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Universidade de Lisboa Leitura, escrita e gramática : síntese e orações subordinadas adjetivas relativas Serenela Alexandra Rosa Quintanilho Gomes Relatório de Prática de Ensino Supervisionada Mestrado em Ensino do Português no 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário e de Espanhol nos Ensinos Básico e Secundário 2016

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Universidade de Lisboa

Leitura, escrita e gramática: síntese e

orações subordinadas adjetivas relativas

Serenela Alexandra Rosa Quintanilho Gomes

Relatório de Prática de Ensino Supervisionada

Mestrado em Ensino do Português no 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino

Secundário e de Espanhol nos Ensinos Básico e Secundário

2016

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Universidade de Lisboa

Leitura, escrita e gramática: síntese e

orações subordinadas adjetivas relativas

Serenela Alexandra Rosa Quintanilho Gomes

Relatório de Prática de Ensino Supervisionada orientado pela

Professora Doutora Ana Lúcia Santos

Mestrado em Ensino do Português no 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino

Secundário e de Espanhol nos Ensinos Básico e Secundário

2016

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i

É consensual a convicção de que um bom

domínio da escrita vai ter um impacto forte

sobre a inserção do indivíduo em sociedade,

sobre a qualidade do seu perfil pessoal e

profissional. Se a leitura dá acesso ao

conhecimento e à cultura, a escrita dá poder

para agir sobre a sociedade e a sua cultura, dá

a possibilidade de produzir conhecimento, de

participar mais ativa e conscientemente na vida

social. (Costa, Vasconcelos & Sousa, 2010: 8)

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ii

AGRADECIMENTOS

Todo o trabalho apresentado neste relatório não teria sido possível sem o apoio e

orientação das pessoas a quem muito agradeço.

À Professora Doutora Ana Lúcia Santos, minha orientadora, pela mestria em ensinar.

Agradeço, também, todo o rigor no acompanhamento da elaboração dos materiais para a

intervenção e da redação deste relatório.

À Professora Doutora Conceição Pereira, minha professora cooperante, por toda a

dedicação e disponibilidade demonstradas. Agradeço, além disso, a confiança no meu

trabalho, bem como a partilha de materiais.

Ao diretor e a alguns professores da Escola Secundária Professor José Augusto Lucas,

por me terem recebido calorosamente, o que me incentivou, em parte, a fazer um bom

trabalho.

Aos alunos da turma do 10ºE do curso de Línguas e Humanidades, agradeço a

colaboração no meu trabalho. Sem o vosso empenho e bom comportamento, a lecionação da

sequência didática não teria sido tão agradável.

Às minhas colegas de faculdade pelas críticas e sugestões que contribuíram para o

aperfeiçoamento do meu trabalho.

Por último, agradeço aos meus amigos e à minha família pelo vosso apoio

incondicional que, mesmo nos momentos mais difíceis, nunca me permitiu desistir da

concretização deste meu sonho.

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iii

ÍNDICE GERAL

RESUMO …………………………………………………………………………….. vi

RESUMEN …………………………………………………………………………… vii

1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………... 1

2. A ESCOLA E OS ALUNOS ……………………………………………………… 2

2.1. Caracterização da escola e do meio envolvente ……………………………... 2

2.2. Perfil dos alunos da turma …………………………………………………… 4

3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO-DIDÁTICO ………………………………….. 6

3.1. A leitura para elaboração da síntese …………………………………………. 6

3.2. Capacidades de escrita na elaboração da síntese …………………………….. 9

3.3. Síntese: ativação de capacidades de leitura e escrita ………………………… 14

3.4. O ensino da gramática em articulação com a escrita ……………………….... 15

3.4.1. O caso das orações subordinadas adjetivas relativas …………………. 16

3.4.2. A pontuação e as orações subordinadas adjetivas relativas …………... 17

3.5. Linhas orientadoras da planificação da intervenção …………………………. 18

4. PRÉ-TESTE …………………………………………………………………......... 20

4.1. Apresentação e fundamentação ……………………………………………… 20

4.2. Resultados obtidos …………………………………………………………… 24

4.3. Perspetivas para a intervenção ………………………………………………. 28

5. INTERVENÇÃO …………………………………………………………………. 30

5.1. Descrição …………………………………………………………………..... 30

5.2. Observações e pequenas reflexões ………………………………………….. 52

6. PÓS-TESTE …………………………………………………………………........ 54

6.1. Apresentação e fundamentação……………………………………………… 54

6.2. Reflexão sobre os resultados ………………………………………………… 57

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iv

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………………………………….. 71

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ……………………………………………… 72

9. ANEXOS …………………………………………………………………............. 75

A: Planificação geral de Português – 10º ano, fornecida pela professora cooperante …………………………………………………………………………

76

B: Planificação da sequência didática …………………………………………….. 77

C: Pré-teste, respetivos cenários de resposta e soluções e grelha de avaliação do grupo I …………………………………………………………………………….

80

D: Planificação da aula 1, guião de trabalho I e respetivos cenários de respostas ... 89

E: Planificação das aulas 2 e 3, guião de trabalho II e respetivos cenários de respostas ……………………………………………………………………..........

97

F: Planificação da aula 4, guião de trabalho III e respetivos cenários e resposta .... 104

G: Planificação das aulas 5, 6 e 7, guião de trabalho IV e respetivas soluções …... 110

H: Planificação da aula 8, guião de trabalho V e respetivas soluções …………….. 120

I: Planificação das aulas 9, 10 e 11, guião de trabalho VI e respetivos cenários de resposta …………………………………………………………………...........

123

J: Pós-teste, respetivos cenários de resposta e soluções e grelha de avaliação do grupo I ………………………..............................................................................

130

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v

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - População escolar do AELAV-Q por nível de ensino, ano letivo de 2014-15 ……..…………………………………………………………………..........

3

Gráfico 2 - Resultados do exercício 1.1. do pré-teste …………………………………

24

Gráfico 3 - Resultados do exercício 1.2. do pré-teste ………………………………… 25

Gráfico 4 - Resultados do exercício 2 do pré-teste …………………………………… 27

Gráfico 5 - Resultados do exercício 3 do pré-teste …………………………………… 28

Gráfico 6 - Resultados do exercício 1.1. do pós-teste ………………………………... 58

Gráfico 7 – Parâmetro: seleção da informação ……………………………………….. 60

Gráfico 8 – Parâmetro: paráfrase ……………………………………………………... 60

Gráfico 9 - Resultados do exercício 2 do pós-teste …………………………………... 66

Gráfico 10 - Respostas corretas no exercício 2 do pré-teste e do pós-teste ………….. 67

Gráfico 11 - Resultados do exercício 3 do pós-teste …………………………………. 67

Gráfico 12 - Respostas corretas no exercício 3 do pré-teste e do pós-teste ………….. 68

Gráfico 13 - Percentagem de alunos com pelo menos 5 respostas corretas em 6 (mais de 75%) no exercício 2 do pré-teste e do pós-teste …………………………….

69

Gráfico 14 - Percentagem de alunos com pelo menos 5 respostas corretas em 6 (mais de 75%) no exercício 3 do pré-teste e do pós-teste …………………………….

69

Gráfico 15 - Percentagem de alunos com pelo menos 10 respostas corretas em 12 (mais de 75%) no grupo II do pré-teste e do pós-teste ……………………………….

70

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo da compreensão na leitura, segundo Giasson …………………….. 7

Figura 2 - Determinantes da fluência na compreensão de textos ……………………..

8

Figura 3 - Primeira versão do modelo de Flower & Hayes, 1980 ……………………. 10

Figura 4 - Modelo revisto de Flower & Hayes, 1994 ………………………………… 11

Figura 5 – Visão geral do modelo de Flower & Hayes, 1994 ………………………... 11

Figura 6 – Excerto de uma das produções escritas do pré-teste ……………………… 29

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RESUMO

O presente relatório descreve o trabalho desenvolvido com uma turma de 10ºano da

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas, no âmbito das disciplinas de Iniciação à

Prática Profissional III e IV, componentes curriculares do Mestrado em Ensino de Português

e de Espanhol.

As assistências às aulas, desde o início do ano letivo, assim como o teste de

diagnóstico produzido pelo professor cooperante permitiram traçar um perfil geral dos

alunos da turma. Por forma a diagnosticar-se o nível de competência de leitura e de escrita

dos discentes, produziu-se um pré-teste, cujos resultados determinaram a escolha dos

conteúdos a abordar na intervenção. Deste modo, a intervenção planificada atendeu às

características da turma, às condições do meio envolvente e aos resultados de um pré-teste.

Atendeu, além disso, à planificação anual da professora cooperante e ao Programa e Metas

Curriculares do Português – Ensino Secundário.

A sequência implementada inseriu-se na unidade didática referente à Crónica de D.

João I, de Fernão Lopes, e incidiu no trabalho de leitura e escrita relevante para a elaboração

de síntese, a par da consolidação do conhecimento sobre orações subordinadas adjetivas

relativas em correlação com o uso da vírgula. Na abordagem dos conteúdos da gramática do

Português, adotou-se a metodologia defendida por Duarte (1992, 2008), a de Oficina

Gramatical/ Laboratório Gramatical.

Após a intervenção, aplicou-se um pós-teste, a fim de se avaliar se os conhecimentos

foram adquiridos. Os resultados do pós-teste permitiram constatar que, embora se tenha

verificado uma melhoria nos aspetos desenvolvidos durante a intervenção, os discentes ainda

apresentam dificuldades na micro e macroestrutura textuais.

Palavras-chave: leitura – escrita – relativas – pontuação – síntese

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vii

RESUMEN

Este informe describe el trabajo desarrollado con una clase de 10º de la Escuela

Secundaria Profesor José Augusto Lucas, a lo largo de las asignaturas de Prácticas III y IV

del Máster en Enseñanza del Portugués y del Español.

La asistencia a las clases, desde el comienzo del curso, y el test de diagnóstico

elaborado por la profesora cooperante permitieron comprender el perfil general de los

alumnos. De modo a diagnosticar el nivel de competencia de lectura y de escritura de los

discentes, se produjo un pretest, cuyos resultados influyeron en los contenidos impartidos en

la intervención. Así, la intervención fue planificada de acuerdo con las características de la

clase, con las condiciones del espacio, con los resultados del pretest, con la planificación

anual de la profesora cooperante y con el “Programa e Metas Curriculares do Português –

Ensino Secundário”.

La secuencia didáctica planificada, que se encuadró en la temática de la Crónica de D.

João I, de Fernão Lopes, consistió en el trabajo de lectura y escritura relevantes para la

elaboración de la síntesis. El trabajo de la síntesis se hizo a la par que la consolidación del

conocimiento sobre las oraciones subordinadas adjetivas relativas en correlación con el uso

de la coma. En la enseñanza/ el aprendizaje de los contenidos de la gramática del portugués

se adoptó la metodología defendida por Duarte (1992, 2008), del Taller Gramatical/

Laboratorio Gramatical.

Después de la intervención, se aplicó un postest, con el objetivo de evaluar si los

conocimientos trabajados en la secuencia didáctica fueron adquiridos por los alumnos. Los

resultados del postest permitieron comprender que, a pesar de haber una mejora en los

contenidos desarrollados en la intervención, los discentes aún presentan dificultades en la

microestructura y macroestructura textuales.

Palabras clave: lectura – escritura – relativas – puntuación – síntesis

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1. INTRODUÇÃO

O relatório aqui descrito pretende dar conta do trabalho desenvolvido no âmbito das

disciplinas de Iniciação à Prática Profissional III e IV do Mestrado em Ensino de Português e

de Espanhol.

Este trabalho foi desenvolvido, na disciplina de Português, com alunos do 10º ano de

escolaridade do curso de Línguas e Humanidades da Escola Secundária Professor José

Augusto Lucas, tendo-se dividido em três fases distintas: pré-teste, intervenção e pós-teste.

A intervenção letiva incidiu no trabalho de leitura e escrita para a elaboração de

síntese, em articulação com o ensino da gramática, particularmente a consolidação do

conhecimento sobre orações relativas e uso da vírgula nesses contextos. Deste modo, o

relatório aborda questões de identificação e seleção das informações principais e secundárias

– domínio da leitura - e de produção escrita de uma síntese. Aborda ainda o trabalho que foi

desenvolvido sobre algumas questões sintáticas, nomeadamente a consolidação do estudo

das orações subordinadas adjetivas relativas explicativas e restritivas, aliadas à pontuação

necessária nestes contextos. Neste último ponto, adotou-se o modelo de Oficina Gramatical /

Laboratório Gramatical de Duarte (1992, 2008) no desenvolvimento das capacidades

linguísticas dos discentes. Esta intervenção teve a duração total de 550 minutos, isto é, de

onze aulas de 50 minutos.

Este relatório pretende ainda discutir os efeitos do trabalho desenvolvido com os

alunos na aquisição de conhecimentos.

No que respeita à sua estrutura interna, este relatório divide-se em cinco partes

fundamentais. A primeira parte é dedicada à descrição da escola e da turma, incluindo as

caraterísticas dos alunos, e do espaço físico envolvente. Na segunda parte, fundamenta-se

teoricamente todo o trabalho que, mais tarde, se fez durante a sequência didática. Na terceira

parte, justifica-se, num primeiro momento, os exercícios contemplados no pré-teste,

comentando-se, posteriormente, os resultados obtidos e que irão justificar a intervenção. A

quarta secção deste relatório incide sobre a sequência didática desenvolvida com os alunos,

tendo-se explicitado, por um lado, o tipo de exercícios realizados e, por outro, as

metodologias adotadas. Por último, a última secção apresenta o pós-teste aplicado e comenta

os resultados obtidos, comparando-os com os apresentados no pré-teste.

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2. A ESCOLA E OS ALUNOS

A unidade didática contemplada neste relatório foi aplicada a uma turma do 10º ano de

escolaridade numa escola inserida no concelho de Oeiras, a Escola Secundária Professor José

Augusto Lucas.

2.1. Caracterização da escola e do meio envolvente

A Escola Secundária Professor José Augusto Lucas (ESPJAL), assim designada em

homenagem ao diretor que, durante muitos anos, definiu a identidade desta instituição, era

conhecida, desde a data da sua inauguração até 2009, como Secundária de Linda-a-Velha.

É sede do Agrupamento de Escolas de Linda-a-Velha e Queijas (AELAV-Q), criado a

28 de junho de 2012, do qual também faz parte a EB 2,3 Professor Noronha Feio e cinco

escolas do 1º ciclo, três das quais com jardim-de-infância, a EB1/JI Narcisa Pereira, a EB1/JI

Cesário Verde, a EB1/JI Jorge Mineiro, a EB1 St. António de Tercena e a EB1 Gil Vicente.

É constituída por oito pavilhões, rodeados, em parte, por jardins e árvores, e um

campo de jogos. Dos oito edifícios, seis são destinados às salas de aula, incluindo os

laboratórios de Ciências, as salas de Informática, as salas de Desenho, a biblioteca e o centro

de recursos, o auditório, a reprografia e a papelaria, a sala da associação de estudantes e

alguns gabinetes de trabalho. Um pavilhão é destinado aos serviços escolares, incluindo, por

isso, a secretaria, o bar e o refeitório, a receção, a sala de convívio dos alunos, a sala dos

professores, o gabinete de serviços de psicologia e de orientação profissional, a sala dos

diretores de turma e um pequeno anfiteatro. Por último, um dos edifícios é destinado à

realização de práticas desportivas.

Em 1979, a escola foi edificada de acordo com as normas estabelecidas na época.

Contudo, e atendendo aos documentos normativos atuais, promulgados pela União Europeia,

apresenta algumas fragilidades: a localização dos laboratórios de Ciências, que não têm saída

de emergência; a falta de saídas de emergências em todos os edifícios – apenas o pavilhão D

tem uma saída de emergência – e a presença de amianto nos telhados dos pavilhões. Face a

este último problema, em 2014, a DGESTE (Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares)

financiou a substituição do amianto, prejudicial à saúde da população escolar, por

fibrocimento, porém, apenas nas coberturas de ligação dos pavilhões. A escola carece

também de obras urgentes que melhorem as infraestruturas, aspeto salientado no Projeto

Educativo do Agrupamento. São necessárias, além disso, coberturas que liguem todos os

pavilhões, dado que, quando chove, são poucos os locais cobertos que os alunos têm para se

abrigar. É imprescindível também dotar equitativamente todas as salas de aula com

equipamentos tecnológicos. Esta última fragilidade da escola condicionou a intervenção,

dado que nem sempre foi possível utilizar o computador ou o projetor nas salas de aula.

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3

Quanto à oferta educativa, a ESPJAL disponibiliza turmas do 3º ciclo e do Secundário,

oferecendo para este último nível de escolaridade os seguintes cursos: científico-naturais,

economia, línguas e humanidades, artes e o curso profissional de técnico de gestão.

No ano letivo 2015-16, a ESPJAL implementou um novo horário escolar que

integrava apenas aulas de 50 minutos. Esta nova medida veio alterar a dinâmica das aulas,

uma vez que, com curtos intervalos no final das aulas de 50 minutos, o ritmo de trabalho dos

alunos não é o mesmo que se verificava nas aulas de 90 minutos, pois não só se perde alguns

minutos na entrada dos alunos como também na mudança de salas.

Em 2015, o AELAV-Q apresentou um total de 2666 alunos, abarcando a ESPJAL um

total de 1126 alunos, aproximadamente metade dos alunos do agrupamento. O esquema

abaixo ilustra a distribuição dos alunos do agrupamento por níveis de ensino.

Gráfico 1 – População escolar do AELAV-Q por nível de ensino, ano letivo de 2014-15 (2016: 10)

Relativamente ao quadro docente, este era composto, em 2015, por 212 professores,

tendo 79,6% o grau académico de licenciatura e 12,2%, o mestrado. Uma larga maioria dos

docentes pertence ao Quadro do Agrupamento/Escola (96,6%) e 76,2% tem mais de quinze

anos de serviço.

A ESPJAL, com o lema “Ensinar a aprender com qualidade”, integra, juntamente

com outras três escolas do agrupamento, o “Programa Eco-Escolas”, promovido pela

Fundação para a Educação Ambiental, que pretende melhorar o desempenho ambiental das

escolas, ao sensibilizar a comunidade escolar, assim como promover uma melhor gestão do

6%

29%

14%

29%

22%

pré-escolar

1º ciclo

2º ciclo

3º ciclo

secundário

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4

espaço. Para além deste projeto educativo, a escola faz parte da “Rede de Escolas de

Excelência” e do projeto nacional “Ler+”.

Em 2014-15, ano anterior ao da intervenção que é objeto deste relatório, a ESPJAL

obteve no exame nacional de Português, quer do 9º ano, quer do 12º ano, resultados

académicos abaixo da média nacional. A média escolar do 9º ano foi de 2,9 valores, ao passo

que a nacional foi de 3,0. No exame de 12º ano, na primeira fase, a escola obteve 10,4

valores, sendo a média nacional mais elevada seis décimas, ou seja, 11 valores. Na segunda

fase do exame de 12º ano, a média nacional foi de 9,7 valores, enquanto a média escolar foi

de 9,1. Estes resultados revelam a necessidade de aperfeiçoamento na área do ensino-

aprendizagem do Português.

2.2. Perfil dos alunos da turma

O projeto de intervenção foi desenvolvido com a turma do 10º E, a única turma deste

nível de ensino, na escola, do curso de Línguas e Humanidades. A turma era constituída por

trinta alunos, dos quais dezanove eram do sexo feminino e onze do sexo masculino. A média

das idades dos discentes era de quinze anos, sendo que dois alunos apresentavam idades

superiores à média: um educando apresentava reprovações em anos anteriores e outro mudou

de curso.

Todos os alunos são provenientes de escolas que pertencem ao agrupamento AELAV-

Q, tendo oito discentes frequentado a Escola Básica 2/3 Professor Noronha Feio e os

restantes a ESPJAL.

Dos trinta alunos, catorze transitaram com nível negativo a matemática, tendo sido a

disciplina a que os aprendentes sentiram mais dificuldade, no ano letivo anterior. Os alunos

revelaram ter especial interesse por Inglês, Educação Física, Geografia e História, tendo

sentindo, no 9º ano, mais dificuldade em Matemática, História, Físico-química, Geografia.

Nas aulas observadas, notou-se que, na disciplina de Português, as dificuldades eram

também visíveis, nomeadamente na compreensão escrita e na paráfrase, bem como no uso

adequado da vírgula e na identificação de orações subordinadas, embora estas dificuldades

não fossem, inicialmente, reconhecidas pelos alunos.

Nos dados fornecidos pela diretora de turma, apenas vinte e seis dos discentes

inquiridos responderam à questão sobre a sua orientação profissional. Dez ainda

apresentavam dúvidas quanto ao seu futuro profissional; dos restantes, oito pretendiam

seguir Direito; dois, Psicologia; um, Marketing e Relações Públicas; um, Diplomacia; um,

Cinema; um, Educação. Havia ainda um aluno que ambicionava ser motorista e outro

desejava frequentar a Escola Superior de Dança.

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5

No que respeita a locais de estudo, a maioria dos alunos estuda em casa. Apenas dois

educandos afirmaram estudar também na escola e dois em centros de estudos. Todos os

alunos têm acesso à internet em casa e apenas um declarou não ter computador.

A maioria dos alunos desloca-se para a escola de autocarro (40,7%), 29,6% a pé e os

restantes de carro. Das vinte e nove respostas obtidas, treze alunos revelaram demorar cerca

de dez minutos a chegar à escola e seis aproximadamente trinta minutos, o que revela a

proximidade a que vivem da escola.

Relativamente às atividades extracurriculares, seis alunos dizem não ter nenhuma e

catorze não responderam. Os que afirmaram praticar atividades fora do contexto escolar

referiram o futebol, a esgrima, a defesa pessoal, o surf, as aulas de guitarra, de piano e a

dança como as atividades praticadas.

Quando questionados sobre a frequência com que leem jornais, apenas um discente

afirmou ler jornais todos os dias. Cinco alunos leem jornais ao fim de semana e nenhum dos

restantes tem por hábito fazê-lo.

Ao nível do contexto socioeconómico, os pais dos discentes têm um grau de instrução

médio (43% dos pais tem o 12º ano, 13% tem uma licenciatura e 6%, um doutoramento; 47%

das mães tem o 12º ano, 27%, uma licenciatura e 3% uma pós graduação). Todos os pais

estão empregados e têm profissões que estão em conformidade com as suas habilitações.

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3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO-DIDÁTICO

3.1. A leitura para elaboração da síntese

Sim-Sim, Duarte e Ferraz definem leitura como “o processo interativo entre o leitor e

o texto, através do qual o primeiro reconstrói o significado do segundo” (1997: 27). Grabe &

Stoller (2002) consideram qualquer definição insuficiente para dar conta das capacidades

envolvidas na leitura. Apresentam, pois, vários motivos para a vagueza da uma definição

desta competência. Assim, destacam o facto de cada leitor ter uma intencionalidade de

leitura própria, sendo que cada propósito de leitura implica uma diferente combinação de

estratégias e de capacidades; o facto de não ser fácil explicar quer os múltiplos critérios que

caracterizam a natureza das capacidades dos leitores fluentes, quer o modo como funciona o

sistema cognitivo do leitor com restrições de tempo de realização de leitura; finalmente, o

facto de esta definição não traduzir a variação da proficiência de leitura (interpretação e

compreensão textual) numa língua segunda, o que leva à sua imprecisão.

O leitor tem, na leitura, um papel decisivo, uma vez que, quando lê, traz consigo uma

intencionalidade que ditará as estratégias a serem utilizadas no processo de leitura – este

pode ler por prazer ou para obter informação. Pode-se, portanto, ler com o objetivo de se

procurar informação simples e específica – scanning –, de identificação da informação geral

apresentada no texto – skimming –, de compreensão global de um texto – leitura extensiva –

ou de se ler para aprender ou para integrar informação – leitura intensiva (Grellet, 1981). Os

dois primeiros objetivos de leitura anteriormente mencionados podem não contribuir para a

compreensão total de um texto, pois podem implicar apenas a leitura de segmentos do texto.

Por oposição, a leitura intensiva requer capacidades que implicam a compreensão literal de

todo o texto, a seleção das ideias mais importantes e das informações que as sustentam, bem

como o estabelecimento de relações entre as informações apresentadas no texto e o

conhecimento prévio do leitor.

Com efeito, e de acordo com Giasson, a “compreensão na leitura é, antes, encarada

hoje como um processo holístico ou unitário” (1993: 18). A interação entre leitor, texto e

contexto está na base da faculdade da compreensão leitora. O leitor não capta apenas o

sentido do que lê no texto, cria o seu sentido, servindo-se das informações textuais, dos seus

conhecimentos e da intenção com que lê.

Assim, no processo interativo da compreensão leitora, as variáveis leitor, texto e

contexto, tal como se pode constatar na figura seguinte, são interdependentes.

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Figura 1- Modelo da compreensão na leitura, segundo Giasson (1993: 21)

Sim-Sim (2007: 8) afirma que “a compreensão beneficia (…) da experiência e do

conhecimento que o leitor tem sobre a vida e sobre o Mundo e também da riqueza lexical

que o leitor possui”. Deste modo, quando há um desconhecimento do tema do texto, assim

como de alguns aspetos linguísticos do texto, nomeadamente o vocabulário, ou quando o

interesse e a motivação para a leitura é mínimo, o leitor apresenta dificuldades na

compreensão do texto. Por contraste, quando o leitor conhece antecipadamente o tema,

reconhece o léxico do texto e tem interesse no que lê, a compreensão leitora é facilitada. Por

outras palavras, parte da fluência na leitura de textos depende da compreensão na leitura que,

por sua vez, implica o reconhecimento automático das palavras, o conhecimento das

estruturas da língua, a experiência individual de leitura e o conhecimento do mundo. A

figura abaixo apresentada esquematiza estas relações.

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Para além do reconhecimento automático da palavra, do conhecimento da língua, da

experiência individual de leitura e da experiência e conhecimento do mundo, a fluência

implica igualmente um processo avaliativo da leitura, no qual o leitor decide se a informação

contida no texto é relevante para o seu objetivo de leitura. A fluência na leitura depende, na

verdade, da velocidade e da eficácia de compreensão da leitura (Sim-Sim, Duarte & Ferraz,

1997).

Durante o processamento textual, o leitor recorre, portanto, ao seu conhecimento da

língua (conhecimento fonológico, sintático, semântico e pragmático), que permitirá levantar

questões sobre o sentido do texto; recorre ainda ao seu conhecimento do mundo, ao

relacionar o texto, fonte de informação nova, com os conhecimentos já adquiridos. Wilson e

Anderson (1986: 48, apud Giasson, 1993: 28) afirmam que “qualquer conhecimento

adquirido por uma criança poderá eventualmente ajudá-la a compreender um texto”. O leitor,

para além disso, e ainda de acordo com Giasson (1993), compreende os elementos da frase

(microprocessos), estabelece ligações entre frases (processos de integração), constrói uma

ideia mental e geral do texto (macroprocessos), relaciona a sua mensagem com os

conhecimentos anteriores (processos de elaboração) e gere a compreensão da redação escrita

(processos metacognitivos). Também algumas características do texto, tais como o tema e a

mancha gráfica, são determinantes para a leitura.

A intenção do autor e o género literário, assim como o modo de organização das

ideias e o tema e os conceitos presentes no texto são igualmente determinantes na

compreensão textual. Por último, o contexto condiciona a compreensão, dado que diz

Figura 2 - Determinantes da fluência na compreensão de textos (Sim-Sim, 2007:10)

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respeito às condições do leitor no momento em que contacta com um determinado tipo de

texto.

Não sendo fruto de aquisição, mas de ensino direto, a leitura deve ser trabalhada desde

o primeiro ciclo. Os alunos devem, portanto, ao longo da escolarização, treinar a seleção das

informações essenciais, por forma a compreenderem a “essência” do texto, identificando

inicialmente as palavras-chave de textos curtos e simples. Este trabalho deve ser alargado,

nos restantes anos de escolaridade, ao nível da macroestrutura de textos mais complexos, ao

selecionar-se, por exemplo, as ideias importantes de cada parágrafo de um texto longo e com

um maior grau de complexidade.

Na elaboração da síntese, a leitura prepara a escrita, na medida em que determina a

escrita, fornecendo o conteúdo necessário a ser parafraseado.

3.2. Capacidades de escrita na elaboração da síntese

A competência de escrita é necessária na elaboração da síntese, implicando a síntese a

elaboração de um texto com autonomia face ao(s) texto(s) lido(s).

A escrita, tal como a leitura, é um processo interativo e os textos escritos são produtos

desse processo. Adotando-se uma conceção simplista do processo de escrita, dir-se-ia que

esta competência é apenas composta por três fases: a planificação, a escrita e a revisão.

Contudo, Flower & Hayes e Bereiter & Scardamalia apresentaram modelos processuais de

escrita que evidenciam a complexidade da escrita.

Flower & Hayes (1977, 1980, 1981, 1984, apud Grabe & Kaplan, 1996), no final dos

anos setenta, princípio dos anos oitenta, no seu modelo de explicação do modo como se

processa a escrita, afirmaram que o processo escritural se divide em três componentes: o

processador de composição, o contexto da tarefa e a memória a longo prazo do escrevente.

Na componente da composição, apresentaram três tipos de processos que, geridos por um

sistema de controlo, o monitor, estão na base do texto escrito: o planeamento, ou

planificação, a tradução, ou textualização, e a revisão. Em cada um destes subprocessos,

geram-se outros. Assim, no planeamento, o escritor gera as ideias, organiza a informação e

define os objetivos de escrita, de acordo com o destinatário ou a finalidade do texto. Na

textualização, verifica-se a redação do texto com as ideias geradas e organizadas no

subprocesso anterior. Para além disso, o escritor deve rever o seu texto – revisão –,

avaliando-o e corrigindo-o, isto é, fazendo as alterações necessárias que visam melhorá-lo.

Todos estes subprocessos da composição são interativos, podendo ser igualmente

simultâneos e interdependentes.

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Esta perspetiva veio refutar as conceções tradicionais da escrita, ao conceber a escrita

como uma tarefa subordinada a um objetivo e influenciada pelo saber e pelas expetativas e

atitudes do leitor. Reconheceu, além disso, até certo ponto, as diferenças de escrita dos

escritores proficientes e dos menos experientes. As seguintes figuras esquematizam o

modelo de Flower & Hayes, sendo que as figuras 3 e 4 evidenciam a evolução deste modelo.

Na figura 5, pode-se observar a visão geral do modelo proposto por Flower & Hayes (1994).

Figura 3 - Primeira versão do modelo de Flower & Hayes, 1980. (Pereira, 2000: 60)

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Figura 5 – Visão geral do modelo de Flower & Hayes, 1994 (Pereira, 2000: 62)

Figura 4 - Modelo revisto de Flower & Hayes, 1994 (Pereira, 2000: 61)

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Embora este modelo processual da escrita tenha sido inovador, apresentava alguns

problemas, nomeadamente por assumir um único modelo processual de escrita para os

escreventes proficientes e os menos proficientes. Flower & Hayes defenderam, pois, que

quer os escritores experientes, quer os menos proficientes, recorriam ao mesmo modelo

processual de escrita, apesar de os primeiros terem melhores resultados face aos segundos.

Deste modo, Bereiter & Scardamalia (1987), por considerarem que o modelo de

Flower & Hayes não explicava as diferenças entre os dois tipos de escritores, apresentam,

por sua vez, um novo modelo. Declararam que os escreventes proficientes (“skilled writers”)

recorrem a um modelo de escrita diferente daquele a que recorrem os escreventes menos

proficientes (“unskilled writers”). Enquanto os escritores proficientes aplicam o Modelo de

Transformação do Conhecimento (“Knowledge-Transforming”), os escreventes menos

proficientes empregam o Modelo de Relato do Conhecimento (“Knowledge-Telling”). Estes

últimos expõem todos os conhecimentos que têm sobre um determinado tema, de forma

contínua, pois escrevem uma dada informação sobre o tópico de escrita e através dela geram

nova informação, que serve de contexto à continuação da textualização. Para além disso,

usam estratégias de seleção da informação menos complexas e não reveem as suas produções

escritas. Assim sendo, não apresentam dificuldades na estruturação da informação em textos

menos exigentes, porém estas são mais evidentes em géneros textuais mais complexos cujo

principal objetivo é convencer e persuadir o leitor. Já os escritores proficientes refletem

sobre a produção escrita, planificam devidamente o seu texto e reveem-no. Assim, textos

com uma maior complexidade, como o texto argumentativo, só poderão ser adequadamente

produzidos com recurso ao Modelo de Transformação do Conhecimento.

No ensino do Português, tal como no ensino de qualquer língua materna, é vital a

aprendizagem autonomizada da competência escrita.

Ensinar a escrever, por um lado, pressupõe uma aprendizagem consciente através de

um ensino explícito da escrita e, por outro, desenvolver automatismos através do treino de

escrita (Préfontaine, 1998 apud Pereira, 2000: 72). Este ensino não é, portanto, suficiente

apenas com a prática da escrita, necessitando esta competência de ser ensinada, desenvolvida

e orientada. O ensino da escrita, além disso, não deve ser efetivado de modo global, isto é,

não se aprende simplesmente a escrever, pelo contrário aprende-se a escrita de géneros

textuais específicos. Assim, a metodologia adequada ao ensino explícito da escrita deverá ser

aquela que permite a aprendizagem do ato de escrita, que deverá considerar os três

subprocessos delineados por Flower & Hayes: a planificação, a textualização e a revisão. O

professor “tem, inclusive, que saber criar situações de trabalho que rompam com o

funcionamento espontâneo do aluno e que lhe assegurem o desenvolvimento de certas

funções cognitivas superiores” (Pereira, 2000: 83).

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Grabe & Kaplan (1996) defenderam que o ensino da escrita deve conciliar o texto

produzido, o processo de escrita, o contexto social, a investigação em ensino e as

características do escrevente. Assim, o professor deve incluir, nas aulas, atividades de escrita

que motivem os alunos e que permitam a aprendizagem cooperativa, o que deverá

contemplar a reflexão sobre a escrita. Deve, ainda, integrar as várias competências da língua

e os conhecimentos do escrevente, bem como “proporcionar formas de introduzir a

experimentação da escrita sem uma avaliação rígida” (Pereira, 2000: 86).

Avaliar uma produção escrita implica uma análise das diversas operações ao nível

textual, interfrásico e intrafrásico – seleção e hierarquização da informação, operações de

manutenção da coesão e da coerência, escolha do vocabulário, estruturação das frases e

pontuação – que interferem no processo de escrita. Deste modo, importa ao professor não só

perceber, através do texto, o modo como o aluno estrutura o seu discurso, como também os

saberes linguísticos e textuais a que recorre.

A dificuldade em cumprir os extensos programas de Português, ainda mais evidente

com o novo programa da disciplina, exigente do ponto de vista do domínio da educação

literária, poderá levar, por diversas vezes, à ausência de práticas de escrita no contexto de

sala de aula. Contudo, é fundamental que os alunos escrevam textos de diferentes géneros

nas aulas, supervisionados pelo professor da língua materna.

A sequência didática centrada num dado género textual é, segundo alguns autores, a

melhor programação do ensino de um género textual. Consiste, pois, num conjunto de aulas

em que se desenvolverá um trabalho que tem como objetivo final a produção de um

determinado texto. Deste modo, a sequência didática centrar-se-á em atividades de

preparação que visam a produção escrita de um texto específico em contexto de sala de aula.

Idealmente, esta sequência didática divide-se em três fases: redação de um pré-texto;

realização de atividades de escrita simplificada, de análise de textos e de exercícios sobre

estruturas da língua e produção final de um texto (Pereira, 2000: 89-90). Apesar de a síntese

não representar por si um género textual, tentou-se aplicar esta metodologia no trabalho de

síntese.

Em qualquer produção textual, o escrevente deverá, pois, planificar antes de redigir o

seu texto, assim como, no final, revê-lo e, se necessário, reescrevê-lo.

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3.3. Síntese: ativação de capacidades de leitura e escrita.

A síntese1 exige não só um trabalho de compreensão literal de um texto, como também

os conhecimentos linguísticos e textuais necessários para a sua produção escrita. Através

dela, de acordo com o que Giasson preconiza para o resumo, pode-se “identificar o processo

de compreensão” (1993: 115). É, por isso, por um lado, um exercício de leitura em que se

deve conservar os elementos essenciais do texto de partida e, por outro, um trabalho de

escrita a partir de um texto-fonte. Todavia, existe a tendência para tratar a elaboração de uma

síntese como se exigisse apenas um trabalho de escrita. O Programa e Metas Curriculares

de Português - Ensino Secundário de 2014 exemplifica esta afirmação, ao contemplar a

síntese apenas no domínio da produção escrita, não a incluindo no da leitura. Para além

disso, inclui a síntese no domínio do oral (produção/ expressão oral).

Com efeito, a escrita da síntese exige, em primeiro lugar, a compreensão literal do

texto (ou textos) a sintetizar; em segundo lugar, a seleção das ideias principais, ao mesmo

tempo que se eliminam as ideias secundárias e se faz, portanto, a hierarquização da

informação no texto e, em terceiro lugar, já no momento da escrita, um esforço de paráfrase

das ideias principais.

A seleção da informação relevante deve incidir maioritariamente no que é

textualmente importante. Enquanto os leitores menos hábeis centram a seleção de ideias-

chave na informação contextualmente importante, ou seja, nas que, devido à sua intenção de

leitura, consideram ser importantes, apresentando dificuldades na identificação das

informações relevantes no texto, os leitores mais hábeis servem-se de ambos os tipos de

informação, das textualmente e das contextualmente importantes (Giasson, 1993).

Em geral, é sabido que os alunos revelam dificuldades de leitura na elaboração de

sínteses, pois enfrentam, em primeira instância, obstáculos na compreensão do texto,

independentemente da sua tipologia. Para além disso, a capacidade de identificação do “main

point” (Grellet, 1981: 5) ou da informação importante, bem como a distinção entre o que é

textualmente importante e os detalhes, informação menos relevante, são tarefas complexas

para os alunos que apresentam dificuldade na compreensão do texto-fonte. Na escrita, a

paráfrase revela-se outro obstáculo, pois os alunos têm dificuldade em, com as suas próprias

palavras, expor a informação necessária à síntese.

1 Adotou-se, neste trabalho, o termo «síntese» de acordo com a definição dos conteúdos contemplados

no Programa e Metas Curriculares do Português – Ensino Secundário (2014).

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No ensino da síntese, é necessário que os alunos, após realizarem mais do que uma

leitura do texto, assinalem as ideias principais, sublinhando-as, e tomem notas. As atividades

de ensino devem ser variadas e graduais, sobretudo quanto à complexidade e extensão do

texto-fonte. Após estas tarefas, os alunos têm a informação essencial para parafrasear as

informações principais do texto-base, etapa fundamental na elaboração da síntese. A

produção escrita da síntese deve, portanto, ser menos extensa do que a do texto-base.

A escrita da síntese também se processa de acordo com o modelo de Flower & Hayes.

Deste modo, no planeamento, o escritor não gera as ideias, mas seleciona as informações

importantes do texto-fonte, hierarquizando-as. Na textualização, o escrevente redige um

texto coerente e coeso que contempla as ideias-chave do texto lido. Deve, também, usar

palavras ou expressões semelhantes às do texto-fonte. Por fim, na revisão, o escritor avalia e,

eventualmente, modifica o texto quer ao nível da macroestrutura, quer ao nível da

microestrutura.

Na produção escrita da síntese, assim como em todos os textos escritos, a gramática da

língua está inquestionavelmente presente, pois não pode «estar desligada do texto», dado que

o funcionamento da língua é o suporte da escrita.

3.4. O ensino da gramática em articulação com a escrita

A língua, nas aulas de Português, é objeto de análise, mas também instrumento de

expressão tanto escrita, como oral. Os programas de Português dão conta da transversalidade

da gramática nos restantes domínios: oralidade, leitura, educação literária e escrita. Os

conhecimentos gramaticais são, portanto, entendidos também como um meio “para

aperfeiçoar as capacidades de interpretar e produzir enunciados orais e escritos” (2015: 6),

um dos muitos objetivos traçados no Programa e Metas Curriculares de Português do

Ensino Básico.

Duarte (2008) aponta para a necessidade de um conhecimento explícito da língua, por

forma a alcançar-se um bom domínio das competências de escrita e de leitura. Assim, a

fluência na leitura e a proficiência na escrita “implicam formas de apreensão do

conhecimento que mobilizam um conjunto de processos cognitivos que conduzem à

consciencialização do conhecimento já implícito e à análise e explicitação de regras,

estratégias e técnicas que terão de ser objeto de um ensino sistematizado, rigoroso e cuidado”

(Sim-Sim, Duarte & Ferraz, 1997: 36).

Na passagem do conhecimento implícito da língua para o seu conhecimento explícito,

o professor deve levar os alunos a refletir sobre a estrutura do funcionamento da língua,

seguindo a metodologia da Oficina Gramatical ou do Laboratório Gramatical (Duarte, 1992,

2008). Não pode, por isso, assegurar a aprendizagem da gramática recorrendo a métodos que

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obrigam à memorização de definições, por exemplo. Duarte (1992, 2008) sugere, para cada

problema gramatical, um trabalho desenvolvido em várias etapas. Depois de o professor

organizar, de acordo com o problema linguístico, o corpus a ser trabalhado com toda a

turma, os alunos observam os dados e descrevem-nos, agrupando-os conforme as

características detetadas. Posteriormente, formulam generalizações descritivas,

eventualmente com a ajuda do professor, a partir do conhecimento intuitivo que têm da sua

língua. Os alunos testam as hipóteses formuladas, analisam novos dados e validam as

generalizações anteriormente formuladas. O professor deve elaborar exercícios de treino, por

forma a assegurar que a informação relevante seja armazenada na memória a longo prazo.

Por fim, a última etapa consiste na avaliação dos conhecimentos adquiridos ao longo desta

sequência de ensino-aprendizagem.

No entanto, segundo Pereira (2000: 286), “a produção escrita necessita (…) da

disponibilidade e da mobilização de numerosos conhecimentos factuais ou declarativos que

vão desde o simples domínio da ortografia de uma palavra até à possibilidade de estabelecer

distinções cada vez mais finas entre modos de organização dos discursos”. De facto, a

proficiência na escrita não resulta apenas do conhecimento explícito da gramática da língua,

no sentido mais estrito, pois não só operam conhecimentos gramaticais como também

textuais. Assim, um aluno proficiente na escrita é aquele que domina a microestrutura e a

macroestrutura textuais.

Em suma, para o ensino da escrita não basta aprender a gramática da língua, há

também que articular esse ensino com a explicitação de algumas funções do texto,

nomeadamente nas questões de coesão textual.

No trabalho de elaboração de síntese, uma das questões de gramática da língua que

importa consolidar é as orações subordinadas adjetivas relativas.

3.4.1. O caso das orações subordinadas adjetivas relativas

Antes de se iniciarem na vida escolar, as crianças dominam implícita e

inconscientemente a gramática da sua língua materna. Já na escola, o conhecimento

linguístico intuitivo, o conhecimento implícito, complexifica-se, ao passo que se adquire o

conhecimento explícito.

Procurou-se, pois, aperfeiçoar, consolidar e complexificar o conhecimento dos alunos

sobre as orações subordinadas adjetivas relativas, conteúdo gramatical estudado pela

primeira vez no sétimo ano do Ensino Básico, por estas poderem ser relevantes na escrita da

síntese.

De acordo com o capítulo da autoria de Brito e Duarte (2003: 655), “as orações

relativas [com antecedente] são orações subordinadas iniciadas [por] (…) ‘pronomes’,

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‘advérbios’ ou ‘adjetivos relativos’ ”. Funcionam como modificadores de uma expressão

nominal, no caso das adjetivas relativas. Estas orações podem ser de dois tipos: as relativas

restritivas e as relativas explicativas2.

As orações relativas restritivas “contribuem para a construção do valor referencial da

expressão nominal” (Brito & Duarte, 2003: 655). Veja-se em (1):

(1) A roupa que estava no roupeiro foi para lavar.

A relativa «que estava no roupeiro» revela que apenas a roupa que estava no roupeiro

é que foi para lavar.

Por sua vez, as orações relativas explicativas “não contribuem para a construção do

valor referencial da expressão nominal” (Brito & Duarte, 2003: 671), antes acrescentam

informação sobre esse antecedente. Veja-se em (2):

(2) Lisboa, que é a capital de Portugal, é uma das cidades mais visitadas na Europa.

Neste caso, não se poderia aceitar a frase “#Lisboa que é a capital de Portugal é uma

das cidades mais visitadas na Europa”.

Outro dos aspetos fundamentais destas orações é a pontuação. As orações

subordinadas adjetivas relativas explicativas são as que estão marcadas por vírgulas, visto

que são modificadores apositivos.

3.4.2. A pontuação e as orações subordinadas adjetivas relativas

Uma das áreas críticas no desenvolvimento da escrita é a pontuação. Na pontuação, a

vírgula é um dos sinais mais problemáticos (talvez o mais problemático), sobretudo em

estruturas frásicas mais complexas. Tal se pode justificar pelo facto de, tradicionalmente, se

associar a vírgula a quebras entoacionais. Esta noção de associação de prosódia e pontuação

está, aliás, presente em algumas gramáticas portuguesas.

Por exemplo, Cunha & Cintra (1984: 639) integram a vírgula nos sinais “que,

fundamentalmente, se destinam a marcar as pausas”, tal como o ponto final e o ponto e

vírgula.

2 Embora estas orações possam ter outras designações – as orações subordinadas adjetivas

relativas restritivas também se designam de determinativas e as orações subordinadas adjetivas

relativas explicativas, de apositivas ou não restritivas (Brito & Duarte, 2003: 655) -, foi aqui adotada a

terminologia presente no Dicionário Terminológico, assim como no Programa e Metas de Português

do Ensino Secundário.

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De igual modo, Bechara, na Moderna Gramática Portuguesa (1992), inclui a vírgula

no grupo dos sinais de pontuação que indicam pausa. Já o prontuário de Bergström & Reis

(1955: 46) não distribui os sinais de pontuação por grupos e, embora associe a vírgula à

marcação de uma pausa curta, alarga a sua definição ao referir sobre a vírgula: “emprega-se

para separar determinados elementos dentro de uma oração ou orações incluídas no mesmo

período”.

Com efeito, apesar de, em alguns casos, poder haver coincidência entre vírgula e

quebra entoacional, há contextos sintáticos em que se produz uma pausa na oralidade que

não podem ser assinalados com uma vírgula, por razões sintáticas. Por exemplo, nas

estruturas sintáticas mais complexas que têm um sujeito longo, como na frase “Os

documentos que estão na pasta azul ainda não foram assinados” (Peres, 1995: 273), há uma

quebra entoacional no final do sujeito [Os documentos que estão na pasta azul], que inclui

uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva. Logo, assumindo as definições de Cunha

& Cintra e de Bechara, poder-se-ia colocar a vírgula entre “azul” e “ainda”. No entanto, isso

constituiria um erro de pontuação, uma vez que não se pode separar o sujeito do predicado.

Assim, compreende-se que a vírgula se usa em contextos sintáticos específicos.

Damião (2010), no seu relatório de prática supervisionada, dá conta de trabalho com alunos

sobre o ensino da pontuação em determinados contextos específicos, nomeadamente no uso

da vírgula nas orações subordinadas adjetivas relativas restritivas e explicativas, por ter

considerado a vírgula o sinal de pontuação que colocava maior dificuldade aos alunos.

No trabalho desenvolvido durante a sua intervenção no Mestrado em Ensino, Costa

(2014) notou a dificuldade no uso da vírgula no caso específico das orações subordinadas

adjetivas relativas: “Outra constatação que se retira é a de que a maioria dos alunos, apesar

de terem feito as transformações, não aplicarem pontuação, nomeadamente o uso obrigatório

da vírgula nas orações relativas explicativas. Isto leva-nos a crer que, apesar de

reconhecerem a oração adjetiva relativa, não conseguem estabelecer a diferença entre as

explicativas (apositivas) e as restritivas” (Costa, 2014: 44-45).

3.5. Linhas orientadoras da planificação da intervenção

Atendendo às características da turma e às aulas observadas, bem como à planificação

das aulas da professora cooperante e ao novo Programa e Metas de Português - Ensino

Secundário (2014), decidiu-se que a intervenção integraria três domínios complementares no

ensino do Português: a leitura, a escrita e a gramática. Assim sendo, optou-se pelo estudo da

síntese e das orações adjetivas relativas em articulação com o uso da vírgula.

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A intervenção inseriu-se na unidade “Tempos de Mudança” que aborda as temáticas

“Fernão Lopes” e a “Crónica de D. João I”. Deste modo, os textos lidos para elaboração de

sínteses inseriram-se nesta temática, após o estudo da crónica, por forma a facilitar a

compreensão dos textos.

As atividades propostas pretenderam promover a produção de síntese e,

consequentemente, a compreensão literal de textos, a seleção de ideias mais importantes e o

uso da paráfrase. Esta intervenção visou, igualmente, consolidar o estudo das orações

subordinadas adjetivas relativas, em simultâneo com o uso da vírgula nestas orações, tendo

sido adotada a metodologia de Oficina Gramatical.

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4. PRÉ-TESTE

Atendendo às características da turma, em parte, decorrente da assiduidade às

assistências de aulas, e de modo a aferir-se o nível das competências dos alunos na leitura,

escrita e na gramática, realizou-se um teste de diagnóstico. Os resultados deste pré-teste

ajudaram, por um lado, na confirmação da necessidade de se trabalhar as competências de

leitura, escrita e alguns aspetos da gramática, nomeadamente, as orações subordinadas

adjetivas relativas e, por outro, ajudaram a delinear o tipo de atividades a implementar na

unidade didática, adequando o grau de complexidade às dificuldades demonstradas pelos

alunos.

Para além do pré-teste, que se pode encontrar no anexo C, também se elaborou um

documento com os cenários de resposta do grupo I e as correções do grupo II e uma grelha

de avaliação para as questões 1.1. e 1.2.

4.1. Apresentação e fundamentação.

A escolha do texto foi influenciada por três fatores. O primeiro consistiu na

necessidade de enquadrar o texto na temática recentemente abordada pela professora

cooperante, isto é, na unidade “O português: génese, variação e mudança”. O segundo diz

respeito ao interesse demonstrado por parte dos discentes, aquando da lecionação da

geografia do português no mundo. Além disso, sendo este um tema fora do domínio dos

alunos, considerou-se o texto “Crioulos de base portuguesa”, de Dulce Pereira, apropriado ao

nível de ensino e às dificuldades de compreensão escrita dos alunos, precisamente por ser de

carácter geral. O texto sofreu algumas adaptações:

1. Lê atentamente o seguinte texto.

Crioulos de base portuguesa

Os crioulos são línguas naturais, de formação rápida, criadas pela necessidade de

expressão e comunicação plena entre indivíduos inseridos em comunidades multilingues

relativamente estáveis. Procurando superar a pouca funcionalidade das suas línguas

maternas, estes recorrem ao modelo imposto (mas pouco acessível) da língua socialmente

dominante e ao seu saber linguístico para constituir uma forma de linguagem veicular

simples, de uso restrito mas eficaz, o pidgin, que posteriormente é gramaticalmente

complexificada e lexicalmente expandida, em particular pelas novas gerações de crianças

que a adquirem como língua materna, dando origem ao crioulo.

Chamam-se de base portuguesa os crioulos cujo léxico é, na sua maioria, de origem

portuguesa. No entanto, do ponto de vista gramatical, os crioulos são línguas diferenciadas e

autónomas. Sendo a língua-base aquela que dá o léxico, podemos encontrar crioulos de

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diferentes bases: de base inglesa (como o Krio da Serra Leoa), de base francesa (como o

crioulo das Seychelles), de base árabe (como o Kinubi do Uganda e do Quénia) ou outra.

Os crioulos de base portuguesa são habitualmente classificados de acordo com um

critério de ordem predominantemente geográfica, embora, em muitos casos, exista também

uma correlação entre a localização geográfica e o tipo de línguas de substrato em presença

no momento da formação.

Em África formaram-se os Crioulos da Alta Guiné (em Cabo Verde, Guiné-Bissau e

Casamansa) e os do Golfo da Guiné (em S. Tomé, Príncipe e Ano Bom). Classificam-se

como Indo-portugueses os crioulos da Índia (de Diu, Damão, Bombaim, Chaul, Korlai,

Mangalor, Cananor, Tellicherry, Mahé, Cochim, Vaipim e Quilom e da Costa de

Coromandel e de Bengala) e os crioulos do Sri-Lanka, antigo Ceilão (Trincomalee e

Batticaloa, Mannar e zona de Puttallam). (…) Na Ásia surgiram ainda crioulos de base

portuguesa na Malásia (Malaca, Kuala Lumpur e Singapura) e em algumas ilhas da

Indonésia (Java, Flores, Ternate, Ambom, Macassar e Timor) conhecidos sob a designação

de Malaio-portugueses. Os crioulos Sino-portugueses são os de Macau e Hong-Kong. Na

América encontramos ainda um crioulo que se poderá considerar de base ibérica, já que o

português partilha com o castelhano a origem de uma grande parte do léxico (o Papiamento

de Curaçau, Aruba e Bonaire, nas Antilhas) e um outro crioulo no Suriname, o Saramacano,

que, sendo de base inglesa, manifesta no seu léxico uma forte influência portuguesa. (…)

A formação das línguas crioulas ocorreu, tipicamente, em comunidades multilingues

em que houve fraco acesso ao modelo da língua portuguesa (sendo o número de portugueses

proporcionalmente muito inferior ao dos outros grupos), perda parcial ou mesmo total de

funcionalidade das outras línguas maternas e forte miscigenação1. Estas condições ocorriam

em zonas de concentração e isolamento das populações miscigenadas (como em Korlai, na

Índia), longe das suas terras e culturas de origem, em particular em plantações e em ilhas

como as de Cabo Verde e S. Tomé, mas também nas fortificações costeiras edificadas pelos

portugueses nos séculos XV e XVI (como Cananor e Cochim).

Os crioulos de base portuguesa conhecidos surgiram nas zonas e locais assinalados

nos mapas de três modos distintos: ou por formação in loco ou por difusão (tendo, neste

caso, migrado com os seus falantes para diferentes partes do mundo às vezes tão longínquas

como as Antilhas), ou ainda pela convergência das duas formas. (…)

Sendo, ao contrário dos pidgins, línguas maternas de uma comunidade, os crioulos,

uma vez formados, passaram a constituir símbolos de identidade de grupo, o que explica, em

grande parte, a sua resistência às subsequentes investidas assimiladoras das línguas de poder

e de maior prestígio social e cultural que com eles se mantiveram em contacto, entre as quais

o próprio português. Essa resistência foi tanto maior e mais eficaz quanto maior o isolamento

(como em Tugu) e quanto menor o poder e a pressão das línguas em contacto

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22

(nomeadamente através da instrução). (…) Em circunstâncias em que as populações falantes

de crioulos ascenderam à independência (Cabo Verde, Guiné-Bissau...) houve mesmo uma

revitalização do crioulo.

DULCE PEREIRA, http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html (adaptado)

Pretendeu-se, pois, testar o nível de compreensão de leitura e de escrita dos alunos ao

pedir-lhes para sintetizarem o texto acima indicado, retirado do site do Instituto Camões.

Assim sendo, o grupo I do teste de diagnóstico inclui dois exercícios de síntese e não apenas

um. Atendendo às características da turma observadas, pretendia-se, deste modo, que os

alunos começassem por sintetizar uma sequência textual mais curta, para, posteriormente,

reduzirem uma sequência textual maior, mantendo apenas a informação principal.

O primeiro exercício, abaixo representado, exigia a síntese do último parágrafo, com

um limite de quarenta palavras. Este limite de palavras foi influenciado quer pela dimensão

do próprio parágrafo, ou seja, até um terço do total de palavras, quer pelo cenário de resposta

apresentado:

1.1. Reduz o último parágrafo do texto a uma frase com um máximo de 40 palavras.

A questão 1.2., por sua vez, requeria a síntese desde o primeiro até ao penúltimo

parágrafo do texto:

1.2. Sintetiza os primeiros seis parágrafos do texto reduzindo-os a um terço do seu

tamanho, ou seja, até a um máximo de 170 palavras.

Neste exercício, o limite de palavras exigido foi suportado pelas mesmas razões

apresentadas para a primeira pergunta.

Os conteúdos gramaticais do grupo II foram integrados no pré-teste, tendo em conta o

que foi observado nas aulas assistidas, bem como nos resultados do teste de diagnóstico

realizado pela professora cooperante no início do ano letivo. Articula-se, além disso, não só

com o programa e metas curriculares de Português do ensino secundário, que prevê para o

10º ano a “retoma e consolidação das funções sintáticas estudadas no Ensino Básico: (…)

modificador do nome (restritivo e apositivo)” (2014: 16), como também com a escrita da

síntese, na medida em que, tendencialmente, os modificadores restritivos e apositivos são

particularmente relevantes quando se trata de escrever um texto curto, incluindo o máximo

de informação.

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23

O exercício 2. pretendia, assim, avaliar a destreza dos alunos na distinção de

modificadores restritivos e modificadores apositivos:

2. Das frases que se seguem, indica com uma (X) a classificação sintática dos elementos

destacados.

Modificador

Restritivo

Modificador

Apositivo

a) Washington D.C., que é a capital dos Estados Unidos, não é a cidade americana mais conhecida internacionalmente.

b) A viagem que a Ana fez o ano passado deixou- -lhe felizes recordações.

c) A oralidade e a escrita são dois sistemas que têm princípios de funcionamento distintos.

d) Em Espanha, que é um país com cerca de 47 milhões de habitantes, são faladas outras línguas oficiais.

e) O português que se fala no Brasil tem

características diferentes do português europeu.

f) O Paulo danificou o livro que lhe emprestei na semana passada.

Em cada frase do exercício, os modificadores estão já sublinhados de modo a facilitar

a identificação do constituinte relevante. Para além disso, as frases apresentadas comportam

diferentes tipos de antecedentes.

Produziu-se o último exercício, a tarefa 3, com o objetivo de se compreender se os

alunos são capazes de reconhecer o tipo de modificadores presentes nas frases, sem usarem a

pontuação (vírgula) como pista. Neste exercício, também os modificadores já se encontram

sublinhados.

3. Atenta no seguinte conjunto de frases:

a) O templo de Chichén Itzá que é Património Mundial está em risco de ruir.

b) Ele danificou o livro que lhe emprestei na semana passada.

c) Ontem à noite ligou-me a rapariga que conheci no autocarro.

d) O Luís que é o rapaz mais distraído da turma deixou os cadernos diários na cantina.

e) As crianças com dislexia que é uma perturbação da aprendizagem específica têm

dificuldade na leitura de textos.

f) Quatro das cinco línguas que são mais faladas na Península Ibérica derivam do latim.

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24

6

10

13

9

2

66

3

1

Se leção d a in f o r mação Par áf r ase

Nív

eis

de

d

ese

mp

en

ho

:

1

2

3

4

5

3.1. Utilizando a vírgula, delimita os elementos destacados nas frases apenas nas

alíneas em que o consideres necessário.

4.2. Resultados obtidos

Dos trinta alunos da turma, apenas vinte e nove realizaram o pré-teste.

O grupo I do pré-teste foi avaliado de acordo com as grelhas de avaliação apresentadas

no anexo C. Estas grelhas foram elaboradas com base nos critérios de avaliação dos exames

nacionais de Português do 9º e 12º anos. Dada a importância da pontuação neste pré-teste, o

parâmetro da pontuação foi avaliado de forma autónoma no segundo exercício. Tendo em

conta a simplicidade do exercício 1.1., este apenas foi avaliado quanto à seleção da

informação e à paráfrase.

A primeira questão exigia, pois, a seleção de duas ideias-chave do último parágrafo. A

avaliação destes dois parâmetros foi feita de acordo com os níveis de desempenho

apresentados no anexo C. Os resultados obtidos foram os seguintes:

Gráfico 2 - Resultados do exercício 1.1. do pré-teste.

Apesar do número total de alunos que realizaram o pré-teste, o gráfico apenas contém

os dados de vinte e oito, uma vez que um dos discentes não respondeu devidamente à

questão, por não ter sintetizado o último parágrafo do texto-fonte.

Em ambos os parâmetros, a avaliação da maioria dos alunos é negativa, isto é, 68%

das respostas foram insuficientes. Na seleção da informação, os discentes que obtiveram

estes níveis negativos não só não apresentaram as duas ideias, como também selecionaram

informações menos pertinentes (duas ou mais). Também a paráfrase apresentou resultados

menos favoráveis, visto que a maioria recorreu às expressões e palavras do texto-fonte.

De referir que, embora apenas se tenha avaliado, neste exercício, a seleção da

informação e o uso da paráfrase, algumas indicações do enunciado, nomeadamente a redução

do parágrafo a uma única frase até um máximo de 40 palavras, não foram respeitadas.

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25

Gráfico 3 - Resultados do exercício 1.2. do pré-teste.

Assim, oito dos vinte e nove discentes excedeu o número de palavras exigido, sendo que

catorze não redigiram a resposta numa única frase.

A grelha de avaliação do exercício 1.2. era bastante mais completa, tendo em conta

que o enunciado exigia a produção de uma síntese de uma grande parte do texto-fonte.

Assim, as produções escritas foram avaliadas quer ao nível da seleção da informação e da

paráfrase, quer ao nível da coerência e pertinência do discurso, da estrutura informacional e

da coesão, da pontuação, da morfologia e da sintaxe, do léxico e da adequação do discurso e

da ortografia. O próximo gráfico representa os resultados obtidos, mostrando a distribuição

dos alunos por níveis de desempenho.

Do total de alunos que realizaram o teste diagnóstico, apenas vinte e oito respostas a

esta questão foram registadas neste gráfico, pois um dos alunos teve nível 0 a todos os

parâmetros por ter redigido uma síntese com uma extensão insuficiente.

Os resultados obtidos na seleção da informação e na paráfrase coadunam-se com o

observado no exercício anterior, isto é, a maioria dos alunos apresenta níveis de desempenho

negativos, 61% na seleção de ideias e 71% na paráfrase. Estes dois indicadores revelam a

dificuldade dos discentes em compreender literalmente o texto e escrever um texto autónomo

relativamente ao texto-fonte. Assim, neste exercício, os escreventes, no primeiro parâmetro,

consideraram, por um lado, informação pouco relevante na síntese e, por outro, não

incluíram, na íntegra, as ideias-chave, atendendo ao determinado nas grelhas de avaliação.

4

14

45

1 1 1

6

13

65

11

7

3

6

9

10

4

15

10 10

17

15

21

2 2

5 5 5

8

21 1

4

1 1

3

Seleção da

Informação

Paráfrase Coerência e

pertinência doconteúdo

Estrutura

informacional ecoesão

Pontuação Morfologia e

sintaxe

Léxico e

adequação dodiscurso

Ortografia

Níveis de desempenho: nível 1 nível 2 nível 3 nível 4 nível 5

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26

Na paráfrase, utilizaram, à semelhança do exercício anterior, muitas expressões ou palavras

do texto-fonte, tendo catorze alunos usado mais do que quatro expressões e/ou palavras.

No que diz respeito à coerência e pertinência do discurso3, 56% dos alunos apresenta

um nível de desempenho razoável (nível 3). Este resultado é, em parte, justificado pelo mau

uso da paráfrase, ou seja, devido ao facto de os escreventes terem usado muitas expressões

do texto, por vezes, até mesmo estruturas frásicas com supressão de alguma informação

menos relevante, a coerência das sínteses é praticamente a dos texto-fonte. No entanto, há

produções escritas pouco coerentes, na medida em que o modo como a informação está

redigida não vai ao encontro das ideias do texto.

Também os resultados da estrutura informacional e da coesão das produções escritas

foram influenciadas pelo uso de frases e expressões do texto-fonte, porém a maioria dos

textos não são suficientemente coesos. Mesmo seguindo a estrutura do texto-fonte, a maioria

das sínteses (59%) apresenta falhas de coesão interfrásica.

As sínteses, ao nível da morfologia e da sintaxe e do léxico e da adequação do

discurso, apresentaram resultados razoáveis, isto é, de nível 3. Embora as produções escritas

sigam a estrutura e a maior parte do léxico do texto-fonte, acabam por exibir problemas

sintáticos, nomeadamente de concordância, em resultado da manipulação desse texto-fonte.

Revelam igualmente pouca variedade lexical.

Relativamente à pontuação, os escreventes mostraram dificuldades, sobretudo no uso

da vírgula. Em algumas produções escritas, algumas vírgulas essenciais foram omitidas e,

noutras, ocorreram vírgulas não esperadas, mais especificamente, entre sujeito e predicado

(quatro ocorrências) ou entre verbo e seu complemento (três ocorrências).

Apesar de recorrerem às estruturas frásicas, expressões e palavras do texto-fonte, as

sínteses revelam níveis negativos na ortografia: 54% das sínteses apresentam cinco ou mais

erros ortográficos, nomeadamente de acentuação.

3 Nos parâmetros da coerência e pertinência do discurso, da estrutura informacional e da coesão, da

pontuação e da morfologia e sintaxe, um aluno teve nível de desempenho 0, por ter redigido um

esquema-síntese. Para além disso, como já foi referido, um outro aluno obteve 0 em todos os

parâmetros por ter redigido uma síntese com uma extensão insuficiente.

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O grupo II do pré-teste pretendia testar o conhecimento dos alunos face a conteúdos

específicos da gramática que, neste caso específico, se interligam. Embora 29 discentes

tenham realizado o pré-teste, apenas 27 responderam a este exercício. Eis os resultados:

Gráfico 4 - Resultados do exercício 2 do pré-teste.

Pelo gráfico se compreende que os resultados do exercício foram favoráveis, ou seja,

um número relevante de alunos, num grupo de 27 discentes, respondeu corretamente ao

exercício, encontrando-se o acerto ao nível dos 50%. Mesmo a alínea 2a), que apresenta um

número ligeiramente abaixo da maioria, se aproxima dos 50% de nível de acerto. No entanto,

há que atender ao facto de, neste exercício, existirem apenas duas opções de escolha na

identificação das orações sublinhadas, o que pode sugerir que algumas respostas certas

resultem do acaso.

Dos discentes que responderam incorretamente, cinco identificaram as orações

subordinadas adjetivas relativas restritivas como modificadores apositivos e as orações

subordinadas adjetivas relativas explicativas como modificadores restritivos.

Independentemente do resultado, todos os alunos avaliados, exceto dois, que não

responderam ao exercício por afirmarem desconhecerem a matéria, demonstraram distinguir

os dois tipos de modificadores presentes nas frases, pelo menos por intermédio da vírgula.

0 5 10 15 20 25 30

2f)

2e)

2d)

2c)

2b)

2a)

15

16

15

14

17

13

Respostas corretas

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O exercício 3 pretendia, pois, perceber se sem a vírgula, sinal de pontuação

característico das orações subordinadas adjetivas relativas explicativas, os alunos eram

capazes de identificar diferentes tipos de orações subordinadas adjetivas relativas. Assim, o

exercício exigia a colocação da vírgula na delimitação dos modificadores apositivos. O

gráfico abaixo apresenta o número de respostas corretas por item:

Gráfico 5 - Resultados do exercício 3 do pré-teste.

Em todas as alíneas, a percentagem de alunos com respostas corretas é claramente

superior à percentagem de alunos com respostas incorretas. A última frase foi a que mais

problemas colocou aos discentes.

4.3. Perspetivas para a Intervenção

Os resultados obtidos no pré-teste evidenciam a falta de domínio das capacidades

envolvidas na elaboração de uma síntese. O grupo I espelha, pois, as dificuldades na

compreensão literal do texto-fonte e, consequentemente, na seleção das ideias principais,

assim como na transposição dessas ideias num texto coerente, coeso, com variedade lexical e

sem falhas morfossintáticas, ortográficas e de pontuação. Apesar de o grupo II, de modo

geral, ter superado as expectativas criadas, algumas das produções escritas no exercício 1.2

revelaram que, independentemente dos resultados satisfatórios nas questões de gramática do

pré-teste, os alunos não dominam verdadeiramente a distinção deste tipo de orações, bem

0 5 10 15 20 25 30

3f)

3e)

3d)

3c)

3b)

3a)

15

22

23

24

25

23

Respostas corretas

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como o uso correto da vírgula. A seguinte frase, retirada de uma das produções escritas, pode

sugerir a falta de domínio destes conteúdos gramaticais:

Figura 6 - Excerto de uma das produções escritas do pré-teste.

Com efeito, a sequência didática foi planificada com o intuito de desenvolver e

aperfeiçoar as competências de leitura e escrita dos alunos, bem como de consolidar aspetos

da sintaxe do português.

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30

5. INTERVENÇÃO

5.1. Descrição

A presente sequência didática foi implementada em onze aulas de 50 minutos, ou seja,

ocupou um total de 550 minutos.

As aulas foram guiadas por materiais (anexos D-I) que foram produzidos à luz da

unidade em que se enquadravam, “Tempos de Mudança”, que abordava as temáticas de

Fernão Lopes e da Crónica de D. João I.

Em todas as aulas, o papel do professor foi preponderante na orientação do trabalho,

na explicitação das tarefas e no esclarecimento de dúvidas.

De seguida, descrever-se-á detalhadamente todo o trabalho desenvolvido nesta

intervenção.

Aula 1:

A primeira aula tinha como objetivo desenvolver e aperfeiçoar as competências de

leitura e de escrita, no que respeita à elaboração da síntese. Assim, as atividades preparadas

para esta aula incidiram na compreensão literal de um texto expositivo, na identificação e

seleção das ideias principais e das secundárias, assim como na paráfrase das ideias-chave de

cada parágrafo do texto-fonte.

A aula de 50 minutos iniciou-se cinco minutos mais tarde, devido ao atraso dos

alunos. Feita a leitura do sumário e após ter sido distribuído pelos alunos o guião de trabalho

I (anexo D), realizaram-se duas leituras, uma primeira leitura individual e uma segunda em

voz alta, do texto sobre a prosa de Fernão Lopes, de Manuel Rodrigues Lapa, que se

apresenta de seguida.

Fernão Lopes, o artista da prosa

Fernão Lopes pertence a uma época que se caracteriza precisamente pelo realismo

abundante dos pormenores. Nota-se nele uma curiosidade ávida de conhecer como as coisas

se passaram, desgosta-o que a história fique «indeterminada» e entende que o historiador terá

de minudenciar os factos, porque «as coisas tostemente passam e se dam a esqueecimento»

(Crón. de D. João I, parte II, cap. 83).

A esta preocupação da minúcia descritiva, sabiamente agenciada em função do seu

valor expressivo, se devem os grandes quadros de Fernão Lopes: os motins da arraia-miúda,

o cerco de Lisboa, as festas do Porto. Nada aí está de mais, e tudo converge para dar vida ao

quadro. O escritor tinha um sentimento delicado da justa medida, que o leva por vezes a

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abreviar os assuntos áridos como os capítulos de alianças e tratados, «por non mostrar

destemperada perlonga» (ibid., cap. 180). (…)

O empenho supremo da arte de Fernão Lopes é fazer-nos presenciar a cena, vê-la

como ele próprio a via. Na assombrosa descrição do assédio de Lisboa, esse desejo ressalta

desta exclamação: «Ora esguardae, como se fossees presente, ua tal cidade assi

desconfortada…!» (Crón. de D. João I, parte I, cap. 148). (…)

Fernão Lopes adora sobretudo o movimento, a ação; por isso às vezes nos descreve

pequenas incursões em terras de Castela, que não tinham outro alcance senão a destruição e o

roubo. À história pouco importam estes factos isolados; mas o génio literário de Fernão

Lopes compraz-se neles.

Quando foram feitas tréguas entre Portugal e Castela, o escritor nota subitamente que

lhe falta qualquer coisa: «non teemos cousa que dizer de presente por azo das tréguas que os

reis fezerom»; e mais adiante: «e, pois emquanto a trégua dura e todos os feitos estam

d’assossego nós nom teemos cousa que de contar seja, falaremos dos filhos que houve, assi

em seendo ele Meestre d’Avis, como depois que reinou e foi casado» (Crón. de D. João I,

parte II, cap. 148). Aquele escrivão pacífico e burguês parece que tinha a alma dum

aventureiro.

Esta tendência para a atividade cavaleiresca, que é um dos sinais da época, revela-se a

cada passo na obra do cronista. Até nas pequenas batalhas se notava esse espírito. Estavam

as duas hostes frente a frente, hesitantes em acometer. Então, de uma saía um mensageiro e

ia pedir à outra que «pusesse a praça». Tudo isto com o cerimonial da cavalaria, como se

pode ver, por exemplo, na escaramuça da Bramadeira (ibid., cap. 177).

Manuel Rodrigues Lapa, Lições de Literatura Portuguesa – Época Medieval, apud Aida

Fernanda Dias (1998), História Crítica da Literatura Portuguesa – Idade Média (vol.I),

Lisboa: Editorial Verbo, pp. 452-454 [texto com cortes]

Grellet (1981) aponta para a necessidade da identificação do tema do texto para se

efetivar a compreensão do texto: “when constructing reading comprehension exercises on a

given text, it is always preferable to start with the overall meaning of the text, its function

and aim, rather than working on vocabulary or more specific ideas” (Grellet, 1981: 6).

Seguindo as linhas de Grellet, o primeiro exercício, abaixo indicado, sob a forma de

pergunta, pretendia que os discentes identificassem o tema do texto, bem como a ideia geral

do texto.

2. Responde à seguinte questão.

De que modo o autor caracteriza a prosa de Fernão Lopes?

~

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32

Interessava agora, pois, identificar e selecionar as ideias principais do texto lido. Com

base nos exercícios propostos por Grellet (1981), que ajudam na compreensão da informação

principal de cada parágrafo, elaborou-se um quadro em que, para cada parágrafo, se teria de

se identificar e, posteriormente, transcrever a frase ou expressão mais importante, ou seja, a

ideia principal, bem como o(s) exemplo(s) e outras ideias relacionadas com a frase ou

expressão mais importante, elementos esses que evidenciam as ideias-chave do texto. Deste

modo, ao preencher esta tabela, os discentes estariam a consciencializar-se da informação

pertinente numa síntese – frase ou expressão mais importante - e, simultaneamente, das

informações que não se deve considerar numa redução de texto ou que apenas nos dão pistas

para as ideias principais – exemplo(s) e outras ideias relacionadas com a frase ou expressão

mais importante.

3. Com base no exemplo apresentado para o segundo parágrafo, completa a seguinte

tabela com informações do texto anteriormente lido.

Frase ou expressão

mais importante

Exemplo(s)

Outras ideias relacionadas

com a frase ou expressão

mais importante

Primeiro

parágrafo

(linhas 2 - 6)

________

Segundo

parágrafo

(linhas 7 - 12)

“A esta preocupação da minúcia descritiva (…) se devem os grandes quadros de Fernão Lopes”.

Terceiro

parágrafo

(linhas 13 - 16)

Quarto

parágrafo

(linhas 17 – 20)

Quinto

parágrafo

(linhas 21-26)

Sexto

parágrafo

(linhas 27 – 31)

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33

Por forma a efetivar a compreensão plena do exercício, para a linha do quadro

referente ao segundo parágrafo, a professora, em conjunto com a turma, resolveu o exercício.

Assim, com o texto projetado, sublinhou as partes correspondentes ao exercício, à medida

que os alunos foram orientados para a obtenção das respostas corretas. Para os restantes

parágrafos, os alunos trabalharam a pares. Esta última forma de trabalho adotada revelou-se

morosa, porém bastante proveitosa, dado que os alunos, tendo dificuldades, puderam trocar

impressões uns com os outros.

Não se conseguiu, portanto, cumprir todos os pontos contemplados na planificação

(anexo D) desta aula, tendo os alunos apenas terminado de realizar o exercício 3. Deste

modo, a correção do quadro, bem como os restantes exercícios do guião de trabalho

transitaram para a aula seguinte.

Aulas 2 e 3:

Na segunda aula, pretendeu-se concluir o trabalho da aula anterior. Assim, e após a

redação do sumário, corrigiu-se o quadro do exercício 3 do guião de trabalho I (anexo D).

Com esta tabela, os escreventes constataram quais as ideias principais e as secundárias do

texto lido.

Por forma a consciencializar os alunos, embora de forma indireta, das etapas de uma

síntese, pretendia-se, no exercício seguinte, que os alunos parafraseassem as ideias mais

importantes identificadas para cada parágrafo no exercício anterior. Insistia-se assim no

treino da capacidade de paráfrase, implicada na elaboração de uma síntese, porém

frequentemente problemática.

4. Redige com as tuas próprias palavras uma frase que resuma a ideia mais importante

de cada parágrafo, identificada anteriormente na primeira coluna do exercício.

1º Parágrafo - ___________________________________________________________

___________________________________________________________

2º Parágrafo - ___________________________________________________________

___________________________________________________________

3º Parágrafo - ___________________________________________________________

___________________________________________________________

4º Parágrafo - ___________________________________________________________

___________________________________________________________

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34

5º Parágrafo - ___________________________________________________________

___________________________________________________________

6º Parágrafo - ___________________________________________________________

__________________________________________________________

O último exercício do guião de trabalho I exigia aos escreventes a aplicação dos

conhecimentos adquiridos no trabalho desenvolvido até então, isto é, a leitura de um texto, a

seleção das ideias principais de cada parágrafo e sua paráfrase. Neste exercício, optou-se por

um texto com uma dimensão reduzida, por um lado, devido ao tempo de realização da tarefa

e, por outro, de modo a que o trabalho de síntese fosse progressivo. De seguida, apresentam-

se os exercícios realizados.

5. Faz a leitura de um excerto do texto “Prosa anónima”.

(…) Os primeiros esboços de prosa literária portuguesa surgiram anonimamente nos

conventos, mercê da actividade dos monges, que, além de se dedicarem à cópia de

manuscritos, foram os nossos primeiros tradutores e também os primeiros cronistas. Muitos

códices1, provenientes da livraria do Mosteiro de Alcobaça, ainda se conservam inéditos,

aguardando futuros investigadores, atraídos pela riqueza e originalidade da nossa literatura

medieval.

A prosa literária portuguesa surge, pois, no século XIV, ou fins do século XIII, e,

embora se apresente inicialmente muito rudimentar, com pouca flexibilidade expressiva e de

reduzido vocabulário, vai-se enriquecendo gradualmente até se tornar, quando manejada por

Fernão Lopes, um admirável meio de expressão, capaz de produzir obras de arte literária.

Maria Ema Tarracha Ferreira (1970), “Prosa anónima – Primeiros ensaios de prosa

literária”, (Introdução à obra) Poesia e prosa medievais, Lisboa: Ulisseia, p.28

1 Códice – livro antigo manuscrito.

5.1. Reduz cada um dos parágrafos a uma frase. Utiliza as tuas próprias palavras.

Verificou-se que os alunos, e à semelhança do constatado no pré-teste, revelaram

dificuldades na realização deste último exercício, nomeadamente no que diz à paráfrase de

alguns passos do texto.

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O guião de trabalho II (anexo E), com os mesmos objetivos do guião I, contemplava,

pois, diferentes exercícios de identificação do tema e das ideias mais relevantes do texto. Foi

apresentado aos alunos o seguinte texto:

1. Lê com muita atenção o seguinte texto.

Em 1434, ainda infante, D. Duarte cria o cargo de Cronista-mor do Reino e entrega-o

a Fernão Lopes, já então «guardador» da Torre do Tombo. Não será, pois, deslocado

considerar a íntima relação dos dois ofícios, a de responsável pelo maior arquivo do reino,

com acesso à mais preciosa e importante documentação e, por outro lado, a de organizador

do que D. Duarte projetou como a história dos reis de Portugal. (…)

Fernão Lopes, «guardador das escrituras», já por volta de 1418-1419 foi pois

incumbido por D. Duarte de «poer em caronyca as estorias dos reis que antiguamente em

Portugal forom». Incumbência, como claramente se revela, que responde a uma intenção

estrutural, é certo, mas também conjuntural, de alicerçar e construir os pilares de uma

memória coletiva e de uma consciência identificadora. Memória e identidade, fatores

indissociáveis e necessários na laboriosa afirmação do Estado e da Nação. (…)

Indubitavelmente da sua autoria são, pois, as Crónicas dos reis D. João I, D. Pedro e

D. Fernando, com relevo para a Crónica de D. João I, relatando os acontecimentos de

transcendente importância que, ocorridos na infância do cronista (provavelmente nascido em

1380), foram por ele reconstruídos e recriados, mediante o que poderemos considerar uma

investigação histórica «avant-la-lettre»1, a fim de dar conta do «gramde desvairo que o mui

virtuoso rei da boa memoria Dom Joham, cujo regimento e rreinado se segue, ouve com ho

nobre e poderoso rei Dom Joham de Castella». (…)

Na abordagem da dimensão literária da obra de Fernão Lopes, como figura maior, e

dos demais cronistas seus sucessores, não poderá perder-se de vista que História e Literatura

se inscrevem em esferas secantes2. O universo histórico, o plano de referente, repousa,

virtualmente, numa construção discursiva. Enquanto discurso, insere-se na vertente do

literário (…). Mas, por outro lado, transcendendo o registo literário, dizendo respeito a

acontecimentos inscritos na esfera do extra-textual, impõe-se uma reflexão sobre a natureza

específica do texto histórico enquanto objeto literário, invadido pelos domínios do

imaginário, trazendo para o presente como matéria diferida das representações de dramas

individuais movimentos coletivos, transfigurados pela deriva literária3. (…)

Por outro lado, porém, cada escritor – neste caso cada cronista ou historiador – é

senhor de uma personalidade indivisa e coerente, necessariamente não poderemos

empobrecer a sua imagem tratando da obra de Fernão Lopes (…) segundo vetores

independentes, isto é, como historiador e como artista literário. Pelo contrário, esses dois

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vetores, completando-se, iluminam-se um ao outro e conferem à obra a sua dimensão total e

englobante.

A história-memória que é, no fundo, a funcionalidade mais específica e intencional da

Cronística, é, contudo, seletiva. Nessa seleção que é, afinal, efeito de um voluntarismo por

parte do escritor, se inscrevem os valores literários que permitem que o universo criado no

interior do texto seja, enfim, um universo cujas relações com o referente estão sujeitas à

liberdade de criação do escritor enquanto tal.

MARIA LEONOR CARVALHÃO BUESCU (1990), “Fernão Lopes e os historiadores da primeira fase da

Expansão: Gomes Eanes de Azurara, Rui Pina, Garcia de Resende. O ocaso do espírito medieval e o limiar do

Renascimento” – unidade 6, tema 1, In Literatura Portuguesa Medieval, Universidade Aberta, pp. 132-136

[adaptado]

1 «avant la lettre» – antes de o termo existir.

2 secante – (Geometria) linha ou superfície que corta outra.

3 deriva literária – desvio; arrasto pela corrente literária.

Fonte: Dicionário Priberam (online)

O texto lido, também inserido na unidade didática dedicada ao cronista Fernão Lopes,

não apresentava propositadamente título. Assim, a questão 2., ao solicitar a atribuição de um

título ao excerto, visava levar os discentes a refletir sobre o tema do texto:

2. O texto anterior não apresenta título. Atribui a este excerto um título, atendendo

ao(s) tema(s) que apresenta.

Os restantes cinquenta minutos da aula foram ocupados com a correção do exercício.

A maioria dos alunos que foram interpelados revelou apenas ter compreendido parcialmente

o tema do texto, identificando-o como “Fernão Lopes, cronista do reino”. Contudo, um aluno

respondeu corretamente ao exercício, partilhando a sua resposta com a restante turma, que a

registou no caderno – a resposta foi inserida nos cenários de resposta do guião. Assim,

aceitei como resposta: “A crónica: o elo de ligação entre História e Literatura”.

Os exercícios 3. e 4., abaixo apresentados, tinham por objetivo a identificação e a

seleção das ideias mais importantes do texto. No primeiro, os alunos teriam de transcrever as

frases ou expressões com as ideias-chave dos três primeiros parágrafos, os mais simples do

ponto de vista da compreensão escrita. No segundo, foi-lhes apresentado um conjunto de

ideias, dos restantes três parágrafos, e os alunos teriam de identificar quais as principais e

quais as secundárias.

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3. Identifica a(s) ideia(s) mais importante(s) dos primeiros três parágrafos do texto e

transcreve as frases ou expressões correspondentes.

4. O conjunto de citações que se segue representa ideias dos três últimos parágrafos do

texto. Lê as frases com muita atenção e indica as citações que correspondem a ideias

principais e as que são ideias secundárias.

a) “cada escritor (…) é senhor de uma personalidade indivisa e coerente”. (linhas 25-26)

b) Na obra de Fernão Lopes, História e Literatura “completando-se, iluminam-se [uma à

outra] e conferem à obra a sua dimensão total e englobante”. (linhas 28-29)

c) “impõe-se uma reflexão sobre a natureza específica do texto histórico enquanto objeto

literário, invadido pelos domínios do imaginário”. (linhas 21-23)

d) “A história-memória (…) é (…) seletiva [e] est[á] sujeita à liberdade de criação do

escritor”. (linhas 30-33)

e) “Na abordagem da dimensão literária da obra de Fernão Lopes (…) História e Literatura

inscrevem[-se] em esferas secantes”. (linhas 17-19)

f) “A história-memória (…) é (…) a funcionalidade mais específica e intencional da

Cronística.” (linha 30)

g) “não poderemos empobrecer a sua imagem tratando da obra de Fernão Lopes (…)

segundo vetores independentes”. (linhas 26-27)

Segundo Grellet (1981), para se distinguir a informação principal da informação

acessória, é necessária a identificação de ambas. Assim sendo, o exercício 5. pretendia, numa

primeira instância, que os alunos, individualmente, transcrevessem do texto informação

secundária que ainda não tivesse sido identificada no exercício anterior, bem como uma

repetição de uma ideia principal. De seguida, numa segunda instância, os discentes teriam

de, a pares, comparar as suas respostas. No caso de não terem coincidido, teriam de discutir

entre eles a pertinência e a adequação das suas respostas e anotar as informações que

considerassem ser as mais adequadas. Se os seus exemplos tivessem coincidido, teriam, pois,

de procurar outras respostas para cada alínea. No final do exercício, solicitou-se uma

reflexão acerca do exercício.

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5.Transcreve do texto:

a) uma ideia secundária (que não tenha sido apresentada no exercício anterior).

b) uma repetição de uma ideia mencionada anteriormente no texto.

5.1. Compara as respostas anteriores com as do teu colega. Coincidem?

Seleciona com uma cruz (X) a resposta mais adequada.

Sim. Não. Parcialmente.

5.1.1. Se respondeste sim:

c) Procurem, em conjunto, outras respostas para cada uma das alíneas em 5.

5.1.2. Se respondeste não ou parcialmente:

d) Discute as informações registadas pelo teu colega. Devem estar de acordo

quanto à pertinência das respostas encontradas por ambos.

e) Anota as informações que te parecem adequadas.

Discute as respostas com a restante turma.

De acordo com o estipulado nos cenários de resposta, concluiu-se que este exercício

visava a identificação de ideias secundárias. Discutiu-se ainda que, apesar de serem ideias

menos relevantes e, como tal, não deverem constar numa síntese, no caso específico das

repetições de ideias, estas são elementos que ajudam a identificar as ideias principais. Nesta

fase do trabalho, o papel do professor foi crucial na orientação da reflexão.

O guião II contemplava ainda um exercício final de produção escrita. Após a

realização de exercícios de identificação e seleção das ideias principais e secundárias, os

discentes teriam de, no exercício 6., redigir uma síntese com um máximo de cento e

cinquenta palavras.

6. Elabora uma síntese, com um máximo de cento e cinquenta palavras, do texto de

Maria Leonor Carvalhão Buescu, utilizando as tuas próprias palavras.

Os exercícios anteriores dão-te algumas pistas acerca das informações de que

necessitarás para a escrita da tua síntese.

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Nesta aula, solicitou-se aos alunos que apenas planificassem o seu texto, uma vez que

apenas teriam menos de dez minutos para este exercício final.

Aula 4:

O trabalho desenvolvido na quarta aula, após o registo do sumário, incidiu

maioritariamente na redação da síntese do guião II (anexo E), planificada para a terceira aula

lecionada. Os discentes foram sensibilizados para, antes da entrega, reverem os seus textos, a

fim de corrigirem eventuais falhas ao nível da sintaxe, da pontuação e da ortografia, bem

como verificarem se a síntese continha todas as informações importantes, anteriormente

identificadas.

Os exercícios contemplados nos guiões I e II incidiam nas capacidades de leitura e

escrita necessárias à elaboração de uma síntese – leitura de um texto-fonte, seleção das ideias

mais importantes, em simultâneo com a eliminação das informações secundárias e paráfrase

das ideias-chave. Pretendeu-se, após esta sequência de exercícios, levar os alunos a refletir

sobre o tipo de informação que se pode incluir num mesmo período, através nomeadamente

da subordinação, de modo a, posteriormente, introduzir as orações subordinadas adjetivas

relativas restritivas e explicativas, que têm a função sintática de modificadores. Pretendia-se,

desta forma, treinar o uso de estruturas sintáticas particularmente relevantes em exercícios de

contração de texto. Assim, o exercício 1. do guião III (anexo F) consistiu em construir dez

frases, ao usar-se, para expandir a oração principal, as estruturas apresentadas no quadro, que

incluem orações relativas.

1. Atenta na seguinte frase:

Fernão Lopes escreveu a Crónica de D. João I.

1.1. Expande a oração anterior, construindo dez frases nas quais deverás utilizar para

cada, uma das estruturas do quadro.

a) tarefa que lhe foi confiada pelo rei D. Duarte

b) que viveu no século XV

c) o que permitiu documentar alguns dos acontecimentos históricos ocorridos durante o reinado

de D. João I

d) que foi cronista-mor durante cerca de vinte anos

e) a quem se confiou a imortalização da história de todos os reis da primeira dinastia e a do

décimo rei de Portugal

f) onde relatou a crise de sucessão ao trono depois da morte do rei D. Fernando

g) que está referenciada como um dos grandes livros da literatura portuguesa

h) que era filho bastardo do rei D. Pedro I

i) considerado o pai da história portuguesa

j) cujas obras não são apenas um repositório de factos

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O exercício, além disso, exigia um especial cuidado com o uso da pontuação. Os

restantes exercícios do guião foram trabalhados na aula seguinte.

Aulas 5 e 6:

A quinta aula desta intervenção iniciou-se com a continuação dos exercícios do guião

III (anexo F). O exercício 2. Propunha um exercício de complexidade superior: a construção

de uma única frase complexa, incluindo todas as informações dadas.

2. A fim de comemorar os 631 anos do Cerco de Lisboa, o Jornal da Escola propõe-te

que redijas uma frase que contenha as informações históricas mais importantes deste

acontecimento. Após uma seleção exaustiva, as informações registadas foram as

seguintes:

- O Cerco de Lisboa deu-se no ano de 1384.

- O rei de Castela ordenou o cerco a Lisboa devido ao assassinato do Conde Andeiro.

- O Conde Andeiro era o amante de D. Leonor Teles.

- Outro dos motivos que levou ao cerco de Lisboa foi a sublevação do povo para tornar o Mestre de

Avis rei de Portugal.

- Lisboa foi cercada por meios terrestres e navais.

- Foi D. João I, rei de Castela, que ordenou a invasão de Lisboa pelos castelhanos.

- D. Beatriz era casada com D. João I de Castela.

- Durante o cerco de Lisboa, a peste negra dizimou grande parte do exército castelhano.

- El-rei de Castela decidiu sair de Lisboa quando soube que D. Beatriz estava doente.

2.1. Partindo da seguinte frase, acrescenta todas as informações indicadas

anteriormente.

O rei de Castela e as suas tropas cercaram Lisboa.

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Os discentes teriam, portanto, de incluir um conjunto de informações numa única

frase, utilizando um conjunto de habilidades que incluíam, nomeadamente, o uso adequado

da pontuação. Este foi um trabalho desenvolvido em conjunto com toda a turma. O professor

apenas fez os alunos refletirem acerca de alguns aspetos da gramática da língua. Veja-se, de

seguida, a resposta apresentada a este exercício, construída com os alunos em aula, usando o

processador de texto e o projetor.

No ano de 1384, devido ao assassinato do conde Andeiro, amante de D. Leonor Teles, e à

sublevação do povo para tornar o Mestre de Avis rei de Portugal, D. João I, rei de Castela, e

as suas tropas, que mais tarde foram dizimadas pela peste negra, cercaram Lisboa por meios

terrestres e navais, tendo el-rei saído de Lisboa quando soube que D. Beatriz, sua esposa,

estava doente.

De modo a estimular a prática de exercícios de expansão de frase, atribui-se aos alunos

um trabalho de casa, assinalado no exercício 3. do guião. Teriam, pois, de visualizar um

breve documentário sobre o reinado de D. Duarte, registar seis das oito informações

contempladas e, à semelhança do exercício anterior, expandir uma frase com as informações

recolhidas. Abaixo, apresenta-se a tarefa.

3. Em casa, visualiza o vídeo da RTP-Ensina intitulado “O curto reinado de D.

Duarte”, disponível na plataforma moodle ou no link: http://ensina.rtp.pt/artigo/d-

duarte-1391-1438/.

3.1. Regista pelo menos seis das informações contidas no vídeo.

3.2. À semelhança do exercício 2, expande a seguinte frase com as informações que

registaste anteriormente.

D. Duarte governou Portugal.

Os exercícios realizados no guião III introduziram, em parte, os conteúdos gramaticais

que se visava desenvolver em seguida, na medida em que, no primeiro exercício, se incluem

na expansão de frase subordinadas adjetivas relativas e os exercícios 2. e 3. exigiam o uso

adequado da vírgula na delimitação de constituintes apositivos. Assim, as propostas de

atividades do guião IV (anexo G) incidiram na consolidação do seguinte tipo de

conhecimento explícito da língua:

1. identificação de orações subordinadas adjetivas;

2. identificação de orações subordinadas adjetivas relativas restritivas e orações

subordinadas adjetivas relativas explicativas;

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3. reconhecimento das regras de uso correto da vírgula em orações adjetivas relativas.

Os exercícios do guião foram construídos com base na metodologia de Oficina

Gramatical/ Laboratório Gramatical, Duarte (1992, 2008), e tinham, pois, como objetivo

desenvolver reflexão sobre as orações subordinadas adjetivas relativas em correlação com o

uso da vírgula.

Assim, o primeiro exercício, que de seguida se apresenta, pretendia sensibilizar os

alunos para a existência das orações subordinadas adjetivas, ao confrontá-las com orações

subordinadas substantivas completivas.

1. Observa as frases (1) e (2).

(1) Aquela música que o Paulo cantou ontem faz parte da banda sonora de um filme francês.

(2) A minha avó disse que os extraterrestres nos iriam raptar.

(3) Aquela música irritante faz parte da banda sonora de um filme francês.

(4) A minha avó disse alguns disparates.

1.1. Indica os grupos (nominal, verbal, adjetival e preposicional) a que pertencem os

grupos de palavras sublinhadas em (3) e (4).

1.2. Tenta substituir as estruturas sublinhadas de (5) a (8) por grupos nominais ou

grupos adjetivais.

(5) A criança que brincava alegremente está hoje triste.

(6) O agente da polícia sabe que todas as pessoas da aldeia irão ser interrogadas.

(7) A Fernanda precisa de quem lhe dê aulas de piano.

(8) Os documentos de que necessitarás estão em cima da mesa.

1.3. Completa as seguintes frases:

Conclui-se que:

1) As orações sublinhadas em ____________________ classificam-se como orações

subordinadas adjetivas relativas, pois podem ser substituídas por grupos adjetivais.

2) As orações sublinhadas em ____________________ classificam-se como orações

subordinadas substantivas, uma vez que podem ser substituídas por grupos nominais.

De acordo com a proposta metodológica de Duarte (1992), os alunos teriam de, numa

primeira fase, observar e manipular os dados linguísticos apresentados, em 1.1. e 1.2.

Posteriormente e na sequência do exercício 1.2., discutiu-se as semelhanças e/ou diferenças

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detetadas no conjunto de frases de (5) a (8), que, no exercício 1.3., se agruparam em dois

tipos de orações diferentes. Deste modo, este exercício final permitiu reconhecer critérios de

identificação de orações subordinadas adjetivas relativas, distinguindo-as de orações

subordinadas substantivas completivas. Esta síntese final do exercício foi realizada com a

ajuda da professora.

A abordagem às orações subordinadas adjetivas relativas visava a introdução das

relativas restritivas e das relativas explicativas. Assim, a atividade 2. centra-se na

compreensão das propriedades de cada uma destas orações. Apresenta-se, de seguida, o

exercício.

2. As orações sublinhadas em (9) correspondem a orações subordinadas adjetivas

relativas.

(9) a. Os alunos, que se esforçaram, conseguiram obter bons resultados no teste.

b. Os alunos que se esforçaram conseguiram obter bons resultados no teste.

2.1. As frases anteriores são lexicalmente iguais. Contudo, há um elemento que as

diferencia. Indica-o.

2.2. Indica a alínea em (9) que melhor traduz a interpretação das seguintes frases.

i) Apenas os alunos que se esforçaram conseguiram ter bons resultados. _________

ii) Todos os alunos se esforçaram (e conseguiram obter bons resultados). _________

2.3. Atenta nas frases em (10) e nas suas respetivas interpretações em (11):

(10) a. Os morcegos, que são mamíferos, têm a capacidade de voar.

b. # 1Os morcegos que são mamíferos têm a capacidade de voar.

(11) a. Todos os morcegos são mamíferos e têm a capacidade de voar.

b. #Os morcegos que são mamíferos têm a capacidade de voar, os que não são não têm

a capacidade de voar.

2.3.1. Observa os pares de frases em (12) e (13):

(12) a. A mãe da Constança, que trabalha em Londres, sofreu um grave acidente.

b. # A mãe da Constança que trabalha em Londres sofreu um grave acidente.

(13) a. Johnny Depp, que é um ator americano, nasceu em 1963.

b. #Johnny Depp que é um ator americano nasceu em 1963.

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2.3.1.1. Tendo em conta as interpretações explicitadas em (11), tenta

interpretar cada uma das frases em (12) e (13).

2.3.1.2. Procura explicar o motivo pelo qual as alíneas b. são anómalas.

2.3.1.3. Identifica o elemento presente nas alíneas a. e inexistente nas

alíneas b.

2.4. Apresenta as tuas conclusões.

1) Nas frases ____________________, as estruturas relativas ______________________

_______________________________________________________________________.

A estas orações dá-se o nome de subordinadas adjetivas relativas explicativas.

2) As orações ____________________________________________________, como

em ________________________, classificam-se como subordinadas adjetivas relativas

restritivas.

1 O cardinal (#) indica que a frase apresenta, tendo em conta o conhecimento que se tem do mundo, alguma

estranheza.

Em 2.1., pretendia-se observar a diferença destas orações, levando os alunos a

constatar que, graficamente, a vírgula é o único elemento que as distingue. Em 2.2, os alunos

revelaram não ter conhecimento intuitivo, tendo apresentado dificuldades em realizar o

exercício. Os pontos seguintes da atividade 2. vieram a clarificar a interpretação dos dois

tipos de relativas. De facto, pretendeu-se levar os discentes a compreender que estas orações

têm interpretações diferentes (ponto 2.3.), sendo que em determinados casos uma das

interpretações torna a frase anómala, tendo em conta o conhecimento que se tem do mundo.

No final da atividade, em 2.4., refletiu-se acerca das características diferenciadoras destas

orações, isto é, que as relativas restritivas têm um determinado tipo de propriedades e as

relativas explicativas, outras, muito embora sejam ambas orações subordinadas adjetivas.

Os exercícios finais do guião foram realizados na aula seguinte.

Aula 7:

No início da sétima aula, concluiu-se a oficina gramatical iniciada nas duas aulas

anteriores. Antes da continuação da realização dos exercícios do guião, recordou-se o

trabalho desenvolvido nas aulas anteriores.

O exercício 3 foi inspirado num dos exercícios de Oficina Gramatical sobre orações

relativas com antecedente, apresentada em Costa (2014), também um relatório final de

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Mestrado em Ensino. Reforçava, pois, a distinção das duas orações, na medida em que as

orações subordinadas adjetivas relativas restritivas contribuem para a construção do valor

referencial da expressão nominal. Veja-se, de seguida, o exercício:

3. Sublinha as orações subordinadas adjetivas relativas no seguinte conjunto de frases2.

(14) a. Os ficheiros que te emprestei contêm informações secretas.

b. A viagem que o Tiago fez no verão foi muito agradável.

c. D. Sebastião, a quem Camões dedica Os Lusíadas, morreu na batalha de Alcácer

Quibir.

d. A laranja, que é rica em nutrientes, é o fruto da laranjeira.

e. A senhora com quem me correspondi por correio eletrónico foi bastante

compreensiva.

f. Fernando Pessoa, que escreveu a obra Mensagem, nasceu em Lisboa.

3.1. Responde às seguintes questões:

Grupo A: O que é que contém informações secretas? ___________________________.

O que é que foi muito agradável? ___________________________________________.

Quem foi bastante compreensivo? __________________________________________.

Grupo B: Quem morreu na batalha de Alcácer Quibir? _________________________.

Qual é o fruto da laranjeira? _______________________________________________.

Quem nasceu em Lisboa? _________________________________________________.

3.2. Identifica a informação que te permitiu dar resposta às perguntas do grupo A.

3.3. Identifica, agora, a informação que te permitiu dar resposta às questões do

grupo B.

3.4. Apresenta as tuas conclusões e partilha com a restante turma.

2 Exercício semelhante ao exercício 3 da ficha de orações relativas com antecedente de Costa (2014).

O exercício final de reflexão gramatical pressupunha a identificação e classificação

das orações analisadas neste guião (anexo G), a atribuição de interpretações a cada uma das

frases apresentadas em (15a) e (16a) e a constatação de que apenas as orações subordinadas

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adjetivas relativas explicativas podem ter um pronome pessoal como antecedente. Eis o

exercício apresentado.

4. Observa as frases que se seguem.

(15) a. O meu tio, que é bastante doente, teve recentemente um ataque cardíaco.

b. Ele, que é bastante doente, teve recentemente um ataque cardíaco.

(16) a. O professor que me elogiou foi despedido.

b. *3 Ele que me elogiou foi despedido.

4.1. Classifica as orações sublinhadas em (15) e (16).

4.2. Atribui uma interpretação às frases (15a) e (16a).

4.3. Apresenta uma justificação para a agramaticalidade da frase (16b),

comparando-a com a frase (15b).

4.4. Indica as tuas conclusões.

3 O asterisco (*) indica que a frase é agramatical, pois é incorreta do ponto de vista gramatical.

Por forma a treinar os conhecimentos adquiridos neste guião de trabalho, foram

produzidos três exercícios de treino. Em 1., os discentes teriam de substituir as estruturas

sublinhadas por grupos nominais ou adjetivais, identificando oralmente o tipo de oração, se

subordinada substantiva, se subordinada adjetiva. Em 2., classificaram as orações relativas

como restritivas ou explicativas, justificando oralmente as suas escolhas. E, por último, o

exercício 3. pedia para os alunos pontuarem as orações relativas apresentadas, apenas nas

frases que continham orações subordinadas adjetivas relativas explicativas. De seguida,

apresenta-se a bateria de exercícios.

1. Prova que as seguintes frases contêm orações subordinadas substantivas ou

adjetivas, substituindo as estruturas sublinhadas por grupos nominais ou adjetivais.

a) A Rita perguntou se tínhamos a matriz do teste de Ciências.

b) O professor entregou as correções aos alunos que tiveram um bom comportamento.

c) O meu primo quer que o ajude a procurar trabalho.

d) Ele entregou à sogra a encomenda que veio do estrangeiro.

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2. Identifica as orações relativas (restritiva ou explicativa) que encontras nas seguintes

frases.

a) A Páscoa, que é uma efeméride em memória da ressurreição de Jesus Cristo, é

celebrada a um domingo.

b) A disciplina cujos conteúdos são mais interessantes é a Matemática.

c) Os rapazes que assaltaram o banco nacional foram presos.

d) Este carro é do vizinho de que te falei no outro dia.

e) Paris, que é a capital de França, é uma das cidades mais visitadas na Europa.

f) José Saramago, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1998, escreveu o livro

O Ensaio sobre a Cegueira.

g) Os médicos com quem a Ana trabalhou são excelentes profissionais.

h) A escola onde eu estudo está em obras.

3. Pontua as seguintes frases, atendendo ao tipo de oração relativa que incluem.

a) D. Pedro I que viveu um romance proibido com D. Inês de Castro foi o oitavo rei de

Portugal.

b) O cirurgião que operou a minha mãe já se aposentou.

c) A equipa de futebol do António que teve uma péssima prestação perdeu o jogo.

d) A atriz que acabou de representar precisa de aulas de dicção.

e) O poeta e dramaturgo García Lorca que foi uma das vítimas da guerra civil espanhola

escreveu A Casa de Bernarda Alba.

f) Enviei um postal ao compositor que esteve presente na festa de anos da Carlota.

g) Resumimos o texto que iremos apresentar no Congresso de Ciência.

A aula terminou com a realização dos exercícios de treino, não tendo sido possível

corrigi-los logo nessa aula.

Aula 8:

Iniciou-se a oitava aula com a correção dos exercícios de treino do guião de trabalho

IV (anexo G). Deste modo, foi possível recordar o trabalho desenvolvido na oficina

gramatical.

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Finalizou-se o guião com o preenchimento da tabela de autoavaliação, abaixo

apresentada.

Questionados sobre a sua autoavaliação, quatro discentes afirmaram sentir necessidade

de estudar melhor as diferenças entre as orações subordinadas adjetivas relativas restritivas e

as subordinadas adjetivas relativas explicativas e três assinalaram a necessidade de treinar a

pontuação correta das orações subordinadas adjetivas relativas.

Na segunda parte da aula, pretendeu-se refletir conjuntamente sobre as sínteses

produzidas na quarta aula desta intervenção. Assim, projetaram-se no quadro os seguintes

quatro exemplos de produções escritas, produzidos por diferentes alunos:

Síntese A.

D. Duarte cria o cargo de Cronista-mor do Reino e entrega-o a Fernão Lopes, já então

«guardador» da Torre do Tombo. A de responsável pelo maior arquivo do reino, com acesso

à mais preciosa e importante documentação e a de organizador do que D. Duarte projetou

como a história dos reis de Portugal.

Fernão Lopes foi pois incumbido por D. Duarte de «poer em caronyca as estorias dos reis

que antiguamente em Portugal forom».

Indubitavelmente da sua autoria são, pois, as Crónicas dos reis D. João I, D. Pedro e D.

Fernando, com relevo para a Crónica de D. João I, relatando os acontecimentos de

transcendente importância que foram por ele reconstruídos e recriados.

Na abordagem da dimensão literária da obra de Fernão Lopes e dos demais cronistas seus

sucessores, não poderá perder-se de vista que História e Literatura se inscrevem em esferas

secantes.

Cada escritor – neste caso cada cronista ou historiador – é senhor de uma personalidade

indivisa e coerente.

A história-memória que é, no fundo, a funcionalidade mais específica e intencional da

Cronística, é, contudo, seletiva. Nessa seleção, inscrevem-se os valores literários que

permitem que o universo criado no interior do texto seja, enfim, um universo cujas relações

com o referente estão sujeitas à liberdade de criação do escritor enquanto tal.

Já sou capaz de… Sim Não Tenho de

estudar melhor

Identificar orações subordinadas adjetivas relativas.

Identificar orações subordinadas adjetivas relativas restritivas e subordinadas adjetivas relativas explicativas.

Pontuar corretamente as orações subordinadas adjetivas relativas.

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Síntese D.

Quando, em 1434, criou o cargo de Cronista-mor do Reino, o infante D. Duarte entregou-o a

Fernão Lopes, já «guardador» da Torre do Tombo e, assim, responsável pelo maior arquivo

do Reino. Fernão Lopes teve, deste modo, acesso a documentos variados, que consultou para

levar a cabo a tarefa que lhe fora entregue por D. Duarte: escrever as crónicas dos reis de

Portugal, que serviram para construir as bases de uma memória coletiva e de uma identidade

nacional para Portugal, que, à data, se reafirmava como Nação.

A obra de Fernão Lopes é fruto de uma profunda investigação histórica, que lhe confere uma

grande veracidade factual, mas também do seu génio literário, já que o autor consegue dar ao

seu relato uma vertente literária – na obra de Fernão Lopes, História e Literatura

complementam-se.

Síntese B.

D. Duarte cria o cargo de Cronista-mor do Reino e entrega-o a Fernão Lopes com a

intenção de este organizar e guardar a história dos reis de Portugal.

Fernão Lopes tinha de escrever uma memória coletiva.

As crónicas que Fernão Lopes escreveu e que sobreviveram até hoje foram as crónicas

dos reis D. João I, D. Pedro e D. Fernando. A Crónica de D. João I foi feita pelas

memórias de infância de Fernão Lopes.

História e Literatura são duas coisas completamente diferentes.

Síntese C.

Maria Leonor Carvalhão Buescu escreve sobre a história literária de Fernão

Lopes. Em 1434, D. Duarte criou e atribuiu o cargo de Cronista-mor a Fernão Lopes, que

já era guarda na Torre do Tombo.

Fernão Lopes ficou encarregue de escrever as histórias dos reis de Portugal,

contribuindo para a memória de um Portugal antigo.

O cronista revela-se um historiador por procurar a verdade e por se centrar nos

acontecimentos, tendo um sentido cavaleiresco. São da sua autoria as crónicas de D. João

I, D. Pedro e D. Fernando, onde conta a história com cuidado e o pormenor, tornando-os

textos históricos e literários.

É pela sua personalidade e curiosidade pelos factos que Fernão Lopes tem as

obras mais brilhantes na sua época.

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É esta fusão entre História e Literatura que confere à obra de Fernão Lopes uma dimensão

total e englobante. No entanto, o retrato que faz do tempo e dos agentes descritos não é

completamente imparcial, já que deriva, em parte, da liberdade criativa do autor.

Finda a leitura das sínteses, foi distribuído pelos alunos o guião de trabalho V (anexo

H). Em conjunto, analisou-se detalhadamente cada uma das sínteses A. e B., ao mesmo

tempo que se preencheu o quadro do exercício 1, abaixo indicado.

1. Completa o quadro com as alíneas correspondentes às características de cada síntese

observada.

a) Recorre às suas próprias palavras para mencionar as ideias-chave do texto-fonte.

b) Seleciona apenas as ideias-chave do texto-fonte.

c) Limita-se às informações contidas no texto-fonte.

d) O número de palavras usado não excede o limite indicado (150 palavras).

e) Apresenta uma estrutura adequada (em formato de texto).

Verificou-se uma enorme participação dos alunos, que foram assinalando falhas e

fazendo sugestões de melhoria das produções escritas apresentadas.

Aulas 9 e 10:

Na nona aula, retomou-se o trabalho iniciado na aula anterior. Assim, relembrámos as

características assinaladas nas sínteses A. e B. e conpletámos a análise, assim como o

exercício 1. do guião V (anexo H), após a leitura das sínteses C. e D.

No final da análise das sínteses, realizou-se o exercício 2., que solicitava a

identificação das etapas de elaboração de uma síntese. Veja-se a atividade.

2. Estas são as etapas que deverás seguir na elaboração de uma síntese. Ordena-as de 1

a 5.

_____ Leitura e correção de eventuais falhas ao nível da sintaxe, do léxico, da ortografia e da

pontuação.

Síntese A:

Síntese B:

Síntese C:

Síntese D:

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_____ Identificação das informações mais importantes, menos relevantes e dos exemplos no

texto.

_____ Primeira leitura e compreensão global do texto-fonte.

_____ Seleção das ideias-chave do texto e eliminação das informações menos relevantes e

dos exemplos.

_____ Redação de uma síntese que contenha as ideias mais importantes, sem utilizar as

expressões ou frases do texto-fonte.

Concluídos os exercícios do penúltimo guião de trabalho, as sínteses produzidas a

partir do texto de Maria Leonor Carvalhão Buescu foram distribuídas pelos escreventes, que

tiveram de as reescrever. No final da atividade, entregaram a reescrita da síntese ao

professor.

Os segundos cinquenta minutos da aula foram reservados à leitura do texto “Crioulos

de base portuguesa”, texto trabalhado pelos discentes no pré-teste. O primeiro exercício do

guião VI solicitava a identificação das ideias principais no texto, sublinhando-as.

Após a correção da identificação das ideias mais importantes do texto, foram

entregues aos alunos os testes de diagnóstico, tendo os alunos como tarefa a leitura e a

análise da síntese que tinham produzido. De modo a facilitar a análise das produções

escritas, apresentou-se o seguinte conjunto de características (exercício 1.2.):

1.1. Relê a síntese deste texto, que redigiste antes, e verifica se está de acordo com todas

as características abaixo indicadas.

- Tem a estrutura adequada (em formato de texto).

- Obedece ao limite de palavras exigido (170 palavras).

- Contém apenas as ideias-chave do texto.

- Usa expressões e frases diferentes das que encontras no texto-fonte para referir as ideias

mais importantes.

- Não apresenta falhas ao nível da ortografia, pontuação, léxico ou sintaxe.

De seguida, pretendeu-se que os alunos reescrevessem a sua síntese num limite

máximo de palavras mais reduzido (150 palavras).

O exercício final do guião VI (anexo I) foi realizado na última aula da intervenção.

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Aula 11:

A última aula da intervenção iniciou-se com a sistematização de todo o trabalho

desenvolvido durante a intervenção. Posteriormente, concluíram-se as atividades do guião VI

(anexo I).

O exercício 2., abaixo apresentado, pretendeu, partindo da reescrita da síntese do texto

de Dulce Pereira, reduzir a produção escrita até um máximo de 135 palavras. Foi

apresentado como modelo textual um texto autêntico, de Hugo Cardoso, escrito para o Jornal

i.

2. Lê atentamente o texto do linguista Hugo Cardoso, publicado no Jornal i.

2.1. Colocando a hipótese de que te pediriam para escrever um pequeno texto para

a coluna “Saberás tu…” do Jornal i, respondendo à pergunta abaixo indicada, redige

uma resposta (atendendo às informações contidas na tua síntese) com um máximo de

135 palavras.

O QUE SÃO CRIOULOS DE BASE PORTUGUESA? COMO SE FORMARAM?

Após a realização do exercício de produção e contração de texto, levou-se os alunos a

refletirem acerca das técnicas de redução de texto a que recorreram. Concluiu-se, pois, que o

uso de subordinadas, entre as quais as relativas, é um elemento chave na economia de

palavras.

5.2. Observações e pequenas reflexões

A intervenção estava, inicialmente, planificada para 500 minutos de aula. No entanto,

os constantes atrasos dos alunos na chegada à aula e o ritmo de trabalho que se conseguiu

impor, em parte devido à implementação de aulas de 50 minutos, obrigaram a alargar a

duração da sequência didática.

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53

A falta de meios tecnológicos em algumas salas condicionou também a planificação

da sequência das atividades. O trabalho desenvolvido com os alunos, durante as aulas, foi

moroso, nomeadamente nos momentos de elaboração das produções escritas.

No entanto, verificou-se uma evolução relevante quer na participação e no

desempenho dos alunos nas aulas, quer nas suas sínteses. Muito embora, de um modo geral,

a primeira síntese produzida, proposta no guião de trabalho II, apresentasse caraterísticas

semelhantes às identificadas nas do pré-teste, isto é, dificuldade na seleção das ideias mais

importantes e no uso da paráfrase (esta última característica era praticamente inexistente,

uma vez que os alunos copiaram muitas expressões do texto-fonte), as reescritas e os

exercícios finais de contração de texto já revelavam uma maior capacidade de seleção da

informação e de uso da paráfrase e ainda domínio de alguns mecanismos específicos de

coesão. Ainda assim, a maioria das produções escritas indica dificuldades ao nível da

pontuação, da coesão e da sintaxe.

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54

6. PÓS-TESTE

O pós-teste foi aplicado três meses após a intervenção, tendo os alunos ficado sem

aulas de Português durante cerca de um mês, visto que a professora cooperante saiu da

escola.

Tendo em conta os resultados obtidos no pré-teste e o trabalho desenvolvido na

intervenção, a aplicação de um pós-teste teve como principal objetivo avaliar a progressão

dos alunos face aos conhecimentos adquiridos. Incluíram-se no anexo J todos os documentos

referentes ao pós-teste (pós-teste, cenários de resposta e soluções do pós-teste e, ainda,

grelha de avaliação da síntese com níveis de desempenho).

6.1. Apresentação e fundamentação.

A estrutura do pós-teste manteve-se igual à do pré-teste. Pretendeu-se, portanto,

avaliar, no primeiro grupo, as competências de leitura e escrita na elaboração da síntese e, no

segundo grupo, os conteúdos gramaticais trabalhados: as orações subordinadas adjetivas

relativas e o uso da vírgula nestas orações. No entanto, ao passo que o grupo I do pré-teste

apresentava duas questões, dada a extensão do texto, o grupo I do pós-teste apenas apresenta

um exercício que solicita a produção escrita de um texto expositivo de síntese. O número

máximo de palavras exigido é menor do que no pré-teste, devido, por um lado, ao facto de

ser um texto-fonte com menos palavras e, por outro, tendo em conta o número de ideias-

chave que se podem identificar no texto de partida.

Veja-se, de seguida, o grupo I do pós-teste.

GRUPO I

4. Lê atentamente o seguinte texto.

O teatro português: do estado embrionário ao génio vicentino

Está hoje posta de parte pela moderna crítica literária a tese romântica, longamente

enraizada, segundo a qual o teatro português teria nascido, nos alvores do século XVI, com

Gil Vicente, antes de quem não existiria. Assenta essa tese, por um lado, na didascália

anteposta ao primeiro auto de Gil Vicente – o “monólogo do Vaqueiro”, nome por que ficou

mais conhecido o Auto da Visitação, representado nos Paços de Lisboa na noite de 7 para 8

de junho de 1502 –, onde se diz ser essa não só “a primeira coisa que o autor fez”, mas

ainda “que em Portugal se representou”, o que viria confirmar a rubrica final do mesmo

auto, ao indicar-se este como “coisa nova em Portugal”; e, por outro, no desconhecimento

de textos dramáticos escritos anteriores à obra vicentina. Mas nenhum destes argumentos se

apoia numa base científica séria e persuasiva.

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Na verdade, o perfeito acabamento estético da obra vicentina, a multiplicidade de

estruturas dramáticas que nela se combinam e em que se organiza pressupõem

necessariamente uma gestação anterior, cuja inexistência o génio do seu autor, por maior que

seja (o que, aliás, não está em causa), é só por si insuficiente para justificar. Aceita-se que

Gil Vicente haja sido o primeiro a dar uma forma e um conteúdo literários a elementos

rudimentares e até então dispersos; mas não se aceita, por cientificamente inverosímil, que

tenha criado ex nihilo1 o teatro português.

Não se compreenderia, com efeito, que as manifestações dramáticas características da

Idade Média – quer de natureza religiosa quer de natureza profana –, comuns a toda a Europa

como eram, não houvessem chegado ao extremo ocidental da Península Ibérica.

A carência de textos escritos – e o carácter oral de todas as literaturas nos seus

primórdios pode muito bem explicá-la, com especial adequação no que ao teatro se refere –

está longe de constituir um óbice2 intransponível a que haja um teatro pré-vicentino. Aliás,

esses textos existem, ainda que em número reduzido; e, a par deles, conhecem-se

documentos que dão notícias indiretas, mas irrecusáveis, de um teatro anterior a Gil Vicente,

em cuja obra, transfigurados pelo seu génio poético, os elementos principais desse teatro se

podem detetar.

Recusar ao génio vicentino eficácia para explicar, só por si, um fenómeno

sociocultural cujas raízes não podem obviamente situar-se ao nível da pura individualidade,

por maior e mais excecional que esta seja, em nada lhe diminui a grandeza, como não

diminui a de um Shakespeare ou de um Molière toda a intensa fermentação dramática que,

em Inglaterra ou em França, precedeu a obra de qualquer deles. Assim também a

personalidade e a obra do criador do nosso teatro nacional como categoria artística autónoma

e específica – e é aí que reside a sua verdadeira grandeza – não poderiam estruturar-se sem

os gérmenes3 dramáticos da nossa Idade Média, nem desenvolver-se sem as condições que a

corte do rei Venturoso (D. Manuel I) lhes proporcionou. Com Gil Vicente, pois, o teatro

português abandona o seu estado embrionário, em que desde a fundação da nacionalidade até

aos fins do século XV vegetava, para assumir enfim uma existência artístico-literária. Numa

palavra: sai da pré-história para entrar na sua história propriamente dita.

REBELLO, Luiz Francisco, 2000. Breve História do Teatro Português. Mem Martins: Publicações Europa-América, pp.

17-20 Citado a partir de: http://www.escolavirtual.pt/edam/player?idSeq=152512&tipo=recurso

[texto com adaptações]

1 ex nihilo – do nada.

2 óbice – obstáculo; dificuldade.

3 gérmenes – fontes; origens.

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4.1. Sintetiza o texto até um máximo de 130 palavras.

O texto apresentado aborda a temática do teatro de Gil Vicente, pois esta enquadrava-

se na temática estudada pelos discentes aquando da realização do pós-teste.

O grupo II do pós-teste, à semelhança do contemplado no pré-teste, apresenta dois

exercícios que se apresentam de seguida: o primeiro de identificação das orações sublinhadas

e o segundo de colocação de vírgulas apenas nas orações sublinhadas que identificassem

como relativas explicativas.

GRUPO II

5. Das frases que se seguem, indica se as orações destacadas correspondem a (1)

subordinadas adjetivas relativas restritivas ou (2) subordinadas adjetivas relativas

explicativas.

a) O dramaturgo que escreveu A Farsa de Inês Pereira foi

Gil Vicente.

(1) Oração subordinada

adjetiva relativa restritiva.

(2) Oração subordinada

adjetiva relativa

explicativa.

b) A obra vicentina, que foi escrita durante a época medieval

e a renascentista, aborda temas como o casamento por

conveniência.

c) Lianor Vaz, que afirma ter sido violentada por um membro

do clero, tem, por vezes, na Farsa de Inês Pereira, um

discurso bastante incoerente.

d) No texto dramático, as informações que surgem em itálico

ou entre parênteses denominam-se didascálias.

e) O Teatro Nacional de São Carlos, que foi inaugurado em

1793, apresenta espetáculos não só de teatro, como também

de música.

f) Os autos que Gil Vicente escreveu têm uma intenção

moralizadora.

a) _________ b) _________ c) _________

d) _________ e) _________ f) _________

6. Corrige apenas as frases que estão incorretas, utilizando a vírgula para delimitar

as orações destacadas apenas nas alíneas em que o consideres necessário.

g) Gil Vicente que é o primeiro dramaturgo português conhecido escreveu o Auto da Índia.

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h) No século XVI, as mulheres que se casavam estavam financeiramente dependentes do seu

marido.

c) A sátira que se observa na obra vicentina denuncia os hábitos e costumes sociais ou

individuais da época.

d) A Farsa de Inês Pereira que tem por tema a emancipação de uma jovem donzela foi

representada num convento em Tomar.

e) O Auto da Feira é uma obra que denuncia a corrupção e a perversão dos costumes da

Igreja.

f) Considera-se o teatro que é menos apreciado do que o cinema uma das formas de

representação artística.

É de salientar que no exercício 2. do pós-teste se alterou a terminologia apresentada no

exercício 2. do pré-teste. Enquanto no pré-teste se solicita a identificação do modificador

(restritivo ou apositivo), no pós-teste exige-se a identificação do tipo de oração, uma vez que

durante a sequência didática o trabalho desenvolvido se centrou nas orações subordinadas

adjetivas relativas com antecedente, independentemente de se ter mencionado que as

relativas restritivas têm a função sintática de modificadores restritivos e as relativas

explicativas têm a função sintática de modificadores apositivos.

6.2. Reflexão sobre os resultados

Dos trinta alunos da turma, apenas vinte e nove realizaram o pós-teste. Nos dados

comparativos, não é possível apresentar-se a evolução de dois discentes, pois um não

realizou o pré-teste e outro não realizou o pós-teste.

O grupo I do pós-teste foi avaliado de acordo com a grelha de avaliação apresentada

no anexo J. Esta grelha foi elaborada, tal como as produzidas para o pré-teste, tendo como

base os critérios de avaliação dos exames nacionais de Português do 9º e 12º anos. Foram,

porém, feitas as adaptações relevantes à avaliação de uma síntese.

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O seguinte gráfico apresenta os resultados obtidos no exercício 1.1. do pós-teste.

Gráfico 6 - Resultados do exercício 1.1. do pós-teste.

Os parâmetros de seleção da informação e de paráfrase são os únicos que revelam

uma maior percentagem de nível negativo, 55% e 52 % das sínteses, respetivamente. Nos

restantes parâmetros, a maioria das sínteses apresenta nível positivo, sendo o nível 3 o mais

recorrente na estrutura informacional e na coesão, na morfologia e na sintaxe e no léxico e

adequação do discurso.

3

9

3

2

13

6

7

10

11

5

2

3

7

8 8

17

7

16

13

2

5

6

10

2

7

8

11 11

1 1

4

3

11

Seleção da

Informação

Paráfrase Coerência e

pertinência doconteúdo

Estrutura

informacional ecoesão

Pontuação Morfologia e

sintaxe

Léxico e

adequação dodiscurso

Ortografia

Níveis de desempenho: nível 1 nível 2 nível 3 nível 4 nível 5

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A seguinte tabela confronta os resultados do exercício de síntese do pré-teste e do pós-

teste.

Seleção da

informação

Paráfrase

Coerência e

pertinência do

discurso

Estrutura

informacional

e coesão

Pontuação

Morfologia e

sintaxe

Léxico e

adequação

do discurso

Ortografia

Pré

Pós

Pré

Pós

Pré

Pós

Pré

Pós

Pré

Pós

Pré

Pós

Pré

Pós

Pré

Pós

1 3 3 2 3 4 4 3 3 2 4 3 3 4 4 5 5

2 2 2 4 3 3 4 2 3 2 3 3 3 3 3 2 5

3 3 2 3 4 2 4 3 3 3 4 2 3 2 3 1 4 4 3 3 4 4 1 3 2 2 3 2 1 2 2 3 1 2 5 1 3 1 2 3 4 3 4 3 3 3 3 2 4 1 1 6 2 --- 1 --- 4 --- 3 --- 3 --- 3 --- 3 --- 4 --- 7 1 2 2 1 2 4 1 3 1 2 4 3 3 5 3 5 8 1 3 1 1 3 3 3 3 5 5 4 3 4 4 2 3 9 3 5 5 4 5 5 5 4 5 5 5 4 5 5 4 4 10 2 3 2 3 3 2 1 3 3 5 3 4 3 3 4 5 11 4 4 1 2 2 3 1 3 3 2 2 2 2 4 1 3 12 2 2 1 3 0 1 0 2 0 2 0 3 1 3 4 4 13 1 2 1 2 3 4 2 2 5 2 4 2 3 4 4 4 14 2 2 3 4 2 4 2 3 4 3 3 3 3 4 2 5 15 3 4 1 3 3 3 2 2 4 2 3 4 3 2 2 4 16 2 2 5 3 1 1 1 2 3 3 3 2 3 4 2 2 17 2 4 2 2 3 4 3 3 2 3 3 3 3 3 4 5 18 3 3 1 1 3 3 3 3 2 4 3 4 4 5 5 5 19 2 2 3 2 3 2 3 2 4 5 3 3 4 3 2 4 20 2 4 2 3 3 3 3 2 3 2 2 3 3 3 3 4 21 3 1 1 1 3 4 2 3 2 3 4 2 3 3 2 5 22 2 4 3 4 1 2 1 3 3 2 3 4 4 2 4 4 23 2 2 1 1 3 1 3 3 4 4 3 3 3 3 4 5 24 3 1 2 2 3 2 2 2 4 2 3 3 2 3 1 4 25 0 3 0 4 0 4 0 3 0 3 0 3 0 4 0 4 26 3 2 1 3 2 3 2 2 2 2 3 3 2 4 5 5 27 3 1 1 1 1 2 2 3 3 2 3 4 3 3 2 4 28 --- 2 --- 1 --- 2 --- 3 --- 4 --- 3 --- 4 --- 5 29 2 2 1 1 3 2 2 2 2 4 3 4 3 4 1 1 30 2 2 1 1 3 3 2 3 5 4 4 4 3 3 2 2

Após a leitura dos dados da tabela, verifica-se que a maioria dos alunos melhorou, de

um modo geral, os resultados obtidos no pré-teste. No entanto, algumas sínteses

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60

apresentaram níveis mais baixos em alguns dos parâmetros avaliados, o que revela a

necessidade de se desenvolver ainda mais as competências de leitura e escrita.

Relativamente aos parâmetros desenvolvidos na sequência didática, isto é, a seleção da

informação e a paráfrase, constata-se uma ligeira melhoria, mais notória no parâmetro da

paráfrase, uma vez que se verifica uma maior percentagem de subida do nível de

desempenho. Veja-se os seguintes gráficos:

Gráfico 7 – Parâmetro: seleção da informação.

Gráfico 8 – Parâmetro: paráfrase.

43%

39%

18%Manteve o nível de desempenho

Subiu o nível de desempenho

Desceu o nível de desempenho

36%

43%

21%Manteve o nível de desempenho

Subiu o nível de desempenho

Desceu o nível de desempenho

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61

De seguida, apresentam-se alguns exemplos de sínteses de pré-teste e pós-teste que

mostram uma evolução muito visível.

Exemplo 1 – pré-teste

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62

Exemplo 1 – pós-teste

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63

Exemplo 2 – pré-teste

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64

Exemplo 2 – pós-teste

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65

Exemplo 3 – pré-teste

Exemplo 3 – pós-teste

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66

O exercício 2 do pós-teste apresentou os seguintes resultados:

Gráfico 9 - Resultados do exercício 2 do pós-teste.

O exercício 2 apresenta, de uma maneira geral, resultados bastante satisfatórios, pois

mais de metade dos alunos acertou nas respostas, sendo a alínea c) a que apresenta uma

percentagem de acerto menor. Dos alunos que responderam incorretamente ao exercício, seis

identificaram as orações subordinadas adjetivas relativas restritivas como explicativas e as

orações subordinadas adjetivas relativas explicativas como restritivas, o que revela que não

adquiriam os conhecimentos trabalhados na intervenção.

Face aos resultados obtidos no pré-teste, verifica-se, contudo, através da análise

comparativa dos gráficos seguidamente apresentados, que os resultados são melhores.

Embora as frases não sejam exatamente as mesmas das do pré-teste, procurou-se, no pós-

teste, criar contextos sintáticos equivalentes. Pode-se, portanto, constatar um progresso

positivo, dado que o número de respostas corretas no pós-teste é superior ao do pré-teste

(veja-se o gráfico 10). Na verdade, enquanto no pré-teste o acerto se encontra ao nível dos

50%, no caso do pós-teste temos já uma percentagem de acerto indicadora do conhecimento

adquirido, que não se pode confundir com respostas no nível do acaso.

0 5 10 15 20 25 30

2f)

2e)

2d)

2c)

2b)

2a)

22

22

20

18

22

21

Respostas corretas

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67

Gráfico 10 – Respostas corretas no exercício 2 do pré-teste e do pós-teste.

Apresentam-se, de seguida, os resultados obtidos no exercício 3, último exercício do

pós-teste.

Gráfico 11 - Resultados do exercício 3 do pós-teste.

Com exceção da alínea 3c) que foi identificada como relativa explicativa, a maioria

dos alunos acertou nas respostas – 93%, 66%, 89%, 97% e 83%, respetivamente. No entanto,

mesmo tendo praticado, durante a intervenção, este tipo de atividade em exercícios de treino,

três alunos colocaram apenas uma vírgula para assinalar as relativas explicativas. Há,

portanto, mais trabalho a desenvolver com estes discentes.

52%

72%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Respostas corretas

Pré-teste Pós-teste

0 5 10 15 20 25 30

3f)

3e)

3d)

3c)

3b)

3a)

24

28

26

13

19

27

Respostas corretas

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68

Comparativamente com os resultados obtidos no pré-teste, e considerando

globalmente esses resultados, parece que os alunos têm uma melhoria ligeira ao nível da

consciência do uso da vírgula nestes contextos sintáticos (veja-se o gráfico 12). Contudo,

ainda revelam alguma dificuldade na classificação deste tipo de orações, como se pode

observar nos resultados das alíneas b) e c) do pós-teste.

Gráfico 12 - Respostas corretas no exercício 3 do pré-teste e do pós-teste.

No entanto, pode ser útil, neste caso, considerar os resultados individuais, a fim de se

compreender melhor a melhoria dos resultados face ao pré-teste.

Assim, contrastando os resultados obtidos, por cada aluno no grupo II do pré-teste e

do pós-teste, a melhoria dos resultados é mais evidente em ambos os exercícios. No

exercício 2 do pré-teste, doze em vinte e nove alunos (41%) acertaram em cinco das seis

alíneas, o que corresponde a mais de 75%. Já no pós-teste, o acerto subiu, uma vez que

dezanove em vinte e nove alunos (66%) responderam corretamente a cinco das seis alíneas.

No exercício 3 do pré-teste, 19 alunos (66%) colocaram adequadamente as vírgulas

em pelo menos cinco das seis frases apresentadas, tendo o número sido ligeiramente mais

elevado no pós-teste (72%, o que equivale a 21 alunos).

76% 79%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Respostas corretas

Pré-teste Pós-teste

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69

Apresenta-se, de seguida, os gráficos correspondentes a esta análise.

Gráfico 13 – Percentagem de alunos com pelo menos cinco respostas corretas em seis (mais de 75%) no exercício 2 do pré-teste e do pós-teste.

Gráfico 14 – Percentagem de alunos com pelo menos cinco respostas corretas em seis (mais de 75%) no exercício 3 do pré-teste e do pós-teste.

41%

66%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

mais de 75% de respostas corretas

Pré-teste Pós-teste

66%72%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

mais de 75% de respostas corretas

Pré-teste Pós-teste

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70

Observando os resultados globais do grupo II, verifica-se que a percentagem de alunos

com mais de 75% de respostas corretas no pós-teste, ou seja, com pelo menos dez respostas

corretas em doze alíneas, no conjunto dos dois exercícios, é superior à do pré-teste.

Gráfico 15 – Percentagem de alunos com pelo menos dez respostas corretas em doze (mais de 75%) no grupo II do pré-teste e do pós-teste.

38%

59%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

mais de 75% de respostas corretas

Pré-teste Pós-teste

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71

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As aulas assistidas foram fundamentais na seleção dos conteúdos a abordar na

intervenção. Os alunos revelaram dificuldades ao nível da compreensão e produção escrita,

elementos inerentes à síntese, um dos conteúdos contemplados no Programa e Metas

Curriculares de Português (2014) para o ensino secundário. Constatou-se, de igual modo,

dificuldade em pontuar corretamente, bem como em identificar diferentes tipos de orações

subordinadas. Esta constatação partiu, na verdade, da análise de um teste diagnóstico

realizado pela professora cooperante. Tais dificuldades foram confirmadas no pré-teste

aplicado à turma.

Com efeito, a sequência didática implementada incidiu no trabalho sobre síntese. Os

textos expositivos que se pretendia sintetizar foram enquadrados nas temáticas abordadas

pela professora cooperante, o que motivou os alunos para a compreensão dos textos, não só

para a seleção da informação principal, como também para a obtenção de conhecimento.

A necessidade de alargar a duração da intervenção deveu-se ao trabalho moroso de

escrita. No entanto, sem ter sido dado o tempo necessário à realização das tarefas de escrita,

seria mais difícil verificar-se progressão na aquisição dos conhecimentos.

Atendendo ao balanço do pré-teste e do pós-teste, verifica-se que houve uma

significativa evolução, quer na produção escrita, quer nos conteúdos gramaticais avaliados.

Nas sínteses, houve um notório progresso na seleção das informações mais importantes e na

paráfrase, parâmetros com uma grande percentagem de níveis negativos no pré-teste.

Contudo, considera-se necessária a continuação deste tipo de trabalho com os discentes,

visto que continuam a revelar dificuldades quando as habilidades recrutadas pela elaboração

de uma síntese são necessárias.

Refletindo sobre o desempenho da professora nas aulas, considera-se que foi

positivo, na medida em que, apesar da inexperiência na lecionação das aulas de Português,

conseguiu dotar os alunos dos conhecimentos a que se propôs na planificação da sequência

didática. Para além disso, preparou as aulas usando materiais autênticos e atividades

diversificadas que, em parte, motivaram os alunos para a participação nas aulas. No entanto,

a falta de tempo para se dedicar de corpo e alma a este “estágio” revela-se não só na

elaboração dos materiais, como também deste relatório, tendo ambos podido,

indubitavelmente, ser melhorados.

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72

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Portuguesa. Lisboa: Empresa Nacional de Publicidade.

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Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Básico. Ministério da Educação e

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Buescu, Helena, Luís Maia, Maria Graciete Silva & Maria Regina Rocha (2014) Programa e

Metas Curriculares do Português – Ensino Secundário. Ministério da Educação e Ciência.

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da Expansão: Gomes Eanes de Azurara, Rui Pina, Garcia de Resende. O ocaso do espírito

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Ministério da Educação – Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular.

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http://area.dge.mec.pt/gramatica/O_conhecimento_da_lingua_desenv_consciencia_linguistica.

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Escola Secundária Professor José Augusto Lucas (2016) Projeto Educativo do Agrupamento

de Escolas de Linda-a-Velha e Queijas.

Consultado em http://aelavq.net/direcao/PEA_AELAVQ.pdf

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Sim-Sim, Inês, Inês Duarte & Maria José Ferraz (1997) A Língua Materna na Educação

Básica: competências nucleares e níveis de desempenho. Lisboa: Ministério da Educação –

Departamento de Educação Básica.

Consultado em

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Pereira, Maria Luísa Álvares (2000) Escrever em Português: didáticas e práticas. Lisboa:

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Peres, João Andrade & Telmo Móia (1995) Áreas Críticas da Língua Portuguesa. Lisboa:

Caminho.

Rebello, Luiz Francisco (2000) Breve História do Teatro Português. Mem Martins:

Publicações Europa-América.

Reis, Carlos et al (2009) Programa de Português do Ensino Básico. DGIDC: Ministério da

Educação.

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75

Anexos

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76

ANEXO A.

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77

ANEXO B.

Duração: 10 aulas de 50 minutos Unidade temática: Tempos de mudança – Fernão Lopes e a Crónica de D. João I Unidade didática: Síntese e orações subordinadas adjetivas relativas

Domínios: - Leitura; - Escrita; - Gramática; - Educação Literária.

Objetivos:

Ler e compreender textos expositivos;

Identificar o tema de um texto expositivo;

Identificar e hierarquizar informação: selecionar as ideias principais do texto de partida, eliminando a informação irrelevante.

Redigir, com coerência e correção linguística, uma síntese das ideias principais do texto de partida com recurso à paráfrase; Expandir uma frase simples, com recurso a subordinação;

Reconhecer orações subordinadas adjetivas relativas, distinguindo-as de outras orações subordinadas; Distinguir as orações subordinadas adjetivas relativas restritivas das explicativas;

Reconhecer o uso da vírgula em relativas explicativas e outros modificadores apositivos;

Analisar criticamente uma síntese, reconhecendo problemas de: - seleção da informação; - paráfrase; - sintaxe, léxico, ortografia e pontuação; - coesão e coerência; - extensão do texto; - marcação de parágrafos.

Reconhecer as diferentes etapas na elaboração de uma síntese;

Refletir sobre a síntese, atendendo às diferentes etapas de elaboração de síntese e às características do texto de partida; Explorar formas de contração sucessiva de texto;

Promover e alargar o conhecimento sobre Fernão Lopes e sobre a Crónica de D. João I.

2015-2016

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Mestrado em Ensino do Português

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

PLANIFICAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA

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78

Conteúdos: Técnicas de seleção de informação em texto expositivo;

Informação principal vs. acessória;

Síntese;

Coesão (referencial e interfrásica);

Técnicas de expansão de frase;

Orações subordinadas adjetivas relativas: orações subordinadas adjetivas relativas restritivas vs. explicativas; Pontuação de orações subordinadas adjetivas relativas explicativas e outros modificadores apositivos; Etapas de elaboração de uma síntese;

Técnicas de contração de texto: estruturas sintáticas que permitem reduzir o número de palavras de um texto; Crónicas de Fernão Lopes: contextualização histórica;

Características da prosa de Fernão Lopes.

Atividades Materiais/Recursos

Leitura do texto expositivo “Fernão Lopes, o artista da prosa” de Manuel Rodrigues Lapa.

Identificação do tema do texto.

Interação oral entre professora e alunos: - identificação da informação importante e da acessória (exemplos e outras ideias relacionadas com a frase ou expressão mais importante) do segundo parágrafo do texto; - identificação da informação importante e da acessória (exemplos e outras ideias relacionadas com a frase ou expressão mais importante) dos restantes parágrafos do texto. Paráfrase da informação principal de cada parágrafo do texto “Fernão Lopes, o artista da prosa”.

Guião I

Quadro

Marcador

Projetor

Tela

Leitura e compreensão de um texto expositivo de Maria Leonor Carvalhão Buescu.

Atribuição de um título ao texto lido. Identificação da informação principal e acessória de cada parágrafo do texto.

Redação de uma síntese do texto de Maria Leonor Carvalhão Buescu.

Guião II

Quadro

Marcador

Expansão de frase: - redação de dez frases, incluindo vários casos de relativas; - expansão de uma única frase (exercício de escrita conjunta – interação oral entre professora e alunos).

Guião III

Quadro

Marcador

Internet – plataforma moodle

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79

Realização, em conjunto, de Oficina Gramatical sobre orações subordinadas adjetivas relativas (orações subordinadas adjetivas relativas restritivas e explicativas).

Guião IV

Quadro

Marcador

Leitura de quatro sínteses do texto de Maria Leonor Carvalhão Buescu. Análise em grande grupo das sínteses, considerando diferentes parâmetros.

Identificação das diferentes etapas da elaboração de uma síntese.

Guião V

Quadro

Marcador

Projetor

Tela

Identificação das ideias-chave do texto “Crioulos de base portuguesa” (base do pré-teste). Análise individual das sínteses redigidas no pré-teste. Sucessiva contração de texto: - redução da síntese do texto “Crioulos de base portuguesa”: primeiramente, reduzindo 170 palavras a 150 palavras e, posteriormente, 150 palavras a um máximo de 135 palavras.

Guião VI Quadro

Marcador

Projetor

Tela

Avaliação: Observação direta: participação (espontânea ou solicitada);

assiduidade; pontualidade; comportamento; trabalho de casa e textos produzidos em aula.

Em momento posterior ao da intervenção, prevê-se a aplicação de um teste de avaliação, cujos resultados serão considerados na avaliação sumativa dos alunos.

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80

ANEXO C.

Teste Diagnóstico

GRUPO I

1. Lê atentamente o seguinte texto.

Crioulos de base portuguesa

Os crioulos são línguas naturais, de formação rápida, criadas pela necessidade de expressão e

comunicação plena entre indivíduos inseridos em comunidades multilingues relativamente estáveis.

Procurando superar a pouca funcionalidade das suas línguas maternas, estes recorrem ao modelo

imposto (mas pouco acessível) da língua socialmente dominante e ao seu saber linguístico para

constituir uma forma de linguagem veicular simples, de uso restrito mas eficaz, o pidgin, que

posteriormente é gramaticalmente complexificada e lexicalmente expandida, em particular pelas

novas gerações de crianças que a adquirem como língua materna, dando origem ao crioulo.

Chamam-se de base portuguesa os crioulos cujo léxico é, na sua maioria, de origem portuguesa.

No entanto, do ponto de vista gramatical, os crioulos são línguas diferenciadas e autónomas. Sendo a

língua-base aquela que dá o léxico, podemos encontrar crioulos de diferentes bases: de base inglesa

(como o Krio da Serra Leoa), de base francesa (como o crioulo das Seychelles), de base árabe (como o

Kinubi do Uganda e do Quénia) ou outra.

Os crioulos de base portuguesa são habitualmente classificados de acordo com um critério de

ordem predominantemente geográfica, embora, em muitos casos, exista também uma correlação

entre a localização geográfica e o tipo de línguas de substrato em presença no momento da formação.

Em África formaram-se os Crioulos da Alta Guiné (em Cabo Verde, Guiné-Bissau e Casamansa) e

os do Golfo da Guiné (em S. Tomé, Príncipe e Ano Bom). Classificam-se como Indo-portugueses os

crioulos da Índia (de Diu, Damão, Bombaim, Chaul, Korlai, Mangalor, Cananor, Tellicherry, Mahé,

Cochim, Vaipim e Quilom e da Costa de Coromandel e de Bengala) e os crioulos do Sri-Lanka, antigo

Ceilão (Trincomalee e Batticaloa, Mannar e zona de Puttallam). (…) Na Ásia surgiram ainda crioulos de

base portuguesa na Malásia (Malaca, Kuala Lumpur e Singapura) e em algumas ilhas da Indonésia

(Java, Flores, Ternate, Ambom, Macassar e Timor) conhecidos sob a designação de Malaio-

portugueses. Os crioulos Sino-portugueses são os de Macau e Hong-Kong. Na América encontramos

ainda um crioulo que se poderá considerar de base ibérica, já que o português partilha com o

castelhano a origem de uma grande parte do léxico (o Papiamento de Curaçau, Aruba e Bonaire, nas

Antilhas) e um outro crioulo no Suriname, o Saramacano, que, sendo de base inglesa, manifesta no

seu léxico uma forte influência portuguesa. (…)

A formação das línguas crioulas ocorreu, tipicamente, em comunidades multilingues em que houve

fraco acesso ao modelo da língua portuguesa (sendo o número de portugueses proporcionalmente

muito inferior ao dos outros grupos), perda parcial ou mesmo total de funcionalidade das outras línguas

2015-2016

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

Português – 10ºE

Nome: ______________________________________________________________________ Nº_______

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maternas e forte miscigenação1. Estas condições ocorriam em zonas de concentração e isolamento das

populações miscigenadas (como em Korlai, na Índia), longe das suas terras e culturas de origem, em

particular em plantações e em ilhas como as de Cabo Verde e S. Tomé, mas também nas fortificações

costeiras edificadas pelos portugueses nos séculos XV e XVI (como Cananor e Cochim).

Os crioulos de base portuguesa conhecidos surgiram nas zonas e locais assinalados nos mapas de três

modos distintos: ou por formação in loco ou por difusão (tendo, neste caso, migrado com os seus falantes

para diferentes partes do mundo às vezes tão longínquas como as Antilhas), ou ainda pela convergência

das duas formas. (…)

Sendo, ao contrário dos pidgins, línguas maternas de uma comunidade, os crioulos, uma vez

formados, passaram a constituir símbolos de identidade de grupo, o que explica, em grande parte, a sua

resistência às subsequentes investidas assimiladoras das línguas de poder e de maior prestígio social e

cultural que com eles se mantiveram em contacto, entre as quais o próprio português. Essa resistência

foi tanto maior e mais eficaz quanto maior o isolamento (como em Tugu) e quanto menor o poder e a

pressão das línguas em contacto (nomeadamente através da instrução). (…) Em circunstâncias em que as

populações falantes de crioulos ascenderam à independência (Cabo Verde, Guiné-Bissau...) houve mesmo

uma revitalização do crioulo.

DULCE PEREIRA, http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html (adaptado)

1miscigenação: cruzamento de indivíduos de raças ou etnias diferentes

1.1. Reduz o último parágrafo do texto a uma frase com um máximo de 40 palavras.

1.2. Sintetiza os primeiros seis parágrafos do texto reduzindo-os a um terço do seu tamanho, ou seja,

até a um máximo de 170 palavras.

35

40

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GRUPO II

2. Das frases que se seguem, indica com uma (X) a classificação sintática dos elementos destacados.

Modificador Restritivo

Modificador Apositivo

a) Washington D.C., que é a capital dos Estados Unidos, não é a cidade americana mais conhecida internacionalmente.

b) A viagem que a Ana fez o ano passado deixou-lhe felizes recordações.

c) A oralidade e a escrita são dois sistemas que têm princípios de funcionamento distintos.

d) Em Espanha, que é um país com cerca de 47 milhões de habitantes, são faladas outras línguas oficiais.

e) O português que se fala no Brasil tem características diferentes do português europeu.

f) O Paulo danificou o livro que lhe emprestei na semana passada.

3. Atenta no seguinte conjunto de frases:

a) O templo de Chichén Itzá que é Património Mundial está em risco de ruir.

b) Ele danificou o livro que lhe emprestei na semana passada.

c) Ontem à noite ligou-me a rapariga que conheci no autocarro.

d) O Luís que é o rapaz mais distraído da turma deixou os cadernos diários na cantina.

e) As crianças com dislexia que é uma perturbação da aprendizagem específica têm dificuldade na leitura

de textos.

f) Quatro das cinco línguas que são mais faladas na Península Ibérica derivam do latim.

3.1. Utilizando a vírgula, delimita os elementos destacados nas frases apenas nas alíneas em que o

consideres necessário.

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83

Teste Diagnóstico

Cenários de resposta (grupo I) e soluções (grupo II) GRUPO I

3.2. Reduz o último parágrafo do texto a uma frase com um máximo de 40 palavras.

Os crioulos, ao tornarem-se símbolos de identidade da comunidade que o adquire como língua

materna, resistiram às línguas dominantes de contacto devido ao seu isolamento e ao enfraquecimento

do poder e da pressão dessas línguas.

3.3. Sintetiza os primeiros seis parágrafos do texto reduzindo-os a um terço do seu tamanho, ou seja,

até a um máximo de 170 palavras.

Os crioulos são línguas naturais, criados no seio de uma comunidade multilingue. Derivam de um

pidgin que, quando adquirido por novas gerações como língua materna, complexifica a sua estrutura

gramatical e expande o seu léxico. Os crioulos de base portuguesa adotaram grande parte do

vocabulário português, apesar de gramaticalmente serem línguas com características diferentes e

autónomas, e são caracterizados segundo um critério meramente geográfico, embora em alguns

crioulos se estabeleça também uma relação com a língua de substrato presente aquando da sua

formação. Encontram-se distribuídos geograficamente em África e na Ásia, havendo na América

vestígios lexicais do português na formação de outros crioulos. A formação de crioulos de base

portuguesa foi mais evidente nas comunidades multilingues em que se verificou um fraco acesso à língua

portuguesa, uma perda na comunicação das restantes línguas maternas e um forte contacto entre

indivíduos de culturas e línguas diversas. Esses crioulos formaram-se ou no local, ou com a

movimentação dos falantes ou até mesmo de ambas as formas.

GRUPO II

4. Das frases que se seguem, indica com uma (X) a classificação sintática dos elementos destacados.

Modificador Restritivo

Modificador Apositivo

a) Washington D.C., que é a capital dos Estados Unidos, não é a cidade americana mais conhecida internacionalmente.

X

b) A viagem que a Ana fez o ano passado deixou-lhe felizes recordações.

X

c) O itálico serve para destacar palavras que são importadas de outras línguas.

X

d) Em Espanha, que é um país com cerca de 47 milhões de habitantes, são faladas outras línguas oficiais.

X

e) O português que se fala no Brasil tem características diferentes do português europeu.

X

f) O Paulo danificou o livro que lhe emprestei na semana passada.

X

2015-2016

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

Português – 10º ano

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5. Atenta no seguinte conjunto de frases:

a) O templo de Chichén Itzá, que é Património Mundial, está em risco de ruir.

b) A oralidade e a escrita são dois sistemas que têm princípios de funcionamento distintos.

c) Ontem à noite ligou-me a rapariga que conheci no autocarro.

d) O Luís, que é o rapaz mais distraído da turma, deixou os cadernos diários na cantina.

e) As crianças com dislexia, que é uma perturbação da aprendizagem específica, têm dificuldade

na leitura de textos.

f) Quatro das cinco línguas que são mais faladas na Península Ibérica derivam do latim.

5.1. Utilizando a vírgula, delimita os elementos destacados nas frases apenas nas alíneas em que o

consideres necessário.

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ANEXO D.

Unidade temática: Tempos de mudança Tempo de aula: 50 minutos

Ano: 10º Turma: E Data: 27 de novembro de 2015

Sumário: Leitura e compreensão do texto “Fernão Lopes, o artista da prosa”. Exercícios de seleção e redução de informação.

Recursos/Materiais: Guião de trabalho I. Computador e projetor.

Domínios Objetivos Conteúdos

Leitura

Escrita

Ler e interpretar textos expositivos. - compreender globalmente o texto, identificando o tema; - interpretar cada parágrafo do texto.

Registar e tratar a informação. - tomar notas, organizando-as.

Tratar a informação do texto expositivo: - identificar as informações mais e menos importantes;

- selecionar apenas as informações mais pertinentes para síntese.

Redigir com coerência e correção linguística cada parágrafo do texto, parafraseando o texto de partida.

Texto expositivo.

Técnicas de registo de informação em texto expositivo. Técnicas de seleção da informação.

Informação principal vs. secundária.

Desenvolvimento da aula Tempo

(m)

1. Registo do sumário.

5’

2. Leitura individual do texto “Fernão Lopes, o artista da prosa” (Guião de trabalho I).

5’

3. Segunda leitura do texto: em voz alta.

4’

4. Trabalho individual: resolução do exercício 2 (identificação do tema).

5’

5. Correção do exercício 2 do guião de trabalho I: leitura de algumas respostas.

2’

6. Trabalho de turma: identificação e destaque da ideia principal, dos exemplos e das ideias relacionadas com a frase ou expressão mais importante do segundo parágrafo – exercício 3 (o texto será projetado no quadro).

4’

7. Trabalho individual: resolução e correção das informações para os restantes parágrafos (exercício 3 do guião de trabalho I).

10’

2015-2016

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Mestrado em Ensino do Português

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

PLANO DE AULA 1

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8. Resolução do exercício 4: os alunos deverão redigir com as suas próprias palavras as ideias principais de cada parágrafo, identificadas na primeira coluna do exercício 3.

12’

9. Correção do exercício 4: leitura de alguns exemplos de resposta. 3’

Avaliação: Observação direta.

Observações: Não foi possível realizar todas as tarefas propostas, pois a maioria dos alunos chegou à aula cerca de dez minutos depois da hora marcada. Os discentes revelaram alguma dificuldade em extrair as ideias principais, os exemplos e as ideias secundárias de cada parágrafo do texto. Um aluno faltou à aula.

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Guião de trabalho I 1. Lê atentamente o texto que se segue.

Fernão Lopes, o artista da prosa

Fernão Lopes pertence a uma época que se caracteriza precisamente pelo realismo abundante dos pormenores. Nota-se nele uma curiosidade ávida de conhecer como as coisas se passaram, desgosta-o que a história fique «indeterminada» e entende que o historiador terá de minudenciar os factos, porque «as coisas tostemente passam e se dam a esqueecimento» (Crón. de D. João I, parte II, cap. 83).

A esta preocupação da minúcia descritiva, sabiamente agenciada em função do seu valor expressivo, se devem os grandes quadros de Fernão Lopes: os motins da arraia-miúda, o cerco de Lisboa, as festas do Porto. Nada aí está de mais, e tudo converge para dar vida ao quadro. O escritor tinha um sentimento delicado da justa medida, que o leva por vezes a abreviar os assuntos áridos como os capítulos de alianças e tratados, «por non mostrar destemperada perlonga» (ibid., cap. 180). (…)

O empenho supremo da arte de Fernão Lopes é fazer-nos presenciar a cena, vê-la como ele próprio a via. Na assombrosa descrição do assédio de Lisboa, esse desejo ressalta desta exclamação: «Ora esguardae, como se fossees presente, ua tal cidade assi desconfortada…!» (Crón. de D. João I, parte I, cap. 148). (…)

Fernão Lopes adora sobretudo o movimento, a ação; por isso às vezes nos descreve pequenas incursões em terras de Castela, que não tinham outro alcance senão a destruição e o roubo. À história pouco importam estes factos isolados; mas o génio literário de Fernão Lopes compraz-se neles.

Quando foram feitas tréguas entre Portugal e Castela, o escritor nota subitamente que lhe falta qualquer coisa: «non teemos cousa que dizer de presente por azo das tréguas que os reis fezerom»; e mais adiante: «e, pois emquanto a trégua dura e todos os feitos estam d’assossego nós nom teemos cousa que de contar seja, falaremos dos filhos que houve, assi em seendo ele Meestre d’Avis, como depois que reinou e foi casado» (Crón. de D. João I, parte II, cap. 148). Aquele escrivão pacífico e burguês parece que tinha a alma dum aventureiro.

Esta tendência para a atividade cavaleiresca, que é um dos sinais da época, revela-se a cada passo na obra do cronista. Até nas pequenas batalhas se notava esse espírito. Estavam as duas hostes frente a frente, hesitantes em acometer. Então, de uma saía um mensageiro e ia pedir à outra que «pusesse a praça». Tudo isto com o cerimonial da cavalaria, como se pode ver, por exemplo, na escaramuça da Bramadeira (ibid., cap. 177).

Manuel Rodrigues Lapa, Lições de Literatura Portuguesa – Época Medieval, apud Aida Fernanda Dias, História Crítica da Literatura Portuguesa – Idade Média (vol.I),

Editorial Verbo, 1998, pp. 452-454 [texto com cortes]

2015-2016

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas Agrupamento de Escolas Linda-a-Velha e Queijas

Português – 10ºE

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2. Responde à seguinte questão.

De que modo o autor caracteriza a prosa de Fernão Lopes?

3. Com base no exemplo apresentado para o segundo parágrafo, completa a seguinte tabela com

informações do texto anteriormente lido.

Frase ou expressão mais importante

Exemplo(s) Outras ideias relacionadas com a frase ou expressão

mais importante

Primeiro parágrafo (linhas 2 - 6)

________

Segundo parágrafo (linhas 7 - 12)

“A esta preocupação da minúcia descritiva (…) se devem os grandes quadros de Fernão Lopes”.

Terceiro parágrafo (linhas 13 - 16)

Quarto parágrafo (linhas 17 – 20)

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Quinto parágrafo (linhas 21-26)

Sexto parágrafo (linhas 27 – 31)

4. Redige com as tuas próprias palavras uma frase que resuma a ideia mais importante de cada

parágrafo, identificada anteriormente na primeira coluna do exercício.

1º Parágrafo - ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

2º Parágrafo - ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3º Parágrafo - ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

4º Parágrafo - ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

5º Parágrafo - ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

6º Parágrafo - ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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5. Faz a leitura de um excerto do texto “Prosa anónima”.

(…) Os primeiros esboços de prosa literária portuguesa surgiram anonimamente nos

conventos, mercê da actividade dos monges, que, além de se dedicarem à cópia de manuscritos,

foram os nossos primeiros tradutores e também os primeiros cronistas. Muitos códices1,

provenientes da livraria do Mosteiro de Alcobaça, ainda se conservam inéditos, aguardando

futuros investigadores, atraídos pela riqueza e originalidade da nossa literatura medieval.

A prosa literária portuguesa surge, pois, no século XIV, ou fins do século XIII, e, embora

se apresente inicialmente muito rudimentar, com pouca flexibilidade expressiva e de reduzido

vocabulário, vai-se enriquecendo gradualmente até se tornar, quando manejada por Fernão

Lopes, um admirável meio de expressão, capaz de produzir obras de arte literária.

Maria Ema Tarracha Ferreira, “Prosa anónima – Primeiros ensaios de prosa literária”,

(Introdução à obra) Poesia e prosa medievais, p.28

1 Códice – livro antigo manuscrito.

5.1. Reduz cada um dos parágrafos a uma frase. Utiliza as tuas próprias palavras.

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Guião de trabalho I

Cenários de resposta

2. Responde à seguinte questão.

De que modo o autor caracteriza a prosa de Fernão Lopes?

Segundo Manuel Rodrigues Lapa, a prosa de Fernão Lopes é realista. Deste modo, descreve os

acontecimentos com a máxima minúcia, oferecendo ao leitor uma visão autêntica da ação. Para além

disso, a sua prosa revela traços cavaleirescos.

3. Com base no exemplo apresentado para o segundo parágrafo, completa a seguinte tabela com

informações do texto anteriormente lido.

Frase ou expressão mais importante

Exemplo(s) Outras ideias relacionadas com a frase ou expressão

mais importante

Primeiro parágrafo (linhas 2 - 6)

“Fernão Lopes pertence a uma época que se caracteriza precisamente pelo realismo abundante dos pormenores”.

________

“curiosidade ávida de conhecer como as coisas se passaram”;

“desgosta-o que a história fique «indeterminada»”;

“entende que o historiador terá de minudenciar os factos”.

Segundo parágrafo (linhas 7 - 12)

“A esta preocupação da minúcia descritiva (…) se devem os grandes quadros de Fernão Lopes”.

“os motins arraia-miúda”; “o cerco de Lisboa”; “as festas do Porto”.

“tudo converge para dar vida ao quadro”;

“o escritor tinha um sentimento delicado de justa medida”.

Terceiro parágrafo (linhas 13 - 16)

“O empenho supremo da arte de Fernão Lopes é fazer-nos presenciar a cena, vê-la como ele próprio a via”.

“descrição do assédio de Lisboa”.

_______

Quarto parágrafo (linhas 17 – 20)

“Fernão Lopes adora sobretudo o movimento, a ação”.

“(pequenas) incursões em terras de Castela”.

“o génio da literário de Fernão Lopes compraz-se neles [nos factos isolados]”.

Quinto parágrafo

(linhas 21-26)

“Aquele escrivão pacífico ou burguês parece que tinha a alma dum aventureiro”.

“emquanto a trégua dura e todos os feitos estam d’assossego nós nom teemos cousa que de contar seja”.

“o escritor nota subitamente que lhe falta qualquer coisa”.

2015-2016

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas Agrupamento de Escolas Linda-a-Velha e Queijas

Português – 10ºE

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Sexto parágrafo (linhas 27 – 31)

“Esta tendência para a atividade cavaleiresca, que é um dos sinais da época, revela-se a cada passo na obra do cronista”.

(descrição das) “batalhas”.

_______

4. Redige com as tuas próprias palavras uma frase que resuma a ideia mais importante de cada

parágrafo, identificada anteriormente na primeira coluna do exercício.

1º Parágrafo - A prosa de Fernão Lopes é realista e pormenorizada.

2º Parágrafo - A descrição pormenorizada permite a criação de grandes quadros reais dos acontecimentos registados pelo cronista.

3º Parágrafo - A intenção do cronista, ao retratar os episódios, é a de transmitir ao leitor as imagens dos acontecimentos que descrevia.

4º Parágrafo - A prosa de Fernão Lopes revela a sua predileção pela ação e pelo movimento.

5º Parágrafo - Fernão Lopes parecia ter a alma de um aventureiro, por se centrar na descrição de conflitos.

6º Parágrafo - A tendência para a atividade cavaleiresca é um dos traços característicos presentes na obra de Fernão Lopes.

5. Faz a leitura de um excerto do texto “Prosa anónima”.

5.1. Reduz cada um dos parágrafos a uma frase. Utiliza as tuas próprias palavras.

A prosa medieval nasceu anonimamente nos conventos com os monges copistas, tradutores e

cronistas.

A prosa medieval portuguesa surge nos séculos XIII-XIV e é com o contributo de Fernão Lopes

que a sua linguagem é aperfeiçoada.

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ANEXO E.

Unidade temática: Tempos de mudança Tempo de aula: 50 + 50 minutos

Ano: 10º Turma: E Data: 30 de novembro de 2015

Sumário: Conclusão das atividades previstas para a aula passada. Leitura e compreensão do texto de Maria Leonor Carvalhão Buescu – exercícios de seleção de informação e redação de síntese.

Recursos/Materiais: Guião de trabalho I. Guião de trabalho II. Computador e projetor.

Domínios Objetivos Conteúdos

Leitura

Escrita

Ler e interpretar textos expositivos. - compreender globalmente o texto; - identificar o tema dominante, justificando.

Registar e tratar a informação. - tomar notas, organizando-as.

Tratar a informação do texto expositivo: - identificar as informações mais e menos importantes;

- selecionar apenas as informações mais pertinentes.

Redigir com coerência e correção linguística cada parágrafo do texto, parafraseando o texto de partida.

Texto expositivo.

Técnicas de registo de informação em texto expositivo. Seleção da informação em texto expositivo.

Síntese.

Desenvolvimento da aula Tempo

(m)

1. Registo do sumário.

5’

2. Correção do exercício 3 do guião de trabalho I.

5’

3. Exercício 4 do guião de trabalho I: síntese das ideias principais (resolução e correção).

10’

4. Exercício 5 do guião de trabalho I: síntese do texto de Maria Ema Tarracha Ferreira (resolução e correção).

10’

5. Leitura individual do texto do guião de trabalho II.

5’

6. Leitura em voz alta do texto (2ª leitura).

5’

7. Exercício 2 do guião de trabalho II: atribuição de um título ao texto e identificação dos assuntos tratados no texto.

5’

INTERVALO

2015-2016

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Mestrado em Ensino do Português

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

PLANO DAS AULAS 2 e 3

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8. Correção do exercício 2 do guião de trabalho II. 5’

9. Identificação e seleção das ideias principais dos três primeiros parágrafos: exercício 3 (resolução e correção).

12’

10. Identificação das ideias principais e acessórias dos três últimos parágrafos (resolução e correção). 8’

11. Trabalho individual - exercício 5: identificação e seleção de uma ideia secundária. 10’

12. Trabalho a pares – exercício 5.1. 8’

13. Correção do exercício 5. 5’

14. Início da redação da síntese do texto de Maria Leonor Carvalhão Buescu. 10’

Avaliação: Observação direta.

Observações: Um discente faltou ao primeiro tempo da aula, tendo por isso tido alguma dificuldade em iniciar a escrita da síntese, embora tenha copiado as informações do colega do lado. De um modo geral, os alunos demonstraram ter alguma dificuldade em reduzir e escrever, por outras palavras, as ideias-chave de cada parágrafo (exercício 5 do guião I e exercício 6 do guião II).

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Guião de trabalho II 1. Lê com muita atenção o seguinte texto.

Em 1434, ainda infante, D. Duarte cria o cargo de Cronista-mor do Reino e entrega-o a Fernão Lopes, já então «guardador» da Torre do Tombo. Não será, pois, deslocado considerar a íntima relação dos dois ofícios, a de responsável pelo maior arquivo do reino, com acesso à mais preciosa e importante documentação e, por outro lado, a de organizador do que D. Duarte projetou como a história dos reis de Portugal. (…)

Fernão Lopes, «guardador das escrituras», já por volta de 1418-1419 foi pois incumbido por D. Duarte de «poer em caronyca as estorias dos reis que antiguamente em Portugal forom». Incumbência, como claramente se revela, que responde a uma intenção estrutural, é certo, mas também conjuntural, de alicerçar e construir os pilares de uma memória coletiva e de uma consciência identificadora. Memória e identidade, fatores indissociáveis e necessários na laboriosa afirmação do Estado e da Nação. (…)

Indubitavelmente da sua autoria são, pois, as Crónicas dos reis D. João I, D. Pedro e D. Fernando, com relevo para a Crónica de D. João I, relatando os acontecimentos de transcendente importância que, ocorridos na infância do cronista (provavelmente nascido em 1380), foram por ele reconstruídos e recriados, mediante o que poderemos considerar uma investigação histórica «avant-la-lettre»1, a fim de dar conta do «gramde desvairo que o mui virtuoso rei da boa memoria Dom Joham, cujo regimento e rreinado se segue, ouve com ho nobre e poderoso rei Dom Joham de Castella». (…)

Na abordagem da dimensão literária da obra de Fernão Lopes, como figura maior, e dos demais cronistas seus sucessores, não poderá perder-se de vista que História e Literatura se inscrevem em esferas secantes2. O universo histórico, o plano de referente, repousa, virtualmente, numa construção discursiva. Enquanto discurso, insere-se na vertente do literário (…). Mas, por outro lado, transcendendo o registo literário, dizendo respeito a acontecimentos inscritos na esfera do extra-textual, impõe-se uma reflexão sobre a natureza específica do texto histórico enquanto objeto literário, invadido pelos domínios do imaginário, trazendo para o presente como matéria diferida das representações de dramas individuais movimentos coletivos, transfigurados pela deriva literária3. (…)

Por outro lado, porém, cada escritor – neste caso cada cronista ou historiador – é senhor de uma personalidade indivisa e coerente, necessariamente não poderemos empobrecer a sua imagem tratando da obra de Fernão Lopes (…) segundo vetores independentes, isto é, como historiador e como artista literário. Pelo contrário, esses dois vetores, completando-se, iluminam-se um ao outro e conferem à obra a sua dimensão total e englobante.

A história-memória que é, no fundo, a funcionalidade mais específica e intencional da Cronística, é, contudo, seletiva. Nessa seleção que é, afinal, efeito de um voluntarismo por parte do escritor, se inscrevem os valores literários que permitem que o universo criado no interior do texto seja, enfim, um universo cujas relações com o referente estão sujeitas à liberdade de criação do escritor enquanto tal.

MARIA LEONOR CARVALHÃO BUESCU, “Fernão Lopes e os historiadores da primeira fase da Expansão: Gomes Eanes de Azurara, Rui Pina, Garcia de Resende. O ocaso do espírito medieval e o limiar do Renascimento” – unidade 6, tema 1, in Literatura Portuguesa Medieval,

Universidade Aberta, 1990, pp. 132-136 [adaptado]

1 «avant la lettre» – antes de o termo existir. 2 secante – (Geometria) linha ou superfície que corta outra. 3 deriva literária – desvio; arrasto pela corrente literária.

Fonte: Dicionário Priberam (online)

2015-2016

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Português – 10ºE

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100

2. O texto anterior não apresenta título. Atribui a este excerto um título, atendendo ao(s) tema(s) que

apresenta.

3. Identifica a(s) ideia(s) mais importante(s) dos primeiros três parágrafos do texto e transcreve as frases

ou expressões correspondentes.

4. O conjunto de citações que se segue representa ideias dos três últimos parágrafos do texto. Lê as frases

com muita atenção e indica as citações que correspondem a ideias principais e as que são ideias

secundárias.

a) “cada escritor (…) é senhor de uma personalidade indivisa e coerente”. (linhas 25-26)

b) Na obra de Fernão Lopes, História e Literatura “completando-se, iluminam-se [uma à outra] e

conferem à obra a sua dimensão total e englobante”. (linhas 28-29)

c) “impõe-se uma reflexão sobre a natureza específica do texto histórico enquanto objeto literário,

invadido pelos domínios do imaginário”. (linhas 21-23)

d) “A história-memória (…) é (…) seletiva [e] est[á] sujeita à liberdade de criação do escritor”. (linhas 30-

33)

e) “Na abordagem da dimensão literária da obra de Fernão Lopes (…) História e Literatura inscrevem[-

se] em esferas secantes”. (linhas 17-19)

f) “A história-memória (…) é (…) a funcionalidade mais específica e intencional da Cronística.” (linha 30)

g) “não poderemos empobrecer a sua imagem tratando da obra de Fernão Lopes (…) segundo vetores

independentes”. (linhas 26-27)

5.Transcreve do texto:

a) uma ideia secundária (que não tenha sido apresentada no exercício anterior).

b) uma repetição de uma ideia mencionada anteriormente no texto.

5.1. Compara as respostas anteriores com as do teu colega. Coincidem?

Seleciona com uma cruz (X) a resposta mais adequada.

Sim. Não. Parcialmente.

5.1.1. Se respondeste sim:

c) Procurem, em conjunto, outras respostas para cada uma das alíneas em 5.

5.1.2. Se respondeste não ou parcialmente:

d) Discute as informações registadas pelo teu colega. Devem estar de acordo quanto à

pertinência das respostas encontradas por ambos.

e) Anota as informações que te parecem adequadas.

Discute as respostas com a restante turma.

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101

6. Elabora uma síntese, com um máximo de cento e cinquenta palavras, do texto de Maria Leonor

Carvalhão Buescu, utilizando as tuas próprias palavras.

Os exercícios anteriores dão-te algumas pistas acerca das informações de que necessitarás para a

escrita da tua síntese.

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102

Guião de trabalho II

Cenários de resposta

2. O texto anterior não apresenta título. Atribui a este excerto um título, atendendo ao(s) tema(s) que

apresenta.

Um dos títulos possíveis para o texto seria: “Fernão Lopes, cronista do reino, e a complementaridade de

História e Literatura na sua obra”.

“A crónica: o elo de ligação entre História e Literatura” (resposta dada por um aluno e partilhada com a

restante turma).

3. Identifica a(s) ideia(s) mais importante(s) dos primeiros três parágrafos do texto e transcreve as frases

ou expressões correspondentes.

Primeiro parágrafo - “ Fernão Lopes [foi] (…) responsável pelo maior arquivo do reino (…) [e] organizador do que D. Duarte projetou como a história dos reis de Portugal”.

Segundo parágrafo - “Incumbência (…) de alicerçar e construir os pilares de uma memória coletiva e de uma consciência identificadora (…), fatores indissociáveis e necessários na laboriosa afirmação do Estado e da Nação”. Terceiro parágrafo - “da sua autoria são, pois, as Crónicas dos reis D. João I, D. Pedro e D. Fernando”.

“os acontecimentos de transcendente importância (…) foram por ele reconstruídos e

recriados.”

4. O conjunto de citações que se segue representa ideias dos três últimos parágrafos do texto. Lê as

frases com muita atenção e indica as citações que correspondem a ideias principais e as que são ideias

secundárias.

Ideias principais – e) “Na abordagem da dimensão literária da obra de Fernão Lopes (…) História e

Literatura inscrevem[-se] em esferas secantes”. (linhas 17-19)

b) Na obra de Fernão Lopes, História e Literatura “completando-se, iluminam-se [uma

à outra] e conferem à obra a sua dimensão total e englobante”. (linhas 27-28)

f) “A história-memória (…) é (…) a funcionalidade mais específica e intencional da

Cronística.” (linha 29)

d) “A história-memória (…) é (…) seletiva [e] est[á] sujeita à liberdade de criação do

escritor”. (linhas 30-33)

Ideias secundárias – c) “impõe-se uma reflexão sobre a natureza específica do texto histórico enquanto

objeto literário, invadido pelos domínios do imaginário”. (linhas 20-22)

a) “cada escritor (…) é senhor de uma personalidade indivisa e coerente”. (linhas 24-

25)

g) “não poderemos empobrecer a sua imagem tratando da obra de Fernão Lopes (…)

segundo vetores independentes”. (linhas 25-26)

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Português – 10ºE

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103

5. Procura no texto e transcreve:

a) uma ideia secundária (que não tenha sido apresentada no exercício anterior) : “com acesso à mais

preciosa e importante documentação” (linhas 3-4); ou “provavelmente nascido em 1380” (linhas 13); ou

“mediante o que poderemos considerar uma investigação histórica «avant-la-lettre»” (linhas 14) ou “como

figura maior” (linha 17) ou “o plano de referente” (linha 19).

b) uma repetição de uma ideia mencionada anteriormente no texto: “«guardador das escrituras»”

(linha 6) ou “foi incumbido por D. Duarte de «poer em caronyca as estórias dos reis que antiguamente em

Portugal forom»” (linha 7) ou “[a seleção feita pela história-memória é] efeito de um voluntarismo por

parte do escritor” (linha 31).

5.1. Compara as respostas anteriores com as do teu colega. Coincidem?

Discute as respostas com a restante turma.

Nesta discussão conjunta, dever-se-á mencionar todas as informações menos relevantes no

texto, as informações secundárias. De igual modo, pretende-se, ao referir as repetições de

ideias, não só indicar que são informações a eliminar na síntese (tal como as ideias

secundárias), como também reforçar as ideias principais do texto-fonte.

6. Elabora uma síntese, com um máximo de cento e cinquenta palavras, do texto de Maria Leonor

Carvalhão Buescu, utilizando as tuas próprias palavras.

Os exercícios anteriores dão-te algumas pistas acerca das informações de que necessitarás para a

escrita da tua síntese.

Fernão Lopes preservou os documentos do reino e foi incumbido de redigir os acontecimentos

passados na história dos reis de Portugal.

As suas crónicas, em que os acontecimentos narrados foram reconstruídos e recriados, ajudaram

na memória e na identidade de um povo que se queria afirmar política e economicamente independente.

Na obra de Fernão Lopes, História e Literatura complementam-se: os acontecimentos históricos são

descritos no contexto literário, ao mesmo tempo que a literatura é instrumento de análise da História.

Nas crónicas, o autor seleciona as informações históricas, o que explica a livre criação literária dos

cronistas.

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ANEXO F.

Unidade temática: Tempos de mudança Tempo de aula: 50 minutos

Ano: 10º Turma: E Data: 3 de dezembro de 2015

Sumário: Conclusão da redação da síntese do texto de Maria Leonor Carvalhão Buescu. Exercícios de expansão de frase.

Recursos/Materiais: Guião de trabalho II. Guião de trabalho III. Computador e projetor.

Domínios Objetivos Conteúdos

Leitura

Escrita

Ler e interpretar textos expositivos. - compreender globalmente o texto;

Ler e interpretar a informação registada.

Escrever textos de diferentes finalidades. - redigir textos variados, respeitando as suas marcas características: a síntese.

Redigir com coerência e correção linguística cada parágrafo do texto, parafraseando o texto de partida. - reformular com o recurso a novas palavras as ideias do texto; - usar um correto registo de língua, vocabulário adequado ao tema, correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na pontuação.

Expandir frases, recorrendo a subordinação.

Texto expositivo. Seleção da informação em texto expositivo. Síntese. Técnicas de expansão de frase.

Desenvolvimento da aula Tempo

(m)

1. Registo do sumário.

5’

2. Conclusão da redação da síntese do texto do guião de trabalho II.

20’

3. Trabalho individual: exercício 1 do guião de trabalho III (resolução e correção).

10’

4. Trabalho de turma: exercício 2 do guião de trabalho III.

15’

Nota: O aluno leva para trabalho de casa o exercício 3 do guião de trabalho III.

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PLANO DE AULA 4

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105

Avaliação: Observação direta.

Observações: Grande parte da turma chegou atrasada à aula (cerca de dez minutos), tendo um aluno faltado (a sua síntese do texto de Maria Leonor Carvalhão Buescu não foi concluída). Aquando da conclusão da escrita da síntese, os discentes apenas observaram o texto fonte, apesar de terem sido alertados pelo professor para todo o trabalho de seleção das ideias-chave do texto, realizado na aula anterior. O ponto 4 do desenvolvimento da aula, assim como o trabalho de casa, transitaram para a aula seguinte.

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106

Guião de trabalho III 1. Atenta na seguinte frase:

Fernão Lopes escreveu a Crónica de D. João I.

1.1. Expande a oração anterior, construindo dez frases nas quais deverás utilizar, para cada, uma das

estruturas do quadro.

2. A fim de comemorar os 631 anos do Cerco de Lisboa, o Jornal da Escola propõe-te que redijas uma frase

que contenha as informações históricas mais importantes deste acontecimento. Após uma seleção

exaustiva, as informações registadas foram as seguintes:

- O Cerco de Lisboa deu-se no ano de 1384.

- O rei de Castela ordenou o cerco a Lisboa devido ao assassinato do Conde Andeiro.

- O Conde Andeiro era o amante de D. Leonor Teles.

- Outro dos motivos que levou ao cerco de Lisboa foi a sublevação do povo para tornar o Mestre de Avis rei

de Portugal.

- Lisboa foi cercada por meios terrestres e navais.

- Foi D. João I, rei de Castela, que ordenou a invasão de Lisboa pelos castelhanos.

- D. Beatriz era casada com D. João I de Castela.

- Durante o cerco de Lisboa, a peste negra dizimou grande parte do exército castelhano.

- El-rei de Castela decidiu sair de Lisboa quando soube que D. Beatriz estava doente.

2.1. Partindo da seguinte frase, acrescenta todas as informações indicadas anteriormente.

O rei de Castela e as suas tropas cercaram Lisboa.

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Português – 10ºE

Nome: _____________________________________________________________________ Nº_______

a) tarefa que lhe foi confiada pelo rei D. Duarte

b) que viveu no século XV

c) o que permitiu documentar alguns dos acontecimentos históricos ocorridos durante o reinado de D. João I

d) que foi cronista-mor durante cerca de vinte anos

e) a quem se confiou a imortalização da história de todos os reis da primeira dinastia e a do décimo rei de Portugal

f) onde relatou a crise de sucessão ao trono depois da morte do rei D. Fernando

g) que está referenciada como um dos grandes livros da literatura portuguesa

h) que era filho bastardo do rei D. Pedro I

i)considerado o pai da história portuguesa

j) cujas obras não são apenas um repositório de factos

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107

3. Em casa, visualiza o vídeo da RTP-Ensina intitulado “O curto reinado de D. Duarte”, disponível na

plataforma moodle ou no link: http://ensina.rtp.pt/artigo/d-duarte-1391-1438/.

3.1. Regista pelo menos seis das informações contidas no vídeo.

3.2. À semelhança do exercício 2, expande a seguinte frase com as informações que registaste

anteriormente.

D. Duarte governou Portugal.

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Guião de trabalho III

Soluções (exercício 1) e cenários de resposta

(exercícios 2 e 3)

1.1. Expande a oração anterior, construindo dez frases nas quais deverás utilizar para cada uma as

estruturas do quadro.

a) Fernão Lopes escreveu a Crónica de D. João I, tarefa que lhe foi confiada pelo rei D. Duarte.

b) Fernão Lopes, que viveu no século XV, escreveu a Crónica de D. João I.

c) Fernão Lopes escreveu a Crónica de D. João I, o que permitiu documentar alguns dos acontecimentos

históricos ocorridos durante o reinado de D. João I.

d) Fernão Lopes, que foi cronista-mor durante cerca de vinte anos, escreveu a Crónica de D. João I.

e) Fernão Lopes, a quem se confiou a imortalização da história de todos os reis da primeira dinastia e a

do décimo rei de Portugal, escreveu a Crónica de D. João I.

f) Fernão Lopes escreveu a Crónica de D. João I, onde relatou a crise de sucessão ao trono depois da

morte do rei D. Fernando.

g) Fernão Lopes escreveu a Crónica de D. João I, que está referenciada como um dos grandes livros da

literatura portuguesa.

h) Fernão Lopes escreveu a Crónica de D. João I, que era filho bastardo do rei D. Pedro I.

i) Fernão Lopes, considerado o pai da história portuguesa, escreveu a Crónica de D. João I.

j) Fernão Lopes, cujas obras não são apenas um repositório de factos, escreveu a Crónica de D. João I.

2.1. Partindo da seguinte frase, acrescenta todas as informações indicadas anteriormente.

No ano de 1384, em consequência do assassinato do Conde Andeiro, amante de D. Leonor Teles, assim

como da sublevação do povo para tornar o Mestre de Avis rei de Portugal, o rei de Castela, D. João I, e as

suas tropas cercaram Lisboa por meios terrestres e navais, tendo el-rei de Castela posto fim ao cerco na

sequência da doença de D. Beatriz, sua esposa, e da morte de grande parte do seu exército devido ao

surto de peste negra.

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Português – 10ºE

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3.1. Regista pelo menos seis das informações contidas no vídeo.

- D. Duarte governou Portugal durante cinco anos;

- filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre;

- morre em 1438;

- foi o décimo primeiro rei de Portugal;

- marcou a história da sua época;

- orientou a sua ação em três sentidos: a política interna, a expansão marítima e a guerra com Marrocos;

- à semelhança de D. Dinis, teve preocupações intelectuais: escreveu livros de poemas e de caça, assim

como um tratado político, O Leal Conselheiro.

3.2. À semelhança do exercício 2, expande a seguinte frase com as informações registadas

anteriormente.

D. Duarte, décimo primeiro rei que morre em 1438, filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre, governou

Portugal durante cinco anos, tendo marcado a história da sua época ao preocupar-se com assuntos

intelectuais, dado que escreveu livros de poemas e de caça, assim como um tratado político, O Leal

Conselheiro, e ao direcionar a sua ação para assuntos políticos, económicos, culturais e militares.

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110

ANEXO G.

Unidade temática: Tempos de mudança Tempo de aula: 100 minutos (50’ + 50’)

Ano: 10º Turma: E Data: 7 de dezembro de 2015

Sumário: Conclusão do exercício de expansão de frase. Oficina de gramática: orações subordinadas adjetivas relativas.

Recursos/Materiais: Guião de trabalho III. Guião de trabalho IV. Computador e projetor.

Domínios: Objetivos: Conteúdos:

Gramática

Explicitar aspetos essenciais da sintaxe do português: - identificar orações subordinadas adjetivas; - identificar orações subordinadas adjetivas relativas restritivas e orações subordinadas adjetivas relativas explicativas; - reconhecer os usos corretos da vírgula em orações adjetivas relativas.

Orações subordinadas adjetivas relativas:

- orações subordinadas adjetivas relativas restritivas;

- orações subordinadas adjetivas relativas explicativas.

Pontuação das orações subordinadas adjetivas relativas explicativas.

Desenvolvimento da aula Tempo

(m)

1. Registo do sumário.

5’

2. Conclusão do exercício 2 do guião III – escrita colaborativa em grande grupo.

25’

3. Oficina de gramática: orações subordinadas adjetivas relativas – entrega do guião IV.

2’

4. Explicitação da noção de oração subordinada adjetiva relativa – exercício 1 do guião IV.

18’

INTERVALO

5. Diferenças sintáticas e semânticas entre orações subordinadas adjetivas relativas restritivas e orações subordinadas adjetivas relativas explicativas – exercício 2, 3 e 4 do guião IV.

45’

6. Explicitação do trabalho de casa (para quinta-feira, dia 10/12): realização do exercício 3 do guião III.

5’

Nota: os alunos deverão realizar, em casa, o exercício 3 do guião III.

Avaliação: Observação direta.

2015-2016

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Mestrado em Ensino do Português

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

PLANO DAS AULAS 5 e 6

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111

Observações: Na segunda parte da aula, os alunos revelaram ter ainda mais dificuldade do que o expectável, pois, dos trinta discentes, oito afirmaram nunca terem dado as orações subordinadas adjetivas relativas restritivas e as orações subordinadas adjetivas relativas explicativas.

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112

Unidade temática: Tempos de mudança Tempo de aula: 50 minutos

Ano: 10º Turma: E Data: 10 de dezembro de 2015

Sumário: Conclusão da oficina de gramática sobre as orações subordinadas adjetivas relativas. Correção do trabalho de casa.

Recursos/Materiais: Guião de trabalho III. Guião de trabalho IV. Computador e projetor.

Domínios: Objetivos: Conteúdos:

Gramática

Explicitar aspetos essenciais da sintaxe do português: - identificar orações subordinadas adjetivas; - identificar orações subordinadas adjetivas relativas restritivas e orações subordinadas adjetivas relativas explicativas; - reconhecer os usos corretos da vírgula em orações adjetivas relativas.

Orações subordinadas adjetivas relativas:

- orações subordinadas adjetivas relativas restritivas;

- orações subordinadas adjetivas relativas explicativas.

Pontuação das orações subordinadas adjetivas relativas explicativas.

Desenvolvimento da aula Tempo

(m)

1. Registo do sumário.

5’

2. Conclusão dos exercícios do guião IV.

20’

3. Exercícios de treino do guião IV (resolução e correção).

15’

4. Correção do trabalho de casa: exercício 3 do guião III.

10’

Avaliação: Observação direta.

Observações: Não foi possível corrigir o trabalho de casa. Não foram também concluídos os exercícios de treino do guião IV.

2015-2016

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Mestrado em Ensino do Português

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

PLANO DE AULA 7

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113

Guião de trabalho IV

Orações subordinadas adjetivas relativas

1. Observa as frases (1) e (2).

(1) Aquela música que o Paulo cantou ontem faz parte da banda sonora de um filme francês.

(2) A minha avó disse que os extraterrestres nos iriam raptar.

(3) Aquela música irritante faz parte da banda sonora de um filme francês.

(4) A minha avó disse alguns disparates.

1.1. Indica os grupos (nominal, verbal, adjetival e preposicional) a que pertencem os grupos de palavras

sublinhadas em (3) e (4).

1.2. Tenta substituir as estruturas sublinhadas de (5) a (8) por grupos nominais ou grupos adjetivais.

(5) A criança que brincava alegremente está hoje triste.

(6) O agente da polícia sabe que todas as pessoas da aldeia irão ser interrogadas.

(7) A Fernanda precisa de quem lhe dê aulas de piano.

(8) Os documentos de que necessitarás estão em cima da mesa.

1.3. Completa as seguintes frases:

Conclui-se que:

1) As orações sublinhadas em ____________________ classificam-se como orações subordinadas

adjetivas relativas, pois podem ser substituídas por grupos adjetivais.

2) As orações sublinhadas em ____________________ classificam-se como orações subordinadas

substantivas, uma vez que podem ser substituídas por grupos nominais.

2. As orações sublinhadas em (9) correspondem a orações subordinadas adjetivas relativas.

(9) a. Os alunos, que se esforçaram, conseguiram obter bons resultados no teste.

b. Os alunos que se esforçaram conseguiram obter bons resultados no teste.

2015-2016

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Português – 10ºE

Nome: _____________________________________________________________________ Nº_______

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114

2.1. As frases anteriores são lexicalmente iguais. Contudo, há um elemento que as diferencia. Indica-

-o.

2.2. Indica a alínea em (9) que melhor traduz a interpretação das seguintes frases.

i) Apenas os alunos que se esforçaram conseguiram ter bons resultados. _________

ii) Todos os alunos se esforçaram (e conseguiram obter bons resultados). _________

2.3. Atenta nas frases em (10) e nas suas respetivas interpretações em (11):

(10) a. Os morcegos, que são mamíferos, têm a capacidade de voar.

b. #1 Os morcegos que são mamíferos têm a capacidade de voar.

(11) a. Todos os morcegos são mamíferos e têm a capacidade de voar.

b. #Os morcegos que são mamíferos têm a capacidade de voar, os que não são não têm a

capacidade de voar.

2.3.1. Observa os pares de frases em (12) e (13):

(12) a. A mãe da Constança, que trabalha em Londres, sofreu um grave acidente.

b. # A mãe da Constança que trabalha em Londres sofreu um grave acidente.

(13) a. Johnny Depp, que é um ator americano, nasceu em 1963.

b. #Johnny Depp que é um ator americano nasceu em 1963.

2.3.1.1. Tendo em conta as interpretações explicitadas em (11), tenta interpretar cada uma

das frases em (12) e (13).

2.3.1.2. Procura explicar o motivo pelo qual as alíneas b. são anómalas.

2.3.1.3. Identifica o elemento presente nas alíneas a. e inexistente nas alíneas b.

2.4. Apresenta as tuas conclusões.

1) Nas frases ______________________, as estruturas relativas ______________________________

__________________________________________________________________________________.

A estas orações dá-se o nome de subordinadas adjetivas relativas explicativas.

2) As orações ______________________________________________________________________

______________________, como em ______________________, classificam-se como subordinadas

adjetivas relativas restritivas.

1 O cardinal (#) indica que a frase apresenta, tendo em conta o conhecimento que se tem do mundo, alguma estranheza.

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115

3. Sublinha as orações subordinadas adjetivas relativas no seguinte conjunto de frases2.

(14) a. Os ficheiros que te emprestei contêm informações secretas.

b. A viagem que o Tiago fez no verão foi muito agradável.

c. D. Sebastião, a quem Camões dedica Os Lusíadas, morreu na batalha de Alcácer Quibir.

d. A laranja, que é rica em nutrientes, é o fruto da laranjeira.

e. A senhora com quem me correspondi por correio eletrónico foi bastante compreensiva.

f. Fernando Pessoa, que escreveu a obra Mensagem, nasceu em Lisboa.

3.1. Responde às seguintes questões:

Grupo A: O que é que contém informações secretas? ______________________________________.

O que é que foi muito agradável? ______________________________________________.

Quem foi bastante compreensivo? _____________________________________________.

Grupo B: Quem morreu na batalha de Alcácer Quibir? _____________________________________.

Qual é o fruto da laranjeira? ___________________________________________________.

Quem nasceu em Lisboa? _____________________________________________________.

3.2. Identifica a informação que te permitiu dar resposta às perguntas do grupo A.

3.3. Identifica, agora, a informação que te permitiu dar resposta às questões do grupo B.

3.4. Apresenta as tuas conclusões e partilha com a restante turma.

4. Observa as frases que se seguem.

(15) a. O meu tio, que é bastante doente, teve recentemente um ataque cardíaco.

b. Ele, que é bastante doente, teve recentemente um ataque cardíaco.

(16) a. O professor que me elogiou foi despedido.

b. *3 Ele que me elogiou foi despedido.

4.1. Classifica as orações sublinhadas em (15) e (16).

4.2. Atribui uma interpretação às frases (15a) e (16a).

4.3. Apresenta uma justificação para a agramaticalidade da frase (16b), comparando-a com a frase

(15b).

4.4. Indica as tuas conclusões.

2 Exercício semelhante ao exercício 3 da ficha de orações relativas com antecedente de Costa (2014). 3 O asterisco (*) indica que a frase é agramatical, pois é incorreta do ponto de vista gramatical.

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116

Exercícios de treino:

1. Prova que as seguintes frases contêm orações subordinadas substantivas ou adjetivas, substituindo as

estruturas sublinhadas por grupos nominais ou adjetivais.

a) A Rita perguntou se tínhamos a matriz do teste de Ciências.

b) O professor entregou as correções aos alunos que tiveram um bom comportamento.

c) O meu primo quer que o ajude a procurar trabalho.

d) Ele entregou à sogra a encomenda que veio do estrangeiro.

2. Identifica as orações relativas (restritiva ou explicativa) que encontras nas frases seguintes.

a) A Páscoa, que é uma efeméride em memória da ressurreição de Jesus Cristo, é celebrada a um

domingo.

b) A disciplina cujos conteúdos são mais interessantes é a Matemática.

c) Os rapazes que assaltaram o banco nacional foram presos.

d) Este carro é do vizinho de que te falei no outro dia.

e) Paris, que é a capital de França, é uma das cidades mais visitadas na Europa.

f) José Saramago, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1998, escreveu o livro O Ensaio sobre

a Cegueira.

g) Os médicos com quem a Ana trabalhou são excelentes profissionais.

h) A escola onde eu estudo está em obras.

3. Pontua as seguintes frases, atendendo ao tipo de oração relativa que incluem.

a) D. Pedro I que viveu um romance proibido com D. Inês de Castro foi o oitavo rei de Portugal.

b) O cirurgião que operou a minha mãe já se aposentou.

c) A equipa de futebol do António que teve uma péssima prestação perdeu o jogo.

d) A atriz que acabou de representar precisa de aulas de dicção.

e) O poeta e dramaturgo García Lorca que foi uma das vítimas da guerra civil espanhola escreveu A Casa

de Bernarda Alba.

f) Enviei um postal ao compositor que esteve presente na festa de anos da Carlota.

g) Resumimos o texto que iremos apresentar no Congresso de Ciência.

Já sou capaz de… Sim Não Tenho de estudar melhor

Identificar orações subordinadas adjetivas relativas.

Identificar orações subordinadas adjetivas relativas restritivas e subordinadas adjetivas relativas explicativas.

Pontuar corretamente as orações subordinadas adjetivas relativas.

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117

Guião de trabalho IV

Orações subordinadas adjetivas relativas – Soluções

1. Observa as frases (1) e (2).

1.1. Indica os grupos (nominal, verbal, adjetival e preposicional) a que pertencem os grupos de palavras

sublinhadas em (3) e (4).

(3) grupo adjetival; (4) grupo nominal (núcleo – N ‘disparates’)

1.2. Tenta substituir as estruturas sublinhadas de (5) a (8) por grupos nominais ou grupos adjetivais.

(5) A criança alegre está hoje triste.

(6) O agente da polícia sabe as leis.

(7) A Fernanda precisa de (algumas/umas) aulas de piano.

(8) Os documentos necessários estão em cima da mesa.

1.3. Completa as seguintes frases:

Conclui-se que:

1) As orações sublinhadas em (1), (5) e (8) classificam-se como orações subordinadas adjetivas relativas,

pois podem ser substituídas por grupos adjetivais.

2) As orações sublinhadas em (2), (6) e (7) classificam-se como orações subordinadas substantivas, uma

vez que podem ser substituídas por grupos nominais.

2. As orações sublinhadas em (9) correspondem a orações subordinadas adjetivas relativas.

(9) a. Os alunos, que se esforçaram, conseguiram obter bons resultados no teste.

b. Os alunos que se esforçaram conseguiram obter bons resultados no teste.

2.1. As frases anteriores são lexicalmente iguais. Contudo, há um elemento que as diferencia. Indica-

-o.

O elemento que os diferencia é a pontuação, ou seja, a vírgula.

2.2. Indica a alínea em (9) que melhor traduz a interpretação das seguintes frases.

i) Apenas os alunos que se esforçaram conseguiram ter bons resultados. ___b___

ii) Todos os alunos se esforçaram (e conseguiram obter bons resultados). ___a___

2.3. Atenta nas frases em (10) e nas suas respetivas interpretações em (11):

2.3.1.1. Tendo em conta as interpretações explicitadas em (11), tenta interpretar cada uma

das frases em (12) e (13).

(12) a. A mãe da Constança trabalha em Londres e sofreu um grave acidente.

b. #A mãe da Constança que trabalha em Londres sofreu um grave acidente, as que não

trabalham não sofreram um grave acidente.

(13) a. Johnny Depp é um ator americano e nasceu em 1963.

b. #Johnny Depp que é um ator americano nasceu em 1963, o que não é não nasceu em

1963.

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118

2.3.1.2. Procura explicar o motivo pelo qual as alíneas b. são anómalas.

As interpretações em (12b) e (13b) são estranhas, face ao conhecimento que se tem do mundo.

Assim, não é possível inferir-se que a Constança tenha mais do que uma mãe ou que haja um

conjunto de Johnny Depps.

2.3.1.3. Identifica o elemento presente nas alíneas a. e inexistente nas alíneas b.

O elemento diferenciador é a vírgula.

2.4 Apresenta as tuas conclusões.

1) Nas frases (9a), (10a), (12a) e (13a), as estruturas relativas intercaladas por vírgulas adicionam

informação ao grupo nominal antecedente e, por isso, não podem ter uma interpretação que delimite

o conjunto de entidades que o grupo nominal refere. A estas orações dá-se o nome de subordinadas

adjetivas relativas explicativas.

2) As orações que restringem o valor referencial do GN antecedente, como em (9b), classificam-se

como subordinadas adjetivas relativas restritivas.

3. Sublinha as orações subordinadas adjetivas relativas no seguinte conjunto de frases.1

3.1. Responde às seguintes questões:

Grupo A: O que é que contém informações secretas? Os ficheiros que te emprestei.

O que é que foi muito agradável? A viagem que o Tiago fez no verão.

Quem foi bastante compreensivo? A senhora com quem me correspondi por correio

eletrónico.

Grupo B: Quem morreu na batalha de Alcácer Quibir? D. Sebastião (a quem Camões dedica Os

Lusíadas).

Qual é o fruto da laranjeira? A laranja (que é rica em nutrientes).

Quem nasceu em Lisboa? Fernando Pessoa (que escreveu a obra Mensagem).

3.2. Identifica a informação que te permitiu dar as respostas às perguntas do grupo A.

Todo o grupo nominal, incluindo a oração relativa.

3.3. Identifica, agora, a informação que te permitiu dar resposta às questões do grupo B.

Nestes casos, a relativa não é necessária para se responder às questões.

3.4. Apresenta as tuas conclusões e partilha com a restante turma.

As orações relativas em a., b. e e. são orações subordinadas adjetivas relativas restritivas e as orações

relativas em c., d. e f. são orações subordinadas adjetivas relativas explicativas.

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119

4. Observa as frases que se seguem.

4.1. Classifica as orações sublinhadas em (15) e (16).

(15) oração subordinada adjetiva relativa explicativa.

(16) oração subordinada adjetiva relativa restritiva.

4.2. Atribui uma interpretação às frases (15a) e (16a).

(15a) O meu tio é bastante doente e teve recentemente um ataque cardíaco.

(16a) O professor que me elogiou foi despedido, os que não me elogiaram não foram despedidos.

4.3. Apresenta uma justificação para a agramaticalidade da frase (16b), comparando-a com a frase

(15b).

Apenas as relativas explicativas podem ter um pronome pessoal como antecedente.

4.4. Indica as tuas conclusões.

A oração subordinada adjetiva relativa explicativa pode ter um pronome pessoal como antecedente,

ao passo que a oração subordinada adjetiva relativa restritiva não pode ter como antecedente um

pronome pessoal.

Exercícios de treino:

1. Prova que as seguintes frases contêm orações subordinadas substantivas ou adjetivas, substituindo as

estruturas sublinhadas por grupos nominais ou adjetivais.

a) A Rita perguntou a matéria/ *aborrecida.

b) O professor entregou as correções aos alunos *responsabilidade/ responsáveis.

c) O meu primo quer trabalho/ *inteligente.

d) Ele entregou à sogra a encomenda *o papel /estrangeira.

2. Identifica as orações relativas (restritiva ou explicativa) que encontras nas frases seguintes.

a) A Páscoa, que é uma efeméride em memória da ressurreição de Jesus Cristo, é celebrada a um

domingo. EXPLICATIVA

b) A disciplina cujos conteúdos são mais interessantes é a Matemática. RESTRITIVA

c) Os rapazes que assaltaram o banco nacional foram presos. RESTRITIVA

d) Este carro é do vizinho de que te falei no outro dia. RESTRITIVA

e) Paris, que é a capital de França, é uma das cidades mais visitadas na Europa. EXPLICATIVA

f) José Saramago, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1998, escreveu o livro O Ensaio sobre a

Cegueira. EXPLICATIVA

g) Os médicos com quem a Ana trabalhou são excelentes profissionais. RESTRITIVA

h) A escola onde eu estudo está em obras. RESTRITIVA

3. Pontua as seguintes frases, atendendo ao tipo de oração relativa que incluem.

a) D. Pedro I, que viveu um romance proibido com D. Inês de Castro, foi o oitavo rei de Portugal.

b) O cirurgião que operou a minha mãe já se aposentou.

c) A equipa de futebol do António, que teve uma péssima prestação, perdeu o jogo.

d) A atriz que acabou de representar precisa de aulas de dicção.

e) O poeta e dramaturgo García Lorca, que foi uma das vítimas da guerra civil espanhola, escreveu A

Casa de Bernarda Alba.

f) Enviei um postal ao compositor que esteve presente na festa de anos da Carlota.

g) Resumimos o texto que iremos apresentar no Congresso de Ciência.

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120

ANEXO H.

Unidade temática: Tempos de mudança Tempo de aula: 50 minutos

Ano: 10º Turma: E Data: 11 de dezembro de 2015

Sumário: Reflexão sobre as sínteses do texto de Maria Leonor Carvalhão Buescu.

Recursos/Materiais: Guião de trabalho III. Guião de trabalho IV. Guião de trabalho V. Computador e projetor.

Domínios Objetivos Conteúdos

Leitura

Ler e apreciar textos variados. - refletir sobre síntese, atendendo às diferentes etapas de elaboração de síntese e às características do texto de partida.

Etapas de elaboração de uma síntese.

Desenvolvimento da aula Tempo

(m)

1. Registo do sumário.

5’

2. Correção dos exercícios de treino do guião IV.

10’

3. Correção do trabalho de casa: exercício 3 do guião III.

15’

4. Análise das sínteses e exercício 1 do guião V.

15’

5. Exercício 2 do guião V. 5’

Avaliação: Observação direta.

Observações: Os alunos mostraram-se interessados nesta análise conjunta de alguns textos produzidos.

2015-2016

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Mestrado em Ensino do Português

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

PLANO DE AULA 8

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121

Guião de trabalho V

Observa as sínteses que o professor irá, em seguida, projetar no quadro.

1. Completa o quadro com as alíneas correspondentes às características de cada síntese observada.

a) Recorre às suas próprias palavras para mencionar as ideias-chave do texto-fonte.

b) Seleciona apenas as ideias-chave do texto-fonte.

c) Limita-se às informações contidas no texto-fonte.

d) O número de palavras usado não excede o limite indicado (150 palavras).

e) Apresenta uma estrutura adequada (em formato de texto).

2. Estas são as etapas que deverás seguir na elaboração de uma síntese. Ordena-as de 1 a 5.

_____ Leitura e correção de eventuais falhas ao nível da sintaxe, do léxico, da ortografia e da

pontuação.

_____ Identificação das informações mais importantes, menos relevantes e dos exemplos no texto.

_____ Primeira leitura e compreensão global do texto-fonte.

_____ Seleção das ideias-chave do texto e eliminação das informações menos relevantes e dos

exemplos.

_____ Redação de uma síntese que contenha as ideias mais importantes, sem utilizar as expressões

ou frases do texto-fonte.

2015-2016

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas Agrupamento de Escolas Linda-a-Velha e Queijas

Português – 10ºE

Nome: _____________________________________________________________________ Nº_______

Síntese A:

Síntese B:

Síntese C:

Síntese D:

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122

Guião de trabalho V

SOLUÇÕES

1. Completa o quadro com as alíneas correspondentes aos aspetos que cada síntese deverá

melhorar.

a) Recorre às suas próprias palavras para mencionar as ideias-chave do texto-fonte.

b) Seleciona apenas as ideias-chave do texto-fonte.

c) Limita-se às informações contidas no texto-fonte.

d) O número de palavras usado não excede o limite indicado (150 palavras).

e) Apresenta uma estrutura adequada (em formato de texto).

2. Estas são as etapas que deverás seguir na elaboração de uma síntese. Ordena-as de 1 a 5.

__5__ Leitura e correção de eventuais falhas ao nível da sintaxe, do léxico, da ortografia e da

pontuação.

__2__ Identificação das informações mais importantes, menos relevantes e dos exemplos no texto.

__1__ Primeira leitura e compreensão global do texto-fonte.

__3__ Seleção das ideias-chave do texto e eliminação das informações menos relevantes e dos

exemplos.

__4__ Redação de uma síntese que contenha as ideias mais importantes, sem utilizar as expressões

ou frases do texto-fonte.

Síntese __A__ b); c); e).

Síntese __B__ b); c); d).

Síntese __C__ a); d); e).

Síntese __D__ a); c); e).

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123

ANEXO I.

Unidade temática: Tempos de mudança Tempo de aula: 100 minutos (50’ + 50’)

Ano: 10º Turma: E Data: 14 de dezembro de 2015

Sumário: Conclusão dos exercícios de reflexão sobre as sínteses. Reescrita das sínteses. Exercícios de contração de texto.

Recursos/Materiais: Guião de trabalho V. Guião de trabalho VI. Computador e projetor.

Domínios Objetivos: Conteúdos

Leitura

Escrita

Ler e apreciar textos variados. - refletir sobre a síntese, atendendo às diferentes etapas de elaboração de síntese e às características do texto de partida;

Ler e interpretar textos expositivos. - compreender globalmente o texto.

Utilizar procedimentos adequados ao registo e tratamento da

informação.

- identificar e selecionar as informações mais importantes.

Reescrever os textos escritos. - aperfeiçoamento da síntese: correções de língua e seleção de ideias do texto-fonte.

Selecionar informação relevante numa síntese. - hierarquização da informação; - redução das ideias mais importantes.

Etapas de elaboração de uma síntese. Leitura de texto expositivo.

Síntese.

Técnicas de contração de texto.

Desenvolvimento da aula Tempo

(m)

1. Registo do sumário.

5’

2. Conclusão da análise de sínteses (exercício 1 do guião V).

12’

3. Exercício 2 do guião V: identificação das diferentes etapas de uma síntese.

8’

4. Reescrita da síntese.

25’

INTERVALO

5. Leitura em voz alta do texto “Crioulos de base portuguesa”.

5’

6. Exercício 1 do guião VI: identificação no texto das ideias mais importantes (resolução e correção). 10’

2015-2016

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Mestrado em Ensino do Português

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

PLANO DAS AULAS 9 e 10

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124

7. Reflexão individual sobre as sínteses produzidas nos testes diagnósticos. 10’

8. Exercício 1.3. do guião VI: reescrita e redução da síntese. 25’

Avaliação: Observação direta.

Observações: Foi entregue aos alunos o teste diagnóstico, já devidamente corrigido.

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125

Unidade temática: Tempos de mudança Tempo de aula: 50 minutos

Ano: 10º Turma: E Data: 4 de janeiro de 2016

Sumário: Conclusão dos exercícios de contração de texto.

Recursos/Materiais: Guião de trabalho VI. Computador e projetor.

Domínios Objetivos: Conteúdos

Leitura

Escrita

Selecionar criteriosamente informação relevante.

Ler e interpretar textos expositivos. - compreender globalmente o texto.

Redigir uma síntese bem estruturada: coesa, coerente, com um uso correto do registo de língua, com o vocabulário adequado e correção na acentuação, ortografia, sintaxe e pontuação. Explorar formas de contração sucessiva de texto;

Síntese.

Técnicas de contração de texto: estruturas sintáticas que permitem reduzir o número de palavras de um texto.

Desenvolvimento da aula Tempo

(m)

1. Registo do sumário.

5’

2. Síntese do trabalho elaborado.

5’

3. Leitura do texto de Hugo Cardoso.

5’

4. Exercício 2.1 do guião de trabalho VI: contração da síntese produzida no exercício 1.3.

25’

5. Reflexão sobre técnicas de redução de texto: exercício 2.1.1. do guião de trabalho VI. 10’

Avaliação: Observação direta.

Observações: ------

2015-2016

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Mestrado em Ensino do Português

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

PLANO DE AULA 11

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126

Guião de trabalho VI

1. O seguinte texto intitula-se “Crioulos de base portuguesa”. Reconheces? Relê-o. Os crioulos são línguas naturais, de formação rápida, criadas pela necessidade de expressão e comunicação

plena entre indivíduos inseridos em comunidades multilingues relativamente estáveis. Procurando superar a pouca funcionalidade das suas línguas maternas, estes recorrem ao modelo imposto (mas pouco acessível) da língua socialmente dominante e ao seu saber linguístico para constituir uma forma de linguagem veicular simples, de uso restrito mas eficaz, o pidgin, que posteriormente é gramaticalmente complexificada e lexicalmente expandida, em particular pelas novas gerações de crianças que a adquirem como língua materna, dando origem ao crioulo.

Chamam-se de base portuguesa os crioulos cujo léxico é, na sua maioria, de origem portuguesa. No entanto, do ponto de vista gramatical, os crioulos são línguas diferenciadas e autónomas. Sendo a língua-base aquela que dá o léxico, podemos encontrar crioulos de diferentes bases: de base inglesa (como o Krio da Serra Leoa), de base francesa (como o crioulo das Seychelles), de base árabe (como o Kinubi do Uganda e do Quénia) ou outra.

Os crioulos de base portuguesa são habitualmente classificados de acordo com um critério de ordem predominantemente geográfica, embora, em muitos casos, exista também uma correlação entre a localização geográfica e o tipo de línguas de substrato em presença no momento da formação.

Em África formaram-se os Crioulos da Alta Guiné (em Cabo Verde, Guiné-Bissau e Casamansa) e os do Golfo da Guiné (em S. Tomé, Príncipe e Ano Bom). Classificam-se como Indo-portugueses os crioulos da Índia (de Diu, Damão, Bombaim, Chaul, Korlai, Mangalor, Cananor, Tellicherry, Mahé, Cochim, Vaipim e Quilom e da Costa de Coromandel e de Bengala) e os crioulos do Sri-Lanka, antigo Ceilão (Trincomalee e Batticaloa, Mannar e zona de Puttallam). (…) Na Ásia surgiram ainda crioulos de base portuguesa na Malásia (Malaca, Kuala Lumpur e Singapura) e em algumas ilhas da Indonésia (Java, Flores, Ternate, Ambom, Macassar e Timor) conhecidos sob a designação de Malaio -portugueses. Os crioulos Sino-portugueses são os de Macau e Hong-Kong. Na América encontramos ainda um crioulo que se poderá considerar de base ibérica, já que o português partilha com o castelhano a origem de uma grande parte do léxico (o Papiamento de Curaçau, Aruba e Bonaire, nas Antilhas) e um outro crioulo no Suriname, o Saramacano, que, sendo de base inglesa, manifesta no seu léxico uma forte influência portuguesa. (…)

A formação das línguas crioulas ocorreu, tipicamente, em comunidades multilingues em que houve fraco acesso ao modelo da língua portuguesa (sendo o número de portugueses proporcionalmente muito inferior ao dos outros grupos), perda parcial ou mesmo total de funcionalidade das outras línguas maternas e forte miscigenação1. Estas condições ocorriam em zonas de concentração e isolamento das populações miscigenadas (como em Korlai, na Índia), longe das suas terras e culturas de origem, em particular em plantações e em ilhas como as de Cabo Verde e S. Tomé, mas também nas fortificações costeiras edificadas pelos portugueses nos séculos XV e XVI (como Cananor e Cochim).

Os crioulos de base portuguesa conhecidos surgiram nas zonas e locais assinalados nos mapas de três modos distintos: ou por formação in loco ou por difusão (tendo, neste caso, migrado com os seus falantes para diferentes partes do mundo às vezes tão longínquas como as Antilhas), ou ainda pela convergência das duas formas. (…)

DULCE PEREIRA, http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html (adaptado)

1miscigenação: cruzamento de indivíduos de raças ou etnias diferentes

2015-2016

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas Agrupamento de Escolas Linda-a-Velha e Queijas

Português – 10ºE

Nome: _____________________________________________________________________ Nº_______

5

10

15

20

25

30

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127

1.1. Sublinha no texto as ideias principais.

1.2. Relê a síntese deste texto, que redigiste antes, e verifica se está de acordo com todas as

características abaixo indicadas.

- Tem a estrutura adequada (em formato de texto).

- Obedece ao limite de palavras exigido (170 palavras).

- Contém apenas as ideias-chave do texto.

- Usa expressões e frases diferentes das que encontras no texto-fonte para referir as ideias

mais importantes.

- Não apresenta falhas ao nível da ortografia, pontuação, léxico ou sintaxe.

1.3. Se a tua síntese não contém todas as características anteriormente mencionadas, terás de a

reescrever, selecionando melhor as ideias. Não deverás ultrapassar as 150 palavras.

2. Lê atentamente o texto do linguista Hugo Cardoso, publicado no Jornal i.

2.1. Colocando a hipótese de que te pediriam para escrever um pequeno texto para a coluna “Saberás

tu…” do Jornal i, respondendo à pergunta abaixo indicada, redige uma resposta (atendendo às

informações contidas na tua síntese) com um máximo de 135 palavras.

O QUE SÃO CRIOULOS DE BASE PORTUGUESA? COMO SE FORMARAM?

2.1.1. Indica as técnicas de redução de texto a que recorreste.

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128

Guião de trabalho VI

Cenários de Resposta

2.2. Sublinha no texto as ideias principais. Os crioulos são línguas naturais, de formação rápida, criadas pela necessidade de expressão e comunicação

plena entre indivíduos inseridos em comunidades multilingues relativamente estáveis. Procurando superar a pouca

funcionalidade das suas línguas maternas, estes recorrem ao modelo imposto (mas pouco acessível) da língua

socialmente dominante e ao seu saber linguístico para constituir uma forma de linguagem veicular simples, de uso

restrito mas eficaz, o pidgin, que posteriormente é gramaticalmente complexificada e lexicalmente expandida, em

particular pelas novas gerações de crianças que a adquirem como língua materna, dando origem ao crioulo.

Chamam-se de base portuguesa os crioulos cujo léxico é, na sua maioria, de origem portuguesa. No entanto,

do ponto de vista gramatical, os crioulos são línguas diferenciadas e autónomas. Sendo a língua-base aquela que dá

o léxico, podemos encontrar crioulos de diferentes bases: de base inglesa (como o Krio da Serra Leoa), de base

francesa (como o crioulo das Seychelles), de base árabe (como o Kinubi do Uganda e do Quénia) ou outra.

Os crioulos de base portuguesa são habitualmente classificados de acordo com um critério de ordem

predominantemente geográfica, embora, em muitos casos, exista também uma correlação entre a localização

geográfica e o tipo de línguas de substrato em presença no momento da formação.

Em África formaram-se os Crioulos da Alta Guiné (em Cabo Verde, Guiné-Bissau e Casamansa) e os do Golfo da

Guiné (em S. Tomé, Príncipe e Ano Bom). Classificam-se como Indo-portugueses os crioulos da Índia (de Diu, Damão,

Bombaim, Chaul, Korlai, Mangalor, Cananor, Tellicherry, Mahé, Cochim, Vaipim e Quilom e da Costa de Coromandel

e de Bengala) e os crioulos do Sri-Lanka, antigo Ceilão (Trincomalee e Batticaloa, Mannar e zona de Puttallam). (…)

Na Ásia surgiram ainda crioulos de base portuguesa na Malásia (Malaca, Kuala Lumpur e Singapura) e em algumas

ilhas da Indonésia (Java, Flores, Ternate, Ambom, Macassar e Timor) conhecidos sob a designação de Malaio-

portugueses. Os crioulos Sino-portugueses são os de Macau e Hong-Kong. Na América encontramos ainda um

crioulo que se poderá considerar de base ibérica, já que o português partilha com o castelhano a origem de uma

grande parte do léxico (o Papiamento de Curaçau, Aruba e Bonaire, nas Antilhas) e um outro crioulo no Suriname,

o Saramacano, que, sendo de base inglesa, manifesta no seu léxico uma forte influência portuguesa. (…)

A formação das línguas crioulas ocorreu, tipicamente, em comunidades multilingues em que houve fraco

acesso ao modelo da língua portuguesa (sendo o número de portugueses proporcionalmente muito inferior ao dos

outros grupos), perda parcial ou mesmo total de funcionalidade das outras línguas maternas e forte miscigenação1.

Estas condições ocorriam em zonas de concentração e isolamento das populações miscigenadas (como em Korlai,

na Índia), longe das suas terras e culturas de origem, em particular em plantações e em ilhas como as de Cabo Verde

e S. Tomé, mas também nas fortificações costeiras edificadas pelos portugueses nos séculos XV e XVI (como Cananor

e Cochim).

Os crioulos de base portuguesa conhecidos surgiram nas zonas e locais assinalados nos mapas de três modos

distintos: ou por formação in loco ou por difusão (tendo, neste caso, migrado com os seus falantes para diferentes

partes do mundo às vezes tão longínquas como as Antilhas), ou ainda pela convergência das duas formas. (…)

1.3. Se a tua síntese não contém todas as características anteriormente mencionadas, terás de a

reescrever, selecionando melhor as ideias. Não deverás ultrapassar as 150 palavras.

Os crioulos são línguas naturais, criados no seio de uma comunidade multilingue. Derivam de um pidgin

que, quando adquirido por novas gerações como língua materna, complexifica a sua estrutura gramatical e

expande o seu léxico.

Os crioulos de base portuguesa adotaram parte do vocabulário português, apesar de gramaticalmente

serem línguas com características diferentes e autónomas, e encontram-se distribuídos geograficamente em

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129

África (Alta Guiné e Golfo da Guiné) e na Ásia (Índia, Sri-Lanka, Malásia, Indonésia, Macau e Hong Kong),

havendo na América vestígios lexicais do português na formação de outros crioulos.

A formação de crioulos de base portuguesa foi mais evidente nas comunidades multilingues em que se

verificou um fraco acesso à língua portuguesa, uma perda na comunicação das restantes línguas maternas e

um forte contacto entre indivíduos de culturas e línguas diversas. Esses crioulos formaram-se ou no local, ou

com a movimentação dos falantes ou até mesmo de ambas as formas.

2. Colocando a hipótese de que te pediriam para escrever um pequeno texto para a coluna “Saberás tu…”

do Jornal i, respondendo à pergunta abaixo indicada, redige uma resposta (atendendo às informações

contidas na tua síntese) com um máximo de 135 palavras.

O QUE SÃO CRIOULOS DE BASE PORTUGUESA? COMO SE FORMARAM?

Os crioulos são línguas naturais, criados no seio de uma comunidade multilingue. Derivam de um

pidgin que, quando adquirido por novas gerações como língua materna, complexifica a sua estrutura

gramatical e expande o seu léxico. Os crioulos de base portuguesa adotaram parte do vocabulário

português, apesar de gramaticalmente serem línguas com características diferentes e autónomas, e

encontram-se distribuídos geograficamente em África e na Ásia, havendo na América vestígios lexicais

do português na formação de outros crioulos. A formação desses crioulos deu-se nas comunidades

multilingues em que houve um fraco acesso à língua portuguesa, uma perda na comunicação das

restantes línguas maternas e um forte contacto entre indivíduos de culturas e línguas diversas. Esses

crioulos formaram-se ou no local, ou com a movimentação dos falantes ou até mesmo de ambas as

formas.

2.1.1. Indica as técnicas de redução de texto a que recorreste.

Os alunos poderão referir as seguintes possibilidades:

- eliminação de repetição de palavras ou expressões;

- substituição de compostos verbais por verbos simples;

- uso de orações apositivas por forma a evitar algumas repetições de palavras.

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ANEXO J.

Pós-teste

GRUPO I

1. Lê atentamente o seguinte texto.

O teatro português: do estado embrionário ao génio vicentino

Está hoje posta de parte pela moderna crítica literária a tese romântica, longamente enraizada, segundo a qual o teatro português teria nascido, nos alvores do século XVI, com Gil Vicente, antes de quem não existiria. Assenta essa tese, por um lado, na didascália anteposta ao primeiro auto de Gil Vicente – o “monólogo do Vaqueiro”, nome por que ficou mais conhecido o Auto da Visitação, representado nos Paços de Lisboa na noite de 7 para 8 de junho de 1502 –, onde se diz ser essa não só “a primeira coisa que o autor fez”, mas ainda “que em Portugal se representou”, o que viria confirmar a rubrica final do mesmo auto, ao indicar-se este como “coisa nova em Portugal”; e, por outro, no desconhecimento de textos dramáticos escritos anteriores à obra vicentina. Mas nenhum destes argumentos se apoia numa base científica séria e persuasiva.

Na verdade, o perfeito acabamento estético da obra vicentina, a multiplicidade de estruturas dramáticas que nela se combinam e em que se organiza pressupõem necessariamente uma gestação anterior, cuja inexistência o génio do seu autor, por maior que seja (o que, aliás, não está em causa), é só por si insuficiente para justificar. Aceita-se que Gil Vicente haja sido o primeiro a dar uma forma e um conteúdo literários a elementos rudimentares e até então dispersos; mas não se aceita, por cientificamente inverosímil, que tenha criado ex nihilo1 o teatro português.

Não se compreenderia, com efeito, que as manifestações dramáticas características da Idade Média – quer de natureza religiosa quer de natureza profana –, comuns a toda a Europa como eram, não houvessem chegado ao extremo ocidental da Península Ibérica.

A carência de textos escritos – e o carácter oral de todas as literaturas nos seus primórdios pode muito bem explicá-la, com especial adequação no que ao teatro se refere – está longe de constituir um óbice2 intransponível a que haja um teatro pré-vicentino. Aliás, esses textos existem, ainda que em número reduzido; e, a par deles, conhecem-se documentos que dão notícias indiretas, mas irrecusáveis, de um teatro anterior a Gil Vicente, em cuja obra, transfigurados pelo seu génio poético, os elementos principais desse teatro se podem detetar.

Recusar ao génio vicentino eficácia para explicar, só por si, um fenómeno sociocultural cujas raízes não podem obviamente situar-se ao nível da pura individualidade, por maior e mais excecional que esta seja, em nada lhe diminui a grandeza, como não diminui a de um Shakespeare ou de um Molière toda a intensa fermentação dramática que, em Inglaterra ou em França, precedeu a obra de qualquer deles. Assim também a personalidade e a obra do criador do nosso teatro nacional como categoria artística autónoma e específica – e é aí que reside a sua verdadeira grandeza – não poderiam estruturar-se sem os gérmenes3 dramáticos da nossa Idade Média, nem desenvolver-se sem as condições que a corte do rei Venturoso (D. Manuel I) lhes proporcionou. Com Gil Vicente, pois, o teatro português abandona o seu estado embrionário, em que desde a fundação da nacionalidade até aos fins do século XV vegetava, para assumir enfim uma existência artístico-literária. Numa palavra: sai da pré-

2015-2016

Escola Secundária Professor José Augusto Lucas

Português – 10ºE

Nome: ______________________________________________________________________ Nº_______

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-história para entrar na sua história propriamente dita.

REBELLO, Luiz Francisco, 2000. Breve História do Teatro Português. Mem Martins: Publicações Europa-América, pp. 17-20

Citado a partir de: http://www.escolavirtual.pt/edam/player?idSeq=152512&tipo=recurso [texto com adaptações]

1 ex nihilo – do nada. 2 óbice – obstáculo; dificuldade. 3 gérmenes – fontes; origens.

1.1. Sintetiza o texto até um máximo de 130 palavras.

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GRUPO II

2. Das frases que se seguem, indica se as orações destacadas correspondem a (1) subordinadas adjetivas

relativas restritivas ou (2) subordinadas adjetivas relativas explicativas.

a) O dramaturgo que escreveu A Farsa de Inês Pereira foi Gil Vicente.

(1) Oração subordinada

adjetiva relativa restritiva.

(2) Oração subordinada

adjetiva relativa explicativa.

b) A obra vicentina, que foi escrita durante a época medieval e a

renascentista, aborda temas como o casamento por conveniência.

c) Lianor Vaz, que afirma ter sido violentada por um membro do clero, tem,

por vezes, na Farsa de Inês Pereira, um discurso bastante incoerente.

d) No texto dramático, as informações que surgem em itálico ou entre

parênteses denominam-se didascálias.

e) O Teatro Nacional de São Carlos, que foi inaugurado em 1793, apresenta

espetáculos não só de teatro, como também de música.

f) Os autos que Gil Vicente escreveu têm uma intenção moralizadora.

a) _________ b) _________ c) _________ d) _________ e) _________ f) _________

3. Corrige apenas as frases que estão incorretas, utilizando a vírgula para delimitar as orações destacadas

apenas nas alíneas em que o consideres necessário.

a) Gil Vicente que é o primeiro dramaturgo português conhecido escreveu o Auto da Índia.

b) No século XVI, as mulheres que se casavam estavam financeiramente dependentes do seu marido.

c) A sátira que se observa na obra vicentina denuncia os hábitos e costumes sociais ou individuais da

época.

d) A Farsa de Inês Pereira que tem por tema a emancipação de uma jovem donzela foi representada

num convento em Tomar.

e) O Auto da Feira é uma obra que denuncia a corrupção e a perversão dos costumes da Igreja.

f) Considera-se o teatro que é menos apreciado do que o cinema uma das formas de representação

artística.

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Pós-teste

Cenários de resposta (grupo I) e soluções (grupo II) GRUPO I

1.1. Sintetiza o texto até um máximo de 130 palavras.

Apesar de a tese romântica ter defendido que o teatro português nasceu com Gil Vicente, de acordo

com a moderna crítica literária, o teatro português é anterior a Gil Vicente. Embora a primeira peça de

teatro escrita por este dramaturgo seja inovadora em Portugal, e sejam poucos os registos dos textos

dramáticos anteriores a Gil Vicente, pois a literatura da época era predominantemente oral, há indícios

de que existiu um teatro pré-vicentino. Alguns documentos da época provam a existência de um teatro

anterior ao de Gil Vicente. A grandiosidade da obra vicentina resulta, na verdade, de uma tradição

dramática da Idade Média, desenvolvida pela corte de D. Manuel I. No entanto, foi com Gil Vicente que

o teatro português ganhou uma dimensão literária.

GRUPO II

2. Das frases que se seguem, indica se as orações destacadas correspondem a (1) subordinadas adjetivas

relativas restritivas ou (2) subordinadas adjetivas relativas explicativas.

a) O dramaturgo que escreveu O Auto da Barca do Inferno foi Gil Vicente.

(1) Oração subordinada

adjetiva relativa

restritiva.

(2) Oração subordinada

adjetiva relativa

explicativa.

b) A obra vicentina, que foi escrita durante a época medieval e a

renascentista, aborda temas como o casamento por conveniência.

c) Lianor Vaz, que afirma ter sido violentada por um membro do clero, tem, por vezes, na Farsa de Inês Pereira, um discurso bastante incoerente.

d) No texto dramático, as informações que surgem em itálico ou entre

parênteses denominam-se didascálias.

e) O Teatro Nacional de São Carlos, que foi inaugurado em 1793, apresenta

espetáculos não só de teatro, como também de música.

f) Os autos que Gil Vicente escreveu têm uma intenção moralizadora.

a) ___1___ b) ___2___ c) ___2___ d) ___1___ e) ___2___ f) ___1___

3. Corrige apenas as frases que estão incorretas, utilizando a vírgula para delimitar as orações destacadas

apenas nas alíneas em que o consideres necessário.

a) Gil Vicente, que é o primeiro dramaturgo português conhecido, escreveu o Auto da Índia.

b) No século XVI, as mulheres que se casavam estavam financeiramente dependentes do seu marido. c) A sátira que se observa na obra vicentina denuncia os hábitos e costumes sociais ou individuais da época.

d) A Farsa de Inês Pereira, que tem por tema a emancipação de uma jovem donzela, foi representada

num convento em Tomar. e) O Auto da Feira é uma obra que denuncia a corrupção e a perversão dos costumes da Igreja.

f) Considera-se o teatro, que é menos apreciado do que o cinema, uma das formas de representação

artística.

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