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LEVANTAMENTO DOS TOPÔNIMOS E PRODUÇÃO DE FICHAS
LEXICOGRÁFICO-TOPONÍMICAS DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DO
BICO DO PAPAGAIO, ESTADO DO TOCANTINS
Verônica Ramalho Nunes (UFT)1
Karylleila dos Santos Andrade (UFT)2
Resumo: A ciência onomástica, por apresentar-se como o estudo dos nomes próprios,
pode filiar-se aos procedimentos da terminologia. Topônimos e antropônimos, a partir
de uma nomenclatura técnico-científica, podem ser traduzidos e interpretados como
termos ou unidades terminológicas. Toponímia vem do grego topos “lugar” e onoma
“nome”. Estuda o nome dos lugares e designativos geográficos: física, humano,
antrópico ou cultural. As particularidades da toponímia são a busca pela etimologia, o
caráter semântico da palavra e suas transformações linguísticas, principalmente as
fonético-fonológicas e as morfológicas. Este estudo objetiva descrever, sob a ótica da
toponímia, os acidentes humanos/municípios que fazem parte da região do Bico do
Papagaio, localizada ao norte do estado do Tocantins, bem como produzir fichas
lexicográfico-toponímicos desses nomes de lugares.
Palavras-Chave: Topônimos; fichas lexicográfico-toponímicas; municípios da região
do Bico do Papagaio; estado do Tocantins.
1 O estudo toponímico e o Atlas Toponímico do Tocantins
Este estudo faz parte do macro projeto ATT – Atlas Toponímico do Tocantins, o
qual está vinculado ao ATB – Atlas Toponímico do Brasil. Esta proposta de estudo tem
como objetivo a elaboração de fichas lexicográfico-toponímicas dos municípios da
região do Bico do Papagaio, estado do Tocantins. A área do Bico do papagaio está
1 Licenciando em Letras pela Universidade Federal do Tocantins – UFT e bolsista do CNPq.
2 Professora Doutora do Mestrado em Ensino de Língua e Literatura da Universidade Federal do
Tocantins.
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localizada na região norte do estado e faz divisa com os estados do Pará, Maranhão e
Piauí. Ver mapa a seguir:
Figura 1- Mapa do Tocantins composto pela divisão
das microrregiões do estado. Disponível em
http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/territorio
Compreende 25 municípios: Aguiarnópolis, Ananas, Angico, Araguatins,
Augustinópolis, Axixá do Tocantins, Buriti do Tocantins, Cachoeirinha, Carrasco
Bonito, Darcinópolis, Esperantina, Itaguatins, Luzinópolis, Maurilândia do Tocantins,
Nazaré, Palmeiras do Tocantins, Praia Norte, Riachinho, Sampaio, Santa Tereza do
Tocantins, São Bento do Tocantins, São Miguel do Tocantins, São Sebastião do
Tocantins, Sitio Novo do Tocantins e Tocantinópolis. Esses dados são baseados em
informações coletadas na base do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
e da SEPLAN-TO (Secretaria do Planejamento e da Modernização da Gestão Pública).
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A toponímia é uma subárea da ciência onomástica3, que é uma disciplina
científica com suas regras, taxionomia e metalinguagem. Está ligada à lexicologia4,
ciência que pode ser definida como o estudo científico do léxico. Para Dick (1990, p.
36), a toponímia é “um imenso complexo línguo-cultural, em que dados das demais
ciências se interseccionam necessariamente e não exclusivamente”. Essa é a ciência que
se dedica ao estudo dos nomes de forma genérica, levado em conta o caráter
motivacional na formação deles. Investiga a origem, a etimologia, a formação
linguística, os aspectos históricos, culturais e ambientais que influenciaram a criação de
um nome a partir da intencionalidade que impulsiona o denominador. Um denominador
é um ente motivador do nome, que age de modo subjetivo ou objetivo, combinando
elementos que influenciam a denominação para este ou aquele acidente geográfico.
Topônimos (estudo dos nomes de lugares) e antrotopônimos (estudo do nomes de
pessoas), a partir de uma nomenclatura técnico-científica, podem ser traduzidos e
interpretados como termos ou unidades terminológicas. Depois de caracterizado o
topônimo como termo-onomástico, tornando-se sujeito às transformações
morfossintáticas, comparadas a outras unidades lexicais, deve ser estudado etimológica
e semanticamente nas diferentes situações comunicativas para a devida sistematização
taxionômica.
Em sua formação, um topônimo recebe influências internas e externas que
podem ser únicas ou combinadas (simples, composto, híbrido). Essas influências podem
vir das condições geográficas, históricas, culturais, sociais, etimológicas, semânticas,
3 A Onomástica (do grego νομαστική, ato de nomear), ciência que estuda os nomes próprios, tem duas
subáreas ou subsistemas: a Toponímia (do grego τόπος, lugar e νομα, nome) e a Antroponímia (do grego
άνθρωπος, homem, e νομα nome). A primeira estuda os nomes próprios de lugares e a segunda os nomes
próprios de pessoas. A Onomástica é uma disciplina científica com suas regras, taxionomia e
metalinguagem. 4 Estuda as relações do léxico com os outros sistemas da língua, mas, sobretudo, a relações internas do
próprio léxico, e é considerada interdisciplinar por excelência.
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linguísticas ou taxionômicas. Inclusive podem advir de transformações morfossintáticas,
comparadas às outras unidades lexicais (línguas indígenas e portuguesas).
Andrade (2010, p. 105) afirma que os estudos toponímicos são de fato amplos e
estão inseridos nos contextos tanto linguísticos como socioculturais. Os estudos
toponímicos, dentro desse alcance pluridisciplinar de seu objeto de estudo, constituem
um caminho possível para o conhecimento do modus vivendi das comunidades
linguísticas, que ocupam ou ocuparam um determinado espaço. Quando um indivíduo
ou comunidade linguística atribui um nome a um acidente humano ou físico, revelam-se
aí tendências sociais, políticas, religiosas, culturais. O signo toponímico é motivado,
sobretudo, pelas características físicas do local ou pelas impressões, crenças e
sentimentos do denominador.
Para Dick (1990, p. 24)
[...] a aproximação do topônimo aos conceitos de ícone ou de símbolo, sugerido pela
própria natureza do acidente nomeado, [...], vai pôr em relevo outras das
características do onomástico toponímico, qual seja não apenas a identificação dos
lugares mas a indicação precisa de seus aspectos físicos ou antropoculturais, contido
na denominação.
Para autora, a estrutura do topônimo pode ser discutida sob alguns aspectos intra
e extralinguísticos. Da relação do topônimo com o acidente geográfico, se estabelece
uma interação íntima que compreende dois elementos básicos: elemento (termo)
genérico e elemento (termo) específico. O primeiro é relativo à entidade geográfica que
irá receber a denominação; e o segundo, o topônimo propriamente dito, particularizará a
noção espacial, identificando-o e singularizando-o dentre outras semelhantes. Forma-se,
então, um sintagma nominal justaposto ou aglutinado, conforme a natureza da língua em
questão.
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2 Região do Bico do Papagaio
A região do Bico do Papagaio5 - TO é uma das microrregiões do estado do
Tocantins a qual pertence a mesorregião ocidental do estado. Abrange uma área de
15.852,60 Km², composta por 25 municípios. A população total do território é de
180.500 habitantes, dos quais 61.012 vivem na área rural, o que corresponde a 33,80%
do total. Possui 7.201 agricultores familiares, 5.732 famílias assentadas e 2 terras
indígenas. Seu IDH médio é 0,62.
A priori, para conhecer a toponímia tocantinense, variante da região do Bico do
Papagaio, é necessário realizar um trabalho de levantamento dos mapas municipais
digitalizados que fazem parte da região do Bico do Papagaio e pesquisa bibliográfica
disponíveis no IBGE de Palmas e na Secretaria estadual de Planejamento, com sedes na
capital do estado.
5 (Do ár. baba4AYi (de or. obscura), poss). 1 Rubrica: ornitologia. design. comum a diversas aves
psitaciformes da fam. dos psitacídeos, esp. do gên. Amazona, que possuem plumagem de coloração verde,
com variações de cores na cabeça, fronte, bochechas, encontro e espelho alar; ajeru, ajuru, ajurujuru, jeru,
juru, loiro, louro [Algumas spp. conseguem pronunciar palavras com perfeição, por isso são muito
comercializadas clandestinamente.] Esses dados estão disponibilizados na Fonte: Sistema de Informações
Territoriais (http://sit.mda.gov.br).
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3 Materiais e Métodos: Ficha lexicográfico-toponímica
O percurso metodológico utilizado no estudo, apresentado por Dick (1980), foi o
plano onomasiológico de investigação. Por meio de um conceito genérico se identificam
as variáveis possíveis das fontes consultadas. As cartas geográficas, escala 1:100.000,
fazem parte do acervo documental de análise e descrição dos dados: são consideradas
fontes primárias para a análise do fenômeno onomástico. Cada município do estado do
Tocantins já possui sua carta topográfica digitalizada na base do IBGE6. Durante o
processo de análise dos topônimos, optou-se pelo método indutivo para que, ao longo
das descrições onomásticas, se construam hipóteses de trabalho. Caso sejam
confirmadas, servirão de subsídios para comprovar as hipóteses levantadas acerca do
objeto de estudo. Como resultado final do ATT, prevê-se a distribuição em folhas
cartográficas, município a município, uma visão macro das ocorrências toponomásticas,
além de apresentações de textos explicativos.
6 Disponível no sítio www.ibge.gov.br.
Figura 2- Mapa do Tocantins, destaque região
Bico do Papagaio TO. Disponível em:
www.wikipédia.com.br.
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A taxionomia desenvolvida por Dick (1990) servirá como subsídio teórico-
metodológico com o intuito de compor esse atlas, conforme o modelo utilizado no
ATITO. A seguir, o modelo taxionômico proposto por Dick (1990).
Taxionomia de
natureza física
Taxionomia de natureza
antropo-cultural
Astrotopônimos,
cardinotopônimos,
cromotopônimos,
dimensiotopônimos,
fitotopônimos,
geomorfotopônimos,
hidrotopônimos,
litotopônimos,
meteorotopônimos,
morfotopônimos,
zoototopônimos.
Animotopônimos ou
nootopônimos,
antropotopônimos,
axiotopônimos,
corotopônimos,
cronotopônimos,
ecotopônimos, ergotopônimos,
etnotopônimos,
dirrematotopônimos,
hierotopônimos,
historiotopônimos,
hodotopônimos,
numerotopônimos,
poliotopônimos,
sociotopônimos,
somatotopônimos.
De acordo com a discussão teórico-metodológica, apresentada por Dick (1990),
a formação dos topônimos pode-se dar de três formas: a) Elemento específico simples: é
formado por um único radical e pode ver acompanhado de sufixações e terminações
como: -lândia, -pólis, -burgo, entre outros. Ex: Brasilândia (TO), Barrolândia (TO),
Figueirópolis (TO); b)Topônimo composto ou elemento específico composto: apresenta
mais de um elemento formador, de origens diversas entre si. Ex: Porto Nacional (TO),
Itacajá (TO); c)Topônimo híbrido ou elemento específico híbrido: é formado por
elementos oriundos de diversas línguas. Ex: Colinas do Tocantins (TO), Cariri do
Tocantins.
A ficha lexicográfico-toponímica é um dos elementos que compõem a base
metodológica da pesquisa. A partir dessa ficha, pode-se realizar a descrição e análise
dos municípios, localizados na região do Bico do Papagaio e serve como instrumento de
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pesquisa e orienta o pesquisador ou o interessado dando a ele a possibilidade de estudar
o topônimo, a partir da identificação do signo toponímico considerando a sua motivação
formadora. Essa formação pode estar relacionada a características encontradas no
próprio espaço físico ou, ainda, relacionado a crenças, a impressões culturais, ou a
sentimentos construídos ao longo do tempo pelo desenvolvimento do denominador. E
apresenta tanto dados linguísticos como dados históricos, geográficos, etimológicos,
taxionômicos (natureza física ou antropocultural), vistos da perspectiva interior de um
contexto social, em um dado momento. A relevância desses dados auxilia na criação da
identidade local do município. Desse modo, a ficha é de grande relevância para os
resultados da pesquisa, uma vez que, ao identificar-se os signos motivadores, suas
origens e sua evolução toponímica, resgata-se os valores inseridos na base histórico-
social da região estudada.
O levantamento dos dados para montagem da ficha em questão estimula o saber-
conhecer da história da comunidade e compreender a cosmovisão individual e coletiva
que forma a identidade cultural e linguística de uma região, no caso, da do Bico do
Papagaio.
O modelo de ficha lexicográfico-toponímica, elaborado pela coordenadora do
ATB – Atlas Toponímico do Brasil, Drª Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick
(2004), apud Andrade (2010, p. 184).
Localização / Município – Este item remete à localização geográfica do município.
Topônimo – Considera o estudo dos nomes dos lugares da região do Bico do Papagaio, estado do Tocantins.
AH. – Acidentes Humanos.
Etimologia - Trata da história ou origem/etimologia das palavras e da explicação do significado de palavras por meio
da análise dos elementos que as constituem. É o estudo da composição dos vocábulos e das regras de sua evolução
histórica. Utilizamos, nesta ficha, os estudos etimológicos de Theodoro Sampaio para os topônimos indígenas. Os
dicionários do Houaiss, Aurélio, Silveira Bueno, Eugênio de Castro, Rosário Ferâni Mansur Guérios servirão de
referência aos demais.
Taxionomia – As taxes toponímicas permitem interpretar os nomes dos lugares com maior segurança do ponto de
vista semântico, partindo de sua natureza física ou antropocultural (DICK, 1990).
Entrada Lexical – Elemento linguístico de base / entrada do topônimo.
Estrutura Morfológica – O topônimo por ser dividido em três categorias: elemento específico simples, elemento
especifico composto e elemento específico híbrido. Neste caso, apresenta-se uma descrição no plano morfológico do
topônimo, caracterizando-o em unidades mínimas de significação: morfemas lexicais e gramaticais.
Histórico – Levantamento dos registros históricos dos municípios na base do IBGE. Os outros históricos foram
coletados por meio de decretos e via web.
Informações Enciclopédicas – Caracteriza-se por acréscimo de informações coletadas em outros materiais de apoio:
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Apresentaremos, a titulo de exemplificação, uma ficha lexicográfico-toponímica
que será desenvolvidas de forma detalhada, considerando os seguintes elementos que
contemplam o estudo toponímico-onomástico: localização geográfica do município,
topônimo, etimologia, taxionomia, entrada lexical, estrutura morfológica, histórico,
informações enciclopédicas, contexto situacional, fontes, o nome da pesquisadora e da
revisora e a data da coleta dos dados.
Ficha Lexicográfico-Toponímica
ATT – Atlas Toponímico do Tocantins: variante da região do Bico do Papagaio
Município de São Bento do Tocantins
Município: São Bento do Tocantins
Localização: I região administrativa do estado – Araguatins
Topônimo: São Bento do Tocantins
AH: Município Taxionomia: Hagiotopônimo
Etimologia: 3lat. sanus,a,um „são, sadio‟; ver san-. 4São do latim
sanu. 1 – Que tem saúde, sadio, homem são. 2 – Reto, íntegro, justo.
3 – Puro, impoluto, imaculado. 3lat. benedictus, a, um „bendito‟, part. Pás. De benedicěre; verbom- e
diz-. 1Tucan-tim, nariz de tucano. Nome de um gentio que deu
apelido ao rio. Pará. Goiás. Alt. Tocantim. 1Tim, Ti, ponta, nariz,
saliência, proa. Pode ser uma forma contrata de tinga, branco, alvo.
V. Ti.
Entrada lexical: São Bento
Estrutura morfológica: Topônimo híbrido ou elemento específico
híbrido - são (morfema lexical) bento (bent-(radical) + -o (vogal
temática nominal) = tema) + do (conectivo) + tocantin- → tucan-
tim (morfema lexical tupi) + -s (morfema gramatical de base
portuguesa nal)
Histórico: 6O primeiro topônimo dado a São Bento do Tocantins foi
Lagoa de São Bento, associada ao ribeirão São Bento e de uma lagoa
próxima ao povoado. Em 1959, o padre Vitório Brusaterra fundou a
primeira capela com a ajuda da comunidade. O padroeiro da cidade é
Bom Jesus da Lapa. Em 1966, o povoado passou à condição de
Distrito Judiciário da Comarca de Araguatins. Lagoa de São Bento
foi elevada à categoria de município com o nome de São Bento do
Tocantins pela Lei Estadual nº 251/89. O município foi instalado no
livros, dicionários, pesquisa na internet e outros.
Fonte – Serviram de subsídios para a análise dos dados os autores Theodoro Sampaio, os dicionários Aurélio,
Houssais, Silveira Bueno, Eugênio de Castro, Rosário Ferâni Mansur Guérios, as cartas topográficas localizadas na
base IBGE e Secretaria de Planejamento do estado e dados pesquisados da internet.
Pesquisador(a) – Verônica Ramalho Nunes
Revisora – Drª Karylleila dos Santos Andrade, 2011.
Data da Coleta – Agosto de 2010 a Junho de 2011.
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dia 1º de janeiro de 1993.
Informações enciclopédicas: 2Tocantins ou Tucantins “nariz de
tucano”, nome de uma tribo que habitava as margens desse
rio.3Tocantim 1. indígena que teria pertencido aos Tocantins; 2.
Relativo ao tocantim ou aos Tocantins, Tocantins. Etnol. 3. grupo
indígena que teria habitado junto à foz do rio Tocantins PA, etnm.br:
Tocantim.
Contexto: 7São Benedito nasceu em Núrsia na Itália central no ano
de 480 e foi para Roma estudar em 499. A santidade de Benedito
atraiu outros seguidores, e os discípulos começaram a aparecer de
todos os lados para estudar com ele. Os monges, perto de Vicovaro,
região da Itália, pediram-lhe para ser o seu Abade. Benedito aceitou,
mas impôs regras severas: hoje chamadas de "Regras de Benedito".
Atuando como Abade, Benedito aconselhou papas, líderes seculares,
mas continuou com a sua rotina escolástica. Ele é conhecido pelas
suas regras e como o fundador da Ordem dos Beneditinos. (Texto
adaptado) Disponível em
http://www.cademeusanto.com.br/sao_benedito_de_nursia.htm
Acesso em 20 de dez de 2010.
Fonte: ThS¹, Eugênio de Castro², Guérios³, Houaiss4, Aurélio5,
IBGE6, Internet7, Silveira Bueno8.
Pesquisadora: Verônica Ramalho Nunes
Revisora: Drª Karylleila dos Santos Andrade, 2011.
Data da coleta: Agosto de 2010 a Junho de 2011
Considerações Finais
O estudo toponímico da região do Bico do Papagaio, como foi proposto neste
trabalho, é norteado pela função onomástica através de dados geográficos, históricos,
culturais, sociais, etimológicos, semânticos, linguísticos. A toponímia evidencia as
marcas da história social de um grupo, como exemplicação podemos mencionar o
conhecimento da formação étnica, processos migratórios, sistema de povoamento de
uma região administrativa, eternizando características do ambiente físico como
vegetação, hidrografia, geomorfologia de uma região.
Segundo Dick (1990a, p. 42-45), cabe aos estudiosos da toponímia utilizar como
fonte de conhecimento também a reconstituição, não só da “língua falada na região em
exame, como também de ocorrências geográficas, históricas, sociais e de informes
zoofitogeográficos”, ou seja, uma investigação dos aspectos naturais ou socioculturais
da comunidade, a fim de conhecer o fator motivador para o aparecimento do topônimo.
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Através do levantamento das fichas lexicográfico-toponímicas dos 25
municípios da região do Bico do Papagaio foi possível conhecer a história dos
municípios, suas particularidades e curiosidades. Além de compreender a cosmovisão
individual e coletiva na construção da identidade sociocultural, histórica e linguística do
povo dessa região. Com isso, o olhar científico e crítico se aguçam em relação às
origens, valores, crenças, hábitos e costumes da região.
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Mapas
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Recebido Para Publicação em 28 de outubro de 2011. Aprovado Para Publicação em 24 de novembro de 2011.