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  • UFRRJ INSTITUTO DE FLORESTAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS AMBIENTAIS E FLORESTAIS

    DISSERTAO

    Estratgias de Reabilitao de reas Degradadas em

    Empreendimentos Hidreltricos na Amaznia,

    Tucuru - PA

    Leonardo Tienne da Costa

    2006

  • UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

    INSTITUTO DE FLORESTAS PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS AMBIENTAIS E

    FLORESTAIS

    ESTRATGIAS DE REABILITAO DE REAS DEGRADADAS EM EMPREENDIMENTOS HIDRELTRICOS NA AMAZNIA, TUCURU-PA

    LEONARDO TIENNE DA COSTA

    Sob a orientao do Professor Ricardo Valcarcel

    Dissertao submetida como requisitoparcial para obteno do grau deMestre em Cincias, no Programa dePs-Graduao em CinciasAmbientais e Florestais, rea deConcentrao em Conservao daNatureza.

    Seropdica, RJ Agosto de 2006

  • Tienne Costa, Leonardo, 2006- Estratgias de reabilitao de reas degradadas em empreendimentos hidreltricos na Amaznia, Tucuru PA/ Leonardo Tienne da Costa 2006. 95 f. : grafs., tabs. Orientador: Ricardo Valcarcel. Dissertao (mestrado) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Instituto de Florestas. Bibliografia: f. xx-xx. 1. rea de emprstimo Amaznia, Hidreltrica, Bacia Tocantins (PA) Teses. 2. Reabilitao - Teses. I. Valcarcel, Ricardo, 1953. II. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Instituto de Florestas. III. Ttulo.

  • UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE FLORESTAS PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS AMBIENTAIS E FLORESTAIS

    LEONARDO TIENNE DA COSTA

    Dissertao submetida como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Cincias, no Programa de Ps-Graduao em Cincias Ambientais e Florestais, rea de concentrao em Conservao da Natureza.

    DISSERTAO APROVADA EM 30/08/2006

    Ricardo Valcarcel. Dr. UFRRJ (Orientador)

    Soraya Alvarenga Botelho. Dra. UFLA

    Silvia Regina Goi. Dra. UFRRJ

  • Dedicatria

    A minha esposa Delanie

    Aos meus pais, Joel Tienne e Romilda Magaldi Tienne

    Com todo amor e carinho,

    Dedico.

  • AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais, Joel Tienne e Romilda Magaldi Tienne. Sem vocs no seria possvel a realizao deste e de inmeros sonhos que almejei durante a minha vida.

    Aos meus irmos Isac, Dermeval e Marcos, minhas irms Neyde e Suely, assim como minha sobrinha Queila, que me apoiaram e incentivaram em todos os momentos.

    Delanie pelo amor, pacincia e companheirismo durante os momentos difceis ao longo desta jornada pelo mundo apaixonante da pesquisa cientfica.

    Ao Professor Ricardo Valcarcel, pela orientao e por toda a confiana em mim depositada ao longo destes cinco anos de convivncia no Laboratrio de Manejo de Bacias Hidrogrficas. Muito obrigado do fundo do meu corao.

    Aos meus grandes amigos Luiz Fernando, Aurlio, Vitor e Robson pelos grandes momentos vividos, pelos que viro e por fazerem parte da minha vida.

    Ao amigo Leonardo Gradiski Neves, pelos ensinamentos, confiana e parceria nos trabalhos de pesquisa.

    amiga Erika Cortines pela ajuda nos trabalhos de campo e laboratrio.

    Ao amigo Gilberto, pelo apoio nas anlises de laboratrio, pelo bom humor e responsabilidade nos trabalhos.

    Aos amigos (as) do Laboratrio de Manejo de Bacias Hidrogrficas, Otvio, Miguel, Flvio, Ralph, Adriano, Luana, Monise, Felipe, Mara Morokawa, Jlia, Rafael, Piero e Flvia.

    s Centrais Eltricas do Norte do Brasil S.A, seus tcnicos, ao Bruno Payola, Zandonadi, Pantoja e Mrcio pela ajuda e oportunidade, ao motorista Gabriel e barqueiro Nonato pela pontualidade e prestatividade, aos mateiros Vav, Mario e Z pelas identificaes no campo, ao Laboratrio de materiais de Construo Solos pelas anlises fsicas dos substratos e a todos que direta ou indiretamente contriburam para a realizao deste trabalho.

    EMBRAPA-Solos pelas anlises qumicas dos substratos.

    Ao Programa de Ps-Graduao em Cincias Ambientais e Florestais e todos os amigos, ressaltando um agradecimento especial a Samuel, Henrique Trevisam e Janana pelos momentos de descontrao.

    Aos professores do Departamento de Botnica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro pela ajuda na identificao do material botnico.

    CAPES pela concesso da Bolsa.

  • RESUMO

    TIENNE COSTA, Leonardo. Estratgias de reabilitao de reas degradadas em empreendimentos hidreltricos na Amaznia, Tucuru - PA. 2006. 95p. Dissertao (Mestrado em Cincias Ambientais e Florestais). Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropdica, RJ, 2006. A construo da Usina Hidreltrica Tucuru demandou a abertura de 15 reas de emprstimo. Destas, nove foram inundadas pela represa e seis permaneceram submetidas s inclemncias dos agentes ambientais, estabelecendo um processo contnuo de degradao. Em 1998 foi iniciada a ampliao da capacidade instalada da UHE, abertura de novas reas de emprstimo e implantao do Programa de Recuperao de reas Degradadas (PRAD) para reabilitar as antigas reas e mitigar os impactos nas novas reas. Foram desenvolvidas diversas estratgias, sendo que neste estudo avaliou-se o uso de mataces como abrigo de fauna e agentes indutores de disperso de propgulos, uso de resduos de poda e jardinagem como medida de reabilitao de rea de emprstimo, assim como reflorestamento com diferentes composies de espcies. Utilizou-se o desenvolvimento da regenerao como bio-indicador da eficincia das estratgias, onde as amostragens foram realizadas pelo Mtodo de Pontos. Os mataces induziram formao de um ecossistema diferenciado dentro da rea degradada e se constituiu em um ncleo de resilincia indutor de propriedades emergentes at 4 m de afastamento. O uso dos resduos foi avaliado no quinto ano de desenvolvimento e apresentou 85 espcies espontneas na estao chuvosa e 48 na estao seca, fato este que comparado com a testemunha, com 9 e 8 espcies, respectivamente, evidenciou a importncia desta tcnica para atividades de reabilitao de reas degradadas na Amaznia. Os reflorestamentos apresentaram nveis diferenciados de desenvolvimento da regenerao, proporcionados pela distinta composio de espcies, sendo que a testemunha aps 25 anos evidenciou nveis incipientes de colonizao vegetal e tendncia inercial de degradao. Palavras-chave: reas degradadas, reabilitao, abrigos de fauna, reflorestamento, resduos orgnicos.

  • ABSTRACT

    TIENNE COSTA, Leonardo. Strategy of rehabilitation of degraded areas in hydroelectric enterprises in the Amazonian, Tucuru - PA. 2006. 95p. Dissertation (Master's degree in Environmental and Forest Sciences). Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropdica, RJ, 2006. The construction of Tucurui hydroeletric demanded the opening of 15 degraded areas. Of these, nine were flooded by the dam and six stayed submitted to environmental factors, establishment of a continuous process of degradation. In 1998 it was initiate the enlargement of the installed capacity of UHE, opening of new loan area and introduce the Program of Recovery of Degraded Areas (PRAD) to rehabilitate the old areas and to mitigate the impacts in the new areas. Several strategies were developed, and for this study was evaluated the stones used as fauna scape cover and agents inductors of seed dispersion, use of pruning residues and gardening to measure the rehabilitation of degraded area, as the reforestation with different compositions of species. The development of the regeneration was used as bio-indicators of the efficiency of the strategies, where the samples were colected using the method of points. The stones induced the formation of an ecosystem differentiated inside of the degraded area and it was constituted in a nucleus of resilience inductor of emerging properties up to 4m of it distances. The use of the residue was evaluated in the fifth year of development and it presented 85 spontaneous species in the rainy season and 48 in the dry season when compared with the control area, with 9 and 8 species, respectively, shown the importance of this technique for activities of rehabilitation of degraded areas in the Amazonia. The reforestations presented differentiated levels of development of the regeneration, proportionate for the different composition of species; the control area after 25 years evidenced incipient levels of vegetable colonization and inertial tendency of degradation. Key words: Degraded areas, rehabilitation, scape cover, reforestation, organic residues.

  • SUMRIO

    INTRODUO GERAL................................................................................................................1

    REVISO DE LITERATURA.......................................................................................................1

    CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO ..........................................................................4

    CAPTULO I USO DE MATACES COMO ESTRATGIA DE REABILITAO DE REAS DEGRADADAS...............................................................................................................7

    RESUMO........................................................................................................................................8

    ABSTRACT....................................................................................................................................9

    1. INTRODUO ........................................................................................................................10

    2. MATERIAL E MTODOS ......................................................................................................10

    2.1. Caracterizao da rea ......................................................................................................10

    2.2. Caracterizao dos Abrigos ...............................................................................................11

    2.3. Avaliao do Interior do Abrigo ........................................................................................11

    2.4. Avaliao do Entorno do Abrigo .......................................................................................12 2.4.1. Parmetros fitossociolgicos ......................................................................................13

    3. RESULTADOS E DISCUSSO..............................................................................................15

    3.1. Interior do Abrigo ..............................................................................................................15

    3.2. Entorno do Abrigo .............................................................................................................20

    4. CONCLUSES ........................................................................................................................25

    CAPTULO II - USO DE RESDUOS DE PODA E JARDINAGEM COMO TCNICA DE REABILITAO DE REA DE EMPRSTIMO......................................................................26

    RESUMO......................................................................................................................................27

    ABSTRACT..................................................................................................................................28

    1. INTRODUO ........................................................................................................................29

    2. MATERIAL E MTODOS ......................................................................................................29

    2.1. rea de Estudo...................................................................................................................29

    2.2. Manejo do Lixo Orgnico..................................................................................................29

    2.3. reas Amostrais.................................................................................................................30

    2.4. Levantamento Fitossociolgico .........................................................................................31

    2.5. Suficincia Amostral..........................................................................................................31

    2.6. Eficincia Conservacionista...............................................................................................31

    2.7. Anlise Estatstica..............................................................................................................32

    3. RESULTADOS E DISCUSSO..............................................................................................32

    4. CONCLUSES ........................................................................................................................42

    CAPTULO III - REGENERAO INDUZIDA POR REFLORESTAMENTO.......................43

  • RESUMO......................................................................................................................................44

    ABSTRACT..................................................................................................................................45

    1. INTRODUO ........................................................................................................................46

    2. MATERIAL E MTODOS ......................................................................................................46

    2.1. Caracterizao da rea de Estudo .....................................................................................46

    2.2. Levantamento da Regenerao ..........................................................................................49

    2.3. Suficincia Amostral..........................................................................................................50

    2.4. Parmetros Fitossociolgicos.............................................................................................50 2.4.1. Mdia de toques ..........................................................................................................50 2.4.2. Freqncia absoluta ....................................................................................................50 2.4.3. Freqncia relativa......................................................................................................50 2.4.4. Densidade relativa.......................................................................................................51 2.4.5. Vigor absoluto............................................................................................................51 2.4.6. Vigor relativo..............................................................................................................51 2.4.7. Valor de importncia...................................................................................................51 2.4.8. Diversidade florstica ..................................................................................................52

    2.5. Adensamento do Substrato ................................................................................................52

    2.6. Anlise Estatstica..............................................................................................................53

    3. RESULTADOS E DISCUSSO..............................................................................................53

    3.1. Suficincia Amostral..........................................................................................................55

    3.2. Florstica da Regenerao Induzida ...................................................................................57

    3.3. Distribuio do Hbito.......................................................................................................59

    3.4. Parmetros Fitossociolgicos.............................................................................................64 3.4.1. Diversidade florstica ..................................................................................................64 3.4.2. Variao sazonal do valor de importncia ..................................................................65

    3.5. Anlise da composio dos tratamentos ............................................................................65

    3.6. Adensamento do Substrato ................................................................................................66

    4. CONCLUSES ........................................................................................................................67

    CONCLUSES GERAIS.............................................................................................................67

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..........................................................................................68

    ANEXOS ......................................................................................................................................75

  • INTRODUO GERAL

    A recuperao de reas degradadas pode ser vista como uma demanda social em busca do desenvolvimento sustentvel. Ela tem alcanado avanos tericos nos meios acadmicos, bem como, prticos nas empresas brasileiras e estrangeiras. Neste sentido, a necessidade de desenvolvimento de novos padres de crescimento econmico e qualidade ambiental um dos fatores que tem impulsionado o crescimento desta atividade como cincia (MOTTA NETTO, 1995). Outros fatores que tambm contriburam com a evoluo dos processos de recuperao ambiental foram a conscientizao ambiental da sociedade e os aperfeioamentos das exigncias legais (KAGEYAMA & GANDARA, 2000).

    O processo de avaliao das estratgias de recuperao permite o aperfeioamento e otimizao dos resultados (ABSY et al., 1998). Estas operaes geram trabalhos tcnico-cientficos cuja evoluo perceptvel no tempo, tanto em quantidade, como principalmente em qualidade, visto que no passado a recuperao se restringia a plantios e atualmente incluem programas integrados de recuperao ambiental (BALENSIEFER, 1997).

    Nas empresas, as pesquisas se apiam nos resultados dos seus programas de monitoramento ambiental, constituindo acervo de dados que precisam ser estudados, avaliados e difundidos para serem utilizados em regies cujas caractersticas ambientais sejam similares. Por outro lado, a diversidade de atividades antrpicas que provocam degradaes ambientais, aliados as fragilidades intrnsecas dos ecossistemas tropicais, constitui elemento complicador para replicao de experincias em outras latitudes, principalmente para o estabelecimento de indicadores ecolgicos de sustentabilidade de reas em processo de recuperao (RODRIGUES, 1999). Neste contexto, o acerto de determinada estratgia depende dos atributos ambientais remanescentes e respostas diferenciadas das espcies na busca da retomada das funes e reabilitao de formas dos ecossistemas.

    Diversos so os questionamentos tericos envolvendo a construo dos ecossistemas a partir de reas degradadas. Eles se iniciam pela correta caracterizao do geodinamismo dos processos erosivos (PINHEIRO, 2004) e se estendem at a avaliao funcional dos ecossistemas em construo, passando pelos melhores momentos para se efetuar os ajustes em tempo real, enquanto ainda h recursos para a tomada das decises.

    Mediante o exposto anteriormente, o presente estudo objetivou determinar a eficincia de tcnicas de reabilitao de rea de emprstimo que utilizaram a induo da regenerao como catalisadoras dos processos sucessionais em ecossistemas de transio entre Floresta Pluvial Tropical e Cerrado no Estado do Par. A dissertao foi dividida em captulos, onde so avaliados: o uso de mataces como estratgia de reabilitao de reas degradas (Captulo I), o aproveitamento de resduos de poda e jardinagem (Captulo II) e a induo da regenerao por reflorestamento (Captulo III).

    REVISO DE LITERATURA

    reas de emprstimo constituem ecossistemas depauperados que no desenvolvem suas funes vitais. Elas surgem a partir de intervenes antrpicas que suprimem a vegetao e a camada superficial do solo rica em matria orgnica, alm dos horizontes mais profundos, alterando a qualidade e o regime de vazo do sistema hdrico causando desequilbrios nos ecossistemas, tanto funcionalmente quanto na sua forma (MLLER, 1995; RUIVO et al., 2001; GUERRA E CUNHA, 2003; MENDES FILHO, 2004). Estas alteraes reduzem a

    1

  • resistncia e elasticidade ambiental, diminuindo, portanto a sua resilincia (potencial que o sistema tem de se regenerar ao sofrer um distrbio) (ODUM, 1988).

    Nestes cenrios, o que se encontra no mais o solo, mas uma matriz de material mineral de pobre estrutura fsica e quantidade muito pequena de nutrientes assimilveis para as plantas. Caso haja possibilidade de estabelecimento da cobertura vegetal, os processos de formao do solo por meio das alteraes qumicas, fsicas e biolgicas, promovidas pela atividade rizosfrica das razes que daro incio a construo de um solo (VALCARCEL et al., 2006).

    Dentre os fatores de degradao as obras de engenharia (estradas, ferrovias, barragens) so responsveis por 1,2% das reas degradadas mundiais (OLDEMAN, 1994). Estas atividades, segundo BITAR (1997), juntamente com a minerao a cu aberto, tem grande visibilidade, sensibilizam a populao e sugestionam a sociedade a atribuir a responsabilidade maior sobre a degradao dos solos. No entanto, as reas so mnimas, quando comparadas com o desmatamento (29,4 %) e superpastejo (34,5 %) (OLDEMAN, 1994).

    Tratando-se da recuperao propriamente dita, comum a citao de termos como recuperao, reabilitao e restaurao como se fossem um nico processo, no entanto elas podem ser definidas como categorias distintas: Recuperao: restituio de um ecossistema ou de uma populao silvestre degradada a uma

    condio no degradada, que pode ser diferente de sua condio original (SNUC, 2002); Restaurao: restituio de um ecossistema ou de uma populao silvestre degradada o mais

    prximo possvel da sua condio original (SNUC, 2002); Reabilitao: o retorno forma e produtividade em conformidade com a sua capacidade de

    uso, incluindo sua estabilidade e equilbrio ecolgico (TOY e DANIELS, 1998); Os ecossistemas Amaznicos so caracterizados pelas funes de seus componentes

    biticos. A biota administra a maior parte dos nutrientes, desempenhando um papel conservacionista de extrema significncia (LEPSCH, 2002). As intervenes antrpicas nestes ecossistemas oligotrficos geram desequilbrios de difcil reverso e retomada dos patamares de equilbrio, onde as pastagens com mais de 10 anos tem dificuldade de retornar a ecossistemas florestais (UHL et al., 1988).

    Nos casos de reas degradadas pela minerao a reabilitao demanda um conjunto de estratgias de reflorestamento buscando a acelerao da sucesso (PARROTTA, 1995; PARROTTA et al., 1997a), sendo que o critrio de escolha deve ter como base as caractersticas ecolgicas do local e os aspectos funcionais das espcies (FOX, 1984; BARTH, 1986; TOY & DANIELS, 1998).

    Para a elaborao de uma estratgia de recuperao de reas degradadas necessrio o conhecimento de como funcionavam os ecossistemas antes da interveno, da anlise dos impactos e compreenso da situao depois da degradao. O conhecimento sobre a fitossociologia da vegetao anterior ao dano e de seus fatores condicionantes permite inferir sobre a capacidade de suporte do sistema biolgico em relao aos seus atributos ambientais. A identificao dos fatores limitantes fundametal para a mitig-los de modo a resgatar a funo das plantas e o seu papel na construo dos solos. Assim, a metodologia de trabalho deve visar o rpido estabelecimento das espcies com menor uso possvel de insumos, objetivando a retomada do processo natural de sucesso vegetal pelo ambiente (VALCARCEL & SILVA, 1997).

    Os desafios a serem vencidos nas experincias prticas de RAD devem estar voltados para a gerao de condies favorveis atrao dos propgulos, podendo variar desde a implantao de espcies de rpido crescimento at a utilizao de restos de rvores e troncos que funcionem como poleiros naturais em reas abertas, capazes de atrair aves ou morcegos

    2

  • 3

    (GUEVARA et al., 1992). Segundo MELO (1997), a utilizao de abrigos artificiais potencializam o recrutamento de sementes e constitui um dos possveis passos para se acelerar a sucesso vegetal em reas degradadas ou alteradas por aes antrpicas.

    O aumento na chuva de sementes por si s, no entanto, no garante o sucesso da regenerao. preciso que as condies do substrato e o microclima sejam apropriados para o estabelecimento das sementes (MCCLANAHAM & WOLFE, 1993; HOLL, 1998). Alguns fatores podem interfirir na regenerao natural, e conseqentemente, no sucesso da reabilitao de uma rea, como a acidez do substrato (SIQUEIRA, 2002), baixa fertilidade (PARROTTA, 1993), competio com gramneas agressivas (NEPSTAD et al., 1991), predao de sementes e plntulas (MOUTINHO, 1998), seca sazonal (UHL et al., 1988), temperaturas extremas e compactao do substrato (BUSCHBACHER, 1988 apud MIRITI, 1998).

    O estabelecimento da cobertura vegetal arbrea e/ou arbustiva produz efeito cataltico no processo de reabilitao, pois elas promovem mudanas das condies microclimticas, aumentando a complexidade estrutural da vegetao e o desenvolvimento das camadas de serapilheira e hmus, fazendo com que aumente a chegada de sementes na rea e a atratividade dos agentes dispersores e, ao mesmo tempo, estas mudanas geram condies propcias germinao e desenvolvimento das espcies (PARROTTA et al., 1997a).

    A interao entre plantas e animais em florestas tropicais intensa, sendo determinante para a estruturao dos ecossistemas, pois trata de relaes fundamentais, tais como: polinizao, disperso de sementes, herbivoria e predao (REIS & KAGEYAMA, 2001).

    A disperso de sementes um processo que envolve desde a separao das sementes da planta-me, mecanismos de transporte at sua destinao final: pelo vento (anemocoria); gua da chuva ou um curso hdrico (hidrocoria); animais (zoocoria) ou simplesmente destacada da planta atravs da fora da gravidade (barocoria). Estas sementes podem permanecer na superfcie do piso por um longo perodo, formando banco de sementes (DARIO, 2005).

    A disperso um dos fatores determinantes na distribuio geogrfica das plantas, pois ela determina o intercmbio de material gentico dentro e fora das populaes, acelera os processos envolvidos na sucesso ecolgica das florestas tropicais, onde os agentes biticos so os principais meios de chegada de sementes as reas perturbadas, principalmente nos ecossistemas onde predominam espcies climxicas (REIS, 2003; INGLE, 2003; DARIO, 2004).

    Os animais tm um papel ecolgico a cumprir: trazem sementes de diferentes locais, aportam matria orgnica, aumentam a biodiversidade local, propiciam estabilidade aos processos ecolgicos e conferem auto-sustentabilidade s atividades de recuperao de reas degradadas (VALCARCEL, 2000).

    Em Rondnia, numa rea de minerao de ferro, foram capturados 1.186 indivduos em 2.598 horas de amostragem, constituindo 25 espcies de morcegos e 393 aves (FRANA et al., 1997). Segundo os mesmos autores, todos os animais apresentaram sementes nas suas fezes.

    TOH et al. (1999) verificaram em trabalho realizado na Austrlia, que a recuperao e o desenvolvimento da floresta em reas de cultivo abandonada foram diferenciados no entorno de rvores isoladas, pois elas desempenham funo de poleiros naturais. Ainda, segundo os mesmos autores, foram observadas: a) a maiorias das espcies colonizadoras so recrutadas de sementes dispersas a partir de pssaros ou morcegos; b) a altura das rvores condicionou os processos de colonizao; c) a estrutura da rvore e conseqente adequao como poleiro natural foi mais importante do que a identidade da espcie; e d) a oferta de

  • frutos/alimentos, como recompensa para a avifauna no acarretou mudanas nas caractersticas da regenerao.

    Em rea de pastagem no sul do Par, foi constatado que a maioria das sementes eram oriundas das fezes de aves e morcegos (UHL et al., 1991), onde foram encontradas 400 vezes mais sementes em bandejas colocadas sob arbustos (poleiros naturais) do que em reas abertas e cobertas por gramneas.

    Quando no existem rvores para abrigar a avifauna, este processo pode ser facilitado pela construo de abrigos que desempenham o papel de poleiros artificiais, atraindo fauna para o seu entorno, ofertando propgulos, fluxo gnico e biodiversidade (MELO, 1997). O mesmo autor observou 13 vezes mais sementes sob poleiros artificiais do que em campo aberto em Minas Gerais.

    A utilizao de abrigos artificiais como estratgia facilitadora da sucesso permite o encurtamento das distncias e torna a composio florstica semelhante a das reas adjacentes (MCCLANAHAN e WOLFE, 1987; MELO, 1997). Os processos que utilizam estratgias de reabilitao baseados nas interaes fauna-flora facilitam a recuperao dos ecossistemas, acelerando o processo de recobrimento.

    CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO

    Localizao geogrfica e caractersticas edafo-climticas

    A rea objeto de estudo localiza-se no municpio de Tucuru, Estado do Par (Latitude 030 45' 03" S e Longitude 490 40' 03" W).

    O clima, classificado como Tropical mido (Am), segundo Koppen, apresenta duas estaes bem definidas e caractersticas: perodo chuvoso (dezembro a maio), com chuvas intensas de origem convectiva e totais mensais atingindo valores entre 500-600 mm/ms; e outro perodo seco (junho a novembro), com uma estiagem pronunciada (agosto-setembro), quando a precipitao tipicamente da ordem de 30 mm/ms (FISCH et al., 1990).

    A precipitao mdia anual (2.100 e 2.500 mm), temperatura mdia anual (26 C) e umidade relativa do ar (80 e 85%) (CENTRAIS ELTRICAS DO NORTE DO BRASIL, 2006) constituem ambiente tpico da regio do Sul do Par. A estao chuvosa de 2005, perodo do presente estudo, foi marcada por apresentar 350 mm a menos que a mdia histrica, alm de ter apresentado estiagem com o menor

    o

    ndice pluviomtrico dos ltimos 40 anos (INPE, 2006) (Figura 1). Estas informaes so marcantes para o presente estudo, que ao avaliar os processos de reabilitao de rea de emprstimo ao longo de sua implantao, teve um ano atpico, fazendo com que os resultados reais ficassem aqum dos resultados potenciais.

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  • 050

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    s da unidade Depresso Perifrica do Sul do Par e inclui litologia variada: Basaltos, Grauvacas, Xistos e Filtitos. Este embasamento origina solos cidos e com baixa fertilidade natural, sendo os principais tipos: Argissolos Vermelho-Amarelos (predominantes), Latossolos Vermelho-Amarelos e Latossolos Amarelos (FURTADO et al., 2003).

    Processo de degradao e reabilitao da rea

    As reas de emprstimo so remanescentes da construo da hidreltrica (1976-1980, fase I) e da expanso da capacidade instalada (1998-2006, fase II). Elas constituem o principal passivo ambiental da fase I, onde nove das 15 reas de emprstimo ficaram expostas s intempries (260 ha) e seis encontram-se submersas pela represa (CONSRCIO ENGEVIX THEMAG, 1998).

    A retirada de substrato para a construo da barragem da UHE Tucuru, suprimiu as florestas, as camadas superficiais do solo rica em matria orgnica, os horizontes profundos e o subsolo em profundidade varivel, deixando ecossistemas depauperados e sem resilincia, pois os ecossistemas no conseguem resistir a ao desagregadora e erosiva das gotas de chuva.

    Segundo ticos atuaram por no mnimo 18 anos, transformvegetal espontnea (Figura 2). Estes processos erosivos perduram at 2005 (Figura 3) nas reas onde o Plano de Recuperao de reas Degradadas (PRAD) no foi devidamente implantado (CONSRCIO ENGEVIX THEMAG, 2005).

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    J F M A M J J A S O N D

    Figura 1. Precipitao mensal em 2005. Estao Pluviomtrica da Eletronorte, Tucuru-PA.

    As variveis ambientais da regio so comuns ao ectono entre os domnios ecolgicos Floresta Pluvial Tropical e Cerrado, onde a irregularidade da distribuio das chuvas compensada em alguns locais pelas excelentes condies de armazenamento de gua nos solos, que so bem estruturados (CONSRCIO ENGEVIX-THEMAG, 1998).

    O relevo e conformao geomorfolgica so tpico

    CONSRCIO ENGEVIX THEMAG (1998) os agentes climando o subsolo exposto e inviabilizando a colonizao

    5

  • Figura 2. Estado de degradao em 1998, aps 18 anos de abandono (Fonte: CONSRCIO ENGEVIX THEMAG, 1998).

    Figura 3. Vooroca cujos processos erosivos encontravam-se em atividade em 2005, evidenciando que o ecossistema ainda no atingiu equilbrio ambiental.

    Em 1998, foi implantado o PRAD com o objetivo de reabilitar as reas de emprstimo

    abertas durante o processo de lavra. Foram desenvolvidas diversas estratgias, sendo que neste estudo avaliou-se o uso de mataces como abrigo de fauna e agentes indutores de disperso de propgulos, uso de resduos de poda e jardinagem como medida de reabilitao, bem como, reflorestamentos com diferentes composies de espcies.

    6

  • CAPTULO I USO DE MATACES COMO ESTRATGIA DE REABILITAO DE REAS DEGRADADAS

    7

  • RESUMO

    O processo de minerao de substrato em 30,62 ha de rea de emprstimo para a construo da barragem da UHE Tucuru (1970-1980) isolou e amontoou o material estril formado por mataces de laterito de dimetro varivel (2,5m dimetro 0,2m). Estes amontoados de mataces podem ter sido utilizados como abrigo de fauna dispersora de propgulos de 1980 a 2005. Em um amontoado de mataces de 524 m2, afastado dos plantios do PRAD, distando 53 m da fonte de propgulo foi avaliada a sua eficincia como fonte de disperso zoocrica e agente indutor de colonizao vegetal espontnea. Foram levantados todos os indivduos arbreos acima de 0,1 m de altura, encontrando-se 22 espcies, pertencentes a 15 famlias botnicas, totalizando 578 indivduos. A maioria das espcies amostradas (65 %) apresentou sndrome de disperso zoocrica, revelando a importncia do amontoado de mataces como abrigo para a fauna. As espcies com maiores densidades relativas foram: Miconia dispar Benth. (50,35 %), Vismia guianensis (Aubl.) Choisy (11,25 %) e Guatteria poeppigiana Mart (9,17 %). A famlia Melastomataceae, com trs espcies, totalizou 59,86 % dos indivduos amostrados. A espcie Miconia dispar Benth. apresentou maior VI (127,92 %), sendo que das cinco espcies mais importantes, duas pertencem ao grupo ecolgico das secundrias iniciais e trs ao grupo de pioneiras, contribuindo para consolidar a reabilitao do ecossistema degradado a partir da otimizao da sucesso vegetal. O ndice de Diversidade de Shannon- Weaver (H) de 1,90 revelou boa diversidade, indicando xito na estratgia facilitadora da entrada de espcies no processo de reabilitao da rea. Estas influncias se estenderam at um raio de 4 metros no entorno do abrigo. Palavras-chave: Minerao, rea degradada, abrigo de fauna, mataces, regenerao espontnea.

    8

  • ABSTRACT

    CHAPTER I: USE OF STONES AS STRATEGY OF REHABILITATION OF DEGRADED REAS

    The process of mining at 30,62 ha in the degraded area for construction of UHE Tucuru's dam (1976-1980) isolated and piled up the sterile material formed by stones of laterite of variable diameter (2,5m diameter 0,2m). This material might been used as fauna scape cover from 1980 to 2005. In a heap of stone of 524 m, placed away from the area of the PRAD set, with 53 m of distance from the fragment remainder, was evaluate the efficiency of this place as source of zoochoric dispersion and inductor of spontaneous plant colonization. A survey of all tree individuals were made above 0,1 m of height, meeting 22 species, belonging to 15 botanical families, with 578 individuals. Most of the species sampled (65%) presented syndrome of zoochoric dispersion, revealed the importance of the stones heap as scape cover for the fauna. The species with larger relative densities were: Miconia dispar Benth. (50,35%), Vismia guianensis (Aubl.) Choisy (11,25%) and Guatteria poeppigiana Mart (9,17%). The family Melastomataceae, with three species with 59,86% of the total individuals. The species Miconia dispar Benth. presented larger VI (127,92%), and the five species of more important, two belong to the ecological group of the secondary initials and three to the pioneers group, contributing to consolidate the rehabilitation of the degraded ecosystem starting from the optimization of the plant succession. The Index of Diversity of Shannon-Weaver (H') of 1,90 revealed a good diversity, indicating success in the facilitative strategy of the entrance of species in the process of rehabilitation of the area. These influences were observed around until of 4 meters of the scape cover. Key words: Mining, degraded area, scape cover , stones, spontaneous regeneration.

    9

  • 1. INTRODUO

    A explorao mineral modifica as paisagens naturais em todos os pases, notadamente nos de economia em crescimento, onde existe maior demanda de recursos naturais no renovveis para fazer face aos desafios do desenvolvimento regional.

    As reaes da natureza s mais diversas alteraes na vegetao e do meio fsico d-se de forma intensa, principalmente em regies tropicais, onde a gua e a temperatura no so fatores limitantes (NEPSTAD et al., 1991)

    O desafio da sociedade moderna est em mitigar os impactos ambientais destes empreendimentos em tempo real, estabelecendo estratgias de adequao dos cronogramas de explorao e de reabilitao das cavas (TEIXEIRA, 2000).

    Uma forma de viabilizar a reabilitao em tempo real utilizar medidas que incorporam as interaes fauna-flora dos ecossistemas, onde os animais so os agentes transportadores de propgulos, tanto na fase de polinizao, quanto na disperso das espcies, envolvendo grupos como: insetos, pssaros, mamferos (com especial ateno aos morcegos) e roedores (SILVA, 2003).

    Uma das estratgias de catalisao dos processos de sucesso vegetal em reas degradadas ou alteradas envolve o uso de abrigos artificiais como ncleo de recrutamento de sementes (MELO, 1997), pois nestas reas praticamente no existem estruturas naturais capazes de proteger a exgua fauna de seus predadores. Estas sementes ao passar pelo trato digestivo dos animais, constituindo mecanismos de quebra de dormncia, tornan-se aptas a germinar nas reas degradadas. Para o estabelecimento da plntula, se faz necessrio que o meio fsico rena atributos ambientais suficientes para permitir a sustentao fsico-qumica da planta at a sua fase adulta.

    O princpio baseia-se na premissa de que os animais usam o abrigo como toca para se proteger de predadores, pois as reas so abertas, com poucos locais de escape. Neste contexto, a criao de condies de abrigo e refgio, pode facilitar a permanncia da fauna nestes locais e catalisar os processos de reabilitao das reas por meio da disperso de sementes oriundas de diferentes locais, aporte de matria orgnica, aumento da biodiversidade local, favorecimento da estabilidade dos processos ecolgicos e auto-sustentabilidade das medidas empregadas. Ao se refugiarem nestes abrigos, os animais acabam regurgitando ou defecando as sementes consumidas em outros locais, acelerando os processos de regenerao natural e a formao de ilhas de biodiversidade naturais.

    Este captulo avalia a eficincia dos abrigos de fauna, formados pelo amontoamento de mataces, remanescentes da explorao de substrato para a construo da UHE Tucuru como estratgia de reabilitao das reas de emprstimo aps 25 anos de abandono (1980-2005) na Amaznia.

    2. MATERIAL E MTODOS 2.1. Caracterizao da rea

    A rea de emprstimo (AE-2) possui 30,62 ha e localiza-se no municpio de Tucuru, Estado do Par (Latitude 030 45 03 S e Longitude 490 40 03 W). O processo de

    10

  • explorao envolveu a supresso das florestas, horizontes do solo e subsolo a uma profundidade mdia de 20 m.

    2.2. Caracterizao dos Abrigos

    Foram considerados como abrigo os amontoados de mataces remanescentes da explorao do substrato na rea de emprstimo (1976-1980) e agrupados em rea que no prejudicasse a explorao e/ou a passagem dos veculos. Eles constituem material estril por no apresentarem utilizao no processo de construo da barragem da Usina Hidreltrica Tucuru em funo da qualificao granulomtrica e composio fsico-qumica.

    O abrigo estudado possui rea de 524 m2, localiza-se a 53 m (direo Sul) da fonte de propgulos mais prxima, constitudo por mataces (2,5m dimetro 0,2m) de lateritos, capazes de criar condies ambientais diferenciais na rea degradada.

    2.3. Avaliao do Interior do Abrigo

    O levantamento foi realizado em setembro de 2005 (estao seca), 25 anos aps o amontoamento dos mataces.

    Foram amostrados todos os indivduos de espcies arbreas com altura 0,1m no interior do abrigo (rea com influncia direta dos mataces). Eles foram divididos em 3 classes (FINOL, 1971): classe inferior (1,0m altura 0,1m), classe intermediria (3,0m altura 1,1m) e classe superior (altura 3,1m). As variveis levantadas foram: altura total (H) com vara de bambu graduada e dimetro altura do solo (DAS) com fita mtrica ou paqumetro.

    As espcies foram identificadas no campo pela denominao local, sendo o material botnico, coletado, prensado e seco em estufa para posterior identificao botnica mediante comparao com exsicatas do Herbrio do Departamento de Botnica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

    Foi realizada a definio da sndrome de disperso e do grupo ecolgico a que pertencia cada espcie, por meio de revises bibliogrficas, adotando-se as seguintes categorias: pioneira, secundria inicial, secundria tardia e clmax.

    Os parmetros fitossociolgicos analisados foram: densidade absoluta (Da), densidade relativa (Dr), freqncia absoluta (Fa), freqncia relativa (Fr), dominncia absoluta (Doa), dominncia relativa (Dor) e valor de importncia (VI) (Equao 1), conforme (CURTIS & MCINTOSH, 1951; MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG, 1974).

    FrDorDrVI ++= (01) Em que: VI = Valor de importncia; Dr = Densidade relativa; Dor = Dominncia relativa; Fr = Freqncia relativa. A diversidade foi calculada segundo o ndice de Shannon-Weaver (H) (KREBS,

    1978) (Equao 02).

    11

  • = N

    NiNNiH log (02)

    Em que: H= ndice de Diversidade de Shannon-Weaver; Ni = Nmero de indivduos de cada espcie; N = Nmero total de indivduos.

    2.4. Avaliao do Entorno do Abrigo

    Foram amostrados os indivduos de ocorrncia espontnea (herbceas, trepadeiras, arbreas e arbustivas) dispostos no entorno do abrigo (rea sob a influncia indireta dos mataces) em maro (estao chuvosa) e setembro (estao seca) de 2005. Estas avaliaes incorporam os efeitos da sazonalidade aps 25 anos de ajustes em uma rea degradada.

    Utilizou-se o mtodo de pontos (COCKAINE, 1926, adaptado por MANTOVANI, 1987), ao longo de oito linhas amostrais de 6 m, alocadas nas direes N, NE, L, SE, S, SO, O, NO, a partir da borda do abrigo, buscando identificar a que distncia o abrigo influencia no processo de colonizao vegetal (Figura 1). O levantamento de pontos eqidistantes (0,5 m), constou da anotao do nmero e da altura do toque e da espcie tocada em uma vareta vertical alocada no terreno. Este mtodo apresenta como vantagens a representatividade, rapidez e a pouca perturbao ocasionada vegetao (LEVY & MADDEN, 1933; GOODALL, 1952).

    As espcies foram identificadas mediante coleta, herborizao, consulta a especialistas e por comparao no Herbrio do Departamento de Botnica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

    Figura 1. rea amostral no entorno do amontoado de mataces da AE-2 da UHE Tucuru.

    12

  • 2.4.1. Parmetros fitossociolgicos

    2.4.1.1

    oi obtida a partir da relao entre o nmero de vezes que a vara tocou a espcie e o nmero de pontos onde a espcie ocorreu (Equao estratos de folhagem que cobre o solo (PEREIRA, 19podem estar atribudos densidade da copa, ao porte, a ramificao, caule e nmero de folhas.

    . Mdia de toques

    F

    03), determinando o nmero mdio de 90 apud SILVA, 1991). Os fatores que

    influenciar nos resultados podem

    NPNTMT = (03)

    . 2.4.1.2. Freqncia absoluta

    a porcentagem do nmero de pontos onde ocorre a espcie em relao ao nmero total de pontos (MATTEUCCI & COLMA, 1982) (Equao 04).

    m que: E

    MT = Mdia de toques; NT = Nmero de toques da espcie considerada; NP = Nmero de pontos com a espcie considerada

    NTPNPFa 100= (04)

    Fa = Freqncia absoluta; N

    2.4.1.3. Freqncia relativa

    a comparao da freqncia absoluta de cada espcie em relao s demais

    (MATTEUCCI & COLMA, 1982) (Equao 05).

    Em que:

    P = Nmero de pontos com a espcie considerada; NTP = Nmero total de pontos.

    =Fr 10Fa

    (05)

    Fr = Freqncia relativa da espcie considerada;

    2.4.1.4. Densidade relativa

    calculada a partir do nmero de indivduostodo (MATTEUCCI & COLMA, 1982) (Equao 07).

    Fa0

    Em que:

    Fa = Freqncia absoluta da espcie considerada; Fa = Somatrio das freqncias absolutas de todas as espcies.

    , uma vez que no se utiliza a rea neste m

    13

  • NnDr 100= (07)

    va da espcie considerada; n = Nmero de indivduos da espcie considerada;

    2.4.1.5. Vigor absoluto

    Expressa o xito que tem uma espcie na comutiliza-se o nmero de toques da espcie na vara para o clculo deste parmetro que equivale dominncia em outros mtodos (MATTEUCCI & COLMA, 1982) (Equao 08).

    Em que: Dr: Densidade relati

    N = Nmero total de indivduos amostrados.

    unidade. Para a metodologia de pontos,

    NTPNT (08)

    Va = Vigor absoluto da espcie considerada;

    Corresponde proporo entre o vigor absoluto de cada espcie em relao s demais

    (MATTEUCCI & COLMA, 1982) (Equao 09).

    Va 10= 0

    Em que:

    NT = Nmero de toques da espcie considerada; NTP = Nmero total de pontos.

    2.4.1.6. Vigor relativo

    =

    VaVaVr 100 (09)

    Em que: Vr = Vigor relativo; Va = Vigor absoluto da espcie considerada; Va= Somatrio dos vigores absolutos de todas as espcies.

    .4.1.7. Diversidade florstica

    2

    O ndice de Diversidade de Shannon-Weaver (H) foi calculado com base na relao entre o nmero de indivduos por espcie e o nmero total de indivduos amostrados (Equao 10) (KREBS, 1978).

    = NNH log (10) Em que:

    NiNi

    H= ndice de Diversidade de Shannon-Weaver; Ni = N a espcie; N = Nm

    mero de indivduos de cadero total de indivduos.

    14

  • 3. RESULTADOS SO

    3.1. Interior do Abrigo

    dos em 20 espcies identificadas e 3 e porem de flores e frutos, pertencentes a 19 gneros e 16 f o de espcies uas r mlias botnicas e denom

    T spcies arbreas da regenerao espontnea amostra rior do ado d lizado como abrigo de fauna na AE-2 da UHE Tucuru

    me cientfico Nome comum Disperso Grupo ecolgico

    E DISCUS

    Foram amostrados 580 indivduos distribuspcies em identificao por no dis

    ela 1 apresenta a relaamlias. A Tabinao regional.

    co sm espect as faiv

    abela 1. E da no inte amontoe mataces uti

    Famlia/No

    ANACARDIACEAE Tapirira guianensis Aubl. Tatap rica Zoocrica Pioneira

    art. Envira-preta Zoocrica Secund inicial

    morototonii (Aubl.) Decne. et Planch. Mor t Zoocrica Pioneira

    E Zoo rica

    um Huber e Ducke A

    Embaba Zoocrica Pioneira

    ubl.) Choisy

    Pax Leiteiro Zoocrica Pioneira

    FABACEAE

    tris SW. Cafezinho Zoocrica Pioneira

    Louro -

    Quaresma Zoocrica Secund inicial bra (Aubl.) Mart. Quaresmo Zoocrica Secund nicial

    rica Pioneira

    Myrcia

    iri

    ANNONACEAE Guatteria poeppigiana M ria

    ARALIACEAE Didymopanax oto

    BURSERACEA Protium sp - c -

    CAESALPINACEAE Schizolobium amazonic Paric nemocrica Pioneira Morfoespcie Bt - - -

    CECROPIACEAE Cecropia sp

    CLUSIACEAE Vismia guianensis (A

    Lacre

    Zoocrica

    Pioneira

    EUPHORBIACEAE Sapium glandulatum (Vell.)

    Accia Zoocrica

    Pioneira Acacia holosericea A. Cunn. ex G. Don

    FLACOURTIACEAE Casearia silvesCasearia sp - - -

    LAURACEAE Ocotea sp -

    MELASTOMATACEAE Benth.

    Miconia dispar ria Clidemia ru ria iAciotis purpurascens (Aubl.) Triana Quaresminha Zooc

    MYRTACEAE splendens (Sw.) DC Murta Zoocrica Indiferente*

    Psidium guajava L. Goiaba Zoocrica Pioneira Continua...

    15

  • Tabela 1. Continuao

    Famlia/Nome cientfico Nome comum Disperso Grupo ecolgico POLYGONACEAE Triplaris surinamensis Cham. Taxi-branco Anemocrica Indiferente*

    RUTACEAE Zanthoxylum rhoifolium Lam. Tamanqueira Zoocrica Secundria inicial

    VOCHYSIACEAE Qualea sp - Zoocrica -

    NO IDENTIFICADAS digo 85 - - -

    Cdigo 86 - - - C

    Nota: *=Espcie encontrada tanto em formaes primrias quanto em secundrias.

    A fam cies (Tabela 1) correspondendo a 59,65 % do total de indivduos amostrados.

    As espcies predominantes foram Miconia dispar Benth., com 50,17 %, Vismia guianensis (Aubl.) Choisy, com 11,21 % e Guatteria poeppigiana Mart, com 9,14 % de densidade relativa cada uma (ANEXO I-1). Todas apresentando sndrome de disperso zoocrica com frutos disseminados por aves e morcegos (RIBEIRO et al., 1999), evidenciando os resultados ambientais advindo do uso do amontoado de mataces como abrigo de fauna em reas de emprstimo.

    Nas condies criadas pelo amontoado de mataces se estabeleceram comunidades animais, como aves, morcegos (Figura 1), rpteis (Figura 2) e tatus. A presena destes animais pode ser considerada bom indicador em projetos de recuperao (FENTON et al., 1992; WHITTAKER & JONES, 1994; PARROTTA, 1995; VAN AARDE et al., 1996; PARROTTA et al., 1997b).

    lia predominante foi Melastomataceae, com trs esp

    Figura 1. Presena de morcegos no interior do amontoado de mataces da AE-2 da UHE Tucuru em setembro de 2005.

    16

  • Figura 2. Presena de rpteis no interior do amontoado de mataces na AE-2 da UHE Tucuru em setembro de 2005.

    Ao analisar o tipo de disperso das espcies amostradas, 15 espcies (65%)

    apresentaram sndrome zoocrica, trs espcies (13%) apresentaram seus meios de propagao baseados na anemocoria e cinco espcies no tiveram sua sndrome de disperso determinada, representando 22 % do total de espcies amostradas. Estas informaes revelaram a importncia do abrigo como formador de refgio para a fauna e evidenciaram o importante papel dos animais na chegada de propgulos. Alm disso, as condies ambientais mais propcias no amontoado de mataces, favoreceram o estabelecimento das plantas (Figuras 3 e 4). Estas inter-relaes entre plantas e animais devem ser aproveitadas em reas degradadas, po naturais na busca da retom

    A vegetao estabelecida no amontoado de mataces apresenta caractersticas desejv

    sforos na busca da auto-su

    is so responsveis pelo papel de semeadores e plantadoresada da resilincia ambiental (REIS et al., 1996).

    eis no processo de reabilitao das reas de emprstimo, pois foram selecionadas pela prpria fauna colonizadora, oferecendo, portanto, habitat adequado e condizente com as caractersticas ecolgicas dos ecossistemas remanescentes. Desta forma as reas submetidas aos plantios sero gradualmente e naturalmente incrementadas com regenerao espontnea proveniente das circunvizinhanas, atuando como um minimizador de e

    stentabilidade destes ecossistemas.

    17

  • Figura 3. Colonizao do amontoado de mataces amostrado na AE-2 da UHE Tucuru em setembro de 2005.

    Figura 4. Vista do interior do amontoado de mataces amostrado na AE-2 da UHE Tucuru em setembro de 2005.

    As espcies Sapium glandulatum (Vell.) Pax (32,44 %), Miconia dispar Benth. (21,15 %) Gu

    penhando nes condicionantes ao desenvolvimento sucessional do ecossistema.

    s foi de 1,90. A comparao com estudos similares difcil devido s diferenas de idade, caracterstica do stio, rea amostrada e limite de incluso dos

    atteria poeppigiana Mart (15,15 %), e Vismia guianensis (Aubl.) Choisy (10,60 %), destacaram-se na colonizao do abrigo, totalizando 79,34 % de desempenho basal entre as espcies. Estas, provavelmente esto contribuindo com a comunidade, desemfu

    O ndice de Diversidade de Shannon-Weaver (H) encontrado no ecossistema formado no interior do abrigo aps 25 ano

    18

  • indivduos, no entanto, ele indica diversidad patvel recuperao de florestas secund espcies rciada ) com nos de

    adas pela minerao de bauxita na regio Amaznica (PARROTTA &

    e de maior VI foi Miconia dispar Benth., com 121,49 %, seguida por Sapium 8,65 %), Guat ria poepp art (33 43 %), mia

    (33,02 %) rpur ubl.) ana (18, %)

    1), refletindo, port a o GO 1990) strou que o VI

    perm por modelos de recuperao de reas te estudo, estas info ormetros para fu stratgia ecupera o, pode

    extrapoladas para reas sob mesmo domnio ecolgico da Amcomposio florstica nas classes estudadas, a maioria dos indivduos

    54,65 %), encontraram-se na clas inferior (1 ra 0,1m), apresentando 18 espcies, pertencentes a 13 famlias botnicas

    , Araliaceae, lpinaceae rbiacea Flacourt eae, ataceae, Myrtaceae, Polygonaceae, Rutaceae e

    e intermediria (3,0m altura resento 230 indi duos udos em 21 espcies e 16 famlias nacardiace e, Annon ceae,

    auraceae, M ae, M Polyg aceae, Ru ceae lasse superior (a ) apresentou 33 indivduos (5,70 %),

    e sete fam nace lpinace , Cecropi ceae, Euphorbiaceae, Clusiaceae, Melastomataceae e Vochysiaceae).

    ser ressaltada a participao da espcie Miconia dispar Benth. na estrutura (53 %) e 2 %) nas sses infe or e .

    perior foi dominado por landul ll.) (30 %) e Guatteria ,27 %) com 10 e espe te. As cies Cecropia

    dispar Ben purp (Aubl.) Triana, ram es (9,09 ismia anensis (Aubl.) apenas u 3,03 ltimo estrato.

    iconia dispar Bent tis pur (Aubl.) Triana, mia guianensis Guatteria poeppigiana Mart, Qualea sp e Morfoespcie Bt,

    ses de regenerao e co solidam a inform portncia na e do processo de colonizao vege

    pelos animais no interior do abrigo. contrada no abrigo e os vrios tamanhos das espcies, sugerem a

    ilincia em uma rea cercada de reas degradadas por todos os lados. stes atributos se devem ao efeito do abrigo onde h entrada de sementes e m

    coloniza seja, atrib ais co is o, crescim ento de espcies florestais perenes, criando efeitos sinrgicos e contribuindo com

    e comnativas consorias (2,5) e plantios de s (1,75 nove a de ida

    em reas degradKNOWLES, 1999).

    A espciglandulatum (Vell.) Pax (3 te igiana M , Visguianensis (Aubl.) Choisy e Aciotis pu ascens (A Tri 39(ANEXO I-1). Destas, duas pertencem ao grupo ecolgico das secundrias iniciais e trs ao grupo de pioneiras (Tabela anto a estratgia de ocupao e revelando umtendncia de evoluo estrutural ao l ngo do tempo. ETZKE ( mo

    itiu ordenar a escolha de espcies para comdegradadas. No presen

    de parm

    tur eaes, alm de servir com subsdio para o

    estabelecimento as s de raznia.

    m ser

    Comamostrados (

    relao se ,0m altu

    317 indivduos, distribudos em(Anacardiaceae, Annonaceae Caesa , Eupho e, iacClusiaceae, Lauraceae, MelastomVochysiaceae). A class 1,1m) ap u v(39,65 %), distrib (A a aAraliaceae, Burseraceae, Caesalpinaceae, Cecropiaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae,

    eae, LFlacourtiaceae, Clusiac c

    elastomatace yrtaceae, on tae Vochysiaceae). A

    oito espciesltura 3,1m

    lias Annodistribudos em ( ae, Caesa

    ae a

    Deve vertical do abrigo, com 168intermediria, respectivamente

    12 (50 indivduos, cla ri

    O dossel su Sapium g atum (Ve ,30poeppigiana Mart, (27 9 indivduos r ctivamen espsp, Qualea sp, Miconia th. e Aciotis

    %urascens fo

    representados por trs espcim ) cada uma, bem como, V guiChoisy e Morfoespcie Bt, com m indivduo ( %) neste

    As espcies M h., Acio purascens Vis (Aubl.) Choisy,

    ocuparam as trs clas n ao da sua imcontinuidad tal espontnea a partir dos propgulos dispersos

    A diversidade enformao de ilhas de resE eios para

    germino das mesmas, ou utos ambient mpatve com aento e estabelecim

    a sustentabilidade da reabilitao.

    19

  • 3.2. Entorno do Abrigo

    ostrados 549 indivduos na est o chuvosa ndivd s na es o seca, distribudos em 46 espcies identificadas e 15 a serem identificadas (sem bserva o de flores e frutos), pertencentes a 44 gneros e 2 abela T levantadas no entorno d de m a UH Tucuru nas estaes chuvosa e seca de 2005

    Estao

    Foram am a e 280 i uo ta o

    4 famlias (T 3).

    abela 3. Espcies o amontoado ataces d E ,

    Famlia/Nome cientfico Nome Vul ar Hbito chuvosa seca

    g

    ANNONACEAE Guatteria poeppigiana Mart Envira-pr Arbrea x x

    Herb x

    Cip-catinga Trepadeira x x Lingua-de-vaca Herbcea x

    (L.) DC Herbcea x (Cass.) DC Cravo Arbu x

    EAE eud. Mo Arb x

    - Arbrea x x

    VULACEAE - Trepa x

    (Aubl.) Choisy Lacre Arbrea x x

    ceae - Herbcea x

    m (Vell.) Pax Leiteiro Arbrea x x

    L Cip-de-f o Trep x x Quebra-pedra Herbcea x

    Herb x

    Trepa x

    pureum Urb. Siratro Trepadeira x Mucuna Trepadeira x

    Zo lia Sm. Ubiruana Herbcea x Alfafa-nacional Herbcea x x

    Amendoinzinho Herbcea x x Crotali lida Aiton Xique-xique Herbcea x Desmodiu Car Herb x x Pueraria lobata (Willd.) Puerria Trepadeira

    - Arb x

    eta

    ASTERACEAE - Eupatorium maximilianii Schrad cea

    Mikania cordifolia (L.f.) WilldChaptalia sp Pterocaulon virgatum Wulffia stenoglossa -do-campo stiva

    CAESALPINACBauhinia bongardii St ror rea Morfoespcie Bt

    CONVOL Merremia sp deira

    CLUSIACEAE Vismia guianensis

    CYPERACEAE Morfoespcie Cypera

    EUPHORBIACEAE Sapium glandulatu Dalechampia scandens og adeira Phyllanthus niruri L. Phyllanthus sp - cea

    FABACEAE Clitoria sp - deira Macroptilium atropur

    na Mucuna aterrirnia latifo

    Stylosanthes viscosa Sw. Alysicarpus vaginalis (L) DC

    a palm barbatum (L.) Benth. rapichinho cea

    x x

    FLACOURTIACEAE rea Casearia sp

    Continua...

    20

  • T nuao

    Estao

    abela 3. Conti

    Famlia/Nome cientfico Nome Vulgar chuvosa seca

    Hbito

    GRAMINEAE Andropogon bicornis L. Capim-rabo-de-burro Herbcea Panicum maximum Jacq. Capim-colonio Herbcea x Brachi

    LOGA

    Guanxuma Herbcea x Sida sp - Herbcea x

    x x ia dispar Ben Quare Arbrea

    M sa p eira cea x

    M TAP um g x

    P RACPiper sp iva M oesp cea

    R IAC M oesp cea S aco ta L. Vassoura-de-boto Herbcea x

    SCHIZAE

    x

    VOCHYSIACEAE Qualea sp - Arbrea x x

    x x

    aria sp - Herbcea x x Hyparhenia rufa (Nees) Stapf Capim-jaragu Herbcea x Imperata brasiliensis Trin Capim-massap Herbcea x x Sporobolus indicus (L.) R. Br Capim-moiro Herbcea x Morfoespcie BL - Herbcea x

    LAURACEAE Ocotea sp Louro branco Arbrea x

    NIACEAE Spigelia anthelmia L. Lombrigueira Herbcea x

    LYCOPODIACEAE Lycopodiella cernua - Herbcea x x

    MALVACEAE Sida carpinifolia L.f

    MELASTOMATACEAE Aciotis purpurascens (Aubl.) Triana Quaresminha Arbrea x Clidemia rubra (Aubl.) Mart. Quaresmo Arbustiva Micon

    MIMOSACEAE

    th. sma x x

    imo udica L. Dormid Herb x

    YR CEAE sidi uajava L. Goiaba Arbrea x

    IPE EAE - Ar ustb

    H bx

    orf cie 37 - er x

    UB EAE orf cie 82 - Herb x

    perm ce verticilla x

    ACEAE Lygodium venustum Sw. - Herbcea x x

    SOLANACEAE Solanum sp - Arbustiva x

    STERCULIACEAE Waltheria indica L. Malva-branca Herbcea x x

    TURNERACEAE Turnera ulmifolia (L.) Vassourinha Herbcea

    Continua... 21

  • Tabela 3. Continuao

    Estao

    Famlia/Nome cientfico Nome Vulgar Hbito chuvosa seca

    NO IDENTIFICADAS - Morfoespcie 05 - Herbcea x x Morfoespcie 06 - Herbcea x x Morfoespcie 15 - Herbcea x Morfoespcie 49 - Herbcea x x Morfoespcie 52 - Herbcea x Morfoespcie 57 - Trepadeira x x Morfoespcie 79 - Arbustiva x Morfoespcie ID - Herbcea x Morfoespcie spA - Herbcea x x Morfoespcie 130 - Herbcea x

    O ndice de Diversidade de Shannon-Weaver (H) nas oito linhas de amostragem (104

    pontos), foi de 1,46 na estao chuvosa e 1,28 na estao seca. Este valor foi diferente do apresentado no interior do abrigo (1,90), o que evidencia o efeito de amenizao trmica do abrigo. Este efeito foi ainda mais evidenciado com o distanciamento do abrigo (Tabela 4).

    O efeito do abrigo na zona de contato condicionou o estabelecimento do maior grupo de indivduos (92 e 42) nas estaes chuvosa e seca, respectivamente, sem diferenas estatsticas significativas at 0,5 m e 1,0m, respectivamente.

    Observou-se ausncia de diferenas estatsticas significativas entre as distncias at 2m de afastamento, quanto ao nmero de espcies amostradas em ambas as estaes de coleta Tabela 4). Estes resultados indicam que o efeito do abrigo, mesmo sob condies

    a, importantes no oferecimento de diversidade e auto-sustentabilidade para as reas degradadas.

    os Espcies Famlias H

    (desfavorveis, est possibilitando a formao de micro-habitats e desencadeando processos ecolgicos de regenerao espontne

    Tabela 4. Nmero de indivduos, espcies, famlias e diversidade florstica da regenerao espontnea no entorno do abrigo de mataces na AE-2 da UHE, Tucuru. Onde H- ndice de Diversidade de Shannon-Weaver; C Estao chuvosa; S Estao seca.

    IndivduDist (m) C S C S C S C S 0,0 92 (11,50A ) 42 (5,25A) 26 (6,87A) 17 (4,37A) 16 10 1,18 1,15 0,5 60 (7,50AB) 38 (4,75AB) 26 (5,75AB) 17 (4,12AB) 14 11 1,30 1,15 1,0 46 (5,75BC) 27 (3,37ABC) 22 (4,88AB) 14 (2,75ABC) 11 8 1,24 1,08 1,5 49 (6,12BC) 21 (2,62BC) 22 (4,62AB) 13 (2,50ABC) 9 6 1,25 1,08 2,0 47 (5,87BC) 22 (2,75BC) 20 (4,25ABC) 13 (2,50ABC) 10 7 1,18 1,03 2,5 38 (4,75BC) 22 (2,87BC) 16 (3,62BC) 10 (2,25BC) 7 5 1,09 0,94 3,0 31 (3,87BC) 14 (1,75C) 16 (3,37BC) 9 (1,75C) 7 4 1,06 0,90 3,5 50 (6,25BC) 16 (2,00C) 17 (4,12BC) 9 (2,00C) 8 5 1,04 0,89 4,0 41 (5,12BC) 18 (2,25C) 18 (4,12BC) 9 (2,00C) 6 4 1,15 0,88 4,5 40 (5,00BC) 19 (2,37C) 11 (3,12BC) 7 (2,00C) 5 2 0,94 0,73 5,0 25 (3,12BC) 18 (2,25C) 8 (1,87C) 9 (2,12C) 3 5 0,74 0,89 5,5 13 (1,62C) 12 (1,50C) 8 (1,62C) 6 (1,25C) 4 4 0,86 0,68 6,0 17 (2,12C) 11 (1,37C) 10 (1,75C) 5 (1,00C) 6 3 0,96 0,65

    OBS: Mdias seguidas de letras maisculas distintas representam diferenas estatsticas significativas (Teste de Tukey) entre linhas com 95 % de probabilidade.

    22

  • O levantamento das espcies espontneas no entorno do abrigo revelou que as

    espcies arbreas e arbustivas esto presentes em maior nmero nas proximidades do abrigo, tornando-se menos freqentes com o afastamento (Figuras 6). Estes resultados aliados aos ndices de diversidade encontrados revelam o efeito do abrigo como ponto estratgico de refgio de animais que conseqentemente contribuem no s para a colonizao do abrigo, mas tambm para a catalisao da reabilitao da rea de emprstimo.

    0

    45

    05

    10

    40

    0,0 0,5 2,5 3,0 3 0 5,5 6,0

    Distncia (

    15

    2025

    3035

    Arb

    reas

    (%)

    1,0 1,5 2,0 ,5 4,0 4,5 5,

    m)Estao chuvosa Estao seca

    2

    46

    16

    0,0 0,5 1,0 1 0 2,5 3,0 4, ,5 5, ,5 6

    8

    1012

    14

    ,5 2, 3,5 0 4 0 5 ,0

    DistncAr

    buia (m)

    stiv

    as (%

    )

    Estao chuvosa Es stao eca

    00

    102030H

    45

    bc

    00

    60

    900

    erea

    s (%

    ) 7080

    10

    0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

    Distncia (m)

    Estao chuvosa Estao seca

    5

    T

    10

    0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

    r

    15

    epad

    ei

    20

    ras

    (

    25

    30

    %)

    Distncia (m)

    Estao chuvosa Estao seca

    Figura 6. Variao sazonal de espcies quanto ao modo de vida no entorno do amontoado de mataces na AE-2 da UHE Tucuru.

    Apesar da reduo das espcies arbreas ao longo das linhas de amostragem,

    observou-se colonizao at 4,0 m. Este efeito local se deve a disperso de propgulos pelos animais, principalmente pelos morcegos. Segundo MELLO (2002), os morcegos voam a grandes distncias e defecam em pleno vo, dispersando propgulos de espcies nativas de fragmentos do entorno.

    Mesmo sob condies climt dversas, as espcies arbreas que graram colonizar a rea no entorno do abrigo durante a estao chuvosa, conseguiram se tab

    a

    icas extremamente aloes belecer de forma sustentvel na estao seca (Figura 6), evidenciando os servios am ientais promovidos pelos abrigos: tipo e qualidade do propgulo, efeitos ambientais decorrentes das interaes entre fatores abiticos e biticos - sombra/umidade.

    As espcies herbceas apresentaram maior freqncia com o afastamento do abrigo. As condies de sombreamento oferecidas pelo abrigo, possivelmente esto restringindo

    23

  • colonizao destas espcies nos locais de maior influncia dos mataces. No entanto, a grande quantidade de espcies herbceas levantadas (37) evidencia que houve agregao de

    anos (CONSORCIO ENGEVIX THEMAG, 1998), onde segundo o s

    tiveram presentes ao longo dos seis metros de raio em torno do

    florao e sementes que alternam a diversidade biolgica e propiciam meios para dotar os ecossistemas de mais atributos ambientais, melhorando-os funcionalmente.

    Quanto ao nmero de indivduos e espcies nas duas estaes estudadas, considerando as linhas amostrais nas diferentes direes, observou-se a ausncia de diferenas estatsticas significativas (Tabela 5). Tabela 5. Nmero de indivduos, espcies, famlias e diversidade florstica da regenerao espontnea nas linhas de amostragem no entorno do abrigo de mataces da AE-2 da UHE, Tucuru. Onde H- ndice de Diversidade de Shannon-Weaver; C Estao chuvosa; S Estao seca.

    Indivduos Espcies Famlias H

    propriedades emergentes, ou seja, elas geraram efeitos adicionais para que outras espcies ingressassem no ecossistema, em comparao com a rea no seu entorno que no conseguiu adquirir resilincia em 18me mo autor, os processos erosivos foram responsveis pela supresso da exgua regenerao espontnea estabelecida.

    As trepadeiras esabrigo, no apresentando tendncias definidas a partir do seu afastamento. Segundo TUCKER & MURPHY (1997) o recrutamento destas formas de vida tambm pode ser crtico para a criao de ecossistemas estruturalmente auto-sustentveis, pois elas apresentam

    Direo C S C S C S C S

    N 85 (6,54a) 36 (2,77a) 19 (3,92a) 12 (2,46a) 10 6 1,03 0,93NE 90 (6,92a) 36 (2,77a) 23 (4,31a) 17 (2,54a) 13 10 1,17 1,08L 77 (5,92a) 39 (3,00a) 20 (4,15a) 12 (2,46a) 12 7 1,17 0,96

    SE 47 (3,61a) 38 (2,92a) 12 (3,15a) 11 (2,54a) 7 6 0,97 0,97S 51 (3,92a) 34 (2,6a) 20 (3,69a) 12 (2,38a) 12 7 1,12 0,94

    SO 56 (4,31a) 27 (2,08a) 20 (3,38a) 10 (1,77a) 12 5 1,15 0,83O 72 (5,54a) 34 (2,61a) 23 (4,15a) 12 (2,31a) 11 6 1,24 0,96

    NO 71 (5,46a) 36 (2,77a) 21 (4,00a) 16 (2,38a) 11 9 1,21 1,11 OBS: Mdias seguidas de letras iguais no apresentam diferenas estatsticas significativas (Teste Tukey) entre linhas com 95 % de probabilidade.

    Os resultados sugerem um padro de movimentao dos animais freqentadores do

    amontoado de mataces sem a adoo de caminhos definidos, apesar da maior proximidade do fragmento na direo Sul, aumentando desta forma a possibilidade de trnsito em diversas direes e em outros fragmentos da regio. Esta movimentao, aliada quebra de dormncia das sementes, proporcionado por seu suco gstrico e aos nutrientes contidos nas fezes (KUNZ, 1982 apud MELLO, 2002), podem auxiliar o estabelecimento de plntulas. Em conseqncia, os animais passam a visitar mais estes locais, trazendo diversas espcies vegetais. Assim, as funes ecolgicas desempenhadas pelas espcies provenientes dos plantios, aliado ao importante papel ecolgico dos agentes dispersores, atuam de forma conjugada catalisando o processo de colonizao e sucesso ecolgica nas reas degradadas, adicionando atributos ambientais, dotando o ecossistema ao longo do tempo e garantindo a sustentabilidade para a reabilitao.

    24

  • 4. CONCLUSES

    O amontoado de mataces funcionou com abrigo de fauna e agente de nucleao de pambien s, 22 espcies arbreas e 15 fam

    A maioria das espcies amostradas (65%) apresenta sndrome de disperso zoocrica revelando xito como uma estratgia de atratividade da fauna local;

    Na rea do entorno do abrigo houve influncia na qualidade da regenerao espontnea at 4 m de afastamento;

    As caractersticas nucleadoras do abrigo permitiram a formao de micro-habitats, oferta de propriedades emergentes que interferem nos processos ecolgicos sustentveis de regenerao espontnea.

    O abrigo exerce funes de refgio para a fauna e constitui uma estratgia facilitadora da entrada de diferentes espcies no processo de reabilitao da rea;

    oropgulos em reas degradadas na Amaznia, viabilizando a chegada de sementes, atributos

    tais para germinao e meios para o estabelecimento espontneo de 578 indivduolias botnicas no seu interior, aps 25 anos de desenvolvimento;

    25

  • CAPTULO II - USO DE RESDUOS DE PODA E JARDINAGEM COMO TCNICA DE REABILITAO DE REA DE EMPRSTIMO

    26

  • RESUMO

    A co que modi atos foi implanta Uma das estratgias envolveu o uso de resduos de poda e jardinagem da Vila Permanente e canteiros

    nstruo da Usina Hidreltrica Tucuru demandou a abertura de reas de emprstimoficaram seus ecossistemas. Para mitigar os impactos associados extrao de substr

    do o Programa de Recuperao de reas Degradadas (PRAD).

    de obras como medida de reabilitao. Este estudo objetivou descrever a tcnica e avaliar sua eficincia como estratgia de reabilitao. A partir de 2000, os resduos foram coletados, transportados para a rea de emprstimo e dispostos em montes seqenciais (1m

  • ABSTRACT

    CHAPTER II - USE OF RESIDUES OF PRUNING AND GARDENING AS A TECHNIQUE OF REHABILITATION OF DEGRADED AREA

    Usina Tucuru's construction demanded the opening of degraded areas that modified their ecosystems. To mitigate the impacts associated to the extraction of substratum was implanted the Program of Recovery of Degraded Areas (PRAD). One of the strategies involved the use of pruning and gardening residues of the Permanent Town and construction sites as rehabil

    . Two hundred halfway

    s evident importance of this technique for ctivities of rehabilitation of degraded area in the Amazon region.

    Key words: Degraded area, organic residues, spontaneous regeneration.

    itation measure. This study aimed to describe the technique and evaluate its efficiency as rehabilitation technique. Since 2000, the residues were transported for the degraded area and disposed in sequential hills (1m < height < 2,5m) starting from the extremities of the degraded area AE-3 (96 ha), staying in repose. After five years of development the regeneration seasonally was made a survey through the Method of Points

    points (1 meter) were lifted in a transect, composed by four parallel lines in the direction East-west. The area to be sample was determinate by the collector curve, and for the determination of the best adjustments the linear and logarithmic regression models were used. In the rainy season, 1068 individuals and 570 individuals in the season dry were sampled, distributed in 93 species, belonging to 62 genus and 33 families, and when compared with the ontrol area, with 9 and 8 species, respectively, wac

    a

    28

  • 1. INTRODUO

    Grandes empreendimentos demandam mo-de-obra e infra-estrutura temporrias ou permanentes que produzem diferentes tipos de resduos, cujo destino final configuram problemas que precisam ser gerenciados (SANTANA FILHO et al., 1997).

    O lixo de origem orgnica pode ser um problema se mal administrado, mas pode se transformar em uma soluo se bem administrado, constituindo uma estratgia de reabilitao de reas degradadas, pois melhora a fertilidade e condies fsicas do substrato, alm de ofertar propgulos e induzir a regenerao (SILVA & JNIOR, 1992; SANTANA FILHO et al., 1997).

    A populao do municpio de Tucuru alcanou em 2004, 73.798 habitantes, taxa de crescimento anual de 5,88% e densidade populacional de 35,19% hab/km2 (IBGE, 2005), com produo de lixo estimada em 45.000 kg /dia, dos quais entre 50 a 60 % so de resduos orgnicos. A Vila Permanente da UHE Tucuru responsvel pela gerao de aproximadamente 3000 kg/dia (CONSRCIO ENGEVIX THEMAG, 1998).

    Em 2000 foi implantada a estratgia de reabilitao do PRAD que contemplou o aproveitamento dos resduos de poda e jardinagem como medida fsico-biolgica de reabilitao de rea de emprstimo.

    O pres o medida de reabilitao de reas de em

    2. MATERIAL E MTODOS

    A rea de emprstimo (AE-3) de 96 ha localiza-se na margem direita do rio Tocantins, municpio de Tucuru, Estado do Par (Latitude 030 45 03 S e Longitude 490 40 03 W).

    O substrato inconsistente e de natureza sedimentar, pertencente ao antigo leito geolgico da calha do rio Tocantins. A cava foi trabalhada pelas chuvas, conformando drenagens cujas reas de captao apresentam relevo suave com microtopografia definida pelo rearranjo das gravas no arrastveis pelas chuvas torrenciais em 25 anos de exposio (1980-2005).

    2.2. Manejo do Lixo Orgnico

    O lixo orgnico para fins desta tcnica de reabilitao consistiu em resduos provenientes de podas e jardins das vias pblicas da Vila Permanente (Figura 1), periodicamente coletado e transportado para a rea de emprstimo (Figura 2), dispostos em montes seqenciais (1m < altura < 2,5m) a partir das extremidades mais afastadas dos acessos da rea, de modo a permitir o livre trnsito dos caminhes (CONSRCIO ENGEVIX-THEMAG, 1998). Os resduos permaneceram em pousio e foram se acomodando pela ao das chuvas, no havendo qualquer tipo de plantio de espcies vegetais.

    ente estudo objetivou avaliar a eficincia da estratgia comprstimo na Amaznia.

    2.1. rea de Estudo

    29

  • Figura 1. Coleta de resduos de poda e jardinagem gerados na nte da UHE Tucuru em 2005. Vila permane

    Figura 2. Amontoamento dos resduos na AE-3 da UHE Tucuru.

    2.3. r

    Foram utilizadas duas reas amostrais, situadas no centro da AE-3, distando 80m da fonte de propgulo. Elas apresentam zonas planaapenas nos tratamentos empregados: a) sem qualquer ao desde 1980 (testemunha), e b) depsito de resduos de poda e jardinagem a partir de 2000.

    eas Amostrais

    s, com rea de captao similares, diferindo

    30

  • 2.4. Levantamento Fitossociolgico

    regio Amaznica. Utilizou-se o Mtodo de Pontos (COCKAINE, 1926, adaptado por MANTOVANI, 1987), sendo este sem uso de parcelas e baseado na amostragem das uma vareta vertical alocada no terreno. Este mtodo apr vidade, rapidez e a pouca perturbao ocasionada vegetao (LEVY & MADDEN, 1933; GOODALL, 1952).

    .5. Suficincia Amostral

    tamanho da amostragem que representasse a diversidade dos ecossistemas, relacionando o nmero de espcies inditas acumul ostral com ponto ados. a iden o d tes foram utilizados os modelos de regresso linear e logartmico para as -BRUNI, 199

    2.6. Eficincia Conservacionista

    de espcies esp ntneas foi utilizado como forma de avaliar a oferta de a s adicionais e a eficinci nica de r o de eas degra adas (VALCARCEL & SILVA, 1997).

    dade de Shan REB (Equa o 01), Va r de I 2) descrito p (199 ssific o por h bito, c os mecanismos de avaliao.

    A regenerao espontnea foi levantada em maro (estao chuvosa) e agosto (estao

    seca) de 2005 para incorporar os efeitos da sazonalidade na

    plantas que toquemesenta como vantagens a representati

    Em cada ponto foi registrado a ocorrncia do nmero e da altura do toque e a espcie tocada. Foram levantadas todas as espcies arbreas, arbustivas, herbceas e trepadeiras em pontos eqidistantes (1m) alocados sistematicamente em linhas (50 m) paralelas na direo Leste-Oeste.

    Os parmetros analisados foram: mdia de toque (MT), densidade absoluta, densidade relativa (DR), freqncia absoluta (FA) e relativa (FR), vigor absoluto (VA) e relativo (VR).

    As espcies foram identificadas mediante coleta, herborizao, consulta a especialistas e por comparao no Herbrio do Departamento de Botnica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

    2

    Foi avaliada a partir da curva do coletor, buscando o

    adas em cada ponto am o nmero de s levant Par tificaos melhores ajusreas amostradas (GUEDES 8).

    O surgimento otributos ambientai a da tc eabilita r d

    O ndice de Diversi non-Weaver (K S, 1978) lomportncia (Equao 0 or GOETZKE 0) e cla a omplementaram

    N

    log

    =

    NiNNiH (01)

    e Shannon-Weav de cada e

    duos.

    Em que: H= ndice de Diversidade d

    ser;

    Ni = Nmero de indivduoN = Nmero total de indiv

    spcie;

    VrDrFrVI += + (02)

    alor de importncia; elativa;

    va;

    Em que: VI = VFr = Freqncia rDr = Densidade relatiVr = Vigor relativo.

    31

  • 2.7. Anlise Estatstica

    Para deteco de diferenas estatsticas entre as mdias, utilizo o Te o P hitney com 95 % de probabilidade.

    3. RESULTAD ISCUS

    rados 1068 indivduos n o chuv indi uos na e ao seca, distribudos em 71 espcies identificadas e 22 espcies em identificao por no d ertencentes e 33 Na t emunha foram a 104 e 72 indivduos, respectivamente para a estao chuvosa e seca, distribudos e tificadas e 3 espcies a serem identificadas, pertencentes a 6 gneros e 5 f posio de resduo -se pelo nme s Fabaceae, co ineae, com 9, Euphorbiaceae, com 8 e Asteraceae, com 5. Para a testemunha com m mero de espcies foi G ela 1 apresenta a r e espci as re ctivas fa lias b l, forma oc T adas na rea s e res ) e emunha (Test) d curu, nas estaes chuv a de 200

    a/Nome cientfico Nome Vulgar H to DR Test

    u-se ste naramtrico de Mann-W

    OS E D SO

    Foram amost a esta osa e 570 vd st

    isporem de flores e frutos, p a 62 gneros famlias. estmostradosm 6 espcies idenamlias. Na rea com de s orgnicos destacaram ero de spcies as famlia m 10, Gram

    a famlia aior nramineae, com 4. A Tab elao d es com su spe motnicas, denominao regiona de de vida e reas orrncia.

    abela 1. Espcies amostr ob deposio d duos (DR testa AE-3 da UHE Tu osa e sec 5

    Famli biACANTHACEAE Asystasia gangetica T. Anders Asistsia-branca

    P

    lanum Birds Corao-de-jesus Herbcea

    tt. Orelha-de-elefante Herbcea

    m maximilianii Schrad (Cass.) DC Cravo-do-campo Arbustiva

    CEAE

    .) Fedegoso Arbustiva

    Embaba Arbrea

    EAE Commelina diffusa Burn. F. Maria-mole Herbcea X Commelina benghalensis L. Maria-mole Herbcea X

    Herbcea X

    AMARANTHACEAE Alternanthera tenella Colla

    a (L.) Kuntzeerptua-do-campo Herbcea X

    Alternanthera brasilian Sempre-viva Herbcea X

    ANACARDIACEAE Mangifera indica, L. Manga Arbrea X

    ARACEAE Caladium x hortu X Alocasia macrorhiza Scho X

    ARALIACEAE Philodendrum sp Filodendro Trepadeira X

    ASTERACEAE Mikania cordifolia (L. f.) Willd Cip-catinga Trepadeira X Eclipta alba (L.) Hasska Erva-boto Herbcea X Emilia sonchifolia L. DC Serralha Herbcea X Eupatoriu Herbcea X Wulffia stenoglossa X

    CAESALPINA Cassia sp Cssia Arbustiva X Senna obtusifolia (L X

    CECROPIACEAE Cecropia sp X

    COMMELINAC

    Continua... 32

  • Tabela 1. Continuao

    Famlia/Nome cientfico Nome Vulgar Hbito DR Test CONVOLVULACEAE Ipomea grandifoliaIpomea quamoclit (L.)

    (Dammer) O' Donell C F l

    A

    l. T

    a (L.) Vahl F

    Herbcea

    aceae (T) Herbcea

    IACEAE Caf-bravo Herbcea

    hylla (L.) L. Quebra-pedra Herbcea X opifolia (L.) Small Erva-de-santa-luzia

    Mandioca ) Millsp Erva-andorinha Herbcea

    ifolia Pio xo loides Poit. Sapato-de-judeu Arbust

    Mucuna-preta Trepadeira

    um Urb.

    alis (L) DC Amendoinzinho Herbcea itans (Collad.) Falsa-dormideira Herbcea

    X Tent ho Arbrea

    (Roxb.) Benth Puerria Trepadei.)

    . Cap io nis L. C. Rabo-de-burro Herbcea

    (L.) R. Br Capim X (Willd.) CE. Hubb es) Stapf

    Rich C.elefante-brasileiro Herbcea

    iata Hort ex Pain Espada-de-so-jorge

    L. Lombr ueira

    Malv

    orda-de-violalor-de-cardea

    Trepadeira Trepadeira

    X X

    Ipomea carnea Jacq. C anudo rbustiva X

    CUCURBITACEAE Cucurbita sp Luffa aegyptiaca Mil

    Abbora Herbcea Bucha

    X X

    repadeira

    CYPERACEAE Fimbrystylis dichotom

    Herbcea

    X

    also-alecrim

    Cyperus sp X Morfoespcie Ciper Herbcea X

    Morfoespcie Cyper X

    EUPHORB Croton lobatus L. X Euphorbia heterop Leiteira Herbcea X Phyllantus niruriChamaesyce hyss

    Herbcea

    Arbustiva X

    Manihot sculenta X Chamaesyce hirta (L. X Jatropha gossyo -ro Arbustiva

    iva X X

    Pedilanthus tithyma

    FABACEAE X

    Mucuna aterrina Macroptilium at

    ropurpure

    Macroptilium lathyroides (L.) Urb.Siratro Trepadeira

    Feijo-de-rola X

    Herbcea X Alysicarpus vagin X Chamaecrista nict X Crotalia pallida Aiton ique-xique

    o-vermelHerbcea X

    Ormosia sp X X

    Pueraria phaseoloidesPueraria lobata (Willd

    ra Puerria Trepadeira

    X

    Morfoespcie 17 Herbcea X

    GRAMINEAE Panicum maximum Jacq im-colon Herbcea X Andropogon bicor X Brachiaria sp Sporobolus indicus

    -moiro Herbcea

    Herbcea X X

    X

    Rlynclelytrum repensHyparrhenia rufa (Ne

    Capim-rosado Capim-jaragu

    Herb cea Herbcea

    X X

    Cynodon dactylon (L.) Pers. Grama-seda Herbcea X Pennisetum setosum (Sw.) X X Oryza sp Herbcea X Morfoespcie CN X

    LILIACEAE Sansevieria trifasc Herbcea X

    LOGANIACEAE Spigelia anthelmia ig Herbcea X

    MALVACEAE Urena lobata L. a-roxa Arbustiva X

    Continua...

    33

  • Tabela 1. Continuao

    Famlia/Nome cientfico Nome Vulgar Hbito DR Test

    MIMOSACEAE Mimosa pudica L. Dorm eira

    phala L. Leucena Arbrea iaefolia Benth. Sabi Arbrea

    Goiaba Arbrea

    E Erva-tosto Herbcea

    ONAGRACEAE Ludwig

    PASSI

    Portula

    Camapu Herbcea X

    URTICACEAE Urtica dioica L. Urtiga-brava Herbcea X

    VERBENACEAE Priva bahiensis DC. Carrapicho-leve Herbcea X Lippia alba (Mill.) N.E. Br. Erva-cidreira Arbustiva X

    NO IDENTIFICADAS Morfoespcie A.P. Arbustiva X Morfoespcie B.D. Herbcea X Morfoespcie 05 Herbcea X Morfoespcie 13 Herbcea X Morfoespcie 15 Herbcea X Morfoespcie 20 Herbcea X Morfoespcie 28 Herbcea X Morfoespcie 30 Trepadeira X Morfoespcie 31 Herbcea X Morfoespcie 38 Herbcea X Morfoespcie 43 Herbcea X

    id Herbcea X X Leucaena leucoce X Mimosa caesalpin X

    MYRTACEAE Psidium guajava L. X

    NYCTAGINACEA Boerhavia diffusa L. X

    ia octovalis (Jacq.) P. H. Raven Cruz-de-malta Herbcea X

    OXALIDACEAE Oxalis sp. Herbcea X

    FLORACEAE Passiflora allata Maracuj Trepadeira X

    PIPERACEAE Morfoespcie 37 Herbcea X

    POLIGONACEAE Polygonon sp. Herbcea X

    PORTULACEAE ca oleracea L. Beldroega Herbcea X

    RUBIACEAE Spermacoce verticilata L. Vassoura-de-boto Herbcea X X Morfoespcie 82 Herbcea X

    SOLANACEAE Physalis angulata (L.) Solanum sp Arbustiva X

    STERCULIACEAE Waltheria indica L. Malva-branca Herbcea X X

    TURNERACAE Turnera ulmifolia (L.) Turnera Herbcea X

    Continua... 34

  • Tabela 1. Continuao

    Famlia/Nome cientfico Nome Vulgar Hbito DR Test

    NO IDENTIFICADAS Morfoespcie 64 Herbcea X Morfoespcie 65 Herbcea X Morfoespcie 67 Herbcea X Morfoespcie 68 Herbcea X Morfoespcie 71 Herbcea X Morfoespcie 73 Herbcea X Morfoespcie 123 Herbcea X Morfoespcie 170 Herbcea X

    As duas reas apresentavam em 1998 (18 anos aps abandono) colonizao vegetal

    nula, havendo incipiente surgimento de gramneas durante a estao chuvosa e desaparecimento no incio da estao seca (CONSRCIO ENGEVIX THEMAG, 1998).

    Na regio Amaznica a umidade e as caractersticas do regime pluviomtrico so elementos esse rm para os ecossistemas e , pois estes ecossistemas no so dotados de meios para ter infiltrao e nem armazenamento de gua, fato este que combinado com a alternncia das intensidades das chuvas e efeito das estiagens sazonai

    olonizao de espcies espontneas em perodos com diferentes ofertas de atributos ambientais, ou seja, com e sem umidade e neste sentido os resultados permitiram inferir sobre a eficincia da estratgia de deposio de resduos de poda e jardinagem na induo da regenerao.

    nciais para garantir a subsistncia dos ecossistemas naturais, pom construo estas variveis interferem de forma problemtica

    s, onde ocorre lapso de tempo de at quatro meses com ausncia de chuvas, tornam os processos construtivos dos ecossistemas uma rdua tarefa para a natureza.

    A determinao da suficincia amostral, efetuada nas estaes chuvosa e seca, permitiu comparar os efeitos da sazonalidade na tcnica de RAD que envolveu o manejo de resduos de poda e jardinagem. Em ambos os casos, os melhores ajustes foram obtidos para o modelo de regresso linear, evidenciado pelos maiores coeficientes de determinao (R2), revelando que os 200 pontos amostrais no foram suficientes para representar a diversidade do ecossistema (Figura 3).

    As informaes do tamanho da amostra no presente estudo, tem objetivos de valorar a qualidade da c

    35

  • 0 25 50 75 100 125 150 175 2000

    102030405060708090

    Estao chuvosa Estao seca

    R2=0,9816

    R2=0,9082

    Modelo Linear

    R2=0,7971

    R2=0,9538ci

    es

    Modelo Logartmico

    Pontos

    Esp

    Figura 3. Curva do Coletor da rea sob deposio de resduos de poda e jardinagem nas estaes chuvosa e seca na AE-3 da UHE Tucuru.

    Na rea sob deposio de resduos de poda e jardinagem, a menor diferena entre os

    coeficientes de determinao (R2) durante a estao seca evidenciou que a suficincia amostral pode ser alcanada com um menor nmero de pontos levantados. Nesta estao, constatou-se que 37 espcies entraram o quanto o ecoss tes do estresse hdrico sazona a imediat nas p , estes indicadores sugerem ganho evolutivo com indcios de melhoria da elasticidade do ecossistema, no entanto

    em processo de latncia. Estas informaes denotamistema ainda frgil, pois recente os estmulos externos decorrenl (Figura 4). Em contra partida, estes mecanismos so rompidos de formrimeiras chuvas (Figura 5). Apesar do curto tempo do estudoa

    um, recomenda-se outras avaliaes para verificar se o efeito da estiagem foi

    determinante.

    36

  • Figura 4. Cobertura vegetal no interior da parcela submetida a d es Tucuru.

    eposio de resduos de poda e jardinagem da AE-3 sobtresse hdrico na estao seca em setembro de 2005 na UHE

    Figura 5. Cobertura vegetal no interior da parcela estudada sob deposio de resduos de poda e jardinagem da AE-3, trs dias aps um 05 na UHE Tucu

    ia d de res oda e m

    sub , no o arras to de co rgnico, ticas sim ecidas pela teiras dos ecossistemas evoludos (FASSBENDER & GRIMM, 1986). A associao destes efeitos m atria orgnica (GAMA-RODRIGUEZ, 1997; IZQUIERDO, 2000) facilitam o efeito cumulativo de agregao de

    a chuva na estao seca de 20 ru.

    A estratg e utilizao duos de p jardinage sugere a proteo do strato edfico permitindo te do man mposto o caractersilares as ofer s li

    ineralizao da m

    37

  • propriedades emergentes ste que per cinco anos a colonizao de 85 espcies em 200 pontos de amostr urante a est uvosa.

    Das 93 espcies levantadas nos dois perodos amostrados, 55 vieram com os resduos

    adas por nglob

    , fato e mitiu emagem d ao ch

    de poda e jardinagem (KISSMANN & GROTH, 1995; LORENZI, 2000), 15 espcies so provenientes da colonizao espontnea, condicionada pela oferta de propriedades emergentes

    os ecossistemas em construo e 23 espcies foram classificadas como indeterminde arem as duas origens