curso de desintoxicação do Ódio político

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Curso destinado à desmascarização de notícias veiculadas pela imprensa com o intuito de esconder os problemas vicerais da sociedade e incentivar ao ódio.

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  • http://cbjm.wordpress.com

  • PARTE EXPLICATIVA

    INTRODUO . O problema . A funo do jornalista como manipulador . Os "indignados teis" . O paroxismo do dio . A ideia do novo Curso

    AVISO LEGAL

    A IMPORTNCIA DO DIO PARA O SUCESSO DA MANIPULAO POLTICA . O "gerenciamento do dio" . As razes bvias para a estimulao do dio . A razo extra para o incentivo ao dio COMO CULTIVAR O DIO NOS CONSUMIDORES DE NOTCIAS . 1. O poo humano de insatisfaes Lio nmero 1 A insatisfao existencial . 2. A frustrao adicional Lio nmero 2 A vivncia imposta de uma frustrao . 3. A ameaa ao bem-estar pessoal Lio nmero 3 A violao ao bem-estar pessoal . 4. O responsvel pela frustrao Lio nmero 4 A responsabilizao do adversrio poltico . 5. O aproveitamento do potencial de reao agressiva Contedo especfico da manipulao Efeito da manipulao no manipulado Predisposio agresso Validao e incentivo agresso Lio nmero 5 A validao e a moldagem da agresso . 6. A criao do hbito 1. A demonizao do alvo. 2. A rapidez da resposta dos manipulados. 3. O hbito que se torna vcio. 4. A autonomia obediente dos manipulados. Lio nmero 6 A criao dos hbitos de responsabilizao e de agresso . 7. A explorao do hbito Lio nmero 7 O estgio do vcio

    . 8. A evoluo para o dio Lio nmero 8 A convivncia justificada com o dio

  • . 9. A catarse pblica Lio nmero 9 A cereja do bolo da manipulao: a catarse pblica FATORES FAVORVEIS AO SUCESSO DA MANIPULAO . Domnio dos principais veculos da mdia . Contgio social . Persistncia e congruncia . Ausncia de referncias polticas passadas . Desinteresse do brasileiro pela poltica internacional . Insatisfao social de classe . Hiato temporal entre a verso e o fato FATORES COMPLICADORES DO SUCESSO DA MANIPULAO . A alienao poltica do brasileiro . A ndole afetuosa do brasileiro . A conscientizao social da atividade de manipulao jornalstica . O desenvolvimento do esprito crtico . Fontes alternativas de informao . A necessidade de ampliao do leque dos militantes odientos QUESTES TICAS, MORAIS E TCNICAS SOBRE A MANIPULAO . A amoralidade intrnseca manipulao O teste de (falta de) carter A questo da culpa no manipulador Os prejuzos gerados aos manipulados O mal que fazemos a quem nos ajuda A verdadeira natureza da atividade manipulativa na poltica O paralelismo destrutivo O mundo dos carneirinhos A lei da ocultao dos ganhos e das perdas O enquadramento de teste O risco real de um processo criminal . A vivncia da pessoa manipulada As fases da manipulao bem-sucedida Fato Significado do fato Reao ao fato Pressupostos da atuao do manipulado Impresso de urgncia Iluso de participao efetiva A Grande Iluso Benefcios adicionais Sensao intensa de vida Integrao a um grupo Sensao de estar lutando por seus objetivos e valores

  • . A importncia do estmulo ao vira-latismo . O transe manipulativo . A esquizofrenia estratgica . A sndrome do motorista de txi ANATOMIA PSICOLGICA DO DIO . A vivncia do dio . A estrutura do dio Foco temporal Modalidade Envolvimento pessoal Intensidade Comparao Tempo Critrio Abrangncia do foco de ateno . A mensagem do dio . A ambivalncia interna . A ambivalncia externa . A relao entre o dio e a Sombra . A justificativa conveniente . A intolerncia em relao diferena . O rtulo liberador . A liberao do mpeto destrutivo . A vitria dos sentimentos "negativos" . O dio e o gostinho da morte . Os temperamentos pessoal e nacional, e sua relao com o dio . O desejo sexual oculto . O Casal Diablico da poltica nacional

  • CURSO DE DESINTOXICAO DO DIO POLTICO

    INTRODUO

    O problema

    H muito, ns, os professores do Curso Bsico de Jornalismo Manipulativo, vimos notando uma preocupante tendncia entre nossos alunos. Embora, durante o Curso, faamos questo de observar

    repetidamente que as tcnicas de manipulao tm por alvo o grande pblico, ou seja, os consumidores de notcias polticas, muitos desses

    alunos acabaram assimilando as atitudes agressivas estimuladas em nossos leitores pela aplicao das tcnicas do Curso Bsico.

    O resultado? Carregam demais na emoo ao escreverem seus textos, perdendo com isso a frieza necessria boa aplicao das tcnicas de

    manipulao jornalstica. Alguns editores tm se queixado de que as matrias desses profissionais se assemelham aos textos de certos colunistas raivosos ou s participaes de annimos em caixas de

    comentrios da Web. Esse deslize profissional acarreta edies longas e trabalhosas, alm da perda de tempo precioso. H relatos, tambm, de

    casos de desavenas na vida pessoal de nossos alunos, motivadas por excesso de envolvimento poltico.

    A situao descrita acima equivale a um traficante de drogas se tornar dependente de drogas, a um autor de autoajuda praticar as baboseiras

    impingidas a seus leitores, ou a um publicitrio acreditar nas falsas virtudes dos produtos exaltados em suas peas enganosas.

    Um exemplo clssico de exacerbao emocional:

  • Foto copiada da Web

    Que xingamento voc ouve internamente ao pensar nessa educada senhora?

    (Adendo importante: no estamos afirmando que ela tenha sido nossa

    aluna. At porque proibido aos professores dos Cursos citar nominalmente qualquer aluno.)

    Outros exemplos de exacerbao emocional, no to clssicos, mas recorrentes:

  • Outro, um pouco mais chocante:

    A funo do jornalista como manipulador

    Nosso objetivo como manipuladores sociais criar iluses que convenam e, eventualmente, prejudiquem outras pessoas, e no a ns

    mesmos.

    Sempre ressaltamos nas aulas que cada grupo cumpre uma funo

    especfica no esquema geral. Cabe ao jornalista manipular, e ao leitor reagir. As atitudes agressivas devem ser contedo exclusivo dos chamados "indignados teis" (link abaixo para a origem da expresso), ou seja, dos

    leitores "convertidos" nossa causa.

    http://blogdomello.blogspot.com.br/2014/04/midia-corporativa-e-instituto-millenium.html

    No Curso Bsico no treinamos os chamados "instigadores da Sombra", jornalistas e articulistas que tm a funo, por meio de seu comportamento

    raivoso, de estimular diretamente uma reao semelhante em seus leitores. Essa outra funo poltica valiosa, de que tratamos somente no Curso Avanado de Jornalismo Manipulativo. A funo dos alunos do Curso Bsico

    estimular indiretamente a agressividade dos leitores, por meio do contedo dos textos e reportagens.

    Os "indignados teis"

    Qualquer pessoa sensata que navegue, mesmo ocasionalmente, pelas redes sociais reconhecer o extraordinrio efeito do trabalho de

    manipulao realizado por nossos alunos. Criou-se uma notvel gerao de "indignados teis", prontos a explodir em xingamentos, acusaes e comentrios raivosos ao menor estmulo da nossa parte.

    Basta uma manchete safadinha, um ttulo oposicionista, uma "levantada de bola" qualquer, e esse dedo apontado para os nossos adversrios

    seguido instantaneamente por uma multido de leitores raivosos, sedentos de um novo linchamento virtual.

    Como bem notou um de nossos alunos, essa gerao de leitores parece se comprazer com a vivncia de "dio borbulhante". Tornaram-se

    dependentes de uma carga diria de estimulao agressiva. Querem sempre mais e mais lhes damos. Quantos no passaram, eles mesmos, a buscar ou a produzir situaes extras de liberao do dio? Alguns chegaram a perpetrar imagens histricas, como esta:

  • "Diagnstico" de uma mdica

    Foto copiada da Web

    Ou esta:

    Nasci no pas errado

    Foto copiada da Web

  • Ou esta:

    Canibalismo poltico

    Foto de Marcos Bezerra

    O paroxismo do dio

    Se h um paroxismo do prazer, h tambm um paroxismo do dio, um orgasmo, um xtase na expresso ilimitada da agressividade pessoal.

    Tudo bem, se os comportamentos tresloucados se limitarem aos consumidores de notcias, instigados por ns.

    Cartum de Alves

  • Ou mesmo se os nossos auxiliares na mdia impressa e virtual (artistas,

    pensadores, blogueiros etc.) mergulharem em sua piscina particular de dio.

  • Mas tudo mal, se ns mesmos passarmos a nos contaminar com o dio

    que cultivamos diariamente em nossos consumidores de notcias.

    Esse o problema.

    A ideia do novo Curso

    H pouco mais de dois meses, ns, os professores dos Cursos,

    conversvamos sobre o extraordinrio resultado obtido por nossos alunos,

  • de alguns anos para c. Mudamos o estado de esprito do Brasil. A destacar,

    os seguintes feitos:

    . "Provar" a inutilidade ou a falsidade de todas as conquistas importantes do grupo ocupante do poder central;

    . Instigar a populao contra seus benfeitores (aqueles que criaram uma situao de pleno emprego, de incluso social de milhes de brasileiros, de

    oportunidades inditas de estudo, de acesso amplo a bens e viagens etc.);

  • . Esconder habilmente os escndalos de responsabilidade de nossos

    aliados polticos, alguns com o auxlio preguioso da Justia (o encobrimento, claro, no o prprio escndalo);

    Nenhuma meno ao PSDB, claro.

    . Associar a ideia de corrupo unicamente ao partido atualmente no poder, embora os partidos de nossos aliados sejam os mais afetados pelas

    cassaes polticas e condenaes jurdicas;

  • Ranking da cassao divulgado pelo Ministrio Pblico Federal em 2013.

    http://www.prpa.mpf.mp.br/institucional/prpa/campanhas/politicoscassadosdossie.pdf

    . Trazer de volta do passado o "complexo de vira-latas", que muitos pensavam j ter sido superado com os avanos recentes do pas;

  • . Fazer a nova gerao de jovens jogar a culpa no governo federal por todos os problemas nacionais (mesmo os problemas de mbito municipal e

    estadual);

    Resposta ao " Tis" de Dilma.

    O viaduto era de responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte e da empreiteira construtora.

    O Itaquero foi construdo pela empreiteira Odebrecht.

    O atendimento do SUS realizado pelas prefeituras. O governo federal apenas repassa os recursos, que so administrados pela Secretaria

    Municipal de Sade.

  • . Inimizar toda uma categoria profissional contra a atual presidente...

  • ... e contra seu partido;

    . Voltar o cidado comum contra a oportunidade de promover a Copa do

    Mundo, um sonho de qualquer nao moderna;

    . Esconder os benefcios do torneio, disseminando a mentira de que se tratava de um gasto intil, e no um investimento valioso;

  • . Fazer o brasileiro mdio sentir vergonha de torcer pela sua Seleo nacional de futebol, justamente o esporte entranhado na alma do povo (

    bem verdade que o incio da Copa do Mundo, infelizmente, mudou de maneira radical a situao);

    . E o mais importante: transformar uma parcela da populao brasileira, povo naturalmente feliz com a vida, em motos perptuos do dio.

    Vejam estas observaes de estrangeiros que vieram assistir Copa do Mundo:

  • http://g1.globo.com/turismo-e-viagem/noticia/2014/07/aplaudir-por-do-

    sol-abracar-veja-o-que-surpreendeu-os-estrangeiros.html

    Obviamente, esses estrangeiros no encontraram nenhum dos nossos dedicados leitores.

    . E o que dizer da extraordinria falta de educao, sensibilidade e escrpulos exposta ao mundo pela abastada plateia brasileira em partidas

    da Copa do Mundo? Fazer um grupo enorme de pessoas sentir orgulho do seu lado brbaro, convenhamos, no para qualquer manipulador.

    Nem nas mais ousadas fantasias de nossos patres imaginou-se resultado to brilhante na histria da manipulao poltica.

    Entretanto, como sempre avaliamos tambm o lado negativo de todos os nossos procedimentos, tivemos de admitir o problema exposto mais acima

    (a contaminao de nossos alunos pelo dio).

  • De novo: no estamos afirmando que ele seja um de nossos alunos.

    Como sempre fazemos nesse caso (a identificao de um problema

    srio), abrimos logo uma sesso de brainstorming (tcnica mais conhecida internamente como brain shitting sem traduo, O.K.?), para buscar uma soluo criativa.

    Da sesso veio a ideia de criarmos o primeiro Rehab Poltico, sugesto

    logo brindada com os adjetivos "genial", "revolucionria" e alguns palavres elogiosos que evitaremos mencionar.

    Vamos ento, primeiro, parte terica do novo Curso, na qual explicaremos em detalhes como produzimos o dio poltico em nossos

    leitores e quais so os principais componentes dessa emoo. Esses componentes sero os alvos das tcnicas de desintoxicao apresentadas

    logo a seguir na parte prtica do Curso.

    Gostaramos de agradecer a decisiva colaborao de nossa equipe de

    psiclogos, responsvel por todas as tcnicas da parte prtica e por muitos esclarecimentos compartilhados na parte terica.

  • AVISO LEGAL

    Por questes jurdicas, nossa equipe de advogados recomendou (significando: exigiu) esse prembulo legal, visando alertar nossos leitores

    sobre a parte prtica do Curso de Desintoxicao do dio Poltico.

    "As tcnicas da parte prtica deste Curso foram criadas por psiclogos

    capacitados e visam proporcionar bem-estar emocional a pessoas que se tornaram dependentes da vivncia diria de raiva e dio, por motivos

    polticos. Apesar disso, no podemos garantir que elas faro somente o bem, em todos os casos, dado que cada sistema psicolgico difere bastante dos demais. Aplique as tcnicas com critrio, parando imediatamente caso

    sinta ou pressinta qualquer incmodo psicolgico alm do normal. No podemos nos responsabilizar pelos possveis efeitos, caso voc continue a

    aplicar uma tcnica nessa situao. Respeite o seu sistema e os seus limites psicolgicos."

    Ns de novo. Segundo a nossa experincia pessoal e coletiva, essas tcnicas so, sim, infalveis. Qualquer pessoa normal que as aplicar com

    zelo conseguir se livrar dos sentimentos sufocantes de indignao, raiva e dio, que tanto mal fazem sade psquica e orgnica.

    Agora, se voc aplicar essas tcnicas direitinho e, mesmo assim, continuar sentindo dio ao menor estmulo proporcionado pela grande mdia

    ou pelas redes sociais, fazer o qu? Voc um daqueles raros "casos perdidos", e estar condenado a passar o resto da vida borbulhando em dio, correndo o risco de sofrer doenas psicossomticas como lcera,

    gastrite, presso alta e, quem sabe, um infarto (bem feito!), por no conseguir ter o mnimo de autocontrole emocional e de capacidade

    intelectual.

    Mas ao menos tente. Precisamos de cada um dos nossos aliados da

    grande mdia, em sua capacidade manipulativa mxima, nessa luta derradeira pela mudana do governo central.

    Importante

    Estamos liberando, de incio, a parte explicativa do Curso, com suas 129 pginas. A parte prtica ser liberada nas prximas semanas, ainda a tempo de permitir a aplicao antes do segundo turno das eleies (e antes

    das reaes definitivas a estas). O hiato importante para que a base seja bem assimilada por nossos alunos.

    Leia com calma, aos poucos, porque esse material, alm de secreto, extremamente elucidativo do tempo presente na grande mdia e na poltica

    nacional.

  • A IMPORTNCIA DO DIO PARA O SUCESSO DA MANIPULAO POLTICA

    O "gerenciamento do dio"

    H um mundo de verdade na frase talvez falsamente atribuda ao presidente Jnio Quadros: "Poltica gerenciamento do dio".

    uma verdade vlida para quem est no poder, que deve evitar o dio da populao, e para quem est fora do poder, que deve estimular o dio

    da populao contra os ocupantes do poder.

    Este no o momento de dar lies histricas, mas certamente voc j

    aprendeu o quanto o dio foi e importante tambm nas lutas pela libertao dos povos e nas lutas pela opresso de outros povos.

    Se o colonizador no odiado, o povo colonizado no se mobiliza para expuls-lo do pas. Por outro lado, pense no dio alemo aos judeus na II

    Guerra, por exemplo, ou no dio americano ao povo muulmano, atualmente, e entender por que algumas naes se sentem justificadas em

    suas barbaridades.

    Agora, um ponto importante: voc j pensou em quem gerencia o dio,

    em todos esses casos? Os lderes da luta, sempre. Em nosso caso especfico, o do Brasil no presente, esses lderes so os polticos

    profissionais e a grande mdia. Se esses lderes forem bem-sucedidos na tentativa de inculcar o dio nos alvos da manipulao, estaro bem perto da realizao de seu objetivo poltico.

    As razes bvias para a estimulao do dio

    Resumindo, poltica luta pelo poder. Luta exige energia, determinao,

    esforo incessante. Sem emoo, nada disso se manifestar. E como a nossa luta visa desalojar do poder o grupo adversrio, a agressividade,

  • logicamente, tem que desempenhar o papel decisivo no resultado. Da

    porque precisamos estimular, em nossos leitores, emoes agressivas contra o grupo atualmente situado no poder central.

    Essas emoes, instigadas repetidamente por meio das tcnicas ensinadas no Curso Bsico de Jornalismo Manipulativo, faro com que os

    leitores atuem como cidados representantes dos nossos interesses polticos em todo o perodo pr-eleitoral, e ainda levaro a que estejam do

    nosso lado no momento mais importante da luta: a hora do voto.

    Um simples sentimento de insatisfao no basta. Esvai-se e resulta em

    nada. Uma raiva ocasional, idem. S haver garantia da decisiva participao dos manipulados no processo poltico, tanto antes da votao

    quanto no momento do voto, se eles estiverem movidos pelo dio, uma emoo que impregna a psique a ponto de no mais sair dela.

    por isso que, numa das brincadeiras do Curso Avanado, fazemos nossos alunos repetirem, entusiasmados e em coro: "Mais um que odeia e se emput***, mais um eleitor-rob que obedece".

    A razo extra para o incentivo ao dio

    Eleies so apenas um caminho para a conquista do poder central. Dependendo das circunstncias histricas, o golpe aberto ou o "golpe

    branco" (dado pela Justia) se tornam opes favoritadas, isto , bem-vindas, na luta poltica.

    Nenhum conjunto de eleitores est mais predisposto a aceitar essas opes radicais do que o grupo de cidados impregnados de dio aos

    governantes. Mais que "predisposto", diramos "sedento".

    Jnio de Freitas, sobre os leitores black blocs.

    Vindo o pretexto e o golpe, podemos contar com o apoio decisivo desse grupo de cidados manipulados. Nem precisamos acrescentar que o apoio

    da grande mdia estaria garantido a priori.

  • COMO CULTIVAR O DIO NOS CONSUMIDORES DE NOTCIAS

    H toda uma arte na estimulao e na fixao do dio seletivo, por meio da manipulao jornalstica. Precisamos no s fazer nossos leitores

    sentirem-se mal, muito mal, em reao aos fatos relatados nas notcias, mas tambm precisamos garantir que reaes afetivas como indignao,

    raiva e dio se tornem permanentemente associadas suposta fonte de seu infortnio, a ponto de serem exercitadas espontaneamente ou seja, mesmo quando eles no esto sob o efeito direto de nossas tcnicas

    manipulativas.

    Para que voc entenda o sentido real do que j vem fazendo ao aplicar as

    tcnicas ensinadas no Curso Bsico, trataremos agora, ponto a ponto, da estratgia de estimulao e impregnao do dio nos alvos de sua

    manipulao jornalstica.

    1. O POO HUMANO DE INSATISFAES

    Talvez esta seja a mais politicamente incorreta de todas as verdades sobre o ser humano: cada um de ns tem, dentro de si, um poo bem fundo

    de insatisfaes pessoais.

    Essa verdade, embora negada pelo cidado comum, foi reconhecida por

    intelectuais e estudiosos da psique humana. No por outro motivo, Sigmund Freud, o criador da Psicanlise, escreveu a obra O Mal-Estar na Civilizao.

  • Observe ao seu redor a busca humana desesperada por esse estado

    abstrato e ilusrio chamado "felicidade". Lembre-se das religies oferecendo conforto e milagres para os sofredores, das drogas que fazem algum

    entrar imediatamente em um estado paradisaco, da comida que proporciona satisfao imediata para tantos gulosos, do sexo e seu alvio bem-vindo de tenses, entre outras situaes semelhantes.

    Um observador atento do comportamento humano perceber que, mais

    do que a busca por hipotticos estados "positivos" ou agradveis de ser, esses esforos revelam a inteno de fuga a um estado "negativo" ou desagradvel, realmente vivenciado por essas pessoas.

    Esse estado psicolgico, geral e difuso, resultante do acmulo de

    insatisfaes na pessoa, ao longo de toda uma existncia. Se quisermos resumir o estado de modo simples, a frase ideal seria: "No estou nem um pouco satisfeito com a minha vida".

    esse estado que motiva a busca incessante de prazeres, como se eles pudessem magicamente eliminar a insatisfao existencial. Quem disse que

    o ser humano um ser racional? Parafraseando Descartes: "Sofro, logo insisto". Na direo errada.

    No h manipulador social, consciente ou intuitivo, que desconhea essa triste verdade humana.

    Imagine um cidado realmente feliz da vida: no haver ningum mais

    imune s inmeras tcnicas empregadas pelos enganadores de todas as reas da manipulao social. Tente faz-lo odiar um partido, tente vender-lhe um produto "milagroso", tente faz-lo entrar para uma seita, tente fazer

    com que siga uma "frmula infalvel" para o sucesso profissional.

    Ele responder ao seu melhor esforo com um leve sorriso de compreenso e um juzo nada elogioso sobre suas intenes, sua inteligncia ou seu carter.

    O "gancho" de qualquer manipulador sempre ser uma fraqueza do seu

    alvo, e a fraqueza mais bvia a insatisfao com a vida pessoal.

    importante ver o consumidor de suas notcias como algum que pensa

    estar encobrindo com perfeio esse segredo de polichinelo: ele sofre por ser uma pessoa frustrada.

    Na prtica, essa fraqueza essencial se manifesta como uma predisposio para aceitar qualquer convite razoavelmente bem formulado no sentido de

    uma satisfao importante: "Quer (x)? Siga por aqui". Preencha o X do modo como quiser, desde que seja a satisfao de uma necessidade humana. Obviamente, s aceita um convite desses quem no se sente

    satisfeito.

    Se quisssemos realmente ajudar outras pessoas, no ofereceramos satisfaes ilusrias. Ao contrrio, ensinaramos esse processo de explorao de insatisfaes pessoais, tornando-as conscientes de como

    fcil prometer aquilo que no ser cumprido, e de como rpido ceder promessa de satisfao garantida.

  • Nesse caso, perderamos uma oportunidade garantida de manipulao o que seria lamentvel.

    Esta a primeira lio, justamente por ser a mais importante de todas.

    Lio nmero 1 A insatisfao existencial

    "A principal fonte de toda indignao, raiva ou dio poltico que voc possa gerar em seu alvo sempre ser humana, e no poltica: o poo

    interno de insatisfaes existente dentro de cada um de ns".

    2. A FRUSTRAO ADICIONAL

    Entendido esse primeiro ponto, surge a questo: Como acessar esse poo de insatisfaes pessoais e us-lo na manipulao poltica?

    Existe uma ponte mgica para o poo: uma nova frustrao qualquer.

    Observe que o contedo mais profundo do "poo" justamente este: frustraes pessoais. De onde vm as insatisfaes pessoais? Obviamente,

    da frustrao de necessidades tidas como importantes. Por exemplo, uma pessoa est amorosamente insatisfeita por qu? Por que se sente frustrada

    em suas necessidades amorosas.

    As experincias de frustrao sempre geram insatisfaes, que

    permanecem ativas at a satisfao das respectivas necessidades.

    Para ter acesso pleno ao poo de insatisfaes pessoais devemos acessar

    seus nveis mais profundos, ou seja, o nvel das frustraes pessoais, a origem das insatisfaes.

    Nesse caso, iguais se atraem: ao conseguir fazer o leitor vivenciar uma frustrao qualquer, associada poltica, voc estar automaticamente

    estimulando todas aquelas frustraes pessoais dele, e consequentemente tornando-as uma fonte de sentimentos disponveis manipulao, a

    comear das insatisfaes pessoais (derivadas dessas frustraes).

    Veja como conveniente acessar esse "poo", no caso de direcionamento

    do cidado contra determinada pessoa ou grupo.

    Muitos conhecem o axioma psicolgico: "Frustrao gera agresso". Se uma pessoa realmente vivencia a frustrao de uma necessidade importante como resultado de sua manipulao, ela automaticamente se

    encontra predisposta a reagir a esse fato (real ou fictcio) com pensamentos e aes agressivas.

    E se essa frustrao for associada a um responsvel (a pessoa ou grupo visado pela manipulao poltica), obviamente a predisposio agresso

    ter como alvo o suposto responsvel.

    Este esquema j deve ser de fcil compreenso para voc:

    Necessidade => frustrao => insatisfao => predisposio agresso.

  • E ele de grande utilidade a um manipulador social.

    . Pode-se atuar sobre o ponto 1 (a necessidade), prometendo uma

    satisfao garantida. o que fazem os criadores de produtos "milagrosos", em qualquer de suas reas de atividade. Pense em "autoajuda".

    . Pode-se atuar sobre o ponto 2 (a frustrao), ativando-a no sentido de produzir os dois efeitos seguintes, como o fazemos em nosso trabalho de

    manipulao.

    . Pode-se atuar sobre o ponto 3 (a insatisfao causada pela demora na

    satisfao ou por algum bloqueio persistente), explorando o sofrimento humano. Pense em "Fala, que eu te escuto".

    . Pode-se atuar sobre o ponto 4 (a predisposio agresso), criando um contexto em que a livre manifestao de mpetos destrutivos seria

    compreensvel e at inevitvel. Pense no incentivo aos linchamentos reais e virtuais.

    Em nosso Curso Avanado vamos alm do famoso axioma psicolgico, ensinando que: "Sem frustrao no h agressividade, sem agressividade

    no h dio, sem dio no h fixao da natureza perversa do inimigo". Como voc aprender mais frente, preciso odiar para demonizar. E tudo depende desse esquema.

    Lio nmero 2 A vivncia imposta de uma frustrao

    "A primeira obrigao do manipulador poltico lembrar ou criar uma frustrao na conscincia do manipulado, gerada por uma necessidade

    importante insatisfeita".

    3. A AMEAA AO BEM-ESTAR PESSOAL

    Imagine qualquer situao em que algum parta para um ataque verbal ou fsico contra outra pessoa.

    Agora verifique a validade desta afirmao: a pessoa agredida sempre estar associada, na mente do agressor, a uma frustrao intensamente

    vivenciada por ele.

    No importa a origem dessa frustrao que levou agresso do suposto responsvel. Pode ter sido um xingamento, uma agresso fsica, um roubo, um bloqueio a uma ao importante, um prejuzo financeiro alguma necessidade pessoal foi gravemente afetada e, por conseguinte, alguma violao ou ameaa de violao ao bem-estar pessoal estava em jogo.

    A pessoa s foi atacada, nesse caso, por ser vista como a responsvel pela origem da frustrao: ela causou a ofensa moral, a agresso fsica, a

    perda, o bloqueio, ela gerou o prejuzo financeiro etc. Ela frustrou alguma necessidade bsica, afetando fortemente o bem-estar da pessoa atingida

    pelo ato.

  • Vale lembrar que todos temos a expectativa de manuteno do bem-

    estar pessoal, ou seja, da satisfao das necessidades bsicas. Quando essa expectativa subitamente violada, vivencia-se uma frustrao.

    Alm disso, quando algum se sente prejudicado como na situao descrita acima, natural que atribua a quem o prejudicou um carter

    perverso. Atos definem pessoas. Se agiu desse modo, desse modo.

    Vamos a outro esquema simples e muito importante:

    Carter perverso, inteno ou ato maldoso, ou ato desastroso =>

    Ameaa ou violao ao bem-estar pessoal => Necessidade afetada =>

    Sentimento de frustrao.

    Toda manipulao poltica bem-sucedida capricha nestes pontos:

    (1) Atribui a uma pessoa ou a um grupo poltico um carter perverso, uma inteno ou ato maldoso, ou um ato desastroso;

    ... e afirma, para o leitor, que...

    (2) Essa pessoa ou grupo responsvel por alguma ameaa ou violao

    importante ao seu bem-estar pessoal: ou seja,...

    (3) Ela frustrou, frustra ou frustrar uma necessidade importante do leitor.

    Uma palavra sobre "ato desastroso". Em poltica, comum a tcnica de atribuir incompetncia ao adversrio. Afinal, ele ocupa um posto (ou

    pretende ocup-lo), no qual ter de exibir competncia. Atribuir ao adversrio qualquer ato desastroso que gere consequncias srias na vida dos cidados funciona politicamente somente por causa desse efeito.

    O item 3, acima, um componente fundamental da frmula usada para implantar uma frustrao na conscincia do manipulado e para, por meio

    dela, acessar seu poo pessoal de insatisfaes.

    Desenhando em palavras a vivncia do manipulado:

    "Essa pessoa ou esse grupo me fez, est fazendo ou far mal".

    O manipulador que pretenda direcionar os sentimentos agressivos de

    algum contra outra pessoa ou grupo precisa criar essa impresso de verdade (externa), ou essa experincia de crena (interna), no manipulado. Precisa faz-lo crer que uma violao ao seu bem-estar aconteceu, est

    acontecendo ou acontecer sua pessoa.

    Voc aprender mais frente que este tambm o contedo primrio do

    "transe manipulativo" e a principal fonte do estresse contnuo que a manipulao eficiente consegue produzir nas pessoas manipuladas.

    Pense bem: como algum conseguir mobilizar outra pessoa para que responsabilize e ataque um alvo, sem que esse algum se sinta frustrado

    em alto grau por esse mesmo alvo?

  • Lio nmero 3 A violao ao bem-estar pessoal

    "Uma vivncia de frustrao que possa gerar agresso depende de dois

    fatores associados: (1) um carter perverso, uma inteno ou ato maldoso, ou um ato desastroso de responsabilidade de outra pessoa, o qual (2) represente uma ameaa ou violao importante ao bem-estar pessoal da

    pessoa prejudicada".

    4. O RESPONSVEL PELA FRUSTRAO

    Este ponto fcil de deduzir: o responsvel por essa ameaa ou violao, e, portanto, pela frustrao do leitor, sempre ser a pessoa ou grupo que

    desejamos minar ou eliminar, politicamente.

    Em nosso Curso Avanado, ensinamos a jamais criar uma manchete, um artigo ou mesmo uma notinha manipulativa sem que se tenha respondido a estas quatro perguntas (relativas aos quatro componentes iniciais do transe

    manipulativo):

    1. Voc atribuiu um carter perverso, uma inteno ou um ato maldoso,

    ou um ato desastroso, ao inimigo?

    2. Voc fez o leitor vivenciar uma grande ameaa ou violao ao prprio bem-estar, como efeito do ponto 1?

    3. Que necessidade importante do leitor est sendo frustrada por esse inimigo dele?

    4. Quo intenso, nesse leitor, ser o sentimento de frustrao?

    O dedo do manipulador aponta para um adversrio poltico e passa a mensagem: "Voc mau por natureza, ou o responsvel por uma inteno ou ato maldoso, ou por um ato desastroso que afetou, afeta ou

    afetar imensamente o bem-estar do leitor".

    Nos trs casos possveis, o leitor precisa vivenciar a frustrao de uma necessidade pessoal importante, para ento aceitar a existncia de um grande prejuzo para si mesmo e a responsabilizao de quem

    supostamente lhe causou esse prejuzo.

    Lio nmero 4 A responsabilizao do adversrio poltico

    "Toda iniciativa de manipulao jornalstica de sua parte deve atribuir ao

    nosso adversrio poltico, ao mximo grau possvel, um carter perverso, uma inteno ou um ato maldoso, ou um ato desastroso, que ameace ou

    viole o bem-estar dos leitores".

    5. O APROVEITAMENTO DO POTENCIAL DE REAO AGRESSIVA

    Se conseguimos realizar com perfeio as atividades j mencionadas, o manipulado ter passado por todos os pontos abordados acima. So eles:

  • Contedo especfico da manipulao

    Pessoa ou grupo poltico visado + Carter perverso, inteno ou ato

    maldoso, ou ato desastroso

    Efeito da manipulao no manipulado

    Ameaa ou violao importante ao bem-estar pessoal + Necessidade afetada + Intenso sentimento de frustrao

    Estimulao do poo pessoal de insatisfaes

    Vivncia muito desagradvel de perigo, frustrao e insatisfao

    Predisposio agresso

    Explicando bem:

    Contedo especfico da manipulao

    Apresentamos ao leitor algum contedo em que se atribui a pessoa ou grupo poltico um carter perverso, uma inteno ou um ato maldoso, ou um ato desastroso.

    Efeito da manipulao no manipulado

    Esse ato representa uma grave ameaa ou uma grave violao ao bem-estar do leitor, por afetar importante necessidade pessoal. Em

    consequncia, geramos no leitor um intenso sentimento de frustrao.

    Esse sentimento reativa naturalmente seu "poo pessoal de

    insatisfaes", levando a uma vivncia quase insuportvel caracterizada por um misto de sensao de perigo (derivada da ameaa ou violao), certeza

    de frustrao de uma necessidade importante e experincia de insatisfao.

    A funo do poo pessoal de insatisfaes torna-se bem clara: ele

    potencializa a intensidade da frustrao presente, como resultado da ativao das frustraes e insatisfaes passadas do leitor. Ns obrigamos o

    leitor a vivenciar novamente o estado de insatisfao existencial, para que possamos explorar o sofrimento no sentido dos nossos interesses.

    Predisposio agresso

    Para se livrar do incmodo quase insuportvel na conscincia, atribudo

    pessoa ou grupo poltico visado pelo manipulador, o manipulado se sentir disposto a atacar imediatamente o responsvel pela ameaa ou violao ao

    seu bem-estar e por esses sentimentos intensamente desagradveis.

    Validao e incentivo agresso

  • Entra em cena, novamente, o manipulador, proporcionando a "vlvula de

    escape" ou o canal de expresso por onde o manipulado expressar sua insatisfao, indignao, agressividade ou, at mesmo, o seu dio.

    A primeira providncia ser validar psicologicamente a predisposio e, como efeito dela, a expresso dos sentimentos agressivos.

    Muitos devem se lembrar do mais famoso VTNC da poltica nacional, e de

    como imediatamente a grande mdia correu para validar, no dia seguinte, em suas manchetes, a manifestao "popular", justificando ou mesmo louvando a histrica exibio internacional de ausncia de parmetros

    civilizatrios (custamos para encontrar esse eufemismo).

    A mensagem transmitida por qualquer validao de ato agressivo dos

    manipulados sempre a mesma: " isto que ns queremos de vocs. Continuem".

    A segunda providncia ser ensinar ao manipulado como ele deve expressar essa agressividade, para que possamos obter o mximo efeito

    possvel na inteno de fustigar ou minar nosso adversrio poltico.

    Essa funo cumprida diariamente pelos instigadores da Sombra (isto , do lado sombrio dos leitores), os famosos colunistas pitbulls, com seu proverbial descaso pelo respeito ao adversrio, suas palavras de ordem,

    frases acusatrias, substantivos desqualificadores e xingamentos repetitivos, reproduzidos acriticamente pelos leitores fiis.

    Foi uma deciso sbia da grande mdia promover, para o exerccio dessa funo, um "mix" de jornalistas, artistas, escritores, poetas, msicos etc.,

    passando a falsa impresso de que toda a sociedade est ali representada, e de que ela, por inteiro, abona esse tipo de comportamento antissocial.

    Sabemos que voc, imediatamente, ser capaz de lembrar vrios nomes que se encaixam na descrio acima.

    Lio nmero 5 A validao e a moldagem da agresso

    "Criada a predisposio agresso, ela receber livre trnsito, sendo aproveitada pelo manipulador por meio:

    1. Da validao dessa experincia, com argumentos, justificativas etc.;

    2. Do oferecimento de exemplos prticos sobre como expressar a raiva ou o dio contra o alvo escolhido por ns".

    6. A CRIAO DO HBITO

    A exposio diria ao jornalismo habilmente manipulativo gera vrios

    efeitos nos manipulados. Mais frente analisaremos os diversos efeitos danosos. Agora importam apenas os efeitos favorveis nossa atividade.

    1. A demonizao do alvo.

  • A demonizao de um ser humano depende de uma negao e de uma

    afirmao. A negao cria a lacuna que ser preenchida pela afirmao.

    A negao corresponde desumanizao. Desumanizar uma pessoa significa negar-lhe certas qualidades e atributos bsicos a um ser humano normal notadamente, as qualidades e atributos positivos. Essa negao cria uma lacuna: a pessoa desumanizada no o que as outras pessoas normais so. E o que iremos colocar no lugar dessa lacuna?

    A afirmao corresponde demonizao propriamente dita. Demonizar uma pessoa significar atribuir-lhe certas qualidades e atributos prprios de

    algum "dominado pelo demnio", ou seja, pelo Mal. importante que essa atribuio gere, na mente do leitor, a impresso de se tratar de um ser

    humano "estragado", "perdido", totalmente comprometido com o lado sombrio da vida.

    a) A desumanizao do inimigo.

    Todo inimigo desumanizado. Portanto, para criar um inimigo, primeiro

    desumanize uma pessoa.

    O ttulo e o subttulo mostrados na imagem da capa seguinte dizem tudo: "Desumanizao Como se Legitima a Violncia".

    Outro ttulo e subttulo do livro que mostram bem a importncia da negao da humanidade alheia, para que se permita a expresso dos mais

    selvagens instintos humanos. "Menos do que Humano Como Ns Rebaixamos, Escravizamos e Exterminamos Outras Pessoas".

  • Em nenhum momento devemos atribuir a nossos adversrios polticos

    qualquer qualidade humana positiva. Eles devem ser um vazio daquilo que apreciamos em outros.

    Lembre-se de todas as manchetes e matrias relativas ao ex-presidente Lula. Tente se lembrar de uma nica qualidade admirvel reconhecida pela

    grande mdia nesse poltico, nos ltimos anos.

    Nas raras vezes em que uma qualidade humana positiva precisa ser

    associada ao inimigo, sempre haver a "explicao" necessria, o "mas" depois do "sim", expondo o interesse obscuro, a agenda oculta, a prtica

    demaggica, a explorao da credulidade alheia etc., que estaria por trs daquela suposta qualidade aprecivel.

    Tente pensar em qualquer alvo demonizado pela grande mdia e veja se consegue imaginar essa pessoa agindo como uma pessoa normal: algum

    que, como voc, acorda para um novo dia, tem seus problemas pessoais, possui qualidades admirveis, sacrifica-se eventualmente por familiares, busca fazer o melhor, atormentado aqui e ali pela conscincia moral, tem

    hbitos que no consegue controlar...

    Acho que voc no conseguiu. Esse um indcio claro de sucesso da

    manipulao: essa pessoa foi desumanizada, sistematicamente, a ponto de no mais pensarmos nela como um ser humano normal.

  • "Um experimento para os bobalhes da internet: imaginem s por um

    minuto que as celebridades que vocs fazem de tudo para insultar sejam seres humanos reais".

    b) A representao demonizada do inimigo.

    Pare e pense: como os linchadores da vida real pensam no alvo de seu dio?

    Agora imagine esse mesmo alvo de violncia, mas pense nele como um ser humano normal embora possa ter cometido algum ato reprovvel. Voc conseguiria v-lo como algum merecedor de espancamento coletivo

    seguido de morte?

    Um alvo de linchamento virtual ou real no pode ser representando mentalmente, ou seja, imaginado, concebido em pensamento, como um ser humano normal. Porque, se o for, a mente humana no deixar que voc

    tenha, em relao a ele, sentimentos e comportamentos tpicos de linchador.

    Sabe por qu? Porque exatamente esse o modo como voc se representa, ou como voc pensa em si mesmo: ou seja, como um ser

    humano normal, digno, que s vezes comete algum erro grave mas que essencialmente bom.

    Se sua mente permitisse que voc atacasse cruelmente algum nessas mesmas condies, ela estaria abrindo a brecha para que todo o seu

    potencial de agressividade se voltasse contra voc mesmo. Pau que d em Chico, d em Francisco. Mas pau que d em Osvaldo, no d em Francisco

    ou Chico. No fcil entender?

    Para liberar em si mesmo sentimentos e comportamentos brbaros em

    relao a uma pessoa, voc tem que pensar nela de um modo bem diferente daquele em que pensa em si mesmo. E esse modo de pensar

    precisa ser a porta de entrada para aqueles sentimentos e comportamentos selvagens. A porta de entrada, no caso, a demonizao do outro.

    A representao da pessoa demonizada precisa ser bem diferente, em natureza, da sua representao de voc mesmo. Em essncia, esse modo de pensar sobre o outro precisa atribuir-lhe uma natureza desumana e um

    carter mau e irreversvel. J em nosso caso, pensamos em ns mesmos como humanizados, bons e dotados da capacidade de correo, em caso de

    erro.

  • No Curso Avanado ensinamos a frmula "Reagimos ao que pensamos

    ser verdade". Para fazermos nossos leitores reagirem a nossos adversrios polticos com dio, precisamos caprichar no quesito "representao dos

    inimigos". Nossos leitores precisam pensar neles como pessoas ms a ponto da desumanidade e, alm disso, como pessoas incorrigveis. Demnios humanos, na verdade.

    Quando conseguimos implantar essa distino na mente dos

    manipulados, ou seja, a separao estanque entre o modo como eles, nossos "indignados teis", se veem, e como veem seus alvos polticos, estamos tambm tomando uma medida imprescindvel para garantir a

    sanidade mental dos nossos apoiadores. Essa proteo psicolgica ir permitir que eles continuem sendo instrumentos valiosos aos nossos

    propsitos. Afinal, no queremos formar uma gerao de indignados teis pirados (embora alguns professores suspeitem ser exatamente isso o que esteja acontecendo).

    E como produzimos o efeito de demonizao? Desumanizando o inimigo

    repetidamente, ao longo do tempo, num bom nmero de situaes, quase sempre muitos importantes. Atribuindo-lhe sempre intenes malvolas, a autoria de atos perversos ou criminosos, e reafirmando a sua incompetncia

    incorrigvel.

    Quando um alvo poltico repetidamente, durante meses ou anos, acusado de ter carter perverso, de ser responsvel por intenes ou atos maldosos, de perpetrar atos maldosos e de tomar medidas desastrosas ao

    bem-estar de uma populao, esse alvo poltico tende a ser visto como o suprassumo da maldade e da incompetncia. Em termos simples, ele se

    torna demonizado.

    Carlos Brickmann, sobre as campanhas de desmoralizao de inimigos da

    imprensa.

    Este o critrio definitivo de uma boa campanha: o alvo, mesmo

    inocentado de tudo, continua sendo visto como a essncia do Mal pela opinio pblica.

    Todas as caractersticas positivas da pessoa restam eliminadas. Sobra apenas o lado do Mal. Ela , em essncia e plenamente, somente aquilo

    mostrado sobre ela, aquele smbolo de tudo-que-h-de-pior-no-mundo. Em nosso Curso Avanado chamamos esse procedimento de A Tcnica do Vilo Perfeito, modelada a partir de filmes norte-americanos. Voc sabe: se no

    final da histria o vilo cai num tanque de cido sulfrico, a plateia vibra de alivio, prazer e sadismo justificado.

    O povo criou o ditado "Co danado, todos a ele", que reflete muito bem esse estgio da manipulao poltica: a partir da demonizao de uma

    pessoa ou grupo, torna-se habitual e instantneo responsabiliz-lo por tudo

  • e nada, a partir de qualquer boato, rumor, suposio, acusao caluniosa,

    manchete manipulativa ou notinha safada.

    Nos ltimos anos, temos acompanhando a extraordinria disseminao do meme " culpa do PT", partido que j foi responsabilizado por todos os males imaginveis, desde a falncia de uma universidade estadual de So

    Paulo at a queda misteriosa de um avio no Sudeste Asitico.

    Em nosso Curso Avanado ensinamos uma musiquinha composta por um de nossos professores, a qual ilustra bem a gama infinita de possibilidades de responsabilizao j utilizadas pela grande mdia e por nossos

    apoiadores nas redes sociais. Ela composta apenas de dsticos (estrofes de dois versos), nos quais o primeiro verso um problema social, uma

    tragdia, um inconveniente qualquer na vida pessoal etc., e o segundo verso diz: " culpa do PT". Aps cada dstico, aparece no telo a prova da "culpa". As risadas so inevitveis.

    S duas estrofes, oferecidas como uma palinha (j estamos no limite da irresponsabilidade em termos de revelao do contedo do Curso

    Avanado):

    CULPA DO PT!

    "Se meu time uma m****,

    culpa do PT! "

    "Se caiu o viaduto,

    culpa do PT!"

    O refro, cantado aps quatro dsticos padres, tambm um dstico:

    "S petralha que no v:

  • culpa do PT!".

    Temos certeza de que voc poder criar mais de uma dzia de dsticos

    padres apenas recorrendo a lembranas de responsabilizaes recentes na grande mdia.

    Copiado da Web.

    Demonizado um alvo, resta apenas contar o nmero de acusaes e

    atribuies maldosas que ele ou seus defensores recebero, com ou sem motivo.

  • Qualificaes pejorativas destinadas ao psicanalista Christian Dunker em

    caixa de comentrios, por ter ousado criticar o blogueiro direitista Rodrigo Constantino, da revista "Veja".

    http://blogdaboitempo.com.br/2014/07/07/ilustrando-a-barbarie-treplica-a-rodrigo-constantino/

    A prtica de responsabilizao do inimigo pode chegar a um ponto

    obsessivo. Delrios acontecem:

  • Comentrio sobre a deciso de um desembargador da Justia do Rio.

  • Reao de muitos tuiteiros ante a notcia da trgica morte do candidato

    Eduardo Campos, quando todas as anlises dos especialistas davam a presidenta como a principal "perdedora" poltica com o acidente.

    Esse comportamento dos manipulados exemplifica a perfeita assimilao do contedo poltico que lhes foi imposto e constitui admirvel feito da parte

    dos manipuladores. Obviamente, o exagero sempre perceptvel, e logo se torna alvo fcil para a ironia alheia.

    Copiado da Web.

    No plano internacional, exemplos clssicos de demonizao do inimigo

    so o modo como o norte-americano mdio pensa sobre os muulmanos (leia-se "terroristas islmicos em potencial"), o modo como os israelenses

    pensam sobre os palestinos e a campanha da mdia dita "ocidental" na crise da Ucrnia, em que o presidente russo Vladimir Putin foi retratado como o

    demnio em pessoa e acusado, sem provas, da derrubada de um avio civil.

    Como se percebe, a demonizao do Outro a porta aberta para todo o

    lixo interior do lado sombrio de quem demoniza o adversrio. No h mais limites para o desejo e a ao (sempre violenta) de quem se sente justificado a atacar um alvo demonizado.

    Essa constatao muito importante: voc no conseguir que algum

    despeje a prpria maldade interna sobre outra pessoa a menos que aquela pessoa seja, para esse algum, o equivalente ao Mal: um ser humano perdido e irrecupervel, o suprassumo da ruindade (corrupto, pervertido,

    seja l o que for) o prprio demnio na Terra.

    A demonizao o meio; o fim o seu efeito no manipulado: a liberao plena da agressividade. a demonizao de um ser humano que leva, na internet, ao linchamento virtual, e que leva, na vida real, ao linchamento

    "ao vivo".

  • Em resumo, a demonizao o ponto final do processo de representao

    degradante do adversrio. Como tal, ns a consideramos um objetivo altamente louvvel da manipulao poltica.

    Trecho de post do comentarista Esfinge, no Jornal GGN.

    http://jornalggn.com.br/noticia/o-eleitor-difuso-esta-e-a-discussao-relevante-a-equacionar-por-esfinge

    2. A rapidez da resposta dos manipulados.

    Quando o leitor exposto inmeras vezes sequncia de passos manipulativos ensinada mais acima (da leitura da notcia liberao da

    agressividade), um efeito muito til se manifesta: torna-se cada vez mais fcil estimular o poo de frustraes pessoais desse leitor. O processo se torna cada vez mais rpido, desde a reestimulao at o ataque. Ao

    comear a ler a manchete, o post, o comentrio, a notinha, o leitor j se sente predisposto a responsabilizar o alvo escolhido por ns e a liberar a

    agressividade contra ele.

  • 3. O hbito que se torna vcio.

    Criado o hbito, deseja-se, naturalmente, mais do mesmo. Em muitos

    manipulados, o hbito se torna vcio: cria-se a dependncia de uma dose diria de liberao da agressividade contra os alvos que escolhemos.

    Na luta poltica, nem mais um velrio respeitado.

    Alguns colunistas, mesmo sendo nossos simpatizantes, j sentiram na

    pele esse efeito, ao ocasionalmente elogiarem algum integrante do governo. As acusaes de mudana de lado so seguidas de uma chuva de improprios que chega a assust-los a ponto de gerar textos histricos.

    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/2014/05/1458088-com-odio-e-com-medo.shtml

    A mensagem dos manipulados clara: "Eu vim aqui para agredir, e voc

    quer que eu elogie? Ento voc ser o agredido. Toma!".

    como se dissessem: "Desde quando um alvo demonizado possui

    alguma qualidade humana?"

  • A lio aprendida por esses jornalistas? Nenhuma oportunidade de

    responsabilizao e agresso deve ser perdida pelo manipulador.

    Alguns dos nossos alunos tiveram de aprender essa lio bsica no susto.

    4. A autonomia obediente dos manipulados.

    O pice da manipulao bem-sucedida a condio curiosamente denominada, por um de nossos psiclogos, como "autonomia obediente". O

    manipulado no mais depende de nossas iniciativas para propagar a nossa luta. Ao contrrio, ele toma iniciativas no trabalho, na famlia, nas redes

    sociais e nas ruas no sentido de defender nossos interesses, defendendo quem defendemos e atacando nossos adversrios e, especialmente, quem os defende.

    primeira vista parece um ser autnomo, mas se observarmos suas

    falas, seus textos e seus cartazes, perceberemos que nada ali escapa daquilo que assimilou de ns: os mesmos argumentos, as mesmas palavras de ordens, os mesmos substantivos depreciativos, os mesmos xingamentos

    e, principalmente, os mesmos alvos.

    Roboticamente, o "autnomo obediente" interpreta tudo o que acontece no mundo segundo o enquadramento que ns estabelecemos nas centenas de matrias lidas por eles.

    E, por serem obedientes na orientao bsica, tambm so bons para

    obedecer ordens. Um exemplo:

    Atualizando: foram 6 posts que incitavam os seguidores a atacar o

    jornalista.

    Lio nmero 6 A criao dos hbitos de responsabilizao e de agresso

    "A repetio do procedimento de responsabilizao e de incentivo

    agresso deve levar, idealmente, demonizao do adversrio e formao de 'autnomos obedientes', no sentido dos nossos propsitos

    polticos".

    7. A EXPLORAO DO HBITO

    A Lei do Aproveitamento, ensinada em nosso Curso Avanado, de simples compreenso: "A predisposio ama a oportunidade".

    Ao criarmos, no leitor, o hbito da responsabilizao seguinda de agresso, estamos produzindo uma predisposio mais elaborada (e mais

    til aos nossos propsitos) do que a predisposio inicial agresso

  • derivada de suas insatisfaes na vida: agora, o leitor se encontra

    predisposto a agredir os alvos que ns escolhemos.

    Essa nova predisposio estar, portanto, acessvel ao aproveitamento pelo manipulador experiente. Aproveita-se a predisposio focada seguindo-se lei exposta acima, ou seja, oferecendo-se muitas oportunidades ao leitor.

    amplo o repertrio disponvel grande mdia, e realmente usado nesse

    oferecimento. Basta consultar o nosso Curso Bsico de Jornalismo Manipulativo. Mas queremos destacar alguns recursos que servem para aproveitamento imediato, por serem sintticos e adequados aos tempos

    modernos:

    . Manchetes acusatrias (sobre fatos reais ou forjados).

    No se preocupe: ningum ler a matria, e muito menos o desmentido baseado em informaes fatuais.

    . Manchetes editorializadas.

  • Na manchete editorializada oferecemos o leitor no s o "fato", mas tambm os "argumentos" que ele dever usar para divulgar o erro do

    adversrio.

    . Titulos de colunas.

    As colunas no tm o rano do "dono do veculo", portanto servem de canal de convencimento mais palatvel ao grande pblico.

    . Notinhas de colunistas.

  • A nova gerao gosta de ler um pouco de cada vez. Isso faz com que as colunas, com suas notinhas, sejam um recurso timo para divulgao e

    disseminao de notcias contra nossos adversrios.

    . Imagens editorializadas.

    A foto escolhida para ilustrar a previso de derrota deve combinar com a mensagem do ttulo, visando gerar nos leitores a reao bvia de "Se

    f****!".

    Melhor ainda se a imagem nem precisar de contexto explicativo. Que tal

    esta?

  • Foto de Daniel Ferreira na capa do "Correio Braziliense" (8/9/2014).

    . Frases retiradas do contexto.

    Alis, esta a nica situao em que permitimos a presena da palavra

    "Lula" em ttulo de matria jornalstica.

    . Tutes.

  • Repare na importncia de fornecer ao leitor comum um lembrete

    constitudo de expresso curta que ser usado na divulgao da notcia: "falha de Dilma", "discurso do medo", "censura democrtica", "volta, Lula", "derrota de Dilma", "parar de reclamar", "briga de classes", "uso poltico".

    Essas categorias de estmulos simples e rpidos geram imediata reao

    por parte dos leitores j treinados a responderem manipulao do modo como ns desejamos. Em notcias ms ou boas para nossos adversrios, nossos "autnomos obedientes" sempre estaro presentes.

    Na verdade, em qualquer notcia:

  • Internauta culpando o PT pela "presena" do vrus Ebola no Brasil.

    Ou em qualquer oportunidade:

    Comentrio sobre um vdeo do YouTube.

  • Comentrios em matria sobre o programa "VdeoShow".

    Comentrio sobre o artigo "Querida, destru o Universo", a respeito de declaraes do fsico ingls Stephen Hawking.

    Comentrio sobre um vdeo do funk.

    Eles no perdoam nem anncios de CDs.

  • E veem petistas maldosos tem todos os lugares.

    Bem, nem s a turma da internet possui esse foco obsessivo e disseminado (e esse o problema). Duas, digamos, jornalistas:

    Leia Ucrnia em Hungria. E ela tem, sim. O cacife no propriamente poltico, mas blico. Seu Vlademir, Vlademir...

    O reforo contnuo da frmula da manipulao, em textos da grande mdia, aprofunda a demonizao do alvo, aumenta a rapidez da resposta

    (ou seja, diminui o tempo entre a leitura e a liberao da agresso), transforma o hbito num vcio e, por fim, tende a criar uma legio de

    "autnomos obedientes" aos nossos interesses polticos.

    Resumindo, poderamos dizer que as trs funes bsicas do manipulador

    poltico so:

  • 1. Criar a predisposio focada em quem ainda no a possui;

    2. Fornecer oportunidades frequentes de expresso dessa predisposio,

    a quem j a possui;

    3. Intensificar a predisposio focada, a ponto de tornar a

    responsabilizao seguida de agresso um hbito (ou, melhor ainda, um vcio) da pessoa manipulada.

    Lio nmero 7 O estgio do vcio

    "Manipulados so como cezinhos: importante reforar, a cada oportunidade, a lio ensinada aos leitores j amestrados, at que o hbito se torne um vcio".

    8. A EVOLUO PARA O DIO

    Nem seria preciso mencionar que a continuidade desse processo, do lado do leitor, tem incio na insatisfao, passa pela indignao, leva raiva e chega, por fim, ao dio.

    O dio a resposta psicolgica demonizao do oponente poltico.

    Quando esses dois fatores entram em campo (a demonizao do oponente e o dio sentido por ele), est garantida a liberao plena da agressividade pessoal. Se algum sente dio por alguma pessoa ou grupo visto como o

    suprassumo da maldade ou da incompetncia, tudo justificvel a seus olhos. O "ataque ao co danado" uma situao fora dos limites da

    civilizao.

  • O dio no exige lgica de si mesmo.

    As frases sbias do Twitter que s valem para os leitores.

    Em geral, a agresso plenamente liberada se expressa de dois modos: a catarse odienta e a catarse depreciativa.

    A catarse odienta prpria de quem no admite, ou de quem h muito abandonou, qualquer freio moral na luta por seus objetivos. Consiste na

    simples liberao no filtrada de todo o lixo interior, e se manifesta por meio das piores acusaes, desqualificaes, xingamentos e palavres, no raro chegando-se a desejar publicamente a morte do inimigo.

    Todos conhecemos vrios internautas que usam como nico "argumento", em sua luta poltica a nosso favor, manifestaes de catarse

    odienta.

    A catarse depreciativa expressa basicamente o mesmo contedo, mas de forma supostamente mais civilizada. O dio travestido de deboche ou ironia. Um ou outro argumento aparece no meio de acusaes e

    xingamentos, de modo a garantir um verniz civilizatrio aos textos e a manifestar uma presena ainda que tmida da conscincia moral do

    indivduo.

  • Marcelo Tas, deturpando a afirmao de Lula sobre o fim do DEM para

    us-la como base de crtica irnica.

    As duas formas de ao servem a nossos propsitos. No convm ficarmos associados apenas aos pitbulls da poltica porque isso traria muitas crticas aos defensores de nossos interesses, por parte das pessoas

    decentes (sim, elas existem).

    Lio nmero 8 A convivncia justificada com o dio

    "O objetivo final da manipulao poltica transformar leitores em

    eleitores dos nossos candidatos, mas o objetivo imediato formar uma legio de 'autnomos obedientes' que se sintam justificados na vivncia e na expresso do dio direcionado aos nossos adversrios".

    9. A CATARSE PBLICA

    O momento mais festejado entre os manipuladores polticos a situao de catarse pblica.

    Um resultado positivo de nossos esforos, resultado de certo modo trivial, conseguirmos que determinado grupo de leitores se tornem

    "autnomos obedientes" e passem a defender ferozmente os nossos apadrinhados polticos e a atacar barbaramente os nossos adversrios polticos.

    Outro resultado positivo, bem mais valioso, conseguirmos que centenas

    ou milhares de pessoas expressem simultaneamente o seu dio, com todas as consequncias negativas que essa liberao inconsequente da agressividade possa lhes trazer.

    Aqui preciso distinguir entre manifestaes de protesto, que so cclicas

    na maioria das sociedades, e catarses movidas pelo dio. As manifestaes de 2013, no Brasil, foram claramente um momento de desafogo social. Basta lembrar as convocaes virtuais de ento, que conclamavam "todos

    os brasileiros" a sarem s ruas para "protestar contra tudo". J as catarses movidas pelo dio so direcionadas e tm relao direta com a manipulao

    poltica antecedente.

    Quem no se lembra da noite da eleio da atual presidente Dilma

    Rousseff, em 2010? Baseando-se em nossos argumentos manipulativos (em especial, o argumento de que os "nordestinos vagabundos" seriam

    responsveis pela vitria da candidata do PT), as redes sociais xingaram em peso os habitantes da Regio Nordeste para depois descobrirem que, mesmo se o Norte e o Nordeste fossem eliminados do mapa da votao,

    Dilma teria vencido o pleito.

    Vrios internautas foram processados por essas manifestaes de dio, e

    alguns deles ficaram com seus nomes tristemente marcados para sempre na memria do grande pblico.

    E no dia da posse da atual presidente? Nova catarse pblica, agora desejando o assassinato da suprema mandatria da Nao. Novamente,

  • escndalo nacional e internacional, e nova entrada em cena do Ministrio

    Pblico que deixou alguns "autnomos obedientes" com a ficha suja.

    A mais recente catarse, bem fcil de lembrar, foi a manifestao da torcida no jogo inicial da Copa do Mundo, no Maracan, que levou para a cesta de lixo da civilizao um bom nmero de colunistas sociais,

    apresentadores de programas, subcelebridades globais, socialites, professores, entre outros, que compartilharam orgulhosamente os vdeos da

    catarse.

    Mais frente neste Curso, trataremos em detalhes dos danos infligidos

    aos "autnomos obedientes".

    Lio nmero 9 A cereja do bolo da manipulao: a catarse pblica

    "O pice da excelncia manipulativa na poltica a catarse pblica. No

    podemos fazer nada para produzi-la, com segurana, mas seu trabalho deve ter como um dos objetivos contribuir para que um dia ela ocorra, no

    sentido dos nossos interesses".

  • FATORES FAVORVEIS AO SUCESSO DA MANIPULAO

    Os fatores seguintes, quando presentes, ajudam os jornalistas a obter pleno sucesso em sua atividade manipulativa.

    Domnio dos principais veculos da mdia

    Como se sabe, no Brasil os grandes veculos da mdia so dominados por poucas famlias, unificadas pelo propsito de substituir os atuais donos do poder central. Essa circunstncia feliz permite que se estabelea, na prtica,

    o pensamento nico em suas publicaes. O pensamento nico representado por uma interpretao nica dos fatos e por um vilo nico no

    universo poltico nacional.

    J se tornou corriqueira a situao de manchetes idnticas num mesmo

    dia, que parecem ter sido produzidas por uma "central de manchetes" da grande mdia.

    Montagem do site Brasil 247

    Montagem do site Brasil 247

  • Montagem da internet

    Montagem da internet

    Outro exemplo corriqueiro a participao sequencial de meios da grande mdia na criao e explorao de supostos escndalos que afetam o

    governo central.

    Como j presenciamos inmeras vezes, uma revista (que no precisamos nomear) lana o "escndalo", os jornais divulgam o fato com estardalhao, os telejornais desenvolvem a trama, os jornais repercutem o

    desenvolvimento, os radialistas comentam indignados, os colunistas caluniam e xingam os mesmos alvos de sempre at que o "escndalo" desaparea aps um desmentido categrico da realidade. Passa-se um tempo (bem pouco) at a estratgia ser repetida. Incessantemente.

    O domnio dos veculos da mdia, portanto, permite o pensamento nico e a explorao organizada dos ataques contra os nossos adversrios polticos,

    facilitando a nossa tarefa de manipulao jornalstica.

  • Estatsticas feita pela Uerj, comparando o nmero de manchetes negativas sobre os candidatos Presidncia.

    http://www.manchetometro.com.br/

    Contgio social

    O mais importante (e escandaloso) experimento secreto realizado pelo Facebook (veja o quadro abaixo) comprovou um fato empiricamente

    conhecido pelos manipuladores profissionais: emoes so contagiosas.

    "Experimental evidence of massive-scale emotional contagion through

    social networks" (Evidncia experimental de contgio emocional em larga

    escala por meio de redes sociais).

    http://www.forbes.com/sites/kashmirhill/2014/06/28/facebook-manipulated-689003-users-emotions-for-science/

    http://www.pnas.org/content/111/24/8788.full

    http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/06/em-experimento-secreto-facebook-manipula-emocoes-de-usuarios.html

  • Quando se forma a impresso de que "todos" esto fazendo algo

    (migrando para uma rede social, tatuando o corpo, optando por um candidato, etc.), a tendncia do indviduo "ir com a onda", ou seja, fazer o

    que "todos" esto fazendo. O experimento do Facebook revelou que esse processo de tomada de deciso tambm s d na rea das emoes, alm da rea dos comportamentos: se "todos" parecem estar num determinado

    estado de esprito, o usurio tender a adotar aquele mesmo estado de esprito, "positivo" ou "negativo".

    O contgio social justamente o fenmeno psicossocial aproveitado pela grande mdia nestes ltimos anos, visando voltar a populao contra o

    partido que se encontra no poder. Com grande custo e depois de muitos anos, conseguimos criar um estado de esprito pessimista mesmo naqueles

    que se beneficiaram das medidas do governo.

    Mais de 10 anos de inflao dentro da meta, crescimento econmico, pleno emprego, 30 de milhes de novos consumidores integrados ao mercado e...

  • A impresso generalizada de que "est tudo ruim" (para no dizer um palavro), embora a realidade cotidiana esteja muito boa, exemplifica o

    conceito de "contgio social" e representa uma vitria significativa dos manipuladores atuantes na grande mdia.

  • Persistncia e congruncia

    Esses dois fatores esto juntos porque um no funciona sem o outro.

    Persistir na manipulao, mantendo o foco insistentemente com o passar dos dias, semanas, meses e anos, quase sempre leva ao convencimento do

    manipulado, em especial se ele no tiver outra fonte que contradite a mensagem do manipulador.

    To importante quanto a persistncia a congruncia, isto , a ausncia de mensagens contraditrias. A contradio quebra o encanto em que o

    manipulado vivia, embevecido pelas mensagens anteriores do manipulador.

    Um exemplo de como no se deve agir:

    At aqui tudo bem: atribuiu-se a outrem aquilo que a prpria pessoa faz

    (a prtica do dio). O problema a quebra de continuidade:

  • Ao personificar a atitude atribuda ao adversrio (o dio), o tuiteiro

    desfaz a eficcia do primeiro tute. A iluso de realidade se perde quando algum se trai no momento seguinte. A congruncia, assim como a persistncia, um fator indispensvel boa manipulao poltica.

    Outro exemplo infeliz: compartilhar link de Reinaldo Azevedo para criticar

    o uso do dio na poltica. Como diz o povo: "Se no gosta de missa, no v igreja".

    E depois...

    E a coerncia, como fica?

  • Como ensinamos no Curso Avanado, a regra seguida pelo bom

    manipulador esta: "S uma mensagem, repetida exausto, sem contradio".

    Ausncia de referncias polticas passadas

    Outra circunstncia que torna bem mais fcil o nosso trabalho, especialmente em relao aos jovens, a ausncia de referncias pessoais

    sobre o passado da poltica nacional.

    J l se vo quase 12 anos do (c entre ns) desastroso governo do

    presidente Fernando Henrique Cardoso, em que o pas quebrou trs vezes em seu segundo mandato. Os eleitores de outubro de 2014 que estiverem com 22 anos de idade, tinham 10 anos poca da substituio dos donos

    do poder (de FHC para Lula). Ou seja, no viveram ativamente os fatos polticos de ento. Sua memria um vazio propcio ao preenchimento

    interesseiro.

    Cabe a ns, como vimos fazendo corretamente, ocultar ao mximo os

    fatos desabonadores do passado e transmitir a impresso de que nenhum outro governo foi to incompetente e corrupto quanto o atual.

    Podemos contar com a proverbial preguia dos jovens, que tm todas as

    fontes disponveis na Web, mas no verificam nem mesmo a validade das estapafrdias correntes de e-mail que recebem diariamente.

  • http://www.youtube.com/watch?v=Uo5Lj1QtD1o

    Desinteresse do brasileiro pela poltica internacional

    No segredo de ningum o desinteresse total do brasileiro mdio e da juventude brasileira pela poltica internacional justamente a origem das foras mais importantes do cenrio poltico, em qualquer momento da Histria.

    Da a facilidade com que so manipulados por grupos e ONGs do exterior, os quais deixam de lado suas funes originais e passam a atuar como representantes de interesses nacionais aliengenas geralmente, dos Estados Unidos.

  • Convocao do Greenpeace, uma ONG ecolgica, para manifestao

    contra a Copa.

    A aceitao passiva desses chamamentos j gerou situaes tragicmicas, como a luta pela PEC 37, cujo contedo era desconhecido pela maioria dos manifestantes, mas foi adotada como causa "popular" graas a

    uma publicao de vdeo no YouTube.

    Enganao feita por um desconhecido, em nome do Anonymous, durante os protestos de 2013.

    Jovens seguem jovens. Por isso, grupos estrangeiros interessados em desestabilizar governos legtimos costumam usar belas jovens como

    smbolos de campanhas de agitao social, sempre com a mesma apresentao atraente.

  • Nativa do Brasil

    Aproveitando-se da ingenuidade poltica dos jovens, essas agitadoras

    sociais transmitem meias verdades e mentiras completas, sempre envelopando sua mensagem em slogans e palavras de ordem bem curtas e

    fceis de lembrar.

    Insatisfao social de classe

  • Como se sabe, a ascenso social de mais de 30 milhes de brasileiros nos

    Governos Lula e Dilma gerou tenses sociais inditas em nosso pas. Aeroportos, shopping centers e restaurantes do pas passaram a ser

    frequentados por uma gente estranha, nova, desacostumada com o modo "natural" (e elegante) de se comportar nesses lugares.

    Alm disso, privilgios caros s classes mais altas, como viajar para

    destinos "nobres" do exterior (pense em Miami), foram democratizados nos ltimos anos, gerando profundas insatisfaes de classe.

  • "No tem mais graa ir a Nova York (EUA) ou Paris (FRA) e correr o risco

    de encontrar o porteio do prdio onde mora".

    Alis, nem precisa ser algum privilgio.

    Por causa desse caldo (amargo) de cultura, o grupo social mais endinheirado altamente receptivo a qualquer ataque feito contra os responsveis por tal situao. Quem acessa o Facebook e o Twitter j

    presenciou cenas chocantes de discriminao derivadas do pavor da incluso social.

    O promotor confundido com um reles usurio de rodoviria sebenta.

    Hiato temporal entre a verso e o fato

    Esse fator foi magnificamente ilustrado pelo movimento "#NovaiterCopa

    ou, se houver, ser a Copa dos Horrores", bancado pela grande mdia. A campanha contra a Copa comeou anos antes de sua realizao. Durante

    dezenas de meses, os veculos miditicos reinaram absolutos em suas denncias, em seu pessimismo e em seu catastrofismo, justamente porque no havia meio de confrontar essas "informaes" com os fatos reais.

    Nesse longo perodo, passou-se ao grande pblico somente uma mensagem, um ponto de vista, um conjunto monoltico de "fatos"

    cuidadosamente escolhidos pelos donos dos veculos, por meio de reportagens, notinhas, editorais, matrias de colunistas, declaraes de

  • subcelebridades, posts de instigadores da Sombra... Nunca se juntou um

    exrcito de colaboradores to empenhado e afinado.

    Alm disso, o interesse dos ingleses em tirar dos brasileiros a Copa do Mundo do Brasil, aps a derrota na Fifa para a Rssia e o Catar, forneceu mdia nativa vrias reportagens pessimistas quanto nossa capacidade de

    organizao do torneio, com a "autoridade" da fonte externa.

    O caos das manifestaes na Copa das Confederaes, brilhantemente orquestrado, pareceu confirmar as piores previses.

    O importante perceber que a mdia pde nadar de braada durante anos porque o evento ainda no tinha acontecido. Bastou que ele se iniciasse para que todos os veculos passassem a reproduzir os fatos diametralmente opostos s previses. At porque todo o pas inteiro tinha acesso aos fatos, assim como os estrangeiros em nosso pas, e no se podia

    mais evitar a verdade.

    E a Copa que no teramos, ou mesmo a Copa dos Horrores, aquela que

    seria o maior fracasso administrativo da Histria do Brasil, tornou-se a Copa das Copas, a melhor Copa do Mundo de Futebol de todos os tempos.

    A realidade da Copa atualizou o ditado popular, acrescentando ao "antes" o "durante": "O melhor da festa esperar por ela. O pior da festa

    desesperar por ela".

    Esse descompasso temporal entre verso e fato tambm aproveitado nas previses do noticirio econmico. Certamente voc j viu, no final de cada ano, a lista de previses erradas das Mes Dinahs do jornalismo

    econmico-financeiro brasileiro. Previses mais curtas (as da inflao mensal, do PIB trimestral etc.) rendem bons risos aos internautas, quando

    desmascaradas. Mas at l...

  • FATORES COMPLICADORES DO SUCESSO DA MANIPULAO

    A alienao poltica do brasileiro

    A tradicional alienao poltica do povo brasileiro tem um lado altamente positivo: permite-nos enganar com facilidade grande parte dos eleitores, atribuindo responsabilidades pesadas a quem no tem e livrando da

    responsabilidade pesada quem a merece.

    O lado negativo dessa alienao poltica a dificuldade extrema de envolver os cidados brasileiros em algo mais do que o ativismo de sof. Muitos devero se lembrar de quantos anos foram necessrios para a

    gerao Facebook sair da internet e ir s ruas protestar contra nossos alvos polticos.

    Mas o acento ficou l.

    A catarse social de meados de 2013 chegou num momento em que

    muitos de ns estvamos j desiludidos de ver as ruas pegarem fogo, depois de tantos anos de manipulao e incitamento aos protestos fsicos.

    Passado o desabafo coletivo, entretanto, a excitao refluiu at voltar aos nveis pr-junho de 2013, refluxo ajudado, certamente, por alguns

    complicadores, como a desmedida e desfocada agressividade de grupos parasitas, notadamente os Black Blocs e os anarquistas.

  • A tentativa de assassinato de um serralheiro e de sua famlia.

    A preguia participativa, fora da Web, ser um grande obstculo para o

    sucesso de nossos esforos na luta contra o governo central, nas eleies vindouras.

    A ndole afetuosa do brasileiro

    Somos um pas recordista em assassinatos e violncia em geral. Mas, paradoxalmente, as relaes diretas de brasileiros, entre familiares, amigos, conhecidos e at desconhecidos, so marcadas pela afetividade positiva.

    Esse foi outro problema que quase nos desiludiu durante o longo trabalho

    de manipulao poltica: como transformar um povo afetuoso, brincalho e hospitaleiro num povo odiento? Como fazer com que pessoas divertidas e amigas se transformem em algozes de parentes, amigos, colegas e

    desconhecidos?

    Como inimizar os brasileiros, entre si respeitada a diviso ideal: defensores dos nossos candidatos para c, defensores do governo central para l?

    Anos de campanha negativista e de exemplos dados pelos nossos mais destacados colunistas e blogueiros acabaram vingando: a Web brasileira

    tornou-se um lindo campo de batalha, em que internautas expem publicamente seu dio, sem medo de serem felizes em sua virulncia e sem

    receio de prejuzos futuros por suas palavras destemperadas.

    Mas, como se viu na Copa do Mundo, o lado positivo da brasilidade

    desperta ao menor estmulo, a ponto de encantar instantaneamente os turistas estrangeiros. Essa constatao indica a necessidade de

    continuarmos ensinando a forma "certa" de tratar os adversrios cotidianos, para que o dio no seja neutralizado pela ndole boa do cidado comum.

    A importncia fundamental do treinamento realizado pela mdia

  • Imagine a seguinte situao: chegue perto de um brasileiro comum e

    pergunte se ele prefere ver seu time como campeo do Brasileiro ou, nesse mesmo ano, ver seu candidato a Presidente como o vitorioso do

    pleito. Em quase 90% das vezes, a opo ser pelo time.

    Agora pense no seguinte: no convivemos pacificamente com torcedores

    dos mais variados times, entre eles os times rivais, em nossa famlia, em nosso trabalho, em nossas relaes cotidianas e afetivas? Sentimos dio por

    algum deles, apenas porque torcem por times diferentes? Vivenciamos essa situao de diferena como sendo irreconcilivel: se ele diferente de mim, tenho que atac-lo, at o ponto de desejar-lhe a morte? No, claro. At

    cnjuges continuam a se amar, torcendo por times rivais.

    Ento por que essas atitudes e comportamentos de rivalidade, agressividade e dio se manifestam numa questo psicologicamente menos importante para ns? Ora, porque fomos treinados para isso. No futebol,

    fomos treinados a odiar somente os argentinos (e voc sabe por quem). Na poltica, somos treinados cotidianamente a ver em nossos adversrios a

    essncia do Mal e a quase desejar a sua extino.

    E muitos anos foram necessrios para que esse treinamento produzisse uma gerao de militantes odiosos justamente porque essa uma reao

    pouco natural no cidado brasileiro. O carter nacional, associado alienao poltica, atuou contra ns, esses dois fatores na funo de obstculos ferrenhos que felizmente foram superados (ainda que

    temporariamente) graas persistncia e congruncia da grande mdia.

    A conscientizao social da atividade de manipulao jornalstica

    Repare nesta informao impressionante. Quando lanamos

    publicamente o Curso Bsico de Jornalismo Manipulativo, em janeiro de

  • 2010, este era o nmero de resultados do Google para "jornalismo

    manipulativo":

    Isso mesmo. Apenas 36 resultados contando com as repeties.

    A captura de tela mostra como era tnue a conscincia poltica do

    brasileiro quanto ao que vnhamos fazendo em termos de manipulao poltica.

    Atualmente, as redes sociais discutem todos os dias as mais de 400 tcnicas de manipulao que, pioneiramente, revelamos em nosso Curso, h mais de 4 anos. E vo muito alm, identificando outras tcnicas,

    derivadas da notvel criatividade de nossos alunos e da perspiccia do consumidor crtico de notcias.

    O fato preocupante que estamos chegando cada vez mais perto da situao que, em nossas aulas, denominamos o Grande Medo: a descoberta

    chocante, pelo consumidor de notcias, de que a grande mdia nunca esteve e nunca estar do lado dos interesses populares isto , de que ela sempre defendeu e defender interesses que implicam justamente a derrota de causas benficas grande maioria da populao.

    Da a importncia do que denominamos "estratgia preventiva": a atribuio desse papel (o de inimigos da populao) aos nossos adversrios

    polticos, de modo a estabelecer um contraste protetor: ora, se eles so os inimigos da populao, ns, que os combatemos, no podemos ser inimigos dela. Somos, ao contrrio, seus defensores.

    Essa estratgia preventiva tem evitado, at aqui, a ocorrncia daquela

    conscientizao trgica que constitui nosso Grande Medo. Mas quanto mais o cidado comum perceba as inmeras formas e tcnicas de manipulao que empregamos em nosso trabalho, mais perto ele se encontrar desse

    momento da verdade.

    Como bem afirmou um de nossos alunos, "quando o manipulado acordar do seu transe manipulativo, a realidade vai doer mais em ns do que neles".

    O desenvolvimento do esprito crtico

    Esse problema vem atrelado ao anterior.

    As redes sociais apresentam uma dinmica interna, em que alguns internautas naturalmente se destacam, passando a agir como lderes e mentores de um grande grupo virtual. Vrios deles, no campo oposto ao

    nosso, tm feito um trabalho preocupante de conscientizao dos eleitores, despertando o esprito crtico em relao s nossas manipulaes.

  • Da a importncia de contarmos com um bom nmero de artistas e

    pensadores do nosso lado, no mundo virtual, para incentivar os internautas a reproduzir acriticamente as correntes de e-mails, os memes, as notinhas, posts e tutes com contedo agressivo ou ofensivo aos atuais ocupantes do

    poder central.

    Certamente voc reparou que, nos ltimos meses, vrios desses artistas e pensadores foram promovidos e apoiados pela grande mdia (sem a qual, diga-se logo, suas ideias no teriam a menor repercusso). Um exemplo:

    Link para a "denncia" sobre a compra de um avio de 50 milhes de dlares.

    Esse nosso aliado artstico, a propsito, um excelente exemplo da

    distino feita pelos estudiosos da inteligncia humana: o Q.I. (quociente de inteligncia) um potencial de inteligncia, que depende da habilidade de

    aplicao prtica. Um equvoco primrio (mas compreensvel) leva muitas pessoas a supor que essa aplicao do potencial esteja garantida, automaticamente. QIs altos, se no complementados pela sabedoria

    prtica, podem resultar em voos muitos baixos de inteligncia efetiva.

    Aviso: pule as capturas de tela a seguir, se no quiser vivenciar vrios momentos de vergonha-alheia.

  • Todos os invejosos so socialistas. Tese interessante...

    Como se sabe, a USP uma universidade estadual, administrada pelo governo do PSDB.

    Lutar contra uma ditadura "fazer merda".

  • Como se sabe, a PM de So Paulo est subordinada ao governador do Estado, atualmente do PSDB.

    Matria-bomba que jamais explodir na grande mdia.

    Em "todos os lugares" leia-se "aqueles frequentados pela elite branca".

    Link para um artigo irnico de Antonio Prata, reproduzindo o pensamento de direta no Brasil.

  • Com a palavra, o maior gnio da atualidade (o fsico ingls Stephen

    Hawking):

    "What is your I.Q.?

    I have no idea. People who boast about their I.Q. are losers"

    "Qual o seu Q.I.?

    No tenho a menor ideia. Pessoas que ostentam seu Q.I. so perdedores".

    http://www.nytimes.com/2004/12/12/magazine/12QUESTIONS.html

    Livro do professor Luiz Machado.

    O dficit cognitivo no raro nesse grupo de nossos apoiadores.

  • http://portala8.com/cotidiano/cantor-lobao-entra-na-conversa-errada-e-paga-mico/

  • Esse problema faz com que eles vivam, ingenuamente, "levantando bola"

    para a cortada matadora dos nossos adversrios.

    Algum reparou no duplo sentido delicioso da frase da "mocinha inteligente"?

    Jornalistas radicais tambm levantam bolas, desnecessariamente.

  • O que nos remete ao tema central do item: quanto mais facilmente

    artistas, pensadores e jornalistas sejam desmascarados pelos fatos (e devemos admitir que esta a situao corriqueira), mais o esprito crtico dos nossos adversrios virtuais se desenvolve, atrapalhando os nossos

    esforos de manipulao.

    At tu, Papa Francisco?

  • Fontes alternativas de informao

    Este problema soma-se aos dois anteriores.

    Em essncia, a manipulao jornalstica segue estas diretrizes:

    Providncias em relao a pessoas e grupos do nosso lado

    a) Fato ruim.

    Ocultar ou minimizar.

    b) Fato bom.

    Divulgar e/ou supervalorizar.

    c) "Fato" inexistente positivo.

    Criar.

    Providncias em relao a pessoas e grupos do outro lado

    a) Fato ruim.

    Divulgar e/ou supervalorizar.

    b) Fato bom.

    Ocultar ou minimizar.

    c) "Fato" inexistente negativo.

    Criar.

    Se voc tem um mnimo de conhecimento da atuao da grande mdia, pode apontar dezenas de matrias em que tais diretrizes foram aplicadas

    com propriedade (embora nem sempre com sucesso). As tcnicas geradas pela adoo dessas diretrizes so ensinadas em nosso Curso Bsico de

    Jornalismo Manipulativo.

    Nosso grande inimigo no esforo de criarmos um contexto fantasioso que

    estimule a preferncia pelos nossos candidatos, polticos e grupos, atualmente, chama-se internet.

    Como voc j percebeu, comum esta situao: uma revista (cujo nome novamente no precisamos mencionar) lana uma "denncia" em sua capa.

    Antes mesmo de ela chegar casa dos assinantes ou s bancas, seus potenciais leitores j tiveram acesso desconstruo da "denncia",

    realizada detalhadamente na internet.

    Vale o mesmo para fatos que a mdia tenta, desesperadamente, ocultar

    da populao.

  • A internet no perdoa. No esquece. No alivia. E, como se sabe, os

    jovens, integrantes dessa faixa etria to facilmente manipulvel por no ter ainda experincia de vida nem passado poltico, so os que mais vivem na internet. A convivncia diria com pessoas mais experientes, crticas e

    inteligentes acaba neutralizando aqueles fatores positivos para a manipulao.

  • A internet tambm permite acesso a informaes que preferamos

    esconder. Tudo bem, que a maioria dos internautas no pesquise o passado, visando formar uma opinio sobre ele. Mas alguns fazem esse

    servio pela maioria, e o resultado definitivamente no bom.

    Buscando em acervos digitais, esses internautas inconvenientes j

    mostraram nova gerao a real situao, por exemplo, dos Anos FHC. Entre outras vergonhas nacionais, foram mostrados:

    . Os juros estratosfricos.

    . A humilhante submisso do pas ao FMI.

    . A denncia de compra da reeleio para presidente.

    . Os vrios escndalos de corrupo do governo de ento.

    . As filas interminveis de candidatos a empregos, at mesmo para garis.

    . Os Natais das "lembrancinhas de R$5,00",

    . Os aeroportos vazios.

    . A recesso causada pelo racionamento de energia eltrica.

    . As compras coletivas do ms em supermercados.

    . Os grupos de caronas para economizar gasolina.

    . Os nordestinos que se alimentavam de calangos e que promoviam

    saques por causa da fome.

    . As matrias ensinando os brasileiros a aproveitar alimentos e roupas.

    . Os conselhos de economistas sobre pagamentos de dvidas e

    emprstimos com agiotas.

    . A angstia de pais e mes que no viam uma perspectiva boa de futuro

    para os seus filhos.

    E tantos outros exemplos de adaptao forada de toda uma populao a

    um tempo muito difcil.

    Da o eleitor atual compara com a situao presente, em que:

    . Cada Natal melhor que o anterior.

    . O dinheirinho suado vai para a poupana.

    . "Crise" no mais a essncia da vida pessoal, e sim uma palavra s encontrada em artigos de colunistas de Economia.

    . As frias so gozadas em viagens no exterior.

    . O estudo dos filhos est bem encaminhado.

    . As vendas de carros e apartamentos batem recordes.

  • . Os aeroportos esto entupidos de novos turistas nacionais.

    . O carrinho de compras dos supermercados vive cheio.

    . O lar do brasileiro mdio possui muitos bens teis e suprfluos.

    . O futuro uma esperana concreta, porque o tempo difcil passou.

    E todo o esforo de criao de pessimismo pela grande mdia vai pelo

    ralo.

    Outra fonte alternativa de informao para os mais jovens so os parentes mais velhos. Eles viveram aquele tempo difcil e podem lhes contar sobre experincias assustadoras.

    Um ponto importante: voc j deve ter reparado que um dos nossos principais objetivos polticos gerar, nos atuais cidados, o medo-quase-

    pnico de vivenciar uma situao exatamente como aquela que o pas acabou de superar. E deve tambm ter notado que sugerimos que a

    continuidade deste governo levar inevitavelmente a populao a viver a situao causada pelo governo anterior, ou seja, por aqueles polticos que tentamos fazer retornar ao Planalto Central.

    Da a necessidade extrema de se evitar a associao "antigo governo caos", minando a associao "atual governo bem-estar" para conseguir convencer os eleitores que a associao correta "atual e futuro governo caos".

    A necessidade de ampliao do leque dos militantes odientos

    Este comentrio no site GGN reproduz com preciso cirrgica um ponto abordado constantemente nas aulas de nossos Cursos.

    Ou seja, de nada adianta pregar para convertidos. O efeito da pregao,

    nessas pessoas, o aumento de intensidade do apego doutrina em termos prticos: mais dio direcionado contra nossos alvos polticos.

    Mas esse um efeito, de um lado, desejvel, porque tais pessoas se tornam mais comprometidas com a nossa luta, e, de outro lado,

    indesejvel, porque elas se tornam mais fanticas e menos eficientes na

  • luta. Viram caricaturas de militantes polticos, tema j explorado em vrios

    Tumblrs de nossos adversrios.

    Por isso necessrio que a nossa pregao convena outros eleitores. S assim conseguiremos aumentar a massa crtica (perdo, acrtica) que nos garantir a vitria nas prximas eleies.

    Os prprios manipulados percebem essa situao e, intoxicados pela

    urgncia de mudana do governo, perdem-se em sonhos estapafrdios como este:

    Ou este:

    Uma pessoa, um voto. Uma pessoa que odeia Dilma, Lula ou o PT, um voto. Essa pessoa pode odiar at explodir suas artrias de raiva, mais ela s

    ter (se sobreviver imploso emocional), um voto no dia da eleio.

  • O pior resultado dos nossos esforos seria estigmatizar (pela caricatura)

    os apoiadores dos nossos candidatos e, alm disso, no conseguir expandir o nmero desses apoiadores.

  • QUESTES TICAS, MORAIS E TCNICAS SOBRE A MANIPULAO

    Nossa equipe de psiclogos intuiu que uma das causas provveis para a assimilao do dio por nossos jornalistas poderia derivar de um "mecanismo de defesa" (desculpem a linguagem tcnica).

    Explicando: a conscincia de estar