leitura e literatura ficcional castano traduzido

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1 Leitura de ficção literária aprimora a Teoria da Mente David Comer Kidd e Emanuele Castano Compreender os estados mentais alheios é uma habilidade crucial que torna possíveis as complexas relações sociais que caracterizam as sociedades humanas. Contudo, poucas pesquisas investigaram o que promove essa habilidade, conhecida como Teoria da Mente (TM), em adultos. Apresentamos cinco experimentos que mostram que a leitura de ficção literária levou a um melhor desempenho em testes de TM afetiva (experimentos 1 - 5) e TM cognitiva (experimentos 4 e 5), em comparação com leitura de não-ficção (experimento 1), leitura de ficção popular (experimentos 2 - 5) ou nenhuma leitura (experimentos 2 e 5). Especificamente, os resultados mostram que a leitura de ficção literária temporariamente melhora a TM. De maneira mais ampla, sugerem que a TM pode ser influenciada pelo envolvimento com obras de arte. A capacidade de identificar e compreender os estados subjetivos alheios é um dos produtos mais surpreendentes da evolução humana. Ela permite a movimentação bem-sucedida de relações sociais complexas e ajuda a sustentar as respostas empáticas que as mantêm (1-5). Déficits nesse conjunto de habilidades, comumente referidas como Teoria da Mente (TM), estão associados com psicopatologias marcadas por dificuldades interpessoais (6-8). Mesmo quando a habilidade está intacta, o desligamento da TM tem sido associado ao rompimento das relações interpessoais e intergrupais positivas (9). Os pesquisadores distinguem entre TM afetiva (habilidade de detectar e compreender as emoções alheias) e TM cognitiva (inferência e representação de crenças e intenções alheias) (7, 8). O componente afetivo da TM, em particular, está ligado à empatia (positivamente) e ao comportamento antissocial (negativamente) (7, 8). Assim, não é de surpreender que incentivemos a TM em nossos filhos, fazendo-os prestar atenção nos estados emocionais alheios: “você acha que ele ficou feliz ou triste com o que você fez?”. Esses incentivos explícitos para entender os outros geralmente diminuem quando as crianças parecem envolver-se nas relações interpessoais com habilidade e empatia. Práticas culturais, porém, podem promover e refinar a sensibilidade interpessoal ao longo da vida. Uma dessas práticas é a leitura de ficção. Correlações entre familiaridade com a ficção, empatia autorrelatada e desempenho em um teste avançado de TM afetiva têm sido relatadas (10, 11), e evidências experimentais limitadas sugerem que a leitura de ficção aumenta a empatia 1 Tradução por Angela Naschold

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Page 1: Leitura e Literatura Ficcional Castano Traduzido

1Leitura de ficção literária aprimora a Teoria da Mente David Comer Kidd e Emanuele Castano

Compreender os estados mentais alheios é uma habilidade crucial que torna possíveis as complexas relações sociais que caracterizam as sociedades humanas. Contudo, poucas pesquisas investigaram o que promove essa habilidade, conhecida como Teoria da Mente (TM), em adultos. Apresentamos cinco experimentos que mostram que a leitura de ficção literária levou a um melhor desempenho em testes de TM afetiva (experimentos 1 - 5) e TM cognitiva (experimentos 4 e 5), em comparação com leitura de não-ficção (experimento 1), leitura de ficção popular (experimentos 2 - 5) ou nenhuma leitura (experimentos 2 e 5). Especificamente, os resultados mostram que a leitura de ficção literária temporariamente melhora a TM. De maneira mais ampla, sugerem que a TM pode ser influenciada pelo envolvimento com obras de arte.

A capacidade de identificar e compreender os estados subjetivos alheios é um

dos produtos mais surpreendentes da evolução humana. Ela permite a movimentação

bem-sucedida de relações sociais complexas e ajuda a sustentar as respostas

empáticas que as mantêm (1-5). Déficits nesse conjunto de habilidades, comumente

referidas como Teoria da Mente (TM), estão associados com psicopatologias marcadas

por dificuldades interpessoais (6-8). Mesmo quando a habilidade está intacta, o

desligamento da TM tem sido associado ao rompimento das relações interpessoais e

intergrupais positivas (9).

Os pesquisadores distinguem entre TM afetiva (habilidade de detectar e

compreender as emoções alheias) e TM cognitiva (inferência e representação de

crenças e intenções alheias) (7, 8). O componente afetivo da TM, em particular, está

ligado à empatia (positivamente) e ao comportamento antissocial (negativamente) (7,

8). Assim, não é de surpreender que incentivemos a TM em nossos filhos, fazendo-os

prestar atenção nos estados emocionais alheios: “você acha que ele ficou feliz ou triste

com o que você fez?”. Esses incentivos explícitos para entender os outros geralmente

diminuem quando as crianças parecem envolver-se nas relações interpessoais com

habilidade e empatia. Práticas culturais, porém, podem promover e refinar a

sensibilidade interpessoal ao longo da vida. Uma dessas práticas é a leitura de ficção.

Correlações entre familiaridade com a ficção, empatia autorrelatada e

desempenho em um teste avançado de TM afetiva têm sido relatadas (10, 11), e

evidências experimentais limitadas sugerem que a leitura de ficção aumenta a empatia 1 Tradução por Angela Naschold

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autorrelatada (12, 13). A ficção parece também expandir nosso conhecimento sobre a

vida dos outros, auxiliando-nos a reconhecer sua semelhança com a nossa (10, 11, 14).

Embora a ficção possa explicitamente transmitir valores sociais e reduzir o

estranhamento de outros, a relação observada entre familiaridade com ficção e TM

pode dever-se a características mais sutis do texto. Ou seja, a ficção pode mudar como

e não somente o que as pessoas pensam sobre as outras (10, 11, 14). Pressupomos

que a ficção afeta processos da TM porque nos força a nos envolvermos na construção

de personagens e na leitura da mente. No entanto, não é qualquer tipo de ficção que

consegue isso. Nossa proposta é que a ficção literária é que força o leitor a envolver-se

em processos da TM.

A categoria de ficção literária tem sido contestada com base na ideia de que é

meramente um marcador de classe social, mas aspectos do romance literário moderno

separam-no dos suspenses ou romances mais vendidos. Miall e Kuiken (15–17)

enfatizam que, por meio do uso sistemático de dispositivos estilísticos fonológicos,

gramaticais e semânticos, a ficção literária desfamiliariza seus leitores. A capacidade

da ficção literária para desacomodar as expectativas dos leitores e desafiar seu

pensamento também se reflete na distinção que Roland Barthes (18) faz entre textos

escrevíveis e legíveis. Enquanto os textos legíveis, tais como a maioria da ficção de

gênero popular, objetivam entreter seus leitores – na sua maior parte, passivos –, os

textos escrevíveis, ou literários, envolvem criativamente seus leitores como escritores.

De maneira semelhante, Mikhail Bakhtin (19) definiu a ficção literária como sendo

polifônica e propôs que os leitores de ficção literária devem contribuir eles próprios

para uma cacofonia de vozes. A ausência de uma perspectiva autoral única aciona o

leitor para ingressar em um vibrante discurso com o autor e seus personagens.

Bruner (20), assim como Barthes e Bakhtin, propôs que a literatura envolve os

leitores em um discurso que os força a preencher lacunas e a buscar “significados em

um espectro de significados possíveis” (p. 25). Bruner argumenta que, para adquirir

essa posição escrevível, a ficção literária aciona a pressuposição (foco em significados

implícitos), a subjetivação (ao retratar a realidade “através do filtro da consciência dos

protagonistas da história” (p. 25)) e múltiplas perspectivas (ao perceber o mundo

simultaneamente de diferentes pontos de vista). Esses aspectos imitam os da TM.

Page 3: Leitura e Literatura Ficcional Castano Traduzido

Nosso argumento é que a ficção literária, que consideramos ser tanto

escrevível quanto polifônica, envolve singularmente os processos psicológicos

necessários para que se tenha acesso a experiências subjetivas dos personagens. Assim

como na vida real, os mundos da ficção literária estão repletos de indivíduos

complicados cujas vidas interiores raramente são fáceis de discernir e demandam

exploração. Os mundos de ficção, porém, colocam menos riscos do que o mundo real e

apresentam oportunidades de considerar as experiências alheias sem que se

enfrentem as consequências potencialmente ameaçadoras desse envolvimento. De

modo mais crítico, enquanto muitas de nossas experiências sociais mundanas podem

ser roteirizadas por convenção e informadas por estereótipos, as apresentadas na

ficção literária com frequência rompem nossas expectativas. Os leitores de ficção

literária devem basear-se em recursos mais flexíveis para inferir os sentimentos e

pensamentos dos personagens – ou seja, devem envolver-se em processos da TM. Ao

contrário da ficção literária, a ficção popular, que é mais legível, tende a retratar o

mundo e os personagens como internamente coerentes e previsíveis (21). Portanto,

ela pode reafirmar as expectativas dos leitores e, assim, deixar de promover a TM.

Para testar nossa hipótese geral de que a ficção literária aprimoraria a TM,

primeiramente comparamos os efeitos da leitura de ficção literária com os da leitura

de não-ficção (experimento 1) e então focalizamos o teste de nossas previsões no que

tange aos diferentes efeitos da leitura de ficção literária e de ficção popular

(experimentos 2 – 5).

Apesar da dificuldade em quantificar com precisão a literariedade, algumas

obras, em especial, são consideradas como bons exemplos de literatura e reconhecidas

com prêmios de prestígio (por exemplo, o Prêmio Nacional do Livro). Embora

selecionados por meio de um processo inerentemente inexato, é mais provável que os

textos premiados incorporem características gerais de literatura do que os best-sellers

da ficção de gênero (por exemplo, histórias românticas e de aventura). Na ausência de

um meio claro para quantificar a literariedade, foram utilizados os julgamentos de

especialistas (isto é, jurados de prêmios literários). Assim, para estudar os efeitos da

leitura de ficção literária, selecionamos obras literárias de ficção de escritores

canônicos ou premiados e comparamos seus efeitos na TM com a leitura de não-

ficção, a leitura de ficção popular ou a ausência de leitura.

Page 4: Leitura e Literatura Ficcional Castano Traduzido

No experimento 1 (22), 86 participantes aleatoriamente receberam um de seis

textos curtos (três de ficção literária e três de não-ficção) para ler. Em seguida, os

participantes fizeram um teste de crença falsa como medida de TM cognitiva (23) e um

teste avançado de TM afetiva, conhecido como Teste de Leitura da Mente pelos Olhos2

(TLMO (6)), no qual se solicitou que identificassem emoções expressas por meio da

face. A familiaridade dos participantes com a ficção foi avaliada usando-se o Teste de

Reconhecimento de Autor (24), um índice de exposição geral à ficção que evita

problemas de respostas socialmente desejáveis. Também foram avaliados o afeto (25),

o envolvimento com o texto (escala de transporte) (26) e informações demográficas.

Para a tarefa de TM cognitiva, solicitou-se que os participantes indicassem a

probabilidade de um personagem agir de acordo com a própria crença falsa do

personagem ou com a crença verdadeira do participante. Os participantes (n = 13) que

não conseguiram indicar probabilidades e os outliers univariados (>3.5 DP da média; n

= 6) foram excluídos da análise. As probabilidades foram comparadas em uma análise

de variância (ANOVA) 2 x 2 (situação de crença falsa versus situação de não-crença

falsa). Não houve nenhum efeito principal para o tipo de cenário, o que sugere

ausência de evidência de tendenciosidade egocêntrica (F1,63 = 1,47, P = 0,22). O nível

de estimativas falsas foi baixo nas duas situações (média geral ± desvio padrão, 6,61 ±

9,79).

Escores para a tarefa de TM afetiva foram computados somando-se o número

de identificações corretas de emoções identificadas facialmente (6) e analisados

usando-se ANOVA, com a situação e o Teste de Reconhecimento de Autor como

fatores interparticipantes (Tabela 1). Os escores foram mais altos na situação de ficção

literária do que na situação de não-ficção (Tabela 2). Escores mais altos no Teste de

Reconhecimento de Autor (indicando mais familiaridade com a ficção) previram

escores mais altos no TLMO. Quando colocados como covariáveis, a escolaridade, o

gênero, a idade, o transporte, o afeto negativo, a tristeza autorrelatada e o tempo

médio despendido nos itens do TLMO não alteraram significativamente o efeito

principal da situação (P = 0,05). Mais tempo despendido nos itens do TLMO previu

melhor desempenho (β = 0,23, P = 0,02). Nenhuma outra covariável se aproximou da

significância (valores de P > 0,14). 2 Nota de Tradução: em inglês, Reading the Mind in the Eyes Test (RMET).

Page 5: Leitura e Literatura Ficcional Castano Traduzido

O objetivo do experimento 2 era reproduzir e estender os achados do

experimento 1 usando-se textos diferentes e uma medida diferente de TM afetiva, a

Avaliação Diagnóstica de Precisão Não-Verbal 2 – teste de Faces Adultas3 (ADPNV2-FA)

(27). O experimento 2 também foi criado para diferenciar diretamente os efeitos da

ficção literária versus os da ficção popular (28).

Os participantes (n = 114) receberam aleatoriamente para ler um de três

excertos de textos de finalistas recentes do Prêmio Nacional do Livro (situação de

ficção literária), um de três excertos de recentes best-sellers do Amazon.com (situação

de ficção popular) ou nenhum texto (situação de não-leitura) (22). Os participantes

então completaram a medida da TM cognitiva usada no experimento 1 e a ADPNV2-FA

antes de responder o Teste de Reconhecimento de Autor, a escala de transporte e

questões demográficas. O desempenho na tarefa da TM cognitiva de crença falsa foi

analisado como no experimento 1, mas nenhum efeito significativo foi detectado

(valores de P > 0,13).

Os escores da ADPNV2-FA foram computados somando-se erros em todos os

itens de afeto negativo (22). Médias não-transformadas são relatadas, mas escores de

log transformado foram usados em uma ANOVA com situação experimental e Teste de

Reconhecimento de Autor como fatores interparticipantes (ver a Tabela 1). Não

emergiu nenhuma interação, mas escores mais altos no Teste de Reconhecimento de

Autor foram fracamente associados com menos erros na ADPNV2-FA. O efeito

principal abrangente da situação foi marginalmente significativo, e as comparações

emparelhadas revelaram diferenças significativas entre situações coerentes com nossa

hipótese. Menos erros foram cometidos na situação de ficção literária do que nas

situações de não-leitura e de ficção popular, ao passo que não houve diferença entre

as duas últimas (P = 0,98) (ver a Tabela 2). Assim como no experimento 1, a

escolaridade, o gênero e a idade não foram covariáveis significativas (valores de P >

0,34) e não alteraram o efeito principal abrangente, crítico da situação (P = 0,08). O

transporte não se correlacionou com os escores da ADPNV2-FA (P = 0,94).

O experimento 3 (N = 69) objetivava reproduzir a comparação entre ficção

literária e ficção popular (22). Os textos de ficção popular eram três histórias de uma

3 Nota de Tradução: em inglês, Diagnostic Analysis of Nonverbal Accuracy 2 — Adult Faces test

(DANVA2-AF).

Page 6: Leitura e Literatura Ficcional Castano Traduzido

antologia editada de ficção popular (29), e os textos de ficção literária eram três

histórias de uma coleção dos vencedores do Prêmio Henry PEN-O 2012 de contos (30).

O afeto dos participantes foi avaliado por meio da Escala de Afeto Positivo e Negativo

(EAPN) e de um relato de tristeza de item único. Usando-se a mesma estratégia

analítica do experimento 1, descobriu-se que escores do TLMO eram mais altos na

situação de ficção literária do que na situação de ficção popular. Não houve nenhum

efeito envolvendo o Teste de Reconhecimento de Autor (para o teste, ver Tabela 1;

para médias, ver Tabela 2). Escolaridade, gênero e tempo médio despendido nos itens

do TLMO não foram covariáveis significativas (valores de P > 0,12) e não alteraram o

efeito da situação (P = 0,04).

Nos experimentos 1 e 2, não foi observado nenhum efeito sobre a medida de

TM cognitiva, uma tarefa de crença falsa. Como os participantes claramente não

fracassaram no uso da TM cognitiva em nenhuma das situações, é possível que a tarefa

não tenha sido suficientemente sensível. Portanto, um quarto experimento incluiu o

teste Yoni (7). O teste Yoni é uma nova medida que foi empregada em somente alguns

estudos. No entanto, o teste foi validado (7, 8, 31) e tem a vantagem de avaliar a TM

cognitiva e afetiva.

No experimento 4, foram usados quatro dos textos utilizados no experimento

3, juntamente com duas histórias novas, uma para cada situação (isto é, ficção literária

e ficção popular), das mesmas fontes (22). Os participantes (N = 72) completaram o

TLMO e o teste Yoni. Para os 24 testes de TM cognitiva e os 24 de TM afetiva no teste

Yoni, os participantes devem basear-se em mínimas pistas linguísticas e visuais para

inferir os pensamentos e as emoções de um personagem, respectivamente. Outros 16

testes de controle adicionais requerem a identificação de relações espaciais. Para cada

tipo de item, há números iguais de provas, exigindo inferências de primeira ordem e

de segunda ordem (mais difíceis).

Os escores do TLMO foram mais altos na situação de ficção literária do que na

situação de ficção popular (para testes, ver a Tabela 1; para médias, ver a Tabela 2). Os

escores do Teste de Reconhecimento de Autor previram os escores do TLMO.

Colocadas como covariáveis, as variáveis de sujeito (ou seja, escolaridade, idade e

gênero) não atingiram significância (valores de P > 0,14), embora o tempo despendido

Page 7: Leitura e Literatura Ficcional Castano Traduzido

nos itens do TLMO tenha atingido (β = 0,21, P = 0,04). Entretanto, o efeito da situação

foi apenas levemente alterado e permaneceu significativo (P = 0,05).

O desempenho no Yoni foi analisado por meio de uma análise mista de

covariância (ANCOVA), tendo o tipo (afetivo versus cognitivo) e o nível de dificuldade

(primeira ordem versus segunda ordem) dos testes como fatores intrassujeitos, a

situação e o Teste de Reconhecimento de Autor como fatores intersujeitos e os

escores na tarefa de controle como uma covariável (31). Um efeito principal da

situação emergiu (F1.67= 4,47, P = 0,03, ωp2= 0,04), mas nenhum outro efeito

envolvendo a situação ou os escores no Teste de Reconhecimento de Autor atingiu

significância (valores de P > 0,27). Outros efeitos significativos, mas que não são

relevantes para as hipóteses, são descritos nos materiais suplementares (22). Os

participantes na situação de ficção literária (0,89 ± 0,08, 95% intervalo de confiança

(IC) = 0,86, 0,92) tiveram desempenho com maior acuidade em todos os testes de TM

do que os participantes na situação de ficção popular (0,85 ± 0,10, IC = 0,82, 0,87).

Um quinto experimento (22) objetivou reproduzir o experimento 4 com uma

amostra maior (N = 356) e testar as influências das variáveis do sujeito (isto é,

escolaridade, idade e gênero) e possíveis confusões. Como nos experimentos 3 e 4,

três obras de ficção literária foram tomadas de uma coleção dos vencedores do Prêmio

Henry PEN-O 2012 (30) e três obras de ficção popular foram extraídas de uma

antologia (29). Os participantes foram aleatoriamente designados a uma situação de

ficção literária, de ficção popular ou de controle sem leitura; realizaram as tarefas do

TLMO e Yoni; relataram seu afeto no momento (EAPN), juntamente com dois itens

adicionais que avaliavam tristeza e felicidade; e completaram o Teste de

Reconhecimento de Autor. Os participantes, nas duas situações de leitura,

completaram a escala de transporte e dois itens adicionais que avaliavam até que

ponto eles apreciaram a leitura do texto e o quanto eles achavam que o texto

representava a “literatura excelente”. Todos os participantes relataram sua idade,

gênero, etnia e maior nível de escolaridade antes de serem testados e gratificados.

Os textos literários (3,54 ± 1,31,IC = 3,28, 3,80) foram menos apreciados do que

os textos populares (4,07 ± 1,53, IC = 3,80, 4,34; F1.223 = 7.62, P = 0,006, ωp2 = 0,02),

mas foram vistos como melhores exemplos de literatura (4,84 ± 1,40, IC = 4,56, 5,11)

do que os textos populares (4,43 ± 1,60, IC = 4,15, 4,72; F1.223 = 4,04, P = 0,04, ωp2 =

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0,01). O transporte relatado não diferiu significativamente entre as situações (F1.223 =

3,20, P = 0,07, ωp2 = 0,00), embora tenha sido ligeiramente mais alto na situação

literária (3,90 ± 0,41, IC = 3,83, 3,98) do que na situação popular (3,81 ± 0,39, IC = 3,73,

3,88). Nenhuma dessas variáveis foi correlacionada (valores de P > 0,11) com

desempenho, nem no TLMO, nem na tarefa Yoni (controlando o desempenho nos

testes físicos).

Os resultados do TLMO foram analisados nos experimentos anteriores. O efeito

da situação foi significativo (ver a Tabela 1). Os escores foram significativamente mais

altos na situação de ficção literária do que nas situações de ficção popular e de não-

leitura (ver a Tabela 2). As duas últimas situações não diferiram (P = 0,65). Um efeito

principal significativo de escores do Teste de Reconhecimento de Autor emergiu (ver a

Tabela 1). Adicionados como covariáveis, gênero, escolaridade, idade, afeto positivo,

afeto negativo, tristeza, felicidade e tempo despendido em itens do TLMO não se

relacionaram significativamente com escores do TLMO (valores de P > 0,23), e o efeito

da situação foi apenas ligeiramente alterado (P = 0,06).

A estratégia analítica usada no experimento 4 também foi empregada para a

tarefa Yoni. O principal efeito de situação (F2.351 = 0,64, P = 0,52) não foi significativo,

mas houve uma interação significativa entre situação e os dois fatores intrassujeitos –

dificuldade e tipo de teste (F2.351 = 3,42, P= 0,03). A interação de escores do Teste de

Reconhecimento de Autor, dificuldade do teste e tipo de teste aproximou-se da

significância (F1.351 = 2,88, P = 0,09), o que não ocorreu com nenhum outro efeito

envolvendo situação ou Teste de Reconhecimento do Autor (valores de P > 0,11).

Outros efeitos significativos, que não são relevantes para as hipóteses, são descritos

nos materiais suplementares (22). Para entender a interação de três vias incluindo a

situação experimental, uma ANCOVA de medidas repetidas, tendo tipo de item

(cognitivo, afetivo) e situação como fatores e o desempenho na tarefa de controle

como covariável, foi realizada separadamente para testes de primeira e segunda

ordem. Nos testes de primeira ordem, houve um efeito principal da covariável (β =

0,20, P < 0,001, ωp2 = 0,03) e de situação (F2.351 = 4,21, P = 0,01, ωp

2 = 0,01). Nenhum

outro efeito se aproximou da significância (valores de P > 0,87). Comparações

emparelhadas revelaram que os escores eram mais altos na situação de ficção literária

(0,98 ± 0,02, IC = 0,97, 0,99) do que na situação de ficção popular (0,96 ± 0,06, IC =

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0,95, 0,97; t = 2,85, P = 0,004) e de não-leitura (0,97 ± 0,05, IC = 0,96, 0,98; t = 2,01, P =

0,04). A situação de ficção popular e a situação de não-leitura não diferiram (P = 0,33).

Em testes de segunda ordem, nenhum efeito envolvendo situação ou escores de Teste

de Reconhecimento de Autor se aproximou da significância (valores de P > 0,16).

A diferença entre testes de primeira e segunda ordem, que apareceu somente

no experimento 5, pode dever-se a seu poder estatístico maior, que permitiu que essa

diferença fosse detectada. Os testes Yoni de segunda ordem podem exigir um

conjunto de habilidades cognitivas mais avançadas (por exemplo,

metarrepresentação), que são menos facilmente influenciadas pela manipulação do

que as outras tarefas, todas as quais são tarefas de TM de primeira ordem.

O experimento 1 mostrou que a leitura de ficção literária, em relação à não-

ficção, melhora o desempenho na tarefa de TM afetiva. Os experimentos 2 a 5

mostraram que esse efeito é específico da ficção literária. Em medidas cognitivas,

nenhum efeito emergiu na tarefa de crença falsa usada nos experimentos 1 e 2. Como

as taxas de erro na tarefa de crença falsa foram muito baixas, a medida pode não ter

sido suficientemente sensível para captar os efeitos das manipulações. No entanto, na

tarefa Yoni, mais exigente, usada nos experimentos 4 e 5, o efeito nos testes cognitivos

estava presente e era indistinguível daquele dos testes afetivos.

O Teste de Reconhecimento de Autor previu os escores do TLMO nos

experimentos 1, 4 e 5 e o sucesso na ADPNV2-FA (marginalmente) no experimento 2,

mas não previu o desempenho na tarefa Yoni ou, anomalamente, no TLMO no

experimento 3. Portanto, mesmo sendo, de modo geral, coerente com achados

anteriores (10-12), nosso padrão de resultados sugere a necessidade de outras

pesquisas sobre a relação entre medidas de familiaridade com a ficção e o

desempenho em diferentes tarefas de TM.

Os resultados dos cinco experimentos sustentam nossa hipótese de que a

leitura de ficção literária aumenta a TM. Explicações existentes focadas no conteúdo

da ficção não conseguem dar conta desses resultados. Primeiro, os textos que

utilizamos variaram amplamente de assunto. Segundo, é improvável que as pessoas

aprendessem muito mais sobre as outras lendo algum dos textos curtos. Terceiro, os

efeitos foram específicos para ficção literária. Propomos que, ao fazer com que os

leitores assumam um papel escrevível ativo para formar representações de estados

Page 10: Leitura e Literatura Ficcional Castano Traduzido

subjetivos dos personagens, a ficção literária emprega a TM. A evidência que

relatamos aqui é coerente com essa visão, mas vemos esses achados como

preliminares, sendo necessário realizar ainda muita pesquisa.

Primeiro, nossos achados demonstram os efeitos de curto prazo da leitura de

ficção literária. Entretanto, consideradas em conjunto, a relação entre o Teste de

Reconhecimento de Autor e desempenho na TM e a descoberta de que é

especificamente a ficção literária que facilita processos da TM sugerem que a leitura

de ficção literária pode levar a melhorias estáveis na TM. Como o Teste de

Reconhecimento de Autor não distingue entre exposição à ficção literária e exposição

à ficção popular, é necessário que se façam mais pesquisas para testar essa importante

hipótese.

Em segundo lugar, a ficção literária, como muitos estímulos extraídos do

mundo real, é heterogênea e complexa. Embora não seja claramente quantificável, a

literariedade possui validade ecológica como construto, conforme sugerido pela

concordância dos participantes com os jurados de prêmios quanto à literariedade dos

textos no experimento 5. Com base nas estratégias usadas por pesquisadores que

estudam videogames violentos (por exemplo, (32)) e ficção (12), a literariedade foi

mantida relativamente constante em cada situação, enquanto aspectos

potencialmente geradores de confusão variaram. O afeto autorrelatado, juntamente

com transporte, apreciação e literariedade percebida dos textos, não foram

responsáveis pelos efeitos da situação. Análises posteriores testaram os papéis de

aspectos linguísticos superficiais dos textos. Frequências de termos de emoção

negativa e positiva, palavras sociais, palavras cognitivas, palavras longas (mais de seis

letras) e autorreferências foram computadas em cada texto usando-se o software

Linguistic Inquiry and Word Count (LIWC) (33). Os escores padronizados do TLMO ou

da ADPNV2-FA de todos os experimentos foram analisados por meio de ANCOVA,

tendo a situação experimental e os escores do Teste de Reconhecimento de Autor

como fatores e todas as seis variáveis do LIWC como covariáveis (dados das situações

de não-leitura não foram incluídos). A frequência de palavras de emoção negativa (β =

0,09, P = 0,05, ωp2 = 0,00) previu positivamente escores da TM, mas nenhum outro

efeito de variáveis do LIWC se aproximou da significância (valores de P > 0,17). Os

efeitos principais de situação (F1.515 = 12,02, P < 0,001, ωp2 = 0,02) e os escores do Teste

Page 11: Leitura e Literatura Ficcional Castano Traduzido

de Reconhecimento de Autor (β = 0,23, P < 0,001, ωp2 = 0,05) permaneceram

significativos. Esse resultado sugere que o efeito da literatura observado nos

experimentos pode não ser facilmente reduzido a características linguísticas

superficiais. Pesquisa futura, especialmente na direção apontada por Miall e Kuiken

(15–17), bem como por Bruner (20), pode revelar aspectos mais sutis, porém

quantificáveis, que distingam a ficção literária.

Os presentes achados marcam somente um passo em direção à compreensão

do impacto de nossas interações com a ficção; acredita-se que tais experiências

contribuam para o desenvolvimento da consciência e enriqueçam nossa vida cotidiana

(34). De fato, certamente muitas consequências da leitura nos processos cognitivos e

afetivos são independentes de seus efeitos sobre a TM, e parece provável que muitos

desses podem resultar da leitura de ficção popular, bem como de ficção literária. De

modo semelhante, enquanto a ficção literária parece capaz de promover a TM, essa

capacidade não capta totalmente o conceito de literariedade, que inclui, entre outras,

questões estéticas e estilísticas não abordadas nesta pesquisa. Esperamos que

pesquisas posteriores focalizem outras formas de arte, como peças teatrais e filmes,

envolvendo a identificação e interpretação das experiências subjetivas alheias (10, 28).

A literatura tem sido implantada em programas destinados a promover o bem-

estar social, tais como os que almejam fomentar a empatia em médicos (35) e as

habilidades de vida em prisioneiros (36). A literatura também é, claramente, uma

disciplina exigida em toda a educação de nível médio nos Estados Unidos, mas

reformistas têm questionado sua importância: um novo conjunto de padrões de

educação que foi adotado por 46 estados americanos (os Principais Padrões Estaduais

Comuns) controvertidamente reivindica menos ênfase na ficção na educação

secundária (ver (37)). Debates sobre o valor social de tipos de ficção e as artes de

modo mais amplo são importantes, e parece essencial suplementá-los com pesquisa

empírica. Esses resultados mostram que a leitura de ficção literária pode refinar a TM

de adultos, uma capacidade social complexa e crítica.

Referencias e Notas

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Acknowledgments: Data are available in spreadsheet format from authors by request.

This research was funded by a Prize Fellowship and a Dissertation Fellowship by the

New School for Social Research to the first author, and a Faculty Development Award

by the New School for Social Research to the second author. We are grateful to

Andrew Marzoni for his insight into literary /

Page 16: Leitura e Literatura Ficcional Castano Traduzido

Tabela 1. Análises TLMO e ADPNV2-FA.

Experimento Variável Independente Teste P ωp2

Exp. 1 TLMO Situação Teste de Reconhecimento de Autor Teste de Reconhecimento de Autor x Situação Exp. 2 ADPNV2-FA Situação Teste de Reconhecimento de Autor Teste de Reconhecimento de Autor x Situação Exp.3 TLMO Situação Teste de Reconhecimento de Autor Teste de Reconhecimento de Autor x Situação Exp. 4 TLMO Situação Teste de Reconhecimento de Autor Teste de Reconhecimento de Autor x Situação Exp. 5 TLMO Situação Teste de Reconhecimento de Autor Teste de Reconhecimento de Autor x Situação

Tabela 2. Médias (ajustadas para outros termos nos modelos) e desvios padrão de escores de TLMO e ADPNV2-FA. Intervalos de confiança de 95% são apresentados entre parênteses. X, sem dados. Médias na mesma linha que compartilham os mesmos sobrescritos diferem em P < 0,05. Experimento Ficção Literária Ficção Popular Nenhuma Leitura Não-ficção Exp. 1 TLMO Exp. 2 ADPNV2-FA Exp. 3 TLMO Exp. 4 TLMO Exp. 5 TLMO