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LEPTINA E GRELINA: O PAPEL NA PATOGÊNESE DA OBESIDADE. RESUMO: A incidência mundial de obesidade dobrou nos últimos trinta anos e o aumento da prevalência do sobrepeso e da obesidade atribui-se, principalmente, às mudanças nos estilos de vida que incidem sobre a susceptibilidade ou predisposição genética para ser obeso. O objetivo deste trabalho é relacionar o papel da leptina e da grelina no controle do peso corporal; identificar o mecanismo de ação das mesmas e verificar as limitações existentes no tratamento da obesidade e abordar as perspectivas futuras do tratamento. Os métodos utilizados foram à revisão na literatura, utilizando, como instrumento de pesquisa, artigos, publicações científicas nacionais e internacionais, e as bases de dados Medline, Scielo, PubMed no que concerne à temática da relação entre os hormônios leptina, grelina e a obesidade. A leptina é um peptídeo que desempenha importante papel no controle da ingestão alimentar e no gasto energético, gerando maior gasto energético e menor ingestão alimentar. Além dos avanços no estudo da célula adiposa, um hormôrnio relacionado ao metabolismo foi descoberto, a grelina. A grelina é um peptídeo produzido nas células do estômago, e está diretamente envolvida no controle do balanço energético a curto prazo. Portanto, As recentes investigações envolvendo a leptina e a grelina, abrem novos campos de pesquisa para o controle da obesidade, principalmente nas áreas de nutrição e metabolismo. O aprofundamento dos conhecimentos sobre esses hormônios torna-se de grande relevância na manutenção e preservação da qualidade de vida da população, podendo proporcionar novas abordagens terapêuticas no tratamento da obesidade. Termos indexação: leptina, grelina, obesidade, metabolismo. ABSTRACT: The worldwide incidence of obesity has doubled in the last thirty years, and the increasing prevalence of overweight and obesity is attributed to changes in lifestyles that affect the susceptibility or genetic predisposition to obesity. The objective in this work is to correlate the function of leptin and ghrelin in body weight control. Identify the mechanism of these hormones. Verifying the existing limitations in the obesity treatment and approach the future prospects of that. The methods used were literature

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  • LEPTINA E GRELINA: O PAPEL NA PATOGNESE DA OBESIDADE.

    RESUMO:

    A incidncia mundial de obesidade dobrou nos ltimos trinta anos e o aumento da

    prevalncia do sobrepeso e da obesidade atribui-se, principalmente, s mudanas nos

    estilos de vida que incidem sobre a susceptibilidade ou predisposio gentica para

    ser obeso. O objetivo deste trabalho relacionar o papel da leptina e da grelina no

    controle do peso corporal; identificar o mecanismo de ao das mesmas e verificar as

    limitaes existentes no tratamento da obesidade e abordar as perspectivas futuras do

    tratamento. Os mtodos utilizados foram reviso na literatura, utilizando, como

    instrumento de pesquisa, artigos, publicaes cientficas nacionais e internacionais, e

    as bases de dados Medline, Scielo, PubMed no que concerne temtica da relao

    entre os hormnios leptina, grelina e a obesidade. A leptina um peptdeo que

    desempenha importante papel no controle da ingesto alimentar e no gasto

    energtico, gerando maior gasto energtico e menor ingesto alimentar. Alm dos

    avanos no estudo da clula adiposa, um hormrnio relacionado ao metabolismo foi

    descoberto, a grelina. A grelina um peptdeo produzido nas clulas do estmago, e

    est diretamente envolvida no controle do balano energtico a curto prazo. Portanto,

    As recentes investigaes envolvendo a leptina e a grelina, abrem novos campos de

    pesquisa para o controle da obesidade, principalmente nas reas de nutrio e

    metabolismo. O aprofundamento dos conhecimentos sobre esses hormnios torna-se

    de grande relevncia na manuteno e preservao da qualidade de vida da

    populao, podendo proporcionar novas abordagens teraputicas no tratamento da

    obesidade.

    Termos indexao: leptina, grelina, obesidade, metabolismo.

    ABSTRACT:

    The worldwide incidence of obesity has doubled in the last thirty years, and the

    increasing prevalence of overweight and obesity is attributed to changes in lifestyles

    that affect the susceptibility or genetic predisposition to obesity. The objective in this

    work is to correlate the function of leptin and ghrelin in body weight control. Identify the

    mechanism of these hormones. Verifying the existing limitations in the obesity

    treatment and approach the future prospects of that. The methods used were literature

  • 2

    review as a research tool, papers, national and international scientific journals and

    Medline, Scielo, PubMed databases regarding the topic of the relationship between the

    hormone leptin, ghrelin and obesity. Leptin is a peptide that plays an important role in

    controlling food intake and energy expenditure, generating higher energy expenditure

    and reduced food intake. In addition to advances in the study of adipose cell, a

    hormone related to metabolism has been recently discovered, the ghrelin. Ghrelin is a

    peptide produced in the stomach and is directly involved in the control of energy

    balance in the short term. Therefore, the recent investigations involving leptin and

    ghrelin, offer new research fields for controlling of obesity, especially in areas nutrition

    and metabolism areas. Hence, improving knowledge of these hormones becomes very

    important in maintaining and preserving the life's quality, and may provide new

    therapeutic approaches for obesity treatment.

    Indexing terms: Leptin; ghrelin; obesity; metabolism.

    INTRODUO

    De acordo com a Pesquisa de Oramentos Familiares (POF) 2008-2009

    sobre Antropometria - Estado Nutricional de Crianas, Adolescentes e Adultos no

    Brasil a populao brasileira est ficando mais gorda e em velocidade acelerada. O

    excesso de peso j atinge metade da populao adulta; uma em cada trs crianas

    com faixa etria de 5 a 9 anos de idade e um quinto dos adolescentes do pas

    (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2010). Assim, a

    obesidade considerada um importante problema de sade pblica nos pases

    desenvolvidos e em desenvolvimento, e para a OMS, uma epidemia global

    (BOUCHARD, 2000; DAMASO, 2003).

    A obesidade pode ser definida como o acmulo excessivo de gordura

    corporal, fator que traz prejuzos sade, destacando-se as dificuldades respiratrias,

    problemas dermatolgicos e distrbios do aparelho locomotor, alm de favorecer o

    desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo II, dislipidemias, doenas cardiovasculares

    e alguns tipos de cncer (PINHEIRO; FREITAS; CORSO, 2004).

    No fcil identificar a etiologia da obesidade, uma vez que a mesma

    resultado de uma complexa interao entre fatores comportamentais, culturais,

    genticos, fisiolgicos e psicolgicos, ou seja, caracterizada como uma doena

    multifatorial. Dessa forma, pode, ser classificada em dois contextos, um por fatores

    genticos ou endcrinos e metablicos, ou ento, por influncia de fatores externos,

  • 3

    sejam eles de origem diettica, comportamental ou ambiental. Acredita-se que os

    fatores externos so mais relevantes na incidncia de obesidade do que os fatores

    genticos (NOBREGA, 1998; BOUCHARD, 2000; DAMASO, 2003).

    Entre os tratamentos para a obesidade, o clnico fundamental, uma vez

    que tem como objetivo mudar o estilo de vida do indivduo obeso, melhorar os seus

    hbitos alimentares e estimular a prtica de atividade fsica. No existem evidncias

    que indiquem qual a composio mais adequada da dieta, no mbito de promover uma

    maior perda de peso; porm, uma alimentao equilibrada promove mais sade e

    bem-estar do que dietas altamente restritivas em algum tipo de nutriente, apesar de

    serem igualmente eficaz em promover perda de peso (DAMASO, 2003).

    Apesar de ser uma das doenas metablicas mais antigas da humanidade,

    as opes farmacolgicas para o tratamento da obesidade so limitadas e apresentam

    diversos efeitos colaterais. As descobertas relativamente recentes dos hormnios

    leptina e grelina tm estimulado a investigao e a descoberta de vrios novos

    hormnios e outras substncias relacionadas com a saciedade, obesidade e gasto

    energtico (FLIER, 2007).

    Entender o mecanismo de ao do controle endcrino do balano

    energtico, seja atravs da regulao do apetite e saciedade ou mediante a regulao

    do gasto energtico, pela maior ou menor propenso para a atividade fsica ou pela

    regulao do metabolismo basal, contribui para os avanos nos estudos relacionados

    patognese da obesidade e conseqentemente no desenvolvimento de novos

    tratamentos e prevenes mais eficazes, perante o aumento epidmico da obesidade

    e das conseqncias a ela associadas (NOBREGA, 1998).

    Nestes diversos mecanismos, complexos e ainda em fase inicial de estudo,

    a leptina e a grelina ocupam papis centrais.

    O interesse pelo tema surgiu devido leptina e a grelina serem um

    hormnio, cujo papel importante na regulao da ingesto alimentar, no consumo

    energtico e no peso corporal. Considerando o fato de que a leptina um marcador da

    adiposidade corporal, destacando-se como sinalizadora e moduladora do estado

    nutricional no indivduo obeso e que a grelina diminui a oxidao das gorduras e

    aumenta a ingesto alimentar e a adiposidade, questionou-se qual a relao do

    hormnio leptina e da grelina no controle do peso corporal, sendo este o principal

    objetivo deste trabalho. Procurou-se tambm identificar o mecanismo de ao da

  • 4

    leptina e da grelina, as limitaes existentes no tratamento da obesidade e as

    perspectivas futuras do tratamento.

    OBJETIVOS

    Geral

    Relacionar o papel da leptina e da grelina no controle do peso corporal.

    Especfico

    Identificar o mecanismo de ao da leptina e grelina;

    Verificar as limitaes existentes no tratamento da obesidade e;

    Abordar as perspectivas futuras do tratamento.

    MTODOS

    Foi realizada uma reviso da literatura, utilizando, como instrumento de

    pesquisa, artigos, livros e publicaes cientficas nacionais e internacionais, no que

    concerne temtica da relao entre os hormnios leptina, grelina e a obesidade. A

    pesquisa foi realizada nas bases de dados Medline, Scielo, PubMed com os termos de

    indexao leptina, grelina, obesidade e metabolismo.

    REVISO DA LITERATURA

    Captulo I. Regulao hormonal do comportamento alimentar.

    Regulao hormonal e hipotalmica da gordura corporal e da

    ingesto de alimentos.

    Segundo Constanzo (2004), uma breve interrupo do suprimento de

    glicose ao crebro de uma pessoa pode levar perda da conscincia, leses cerebrais

    srias, e at mesmo morte da mesma. Dessa maneira, complexos mecanismos

    regulatrios evoluram para armazenar energia no corpo, de forma que ela esteja

    disponvel quando necessria.

    Imediatamente aps o consumo de uma refeio as reservas energticas

    corporais so repostas e armazenadas na forma de glicognio e triglicrides; as

  • 5

    reservas de triglicrides so encontradas no tecido adiposo, gordura, e tm uma

    capacidade virtualmente ilimitada.

    Durante a condio de jejum entre as refeies, estas molculas so

    quebradas para fornecer ao corpo um suprimento contnuo de combustvel para o

    metabolismo celular. Um ajuste fino do balano energtico deve ocorrer para que as

    reservas sejam repostas na medida em que so gastas, uma vez que se a ingesto e

    o armazenamento de energia exceder a utilizao, a quantidade de gordura corporal,

    aumenta, resultando em sobrepeso e eventualmente em obesidade. Porm, se a

    ingesto de energia consiste em no alcanar as demandas corporais, ocorre perda

    do tecido adiposo e conseqentemente perda de peso (BERNE, 2004; CONSTANZO,

    2004).

    Mltiplos mecanismos regulatrios agem a curto prazo ou a longo prazo

    para manter as reservas de gordura corporal ajustado a um dado ponto de equilbrio.

    De acordo com os estudos realizados por Hetherington & Ranson (1940),

    de que pequenas leses nos dois lados do hipotlamo do rato podem levar o enorme

    efeito sobre o comportamento alimentar, e conseqentemente, sobre a adiposidade.

    As leses bilaterais do hipotlamo lateral causam anorexia, ou seja, o apetite por

    alimento diminudo drasticamente. Por outro lado, leses bilaterais do hipotlamo

    ventromedial causam um aumento na ingesto de alimento, tornando-se o animal

    obeso.

    O acoplamento entre gordura e comportamento alimentar sugere a

    possibilidade de uma comunicao entre o tecido adiposo e o crebro. A ingesto de

    alimentos estimulada quando neurnios no hipotlamo detectam uma queda nas

    concentraes plasmticas de uma substncia liberada pelos adipcitos conhecida

    como hormnio leptina que aumenta com os estoques de gordura e age no crebro

    para inibir a ingesto de alimentos e as reservas no tecido adiposo (LEHNINGER,

    2002; BERNE, 2004).

    Substncias envolvidas no controle do apetite, ingesto alimentar e

    saciedade.

  • 6

    Controle do comportamento alimentar e do peso corporal.

    O controle da ingesto alimentar e do peso corporal divido em dois

    sistemas: controle da ingesto alimentar em curto prazo, que determina o incio e o

    trmino de uma refeio e controle do peso corporal em longo prazo, responsvel

    pelo estoque de gordura corporal. A figura 1 demonstra estes dois sistemas de

    controle.

    Assim como a insulina, o hormnio leptina informa a adequao das

    reservas energticas ao hipotlamo, os quais so importantes para o controle do peso

    corporal de longo prazo. Em relao ao controle da ingesto alimentar de curto prazo,

    alm da CCK e do PYY, uma nova substncia pertencente a este sistema tem sido

    estudada: a grelina, um estimulador do apetite (MARX, 2005).

    Logo aps uma refeio, a distenso do estmago e a digesto dos

    alimentos estimulam o nervo vago e os nervos espinhais e promovem a liberao de

    CCK e PYY. Estas informaes chegam ao ncleo do trato solitrio no tronco cerebral

    e ao hipotlamo, inibindo o NPY e a AGRP por via anablica e determinando o fim da

    refeio (sistema de curto prazo).

    Por sua vez, o aumento dos nveis de leptina, que ocorre com o aumento

    da gordura corporal e nas situaes de balano energtico positivo, estimula o POMC

    e o CART por via catablica e conseqentemente inibe os neurnios NPY/AGRP por

    via anablica no hipotlamo. O -MSH, derivado da POMC, age sobre o MC4R,

    Tabela 1. Mecanismos hipotalmicos do apetite (SCHWARTZ, 2000).

  • 7

    levando reduo da ingesto alimentar (RODRIGUES, 1999; SCHWARTZ, 2000;

    MARX, 2005.

    Figura 1. Mecanismos hormonais do controle de peso corporal e ingesto alimentar

    (MARX, 2005).

    Aproximadamente duas horas antes de uma refeio, ocorre o aumento

    dos nveis da grelina, que funciona como um "iniciador de refeio". Os nveis de

    grelina tambm se elevam nas situaes de balano energtico negativo, fazendo

    parte dos sistemas de curto e longo prazo de regulao do peso corporal. Este

    hormnio estimula os neurnios NPY/AGRP. Desta forma, a AGRP bloqueia a

    sinalizao do MC4R atravs do sistema da melanocortina, promovendo o aumento

    da ingesto alimentar, adiposidade e consequentemente aumento do peso corporal.

    Com propriedades anablicas, outros neurnios secundrios no SNC so

    ativados e levando ao aumento da ingesto alimentar a longo prazo. O hipotlamo e o

    ncleo do trato solitrio no tronco cerebral se interconectam sendo responsveis pelo

    controle da ingesto alimentar e do peso corporal (RODRIGUES, 1999; SCHWARTS,

    2000; MARX, 2005).

    As caractersticas principais das mutaes descritas na espcie humana

    dos genes envolvidos no controle neuroendcrino do peso corporal esto resumidas

    na tabela 1.

    Tabela 2. Sndromes monognicas de obesidade em humanos (FAROOQI, 1998).

  • 8

    Captulo II. LEPTINA

    Caractersticas

    Em 1940 Kennedy props a existncia de um mecanismo de regulao da

    gordura corporal por meio de um sinal produzido pelos adipcitos (SIMN & DEL

    BARRO, 2002).

    A leptina (do grego leptos = magro) um hormnio peptdico formado por

    167 aminocidos, transcritos a partir do gene ob, que foi originalmente clonado em

    camundongos. Sua estrutura semelhante s da citocinas, do tipo interleucina-2 (IL-

    2), sendo produzida, no tecido adiposo branco, principalmente (ROMERO &

    ZANESCO, 2006).

    Quando a leptina injetada em camundongo ob-/ob que apresenta

    deficincia gentica de leptina, o mesmo reduz o consumo de alimentos e aumenta o

    gasto energtico. Porm, quando a leptina injetado em camundongo db-/db-, que

    apresenta deficincia do receptor de leptina, no ocorre nenhuma perda de peso

    corporal ou diminuio do consumo energtico. Seu pico de liberao ocorre durante

    a noite e s primeiras horas da manh, com meia-vida plasmtica de 30 minutos

    (CISTERNAS, 2002; LOPES et al., 2004; PARACCHINI, 2005).

  • 9

    Apesar da leptina ser considerado um potente anorexgeno, que controla a

    ingesto alimentar e gasto energtico, esse hormnio no pode ser considerado um

    regulador de curto prazo, pois, no promove alterao do total ingerido no decorrer de

    uma refeio. Sua resposta ao consumo de alimento tem seu pico somente algumas

    horas (4-7 horas) aps o trmino da refeio (NIEUWENHUYS et al., 2008).

    Segundo Simn & Del Barro (2002), apesar dos resultados encontrados

    nos estudos realizados com animais em relao s perspectivas para o tratamento da

    obesidade, em humanos a concentrao plasmtica de leptina est relacionada

    apenas parcialmente ao tamanho da massa de tecido adiposo presente no corpo, uma

    vez que seus nveis plasmticos so diferentes em indivduos que possuem o mesmo

    ndice de massa corporal (IMC).

    As concentraes de leptina so diferentes entre os sexos, nas mulheres

    so superiores a partir da puberdade e permanente aps a maturao sexual. As

    explicaes para este fato a porcentagem de gordura corporal nas mulheres maiores

    e a ao inibitria do hormnio testosterona na secreo da leptina no sexo masculino.

    Em algumas patologias, como diabetes mellitus tipo 2, os nveis plasmticos de leptina

    se apresentam elevados (BRANDS, 2000).

    O aumento da concentrao de leptina ocorre tambm nas gestantes

    durante o trabalho de parto, chegando, inclusive, a se duplicar e uma reduo deste

    hormnio aps o parto, concomitante a um processo de dessensibilizao dos

    receptores hipotalmicos, o que se relaciona com a dificuldade para perda de peso no

    ps-parto (MOCKUS, 2001; NETO & PAREJA, 2006; GEORGE, 2008).

    Segundo Pisabarro et. al., (1999), a leptina sintetizada no estmago,

    placenta, glndula mamria e msculo-esqueltico. Um aspecto importante com

    relao leptina que sua produo diferente entre os adipcitos. Sabe-se que o

    tecido adiposo subcutneo tem maior produo e secreo de leptina, o que pode ser

    comprovado pelas determinaes de leptina nos adipcitos de diferentes depsitos in

    vitro e in vivo, enquanto a gordura intra-abdominal apresentou melhor associao com

    a presena de menor sensibilidade insulnica. Quanto ingesto alimentar

    concentraes menores de leptina obtido aps horas de restrio alimentar ou jejum

    de 12 horas, enquanto uma hora aps a ingesto alimentar as concentraes de

    leptina est aumentado.

    Mecanismos de ao da leptina.

  • 10

    A propriedade inibidora do apetite deve-se ao mecanismo de sinalizao da

    leptina no hipotlamo: os neurnios do ncleo arqueado, que uma regio do

    hipotlamo, apresentam receptores de leptina. A ligao da leptina ao seu receptor

    estimula a sntese de neuropeptdeos anorexignicos como: POMC, a-MSH, CRH e

    CART que diminuem a ingesto de alimentos porque provocam a sensao de

    saciedade. Os neuropeptdeos anorexignicos, por sua vez, inibem a sntese de NPY

    pelos neurnios neuropeptidrgicos do ncleo arqueado, que estimula a ingesto de

    alimentos (neuropeptdeo orexignico) e inibe a termognese (NIEUWENHUYS et al.,

    2008).

    Alm disso, uma queda nas concentraes de leptina aumenta a produo

    de NPY no ncleo arqueado e MCH e orexina na rea hipotalmica lateral. Tais

    peptdeos orexignicos atuam no encfalo estimulando o comportamento alimentar e

    diminuindo o metabolismo. O sistema MCH est em uma posio estratgica para

    informar o crtex sobre as concentraes circulantes de leptina contribuindo

    significativamente na motivao da busca por comida ou ataque geladeira. Por

    outro lado, a propriedade de aumentar o gasto de energia, deve-se ao fato da leptina

    estimular as aes da norepinefrina e a liplise no tecido adiposo, levando

    termognese. Por estimulao do sistema nervoso simptico, a leptina causa aumento

    na liberao de norepinefrina que formam canais que permitem a entrada de prtons

    na matriz mitocondrial sem passar atravs do complexo ATP sntase, permitindo a

    oxidao contnua de cidos graxos sem sntese de ATP, com dissipao de energia

    na forma de calor. Isto leva a um aumento no gasto de energia no tecido adiposo, com

    estmulo da liplise (NIEUWENHUYS et al., 2008).

  • 11

    Figura 2. Mecanismos de ao da leptina (MARX, 2003). A leptina produzida pelo

    tecido adiposo (proporcionalmente ao nmero e ao volume dos adipcitos) e em

    resposta a estmulos positivos tais como insulina e glicocorticides ou aps uma

    refeio. Agentes que aumentam AMPc intracelular e jejum diminui a produo de

    leptina. Um aumento nas concentraes plasmticas de leptina sinaliza no hipotlamo

    um aumento de sntese dos neuropeptdeos anorexignicos (POMC, a-MSH, CART e

    CRH) que por sua vez diminuem a sntese de NPY, levando a uma diminuio do

    apetite, um aumento do gasto de energia e reduo do peso corporal.

    Leptina e Obesidade.

    Foi descoberta em 1950 a mutao do gene da leptina, em ratos ob/ob

    obesos, que demonstraram um disparate na mutao do cdon 105 do rato original,

    resultando na ausncia na produo de leptina. Esta mutao causa obesidade,

    extrema resistncia insulina, alimentao excessiva, infertilidade, diminuio da

    funo das gnadas, hipercortisolismo e uma massa ssea duas a trs vezes maiores

    que o animal selvagem. A condio normal restabelecida com a administrao de

    leptina. Em todos os mamferos preservada a estrutura do gene da leptina, ou seja, a

    leptina humana e a leptina de ratos compartilham 84% da seqncia idntica. O gene

    ob expresso somente no tecido adiposo, principalmente o branco, mas tambm no

    tecido adiposo marrom, em proporo ao tamanho e nmero dos adipcitos. A

    produo do recentemente clonado gene ob provoca uma acentuada reduo do peso

  • 12

    corporal, da porcentagem de gordura corporal e a quantidade ingerida, seguida do

    aumento na energia consumida e reduzindo a concentrao srica de glicose e

    insulina em ratos obesos (CEDDIA et al., 1998; BORBA; KULAK; CASTRO, 2003;

    PARACCHINI; PEDOTTI; TAIOLI, 2005).

    A deficincia de leptina e defeitos no receptor da leptina, em humanos, so

    muito raros. A leptina srica, em mdia, usualmente elevada, na obesidade e

    positivamente relacionada ao ndice de massa corporal, porcentagem de gordura

    corporal e massa gorda. Porm, vrios laboratrios tm notado um aumento dos

    valores da leptina srica em alguns nveis de gordura corporal. Alguns sujeitos obesos

    esto expostos, particularmente, a nveis superiores ou inferiores de leptina que esto

    de acordo com sua massa de gordura, sugerindo que outro mecanismo, e no a

    massa gorda, por si, regula a leptina srica. Este ponto parte para a possibilidade que

    uma diferenciao na regulao da secreo da leptina, contribuindo para manter o

    peso corporal elevado em alguns sujeitos obesos (FRIED et al., 2000).

    Estima-se que a presena de altos nveis de leptina, no plasma, seriam

    indicativos de uma resistncia a este hormnio, seja pela alterao da sua sntese

    e/ou secreo, por alteraes no transporte cerebral, ou por anomalias nos receptores

    e ou posterior sinalizao; tambm sugerido que as taxas deste hormnio no lquor

    estariam deprimidas. Os mecanismos pelos quais o aumento de tecido adiposo

    traduzido em aumento da concentrao srica de leptina, envolvem tanto o nmero de

    clulas adiposas quanto a induo do RNAm ob.

    Segundo Cisternas (2002); Romero & Zanesco (2006), indivduos obesos

    apresentam um nmero maior de clulas adiposas, logo uma maior quantidade de

    RNAm ob, encontrada em seus adipcitos, do que em indivduos eutrficos. Todavia, o

    tamanho do tecido adiposo no depende somente da concentrao srica de leptina,

    uma vez que a reduo de 10% do peso corporal provoca uma diminuio de

    aproximadamente 53% de leptina plasmtica, sugerindo alm da adiposidade tecidual,

    outros fatores, esto envolvidos na regulao de sua produo.

    Os estudos envolvendo os nveis de leptina srica, em relao s vrias

    medidas de adipcitos, demonstraram que a obesidade no caracterizada pela

    deficincia de leptina, mas pela hiperleptinemia, encontrada em pacientes obesos. A

    incapacidade da elevao dos nveis de leptina para alterar o estado de obesidade

    destas pessoas, pode ser relacionada com a resistncia leptina, uma incapacidade

    da leptina em entrar no fluido crebro-espinhal, para alcanar as regies hipotalmicas

  • 13

    que regulam o apetite, ou pode simplesmente refletir a quantidade de tecido adiposo

    nessas pessoas. Indivduos obesos apresentam elevados nveis plasmticos de

    leptina, cerca de cinco vezes maiores do que aqueles encontrados em sujeitos magros

    (PARACCHINI & PEDOTTI, 2005; ROMERO & ZANESCO, 2006).

    Segundo Flier (2004); Romero & Zanesco (2006), a hiperleptinemia,

    encontrada em pessoas obesas, atribuda a alteraes no receptor de leptina ou a

    uma deficincia em seu sistema de transporte na barreira hemato-enceflica,

    denominado resistncia leptina. Existem dois mecanismos identificados. O primeiro

    pode envolver um defeito no transporte da leptina, atravs da barreira

    hematoenceflica, para stios de ao dentro do SNC, visando regular o balano

    energtico. A existncia de um transporte defeituoso ressaltada pela potencial

    administrao da leptina no crebro em ratos, com dieta induzida para obesidade.

    A resistncia insulina pode permitir um balano dos estoques energticos

    negativos, culminando na obesidade. Outra hiptese compatvel com estudos em

    humanos demonstrando que, diferente dos ratos ob/ob, a obesidade no um

    problema pela ausncia de leptina, j que elevados nveis de leptina so encontrados

    em indivduos obesos. Portanto, a obesidade pode ocorrer devido interrupo no

    sinal da leptina nos seus stios alvos, localizados central ou perifericamente (CEDDIA

    et al., 1998; MARX et. al., 2003).

    Na obesidade humana, estudos da relao liqurica/leptina srica, sugerem

    que a resistncia poderia resultar de um defeito de transporte da leptina ao SNC.

    Outra hiptese que a mesma poderia ocorrer devido um defeito no ps-receptor,

    levando falha na ativao dos mediadores neuroendcrinos, que so os reguladores

    do peso corporal. Postula-se que um acmulo excessivo de leptina, a curto prazo,

    poderia levar a uma diminuio dos receptores centrais e a um reajuste do seu efeito

    inibitrio sobre o apetite. Desta maneira, uma concentrao supranormal de leptina

    seria necessria para o mesmo efeito inibitrio sobre o apetite. Outra possibilidade

    uma insuficincia do sistema de transporte da leptina para dentro do crebro, pois

    pacientes obeso tm uma diminuio das concentraes liquricas de leptina, quando

    comparadas s concentraes plasmticas do hormnio (NEGRO & LICINIO, 2000;

    RODRIGUES; SUPLICY; RADOMINSKI, 2003).

    Steinberg et al. (2002) foram os primeiros a fornecer evidncias de que a

    leptina aumenta a oxidao de cidos graxos no msculo esqueltico de indivduos

    magros, o que j no ocorre em obesos, apontando para o desenvolvimento de

  • 14

    resistncia leptina no msculo esqueltico de obesos. Na obesidade, o aumento dos

    nveis de leptina pode ocorrer devido hiperinsulinemia crnica. Mais importante do

    que o papel antiobesidade, antes atribudo leptina, que este hormnio

    responsvel pelo fornecimento da informao ao crebro de que o organismo est

    passando fome. Com a ausncia da leptina, o crebro tem a sensao de fome,

    apesar da obesidade. Deficincia da leptina leva fome, supresso da energia

    consumida e inibe os componentes da reproduo, sendo que todos estes eventos

    ocorrem para adaptar-se falta de alimento (FLIER, 2004).

    Tm sido verificados nveis aumentados de leptina, em crianas obesas.

    Alguns estudos avaliaram a relao da leptina com a sensibilidade insulina e

    constataram que, independente da obesidade, da idade, do sexo, da relao

    circunferncia cintura-quadril, houve associao inversa, isto , quanto menor a

    sensibilidade insulina, maior o nvel de leptina (OLIVEIRA et al., 2004).

    Sudi et al. (2000), observaram que o determinante principal da variao dos

    nveis de leptina, em crianas e adolescentes obesos, o IMC e no a insulina basal e

    o ndice de resistncia insulina. Na etiologia da obesidade, a importncia gentica,

    tambm tem sido foco de pesquisa em todo o mundo. A identificao e a seqncia do

    gene ob, que codifica o peptdeo leptina, e a descoberta que o defeito, neste gene,

    parece ser a simples causa da obesidade em ratos ob/ob, tem gerado considervel

    interesse no estudo da gentica da obesidade (PEREIRA; FRANCISCHI; LANCHA,

    2003).

    Leptina Recombinante

    Ensaios clnicos com leptina recombinante fecharam um ciclo de

    investigaes, que se tinham iniciado com modelos animais de obesidade, e chegaram

    at ao tratamento da obesidade em humanos. A leptina recombinante foi administrada

    com sucesso numa paciente obesa com deficincia deste hormnio, devido a uma

    mutao do gene ob (HUKSHORN & PLATENGA, 2003).

    Segundo Flier (2004); Chen et. al. (2006), espera-se que o paciente

    apresente reduo do peso corpreo com o tratamento da leptina recombinante,

    embora ainda faltem muitos estudos. Os nveis de leptina em pacientes obesos esto

    aumentados em proporo gordura corporal; verifica-se uma escassa resposta do

    peso corporal teraputica com leptina recombinante definindo, assim, um estado de

    resistncia leptina.

  • 15

    Como j referido, existe, uma homologia entre o gene da leptina humana e

    o gene encontrado em ratos (PARACCHINI & PEDOTTI, 2005). Demonstrou-se que a

    leptina administrada em ratos ob/ob levava a uma perda de peso e reduzia a ingesto

    calrica.

    Uma pequena queda na produo de leptina seria percebida pelo sistema

    de regulao do peso corporal, com o aumento de massa gorda, de modo a restaurar

    os nveis de leptina num novo set point (BULLMORE et. al., 2007; FAROOGI et. al.,

    2007).

    Segundo Hukshorn & Platenga (2003), pessoas obesas com nveis

    relativamente baixos de leptina, com ou sem mutaes, poderiam beneficiar-se do uso

    da leptina recombinante.

    Aplicaes e perspectivas futuras.

    A identificao dos genes regulados pela leptina melhorou o conhecimento

    sobre como esta causa os seus efeitos a nvel do peso e do apetite, e tambm pode

    abrir novos campos de investigao no que diz respeito criao de novos frmacos

    que estimulem a perda de peso. O crescente conhecimento deste hormnio abre

    novas perspectivas no difcil e vasto campo teraputico da obesidade. Quando se

    conseguir contornar o mecanismo de resistncia a leptina, certamente que se iro criar

    novas armas teraputicas mais eficazes no tratamento do paciente obeso.

    Atualmente esto a desenvolver protocolos clnicos de tratamento com

    administrao de leptina recombinante a obesos humanos diabticos (DM tipo 2),

    assim como ensaios clnicos com uma molcula de leptina de segunda gerao que

    sugerem ser um melhor produto candidato do que a molcula nativa. Os estudos no

    mbito dos efeitos da leptina na perda ponderal em seres humanos continuam em

    curso, mas os investigadores tm ainda muitos caminho a percorrer antes de

    compreender completamente como este hormnio afeta o sistema nervoso e outros

    tecidos do organismo. Alm da sua aplicao no tratamento da obesidade, a leptina

    tem perspectivas de aplicao em outras reas, como na preveno da retinopatia

    diabtica e do risco de trombose vascular, assim como nas alteraes do sistema

    reprodutor, entre outras (GEORGE & BRAY, 2007).

    Captulo III. GRELINA

    Caractersticas

  • 16

    Segundo Kojima (1999), a grelina um novo hormnio gastrointestinal

    identificado no estmago do rato. O nome grelina origina-se da palavra ghre, que na

    linguagem Proto-Indo-Europia correspondente, em ingls, palavra grow, que

    significa crescimento Ghre (grow hormone release) descreve uma das principais

    funes desse peptdeo, responsvel pelo aumento da secreo do hormnio do

    crescimento (GH).

    A grelina composta de 28 aminocidos com uma modificao octanica

    no seu grupo hidroxil sobre a serina 3, que essencial para o desempenho de sua

    funo liberadora de GH. Ela produzida predominantemente no estmago, e tambm

    no intestino, rins, placenta, hipfise e hipotlamo. Ela funciona como um "iniciador de

    refeio", seus nveis se elevam uma a duas horas antes de uma refeio, caindo logo

    aps. A grelina parece estimular o apetite atravs da ativao dos neurnios

    NPY/AGRP no ncleo arqueado do hipotlamo. A produo excessiva de grelina pode

    levar obesidade (RODRIGUES, 2003; ROMERO, 2006).

    Mecanismo de ao.

    Segundo Mota & Zanesco (2007), o hormnio grelina um considerado um

    estimulador potente da libertao de GH nas clulas somatotrficas da hipfise e do

    hipotlamo, sendo o ligante endgeno para o receptor secretagogo de GH (GHS-R).

    Alm da sua ao como libertadora de GH, a grelina possui outras importantes

    atividades, como mostra a figura 3 incluindo estimulao da secreo lactotrfica e

    corticotrfica, atividade orexgena acoplada ao controle do gasto energtico; controle

    da secreo cida (estimulao) e da motilidade gstrica, influncia sobre a funo

    endcrina pancretica e metabolismo da glicose e, ainda, aes cardiovasculares e

    efeitos antiproliferativos em clulas neoplsicas.

  • 17

    Figura 3. Ao da grelina (KOJIMA, 1999).

    Atravs de estudos realizados em modelos animais indicaram que este

    hormnio desempenha um importante papel na sinalizao dos centros hipotalmicos

    que regulam a ingesto alimentar e o balano energtico (NAKAZATO et al., 2001).

    Segundo Ukkola & Poykoo (2002), recentes estudos com ratos sugerem que a grelina,

    administrada perifericamente ou centralmente, reduz a oxidao das gorduras e

    aumenta a ingesto alimentar e a adiposidade. Assim, este hormnio demonstra estar

    envolvido no estmulo para iniciar uma refeio, como mostra a figura 4.

    Figura 4. Mecanismo ao da grelina iniciador da refeio (CUMMINGS,

    2001).

    Sabe-se ainda que as mudanas agudas e crnicas no estado nutricional

    so influenciadas pelos nveis de grelina, que se encontram elevados nos estados de

    anorexia nervosa e reduzidos na obesidade (ROSICKA et. al., 2003).

    A grelina est diretamente envolvida na regulao a curto prazo do

    balano energtico. Em situaes de jejum prolongado e em estados de hipoglicemia,

    os nveis circulantes de grelina encontram-se aumentados, enquanto que se

    encontram diminudos aps uma refeio ou administrao intravenosa de glicose

    (LEIDY et. al., 2004). Segundo Salbe (2004), este fato foi confirmado em um estudo

    realizado com os ndios Pima, no qual se verificou que a concentrao plasmtica

  • 18

    endgena de grelina durante o perodo de jejum estava elevada, mostrando uma

    relao inversa entre os nveis de grelina e a ingesto energtica. Aps a ingesto

    alimentar a libertao endgena de grelina encontra-se reduzida, retornando

    progressivamente aos valores basais prximos ao fim do perodo ps-prandial.

    Quanto libertao deste hormnio em humanos, estudos prvios mostram

    que so os tipos de nutrientes contidos na refeio, e no o seu volume, os

    responsveis pelo aumento ou diminuio ps-prandial dos nveis plasmticos de

    grelina. Isto sugere que a contribuio da grelina na regulao ps-prandial da

    alimentao pode diferir, dependendo do macronutriente predominante no contedo

    alimentar ingerido (INUI et. al., 2004; MOTA & ZANESCO, 2007). Aps refeies ricas

    em hidratos de carbono, a sua concentrao plasmtica encontra-se diminuda

    concomitantemente com a elevao da insulina plasmtica. Por outro lado, foram

    encontrados nveis aumentados de grelina aps refeies ricas em protenas animais

    e lipdeos, associados aumento pequeno da insulina plasmtica.

    Segundo Zhang et. al. (2005), a obestatina, um hormnio que tambm foi

    isolada do estmago do rato, tambm codificada pelo gene da grelina, e ope-se aos

    efeitos da grelina no que diz respeito ingesto alimentar. O tratamento de ratos com

    obestatina suprime a ingesto de alimentos, inibe a contrao a nvel do jejuno e

    diminui o ganho de peso.

    Fatores que alteram as concentraes de Grelina.

    Segundo Holdstock (2003), a cirurgia baritrica reduz a ingesto alimentar,

    acelera a saciedade e causa m-absoro de nutrientes da dieta levando ao balano

    energtico negativo.

    A cirurgia de bypass gstrico freqentemente usada como um tratamento

    de sucesso para a obesidade. A mesma, est associada a nveis extremamente

    suprimidos de grelina, o que, possivelmente, contribui para a diminuio do apetite,

    auxiliando na perda de peso dos pacientes submetidos a esse procedimento. A

    cirurgia causa marcadas mudanas no peso corporal nos pacientes portadores da

    obesidade mrbida, atua nos reguladores do metabolismo do tecido adiposo, mediante

    aumento nos nveis de grelina e diminuio dos nveis da insulina e leptina (FANDIO,

    2004).

    Os pacientes submetidos a esta cirurgia apresentam diferentes padres na

    concentrao plasmtica da grelina; no se verifica o aumento pr-prandial na

  • 19

    concentrao srica de grelina, assim como ocorre nos indivduos sem cirurgia e a

    secreo cumulativa de grelina bastante menor. Esta falta de resposta da grelina

    pode ser um dos mecanismos que contribui para o sucesso e balano energtico

    negativo observado aps a cirurgia de bypass gstrico (ROMERO & ZANESCO,

    2006).

    Em estudo com pacientes obesos ps-gastrectomia, Hidalgo et. al., (2002)

    observaram que os nveis de grelina diminuram em torno de 65%, fato este que

    demonstra o estmago como local primrio de produo da grelina.

    Segundo Cummings et. al. (2002), a sndrome de Prader-Willi uma

    sndrome de obesidade congnita, caracterizada por hiperfagia severa, deficincia do

    hormnio de crescimento, hipogonadismo, dismorfia e alteraes cognitivas. na

    perda funcional de vrios padres de expresso de genes relativos ao cromossomo 15

    que sua base gentica fundamentada. Enquanto a obesidade leva a uma diminuio

    dos nveis de grelina, a obesidade associada a esta sndrome acompanha-se de nveis

    elevados de grelina srica, que no declinam aps uma refeio. Nesta sndrome os

    nveis de grelina so similares queles que iriam estimular o apetite e aumentar a

    ingesto de alimentos em indivduos que recebam infuses de grelina exgena; isto

    sugere que a secreo anormal de grelina pode resultar a alimentao excessiva

    observada no Sndrome de Prader-Willi.

    Aplicaes e perspectivas futuras

    Considerando-se que a grelina estimula a ingesto de alimentos

    promovendo um balano energtico positivo, assim como um aumento de peso,

    necessita-se do desenvolvimento de antagonistas do receptor da grelina, que uma

    das reas de investigao da indstria farmacutica. Assim, os antagonistas seriam

    capazes de bloquear os sinais que estimulam o apetite vindo do trato gastrointestinal

    para o crebro e, portanto, atuem como tratamento para a obesidade. de particular

    interesse determinar se intervenes que diminuam os nveis circulantes de grelina ou

    antagonistas da grelina ser efetivo para o tratamento da hiperfagia e obesidade que

    foram observadas na sndrome de Prader-Willi.

    Segundo Rodger (2007), outro ponto importante determinar se a

    administrao da grelina, anlogos ou agonistas da grelina tero utilidade para tratar

    condies como anorexia, caquexia ou gastroparsia.

  • 20

    Segundo Cummings et. al. (2002), estudos recentes realizados por

    pesquisadores da Veteran Affairs Puget Sound, da Califrnia, e da Universidade de

    Washington, afirmam, independentemente, que descobriram uma soluo nova que

    um dia poderia resultar a um novo frmaco para reduzir o apetite. Ambas as equipes

    de investigao encontraram uma enzima responsvel pela adio de um cido gordo

    grelina. Sem esse cido gordo a grelina pode no ter o mesmo efeito no apetite e na

    saciedade. Essa enzima foi denominada de Gastric O-Acyl Transferase (GOAT), a

    qual vinha sido estudada desde 1999, quando a grelina foi identificada.

    Porm, a descoberta desta enzima s o comeo de um longo processo

    na inovao do tratamento da obesidade. Entretanto, esto a ser testados centenas de

    compostos, no mbito de encontrar a molcula que possa bloquear a referida enzima.

    um processo que pode ser moroso. Esto a ser realizados estudos no mbito de

    tentar desenvolver um inibidor da enzima. Uma das alternativas possveis tentar

    bloquear o hormnio com anticorpos ou, ento, bloquear o receptor no crebro que

    responsvel pelo sinal de saciedade.

    CONSIDERAES FINAIS

    A obesidade confundida constantemente com desajustes

    comportamentais criticados, ignorando-se os fatores endgenos que possam estar

    causando esta morbidade. O nmero de pessoas obesas vem aumentando de forma

    crescentes mundialmente, decorrentes provavelmente de novos hbitos alimentares

    inerentes modernizao das sociedades, o que torna cada vez mais necessrio a

    compreenso dos fatores que comprometem o controle do peso corporal.

    As recentes investigaes envolvendo a descoberta da leptina e da grelina,

    abrem novos campos de pesquisa para o controle da obesidade, principalmente nas

    reas de nutrio e metabolismo. Portanto, o aprofundamento dos conhecimentos

    sobre esses hormnios torna-se de grande relevncia na manuteno e preservao

    da qualidade de vida da populao, podendo proporcionar novas abordagens

    teraputicas no tratamento da obesidade.

    Atualmente o ponto principal do tratamento da obesidade baseia-se em

    terapias comportamentais no sentido de modificao das atividades e hbitos

    alimentares, exerccio para aumentar o gasto calrico e orientaes nutricionais para

    diminuir o consumo de calorias e, particularmente, de gordura. Os tratamentos com

    agentes farmacolgicos so considerados um adjunto a esta teraputica bsica.

  • 21

    Assim, faz-se necessrio o incentivo s diversas linhas de pesquisa que

    visem explicao e compreenso dos mecanismos fisiolgicos e patolgicos da ao

    da leptina, e conseqentemente da grelina, para que no futuro possam surgir terapias

    efetivas e apropriadas, derivadas possivelmente de substncias que regulem a

    fisiologia da economia metablica no combate obesidade, bem como os efeitos

    prejudiciais da hiperleptinemia.

    8. REFERNCIAS

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