levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS CINTHYA NEVES RABAIOLI MARIA ANGELICA O. BATISTA NAYARA APARECIDA CABRAL SAMILLA SANTOS SOUZA LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA HEPATITE B NO PERÍODO DE 2000 A 2011 NO ESTADO DE SÃO PAULO. FERNANDÓPOLIS 2012

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Page 1: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

fi FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS

CINTHYA NEVES RABAIOLI MARIA ANGELICA O. BATISTA NAYARA APARECIDA CABRAL

SAMILLA SANTOS SOUZA

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA HEPATITE B NO PERÍODO

DE 2000 A 2011 NO ESTADO DE SÃO PAULO.

FERNANDÓPOLIS 2012

Page 2: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

CINTHYA NEVES RABAIOLI

MARIA ANGELICA O. BATISTA

NAYARA APARECIDA CABRAL

SAMILLA SANTOS SOUZA

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA HEPATITE B NO PERÍODO DE 2000 A

2011 NO ESTADO DE SÃO PAULO.

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Banca Examinadora do Curso de Graduação em

Farmácia da Fundação Educacional de

Fernandópolis como exigência parcial para obtenção

do título de bacharel em farmácia.

Orientadora: Prof. Msc. Daiane Fernanda Pereira

Mastrocola

Co-orientador: Prof. Msc. Roney Eduardo Zaparoli

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS

FERNANDÓPOLIS – SP

2012

Page 3: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

CINTHYA NEVES RABAIOLI

MARIA ANGELICA O. BATISTA

NAYARA APARECIDA CABRAL

SAMILLA SANTOS SOUZA

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA HEPATITE B NO PERÍODO DE 2000 A

2011 NO ESTADO DE SÃO PAULO

Trabalho de conclusão de curso aprovado como

requisito parcial para obtenção do título de bacharel

em farmácia.

Aprovado em: __ de novembro de 20__.

Banca examinadora Assinatura Conceito

Prof. Msc. Daiane Fernanda Pereira

Mastrocola

Prof. Msc. Roney Eduardo Zaparoli

Profª. Ms. Vânia Luiza Ferreira

Lucatti Sato

Profª. Rosana M. K. Motta

Prof. Msc. Daiane Fernanda Pereira Mastrocola

Presidente da Banca Examinadora

Page 4: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, pois sem ele, nada seria possível, e nossos sonhos não seriam concretizados. Aos nossos pais, que sempre nos deram apoio, e estiveram permanentemente presentes, sempre acreditando em nosso potencial. Aos nossos professores, que sempre incentivaram nosso aprendizado e nos garantiram uma excelente formação.

Page 5: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus por nos ter dado a oportunidade

de conquistar uma graduação, pela chance de estarmos aonde chegamos.

Aos nossos pais que além de terem nos dado a vida sempre

transmitiram uma credibilidade em nosso saber, acreditando em nosso potencial,

nos apoiando em todos os momentos sejam eles difíceis ou agradáveis,

agradecemos também pelo amor e dedicação, pelos ensinamentos que nos

tornaram pessoas honestas e dotadas de educação.

A nossa professora e orientadora Daiane Mastrocola, que nos orientou

para o término do nosso trabalho, sempre atenciosa nos ajudava em todas as

duvidas com seu carinho e dedicação.

A todos os professores que com sabedoria, desvendaste conosco a

doutrina didática e a metodologia, esclarecendo muitas de nossas duvidas e nos

auxiliando para nossa formação, nos levando além da teoria, a filosofia e da técnica,

deixamos aqui o nosso respeito, gratidão e a promessa de que levaremos todos os

ensinamentos e multiplicaremos em benefício a saúde.

Page 6: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

“Não há transição que implique um ponto de partida, um processo e um ponto de chegada. Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje. De um modo que nosso futuro baseia-se no passado e se corporifica no presente. Temos de saber o que fomos e o que somos para sabermos o que seremos.”

Paulo Freire

Page 7: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

RESUMO

A Hepatite é uma doença adquirida de muitas formas como: transfusões de sangue, uso compartilhado de seringas, agulhas e outros instrumentos entre usuários de drogas, assim como relações sexuais sem preservativo (camisinha), contato acidental de sangue ou secreções corporais contaminadas pelo vírus, com mucosa ou pele com lesões também transmitem a doença, gestantes (grávidas) portadoras do vírus podem transmitir a doença para os bebês, sendo o momento do nascimento, seja por parto normal ou por cesariana o principal momento de risco para a transmissão. A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo já tiveram contato com o vírus da hepatite B (VHB), e que 325 milhões tornaram-se portadores crônicos. Considerando que muitos indivíduos infectados são assintomáticos, que as infecções sintomáticas são insuficientemente notificadas e a gravidade da doença é preocupante, fizemos um levantamento bibliográfico com objetivo principal de identificar a frequência da hepatite B que certamente, ainda subestimada. O levantamento de dados confirmou que no Brasil no Estado de São Paulo o maior número de casos aconteceu no ano de 2011 por pessoas do sexo masculino com idades entre 30 a 49 anos, sendo a principal via de contaminação a sexual. A profilaxia da infecção por imunização passiva pré-exposição, tendo em conta a atual disponibilidade de uma vacina, só se justifica nos casos de ausência de resposta à vacina ou nos casos em que esta possa estar contra-indicada.

Palavras - chaves: Hepatite B. Indivíduos infectados. Hepatite B crônica. Hepatite B

Aguda.

Page 8: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

ABSTRACT

Hepatitis is a disease acquired in various ways, such as blood transfusions, sharing needles and other instruments among drug users, sex without condom use, accidental contact with blood or body fluids contaminated by the virus, contact with mucous membranes or broken skin can also transmit the disease, pregnant women carrying the virus can transmit the disease to their babies at birth, either by vaginal delivery or caesarean section. The World Health Organization estimates that approximately 2 billion people worldwide have had contact with the hepatitis B virus (HBV), and 325 million have become chronic carriers. Considering that many infected individuals are asymptomatic, symptomatic infections that are insufficiently reported and the severity of the disease is worrying, did a literature review with main objective to identify the frequency of hepatitis B who certainly still underestimated. The survey confirmed that in Brazil in São Paulo the largest number of cases occurred in 2011 for males aged 30 to 49, the main route of contamination sexual. Prophylaxis of infection by passive immunization preexposure, taking into account the current availability of a vaccine, is justified only in the case of absence of response to vaccine or in cases where this might be contraindicated.

Key words: Hepatitis B. Infected individuals. Chronic hepatitis B. Acute hepatitis B.

Page 9: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Imunização contra a hepatite B. 30

Tabela 2 - Marcadores Sorológicos da Hepatite B Aguda. 32

Tabela 3 - Marcadores Sorológicos da Hepatite B Crônica. 33

Tabela 4 - Resultados sorológicos do VHB. 38

Tabela 5 - Número de casos por grupo de vigilância epidemiológica. 47

Page 10: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

LISTA DE FIGURAS OU GRÁFICOS

Figura 1 - Representação do vírus B e seus antígenos associados. 16

Figura 2 - Ciclo de replicação do vírus da hepatite B. 20

Figura 3 - Ciclo de vida do VHB. 21

Figura 4 - Distribuição da hepatite B no mundo. 22

Figura 5 - Esquema de imunização para a vacina da hepatite B. 30

Figura 6 - Número de casos de Hepatite B por ano de Notificação. 43

Figura 7 - Número de Cicatriz Sorológica de Hepatite B por ano de notificação. 44

Figura 8 - Distribuição percentual das prováveis fontes. 45

Figura 9 - Número de casos de acordo com a faixa etária e sexo. 45

Figura 10 - Número de caso de coinfecção Hepatite B. 46

Page 11: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Anti-Hbc – Anticorpo contra o vírus hepatite B.

Anti HBC total – Anticorpo total

AgHbe/HBeAg/Anti-HBe – Antígeno replicação viral.

AgHbs – Antígeno de superfície do vírus da hepatite B.

Anti-Hbs – Anticorpo antígeno Hbs.

ALT – Alanina aminotransferase.

AST – Aspartato aminotransferase.

DNA-VHB – DNA vírus hepatite B.

HbsAg – Proteína superfície do vírus.

Hbs – Proteína de superfície.

Hbc – Proteína core.

IgG – Imunoglobulina G – Anticorpo.

IgM – Imunoglobulina M – Anticorpo.

OMS – Organização Mundial de Saúde.

PCR – Polymerase Chain Reaction (Reação em cadeia da polimerase).

TGO – Transaminase glutâmica oxalacética.

TGP – Transaminase glutâmica pirúvica.

VHB – Vírus da hepatite B.

VHB-AgHbs – Antígeno de superfície.

GT – Gama-glutamiltransferase.

Page 12: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................................

13

1 O VÍRUS HEPATITE B................................................................................................

15

1.1 REPLICAÇÃO DO VÍRUS DA HEPATITE B..........................................................

18

1.2 CICLO DE VIDA DO VÍRUS DA HEPATITE B.......................................................

20

2 EPIDEMIOLOGIA.........................................................................................................

21

2.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS................................................................................

2.1.1 A Infecção ..................................................................................................... 2.1.2 A Infecção Recente........................................................................................ 2.1.3 A Infecção Aguda........................................................................................... 2.1.4 Hepatite B Fulminante...................................................................................

23

23

24

24

24

2.1.5 Hepatite B Crônica........................................................................................

25

2.1.6 Hepatite B Aguda...........................................................................................

3 PREVENÇÃO HEPATITE B........................................................................................

26

26

3.1 IMUNIZAÇÃO PASSIVA E ATIVA...........................................................................

28

3.2 ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÕES RECOMENDADAS..................................

29

3.3 REAÇÕES ADVERSAS DA VACINA HEPATITE B..............................................

31

3.4 CONTRA-INDICAÇÃO DA VACINA DE HEPATITE B.........................................

31

4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL.............................................................................

31

5 TRATAMENTO DA HEPATITE B..............................................................................

38

6 OBJETIVOS..................................................................................................................

41

Page 13: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

7 MATERIAIS E MÉTODOS...........................................................................................

42

8 RESULTADOS E DISCUSSÕES...............................................................................

43

9 CONCLUSÃO...............................................................................................................

48

REFERÊNCIAS...........................................................................................................

49

Page 14: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

13

INTRODUÇÃO

As hepatites virais são doenças causadas por diferentes agentes etiológicos,

com tropismo primário pelo tecido hepático, possuem semelhanças do ponto de vista

clínico-laboratorial, mas apresentam importantes diferenças epidemiológicas e

quanto à sua evolução. Têm grande importância pelo número de indivíduos atingidos

e pela possibilidade de complicações das formas agudas e crônicas. A distribuição

das hepatites virais é universal, sendo que pode haver uma grande variação na

prevalência de cada um dos agentes etiológicos dependendo da região onde se

localiza (BRASIL, 2002a.).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que aproximadamente 2

bilhões de pessoas no mundo já tiveram contato com o HBV, e que 325 milhões

tornaram-se portadores da forma crônica do vírus. Em termos mundiais, as taxas de

incidência da hepatite B variam amplamente, de 0,1% a taxas superiores a 30%,

como as verificadas em países asiáticos. Considerando que muitos dos indivíduos

infectados são assintomáticos e que as infecções sintomáticas são insuficientemente

notificadas, a frequência da hepatite B é, certamente, ainda subestimada (BRASIL,

2002a.).

O Vírus da hepatite B é um protótipo de um vírus pertencente à

família Hepadnaviridae, seu principal hospedeiro é o homem e suas partículas virais

apresentam afinidade pelas células hepáticas, sendo que apenas uma destas

partículas é capaz de infectar o ser humano por ser altamente infectivo. O número

médio de replicações do vírus é de 1011 x por dia (KIDD-LJUNGGREN et al., 2002).

O contágio do vírus da hepatite B (HBV) se faz por via parenteral, e,

sobretudo, pela via sexual, sendo considerada doença sexualmente transmissível. A

transmissão de mãe para filho (transmissão vertical) também é uma das causas

frequentes de propagação do HBV. De maneira semelhante às outras hepatites, as

infecções causadas pelo HBV são habitualmente anictéricas. Somente 30% dos

casos apresentam forma ictérica da doença, reconhecida clinicamente.

Aproximadamente 5% a 10% dos indivíduos infectados se cronificam. Caso a

infecção ocorra durante a gestação, parto ou amamentação, a chance de

cronificação é maior, cerca de 85%, e a manifestação da hepatopatia crônica bem

mais precoce. Cerca de metade dos casos crônicos evoluem para doença hepática

Page 15: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

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avançada (cirrose e carcinoma hepatocelular) (BRASIL, 2002a.)

Uma vez adquirido o vírus B são necessários exames para o diagnóstico da

hepatite B e é feito através dos testes sorológicos que devem estar associados a

marcadores de lesão de células como as enzimas hepáticas ALT (alanina

aminotransferase) e AST (aspartato aminotransferase), e mais recentemente é

realizado o método do PCR (polimerase chain reaction), para detectar a quantidade

de vírus que circula pelo sangue. Os marcadores de lesão celular que facilitam o

diagnóstico da hepatite B surgem no sistema circulatório em tempos diferentes. O

vírus da Hepatite B possui três antígenos principais: HBs, HBe e HBc (WRIGHT et

al., 1992).

A confirmação diagnóstica da infecção aguda pode ser identificada por

testes sorológicos, do antígeno (HBsAg) e/ou do anticorpo anti-HBc da classe IgM.

O HBsAg encontra-se positivo já no período de incubação, aproximadamente 2

semanas antes do aparecimento da icterícia (ANDRIOLO, 2005).

A prevenção da hepatite B, exige método de vigilância epidemiológica para

que diminua a ocorrência da infecção, esta prevenção se dá por meio de vacinação.

As pessoas que tem preferência para receber a vacina são indivíduos que se

encontram no grupo de risco, além dos que apresentam diferentes condições

patológicas como: hepatites agudas e crônicas, portadores assintomáticos do vírus

B, infecção perinatal, pacientes com carcinomas hepatocelular e cirróticos. As

gestantes são avaliadas no exame pré-natal (terceiro trimestre) em relação aos

marcadores do vírus B (CDC, 2002; SILVEIRA et al., 2003).

O tratamento mais adequado para esta doença se dá por meio de consultas

e um aconselhamento ao paciente para um repouso relativo até a normalização das

aminotransferases, liberando-se progressivamente o paciente para atividades físicas

e uma dieta pobre em gordura e rica em carboidratos. De forma prática, deve ser

recomendado que o próprio paciente defina sua dieta de acordo com seu apetite e

aceitação alimentar. A única restrição está relacionada à ingestão de álcool, que

deve ser suspensa por seis meses (BRASIL, 2008).

No tratamento da hepatite são adotados medicamentos como Lamivudina e

Interferon a ação da lamivudina baseia-se na inibição da síntese dos ácidos

nucleicos e a ação do Interferon é realizado através da inibição da replicação do

DNA e RNA. No caso de retrovírus, a reunião de partículas virais é inibida

(www.misodor.com/FARMACON/LAMIVUDINA.html.; Fundação Osvaldo Cruz).

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15

1. O VIRUS HEPATITE B

O vírus da hepatite B é um protótipo de um vírus pertencente à

família Hepadnaviridae, seu principal hospedeiro é o homem e suas partículas virais

apresentam afinidade pelas células hepáticas, sendo que apenas uma destas

partículas é capaz de infectar o ser humano por ser altamente infectivo. Seu genoma

é constituído por ácido desoxirribonucléico (DNA-VHB), contendo 3.200

nucleotídeos. O vírus B circula inicialmente no sangue e se multiplica por via

transcriptase reversa nos hepatócitos, seu gene tem ordem, número e sequência

genômica. O número médio de replicações do vírus é de 1011 x por dia (KIDD-

LJUNGGREN et al., 2002).

O VHB, foi descrito pelo cientista Baruch Blumberg com a nomeação de

antígeno Austrália em 1965. Por volta de 1970, Dane observou no microscópio

eletrônico a partícula infecciosa do VHB, que ficou denominada como partícula

Dane. Esta partícula tem uma estrutura interna ou um antígeno core do vírus da

hepatite B (Ag Hbc) e no seu interior possui o genoma do vírus a enzima DNA

polimerase/transcriptase reversa, e um invólucro externo ou antígeno de superfície,

é constituído por glicoproteínas, proteínas e lipídeos e compreende 3 componentes

moleculares básicos, o pré S1, pré S2, e pequeno S ou forma predominante com um

diâmetro de 42 nm (CASTRO, 1999).

Ainda na partícula Dane também encontramos outro antígeno muito

relacionado com ela, o antígeno “e” (HBeAg). O HBeAg é um antígeno solúvel e sua

concentração em soro é proporcional á das partículas de Dane, que seriam todas

infecciosas (DANE et al., 1970).

O genoma do vírus B é composto por uma molécula circular de cerca de

3200 nucleotídeos, apresentado quatro regiões codificadoras: S, C, P e X. A região

S é dividida em S e pré S, sendo responsável pela codificação da proteína principal

do envelope, o AgHBs (marcador portador do vírus); a região C codifica para a

principal proteína do “core”, o AgHBc que terá como seu produto de clivagem o

AgHBe; a região P codifica o DNA polimerase viral e a região X contendo o AgHBx é

uma proteína transativadora potencialmente envolvida com o processo de

carcinogênese hepática (VERONESI, 2004).

Page 17: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

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O gene S é dividido em 3 sítios de iniciação, que por consequência surge a

formação de 3 proteínas distintas na superfície com suas formas glicosiladas: a P25

(proteína de cadeia curta ou S), a P33 (proteína de cadeia média ou pré – S2) e a

P39 (proteína de cadeia longa ou pré – S1). Entre estes peptídeos, a P25 é a

predominante e representa o principal antígeno de superfície (HBsAg) que vai

induzir a formação do anticorpo anti-HBsAg. Este peptídeo é encontrado em níveis

elevados nas fases aguda ou crônica da doença (VERONESI, 2004).

Figura 1: Representação do vírus da hepatite B e seus antígenos associados. Fonte:http://br.monografias.com/trabalhos3/curso-de-biomedicina/curso-de-biomedicina2.shtml. Acesso 05/09/12.

A descoberta do DNA viral tem pouca importância na avaliação de pacientes

com infecção aguda, certo que existem diversos marcadores sorológicos

extremamente úteis que fornecem informações diagnósticas e prognósticas

necessárias. Porém, partes do VHB mutantes, podem apresentar modificações

importantes no AgHBs e no antígeno AgHBe fazendo com que não sejam mais

detectados por esses métodos, levando a pesquisa do DNA viral (VERONESI,

2004).

A microscopia eletrônica, no soro de pacientes infectados, é possível

observar a existência de três tipos de partículas relacionadas com o vírus da

hepatite B. As de tamanho maior têm forma circular de 42 nm de diâmetro, e

correspodem ao vírion infeccioso ou partícula de Dane. Estas partículas estão

Page 18: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

17

constituídas por uma cobertura externa que é composta de proteínas, lipídeos,

hidratos de carbono e um núcleo central chamado core de 27 nm. A cobertura

contém o HBsAg (DANE et al., 1970).

Sabe-se hoje que o vírus B circula em títulos baixos nos fluidos orgânicos e

em altas concentrações no sangue tornando-se 100 vezes mais infectante que o

vírus do HIV e 10 vezes mais infectante que o vírus da hepatite C. Logo após a

exposição com o vírus a pessoa mesmo não apresentando os sintomas da doença

pode ser infectante duas a três semanas antes antecedentes aos primeiros sinais e

se mantém assim durante toda fase aguda e na fase crônica podendo ser infectante

por toda a vida (CDC, 2003).

No período perinatal há uma maior incidência de cronificação decorrente da

tolerância imunológica nesta fase e, em mulheres lactantes pode-se tornar hepatite

fulminante quando ao mesmo tempo há passagem de Anti-HBc e de Anti-HBe da

mãe para o filho devido a uma resposta imunológica exacerbada e, quando ocorre o

desaparecimento dos anticorpos maternos, as células citotóxicas sensibilizadas pelo

AgHBc e o AgHBe destroem de maneira fulminante os hepatócitos infectados. Além

do aleitamento materno as crianças podem se infectar por transmissão horizontal

por contato interpessoal ou contaminação com líquidos corporais, tais como:

lágrimas, suor, secreção de feridas, urina, e sêmem (SILVEIRA et al., 2003).

A maioria dos indivíduos que se infectam pelo vírus HBV 93% se recuperam

sorologicamente, bioquimicamente e clinicamente, adquirindo imunidade. Entre 5 a

7% dos pacientes evoluem para as formas crônicas da doença e 1% para hepatite

fulminante. O período de incubação é de 6 a 8 semanas, desde a exposição até o

aparecimento dos sintomas. O HBV está presente no sangue dos indivíduos

infectados na fase aguda, crônica e durante o período de recuperação

(covalescença) (FERREIRA, 1996).

O VHB é transmitido principalmente por exposição percutânea ou mucosa

aos fluidos orgânicos e sangue contaminado. São modos de transmissão do VHB:

relação sexual sem proteção com parceiro infectado, uso de drogas injetáveis ou

inaláveis, compartilhamento ou reutilização de agulhas ou materiais pérfuro-

cortantes contaminados (ex: aparelho de barbear, alicates de cutícula, material não

esterilizado para procedimento cirúrgico, colocação de piercing, brinco, tatuagem,

acupuntura), transfusão de sangue e seus componentes, produtos derivados do

plasma, hemodiálise se não forem adotadas as precauções padrão, Perinatal

Page 19: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

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(transmissão da mãe portadora do VHB (AgHBs positivo) para o filho principalmente

durante o parto) transmissão horizontal (principalmente nas crianças em cujo

domicílio exista um membro portador crônico do VHB). O risco de infecção é maior

nos primeiros cinco anos de vida (BRASIL, 2008).

1.1 Replicação do VHB

Nos pacientes portadores da hepatite B crônica (definida sorologicamente

como persistência do antígeno de superfície do VHB-AgHbs por mais de 6 meses)

pode-se observar, durante a sua longa evolução, a presença de fases diferentes e

de duração variável; a primeira, em geral, correspondendo à períodos mais precoces

da doença, o VHB demonstra intensa replicação no soro do AgHbs, do antígeno “e”

(AgHbe), do próprio DNA-VHB, detectado pela técnica PCR (Polymerase Chain

Reaction) além dos anticorpos contra o core viral (anti-Hbc) da classe IgG e,

ocasionalmente, da classe IgM. A biópsia hepática nesses indivíduos mostra

atividade inflamatória portal e periportal que variam de leve a intensa, na

dependência do grau imunitário do paciente (FERREIRA, 2004).

O VHB, nessa fase, ainda não se encontra integrado ao genoma do

hepatócito, existindo sob forma epissomal; a expressão de antígenos virais na

membrana do hepatócito é abundante, facilitando a ação de linfócitos T citotóxicos.

Esse período pode persistir por vários anos. Ao longo do tempo, entretanto, esses

pacientes tendem a permanecer positivos para o anti-Hbe, indicando que o grau de

replicação reduziu, trazendo como consequência a diminuição da reação

inflamatória no fígado (FERREIRA, 2000).

O VHB replica-se por via transcriptase reversa e o gene do VHB tem ordem,

número e sequência genômica homólogos aos de certos retrovírus. O vírus B circula

primariamente no sangue e replica-se nos hepatócitos em torno de

(100.000.000.000 cópias mL) x por dia (KIDD-LJUNGGREN et al.,2002).

A infecção do VHB compreende inicialmente pela sua entrada no hepatócito,

que denomina como um tropismo primário, a exclusão do seu material genético e a

sua localização no compartimento celular é onde acontece a primeira fase de

replicação, a replicação deste material e sua transcrição e tradução, e finalmente a

Page 20: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

19

reunião dos vários componentes do vírus em novas partículas “filhas” sendo

exportadas para fora da célula infectada (RIBEIRO, 1997).

O processo inicia-se pela entrada do vírus no hepatócito e envolve

receptores específicos do vírus na região pré-S1, aminoácidos 21-47 contidos em

seu invólucro, que se anexam ao receptor da célula do fígado ainda desconhecido

liberando seu código genético (RANEY; MCLACHLAN, 1991).

Dentro da célula infectada do fígado, o genoma do VHB encontra-se numa

forma relaxada ou RC-DNA. Este DNA é circular, mas não é fechado e tem cerca de

3,2 Kb de comprimento. Para começar o ciclo de replicação este genoma vírico é

transformado numa cadeia circular fechada de DNA com ligações covalentes

(cccDNA) pela DNA polimerase vírica (BECK; NASSAL, 2007).

A partir da cadeia de cccDNA, são transcritos pela RNA polimerase vários

genomas e subgemonas de RNA. Estes RNA pré-genômicos (pgRNA) também

conhecido como vírus imaturos, são encapsulados, transportados para o citoplasma

e sequencialmente convertido na cadeia negativa do DNA pela transcriptase

reversa. A medida que o RNA se transforma em DNA ele vai se degradando através

da atividade da RNAse H. na região DR1, porém, a degradação do RNA não é

completa e o oligoribonucleotídeo terminal é emparelhado com a região DR2 perto

do terminal 5 da mesma cadeia menos negativa onde atua como iniciador da síntese

da cadeia mais positiva. A síntese da cadeia positiva é então iniciada e as partículas

do core, contendo DNA vírico, são então envolvidas por AgHBs e excretadas para

fora da célula ou transportadas para o núcleo formando novamente o cccDNA

(BECK; NASSAL, 2007).

Há 4 cadeias de leitura aberta na cadeia positiva do genoma: o gene pré-

S/S que codifica as proteínas do invólucro do vírus (AgHBs); o gene pré-C/C que

codifica uma proteína solúvel (AgHBe) e a proteína da nucleocápsideo (AgHBc); o

gene P que codifica a DNA polimerase/transcriptase reversa e o gene X codifica

uma proteína de significado desconhecido (LOK; MCMAHON, 2001).

Page 21: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

20

Figura 2: Ciclo de replicação do vírus da hepatite B. Fonte: Beck J, Nassal M, World Journal of Gastroenterology, 2007,13:4948-64. Acesso em 10/09/2012.

1.2 Ciclo de vida do VHB

O VHB, tal como todos os vírus, tem que primeiramente se anexar a uma

célula hospedeira capaz de suportar sua replicação. As células do fígado são as

escolhidas por serem mais efetivas para a replicação porém existem também outros

locais extrahepáticos que também conseguem suportar tal replicação, mas a um

nível mais baixo. (RANEY; MCLACHLAN, 1991).

Quando o vírus entra em contato com o fígado inicialmente ataca a

membrana de suas células causando a infecção proveniente da partícula “core” que

se liga pela glicoproteína de superfície pré-S1 a um receptor do hepatócito liberando

seu conteúdo de DNA e o DNA polimerase no núcleo das células do fígado. No

interior do núcleo da célula o DNA induz a produção de RNA mensageiro, proteínas

de superfície (HBs), proteína core (HBc), DNA polimerase, proteína HBe e outras

proteínas desconhecidas e enzimas produzidas pelas células do fígado. Após a

entrada na célula inicia-se o processo de replicação liberando os vírus gerados para

o meio externo. (RANEY; MCLACHLAN,1991).

A DNA polimerase vai incentivar as células do fígado a produzir cópias do

vírus que vão ser liberadas da membrana das células do fígado para a circulação

sanguínea podendo infectar outras células do fígado, onde irão se replicar. Contudo,

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21

ao longo da replicação, podem ocorrer erros originando cadeias diferentes ou

cadeias mutantes da hepatite B (RANEY; MCLACHLAN,1991).

Figura 3: Ciclo de vida do VHB. Fonte: http://www.labmed.pt/NotasTecnicas08.asp. Acesso em 10/09/2012.

Esta fase de viremia há um alto grau de replicação e alteração das enzimas

hepáticas. Em condições normais, o quadro evolui favoravelmente e a replicação

cessa (ROBINSON et al., 1974).

2. EPIDEMIOLOGIA

O vírus da hepatite B está distribuído mundialmente, pois há indivíduos

infectados em todo mundo. O vírus tem tendência a diminuir em países

desenvolvidos, devido à existência da vacina (CASTRO, 1999).

O vírus esta distribuído desigualmente, mas podendo ser considerado em

três níveis diferentes de endemia (CASTRO, 1999).

Page 23: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

22

Figura 4: Distribuição da hepatite B no mundo. Fonte: http://www.criasaude.com.br/N3397/doencas/hepatite-b/estatisticas-hepatite-b.html

Os países como, África, Sudoeste Asiático, Sul da China, Bacia Amazônica,

Alasca e Groenlândia possuem endemia elevada onde 8 a 20% são portadoras da

infecção e 70 a 90% possuíram contato com o vírus. Nessas regiões citadas a cima

a transmissão vertical do VHB tem muita importância já que ele se limita à de

crianças de pouca idade. Já na Europa Oriental, próxima do Oriente e Bacia

Mediterrânea são regiões de endemia média onde 2% a 7% da população são

portadores do vírus, onde a endemia é baixa. As regiões da Europa Ocidental,

América do Norte e Austrália, os portadores do vírus são menores que 2%. Nas

áreas de média e baixa endemia os adolescentes e adultos são os mais infectados

(CASTRO, 1999).

OMS calcula que cerca de 2 bilhões de pessoas em todo mundo já teve

contato com o VHB, sendo que 325 milhões de pessoas se tornaram portadores

crônicos do vírus (CDC, 1991).

Muitas das pessoas infectadas não apresentam sintomas considerando que,

as infecções sintomáticas não são muito notificadas, sendo que a ocorrência da

hepatite B é ainda subestimada. No Brasil o Ministério da Saúde calcula que pelo

menos 15% da população já teve contato com o vírus, e 1% da população apresenta

a doença crônica deste vírus (DONALÍSIO, 2002; BRASIL, 2003).

Page 24: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

23

2.1 Manifestações clínicas

As manifestações clínicas estão ausentes ou são bastante leves e atípicas

no primeiro contato com o vírus da hepatite B, podendo apresentar formas clínicas

oligo/assintomática ou sintomática, simulando um quadro gripal. Após alguns dias

com esta infecção hepatológica, a apresentação é típica, com os sinais e sintomas

característicos da hepatite como febre, icterícia e colúria (FUNASA, 2005).

2.1.1 A infecção

A infecção causada pelo HBV é habitualmente anictérias sendo que 30%

das pessoas apresenta a doença na forma ictérica, reconhecida clinicamente. Sendo

mais ou menos de 5% a 10% das pessoas adultas infectadas vão para fase crônica.

Quando a transmissão ocorre vertical o risco dela ser crônica nos recém-nascidos de

gestantes com evidência de replicação viral, é 70% a 90% e entre 10% a 40% não

tem ocorrência de replicação viral. 70% a 90% das infecções ocorridas em crianças

de 5 anos são crônicas, e 20% a 25% dos casos crônicos com replicação viral se

evoluem para doença hepática avançada (cirrose e hepatocarcinoma) (BIBLIOTECA

VIRTUAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE).

Em cerca de 90 a 95% dos casos, a infecção aguda resolve-se com o

desaparecimento do antígeno HBsAg e o desenvolvimento de imunidade protetora,

mas em cerca de 1% dos casos a infecção aguda pode ter uma evolução fulminante.

A evolução para a cronicidade é mais frequente e a doença é, eventualmente, mais

grave quando a infecção é adquirida por transmissão vertical ou no pós-parto

(CASTRO, 1999).

Page 25: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

24

2.1.2 Infecção Recente

Na infecção recente a maioria das infecções pelos vírus hepatotrópicos são

assintomáticas, independente do agente causador. Uma parcela dos indíviduos

infectados apresentará sintomas inespecíficos ou o quadro clínico de hepatite aguda

(FUNASA, 2002).

2.1.3 Infecção Aguda

Na infecção aguda a maioria dos casos de hepatite B aguda se deve ao

vírus A e B. A hepatite aguda pode apresentar início de anemia, anorexia, febre

branda, dor de cabeça, dor no quadrante superior direito do abdomem, icterícia das

mucosas e da pele colúria e hipocolia fecal. Na maioria das vezes, tem evolução

benigna, regredindo em semanas ou poucos meses, independente de tratamento e

raramente, poderá evoluir para forma grave (FUNASA, 2002).

2.1.4 Hepatite B Fulminante

Na hepatite B fulminante a infecção aguda evoluiu de forma desfavorável,

levando o paciente à insuficiência hepática em dias até oito semanas. Tem alta taxa

de letalidade, necessitando de tratamento em serviço especializado, terapia

intensiva ou mesmo transplante hepático (FUNASA, 2002).

O portador assintomático é caracterizado por indivíduos com infecção

crônica, sem evidências de inflamação ou dano hepatocelular. Apresentam evolução

benigna, sem consequências para sua saúde. Apesar de não apresentarem

sintomas, estes indivíduos transmitem a hepatite e têm importância epidemiológica

na perpetuação da endemia (FUNASA, 2002).

Page 26: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

25

2.1.5 Hepatite B Crônica

A hepatite B crônica apresenta inflamação hepática agressiva, que poderá

evoluir como consequência a cirrose, o carcinoma hepatocelular e/ou a insuficiência

hepática. Eventualmente, a infecção crônica só é dignosticada quando a pessoa

apresenta sinais e sintomas aparentes desta doença (FUNASA, 2002).

A hepatite B crônica geralmente se divide em 2 fases ao longo da vida sendo

que a primeira caracterizada por uma replicação viral pronunciada com o sistema

imune exercendo tentativas de eliminar o vírus como consequencia a destruição dos

hepatócitos e a elevação das transaminases e a segunda caracterizada por baixos

ou indetectáveis níveis de replicação viral, com normatização das transaminases

(CASTRO, 1999).

Na primeira fase para a segunda, ocorre a negativação do HbeAg com

surgimento do soro de anticorpos contra o antígeno “e” do vírus da hepatite B (anti

Hbe), chamada soroconversão, tornam-se HbeAg negativos, predominantes com

níveis de VHB DNA altos níveis de ALT elevados. Esses pacientes são portadores

de uma variante do VHB que não produz HbeAg devido a mutação no pré core ou

região promotora do pré-core. Nesses pacientes são necessários testes de

quantificação viral. A reação em tempo real quantitativa da cadeia de polimerase tem

sido utilizada para quantificação do vírus B e tem se mostrado muito sensível,

acurada e tem uma ampla faixa de linearidade (podendo atingir de 400 a 10 bilhões

de cópias sem distorções), tendo combinado as boas características de outros testes

(CASTRO, 1999).

Estudos experimentaram ter êxito em correlacionar a carga viral com a

atividade de infecção, mostrando que cargas virais abaixo de 50.000 a 100.00

cópias estão associadas com carreadores não sintomáticos e quantificações acima

desses valores estão associados com hepatite crônica em atividade. Essa também

seria aproximadamente a carga viral a partir da qual os exames de DNA-HBV por

hibridização ou DNA ramificado ficariam positivos (CASTRO, 1999).

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26

2.1.6 Hepatite B Aguda

Os pacientes portadores de hepatite B aguda tem como evolução as fases

prodrômicas com sintomas inespecíficos de anorexia, náuseas e vômitos, alterações

do olfato e paladar, cansaço, mal-estar, artralgia, mialgias, cefaléia e febre baixa. A

ictérica aparece depois de 5 a 10 dias da fase prodrômica caracterizando-se pela

redução da intensidade destes sintomas e ocorrência de icterícia; e convalescença

com a sintomatologia desaparecendo gradativamente geralmente em 2 a 12

semanas (CASTRO, 1999).

3. PREVENÇÃO HEPATITE B

A prevenção da hepatite B, exige método de vigilância epidemiológica, já

que seu objetivo é diminuir a ocorrência da doença e assim diminuir as

consequências que o vírus pode causar (CDC, 2002).

Tudo deve ser avaliado neste contexto, desde os indivíduos que se

encontram no grupo de risco, além dos que apresentam diferentes condições

patológicas como: hepatites agudas e crônicas, portadores assintomáticos do vírus

B, infecção perinatal, pacientes com carcinomas hepatocelular e cirróticos. As

gestantes são avaliadas no exame pré-natal (terceiro trimestre) em relação aos

marcadores do vírus B (CDC, 2002; SILVEIRA et al., 2003).

Nos últimos tempos, muitas conquistas aconteceram com o desenvolvimento

das vacinas protetoras contra a hepatite B. Vacinas com alto grau de eficácia estão

no mercado para prevenir as infecções pelo VHB; e esta foi a primeira a ser

descoberta em 1980 e feita com plasma humano. Mais tarde, foi substituída por

vacinas sintetizadas pela técnica do DNA recombinante (BRASIL, 2003).

Recentemente vem sendo disponibilizado ao mercado, vacinas contra

hepatite viral associadas à antígenos do vírus B, e vacinas ajustadas com os

antígenos de outros agentes infecciosos. Hoje em dia a imunoprofilaxia da hepatite

B é feita por vacinas de confiança, disponível quase em todo o mundo, e estão bem

documentadas nos órgãos de saúde. Entre as finalidades principais da vacinação do

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27

vírus da hepatite B estão: a prevenção da doença aguda, a minimização da

transmissão viral e, coibir a cronificação da hepatopatia e sua evolução para

hepatocarcinoma/e ou cirrose (BRASIL, 2003).

A maneira utilizada pela OMS e aderida pelas Organizações oficiais para

conter a infecção do vírus B, foi de vacinar todas as crianças quando nasciam. Ao

vacinar estas crianças eles preveniam a cronificação da doença, a contaminação no

início da vida, a contaminação horizontal, tão comum nas residências onde existiam

portadores do vírus da hepatite B. Assim, quando a criança é vacinada no início de

sua vida, existe maior probabilidade da realização de séries completas de vacinação

(CDC, 2004; SHETE; DAUM, 2002).

No Brasil existe um programa denominado Programa Nacional de

Imunizações (PNI) que orienta sobre a primeira dose da vacina ser administrada ao

recém-nascido, nas primeiras 12 horas de vida, para evitar a transmissão vertical, na

maternidade. Caso haja a duvida de saber se a criança ou o adolescente (01 a 19

anos) foi ou não vacinado, deve-se iniciar a série de vacinas (BRASIL, 2003).

Os esquemas das doses podem variar, mas costuma-se administrar três

doses. A segunda dose e a terceira dose devem ser aplicadas após 1 e 6 meses da

primeira dose aplicada. Caso a série seja interrompida após a primeira dose, a

segunda deve ser administrada o quanto antes e a terceira depois de 2 meses da

segunda. Caso, aconteça da terceira dose faltar, a mesma deve ser administrada

imediatamente (MAST et al., 2005).

A vacina deve ser aplicada Intra Muscular (IM), na dose de 0,06 ml/Kg peso

corporal, e caso a dose ultrapasse 5 mL deve dividir a aplicação em mais duas áreas

diferentes. A maior eficácia da profilaxia é obtida com o uso recente (dentro de 24

horas após o nascimento ou após o eventual acidente). Não existe indícios de que

haja benefício na utilização da HBIG uma semana após o contágio (ALTER, 2002).

A vacinação rápida funciona dando a primeira dose no primeiro dia de vida,

e as outras doses após 1,2 meses e reforço aos 12 meses; Já a vacinação

acelerada funciona dando a primeira dose no primeiro dia de vida e as outras após 7

e 21 dias e reforço aos 12 meses; e ainda existe o esquema de 2 doses, que

funciona dando a primeira dose no primeiro dia de vida e outra 6-12 meses após

(MAST et al., 2005).

A proteção contra o vírus, aumenta de acordo com as doses aplicadas; ela

por sua vez é muito eficaz, apresentando taxas de proteção de 95% com uma

Page 29: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

28

variação de 80 a 100% em indivíduos que foram submetidos à todas as doses.

Quando os anticorpos estiverem maiores ou iguais a 10 mUI/mL6 em relação aos

HBsAg (anti-HBs), considera-se estado de proteção, já que a vacina induziu a

formação de anticorpos contra o antígeno. Uma série completa de três ou quatro

doses da hepatite B proporciona uma resposta protetora em mais de 90% dos

adultos e em mais de 95% das crianças e adolescentes saudáveis. A vacina

promove uma resposta exata em aproximadamente 90% dos adultos e 95% das

crianças, com a detecção de títulos de anticorpos entre 1.000 e 3.000 mUI/mL nos

adultos e geralmente acima de 5.000 mUI/mL nas crianças (TRIVELLO et al., 1995).

Na faixa etária pediátrica, a vacina alcança um nível de proteção que

equivale a 16 a 40% após uma única dose, 80 a 95% depois de duas doses e 98 a

100%, seguindo três doses. Nos recém-nascidos prematuros, que possuem menos

de 2 Kg de peso, os níveis de anticorpos são mais baixos e as taxas de

soroconversão menores (DAVIS, 2005).

Os autores afirmam haver necessidade de avaliar a soroproteção após a

terceira dose da vacina ou administrar uma dose de reforço aos 12 meses. Nos

adolescentes e adultos, as taxas de respostas de anticorpos são de 20 a 30% após

uma dose, 75 a 80% seguindo duas doses e 90 a 95% depois de três doses. A

garantia da eficácia em longo prazo é por causa da resposta anamnética anti-HBs

(CDC, 2004; DAVIS, 2005).

Os fatores que fazem a diminuição da imunogenicidade da vacina da

hepatite B, além dos cuidados inadequados com o material, incluem: idade acima de

40 anos, sexo masculino, tabagismo, obesidade e deficiência imunológica (CDC,

2004; DAVIS, 2005).

3.1 Imunização passiva e ativa

A imunização passiva ocorre devido a pré-exposição profilática à

imunoglobulina da Hepatite B. A imunoglobulina, tem anticorpo para o AgHBs, que

faz uma proteção efetiva, mas é uma proteção temporária, contra a infecção. Mas

esta preparação tem uma disponibilidade limitada mas deveria ser dada se possível,

Page 30: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

29

até as 48 horas após a exposição, parentérica ou mucosa, ao material AgHBs-

positivo. Também se aconselha a dar em crianças nascidas de mães que

desenvolvem hepatite B aguda no último trimestre da gravidez ou que são

portadoras de AgHBs altamente infecciosas. O bebê deve receber a imunoglobina

logo depois do nascimento, não podendo passar de 48 horas, deve ser

complementada por doses adicionais durante os primeiros seis meses de vida, e por

três doses de vacina da hepatite B. Mas isso pode indicar algumas vezes, a

proteção temporária de parceiros sexuais e outros contatos familiares, que pode

estar em alto risco, a partir de casos de hepatite aguda B. Sua dose inicial de 5 mL

(500 mg de imunoglobulina total) deve ser dada intramuscularmente e repetida

depois de 1 mês (REID; GRIST, 1989).

A imunização ativa é a vacinação com os antigênios recombinantes da

Hepatite B. As primeiras tentativas para a produção da vacina contra hepatite foram

realizadas em 1970 por Krugman, em Nova Iorque. Pode se observa que quando

uma solução diluída do soro de hepatite B era fervida durante um minuto, isto

prevenia ou modificava a hepatite B em cerca de 70% das pessoas quando elas

eram subsequentemente confrontadas com material infeccioso. Existem dois tipos

disponível vacina de hepatite B sendo cormecializada. A primeira é preparada a

partir de AgHBs que é extraído do plasma de portadores do vírus. Essa vacina é

bem tolerada, tem uma alta efetividade e segurança, mas o seu fornecimento é

limitado pela disponibilidade do plasma para a sua produção e pelo rigoroso e

extenso processo para purificar e libertar do VHB infeccioso e outros agentes

possíveis que possam estar presentes no plasma. A segunda se basea numa

recombinação genética de antígenos produzidos em culturas de fungos. Essa vacina

vem sendo considerada igualmente efetiva e segura em ensaios de campo (REID;

GRIST, 1989).

3.2 Esquemas administrações recomendadas (medicação)

A vacinação tem um esquema que consiste em três doses de vacina da

hepatite B: a primeira dose dada na data escolhida; a segunda dose dada 1 mês

Page 31: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

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mais tarde; a terceira dose dada 6 meses depois da primeira dose, como um

“reforço”.

Figura 5. Esquema de imunização para a vacina da hepatite B Fonte: http://evunix.uevora.pt/~sinogas/TRABALHOS/2001/Imuno01_Hepatite%20B.htm

O volume usado da vacina varia com a idade e a categoria do doente. A

vacina deve ser bem agitada antes de usar; depois de misturada, torna-se numa

suspensão branca ligeiramente opaca (REID;GRIST, 1989).

Tabela 1 : Imunização contra a hepatite B.

Grupo de doentes Primeira dose Segunda dose

Terceira dose

Crianças (do nascimento até aos 10 anos de idade).

0,5 mL (10 µg) 0,5 mL (10 µg)

0,5 mL (10 µg)

Recém-nascidos de mães AG HBs positivo.

0,5mL(no nascimento) mais imunoglobulina

0,5 mL 1,0 mL (20 µg)

Adultos e crianças acima de 10 anos de idade.

1,0 mL (20µg) 1,0 mL (20µg) 2,0 mL (40 µg)

Pacientes de diálise e imunocomprometidos

2,0 mL (40 µg) 2,0 mL (40 µg)

0,5 mL

Fonte: Reid,D & Grist,N.R.(1989).Imunização contra a hepatite B, Nursing- Revista Técnica de Enfermagem, Lisboa,20:44-48. Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs

Page 32: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

31

3.3 Reações adversas da vacina hepatite B

As reações adversas mais frequentes que podem ocorrer, de 1% a 6% das

crianças e adultos vacinados são dores no local da injeção e febre baixa. Mal-estar,

cefaleia e fadiga pode vir a acontecer (FUNASA, 2001).

Dor e hiperemia no sítio de injeção são os mais comuns efeitos adversos

provavelmente relacionados ao produto adjuvante da vacina, o hidróxido de

alumínio. Aproximadamente 15% dos indivíduos vacinados sofrem um ou mais

sintomas sistêmicos leves e de resolução espontânea, como cefaléia, febre e/ou

fadiga, geralmente 24 a 48 horas após a vacinação (MAST et al., 2005;

SHOENFELD, 1999; SZMUNESS et al.,1980).

3.4 Contra-indicação da vacina de hepatite B

Não há casos suficientemente relatados de contra-indicação desta vacina,

porém, pode haver uma ocorrência muito rara de reação anafílática sistêmica

seguindo-se à aplicação de dose anterior (FUNASA, 2001).

4. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O Diagnóstico da hepatite B é feito através dos testes sorológicos são os

“marcadores imunológicos” que é a fração antigênica do vírus, as técnicas utilizadas

são ezimaimunensaio (ELISA), pois tem a mesma sensibilidade e especificidade das

técnicas por radioimunoensaio (RIE), tem outras técnicas como detecção de

anticorpos anti IgM (MEIA) e quimioluminescência, pois também tem resultados

satisfatórios. Também pode ser feito por testes de biologia molecular, é um método

de detecção direta , tem alto grau de sensibilidade, de uma região do genoma (DNA

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ou RNA) do vírus, os testes são hibridação, essa técnica tem alta sensibilidade para

detectar o DNA do HBV, e a reação de polimerase em cadeia (PCR). O vírus da

Hepatite B possui três antígenos principais: HBs,HBe e HBc (FERREIRA; ÁVILA,

2001).

Tabela 2: Marcadores Sorológicos da Hepatite B Aguda.

MARCADOR SIGNIFICADO

HBsAg É o primeiro marcador que aparece no curso da infecção pelo HBV. Na hepatite aguda, ele declina a níveis indetectáveis rapidamente.

Anti-HBc IgM É marcador de infecção recente, encontrado no soro até seis meses após a infecção. Na infecção crônica, pode estar presente enquanto ocorrer replicação viral.

Anti-HBc IgG É marcador de longa duração, presente nas infecções passadas e crônicas.

HBeAg Representa contato prévio com o vírus marcador de replicação

viral.

HBV-DNA (quantitativo)

Sua positividade indica alta infecciosidade níveis de HBV-DNA durante a fase de replicação intensa do vírus em geral estão acima de 100.000 cópias/ml. Níveis abaixo de 100.000 cópias/ml podem ser detectados em qualquer fase da doença, mesmo na convalescência.

Anti-HBe Surge após o desaparecimento do HBeAg, indica o fim da fase replicativa

Anti-HBs É o único anticorpo que confere imunidade ao HBV. Está presente no soro após o desaparecimento do HBsAg, sendo indicador de cura e imunidade. Está presente isoladamente em pessoas vacinadas

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Programa Nacional de Hepatires Virais. Hepatites Virais: o Brasil está atento – Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

A hepatite aguda se caracteriza pela sua intensa replicação viral, que ocorre

tanto nas formas sintomáticas, quanto nas oligoassintomáticas, o período de

incubação varia de 2 a 6 meses. Cerca de 6 semanas após a contaminação, o

HBsAg já se encontra presente no soro, podendo permanecer positivo nos casos

Page 34: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

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agudos por mais de 180 dias, e seu desaparecimento dá lugar ao anti-Hbs, fase esta

denominada de janela imunológica. Pacientes persistentes com o HBsAg no soro

além de 6 meses são considerados portadores crônicos da doença (FERREIRA;

AVILA, 1996).

Tabela 3: Marcadores Sorológicos da Hepatite B Crônica.

MARCADOR SIGNIFICADO

HBsAg Sua presença por mais de seis meses é indicativa de hepatite crônica.

HBeAg Na infecção crônica está presente enquanto ocorrer replicação viral, exceto nas cepas com mutação pré-core (não produtoras da proteína “e”)

Anti-HBe Sua presença sugere redução ou ausência de replicação viral. Seu surgimento indica melhora bioquímica e histológica

HBV-DNA (quantitativo)

Como níveis de HBV-DNA podem ser encontrados em qualquer fase da doença, para monitorar tratamento é necessário utilizar o teste quantitativo. Considera-se positivo o resultado > 100.000 cópias/ml

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Programa Nacional de Hepatires Virais. Hepatites Virais: o Brasil está atento – Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

Indivíduos com hepatite B (definida sorologicamente como persistência do

HBsAg por mais de 6 meses) pode-se observar, durante sua longa evolução, a

presença de 2 fases distintas e de duração variável; na primeira, em geral,

corresponde a períodos iniciais da doença, o VHB demonstra intensa replicação,

comprovada pela presença no soro do HBsAg, do antígeno “e” (AgHBe), do próprio

DNA viral (DNA-VHB), detectado por técnica de PCR, além dos anticorpos contra o

core viral (Anti-HBc) da classe IgG e ocasionalmente, da classe IgM. Este período

pode persistir durante anos, porém os pacientes infectados tendem a permanecer

positivos para o Anti-HBe, indicando que o grau de replicação reduziu (FERREIRA;

AVILA, 1996).

O período de incubação do HBV é de cerca de 40 a 180 dias, podendo estar

relacionada com à quantidade do inoculo e ao modo de transmissão e o período de

efetividade pode se propagar ao longo de várias semanas antes do inicio dos

primeiros sintomas até o final da fase aguda e, pode prolongar-se por vários anos

dependendo da replicação do vírus no individuo portador (BENENSON, 1995).

Page 35: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

34

Em função do potencial de gravidade do vírus da hepatite B, os casos

deverão ter prioridade na investigação para a tomada de medidas cabíveis. Os

comunicantes de cada caso deverão ser triados com pesquisas sorológicas do

marcador HBsAg. Os indivíduos negativos deverão ser vacinados contra o vírus da

hepatite B e os sorologicamente positivos deverão ser encaminhados para os

serviços de atendimento clínico especializado (FUNASA, 2001).

A confirmação diagnóstica da infecção aguda pode ser identificada por testes

sorológicos, do antígeno (HBsA) e/ou do anticorpo anti-HBc da classe IgM. O HBsAg

encontra-se positivo já no período de incubação, aproximadamente 2 semanas antes

do aparecimento da icterícia. Entretanto, o diagnóstico do HBV na fase aguda pode

ser dificultado nas seguintes situações: o AgHBs pode ser negativo na fase inicial da

doença se caso o doente não for examinado ou se caso ocorrer co-infecção com

outro vírus, como o da hepatite D ou C, por fenômenos de interferência vírica e

podem inibir a replicação do vírus da hepatite B. O anti-HBc da classe IgM torna-se

positivo no inicio do quadro clinico e persiste por cerca de 4 a 6 meses (ANDRIOLO,

2005).

Na fase aguda da doença, a presença do antígeno “e” (HBeAg) representa

infectividade, quando este antígeno torna-se negativo por neutralização pelo

anticorpo (anti-HBe), a doença não evolui para fase crônica e tem uma positividade

no prognóstico (ANDRIOLO, 2005).

Entre primeira fase (contato com o vírus) e a segunda (replicação viral),

ocorre a negativação do HbeAg com surgimento do soro de anticorpos contra o

antígeno “e” do vírus da hepatite B (anti-Hbe), chamada soroconversão, tornando o

HbeAg negativos, predominando os níveis de VHB DNA, e altos níveis de ALT

(alanina aminotransferase). Esses pacientes são portadores de uma variante do

VHB que não produz HbeAg devido a mutação no pré core ou região promotora do

pré-core. Nesses pacientes são necessários testes de quantificação viral. A reação

em tempo real quantitativa da cadeia de polimerase tem sido utilizada para

quantificação do vírus B e tem se mostrado muito sensível, acurada e tem uma

ampla faixa de linearidade (podendo atingir de 400 a 10 bilhões de cópias sem

distorções), tendo combinado as boas características de outros testes (CASTRO,

1999).

O diagnóstico de cura da doença e desenvolvimento da imunidade é visto

quando ocorre o desaparecimento do HBsAg, a presença de anti-HBc da classe IgG

Page 36: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

35

e o surgimento de anticorpos anti-HBsAg (ANDRIOLO, 2005).

Os métodos utilizados para a detecção do vírus da hepatite B são os

métodos por biologia molecular e entre esses métodos estão:

Hibridização – esta técnica foi amplamente utilizada por apresentar alta

sensibilidade para detectar o DNA do VHB (10 a 500 pg/mL).

Branched-DNA ou b-DNA-Chiron – quantificação do HBV-DNA, tem sido

usada como parâmetro preditivo de resposta ao tratamento em pessoas com

hepatite B crônica. Esta técnica de DNA ramificado apresenta boa

reprodutibilidade, porém sua sensibilidade é baixa (>700.000 cópias/mL).

Reação em Cadeia Polimerase (PCR) – para DNA do VHB é muito mais

sensível do que a técnica da hibridização (10.000 vezes mais), podendo

detectar até 10 genomas por mL.

Os melhores métodos confirmatórios para o estado de infecção do VHB são

as técnicas de biologia molecular, como, por exemplo, o PCR VHB-DNA. A

quantidade do HBV-DNA no soro é proporcional à carga viral presente, estando

associada à replicação viral. A presença e a quantidade de HBV-DNA no som

podem ser determinadas pelas técnicas de hibridização, na qual, as quantidades de

HBV-DNA são expressas em pg/mL ou em equivalentes de genoma/mL. Pelo menos

10 vírions devem estar presentes no soro para serem detectados pelo ensaio da

hibridização. Esta pesquisa é útil para diagnosticar replicação (grau de

infectividade), resposta terapêutica específica e, pode ser útil, também para detectar

o HBV-DNA, nos casos de hepatites crônicas anti-HBe reagentes. O genoma do

VHB pode, ainda, ser isolado, clonado, quantificado e sequenciado pelas técnicas da

PCR (VERONESI, 2004).

No diagnóstico da hepatite B existem exames inespecíficos e provas

específicas para um prognóstico preciso da doença, estes são:

- Exames inespecíficos:

Aminotransferases - Os marcadores de agressão hepatocelular que

são AST/TGO (aspartato aminotransferase) e a ALT/TGP (alanino

aminotransferase). Quando o paciente esta na face agudas, podem atingir valores

até 25 a 100 vezes acima do normal, sendo que alguns pacientes apresentam

níveis baixos. Essas enzimas começam aumentar uma semana antes do início da

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36

icterícia e volta ao normal a três a seis semanas após o curso clínico da doença.

Nas formas crônicas geralmente não ultrapassam 15 vezes o valor normal, por

vezes, em indivíduos assintomáticos, é o único exame laboratorial sugestivo de

doença hepática.

Bilirrubinas – após o aumento das aminotransferases, a bilirrubina vai

ser aumenta, podem chegar a valores 20 a 25 vezes acima do normal nas formas

agudas. Pode ser detectada precocemente, na urina antes mesmo do surgimento da

icterícia.

Proteínas séricas –Não se alteram nas formas agudas geralmente. Nas

hepatites crônicas e cirrose, apresenta diminuição acentuada e progressiva da

albumina.

Fosfatase alcalina –Nas hepatites por vírus, se altera pouco, exceto

nas formas colestáticas, quando se apresenta em níveis elevados.Isso ocorre devido

à presença normalmente aumentada da fração osteoblástica dessa enzima durante

o período de crescimento, com isso deve ser considerado no acompanhamento de

crianças e adolescentes.

Gama-glutamiltransferase (GT) – é uma enzima que está mais

relacionada aos fenômenos colestáticos, sejam intra e/ou extra-hepáticos. Ocorre

aumento nos níveis da GT em icterícias obstrutivas, tumores hepáticos,

hepatopatias alcoólicas, hepatites tóxico-medicamentosas.

Atividade de protrombina – Esta prova ocorre pouca alteração, exceto

nos quadros de hepatite fulminante. Em casos de hepatite crônica, o alargamento do

tempo de protrombina indica a deterioração da função hepática e em associação

com alguns outros fatores clínicos e laboratoriais (encefalopatia, ascite, aumento de

bilirrubina, queda da albumina).

Alfafetoproteína – Não tem valor clínico na avaliação das hepatites

agudas. Com presença de valores altos, em pacientes portadores de hepatite

crônica, em pode indicar o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular.Mesmo os

pacientes com hepatite crônica pelo HBV podem desenvolver carcinoma

hepatocelular mesmo sem a presença de cirrose hepática.

Hemograma –nas formas agudas é normal a leucopenia é habitual,

entretanto muitos casos não apresentam alteração no leucograma. Quando há

presença de leucocitose pode ocorrer intensa necrose hepatocelular ou a

Page 38: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

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associação com outras patologias. Não ocorrem alterações significativas na série

vermelha.

- Provas específicas:

Marcadores sorológicos que são marcadores de triagem para a

hepatite B: HBsAg e anti-HBc.

HBsAg (antígeno de superfície do HBV) –Foi o primeiro marcador a

surgir após a infecção pelo HBV, que indica em torno de 30 a 45 dias, podendo ser

detectável por até 120 dias. Está presente nas infecções agudas e crônicas.

Anti-HBc (anticorpos IgG contra o antígeno do núcleo do HBV) – Indica

contato prévio com o vírus este marcador. Fica detectável por toda a vida nos

indivíduos que tiveram a infecção. Representa importante marcador para estudos

epidemiológicos.

Anti-HBc IgM (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do núcleo do

HBV) – É um marcador de infecção recente, ele faz a confirmação do diagnóstico da

hepatite B aguda. Podendo se detectado por até 6 meses após o início da infecção.

Anti-HBs (anticorpos contra o antígeno de superfície do HBV) – É um

marcado que indica imunidade contra o HBV. É detectado entre 1 a 10 semanas

após o desaparecimento do HBsAg e indica bom prognóstico. É encontrado

isoladamente em pacientes vacinados.

HBeAg (antígeno “e” do HBV) – É um indicativo da replicação viral e,

portanto, de alta efetividade. Presente na fase aguda,podendo surgir após o

aparecimento do HBsAg e podendo ficar por até 10 semanas. Na hepatite crônica

pelo HBV, a presença do HBeAg indica replicação viral e atividade da doença

podendo ter uma maior probabilidade de evolução para cirrose

Anti-HBe (anticorpo contra o antígeno “e” do HBV) – É um bom

marcador para prognóstico na hepatite aguda. Quando ocorre a soroconversão

HBeAg para anti-HBe indica alta pro-sorológico o resultado será negativo já o

segundo, que é realizado 3 a 6 meses após, será positivo, o que caracteriza um

quadro agudo com soroconversão. Quando há presença de anti-HBe na hepatite

crônica,é indicativo de ausência de replicação do vírus (BRASIL, 2004).

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Tabela 4: Resultados sorológicos do VHB.

Fonte: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/07_0044_M2.pdf

Em alguns casos de hepatite B curada, o anti-HBs não é detectado por estar

em baixos títulos. Nos casos de hepatite B (forma aguda, crônica ou fulminante)

procedente de áreas conhecidas com circulação do HDV (região amazônica), será

necessário investigar hepatite D (delta) (BRASIL, 2004).

5. TRATAMENTO DA HEPATITE B

O tratamento da hepatite B crônica é indicado em idade superior a 2 anos;

HBsAg positivo por mais de seis meses; HBeAg positivo ou HBV-DNA maior que 104

cópias/mL ou 1.900 UI/mL (fase de replicação); ALT/TGO maior que 2 vezes o limite

superior da normalidade; pacientes que realizaram, nos últimos 24 meses, biópsia

hepática onde tenha tido evidência da atividade necro-inflamatória de moderada a

intensa e/ou presença de fibrose de moderada a intensa; ausência de contra-

indicação ao tratamento (BRASIL, 2008).

O uso de medicações para vômitos e febre deve ser realizado quando

necessário. Entretanto, necessita de uma atenção especial quanto às medicações

utilizadas, já que se deve evitar o emprego de drogas que tenham potencial

hepatotóxico, como o paracetamol.Como norma geral, recomenda-se repouso

relativo até a normalização das aminotransferases,liberando-se progressivamente o

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paciente para atividades físicas e uma dieta pobre em gordura e rica em

carboidratos. De forma prática, deve ser recomendado que o próprio paciente defina

sua dieta de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. A única restrição está

relacionada à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por seis meses. As drogas

consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos vitamínicos, não

têm nenhum valor terapêutico. A administração de vitamina K durante um a três dias

pode ser recomendada nos casos de queda da atividade de protrombina devido à

absorção intestinal inadequada dessa vitamina. A administração de corticosteróide é

totalmente contra-indicada (BRASIL, 2008).

No acompanhamento de quadros agudos de hepatites virais, as duas

primeiras consultas terão um intervalo de duas semanas. As consultas

subsequentes devem ser realizadas em intervalos de quatro semanas, com

dosagem de aminotransferases, tempo de protrombina, bilirrubinas e albumina com

o mesmo intervalo, até a detecção de duas dosagens normais com intervalo de

quatro semanas. No início do acompanhamento, realiza-se adicionalmente a

dosagem de GT, fosfatase alcalina e proteínas totais e frações. Esses testes são

repetidos a cada quatro semanas, ou em intervalos menores de acordo com o

quadro clínico do paciente. O critério de alta inclui a remissão dos sintomas;

normalização das bilirrubinas; normalização do tempo de protrombina; normalização

das aminotransferases, com pelo menos duas dosagens normais com intervalo de

quatro semanas (BRASIL, 2008).

É importante que o tratamento da hepatite crônica esteja voltado para ações

simples que reduzam a chance de progressão para cirrose ou câncer de fígado,

modificando a história natural da doença. A orientação feita aos portadores crônicos

alerta para o não-consumo de bebidas alcoólicas, prevenção da co-infecção com

HIV, controle de distúrbios metabólicos, como hiperlipidemia, obesidade e diabetes,

não compartilhamento de utensílios e objetos de higiene contaminados com sangue

(escova de dente, barbeadores) para evitar a transmissão domiciliar. Uma parcela

dos casos de hepatite crônica necessitará de tratamento, cuja indicação baseia-se

em exame anatomopatológico do tecido hepático obtido por biópsia. Pacientes com

aminotransferases normais merecem ser avaliados com exames de biologia

molecular, pois pode haver lesão hepática (BRASIL, 2008).

No tratamento da hepatite são adotados medicamentos como Lamivudina e

Interferon. A lamivudina é uma agente antiviral com ação sobre o vírus da

Page 41: Levantamento epidemiológico da hepatite b no período de 2000 a 2011 no estado de são paulo

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imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) e sobre o HIV-2. O mecanismo de ação da

lamivudina baseia-se na inibição da síntese dos ácidos nucléicos. Uma vez dentro

da célula, a molécula de lamivudina é transformada em lamivudina-5'-trifosfato que

produz um extremo terminal sem o hidroxilo 3' necessário para incorporar o

nucleotídeo seguinte à cadeia, resultando em uma finalização prematura da

formação do genoma viral. A lamivudina possui poucos efeitos tóxicos sobre as

células da medula óssea e sobre os linfócitos e macrófagos circulantes, levando a

um índice terapêutico elevado. A lamivudina é bem absorvida por via oral e atinge o

pico máximo de concentração plasmática uma hora após a administração; possui

meia-vida de 5 a 7 horas; sua eliminação é por via renal e 10% são metabolizados

no fígado (www.misodor.com/FARMACON/LAMIVUDINA.html).

O efeito antiviral do interferon é realizado através da inibição da replicação

do DNA e RNA. No caso de retrovírus, a reunião de partículas virais é inibida. O

metabolismo do interferon acontece quando são filtrados totalmente nos glomérulos

e degradados por proteases durante a reabsorção tubular, de maneira que não

reaparecem na circulação sistêmica nem na urina. A concentração sérica máxima de

atividade antiviral no soro é alcançada 3 - 8 horas depois de uma injeção

intramuscular ou subcutânea. A vida média de eliminação no soro é de cerca de 4

horas. Na hepatite B crônica com antígeno “e” positivo, pôde-se obter 50% de

soroconversão (de HBeAg positivo para anti-HBe positivo) depois de um esquema

de 4 meses com Interferon. Em adultos: 6.000.000 UI diárias por via intramuscular

durante duas semanas; depois, três vezes por semana durante quatro semanas e

duas vezes por semana durante 16 semanas, num total de 22 semanas. Em

crianças: 3.000.000 a 6.000.000 UI/m2 por via intramuscular três vezes por semana

durante 16 semanas. Se a criança tiver mais de 12 anos, a dose deve ser de

6.000.000 UI (FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ).

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41

6. OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo o levantamento epidemiológico dos

principais aspectos da hepatite B e a incidência de casos ocorridos nos anos de

2000 a 2011, considerando as seguintes variáveis: números de casos por ano de

notificação no Estado de São Paulo; cicatriz sorológica por ano de notificação no

Estado de São Paulo; distribuição percentual das prováveis fontes/mecanismo de

transmissão no Estado de São Paulo; número de casos de acordo com a faixa etária

e número de casos de coinfecção de acordo com a faixa etária e distribuição

porcentual por sexo.

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7. MATERIAIS E MÉTODOS

Os materiais desta pesquisa se constituíram de uma revisão literária dos

principais aspectos da hepatite B e o número de surtos desta doença hepática no

período de 2000 a 20011 na população brasileira do Estado de São Paulo. A

pesquisa foi realizada em artigos científicos, revistas e em sites de busca.

Neste trabalho foram coletados dos dados através da Diretoria de Vigilância

Epidemiológica (DIVE), no período de 2000 a 2011. Foram selecionados surtos de

hepatite B ocorridos neste período, considerando as seguintes variáveis: números

de casos por ano de notificação no Estado de São Paulo; cicatriz sorológica por ano

de notificação no Estado de São Paulo; distribuição percentual das prováveis

fontes/mecanismo de transmissão no Estado de São Paulo; número de casos de

acordo com a faixa etária e número de casos de coinfecção de acordo com a faixa

etária e distribuição porcentual por sexo.

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8. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo o Controle de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo

os índices de casos ocorridos nesta região de 2000 ao início de 2012 foram de

29.059 infectados e a maior incidência foi comprovada em 2011.

Os indivíduos infectados pela grande maioria são do sexo masculino com

idade entre 30 a 49 anos e contágio principal observado do vírus da hepatite B se dá

em relações sexuais com parceiros infectados, sendo considerada uma doença

sexualmente transmitida, totalizando 56% dos casos registrados pela vigilância

epidemiológica local. Também é adquirida a hepatite B por via parenteral,

transmissão de mãe para filho (transmissão vertical), acidentes de trabalho, pessoas

em contato frequente com portadores (domiciliar), uso de agulhas e seringas

contaminadas para aplicação concomitante de drogas e hemodiálise.

A figura 6 descreve os casos notificados de hepatite B no período de 2002 a

2012 no Estado de São Paulo, revelando uma maior incidência no ano de 2009 com

3.895 casos.

Figura 6: Número de casos de Hepatite B por ano de Notificação Estado de São Paulo – 2000 a 2012. Fonte: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hepatite/hepa_graficos.htm. Acesso em 10 de setembro de 2012

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A figura 7 descreve a cicatriz sorológica da hepatite B, revelando um aumento provavelmente relacionado com a vacinação das pessoas, evidenciando imunização.

Figura 7: Número de Cicatriz Sorológica de Hepatite B por ano de notificação Estado de São Paulo de 2002 a 2012. Fonte: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hepatite/hepa_graficos.htm. Acesso em 10 de setembro de 2012

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Com relação as prováveis formas de transmissão a figura 8 evidencia maior

contaminação por relação sexual com 56%, ou seja o sexo desprotegido ainda é a

maior via de transmissão.

Figura 8: Distribuição percentual das prováveis fontes / mecanismo de transmissão definidos dos casos de hepatite viral B – Estado de São Paulo – 2000 a 2012 Fonte: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hepatite/hepa_graficos.htm. Acesso em 10 de setembro de 2012.

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O número de casos de acordo com a faixa etária é ilustrado na figura 9,

prevalecendo maior incidência nas faixas etárias sexualmente ativas, sendo que o

número de casos na faixa etária entre 20 a 29 anos são iguais entre homens e

mulheres com 3000 casos. Nas faixas etárias que variam de 30 a 39 anos a maior

incidência se dá no sexo masculino, sendo o número de casos superior a 4000. A

figura mostra diminuição progressiva nas faixas de 30 a 79 anos e menor incidência

no sexo feminino.

Figura 9: Número de casos de Hepatite B de acordo com a faixa etária e sexo ESP – 2000 a 2012. Fonte: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hepatite/hepa_graficos.htm. Acesso em 10 de setembro de 2012

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A figura 10 mostra o número de casos de coinfecção por faixa etária e sexo.

Podemos observar um aumento da coinfecção entre 20 a 49 anos, porém com maior

incidência entre 30 a 39 anos e no sexo masculino.

Figura 10: Número de caso de coinfecção Hepatite B, de acordo com a faixa etária e distribuição porcentual por sexo, Estado de São Paulo 2007 a 2012 Fonte: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hepatite/hepa_graficos.htm. Acesso em 10 de setembro de 2012

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A tabela 5 mostra o número de casos em 28 cidades do estado de São

Paulo revelando um aumento progressivo do ano de 2000 a 2009, porém o ano de

maior incidência entre as cidades foi em 2011. Houve diminuição do número de

casos de 2011 para 2012, porém deve-se desconsiderar devido o levantamento ter

sido realizado no começo do ano de 2012 em todas as cidades citadas. O maior

número de casos foi nas cidades de Campinas e São Paulo capital, provavelmente

devido ao grande número de habitantes.

Tabela 5: Número de casos de Hepatite B por Grupo de vigilância Epidemiológica e ano de

notificação, Estado de São Paulo 2000 a 2012.

Fonte: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hepatite/hepa_graficos.htm. Acesso em 22 de setembro de 2012

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9. CONCLUSÃO

A partir da elaboração deste trabalho monográfico e das pesquisas

realizadas para a conclusão deste, constatou que a hepatite viral B constitui um dos

mais importantes problemas de saúde pública em todos os continentes.

Concluímos com esta revisão bibliográfica que a doença da Hepatite B,

relacionado à transmissão tem seus casos de maior incidência nas faixas etárias

sexualmente ativas em pessoas do sexo masculino, comprovando que a principal via

de transmissão é a sexual proveniente do sexo desprotegido com 56% dos casos

notificados.

Com o surgimento da vacina contra o VHB, criou-se expectativa concreta

para controlar esta doença. A nova política de vacinação lançada contra a hepatite B

anexando uma obrigatoriedade da vacina no calendário de vacinações no ano de

2012 ampliará a faixa etária limite de 24 anos para 29 anos, assim poderá ocorrer a

diminuição de casos.

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