letras do coro da achada - math.tecnico.ulisboa.ptmszamo/letras_do_coro.pdf · É como um dia sem...

74
Letras do Coro da Achada

Upload: nguyenquynh

Post on 14-Dec-2018

231 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Letras do Coro da Achada

2

A semana sangrentaVersão portuguesa de La semaine sanglante, de Jean-Baptiste Clément ePierre Dupont (1871). Canção sobre o fim da Comuna de Paris e a violentarepressão que acabou com os seus sonhos. Sim, mas...

P’ra além do bufo e do militarJá só se vêem nos caminhosVelhos e tristes a chorarPobres viúvas e meninosAté Paris cheira a misériaMesmo os sortudos assustadosA moda também vai à guerraHá passeios ensanguentados

Sim, mas... a terra tremeOs dias maus vão acabarO contra-ataque não se temeSe toda a gente se juntar

Perseguem, prendem e fusilamQualquer pessoa ao acasoA mãe ao lado da sua filhaNos braços do velho o rapaz.Em vez da bandeira vermelhaO que se agita é o terrorDo escroque que se ajoelhaAos pés do rei, do imperador

Sim, mas...

Já os agentes da políciaEstão nos passeios outra vezAcham (o) serviço uma delíciaCom as pistolas que tu vêsSem pão, sem armas, sem trabalhoA gente vai ser governadaPor um vigário ou um paspalhoPor bufos e por cães de guarda

Sim, mas...

3

O povo atrelado à misériaSerá que vai ser sempre assim?Até quando os senhores da guerraVão ficar com todo o pilim?Vai até quando a santa eliteTratar-nos assim como gado?Pra quando o fim deste regimeda injustiça e do trabalho?

Sim, mas...

4

Abril 74Canção de Lluís Lach.

Companys, si sabeuon dorm la lluna blanca,digeu-li que la vullperò no puc anar a estimar-la,que encara hi ha combat.

Companys, si coneixeuel cau de la sirena,allà enmig de la mar,jo l’aniria a veure,però encara hi ha combat.

I si un trust atzatm’atura i caic a terraproteu tots els meus cantsi un ram de flors vermellesa qui tant he estimat,si guanyem el combat.

Companys, si enyoreules primaveres lliures,amb vosaltres vull anar,que per poder-les viurejo me n’he fet soldat.

I si un trist atzar...

5

6

Addigo a LuganoCanção de Pietro Gori (1895) sobre a perseguição e o exílio de anarquistasitalianos (entre os quais Gori). Vem de um poema chamado Il canto deglianarchici espulsi. A música é mais antiga e vem de uma canção toscana deorigem popular de autor desconhecido.

Addio Lugano bellao dolce terra piacacciati senza colpagli anarchici van viae partono cantandocon la speranza in cuore partono cantandocon la speranza in cuor

Ed è per voi sfruttatiper voi lavoratoriche siamo incatenatial par dei malfattoriEppur la nostra ideaè solo idea d’amorEppur la nostra ideaè solo idea d’amor

Anonimi compagniamici che restatele verità socialida forti propagateÈ questa la vendettache noi vi domandiamÈ questa la vendettache noi vi domandiam

7

Ma tu che ci discaccicon una vil menzognarepubblica borgheseun dì ne avrai vergognaNoi oggi t’accusiamoin faccia all’avvenirNoi oggi t’accusiamoin faccia all’avvenir

Cacciati senza treguaandrem di terra in terraa predicar la paceed a bandir la guerraLa pace fra gli oppressila guerra agli oppressorLa pace fra gli oppressila guerra agli oppressor

Elvezia il tuo governoschiavo d’altrui si rended’un popolo gagliardole tradizioni offendeE insulta la leggendadel tuo Guglielmo TellE insulta la leggendadel tuo Guglielmo Tell

Addio cari compagniamici luganesiaddio bianche di nevemontagne ticinesii cavalieri errantison trascinati al nordi cavalieri errantison trascinati al nord

8

As ferias de Santa Clara

As freiras de Santa ClaraQuando vão rezar ao coroDizem umas para as outras:Quem me dera ter namoro!

Cebolório! Cebolório! Cebolório!Bacalhau assadoBacalhau cozidoMuito bem batidoCom seu dente d’alho

Resina pra tirar calosOra pro nobis

As freiras de Santa ClaraQuando vão rezar matinasDizem umas para as outrasQuem nos dera amar, meninas!

As freiras de Santa ClaraQuando vão tocar o sinoDizem umas para as outras:Quem me dera ter menino!

As freiras de Santa ClaraAndam numa roda vivaOra no coro de baixo,Ora no coro de riba.

As freiras de Santa ClaraQuando vão rezar à missaDizem umas para as outras:De rezar tenho preguiça!

9

As papolias(primeira versão)versos de José Gomes Ferreira música de Fernando Lopes Graça de"Marchas, Danças e Canções"(1946)

Ó papoilas dos trigais,em ondas de cor. . .Sangrentas como punhaisdo nosso suor. . .

Dá vontade de colhê-las,pô-las no chapéu. . .Que pena não haver estrelasvermelhas no céu.

Ó papoilas da vingançaem ondas de flor. . .A nova cor da esperançaé a nossa cor.

Outras papoilas um dia,pela terra inteiraDarão ao mundo a alegriada nossa bandeira.

10

Can de palleiroCanção de Bibiano (1976)

¡Ai!, rabioso e velloCan de palleiro¡Ai!, rabioso e velloCan de palleiroDaste conta deQue vas morrerE non poderás pegarE non poderás morder

Os teus podridos dentesXa ves caerOs teus podridos dentesXa ves caerCaer un tras doutroXa ves caer

Está caendo todaA túa dentaduraEstá caendo todaA túa dentaduraTúa forte dentaduraVirase abaixo

Abaixo a dentaduraAbaixo a dentadura

Ai raivoso e velhoCão rafeiroAi raivoso e velhoCão rafeiro.Dás-te de contaQue vais morrerE não poderás pegarE não poderás morder

11

Os teus apodrecidos dentesJá vês cairOs teus apodrecidos dentesJá vês cairCair um atrás do outroJá vês cair

Está caindo todaA tua dentaduraEstá caindo todaA tua dentaduraTua forte dentaduraDeita-se abaixo

Abaixo a dentaduraAbaixo a dentadura

12

Canto de EsperançaLetra: Mário DionísioMúsica: Fernando Lopes GraçaMarchas Danças e Canções, 1946 (retirado de circulação pela PIDE)

Dentro de mim e de tialgo de novo estremece,a vida abre-se e rina hora que se entretece.

Vultos parados e sósmudez da alma sozinha,tomai o corpo e a vozda vida que se adivinha.

Canta mais alto, avança e canta,lança-te à marcha, não te afastes.Mistura a tua voz à voz que se levantadas chaminés e dos guindastes.

Rasgam-se os céus e a terra,a esperança cai e refaz-se.É o grito duma outra guerra:canto do homem que nasce.

Tomam forma consistenteas ilusões encobertas.Caminha, caminha em frentePara as novas descobertas.

Molda em teus dedos leaisum destino à tua imagem.Ao ódio dos vendavaisergue uma viva barragem.

Da lama do tempo imundoarranca a felicidade.Homens humanos do mundo!Homens de boa vontade!

Ouvir versão por Luís Cília (1973).

13

Canção da jornapoema: Carlos de Oliveira (de "Mãe Pobre", 1945)música: Coro da Achada

O amor de guardar ódiosagrada ao meu coração,É como um dia sem sola raiva na servidão.Há-de sentir o meu ódioquem o meu ódio mereça:ó vida, cega-me os olhosse não cumprir a promessa.E venha a morte depoisfria como a luz dos astros:que nos importa morrerse não morrermos de rastros?

14

Chora a videiraCanção da Beira Baixa

O pau da vide choraQue lhe cortaram a mãe

Chora a videiraChora o limãoChora a videirinhaNão chora não

Ó videira dá-me um cachoÓ cacho dá-me um baguinho

Chora a videiraChora o limãoChora a videirinhaNão chora não

Vós dizeis aparta apartaO vinho tinto do branco

Chora a videiraChora o limãoChora a videirinhaNão chora não

Também a mim me apartaramDe quem eu gostava tanto

Chora a videiraChora o limãoChora a videirinhaNão chora não

15

16

ChulaPopular portuguesaAdaptação de Fausto e Sérgio Godinho

Ai que linda troca de olhos, ai que linda troca de olhosFizeram-me agora ali, fizeram-me agora aliTrocaram-se os olhos pretos, trocaram-se os olhos pretosPor uns outros que eu bem vi, por uns outros que eu bem vi

Para melhor está bem, está bem, para pior já basta assimPara melhor está bem, está bem, para pior já basta assim

Tenho a chula no meu corpo, tenho a chula no meu corpoTenho o vira nos meus braços, tenho o vira nos meus braçosQuando eu trabalhar por gosto, quando eu trabalhar por gostoNem vou saber de cansaços, nem vou saber de cansaços

Para melhor está bem ...

Meu amor não me falou, meu amor não me falouFez-me linda companhia, fez-me linda companhiaAi às quatro é de noite, ai às quatro é de noiteE às cinco é de dia, e às cinco é de dia

Para melhor está bem ...

Dizem que é da justiça, dizem que é da justiça,De dar o seu ao seu dono, de dar o seu ao seu donoMas porquê entregar terras, mas porquê entregar terrasA quem as deixa ao abandono, a quem as deixa ao abandono

Para melhor está bem ...

Dizes que gostas de mim, dizes que gostas de mimO teu gosto é só um engano, o teu gosto é só um enganoTu cortas na minha vida, tu cortas na minha vidaComo a tesoura no pano, como a tesoura no pano

Para melhor está bem ...

17

Não tenho cama nem casa, não tenho cama nem casaAndo por quatro caminhos, ando por quatro caminhosDois que cheiram mal se vêem, dois que cheiram mal se vêemOutros dois com mais cheirinho, outros dois com mais cheirinho

Para melhor está bem ...

18

Cio da TerraLetra e música: Chico Buarque e Milton Nascimento

Debulhar o trigoRecolher cada bago do trigoForjar no trigo o milagre do pãoE se fartar de pão

Decepar a canaRecolher a garapa da canaRoubar da cana a doçura do melSe lambuzar de mel

Afagar a terraConhecer os desejos da terraCio da terra, a propícia estaçãoE fecundar o chão

Gravado pela primeira vez no single Milton & Chico em 1977.

19

20

Coro da Primaveraletra e música: José Afonsocanção incluída no disco Cantigas do Maio (1971)

Cobre-te canalhaNa mortalhaHoje o rei vai nu

Os velhos tiranosDe há mil anosMorrem como tu

Abre uma trincheiraCompanheiraDeita-te no chão

Sempre à tua frenteViste genteDoutra condição

Ergue-te ó Sol de VerãoSomos nós os teus cantoresDa matinal cançãoOuvem-se já os rumoresOuvem-se já os clamoresOuvem-se já os tambores

Livra-te do medoQue bem cedoHá-de o Sol queimar

E tu camaradaPõe-te em guardaQue te vão matar

Venham lavradeirasMondadeirasDeste campo em flor

21

Venham enlaçadasDe mãos dadasSemear o amor

Ergue-te ó Sol de VerãoSomos nós os teus cantoresDa matinal cançãoOuvem-se já os rumoresOuvem-se já os clamoresOuvem-se já os tambores

Venha a maré cheiaDuma ideiaP’ra nos empurrar

Só um pensamentoNo momentoP’ra nos despertar

Eia mais um braçoE outro braçoNos conduz irmão

Sempre a nossa fomeNos consomeDá-me a tua mão

Ergue-te ó Sol de VerãoSomos nós os teus cantoresDa matinal cançãoOuvem-se já os rumoresOuvem-se já os clamoresOuvem-se já os tambores

22

Cânone das fronteirasletra e música: Coro Dominguero de Sevilha tradução: Coro da Achada

diz-mediz-me lá tu se achas que isto é normalnormalque as fronteiras estejam semprefechadas à chaveque custe a vida entrarpadapadiz-mediz-meaaaaaaaaaaaaaaaaahliberdade de movimento(já!)

23

De não saber o que me esperaJosé Afonso (Canção do disco "Fura Fura", 1978)

De não saber o que me esperaTirei à sorte a minha guerraRecolhi sombras onde viraLuzes de orvalho ao meio-dia

Vítima de só haver vagaEntre uma mó e uma espadaMas que maneira bicudaDe ir à guerra sem ajuda

Viemos pelo sol nascenteVingámos a madrugadaMas não encontramos nadaSol e água sol e água

De linhas tortas haviaUm pouco de maresiaMas quem vencer esta metaQue diga se a linha é recta

24

Dos Kelbl (Donaj Donaj)Versão original de Aaron Zeitlin e Shalom Secundo.

Oyfn forl ligt a kelbl,ligt gebunden mit a shtrik.Hoykh im himl fligt a foygl,fligt un dreyt zikh hin un tsrik.

Lakht der vind in korn,lakht un lakht un lakht.Lakht er op a tog an gantsn,un a halbe nakht.

Donaj Donaj Donaj.....

Shrayt dos kelbl zogt der poyer.Ver she heyst dikh sayn a kalb ?Volst gekent dokh sayn a foygl,volzt gekent dokh zayn a shvalb.

Lakht der vind in korn,lakht un lakht un lakht.Lakht er op a tog an gantsn,un a halbe nakht.

Donaj Donaj Donaj.....

Bidne kelblekh tut men binden,un men shlept zey un men shekht.Ver z hot fligl, fligt aroyf tsui bay keynem nisht keyn knekht.

Lakht der vind in korn,lakht un lakht un lakht.Lakht er op a tog an gantsn,un a halbe nakht.

Donaj Donaj Donaj.....

25

26

Dulcineia dulcineiaPoema de José Gomes Ferreira (A Morte de D. Quixote, in Poeta Militante /Viagem do Século Vinte em Mim - 1o volume, 1977) Música de Manuel Freire(arranjo Coro da Achada)

Dulcineia, Dulcineia,volte ao que era:uma plebeiasem primavera

Volte aos redis,coberta de chagas- sem espuma em gomisnem brilho de adagas.

Volte ao que foi,pois ainda conservaum cheirinho a boi,um cheirinho a erva...

Volte a apanhar pinhase bosta para os fornos.E a tanger cabrinhascom flores nos cornos.

Volte a andar de gatascomo os outros bichos...E esqueça as serenatasaos seus caprichos.

Esqueça o casteloonde os donzéisse batiam em dueloà século XVI...

E volte à aldeiada sua labuta.

27

Dulcineia, Dulcineia,deixe de ser Ideiae torne-se a carne e a almada nova luta.

28

E o asfalto é tão largoletra: Miguel Castro Caldas música: Coro da Achada

E agora estamos aquina avenida da repúblicaoito faixas de rodagemnos separam da outra margemo sinal vai ficar verdee nós podemos passarmas temos de nos despacharporque depois fechae os carros vão avançar

e o asfalto é tão largo é tão largo

do verdepara o vermelhoe depois volta para o verdemas eu cá pensavaque as avenidas novaseram novas mas olhaafinal já são velhas

e é tão largo tão largo tão largo

o sinal vai para piore eu fui desta para melhorestou muito mal empregadotratado assim como gadovou esperar mais um minutomas depois em vez de atravessarvou ficar no meio a conversar

e agora estamos aquina avenida da liberdadesão cem metros de compridoque podem ter um sentidocom licença com licençatenho a vida para viver

29

os donos do momentosomos nós e não o vento

e o asfalto é tão largo é tão largo

amor avenidas novaspraça de Londres a arder

30

E più non canto

E più non canto, e più non balloperché ’l mio amore l’è andà soldà.

L’è andà soldato l’è andà alla guerraE chi sa quando ritornerà.

Faremo fare ponte di ferroPer traversare di là dal mar.

Quando fu stato di là dal mareEd un bel giovane l’incontrò.

M’ha detto: Giovane, caro bel giovaneAvete visto il mio primo amor?

Si, si l’ho visto in piazza d’armiChe lo portavano a seppellir.

31

32

El Ejército del EbroTambém conhecida como Ay Carmela. É uma música republicana cantadadurante a Guerra Civil Espanhola.

El Ejército del Ebro,rumba la rumba la rumba la.El Ejército del Ebro,rumba la rumba la rumba launa noche el río pasó,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!una noche el río pasó,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!

Y a las tropas invasoras,rumba la rumba la rumba la.Y a las tropas invasoras,rumba la rumba la rumba labuena paliza les dio,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!buena paliza les dio,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!

El furor de los traidores,rumba la rumba la rumba la.El furor de los traidores,rumba la rumba la rumba lalo descarga su aviación,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!lo descarga su aviación,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!

Aqui podem ouvir várias versões, como a El Paso Del Ebro, Ay Carmelae Viva la Quinta Brigada (sendo esta ultima uma versão chilena feita porRolando Alarcon).

33

Pero nada pueden bombas,rumba la rumba la rumba la.Pero nada pueden bombas,rumba la rumba la rumba ladonde sobra corazón,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!donde sobra corazón,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!

Contraataques muy rabiosos,rumba la rumba la rumba la.Contraataques muy rabiosos,rumba la rumba la rumba ladeberemos resistir,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!deberemos resistir,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!

Pero igual que combatimos,rumba la rumba la rumba la.Pero igual que combatimos,rumba la rumba la rumba laprometemos resistir,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!prometemos resistir,¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!

34

En el pozo María LuisaEn el pozo María Luisa, também conhecida como Santa Bárbara Bendita é umacanção popular dos mineiros asturianos e leoneses.

En el pozo María Luisatranlaralará, tranlará, tranlarámurieron cuatro minerosmira, mira Maruxina mira,mira como vengo yo

Traigo la camisa rojatranlaralará, tranlará, tranlaráde sangre de un compañeromira, mira Maruxina mira,mira como vengo yo

Traigo la cabeza rotatranlaralará, tranlará, tranlaráque me la rompió un barrenomira, mira Maruxina mira,mira como vengo yo

Santa Bárbara bendita,tranlaralará, tranlará, tranlarápatrona de los minerosmira, mira Maruxina mira,mira como vengo yo

Mañana son los entierros,tranlaralará, tranlará, tranlaráde esos pobres compañerosmira, mira Maruxina mira,mira como vengo yo.

35

En la plaza de mi pueblo

En la plaza de mi pueblodijo el jornalero al amo"Nuestros hijos naceráncon el puño levantado".

Esta tierra que no es míaesta tierra que es del amola riego con mi sudorla trabajo con mis manos.

Pero dime, compañero,si estas tierras son del amo¿por qué nunca lo hemos vistotrabajando en el arado?

Con mi arado abro los surcoscon mi arado escribo yopáginas sobre la tierrade miseria y de sudor.

36

Encontrei um banqueiro

Encontrei um banqueiroque acumulava dinheiroe mandava toda a gente trabalhar

Emprestava dinheiroe roubava o mundo inteirodeu-me um tostão mas estava preso ao alcatrão

Estamos fartos de senhoresPelos cabelos com estuporesNão me peçam para engolir istoDe mudar a vida não desisto

Não, nãoNão, não não me peças páQue lamba as botas do marajá

Letra francesa original:

Ils ont commencé la saisonEn fauchant les moissonsAvec les sabots de leurs coursiersIls sont venus à la maisonIls ont pris les garçonsSans demander permission !Je les ai vu courber l’échineSous les coups de fouet qui pleuvaientCordes d’acier bardées d’épinesQui les mordaient, les saignaient.

Non, ne me demandez pasDe saluer les archers du Roi

37

Et tout là-haut sur la colline,la potence est dresséePour pendre ceux qu’on a condamnésOn y accroche au matinLe mendiant qui a faim,le bandit de grands chemins,Celui qui, dans sa misère,Voulut maudire le nom du RoiParce qu’il lui avait pris sa terre,Son blé, sa réserve de bois.

Derrière chez moi il y avaitune fille que j’aimaiset qui m’avait donné ses printemps.Mais un jour on l’a emmenéePour aller assisterA la noce d’un archer !J’ai vu des tours tomber la pierreJ’ai entendu les gens hurlerSon corps fut jeté sans prièresSur le bas-côté d’un fossé.

38

Eu vou ser como a toupeiraLetra e música: José Afonso Álbum: Eu vou ser como a toupeira Ano: 1972

Eu vou ser como a toupeiraQue esburacaPenitência, diz a hidraQuando há secaEu vou ser como a gibóiaQue atormentaNao há luz que não se vejaDa charneca

E não me digas que agoraEstás à esperaPenitência diz a hidraQuando há secaE se te enfias na tocaÉs como ela

Quero-me à minha vontadeNão na tuaO hidra, diz-me a verdadeNua e cruaMais vale dar numa sarjetaQue na mãoDe quem nos inveja a vidaE tira o pão

39

Gafanhoto CaracolLetra: Mário Dionísio Música: Fernando Lopes Graça Marchas Danças eCanções, 1946 (retirado de circulação pela PIDE)

À roda, à roda, companheiros,todos amigos bons irmãos.À roda, à roda dos pinheiros,cabelo ao vento, as mãos nas mãos!

Gafanhoto, caracol,pintassilgo, lagartixa,todos sabem esta moda.Madre-silva, girassol,pintassilgo, lagartixa,rebenta a bicha,alarga a roda!

À roda, à roda desta barca,se queres cantar tens de saber.Deixem-me entrar, foge lagarta!Quero ir à escola para aprender.

Gafanhoto, caracol, ...

À roda, à roda, manhã cedo,que bom correr, que bom saltar!Nada nos pode meter medo,nada nos pode separar!

Gafanhoto, caracol, ...

À roda, à roda, à beira-rio!Em frente, em frente, a andar, a rir,contra a tristeza e contra o frio,um mundo alegre construir!

Gafanhoto, caracol, ...

40

GoriziaCanção anti-militarista italiana de 1916 que se refere à batalha de Gorizia,durante a primeira grande guerra mundial.

La mattina del cinque d’agostosi muovevan le truppe italianeper Gorizia, le terre lontanee dolente ognun si partì

Sotto l’acqua che cadeva al rovescio[variante: che cadeva a rovesci]grandinavan le palle nemichesu quei monti, colline e gran vallisi moriva dicendo così:

O Gorizia tu sei maledettaper ogni cuore che sente coscienzadolorosa ci fu la partenzae il ritorno per molti non fu

O vigliacchi che voi ve ne statecon le mogli sui letto di lanaschernitori di noi carne umanaquesta guerra ci insegna a punir

Voi chiamate il campo d’onorequesta terra di là dei confiniQui si muore gridando assassinimaledetti sarete un dì

Cara moglie che tu non mi sentiraccomando ai compagni vicinidi tenermi da conto i bambiniche io muoio col suo nome nel cuor

41

Traditori signori ufficialiChe la guerra l’avete volutaScannatori di carne venduta[altra versione: ’Schernitori di carne venduta’]E rovina della gioventù[altra versione: ’Questa guerra ci insegna così’]

O Gorizia tu sei maledettaper ogni cuore che sente coscienzadolorosa ci fu la partenzae il ritorno per molti non fu.

42

Hanging On The Old Barbed WireCanção inglesa cantada na Primeira Grande Guerra (1914-18) pelos soldadosnas trincheiras e conhecida em muitas versões diferentes. Hanging ont theold barbed wire satiriza a hierarquia militar. Quem é que no fim de contas écarne para canhão?

If you want to find the generalI know where he isI know where he isI know where he isIf you want to find the generalI know where he isHe’s pinning another medal on his chestI saw him, I saw himPinning another medal on his chestPinning another medal on his chest

If you want to find the colonelI know where he isI know where he isI know where he isIf you want to find the colonelI know where he isHe’s sitting in comfort stuffing his bloody gutI saw him, I saw himSitting in comfort stuffing his bloody gutSitting in comfort stuffing his bloody gut

If you want to find the seargentI know where he isI know where he isI know where he isIf you want to find the seargentI know where he isHe’s drinking all the company rumI saw him, I saw himDrinking all the company rumDrinking all the company rum

43

If you want to find the privateI know where he isI know where he isI know where he isIf you want to find the privateI know where he isHe’s hanging on the old barbed wireI saw him, I saw himHanging on the old barbed wireHanging on the old barbed wire

44

Hotaru KoiCanção infantil japonesa cujo título significa Venham, Pirilampos!. Foiescrita pelo professor primário Sanjo Rukitchi.

Hou Hou Houtaru KoiAtchi no izu wa Nigai zouKotchi no Mizu wa Amai zouHou Hou Houtaru KoiHou Hou Yamamichi Koi

45

La bande à Riquiquide Jean Baptiste Clément (1884)

Bien qu’on nous dise en République,qui tient encore , comme autrefois,la finance et la politique,les hauts grades et les bons emplois,qui s’enrichit et fait ripaille,qui met le peuple sur la paille,

C’est qui? C’est qui?Toujours la bande à Riquiqui

Les mots ne donnent pas de paincar nous voyons dans la grand’villetravailleurs cherchant un asile,et enfants un morceau de pain.Qui fait payer, toujours payer,le paysan et l’ouvrier?

C’est qui? C’est qui?Toujours la bande à Riquiqui

Bien qu’on nous dise en république,il reste encore tout à changer.On nous parle de la politique,on nous laisse sans rien à manger.Et qui se moque, la panse pleine,que tout le peuple meure à la peine?

C’est qui? C’est qui?Toujours la bande à Riquiqui

46

La fera ferotgeCanção do cantor e compositor valenciano Ovidi Montllor, 1968.

Per ordre de l’Alcaldees fa saber a tothomque una fera ferotgedel parc s’escaparà.Es prega a les senyorescompren força alimentsi no surten de casafins que torne el "bon temps".

Tot el que tinga cotxeque fota el camp corrent,i se’n vaja a la platja,a la torre o als hotels.

L’Alcalde s’encarrega,fent ús dels seus poders,de la fera ferotgedeixar-la sense dents.El que això no acompleixcaque no es queixe despréssi per culpa la feraell rep algun torment.

Jo que no tinc ni casa,ni cotxe, ni un carretem vaig trobar aquell diala fera en el carrer.

Tremolant i mig mort:-Ai Déu, redéu, la fera!I en veure’m tan fotutem va dir molt planera:

-Xicot, per què tremoles?Jo no te’n menjaré.-I doncs, per què t’escapesdel lloc que tens marcat?

47

-Vull parlar amb l’Alcaldei dir-li que tinc fam,que la gàbia és petita,jo necessite espai.Els guàrdies que la veuenla volen atacar,la fera es defensa,no la deixen parlar.

Com són molts i ella és sola,no pot i me l’estoven.I emprenyats per la feina,a la gàbia me la tornen.

Per ordre de l’Alcaldees fa saber tothomque la fera ferotgeja no ens treurà la son.I gràcies a la forçano ha passat res de nou,tot és normal i "maco"i el poble resta en pau. Au!

48

La LegaLa lega é uma canção popular italiana de Pádua, cantada pelas mulheres quecultivam arroz no Vale do Pó.

Sebben che siamo donnepaura non abbiamoper amor dei nostri figliper amor dei nostri figli

sebben che siamo donnepaura non abbiamoper amor dei nostri figliin lega ci mettiamo

A oilì oilì oilà e la lega cresceràe noialtri socialisti, e noialtri socialistia oilì oilì oilà e la lega cresceràe noialtri socialisti vogliam la libertà

E la libertà non vieneperché non c’è l’unionecrumiri col padronecrumiri col padrone

e la libertà non vieneperché non c’è l’unionecrumiri col padroneson tutti da ammazzar

A oilì oilì oilà e la lega cresceràe noialtri socialisti, e noialtri socialistia oilì oilì oilà e la lega cresceràe noialtri socialisti vogliam la libertà

La lega é uma canção popular italiana de Pádua, cantada pelas mul-heres que cultivam arroz no Vale do Pó. É um símbolo da revolta dos tra-balhadores agrícolas contra os seus patrões no fim do século XIX, quandoas associações de trabalhadores começaram a ser criadas. Pode ser ouvidano filme 1900 de Bernardo Bertolucci.

49

Sebben che siamo donnePaura non abbiamoabbiam delle belle buone lingueabbiam delle belle buone lingue

sebben che siamo donnepaura non abbiamoabbiam delle belle buone linguee ben ci difendiamo

A oilì oilì oilà e la lega cresceràe noialtri socialisti, e noialtri socialistia oilì oilì oilà e la lega cresceràe noialtri socialisti vogliam la libertà

E voialtri signoroniche ci avete tanto orgoglioabbassate la superbiaabbassate la superbia

e voialtri signoroniche ci avete tanto orgoglioabbassate la superbiae aprite il portafoglio

A oilì oilì oilà e la lega cresceràe noialtri lavoratori, e noialtri lavoratoria oilì oilì oilà e la lega cresceràe noialtri lavoratoriI vuruma vess pagà

A oilì oilì oilà e la lega cresceràe noialtri socialisti, e noialtri socialistia oilì oilì oilà e la lega cresceràe noialtri socialisti vogliam la libertà

50

Le forbanTradicional francesa. Julga-se ser uma canção de prisioneiros do porto deBrest do século XVIII.

A moi forban que m’importe la gloireLes lois du monde et qu’importe la mort?Sur l’océan j’ai planté ma victoireEt bois mon vin dans une coupe d’or.Vivre d’orgie est ma seule espéranceLe seul bonheur que j’aie pu conquérirSi sur les flots j’ai passé mon enfanceC’est sur les flots qu’un forban doit mourir.

Vin qui pétilleFemme gentilleSous des baisers brûlants d’amourPlaisir, batailleVive la canaille!Je bois, je chanteEt je tue tour à tour.

Peut-être au mât d’une barque étrangèreMon corps un jour servira d’étendardEt tout mon sang rougira la galèreAujourd’hui fête et demain le hazard.Allons, esclave, allons, debout mon braveBuvons le vin et la vie à grands potsAujourd’hui fête et puis demain peut-êtreMa tête ira s’engloutir dans les flots.

51

Vin qui pétilleFemme gentilleSous des baisers brûlants d’amourPlaisir, batailleVive la canaille!Je bois, je chanteEt je tue tour à tour.Peut-être un jour par un coup de fortuneJe captur’rai l’or d’un beau galionRiche à pouvoir vous acheter la luneJe partirai vers d’autres horizons.Là respecté tout comme un gentil’hommeMoi qui ne suis qu’un forban, qu’un banditJe pourrai comme un fils d’un roi, tout comme,Mourir peut-être dedans un bon lit.

Vin qui pétilleFemme gentilleSous des baisers brûlants d’amourPlaisir, batailleVive la canaille!Je bois, je chanteEt je tue tour à tour.

52

Les CanutsA revolta dos Canuts, em Lyon, em Novembro de 1831, foi uma das primeirasinsurreições operárias. Quando ocuparam Lyon, os Canuts, que trabalhavam18 horas por dia por baixos salários, gritavam «Viver livre trabalhando oumorrer combatendo». Muitos morreram quando o rei Luís Filipe I mandoureprimir a revolta. Os Canuts inventaram algumas das primeiras formas deorganização operária: sociedades de socorro mútuo, conselhos ecooperativas.

Pour chanter Veni CreatorIl faut porter chasuble d’or (bis)Nous en tissons pour vous gens de l’égliseEt nous pauvres canuts n’avons pas de chemiseC’est nous les canutsNous allons tout nus

Pour gouverner il faut avoirManteaux et rubans en sautoir (bis)Nous en tissons pour vous grands de la terreEt nous pauvres canuts sans drap on nous enterreC’est nous les canutsNous allons tout nus

Mais notre règne arriveraQuand votre règne finira (bis)Nous tisserons le linceul du vieux mondeCar on entend déjà la révolte qui grondeC’est nous les canutsNous n’irons plus nus

53

Limões oh limõesPoema: Mário Dionísio Música: Pedro e Diana

Com as ancas cingidasnuma chita liláslimões oh limõespela beira do rio

Com um chinelo azulo outro pé descalçolimões oh limõesde rua em rua

Com os seios mal púberesum menino nos braçoslimões oh limõespor toda a cidade

54

Little Boxesde Malvina Reynolds (1962)

Little boxes on the hillside,Little boxes made of ticky tacky,Little boxes on the hillside,Little boxes all the same.There’s a pink one and a green oneAnd a blue one and a yellow one,And they’re all made out of ticky tackyAnd they all look just the same.

And the people in the housesAll went to the university,Where they were put in boxesAnd they came out all the same,And there’s doctors and lawyers,And business executives,And they’re all made out of ticky tackyAnd they all look just the same.

And they all play on the golf courseAnd drink their martinis dry,And they all have pretty childrenAnd the children go to school,And the children go to summer campAnd then to the university,Where they are put in boxesAnd they come out all the same.

And the boys go into businessAnd marry and raise a familyIn boxes made of ticky tackyAnd they all look just the same.There’s a pink one and a green oneAnd a blue one and a yellow one,And they’re all made out of ticky tackyAnd they all look just the same.

55

56

L’estacaLetra e música de Lluís Llach (1968)

L’avi Siset em parlavade bon matí al portal,mentre el sol esperàvemi els carros vèiem passar.

Siset, que no veus l’estacaa on estem tots lligats?Si no podem desfer-nos-enmai no podrem caminar!

Si estirem tots ella caurài molt de temps no pot durar,segur que tomba, tomba, tomba,ben corcada deu ser ja.

Si jo l’estiro fort per aquíi tu l’estires fort per allà,segur que tomba, tomba, tombai ens podrem alliberar.

Però Siset, fa molt temps jales mans se’m van escorxanti quan la força se me’n vaella es més forta i més gran.

Ben cert sé que està podridai és que, Siset, pesa tantque a cops la força m’oblida,torna’m a dir el teu cant

Si estirem tots ella caurài molt de temps no pot durar,segur que tomba, tomba, tomba,ben corcada deu ser ja.

57

Si jo l’estiro fort per aquíi tu l’estires fort per allà,segur que tomba, tomba, tombai ens podrem alliberar.

L’avi Siset ja no diu res,mal vent que se’l va emportar,ell qui sap cap a quin indreti jo a sota el portal.

I, mentre passen els nous vailets,estiro el coll per cantarel darrer cant d’en Siset,el darrer que em va ensenyar.

Si estirem tots ella caurài molt de temps no pot durar,segur que tomba, tomba, tomba,ben corcada deu ser ja.

Si jo l’estiro fort per aquíi tu l’estires fort per allà,segur que tomba, tomba, tombai ens podrem alliberar.

58

Minha CançãoLetra: Chico Buarque Composição: Sergio Bardotti / L. Enriquez Bacalov /Chico Buarque Ano: 1977 Álbum/peça: Os Saltimbancos

Dorme a cidadeResta um coraçãoMisteriosoFaz uma ilusãoSoletra um versoLavra a melodiaSingelamenteDolorosamenteDoce a músicaSilenciosaLarga o meu peitoSolta-se no espaçoFaz-se a certezaMinha cançãoRéstia de luz ondeDorme o meu irmão

Dorme a Cidade foi uma das canções de Chico Buarque para a ver-são portuguesa do musical infantil Os Saltimbancos. O musical foi escritooriginalmente por Sergio Bardotti e Luis Enríquez Bacalov. Foi inspiradono conto Os Músicos de Bremen dos Irmãos Grimm. Estreou no TeatroCanecão no Rio de Janeiro em 1977. Ver fonte.

59

60

MullerCanção galega de Fuxan os Ventos (Letra: María Docampo / Música: Popular/ Xosé Luís Rivas Cruz)

Recitado inicial (feminino)A meu gaiteriño,ainda me acordo,cando baixabas polo monte abaixo,e viñasme ti dicindo.

[Cantado]Bota carne no pote, Marianiña,bota carne no pote, Marianá,un molete enteiro. enservelletado,unha bota con viño, chupáená!

[Home]Muller, fartura de loitaqué che hei decire eu, muller?!Se ti és coma a terra nosa,e a terra é coma ti é!e a terra é coma ti é!Ailalelo ailalalo.

[Coro]Deixeivos a entrambas soiasanque convosco eu quedeiValeira quedou a terrati, sementada, abofé.Valeira quedou a terrati, sementada, abofé.

61

E o vento deciapronto hei de volver!,pra tira-la fame, pra poder comer.E o vento deciapronto hei de volver!,pra tira-la fame, pra poder comer.Pra tira-la fame, pra poder comer.

[Home]Ai, muller, cántas noitiñas,te deitaches coa tristura?,e o vento, frio traguía,as novas dos que marmuran.As novas dos que marmuranAilalelo. Ailalalo.

E o vento decia,pronto hei de volver...

RECITADO FINAL:Ti és o milagre da terrae a terra é un milagre teumistura de mel e cernade fera e de anxo do ceo.Pariches de pé o fillo,como fan no monte as bestas.E hoxe que volto vencido,para que eu venza ti te deitas.O voltar, qué che hei decir?!Maldito o día e a horaen que vos deixei aquípra percurar vida fora!O inverno da emigraciónroubóunos a primavera,quen eu era, xa non son,e ti non és a que eras!Xa poden os leiros darcolleitas ben abondosas,poden en Madrí falarcon palabras ben fermosas,

62

que nunca, nunca nos han pagara nosa fame de outrora!

E O VENTO DECíA,PRONTO HEI DE VOLVERPRA TIRA-LA FAME,PRA PODER COMER...

63

Mãosletra de Regina Guimarães música do Coro da Achada

Mãos vazias às mãos cheiaspara se darem ou não- ai quem dera tropeçare cair em mãos alheias.

Mãos na ilharga ou na massasuando e fazendo suascoisas que outrora eram de outrose depois em pausa em pose.

Mãos capazes de pensaraptas a crer sem ter visto- e se mão sou entre mãospersisto até me enganar.

Mãos construindo palavrasque o vento não levará:em bruxas não acreditoporém que as há... há.

Mãos que devem temem tomamtiram atiram aturampegam apagam e pagamquem tem duas mãos tem tudo

mas ter uma é mais que nada.

64

Natal dos simplesLetra e música: José Afonso Álbum: Cantares do Andarilho Ano: 1968

Vamos cantar as janeirasVamos cantar as janeirasPor esses quintais adentro vamosÀs raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadasVamos cantar orvalhadasPor esses quintais adentro vamosÀs raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorteVira o vento e muda a sortePor aqueles olivais perdidosFoi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serraMuita neve cai na serraSó se lembra dos caminhos velhosQuem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesaQuem tem a candeia acesaRabanadas pão e vinho novoMatava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjuraJá nos cansa esta lonjuraSó se lembra dos caminhos velhosQuem anda à noite à ventura

65

Pior que não cantarPoema de Mário Dionísio (1978) publicado no livro Terceira Idade. Música deJoão Caldas.

Pior que não cantaré cantar sem saber o que se canta

Pior que não gritaré gritar só porque um grito algures se levanta

Pior que não andaré ir andando atrás de alguém que manda

Sem amor e sem raiva as bandeiras são panoque só vento electrizaem ruidosa confusãode engano

A Revoluçãonão se burocratiza

66

Que tu es fortPoema de Mário Dionísio do livro Le feu qui dort (1967)

Que tu es fortQue tu es faibleOn me l’a dit

Vrai ou pas vraije me le disun peu déçupresque content

C’est bien le prixconvenude tourner à tout vent

67

Rebel songde James Connolly

Come, workers, sing a rebel song,A song of love and hate;Of love unto the lowlyAnd of hatred to the great,The great who trod our fathers down,Who steal our children’s bread,Whose hands of greed are stretch’d to robThe living and the dead.

Refrão:Then sing our rebel songAs we proudly sweep alongTo end the age-old tyrannyThat makes for human tears.Our march is nearer doneWith each setting of the sun,And the tyrant’s might is passingWith the passing of the years.

We sing no song of wailing,And no songs of sights or tears,High are our hopes and stout our hearts,And banished all our fears.Our flag is raised above us,So that all the world may see,’Tis Labour’s faith and Labours armAlone can Labour free.

Refrão

68

Out of the depths of misery,We march with hearts aflame,With wrath against the rulers false,Who wreck our manhood’s name.The serf who licks the tyrant’s rod,May bend forgiving knee;The slave who breaks his slav’ry’s chain,A wrathful man must be.

Refrão

Our army marches onwardwith its face towards the dawn,In trust secure in that one thingthe slave may lean upon,The might within the arm of himwho, knowing freedom’s worth,Strikes home to banish tyrannyfrom off the face of earth

Refrão

69

Tiro no lirode José Mário Branco (1985)

Na zoologia do fala-sóHá muitos animais de tiroHá o tiro-liro-liro e não sóTambém o tiro-liro-ló

Seja tiro-liro ou tiro-lóO tiro-liro leva tiroQue é o mesmo que três liros e um lóFeridos por um tiro só

Quem dá o tiro no liroVai p’ró chilindróQuem dá o tiro no lóAnda de pó-pó

Lá em cima está o tiro-liro-liroCá em baixo o tiro-liro-ló

Mas o liro que eu prefiro é o lóQue ao liro-liro tira o tiroPois enquanto o ló transpira no póO liro tira o pão do ló

Há-de vir o dia em que o liro-lóSerá igual ao liro-liroCom a concertina e o sol-e-dóUnidos por um tiro só

Quem dá o tiro no liroVai p’ró chilindróQuem dá o tiro no lóAnda de pó-pó

Lá em cima está o tiro-liro-liroCá em baixo o tiro-liro-ló

70

Videira novade José Mário Branco (1985)

Os europeus engordadosTêm no mundo mil escravos

Refrão x2:Taça de brancoCopo de tintoTu escavas o ouroE eu dou-te um quinto

Ontem treino de balísticaHoje é viagem turística

Refrão

Lusofonia no paleioNos bairros há tiroteio

Refrão

Tolero a tua dissonânciaDesde que seja à distância

Refrão

De chandòri à mourariaMuda a água da companhia

Refrão

71

Vou-me embora vou partirCanção popular portuguesa (Alentejo)

Vou-me embora, vou partir mas tenho esperançade correr o mundo inteiro, quero irquero ver e conhecer rosa brancae a vida do marinheiro sem dormir

E a vida do marinheiro branca florque anda lutando no mar com talentoadeus adeus minha mãe, meu amoreu hei-de ir hei-de voltar com o tempo

Conteúdo

Abril 74 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4Addigo a Lugando . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6As ferias de Santa Clara . . . . . . . . . . . . . . . . . 8As papolias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9Can de palleiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10Canto de Esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12Canção da jorna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13Chora a videira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14Chula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Cio da Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18Coro da Primavera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20Cânone das fronteiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22De não saber o que me espera . . . . . . . . . . . . . . 23Dos Kelbl (Donaj Donaj) . . . . . . . . . . . . . . . . 24Dulcineia dulcineia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26E o asfalto é tão largo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28E più non canto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30El Ejército del Ebro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32En el pozo María Luisa . . . . . . . . . . . . . . . . . 34En la plaza de mi pueblo . . . . . . . . . . . . . . . . 35Encontrei um banqueiro . . . . . . . . . . . . . . . . . 36Eu vou ser como a toupeira . . . . . . . . . . . . . . . 38Gafanhoto Caracol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39Gorizia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40Hanging On The Old Barbed Wire . . . . . . . . . . . 42Hotaru Koi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44La bande à Riquiqui . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45La fera ferotge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46La Lega . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48Le forban . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

73

74 CONTEÚDO

Les Canuts . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52Limões oh limões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53Little Boxes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54L’estaca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56Minha Canção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58Muller . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60Mãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63Natal dos simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64Pior que não cantar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65Que tu es fort . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66Rebel song . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67Tiro no liro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69Videira nova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70Vou-me embora vou partir . . . . . . . . . . . . . . . . 71