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Recuperação de áreas Degradadas Uma proposta para o cerrado da Bacia Hidrográfica do Rio São Lourenço – MT Versão para produtores rurais © Adriano Alves/TNC © Adriano Alves/TNC

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Recuperação

de áreas Degradadas

Uma proposta para o cerrado da BaciaHidrográfica do Rio São Lourenço – MT

Versão para produtores rurais

© Adriano Alves/TNC © Adriano Alves/TNC

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Fotos créditos

Capa - © Ingo Isernhagen eWander Laizo dos Santos

2ª capa - © Scott Warren/TNC

Página 07 - © Scott Warren/TNC

Página 08 - © acervo do Lerf

Página 09 - © Ingo Isernha-gen e Alexandre Isernhagen

Página 10 - © Ingo Isernha-

gen e Wander Laizo dos Santos

Página 11 - © Ingo Isernhagen,Alexandre Isernhagen e Internet

Página 12 - © Ingo Isernhagen

Página 13 - © acervo do Lerf

Página 14 - © máquina de chuvaacervo da Cati (Coordenadoria deAssistência Técnica Integral, SãoPaulo) e Ingo Isernhagen

Página 15 - © Ingo Isernhagen e

Google Earth

Página 16 - © Ingo Isernhagen

Página 17- © Ingo Isernhagen

Página 18 - © acervo do Lerf

Página 20 - © Ingo Isernhagen

Página 21 - © acervo do Lerf

Página 22 - © Pedro H. S. Brancalion

Página 23 - © Ingo Isernhagen

Página 25 - © acervo do Lerf

Página 27- © acervo do Lerf

Página 28 - © acervo do Lerf ePedro H.S. Brancalion

Página 29 - © Leandro Baumgar-ten/TNC

4ª capa - © Ingo Isernhagen

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Recuperação

de áreas Degradadas

Uma proposta para o cerradoda Bacia Hidrográfica do

Rio São Lourenço – Mato Grosso

Brasília - 2008Iniciativa

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Presidente da Famato: Rui Carlos Ottoni PradoSecretário de Meio Ambiente: Luiz Henrique DaldeganDiretor do Programa de Conservaçãodas Savanas Centrais da TNC: João Campari

Equipe do Projeto Cerrado SustentávelEquipe do Projeto Cerrado SustentávelEquipe do Projeto Cerrado SustentávelEquipe do Projeto Cerrado SustentávelEquipe do Projeto Cerrado Sustentável:::::Agricultura e ConservaçãoAgricultura e ConservaçãoAgricultura e ConservaçãoAgricultura e ConservaçãoAgricultura e ConservaçãoCoordenador: Glauco Kimura de Freitas (TNC)Representante Famato: Amado de Oliveira FilhoRepresentante Sema: Vânia Guedes

Equipe TécnicaCompilação de informações (Lerf/Esalq/USP)Biólogo M.Sc. Ingo Isernhagen

Revisão e coordenação(Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade deSão Paulo - Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal)Professor dr. Ricardo Ribeiro RodriguesProfessor dr. Sergius GandolfiEngenheiro-agrônomo dr. André Gustavo Nave

Esta publicação faz parte do “Projeto Cerrado Sustentável: Agricultura e Conservação”, de iniciativa da Federação daAgricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e da

organização não governamental internacional The Nature Conservancy (TNC).

ColaboraçãoSema - Secretaria de Estado do Meio Ambiente – Mato GrossoFamato - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato GrossoSenar Mato Grosso - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Admi-nistração Regional Mato GrossoEmpaer - Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão RuralEngenheira florestal Linda A. NunesLuis Mário Silva e Jamir Ângelo da Conceição - motoristasBiólogo M.Sc. Wander Laizo dos Santos (Lerf/Esalq/USP)Biólogo Guilherme Aguirre (levantamento florístico) (Lerf/Esalq/USP)Engenheiro-agrônomo Pedro Henrique Santin Brancalion (Lerf/Esalq/USP)

EdiçãoEdiçãoEdiçãoEdiçãoEdiçãoEdição: Marli Santos (TNC)Design gráfico: Marco Tullio TavaresRevisão gramatical: Henriette Motta ArantesDesenhos: Adriano Alves

AgradecimentosEliani Fachim, (superintendente de Biodiversidade da Sema-MT)Hélida Bruno Nogueira Borges (coordenadora de Monitoramento e

Recuperação de Áreas Degradadas Sema-MT)Normando Corral (presidente do Senar AR/MT)Antônio Carlos Carvalho de Souza (superintendente do Senar AR/MT)Otávio Bruno Nogueira Borges (gerente técnico do Senar AR/MT)Evandro Corral Morales (Famato)Ilton Batista Camilo (Empaer/MT)Cajar Onésimo Ribeiro Nardes (Sema/MT)

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Iniciativa

Apoio

R311r Recuperação de Áreas Degradadas: uma Proposta para o Cerrado da Bacia Hidrográfica do Rio São Lourenço – Mato Grosso / Iniciativa: / Iniciativa: / Iniciativa: / Iniciativa: / Iniciativa: Famato, Sema e TNC - Brasília, 2008.- Brasília, 2008.- Brasília, 2008.- Brasília, 2008.- Brasília, 2008.

30p.; il.; 23cm.

1. Recuperação de Áreas Degradadas 2.Cerrado 3. Bacias Hidrográficas 4. Rio São Lourenço/MT 5. Áreas de Preservação Permanente (APP) 6. Reservas Legais (RL) 7. Degradação Ambiental I. Famato II. Sema III. TNC IV. Título

CDU 631.549

ISBN 978-85-60797-01-1

Catalogação na fonte

Coordenação técnicaLerf/Esalq/USP

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Prefácio.............................................................................. 7

Apresentação................................................................... 8

11111. As nascentes do Rio São Lourenço ....................... 9

2. Problemas ambientais ............................................10

Desmatamento e roçada ............................................................ 10

Erosão ................................................................................................ 10

Voçorocas......................................................................................... 10

Queima de pastagens e plantação de cana ....................... 11

Garimpo e drenagem da várzea ..............................................11

Acesso livre dos gados às matas ciliares ............................ 11

3. O que prevê a Legislação Ambiental? ................12

Áreas de Preservação Permanente (APP)........................... 12

Reserva Legal (RL) ....................................................................... 13

Mas não é só pela legislação ................................................... 14

4. Por onde começamos .............................................15

A importância das bacias hidrográficas ................................ 15

Sumário

Conhecendo a vegetação .......................................................... 15

5. É possível recuperar uma mata ciliar?................19

As melhores formas para recuperar a natureza ................ 19

Isolamento da área e retirada dos

fatores de degradação................................................................ 20

Formas de obter espécies vegetais num projeto de

recuperação de mata ciliar ........................................................ 20

Recuperação do solo ................................................................... 21

Condução da regeneração natural......................................... 22

Adensamento e enriquecimento ............................................. 23

Plantio total ...................................................................................... 25

O papel dos animais ..................................................................... 27

Cuidados para que o trabalho dê certo ................................ 27

Viveiros de espécies nativas .................................................... 28

Participação da comunidade ..................................................... 28

6. Mãos à obra ...............................................................29

7. Contatos importantes ..............................................30

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A região do cerrado brasileiro produz alimentosque abastecem o Brasil e o mundo. A produçãorural cresce constantemente, com a abertura denovas áreas e o uso de tecnologias maisapropriadas para esse espaço geográfico. Oprodutor rural é o grande empreendedor da novaonda produtiva, mas também deve ser o defensordas áreas de preservação previstas na lei, comoas nascentes e as reservas legais, além de estarconsciente de que produzir sem proteger opatrimônio natural significa comprometer odesenvolvimento econômico das geraçõesfuturas.

O trabalho de recuperar as áreas degradadas passaentão a ser uma necessidade em algumas regiõesde cerrado. O que ouvimos sempre é que recuperaré caro e não é a melhor solução para o problema.Sim, sempre é bom evitar o desmatamento em áreassensíveis e proibidas de serem desmatadas pelalegislação tanto estadual quanto federal. No entanto,a recuperação pode não ficar tão cara quandousamos as técnicas certas.

Fazer a recuperação da forma mais barata, maissegura e com respeito aos processos ambientaisé o segredo que muitos gostariam de saber. Estemodelo está agora sendo divulgado nestapublicação, como resultado do projeto CerradoSustentável: Agricultura e Conservação,

implementado pela parceira entre a organizaçãonão governamental (ONG) The NatureConservancy (TNC), a Federação da Agricultura ePecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) e aSecretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). Otrabalho atua na Bacia Hidrográfica do Rio SãoLourenço em sete municípios do Estado de MatoGrosso.

O projeto buscou ajuda da Escola Superior deAgricultura Luiz de Queiroz da Universidade deSão Paulo (Esalq-USP), a fim de desenvolver ummodelo de recuperação para a região de cerradodo São Lourenço. Para que os resultados dotrabalho pudessem ser apresentados de formasimples e fácil para o produtor rural, foi realizadauma parceria com o Serviço Nacional deAprendizagem Rural (Senar) que tem largaexperiência com capacitação e ensino voltadospara homens e mulheres da zona rural.

O Senar, nesta aliança, vai trabalhar comeducação ambiental para a recuperação de áreasdegradadas. A iniciativa de recuperar áreasdegradadas é uma forma de reduzir os impactosao meio ambiente e trazer benefícios para asatuais e futuras gerações, conservando a ricabiodiversidade do cerrado brasileiro.

Desejamos a todos uma boa leitura!

Prefácio

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Apresentação

Recuperar áreas degradadas não é uma tarefaimpossível. Para começar, é preciso conhecerbem a propriedade onde se vive e observar a

natureza. Muitas vezes a vegetação dá sinais,mostrando se ela consegue se recuperar, e de como épossível ao homem ajudar neste trabalho. O objetivodeste manual é justamente colaborar na busca pelarecuperação da natureza, da melhor forma possível.

O trabalho vale a pena, porque os prejuízos ambientaisda erosão, do assoreamento, das queimadas, do isola-mento dos fragmentos e da perda de qualidade da águae da biodiversidade já são bem conhecidos. Além disso,com matas ciliares conservadas e reservas legais emordem, os produtos agropecuários ficam mais competiti-vos no mercado, o reconhecimento do consumidor émaior, principalmente quando envolve exportação, e oscréditos agrícolas tendem a ser facilitados.

É sempre melhor que a recuperação de áreasdegradadas seja acompanhada por um profissional

habilitado, para que as melhores práticasambientais possam ser aplicadas eperpetuadas. Com isso, somam-se osconhecimentos práticos e teóricos detodos (incluindo os seus, produtorrural!!), na busca da melhor soluçãocoletiva.

Para que as ações de recuperaçãotragam benefícios ambientais efetivos,indo além da propriedade particular, éessencial que sejam planejadassoluções na escala da baciahidrográfica, envolvendo o maiornúmero de propriedades possível. Aíestá a importância do trabalho feito pelaTNC, Sema e pela Famato na região.

Que este manual seja útil para todos eque os auxilie na conservação danatureza e de sua terra!

Biólogo Ingo Isernhagen & Ricardo Ribeiro RodriguesLaboratório de Ecologia e Restauração Florestal (Lerf/Esalq/USP)

O trabalho de campo da equipe da USP/Esalq foi realizado na Bacia Hidrográfica do Rio São Louren-ço, no Estado de Mato Grosso, em 2007. No entanto, as recomendações apresentadas nesta publi-cação podem ser utilizadas em outras áreas de cerrado, desde que observadas as condições locais.

As sugestões consideram as potencialidades da região em termos de regeneração da mata nativa eauxiliam o produtor a pensar a propriedade como um todo.

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São Lourenço

A região do Vale do As nascentes do Rio São Lourenço

Pastagem Garimpo

As cabeceiras do Rio São Lourenço ocupam uma área deaproximadamente 750.000 hectares, envolvendo os municípiosmato-grossenses de Jaciara, Juscimeira, São Pedro da Cipa,Rondonópolis, Poxoréo, Dom Aquino e Campo Verde.

dentre eles, você, produtor rural!

A região possui principalmente áreas de pastagens, de lavourade cana, soja e algodão e outras formas de produção agrícola,como o plantio de seringueiras.

Juntos, esses municípios possuem cerca de 270.000 habitantes,

Algodão Cana-de-açúcar

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Desmatamento e roçada

Em áreas protegidas pela legisla-ção ambiental, como as matas ci-liares e as reservas legais, o des-des-des-des-des-matamentomatamentomatamentomatamentomatamento e a roçadaroçadaroçadaroçadaroçada não sãopermitidos, pois comprometem asobrevivência da vegetação natu-ral e retiram as fontes de alimentoe o abrigo para os animais.

Erosão

Os solos da região são muito frágeis. A erosão é muito comum,porque a agropecuária ainda não tem a tradição de uma boa práti-ca de conservação do solo, com construção de terraços, curvas denível, dentre outras.

EROSÃO = perda de área agrícola+ perda de fertilidade+ assoreamento de rios+ prejuízos financeiros+ impacto ambiental

Voçorocas

Como as matas ciliares foram destruídas, o solo erodido chega aosrios. O extremo estão nas voçorocas, onde se perde muita áreaagrícola e produtividade, já que a melhor camada do solo é des-perdiçada. Além disso, os rios da região ficam assoreados,prejudicando o armazenamento e a qualidade da água.

Erosão das margens e voçorocas são alguns dosexemplos de degradação ambiental da região

Assoreamento dos riospela falta de mata ciliar

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Ambientais

É com a descoberta das causas dos problemasambientais que se pode encontrar soluções maiscriativas para obter um meio ambiente saudável.

Problemas

A ocupação da terra sem planejamento, sem conservação dasmatas ciliares e da reserva legal gera a degradação ambiental.Com isso, todos perdem: os animais, os rios, as plantas e o serhumano, que também faz parte da natureza.

Além disso, há prejuízos econômicos: diminui a fertilidade do solo, háriscos de multas ambientais, impossibilidade de obter créditos rurais e oproduto (carne, grãos, etc.) pode perder a competitividade no mercado.

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Queima de pastagens ede plantação de cana

As queimadas para formação elimpeza dos pastos e colheita dacana também são prejudiciais,pois comprometem a qualidadedo solo, poluem o ar e matam osanimais nativos. A ocorrência re-petida de queimadas leva à totaleliminação da vegetação natural.

Acesso livre dogado às matas ciliares

O acesso livre do gado às matas ciliaresdeve ser evitado, pois ele pisoteia e sealimenta dos brotos e das plantas jovens,comprometendo o funcionamento (dinâ-mica natural) da vegetação.

Para realizar queimada, é preciso pedirautorização ao órgão ambiental e seguir asregras de controle indicadas pelos técnicos.

Garimpo e drenagem de várzea

Também são encontradas, na região, áreas de garimpo e drenagem nas várzeas, fatores de impacto ambiental.

Ainda são formas de impacto a caça ilegal, a introdução de espécies não nativas, o uso incorreto deagrotóxicos, a falta de cuidados com o solo, etc.

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Problemas ambientais

O caminho que o gado faz para buscar água pode provocar erosão

As áreas de garimpo causam prejuízos aos rios da região, quando não seguem as determinações ambientais

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Ambiental?

O que prevê a legislação

A principal lei que deve ser seguida para proteger a vegetação é oCódigo Florestal Brasileiro, de 1965 (Lei Federal nº 4.771).

No Estado de Mato Grosso, existem também leis específicas queregem a conservação do patrimônio natural, como a Constituiçãodo Estado de Mato Grosso/1989 e o Código Estadual do MeioAmbiente (Lei Complementar nº 38/1995).

Essas e outras normas regulamentam o local onde é preciso conser-var a natureza, onde é possível usar a terra para produção agropecu-ária e sobre a necessidade de recuperação das áreas degradadas.

As áreas a serem conservadas são as Áreas de Preservação Per-manente (APP) e as Reservas Legais (RL). O Código FlorestalBrasileiro define os vários tipos de APPs, incluindo as matasciliares que são discutidas neste manual.

Área de cultivo de cana chega até as margens dos rios, desrespeitando o limite da APP

Situações ambientais Área a ser conservada

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Nascente intermitenteNascente intermitenteNascente intermitenteNascente intermitenteNascente intermitente (pode secarem algum período do ano) - a APP geradacorresponde a um círculo de 100m deraio em relação à nascente intermitente.

Córrego intermitente Córrego intermitente Córrego intermitente Córrego intermitente Córrego intermitente (pode secar emalguns períodos do ano) - a APPdeterminada corresponde a uma faixade 50m de largura em cada margem eao longo de seu curso. LeiComplementar nº 38, art.58.

Nascente pereneNascente pereneNascente pereneNascente pereneNascente perene (quase nunca seca) -a APP gerada corresponde a um círculode 100m de raio em relação à nascente.

Córrego perene Córrego perene Córrego perene Córrego perene Córrego perene (quase nunca seca) eeeeeribeirões com até 50m de larguraribeirões com até 50m de larguraribeirões com até 50m de larguraribeirões com até 50m de larguraribeirões com até 50m de largura –a APP estabelecida corresponde auma faixa de 50m de largura em cadamargem e ao longo de seu curso. LeiComplementar nº 38, art.58.

Ao redor das lagoas ou lagos e reserva-tórios d'água naturais ou artificiais,represas hidrelétricas ou de uso múlti-plo, a APP gerada é de 100m de largu-ra em seu entorno. Lei Complementarnº 38, art.58.

Áreas de Preservação Permanente (APP)

© Adriano Alves/TNC

© Adriano Alves/TNC

© Adriano Alves/TNC

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Situações ambientais Área a ser conservada

O que prevê a Legislação Ambiental?

Nas bordas dos tabuleiros echapadas, a partir da linha deruptura do relevo, a APP é umafaixa nunca inferior a 100m emprojeção horizontal. Lei Comple-mentar nº 38, art.58.

RECOMENDAÇÃO - devido à fragili-dade ambiental, recomenda-se que:nas cabeceiras dos campos úmidos eno entorno de florestas paludícolas(matas de brejo), onde se configuramvárias nascentes dispersas no terre-no, a largura da APP deva ser de

100m, a partir do início da cota seca do terreno.

Vereda - espaço brejoso ou en-charcado que contém nascentesou cabeceiras de cursos d`água,onde há ocorrência de solosencharcados, caracterizadospredominantemente por renquesde buritis-do-brejo ( Mauritia

flexuosa ) e outras formas de vegetação típica. A APP geradaé constituída por uma faixa de 100m de largura em seu entor-no. Lei Complementar nº 38, art.5.

Reserva Legal (RL)

A Reserva Legal na região da Amazônia Legal corresponde a, nomínimo, 35% da área da propriedade (descontada a APP), sendo80% na área de floresta e de transição entre cerrado e floresta. Eladeve ser conservada com mata nativa, mas pode ser manejada paraa produção de madeira, sementes, mel, de frutas nativas, etc., desdeque tenha aprovação do órgão ambiental.

Essas regras são aplicadas a todo o território de Mato Grossoporque está inserido na Amazônia Legal, em conjunto com oitoEstados brasileiros (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia,Roraima, Tocantins e parte do Maranhão).

Para averbação de Reserva Legal, podem ser também utilizadasáreas de menor aptidão agrícola da propriedade, como as maisíngremes, as de solo mais fracos e as com muitas pedras.

As Reservas Legais devem, preferencialmente, ser ligadas com às APP(matas ciliares), formando os chamados “corredores ecológicos”.

Esquema com uma boa delimitação de APP e RL em uma propriedade rural

Reserva Legal

APP

© Adriano Alves/TNC

© Adriano Alves/TNC

© Adriano Alves/TNC

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O que prevê a Legislação Ambiental?Mas não é sópela legislaçãoLembre-se que con-servar as APPs e asReservas Legais, alémde obrigatório, podetrazer muitos benefíci-os, como:

- conservação da água (qualidade e quantidade);

- conservação do solo;

- proteção da fauna e da flora;

- facilitação na certificação da propri-edade;

- diferencial para a obtenção de crédi-to rural e para a venda do produto nomercado.

As matas ciliares (APPs) funcionamcomo filtros, ajudando a evitar que osagrotóxicos, adubos e sedimentos dalavoura ou pasto contaminem as águas,além de servirem de abrigo para osanimais, de formarem grandes corredo-res naturais na paisagem e de evitaremo desbarrancamento das margens.

Veja uma simulação de como fica aágua de um rio, quando há mata ciliare quando não há.

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Áreas que precisam ser conservadas em uma propriedade rural

Com mata ciliar = água limpaSem mata ciliar = água suja,rio assoreado

As matas ciliares funcionam como filtros,evitando a contaminação das águas

© Adriano Alves/TNC

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Conhecendo a vegetação

Ao conhecer a propriedade, é bom saber que tipos devegetação ocorrem nela. Na região, são comuns tipos,como

Buritizal ou veredas

Vegetação com aglomera-ções da palmeira buriti, compossibilidade de presençade árvores típicas das matasde brejo e vegetação rastei-ra, com muitos capinsnativos e sobre solo perma-nentemente encharcado.

Mata de brejo

Floresta paludícola - ocor-rem em várzeas, planíciesde inundação, nascentesou margens de rio ou lagos,bem como em baixadasonde há solo encharcado.

Nela, são comuns espéciesde árvores, como cedro-do-brejo, imbaúba, peito-de-pombo, guanandi, figueira-branca, pindaíba-do-brejo, pinha-do-brejo, palmiteiro,buritis, dentre outras.

Entendidosos problemase a legislação,por ondecomeçamos?

A importância dasbacias hidrográficas

É importante também entender que aspropriedades fazem parte das chama-das “bacias hidrográficas”.

As bacias hidrográficas são unidadesde planejamento de uso da terra, poisnelas há, normalmente, uma grandeinteração entre os recursos naturais(água, solo, florestas e animais) eentre os produtores rurais.

Para que a propriedade fiquedentro da lei, com as APPs recupe-radas ou em processo de recupe-ração e as RLs devidamenteestabelecidas e protegidas, énecessário conhecê-la bem.

Precisamos saber onde ficam ecomo estão os rios, lagos e a matanativa na localidade, ou seja,saber as regularidades e irregulari-dades ambientais da propriedade.

Hoje em dia, é fácil obter imagens,como a da figura ao lado, porintermédio de satélites, o queajuda a conhecer onde há áreasconservadas e onde é necessáriorecuperar a vegetação nativa.

Imagem de satélite do Rio São Lourenço

começamos?

Por onde

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Buritizal

Mata de brejo

© Adriano Alves/TNC

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Mata seca

Floresta estacional decidual -este tipo de floresta geral-mente ocorre sobre topos demorros, solos rasos ou comafloramentos rochosos.

Entre as espécies arbóreascomuns, devem ser citadas aaroeira, o capitão, o ipê-bran-co, o guamirim, a folha-de-bolo e os angicos.

Mata de planalto

Floresta estacional semidecidual -floresta mais densa que a mataseca, que não perde tantas folhasna época seca. É mais comum emterrenos mais bem drenados, comsolo mais fértil, onde o porte dasárvores é mais alto (20-25m).

Nela, são mais comuns as madei-ras de lei, como cedro, pau-marfim,pau-d’alho, cabreúva, guarantã,peroba e canelas.

Cerradão

Floresta bastante comum naregião, de porte mais reduzidoque a mata de planalto e comárvores mais esparsas. Nor-malmente, as áreas são maiselevadas na paisagem, comsolo mais ácido que as matas de planalto.

As espécies mais encontradas são o angico-vermelho,jatobá, paineira, ipês, açoita-cavalo, faveiro, farinha-seca,pindaíba, monjoleiro, pequizeiro e o mandiocão.

Cerrado

Vegetação de características únicas, formada por arbustose arvoretas retorcidas, de três a seis metros de altura.Normalmente, ocorre sobre solos profundos, bem drena-dos, ácidos e pobres em nutrientes.

Algumas espécies comuns são o marolo, jatobá-do-cerrado, pequi, sucupira-preta, sapuva, barbatimão,dedaleiro, pau-terra, murici e o tamanqueiro.

Mata seca

Mata de planalto

Cerradão

Cerrado

Por onde começamos?

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Nos brejos, são comuns astaboas, lírios-do-brejo (que nãosão nativos) e outras plantas depequeno porte. Podem serencontrados indivíduosarbóreos esparsos, originadosdas matas de brejo do entorno eoutras plantas menores, comotambém árvores esparsas,originadas nas matas de brejodas proximidades.

Em alguns locais, podem ocor-rer campos úmidos naturais,com ervas nativas.

Também são encontradas asflorestas ribeirinhas, as áreasflorestais mais próximas dos

Por onde começamos?

Campos úmidos (brejos)

Encontrados nas regiões mais baixas dos terrenos, nem sempre são naturais, pois costumamser originados pela ação do ser humano, principalmente pela remoção de matas de brejo,assoreamento de cursos d’água e alteração do tempo de permanência da água no solo.Costumam ocorrer às margens de matas de brejo ou buritizais.

Esquema de como pode ser distribuídaa vegetação nas proximidades dos rios

rios, compostas por quaisquerdas formações florestais jámostradas anteriormente(floresta de planalto, florestaseca, cerradão, etc).

Isso se deve ao fato de que, nasmargens dos rios, podem acon-tecer variações de solo, enchar-camento, topografia, tipo devegetação nas proximidades,etc.

Ou seja, as florestas ribeirinhasaparecem na forma de “mosai-cos”, com diferentes tipos deflorestas ao longo do rio, deacordo com as característicasde solo e água no solo do local.

Campos úmidos

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© Adriano Alves/TNC

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Por onde começamos?

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Para saber exatamente quais as espécies que formamcada um dos tipos de vegetação da propriedade ou damicrobacia, são feitos os chamados “levantamentosflorísticos”, que vão orientar a escolha das espéciespara a recuperação.

Este trabalho deve ser feito por profissionaishabilitados ou por pessoas que tenham bomconhecimento sobre a vegetação.

Veja a seguir uma descrição feita para uma espéciecomum no cerradão.

XXXXXylopia arylopia arylopia arylopia arylopia aromaticaomaticaomaticaomaticaomatica (Lam.) Mart.

Nome comumNome comumNome comumNome comumNome comum: pimenta-de-macaco

Dicas de campoDicas de campoDicas de campoDicas de campoDicas de campoárvore de sub-bosque, muitocomum emcerradão, podendoser facilmentereconhecida peladisposiçãohorizontal de seusgalhos na copa epela distribuiçãoalternada das folhasem seus ramos.

Flores

Folha: face superior Folha: face inferior

Frutos

Tronco casca externa Tronco casca interna

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mata ciliar?

É possívelrecuperar uma

sim19

Aproveite sempreo que a naturezajá oferece pararecuperar a áreadegradada.

As melhores formaspara recuperar a natureza

Para recuperar a natureza nos locaisonde há degradação, é importanteseguir alguns princípios:

- isolar e retirar os fatores dedegradação nas áreas onde seráfeita a recuperação (fogo, gado,cultivos, descarga de água, capimem excesso, etc.) ;

- aproveitar ao máximo o potenci-al de auto-recuperação que olugar pode ter, o que depende daintensidade que esse local foidegradado historicamente e dascaracterísticas de sua vizinhança,como presença ou não de mata,etc.;

- usar sempre espécies nativas daregião, pois elas estão adaptadasao solo, clima e animais locais;

- proteger o que ainda existe davegetação e dos animais na re-gião, evitando nova degradação;

- privilegiar as áreas que formamcorredores ecológicos, interligan-do os fragmentos naturais daregião.

© Adriano Alves/TNC

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Isolamento da área e retiradados fatores de degradação

É essencial que seja feito o isolamento da áreaa ser recuperada, com cercas, aceiros ouqualquer outra forma. Sempre que possível,deve-se também sinalizar a área, indicandoque está em recuperação.

Além do isolamento da área, deve-se tambémretirar os fatores de degradação que podemser o gado, uma cultura, o fogo esporádico, as(descargas) saídas de curvas de nível, etc.

No caso do gado, por exemplo, deve-se restrin-gir o acesso à água dos rios, através decorredores nas áreas com menor risco deerosão ou com uso de bebedouros fora damata ciliar, o que inclusive é maisrecomendado tecnicamente para o gado.

Cada produtor pode, a partir da análise dapropriedade, escolher os diferentes métodosde recuperação possíveis.

Para isso, deve-se começar observando o locale o entorno e considerar as condições atuais ehistóricas de uso.

O acesso do gado à APP deve ser controlado

Formas de obterespécies vegetaisnum projeto derecuperaçãode mata ciliar

Aproveitar a rebrota do tronco ou de raízesde espécies nativas.

Conduzir a regeneração natural (plantasjovens já presentes na área).

Utilizar a dispersão de sementes da vizi-nhança.

Aproveitar as sementes nativas presentesno solo (banco de sementes).

Introduzir as espécies através de semea-dura direta.

Colocar as espécies, por meio do plantiode mudas.

É possível recuperar uma mata ciliar?

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É possível recuperar uma mata ciliar?

Recuperação do solo

Não adianta começar a recuperar a vegetação sem cuidar antes do solo. Para isto, épreciso pensar na propriedade como um todo:- será que as técnicas de conservação do solo na área agrícola são as mais adequadas?- como está o solo na área a ser recuperada?

Antes de plantar algo, corrija esses problemas.

Em algumas áreas com erosão, por exemplo, é preciso criar barreiras físicas para con-tenção dos sedimentos, como nas fotos acima.

Antes de recuperar a vegetação, o ideal é realizar uma análise das condições do solo: eleestá compactado? Está muito ácido? Que tipo de solo é? Ter essas informações, podeajudar, inclusive, a saber que tipo de vegetação melhor se adapta em cada caso.

Às vezes, pode-se usar a adubação verde antes ou em consórcio com as nativas.

A curva de nível pode ajudar a conter a perda desedimentos

Barreiras físicas para reprimir o carreamento dosolo

Exemplos de esquemasExemplos de esquemasExemplos de esquemasExemplos de esquemasExemplos de esquemasde adubação verde emde adubação verde emde adubação verde emde adubação verde emde adubação verde emconsórcio com nativasconsórcio com nativasconsórcio com nativasconsórcio com nativasconsórcio com nativas

Semeadura das espécies de adubo verdeem área total, três a quatro meses antes doplantio das mudas de árvores nativas, a partirdo início das chuvas (setembro/outubro).

Roçagem das futuras linhas de plantiodas mudas (dezembro/janeiro), aplica-ção de glifosate na rebrota do aduboverde (cerca de 10 dias após a roçagem)e abertura das linhas ou covas.

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Plantio das mudas de árvores nativas naslinhas ou nas covas preparadas.3

É possível recuperar uma mata ciliar?

Roçagem das entrelinhas e deposiçãodos resíduos vegetais nas linhas deplantio, no final da estação chuvosa(abril/maio).

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Condução daregeneração natural

A regeneração natural é o conjunto de plan-tas jovens da vegetação nativa do local e sóexistirá se:

- a área não tiver sido alterada ou degradadademais pelo cultivo, fogo, pisoteio do gado,pelo uso de herbicidas, etc., e/ou

- quando houver bons fragmentos de vegeta-ção nativa na vizinhança, por serem conser-vados, podem fornecer sementes para aárea em recuperação.

Em situações como essa, ao invés de roçar aregeneração, deve-se controlar o capim(brachiaria, colonião, etc.), deixando asárvores crescerem.

Isso economiza custos de plantio em APPs!

Este método é bastante recomendado parapastagem em APPs ou RLs, formada emáreas de cerrado e cerradão, onde a regenera-ção natural é muito comum, pela rebrota dostroncos e raízes das árvores e arbustos.

Os proprietários conhecem bem o processo, poisos pastos que mais “sujam” são os que têmmaior potencial para uso dessa metodologia.

O que normalmente se roça no pasto constitui achamada regeneração natural

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Área de pasto em uso, ondea roçada e a presença dogado impedem ocrescimento da regeneraçãonatural.

Área de pasto abandonado,isolado e sem roçada. Note aregeneração natural!

Adensamento e enriquecimento

Nas áreas de floresta em que já existe vege-tação, com muitas variedades, mas poucasárvores, é necessário preencher os espaçosvazios com espécies que já têm no local. É ochamado ADENSAMENTO.

Onde já existe vegetação e poucas varieda-des de plantas, deve-se fazer o ENRIQUECI-MENTO.

Antes de realizar esses plantios, é importantereconhecer qual a vegetação original da área.

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Veja qual é a

vegetação natural da

área antes de avaliar

a necessidade de

adensamento e

enriquecimento.

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1. Área que apresenta regeneração naturalde espécies arbóreas (situação inicial).

2. Plantio de adensamento com espécies de rápidocrescimento no espaçamento 2x2m, visando garantir orápido recobrimento do solo.

3. Plantio de eriquecimento que utiliza espéciessecundárias iniciais, secundárias tardias e climáxicasou de diferentes procedências das espécies já exis-tentes, no espaçamento 6x 6m, para aumentar adiversidade florística e/ou genética na área.

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3Gramíneas

Indivíduosremanescentes ou

germinados do bancode sementes

Pioneira + sec. inicial+ frutíferas atrativas

de fauna

Secundária inicial +secundárias tardias

+ clímax +diversidade

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Plantio total

Quando não há vegetação ou meios para que ela se auto-recupere, épreciso plantar espécies nativas (ou com mudas ou com sementes).

Para isso, no plantio de mudas e também de sementes, as árvorespodem ser classificadas em:

- espécies de preenchimento - crescem rápido e dão boacobertura, através da copa (duas características juntas). Assim,a área logo é coberta e evita-se a expansão do capim que

pode sufocar as mudas.

Espécies de diversidade - são todas as outras espécies que,normalmente, vivem mais tempo do que as anteriores.

O plantio dessas árvores é feito com o objetivo de enri-quecer a vegetação, ajudando a natureza a se perpetuare fornecendo alimentos para os animais ao longo de todoo ano.

Espécies dediversidade

Espécies depreenchimento

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É possível recuperar uma mata ciliar?

Veja ao lado um esquema ilustrando aspossibilidades de plantio em área total,

usando as espécies de preenchimento ede diversidade.

É importante lembrar que este métodoé mais utilizado para as matas deplanalto, sendo ainda necessário

aprimorá-lo para os outros tipos devegetação, como o cerrado e o

cerradão.

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O papel dos animais

Vários animais, como aves, mor-cegos, pacas, cutias e insetos,podem ajudar, e muito, na recu-peração. Eles polinizam as florese espalham os frutos da vegeta-ção, além de auxiliar na manu-tenção dos ecossistemas emequilíbrio.

Cuidados para queo trabalho dê certo

Para que a recuperação tenha sucesso,não basta apenas cuidar da regeneraçãoou das mudas plantadas. Algumas ativi-dades precisam ser feitas para que otrabalho não seja perdido ou fique maiscaro. Exemplo:

- preparo prévio da área, com controlede plantas daninhas (capins), e do solo;

- controle de formigas e combate aosincêndios;

- controle das competidoras (gramíneasagressivas) no pós-plantio ou conduçãoda regeneração natural que é a principalcausa de insucesso da recuperação deáreas.

Abertura manual de berços de plantio

Controle mecânico das daninhas

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Viveiros deespécies nativas

Para criar uma infra-estruturaque atenda à procura por mu-das e sementes, com diversida-de florística (muitas espécies) egenética (muitos indivíduos decada espécie) regionais, éimportante desenvolver umarede de matrizes, a fim derealizar a coleta de sementes ede viveiros para produção demudas e sementes de espéciesnativas regionais.Assim, também criam-se condi-ções de gerar mais empregos naregião: coletores de sementes,produtores de mudas, etc.

Exemplo de viveiro de espécies nativas

Participaçãoda comunidade

As atividades de recuperação deáreas degradadas podem serexcelentes oportunidades deenvolvimento com os vizinhos, acomunidade e com as escolas,criando um compromisso coletivopela conservação da natureza.

Mix de sementes de espécies nativas

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Enfim, ficou claro que recuperar matas ciliares e reservas é possí-vel. Basta observar a natureza e adotar as melhores práticas agríco-las em sua propriedade.

Para implantar a recuperação, cada um pode adaptar os tratosculturais de acordo com as disponibilidades de sua propriedade,cooperativa ou região. Por exemplo: se for possível mecanizar ocontrole de daninhas, mais rápida será essa etapa. Mas nada impe-de que isso seja feito manualmente. Outro exemplo: para fazerberços para plantio de mudas, um enxadão é suficiente, mas exis-tem máquinas que agilizam o trabalho.

O importante é colocar a mão na massa o quanto antes, para obteros benefícios já mencionados pela conservação da natureza: rioslimpos, flora e fauna conservados, solo sem erosão, produtos me-lhor recebidos no mercado e mais chances de obtenção de créditosagrícolas.

Mãos à obra, a naturezanão pode esperar!

OBRA

Mãos à

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Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Mato Grossowww.sema.mt.gov.br

- Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grossowww.famato.org.br

- Senar/MTwww.senarmt.org.br

- The Nature Conservancy - Brasilnature.org/brasil ou www.tnc.org/brasil

- Ibamawww.ibama.gov.br

- Laboratório de Ecologia e Restauração Florestalwww.lerf.esalq.usp.br

- Embrapa Cerradoswww.cpac.embrapa.br

- Empaer - Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural

Informe-se também sobre livros e revistas que tratam de assuntos relacionados com o tema. Existem váriaspublicações que mostram como tomar conhecimento sobre a vegetação e as espécies encontradas nas flores-tas e no cerrado. Também são encontrados livros específicos para ajudar a reconhecer e a cuidar do solo e ,ainda, sobre como adotar as melhores práticas de agropecuária.

Consulte também os órgãos de extensão e pesquisa da região!

importantes

Contatos

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