaccedilatildeo

Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia

Jurisprudecircncia Internacional

COAJstfjusbr

Page 3: LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO...o direito à liberdade de cátedra garante aos agentes educacionais a atuação livre de interfer ência , cujo exercício é assegurado

3

numerosos e importantes viacutenculos entre eles visto que o objeto da educaccedilatildeo isto

eacute o pleno desenvolvimento da pessoa nas diferentes etapas de sua vida manifesta-

se ou implementa-se por meio do ensino seja formal ou informal Enquanto o

direito social agrave educaccedilatildeo exige a prestaccedilatildeo de accedilotildees educativas para sua satisfaccedilatildeo

o direito agrave liberdade de caacutetedra garante aos agentes educacionais a atuaccedilatildeo livre

de interferecircncia cujo exerciacutecio eacute assegurado pela Constituiccedilatildeo a todas as pessoas

singulares e coletivas sem exceccedilatildeo ou distinccedilatildeo Entre as bases constitucionais da

liberdade de ensino a Constituiccedilatildeo impotildee agrave instituiccedilatildeo oficialmente reconhecida

a proibiccedilatildeo de propagar qualquer tendecircncia poliacutetica partidaacuteria Assim os projetos

educativos empreendidos devem ser sempre realizados livremente sendo

proibido tanto ao Estado quanto aos indiviacuteduos subordinaacute-los a posiccedilotildees poliacuteticas

Colocircmbia (Corte Constitucional da Colocircmbia)

3) Sentencia T-23918 (2018) O caso versa sobre a demissatildeo sem justa causa de

professor universitaacuterio que denunciou atos de violecircncia de gecircnero e de asseacutedio no

ambiente de trabalho dentro da instituiccedilatildeo de ensino A Corte entendeu que ao

assim proceder a universidade vulnerou os direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

natildeo-discriminaccedilatildeo do docente decidindo pela reintegraccedilatildeo do professor ao

quadro de docentes

A Corte explicou que a autonomia universitaacuteria possui duas dimensotildees (i)

autorregulaccedilatildeo filosoacutefica ligada agrave liberdade de pensamento e (ii)

autodeterminaccedilatildeo administrativa relativa agrave organizaccedilatildeo interna das instituiccedilotildees

na qual se inclui a autonomia contratual Essa uacuteltima dimensatildeo permite (a) dar e

modificar seus proacuteprios estatutos (b) estabelecer mecanismos que facilitem a

eleiccedilatildeo nomeaccedilatildeo e mandato de seus diretores e administradores (c) desenvolver

planos de estudo programas acadecircmicos de treinamento de ensino cientiacuteficos e

culturais (d) selecionar professores e admitir alunos (e) assumir a preparaccedilatildeo e

aprovaccedilatildeo de orccedilamentos e (f) gerenciar seus proacuteprios ativos e recursos No

entanto a autonomia universitaacuteria em qualquer uma dessas dimensotildees protege

aquelas accedilotildees que afetam injustificadamente os direitos fundamentais dos

membros da comunidade universitaacuteria e sendo arbitraacuteria natildeo estatildeo em

conformidade com os paracircmetros da razoabilidade e da proporcionalidade Desta

forma a autonomia universitaacuteria natildeo implica poder absoluto e seu exerciacutecio

encontra limites na impossibilidade de ignorar os direitos fundamentais de seus

trabalhadores e estudantes

A Corte assinalou que existem vaacuterias manifestaccedilotildees do direito agrave liberdade de

expressatildeo que constituem o desenvolvimento e exerciacutecio de outros direitos

fundamentais como por exemplo a livre expressatildeo artiacutestica a objeccedilatildeo de

consciecircncia a liberdade religiosa a liberdade acadecircmica e os direitos de reuniatildeo

paciacutefica e de manifestaccedilatildeo em espaccedilo puacuteblico Nesse sentido a jurisprudecircncia

estabeleceu que o direito agrave liberdade de expressatildeo estaacute relacionado agrave dignidade

humana pois a possibilidade de disseminar e trocar ideias tambeacutem faz parte da

autorrealizaccedilatildeo Aleacutem disso reconheceu-se que a liberdade de expressatildeo eacute um dos

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elementos determinantes da democracia pois promove a participaccedilatildeo e troca de

opiniotildees diferentes que por sua vez podem constituir controle do exerciacutecio do

poder atraveacutes da oposiccedilatildeo agrave arbitrariedade ou da queixa e portanto contribui para

a construccedilatildeo do puacuteblico coletivamente

Reforccedilou-se que o direito agrave liberdade de expressatildeo eacute uma das garantias essenciais

da democracia e do pluralismo e em sentido estrito refere-se ao direito de

expressar e divulgar livremente os proacuteprios pensamentos opiniotildees informaccedilotildees e

ideias sem limitaccedilatildeo atraveacutes dos meios e formas escolhidos pela pessoa que se

expressa a partir dos quais eacute derivada a proibiccedilatildeo da censura A este respeito (i)

toda expressatildeo eacute considerada protegida pela Constituiccedilatildeo a menos que em cada

caso seja convincentemente demonstrado que existe uma justificativa nos

termos da ponderaccedilatildeo com outros princiacutepios constitucionais (ii) quando haacute uma

colisatildeo normativa a posiccedilatildeo de liberdade de expressatildeo eacute privilegiada e goza de

uma prevalecircncia inicial e (iii) existe a priori a suspeita de inconstitucionalidade

de suas restriccedilotildees ou limitaccedilotildees No entanto existe um consenso de que os

seguintes discursos natildeo satildeo protegidos (a) propaganda em favor da guerra (b) a

defesa de oacutedio nacional racial religioso ou outro que constitua incitamento agrave

discriminaccedilatildeo hostilidade violecircncia contra qualquer pessoa ou grupo de pessoas

por qualquer motivo (modo de expressatildeo que abrange as categorias comumente

conhecidas) como discurso de oacutedio discurso discriminatoacuterio defesa do crime e

defesa da violecircncia) c) pornografia infantil e (d) incitamento direto e puacuteblico a

cometer genociacutedio

4) Sentencia T-58898 (1998) A liberdade acadecircmica eacute um direito que o professor

deteacutem independentemente do ciclo ou niacutevel de estudos em que desempenha o

magisteacuterio garantindo-lhe autonomia e independecircncia Ao docente eacute permitido

expressar ideias e convicccedilotildees que em seu julgamento profissional considere

adequadas e necessaacuterias incluindo a determinaccedilatildeo do meacutetodo que considere

apropriado para transmitir seus ensinamentos Por outro lado o nuacutecleo da

liberdade acadecircmica do professor incorpora um poder legiacutetimo de resistecircncia que

consiste em se opor a receber instruccedilotildees ou comandos que imprimam

determinada orientaccedilatildeo ideoloacutegica agrave sua atuaccedilatildeo como docente Em termos

gerais o processo educacional em todos os niacuteveis eacute um desafio constante agrave

criatividade e agrave busca desinteressada e objetiva da verdade e dos melhores

procedimentos para acessaacute-la e compartilhaacute-la com os alunos A adesatildeo autecircntica

a este propoacutesito exige do professor uma margem de autonomia cuja proteccedilatildeo a

Constituiccedilatildeo considera crucial proteger e garantir A liberdade acadecircmica natildeo

pode ser utilizada pelo professor para encobrir accedilotildees arbitraacuterias ou

antipedagoacutegicas que desconsideram o significado participativo do processo de

aprendizagem o qual deve ser baseado em praacuteticas democraacuteticas e aberto agrave

participaccedilatildeo de alunos e pais considerados atores e natildeo apenas sujeitos passivos

da educaccedilatildeo

A independecircncia e autonomia que a liberdade de caacutetedra outorga ao professor natildeo

eacute absoluto e estaacute sujeita aos limites que decorrem do respeito a outros direitos

constitucionais e da conformaccedilatildeo do proacuteprio processo de aprendizagem Este

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processo desdobra-se num sentido abertamente participativo e dinacircmico que

inclui professores alunos pais e em geral membros da comunidade

A intervenccedilatildeo do Estado na educaccedilatildeo pode ser expressa atraveacutes de poliacuteticas e accedilotildees

essenciais para a adequada formaccedilatildeo fiacutesica intelectual e moral dos estudantes

cuja isenccedilatildeo por motivos religiosos poria em perigo ou afetaria seriamente a

realizaccedilatildeo dos objetivos buscados De acordo com o princiacutepio da harmonizaccedilatildeo

concreta se a objeccedilatildeo de consciecircncia ou religiosa puder ser levantada contra

determinada praacutetica escolar deve-se optar pela soluccedilatildeo que permita o exerciacutecio

simultacircneo de direitos em aparente conflito que seriam superados mantendo o

objetivo didaacutetico mas modificando ou ajustando o meacutetodo planejado para

alcanccedilaacute-lo Se no entanto a poliacutetica ou accedilatildeo eacute considerada necessaacuteria para o

desenvolvimento integral do aluno e os meios de implementaccedilatildeo satildeo

insubstituiacuteveis as possibilidades de harmonizaccedilatildeo concreta satildeo reduzidas

especialmente pela necessidade de optar pelo melhor interesse do jovem caso em

que a liberdade religiosa ou objeccedilatildeo de consciecircncia dificilmente prevaleceratildeo

5) Sentencia T-09294 (1994) A comunidade em geral e em particular as instituiccedilotildees

de ensino - puacuteblicas ou privadas - professores pesquisadores e estudantes satildeo

titulares da liberdade de ensino aprendizagem e pesquisa Ressalvou-se que a

liberdade acadecircmica tem um destinataacuterio uacutenico qual seja o educador qualquer

que seja seu niacutevel ou sua especialidade Portanto a liberdade acadecircmica eacute o direito

garantido constitucionalmente a todas as pessoas que realizam uma atividade

docente visando apresentar um programa de estudo pesquisa e avaliaccedilatildeo que de

acordo com seus criteacuterios refletiraacute na melhoria do niacutevel acadecircmico dos

estudantes A liberdade acadecircmica natildeo eacute um direito absoluto sendo limitado

pelos objetivos do Estado entre os quais a proteccedilatildeo de direitos como a paz a

convivecircncia e a liberdade de consciecircncia dentre outros O desenvolvimento da

liberdade de ensino acadecircmico deve permitir que os professores determinem

livremente a forma como seratildeo ministradas as mateacuterias e realizadas as avaliaccedilotildees

Essa decisatildeo deve ser comunicada agrave direccedilatildeo da instituiccedilatildeo a fim de garantir a

qualidade de ensino e o cumprimento das obrigaccedilotildees pelos docentes visando a

melhor formaccedilatildeo intelectual dos alunos

Espanha (Tribunal Constitucional da Espanha)

6) Sentencia 1791996 (1996) A Primeira Turma do Tribunal Constitucional da

Espanha decidiu que o direito das universidades agrave autonomia assegura a

liberdade para organizar cursos universitaacuterios e combater a interferecircncia externa

A liberdade de instruccedilatildeo eacute uma ramificaccedilatildeo da liberdade de opiniatildeo e o do direito

de livremente divulgar pensamentos ideias e opiniotildees que todos os professores

assumem como direitos individuais em relaccedilatildeo agrave mateacuteria ensinada No entanto

natildeo significa que o professor tenha liberdade para regular aspectos da funccedilatildeo

docente pessoalmente com exclusividade e independentemente dos criteacuterios

organizacionais aplicados pela administraccedilatildeo do centro universitaacuterio Embora a

liberdade de instruccedilatildeo natildeo assegure um direito putativo dos professores de

escolher um assunto especiacutefico dentre aqueles que integram um determinado

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campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos

Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade

de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que

obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar

injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel

de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]

7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de

um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do

docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da

instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo

podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos

direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um

professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se

natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades

educacionais da instituiccedilatildeo

Estados Unidos da Ameacuterica2

8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por

uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da

Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira

Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona

seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador

da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra

nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)

mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com

o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens

negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher

branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse

mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso

irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis

tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente

caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada

e insubordinada o que levou a sua demissatildeo

Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da

autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos

Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso

patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente

relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que

os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas

2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-

practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes

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proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v

Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como

cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo

com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo

da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando

que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a

liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a

Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]

9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes

exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente

legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi

suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o

direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa

configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo

extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas

especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de

drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante

que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo

do uso de drogas iliacutecitas

10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o

coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao

determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo

provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades

prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees

que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo

inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo

Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas

ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais

11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma

nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento

de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da

universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o

professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino

do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro

Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da

Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do

professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma

decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo

constitucional

12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade

comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os

estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e

outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao

uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como

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resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais

ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia

retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O

Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos

termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira

Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo

interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal

observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o

tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave

insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick

Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que

ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo

13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas

crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento

suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus

direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua

alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos

professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio

curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave

poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim

como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma

universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o

intuito de moldar seu curriacuteculo

14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela

Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica

discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer

comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que

submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida

intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem

como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas

sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte

declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional

ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da

universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a

poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse

argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de

conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo

racial ou eacutetnico do discursordquo

15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal

Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de

Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo

deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do

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indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador

hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela

universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala

mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos

equivale ao controle do pensamento governamental rdquo

16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas

religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa

praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e

de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que

as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso

em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que

as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees

pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo

eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu

criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo

sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de

qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo

17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora

titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados

por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de

avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um

aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-

a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em

seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade

acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora

a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira

Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de

provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma

condiccedilatildeo de emprego

18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o

Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre

direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan

O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou

vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual

credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades

educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a

jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta

com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo

inconstitucionalmente excessivos

19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor

mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando

violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de

liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada

a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo

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individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira

Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade

poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em

obrigar o professor a mudar a nota

20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade

acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado

depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas

ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as

universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como

conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a

Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si

mesmo

21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou

a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem

profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da

Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse

puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e

natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute

protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a

um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica

22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que

suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para

cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente

tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser

informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira

Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema

Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por

organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar

todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte

reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades

puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo

23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente

da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa

instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua

fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando

a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as

instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em

violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do

questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios

solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees

constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees

eram de interesse puacuteblico

11

24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da

Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora

publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um

membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi

expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem

padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso

indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola

tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta

Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos

educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de

expressatildeo

25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos

calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o

projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a

universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo

natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de

ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-

se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo

efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas

porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da

profissatildeo de docente

26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou

status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em

outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica

agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional

e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo

poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros

de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta

decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os

direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas

no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo

com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam

com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade

em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais

natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se

que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo

peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum

fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave

salvaguarda da liberdade acadecircmica

27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que

aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da

universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou

estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da

equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo

12

Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

13

30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

Secretaria de Documentaccedilatildeo

Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia

Jurisprudecircncia Internacional

COAJstfjusbr

Page 4: LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO...o direito à liberdade de cátedra garante aos agentes educacionais a atuação livre de interfer ência , cujo exercício é assegurado

4

elementos determinantes da democracia pois promove a participaccedilatildeo e troca de

opiniotildees diferentes que por sua vez podem constituir controle do exerciacutecio do

poder atraveacutes da oposiccedilatildeo agrave arbitrariedade ou da queixa e portanto contribui para

a construccedilatildeo do puacuteblico coletivamente

Reforccedilou-se que o direito agrave liberdade de expressatildeo eacute uma das garantias essenciais

da democracia e do pluralismo e em sentido estrito refere-se ao direito de

expressar e divulgar livremente os proacuteprios pensamentos opiniotildees informaccedilotildees e

ideias sem limitaccedilatildeo atraveacutes dos meios e formas escolhidos pela pessoa que se

expressa a partir dos quais eacute derivada a proibiccedilatildeo da censura A este respeito (i)

toda expressatildeo eacute considerada protegida pela Constituiccedilatildeo a menos que em cada

caso seja convincentemente demonstrado que existe uma justificativa nos

termos da ponderaccedilatildeo com outros princiacutepios constitucionais (ii) quando haacute uma

colisatildeo normativa a posiccedilatildeo de liberdade de expressatildeo eacute privilegiada e goza de

uma prevalecircncia inicial e (iii) existe a priori a suspeita de inconstitucionalidade

de suas restriccedilotildees ou limitaccedilotildees No entanto existe um consenso de que os

seguintes discursos natildeo satildeo protegidos (a) propaganda em favor da guerra (b) a

defesa de oacutedio nacional racial religioso ou outro que constitua incitamento agrave

discriminaccedilatildeo hostilidade violecircncia contra qualquer pessoa ou grupo de pessoas

por qualquer motivo (modo de expressatildeo que abrange as categorias comumente

conhecidas) como discurso de oacutedio discurso discriminatoacuterio defesa do crime e

defesa da violecircncia) c) pornografia infantil e (d) incitamento direto e puacuteblico a

cometer genociacutedio

4) Sentencia T-58898 (1998) A liberdade acadecircmica eacute um direito que o professor

deteacutem independentemente do ciclo ou niacutevel de estudos em que desempenha o

magisteacuterio garantindo-lhe autonomia e independecircncia Ao docente eacute permitido

expressar ideias e convicccedilotildees que em seu julgamento profissional considere

adequadas e necessaacuterias incluindo a determinaccedilatildeo do meacutetodo que considere

apropriado para transmitir seus ensinamentos Por outro lado o nuacutecleo da

liberdade acadecircmica do professor incorpora um poder legiacutetimo de resistecircncia que

consiste em se opor a receber instruccedilotildees ou comandos que imprimam

determinada orientaccedilatildeo ideoloacutegica agrave sua atuaccedilatildeo como docente Em termos

gerais o processo educacional em todos os niacuteveis eacute um desafio constante agrave

criatividade e agrave busca desinteressada e objetiva da verdade e dos melhores

procedimentos para acessaacute-la e compartilhaacute-la com os alunos A adesatildeo autecircntica

a este propoacutesito exige do professor uma margem de autonomia cuja proteccedilatildeo a

Constituiccedilatildeo considera crucial proteger e garantir A liberdade acadecircmica natildeo

pode ser utilizada pelo professor para encobrir accedilotildees arbitraacuterias ou

antipedagoacutegicas que desconsideram o significado participativo do processo de

aprendizagem o qual deve ser baseado em praacuteticas democraacuteticas e aberto agrave

participaccedilatildeo de alunos e pais considerados atores e natildeo apenas sujeitos passivos

da educaccedilatildeo

A independecircncia e autonomia que a liberdade de caacutetedra outorga ao professor natildeo

eacute absoluto e estaacute sujeita aos limites que decorrem do respeito a outros direitos

constitucionais e da conformaccedilatildeo do proacuteprio processo de aprendizagem Este

5

processo desdobra-se num sentido abertamente participativo e dinacircmico que

inclui professores alunos pais e em geral membros da comunidade

A intervenccedilatildeo do Estado na educaccedilatildeo pode ser expressa atraveacutes de poliacuteticas e accedilotildees

essenciais para a adequada formaccedilatildeo fiacutesica intelectual e moral dos estudantes

cuja isenccedilatildeo por motivos religiosos poria em perigo ou afetaria seriamente a

realizaccedilatildeo dos objetivos buscados De acordo com o princiacutepio da harmonizaccedilatildeo

concreta se a objeccedilatildeo de consciecircncia ou religiosa puder ser levantada contra

determinada praacutetica escolar deve-se optar pela soluccedilatildeo que permita o exerciacutecio

simultacircneo de direitos em aparente conflito que seriam superados mantendo o

objetivo didaacutetico mas modificando ou ajustando o meacutetodo planejado para

alcanccedilaacute-lo Se no entanto a poliacutetica ou accedilatildeo eacute considerada necessaacuteria para o

desenvolvimento integral do aluno e os meios de implementaccedilatildeo satildeo

insubstituiacuteveis as possibilidades de harmonizaccedilatildeo concreta satildeo reduzidas

especialmente pela necessidade de optar pelo melhor interesse do jovem caso em

que a liberdade religiosa ou objeccedilatildeo de consciecircncia dificilmente prevaleceratildeo

5) Sentencia T-09294 (1994) A comunidade em geral e em particular as instituiccedilotildees

de ensino - puacuteblicas ou privadas - professores pesquisadores e estudantes satildeo

titulares da liberdade de ensino aprendizagem e pesquisa Ressalvou-se que a

liberdade acadecircmica tem um destinataacuterio uacutenico qual seja o educador qualquer

que seja seu niacutevel ou sua especialidade Portanto a liberdade acadecircmica eacute o direito

garantido constitucionalmente a todas as pessoas que realizam uma atividade

docente visando apresentar um programa de estudo pesquisa e avaliaccedilatildeo que de

acordo com seus criteacuterios refletiraacute na melhoria do niacutevel acadecircmico dos

estudantes A liberdade acadecircmica natildeo eacute um direito absoluto sendo limitado

pelos objetivos do Estado entre os quais a proteccedilatildeo de direitos como a paz a

convivecircncia e a liberdade de consciecircncia dentre outros O desenvolvimento da

liberdade de ensino acadecircmico deve permitir que os professores determinem

livremente a forma como seratildeo ministradas as mateacuterias e realizadas as avaliaccedilotildees

Essa decisatildeo deve ser comunicada agrave direccedilatildeo da instituiccedilatildeo a fim de garantir a

qualidade de ensino e o cumprimento das obrigaccedilotildees pelos docentes visando a

melhor formaccedilatildeo intelectual dos alunos

Espanha (Tribunal Constitucional da Espanha)

6) Sentencia 1791996 (1996) A Primeira Turma do Tribunal Constitucional da

Espanha decidiu que o direito das universidades agrave autonomia assegura a

liberdade para organizar cursos universitaacuterios e combater a interferecircncia externa

A liberdade de instruccedilatildeo eacute uma ramificaccedilatildeo da liberdade de opiniatildeo e o do direito

de livremente divulgar pensamentos ideias e opiniotildees que todos os professores

assumem como direitos individuais em relaccedilatildeo agrave mateacuteria ensinada No entanto

natildeo significa que o professor tenha liberdade para regular aspectos da funccedilatildeo

docente pessoalmente com exclusividade e independentemente dos criteacuterios

organizacionais aplicados pela administraccedilatildeo do centro universitaacuterio Embora a

liberdade de instruccedilatildeo natildeo assegure um direito putativo dos professores de

escolher um assunto especiacutefico dentre aqueles que integram um determinado

6

campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos

Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade

de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que

obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar

injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel

de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]

7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de

um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do

docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da

instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo

podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos

direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um

professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se

natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades

educacionais da instituiccedilatildeo

Estados Unidos da Ameacuterica2

8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por

uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da

Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira

Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona

seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador

da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra

nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)

mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com

o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens

negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher

branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse

mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso

irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis

tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente

caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada

e insubordinada o que levou a sua demissatildeo

Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da

autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos

Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso

patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente

relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que

os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas

2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-

practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes

7

proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v

Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como

cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo

com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo

da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando

que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a

liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a

Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]

9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes

exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente

legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi

suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o

direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa

configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo

extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas

especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de

drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante

que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo

do uso de drogas iliacutecitas

10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o

coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao

determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo

provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades

prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees

que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo

inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo

Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas

ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais

11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma

nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento

de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da

universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o

professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino

do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro

Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da

Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do

professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma

decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo

constitucional

12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade

comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os

estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e

outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao

uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como

8

resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais

ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia

retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O

Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos

termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira

Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo

interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal

observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o

tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave

insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick

Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que

ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo

13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas

crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento

suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus

direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua

alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos

professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio

curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave

poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim

como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma

universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o

intuito de moldar seu curriacuteculo

14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela

Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica

discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer

comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que

submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida

intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem

como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas

sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte

declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional

ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da

universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a

poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse

argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de

conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo

racial ou eacutetnico do discursordquo

15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal

Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de

Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo

deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do

9

indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador

hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela

universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala

mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos

equivale ao controle do pensamento governamental rdquo

16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas

religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa

praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e

de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que

as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso

em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que

as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees

pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo

eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu

criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo

sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de

qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo

17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora

titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados

por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de

avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um

aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-

a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em

seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade

acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora

a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira

Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de

provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma

condiccedilatildeo de emprego

18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o

Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre

direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan

O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou

vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual

credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades

educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a

jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta

com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo

inconstitucionalmente excessivos

19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor

mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando

violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de

liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada

a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo

10

individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira

Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade

poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em

obrigar o professor a mudar a nota

20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade

acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado

depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas

ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as

universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como

conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a

Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si

mesmo

21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou

a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem

profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da

Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse

puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e

natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute

protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a

um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica

22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que

suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para

cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente

tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser

informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira

Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema

Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por

organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar

todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte

reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades

puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo

23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente

da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa

instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua

fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando

a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as

instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em

violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do

questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios

solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees

constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees

eram de interesse puacuteblico

11

24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da

Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora

publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um

membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi

expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem

padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso

indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola

tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta

Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos

educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de

expressatildeo

25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos

calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o

projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a

universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo

natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de

ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-

se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo

efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas

porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da

profissatildeo de docente

26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou

status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em

outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica

agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional

e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo

poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros

de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta

decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os

direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas

no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo

com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam

com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade

em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais

natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se

que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo

peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum

fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave

salvaguarda da liberdade acadecircmica

27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que

aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da

universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou

estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da

equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo

12

Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

13

30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

Secretaria de Documentaccedilatildeo

Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia

Jurisprudecircncia Internacional

COAJstfjusbr

Page 5: LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO...o direito à liberdade de cátedra garante aos agentes educacionais a atuação livre de interfer ência , cujo exercício é assegurado

5

processo desdobra-se num sentido abertamente participativo e dinacircmico que

inclui professores alunos pais e em geral membros da comunidade

A intervenccedilatildeo do Estado na educaccedilatildeo pode ser expressa atraveacutes de poliacuteticas e accedilotildees

essenciais para a adequada formaccedilatildeo fiacutesica intelectual e moral dos estudantes

cuja isenccedilatildeo por motivos religiosos poria em perigo ou afetaria seriamente a

realizaccedilatildeo dos objetivos buscados De acordo com o princiacutepio da harmonizaccedilatildeo

concreta se a objeccedilatildeo de consciecircncia ou religiosa puder ser levantada contra

determinada praacutetica escolar deve-se optar pela soluccedilatildeo que permita o exerciacutecio

simultacircneo de direitos em aparente conflito que seriam superados mantendo o

objetivo didaacutetico mas modificando ou ajustando o meacutetodo planejado para

alcanccedilaacute-lo Se no entanto a poliacutetica ou accedilatildeo eacute considerada necessaacuteria para o

desenvolvimento integral do aluno e os meios de implementaccedilatildeo satildeo

insubstituiacuteveis as possibilidades de harmonizaccedilatildeo concreta satildeo reduzidas

especialmente pela necessidade de optar pelo melhor interesse do jovem caso em

que a liberdade religiosa ou objeccedilatildeo de consciecircncia dificilmente prevaleceratildeo

5) Sentencia T-09294 (1994) A comunidade em geral e em particular as instituiccedilotildees

de ensino - puacuteblicas ou privadas - professores pesquisadores e estudantes satildeo

titulares da liberdade de ensino aprendizagem e pesquisa Ressalvou-se que a

liberdade acadecircmica tem um destinataacuterio uacutenico qual seja o educador qualquer

que seja seu niacutevel ou sua especialidade Portanto a liberdade acadecircmica eacute o direito

garantido constitucionalmente a todas as pessoas que realizam uma atividade

docente visando apresentar um programa de estudo pesquisa e avaliaccedilatildeo que de

acordo com seus criteacuterios refletiraacute na melhoria do niacutevel acadecircmico dos

estudantes A liberdade acadecircmica natildeo eacute um direito absoluto sendo limitado

pelos objetivos do Estado entre os quais a proteccedilatildeo de direitos como a paz a

convivecircncia e a liberdade de consciecircncia dentre outros O desenvolvimento da

liberdade de ensino acadecircmico deve permitir que os professores determinem

livremente a forma como seratildeo ministradas as mateacuterias e realizadas as avaliaccedilotildees

Essa decisatildeo deve ser comunicada agrave direccedilatildeo da instituiccedilatildeo a fim de garantir a

qualidade de ensino e o cumprimento das obrigaccedilotildees pelos docentes visando a

melhor formaccedilatildeo intelectual dos alunos

Espanha (Tribunal Constitucional da Espanha)

6) Sentencia 1791996 (1996) A Primeira Turma do Tribunal Constitucional da

Espanha decidiu que o direito das universidades agrave autonomia assegura a

liberdade para organizar cursos universitaacuterios e combater a interferecircncia externa

A liberdade de instruccedilatildeo eacute uma ramificaccedilatildeo da liberdade de opiniatildeo e o do direito

de livremente divulgar pensamentos ideias e opiniotildees que todos os professores

assumem como direitos individuais em relaccedilatildeo agrave mateacuteria ensinada No entanto

natildeo significa que o professor tenha liberdade para regular aspectos da funccedilatildeo

docente pessoalmente com exclusividade e independentemente dos criteacuterios

organizacionais aplicados pela administraccedilatildeo do centro universitaacuterio Embora a

liberdade de instruccedilatildeo natildeo assegure um direito putativo dos professores de

escolher um assunto especiacutefico dentre aqueles que integram um determinado

6

campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos

Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade

de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que

obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar

injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel

de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]

7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de

um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do

docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da

instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo

podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos

direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um

professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se

natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades

educacionais da instituiccedilatildeo

Estados Unidos da Ameacuterica2

8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por

uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da

Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira

Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona

seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador

da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra

nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)

mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com

o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens

negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher

branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse

mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso

irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis

tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente

caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada

e insubordinada o que levou a sua demissatildeo

Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da

autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos

Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso

patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente

relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que

os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas

2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-

practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes

7

proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v

Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como

cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo

com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo

da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando

que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a

liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a

Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]

9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes

exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente

legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi

suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o

direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa

configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo

extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas

especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de

drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante

que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo

do uso de drogas iliacutecitas

10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o

coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao

determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo

provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades

prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees

que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo

inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo

Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas

ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais

11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma

nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento

de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da

universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o

professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino

do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro

Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da

Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do

professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma

decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo

constitucional

12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade

comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os

estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e

outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao

uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como

8

resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais

ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia

retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O

Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos

termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira

Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo

interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal

observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o

tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave

insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick

Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que

ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo

13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas

crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento

suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus

direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua

alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos

professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio

curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave

poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim

como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma

universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o

intuito de moldar seu curriacuteculo

14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela

Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica

discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer

comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que

submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida

intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem

como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas

sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte

declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional

ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da

universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a

poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse

argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de

conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo

racial ou eacutetnico do discursordquo

15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal

Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de

Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo

deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do

9

indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador

hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela

universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala

mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos

equivale ao controle do pensamento governamental rdquo

16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas

religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa

praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e

de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que

as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso

em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que

as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees

pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo

eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu

criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo

sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de

qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo

17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora

titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados

por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de

avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um

aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-

a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em

seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade

acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora

a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira

Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de

provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma

condiccedilatildeo de emprego

18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o

Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre

direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan

O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou

vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual

credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades

educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a

jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta

com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo

inconstitucionalmente excessivos

19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor

mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando

violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de

liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada

a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo

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individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira

Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade

poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em

obrigar o professor a mudar a nota

20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade

acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado

depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas

ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as

universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como

conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a

Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si

mesmo

21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou

a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem

profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da

Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse

puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e

natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute

protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a

um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica

22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que

suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para

cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente

tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser

informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira

Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema

Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por

organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar

todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte

reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades

puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo

23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente

da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa

instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua

fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando

a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as

instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em

violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do

questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios

solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees

constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees

eram de interesse puacuteblico

11

24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da

Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora

publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um

membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi

expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem

padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso

indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola

tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta

Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos

educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de

expressatildeo

25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos

calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o

projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a

universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo

natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de

ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-

se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo

efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas

porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da

profissatildeo de docente

26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou

status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em

outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica

agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional

e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo

poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros

de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta

decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os

direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas

no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo

com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam

com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade

em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais

natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se

que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo

peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum

fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave

salvaguarda da liberdade acadecircmica

27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que

aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da

universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou

estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da

equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo

12

Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

13

30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

Secretaria de Documentaccedilatildeo

Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia

Jurisprudecircncia Internacional

COAJstfjusbr

Page 6: LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO...o direito à liberdade de cátedra garante aos agentes educacionais a atuação livre de interfer ência , cujo exercício é assegurado

6

campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos

Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade

de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que

obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar

injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel

de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]

7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de

um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do

docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da

instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo

podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos

direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um

professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se

natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades

educacionais da instituiccedilatildeo

Estados Unidos da Ameacuterica2

8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por

uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da

Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira

Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona

seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador

da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra

nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)

mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com

o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens

negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher

branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse

mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso

irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis

tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente

caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada

e insubordinada o que levou a sua demissatildeo

Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da

autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos

Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso

patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente

relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que

os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas

2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-

practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes

7

proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v

Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como

cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo

com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo

da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando

que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a

liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a

Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]

9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes

exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente

legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi

suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o

direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa

configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo

extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas

especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de

drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante

que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo

do uso de drogas iliacutecitas

10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o

coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao

determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo

provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades

prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees

que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo

inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo

Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas

ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais

11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma

nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento

de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da

universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o

professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino

do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro

Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da

Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do

professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma

decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo

constitucional

12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade

comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os

estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e

outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao

uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como

8

resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais

ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia

retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O

Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos

termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira

Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo

interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal

observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o

tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave

insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick

Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que

ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo

13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas

crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento

suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus

direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua

alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos

professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio

curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave

poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim

como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma

universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o

intuito de moldar seu curriacuteculo

14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela

Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica

discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer

comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que

submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida

intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem

como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas

sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte

declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional

ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da

universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a

poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse

argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de

conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo

racial ou eacutetnico do discursordquo

15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal

Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de

Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo

deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do

9

indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador

hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela

universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala

mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos

equivale ao controle do pensamento governamental rdquo

16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas

religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa

praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e

de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que

as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso

em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que

as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees

pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo

eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu

criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo

sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de

qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo

17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora

titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados

por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de

avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um

aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-

a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em

seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade

acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora

a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira

Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de

provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma

condiccedilatildeo de emprego

18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o

Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre

direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan

O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou

vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual

credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades

educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a

jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta

com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo

inconstitucionalmente excessivos

19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor

mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando

violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de

liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada

a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo

10

individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira

Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade

poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em

obrigar o professor a mudar a nota

20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade

acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado

depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas

ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as

universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como

conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a

Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si

mesmo

21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou

a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem

profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da

Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse

puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e

natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute

protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a

um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica

22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que

suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para

cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente

tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser

informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira

Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema

Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por

organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar

todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte

reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades

puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo

23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente

da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa

instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua

fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando

a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as

instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em

violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do

questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios

solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees

constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees

eram de interesse puacuteblico

11

24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da

Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora

publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um

membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi

expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem

padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso

indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola

tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta

Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos

educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de

expressatildeo

25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos

calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o

projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a

universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo

natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de

ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-

se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo

efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas

porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da

profissatildeo de docente

26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou

status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em

outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica

agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional

e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo

poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros

de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta

decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os

direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas

no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo

com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam

com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade

em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais

natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se

que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo

peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum

fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave

salvaguarda da liberdade acadecircmica

27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que

aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da

universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou

estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da

equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo

12

Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

13

30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

Secretaria de Documentaccedilatildeo

Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia

Jurisprudecircncia Internacional

COAJstfjusbr

Page 7: LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO...o direito à liberdade de cátedra garante aos agentes educacionais a atuação livre de interfer ência , cujo exercício é assegurado

7

proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v

Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como

cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo

com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo

da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando

que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a

liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a

Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]

9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes

exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente

legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi

suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o

direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa

configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo

extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas

especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de

drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante

que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo

do uso de drogas iliacutecitas

10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o

coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao

determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo

provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades

prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees

que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo

inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo

Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas

ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais

11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma

nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento

de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da

universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o

professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino

do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro

Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da

Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do

professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma

decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo

constitucional

12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade

comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os

estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e

outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao

uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como

8

resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais

ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia

retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O

Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos

termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira

Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo

interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal

observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o

tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave

insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick

Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que

ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo

13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas

crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento

suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus

direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua

alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos

professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio

curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave

poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim

como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma

universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o

intuito de moldar seu curriacuteculo

14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela

Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica

discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer

comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que

submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida

intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem

como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas

sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte

declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional

ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da

universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a

poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse

argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de

conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo

racial ou eacutetnico do discursordquo

15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal

Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de

Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo

deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do

9

indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador

hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela

universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala

mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos

equivale ao controle do pensamento governamental rdquo

16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas

religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa

praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e

de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que

as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso

em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que

as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees

pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo

eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu

criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo

sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de

qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo

17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora

titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados

por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de

avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um

aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-

a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em

seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade

acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora

a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira

Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de

provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma

condiccedilatildeo de emprego

18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o

Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre

direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan

O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou

vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual

credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades

educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a

jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta

com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo

inconstitucionalmente excessivos

19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor

mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando

violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de

liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada

a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo

10

individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira

Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade

poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em

obrigar o professor a mudar a nota

20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade

acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado

depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas

ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as

universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como

conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a

Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si

mesmo

21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou

a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem

profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da

Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse

puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e

natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute

protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a

um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica

22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que

suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para

cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente

tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser

informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira

Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema

Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por

organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar

todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte

reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades

puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo

23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente

da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa

instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua

fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando

a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as

instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em

violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do

questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios

solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees

constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees

eram de interesse puacuteblico

11

24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da

Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora

publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um

membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi

expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem

padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso

indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola

tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta

Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos

educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de

expressatildeo

25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos

calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o

projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a

universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo

natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de

ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-

se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo

efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas

porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da

profissatildeo de docente

26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou

status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em

outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica

agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional

e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo

poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros

de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta

decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os

direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas

no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo

com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam

com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade

em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais

natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se

que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo

peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum

fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave

salvaguarda da liberdade acadecircmica

27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que

aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da

universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou

estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da

equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo

12

Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

13

30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

Secretaria de Documentaccedilatildeo

Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia

Jurisprudecircncia Internacional

COAJstfjusbr

Page 8: LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO...o direito à liberdade de cátedra garante aos agentes educacionais a atuação livre de interfer ência , cujo exercício é assegurado

8

resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais

ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia

retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O

Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos

termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira

Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo

interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal

observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o

tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave

insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick

Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que

ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo

13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas

crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento

suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus

direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua

alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos

professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio

curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave

poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim

como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma

universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o

intuito de moldar seu curriacuteculo

14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela

Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica

discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer

comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que

submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida

intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem

como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas

sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte

declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional

ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da

universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a

poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse

argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de

conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo

racial ou eacutetnico do discursordquo

15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal

Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de

Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo

deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do

9

indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador

hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela

universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala

mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos

equivale ao controle do pensamento governamental rdquo

16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas

religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa

praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e

de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que

as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso

em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que

as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees

pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo

eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu

criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo

sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de

qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo

17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora

titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados

por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de

avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um

aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-

a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em

seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade

acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora

a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira

Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de

provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma

condiccedilatildeo de emprego

18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o

Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre

direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan

O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou

vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual

credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades

educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a

jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta

com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo

inconstitucionalmente excessivos

19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor

mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando

violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de

liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada

a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo

10

individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira

Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade

poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em

obrigar o professor a mudar a nota

20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade

acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado

depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas

ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as

universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como

conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a

Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si

mesmo

21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou

a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem

profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da

Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse

puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e

natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute

protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a

um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica

22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que

suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para

cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente

tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser

informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira

Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema

Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por

organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar

todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte

reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades

puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo

23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente

da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa

instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua

fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando

a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as

instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em

violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do

questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios

solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees

constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees

eram de interesse puacuteblico

11

24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da

Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora

publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um

membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi

expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem

padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso

indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola

tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta

Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos

educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de

expressatildeo

25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos

calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o

projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a

universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo

natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de

ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-

se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo

efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas

porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da

profissatildeo de docente

26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou

status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em

outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica

agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional

e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo

poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros

de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta

decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os

direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas

no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo

com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam

com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade

em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais

natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se

que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo

peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum

fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave

salvaguarda da liberdade acadecircmica

27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que

aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da

universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou

estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da

equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo

12

Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

13

30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

Secretaria de Documentaccedilatildeo

Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia

Jurisprudecircncia Internacional

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Page 9: LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO...o direito à liberdade de cátedra garante aos agentes educacionais a atuação livre de interfer ência , cujo exercício é assegurado

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indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador

hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela

universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala

mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos

equivale ao controle do pensamento governamental rdquo

16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas

religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa

praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e

de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que

as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso

em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que

as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees

pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo

eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu

criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo

sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de

qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo

17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora

titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados

por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de

avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um

aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-

a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em

seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade

acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora

a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira

Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de

provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma

condiccedilatildeo de emprego

18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o

Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre

direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan

O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou

vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual

credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades

educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a

jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta

com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo

inconstitucionalmente excessivos

19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor

mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando

violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de

liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada

a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo

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individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira

Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade

poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em

obrigar o professor a mudar a nota

20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade

acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado

depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas

ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as

universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como

conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a

Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si

mesmo

21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou

a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem

profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da

Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse

puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e

natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute

protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a

um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica

22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que

suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para

cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente

tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser

informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira

Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema

Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por

organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar

todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte

reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades

puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo

23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente

da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa

instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua

fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando

a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as

instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em

violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do

questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios

solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees

constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees

eram de interesse puacuteblico

11

24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da

Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora

publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um

membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi

expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem

padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso

indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola

tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta

Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos

educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de

expressatildeo

25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos

calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o

projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a

universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo

natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de

ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-

se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo

efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas

porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da

profissatildeo de docente

26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou

status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em

outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica

agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional

e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo

poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros

de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta

decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os

direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas

no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo

com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam

com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade

em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais

natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se

que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo

peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum

fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave

salvaguarda da liberdade acadecircmica

27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que

aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da

universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou

estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da

equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo

12

Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

13

30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

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liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

Secretaria de Documentaccedilatildeo

Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia

Jurisprudecircncia Internacional

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Page 10: LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO...o direito à liberdade de cátedra garante aos agentes educacionais a atuação livre de interfer ência , cujo exercício é assegurado

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individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira

Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade

poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em

obrigar o professor a mudar a nota

20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de

Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade

acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado

depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas

ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as

universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como

conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a

Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si

mesmo

21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou

a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem

profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da

Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse

puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e

natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute

protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a

um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica

22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que

suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para

cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente

tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser

informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira

Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema

Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por

organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar

todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte

reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades

puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo

23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente

da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa

instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua

fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando

a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as

instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em

violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do

questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto

Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios

solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees

constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees

eram de interesse puacuteblico

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24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da

Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora

publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um

membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi

expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem

padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso

indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola

tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta

Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos

educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de

expressatildeo

25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos

calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o

projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a

universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo

natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de

ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-

se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo

efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas

porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da

profissatildeo de docente

26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou

status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em

outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica

agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional

e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo

poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros

de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta

decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os

direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas

no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo

com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam

com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade

em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais

natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se

que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo

peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum

fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave

salvaguarda da liberdade acadecircmica

27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que

aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da

universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou

estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da

equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo

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Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

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30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

Secretaria de Documentaccedilatildeo

Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia

Jurisprudecircncia Internacional

COAJstfjusbr

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11

24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da

Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora

publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um

membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi

expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem

padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso

indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola

tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta

Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos

educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de

expressatildeo

25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos

calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o

projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a

universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal

de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo

natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de

ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-

se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo

efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas

porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da

profissatildeo de docente

26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou

status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em

outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica

agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional

e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo

poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros

de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta

decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os

direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas

no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo

com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam

com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade

em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais

natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se

que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo

peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum

fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave

salvaguarda da liberdade acadecircmica

27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que

aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da

universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou

estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da

equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo

12

Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

13

30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

Secretaria de Documentaccedilatildeo

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Jurisprudecircncia Internacional

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Page 12: LIBERDADE DE CÁTEDRA (“ESCOLA SEM PARTIDO...o direito à liberdade de cátedra garante aos agentes educacionais a atuação livre de interfer ência , cujo exercício é assegurado

12

Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com

colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico

Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O

interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre

expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo

concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo

descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e

internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se

ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor

de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a

harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a

obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e

competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o

relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa

relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila

28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs

estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em

protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma

escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior

A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira

Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas

opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que

materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades

escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos

fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas

obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira

Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo

disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o

desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular

29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O

Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees

subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo

nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A

Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras

administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de

professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees

educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos

traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um

docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam

proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para

despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente

comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor

transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa

liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo

tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula

13

30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

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30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou

se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se

recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade

estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou

que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute

ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital

desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor

qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades

colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes

devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova

maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e

morreraacute [Resumo natildeo oficial]

Franccedila

31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que

os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre

comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos

Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores

universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio

fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de

jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-

001rdquo]

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora

que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no

Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o

argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade

poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias

razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na

reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de

encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco

inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse

doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto

Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem

disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo

consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia

Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou

uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido

proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente

14

liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

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liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito

de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as

razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de

forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se

que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades

poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa

e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de

associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza

com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]

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