leitura de imagens, em artes visuais, na escola - by alana braun

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  • 7/31/2019 LEITURA DE IMAGENS, EM ARTES VISUAIS, NA ESCOLA - BY ALANA BRAUN

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    LEITURA DE IMAGEM, EM ARTES VISUAIS, NA ESCOLA:O OLHAR E O VER DO ALUNO DA 6 SRIE.

    RIBEIRO, N. M.*NUNES, A. L. R**

    RESUMO Este trabalho o resultado de uma investigao-ao num processo deinterveno pedaggica na escola que faz parte do Programa de DesenvolvimentoEducacional PDE da Secretaria de Estado de Educao do Paran e buscou contribuirna reflexo de Leitura de Imagem na Escola Estadual Professor Amlio Pinheiro EnsinoFundamental, Ponta Grossa Paran. As reflexes sobre Leitura de Imagem foramfundamentadas em FRANZ (2003), BUORO (2001), OTT (1997) e HERNANDEZ (2000).As aes metodolgicas foram de abordagem qualitativa atravs da investigao-aoeducacional, teve como instrumentos de coleta de dado: a Entrevista Semi-estruturada;Anlise Documental; Observao participante; Planejamento Colaborativo; Dirio deCampo do professor pesquisador; Dirio de Classe dos professores colaboradores. Oprocesso foi lento e crescente, mas qualitativo aos professores colaboradoresparticipantes do grupo. Ficou evidente que eles desconheciam as propostas de leitura deimagem que foram apresentadas, mas, no decorrer dos encontros, foi possvel perceberas transformaes dos participantes frente proposta, pois os conceitos pr-estabelecidos foram sendo refletidos de forma que, ao final, o grupo sentia-se maisseguro e autnomo ao ler imagens de obras de arte com os alunos.

    Palavras-chave: Leitura de Imagem, Imagem, Ensino de Arte

    ABSTRACTThis paper is the result of a research-action in a process of pedagogicalintervention in school that is part of the Educational Development - PDE of the StateSecretariat of Education of Parana and sought to contribute to the discussion ReadingImage in the State School Teacher Amlio Pinheiro - Elementary, Ponta Grossa - Paran.Reflections on Reading Image were based on Franz (2003), BUORA (2001), OTT (1997)and Hernandez (2000). The shares were methodological approach to qualitative researchthrough educational action, had the instruments to collect data: the Semi-StructuredInterview, Document Review, participant observation, Strategic Planning, Journal of FieldResearch Professor; Daily Class teacher employees . The process was slow and growing,

    but quality teachers employees of the group. It was evident that they did not know theproposed reading images that have been presented, but during the meetings, it wasrevealed the changes of the participants before the proposal, with the pre-establishedconcepts have been reflected so in the end, the group felt more confident and autonomousto view images of works of art with students.

    Keywords: Reading Image, Image, School of Art

    *E-mail:[email protected]**E-mail:[email protected]

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    1 INTRODUO

    O domnio da leitura e da escrita so princpios bsicos da educao e cabe, sdisciplinas do currculo, escolar esse trabalho. No caso da Arte, mais especificamente as

    Artes Visuais, tem uma contribuio importante a oferecer que a insero da Leitura daImagem no contexto escolar. Para que essa contribuio acontea, importante que aarte merea estudo particular, como um assunto que tem finalidades, conceitos ehabilidades especficas. A arte exige seu prprio tempo e espao dentro do currculo(Smith, 1986, in BARBOSA p.98). Nesse sentido, destinar um espao alfabetizao nasreas das Artes Visuais, no requer necessariamente que seja um espao fsico, mas simum espao no currculo e que, de fato, seja desenvolvida ao longo do processo escolar.

    A importncia da insero da Leitura de Imagem na escola tem sido amplamentediscutida por diversos tericos que apresentam estratgias metodolgicas para esse fim.

    Nossos alunos j desfrutam de experincia visual antes mesmo de entrar na escola(Lanier, 1984). Desfrutar de experincias visuais um fato, mas apenas desfrutar deexperincia visual no garantia de estarem compreendendo o que esto lendo ou que jtenham uma habilidade crtico-reflexivo bem desenvolvida.

    [...] embora os meios de comunicao apresentem uma falsa idia departicipao e de comunicao e de que naturalmente fcil ler umaimagem, a leitura realizada por um aluno com conhecimento precrio doscdigos de construo da imagem de carter mais emotivo quecognitivo. Alis, a sensibilidade esttica no um atributo inato ao sujeito,nem o senso esttico uma qualidade natural ao objeto,conseqentemente, a formao dos sentidos humanos se configura comouma das principais tarefas da escola, sobretudo, no mbito do ensino de

    artes. [...] a grande maioria no consegue compreender e interpretar ossignificados das imagens para alm do que se apresenta de imediato. [...]a leitura de uma imagem, enquanto prtica humana, requer um campo deconhecimentos interdisciplinares, tanto histricos e antropolgicos quantoestticos, que consubstanciem a aprendizagem de estratgias deinterpretao das imagens (SCHLICHTA, 2006, p.359).

    Refletindo sobre estes apontamentos da autora, devemos oportunizar ao aluno o caminhopara a alfabetizao visual, levando-o ao domnio dos cdigos visuais atravs dasensibilizao, da familiarizao e do contato freqente com as obras de arte e culturavisual e lev-lo a perceber que ler uma atividade que traz conhecimento e que esseconhecimento pode ser de uma forma prazerosa e divertida.

    A obra de arte tem seus cdigos e um sistema estruturado de signos e os nossosalunos necessitam decodific-los e o professor tem um papel fundamental nesseprocesso. O papel do professor, nesse caso, o de mediador na decodificao dos signose na construo do conhecimento. Introduzir crianas e adolescentes para a leitura deelementos que compem o vocabulrio visual j era uma idia defendida por RudolfArnheim e atualmente vem se expandindo atravs da leitura de imagens. Vriosestudiosos validam a importncia da leitura de imagem no contexto escolar, como porexemplo: William Erwin Eisner que defende uma leitura qualitativa, Jaron Lanier d nfasena apreciao da obra de arte, Charles Sanders Peirce faz a integrao com outrasdisciplinas, Edmund Feldman e Robert WilliamOtto propem um roteiro para a leitura.Contamos tambm com arte-educadores brasileiros como Ana Mae Barbosa com a

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    Proposta Triangular, Anamlia Bueno Buoro com as categorias e Terezinha Franz que trazuma reflexo de como educar para compreenso relacionando os nveis denominadospela autora Histrico/Antropolgico, Esttico/Artstico, Pedaggico, Biogrfico eCrtico/Social.

    No contexto mundial, a introduo da leitura de imagens na escola j vem sendodiscutido desde a dcada de setenta com a Discipline Based Art Education DBAE que,nessa abordagem de ensino sistematizada a partir de 1982, faziam parte da equipe depesquisadores Elliot Eisner, Brent Wilson, Ralph Smith e Marjorie Wilson entre outrosmembros de tambm reconhecida competncia terica e profissional (Rizzi apudBARBOSA, 2003). No Brasil, s veio a ganhar fora no modernidade maisespecificamente com a divulgao da Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa. Suaproposta era fundamentada no estudo da Discipline Based Art Education DBAE eadaptada para a realidade brasileira. A divulgao da Proposta Triangular se efetivouatravs de diversos seminrios, congressos e palestras em vrias regies do pas, masno foi uma tarefa fcil. A resistncia dos professores em relao ao trabalho com a

    imagem estava (ou ainda est) muito arraigada na concepo de que o uso ou contatocom reprodues e obras de arte induziam ou incentivavam a cpia. Essa era uma visodo ensino de arte at o modernismo, quando nessa poca o encaminhamento das aulasera voltado criatividade e originalidade. O ensino modernista reagiu contra essaconcepo defendendo que a arte devia ser usufruda por todos desde os talentososatravs do fazer artstico e aos que no chegam a ela, pela decodificao (BARBOSA,2000).

    Esse estudo busca contribuir com uma reflexo necessria para o ensino da Arte,indagando de que maneira os professores que atuam com Arte na escola,especificamente em Artes Visuais, realizam Leitura de Imagem com seus alunos e em queteoria fundamenta sua prtica, se h uma estratgia didtica definida ao ler imagens comos alunos, se possvel ampliar o repertrio imagtico do professor inserindo imagens dacultura visual do cotidiano, na leitura de imagens com os alunos, e ainda, se osdocumentos oficiais de Arte, do Estado do Paran, contemplam e de que forma articulada a leitura de imagem no ensino da Arte.

    2 DESENVOLVIMENTO

    Leitura de Imagem, em Artes Visuais, na Escola: o olhar e o ver do aluno da 6

    srie proposta de interveno pedaggica implementado na Escola Estadual ProfessorAmlio Pinheiro - Ensino Fundamental, Ponta Grossa PR que fez parte do Programa deDesenvolvimento Educacional PDE da Secretaria de Estado de Educao do nossoEstado. Esta proposta de interveno contribuiu com a formao continuada dosprofessores de Arte da escola, visou propiciar debate e reflexo sobre a leitura de imagemque possibilitasse ao professor e ao aluno a compreenso crtica da arte.

    O Programa de Desenvolvimento Educacional PDE trata-se de uma parceriaentre as Secretarias de Estado da Educao, da Cincia, da Tecnologia e Ensino Superiorcom o objetivo de proporcionar subsdios terico-metodolgicos aos professores da redepblica estadual a fim de que desenvolvam aes educacionais direcionadas realidadeda escola pblica do Paran. Esse Programa estabelece o dilogo entre os professores

    da Educao Superior e os da Educao Bsica, atravs de atividades terico-prticas

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    orientadas resultando numa produo didtica que contribua na prtica e intervenoeducacional.

    Para melhor compreenso, destaca-se que a Escola que houve interveno, at2008, contava com cerca de cinquenta e seis horas/aulas, na qual trinta e duas delas

    ficava a cargo de um nico professor de Arte e, o restante da carga horria era distribudoaos professores das mais diferentes reas de conhecimento. Essa realidade no especfica dessa escola e sim de todas as escolas da nossa regio at mesmo de todonosso estado.

    A constatao da realidade na formao dos professores que atuam com adisciplina Arte das escolas jurisdicionadas ao Ncleo Regional de Educao de PontaGrossa - Paran e a falta de uma metodologia adequada para a leitura de imagemconstituram o desafio para a elaborao dessa investigao em sala de aula.

    A partir do ano de 2000, houve a oportunidade de conhecer, um pouco, darealidade do ensino de artes em onze municpios jurisdicionados ao Ncleo Regional dePonta Grossa, no qual atuei como coordenadora de artes. Com essa experincia,

    constatei que a grande maioria dos professores que atuavam com as disciplinas, napoca, Arte (Ensino Mdio) e Artes1 (Ensino Fundamental) no tm formao especficana rea e tambm que o trabalho com a leitura de imagem pouco explorado em sala deaula, ou ainda, quando acontece, tratada como uma mera ilustrao de contedo.Quando se fala em leitura, nos vem mente, livros, revistas, jornais e outros como textose palavras, pois leitura nada mais do que decifrar signos grficos. Cabe lembrar que apalavra texto provm do verbo latino texo, is texui, textum, texere, que quer dizer tecer.Da mesma forma que um tecido no um amontoado desorganizado de fios, texto no um amontoado de frases, nem uma grande frase. Assim, texto tem estrutura e segundoFiorin (s.d.) (apud Buoro, 2000), garante que o sentido seja aprendido em suaglobalidade, que o significado de cada uma das partes depende do todo. Como o texto, aimagem tambm tem sua estrutura, os elementos que a compe como a linha, a cor, a luzpor exemplo e os princpios que a fundamentam como o movimento, o equilbrio, aunidade, o ritmo, a harmonia e outros, dessa maneira assim como o texto a imagemtambm podem ser lida.

    A criana, antes mesmo de ser alfabetizada j faz Leitura de Imagem, reconhecediversos produtos atravs da linguagem visual. Isso mostra o quo importante trabalharcom a leitura, desde a Educao Infantil Universidade, principalmente porque vivemosnum mundo cercado por imagens. Mesmo sendo evidente a sua importncia no ensino daarte, somente a partir da dcada de oitenta, aqui no Brasil, como vimos anteriormente,passou a ser difundida a Leitura de Imagem na escola, quer seja de uma obra de arte ou

    uma imagem da cultura visual. Vrias so as artes que lidam com imagem: a pintura, aescultura, a fotografia, a gravura, o desenho, design e o cinema, denominadas ArtesVisuais.

    Podemos encontrar imagens para o exerccio da leitura em museus, livros, revistas,espaos de artes, edifcios pblicos, e outros. e essa leitura pode ser de duas formas, naapreciao artstica que o olhar e o ver. Embora parea a mesma coisa, h uma grandediferena entre elas. Eisner (2008, p. 80) nos diz que: A crtica de arte desenvolve suahabilidade para ver, ao invs de simplesmente olhar, as qualidades que constituem omundo visual.

    Para ilustrar esta citao de Eisner vamos recorrer a uma expresso popular que

    1A partir deste ponto quando no texto aparecer Arte ou Artes faz referncia s disciplinas do Ensino Mdioe do Ensino Fundamental respectivamente.

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    diz: Olha para voc v. Olhar para ver nos confirma que o ver um olhar mais atento,portanto nos leva a um olhar crtico que vai alm do simples gostei ou no gostei.Recorrer a esse olhar mais apreciativo leva a realizao de anlise decodificando oscdigos visuais. Para que se desenvolva esse ver, aprofundemos nossas reflexes no

    estudo crtico de Thistlewood:

    [...] a esfera do ensino da arte que transforma os trabalhos de arte empercepo precisa e no casual, analisando sua presena esttica, seusprocessos formativos, suas causas espirituais, sociais, econmicas epolticas e seus efeitos culturais. [...] Se as obras de arte so apenassubmetidas a uma anlise ingnua elas podem ser bem conhecidas comocombinaes de forma, cor, texturas e massa, mas pouco entendidas emrelao aos religiosos, histricos, sociais, polticos, econmicos e outrosque as originaram. (in BARBOSA, 2001, p. 145).

    De acordo com a citao acima, o ver e o olhar, nesse sentido, so primordiaispara uma efetiva Leitura de Imagem na escola. Uma mesma imagem pode ser lida maisde uma vez ou por diferentes pessoas, pois as interpretaes diferem de pessoa parapessoa, ela permite vrias interpretaes e, quando lidas em diferentes pocas, podempropiciar uma nova leitura e isso se deve ao repertrio imagtico de quem l, oconhecimento at aquele momento. O estado de esprito tambm pode influenciar aleitura de uma imagem como sentimento de alegria, tristeza, serenidade, incertezas quepodem ser despertados ou podem tambm despertar uma reflexo sobre si mesmo e omundo que o cerca.De acordo com o Estudo Crtico, o ver e o olhar, nesse sentido, so primordiais para umaefetiva leitura de imagem na escola. Afinal, o que vem a serimagem?

    A imagem efetivamente real, nela prpria uma realidade, mas no tem arealidade daquilo que representa. (WOLFF, 2005). Para exemplificar essa afirmao doautor, vamos recordar o episdio em que Matisse foi abordado por uma senhora apropsito de sua pintura: Retrato de Risca Verde, 1905 dizendo que nunca tinha visto umamulher como aquela e Matisse replicou dizendo que no uma mulher, e sim uma tela.(SEED/Caderno de Arte 1, 1998).Com essa afirmao, o artista deixa claro que na artetemos a liberdade de criar formas, cores e situaes diferentes do real. Ele reportatambm afirmao de Plato de que uma imagem no era o verdadeiro ser, mas sim aimitao. Neste sentido, a melhor maneira de representar um objeto seria o de no torn-lo to semelhante com o real. Para Descartes, bastava que parecesse com algumascoisas e no assemelh-lo completamente (WOLF, 2005).

    A imagem apoderada pela arte, por volta do sculo XIV, sculo esse que consideradoo nascimento da arte; a partir desse momento, ela passa a ser chamada de imagemartstica, mas essa unio no resiste por muito tempo, no incio do sculo XX a arteabandona as imagens. Cada uma toma seu caminho. Com Czanne e o Cubismo comeaa desaparecer a perspectiva, com o surgimento da fotografia e culmina com oAbstracionismo de Mondrian, Kandinsky e Malevitch, os quais afirmavam que averdadeira arte devia deixar de ser representativa (WOLFF, 2005). No sendo arepresentao do real, a abstrata no considerada imagem. Os movimentos artsticoscontinuam e, na dcada de sessenta, ela volta a ser figurativa atravs da Pop Art. Assim,a imagem e a arte ora se afastam, ora voltam a se encontrar, mas o que importa mesmo quando as imagens e a arte esto disponveis para o olhar crtico do leitor.

    Considerando que a imagem est sendo tratada como objeto de conhecimento,

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    deve-se considerar qualquer obra ou reproduo de obras de arte como imagem,independentemente de ser figurativa ou abstrata.

    Se compreender uma obra de arte ir alm do que ela mostra ou do que se v, ouseja, compreender as relaes que ela estabelece, ento a concentrao primordial

    para vivenciar uma experincia esttica. Segundo COSTA, (1999) para que se tenha afruio, necessrio entregar-se, o encontro de duas subjetividades e desensibilidades: a do pblico e a do artista. Para isso, preciso desligar-se de certa formade si mesmo e penetrar na obra.

    Nesse estudo sobre a leitura de imagem, fundamentamos em FRANZ (2003) nosmbitos e estratgias para Leitura de Imagem; em BUORO (2001) nos seis momentospara a Leitura de Imagem; em OTT (1997) no sistema de crtica artstica - ImageWatchinge, ainda, em HERNANDEZ (2000) na educao pela compreenso dossignificados da cultura visual. As aes metodolgicas foram atravs da investigao-ao educacional de forma colaborativa com a participao de grupo de apoio,professores colaboradores e dos alunos de 6 srie da escola j mencionada.

    A leitura de obra de arte: alguns fundamentos

    Para ler imagem, os estudos apontam algumas vertentes metodolgicas; dentreessas, destacamos a de BUORO (2001), FRANZ (2003), OTT (1997) e HERNANDEZ(2000).

    Em seu percurso metodolgico BUORO (2001) destaca a necessidade em mostrarao aluno que arte necessidade humana e a forma imbricada da Arte e Cultura.Apresenta a produo artstica de diferentes perodos artsticos propondo seis momentos

    para um leitura de imagem: Descrio; Descoberta de percursos visuais sobre a imagem, percebendo toda estruturao

    da composio e possibilitando o afloramento de questes e significaespertinentes e imanentes ao texto visual;

    Percepo das relaes entre a obra focalizada e a produo anterior realizadapelo artista produtor;

    Momento de pesquisar: tenta aproximar-se mais do significado visual, sendo entoconvidados a sair em busca das respostas que surgiro nesse processo e quepermanecem at ento suspensas;

    Comparao ou dilogos entre obras da mesma poca e produo atual; Construo de texto verbal com registro do percurso empreendido, o qual abarque

    a significao do texto visual lido; Abordagem do conceito de produo artstica como construo de linguagem e

    trabalho humano. (BUORO, 2002, p. 127-128)Tambm Robert Willian Ott, em sua abordagem Image Watching - sistema de

    crtica artstica,tem sido bastante divulgado no Brasil desde 1988 quando, na ocasio,ministrou um curso no Museu de Arte Contempornea da USP. Ott (1997) sistematizou oImage Watchin principalmente a partir dos estudos de John Dewey, Thomas Munro (1901 1973) e Edmund Feldman (BARBOSA, 2001).

    Tanto o sistema de Munro quanto de Ott, embora seja um ensino de arte

    desenvolvido para museus, no rgido, podendo ser adaptados para a sala de aula.

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    Quanto ao sistema desenvolvido por Munro citado por Ott (1997) diz que:

    O sistema de Munro, conhecido como morfologia esttica, diz respeito aosestgios bsicos do processo individual de aprendizagem a partir de obras

    de arte. A morfologia esttica era analtica por natureza e baseada napercepo sensorial, na associao e no contexto da obra para gerarformulaes crticas. (OTT, 1997, p. 119).

    Esse sistema, que se refere ao ensino de arte em museus, contribui para que oconhecimento seja construdo a partir das obras de arte.

    O Image Watching, de Ott (1997) vem fornecer conceitos para a crtica voltada produo artstica relacionando o modo crtico e o criativo de aprender em arte-educao.Para ele, quando os alunos tm contato com as obras originais so desafiados observao, adquirem mais conhecimento que sero teis na hora da produo e, ainda,os que esto acostumados a observar arte em museus e galerias esto mais propensos

    pesquisa artstica que exerce um papel essencial em arte-educao.O Image Watchingvem fornecer conceitos para a crtica voltada produoartstica relacionando o modo crtico e o criativo de aprender em arte-educao atravs decinco categorias: descrevendo, analisando, interpretando, fundamentando e revelando.

    Todo conhecimento gerado a partir do desenvolvimento dessas categorias podemser expressos durante o trabalho de ateli, uma vez que proporciona um sistema decrtica de arte tanto conceitual, perceptivo quanto interpretativo.

    [...] o sistema de crtica de Edmund Feldman tem sido um impactoadicional sobre o desenvolvimento do Image Watching. Diferente da teoriade Feldman, as categorias do Image Watchingdiferem tanto em nmeroquanto na natureza das categorias inerentes ao sistema (OTT, 1997, p.130).

    O conhecido mtodo de Feldman de comparao entre obras de diferentesperodos e est pautado no apreciar, no conhecer e no fazer. Para ele o processo centrado em quatro etapas: a descrio, a anlise, a interpretao e o julgamento,enquanto que no Image Watching, criado por Ott, (1997), o processo desenvolvido porcinco categorias, a saber:

    1. Descrevendo o aluno observa o obra a ser estudada, essa observaodeve ser de um olhar cuidadoso, de certa forma deixando a arte falar primeiro. Emseguida, o aluno far uma lista, de forma verbal, do que percebe da obra de arteque est sendo estudada criticamente, partilhando suas percepes com osdemais alunos.

    2. Analisando Aqui se investiga como foi executado o que foi percebido,os elementos da composio, as tcnicas e formas da obra de arte.

    3. Interpretando Considerada a mais criativa das categorias, pois fornecedados para as respostas pessoais e sensoriais dos alunos. Permite a elesexpressarem como se sentem. Ott sugere uma preparao antes para que osalunos possam externar suas emoes.

    4. Fundamentando Essa categoria est relacionada com o conhecimentoartstico que est sendo armazenado pelo aluno. Nessa etapa, pode-se convidar oartista para uma fala ou usar vdeos com as falas dos mesmos, utilizar catlogos

    de exposies, publicaes acadmicas, textos de reportagem de jornal ou revista.

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    5. Revelando o ato de expresso artstica, o momento da produo, ofazer artstico. Todas as outras categorias culminam para esta. Aqui uma nova obra criada pelo aluno (OTT, 1997).

    J, por sua vez, Teresinha Sueli Franz (2003) e suas estratgias para leitura de obra de

    arte corroboram apresentando uma metodologia diferente das anteriores. Ela no ditapassos metodolgicos, traz uma reflexo de como educar para compreensorelacionando os nveis desta compreenso.

    Desenvolver estudos de obras de arte dentro de uma perspectivacompreensiva, estejam estas em museus ou em outros espaos, umaforma de introduzir os alunos no tipo de investigao que realizam osespecialistas (crticos de arte, historiadores, curadores, etc.), isto ,examinar, observar atentamente, buscar evidncias sobre o contexto, etc.; tambm envolve-los profundamente com as exposies de arte,ensinando-lhes a fazer as perguntas sobre as obras, levando-os a refletire a interpretar a arte mais seriamente (FRANZ, 2003, p.158).

    Franz (2003) defende o ensino de arte numa perspectiva da educao para acompreenso respaldada na teoria de Fernando Hernandez e tambm na perspectivaconsiderada por Wiske (1999), Howard Gardner (1994), Vernica Mansilla(1996), e DavidPerkins(1994).Na educao para a compreenso Mansilla mostra que:

    Compreender [...] aprender a problematizar e explicar fenmenos,demonstrando ao, menos em parte, caractersticas prprias das quedesempenham os especialistas nos mais variados domnios doconhecimento humano (Mansilla apud FRANZ, 2003, p. 184).

    Ainda sobre compreenso, Perkins(1994) citado por Franz (2003)pe evidnciaseis atividades de compreenso que uma pessoa seria capaz de realizar: a explicao, aexemplificao, a aplicao, a justificao, a contextualizao e a generalizao.

    De acordo com a autora, aplicando essas atividades proposta por Perkins, estarindo alm de uma simples leitura, estar extrapolando os seus limites e os limites dadisciplina em si. Boix-Mansilla citado por Hernandez (2000) diz que, para levar o aluno aum alto nvel de compreenso, precisa propor a incluso de vrias imagens a fim dedesenvolver hbitos mentais necessrios para a compreenso do objeto estudado. Sereducado para a compreenso saber transferir o que aprende a outras situaes eproblemas, desenvolve a prpria identidade na medida em que questiona a visoegocntrica ao deparar com experincias de pessoas distantes tanto no tempo quanto noespao.

    Franz, em seus estudos, aponta que existe maneira de abordar a Educao deArtes Visuais que no passa pela pura identificao. H a necessidade de ensinar osalunos a realizar pesquisas sobre obras de arte de diferente tempo, espao e cultura paraque os mesmos adquiram um nvel elevado de interpretao. Quando d liberdade aosalunos se expressarem livremente sobre as obras de arte estar oportunizando manifestarsuas concepes iniciais sobre ela, muito importante na educao para a compreenso.Trabalhar com a comparao de obras de arte uma estratgia didtica imprescindvelquando se trata de Leitura de Imagem. A comparao pode ser tanto com outras obras de

    arte como em torno de uma idia-chave, escolhida a partir do tema, da tcnica ou outrasquestes relativas arte e seus objetos.

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    Franz analisa a leitura de imagem construindo as categorias como mbitos paraleitura de imagem tais como: Histrico/Antropolgico, Esttico/Artstico, Pedaggico,Biogrfico e Crtico/Social relacionadas com nveis de compreenso organizadas a partirde sua pesquisa como: ingnuo, principiante, aprendiz e especialista. Para fundamentar

    sobre as diferenas de nveis de compreenso ela segue os fundamentos estabelecidospor Perkins (1994) e Simmons (1994) e toma por base o trabalho terico de Prawat (1993)e Koroscik (1990), que discute o papel do conhecimento base, as conseqncias de suaspossveis limitaes, bem como a importncia do conhecimento epistmico do aluno.Sobre cultura visual no h um consenso, h os que afirmam que um novo nome para aHistria da Arte, como aqueles que so imperativos scio-histricos e semiticos naesteira de Bryson (1991). Para Hernandez (2000) est relacionado s mudanas nasnoes da arte, cultura, imagem, histria, educao, produzidas nos ltimos tempos eest vinculada noo de mediao de representaes, valores e identidades.

    [...] as imagens so mediadoras de valores culturais e contm metforas

    nascidas da necessidade social de construir significados. Reconheceressas metforas e seu valor em diferentes culturas, assim comoestabelecer as possibilidades de produzir outras, uma das finalidades daeducao para a compreenso da cultura visual (HERNANDEZ, 2000,p.133).

    A educao para a compreenso remete ao olhar o presente sem esquecer que opassado interfere nesse olhar.

    Fernando Hernandez (2000) apresenta a proposta para organizar o ensino dacompreenso da cultura visual centrado em obras de arte, temas e projetos, proposta estaque instiga o aluno a pesquisar, a refletir e a debater sobre arte registrando todo o

    processo no portflio, o qual constantemente retomado para a avaliao.Sua proposta centrada em obras vai da descrio interpretao e partebasicamente de trs perguntas referentes a(s) obra(s) escolhida(s) que so: O que foipintado pelo pintor? De que falam essas obras? O que podemos estudar e aprender apartir de uma pintura?

    Centrada em tema, insere os elementos do meio para incorporar os elementosestticos presentes, com a finalidade de ensinar a olhar esteticamente, aprender a utilizarprocedimentos de representao interpretao do meio e valorizar do meio e valorizar asintervenes ambientais (HERNANDEZ, 2000, p.196). Para trabalhar os conceitos queajudaro a interpretar o meio pode-se utilizar a fotografia, filmagem, visita local e outros.Independente dos recursos utilizados o projeto tem como base o estudo das imagens.

    Em relao proposta centrada em projeto, os prprios alunos definem o contedodo mesmo. Apresenta atividades que incluem a turma toda, em grupo e tambmindividuais. Os encontros so gravados e transcritos para que sempre possam retomar oque foi discutido para que possam dar os encaminhamentos futuros. A avaliao aconteceatravs de leitura de imagens selecionadas de modo que sustentem o assunto abordado.

    As trs propostas apresentadas por Hernandez fazem conexes com outrasdisciplinas do currculo escolar e tem como apresentao final o portflio individual doaluno e do professor. Neste so organizados todas as informaes coletadas e asprodues pessoais.

    Professores e alunos lendo imagens na escola: alternativas e

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    possibilidades

    Para o Programa de Desenvolvimento Educacional PDE, alm do Projeto dePesquisa e da Produo Didtica (Caderno Pedaggico), ocorreu a interveno

    pedaggica em sala de aula na escola. Essa interveno aconteceu atravs do Grupo deApoio com os professores colaboradores e a aplicao das prticas de leitura de imagemcom os alunos.

    Os encontros do Grupo de Apoio aconteceram, na escola, semanalmente, demaro a maio, totalizando oito encontros. A fundamentao terica, os textos e as aesmetodolgicas foram balizadas no Caderno Pedaggico elaborado para a intervenopedaggica. Todas as atividades foram precedidas por fundamentos tericos e, a partir doterceiro encontro foram propostos leituras de imagens.

    A primeira leitura de imagem feita pelos professores colaboradores, que aquidenominaremos como Professor A, B, C, E, E, F e G, foi partir dos momentos propostospor BUORO (2000), com uma obra:

    Fig. 1 Obra La Berceuse: Madame Roulin, 1889 Vincent Van GoghFonte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=4199

    Como registro da leitura da imagem da obra de arte acima, os professores

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    apresentaram o texto:Esta obra apresenta em termos de descrio, em primeiro plano, umasenhora idosa, sentada em uma cadeira. Suas mos seguram um cordono qual a imagem no apresenta sua totalidade. Atrs mostra a parede

    com muitos detalhes florais representando uma textura visualaparentemente rugosa. Quanto as vestes da senhora, tem uma texturalisa, de tom sobre tom de verde contrastando-se com o piso em vermelho,fazendo assim um jogo de cores complementares. O volume dado pelaslinhas curvas e pouqussima graduao de cores. A tonalidade da pele edas mos e do rosto diferem-se na tonalidade de forma gritante. Nestaobra a perspectiva est distorcida, tanto na representao da cadeira,quanto na do piso, os dois planos chegam fundir e confundir-se.Comparando esta obra com outras anteriores, desse mesmo artista,percebe-se uma grande diferena na colocao das pinceladas.Relacionando-a com a obra Os Comedores de Batata de1885, h umamudana total, seja na cor, linha,composio, textura, luz e sombra. As

    cores utilizadas na referida obra so cores escuras quasemonocromticas, enquanto que em outra obra O Quarto de 1889,sobressai o amarelo e na obra La Berceuse se destaca os contrastes comas cores complementares, tendo com o acabamento em contornos bemdefinidos em preto. Percebe-se nas obras de Van Gogh certa melancolianos personagens representados, talvez possa ser relacionado com aprpria vivncia, j na obra que est sendo analisada mostra a estilizaodo espao, chegando prximo ao movimento Fauvismo, como as obras daatualidade com muita estilizao. (Depoimento das professoras A, B, C, E,E, F e G)

    Dando continuidade nas propostas metodolgicas, foi lida pelos professores a obra

    de um dos alunos da Escola.Para conhecer a leitura que foi produzida a partir das categorias de OTT (1997),

    apresenta-se a imagem e o texto a seguir.

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    Fig 2 Paisagem, 2008 - Charles Ribas.Ateli da Escola Estadual Professor Amalio Pinheiro Ponta Grossa/PRFonte: Portflio da pesquisadora.

    Ao primeiro olhar mostra-se uma casa, contudo, porm um portal, noexiste a parede lateral, somente a frente com telhado, na qual tem umaporta com um retrato de um rosto oriental. H um porto que d acesso aum riacho que fica entre as montanhas e um gramado. Em frente a esseporto, h um caminho, direita, e esquerda um canteiro que em suafrente h uma rvore com flores rosa, com miolo vermelho. No tronco darvore foi abandonado um rastelo e uma enxada, existem quatro montesde folhas secas. Prximo ao riacho, existem rvores com poucas folhas.Essa imagem lembra o movimento Fauvista devido os contornos escuros eas cores puras e fortes e, ainda, as formas simples de retratar. Em relaoa essa imagem podemos estudar e aprender sobre paisagens naturais,pontos, linhas, plano, ngulos, figuras geomtricas, retas, semi-retas,segmento de retas e ainda sobre rea. Podemos tambm refletir sobre o

    desmatamento, as formas de relevo, como nascem os rios, os tipos desolos, as estaes do ano e tambm o tipo de vegetaes. Nessapaisagem tem uma rvore que lembra um pessegueiro ou uma cerejeiramuito comum no Japo, alis essa imagem lembra os desenhos orientais,no s pela cerejeira, mas tambm pela luminosidade do sol muitocaracterstico daquela regio.(Depoimento das professoras A, B, C, E, E,F e G)

    No oitavo encontro, aps conhecer e vivenciar todas as propostas metodolgicas,os professores reuniram-se para refletir sobre qual leitura de imagem julgavam o idealpara trabalhar nas aulas de Arte com os alunos.

    Aps a reflexo, apontaram a proposta da Franz, por considerar que essa vai almdo esttico/artstico puramente acadmico e que preocupao no limita ao contedo

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    propriamente dito e tambm, por no impor limites e sim, realizar aprofundamento sobrevrios elos como: cidadania, democracia, tolerncia, coisas do dia a dia, compreenso econscientizao do mundo, de si prprio e da realidade em que est inserido. Relataramtambm que almejam mudanas e melhores condies de aprendizagem para uma

    atuao mais eficaz na sociedade; por essa razo, acreditam que a proposta de Franz aque almejam para prtica pedaggica de leitura de imagem na escola.O interesse para Leitura de Imagem, geralmente expande a todas as disciplinas do

    currculo e tambm vai alm do espao escolar, pois auxilia no s o aluno, como tambmtodos os apreciadores de artes, ou seja, saber ler uma obra de arte, conhecimento, cultura. Podemos constatar esse interesse na formao desse Grupo de Apoio, que aprincpio era apenas para os professores que atuavam com a disciplina Arte, houveinteresse dos professores das mais diferentes reas de conhecimento, sendo assim foipermitida a participao de professores de todas as reas. Essa ao foi muito produtivapara uma ao pedaggica multidisciplinar, pois esses professores passaram a trabalhara leitura de imagem no decorrer das suas aulas. Isto foi significativo, porque iniciava neste

    processo a interveno pedaggica a partir da investigao-ao de forma colaborativa.Encerrado o Grupo de Apoio, deu-se incio a leitura de imagem na formao

    humana direcionada especificamente aos alunos.

    Fig.3 Abril vermelho, 2002 Joo Carneiro

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    Srie Sem TerrasFonte: Portflio do artista.

    Para iniciar a leitura da obra do artista, a professora pediu para que os alunos

    descrevessem o que estavam vendo na obra e eles comearam relatando que viam umaporo de enxada e sete pessoas. Tudo que viam descreviam com bastante detalhes,como por exemplo, sobre as pessoas diziam sexo, acessrios que usavam, proporo.Enquanto ainda estavam descrevendo o que viam, um dos alunos falou da cor vermelha;nesse momento a professora interrompeu-o dizendo que ainda no tinham chegado ahora de falar da cor. Quando a Professora definiu que j poderia falar sobre a cor, algumdisse: nunca vi, na vida, cu dessa cor. Tambm falaram do azul e que essa cor e overmelho eram cores primrias. Aps a descrio, a professora direcionou a leituraapenas por perguntas e respostas, ou seja, a professora bombardeando-os comperguntas e os alunos apenas respondendo. Perguntou sobre as harmonias cromticas; osignificado da cor em relao temtica; simetria e assimetria; textura; o movimento

    artstico; ritmo; planos; enfim, tentou explorar ao mximo os contedos que ela j haviatrabalhado com a turma. Quando ela entrou na questo social, em relao aos Semterras, a aula foi interrompida, havia encerrado o horrio da sua aula.

    Na semana seguinte, a Professora deu continuidade aula sobre o artista JooCarneiro, mas no deu continuidade a leitura de imagem iniciada na aula anterior, o queconsidero um equvoco, pois a leitura segundo os passos de FRANZ (2004) no tinhamesgotado. Assim ,a professora considerou encerrada a leitura da obra do artista da aulaanterior e oportunizou nessa outra aula aos alunos conhecerem outras obras do pintor.Ela props que fizessem uma produo artstica a partir de uma foto que aparece o artistapintando ao ar livre, pediu para reproduzirem o que viam.

    Encerrando a atividade com a turma, a professora comentou que no se

    aprofundou muito, porque pensava que no momento da anlise fosse apenas voltada paraa explorao dos elementos formais. Sobre a turma disse:

    Os alunos identificaram que era os sem terras. A descrio foi fcil, sque os alunos queriam se aparecer, a gente percebia pelo fato de falaremao mesmo tempo, teve muita repetio. Eles ainda no esto preparadospara fazerem Leitura de imagem, tem que fazer constantemente.(Depoimento da professora A)

    Comparando as leituras a partir da proposta de BUORO (2000), realizada com osprofessores e outra com os alunos percebe-se que o fato da professora ter direcionado a

    leitura mais para a explorao dos contedos, os alunos, no tiveram muita liberdade aoler a obra, diferente do que ocorreu com o grupo dos professores.Na aula observada da Professora B, a leitura de imagem foi adaptada da proposta deFRANZ (2003) e a obra da Flvia Tarades. Flvia ex aluna da Escola e vem sedestacando com suas obras, conquistou o 1 lugar no I Salo Jovem de Pintura em telade Ponta Grossa- 2009, com a obra Enfeitando a Catedral, 2009.

    A obra lida pelos alunos da 6 srie foi:

    http://www.dominiopublico.gov.br/download/imagem/au000002.jpghttp://www.dominiopublico.gov.br/download/imagem/au000002.jpg
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    Fig 4 As Mulatas, 2008. Flvia Tarades.Ateli da Escoa Estadual Professor Amalio Pinheiro Ponta Grossa/PRFonte: Portflio da pesquisadora.

    A professora iniciou a leitura perguntando:

    O que a obra As Mulatas de Flvia Tarades nos diz sobre a vida das pessoas? Osalunos disseram que falava sobre pessoas negras; sobre escravos; sobre no terpreconceitos em relao aos negros e ainda sobre o sofrimento das pessoas negras.Sobre o tipo de cultura, o jeito de se vestir e o tipo de trabalho dos negros destacaram: oscolares diferentes; que o trabalho delas era de lavar roupa ou fazer comida; que pareciampessoas humildes e carinhosas com os filhos delas; Deus deu amor a elas, porque pareceque esto alegres; que pela expresso delas achavam que esto tristes, mas pela corpareciam alegres. Disseram tambm o que a pintura dizia sobre a vida dos afrosdescendentes no Brasil e no mundo que, difcil e diferente; eles sofrem mais; que soescravizados e maltratados pelos brancos e que ainda h muita discriminao. Ao seremquestionados sobre o que sabiam da cultura artstica ou esttica que gerou a pintura AsMulatas, responderam que no Brasil no sofrido, mas na frica tem mais doena; que apintura estava representando a me, a irm e a filha; que no deu pra fazer o balde nacabea de cada mulata porque elas estavam grandes na tela. Sobre o que a pinturarepresentava para os brasileiros, os alunos falaram que temos que dar mais valor aosnegros; que fazia lembrar a escravido; que poderamos aprender sobre a cultura, asroupas e o comportamento deles e que deve dar valor aos negros porque todo mundotrabalha igual. Perguntado de como poderia relacionar esta pintura com a histria dosafros descendentes disseram apenas que os negros eram trabalhadores. Houvediscordncia entre os alunos. Uns achavam que os negros eram folgados; outros que osbrancos so os folgados e um terceiro encerrou dizendo que os negros vivem em

    harmonia e paz. Em relao aos detalhes das roupas apontaram: os pontinhos do fundo

    http://www.dominiopublico.gov.br/download/imagem/au000002.jpghttp://www.dominiopublico.gov.br/download/imagem/au000002.jpg
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    da tela era um monte de pessoas que vem atrs; que era s para enfeitar; que era comoum papel de parede e que era moradia delas e que as roupas so alegres, mas elas no.Quando a professora perguntou da relao que faziam frente a obra As Mulatas com aprpria biografia deles s disseram que as crianas delas no vo pra escola e que s

    aprende o que os pais ensinam. Quando foram indagados de como esta pintura ajuda ainterpretar criticamente o mundo social em que vivemos, no responderam, apenascomentaram que a comida deles diferente da comida do Brasil e que eles tm os lbiosgrossos. Quanto ao beneficio da viso de mundo que esta obra representa e a quemprejudica, os alunos disseram que ningum pode ser prejudicado pela representao.

    A professora registrou, em seu dirio, algumas consideraes como:

    Considero o trabalho bom, j que a experincia que eu possua comocondutora dessa leitura era pouca. Senti-me um pouco ressabiada paraexplorar mais as respostas dos alunos com medo de partir para assuntosque eu no dominasse. Acho gratificante a experincia pelo conhecimento

    adquirido e por poder ter pessoas avaliando meu desempenho comconhecimento maior do que o meu para que pudesse mudar aquilo que derepente no seria correto. (Depoimento da professora B)

    Outra aula observada foi da obra Natureza morta com banana e mexerica, 2007do artista local Zunir Andrade. A leitura foi conduzida de acordo com a proposta deHERNANDEZ (2000).

    Fig.4 Natureza morta com banana e mexerica, 2007 Zunir AndradeFonte: Portflio do artista

    HERNANDEZ (2000) parte de apenas trs perguntas para a leitura de obra de arte e a

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    professora partiu das mesmas perguntas para ler a obra com seus alunos e comentouque:

    ... atravs dessa sequncia sugerida por Hernandez, os alunos tiveram

    mais liberdade para suas diversas colocaes. Apresentei a obra paraleitura em duas 6 sries distintas, dando sequncias diferentes em cadauma delas, de acordo com as respostas obtidas pelos alunos. Percebimaior interesse na primeira turma, devido a quantidade de constataes edescries do que na segunda, penso ter conseguido instig-los a falarsobre diversos aspectos concernentes a obra, apesar de certo tumulto queocorreu devido ao fato de todos quererem falar ao mesmo tempo, percebio interesse dos mesmos principalmente aps saberem que teriam umaconversa com o prprio artista (Depoimento da professora B).

    Comentou ainda:

    ... a primeira vez que fao leitura de imagem com os alunos, nunca tinhatentado por no conhecer, no sabia como conduzir. Os alunos falam aomesmo tempo, ficam agitados. Estava insegura quanto s perguntas queeles poderiam fazer. A segunda turma foi mais comportada e falavammenos, os comentrios eram mais repetitivos, j a primeira estavam maisempolgadas em conhecer. Quanto proposta de Hernandez acho que nosei explorar. Com a imagem do Joo Carneiro, com as categorias da Buoroabrangeu mais a aula toda. (Depoimento da professora B)

    Na semana seguinte, as duas 6 sries, da Professora B que leram a obra doartista Zunir, receberam a visita do artista em suas salas. Percebeu-se que foi uma

    experincia mpar para eles, puderam tirar dvidas sobre o pintor, sobre as obras e sobrea arte de um modo geral. O que mais chamou a ateno dos alunos foi a riqueza dedetalhes com que o artista retrata os objetos, diziam que parecia real; tambm o tempoque ele se dedicava a pintura e mais ainda o fato dele comear a pintar somente aps terse aposentado. A expectativa em receber o pintor na escola era tamanha que algunsalunos trouxeram, prontas de casa, as perguntas que queriam fazer ao artista. Oresultado dessa visita pde ser percebido na semana seguinte, quando quatro alunosdessas turmas comearam a participar do projeto de Artes Visuais da Escola.

    Anlise documental da produo didtica de Arte disponibilizada pela

    Secretaria de Estado da Educao do Paran.

    O Estado disponibiliza e incentiva a produo de materiais didticos para asdiferentes reas de conhecimento, com a finalidade de serem adotadas nas escolas ouservir de referncia para o professor na sua prtica pedaggica.

    Entretanto, para a anlise documental, a escolha dos documentos no foi de formaaleatria ou arbitrria, e sim de acordo com a realidade do ensino pblico do Paran,especificamente da Arte no Ensino Fundamental. Assim, os documentos analisadosforam: Caderno de Artes 1 e 2 Correo de Fluxo, Folhas, Objeto de AprendizagemColaborativa OAC e Diretriz Curricular Estadual.

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    O objetivo foi de verificar se esses documentos contemplam a leitura de imagem ou sedirecionam para alguma estratgia metodolgica da prtica de leitura na sala de aula.

    Em 1998 a Secretaria de Estado de Educao do Paran SEED/PR desenvolveunas escolas do Ensino Fundamental o Projeto Correo de Fluxo. Esse projeto

    adequava o aluno idade-srie e para sua implantao foi elaborado um material paracada disciplina. O material de Artes era composto de dois Cadernos (1 e 2) para oprofessor e fichas para os alunos. Um dos Cadernos privilegia imagens da historia da arteuniversal e o outro a arte brasileira e paranaense. No Caderno 1 de Artes Plsticas - ficha6V, consta uma atividade intitulada Jogo do Cubo. Essa atividade consiste num cuboonde cada face apresenta uma proposio para a leitura de imagem: Descreva, Compare,Associe, Analise, Use e Argumente a favor ou contra2,porm no aponta o autor quefundamenta a proposta.O Folhas composto de um material didtico criado pelos professores da RedeEstadual do Paran, direcionado aos alunos da Educao Bsica. Analisando as imagensnos Folhas da rea de Artes Visuais percebe-se que h bastante explorao da imagem,

    no que se refere, descrio, anlise, comparao, interpretao, e pesquisa, pormno d para identificar nenhuma metodologia especfica ou os autores que asfundamentem essa prtica. Fazendo um paralelo entre as propostas metodolgicasapresentadas na investigao pedaggica, podemos dizer que h uma proximidade comos momentos apresentado por Anamlia Bueno Buoro, porm no encontramosreferncias na bibliografia apresentada o Folhas.Objeto de Aprendizagem Colaborativa OAC4 resultado de produes elaboradas porprofessores da rede e contm uma srie de recursos que contribuem com o plano detrabalho docente, estruturados de acordo com contedos bsicos de disciplina. Nasprodues de Arte, utilizam imagens, mas no propem leitura de imagem.A Diretriz Curricular Estadual - DCE um documento que apresenta a concepo decurrculo e estratgias que norteia o trabalho dos professores da rede pblica, do estadodo Paran. A DCE de Arte na rea de Artes Visuais sugere que a prtica pedaggica partada anlise e produo de trabalhos artsticos relacionados a contedos e aponta ainda aimportncia de uma leitura crtica da obra de arte. Sobre os encaminhamentosmetodolgicos refora que para a leitura da obra de arte deve contemplar os momentosde teorizar; sentir e perceber; e do trabalho artstico, sem sugerir uma metodologia ouuma referncia bibliogrfica para a prtica da leitura de imagem na Educao Bsica.3 CONCLUSO

    Ao concluir esse estudo de leitura de imagem, percebe-se que o processo foi lentoe crescente, mas qualitativo aos professores colaboradores participantes do grupo, poisficou evidente que eles desconheciam as propostas de leitura de imagem que lhes foramapresentadas. No decorrer dos encontros, foi possvel perceber as transformaes dosparticipantes frente proposta, pois os conceitos pr-estabelecidos foram sendo refletidosde forma que, ao final, o grupo sentia-se mais seguro e autnomo ao ler imagens de

    22Para aprofundamento e conhecimento, ver Caderno de Arte 1 Artes Plsticas, Teatro, Msica

    ficha 6 V. Coordenao SCHLICHTA & OSINSKI Governo do Estado do Paran, 1998.3 Os Folhas esto disponibilizados no Portal Educacional do Estado do Paran:http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/educadores/index.php?PHPSESSID=20091206201827954

    Os OACs esto disponibilizados no Portal Educacional do Estado do Paran:http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/educadores/index.php?PHPSESSID=2009120620182795

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    obras de arte com os alunos.Percebe-se que os professores assumiram a proposta, mas espera-se que na

    prtica em sala de aula tomem o cuidado em no utilizar a imagem apenas para constataros contedos trabalhados, o que pode-se perceber em uma determinada aula. Reduzir a

    leitura numa mera avaliao da prtica do professor no o objetivo da proposta; o quese espera oportunizar aos alunos a possibilidade de externarem seus pensamentos,suas interpretaes, lev-los quele olhar mais atento, to importante para a apreciaoartstica. O professor, em todo esse processo, deve fazer o papel de mediador, ou seja, ele quem deve fazer a ponte entre o aluno e a imagem a ser lida. Mediao preparar oaluno para a fruio.

    Se a imagem traz uma importante contribuio no processo de desenvolvimento deuma leitura crtica do mundo e est sempre presente na formao do ser humano asprodues didticas devem contemplar estratgias para ler imagem. Nos documentosanalisados embora faam uso de inmeras imagens no apresentam estratgias paraessa prtica no cotidiano escolar.

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