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Lewis Carroll Matemático, fotógrafo e escritor: as diversas faces do autor de Alice no País das Maravilhas. Alice Lima Isabella Spatti Natália Correa

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Dossiê da pesquisa de recepção crítica do autor na Inglaterra, França, Portugal e Brasil entre 1789 e 1914.

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Page 1: Lewis Carroll

Lewis Carroll Matemático, fotógrafo e escritor: as diversas faces do autor de Alice no País das Maravilhas.

Alice Lima

Isabella Spatti

Natália Correa

Page 2: Lewis Carroll

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Índice

Biografia

O matemático que mudou a literatura .......................................03

Lewis Carroll: matemático e fotógrafo .......................................05

Bestseller

O País das Maravilhas.................................................................07

O outro criador de Alice.............................................................08

A verdadeira Alice.......................................................................09

Crítica

Lewis Carroll: Amado e odiado, ontem e hoje...........................10

Estatísticas

Os números de Lewis Carroll.....................................................12

Alice pelo mundo........................................................................13

Obras

Além de Alice..............................................................................14

O estilo sem sentido....................................................................16

Curiosidades

Você sabia?....................................................................................17

Adaptações.....................................................................................18

Page 3: Lewis Carroll

3

L ewis Carroll é conhecido mundialmente por suas criativas e brilhantes histó-rias infantis, Alice no país das maravilhas e Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Estes livros, que tem conduzidos milhares de leitores e críticos, desde 1865, a uma aventura num curioso mundo cheio de persona-gens excêntricos e malucos, tornaram-se alguns dos clássicos da literatura

infanto-juvenil mais populares em língua inglesa, atraindo gerações de crianças de todas a ida-des e lugares.

Lewis Carroll nasceu Charles Lutwidge Dodgson durante o reinado de Guilherme IV, no presbitério de Daresbury, em Cheshire. Muito religioso e inteligente, formou-se em Christ Church, na Universidade de Oxford, onde passou a lecionar Matemática na idade adulta. Tinha hábitos peculiares no que se referia a vestimentas, gostava de fotografia e preferia a companhia de crianças à de adultos - o que lhe rendeu rumores fortes que, mesmo anos após sua morte, jamais morreram. Era o terceiro dos onze filhos do casal Charles Dodgson e Frances Lutwidge - sete meninas e quatro meninos -, e seu nascimento foi anunciado no jornal Times de Londres. Seu pai e sua mãe tinham o mesmo avô, também chamado Charles Dodgson, e as raízes do nome de sua família estendem-se para além do século XVIII, no interior do país. Os primeiros Dodgson eram famílias nobres, já os antecedentes mais próximos do autor eram membros do clero, em sua maioria. Aos treze anos de idade, escreveu e ilustrou uma revista que criou espe-cialmente para sua família, algo que provavelmente o ajudou na transformação de professor para contador de histórias. Alguns personagens de seu mais famoso livro devem sua origem ao

quintal de sua casa em Saresbury, enquanto inventava os mais estranhos passatempos.

Amigo próximo do reitor de Christ Church, gostava de levar as filhas deste para passeios de barco no rio Tâmisa no verão. Lorina, Edith e, é claro, Alice, eram todas muito pequenas no passeio que tomou forma no dia 4 de Julho, quando pediram para que o "Sr. Dodgson" con-tasse uma história. Improvisando, ele começou o conto de uma menininha entediada à beira de um rio que, avistando um coelho vestido em colete e conferindo um relógio de bolso, decide segui-lo para dentro de sua toca, jogando-se

numa aventura em um submundo mágico, onde o impossível é possível, animais falam e nada

faz sentido.

À sua personagem principal, ali, na hora, deu o nome de "Alice", a filha do meio do reitor, que se sentiu tão encantada com a história que pediu que o professor a escrevesse para que ela pudesse guardar. Ele o fez, dando à família o manuscrito de presente de natal. Tantos anos depois, o universo criado pelo Sr. Dodgson em uma improvisada tarde de verão, para agradar menininhas em um passeio de barco, rendeu a ele um lugar de prestígio na literatura infanto-juvenil.

Começou quando ele pediu a opinião de amigos antes de dar o manuscrito de presente

A Família Carroll

Charles Dodgson (pai): Homem profundamente devoto, de índole séria e reservada. Em

uma capela improvisada por ele mesmo, realizava a missa, dando especial atenção aos pobres. Tam-bém dava aulas em casa, além de produzir pelo menos uma monogra-fia ao ano sobre algum tema religio-so.

Frances Jane Lutwidge (mãe): Era tão extraordinária quan-to o marido. Assumia todos os seus deveres sem queixas, sempre alegre e carinhosa. Considerada como uma das mulheres mais doces e meigas, com grande fé e tudo que fazia, e dizia, era iluminado pelo seu amor. Lewis Carroll era o seu filho predi-leto.

Lewis Carroll, ao escrever à sua irmã Mary, quando deu à luz seu primogênito, revelou as qualida-de angelicais da mãe que adorava-a acima de tudo: “Que você possa ser para ele o que a sua querida mão foi para o seu filho mais velho. É o maior voto de felicidade que posso desejar para o seu meni-no”.

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Irmãs de Lewis Carroll

Biografia

O Matemático que Mudou a Literatura

Revista que Charles Dodgson inventou para a família

Page 4: Lewis Carroll

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aos Liddel, e a insistência destes em que ele deveria tentar publicar o livro. Quando o fez, ele assumiu o nome de Lewis Carroll, que conseguiu ao reverter seu nome de batismo e convertê-lo para o latim - talvez em uma tentativa de separar suas publicações acadêmi-cas do que, na época, teria sido sua 'aventura literária'. Hoje em dia, a pesquisa "Charles Dodgson" em grandes sites de pesquisa, co-

mo o Google, resulta automaticamente em "Lewis Carroll": Ao contrário do universo criado por ele, o 'disfarce' não durou.

Na época, e alguns anos mais tarde, foram feitas adaptações para o teatro, algumas em forma de musicais, edições ilustradas e in-fantis e uma continuação. O primeiro filme -mudo- veio em 1903. O Segundo apenas sete anos mais tarde. O terceiro, cinco anos depois deste. A Disney lançou sua famosa adaptação animada em 1951, que tomou o mundo. Em termos mais recentes, houve a versão para o cinema de Tim Burton em 2010 e um seriado para a televisão em 2013 (ambos tomando muita liberdade artística da história original).

Existe um paradoxo interessante sobre como Lewis Carroll, um homem solteiro, conseguia entender as crianças e ser amado por elas. Enquanto de um lado existia o professor de matemática, tímido e gago, que nunca se casou, extremamente religioso, “alto e ereto, que se veste de preto e age de maneira formal, precisa e rigorosa, com um profundo conhecimento”, existe também o cria-dor de Alice no país das maravilhas, um homem brincalhão, irreverente, com “uma capacidade de tocar os outros, de emocioná-los e fazê-los rir”.

Manteve uma grande relação com várias crianças, usando-as como modelos para suas fo-tos. Essa paixão por meninas pequenas se dava por acreditar que estas “personificavam a essência do romantismo: admirava sua beleza natural; valorizava suas declarações espontâneas; apreciava sua ilimitada inocência”, dedicando seu tempo para entretê-las e edificá-las. Desde pequeno gostava de entreter suas irmãs criando jogos e histórias.

Ainda em vida, Carroll e a família Liddell misteriosamente romperam ligações. Ele manteve fielmente diários durante o período do rompimento, mas as páginas referentes ao dia exato quando ele passou a não ser mais bem vindo na casa dos Liddell, sumiram misteriosamente. Ele cultivou mais e mais amizades com garotinhas cada vez mais jovens do que ele e todos os rumores são ainda muito discutidos.

O indiscutível é que aquele dia de verão mudou a vida do Sr. Dodgeson e de muitos ao seu redor e, definitivamente, mudou a his-tória da literatura infanto-juvenil mundial. A trama criada por ele sem qualquer pretensão de fazer sentido e nenhuma lição de moral até hoje é referência e botou seu 'nome falso', Lewis Carroll, em livros de história que são, de certo modo, bem menos interessantes do que aquela criada por ele, meio sem querer, para um público muito menor do que o que acabou atingindo.

Os últimos anos de sua vida passou em Guildford com suas irmãs, onde podia facilmente viajar para Oxford, e lá faleceu no dia 14 de Janeiro de 1898, e é onde está enterrado, no Cemitério do Monte. A casa em que ficou em Guildford apresentava uma placa do lado

de fora, desenhado por crianças locais, que conseguiram incorporar vários personagens de suas histórias. Por causa de uma tentativa de roubo da placa em 2005 e ela foi removido para a custódia.

Sua enigmática figura de aparência severa que ocultava uma imagi-nação desvairada atraia – e ainda o faz, até hoje - historiadores da literatura e psicólogos ao tentar discernir o impulso misterioso por trás de sua inventividade. Entretanto, quer o chame de Lewis Car-roll ou Charles Dodgson, ele continua um mistério que desafia o

entendimento.

“Ele argumentou a favor da vacina e expôs seus benefícios. De-safiando a oposição da Igreja ao teatro como fonte de entreteni-mento, defendeu a arte dramática como uma arte salutar, edifi-cante e educativa; participou ativamente da fundação da escola que mais tarde viria a ser a Royal Academy of Dramatic Art”.

Morton N. Cohen

Mais informações sobre Lewis Carroll podem ser encontradas nos seguintes livros:

Uma biografia: Lewis Carroll, de Morton N. Cohen.

Alice: Edição Comentada, Aventuras de Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho, introdu-ção e notas de Martin Gardner.

The Life and Letters of Lewis Carroll, biografia es-crita pelo sobrinho de Carroll, Stuart Dodgson Col-lingwood.

Documentário a respeito de Lewis Carroll e suas duas obras da Alice:

http://www.youtube.com/watch?v=MFeY-

É possível encontrar na inter-

net muitas reportagens do jor-

nal de New York Times sobre

as obras de Carroll ou cartas

de leitores, entre outras maté-

rias no site oficial do jornal.

http://query.nytimes.com/search/sitesearch/#/lewis+carroll/since1851/allresults/1/allauthors/oldest/books/

Biografia

Page 5: Lewis Carroll

5

C harles Dodgson, também conhecido por Lewis Carroll, apresenta mais de trezentos itens publicados separadamente, como

também recebeu e enviou mais de 98.721 cartas nos seus últimos 35 anos. Assim, mesmo se não tivesse escrito os livros in-

fantis que o deixaram famoso, provavelmente seu nome ainda ficaria para a posterioridade em mais de uma disciplina.

Deve ser uma surpresa para os que o conheceram como o criador de Alice saber que ele era mate-

mático, professor de lógica, em Christ Church. Suas obras referentes à matemática apresentam equações

lineares simultâneas e a sua aplicação em determinantes derivadas.

Sua obra mais famosa como matemático é Lógica Simbólica, que

retrata bem seu exercício intelectual favorito, o silogismo: duas pri-

mícias e sua conclusão. Suas obras criativas, embora os críticos não

chegassem a compreender os significados de vários de seus estudos

de matemática e lógica, são um mergulho em estudos de novos terre-

nos em inúmeros ramos e um pouco adiantados para sua época. Ape-

sar de não contribuir de uma mesma forma que outros contemporâ-

neos, sua obra ainda é única, significativa e influente.

Apresenta uma reavaliação da escolha social, ou da teoria da votação – com propostas para

aperfeiçoar os métodos de votação altamente mais justos e inovadores do que as adotas

hoje em dia.

Outro área que Charles Dodgson contribuiu bastante foi a fotografia. Uns dos

primeiros a fazer fotografias artísticas, e chegou ser reconhecido como o melhor fotó-

grafo de crianças do século XIX.

Desde pequeno nutria ambições artísticas, sempre cultivando uma amizade com

artistas, visitava museus e galerias, como também teve aulas de paixão por arte viu na

fotografia, aos 24 anos de idade, uma forma de obter mais sucesso do que com seus

esboços. Desde então estava sempre em busca de um modelo bonito e interessante, con-

seguindo deixá-los à vontade durante todo o tempo necessário para tirar a foto. Suas

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Page 6: Lewis Carroll

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esboços. Desde então estava sempre em busca de um modelo bonito e interessante, conseguindo deixá-los à vontade durante todo o

tempo necessário para tirar a foto. Suas fotos principais fotos, e as mais famosas, foram usando modelos infantis, e nessas usava toda

a sua imaginação e seu fascínio. Visto que a câmera resultava em um sucesso maior

do que o caderno de desenhos, a fotografia deixou de ser apenas um hobbie.

Em suas fotos com modelos infantis pode-se perceber a diferente concep-

ção de Charles sobre a infância. Devido ao seu modo envolvente, ele conseguia

relaxar as crianças, tirando fotos que pareciam naturais, assim, tirou as mais

belas fotos de crianças.

No começo, ele fotografava cenas do cotidiano. Conhecia uma família,

tornava-se amigo deles e se percebesse que o clima era propício, pedia permis-

são para tirar fotos das crianças. Esse era o começo, depois, aos 35 anos de ida-

de, começou a despir suas modelos, pedindo

a permissão para as mães. É claro que al-

gumas negaram, mas outras aceitaram que

ele tirasse fotos. E nos treze anos seguintes

ele tirou várias fotos de meninas nuas. Apesar de ter tirado uma grande quantidade de fotos, apenas

quatro sobreviveram, isso porque, antes de morrer, destruiu todos os negativos e cópias, como tam-

bém devolveu algumas fotos às famílias, não querendo expor suas modelos.

Carroll passou 25 anos revelando fotografias, juntando mais de duas mil fotos, mas de repen-

te abandou seu passatempo sem explicação, causando uma maior especulação sobre suas intenções

com as modelos. Entretanto, sua maneira de tirar fotos: as modelos relaxadas e descontraídas, mes-

mo nuas, os fundos, as fantasias, são muito elogiadas e estudadas.

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Todas as suas modelos infan-

tis eram meninas. Charles

não gostava de fotografar ne-

nhum menino.

A maioria das fotos nuas que

tirou, ocorria em seu estúdio.

Mas no dia 9 de outubro de

1869, levou sua câmera e al-

guns móveis para o jardim dos

Haydon e tirou uma série de

fotografias, incluindo duas fo-

tos das meninas nuas.

Essas fotos são encaradas como

perturbadoras por alguns, e por

outros como geniais.

A fotografia era algo novo e nada simples. Ainda

não existia o filme fotográfico, ou seja, o fotografo

precisa posicionar a modelo, ir para uma câmara

escura preparar a “chapa”, um processo muito

complicado e delicado, e se não acontecesse ne-

nhum acidente entre o percurso poderia tirar a foto.

Depois, o fotografo precisava voltar novamente

para a câmara escura, onde revelaria a foto, produ-

zindo um negativo, apenas com o negativo devida-

mente fixado e envernizado é que poderia tirar a

cópia positiva.

Se desejar saber mais sobre

esse assunto, poderá consultar

o seguinte livro:

Uma biografia: Lewis Carroll,

de Morton N. Cohen

Biografia

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Page 7: Lewis Carroll

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Bestseller

O Incrível País das Maravilhas

O livro As aventuras de Ali-ce no País das Maravilhas é sinônimo de aventura mágica. É difícil encontrar al-guém que nunca tenha ouvido falar de Alice e de suas aventuras, mesmo sem a leitura dos livros, os personagens mais famosos são facilmente identificados. Publicado pela primeira vez em 1865, é até hoje uma das histórias mais popula-res, sem nunca ter ficado fora de catálo-go, e um dos livros mais citados no mun-do ocidental junto com a Bíblia e Shakes-peare, traduzidos para praticamente, to-

das as línguas escritas existentes

“Alice estava começando a ficar muito cansada de estar sentada ao lado da irmã na ribanceira, e de não ter nada que fa-zer; espiara ou duas vezes o livro que estava lendo, mas não tinha figuras nem diálogos, ‘e de que serve um livro’, pensou Alice, ‘sem figuras nem diálogos?”.

Lewis Carroll

O enredo da história é aparentemente simples: em um dia quente, Alice e sua irmã estão sentadas a beira de um lago. En-quanto sua irmã lê, Alice tenta encontrar algo de interessante para fazer. É então que ela tem o vislumbre de um coelho branco de colete que passa por ela apressado. Sem pensar duas vezes ela o segue e entra em sua toca, indo parar em um mundo diferente cheio de criaturas fantásticas e animais falantes.

É interessante notar que poucas vezes Alice se preocupa em voltar para casa. Conforme os acontecimentos da história se passam (as alterações de tamanho, por exemplo) ela se pergunta quais serão as consequências para sua vida “normal”, mas jamais parece ter por objetivo final achar um caminho de volta para casa. A princípio, seu objetivo é encontrar um caminho para o jardim que avistou na sala das portas, o primeiro lugar que chega depois de cair na toca do coelho.

Neste novo mundo, Alice e seus leitores encontram um elenco de criaturas estranhas, incluindo a Rainha de Copas, o Gato Risonho, a Lebre de Março e o Chapeleiro Maluco. Essa história foi contada primeiramente para a jovem amiga de Carroll, Alice Liddell, filha de Henry Liddell, em um passeio de barco pelo rio Tâmisa, no dia 4 de julho de 1862, com suas duas irmãs. O manus-crito original levou dois anos e meio para ser completado, com

ilustrações do próprio Lewis Carroll, e foi apresentado à ela como presente de Natal em memória de um dia de verão, com o título As Aventuras Subterrâneas de Alice. Mais tarde, Carroll recebeu in-centivos para publicar essa história.

Em 1865, o livro recebeu sua primeira edição com ilustra-ções de John Tenniel, o melhor cartunista da época, e reentitulado como As aventuras de Alice no País das Maravilhas. Esse livro

mudou o panorama da infância, tornando os livros infantis menos sérios e mais di-vertidos. A ausência de temas moralizantes na obra contribuiu para o sucesso entre as crianças, que lhes deu uma liberdade ines-perada.

Os livros infantis da época eram preserva-dos e controlados pela igreja, sendo muito didáticos, procurando preservar a moral, a cultura e os padrões sociais. Entretanto, o livro de Alice não apresenta uma moral, além da moral da Duquesa, mas esta é uma moral satírica, tornando a história mais leve e diferente.

A criação de um universo fantástico pelo autor, com a presença de personagens diferentes – animais falantes e com características humanas –; ausência de descrições prolonga-das e digressões cansativas; e o ritmo rápido da obra, proporcio-nando uma ação nas constantes descobertas das novas curiosidades de Alice enquanto explora o País das Maravilhas, deixam os leito-res na expectativa da conclusão do enredo. Lewis Carroll é muito elogiado pelo nonsense da obra, visto como artístico, criativo e divertido, e suas piadas e adivinhações também contribuem para deixar o livro mais interessante.

Brincando com realidade e fantasia Alice no País das Maravilhas se consolidou não somente na literatu-ra do século XIX, mas também na história da literatura infantil

Capa da primeira edição

Você sabia?

Na Inglaterra vitoriana,

a hora do chá era uma

instituição social, uma

hora de importância,

apropriada para a cena

mais famosa do livro.

Page 8: Lewis Carroll

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O Outro Criador de Alice

S ir John Tenniel nasceu em Londres em 1820 e faleceu em 1914, seus trabalhos fo-ram destaque durante a segunda metade do século 19, na Inglaterra, recebendo uma condecora-ção pela Rainha Victória em 1893, por suas realizações artísticas. Era um ilustrador e cartunista político, os dois mais famosos trabalhos dele foram os para a revista satírica Punch e as ilustra-ções para os dois livros de Alice, de Lewis Carroll.

O método utilizado para criar as ilustrações nesses dois trabalhos foram os mesmos, ou seja, os desenhos preliminares eram a lápis, depois utilizava uma técnica de “tinta branca chinesa” e, em seguida, transferia para o bloco de madeira com o uso de papel vegetal. Essas gravuras de madei-ra eram usadas como modelos. Os blocos de madeira originais dos desenhos de Alice foram des-cobertos em um cofre em 1981, e agora se encontram na Biblioteca Britânica.

Lewis Carroll, animado pelos amigos, resolveu publicar e divulgar a história de Alice, entretanto, não estava completamente satisfeito com suas ilustrações. Por isso, foi procurar um artista profissional. Tenniel já era um artista muito conhecido na época, o que mostra o modo como Lewis Carroll encarou com seriedade o seu livro, escolhendo o melhor desenhista do país. Os desenhos de Tenniel se tornaram tão famosos e populares quanto à própria historia, que Carroll o convenceu a ilustrar também a sequência da história, Alice através do espelho.

Com a preocupação das ilustrações saírem precisas, Carroll apresentou várias instruções e ordenou muitas alterações. Assim, podemos ter certeza de que a Alice é certamente como Dodgson a tinha imaginado. Todas essas informações enlouqueciam Tenniel, que quase recusou a ilustrar a sequência, mas seu amor por desenhar animais o convenceu a aceitar o convite.

Ao longo de toda a sua vida produziu mais de 2.000 ilustrações e caricaturas, contudo, suas ilustrações dos dois livros de Alice são as mais famosas.

Ilustrado por Lewis Carroll Ilustrado por Tenniel

Alice Liddell não era a modelo da Alice das figuras de Tenniel, e nem a de Carroll, pois este enviou uma fotografia de outra menina, Maria Hilton Badcock, recomendando-a como modelo, entretanto, em uma das cartas de Lewis Carroll sugere-se que Tenniel não tinha aceitado esse conselho:

"Mr. Tenniel é o único artista que desenhou para mim e que resolutamente se recusou a usar um modelo, e declarou que não precisa-va de um tanto quanto eu deveria precisar de uma tabela de multiplicação para trabalhar

um problema matemático! Atrevo-me a pensar que ele estava enganado e que por falta de um modelo, desenhou várias figuras de "Alice" totalmente fora de proporção – a cabeça decididamente muito grande e os pés decididamente muito pequenos ".

De qualquer modo, as ilustrações se as-semelham muito à senhorita Badcock.

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Se deseja saber mais sobre John Tenniel poderá aces-sar o site http://www.alice-in-wonderland.net/alice1f.html; ou ler os livros: Sir John Tenniel: Aspects of His Work, de Perry Cur-

tis.

Alice: Edição Comentada, Aventuras de Alice no País

das Maravilhas e Através do Espelho. Introdução e

notas de Martin Gardner.

Artist of Wonderland: The life, Political Cartoons,

and Iluustrations of Tenniel, de Frankie Morris.

Bestseller

Page 9: Lewis Carroll

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A Verdadeira Alice

A lice Liddell nasceu no dia 4 de maio de 1852 e era a segunda filha do reitor da Christ Church, Henry Liddell e sua esposa, Lorina Liddell. Cresceu na companhia de duas irmãs mais próximas a sua idade, Lorina, três anos mais velha, e Edith, dois anos mais nova.

Charles Dodgson conheceu Alice, e suas irmãs, quando esta tinha três anos de idade, em 1856, e era bibliotecário da Christ Church, na época. Ele acabou se tornando um amigo próximo da família Liddell. Alice tornou-se a maior paixão de Carroll, fornecendo de inspiração para seus dois livros mais conhecidos. A história foi contada pela primeira vez em um passei pelo rio Tâmisa, em 1862. Depois disso, a pedido da própria amiga, Charles Dodgson começou a escrever-lhe a história, passando dias escrevendo com cuidado, o que resultou no manuscrito original intitulado Ali-ce’s Adventures Under Ground.

A relação entre a família de Alice e Dodgson acabou de repente ao final da escrita de Alice no país das maravilhas. Não sabemos o que aconteceu, pois mesmo nos diários de Lewis Carroll faltam detalhes sobre o assunto, mas a possibilidade cogitada é que a mãe de Alice, por se achar superior socialmente ao autor acreditava que ele não seria uma boa ligação para sua família, se opondo a qualquer tipo de relação cogitada entre ele e sua filha.

Em 15 de setembro de 1880, Alice, já com 28 anos, se casa com Reginald Hargreaves e, embora não presencie o casamento, Charles a envia um presente por meio de um amigo. Ela teve três filhos que viveram com ela até sua morte, Leopold Reginald "Rex" Hargrea-ves e Alan Knyveton Hargreaves – mortos em ação na Primeira Guerra Mundial –, e Caryl Liddell Hargreaves.

Durante sua vida, dedicou-se a divulgação dos contos infantis feitos sob sua inspiração. Entretanto, após a morte de seu marido em 1926, considerou vender sua cópia das aventu-ras de Alice por causa do alto custo de manutenção de sua casa. O manuscrito agora encon-tra-se na Biblioteca Britânica .

Alice morreu em 1934 e encontra-se sepultada no cemitério da igreja St Michael and All An-gels Churchyard .

Houve um rumor de um roman-ce entre Alice e o Duque de Albany, Leopoldo, o filho mais

novo da Rainha Victória. Ele chegou na Christ Church, quando ela tinha 20 anos, e estudou de 1872 até 1876. O fato curio-so é que ela deu o nome de Leopoldo ao seu primeiro filho, e o Duque tenha cha-mado sua filha de Alice.

Alice negou qualquer tipo de relação entre o nome de seu filho mais novo, Caryl, e o pseudônimo de Char-les Dodgson, Lewis Carroll.

Se desejar saber mais sobre ela poderá con-sultar os seguintes livros:

The Real Alice, de Anne Clark.

The Other Alice, de Christina Bjork

Bestseller

Page 10: Lewis Carroll

10

Lewis Carroll: Amado e Odiado, Ontem e Hoje.

I números anos e edições depois da publicação da primeira edição de Alice no País das Maravilhas, em 2010, Tim Burton resolveu juntar a obra de estreia de Lewis Carroll e sua sequência de 1871, Através do Espelho e o Que Alice Encontrou Lá, e adicionar sua própria interpretação de um universo que já era complexo e atrativo e fazer um filme para todos os públicos. Com Helena Boham-Carter e Anne Hathaway como Rainha Vermelha e Rainha Branca e Johnny Depp como Chapeleiro

Maluco, o mundo se viu mais uma vez diante do País das Maravilhas. Assim, em época de lançamento, as críticas do trabalho do bom e velho professor de matemática de Oxford que conquistou os corações de crianças e adultos no século IXX surgem novamente: Em sua maioria, se referindo à Alice no País das Maravilhas como a obra prima da literatura infanto-juvenil e, alguns, errando ao se referir ao universo criado por Carroll tão casualmente numa tarde de verão, como “fantástico” ao invés do correto “non sense”, todas recordando-se em alguns parágrafos quem foi Lewis Carroll e o universo que ele criou. O impacto gerado pelo País das Maravilhas e os rumores instigados. Foram feitos, uma vez mais na história da literatura infantil, resumos da obra e mencionadas as diferenças entre a original e o filme - quase sempre, usando a obra da Disney como referência.

Mas as críticas que “Carroll” recebeu no século XIX destoam do tom das críticas de hoje em dia: em sua maioria, os críticos acreditavam que a obra sem lições de moral não era um bom exemplo para as crianças da época, a dura criação vitoriana falando mais alto. Em uma crítica de 1869, quatro anos após o lançamento de Alice, a opinião de um Sr. Coventry Patmore é debatida por um crítico do The Spectator. O Sr. Patmore defende que Alice no País das Maravilhas não seria um bom livro para cri-anças em razão de apresentar assuntos que não são de sua esfera de conhecimento, como, por exem-plo, o júri ou as caricaturas sociais presentes na obra. O crítico do Spectator argumenta que se tal afir-mação se sustentasse, muitas obras infantis também não seriam apropriadas, como “O patinho feio”. Engana-se quem pensa, no entanto que a intenção do crítico era defender Alice e suas aventuras: do contrário, ele defende que os problema de Alice no País das Maravilhas não seriam esses, e sim o ver-balismo e o humor que ás vezes assume um tom me-ramente verbal. Ele comenta, ainda, sobre os proble-mas que poderão surgir nas traduções já que as piadas

e trocadilhos não conservarão o mesmo significado. Ele conclui considerando Alice uma ‘literatura ruim’ e diz que a história deve muito as ótimas ilustrações de John Tenniel.

No mesmo jornal, em 1876, outro crítico debate a nova obra de Carroll: The Hun-ting of the Snark. O título de sua crítica, The Hunting of the Snarl, faz uma brincadeira com a palavra Snark (criada por Carroll unindo as palavras snake – cobra – e shark – tubarão) e Snarl, que significa enredo, em inglês. O crítico está A Procura do Enredo e defende que a única parte boa do livro é a frase: “For the snark was a Boojum, you see”. Essa crítica exalta as duas obras de Alice, destacando o fato de que fizera sucesso entre adultos e crianças.

E essa era a verdade. Apesar do des-prezo da crítica, os dois livros de Alice foram muito bem recebidos pelo público, tanto infantil como adulto. A ação rápida e ininterrupta, os animais falantes, as criações ver-bais e paródias musicais e, talvez principalmente, a falta das digressões longuíssimas que eram tão comuns em romances britânicos ‘adultos’.

Em uma carta enviada ao jornal New York Times em 1908, dez anos após a morte de Carroll, sugere a formação de um circulo de admiradores de Lewis Carroll, com seus

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Crítica

Page 11: Lewis Carroll

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membros organizando uma grande festa do chá todo ano durante o mês de março – em referência à personagem Lebre de Março, que participa do chá do Chapeleiro Maluco.

Quanto à The Hunting of the Snark: outras fontes sugerem grande apreciação popular no século 19. O site PublicDomainReview.Org, por exemplo, escreve: “O poema foi bastante popular, foi reeditado várias vezes. No tempo de vida de Carroll, mais de 20 mil cópias foram vendidas. O poema foi incorporado ao compêndio de Carroll da poe-sia humorística - intitulado Rhyme? and Reason? (1883). Desde então, ele foi ilustrado por uma variedade de artistas e traduzido em muitas línguas, e o livro raramente sai de impressão. Pessoas são conhecidas por memorizar e recitar o poema. Algumas pessoas formam clubes Snark. Há uma natureza atemporal sobre os versos que o tornam tão relevante hoje como aconteceu em 1876.”

Em 1890, outra crítica do Spectator – considerando-se a data, provavelmente sobre a obra “Silvia e Bruno” – sugere que Lewis Carroll morreu depois de Alice Através do Espelho e não mais voltará. Como se pode notar, a crítica é negativa, e demonstra a

grande relutância dos críticos da época com qualquer obra de Carroll que não seja uma das ‘Alices’. Foi sugerido, anos mais tarde, que a baixa dedicação de Carroll a essa obra específica se deve ao fato desta focar-se em uma menina e um menino – sexo que ele não aprecia-va tanto quando o outro.

Charles Ludwidge “Lewis Carrol” Dodgson faleceu em 1898, antes de poder ver sua história adaptada para o cinema pela primeira vez cinco anos depois (Na verdade, é possível que sua morte tenha influenciado a adaptação, aumentando a curiosidade para a história). Em 1907, os direitos autorais da história morreram também, aumentando o número de edições com o começo de publicações por outras editoras além da que inicialmente o publicava (a Macmillan and Co, de Londres). As notas de falecimento, diferentemente do tom usado pela maioria para ele em vida, não poupavam elogios ao criador de Alice. Seus fãs fizeram doações em dinheiro para a criação de uma ala “Alice” em um hospital londrino.

- Biografias Após Sua Morte

N o final no mesmo ano, o sobrinho de Lewis/Charles publicou a primeira obra biográfica a seu respeito: em um tom muito respeitoso, e até cuidadoso, mencionando seus excêntricos hábitos em contraste à forma quase beata com que retratou seu tio – possivelmente instigado pelas irmãs de Carroll – para tentar fazer morrer os rumores e marcá-lo na lembrança do público como o autor doce e carinhoso como imaginavam deveria ser um autor infantil. O site Victorian

Web, relata: “Infalivelmente moral, evitando toda grosseria e impiedade, ele ‘sempre se levantava à mesma hora precoce’ e foi ‘sempre muito abstêmio’, tendo nada para o almoço ‘além de uma taça de vinho e um biscoito’. Collingwood adoçou este retrato espartano com um pouquinho de excentricidade pessoal. Assim foi Lewis Carroll ‘o mais preciso e exato dos solteirões" - que nunca usava um sobretu-

do, independente do clima, que ‘professava uma aversão [a meninos] no montante de quase terror’, tinha uma regra de ‘nunca aceitar convites para jantar’ e ‘sempre’ usava um chapéu alto.”

A segunda biografia de Carroll veio em 1900, escrita por Isa Bowman. Carroll conhecera Bowman quando essa tinha 13 anos e aspirava uma carreira nas artes. Ele se tornou seu protetor, pagou aulas de canto e teatro e utilizou sua influência para, anos depois, dar a ela o papel principal em uma das adaptações para o teatro de Alice. Na biografia de Bowman lançada apenas dois anos após a do so-brinho de Carroll, ela afirma ter sido muito próxima a ele, a ponto de constantemente chamá-lo de “tio” e descrever inúmeros passeios à praia, um “ataque de fúria” quan-do ele viu um desenho que ela havia feito dele, queimando-o em segui-da, e sua “reconciliação apaixonada”. Uma conta detalhada da ordem cronológica dos acontecimentos pode, entretanto, provar que quando

Carroll estava pagando suas lições de teatro e canto, Isa já era adolescente e quando viajaram juntos pela última vez, ela já estava em seus vinte anos, o que torna o termo “tio” muito mais significativo, pois, segun-do o VictorianWeb.Org, era o “eufemismo vitoriano para ‘amante mais velho e mais rico’”. Isa, entretanto, faz questão de repetir, de forma geral e sem entrar em detalhes, que não havia nada além de inocência no relacionamento.

Diferentemente desses dois exemplos, a primeira biografia de Carroll verdadeiramente imparcial veio apenas em 1910, escrita por Belle Moses. Pela primeira vez, foi tratada de forma direta a questão de Carroll e sua obsessão por garotinhas. A começar pelas irmãs Liddell, filhas do reitor de Christ Church, passando por todas as outras meninas com quem ele manteve correspondência por anos pelo restante de sua vida, Moses menciona até meninas que ele conhecera na rua, em sua casa de praia, e até Isa Bowman, apresentando cor-respondências e dando exemplos de como ele se ressentia do “hábito pouco agradável que algumas meninas

tem de crescer”.

As críticas dos dias atuais focam-se ainda no tema. Em 2010, instigada provavelmente pelo filme de Tim Burton, a editora Planeta publicou no Brasil a obra “Eu Sou Alice”, um romance histórico inspirado nos rumores envolvendo Lewis Carroll/Charles Dodgson e Alice, a irmã Liddell do meio. Outros temas de interesse se focam em teses, dissertações e artigos acadêmicos, em sua maioria focadas nas criações linguísticas inovadoras de Carroll, na psicanálise por trás de suas criações e no universo non sense que ele ajudou a estabelecer. O certo é que, seja qual for o interesse, nem o País das Maravilhas nem seu criador estão mais perto de serem esquecidos hoje do que o estavam em 1865.

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Crítica

Page 12: Lewis Carroll

12

Estastísticas

Os Números de Lewis Carroll

Quando o professor de matemática Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido como Le-wis Carroll, colocou a história de Alice no pa-pel, ele provavelmente não imaginava a pro-porção que ela tomaria e nem mesmo que sua obra continuaria conhecida quase 150 anos após sua primeira edição. O sucesso que o au-tor obteve na época foi o suficiente para que Alice no País das maravilhas ganhasse uma continuação, Alice Através do Espelho. O se-gundo livro assim como o anterior, obteve êxi-to e agradou aos leitores, mas o mesmo não pôde ser dito das outras obras do autor publica-das posteriormente. O triunfo de Alice em comparação a outras obras de Lewis Carroll se torna ainda mais visível quando os dados sobre as edições de todos os livros do autor são organizados em gráficos, como podemos notar ao lado. No pe-

ríodo de 1865 até 1913, podemos observar que o livro que obteu mais edições foi Alice Através do Espelho. Entretanto, o livro com maior número de exemplares foi Alice no País das maravilhas e consequentemente, o “bestseller” do autor. Carroll parece ter tentando reproduzir em suas outras histórias a fórmula de Alice, sem muito êxito. Sylvie e Bruno, obteve poucas edições, e hoje é uma obra es-quecida. Algo interessante que pode ser notado no gráfico é a presença de diversas adaptações das obras de Carroll. Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho ganham edições especiais para crianças menores. Além disso, estas duas obras passam a circular em edições conjuntas a partir do ano de 1871, (também ano da estreia de Através do Espelho) e até hoje, podem ser encontrados este tipo de volume que reúne as duas histórias. Algumas adaptações atuais até mesmo misturam o enredo dos dois livros. Edições de cada obra O gráfico a direita ilustra o número de edições que algumas obras de Lewis Carroll recebeu na época. Até o ano de 1914, foram 41 edições de Alice no País das Maravilhas e 55 de Alice Através do Espelho. Sylvie e Bruno, livro com menor sucesso, aparece com somente 8 edições. As adaptações são as que possuem menor número The Nursery Alice tem 2 edições e a versão adaptada de Através do Espelho (Through the Looking Glass Adapted) obtém 3 edições.

As Traduções Quando são analisados os números de traduções que os livros de Car-roll receberam em português e francês, o número de dados cai conside-ravelmente. O autor não obtém nenhuma edição em português durante o século XIX, e Alice no País das Maravilhas somente chega ao Brasil no ano de 1930. A única tradução existente é em francês, e é lançada pela mesma editora britânica no ano de 1869. É possível observar no gráfico abaixo a mínima quantidade de traduções e sua única edição. Na página seguinte você poderá conferir as primeiras edições traduzidas de Alice.

Page 13: Lewis Carroll

13

Alice Pelo Mundo

Cópias das páginas do manuscrito original

1864:

Primeira edição original

1865:

1869:

Primeira edição em francês Primeira edição em alemão

Primeira edição italiana

1872:

http://en.wikipedia.org/wiki/Alice's_Adventures_in_Wonderland

http://www.thetimes.co.uk/tto/arts/visualarts/article3207342.ece

https://sites.google.com/site/lewiscarroll1steditions/first-editions-of-alice-published

http://en.wikipedia.org/wiki/File:AlicesAdventuresInWonderlandTitlePage.jpg

https://sites.google.com/site/lewiscarroll1steditions/foreign-alice-firsts

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firsts

https://sites.google.com/site/lewiscarroll1steditions/foreign-alice-firsts

https://sites.google.com/site/lewiscarroll1steditions/foreign-alice-firsts

Estastísticas

Page 14: Lewis Carroll

14

Além de Alice

S e perguntássemos para alguém, qualquer um: Você conhece algum livro de Lewis Carroll que não faça parte da história

de Alice? Provavelmente a maioria das respostas seja “não”. Entretanto, ele produziu vários poemas, uns humorísticos,

outros sérios, que acabaram menos populares, ofuscados pelos sucessos de seu primeiro livro.

Entretanto, outra obra nonsense publicado no nome de Lewis Carroll também causou grande atrações entre o público

inglês. A obra A Caça ao Snark (The Hunting of the Snark) é o maior poema nonsense escrito na língua inglesa. Escrito 1874-1876 , a

obra surge de um poema anterior, " Jabberwocky ", presente no livro Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá.

A trama segue um grupo de dez homens que tentam caçar o Snark (snake – cobre, e shark – tubarão), um animal, que pode vir a ser

altamente perigoso, e o único da tripulação que pode encontrá-lo desaparece rapidamente. O poema é dedicado a Gertrude Chataway,

uma menina que Carroll sonheceu na cidade litorânea Sandown, em 1875. A obra foi publicada em março de 1876 e foi reimpresso

dezessete vezes entre 1876 e 1908, mencionado em várias obras e adaptado para musicais, óperas, peças de teatro e música. Apesar de

ter recebido críticas negativas, considerado como um fracasso ao ser comparado com os dois livros de Alice e que o nonsense presente

na nova obra é cansativo e não artístico, sua recepção pelo público gerou vários fãs que formaram clubes de Snark. Desde seu lança-

mento, foi ilustrado por uma variedade de artistas e traduzido em muitas línguas, e o livro raramente sai de impressão. Algumas pessoas

são conhecidas por memorizar e recitar o poema.

Sylvie and Bruno também é outra obra de Carroll, lançada a primeira parte em 1889 e a obra completa em 1893, ambos ilustrados por

Harry Furniss, tão enigmáticos tanto para adultos como para crianças. Com aspectos misteriosos de um conto de fada, é uma estranha

fusão entre a terra encantada e as realidades da vida. Este é o último romance publicado por Lewis Carroll durante sua vida.

Apresenta duas tramas principais: um conjunto no mundo real, no momento que o livro foi publicado, ou seja, a era vitoriana, e o outro

no mundo ficcional de Fairyland. Este último é um enredo de conto de fadas, contando as aventuras dos dois irmãos, Sylvie e Bruno,

com vários elementos sem sentido e poemas. Já a história ambientada na Inglaterra Vitoriana é um romance social, e seus personagens

discutem vários conceitos e aspectos da religião, sociedade, filosofia e moralidade.

Essa obra originou-se de algumas alterações de um conto de fadas que Carroll escreveu para a revista Aunt Judy’s Magazine, em 1867.

Em 1874, começou a ter a ideia de transformá-lo no núcleo de uma história. Assim, com anotações de pequenas ideias e fragmentos de

diálogos que tinha coletado ao longo dos anos conseguiu compilar uma história mais longa. Contudo, o romance não foi tão bem recebi-

do como os livros de Alice. Uma das possíveis causa foi a falta de aviso, na primeira impressão, de que o livro não estava terminado e

que teria uma reimpressão da obra completa mais tarde. Muitos apontam que a história não tem muito do humor característico de Car-

roll e que é apenas um amontoado de brincadeiras e piadas. Por causa de sua péssima recepção na época de lançamento, essa obra é

muito pouco conhecida em outras línguas e pouco citadas ou analisadas, em português existe apenas uma tradução de algumas aventu-

ras que se encontrar dentro do livro.

Em 1869, ocorre o lançamento da obra Phantasmagoria and Other Poems, uma coletânia de poemas, publicado mais tarde sob o nome

Rhyme? and Reason?. A abertura do livro se dá com o poema Phantamasgoria, uma narrativa escrita em sete cantos sobre um fantasma

e um homem de nome Tibbets, e entre eles, segundo Carroll, não é apresentada grandes diferenças. Os setes cantos, são os seguintes:

Canto 1: The Trystyng

Canto 2: Hys Fyve Rules

Obras

Page 15: Lewis Carroll

15

Canto 3: Scarmoges

Canto 4: Hys Nouryture

Canto 5: Byckerment

Canto 6: Dyscomfyture

Canto 7: Sad Souvenaunce

A capa da primeira edição apresentava um papelão azul com ouro em relevo na capa e nas bordas e

na coluna. A ilustração da capa original representa a nebulosa de Câncer, presente na constelação de Tou-

ro, em Tauros e o cometa de Donati (Crab Nebula in Taurus and Donati's Comet), dois ilustres membros

da “Celestial Phantasmagoria”.

Os outros poema presentes na coleção são:

Echoes

A Sea Dirge

Ye Carpette Knyghte

Hiawatha's Photographing

Melancholetta

A Valentine

The Three Voices

Tema Con Variazioni

A Game of Fives

Poeta Fit, non Nascitur

Size and Tears

Atalanta in Camden-Town

The Lang Coortin'

Four Riddles

Fame's Penny Trumpet

Entre sua bibliografia existe também mais um livro conheci- do

entre o público, Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá, lançado em 1872, seis anos depois do rompimento com a famí-

lia Liddel. Segue um padrão semelhante ao primeiro livro de Alice, e desta vez a heroína passa atrás de um espelho e acaba em um

enorme jogo de xadrez, onde todas as peças tem vida. Nele nos deparamos com o poema absurdo do Jabberwocky e o Walrus and the

Carpenter, como também com um personagem familiar como o Humpty Dumpty. No mundo dos espelhos, toda a vida passa da direita

para a esquerda, até a leitura do poema Jabberwocky.

Esse livro, apesar de ser uma sequência do “Alice no país das maravilhas”, é mais estruturado. Muitos tentam interpretar esse livro

como uma analogia de que Alice está crescendo e se tornando adulta, e Lewis Carroll irá perdê-la, assim como ocorrerá com suas outras

amiguinhas, e ficaria sozinho.

Inegavelmente, Lewis Carroll é lembrado por suas duas obras de Alice, mas também produziu vários outros livros mais leves, com

fantasias e nonsense, que merecem uma nova leitura, apesar de serem menos populares.

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Ilustração de The Hunting of the Snark

Se desejar saber mais sobre esse assunto

poderá consultar os seguintes livros:

Uma biografia: Lewis Carroll, de Morton

N. Cohen.

Alice: Edição Comentada, As Aventuras de

Alice no País das Maravilhas e Através do

Espelho, introdução e notas de Martin Gar-

dner.

Obras

Page 16: Lewis Carroll

16

O Estilo Sem Sentido

N onsense é uma forma de arte/ expressão por meio de palavras ou sinais que não apresentam algum significado coeren-

te, algo que é absurdo. Muitos poetas, romancistas e compositores tem usado o nonsense para ilustrar um ponto sobre

a linguagem ou o raciocínio, tanto por diversão como por sátira, usando cenas absurdas de se imaginar e enigmas sem sentido.

As obras de Lewis Carroll podem ser facilmente classificadas como nonsense. Como no poema Jabberwocky, presente na obra

Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá, um dos poemas mais famosos de Lewis Carroll:

Jaguadarte

Era briluz. As lesmolisas touvas

Roldavam e relviam nos gramilvos.

Estavam mimsicais as pintalouvas,

E os momirratos davam grilvos.

“Foge do Jaguadarte, o que não morre!

Garra que agarra, bocarra que urra!

Foge da ave Felfel, meu filho, e corre

Do frumioso Babassurra!”

Êle arrancou sua espada vorpal

E foi atrás do inimigo do Homundo.

Na árvora Tamtam êle afinal

Parou, um dia, sonilundo.

E enquanto estava em sussustada sesta,

Chegou o Jaguadarte, ôlho de fogo,

Sorrelfiflando através da floresta,

E borbulia um riso louco!

Um, dois! Um, dois! Sua espada mavorta

Vai-vem, vem-vai, para trás, para diante!

Cabeça fere, corta, e, fera morta,

Ei-lo que volta galunfante.

“Pois então tu mataste o Jaguadarte!

Vem aos meus braços, homenino meu!

Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte!”

Êle se ria jubileu.

Era briluz. As lesmolisas touvas

Roldavam e relviam nos gramilvos.

Estavam mimsicais as pintalouvas,

E os momirratos davam grilvos.

Tradução de Augusto de Campos

Esse poema surpreendeu e encantou os ingleses por causa do estilo alegre e brincalhão, criando palavras, alternado com as já

existentes, produzindo um ritmo agradável aos ouvidos quando lido em voz alta.

A própria etimologia da palavra revela seu

significado:

Nonsense = non (não) + sense

(sentido)

Obras

http://www.jabberwockybooks.com/img/jabberwocky_340x400.jpg

Page 17: Lewis Carroll

17

Você Sabia?

“?iuqad arobme ri arap ramot oved ohnimac que, rovaf rop, rezid em airedoP”

otaG o uednopser, “ri reuq edno arap ed etnatsab ednepeD”

ecilA essid, “edno arap otium atropim em oãN”

otaG o essid, “emot ohnimac euq atropim oãn oãtnE”

oãçacilpxe ed asiug à uotnecserca ecilA, “ragul mugla a eugehc ue euq otnatonC”

“etnatsab o edna euq edsed”, otaG o uomrifa, “riugesnoc iav etnematrec êcov ossi, hO”

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Vários personagens do livro As Aventuras

de Alice no País das Maravilhas apresen-

tam relacionados com acontecimento e

pessoas que viviam na época do autor.

O desenho de Tenniel da duquesa

parece ser uma referência à um quadro do

pintor, considerada como o retrato de

uma duquesa do século XIV. A Rainha

Victória foi uma mulher poderosa, mora-

lista, sombria e determinada. Por isso, sua

influência não passou despercebida. Há

rumores que a Rainha de Copas foi dese-

nhada para se assemelhar à ela.

Consegue ver a semelhança en-

tre elas?

Carroll amava a língua, a linguagem e o idioma.

Amava a escrita, mandando várias cartas de for-

mas não convencionais, como de trás para fren-

te, em espiral, e outras ilustradas com criaturas

fantásticas. Como esses textos, extraídos do li-

vro Alice no País das Maravilhas, adaptados de

alguns modos como ele escrevia.

John Lenon também era fascina-

do por Lewis Carroll. Na capa do

álbum Sergeant Pepper está pre-

sente os personagens favoritos

dos quatro Beatles, e Lewis Car-

roll está lá. Consegue achá-lo?

Curiosidades

Page 18: Lewis Carroll

18

Adaptações

1903

1999

2010

1972

As histórias de Lewis Carroll não ficaram apenas nos livros, Alice no País Das Mara-vilhas, por exemplo foi adaptado para diversos formatos como seriados, filmes, curta– metra-gens, video games, entre muitos outros. Apesar de na época as obras de Carroll terem recebi-do críticas em razão da falta de moral e pelo fato de apresentarem histórias surrealistas, brin-cadeiras e piadas consideradas por muitos críticos como exageras e com falta de nexo, suas obras tiveram uma grande apreciação pelo público, principalmente Alice e The Hunting of the Snark, livros que nunca saíram de catálogo e sofreram diversas reimpressões em curtos perío-

dos de tempo. Este último teve 17 reimpressões entre 1876 e 1908, e em seu ano de publi-cação teve duas impressões com um total de quase 19.000 cópias. Além disso, recentemente ganhou recentemente uma versão em desenho animado.

Entre as adaptações mais conhecidas está com certeza a de Walt Disney, que no enre-do de seu filme mistura tanto personagens de Alice no País das Maravilhas quanto do segun-do livro, Alice Através do Espelho. Esta não é a única adaptação em que isso ocorre, no fil-me de 2010 do diretor Tim Burton a história assume aspectos muito diferentes da original,.

Nesta adaptação cinematográfica, Alice já com 19 anos, retorna ao País das Maravilhas para derrotar o Jaguadarte.

1951

No ano de 2016, Alice ganhará uma no-

va versão para os cinemas. O filme terá

no elenco Johnny Depp e Mia Wasi-

kowska , atores que repetirão seus papéis

como Chapeleiro Maluco e Alice.

Curiosidades

Alice ganhou um musical em 1886,

criado por H. Saville Clark e Walter

Slaughter.

1988

1915